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RE- VISTA PON- TO DE ES- CAM- BO

Revista Ponto de Escambo #3

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Edição de Novembro/Dezembro 2015

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2Editor ChefeMarcos Poubel

Edição e DesignRafael de FrançaPaloma Dantas

ComunicaçãoIsadora Ribeiro

Relações PúblicasMateus França

Equipe

Uma Realização

[email protected]

acompanhe a versão online no link:

issuu.com/escambocultural

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Caros leitores, amigos e colaboradores.

Chegamos à ultima edição da Revista Ponto de Escambo do ano de 2015. Um projeto que come-çou como um mero sonho de alguns jovens idea-lizadores, mas que hoje se tornou realidade para uma, ou pelo menos para alguma, parte da comu-nidade cultural carioca. Começamos aos trancos e barrancos, mas corremos diariamente atrás para produzir um conteúdo de qualidade, para mostrar essa imensa diversidade do que existe no nosso Rio de Janeiro como ela merece ser vista. Claro que ja-mais conseguiremos reunir tudo, mas quem disse que é isso o que queremos? São inúmeras possibilida-des, formatos, cores e manifestos que não podem, e nem devem, ser simplesmente catalogados.

Nesta edição, trazemos um pouco dessa heteroge-neidade. Falamos de alguns eventos que aconte-cem periodicamente no cenário da cultura carioca e rememoramos alguns significados da arte para a construção individual, superação e formação do senso crítico. E o teatro, como agente fundamental nessa construção histórica, não poderia ser deixa-do de lado.

Uma arte que começou protagonizada por homens é também um importante marco da conquista femi-nina pelo seu espaço. Nesta revista, uma das mais completas e complexas artes para a formação do sujeito sai das coxias para ser aplaudida de pé.

Isadora Ribeiro

Editorial

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4Sumário

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Pode ser que as crianças não saibam o que essas palavras querem dizer, mas sem dúvida muitos adultos (que um dia já foram crian-

ças) sabem. Quem é fã do Castelo RÁ-

TIM – BUM, não pode perder. Quem ainda não

é, não perca tempo e vá co-nhecer cada parte do castelo e seus personagens, que encan-taram muita gente dos anos de 1994 a 1997.

Foi engraçado, entrar no eleva-dor para ir à exposição e ver o ascensorista virar para algumas crianças e dizer “se preparem para ficar encantadas”. E real-mente! Como o recado não foi dirigido a mim, não me preparei. Várias lembranças e emoções surgiram ao perceber que esta-

va passando pelo castelo que fez parte da minha infância. Não apenas eu, mas vários adultos se transformaram em crianças no CCBB,

relem-

brando personagens, cenários e cantando as músicas. No térreo do Centro Cultural, nos deparamos com uma árvo-re centenária, morada da co-bra Celeste. Temos também um panorama geral do castelo a partir de uma maquete, rica em detalhes. Já no outro andar da instituição, somos convidados a passear pelos quadros que per-tenciam ao programa, ao todo são 12 cenários recriados. Nos espaços, o visitante tem a oportunidade de ver de perto peças recu-peradas e restaura-das pelo Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo. Ninguém ficou de fora, quer di-zer, o Doutor Abobri-nha, o grande vilão de Nino e sua turma, teve seu espaço ga-rantido, mas como sempre do lado externo do castelo.

Para mais informações acesse o site do CCBB RJ.

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Um novo olhar para a inclusão social: a primeira companhia artística formada por deficientes visuais no Brasil nasceu há

nove anos com a missão de despertar o nosso sensível olhar e de promover a inclusão de pessoa com deficiência PcD

— cegos e baixa visão — na sociedade através da arte- educação. Idealizado e coordenado pela arte-edu-

cadora Jaqueline Winter, o projeto prevê ações de sensibilização artística e terapêutica, formação téc-nica e artística e de geração de renda. As ações serão realizadas na cidade do Rio de Janeiro,

durante 12 meses, renovando-se continuamente o programa anual de atividades. De acordo com o estudo realizado pelo IBGE, há 11,8 milhões de brasileiros com de-ficiência visual, dos quais cerca de 160 mil possuem incapacidade total de enxergar.

A Cia Artística Eficientes Especiais é a primeira companhia de artistas defi-

cientes visuais do Brasil. O estado do Rio de Janeiro é o pioneiro como

berço de uma companhia que pretende a longo prazo levar

essa rica experiência para outras localidades do País.

Os Deficientes visuais te-rão a oportunidade de

se expressar através do aprendizado e

da experimenta-ção de téc-

por Jaqueline Winter

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nicas artísticas e terapêuticas. Através das oficinas e palestras, receberão formação voltada ao mercado cultural. Além disso, dentro do próprio projeto po-derão ter a primeira experiên-cia profissional, trabalhando na montagem e apresentação do espetáculo que será a culminân-cia do plano anual de ativida-des. Em suas diferentes fases, o projeto proporcionará aos seus beneficiários um ciclo completo de aprendizagem, prática e in-clusão social. O público-alvo do projeto é formado por crianças, jovens e adultos (de oito a 70 anos de idade) com deficiência visual

total ou parcial, em situação financeira vulnerável, todos mo-radores do estado do Rio de Janeiro. Também tem Jaqueline Winter como idealizadora, co-ordenadora, diretora artística e arte-educadora do projeto. Jaqueline Winter é atriz, poeta, autora teatral, iluminadora artísti-ca, circense, dubladora e arte-e-ducadora. Nascida em Belo Hori-zonte, chegou ao Rio de Janeiro em 1992 para cursar a UNI-RIO e por aqui permaneceu e desen-volveu inúmeros trabalhos. Tem licenciatura plena em Arte-Edu-cação, Artes Cênicas e Bacha-relado em Artes Cênicas – Inter-pretação teatral. É formada em “ Preparadora Corporal nas Artes

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Cê-nicas”. Há nove anos fundou a Cia de Atores Eficientes Espe-ciais e há 17 anos se dedica à área da educação e a projetos sócio-educacionais, ministran-do cursos regulares e oficinas de teatro e circo para pessoa com deficiência: crianças, jovens, adultos e terceira idade. E ide-alizadora do projeto Sensibili-zarte – Salão Nacional de Artes, que já está na 12ª edição. Cur-sou três anos na Escola Nacional de Circo. Como atriz, atuou em peças com diretores como Bem-vindo Sequeira, Rogério Fróes,

Nadege Jardim, Flávio Henrique, Rubens Lima Ju-nior, Márcia Beatriz, João Bittencourt, Frederico Bus-tamente, entre outros, além de programas e novelas na TV, como “Por toda a minha vida” (sobre Chacrinha, TV Globo), “Chiquinha Gonzaga” (TV Globo), “Caça Talentos” (TV Globo), entre outros. No cinema, atuou nos filmes “Ga-ragem”, dirigido por Gustavo Paso. Foi operadora de luz em peças como “Oleanna”, dirigida por Gustavo Paso, “Uma pilha de pratos na cozinha”, sob direção de Alexandre Borges, “Matador”, direção de Herson Capri, “Besa-me mucho”, dirigida por Rober-to Bomtempo, entre outras. Fez também a operação de som em espetáculos como o premiado “Chopin & Sand: Romance sem Palavras”. Em 2010, lançou seu livro de poesias “Ardentes peda-ços de mim”, que já participou de três Bienais.

“Desejamos que a Cia Artística Eficientes Especiais

continue a cumprir seu papel de motivador e

multiplicador de uma visão contemporânea que

permita uma nova autoestima dos grupos sociais

excluídos, que necessitam assumir sua cidadania e

seus talentos culturais; que necessitam expor sua

beleza humana, sua estética e seus sentimentos de

solidariedade”.

Jaqueline [email protected]

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CULTURA EM QUATRO CANTOSpor Marcos Pubel

O Rio de Janeiro é conheci-do no Brasil como a capi-tal cultural, basta dar uma

volta pela cidade para perceber as inúmeras manifestações artísti-cas. Mesmo em tempo de crise, as ações culturais continuam aconte-cendo nos quatro cantos da ci-dade. Por isso, não podemos dei-xar de enaltecer todos os artistas e realizadores culturais da cidade que movimentam seus bairros e re-gião onde atuam. Podemos desta-car também os esforços das secre-tarias do Estado e do Município de Cultura.

No âmbito Estadual, percebemos um esforço para capacitar os agentes culturais com cursos de formação gratuitos e a distância, além disso, os fomentos têm sido melhor distribuídos pelos municí-pios, alcançando também os mu-nicípios mais distantes da capital.

Já a Secretaria Municipal de Cul-tura tem premiado menos as gran-des produtoras e fomentado mais os realizadores culturais, aumen-tando o número de editas em que

pessoas físicas podem se inscrever. Também se percebe um esforço em distribuir melhor os recursos pela cidade, com um olhar especial para zona oeste e zona norte da cidade que, apesar de serem áre-as de muita produção cultural, por muito tempo não receberam incen-tivo por parte do poder público.

O fortalecimento das ações cultu-rais na cidade pode ser um dos maiores legados que as olimpía-das podem deixar. No ano olímpi-co, não é só o esporte que estará em alta, mas a cultura também terá seu lugar ao sol e as secretarias estão se esforçando para garantir muitas atividades culturais nesse período.

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Em meio a tantos carros, ônibus, pessoas passando apressadas, ora com falta de tempo, ora com medo mesmo de andar pelo centro do Rio de Janeiro, mora uma jovem senhora de 107 anos e seus incontáveis filhos. Ela ocupa, desde 1950, uma casa na Rua Vinte

de Abril, e me arrisco a dizer que talvez seja uma das últimas casas do centro da cidade. Envolvida por prédios, pastelarias chinesas e lojas de materiais de construção, ela ainda se faz presente e é (ou deveria ser) respeitada pela sua longa história.

Uma jovem senhora de 107 anos

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É a Escola de Teatro Martins Pena, a mais antiga escola pública de teatro da América Latina. Ela fez parte da vida de grandes artistas que nos emocionam com os seus trabalhos, atores e atrizes como Denise Fraga, Tereza Rachel, Joa-na Fromm, Procópio Ferreira, entre

quem é essa jovem senhora?

outros, além de grandes drama-turgos como Jô Bilac, autor das peças “Conselho de Classe” e “Beije Minha Lápide”, essa última encenada por Marcos Nanini.

Apesar de ser uma escola téc-nica voltada para formação de atores, há a preocupação com o desenvolvimento completo do sujeito. Por isso, seus alunos, quando saem da escola, pos-suem uma visão total do fazer teatral. Como mesmo salientou Marcelo Reis, atual diretor da escola, o maior patrimônio da Martins Pena é o humano.

O solar neoclássico que ocupa no momento foi o mesmo local onde nasceu o Barão do Rio Branco, uma casa tombada no centro do Rio. Mas, antes disso, a escola já ocupou uma sala emprestada do Teatro Munici-pal do Rio de Janeiro, o Instituto de Educação, no qual professo-res da Academia Brasileira de Letras lecionaram por um tempo e, logo depois, ocupou também o teatro João Caetano. A escola já teve outros nomes como Escola Dramática Muni-cipal, Escola Coelho Neto, até receber o nome de Escola de Teatro Martins Pena, em home-nagem ao grande dramaturgo Luiz Carlos Martins Pena, pre-cursor da comédia de costumes no Brasil.

Uma jovem senhora de 107 anos por Paloma DANTAS

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Nomes importantes já lecio-naram na instituição como a poetisa Cecília Meirelles, o professor Junito de Souza

Brandão, o diretor teatral Aderbal Freire Filho, Paulo José, Denise Sto-cklos, entre outros. Nomes de peso também já estiveram na direção da Martins Pena como José Wilker e Anselmo Vasconcellos.

Ao longo desses anos muitas crises assombraram essa jovem senhora. Por várias vezes se viu ameaça-da de ter que fechar suas portas, porém sempre viva e confiante ela permaneceu, mas nem a sua nova

guarida foi suficiente para espan-tar de vez suas preocupações. Desde 2006 a escola pertence à Secretaria de Ciência e tecnolo-gia, tutelada pela Fundação de apoio à Escola Técnica. Ainda assim, o ano de 2015 começou um tanto complicado para a insti-tuição que, devido à falta do re-passe da verba, teve suas linhas telefônicas cortadas. A situação ficou ainda mais grave com o fim do contrato de 15 professores e 8 funcionários. Alunos e professores se organizaram para pressionar autoridades e fazer a sua voz ser ouvida.

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O movimento #MartinsSemPena mobi-lizou artistas de todas as áreas. Essa iniciativa foi importante para dar voz e mostrar o descaso pelo qual a es-cola estava passando. Embora, o grito tenha apresentado resultados, até o fechamento desta edição, segundo o atual diretor Marcelo Reis, ainda es-tavam faltando dois professores para completar o quadro.

No entanto, movimentos importantes acontecerem a partir desse grito. Uma das peças de formatura dos alunos, “Nada menos que muito”, de Jô Bilac, com direção e adaptação de Rober-to Lima e Eduardo Gama, professores da escola, será apresentada em São Paulo. Um outro projeto prevê uma ca-ravana que circulará a Baixada Flu-minense, levando trabalhos de alunos desenvolvidos durante as aulas. Outro ponto importante é a reunião quin-zenal na instituição com três ministé-rios, da Educação, da Cultura e da Ciência e Tecnologia, e com secretá-rios da Faetec, para discutir assuntos pertinentes à escola e entender quais são as suas demandas.

A Escola de Teatro Martins Pena é uma escola especial, pois recebe pessoas de vários estados e dá oportunidade para que o talento do artista possa se desenvolver de forma gratuita e democrática. Nela se aprende a viver da arte, por isso se faz necessário o diálogo com o mercado de traba-lho, levando os alunos para além dos muros, permitindo que quem está fora possa saber que ali estão artistas.

Sua história se faz pelos locais em que já viveu, por pessoas que passaram por lá e cada um que, mesmo sem saber, possui alguma ligação com essa instituição, seja admirando um ator em cena, seja lendo essa matéria. Eu também sou uma das filhas da Martins Pena.

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Pode ser

Pode ser que venha vindo,Pode ser que nunca venha.Pode ser que leve um tempo,Pode ser que o tempo a leve.

Pode ser que o espaço a traga,Ou, tragada pelo espaço,Pode ser que lá na nuvemDo meu sonho more sempre.

Pode ser que venha vindo,Pode ser que nunca venha.Pode ser um sonho lindo...Pode ser que o vento leve.

Mas é leve como o vento...Pode ser que nunca venha:Levo e trago, em pensamento,Relembrando o afeto – a senha.

Pode ser que venha vindo,Pode ser que nunca venha.Mas eu guardo como um vinhoQue se aguarda; em que se empenha.

Rafael Mendes

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15Bernado Monteiro Rocha

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Assim como a espada é pu-xada muitas vezes em Ro-meu e Julieta, eu também

já perdi a conta de quantas vezes, tomada pelo ódio, puxei a espada verbal para perfurar uma ferida antiga de alguém ou então, gritando alto, larguei o dedo na minha metralhadora de palavrões, mandando a pes-soa tomar em todos os orifícios possíveis do corpo humano. Mi-nha voz alcançava o infinito en-quanto eu esbravejava contra o mundo. Nem a rouquidão me freava. Mas quando eu finalmen-te me acalmava, a corda vinha e puxava o meu pescoço. Perdi desde amigas, amigos, namo-rados a oportunidades de tra-balho por causa da minha ira. Ainda assim, passei anos sem en-tender que mundo é esse em que a pessoa podia me enganar, me sabotar, puxar meu tapete de todas as formas, mas eu não po-dia xingá-la. Como assim???, eu me perguntava o tempo todo.A verdade é que eu não me controlava. Não tem um meme na internet que diz que perdoar é

Paixão ou doença? Pathos!

divino, mas mandar pro inferno é senacional? Então! Era exata-mente isso. Eu podia ficar toda espancada depois das brigas, mas o gostinho de me permitir era irresistível. Só que demorei para perceber que se deixar le-var pela onda das emoções só pode ser uma delícia se ninguém se afogar. Trabalhando como professora atualmente, revejo regularmente essas cenas, mas quem normal-mente incorpora a minha antiga persona são os alunos e quan-do uma tempestade dessas sur-ge em sala de aula, só me resta chama-los à razão através do diálogo. No entanto, essa não é uma tarefa só dos professores. Na peça Romeu e Julieta, o Prín-cipe Éscalus também a realiza ao aparecer na primeira cena do primeiro ato para apartar a briga entre os Montéquios e os Capuletos, questionando-os indignado: “Sois homens ou sois feras, já que apagais o fogo deste ódio com o jato vai ru-bro de vós mesmos?”. A adolescência é uma fase em

“Mas saiba que, com raiva, eu puxo a espa-da”, diz Sansão. “Depois a corda puxa o seu pescoço”, respon-de Gregório no primeiro ato da cena I de Romeu e Julieta.

por Carolina Felizola

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que além de certas emoções es-tarem sendo vividas pela primei-ra vez, tudo por dentro está em constante ebulição. A natureza dentro do corpo fala mais alto. Enquanto as espinhas e os hor-mônios brotam incessantemente, o desejo, o amor e o ódio são potencializados pela vivacida-de das primeiras sensações juve-nis. Não se sabe ao certo a ida-de de Romeu, já Julieta “Por mais ou menos, neste mesmo ano, no dia um, à noite, faz 14” afirma a Ama ao conversar com a Sra. Capuleto na cena III do ato III de Romeu e Julieta. Shakespeare não podia ter sido mais perfeito ao criar como personagens dois adolescentes entre 14, 15 ou 16 anos para encenar uma história de amor tão intensa e urgente que acaba se transformando em tragédia.Em tal história não há, e nem é possível que haja, separação entre amor e ódio. “Nasce o amor desse ódio que arde? Vi sem saber, ao saber era tarde. Louco parto de amor houve comigo. Tenho agora de amar o inimigo. ” Diz Julieta na cena V do primeiro ato. O ódio en-tão desdobra-se em paixão e percebe-se que “A terra-mãe de tudo é também cova: O que ela enterra o seu ventre renova” segundo Frei Lourenço, no início da cena III do segundo ato.

E que renovação! Numa al-quimia inexplicável, a energia da cólera entre Montéquios e Capuletos é vertida em uma pai-xão extasiante e irrefreável como podemos ler ou, se possível e me-lhor ainda, assistir, na cena II do segundo ato:

“Julieta: Mas como veio aqui, e para o quê? O muro do pomar é alto e liso, E pra quem é você, aqui é a morte, Se algum dos meus parentes o encontrar.

Romeu: Com as asas do amor saltei o muro. Pois não há pedra que impeça o amor; E o que o amor não pode o amor tenta ousar. Portanto, seus parentes não me impedem.”

E não impedem mesmo. Pelas circunstâncias da vida, Romeu mata o primo de Julieta, Teo-baldo e ainda que a peça seja toda costurada de paixão e poesia, as matanças também não param por aí. Mas pra que eu vou contar se você, leitor, já conhece essa história de cor e salteado. Prefiro mesmo é assistir à peça. Ver tais emoções ence-nadas no palco me faz matar as saudades de mim mesma.

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Quando muitos defendem a volta da ditadura para curar os “males” da

sociedade brasileira, eu me lem-bro de que tive acesso a uma formação intelectual e política em algum momento da vida que me faz enxergar os absurdos em alguns discursos atuais. Essa mi-nha consciência teve no teatro a sua grande fonte. Um teatro que só existia do Centro da cidade à Zona Sul, e que me fazia sair de Realengo e cruzar a Avenida

Brasil de ônibus no mesmo tempo em que poderia ir à capital da Argentina e voltar.

Nem sempre foi assim. Havia gru-pos organizados em bairros das zonas norte e oeste, desde o fi-nal do século XIX até a primeira metade do XX, que promoviam atividades culturais diversas. No Riachuelo, bairro próximo ao Méier, havia um teatro na rua 24 de maio em 1870. Em Realengo, um cinema pioneiro em frente

Lobos à espreita por Andrea Carvalho Stark

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à igreja de Nossa Senhora da Conceição no início do século XX. Mas, um dia, tudo isso aca-bou. Depois dos anos de 1960 houve uma degradação cultural em todos os níveis. A arte, o tea-tro principalmente, passou a ser prática de uma elite cada vez menor, e os artistas sofrem ainda hoje as consequências da redu-ção de público. Muito disso se deve a uma série de fatores, mas quem viveu a época da ditadu-ra, como plateia ou como artista perseguido e censurado, é unâ-nime em notar o esvaziamento que ficou depois desse período. Poderia escrever um livro sobre o tema, mas aqui gostaria de lembrar o que diz um diretor de teatro que viveu tudo isso: Amir Haddad. Há alguns anos, uma de suas peças, “Dar não dói, o que dói é resistir”, com o grupo Tá na Rua, criado e dirigido por ele, trazia o tema da ditadura: “O teatro não toca nesse assun-to, só agora é que começamos a falar disso e tem que se falar muito. Vou falar da ditadura e de como os artistas resistiram. Os lobos estão à espreita em pele de cordeiro, temos que tomar cuidado”.

Amir avalia seu trabalho como resistência constante: “A dita-dura implantou uma rede de TV, uma censura rigorosa e desmon-

tou o aparelho escolar do país, a universidade. Sem investiga-ção, sem pesquisa, sem liberdade de expressão e com a TV massi-ficando tudo, deu no que você viu acontecer no país nos últimos anos. Eu vivi isso e me imunizei da melhor maneira possível, fiz tudo para resistir. Meu trabalho é de resistência para me manter vivo nesse período de infestação vi-rótica profunda na vida cultural brasileira.”

E acrescenta ainda que a di-tadura “colocou os valores, as prioridades, os conceitos como celebridades, estrelas, modelos, dentro de um esquema de valor. Por isso um jovem ator hoje está mesmo “fudido”. Qual é o cami-nho, por onde ele anda? Do zero ao estrelato? Vai passar por onde? Tem vida cultural no país? Tem modificação? Tem aconte-cimento? Tem onde crescer? Ou se está atrás de uma carreira?

Amir Haddad - Porto Alegre 2010

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idealizada por Binho Cultura. São exemplos que parecem dia-logar com uma declaração de Amir Haddad quando, na mesma entrevista, ele fala sobre a re-novação e mudança histórica: “Quando a situação se torna di-fícil surgem as vozes que acenam com uma possibilidade maior. Não temos que aceitar as coisas assim, que não podem ser modi-ficadas, podem ser sim. Podemos fazer essa história, nós a fazemos. Estamos lutando pela inclusão, e há hoje uma movimentação dife-rente nesse sentido.”

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Como se produz os craques do futebol? Nos milhares de jogos de futebol que têm no Brasil in-teiro. Acredito que isso agora começa a acontecer no Brasil de novo. É evidente o fracas-so das propostas neoliberais na constituição do país”. Esses trechos citados são parte de uma entrevista que Amir Had-dad me concedeu, no ano de 2006, para uma revista ame-ricana onde eu colaborava mensalmente chamada Sce-ne4 - international Magazine of arts and media. Apesar do tempo, suas palavras são ain-da muito atuais. Hoje em dia devemos refletir sobre o que Amir Haddad nos diz sem deixar de considerar alguns exemplos sutis de mu-dança. Em setembro de 2015, a ocupação “Grandes Minorias”, idealizada pela dramaturga e produtora Marcia Zanelatto, trouxe para o palco do Tea-tro Glauce Rocha, no centro da cidade, a Companhia Marginal, da Maré, e a Companhia de Aruanda, da Serrinha, entre ou-tros grupos. Esses artistas tiveram a chance de, pela primeira vez, talvez, ocuparem aquele palco tão importante para a história do teatro carioca. Outro even-to que devemos lembrar com bastante entusiasmo é a Feira Literária da Zona Oeste (FLIZO),

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Hoje que vemos a efetivação de um sistema de transporte públi-co que está isolando ainda mais as zonas da cidade devido à dificuldade de locomoção, mais do que pela distância geográ-fica, esses exemplos são quase (re)ação urgente a uma forte simbologia das distâncias e dos abismos entre as práticas cultu-rais diversas, pois existem grupos diversos, mas não diferentes en-tre si. As vozes significam inclu-são. E todos nós ganhamos com o diálogo que nasce daí, com a liberdade e com a possibilidade das escolhas. Os lobos estão à espreita e não podemos desistir.

Andrea Carvalho Stark é profes-sora, crítica de teatro e pesqui-sadora da história do teatro

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Encontros com escritores nacionais e internacionais, formação de público, publi-

cação de antologias, revelação de novos autores. Essas são al-gumas das ações da polipoten-te Festa Literária da Periferia, a FLUPP, que desde 2012 trabalha a literatura especialmente na região metropolitana do Rio de Janeiro.

A festa desde seu início vem ocupando comu-nidades pacificadas da

cidade, e a região metropolita-na (em 2014 também esteve em São Paulo, Curitiba e Salvador) com eventos onde se debate a literatura com autores consagra-dos nacionais e internacionais e novas promessas da literatura nacional. É a caso por exemplo de Jessé Andarilho com seu livro “Fiel”, de Raquel Oliveira com “A

Número Um” e Enrique Coimbra com seu “Sobre Garotos que Beijam Garotos” - esses dois úl-timos lançados pelo selo recém criado “FLUPP CASA DA PALAVRA”, uma parce-ria do evento com a edito-ra portuguesa Leya.

Uma novidade em 2015 é que a FLUPP se desdobra em

três momentos: a “FLU-PP PENSA” (de Maio a Outubro), “FLUPP PARQUE” (de Agos-to a Novembro), e a festa pro-priamente dita em Novembro, de 3 a 8 desse mês que será no Complexo Babilô-nia/Chapéu Man-gueira, no Leme, e

Por Felipe Boaventura

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terá como homenageada a psiquiatra Nise da Silveira. Assim como em 2014, esse ano terá o “Rio Po-etry Slam”, uma apre-sentação onde poetas de várias nacionali-dades competem com suas perfor-mances. Tam-bém durante a Festa, precisa-mente no dia 07 será lançada a última coletânea de contos da FLU-PP chamada “Eu me Chamo Rio”. Nesse livro, vinte, dos cento e quatro novos autores revelados pelo evento, escrevem sobre os vários Rios de Janeiros que existem na Cidade Maravilhosa.

Veja a programação com-pleta e maiores informa-ções no site da FLUPP:

http://flupp.net.br/

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Apresentação do grupo de trabalhadoras domésticas Marias do Brasil

A transformação da realidade a partir do Teatro do Oprimido

Augusto Boal, diretor de teatro, ensaísta e dramaturgo brasileiro, inventor do Teatro do Oprimido acredita que o teatro é uma fer-ramenta muito poderosa para mudar a realidade.

E o que é o Teatro do Oprimido? È uma metodologia teatral que reúne exercícios, jogos e técni-ca teatral que tem como eixo central a instrumentalização do oprimido com meios estéticos que poderão auxiliá-lo a romper as opressões.

Nesse teatro, interessa falar das histórias dos participantes; histó-rias de pessoas que tem um pro-blema (que sofrem uma opressão) e que desejam rompê-la. Essa opressão não deve ser confun-dida com um capricho, mas algo que seja pleiteado não somente por aquela pessoa/personagem e sim por um grupo social que historicamente luta por transfor-mar determinada situação.

Assim, existem grupos que tratam de variados assuntos como: do-

Qual a finalidade da arte? Será que podemos usar a arte para transformar a realidade?

Por Leandro Loppes

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Qual a finalidade da arte? Será que podemos usar a arte para transformar a realidade?

mésticas que lutam por melhores condições de trabalho; os gru-pos de negros que desejam o fim do preconceito e da discri-minação por conta da cor de sua pele; os grupos do MST que lutam pela ocupação da terra improdutiva; os grupos de mulhe-res que desejam o fim da violên-cia e do machismo; os grupos de LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e intersex) que lutam contra a LGBTIfobia, jovens, mo-radores de comunidades, que desejam ter reconhecidos seus direitos como cidadãos...

Uma das técnicas mais utilizadas da metodologia do Teatro do Oprimido (TO) é o Teatro-Fórum. Aqui o problema é apresentado, mas não é solucionado. A per-sonagem protagonista luta para transformar sua realidade, mas é impedida pelo personagem opressor (aquele que represen-ta as pessoas que não dese-jam mudar o status quo). Ela (a personagem) fracassa em sua tentativa de mudança. E nesse momento, o espectador é convi-dado a entrar em cena, substituir o personagem oprimido e propor alternativas para solucionar o problema apresentado.

Qual é a lógica? A opressão não se extingue sem que façamos um movimento para rompê-la. Tão pouco o opressor se transforma

com pena daquele que oprime. É necessário pensar em estraté-gias e ensaia-las!

Esse teatro é feito em várias partes do mundo e contempla diversos projetos na área dos direitos humanos, da saúde e da educação. Boal costumava dizer que pode ser feito por qualquer pessoa, até mesmo por atores! E pode/deve ir até o espectador ocupando os mais variados es-paços: praças públicas, hospi-tais, centros psiquiátricos, prisões e escolas...

Dessa forma é possível enfrentar, através do teatro, nossos opres-sores da vida real e na vida real pôr em prática o que foi ensaia-do no Teatro.

OBS: O centro do Teatro do Oprimido fica no Rio de Janeiro, possui grupos e oferece oficinas sobre a metodologia.

Leandro Loppes é professor de Portu-guês e Literatura no magistério estadual e tem experiência como oficineiro de teatro em diversos

projetos. Já trabalhou como ator e dirigiu grupos de teatro usando a Metodologia de Teatro do Oprimido.

Por Leandro Loppes

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Olá! Nesta edição vamos

falar sobre alguns eventos que rolaram

pelas ruas da cidade e no final comentar sobre uma pixação que tem gerado interação en-tre anônimos na cidade.

Sarau do Escritório

No coração da Lapa, em frente ao tradicional Bar da cachaça, acontece em uma quinta de cada mês, o Sarau do Escritório. Se você quer assistir ou se apre-sentar esse é hoje dos melhores lugares na cidade. Com o clima alegre e agregador, Fernando Pinto e equipe promovem en-contros artísticos, onde poesia, música, periferia e carnaval fundem-se formando “ao vivo” um ambiente onde a cultura é apreendida, nesse, que é um dos palcos mais interessantes para a arte de rua no Rio. Lá são feitas performances, apresen-tações musicais, exposições de artes plásticas e afins. Tudo em uma esquina. Tudo na rua. Vida longa ao Sarau do Escritório!

Aconteceu no Espaço Olho da Rua, em Botafogo, o lançamen-

to dos livros de poesia Exercício de nuvens de Rogério Batalha e Tímpanos de Marcia Carneiro e Luiz Fernando Medeiros. O Espa-ço é um lugar muito interessante porque é composto de um cen-tro cultural, lanchonete, centro de exposição, palco para show, tudo no mesmo ambiente de galpão, e talvez por isso, tenha sido um lugar propício para os poetas presentes no evento di-zerem seus poemas, bem como músicos apresentarem suas composições em parceria com o Rogério Batalha. Um ótimo lan-çamento da Editora TextoTerritó-rio que tem apostado na prosa e poesia de forma corajosa.

Bienal e SarALL

Um pedaço do Brasil que faz poesia esteve na Bienal desse ano. O SarALL reuniu coletivos de poesia de várias cidades do Brasil para se apresentarem du-rante todos os dias do evento no pavilhão verde do Riocentro. Poetas como Binho, Alexandre Buzo (ambos de SP), Miró (PE), Alexandre Farias, Monique Nix, Viviane de Sales (ambos RJ) es-tiveram presentes. Não apenas as poesias e entrevistas valeram

PELAS RUAS...Por Felipe Boaventura

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muito, como também a intera-ção entre os poetas e o público. Uma ótima iniciativa dos amigos e parceiros Ecio Salles e Julio Lu-demir.

V FORUM INTERNACIONAL RIO CIDADE CRIATIVA

Aconteceu nos dias 10 e 11 de Setembro no MAM, a quinta edi-ção do Fórum Internacional Rio Cidade Criativa. Tive a alegria de representar o Clube da Leitu-ra em uma mesa com o amigo e parceiro Ecio Salles.

Escritores Angolanos no Rio de Janeiro

No dia 10 de Setembro no con-sulado da Angola no Rio de Ja-neiro aconteceu o evento de recepção e sarau com alguns escritores angolanos em visita ao Brasil. João Canda, Ras Nguim-ba Ngola, Helena Dias entre ou-tros leram poesias de seus livros. Brasil e Angola possuem muitas semelhanças e é preciso criar mais pontes entre essas seme-lhanças a fim de que haja uma comunicação fraterna e efeti-va. Vale dizer que a recepção do consulado aos presentes foi excelente.

Pixações

Há uma pixação no eixo Centro--zona Sul que tem gerado inte-ração entre desconhecidos que transitam pela cidade. Quando a vi pela primeira vez achei que a relevância de seu conteúdo ficaria na cabeça das pessoas, mas em pouco tempo, o con-trário está acontecendo. “Eu dei pra ele” pode ser lida nas paredes da Rua Acre, no pon-to de ônibus em frente ao par-que laje entre outros lugares. A pixação parece ter tocado um nervo sensível e tem gerado “re-postas” que vão desde ofensas até defesas. “Piranha” ou “não fica assim não pq eu também dei para ele” estão ao redor da pixação principal. Não sabemos quem são esses anônimos, mas refletimos se o que manifestam ali não revela algo para além do pessoal; algo social de uma libertinagem puritana tão narra-da em nossa prosa tupiniquim.

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Quadrilha nos dias de hoje

João pegava Teresa que pegava Raimundo

que pegava Maria que pegava Joaquim que pegava Lili

que não pegava ninguém.

João assumiu ser gay, Teresa a bissexualidade,

Raimundo morreu de DST, Maria está com o ex da amiga,

Joaquim é poligâmico e Lili casou com J. Pinto

Fernandes

que ainda usa camisinha.

*Verônica Ferreira

*Verônica Ferreira é jornalista e professora. Gosta de tudo que relaciona livros, escrita, literatura e palavra. Gosta de ouvir também.

É autora da página Texto & Contexto no Facebook. Acesse: https://www.facebook.com/Texto-Contexto-

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A 3ª conferência estadu-al de juventude ocorreu do nos dias 30 e 31 de

outubro, com encerramento no dia 1º de novembro. O evento mostrou que cada vez mais a juventude está se mobilizando e se organizando politicamente. Na abertura, tivemos a presença de diversos secretários do go-

verno estadual e de lideranças da juventude. O evento também foi marcado pela 1ª ferira de negócio voltada para juventu-de e por muitas apresentações artísticas. Já na abertura tivemos a festa “Eu amo baile Funk” com

Chatubão digital. No dia 31 ti-vemos a apresentação do cons-ciência tranquila “Baile Black Bom” e uma vasta programação cultural. Participaram cerca de 900 pessoas nos grupos de tra-balho e na parte cultura a cima de 2 mil pessoas. Buscamos a opinião de alguns atores impor-tantes na construção desta con-ferência em entrevistas exclusivas para Revista Ponto de Escambo.

Para Tiago Gomes a abertura foi maravilhosa e bem representati-va com jovens de 81 municípios do Estado do Rio de Janeiro. Ele exaltou a riqueza e a diver-sidade na mistura de jovens de movimentos sociais e jovens partidarizados. Para ele essa mistu- r a vai fazer com que essa conferên-cia seja u m a confe-rência h i s tó-

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30 rica, contribuindo para constru-ção de políticas que de fato atendam essa juventude

Rodrigo Felha nos disse que a abertura retratou o que a con-ferência vem trazer, que é o diá-logo. A juventude buscou se ex-pressar e dialogar; para ele, os grupos de discussão vão contri-buir ainda mais para o debate e todos devem estar dispostos a contribuir e a aprender através diálogo. “Quando a gente tem esperança a gente não para de lutar e essa juventude está bem disposta a lutar pelo bem do Rio de Janeiro”

Para Sammy Brasil. A Conferên-cia foi incrível. Ela ressaltou que o dialogo entre a juvetude e o governo é muito importante. A ju-ventude está super a vontade e cada vez tem um espaço aber-to. O governo do Estado tem se esforçado para se aproximar da juventude.

Na opinião de Erika Portilho a conferência foi super pulsante onde a juventude se represen-tou. “Foi uma grande emoção ter participado da mesa [na abertura da conferência] e ter feito uma fala e observar que a juventude mudou”. Nós en-tendemos que os jovens devem estar presente nesta construção feita por jovens, para as coisas avançarem. Muitos jovens de comunidade estão vindo pela primeira vez e estão começando a entender conceitos de cons-trução de políticas públicas, de governabilidade.Érica Portilho, Binho Cultura, Felha,, Samy Brasil,

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Vadinho, o WG, o afrolata, são pessoas que vieram representar a favela na abertura da confe-rência, devem deixar de ser um ponto fora da curva, a gente precisa de mais juventude atu-ante. Para isso cada líder destes, cada formador de opinião den-tro da sua comunidade deve fomentar a participação política dos nossos jovens.”

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