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_____________________________________________________________________________________________________ Fatec Garça CURSO TECNOLOGIA EM MECATRÔNICA INDUSTRIAL HENRIQUE LIMA BETONI LEANDRO ONDA NAKAHATA DISPOSITIVO MECATRÔNICO: INSTRUMENTO FACILITADOR DA LOCOMOÇÃO DE DEFICIENTES VISUAIS GARÇA 2014

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Fatec Garça

CURSO TECNOLOGIA EM MECATRÔNICA INDUSTRIAL

HENRIQUE LIMA BETONI

LEANDRO ONDA NAKAHATA

DISPOSITIVO MECATRÔNICO: INSTRUMENTO FACILITADOR DA

LOCOMOÇÃO DE DEFICIENTES VISUAIS

GARÇA

2014

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Fatec Garça

CURSO TECNOLOGIA EM MECATRÔNICA INDUSTRIAL

HENRIQUE LIMA BETONI

LEANDRO ONDA NAKAHATA

DISPOSITIVO MECATRÔNICO: INSTRUMENTO FACILITADOR DA

LOCOMOÇÃO DE DEFICIENTES VISUAIS

Artigo Científico apresentado à Faculdade de Tecnologia de Garça – FATEC, como requisito para conclusão do Curso de Tecnologia em Mecatrônica Industrial, examinado pela seguinte comissão de

professores.

Data da aprovação: ___/___/_____

________________________________

Professor: Gustavo A. M. S. Coraini

FATEC - Garça

________________________________

Professor:

FATEC - Garça

________________________________

Professor:

FATEC - Garça

GARÇA

2014

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DISPOSITIVO MECATRÔNICO: INSTRUMENTO FACILITADOR DA

LOCOMOÇÃO DE DEFICIENTES VISUAIS

Henrique Lima Betoni1 [email protected]

Leandro Onda Nakahata

[email protected]

Prof. Ms. Gustavo Adolfo Mesquita Serva Coraini² [email protected]

Abstract – Visually impaired finds many difficulties in everyday activities, particularly in locomotion, action in which there are high accident rates. This project aims to provide a low cost mechatronic device to help visually impaired in obstacle detection above the waistline as well as holes and steps, besides being accessible to all visually impaired. The methodology used in this project was the experimental development of a prototype and this paper intends to demonstrate the device feasibility. This device works through ultrasonic waves into an electrical signal that will be interpreted by a microcontroller that will send signals in order to make the motors work by generating vibrations in the hand of deficient reporting him on the obstacle.

Keywords: Visually Impaired. Microcontroller. Mechatronic Device.

Resumo – Os deficientes visuais encontram grandes dificuldades nas atividades corriqueiras, principalmente no que diz respeito à locomoção, ação na qual existem elevados índices de acidentes. Este projeto visa disponibilizar um dispositivo mecatrônico, de baixo custo que auxiliará na detecção de obstáculos acima da linha da cintura e também de buracos e degraus, desta forma, sendo acessível a todos os deficientes visuais. A metodologia utilizada é o desenvolvimento experimental de um protótipo para se comprovar a viabilidade do mesmo. O dispositivo funcionará através de emissões de ondas ultrassônicas que ao refletirem no obstáculo retornarão ao sensor, que a transformará em sinal elétrico que será interpretado pelo microcontrolador, este mandará sinais para que os motores funcionem, gerando vibrações na mão do deficiente informando sobre o obstáculo.

Palavras-chave: Deficiente Visual. Microcontrolador. Dispositivo Mecatrônico.

1 INTRODUÇÃO

O projeto “Dispositivo mecatrônico: instrumento facilitador da locomoção de

deficientes visuais” tem como foco a implementação de recursos proporcionados

pela Mecatrônica3, por meio da confecção de um dispositivo contendo:

1 Alunos do 6º termo do Curso Tecnologia em Mecatrônica Industrial – FATEC – Garça 2 Docente do Curso Tecnologia em Mecatrônica Industrial – FATEC – Garça 3 A Mecatrônica envolve a integração concorrente das áreas de mecânica, eletroeletrônica, ciência da computação e controle, devendo extrair o que há mais adequado em cada uma das áreas, de tal maneira que o resultado seja uma sinergia entre elas. (ROSÁRIO, 2005).

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microcontrolador, sensores ultrassônicos, motores com massa de eixo deslocada,

bateria recarregável e uma manopla para bengala.

O dispositivo utilizado no cotidiano das pessoas portadoras de deficiências

visuais proporciona maior autonomia na locomoção, atividade corriqueira na qual os

deficientes visuais encontram grandes dificuldades e são vítimas de índices

elevados de acidentes.

Masini (1994) concebe que deficiência visual é a diminuição irreversível da

resposta visual, em virtude de causas congênitas ou hereditárias, mesmo após a

utilização de óculos convencionais e tratamento clínico. Deficiência esta, dividida em

três tipos: cegos, visão parcial e visão reduzida.

No Brasil, a deficiência visual é a de maior ocorrência. Segundo o censo do

IBGE (2010) existem aproximadamente 35 (trinta e cinco) milhões de deficientes,

sendo que 29 (vinte e nove) milhões possuem alguma dificuldade visual; seis

milhões grande dificuldade visual e 528 (quinhentos e vinte e oito) mil não

enxergam.

No mercado existem muitas tecnologias assistivas (TA) voltadas aos

deficientes visuais, essas variam de um tabuleiro de xadrez em alto relevo até um

celular com sistema operacional facilitado e teclas que emitem som ao serem

acionadas. Porém, esta tecnologia não chegou às bengalas convencionais, que não

sofreram grandes alterações com o passar dos anos. Com sua simplicidade e certa

eficiência a bengala branca é o instrumento mais utilizado no quesito de locomoção

pelos deficientes visuais.

Existem outros meios utilizados pelos deficientes visuais para a locomoção, o

cão-guia é um deles, e atualmente, o mais eficiente. Entretanto para o deficiente

poder usufruir deste benefício, não será fácil, pois no Brasil existe cerca de setenta

cães-guia e uma fila de espera de aproximadamente 2.000 (dois mil) pessoas. O

treinamento que é aplicado nestes cães é árduo e longo, dura cerca de três anos e

com um custo elevado ao governo. No Brasil não existe este tipo de treinamento, ele

é realizado apenas nos Estados Unidos, o que torna difícil a disponibilização a todos

que necessitam deste benefício.

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Com o avanço e a expansão da tecnologia, surgiram muitos projetos voltados

à melhoria das bengalas brancas, e muitos deles focavam no posicionamento de

sensores, voltados para cima, para que eles pudessem detectar obstáculos acima

da linha da cintura, pois a bengala convencional se mostra totalmente ineficaz

quanto à detecção destes obstáculos.

Houve projetos que tentaram substituir a bengala convencional, por sensores

ultrassônicos espalhados pelo corpo, em determinadas alturas, que ao detectar um

obstáculo acionava um motor ou um sinal sonoro, avisando o deficiente em qual

altura estava o obstáculo. Porém a aceitação pelos deficientes visuais não se

mostrou satisfatória, pois existe grande relutância, na maioria dos casos, ao fato de

não haver uma bengala.

No Brasil, as ruas e calçadas não estão adequadas para que os deficientes

visuais possam se locomover de forma segura, o que torna uma simples caminhada,

algo desafiador e perigoso, causando vários acidentes, principalmente com

obstáculos acima da cintura e com buracos e irregularidades nas calçadas.

As tecnologias assistivas existentes no mercado hoje são eficazes, porém são

cobrados preços altíssimos, o que dificulta, e muito, o acesso dos deficientes visuais

a tais produtos, deixando-os a mercê dos problemas oferecidos pelas ruas e

calçadas.

Com uma renda baixa e/ou, na maioria das vezes, dependente da renda dos

familiares e parentes, os deficientes visuais não possuem condição de pagar para

obterem algumas das tecnologias existentes no mercado de hoje.

O termo tecnologia assistiva ainda não é muito utilizado, e representa todos

os recursos e serviços que, de alguma forma, contribuem para proporcionar e/ou

ampliar as habilidades funcionais de pessoas com deficiência, e promover,

consequentemente, vida independente e inclusão. (BERSCH, 2013).

Este trabalho tem o objetivo de auxiliar os deficientes visuais na locomoção

em locais desconhecidos de forma independente e autônoma, com um custo

acessível a todos. Com a assistência da mecatrônica será construído um protótipo

para verificar a viabilidade do projeto.

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Como objetivo específico este trabalho visa à introdução do protótipo no

mercado nacional, de forma que todos tenham acesso, ou seja, um produto que

esteja disponível para aquisição com baixo custo. Também, visa à melhoria da

detecção de obstáculo da bengala convencional, diminuindo de forma significativa os

acidentes causados pela ineficiência da detecção de certos obstáculos.

A metodologia utilizada neste trabalho foi a de pesquisa bibliográfica,

pesquisa de campo e a realização de um protótipo.

De acordo com Gil (1991), a pesquisa bibliográfica é realizada com material já

elaborado, como livros, artigos e dissertações, entre outros. A pesquisa bibliográfica

deu-se por meio de leituras de monografias, livros, artigos, jornais e sites, que

estejam relacionados ao tema, de modo a adquirir o conhecimento necessário para

a execução deste projeto.

Gil (1991) relata que a pesquisa de campo busca o aprofundamento de uma

realidade específica. É realizada por observações e entrevistas com informantes,

que fazem parte do cenário pesquisado, para captar explicações e interpretações

daquela realidade. Para o aprofundamento e confirmação das ideias optou-se por

fazer entrevista com pessoas envolvidas no dia a dia dos deficientes visuais.

O protótipo é a representação de uma ideia de maneira real e tangível, é a

passagem do abstrato para o físico, mesmo que seja de forma simplificada, onde

possam ser feitos testes e validações. (VIANNA et al. 2012).

A pesquisa deste projeto culminou na elaboração de um protótipo para

validação e verificação das ideias propostas neste trabalho e a viabilidade do

mesmo. Este protótipo consiste na confecção de uma manopla eletrônica, desta

forma, os deficientes visuais não precisarão adquirir outra bengala, apenas fixarão a

manopla em sua própria bengala, ou a utilização somente do dispositivo.

No decorrer deste trabalho será aprofundado sobre os temas que envolvem o

projeto em questão de forma a esclarecer o funcionamento de seus principais

componentes. Também constará sobre a montagem e o funcionamento do protótipo,

mostrando cada passo para sua fabricação e os resultados dos testes elaborados.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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2.1 MICROCONTROLADORES

A história dos microcontroladores teve início em 1969 quando a empresa

japonesa BUSICOM buscava a criação de uma calculadora eletrônica. Para tanto,

foram enviados engenheiros para os Estados Unidos, os quais contaram com a

ajuda de Marcian Hoff, que trabalhava para a Intel Corporation. Hoff ao ver o projeto

dos japoneses sugeriu o desenvolvimento de um chip que funcionasse de acordo

com um programa e não apenas como uma calculadora eletrônica.

Em 1971, a Intel Corporation lança o primeiro microprocessador denominado

4004, que a partir de então foram evoluindo. Os microcontroladores surgiram logo

após a criação dos microprocessadores, pela necessidade de um controlador que

não dependesse de periféricos para funcionar.

De acordo com Sena (2006), um microcontrolador difere de um

microprocessador principalmente em sua funcionalidade. Para que um

microprocessador possa funcionar são necessários outros componentes, como

memória e comunicação. O microprocessador, portanto, é o “coração” dos

computadores. Por outro lado, o microcontrolador foi projetado para ser “tudo-em-

um”, não necessitando de componentes externos para suas aplicações, porque

todos os circuitos já fazem parte do chip, o que poupa tempo e espaço necessários

em um projeto.

O autor relata que todos os microcontroladores modernos usam uma entre

duas arquiteturas existentes, a von-Neumann ou a Harvard, ou seja, é a forma que o

microcontrolador usa para trocar informações entre a memória e a Unidade Central

de Processamento (CPU).

A arquitetura de von-Neumann possui apenas uma memória, que contém a de

dados e de programa, e são acessadas pelo mesmo barramento de dados, fazendo

com que o microcontrolador possa acessar apenas uma por vez, deixando-o mais

lento. Esta arquitetura também é chamada de Complex Instruction Set CPU (CISC).

A arquitetura Harvard possui duas memórias distintas, ou seja, as memórias

de dados e de programa são separadas, e acessadas por barramentos de dados

diferentes, desta forma tornando o microcontrolador mais rápido, podendo acessar

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as duas memórias ao mesmo tempo. Esta arquitetura também é denominada de

arquitetura Reduced Instruction Set CPU (RISC).

O microcontrolador é um circuito integrado programável que contém todos os

componentes de um computador, como CPU, memória de trabalho, portas de

entrada e saída para comunicar-se com o mundo exterior, sistemas de controle de

tempo interno e externo, conversores analógico/digital e outros. (SILVA, 2007).

Os microcontroladores têm seu funcionamento baseado no programa

existente em sua memória. Ao coletar um sinal de entrada, ele executa o programa e

converte em um sinal de saída. Podendo, dessa maneira, controlar diversos

sistemas mecatrônicos em diversas áreas da indústria e até mesmo em

eletrodomésticos e sistemas para residências.

Atualmente, existem inúmeros modelos de microcontroladores, resultado de

sua grande aceitação por parte do mercado. Devido suas principais características,

que são elas: fácil programação, baixo consumo de energia e ilimitadas

possibilidades de aplicações. Refletindo no surgimento de diversos fabricantes.

A Microchip Technology Inc. é uma empresa norte-americana responsável

pela fabricação dos microcontroladores PICmicro, mais conhecidos como

microcontroladores Programmable Interface Controller (PIC), que inicialmente foram

desenvolvidos para fins diferentes aos dos demais, existentes na época.

Os PICs são divididos em famílias, que se distinguem pelo número de bits no

barramento de dados. Dentro de cada família há diversos tipos, que atendem

diferentes necessidades de projetos, variando desde o número de portas de

entrada/saída (E/S) à capacidade de processamento de seu núcleo, tornando cada

PIC único e adequado para determinada aplicação. As famílias estão divididas da

seguinte forma:

Microcontroladores de oito bits no barramento de dados:

o Família PIC10

o Família PIC12

o Famílias PIC14 e PIC17

o Família PIC16

o Família PIC18

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Microcontroladores de dezesseis bits no barramento de dados:

o Famílias PIC24F e PIC24H

o Famílias PIC30F e dsPIC33F

Microcontroladores de 32 bits no barramento de dados:

o Família PIC32

Com tanta variedade de famílias, a escolha do dispositivo que será usado no

projeto se torna uma tarefa importante, por isso, para escolher, alguns fatores

devem ser levados em conta, para que a decisão do PIC seja acertada e traga

benefícios ao projeto.

As vantagens em optar pelo uso dos microcontroladores PIC são muitas,

como principais, incluem: ideal para iniciantes na área de microcontroladores, baixo

custo, amplo campo de aplicação, alta qualidade, facilidade em adquiri-lo, variedade

de modelos e fácil programação de seu software.

2.2 SENSOR ULTRASSÔNICO

Sensor é o termo empregado para designar dispositivos sensíveis a alguma

forma de energia do ambiente, que pode ser luminosa, térmica ou cinética,

relacionando informações sobre uma grandeza que precisa ser medida, como

temperatura, pressão, distância, velocidade, corrente, aceleração, posição entre

outras. (THOMAZINI & ALBUQUERQUE, 2011).

Sensores são elementos provedores de informações para os sistemas

mecatrônicos. Utilizados como detectores de erro, também chamados de

comparadores, são dispositivos ou uma combinação de dispositivos empregados em

sistemas automáticos de controle, para determinar a diferença entre o valor da

variável de saída e o valor desejado de entrada. (ROSÁRIO, 2005).

Com o surgimento da automação o uso dos sensores se tornou fundamental,

com isso, o surgiram diversos tipos de sensores, cada um com uma característica e

determinadas aplicações. Os tipos de sensores variam de sensores de presença,

usados em alarmes residenciais, a sensores de detecção de cor, para classificar

peças de acordo com sua cor.

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O sensor ultrassônico vem sendo muito utilizado nas indústrias, pelo seu

funcionamento e sua abrangente aplicação. Com seu funcionamento baseado em

emissões de ondas sonoras, ele detecta objetos, níveis, tamanhos e pode ser usado

em várias áreas industriais, na robótica e até mesmo nas atividades corriqueiras.

O princípio de funcionamento do sensor ultrassônico é baseado no eco,

fenômeno físico devido à reflexão de uma onda acústica por algum obstáculo. O

sensor é composto por um emissor e um receptor, que são interligados por uma

placa de circuito integrado, em alguns casos os dois são separados e fazem a

comunicação, entre si, através de periféricos.

Pelo emissor são projetados sinais ultrassônicos, de curta duração, conforme

figura 1, que ao refletirem no obstáculo retornam e são lidos pelo receptor.

Figura 1 – Detecção de obstáculo

Fonte: Os autores (2014).

O emissor é constituído por um cristal, geralmente de quartzo, que exerce a

principal função do sensor. Este cristal tem como característica o efeito piezoelétrico,

ou seja, ao aplicar uma força sobre o mesmo aparece uma tensão proporcional à

força. Ao aplicar uma tensão sobre o cristal ele se comprime e expande

automaticamente, variando de acordo com a frequência da tensão aplicada

(ROSÁRIO, 2005).

Deste modo, aplicando uma tensão alternada de alta frequência no cristal, ele

emitirá uma onda sonora de alta frequência, ou seja, uma onda ultrassônica. No

receptor, também existe um cristal, que ao receber o eco do sinal emitido pelo

emissor, transforma esta onda em sinal elétrico. Deste modo, outros periféricos ou

controladores podem usar esta tensão como referencial para o cálculo da distância.

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As ondas sonoras são divididas em três classificações, sendo elas:

infrassons, sons audíveis e ultrassons. A divisão é feita pela frequência em que cada

som é emitido, no gráfico 1, podemos ver as faixas em que cada divisão se

encontra. A faixa de som audível é baseada na audição dos seres humanos,

podendo sofrer alterações para cada indivíduo.

Gráfico 1 – Faixa de espectro sonoro

Fonte: Os autores (2014).

Designa-se ultrassom todo som que tem frequência superior a 20.000 Hertz

(20 KHz). Assim, nomeando os sensores ultrassônicos, pois os mesmo emitem

ondas de 40.000 Hertz (40 KHz), este valor pode variar de acordo com o modelo e

fabricante do sensor.

A emissão de ondas em alta frequência, do sensor ultrassônico, o torna

excelente na detecção de objetos pequenos, pois o comprimento de sua onda é

menor. Este comprimento está ligado à frequência em que a onda é gerada, pois

quanto maior for a mesma, menor será seu comprimento, conforme é mostrado na

figura 2.

Figura 2 - Comprimento de onda

Fonte: Os autores (2014).

Além dessas características, o sensor ultrassônico também possui outras,

dentre as quais, destacam-se: podem ser usados como sensores de proximidade,

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detecção de distância e volume, trabalham na faixa de frequência de 40.000 Hertz

(40KHz) a 4.000.000 Hertz (4MHz), não são, relativamente, suscetíveis a ruídos,

podendo trabalhar em ambientes extremos e com relativa precisão.

3 METODOLOGIA DO PROTÓTIPO

3.1 BENGALA BRANCA

Ao longo da história é possível observar, através de pinturas e escritos, o uso

de instrumentos auxiliares, pelos indivíduos com deficiência visual na realização dos

seus deslocamentos, uma vez que cajados, bastões e bengalas foram empregados,

em diversas épocas, por muitos deles com as finalidades de proteção, orientação e

exploração do espaço. (HOFFMAN, 2009).

A bengala começou a ser utilizada quando Richard Hoover, oftalmologista,

previu que ela se fazia necessária para a locomoção dos deficientes visuais, e

desenvolveu uma técnica para utilizá-la, que ficou conhecida como “técnica de toque

da bengala”, esta é a única técnica em vigor no mundo todo. (SAUERBURGER,

1996, tradução nossa).

Desde então, foram criados diversos dispositivos, que tinham como finalidade

substituir a bengala branca, porém nenhum se mostrou eficiente e confiável aos

deficientes visuais. Quanto ao seu design, à bengala não passou por mudanças

significativas, apenas melhoras em seu material, deixando-a mais leve e duradoura.

Hoje em dia existem, basicamente, três tipos de bengalas a venda, a mais

simples é a bengala inteiriça convencional, figura 3, a bengala dobrável, figura 3,

também conhecida como bengala telescópica. A bengala Ultracane, figura 4, terceiro

tipo de bengala, pouco utilizada no Brasil, por ser uma bengala importada da

Inglaterra, e conter sensores para detecção de obstáculos acima da linha da cintura,

seu valor é elevado e não acessível à grande parte dos deficientes visuais.

Figura 3 – Bengala inteiriça e bengala dobrável

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Fonte: Bengalabranca.com.br (2014).

Figura 4 – Bengala Ultracane

Fonte: Ultracane.com (2014).

No quesito de durabilidade e material, as bengalas se assemelham, mudando

apenas algumas funções de uma para outra. O valor da bengala inteiriça varia de R$

35,00 a R$ 75,00. A bengala dobrável tem seu preço entre R$ 58,00 e R$ 100,00, os

valores referentes às bengalas inteiriça e dobrável não consta o frete, pois o mesmo

varia para cada região. Já a bengala Ultracane, é encontrada no valor de R$

2.595,00, constando o valor do frete.

3.2 COMPONENTES DO PROTÓTIPO

3.2.1 MICROCONTROLADOR

Os microcontroladores são circuitos integrados que possuem todos os

componentes de um computador, ou seja, possuem uma CPU, memória de dados e

de programa, portas de entrada e de saída. O seu funcionamento é baseado no

programa existente em sua memória, que através de sinais de entrada o programa é

executado e gera sinais de saída.

Deste modo, os microcontroladores são extremamente flexíveis, e sua

programação pode ser feita em diversas linguagens, como a linguagem em C e a

linguagem em Assembly, sendo estas mais utilizadas.

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Neste projeto, foi utilizado o PIC16F877A, figura 5, produzido pela Microchip

Technology Inc. Este microcontrolador é baseado na estrutura Harvard, ou seja, ele

possui as memórias de dados e de programa separadas, proporcionando a leitura

das duas ao mesmo tempo. Suas principais características são: 33 pinos de

entradas e saídas; quatro pinos de alimentação, pode ser energizado com tensões

de 2,2 até 6 volts; a frequência de operação do microcontrolador pode chegar a 20

MHz, o que resulta em uma velocidade de até cinco milhões de instruções por

segundo.

Figura 5 – Microcontrolador PIC 16F877A

Fonte: Microchip (2003).

3.2.2 SENSOR ULTRASSÔNICO

O sensor ultrassônico tem seu princípio de funcionamento baseado no eco,

ou seja, as ondas sonoras de alta frequência emitidas pelo sensor são refletidas nos

obstáculos e retornam, possibilitando que controladores façam o cálculo aproximado

da distância na qual o obstáculo se encontra, através da fórmula da velocidade

média.

Utilizou-se do sensor ultrassônico HC-SR04, figura 6. Este sensor deve ser

alimentado com cinco volts; frequência do sinal de saída de 40 KHz; range de

detecção de obstáculo varia de 20 a 4.000 mm; ângulo de trabalho de 15º.

Figura 6 – Sensor ultrassônico HC-SR04

Fonte: Elecfreaks (2014).

Vcc Trig Echo GND

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3.2.3 MOTOR COM MASSA DE EIXO DESLOCADA

Os motores elétricos de corrente continua são elementos que funcionam

aproveitando as forças de atração e repulsão geradas por eletroímãs e imãs

permanentes, através de um campo eletromagnético, que se forma ao percorrer um

fio com corrente elétrica. Este campo atrai os polos da bobina fazendo com que o

eixo gire 180º em um sentido, após esta meia volta, um comutador, dispositivo que

tem a finalidade de inverter o sentido da corrente, é acionado fazendo com que o

eixo gire mais 180º.

Estes motores são amplamente utilizados por sua aplicação. Uma destas

aplicações é o motor de vibracall, muito conhecido por sua utilização no alerta

vibratório dos celulares. Neste tipo de motor elétrico, o eixo possui uma massa

deslocada, ou seja, o peso não está centralizado com o eixo, desta forma, ao girar o

motor gera vibrações, podendo ser sentidas facilmente.

Optou-se pelos motores de vibracall para ser a interface de comunicação

entre o protótipo e o deficiente visual, pois o tato é um dos sentidos mais

desenvolvido pelos mesmos.

Neste projeto utilizou-se o motor elétrico com pendulo vibracall, figura 7, sua

alimentação é de 1,3 volts.

Figura 7 – Motor vibracall

Fonte: Os autores (2014).

3.2.5 ALIMENTAÇÃO DO CIRCUITO

A alimentação do protótipo será feita por uma bateria recarregável com

tensão de nove volts e corrente de 320 miliampéres horas (trezentos e vinte mAh).

Sua duração depende do número de obstáculos, sendo estes um número elevado,

reduzirá o tempo de funcionamento do protótipo.

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Para seu correto funcionamento o protótipo necessita de uma tensão mínima,

fornecida pela bateria, de sete volts.

3.2.6 PROGRAMA

O programa executado pelo microcontrolador PIC 16F877A, foi elaborado em

linguagem C, no ambiente de programação MPLAB IDE v8.8, utilizou-se o

compilador HI-TECH 11 C Compiler 9.83, softwares desenvolvidos e distribuídos

pela Microchip Technology Inc., na plataforma para Personal Computer (PC).

É necessário o uso de um PICBurner, dispositivo que gravará o programa

feito no computador na memória do microcontrolador. Este gravador é inserido no

computador pela porta serial do mesmo, e utilizada o software ICProg para fazer o

download do programa na memória do PIC16F877A.

3.3 CIRCUITO

O circuito é composto por dois sensores ultrassônicos, sendo um direcionado

para o chão, com a função de detectar buracos e degraus, e o outro direcionado

para frente, com a função de detectar os obstáculos acima da linha dos joelhos até a

linha da cabeça.

Também possui um microcontrolador, responsável pelo comando do

protótipo. Ele receberá os sinais de saída dos sensores, interpretará, de acordo com

o programa existente em sua memória e transformará em sinais de saída para os

motores elétricos.

Os motores elétricos estão dispostos de forma que um vibre somente quando

o sensor detecte buracos ou degraus, e o outro de forma que vibre quando o sensor

detectar obstáculos acima da linha do joelho até a cabeça. Sendo assim, o protótipo

contará com dois motores de vibracall.

Fazem parte do circuito, também, uma bateria nove volts, botão liga/desliga e

componentes eletrônicos que são necessários como: capacitores, resistores, diodos

e um regulador lm7805.

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Estes componentes estão fixados em uma placa de circuito integrado, que

será acoplada a uma manopla, conforme figura 8, que será a parte pela qual o

deficiente segurará a bengala.

Figura 8 – Manopla eletrônica

Fonte: Os autores (2014).

3.4 FUNCIONAMENTO

Os deficientes visuais demandam ajuda quando se trata de locomoção, por

possuírem baixas, ou nenhuma, habilidade no campo visual, necessitando de

intervenção de pessoas, animais ou de equipamentos, como a bengala.

Este projeto visa à melhoria da capacidade de detecção de obstáculos pelas

bengalas convencionais, através da criação de uma manopla com circuito eletrônico

e a implantação da mesma na bengala.

O circuito simulará o funcionamento do radar, que fará a detecção de

obstáculos com o cálculo de suas distâncias, e informará ao deficiente através de

vibrações, que se intensificarão conforme a proximidade dos obstáculos.

O microcontrolador emitirá um sinal de dez µs (dez microssegundos) ao pino

Trig do sensor ultrassônico, este lançará oito pulsos de onda ultrassônica de 40KHz,

ao lançar as ondas, o pino Echo do sensor ficará em nível lógico um, até que as

ondas retornem fazendo com que o nível lógico da porta Echo volte para zero.

Enquanto o nível lógico da porta Echo do sensor for um, o microcontrolador

medirá o tempo em que o nível lógico levará para voltar a zero, e através da fórmula:

Distância = 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑑𝑢𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑠𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑛𝑜 𝑝𝑖𝑛𝑜 𝐸𝑐ℎ𝑜 ∗ 𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑠𝑜𝑚 𝑛𝑜 𝑎𝑟 (340

𝑚

𝑠)

2,

será feito o cálculo da distância aproximada do objeto. A divisão por dois é feita, pois

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as ondas emitidas pelo sensor percorrem duas vezes a distância do obstáculo, ou

seja, a distância que a onda percorre na ida e na volta para o sensor.

Após o cálculo da distância em que o obstáculo se encontra, sendo acima ou

abaixo da linha da cintura, se o mesmo se encontrar a menos de três metros de

distância do deficiente visual, o microcontrolador emitirá um sinal para o motor, se

for um obstáculo acima da linha da cintura o sinal será enviado para o motor

superior, se for um buraco ou degrau será enviado um sinal para o motor inferior.

O sinal emitido para os motores terá durações diferentes, e será relacionado a

distância em que o obstáculo se encontra, isto é, para distâncias próximas a

intensidade será maior do que para distâncias longas.

No fluxograma da figura 9, pode-se ver a lógica do funcionamento do circuito,

que será acoplado na manopla.

Figura 9 – Fluxograma de funcionamento da manopla eletrônica

Fonte: Os autores (2014).

3.4 TESTES

Foram realizados testes para detectar falhas no protótipo, com o intuito de

obter o funcionamento proposto e adequado do mesmo. Os testes iniciais foram

feitos em escala, para verificar a precisão do sensor.

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Três distâncias foram demarcadas, dez, vinte e trinta centímetros, simulando

os obstáculos a um, dois e três metros. Na figura 10, são mostrados os resultados,

onde foi colocado um objeto simulando os obstáculos nas respectivas distâncias. O

Diodo emissor de luz (LED) está substituindo o motor vibracall, pois estes motores

não possuem resposta visual adequada.

Figura 10 – Detecção de obstáculo a dez centímetros

Fonte: Os autores (2014).

Os testes realizados nas ruas, em situações reais, como andar em calçadas

irregulares e com árvores, atravessar ruas, subir escadas e etc., auxiliaram na

realização de ajustes de parâmetros importantes para o correto funcionamento da

manopla, como o tempo de resposta do protótipo para a aproximação de obstáculos,

a intensidade e duração da vibração dos motores de vibracall, distância da cobertura

dos sensores e etc.

Os testes foram realizados pelos integrantes do grupo, em situações

corriqueiras enfrentadas pelos deficientes visuais, conforme a figura 11.

Figura 11 – Simulação de locomoção com a manopla eletrônica

Fonte: Os autores (2014).

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As bengalas estão presentes na vida dos deficientes visuais desde os

primeiros relatos da história, e com o passar dos anos e avanços tecnológicos, as

bengalas não sofreram grandes alterações e até hoje são o principal instrumento

utilizado pelos deficientes visuais como auxílio na locomoção.

Apesar de as bengalas terem a confiança dos deficientes visuais, elas não

são eficazes quanto a detecção dos obstáculos, sejam eles buracos, galhos de

árvore, orelhões ou qualquer outro obstáculo acima da linha da cintura. Por ser

simples seu desempenho é limitado, o que traz como consequência, aos deficientes

visuais, muitos acidentes.

Com o intuito de diminuir os acidentes ocasionados pela limitação da bengala,

foi desenvolvida uma manopla eletrônica. Seu uso pode ser feito de forma

autônoma, ou seja, usando apenas a manopla, ou pode usá-la em conjunto com a

bengala, fixando a manopla na mesma.

Foi observado através de pesquisas e da entrevista com a Prof. Dra. Mary da

Silva Profeta, pedagoga especializada na área de deficientes visuais da

Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Marília/SP, apêndice A, que um

dispositivo que detectasse buracos e obstáculos acima da linha da cintura era

essencial para que o protótipo tenha aceitação do mercado. Optou-se pelo

desenvolvimento de uma manopla eletrônica, sem haver uma bengala como parte

do protótipo, de modo que o mesmo tenha um custo final acessível a todos os

deficientes visuais. Na tabela 1 estão dispostos os custos dos componentes

utilizados no protótipo e seu custo total.

Tabela 1 – Custo do protótipo

ITEM QUANTIDADE CUSTO (Unit.)

Microcontrolador 1 R$ 13,00

Sensor Ultrassônico 2 R$ 13,00

Bateria 9V 1 R$ 3,90

Placa de circuito 1 R$ 5,00

Componentes elétricos (resistores, capacitores,

LM7805, etc.)

- R$ 5,00

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Motor com massa de eixo deslocada 2 R$ 10,00

Carcaça em alumínio 1 R$ 7,00

TOTAL R$ 79,90

Fonte: Os autores (2014).

O teste realizado em escala mostrou-se satisfatório, pois foi comprovado o

correto funcionamento do circuito e, consequentemente, do programa inserido no

microcontrolador. Do mesmo modo, o sensor ultrassônico demonstrou a sua

eficiência e precisão.

O teste de simulação de uma caminhada com a manopla eletrônica auxiliou

nos ajustes que eram necessários, para que o protótipo tenha seu correto

funcionamento. Foi observado que a manopla tem seu peso adequado, pois sendo

leve evita a fadiga da mão do deficiente visual em grandes caminhadas. Notou-se,

também, que as vibrações são facilmente percebidas pelo usuário da manopla.

Dentre as vantagens deste protótipo destacam-se: baixo custo; possibilidade

da fixação do mesmo nas bengalas que os deficientes visuais possuem, não

necessitando da aquisição de uma nova bengala.

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Sapucaí/MG: Exsto Tecnologia.

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APÊNDICE A

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Entrevista realizada com a Prof. Dra. Mary da Silva Profeta, pedagoga

especializada na área de deficientes visuais da UNESP/Marília, para o Trabalho de

Conclusão de Curso (TCC), em 07 outubro 2014 às nove horas.

Alunos: Você tem contato direto com deficientes visuais?

Professora: Sim, com deficientes visuais sim.

Alunos: No que diz respeito a locomoção em locais desconhecidos, qual a maior

dificuldade que eles encontram?

Professora: Ao andarem em locais que eles não conhecem, eles vão com a

exploração da bengala, só que a bengala é uma ferramenta muito simples, e ela não

informa como, por exemplo, umas bengalas que já existem que tem sensor e coisas

do gênero. As bengalas que eles usam aqui em Marília são simples, então se não

tiver ninguém para apresentar o local para eles, eles ficam explorando com a

bengala mesmo.

Alunos: Obstáculos como árvores com galhos, orelhões, são um problema?

Professora: A sim, se eles não conhecerem a rua eles batem mesmo, já aconteceu

muitas vezes de se machucarem.

Alunos: Então a maior dificuldade deles seria obstáculos acima da cintura?

Professora: Acima da cintura é a maior dificuldade, e não só isso, por exemplo,

buracos, se não for um buraco enorme que a bengala bata dos dois lados, como um

buraco que vai mais central, eles também são prejudicados porque como eles fazem

o arco, o ângulo da bengala, o meio dele fica desprotegido então ele pode cair

também, a não ser que ele use uma bengala “roller” que ele vai rastreando, ao invés

de ir quicando pra lá e para cá.

Alunos: Na casa dele ele também usa bengala?

Professora: Em geral não usa a bengala. Usa mais em ambiente desconhecido,

ambiente maior, as vezes chega a usar na casa de alguém que a pessoa não tenha

o conhecimento de pegar e falar os espaços, ai eles usam a bengala, mas é raro.

Alunos: A bengala convencional tem como principal deficiência obstáculos que

estão acima da linha da cintura?

Professora: Sim, vamos falar assim, a maior dificuldade é acima da cintura.

Alunos: Eles saem pra andar bastante? Com qual frequência que eles usam a

bengala no dia a dia?

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Professora: Eles usam muito, porque estudam, trabalham e são raros os que

andam com cuidador ou alguém da família, e as vezes mesmo com alguém da

família eles estão com a bengala para se sentirem mais protegidos, então eles usam

bastante.

Alunos: Em relação à tecnologia eles se adaptam bem? Usam bastante?

Professora: Muito, esses que trabalham, que estudam, porque tem alguns que

ficam em casa e que não tem essa necessidade de estudar e sair tanto então eles

usam menos. Mas nós temos aqui deficientes visuais aposentados que estão

fazendo cursos de computação, para conhecer as ferramentas, para que ele se

comunique melhor porque independente deles estarem no trabalho ou na escola ele

tem comunicação com amigos, com familiares, tem um que tem um filho em

Portugal, então eles tem necessidade de comunicação então eles vão aprender por

isso, mas alguns não fazem nada nesse sentido.

Alunos: Nós estamos desenvolvendo uma bengala eletrônica, qual seria o principal

obstáculo que ela não poderia deixar de detectar?

Professora: O principal é difícil, porque são muitos, mas árvores, placas

informativas que hoje estão e amanhã não, muitas lojas quando vão descarregar

materiais obstruem a calçada e isso é uma dificuldade, orelhões, como vocês

disseram, caixas de correio, hidrantes. Embora, o deficiente visual esteja orientado a

sempre utilizar o lado de dentro da calçada, nunca andar muito pela guia, mas ainda

temos bares que usam cadeiras na calçada e eles colocam encostado na parede e

isso é muita dificuldade para eles.

Alunos: E se nosso projeto fosse um dispositivo que não utilizasse uma bengala,

apenas sensores, eles seriam relutantes contra isso?

Professora: Desde que eles tivessem segurança em relação a isso, eu acredito que

não. Só que teria que ser um equipamento que cobrisse o corpo todo e a bengala

mesmo que não seja 100% segura ela faz isso da cintura para baixo. Teve uma

época, muitos anos atrás, saiu um aparelhinho, “Walkmake”, que era para usar de

proteção da cintura para cima, eu não sei dizer a razão que esse equipamento não

vingou. Então uma coisa que liderasse, que fosse mais inteira, pudesse resolver a

questão, deles deixarem a bengala, ou usá-la até se acostumar. Eu acredito que

esses que eu disse que estudam e trabalham, viajam muito, eles são muito abertos

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a novas tecnologias. Uma menina, por exemplo, que é deficiente visual, ela viaja

demais, então para ela, este recurso iria ajudar muito, porque ela viaja de avião,

ônibus e etc.

Alunos: Em relação a mercado de trabalho eles estão bastante presente ou tem

dificuldade para ingressar?

Professora: Não, em geral eles já vão para um caminho mais acessível, por

exemplo, são muitos deficientes visuais professores, principalmente as mulheres.

Todos os deficientes que fizeram pedagogia aqui são professores e estão dando

aulas, dentro e fora de Marília/SP e moram sozinhos, a maior parte. Em Bastos/SP

tem uma que trabalha na prefeitura. Eles estão presentes em diversos trabalhos

inclusive advogados, terapeutas e outros.

Alunos: Quanto ao custo, teria que ter um custo baixo, pelas dificuldades que eles

encontram, ou não?

Professora: É bastante variável, nós temos desde aquele que não pode comprar

uma bengala a aquele que tem uma série de equipamentos tecnológicos em casa,

que compra parcelado, mas sempre procuram algo que seja compatível ao que ele

ganha, ao custo de vida dele, mas eles sempre procuram ter as coisas que eles

necessitam, então se facilitar nesse sentido é muito bom. Por exemplo, na Espanha

tem uma organização nacional de deficientes visuais que possibilita que eles tenham

tudo que eles têm no centro de atendimento em casa, a preço de custo e facilidade

no pagamento, então eles não passam muita necessidade de ter equipamentos. E

aqui no Brasil, a pessoa que precisa de uma máquina Perkins Brailler, ela está

custando quase R$4.000,00 (quatro mil reais), então o professor que está morando

fora, que paga aluguel, que tem todas as despesas, ele tem uma máquina Perkins,

mas ele ganhou ou comprou facilitado porque senão fica muito difícil. Hoje já não se

usa mais essas máquinas, usa-se mais os computadores e essas coisas. Tudo o

que vir para o bem deles e a facilidade, flexibilidade e segurança da locomoção vai

ajudar muito.