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Metodologia e alfabetização

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Page 1: Metodologia e alfabetização

METODOLOGIA E PROCESSO DA ALFABETIZAÇÃO

NAS SÉRIES INICIAIS1

Gabryela Kuffel Zarth

Carmen Prigol Cimi

Isaura Kuffel Zarth

Margani Zarth

RESUMO

Este estudo revela como deve acontecer o processo de alfabetização nas séries iniciais do Ensino Fundamental e também durante toda a vida do ser humano. Por meio de questionário respondido por professores das séries iniciais e coordenadores pedagógicos, entendemos que as dificuldades na leitura e interpretação de textos acontecem principalmente porque ainda persiste a falta de educação com qualidade que explore a linguagem oral e escrita desde a Educação Infantil. Além disso, falta incentivo por parte dos pais e professores à leitura diversificada, falta de interesse de autoridades, de pais e até de professores em disponibilizar materiais e adequar condições para a pesquisa e construção de novos conhecimentos e as condições sócio-econômicas e psicológicas presentes na realidade de muitas crianças fazem gerar problemas físicos, emocionais, familiares e sociais. A metodologia da alfabetização precisa estar adequada à realidade na qual o aluno convive e relacionada aos conhecimentos que ele traz da vida familiar e social, pois uma criança aprende por meio das relações que estabelece com seu ambiente. Reflete-se sobre as dificuldades de aprendizagem que muitas crianças das escolas brasileiras apresentam, definindo quais os fatores que causam essa deficiência e como proceder para que a alfabetização possa contribuir na construção do conhecimento e preparar a criança para a vida. As atividades de fala, escrita e leitura são muito importantes para adquirirmos mais conhecimentos. Portanto, analisando a literatura de pesquisadores conhecidos por suas experiências com a alfabetização de crianças e também com a formação de professores, compreendemos melhor o processo de alfabetizar. Eles verificaram na prática como a criança age na sociedade quando é alfabetizada com a utilização de tudo o que ela já conhece e como isso se reflete na vida familiar e social na qual ela convive.Palavras-chave: Alfabetização. Letramento. Séries Inicias. Dificuldades.

INTRODUÇÃO

O processo de alfabetização tem sido um grande desafio a ser enfrentado pelo

professor-alfabetizador e pela sociedade que almeja uma educação de qualidade em nossas

escolas. Uma grande quantidade de nossos alunos tem demonstrado muita deficiência na

leitura, interpretação e redação de textos.

Vários são os fatores que podem influenciar no surgimento desses problemas.

Entendemos que essa situação ainda persiste, porque há escolas que não oferecem formação

1 Artigo apresentado na Disciplina de Estágio Curricular IV ao Curso de Graduação em Pedagogia – EAD, da Universidade Luterana do Brasil, como requisito parcial para conclusão de Curso.

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contínua para os seus professores, a metodologia utilizada para a alfabetização, à prática

pedagógica ou a forma como ela é conduzida pelo professor podem não estar condizentes ao

contexto social no qual os alunos estão inseridos.

Existe também a possibilidade de que a insuficiência de investimentos do poder

público em programas de formação continuada, a falta de compreensão de como deve

acontecer à teoria e a prática no processo ensino-aprendizagem, as más condições sócio-

econômicas e psicológicas de nossos alunos e muitas decisões adotadas na educação podem

ter contribuído para que houvesse índices tão altos de dificuldades na aprendizagem ou

mesmo defasagem no ensino.

As crianças necessitam do professor-alfabetizador experiente e competente, que venha

contribuir para a prática de um ensino interativo, contextualizado e muito bem planejado.

Assim, de posse dos conhecimentos e conteúdos necessários, ele incentiva a compreensão e

produção de novos conhecimentos, contribuindo na formação de seres humanos capazes de

gerar a construção dos saberes, a partir de suas reflexões e ações e da realidade que os cerca.

As atividades de fala, escrita e leitura são muito importantes para adquirirmos mais

conhecimentos. Desde que nascemos, a linguagem está presente em todos os momentos da

vida. É importante então pensarmos sobre o que ela faz conosco e sobre o que fazemos com

ela.

Diante dos problemas que enfrentamos no processo educacional, especialmente na

alfabetização das séries iniciais, nos deparamos com a urgência de soluções que contribuam

na construção do saber. Competir e estar aberto a todas as possibilidades que fazem parte do

aprendizado para a vida é um direito de todos e dever dos educadores na escola e na

sociedade, pois uma criança aprende por meio das relações que estabelece com seu ambiente.

Assim acontece no processo de alfabetização e aquisição de novos conhecimentos.

É tarefa primordial do professor como mediador do conhecimento refletir sobre a

metodologia ideal que leva as crianças a compreenderem o funcionamento da língua e saber

utilizá-la cada vez melhor. Portanto, o que fazer para que a explorem com disposição,

curiosidade e prazer, tanto na modalidade oral como na escrita, faz parte da prática

pedagógica do docente que quer educação de qualidade em nossas escolas.

Para quem pretende assumir os riscos dessa permanente revisão sobre o processo de

alfabetização, é fundamental que não deixe de ser sensível, criativo e crítico, porque há

muitos aspectos específicos a considerar e não se deve supor que todas as informações

necessárias à prática docente já estejam catalogadas e analisadas. É essencial que continuemos

a pesquisar e experimentar novos caminhos.

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Conhecendo de perto os métodos de alfabetização e suas respectivas características,

comparando e avaliando o desempenho dos alunos alfabetizados com métodos diferentes e

também analisando a maneira que se processa a alfabetização nas séries iniciais, poderemos

definir com mais clareza porque acontece a defasagem na leitura, na escrita e na interpretação

textual, presentes em muitos de nossos alunos.

A pesquisa referente ao tema foi feita através de revisão bibliográfica, mediante leitura

sistemática com fichamento de cada obra e ressaltando os pontos abordados pelos autores,

pertinentes ao assunto em questão. Foi realizada também uma pesquisa de campo numa das

escolas do município, onde já tinham sido feitas as observações e a prática docente de estágio

I do curso de Pedagogia supervisionado pela tutora da ULBRA.

Mediante respostas a um questionário distribuído aos professores das séries iniciais do

ensino fundamental, especialmente os que atuam no 1º e 2º fases do 1º ciclo, e também para

coordenadores pedagógicos da instituição 13 de Maio, na qual estagiei, essa coleta de

opiniões contribuirá na luta efetiva por uma educação de qualidade, que ajude na construção

do saber e da sociedade na qual convivemos diariamente.

1 DEFICIÊNCIA NA LEITURA, NA ESCRITA E NA INTERPRETAÇÃO DE

TEXTOS

Muito se tem falado a respeito do fracasso da alfabetização em grande parte das nossas

escolas. Verificando o resultado das avaliações nacionais podemos comprovar os sérios

problemas de aprendizagem existentes em grande parte das escolas de nosso país. Há também

muitas decisões adotadas na educação que podem ter contribuído para que houvesse índices

tão altos de dificuldades na aprendizagem ou mesmo defasagem no ensino.

Necessitamos compreender o que está acontecendo com o processo de alfabetização

de nossos alunos das séries iniciais. Sabe-se que eles necessitam de mediadores do

conhecimento que venham contribuir para a prática de um ensino interativo, contextualizado e

muito bem planejado. Por isso, precisamos conhecer os métodos de alfabetização e suas

respectivas características, comparar e avaliar o desempenho dos alunos alfabetizados com

métodos diferentes e analisar a maneira que se processa a alfabetização no processo ensino-

aprendizagem.

Para Emilia Ferreiro (2001), “os saberes que o aluno traz para a escola e como eles

devem ser trabalhados pelos professores, fazem parte da linguagem no processo de

alfabetização”. Diante disso, podemos observar que os processos de aquisição da leitura e da

língua escrita no contexto escolar devem considerar o desenvolvimento das crianças, pois este

começa muito antes da escolarização.

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É útil se perguntar através de que tipo de práticas a criança é introduzida na língua escrita, e como se apresenta este objeto no contexto escolar. Há práticas que levam a criança à convicção de que o conhecimento é algo que os outros possuem e que só se pode obter da boca dos outros, sem nunca ser participante na construção do conhecimento. (EMÍLIA FERREIRO, 2001, p. 30).

Nos dias de hoje, em que as sociedades do mundo inteiro estão cada vez mais

centradas na escrita, ser alfabetizado, isto é, saber ler e escrever, tem se revelado condição

insuficiente para responder adequadamente às demandas da sociedade contemporânea. É

preciso ir além da simples aquisição do código escrito e fazer uso da leitura e da escrita no

cotidiano apropriando-se da função social dessas duas práticas. Enfim, é preciso letrar-se, isto

é, buscar por meio de pesquisas e cursos de formação, as ações pedagógicas de reorganização

do ensino e reformulação dos modos de ensinar e fazê-las acontecer na prática em sala de

aula.

Desde os tempos do Brasil Colônia, e até muito recentemente, o problema que

enfrentávamos em relação à cultura escrita era o analfabetismo. Esse problema foi

relativamente superado nas últimas décadas, ou seja, foi vencido de forma pelo menos

razoável. É necessário, portanto, não desmerecer a importância de ensinar a ler e a escrever,

reconhecendo que isso não basta. Mas isso não quer dizer que os dois processos, alfabetização

e letramento, sejam processos distintos; na verdade, não se distinguem, deve-se alfabetizar

letrando. Alfabetização e letramento se somam. Ou melhor, a alfabetização é um componente

do letramento.

Analisando as experiências de Eglê Pontes Franchi, professora e pesquisadora, autora

recomendada pelo Professor Paulo Freire, conhecida por sua experiência com a alfabetização

de crianças e também com a formação de professores, compreendemos melhor o processo de

alfabetizar. Como muitos educadores, ela verificou na prática, como age na sociedade a

criança que é alfabetizada com a utilização de tudo o que ela já conhece e como isso se reflete

na vida familiar e social na qual ela convive.

Os alfabetizados, enquanto operam sobre a descoberta das letras, das sílabas e das palavras iniciais de seu vocabulário escrito, já dominam amplamente a linguagem rica e variada de que se servem na conversação e no diálogo. Por isso é que a alfabetização deve ancorar-se na linguagem que as crianças dominam e nascer com fortes marcas da oralidade. “Trata-se de considerar a prática oral das crianças como o contexto em que as primeiras palavras e as primeiras frases escritas ganham naturalidade”. (EGLÊ PONTES FRANCHI, 2001, p. 144)

A formação continuada do professor vai muito além dos saberes teóricos em sala de

aula. O conhecimento das questões históricas, sociais e culturais que envolvem a prática

educacional, o desenvolvimento dos alunos nos aspectos afetivo, cognitivo e social, bem

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como a reflexão crítica sobre o seu papel diante dos alunos e da sociedade, são elementos

indispensáveis no processo de alfabetização.

1.1 OBJETIVOS GERAIS

Definir se o desempenho dos alunos na leitura, na escrita e na

interpretação textual, é influenciado pelo método de alfabetização que o professor escolhe e

pela maneira que ele é aplicado em sala de aula.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Conhecer os métodos de alfabetização mais utilizados nas escolas de nosso município

e que são recomendados pelos especialistas;

• Identificar as principais características de cada um dos métodos pesquisados;

• Analisar de que forma se processa a alfabetização das crianças nas séries iniciais;

• Avaliar o desempenho de alunos sendo alfabetizados nas séries iniciais, com os

métodos conhecidos e recomendados pelas pesquisas realizadas nessa área

educacional;

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 ALFABETIZAÇÃO EM PROCESSO

2.1.1 Métodos e técnicas

Nas últimas décadas assistiu-se a um abandono na discussão sobre a eficácia de

processos e métodos de alfabetização, que passaram a ser identificados como propostas

tradicionais, e passou-se a discutir e analisar uma abordagem construtivista de grande impacto

conceitual nessa área. Assim, valorizar o diagnóstico dos conhecimentos prévios dos alunos e

a análise de seus erros como indicadores construtivos do processo de aprendizagem, como

também inserir a criança em práticas sociais que envolvem a escrita e a leitura, é a realização

efetiva de práticas docentes que defendem uma educação de qualidade e que preparam o ser

humano para a vida.

Para Sanz (2003, p. 38) “método é a palavra grega para perseguição e prosseguimento,

com o sentido de esforço para alcançar um fim, investigação. O que nos permite compreendê-

lo como caminho para atingir um resultado”. Ele ainda diz que (2003, p. 39) “o método,

como estratégia, e a técnica, como tática, formam um par nobre”.

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O Método Fônico enfatiza as relações símbolo-som, sendo que na linha sintética o

aluno conhece os sons representados pelas letras e combina esses sons para pronunciar

palavras e, na linha analítica o aluno aprende primeiro uma série de palavras e depois parte

para a associação entre o som e as partes das palavras. O Método da Linguagem Total

defende que os sistemas linguísticos estão interligados e que a relação entre imagens e sons

deve ser evitada. Neste, são apresentados textos inteiros, porque acredita-se que se aprende

lendo. O professor lê textos para os alunos que o acompanham, assim se familiarizando com a

linguagem escrita, para posteriormente aprender palavras, em seguida as sílabas e depois as

letras.

O Método Alfabético faz com que os alunos primeiro identifiquem as letras pelos

nomes, depois soletrem as sílabas e, em seguida, as palavras antes de lerem sentenças curtas e,

finalmente, histórias. Quando os alunos encontram palavras desconhecidas, as soletram até

decodificá-las.

O Analítico parte de uma visão global para depois deter-se nos detalhes, e o Sintético

começa a ensinar por partes ou elementos das palavras, tais como letras, sons ou sílabas, para

depois combiná-los em palavras. A ênfase é a correspondência som-símbolo.

A orientação dos Parâmetros Curriculares Nacionais enfatiza que é necessário se fazer

um diagnóstico prévio do aluno antes de optar por qualquer método. Algumas crianças entram

na primeira série sabendo ler. O professor lê textos em voz alta e é acompanhado pela classe.

Os alunos são estimulados a copiar textos com base em uma situação social pré-existente. A

leitura em voz alta por parte dos estudantes é substituída por encenações de situações que

foram lidas ou desenhos que ilustram os trechos lidos. As crianças aprendem a escrever em

letra de forma e a consciência fônica é uma consequência.

2.1.2 Mudanças na prática alfabetizadora

Com base nas pesquisas e experiências de Emília Ferreiro, podemos discutir e analisar

que a prática alfabetizadora tem se centrado na polêmica sobre os métodos utilizados. Porém,

nenhuma dessas discussões levou em conta o conhecimento que as crianças já tem, antes

mesmo do início da escolarização.Se aceitarmos que a criança não é uma tábua rasa onde se inscrevem as letras e as palavras segundo determinado método; se aceitarmos que o “fácil” e o “difícil” não podem ser definidos a partir da perspectiva do adulto, mas da de quem aprende; se aceitarmos que qualquer informação deve ser assimilada, e, portanto transformada, para ser operante, então deveríamos também aceitar que os métodos (como consequência de passos ordenados para chegar a um fim) não oferecem mais do que sugestões, incitações, quando não práticas rituais ou conjunto de proibições. O método não pode criar conhecimento. (EMILIA FERREIRO, 2001, p. 29 e 30)

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Tendo em conta a complexidade da realidade brasileira, pode-se observar que já

aconteceram muitas coisas para viabilizar melhorias em todos os setores do processo ensino-

aprendizagem, principalmente nas escolas públicas, que necessitam de maior atenção na

alfabetização das séries iniciais.

Muitas mudanças em relação à escolarização vêm ocorrendo e mais crianças em idade

escolar estão nas salas de aula. Esse é o primeiro passo. Em seguida vem o desafio da

qualidade da aprendizagem. As mudanças têm se revelado muito lentas, pois convivemos

principalmente com sistemas educativos municipais e estaduais que tornam ainda mais difícil

a ocorrência de evoluções e transformações no processo educacional.

Dentre as várias mudanças que ocorreram estão o incentivo à formação continuada dos

profissionais da educação e a implantação do Ensino Fundamental de nove anos. Este,

aprovado em fevereiro de 2006, com base na Lei 11.274/2006, que incentiva nove anos de

escolaridade obrigatória, com a inclusão das crianças de seis anos. Ressalte-se que o ingresso da criança de seis anos no ensino fundamental não pode constituir uma medida meramente administrativa. É preciso atenção ao processo de desenvolvimento e aprendizagem das crianças, o que implica conhecimento e respeito às suas características etárias, sociais, psicológicas e cognitivas. (HADDAD; FERNANDES, 2006, p. 4)

Não foi de um momento para outro que essas transformações ocorreram. Também não

foi pela vontade de um único legislador ou de um determinado governo que as mudanças se

processaram. Todo esse processo vem acontecendo com base em muita pesquisa e dedicação

de profissionais que convivem nessa sociedade tão carente de educação.

2.1.3 Alfabetizando com sucesso

Para a professora e pesquisadora Emilia Ferreiro, citado por Denise Pellegrini (Revista

Nova Escola, Edição 143, jun/2001), “todo profissional deve querer saber sempre mais. Se

não há inquietude, repetimos coisas que podem estar ultrapassadas”. Desta forma, pode-se

observar que ela nos ensinou a revolucionar a alfabetização ao explicar como as crianças

aprendem, como também a defender recursos que estejam próximos à realidade do aluno.

Sabendo que a alfabetização é um processo que nunca termina, faz-se necessário dar

atenção especial às séries iniciais do Ensino Fundamental. Desta forma, o professor que

alfabetiza se mostra como um ponto de referência para as mais diversas escolas e

profissionais, porque as ideias construtivistas acerca do processo de alfabetização vêm sendo

cada vez mais divulgadas, e as práticas tradicionais não mais encontram espaço onde se busca

uma alfabetização atualizada e de qualidade.

As idéias apontadas por Emília Ferreiro e Ana Teberosky, citadas por Andréa Luize,

indicam como a criança aprende e como constrói seus conhecimentos sobre a língua. Assim,

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para trabalhar os textos em sala de aula é preciso construir efetivamente intervenções

pedagógicas adequadas, consistentes e condizentes com os conhecimentos teóricos, o que só é

possível a partir de experiências, investigações e muita reflexão por parte dos professores.

É importante afirmar que a opção por essa metodologia já se mostra inovadora nas

salas de aula onde foram feitas observações durante o estágio supervisionado do Curso de

Pedagogia. Percebe-se que o recurso mais favorável à aprendizagem da leitura e da escrita não

é apresentar textos desconexos apenas para garantir a memorização das famílias silábicas,

pois trabalhar com esse instrumento faz com que o ato de ler e escrever seja aprendido

mecanicamente através do treino, da cópia repetitiva e principalmente da memorização.

Na prática, tudo isso pode concretizar-se em mudanças gradativas. Nas escolas em que

circulam diversos tipos de texto, como livros, jornais e revistas, os alunos lêem e escrevem

mais rapidamente e se tornam capazes de buscar as informações de que necessitam.

O texto deve ser o elemento fundamental para inserir a criança no universo letrado.

Paralelamente, os diferentes tipos de textos precisam aparecer como objetos de análise em si

mesmos, permitindo aos alunos diferenciá-los, conhecer melhor suas funções e características

específicas.

A escola brasileira percebe a necessidade de se aprimorar na tarefa de alfabetizar.

Cada vez mais se investe na capacitação docente e muitas delas adotam os ciclos que

aumentam o tempo para os pequenos aprenderem a ler e escrever. Nesse mesmo sentido vai a

aprovação do Ensino Fundamental de nove anos. Essa medida favorece uma parcela da

população que, por não ter acesso à Educação Infantil, estaria fora da escola e longe de um

ambiente alfabetizador.

Para Patrícia Corsino et al. (2006, p. 61) “as crianças devem ser encorajadas a pensar,

a discutir, a conversar e, especialmente, a raciocinar sobre a escrita alfabética”. Por meio

disso, asseguramos o conhecimento sobre a natureza e o funcionamento do sistema de leitura

e escrita, compreendendo e se apropriando dos usos dessas linguagens nas suas mais diversas

funções.

Ainda há muito o que aprimorar nessa área e a tarefa não é apenas dos professores das

primeiras séries. O sucesso ocorre nas escolas em que a leitura e a escrita são tratadas como

conteúdo central e um meio de inserir o estudante na sociedade. Um fator determinante para a

alfabetização é a crença do professor de que o aluno pode aprender independentemente de sua

condição social. Esse olhar do professor abre as portas do mundo da escrita para os que vêm

de ambientes com pouco material escrito.

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O pouco acesso à cultura escrita se deve às condições sociais e econômicas em que

vive grande parte da população. O aluno que vê diariamente os pais folheando revistas,

assinando cheques, lendo correspondências e utilizando a internet tem muito mais facilidade

de aprender a língua escrita do que outro cujos pais são analfabetos ou têm pouca

escolaridade. Isso ocorre porque ao observar os adultos a criança percebe que a escrita é feita

com letras e incorpora alguns comportamentos como folhear livros, pegar na caneta para

brincar de escrever ou mesmo contar uma história ao virar as páginas de um gibi. Cabe à

escola oferecer essas práticas sociais aos estudantes que não têm acesso a elas.

Outra medida para democratizar esses conhecimentos em sala de aula é ler diariamente

para a turma. A criança lê pelos olhos do professor porque ainda não pode fazer isso sozinha,

mas vai se familiarizando com a linguagem oral e escrita.O que um alfabetizador não pode deixar de fazer em classe é ler em voz alta. Especialmente se as turmas forem pobres, vindas de lugares em que há poucas pessoas letradas. Essa poderá ser a primeira vez que ela passa por uma experiência assim. O texto, no entanto, tem de ser bom e lido com convencimento. Esse aluno de seis ou sete anos vai presenciar um ato quase mágico. Vai escutar um idioma conhecido e ao mesmo tempo desconhecido, porque a língua, quando escrita, é diferente. Essa maneira de trabalhar é muito melhor do que usar as cartilhas e as famílias silábicas. (FERREIRO citado por PELEGRINI, Nova Escola, Edição 143, jun/2001)

2.1.4 A prática da leitura

Criança representa uma categoria identificada pela idade. Ela vive um momento

específico do desenvolvimento humano, no qual aprende a brincar, falar, andar e interagir no

meio em que vive. Já a infância é uma categoria social, marcada pelo tempo de ser criança,

que varia de acordo com as diferentes culturas, classes sociais e histórias pessoais de cada

uma e de cada família.

Pode-se ressaltar então, que a leitura é uma prática e para ensinar precisa-se aprender

com quem faz. Porém, este é um problema sério que acontece com muitos pais e educadores,

ou seja, como formar leitores se o professor e os pais não lêem bem? E como ler bem se os

alunos saem de uma escola que não forma leitores? A solução é de longo prazo e requer

programas de educação continuada que tenham um trabalho sistemático nessa área e que seja

colocado na convivência familiar e na prática pedagógica diária.

Muitas escolas concentram-se no ensino de gramática, em vez de investir na

competência leitora. Por isso há analfabetos funcionais com muitos anos de escolaridade.

Formar leitores e gente capaz de escrever é uma tarefa de coordenadores, gestores e

professores de todas as séries e disciplinas, sendo um processo contínuo que requer

planejamento, criatividade e dedicação constante.

Page 10: Metodologia e alfabetização

Numa entrevista à Revista Nova Escola, a doutora Telma Weisz (edição 190,

mar/2006) destaca que “a alfabetização é um processo contínuo e que é responsabilidade da

escola combater o analfabetismo funcional”. Desta forma, ela nos faz compreender que a

leitura e a escrita são o conteúdo central da escola e têm a função de incorporar a criança à

cultura do grupo em que ela vive. Isso significa dar ao filho do analfabeto oportunidades

iguais às do filho do professor universitário, tornando o texto familiar, conhecendo suas

características e trazendo para a sala práticas de leitura do mundo onde ele vive.Se a função da escola é dar instrumentos para o indivíduo exercer sua cidadania, é preciso ensinar a ler jornal, literatura, textos científicos, textos de história, geografia, biologia e outros. Consegue ler bem quem teve algum tipo de oportunidade fora da escola. Os que dependem só dela são os analfabetos funcionais. E a escola faz isso porque não compreende claramente a sua função. (TELMA WEISZ, Nova Escola, edição 190, mar/2006)

2.1.5 A construção da linguagem pela humanidade

Desde muito cedo, a criança está se construindo na interação entre fatores biológicos e

culturais e que gradativamente se estruturam de acordo com seus movimentos, inteligência,

identidade, memória, percepção, imaginação, função simbólica, pensamento verbal e outras

múltiplas linguagens. Esse entendimento ajuda-nos a buscar um caminho, uma ação

pedagógica que efetivamente contribua para o processo de desenvolvimento e aprendizagem

desses alunos.

É de fundamental importância que não esqueçamos também que essas crianças,

quando chegam no ensino fundamental, já possuem um tempo de vida e, portanto,

experiências e aprendizagens. Isso é que determina que esses aspectos e essas funções estejam

em pleno desenvolvimento. Como elas são provenientes de diferentes ambientes familiares e

comunitários e a frequência a creches e pré-escolas não é obrigatória, é necessário também ter

clareza de que essas experiências podem ser bastante diferenciadas.

Contudo, isso não deve ser visto como um obstáculo ao trabalho do professor. Ao

contrário, essas experiências são extremamente ricas para as trocas socioculturais e as

aprendizagens entre pessoas de contextos diferentes. É importante lembrar que não se deve

esperar que todas as crianças tenham vivências escolares comuns. Portanto, essa é a hora de

refletir seriamente na escolha da metodologia de alfabetização e que não se pode planejar todo

o trabalho sem antes conhecê-las.

Como se pode perceber, não basta um conhecimento genérico, baseado apenas nos

livros, sobre as especificidades dos alunos dessa faixa etária. É fundamental conhecer a

criança com a qual se vai trabalhar, seus saberes, práticas e valores, nos quais ela está

crescendo socialmente. O importante é pensar que as crianças, independentemente do meio de

Page 11: Metodologia e alfabetização

que provêm e de suas características pessoais, encontram-se em pleno processo de

desenvolvimento da linguagem.E nós sabemos bem disso porque convivemos diariamente com crianças e adolescentes que trazem experiências e histórias que não são encantadas, são vividas concretamente, muitas vezes dramaticamente. Às vezes, preocupados em demasia com os conteúdos de ensino, não paramos para conhecer nossos alunos, para ouvir os conteúdos tão significativos de suas vidas. CECÍLIA GOULART et al. – 2006, p. 86 e 87)

A linguagem é tudo quanto serve para expressar ideias, sentimentos e modos de

comportamento, como também, todo sistema de signos que serve de meio de comunicação

entre os indivíduos e pode ser percebido pelos diversos órgãos dos sentidos. Por meio dela,

compartilhamos nossas maneiras de pensar e de viver bem como nossos sentimentos,

necessidades e valores, produzimos cultura, construímos história e transformamos o mundo.

A linguagem nos humaniza e é um dos elementos fundamentais na construção de nossos

conhecimentos.

Se voltarmos nosso olhar para a história da humanidade, poderemos compreender

melhor o processo vivido pela criança. Os homens, ao longo de sua trajetória, criaram

diferentes formas de representar, evocar ou tornar presente o que estava distante, separando-se

assim da situação imediata.

2.1.6 Aquisição das linguagens oral e escrita

O professor com pouca experiência ou até mesmo aquele que já soma muitas

trajetórias no processo de alfabetização fica ansioso para entrar efetivamente nas questões

relativas ao aprendizado da linguagem escrita pela criança. Várias dúvidas devem rondar sua

mente, o que o leva a questionar sobre qual o melhor método para esse aprendizado, como a

linguagem oral interfere na aprendizagem da linguagem escrita, se vem antes a leitura ou a

escrita, que aspectos envolvem esse aprendizado, por onde começar, entre outros, que o

deixam inseguro na hora da prática.

Ao conversarmos com outras pessoas, percebemos que cada um viveu um processo

diferenciado. Nós aprendemos por diferentes caminhos e, embora as sociedades modernas e

contemporâneas tenham delegado à escola a responsabilidade por tal ensino, nem sempre e

nem tudo sobre a linguagem escrita é aprendido nessa instituição. Por isso, quando as crianças

chegam à escola, é fundamental que se saiba o que elas já conhecem e como aprenderam.

Também é importante investigar o que querem aprender acerca da linguagem escrita e para

que querem aprender a ler e a escrever. Com certeza haverá muitas surpresas com as respostas

e, a partir delas, buscar-se-á caminhos para trabalhar esses conhecimentos.

Page 12: Metodologia e alfabetização

2.1.7 A linguagem escrita no processo de alfabetização

Por tudo o foi analisado e refletido até aqui deve ter ficado claro que o trabalho do

professor-alfabetizador no primeiro ano de escolaridade obrigatória não deve significar a

antecipação da aprendizagem da leitura e da escrita pelas crianças, e muito menos a

aceleração desse processo. Mesmo sabendo que elas estão construindo a linguagem da escrita

entre as suas múltiplas linguagens, essa não é a única maneira de a criança partilhar

significados e se inserir na cultura e deve ser ensinada no contexto das demais linguagens.Muito antes de serem capazes de ler, no sentido convencional do termo, as crianças tentam interpretar os diversos textos que encontram ao seu redor (livros, embalagens comerciais, cartazes de rua), títulos (anúncios de televisão, estórias em quadrinhos, etc.). (EMÍLIA FERREIRO, 1992, p. 69)

Quando se fala em alfabetização e letramento, termos muito utilizados atualmente

quando se fala do processo de aprendizado da linguagem escrita pela criança, não se deve

deixar acontecer, como na grande maioria dos conhecimentos em educação, que o uso deles

vire moda passageira e até fiquem desgastados, sem que os professores tenham compreendido

seu real significado. Nesse sentido, vale a pena retomarmos esses conceitos e, sobretudo,

pensarmos em como praticá-los em sala de aula.

Letramento seria é o estado ou a condição de quem não apenas sabe ler e escrever,

mas cultiva as práticas sociais que usam a escrita. Seria, portanto, o uso competente da

tecnologia da escrita nas situações de leitura e produção de textos reais, com sentido e

significado para quem lê e escreve.

As crianças descobrem sobre a língua escrita antes de aprender a ler. Essa afirmativa

se baseia em estudos nos quais estabelece comparação entre a aquisição da linguagem oral e

da linguagem escrita. Assim como as crianças adquirem a linguagem oral quando envolvidas

em contextos comunicativos em que essa linguagem é significativa para elas, da mesma forma

o uso constante e significativo da linguagem escrita possibilita e enriquece o seu processo de

alfabetização.

2.1.8 A linguagem oral no processo de alfabetização

A linguagem oral que abrange a fala, a escuta e a compreensão acompanha todas as

interações estabelecidas pelas crianças em suas práticas sociais. É assim que meninos e

meninas se apropriam da cultura escolar, desde o ingresso na instituição. É também por meio

da fala que as crianças adentram na escola, levando consigo as marcas de sua classe social, de

sua origem e identidade cultural, constituída por conhecimentos, crenças e valores. Trazem,

portanto, a variedade linguística do grupo social a que pertencem.

Page 13: Metodologia e alfabetização

Nesse sentido, é importante lembrar que a população brasileira fala de diferentes

formas, em função dos espaços geográficos que ocupa, da classe social, da idade e do gênero

a que pertence. Analisadas do ponto de vista linguístico, todas essas variedades são

legítimas e corretas, já que não temos uma gramática normativa da linguagem oral como a

que existe para a linguagem escrita. Assim, todos falamos corretamente. Contudo, do ponto

de vista social, essas variedades são valoradas de forma diferente: a linguagem popular tem

menor prestígio que a forma culta, ou seja, a linguagem padrão falada pelas pessoas das

classes mais favorecidas economicamente é que é considerada mais próxima da linguagem

escrita.A escola, incorporando esse comportamento preconceituoso da sociedade em geral, também rotula seus alunos pelos modos diferentes de falar. (...) Em outras palavras, um se torna o aluno “certinho” porque é falante do dialeto de prestígio, o outro é um aluno carente (“burro”) porque é falante de um dialeto estigmatizado pela sociedade. (CAGLIARI, 1993, p. 82).

Para que a escola possa efetivamente contribuir para a continuidade do processo de

aprendizagem das crianças e, ao mesmo tempo, considerar alguns paradigmas da educação

brasileira, como a inclusão e o reconhecimento à diversidade, é necessário livrar-se de

preconceitos relativos à fala das camadas populares e acolher as crianças com toda a bagagem

cultural que trazem para a escola.

3 METODOLOGIA

3.1 Pesquisa Bibliográficas

O estudo foi feito com base nas dificuldades que grande parte de nossas crianças

apresentam na leitura e interpretação oral e escrita, para identificar o que causa essa

defasagem no processo ensino-aprendizagem.

3.2 Instrumentos utilizados

A revisão bibliográfica é feita mediante leitura sistemática com fichamento de cada

obra e com pesquisa de campo nas escolas do município, por meio de questionário para

professores das séries iniciais do Ensino Fundamental, especialmente os que atuam no 1º e 2º

Fase do 1º Ciclo do Ensino Fundamental. Responderam também aos questionamentos os

coordenadores pedagógicos da Escola Estadual 13 de Maio.

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Os questionamentos elaborados para essa análise e interpretação de dados buscam

respostas para definir porque temos presente tantas dificuldades em leitura e interpretação de

textos, numa grande quantidade das crianças de nosso país. Foram coletadas opiniões de

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professores das séries iniciais da E. E. 13 de Maio. Além destes, os coordenadores

pedagógicos também responderam o questionário e participaram do debate com todos os

envolvidos nesse estudo. Quando perguntou-se sobre o alto nível de dificuldades na leitura e

interpretação presente nas crianças de grande parte das escolas de nosso país, os questionados

foram unânimes em responder que concordavam com a existência desses problemas. De

acordo com as opiniões levantadas, essa defasagem acontece principalmente porque ainda

persiste a falta de educação com qualidade que trabalhe a realidade do aluno e que explore a

linguagem oral na Educação Infantil, e ainda, porque falta incentivo por parte dos pais e

professores à leitura diversificada e contagem de histórias, existem más condições sócio-

econômicas e até psicológicas numa grande parte de crianças brasileiras que geram problemas

físicos e de má convivência familiar e social, e também porque ainda há falta de interesse de

autoridades, de pais e até de professores em disponibilizar materiais e adequar condições para

a pesquisa e construção de novos conhecimentos.

O desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem com qualidade pode acontecer

com sucesso, quando as práticas pedagógicas, que deram certo, sejam atuantes e criativas em

todas as nossas escolas.

Para a Mestra em Educação, Edna Castro de Oliveira, que escreveu a apresentação do

livro Pedagogia da Autonomia “de nada adianta o discurso competente se a ação pedagógica é

impermeável a mudanças” (1996, p.10). Assim, ela e Paulo Freire nos advertem para a

necessidade de assumirmos uma postura vigilante contra todas as práticas de desumanização e

mostrar interesse constante em querer transformar a educação e a sociedade.

Quando perguntou-se se a metodologia de alfabetização pode influenciar na

deficiência de aprendizagem e na defasagem de ensino que os alunos e muitas das escolas

brasileiras ainda apresentam, ficou comprovada a convicção de grandes pesquisadores nessa

área quando defendem a valorização dos educandos em todo o processo educacional. Segundo

os entrevistados esse problema existe porque o método utilizado ainda se distancia da

realidade dos alunos, a escola e a família falham quando não assumem uma educação crítica,

criativa e competente que os prepare para a vida, como também, porque há falta de interesse

de professores que não planejam adequadamente suas aulas e vivem desmotivados, pois não

procuram a formação continuada que é necessária numa época em que a tecnologia avança

cada vez mais. Além disso, as más condições sócio-econômicas, a desumanização e a falta de

uma alimentação equilibrada, baixam o nível de aprendizagem das nossas crianças, provocam

evasão escolar e uso de práticas marginais.

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Para Paulo Freire (1996, p. 50) “como professor crítico, sou um aventureiro

responsável, predisposto à mudança, à aceitação do diferente”. Dessa forma, pode-se observar

que somos capazes de intervir no mundo, decidir e escolher, realizar grandes ações, sempre

com exemplos de dignidade e ética. As mudanças poderão ser lentas e as situações podem até

piorar, mas é essencial que estejamos sempre atentos e dispostos a melhorá-las.

Outra questão analisada refere-se à forma como o professor-alfabetizador aplica o

método de alfabetização em sala de aula. A entrevista revelou que essa é a causa principal da

deficiência de aprendizagem comprovada nos exames nacionais. Porém, todos comentaram

que as pesquisas realizadas nessa área, bem como as experiências e novas técnicas de ensino e

aprendizagem que os especialistas vêm realizando nas ultimas décadas, já estão ocorrendo

nessas escolas onde atuam. Assim, teremos muito trabalho pela frente, até efetivarmos as

melhorias que a nossa educação merece.

Baseados em pesquisas de Emilia Ferreiro, o processo educacional que envolve o

aprender a aprender nunca termina. Ela nos diz que (2001, p. 103) “em vez de nos

perguntarmos se devemos ou não devemos ensinar, temos de nos preocupar em dar às

crianças ocasiões de aprender”.

No último questionamento pediu-se a opinião sobre quais outros fatores podem causar

as dificuldades apresentadas nesse estudo. Em relação à essa questão firmaram-se ainda mais

as hipóteses levantadas no projeto de pesquisa. A falta de planejamento familiar, os

desvalores morais e sociais, a falta de bons exemplos de pais e professores como leitores e

incentivadores da leitura, pouco acompanhamento da família na escola, a desvalorização do

professor que pode começar por ele mesmo e a realidade econômica, são pontos negativos que

contribuem para que tenhamos médias baixas nas avaliações nacionais realizadas pelo

Ministério da Educação.

CONCLUSÃO

Apesar da importância dos movimentos de renovação da educação, ainda persistem as

imensas dificuldades de leitura e o baixo índice de competências nas séries iniciais do ensino

fundamental.

Através dos estágios e questionamento compreendemos melhor o que está

acontecendo na alfabetização de nossos alunos das séries iniciais, identificamos vários fatores

que influenciam o surgimento desses problemas. Percebe-se que a situação é real, porque há

escolas que não oferecem formação contínua para os seus professores, mas que também há

docentes que não planejam adequadamente o processo de alfabetização. Suas metodologias

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utilizadas na prática pedagógica e a forma como são conduzidas na sala de aula, não

condizem com o contexto social no qual os alunos estão inseridos.

As condições sócio-econômicas e psicológicas de nossos alunos e muitas decisões

adotadas na educação, também contribuíram para que houvesse índices tão altos de

dificuldades na aprendizagem e defasagem no ensino.

Diante dos problemas que enfrentamos no processo educacional, especialmente na

alfabetização das séries iniciais, necessitamos de soluções que ajudem na construção do

conhecimento com educação de qualidade que prepara o ser humano para a vida, pois as

atividades de fala, escrita e leitura são muito importantes nesse processo.

Para os educadores que pretendem assumir os riscos dessa revisão sobre o processo de

alfabetização, é fundamental que não deixem de ser criativos e críticos, porque há muitos

pontos a considerar. Também não se deve pensar que todas as informações, pesquisas e

experiências necessárias à prática docente já estejam analisadas.

É interessante e essencial que o tema da alfabetização esteja sempre presente nas

reflexões sobre a prática pedagógica, nos questionamentos, nas pesquisas, nos seminários,

livros e artigos, para que a educação não seja só privilégio de poucos, mas tenha valor na vida

de todas as pessoas de nossa sociedade.

REFERÊNCIAS

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FERREIRO, Emília. Reflexões sobre Alfabetização. São Paulo: Cortez, 2001.

______. Alfabetização em Processo. 8ª ed. – São Paulo: Cortez, 1992

FRANCHI, Eglê Pontes. Pedagogia da Alfabetização: da oralidade à escrita. São Paulo: Cortez, 2001.

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SANZ, Luiz Alberto. Procedimentos Metodológicos: fazendo caminhos. Rio de Janeiro:

Ed. Senac Nacional, 2003.