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PARA A PAZ PARA A PAZ FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT A Serviço das Comunidades Impresso Especial 9912259129/2005-DR/MG CORREIOS MITRA JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ | ANO XXXI - 302 | JANEIRO DE 2015 Dom José Geraldo fala ao Comunhão Em busca de unidade: a questão eclesiológica entre Ocidente e Oriente Catequese e pessoas com deficiência, uma atitude Novo espaço conta a vida de pessoas que fizeram e fazem história na Diocese. Neste mês, os padres Adelmo e Carlos Miranda Página 6 Página 9 Página 11 Página 12

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A Serviço das Comunidades

ImpressoEspecial

9912259129/2005-DR/MG

CORREIOSMITRA

JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ | ANO XXXI - 302 | JANEIRO DE 2015

Dom José Geraldo fala ao Comunhão

Em busca de unidade: a questão eclesiológica entre Ocidente e Oriente

Catequese e pessoas com deficiência, uma atitude

Novo espaço conta a vida de pessoas que fizeram e fazem história na Diocese. Neste mês, os padres Adelmo e Carlos Miranda

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Dom José Lanza Neto

2 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

Editorial

A Voz do Pastor

ExpedienteDiretor geralDOM JOSÉ LANZA NETOEditor e Jornalista Responsável PE. GILVAIR MESSIAS DA SILVA - MTB: MG 17.550 JPRevisãoMYRTHES BRANDÃOProjeto grá�co e editoração BANANA, CANELA E DESIGN - bananacanelaedesign.com.br (35) 3713-6160Tiragem3.950 EXEMPLARES

ImpressãoGRÁFICA SÃO SEBASTIÃO

RedaçãoPraça Santa Rita, 02 - Centro CEP. 37860-000, Nova Resende - MGTelefone(35) 3562.1347E-mail [email protected] Artigos assinados não representam necessariamente a opinião do Jornal.Uma Publicação da Diocese de Guaxupéwww.guaxupe.org.br

O ano da paz começou no primei-ro domingo do Advento e vai até o Natal de 2015.

Em sua assembleia anual, a Confe-rência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) propôs o Ano da Paz, como um grande momento de reflexão na superação da violência e no des-pertar da convivência mais respeito-sa e fraterna entre as pessoas. “Está na hora da sociedade brasileira dar passos no sentido de buscar uma harmonia maior no relacionamento humano. Os nossos relacionamentos estão muitos desgastados”, ressalta o arcebispo de São Luis (MA), dom Be-lizário.

O secretário da CNBB, dom Leo-nardo, nos orienta que, para o ano da

paz, sejam aproveitados os meses te-máticos do ano litúrgico, como o mês vocacional, da bíblia e da missão. “Va-mos refletir durante o ano o porquê da violência e sobre a necessidade de uma convivência fecunda e frutuosa. O ano litúrgico nos oferece oportu-nidades para pensar sobre a paz e a realidade da violência”, concluiu.

Tomemos para nós que a paz é dom, ela vem de Deus. Precisa ser acolhida, entendida e colocada em prática. A paz não vem de fora, à for-ça, a partir de estruturas marcadas pela coação das armas ou qualquer outro aparato. A paz é construída, em primeiro lugar, no interior de cada pessoa, donde vêm nossas brigas, desentendimentos, egoísmos etc -

do próprio coração. Precisamos apos-tar na educação, na ética, nos valores humanos e do evangelho. Como está nossa vida hoje? – no externo. Assim, nunca teremos paz.

O grande fundamento da constru-ção da história, da vida, da humani-dade está naquele que é nossa paz. Como diz o Apóstolo, “Cristo é nossa paz, ele que de dois povos fez um só” (Cf. Ef 2,14).

É a paz que gera os filhos de Deus e alimenta o amor; ela é a mãe da unidade, o repouso dos bem-aventu-rados e a morada da eternidade; sua função própria e seu benefício espe-cial é unir a Deus os que ela separa do mundo.

É necessário amarmos a paz e ser-

mos seus verdadeiros construtores. Trabalhemos de maneira incansável em favor da paz!

Imbuídos do Espírito das Santas Missões Populares (SMP), acredita-mos ser o momento privilegiado de boa convivência, solidariedade, aju-da mútua e de irradiarmos a paz, ale-gria e a vida.

Temos dito que os objetivos das SMP são um verdadeiro programa de vida, construção de uma sociedade humana, justa e fraterna. Comece-mos a vivenciar um clima de paz em nossos ambientes, no cotidiano, na família, no trabalho e na comunida-de. Paz e bem!

Feliz ano novo cheio de PAZ!

Ano da Paz! Cristo nossa Paz!

Todo começo possui seu silên-cio... Silêncio entendido não como ausência de sons, mas de ruídos. Há uma silenciosa paz na harmonia dos sons. Há poucos dias, era celebrado o Natal de Jesus Cristo. A cena é de paz completa. Os sons dos animais sobre a relva, os passos dos Pasto-res rumo ao desconhecido, as mãos dos Homens do Oriente em solene saudação, as poucas palavras entre Maria e José diante do Mistério que os envolve – tudo em uma perfeita orquestra divina.

O silêncio da oração é a plenitu-de da escuta. A paz é o coração que aprendeu a escutar. Nenhum músi-

co fará a canção de sua vida se não estiver em paz... não escutará o som que brota da alma para tornar-se melodia.

O mundo pede paz... Presente na sociedade, a Igreja suplica o silên-cio da escuta. O ano que começa é oportuno. Talvez este seja diferen-te. Talvez tenhamos mais encontros nas varandas da unidade. Talvez re-zemos mais juntos e menos separa-dos. Talvez escutemos melhor a mú-sica da alma e a alma da música dos corações.

Papa Francisco pede uma Igreja capaz de escutar as diferenças e vi-ver a paz. É o homem do encontro,

como poderá ver no espaço Atua-lidade. A Igreja, na escuta da vida, procura incluir, acolher, propor ca-minhos, na didática iniciada pelo próprio Jesus.

A Diocese de Guaxupé vive a cultura do encontro. Momento pro-fícuo de unidade pastoral, desen-volvido pela dinâmica das Santas Missões Populares. O envolvimento de diferentes paróquias e grupos pastorais nos retiros paroquiais faz para o mundo o ensaio da capaci-dade humana de celebrar junto, de dar as mãos, de ouvir a história, de ter memória comum e de abraçar os desafios e sonhos de todos.

“Esta paz, peçamo-la com ardentes preces ao Redentor divino que no-la trouxe. Afaste ele dos corações dos homens quanto pode pôr em perigo a paz e os transforme a todos em testemunhas da verdade, da justiça e do amor fraterno.

Ilumine com sua luz a mente dos responsáveis dos povos, para que, junto com o justo bem-estar dos próprios concidadãos, lhes garantam o belíssimo dom da paz. Inflame Cristo a vontade de todos os seres humanos para

abaterem barreiras que dividem, para corroborarem os vínculos da caridade mútua, para compreenderem os outros, para perdoarem aos que lhes tiverem feito injúrias. Sob a inspiração da sua graça, tornem-se todos os povos irmãos e

floresça neles e reine para sempre essa tão suspirada paz.” São João XXIII, Carta Encíclica Pacem in Terris n.170

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3Janeiro/2015

Opinião

A Igreja de todos e para todos - missionária e acolhedora - é a Igreja de Jesus Cristo, a Igreja da inclusão, da comunhão, da parti-lha e da justiça.

A mensagem da Boa Nova, o anúncio do Reino de justiça e paz se estende, compreende e inclui todas as pessoas. É também mis-são da Igreja, a denúncia e a defe-sa contra toda forma de violência (a fome, a miséria, a exclusão, o preconceito, a desigualdade, a discriminação) e a afronta à dig-nidade dos filhos e filhas de Deus, em especial, aos mais pobres, aos mais fracos, aos excluídos, aos in-visíveis no mundo.

Assim, a semeadura da paz é uma urgência!

Seja bem-vindo o Ano da Paz! A missão da paz no mundo!

Ano da Paz: 2015Diante da violência crescente

no país, nas cidades, nas ruas e nas casas, a Conferência Nacio-nal dos Bispos do Brasil (CNBB) decretou o Ano da Paz, com o intuito de mover todas as pessoas para semearem com eficácia e consciência cristã a cultura da paz e da não violência.

Vale aqui, relembrar o Manifesto em que a Unesco apontou alguns compro-missos para o caminho da paz no mun-do, entre eles, “o respeito à vida e à sua dignidade; a prática da não violência em todas as suas formas: física, sexual, psico-lógica, econômica e social, em particular, contra os grupos mais desprovidos e vulneráveis como as crianças e os ado-lescentes; compartilhar o meu tempo e meus recursos materiais em um espírito de generosidade visando ao fim da ex-clusão, da injustiça e da opressão políti-ca e econômica; defender a liberdade de expressão e a diversidade cultural, dan-do sempre preferência ao diálogo e à es-cuta do que ao fanatismo, a difamação e a rejeição do outro...”

Estes compromissos de paz, assumi-dos, devem perpassar-perdurar-tonificar todas as relações intersubjetivas, no dia a dia, na família, no trabalho, na comuni-dade. A responsabilidade é de cada um e de todos nós, a semeadura desta cultura da paz, da justiça e da inclusão, do diálo-go e do acolhimento.

“Enquanto não se eliminarem a ex-clusão e a desigualdade dentro da so-ciedade e entre os vários povos será impossível desarraigar a violência. Acu-sam-se da violência os pobres e as popu-lações mais pobres, mas, sem igualdade

Igreja acolhedora: o caminho para a paz!

de oportunidades, as várias formas de agressão e de guerra encontrarão um terreno fértil que, mais cedo ou mais tarde, há de provocar a explosão.” Papa Francisco (EG,59)

Basta de exclusão! Esta é uma atitude concreta para o

Ano da Paz, porque a exclusão é uma das formas de violência mais cruéis, desuma-nas e injustas. A violência é um conceito bem mais amplo e compreende várias formas, entre elas, a fome, a miséria, a desigualdade, o preconceito, a injustiça, a exclusão...

Primeiro, cabe àqueles que assumi-ram, livremente, a identidade cristã pelo batismo/crisma, aos discípulos missio-nários/discípulas missionárias de Jesus Cristo, a propagação da cultura da paz e da justiça, do diálogo e da convivência fraterna e inclusiva.

Os discípulos missionários/discípu-las missionárias de Jesus Cristo são os primeiros a dizer não a toda e qualquer forma de violência.

Toda vez que há exclusão, eviden-cia-se a violência nua e crua. Em todo espaço excludente, em toda relação que exclui as pessoas do convívio e participa-ção, nega-se a missão de Jesus Cristo, a salvação de todos os homens e de todas as mulheres, uma vida digna para todos: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância.” (Jo 10,10) Ne-ga-se a missão de cada um: a construção de um mundo mais humano, mais justo

e mais fraterno. Mas quem são os excluídos de hoje?

Quem são hoje as pessoas que sofrem a dor dilacerante da exclusão? São aque-las que são excluídas e marginalizadas do convívio e participação efetiva nos meios sociais, políticos, econômicos e religiosos. Onde elas estão? Aquelas que não têm vez e voz no mundo, nas famílias, nas co-munidades, como dizia Gilberto Dimens-tein, os “cidadãos de papel.”

Jesus usou a pedagogia do amor, a intimidade do encontro, da profunda ternura e da misericórdia. Sempre no meio do povo, com as pessoas e as fa-mílias. Entrou na casa de Pedro, Zaqueu, Marta, Maria... Cuidava das pessoas, em especial, dos pobres, dos doentes, das mulheres, das crianças, dos pecadores, ou seja, os excluídos do seu tempo. Ele ia ao encontro e, com ternura, acolhia a todos e a todas. Sempre com um novo olhar, oferecia um novo começo e uma nova história. Ensinou um novo jeito de viver na partilha, na acolhida, na solida-riedade e na justiça. (D100 CNBB)

Diante dos excluídos de hoje, como reagem os seguidores de Jesus Cristo?

Alteridade – Gratuidade - Dignidade da pessoa humana

Os seguidores de Jesus Cristo agem e reagem conforme seus ensinamentos, com alteridade e gratuidade, que são os dois princípios norteadores da ação evangelizadora no Brasil (DGAE).

Todo discípulo missionário/discípula

missionária de Jesus Cristo deve anunciar com o coração aber-to; sem esperar nada em troca e sempre centrado no “outro” (alter = outro); atento àquele que está longe e fora, sem quaisquer pre-conceitos – “Ainda tenho outras ovelhas que não são deste apris-co; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pas-tor” (Jo 10,16).

O princípio da alteridade de-corre do princípio síntese da vida - a dignidade da pessoa humana - e pressupõe a coexistência pa-cífica e harmoniosa das pessoas numa sociedade e comunidade plurais. Acima de tudo, o conví-vio e respeito pelo diferente. É necessário “enxergar” o diferente, o marginalizado e fazê-lo partíci-pe e protagonista da sua própria história, inseri-lo na sociedade, na comunidade, nos projetos so-ciais, políticos, econômicos, cul-turais e religiosos.

O princípio da dignidade humana abrange a alteridade, que é “considerar o próximo como “outro eu”, sem exce-tuar nenhum, levando em consideração a sua vida e os meios necessários para mantê-la dignamente” (CDSI p.85/89). E o Compêndio da Doutrina Social da Igreja ainda acentua que “a dignidade poderá ser salvaguardada e promovida somente de forma comunitária”, “pela ação concorde dos homens e dos povos sinceramente interessados no bem de todos os outros.”

A Igreja de Jesus Cristo, como comu-nidade cristã e missionária, instrumen-to de salvação no mundo, comunidade que vive a comunhão trinitária, precisa ser cada vez mais acolhedora e inclusiva, é o que diz o Documento 100 da CNBB, “Não há comunidade cristã que não seja missionária. Se ela esquece a missão, deixa de ser cristã. Por isso, a comuni-dade vive a comunhão na diversidade, aberta para acolher quem se aproxima e possibilitar que muitos participem, isto é, tomem parte da comunidade que se empenha em viver na comunhão com a Trindade” (157).

Vinde Espírito Santo, dai forças para acontecer no coração de todos os ho-mens e mulheres a verdadeira paz, fruto da justiça e da partilha, da igualdade e da inclusão!

Por Rosinei Costa Papi Dei Agnoli, mem-

bro da Paróquia São Domingos dePoços de Caldas

“Quanta concórdia, quanta alegria e quanta felicidade não haverá neste mundo se fizéssemos como a San-tíssima Trindade: sempre envolver a todos, sempre incluir a cada um, sempre acolher os mais diferentes, sempre estabelecer relações de amor com todos os seres humanos e com todo o universo. . . ”

Leonardo Boff

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4 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

Vários padres e leigos da dioce-se estiveram reunidos no sábado, dia 13 de dezembro, na Cúria Dio-cesana, em Guaxupé, para o estudo da Campanha da Fraternidade (CF) 2015, cujo tema é “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e lema “Eu vim para servir” (cf. Mc 10, 45).

O texto base da CF foi apresen-tado por Ana Rita Cardoso Maia Silveira, de Passos. Padre Henrique Neveston da Silva, coordenador dio-cesano de pastoral, destacou que serviço e diálogo na sociedade de-vem estar “no mesmo barco.” Falou ainda sobre a aplicação do Fundo Nacional da Solidariedade e ressal-tou o compromisso e a responsabi-lidade do leigo na Igreja e na socie-dade.

Dom José Lanza destacou que a Campanha da Fraternidade e as Santas Missões Populares podem somar. Agradeceu a presença de to-dos e falou que a Igreja está a servi-ço da vida. Ana Rita disse que todos devem debruçar e rezar em cima do que a CNBB propõe. “É preciso estu-dar com as lideranças e se colocar a serviço. Se estamos a serviço, po-demos fazer a diferença”, disse Ana Rita.

Com a CF, a prioridade se torna

Aproximadamente 200 pessoas, religiosos, cristãos leigos e padres, participaram da Reunião Geral de Pastoral, ocorrida no sábado, 06 de dezembro, em Guaxupé, no Centro de Pastoral Diocesano. Realizada anual-mente, sempre na primeira quinzena de dezembro, o objetivo da reunião é apresentar a avaliação do ano cor-rente e propor novos caminhos para o seguinte. Após solicitação de várias lideranças, foi organizada em sequen-tes momentos celebrativos, para ate-

nuar o caráter técnico e institucional de uma avaliação de trabalhos.

No primeiro momento, após aco-lhida pelo bispo diocesano, dom José Lanza Neto e do coordenador de pas-toral, padre Henrique Neveston da Silva, padre Gilvair Messias conduziu a oração, durante a qual apresentou a avaliação do ano. A leitura bíblica inspiradora desse momento foi Jo 4, 1-30, o encontro de Jesus com a Sa-maritana à beira do Poço de Jacó. Pa-dre Antônio Carlos Maia, vigário ge-

ral, fez a meditação do referido texto, durante a qual disse da sede de Jesus pelo encontro e da Igreja, na fisiono-mia da Samaritana, que precisa ir à profundidade do poço para encontrar a vida em plenitude. Ainda durante a oração, um poço de tijolos foi monta-do, com a participação da assembleia. Padre Gilvair motivou: “Igreja que se reúne no amor do Cristo. Povo de Deus que fez o encontro à beira do poço, em comunidade, encontro pes-soal com Jesus. Povo de humanidade samaritana, uma vez transpassado pela água do Batismo, sai em missão.” Ao término, dom José Lanza aspergiu a todos, como recordação do com-promisso batismal. Um grupo de can-tores da Paróquia Santa Rita de Nova Resende participou do evento.

Padre Reginaldo da Silva, no se-gundo momento, fez a memória da caminhada pastoral da diocese até os dias atuais, com a realização das San-tas Missões Populares. De forma in-terativa, chamou os participantes da reunião a comporem uma locomotiva com vagões representativos de cada etapa pastoral. Partiu da Assembleia de Pastoral de 1994, com o intuito de indicar que as Santas Missões Popu-lares nasceram de um progressivo ca-

minho diocesano. Padres e missionários de 08 paró-

quias testemunharam quanto à or-ganização e à realização do primeiro Retiro Missionário em suas comuni-dades paroquiais. Entusiasmo e con-vicção de que este é o caminho da Igreja marcaram suas palavras. Dom José Lanza apresentou, em seguida, a organização da obra missionária no Brasil. Padre Henrique, ao entregar às paróquias a agenda pastoral de 2015, destacou o calendário de peregrina-ção da imagem de Nossa Senhora das Dores, que deverá percorrer toda a diocese. Expôs ainda a programação comemorativa do centenário dioce-sano, cuja primeira atividade será no próximo dia primeiro de fevereiro, com missa de abertura para a peregri-nação da imagem da padroeira e lan-çamento do selo comemorativo “100 anos da Diocese de Guaxupé.”

Após agradecimentos e avisos fi-nais, com a bênção do bispo dioce-sano, deu-se por concluída a Reunião Geral de Pastoral, a qual, segundo participantes, foi um acontecimento harmonioso, orante e carregado de esperanças.

Por Pascom da Diocese

Notícias

Reunião Geral de Pastoral é realizada em clima celebrativo

Promovido Encontro Diocesano para Animadores da CF

Dinâmica do encontro oportunizou participação da assembleia

O tema Missão como serviço foi destaque do evento

Fotos: Pascom Diocese

Foto: Pascom Diocese

missionária, que é “servir”. É o lava--pés acontecendo. Ela propõe aos cristãos irem em busca dos que têm necessidade. Ressalta colocar-se de joelhos diante do outro, seguindo o exemplo de Jesus. A missão de evangelizar da Igreja passa pela caridade. Como Igreja, cabe a ela identificar os principais desafios da sociedade e apresentar os valores que irão transformá-la. Como parte desta sociedade, estabelece parâ-metros para uma Ação Pastoral que vá responder a esse desafio.

Para entender bem o que pro-põe a CF, o texto base apresenta a história das relações da Igreja e a sociedade no Brasil, os desafios no período da repressão e da redemo-cratização da sociedade. Esta conti-nua com grandes desafios, com in-justiças, com desigualdades sociais a serem superados. Abrangente, a campanha aponta vários segmentos a serem transformados.

A CF não se restringe a um sim-ples tema com seu lema, mas passa por todo contexto religioso e social, chamando ao serviço do bem co-mum, ao avental da simplicidade, para a participação efetiva na so-ciedade, lembrando que a família é a célula mais importante, viven-

do a doutrina social da Igreja. São urgentes a participação popular e a reforma política, visando à digni-dade humana, ao bem comum e à proteção dos direitos humanos fun-damentais.

Encerrou-se o encontro com a

reflexão da música “Eu só peço a Deus” e Mercedes Sosa. É a Diocese de Guaxupé com a Santas Missões Populares respondendo ao apelo da Campanha da Fraternidade 2015 : “Eu vim para servir.”

Por Vera Aparecida da Silveira

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5Janeiro/2015

corpo da Paróquia - Representantes de Co-munidades rurais e urbanas, de Grupos, de Movimentos e de Pastorais. A reunião teve por objetivo nortear ações de resgate das raízes históricas destas células e a promo-ção de atividades de valorização de pessoas que serviram e/ou vêm servindo à vida e à dignidade do povo, especialmente dos mais necessitados. Também para nortear a reali-zação de uma Celebração Missionária que elevasse a Deus a formação e caminhada de cada comunidade e permitisse a conscien-tização de que todo batizado faz parte do Povo de Deus a caminho.

Aquelas que não marcaram presença na referida reunião foram visitadas por mis-sionários que motivaram, incentivaram, “fizeram arder” o espírito missionário destas comunidades. Receberam visitas, após a reunião, aproximadamente, vinte comuni-dades, a maioria, nos pontos mais distantes do município. Este esforço foi extremamen-te compensador, pois quase todas as comu-nidades promoveram reuniões e fizeram a Celebração Missionária.

Tudo isso gerou motivação nas diversas comunidades da paróquia, despertando um interesse maior pela participação no 1º Reti-

ro Missionário Paroquial. As comunidades, Grupos, Movimentos e Pastorais (aproxima-damente 40) deixaram expostos no recinto do retiro: banners, murais, cartazes, maque-tes, símbolos diversos, exposição de fotos, contando sua história, reconhecendo o valor de cada um que foi uma pequena pedra na construção da Igreja que, sem dúvida algu-ma, há muito apresenta características de uma Comunidade de Comunidades.

O Retiro foi organizado e promovido com amor, dedicação e fé pela Equipe de Missionários que contou com a ajuda de muitos voluntários, doação dos irmãos de todas as comunidades e a indiscutível lide-rança, confiança e entusiasmo do Padre Gil-vair Messias.

O 1º Retiro Paroquial de Nova Resende, certamente, não foi diferente dos demais que vêm ocorrendo em toda a Diocese: feliz, animado, motivador, com conteúdo de qua-lidade, fortes momentos de espiritualidade, em suma, foi compensador. Mas principal-mente, ele foi desejado e iluminado pela for-ça do Mestre e Senhor, Jesus Cristo, modelo e luz para todo missionário.

Por Rosemary Evangelista Rodrigues da Silva (da Equipe de Missionários)

Foto: Pascom Paróquia Santa Rita

Foto: Pascom Paróquia São Domingos

Retrato Missionário

Mais de 500 pessoas participam de Retiro Missionário em Nova Resende

Paróquia inicia retiros paroquiais dasSMP no setor Centro Oeste

Paróquia São Judas Tadeu vivencia retiro das Santas Missões Populares

Entusiasmo e reanimação missionária marcaram o I Retiro Missionário da Paróquia Santa Rita de Nova Resende, no sábado, 13 de dezembro. Após um caminho de incen-tivo em cada comunidade para que parti-cipasse do evento, aproximadamente 550 pessoas estiveram presentes em escuta à Palavra de Deus e à voz da Igreja que chama à missão. Vários foram os palestrantes, esco-lhidos pela equipe missionária central, entre membros da própria comunidade. Alguns padres passaram pelo retiro. Também padre Henrique Neveston e dom José Lanza Neto

Nos dias 7, 8 e 9 de novembro, a Paróquia São Domingos, em Poços de Caldas, realizou o 1º Retiro Paroquial das Santas Missões Po-pulares (SMP).

O retiro foi destinado a todos os agen-tes de pastoral e movimentos, convidados através das visitas da equipe organizadora. Também participou a equipe formadora do setor Centro Oeste, ao qual a Paróquia São Domingos pertence.

Após o credenciamento dos participan-tes e um lanche que foi oferecido, todos se dirigiram para a igreja para darem início ao retiro. O casal, Maurício e Jerusa, conduziu a oração das Santas Missões Populares e, em seguida, irmã Teresinha dos Reis abordou os objetivos das SMP. Para reflexão sobre o chamado da missão foi apresentada uma encenação, na qual Jesus convoca a todos para entrarem em seu barco. Logo após a encenação, iniciou-se a Vigília Eucarística conduzida pelo padre José Augusto da Silva, pároco da Paróquia São Domingos.

O segundo dia do retiro começou na tar-

Nos dias 06 e 07 de dezembro, a Paró-quia São Judas Tadeu, em São Sebastião do Paraíso, realizou o Retiro das Santas Missões Populares (SMP). Cerca de 230 pessoas par-ticiparam.

O Retiro começou com acolhida inteira-mente focada no propósito das SMP. Com muita animação, a equipe de música da Pa-róquia São José apresentou os cantos mis-sionários.

Ainda na primeira parte da programa-ção, o bispo diocesano, dom José Lanza Neto, esteve presente e expressou muito carinho pelas SMP, que acontecem em toda a Diocese de Guaxupé e, de modo particu-lar, aos missionários da Paróquia São Judas Tadeu. Padre Gilgar Paulino esteve presente em todos os momentos do retiro.

Além de palestras e encenações, foram apresentados os três objetivos das SMP e os

marcaram presença.Desde fevereiro, um pequeno grupo

vem se preparando para a realização das SMP, como em qualquer outra paróquia da Diocese. O diferencial, porém, está nas comemorações paralelas de 200 anos de evangelização em Nova Resende, as quais vêm ocorrendo ao longo de 2014 e concor-rem para que o espírito missionário, inerente de todo cristão, aflore e dê frutos.

Seguindo as coordenadas das SMP, este grupo promoveu em 1º de novembro uma Reunião Missionária com as células vivas do

de do dia 8 de novembro, com a oração ini-cial e, em seguida, padre José Augusto con-duziu a reflexão da “Missão de Jesus”. Nesta mesma tarde, o bispo diocesano, dom José Lanza e o coordenador de pastoral, padre Henrique Neveston, estiveram presentes, animando a todos a serem discípulos e mis-sionários de Jesus Cristo.

Já no domingo de manhã, após a ora-ção inicial, padre José Augusto prosseguiu com a segunda reflexão: “A espiritualidade do missionário.” A missionária Rosiney Papi Dei Agnoli explicou sobre o termo de com-promisso missionário e todos assinaram o mesmo, para que fosse apresentado no mo-mento do ofertório.

O 1º Retiro Paroquial das SMP encerrou--se com a Celebração Eucarística e era visível no rosto de todos os missionários a alegria do chamado a ser missionário e discípulo de Jesus Cristo. Para Marli Gaiga, “o retiro a des-pertou e deu um ânimo novo para voltar a trabalhar para o Reino de Deus.”

19 setores missionários da paróquia, com a coordenação de Edson Tadeu Jerônimo e Pascoal Paulo dos Santos.

O primeiro dia foi finalizado com a Vigília de adoração a Jesus Sacramentado. Cada missionário recebeu uma vela e a luz das ve-las acesas simbolizou o compromisso que os missionários assumiram no retiro.

No segundo dia, após a Celebração Eu-carística, Sirley Avelino meditou sobre a es-piritualidade missionária e José Antônio de Pedro conduziu a leitura orante da Palavra de Deus. Monsenhor Hilário Pardini também compareceu ao retiro e contou a história da fundação da igreja matriz de São Judas, mo-mento de grande emoção para os paroquia-nos.

O retiro, no seu último dia, teve o mo-mento Mariano, conduzido pelo seminarista de filosofia Gustavo Henrique Fernandes.

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6 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

“Minha vida foi sempre fascinante e feliz”

Entrevista

Alegria para o jornal COMU-NHÃO e seus leitores diocesanos, uma entrevista com dom José Ge-raldo Oliveira do Valle, sétimo bis-po da Diocese de Guaxupé. Emérito há 08 anos, vitalidade e disposição para servir à Igreja não lhe faltam. Após celebrar, em dezembro, 85 anos, presenteia-nos com esta con-versa.

COMUNHÃO: Dom José, conte-nos um pouco de sua história... Onde nas-ceu e como foi sua infância? Como surgiu a vocação à vida religiosa?Dom José Geraldo: Nasci em Leme (SP), cidade na época com aproxi-madamente 4.000 habitantes, aos 03 de dezembro de 1929. Fui batizado na Matriz São Manoel, em Leme, no dia 25 de dezembro de 1929, pelo padre Julião Bartholomeu. Meu pai foi negociante a vida toda e mamãe, professora primária durante 35 anos. Meus pais tiveram cinco filhos – três

homens e duas mulheres, dos quais, na ordem cronológica, sou o segun-do. Mamãe, muito piedosa, partici-pava da missa diariamente. Era uma professora respeitada e tida como modelo de educadora. Quando eu frequentava o curso primário, foi no-meado coadjutor do Cônego Manoel Simões de Lima, pároco, Padre Edi-son Pelice Lício, recém-ordenado sa-cerdote. Era uma padre zeloso, suas celebrações piedosas e querido pe-los paroquianos. Lecionava “religião” no grupo escolar e, aos poucos, foi conquistando a amizade dos alunos. Conseguiu arregimentar um grupo razoável de “coroinhas” e eu era um deles. Paulatinamente foi falando sobre vocação sacerdotal e quando terminamos o quarto ano do curso primário, éramos 6 ou 7, convidou--nos para entrar no seminário. Após conversa com nossas famílias, quatro foram selecionados. Como a diocese de Campinas, a qual Leme pertencia,

limitou naquele ano, por paróquia – dois candidatos, Padre Edison es-colheu o Jamil e o Moacyr que eram primos e os encaminhou para o se-minário diocesano de Campinas. Val-demar de Júlio e eu deveríamos in-gressar no seminário preparatório da arquidiocese de São Paulo, mas na prova de admissão fomos repro-vados. Foi então que Padre Edison entrou em contato com a Congrega-ção dos Es-t i g m a t i n o s em Rio Claro (SP). Em fevereiro de 1941, ingressei na Escola Apostólica Santa cruz – Rio Claro, onde cursei os 05 anos do ginásio. No Instituto Padre Gaspar Bertoni, em Ribeirão Preto, cursei o colegial, filosofia, teo-logia, após ter um ano de noviciado. No final do ano de 1946, emiti os pri-meiros votos religiosos, em confor-midade com as regras da Congrega-ção Estigmatina.

COMUNHÃO: Quando ocorreu sua ordenação presbiteral e qual foi sua atuação?Dom José Geraldo: Terminado o cur-so teológico, fui ordenado sacerdote por Dom Luiz do Amaral Mousinho – na capela do Instituto Padre Gas-par Bertoni, no dia 10 de janeiro de 1954. Durante os primeiros sete anos como sacerdote, trabalhei um ano em Ribeirão Preto e seis anos em Rio Claro, como formador. Transferido para Campinas, após ter sido eleito conselheiro provincial, fui ecônomo da Província Santa Cruz durante 12 anos. Nos finais de semana, dava as-sistência religiosa a três comunida-des rurais na diocese de Limeira, em Limeira. A pedido do Superior Pro-vincial, ingressei na PUC–Campinas onde me formei em Direito. Na fa-culdade de Mogi das Cruzes, obtive o título de Licenciatura em filosofia. Em setembro de 1976, fui nomeado pároco da paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Ribeirão Preto, confia-da à Congregação Estigmatina, onde atuei por seis anos.

COMUNHÃO: Sobre o episcopado, qual sua reação primeira sobre a mis-são confiada pela Igreja? Qual é seu lema e o motivo da escolha? Quem foi o ordenante principal e o local da celebração?Dom José Geraldo: No dia 19 de maio de 1982, fui nomeado pelo papa João Paulo II bispo da recém-criada

diocese de Almenara (MG). Minha mãe ensinou aos filhos a sempre fa-zerem a vontade de Deus. Nosso fun-dador, São Gaspar Bertoni, viveu sua vida buscando descobrir a vontade de Deus e vivê-la com intensidade e a qualquer custo. Isto impregnou

minha vida, desde a pri-meira forma-ção. Daí, meu propósito de nunca soli-citar nada à Congregação e à Igreja, mas sem-pre dizer sim ao apelo de Deus, mani-

festado pelos superiores nas vota-ções e pelo papa. Sempre assumi prontamente as responsabilidades que me foram confiadas, sempre vendo nelas a vontade de Deus. Quando recebi a nomeação para bispo de Almenara, fui à capela, li a carta com a nomeação na presença do Santíssimo Sacramento e disse a Jesus: “Não sei com clareza qual é a missão do bispo, nem sei onde fica Almenara, mas se o Senhor me quer bispo e em Almenara, eis-me aqui.” Quanto ao brasão e ao lema de meu episcopado – achei oportuno não tê--los! Brasão lembra poder e eu que-ria servir; brasão lembra pompa e eu queria ser simples. Meu ordenante principal foi Dom Silvestre Luiz Scan-dian, na ocasião, arcebispo de Vitó-ria e antes, bispo de Araçuaí. Foi ele que fez o processo para a criação da diocese de Almenara; na homilia da missa de ordenação disse-me que eu seria um bom bispo se procuras-se amar, servir e unir o povo de Deus a mim confiado. Concordando com ele, tomei como meta do meu traba-lho pastoral essa proposta e tentei vivê-la em Almenara e Guaxupé. Fui ordenado bispo em Ribeirão Preto, na Cava do Bosque, no dia 23 de ju-lho de 1982. Os consagrantes foram Dom José Lambert e Dom Antônio Alberto Guimarães Rezende (meus colegas de turma, entramos no semi-nário na mesma data).

COMUNHÃO: Fale-nos de Almenara (MG), sua primeira diocese. Dom José Geraldo: Tomei posse em Almenara, no dia 05 de setembro de 1982. Durante a cerimônia, ao ser introduzido na catedral de São João Batista e beijar o crucifixo que me foi apresentado – entreguei-me a Jesus e prometi doar-me totalmente à cau-sa e ao Reino. Procurei viver esse pro-pósito com amor e ardor – sempre aceitando minhas limitações e peca-

Dom José Geraldo e sua história

Fotos: João dos Reis

(...) fazer tudo com alma, com ardor e amor para agradar a Deus. Por isso, minha vida e também os 18 anos vividos

em Guaxupé foram preciosos e como dizia São João Paulo II, ser bispo é fascinante (...)

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dos. Como primeiro bispo de Alme-nara, tive de organizar a diocese. Não havia casa para o bispo, nem condu-ção e nem dinheiro. A paróquia de Nossa Senhora de Fátima de Ribeirão Preto deu-me um bom suporte fi-nanceiro. Morei na casa paroquial da catedral quatro anos, dos quais dois com Monsenhor Lídio Murta – Cura da catedral. Foi-me cedida uma sala na casa paroquial onde funcionava a cúria diocesana. A realidade era de-safiante: Tancredo Neves dizia que aquela região, o baixo Jequitinho-nha, era o “vale da miséria e da fome” que ele iria transformar em “vale da prosperidade e da fartura!” Dioce-se com mais ou menos 13 000Km² e mais ou menos 190 000 habitantes, 03 padres diocesanos – Monsenhor Soares, 80 anos, Monsenhor Lídio, 40 anos e Pe. Valdir – 32 anos; 03 padres Franciscanos, 06 Verbitas e mais ou

menos 20 religiosas, mais ou menos 150 comunidades rurais; estradas de terra mal cuidadas e quando chovia, muitas ficavam intransitáveis. Eu es-tava com 52 anos de idade, com boa saúde, com desejo de acertar, mui-ta coragem e muito ardor. Logo no início de 1983, fizemos a primeira assembleia diocesana com partici-pação dos padres, religiosas e leigos, agentes de pastoral de todas as pa-róquias. Sonhava com uma diocese corresponsável onde todos tivessem voz e vez, com propostas e decisões assumidas por todos. As assembleias aconteceram anualmente e fomos aprendendo a caminhar juntos. Pro-curei estar presente em todas as co-munidades – estive em todas. Com a saída de Monsenhor Lídio para Belo Horizonte, por um ano, tive que as-sumir a catedral com suas comuni-dades rurais. Algumas prioridades:

Catequese – primorosa, alimentada pela capacidade e dedicação do ir-mão Amado, presente em todas as paróquias; Pastoral vocacional muito bem trabalhada e organizada pelo Pe Valdir e religiosas; Pastoral social, confiada a três assistentes sociais, Irmão Pedro – religioso, Ana Luiza e Raeth, cristãs autênticas e dedicadas. Fizeram um trabalho de conscienti-zação em toda a diocese. Recebemos ajuda da Miserior – da Alemanha; Construção do Centro da Pastoral coma ajuda da Adveniat – também da Alemanha. Minha congregação religiosa, especialmente o Centro Missionário – sediado em Verona – Itália me ajudaram a construir casas para os pobres e distribuir cestas básicas às famílias carentes. As coi-sas estavam acontecendo e eu cada vez mais envolvido e comprometido com tudo na diocese, quando a Igre-ja me transferiu para Guaxupé, como bispo coadjutor de Dom José Alber-to, então bispo residencial.

COMUNHÃO: Quando foi sua trans-ferência para Guaxupé?Dom José Geraldo: Dia 31 de agosto de 1988, às 8h, quando a notícia es-

tava sendo publicada em Roma – eu me apresentei a Dom José Alberto. Deus me queria em Guaxupé! Eis-me aqui! A meu pedido, Dom José Alber-to convocou o Conselho de Presbíte-ros: apresentei-me e coloquei-me à disposição da Diocese de Guaxupé. Continuei indo a Almenara como ad-ministrador apostólico para dar con-tinuidade às obras em andamento até a chegada de meu sucessor.

COMUNHÃO: Quais foram suas pri-meiras impressões de nossa diocese? E quais as metas traçadas naquele momento?Dom José Geraldo: A Diocese de Guaxupé era bem diferente da Dioce-se de Almenara. Instalada em 1916, com história muito bonita, com um clero culto e ótimo, bem estruturada e com Dom José Alberto, como bispo residencial. Estou convencido que é o bispo que deve adaptar-se à dioce-se e não, o contrário. Por isso, tentei conhecer a história da diocese, suas riquezas e também suas necessida-des. Foi enriquecedor ter ficado um ano como bispo coadjutor; procurei envolver-me nos trabalhos, mas as decisões eram de Dom José Alberto.

Quando me pedem algum serviço, faço-o com alegria. Quando não me pedem nada,

continuo feliz. Tenho rezado mais e passeado, aproveitando curtir as maravilhas de Deus.

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8 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

ções do amanhã venham atrapalhar a beleza do hoje de Deus! Sobre o passado, não tenho mais poder. So-bre o futuro, não sei se o terei, mas o hoje posso vivê-lo intensamente. Também: fazer tudo com alma, com ardor e amor para agradar a Deus. Por isso, minha vida e também os 18 anos vividos em Guaxupé foram pre-ciosos e como dizia São João Paulo II, ser bispo é fascinante – minha vida foi sempre fascinante e feliz.

COMUNHÃO: Quais foram os mo-mentos mais marcantes de seu epis-copado em nossa diocese? Dom José Geraldo: Tudo foi impor-tante para mim, na querida Diocese de Guaxupé. Se pudesse destacar um momento empolgante, diria que foi a preparação para o novo milênio, com o envolvimento de todas as pa-róquias e o planejamento diocesano de 2004.

COMUNHÃO: Como está dom José Geraldo, neste tempo, como bispo emérito?Dom José Geraldo: Procurei a vida toda estar a serviço da minha Con-gregação e da Igreja. Como bispo emérito (quem me afastou foi a San-ta Mãe Igreja), procuro ser um bom aposentado. Ao chegar a Ribeirão Preto (moro no seminário da Con-gregação), o senhor Arcebispo, Dom Joviano, recebeu-me com carinho

Entrevista

Como todos sabiam que eu deveria sucedê-lo, faziam propostas e rece-bi até de um grupo de padres a lista de alguns problemas urgentes que careciam de solução. Quando assu-mi a diocese como bispo residencial, tentei fazer dela uma família onde todos pudessem se amar e tomar de-cisões em conjunto. Alguns proble-mas exigiam uma atenção especial. Entre eles, a reabertura do seminário menor. Com Dom José Alberto, con-seguimos reabri-lo e que funcionou no antigo colégio das irmãs concep-cionistas, adquirido pela diocese. Em seguida, compramos um prédio de outra congregação religiosa e o ade-quamos para os seminaristas meno-res e para os estudantes de filosofia.

COMUNHÃO: O que mais o realizou

como bispo de Guaxupé?Dom José Geraldo: Elenco algu-mas realizações - A participação na estruturação do centro de estudos de Pouso Alegre e a construção da casa para os teólogos; O empenho na formação para os leigos, em ní-veis diocesano-setorial e paroquial; A criação de novas paróquias; A or-denação de um número considerável de novos padres; A transformação de todos os conselhos de consultivos para deliberativos; A reestruturação do setor econômico da diocese e ou-tras. Tenho alguns princípios de vida que me ajudaram a viver com sereni-dade e feliz! Um deles: viver intensa-mente cada dia como se fosse o pri-meiro, o último e o único de minha vida. Outro: não deixar que os pro-blemas de ontem, nem as preocupa-

Sonhava com uma diocese corresponsável onde todos tivessem voz e vez, com propostas

e decisões assumidas por todos.

fraterno e deu-me os poderes de Vi-gário Geral na arquidiocese. Os con-frades de minha Congregação me acolheram com alegria. Coloquei-me à disposição da arquidiocese, do ar-cebispo, dos padres e comunidades. Quando me pedem algum serviço, faço-o com alegria. Quando não me pedem nada, continuo feliz. Tenho rezado mais e passeado, aproveitan-do curtir as maravilhas de Deus.

COMUNHÃO: Uma mensagem à Dio-cese de Guaxupé.Dom José Geraldo: Que a queri-da diocese de Guaxupé aproveite o momento das missões para um re-novamento espiritual com vistas ao centenário. Queria aproveitar a opor-tunidade para lembrar à diocese um pedido antigo. Quando de meu fa-lecimento, desejo, se não for muito complicado, ser enterrado ao lado de Dom Inácio e Dom José Alber-to, na cripta da catedral. Não quero velório, nem coroas, nem flores. Um caixão simples e deixem meu corpo sozinho na cripta. No dia do enter-ro, concelebrem uma missa festiva, com muito “aleluia”. Ao enterrar-me, alegres, cantem o lindo e sugestivo canto a Nossa Senhora: Com minha mãe estarei! Em seguida, seja servida uma refeição a todos, comemorando minha entrada no céu.

Por padre Gilvair Messias

Foto: Lu Alves

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Atualidade

Uma Igreja: dois pulmõesDesde sua fundação até o ano

de 1054, a Igreja esteve indivisa. A divisão cultural entre oriente e ocidente colaborou para acentuar características peculiares tanto de um lado quanto de outro. Antes de 1054, as Igrejas de Roma e de Constantinopla, sede do apóstolo Pedro e sede do apóstolo André, respectivamente, mantiveram a unidade nas questões de fé, con-sideradas substanciais. Até 1054, a Igreja respirou com seus dois pulmões: oriente e ocidente. A partir daí, iniciou-se um período de distanciamento que compro-meteu, seriamente, o anúncio do único e indiviso Evangelho de Je-sus Cristo.

Compreendendo a história até a Ruptura de 1054

O vínculo de unidade que unia a Igreja de Roma à Igreja de Cons-tantinopla rompeu-se em 1054. A Ruptura foi consequência de su-cessivas contentas entre as Igrejas irmãs. A distância geográfica, a consequente distância cultural, as diferentes abordagens teológicas, os interesses de natureza política, os meios de comunicação rudi-mentares e a intransigência foram alguns dos fatores que resultaram na Ruptura de 1054. Essa Ruptura é também chamada de “Cisma do Oriente” ou ainda “Cisma de 1054.” Mui-tos historiadores e teólogos não acei-tam a expressão “Cisma”, eles preferem a expressão Ruptura, alegando que a separação não foi um “Cisma” de fato, com todas as implicações teológicas que lhe são próprias.

Com rigor historiográfico e teológi-co, os principais fatores da Ruptura de 1054 são: a intromissão do papado na disputa pelo patriarcado entre Inácio - Patriarca deposto legitimamente -, e Fócio - Patriarca eleito legitimamente -; a questão teológica do primado de ju-risdição do Bispo de Roma; a vontade da Igreja bizantina de preservar sua au-tonomia; a questão teológica do Filio-que; e as tentativas dos Papas de impor uma prática litúrgica uniforme às Igre-jas gregas dos sul da Itália, que os nor-mandos iam aos poucos conquistando do Império Bizantino, e as correspon-dentes medidas tomadas pelo Patriarca bizantino, no sentido de impor a obser-vância dos costumes gregos às Igrejas latinas de Constantinopla.

Quando Miguel Cerulário era Patriar-ca de Constantinopla, achou por bem instigar Leão de Ohrid, chefe da Igreja na Bulgária, a redigir um documen-to permeado de insultos desmedidos contra os costumes latinos. Em 1054, o Papa Leão IX enviou uma embaixada a Constantinopla, presidida pelo Cardeal

Humberto. O procedimento intransi-gente deste foi comparado ao do Pa-triarca Miguel Cerulário. Em 16 de julho de 1054, Humberto e seu séquito depo-sitaram sobre o altar da Igreja da Santa Sabedoria uma bula de excomunhão contra Miguel Cerulário e seus princi-pais seguidores. Por ordem do impera-dor Constantino IX, a bula foi queimada e um sínodo reunido em Constantino-pla excomungou o Cardeal Humberto e seu séquito.

O Concílio Vaticano II e as iniciati-vas de reaproximação

A Ruptura sem qualquer diálogo permaneceu até o século XX, consi-derado por muitos eclesiólogos como o século da Igreja. Em 05 de junho de 1960, Solenidade de Pentecostes, o Papa João XXIII criou o Secretariado para a Promoção da Unidade dos Cris-tãos. Essa iniciativa, fruto do Movimen-to Ecumênico dentro e fora das cerca-nias do catolicismo, introduziu a Igreja, oficialmente, no caminho do ecume-nismo. Por ocasião da convocação do Concílio Ecumênico Vaticano II, repre-sentantes do Patriarcado de Constan-tinopla foram convidados a participar do Concílio, na qualidade de observa-dores. Esse foi considerado um grande avanço na jornada ecumênica.

Em 1964, o Papa Paulo VI e o Pa-

triarca de Constantinopla, Atenágoras I, peregrinaram à Terra Santa e durante um encontro histórico, ambos suspen-deram as recíprocas excomunhões de 1054 e deram, um ao outro, o ósculo da paz. Esse gesto marcou o início de uma grande reaproximação entre cató-licos e ortodoxos. Do encontro entre os dois líderes resultou, em 1965, a decla-ração de União Católico-Ortodoxa. Esta declaração não eliminou a Ruptura de 1054, mas sinalizou o desejo de recon-ciliação entre as duas Igrejas.

Em 1966, o Papa Paulo VI confirmou o supracitado Secretariado como órgão permanente da Santa Sé. A partir de 01 de março de 1989, o Secretariado para a Promoção da Unidade dos Cristãos foi elevado à categoria de Pontifício Conselho pelo Papa João Paulo II. Nas sendas ecumênicas de João XXIII e de Paulo VI, seguiram João Paulo II – de notável iniciativa ecumênica – , Bento XVI e Francisco. Desde Paulo VI, os pa-pas solicitaram aos teólogos um apro-fundamento sobre a questão teológi-ca do primado de jurisdição do Bispo de Roma, com o intento de apressar o grande testemunho de unidade espe-rado por todos os cristãos: a plena co-munhão entre católicos e ortodoxos.

Os esforços de Papa FranciscoEm maio de 2014, o Papa Francisco

e o Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu II, peregrinaram à Ter-ra Santa para recordar o memo-rável encontro ocorrido em 1964, entre o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras. Em uma celebração ecumênica na Basílica da Anásta-sis (Santo Sepulcro), o Papa Fran-cisco e o Patriarca Bartolomeu recitaram, juntos, a oração do Pai Nosso. Na ocasião, o Papa Francis-co proferiu as seguintes palavras: “À distância de 50 anos do abraço daqueles dois veneráveis Padres, reconhecemos, com gratidão e re-novada admiração, que foi possí-vel, por impulso do Espírito Santo, realizar passos verdadeiramente importantes rumo à unidade. Porém, estamos cientes de que ainda devemos percorrer muita estrada até alcançar a plenitude da Comunhão, expressa na par-tilha da mesma mesa Eucarística, que ardentemente desejamos.” O encontro ocorrido na Terra Santa encerrou-se com acenos à viagem do Papa Francisco à Turquia.

Em novembro de 2014, o Papa Francisco foi à Turquia e partici-pou da Divina Liturgia presidida pelo Patriarca Bartolomeu II, na Festa do apóstolo Santo André, ir-mão do apóstolo Pedro e patrono da Igreja Ortodoxa. O Papa e o Pa-triarca assinaram uma declaração

conjunta, garantindo a continuidade dos esforços em vista da plena comu-nhão entre católicos e ortodoxos. Na ocasião, o Papa Francisco disse: “Não se trata de absorção nem de submissão, mas sim, da aceitação de todos os dons que Deus tem dado a cada um.” Os dois encontros entre o Papa Francisco e o Patriarca Bartolomeu II, em 2014, sinali-zam um forte desejo de restaurar a ple-na comunhão.

Esses encontros entre o Bispo de Roma e o Patriarca de Constantinopla acontecem às vésperas do Concílio Pan-Ortodoxo que será celebrado em 2016, em Constantinopla. Na ocasião, todos os principais líderes da Igreja Ortodoxa estarão reunidos para tratar de assuntos pertinentes à Ortodoxia. Espera-se que todos esses esforços ecumênicos resultem na celebração do restauro da plena comunhão entre católicos e ortodoxos. Não se pode es-quecer, recordando Bento XVI, que “a plena comunhão deve ser concebida não como resultante do esforço huma-no e sim, como um dom de Deus.” Que o Senhor Deus apresse o dia feliz em que a Igreja de Cristo voltará, nos dize-res de João Paulo II, “a respirar com seus dois pulmões.”

Por Pe. Robison Inácio Souza Santos, pároco da Paróquia São Benedito de

Passos

Foto: Divulgação Vaticano

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10 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

Bíblia

Marcos foi o inventor do gênero literário chamado evangelho. Evan-gelho ou Boa Notícia era, no ambien-te do Império Romano, o anúncio do nascimento, da chegada a algum lugar do poder ou dos “benefícios” do divi-nizado rei de Roma, que “pacificava” o mundo, submetendo as nações ao seu poder.

Marcos dá ao seu escrito sobre Je-sus o título de Início da Boa Notícia ou Evangelho de Jesus, Messias, Filho de Deus. Quem tinha sido Jesus? Um gali-leu, conterrâneo da comunidade onde Marcos escreveu, que se fez profeta popular, anunciando o momento da chegada do reino de Deus, em tudo e por tudo diferente do reino de César, o rei ou imperador romano. Não é evan-gelho, como na propaganda do Impé-rio, boa notícia do poder que chega. É evangelho ou boa notícia da fraqueza, do fracasso aparente, que deve mudar o mundo.

Seu escrito é organizado, não é um simples amontoado de casos da vida missionária de Jesus, suas ações, suas atitudes, suas falas e seus milagres, uma simples janela para olhar o pas-sado. A ordem do Evangelho quer ser um espelho onde a gente possa ver a presença de Jesus ressuscitado, vivo, na caminhada da comunidade de seus discípulos.

JanelaVamos entender como o Evangelho

de Marcos está organizado em etapas. A primeira é a da Galileia, do início até 8,26; a segunda é a do caminho para Jerusalém, de 8,27 até 10,52 e a tercei-ra, de Jerusalém, do capítulo 11 até o final.

Na Galileia, proíbe que digam que ele é o Messias. No caminho, explica que tipo de Messias é ele; em Jerusa-lém, realiza sua missão de servo sofre-dor. Forma sua comunidade a partir da Sinagoga, o velho sistema religioso. Prepara os discípulos para o fracasso da cruz. Em Jerusalém, enfrenta os ini-migos, é crucificado e sai vitorioso da morte.

A Comunidade ApostólicaA comunidade que nos deu este

Evangelho formou-se e crescia na Galileia, mas enfrentou dificuldades. Os pequenos proprietários daquela região que haviam perdido as terras para pagar suas dívidas e passaram a formar grupos de assaltantes. Um dia se uniram e foram para Jerusalém queimar os documentos de hipoteca de suas propriedades e matar os cre-dores, anciãos do Sinédrio.

Pensavam vencer também o Im-pério Romano pela força das armas e sonhavam com um Messias político nacionalista, rei dos judeus. Estavam

MARCOS: A BOA NOTÍCIA DO MESSIAS

endiabrados, o fanatismo era grande. A comunidade dos discípulos de Jesus devia aceitar a ideia dessa revolução? Os endiabrados chamavam Jesus de Messias, queriam os discípulos do lado deles.

“Não!” responde o Evangelho. É pre-ciso mudar o pensamento. A pregação de Jesus se resume na palavra grega metanoia. É mudança como metá de metamorfose, de cabeça como noia de paranoia.

O percurso para Jerusalém explica que o caminho e o objetivo são outros. O caminho é a cruz e o objetivo é tirar pela raiz o mal da humanidade toda.

O confronto com os inimigos em Jerusalém revela que a velha institui-ção religiosa está falida, secou como a figueira. Quando Jesus morre, é o cen-turião, algo como sargento romano, um não judeu, que o reconhece como

Messias.

As comunidades de hojeFormar-se e crescer, entender como

é que Jesus salva e pôr mãos à obra é um bom programa para as comunida-des cristãs de hoje.

Primeiro, precisamos entender o que significa a Boa Notícia (Evangelho) do Reino ou Império de Deus e por que ele exige uma mudança de cabeça (metanoia). Isso se aprende na Galileia, na comunidade, no pequeno grupo de reflexão, na casa, onde Jesus explica tudo aos discípulos. Isso se coloca em prática fora de casa, à beira mar, onde a humanidade, à beira da morte, espe-ra a palavra e a ação de Jesus.

O passo seguinte é caminhar para a morte em Jerusalém. Na caminha-da, uns aplaudem, os que seguem vão com medo, enquanto os dirigentes, os

Doze, disputam poder. Ainda é difícil entender que o caminho é a cruz, o fracasso, a humilhação. É preciso abrir os olhos como o cego Bartimeu, para “seguir Jesus pelo caminho.”

Difícil é entender também a neces-sidade do confronto em Jerusalém, a denúncia do mercado religioso que leva à cruz. Quem não desmascara, se mascara.

O fracasso, porém, não é definitivo. É a vitória do jovem vestido de bran-co que começa vida nova com faixa de campeão e leva de volta à Galileia, à comunidade o começo da Boa Notícia.

Por Pe. José Luiz Gonzaga do Prado, biblista, escritor e professor na Faculdade Católica

de Pouso Alegre (FACAPA). Reside em Nova Resende

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11Janeiro/2015

“E a fama de Jesus espalhou-se por toda a Síria. Levaram-lhe todos os do-entes atingidos por diversos males e tormentos: endemoninhados, epiléti-cos e paralíticos. E Jesus os curou.” (Mt 4, 24).

Esta e outras passagens dos Evange-lhos nos trazem uma ação importante de Jesus. Não estamos falando sobre as curas, os milagres por meio dos quais, problemas pessoais eram resolvidos. Falamos sobre uma ação até anterior de Jesus, a acolhida das pessoas. Essa acolhida tão sincera e tão amorosa é que fazia com que “todos os doentes” procurassem por ele. Ora, nós costu-mamos frequentar lugares onde somos bem recebidos, bem tratados. Assim era o coração de Jesus, tinha lugar para todos, todos mesmo.

Partindo do exemplo do Mestre (e qual exemplo seria melhor do que esse?), podemos agora pensar nossa prática catequética, pensar o processo catequético a partir daquilo que cremos e vivemos. Quando olhamos a realida-de de nossas comunidades, podemos perceber que a Igreja está envelhecen-do. Muitos são os idosos que a frequen-tam, sendo que alguns desses apresen-tam, por conta da idade, algum grau de deficiência, além de crianças, jovens e adultos que também nos chegam em situações de deficiência. Entendemos esse termo como o resultado da intera-ção entre pessoas com diferentes níveis de funcionamento e um entorno que não levam em considera-ção essas deficiências.

Para conhecer a realida-de

Hoje o Brasil possui em torno de 45 milhões de pessoas com algum grau de deficiência. No passado, elas viviam à margem da sociedade, não frequentavam esco-las ou espaços públicos e, muito raramente, par-ticipavam das celebra-ções e atividades de suas paróquias. Era como se elas não existissem. Atu-almente não dá mais para não enxergar sua existên-cia e suas necessidades, especialmente na Cate-quese. Por isso, é impor-tante que os catequistas procurem saber como es-sas pessoas vivem e o que podemos fazer para facili-tar sua inserção na Igreja, seja buscando acessibili-dade arquitetônica e de comunicação, mas espe-cialmente, atitudes, sem

Catequese

Igreja inclusiva: A Catequese para pessoas com deficiência

as quais, as demais não resultariam em nada.

Vamos então entender melhor quem são as pessoas com deficiência. São pessoas com a mesma complexi-dade de ser que eu tenho e você tem. Não devemos usar termos como “ex-cepcional” ou “portador de deficiência”, quando nos referirmos a elas. Afinal, o que trazem são características próprias, não algo que possamos tirar. É preciso compreendê-las e lutar pela igualdade de oportunidades.

Outra questão é entendermos a de-ficiência não só da pessoa, mas da in-teração desta com o meio. Precisamos analisar qual o tipo de deficiência que ela possui (visual, auditiva, física, inte-lectual ou deficiências múltiplas) para saber como agir no sentido de facilitar essa interação, para pensar a diversi-dade funcional das pessoas e, assim, procurar adequar o ambiente da Cate-quese. Será que a troca de local dos en-contros não facilitaria a participação de um cadeirante? Será que a linguagem que usamos não está muito além da ca-pacidade de compreensão de alguém com um desenvolvimento cognitivo inferior à média dos outros catequizan-dos?

Acolhida Paroquial CatequéticaLembremos que a deficiência é par-

te do ciclo da vida. Conforme envelhe-cemos, vamos perdendo certas capa-cidades. É preciso cuidado ao nomear os deficientes (o “ceguinho”, o “surdo”),

pois assim nos esquecemos dessa natu-ral diferença que existe entre nós e co-meçamos a segregar. Nossas paróquias precisam, urgentemente, tornarem-se mais acolhedoras com todos, apresen-tem ou não algum grau de deficiência (o que, em certo grau, quase todos o tem). As pessoas com deficiência estão dentro da Igreja. Não pensemos em lhes dar os sacramentos para depois integrá-las à comunidade, mas sim, o contrário. Aliás, é o que se deveríamos fazer com qualquer pessoa.

Um dos desafios da Catequese é le-var os catequizandos a querer continu-ar participando da vida da Igreja após terem recebido os sacramentos para os quais se prepararam. No caso da cate-quese com pessoas com deficiência, é a mesma coisa. Por isso, devemos in-tegrá-las o máximo possível. Antes fa-zíamos uma “Catequese com pessoas especiais”, separadamente dos outros catequizandos, o que só aumentava a segregação. Depois passamos a edu-cá-los na fé juntamente com os outros e percebemos que inclusão não é so-mente colocar junto, mas é aprender junto. O fundador da psicologia his-tórico-cultural, Lev Vygotsky, afirmou que aprendemos com a interação. Isso significa que quando pessoas com defi-ciência e outras que não as apresentam ou as trazem em graus menos percep-tíveis interagem, há um crescimento geral do grupo, pois os deficientes são estimulados a acompanhar melhor o grupo. Aquelas sem deficiência apren-

dem melhor sobre as diferenças pesso-ais e sobre a aceitação disso. Somente um lugar comum a todos pode oferecer a troca de experiências.

Desafios para a catequeseTodas as questões levantadas aci-

ma são fundamentais para realizarmos um trabalho inclusivo em nossas paró-quias. Se alguém estiver pensando que em sua comunidade não há pessoas com deficiência, é melhor que tenha um pouco mais de atenção. Como já foi dito, essas pessoas existem sim, e pre-cisamos investir no acolhimento que damos a elas. Faz-se necessário realizar uma Catequese com e não para as pes-soas com deficiência. A formação não pode ser apenas teórica. Deve envolver a vida daquelas com ou sem deficiên-cia. É preciso superar a visão de que elas são “coitadinhas” e sofrem por es-tar nessa condição. Procuremos aproxi-marmo-nos delas e veremos como real-mente são, nem mais e nem menos que nós, os “não deficientes”. Por isso, faz´se necessário não caminhar para elas, mas sim, caminhar com elas.

É nesse sentido que se apresentam os desafios para a nossa Catequese, dentre os quais podemos citar:

a melhoria nas práticas dos en-contros para levar a uma maior participação dessas pessoas;

a resposta às necessidades edu-cacionais especiais;

promover a maior participação das famílias nesse pro-cesso;

envolver a comunidade na luta por oportunida-des sociais;

compartilhar responsa-bilidades com a coorde-nação paroquial;

utilizar um catequista auxiliar nas turmas onde estão presentes essas pessoas.

Essas e outras suges-tões podem nos auxiliar a levar a Catequese a to-dos, sem discriminação, sem preconceitos, mas do melhor e mais aberto jeito possível, o jeito de Jesus Cristo. Que neste ano que se inicia, procu-remos nunca nos esque-cer de seu exemplo e de que ele é a luz que bri-lhou para todos. Afinal, com ou sem deficiência, somos filhos do mesmo Pai.

Por José Oseas Mota,catequista e professor em

Guaxupé

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12 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

Comunicações

Agenda Pastoral de Janeiro

Nossa Gente, Nossa História

Comemorações de Janeiro

05-16 IRPAC em Belo Horizonte12-18 Diocese: Curso de Iniciação Teológica em Guaxupé

Nome: Pe. Adelmo Arantes Rosa

Idade: 04/03/1935 (79 anos)

Tempo de Ministério: 25/02/1961 (53 anos)

Cidade Natal: Cássia

Onde foi ordenado: Capela do Colégio Canadense em Roma

Estudos seminarísticos: 1ª série ginasial no Seminário Nossa Senhora das Do-res, em Guaxupé; Seminário Sagrado Coração de Jesus em BH (onde cur-sou filosofia) e Colégio Canadense em Roma (onde cursou teologia e foi ordenado).

Atuação: Tapiratiba - 1 ano, Jacuí - 4 anos, professor no Seminário de Gua-xupé - 1 ano, Assistente da Ação Católica, diretor de dois Colégios, profes-sor em duas faculdades de Filosofia, vigário paroquial e pároco na Basílica de Nossa Senhora da Saúde por 32 anos.

Onde mora atualmente: Poços de Caldas.

Mensagem Final: Durante trinta anos, eu preguei sobre a Fé que é funda-mental na Vida Cristã e a fidelidade à Igreja, o amor que devemos ter para com ela, porque é a continuação de Cristo e amando-a, estamos amando a Jesus. Seria essa a mensagem, Amar a Jesus, porque amando a Jesus, nós estamos amando a sua igreja que é a continuação Dele aqui na terra.

Colaboração: Livre Acesso – Associação Nossa Senhora da Comunicação

Natalício05 Pe. Gledson Antônio Domingues10 Pe. Alesandro Oliveira Faria11 Pe. José Luiz Gonzaga do Prado11 Pe. Olavo Amadeu de Assis20 Pe. Donizete Antônio Garcia

20 Côn. Walter Maria Pulcinelli22 Pe. Marcelo Nascimento dos Santos27 Pe. Robervam Martins de Oliveira31 Pe. Luiz Tavares de Jesus31 Pe. Marcos Alexandre Justi

Ordenação03 Pe. Alexandre José Gonçalves03 Pe. Hiansen Vieira Franco04 Pe. Darci Donizetti da Silva10 Dom José Geraldo Oliveira do Valle - Sacerdotal

13 Pe. Homero Hélio de Oliveira26 Pe. Alfredo Máximo da Silva28 Pe. Luiz Tavares de Jesus30 Pe. Edimar Mendes Xavier31 Pe. José Neres Lara

24 Diocese: Reunião do Conselho Diocesano do ECC em Guaranésia31 Diocese: Reunião da Equipe Diocesana de Comunicação em Nova Resende

O Jornal COMUNHÃO abre neste mês novo espaço, com o objetivo de en-contrar importantes membros da Diocese de Guaxupé, sobretudo aqueles mais idosos e valorizar os passos de cada um na caminhada desta Igreja Particular. Na presente edição, dois padres serão apresentados, Adelmo e Carlos Miranda.

Nome: Pe. Carlos Miranda

Idade: 89 anos

Tempo de Ministério: 24 anos

Cidade Natal: Jacuí

Estudos: Escola Mater Eclesia no Rio de Janeiro – Filosofia e Teologia

Onde foi ordenado: Guaxupé, por Dom José Geraldo

Data da Ordenação: 08 de dezembro de 1990

Vocação: A minha vocação surgiu aos 7 anos. O meu brinquedo era colocar brasa e incenso em uma latinha vazia, fazer altar e procissão de Nossa Senhora. Eu tinha uma bonequinha que usava para ser Nossa Senhora. O sino era um ferro que pedia a outro menino para soar. Bom, vejo aí a tendência. Eu só gostava deste brinquedo de fazer a procissão. O tempo foi passando, passando, eu cresci e quando eu estava com 17 ou 18 anos, arrumei uma namorada. No entanto, o brinquedo ficou gravado. Nunca, para falar a verdade, nunca saiu da minha cabeça a ideia de ser padre; eu acho até uma ofensa a Deus largar mão disso. Então eu continuei sempre dirigindo a minha vocação, mas a mocinha com quem me casei, tinha o meu tipo, muito religiosa. E de religião nós apoiamos muito a família, pois é o núcleo, é de onde sai o pessoal para casar, para ser padre, para ter fi-lhos, para continuarem o que fizemos. Eu e Itália, minha esposa, tivemos 12 filhos. O primeiro morreu com 50 e poucos anos e o último, que não tinha jeito de viver. Todos são inteligentes e nenhum mudou de religião. São companheiros, dedicados um ao outro; são a mesma coisa que sacris-tão. É de admirar... E vivemos família. A minha mulher morreu nova, com 57 anos e eu não me assustei, não chorei. Só fui correndo buscar a unção dos enfermos... Depois, falei com Dom José Alberto sobre minha vontade de ser padre. Ele falou com uma equipe de sacerdotes e todos aprovaram minha ordenação. Mas parece-me que algumas pessoas em Guaxupé não estavam de acordo de ser ordenado padre um viúvo. Depois que tudo estava preparado, dom José Geraldo, recém- chegado à diocese, marcou minha ordenação. Foi uma festa, a Catedral encheu-se.

Atuação: Capetinga - 3 anos; Jacuí - 10 anos. Quando completou a idade de 75 anos, aposentou-se e foi para Passos, onde celebra no Lar São Vicente de Paulo.

Onde mora atualmente: Com sua filha Lourdes, em Passos.

Mensagem aos leitores: Eu leio o Comunhão e digo que é de fato um jornal de comunhão na Igreja. Leio todos os artigos, que são úteis demais para a pessoa católica. Fico encantado com o conteúdo dos artigos. Leiam!

Colaboração: Cristina Piantino