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96 3.2. Acelerador para a Produçªo de Raios X de Alta Energia Quando elØtrons de alta energia deixam o acelerador, eles colidem com um alvo de metal. Os elØtrons diminuem a velocidade quando passam perto do nœcleo carregado positivamente, provocando neles um acrØscimo de energia. Por ser a energia dos elØtrons incidentes tªo elevada, ela Ø liberada em forma de Raios X, os quais sªo emitidos do lado oposto da incidŒncia dos elØtrons no alvo. Este tipo de radiaçªo Ø chamada BREMSSTRAHLUNG, com um spectrum de energia contínua e um valor de pico em funçªo da energia dos elØtrons que colidiram no alvo. Fig. 11: Desenho esquemÆtico de um acelerador para fotons 3.3. Sistema de dimensionamento do feixe A finalidade deste sistema Ø definir o formato e o tamanho do campo a ser aplicado no paciente. Uma luz de campo e um telŒmetro ativo sªo incorporados para ser usado durante o posicionamento do paciente para determinar o tamanho do campo e a distância alvo para superfície (pele) respectivamente. Como mostrado na figura 11, o colimador primÆrio estabelece o mÆximo ângulo de dispersªo do feixe de tratamento confinando- o num cone de 30”. Após isto, o feixe passa atrÆs do filtro equalizador, o qual tem a funçªo de deixÆ-lo uniforme, atenuando mais a Ærea central, por ser mais espessa, e menos nas bordas do filtro. Após passar pela câmara de ionizaçªo, o feixe Ø limitado pelo colimador secundÆrio, que restringe o campo projetado para um campo de 40x40 a 1 metro de distância do alvo/superfície. A forma final do feixe Ø obtida atravØs do uso de 2 pares de colimadores móveis. Estes colimadores podem fazer campos retangulares de 0,5x0,5 atØ 40x40. O colimador pode tambØm ser rodado para vÆrios alinhamentos de campo no paciente. VÆrios tipos de blocos podem ser usados para proteger Æreas ou órgªos que nªo precisam ser expostos e nªo conseguiriam ser protegidos atravØs de campos retangulares. Atualmente, o uso do colimador multifolhas jÆ estÆ mais difundido, o que eliminarÆ, quase que na totalidade, o uso dos blocos. Fig. 12: MLC 3.4. Acelerador para a Produçªo de ElØtrons No caso do tratamento com elØtrons, o alvo Ø retirado da frente dos elØtrons, os quais colidirªo com um filtro espalhador. Neste caso, o formato do campo Ø feito atravØs de aplicadores/ cones de elØtrons que devem ter uma distância bastante reduzida da superfície devido às características de dispersªo do tipo de radiaçªo. Aceleradores Lineares

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3.2. Acelerador para a Produção de Raios Xde Alta Energia

Quando elétrons de alta energia deixamo acelerador, eles colidem com um alvo de metal.Os elétrons diminuem a velocidade quandopassam perto do núcleo carregadopositivamente, provocando neles um acréscimode energia. Por ser a energia dos elétronsincidentes tão elevada, ela é liberada em formade Raios X, os quais são emitidos do lado opostoda incidência dos elétrons no alvo. Este tipo deradiação é chamada BREMSSTRAHLUNG, com umspectrum de energia contínua e um valor de picoem função da energia dos elétrons que colidiramno alvo.

Fig. 11: Desenho esquemático de um aceleradorpara fotons

3.3. Sistema de dimensionamento do feixe

A finalidade deste sistema é definir oformato e o tamanho do campo a ser aplicadono paciente. Uma luz de campo e um telêmetroativo são incorporados para ser usado duranteo posicionamento do paciente para determinaro tamanho do campo e a distância alvo parasuperfície (pele) respectivamente.

Como mostrado na figura 11, ocolimador primário estabelece o máximo ângulode dispersão do feixe de tratamento confinando-o num cone de 30º. Após isto, o feixe passa atrásdo filtro equalizador, o qual tem a função dedeixá-lo uniforme, atenuando mais a área central,por ser mais espessa, e menos nas bordas dofiltro.

Após passar pela câmara de ionização,o feixe é limitado pelo colimador secundário, querestringe o campo projetado para um campo de40x40 a 1 metro de distância do alvo/superfície.A forma final do feixe é obtida através do uso de2 pares de colimadores móveis. Estes colimadorespodem fazer campos retangulares de 0,5x0,5 até40x40.

O colimador pode também ser rodadopara vários alinhamentos de campo no paciente.Vários tipos de blocos podem ser usados paraproteger áreas ou órgãos que não precisam serexpostos e não conseguiriam ser protegidosatravés de campos retangulares.

Atualmente, o uso do colimadormultifolhas já está mais difundido, o queeliminará, quase que na totalidade, o uso dosblocos.

Fig. 12: MLC

3.4. Acelerador para a Produção de Elétrons

No caso do tratamento com elétrons, oalvo é retirado da frente dos elétrons, os quaiscolidirão com um filtro espalhador. Neste caso, oformato do campo é feito através de aplicadores/cones de elétrons que devem ter uma distânciabastante reduzida da superfície devido àscaracterísticas de dispersão do tipo de radiação.

Aceleradores Lineares

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Fig. 13: Desenho esquemático de um acelerador paraelétrons

Máquinas que produzem dupla energiade fótons e várias energias de elétrons devempossuir um sistema móvel (carrossel) que permitaselecionar um filtro equalizador para cadaenergia de fótons, assim como um filtroespalhador para cada energia de elétrons e,ainda, possibilite a colocação do alvo paratratamento com fótons ou a sua retirada paratratamento com elétrons.

Fig. 14: Acelerador para produção de fótons e elétrons

Aceleradores Lineares

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Curvas de Isodose

Curvas de Isodose

As curvas de isodose constituem umapoderosa ferramenta de trabalho emradioterapia. Elas representam um conjunto depontos de algum plano num determinado meio(água, acrílico, músculo, etc) que têm o mesmovalor de dose absorvida para um determinadofeixe de tratamento.

Fig 1 � Curvas de isodose em um plano paralelo eem um plano perpendicular ao Ffeixe

1. Medição

Tradicionalmente as curvas de isodose sãodeterminadas num fantoma dito semi-infinito (Fig.2). Ele é constituído por um recipiente (acrílico namaioria das vezes) que comporta um volume de

água da ordem de 50x50x50 cm3. Nesterecipiente está afixado um posicionador quepermite movimentar (manualmente ou com oauxílio de um computador) um detetor pelo menosem duas direções (profundidade e numa direçãoperpendicular). O detetor deve apresentar umsinal com baixo ruído e ser pequeno (tipicamentesão usadas câmaras de ionização ou diodos comvolumes menores que 0,6 cm3).

Fig. 2 � Fantoma semi-infinito e detetores deradiação

As medidas das curvas de isodose sãoresponsabilidade do físico médico da instalação.Elas são feitas normalmente num setup de SSD.Após o fantoma ser nivelado e alinhado com ogantry, a sua altura é ajustada até que asuperfície da água esteja no isocentro do aparelhode tratamento. O detetor é então alinhado como campo luminoso e inicia-se um processo devarredura na vertical e horizontal. A quantidadede dados a serem medidos depende se os cálculosserão todos manuais ou se será utilizado algumsistema de planejamento. Como estas medidas

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são demoradas e feitas normalmente após ainstalação do aparelho de tratamento,recomenda-se um planejamento dos tipos detratamento que serão realizados para que asmedidas adequadas sejam realizadas. Porexemplo, quais filtros serão usados,hemibloqueadores, cones de mama, aplicadoresde elétrons, etc. No processo de varredura, aposição do detetor é variada com a profundidadee também horizontalmente para vários tamanhosde campo e com os modificadores de feixe (filtros,cones, etc) que serão usados. Como resultadoda varredura temos as curvas de percentual dedose profunda e os perfis de campo, os quaissão utilizados para a construção das curvas deisodose.

Outro tipo de detetor bastante utilizadopara determinação das isodoses é o filmeradiográfico (Fig. 3). Atualmente algunsfabricantes desenvolveram filmes para estafinalidade envelopados, submersíveis e com dosede saturação de acima de 80 cGy.

Fig. 3 � Scanner óptico, chassis e isodosesdeterminadas no filme

2. Aspectos Físicos

Numa curva de isodose podem servisualizadas inúmeras propriedades físicas dofeixe de radiação. Na Fig. 4 observamos cartasde isodoses para diversos tipos de feixes deradiação. Com base nelas, analisaremos algunsparâmetros referentes aos feixes:

Profundidade de Máximo: As cartas de isodoseforam elaboradas para um tratamento em SSD eapresentam-se normalizadas na profundidade demáximo, onde consta o valor de 100%. Vemosque esta profundidade de máximo depende daenergia, sendo aproximadamente 5 mm para acarta de isodose para um feixe de cobalto, 15mm para o feixe de fótons de um acelerador linearde 6 MV e 29 mm para um feixe de elétrons de16 MeV.

Penumbra: Nas cartas de isodoses visualizam-se bem as diferentes penumbras dos feixes. Umacaracterização possível da penumbra é a distânciaentre as isodoses de 10% e 90%. Na profundidadede máximo, para o feixe de cobalto este valor éde 17 mm, para o feixe de 6 MV este valor é 11mm e para o feixe de 16 MeV de elétrons estevalor é de 15 mm. Estes tamanhos refletem o fatode que o foco de radiação do acelerador linear ébem menor que uma fonte de cobalto e no casodo feixe de elétrons o espalhamento coulombianodestas partículas incrementa a dimensão dapenumbra.

a)

Curvas de Isodose

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b)

c)

d)

e)

Fig.4 � a) Curvas de isodose no plano paralelo aofeixe aberto de 60Co; b) Curvas de isodose no planoparalelo ao feixe aberto de fótons de 6MV; c) Curvas

de isodose no plano paralelo ao feixe aberto deelétrons de 16 MeV; d) Curvas de isodose no planotransversal ao feixe aberto de 60Co; e) Curvas deisodose no plano paralelo ao feixe com filtro de 30o

de 60Co.

Qualidade da Radiação: A qualidade daradiação está relacionada com o tipo e energiada partícula do feixe e influencia no seu poderde penetração num determinado meio.Comparando o cobalto e o acelerador linear de6 MV, vemos que para uma mesma profundidade(maior que a de máximo) o feixe do acelerador émais �penetrante�, ou seja, apresenta um valormais alto para isodose. Por exemplo, em 15 cmde profundidade, a isodose para o cobalto é deaproximadamente 39% e do acelerador é de 51%.Vemos também que o feixe de elétrons tem umbaixo poder de penetração, pois para umaprofundidade de 8,5 cm o valor da isodose estáabaixo de 10%, sendo que a profundidade útilde tratamento se estende até 5,8 cmaproximadamente.

Planura e simetria do feixe: A planura de umfeixe é caracterizada pela máxima diferença dedose absorvida na região de 80% de feixe útil e asimetria como sendo a máxima diferença de doseentre pontos simétricos na mesma região. Apesardestes parâmetros serem definidos na mesmaprofundidade, uma simples observação dahorizontalidade da região central da isodose nospermite estabelecer se há um grau de assimetriaou de ausência de planura.

Ângulo do filtro: As curvas de isodose para feixecom filtro apresentam-se inclinadas conforme Fig.4e. O ângulo do filtro atualmente é estabelecidopelo ângulo de inclinação a que a isodose fazcom a horizontal numa profundidade de 10 cm.Portanto, um filtro com ângulo nominal de 15°,30°, 45° ou 60° pode ter na verdade um ângulodiferente estabelecido pela inclinação de suaisodose.

1. Interpretação de umPlanejamento Físico comIsodoses

Em tratamentos radioterápicos maiscomplexos nos quais há uma obliqüidade dotecido, vários campos de radiação, feixes comfiltro ou possibilidade de uma dose elevada numórgão de risco, muitas vezes se faz necessária autilização de um planejamento físico comisodoses. Este planejamento físico pode sermanual, mas atualmente se faz cada vez maisuso de um sistema de planejamentocomputadorizado. A correta interpretação de um

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planejamento está intimamente ligada com oconhecimento de toda a equipe das etapas desimulação dos vários tipos de tratamento, dascaracterísticas do sistema de planejamento e dascaracterísticas das máquinas de tratamento.

No apêndice observamos a impressão dasisodoses para um tratamento de um tumor dehipófise feitas no sistema de planejamentoCadPlan. A apresentação das isodoses varia deum sistema para outro, mas de uma maneirageral, todos apresentam os dados relevantes paraum tratamento. Vamos a seguir analisar todosos itens deste planejamento relacionando-os comaspectos da máquina e do tratamento.

a. Identificação do Paciente

A identificação do paciente constitui um dositens mais importantes de um planejamento físico.Muitas unidades de radioterapias do Brasiltrabalham com um número elevado de pacientes,chegando até ao valor de 500 pacientes/dia e atroca de planejamento não é um fato impossível.Por isso, a identificação deve ser de fácilvisualização e apresentar nome, sobrenome ematrícula do paciente. É desejável ainda que adata do planejamento conste no plano. Noexemplo ao lado, o nome do paciente é "AulaTécnicos Rinofaringe", a matrícula no sistema deplanejamento é 120601-8765 e no prontuáriodo hospital é 252816 e a data do planejamentoé 02 de julho de 2001, às 22 h e 38 minutos.

b. Identificação do Plano

Na tentativa de otimizar o plano detratamento, o físico médico pode realizar váriosplanejamentos para um mesmo paciente. Cadaplano deve ser identificado com um títuloapropriado de forma que possa ser diferenciadodos outros posteriormente. No exemplo ao ladoo plano escolhido foi o plano 6 com o nome Isoc:Post 5mm, Dir 7mm, Inf 6mm, se referindo a umaalteração na posição do isocentro 5 mm para oposterior, 7 mm para a direita e 6 mm para adireção inferior do paciente.

c. Identificação do Corte

Na impressão do planejamento,normalmente a imagem tomográfica com todosos tons de cinza não é impressa e sim apenas oscontornos marcados pelo radioterapeuta ou físicomédico. Assim a identificação visual do corte ficacomplicada e o sistema de planejamento deverotulá-lo de forma que ele possa ser facilmenteidentificado depois. Geralmente neste rótuloconstam o tipo de corte (transversal, sagital oucoronal/frontal), o número do corte (referênciade ordem do sistema de planejamento) e acoordenada tomográfica. Neste sistema deplanejamento para os cortes transversais temosuma coordenada tomográfica Z, para os cortessagitais temos uma coordenada X e para os cortesfrontais ou coronais temos uma coordenada Y.No exemplo ao lado temos as isodoses feitas numcorte transversal cujo número de ordem é 22 ecom coordenada Z igual a -84,8 cm.

d. Características das Isodoses doPlanejamento

A maioria dos sistemas de planejamento,para ajudar na escolha do melhor plano peloradioterapeuta, imprime informações sobre oponto de máxima dose e a sua localização; amáxima, a mínima e a dose média no volume-alvo (PTV); o algoritmo de cálculo de dose (comou sem correção de heterogeneidades); oespaçamento da matriz de cálculo e a legendade cores das isodoses.

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e. Escala do Corte

O planejamento pode ser impresso emdiversos tamanhos segundo o critério dearquivamento da instituição. Assim uma escaladeve ser plotada para que medidas possam serfeitas diretamente no papel. A escala pode sermostrada tanto como uma régua devidamentemagnificada ou como um fator numérico. Esteúltimo pode ser a divisão do tamanho real pelotamanho no papel ou vice-versa, dependendo dofabricante do sistema. No exemplo temos umaescala com um fator de 69,44% que significa quecada 6,944 mm no papel correspondem a 10 mmna realidade e portanto a régua impressamostrando 5 cm reais no paciente terá no papel3,47 cm.

f. Identificação do Campo

Os campos de tratamento são usualmenteidentificados por números e algumas vezespodem ser nomeados dependendo do sistema deplanejamento. Através desta identificação ocampo pode ser determinado na figura impressa.Em alguns planejamentos os campos podem estarmuito próximos, ou mesmo, superpostos e entãoa identificação do campo na figura pode ficarimprecisa. Neste caso então deve-se verificaroutros parâmetros como ângulo do gantry, usode filtro, etc. No exemplo ao lado temos 3 camposde tratamento. A primeira letra dentro doparênteses se refere ao tipo de campo: I paracampos isocêntricos, F para campos com distânciafonte-superfície fixa e A para campos em arco.

g. Código do Feixe de Tratamento

Os feixes de tratamento podem além donome ter, redundantemente, um códigoidentificador para diferenciação um dos outros.No exemplo ao lado os dois primeiros campossão feitos com o mesmo tipo de feixe (X15) e oúltimo com um outro tipo (XC2).

h. Ângulos do Gantry, Colimador e Mesa

Quando o tratamento é fixo, ou seja,nenhum tipo de arco é executado, cada feixe detratamento pode ter sua localização espacial emrelação ao paciente exatamente determinadapelos ângulos do gantry, colimador e mesa. Paraum paciente bem localizado e com um bomsistema de fixação, estes ângulos não devem sealterar durante o tratamento a não ser que umanova programação seja desejada pela equipeclínica. Todo o grupo de radioterapia deve terconhecimento sobre a capacidade do sistema deplanejamento de gerar (ou não) os parâmetrosde localização iguais aos da máquina detratamento. Em algumas máquinas o gantry azero grau significa irradiar para o teto e a 270°irradiar da esquerda para a direita de um pacienteem decúbito dorsal, o que é o contrário daconvenção internacional moderna IEC (Fig. 6).Assim antes de utilizar um ângulo listado deve-se ter certeza sobre o que ele corresponde namáquina de tratamento. No exemplo ao ladotemos uma máquina com a convenção modernacom o campo 1 com gantry a 90° irradiando aface esquerda de um paciente em decúbito dorsal,o campo 2 com o gantry a 270° e o campo 3 a 0°(irradiando a face do paciente). Os três camposestão com o colimador a 90° e a mesa a 0°(paralela ao laser sagital).

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i. Tamanho de Campo

Para o tamanho de campo ocorre um fatosimilar aos ângulos do gantry. Cada fabricantetem a maneira de especificar os colimadores. Aconvenção IEC estabelece que com o ângulo docolimador a 0°, o colimador X abre o campo nadireção transversal da mesa e o Y na direçãolongitudinal. Se o aparelho apresentarcolimadores assimétricos é interessante que osistema de planejamento especifique os quatrocolimadores X1, X2, Y1 e Y2. Se os colimadoresdo aparelho tiverem nomes diferentes e o físicotiver modificado no sistema de planejamento, estamodificação sai impressa no lugar dos nomestradicionais. No exemplo ao lado, temos umaparelho que permite um colimador assimétrico,pois aparecem escritos os nomes dos quatrocolimadores (X1, X2, Y1 e Y2), mas que está sendousado no modo simétrico no qual os colimadoresX abrem um campo 5 (X1=X2= 2,5 cm) e oscolimadores Y abrem um campo 8 (Y1=Y2= 4cm) nos dois primeiros feixes e um campo 10(Y1=Y2= 5 cm) no terceiro feixe.

j. Filtro

O filtro em cunha é um importanteinstrumento na otimização de um tratamento emradioterapia. Ele pode ser usado para compensarausência de tecidos, gradientes de dose, modificaro feixe conforme o formato do tumor, etc. Os filtrospossuem espessuras consideráveis e o seu usoacarreta um grande aumento no tempo detratamento, por isso o técnico deve usá-los combastante atenção, verificando cuidadosamentequal filtro foi colocado na máquina e em qualdireção ele foi posicionado. O sistema deplanejamento informa sempre que filtro estásendo usado em cada campo e o seuposicionamento, caso o aparelho tenha estaopção e o físico a tenha programado no sistema.Usualmente o filtro possui até quatro posiçõesde entrada, normalmente designadas por right(R), left (L), up (U) e down (D). Elas correspondemàs direções de um paciente em decúbito dorsalque a parte fina da cunha aponta quando ogantry e a mesa estão com todos os seus ânguloszerados. Assim, no plano impresso o sistema

registra o filtro utilizado (designado pelo seuângulo) e a sua posição de entrada (com apossibilidade de um nome alternativo que o físicotenha dado). A direção do filtro em relação aopaciente também pode ser visualizada no desenhoque o sistema de planejamento faz, com a ressalvade que o desenho leva em consideração a posiçãode entrada do filtro e os ângulos do gantry,colimador e mesa. Alguns sistemas deplanejamento suportam a simulação dos novostipos de filtro introduzidos nos últimos anos, comopor exemplo o filtro dinâmico, o filtro dinâmicopor varredura e o filtro motorizado. Cada um delesdeve ter um código especial que evite uma possíveltroca. No CadPlan, os códigos são os seguintes:para o filtro em cunha físico é impresso apenas oângulo do filtro, para o filtro dinâmico é impressoa sigla DW seguida do ângulo, para o filtrodinâmico por varredura é impresso a sigla EWseguida do ângulo e para o filtro motorizado éimpresso MW seguido do ângulo. No exemplo aolado, temos os campos 1 e 2 utilizando um filtrodinâmico por varredura de 45 graus nas direçõesdown e up respectivamente e o campo 3 sem filtro.

k. Peso do Campo

O peso do campo é resultado doplanejamento físico e reflete a maior ou menorcontribuição daquele campo para o tratamento.Para facilitar os cálculos colocam-se usualmenteos pesos com a soma resultando num númerointeiro. No exemplo ao lado do tratamentoisocêntrico analisado, os campos 1 e 2 possuempeso 0,3 e o campo 3 possui peso 0,4, ou seja,os campos 1 e 2 contribuem cada um com 30%da dose no isocentro e o campo 3 com 40%.

l. Coordenadas do Isocentro

Um sistema de planejamento necessita deum sistema de coordenadas para referenciar asdistâncias envolvidas nos diversos casos. Amaioria dos sistemas de planejamento usa 3 eixoscoordenados X, Y e Z "fixos" ao paciente, ou seja,cada estrutura do paciente tem uma posição fixaem relação a uma origem e o que se movimentaé o feixe de radiação da máquina de tratamento.Isto é o contrário do que acontece na vida real,

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quando a máquina é que possui um isocentrofixo no espaço e o paciente é que é movimentadocom a mesa em relação a este isocentro. Estadiferença é uma questão de ponto de vista e nãoacarreta nenhuma diferença entre a dosecalculada e a dose recebida pelo paciente.Todavia, as coordenadas do isocentro que osistema imprime precisam ser bem interpretadas.Quando um paciente é programado em umtomógrafo, 3 marcadores rádio-opacos (bib) sãocolocados na sua máscara ou pele alinhadoscom o laser. O ponto de intersecção da linha queune os marcadores laterais com a linha verticalque passa pelo marcador sagital é escolhido comoorigem do sistema de coordenadas (X=0, Y=0,Z=Z do corte dos bibs). Assim, quando o físicosimula no computador um feixe de tratamento,ele deve posicionar o isocentro deste feixe virtualem algum ponto do paciente. Ao fazer istoautomaticamente o computador associacoordenadas X, Y e Z ao isocentro sempre tendocomo referência a origem marcada pelos bibs.Portanto, num tratamento isocêntrico, se ascoordenadas X e Y do isocentro forem diferentesde zero ou a Z diferente da coordenada Z do bib,então o isocentro de tratamento não coincidirácom o isocentro marcado no tomógrafo. Quandoisto acontece, estes valores de X, Y e Z devem serusados para marcar o isocentro correto detratamento podendo-se ainda usar como auxíliode localização uma radiografia digital feita pelosistema de planejamento. Para um tratamento emSSD, os feixes terão coordenadas dos isocentrosdiferentes entre si e algumas diferentes de zero,refletindo o fato que neste modo de tratamentoo isocentro de cada campo é colocado num pontodiferente da pele do paciente. Num campo lateralem SSD, uma coordenada Y diferente de zeroindica que o centro de tratamento será localizadosubindo ou descendo a mesa em relação à marcado bib. Num campo anterior ou posterior, umacoordenada X diferente de zero indica que ocampo será localizado movendo-se o pacientepara esquerda ou direita em relação ao bib. Noexemplo mostrado, as coordenadas do isocentropara os três feixes se encontram deslocadas emrelação aos marcadores do tomógrafo. Acoordenada X no valor de -0,7 cm indica que oisocentro está deslocado 7 mm na direção do ladodireito do paciente. A coordenada Y no valor de-0,5 cm indica que o isocentro está deslocado nadireção posterior de 5 mm. A coordenada Z= -84,8 cm deve ser comparada com a coordenadaZ da imagem na qual aparece o bib. Observando-se as tomografias no computador identificou-sea imagem com Z=-84,2 cm (Fig. 5) como sendo ocorte com os bibs, logo o isocentro está deslocadona direção caudal de 6 mm.

Fig. 5 - Imagem do corte do isocentro e do corte do"bib"

m. Distância Fonte-Superfície

A distância fonte-superfície constitui um dosprincipais parâmetros de localização. Numaprogramação isocêntrica, o sistema deplanejamento calcula a distância fonte-superfíciesubtraindo a profundidade do isocentro no cortetomográfico da distância fonte-isocentro doequipamento em questão. A profundidade doisocentro depende de como o físico marcou a pelena imagem, sendo que alguns complicadorespodem atrapalhar o cálculo do computador comoa rugosidade da máscara, irregularidades dapele, cavidades, etc. Portanto a SSD fornecidapelo sistema de planejamento pode variarligeiramente da que será verificada no tratamentoprincipalmente em regiões complicadas como aslistadas acima ou em pontos nos quais há folgana máscara. De qualquer forma, qualquer dúvidapode ser sempre esclarecida com um check-film edeve-se ficar sempre bastante atento às variaçõesde contorno no transcorrer do tratamento. No

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exemplo mostrado as distâncias fonte-superfíciepara os campos 1, 2 e 3 são respectivamente92.8, 94.1 e 91.6 cm. Como os indicadoresópticos dos aparelhos de tratamento costumamter precisão de 0.5 cm, o técnico pode arredondarestes valores de SSD para localização noaparelho, o que forneceria então as distânciasfonte-superfície de 93, 94 e 91.5 cm para oscampos 1, 2 e 3 respectivamente.

n. Unidade de Monitoração ou Tempo deTratamento

Os sistemas de planejamento atuais, alémda capacidade de determinar as isodoses, podemcalcular também os tempos de tratamento dosaparelhos de cobalto ou unidade de monitoração(MU) dos aceleradores lineares. Éresponsabilidade do físico médico autorizar ounão o tratamento com estes valores calculadospelo computador. Em algumas situações estesvalores são exatos mas em outras eles podemnecessitar que o físico corrija um ou outroparâmetro. Portanto o tempo de tratamento ouas MU que serão usadas para o tratamento dospacientes devem sempre constar na ficha detratamento também e assinada pelo físicoresponsável pelo cálculo. As recomendaçõesinternacionais pedem que o cálculo seja revistoaté a segunda ou terceira aplicação nostratamentos mais longos. No exemplo ao ladotemos que as unidades de monitoração para oscampos 1, 2 e 3 calculadas pelo sistema deplanejamento são respectivamente 80, 77 e 105UM. Observe que os campos 1 e 2 apesar deterem o mesmo tamanho de campo, usarem omesmo filtro e terem o mesmo peso apresentaramMU diferentes pois possuem diferentes distânciasfonte-superfície.

o. Nome de Feixe de Tratamento

O sistema de planejamento lista o códigodo feixe e também um nome que pode serpersonalizado. Observe que como uma mesmamáquina pode ter vários feixes é sugerido que oseu nome venha acompanhado pela energia dofeixe. No exemplo ao lado temos os campos 1 e

2 tratados com o feixe de fótons de 15 MV doClinac 2300 C/D e o campo 3 tratado com o feixede 6 MV da mesma máquina.

p. Imagem com os Campos e as Isodoses

A imagem apresentada na impressãonormalmente possui apenas os contornos, asisodoses e linhas que simulam a divergência dofeixe. Deve ser demonstrado para toda a equipeo significado das linhas para que não hajaconfusão entre o que é uma isodose ou o que éo contorno de uma estrutura. No exemploapresentado temos a seguinte convenção paraos contornos: contorno externo - linha preta,volume alvo (PTV) - linha vermelha hachurada,outras estruturas - linhas verdes e amarelas nãonumeradas. Neste caso temos o GTV dentro doPTV delineado pela linha verde, o cérebro tambémpor uma linha verde e a parótida esquerda poruma linha amarela. As isodoses possuem váriascores e aparecem numeradas, os campos sãomostrados por linhas azuis representando o eixocentral e os limites de campo. Os filtros tambémsão mostrados indicando a direção de sua partefina. Observa-se também uma cruz azul nointerior do PTV representando a projeção doisocentro marcado pelos bibs naquele corte.Vemos que este ponto não coincide com aintersecção dos três feixes onde temos o isocentrode tratamento. Anexado ao corte transversaltemos também um corte sagital pela linha médiae um corte coronal em Y = -1,5 cm. No cortesagital visualiza-se também o contorno externo,o PTV, o GTV e o cérebro como no transversal ealém deles temos a medula (verde) e o quiasmaóptico (amarelo). No corte coronal temos ocontorno externo, o PTV, o GTV, o cérebro, oquiasma óptico e as duas glândulas parótidas.Este paciente também está sendo tratado com o

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colimador multi-folhas (MLC), que não é mostradono corte. Sua presença no entanto pode serconfirmada na folha de parâmetros em anexo,onde temos listados a fração de dose diária, aisodose escolhida para o tratamento, o tipo defiltro e sua direção, a presença do MLC, ausênciade blocos de proteção entre outras informações.

Por último vale ressaltar que o tratamentosó deve ser executado após a autorização porescrito do radioterapeuta e do físico responsáveispelo planejamento, o que não deve inibir umaanálise crítica do plano pelo técnico no sentidode eliminar dúvidas, otimizar o tratamento eminimizar os erros.

Apêndice

Impressão de um Plano de Tratamento paraum Tumor de Rinofaringe

� Cortes:

- Transversal pelo isocentro- Sagital pela linha média- Coronal pelas Glândulas Parótidas

� Folha de Parâmetros

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AUTORES DO DOCUMENTO

� Afranio Akreman Macedo - Físico / HCI / INCA� André Cavalcante Gentil - Médico / HCI / INCA� Angela Coe - Enfermeira / HCI / INCA� Arthur Accioly Rosa - Médico / HCI / INCA� Delano Valdivino Batista - Físico / HCI / INCA� Guilherme José Pereira Rodrigues - Médico / HCI / INCA� Laura Marai de Araújo Guedes - Física / HCI / INCA� Lucia Bardella - Física / HCI / INCA� Miguel Daniliauskas - Engenheiro Varian� Miguel Fernando Guizzardi - Médico / HCI / INCA� Paulo Abrahão - Físico / HCI / INCA� Pedro Paulo Pereira - Físico / HCI / INCA� Rafael Daher Carvalho - Médico / HCI / INCA

APOIO / INCA

�Radioterapia - HC1- Arthur Accioly Rosa - Médico- Zulma Casquilha - Técnica

� PQRT- Tatiana Ribeiro � Secretária

� CEDC- Cecilia Pachá � Programadora Visual

Programa de Qualidade em Radioterapia

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I N S T I T U T O N A C I O N A L D E C Â N C E R