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    No estado do Rio Grande do Norte,a produção de algumas hortaliçasé restrita e pouco expressiva como nocaso da rúcula, sendo cultivada por pe-quenos produtores e próximo aos cen-tros consumidores. No caso da beterra-ba, embora seja uma hortaliça de maiorexpressão, o estado não produz o sufi-ciente para atender a sua demanda, sen-

    do importada de outras regiões. É práti-ca comum, entre os produtores de hor-taliças do estado, a utilização do con-sórcio, envolvendo as culturas docoentro, alface, tomate, pimentão, abó-bora e moranga.

    A consorciação de culturas é uma al-ternativa promissora para os produtoresque atuam com recursos estruturais e fi-nanceiros limitados (Oliveira et al.,2004), e consiste na combinação do cul-tivo de duas ou mais espécies, com dife-

    rentes ciclos e arquiteturas vegetativas,exploradas simultaneamente, na mesma

    GRANGEIRO LC; BEZERRA NETO F; NEGREIROS MZ; CECÍLIO FILHO AB; CALDAS AVC; COSTA NL. 2007. Produtividade da beterraba e rúculaem função da época de plantio em monocultivo e consórcio.  Horticultura Brasileira 25:577-581.

    Produtividade da beterraba e rúcula em função da época de plantio emmonocultivo e consórcioLeilson C Grangeiro1; Francisco Bezerra Neto1; Maria Zuleide de Negreiros1; Arthur Bernardes CecílioFilho2; Andrezza Valéria C e Caldas1; Núbia L da Costa11UFERSA, Depto. Ciências Vegetais, C. postal 137, 59625-900 Mossoró-RN; 2UNESP-FCAV, Depto. Produção Vegetal, Via de AcessoProf. Paulo Donato Castellane, s/n, 14884-900 Jaboticabal-SP; [email protected]

    área, procurando maximizar os lucros eaproveitar melhor os insumos e a mão-de-obra (Caetano et al.,1999).

    As culturas envolvidas nesse sistemanão são necessariamente, semeadas aomesmo tempo, mas durante parte do seudesenvolvimento haverá uma simultanei-dade, forçando a interação entre elas. Paratanto, é importante a escolha de culturascompanheiras que exerçam algumacomplementaridade. Isso é possívelquando as espécies consorciadas apresen-tam nichos ecológicos diferentes resul-tando em melhor utilização da luz e ab-sorção de nutriente que uma única cultu-ra numa área e tempo determinados. Se-gundo Khatounian (2001), a diversifica-ção de culturas é o ponto chave para amanutenção da fertilidade dos sistemas,para o controle de pragas e doenças e paraa estabilidade econômica regional.

    Na região de Mossoró são escassasas pesquisas realizadas sobre o consór-

    cio de hortaliças, sendo amplas as pos-sibilidades de estudo. Entretanto, já fi-cou comprovada a eficiênciaagroeconômica de sistemas de cultivoconsorciados entre as culturas da cenou-ra e alface (Bezerra Neto et al., 2001;Negreiros et al., 2002; Bezerra Neto et al., 2003; Oliveira et al., 2004; BezerraNeto et al., 2005), alface e coentro

    (Freitas et al., 2004; Oliveira et al.,2005) e beterraba e alface (AzevedoJúnior, 1990).

    Neste trabalho foi avaliado o rendi-mento da beterraba e da rúcula em fun-ção de diferentes épocas de plantio, emmonocultivo e em consórcio, nas con-dições de Mossoró-RN.

    MATERIAL E MÉTODOS

    O experimento foi realizado na Uni-

    versidade Federal Rural do Semi-Áridoem Mossoró, de janeiro a março de

    RESUMO

    Avaliou-se os rendimentos das culturas da beterraba e da rúculaem função de épocas de plantio e sistemas solteiro e consorciado,em Mossoró, de janeiro a março de 2005. O delineamento experi-mental utilizado foi de blocos casualizados com nove tratamentosem quatro repetições. Os tratamentos consistiram dos consórcios dabeterraba com rúcula estabelecidos aos 0, 7, 14 e 21 dias após a

    semeadura da beterraba, monocultura da beterraba e as monoculturasda rúcula, nas mesmas épocas de estabelecimento dos cultivos con-sorciados. A semeadura da rúcula e beterraba realizada na mesmaépoca proporcionaram maior massa fresca e seca da parte aérea eprodutividade de rúcula, sendo respectivamente, de 50,19 g/planta;5,86 g/planta e 1338,47 g/m2. Já para a beterraba, independente-mente da época de semeadura, o monocultivo foi superior ao con-sórcio na produção de massa fresca e de raízes. Os maiores índicesde uso eficiente da terra foram obtidos no sistema de consórcio quan-do a semeadura da rúcula foi realizada no mesmo período (2,0) eaos sete dias (1,9) após a semeadura da beterraba.

    Palavras-chave:  Beta vulgaris, Eruca sativa, eficiência agronômi-ca, rendimento.

    ABSTRACT

    Yield of sugar beet and rocket depending on planting timesin sole crop and intercropping system

    The yield of sugar beet and rocket was evaluated, as a result of planting times in sole crop and intercropping system. The experimentwas carried out in Mossoró, from January to March,f 2005. Theexperimental design was of randomized complete blocks with nine

    treatments and four replications. The treatments consisted of theintercrops of sugar beet with rocket established at 0, 7, 14 and 21days after sugar beet sowing date, as well as of sugar beet and rocketcultivated as sole crops, planted at the same times of the intercroppingestablishment. The highest values of fresh shoot (50.19 g/plant), drymass (5.86 g/plant) and yield (1338.47 g/m2) of rocket were observedin the intercropping systems established at the same time. The highestvalues of shoot fresh mass and root yield of sugar beet were observedin sole crop. The highest land equivalent ratios were obtained in theintercropping systems where the rocket was sown at the same timeof sugar beet and 7 days after sugar beet crop.

    Keywords: Beta vulgaris, Eruca sativa, agronomic efficiency, yield.

    (Recebido para publicação em 11 de julho de 2006; aceito em 8 de outubro de 2007)

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    2005, em solo classificado comoArgissolo Vermelho-amarelo (Alfissol)(EMBRAPA, 1999). Da área experi-mental foram retiradas amostras de solo,cuja análise química resultou: pH (água)= 7,9; P = 166 mg dm-3; K = 0,24 cmol

    c

    dm-3; Ca = 5,2 cmolc

    dm-3, Na = 0,47cmol

    cdm-3 e Mg = 3,5cmol

    cdm-3.

    Para interpretação dos dados relati-vos à beterraba, efetuou-se a análise devariância sob delineamento de blocoscasualizados, com cinco tratamentos, osquais corresponderam à beterraba emmonocultura e quatro consórcios com arúcula (0, 7, 14 e 21 dias após a semea-dura da beterraba (DAS)). Para as ca-racterísticas da rúcula, a análise devariância seguiu o modelo de blocoscasualizados, em esquema fatorial 2 (sis-tema de cultivo, consórcio emonocultivo) x 4 (época de semeadura

    da rúcula: 0, 7, 14 e 21 DAS). Para aépoca de semeadura da rúcula foi feitaanálise de regressão, enquanto que paraos sistemas de cultivos foi empregado oteste de Tukey, ao nível de 5% de pro-babilidade para comparação das médias.

    A unidade experimental teve áreatotal de 1,5 m², compreendendo cincolinhas de plantio de beterraba em con-sórcio, ou em monocultura. Para arúcula, foram considerados cinco linhasem monocultura e quatro linhas em con-sórcio. O espaçamento empregado paraas duas culturas foi de 0,30 m entreli-nhas e 0,10 m entre plantas. A área útil

    da parcela foi de 0,54 m², nos dois sis-temas de plantio. Nos consórcios, a se-meadura da rúcula foi realizada no sen-tido longitudinal do canteiro, nas entre-linhas da beterraba.

    O preparo do solo constou de umagradagem, seguida do levantamento doscanteiros. As adubações de plantio e de

    cobertura para as duas culturas, foramrealizadas com base na análise de soloe recomendação de Cavalcanti (1998).Para a monocultura da rúcula foi reali-zada uma adubação de cobertura aos 15dias após a semeadura e para beterraba(monocultura e consorciada) duas co-berturas, aos 20 e 40 dias após a semea-dura.

    As quantidades de NPK aplicadasem fundação foram de 40 kg ha-1 de N,60 kg ha-1 de P

    2O

    5 e 30 kg ha-1 de K

    2O

    na monocultura da beterraba, 30 kg ha-1

    de N, 60 kg ha-1 de P2O5 e 30 kg ha-1 deK

    2O na monocultura da rúcula e 60 kg

    ha-1 de N, 90 kg ha-1 de P2O

    5 e 45 kg ha-1

    de K2O nos consórcios, utilizando res-

    pectivamente como fonte de nitrogênio,fósforo e potássio a uréia, superfosfatotriplo e cloreto de potássio. Em cober-tura, 40 kg ha-1 de N nas monoculturase 60 kg ha-1 de N mais 45 kg ha-1 de K2Onos consórcios, também na forma deuréia e cloreto de potássio.

    A beterraba, cultivar Early Wonder,foi semeada em covas, utilizando qua-tro sementes. Após 14 dias foi realiza-do o desbaste, deixando apenas uma

    planta por cova, tanto para amonocultura como para o cultivo con-sorciado. A rúcula, cultivar Cultivada,no sistema de monocultura foi semeadada mesma forma como procedido paraa beterraba, contudo, desbastando aossete dias após, deixando-se uma plantapor cova. No consórcio, a semeadura darúcula foi realizada conforme as épocaspré-estabelecidas.

    O controle de plantas invasoras foirealizado com capinas manuais e as ir-rigações por microaspersão com lâmi-na média diária de 6,0 mm. A colheitada beterraba foi realizada aos 60 dias eda rúcula aos 30 dias após a semeadura.

    Avaliou-se a massa fresca e seca daparte aérea da rúcula, massa fresca eseca de raiz da beterraba, produtividadeda beterraba e da rúcula e o índice deuso eficiente da terra (UET), utilizadapara avaliar a eficiência do consórcio emrelação às monoculturas, obtida pelaexpressão: UET = (C

    a /M

    a) + (C

    r /M

    r)

    onde, Ca e Cr são, respectivamente, asprodutividades em consorciação e Ma eMr as produtividades em monoculturada beterraba e rúcula, respectivamente(Willey, 1979).

    RESULTADOS E DISCUSSÃO

    Houve interação significativa, entreos sistemas de cultivo e época de semea-dura da rúcula, para massa fresca e secada parte aérea e produtividade (Tabela 1).

    Desdobrando-se a interação, siste-mas de cultivos dentro de época de se-meadura, observou-se superioridade doconsórcio em relação à monocultura namassa fresca e seca da parte aérea e naprodutividade da rúcula, somente quan-

    do a semeadura da rúcula foi realizadana mesma época da beterraba. Quandoo consórcio foi estabelecido aos 7 e 14dias, não houve diferença significativaentre os sistemas. Já o estabelecimentodo consórcio mais tardio, ou seja, 21 diasapós a semeadura da beterraba, amonocultura foi superior ao consórcio.Nesse período a redução foi de 42,3;37,6 e 45,7%, respectivamente, paramassa fresca, massa seca e produtivida-de (Tabela 1). Esse baixo desempenho

    da rúcula, quando semeada mais tardia-mente em relação à beterraba, possivel-mente foi devido à competição

    Tabela 1. Massa fresca, seca e produtividade de rúcula em função dos sistemas de cultivo eépoca de estabelecimento do consórcio (Fresh and dry mass and yield of rocket as a functionof cropping systems and intercropping establishment times). Mossoró, UFERSA, 2005.

    Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna para cada característica, não diferemente si ao nível de 5% pelo teste de Tukey, (means followed by the same small letters in thecolumn did not differ from each other; Turkey 5%).

    LC Grangeiro et al.

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    interespecífica, pois a maior altura dasplantas de beterraba proporcionou osombreamento da rúcula.

    Esses resultados diferem dos obti-dos por Cecílio Filho et al. (2003), que

    verificaram, independentemente da épo-ca de semeadura, maior produtividadee massa seca da rúcula, demonstrandoefeito negativo do sistema consorciado.Possivelmente, os resultados divergen-tes devam-se à diferença das condiçõesde cultivo, já que o experimento dos re-feridos autores foi conduzido emJaboticabal onde o tipo de solo e as con-dições climáticas são diferentes daque-las do presente trabalho. Variações noambiente de cultivo podem determinarrespostas diferenciadas das espécies em

    consórcio, conforme salientou CecílioFilho (2005) e consequentemente, veri-ficar-se relações distintas entre as espé-cies, ou seja, competição independentee cooperação.

    No entanto, quando Cecílio Filho et al. (2003) compararam as épocas de se-meadura dentro do sistema consorcia-do, verificaram, como no presente tra-balho, uma redução na produtividade darúcula no consórcio estabelecido aos 21dias após o transplantio da beterraba.

    Segundo Hortwith (1985) é comumconstatar-se maior redução no desenvol-vimento e na produção de culturas con-sorciadas, sobretudo nas instaladas comatraso.

    O desdobramento da interação épo-cas de semeadura dentro de sistemas decultivo, para a massa fresca e seca daparte aérea de rúcula foi significativoapenas para o sistema de cultivo emconsórcio (Figuras 1 e 2). Quando assemeaduras da rúcula e beterraba foram

    realizadas na mesma época, houvemaior produção de massa fresca e secada parte aérea da rúcula. A partir de en-tão, ocorreu um decréscimo acentuado,sendo, respectivamente, de 65,2 e46,2%, para massa fresca e seca, quan-do comparado com o consórcio estabe-lecido aos 21 dias após a semeadura dabeterraba (Figura 1).

    Provavelmente as reduções nas mas-sas fresca e seca da parte aérea da rúcula,quando em consórcio com a beterrabamais tardiamente, foram devidas ao efei-to da competição da beterraba pois,embora a rúcula apresente um cresci-

    mento inicial mais rápido, osombreamento ocasionado pela beterra-ba nas épocas subseqüentes favoreceu

    principalmente a competição por luz,limitando desta forma, o desenvolvi-mento das plantas de rúcula.

    Figura 1. Massa fresca (y1) e seca (y2) da parte aérea de rúcula em cultivo consorciado combeterraba, em função das épocas de semeadura (Fresh (y1) and dry mass (Y2) of shoot inintercropping with sugar beet as a function of planting times rocket). Mossoró, UFERSA, 2005.

    Figura 2. Produtividade de rúcula em cultivo consorciado com beterraba, em função dasépocas de semeadura (Yield of rocket in intercropping with sugar beet as a function of planting times). Mossoró, UFERSA, 2005.

    Produtividade da beterraba e rúcula em função da época de plantio em monocultivo e consórcio

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    Para a característica produtividadeda rúcula, o comportamento foi seme-lhante ao observado para massa frescae seca. Quando a semeadura da rúculafoi realizada na mesma época da beter-raba, obteve-se maior produtividade

    (Figura 2), sendo superior em aproxi-madamente 187% àquela obtida quan-do o consórcio foi estabelecido aos 21dias, confirmando o efeito competitivoentre as espécies, nas semeaduras maistardias. Comportamentos semelhantesforam observados por Nardin et al.(2002a) e Nardin et al. (2002b) quandotrabalharam com essas mesmas espéciesconsorciadas, sendo que no primeiro aimplantação da cultura da beterraba foipor mudas e no segundo por meio de

    semeadura direta.A massa fresca e a produtividade deraízes de beterraba, independentemen-te da época de semeadura da rúcula, fo-ram menores no sistema consorciado emrelação à monocultura, demonstrando,que a beterraba foi negativamente in-fluenciada, quando consorciada com arúcula.

    Dentro do consórcio, a semeadura dabeterraba e da rúcula na mesma época,promoveu maior redução da massa fres-ca e produtividade de raízes de beterra-ba. Essa redução foi respectivamente, de53,7 e 40% em relação à monocultura ea época estimada de 13 dias, responsá-vel pela maior massa fresca (76,9 g plan-ta-1) e produtividade de raízes (2563 gm-2) no consórcio (Figuras 3 e 4). Essesresultados são discordantes daquelesencontrados por Nardin et al. (2002b)que não obtiveram diferença na produ-tividade de raízes de beterraba, entre ossistemas de cultivo nas diferentes épo-cas de estabelecimento do consórcio.

    Provavelmente as condiçõesedafoclimáticas do local de realizaçãodo trabalho (Jaboticabal), favoreceramo maior ciclo da beterraba (85 dias),superior aos 60 dias ocorridos neste tra-balho. Essa divergência pode retratar adiferença térmica entre as localidades,favorecendo a maior precocidade emMossoró e, também no caso deJaboticabal, permitiu que houvessemaior tempo após a colheita da rúculapara que a beterraba formasse a raiztuberosa.

    O ciclo da cultura e a semelhançana arquitetura da planta parecem ter sido

    LC Grangeiro et al.

    Figura 4. Produtividade de raiz de beterraba em função das épocas de semeadura da rúcula(Yield root of sugar beet as a function of planting times). Mossoró, UFERSA, 2005.

    Figura 3. Massa fresca de raiz de beterraba em função das épocas de semeadura da rúcula(Fresh root mass of sugar beet as a function of planting times). Mossoró, UFERSA, 2005.

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    determinantes, para que ocorresse me-nor produtividade da beterraba no sis-tema consorciado pois, embora a rúculaapresente ciclo curto, mas com cresci-mento inicial rápido, promoveu maiorcompetição interespecífica principal-

    mente por luz, quando as semeaduras dabeterraba e rúcula foram realizadas si-multaneamente. Já no consórcio estabe-lecido mais tardiamente, ou seja, a par-tir dos sete dias, a maior competiçãoentre as espécies parece ter sido por águae nutrientes, considerando que, a cultu-ra da beterraba tem maior demanda poresses fatores após os 40 dias (Souza et al., 2006); ainda, a semeadura mais tar-dia promoveu uma convivência maiordas espécies nestes períodos.

    A cultura da beterraba também apre-

    sentou desempenho inferior quandoconsorciada com mandioquinha-salsa,sendo a produtividade de raízes de be-terraba em cultivo solteiro 69,26% su-perior ao consórcio, enquanto que paraa massa seca, essa diferença foi de55,36% (Tolentino Júnior et al., 2002).Segundo os autores, as relações fonte-dreno podem ser alteradas pelas condi-ções de cultivo e pelas diferenças desolo, clima e estádio fisiológico das cul-turas. Outra provável causa da menorprodutividade da beterraba consorciada

    é a maior competição com amandioquinha-salsa por água, nutrien-tes, oxigênio e luz, uma vez que a beter-raba foi colhida aos 115 dias após otransplante e, nessa época, as plantas damandioquinha-salsa encontravam-se noestádio de maior crescimentovegetativo.

    Sudo et al. (1997), estudando a be-terraba ‘Tall Top Early Wonder’ emconsorciação com a alface ‘Regina 71’,em cultivo orgânico, obtiveram 32,20 tha-1 e 28,90 t ha-1 de raízes para a beter-raba em monocultura e consorciada, res-pectivamente. Müeller (1996), estudan-do o consórcio beterraba com alho, ob-tiveram produtividades de beterraba de33,08 t ha-1 em cultivo solteiro e de 18,45t ha-1 no consorciado.

    Com relação ao uso eficiente da ter-ra, verifica-se melhor aproveitamentodos recursos ambientais disponíveis nossistemas consorciados, em relação aosistema solteiro. Os maiores valores fo-ram observados quando a semeadura da

    rúcula foi realizada no mesmo períododa beterraba (2,0) e aos sete dias (1,9),seguidos dos consórcios aos 14 (1,5) e

    21 dias (1,3). Esses índicescorrespondem à produção respectiva-mente, de 100 e 90% a mais de beterra-ba e rúcula em um hectare de consórcioem relação à mesma área de cultivossolteiros. Resultados semelhantes foramobtidos por Cecílio Filho et al. (2003),em consórcio de beterraba com rúcula.Segundo Gonçalves (1982), índices de usoeficiente da terra maiores que a unidade,indicam efeito de cooperação ou de com-pensação entre as culturas consorciadas,com vantagens para o consórcio.

    Pode-se concluir que o cultivo con-sorciado da beterraba com a rúcula foiadequado do ponto de vista agronômico,sendo mais viável com o estabelecimen-to do consórcio até sete dias após a se-

    meadura da beterraba. Pode ser conside-rado um sistema de cultivo vantajoso aoprodutor, pois com a cultura intercalar darúcula, obteve-se uma produção adicio-nal e otimizou as práticas culturais taiscomo capina, irrigação e adubação.

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