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Teoria e pratica da ginastica artistica

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Page 2: Teoria e pratica da ginastica artistica

autoras

VALÉRIA REGINA SILVAMARÍLIA FERNANDES ANDRADE

1ª edição

SESES

rio de janeiro 2015

TEORIA E PRÁTICA DA GINÁSTICA ARTÍSTICA

Page 3: Teoria e pratica da ginastica artistica

Conselho editorial sergio augusto cabral; roberto paes; gladis linhares.

Autoras do original valeria regina silva e marilia fernandes andrade

Projeto editorial roberto paes

Coordenação de produção gladis linhares

Projeto gráfico paulo vitor bastos

Diagramação bfs media

Revisão linguística bfs media

Imagem de capa photographerlondon | dreamstime.com

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida

por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em

qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)

F363t Fernandes, Marilia

Teoria e prática da ginástica artística / Marilia Fernandes

Rio de Janeiro : SESES, 2015.

48 p. : il.

isbn: 978-85-5548-144-4

1. Evolução da ginástica artística. 2. Organização esportiva.

3. Capacidades motoras. I. SESES. II. Estácio.

cdd 796.4

Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento

Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa

Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063

Page 4: Teoria e pratica da ginastica artistica

Sumário

1. Fundamentos Históricos da Ginástica Artística 7

1.1 Evolução histórica da Ginástica Artística 8

1.2 Desenvolvimento da Estrutura Organizacional Esportiva

da Ginástica Artística: A Federação Internacional de Ginástica,

as Uniões Continentais de Ginástica e as Federações

Nacionais de Ginástica 10

Referências bibliográficas 11

2. Qualidades Físicas 13

2.1 Conceitos 14

2.1.1 Força 14

2.1.1.1 Dinâmica 14

2.1.1.2 Estática 15

2.1.2 Resistência 15

2.1.2.1 Aeróbica 15

2.1.2.2 Anaeróbica 15

2.1.3 Flexibilidade 16

2.1.4 Coordenação 16

2.1.5 Velocidade 17

2.1.5.1 de Reação 17

2.1.5.2 de Segmento 17

2.1.5.3 de Deslocamento 17

2.1.6 Agilidade 18

2.1.7 Equilíbrio 18

2.1.7.1 Estático 18

2.1.7.2 Dinâmico 18

2.1.7.3 Recuperado 18

2.1.8 Ritmo 19

2.1.9 Descontração 19

Page 5: Teoria e pratica da ginastica artistica

2.1.9.1 Parcial ou Diferencial 19

2.1.9.2 Total 19

Referências bibliográficas 19

3. Propostas Para o Ensino da Ginástica Artística de Base 21

3.1 Aspectos Conceituais na Orientação do Ensino das

Tarefas Próprias da Ginástica Artística 22

3.1.1 Princípios elementares da concepção global de ensino 22

3.1.2 Princípios elementares da concepção parcial de ensino 23

3.1.3 Princípios elementares da concepção genética de ensino 23

3.2 Aspectos Procedimentais Para A Elaboração de

Uma Aula Voltada Para A Iniciação da Ginástica Artística 24

3.3 Dimensões Sociais da Ginástica Artística, considerando as

Dimensões Sociais do esporte 25

3.4 Adaptações biopsicossociais relacionadas à prática da

Ginástica Artística 26

3.5 Posturas básicas da Ginástica Artística 27

3.6 Auxílio-Segurança a Prática da Ginástica Artística 27

3.7 Material oficial e auxiliar da Ginástica Artística 29

3.7.1 Sugestões de adaptação e construção de

materiais para a prática da Ginástica Artística 30

3.8 Atividades lúdicas, jogos e brincadeiras, individuais

e em grupos, voltados para atividades gimnoacrobáticas 31

3.9 Análise, Aplicação e Vivência de Tarefas para o Ensino de

Exercícios Fundamentais da Ginástica Artística, Utilizando Materiais

Básicos e/ou Adaptações de Aparelhos, Abordando Equilíbrio,

Rolamentos, Apoios, Piruetas, Reversões e Saltos, Basicamente

Desenvolvidos no Solo, no Salto e em Materiais Auxiliares,

Considerando a Realidade Local 32

Referências bibliográficas 35

Page 6: Teoria e pratica da ginastica artistica

4. Noções Básicas dos Regulamentos da Ginástica Artística 37

4.1 Organização e estrutura básicas dos campeonatos de

Ginástica Artística 38

4.1.1 As provas da Ginástica Artística e a Ordem Olímpica 38

4.1.2 As competições de um campeonato de Ginástica Artística 39

4.1.3 Composição das equipes 39

4.2 Noções Básicas do Julgamento e do Cálculo das

Notas na Ginástica Artística 40

Referências bibliográficas 42

5. Planejamento, Organização e Vivência de Eventos de Popularização da Ginástica Artística 43

5.1 Planejamento, Organização e Vivência de Demonstração de

Ginástica em Grupos, Considerando os Princípios da

Ginástica Para Todos (Gpt) 44

5.2 Planejamento e Organização de Competições de

Popularização e Incentivo à Prática Da Ginástica

Artística ("Copas De Ginástica") 45

Referências bibliográficas 46

Page 7: Teoria e pratica da ginastica artistica
Page 8: Teoria e pratica da ginastica artistica

Fundamentos Históricos da

Ginástica Artística

1

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8 • capítulo 1

1.1 Evolução histórica da Ginástica Artística

O termo “Ginástica” surgiu há milhares de anos, com significado de atividade

física, educação física e ginástica terapêutica. A ginástica olímpica, chamada

assim pelo fato dela, durante muito tempo, ter sido o único tipo de ginástica

a integrar os Jogos Olímpicos, também era chamada ginástica artística. Após

a inserção da ginástica rítmica às competições olímpicas, a antiga ginástica

olímpica passou a ser denominada de ginástica artística, haja vista que as duas

modalidades atualmente são olímpicas.

Na Europa, principalmente, no século XVIII ocorreu um grande incentivo

a pratica da ginástica. Basedov, Gutsmuts, Ling, Spiess e Eiselen contribuíram

para esse desenvolvimento, porém a atividade se restringia a escolas privadas e

para fins militares.

A primeira iniciativa de levar a ginástica ao povo foi de Luwig Friedrich Jahn

(1778-1852), considerado “Pai da Ginástica” o qual criou o termo “Turnen”,

substituindo a palavra “Gymnastik”. Jahn ministrava aula em Berlim em duas

instituições: “Berlinisch-Kollnisches Gymnasium” e “Plamanns Anstalt”. Os

alunos praticavam a ginástica ao ar livre, nos parques e campos de Berlim. As

atividades em 1810 iniciaram com 20 praticantes no outono, já no inverno as

atividades eram suspensas e retornavam no verão. Em 1811, no verão, criou-se

um espaço fechado no parque Hasenheide (campos dos coelhos). Assim, os pri-

meiros aparelhos de ginástica foram criados.

A aparelhagem e a manutenção das mesmas eram feitas com os próprios re-

cursos de Jahn e pelas próprias ginastas. Os adultos de Berlim podiam ser livres

para praticar ginástica (Turnen), pois ela era ofertada ao ar livre e no primeiro

ano do campo cercado tinham 300 praticantes, em 1812 já eram 500.

Os recursos para os aparelhos eram poucos, por isso as atividades ocorriam por

meio de jogos, que incluíam corridas ao redor do campo e para conseguir construir

mais aparelhos os ginastas arrecadavam uma contribuição dos praticantes.

Outras pessoas contribuíram também de forma efetiva para a implementação da

ginástica na Hasenheide. O diretor geral de loterias e poeta Johann Jakob Wilhelm

Bornemann, permitiu que a s autoridades liberassem a atividade e alguns recursos

financeiros até 1841. Foi criado um conselho de ginástica (Turnrat) que criou provas

teóricas realizadas no inverno para os líderes de ginástica que orientavam os demais.

E. B. Eiselen destacou-se nessas provas de metodologia da ginástica e lançou o livro

Die Deutsche Turnkunst (A arte alemã da ginástica), de 1816, junto com Jahn.

Page 10: Teoria e pratica da ginastica artistica

capítulo 1 • 9

Em Berlim a repercussão nos jornais chegou a comparar Hasenheide como

uma miniatura de jogos olímpicos, já outros, considerando a situação da

Alemanha dominada pela França, diziam que a prática da Ginástica Artística

(GA) tinha ligação com a formação militar, dizendo que a prática levaria a au-

mento de força muscular, flexibilidade e velocidade pelos exercícios e que isso

contribuía para a juventude servir de forma mais eficaz ao país.

Jahn enfatizava que a ginástica artística não era um treinamento militar e

deveria fugir da rigidez escolar. Ele expunha que a GA era uma ferramenta de

educação popular e deveria “resgatar a regularidade da formação humana, atri-

buindo importância ao corpo, em contraponto á espiritualização exclusiva”.

A ginástica artística, em 1813, perdeu seus ginastas, pois os mesmos foram

participar da guerra e o campo de atividade foi destruído por vândalos. Já em

1814 começou a reconstrução e, em 1817, o campo ampliado podia acomodar

de 1.400 a 1.600 ginastas praticando as atividades juntos com diversos apare-

lhos. No meio do campo existia um local para guardar as roupas e uma louça

para as mensagens do dia.

Foi criado um Festival de Ginástica em comemoração a batalha de Leipzig

que era o ponto alto em 1814, realizado em 18 de outubro. Em Berlim, a prática

de GA era a grande atração e reunia milhares de pessoas. Jahn foi perseguido

por seus discursos em 1817, condenando a presença francesa na Prússia.

Jahn foi preso em 1819 e as atividades no campo foram proibidas, porém jovens

praticantes continuaram a exercer a GA em locais fechados. Os aparelhos foram

reestruturados para locais pequenos, ate mesmo porões, tudo feito por Jahn. Em

1820 a Federação Internacional de Ginástica (FIG) classifica a origem da Ginástica

Artística como esporte de rendimento. Jahn liberado em 1825 não podia ter con-

tato com estudantes. Em 1842 foi liberado totalmente e Frederico Guilherme IV

aprovou a seguinte proposta dos ministros da Guerra, do Interior e de Instrução: "...

que os exercícios corporais sejam reconhecidos como parte indispensável da edu-

cação dos jovens e que sejam adotados no programa de educação popular".

Na Alemanha a GA se propagou rapidamente e foram criadas sociedades, exis-

tentes até hoje. Os ginastas mais experientes iam passando seus conhecimentos

e todos iam criando novos elementos. No século XIX a GA e a Educação Física

estavam muito legadas. Na Suíça existiam professores como Jahn nas escolas.

No Brasil, foi trazida por imigrantes alemães que vieram para o Rio Grande

do Sul e Santa Catarina, a partir de 1824, e esses fundaram sociedades de gi-

násticas. As sociedades começaram com reuniões, lazer e foi desenvolvendo

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10 • capítulo 1

atividades gímnicas. A primeira foi o “Turnverein Joinville” em 1858. Outras

foram surgindo no sul, no Rio de Janeiro e São Paulo.

1.2 Desenvolvimento da Estrutura Organizacional Esportiva da Ginástica Artística: A Federação Internacional de Ginástica, as Uniões Continentais de Ginástica e as Federações Nacionais de Ginástica

Um grande número de sociedades de ginásticas foram criadas espalhadas pela

Europa, principalmente no final do século XIX. A primeira na Suíça e em 1860

na Alemanha foi criada a Deutsche Turnerschaft; em 1865 a Federação da Bél-

gica; em 1867, a Federação da Polônia; em 1868 na Holanda e em 1873 a União

de Sociedades da França. Na Bélgica em 1881 foi realizado o Festival Federal de

Ginastica com participação de todas as federações existentes e foi fundado o

“Comitê Permanente das federações Europeias de Ginástica” que em 1921 pas-

sou a se denominar Federação Internacional de Ginástica (FIG), tendo desde a

fundação do comitê Nicolas Cupérus como presidente.

A FIG atualmente está na cidade de Moutier, Suíça, com mais de 100 países

filiados. Tem estrutura com Comitê Executivo, composto por presidente, vice,

secretário e representante dos comitês técnicos das diversas modalidades gím-

nicas subordinadas, sendo:

•  Ginástica Artística Feminina;

•  Ginástica Artística Masculina;

•  Ginástica Rítmica;

•  Ginástica Geral;

•  Trampolim Acrobático;

•  Ginástica Aeróbica;

•  Comissão Médica e outros.

Page 12: Teoria e pratica da ginastica artistica

capítulo 1 • 11

As Uniões Continentais de Ginástica (Europa, Ásia, África, Américas) regem

a Ginástica em nível continental e estão diretamente vinculadas à FIG.

No Brasil a GA foi oficializada em 1951, com a união das federações do Rio

de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul e se filiaram a Confederação Brasileira

de Desporto (CBD), que pelo Conselho de Assessores de Ginástica, passou a or-

ganizar o esporte no país. Em 1951 o Brasil se filiou a FIG e pode participar de

eventos internacionais, sendo que já organizavam Campeonatos Brasileiros.

A ginástica se desvinculou da CBD em 1978, e foi criada a Confederação

Brasileira de Ginástica (CBG), que foi aprovado pelo Conselho Nacional do

Desporto e homologado pelo Ministério de educação e Cultura (MEC), com o

Parecer n° 13/79, que foi publicado no Diário Oficial da União em 19 de mar-

ço de 1979. O CBG teve como primeiro presidente que deslanchou o Brasil

no cenário internacional Sr. Siegfried Fischer e que permaneceu no cargo até

1984. Sr. Siegfried ainda foi eleito como integrante do Conselho Executivo da

Federação Internacional de Ginástica em 1980 e foi vice-presidente da FIG até

sua morte, em 2003.

Atualmente a CBG tem 17 estados filiados: Amazonas, Distrito Federal,

Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Maranhão, Pernambuco, Rio Grande do Norte,

Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná,

Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBrochado, F. A. e Brochado, M.M.V. Fundamentos da Ginástica Artística e de Trampolins. 1. ed. Rio de

Janeiro: Guanabara Koogan, 2005;

Publio, N. S. Evolução Histórica da Ginástica Olímpica. São Paulo: Phorte Editora, 1998;

Page 13: Teoria e pratica da ginastica artistica

12 • capítulo 1

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Qualidades Físicas

2

Page 15: Teoria e pratica da ginastica artistica

14 • capítulo 2

2.1 Conceitos

Qualidades físicas ou também chamadas de capacidades motoras podem ser

definidas como todo o atributo “treinável” num organismo, ou seja, passíveis

de adaptações. Em outras palavras, são todas as qualidades físicas motoras pas-

síveis de treinamento. É preciso verificar o condicionamento físico de maneira

mais ampla, portanto, não adianta desenvolver a força e não ter resistência, ou

ter flexibilidade e não ter força, ou ter resistência sem ter velocidade etc.

Essas também são divididas em qualidades da forma física e qualidades das

habilidades motoras, sendo:

•  Qualidades da forma física = desenvolvidas ou obtidas por meio de

treinamento;

•  Qualidades das habilidades motoras = inatas e aperfeiçoadas pelo

treinamento.

2.1.1 Força

Força motora pode ser definida como a capacidade que o músculo ou um grupo

muscular tem de se opor a uma carga ou a uma resistência externa. Pesquisas

científicas têm demostrado que a força muscular é um dos componentes mais

importantes no desenvolvimento atlético, tendo efeitos marcantes em diferen-

tes modalidades esportivas (Costill et. al. 1986; Sharp et. al. 1982).

A força é uma habilidade que permite um músculo ou grupo de músculos

produzirem uma tensão e vencer ou igualar-se a uma resistência na ação de em-

purrar, tracionar ou elevar.

2.1.1.1 Dinâmica

Força dinâmica ou também chamada força isotônica é o tipo de força que en-

volve os músculos dos membros em movimento ou suportando o peso do pró-

prio corpo em movimentos repetidos, sendo a capacidade de desenvolver ten-

são máxima no movimento articular.

Ela ocorre quando existe um encurtamento das fibras musculares, provo-

cando uma aproximação ou afastamento dos seguimentos ou partes muscula-

res próximas, portanto há movimentos. A força dinâmica pode ser positiva ou

Page 16: Teoria e pratica da ginastica artistica

capítulo 2 • 15

negativa. A força dinâmica positiva é aquela em que se verifica uma superação

da resistência (peso). Este tipo de força é também chamada concêntrica. Já a

força dinâmica negativa é quando existe a resistência (peso) é maior que a força

muscular, provocando, então, um movimento de recuo. É também conhecida

como força excêntrica. Por exemplo, no salto triplo quando o pé toca o solo no

primeiro salto (força dinâmica negativa) e imediatamente quando se impulsio-

na para o segundo salto (força dinâmica positiva).

2.1.1.2 Estática

Força estática, também chamada força isométrica é o tipo de força que explica

o fato de haver força produzindo calor e não havendo produção de trabalho em

forma de movimento.

2.1.2 Resistência

Resistência muscular é a capacidade generalizada de resistir a fadiga enquanto

que a resistência muscular localizada se caracteriza como a capacidade de de-

senvolver e sustentar um nível de força por um período de tempo relativamente

prolongado com um músculo ou grupo muscular especifico. Essa pode ser divi-

dida em resistência aeróbica e anaeróbica que representam presença suficien-

te e insuficiente de oxigênio, respectivamente.

2.1.2.1 Aeróbica

A resistência aeróbica permite manter por um determinado período de tem-

po, um esforço em que o consumo de oxigênio equilibra-se com a sua absorção

(STEADY – STATE), sendo os esforços de fraca ou média intensidade.

2.1.2.2 Anaeróbica

A resistência anaeróbica, por sua vez, permite manter por um determinado pe-

ríodo de tempo, um esforço em que o consumo de oxigênio é superior a sua ab-

sorção, acarretando um débito que somente será recompensado em repouso,

sendo os esforços de grande intensidade.

Page 17: Teoria e pratica da ginastica artistica

16 • capítulo 2

Ainda temos o trabalho da resistência muscular localizada (RML) que é a

capacidade individual de realizar num maior tempo possível a repetição de um

determinado movimento, em um mesmo ritmo e com a mesma eficiência. É a

capacidade de repetir várias vezes uma mesma tarefa utilizando-se baixos ní-

veis de força. É a capacidade do músculo em trabalhar contra uma resistência

moderada durante longos períodos de tempo.

2.1.3 Flexibilidade

Flexibilidade pode ser definida como a amplitude de movimento ao redor de

uma articulação. Um alto grau de flexibilidade numa articulação significa que

podemos movimentá-la com grande amplitude em diferentes direções. Dessa

forma, a flexibilidade é uma capacidade motora de caráter especifico a uma

determinada articulação corporal. Assim, um indivíduo pode ter grande fle-

xibilidade no ombro e ser completamente rígido na coluna vertebral. Fatores

como massa muscular, elasticidade do tendão e da musculatura, formato da

articulação, cápsula articular, elasticidade da pele, ambiente, podem afetar di-

retamente a flexibilidade.

Por exemplo, na Ginástica Artística a importância da flexibilidade é inques-

tionável e proporciona maior eficácia no rendimento, sendo fundamental para

demonstrações perfeitas e execução de qualidade nos movimentos.

2.1.4 Coordenação

Capacidade de executar movimentos complexos de modo conveniente, para que

possam ser realizados com o mínimo de esforço. Constitui-se uma atividade psi-

comotora indispensável em todas as habilidades desportivas, devendo ser traba-

lhada em todos os programas de Educação Física desde os primeiros níveis.

A repetição contínua de movimentos combinados melhora gradualmente

a coordenação. É o resultado de um trabalho conjunto do sistema nervoso e o

muscular, mostrando-se os movimentos coordenados, amplos e econômicos,

sem desnecessárias contrações.

A coordenação motora faz parte do conjunto das capacidades coordenati-

vas, como equilíbrio, ritmo, reação etc. Ela é primordial para perfeita execução

das diferentes habilidades técnicas durante campeonatos e treinos, além de ser

importante para o aprendizado de novos movimentos e para o aperfeiçoamento

Page 18: Teoria e pratica da ginastica artistica

capítulo 2 • 17

de técnicas já aprendidas, através da repetição.

2.1.5 Velocidade

Qualidade física particular do músculo e das coordenações neuromusculares,

que permite a execução de uma sucessão rápida de gestos, que em seu encadea-

mento constitui uma só e mesma ação, de intensidade máxima e duração breve

ou muito breve.

2.1.5.1 de Reação

É a capacidade de um indivíduo responder o mais rápido possível ao apareci-

mento de um estímulo esperado.

Os esportes que utilizam são todos quando acionados pela ação de um es-

tímulo seja visual, tátil ou auditivo. Saídas de bloco e tiro rápido, por exemplo,

no Tênis. Desenvolver velocidade de reação é possível de diversas formas, jogos

de reação, jogos com bola e exercícios específicos com o próprio material de

estímulo da prova.

2.1.5.2 de Segmento

Também chamada de velocidade de movimento de membros é a habilidade de

mover braços e pernas tão rápido quanto possível. Exemplo de esporte que uti-

liza é o Vôlei.

2.1.5.3 de Deslocamento

Capacidade máxima de um indivíduo deslocar-se de um ponto para outro re-

alizando movimentos de um mesmo padrão. Muito utilizada nos dribles do

futebol, arremessos do handebol, num salto do voleibol etc. É possível aper-

feiçoá-la com o desenvolvimento biomecânico muscular, com boa elasticidade

muscular, flexibilidade articular, coordenação e domínio perfeito da técnica.

Page 19: Teoria e pratica da ginastica artistica

18 • capítulo 2

2.1.6 Agilidade

Habilidade que se tem para mover o corpo no espaço. Habilidade do corpo

inteiro, ou de um segmento, em realizar um movimento, mudando a direção,

rápida e precisamente. Requer uma combinação de várias qualidades físicas

como a velocidade, força, equilíbrio, coordenação e resistência.

A agilidade pode ser observada nos segmentos corporais isoladamente, ou

no corpo como um todo.

2.1.7 Equilíbrio

Capacidade para assumir e sustentar qualquer posição do corpo contra a força

da gravidade. Um corpo está em equilíbrio quando as forças que nele atuam

se anulam, fazendo com que ele mantenha a situação em que se encontra e se

diferencia em três: estático, dinâmico e recuperado.

Pode ser treinado, por exemplo, andando sobre uma linha, sobre um mo-

nociclo, com isso podemos reduzir as chances de fracasso de desequilíbrios,

favorecendo a autoconfiança e o desempenho, além da profilaxia de lesões.

2.1.7.1 Estático

Adquirido em determinada posição. Nele o centro de massa localiza-se abaixo

do eixo de rotação, se o corpo é tirado dessa posição, sua tendência é voltar à

situação inicial.

2.1.7.2 Dinâmico

Adquirido durante o movimento. Nele o centro de massa localiza-se acima do

ponto de apoio ou eixo de rotação. E se o corpo então é tirado dessa posição, ele

roda. Na Ginástica artística a parada de mãos e as posições de equilíbrio sobre

um pé ou joelho são exemplos característicos.

2.1.7.3 Recuperado

Explica a recuperação do equilíbrio após o corpo ter voltado de um movimento.

Page 20: Teoria e pratica da ginastica artistica

capítulo 2 • 19

2.1.8 Ritmo

É a ordenação dos movimentos. Sequência de movimentos repetidos várias ve-

zes, de forma equilibrada e harmônica.

Está intimamente ligado a coordenação motora e a musicalidade. É respon-

sável pela velocidade de execução dos movimentos. Em algumas atividades,

manifesta-se em batimentos por minuto da música.

Segundo Gobbi, Villar e Zago (2005) é a capacidade física de gerar um mo-

vimento em determinado período de tempo, havendo trocas constantes entre

tensão e relaxamento muscular.

2.1.9 Descontração

Descontração, também chamado relaxamento é o fenômeno neuromuscular

resultante de uma redução na tensão da musculatura esquelética, com o objeti-

vo de economizar energia (TUBINO e MACEDO, 2006).

2.1.9.1 Parcial ou Diferencial

Capacita o indivíduo a recuperar-se de esforços realizados. Relaxamento de to-

dos os músculos do corpo, o máximo possível.

2.1.9.2 Total

Diferenciação entre os músculos que são necessários para determinada ativida-

de e aqueles que não são. Qualidade física que permite o relaxamento dos grupos

musculares que não são necessários à execução de um movimento específico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBarbanti, V. Treinamento Físico: Bases Cientificas. 3. ed. São Paulo: Balieiro Editores, 2001;

Costill D.L., Rayfield F, Kirwan J, e Thomas R.A. A computer based system for the measurement of

force and power during front crawl swimming. J Swim Res.; 2:16-19, 1986.

Gobbi, S.; VIllar, R. e Zago,A.S. Educação Física no Ensino Superior: Bases Teórico-Práticas do

Condicionamento Físico. Conceito e Contexto do Condicionamento Físico. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan, 2005.

Page 21: Teoria e pratica da ginastica artistica

20 • capítulo 2

Nunomura, M.; Nista-Piccolo V.L. Compreendendo a ginástica artística. 1° Edição. São Paulo: Phorte,

2005;

Sharp R.L., Troup J.P. e Costill D.L. Relationship between power and sprint freestyle swimming. Med Sci

Sports Exerc. 1982; 14:53-56.

Tubino, M.J. e Macedo, M. Qualidades Físicas na Educação Física e no Esporte. 8ºedição. Rio de

Janeiro: Shape, 2006;

Weineck, J. Treinamento Ideal: São Paulo. Ed. Manole, 1999.

Page 22: Teoria e pratica da ginastica artistica

Propostas Para o Ensino da Ginástica Artística de Base

3

Page 23: Teoria e pratica da ginastica artistica

22 • capítulo 3

3.1 Aspectos Conceituais na Orientação do Ensino das Tarefas Próprias da Ginástica Artística

O ensino da Ginástica Artística deve ser cuidadosamente estruturado, pois ela

se trata de um esporte de precisão e deve ter perfeita execução, com a técnica

bem descrita e efetuada. O aprendizado mais importante nesse sentido é a cria-

ção de uma demonstração completa da técnica.

Para execução da técnica é necessária a aprendizagem motora, que se deno-

mina como o estudo dos mecanismos subjacentes ao processo de aquisição de

habilidades motores e fatores que as influenciam. Essa aprendizagem identifi-

ca e age nos fatores que podem interferir na aquisição de habilidades motoras e

isso irá proporcionar maior rendimento do ginasta quando pensamos em trei-

namento de técnicas de GA.

Podemos, assim, dizer que nesses conceitos a habilidade é usada para indi-

car diferentes tarefas motoras e a tecnica consiste em uma informação espe-

cifica sobre a execução dessa tarefa motora. Os elementos que compõem a GA

são fundamentais para o desenvolvimento motor humano, como por exemplo,

os movimentos como de rolar, equilibrar-se, o saltar, girar e entre outros. Pra

aprender a executá-los é necessario a melhora do desempenho da habilidade

motora, gerando assim a aprendizagem de forma consequente e eficaz. Na GA

existe uma enorme variedades de exercícios que devem ser ensinados aos ini-

ciantes e para que isso ocorra é necessário um conhecimento amplo e domínio

da técnica e dos processamentos dos moviemntos, da sistematização estrutu-

tal, das combinações e modelos efetivos de treinos.

3.1.1 Princípios elementares da concepção global de ensino

Esta concepção consiste na analise e execução completa do exercício, conside-

rando cada aluno com sua experiência e podendo corrigir as falhas de execução

que surgirão no decorrer do tempo. Sendo assim, esse ensino parte de uma vi-

são global para uma visão particular, sem fragmentar o conteúdo.

Page 24: Teoria e pratica da ginastica artistica

capítulo 3 • 23

3.1.2 Princípios elementares da concepção parcial de ensino

É o ensino do exercício em partes até a realização inteira e completa do mes-

mo. Cada etapa é trabalhada separadamente, cada elemento é fundamental em

escala crescente, partindo dos exercícios menos complexos para os mais com-

plexos, até a realização integral deste. Ou seja, o ensino parcial parte da visão

particular para a visão global do aluno.

Esse tipo de ensino é chamado de Progressão Pedagógica e, a cada parte,

chamamos de Processo Pedagógico ou Processo de Ensino;

3.1.3 Princípios elementares da concepção genética de ensino

Segundo Leguet (1987), essa concepção se baseia no desenvolvimento e aperfei-

çoamento da motricidade geral do indivíduo, possibilitando-lhe interpretar e

realizar uma variedade de trabalhos, em diferentes situações, de forma que ele

pode transformá-los, chegando à realização de coisas novas e com valor, funda-

mentadas nas vivências anteriores.

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24 • capítulo 3

3.2 Aspectos Procedimentais Para A Elaboração de Uma Aula Voltada Para A Iniciação da Ginástica Artística

Ao iniciar um trabalho com Ginástica Artística, deve-se ter em mente dois prin-

cípios (qualidades físicas) básicos: força e flexibilidade, que irão dar suporte e

permitir que os praticantes aprimorem suas condições e habilidades motoras.

É preciso conhecer o aluno, conhecer seu potencial e suas facilidades de

aprendizado, pois ensinar alguém que nunca realizou essa modalidade, nos

leva a diversos fatores, como por exemplo: partir do que ele já sabe fazer, desco-

brir o que ele tem mais afinidade e perceber seu nível de motivação para execu-

ção daquela tarefa. Segundo Gardner (1999) existe várias formas de ensinar e se

a iniciação do aluno for bem realizada, esse facilmente se lembrará do conhe-

cimento transmitido a ele.

As primeiras aulas devem preencher dois requisitos: estimular os alunos a

se movimentarem e oferecer-lhes a oportunidade de conseguir evolução, para

que tenham motivação e continuem praticando as atividades. Portanto, é pre-

ciso desafios, porém dentro do limite de cada um.

Para iniciar uma aula ou um treinamento de GA deve-se começar com um

aquecimento das grandes funções do organismo, como a circulação e respira-

ção para a preparação do atleta. As atividades propostas podem ser: corridas

leves (trotes), saltos e atividades rítmicas as quais podem ser desenvolvidas em

forma de atividades lúdicas, com crianças.

Em outro momento da aula, em uma segunda fase o objetivo é preparar os mús-

culos e articulações por meio de exercícios de mobilidade articular e elasticidade

muscular, ou seja, alongamentos e exercícios de flexibilidade. As principais articu-

lações exigidas na GA são a escapulo-umeral (ombros) e a coxo-femoral (quadris).

Exercícios de força leve também podem acompanhar essa parte da aula.

Como um terceiro momento da aula será realizado de forma expressiva um trei-

namento técnico dos movimentos ginásticos e suas combinações, nos aparelhos

oficiais e auxiliares, tais como: trampolim, banco sueco, plinto e etc. os níveis de

dificuldade vão aumentar conforme o nível da turma e seus objetivos na aula.

Logo após será realizado um treinamento específico de força que deve ser pla-

nejado conforme a necessidade individual de cada aluno, inclusive no que se refere

à faixa etária, competições e planejamentos. Deve-se enfatizar a musculatura dos

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capítulo 3 • 25

membros superiores, bem como a musculatura da cintura escapular e do tronco,

pois os movimentos de GA, principalmente os de suspensão, exigem força vigorosa.

O abdômen também tem sua importância devido à manutenção de uma

adequada postura, assim como glúteos fortalecidos e íliopsoas alongados

auxiliam também no controle e no bom posicionamento da pelve.

Para complementar ainda deve-se realizar um trabalho de resistência, poten-

cia e velocidade. Ao final, podem ser feitos alongamentos leves, movimentos de

soltura e descontração, ou mesmo massagens para alivio e relaxamento corporal.

3.3 Dimensões Sociais da Ginástica Artística, considerando as Dimensões Sociais do esporte

A Ginástica Artística conhecida como um esporte de alto rendimento causa a

preocupação em seus atletas de superar e conseguir novos êxitos. Isso implica

em observarmos a dimensão do esporte expondo que o mesmo se mostra como

uma tendência de grandes talentos esportivos, marcando seu caráter antide-

mocrático, tenso em vista somete a vitória, não tornando o esporte acessível a

todos, mas sim, somente aos “melhores”.

Se levarmos para o contexto das escolas, essa forma de trabalhar com a GA

causa uma crítica importante, já que pode trazer malefícios aos alunos. Um dos

pontos a destacados por Voser, Neto e Vargas (2007) é a iniciação desportiva

precoce como atividade esportiva desenvolvida antes da puberdade, caracteri-

zada por uma alta dedicação aos treinamentos (mais de 10 horas semanais) e

principalmente com finalidade eminentemente competitiva.

A criança inserida prematuramente no esporte ocasiona prejuízos em seu

futuro, como: formação escolar deficiente, devido à grande exigência na car-

reira esportiva; unilateralizaçâo de um desenvolvimento que deveria ser plural;

reduzido desenvolvimento da personalidade na infância e tanto a saúde física

quanto a psíquicas são atingidas.

Os pontos positivos que justificam uma relevância social da GA como um

esporte de alto rendimento é a dimensão por ser uma atividade cultural que pro-

porciona um intercambio internacional; a geração de turismo; o envolvimento

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26 • capítulo 3

de recursos humanos qualificados, o que provoca a existência de várias profis-

sões especializadas no esporte, entre outros.

Nesse sentido podemos perceber que historicamente um dos principais er-

ros que constitui o esporte educacional é a competição exacerbada. Os jogos es-

colares, por exemplo, que deveriam ter um caráter eminentemente educativo,

apresentam outro significado, ou seja, o de competições de alto rendimento.

Deve ser objetivo do professor proporcionar aos alunos uma vivencia em di-

ferentes esportes, trabalhando o conteúdo na escola oportunizando a prática

de várias modalidades esportivas, e através dessas práticas poder instigar os

alunos a refletirem de forma crítica sobre o assunto.

Santos et al (2006) faz uma caracterização do esporte da escola e o esporte

na escola. No esporte da escola o objetivo é educacional e tem prioridade de

inclusão, sem separação de sexos, atividades lúdicas são propostas e as regras

são flexíveis. Já o esporte na escola, o aprendizado é técnico, as regras rígidas,

os alunos separados por sexo e a tendência é a prática de talentos esportivos.

3.4 Adaptações biopsicossociais relacionadas à prática da Ginástica Artística

Deve-se ter o cuidado de observar, principalmente nas crianças a prática da

Ginástica Artística e suas adaptações biopsicossociais, pois é necessário notar

que ninguém é programado para desempenhar atividades fisiológicas e psico-

lógicas potencialmente disputáveis.

Ainda as crianças e adolescentes encontram-se em fase de crescimento,

onde surgem inúmeras alterações físicas, psicológicas e psicossociais, que pro-

vocam consequências para suas atividades corporais e/ou esportivas, os treinos

devem ser adaptados.

A progressão de um para o outro ou mesmo de um período para outro vai

depender das mudanças nas restrições críticas, em que as habilidades e as ex-

periências adquiridas no período anterior servem como experiência para habi-

lidades posteriores.

Deve-se ter em mente que o treinamento tanto técnico, como tático ou físico

fornecido a crianças e jovens deve ser muito bem estudado, elaborado e conduzi-

do. As características biológicas, maturacionais e psicológicas devem ser levadas

Page 28: Teoria e pratica da ginastica artistica

capítulo 3 • 27

em consideração na programação de um treinamento. O nível de exigência e o

treinamento devem ser individuais e não colocado como uma regra geral, pois

deve levar em consideração as limitações e habilidades de cada ginasta.

Uma observação criteriosa de todos os fatores durante o treinamento pode-

rá fornecer subsídios para um máximo rendimento, sem prejuízos ao desenvol-

vimento físico harmonioso e psicológico equilibrado.

3.5 Posturas básicas da Ginástica Artística

As posturas básicas são independentes dos aparelhos. São elas:

•  Posição Estendida: postura na qual os segmentos corporais encontram-

se alinhados e que se caracteriza pela ausência de ângulos nas articulações do

quadril e joelhos.

•  Posição Grupada: postura na qual acontece a flexão do quadril simultane-

amente à flexão dos joelhos, com a aproximação destes ao tronco ou do tronco

àqueles.

•  Posição Carpada: postura na qual acontece a flexão do quadril com exten-

são dos joelhos.

•  Posição Afastada: postura na qual acontece o afastamento das pernas;

quando alcançam os 180 graus, é chamado de espacato, apresentando duas op-

ções: afastamento antero-posterior e afastamento lateral.

•  Posição Selada: postura na qual acontece a hiperextensão da coluna.

Habitualmente esta não é uma postura estática desejada na GA.

•  Posição Afastada-Carpada: além do afastamento das pernas, há uma fle-

xão de tronco para frente.

3.6 Auxílio-Segurança a Prática da Ginástica Artística

Quem nunca pensou: “a Ginástica Artística é muito perigosa, e as possibilidades do

professor ser processado, por eventuais acidentes ou danos, faz dela uma atividade

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28 • capítulo 3

indesejável?” (Russell, 1980). Mas, felizmente, existem muitas maneiras de diminuir

consideravelmente esses riscos (United States Gymnastics Federation-USGF, 1995).

De acordo com a USFG a garantia da de segurança na GA seria atribuída aos

seguintes procedimentos:

1. Realizar exame médico antes de iniciar a pratica e com regularidade, no

mínimo, a cada dois anos;

2. Desenvolver o condicionamento físico: força, potência, flexibilidade,

resistência muscular e cardiovascular;

3. Orientar os ginastas em relação à vestimenta: roupas justas, sem zíper,

prender os cabelos, não usar relógios, correntes e outros;

4. Inspecionar regularmente os equipamentos e instalações;

5. Orientar os praticantes para possíveis riscos;

6. Desenvolver habilidades apropriadas para o nível dos alunos;

7. Supervisionar e registrar o plano de aulas e dos dados dos alunos;

8. Realizar o aquecimento e o relaxamento de forma apropriada.

Ainda existem os fatores de segurança, que são:

– Pessoal - auxílio direto oferecido ao executante por outra pessoa (técnico

professor e assistentes);

– Material - auxílio oferecido pela escolha adequada do material a ser utili-

zado na realização das tarefas, bem como a forma como este material é dispos-

to e como é utilizado. Além disso, todos os equipamentos devem ser checados

constantemente quanto à estabilidade e as condições;

– Metodológico – auxílio que se refere à metodologia aplicada no ensino das

tarefas e também quanto à fiscalização e orientação das vestimentas;

– Psicológico – auxílio que proporciona bem-estar psicológico na reali-

zação das tarefas propostas. Ele nunca acontece isoladamente, é gerado por

procedimentos desenvolvidos nas aulas e engloba os outros três tipos de

auxílio-segurança.

Page 30: Teoria e pratica da ginastica artistica

capítulo 3 • 29

3.7 Material oficial e auxiliar da Ginástica Artística

Os ginastas exercícios praticados pelos ginastas são realizados em aparelhos

que vão trabalhar a força, agilidade, coordenação, controle do corpo, flexibili-

dade, equilíbrio e fluidez do movimento.

As divisões dos aparelhos de ginástica são seguindo o gênero, sendo só

femininos:

1. Trave – tem as medidas: 10 cm de largura e 5 metros de comprimento,

equipamento estreito.

2. Solo – com espaço de 12 m², executam exercícios no solo com fundo

musical, sendo que os movimentos mais comuns são os saltos mortais e twist.

3. Barras assimétricas – As medidas das barras são: 2,45 m e 1,65 m de

altura. As barras são ditas, considerando o movimento ao passar de uma barra

para a outra e os saltos, como os encarpados e os mortais.

4. Salto sobre o cavalo - o atleta pode tomar impulso correndo de uma dis-

tância de 25 m, no máximo antes de pular sobre o cavalo, que tem 1,25 m.

O cavalo na disputa masculina tem 1,35 m de altura. Os aparelhos de ginás-

tica masculinos são:

1. Barra fixa – na barra fixa, ao executar os movimentos, o atleta deixa de

tocar o aparelho, sendo os saltos mais comuns os mortais ou encarpados. A bar-

ra tem 2,75 cm de altura e 2.40 cm de comprimento.

2. Barras paralelas – é obrigatório realizar movimento no ar, sem nenhu-

ma das mãos no aparelho. A altura é de 1,75 m

3. Cavalo com alças – Os movimentos devem ser contínuos, de tesouras e

de círculo. Os cavalos têm as seguintes medidas: 1,6 m de comprimento e 1,05

m de altura.

4. Argolas – o atleta deve ficar no mínimo dois segundos imóvel, em uma

posição horizontal ou vertical.

Valorizando os movimentos circenses o pai da GA, o alemão Frederic Louis Jahn,

e esses movimentos serviram de para ele criar as bases da atual ginástica artística.

Page 31: Teoria e pratica da ginastica artistica

30 • capítulo 3

3.7.1 Sugestões de adaptação e construção de materiais para a prática da Ginástica Artística

Professores e instrutores de Ginástica Artística nem sempre possuem os mate-

riais necessários para trabalhar com seus ginastas e precisam utilizar os recur-

sos disponíveis a eles. Existem alguns aparelhos que podem ser confecciona-

dos com materiais não convencionais.

Toledo (2009), apresenta algumas sugestões para adaptação e confecção de

aparelhos como:

•  Arco: confeccionado com canos de PVC de 80 a 90 cm de diâmetro, unin-

do suas pontas com uma fita adesiva, como também substituído pelo bambolê,

material barato e que muitas escolas possuem.

•  Bola: geralmente as escolas possuem e também é um material de baixo

custo. Porém ela também pode ser confeccionada com a fabricação, de bolas de

meias preenchidas por folhas de jornal (várias camadas) com seu acabamento

feito por bexigas. Uma bexiga com areia ou painço, envolvida com jornal, com

forro de fita crepe ou fita adesiva larga também substitui uma bola.

•  Corda: outro aparelho fácil de adaptar e muito encontrado nas escolas é a

corda. Para sua adapta-la podem ser feitas as cordas de folhas de jornal enrola-

do e torcido, envolvidas com fita adesiva larga. Outra opção é trançar barbante

grosso, de elástico ou de tecidos velhos, como lençóis e toalhas cortados em tiras.

•  Fita: difícil de encontrar nas escolas. Esse aparelho tem uma parte rígida,

comprida e cilíndrica, de uns 35 cm, que chamamos de estilete. Sua outra parte

é flexível, de tecido (cetim, seda etc.) de aproximadamente 7 cm de largura com 5

ou 6m de comprimento, nas medidas oficiais. Para aulas infantis recomenda-se

de 3 a 5m dependendo da estatura da criança. A interligação entre o estilete e o

tecido é feita por uma peça pequena, denominada girador, e também um peque-

nino gancho. A adaptação dele no caso do estilete, podemos usar um cabinho do

mata-moscas (sem a parte de borracha), uma canaleta de pasta escolar, um peda-

ço de bambu fino e cortado no tamanho do estilete ou mesmo a parte de madeira

reta do cabide (lixadas de preferencia). O girador pode ser feito com um pequeno

parafuso com a ponta em círculo ou um pedaço de arame fino, em conjunto com

uma peça que é utilizada para pesca, denominada snap com girador. Já o tecido

da fita pode ser feito de tiras de pano velho como lençóis ou toalhas de mesa,

TNT, papel crepom ou jornal. Esse material desperta a curiosidade dos alunos.

Page 32: Teoria e pratica da ginastica artistica

capítulo 3 • 31

•  Maças: incomum nas escolas. Sempre em pares e podem ser feitas de

madeira, borracha ou microfibra. Elas se assemelham ao malabares, e cada

uma delas é composta pela cabeça (que parece uma bolinha), pescoço (parte

alongada e cilíndrica) e corpo, que é a parte cilíndrica, porém mais larga que o

pescoço. Ela pode ser adaptada por garrafas pets de 600 ml com água ou outros

materiais, como pedrinhas ou grãos, variando o peso de acordo com a idade e

habilidade das crianças.

Além disso, também é possível elaborar Colchões com enchimento usando

palha, capim, pneus velhos, câmaras de ar, garrafas PET para exercícios de solo

com revestimento de lona, saco de ráfia e tecidos de média espessura. Bancos

suecos que é a madeira usada para fazer os bancos podem ser utilizado como

trave de equilíbrio e barras fixas paralelas. Plintos que é o equipamento pra saltos

e rolamentos pode ser feito com engradados de cerveja revestidos de espuma.

3.8 Atividades lúdicas, jogos e brincadeiras, individuais e em grupos, voltados para atividades gimnoacrobáticas

A prática corporal permite a interação social; o trabalho em grupo; e desafios

que levam o jovem e a criança a conhecer e superar seus limites. Deve-se ex-

plorar os movimentos dos alunos, buscando também a adequação do espaço e

do material disponível à atividade ginástica. No geral ainda a GA é vista como

atividade para profissionais especializados.

Sempre devemos iniciar as atividades com brincadeiras que relacione o

transporte, ao equilíbrio ou à sustentação dos companheiros, fazendo-os tra-

balhar em equipe. É muito importante trabalhar em grupo; trabalhar a intera-

ção, a colaboração, a permuta; trabalho de formação de pirâmides proporcio-

na; além do fato da maior parte de seus movimentos serem de sustentação e/ou

equilíbrio em cima de um companheiro.

Alguns exemplos de atividades sugeridas:

1. Atividades em grupos de transporte de materiais próprios da ginástica ou

não, tais como: colchões, plintos, bancos suecos, pneus, placas de EVA, dentre outras;

Page 33: Teoria e pratica da ginastica artistica

32 • capítulo 3

2. João teimoso (três a três e em grupos pequenos);

3. Atividades em grupos de transferência dos materiais ou dos compa-

nheiros por cima dos participantes, até o final da fila;

4. Balanço humano (pés apoiados nos pés do companheiro, assentando-

se alternadamente);

5. Guerra de cotonetes: dois a dois sobre uma superfície estreita acima

do solo (banco sueco, tábua etc.) com o objetivo de desequilibrar o colega com

o auxílio de um bastão com as duas extremidades forradas em formato de um

cotonete;

6. Amarelinha: jogo de deslocamento em um dos pés;

7. Garrafão: pegador com deslocamento sobre um dos pés em um espaço

delimitado com formato de um garrafão;

8. Mãe-da-rua: pegador com deslocamento sobre um dos pés em um espa-

ço delimitado com formato de uma rua;

9. Ambos com os pés sobre uma linha, tentar desequilibrar o colega em-

purrando-o com uma das mãos;

10. Dentre outras.

3.9 Análise, Aplicação e Vivência de Tarefas para o Ensino de Exercícios Fundamentais da Ginástica Artística, Utilizando Materiais Básicos e/ou Adaptações de Aparelhos, Abordando Equilíbrio, Rolamentos, Apoios, Piruetas, Reversões e Saltos, Basicamente Desenvolvidos no Solo, no Salto e em Materiais Auxiliares, Considerando a Realidade Local

O uso de materiais alternativos e como aproveitar o que se tem disponível é um

assunto que interessa a muitos profissionais, pois conseguir seus objetivos no

ensino, independentemente dos recursos oferecidos, vem sendo um desafio

Page 34: Teoria e pratica da ginastica artistica

capítulo 3 • 33

atual e constante. Profissionais que se veem impossibilitados e sem material

que possa subsidiar suas aulas criam e usam da criatividade para solucionar o

problema com novas formas, equipamentos e ate mesmo adaptações.

Na GA existe uma adaptação dos aparelhos e equipamentos de treinamen-

to, possibilitando contato do ginasta e seu treinamento mesmo antes de chegar

a treinar e executar os movimentos em um aparelho oficial.

Dentro da escola no currículo de Educação Física a integração da GA ainda

é reduzida, porém sua importância já é compreendida, devido suas dimensões

físicas, afetivas, motoras, cognitivas e sociais. O que impossibilita muitas das

vezes são os materiais caros e a falta de recursos para esse, além do local, falta

espaço adequado para a prática.

Partindo da experiência da Profa. Vilma Lení Nista-Piccolo nas aulas de GA

da Faculdade de Educação Física da Unicamp. Essa professora pretendia levar

a GA as escolas para acesso de todos e necessitava de materiais e equipamentos

de baixo custo e pequeno porte, além de ser desmontáveis para que as quadras

utilizassem e em seguida já pudessem estar livres para demais atividades.

No salto há um material compatível no mercado, o plinto (figura 3.1). Esse

equipamento é utilizado em outras modalidades, é regulável e também pode

ser utilizado para treinar rolamentos, estrelas e mortais. Ele pode ser feito até

por algum marceneiro e mesmo sendo barato, ainda cai o custo se conseguir a

própria escola fabricar.

Figura 3.1 – Plinto de madeira. Fonte da imagem: www.sportspartnerbrasil.com

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34 • capítulo 3

Para exercícios de solo é necessário colchões, os apropriados usados em

competições são de alta densidade e caros, mas podemos facilmente comprar

colchões em lojas de móveis usados e encapá-los com material impermeável,

reduzindo muito o custo, além da participação de todos (alunos, mães, toda a

comunidade) para ajudarem a encapar os colchões.

Exercícios de suspensão e equilíbrio exigem barras assimétricas, argolas,

barra fixa e traves de equilíbrio que são equipamentos caros, pesados e que os

oficiais são difíceis de serem desmontados. Na figura 4.2, temos um exemplo

de trave de equilíbrio montada com cavaletes duplos.

Figura 3.2 – Adaptação da trave de equilíbrio. Fonte da imagem: http://portaldoprofessor.

mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=25286

Para construção de um trampolim que seria a denominação correta “mini

trampolim” é necessário um pneu de caminhão e quatro câmaras de ar de pneu

de carro. As câmaras serão cortadas longitudinalmente e serão dispostas fechando

o pneu do caminhão para que forme uma tela elástica que proporciona impulsão.

Figura 3.3 – “Mini trampolim” de pneu.

Page 36: Teoria e pratica da ginastica artistica

capítulo 3 • 35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBrochado, F. A. e Brochado, M.M.V. Fundamentos da Ginástica Artística e de Trampolins. 1. ed. Rio de

Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

Gardner, H. O verdadeiro, o belo e o bom. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 1999.

Hostal, P. Ginástica em aparelhos: espaldar, banco, plinto, corda. São Paulo: Manole, 1982.

Leguet, J. As ações motoras em ginástica esportiva. Editora Manole LTDA. SP. 1987.

Nunomura, M.; Nista-Piccolo V.L. Compreendendo a ginástica artística. 1° Edição. São Paulo: Phorte,

2005.

Russell, K. Gymnastics- Why is it in School Curricula? Leisure and Movement. Journal of the

Saskatchewan Physical Education Association, 6 (1), Marc, p. 7-11, Saskatchewan, Canada, 1980.

Santos, et al. As diferenças entre os esporte da escola e o esporte na escola. Revista treinamento

desportivo, v. 7, n. 1, p. 21 – 28, 2006.

Tani, G.; Meira Júnior, C.M. e Gomes, F.R.F. Frequência, precisão e localização temporal de

conhecimentos de resultados e processo adaptativo na aquisição de uma habilidade motora de

controle da força manual. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, Porto, v. 5, n. 1, p. 59-68; 2006.

Toledo, E. Fundamentos da ginástica rítmica. In: NUNOMURA, M; TSUKAMOTO, M.H. C. Fundamentos

das ginásticas. Jundiaí: Fontoura, 2009. p.143-172.

Tubino, M, J, G. Dimensões sociais do esporte. 2º ed. São Paulo: Cortez, 2001.

United States Gymnastics Federation- USGF. Guide to Gymnastics. USGF Publication,1995.

Page 37: Teoria e pratica da ginastica artistica

36 • capítulo 3

Page 38: Teoria e pratica da ginastica artistica

Noções Básicas dos Regulamentos da Ginástica Artística

4

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38 • capítulo 4

4.1 Organização e estrutura básicas dos campeonatos de Ginástica Artística

A organização de uma competição de GA requer um planejamento prévio e exis-

tem varias regras já impostas e que devem ser levadas por diversos fatores, para

evitar possíveis inconvenientes de ultima hora.

Todos os regulamentos devem ser adequados e seguirem uma lógica de evo-

lução para que os atletas se orientem nos treinos e possam traçar seus obje-

tivos, porém existem séries obrigatórias. Essas séries obrigatórias são séries

predeterminadas pelas entidades dirigentes da GA no país e região em questão.

Essas séries são divulgadas com antecedência aos eventos para que os ginastas

e seus treinadores possam se preparar.

A Federação Internacional de Ginastica (FIG) deixa livre as séries para as

categorias mais avançadas, conforme regras internacionais através de seus

Comitês Técnicos de GA masculino e GA feminino.

4.1.1 As provas da Ginástica Artística e a Ordem Olímpica

As competições principais e as provas permitem ao ginasta demostrar e seu

trabalho e sua preparação, podendo o mesmo conquistar títulos elevando seu

prestígio desportivo. As provas de competição sempre tem a mesma ordem,

a chamada Ordem Olímpia, de acordo com Santos e Albuquerque (1984) é o

nome dado à sequência das provas da Ginástica Olímpica em uma competição.

As provas femininas seguem a seguinte ordem: salto, barras paralelas assimé-

tricas, trave de equilíbrio e solo. Já as provas masculinas obedecem a seguinte

ordem: solo, cavalo com alças, argolas, salto, barras paralelas e barra fixa.

A ordem tem fundamento, no que diz respeito à alternância de uso de

grupos musculares nos diferentes aparelhos, isso ocorre principalmente nas

competições masculinas onde fica explicito quando observamos a ordem de

apresentação deles: (1) Solo: trabalho enfatizado da musculatura dos membros

inferiores,principalmente pela característica de impulsão. (2) Cavalo com alças:

predomina ação de membros superiores, com o corpo em apoio. (3) Argolas:

trabalho mais focado em membros superiores, com o corpo em suspensão. (4)

Salto: impulsão com membros inferiores trabalhando mais forte. (5) Barras

Page 40: Teoria e pratica da ginastica artistica

capítulo 4 • 39

Paralelas; trabalha membro superior, com o corpo em apoio. (6) Barra Fixa: tra-

balho de membros superiores, com o corpo em suspensão.

4.1.2 As competições de um campeonato de Ginástica Artística

Os campeonatos se dividem em competições por equipe, individuais gerais e

individuais em cada aparelho. Por isso, um mesmo atleta pode competir em

todas as categorias. Campeonatos mundiais e as competições de GA em Jogos

Olímpicos têm a seguinte estrutura:

Competição 1. Preliminar (C1): todos inscritos participam. Os ginastas que

passarem por essa fase continuam nas três etapas seguintes. Para classificar

a equipe com seis ginastas inscritos, somam-se as quatro melhores notas dos

atletas individualmente nos aparelhos para determinar uma média da equipe.

As notas apenas classificam para as finais e não são mais somadas nas junta-

mente com as próximas etapas.

Competição 2. Final individual geral (C2): participam os 24 melhores gi-

nastas da competição 1. Para classificação, somam-se as notas obtidas por cada

ginasta em todos os aparelhos.

Competição 3. Final individual geral por aparelho (C3): participam os oito

melhores classificados na preliminar, considerando a nota obtida em cada apa-

relho. Portanto, serão oito finalistas em cada um dos seis aparelhos masculinos

e oito finalistas em cada um dos quatro aparelhos femininos.

Competição 4. Final por equipes (C4): participam as oito equipes melhor clas-

sificadas na competição preliminar. O cálculo do total da equipe é feito somando

todas as notas obtidas pelos integrantes da equipe em todos os aparelhos.

A Competição 4 é denominada com essa classificação, porém sabe-se que ela, sen-

do a final por equipes, é disputada antes das finais individuais geral e por aparelho.

4.1.3 Composição das equipes

A composição das equipes ocorre de acordo com cada etapa das competições.

Page 41: Teoria e pratica da ginastica artistica

40 • capítulo 4

Competição 1. Preliminar (C1): equipe composta por no mínimo quatro e

no máximo seis ginastas. Equipes com menos de quatro ginastas, participam

somente da classificação individual geral e por aparelhos.

Competição 2. Final individual geral (C2): competem do total, no máximo

dois ginastas por país.

Competição 3. Final individual geral por aparelho (C3): podem participar no

máximo dois ginastas de um mesmo país, em cada aparelho nessa etapa final.

Competição 4. Final por equipes (C4): nessa etapa cada equipe pode ser

composta por até seis ginastas, dos quais competem três em cada aparelho.

4.2 Noções Básicas do Julgamento e do Cálculo das Notas na Ginástica Artística

A FIG é responsável por editar de quatro em quatro anos os Código de Pontua-

ção das diferentes modalidades gímnicas. Através dos Códigos pode-se julgar

de forma homogênea e justa e ainda tem a observância de acompanhar a evolu-

ção da Ginástica Artística.

São compostas bancas para arbitragem em cada aparelho, portanto temos a

Banca A e a Banca B. A Banca A é composta por dois experts e determina o valor

da série (nota partida). A Banca B, composta por seis árbitros, e avalia a execu-

ção, fazendo suas retiradas de pontuação conforme a determinação da nota da

Banca A. para a nota final do ginasta em cada aparelho tira-se a nota maior e

menos dos seis árbitros e ao final faz uma média das outras quatro notas.

A avaliação das séries e a distribuição dos pontos variam conforme o gêne-

ro. Na avaliação das séries femininas, as mesmas são avaliadas a partir de 10

pontos nos aparelhos: barras paralelas assimétricas, trave de equilíbrio e solo.

Os saltos tem uma especificação na avaliação. A avaliação masculina também

seguem os aparelhos: solo, cavalo com alças, argolas, barras paralelas e barra

fixa, sendo o salto com avaliação específica.

Page 42: Teoria e pratica da ginastica artistica

capítulo 4 • 41

NOTA A (BANCA A)FATORES DE AVALIAÇÃO (VALOR DOS PONTOS)

SÉRIE FEMININA SÉRIE MASCULINA

ESTRUTURA DO EXERCÍCIO

3,20 p 3,00 p

EXIGÊNCIAS ESPECIAIS 0,80 p 0,80 p

BONIFICAÇÕES 1,00 p 1,20 p

Tabela 4.1 – Distribuição de pontos, conforme o gênero da Banca A.

NOTA B (BANCA B)DEDUÇÃO DE FALHAS (VALOR DOS PONTOS)

SÉRIE FEMININA SÉRIE MASCULINA

COMPOSIÇÃO/ EXECUÇÃO/

APRESENTAÇÃO ARTÍSTICA

5 p 5 p

Tabela 4.2 – Distribuição de pontos, conforme o gênero da Banca.

Tanto para os saltos femininos e masculinos, nas competições prelimina-

res, finais individuais e por equipes os atletas só executarão um salto e na final

de aparelhos serão executados dois saltos. Será realizada média das notas dos 2

saltos e essa será a nota final dos competidores.

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42 • capítulo 4

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBrochado, F. A. e Brochado, M.M.V. Fundamentos da Ginástica Artística e de Trampolins. 1. ed. Rio de

Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

Santos, J. C. E. e Albuquerque F, J. A. Manual de Ginástica Olímpica. Editora Sprint Ltda. Rio de

Janeiro. RJ, 1984.

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Planejamento, Organização e

Vivência de Eventos de Popularização da Ginástica Artística

5

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44 • capítulo 5

5.1 Planejamento, Organização e Vivência de Demonstração de Ginástica em Grupos, Considerando os Princípios da Ginástica Para Todos (Gpt)

A Confederação Brasileira de Ginástica (2006) expõe a GPT fundamentada nas

atividades ginásticas – ou seja, as ações gímnicas que devem estar presentes,

porém, integrando vários tipos de manifestações e elementos da cultura cor-

poral, tais como danças, expressões folclóricas, jogos, dentre outras, expressos

através de atividades livres e criativas.

Essa tem o objetivo de promoção de lazer saudável, e bem estar coletivo ou

individual, sem limitações.

A GTP sendo expressa dessa maneira permite a expressão, criatividade, sem

necessariamente ser alvo de competição, mas sim gerando gestos e processo

formativos. Toda a formação é muito rica, pois possibilita oportunidades múl-

tiplas de convívio, criatividade e inteiração, é baseada em questões educacio-

nais, lazer e vivencia harmoniosa.

A importância da atenção às limitações e as habilidades de faz essencial na

GPT, pois a evolução e o incentivo fazem parte do processo educacional.

De acordo com a Confederação Brasileira de Ginástica (2006) os principais

objetivos da GPT são:

•  Oportunizar a participação do maior número de pessoas em atividades

físicas de lazer fundamentadas nas atividades gímnicas;

•  Integrar várias possibilidades de manifestações corporais às atividades

gímnicas;

•  Oportunizar a auto-superação individual e coletiva, sem parâmetros com-

parativos com os outros;

•  Oportunizar o intercâmbio sócio-cultural entre os participantes;

•  Manter e desenvolver o bem estar dos praticantes;

•  Oportunizar a valorização do trabalho coletivo, sem deixar de valorizar a

individualidade neste contexto.

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capítulo 5 • 45

Os princípios da GPT têm uma expansão cultural muito importante e uma

conscientização que proporciona o devido efeito educacional e que trás benéfi-

cos e intercâmbios culturais .

A conscientização e a democratização ainda estão reduzidas no Brasil, é neces-

sária uma ação mobilizadora para empregar a promoção do bem estar geral a todos.

O professor deve traçar sua aula, conforme seus objetivos e sua observação

prática da GPT, porém existem várias possibilidades de estruturação de aulas:

– 1º momento: integração do grupo (por meio de jogos, brincadeiras ou ou-

tras atividades lúdicas);

– 2º momento: apresentação do tema da aula (sendo as atividades de GPT

tematizadas, podemos usufruir das relações com diversos temas propostos de

acordo com os objetivos do grupo);

– 3º momento: aprendizagem e/ou desenvolvimento de elementos gímni-

cos: saltar, equilibrar, balançar, girar, rolar, trepar, dentre outros; além do de-

senvolvimento de ritmo e coordenação de diferentes elementos;

– 4º momento: proposição de “tarefas” em pequenos grupos, de acordo

com o tema, explorando diversas possibilidades de movimentos, sem mate-

riais e com materiais (sejam eles convencionais ou alternativos), favorecendo a

construção de pequenas coreografias.

5.2 Planejamento e Organização de Competições de Popularização e Incentivo à Prática Da Ginástica Artística ("Copas De Ginástica")

Atualmente o incentivo ao esporte vem desde a demonstração da preocupação de

alguns docentes da Educação Física ao incentivo dos mesmos a prática e aos novos

rumos dos esportes no Brasil. Porém sabe-se que ainda existem muitos profissionais

que adquirem e empregam a atividade docente somente em esportes bem tradicio-

nais como, por exemplo, basquete, vôlei e futebol e com pouca temática conceitual.

O Brasil precisa diversificar e aprofundar as atividades docentes para alcan-

çar uma pratica eficaz que ira gerar facilitar o ensino, a transferência de alunos

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46 • capítulo 5

de uma escola para outra; melhor planejamento das atividades; implementar

maior número de conteúdos; melhorar as condições de aprendizagem.

Freire e Scaglia (2003) deixam clara a necessidade dos profissionais de Educação

Física saírem do “achismo” e começarem a se fundamentar nas suas próprias expe-

riências, [...] “pois grande parte da produção teórica da Educação Física ainda não

possibilitou a construção de princípios que pudessem nortear tal prática”.

A ginástica é conteúdo essencial nas escolas e deve ser colocada no plano

para oferecer conteúdo rico em elementos e possibilidade de conhecimento

diferenciado.

Uma aula bem planejada deve conter o domínio do professor sobre aquele

determinado assunto. No decorrer no ensino o aluno vai desenhar uma trajetória

e aprendem diversos conteúdos, e na área se utiliza este termo quando se refere a:

[...] conceitos, ideias, fatos, processos, princípios, leis científicas, regras,

habilidades cognitivas, modos de atividade, métodos de compreensão e apli-

cação, hábitos de estudos, de trabalho, de lazer e de convivência social, valores,

convicções e atitudes. (Darido, 2005).

Os professores fixam em explicar a técnica do futebol, por exemplo, mas

fazer a consciência do aprendizado na prática, porque acredita-se na ampliação

do conhecimento nesse momento mais prático.

Nessa linha de pensamento temos uma forma que sugere que o aluno possa

se desenvolver melhor tendo em vista o ensinamento global, ainda no exemplo

do futebol, onde Freire (1998), que retrata como ensinar uma aula de futebol

ajudando na condução e formação aprimorada na Educação Física escolar, pois

orientam os professores nos seguintes critérios: “1. Ensinar futebol a todos; 2.

Ensinar futebol bem a todos; 3. Ensinar mais que futebol a todos; 4. Ensinar a

gostar do esporte”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASDarido, S. C. Os conteúdos da Educação Física na escola. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005, p.

64-79.

Freire, J. B. Pedagogia do futebol. Rio de Janeiro: Editora Ney Pereira, 1998.

Freire, J. B. Scaglia, A. Educação como prática corporal. São Paulo: Scipione, 2003.

Oliveira N.R.C. Ginástica para todos: perspectivas no contexto do lazer. Revista Mackenzie de Educação

Física e Esporte, 6(1):27-35, 2007.

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capítulo 5 • 47

ANOTAÇÕES

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48 • capítulo 5

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