Revista Pesca Corvina

Embed Size (px)

Citation preview

Revista

Abril/Maio de 2009 - Ano VII - Nmero 33

Fechamento autorizado. Pode ser aberto pela ECT

9912228749/2008-DR/SC

SINDIPI

Um dos peixes mais importantes para a pesca na costa sUdeste e sUl do Brasil

Corvina

ENTREVISTA PAulo RICARdo PEzzuTo

PEIxE NA dIETA dA gESTANTE

PESCA PodE TER MINISTRIo

2

Revista SINDIPI

nDICEEditorial....................................................................................................................4 Palavra do Presidente ..........................................................................................6 Entrevista - Paulo Ricardo Pezzuto .........................................................................8 Especial - Aprovao de Ministrio deve fortalecer setor pesqueiro.................12 Entidade - Notas....................................................................................................14 Entidade - Sindipi completa 29 anos de histria..............................................18 Espcie - Corvina: Peixe que pode viver por mais de duas dcadas.............20 Pesca - A arte de confeccionar redes de pesca passa de pai para filhos..........24 Pesquisa - Pesquisadores a bordo de barcos de Emalhe .................................26 Economia - Inovao tecnolgica e o impacto no consumo.............................28 Consumo - Caminho do peixe............................................................................30 Consumo - Olha o camaro fresquinho.............................................................32 Sade - Centro de Atendimento ao Trabalhador...................................................34 Sade - Peixe durante a gravidez aumenta a inteligncia das crianas..........36 Tempo - O inverno se aproxima e, com ele, aumentam os perigos em alto-mar.......38 Turismo - Uma viagem pelo rio Cachoeira de JetBus.......................................40 Arte - O mar de mos dadas com a arte...........................................................44 Gastronomia - Receitas de corvina.................................................................46 No esquea - Novidade no Sindipi para associados.....................................50 Mensagem - Pescador.........................................................................................50 Sade - Peixe na gravidez Espcie - CorvinaJoo Souza Divulgao

Especial - ministrio da pescaChristiane Pinheiro

A Revista Sindipi uma publicao do Sindicato das Indstrias da Pesca de Itaja e Regio Diretoria do Sindipi: Dario Luiz Vitali (Presidente); Giovani Genzio Monteiro (Vice-Presidente); Edson Vaz Pires (Tesoureiro)- Departamento Jurdico: Marcus Vincius Mendes Mugnaini(OAB/SC 15.939)- Sede: Rua Lauro Muller, 386, Centro, Itaja, Santa CatarinaCep:88301-400; e-mail: [email protected] Fone: (47)3247-6700 site: www.sindipi.com.br. Coordenao Editorial: Dario Luiz Vitali. Jornalista Responsvel: Christiane Pinheiro (SC 01044 JP); Colaborao: Jornalista Soraya da Silva e Coordenador Tcnico Roberto Wahrlich. Designer Grfico: Geraldo Rossi; Direo Comercial: SINDIPI; Fotografia: Marcelo Sokal, Joo Souza, Christiane Pinheiro, divulgao Sindipi e Conselho Nacional de Pesca e Aquicultura; Revisor: Joo Francisco de Borba; Impresso: Grfica Impressul - Circulao: setor pesqueiro nacional, profissionais do setor, parlamentares, imprensa.As matrias jornalsticas e artigos assinados na Revista Sindipi somente podero ser reproduzidos, parcial ou integralmente, mediante autorizao da Diretoria. A Revista Sindipi no se responsabiliza por conceitos emitidos em artigos assinados. Eles no representam, necessariamente, a opinio da revista.

Fale conosco: REDAO: envie cartas para a editora, sugesto de temas e opinies: [email protected] PUBLICIDADE: com Antnio Carlos Corra, Fone: 47 33431456 / 47 84080721; e-mail: [email protected]

w w w. s i n d i p i . c o m . b r

NoVo TElEFoNE SINdIPI 47 3247-6700Foto capa: Marcello Sokal.

EDItORIAL

M

inha primeira revista do Sindipi. Mais um desafio aceito. Esse, com sabor especial, gosto de sade e repleto de lembranas da infncia, quando esperava dias pelo meu pai, que atuou como pescador por mais de 20 anos. Quero neste primeiro espao agradecer a todos que indireta ou diretamente contriburam com esse trabalho. Rico, diga-se de passagem. Nesta edio, que tenha certeza leitor, foi produzida com muito carinho, voc acompanha uma srie de reportagens interessantes. Muita informao, entretenimento, dicas de sade e servios. Para os pescadores e empresrios da pesca, uma boa notcia, foi aprovado pela Cmara dos Deputados Federal o Projeto de Lei que transforma a Secretaria Especial de Pesca e Aquicultura em Ministrio. Voc trabalhador tem aqui a oportunidade de conhecer servios que esto sua disposio, como na rea da sade e em cooperativa de crdito. A revista de abril e maio, por isso produzimos uma matria em homenagem ao Dia das Mes. Vamos falar de sade, peixe na dieta da gestante. Nesta edio tambm registramos os 29 anos do Sindipi, comemorados no ltimo dia 28 de abril. O pescado escolhido para ilustrar a capa foi a corvina. Nesta edio, voc conhece um pouco sobre esse saboroso pescado, em uma reportagem que teve a colaborao especial de Roberto Wahrlich - coordenador tcnico do Sindipi, e tem a oportunidade de testar em casa duas deliciosas receitas: eu provei e aprovei. Os principais acontecimentos de maro e abril na entidade, informaes sobre pesquisas pesqueiras, na entrevista com o professor, doutor e pesquisador Paulo Ricardo Pezzuto, do CTTMar da Univali, o trabalho dos pesquisadores a bordo, tudo isso voc confere nas prximas pginas. Para produzir uma publicao importante como esta, temos que nos dedicar de corpo e alma e, acima de tudo, amar o setor, levantar a bandeira do consumo de peixe e da preservao do meio ambiente, e o que estou fazendo com muito carinho. Quero registrar aqui a minha felicidade de ter a oportunidade de estar to prxima da pesca, de buscar o

melhor ngulo para as fotos, de conversar com profissionais to ricos de conhecimento, com histria mpar, como a dos redeiros que herdaram o ofcio/arte do pai. A revista uma prestao de servio com pitada de sade, entretenimento, arte, cultura e conhecimento do setor. Esperamos que voc aprove as reportagens, que uma ou outra ou todas, contribuam com o seu crescimento pessoal e profissional! Tenha uma tima leitura e at a prxima edio!

Christiane Pinheiro Editora

A revista um instrumento que visa atender os seus anseios, envie suas sugestes de pauta [email protected] 47 3347-6700

4

Revista SINDIPI

Revista SINDIPI

5

PALAvRA DO PRESIDEntE

A PESCA NO CONTEXTO DA CRISEExiste um ditado que diz: Quer conhecer algo ou algum? D tempo e poder.

O

setor pesqueiro, como os demais setores da economia - aqui falo de forma globalizada -, ainda esto acordando para a verdadeira realidade desta crise. Talvez passe de forma mais amena, talvez no. Porm, pode deixar graves sequelas. Quero colocar aqui, prezado associado, e demais leitores que, na crise que conhecemos nosso verdadeiro valor. O momento exige postura firme e ter convico de que, independentemente dos prognsticos e anlises feitas, o futuro est sempre adiante. neste futuro que estamos apostando, pois acreditamos que o setor sofrer nos prximos anos uma grande reviravolta. O pescado j est consolidado em nosso hbito alimentar como uma protena extremamente saudvel e seu consumo percapta tende a aumentar ano a ano. Hoje, o consumidor tem sua disposio vrias alternativas de produtos, seja da cadeia produtiva extrativa ou oriundos da aquicultura. Devemos basear-nos nesta realidade para enfrentar este momento pelo qual passa a economia mundial. Investir em pesquisas e tecnologias, pois no momento em que este quadro apresentar sinais de mudanas, ns j estaremos acompanhando a retomada. Continuamos irredutveis na proposta de que o nosso setor precisa de desonerao, pois esta seria a ferramenta ideal para passarmos com segurana pelo momento em que vivemos. A realidade atual nos d a certeza necessria de que todo aporte que houver no setor ser um forte estmulo para o crescimento. Nesta segunda parte, gostaria de discorrer um pouco sobre o tema MAP (Ministrio da Aquicultura e Pesca), recentemente aprovado na Cmara dos Deputados, e que ir para o senado. de longa data que o setor sonha com isso, porm, queremos um ministrio forte, com as devidas competncias. Temos a certeza de que este momento est muito prximo e que passaremos definitivamente a fazer parte do primeiro time.

NO DEIXEMOS DESABAR AS PAREDES DA ALMA, POIS AS MATERIAIS SO RECUPERVEIS.

Dario Luiz Vitali Presidente do Sindipi

6

Revista SINDIPI

Revista SINDIPI

7

EntREvIStA

PAulO RICARDO PEzzuTOum mIlhO DE TONElADAS fORAm CONTROlADAS PElO PROgRAmA DE ESTATSTICA PESquEIRA INDuSTRIAl DE SANTA CATARINAFotos: Christiane Pinheiro

dia trs de maro foi histrico. O Programa de Estatstica Pesqueira Industrial de Santa Catarina, desenvolvido desde outubro de 2000 pelo Grupo de Estudos Pesqueiros do Centro de Cincias Tecnolgicas da Terra e do Mar da Universidade do Vale do Itaja (GEP/ Cttmar/Univali), com o apoio da

O

Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidncia da Repblica (Seap/PR) registrou a marca de um milho de toneladas. O coordenador do programa o entrevistado desta edio. O professor Paulo Ricardo Pezzuto, pesquisador do curso de Oceanografia da Univali desde 1994 possui um currculo invejvel. Oceangrafo, mestre em

Oceanografia Biolgica e doutor em Zoologia, ele coordena o Programa de Estatstica Pesqueira Industrial de Santa Catarina desde o seu incio. Nesta entrevista ele esclarece o que estatstica pesqueira, qual a finalidade, como feita e de que forma o empresrio do setor pode contribuir. Aconselho voc a ler na ntegra a entrevista que est bem interessante.

Revista SINDIPI 88 Revista SINDIPI

Sindipi Como so coletados os dados do Programa de Estatstica Pesqueira? Qual o objetivo? Pezzuto - A marca histrica, contabilizada quilo a quilo pela equipe de Estatstica Pesqueira do GEP foi , registrada mediante o controle dirio de mais de 46.500 operaes de descarga da frota pesqueira industrial, realizadas principalmente nos portos de Navegantes, Itaja, Porto Belo e Laguna. A Univali tem sido a nica instituio de ensino a realizar essa atividade de maneira continuada em todo o pas, gerando informao em quantidade e qualidade suficientes para atender s melhores expectativas do governo e da sociedade. Por meio deste trabalho, so coletados, processados e disponibilizados os dados oficiais sobre a pesca industrial em Santa Catarina. Com eles, governo, setor produtivo, comunidade cientfica e demais interessados podem obter de forma rpida e eficiente as informaes necessrias para gerenciar a atividade pesqueira na regio, que responsvel por mais de um quinto de toda a produo pesqueira marinha desembarcada anualmente no Brasil. Sindipi Onde feita a estatstica? Pezzuto Temos uma equipe de campo que percorre diariamente os pontos de descarga em quatro cidades do Estado. Em Itaja, Navegantes e Porto Belo, essa equipe pode ser facilmente identificada pelos uniformes da Univali e pelo veculo Kombi, dotado de logotipos da Universidade e da Seap/ PR. Em Laguna, temos uma funcionria postada diretamente no cais do Porto, onde se concentram os desembarques. Todos os dados coletados so trazidos para o Campus da Univali, em Itaja, onde uma equipe de processamento se responsabiliza pela sua organizao, anlise da qualidade, insero no banco de dados e divulgao dos produtos sociedade. Sindipi O programa desenvolvido pelo Grupo de Estudos Pesqueiros do Centro de Cincias Tecnolgicas da Terra e do Mar da Univali. Quem so os integrantes e quais os pontos fortes desse programa?

Pezzuto Uma grande equipe formada por professores pesquisadores, oceangrafos, bilogos, gegrafos, analistas de sistemas, tcnicos em pesca e estudantes de graduao responsvel por todo o trabalho, que inclui desde o desenvolvimento e manuteno de um grande banco de dados informatizado, at a coleta das informaes no cais e sua divulgao por meio de diversos produtos. Alis, a divulgao dos resultados um dos pontos fortes do projeto. Uma das maiores queixas que o setor produtivo, governo e os prprios cientistas sempre tiveram da estatstica pesqueira nacional, era o longo intervalo de tempo existente entre a coleta dos dados no cais, e a divulgao dos nmeros finais sociedade. Esse intervalo dificultava a prpria sobrevivncia dos sistemas estatsticos, pois muitos pescadores e industriais

das empresas no envio das informaes para o GEP/Univali. Sindipi Como esses dados so divulgados, e para que tipo de pblico? Pezzuto A forma como os dados so divulgados depende do pblico-alvo e do objetivo. Relatrios especficos podem ser gerados a qualquer tempo para atender a solicitaes de pesquisadores do GEP/ Univali ou de outras instituies que estudam as pescarias ou as espcies capturadas. O mesmo tambm ocorre com a Seap/PR ou outros rgos de governo, que muitas vezes necessitam de informaes mais detalhadas para embasar suas polticas voltadas ao setor pesqueiro. Exemplo disso ocorreu no segundo semestre do ano passado, quando surgiu uma

Por meio deste trabalho, so coletados, processados e disponibilizados os dados oficiais sobre a pesca industrial em Santa Catarina. Com eles, governo, setor produtivo, comunidade cientfica e demais interessados podem obter de forma rpida e eficiente as informaes necessrias para gerenciar a atividade pesqueira na regio.no viam vantagem em fornecer informaes que, quando fossem divulgadas, j seriam coisa do passado. O sistema desenvolvido pelo GEP/Univali mudou esse quadro radicalmente, ao menos em Santa Catarina. Atualmente, mais da metade de todos os desembarques monitorados tm seus dados processados e disponibilizados em no mximo trs dias corridos. J 75% dos desembarques esto disponveis em at um ms aps a chegada do barco no porto. Esse tempo pode ser ainda mais reduzido, dependendo da colaborao grande polmica sobre a situao da pesca da sardinha-verdadeira. Naquela ocasio, chegou-se a cogitar uma moratria da pesca ou mesmo uma drstica reduo na frota autorizada a pescar esse recurso. Os dados estatsticos produzidos em Santa Catarina no final do ano foram fundamentais para ajudar a mostrar a situao da pesca e balizar as decises de ordenamento. O grupo tambm edita anualmente o Boletim Estatstico da Pesca Industrial de Santa Catarina, publicao impressa com tiraRevista SINDIPI 9 Revista SINDIPI 9

gem de 2,5 mil exemplares, a qual distribuda gratuitamente para todo o setor pesqueiro, bibliotecas de instituies de ensino e pesquisa, rgos pblicos, poderes legislativo e executivo nas esferas federal, estadual e municipal, cientistas, administradores e demais interessados na pesca. Por fim, tambm disponibilizamos, de

por exemplo. Alm disso, quando direcionadas para o pblico em geral, as informaes so sempre agrupadas, impedindo qualquer tipo de identificao individual da fonte. Isso garante no apenas a segurana de quem fornece os dados, mas a veracidade das informaes prestadas e a prpria sobrevivncia do programa.

Pezzuto Ningum consegue gerir um negcio, produzir respostas confiveis s perguntas cientficas, ou produzir polticas que resultem em benefcios concretos para a sociedade sem informaes reais acerca do que est ocorrendo. Imagine o Ministrio da Agricultura funcionando sem as informaes do IBGE e de outras instituies que produzem dados atualizados sobre a agricultura e a pecuria do pas. Como poderiam ser definidas as polticas de incentivo, de pesquisa, de gerao de alimentos, de promoo do agronegcio, de negociao dos nossos produtos no mercado internacional nessa rea vital para o Brasil, sem se saber o que est ocorrendo no campo? Na pesca no diferente. Ainda mais no mundo globalizado, no qual as decises so tomadas de maneira cada vez mais rpida, imprescindvel que tenhamos uma gesto profissional do negcio da pesca. E isso passa pela manuteno de um sistema eficiente de gerao e divulgao de dados confiveis. Sindipi O programa tem como meta contabilizar todos os desembarques feitos no Estado. Como vocs procuram atingir essa meta? Pezzuto Para garantir que praticamente todas as descargas sejam registradas e que as informaes tenham qualidade, so coletados e comparados diversos tipos de dados. O primeiro so as entrevistas realizadas com os mestres das embarcaes diretamente no cais das empresas, de segunda a sexta-feira em horrio comercial. At o momento, j foram realizadas mais de 20.000 entrevistas nos quatro principais portos do estado. Sindipi E os desembarques realizados fora do horrio comercial? No so contabilizados? Pezzuto Claro que so. Eles so cobertos principalmente pelas fichas de produo, que so formulrios preenchidos voluntariamente pelas prprias empresas ou armadores, contendo os dados de pesagem de cada espcie descarregada pelas embarcaes. Alm disso, tambm inclumos no banco os dados obtidos pelos observadores cientficos que acompanham as viagens

Pesquisadores prontos para coleta de dados

maneira nica no pas, uma srie de opes de consultas on-line em nossa pgina da internet (www.univali.br/gep). L os dados de produo so atualizados diariamente de maneira automtica, fornecendo um panorama da pesca industrial catarinense quase que em tempo real. Sindipi Mas no h problemas em divulgar os dados das embarcaes e das empresas para o pblico? Pezzuto Na verdade no, pois qualquer que seja a forma de divulgao que adotamos, as informaes individuais das empresas e das embarcaes so mantidas no mais absoluto sigilo, sendo utilizadas exclusivamente para pesquisa, nunca para aes de fiscalizao, 10 10 Revista SINDIPI Revista SINDIPI

Sindipi O trabalho realizado pelos pesquisadores da Univali beneficia principalmente o setor pesqueiro da regio? Pezzuto A princpio sim, visto que o nosso programa de estatstica pesqueira abrange apenas desembarques realizados em Santa Catarina. Contudo, levando em considerao a grande participao do Estado na produo pesqueira nacional e tambm a extensa rea de atuao das nossas embarcaes, que em geral abrange desde o Esprito Santo at o Rio Grande do Sul, as informaes coletadas pelo programa acabam gerando um impacto que se estende por toda a regio SudesteSul do pas. Sindipi Porque os dados so fundamentais para a pesca catarinense?

de pesca de diversas embarcaes, inclusive no mbito do recente convnio celebrado entre a Univali e o Sindipi. At 2005 o GEP/Univali tambm processava os mapas de bordo entregues pelos mestres, mas esse trabalho foi encerrado desde ento, pois o governo entendeu que o processamento desses formulrios deveria ser feito exclusivamente pelo Ibama ou pela Seap/PR. Muitas vezes, a mesma viagem de pesca acaba sendo registrada por mais de um mecanismo (por exemplo: por entrevista e ficha de produo). ai que se pode avaliar a qualidade do dado que informado, comparando-se aquilo que dito pelo mestre e pela empresa onde o pescado foi descarregado. Em menos de 2% dos casos h diferenas grandes a ponto de se ter que descartar o dado. Isso mostra a tima qualidade das informaes que so repassadas ao GEP/Univali pelas empresas, armadores e mestres h mais de oito anos ininterruptos. Como consequncia, o estado dispe todo dia, de um retrato slido e confivel daquela que um dos seus maiores orgulhos: a atividade pesqueira. Sindipi Que outro tipo de servio presta o GEP da Univali? Todos podem acessar? Pezzuto A estatstica pesqueira apenas um dos programas e projetos desenvolvidos pelo grupo. Como estamos dentro de uma universidade, atuamos primariamente formando recursos humanos nos cursos de graduao em Oceanografia, Biotecnologia e Engenharia Ambiental, e nos programas de Mestrado e Doutorado em Cincia e Tecnologia Ambiental, mantidos pela Univali. Alm disso, temos uma extensa lista de aes que inclui a pesquisa sobre a biologia, ecologia e pesca de inmeras espcies, sobre a dinmica das frotas pesqueiras, tecnologia de pesca, economia, qualidade do pescado e interao entre o ambiente e os recursos pesqueiros. Tivemos uma participao importante no desenvolvimento inicial dos atuais programas de rastreamento de embarcaes por satlite e de observadores cientficos, ferramentas modernas de pesquisa e controle que so aplicadas igualmente nos principais pases do mundo. Nosso grupo ain-

da participa ativamente de praticamente todos os fruns locais, regionais e nacionais de ordenamento pesqueiro, fornecendo subsdios para as tomadas de deciso. Muitas dessas aes e produtos esto disponveis em nossa pgina na internet. Tambm uma poltica do grupo manter-se sempre disposio para atender a todos que desejarem ter mais informaes sobre nossas atividades, bastando telefonar, enviar um e-mail ou agendar uma visita aos nossos laboratrios. Nesse sentido, a recente parceria do GEP/Univali e do Sindipi tem sido excepcional, permitindo um maior intercmbio de idias e informaes entre todos, o que certamente trar benefcios mtuos em curto prazo.

dos formulrios em branco e pelo seu posterior recolhimento nos locais e horrios que forem mais convenientes ao empresrio. Para isso, basta entrar em contato conosco para acertar os detalhes. O Sindipi tambm tem sido um grande parceiro nesse processo e pode ajudar a tirar quaisquer dvidas, atravs da sua coordenao tcnica. O empresrio que tambm desejar se cadastrar em nossa mala-direta para receber os boletins estatsticos gratuitamente, deve entrar em contato com o GEP/Univali pelo telefone 3341-7824 ou pelos e-mails gep. [email protected] ou [email protected].

Imagine o Ministrio da Agricultura funcionando sem as informaes do IBGE e de outras instituies que produzem dados atualizados sobre a agricultura e a pecuria do pas. Como poderiam ser definidas as polticas de incentivo, de pesquisa, de gerao de alimentos, de promoo do agronegcio, de negociao dos nossos produtos no mercado internacional nessa rea vital para o Brasil, sem se saber o que est ocorrendo no campo? Na pesca no diferente.

Sindipi De que forma o empresrio pode contribuir com a Estatstica Pesqueira? Pezzuto O empresrio que ainda no contribui com nosso programa e que desejar faz-lo deve nos encaminhar suas fichas de produo. importante lembrar que esse um programa desenvolvido pela Univali atendendo a uma demanda oficial da Seap/ PR que est patrocinando a estatstica pesqueira em todo o Brasil. Ns nos responsabilizaremos pelo fornecimento

Sindipi O GEP tem novidades para os prximos meses? Pezzuto Sim, em breve lanaremos uma nova verso da nossa pgina eletrnica totalmente atualizada, que promete ser muito mais informativa, moderna e com novas opes de consulta aos dados estatsticos. Aguardem!

Entrevista: Christiane Pinheiro

Revista SINDIPI 11 Revista SINDIPI 11

ESPECIAL

APROvAO DE mINISTRIODEvE fORTAlECER SETOR PESquEIRODeputados federais aprovam Projeto de Lei 3.960/2008, que transforma a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidncia da Repblica em Ministrio da Pesca e Aquiculturareunio ordinria do dia 25 de maro, da Cmara dos Deputados Federais, foi especial para o setor pesqueiro. Os parlamentares discutiram e votaram o Projeto de Lei 3.960/2008, de autoria do Poder Executivo Federal, que visa transformar a Secretaria Especial de Aqicultura e Pesca Seap em Ministrio da Pesca e Aquicultura. De acordo com o associado do Sindipi e colaborador de uma empresa de pesca, do Balnerio de Piarras, Irio Rossa, que esteve em Braslia durante a sesso, os parlamentares criaram uma comisso especial , por entender que o assunto era muito importante. A comisso da agricultura, que trata sobre o tema resolveu criar a comisso especial,com membros da prpria comisso de agricultura. A comisso teve como presidente o deputado Flvio Bezerra(PMDB) do Cera , o relator da matria foi o deputado Jos Airton Cirilo(PT) tambm do estado cearense. O projeto deu entrada na cmara dos deputados em novembro de 2008, tendo como autor o Presidente da Repblica. Santa Catarina foi representada pelos deputados Celso Maldaner (PMDB) e Odacir Zonta(PP). Durante a sesso a comisso relatou e votou a matria, que foi aprovada. O Projeto agora segue para a Cmara dos Senadores, que sendo aprovado passa para as mos do presidente Luiz Incio Lula da Silva, para ser promulgado, se assim for ser criada ento o Ministrio. 12 Revista SINDIPI

A

Divulgao CONEPE

deputados Federais votam projeto que cria Ministrio da Pesca

O que o setor pesqueiro ganha com essa deciso?A principal vantagem com certeza ser a definio de uma poltica nacional da pesca e aqicultura. Transporte, beneficiamento, transformao, comercializao, abastecimento e armazenagem, assim como fomento a produo, organizao do setor, conceder licenas de pesca, de criao de pescados em geral so alguns dos pontos positivos, que a criao do Ministrio pode provocar no setor. Para Irio o mais importante benefcio ser a criao de um Centro de Pesquisa de Desenvolvimento da Aqicultura e Pesca, centro esse que deve ser amadurecido juntamente com a EMBRAPA Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuria, veiculada ao Ministrio da Agricultura. O centro deve prestar informaes tcnicas e detalhada de toda a atividade. O mais importante que a pesca ter um endereo em Braslia, isso o mesmo que deixar de ser rfo e ter um pai assim que criado destaca Rossa. Santa Catarina j se destaca no setor, em Braslia. J que o mais importante cargo na Seap ocupado pelo catarinense, Altemir Gregolim.

O apoio das entidades pesqueirasOs proprietrios de indstria de pesca de Itaja e regio apoiaram a iniciativa. O posicionamento positivo

veio do Sindicato da Indstria da Pesca de Itaja - Sindipi, representantes do Conepe Conselho Nacional da Pesca e Aquicultura do Rio de Janeiro, dos pescadores artesanais, dos presidentes e colnias de pescadores, assim como o trabalho do deputado Odacir Zonta, que mesmo sendo do oeste catarinense, fez questo de lutar pela criao do ministrio, com poderes inclusive de atuar com a Embrapa, com sua estrutura e seus terceiros, em um trabalho de monitoramento, aconselhamento e especialmente de pesquisa, para o setor pesqueiro.

Divulgao

Palavra do relatorO deputado federal Jos Airton Cirilo, relator da matria salientou a importncia estratgica da criao do novo Ministrio para os que vivem da pesca e para o meio ambiente. Para ele a criao do Ministrio um resgate histrico da classe dos pescadores, que sempre foi marginalizada, porm hoje o governo tem a oportunidade de responder as demandas do setor. Para Cirilo a nova pasta se consolida pelo consenso e sobre a importncia e ainda visa trabalhar todas as etapas da cadeia produtiva, estimular o crescimento da produo de pescado no pas, de forma sustentvel, a resguardar os direitos dos pescadores e a construir mecanismos eficientes de regulao e fiscalizao dos recursos pesqueiros.

diretoria do Sindipi recebe mais informaes sobre Ministrio da Pesca

Medida revogadaEm agosto de 2008 uma medida provisria havia sido revogada, este ano mais um ms de impasse, o novo texto passou pela comisso especial na Cmara e agora segue para o Senado. Entre as mudanas apresentadas est a predominncia do novo Ministrio do Meio Ambiente MMA,na regularizao e fiscalizao do uso de recursos pesqueiros. No texto original, as competncias seriam compartilhadas. Cirilo acredita que a criao desse Ministrio, deve resolver o impasse entre empresrios e pescadores, quando estes tero um rgo para dialogar a respeito dos gargalos que impedem o

desenvolvimento da pesca no Brasil. Como relator o deputado alerta para a necessidade dos ministrios da Pesca e Meio Ambiente atuarem de forma conjunta e sobre o uso sustentvel dos recursos pesqueiros, pois esse fato facilita e traz organizao fundamental para a atividade da pesca, principalmente para a fiscalizao, essencial para o desenvolvimento sustentvel . Para os que ainda no vem a necessidade da criao do Ministrio o deputado lembra que, embora a nova pasta possa gastar R$ 17 milhes por ano, o valor inexpressivo para uma atividade que emprega trs milhes de pessoas e contribui com R$ 5 milhes para o Produto Interno Bruto(PIB) do Brasil. O parlamentar acredita que a criao do Ministrio seja um fato histrico e necessrio para o desenvolvimento do pas que possui uma imensa costa pesqueira.

Diretoria do Sindipi apia a criao do MinistrioA empolgao do setor com mais uma vitria no processo de criao do Ministrio da Pesca evidente. Afinal, ser um grande triunfo ter endereo

prprio em Braslia. O vice-presidente do Sindipi, Giovani Genzio Monteiro, e o secretrio municipal da pesca, Agnaldo Hilton dos Santos, estiveram presentes durante as ltimas negociaes que levou aprovao do projeto na Cmara dos Deputados, no dia 25 de maro. A expectativa geral que as demandas e projetos saiam das gavetas e do papel mais rapidamente. O setor produtivo amadureceu muito e merece ateno e respeito dos rgos federais. Est na hora de organizar a pesca e precisamos do comprometimento srio, com pessoas que realmente esto interessadas na busca pela pesca sustentvel e consciente no Pas, destaca Monteiro. A unio entre os rgos responsveis e o prprio setor a forma mais adequada para dirimir os gargalos da atividade, nas questes referentes moratria do cherne e publicao da Instruo Normativa n 5/2004, entre outras de igual importncia.

Texto Christiane Pinheiro

Revista SINDIPI

13

EntIDADE

Associado do Sindipi visita vip na sede da entidadeDivulgao Sindipi

Diretoria da RIC/Record SC visita a sede da entidade e Coordenador Tcnico fonte para reportagens em emissora localDivulgao Sindipi

Para fazer com que o associado se sinta em casa, o Sindicato das Indstrias da Pesca de Itaja (Sindipi), inaugurou um espao especial para receb-los. Todos que necessitam resolver algum assunto na sede do sindicato, conversar com o presidente, diretoria e colaboradores, desde o dia 6 de maro, esto sendo recepcionados de maneira diferente. A sala se localiza no primeiro andar do prdio.

Epagri divulga laudos do projeto higinico-sanitrio de moluscos no litoral de SCJ esto disponveis no site do Sindipi os laudos de algas txicas realizados para mexilhes e gua do mar do 1 trimestre de 2009 no litoral de Santa Catarina. Confira: o endereo do site www.sindipi.com.brGEP/UNIVALI

Vitali, recbeu na sede do sindicato a visita do assessor da vice-presidncia Sul da RIC/Record, Dirceu Pio, e o diretor geral da emissora em Itaja, Alexandre Rocha. Durante o encontro, os visitantes destacaram que a reunio teve dois objetivos principais: a aproximao da emissora com o setor que lidera a economia da cidade e apresentao de um projeto, que deve dar ainda mais visibilidade para a pesca em Itaja e regio. Vamos aguardar as novidades na tela da RIC/Record. Com o objetivo de manter a populao da regio informada sobre as aes do setor pesqueiro, como o defeso do camaro, a Rede Brasil Esperana, empresa de comunicao de Itaja e Joinville, solicitou informaes para reportagem jornalstica ao coordenador tcnico do sindicato, Roberto Wahrlich. Informaes sobre o mesmo assunto tambm foram repassadas pelo coordenador ao site Itaja News.Divulgao Sindipi

14

Revista SINDIPI

Projeto para desenvolvimento Discusso sobre o Centro Nacional de Pesquisa do Mar da pesca de bonito listradoDivulgao Sindipi Divulgao Sindipi

Na sexta-feira, 27 de maro, foi realizada na sede do Sindipi uma reunio que teve como principal objetivo discutir sobre a construo do Centro Nacional de Pesquisa do Mar. Estiveram presentes na reunio, o coordenador geral de Educao e Tecnologia do MEC, professor Edmar, o secretrio de pesca de Itaja, Agnaldo Hilton dos Santos, o presidente da entidade, Dario Vitali, e os representantes do projeto

No dia 17 de maro, aconteceu na sede do Sindipi, uma reunio na qual foram discutidos projetos para o desenvolvimento da pesca de Bonito Listrado. O projeto partiu da proposta da Seap. O objetivo dar continuidade aos encaminhamentos aprovados na 12 Sesso Ordinria do Comit Permanente de Gesto de Atuns e afins CPG/Atuns. O coordenador geral da pesca industrial (Seap/PR), Fabiano Duarte Rosa, participou do evento, que contou com representantes de outras instituies como Sindipi, Sepesca, Sindifloripa, Saperj, Sindipesca e Abrapesca.

Guias de transporte de camaro no perodo de defesoNa tera-feira, 31 de maro, foi realizada no Sindipi uma reunio sobre a emisso das guias de transporte de camaro do perodo de defeso, que contou com a presena do chefe do escritrio do Ibama em Itaja, Carlos Aristeu Merger, e da servidora Ecleacir Nunes. As decises tomadas esto publicadas no site do Sindipi na seo notcias. O site do Sindipi www.sindipi. com.br

Incio de cursoIniciaram-se na segunda-feira, 12 de maro, os cursos de Pescador Profissional (POP) e Motorista de Pesca (MOP). Antes das aulas tericas, os 35 inscritos tiveram que passar por uma prova prtica de natao e flutuao realizada no Centro de Treinamento dos Bombeiros de Itaja.Divulgao Sindipi

Revista SINDIPI

15

EntIDADE

Poltico da regio visita o SindipiO ms de maro foi de movimentao poltica para o setor pesqueiro. Em Itaja, a entidade recebeu a visita do deputado estadual, pelo PMDB, Adherbal Ramos Cabral. O deputado demonstrou seu apoio pesca e colocou a equipe disposio do setor. Fonte: Gazeta on-lineDivulgao Sindipi

Vice-presidente do Sindipi participa de curso para formao de Observadores Cientficos em universidadeDivulgao Sindipi

Confira a agenda no site do SindipiO associado do sindicato agora est muito mais informado. Quem possui acesso Internet, pode ficar por dentro de todos os eventos que acontecem na entidade, na comodidade de sua casa ou empresa. Basta acessar o site do Sindipi: www.sindipi.com.br, ir ao link Agenda, que fica no menu lateral. L, o associado recebe informaes sobre eventos, reunies, cursos e outras aes desenvolvidas pela entidade.

A convite da Univali, o vice-presidente do Sindipi, Giovani Genzio Monteiro, participou no dia 16 de fevereiro de um debate dentro da programao de um curso de capacitao de observadores cientficos para a coleta de dados a bordo da frota industrial de Santa Catarina. Na oportunidade, Monteiro destacou a importncia da pesquisa para o setor produtivo, as condies de trabalho a bordo, e a necessidade de que observadores tenham um postura adequada diante das situaes que podem ocorrer a bordo junto s tripulaes. O trabalho dos observadores custeado atravs de um convnio da Seap com a Univali, e os embarques so viabilizados pela cooperao tcnica do Sindipi com a Universidade.

16

Revista SINDIPI

Formatura no SindipiDivulgao Sindipi

Secretrio da Fazenda de Santa Catarina visita o SindipiDivulgao Sindipi

Na sexta-feira, 20 de maro, aconteceu na sede do Sindipi a cerimnia de encerramento dos cursos de MOP e POP Os cursos so o resultado de uma parceria . entre o Sindipi e a Delegacia da Capitania dos Portos de Itaja. Depois de uma semana de aulas, os 23 participantes receberam com entusiasmo seus certificados. No evento, o presidente do Sindipi, Dario Luiz Vitali, falou sobre a importncia da mo-de-obra qualificada e parabenizou a todos pela conquista.

O Secretrio da Fazenda de Santa Catarina, Antnio Marcos Gavazzoni, esteve na sexta-feira (dia 13) em uma reunio com servidores na sede do Sindipi. Na foto o Secretrio e o Presidente do Sindipi Dario Luiz Vitali.

Mais formaturas no SindipiNa quinta-feira, 2 de abril, foi realizada na sede do Sindipi a cerimnia de encerramento da segunda turma do curso de aquavirios, das categorias: pescador profissional (POP) e motorista de pesca (MOP). O curso foi realizado em parceria entre o Sindipi e a Capitania dos Portos de Itaja.Divulgao Sindipi

Informaes PesqueirasNo dia 1 de abril, a Radionaval apresentou aos associados do Sindipi o servio Seastar de informaes pesqueiras. O Seastar um software que permite aos capites, mestres de pesca, e gestores de frota, visualizar e manipular dados captados por satlite, como imagem e dados oceanogrficos, para concluir sobre os melhores locais e alturas para pesca.Divulgao Sindipi

Revista SINDIPI

17

EntIDADE

SINDIPI COmPlETA 29 ANOS

SuPERANDO ADvERSIDADES E CElEbRANDO CONquISTAS

O Sindicato das Indstrias Pesqueiras de Itaja e Regio Sindipi completou no dia 28 de abril, 29 anos. A entidade conta hoje com aproximadamente 240 associados e uma histria de adversidades e conquistasSindipi nasceu em 1977, com 18 empresrios. Na poca ainda Associao Profissional da Indstria da Pesca de Itaja APIPI. A associao foi oficializada com a presena de importantes empresrios ligados ao setor, autoridades de Itaja e regio. Em 14 de maio de 1979, a associao passou a condio de Sindicato, a deciso foi tomada atravs de assemblia realizada entre empresrios da indstria da pesca e armadores. A solicitao pela mudana foi enviada ao Ministrio do Trabalho e a entidade passou a existir legalmente no dia 28 de abril de 1980. J se passaram 29 anos. A entidade, como todos os outros setores da

A CriAo do SiNdiPi

O

economia local e regional, passou por inmeras adversidades e conquistas. O Sindicato surgiu com o objetivo de fortalecer ainda mais o setor alm de promover estudo, coordenar, proteger e fazer a representao legal das indstrias da pesca, captura, armazenamento e beneficiamento de pescados e mariscos de Itaja e regio, assim como dos armadores da pesca, pessoas fsicas ou jurdicas, dos aquicultores, psicultores marinhos, dos proprietrios, armadores, arrendadores, locatrios e cessionrios de embarcaes pesqueiras da regio. Levando-se em conta que o estado catarinense um dos mais importantes na produo do pescado e o maior

produtor de pescado marinho do Brasil, e que Itaja, localizada no litoral de Santa Catarina, ocupa a primeira posio no ranking de plo pesqueiro nacional, os empresrios do setor regional resolveram criar uma estrutura a altura da rentvel atividade econmica. O setor considerado o mais importante no s para Itaja, como por todos os municpios que possuem indstrias pesqueiras e so atendidos pelo sindicato: Araquari, Balnerio Cambori, Barra Velha, Blumenau, Bombinhas, Brusque, Cambori, Gaspar, Ilhota, Indaial, Itapema, Itapo, Jaragu do Sul, Joinville, Navegantes, Penha, Piarras, Pomerode, Porto Belo e So Francisco, no Estado de Santa Catarina.

J est na hora do verdadeiro comprometimento do governo com o setor, pois o setor produtivo evoluiu e vem buscado parcerias para a pesca sustentvel e consciente no pas.O secretrio e vice-presidente do Sindipi, Giovani Genzio Monteiro, destaca que a grande importncia do sindicato foi ter conquistado nesses ltimos anos o grande respeito que todas as categorias merecem. Para ele, importantes fatos marcaram essa evoluo, como a criao de cmaras setoriais, a paralisao e greve de 2006, a criao da Coordenadoria Tcnica e o Termo de Cooperao com Univali. O grande interesse de nossos associados em participar das reunies serve para que possamos dar legalidade e poder atuar defendendo os interesses de nossos associados nas mais diversas modalidades. uma briga incansvel, pois nem sempre podemos confiar na palavra do governo, comenta.Giovani Genzio Monteiro - Secretrio/Vice-Presidente Gesto 2008/2010

18

Revista SINDIPI

Parabns a todos aqueles que compem esta entidade e que com seu trabalho e dedicao a engrandecem cada vez maisPara o presidente do Sindipi, Dario Vitali, foi com uma histria de lutas que a entidade chegou aos 29 anos: Gostaria aqui de demonstrar minha alegria e satisfao pela passagem do nosso aniversrio, comenta. Vitali diz que, olhando a trajetria do sindicato, tm-se muito a comemorar: Chegamos aos dias de hoje, consolidados como a maior entidade de classe patronal do setor pesqueiro nacional, uma entidade com uma capacidade organizacional digna de admirao afirma.

Dario Vitali Presidente Gesto 2008/2010

A entidade hoje est sendo presidida pelo empresrio Dario Vitali, o vicepresidente Giovani Genzio Monteiro e tem como tesoureiro Edson Vaz Pires. Essa diretoria executiva assim como conselheiros, delegados, suplentes e os membros das cmaras atuam no trinio de 2008/2010. O sindicato possui cmaras setoriais, que tem por objetivo oferecer apoio tcnico das atividades desenvolvidas e praticadas no setor. Durante as reunies das cmaras so apresentadas sugestes, propostas e orientao tcnica Diretoria Executiva, a inteno melhorar as atividades econmicas e atender melhor as finalidades sociais da entidade. Ao todo so

dirEToriA E CMArAS

oito cmaras: do cerco, Indstria, Atum, Arrasto, Emalhe,Camaro Sete Barbas, Rosa e leo Diesel Martimo.

AdvErSidAdES E CoNquiSTAS

Durante essas quase trs dcadas de histria alguns fatos ficaram marcados na entidade. Destaque para o final de 2008, quando parte do Estado sofreu com a enchente de novembro. O setor pesqueiro de Itaja e regio tambm foi afetado. A indstria da pesca da regio contabilizou um prejuzo que ultrapassou a casa dos 50 milhes de reais. O Sindipi doou vrios fardos de leite e gua para contribuir e tentar minimizar os momentos de angstia. O Ministro

da Pesca Altemir Gregolin esteve na regio e na sede do sindicato, discutindo junto aos empresrios medidas urgentes que foram tomadas para restabelecer o setor com rapidez. J este ano, em maro, a Cmara dos Deputados Federais, discutiu e aprovou o Projeto de Lei que cria o Ministrio da Pesca. Uma conquista mpar para os empresrios e trabalhadores da pesca, assim como para a entidade. Detalhes sobre esse assunto voc encontra na matria Especial nas pginas 12 e 13.

Texto Christiane Pinheiro

O setor pesqueiro s ser forte se o sindicato que o representa for forte e organizado, por isso precisamos de nossos associados juntos e ativos na entidadePara o tesoureiro da entidade, Edson Vaz Pires, com a criao do Sindipi, h 29 anos, o setor passou a ter uma entidade forte e organizada para atender s demandas das indstrias e profissionais da pesca, bem como de rgos pblicos. Empenho no repasse da subveno do leo diesel aos associados, contratao de assessoria tcnica, organizao dos defesos perante os rgos pblicos e divulgao ao setor, nova sede e cmaras setoriais operantes so algumas das contribuies positivas do sindicato. Para Vaz, a posio do Sindipi aps a enchente do ano passado foi essencial para a reconstruo das indstrias atingidas. De imediato a entidade se articulou com o Governo Federal e entregou o levantamento dos danos causados, para que o setor pudesse se reestruturar atravs de linhas de crditos a longo prazo. diz Maro de 2009 foi importante para o setor. Edson destaca que ter um elo com o Governo Federal essencial para a busca de soluo para os problemas inerentes da pesca ocenica. Revista SINDIPI 19

Edson Vaz Pires Tesoureiro Gesto 2008/2010

CORvINA

ESPCIE

O peixe da espcie Micropogonias furnieri, tem o corpo alongado e levemente comprimido, colorao prateada, com o ventre branco ou amarelado e estrias escuras e oblquas no dorso e nas laterais. A boca tem dentes diminutos, com a forma de salincias arredondadas, e abaixo dela se encontram pequenas barbas sensitivas, que ajudam a encontrar o alimento no fundo. A corvina tambm conhecida por emitir sons semelhantes a roncos. Pode viver mais de 20 anos e atingir quase um metro de comprimento.corvina encontrada desde a Pennsula de Yucatn, na costa mexicana do Mar do Caribe, at o Golfo de San Matias, na Argentina. As maiores concentraes ocorrem em regies costeiras que apresentam desembocaduras de grandes rios, esturios e manguezais. A sua presena nestes ambientes de gua salobra ocorre em determinadas etapas do ciclo de vida. Em mar aberto, pode ser encontrada em profundidades de at 80 metros, em locais com fundos de lama, areia ou cascalho. Alm de tolerar grandes variaes de salinidade, a corvina pode viver em temperaturas de gua variando entre 10C e 30C. A dieta da corvina varia de acordo com o tipo de fundo, ambiente e a fase do seu ciclo de vida. Sempre se alimenta no fundo, desenterrando poliquetas e moluscos ou caando camares e pequenos peixes. A corvina uma espcie que cresce mais rapidamente quando est na fase juvenil, atingindo cerca de 20 cm em pouco mais de um ano. Esse crescimento acelerado ocorre enquanto os peixes se encontram no interior de ambientes estuarinos, onde h riqueza de alimentos, gua mais quente e abrigo contra predadores. Aps essa fase da vida, as corvinas vo para o mar aberto e o crescimento se torna cada vez mais len20 Revista SINDIPI

A

to. Os exemplares adultos podem viver at 24 anos, atingindo comprimento em torno de 95 cm. A corvina apresenta sexos separados, sem diferenas visveis entre as fmeas e os machos. A idade da primeira maturao ocorre com um ano e onze meses para as fmeas e um ano e cinco meses para os machos, com um comprimento total variando de 25 a 40 cm. A quantidade de ovas por fmea cresce com o comprimento do peixe, ou seja, quanto maior o tamanho, maior o nmero delas, com uma mdia em torno de 600 mil ovas por fmea. A desova parcelada, o que significa que os peixes desovam vrias vezes durante um perodo de tempo relativamente grande, que geralmente se estende do final do inverno ao vero, dependendo da regio. Para desovar, machos e fmeas se agregam em grandes cardumes, em locais prximos da costa, expelindo ovas e espermatozoides na gua. Aps a fecundao, os ovos so deixados deriva nas correntes, se transformando em larvas aps alguns dias. O futuro das larvas ir depender da sua entrada em algum rio ou esturio, quando iro se tornar peixes juvenis. Quanto mais prximo destes ambientes ocorrer desovas, maiores sero as chances de sobrevivncia das larvas. Tanto que existem evidncias da entrada de cardumes de corvina nos esturios da Lagoa dos Patos e do Rio da Prata, para desovar mais prximo dos melhores locais para criao das larvas e crescimento dos juvenis. Dentro da ampla distribuio da espcie ao longo da costa atlntica da Amrica Latina, existem diversas populaes separadas pela geografia do litoral e pelas condies das correntes martimas em mar aberto. Estas populaes apresentam caractersticas prprias, como rotas migratrias, pocas de reproduo, locais de desova, tamanho da primeira maturao e taxa de crescimento. Atualmente, essas diferentes populaes podem ser distinguidas com maior preciso pela anlise das suas caractersticas genticas. Segundo pesquisas recentes, nas costas Sudeste e Sul do Brasil existem pelo menos duas populaes de corvina, uma ocorrendo desde Cabo Frio,

no Rio de Janeiro at o Cabo de Santa Marta, em Santa Catarina. A outra populao ocorre na costa do Rio Grande do Sul, se estendendo pela costa do Uruguai, incluindo a desembocadura do Rio da Prata.Fotos: Christiane Pinheiro

A corvina capturada na pesca esportiva, na pesca artesanal e na pesca industrial. Na costa brasileira, sua densidade cresce do Norte em direo ao Sul, sendo mais explora-

A PESCA dA CorviNA

Cornvia sendo descarregada.

Pescador satisfeito com a pescaria 12 toneladas de Corvina

Revista SINDIPI

21

da a partir de Cabo Frio, no Rio de Janeiro. Segundo a estatstica da pesca de 2006, do Ibama, de uma produo total de 45 mil toneladas de corvina, o maior volume foi registrado em Santa Catarina, com 45% da produo nacional, seguido pelo Rio Grande do Sul (18%), So Paulo (11%), Rio de Janeiro (9%), Par (7%) e Maranho (7%). Em Santa Catarina, os mesmos dados de 2006 apontam que 90% da produo foram provenientes da pesca industrial. Porm, a corvina muito importante para a pesca artesanal, pois representa 20% de tudo que produzido por este segmento no litoral catarinense, de acordo com as estatsticas oficiais. Nas regies Sudeste e Sul do Brasil, a pesca artesanal ocorre tanto em mar aberto como em esturios, onde predominam peixes juvenis, chamados de cascotes. A maior parte das capturas da pesca artesanal realizada com emprego de redes de emalhe, em mar

aberto, predominando peixes com mais de 30 cm. Esse tamanho fica acima do mnimo permitido pela legislao, que definido em 25 cm pela Instruo Normativa MMA 53/2005. A safra da corvina para a pesca artesanal coincide com a poca de reproduo, na primavera, quando os adultos se aproximam da costa para desovar, formando grandes cardumes. A produo artesanal destinada ao mercado de peixe in

natura, comercializado principalmente em mercados e feiras, a preos populares. Os desembarques de corvina da frota industrial de Santa Catarina ficaram em torno de 14 mil toneladas em 2008, representando 11% da produo industrial do estado. O grfico abaixo apresenta a produo industrial de corvina desde 2001, de acordo com dados publicados pela Univali.

20.000 T o n e l a d a s 18.000 16.000 14.000 12.000 10.000 8.000 6.000 4.000 2.000 0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Fonte: www.univali.br/gep

22

Revista SINDIPI

A produo industrial apresentou em 2008 as maiores capturas no segundo semestre do ano, conforme o grfico abaixo. A frota de emalhe respondeu, em 2008, por cerca de 80% da corvina desembarcada em Santa Catarina.

20.000 T o n e l a d a s 18.000 16.000 14.000 12.000 10.000 8.000 6.000 4.000 2.000 0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Fonte: www.univali.br/gep

A corvina procedente da frota industrial se destina principalmente indstria, que beneficia o produto geralmente para comercializao na forma de peixe inteiro eviscerado ou em postas, ambos congelados. Uma grande indstria da regio de Itaja informou

que seus principais mercados de corvina so os estados da Bahia (36%), So Paulo (22%), Pernambuco (16%), Rio de Janeiro (13%) e Paraba (5%).Por: MSc Roberto Wahrlich Oceangrafo e Coordenador Tcnico do Sindipi.

Revista SINDIPI

23

PESCA

Arte de coNfeccIoNAr e coNsertAr redes de pescA

pAssA de pAI pArA fIlhos

Um dos instrumentos mais importantes para a pescaria, a rede, at hoje confeccionada e consertada manualmente. Um trabalho minucioso que pode levar dias. Um ofcio que envolve cerca de quatro a cinco homens. Em algumas empresas, o trabalho passado de gerao para geraoma tpica tarde de inicio de outono. Temperatura na casa dos 25 graus, sol forte, duas horas da tarde. Quatro irmos reunidos numa oficina. Agulhas, facas e mos calmas pela experincia, outras inquietas como a juventude acertando ponto a ponto. Trabalho cheio de histrias que ultrapassa 50 anos. Os irmos Davi, Mateus, Thiago e Jonatas Estevo Felisberto herdaram a arte do pai, o conhecido no setor pesqueiro, Joo da Rede.

U

O oficio dirio confeccionar e consertar as redes dos barcos industriais da frota itajaiense, catarinense e de outros estados como So Paulo e Rio de Janeiro. A empresa especialista em redes de arrasto. Davi, o mais falante, nos conta que o pai iniciou o trabalho no final da dcada de quarenta e inicio de cinqenta, hoje se afastou para descansar. Dos oito filhos, quatro sentiram que no podiam deixar a arte morrer e desde pequenos j se interessavam pelo servio. Como o filho de Davi: Gabriel, de oito anos. Durante a tarde o garoto fica em volta do pai e tios, observando, analisando cada movimento feito na enorme rede, talvez j esteja se preparando para dar continuidade ao legado do av.

Trabalho manual que mantm clientes fiis

davi tem orgulho do ofcio que herdou do pai

O trabalho minucioso, s vezes, como afirma Mateus, entra madrugada e pode levar dias, em uma mesma rede. A de camaro rosa, por exemplo, tem de 28 a 30 metros e dependendo do estado que chega at a empresa, os quatro dispensam algumas horas no conserto. Os irmos, juntos, conseguem consertar uma mdia de cinco redes por semana. Alm de fazer a manuteno, eles tambm confeccionam o equipamento. A rede comprada em empresa instalada na cidade de Itaja vem em fardo, na embalagem apenas uma rede. Mquina, apenas uma para enrolar o equipamento. O servio mais

importante feito manualmente, parte por parte verificada e consertada, tudo com a tradicional agulha de pesca e uma faca simples para cortar o n do ponto. Uns preferem ficar em p, outros sentados, durante o trabalho trocas de experincias, conversas sobre a famlia, futuro, histrias. Um trabalho srio e divertido, regado a caldo de cana, que refresca e ajuda a repor as energias para agilizar o servio. A empresa possui em sua cartela de clientes 50% novos e 50% fiis, alguns apostam no trabalho do Joo da Rede & Filhos h 30 anos. O espao reservado para as redes consertadas j est lotado, em outro espao as redes para o conserto tambm esto crescendo com o defeso do camaro o trabalho dos quatros irmos grande. Davi conta que a empresa possui tambm um servio que facilita para o armador, o tradicional leva-e-traz. Quando o barco chega no porto eles j esto prontos para buscar o equipamento e iniciar o trabalho e assim que concluem a rede entregue. Um agrado que tem conquistado cada vez mais clientes.

O trabalho ocupou lugar do estudo

O amor pelo trabalho to grande que Mateus desistiu da escola para dar continuidade ao servio do pai. Diz que estudou at o ensino fundamental. Quando era criana, minha vida j era na beira da praia vendo meu pai

24

Revista SINDIPI

puxar rede, em seguida ele comeou a consertar as redes, o hobby virou atividade comercial, eu mesmo deixava de ir para a escola para ajudar o pai, j que os clientes iam aumentando e o nmero de redes tambm comenta. Davi lembra que no inicio o pai carregava a rede de carroa. O amor pelo ofcio o encantou tambm. Adotou a empresa como fonte de renda para sustentar a famlia e se dedica dia e noite, mas afirma desejar que os filhos sigam outro caminho, estudem, se formem, inclusive o pequeno Gabriel, que j demonstra interesse pela atividade. Thiago, o mais novo, com 23 anos, concluiu o ensino mdio e parou, no ingressou em um curso superior, tampouco foi tentar outro emprego, achou mais fcil atuar junto com os irmos, j que a empresa tambm faz parte da vida dele. Jonatas diz que trabalhar em famlia mais cmodo, no precisa dar explicao para chefe e pode acordar mais tarde, no tem hora para o servio, se compromete, mas faz seu prprio horrio. Tambm no continuou o estudo. Destaca que no se interessa em buscar ocupao no mercado de trabalho porque nunca vai receber salrio compatvel com o que recebe na empresa da famlia. Cobrana na empresa a responsabilidade, isso fazemos questo de dar continuidade, o pai iniciou a empresa e ns temos a obrigao de manter ela ativa e com respeito finaliza Davi.

Fotos: Christiane Pinheiro

os filhos de Joo da Rede unidos pelo trabalho

Rio de Janeiro, So Paulo e Rio Grande do Sul. A empresa do ex-pescador monta e conserta redes. So redes de 300 metros de comprimento, podendo alcanar 800 metros com a colocao de bias e chumbos, essenciais para a pesca de cerco.

O filho segue os passos do pai

O redeiro Nestor tambm repassa a atividade para o filho

Nestor Jlio da Silva foi pescador durante 50 anos. Aps ser surpreendido por problemas cardacos, optou por uma atividade mais leve, porm fez questo que fosse ligada a pesca. O conserto de redes de cerco entrou na vida do pescador h 30 anos. Ele alugou um enorme galpo no bairro So Joo, em Itaja, e com um scio iniciou a atividade. A empresa se firmou no mercado e hoje possui uma cartela de clientes de Itaja e regio e outros estados como

A exemplo do redeiro Joo, seu Nestor tambm est se preparando para deixar a atividade para o filho Fernando. Dos cinco filhos, apenas ele se interessou em assumir a atividade. Hoje Fernando quem est frente da empresa. O pai at fica por aqui, mas prefere s observar, dar palpite, claro, mas se afastou um pouco comenta. Fernando concluiu apenas o ensino fundamental. Sem qualificao em outra rea, decidiu ingressar no setor de redes h 26 anos, o que est dando certo. Hoje a empresa vive bons momentos com clientes fiis. A empresa possui uma caracterstica diferenciada de trabalho, para agilizar o servio aposta na experincia dos

homens do mar, aqueles que dedicaram anos na pesca e hoje esto aposentados. Nos meses de maior volume de servio, como novembro e dezembro, aposentados da pesca so contratados temporariamente para auxiliar no servio. O trabalho se torna um encontro de amigos no qual os contos de pescador, as histrias e as lamentaes se entrelaam nos pontos das redes. Fernando destaca ainda que a empresa se orgulha de um servio em especial, oferecer ao cliente trabalho itinerante. Se o armador preferir, nos dirigimos at o porto onde o barco ancorou para fazer o conserto da rede. O trabalho tem rendido bons resultados, geralmente levamos trs dias para concluir o servio e o barco j retorna ao mar com a rede nova acrescenta. Para Fernando o trabalho de conserto e montagem da rede uma obra que mquina nenhuma pode substituir. Para ele a atividade artesanal to antiga quanto a pesca e completa a boa pescaria.

Texto Christiane Pinheiro

Revista SINDIPI

25

PESQUISA

PESquISADORES EmbARCAm

NA fROTA DE EmAlhE

N

os ltimos oito meses, esto sendo realizados embarques com observadores cientficos na frota de rede de emalhe de fundo. Isso foi possvel mediante o termo de cooperao tcnica firmado entre a Universidade do Vale do Itaja (Univali) e o Sindicato das Indstrias de Pesca de Itaja (Sindipi). Esse termo, assinado em fevereiro de 2008, foi viabilizado para respaldar o convnio realizado entre a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca Seap/PR e Univali, que tem como objetivo monitorar a pesca costeira industrial das frotas de arrasto, emalhe e traineira. A motivao tambm surgiu pela urgncia de ordenamento dessa pescaria, tornando-se fundamental a gerao de dados para pesquisa e avaliao das espcies capturadas, da fauna acompanhante, das condies de conservao a bordo do produto, alm de informaes complementares. A bordo, os pesquisadores obtm dados precisos sobre a operao de pesca, lances efetuados, sobre a composio das capturas, bem como a realizao de amostragens de comprimento e a coleta de amostras biolgicas. Ressalta-se que os pesquisadores possuem capacitao tcnica especfica para a funo, e no tm atribuio de fiscalizao das operaes de pesca ou das espcies capturadas. As informaes coletadas tambm no podem ser utilizadas posteriormente com fins de autuaes de eventuais faltas com a legislao em vigor, pois os embarques de observadores cientficos no so regulados pela Instruo Normativa que instituiu o Programa Nacional de Observadores de Bordo (Probordo). Revista SINDIPI

NMEROSOs dados do monitoramento dos embarques realizados na frota de rede de emalhe de fundo foram compilados pelo Grupo de Estudos Pesqueiros da Univali (GEP/Univali), sendo apresentados a seguir. Foram acompanhadas, at o momento, sete viagens de pesca, totalizando 163 dias de mar, 127 dias efetivos de pesca e 125 lances realizados. As embarcaes monitoradas concentraram sua operao nos meses de julho a setembro, ao largo da costa de Santa Catarina, Paran e So Paulo. J nos meses de outubro a dezembro, as operaes se concentraram na costa do Rio Grande do Sul. A profundidade de operao da atividade pesqueira variou de 22 a 91 metros. A produo de pescado foi totalizada em 165,5 toneladas, sendo 155 toneladas de corvina. O trabalho a bordo incluiu amostragens de composio de captura, nas quais se contavam e identificavam todos os organismos capturados

26

pela rede, em 104 lances de pesca. Esse procedimento registra tambm a captura de espcies protegidas por legislao especfica, visando a avaliao da incidncia destes organismos nas redes de emalhe. Fica evidente que a captura, como fauna acompanhante, de algumas espcies de peixes relacionados na lista de ameaados de extino, inevitvel, o que leva necessidade de se estabelecer um limite mnimo de captura permitida para estas espcies, de pelo menos 5%. Em relao espcie-alvo, foram medidas 37.041 corvinas em 122 lances de pesca, para se conhecer o estrato da populao que est sendo explorado em cada rea. Desta mesma espcie foram coletadas 292 amostras de gnadas, para avaliar em posterior anlise de laboratrio a proporo entre sexos e a fase do ciclo reprodutivo em que ocorreram as capturas. Estes resultados, com maiores detalhes, foram apresentados em reunio da Cmara Setorial de Emalhe do Sindipi, realizada no dia 4 de maro. Como resultado da-

quela reunio, outros armadores aderiram pesquisa, resultando no aumento do nmero de barcos e viagens de pesca com o acompanhamento de pesquisadores. At o fechamento dessa matria j se contava 14 viagens monitoradas da frota de emalhe. O fortalecimento e o futuro da atividade produtiva somente podero ser viabilizados por meio da pesquisa pesqueira aplicada. Nesta parceria, o setor produtivo demonstra maturidade ao participar de forma efetiva em pesquisas que serviro de subsdios para que o Governo Federal defina as normas que regulamentam a pesca industrial nas regies Sudeste e Sul do Brasil.

Michele Beatrice Anacleto Oceangrafa e integrante da Coordenadoria Tcnica do Sindipi

Christiane Pinheiro

Texto Jssica Martinez Feller

Pesca de mos dadas com a pesquisa

Revista SINDIPI

27

ECOnOMIA

CREDIfOz COOPERATIvA DE CRDITO

OfERECE CRDITO PROmOCIONAl PARA O SETOR PESquEIROCooperativa de Crdito Credifoz completa um ano com resultado positivo em Itaja, Santa Catarina. Linhas de crdito como Crdito Promocional Pesca contribuem para o crescimento das operaes que j somam R$ 1 milho

A

Credifoz Cooperativa de Crdito dos Empresrios da Foz do Rio Itaja-Au iniciou as atividades em oito de janeiro de 2008. uma sociedade civil sem fins lucrativos e no est sujeita falncia. Tem por objetivo proporcionar crdito, servios financeiros e educao cooperativista aos clientes, sendo observados os princpios cooperativista em todas as aes. Em um ano de operao, a Credifoz j ultrapassa a marca de R$ 3 milhes em ativos e aproximadamente R$ 1 milho em operaes de crdito. Atentos ao mercado e ouvindo a demanda dos cooperados, o conselho de administrao da cooperativa resolveu criar quatro linhas de

crdito em 2008: Credifoz Auto Promocional, Crdito Promocional Pesca, Crdito Consignado em Conta e Investimentos em Empresas.

Linha de Crdito Promocional PescaDe acordo com o vice-presidente da Credifoz, Francisco Carlos Gervasio, a linha de crdito oferecida ao setor da pesca de at R$ 30 mil, que pode ser parcelada em 12 vezes. O juro tambm atrativo, menor que o praticado no mercado: de apenas 2.05% ao ms acrescenta. Gervasio ainda destaca que a linha de crdito foi criada para auxiliar na aquisio de insumos,

bem como reformas das embarcaes. O benefcio para o setor foi implantado em outubro do ano passado e possui uma procura significante. Para usufruir dos benefcios da cooperativa, os interessados devem adquirir cotas de participao. Mediante a quantidade de cotas, veem as conquistas. A Credifoz iniciou com R$ 250 mil, em 10 meses de operao alcanou os R$ 428 mil. A cooperativa realiza a distribuio de benefcios aos cooperados, j que todo dinheiro que entra no Posto de Atendimento Cooperado- PAC do cliente tambm. Na regio de Itaja, a cooperativa conta com o apoio de entidades como a

Vice-presidente aposta no cooperativismo

Cidado pode pagar contas normalmente

28

Revista SINDIPI

Fotos: Christiane Pinheiro

Equipamentos modernos agilizam o atendimento

Associao Empresarial de Itaja (ACII), a Associao Empresarial de Navegantes (Acin), Cmara de Dirigentes Lojistas de Navegantes e Penha (CDL) , a Associao Empresarial de Penha (ACPEN), Associao Empresarial de Balnerio Cambori e Cambori (Acibalc) e o Sindicado das Empresas de Pesca de Itaja e Regio (Sindipi). Alm de ter a certeza que o recurso investido na cooperativa gira na cidade, o cooperado tem benefcios como menor juro no cheque especial, desconto de ttulo e tarifas de taxa de juros baixas e iseno de taxa de manuteno da conta. A Credifoz possui um posto de atendimento ao cooperado em Itaja e, no prximo dia 30 de abril, iniciam-se as atividades tambm no municpio de Navegantes. A ideia da implantao da cooperativa veio de um grupo de empresrios e tem como objetivo prestar servios financeiros, proporcionando a concesso de emprstimos com base na poupana coletiva. Sem fins lucrativos, a Credifoz possui um atendimento personalizado e est com as transaes sempre focadas nos cooperados. Seguros diversos, dbitos automticos, cheque especial e cartes de crdito, so algumas das vantagens da cooperativa. Alm dos benefcios, o cooperado ainda participa da distribuio das sobras, que proporcional sua movimentao financeira. Isto , quanto mais se trabalha com a Credifoz , maior o retorno. Para garantir a transparn-

cia, confiana e solidez, a cooperativa ligada a Osesc, que a Organizao das Cooperativas de Santa Catarina. Dentre outras aes, a Osesc realiza estudos e proposio de solues, fomento e criao de novas cooperativas, assistncia geral ao cooperativismo e prestao de servios de ordem tcnica em nvel de direo, funcionrios e associados s cooperativas filiadas.

cooperados. Em Santa Catarina, um quarto da populao est envolvida, de alguma forma, com cooperativas, o quadro vem crescendo afirma o vicepresidente. Na Credifoz, qualquer cidado pode participar, assim como todos os membros da famlia. No caso de empresrio, os colaboradores, fornecedores, enfim, todos ligados a ele, podem se tornar cooperativistas. O posto que funciona das 10 horas s 16 horas, est aberto ao pblico em geral para recebimentos de faturas e impostos. Gervasio ainda lembra que os recursos movimentados na cooperativa permanecem na cidade de origem, uma das grandes vantagens da Credifoz, que contribui para o fortalecimento da economia local. Um acordo entre a Credifoz e Banco do Brasil garante a movimentao da conta quando o cooperado estiver fora da regio ou estado.Texto Christiane Pinheiro

CredifozItaja Rua Dr. Cacildo Romagnani n 649 Centro. Fone: 47-3349-9085 NavegaNteS avenida Santos Dumont n 402 Centro. Site: www.credifoz.coop.br

Nmeros positivos em 2009

A Credifoz comemora os nmeros positivos do primeiro ano de funcionamento em Itaja. Iniciou com 50 e hoje j conta com 500 cooperados. Possui uma sobra de R$ 28 mil. A expectativa do conselho de administrao chegar no fim deste ano com mais de mil

CONFIRA NOS qUADROS AO LADO A MOVIMENTAO POSITIVA DA CREDIFOz EM UM ANO DE FUNCIONAMENTO:

Revista SINDIPI

29

COnSUMO

cAMINho do peIxeveculo retoma as atividades e oferece peixe fresco com preo baixo comunidade itajaiense

P

escado fresquinho, de boa qualidade, a preo acessvel na porta de casa. O cidado de Itaja, Santa Catarina, est novamente sendo beneficiado com as aes do caminho do peixe, veculo que desenvolve o programa municipal Peixe nos Bairros. O caminho havia sido utilizado no perodo da enchente e, ps, para atender as vtimas, passou por manuteno e no inicio de maro voltou a funcionar. O caminho, que cumpre uma programao organizada pela Secretaria Municipal de Pesca e Aquicultura de Itaja, tem como objetivo percorrer durante o ano, todos os bairros do municpio, inclusive os mais distantes, como a zona rural. A inteno, segundo o secretrio Agnaldo Hilton dos Santos incentivar o itajaiense a consumir mais peixe. O peixe um alimento que traz inmeros benefcios ao ser humano e deve estar inserido no cardpio semanal do itajaiense. Estamos trabalhando para criar este hbito, por isso o caminho do peixe voltou com fora total destaca.

Fotos: Christiane Pinheiro

Parceria com o Sindipi resulta em preo acessvel

Durante a quaresma comercializao reforadaNo perodo da quaresma a comercializao no Caminho do Peixe foi intensificada, nesta poca que muitas pessoas optam por comer carne branca ao invs da vermelha, seguindo as leis da Igreja Catlica. Porm muita gente acha o peixe caro e acaba substituindo a carne por outra protena, como ovos. Mas em Itaja o Caminho do Peixe garante pescado barato na mesa do consumidor. O secretrio Agnaldo explica que o carro chefe do Caminho do Peixe a 30 Revista SINDIPI

Consumidores garatem o almoo com sade

sardinha, vendida em mdia a R$ 1,50 o quilo, mas outras espcies como a corvina, gordinho, linguado e emplasto tambm so encontrados no caminho. O secretrio ainda comenta que o pescado adquirido para abastecer o caminho de empresas da cidade, isso devido a um convnio firmado com o Sindicato das Indstrias da Pesca de Itaja -SINDIPI, por isso o pescado fresco, no chega nem ir para o gelo destaca. Hoje o caminho comercializa por semana aproximadamente 1.500 toneladas de peixe.

Consumidor aprova retomada das atividadesAs donas de casa, principais consumidoras do pescado no bairro, aprovam esse tipo de comrcio. Sou consumidora assdua, compro e recomendo, fresco e barato, estou sempre de olho na programao, quando vem para o meu bairro ou algum prximo, o almoo est garantido, comenta a pensionista Ivonete Sena. O grande diferencial do caminho do peixe a limpeza e a organizao. Segundo o secretrio, ele faz questo que todos os atendentes estejam devidamente uniformizados, que a embalagem para transportar o peixe seja prtica, os balces sempre limpos e higienizados e que o consumidor seja bem atendido. Para informar o cidado da visita do caminho em cada bairro, uma moto equipada com auto-falante percorre todas as ruas um dia antes e durante a permanncia do veiculo, alm dos anncios feitos em jornais, rdios e TVs, por meio da Assessoria de Comunicao da Prefeitura.

11 de setembro de 2006, pelo ministro da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidncia da Repblica, Altemir Gregolin. O veculo totalmente equipado com balces frigorficos veio para intensificar o programa Peixe nos Bairros, criado em 2005. O caminho entrou em operao com o objetivo de incentivar o consumo de pescado na cidade. Por ser oferecido a preos populares, atende principalmente aos cidados mais carentes, exatamente aqueles que no cultivavam o hbito do peixe na mesa. De acordo com o secretrio Agnaldo, a orientao da Organizao Mundial da Sade (OMS) que cada ser humano consuma em mdia 12 quilos de peixe por ano. Nos dados da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca o consumo do brasileiro no ultrapassa os 6,8 quilos. Em Itaja, o consumo est em torno de 8 quilos, isso com a oferta de pescado mais barato e de qualidade. O caminho do peixe tem capacidade para nove toneladas e, alm do pescado fresco, ainda possui os equipamentos necessrios para os congelados.

Onde encontrar a programao semanal do caminho do peixeSegundo o secretrio de Aquicultura e Pesca, o caminho do peixe percorre todos os bairros e costuma retornar com frequncia nas localidades onde o consumo maior. A agenda pode ser conferida no site da Prefeitura Municipal: www.itajai.sc.gov.br no link Sepesca. Informaes tambm podem ser obtidas no telefone: (47) 33416000.

Caminho do peixe chegou a Itaja em 2006O Caminho do peixe foi entregue comunidade de Itaja emTexto: Christiane Pinheiro

Revista SINDIPI

31

COnSUMO

olhA o cAMAro fresquINhoPreo baixo do camaro em Itaja anima consumidores, que at estocam o produto

N

o ms de maro ficou impossvel passar pelo Mercado Pblico de Itaja e sair de mos abanando. As ofertas eram tentadoras e, de longe, era possvel escutar os boxistas anunciando: Olha o camaro fresquinho! Somente R$ 10,00 o quilo! A notcia da queda no preo foi longe e atraiu consumidores at do Paran, o que movimentou o Centro de Abastecimento Prefeito Paulo Bauer. Consumidores como a aposentada Albertina Victorino de Souza, que mora em Balnerio Cambori. Ela no costuma frequentar o Mercado Pblico de Itaja, mas no ms de maro veio duas vezes, atrada pela oferta: Est barato e o produto de qualidade. Estou levando mais alguns quilos para guardar para a Semana Santa, afirma, ao comprar mais dois quilos de camaro.

Com R$10 a consumidora levou um quilo de camaro

Preo do camaro se manteve na Semana SantaO produto veio da Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, onde a safra su-

perou as expectativas, por isso a queda no preo do camaro Rio Grande, vendido a pelo menos R 5,00 mais barato do que de costume. Consegui comprar a R$ 8,00 o quilo, e voltei para com-

prar mais porque gostei do camaro, comenta a representante comercial Zelir Torquatto, que prefere comprar o produto com casca, para fazer ao bafo. Na semana que antecedia a Pscoa, o

32

Revista SINDIPI

boxista Antenor Silveira Filho comemorava as vendas, mas alertava: O preo no deve ficar assim. Quem gosta de camaro precisa aproveitar, pois com a proximidade da Semana Santa, a procura pelo fruto do mar deve aumentar, assim como o valor. Segundo Antenor, o camaro atrai consumidores que acabam levando para casa outros produtos, como a lula e o marisco, vendidos a R$ 12,00 o quilo, o cao, que custa R$ 10,00 e a meca, que est sendo comercializada a R$ 15,00 o quilo.

Fotos: Christiane Pinheiro

Promoo de camaro seguiu at o fim de abrilO Mercado Pblico de Itaja comemora as vendas. Durante as quatro semanas de promoo, foram vendidas onze toneladas de camaro Rio Grande. Conforme a responsvel administrativa do Mercado, Janine de Oliveira, as vendas superaram as expectativas: Onze toneladas de camaro em apenas quatro semanas muita coisa! Prova de que as pessoas realmente gostam do produto e aprovaram a nossa iniciativa, ressalta. O alto consumo e a grande oferta fizeram com que os consumidores encontrassem o camaro Rio Grande a R$ 10,00 o quilo at o fim do ms de abril. A iniciativa fez com que as vendas de pescado aumentassem 60% durante esse perodo. Segundo Janine, a meta conseguir promoes de outros produtos ao longo do ano e ofertar peixe de qualidade ao consumidor. Depois do camaro, Janine aponta a sardinhaPreo acessvel agua ainda mais o paladar

como lder de vendas. O peixe comercializado de trs a cinco reais o quilo. O preo acessvel e o sabor da sardinha, rica em mega trs, atraem consumidores em qualquer poca do ano.

Como escolher e preparar o camaroLder absoluto na culinria do litoral catarinense, o camaro, alm de poder ser preparado como prato principal, tambm empresta seu sabor marcante a diversas receitas feitas base de frutos do mar. Mas preciso saber escolher essa delcia. Antes de comprar o camaro o consumidor precisa ficar atento a alguns detalhes: os camares

frescos tm carne firme, casca inteira colada carne e cheiro caracterstico, sem ser forte. Jamais compre camares com manchas escuras, cabea solta ou odor de amonaco. Um quilo de camaro com casca rende, aproximadamente, meio quilo depois de descascado e cozido. Para cada poro, calcule 250 gramas de camares crus, com cascas, ou 150 gramas quando descascados. Quando cozidos, as cascas tornam-se vermelhas e a carne rosa-plido. Os camares congelados devem estar limpos, sem a cabea e cascas, em embalagem fechada e ainda sem cheiro. Alm disso, devem ser usados logo que descongelados.Texto Soraya da Silva

Revista SINDIPI

33

SADE

CENTRO

de AteNdIMeNto Ao trAbAlhAdorAtendimento mdico personalizado para os trabalhadores de Itaja, em ambiente agradvel e totalmente climatizado, tima localizao e preo acessvel

D

esde maro do ano passado, todos os trabalhadores de Itaja contam com um centro mdico moderno e bem equipado. O Centro de Atendimento ao Trabalhador (CAT), foi implantado com o objetivo de oferecer aos trabalhadores e seus familiares, um atendimento mais digno, sem filas, sem espera, com hora marcada e, o mais importante, em um espao idntico a clnicas particulares. A idia da implantao do CAT veio de Osvaldo Mafra, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indstrias da Alimentao de Itaja (Sitai). A inteno era minimizar o sofrimento dos trabalhadores em momento de enfermidade, que necessitavam buscar auxlio de um profissional mdico e eram obrigados a ficar horas em filas do Sistema nico de Sade. Com a inaugurao do CAT, esses problemas, a principio, para os trabalhadores das indstrias de

alimentao, foram resolvidos. O Centro iniciou o atendimento com dois dentistas, um mdico clnico geral e uma ginecologista. Hoje j atuam no CAT trs dentistas e dois mdicos: clnico geral e ginecologista com especialidade em mastologia.

Demanda ainda reprimidaDe acordo com Mafra, o Centro tem capacidade para realizar at 7 mil procedimentos por ms. Todos os sindicalizados tm um leque de benefcios como reembolso na compra de culos, material escolar e todos os atendimentos na clnica, isso sem nus nenhum. A mensalidade mensal est em torno de R$ 20,00 para o trabalhador, esposa e mais dois filhos at 16 anos de idade. Todos so atendidos com hora marcada, no h fila de espera, o prdio

totalmente climatizado, e conta com uma equipe de profissionais bem qualificados e eficientes, que busca oferecer o melhor atendimento, j que este um dos principais objetivos do CAT. O nmero de atendidos vem crescendo. Hoje so aproximadamente 800 scios, mas segundo Osvaldo Mafra, a demanda ainda est reprimida, isto porque falta divulgao nas empresas. A expectativa aumentar o nmero de beneficiados, s assim o Centro pode crescer e oferecer aos trabalhadores outras especialidades como pediatria e psicologia.

Trabalhadores de outros sindicatos tambm so beneficiados no CATTrabalhadores de outras indstrias como da pesca podem tambm usufruir os atendimentos do CAT, basta procurar

34

Revista SINDIPI

Christiane Pinheiro

odontologia um dos servios mais procurados no CAT

a Casa do Trabalhador e fazer o cadastro. A mensalidade est em torno de R$ 15,00, com direito a associar esposa e mais dois dependentes, pagando R$ 5,00 por cada pessoa. O grande diferencial do CAT a falta de carncia, isto , o trabalhador pode se associar, pagar a primeira parcela e ser atendido imediatamente. O CAT ainda possui convnio com clnicas particulares e os exames solicitados pelos mdicos podem ser feitos com desconto ou mesmo em clnicas que atendem pelo SUS.

Onde est localizado o Cat: Rua: Escoteiro Jlio Csar Medeiros, 162, bairro Vila Operria Itaja SC Telefone: 47 3348-5986 e-mail: [email protected] ou [email protected] Site: www.sitiai.com.br Onde est localizada a Casa do trabalhador: Rua: Jos Siqueira, 90, bairro Dom Bosco Itaja SC Telefone: 47 3348-4882/ 3349-2576

Texto Christiane Pinheiro

Revista SINDIPI

35

SADE

CONSumO DE PEIXE

DuRANTE A gRAvIDEz AumENTA A INTElIgNCIA DAS CRIANASPesquisa revela que filhos de mes que se alimentam de peixe durante a gravidez apresentam melhores ndices de desempenho em atividades ligadas a parte mental

S

de pensar em peixe, a agente de viagem, Karla Freitas Silva, se enche de desejo. Grvida de seis meses, de uma menina, ela no parou de consumir o alimento: Adoro todo tipo de peixe, e como sempre que posso. O benefcio do consumo de peixe Karla j conhecia, e a recomendao tambm foi feita pela ginecologista que a acompanha, que s proibiu o consumo de peixe cru, como sashimi. O que evito so frituras, e tambm consumo bastante frutas e alimentos ricos em fibras, tudo em busca de uma gravidez mais saudvel. Karla est no caminho certo. O consumo de peixe durante a gestao pode ajudar, e muito, no desenvolvimento do beb, principalmente no que diz respeito inteligncia. O exemplo vem das japonesas. H muito tempo se diz que os japoneses so mais inteligentes que o resto da populao mundial. Verdade ou mito, a fonte para a inteligncia pode estar relacionada ao alto consumo de peixe desde a gestao. Uma prova a pesquisa feita, em 1989, pelo professor Michael Crawford, que levantou a discusso sobre os benefcios do consumo de peixe durante a gestao. Conforme a pesquisa, as crianas japonesas tm um QI mais elevado que as da Europa e Estados Unidos devido ao hbito de comerem mais peixe e, como consequncia, ingerirem mais DHA (cido docosahexaenico), cido essencialmente graxo do tipo omega-3. O DHA, alm de ser transmitido criana durante a gestao, Revista SINDIPI

tambm liberado pela amamentao. Na mesma pesquisa, ele afirma que o leite materno das mes japonesas contm duas a trs vezes mais DHA do que o das mes dos Estados Unidos e pases europeus. Isso significa que para gerar uma criana com mais inteligncia, a gestante e as mes que amamentam, deveriam ter quantidade suficiente de DHA. A pesquisa mais recente sobre o assunto foi publicada em 2007 na revista cientifica Lancet. A pesquisa realizada na Universidade de Bristol e no Instituto Nacional de Sade dos Estados Unidos, afirma que mes que consomem uma quantidade considervel de peixe durante a gravidez, tm filhos que possuem melhor desempenho em vrias atividades ligadas a parte mental. Para chegar a tal concluso, os pesquisadores entrevistaram 11.875 mulheres grvidas sobre o consumo de peixe e frutos sociais, de comunicao, de coordenao motora e o QI dos filhos dessas mulheres at os oito anos de idade. Fatores socioeconmicos tambm foram levados em conta, alm de informaes sobre a dieta das mulheres. As crianas de mes que consumiram menos de 340 gramas de peixe e frutos do mar por semana apresentaram um aumento de 48% no risco de acabarem no grupo de mais baixo desempenho em termos de inteligncia verbal. Alm disso, um baixo consumo de peixes e frutos do mar tambm foi associado ao aumento do risco de a criana apresentar ndices baixos de comportamento e de desenvolvimento

motor, de comunicao e sociabilidade.

MAS O qUE O DHA?O DHA um cido graxo do tipo mega-3 presente principalmente na gordura de peixes vindos de gua fria e profunda, como salmo, sardinha, atum, arenque, bacalhau, truta e cavalinha. O DHA tambm encontrado, porm em baixos nveis, em carnes e ovos. Armazenado no crebro, especificamente na retina ativa das clulas nervosas, esse cido acumula-se especialmente nos nervos controladores, e presta um importante papel para manter as clulas nervosas, regulando as transmisses e ativao das clulas cerebrais. Com uma estrutura qumica muito flexvel, ele trabalha intensamente para tornar as clulas das paredes cerebrais mais macias, o que significa estimul-las sempre. Conforme a nutricionista da Secretaria Municipal de Sade de Itaja, Mirelle Sifroni Farias, o mega 3 um cido graxo poli-insaturado essencial, isto , o organismo no sintetiza, logo deve ser consumido na dieta. Alm de ser especial, a ingesto do mega-3 durante a gestao, ele reconhecido como sendo um nutriente cardioprotetor, por diminuir a taxa de triglicerdeos no sangue, diminuir a hipertenso arterial, auxiliar no combate ao cncer, ajudar na depresso, aumentar a fluidez do sangue, alm de ser um importante imunomodulador, ressalta. O docosahexaenico da famlia

36

de cidos graxos mega 3 so conhecidos tambm por serem componentes fundamentais da membrana externa das clulas cerebrais, e por meio dessa membrana que todos os sinais nervosos fluem. Portanto, a presena de mega 3 cria um ambiente ideal para a troca rpida de mensagens entre as clulas do nosso crebro, trazendo benefcios como melhora da concentrao, melhora da memria, aumento da motivao, melhora da habilidade motora, aumento da velocidade de reao, neutralizao do estresse e preveno de doenas degenerativas cerebrais, como o Alzheimer e Parkinson.

Joo Souza

COMO INgERIRMirelle explica que as crianas cujas mes consomem quantidades suficientes de cido graxo mega-3, desenvolvem maior habilidade cognitiva na primeira infncia. As mulheres que comem poucos produtos do mar, principalmente no incio da gravidez, apresentam maior risco de parto prematuro, assim como nascimento de bebs com baixo peso. Segundo a nutricionista, o recomendado s gestantes consumir peixe no mnimo duas vezes por semana, na forma de preparaes mais saudveis, ou seja, assados, grelhados ou cozidos com pouca gordura. No entanto, a ingesto de mega-3 durante a gestao pode ser recomendado diariamente, o que proporcionaria melhor desenvolvimento do beb. Porm, ela ressalta que no s pela ingesto de peixes. O consumo de outros alimentos como frutas oleoginosas (nozes, castanhas, amndoas), sementes germinadas de linhaa, leo de linhaa, que so fontes de mega-3, pode ser uma alternativa. Alm de fontes alimentares, o mega-3 pode ser encontrado na forma de frmaco, ou seja, suplementos facilmente encontrados em farmcias e estabelecimentos de produtos naturais. Entretanto, importante ressaltar que para que o organismo possa usar corretamente os cidos graxos mega-3 necessrio que tenham nveis adequados de vitaminas e minerais, alm da ingesto adequada de macronutrientes (carboidratos, protenas e lipdios). Portanto,

Com mame consciente, beb nasce saudvel

uma alimentao balanceada e saudvel promove uma melhor qualidade de vida em qualquer idade.

O CONSUMO DE PEIXE EM ITAjAItaja o maior porto pesqueiro do pas. Apesar de o peixe ser facilmente encontrado, o consumo do alimento poderia ser bem maior. Conforme Mirelle, na cidade, assim como em outras do litoral, h um estmulo por parte dos profissionais de sade, para a maior ingesto de pescados em todas as faixas etrias. Por exemplo, no Brasil, vrias pesquisas indicam que o consumo de mega-3 em crianas durante o perodo escolar aumenta o nvel de concentrao, melhorando consequentemente o rendimento escolar. Pensando nisso, h pelo menos seis anos, o peixe faz parte do cardpio das escolas municipais. Essa foi uma forma encontrada pelas secretarias da Sade e Educao para estimular o consumo do alimento e, com isso, melhorar o aprendizado. Por no poder ter espinha,

a espcie oferecida s crianas o atum preparado com macarro ou refogado com arroz. Porm, a aceitao ainda baixa. Conforme a diretora do Departamento de Orientao e Assistncia do Educando, Dulce Amaral, muitas crianas rejeitam o alimento. Por isso, um novo cardpio deve ser elaborado, para que o peixe seja consumido pelos alunos de forma mais prazerosa. Uma nutricionista deve elaborar um cardpio com as opes de peixe que podemos servir s crianas e novas receitas que vo ser selecionadas, e esperamos que as crianas aprovem, ressalta. Se depender de Karla, o peixe vai estar sempre no cardpio da filha, que vai nascer no inicio de agosto. Incentivar o consumo de peixe? Com certeza! E se Deus quiser ela vai ser uma menina cheia de sade e energia, diz Karla, que com certeza j deu o primeiro passo, oferecendo mega-3 criana desde o ventre.

Texto Soraya da Silva

Revista SINDIPI

37

tEMPO

O INvERNO SE APROXImA

COm ElE, AumENTAm OS PERIgOS Em AlTO-mARA primavera e o vero foram de condies climticas complicadas. Previses de chuvas, ventos fortes e ressacas, deixaram as cidades litorneas e todo o estado de Santa Catarina em alerta. A previso indica mais chuvas durante o inverno

A

ntes de sair com o seu barco em direo ao alto-mar, o pescador Admir Braz da Silva, fica atento s condies do tempo. Observa o vento, o mar e da ento decide pelo incio da viagem. Pescador h mais de quarenta anos, aprendeu a conhecer o tempo pela observao, que aliada a um pouco de sorte norteia o mestre de barco na busca por pescaria. Porm, cada vez mais, o pescador alia o seu conhecimento com os dados meteorolgicos divulgados pela Capitnia dos Portos. O motivo, segundo ele, que o tempo est surpreendendo cada vez mais. No podemos mais confiar somente no nosso conhecimento. O tempo muda de uma hora para outra e, se no estamos bem informados, somos pegos de surpresa, o que no nada bom em alto-mar, ressalta o pescador. Um exemplo disso aconteceu no dia 28 de maro, quando um fenmeno assustou a regio da Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul. Uma tromba dgua, espcie de tornado sobre o mar, se formou sobre a regio. Causado por um sistema de baixa presso atmosfrica e pelo avano de uma frente fria em direo ao Rio Grande do Sul, o fenmeno, apesar de durar poucos minutos, surpreendeu principalmente os pescadores que trabalham no local. Apesar de trombas dgua acontecerem em qualquer estao do ano, essa serviu para alertar os pescadores sobre uma ameaa ainda maior: os ciclones exRevista SINDIPI

tratropicais, mais comuns no outono e no inverno.

LA NiA E EL Nio E SuAS iNFLuNCiAS CLiMTiCAS reconhecido cientificamente que o fenmeno La Nia, bem como a sua contrapartida, o El Nio, influenciam o clima em vrias regies do globo. Porm, em grande parte das regies atingidas pelos efeitos destes fenmenos climticos, nem sempre a influncia observada, pois depende do perodo de ocorrncia e respectiva intensidade. Para nos explicar melhor o que so esses fenmenos, conversamos com o meteorologista e pesquisador da Epagri-Ciram, Rosandro Boligon Minuzzi. Segundo ele, o El Nio Oscilao Sul (Enos) um fenmeno de grande escala que ocorre no oceano Pacfico Equatorial. O fenmeno mostra, de forma marcante, a forte interao oceano-atmosfera, que se manifesta sobre a regio. A variao irregular em torno das condies normais da regio do Pacfico revela duas fases opostas do Enos: Um desses extremos representado pelas condies de El Nio, quando se verifica um aquecimento das guas simultaneamente com diminuio da presso atmosfrica no Pacfico leste (tambm denominada fase quente ou fase negativa), e a situao oposta, ou seja, quando ocorre um resfriamento das guas e aumento na presso

atmosfrica na regio leste do Pacfico (tambm denominada fase fria ou fase positiva), representa condies de La Nia, explica o meteorologista. Num contexto geral, acredita-se que as anomalias climticas relacionadas ao El Nio e La Nia ocorrem nas m