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08.05.2010
Reflexos do ideário pedagógico da
Escola Nova na arquitectura escolar
(finais do século XIX e princípios do Século XX)
Isabel Pankow Correia dos Santos
08.05.2010
Objectivos
Este trabalho tem como objectivo:
� Caracterizar os edifícios escolares portugueses
associados ao movimento da Escola Nova
� Estabelecer uma relação entre a sua estrutura
arquitectónica e o projecto pedagógico subjacente a
este movimento.
08.05.2010
Breve Caracterização dos Ideais
Pedagógicos da Escola Nova
O termo Educação Nova surge em meados do século XIX. Designa um movimento pedagógico assente em bases científicas.
A Educação Nova apostava num ensino centrado na criança e baseado na sua experiência individual.
Apelava à formação integral (intelectual, física e moral) do indivíduo valorizando, em plano de igualdade, o ensino intelectual, a ginástica, o ensino de trabalhos manuais e agrícolas, o ensino artístico e a formação moral.
08.05.2010
Educação Integral
“Educação física e intelectual não são apenas o prelúdio da
educação moral e social; bem orientadas, constituem a mais
larga e eficaz preparação. Não se destinam a tornar a criança
um animal robusto, a mobilar o seu espírito com bons
conhecimentos, mas também a fazê-la adquirir qualidades viris
do carácter, espírito de iniciativa, autonomia, responsabilidade
pessoal; a prepará-la para se tornar senhora de si própria, que
se autogoverna e que, com um coração vibrante, se sente
solidária com os outros seres humanos.”
Faria de Vasconcelos
08.05.2010
“A Escola Nova nasceu de uma reacção contra um sistema de
“empazinamento verbal”; deseja substituir a Escola
Tradicional, muitas vezes ainda uma escola de palavras,
alucinada pela ambição de mobilhar, desde a tenra idade, a
memória de conhecimentos tão múltiplos como variados, –
por uma escola educativa, onde se devem aplicar os métodos
capazes de formar seres humanos.”
Adolfo Lima
O Movimento da Escola Nova em Portugal
08.05.2010
O Movimento da Escola Nova em
Portugal
O movimento da Educação Nova em
Portugal foi protagonizado por uma elite
progressista, constituída essencialmente
por grupos republicanos das mais diversas
ideologias políticas.
Os primórdios deste movimento
remontam a 1882.
Os ideais pedagógicos da Educação Nova
foram difundidos essencialmente através
da introdução, em muitas escolas, de
algumas práticas pedagógicas inovadoras
características deste movimento.
Fonte: Hemeroteca Digital
08.05.2010
Arquitectura Escolar
“Durante muito tempo a escola foi o próprio mestre. A casa onde vivia, único local que dispunha para essa prática, foi frequentemente esteio da estrutura educacional existente.”
“Falar de espaços educativos intencionalmente desenvolvidos para essa função é reportarmo-nos a uma realidade muito recente.”
“O nascimento de uma verdadeira arquitectura escolar tem de ser procurado na centúria de oitocentos.”
C. Manique da Silva
08.05.2010
Arquitectura Escolar
A evolução da arquitectura escolar foi determinada:
� Pela instituição da escolaridade obrigatória (1835);
(Regulamento Geral de Instrução Primária)
� Pelo desenvolvimento de novas teorias pedagógicas – novo
conceito de infância;
� Pelo desenvolvimento da medicina científica -
aparecimento de novas teorias higiénicas.
08.05.2010
Primeiras Disposições Legais
A Portaria de 20 de Julho de 1866
Foi determinante para a regulamentação da
arquitectura escolar.
Regulamentava pormenorizadamente as condições a
observar na construção de edifícios destinados a
escolas primárias.
08.05.2010
A Portaria de 20 de Julho de 1866
A situação da escola devia ser “saudável, central, de fácil
acesso, desviada de estradas de muito movimento, remota de estabelecimentos incómodos ou perigosos, quer à saúde quer à moral dos alumnos”.
O edifício escolar devia estar implantado num terreno vedado, com cerca de 600 a 900 metros quadrados de espaço disponível.
A escola devia contar, no mínimo, com uma sala de aulas, uma sala contígua destinada a recitações, biblioteca, um vestíbulo .
08.05.2010
Reflexos das Teorias Higiénicas na
Arquitectura das Escolas Novas
� As escolas deviam situar-se no campo, em locais arejados e arborizados.
� A escola devia possuir janelas amplas para facilitar a entrada de luz natural, dispor de um sistema de ventilação que permitisse o seu arejamento e oferecer instalações sanitárias adequadas.
� Nas salas de aula, o mobiliário devia ser concebido de acordo com estudos antropométricos.
� Recomendava-se a existência de espaços cobertos, para as actividades recreativas ou para a realização de exercícios físicos, independentemente das condições atmosféricas.
08.05.2010
Reflexo das Teorias Pedagógicas na
Arquitectura da Escola Nova
A implementação da educação integral requeria:
� A existência de locais adequados à prática de trabalhos agrícolas e jardinagem;
� A existência de campos de jogos, para a prática de exercício físico;
� A existência de bibliotecas destinadas à leitura e à pesquisa intelectual;
� A existência de salas, laboratórios, oficinas, e ateliers devidamente equipados para a realização de trabalhos manuais e artísticos e para a realização de experiências laboratoriais.
08.05.2010
A Escola Froebeliana da Estrela
“A Escola Froebeliana da Estrela foi a primeira instiuição educativa que em Portugal se estruturou segundo um conjunto de princípios pedagógicos da Educação Nova.”
M. H. Figueira
Fonte: Arquivo Histórico da Sta. Casa da Misericórdia
08.05.2010
Teorias Pedagógicas de Froebel
“A criança diz Froebel, é uma planta humana que tem necessidade, primeiro que tudo, de ar e de sol para crescer, desenvolver-se e expandir-se. Não a tenhais pois enclausurada em salas, cuja capacidade é, muitas vezes, insuficiente, ou em pátios cercados por todas as partes de grades e muros e habitações que impedem a renovação da sua atmosfera. As edificações nas quais se quer reunir um certo número de crianças, devem ser rasgadas por numerosas janelas, a fim de que se possa renovar o ar muitas vezes por dia.”
Teófilo Ferreira
08.05.2010
Escola Froebeliana da Estrela- Planta
Fonte: Arquivo Histórico da Sta. Casa da Misericórdia
08.05.2010
A importância da escola Froebeliana da Estrela reside no
facto de ter sido pioneira em Portugal na implementação de
ideais educativos característicos do movimento da Educação
Nova, concretizados através de um conjunto de factores:
• ao nível da localização escolhida;
• ao nível das características do projecto arquitectónico
• ao nível dos princípios pedagógicos adoptados.
A Escola Froebeliana da Estrela
08.05.2010
Conclusão
“Os arquitectos raramente têm uma boa imagem no
mundo dos pedagogos pelo oposicionismo existente entre
o aspecto dinâmico da pedagogia e o carácter permanente
das construções.”
F. Hotyat citado por C. Manique da Silva
08.05.2010
Referências Bibliográficas
• Figueira, M. H.(2004). Um Roteiro da Educação Nova em Portugal. Lisboa: Livros Horizonte.
• Ferreira T. (1882). Escolas infantis ou jardins de Froebel. Froebel revista de instrucção primária, nº1 e nº 5, 1ª série.
• Lima, A. (1924). As Escolas Novas. In Educação Social, Revista de Pedagogia e Sociologia. Lisboa, nº 15.
• Planchard, E. (1979). Introdução à Pedagogia. Coimbra: Coimbra Editora
• Silva, C. M. (2002). Escola Belas ou Espaços Sãos? Uma análisehistórica sobre a arquitectura escolar portuguesa 1860-1920. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional
• Vasconcelos, A. F. (1915). Une école nouvelle en Belgique. Paris e Neuchâtel: Delachaux & Niestlé e Librairie Fischabacher.
