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ONNY KLAYTONN PIRES DA SILVA J CONSTRUÇÃO DO HEXAEDRO ATRAVÉS DE DOBRADURAS Monografia apresentada para obtenção doTitulo de Especialização no curso de Pós Graduação em Matemática: Dimensões Teóricas-Metológicas, da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Professora Orientadora: Sandra Mara Dias Pedroso PONTA GROSSA 2003

Construção do hexaedro completa

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Page 1: Construção do hexaedro completa

ONNY KLAYTONN PIRES DA SILVA

J

CONSTRUÇÃO DO HEXAEDRO ATRAVÉS DE DOBRADURAS

Monografia apresentada para obtenção doTitulo de

Especialização no curso de Pós Graduação em

Matemática: Dimensões Teóricas-Metológicas, da

Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Professora Orientadora: Sandra Mara Dias Pedroso

PONTA GROSSA

2003

Page 2: Construção do hexaedro completa

AGRADECIME TO

A Deus,que me iluminou com seu Espírito Santo,transmitindo força e coragempara que pudesse chegar ao fim deste trabalho.

A professora Sandra Pedroso, que me orientou durante o trabalho,e todas as vezes que eu desanimava,me transmitia coragem.

Enfim, a todos que, de uma maneira ou outra,contribuíram para que eu pudesse concluir este trabalho.

11

Page 3: Construção do hexaedro completa

Este trabalho procura mostrar as relações de aprendizagem existentes entre adisciplina de Geometria e trabalho com dobraduras analisando um poliedro emespecial construído na sala de aula - o hexaedro. Considerações podem sersintetizadas sobre alguns pontos no encaminhamento deste trabalho: ametodologia adotada nas aulas de Geometria Espacial necessita serurgentemente reformulada para que essa ocupe o seu verdadeiro lugar naformação acadêmica dos alunos. Os professores dessa disciplina precisam,talvez, mudar o olhar, ainda hoje voltado e marcado pela visão tradicional, semapresentar justificativas e relações entre a Geometria e os outros eixosmatemáticos. Concluímos, que a Geometria associada ao trabalho de dobraduraspropicia uma prontidão para a aprendizagem de conceitos geométricos.

r

r

rr

111

Page 4: Construção do hexaedro completa

SU .ÁRIO

RESUMO iii

I TRODUÇÃO 1

CAPITULO 1- UM POUCO DA HISTORIA DA GEOMETRIA 5

EUCLlDES O "PAI DA GEOMETRIA" 6

Conceitos primitivos 7

Axiomas 8

Postulados sobre pontos e retas 9

Postulados sobre o plano e o espaço 1O

Diedros, triedros e poliedros 11

Diedros 11

Triedros 11

 guio poliédrico 12

Poliedros 12Poliedros convexos e côncavos 13

Classificação 14

Poliedros regulares 14

Relação de Euler 15

Poliedros piatônicos 16

Prismas 16Elementos do prisma 18

Classificação 19

Secção 20

Áreas 21Paralele ípedo 22

Paralelepípedo retângulo 22Diagonais da base do paralelepípedo 23

Área lateral 24

Área to ai 25

Volume 25

IV

Page 5: Construção do hexaedro completa

Cubo 26

Diagonais da base e do cubo 26

Área Ia eral 27

Área to ai 28

Volume 28

Generalização do volume de um prisma 28

Pirâmides 29

Elementos da pirâmide 30

Classificação 30

Secção paralela a base de uma pirâmide 32

Relação entre os elementos de uma pirâmide regular 33

Áreas 35

Volume 35

CAPITULO 11- ORIGAMI: UMA ARTE DE MÃE PARA FILHO 36

A ORIGEM DO ORIGAMI 36

QUAIS SÃO OS PAPEIS QUE PODEM SER UTILlZADOS? 37

A MATEMÁTICA E AS DOBRADURAS 38

CAPITULO 111-PROPOSTA DE TRABALHO PARA A GEOMETRIA ESPACIAL:

CONSTRUÇÃO DE UM HEXAEDRO 39

PROCEDIMENTOS PARA CONSTRUÇÃO .40

Conceitos 42Conceitos 43

CONSIDERAÇÕES FINAIS .48

REFERENCIAS 50

v

Page 6: Construção do hexaedro completa

TRaDuçÃO

Comecei a lecionar em 2001 no Centro Federal de Educação

Tecnológica do Paraná de Ponta Grossa para as segundas e terceiras séries do

Ensino Médio. Apesar de buscar sempre metodologias que tomassem as aulas

mais dinâmicas e menos cansativas, os resultados me incentivaram a buscar

estratégias que possibilitassem uma mudança gradativa no ensino-aprendizagem

dos alunos

Neste ano lecionei para a segunda série do Ensino Médio. No inicio

discuti com os alunos o tipo de trabalho que eles gostariam de fazer e surgiram

muitas idéias como de: jogos, dobraduras, teatro, música contextualizando a

matemática. Sem influência direta, por parte do professor a questão do origami

aparece e iniciamos a proposta. Apesar de no momento da aplicação da atividade

não termos noção de sua dimensão e dispor de registros que não facilitaram a

coleta de dados, nesse texto proponho uma forma diferenciada de trabalho

concretizando o processo ensino-aprendizagem em Geometria.

Entendendo que o curso de Especialização em Matemática:

dimensões-teóricas metodológicas, tem como conclusão de seu curso, um projeto

de monografia, e que esta será o primeiro passo para a atividade cientifica do

pesquisador, compomos este texto, com o propósito de tomar claro os obstáculos

inerentes ao aprendizado da geometria espacial, que tem dois componentes, um

de forma conceitual e outro de forma figural.

O componente conceitual, é através da linguagem escrita ou falada,

que dependendo do nível de axiomatização expressa propriedades, que

caracterizam uma certa classe de objetos. Já o componente figural corresponde àimagem mental que associamos ao conceito, que pode ser manipulada, no caso

da geometria, através de movimento, de translação, rotação e outros. Harmonizar

estes componentes é que determinará a noção correta sobre o objeto geométrico.

Na formação da imagem mental, o desenho associado ao objeto

geométrico desempenha papel fundamental? Para o aluno, nem sempre, isto se

toma um suporte concreto de expressão de entendimento. E o que fica

Page 7: Construção do hexaedro completa

2

transparente na nossa atitude frente a um problema? A primeira atitude que

tomamos é desenhar a situação, quer numa folha de papel ou quer na tela de um

computador, por outro lado, pode ser um obstáculo a este entendimento, é

interessante observar que, dependendo do estagio de desenvolvimento mental do

aluno, este trabalha buscando a "perfeição" do desenho, como se esse fosse "o

objeto geométrico ", deixando as propriedades geométricas, que dão existência ao

objeto, em segundo plano. Até mesmo confundem, características físicas do

desenho (espessura do traçado, tamanho do ponto) com propriedades

geométricas.

A esta questão do desenho interferindo no aspecto conceitual

FISCHBEIN (1993), refere-seA dificuldade em manipular objetos geométricos, a saber, a tendência em

negligenciar o aspecto conceitual pela pressão de restrições do desenho, é um

dos maiores obstáculos para o aprendizado da geometria ... Freqüentemente

condições figurais (de desenho) escapam do controle conceitual, e expõem, a

linha de pensamento, interpretações que do ponto de vista de desenho são

consistentes, mas que não são condições conceituais.

Fica clara a dificuldade dos alunos, em termos de abstração, de

separar a representação figural do objeto em si. KALEFF (1995, p.29) também

aborda este tema da seguinte forma:As dificuldades apresentadas pelos alunos na visualização de sólidos

geométricos e a desmotivação que muitos estudantes apresentam nas aulas de

geometria espacial tem levado os educadores a buscarem meios para facilitar o

ensino das propriedades geométricas dos sólidos e para tornar esse ensino mais

atrativo e motivador.

Pensamos que uma das formas de se desenvolver o raciocínio

espacial é incentivando a construção de sólidos geométricos por meio de materiais

concretos, o que leva o aluno a vivenciar os conceitos espaciais através de

experiências elementares. Por exemplo, ao construir modelos de poliedros, o

aluno tem a oportunidade de observar e utilizar diversas relações espaciais, ao

mesmo tempo em que, através da manipulação dos materiais concretos, é

motivado à ação e tem estimulado a sua criatividade.

Page 8: Construção do hexaedro completa

3

No entanto, a Geometria nasceu como uma ciência empírica, do

confronto do homem com o seu meio ambiente. Os primeiros passos foram

lentos, desde a idade da pedra, partiram de imagens de objetos, das relações

espaciais entre eles e também entre suas partes.

As relações espaciais existentes na natureza, serviram para o

homem como fonte de inspiração, na elaboração de conceitos geométricos bem

como em explicar essas relações quase perfeitas na natureza. Através de uma

ativa observação humana foram criados objetos com formas cada vez mais

regulares, o que facilitava sua produção.

O caminho trilhado pela história geométrica na humanidade é o que

pode ser percorrido pelo aluno. Ele deve partir da observação ativa, manipulando

objetos, construindo, medindo, comparando, modificando, classificando e até

desenhando.

Dentro deste ideal, faz-se necessário à busca de altemativas

didáticas no ensino/aprendizagem da geometria. Um caminho que pode ser

utilizado pelo professor seria o uso da dobradura como material didático, já que

ele ajudará o aluno a construir os conceitos geométricos existentes.

Na busca de novas metodologias de ensino da geometria, os

Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) do ensino fundamental apontam que:As atividades geométricas podem contribuir também para o desenvolvimento de

procedimentos de estimativa visual, seja de comprimento, ângulos ou outras

propriedades métricas das figuras, sem usar instrumentos de desenhos ou de

medida. Isso pode ser feito, por exemplo por meio do trabalho com dobradura,

recortes, espelhos, empilhamento ou pela modelagem de formas em argila ou

massa. (1997 ,p. 128).

Este trabalho destina-se a descobrir se as dobraduras podem ser um

novo caminho no ensino da Geometria Espacial. Assim pretendemos apresentar

uma proposta de ensino em geometria espacial, através do uso da dobradura,

relacionando o estudo dos conceitos geométricos existentes nesse processo.

A presente monografia pretende investigar a viabilidade de

abordagens que tornem o ensino de matemática atraente e prazeroso para o

aluno, desmistificando-a como uma disciplina difícil, principalmente no referente a

Page 9: Construção do hexaedro completa

4

Geometria Espacial, e colocamos como objetivo, propor uma metodologia

altemativa para o ensino e aprendizagem da Geometria com a construção do

hexaedro através de dobraduras, no Ensino Médio.

Este trabalho traz no primeiro capitulo um breve resgate sobre o

surgimento da geometria contemplando dados da Geometria Plana e finalizando

com definições de conceitos sobre poliedros.

No segundo capitulo as questões do origami são coiocadas

trazendo suas características instrumentais e relacionando a matemática com as

dobraduras.

o terceiro capitulo destaca a proposta de trabaiho, que serviu de

apoio para a construção do presente texto onde a dobradura é tratada como

instrumento para o ensino da Geometria Espacial no Ensino Médio. Os

pressupostos são explicitados, assim como, os encaminhamentos da atividade.

As considerações finais pontuam uma reflexão sobre o atual ensino

de Matemática e prática do professor, apontando para que uma proposta, como a

desenvolvida nesse trabalho, venha a ser incorporada nas ações do professor de

Matemática.

Page 10: Construção do hexaedro completa

5

APíTULO I

UM POUCO DA HI ÓRIA DA GEO ViETRIA

r

Uma estranha construção feita pelos antigos persas para estudar o

movimento dos astros. Um compasso antigo. Um astuto esquadro e, sob eie, a

demonstração figurada do teorema de Pitágoras. Um papiro com desenhos

geométricos e o busto do grande Euclides. São etapas fundamentais no

desenvolvimento da geometria. Mas, muito antes da compilação dos

conhecimentos existentes, o homem criava, ao sabor da experiência, as bases da

geometria. E realizava operações mentais que depois seriam concretizadas nas

figuras geométricas.

A origem da geometria (do grego medir a terra), parece coincidir

com as necessidades do dia-a-dia do homem. Repartir terras às margens dos

rios, construir casa, observar e prever os movimentos dos astros, são algumas das

muitas atividades humanas que sempre dependeram de operações geométricas.

Documentos sobre as antigas civilizações egípcia e babilônica

trazem os conhecimentos geométricos geralmente ligados à astrologia. Dos

gregos anteriores a Euclides (300 ac), Arquimedes e Apolônio, constam apenas o

fragmento de um trabalho de Hipócrates. E o resumo feito por Proclo ao comentar

os "Elementos" de Euclides, obra do século V ac, refere-se a Tales de Mileto

como introdutor da geometria na Grécia, por importação do Egito. Pitágoras deu

nome a um importante teorema sobre o triângulo retângulo que inaugurou um

novo conceito de demonstração matemática e que levou o seu nome.

Os "Elementos" de Euclides representam a introdução de um

método consistente que contribui há mais de vinte séculos para o progresso das

ciências. Trata-se do sistema axiomático, que parte dos conceitos e proposições

admitidos sem demonstração (postulados e axiomas) para construir de maneira

lógica tudo o mais.

Assim, três conceitos fundamentais - o ponto, a reta e o círculo - e

cinco postulados a eles referentes servem de base para toda a geometria

Page 11: Construção do hexaedro completa

6

chamada euclidiana, aplicada até hoje, apesar da existência de geômetras não-

euclidianos baseadas em postulados diferentes e contrários aos de Euclides.

EUCLlDES O "PAI DA GEOMETRIA"

Não se pode falar da geometria sem mencionar um grande

matemático grego que viveu aproximadamente de 330 ac a 270 ac, chamado

Euclides. Da sua vida pouco se sabe, apenas que provavelmente estudou na

Academia de Platão, em Atenas, que se tomou professor e estudioso da escola de

Alexandria, conhecida como Museum. Os "Elementos", tratado composto por treze

livros, que escreveu enquanto esteve no Museum 1, foi o seu trabalho de maior

influência. Euclides compilou e sistematizou muito dos resultados matemáticos

mais importantes conhecidos no seu tempo.

Através de uma lista de definições, postulados e axiomas, ele provou

uma proposição após a outra, baseando cada prova apenas nos resultados

precedentes. Da mesma forma, o conteúdo dos "Elementos", consiste de

Geometria e da Teoria dos números, faz parte do núcleo da matemática básica de

hoje.

Conta que quando o governante egípcio Ptolomeu I, perguntou a

Euclides, se havia um caminho mais curto para estudar geometria que não fosse

os Elementos, ele respondeu ao faraó que "não existe um caminho majestoso

para a geometria." Euclides também escreveu outros livros sobre a ótica e as

seções cônicas, onde a maioria deles foi perdida.

Os Elementos de Euclides, foi um texto usado nas escolas por

aproximadamente 2000 anos e que lhe rendeu o nome de "Pai da Geometria".

Seus livros são os mais difundidos da história. Mais de mil edições foram

impressas desde a primeira versão impressa de 1482 e mesmo antes desta data

foram os textos básicos da matemática padrão do ocidente. O desenvolvimento

axiomático da aritmética e a qualidade das definições evoluíram muito desde a

I Escola de Alexandria, fundada por Euclides durante o reinado de Ptolomeu I, onde havia a biblioteca maisimpressionante da antiguidade, com cerca de 700.000 volumes.

Page 12: Construção do hexaedro completa

7

época de Euclides, porém o valor fundamental dos textos euclidianos é difícil de

ser superado.

Com base na Geometria plana (euclidiana), foi possível ampliar os

conceitos da Geometria Espacial (euclidiana), que trata dos métodos apropriados

em relação a esses elementos. Os objetos primitivos do ponto de vista espacial

são: pontos, retas, segmentos de retas, planos, curvas, ângulos e superfícies. Os

principais tipos de cálculos que podemos fazer são: comprimentos de curvas,

áreas de superfícies e volumes de regiões sólidas.

Nesse trabalho monográfico será dado maior ênfase aos poliedros,

mas para que compreendamos o desenvolvimento da proposta retomamos alguns

conceitos geométricos assim como suas representações, pois precisamos

trabalhar com a Geometria de uma forma orgânica, buscando o encontro desse

eixo com os demais eixos da Matemática e com a própria Geometria. Para tal

buscamos esclarecer: conceitos primitivos, axiomas, diedros, triedros, poliedros e

outros.

Conceitos primitivos

São conceitos pnmmvos (e, portanto, aceitos sem definição) na

Geometria espacial os conceitos de ponto, reta e plano. Habitualmente, usamos a

seguinte notação:

• pontos: letras maiúsculas do nosso alfabeto

• retas: letras minúsculas do nosso alfabeto

Page 13: Construção do hexaedro completa

8

• planos: letras minúsculas do alfabeto grego

Observação: Espaço é o conjunto de todos os pontos.

Por exemplo, a figura a seguir, podemos escrever:

P E r

Q E s rvrsCL"J'erCll'

Axiomas

Axiomas, ou postulados (P), são proposições aceitas como verdadeiras

sem demonstração e que servem de base para o des nvolvimento de uma teoria.

Page 14: Construção do hexaedro completa

9

Temos como axioma fundamental:existem infinitos pontos, retas e

planos.

Postulados sobre pontos e retas

P1) A reta é infinita, ou seja, contém infinitos pontos.

s

P2)Por um ponto podem ser traçadas infinitas retas.

u

P3) Por dois pontos distintos passa uma única reta.

Page 15: Construção do hexaedro completa

10

P4) Um ponto qualquer de uma reta divide-a em duas semi-retas.

- ....•.

Postuiados sobr o plano e o esp ç :

P5) Por três pontos não-colineares passa um único plano.

P6) O plano é infinito, isto é, ilimitado.

P7) Por uma reta pode ser traçada uma infinidade de planos.

Page 16: Construção do hexaedro completa

11

Pa) Toda reta pertenc nte a um plano divide-o em duas regiões chamadas

semipíanos.

P9) Qualquer plano divide o espaço em duas regiões chamado semi- spaços.

iedros, triedros, por tros

Diedros

Dois semiplanos não-coplanares, com origem numa mesma reta,

det rminam uma figura geométrica chamada ângulo diédrico, ou simpl sment

diedro:

(ore j/: faces do diedro

r: aresta do diedro

Triedros

Três serni-retas não-coplanar s, com orig m num mesmo ponto,

d terminam três ângulos que formam uma figura qeorné trica chamada ângulo

triédrico, ou simplesmente triedro:

Page 17: Construção do hexaedro completa

12

v

guio polié ico

Sejam n n ~ 3 semi-retas de mesma origem tais que nunca fiquem

três num mesmo semiplano. Essas semi-retas determinam n ângulos em que o

plano de cada um deixa as outras semi-retas em um mesmo semi-espaço. A figura

formada por esses ângulos é o ângulo poliédrico.

v

S4

S2

Poliedro

Chamamos de poliedro o sólido limitado por quatro ou mais polígonos

planos, pertencentes a planos diferentes e que têm dois a dois somente uma

aresta em comum. Veja alguns exemplos:

Page 18: Construção do hexaedro completa

13

I~-- -------,.,./

Os poiígonos são as faces do poliedro; os lados e os vértices dos

poiígonos são as arestas e os vértic s do poli dro.

Poliedros convexos e cõncavos

Observando os poliedros acima, podemos notar que, considerando

qualquer uma de suas faces, os poli dros encontram-s inteiramente no mesmo

semi-espaço que essa face determina. Assim, esses poliedros são denominados

convexos.

Isso não acontec no último poliedro, pois, em relação a duas de

suas faces, ele não está contido apenas em um semi-espaço. Portanto, ele é

denominado côncavo.

Page 19: Construção do hexaedro completa

14

Classificação

Os poiiedros convexos possuem nomes especiais de acordo com onúmero de faces, como por exemplo:

• tetraedro: quatro faces

• pentaedro: cinco faces

• hexaedro: seis faces

• heptaedro: sete faces

• octaedro: oito faces

• ícosaeoro: vinte faces

-Poliedros reguiares

Um poliedro convexo é chamado de regular se suas faces são

polígonos regulares, cada um com o mesmo número de lados e, para todo vértice,converge um mesmo número de arestas.

Existem cinco poliedros regulares:

4§1I

I•......... '\- ---

_..." \

. \

\

\

TetraedroHexaedro

(cubo) Octaedro

Dodecaedrolcosaedro

Page 20: Construção do hexaedro completa

A seguir, apresentamos planificações dos cinco poliedros regulares acima:

Tetraedro

Cubo Octaedro

Dodecaedro lcosaedro

Essassuperfícies sugerem come construir modelos de poliedros regulares.

Relação de Euler

Em todo poliedro convexo é válida a relação seguinte:

V-A+F=2

15

em que V é o número de vértices, A é o número de arestas e F,o número de

faces.

Observe os exemplos:

Page 21: Construção do hexaedro completa

46

Para o encaixe a aba de uma deve ser inserida na abertura iateral

da outra. As peças encaixadas formam uma figura retangular quando postas sobre

um "aparato". Suspendendo uma das faces, obtém - se um diedro.

Para fins didáticos a terceira face será colocada na seqüência do

retângulo ampliando a área do primeiro retângulo.

Estudando a nova figura observa - se que é formada por três

quadrados que "suspensos" formariam a superfície lateral de um prisma. A quarta

peça tem a mesmo tratamento da terceira peça, sendo colocada na seqüência da

mesma.

Tirando as peças da planificação observa - se que se constrói a

superfície lateral de um prisma quadrangular, cujas faces laterais são figuras

quadradas. Para o hexaedro há necessidade do encaixe de mais duas peças, que

constituem as bases do sólido.

Page 22: Construção do hexaedro completa

47

/ Vértice

Aresta

Face

A partir do hexaedro construído, o professor poderá, junto com

seus alunos, levantar os conceitos de Geometria Espacial, como:

Aresta - (do latim, espiga). Interseção de dois planos; segmento de reta comum a

duas faces de um poliedro; linha comum a duas superfícies de um sóiido.

Vértice - Ponto comum a duas ou mais semi-retas, ou segmento de retas.

Face - Superfície limitada de um sólido geométrico.

Ângulo poliédrico - Ângulo formado pelo encontro de vários planos que se cortam

num mesmo ponto.

Page 23: Construção do hexaedro completa

48

o IDE A ÕE FI AIS

A proposta desta pesquisa visa não só auxiliar os professores de

mat mática, no ensino da Geometria Espacial, mas também resgatar os

conceitos da Geometria Plana que, para alguns alunos, ainda estão vagos.

ão entendemos e nem colocamos que esse seja a "salvação" do

ensino da Geometria Espacial, mas é um caminho que, sendo estudado, discutido

e d senvolvido pode render bons resultados e enriquecer a prática do professor

de Matemática.

Acreditamos sim que os conceitos geométricos devem ser

trabalhados de uma forma concreta e intuitiva, dando assim ao aluno uma

oportunidade melhor na abstração dos mesmos, pois como cita D'AMBROSIO

(1989, p. 15) "os professores em geral, mostram a matemática como um corpo de

conhecimentos acabado e pai ido. Ao aluno não é dado em nenhum momento a

oportunidade ou gerada a nec ssidade de criar nada, nem mesmo uma solução

mais interessante."

A proposta da dobradura como um recurso didático, pode ser

geradora de vários fatores que não envolvem somente os conceitos geométricos,

ela poderia ser o foco c ntral d ntro de uma interdisciplinaridade, ou geradora da

própria motivação dos alunos. Enfim ela vai muito ai' m da proposta aqui

apresentada.

-

o origami na sala d aula contribui d forma mais rapida para a

efetivacao de um trabalho cole ivo, afinal trabalhar coletivamente e uma das

xigencias da atual sociedade, por isso a sala de aula, assim como a escola não

pode deixar de oportunizar aos alunos tal experiencia.

Vale I mbrar a importancia do r gistro por parte do prof ssor m

r lacao as suas praticas, visto qu atividad s como essa, s mpr que xecutadas

t ndem a ser enrequecidas pela contribuicao dos alunos e levam o professor a um

processo de reflexa o maior, pois quando se trabalha dentro de uma proposta

como essa, el podera rev r suas concepcoes d nsino e aprendizagem alem de

Page 24: Construção do hexaedro completa

49

aprofundar seus conceitos em reiacao a Geometria atraves de novos referenciais

e pesquisa.

Com esse tipo de trabalho, ntendemos que os alunos terão um

melhor aproveitamento com relação aos conteúdos, pois eles resgataram os

conceitos de Geometria Plana e manipulando o sólido construído, poderão ter

maior facilidade em entender os conceitos de Geometria Espacial.

A proposta está iançada agora depende do comprometimento,

disponibilidade e conhecimento do professor, em tentar sair da sua rotina de

trabalho em busca de novos recursos didáticos, para que não haja uma

aprendizagem desvinculada da realidade do aluno.

-•

Page 25: Construção do hexaedro completa

50

REFERÊNCiAS

ANGOITi, J. A. P.; DELlZOICOV, D. N. Física. São Pauio : Cortez, 1992.

BARATOJO, J. T. Dicionário de Matemática para o 1° grau. Porto Alegre:

Sagra: DC Luzzatto, 1994.

BOYER, Carl B. História da Matemática. São Paulo: Edgard Blucher

1974.

BRASiL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental:

Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Brasília, 1998.

D AMBROSIO, B. S. Como ensinar matemática hoje. in:Temas e

Debates. SBEM Ano 11, 1989.

FETSSOV, A I. A demonstração em geometria. Tradução: Hygino H

Domingues. São Paulo: Atual, 1994 (Matemática: Aprendendo e

Ensinando ).

GENOVA, A. C. Brincando com origami.São Paulo: Afilhada, 2002.

IMENES, L.M. Vivendo a Matemática, Geometria das Dobraduras. São

Paulo:Scipione, 1988.

KALEFF, A. M. Varetas, canudos, arestas e sólidos geométricos. Revista do

Professor de Matemática. São Paulo, n 28, p. 29 - 1995-- -•

Page 26: Construção do hexaedro completa

16

V=8 A=12 F=6

12-18+8=2

V=12 A=18 F=8

8 - 12 + 6 = 2

Poliedros platônicos

Diz-se que um poliedro é platônico se, e somente se:

a) for convexo;

b) em todo vértice concorrer o mesmo número de arestas;

c) toda face tiver o mesmo número de arestas;

d) for válida a relação de Euler.

Assim, nas figuras acima, o primeiro poliedro é platônico e o segundo,

não-platônico.

Prismas

Na figura abaixo, temos dois planos paralelos e distintos, <1' e ,d, um

polígono convexo R contido em a e uma reta r que intercepta ~1'e -: mas não R:

Page 27: Construção do hexaedro completa

17

Para cada ponto P da região R, vamos considerar o segmento pp

paralelo à reta r (p E ,b? :

Assim, temos:

r

Page 28: Construção do hexaedro completa

18

Chamamos de prisma ou prisma limitado o conjunto de todos os

segmentos congruentes PP paralelos a r.

Elem nto

Dado o prisma a seguir, consideramos os seguintes elementos:

bases:as regiões poligonais R e

altura:a distância h entre os planos t"r e ,ti•

Page 29: Construção do hexaedro completa

19

• arestas das bases:os lados AB ,BC ,CD,DE,EA,A'B' ,B'C', C'D',D'E' ,E'A'

(dos polígonos)

•• arestas laterais: os segmentos AA', BB' , CC',DD', EE'

faces laterais: os paralelogramos AA'SB', BS'C'C, CC'O'O, OO'E'E, EE'A'A

Classificação

Um prisma pode ser:

reto: quando as arestas laterais são perpendiculares aos planos das bases;

•• oblíquo: quando as arestas laterais são oblíquas aos planos das bases.

Veja:

prisma oblíquoprisma reto

Chamamos de prisma regular todo prisma reto cujas bases são polígonos

regulares:

r

Page 30: Construção do hexaedro completa

20

triângulo equiláterohexágono regular

IIII

".,A,". ,". -,

prisma regular hexagonalprisma regular triangular

Observação: As faces laterais de um prisma regular são paralelogramos

congruentes.

Secção

Um plano que intercepte todas as arestas de um prisma determina

nele uma região chamada secção do prisma.

Secção transversal é uma região determinada pela intersecção do

prisma com um plano paralelo aos planos das bases (figura 1). Todas as secções

transversais são congruentes (figura 2).

figura 2figura 1

Page 31: Construção do hexaedro completa

21

reas

Num prisma, distinguimos dois tipos de superfície as faces laterais e

as faces das bases. Assim, temos de considerar as seguintes áreas:

a) área de uma face (AF):área de um dos paralelogramos que constituem as faces

laterais;

b) área lateral ( AL):soma das áreas dos paralelogramos que formam as faces

laterais do prisma.

No prisma regular, temos:

AL = n . AF (n = número de lados do potíçono da face que constitui a base)

c) área da base (AB): área de um dos políqonos das bases;

d) área total (A ): soma da área lateral com a área das bases

Vejamos um exemplo.

Dado um prisma hexagonal regular de aresta da base a e aresta lateral

h, temos:

a

r' a

»<;

r- h

"..,.....

r-

I"'"

"...

/""..

Page 32: Construção do hexaedro completa

22

AF =ahA.~ = 6ah

A.!l = 3a~ -./3 (área do hexágono regular )t:.

Par I lepíp do

Todo prisma cujas bases são paralelogramos recebe o nome de

paralelepípedo. Assim, podemos ter:

b) paralelepípedo reto

a) paralelepípedo oblíquo

Se o paralelepípedo reto tem bases retangulares, ele é chamado de

paralelepípedo reto-retângulo, ortoeoro ou paralelepípedo retângulo.

Seja o paralelepípedo retângulo de dimensões a, e c da figura:

Page 33: Construção do hexaedro completa

23

H a

b III C 6<

D ?------./

c

c

c

A a 8

Temos quatro arestas de medida a, quatro arestas de medida b e

quatro arestas de medida c; as arestas indicadas pela mesma letra são paralelas.

Diagonais da base e do paraielepípedo

Considere a figura a seguir:"""

r=-

é"'

Hr"'

r'

D

'""""'

c""'

;'"

»<

;'"

""'

'""""'

""""'

,-..

'"'""'

r>

r-

é"'

'"'r>

r>

G

c db = diagonal da base

F dp = diagonal do paralelepípedo

Page 34: Construção do hexaedro completa

24

Na base ABFE, temos:

F

b

A8

a

No triângulo AFD, temos:

D

c

FA d

b

Área lateral

Sendo AL a área lateral de um paralelepípedo retângulo, temos:

a

cc

AL= ac + bc + ac + bc = 2ac + 2bc =AL = 2(ac + bc)

-------- ---

Page 35: Construção do hexaedro completa

25

Área total

Planificando o paralelepípedo, verificamos que a área total é a soma

das áreas de cada par de faces opostas:

b b AT= 2(ab + ac + bc)

Volume

Por definição, unidade de volume é um cubo de aresta 1. Assim,

considerando um paralelepípedo de dimensões 4,2 e 2, podemos decompô-Io em

4.2.2 cubos de aresta 1:

2

4

Então, o volume de um paralelepípedo retângulo de dimensões a, b e

c é dado por:

v = abc

Como o produto de duas dimensões resulta sempre na área de uma

face e como qualquer face pode ser considerada como base, podemos dizer que o

Page 36: Construção do hexaedro completa

26

volume do paralelepípedo retângulo é o produto da área da base AB pela medida

da altura h:

c=h

Cubo

Um paralelepípedo retângulo com todas as arestas congruentes (a= b

= c) recebe o nome de cubo. Dessa forma, as seis faces são quadradas.

a

Diagonais da base e do cubo

Considere a figura a seguir:

Page 37: Construção do hexaedro completa

E

Na base ABCD, temos:

a

No triângulo ACE, temos:

E

a

c

Área late ai

27

dc=diagonal do cubo

db = diagonal da base

A área lateral AL é dada pela área dos quadrados de lado a:

Page 38: Construção do hexaedro completa

28

H G

E F

a a

A B

Aa

· .· .· ........•.•.•.•.•.•....•.•..•..•.•..•..•.•...•...•"

Área o ai

A área total AT é dada pela área dos seis quadrados de lado a:

G F

a

H

A a B

Volume

De forma semelhante ao paralelepípedo retângulo, o volume de um

cubo de aresta a é dado por:

v= a. a. a = a3

Generalização do volum de um pri ma

Para obter o volume de um prisma, vamos usar o princípio de

Cavalieri (matemático italiano, 1598 - 1697), que generaliza o conceito de volume

para sólidos diversos.

Page 39: Construção do hexaedro completa

29

Dados dois sólidos com mesma altura e um plano a, se todo

plano ,d, paralelo a a, intercepta os sólidos e determina secções de mesma área,

os sólidos têm volumes iguais:

S 1 é um paralelepípedo r tângulo, então V2 = Ash.

Assim, o volume de todo prisma e de todo paralelepípedo é o produto

da área da base pela m dida da altura:

Dados um polígono convexo R, contido em um plano a, e um ponto

(vértice) fora de a, chamamos de pirâmide o conjunto de todos os segmentos

VP,PER

Page 40: Construção do hexaedro completa

30

v

Elementos da pirâmide

Dada a pirâmide a seguir, temos os seguintes elementos:

v

••

base: o polígono convexo R-----

arestas da base: os lados AB, BC, CD, DE,EA do poliqono---------

arestas laterais: os segmentos VA,VB, VC, VD, VE

faces laterais: os triângulos VAB, VBC, VCD, VOE, VEA

altura: distância h do ponto V ao plano

••

••

li

Classificação

Uma pirâmide é reta quando a projeção ortogonal do vértice coincide

com o centro do polígono da base.

Page 41: Construção do hexaedro completa

31

Toda pirâmide reta, cujo polígono da base é regular, recebe o nome

de pirâmide regular. Ela pode ser triangular, quadrangular, pentagonal etc.,

conforme sua base seja, respectivamente, um triângulo, um quadrilátero, um

pentágono etc.

Veja:

v v

pirâmide reguler hexagonal

pirâmide regular quadrangular

Observações:

ia) Toda pirâmide triangular recebe o nome do tetraedro. Quando o tetraedro

possui como faces triângulos eqüiláteros, ele é denominado regular (todas as

faces e todas as arestas são congruentes).

tetraedro

tetraedro regular

Page 42: Construção do hexaedro completa

32

2a) A reunião, base com base, de duas pirâmides regulares de bases quadradas

resulta num octaedro. Quando as faces das pirâmides, de base quadrada, são

triângulos qüilát ros, o octaedro é regular.

octaedrooctaedro regulÕlr

Um plano paralelo à base que interc pt todas as ar stas laterais

determina uma secção poligonal de modo qu :

• as arestas laterais a altura sejam divididas na mesma razão;

a secção obtida e a base sejam polígonos semelhantes;

• as áreas desses polígonos estejam entre si assim como os quadrados de

suas distâncias ao vértice.

r

Page 43: Construção do hexaedro completa

33

v

VA' VB' VC' VD' VE' h-=-=-=-=-=-VA VB VC VD VE Hárea A'B' C'D'E' h2

áreaABCDE H2

Relação entre os elementos de uma pirâmide regular

Vamos considerar uma pirâmide regular hexagonal, de aresta lateral I

e aresta da base a:

v

F

MC=~2

h2 =12 -a2

A

Page 44: Construção do hexaedro completa

34

Assim, temos:

•• A base da pirâmide é um polígono regular inscritível em um círculo de raio08 = R.

OM = a.f3 (apótema da base)2

8 M c

• A face lateral da pirâmide é um triângulo isósceies.

v

V},-f é o apótema da pirâmide (altura de uma face lateral)

B cM

• Os triângulos V08 e VOM são retângulos .f'"

/""'V V

r-'

r>.

/""'

hh

",....

M

8o

r O a

r

('.

Page 45: Construção do hexaedro completa

35

Áreas

Numa pirâmide, temos as seguintes áreas:

a) área lateral ( AL): reunião das áreas das faces laterais

b) área da base (AB): área do poliqono convexo ( base da pirâmide)

c) área total (AT): união da área lateral com a área da base

Para uma pirâmide regular, temos:

onA 6l =n.-

2

em que:

b é a aresta da base; 9 é o apótema; n é o numero de arestas laterais

P é o semiperímetro da base; a é o apótema do poliqono da base

r' Volume

r O princípio de Cavalieri assegura que um cone e uma pirâmide

equivalentes possuem volumes iguais:

Page 46: Construção do hexaedro completa

36

CAPíTULO 11

ORiGA i: U~ A ARTE DE ÃE PARA FILHO

Origami é uma arte milenar japonesa e consiste em dobrar papel,

cujo nome de origem orikami significa dobrar papel: ori - dobrar, Kami - papel,

transmitida de geração em geração entre os japoneses, desenvolveu -se de forma

tão cativante que conquistou o mundo

Para a confecção de uma peça faz-se necessário seguir algumas

regras. A primeira é obter-se uma folha de papel quadrada e no processo não

utilizar cortes embora estas não sejam regras absolutas.

O origami desempenha um papel muito importante no

desenvolvimento intelectual da criança, uma vez que desenvolve a capacidade

criadora, além de contribuir para o desenvolvimento da psicomotricidade, também

serve como terapia e desenvolve a destreza e as habilidades manuais.

A ORIGEM DO ORIGAMI

Há aproximadamente 1800 anos a China fabricava papel pela

mace ração de cascas de árvores e restos de tecidos e a esse momento está

presa à origem do origami. Quando o papel foi introduzido no Japão entre os

séculos VI e X, por monges budistas chineses, somente a nobreza tinha acesso a

ele por ser um produto de luxo, utilizado em festas religiosas e na confecção dos

moldes dos quimonos. Os japoneses divulgaram as figuras que criavam através

da tradição oral, onde as formas eram passadas de mãe para filha. Mantendo-se

assim as formas mais simples, pela ausência de um registro formal.

As primeiras instruções escritas sobre o Origami apareceram em

1797 com a publicação do "Senbazuru Orikata" (Como Dobrar Mil Graças) . Só

então, a partir da fabricação do seu próprio papel, o restante da população

começou a aprimorar essa arte, deixando de ser transmitido somente de pais

Page 47: Construção do hexaedro completa

37

para filhos e desde 1876, passou a fazer parte integrante do currículo escolar

desse país.

Enquanto isso, na Europa, a arte das dobraduras em papel também

estava sendo desenvolvida na Espanha. Os árabes trouxeram o s gredo da

fabricação do seu próprio papel para o Norte da África e, no século VIII os mouros

levaram este segredo até a Espanha. A religião dos mouros proibia a criação de

qualquer figura simbólica, de modo que as dobraduras em papel eram usadas por

eles apenas para estudar a Geometria presente nas formas e nas dobras.

QUAIS SÃO OS PAPEIS QUE PODEM SER UTILIZADOS?

O papel para o origami pode variar desde o mais simples (sulfite) até

os mais sofisticados. O papel sulfite e o chamado papel ofício, com formato

retangular de 23 cm x 21,5 cm é de cor branca. Dá à peça uma ótima sustentação.

Para dar maior realce às peças podemos utilizar o papel espelho

inclusive para as peças de grande porte este tipo é adequado, assim como o Kraft.

Já o papel, laminado por apresentar brilho numa das faces, e o papel camurça,

pela sua textura ligeiramente aveludada e maleabilidade, dão um efeito especial a

cada peça.

O papel vegetal com sua transparência, dá leveza e suavidade às

dobraduras, mas é preciso muito cuidado na confecção, porque as dobras ficam

marcadas com muita facilidade e às vezes, prejudicam a peça.

Mais conhecido como papel de embrulho ou de costureira, o papel

manilha, é encontrado comumente em rosa, amarelo e branco, em folhas

geralmente grandes ou em bobinas. Para instituições ou curso é o papel que

melhor se ajusta.

Outros papéis, como folhas de revistas, jornais, papel de presente ou

fantasia (GENOVA, 2002) também podem ser utilizados. Além de custo menor em

relação aos outros papeís dão um excelente resultado. Muitas vezes são usados

com objetivos específicos. Os de presente destacam-se por suas estampas, pois

Page 48: Construção do hexaedro completa

38

"escolhe-se uma estampa prevendo o resultado final da peça." (GENOVA,

2002,p.6)

A MATEMÁTICA E AS DOBRADURAS

A dobradura possibilita um trabalho interdisciplinar por envolver

várias disciplinas, como História, Educação Artística, Português, Geografia. Na

Matemática essa relação é bastante visível, indo desde a forma do papel que o

origami utiliza para a confecção das formas até conceitos da geometria plana, que

surgem durante o processo da dobradura, como retas perpendiculares, retas

paralelas, retângulo, quadrado, octógono regular, triângulo eqüilátero, hexágono

regular, etc.

Nesse projeto é dada ênfase à construção do hexaedro, procurando

refletir sobre o processo de sua construção e a relação dessa construção com a

formação de conceitos.

Mas até que ponto a construção de poliedros, facilitará para o aluno

os conceitos da geometria espacial? Se pensarmos na questão da incentivação,

poderá ser um processo bastante válido para o aluno, já que é mais interessante

para ele construir o seu próprio sólido geométrico do que ficar imaginando como

ele seria através de um desenho.

Devido à necessidade de se pensar em novos métodos de ensino

para o conteúdo de Geometria Espacial, pois normalmente na sala de aula, o

aluno não tem a oportunidade de expressar a sua criatividade e segundo

D'AMBROSIO: "aluno, assim passa a acreditar que na aula de matemática o seu

papel é passivo e desinteressante" (1989 , p. 15), a utilização das dobraduras,

surge como uma alternativa ao estudo da Geometria Espacial, pois através dela

pode-se despertar no aluno um maior interesse pelo conteúdo elaborado,

oportunizando a construção do conhecimento, isto é, com este recurso o mesmo

poderá visualizar os conceitos geométricos.

Page 49: Construção do hexaedro completa

39

CAPITULO 111

P O OSTA DE T BAL O PAR A GEOMETRIA

ESPACIAL: CO STRUÇÃO DE UM HEXAEDRO

Como introdução do conteúdo de Geometria Espacial , o professor

poderá trabalhar com seus alunos na construção de um poliedro (hexaedro),

utilizando a dobradura como meio para a confecção de suas faces.

Acreditamos que o trabalho com as dobraduras venha a estimular o

raciocínio do aluno; desenvolver a sua capacidade de: analisar, relacionar,

comparar, classificar, ordenar, sintetizar, avaliar, abstrair, generalizar e criar; levá-

10, também a entender os aspectos do mundo físico, trabalhando com a

construção dos sólidos geométricos e principalmente que tal ação venha suprir o

processo de retomada da geometria plana, sempre realizada pelos professores ao

iniciarem o trabalho com a geometria espacial, visto que os procedimentos para a

realização da peça pontuam estes conceitos.

Para a concretização da proposta é necessário alguns

procedimentos Iniciais, como a organização dos grupos de trabalho.

Aconselhamos que a classe seja dividida em grupos de 3 a 4 elementos para que

se cumpra o sentido de desenvolver na escola o trabalho coletivo e que o

professor se coloque como mediador do processo ensino/aprendizagem.

Os grupos, depois de organizados, recebem 6 folhas de papel sulfite

que equivale ao número de faces do poliedro. Como tais folhas, possuem forma

retangular os alunos precisarão transformá-Ias, em folhas de forma quadrada. Um

procedimento seria a partir de um dos vértices da folha dobrar e desdobrar

marcando o vinco, sendo essa uma das diagonais do quadrado. Depois retornar a

dobra e recortar o papel a partir do vértice que possui o vinco até o vértice oposto.

Com as folhas de forma quadrada, os alunos acompanham os

procedimentos que o professor mostrará passo a passo para a construção das

faces do hexaedro. Poderão visualizar esses passos através da transparência

exposta no retroprojetor.

Page 50: Construção do hexaedro completa

r40

Construídas as peças, eles só precisam construir duas ou três

peças a mais, dependendo do número de alunos do grupo, para em seguida

montarem o hexaedro, que utiliza seis peças.

Montados os hexaedros pelos grupos, o professor poderá explorar

junto com os alunos os elementos básicos pertencentes a um hexaedro como,

vértices, arestas, faces, ângulos poliédricos e etc.

PROCEDIMENTOS PARA CONSTRUÇÃO

Toda atividade deve sensibilizar o grupo de alunos, portanto para

iniciar essa atividade a problematização é o primeiro momento (ANGOTTI, 1992f

Para essa atividade pensamos numa situação desafiadora. Escolhemos o

problema da folha retangular: Como transformar um retângulo em um quadrado?

Após a sensibilização é importante que o professor registre os

encaminhamentos percorridos pelos alunos para futuras reflexões.

Devemos observar que "o papel , quando já cortado deve

apresentar quatro ângulos de 90°" (GENOVA , 2002, p.6).

Com o quadrado confeccionado faz-se necessário uma discussão

sobre a peça pois embora sendo utilizada como uma figura plana, a mesma

constitui um prisma de base retangular.

No acordo pedagógico, professor e os grupos denominam a folha

de papel como retangular e posteriormente a folha, em quadrada.

Com o "quadrado" em mãos inicia-se a confecção da peça.

Primeiramente observa-se os "cantos" (vértices) do papel. A primeira dobra

consiste em levar um dos cantos até o outro canto do lado oposto passando pelo

meio do papel. Esta dobra é um exemplo de vale e montanha". A figura apresenta

um segmento que divide o quadrado em dois triângulos retângulos.

2 Sobre os três momentos pedagógicos consultar Delizoicov & Angotti, Física p. 29-31.3 Vale e montanha são termos utilizados no Origami

Page 51: Construção do hexaedro completa

41

Neste momento da atividade os envolvidos entram em contato com

determinados conceitos que esclarecemos utilizando BARATOJO(1994), como

referência.

Diagonal - "Segmento de reta que une dois vértices não

consecutivos de um potlçono".

Simetria por eixo - é a preservação da forma e configuração através

de um ponto, uma reta ou um plano. Com a simetria se obtém uma forma de outra

preservando suas características tais como ângulos, comprimento dos lados,

distância, tipos e tamanhos.

Quadrado - Quadrilátero cujos lados têm a mesma medida

(congruentes) e cujos ângulos são retos (90°). O quadrado é o único quadrilátero

regular, isto é, ele tem lados congruentes e ângulos congruentes.

Triângulo - Poliqono de três ângulos e três lados. Poliqono que tem

o menor número de lados.

Triângulo Retângulo - Triângulo que tem um ângulo reto.

Decomposição do quadrado em dois triângulos retângulos

Ângulos retos - Ângulo que tem uma das semi - retas perpendicular

à outra.

Bissetriz de um ângulo - Semi - reta que a partir do vértice de um

ângulo o divide em dois ângulos com a mesma medida, (congruentes).

Metade de um ângulo reto - Ângulo de 45°.

Ligue os outros vértices para formar a outra diagonal, para isso

dobra-se um triângulo sobre o outro tendo como referência a diagonal já feita.

r

Page 52: Construção do hexaedro completa

42

Conceitos

Decomposição do quadrado em quatro triângulos (áreas)

Quadrantes - Cada uma das quatro partes em que fica dividido um

plano por dois eixos coordenados, perpendiculares entre si, quarta parte de um

círculo.

Ângulos - (do latim, angulus). Uma das duas reqroes do plano

determinadas por duas semi - retas que tem a mesma origem (vértice).

Bissetriz - Sem; - reta que a partir do vértice de um ângulo o divide

em dois ângulos com a mesma medida, (congruentes).

Ponto Médio - Ponto eqüidistante dos extremos de um segmento.

Mediatriz de um Segmento de Reta - Perpendicular ao ponto médio

do segmento.

Perpendicular - Diz -se da posição que um ente geométrico tem em

relação a outro quando formam entre si ângulos retos.

Pegue um dos vértices e translade para o centro da figura. Firme a

dobra para que ela se efetive (Tal ação deverá ocorrer para os outros 3 vértices)

A figura obtida é um novo quadrado formado por 4 triângulos.

Page 53: Construção do hexaedro completa

43

Conceitos

Retas paralelas - Linhas ou superfícies eqüidistantes em toda a

extensão. Duas retas são paralelas quando situados no mesmo plano, não tem

ponto em comum.

Proporcionalidade - Qualidade ou propriedade de proporcional,

(proporção matemática).

Pontos médios dos lados - Ponto eqüidistante dos extremos de um

segmento.

Comprovação da área do triângulo (Quando dobra o vértice)

Altura do triângulo - Distância (perpendicular) de um vértice ao seu

lado oposto ou seu prolongamento.

O quadrado é formado por 2 quadrados menores (Você percebe isso

quando abre a Figura)

r Pegue a peça assentando o quadrado na mesa, tendo então os

triângulos voltados para cima e repita os passos anteriores.

Forma - se aqui um outro quadrado proporcional aos quadrados

an eriores.

Page 54: Construção do hexaedro completa

44

Volte as dobras deixando os "vincos" bem marcados pois são eles

que facilitarão ou dificultarão o próximo passo. Pode - se nesse momento levar o

aluno a observar quantos quadrados estão formados na figura (são dez

quadrados) e contar o número de triângulos inscritos na figura.

Agora posicione a peça na mesa assentando - a na parte fechada,

de modo que o quadrado fique dividido pelas suas diagonais perpendiculares.

Pegue uma das aberturas e traga o vértice para o interior. O vértice vai para

dentro e assenta-se os quadrados externos sobre o triângulo interno. Pressione

esse vértice de modo que fique dentro e as abas para fora. (sapo)

Observe que agora, olhando a figura como um todo tem - se um

pentágono irregular. (Verifica - se que o triângulo tem área igual à metade do

quadrado, verificando a última dobra). O pentágono em questão, se decomposto

em duas partes, é formado por um triângulo retângulo isósceles e um trapézio

isósceles.

Repete - se essa dobra do lado oposto da figura. Observa - se

agora um novo polígono de seis lados denominado hexágono irregular.

Page 55: Construção do hexaedro completa

r

A figura contém determinados conceitos como: simetria, uma

ampliação no campo dos ângulos (ângulos agudos e obtusos). O ângulo de 135 o

aparece formado por (90 o + 45 O); soma dos ângulos internos.

Na confecção da peça constata-se a regularidade de conceitos:

simetria, ângulos, número de lados do polígono.

A peça formada constitui - se na face de um poliedro . Posicione a

peça com abertura sobre a mesa. Obs rve que a mesma é formada por um

quadrado e dois triângulos. O quadrado é a face propriamente dita e os triângulos

laterais, os encaixes.

Para a construção de um poliedro precisa - se de um certo número

de peças. No caso em estudo a construção . a de um hexaedro que possui seis

faces. É importante para a construção do poliedro a compreensão dos ângulos

poliédricos, portanto os encaixes devem ocorrer de forma didática.

Primeiro encaixe duas peças. Para tal posicione as peças como na

figura abaixo:

r-8