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Resgate da História da Publicidade e Propaganda na Região de São
Borja – RS
LISBOA FILHO, Prof. Doutorando Flavi Ferreira - Unipampa1
Fernanda Roratto, Cândido Bronzoni, Guilherme Silveira, Guilherme Rodrigues,
Hannah Moura, Lauren Zancan, Rodrigo Balsemão, Vinícius Ferreira, Cassiano Avila,
Glaucia da Rosa, Helen Barcelos, Marcos Kisata, Tiago Buzanello, Vanessa da Rosa,
Cristian Ross, Darlan Santos, Leonardo Neves, Silas Stabile, Daniella Abi, Jarlise, Luis
Antônio, Rafael Mollmann, Robson Gottfried, Saulo Mazzuco, Wiliam Vieira, Camila
Bertazo, Caroline Welter, Daniela Casali, Mariana Schmitt e Verônica Barcelos2
Resumo
Este estudo teve como objetivo realizar um resgate da história da publicidade e propaganda no município de São Borja – RS e região. Foi o primeiro trabalho desenvolvido no município com esta intenção. A pesquisa configurou-se como projeto de ensino junto a disciplina de “Fundamentos de Publicidade e Propaganda”. Os acadêmicos iniciaram o percurso investigativo de descobrir e levantar as formas como eram veiculados os anúncios, suas principais características e o seu processo de evolução nas diferentes mídias. Os veículos de comunicação da cidade foram mapeados e agrupados da seguinte forma para viabilizar a investigação: impresso até 1970; impresso a partir de 1970; rádio AM; televisão; internet; e mídias alternativas. Foram realizadas entrevistas, visitas a museus, rádio, jornais, emissora de tevê e outras organizações para coletar os dados. Como resultado obteve-se um panorama histórico-cultural que apresenta a história da publicidade e propaganda regional e suas conexões com a evolução das mídias no município.
Palavras-Chave: Publicidade e Propaganda, História, São Borja-RS
1 Considerações Iniciais
O presente trabalho tem por objetivo resgatar a história da publicidade nos meios
de comunicação de São Borja e região. Cabe ressaltar que este estudo é inédito nestas
localidades. Para tanto, foram realizadas entrevistas com profissionais que trabalham ou
1 Professor Assistente da Universidade Federal do Pampa – Unipampa, campus São Borja, doutorando em Ciências da Comunicação, pelo PPGCom da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. (e-mail: [email protected])2 Esta investigação foi desenvolvida na disciplina de Fundamentos de Publicidade e Propaganda, com os acadêmicos que estavam matriculados no primeiro semestre do Curso de Publicidade e Propaganda em 2007/1, da Universidade Federal do Pampa – Unipampa, campus São Borja.
trabalharam nos veículos de comunicação, assim como pesquisa documental em acervos
pessoais e públicos disponíveis.
Para otimizar o esforço investigativo criamos as seguintes categorias de análise:
jornal impresso até 1970, jornal impresso após 1970, rádio, televisão, internet e “mídias
alternativas”.
Os jornais impressos até 1970 são o Jornal Uruguay e o Jornal de São Borja. Na
categoria jornal impresso após 1970 incluem-se A Folha de São Borja e a Folha
Regional. Considerou-se a rádio AM do município. No que se refere a tevê cabe
esclarecer que São Borja faz parte da região de cobertura da RBS TV Uruguaiana. Na
internet foram considerados sites das cidades de São Borja, Alegrete e Uruguaiana.
Como mídias alternativas, para este estudo, compreendem-se outdoor, busdoor,
panfletos, eletromídias e publicidades em relógios.
2 Mídia Impressa: jornais
2.1 Jornal Impresso até 1970
Em busca de relatos sobre a história da publicidade em jornais impressos
anteriores a 1970, contatamos várias pessoas ligadas a eles, e através delas encontramos
seis pessoas que viveram naquela época, e tiveram acesso direto a esses impressos.
A maioria das pessoas por nós encontradas tiveram contato com esses impressos
a partir da década de 1930. Nessa época existiam vários jornais que circulavam em nível
estadual e tinham circulação em São Borja, entre eles “FOLHA DA TARDE”,
“CORREIO DO POVO”, “DIÁRIO DE NOTICÍAS” e etc., entre tanto em nível
municipal existiam apenas dois, o “URUGUAY” e o “JORNAL DE SÃO BORJA”.
O Uruguay foi fundado pelos diretores do Partido Social Democrático - PSD,
atual Partido Popular - PP, este jornal foi reaberto várias vezes tendo em uma delas até
seu nome retificado para “URUGUAI”, mais tarde teve novamente seu nome escrito
com “Y”. Era um jornal semanal, distribuído nas bancas e também por assinatura.
Circulavam em média de 200 a 300 exemplares semanalmente. Era um jornal da arena.
Logo após a Revolução de 1964, foi marcado com fortes tendências políticas bem
divididas, havendo muita censura.
Segundo Salvador Mello o Jornal Uruguay “pesquisava nas comunidades as
realizações da época e as perspectivas sobre a situação socioeconômica considerando
que São Borja sempre foi um município estruturado na vida agropastoril.”
O Jornal de São Borja era o mais popular, fundado na década de 1940, possuía
apenas um editor, o Sr. Geraldo Ribeiro, influenciado pelos partidos PTB e PSD, o que
fazia com que o jornal fosse melhor recebido por filiados e simpatizantes dos
respectivos partidos.
As publicidades eram muito freqüentes, ocupavam até páginas inteiras do jornal.
A gramática daquela época era muito diferente da que conhecemos hoje em dia,
e segundo Idelfonso Mota a gramática foi mudando aos poucos, sendo um incomodo e
muito difícil para de adaptarem-se as novas regras.
As propagandas desses jornais eram normalmente de produto, de toda ordem,
com ênfase em produtos agropecuários e casas comerciais. Essas para serem divulgadas
no jornal tinham que primeiramente ser avaliadas pelo partido que o jornal pertencia. Os
anúncios eram em sua maioria produzidas pelas empresas e apenas publicadas no jornal,
conforme as figuras 1 e 2.
Figura 1 - Jornal Missioneiro, 1915 Figura 2 - Jornal Uruguay, 1931
Ambos os jornais tratavam de política e por isso as propagandas em sua maioria
eram políticas partidárias. As demais propagandas encontradas eram de empresas que
tinham filiais na cidade.
Os anúncios eram básicos e bastante formais, como a figura 3, e também usados
recursos de rima. Os jornais eram solicitados para agendas de teatro e cinema.
Figura 3 - Jornal São Borja, 1948
Salvador Mello lembrou de algumas publicidades vistas por ele em jornais da
cidade, cuja quais o marcaram.
“Loção Brilhante: restitui aos cabelos a cor natural e primitiva, tornando-os
macios e brilhantes.”
Com o passar do tempo os anúncios foram ficando mais elaborados e
começaram a aparecer em boxes detalhados, e em cabeçalhos e rodapés, com muitas
ilustrações, como pode ser visto nas figuras 4 e 5.
Figura 4 - Jornal Uruguay, 1931 Figura 5 - Jornal Uruguay, 1934
Anúncios de classificados apareciam com freqüência nestes jornais, além de
informativos sofre doenças que afligiam a população da época, e também publicidades
de remédios que faziam verdadeiros milagres.
2.2 Jornal Impresso após 1970
A Folha de São Borja
Com relação ao logotipo do jornal, em 1973 o logotipo era vermelho e continha
acento circunflexo na palavra “folha”. Já nos logotipos de 1992 e 2007 o acento não
existe mais e ele é impresso em preto e branco.
O jornal Folha de São Borja foi fundado em 24 de fevereiro de 1970. Segundo
informações obtidas pelo atual diretor do jornal Roque Auri Andrés a partir de sua
fundação a impressão era feita em máquinas tipográficas, que depois deram lugar a
impressão no sistema off set. Até 1992 a Folha de São Borja possuía uma impressora
própria, vendida posteriormente, levando o jornal a fazer suas impressões no município
de Santo Ângelo, onde permanece até hoje.
A Folha de São Borja era comercializada semanalmente e a partir de 1992
passou a ser comercializada duas vezes na semana.
O jornal já teve em ocasiões especiais o número máximo de tiragens de três mil
exemplares, mas o número de tiragens normal é de 2,2 mil exemplares.
A maioria dos assinantes do jornal segundo o diretor estão situados nas classes A
e B. Hoje a Folha de São Borja possui cerca de mil assinantes. A compra de espaços
publicitários de empresas é fundamental para o jornal, pois é o que garante a sua
sobrevivência. Atualmente possui treze funcionários, na produção são cerca de seis
pessoas, entre redação, reportagem, diagramação, digitação, correção e editoria, mas
contando com colunistas que colaboram com o jornal são mais de vinte pessoas que
trabalham para o seu funcionamento.
Os anúncios do jornal, normalmente eram criados por redatores, não havia
profissionais especializados em criar publicidades e propagandas. Os anúncios só não
eram criados pela folha quando havia exigência dos clientes que já traziam prontos.
Hoje os anúncios continuam em boa parte sendo criados pelos redatores do jornal,
apenas alguns são trazidos pelos clientes.
A qualidade dos anúncios cresceram nas décadas de 1970, 1980 e 1990 com as
transformações técnicas e o aparecimento de profissionais especializados no setor, os
anúncios passaram a ser melhor elaborados e com visual mais moderno. Hoje São Borja
possui uma agência de publicidade.
As peças publicitárias do jornal eram vistas pela sua eficiência e objetivo de
atingir o consumidor era realizado com qualidade, descrevia-se com clareza o que se
pretendia vender, segundo Roque Auri Andres.
A Folha de São Borja disponibiliza um vendedor para visitar as empresas e
oferecer seus serviços de divulgação, também atendem seus clientes na própria sede do
jornal.
Segundo o diretor, os anúncios normalmente oferecidos no jornal têm boa e
rápida repercussão com altos índices de retorno para o anunciante, principalmente os
que oferecem promoção em alguma mercadoria de boa aceitação. Os classificados
também possuem um retorno satisfatório.
O preço unitário do espaço no jornal para anúncios publicitários é de R$3,50 cm
por coluna, na última página o preço dobra e na capa é cobrado o triplo do valor. Em
anúncio coloridos há um acréscimo de 30%, (uma coluna tem 4,5 x 36 de altura, cada
página tem seis colunas).
Os lucros dos anúncios comercias nos jornais são significativos representam
cerca de 70 e 80% do lucro bruto total, variando nessa faixa conforme a edição.
Nos anúncios a seguir nota-se a diferença também pela utilização de cores no
anúncio de 2007:
1972 1992 2007
Observa-se também que a impressão em 1972 era impressa em tipografia e a
partir de 1992 iniciou-se a impressão em rotativa off set e continua sendo dessa forma
até hoje.
A Folha Regional
O jornal Folha Regional abrange 16 municípios da nossa região dentre eles São
Borja. Tem como diretor o senhor Cleudo Luis Irion, tendo na criação e produção de
publicidades a publicitária Renata Medeiros, residente na cidade de Santiago e como
chargista o senhor Zineli de São Borja, atualmente o jornal conta com um quadro de
quarenta e cinco pessoas envolvidas na sua produção.
O jornal sempre teve uma periodicidade semanal e o custo de um exemplar é de
R$1,00. O número máximo de tiragens do jornal é de oito mil exemplares para todos os
municípios da região, e de mil e quinhentos exemplares para distribuição em nossa
cidade, sua impressão é realizada no município de Ijuí. As assinaturas do jornal,
segundo o diretor, são feitas em número maior pelas classes A e B, e tem atualmente
oitocentos assinantes em São Borja.
As empresas investem no jornal comprando anúncios, e esses pretendem focar as
várias classes sociais. Como dito anteriormente a empresa conta hoje com uma
publicitária e um designer gráfico para a realização de anúncios publicitários. A procura
para veicular publicidade no jornal é principalmente de grandes eventos.
O principal objetivo dos anúncios encontrados no jornal é o de venda, as
dimensões dos anúncios são em cm x colunas (sendo R$3,00 o preto e branco e R$5,00
o coluna) e representam 60% dos valores arrecadados pelo jornal.
Os anúncios a seguir mostram um layout mais persuasivos e com informações de
fácil entendimento, com uma linguagem mais simplificada, com utilização de
tecnologias mais modernas tipo: corew, editor de imagens, etc.
3 Rádio Cultura AM
A Cultura AM surgiu da necessidade de se ter uma rádio na cidade, pois em
1975 a rádio Fronteira do Sul AM fechou, deixando o município sem esse tipo de
comunicação.
Um dos motivos pelos quais a rádio foi fundada foi justamente a grande procura
pelos carros de som, panfletos etc., para fazer a publicidade do comércio local, mas
havia uma insatisfação por parte do mesmo, pois esses meios não se expandiam por toda
a cidade, os carros de som giravam mais pelo centro assim como a panfletagem.
Na época em que a rádio surgiu, havia cerca de vinte funcionários com as
seguintes funções: diretor, contabilista, escriturário, corretor, gerente de programação,
locutores, programador, discotecário, operador de som, operador de gravação, atendente
de portaria e faxineira.
Havia antigamente uma caixinha (mais ou menos do tamanho de uma caixa de
sapato, de madeira, quadrada), onde ficavam os arquivos com os horários das
publicidades e dentre essas fichas os cartões com os textos publicitários das respectivas
empresas. Na medida em que o locutor avançava na programação, ele lia a ficha com o
anúncio que estava programado no arquivo para determinado horário. Isto caracteriza o
primeiro momento da publicidade nas rádios onde a mesma era realizada ao vivo
(aproximadamente de 1979 a 1983). Nessa época o responsável pela publicidade era
Manuel Moreno (in memorian).
Em um segundo momento a publicidade da rádio foi feita por um profissional
conhecido como roteirista, pois a partir de um determinado momento estes funcionários
tinham de ter uma especialização e automaticamente uma designação, por exigência das
empresas que contratavam os serviços da rádio. Assim o roteirista, fez a publicidade da
rádio durante 1984 e 2001.
Esta era assim produzida: a roteirista fazia um texto publicitário e, logo após, era
colocada uma cortina musical no anúncio, esse anúncio era mandando para outro
profissional responsável pela contagem do tempo do mesmo, para que se cortasse uma
fita cassete de forma que o tempo desce exatamente no tamanho (exemplo: para um
anúncio de trinta segundos é necessário trinta centímetros de fita...), pois era inviável
rebubinar uma fita em busca de um anúncio. As fitas eram organizadas com os nomes
das empresas na capa, eram guardadas em uma caixa retangular. Também havia um
arquivo com os horários dos anúncios de qual empresa ia ao ar em determinado horário,
as fitas eram rebubinadas logo após serem anunciadas e guardadas no mesmo lugar de
onde saíram, pois por mais que elas fossem identificadas elas possuíam uma
organização de acordo com o arquivo.
Atualmente, a rádio trabalha com programas de computador, no lugar do
arquivo, e os anúncios também são salvos no computador e programados para ir ao ar,
eles são elaborados da mesma forma que antigamente, com um roteirista responsável, a
rádio já se responsabiliza pela produção dos jingles.
Os profissionais responsáveis pela publicidade não possuem formação
acadêmica, porém possuem algum curso de especialização na área.
Com o avanço da tecnologia, a popularização do telefone, praticamente é o
público que faz a programação da rádio, a mesma só tem a função de escolher que tipo
de música vai ao ar em determinado horário.
No depoimento do diretor da rádio ele relata o seguinte, que o público-alvo para
cada anúncio é definido pelo produto. Os melhores horários para certo tipo de produto
são determinados pela experiência adquirida ao longo dos anos, já que “não há tempo”
para fazer pesquisas, para saber quem ouve a rádio e em que horário, então se supõe que
nos programas jornalísticos, por exemplo, há um público mais conservador, já em
programas musicais com participação de ouvintes presume-se que seja ouvido por uma
maioria mais popular, nos programas nativistas imagina-se o pessoal ligado ao interior
do município e assim por diante.
A rádio é um dos meios de comunicação mais baratos para a divulgação de
anúncios publicitários. Na questão de como é definido o público-alvo e quais horários
mais caros e baratos o diretor da rádio alega que, durante o dia os preços são os mesmos
e a programação é feita para atingir o maior número possível de pessoas. Não existe
segmentação. Apenas alguns horários a emissora faz programas especiais para
determinada faixa de público. Os preços dos textos gravados e incluídos no programa
não variam. Apenas os textos de patrocínio do programa podem ter maior ou menor
valor conforme o horário. Assim, a rádio não define o tipo de música que tocará pelo
preço do horário, e sim pelo suposto perfil do ouvinte de determinada programação.
4 Televisão
A RBS Uruguaiana foi fundada no dia 2 de abril de 1974. Nos primeiros anos
boa parte dos programas eram produzidos localmente. Não havia, como hoje, programas
diretos e ao vivo. Tudo era praticamente enlatado3, e pelo fato de ser um material
relativamente caro, os rolos de fita eram reutilizados, por isso há tanta dificuldade de
3 Os enlatados eram fitas dos programas, vindos de ônibus ou da RBS Porto Alegre ou da própria Rede Globo, que eram apresentados sempre com atraso sendo de um dia ou até mesmo de uma semana, como no caso do Fantástico. Todos eram em preto e branco.
encontrar programas gravados naquela época. Com isso sobravam espaços para a
estação de Uruguaiana, que produzia vários programas, não só de notícias como de
outros: entrevistas, debates, programas de auditório, musicais, todos apresentados por
pessoas da cidade.
Um dos programas de sucesso na época foi “Quando os povos cantam”. Que
começou em 1976. Levado ao ar todos os domingos, das onze às treze horas, com a
participação de cantores do Rio Grande do Sul, da Argentina e do Uruguai. No decorrer
do programa que contava sempre com um bom público, pois era de auditório, servia-se
churrasco aos participantes.
O programa alcançou sucesso extraordinário, por se o único do gênero na
televisão brasileira. Sabe-se que a televisão assumia uma parte das despesas e a outra
parte era dividida entre empresas da cidade sendo uma delas a Gráfica Universitária,
que anuncia até hoje na emissora.
Na época da instalação da RBS havia grandes oposições entre a população, pois
se dividiam entre as pessoas que eram a favor da instalação e as pessoas que eram
totalmente contra, pelo fato de pensarem que a televisão criaria problemas para o
comércio local e para as emissoras de rádio.
Quando a televisão, finalmente, se instalou em Uruguaiana acabou acontecendo,
como o pensado, um relativo desinteresse pelos programas de rádio, pois todos tinham o
desejo de aparecer na televisão. A ponto dos comerciantes, ao invés de anunciarem os
produtos que estavam à venda, colocavam no ar seus familiares para atingir um nível de
status na sociedade. Em um dos casos, o dono de um supermercado, sentado ao lado da
mulher com os filhos em seu redor. Era um italiano idoso, do tipo conservador e a
imagem no vídeo lembrava uma foto antiga do século XIX. Em certos casos era até
ornamentado o ambiente. E o propósito era mais ou menos este: compre no
supermercado X que pertence a uma família uruguaianense. Nesta época não havia
empresa especializada em publicidade na cidade de Uruguaiana. Eram os próprios
funcionários da TV que elaboravam os comerciais.
A TV Uruguaiana teve o ineditismo no país, por exibir nos seus comerciais
convites para enterros e velórios. O anúncio/convite era feito conforme a seguinte
descrição, feita por Franco Malfussi: “uma projeção de fim de tarde como fundo de tela,
com um céu cinza avermelhado e uma cruz com ramos que se projetavam em primeiro
plano. E no fundo, uma voz devidamente preparada para anunciar que os familiares do
falecido noticiavam com pesar sua morte, convidando amigos e familiares para os atos
fúnebres.”
A televisão Uruguaiana conta com inúmeras empresas de publicidade e
propaganda, hoje em dia, dentre elas: Vieira Vídeo, “Connteúdo”, Talento, Nova Era,
CNZ, Play Mídia, Krüguer propaganda, Val Vídeo, etc, todas produtoras dos VT’s de
publicidade e propaganda.
5 Internet
Os principais sites da região consistem exclusivamente em divulgar dados dos
municípios aos quais abordam. Principalmente a divulgação de dados turísticos,
culturais e sociais. As publicidades exploradas por estes sites são em formatos diversos
como, por exemplo, banners e informativos.
A internet da região também apresenta para os seus espectadores, alguns sites
com conteúdo meramente governamental. É o caso do site oficial da prefeitura de São
Borja. Em relação à publicidade legal e também sobre o que está acontecendo ou está
para acontecer na cidade, este site apresenta todas as informações necessárias para quem
busca tais informações.
Em entrevista com o responsável pelo site oficial da prefeitura de São Borja,
questionado sobre o objetivo geral do site, que está no ar desde junho de 2007,
esclareceu que a principal função é divulgar editais, o turismo e informações históricas e
geográficas do município. Também é uma das funções do site consultas ao histórico do
contribuinte além de documentos e portarias. A partir das tecnologias disponíveis neste
sistema pretende-se interligar todos os órgãos que são do município até junho/2008.
Os anúncios publicitários são exclusivamente do município. Caracterizam
propagandas governamentais ao valorizar as decisões municipais para o benefício da
sociedade. Os editais, conforme legislação constituem publicidades legais com o intuito
de publicizar algo referente à cidade.
As secretarias têm os seus espaços para divulgar os seus eventos. E eles feitos
em forma de informativos. Sobre a realização de eventos, o site apenas divulga os
eventos do município. Principalmente a Secretaria do Desenvolvimento e do Turismo.
Estas divulgam agendas e cronogramas.
Com o objetivo de fazer o resgate histórico da publicidade na região, mais
precisamente na área da internet foi entrevistado o Diretor Responsável pelo portal do
Alegrete (http://www.doalegrete.com), Leandro da Silva Ferreira.
O portal está no ar desde janeiro de 2007, atualizado diariamente, com intervalos
diferentes para cada área. O site tem como objetivo geral informar aos internautas sobre
as notícias e acontecimentos, publicações, culinária, turismo, utilidades, história do
município, e ainda conta com divulgação de projetos sociais. Esses conteúdos estão
dispostos no site em forma de links, organizados falando sobre variados assuntos. O
conteúdo de site é definido por áreas específicas e através de uma observação de
preferências do público alvo. Constituído por internautas alegretenses, que residem na
cidade ou fora. No entanto de acordo com Leandro é de interesse de o site atingir
também aquelas pessoas que ainda não conhecem a cidade.
Com relação à publicidade, o site disponibiliza locais para anúncios, que são
expostos em forma de banners que podem ser estáticos ou animados, nos seguintes
tamanhos: 145x100px, 200x50px e 390x50px.
Para todos os anunciantes serem vistos, o portal usa o critério de sortear o banner
a ser mostrado ao usuário no momento de sua visita ao portal. Todos os anunciantes
deverão possuir quantidades de visualizações aproximadas, para não haver
desigualdades, localizadas principalmente no topo do site e a esquerda abaixo do menu
principal. Os anúncios são oferecidos em todos os canais no site e na home page, podem
ser relacionados a um determinado conteúdo do canal. As empresas que atualmente
estão utilizando o site para anunciar são: O Empório, Campanha Ajude a Santa Casa,
Foletto e Google Pack.
Na cidade de Uruguaiana, o principal site sobre a cidade, que trata sobre
assuntos diversos inerentes ao município também foi estudado. O site
www.portaluruguaiana.com.br trouxe as seguintes informações.
Em entrevista com Anderson Petroceli acerca do que questionamos de quais as
funções do site supracitado, foram destacados doze principais pontos relacionados ao
site.
O site Portal Uruguaiana está no ar desde o ano de 2000, tendo o objetivo de
informar sobre os acontecimentos no meio social da cidade. A atualização é feita
diariamente e quando possível, varias vezes ao dia, procurando atingir o público que
busca informações gerais sobre o município.
O site é composto por conteúdos informativos, noticia esporte, polícia, política,
coluna social e classificados, a partir de acontecimentos da cidade de Uruguaiana e
algumas de outras cidades da região. Dentro do site são disponibilizados locais para
anúncios publicitários, onde 100% são anúncios de empresas jurídicas instaladas no
município, havendo também um classificado que funciona de forma gratuita, neles
existem diversas seções como veículos, imóveis e serviços.
6 “Mídias Alternativas”
Segundo Osmar Herberto Jungton, proprietário da empresa de publicidade e
pintura Sfink, uma forma semelhante ao outdoor já era usada a partir da década de 1960
em São Borja por ele e seu irmão Cristovam Hugom Jungton que agora trabalha em
outra cidade.
Esse similar era a pintura direta nos painéis de publicidade de modo artesanal,
que por volta de 1984 foi sendo substituída pelo modo padrão de outdoor de 32 folhas.
Esse modo de separação do outdoor trouxe uma vantagem na sua fabricação e
montagem, pois a pintura em suas folhas pode ser feita individualmente.
Todavia o outdoor passou novamente por outra mudança em sua fabricação, com
o uso da impressão digital, já está sendo produzido em lona.
O envelopamento era uma prática de publicidade em ônibus muito comum,
principalmente em épocas de campanhas eleitorais. Buscava-se essa alternativa para dar
mais visibilidade, essencial para esse tipo de propaganda.
Segundo informações da agência publicitária Dual Com, o busdoor surgiu a
partir 1996 em São Borja, mas em 2000 é que se começou a usar novas técnicas de
recorte (feita em São Borja) e impressão (realizada em Porto Alegre).
Mesmo assim, cabe dizer que a forma mais difundida de publicidade em São
Borja são os panfletos. O que deu suporte para o uso dessas práticas foi à abertura da
Tipografia Missioneira, e o direcionamento da gráfica do Jornal Correio para este tipo
de mídia por volta de 1940.
A gráfica do Jornal Correio, que passou a ser chamada Gráfica Santa Rita de
Cássia, e a Tipografia Missioneira foram criadas na cidade para dar suporte às
campanhas políticas. Ambas defendiam os interesses de sues partidos, que eram
opositores. Hoje, nenhuma das referidas gráficas funciona mais.
Outras formas de mídia mais modernas utilizadas nesta cidade só tiveram o seu
uso convencionado mais recentemente.
Por exemplo, o uso de anúncios em relógios públicos teve seu início a partir de
2001. A idéia surgiu a partir da empresa de combustíveis Texaco Pastore sem o
intermédio de nenhuma agência de publicidade.
A prefeitura também recentemente instalou um modo de mídia eletrônica com a
finalidade de demonstrar as contas do município, o que consiste em um exemplo típico
de propaganda governamental.
Considerações Finais
As publicidades nos jornais impressos eram e são freqüentes, até mesmo
ocupando páginas inteiras, ofertando produtos de toda a ordem. Nos anúncios de
classificados do primeiro período do estudo predominavam informativos sobre doenças
que afligiam a população e anúncios de remédios “milagrosos”. As propagandas em sua
maioria eram em sua essência político-partidárias.
Algo que podemos notar é a evolução das publicidades é o uso da cor, as
melhorias de imagens e das técnicas de produção gráfica. Mesmo assim, a maioria dos
anúncios ainda são feitos pelos redatores e em alguns casos pelos próprios clientes que
os trazem prontos.
A Rádio Cultura AM emergiu da necessidade de se ter uma rádio na cidade. Um
dos motivos que conduziu para sua criação foi a carência de anunciar os produtos e
serviços oferecidos pelo comércio local. Nos eventos ao vivo também eram e são feitas
publicidades, muitas vezes com a participação do público. A publicidade veiculada na
rádio era feita por um roteirista.
A tevê foi implantada em 1974, na cidade de Uruguaiana, primeiramente era
“abastecida” somente por enlatados. Depois se começou a criar programas locais. Em
1984, a cidade dos presidentes4 recebeu uma estrutura física da emissora, passando a
evidenciar os fatos do município de maneira mais próxima para dar apoio à sucursal
localizada em Uruguaiana.
4 A cidade de São Borja é conhecida como a “terra dos presidentes”, pois foi nela que nasceram os presidentes: Getúlio Vargas e João Goulart.
A internet ainda é uma mídia pouco explorada e de uso recente na região. Os
principais sites da região dedicam-se a divulgar dados dos municípios em que estão. Os
tipos de publicidade mais utilizados e mais eficazes neste meio são as que qualificam os
anúncios de caráter de serviços, genérica, produto, entre outras, onde se encontram nas
mais diversas formas de banners, informativos, colunas, janelas e Pop-up’s.
No que se refere às “mídias alternativas” pode-se averiguar que muitas dessas
mídias são novas na cidade e mesmo os mais utilizados possuem uma história muito
recente.
Embora, uma forma semelhante ao outdoor ser produzida a partir da década de
1960 em São Borja. A pintura utilizada foi sendo substituída pelo modo padrão de
outdoor de 32 folhas e posteriormente sofreu alterações em sua fabricação devido ao
uso da impressão digital. Já o busdoor surgiu a partir 1996 em São Borja, mas somente
em 2000 foi que se começou a usar novas técnicas de recorte e impressão. O uso de
anúncios em relógios eletrônicos teve seu início a partir de 2001.
Ao término de um trabalho de pesquisa sempre ficam novas inquietações e
questionamentos, que originam novos estudos. No entanto, pelo ineditismo do trabalho
acredita-se que o objetivo central foi cumprido. A história da publicidade e propaganda
em São Borja começou a ser resgatada.
Referências Bibliográficas
ANDRES, Roque Auri. Diretor do jornal Folha de São Borja: entrevista [jul. 2007]. Entrevistadores: Cândido Bronzoni e Leandro Fernandes: 12 de julho de 2007.BERTOMEU, João Vicente Cegatto. Criação na propaganda impressa. São Paulo: Futura, 2002.DUAL COM. Entrevista [jul. 2007]. Entrevistadores: C. de Avila, G. Barcelos, H. Barcelos, T. Buzanello e V. da Rosa. São Borja: 2007.IRION, Cleudo Luis. Diretor Grupo Editorial A FOLHA: entrevista [jul. 2007]. Entrevistadores: João Francisco. São Borja: 12 de julho de 2007.JUNGTON, Osmar Herberto. Entrevista [jul. 2007] Entrevistadores: M. Kisata e T. Buzanello. São Borja: 2007.OGDEN, James R. Comunicação integrada de marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2002.PINHO, J. B. Comunicação em marketing: princípios da comunicação mercadológica. Campinas, 2001.PINTO, Renato N. Entrevista [jul. 2007]. Entrevistadores: M. Kisata e T. Buzanello. São Borja: 2007.RAMOS, R. Propaganda. São Paulo: Global, 1998.TAHARA, Mizuro. Mídia. São Paulo: Global, 2004.
