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PRODUÇÃO E PRESERVAÇÃO PROgRAmA ABC JAimE CAfé: “O Tocantins será referência na produção de pescados” Nasce uma nova revista Açafrão tempera economia do norte Goiano Goiás investimento BoAs noticiAs chineses no cerrAdo www.cerradoeditora.com.br A revistA do cerrAdo BrAsiLeiro Ano viii número 41 r$ 9,50 issn 1980 AGropecuáriA com mAior responsABiLidAde AmBientAL, reduzindo desmAtAmentos e, AindA, AumentAndo A produtividAde. são estAs As metAs do proGrAmA AGricuLturA de BAixo cArBono, do Governo FederAL. LucrA o produtor, GAnhA o meio AmBiente. ALiás, este é o temA dA 11ª FeirA de AGrotecnoLoGiA do tocAntins - AGrotins entrevistA estado t erá apenas uma etapa de vacinação contra aftsosa e governo anuncia medidas para amenizar quebra de safra em consequencia do excesso de chuvas e estradas ruins de olho na produção de alimentos eles anunciam investimentos de r$ 16 bi na produção e processamento de soja no oeste da Bahia e em Goiás Acompanha esta edição o projeto-piloto de uma revista voltada para a agricultura familiar: Agrofamiliar, com temas voltados para o pequeno produtor rural

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PRODUÇÃO E PRESERVAÇÃO

PROgRAmA ABC

JAimE CAfé: “O Tocantins será referência na produção de pescados”

Nasce uma nova revistaAçafrão tempera economia do norte Goiano

Goiás investimentoBoAs noticiAs chineses no cerrAdo

www.cerradoeditora.com.br

A revistA do cerrAdo BrAsiLeiro

Ano viiinúmero 41

r$ 9,50issn 1980

AGropecuáriA com mAior responsABiLidAde AmBientAL, reduzindo desmAtAmentos e, AindA, AumentAndo A produtividAde. são estAs As metAs do proGrAmA AGricuLturA de BAixo cArBono, do Governo FederAL. LucrA o produtor, GAnhA o meio AmBiente. ALiás, este é o temA dA 11ª FeirA de AGrotecnoLoGiA do tocAntins - AGrotins

entrevistA

estado terá apenas uma etapa de vacinação contra aftsosa e governo anuncia medidas para amenizar quebra de safra em consequencia do excesso de chuvas e estradas ruins

de olho na produção de alimentos eles anunciam investimentos de r$ 16 bi na produção e processamento de soja no oeste da Bahia e em Goiás

Acompanha esta edição o projeto-piloto de uma revista voltada para a agricultura familiar: Agrofamiliar, com temas voltados para o pequeno produtor rural

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CARTA DO EDITOR

EDIÇÃO 41 - abrIl/maIO DE 2011

nOssO sItE: www.cerradoeditora.com.br

EDItOr GEralAntônio Oliveira RP: 474/[email protected]

FalE cOnOscO:

aDmInIstraÇÃO: [email protected]

PublIcIDaDE:[email protected]

assInaturas:[email protected]

PrOJEtO GrÁFIcO/DIrEtOr DE artEDóda Designhttp://www.dodadiagramador.com.br

Cerrado Rural Agronegócios e Agrofamiliar têm foco jornalístico e circulação voltados para os cerrados da Bahia (região oeste), Maranhão (região de Balsas), estados de Goiás e Tocantins. Nos demais estados, por meio de assinaturas e dirigida.

cerrado rural agronegócios e revista agrofamiliar (encartada nesta edição), são publicações da Cerrado Editora Comunicação e Marketing LtdaSede provisória: Avenida Armando de Godoy, quadra 25, nº 9 – Setor Negrão de Lima – Goiânia-GOCEP.:74.000.000Fones: (62) 3945-1206,(62) 8137-2538 e (63) 8103-7961

* as opiniões aqui emitidas, em artigos ou reportagens, são de inteira responsabilidade de seus autores.

ABRIL/MAIO 2011 | O3

EXPEDIENTE

Antônio

Preservação e chineses nos cerradosBoa parte do Planeta tem suas aten-

ções voltadas para os cerrados bra-sileiros, especialmente os de Goiás, Bahia, Tocantins, Maranhão e Piauí.

Últimas fronteiras agrícolas do mundo, esses cerrados podem – e estão – se constituindo em grandes celeiros da humanidade. Não foi em vão que o Japão, num convênio com o Brasil, investiu, a partir de uns vinte anos atrás, grandes fortunas no Projeto de Desenvolvi-mento dos Cerrados, o Prodecer nos cerrados de Minas, Maranhão, Bahia e Tocantins.

Grupos, produtores individuais e gover-nos de muitos outros países estão sondan-do e comprando terras nestas regiões com o objetivo de produzir grãos, fibras e biomas-sa. A China, por exemplo, por meio de uma estatal e de um grupo privado, anunciou, recentemente, investimentos da ordem de R$ 16 bilhões na produção e industrialização de soja nos cerrados de Goiás e da Bahia, que terá aquele tigre asiático como destino. Na Bahia, com investimentos da ordem de R$ 4 bilhões, será construído um dos maio-res complexos industriais de soja do mundo. Em Goiás, os R$ 12 bilhões serão aplicados em infraestrutura e plantação para exporta-ção in natura, ou seja, sem agregar valor, o que muitos goianos não aceitam, querem

agregar valor ao produto da terra.Enquanto isto, governos federal e es-

taduais e produtores rurais destas regiões desenvolvem programas de recuperação de terras degradadas e de produção ecolo-gicamente correta, como o Programa ABC do Ministério da Agricultura; a rotação de culturas; plantio direito na palha e plantios consorciados. É a conscientização ecológica chegando ao campo, apesar da contestação de ambientalistas.

Em Goiás, o governo anuncia a realização de apenas uma etapa de vacinação contra af-tosa e medidas para amenizar prejuízos que os produtores tiveram com o excesso de chu-vas e estradas ruins.

Cerrado Editora, editora desta revista, lança seu segundo produto voltado para o campo, desta vez para o pequeno produtor. É a revista Agrafamiliar, cuja primeira edição, um projeto-piloto, sai encartado em Cerrado Rural a partir desta edição até atingir sua ma-turidade e caminhar (circular) sozinha.

Estes destaques e muitos outros assuntos o leitor acompanha nesta edição.

Boa leitura para todos e que tirem bom proveito da 11ª Feira de Agrotecnologia do Tocantins, Agrotins, entre os dias 4 e 10 de maio em Palmas, TO.

Consorcio e rotação de cultura: preservação do solo

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18- RiZiCULTURA Embrapa lança mais uma variedade de arroz produzido nas várzeas do Tocantins. A BRS tropical chega a produzir até 8 t por hectare

- AgROTOXiCO Região sul do Maranhão aumenta arrecadação de embalagens vazias de agrotó-xicos e é destaque no ranking nacional

- PiSCiCULTURA Quase em extinção, o filhote, “o bacalhau brasileiro”, pode reaparecer. É o que con-ta, em ensaio, o engenheiro agrônomo, Roberto Sahium

- iNVESTimENTOS Chineses vão investir R$ 4 bilhões no complexo soja no oeste da Bahia e R$ 12 bilhões na produção do grão em Goiás

- ENTREViSTA: Jaime Café, secretário de Agricultura do Tocantins: “Somos vendedores de sonhos”

5 e 6 – Opinião7 – Agrotecnologia8 e 9 –Agronews26 – Agrovitrine27 – Máquinas e Motores

28 – Recreio

29 – Passatempo

30 - Crônica

- CAPA Produtores investem cada vez mais em práticas de recuperação e conservação do solo. Recur-sos do ABC são compensatórios

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AÇAFRÃO TEMPERA ECONOMIA DO NORTE GOIANO

Ano: 0

Número 1

Abril/MAIO de 2011

ESPECIARIA

Cultura cresceu quase 300% nos últimos três anos e tendência é crescer ainda mais

Maria José Sá

(Especial para Agrofamilar)

O município de Mara Rosa, na região norte de Goi-

ás, distante 296 quilômetros da capital, Goiânia, está se

consolidando como um dos principais pólos de cultivo

de açafrão (Crocus sativus) no Brasil. De acordo com a

Cooperativa dos Produtores de Açafrão de Mara Rosa

(Cooperaçafrão), em 2009 a instituição processou 270

toneladas da raiz, um crescimento de quase 300% a

partir de 2007, quando foram beneficiadas 103 tonela-

das. O número de produtores cooperados também cres-

ceu neste período, passando de 32 para 85. Contudo, de

acordo com o presidente da instituição, Arlindo Simão

Vaz, os problemas também aumentaram com o cres-

cimento da produção e do consumo da especiaria. “O

espaço disponível da cooperativa não atende a 30% da

produção, fato que em 2009 ficou claro, quando a chuva

começou cedo e comprometeu toda a produção do ano,

pois não temos espaço suficiente e nem adequado para

a secagem do açafrão.”

O açafrão existe em Mara Rosa, uma cidade com 12

mil habitantes, desde o século XIX, trazido da Índia pelos

bandeirantes que vieram a Goiás em busca de ouro. O

pó, extraído das raízes dessa planta, era, até meados

do século XX, utilizado por eles para demarcar as trilhas,

pois é um vegetal que nunca se acaba: adormece no

inverno e se renova no verão. Mas, com o advento da

rodovia Belém-Brasília (BR-153), no início da década de

1960, as informações sobre a abundância dessa espe-

ciaria na região chegaram ao estado de São Paulo, cha-

mando a atenção de novos plantadores e, desta forma,

fazendo crescer a produção e comercialização.

Ainda conforme a Cooperaçafrão, o comércio da

especiaria não trouxe só felicidade. “Veio também

muita desilusão, causada pela falta de conhecimento

de produção, de mercado e da legislação (específi-

ca) por parte do produtor”, diz Arlindo Simão Vaz. Ele

acrescenta que os atravessadores causaram muitos

prejuízos aos produtores. “Agindo de má fé, alguns

espertalhões, por muito tempo tiraram proveito da

situação. Eles monopolizaram o negócio com os con-

sumidores, pagando um preço abusivo ao agricultor.

Com isso, a atividade foi desestimulada”, afirma.

“Falta de conhecimento da

legislação e atravessadores

trouxeram muitas

decepções”, diz Arlindo

Simão Vaz, presidente da

Cooperaçafrão.

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PARA OS PEQUENOSCerrAdo ediTorA lança um novo produto: reviSTA AgrofAmiliAr, voltada para os pequenos produtores rurais. A primeira edição desta publicação está encartada nesta edição de Cerrado Rural.

NESTA EDiÇÃO:

Com mercado nacional excelente, açafrão garante renda no norte de Goiás

Apicultores tocantinenses terão recursos para melhorar e aumentar a produção ENTRETENimENTO

As curiosidades, medicina natural, humor e simpatias na coluna Almanaque

Capa Fazenda Pecuária, Natividade, TO

fotoAntônio Oliveira

Arte Dóda Design

PRODUÇÃO E PRESERVAÇÃO

PROGRAMA ABC

JAIME CAFÉ: “O Tocantins será referência na produção de pescados”

Nasce uma nova revistaAçafrão tempera economia do norte Goiano

GOIÁS INVESTIMENTOBOAS NOTICIAS CHINESES NO CERRADO

www.cerradoeditora.com.br

A REVISTA DO CERRADO BRASILEIRO

Ano VIIINúmero 41

R$ 9,50ISSN 1980

AGROPECUÁRIA COM MAIOR RESPONSABILIDADE AMBIENTAL, REDUZINDO DESMATAMENTOS E, AINDA, AUMENTANDO A PRODUTIVIDADE. SÃO ESTAS AS METAS DO PROGRAMA AGRICULTURA DE BAIXO CARBONO, DO GOVERNO FEDERAL. LUCRA O PRODUTOR, GANHA O MEIO AMBIENTE. ALIÁS, ESTE É O TEMA DA 11ª FEIRA DE AGROTECNOLOGIA DO TOCANTINS - AGROTINS

ENTREVISTA

Estado terá apenas uma etapa de vacinação contra aftsosa e governo anuncia medidas para amenizar quebra de safra em consequencia do excesso de chuvas e estradas ruins

De olho na produção de alimentos eles anunciam investimentos de R$ 16 bi na produção e processamento de soja no oeste da Bahia e em Goiás

Acompanha esta edição o projeto-piloto de uma revista voltada para a agricultura familiar: Agrofamiliar, com temas voltados para o pequeno produtor rural

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OPINIÃO

MArcelo cArneiro É gerente técnico corporativo da Nutreco Fri-Ribe

confinamentoBoas práticas de manejo ajudam a obter lucro no

As estatísticas preliminares apon-tam redução da intenção de confinamento este ano. Segun-do levantamento da Associa-

ção Nacional dos Confinadores (Assocon), o recuo está próximo de 9% e, de acordo com a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), no estado a queda deve superar 16%. Com isso, o confinamento total no país deverá ficar entre 2 a 2,5 mi-lhões de cabeças, o que representa algo como 6% do abate total, estimado em mais de 42 milhões de cabeças/ano.

Importante esclarecer que a terminação de bovinos de corte em confinamento é uma decisão essencialmente econômica. Aqui não há espaço para experiências ou amadorismo. Os pecuaristas analisam na ponta do lápis os fatores que impactam fortemente nessa mo-dalidade de produção, entre eles o custo do boi magro; a expectativa do preço de venda do boi gordo; e as despesas com a nutrição dos animais durante os 80 a 120 dias.

Os custos de nutrição mantêm-se em equilíbrio este ano. Não há grandes movimentos de alta por conta da grande competitividade no setor. Além disso, as indústrias apresentam todos os anos no-vidades tecnológicas que ajudam a me-lhorar a eficiência produtiva dos bovinos.

Em relação ao boi magro aí sim há grande preocupação dos confinadores, já que o seg-mento de recria apresentou boa valorização

na primeira parte do ano, assim como o negó-cio de cria (bezerros). A relação entre os preços dos bezerros desmamados e da arroba do boi gordo também diminuiu, acendendo o alerta nos projetos de confinamento.

Da mesma forma, nesse início de en-tressafra não se visualiza explosão da co-tação do boi gordo e isso leva à cautela dos invernistas. É o que se verifica a partir da análise dos números apresentados por Assocon e Acrimat.

De qualquer maneira, o confinamen-to é uma prática com extremo potencial de sucesso no país. E vem crescendo ano após ano, atraindo novos pecuaristas. Mas o retorno positivo depende incondicio-nalmente do planejamento. E, para tanto, há alguns itens essenciais, que merecem a atenção dos produtores.

É o caso, por exemplo, da utilização de “Boas Praticas de Manejo” (BPM), o que significa cuidar muito de perto do tripé genética, nutrição e sanidade. Além disso, para lidar com estes pilares faz-se neces-sário o uso de mão-de-obra qualificada

e preparada para lidar com os desafios e tomar as decisões mais acertadas.

Dentre as BPMs, há pontos críticos que devem ser monitorados e seguidos à risca. São eles: a elaboração de uma dieta adequada aos objetivos propostos e aos insumos dispo-níveis, o estoque de insumos, a recepção dos animais, a apartação e formação dos lotes, o manejo sanitário adequado; o número de ani-mais por piquete respeitando de 8 a 10 m2/cab.; a adaptação dos animais a dieta; a leitura de cochos para o monitoramento do consu-mo e ajuste da dieta; a limpeza de cocho para retirada de alimentos fermentados; o horário e a freqüência de trato; a uniformidade do des-carregamento da dieta no cocho; a avaliação das sobras e sua homogeneidade no cocho; o consumo de matéria seca; a condição dos pi-quetes; a limpeza de bebedouros mantendo água de qualidade e à vontade todo tempo; a qualidade da mistura da dieta e o tamanho de partículas ou granulométrica dos insumos utilizados; a condição e o comportamento geral dos animais; a avaliação da presença de distúrbios metabólicos e ruminais; o escore de fezes; e a coleta e o controle de dados.

Complexo? Não para os pecuaristas que encaram profissionalmente a terminação em ciclo curto como uma lucrativa modali-dade de negócios. Eles fizeram muitas con-tas e, apesar de alguns fatores negativos nes-te ano, encheram seus currais e certamente terão resultado econômico positivo.

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Com boas práticas de manejo, o pecuarista confinador pode ter melhores resultados no acabamento final de sua produção

De qualquer maneira, o confinamento é uma prática

com extremo potencial de sucesso no país.

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OPINIÃO

KátiA AbreuSenadora, e presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Artigo transcrito da Folha de São Paulo, edição de 2 de abril de 2011

Os governos não podem tudo

O sucesso do agronegócio brasileiro não foi o resultado da ação do setor público, mas da livre iniciativa, do espírito empreen-dedor de nossos agricultores, que se

moveram para os ermos do Centro-Oeste, correndo riscos desproporcionais e hipotecando na empreita-da o seu próprio destino.

Há 40 anos, essa região era ainda um quase vazio econômico, desprovida de infraestrutura, sem rodovias ou acesso a portos, sem falar na ausência de facilidades urbanas, que fez da vida desses modernos pioneiros e de suas famílias uma saga de grandes privações e padecimentos pessoais.

A história deu certo e a produção se elevou tanto que a escala econômica dos problemas atingiu um nível-limite. O governo não pode mais fingir que o Centro-Oeste não existe. Quando se inicia nova colheita recorde de grãos e de fibras, repete-se o velho drama dos cami-nhões se arrastando por estradas absurdas para, ao final, acabarem retidos em filas intermináveis nos acessos aos portos do Sul e do Sudeste, congestionados e precários, mas os únicos a que os produtores podem recorrer.

A geografia da produção mudou, mas as estruturas logísticas continuam a corresponder ao Brasil de on-tem. Se tomarmos como divisor geográfico o paralelo 15 sul, verificamos que ao norte dessa linha estão loca-lizados 52% da produção nacional de soja e milho. No entanto, apenas 16% do total da produção é escoado pelos portos da região, enquanto os demais 84% são forçados a recorrer aos portos do Sul e do Sudeste.

Além dos inconvenientes desses sistemas logís-ticos, os custos adicionais de transporte capturam parte da renda dos produtores, o que ajuda a expli-car o paradoxo de uma agricultura competitiva nos seus processos de produção, ao lado de agriculto-res empobrecidos.

Estudo recente mostra que o transporte de uma tonelada de soja da fazenda ao porto custa, em média, US$ 20 a um agricultor argentino, US$ 18 a um norte-americano e US$ 78 a um brasileiro.

Nossos agricultores são melhores, mas mais pobres que seus concorrentes, já que não podem repassar seus custos particulares para preços que são fixados nas Bolsas internacionais.

Um desenho logístico racional faria a inversão des-sas rotas. A produção dos territórios acima do paralelo 15 sul pode e deve ser escoada pelos portos do Norte e do Nordeste, num sistema que chamamos Arco Norte, que consiste em rodovias, hidrovias, ferrovias e portos que demandam investimentos absolutamente compatíveis com os recursos do governo brasileiro. Muitas dessas estruturas já existem, precisando apenas de obras de ampliação e melhoramento. Outras po-dem ser concedidas à iniciativa privada.

Os governos não podem tudo. Principalmente, não podem tudo ao mesmo tempo. Por isso, são medidos

na história pela qualidade das escolhas que fazem.

Neste momento em que, como bem expres-sou um editorial da Folha, a infraestrutura do país segue rumo ao colapso, o governo deve à sociedade uma explicação cabal e convincente sobre a razão

de promover com dinheiro e facilidades públicas um trem de alta velocidade entre o Rio e São Paulo, ao custo de mais de R$ 33 bilhões. Será que a economia não tem outros problemas e outras prioridades?

Com metade desse dinheiro, poderíamos ampliar e modernizar os portos de Porto Velho, Santarém, Belém e Itaqui, no Norte, e de Pecém, Suape e Salvador, no Nordeste. Sobraria ainda dinheiro para adequar as rodovias que alimentarão essas rotas, como a Cuiabá-Santarém, e concluir as hidrovias do Madeira e do Tocantins.

Para tudo isso serão necessários cerca de R$ 14 bi-lhões, menos da metade do trem-bala e com um efeito extraordinário sobre a produção, a renda dos agriculto-res e a diversificação territorial da economia, sem falar no alívio que representará para as estruturas logísticas do Sul e do Sudeste.

Numa sociedade democrática, os governantes não podem ter caprichos. Os recursos do Estado perten-cem à sociedade e a ela devem reverter.

“Com metade do dinheiro do trem-bala, poderíamos ampliar portos do Nordeste

e do Norte, com sobras”

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AgROTECNOLOgIA

sOjA

HOMENAgEM A jORgE AMADOA Fundação Bahia, com sede no oeste da Bahia, e Embrapa Cerrados

disponibilizam, a partir da safra 2011/12, duas novas variedades de soja adaptadas ao bioma daquela região: BRS 313, BRS 314 e BRS 315, mas que, numa homenagem ao escritor baiano, Jorge Amado, terão nomes de três de suas mais famosas personagens: respectivamente, Tieta, Gabriela e Lívia.

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ABCZ REgIsTRA CóPIA DE BRAHMAN CEREs LANçA

NOvOs PRODuTOs

Embrapa e Emater do Rio Grande do Sul desenvolveram um secador de leito fixo que utiliza um coletor solar ar-mazenador de energia como fonte de aquecimento do ar. De fácil operação e baixo cus-to, o sistema, de acordo com Paulo Armando de Oliveira, pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, utiliza a luz solar para fazer a secagem dos grãos a baixa tempera-tura, evitando a quebra da camada protetora dos grãos. O resultado é a garantia da qualidade das rações, produ-zidas a partir desses grãos, especialmente nos aspectos químicos e físicos.

Uma pesquisa desenvolvida pelo pesquisador e professor da UFT , campus de Guurpi, no sul do Estado, Renato de Almeida Sarmento, em conjunto com pes-quisadores da UFV (MG) e Uni-versty of Amsterdan revelou que

o ácaro vermelho Tetranychus evansi é capaz de desarmar todo o sistema de defesa das plantas, como os inibidores de proteinase em plantas como tomate. Para o professor, “essa descoberta representa uma nova perspec-

tiva para as pesquisas sobre as interações planta-herbiívoro, proteção de plantas e resistência a espécies nocivas”. Mais informa-ções acesse: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1461-0248.2010.01575.x/abstract

O registro do primeiro clone da raça Brahman nascido no Brasil será feito durante a realização da 77ª ExpoZebu, entre os dias 28 deste mês a 10 de maio em Uberaba (MG). O fato ocorre justamente quando a raça completa 17 anos de introdução no país. O clone foi produzido com material genético de uma grande campeã da ExpoZebu, a Miss Atina 761 R55, de propriedade do criador João Alfredo Ribeiro Neto, do Rancho 55. O registro será feito pela Associa-ção Brasileira de Criadores de Zebu.

A Ceres Agrotecnologia lançou, neste início de ano, a sua Linha Ostera de equipa-mentos nacionais para agri-cultura de precisão. São eles, o Ostera FPI – Controlador de Fertilização a Taxas Variá-veis com Monitor Dirigital de Plantio Integrado; Ostera MDP - Monitor Digital de Plantio e

o Ostera TVF – Controlador de Fertilização a Taxas Variáveis. Esses produtos são resultados de mais de dois anos de pes-quisa e, de acordo com a em-presa, são os primeiros de uma série de soluções eletrônicas desenvolvidas para contribuir com o sucesso e a sustentabili-dade do mercado nacional.

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AgRONEws

CONfINAMENTO

OTIMIsMO

EXPORTAçõEsALgODÃO

fOMENTO

NOvA APTIDÃO DO OEsTE BAIANO

REAL NÃO PREOCuPA EXPOsTOREs

AgRONEgóCIO BATE NOvO RECORD

NA MIRA DOs CHINEsEs

BAsA TEM R$ 1 BI PARA O TO

A região de Luis Eduardo Magalhães, terras altas, do oeste da Bahia, dá mais um passo para consolidar seu processo de diversificação de culturas rurais. A empresa Captar está construindo por lá um dos maiores projetos de confinamento do Brasil. Numa área de 200 hectares, o complexo contará com uma fábrica de adubo orgânico, outra

de ração e instalações para o confinamento inicial de 12,5 mil bois, podendo chegar a 25 mil até o final deste ano; 50 mil em 2012 e 70 mil em 2013. Empresa não revelou quanto está investindo no projeto, que gerará, inicialmente, 100 empregos di-retos. O secretário de Agricultura do Bahia, a direita na foto, com os empreendedores, visitou a obra.

Real valorizado não será problema nas negociações durante a Bahia Farm Show, de Luis Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia. Empresário do ramo de mineração na região e um dos expositores, Sergio Pedreira Souza aposta no sucesso financeiro da feira. “Sem sombra de dúvida é uma das maiores feiras realizadas na Bahia e no Brasil, e tem o padrão de grandes feiras internacionais”, disse ele. Outros motivos de otimismo com a mostra agrotecnológica são, de acordo com organizadores e expositores, a boa sagra e os

bons preços internacionais da comoodities. A Bahia Farm Show acontece entre os dias 31 de maio a 4 de junho.

Depois do anúncio que um grupo chinês vai investir R$ 4 bilhões na cons-trução de um complexo de produção de derivados da soja, em Barreiras, no oeste da Bahia, a expectativa agora é que os chi-neses invistam numa agroindústria voltada para o algodão naquela região. Contato neste sentido foi feito no mês passado, na China, pelo secretário de Agricultura deste Estado, Eduardo Salles, com os empresá-rios da indústria Hopefull Group Grain Oil Food. Shi Kerong, presidente do grupo fi-cou de estudar esta possibilidade. O oeste da Bahia é o segundo maior produtor de algodão no Brasil.

O Brasil alcançou novo recorde nas exportações do agronegócio ao atingir US$ 79,8 bilhões, com crescimento de 19,7%, nos últimos 12 meses encerrados em março. Em maio, o pais deve superar os US$ 80 bilhões em exportação, um número inédito na

história do comércio exterior do agronegócio brasileiro. Consequentemente, o superávit comercial também aumentou, chegando a US$ 65,5 bilhões, de abril de 2010 a maço de 2011. Os dados foram divulgados no dia 13 de abril pelo Ministério da Agricultura.

O presidente do Banco da Amazônia, um dos principais fomentadores do desenvolvi-mento agroeconômico do Nordeste do Brasil, Abdias José de Sousa Júnior, anunciou, no mês passado, ao governador do Tocantins, Siqueira Campos, que a instituição tem R$ 650 milhões para emprestar aos empreendedores no Estado, podendo este valor crescer para R$ 1 bilhão. Ele lembrou o crescimento desses va-lores disponíveis: em 2007 o banco investiu R$ 150 milhões e, no ano passado, R$ 780 milhões. O Tocantins, segundo ele, é a segunda maior carteira do Banco.

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ALgODÃO

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PEquENOs EsTARÃO PREsENTEs

NOvAs EMPREsAs

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LAgOs PARA PIsCICuLTuRA

Mais de 1.200 pequenos produtores de todo o Tocantins devem participar das atividades do Agrotins 2011. Eles estão sendo convidados e mobilizados pelo governo daquele Estado, por meio da Diretoria de Fomento e Fortalecimento ao Coo-perativismo e do Associativismo Rural, da Secretaria de Agricultura doe Tocantins. O objetivo é dar opor-tunidade para que a agricultura familiar conheça novas tecnologias disponíveis para agropecuária e participarem das palestras e oficinas técnicas.

A Agrotins 2011 terá mais 14 novas empresas expondo seus produtos. A Rodosul, empresa do setor de cargas, por exemplo, é a primeira vez que participa desta que é a maior feira agrotecnológi-ca do Norte do Brasil. De acordo com um de seus

diretores, Paulo Marques, “a feira é uma oportuni-dade de explorar as oportunidades comerciais do Estado. Fizemos uma pesquisa aqui no Tocantins e verificados que o maior evento para encontrar nossos clientes é a Agrotins”, disse ele.

Produtores rurais do Tocantins podem ter mais uma opção de renda: a plantação de amendoim para a produção de biodiesel. Projeto neste sentido está sendo discutido entre a Subsecretaria de Energias Limpas, da Seagro-TO, empresa BioVerde e agricultores familiares de Santa Rosa e Silvanópo-lis, na região central do Estado. Os investimentos previstos para esta iniciativa devem ser de R$ 30 milhões para custeio e assistência técnica das safras. O rendimento de cada família de agricultores com cada safra da oleaginosa, pode chegar R$ 1 mil.

Foi dado mais um passo para a consolida-ção do Projeto Piratins, no Tocantins. O projeto visa a criação de peixes, principalmente em tanques-rede nos lagos das usinas Luis Eduardo Magalhães, Enerpeixe e São Salvador. Reunião com este foco foi realizada no dia 12 março entre representantes da Seagro-TO, por meio de sua Subsecretaria de Aqüicultura e Pesca, prefeitos e piscicultores do entorno desses lagos. Na oportunidade foram apresentadas ações para a elaboração do projeto, como licenciamento ambiental, definição de áreas aquicolas e o peixe na alimentação de alunos da rede pública de educação.

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ENTREvIsTA

“Somos vendedores de sonhos”Com a agricultura nos seus melhores momentos, porém enfrentando obstáculos, Secretaria tem orçamento muito aquém de suas necessidades

Uma das regiões de novas fronteiras agrí-colas de cerrado mais promissora das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, o Tocantins tem aproximadamente 30

milhões de hectares de área para serem explora-das, sem risco para o meio ambiente. Entretanto, apenas 7 milhões estão em produção. O Estado caminha para ser um dos maiores produtores de grãos, biomassa e frutas no Brasil. Um moderno sistema multimodal está sendo construído para o escoamento da produção, demandando-a para os demais mercados nacionais e internacionais.

Mas nem tudo é este paraíso. Há muitos de-safios a serem enfrentados, como a recuperação e exploração de 5 milhões de áreas degradadas por pastos; reorganizar e viabilizar os projetos de irrigação; introdução de pesquisas para propor-cionar a diversificação de culturas e por em prá-

tica uma da maiores e mais importantes vocação do Estado: a pesca e aquicultura.

Dar sequência a boa gestão de seus anteces-sores na Pasta, enfrentar estes desafios e consoli-dar o Tocantins como um Estado de agronegócio forte ficou, no atual governo tocantinense, a cargo do produtor rural Jaime Café, 37 anos. Natural de Planalto (PR) e morando no Tocantins desde 1986 lidando com a produção rural em várzeas, Café, como é chamado, foi presidente do Sindicato Rural e da Associação dos Produtores do Vale do Rio Formoso e Lagoa da Confusão, cidade esta da qual foi vice-prefeito e prefeito por dois mandatos.

Para falar de suas metas para a agropecuária e o agronegócio no Tocantins, ele recebeu Cerrado Rural Agronegócio em seu gabinete no início da segunda quinzena de março.

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Cerrado rural – Qual é a sua plataforma para o desenvolvimento do agronegócio e da agricultura familiar no Tocantins?

Jaime Café – O agronegócio no Tocantins está vivendo um momento bastante promissor com o fortalecimento de sua infraestrutura como, por exemplo, a construção da Ferrovia Norte-Sul. Atualmente, o custo de transporte para levar os insumos agrícolas até a lavoura e depois escoar a produção é muito alto. E o modal ferrovia vai reduzir muito esses custos. O Tocantins tem hoje aproximadamente 30 milhões de hectares dis-poníveis para a produção. Entretanto, nós temos em exploração uma área de apenas 7 milhões de hectares. Então, veja você que o potencial de crescimento que nós temos é muito grande e também exige as devidas providências por parte do governo. Uma ação imediata seria com rela-ção às pastagens degradadas, hoje em torno de 5,5 milhões de hectares...

Cr – Qual é o orçamento que a sua Pasta dispõe para este ano?

Café – O nosso orçamento para este ano é bastante resumido. Nossa LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para este ano foi elaborada pelo governo passado e não contempla todas as necessidades do setor, posso te dizer. Mas, bus-cando as parcerias e contando com uma equipe competente que possa identificar o trabalho que deve ser feito da porteira para dentro e para fora, atendendo às necessidades do produtor, que são as nossas interferências e parcerias jun-to às instituições de pesquisas e, também, na busca de novos investimentos para o Estado, a gente tem, sim, como dá dinamicidade ao nos-so trabalho. O Tocantins tem alguns gargalos – tinha, eu posso dizer, porque a partir deste go-verno isso vai acabar. O nosso grande problema ainda é relacionado com a questão fundiária, onde se tem a necessidade de regularização de áreas para que ela possa receber recursos. Em gestões passadas, havia a burocracia na maneira como era tratada a questão ambiental, quando se criava dificuldades para produzir e facilidades para apadrinhados. A pretensão do atual Gover-no é criar um novo modelo para que ela possa ser vencida e esse modelo já está acontecendo. Então, o grande gargalo que nós tínhamos está sendo superado ai. O nosso trabalho é o de bus-car políticas de crédito, voltado para o interes-se tocantinense, na busca de alternativas para resolver o problema das áreas degredadas do Estado, que são muitas. E, também, política de crédito voltada para aquelas ações que o go-verno pretende incrementar aqui no Estado nas mais diversas culturas que a gente identificou e que tem um grande potencial aqui no Estado. A implementação de novos projetos de irrigação e a operacionalização dos que estão parados...

Cr – de quanto é este orçamento e de quanto a Pasta precisaria?

Café – São pouco mais de R$ 118 milhões para a Secretaria; R$ 49 milhões para a Adapec (agência de agrodefesa do Estado) e R$ 50 mi-lhões para Ruraltins (extensão rural) – institui-ções vinculadas a esta Pasta. Claro que preci-saria de mais. A gente sabe da necessidade de aumentar os nossos quadros para fazer, por exemplo, uma ação de defesa e extensão rural com mais eficácia.

Cr- o senhor falou sobre áreas de-gradadas no Tocantins, que são de 5,5 milhões de hectares. Pois bem: enquan-to se fala em redução da área de reserva florestal nas propriedades, o estado tem esses 5,5 milhões de áreas degradas para a produção, depois de sua correção, é claro. Qual é a sua sugestão para ocupar essas áreas, reduzir o desmatamento e aumentar a produção?

Café – Nós, no próximo dia 26 de março, te-remos um dia de campo numa propriedade rural do município de Arapoema, onde o tema prin-cipal vai ser a recuperação de áreas degradadas (veja matéria nesta edição), E nós vamos levar e discutir as mais diversas alternativas para que a gente possa alcançar esse objetivo. Entre elas, estão a integração lavoura-pecuária e a integra-ção pecuária-floresta, que podem ser uma das alternativas para fazer com que o produtor possa absorver este custo da reforma da pastagem.

Cr- o atual governo implantou aqui na Secretaria dois novos departamentos, ou seja, as subsecretarias de Aquicultura e Pesca e energias renováveis. Qual é a im-portância destes órgãos para o desenvolvi-mento do agronegócio no Tocantins?

Café – Na verdade, são três subsecretarias. Foi implantada também a Subsecretaria de As-sentamentos, que está voltada para a agricultura familiar. Ela tem o objetivo de desenvolver políti-cas voltadas para as pequenas propriedades e em especial trabalhar de forma integrada, levando os serviços de governo com mais eficácia ao peque-no produtor. Serão serviços de saúde, educação, segurança e, em especial, as oportunidades de produção e de mercado, dando a essas famílias que vivem nas pequenas comunidades rurais alternativas para que elas possam ter um ganho melhor. A Subsecretaria de Energias Renováveis engloba muitas atividades, mais especialmente a agroenergia - produção de etanol e biodiesel. Esta Subsecretaria abrange também outros tipos de trabalho, como o voltado para a agropecuária de baixo carbono. É uma atividade que tem sido mui-to focada nos últimos meses. A Aquicultura e Pes-ca, surgiu não só com o intuito de apoiar o setor pesqueiro no Estado, mas também difundir novas práticas da produção de peixes. O cultivo de pei-xe em cativeiro é visto no Tocantins como de um potencial muito promissor, com uma tecnologia já em aplicação e há de se citar também a importân-cia de alguns produtores daqui, a exemplo do José Eduardo, do Projeto Tamborá (veja reportagem es-pecial sobre este projeto na edição de março de 2007 “Peixes amazônicos vão bem no Tocantins”). É um dos maiores projetos do Brasil. Para completar, recentemente o Tocantins foi agraciado com a im-plantação da Embrapa Aqüicultura e Pesca...

Cr- Qual é a importância desta unidade da embrapa e sua parceria com o estado?

Café – O momento mostra que ela veio de encontro com uma das principais políticas deste governo. O governador Siqueira Campos tem uma visão de que, no Brasil, quando se fala em queijo e leite, se lembra de Minas Gerais; quando se fala em boi gordo, se lembra de Mato Grosso do Sul; Laran-ja, São Paulo, e assim por diante. Agora, no projeto dele, quando se falar em peixe, o Tocantins será referência. E, após a instalação e funcionamento deste centro aqui, todo o Brasil, quando precisar deste tipo de tecnologia, vai ter que vir a Palmas, ao Tocantins, para buscar essas tecnologias que vão ser criadas aqui. O Tocantins entra com uma infraestrutura muito boa que foi cedida à Embra-pa. Há de se lembrar que essa estrutura ainda foi construída por Siqueira Campos, ainda no segun-do mandato dele, o que permitiu que a Embrapa se instalasse aqui. Esta é uma visão de longa data e que hoje acabou se tornando numa realidade.

O Tocantins tem hoje aproximadamente 30 milhões de hectares disponíveis para a produção. Entretanto, nós temos em exploração uma

área de apenas 7 milhões de hectares.

Já há experiências com café nos cerrados do tocantins"

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Na safra 2002/03, numa iniciativa ousada e pioneira, nós fomos a campo e mostramos, em nossa primeira edição, que o Tocantins, com pouco menos de 200 mil hectares plantados com soja, seria um dos grandes produtores deste grão no Brasil. Hoje, ele já é o maior de todo o Norte brasileiro.

Em 2007, mostramos que nós, não estávamos equivocados e com excesso de otimismo. O Tocantins, desde aquele ano, produz peixes de boa qualidade e os exporta para vários estados do Brasil e ainda ganhou uma unidade de pesquisa da Embrapa voltada para estas culturas.

Dois meses depois, naquele mesmo ano, nós mostramos que a aquicultura e a piscicultura no Tocantins tinham muito futuro, inclusive para a criação de peixes nobres, como o pirarucu em cativeiro. Muita gente achou loucura nossa e dos empreendedores desta cultura.

Não ficamos só no Tocantins. Extrapolamos fronteiras, integrando os cerrados da Bahia, mostrando suas culturas, como o café; o Maranhão, como pólo produtor de grãos e sementes, e Goiás que, além de grãos e biomassa, está se revelando em ótimo produtor de uvas e vinhos.

A revistA do cerrAdo BrAsiLeiro

DE CERRADO PRODUTiVO, A gENTE ENTENDE. E Vê LONgE!

Dá para vê que a nossa vocação é o Cerrado do Centro,

Norte e Nordeste do Brasil!

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Cr – o senhor falou em energia renová-vel. e eu lembrei que no boon da indústria sucroalcooleira, várias plantas foram proje-tadas pela iniciativa privada de todo o Brasil para o Tocantins. entretanto, poucas saíram do papel. Uma das únicas que se concretiza-ram foi o projeto da Bunge, em Pedro Afonso. Qual será sua estratégia para atrair aqueles e novos investidores para o Tocantins?

Café – Nós já fizemos vários contatos com algumas empresas com interesse em fazer esses investimentos aqui no Estado. O grande proble-ma nosso, entretanto, era aquela visão de que no Tocantins não dá cana. Sempre se teve essa visão de que cana no Tocantins é inviável devido ao longo período de seca que nós temos aqui a par-tir do mês de maio até o final de setembro, o que poderia inviabilizar o empreendimento, uma vez que, acreditava-se que a irrigação de salvamento por aqui também fosse inviável. E este processo foi feito com sucesso pela Bunge aqui no Estado, que, inclusive já nos transferiu essa tecnologia, tanto de práticas culturais, como de variedades com uma adaptação melhor aqui no Estado...

Cr- Hoje o Tocantins já conta com va-riedades de cana adaptadas às condições edafoclimáticas do estado?

Café- Hoje nós temos uma tecnologia ade-quada e competitiva demandando para bons mercados que é o sul do Piauí, do Maranhão, do Pará, mesmo aqui do Tocantins, além das facili-dades para exportação, via ferrovia para os mer-cados internacionais. Então, o Tocantins é atrati-vo, muita gente tem o procurado para comprar terras, que ainda são baratas e nós temos a opção da irrigação de salvamento em algumas áreas. E a ampliação das áreas de plantio está acontecendo de maneira bem rápida.

Cr – Secretário, para implantar novas culturas no estado, como a cana-de-açú-car, o algodão e outras culturas, é preciso que haja pesquisas para o desenvolvi-mento e/ou melhoramento de variedades adaptáveis às condições regionais. dias desses, esta Pasta comemorava o aumen-to de área e produtividade do algodão em algumas regiões do estado, hoje com pouco mais de 4 mil hectares, plantados principalmente no platô da Serra ge-ral, no vácuo desta cultura no oeste da Bahia, hoje o segundo maior produtor desta pluma no Brasil. esta área poderia ser bem maior se o estado contasse com variedades adaptadas às suas condições edafoclimáticas. Campos lindos, por exemplo, há mais ou menos 5 anos, ini-ciou, por meio de um grupo tradicional do sul de goiás, com negócios rurais no

Tocantins, uma plantação em larga esca-la, inclusive montando moderna algodo-eira no local. Porém, duas safras depois aqueles produtores desistiram da cultura por falta de variedades adequadas àque-la região, de muita chuva. ou seja, faltam pesquisas no estado. Qual será o papel de sua gestão para resolver este tipo de gargalo que emperra o crescimento e a diversificação de culturas agropecuárias no estado?

Café – Já existe um trabalho por parte da UnitinsAgro (Instituição de pesquisa do governo do Tocantins, ligada a Fundação Universidade do Tocantins) de melhoramento genético da cana. E nós, recentemente, fizemos uma parceria com a Embrapa visando o desenvolvimento e a busca de novas tecnologias para o algodão, principalmente para esta região aqui em cima (Serra do Lajeado) de Aparecida do Rio Negro, onde está sendo im-plantada uma unidade experimental da Embrapa, voltada para o algodão. Hoje, para a cana, nosso principal desafio, já temos um acordo feito entre o Governo do Estado e a Bungue para a transferên-cia de tecnologia. Nós temos condições competi-tivas muito boas para este setor.

Cr – o governo que antecedeu ao atual inverteu a ordem nos projetos de irrigação no estado, ou seja, colocando-os, não só sua construção, mas, e o mais grave, sua gestão, sob a responsabilidade da Secretaria de re-cursos Hídricos e meio Ambiente, quando o certo seria que esta gestão fosse feita pela Secretaria de Agricultura. outro problema é que esses projetos, um deles, um mega proje-

to, que é o manuel Alves, no sudeste do esta-do, estão praticamente parados. este último tem potencial para transformar aquela mi-crorregião, numa das regiões agrícolas mais ricas do Tocantins. Qual é sua proposta para reverter estas situações?

Café – Esta discussão tem sido bastante enfati-zada por este governo, uma vez que nós precisamos integrar todos os órgãos que tenham a ver com a produção para que possamos viabilizar todos es-ses projetos. Você citou muito bem uma falha que acontecia na gestão governamental passada, onde a Secretaria de Recursos Hídricos e Meio Ambiente, que teve papel fundamental nesses projetos, se en-carregou de tudo. A avaliação e o monitoramento da questão ambiental desses projetos precisam ser vistos com bastante seriedade para que a gente não cometa erros, este sim é um papel importante daquela Secretaria. Hoje, a nossa proposta, e que já foi discutida, é a criação de um conselho gestor, que busca, na transversalidade, qual é a competên-cia de quem na gestão desses projetos. No nosso entender, a nossa competência é a de identificar o potencial das áreas para irrigação; quem é aliado na questão fundiária; as questões ambientais e a aptidão do solo do perímetro da produção, etc. A Secretaria da Agricultura tem o papel de identificar essas áreas viabilizando-as. A secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, por sua vez, vai dizer se elas podem ou não ser exploradas sob o ponto de vista ambiental. A Secretaria de Infraestrutura, que também deverá entrar nesse processo, é que terá a incumbência em construir e acompanhar o projeto de construção das barragens. A organi-zação do perímetro, como um todo e a definição de políticas de produção partirá da Secretaria da Agricultura novamente. E nós temos que construir um projeto que possa agregar valor. E ai entra outra secretaria, a de Indústria e Comércio, fomentando a entrada de empreendimentos que venham a agre-gar valor aos produtos dos projetos. Então, esses projetos não são só da Secretaria da Agricultura e muito menos da Secretaria de Recursos Hídricos e Meio Ambiente. A obrigação com a execução des-ses projetos é um conjunto. Mas eu entendo que se existia, digamos assim, uma confusão em relação às competências dentro dos projetos de irrigação, eu entendo que a Secretaria de Meio Ambiente co-meça atuar, desde a concepção até infinitamente no projeto, mas na sua competência. Você há de convir comigo que é antagônico uma fusão de re-cursos hídricos com o meio ambiente. Este último tem o papel de fiscalizar e monitorar sob o ponto de vista ambiental e não a construção do projeto de irrigação. Nós vamos trabalhar para fazer com que os projetos que estão paralisados hoje, por um problema ou outro, para que tenha continuidade.

E nós, recentemente, fizemos uma parceria com a Embrapa visando o desenvolvimento e a busca de

novas tecnologias para o algodão, principalmente para esta região

aqui em cima (Serra do Lajeado) de Aparecida do Rio Negro, onde está

sendo implantada uma unidade experimental da Embrapa, voltada

para o algodão.

“A Aquicultura e Pesca, surgiu não só com o intuito de apoiar o setor pesqueiro no Estado, mas também difundir novas práticas da produção de peixes”

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Cr- outro problema neste setor é o Projeto de irrigação rio formoso. estru-tura emperrada e nas mãos de poucos. o que fazer para melhorar e democratizar o Projeto?

Café – O modelo do Projeto Rio Formoso segue um projeto público tendo algumas con-cepções na fundação deles que não foram as mais adequadas. Agora, o que fazer? Potencia-lizá-lo na maneira que atinja sua plenitude. O projeto terá um investimento de mais de R$ 100 milhões, num primeiro momento, para a sua reestruturação. Isto vai garantir a melhoria das condições para que ele volte a produzir 100%. E não só este, como os outros projetos que serão construídos, nós buscaremos a parceria públi-co-privado. O governo entra com o barramento, a reserva hídrica e o produtor com, a estrutura.

Cr – Não foi um equívoco, no Projeto manuel Alves, priorizar a agricultura fami-liar, em detrimento da agricultura empre-sarial, que poderia passar sua experiência para a agricultura familiar? Pelo o que sei, colocaram esta à frente daquela.

Café – Eu acho que não. Lá tem também a agricultura empresarial. Eu vejo o seguinte: o que é que tem que acontecer. O que tem que acontecer lá é a presença da extensão rural. O grande erro foi o governo fazer um investimento grande daquele e, depois, sair de dentro, não dando continuidade como, por exemplo, por meio da extensão rural.

Cr- o governo do Tocantins tem comemo-rado muito os recordes na produção e produ-tividade de grãos no estado e sua exportação, como se o objetivo final do produto fosse à ex-portação in natura. Quando é que vai come-morar a agregação de valor a esses produtos, por meio de uma agroindústria?

Café – Quando tivermos produção que atenda a demanda das agroindústrias que são investimentos pesados. No caso da soja, por exemplo, é preciso ter demanda para todo o pro-cesso agroindustrial: da extração do óleo, pas-sando pelo refino, envasamento; da extração do farelo a confecção das tortas e assim por diante. Temos que trabalhar para aumentar a produção e a produtividade desses produtos para que pos-sam atender às agroindústrias. Ninguém investe numa planta agroindustrial para ela ficar ociosa.

Cr- está se desenvolvendo no Tocan-tins um sistema de logística multimodal, ligando o estado as demais regiões do Bra-sil e, via de regra, aos mercados interna-cionais. É a ferrovia Norte-Sul, hidrovias e rodovias. o que isto significa para o futuro do agronegócio no estado?

Café – Uma atração muito forte de empre-endedores e empreendimentos que vão agre-gar valor aos nossos produtos, principalmente os de origem rural. Veja você: com uma logística desta, com o Estado oferecendo, hoje, tecnolo-gias de ponta para a produção de soja, de car-ne, entre outros, principalmente agora em que temos preços melhores para alguns produtos e o Estado só crescendo. Veja bem que somos procurados, todos os dias, por empreendedores e investidores voltados para as diversas áreas de produção – rural, industrial, comercial e de serviços -, e com esta infraestrutura que está se colocando à nossa disposição, dando-nos uma condição de logística que até então, não tínha-mos, que era tido como nosso principal proble-ma, esse sistema de multimodal, puxado pela ferrovia, vem num momento crucial, quando o mundo fala em aumentar a produção de ali-mentos, sob pena de o planeta passar por con-flitos por falta de alimentos. Então, o Tocantins tem o privilégio imenso com esta logística.

Cr- A Agrotins tem como tema neste ano a “Agropecuária de baixo carbono”, a chamada agricultura ABC. o que a Secreta-ria e o governo do estado, promotores do evento, esperam com isto? o estado já pra-tica este tipo de cuidado com a produção?

Café – A gente está indo ao encontro de um novo momento que o mundo pede, ou seja, que o setor produtivo agrícola tenha maior responsa-bilidade, no que diz respeito à emissão de gases poluentes. Um tema muito abordado nesta última conferência que teve em Copenhague e o Tocan-tins se colocou a frente, levantando este tema que é a agropecuária de baixo carbono, assumindo a responsabilidade de transferir e difundir práticas que venham ao encontro com esta necessida-de do planeta. Práticas como o plantio direto na palha, o que elimina algumas fases da produção,

como uso de mais hora/máquinas, arado, etc.; a rotação de culturas que propicia melhores condi-ções ao solo; a integração lavoura/pecuária/flores-ta e tantas outras alternativas que, durante o even-to, nós vamos expor aos nossos produtores que, de certa forma, já têm esta consciência – a gente pode afirmar isto. Mas, o papel do Estado e desta feira tecnológica é de levar estas tecnologias. Vale ressaltar que o governo federal, também com esta mesma preocupação, lançou uma linha de crédito com juros diferenciados para o produtor no senti-do de viabilizar essas práticas, como aquisição de equipamentos específicos à agropecuária de bai-xo carbono e a recuperação de pastagens.

Cr – Qual a expectativa que o senhor tem desta feira, no diz respeito ao tripé: difusão de tecnologias, público e comercia-lização?

Café – O momento é de bons preços na ar-rouba do boi, que é a cultura de maior extensão no Estado; de bons preços na soja; de excelente produtividade nos projetos de arroz irrigado. O algodão está entrando agora no estado e é muito promissor; novas culturas estão chegando, como a cana-de-açúcar, o amendoim e tantas outras culturas e produtores com vontade de investir. Durante a feira, nós teremos linhas de crédito es-peciais; parceiros oferecendo novas tecnologias em forma de máquinas agrícolas, veículos e cul-tivares novas ou melhoradas. Enfim, esperamos superar a feira do ano passado em difusão de tecnologias, público e comercialização.

Cr – Secretário Jaime Café, para des-contrair e finalizar esta entrevista: hoje a Seagro tem Café na sua gestão, tem cafe-zinho para as visitas e quando o cerrado tocantinense, a exemplo dos cerrados da Bahia e de minas gerais vai ter café?

Café – (Risos) O meu xará será sempre bem vindo ao Tocantins. Já existem alguns estudos para a introdução desta cultura nos cerrados do Tocantins. O que nós fazemos, Antônio, é ven-der sonhos. Você sabe que o grande papel da Secretaria da Agricultura é vender sonhos. E o café é um dos nossos alvos e já temos alguns índices que mostram que algumas variedades se adaptaram bem ao Tocantins. O que a gente precisa é que alguns produtores que tenham know how, que tenham vontade de produzir que procurem a Secretaria de Agricultura, os órgãos de pesquisas. Eu não tenho dúvida que o café é um dos produtos com condições de alcançar um ambiente favorável no Tocantins e um mercado muito vasto na região Norte do país que tem o Tocantins como uma grande oportunidade. Vamos começar uma cultura que tem tudo a ver comigo....(risos).

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“Uma ação imediata seria com relação às pastagens degradadas, hoje em torno de 5,5 milhões de hectares”

A secretaria do meio Ambiente e Recursos Hídricos, por sua vez, vai dizer se elas podem ou não ser exploradas sob o

ponto de vista ambiental.

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AfTOsA

goiás terá apenas uma etapa de vacinaçãoMedida foi anunciada pelo governador Marconi Perillo atende a uma antiga reivindicação dos pecuaristas

antônio Oliveira Com informações da Faeg

Dos 20,5 milhões de cabeças de gados que integram o plantel goiano, pelo menos 9 milhões deixarão de ser vacinados na segunda etapa das campanhas anuais que ocorrem no mês de novembro. São os

animais com mais de 2 anos de idade. O anúncio desta medi-da foi feito pelo governador de Goiás, Marconi Perillo, durante o 1º Congresso Sindical Rural promovido pelo Sistema Faeg (Federação da Agricultura do Estado de Goiás) e Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), no dia 24 de março.

Com isso, Perillo atende a uma antiga solicitação da Faeg e da Agência Goiana de Defesa Sanitária (Agrodefesa) ao Minis-tério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

A primeira etapa da campanha de vacinação contra a Aftosa começa neste mês de maio, ao custo de R$ 1,50 por cada vacina, totalizando mais de R$ 30 milhões em duas etapas da campanha. Com apenas uma, portanto, a economia será de 50% deste valor.

Para o presidente da Agrodefesa, pecuarista Antenor No-gueira, essa iniciativa do governo de Goiás é o primeiro passo para transformar Goiás em zona livre de Aftosa sem vacinação. “É parte audacioso e importante no contexto da política goia-na de sanidade agropecuária”, frisou.

A meta, de acordo com a Agrodefesa, é tornar Goiás zona livre de Aftosa até 2015. O Estado é zona livre com vacinação há 16 anos. Antenor Nogueira disse ainda que a retirada total da vacina é uma oportunidade do Brasil ex-portar carne bovina para os mercados mais exigentes como o Japão e Estados Unidos.

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AfTOsA

Já o presidente do Sistema Faeg/Senar, agro-pecuarista José Mário Schreiner, lembra que a medida do governo goiano, além de gerar econo-mia para o produtor, vai garantir o bem estar do gado e conseqüente produtividade, isto porque a vacinação ocorre em épocas em que o gado está fragilizado e o manejo o deixa muito debilitado.

Entretanto, ele observa que é preciso não “baixar a guarda”. Goiás, conforme Schreiner, conquistou o status de zona livre com vacinação e não pode perdê-lo. “Ao invés disto, temos que trabalhar para chegar ao status de zona livre sem vacinação”, afirma.

Entrevista coletiva, dia 11 de abril, após apresentar o balanço dos 100 dias de seu governo, Marconi Perillo disse a Cerrado Rural que esta alteração no calendário goiano de vacinação contra aftosa tem o aval do Ministério da Agricultura. “Sem essa autorização, jamais poderíamos tomar essa iniciativa”, disse.

OuTRAs MEDIDAs – Ainda naquela ocasião, o governador Marconi Perillo anunciou o apoio do Estado ao Prêmio Seguro Agrícola; reativação do Programa Cheque Moradia Rural, com a entrega de 1.500 moradias; ativação da Patrulha Rural (policiamento) e apoio a aprovação ao Projeto Marco Zero na Assembléia Legislativa do Estado.

Produtores terão apoio do governoEm entrevista coletiva após o balanço de

seus 100 dias de governo, abordado por Cerra-do Rural, o governador Marconi Perillo lamentou que os produtores rurais goianos amarguem um prejuízo entre R$ 600 milhões e R$ 1 bilhão, em consequencia do excesso de chuva e das condi-ções precárias das estradas goianas. “O trabalho do governo é apoiar a Federação da Agricultura, na busca da viabilização de recursos seguros ou uma forma de mitigação desses prejuízos”, disse Perillo.

O Governador considerou ainda que os prejuízos são muito elevados e eles recaem sempre sobre o ombro dos produtores. Mas lembrou que o governo criou um fundo desti-nado à construção e recuperação de estradas. “É importante registrar que com os recursos do Fundo nós vamos atacar, neste ano, os dois mil quilômetros de rodovias mais estragados e, nos próximos anos, nós vamos transformar nossa malha viária numa malha mais segura, à altura dos interesses dos goianos, principalmente dos nossos produtores”, garantiu.

Ainda naquela coletiva, Marconi Perillo anunciou que, juntamente com a Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura, está organi-zando a legalização da área onde será construí-do o novo Parque de Exposições

Agropecuárias de Goiânia, cujos recursos

para sua construção, da ordem de R$ 23 mi-lhões, é uma emenda sua, quando era Senador, “e que está até hoje tramitando na Caixa Eco-

nômica Federal”. Esta verba, de acordo com ele, vai garantir o início das obras do Parque, que terá múltiplo uso. (Antônio Oliveira)

schreiner e governador marconi Perillo: medida vai proporcionar uma economia de cerca de r$ 15 milhões

Estradas ruins causam prejuízos à produtores e transportadores

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RIZICuLTuRA

O Projeto rio Formoso ocupa uma área de cerca de 500 mil hectares e é uma espécie de mesopotâmia brasileira, com muito espaço ainda para ser ocupado.

Embrapa lança nova variedade em TocantinsVárzeas tocantinenses comprovam sua aptidão

em produzir grãos e sementes de qualidade

Com um dos maiores potenciais para a produção de arroz em grãos e sementes em várzeas no Brasil, o Tocantins apresentou ao

mercado, em um dia de campo, uma nova variedade de semente deste cereal. Ela foi resultado de mais de cinco anos de pes-quisas desenvolvidas pela Embrapa Arroz e Feijão. A BRS Tropical, como foi denomi-nada, é, de acordo com a Empresa de pes-quisa, altamente produtiva e resistente às doenças como a brusone e a mancha de grãos. Ela chega a ter produtividade média entre 7 e 8 toneladas por hectare.

De acordo com o pesquisador da Embrapa, Orlando Peixoto, a qualidade de grãos de arroz é um fator determinan-te para a venda do produto a indústria. Por isso, diz ele, a BRS Tropical foi lançada com este foco, “oferecendo ao produtor mais chances de fechar bons negócios na comercialização da safra”.

A Secretaria de Agricultura do Tocan-

tins (Seagro) comemora essa conquista. Para o coordenador de Desenvolvimento Vegetal da Pasta, José Américo, essa se-mente é mais uma evidência que o To-cantins tem para a produção de sementes e grãos. “É uma semente de arroz irrigado com alto padrão de qualidade adaptado ao clima e solo do Estado”, diz ele.

Já para o diretor de Defesa Vegetal da Agência de Defesa Agropecuária do Tocantins (Adapec), Luis Henrique Mi-chelin, o Tocantins vai se transformar num grande pólo de produção. “Aqui tem todas as qualidades necessárias para o desenvolvimento da produção de grãos, tornando o Estado como um diferencial positivo neste segmento”, diz.

O arroz BRS Tropical foi plantado numa área de 30 hectares da Fazenda Dona Caro-lina, no município de Lagoa da Confusão, município integrante do Projeto de Irriga-ção (por inundação) Rio Formoso. Parte da produção será para duplicação na própria fazenda na próxima safra e a outra parte será para comercialização.

CrescimentoA safra de arroz irrigado na região de

Lagoa da Confusão teve um aumento de 14% em sua área plantada na safra 2010/11, passando para 62 mil hectares, ante os 58 mil hectares plantados na safra passada.

O Projeto, integrado pelos municípios de Lagoa da Confusão, Dueré, Pium, Cris-talândia e Formoso do Araguaia conta com cerca de 70 produtores de arroz irrigado, segundo a Seagro.

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Da redação

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CAPADivulgAção

Verdes e produtivos novamenteMais 15 milhões de pastos degradados serão incorporados ao processo produtivo no Brasil

Recuperar em dez anos cer-ca de 15 milhões de terras degradadas e já inúteis para a produção. Esta é a meta

do programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono), lançado em junho do ano passado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-cimento (Mapa), como forma de ampliar a produção e produtividade de produtos agrícolas no país. A área atual de pastagens recuperadas é de 40 milhões de hectares de um total de 55 milhões que estavam nessas condições. Com isto, o Mapa espera também reduzir entre 83 e 104 milhões de toneladas equivalentes de gases de efeito estufa.

A recuperação de áreas degradadas é uma técnica em prática há mais de 20 anos e pode ser aplicada em qualquer bioma brasileiro, fixando o produtor na atividade e contribuindo para o crescimento econômico rural de forma sustentável.

Para o pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Ademir Zimmer, o manejo inadequado e a falta de re-posição de nutrientes do solo consis-tem em grande risco para a pecuária brasileira. “Além disso – comenta -, a degradação da área impacta o meio ambiente, ocasionando perda de matéria orgânica e, como conse-quencia, a liberação de dióxido de carbono (CO2) e metano”.

Solo fraco também reflete na eco-nomia e finanças do produtor. É o que revela pesquisas desenvolvidas pela

Embrapa, segundo as quais enquanto em uma área degradada permite ape-nas a produtividade de 2 arrobas por hectare/ano, na pastagem recupe-rada o resultado é de 12 arrobas por hectare/ano, graças, principalmente, a reposição de nutrientes na pastagem, assegurando dieta de melhor qualida-de para o gado, reduzindo o tempo de abate de quatro anos em média, para dois anos, diminuindo também a emissão de gás metano. “O acumulo de matéria orgânica no solo é outro benefício à natureza, pois permite o sequestro de CO2 pelo processo de fotossíntese.

é o que revela pesquisas desenvolvidas pela

Embrapa, segundo as quais enquanto em uma área degradada permite apenas a produtividade

de 2 arrobas por hectare/ano, na pastagem

recuperada o resultado é de 12 arrobas por

hectare/ano, graças, principalmente, a

reposição de nutrientes na pastagem, assegurando

dieta de melhor qualidade para o gado, reduzindo o

tempo de abate de quatro anos em média, para dois

anos, diminuindo também a emissão de gás metano.

solo fraco não tem produtividade mas, com investimentos na sua recuperação, volta ao que era antes ou até mais. Pasto sombreado, como este da foto à direita, melhora o rendimento do gado

Antô

nio

oliv

eirA

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ABRIL/MAIO 2011 | 19

Custo é recompensado com altas produtividades

Recuperar é preciso, mas tem um custo. De acordo com o consultor Leonardo Hu-dson, o investimento inicial é orçado entre R$ 400 e R$ 1,2 mil por hectare, conforme a situação da pastagem. O procedimento é feito a partir da correção do solo com aduba-ção, restabelecendo a produção de forra-geiras. Ainda de acordo com o agrônomo, a necessidade de preparo do solo com uso de máquinas, a dosagem de adubo em camadas mais superficiais ou profundas dependem do estágio de degradação do solo.

Mas o retorno dos investimentos é compensador. Diz Hudson: “O que o produtor precisa para ampliar seu uso é de capital, com juros compatíveis com sua renda. Por isso, o ABC é um grande negócio”, diz.

O governo federal destinou R$ 2 bilhões

por meio deste programa para a recupera-ção de pastagens, com juros de 5,5% ao não e prazo de pagamento de 12 anos.

O ABC foca ainda a recuperação de solos por meio de tecnologias como o Sistema de Plantio Direto, fixação biológica de nitrogênio, plantio de florestas e o sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta.

O que o produtor precisa para ampliar seu uso

é de capital, com juros compatíveis com sua renda.

Por isso, o ABC é um grande negócio”

nesta fazenda, a boiadeiro, no oeste da bahia, o proprietário faz rotação de culturas. Durante um período planta soja ou milho de um lado e faz pecuária do outro. Depois inverte as posições. O resultado é a alta produtividade tanto do gado quando dos grãos.

O governo federal destinou

r$ 2 bilhões

Juros de 5,5%

ao ano

prazo de

12 anos Pagamento

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CAPA

Tocantins quer recuperar mais de 5 milhões de ha

O Tocantins com seu solo quase 100% formado pelo bioma cerrado tem cerca de 5,5 milhões de hectares de pastos degradados ou em estágio de degradação. Um programa de recuperação dessa considerável faixa de terra do complexo produtivo do Estado está em desenvolvimento pelo governo do Estado, por meio da Secretaria de Agricultura, Pecu-ária e Desenvolvimento Agrário (Seagro), que inclusive promoveu, no final do mês passado, um dia de campo sobre o tema numa fazen-da de pecuária do norte do Estado, a São Pau-lo, no município de Arapoema, de proprieda-de do ruralista, Baltazar Rodrigues, o Tazinho.

Presente ao evento, o secretário da Pasta, Jaime Café Filho, enfatizou que a necessida-de de reversão desses pastos bem como os incentivos que o governo do Tocantins con-cederá para isto. “É de interesse do governo do Estado inovar com produção eficiente

que atenda os agricultores para elevar a qua-lidade e produtividade no campo”.

Ainda de acordo com o Secretário, é importante que o produtor rural com áreas degradadas tenha acesso a novas tecnolo-gias na busca da melhoria da produção e produtividade sem desmatar novas áreas.

ROTAçÃONa Fazenda São Paulo, uma proprie-

dade de 8 mil hectares, mas com apenas 1.200 em produção, Tazinho está usando a técnica do plantio rotativo soja/milho/pecuária. A soja é o principal elemento de fixação de nitrogênio no solo. Esse sistema, diz ele, faz com que o capim cresça forte e resistente a pragas, como a cigarrinha, melhorando a qualidade da alimentação do gado.

O pecuarista disse ainda que adotou este sistema há cerca de 10 anos e está satisfeito com a produtividade adquirida. “A relação custo-benefício é viável pois permite a diversificação de culturas e au-menta a capacidade de se criar animais em um mesmo espaço. Ele exemplificou que antes de recuperar a pastagem criava apenas 21 animais por cada 25 hectares. Hoje, nessa mesma área recuperada, ele criar 71 cabeças

Jaime café fala aos produtores rurais em dia de campo: “Governo quer inovar”

SeAg

ro

A relação custo-benefício é viável pois permite a

diversificação de culturas e aumenta a capacidade

de se criar animais em um mesmo espaço

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Fazenda Sol Nascente - Sede FAPCEN - BR 230, Km 04Balsas-MA

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12 à 14 de Maio de 2011

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PresidenteGisela Introvini - [email protected]

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Assessoria de Marketing

Jefferson Ribeiro - [email protected]

Temas e Palestrantes

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Ecologicamente correto

Divu

lgAç

ão

AgROTOXICOs

Maranhão é destaque na coleta de emalagens vazias de agrotóxicos

Da redação Com informações da Secretaria da Agricultura do Maranhão

O estado do Maranhão está entre os 12 estados que mais arreca-dam embalagens vazias de agro-tóxicos. Nos dois primeiros meses

deste ano coletou 24 toneladas a mais de embalagens do que neste mesmo período do ano passado, totalizando 110 toneladas destinadas à reciclagem. A informação é da engenheira agrônoma, Filomena Antônia de Carvalho, da Agência de Defesa do Ma-ranhão (Aged), durante o “Encontro de Cen-trais de Recebimento de Embalagens Vazias de Agrotóxicos”, realizado em março pelo Instituto Nacional de Processamento de Em-balagens Vazias (Inpev).

Entre os 12 estados que mais se destacaram na coleta de embalagens neste período estão ainda: Mato Grosso (1.292t); Rio Grande do Sul (664 t); Goiás (617 t); Minas Gerais (521 t); Mato

Grosso do Sul (402 t) e ahia (395 t).Conforme informações do Inpev, nestes

dois primeiros meses do ano, em todo o rasil fo-ram coletadas 5.280 toneladas de embalagens vazias para a reciclagem, o que representa um crescimento de 25% em relação ao mesmo pe-

ríodo do ano passado.De acordo com Aged, o Maranhão conta com

duas centrais de recolhimento de embalagens, uma em Balsas e outra em Imperatriz, no sul do Estado, além de um posto de coleta em Anapurus.

Para aumentar a arrecadação das embala-gens também na Ilha de São Luiz, a Aged rea-lizou, no ano passado, palestras e reuniões com agricultores familiares, orientando sobre a devo-lução dos vasilhames usados. “A previsão é de que neste ano o projeto aconteça também na regional de Bacabal e no município de São Do-mingos do Maranhão”, disse Filomena Antônia.

Ainda de acordo com ela, a Aged tem como meta também para 2011 a assinatura do “Acor-do de Cooperação Técnica” com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para aumentar a fiscalização do uso de agrotóxicos em propriedades rurais das principais regiões agrícolas do Estado.

O encontro supracitado reuniu profissionais dos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Tocan-tins, Pará, Amazonas e Roraima.

O material recolhido é prensado e encaminhando para as indústrias de reciclagem

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ENsAIO

PIsCICuLTuRA

O gigante pede socorro Projeto no Tocantins pretende salvar o maior bagre da Bacia Amazônica: o Filhote

O Surubim e o Pirarucu graças a pisci-cultura deixaram de serem extintos. Ambos podem servir de exemplo e instigação para salvarmos o Filhote

da extinção. No caso do Surubim, hoje a reprodução

em laboratório já é uma técnica dominada em 90% em criatório escavado ou tanque-rede. Ele aprendeu comer ração.

Na natureza o Surubim tem hábito notur-no, vive no fundo do rio se alimentando de peixes menores.

O Pirarucu segue na mesma ribanceira do Surubim. A tecnologia para reproduzi-lo de for-ma controlada supera em 60%. O bicho é sabido e dócil, come ração de soja e milho.

Agora chegou a vez do filhote“A piscicultura também pode salvar da

extinção este gigante da Amazônia”, diz o pro-prietário e coordenador do Projeto Ecofish, José Aroldo Jacomo do Couto, que colocou o maior bagre do Brasil no plantel dos peixes a serem criados em sua piscicultura, e que objetiva a desenvolver técnicas e metodologia para tornar viável a retirada do Filhote da lista de peixes em extinção e garantir sua criação.

Aroldo, disse que quando menino, morador de Taipas- TO, quase beiradeiro do Rio Palmeiras, ouvia estórias de captura de enormes filhotes, no entanto, hoje, não escuta falar de pescada de filhote no referido rio e nem no Rio Palmas do qual o Palmeiras é tributário.

O Filhote (Branchyplathystoma filamen-tosum) da família Pimelodidade é o maior bagre das aguas dos rios Tocantins, Araguaia e outros rios pertencentes a Bacia Amazônica do Brasil. Este peixe pode atingir até 2,5m de comprimen-to e 300 kg de peso, habita remansões e margem de rios fundos e tem desova total na enchente.

O filhote na verdade, é o Piraiba, que recebe três denominações, respectivas ao seu peso em ordem crescente e nada cientifico, tudo expertise dos caboclos ribeirinhos. Por exemplo, eles con-sideram: filhote a piraiba pesando por volta dos 100 Kg e ate aí, é peixe bom de comer; piraiba (100 kg a 150 kg); e piratinga (acima de 150 kg).

Os dois últimos nomes têm origem nas lín-guas indígenas: pira, “peixe” e íba “ruim” e também tinga, “branco”, pois, quando o peixe atinge idade mais avançada, fica com o couro esbranquiçado, perdendo o cinza-chumbo característico.

O filhote é um peixe de grande importância comercial, possuindo carne muito apreciada na culinária brasileira, situação que tem colocado--o na lista de peixes em extinção. Exemplo desta condição pode-se citar o Médio Tocantins, trecho compreendido entre o Bico do Papagaio ate a ci-dade do Peixe, praticamente não se tem noticia de alguém que pescou um Filhote, nos últimos anos.

“Quando atingem tamanho de piraiba e piratinga, muitos acreditam que sua carne faz mal e transmite doenças gastro intestinais. Mas nada que não resolva, com uma evisceração dos peixes logo em seguida à pesca para evitar a penetração das larvas dos mesentérios para os músculos, a inativação dos parasitas a 60 º C por 10 minutos, ou congelamento em - 35 º C.

O filhote (Branchyplathystoma filamentosum) da família

Pimelodidade é o maior bagre das aguas dos rios Tocantins,

Araguaia e outros rios pertencentes a Bacia Amazônica do Brasil. Este peixe pode atingir até 2,5m de comprimento e 300

kg de peso, habita remansões e margem de rios fundos e tem

desova total na enchente.

maior bagre da bacia amazônica está na lista de extinção. mas projeto tocantinense quer que ele volte a reinar

a PIraíba

a PIratInGa

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ABRIL/MAIO 2011 | 23

roberto SAhiuMRoberto Sahium é agrônomo, consultor e ex-secretário de Agricultura do Tocantins

O gigante pede socorro Projeto no Tocantins pretende salvar o maior bagre da Bacia Amazônica: o Filhote

Mas a caça a este gigante vem de muitas eras, começou com os holandeses, em suas incursões pelo rio Tocantins acima. E falando em Tocantins acima, uma parte deste filme posso dizer que conheci o ator principal e alguns coadjuvan-tes. Lembro com clareza, do meu pai, Adib Sahium e o tio Antonio Sahium, falar de Adalgisio Francisco Braga, das pescadas do Filhote em Porto Nacional e redondezas. Tudo começa com a inativação da Hidro-via Araguaia Tocantins, logo após a inauguração da Belém Brasília.

A viagem de Goiânia a Porto Nacional era realizada em um Ford 48, preto, motor V8, com um tanque reserva adaptado. O tempo de via-gem girava em torno de 26 horas.

Bom, voltando a pescaria, as traias não eram muita coisa, basica-mente anzóis de todos os tama-nhos; linhas de pesca de todos os números; varias lanternas Rayovac, recém –lançadas; lampiões Petro-max à Querosene Jacaré; cordas de nylon e outras bugigangas mais.

A principal figura destas pes-carias, seo Adalgizio, companheiro de pesca do meu tio e do meu pai, morava em Porto Nacional e, como diziam naquela época, Adalgizio, pescador de “18 quilates”, desenvol-vera técnicas de captura e embar-que, que o diferenciava dos demais pescadores. Outra vantagem é que conhecia o Rio Tocantins de cabo a rabo. Quanto aos pesqueiros, fica-vam nos porões do rio, logo abaixo das bocas do Rio Crixás, Carreira Comprida, Ribeirão Areia e na Saída do Córrego São João e Funil, mora-da certa dos baitas.

Na lida usavam duas canoas de tabuas de Landi, motores de popa de 5 HP, marca Archimedes, impor-tado da Suécia.

No final da pescaria, os anzóis e as traias eram distribuídos aos ribei-rinhos. Dois exemplares de filhote (seo Adalgizio só pescava e deixava pescar filhotes de 50 a 100 kg) eram preparados, acondicionados em caixa térmica de madeira, com serragem e gelo para conservar o produto, os quais, apresentados em

Goiânia, para fazer inveja na comu-nidade de pescadores, bem como, prova de que estavam pescando de verdade.

De lá pra cá, quantos Filhotes foram capturados no Rio Tocantins?

Quanta riqueza este peixe patrocinou com a própria vida? Quantos barcos em viagens para Belém ou de volta, não tinham nos seus cardápios: Filhote a milanesa com ovos de tartaruga; Filhote com molho de tucupi ou tropical ao mo-lho de murici, ensopados, moque-cadas, com pimentas e temperos da região e etc.?

Quantos peixes foram comer-cializados?

Quantas pessoas vão dizer: “este rio era bom de peixe?”

Hoje a pesca do filhote é proibida por Portaria do IBAMA nos estados de Goiás, Tocantins e Mato Grosso. A multa é pesada para quem for flagrado transportando o peixe ou partes dele. Pesque e solte é liberado.

Imaginem a briga: de um lado, o pescador motorizado, com anzol do tamanho de um gancho de dependurar peça de boi e corda de nylon; do outro lado o peixe, fisgado pela boca, arrastado com a força da ação extra-pesada com varas curtas e firmes. As carretilhas devem armazenar pelo menos 100 m de linha com resistência mínima de 50lbs. A favor do peixe, só a natureza e a sorte .

Este gigante da Amazô-nia, antigamente no Médio Tocantins riquezas produziu, mas parece que dessas águas há tempos ele sumiu, sinal de socorro por anos emitiu, muitos se fazendo de mocos não ouviu, a quem o gigante não pediu, a piscicultura sentiu, que pode fazer alguma a coisa a este que a muitos serviu.

E assim, colocando este gigante na batida do Pintado e do Pirosca, logo poderá estar, nadando nas aguas do Médio Tocantins. Isto é, se os donos do Rio, os seguidores do Deus Aracnideo, o monstro dessas aguas, deixarem.

Nos tempos dos “à gás”

a PIraíba

a PIratInGa

Divu

lgAç

ão

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INvEsTIMENTO

Chineses abrem os olhos para os cerrados

Produzir e industrializar 1,5 milhão de toneladas de soja na Bahia e importar 6 milhões de toneladas do grão em Goiás, é o que visam investimentos de R$ 16 bilhões

Produzir soja nos cerrados de Goiás e Bahia e exportá-la, in natura, no primei-ro, e industrializada, no segundo, para a sua nação. É este o objetivo que os

chineses – governo e iniciativa privada -, estão visando há anos e dando novos passos, nos últi-mos dias para a consolidação desse projeto.

No dia 11 de abril, em Pequim, por exem-plo, o grupo Chongqing Grain Group, por meio de seu presidente Hu Julie e o gover-no da Bahia, por meio do governador Jaques Wagner, assinaram protocolo de intenções que culminará no investimento, por parte dos chineses, de R$ 4 bilhões na construção, em Barreiras, no oeste da Bahia, de um complexo de esmagamento e extração de diversos pro-dutos da soja. Será uma das maiores proces-

sadoras da oleaginosa do mundo.O Memorando de Entendimentos entre

os governos baiano e da província de Chon-gging, segundo informações da Secretaria de Agricultura da Bahia, será assinando neste mês de maio em Salvador.

Na solenidade, Jaques Wagner comen-tou que a Bahia já tem outras empresas que fazem todo o processo de beneficiamento, extraindo da soja o óleo, a lecitina e a torta para a alimentação animal. “Mas quanto mais gente vier investir melhor. O interesse nosso não é vender o produto in natura, mas o de agregar valor ao produto fazendo a verticali-zação da cadeia.

Já o presidente do grupo chinês, Hu Julie, explicou que o complexo a ser construído em Barreiras contempla o processamento de ali-mentos, armazenagem de grãos e logística. “Va-mos construir um pólo industrial com capacida-de inicial de esmagar 1,5 milhão de toneladas de soja – quase a metade da produção anual baiana -, refinar 300 mil toneladas de óleo e ar-mazenar 400 mil toneladas de grãos”, informou o empresário chinês.

Da redação

Vamos construir um pólo industrial com capacidade

inicial de esmagar 1,5 milhão de toneladas de soja – quase a metade da produção anual

baiana -, refinar 300 mil toneladas de óleo e armazenar

400 mil toneladas de grãos

SeAg

rogo

schreiner e governador marconi Perillo: medida vai proporcionar uma economia de cerca de r$ 15 milhões

Page 25: Bone Coed 41

ABRIL/MAIO 2011 | 25

Chineses também no cerrado goianoJá no cerrado goiano, o governo chinês, após

uma sondagem de mais de dois anos, fez novo contato com o governo goiano, no final do mês de março, para anunciar sua intenção de investir R$ 12,2 bilhões na agricultura e infraestrutura do Estado. O objetivo é a compra de 6 milhões de toneladas de soja (1,8 tonelada a menos que toda a produção goiana, hoje) in natura a cada safra.

As regiões que receberiam este investimen-to, segundo informações da Secretaria de Agri-cultura de Goiás, são a norte, nordeste e entorno de Brasília.

Ao contrário que empresários chineses pre-tendem fazer no oeste da Bahia, ou seja, indus-trializar a soja na própria região, em Goiás, o go-verno chinês quer apenas comprar a soja na sua forma in natura, o que está gerando polêmica.

O secretário de agricultura, Pecuária e Irrigação de Goiás, Antônio Camilo de Lima, diz acreditar que esse negócio entre os governos chinês e goiano é bom para Goiás. “O investimento não será apenas na produção de soja, mas também nas rodovias, porque o Estado precisa dessa infraestrutura para atender um negócio deste porte”, disse.

Amenizando a polêmica, ele frisou, em entre-vista ao jornal Opção, de Goiânia, que “o interesse da China é importar a soja goiana in natura. Po-

missão chinesa visita o secretário de agricultura

Antô

nio

Fláv

io

rém, ainda não se sabe se ela só fecha o negócio assim ou se a aceita beneficiada.

Já para o presidente da Federação da Agricul-tura de Goiás, José Mário Schreiner, também em entrevista àquele jornal, o fator que determina a agricultura é o investimento. Ele afirmou: “Este projeto chinês implica infraestrutura, aumento da produção e melhoria do solo”

Schreiner defende que Goiás aceite a pro-

posta dos chineses. “O Estado tem capacidade para aumentar sua produção, chegando a um total de 13 milhões de toneladas anuais e a uma área de 4 milhões de hectares”. Ele não acha que a industrialização gere tantos empregos assim, “gera alguns”. E recomendou: “Se a gente não fechar este contrato os chineses vão buscar ou-tros estados. Não se pode travar. Corre-se o risco de perder a oportunidade”.

Page 26: Bone Coed 41

26 | ABRIL/MAIO 2011

COMO PLANTAR

CAMINHõEs

sILvICuLTuRAsIMPósIO

PRATINI fARá PALEsTRA

CuLTuRA DO COCO ANÃO

ACTROs, vEDETE NA BAHIA fARM

vERMEER LANçA NOvO PICADOR

CANA sERá DEBATIDA EM PIRACICABA

O ex-ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, faz palestra na Feira da Indústria de Aves e Suínos (Avesui) de Florianópolis, SC. O tema será: “A Expansão da Agroindústria Brasileira nos Mer-

cados Internacionais: Negocia-ções comerciais e Potencialida-des de Novos Mercados”. A feira é realizada entre os dias 17 e 19 de maio e é a vitrine nacional da avicultura e suinocultura.

Como produzir coco anão. É o que ensina o vídeo comercializado pelo www.portaldoagronegocio.com.br, ao preço de R$ 103,00. Nesse vídeo, o passo a passo da produção do coqueiro anão verde para consumo d´água. Um cultivo rentável que possibilita o retorno dos investimentos já nos 3 primeiros anos de produção. Cada planta produz 200 frutos por ano, com custo de produção anual por hectare (200-250 plantas) é de cerca de R$ 3 mil.

A linha Actros de caminhões da Mercedes Benz, lançada no final do ano passado, será a vedete do stand da concessionária da marca em Bar-reiras – Brasília Motors -, na Bahia Farm Show de Luis Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia. Além desta linha de pesados, será exposto o modelo Ate-go 2425, do segmento semipesado, e os dois produtos da linha tradicional: o extrapesado LS-1634 e o veículo leve 710. O gerente da revendedora, Luis Fernando Lavagnino, diz acreditar num volume “expressivo de negocia-ções devido à prorrogação da isenção do IPI para caminhões e as linhas de crédito com jutos atrativos”.

Acontece entre os dias 6 e 8 de julho próximos, em Piracicaba, SP, o V Simpósio de Tecnologia de Produção da cana-de-açúcar. O evento, que terá a coordenação dos professores doutores Godo-fredo Cesar Vitti (ESALQ/USP), e Pedro Henrique de C. Luz (FZEA/USP), tem como objetivo difundir tecnologias para o aumento da eficiência da produção de cana--de-açúcar, apresentar os rumos da pesquisa do setor sucroalcoo-leiro e promover interação entre produtores, empresas privadas, instituições e palestrantes.

A subsidiária latinoame-ricana da Vermeer - empre-sa líder no desenvolvimen-to de equipamentos para meio ambiente, agricultura, escavação especializada e infraestrutura subterrânea - lançou, em primeira mão na Expoforest, (Mogi-Guaçú – SP, entre os dias 13 e 15 de abril), o picador florestal WC2300. O equipamento é o mais moderno picador voltado ao mercado de bio-massa brasileiro e oferece produtividade drasticamen-te superior aos modelos de sua categoria. "O WC2300 processa material de até 58 cm de diâmetro com garantia de eficiência através de um sistema de alimentação automático patenteado, um rotor de corte de alta velocidade e uma embreagem a disco comprovada no mercado", diz o gerente especialista de meio ambiente Herbert Waldhuetter.

AgROvITRINE

Page 27: Bone Coed 41

lança novo equipamento para a pecuária italiana

Empresa chega ao Brasil trazendo o que há de mais moderno para a mistura de ração: o Leader Maxxi, o maior carro misturador autopropulsionado do mundo

O crescente desenvolvimento do agro-negócio no Brasil tem atraído em-presas internacionais de diferentes setores de tecnologias a serviço da

agropecuária. A italiana faresin industries é uma delas e está entrando no país, com o le-ader maxxi, “o maior Carro Misturador Auto-propulsionado do mundo”, conforme define a própria empresa, em comunicado à imprensa brasileira, no lançamento recente desta máquina.

O carro, projetado para ser usado na pecuária intensiva, tem capacidade para processar 35m³, contando com dupla rosca sem fim vertical. Possui completo controle eletrônico de todas as funções e parâmetros da máquina. “Trata-se de uma evo-lução da série leader double, já bem conhecida e apreciada pelos criadores de todo o mundo por suas inigualáveis prestações”, descreve a empresa.

O equipamento, ainda de acordo com a empresa, tem como principais características suas grandes dimensões e maior eficiência ope-racional, o que o torna especialmente indicado às criações de médio e grande porte.

A mistura a ser preparada pela máquina é sub-metida ao controle de uma unidade programada para estabelecer a velocidade de rotação das roscas

sem fim, ou seja, cada receita será programada de modo a obter instruções sobre o tipo e a quantidade do ingrediente a ser introduzido. “Mas, também, para cada um deles, esclarecimentos sobre o tempo e a velocidade do processamento”, pontua a empresa.

eCoNomiACom o gerenciamento eletrônico das várias

funções operacionais, o leader maxxi propor-ciona “uma especial eficácia no plano de poupan-ça energética, ou seja, para cada fase operacional é distribuída somente a potência necessária para a execução, evitando desperdícios e reduzin-do emissões poluentes”, explica. O caminhão é equipado ainda com o novo sistema ecomode, controlada pelas centrais de comando CAN BUS. Agindo sobre as principais funções da máquina ele controla e aprimora suas funções.

Conforme a faresin, este sistema propor-ciona uma redução de consumo de 60 litros por hora, para 32 litros/hora, após ter sido alcançada a velocidade de transferência de 40 quilômetros/hora, “uma economia de quase 50%”, pontua.

O leader maxxi é resultado de dois anos de pesquisas desenvolvidas pela própria fare-sin. Ele é equipado com o motor iveco de 355 HP, Tier 3-A, já projetado para redução de emis-sões de gases poluentes.

PRELIMINAREsPara que seus produtos estejam cada

vez mais presentes no mercado brasileiro, a faresin está abrindo uma filial com o obje-tivo de auxiliar na questão comercial e para prestar assistência aos seus clientes. “Uma das características mais marcantes da faresin é o relacionamento direto com nossos clientes e para isso é essencial estarmos estabelecidos no país”, diz o fundador e presidente da em-presa, Sante Faresin.

Pensando em mercados emergentes, como o Brasil, que está em forte desenvolvimento, a fare-sin está lançando o projeto dos “Carros globais”, uma máquina com instalações padrão, de 12 a 26 metros cúbicos e com 2 roscas sem fim, que con-serva o alto nível de qualidade oferecido pelas ga-mas, a exemplo da estrutura em aço ST 52.

origemA faresin industries SPA surgiu a partir de

uma oficina mecânica, fundada em 1973 pelos irmãos Guido e Sante Faresin. Em 1989, é cria-do o primeiro carro misturador, o “Master” e em 2001 foi produzida a primeira linha de Manipu-ladores Telescópicos Faresin.

A empresa já possui 10 subdivisões e seus produtos são reconhecidos mundialmente.

O leader maxxi é resultado de dois

anos de pesquisas desenvolvidas pela

própria Faresin

simonny santos

Divu

lgAç

ão

ABRIL/MAIO 2011 | 27

MáquINAs E MOTOREs

sILvICuLTuRA

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RECREIO

INgREDIENTEs1 coco ralado1 kg de aipim ralado300 g de açúcar100 g de manteiga4 ovos inteiros1 pitada de sal1/4 de litro de leite1 gota de baunilha

MODO DE PREPARO Coloque numa batedeira a manteiga, os ovos e o açúcar e bata bem Adicione o aipim ralado (atenção: o aipim deve ser espremido um pouco para retirar o excesso de líquido), o coco ralado, o sal, o leite e a baunilha Misture tudo com uma colher e depois coloque numa forma, que pode ser redonda ou em um tabuleiro que já deverá estar untado com manteiga e polvilhado com farinha de trigo Leve ao forno médio por cerca de uma hora Quando estiver corado, o bolo estará pronto para ser servido

RECEITA

CAusO AgROHuMOR

BOLO DE AIPIM (mandioca ou macaxeira)

Depois de uns dois anos de eleito, o governa-

dor se encontra, nas escadarias do Palácio, com

um capiau. Sem conhecer o dito cujo, o roceiro

pergunta:Capiau – Ó moço! É aqui que a gente conversa

com o governadô? É aqui que ele mora?

Governador (Disfarçando) – É sim, meu bom rocei-

ro. Mas posso saber o que o senhor tem a lhe falar?

Capiau – Pode, sim. Num sô como esses políti-

cos sem vergonha e inroladô. Vim falar umas verdade.

Governador – E o senhor veio falar com o governador sobre o que? Alguma

promessa que ele não cumpriu?

Capiau – Acertô na mosca. Eu moro na cidade de Pau Furado. Ele teve lá, prome-

teu fazê uma ponte em cima do córrego e num fez foi nada.

Governador – E como o senhor irá se dirigir a ele?

Capiau – (cuspindo fogo) – Se ele falá que num vai fazê a tar ponte, vou mandá ele

pros quinto dos inferno. Vô xingar a famia dele de tudo que é nome.

Eles se despendem. Coincidentemente, era dia de o governador atender as reivin-

dicações do povo. E, para começar o seu dia com humor, manda que o secretário

chame o capiau metido a valente. Ao entrar, nosso cumpadi toma um susto.

Governador – Pois bem. Qual é a reclamação?

Capiau – (rodando o chapéu, de cabeça baixa) – Eu vim...cobrá...a promessa...

da ponte.Governador (fingindo aspereza) – Olha aqui, meu amigo. O governo tem mais o

que fazer. Não vou fazer ponte nenhuma. E daí? O que é que há?

Capiau – O que é que há? O que é que há é que a coisa é daquele jeito que nóis

dois cunveersamo lá fora! E sai pisando duro, rumo a Pau Furado

(Rolando Boldrin)

O (NÃO) PAgADOR DE PROMEssAs

Naquela tarde, o vigário recebe a visita de um de seus pa-roquianos.- Bença, padre.- Deus o abençoe, meu filho.- Padre, o sr. lembra do João Pintor?- É claro, meu filho.- Pois é Padre, o João veio a falecer.- Que pena, morreu de quê?- Olha, Padre, eu moro numa rua sem saída e minha casa é a última. Ele desceu com o carro e bateu no muro lá de casa.- Coitado, morreu de acidente.- Não, ele bateu com o carro no muro e voou pela janela. Caiu dentro do meu quarto e bateu a cabeça no meu guar-da-roupa de madeira.- Que pena, morreu de traumatismo craniano.- Não Padre, ele tentou se levantar pegando na maçaneta da porta que se soltou e ele rolou escada abaixo.- Coitado, morreu de fraturas múltiplas.- Não Padre, depois de rolar a escada ele bateu na geladeira, que caiu em cima dele.- Que tragédia, morreu esmagado.- Não, ele tentou se levantar e bateu as costas no fogão que tombou derramando a sopa que estava fervendo em cima dele.- Coitado, morreu queimado.- Não Padre, no desespero saiu correndo, tropeçou no ca-chorro e foi direto na caixa de força.- Que pena, morreu eletrocutado.- Não Padre, morreu depois d´eu dar dois tiros nele.- Filho, você matou o João?- Uai, o desgraçado tava destruindo a minha casa!

MORREu DE quê?

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PAssATEMPO

MORREu DE quê?

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

Solução

www.coquetel.com.br © Revistas COQUETEL 2010

BANCO3

AH

DELIRANTE

SECATEIMAR

QUANTIDADE

STASOED

LEOSITRUI

SABADET

MACEDONIA

LASERESTAR

RAICERI

IMAISAE

NPANERDD

CHEGUEVARA

OITIMIAD

SOCIALITE

I

R

Poeta am-bulante

da GréciaAntiga

Região deorigem docão husky

Sereia derios elagos(bras.)

Catego-rias doiatismo

O regimede traba-

lho, no feu-dalismo

(?)Johnson,

atorbrasileiro

Aficiona-do por

computa-dor (gír.)

Terceiranota

musical

AutranDourado, romancis-ta mineiro

Objeto de estudo doaustríaco Gregor

Mendel Judas (?),um dos 12 apóstolos

Vogais de"mate"

Rato, eminglês

Superiordo mongeApêndiceda xícara

Institutode pesqui-

sas daAmazônia

Insistirem algo Tempo

(símbolo)

Abun-dânciaSanta

(abrev.)

(?) Jai-me, cantor País dosBálcãsonde

nasceuAlexandre,o Grande

Curto

Esperi-dião (?),político

De + os

(?) Bar-bosa,jurista

Marca do compor-tamento da donzelaPoseidon e Tritão

(Mit.)

Celebridade comumna festa do OscarVogal ausente em

"Pernambuco"Aloucado;insensatoFalta dechuvas

A via doclisterSentar,

em inglês

Guerri-lheiro

argentino

Mulher dasociedade

(ing.)

Árvoreurbana

Interjeiçãode nojoMágica,

em inglês

Tórax

Pedido doguloso à

mesa

3/rat — sit. 4/nerd. 5/magic. 6/recato. 9/socialite. 10/laser e star.

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CRôNICA

Uma senhora “Bela”simonny santos

Bela não é só o seu nome, mas também a sua alma. Uma senhora baixinha de coração gigante e espírito generoso. Esse seria um belo resumo do que

é essa mulher. Mas acho que não é tão difícil defini-la. Até mesmo meu priminho, o Luan, de quatro anos, já sabia o que dizer quando foi questionado de como a minha avó agüenta tanta coisa. “Ela é uma guerreira”, respondeu o dono de um belo sorriso.

A dindinha, como nós (os netos) a chama-mos, é inquestionavelmente forte. Porque, para sentir a dor do parto dez vezes, haja coragem! Mas não é só por isso, não. É por não abaixar a cabeça diante das adversidades da vida, é por acolher quem precisa. Por ser imbatível, mesmo quando geme de dor.

Dos 28 atuais netos, ela ajudou a criar todos. E, como se não bastasse, pegou uma criança para ser seu filho somente do cora-ção. Dá para perceber que, o que não falta por lá é menino, né? E como consequência, muita bagunça.

Mas sabe o que é mais intrigante? É que ela

gosta e até assumi sentir falta deles.Menino chora, panela chia. É gente na

porta. É gente que entra, gente que chega para almoçar e depois sai para trabalhar. É sempre aquele vuco-vuco. E não se engane achando que falta espaço não, porque lá sempre vai estar aberto para mais um.

Depois disso, ao fazer o almoço, ela tem que lembrar que um não come com cebo-la, o outro, não come cenoura. E ainda tem que bater tudinho no liquidificador porque meu avô, Dilson, o “barbeiro” (corta cabelo), diz ter gastrite. Contudo, se você não esti-ver na hora que o almoço está pronto, não se preocupe, ela guarda as marmitinhas dentro do fogão.

Moradora antiga ali da Rua Marechal Deodoro, no centro da cidade de Barreiras (BA), quase todo mundo a conhece e já até faz parte da família. Sim, a família da gente está em constante crescimento, quando não há nenhuma grávida, ainda há os vizinhos que se achegam.

Mas ela é boa mesmo é para dar recado. “Olha, alguém que eu não lembro o nome, ligou, mandou dizer para você ligar para ela,

mas eu já esqueci o número, ela queria falar sobre uma coisa que eu já não sei mais o que é”. Entretanto, seu forte é a caridade. Ela é tão generosa que quase deu, por engano, a maioria das roupas do meu tio Ednobauer. Isso por que ele as levou para serem lavadas e ela pensou que era para doar. E ficou agradecendo a Deus pela boa condição que o filho estava tendo.

Diariamente, lá pelas oito da noite, na es-quina, os gatos esperam uma senhora camba-leando com suas perninhas cambotas, o resto de comida que ela trás para eles, quando vai fazer companhia a sua mãe, dindinha Aurelina, que mesmo apesar dos cabelos branquinhos, ainda está procurando por um “broto”.

Mulher forte, aos nossos olhos, imortal. É incrível como ela sempre está de pé, parece não cansar. E se cansar é tudo no calado, é gemendo de dor e sorrindo.

Se quiser saber se ela está em casa é só ver se a casa está cheia. Se ela estiver, pode se achegar e tomar um cafezinho. Na cafeteira ver-melha, é café com leite; na verde é café fraco e, na preta, é forte. Lá não é a casa da “mãe Joana”, mas é a da dona Bela. E, se quer saber, é bem melhor estar lá.

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brasileiroUma revolução no cerrado

Ferrovias, hidrovias, rodovias e aeroportos de cargas vão transformar os cerrados das regiões Centro, Norte e Nordeste do Brasil na principal mola propulsora da logística brasileira.

Mais do que isto, vai incrementar a produção agropecuária e a agroindústria. Só de plantas de etanol, estão previstos mais de 40 ao longo da Norte-Sul.

É o novo Brasil que surge onde antes era “o nada” e hoje caminha para ser um dos celeiros da humanidade.

Fizemos um completo Raio X desta nova realidade e o publicaremos, em caderno especial, na nossa próxima edição.

ReseRve seu espaço

publicitáRio

www.cerradoeditora.com.brwww.cerradoeditora.com.brA revistA do cerrAdo BrAsiLeiro

A revistA do cerrAdo BrAsiLeiro

ESPECIAL

ABRIL 2011 | 15

Que deixem o desenvolvimento fluir Antônio Oliveira

Regiões têm tudo para transformar o Brasil numa super potência

A crescente demanda mundial por alimentos, fibras e bioenergia fez dos Cerrados da Bahia (oeste do Estado), Maranhão, Piauí (re-

gião sul destes estados) e Tocantins – o que nós aqui de Cerrado Rural chamamos de BAMAPITO e não só MAPITO, como de-nominam muitos no Brasil, esquecendo--se que o oeste da Bahia está, também, inserido neste contexto -, nas últimas duas décadas, alvos de grandes investi-mentos nacionais e internacionais para a produção agropecuária e agroindustrial. São, aproximadamente, 20 milhões de hectares formados por terras planas, o que facilita a mecanização, e condições edafoclimáticas que propiciam a introdu-ção e cultivo de diferentes culturas agrí-colas e pecuárias.

Não só grandes grupos nacionais estão presentes nestas regiões, princi-palmente nos Cerrados da Bahia, mas também produtores e agroempresas in-ternacionais. Entre estas, destacam-se empresas com faturamento anual entre R$ 100 milhões e R$ 300 milhões, como

SLC Agrícola, Multigrain, Bunge, Cargil, Amaggi, Louis Dreyfus e ADM, que estão presentes em quase todo o BAMAPITO. E novos grupos, de todas as partes do mundo, estão chegando, como é caso do Pallas International, que pretende ad-quirir entre 200 mil e 250 mil hectares de terras no oeste da Bahia. Este grupo, formado por investidores chineses, quer plantar grãos para exportação e, ainda, produzir bioenergia.

O potencial destas quatro regiões é tão grande que chegou a surpreender os Estados Unidos. Preocupados com a concorrência com o Brasil na produção de grãos, o Departamento de Agricultura daquele país, fez, há anos, uma pesquisa sobre a capacidade produtora rural das terras brasileiras e chegou à conclusão que o BAMAPITO se constituirá na maior região contínua de produção de alimen-tos, fibras e biomassa no mundo. Uma verdade que se tornou bem visível nos últimos anos. Só para se ter uma idéia, somente no oeste da Bahia, o PIB gerado pelo agronegócio é de mais ou menos R$ 3 bilhões e a produtividade e qualidade de produtos como soja e algodão nesta

região são as mais altas de todo o Brasil.Juntas e com desenvolvimento livre

dos obstáculos da logística, essas re-giões podem transformar o Brasil num grande celeiro e numa superpotência econômica mundial.

Entretanto, as quatro regiões são ca-rentes de infraestrutura, como logística. Contudo, mesmo que, a toque de caixa, iniciativa privada e os governos federal e daqueles estados estão desenvolvendo projetos que vão melhorar as condições de produção e escoamento, integrando essas regiões, por sistemas multimodais, aos principais centros consumidores na-cionais e internacionais. Os mais benefi-ciados por esses projetos são o Tocantins e o oeste da Bahia, principalmente com a construção das ferrovias Norte-Sul e Les-te-Oeste. A primeira vai ligar os portos do Litoral Norte às regiões Sul e Sudeste do Brasil, cortando todo o Tocantins, de norte a sul e, a segunda, ligando o Litoral baiano à Ferrovia Norte-Sul, no sul do Tocantins.

Acentuando seu compromisso e afi-nidade com este contexto, Cerrado Rural fez um Raio X deste panorama. Veja nas páginas seguintes.

ANT

ÔNIO

OLI

VEIR

A

Um das centenas de projetos de irrigação

no oeste da Bahia para a produção de café,

frutas, grãos e sementes