42
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATOGROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO DE FARMÁCIA DÉBORA OLIVEIRA DE JESUS PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA TRIAGEM NEONATAL NA REGIÃO DE SAÚDE GARÇAS-ARAGUAIA Barra do Garças MT 2018

PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

  • Upload
    others

  • View
    6

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATOGROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO DE FARMÁCIA

DÉBORA OLIVEIRA DE JESUS

PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS

DIAGNOSTICADAS PELA TRIAGEM NEONATAL

NA REGIÃO DE SAÚDE GARÇAS-ARAGUAIA

Barra do Garças – MT

2018

Page 2: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

DÉBORA OLIVEIRA DE JESUS

PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS

PELA TRIAGEM NEONATAL NA REGIÃO DE SAÚDE

GARÇAS-ARAGUAIA

Monografia apresentada no Curso de

Farmácia do Campus Universitário do

Araguaia/UFMT, como requisito

parcial para a obtenção do título de

Bacharel em Farmácia.

Orientadora: Profª. Drª. Maria Fernanda Spegiorin Salla Brune

Barra do Garças – MT

2018

Page 3: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à minha família, minha mãe Maria Cleide Neves de

Oliveira e minha avó Adaildes Neves Ferreira que sempre me apoiaram e

incentivaram em todas as etapas da minha vida, em especial para a conclusão

desta monografia.

À minha orientadora Profa. Dra. Maria Fernanda por aceitar me instruir neste

trabalho, por confiar em meu potencial acadêmico, pelo auxilio durante todo o

processo e por todos os ensinamentos.

À Deus, por me conceder perseverança, energia, saúde para concluir mais uma

etapa em minha vida.

Às minhas amigas, Gabrielle Nogueira, Amanda Borges Ferreira, Isabela Thays

Oliveira, Lauânne Gomes Purificação que me incentivaram e estiveram ao meu

lado durante todo o processo de desenvolvimento e conclusão do trabalho.

Ao Hospital Júlio Muller pelo fornecimento de dados que possibilitou o

desenvolvimento da monografia.

E, por fim, àqueles que me ajudaram direta ou indiretamente nesse processo de

aprendizado.

Muito obrigada.

Page 4: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

“Que nada nos limite, que nada nos defina,

que nada nos sujeite.

Que a liberdade seja nossa própria substância,

já que viver é ser livre.

Porque alguém disse e eu concordo, que o tempo cura,

que a mágoa passa, que decepção não mata,

E que a vida sempre, sempre continua!”

(Simone de Beauvoir, 1908-1986)

Page 5: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

RESUMO

A Triagem Neonatal (TN) é uma ação preventiva que por meio de exames laboratoriais visa o rastreamento neonatal de crianças portadoras de doenças genéticas, as quais devem ser diagnosticadas e tratadas o mais precocemente possível, a fim de evitar sequelas irreversíveis. O objetivo do estudo foi analisar a prevalência das patologias diagnosticadas pelo teste de Triagem Neonatal (TN) em recém-nascidos atendidos na região de saúde Garças- Araguaia, entre 2013 a 2016. Foi registrado o rastreamento de 4057 recém-nascidos nos dez municípios estudados. Desses, oito pacientes foram diagnosticados com alguma doença detectada pelo teste do pezinho, com as seguintes prevalências: hipotireoidismo congênito - 1:1014, fibrose cística- 1:2029, fenilcetonúria- 1:4057 e anemia falciforme- 1:4057. A cobertura da triagem neonatal foi de 58,8%, considerando a média nos dez municípios da região de saúde Garças-Araguaia. Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política de saúde da criança, além da garantia do diagnóstico precoce para que não ocorram sequelas irreversíveis.

Palavras-chave: Saúde da Criança; Doenças Metabólicas, Recém-nascido

Page 6: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

ABSTRACT

Neonatal Screening (TN) is a preventive action that aimed at the neonatal screening of children with genetic diseases, through laboratory tests, and they should be diagnosed and treated as early as possible in order to avoid irreversible sequelae. The objective of the study was to evaluate the prevalence of pathologies diagnosed in Brazil by the Neonatal Screening test in newborns treated in the Garças-Araguaia region between 2013 and 2016 years. A total of 4057 newborns were registered in the ten studied cities, and eight newborns were diagnosed with genetic disease. The prevalence detected was: congenital hypothyroidism - 1: 1014, cystic fibrosis - 1: 2029, phenylketonuria - 1: 4057 and sickle cell anemia - 1: 4057. Neonatal screening coverage was 58.8%, considering the average in the ten municipalities of the Garças-Araguaia region. The knowledge of TN coverage and the prevalence of diagnosed diseases is important for improvements in the child's health policy, as well as ensuring early diagnosis so that irreversible sequelae do not occur.

Key-words: Child Health; Metabolic Diseases, Newborn

Page 7: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

TN Triagem Neonatal

MS Ministério da Saúde

SUS Sistema Único de Saúde

PNTN Programa Nacional de Triagem Neonatal

PKU Fenilcetonúria

AF Anemia Falciforme

SBTN Sociedade Brasileira de Triagem Neonatal

SRTN Serviços de Referência em Triagem Neonatal

SITN Sociedade Internacional de Triagem Neonatal

PAH Enzima hepática fenilalanina hidroxilase

Phe Fenilalanina

FC Fibrose Cística

HbS Hemoglobina S

HbA Hemoglobina A

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

HAC Hiperplasia Adrenal Congênita

HC Hipotireoidismo Congênito

RN Recém-Nascidos

DB Doença de Biotinidase

DPB Deficiência Profunda de Biotinidase

DPaB Deficiência Parcial de Biotinidase

GALT Galactose-1-fosfato uridiltransferase

HUJM Hospital Universitário Júlio Muller

SINASC Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos

IBGE Índice Brasileiro de Geografia e Estatística

NV Nascidos- vivos

Page 8: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Quadro 1. Características das doenças rastreadas pela fase IV do Programa

Nacional de Triagem Neonatal........................................................................ 5

Tabela 1. Distribuição do número de NV resistentes e NV rastreados em cada

município da região de saúde Garças-Araguaia e, cobertura (%) do PNTN entre

2013 a 2016..................................................................................................... 17

Tabela 3. Distribuição do número e percentual de casos de doenças

diagnosticadas do Programa Nacional de Triagem Neonatal, em quatro

municípios da região de saúde Garças-Araguaia, 2013-2016......................... 20

Tabela 4. Prevalência das doenças diagnosticadas pela Triagem Neonatal

considerando dez municípios da região de saúde Garças-Araguaia, 2013-

2016.................................................................................................................. 24

Page 9: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Percentual de cobertura do PNTN no Brasil entre os anos de 2004 a

2017.................................................................................................................... 5

Figura 2. Cobertura (%) da triagem neonatal em dez municípios da região de

saúde Garças - Araguaia (MT), no período entre 2013 e 2016......................... 18

Figura 3. Tempo médio (em dias) decorridos em cada uma das etapas do

SRTN/MT.......................................................................................................... 23

Page 10: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

Sumário

1. REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 1

1.1. TRIAGEM NEONATAL .................................................................................. 1

1.1.1. DEFINIÇÃO ............................................................................................. 1

1.1.2. HISTÓRICO............................................................................................. 1

1.2. TRIAGEM NEONATAL NO BRASIL ................................................................. 2

1.3. DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA TN ......................................................... 6

1.3.1. FENILCETONÚRIA (PKU) ......................................................................... 6

1.3.2. FIBROSE CÍSTICA ................................................................................... 7

1.3.3. ANEMIA FALCIFORME ............................................................................. 8

1.3.4. HIPERPLASIA ADRENAL CONGÊNITA ........................................................ 9

1.3.5. HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO............................................................... 10

1.3.6. DEFICIÊNCIA DE BIOTINIDASE ................................................................ 11

2. OBJETIVOS ................................................................................................ 13

2.1. OBJETIVO GERAL .................................................................................... 13

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................... 13

3. METODOLOGIA ........................................................................................... 14

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 16

5. CONCLUSÕES ............................................................................................. 27

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 28

Page 11: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

1

1. Revisão de Literatura

1.1. Triagem Neonatal

1.1.1. Definição

A Triagem Neonatal (TN) é uma ação preventiva que por meio de uma série

de exames laboratoriais visa o rastreamento neonatal de crianças portadoras de

doenças genéticas, que devem ser diagnosticadas e tratadas o mais

precocemente possível a fim de evitar sequelas para o paciente (SOUZA, C.F.

M. et al., 2002; ABREU & BRAGUINI, 2008).

A TN também é denominada popularmente como “teste do pezinho”. O

termo foi criado para facilitar a ideia entre as mães e população em geral, devido

a realização da coleta de sangue que se dá a partir da punção capilar do

calcâneo do recém-nascido (RN). Os exames devem ser feitos

preferencialmente entre o 3º e o 5º dia de vida do neonato (LUZ et al., 2008;

LACERDA et al., 2017).

1.1.2. Histórico

A História da TN no mundo iniciou-se em 1961, quando o Prof. Robert

Guthrie desenvolveu a primeira metodologia para dosagem de fenilalanina em

amostras de sangue seco colhido em papel-filtro, visando o diagnóstico da

fenilcetonúria (PKU). Este passo foi extremamente decisivo na disseminação da

TN para o diagnóstico de diversas doenças em grandes populações, visto que

permitia que a amostra fosse colhida à distância e enviada pelo correio a

laboratórios centrais, onde eram realizados os exames (SBTN, 2004).

Em 1964, 400.000 crianças tinham sido testadas para PKU em 29 estados

americanos, detectando 39 casos positivos. Com o passar dos anos, em todos

os 50 estados americanos, o teste passou a ser obrigatório aos recém-nascidos

(Silva, 2008; SBTN,2004;).

A metodologia de detecção de patologias aplicada por Guthrie foi sendo

substituída por outras mais precisas e simples, além disso, novas patologias

puderam ser adicionadas nos programas de triagem. Desde então, programas

de TN incluindo o diagnóstico de diversas doenças foram implantados em todo

Page 12: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

2

o mundo, tornando-se parte fundamental dos programas de saúde pública

(ABREU & BRAGUINI, 2008).

1.2. Triagem Neonatal no Brasil

Os programas de TN iniciaram em diversos países na década de 60, e no

Brasil, a primeira tentativa ocorreu em 1976, na cidade de São Paulo, em uma

associação dedicada ao atendimento a crianças portadoras de deficiência

mental, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE-SP), quando o

Prof. Benjamin Schmidt (SP) criou o projeto pioneiro de triagem neonatal para

PKU. Inicialmente realizava-se somente o diagnóstico de PKU, porém a partir de

1980 incorporou-se a detecção precoce do Hipotireoidismo Congênito (ABREU

& BRAGUINI, 2008).

Na década de 80, os estados de São Paulo (Lei Estadual n.º 3.914/1983) e

Paraná (Lei Estadual n.º 867/1987) obtiveram amparo legal para a realização

dos programas de TN, porém, com a Lei Federal n.º 8.069, de 13 de julho de

1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), houve a tentativa inicial de

formalização da obrigatoriedade dos testes em todo o território nacional. No

entanto, a legislação foi contemplada apenas em 1992, pelo Ministério da Saúde

(MS) por meio da Portaria GM/MS nº 22, de 15 de janeiro de 1992, incluindo a

avaliação para PKU e Hipotireoidismo Congênito (SBTN, 2002; HC USP, 2011).

Em 2001, ciente da necessidade de se fazer cumprir a lei de maneira

adequada, o Ministério da Saúde publicou a Portaria n° 822 visando à

organização de uma rede de triagem neonatal no Brasil, com aumento do

número de exames cobertos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Esta portaria

criou o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN) que dentre os principais

objetivos do programa, destacam-se a busca da cobertura de 100% (cem

porcento) dos nascidos vivos e a definição de uma abordagem mais ampla da

questão; neste sentido, o processo de TN deve envolver várias etapas como: a

realização do exame laboratorial, a busca ativa dos casos suspeitos, a

confirmação diagnóstica, o tratamento e o acompanhamento multidisciplinar

especializado dos pacientes, além da ampliação da gama de agravos de saúde

triados como, a PKU, Hipotireoidismo Congênito, Anemia Falciforme e outras

Hemoglobinopatias e Fibrose Cística (BRASIL, 2001; Souza et al., 2002).

A partir de então, todos os Estados passaram a participar do PNTN,

realizado em Serviços de Referência em Triagem Neonatal (SRTN)

Page 13: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

3

credenciados, todos com uma estrutura de diagnóstico, busca ativa, tratamento

e acompanhamento das doenças triadas, pagas com recursos SUS destinados

para este fim. Foram criadas sociedades com intuito de padronizar as

atividades/ações da TN, que foram a Sociedade Brasileira de Triagem Neonatal

(SBTN) e a Sociedade Internacional de Triagem Neonatal (SITN) (BRASIL, 2001;

Souza et al., 2002).

Em virtude dos diferentes níveis de organização das redes assistenciais

existentes, da variação de cobertura dos nascidos-vivos e da diversidade das

características populacionais, o PNTN foi implantado em 3 fases, até o ano de

2012: fase I, triagem realizada para PKU e Hipotireoidismo Congênito; fase II,

triagem realizada para PKU e Hipotireoidismo Congênito e Doenças Falciformes

e outras Hemoglobinopatias; fase III, triagem realizada para PKU,

Hipotireoidismo Congênito, Doenças Falciformes e outras Hemoglobinopatias e

Fibrose Cística (BRASIL, 2001).

Em 14 de dezembro de 2012, foi instituída a Fase IV, pela Portaria GM/MS

nº 2.829, na qual o estado do Mato Grosso se encontra desde 2014 (Portaria MS

488, 17/06/2014), com a inclusão da detecção das doenças hiperplasia adrenal

congênita e deficiência de biotinidase no PNTN, além das doenças congênitas

detectadas na fase III (BRASIL, 2012).

Atualmente, existem três versões de testes da TN disponíveis no Brasil,

sendo uma básica e duas ampliadas. A mais simples delas é capaz de detectar

até 6 (seis) doenças. Já as duas versões ampliadas podem detectar de 10 a 48

doenças com uma simples “picada”. Os nomes dos exames podem variar,

dependendo do local onde for realizada a coleta (MS, 2018).

O teste determinado básico é obrigatório e gratuito em todo o país e, como

dito anteriormente, pode detectar as 6 doenças que serão descritas no estudo

(PKU, hipotireoidismo congênito, fibrose cística, anemia falciforme, hiperplasia

adrenal congênita e deficiência de biotinidase) (MS, 2018; SBTN 2016).

Já o teste ampliado é oferecido gratuitamente na maioria dos hospitais e

maternidades particulares e pode detectar 10 doenças. Além das 6 detectadas

pelo teste simples, também pode indicar a deficiência de G6-PD, galactosemia,

leucinose e toxoplasmose congênita (BRASIL, 2018).

Page 14: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

4

Por fim, o teste expandido, considerado o exame mais complexo disponível

no país, pode detectar até 48 doenças sendo oferecido apenas em laboratórios,

maternidades e hospitais particulares (BRASIL, 2018).

O PNTN considera que as doenças a serem triadas devem seguir como

critérios o fato de não apresentarem manifestações clínicas muito precoces,

permitirem a detecção precoce por meio de testes seguros e confiáveis, serem

amenizáveis mediante tratamento; serem passíveis de administração em

programas com logística definida; e terem uma relação custo-benefício

economicamente viável e socialmente aceitável. Entretanto, tais estudos de

custo-benefício jamais foram realizados no Brasil. Os testes vigentes

reproduzem modelos e diretrizes internacionais, que é o caso da galactosemia

(CAMELO JUNIOR et al., 2011).

Segundo Bosch (2006), a galactosemia é uma das várias doenças que

tem demanda para que esta seja incluída na TN, visto que seu diagnóstico

precoce é fundamental para excluir de imediato a galactose da dieta alimentar

de modo a evitar sequelas irreversíveis (Bosch, 2006). Trata-se de uma doença

metabólica hereditária caracterizada pela deficiência da enzima galactose-1-

fosfato uridiltransferase (GALT) que afeta cerca de 1:30 000 a 1:60 000 RN. A

maioria dos doentes apresenta no período neonatal, após ingestão de leite, uma

deterioração neurológica progressiva, cataratas e alterações no aparelho

digestivo e renal (FRIDOVICH-KEIL, 2006; SILVA & CARDOSO, 2008).

Segundo Camelo Junior e colaboradores (2011), um estudo-piloto,

realizado no Estado de São Paulo com 59.953 RN, usando amostragem de 10%

do total de 603.368 recém-nascidos, para a análise da galactosemia no teste do

pezinho, identificou uma frequência de 1:19.984 RN. A incidência da PKU e

galactosemia são muito semelhantes em São Paulo e no Paraná, sendo que o

tratamento da galactosemia é muito mais barato e tão efetivo quanto o da PKU.

No Quadro 1 são apresentadas as características das doenças rastreadas

pela Fase IV do PNTN no Brasil, as quais serão apresentadas na sequência

deste capítulo.

Page 15: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

5

Quadro 1 – Características das doenças rastreadas pela fase IV do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN). NV = nascidos vivos

(Fonte: adaptado de LUZ et al., 2008)

A Figura 1 mostra o percentual de cobertura de PNTN no Brasil durante os

anos de 2004 a 2017 (BRASIL, 2018.)

Fonte: Programa Nacional de Triagem Neonatal – CGSH/DAET/SAS/MS, BRASIL, 2018.

Figura 1. Percentual de cobertura do PNTN no Brasil entre os anos de 2004 a

2017.

Page 16: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

6

1.3. Doenças diagnosticadas pela TN

1.3.1. Fenilcetonúria (PKU)

A PKU (Phenilketonuria) é uma doença genética, causada por mutações

de um gene localizado no cromossomo 12q22-q24, o qual codifica a enzima

hepática fenilalanina-hidroxilase (PAH). A ausência ou deficiência desta enzima

impede a conversão hepática de fenilalanina (Phe), um dos aminoácidos

essenciais e mais comuns do organismo, em tirosina (Tyr), causando acúmulo

de Phe no sangue e em outros tecidos e da excreção urinária de Phe e seus

metabólitos (BRASIL, 2013; BRASIL, 2017).

Além disso, esta doença é um dos erros inatos do metabolismo, com

padrão de herança autossômico recessivo. É considerada rara, tendo

prevalência global média estimada de 1:10.000 recém-nascidos. No Brasil, tem

sido encontrada uma prevalência variando de 1: 15.000 a 1: 25.000 (BRASIL,

2013; BRASIL, 2017).

Do ponto de vista de gravidade, a PKU pode ser classificada em Clássica

e Leve. Na PKU Clássica, os pacientes apresentam concentração plasmática de

Phe ao diagnóstico superior a 20 mg/dl e tolerância à Phe inferior a 350 mg/dia.

Na PKU Leve, o valor de Phe plasmática ao diagnóstico é de 6-20 mg/dl e a

tolerância à Phe é mais elevada (NALIN et al., 2010).

Os recém-nascidos (RN) portadores de PKU são assintomáticos antes de

passarem a receber alimentos que contenham Phe (leite materno ou fórmulas

infantis próprias da idade). Se a doença não for detectada pelo rastreamento

metabólico na TN, seu início é enganoso e só se manifestará clinicamente em

torno do 3º ou 4º mês de vida do RN. Nessa época, a criança começa a

apresentar atraso global do desenvolvimento neuropsicomotor, podendo mostrar

irritabilidade ou letargia, perda de interesse pelo que a rodeia, convulsões,

eczema crônico, hipopigmentação cutânea, da pele e dos cabelos (reduzida

síntese de melanina), cheiro característico da urina (odor de forte pela presença

do ácido fenilacético) e perturbações do sono (BRASIL, 2013; NALIN et al.,

2010).

A principal característica da doença não tratada é o retardo mental, que

se agrava durante a fase de desenvolvimento do cérebro. O excesso de Phe

inibe competitivamente o transporte e a captação neuronal de outros

Page 17: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

7

aminoácidos cerebrais através da barreira hematoencefálica, causando

diminuição da concentração cerebral intracelular de tirosina e de 5-

hidroxitriptofano, limitando a produção de serotonina e das catecolaminas

(BRASIL, 2013).

O tratamento da PKU deve ser iniciado tão cedo quanto possível,

idealmente até o 10º dia de vida. O tratamento envolve duas estratégias

conjuntas principais: a dieta restrita em Phe e o uso de fórmula metabólica rica

em aminoácidos, geralmente misturas ou hidrolisados de proteína, mas isenta

de Phe. Através deste tratamento, os níveis sanguíneos de Phe diminuem, evita-

se o dano neurológico nos pacientes que têm diagnóstico precoce, e mantém se

o consumo de Phe suficiente para satisfazer as necessidades de crescimento do

paciente. A adesão à dieta é influenciada por fatores como, cognitivos,

emocionais, fisiológicos e culturais. Além disso, esta deve ser feita durante toda

a vida do paciente, e a capacidade e disposição em segui-la variam entre os

pacientes e cuidadores (NALIN et al., 2010; BRASIL, 2013).

1.3.2. Fibrose Cística

Fibrose cística (FC) ou mucoviscidose é doença autossômica recessiva

letal, predominante em populações caucasianas, cuja incidência varia de

1:2000 ou 1:3000 nascimentos em vários países: 1 indivíduo em cada 25 nestas

populações é portador assintomático do gene. É menos frequente em negros,

um 1:17.000, e rara em asiáticos, 1:90.000, na população americana. No Brasil,

a incidência ainda é ignorada, contudo estudos regionais mostram dados

estatísticos variáveis que sugerem uma incidência em torno de 1:7.000 no país

como um todo (BRASIL, 2010; Reis et al., 1998).

O gene da doença, CFTR- regulador de condutância transmembrana da

fibrose cística, produz uma alteração na função da proteína que regula o

transporte de cloro nas células epiteliais. Como resultado, as secreções são mais

viscosas, obstruindo os canais das glândulas exócrinas no pâncreas, pulmões,

intestino, fígado e testículos. Além disso, as glândulas sudoríparas não

absorvem normalmente o sódio e o cloro, produzindo um suor muito salgado,

doença do Beijo Salgado (ROSA et al., 2018).

Diante de uma doença com um prognóstico tão grave e cuja

sintomatologia manifesta-se geralmente em torno dos primeiros anos de vida,

Page 18: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

8

os programas de triagem neonatal são de importância fundamental para o seu

acompanhamento adequado. O diagnóstico presuntivo é estabelecido com a

análise dos níveis da tripsina imunorreativa (IRT) (ROSA et al., 2018).

O tratamento do paciente com FC consiste em acompanhamento médico

regular, suporte dietético (dietas hipercalórica, hiperlipídica e hiperprotéica),

utilização de enzimas pancreáticas, suplementação vitamínica lipossolúvel

(vitaminas A, D, E, K), terapia mucolínica e fisioterapia respiratória (ROSA et

al., 2018).

1.3.3. Anemia Falciforme

A anemia falciforme é a doença hereditária monogênica, causada por uma

mutação de ponto (GAG->GTG) no gene da globina beta da hemoglobina,

originando uma hemoglobina anormal, denominada hemoglobina S (HbS), ao

invés da hemoglobina normal denominada hemoglobina A (HbA) (ANVISA,

2002).

No Brasil, a anemia falciforme distribui-se heterogeneamente, sendo mais

frequente onde a proporção de antepassados negros da população é maior

(Nordeste), porém é predominante tanto entre negros e pardos quanto entre

brancos. É importante destacar que a incidência de pessoas com traço

falciforme, no Brasil, é de 1:35 entre os RN vivos. Atualmente, estima-se que

nasçam, a cada ano, 200.000 crianças com traço falciforme e mais de 8.000

afetados com a forma homozigótica (HbSS). Estima-se o nascimento de 700 a

1.000 novos casos anuais de doenças falciformes no país. Portanto, as doenças

falciformes são um problema de saúde pública no Brasil (ANVISA, 2002;

BRASIL, 2012).

A HbS tem uma característica química específica que, em situações de

ausência ou diminuição da tensão de oxigênio, provoca a sua polimerização,

alterando drasticamente a morfologia do eritrócito. Este adquire a forma de foice.

Esses eritrócitos com forma característica dificultam a circulação sanguínea,

provocando vaso-oclusão e infarto na área afetada. Tais problemas produzem

isquemia, dor, necrose e disfunções, bem como danos permanentes aos tecidos

e órgãos, além da hemólise crônica (BRASIL, 2012).

O tratamento é baseado em algumas medidas, como profilaxia, diagnóstico

e terapêutica precoce de infecções; manutenção de boa hidratação e evitar

condições climáticas adversas. Além disso, acompanhamento ambulatorial 2 a

Page 19: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

9

4 vezes ao ano e educação da família e paciente sobre a doença são auxiliares

na obtenção de bem-estar social e mental (BRASIL, 2012; ANVISA, 2002).

1.3.4. Hiperplasia Adrenal Congênita

A definição de hiperplasia adrenal congênita (HAC), envolve um conjunto

de síndromes transmitidas de forma autossômica recessiva que são

caracterizadas por diferentes deficiências enzimáticas na síntese dos esteroides

adrenais (BRASIL, 2010).

Dentre as inúmeras deficiências, as mais comuns em HAC são: 21-

hidroxilase (CYP21A2), que é responsável por 95% dos casos e, 11-beta-

hidroxilase (CYP11B1), sendo detectada em 5% dos casos (BRASIL, 2010).

A incidência desta doença é variável entre diferentes populações com

incidência da forma perdedora de sal variando 1:2.803 a 1:42.000 RN. No Brasil,

a incidência desta forma parece variar de 1:7.500 a 1:10.000 RN (BRASIL, 2010).

São classificadas em 3 tipos: forma clássica predadora de sal, forma

clássica não perdedora de sal (virilizante simples) e forma não clássica (início

tardio) (BRASIL, 2010).

A forma clássica constitui a forma mais comum de HAC, 60% dos casos,

onde ocorre comprometimento não só da produção de cortisol, mas também de

mineralocorticoide. Apresenta sinais de hipercalernia e aumento da atividade da

renina plasmática que acontece após o quarto dia de vida (VARGAS &

KURDIAN, 2002; BRASIL, 2010).

Além disso, há baixo ganho ponderal, episódios de vômitos, desidratação,

colapso vascular, e choque seguindo-se o óbito após a segunda semana de vida.

Nos RN do sexo feminino há virilização da genitália externa (aumento de clitóris,

fusão labial e formação de seio urogenital), decorrente do excesso de

andrógenos durante a vida intrauterina. Já a forma não clássica é caracterizada

pela exposição a baixas concentrações de andrógenos que não produzem

doença clínica aparente nos primeiros anos de vida, podendo este início de

sintomas ocorrer no final da infância ou adolescência (VARGAS & KURDIAN,

2002; BRASIL, 2010).

O sexo masculino pode apresentar sinais como: pubarca precoce, aumento

do pênis, acne, e surto de crescimento. Os sinais de virilização vão se

acentuando quanto mais tarde for o diagnóstico (VARGAS & KURDIAN, 2002).

Page 20: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

10

Já no sexo feminino, os sinais mais frequentes são a pubarca prematura,

apresentando acne e hirsutismo, avanço da idade óssea, além de clitoromegalia.

Após a puberdade pode provocar irregularidade menstrual, acne grave, calvície

temporal e infertilidade (BRASIL, 2010).

O tratamento da HAC tem como objetivos repor glico e

mineralocorticóides, evitar a virilização dos genitais externos, prevenir a

desidratação por perda de sal, controlar o hiperandrogenismo sem afetar a

velocidade de crescimento, preservar a função gonadal, fertilidade e estatura

final (BACHEGA et al., 2001).

1.3.5. Hipotireoidismo Congênito

O hipotireoidismo refere-se à diminuição ou ausência de hormônios

tiroidianos e é caracterizada pela diminuição dos níveis séricos de T4 e T3,

podendo ser classificado em primário (quando a deficiência hormonal se deve à

incapacidade, parcial ou total, da glândula tireoide de produzir hormônios

tiroidianos) e central (quando há deficiência de hormônios tiroidianos por falta de

estímulo do TSH hipofisário ou do TRH hipotalâmico) (BRASIL, 2015).

O hipotireoidismo congênito (HC) é o distúrbio endócrino mais frequente e

com incidência variando de 1:2.000 a 1:4.000 RN em países com suficiência

iódica. No Brasil, a prevalência de HC é aproximada a esses valores, variando

de 1:2.595 a 1:4.795 (MACIEL et al., 2013).

A TN tem importância no diagnóstico do HC pois, se descoberto

precocemente pode evitar as sequelas, principalmente o retardo mental

secundário ao hipotireoidismo, o que pode ser conseguido com o início da

terapêutica adequada nas duas primeiras semanas de vida (MACIEL et al.,

2013).

A maioria dos RN com HC apresenta poucas ou nenhuma manifestação

clínica da doença ao nascimento devido a passagem de T4 materno pela barreira

placentária e em função de a maioria das crianças afetadas apresentar algum

tecido tireoidiano funcionante. Um dos primeiros sinais observados é a icterícia

neonatal prolongada e, à medida que o tempo passa a criança sem diagnóstico

se apresentará letárgica, com movimentos lentos, choro rouco, engasgos

frequentes, constipação, macroglossia, hérnia umbilical, fontanela ampla,

Page 21: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

11

hipotonia, pele seca, cabelos ralos e adquire a fácies típica com nariz em sela

(MACIEL et al., 2013).

O início do tratamento desta doença deve ser o mais precoce possível,

preferencialmente nas duas primeiras semanas de vida sendo recomendada

levotiroxina (hormônio tireoidiano) por via oral, na forma de comprimido. A dose

é individualizada, sendo maior para o RN e com possibilidade de ser diminuída

com o avanço da idade. Normalmente, o tratamento é interrompido aos 3 anos

de idade para realização de exames específicos que irão definir o tipo e a causa

do HC (MACIEL et al., 2013; BRASIL, 2015).

1.3.6. Deficiência de Biotinidase

A deficiência de biotinidase (DB) é um erro inato do metabolismo, de

herança autossômica recessiva. Na deficiência da enzima biotinidase, a biotina,

também conhecida como vitamina B7, não pode ser liberada a partir de

pequenos biotinilpeptídeos e da biocitina. Assim, pacientes com esta deficiência

são incapazes de reciclar a biotina endógena ou de usar a biotina ligada às

proteínas da dieta, consequentemente ocorre sua perda na urina (BRASIL,

2012).

No Brasil, estima-se que possam existir aproximadamente 3.200 pacientes

com DB, incidência aproximada de 1:60.000, em uma população de cerca de

190 milhões de habitantes (BRASIL, 2012).

Com base no nível da atividade de biotinidase, os pacientes são

classificados em três grupos principais: Deficiência profunda de biotinidase

(DPB), Deficiência parcial de biotinidase (DPaB) e casos assintomáticos

(BRASIL, 2012).

No primeiro caso, ocorre quando a atividade enzimática é inferior a 10% da

média normal e os sintomas e sinais podem surgir entre o segundo e o quinto

meses de vida. Muitas crianças, não tratadas precocemente, desenvolvem

atraso no desenvolvimento, perda ou deficiência auditiva, problemas visuais,

incluindo atrofia óptica, condições que, normalmente, não são reversíveis com o

uso da biotina. Já no caso da DPaB, acontece quando a atividade enzimática se

situa entre 10 e 30% da média considerada normal. Esses pacientes,

diagnosticados a partir do teste de TN, podem permanecer assintomáticos

mesmo sem tratamento, mas, na maioria das vezes, em situações de estresse,

Page 22: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

12

como infecções, podem desenvolver sinais e sintomas da doença (BRASIL,

2012).

E por fim, pacientes com diminuição da afinidade da enzima biotinidase

pela biocitina: esses pacientes tem atividade enzimática normal aos testes,

usualmente realizados; mas a testagem com substratos mais específicos

evidencia a diminuição de afinidade (BRASIL, 2012).

O tratamento da DB consiste na ingestão oral da vitamina biotina, por toda

a vida. A dose determinada é de 5 e 20 mg/dia, tanto nos casos de deficiência

total como deficiência parcial, independentemente da idade. A quantidade de

biotina necessária vai diminuindo com o aumento da idade. O único método para

monitorar se a dose está adequada é a dosagem de ácidos orgânicos na urina

que se normaliza. No entanto, cerca de 20% das crianças com DB não

apresentam anormalidades na dosagem urinária de ácidos orgânicos, mesmo

quando sintomáticos (MARILLIS et al., 2014).

Para que o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN) aumente a

cobertura das patologias triadas para 100% dos RN, é necessário consolidar e

padronizar o atendimento ofertado pelos Serviços de Referência em Triagem

Neonatal (SRTN) responsáveis pela execução do PNTN, garantido a detecção

das patologias e permitindo o diagnóstico e tratamento precoces (OLIVEIRA et

al., 2017).

Pesquisas tem mostrado a ocorrência das doenças diagnosticadas na TN

em vários estados do país, porém foi notada uma escassez de informações a

esse respeito no estado de Mato Grosso, em especial na região de saúde Garças

Araguaia, a qual inclui dez municípios. Dito isso, este projeto justifica-se na

importância de conhecer as doenças mais comumente diagnosticadas nesta

região a fim de facilitar a abordagem dos profissionais de saúde com esses

pacientes e seus familiares.

Page 23: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

13

2. Objetivos

2.1. Objetivo Geral

Analisar a prevalência das patologias diagnosticadas pelo teste de

Triagem Neonatal (TN) em recém-nascidos atendidos na região de saúde

Garças- Araguaia.

2.2. Objetivos Específicos

Avaliar a cobertura da triagem neonatal na região de saúde Garças

Araguaia- MT, no período de 2013 a 2016;

Calcular a prevalência de cada doença da triagem neonatal na região de

saúde Garças Araguaia- MT, no período de 2013 a 2016;

Avaliar o prazo entre a coleta de material biológico para a triagem neonatal

e a liberação do resultado, assim como o tempo decorrido entre a liberação do

resultado dos exames e a reconvocação dos casos diagnosticados;

Avaliar o número de ocorrências de coletas precoces ou tardias em cada

município da região de saúde Garças-Araguaia entre 2013 e 2016.

Page 24: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

14

3. Metodologia

Trata-se de um estudo descritivo, observacional e transversal, com a

utilização de dados secundários do único SRTN do Mato Grosso, localizado no

Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM/UFMT). A população de estudo foi

composta por todos os RN vivos residentes na região de saúde Garças

Araguaia/MT que realizaram o teste de triagem neonatal na rede pública, no

período de janeiro de 2013 a dezembro de 2016.

Foram incluídos todos os RN vivos cadastrados no SRTN da região de

saúde Garças Araguaia, no período de janeiro de 2013 a dezembro de 2016.

Não serão incluídos nesta pesquisa as crianças nascidas em demais regiões do

estado do Mato Grosso, exceto na região de saúde Garças Araguaia, e aquelas

que, apesar de nascidas na microrregião Garças Araguaia, realizaram a triagem

neonatal somente no setor privado de saúde.

A região de saúde Garças Araguaia, situada na região leste do estado do

Mato Grosso, abrange 10 municípios: Araguaiana, Barra do Garças,

Campinápolis, General Carneiro, Nova Xavantina, Novo São Joaquim, Pontal do

Araguaia, Ponte Branca, Ribeirãozinho e Torixoréu. Em 2014, a população

residente nesta região foi estimada para 120.884 habitantes (BRASIL, 2015b).

Para calcular a cobertura do programa de triagem neonatal nesta região,

entendida como proporção da população-alvo que realizou teste de triagem

neonatal, foi utilizado o seguinte cálculo:

• Como numerador, o número de Recém-Nascidos (RN) rastreados no

SRTN em cada ano (entre 2013 a 2016).

• Como denominador, os dados oficiais do Ministério da Saúde, no

Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) por Residência

da Mãe/ DATASUS1

Os RNs com resultados alterados na triagem neonatal foram

denominados “casos diagnosticados”. O número de RN rastreados foi dividido

1 (http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinasc/cnv/nvuf.def).

Page 25: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

15

pelo número de casos diagnosticados para calcular a prevalência de cada

doença da triagem neonatal na região de saúde Garças Araguaia- MT.

Os dados foram descritos por meio de frequências absolutas e relativas

para as variáveis categóricas, e de médias e desvios-padrão para as variáveis

numéricas contínuas.

Este trabalho é parte integrante de uma pesquisa intitulada “Panorama da

triagem neonatal na microrregião Garças-Araguaia, MT”, cadastrada na Pró-

reitoria de Pesquisa da UFMT (PROPeq) sob registro 340/2018, e aprovada no

Comitê de Ética em Pesquisa do Campus Universitário do Araguaia/UFMT

(Plataforma Brasil, parecer n° 2.230.081).

Page 26: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

16

4. Resultados e Discussão

4.1. Cobertura da Triagem Neonatal

O estado do Mato Grosso (MT) é dividido em 141 municípios e sua área

territorial equivale a 10,6% do território brasileiro, com mais de 3,44 milhões

habitantes, de acordo com estimativas para 2018 do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE, 2018). Considerando o estado do MT, no período

de 2013 a 2016, um total de 158.816 crianças foi triado para a detecção das

patologias inseridas no programa de TN, perfazendo uma média de 39.704,

sendo triadas aproximadamente 1.749 crianças, anualmente.

O estado do Mato Grosso, devido à sua grande extensão territorial que

proporciona diferentes situações econômicas, sociais e de saúde loco-regionais;

e atendendo as normativas do SUS no que tange ao Planejamento Regional

Integrado, está divido em 16 (dezesseis) regiões de saúde e 6 (seis)

macrorregiões (MATO GROSSO, 2018).

O número dos NV residentes e rastreados, além da cobertura da PNTN da

região de saúde Garças-Araguaia no período de 2013 a 2016 estão descritos na

Tabela 1 e na Figura 1.

A região de saúde Garças-Araguaia, analisada nesta pesquisa,

compreende dez municípios do MT, sendo que Barra do Garças é considerada

uma referência para a assistência à saúde, incluindo a saúde infantil. A coleta da

TN é realizada em cada município da região de saúde de Garças-Araguaia e

posteriormente o material biológico do RN é enviado ao SRTN situado no

Hospital Universitário Júlio Müller, em Cuiabá-MT, capital do estado. No período

de 2013 a 2016 um total de 4.057 RN foi triado para a detecção das patologias

inseridas no programa de TN nestes dez municípios.

Page 27: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

17

Tabela 1. Distribuição do número de NV residentes e NV rastreados em cada município da região de saúde Garças-Araguaia, e cobertura (%) do PNTN entre 2013 e 2016.

Município (MT) NV (n) NV rastreados (n) Cobertura do PNTN (%) Araguaiana 151 94 62

Barra do Garças 3092 1739 56 Campinápolis 1420 709 49

General Carneiro 426 121 28 Nova Xanvantina 1171 792 67

Novo São Joaquim 364 233 64 Pontal do Araguaia 298 134 44

Ponte Branca 60 60 100 Ribeirãozinho 132 88 66

Torixoréu 165 87 52 NV = nascidos vivos; PNTN = Programa Nacional de Triagem Neonatal.

Observa-se na Tabela 1 que a cobertura da triagem neonatal,

considerando os nascidos vivos na microrregião Garças- Araguaia, entre 2013 e

2016, variou de 28% a 100%, sendo 62% no município de Araguaiana, 56% em

Barra do Garças, 49% em Campinápolis, 28% em General Carneiro, 67% em

Nova Xavantina, 64% em Novo São Joaquim, 44% em Pontal do Araguaia, 66%

em Ribeirãozinho, 52% em Torixoréu e, por fim, destaca-se que o município de

Ponto Branca apresentou uma cobertura de 100% no PNTN.

Segundo dados do Ministério da Saúde, citados anteriormente (Figura 1),

o Brasil tem aumentado seu percentual médio de cobertura da triagem neonatal,

tendo em vista que em 2004 este foi de 74,98% e em 2011 obteve-se 81,43%. A

elevação na cobertura da triagem neonatal continuou evidente, sendo que em

2016 foi de 76,97% e no ano de 2017, considerado o dado mais recente referente

à TN no Brasil, a média foi de 85,80% (BRASIL, 2018).

A Figura 2 mostra a cobertura (%) da TN na região de saúde Garças-

Araguaia no período estudado, evidenciando as diferenças entre os dez

municípios pesquisados.

Page 28: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

18

Figura 2. Cobertura (%) da triagem neonatal em dez municípios da região de saúde Garças-Araguaia (MT), no período entre 2013 e 2016.

Quando comparada com alguns estados brasileiros, a cobertura da

triagem neonatal avaliada nesta pesquisa mostrou-se inferior, considerando-se

58,8% a média da cobertura da TN nos dez municípios. O estado do Paraná

apresentou uma cobertura da TN, em 2006, de 98,4%, de acordo com Carvalho

et al., (2008), enquanto na Bahia este valor foi um pouco menor, de 90,8% no

período entre 2007-2009 (AMORIM et al, 2011). Outros resultados sobre

cobertura da TN também se mostraram acima da média encontrada neste

estudo, como 87,2% em Santa Catarina no ano de 2008 (NUNES, 2013), 76,6%

verificada em Tocantins entre 2001-2011 (MENDES et al., 2013).

Um estudo mais atual feito por Kraemer (2017) mostrou percentuais da

cobertura da TN pelo Brasil no ano de 2016. O Paraná, por exemplo, obteve

104,06%, maior percentual de cobertura do país. Ainda nesse estudo, o estado

do Mato Grosso mostrou uma cobertura da TN de 68, 36%, valor distante

daquele encontrado nas regiões do Garças-Araguaia (58,8%).

O objetivo de todo programa de rastreamento neonatal é ter a cobertura

de 100% dos RN, ou seja, devem ser colhidas amostras de sangue de todos os

recém-nascidos. Um fator que pode explicar os resultados de cobertura parcial

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Araguaiana

Barra do Garças

Campinápolis

General Carneiro

Nova Xanvantina

Novo São Joaquim

Pontal do Araguaia

Ponte Branca

Ribeirãozinho

Torixoréu

62

56

49

28

67

64

44

100

66

52

% de cobertura de TN

Page 29: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

19

do PNTN é a realização do exame por laboratórios particulares, cujos dados não

são contabilizados nos registros oficiais do Estado. Ainda, é importante citar a

deficiência ou inexistência de informação às mães, famílias e sociedade em

relação à importância da TN, além do inadequado ou inexistente envolvimento e

compromisso dos gestores municipais (BRASIL, 2018).

Segundo Botler (2010), é importante que exista uma busca continua por

uma cobertura efetiva, caracterizada pelo acesso universal ao teste executado

no momento oportuno e com a técnica adequada; haver infraestrutura para

definição do diagnóstico e tratamento; possuir um teste de rastreio adequado;

sendo esse teste aceito pela população assistida e de custo-efetivo. Com isso,

será permitido diagnóstico e tratamento precoce das doenças diagnosticadas

evitando que surjam sequelas graves ao RN.

4.2. Prevalência das doenças diagnosticadas na Triagem Neonatal

A distribuição das doenças diagnosticadas por meio da Triagem Neonatal

apresenta variação entre os municípios da região de saúde Garças-Araguaia.

A Tabela 2 indica a distribuição do número e percentual de casos de doenças

diagnosticadas em quatro municípios da microrregião Garças-Araguaia entre

2013 a 2016.

Tabela 2. Distribuição do número e percentual de casos de doenças diagnosticadas do Programa Nacional de Triagem Neonatal, em quatro municípios da microrregião Garças-Araguaia, 2013-2016.

Municípios Doenças RN

rastreados (n)

Casos

diagnosticados (n) %

Barra do Garças HC 1739 3 0,17

FC 1739 1 0,06

Nova Xavantina HC 792 1 0,13

General Carneiro FC 121 1 0,82

Pontal do Araguaia PKU 134 1 0,75

AF 134 1 0,75

(HC: hipotireoidismo congênito; FC: fibrose cística; PKU: fenilcetonúria; AF: anemia falciforme)

Page 30: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

20

Na Tabela 3, são apresentadas as prevalências das doenças identificadas

na região pesquisada.

Tabela 3. Prevalência das doenças diagnosticadas pela Triagem Neonatal considerando dez municípios da região de saúde Garças-Araguaia, 2013-2016.

Ao observar as Tabelas 2 e 3, nota-se que as doenças com maior

ocorrência entre 2013 e 2016 foram HC e FC, com uma prevalência de 1:1014 e

1:2029 RN, respectivamente. As prevalências das doenças PKU e AF

encontradas no estudo foram 1:4057 RN. As demais doenças triadas pelo “teste

do pezinho”, sendo elas hiperplasia adrenal congênita e deficiência de

Biotinidase, não foram diagnosticadas no período e região analisados.

Segundo Carvalho (2017), estudos conduzidos no Brasil sobre a

prevalência de PKU em amostras de triagem neonatal demonstraram resultados

diversos nas várias regiões do país, como citados a seguir: 1:1749 RN em

Araraquara (SP), 1:8690 em Sergipe, 1:16.334 RN no Recôncavo Baiano,

1:19.409 RN em Ribeirão Preto (SP), 1:25.313 RN no Rio de Janeiro, 1:28.309

RN no Tocantins, 1:28.862 em Santa Catarina e 1:33.068 RN no Mato Grosso.

Segundo o autor, essa importante diferença de número de casos observada

entre os Estados pode ser devida à forma de registro e ao funcionamento dos

serviços de TN.

No presente estudo, a anemia falciforme mostrou uma prevalência

diferente do que geralmente acontece no país, sendo 1:4057 RN (Tabela 3). Em

um estudo realizado na Bahia, por exemplo, notou-se uma prevalência de 1:601

nascidos vivos para a doença falciforme. De modo geral, no Brasil, a anemia

falciforme é questão de saúde pública, com importância epidemiológica em

virtude da prevalência e incidências elevadas. Esta varia de 0,1% a 0,3%,

Doença Casos

diagnosticados

Prevalência

Hipotireoidismo Congênito 4 1:1014

Fibrose cística 2 1:2029

Fenilcetonúria 1 1:4057

Anemia falciforme 1 1:4057

Page 31: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

21

dependendo do grupo e da região estudada. As regiões de prevalência mais

elevadas de portadores e afetados são Sudeste e Nordeste (COSTA et al.,

2012).

A anemia falciforme predomina na população negroide, com tendência a

atingir parcela cada vez maior da população devido ao alto grau de miscigenação

no Brasil (BRASIL, 2016; COSTA et al 2012).

Assim como a anemia falciforme na região estudada, a fenilcetonúria

também apresentou uma prevalência de 1:4057 (Tabela 4). Segundo Costa et

al, (2012), a prevalência da doença na Bahia foi de 1:16.334 nascidos vivos e,

segundo Stranrieri (2009) no Mato Grosso, a prevalência da doença foi de

1:33.068 nascidos vivos.

A PKU apresenta graves efeitos sobre o desenvolvimento do sistema

nervoso quando não tratada adequadamente e no momento oportuno. O

acúmulo de fenilalanina tem efeitos tóxicos sobre o sistema nervoso em

formação, levando ao retardo mental, que pode ser evitado com uma dieta

precoce específica com baixos teores deste aminoácido (BOTLER, 2010).

Em relação ao Hipotireoidismo Congênito, que obteve o maior índice na

região estudada (1:1044), estudos mostram que sua prevalência na população

mundial varia entre diferentes populações, com valores entre 1:20 e 1:6287

nascidos vivos, sendo as maiores prevalências verificadas em grupos étnicos

específicos (México e Bielorrússia). No Brasil, os valores obtidos em diferentes

estudos oscilam de 1:7.500 a 1:10.000 nascidos vivos. No estado do Ceará, por

exemplo, a prevalência de HC foi 1:964 e no Mato Grosso foi de 1:9.448 nascidos

vivos em 2008 (SALES, 2018; CARVALHO 2017; STRANIEIRI, 2009).

A prevalência média mundial do HC encontra-se em torno de 1:3.500

nascidos vivos, e esta patologia também pode levar ao retardo mental se não

tratado da forma e no momento adequados. A Academia Americana de Pediatria

(AAP) e a Associação Americana de Tireóide afirmam que o tratamento instituído

até quinze dias de vida é capaz de garantir o desenvolvimento neurológico

normal mesmo nos casos mais graves (BOTLER, 2010).

Page 32: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

22

Segundo Nunes et al. (2012), as crianças com HC não tratadas

precocemente terão o crescimento e o desenvolvimento mental comprometidos,

ocorrendo manifestações clínicas como: hipotonia muscular, dificuldades

respiratórias, cianose, icterícia prolongada, constipação, bradicardia, anemia,

sonolência excessiva, levedo reticulares, choro rouco, hérnia umbilical,

alargamento de fontanelas, mixedema, sopro cardíaco, dificuldade na

alimentação com deficiente crescimento pôndero-estatural, atraso na dentição,

retardo na maturação óssea, pele seca e sem elasticidade, atraso de

desenvolvimento neuropsicomotor e retardo mental.

Considerando a FC, notou-se uma prevalência de 1:2029 RN (Tabela 3), a

qual pode ser considerada elevada, visto que no Brasil a prevalência de FC é de

1:10.000 nascidos vivos, sendo encontrada prevalência maior no Rio Grande do

Sul, entre 1:5.000 e 1:8.000 nascidos vivos. Essa prevalência tão frequente para

o Estado é justificada pela variação de miscigenação e pela predominância de

caucasianos na população (JAKS, 2018).

Segundo Hortencio et al. (2014), o diagnóstico tardio de crianças com FC

ocasiona inúmeras complicações ao RN, como por exemplo, a desnutrição que

leva a retardo do crescimento, diminuição da força muscular, fadiga, infecções

respiratórias de repetição e função pulmonar diminuída. Portanto, o diagnóstico

precoce da FC facilita atenção especial ao estado nutricional, ao

acompanhamento da curva de crescimento do RN e à detecção de colonização

de patógenos nas vias aéreas superiores, os quais estão intimamente

relacionados a um pior prognóstico (HORTENCIO et al., 2014; BRASIL, 2016).

4.3. Processo da Triagem Neonatal: etapas, prazos e implicações

Levando em consideração as características das doenças triadas pelo

PNTN, podemos entender a importância da realização do exame no período

indicado (3º a 5º dia do RN) e seu resultado sendo entregue o mais rápido

possível. Desse modo, se consegue diagnosticar antecipadamente tais doenças

congênitas, de forma que estas sejam detectadas em fase precoce, garantindo,

portanto, a prevenção do aparecimento de sequelas neurológicas que podem ser

provocadas pela PKU e pelo HC, assim como reduzir morbidade e mortalidade

Page 33: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

23

das hemoglobinopatias com a introdução de medicamentos e outras formas de

tratamento em tempo adequado (MS, 2016).

O processo de TN inclui muitas etapas que vão desde a coleta do material

biológico do RN até a confirmação dos resultados, quando necessária. Dentre

muitas variáveis que podem interferir neste processo, destacam-se os prazos

para a entrega dos resultados da TN e também para o retorno dos RNs

reconvocados após o diagnóstico de alguma patologia. A Figura 3 representa o

tempo médio (em dias) decorridos em duas etapas da TN: entre a coleta do

material biológico no laboratório e a liberação do resultado, e entre a liberação

do resultado e o retorno dos RNs reconvocados, no caso de diagnóstico para

alguma patologia.

Figura 3. Tempo médio (em dias) decorridos entre a coleta do material biológico no laboratório e a liberação do resultado, e entre a liberação do resultado e o retorno dos pacientes reconvocados pelo SRTN/MT no período de 2013 a 2016, na região de saúde Garças-Araguaia.

Em relação à liberação do resultado da TN pelo laboratório, houve um

aumento no prazo médio entre os anos de 2013 (8,2 dias) e 2016 (10,8 dias).

Considerando o tempo para o retorno do RN reconvocado, notou-se uma

diminuição, sendo o prazo de 86 dias no ano de 2013 e 65 dias no ano de 2016.

0

20

40

60

80

100

2013 2014 2015 2016

8,2 8,59 9,1 10,8

86

73,5

58,165,1

Dia

s (m

édia

)

laboratório/liberação do resultado (dias) resultado/retorno do reconvocado (dias)

Page 34: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

24

Segundo o Ministério da Saúde (2016), todos os resultados dos exames

de TN deverão ser entregues às famílias, com a maior brevidade possível, assim

que a Unidade de Coleta os receba do Laboratório Especializado, fisicamente ou

por solução informatizada. Além disso, as crianças reconvocadas deverão ser

localizadas imediatamente para encaminhamento e início imediato do

tratamento. Para facilitar este processo, tempos corretos para o mesmo foram

estipulados, considerando-se até 7 (sete) dias o tempo ideal, de 8 a 30 dias

aceitável e por fim, acima de 30 dias tempo inapropriado.

É importante que haja comprometimento e rapidez para a entrega dos

resultados e reconvocação dos RN, visto que atrasos podem interferir no

tratamento e até mesmo na evolução da doença (SOUSA, 2017). Assim, a

equipe de saúde deve efetuar a busca ativa do recém-nascido portador da

doença e orientar continuamente os familiares sobre a patologia que a criança

possui, para que o tratamento não seja abandonado (VESPOLI, 2011).

Outro fator que pode influenciar no resultado e tratamento da(s) doença(s)

é o tempo de vida da criança no momento da coleta do material biológico, caso

esta seja precoce ou tardia, conforme mostrado na Tabela 4.

Tabela 4. Números (n) de coletas de material biológico para TN consideradas precoces ou tardias, na região de saúde Garças-Araguaia entre 2013 a 2016.

Município Coleta precoce (n) Coleta tardia (n)* Total rastreado (n)*

Araguaiana 2 8 94

Barra do Garças 5 343 1739

Campinápolis 11 117 709

General Carneiro 0 35 121

Nova Xavantina 8 55 792

Novo São Joaquim 1 33 233

Pontal do Araguaia 0 24 134

Ponte Branca 7 2 60

Ribeirãozinho 1 5 88

Torixoréu 0 21 87

* foram consideradas coletas precoces aquelas realizadas até 2 (dois) dias após o nascimento e coletas tardias aquelas realizadas após 15 dias do nascimento.

Page 35: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

25

De acordo com a Tabela 4, os municípios onde a coleta tardia apresentou

maior ocorrência foram General Carneiro, com cerca 29% das coletas (n=35), e

Torixoréu, com registro de 24% (n=21) do material coletado após o quinto dia do

nascimento da criança. Já as coletas consideradas precoces (período anterior a

48 horas a partir do nascimento), as cidades com maior ocorrência foram Ponte

Branca, com 12% (n=7) e Araguaiana com 2% (n=2). De modo geral, a falha

mais comum em relação ao prazo de coleta para o teste do pezinho foi a coleta

tardia, considerada nesta pesquisa como após o 15° dia de vida do RN.

Para que o programa de TN atinja seus propósitos, é necessário que todas

as etapas que compõem o processo de TN sejam cumpridas eficientemente,

tornando a equipe multidisciplinar e os familiares do recém-nascido os principais

responsáveis pelo sucesso da ação. Não basta apenas que a coleta seja feita

adequadamente e os resultados emitidos de maneira rápida e eficiente

(VESPOLI, 2011).

De acordo com o observado, nem todas as amostras encontravam-se

dentro do prazo estabelecido como aceitável para a realização da TN, visto que

foram destectadas amostras que ultrapassaram os 30 dias. Segundo o Ministério

da Saúde, o tempo ideal para a coleta das amostras é de até sete dias de

nascido, considerando o período entre oito e 30 dias como aceitável, e, acima

de 30 dias, como período inapropriado (ALMEIDA et al., 2006).

Tendo em vista os problemas relacionados ao tempo de coleta, seja esta

tardia ou precoce, é importante que haja intensificação mais ativa, no que diz

respeito a educação em saúde, principalmente voltadas as gestantes durante o

pré-natal, com orientações mais precisas e convincentes sobre a importância da

TN. Além de, fazer-se necessário também a educação e capacitação do servidor

da área da saúde que realiza o exame (BRASIL, 2016).

De acordo com Vespoli et al. (2011), a demora na coleta e,

consequentemente no diagnóstico das doenças, pode causar sequelas graves,

fazendo com que a triagem neonatal entre o 3° e 5° do RN seja essencial. No

caso de doenças como HC e PKU, o atraso no diagnóstico pode ocasionar

sequelas no sistema neurológico, como retardo mental. Já considerando a AF

podem surgir eventos infecciosos e cardiovasculares em crianças

Page 36: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

26

diagnosticadas após o prazo ideal estipulado para a coleta do material biológico.

Crianças diagnosticadas na TN com FC apresentam melhor estado nutricional,

melhor crescimento e menos hospitalizações do que aquelas com diagnóstico

clínico posterior ou tardio. Além disso, a coleta de sangue tardia eleva o risco de

complicações na criança, podendo levá-la à óbito desde o período neonatal até

fases mais tardias da infância.

Segundo Carvalho (2008), diversos fatores contribuem para que aconteça

a coleta tardia, como a falta de conscientização das famílias sobre a importância

da realização do teste, os riscos associados à ocorrência de erros metabólicos

para a saúde do nascido e o risco para novos nascimentos nas famílias. Além

disso, a falta de informação sobre a gratuidade do teste e do tratamento.

Nesse contexto, o farmacêutico junto com os demais profissionais da área

da saúde, tem um papel fundamental podendo orientar e informar a população,

principalmente as mulheres no ciclo gravídico-puerperal sobre o teste de TN,

esclarecendo acerca de sua finalidade, uma vez que a falta de informação

influencia, negativamente, em sua realização, comprometendo o diagnóstico e o

tratamento com a falta de informação acerca da importância deste exame.

Page 37: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

27

5. Conclusões

✓ O percentual de cobertura obtido na região estudada de 58,8% foi

considerado abaixo da média do estado do Mato Grosso que é de 68,36%;

✓ As doenças com maior ocorrência entre 2013 e 2016 foram

hipotireoidismo congênito e fibrose cística, com uma prevalência de

1:1014 RN e 12029 RN, respectivamente;

✓ Fatores relacionados a falhas no processo de coleta, como o fato de ser

feita de maneira tardia ou precoce, o tempo de liberação dos resultados e

a morosidade do retorno dos reconvocados também podem interferir no

processo da triagem neonatal. Em relação à liberação do resultado da TN

pelo laboratório, houve um aumento no prazo médio entre os anos de

2013 (8,2 dias) e 2016 (10,8 dias). Considerando o tempo para o retorno

do RN reconvocado, notou-se uma diminuição, sendo o prazo de 86 dias

no ano de 2013 e 65 dias no ano de 2016;

✓ O conhecimento sobre a realidade dos municípios do interior do estado do

Mato Grosso em relação ao “teste do pezinho” é uma ferramenta para

futuras ações na área de saúde, visando melhorias em todas as etapas

do processo de triagem neonatal, e consequentemente elevando sua

cobertura nesta região.

Page 38: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

28

6. Referências Bibliográficas

ABREU, ISABELLA SCHROEDER; BRAGUINI, WELLIGTON LUCIANO. Triagem neonatal: o conhecimento materno em uma maternidade no interior do Paraná, Brasil. Rev. Gaúcha Enferm. (Online), Porto Alegre, v. 32, n. 3, p. 596-601, Set. 2011. AGUDELO S. J,; SANGUINO A. L.; CARVAJAL, J. H. Hiperplasia adrenal congénita. Revista Colombiana de Obstetricia y Ginecología [Internet]. V.52, n.4, 2001. ALMEIDA, ALESSANDRO DE M. et al. Avaliação do Programa de Triagem Neonatal na Bahia no ano de 2003. Rev. Bras. Saude Mater. Infant., Recife, v. 6, n. 1, p. 85-91, Mar. 2006. ALMEIDA, C.M. L. Conhecimento das puérperas sobre Triagem Neonatal, Revisão de Literatura. Monografia do Curso de Graduação em Enfermagem, Acervo Digital São Lucas, 2016. Disponível em: http://repositorio.saolucas.edu.br:8080/xmlui/handle/123456789/1917 ANVISA, Manual de Diagnóstico e Tratamento de Doença Falciformes., 1ª Ed., Brasília, 2001. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/anvisa/diagnostico.pdf >. Acesso em 08 Mar. 2019 ATHANAZIO et al. Diretrizes brasileiras de diagnóstico e tratamento da Fibrose Cística. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v.43, n.3, p.219-245, 2017. BACHEGA, Tânia A.S.S. et al. Tratamento da hiperplasia supra-renal congênita por deficiência da 21-hidroxilase. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo v.45, n.1, p.64-72, 2001. BARRA, C., SILVA, I., PEZZUTI, I.J. Triagem neonatal para hiperplasia adrenal congênita. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 54, n.4, p. 459-464, 2012. BOTLER, JUDY et al. Triagem neonatal: o desafio de uma cobertura universal e efetiva. Ciência e saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 493-508, Mar. 2010. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE, Doença falciforme – Condutas básicas para tratamento, 1ª Ed., p. 9-57, 2012. Disponível em: <http://www.saude.gv.br/bvs>. Acesso em 14 Fev. 2019. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE, Manual de normas técnicas e rotinas operacionais, Programa Nacional de Triagem Neonatal, 2ª Ed. Ampliada, p. 15-29, 2004. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_normas_tecnicas_rotinas_operacionais_programa_triagem_neonatal.pdf>. Acesso em 14 Fev. 2019.

Page 39: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

29

CARVALHO, MDB et al. Cobertura do Programa de Triagem Neonatal em Maringá (PR), 2001 a 2006. Acta Paul Enferm., São Paulo, v. 21, n. 1, p. 89-93, Mar. 2008. CARVALHO, D. C. S. N.; MACEDO, T. C. C.; MORENO, M.; FIGUEIREDO, F. W. S. et al. Evolução do Programa de Triagem Neonatal em hospital de referência no Ceará: 11 anos de observação. Arquivos Brasileiros de Ciências da Saúde, v.42, n.3, p. 143-146, 2017. COSTA N. S., BOA-SORTE, N., COUTO, D. R. OLIVEIRA G. E., COUTO D. F. Triagem Neonatal para fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito e hemoglobinopatias no Recôncavo Baiano: avaliação da cobertura em Cruz das Almas e Valença. Revista Baiana de Saúde Pública (Online), v.36, n.1, p.831-843, jul./set 2012. Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Faculdade de São Paulo: Manual de Normas técnicas e rotinas do teste de Triagem Neonatal, 2011. Disponível em <www.hcrp.fmrp.usp.br>. Acesso em 24 Fev. 2019. Hospital Universitário Júlio Muller, Manual de procedimentos para postos de coleta do Teste do Pezinho, p.1-35, 2013. Disponível em: <www.ufmt.br/hujm/arquivos/7685b0fc36cce808510c65ad455264e4.pdf>. Acesso em 5 Mar. 2019. JAKS W. D.C, GABATZ B. I. R., SCHWARTZ E., ESCHEVARRÍA-GUANILO E. M., BORGES R. A., MILBRATH M. V., Doenças identificadas na Triagem Neonatal realizada em município do Sul do Brasil. Revista de Enfermagem e Atenção à Saúde, , v. 7, n.1, p. 116-128, Jan/Jul 2018 CAMELO JUNIOR, J. S. et al. Avaliação econômica em saúde: triagem neonatal da galactosemia. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 27, n. 4, p. 666-676, Abr. 2011. LACERDA, G., COSTA, F., DANTAS, D., COSTA, E., RESQUE, R., NASCIMENTO, A., GIACOMET, C., GOMES, M. Triagem neonatal: o panorama atual no estado do Amapá. Revista Vigilância Sanitária em Debate, sociedade, ciência e tecnologia, v.5., p.89., 2017. LUZ GS, CARVALHO MDB, PELLOSO SM, HIGARASHI IH. Prevalência das doenças diagnosticadas pelo Programa de Triagem Neonatal em Maringá, Paraná, Brasil:2001-2006. Revista Gaúcha Enferm. Porto Alegre (RS), v. 29, n. 3, Setembro de 2008. MARILIS, L., AGUIAR, M., GIANNETTI, J., JANUÁRIO, J. Deficiência de biotinidase: aspectos clínicos, diagnósticos e triagem neonatal. Revista Med. Minas Gerais (Online), v.24, p.388- 395, 2014.

Page 40: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

30

MATO GROSSO. Secretaria de estado de Saúde. Resolução CIB/MT n° 57, de 26 de julho de 2018. Dispõe sobre as diretrizes e o cronograma do processo de Planejamento Regional Integrado (PRI) e estabelece a conformação das 16 (dezesseis) regiões de saúde no Estado de mato Grosso em 06 (seis) macrorregiões. Diário Oficial do Estado, Cuiabá, 18 dez.2018. Número 27404. __________.MINISTÉRIO DA SAÚDE, Indicadores consolidados 2004 a 2011 do Estado do Mato Grosso, publicado pelo Programa de Triagem Neonatal, 2012. Disponível em: < http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2016/outubro/programa-nacional-triagem-neonatal/mato_grosso.pdf>. Acesso em 13 Fev. 2019. __________.MINISTÉRIO DA SAÚDE - Portaria SAS/MS nº 224, 2010, Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas, Fibrose Cística – Manifestações pulmonares, p 323- 337, publicado em 2010. Disponível em: < http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-fibrose-cistica-manif-pulm-retificado-livro-2010.pdf>. Acesso em 13 Fev. 2019. __________.MINISTÉRIO DA SAÚDE-Portaria SAS/MS nº1.307, Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas- Fenilcetonúria, 2013. Disponível em <http://conitec.gov.br/protocolos-e-diretrizes>. Acesso em 15 Fev. 2019 __________.MINISTÉRIO DA SAÚDE - Portaria SAS/MS nº16, Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas - Hiperplasia Adrenal Congênita, 2010. Disponível em <http://conitec.gov.br/protocolos-e-diretrizes>. Acesso em 15 Fev. 2019. __________.MINISTÉRIO DA SAÚDE- Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Biotina para o Tratamento da Deficiência de Biotinidase, Relatório de Recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – CONITEC – 06, 2012. Disponível em < http://conitec.gov.br/images/Incorporados/Biotina-final.pdf>. Acesso em 01 Mar. 2019. __________.MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada e Temática, Triagem Neonatal Biológica: Manual técnico,1ª Ed., p. 5-85, 2016. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/triagem_neonatal_biologica_manual_tecnico.pdf>. Acesso em 01 Mar. 2019. __________.MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde, Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico– NUPAD/FM/UFMG, Diagnóstico Situacional do Programa Nacional de Triagem Neonatal nos Estados Brasileiros. p. 1- 37, 2013. Disponível em < www.nupad.medicina.ufmg.br> Acesso em 1 Mar. 2019. __________.MINISTÉRIO DA SAÚDE - Portaria SAS/MS nº1161, Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas: Hipotireoidismo Congênito, 2010.

Page 41: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

31

Disponível em <http://conitec.gov.br/protocolos-e-diretrizes>. Acesso em 03 Mar. 2019. NALIN, T., PERRY, I., REFOSCO, L., NETTO. C., SOUZA, C., VIEIRA, T., PICON, P., SCHWARTZ, I., Fenilcetonúria no Sistema Único de Saúde: Avaliação de adesão ao tratamento em um centro de atendimento do Rio Grande do Sul. Revista HCPA, v.3, 2010. Disponível em: < https://seer.ufrgs.br/hcpa/article/view/15435>. Acesso em 03 Mar.2019 NUNES C. K. A., WACHHOLZ G. R., ROVER M. R. M., SOUZA C. L. Prevalência de patologias detectadas pela triagem neonatal em Santa Catarina. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia. v.57, n.5, p.360-367, 2013. REIS, F., DAMACENO, N., Fibrose cística, Jornal de Pediatria (Online) - Vol. 74, Supl. 1, 1998. Disponível em: < http://www.jped.com.br/conteudo/98-74-s76/port.pdf>. Acesso em 4 Mar. 2019 RODRIGUES et al., Diagnostico histórico da Triagem Neonatal para doença falciforme. Revista de Atenção Primária à Saúde, v. 13, n. 1, p. 34-45, jan./mar, 2010. ROSA, Fernanda Ribeiro et al. Fibrose cística: uma abordagem clínica e nutricional.Rev. Nutr., Campinas, v.21, n.6, p.725-737, Dec. 2008. SALES C. G., VIEIRA, R. M. M., Patologias detectadas pela triagem neonatal em municípios da região norte de Mato Grosso do Sul. Perspectivas Experimentais e Clínicas, Inovações Biomédicas e Educação em Saúde - PECIBES, v.02, p. 95-101,2018. Disponível em <www.seer.ufms.br/index.php/pecibes/article/download/6985/5047>. Acesso em 6 Mar. 2019. SILVA, A., CARDOSO, I., trabalho baseado na monografia “Diagnóstico da galactosemia clássica”, defendida em 12 de junho de 2008 para a obtenção da licenciatura em Análises Clínicas e Saúde Pública. Disponível em: < https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/929/2/24-34.pdf>. Acesso em 08 Mar. 2019. SOUSA M. A., SILVA A. R. F. Traço falciforme no Brasil: revisão da literatura e proposta de tecnologia de informação para orientação de profissionais da atenção primária. Revista de Medicina da UFC (Online), v.57, n.2, p.37-43, 2017. SOUZA, CAROLINA F. MOURA DE; SCHWARTZ, IDA VANESSA; GIUGLIANI, ROBERTO. Triagem neonatal de distúrbios metabólicos. Ciênc. Saúde Coletiva , São Paulo, v. 7, n. 1, p. 129-137, 2002. STRANIERI, INÊS; TAKANO, OLGA AKIKO. Avaliação do Serviço de Referência em Triagem Neonatal para hipotireoidismo congênito e

Page 42: PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DIAGNOSTICADAS PELA ... 2018_Debora...Ter conhecimento da cobertura da TN e da prevalência das doenças diagnosticadas é importante para melhorias na política

32

fenilcetonúria no Estado de Mato Grosso, Brasil. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo, v. 53, n. 4, p. 446-452, Junho 2009. TEIXEIRA, P., trabalho apresentado para conclusão do 6º médico com vista à atribuição do grau de Mestre no âmbito do Ciclo de estudos de Mestrado Integrado de Medicina, Hemoglobinopatias: Clínica, Diagnóstico e Terapêutica, Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra,2014. Disponível em: < https://estudogeral.uc.pt/bitstream/10316/26274/2/TESE.pdf>. Acesso em 8 Mar. 2019. VESPOLI, S. et al. Análise das Prevalências de Doenças Detectadas pelo Programa Nacional de Triagem Neonatal no Município de Araraquara no Ano de 2009. Revista de Ciências e Farmácia Básica Aplicada, v.32, n.2, p.269-273, Araraquara-SP, 2011.