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s o Pedro o vozeiro comarcal de NÓS-Unidade Popular da comarca de Compostela Ano XII • nº 46 •Julho-setembro de 2011 Quando as urnas levárom Gerardo Conde Roa à presidên- cia da Cámara Municipal de Compostela nom fôrom pou- cos os que pensárom que ia começar um periodo político caraterizado polo histrionismo da personagem, e abofé que acertárom. Apenas três meses de exercício do poder e já há material para artelhar umha obra de teatro cómica, umha pantomima, um sainete, umha zarzuela ou, ainda melhor, umha ópera bufa. Fazendo umha recopilaçom do feito e dito polo nosso alcai- de, a qualquer poderia parecer que se trata todo dumha per- formance ridiculista com a que o grande Gerardo pretende degradar até extremos inconcevíveis a imagem pública do seu próprio partido. Porém, a repentina continência com a que o senhor Conde-Roa nos tem surpreendido depois do famoso affaire da ópera, leva-nos a acreditar que nom estava a atuar, ele é assim, e que com a sua última atuaçom chegou a um ponto que provocou que desde instáncias su- periores lhe ordenassem calar a boca. Com certeza é umha pena, já que se de algo podemos gozar da nova administraçom municipal é do ridículo contínuo que provoca a incontinência verbal da sua liderança, po- rém, de resto nom há nada que nos poda parecer salvável. Até a altura o senhor Conde-Roa e a sua equipa nom se tenhem afastado um milímetro das diretrizes políticas que emanam da Rua Génova em Madrid, que estám a impor como doutrina exclussiva para estes tempos de crise eco- nómica os cortes em serviços públicos e o reforço da açom repressivo-policial. Assim a bandeira do “ordismo” foi levantada para con- verter em problema de primeira ordem a questom do “bo- telhom”, que agora já nom é simplesmente a causante de dificuldades para durmir da vizinhança ou o gerador de problemas de limpeza, senom que também se converteu, a olhos do nosso alcaide, na origem dos mais diversos males que afetam a nossa sociedade como, por exemplo, a degra- daçom dos pavimentos no Campus Sul. Resulta curioso que umha corporaçom como a compos- telana, liderada por elementos com o historial do senhor Conde-Roa e o seu chefe de gabinete Angel Espadas, pre- tendam fazer do consumo de álcool em público o principal problema ao que se enfrenta a nossa cidade, mas como re- conhece a sabedoria popular “sempre vai falar de merda o mais cagado”. Mas a cousa nom se tem reduzido à questom do botelhom senom que também se extendeu à limitaçom e restriçom de autorizaçons para que entidades culturais e associaçons, que nom sejam da corda do PP, desenvolvam a sua ativida- de na rua, como bem sabem desde a esquerda e o indepen- dentismo até a organizaçom do Festival dos Abraços. Porém, a obsessom ordeira chegou à sua cima quando, entre anúncios de dificuldades económicas e cortes varia- dos em serviços, o senhor Conde-Roa tirou do seu saco de ideias a criaçom dum posto de livre designaçom encarrega- do da “coordenaçom de segurança”. Um mando único que terá sob o seu controlo a polícia municipal, os bombeiros e a proteçom civil. Isso sim, se finalmente consegue solu- cionar os problemas legais que impedem que um cárrego dessas caraterísticas poda ter qualquer autoridade efetiva. Continua na página 2 www.nosgaliza.org O Pedroso entrevista Ricardo de la Iglesia “Richi” Membro da associaçom Conxo Aberto Análise Adeus ao mercado de gando? 100 dias com Conde Roa

Pedroso nº 46

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Vozeiro de NÓS-UP Compostela

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2011

Quando as urnas levárom Gerardo Conde Roa à presidên-cia da Cámara Municipal de Compostela nom fôrom pou-cos os que pensárom que ia começar um periodo político caraterizado polo histrionismo da personagem, e abofé que acertárom. Apenas três meses de exercício do poder e já há material para artelhar umha obra de teatro cómica, umha pantomima, um sainete, umha zarzuela ou, ainda melhor, umha ópera bufa.Fazendo umha recopilaçom do feito e dito polo nosso alcai-de, a qualquer poderia parecer que se trata todo dumha per-formance ridiculista com a que o grande Gerardo pretende degradar até extremos inconcevíveis a imagem pública do seu próprio partido. Porém, a repentina continência com a que o senhor Conde-Roa nos tem surpreendido depois do famoso affaire da ópera, leva-nos a acreditar que nom estava a atuar, ele é assim, e que com a sua última atuaçom chegou a um ponto que provocou que desde instáncias su-periores lhe ordenassem calar a boca.Com certeza é umha pena, já que se de algo podemos gozar da nova administraçom municipal é do ridículo contínuo que provoca a incontinência verbal da sua liderança, po-rém, de resto nom há nada que nos poda parecer salvável.Até a altura o senhor Conde-Roa e a sua equipa nom se tenhem afastado um milímetro das diretrizes políticas que emanam da Rua Génova em Madrid, que estám a impor como doutrina exclussiva para estes tempos de crise eco-nómica os cortes em serviços públicos e o reforço da açom repressivo-policial.Assim a bandeira do “ordismo” foi levantada para con-

verter em problema de primeira ordem a questom do “bo-telhom”, que agora já nom é simplesmente a causante de dificuldades para durmir da vizinhança ou o gerador de problemas de limpeza, senom que também se converteu, a olhos do nosso alcaide, na origem dos mais diversos males que afetam a nossa sociedade como, por exemplo, a degra-daçom dos pavimentos no Campus Sul.Resulta curioso que umha corporaçom como a compos-telana, liderada por elementos com o historial do senhor Conde-Roa e o seu chefe de gabinete Angel Espadas, pre-tendam fazer do consumo de álcool em público o principal problema ao que se enfrenta a nossa cidade, mas como re-conhece a sabedoria popular “sempre vai falar de merda o mais cagado”. Mas a cousa nom se tem reduzido à questom do botelhom senom que também se extendeu à limitaçom e restriçom de autorizaçons para que entidades culturais e associaçons, que nom sejam da corda do PP, desenvolvam a sua ativida-de na rua, como bem sabem desde a esquerda e o indepen-dentismo até a organizaçom do Festival dos Abraços.Porém, a obsessom ordeira chegou à sua cima quando, entre anúncios de dificuldades económicas e cortes varia-dos em serviços, o senhor Conde-Roa tirou do seu saco de ideias a criaçom dum posto de livre designaçom encarrega-do da “coordenaçom de segurança”. Um mando único que terá sob o seu controlo a polícia municipal, os bombeiros e a proteçom civil. Isso sim, se finalmente consegue solu-cionar os problemas legais que impedem que um cárrego dessas caraterísticas poda ter qualquer autoridade efetiva.

Continua na página 2

www.nosgaliza.org

O Pedroso entrevista

Ricardo de la Iglesia “Richi”Membro da associaçom Conxo Aberto

Análise

Adeus ao mercado de gando?

100 dias com Conde Roa

Page 2: Pedroso nº 46

A questom é que enquanto se insiste na necessidade de cortar em serviços públicos, ao senhor Conde-Roa nom se lhe ocurriu melhor ideia que criar um cárrego sem efetividade real e que serve para cubrir as funçons do conce-lheiro delegado de segurança, pagan-do, isso sim, um salário de alto cárrego mais.Para além desta obsessom pola ordem pública a nova corporaçom também tivo ocassom de pôr de manifesto quais som as suas prioridades de gasto à hora de gerir a nossa cidade. Assim, a meados do Verám, o senhor Conde-Roa surpreendia-nos com o finalmen-te falido anúncio da realizaçom dumha semi-final da Taça Davis no recinto da Cidade da Cultura.Ilusos nós que acreditavamos em que com a recente experiência da visita do Papa de Roma os munícipes com-postelanos teriam apreendido a leiçom sobre a realizaçom de macro-eventos, mas é bem sabido que de onde nom há nom se pode tirar nada. E nom é pre-cissamente o nosso novo alcaide dos que aprendem no erro alheio.Assim, praticamente da noite para a manhá, a cidade candidatava-se para ser sede oficial dumha magna ativi-dade desportiva de elite. Atividade desportiva para a qual carecia de ins-talaçons acaídas. Mas isso nom era um problema no cerebro de quem nos governa. Já que estava prevista a cons-truçom dumha instalaçom provisória, que poderia albergar 15.000 espetado-res, que seria instalada na Cidade da Cultura.Solucionavam-se assim dous proble-mas. Um, o de dispor umha macro-ins-talaçom para jogar ao tenis que depois ninguém voltaria a empregar, assunto que se solucionava com a sua nature-za provisória. O outro, que era dumha importáncia maior, consistia no facto de dar por fim um uso efetivo ao en-gendro do Gaiás. Certo é que nom se tratava de algo cultural no senso estri-to, mas bom, já era muito mais do que se foi fazendo até o momento.

Erre que erre com a Taça DavisLamentavelmente o destino pujo-se na contra das aspiraçons de Dom Gerardo e finalmente a realizaçom do evento recaiu numha cidade andaluza. Mas a desilusom nom foi suficiente para fazer calar o senhor alcaide que, mes-mo umha vez conhecida a notícia da designaçom de outro lugar, anunciou que em ocasions vindouras voltaria a candidatar a cidade e argumentou que a realizaçom dum evento destas cara-terísticas teria um custe praticamente nulo para o erário municipal, a pesar do que dita a mais mínima lógica e o que demostrárom eventos semelhantes no passado recente. Ficou claro nestes primeiros meses que as obsessons que caraterizam o novo governo som o gosto pola me-galomania, embora limitada pola falta de recursos económicos, e a preocupa-çom tremendista pola “ordem públi-ca”. Mas para fazer um relato comple-to teriamos que avaliar também outros aspetos da sua política para poder ter umha imagem cabal do problema.

Política revanchistaAntes da mais há que pôr acima da mesa que o novo alcaide decidiu nom cair em momento algum num revanchismo disimulado contra os seus adversários políticos. Muito polo contrário, o seu revanchismo careceu do mais mínimo disimulo enquanto sinalou como uns dos seus objetivos prioritários a redu-çom da rede de centros sócio-culturais municipais, que identificou como ni-nhos de votos de BNG e PSOE, e os cortes nas atividades subsidiadas dos “culturetas”. Para além de dedicar-se durante os três primeiros meses do seu mandato a identificar qualquer proble-ma que existisse na cidade com o man-dato do anterior regedor e a equipa de governo do bipartido. Rematando a jogada com um momento cenográfico culminante na aprovaçom em pleno do nomeamento dumha rua da cidade com o nome de Manuel Fraga Iribarne.Mas sendo justos, para além das saí-das de tom e os tiques exageradamente direitosos, o certo é que, do visto até o momento das linhas gerais de governo,

há muito pouco que podamos diferen-ciar entre o atual e anterior governo.

Política real continuistaBaixando à realidade da política efe-tiva, a essa que define realmente o modelo de cidade em que moramos, o senhor Conde-Roa nom se está a afas-tar nadinha das linhas mestras traceja-das no seu momento sob mandato do PSOE e continuadas posteriormente polos governos de coaligaçom PSOE-BNG. A única diferença é que neste contexto concreto a efetiva incapaci-dade finançeira do Estado vai obrigar a paralisar algumhas das atuaçons em infraestruturas. Facto que possivel-mente nos vaia salvando da aberraçom do teleférico ao Gaiás e questons do estilo, mas que em modo algum mu-dam o modelo de cidade-parque de diversons em que estám a converter Compostela.As declaraçons de intençons a volta do futuro do mercado de Ámio, que anali-samos num artigo neste mesmo núme-ro do Pedroso, som a prova da iden-tidade de programas mestres entre os diferentes grupos com representaçom municipal, aínda que agora haja quem pretenda fazer-se o surprendido e leve os braços à cabeça quando nestes anos anteriores, em que tanto Esteves como Bugalho manifestaram a sua vontade de extranhar da cidade a feira de gan-do, nom figéram rem.

Três caraterísticas do novo governo municipalResumindo, estes primeiros meses de governo municpal do PP apresentam tres traços bem caraterísticos. Em pri-meiro lugar a vulgaridade nas formas e o histrionismo da pessoa que ocupa a cadeira presidencial; em segundo, a derivaçom espanholista e direitosa das políticas culturais; e finalmente, e tal-vez o mais importante, a plena sinto-nia com o programa estratégico para o desenvolvimento da cidade defendido com anterioridade por PSOE e BNG.

Visto o visto, e prevendo que no futuro a gestom do governo municipal nom vai mudar em excesso, anunciam-se

tempos difíceis mas que apresentam numerosas possibilidades para o de-senvolvimento na nossa cidade de umha alternativa real ao modelo im-posto até a altura.

Os surtos ultras assim como o corte or-çamentar, que dificultará o mantimento dumha política clientelar efetiva den-tro do associacionismo pode permitir o surgimento dumha reaçom vicinal frente ao que se nos vem acima.

Depende da habilidade e da vontade de luita e trabalho dos setores políticos e sociais interessados numha mudança real na cidade, entre os que evidente-mente se acha NÓS-UP, dar umha res-posta coerente e impedir que os que até há uns meses fôrom cúmplices da ges-tom do mau-governo de Compostela tirem proveito do descontentamento.

Nom podemos esquecer que os que agora criticam Conde-Roa das cadei-ras da oposiçom nom praticárom po-líticas muito diferentes quando sen-tárom nas do governo. Até o próprio Conde-Roa chamou a atençom sobre este facto. Quando perguntado por um jornalista numha entrevista radiofóni-ca sobre as possíveis privatizaçons de serviços municipais, o senhor alcaide respondeu que ainda que essa fosse a sua intençom, praticamente nom fica-va nada por privatizar: tratamento de águas, recolha de lixo, ORA... todo já fora privatizado sob a gestom dos go-vernos anteriores.

É importante estar alerta nas atuais cir-cunstáncias para que sob a oposicom às políticas do PP nom haja oportuni-dades para quem durante anos estivo a fazer o mesmo que agora critica. Com isto, como com tantas outras cousas, é precisso ter memória histórica.

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Page 3: Pedroso nº 46

Em poucos dias estamos novamente con-vocadas às urnas para elegir representantes nas Cortes espanholas. O dia 20 de novem-bro foi a data escolhida para a votaçom. A grave crise económica e social que pade-

ce o povo trabalhador nom se vai solucionar com Rajói nem com Rubalcaba. Ambos repre-sentam idênticos interesses. Nada vai mudar em funçom de quem vaia ocupar a Moncloa. A única mudança que pode transformar o nosso preocupante presente e abrir o caminho de conquistarmos o futuro nom virá por esta

via. É um monumental engano pensarmos que a casta política corruta conformada por milio-nários que nos imponhem mais e mais reformas

laborais, baixa os salários e as pensons, aumenta horários laborais, reduz os nossos direitos, recor-ta liberdades, tenha algo que ofertar-nos, a nom ser mais miséria e repressom.

PSOE e PP som as duas caras da mesma moeda. Os evidentes matizes dos seus

projetos nom justificam alimentar a ilusom do medo à direita. A esta ma-nobra de confusom a esquerda inde-pendentista e socialista galega nom adire. Tampouco falsas esperanças

como as representadas polo autono-mismo do BNG ou o “esquerdismo” de IU som alternativa.

A rua, a auto-organizaçom obreira e popular e a luita som as três premissas que poderám mudar o estado das cousas e recuperar todo o perdido. A resig-

naçom e a desmobilizaçom social só ajudam a encorajar os nossos inimigos para avançar mais rápido na sua folha de rota ultraliberal.

A democracia parlamentar espanhola está po-dre. A sua casta só defende os seus interesses que nom som os nossos. A dia de hoje o povo traba-lhador galego ainda nom logrou, ainda nom lo-grámos, dotar-nos de umha alternativa de mas-sas com caráter referencial, um instrumento de combate e esperança. Portanto porque vamos apoiar o 20 de novembro quem nom vai mais que voltar a defraudar e incumprir as promesas?

Tampouco podemos deixar-nos seducir polo mo-vimento indignado que com boas intençons, mas com enorme ingenuidade, considera que se pode melhorar o quadro jurídico-vigente concentrando o malestar social e pretender voltar a “recuperar” o estado de bem-estar em plena descomposiçom. Som dias de luita para mudar radicalmente o nosso mundo, nom para introduzir simples remendos.A classe obreira grega está marcando o caminho a seguir. A política da negociaçom e do “consenso” tem sido e é sinónimo de mais retrocessos e mais der-rotas. Há que passar à ofensiva. Protestar é umha neces-sidade impostergável. Nom fazê-lo é condenar-nos a um futuro de miséria e escravidom.

Por estas razons NÓS-Unidade Popular apela a nom votar o 20 de novem-bro.

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Em apenas quatro meses de legis-latura, o governo Conde Roa confir-mou os mil temo-res sobre a viragem na política cultural do concelho. Outra nom cabia esperar quando a cultura foi cavalo de bata-lha do atual alcai-

de durante o passado mandato bipartido, espore-ado ademais pola mentira, a ofensa e a irrespon-sabilidade sistemáticas, numha estratégia política calcada do cinismo apocalíptico de certos corifeus madrilenos, para quem a afirmaçom da identidade cultural própria é atentado contra a sacra ordem constitucional e a unidade de destino no cosmo-pailanismo hispánico.

A personalidade do novo regedor deixa-se sentir ademais de jeito virulento no terreno. Em tempo escaso já tivemos ocassiom de vê-lo dirigir briga-das da polícia municipal contra festivais de longo alento, desprezar no foro a atividade da cultura local e mesmo de insultar profissionais da esce-na a pé de palco. A irresponsabilidade política vem dada polo facto deste comportamento im-próprio dum cargo público afetar nom só o tecido cultural da cidade, senom também o estatuto de Compostela como referência cruzial da cultura galega e em muitos sentidos o seu espaço de van-guarda mais privilegiado.

Compostela, por tradiçom, preeminência política e situaçom geográfica, possui de seu umha singu-laridade no conjunto da comunidade galega que durante estes anos lhe permitiu afirmar-se como motor da nossa cultura, alentando ademais um dos tecidos mais viçosos do país, laboriosamen-te criado durante as últimas décadas a través du-mha densa rede de espaços e agentes, entre salas, bares, galerias, artistas, associaçons, empresas, centros sociais e outros coletivos implicados na dinamizaçom cultural do dia a dia. Esta cultura de base medrou, muitas veces, contra a incompren-som da cultura oficial fomentada das instituiçons públicas, muito mais virada para a megalomania montaraz. No contexto municipal há que reconhe-cer com todo que o diálogo entre o concelho e os agentes culturais se mantivo, com maior ou menor alcance, num mínimo de decência, especialmente com a entrada no governo municipal do sócio na-cionalista, se bem fôrom cometidos erros e impre-vissons que conducirom à atual situaçom, em que Conde Roa já herdou metade do trabalho feito.

Pensemos que a cidade contou durante vinte anos com duas salas alternativas de referência inter-nacional, com festivais e programas de provado éxito geridos desde a sociedade civil como Em Pé de Pedra, o Festival de Gorra, o Feito a Mao ou o Festiclown, subsumidos a última hora baixo umha edulcorada fórmula de controlo burocrático cha-mada Festival dos Abraços em que o adoçante non esconde as más artes, e com um tecido associativo de forte calado, artífice da recuperaçom de festas populares como as de Sam Pedro ou as da Rua do Meio e dumha morea de programaçons que con-

tribuiam de maneira decissiva para o carisma de Compostela como centro cultural europeu. Muito disto já se perdeu antes do excelentíssimo alcaide entrar qual javali enrabechado nos nobres salons do Paço de Rajói. Doravante nom cabe esperar muitas alegrias. Com o atual panorama, o argu-mento da crise, falaz e perverso, ergue-se como razom única da nova política cultural, con licença do eufemismo, e está por ver o que vai acontecer mesmo com iniciativas oficiais como o Cineuropa, programa estrela das anteriores corporaçons, ou com a Rede de Centros Socio-Culturais, rede que, mesmo infrautilizada e submetida ao arteiro cál-culo eleitoral, cumpria umha série de serviços bá-sicos à comunidade.

O futuro vem dado, pois, por dous fatores e umha filosofia. Som fatores a necessária reestruturaçom do tecido cultural perante o diálogo improvável com Rajói e a precarizaçom radical imposta da or-dem económica, e a degradaçom de Compostela como espaço cultural eminente, onde a Cidade da Cultura opera já tal que furado negro de orçamen-tos e programas numha deriva suicida que tanto a capital como a comunidade galega haverám de pagar bem cara.

É filosofia o cosmopailanismo, esse espírito tam espanhol que confunde o mundo com La Moraleja e a razom ilustrada com um jornal de extrema di-reita, e que vem de instalar no Obradoiro a sua tenda de campanha. Dura será pois a batalha e nós que a deamos.

o p i n i o mEntre a crise e o cosmopailanismo

Carlos Santiago

Carlos Santiago é escritor, dramaturgo e artista

Page 4: Pedroso nº 46

O bairro de Conxo é um dos mais antigos da cidade e com umha longa tradiçom de luita obreira. O enorme crescimento da última década mudou a sua identidade popular?Ao longo do tempo o bairro muda de identidade. Esta parte da cidade de Compostela mantém umha luita contínua com o Concelho para lo-grar melhoras, passando por fases muito determinantes para atingí-las.Da posta em andamento das me-lhoras até o seu total esquecimento

mais atroz por parte dos organismos municipais, convertendo-se na zona com mais chabolismo de Composte-la.Nos anos noventa o bairro vê-se submetido a umha tremenda espe-culaçom, com o derrubamento de muitas vivendas unifamiliares e a construçom de prédios e vivendas de alto estandig para setores sociais acomodados da cidade e das zonas limítrofes de Compostela.A classe obreira e a gente mais hu-milde do bairro padece diretamente esta especulaçom.Este fenómeno mudou totalmente a identidade do bairro perdendo umha quantidade importante de empresas.Conxo tivo um movimento obreiro vizoso destacando em importantes

luitas operárias. Agora é um bairro que perdeu esta composiçom obrei-ra.

Nos últimos meses o associacio-nismo vizinal de Conxo viviu um intenso debate saldado com umha profunda renovaçom de caras.Nestes últimos meses o associacio-nismo vicinal do bairro mudou mui-to pois um setor do mesmo solicita melhoras e confronta umha série de medidas que propom o Concelho.Perante esta situaçom um grupo de vizinhas e vizinhos colheu as rendas do movimento vizinal pondo-se ao frente das reivindicaçons, deslocan-do o velho “associacionismo” que estava totalmente submetido ao po-der estabelecido, entregado ao Con-celho.

Quais om os principais problemas que tem hoje o bairro?Os problemas do bairro de Conxo som muitos e variados. Porém, po-demos destacar como principais os défices de urbanizaçom de umha das zonas mais esquecida de Composte-la, assim como as melhoras para as zonas limítrofes com as urbaniza-

çons construidas pola lógica da es-peculaçom.

Quais som as reivindicaçons e de-mandas?As três principais reivindicaçons que demandamos som a construçom de um tunel soterrado na rotunda de

entrada e saída a Compostela que di-vide em dous o nosso bairro.A cons-truçom de umha vez do centro de saúde pois temos umha importante populaçom que nom logra ser cor-retamente atendida no centro atual,

que é claramente insuficiente.E a potencializaçom de vivendas so-ciais para erradicar o chabolismo.

O novo governo municipal está-se caraterizando por sonoras decla-raçons ameaçantes contra diversos coletivos sociais como a juventu-

de prometendo repressom. Como compaginar direito a descanso e a lezer?O governo municipal está tomando umhas medidas antipopulares sobre todo com a juventude, sem ter em

conta as razons que provocam o fe-nómeno do botelhom.O governo municipal desconsidera que a situaçom que estamos a viver nom é a mais idónea para a nossa ju-ventude, sem perspetivas de futuro e condenada a empregos precários e perda de direitos.

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4 O Pedroso entrevista

Ricardo de la Iglesia “Richi”Membro da associaçom vicinal Conxo Aberto

“A classe obreira e a gente mais humilde do bairro

padece diretamente a especulaçom”

“Demandamos a construçom de um tunel soterrado na rotunda de entrada e saída a Compostela que divide em

dous o nosso bairro”

“Conjo é a zona com mais chabolismo de Compostela”

Page 5: Pedroso nº 46

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Parece que cada vez está mais perto o momento em que a realizaçom da feira de gando do Mercado Nacional de Gando deixará a cidade de Com-postela para se transladar às instala-çons da Semana Verde em Silheda. Fechará-se assim umha longa histó-ria que vem de fim do século XIX, quando se concede à feira compos-telana o devandito rango de nacional passando a se converter no principal ponto de comercializaçom de gan-deiria para consumo cárnico do nos-so país.

Durante mais de um século as quar-tas-feiras vivérom a realizaçom du-mha atividade comercial semanal que até meados do século XX se rea-lizava na carvalheira de Santa Susa-na, passando depois ao antigo recin-to de Salgueirinhos para finalmente transladar-se a finais dos anos 90 ao atual recinto de Ámio. Mais de cem anos de história em que a importán-cia desta atividade marcava grande parte da vida da cidade e supunha a constataçom do peso da atividade agro-gandeira para a sua economia.

Alguns, ofuscados polo desenvol-vimento do governo autonómico e o peso administrativo que ganhou Compostela nos últimos trinta anos, esquecem que até bem pouco Com-postela era fundamentalmente a capi-tal dumha amplíssima comarca agrá-ria em que, aliás, fucionava umha universidade e era sé episcopal, para além de concentrar umha modesta atividade artesanal e industrial.

Ainda que nos nossos dias essa fun-çom como centro de concentraçom e distribuiçom da actividade agro-gandeira perdeu peso relativo, de jeito nengum desapareceu. Muito polo contrário pode-se dizer que em números absolutos cresceu até uns volumes que se manifestam em da-dos como o valor das transaçons ne-gociadas no mercado de Ámio, que em 2010 atingiu a nada desprecível quantidade de 46 milhons de euros.

O problema surge quando a finais dos anos 80 a definiçom dum mo-

delo de cidade determinado para Compostela vai tomando corpo após a declaraçom da UNESCO como Pa-trimónio da Humanidade. Um mode-lo que atinge o seu nível final com a invençom dos Jacobeus e a definitiva aposta em converter a nossa cidade num centro turístico e de atividades terciárias, modelo que conta com o impulso coordenado das autoridades municipais e autonómicas.

Modelo de cidade e fóbiasNesse esquema a celebraçom da fei-ra converteu-se numha anomalia. Umha anomalia que resultava mo-lesta para umha mentalidade de “se-nhorito” que fazia da trata de gando umha atividade económica com pou-ca dignidade para umha cidade com as aspiraçons da “nossa capital”.Foi esta forma de pensar a que provo-cou a segunda transferência de local de celebraçom. O primeiro, de Santa Susana a Salgueirinhos, respostava à lógica de aligeirar o tránsito no cen-tro da cidade assim como de manter em condiçons de uso a Alameda. Mas o segundo, de Salgueirinhos a

Ámio, respostou quase em exclusiva a facilitar a urbanizaçom forçada do extremo norte da área urbana, dando como resultado a ocultaçom da vista do recinto da feira e a criaçom du-mha imensa explanada ocupada na atualidade polas instalaçons de Fa-zenda.Combinada com a fóbia que as auto-ridades municipais da capital mani-festávam pola presença do mercado de gando, que lhes deve parecer algo próprio de aldeans, um novo elemen-to viu-se somar das instáncias auto-nómicas.

A política megalómana da admi-nistraçom Fraga apostara no seu momento na construçom de umhas imensas instalaçons feirais na loca-lidade de Silheda como digno acu-bilho da famosa Semana Verde. O problema surgiu quando cairom na conta que tais instalaçons careciam praticamente de uso fora das datas de realizaçom da famosa feira interna-cional do setor agro-pecuário, o que

as convertia irreversivelmente em deficitárias.

Causa reais da tentativa de trans-ferência a SilhedaJuntarom-se assim as duas vontades precissas para proceder à transferên-cia de Compostela para Silheda. Du-mha banda a fóbia dos governantes compostelanos por algo que cheira tanto a aldeia, na outra a necessidade da Junta por dar saída a umhas insta-laçons infrautilizadas.

Os problemas surgirom com a resis-tência dos próprios gandeiros e dos tratantes por este translado. Resistên-cia que nom tem nada de romántica, ainda que publicamente mesmo se figessem apelos ao caráter tradicio-nal da feira, e sim muito de interesse económico. A fim de contas a situa-çom de Compostela, como nó arte-lhador nom já dumha única comarca produtora senom de várias, facilita e embaratece os custos de transpor-te; sendo pior a situaçom de Silheda embora fosse melhorada pola cons-truçom da auto-estrada até Lalim.

A realidade é que mais de 100 anos de história tenhem reforçado e arti-culado umhas redes de produçom e distribuiçom que convergem na nossa cidade, onde se concentram os gandos produzidos numha extensa área. Pola contra a situaçom de Si-lheda está mais regionalizada sendo muito favorável para os produtores da área do Deça, mas nom assim para os de zonas mais afastadas que prefirem obviamente a localizaçom compostelana.

Mas se nom bastasse com o interes-se objetivo dos diretamente afetados pola transferência, também há que pôr acima da mesa os dos setores subsidiários desta atividade. Setores que vam da restauraçom e hotalaria até a comercializaçom de maquiná-ria agrícola, passando polo transpor-te. Dúzias de empresas e centenas de postos de trabalho na cidade de Compostela dependem direta ou in-diretamente do mercado de gando.Isto é o que parecem nom querer ver as autoridades municipais atuais, nem quem as precedeu, na intençom de botar fora a feira. A realizaçom do mercado de gando é umha ativi-dade económica de primeira ordem que nom supom peja algumha para o desenvolvimento da cidade. Muito polo contrário, supom um factor de diversificaçom que nom fai mais do que melhorar as capacidades econó-micas do nosso contorno urbano. O que traduzido em linguagem comum significa que com a feira, a cidade e os seus habitantes ganhamos mais

que sem ela.Aplicando os mais básicos critérios de economia resultaria ridículo des-botar um negócio baseado em valo-res tangíveis e de primeira necessi-dade numha situaçom de bonança económica, mas fazê-lo nos tempos que correm é simplesmente suicida. Qualquer pessoa com um mínimo de sentido comum sabe que até nas cri-ses mais profundas as atividades pri-márias se mantenhem, porque nin-guém pode passar sem comer, mas as que sofrem os golpes mais duros som aquelas atividades económicas que entram dentro da esfera do luxo e o sumptuário.

O que nom se entende é que um princípio tam básico poda passar de-sapercebido para uns governos que estám dispostos a desbotar a certeza dos porcos e as vacas, para apostar todo na insegurança da chamada in-dústria turística. Assim, o senhor Conde-Roa, ao igual que o senhor Bugalho no seu tempo, está disposto a permitir que o mercado de gando marche das ins-talaçons de Ámio para poder desti-ná-las a nom se sabe muito bem qué. Somariamos assim um novo recinto público da cidade para o que nom se tem umha dedicaçom clara ou que será infra-empregado, como já acon-tece com o estádio municipal de Sam Lázaro ou a Cidade da Cultura.

Confirma-se assim que um dos gran-des problemas que tem a nossa cida-de é que os políticos que a governam há décadas atuam como se Compos-tela fosse umha cousa que nom é. No canto de ajustar as linhas de in-tervençom e de desenvolvemento de infraestruturas às necessidades reais, preferirom plantejar outras, de acor-do com um modelo irreal do que se-gundo eles deveria ser.

Estas políticas de “quero e nom podo” som sumamente gravosas para os or-çamentos públicos e realmente nom repercutem com benefícios nem para a vizinhança, nem para as arcas mu-nicipais; o que já num prazo imedia-to está a tornar inviáveis umha parte importante das políticas municipais.

Assim mesmo, é precisamente a situ-açom de urgência económica gerada pola atual crise a que pode ajudar a frear esta “política do fume”. A pres-som que exerçam os setores direta-mente afetados polo feche de Ámio pode ser determinante para bloquear a transferência nuns tempos em que as achegas económicas originadas polo turismo caem irreversivelmen-te.

Adeus ao mercado de gando?

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Um dos ecossistemas mais importantes de Com-postela, as Branhas do Sar, leva anos degradan-do-se pola falta de proteçom real. O timoratismo político dos governos do PSOE-BNG nom adotou as medidas necessárias para proteger um dos es-paços de maior valor ambiental com os que conta a cidade.Porém, a chegada de Conde Roa fai perigar a de por sim insuficiente proteçom prevista para o cor-

redor ecológico do rio Sar.Cumpre evitar a destruiçom paulatina e lenta das Branhas do Sar. A soluçom nom passa por dotá-las de um Plano especial que a blindem como zona verde livre de tijolo, basicamente por recuperar as atividades tradicionais para que cumpra a funçom produtiva e hidrológica. É necessário preservar a biodiversidade e o rico património cultural existente. Para evitar a des-

truiçom do rico ecossistema de flora e fauna há que paralisar o Plano especial porque as Branhas do Sar nom devem converter-se nem num jardim nem numha floresta, nem tampouco num parque de recreio. As conclusons do estudo solicitado à Universidade de Barcelona polo Concelho e as re-comendaçons do Icomos -organismo dependente da Unesco- avalam esta alternativa.

Luz verde à especulaçom urbanística nas Branhas do Sar

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EInauguramos legislatura e inauguramos rúbri-ca no Pedroso. Umha nova rúbrica em que fa-remos um seguimento dos factos e ditos mais destacáveis do nosso bem-querido Gerardo Conde-Roa, um alcaide que “nom nos merece-mos” (entenda-se isto literalmente), ao longo de cada trimestre.

O certo é que, após a relativa surpresa da sua vitória, nas nossas primeiras valorizaçons in-formais já previamos que a singularidade da personagem ia trazer motivos de riso a esgalha.

Mas temos que reconhecer que em apenas três meses o senhor alcaide superou as nossas expe-tativas dum modo espetacular. O amigo Gerar-do resultou ser dessas pessoas que cada vez que abre a boca sobe o pam.

Nom temos espaço cá para fazer um relatório pormenorizado com a sua pertinente glosa de todo o dito e feito, polo que desta volta deci-dimos selecionar as que consideramos as três melhores conderroadas do periodo estival e os primeiros meses do outono.

Taça DavisComeçamos pola “Operaçom Copa Davis”. Mo-mentaço espetacular no que o nosso alcaide deci-diu que molaria maço organizar umha semifinal da Taça Davis na “Cidade da Cultura”. Espaço pú-blico que, como bem indica o seu nome, é o mais acaido para a realizaçom de eventos desportivos.Lamentavelmente e apesar de que dérom umhas voltas aos membros do comité organizador num helicóptero do serviço contra-incéndios, para que tivessem umha boa perspetiva aérea da zona, fi-nalmente esses desagradecidos decidírom que era melhor fazer o assunto numha praça de touros em Córdoba. Mas isto nom bastou para que Dom Gerardo ca-lasse a boca, senom que aproveitou umha con-ferência de imprensa para emular as “contas da leiteira” e explicar-nos que as críticas recebidas polas supostas despesas económicas que teria ge-rado o assunto eram umha parvada. Segundo ele,

de ter-se feito a semi-final aqui, esta teria suposto um custe mínimo para as arcas municipais. Nom temos constáncia de que depois de dizer tal esca-chasse a rir.

BotelhomO segundo dos assuntos, que está a ser recorrente, é o da obsessom polo consumo de álcool na rua. Um facto terrível que provoca efeitos devastadores sobre a nossa mocidade e sobre o pavimento do campus, ou ao menos isso foi o que dixo o senhor alcaide. Certo é que ao dia a seguir o senhor reitor saiu na imprensa contradizendo o amigo Gerardo, coincidindo com ele em que o botelhom no campus gera muito lixo mas negando que até o momento fosse a causa de nengumha fochanca.Mas seja ou nom culpável das fochancas, o botel-hom é péssimo polo que é precisso que o alcai-de e os seus vereadores passeiem nas noites das quintas-feiras polo campus para advertir a juven-tude do nefasto que resulta o consumo do álcool. Fazede-lhe caso, moços e moças, que fala a voz da experiência.

ÓperaE nom podemos rematar a nossa glosa das gestas conderroanas destes primeiros compases de legis-latura, sem fazer mençom do affaire da ópera. E se alguém nom se enterou do acontecido, explicamo-vo-lo. Resultou que numha representaçom de “O Barbei-ro de Sevilha”, realizada no Auditório, a cenografia incluiu no final da obra a apariçom duns cartazes

pendurados do teito do cenário nos quais se podiam ler, entre outras cousas, palavras de ordem próprias do chamado movimento d@s indignad@s. O tema é que entre o público se atopava o ami-go Conde-Roa, umha pessoa sensível como a que mais, acompanhando o Conselheiro de Cultura; e ao ver as mensagens próprias de “radicais antisis-temas” nom puido conter-se (ele que é um “demo-crata-de-toda-la-vida”) e decidiu increpar o facto ao responsável.O problema foi que, a saber porqué, quem apan-hou nom era mais que o ténico de iluminaçom do Auditório, operário que nom tinha nada a ver com o assunto, e que ao ter diante dele um indivíduo que lhe estava a fazer um escándalo, reacionou da forma lógica nestes casos.Afortunadamente a cousa nom chegou às maos e o senhor alcaide abandonou o recinto depois de que umha alma caritativa o metesse no carro oficial, minutos antes o senhor Conselheiro de Cultura já marchara do lugar praticando o que vulgarmente se conhece como “fazer-se o aviom”.Depois desta “noite na ópera”, tam divertida como o filme homónimo dos irmaos Marx, o nosso caro Gerardo voltou a demonstrar a sua obsessom pol@s indignad@s quando com motivo das mobilizaçons do 15 de outubro decidiu reduzir o tamanho do es-paço público na Praça do Obradoiro, pondo um va-lado que restringia o passo por mais da metade da praça para que a gente que acudiu à manifestaçom se encontrasse num espaço mais íntimo. E é que no fundo Gerardo é um detalhista.

Fora deste primeiro repasso ficárom muitas cousas que merecem quando menos umha mençom: o traje da oferta ao Apóstolo, o pregom das festas, os centros sócio-eleitorais, os culturetas... temas todos eles que ficam na nossa lembrança, mas nos quais nom nos podemos deter. É mágoa.

Aguardemos que dentro de pouco já levantem o castigo ao amigo Gerardo e volte a fazer declaraçons públicas do nível que nos tem acostumado.

Porque, por se alguém nom se deu conta, o senhor alcaide devêrom-no castigar depois do da ópera, já que leva umhas semanas com umha mode-raçom verbal insuportável.

De aqui receba o nosso mais carinhoso saúdo senhor alcaide, e nom se acanhe. Diga todo o que se lhe passe pola cabecinha, que em nós tem a sua mais fidel audiência.

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O esbanjamento de recursos e a falta absoluta da mais mínima previsom tem provocado que o go-verno autonómico decidisse paralisar a edificaçom dos dous últimos prédios da Cidade da Cultura, ao menos até 2014. A notícia é um claro sintoma de que as previsons de quem nos opugemos ao pro-jeto faraónico do Gaiás desde o anúncio da sua aprovaçom eram as corretas.

A Cidade da Cultura é um come-cartos sem sen-tido algum, impossível de rendabilizar economi-

camente, o que leva a que numha situaçom de retraimento económico seja muito difícil, mesmo para governantes com tanta soberva como os que sofremos, continuar a deitar os dinheiros públicos em algo que nom se sabe muito bem para que vai servir.

De facto, a situaçom é tam insustentavel como para que a Junta tivesse que adotar umha decisom que os obriga no imediato a indenizar as constru-toras com quase meio milhom de euros, mesmo quando renunciárom a cobrar todo o estipulado nos contratos “blindados” assinados pola adminis-traçom Fraga. A Cidade da Cultura é um projeto tam demencial que mesmo custa cartos se nom se fai nada!

Mas nom é esta a única decisom polémica tomada a volta do engendro do Gaiás nos últimos tempos. Ao pouco de decretar o paro na edificaçom dos últimos prédios produziu-se um fenómeno aínda mais aberrante: a abertura ao público de um mu-seu vazio!

Assim nos próximos meses poderemos ir visitar um museu que nom tem nada no seu interior e duas grandes explanadas, após dar um pequeno passeio subindo pola Avenida Manuel Fraga Iri-barne. A cousa seria cómica se nom estivessem a brincar com o nosso dinheiro.

Depois destes últimos episódios, que se somam aos já velhos de Teleféricos e Taças Davis, aguar-damos expetantes qual será a próxima “parida” que se lhe vai ocorrer aos responsáveis políticos deste país para fazer com a Cidade da Cultura. Lamentavelmente muito tememos que ainda tar-daremos em escuitar que se tomou a única deci-som que merece este projeto, a da sua paralisaçom seguida da demissom e processamento dos seus impulsores.

Até que isto aconteça, de NÓS-Unidade Popular continuaremos a berrar como levamos fazendo mais de umha década:

Nom à Cidade da Cultura!!!

Fraga Iribarne terá rua

em Compostela

BASTA DE ENGANOS! Finca Espinho

A mobilizaçom popular que evitou em 2006 que o governo de Bugalho concedesse o nome de umha nova rua ao ex-ministro franquista desta volta foi incapaz de evitá-lo. A iní-cios de outubro os votos do PP e do PSOE unirom-se para dar o nome a umha rua ao atual senador do PP. Que infámia!

No fim do Verám abriu no bair-ro de Vista Alegre a escola infantil Semente. Este projeto pedagógico genuina e integramente galego aco-lherá crianças de 3 a 6 anos de ma-nhá e terá um serviço de ludoteca de tarde.Promovida pola Gentalha do Pichel pretende cobrir a demanda dum en-sino na nossa língua na segunda eta-pa de infantil. O local conta de mais de 100 m2 no seu interior e um pátio e terreno de horta dumha superfície similar na parte posterior. Para mais informaçom:www.sementecompostela.com

Já saltou às capas dos jornais o que passa por ser o pri-meiro “pelotaço” imobiliário do governo municipal de Conde Roa. A concesom à Imobiliária Layetana, pro-prietária da Finca do Espinho, de umha autorizaçom de obra com a requalificaçom de uns terrenos que em origem deveriam destinar-se para a construçom dumha residência geriátrica, e nos que agora se poderá edificar vivenda de luxo.

Tanto PSOE como BNG denunciam que o novo governo está a dar um trato de favor a umha empresa que tin-ha comprometida a edificaçom e exploraçom de umha residência geriátrica, e que teria adequirido essa auto-rizaçom com o compromisso de desenvolver labores de reabilitaçom do palácio e no contorno da finca.

Pola sua banda o PP e a própria imobiliária Layetana retrucarom afirmando que o governo de Bugalho teria enganado a populaçom compostelana já que desde o co-meço nom se preveu edificar geriátrico algum senom um complexo de vivendas de alta gama destinadas a popu-

laçom idosa. Um projeto do que agora se duvida da sua viabilidade, o que levou o novo governo e a empresa a chegar a um novo acordo para edificar vivenda conven-cional, mas também destinada a rendas altas.

Agora corresponde à populaçom de Compostela eleger se som piores os que nos enganarom ao qualificar como obra social o que nom era mais que um negócio privado destinado a clientes ricos, ou os que decidirom dar ainda mais facilidades a umha empresa imobiliária que cons-troi obra dessas caraterísticas.

Em qualquer caso, parece mentira que ainda fique quem considere que facilitar a atividade especulativa na edifi-caçom é umha boa aposta para ativar a economia da nos-sa cidade. Vê-se que os nossos governantes nom apren-dérom nada do acontecido nos últimos anos na economia mundial.

A atitude dos que governam hoje e dos que governárom onte continua a ser a mesma, empenhados em apoiar o

desenvolvementismo construtivo e em apostar num modelo urbanístico orienta-do em exclussiva para o gozo dos mais ricos.

De NÓS-Unidade Popular denunciamos a irresponsabilidade dos governantes desta cidade e manifestamo-nos contra dos pro-jetos passados e presentes para a finca do Espinho, já que nengum deles vai supor um benefício para a maioria da popu-laçom de Compostela.

Basta de Especulaçom!!

NÓS-UP saúda abertura da escola infantil

Semente

NOM BASTA COM PARÁ-LAA CIDADE DA CULTURA HÁ QUE FECHÁ-LA!!

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soPedro ovozeiro comarcal de NÓS-Unidade Popular da comarca de Compostela www.nosgaliza.org

Conselho de Redaçom: Anjo Paz, José Dias Cadaveira, Yasmina Garcia, Carlos Morais, Sérgio Pinheiro, André Seoane Antelo, Patrícia Soares Saians.

Imprime: Tameiga • Edita: NÓS-Unidade Popular da Comarca de Compostela. Rua Quiroga Palácios, 42, rés-do-chao, Compostela · Galiza Tel. 695596484 • e-mail: [email protected] • Correçom lingüística: galizaemgalego

Publicaçom trimestral de NÓS-UP da Comarca de Compostela • Distribuiçom gratuita.Permite-se a reproduçom total ou parcial dos artigos e informaçons sempre que se citar a fonte.

O Pedroso nom partilha necessariamente a opiniom dos artigos assinados.

O Pedroso nº46 · Junho-setembro 2011 • Tiragem: 5.000 exemplares • Depósito Legal: C-1002-01 • Encerramento da ediçom: 28 de outubro de 2011

11 de outubro, Dia da Galiza Combatente

Como cada ano desde 2001, NÓS-Unida-de Popular assumiu no mês de outubro o compromisso de alçar a bandeira da me-mória e o exemplo de luita revolucionária

de tantos galegos e galegas que ao longo da nossa história tenhem afirmado os di-reitos do nosso digno povo trabalhador.

NÓS-Unidade Popular reivindicou a luita do Piloto e da guerrilha

antifranquista galega

Nesta ocasiom, o homenageado foi o grande luitador comunista José Castro Veiga, O Piloto, que durante longos anos fijo frente, de armas na mao, à ditadura criminosa do general Franco e à oligarquia que a sustentava. Nas terras que testemunhárom a sua luita, em Chantada, foi convocada a nova ediçom do Dia da Galiza Combatente.9 de outubro, a poucos metros donde jazem os restos do Piloto, assassinado em 1965 pola Guarda Civil , realizou-se um ato político com participaçom de vários oradores e oradoras, que coincidírom e defender o legado de luita e dignidade que Castro Veiga representa.Antes disso, o historiador Xaquin Yebra e o ex-guerrilheiro antifranquista Francisco Martínez López, Quico, encabeçárom um roteiro até a área exata onde as forças repressivas franquistas assassinárom o guerrilheiro.O ato político, apresentado pola companheira Rebeca

Bravo, foi iniciado polo próprio Xaquín Yebra, que fijo umha breve síntese da trajetória do homenageado, lembrando que a atividade de guerrilheiros como ele durante longos anos implicou a existência de umha importante rede de apoio popular que às

vezes é esquecida, julgando-se que se tratava de pessoas isoladas no monte, o que nom é em absoluto certo.

A mesma ideia foi confirmada por um protagonista em primeira pessoa, um militante do Exército Guerrilheiro da Galiza e Leom, Quico, incorporado na sua juventude às fileiras da resistência armada ao franquismo. Quico reafirmou a justeza da sua luita e apelou a manter aceso o facho da memória e das luitas populares contra o atual sistema e polo socialismo.

A militante de BRIGA Laura Guisantes reivindi–cou igualmente o exemplo do Piloto, figura assumida como exemplar pola juventude revolucionária e independentista de hoje na Galiza, garantindo a continuidade da sua causa, que é de tantos e tantas jovens em terras galegas hoje.

A poesia foi trazida a Sam Fiz de Asma por Alberte Momám e Verónica Martínez, que recitárom belos poemas carregados de sentimento e significado transformador galego e universal.A continuaçom, Alberte Moço, porta-voz Nacional de NÓS-Unidade Popular, dirigiu um discurso mais centrado na atualidade polítical, umha atualidade que anuncia novas luitas de grande importáncia para a libertaçom nacional e social de género na Galiza.

Afundida numha crise causada polo grande capital, Alberte Moço afirmou que a saída passa por um processo revolucionário que conduza à independência e ao socialismo, para o qual NÓS-UP nom duvidará em pôr em jogo todo o seu caudal e experiência militante.As palavras do companheiro Alberte Moço fôrom aplaudidas com entusiasmo polas pessoas concentradas ao pé do cruzeiro de Sam Fiz de Asma, que umha vez concluído o seu discurso se dirigírom ao interior do cemitério, depositando cravos vermelhos ao pé do túmulo do heróico guerrilheiro José Castro Veiga, O Piloto.O ato concluiu com os hinos da Internacional e da Galiza, com a música da gaita galega como acompanhamento solene.