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Revista Ponto de Escambo #2 1 RE- VISTA PON- TO DE ES- CAM- BO

Revista Ponto de Escambo #2

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Edição de Setembro/Outubro 2015

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RE-VISTA PON-TO DE ES-CAM-BO

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2Editor ChefeMarcos Poubel

Edição e DesignRafael de França

ComunicaçãoIsadora Ribeiro

Relações PúblicasMateus França

Equipe EditorialPaloma DantasCarlos Souza

Equipe

Uma Realização

[email protected]

Apoio

acompanhe a versão online no link:

issuu.com/escambocultural

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Com o propósito maior de promover, divulgar e fazer o intercâmbio entre os diferentes ramos da arte, a Revista Ponto de Escambo não poderia dei-xar de falar daqueles que por muito tempo foram, e alguns ainda são, vistos como fi guras marginais na arte.

As vezes o tom assusta, mas o sentido da palavra “marginal” nesse aspecto em que estamos abordan-do trata das artes que, historicamente, fi caram “à margem” dos padrões hegemônicos da sociedade. Manifestos populares artísticos que nasceram nas periferias, nas calçadas, em butecos e em lugares que a comunidade frequentemente se encontrava.Nessa edição, a magnifi cência da escrita é o ber-ço das pautas. A arte literária que já foi proibida por muitos, restrita a alguns e regalia de poucos, se destaca pela versatilidade dos meios onde ela se pronuncia. De um cenário algumas vezes hostil, música, cordel, contos, poesia, fábulas, entre outros, rompem barreiras ganhando espaço dentro de uma realidade nem tão favorável, mas que podem ser aplaudidas de pé pela grandeza de sua qua-lidade.

Vamos destacar movimentos que mudaram de sta-tus e hoje representam a força do cenário cultu-ral carioca, assim como a realidade daqueles que acreditam, tentam e investem nessas produções ar-tísticas com todas as difi culdade e obstáculos que possam aparecer.

Isadora Ribeiro

Editorial

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4Sumário

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A linguagem é uma ca-pacidade humana tão

fecunda que muitas ve-zes o tom de voz, a esco-

lha certa das palavras e o ritmo que se emprega para tocar em um determinado assunto pode tanto nos ofender quanto nos emocionar. Assim como acon-tecimento banal, “nada demais, bobagem”, pode virar “babado forte, menina!” na boca de uma boa fofoqueira, na fi cção um objeto ou espaço inanimado pode ganhar uma muitas almas dependendo do olhar que se deita sobre a matéria.

Ler uma história pode prender a nossa atenção por horas, se-manas ou meses. Alguns livros são devorados em apenas um dia, outros levam meses ou anos para que possamos chegar à sua última página. Não é difícil encontrar alguém que nunca tenha tido uma relação maluca com um livro que era carregado pra cima e pra baixo debaixo do braço, mas raros eram os momentos em que se conseguia realmente lê-lo, levando-o a ou-vir aquela incansável pergunta “Pô, tu ainda não acabou esse livro?”, que, após a resposta ne-gativa, sempre vinha junto da-quele comentário “legal” do tipo “Nossa, nunca vi tanta lerdeza pra ler um livro fi no desses!”.

O texto fi ccional pode motivar o leitor através de alguns ou to-dos os seus elementos. Quando precisamos desesperadamente

Quem conta um conto, aumenta um ponto?saber o que vai acontecer na história e “não dá pra parar de ler agora”, o elemento mais mar-cante da narrativa pode ser o enredo, “tão bem amarradinho que eu nunca ia adivinhar que o livro ia terminar dessa forma”. Se nos identifi carmos ou criarmos ojeriza a um personagem, esse, sem dúvida, ganhou vida pró-pria. Outras vezes, temas que falam de um e de todos, como a morte ou o amor, ou outros que parecem bobos podem ser abordados de uma forma tão peculiar que nos dá outra no-ção da realidade. Mas, se como dizemos no dia-a-dia, “o pro-blema não é o que se fala, mas como se fala”. Quem é o cavalo ou o anjo que permite que todos esses elementos existam?

O narrador é o elemento fi ccio-nal que fi ca entre o leitor e os fatos, contando tudo à sua ma-neira. Ele pode ser bonzinho com o leitor e levá-lo pelo braço, guiando-o por toda a narrativa, até que lá pela centésima pági-na o leitor consiga perceber o jogo de manipulação desse nar-rador peralta; pode mandar um “se vira” e meter o pé da história para que você, leitor, conheça mais profundamente o persona-gem ou esfregar tanto a verda-de na sua cara que ela acaba se tornando uma mentira.

E você, tem alguma mentira para nos contar?

Carolina Felizola*

*Carolina Felizola é professora de inglês, tem a literatura como melhor amiga e acredita que o texto literário está dentro de todos nós.

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Existem forças operando neste mundo. Forças escusas, forças do coração, as quais devemos obediência. Elas espreitam à porta, batendo incessantemente. Primeiro,

você se esconde até decidir que é capaz de expulsar o intruso. Você vai até o quintal, apanha uma pá e gol-peia o portão até suas forças se extinguirem. Então, você adoece e o visitante finalmente força a entrada. Ele puxa o portão contra si para, em seguida, empreender o movimen-to contrário. Muitas vezes, o recuo constitui o melhor avanço, mas é muito tarde para que você perceba a elegância deste movimento. Aquele estranho renovado está olhando para você, enquanto gentilmente lhe carrega para a cama. Sua pele adquire a textura de um guardanapo virado em dobras. Ele aconchega você em meio às cobertas e diz que não irá embora até que você fale. O esforço anterior faz com que seus olhos involuntariamente se fechem. Ele diz que estará embaixo, preparando uma sopa, enquanto descanso.

Eu sonho com um teatro cheio, mas não estou na platéia. Estou no café, com um conhecido. Há um intenso burburinho e nos sentimos agraciados pela cobertura de tantas vozes. Ele mantém os olhos fechados e em algum ponto da conversa nos tornamos surdos. Contudo, ele parece anuir completamente às minhas ideias. Minha saliva parece vazar meus pensamentos e não tenho mais controle do que digo. Bebo um pouco d’água, acaricio as bordas do copo. Ele parece atingir o estágio R.E.M de inconsciência. Coloco meus dedos dentro do vasilhame, repito a carícia, digitais umedecidas, uma vez e outra... O copo emite algumas notas as quais ele não permanece imune. Algumas gotas se desprendem dos meus dedos e retornam à fonte. Me lembro de usar a expressão “liquefazer por baixo”. Ele absorve tais palavras com a presteza com que uma ideia implantada corresponde-se com um feitiço.

Então, chove sobre nossa mesa e o sonho começa a se descolar deste espaço-tempo até o ponto em que você se acha em sua cama, janela quebrada, quarto molhado, uma tigela de sopa na cabeceira, acompanhada de um bilhete:

Sons Gentis Verena Duarte*

*Verena Duarte é editora na Papel-jos Editorial. Formada em Estudos de Mídia pela UFF e Letras – Português/Literaturas pela UFRJ. Fascinada por contar histórias desde 1990.

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Anuncio Luana e Venom arts

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Criado no ano de 2014, o pro-jeto “CHÁ COM POESIA” surge a partir da necessidade dos artis-tas anônimos da comunidade de Realengo e adjacências de dar asas a suas criações. Daí ami-gos sonhadores que vários anos atuam promovendo eventos que agreguem valores, juntaram-se para pensar e pôr em prática este projeto, simples e objetivo, porém elaborado com muito res-peito a todos os envolvidos.

Caminha para sua quarta edi-ção, este evento que muito nos envaidece, uma vez que perce-bemos acertar mesmo sem mirar o alvo. Estamos convictos de que é isso que a comunidade gosta e é isso que a comunidade quer. A cada edição, o “CHÁ COM POESIA” revela artistas com po-tencialidades múltiplas. Ver o bri-lho nos olhos tanto daquele que faz quanto dos que consomem com muito gosto é motivo de or-

gulho. Percebemos que na comu-nidade a cultura fervilha, porém intramuro, devido à simplicidade destes artistas assim como a fal-ta de espaços para suas apre-sentações.

Recentemente este projeto dis-putou uma verba na Prefeitura do Estado do Rio de Janeiro pelos 450 (quatrocentos e cin-quenta) anos da Cidade do Rio de Janeiro onde, embora não lo-grando êxito em receber a ver-ba a “CONFRARIA DO CHÁ COM POESIA”, foi agraciada com a chancela, diploma que ratifi ca a ação e impulsiona a equipe a se esmerar em fazer sempre o seu melhor em busca de uma cultura justa e que dignifi que a todos os envolvidos.

O formato do evento é simples. Tem início sempre com uma mesa de chá com torradas e café para aqueles que gostam. Se-

CONFRARIA DO CHA COM POESIA

por Floriano Silva

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guindo o cronograma, uma roda de debates, para daí iniciar to-das as apresentações previa-mente agendadas. O projeto vai onde o povo está. Residências e praças transformam-se em tri-buna para este povo. Sempre que possível é permitido espaço para os visitantes.

Contempla o espaço: A poesia; a dança; a música; as obras de arte e o teatro. Aos interessados em conhecer um pouco do nosso trabalho, basta acessar o site: culturanaszonas-com.webnode.com/, lá encontrarão fotos dos eventos realizados e como par-ticipar, dando sua contribuição para a cultura.

“Venha você também juntar-se a esta equipe”.

Idealizadores: Floriano Silva, formação: Pedagogia.silvaffl [email protected] tel: 99433-1033 claro whatsapp.

Robson do Chocolate, formação: Matemática.Contato: 96426-9861. Nextel.

Mestre Zelão do Berimbal fi gura sem-pre presente no Chá com Poesia

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10 Nossa Senhora por Flávio Augusto Câmara*

De repente a morte pisou no meu parapeito.

Vinha com os olhos de sempre, embora seu vestido

hoje seja de um negro absurdo.

Corria alegre uma algazarra no centro da sala

Acendi um cigarro e tomei o cuidado de encher dois copos.

Num dos seus intervalos, por um delicadíssimo acidente, a vida

pôs uma capa azul sobre a clepsidra: a minha vizinha assobiava Noel

Rosa, pondo água na plantinha da janela.

Dançamos, eu e minha Senhora, atentos e fortes, ambos com a navalha

e os dados no bolso.

Fazia um sol sem data sobre os telhados

abancado no canto da parede, entre a fumaça e os talheres, vejo-a quebrar a esquina, e ir fazer mira no fundo da casa, quieta e viva qual um bicho experimentado.

Vejo-a, e sinto o corte das pancadas vindas dos ponteiros

Vejo-a, escorregando nas bordas dos copos, deixados pela metade

Vejo-a, com sua matemática, com seu urro de urso.

Vejo-a sobretudo agora, que a mulher ao lado fechou as janelas

E que na hora do viço eu nunca soube cantar

*Flávio Augusto Câmara Araújo é Professor de Literatura Brasileira, formado pela UFRJ. Quando crian-ça, ouvia da mãe, Dona Helenice, que “quem lê sabe das coisas.” Passou a infância e a adolescência ouvindo Silas de Oliveira e Cidinho e Doca, Candeia e Bob Rum, Vinicius e Mano Brown, o burburinho dos butiquins e as salvas dos balões fogueteiros, além do som das balas e lágrimas a que parte dos amigos da sua primeira juventude foram submetidos. Hoje mora em Nova Iguaçu, lugar em que procura ver o mundo com os óculos da Baixada Fluminense. Militante engajado nas causas populares, continua participando de pré-vestibulares de cunho popular, movimento de minorias e grupos de democratiza-ção dos mídias. No momento lê Paulo Freire. Torce para o Flamengo e o fi m do Capitalismo.

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Circuito Favela CriativaMarcosPoubel*

*Marcos Poubel é agente cultural e atual presidente da Escambo Cultural.

Nos dias 01 e 02 de agosto aconteceu o lançamento do Cir-cuito Favela criativa na Vila Ke-nnedy. Com diversos grupos de diferentes linguagens artísticas, o evento abriu espaço para gru-pos amadores e profi ssionais se apresentarem. A escolha destes grupos aconteceu por meio de seleção públicas.Na área da dança podemos destacar a Portus Cia de Dança que fez o lançamento do projeto Palavras na Rua, a JP Move que apresentou o espetáculo Que Se Funk e a Companhia In Off que apresentou uma parte do seu novo espetáculo que está em construção.

A cultura maranhense, e a cultura nordestina em geral, essencial na formação da cultura e vibe das comunidades cariocas, estiveram presentes no evento com o Bum-ba Meu Boi Estrela de Gericinó, passeando em cortejo pela pra-ça da Vila Kennedy.

O Circuito vai acontecer em sete fi nais de semanas seguidos:

29 e 30 de agosto Região Portuária - Largo São Francisco da Prainha

5 e 6 de setembro Complexo do Alemão/Penha - Vila Olímpica Carlos Castilho

12 e 13 de setembro Grande Tijuca - Vila Olímpica do Salgueiro

Mais Informações sobre progra-mação encontram-se em:

www.favelacriativa.rj.gov.br

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Comecei a escrever por volta de 1999, mas só passei a divulgar meus fanzines¹ e materiais inde-pendentes por volta de 2001, quando eu ainda morava em Ouro Preto, MG. Meu primeiro fanzine se chamava “Descon-templados Zine” eu o trocava via carta com muitas pessoas do Brasil todo. Em 2004 é que comecei mesmo a vender meus trabalhos, após ter contato com a obra de um poeta de Belo Ho-rizonte (Rogério Salgado) e um outro de Brasília (Nicolas Bher). Estes dois foram fundamentais pra o meu processo criativo ir adiante. Claro que tive infl uên-cia dos poetas da geração mi-meógrafo e etc., mas com esses dois, o contato foi direto mesmo.

Toda essa trajetória contribuiu para que eu me veja como um “trabalhador dentro da cidade”, a cidade precisa de poesia, eu vou e dou, troco, empresto, colo nas paredes, “picho” nos muros, sei lá... É difícil se distanciar e ex-plicar porque estou vivendo este momento bem agora e é quase impossível falar de uma cena ou coisa enquanto estamos dentro do olho do furacão.

Eu saio de casa, vou para algum lugar onde sinta receptivi-dade por parte das pessoas e começo a oferecer meus livros e livretos, quem quiser levar em-bora, para sempre, eu peço uma

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por Rômulo Ferreira*

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livre contribuição. Isso funciona legal! Muitas pessoas não acreditam que elas podem dar o quanto puderem por algo, creio que isso já causa uma quebra no

dia do “ser poetizado”. Além disso, ir para a rua ofere-cer o material e dialogar com o público constitui o meu trabalho diário, levei anos e anos para chegar a determinado livro e, como me propus a viver disso, preciso vender meus livros e fan-zines nas ruas. Acho justo demais as pessoas poderem escolher o preço por determinada coisa, acho uma grande afronta ao capitalismo cultural. Pois quebra a ideia de que tudo tem que ter um preço, as coisas tem sim que ter o seu valor, mas não somente o fi nanceiro. Muita gente aca-ba levando de graça, em con-trapartida, muita gente acaba dando uma força bem generosa, o que acaba servindo para que mais pessoas possam ter aces-so a minha arte. Funciona mesmo como uma economia solidária, quem pode dá mais, quem não pode dá menos, quem não pode dar nada, leva também. E creio ser esta uma visão coletiva da coisa que estamos fazendo.

A poesia na rua já existe des-de que o homem se entende por ser pensante e atuante em seu espaço, a poesia sempre foi ab-sorção e transformação dos co-

nhecimentos adquiridos na vida. É coisa forte mesmo, de uma busca por auto entendimento. Formar opiniões, mostrar que existem saídas outras que não são tão convencionais para a vida. A arte sempre teve muito este papel de mostrar caminhos outros. De enganar a rotina, de ser o pavio do tonel de pólvora.

Lá no Rio de Janeiro² o cenário da poesia na rua com que a gente tem mais contato é com a galera do circo voador, da ge-ração mimeógrafo, a galera dos anos 70 mesmo, tanto por uma questão geográfi ca quanto por uma afi nidade de vanguarda. A diferença do cenário daquela época para o dos dias de hoje é que, nós, os poetas de rua atuais, pagamos nossas contas, isto é, fazemos nossos dias em prol de uma forma de ganhar uma graninha pra viver colo-cando a poesia no centro da cena. Outra diferença marcante é a oralidade. Embora a galera dos anos 70 tenha fi cado fa-mosa por alguns livretos mara-vilhosos e impressos lindos de-mais de morrer, eles tinham uma função poética primordialmente ligada à oralidade, ao recital, ao palco, ao lado teatral mes-

mo da poesia, e isso c o n t r i b u i

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14 muito para uma maior aceitação popular.

Creio que atualmente o poeta esteja vivendo a onda do gra-fi smo, da impressão no papel, a onda de repassar seu material e trocar... Criar! Essa fase, ou cena, está muito ligada ao movimento punk, que fortaleceu e expandiu demais o uso do fanzine como fonte de informação e dissemi-nação cultural. A “parada” dos punks era mais musical e pro-testo, mas teve uma época (por

volta dos anos 90) que a coisa fi cou muito na poesia. Eu peguei este fi nal, foi o fi nal dos anos 90. A quantidade de poema ruim que eu recebia me deixava lou-co, mas era tudo muito bem feito, as colagens primorosas de dei-xar qualquer artista plástico de formação com o queixo caído, a gente nem tinha acesso ainda a computadores e impressoras. Era tudo na colagem mesmo, colava e xerocava, xerocava novamen-te e cortava, depois ia e fazia uma nova cópia até chegar as resultado desejado. Um proces-so lindo e trabalhoso. Acho que este momento foi o maior “cut up”4 do mundo, todo mundo pe-gando coisas do outro e remo-delando a seu gosto. Foi demais!

Mas eu só eu comecei a viver mesmo esta retomada da poesia de rua na cidade do Rio de Ja-neiro, a partir de 2007, quando vim passar umas férias de verão no Rio de Janeiro. Assim que vol-tei para a minha cidade, Ouro Preto, já tinha planos de retor-nar ao Rio de Janeiro e produzir mais, pois havia campo e gente para essa vazão de arte. Na época eu sentia que daria para se viver de minha poesia.

Atualmente na cidade do Rio de Janeiro, temos uma lista bem ampla de saraus, recitais, inter-venções em praças, etc., mas confesso que tenho lido pouco material das pessoas que estão à frente destes movimentos por-que não vejo como uma coisa

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que parta de escritores inde-pendentes, é mais uma inciativa (ótima por sinal) de produtores culturais independentes. Claro que temos vários escritores sim e nunca conseguiríamos comu-nicação com todos eles por di-versos motivos, mas eu vejo que falta talvez audácia mesmo. Es-crever, mostrar, criar de fato um movimento de poesia escrita independente. Aliás, criar nada, poesia sempre foi independente e sempre será! Somente fortale-cer e colocar nossa cara nesta página da histérica história que estamos vivendo.

notas:¹ Fanzine; Abreviação de Fanatic Maga-zine, revista de fan... Segundo alguns, uma publicação independente e de fácil cir-culação, pode-se conter diversos assuntos dentro de um fanzine, sendo o mais comum o universo independente.

² Depoimento concedido via e-mail, de quando eu ainda estava em Turnê pelo Coletivo AMEOPOEMA³. Em Ouro Preto, MG.

³ AMEOPOEMA: Informativo literário que nasceu em 2010, pelas mãos de Bárbara Zul e Rômulo Ferreira, e que tinha o objeti-vo de divulgar autores independentes de forma impressa e com circulação nacional. Em 2013 em iniciativa do autor Conrado Gonçalves (facebook) criou-se o Sarau Delirante AMEOPOEMA, que juntou du-rante uns dois anos algumas dezenas de pessoas no beco dos Barbeiros (centro da cidade) uma vez ao mês. Este sarau colaborou de forma efetiva para a cria-ção do Coletivo AMEOPOEMA, que veio de maneira muito orgânica se forjando nas entranhas da cidade. Hoje em dia o Coletivo atua de diversas formas poéticas dentro da veia da cidade, oferecendo ofi cinas de literatura, livros, intervenções,

palestras, mostras de fanzines, recitais em lugares nada convencionais, etc... Poeti-zando a cidade, a nosso modo.

4 - Cut Up: Colagens aleatórias de um texto ou imagem já registradas em outro momento... pode-se criar quantos Cut up’s se quiser, uma dica, pegue um poema do Drummond e corte as linhas ou as pala-vras, como quiser, depois vá colando ale-atoriamente numa outra folha... Pronto! Eis o tal do Cut Up!

*Rômulo Ferreira (1982-2022) é autor independente e articulador de cultu-ra, Nascido em MG, viveu num monte de lugares, mas se encontra agora ancorado na Bahia de Guanabara, onde tenta viver de sua poesia. Ama o poema, e escreve quando dá no Blog:www.romulopherreira.blogspot.comwww.facebook.com/experimentalismos

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Rodrigo Silvarodsilva.carbonmade.com

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Há fome.

Há menos tempo do que havia há menos do que há menos

do

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há pra comer gente o preço sobe o trabalho sobe o pão ao telhado

p não morrer de mofo esperando quem coma

o jornal amarelado, s tempo doente

como eu

espero sobre a prateleira q me LEVE, PRÁTICO, FÁCIL DE USAR

pra ver kem se vende + rápido

como trufas brancas e arroto na kra

do pé rapado q c dane

o resto do tpo q m resta

poko como n há

tempo, tempo, tempo, tempo para ouvir a música das crianças não é essa

a rima q escolhi

nada nessa vida é

por acaso

sonha quem tem fome

de tempo?

*Jessé Castilho é escritor, roteirista, ator e professor de literatura.

Jessé Castilho*

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A Zona Oeste é um oásis cultural, foi assim que Binho Cultura, fun-dador da Flizo apresentou seu projeto ao Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Na ocasião o prefeito não teve dúvidas de que a Festa Literá-ria da Zona Oeste apontaria um holofote para a região mais atingida pelas desigualdades, onde suas maravilhas sequer eram reconhecidas pelos pró-prios moradores.

Fato é que em 2013 a Zona Oeste foi notícia positiva nas principais mídias do país, a cul-tura e a arte colocaram em cena todo o arsenal e sofi sticação dos produtores culturais e artistas de todos os segmentos, de Sepeti-ba à Barra da Tijuca, levando sua programação aos dez mais populosos bairros, a dezesseis

escolas municipais, dez universi-dades e a espaços culturais da região. A Flizo fez a Zona Oeste bombar e surpreender quem su-bestimava o potencial deste ter-ritório que deixou de ser motivo de chacota e do “esquecimento” na hora dos investimentos públi-cos e privados. Homenagean-do o Grande e saudoso autor José Mauro Vasconcelos, a Flizo chamou para a Zona Oeste a responsabilidade sobre seus no-bres nomes das artes, nivelando por cima a qualidade daqueles que nasceram ou cresceram na região e ganharam o mundo le-vando os nomes dos seus bair-ros, como foi também o caso do homenageado da segunda edi-ção, Paulo Lins, em 2014.

por Binho Cultura

A Festa Literária da Zona Oeste dá um Alô, alô Realengo home-nageando os duzentos anos do bairro, na edição de 2015.

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A Prefeitura do Rio de Janeiro é a que mais tem investido em cul-tura em todo o país, contudo, não bastasse ser a maior investidora, mas também vem, pela a primeira vez, priorizar o subúrbio carioca nos percen-tuais nos editais, de 2013 para 2015. O Fomento, Pontos de Cul-tura, Pontos de Leitura, Ações Lo-cais, Territórios de Cultura e Viva a Cultura somam consideráveis valores que contemplam desde o grande produtor ao fazedor cultural independente e não ins-titucionalizado. Estar no mapa da Cultura é uma conquista mui-to comemorada pelo idealiza-dor da Flizo, que hoje assiste às pessoas se orgulharem da Zona Oeste, mesmo sabendo que há muito a ser feito. Porém, em cur-to prazo convém dizer que os avanços dada a parceria com a Prefeitura são bastante consi-

deráveis.

Falando mais de 2015, a edição da Flizo pretende surpreender seus visitantes ao apresentar um dos bairros mais importantes para a História do Brasil, os an-fi triões estão animados, o Cen-tro Cultural Arlindo Cruz será o palco das atrações, exposições, performances, etc. A Flizo convi-da os cariocas a comemorarem os 450 anos da cidade mara-vilhosa, juntamente com os 200 anos de Realengo, recebendo com “Aquele Abraço” famoso no mundo todo! Do dia 26 a 31 de outubro será possível conferir e participar da semana que terá tudo para ser inesquecível, os esforços não estão sendo pou-pados para presentear o públi-co com uma programação eclé-tica para todas as faixas etárias.

Mais informações em breve aces-sando o site www.fl izo.org

Patrocínio Secretaria Municipal de CulturaApoio Cultural Sesi Cultural/Sistema FirjanEixo RioRealização: Bela Oeste Produções e Cam-bota Produções

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No princípio, é somente o espan-to. Com as coisas do mundo, que estalam alguma coisa nos den-tros da gente e explodem na imaginação. Toda criança brin-cando não é um fi ccionista em potencial? Daí que todo mundo é um fi ccionista em potencial.O segundo espanto é com os mundos dos outros: a arte dos outros. A arte. Imagens, sons, pa-lavras que soam tão perfeitos que nenhum homem poderia ter criado.

Temos a impressão de que certos versos, canções e histórias são fenômenos naturais: existem des-de sempre. Pertencem à natureza como o vento ou a grama verde. Assim parece que nos chegam as cantigas de roda, sambas antigos, mitos e lendas, ditados populares, alguns versos de Ca-mões (“amor é fogo que arde sem se ver” desde que o mundo é mundo) ou versículos da Bíblia. Tudo obra de Deus? Diz a poe-tisa portuguesa Sophia de Mello Breyner: “Encontrei a poesia an-tes de saber que havia literatu-

ra. Pensava que os poemas não eram escritos por ninguém”.Eu mesmo passei anos com essa impressão mágica sobre a ori-gem de tudo que ouvia. Em cer-ta idade, porém, descobrimos as pessoas por trás dos versos, das canções, das histórias; as verdadeiras lendas. A partir daí, a cada nova descoberta, me espantava: “Então é possível alguém criar uma história assim! Então nem tudo vem do nada! Então é possível ser um pou-co Deus”. E o passar dos anos foi trazendo estupefações mais complexas: “Então é possível al-guém expressar sentimentos as-sim... Criar personagens assim... Frases assim... PALAVRAS assim!”.E aí, o potencial fi ccionista dos meus dentros teve vontade de existir: nasceu. “As coisas do mun-do podem vir de mim também”, descobri. Mas faltava alguma coisa.

Para o crítico literário Antonio Candido, a literatura se articula numa tríade: autor, obra e pú-blico. Após me descobrir autor e começar a engatinhar minha obra, faltava público (a mãe coruja não bastava). Se tanta gente publica suas obras (tan-tas de gosto duvidoso)... Por que não eu? Ótimos livros me inspira-ram a escrever; os péssimos me motivaram a publicar.

Então se descobre: escrever é a parte fácil. O pior para o inician-te é conseguir boa realização gráfi ca, boa distribuição, boa

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divulgação... Boa aceitação. Que editora vai apostar num autor novo, inédito, anônimo? Se considerarmos que todo autor já foi tudo isso, a conclusão é lógi-ca: alguma vai!

Atualmente, são diversos os meios de editoração: a produção sob demanda, em que uma empresa prepara a edição do seu livro conforme você desejar, na tira-gem que você quiser (mediante o pagamento do pacote que você escolher), e às vezes vende seu livro em site próprio, mas não divulga ou distribui em livrarias; a edição de e-books, mais ba-rata; as editoras de pequeno ou médio porte (que talvez dividam os gastos de editoração com você – o que não te garante lu-cro), já mais comprometidas com divulgação e distribuição; e as grandes editoras, o Olimpo dos escritores (com que a maioria dos novatos apenas sonha).

Ainda que consideremos que todo autor consagrado já foi iniciante antes de publicado por uma grande casa editorial, é preciso lembrar que editoras são empresas comerciais: almejam lu-cro; fazem investimentos – procu-rando os mais seguros possíveis.Daí que há muito mais best-sel-lers do que novas obras literárias no mercado; mais prosa do que poesia entre os best-sellers; mais

best-sellers estrangeiros do que nacionais; daí que um autor de best-seller será, provavelmente, alguém que possui, além de uma boa escrita (eventualmente, nem isso), bons contatos ou um bom agente literário ou bom poten-cial de mercado (alguém famo-so ou alinhado aos best-sellers estrangeiros) ou uma trajetória proeminente em editoras menores e até nas redes sociais. Às vezes é preciso ser um pouco Deus. Com muito custo (fi nanceiro, inclusive) e sem poder divino, nasceu meu Desmoronaventos (contos, 2014).Se tudo isso espanta você, lei-tor-pretenso-escritor... Ótimo! Vá correndo pôr os seus dentros no papel. O espanto é o princípio de tudo, e pode ser a gênese de mais um mundo fi ccional – o seu.

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A Ocupa Cacilda! é uma pro-posta de trazer vida a um dos centros de referência da dança carioca. A programação come-çou no mês de agosto e vai até outubro, sempre com o foco nas danças sociais com perfi l con-temporâneo.

Além de apresentações de es-petáculos de importantes com-panhias de dança, o evento conta ainda com conversas, ci-nema e espaço de experimenta-ções para os novos artistas.

Na abertura do Ocupa Ca-cilda! tivemos a apresentação do espetáculo Que se Funk, da Companhia JP MOVE. O grupo tem 17 anos de estrada e con-ta com a direção do dançarino Michel Cordeiro. Suas ações, até este momento, estavam voltadas para a formação do profi ssional a partir de um viés social, a fi m de resgatar a autoestima do jo-vem da periferia.

Que se Funk é o primeiro projeto da companhia. É praticamente impossível assistir ao espetáculo e não se envolver com a cena, seja pela música, seja pela sen-sação de transporte que os in-térpretes nos proporcionam.

Enquanto assistimos, somos leva-dos para todas as entradas e saídas da comunidade: as re-

lações sociais, a luta do jovem em afi rmar sua origem sem sentir vergonha, quebrando as formas estereotipadas que muitas vezes são afi rmadas pela maioria da população.

O funk como expressão social é a base para a construção cêni-ca, mas também temos a compi-lação de outras danças urbanas que igualmente são marginaliza-das como break, krumping, entre outras. Nas palavras de Michel Cordeiro, “o funk muda a corpo-reidade do carioca”. Essa lin-guagem faz parte da cultura do Rio de Janeiro, está presente na sua fala, no seu jeito de reagir às situações sociais, nas roupas. A possibilidade de ver o funk em cena e ao mesmo tempo se ver em cena. Por isso cantamos as músicas, nos emocionamos com as histórias e até mexemos os pés por baixo dos bancos, na tentativa de fazer parte do es-petáculo.

Que as próximas atrações do Ocupa Cacilda!, uma arte comprometida com as relações sociais e um desenvolvimento técnico impecável, sejam tão im-pactantes quanto a estreia.

Parabéns aos organizadores do evento Ocupa Cacilda! e para a companhia JP MOVE.

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Felipe Boaventura*

Nesse mês de Setembro te-mos a Bienal do Livro. E fi z

uma sugestão de roteiro pra dar uma luz se você está com dúvi-das do que fazer nesse evento gigantesco. Nesse roteiro tentei ser plural pegando desde es-critores de cunho empresarial (Alexandre Teixeira) até fi cção científi ca - que é a literatura que mais tem atraídos jovens. E esse ano teremos mesas com pessoas vindas das comunida-des do grande Rio e as marquei também.

Em Setembro também, continuam os encontros da editora Mórula no restaurante Al Farabi na Rua do Rosário no Centro. Fique li-gado na programação que já deve estar no site da editora. Entrada franca. E saiu o volume 3 do glorioso clube de prosa do Rio, o “Clube da Leitura do Sebo Baratos da Ribeiro”, do qual faço parte. O Clube se encontra às terças a cada quinze dias no sebo homônimo em Botafogo.

No Circuito Favela Criativa, mi-nistrei curso sobre escrita e edi-ção de textos e livros. Em breve mais novidades sobre isso.

Às segundas na Casa Porto acontece o Silêncio na Bibliote-ca, um evento que leva pessoas do mercado editorial e cultural à casa para uma conversa infor-mal com o público. Também com entrada franca.

Sobre o projeto que falei na pri-meira edição, o Omoge, ele está sendo gerado, ainda que não no tempo que eu gostaria. Mas faz parte e em momentos assim é preciso manter a tranquilida-de e aumentar a perseverança. Algumas coisas irão mudar no escopo do projeto porque acho importante que ele seja produ-zido. Serão cenas dos próximos capítulos.

Termino com uma poesia em pro-sa que fi z esses dias enquanto andava pela Rua Acre, no Cen-tro:

Imersa em ar sob a tensão da gravidade, desliza seu corpo entre as cores da luz. Com o peso do acúmulo de si em que-da, ausente de desejo ou cami-nho defi nido, desce de acordo com a força do vento. Ao tocar o calor do chão se espalha, entranha, penetra. Desfaz-se ao meio para refazer sua essência na volta aos céus. Sua vida é círculo e seu tempo é sempre.

Até Novembro!Felipe Boaventura

Mande seus comentários para: [email protected]

SITE https://felipeboaventura.wordpress.com/FANPAGE https://www.facebook.com/pages/Feli-pe-Boaventura/1601210856775825

Bienal e algumas coisas

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24 ERRATA

Na edição da Revista Ponto de Escambo #1 Julho/Agosto na matéria do Guiadas Urbanas, a foto nas páginas 22 e 23 foi publicada sem nome. A autoria da foto é de Bruno Milet. Já na página 24, a foto do espetáculo Fuzuêzinho foi publicada equi-vocadamente. A autoria dessa foto pertence à fotógrafa Paula Eliane.

Foto de Bruno Milet, escadaria da Igreja da Penha.

Foto de Paula Elaine do espetáculo Fuzuêzinho.

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Quem é a Escambo Cultural?!

Carlos Souza

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26Somos uma associação sem fi ns lucrativos e temos como objetivo não só difundir arte e cultura àque-les que não têm acesso, mas também promover aqueles que não têm oportunidades no meio artís-tico. Sabemos que a inclusão digital não é a re-alidade de todos, por isso, além da versão on-line, também fazemos questão de uma versão impressa da Revista Ponto de Escambo, que também pode ser utilizada como portfólio impresso para quem é colaborador, estreitando-se então os laços afeti-vos entre o artista, sua arte e o leitor. Entendemos que ainda fazemos parte de uma geração que é apegada ao simbolismo do papel como forma de orgulho, realização pessoal e credibilidade.

Atualmente estamos com 4 projetos ativos: a Revis-ta Ponto de Escambo, a web série Amor Por Toda Vida, a Companhia de Dança Portus e o Espaço Cultural na Zona Oeste, mas para darmos pros-seguimento a todos precisamos de parceiros e apoiadores porque não queremos parar por aqui. Queremos muito mais. Se você faz parte de um co-letivo, de uma associação ou simplesmente aprecia cultura e as diferentes linguagens artísticas, venha nos apoiar! Vamos somar forças porque, apenas juntos, conseguiremos mostrar que se pode fazer e viver de arte.

Aos interessados em participar dessa iniciativa, apoiar, contribuir ou doar, saibam que faremos muito pelo cenário cultural e que acreditamos que, somente através da cultura e educação, se pode mudar o mundo.

Saiba como contribuir no e-mail [email protected] ou pela nossa FanPage no face-book.com/escambo. Também sinta-se a vontade para doar qualquer valor para nosso chapéu cul-tural na conta:

Banco Bradescoag: 2379-5conta: 28983-3CNPJ: 18.670.875/0001-66

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