Broadman vol 01 gênesis a êxodo
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- 1. Broadman
- 2. Volume 1 ComentrioBblicoBroadman
- 3. Comentrio Bblico Broadman Volume 1 Artigos Gerais
Gnesis-xodo TRADUO DE ADIEL ALMEIDA DE OLIVEIRA
- 4. Todos os direitos reservados. Copyright (c) 1969 da Broadman
Press. Copyright (c)1987 da JUERP,para a lngua portuguesa, com
permisso da Broadman Press. O texto bblico, nesta publicao, da
Verso da Imprensa Bblica Brasileira, baseada na traduo em portugus
de Joo Ferreira de Almeida, de acordo com os melhores textos em
hebraico e grego. 220.7 All-Com Allen, Clifton J., ed. ger.
Comentrio Bblico Broadman: Velho Testamento. Editor geral: Clifton
J. Alien. Traduo de Adiei Almeida de Oliveira. Rio de Janeiro,
Junta de Educao Religiosa e Publicaes, 1987. Vol. 1 Ttulo original:
The Broadman Bible Commentary 1. Bblia Velho Testamento Comentrios.
2. Velho Testamento Comentrios. I. Ttulo. 3.000/1987 Cdigo para
Pedido: 21.636 Junta de Educao Religiosa e Publicaes da Conveno
Batista Brasileira Caixa Postal 320 CEP: 20001 Rua Silva Vale, 781
CEP: 21370 Rio de Janeiro, RJ, Brasil Impresso em grficas
prprias
- 5. Junta de Consultores Clifton I. Allen, ex-Secretrio
Editorial, Junta Batista de Escolas Dominicais da SBC J. P. Alien,
Pastor, Igreja Batista de Broadway, Forth Worth John E. Barnes,
Jr., Pastor, Igreja Batis ta de Main Street, Hattiesburg Olin T.
Binkley, Presidente, Seminrio Teolgico Batista do Sudeste, Wake
Forest, North Carolina WilliamJ. Brown, Gerente, Departamen to
Oriental, Livrarias Batistas, Junta Batista de Escolas Dominicais
John R. Claypool, Pastor, Igreja Batista de Crescent Hill,
Louisville, Kentucky Howard P. Colson, Secretrio Editorial, Junta
Batista de Escolas Dominicais Chauncey R. Daley, Jr., Editor,
Western Recorder, Middletown, Kentucky Joseph R. Estes, Secretrio,
Departa mento de Obra Relacionada aos No- evanglicos, Junta Batista
de Misses Nacionais da Southern Baptist Con vention William J.
Fallis, Editor-Chefe, Livros Religiosos em Geral, Broadman Press
Allen W. Graves, Deo, Escola de Edu cao Religiosa, Seminrio
Teolgico Batista do Sul, Louisville, Kentucky Joseph F. Green,
Editor, Livros de Estu do Bblico, Broadman Press Ralph A. Herring,
ex-Diretor, Departa mento de Extenso Seminarial, Con veno Batista
do Sul Herschel H. Hobbs, Pastor, Primeira Igreja Batista, Oklahoma
City Warren C. Hultgren, Pastor, Primeira Igreja Batista, Tulsa
Lamar Jackson, Pastor, Igreja Batista Meridional, Birmingham L. D.
Johnson, Capelo, Universidade Furman J. Hardee Kennedy, Professor
de Velho Testamento e Hebraico, Seminrio Teolgico Batista de New
Orleans Herman L. King, Diretor, Diviso de Pu blicao, Junta Batista
de Escolas Dominicais da SBC William W. Lancaster, Pastor, Primeira
Igreja Batista, Decatur, Georgia Randall Lolley, Pastor, Primeira
Igreja Batista, Winston-Salem C. DeWitt Mathews, Professor de Prega
o, Seminrio Teolgico Batista do Centro-Oeste John P. Newport,
Professor de Filosofia da Religio, Seminrio Teolgico Ba tista do
Sudoeste Lucius M. Polhill, ex-Secretrio Exe cutivo, Associao Geral
Batista de Virgnia Porter Routh, Secretrio Executivo Te soureiro,
Comisso Executiva, Con veno Batista do Sul John L. Slaughter,
ex-Pastor, Primeira Igreja Batista, Spartanburg R. Houston Smith,
Pastor, Primeira Igre ja Batista, Pineville, Louisiana James L.
Sullivan, Secretrio Executivo, Junta Batista de Escolas Dominicais
Ray Summers, Presidente, Departamen to de Religio, Universidade de
Bay lor Charles A. Trentham, Pastor, Primeira Igreja Batista,
Knoxville Keith von Hagen, Diretor, Diviso de Livraria, Junta
Batista de Escolas Dominicais J. R. White, Pastor, Primeira Igreja
Ba tista, Montgomery Conrad Willard, Pastor, Igreja Batista
Central, Miami Kyle M. Yates, Jr., Professor de Reli gio,
Universidade Estadual de Okla homa
- 6. Colaboradores Clifton J. Alien, Junta Batista de Escolas
Dominicais (aposentado): Artigo Ge ral Morris Ashcraft, Seminrio
Teolgico Batista do Centro-Oeste: Apocalipse G. R. Beasley-Murray,
Faculdade Spur geon, Londres: II Corntios T. Milles Bennett,
Seminrio Teolgico Batista do Sudoeste: Malaquias Reidar B.
Bjornard, Seminrio Teolgico Batista do Norte: Ester James A.
Brooks, Seminrio Teolgico Batista de New Orleans: Artigo Geral
Raymond Bryan Brown, Seminrio Teo lgico Batista do Sudeste: I
Corntios John T. Bunn, Universidade Campbell: Cntico dos Cnticos;
Ezequiel Joseph A. Callaway, Seminrio Teolgico Batista do Sul:
Artigo Geral E. Luther Copeland, Seminrio Teol gico Batista do
Sudeste: Artigo Geral Bruce C. Cresson, Universidade Baylor:
Obadias Edward R. Dalglish, Universidade Bay lor: Juizes; Naum John
I. Durham, Seminrio Teolgico Batista do Sudeste: Salmos; Artigo
Geral Frank E. Eakin, Jr., Universidade de Richmond: Sofonias Clyde
T. Francisco, Seminrio Teolgico Batista do Sul: Gnesis; I e II Crni
cas; Artigo Geral D. David Garland, Seminrio Teolgico Batista do
Sudoeste: Habacuque A. J. Glaze, Jr., Seminrio Internacional
Teolgico Batista, Buenos Aires: Jo nas James Leo Green, Seminrio
Teolgico Batista do Sudeste: Jeremias Emmett Willard Hamrick,
Universidade de Wake Forest: Esdras; Neemias William L. Hendricks,
Seminrio Teol gico Batista do Sudoeste: Artigo Ge ral E. Glenn
Hinson, Seminrio Teolgico Batista do Sul: I e II Timteo; Tito;
Artigo Geral Herschel H. Hobbs, Primeira Igreja Ba tista, Oklahoma
City: I e II Tessalo- nicenses Roy L. Honeycutt, Jr., Seminrio Teol
gico Batista do Centro-Oeste: xodo; II Reis; Osias William E. Hull,
Seminrio Teolgico Batista do Sul: Joo Page H. Kelley, Seminrio
Teolgico Ba tista do Sul: Isaas J. Hardee Kennedy, Seminrio Teolgi
co Batista de New Orleans: Rute; Joel Robert B. Laurin, Seminrio
Americano Batista do Oeste: Lamentaes John William Macgorman,
Seminrio Teolgico Batista do Sudoeste: G- latas Edward A. McDowell,
Seminrio Teol gico Batista do Sudeste (aposentado): I, II e IIIJoo
Ralph P. Martin, Seminrio Teolgico Fuller: I Reis Dale Moody,
Seminrio Teolgico Batis ta do Sul: Romanos William H. Morton,
Seminrio Teolgi co Batista do Centro-Oeste: Josu Barclay M. Newman,
Jr., Sociedade B blica Americana: Artigo Geral
- 7. John P. Newport, Seminrio Teolgico Batista do Sudoeste:
Artigo Geral John Joseph Owens, Seminrio Teolgico Batista do Sul:
Nmeros; J (com Tate e Watts); Daniel Wayne H. Peterson, Seminrio
Teolgico Batista Golden Gate: Eclesiastes Ben F. Philbeck, Jr.,
Faculdade Carson- Newman: I e II Samuel William M. Pinson, Jr.,
Seminrio Teo lgico Batista do Sudoeste: Artigo Geral Ray F.
Robbins, Seminrio Teolgico Batista de New Orleans: Filemom Eric C.
Rust, Seminrio Teolgico Batis- tista do Sul: Artigo Geral B. Elmo
Scoggin, Seminrio Teolgico Batista do Sudeste: Miquias; Artigo
Geral Burlan A. Sizemore Jr., Seminrio Teo lgico Batista do
Centro-Oeste: Ar tigo geral David A. Smith, Universidade Furman:
Ageu Ralph L. Smith, Seminrio Teolgico Batista do Sudoeste: Ams T.
C. Smith, Universidade Furman: Atos; Artigo Geral Harold S. Songer,
Seminrio Teolgico Batista do Sul: Tiago Frank Stagg, Seminrio
Teolgico Ba tista do Sul: Mateus; Filipenses Ray Summers,
Universidade Baylor: I e I I Pedro; Judas; Artigo Geral Marvin E.
Tate, Jr., Seminrio Teolgico Batista do Sul: J (com Owens e Watts);
Provrbios Malcolm O. Tolbert, Seminrio Teolgi co Batista de New
Orleans: Lucas Charles A. Trentham, Primeira Igreja Batista,
Knoxville: Hebreus; Artigo Geral Henry E. Turlington, Igreja
Batista Uni versitria, Chapel Hill, Carolina do Norte: Marcos John
S. W. Watts, Faculdade Serampo- re, Serampore. ndia: Deuteronmio J
(com Owens e Tate); Zacarias R. E. O. White, Faculdade Teolgica
Batista, Glasgow: Colossenses
- 8. Prefcio O COMENTRIO BBLICO BROADMAN apresenta um estudo
bblico atualizado, dentro do contexto de uma f robusta na
autoridade, adequao e confiabilidade da Bblia como a Palavra de
Deus. Ele procura oferecer ajuda e orientao para o crente que est
disposto a empreender o estudo da Bblia como um alvo srio e
compensador. Desta forma, os seus editores definiram o escopo e
propsito do COMENTRIO, para produzir uma obra adequada s
necessidades do estudo bblico tanto de ministros como de leigos. As
descobertas da erudio bblica so apresentadas de forma que os
leitores sem instruo teolgica formal possam us-las em seu estudo da
Bblia. As notas de rodap e palavras so limitadas s informaes
essenciais. Os escritores foram cuidadosamente selecionados,
tomando-se em considerao sua reverente f crist e seu conhecimento
da verdade bblica. Tendo em mente as necessidades de leitores em
geral, os escritores apresentam informaes especiais acerca da
linguagem e da histria onde elas possam ajudar a esclarecer o
significado do texto. Eles enfrentam os problemas bblicos no apenas
quanto linguagem, mas quanto doutrina e tica porm evitam sutilezas
que tenham pouco a ver com o que devemos entender e aplicar da
Bblia. Eles expressam os seus pontos de vista e convices pessoais.
Ao mesmo tempo, apresentam opinies alternativas, quando estas so
esposadas por outros srios e bem-informados estudantes da Bblia. Os
pontos de vista apresentados, contudo, no podem ser considerados
como a posio oficial do editor. O COMENTRIO resultado de muitos
anos de planejamento e preparao. A Broadman Press comeou em 1958 a
explorar as necessidades e possibilidades deste trabalho. Naquele
ano, e de novo em 1959, lderes cristos especialmente pastores e
professores de seminrios se reuniram, para considerar se um novo
comentrio era necessrio e que forma deveria ter. Como resultado
dessas deliberaes, em 1961, a junta de consultores que dirige a
Editora autorizou a publicao de um comentrio em vrios volumes.
Maiores planejamentos levaram, em 1966, escolha de um editor geral
e de uma Junta Consultiva. Esta junta de pastores, professores e
lderes denominacionais reuniu-se em setembro de 1966, revendo os
planos preliminares e fazendo definidas recomendaes, que foram
cumpridas medida que o COMENTRIO se foi desenvolvendo. No comeo de
1967, quatro editores consultores foram escolhidos, dois para o
Velho Testamento e dois para o Novo Testamento. Sob a direo do
editor geral, esses homens trabalharam com a Broadman Press e seu
pessoal, a fim de planejar o COMENTRIO detalhadamente. Participaram
plenamente na escolha dos
- 9. escritores e na avaliao dos manuscritos. Deram generosamente
do seu tempo e esforos, fazendo por merecer a mais alta estima e
gratido da parte dos funcionrios da Editora que trabalharam com
eles. A escolha da Verso da Imprensa Bblica Brasileira de acordo
com os melhores textos em hebraico e grego como a Bblia-texto para
o COMENTRIO foi feita obviamente. Surgiu da considerao cuidadosa de
possveis alternativas, que foram plenamente discutidas pelos
responsveis pelo Departamento de Publica es Gerais da Junta de
Educao Religiosa e Publicaes. Dada a fidelidade do texto aos
originais bem assim traduo de Almeida, amplamente difundida e amada
entre os evanglicos, a escolha justifica-se plenamente. Quando a
clareza assim o exigiu, foram mantidas as tradues alternativas
sugeridas pelos prprios autores dos comentrios. Atravs de todo o
COMENTRIO, o tratamento do texto bblico procura estabelecer uma
combinao equilibrada de exegese e exposio, reconhecendo abertamente
que a natureza dos vrios livros e o espao destinado a cada um deles
modificar adequadamente a aplicao desta abordagem. Os artigos
gerais que aparecem no Volume 8 tm o objetivo de prover material
subsidirio, para enriquecer o entendimento do leitor acerca da
natureza da Bblia. Focalizam-se nas implicaes do ensino bblico com
as reas de adorao, dever tico e misses mundiais da igreja. O
COMENTRIO evita padres teolgicos contemporneos e teorias mutveis.
Preocupa-se com as profundas realidades dos atos de Deus na vida
dos ho mens, a sua revelao em Cristo, o seu evangelho eterno e o
seu propsito para a redeno do mundo. Procura relacionar a palavra
de Deus na Escritura e na Palavra viva com as profundas
necessidades de pessoas e da humanidade, no mundo de Deus. Mediante
fiel interpretao da mensagem de Deus nas Escrituras, portanto, o
COMENTRIO procura refletir a inseparvel relao da verdade com a
vida, do significado com a experincia. O seu objetivo respirar a
atmosfera de relao com a vida. Procura expressar a relao dinmica
entre a verdade redentora e pessoas vivas. Possa ele servir como
forma pela qual os filhos de Deus ouviro com maior clareza o que
Deus Pai est-lhes dizendo.
- 10. Nota do Editor Para o Volume 1 Revisado A Editora Broadman
o departamento geral de publicao de livros da Junta de Escolas
Dominicais da Conveno Ba tista do Sul dos Estados Unidos e, por
tanto, est sujeita ao controle da Con veno. O seu programa de
publicaes executado por oficiais administrativos que agem segundo a
orientao e a pol tica de membros eleitos pela Conveno. Em 1969, a
Editora Broadman publicou o primeiro volume do THE BROAD MAN BIBLE
COMMENTARY, uma obra em doze volumes, destinada ao srio estudo da
Bblia, como parte dos com promissos programticos correntes da Junta
de Escolas Dominicais. Esta reviso do Volume 1 publicada em
resposta s decises dos mensageiros de 1970 e 1971 da Conveno
Batista do Sul, tendo sido estas decises interpreta das pelos
membros eleitos da Junta de Escolas Dominicais e implementadas pe
los oficiais administrativos da Junta. Clyde T. Francisco foi
encarregado de escrever um novo comentrio sobre o li vro de Gnesis,
para este volume. Bar- clay H. Newman, Jr., foi convidado a
escrever um novo artigo a respeito de As Escrituras Traduzidas,
visto que o escritor deste artigo anteriormente pu blicado pediu
que a sua obra no fosse usada neste Volume 1revisado. A lista de
colaboradores para todo o Comentrio foi atualizada. Todo o outro
material idntico ao do volume publicado em 1969. Abreviaturas ASV
American Standard Version Heb. Hebraico IBB Imprensa Bblica
Brasileira (Verso Revisada) IDB Interpreters Dictionary of the
Bible Int. Introduo JBL Journal ofBiblicalLiterature KJV King James
Version lit. literalmente LXX Septuaginta marg. margem RSV Revised
Standard Version
- 11. Sumrio Artigos Gerais O Livro da F Crist Clifton J. A llen
.................... 17 As Escrituras Traduzidas Barclay M. Newmn,
Jr. .. 35 A Interpretao da Bblia John P. Newport..................
51 A Geografia da Bblia B. Elmo Scoggin.................. 63 A
Arqueologia e a Bblia Joseph A. Callaway ............ 73 O Cnon e o
Texto do Velho Testamento Burlan A. Sizemore, Jr . . . . 83 A
Histria de Israel Clyde T. Francisco ............ 93 A Teologia do
Velho Testamento E .C .R u st............................ 111
Abordagens Contemporneas John I. Durhan.................... 131 no
Estudo do Velho Testamento Gnesis Clyde T. Francisco
Introduo..............................................................................................................
145 Comentrio Sobre o
Texto....................................................................................
171 xodo Roy L. Honeycutt, Jr.
Introduo....................................................
......................................................... 367
Comentrio Sobre o
Texto....................................................................................
385
- 12. Artigos Gerais
- 13. O Livro da F Crist Clifton J. Allen Comeamos com a afirmao
de que a Bblia a Palavra de Deus. Mas no po demos parar neste
ponto. Os crentes pre cisam fazer algo mais do que simples mente
louvar a Bblia. Precisam estar preparados para se haverem com srias
interrogaes a respeito da Bblia. Estas interrogaes so feitas no
apenas por cticos e cnicos; so feitas tambm por estudantes devotos
e aplicados da Bblia. Empenhar-se em um estudo assim apli cado
acarreta a necessidade de enfrentar todas as interrogaes vlidas a
respeito da natureza e da autoridade da Bblia, e uma mente aberta
para avaliar a vali dade de suas declaraes e a integridade de seu
testemunho. No temos razo para evitar essas interrogaes. A Bblia no
est correndo o perigo de embarao ou de extino! Os crentes tambm
precisam tornar-se mais conscientes dos questionamentos realistas,
mas freqentemente hostis e cticos do mundo incrdulo e secular a
respeito da Bblia. Esses questionamen tos exigem respostas, que so
dadas por um conhecimento exato e profundo da B blia e por uma f
reverente, nutrida por uma compreenso inteligente desse Li vro. Uma
opinio acerca da Bblia que no sofreu ataques da ignorncia do pre
conceito, da incredulidade ou do orgulho humanista, pode no ser de
confiana, porque no foi testada. Uma f que no faz perguntas
dificilmente f, porque no procura significado nenhum.
Apropriadamente, perguntamos a res peito da Bblia: Qual a sua
natureza? Como chegou at ns? Qual a base de sua autoridade? Qual a
sua importn cia e qual o seu significado? Ao conside rarmos estas
perguntas, essencial ter mos em mente o que a Bblia. Mais do que
qualquer outra coisa, ela um re gistro e uma interpretao da
auto-reve- lao de Deus ao homem: a narrativa autntica da revelao de
Deus em Jesus Cristo, para a redeno do homem. a histria da salvao:1
o propsito salva dor, os atos salvadores, a graa salvadora e o
poder salvador do Senhor; a misso salvadora do povo de Deus; e a
consuma o da obra salvadora de Deus atravs do senhorio de Cristo.
Este conceito sobre que a Bblia a perspectiva bsica, da qual este
artigo procurar explorar inter rogaes importantes a respeito da B
blia. I. A Natureza da Bblia Est na hora de perguntar agora: Qual a
natureza da Bblia? Em que sentido a Bblia a Palavra de Deus? Por
que ela to difcil de se entender? Como que um livro to antigo tem
importncia atemporal? As respostas a estas pergun tas e a outras de
igual importncia exigem uma compreenso amadurecida do que a Bblia e
uma percepo pene trante quanto aos seus antecedentes, suas
caractersticas e seu propsito central. 1. Origem, Ambiente
Formativo e Cultura Antes de tudo, que seja observado que a Bblia
de origem antiqssima. Os primeiros captulos falam a respeito da
criao do Universo e do homem, a res 1 Cf. A. M. Hunter, The Message
of the New, Testa ment, particularmente as p. 11 e 12. 17
- 14. peito de Deus e de sua maneira de agir para com o homem,
desde o comeo do mundo, e a respeito de acontecimentos que precedem
uma identificao histri ca exata. E, em seguida, a narrativa co mea
a contar a histria de Abrao e seus descendentes, estando estes
fatos locali zados em cerca de 2000 a.C. O relato es crito da
histria contnua de Deus e seu povo se estende at cobrir o primeiro
sculo da era crist. Desta forma, a B blia precisa ser entendida
como um livro muito antigo. Alm disso, a Bblia chegou a ns a partir
de um cenrio semita, isto , o cenrio do Oriente Prximo antigo. A B
blia tem a ver especialmente com os descendentes de Abrao, o povo
escolhi do de Deus, que habitou a terra de Cana, uma faixa estreita
ao longo do litoral oriental do Mediterrneo. Essa pequena rea era
uma espcie de ponte ou via de contato entre o povo da regio do vale
do Tigre-Eufrates, a leste, e o povo do vale do Nilo, a sudoeste. O
prprio Abrao representava o povo se mita que vivia no sudoeste da
sia: babi lnios, assrios, arameus, cananeus e fe ncios.
Reconhecemos tambm que o povo da Bblia expressa a cultura que era a
sua herana e o seu ambiente formativo. O Velho Testamento reflete o
ambiente agrcola e a experincia vivencial do povo de Israel, mas
revela tambm a crescen te influncia do desenvolvimento urba no. A
maneira de o povo pensar em Deus em termos antropomrficos, como
inti mamente associado com as coisas da natureza, como vingador e
como sendo parcial, em favor do povo de Israel, ex pressa o impacto
de sua herana cul tural. E a maneira como esse povo pen sava a
respeito da famlia da figura autoritria do marido e pai, da subser
vincia e inferioridade das mulheres e da importncia de ter filhos
era tambm influenciada pela sua cultura. O seu con ceito da ordem
material como expresso imediata da presena e do poder de Deus e as
suas fortes tendncias para a ido latria mostram o impacto entre os
con ceitos culturais e a prtica. As formas de pensamento e
conceitos que aparecem no decorrer da Bblia so a expresso na tural
da experincia desse povo. Ao tempo do Novo Testamento, os judeus da
Palestina sentiam grande anti patia e at amarga hostilidade, em mui
tos casos, contra os gentios. Atravs do mundo romano, o
envolvimento no co mrcio e negcios, nas grandes cidades do imprio,
contribuiu para a comuni cao, o entendimento e, em alguns ca sos,
para um certo grau de boa vontade. Todavia, o Novo Testamento
propria mente dito, com o seu evangelho din mico da redeno de Deus
em Cristo, reflete a sua origem e ambiente cultural na herana
judaico-crist no contexto da civilizao greco-romana. O Novo Tes
tamento chegou at ns a partir de um ambiente judaico, atravs da
lngua gre ga, vindo de uma vida sob o controle de Roma, e de uma
inteno divina, me diante a qual o evangelho no reconhece diferena
de raa, lngua ou cultura, e se destina a todos os povos, todas as
cultu ras e todas as geraes. 2. Literatura de Muitos Tipos e Formas
A Bblia muito mais do que uma coleo de obras literrias religiosas.
Pa ra ser entendida adequadamente, ela precisa ser considerada como
literatura de diferentes espcies e formas. Se al gum analisa a
Bblia cuidadosamente, para distinguir vrias formas literrias,
encontrar exemplos das seguintes: his tria, lei, poesia, drama,
profecia, litera tura de sabedoria, literatura apocalpti ca, hinos,
antemas, sermes, discursos, cartas, epopias, acrsticos,
genealogias, listas estatsticas, parbolas, alegorias e histrias.
Para fins prticos, no essen cial um conhecimento das distines mais
refinadas das formas literrias; mas, para uma compreenso madura da
18
- 15. Bblia, o reconhecimento de que ela literatura de vrios
tipos imperativo. Os primeiros cinco livros da Bblia vieram a ser
chamados de a Lei . Mas o Pentateuco muito mais do que Lei, como
forma literria. O livro de Gnesis histrico, biogrfico e teolgico. H
material semelhante nos quatro livros se guintes. Mas nesses quatro
livros temos a lei, que se tornou o mandato e o livro de texto para
a adorao de Deus, para a conduta moral do homem, e para a vida do
homem em comunidade e nas rela es interpessoais. Inevitavelmente,
mui tas das leis refletem o impacto da situa o cultural de Israel,
a imaturidade do povo, em seu desenvolvimento espiritual e moral, e
o esforo dos lderes divina mente chamados para cultivar fidelidade
a Deus ejustia e retido entre o povo. A parte seguinte, do Velho
Testamen to, geralmente considerada como uma seo de livros
histricos. Na Bblia he braica, os livros de Josu a II Reis eram
conhecidos como os Profetas Antigos. Os Profetas Posteriores
incluam Isaas e Jeremias e os ltimos doze livros do Velho
Testamento. Estes dois grupos, comumente chamados de Profetas, como
seo das Escrituras Hebraicas, desta forma incluam a maior parte do
mate rial histrico do Velho Testamento, e quase todos os materiais
profticos uma combinao de histria e profecia. A Histria e isto
incluiria livros que no os mencionados acima conta a histria desse
povo e outros aconteci mentos: de sofrimento, luta, sucesso, fra
casso, apostasia, arrependimento e reno vao, fidelidade e rebeldia.
Os fatos da Histria eram recordados com realismo, mostrando o povo
no que tinha de pior e de melhor, mostrando como ele entende ra mal
os propsitos de Deus e por vezes agira de maneira completamente
estra nha natureza de Deus, embora dissesse estar fazendo a vontade
de Deus, e mos trando como Deus agia para revelar-se, para executar
juzo, para derramar mise ricrdia e bnos, para vencer a igno rncia e
a perversidade de seu povo e para levar avante o seu propsito em
Israel. A histria de Israel no pode ser enten dida parte da
profecia. bom que seja lembrado que os profetas declararam a
palavra de Deus ao povo em suas respec tivas geraes. Profecia no
primordial mente uma predio dos eventos futuros, mas uma proclamao
de julgamento ou consolao ou dever ou propsito em relao ao povo
quanto sua necessida de. Entendemos melhor os escritos prof ticos
no como predies msticas de acontecimentos futuros, mas como decla
raes intemeratas do propsito de Deus para com o seu povo em sua
situao imediata. Dado este fato, contudo, no podemos deixar passar
despercebido que muitos dos profetas declararam a pala vra de Deus
com aplicao no futuro, indicando as direes do propsito de Deus para
com o seu povo, a promessa iniludvel de sua redeno para lodo o
povo, e a consumao inarredvel de seu reino de justia e paz. Grande
parte do Velho Testamento de poesia. Tirando-se os livros estrita
mente poticos, poemas so encontrados nos livros da lei, nos
histricos e nos pro fticos. importante reconhecer que a poesia
precisa ser entendida como poe sia, embora seja um veculo de
revelao divina. Ela depende de imagens e figuras de linguagem. O
elemento de sensaes e emoo dominante. A verdade ex pressa
imaginativamente, e precisa ser entendida atravs da imaginao. Um
esforo para entender a poesia com base na redao literal ignora a
natureza da poesia, e leva a um inevitvel mal-enten dido de seu
significado. A poesia da Bblia, em consonncia com a natureza da
verdadeira poesia, a expresso de intensos sentimentos, que incluem
temor, tanto quanto confiana; ira, bem como bondade; concupiscncia,
assim como pureza; dio, como amor; 19
- 16. autopiedade, assim como autoconfiana; e desespero, como
esperana. O indcio para a interpretao exige aplicao de percepo
potica. O livro de J quase inteiramente potico. Mas ele tambm um
exemplo de drama. Da, uma outra forma liter ria usada para ensinar
a necessidade de uma verdadeira compreenso do proble ma do
sofrimento humano. A intensida de do sofrimento de J e a natureza
do problema enfrentado fizeram do drama o meio mais eficiente da
verdade, a verda de finalmente revelada a J atravs da auto-revelao
de Deus, em sua sobera nia, sua justia e sua grandeza. Outro tipo
de literatura conhecido como literatura de sabedoria. Ele re
presentado especialmente por Provrbios e Eclesiastes, no Velho
Testamento, e pela Epstola de Tiago, em o Novo Testa mento. O livro
de J tambm pode ser identificado como literatura de sabedo ria. As
obras de sabedoria, embora ado tando vrias formas literrias,
represen tam a sabedoria destilada da experincia humana e
estabelecem os valores e virtu des, os princpios e discernimentos
que podem compor a filosofia de vida de uma pessoa, particularmente
em termos da escolha de alvos e do seguimento de padres que
contribuam para a integri dade, harmonia, reverncia, castidade,
diligncia, confiana prpria e realiza o. Quando chegamos ao Novo
Testamen to, imediatamente nos defrontamos com os Evangelhos.
Quanto forma literria, eles combinam histria, biografia, par bola,
discursos extensos, dilogo e ora o. Mas os Evangelhos so
peculiares. Eles so documentos de f. Falam de uma figura central:
Jesus Cristo. So o registro dramtico de Jesus em ao, do que ele
disse e fez, do impacto de sua personalidade sobre outras pessoas,
do que outras pessoas pensaram a respeito dele e como elas reagiram
a ele, e, final mente, da auto-entrega de Jesus na cruz e sua
ressurreio dentre os mortos. Os Evangelhos como literatura nunca po
dem ser separados da realidade viva e do impacto dinmico do Filho
do Homem. O livro de Atos a segunda parte da histria de Lucas-Atos.
Por conseguinte, ele mantm a relao mais ntima poss vel com os
Evangelhos e quase uma srie de reportagens. Ele fala do que os
seguidores de Jesus fizeram e ensinaram na conscincia de sua
presena viva com eles e atravs do poder de Seu Esprito. As cartas
do Novo Testamento tm muito em comum, como forma literria, mas
variam grandemente em extenso, propsito e estilo literrio, e
auditrio pretendido. Algumas delas foram escri tas para igrejas,
algumas para indiv duos, algumas para grupos esparsos de cristos, e
algumas para destinatrios desconhecidos, no identificados. Estas
cartas, inclusive as dirigidas s sete igre jas, no livro do
Apocalipse, constituem uma interpretao do evangelho de Cris to, um
retrato da vida e da prtica da igreja neotestamentria, e um
registro do ministrio, fidelidade, perseguio, luta e esperana da
parte de pessoas empenhadas no servio de Jesus Cristo. Uma
caracterstica dessas cartas, natu ralmente, o elemento pessoal, a
relao do escritor com os seus leitores (em al guns casos, com uma
pessoa). Ele escre veu para compartilhar a sua experincia e
preocupao, consciente do lao de co munho crist. A Bblia inclui
ainda outro tipo de li teratura conhecida como apocalptica. Os dois
principais livros de literatura apocalptica so Daniel e Apocalipse.
Esta espcie de literatura foi o produto de pocas de intensa crise
para o povo de Deus. Ela era marcada por uma forte preocupao
escatolgica, uma expecta tiva e uma focalizao na manifestao dinmica
de Deus em juzo. O estilo da literatura apocalptica era a apresenta
o de verdades por meio de imagens e smbolos que representavam foras
ma 20
- 17. lignas, o sofrimento e a recompensa do povo de Deus, e os
atos poderosos de Deus em juzo, em libertao e vitria, Deve-se
abord-la com a percepo inteli gente de que o arcabouo de smbolos e
imagens aponta para pessoas, aconte cimentos e foras no longo e
distante passado. Mesmo assim, a verdade a res peito da completa
soberania e do eterno propsito de Deus, que deu encoraja mento e
consolo ao seu povo no passado, igualmente relevante para o povo de
Deus atravs dos sculos que se vo pas sando. Portanto, entenderemos
que a Bblia um exemplo de variegadas formas liter rias. Deus usou a
habilidade e os inte resses de muitos escritores como veculo de sua
revelao. Os muitos tipos de obras literrias contriburam para uma
riqueza de significado e uma diversidade e profundidade de
interesse humano. Uma percepo adequada dos elementos caractersticos
de estilo e forma literria propiciaro chaves para uma compreen so
mais plena da mensagem da verdade. 3. Revelao Divina Atravs de
Veculos Humanos A Bblia uma revelao divina. Este , na verdade, o
aspecto mais significa tivo de sua natureza, a explicao de seu
significado e a base de sua autoridade. No podemos parar, todavia,
nestas afir maes. Precisamos explorar em profun didade o que
significa revelao, o que significa inspirao, como estes dois ele
mentos se relacionam, como devem ser entendidos luz de tudo o que
podemos conhecer a respeito da natureza da Bblia e como ela nos
chegou s mos pela pro vidncia de Deus. O que revelao? Revelao a
verdade que nos veio de Deus. Deus falou ao homem de muitas
maneiras: atravs do mundo natural, atravs dos julgamen tos da
histria humana, atravs de provi dncias na experincia pessoal e
atravs da voz interior da conscincia. Mas a Bblia o relato peculiar
do autodes- vendamento de Deus. Ela o relato escrito de suas
palavras e atos. Desde o princpio at o fim, a Bblia declara que
Deus se revelou ao homem, e que ela mesma, a Bblia, uma narrativa
de crdito dessa revelao. Frases como as seguintes ocorrem
repetidamente no decorrer do Velho Testamento: Disse Deus ; o
Senhor falou; Deus orde nou ; a palavra de Deus veio ; Deus tomou
conhecido; o Senhor apare ceu . Elas representam um nmero mui to
maior de frmulas de revelao. A B blia tambm fala repetidamente do
que Deus fez, dos seus atos de criao, de julgamento, de libertao,
de eleio, de direo, de consolao, de destruio, de manifestao, de
cura e de soberania dominante. Deus agiu para se fazer co nhecido
de seu povo e para realizar o seu propsito atravs dele. Mas o
supremo ato da revelao de Si prprio, por parte de Deus, a respeito
de que a Bblia fala, foi a Sua vinda em Jesus Cristo. E o Verbo se
fez carne, e habitou entre ns, cheio de graa e de verdade; e vimos
a sua glria, como a glria do unignito do Pai (Joo 1:14). A palavra
de Deus foi falada ao homem pela Palavra viva. Havendo Deus anti
gamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos
profetas, nes tes ltimos dias a ns nos falou pelo Filho (Heb.
1:1,2). Esta declarao su blime da Epstola aos Hebreus congrega toda
a verdade a respeito de revelao, e nos apresenta a chave da Bblia
como uma revelao de Deus. O Velho Testa mento apontava para a vinda
de Algum que seria o agente da redeno de Deus. O Novo Testamento
fala de sua vinda, de sua vida sem pecado e de seu ministrio
autodoador, de sua morte, de sua ressur reio, de sua salvao e de
seu senhorio; e declara que nele toda a plenitude da divindade
habitou corporalmente (Col. 2:9). 21
- 18. Agora estamos preparados para consi derar a Bblia como um
todo. Ela deve ser considerada luz da perfeita revela o de Deus em
Jesus Cristo. A suprema revelao de Deus uma Pessoa. Tudo o que a
Bblia nos fala a respeito de Deus, sua natureza, seus atos e do que
vrias pessoas entenderam a respeito dele ou lhe atriburam, precisa
ser interpretado e colocado em harmonia com a natureza, a verdade,
o amor e o propsito de Deus em Cristo. Este fato reconhece que mui
tas pessoas a quem Deus falou de mui tas maneiras antes da vinda de
Cristo no entenderam Deus perfeitamente, no apreenderam o seu
propsito plenamente e no podiam conhecer a sua vontade claramente.
Os exemplos do Velho Testamento, de aparente conflito com o fato de
que Deus amor, segundo muita gente diz, so simplesmente mistrios de
oniscincia, e, portanto, no devem ser questionados. Tais pessoas
abordaro quaisquer mist rios desnorteantes das Escrituras desta
forma, e ficaro satisfeitas. Por outro lado, muitas outras pessoas
insistiro que a Bblia, embora seja a revelao de Deus que tem
autoridade completa, pode ser corretamente entendida, corretamen te
interpretada, to-somente luz plena da verdade de Jesus Cristo, a
Palavra viva, a completa e perfeita revelao de Deus. Essas pessoas
afirmaro que isto est em harmonia com o propsito eterno de Deus de
que todas as coisas no cu e na terra e debaixo da terra se submete
ro ao senhorio de Cristo. As Sagradas Escrituras devem ser melhor
entendidas luz do que ele ensinou, do que ele fez e de quem ele ,
como a Palavra de Deus. Inspirao e revelao. Duas passa gens da
Escritura imediatamente vm nossa mente: primeiro, as palavras de
Paulo a Timteo: Toda Escritura divi namente inspirada e proveitosa
para en sinar, para repreender, para corrigir, para instruir em
justia; para que o ho mem de Deus seja perfeito, e perfeita mente
preparado para toda boa obra (II Tim. 3:16,17); depois, de II
Pedro: Ne nhuma profecia da Escritura de par ticular interpretao.
Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos ho mens, mas
os homens da parte de Deus falaram movidos pelo Esprito Santo
(1:20,21). Estas passagens, e outras, di reta ou indiretamente,
afirmam que a Bblia uma revelao inspirada. Termos como os seguintes
so usual mente aplicados a inspirao: inspira o verbal, inspirao
plenria e inspira o dinmica. A conotao ou significa do ligado a
estas palavras varia ampla mente. A questo, em grande parte, resi
de no grau de inerrncia das palavras da Escritura e o conceito de
unidade na mensagem da Escritura. A opinio da inspirao verbal geral
mente aplicada s Escrituras na lngua original, e no a tradues
subseqen tes, embora, na verdade, esta opinio freqentemente seja
entendida e defen dida principalmente em relao a tradu es para o
vernculo. Na Inglaterra e nos Estados Unidos h um grande movi mento
que defende a inspirao verbal da traduo King James (do Rei Tiago,
de 1011). Embora aqui, mais uma vez, haja variaes do significado
dado ins pirao verbal, os defensores desta opi nio dizem que os
escritores da Bblia foram inspirados ao ponto de usar as prprias
palavras dadas por Deus para expressar a sua verdade. Portanto, as
Escrituras so inerrantes e infalveis. Isto, obviamente, reduz o
escritor qua se ao equivalente a uma ferramenta nas mos de Deus, e
torna-o virtualmente um agente completamente controlado por Deus.
Embora poucas pessoas pensantes concordem que inspirao verbal seja
essencialmente um ditado divino, escrito quase que mecanicamente, o
processo no deixa quase campo para uma ao responsvel ou um
envolvimento pessoal da parte do escritor. H muitas pessoas que
esposam este ponto de vista acerca 22
- 19. da inspirao, e o consideram plenamen te satisfatrio, em
consonncia com o seu conceito da soberania e sabedoria de Deus, e
da iniciativa de Deus na revela o. Elas acham que qualquer transign
cia desta posio leva a um abalo da autoridade bblica. Outra opinio
acerca da Bblia pode ser descrita como inspirao plenria. Este termo
tem vrias conotaes. O cerne deste ponto de vista que a Bblia
plenamente inspirada, mas no verbal mente inspirada. Os escritores
no eram agentes controlados ao ponto de no terem utilizado a sua
experincia e o seu conhecimento. Mas eles foram ilumina dos to
completamente, to guiados pelo Esprito de Deus e cheios de seu
poder, que foram preservados de qualquer erro, ao transmitir a
revelao divina. Da, a Bblia totalmente inspirada, e a revela o,
inerrante, quanto a fatos, aconteci mentos e doutrina. Esse ponto
de vista acerca da inspirao, satisfatrio e aceito porum grandenmero
de crentes sinceros e interessados, inclusive eruditos compe
tentes, procura evitar uma parte do ex tremo literalismo e dos
elementos rigida mente controlados de inspirao verbal, enquanto, ao
mesmo tempo, mantm um conceito de inerrncia prtica de toda a Bblia
e de suas diferentes partes. Outro conceito de inspirao pode ser
identificado como dinmico. Admitimos que esta designao carece de
preciso, porque a realidade que ela identifica marcada por mistrio
e complexidade. No entanto, essencialmente, este ponto de vista
sustenta que as Escrituras Sagra das vieram a existir e receberam o
seu carter de revelao de Deus com autori dade atravs da ao do
Esprito de Deus, cujo poder vivificador, iluminador e orientador
fez de homens escolhidos os veculos do propsito de Deus. As Escri
turas so de fato inspiradas (sopradas por Deus), porque a sua
verdade de Deus e acerca de Deus. Homens da parte de Deus falaram
movidos pelo Es prito Santo (II Ped. 1:21). De maneiras que no
podemos entender e atravs de processos que no podemos identificar,
Deus escolheu e equipou muitas pessoas para registrar os seus atos,
para interpre tar os seus propsitos e para declarar a sua palavra.
De acordo com esta opinio, a inspira o da Bblia muito mais o fato
de ela ser completa e adequada como registro escrito da
auto-revelao de Deus e como guia para o homem em todos os assuntos
de f e prtica, do que uma questo de inerrncia em redao e analogia e
certos detalhes a respeito de pessoas e aconteci mentos. A inspirao
mais uma ques to da mensagem da salvao de Deus do que o mtodo ou
processo pelo qual ela foi reduzida forma escrita. A autorida de da
Bblia reside em sua integridade e unidade, luz da verdade de Deus
em Cristo. A opinio de inspirao dinmica re pousa solidamente na
repetida declara o, encontrada nas Escrituras, de que atravs delas
Deus fala ao homem. Esta opinio se baseia, mais uma vez, em a
natureza inerente das Escrituras como tesouro peculiar de sabedoria
divina, que se enquadra na totalidade da experincia humana quanto f
religiosa, ao dever moral e responsabilidade tica. A B blia
continua a falar, em princpio bsi co, a todas as geraes, com
relevncia e atualidade: ela continua a declarar a palavra do Deus
vivo ao homem vivo, na situao humana contempornea. Este ponto de
vista se baseia, alm disso, no fato de que as Escrituras so
eficientes na experincia humana para alcanar os propsitos de Deus.
Exem plos importantes desta verdade so en contrados nas seguintes
passagens: Sal mos 119:9,11; Joo 5:39; 20:31; Roma nos 15:4;
Hebreus 4:12; II Pedro 1:16- 19; e Romanos 1:16. A evidncia e prova
da inspirao da Escritura que ela de fato proveitosa para ensinar,
para re preender, para corrigir, para instruir em 23
- 20. justia; para que o homem de Deus seja perfeito, e
perfeitamente preparado para toda boa obra (II Tim. 3:16,17). A
verdade da revelao bblica sopra da por Deus. Ela habitada pelo Esp
rito do Deus vivo. Ela eficiente para a regenerao e santificao.
redentora e reconciliadora. Conseqentemente, uma opinio dinmica de
inspirao se foca liza na verdade que tem sua essncia, propsito e
autoridade em Jesus Cristo. Portanto, um ponto de vista dinmico de
inspirao no depende de uma iner- rncia mstica, inexplicvel e no
verifi cvel de cada palavra da Escritura ou do conceito de que a
inspirao no pode permitir erros de fato ou de substncia. Pelo
contrrio, ele aceita a Bblia total mente como inspirada: inerrante
como a nica testemunha completamente autn tica da auto-revelao de
Deus em Cristo e de sua salvao atravs de Cristo; iner rante porque
a sua verdade o perfeito instrumento do Esprito para levar os
homens f, justia e esperana; e iner rante porque o seu ensinamento,
inter pretado pela vida e obra de Cristo, o guia infalvel de como o
povo de Deus deve viver e no que ele deve crer, sem dvida alguma,
sob a direo do Esprito de Cristo. Talvez haja necessidade, a esta
altura, de enfatizar que as diferentes opinies acerca da inspirao
no subsistem sem problemas nem sem interrogaes no respondidas.
Estas devem ser enfrenta das com honestidade e objetividade. Os
seguintes problemas so inerentes opinio de inspirao verbal: (1)
Visto que pessoas falveis copiaram os manus critos originais atravs
de centenas de anos, com exatido meticulosa, mas no sem erros, e
visto que outras pessoas falveis traduziram as Escrituras origi
nais para diferentes lnguas, e visto que h variaes textuais nos
manuscritos existentes mais dignos de confiana, o valor de um
original verbalmente infal vel est perdido para a presente e para
as futuras geraes, no estando disponvel nenhuma cpia da obra
original. (2) Cuidadosa leitura e exame das Es crituras revelam
algumas contradies bvias ou discrepncias, no envolvendo nenhuma
doutrina de maior importncia ou questo bsica, mas suficiente para
constituir um problema quanto invali dez da inspirao verbal. Dois
exemplos servem para ilustrar este ponto: A refe rncia a Abiatar
(Mar. 2:26) e a Abime- leque (I Sam. 21:1) inconsistente. Em um
lugar se diz que o Senhor incitou Davi a fazer um recenseamento; em
ou tro, que foi Satans (II Sam. 24:1; ICrn. 21:1). (3) A inspirao
verbal parece submer gir a instrumentalidade humana ao pon to de
que os escritores da Bblia eram menos do que livres em sua reao
vontade do Esprito de Deus. (4) A inspirao verbal tende a colocar
toda a Bblia no mesmo nvel de inspira o e revelao divina. (5) A
inspirao verbal acarreta srias dificuldades quanto interpretao, por
que a redao de vrias passagens, direta ou indiretamente, parece
atribuir a Deus atos e atitudes em desarmonia com a sua natureza
como de santo amor e clara mente em conflito com o exemplo e o
ensino de Jesus (cf. Deut. 17:2-7; II Sam. 21:1-9 em relao com
Deut. 24:16; Sal. 69:22-28; 109:6-19; 137:7-9; I Crn. 13: 9,10).
(6) A inspirao verbal parece requerer explicaes que tornam a prpria
inspi rao verbal irreal. Por exemplo, Maria se refere a Jos como
pai de Jesus (Luc. 2:48). O que Maria queria dizer facil mente
explicado, a no ser que o intr prete esteja restrito inerrncia
verbal. (7) A inspirao verbal parece irrecon cilivel com o que
parecem ser fatos que se originam de pesquisa objetiva e estudo
srio da Bblia. As evidncias confirmam uma autoria mltipla do
Pentateuco, aproveitando-se de fontes orais e escritas, e por fim
envolvendo compilao e edi 24
- 21. o, coisas que parecem forar a opinio de inspirao verbal ao
ponto de ser irreal. Grande parte do Velho Testamen to acarretaria
um problema semelhante. Lucas explica com cuidado (1:1-4) o seu
mtodo de pesquisa e fontes de informa o, coisa de pequena
importncia se cada palavra que ele escreveu foi virtual mente
ditada pelo Esprito Paulo admite que algumas de suas declaraes so
suas, e no de Deus (I Cor. 7:12,25; cf. 8-10,40). Sem dvida, muitas
das con cluses dos estudos crticos no podem ser provadas
dogmaticamente, mas fatos estabelecidos e identificveis servem para
trazer tona as questes a respeito da exeqibilidade da inspirao
verbal, mais do que para confirm-la como pon to de vista aceitvel.
Uma opinio de inspirao plenria acarreta grande parte dos problemas
j mencionados a respeito da inspirao verbal, sendo as diferenas
especialmen te uma questo de grau. Particularmen te, esta opinio
acarreta os problemas de uma vontade divina virtualmente impos ta
aos escritores da Bblia, a subservin cia dos achados dos estudos
crticos como controvertendo a plena inspirao e atri buindo a Deus
atos e atitudes aparente mente em desarmonia com a sua revela o em
Cristo. Ela legitima muitas das declaraes das Escrituras como
revela o, embora elas paream ser resultado da fraqueza humana e uma
compreenso errada de Deus. Este ponto de vista reconhece muito
pouco o aspecto pro gressivo da revelao. A opinio da inspirao
dinmica se melhantemente acarreta problemas; pro blemas peculiares
a si prpria. (1) Ela enfrenta a necessidade de reconhecer e de dar
o devido valor a muitas declara es bblicas que parecem dar a
entender ou enfatizar o elemento de inspirao plena, se no verbal. E
tambm ela pre cisa explicar estas declaraes sem a distoro de
pressuposio e interpret- las sem perder o impulso de sua impli cao
sobrenatural. (2) Este ponto de vis ta acarreta a tentao de
depender de masiadamente dos critrios e da sabedo ria humanos, para
distinguir entre o que claramente a palavra falada do Senhor e os
mal-entendidos dos homens a res peito dos propsitos e da vontade do
Senhor. (3) Este ponto de vista acarreta a tendncia que se toma
real em dema siados casos de minimizar o elemento de inspirao
divina e dar mais ateno ao veculo humano de inspirao. (4) Es te
ponto de vista acarreta a obrigao muitas vezes menosprezada pelos
erudi tos crticos de reconhecer o elemento de f reverente como a
chave para o entendimento das Escrituras e de reco nhecer que
muitas questes difceis a res peito da natureza da Bblia no so resol
vidas com os recursos da pesquisa cr tica, mas pela confiana em
Deus com humildade. (5) Os que advogam esta opi nio tm a obrigao de
carrear para a Bblia um maior grau de estudo discipli nado, para
encontrar os nveis mais pro fundos de verdade e um grau maior de
sensibilidade para a dinmica do Esp rito vivo, a fim de ouvir a voz
do Senhor atravs do Esprito. Para o escritor deste artigo, os
proble mas da opinio de inspirao dinmica, embora reais, no
invalidam esta opinio acerca das Escrituras. Os problemas so
resolvidos por f reverente no Senhor das Escrituras e nas prprias
Escrituras co mo a Palavra de Deus, em integridade e - unidade em
Cristo. Eles so resolvidos com a abertura da mente para a verdade e
os frutos de pesquisa objetiva. E, alm disso, so resolvidos pela
submisso ao Esprito Santo, que interpreta a Palavra de Deus em
Cristo para todas as pessoas que desejam conhecer a mente de Cristo
e fazer a vontade do Senhor. Pessoas de propsitos fervorosos para
com Deus e de fortes convices a res peito da revelao dele nas
Escrituras te ro opinies diferentes a respeito de sua inspirao.
Cada pessoa pode buscar 25
- 22. uma compreenso mais plena da Bblia como base para achar o
ponto de vista que torna a Bblia mais significativa no contexto de
sua prpria experincia. Algumas declaraes sumrias, relati vas
revelao e inspirao, podem ser feitas agora. (1) A opinio que uma
pes soa tem a respeito de revelao e inspi rao no deve ignorar os
achados da pesquisa objetiva e do exame crtico. (2) Uma opinio
aceitvel acerca da ins pirao e da revelao precisa permitir a traduo
das lnguas originais das Escri turas e admitir as variaes nos
textos disponveis das Escrituras Hebraica e Grega e suas implicaes,
baseadas em conhecimento irrefutvel. (3) Muitas questes que no tm
perspectiva de serem resolvidas. Prova, em qualquer sentido exato
ou dogmtico, dificilmen te apropriada para a opinio que uma pessoa
tenha quanto revelao e inspi rao. Crena no fato da inspirao
essencial; uma opinio acerca do mtodo da inspirao secundria em
impor tncia. (4) Deve-se lembrar que ttulos e inscries e assuntos
deste jaez, na B blia, so adies editoriais, e no parte dos textos
originais das Escrituras. (5) Algumas declaraes a respeito de
revelao so o resultado da afinidade hebraica-com o antropomorfismo
co mo a declarao de que Deus deu a Moiss duas tbuas de pedra
escritas pelo dedo de Deus (x. 31:18). (6) Os textos de prova so
muitas vezes aplica dos a um ponto de vista de revelao e inspirao,
para sustentar concluses questionveis. Por exemplo, Jesus disse que
nem um jota nem um til passar da lei evidentemente a Lei mosaica
sem que tudo seja cumprido (Mat. 5:18); e isto alegado por algumas
pessoas para estabelecer a inerrncia e infalibilidade das
Escrituras. Indubitavelmente, Jesus, com infinita sabedoria, usou
uma figura de linguagem para enfatizar uma ver dade. Ele
dificilmente queria fazer uma referncia a pequenos sinais de es
crita; de outra forma, como poderia ele separar palavras explcitas
da Lei (Mat. 5:33,34, 38-39; cf. x. 21:24; Lev. 19:12; Nm. 30:2;
Deut. 19:21; 23:21)? (7) As Escrituras so uma revelao progressiva
de Deus, e, por isso, uma revelao pro gressiva com a sua culminao
perfeita e absoluta no Verbo que se fez carne em Cristo. (8) O fato
da revelao e inspi rao divinas no , de forma alguma, dependente de
uma opinio determinada acerca da inspirao, e no corre ne nhum
perigo por causa da pesquisa crti ca e do estudo erudito. Deus usa
veculos humanos. Atra vs desses veculos, a revelao inspirada dada
aos homens. A Bblia um livro divino-humano. Deus revelou-se a pes
soas vivas. Deus falou aos homens, e eles relataram o que ele
disse: contaram o que ele fez. Eles passaram esse registro gerao
seguinte, e seguinte, e se guinte, e assim por diante. Por um pe
rodo desconhecido de tempo, a revela o foi comunicada quase que
totalmente por tradio oral. Com o correr do tem po, a tradio
tornou-se narrativas escri tas das palavras e atos do Senhor. Quan
do isto transpirou pela primeira vez, e at que ponto, ningum sabe.
Moiss escre veu as palavras do Senhor (x. 24:4). Quanto Moiss
escreveu no pode ser determinado com qualquer exatido, mas as
referncias parte que ele teve em comunicar a revelao de Deus espe
cialmente mandamentos e estatutos justificam a concluso de que o
que ele escreveu foi uma fonte importante, da qual, muitos anos
mais tarde, os escrito res do Pentateuco se aproveitaram para fazer
um relato confivel da revelao de Deus aos filhos de Israel e dos
tratamen tos a que ele os submeteu. A nfase que verificamos aqui
que Deus ordenou veculos humanos como canais de uma revelao
escrita. Quantos escritores? No o sabemos. Quem eram eles? No o
sabemos. Moiss, Samuel, Davi, Salomo e Esdras Deus os usou. 26
- 23. Ams, Isaas, Jeremias e Ezequiel Deus os usou. Mas houve
outros, muitos outros, conhecidos e desconhecidos, que viveram
durante um perodo de vrios sculos, que foram movidos pelo Esprito
Santo, para colocar em forma escrita a palavra de Deus. E,
juntamente com os escritores, devem ser lembrados os que copiaram e
compilaram os escritos e fi nalmente lhes deram a forma em que eles
se tomaram, por fim, as Escrituras He braicas. Aconteceu
semelhantemente com o Novo Testamento. Quantos foram os es critores
e quem eram eles no pode mos ter certeza. Mencionamos os nomes
familiares: Paulo, Lucas, Marcos, Ma teus, Joo, Tiago, Judas e
Pedro, e forte a evidncia para confirmar a contribui o que eles
fizeram. Mas, semelhante mente, as evidncias suscitam interroga es
com respeito a pelo menos alguns deles. A identidade de outros
escritores um mistrio ainda maior. O fato de que a revelao de Deus
veio atravs de veculos humanos explica mui ta coisa a respeito da
Bblia. Explica, em grande parte, a sua grande variedade de forma e
qualidade literria, aspectos de seu interesse humano e diferentes
dispo sies de nimo, e vrios nveis de per cepo espiritual e
testemunho tico. Permitam-nos enfatizar este princpio de revelao. O
tesouro de revelao inspirada, a verdade da revelao bbli ca, chegou
at ns atravs de vasos de barro . Os escritores eram homens. Eles
eram finitos e falveis. Eram humanos, e, por isso, sujeitos a
limitaes de conhe cimentos e entendimento. Mas eram pes soas atravs
de quem o poder transcen dente de Deus operou vivificando,
iluminando, guiando e capacitando-os para serem os canais da
mensagem sal vadora de Deus em Cristo. As Sagradas Escrituras tm o
seu carter essencial em sua natureza como revelao inspirada de
Deus. Apontando para Cristo e en contrando a sua unidade e o seu
signifi cado em Cristo, elas so a Palavra de Deus. II. Da Revelao
Para o Livro Outra pergunta que merece conside rao : Como foi que a
revelao de Deus se tomou o Livro da Escritura Sagrada? Os
desenvolvimentos no so determinveis por evidncias objetivas,
catalogadas e verificadas. Chega-se a eles por implicaes e dedues,
a partir do testemunho interno das Escrituras e do que a pessoa cr
acerca da forma como Deus realiza o seu propsito para se re velar.
A princpio, a revelao foi preservada e comunicada por transmisso
oral, que se tomou, com o passar dos tempos, tradio oral. Aqui,
tradio de forma alguma subentende irrealidade ou algo que seja
indigno de confiana. Desde quando o homem foi criado, Deus reve
lou-se ao homem; e este comeou a pas sar s geraes sucessivas a
narrativa da experincia e o depsito de verdade que se originavam
dos tratamentos de Deus para com ele e a sua maneira de entender os
propsitos de Deus. Parece que a mente hebraica tinha uma capacidade
peculiar de memria. Da a variegada experincia cultural, de pessoas
e lugares, de geografia e de his tria, de ritual e de adorao, de
leis e costumes, foi entregue memria. Os lderes de tribos e de
famlias assumiram um papel responsvel em passar adiante essas
tradies, sendo as mais impor tantes as que se relacionavam com as
palavras e atos do Senhor. A crescente experincia religiosa do povo
que adorava a Deus tomou-se outro meio para se receber, interpretar
e comu nicar a revelao. Deus tratou com o seu povo disciplinou-o,
deu-lhe manda mentos, manifestou-lhe a sua glria, exe cutou
julgamento sobre ele, libertou-o, abenoou-o, entrou em aliana com
ele e vocacionou lderes e profetas para lhe de clarar as suas
palavras. Os anos torna- 27
- 24. ram-se dcadas, e as dcadas, sculos. Nesse nterim, a
experincia religiosa dos filhos de Israel, enriquecida:, por vezes,
pela observncia das festas e pela fideli dade na adorao, e
pervertida, outras vezes, pela idolatria e iniqidade e hipo crisia,
tornou-se um veculo de revelao. Os acontecimentos da histria de que
os filhos de Israel participaram foram outro meio de revelao. Deus
colocou o seu povo na terra de Cana, cercado pelas naes do antigo
Oriente Prximo. Os israelitas estavam na estrada das na es, e,
inevitavelmente, na corrente da Histria. O que aconteceu dentro e
fora de Israel, nunca parte do propsito e do poder soberanos de
Deus, forneceu um veculo de acontecimentos de revelao. Neste mesmo
contexto de experincia religiosa e acontecimentos histricos, Deus
chamou profetas para declararem a sua palavra ao seu povo. A
palavra de Deus veio aos profetas, e eles a declara ram fielmente.
O ministrio proftico tornou-se o veculo mais excelente, na vida de
Israel, para o depsito da revela o. Foi a mensagem proftica, tanto
falada quanto escrita, que enunciou mais plenamente e interpretou
mais claramen te a verdade a respeito de Deus, o seu propsito para
com o seu povo e a sua vontade e o caminho que ele preconizava para
todos os homens. Estas todas eram fontes, quer diretas, quer
indiretas, de que os sacerdotes, escribas, reis e profetas se
aproveitaram para escrever as Escrituras do Velho Tes tamento. Em
muitos casos, Deus falou diretamente a indivduos escolhidos, que
escreveram a verdade a eles revelada. Em muitos outros casos, as
evidncias suge rem fortemente, os escritores relataram os
acontecimentos, mandamentos e ex perincias de tradies e anais
anteriores sua poca. E, desta forma, os orculos de Deus se tornaram
a revelao escrita do Velho Testamento. Exatamente quando as vrias
partes, os muitos livros, do Velho Testamento foram escritos fato
que no pode ser determinado. O labor de escrita abran geu centenas
de anos. H um consenso quase geral, entre os eruditos, de que
editores compilaram material escrito, produzido a partir das fontes
descritas acima, e lhe deram forma permanente. Um estudo bblico
confivel mostrar que o Pentateuco existia essencialmente em sua
forma presente deste 400 a.C., aproximadamente. Os livros de Josu,
Juizes, I e II Samuel e I e II Reis eram conhecidos pelos judeus
como os Profe tas Anteriores e, provavelmente, che garam sua forma
presente, em grande parte, entre 650 e 550 a.C. Os Profetas
Posteriores os livros de Isaas, Je remias e Ezequiel, e de Osias at
Mala- quias chegaram, provavelmente, sua forma presente por volta
de 200 a.C. Os Salmos os livros poticos, junta mente com Rute,
Ester, Daniel, Eclesias- tes, Esdras, Neemias e I e II Crnicas
foram escritos no decorrer de um longo perodo de tempo, e se
tornaram uma coleo por volta de 132 a.C. Um conclio de rabis
judaicos, em cerca de 90 d.C., aceitou os 39 livros do Velho
Testamento como o Cnon Hebraico das Escrituras. Os mesmos 39 livros
foram semelhante mente aceitos na tradio crist. Algo da mesma
espcie de desenvolvi mento aconteceu em princpio, mas no em padro
relativamente ao Novo Testamento. A suprema diferena foi que Jesus
Cristo veio, a Palavra viva entre os homens. Alguns dos escritores
o viram na carne, ouviram-no, tocaram-no e co nheceram o magnetismo
de sua presena fsica, bem como o poder do seu Esprito vivo dentro
deles. Os apstolos eram pessoas que acompanharam Jesus desde o seu
batismo por Joo at a hora de sua ascenso (At. 1:21,22). Os outros
escri tores, podemos presumir seguramente, como Lucas, conheceram e
conversaram com algumas pessoas que desde o prin cpio foram
testemunhas oculares e mi nistros da palavra (Luc. 1:2). Desta
forma, o Novo Testamento originou-se de um relacionamento face a
face dos aps- 28
- 25. tolos com Jesus e de suas conversas face a face com ele
depois de sua ressurreio, das tradies orais de testemunhas oculares
do Senhor, da experincia re dentora de seguidores que haviam crido,
dos acontecimentos histricos de teste munhas apostlicas, da
koinonia da Igre ja viva, das tribulaes, sofrimentos e perseguies
pelo nome de Cristo, da viso do Cristo vivo e da comunicao direta
da sua palavra de verdade, graa e vitria. Tanto quanto em relao ao
Velho Testamento, o perodo em que foram escritos os 27 livros do
Novo Testamento no pode ser fixado de maneira defini da. Cada
livro, em certo sentido, subsis te isoladamente. Os eruditos tm opi
nies vrias, que sero abordadas na introdues do comentrio de cada
livro. As evidncias aceitas genericamente deli mitam o perodo em
que esses livros foram escritos entre 50 e 100 d.C., em bora
algumas evidncias confirmem uma data posterior, para alguns livros,
por exemplo, algumas das cartas gerais. Du rante o mesmo perodo,
muitos livros cristos foram escritos. Surgiu a questo: Quais dentre
todas essas obras deviam ser reconhecidas como inspiradas e con
tadas como parte das Escrituras? O teste de sua aceitao e valor por
mais de trs sculos guiado, podemos estar certos, pelo Esprito Santo
levou aceitao dos 27 livros que se tornaram o Novo Testamento. Por
volta do fim do quarto sculo, esses livros haviam ganho aceita o
como sendo revelao dada por Deus, para os cristos, atravs das eras
futuras. O cnon foi determinado pelo uso, pelo consentimento comum
da co munidade crist, testando os livros em sua vida diria, no
decorrer de sculos; e no por autoridade formal (F. W. Bea- re, IDB,
I, 531). Uma palavra precisa resumir a ver dade, e dar a chave para
o mistrio e a realidade de a revelao inspirada ter-se tornado as
Escrituras Sagradas: o sobe rano Esprito de Deus. Ele chamou e
iluminou, guiou e capacitou, e moveu homens para falar da parte de
Deus e em nome de Deus. III. O Significado da Bblia O significado
da Bblia baseia-se em caractersticas bvias e importantes, a saber,
a sua autoridade e a sua importn cia. 1. A Autoridade da Bblia A
autoridade da Bblia, indubitavel mente, origina-se no fato de ela
ser reve lao inspirada de Deus,. Considerada em sua integridade e
unidade, ela a Palavra de Deus. Por isso ela tem a autoridade de
Deus por detrs dela. Ela o mandato divino para a f religiosa e para
o dever moral da humanidade. Porm necessrio que se diga muito mais
do que isto. Como que a autorida de da Bblia se relaciona com Jesus
Cris to? Ele dizia ter toda a autoridade no cu e na terra. Ele
exerceu autoridade sobre a natureza, a doena, os demnios e a morte.
Deus o fez Senhor e Cristo (At. 2:36). A autoridade final e ltima
sobre todas as pessoas e todas as coisas o Cristo vivo. Segue-se,
portanto, que a autoridade da Bblia deve sempre ser vist luz do
senhorio de Cristo. A sua autoridade reside no na inerrncia de
palavras e frases, ou na coerncia per feita de todos os nmeros e
acontecimen tos ou no entendimento perfeito de Deus, da parte dos
seus servos escolhidos. Pelo contrrio, a sua autoridade est em seu
testemunho autntico de Jesus Cristo como o Verbo de Deus. E bom que
seja enfatizado que a maneira de uma pessoa entender quem Cristo
como o Filho de Deus e como o Verbo feito carne, enten der a sua
obra salvadora atravs da sua morte e ressurreio e o seu senhorio
eterno precisa ser testada pelo Novo Tes tamento. Uma verdadeira
compreenso de Cristo e do que significa a sua autori dade no pode
ser determinada por jul- 29
- 26. gamento subjetivo nem somente pela ex perincia. A
autoridade da Palavra escri ta encontra-se na autoridade da Palavra
viva, atravs da direo do Esprito San to. Nesta base, o Novo
Testamento deve ser aceito pelos crentes como o guia de autoridade
para todos os assuntos de f e prtica. Portanto, a autoridade da
Bblia no algo legal e judicial nem a compulso do literalismo nem a
obrigao de prova, mas a liberdade do senhorio de Cristo e a voz de
seu Esprito. Essa autoridade confirmada por aceitao interior, e no
por declarao exterior. Por conseguinte, para concluir, a autoridade
da Escritu ra encontra-se no poder do Senhor vivo de autenticar a
si mesmo, quando fala ao corao humano atravs das palavras e da
Escritura (Rolston: The Bibie and Christian Teaching, p. 34). 2. A
Importncia da Bblia Mais uma vez, o significado da Bblia deve-se
sua importncia. Ela fala a todas as geraes. Isto verdade, porque
ela a Palavra de Deus, que eterna e imutvel. E, tambm, ela fala a
pessoas nos nveis mais profundos da experincia humana, s suas
necessidades, aspira es, possibilidades e responsabilidades como
pessoas feitas imagem de Deus. A Bblia sempre contempornea, por que
ela a palavra da vida vinda do Senhor da vida. A relevncia da
Escritura verificada tambm em sua dimenso universal. Ela declara a
mensagem de Deus ao homem como homem da, a todos os grupos
culturais, a todas as raas, a todas as naes e a todas as pessoas,
no importa qual seja a sua condio social ou eco nmica, qual a sua
situao humana. A Bblia importante para toda a humanidade, porque
declara a mensa gem da salvao. Ela conta as boas-novas do amor de
Deus por uma raa pecadora, fala da redeno de Deus atravs de Je sus
Cristo, de seu desejo de que todas as pessoascheguem ao
arrependimento e das riquezas da graa em Cristo, pelas quais todo
aquele que invocar o nome do Se nhor ser salvo (Rom. 10:13). Em ne
nhum ponto a Bblia mais importante do que quando declara o fato da
culpa universal do homem, devido ao pecado, o fato de que Jesus
morreu pelos pecados do mundo, o fato de que Jesus ressusci tou
dentre os mortos e o fato da certeza de que Jesus Cristo pode tambm
salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, porquanto
vive sempre para inter ceder por eles (Heb. 7:25). Por esta razo,
acima de tudo, a Bblia o Livro da f crist. A Bblia importante
porque confron ta os crentes com o significado e as exi gncias do
discipulado cristo. Para eles, a Bblia o guia de doutrina e prtica,
de adorao e ministrio, de comunho e testemunho, de certeza e
esperana, que tem autoridade divina. Visto que Jesus Senhor, os
ensinamentos de Jesus em o Novo Testamento e o exemplo de sua vida
na carne precisam ser o critrio mediante o qual se viva a vida
crist no mundo. A importncia da Bblia expressa pelo apaixonado
interesse de Deus pelo bem-estar de todos os homens. Por isso, ela
declara a dignidade e o valor de todo homem, seja qual for a sua
raa ou si tuao, como pessoa feita imagem de Deus. Ela declara tambm
o juzo de Deus sobre as pessoas que por orgulho, cobia e
concupiscncia exploram outras pessoas e lhes roubam as
oportunidades legtimas de realizar os mais elevados potenciais da
personalidade. A Palavra de Deus proclama contra a opresso, a
injustia e a corrupo, e advoga a causa dos famintos, doentes e
necessi tados. A Bblia declara o senhorio de Cristo sobre a vida
toda, sobre a ordem social e todas as pessoas que esto nela. O
homem deve amar o seu prximo como 30
- 27. a si mesmo. O Livro da f crist uma carta patente de justia
e paz na terra, e um comissionamento de ministrio para pessoas
necessitadas, em qualquer parte. A importncia da Bblia se origina
do fato de que ela fala de maneira signifi cativa e confiante aos
problemas da hu manidade em um universo dinmico. Cincia,
tecnologia, ciberntica, pesqui sa, explorao do espao, energia atmi
ca e mudana social refletem as leis do Universo. Encontramos, na
Bblia, a pa lavra que nos d uma perspectiva crist: Deus em Cristo o
criador de todas as coisas (Joo 1:3); nele subsistem todas as
coisas (Col. 1:17). O Deus que criou e controla o universo material
plena mente capaz de, com infinita sabedoria e poder, controlar o
universo moral.Com J, podemos dizer: Bem sei que tudo podes, e que
nenhum dos teus propsitos pode ser impedido (J. 42:2). A Bblia
importante porque ela en frenta honestamente as interrogaes
cruciantes da humanidade: Quem Deus? Como Deus? Que o homem? Qual o
destino do homem? Como o homem pode conhecer Deus? Se um ho mem
morrer, viver de novo? Qual o significado da existncia? Qual o
signi ficado da Histria? Para que serve a vida? As respostas devem
ser encontra das no na lgica ou na dogmtica ou na prova cientifica,
mas na experincia do homem com Deus, atravs da f em Jesus Cristo, e
na confiante comunho com ele, atravs do Esprito. A Bblia importante
porque ela enco raja esperana em Jesus Cristo. A sua ressurreio da
sepultura declarou a sua vitria sobre o pecado e a morte. O seu
reino eterno. Ele voltar em glria e triunfo. Segundo a sua
promessa, aguardamos novos cus e uma nova ter ra, nos quais habita
a justia (II Ped. 3:13). O propsito eterno de Deus para a redeno do
homem chegar ao seu cum primento em Cristo (Ef. 1:9,10). IV. Como
Se Aproximar da Bblia Visto que a Bblia a Palavra de Deus para a
vida do homem e visto que ela o guia que tem autoridade em questes
de experincia moral e espiritual e em todos os assuntos de f
religiosa e conduta moral, qual a maneira correta de se aproximar
da Bblia? Com que atitude e objetivos os crentes devem ler e
estudar a Bblia? 1. A abordagem da Bblia exige o reconhecimento de
sua natureza e seu propsito e tambm a percepo dos atributos dela
que influenciam a com preenso de sua mensagem e sua impor tncia
para a vida em nossa poca. A B blia no mgica. Ela revelao. Ela um
livro divino-humano. Teve muitos es critores. Veio existncia atravs
de um longo perodo, que cobre cerca de doze sculos ou mais. A
princpio foi escrita em hebraico, aramaico e grego. A chave de sua
mensagem e significado Jesus Cristo, a Palavra viva. 2. A abordagem
da Bblia deve ser de reverncia e f. Ela fala acerca de Deus. A
energia, sabedoria e direo do Esp rito Santo esto nela. O propsito
de Deus realizado por ela. A verdade re dentora, reconciliadora e
santificadora de Deus o seu contedo e dinmica. Ela transpira
interesse amoroso da parte do Deus de graa. Declara o julgamento
moral do Deus justo. Fala com a autori dade do Deus soberano.
Testifica da graa salvadora de Deus em Cristo. Co mo pode qualquer
pessoa ousar manu sear o Livro sagrado sem que seja com reverncia
para com Deus e reverncia pela verdade e poder de Deus em Cristo?
Este livro reclama f no f impen sada e bisonha, mas inteligente e
con fiante. Ele a narrativa nica completa mente digna de confiana a
respeito da plena revelao de Deus em Cristo e sua salvao atravs de
Cristo. Para a pessoa que est disposta a crer na Bblia, quan
31
- 28. do ela busca a verdade a respeito da Bblia e na Bblia, ela
se tomar vivifi cada, com significado e certeza. 3. A abordagem da
Bblia exige aber tura de mente, um esprito apto para aprender e uma
sede de aprender. As laboriosas pesquisas empreendidas por
lingistas, arquelogos, historiadores e eruditos bblicos propiciaram
um vasto acervo de conhecimento e percepo que enriquecem o estudo
bblico. O estudan te srio das Escrituras precisa estar dis posto a
se empenhar em um estudo disci plinado, para aprender do trabalho
dos outros. Porm, com abertura de mente para a verdade, sejam quais
forem as suas fontes, ele precisa desenvolver pes soalmente
faculdades crticas para testar os conceitos e pontos de vista dos
outros, sempre provando novas idias e concei tos, mediante a prpria
Bblia e no labo ratrio do discipulado obediente. Preci sa, alm
disso, pr prova esses concei tos e pontos de vista, lendo abundante
mente a obra de muitos autores e usando o laboratrio de experincia
que os cris tos maduros possuem. Finalmente, o teste de toda a
verdade a respeito da B blia a questo se ela contribui para uma f
mais vital na Bblia, obedincia mais completa aos seus ensinos e uma
dedica o mais significativa a Cristo, como Senhor. 4. A abordagem
da Bblia propria mente requer prontido para obedecer aos seus
mandamentos e prtica discipli nada de seus ensinos. Ela a voz da
auto ridade divina. a prescrio para rela cionamentos harmoniosos. a
diretriz para excelncia moral na vida pessoal, princpios retos e
amor cristo nos rela cionamentos sociais, e autodoao (abne gao)
como a de Cristo e ministrio s necessidades das outras pessoas.
Acima de tudo, ela uma conclamao a uma f voluntria em Jesus Cristo
como Salva dor e plena dedicao a ele como Senhor. A palavra de Deus
penetra no corao obediente. Sua palavra deve ser trans formada em
experincia. A chave para a compreenso das Escrituras, tanto do
Velho quanto do Novo Testamento, o reconhecimento de Jesus como
Senhor (Rolston: ibid., p. 33). 5. A abordagem da Bblia exige um
senso de dependncia do Esprito Santo e uma comunho dinmica com ele.
Ho mens movidos pelo Esprito Santo fala ram da parte de Deus. Da,
pessoas aten tas ao Esprito, guiadas pelo Esprito, que receberam
poder do Esprito e esto ansiosas para fazer a vontade do Esprito
ouvem melhor a palavra que vem de Deus. Ele o divino Conselheiro, o
su premo Intrprete. Ele conhece a vontade de Deus. Ele faz da
Palavra escrita uma palavra viva, escrita no corao, para ser
conhecida e lida por todos os homens (II Cor. 3:2). Para Leitura
Adicional CARTLEDGE, SAMUEL A. The Bible: Gods Word to Man.
Philadelphia: Westminster Press, 1961. DODD, C. H. The Authority of
the Bible. London: Collins Clear Type Press, Edio Revisada, 1960.
HENRY, CARL F. H. Revelation and the Bible. Grand Rapids: Baker
Book House, 1958. HUNTER, A. M. The Message of the New Testament.
Philadelphia: Westminster Press, 1944. HUXTABLE, John. The Bible
Says. Richmond: John Knox Press, 1962. Interpreters Dictionary of
the Bible. Nashville: Abingdon, 1962. Veja os artigos: Canon of the
Old Testa ment, R. H. Pfeiffer, Vol. A-D; Canon of the New
Testament, F. W. Beare, Vol. A-D; Inspira tion and Revelation, G.
W. H. Lampe, Vol. E-J; Scripture, Au thority of, Alan Richardson,
Vol. R-Z. KELLY, BALMER H., Editor. Intro duction to the Bible. The
Laymans 32
- 29. Bible Commentary, Volume 1. Richmond: John Knox Press,
1959. ROLSTON, HOLMES. The Bible in Christian Teaching. Richmond:
John Knox Press, 1962. ROWLEY, H. H. The Relevance of the Bible.
Carter Lane: England: James Clarke and Co., 1941. SMART, JAMES D.
The Interpretation of Scripture. Philadelphia: West minster Press,
1961. 33
- 30. As Escrituras Traduzidas Um engenheiro aeronutico certa vez
disse a um tradutor da Biblia que no campo da aeronutica translao
ques to de vida e morte. (*) Historicamen te, os tradutores da
Bblia tm sentido a mesma coisa em relao sua responsa bilidade. A
traduo das Escrituras co munica a mensagem que de fato faz di
ferena entre vida e morte para todos ns. A traduo da Bblia teve
incio sculos antes de Cristo, e continua hoje em uma escala mais
ampla do que nun ca. I. Antigas Tradues da Bblia Targuns Aramaicos
do Velho Testa mento. As tradues mais antigas (na verdade,
parfrases) de alguma poro da Bblia so os targuns aramaicos do Velho
Testamento, que surgiram para suprir as necessidades dos judeus
pales tinos, que entendiam aramaico melhor do que o hebraico, que
era a linguagem do Velho Testamento. Depois do Exlio, tornou-se
costume, nas sinagogas pales tinas, acompanhar a leitura das Escri
turas em hebraico com uma traduo aramaica. Hoje, manuscritos do
targum existem para o Pentateuco, os livros pro fticos e a maior
parte do restante do Velho Testamento. A Traduo Grega do Velho
Testa mento. A traduo grega das Escrituras Hebraicas foi produzida
especialmente para suprir as exigncias de judeus no- palestinos,
cuja lngua cotidiana era o grego. Tiham necessidade disso espe- (*)
NOTA DO TRADUTOR: Em ingls, transla o e traduo so a mesma palavra.
Dai, um jogo de palavras impossvel de seguir em portugus. Barclay
M. Newman, Jr. cialmente os judeus do Egito, e foi ali, em
Alexandria, que o Pentateuco foi traduzido durante o reinado de
Ptolomeu Filadelfo (285-246 a.C.). Durante os dois sculos seguintes
o restante das Escritu ras Hebraicas foi traduzido para o grego. A
tradio de que esta obra foi feita por um grupo de setenta (ou
setenta e dois) eruditos. Por isso, ela veio a ser conheci da como
Septuaginta (LXX), que signifi ca setenta. Verses Siracas. J em 150
d.C., o Novo Testamento foi traduzido para o siraco, dialeto do
aramaico falado na Sria e na Mesopotmia. Perto do fim do quarto
sculo as verses siracas existen tes foram revisadas, com base no
grego, e a traduo resultante tornou-se conheci da como Peshitta, ou
verso simples. Verses Latinas. A verso Latina An tiga, segundo se
cr, data, aproximada mente, do mesmo tempo que as primei ras verses
siracas, e parece ter-se origi nado no Norte da frica, embora algu
mas pessoas argumentem que tenha sido Antioquia da Sria, ou Roma, o
seu lugar de origem. O Velho Testamento no foi traduzido
diretamente do hebraico, mas da Septuaginta. Aparentemente, no
quarto sculo havia vrias verses latinas competindo umas com as
outras. Desta forma, o Papa comissionou Jernimo para revisar a
Bblia latina, o que ele fez usando o texto hebraico como base para
a sua verso do Velho Testamento. A traduo de Jernimo conhecida como
a Vulgata ou verso comum . Verses Cpticas. O cptico a forma
modernizada da antiga lngua egpcia; escrito com caracteres gregos,
com a adio de vrias letras que representam 35
- 31. sons consonantais que no existem no grego. J em 200 d.C., o
Novo Testamen to foi traduzido para o sadico, um dos mais
importantes dialetos cpticos, e no decorrer de um sculo a maior
parte dos livros da Bblia apareceu em sadico. Os tradutores usaram
a Septuaginta como base para o trabalho com o Velho Testa mento.
Mais tarde, foram feitas tradu es em outros dialetos cpticos, sendo
a mais importante a em boarico, que final mente superou as outras
verses cpticas. Outras Verses Antigas. A primeira verso em uma
lngua teutnica foi a Verso Gtica, feita pelo erudito Bispo Ulfilas,
nos meados do quarto sculo. Uma traduo armnia foi feita no quin to
sculo, por Meshrop, que inventou o alfabeto armnio, e por Sahak, o
Patriar ca. Meshrop tambm inventou o alfabeto gergio, embora no
seja conhecido o autor da traduo das Escrituras em gergio (quinto
sculo). II. A Bblia em Ingls 1. Antes da Verso King James
Indubitavelmente, a Verso do Rei Tiago (King James Version KJV) a
mais notria de todas as tradues da Bblia em ingls, e foi uma
importante histria de acontecimentos que levou publicao desta
verso. De fato, pode-se dizer que a histria da Bblia inglesa comeou
com a introduo do cristia nismo na Bretanha durante a primeira
parte do terceiro sculo. Nesse primeiro estgio, a mensagem bblica
deve ter passado adiante em primeiro lugar oral mente, poca em que
os homens apresen tavam interpretaes livres da Bblia la tina no
vernculo. E tambm, atravs da arte, do cntico, do drama e do ritual,
as verdades bblicas foram comunicadas s massas. Pelo menos dois
fatores impedi ram qualquer trabalho srio de tradu o. O primeiro
foi o medo da Igreja de perder o controle sobre as mentes do povo,
se lhe fosse permitido estudar as Escrituras por si mesmo; o
segundo foi o analfabetismo generalizado. Tanto quanto se sabe, a
primeira tra duo da Bblia toda em ingls foi reali zada por John
Wycliffe, que produziu o Novo Testamento no ano de 1380, se guido
por toda a Bblia um ou dois anos mais tarde. Visto que Wycliffe no
co nhecia o grego, a sua traduo foi feita a partir do latim, e
inclua os Livros Ap crifos. A esperana de Wycliffe era que a sua
traduo alcanasse o povo comum; e isto foi por fim conseguido atravs
da reviso de sua obra por seus colegas, pouco depois de sua morte,
em 1384. William Tyndale produziu a primeira edio impressa da Bblia
inglesa. Por volta de 1510, ano em que Tyndale foi a Oxford, para
estudar, havia acontecido um reavivamento de interesse por lnguas
antigas, inclusive pelo hebraico e o gre go, as lnguas das
Escrituras. Assim, quando Tyndale comeou o seu trabalho com o Novo
Testamento, por volta de 1522, foi capaz de usar o texto grego como
base para a sua obra. Incapaz de receber apoio das autoridades
eclesisti cas inglesas, para os seus esforos, ele dirigiu-se
Alemanha, para conseguir esse apoio. Finalmente, na cidade de
Worms, lugar em que Martinho Lutero havia sido levado a julgamento
quatro anos antes, Tyndale publicou a sua pri meira edio do Novo
Testamento, em 1525. No comeo do ano seguinte, cpias de sua obra
comearam a ser contraban deadas para a Inglaterra, onde foram
ansiosamente recebidas pelas massas. Em 1530, Tyndale publicou o
Pentateu- co, e, no ano seguinte, o livro de Jonas. Em 1535, saiu
uma edio corrigida de seu Novo Testamento revisado. Naquele mesmo
ano, ele foi trado por um ami go , aprisionado e, um ano e meio
mais tarde, morto por estrangulamento e quei mado em uma estaca. As
suas ltimas palavras foram: Senhor, abre os olhos do rei da
Inglaterra. 36
- 32. No outono de 1535, um monge agosti- niano, chamado Miles
Coverdale, tradu ziu o Novo Testamento. A sua obra, que ele admitiu
ser baseada no latim e no alemo, e talvez ainda mais na obra de
Tyndale, se destinava a tomar-se a pri meira Bblia completa em
ingls. Ele dedicou o seu trabalho ao Rei Henrique VIII, eliminou
notas controversas e res taurou termos eclesisticos favoritos, que
haviam sido alterados por Tyndale, fa tores que fizeram de sua
traduo um trabalho mais aceitvel para os que esta vam em posio de
autoridade. A primeira Bblia a receber aprovao oficial na
Inglaterra foi a chamada B blia de Matthew, por causa de sua cone
xo com um certo Thomas Matthew. Mas, na verdade, Thomas Matthew
pare ce ter sido o pseudnimo de John Rogers, amigo de Tyndale, que
foi o primeiro dos protestantes a ser condenado morte durante o
reinado da infame Maria Tu- dor, mais conhecida como Bloody Mary
(Maria, a Sanguinria). Em 1537, a B blia de Matthew foi publicada e
aprova da por Henrique VIII para uso em leitu ras privadas. At ento
no havia uma Bblia que fosse oficialmente sancionada pelo rei e
pelas autoridades eclesisticas para uso na adorao pblica. Foi
oferecida a Coverdale a responsabilidade desta tare fa, cujo
resultado foi a Bblia Grande, publicada em 1539, nica verso j auto
rizada por um rei da Inglaterra. At mesmo a KJV, freqentemente
mencio nada como Verso Autorizada, nunca recebeu o reconhecimento
como tal por decreto oficial. Ordenou-se que a Bblia Grande fosse
colocada em todas as igre jas da Inglaterra. Durante os anos se
guintes, restries foram impostas lei tura pblica da Bblia
propriamente dita, e, em 1546, iniciou-se um esforo organizado para
queimar todas as B blias, exceto a Bblia Grande. As instveis
condies polticas da In glaterra, em seguida ao reinado de Hen rique
VIII, fizeram necessrio que os clrigos evanglicos e reformadores
pro curassem refgio fora do pas. Um dos principais centros para
onde essas pes soas fugiram foi Genebra, onde apare ceu, em 1560, a
Bblia de Genebra, com a ajuda de eruditos, como Coverdale, John
Knox, Joo Calvino e Theodore Beza. Por vrias razes, esta foi, sem
comparao, a melhor Bblia inglesa produzida at ento: o Velho
Testamen to seguia o texto hebraico mais de perto do que qualquer
traduo anterior; as notas marginais no eram to controver sas como
nas tradues anteriores; e essa foi a primeira vez que foi usada a
diviso em versculos na Bblia toda, como co nhecemos hoje. Alm do
mais, os tradu tores tiveram a vantagem de ser capazes de usar como
base de seu trabalho a B blia Grande e a edio do Novo Testa mento
feita por William Whittingham, em 1557. Por fim, a Bblia de Genebra
provou ser demasiada competio para a Bblia Grande, mas houve forte
oposio sua adoo como Bblia oficial para a Igreja da Inglaterra.
Como tentativa para re solver essa situao, Matthew Parker,
Arcebispo de Canturia, props uma re viso da Bblia por uma equipe de
estu diosos. Por causa da predominncia de bispos, nessa comisso, a
traduo ficou conhecida como Bblia dos Bispos. Ime diatamente depois
de sua publicao, em 1568, ela tomou-se a Bblia oficial da Igreja da
Inglaterra, mas no podia com petir em popularidade com a Bblia de
Genebra. Embora a Igreja Romana, em princ pio, se opusesse
indiscriminada disse minao da Bblia entre o povo comum, ela
sentiu-se compelida a produzir uma Bblia sua. O Novo Testamento
apareceu em 1582 e recebeu o seu nome de Rheims, cidade francesa em
que a tradu o foi feita e impressa. Em 1609-1610, o Velho
Testamento foi publicado em Douay, Frana. A Bblia toda, conhecida
37
- 33. como Verso Douay, tornou-se a Bblia oficial da Igreja
Catlica de fala inglesa. Ela se baseava na Vulgata, e no nas lnguas
originais da Escritura. 2. A Verso do Rei Tiago Quando o rei Tiago
VI, da Esccia, tornou-se o rei Tiago I da Inglaterra, havia pelo
menos trs verses da Bblia, em competio umas com as outras: a Bblia
de Genebra, a Bblia Grande e a Bblia dos Bispos. Tiago tinha pontos
de vista fortemente protestantes, bem como um pronunciado interesse
em estudos bblicos e traduo da Escritura. Por isso, quando os
puritanos lhe apresenta ram uma petio, em janeiro de 1604,
requerendo que fosse feita uma nova traduo, eles se dirigiram ao
homem certo. O trabalho da nova traduo comeou em 1607, com um total
de 47 tradutores trabalhando em seis comisses, duas das quais se
reuniam em Cambridge, duas em Oxford e duas em Westminster. Cada
comisso trabalhava em partes diferentes da Bblia, e, mais tarde,
uma comisso de reviso, consistindo de dois represen tantes de cada
uma das seis comisses, se reuniu diariamente, durante nove meses,
revisando as tradues. Uma reviso fi nal foi ento feita por uma
comisso de duas pessoas: Miles Smith, um dos tra dutores, e Thomas
Bilson, que estava fora do grupo. A traduo, ou melhor, a reviso,
foi publicada em 1611. Muito pode-se aprender a respeito do
trabalho de traduo lendo-se as regras de procedimento e o prefcio.
Infeliz mente, o prefcio no includo na maioria das edies da KJV; se
ele tivesse sido publicado e lido cuidadosamente pelos leitores da
KJV, muitos conceitos errados teriam sido evitados. Uma das regras
mais importantes foi que a Bblia dos Bispos devia ser seguida tanto
quan to possvel. Devia-se comparar o traba lho com outras tradues,
especialmente as de Tyndale, Matthew, Coverdale, a Bblia Grande e a
Bblia de Genebra; e, de fato, a traduo de Tyndale e a Bblia de
Genebra foram seguidas mais de perto do que a Bblia dos Bispos, o
que pode considerar-se crdito para os revisores. As velhas palavras
eclesisticas de viam ser conservadas; as notas marginais deviam ser
limitadas a explicaes das palavras hebraicas e gregas; e as divi
ses em captulos e versculos deviam ser alteradas o mnimo possvel da
linha tradicional. Como acontece com muitas outras tra dues, a KJV
teve que enfrentar uma longa luta para conseguir a aceitao po
pular. Por decreto oficial, ela substituiu a Bblia dos Bispos, mas
levou meio sculo para tomar o lugar da Bblia de Genebra, no uso
popular. Houve muitas edies subseqentes da KJV, algumas delas
contendo numerosas modificaes da edio original . De fato, a
primeira impresso foi feita por duas imprensas, e no houve exata
uniformidade entre as duas publicaes. Ento, a edio de 1613 teve bem
mais de 300 alteraes, decorrentes das duas publicaes ini ciais. A
edio-padro da KJV, aquela com que os leitores esto familiarizados
hoje em dia, a edio de 1769, revisada por Benjamin Blayney, de
Oxford. Pou cas modificaes foram feitas desde en to. Os homens
envolvidos com a KJV re presentavam uma ampla variedade de
antecedentes eclesisticos, bem como a mais elevada erudio da poca.
E o fruto de seu trabalho deixou uma in fluncia ampla e duradoura
sobre a lite ratura inglesa e em outros aspectos da vida do mundo
de fala inglesa. No obs tante, a obra que eles realizaram no foi
feita sem limitaes. O texto grego dis ponvel para eles era
essencialmente o texto corrompido de Erasmo, e quela poca no havia
nenhuma edio-padro do Velho Testamento hebraico. Sobretu do, eles
no tinham acesso a importantes verses antigas, como a Velha Latina
e a 38
- 34. Velha Siraca, e as descobertas de papi ros ainda deviam ser
feitas posterior mente. 3. A Bblia Inglesa Desde a Verso do Rei
Tiago (KJV) The English Revised Version. J em 1810, Herbert Marsh
de Cambridge decla rou: provvel que a nossa Verso Auto rizada seja
to fiel como representao das Escrituras originais como podia s-lo
na quela poca. Mas quando considera mos... que as fontes mais
importantes de inteligncia para a interpretao das Es crituras
originais foram semelhantemen te abertas depois daquele perodo, no
podemos pretender que a nossa Verso Autorizada no requeira emendas.
As suas palavras, evidentemente, represen tavam um sentimento
disseminado entre os eruditos bblicos de sua poca. Porm s em 1870 a
Igreja empreendeu uma ao oficial para iniciar a reviso neces sria.
O propsito declarado era revisar a KJV, introduzindo, no texto, o
mnimo possvel de alteraes; mas, no cmputo final, a quantidade de
modificaes foi enorme. Um total de 65 eruditos traba lhou na
reviso. O Novo Testamento foi publicado em maio de 1881; o Velho e
o Novo Testamentos foram publicados juntos em maio de 1885; e a
reviso dos Livros Apcrifos foi completada em 1895. O Novo
Testamento tomou-se imedia tamente um sucesso de vendas. Mas a sua
popularidade teve vida curta, mesmo entre aqueles cujas simpatias
eram as maiores. A razo para esta reao nega tiva foi o estilo do
ingls, ou melhor, a falta de estilo do ingls. Os revisores haviam
sido to fiis ordem de pala vras no grego, que o ingls soava anti-
natural e era, muitas vezes, obscuro. The American Standard
Version. Al guns eruditos americanos foram consul tados durante a
preparao da ERV, mas o Comit Americano no ficou in teiramente
satisfeito com a publicao final. Eles queriam uma eliminao mais
ampla de palavras arcaicas e mais aten o ao uso do ingls americano.
Assim, o Comit Americano decidiu publicar uma edio americana
separada, e esta apa receu em agosto de 1901. Em alguns pontos
houve melhoras sensveis em rela o ERV, mas a ASV foi muito critica
da, por usar Jeov onde os revisores ingleses haviam conservado
Senhor ou Deus. Mais do que isto, a ASV conser va a mesma fraqueza
bsica da ERV: o ingls no natural. De ambas as ver ses tem sido dito
corretamente que elas so fortes em hebraico e grego, mas fracas em
ingls. Algumas das Primeiras Tradues Mo dernas Para o Ingls. Pelo
menos trs fatores contriburam para o aparecimen to de vrias tradues
modernas para o ingls na primeira parte deste sculo. O primeiro foi
a descoberta de importan tes manuscritos bblicos antigos, que ca
pacitaram o tradutor a chegar mais perto do que nunca do texto
original. O segun do foi a descoberta de grande nmero de documentos
no Egito, escritos em papiro, dados escritos miscelneos da poca do
Novo Testamento, indicando que o grego do Novo Testamento era o
grego comum da poca. Terceiro, a cons cincia cada vez mais profunda
de que tradues em linguagem arcaica ou em frases de som estranho
simplesmente no comunicavam adequadamente a mensa gem da Bblia. A
primeira tentativa digna de nota para se fazer uma traduo modema
para o ingls foi The Twentieth Century New Testament, que apareceu
de uma forma experimental por um grupo anni mo de vinte eruditos,
entre 1898 e 1901, e em forma final em 1904. Na Inglaterra, Richard
F. Weymouth, competente eru dito em Novo Testamento, fez uma tra
duo que esperava fosse suplementar as verses padro; ela foi
publicada pos tumamente em 1903. Em 1924, um gru po de trs
estudiosos publicou uma edi- 39
- 35. o revisada de sua obra. Em 1943, foi publicada uma edio
americana. Em 1913, James A. Moffatt, um es cocs que havia-se unido
ao corpo do cente do Seminrio Teolgico Unio, em New York, publicou
a sua traduo do Novo Testamento. Ele trouxe a lume o seu Velho
Testamento em 1924, e a Bblia toda em 1926 e, mais tarde, uma verso
revisada em 1935. O objetivo de Moffatt era apresentar os livros do
Velho e Novo Testamentos em um ingls eficiente e inteligvel e ser
exato e idio mtico . The New Testament, an American
Transiation,