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S T EB C L E OR D A TERIO OGIA ? a o a c r e i tv r tt t l e s Di gnóstic , trat mento e ont ole de nferm dades reprodu i as e respirató ias, mas i es, ubercu ose, bruc lo e. ? ds a e u e a o Méto o molecul res para p sq isa di gnóstic ; ? d e i at u o Pro ução d vac nas u ógenas para eq inos e suín s; ? i e s ae p n as Controle microbiológ co em alim nto , matéria prim rações araa im i ; yo e ? i n j e S s o s i nm e Part cipa o Pro eto R de ul de Análi e de Gen ma e sequenc amento do ge o a d Mycoplasma h pneumonia ; ? e n ai od c á o t ci - u u s Tr iname to e h b litaçã e médi os veterin ri s para par i parem do PNCEBT Br celose e T berculo e. ? d o PPGM / Mestrado e Doutora o pel V UFSM d i 4 aa5 ( 2 - 53 1 En ereço: Préd o 4 - CCR 2 - S l 137 - Fax: 55) 32 0 8257 Fone: (5 ) 220 8 07 o s : d V g a @ u Pr fes ora Ague a C. de ar as ( gueda ccr. fsm.br). Boletim Informativo Ano 4 - Número 4 - Outubro de 2010 DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA PREVENTIVA Editorial O Boletim Informativo do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva (DMVP) do Centro de Ciências Rurais (CCR) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) tem como finalidade promover a educação continuada de médicos veterinários e zootecnistas. No Boletim Informativo do DMVP estão incluídas as seguintes subáreas da Medicina Veterinária Preventiva: doenças infecto-contagiosas, parasitárias, tecnologia e inspeção de carnes, saúde pública, doença das aves, epidemiologia, ecologia e biossegurança aplicada à medicina veterinária. Os textos para leitura nesta quarta edição do Boletim incluem: o ectima contagioso, a síndrome da mancha branca em camarões (WSSV), o carbúnculo sintomático, enfermidades de grande interesse à saúde pública destacando-se a salmonelose e a equinococose cística. Com o Boletim Informativo o DMVP visa estabelecer vínculos com a comunidade; além de difundir a ampla gama de serviços de diagnóstico oferecidos e os conhecimentos gerados por meio da pesquisa, ensino e extensão. Neste projeto de extensão, impulsionado pelo DMVP, busca-se contribuir à educação continuada para melhorar o desempenho dos profissionais de campo em suas respectivas áreas de atuação e também promover a interação e a troca de experiência entre esses profissionais e a comunidade acadêmica. O DMVP atualmente está composto pelos laboratórios de: Bacteriologia, Virologia, Doenças Parasitárias, Análises Micotoxicológicas, Indústria e Inspeção de Carnes, Laboratório Central de Diagnóstico de Patologia Aviária e o Setor de Biossegurança em Medicina Veterinária Preventiva. Os mesmos são mantidos com recursos da UFSM, de agências financiadoras (CNPq, FAPERGS), além da prestação de serviços à comunidade. Destaca-se, também, a atuação do DMVP nas áreas relacionadas à saúde animal e saúde pública, com a participação em projetos na área social visando apoiar, entre outros, o pequeno produtor rural da região central do Rio Grande do Sul. Os professores vinculados ao DMVP almejam que os profissionais a campo mantenham o espírito de atualização e busca por novas informações e que persistam receptivos à iniciativa de estreitar os vínculos entre o DMVP/UFSM e a comunidade. ÍNDICE ECTIMA CONTAGIOSO - Juliana Felipetto Cargnelutti, Candice Schmidt, Rudi Weiblen, Eduardo Furtado Flores. pg. 2 CLONAGEM E EXPRESSÃO DE UM FRAGMENTO RECOMBINANTE DA PROTEÍNA DE 28 KDa DO VÍRUS DA SÍNDROME DA MANCHA BRANCA (WSSV) DE CAMARÕES - CARBÚNCULO SINTOMÁTICO ASPECTOS DA EQUINOCOCOSE CÍSTICA, UMA IMPORTANTE ZOONOSE OS DESAFIOS DA SALMONELOSE NA SAÚDE PÚBLICA - Patricia Braunig, Rafael D. Rosa, Caroline H. Seibert, Mariana Borsa, Patricia H. Stoco, Edmundo C. Grisard, Aguinaldo R. Pinto. pg. 4 - Agueda P. Castagna de Vargas, Luana D´Avila Farias. pg. 6 - Lucas Rodrigo Thomas, Danieli Urach Monteiro, Leticia Minussi Oliveira, Tuany Soncini Bevilaqua, Sônia de Avila Botton, Mario Luiz de la Rue. pg. 9 Fernanda Flores, Luana R. Vivian, Maristela Lovato. pg. 13

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Boletim Informativo Ano 4 - Número 4 - Outubro de 2010

DEPARTAMENTO DE MEDICINA

VETERINÁRIA PREVENTIVA

Editorial

O Boletim Informativo do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva (DMVP) do Centro de Ciências Rurais (CCR) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) tem como finalidade promover a educação continuada de médicos veterinários e zootecnistas.

No Boletim Informativo do DMVP estão incluídas as seguintes subáreas da Medicina Veterinária Preventiva: doenças infecto-contagiosas, parasitárias, tecnologia e inspeção de carnes, saúde pública, doença das aves, epidemiologia, ecologia e biossegurança aplicada à medicina veterinária. Os textos para leitura nesta quarta edição do Boletim incluem: o ectima contagioso, a síndrome da mancha branca em camarões (WSSV), o carbúnculo sintomático, enfermidades de grande interesse à saúde pública destacando-se a salmonelose e a equinococose cística.

Com o Boletim Informativo o DMVP visa estabelecer vínculos com a comunidade; além de difundir a ampla gama de serviços de diagnóstico oferecidos e os conhecimentos gerados por meio da pesquisa, ensino e extensão. Neste projeto de extensão, impulsionado pelo DMVP, busca-se contribuir à educação continuada para melhorar o desempenho dos profissionais de campo em suas respectivas áreas de atuação e também promover a interação e a troca de experiência entre esses profissionais e a comunidade acadêmica.

O DMVP atualmente está composto pelos laboratórios de: Bacteriologia, Virologia, Doenças Parasitárias, Análises Micotoxicológicas, Indústria e Inspeção de Carnes, Laboratório Central de Diagnóstico de Patologia Aviária e o Setor de Biossegurança em Medicina Veterinária Preventiva. Os mesmos são mantidos com recursos da UFSM, de agências financiadoras (CNPq, FAPERGS), além da prestação de serviços à comunidade. Destaca-se, também, a atuação do DMVP nas áreas relacionadas à saúde animal e saúde pública, com a participação em projetos na área social visando apoiar, entre outros, o pequeno produtor rural da região central do Rio Grande do Sul.

Os professores vinculados ao DMVP almejam que os profissionais a campo mantenham o espírito de atualização e busca por novas informações e que persistam receptivos à iniciativa de estreitar os vínculos entre o DMVP/UFSM e a comunidade.

ÍNDICE

ECTIMA CONTAGIOSO - Juliana Felipetto Cargnelutti, Candice Schmidt, Rudi Weiblen, Eduardo Furtado Flores.

pg. 2

CLONAGEM E EXPRESSÃO DE UM FRAGMENTO RECOMBINANTE DA PROTEÍNA DE 28 KDa DO VÍRUS DA SÍNDROME DA MANCHA BRANCA (WSSV) DE CAMARÕES -

CARBÚNCULO SINTOMÁTICO

ASPECTOS DA EQUINOCOCOSE C Í S T I C A , U M A I M P O R TA N T E ZOONOSE

OS DESAFIOS DA SALMONELOSE NA SAÚDE PÚBLICA -

Patricia Braunig, Rafael D. Rosa, Caroline H. Seibert, Mariana Borsa, Patricia H. Stoco, Edmundo C. Grisard, Aguinaldo R. Pinto.

pg. 4

- Agueda P. Castagna de Vargas, Luana D´Avila Farias.

pg. 6

- Lucas Rodrigo Thomas, Danieli Urach Monteiro, Leticia Minussi Oliveira, Tuany Soncini Bevilaqua, Sônia de Avila Botton, Mario Luiz de la Rue.

pg. 9

Fernanda Flores, Luana R. Vivian, Maristela Lovato.

pg. 13

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ECTIMA CONTAGIOSO

1 1 Juliana Felipetto Cargnelutti , Candice Schmidt2 2Rudi Weiblen , Eduardo Furtado Flores

Palavras-chave: Ectima contagioso, ORFV, vírus, ovinos, boqueira.

O agente

O ectima contagioso, também conhecido como orf, dermatite pustular contagiosa e estomatite pustular contagiosa, é uma enfermidade viral causada pelo vírus da orf (ORFV), que pertence à família Poxviridae, subfamília Chordopoxvirinae, gênero Parapoxvírus . O ORFV possui envelope e contém uma fita dupla de DNA linear, com aproximadamente 140kb, conteúdo médio de G + C de 64% e codifica, estimadamente, 132 produtos . Diversos genes codificam proteínas envolvidas no mecanismo de evasão do sistema imune do hospedeiro, como a proteína de resistência ao interferon (OVIFNR), o fator inibidor do fator estimulatório de colônia macrocítica e granulocítica (GIF), o fator de crescimento endotelial e vascular (VEGF-E), a proteína de ligação à heparina e citocinas, e a proteína ortóloga à interleucina-10 de mamíferos (vIL-10) . Na figura 1 está representada a partícula viral do ORFV pela técnica de microscopia eletrônica.

Figura 1 – Microscopia eletrônica da partícula viral do ORFV. A barra na fotografia refere-se a 140nm.Fonte: Dados providos pelos próprios autores.

Figura 2 – Sinais clínicos observados em ovinos acometidos pelo vírus do ectima contagioso. A) Lesão crostosa e proliferativa na comissura labial de um cordeiro. B) Lesões crostosas no teto de uma fêmea em lactação.Fonte: Dados providos pelos próprios autores.

Epidemiologia e manifestações clínicas

O ectima contagioso cursa com lesões crostosas e proliferativas na pele e nas junções mucocutâneas de ovinos, caprinos e, ocasionalmente, do homem. O ORFV está estreitamente relacionado aos vírus da estomatite papular bovina, pseudocowpox e parapoxvírus, que infectam cervídeos. Em ovinos e caprinos, as lesões produzidas pelo ORFV geralmente se localizam nas comissuras labiais (Figura 2A), plano naso-labial, mas também podem ser encontradas na região genital, no rodete coronário dos cascos e nos tetos (Figura 2B). Em humanos, a doença é de caráter ocupacional, sendo que ordenhadores e Médicos Veterinários são as classes mais propensas à infecção, pelo contato próximo com animais doentes. As lesões em pessoas são dolorosas, mas de pequena extensão e intensidade, restringindo-se aos dedos das mãos das pessoas que manipulam os animais doentes .

A infecção pelo ORFV possui distribuição mundial, sendo endêmica na maioria dos países onde há criações de ovinos e caprinos . A estimativa da soroprevalência da infecção pelo ORFV nos rebanhos é prejudicada pelo fato desse vírus induzir baixos níveis de anticorpos neutralizantes, não sendo de fácil detecção em testes de soroneutralização . Por esse motivo, estudos de prevalência têm sido realizados com base na presença ou ausência de lesões de ectima contagioso em rebanhos , ou por meio de testes imunoenzimáticos (GOKCE et al., 2005). No Brasil já foram descritos casos de ectima contagioso em ovinos e caprinos na maioria das regiões do país, com surtos envolvendo animais de todas as categorias e com diversas apresentações clínicas (MAZUR & MACHADO, 1989; SALLES et al., 1992; MACÊDO et al., 2008; NÓBREGA Jr et al., 2008).

Infecções pelo ORFV levam a importantes perdas econômicas nos rebanhos afetados, devido sua alta morbidade. Os cordeiros são os animais mais afetados, justamente pela ausência de imunidade ao vírus. Nesses animais, as lesões se localizam ao redor da boca e narinas que, além de predispor à infecções oportunistas, limitam a ingestão de alimentos, reduzindo o ganho de peso. Animais jovens são os mais acometidos e, embora a morbidade seja elevada, a mortalidade é baixa. Quando isso ocorre, pode-se atribuir à incapacidade de amamentação (devido às lesões) ou pelas infecções secundárias, por bactérias e parasitas. Em animais adultos, as lesões são encontradas principalmente ao redor dos tetos, o que pode favorecer os quadros de mastite, aumentando as perdas. Assim como nos ovinos, as lesões em humanos são autolimitantes e tendem a se resolver dentro de poucas semanas. (HAIG & MERCER, 1998).

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contém altas taxas de partículas virais (ROBINSON & BALASSU, 1981).

Tratamento e profilaxia

O tratamento das lesões é feito a base de anti-sépticos, principalmente para combater infecções secundárias, embora existam fármacos capazes de controlar a replicação deste vírus, como os ésteres derivados de fosfatos de nucleosídeos acíclicos. Quando a doença é endêmica nos rebanhos, opta-se pela vacinação anual dos animais jovens. A imunização dos

animais é realizada pela utilização de vacinas vivas, sendo obtida a partir de crostas de ovinos infectados experimentalmente. Por esse motivo, a vacinação coincide com a introdução do vírus no rebanho, o que pode ocasionar surtos da doença. Além disso, é importante evitar fatores de estresse, introdução de animais doentes no rebanho e pastagens grosseiras que possam causar abrasões na pele e mucosas dos animais, são medidas que podem ser adotadas para diminuir o risco de contaminação dos animais com o ORFV.

1 Aluno do Programa de Pós Graduação em Medicina Veterinária - UFSM2 Professor do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva - UFSM

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Patogenia e patologia

O ORFV infecta os animais através de abrasões ou escarificações da pele, uma vez que a sua replicação ocorre nos queratinócitos basais. Por isso, o requerimento para a instalação da infecção viral não é a destruição da epiderme em si, mas a replicação nos queratinócitos associados ao processo de reparação da derme lesada. O período de incubação da doença varia de 24 a 72 horas, sendo que inicialmente são observadas hiperemia leve e máculas. Dentro de 3 a 4 dias, as lesões evoluem a pápulas que, com o passar dos dias, transformam-se em vesículas, pústulas e crostas (Figura 3). Na maioria dos casos, as lesões são agudas, restringindo-se à comissura labial, narinas e tetos dos animais. Apesar dessas lesões serem, geralmente, autolimitantes, já foram descritos casos de infecção crônica em caprinos , lesões verrucosas atípicas na face e na pele dos membros de ovinos , vesiculares na mucosa oral e proliferativas e crostosas na pele da cabeça, pescoço e flanco de caprinos .

Até o presente momento não existe evidência da disseminação sistêmica do ORFV . As lesões desenvolvidas na primeira infecção são severas, de caráter proliferativo e que tendem a se resolver espontaneamente dentro de seis semanas. Em casos de re-infecções, as lesões são acentuadas, mas menos severas do que na infecção primária, e regridem em um período mais curto. Após a primeira infecção, a doença parece ocorrer periodicamente nesses rebanhos, provavelmente devido ao longo tempo de sobrevivência do vírus em crostas e nas pastagens , e à imunidade, que é de curta duração.

As lesões histológicas encontradas em surtos de ectima contagioso em ovinos e caprinos são caracterizadas por dermatite proliferativa, degeneração balonosa, acantose, vesículas e pústulas subcorneais, além de inclusões intracitoplasmáticas eosinofílicas em queratinócitos. Diagnóstico

O diagnóstico da doença é realizado com base na observação dos sinais clínicos, nos achados epidemiológicos, e pelo teste de microscopia eletrônica. O material de escolha para o diagnóstico laboratorial são as crostas que, geralmente,

Figura 3 – Evolução das lesões clínicas e histopatológicas emovinos infectados pelo ORFV, conforme a progressão do tempo. Fonte: McGavin & Zachary, 4.ed., 2007.

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CLONAGEM E EXPRESSÃO DE UM FRAGMENTO RECOMBINANTE DA

PROTEÍNA DE 28 KDa DO VÍRUS DA SÍNDROME DA MANCHA

BRANCA (WSSV) DE CAMARÕES

1 2Patricia Braunig , Rafael D. Rosa , 2 2Caroline H. Seibert , Mariana Borsa ,

2 3 3 Patricia H. Stoco , Edmundo C. Grisard , Aguinaldo R. Pinto

Palavras-chave: WSSV, Vp28, proteína reombinante, camarões peneídos.

Introdução

O vírus da síndrome da mancha branca (WSSV) é um dos principais patógenos que infectam os cultivos de camarões peneídeos por todo o mundo, causando altos níveis de mortalidade (Flegel, 2007; Lo et al., 1996).

O WSSV é capaz de infectar uma ampla gama de crustáceos. Caranguejos, lagostas e siris são portadores assintomáticos, enquanto os camarões peneídeos são altamente suscetíveis à infecção e apresentam a enfermidade da síndrome da mancha branca (FLEGEL, 1997; LO et al., 1996). O vírus infecta o epitélio cuticular, tecidos conectivos e hematopoiéticos, os órgãos linfóides e o sistema nervoso (SHI et al., 2005). Na espécie L. vannamei a mortalidade pode alcançar níveis de 90 a 100% dentro

de 3 a 7 dias após a infecção (CHOU et al., 1995; ZHAN et al., 1998).

Os sinais clínicos da enfermidade causada pelo WSSV são camarões letárgicos, exibindo nado lento na superfície, baixo consumo alimentar (NUNES; MARTINS, 2002). Porém o principal sinal que indica infecção pelo WSSV são as manchas brancas no exoesqueleto e na epiderme do camarão, na parte dorsal do rostrum. Estas manchas são depósitos de sais de cálcio na epiderme cuticular e podem ser facilmente observadas a olho nu.

O primeiro aparecimento do WSSV ocorreu em Taiwan, no início dos anos 90 (CHOU et al., 1995). Após contaminar os cultivos de camarões presentes no continente Asiático, o vírus disseminou-se para outras regiões do mundo, atingindo fazendas produtoras de camarões nos Estados Unidos, América Central, América do Sul, Europa e Austrália (VAN HULTEN et al., 2001). Entre dezembro de 2004 e janeiro de 2005, o WSSV foi detectado pela primeira vez no Brasil, em cultivos no estado de Santa Catarina (APHIS-USDA, 2005).

O WSSV é um vírus envelopado com morfologia oliveo-baciliforme, a característica morfológica mais interessante deste vírus é a presença de uma extensão em forma de filamento na extremidade da partícula viral. Devido às características peculiares do WSSV ele foi classificado em um novo gênero Whispovirus e família Nimaviridae (ICTVdB, 2006). O genoma do WSSV consiste em uma molécula de DNA dupla fita com aproximadamente 300 kb (YANG et al., 2001), neste genoma foram identificadas 180 possíveis fases de leitura de transcrição gênica (open reading frames-ORFs).

São cinco os principais polipeptídeos presentes na partícula viral, as proteínas VP26, VP24 e VP15 localizam-se no nucleocapsídeo enquanto que VP28 e VP19 estão localizadas no envelope da partícula viral do WSSV (VAN HULTEN et al., 2000, 2002). A VP28, a proteína mais abundante no envelope viral (XIE; XU; YANG, 2006), exerce papel importante no processo de infecção, desempenhando as funções de reconhecimento e ligação aos receptores da superfície celular do hospedeiro (WU; WANG; ZHANG, 2005). Além disso, foi demonstrado que anticorpos anti-VP28 neutralizam o vírus e bloqueiam a infecção viral (Yi et al., 2004). Entretanto, o mecanismo de entrada do vírus na célula continua desconhecido.

Devido a ausência do sistema imune adaptativo em crustáceos, vacinas não são desenvolvidas eficientemente e utilizadas na aqüicultura de camarões (LIU et al., 2009). Consequentemente, métodos de diagnóstico tem sido aplicados para controlar as viroses nas fazendas de cultivo de camarões. A natureza altamente conservada das proteínas estruturais do WSSV permite a produção de proteínas recombinantes para diferentes aplicações como, produção de anticorpos poli e monoclonais que por sua vez são empregados em testes imunológicos para diagnóstico. Assim, proteínas estruturais do WSSV podem ser utilizadas para entender o mecanismo de infecção do WSSV, morfogênese e interação com as moléculas do hospedeiro (TANG et al., 2007).

WSSV tem sido isolado em diferentes regiões geográficas, como nos países Asiáticos e na América (LIGHTER, 2003). Embora a síndrome da mancha branca tenha sido detectada no Brasil em 2004, até o momento, não há relatos na literatura da caracterização de um isolado brasileiro de WSSV. No presente

Figura 1: Eletroforese em gel de agarose a 1,0% corado com brometo de etídeo, demonstrando a amplificação do fragmento de interesse (558 pb) pela PCR, a partir do DNA total extraído de camarões infectados com WSSV. 1: padrão de peso molecular (100 pb ) 2: controle negativo (reação de PCR realizada na ausência de DNA); 3: amplificação da porção do gene de Vp28.

McELROY, M. C.; BASSETT, H. F. The development of oral lesions in

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O Setor de Virologia da UFSM, sob coordenação dos

professores Rudi Weiblen e Eduardo Furtado Flores, está iniciando um

projeto para obter amostras do vírus do ectima contagioso (boqueira) de

casos no RS - incluindo ovinos e caprinos. O objetivo é caracterizar essas

amostras para determinar qual delas é mais indicada para a produção de

uma vacina. A segunda etapa é a produção de uma vacina eficaz contra

estas cepas circulantes. Assim, solicitamos aos colegas que atuam no

campo que, ao diagnosticarem casos da doença, coletem crostas e as

mantenham em geladeira. A seguir entrem em contato conosco

([email protected] - ou 55 3220 8853 ) para acertarmos os

detalhes da remessa, cujos custos nos encarregaremos de cobrir. Da

mesma forma, estamos oferecendo um volume do livro "Pérolas da

Veterinária" como agradecimento aos colegas que enviarem as amostras

solicitadas. Obrigado.

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estudo, um fragmento do gene da VP28 (BrVP28) de um isolado brasileiro foi clonado para produção da região hidrofílica carboxil-terminal. A proteína recombinante BrVP28 obtida é uma ferramenta biotecnológica para produção de anticorpos monoclonais anti-WSSV, os quais poderão ser aplicados no desenvolvimento de kits de diagnóstico que podem ser utilizados no controle da disseminação do WSSV nas fazendas de camarões no Brasil.

Materiais e métodos

O material genético total proveniente de tecidos naturalmente infectados com WSSV foi purificado pelo método de extração do fenol-clorofórmio (LO et al., 1996; SAMBROOK; RUSSEL, 2001).

Foram desenhados iniciadores específicos para clonar o fragmento hidrofílico da proteína VP28 com auxílio do programa de bioinformática DNASTAR. Nos iniciadores senso e anti-senso foram inseridos, respectivamente, sítios de restrição para as enzimas de restrição NdeÉ e BamHÉ.

A amplificação da região que codifica a seqüência codificadora da região hidrofílica da VP28 foi realizada por PCR. O produto de PCR foi clonado no plasmídeo pET-14b e consequentemente o plasmídeo recombinante pET-14b-VP28r foi

utilizado no processo de transformação por eletroporação de bactérias E. coli BL21(DE3) plysS eletrocompetentes. O cultivo bacteriano teve a expressão induzida com a melhor condição, que compreende na adição de IPTG em uma concentração final de 1mM sob agitação durante 4 horas. A proteína BrVP28r foi purificada da fração insolúvel do precipitado bacteriano, a partir de corpos de inclusão, por metodologia baseada na afinidade por íons metálicos imobilizados.

Após quatro ciclos de diálise, a concentração protéica final foi determinada pelo método de Bradford. Para confirmar a expressão da BrVP28 foi realizada a técnica de Western blot. Também foi realizado o seqüenciamento do plasmídeo contendo o inserto de interesse, sendo a leitura das bases efetuada no seqüenciador MegaBace 1000 DNA Analysis System.

Resultados e Discussão

Proteínas do WSSV tem sido clonadas e expressas na tentativa de contribuir para o entendimento da biologia do vírus assim como para o desenvolvimento de métodos de diagnóstico. Neste trabalho, a região hidrofílica carboxil-terminal da VP28 foi expressa com sucesso em E. coli e posteriormente purificada. A amplificação da região de interesse por PCR resultou em um fragmento de aproximadamente 558 pb (Fig 1).

A pesquisa por Blast indicou que a amplificação do produto de 558 pb apresenta homologia com outras sequencias de VP28 de diferentes cepas de WSSV. A sequencia aminoacídica deduzida da BrVP28 apresentou alta identidade (98-100%) com WSSV isolados na Índia, Corea, Japão, Indonésia, China e México. A identidade significativa do gene VP28 entre a cepa brasileira e os diversos isolados de WSSV demonstra a natureza altamente conservada das proteínas do WSSV.

A proteína recombinante BrVP28 foi obtida utilizando o plasmídeo pET14b-BrVP28, o qual foi empregado na transformação das células E. coli BL21(DE3)pLysS. Para otimizar a produção de BrVP28, diferentes condições de cultivo foram testadas, como temperatura, tempo de indução e concentração de IPTG. O melhor nível de expressão foi obtido após 4 horas de indução com 1mM de IPTG a 37ºC. Uma banda de aproximadamente 21 kDa foi observada no perfil protéico dos clones induzidos com IPTG, mas não foi observada nos não induzidos (Fig. 2). Sendo a BrVP28 produzida na forma de uma proteína recombinante fusionada a cauda de histidina na região amino-terminal.

O protocolo de purificação utilizado proporcionou uma preparação final pura, livre de contaminação por outras proteínas bacterianas. Este método também proporcionou a obtenção de alta concentração protéica final.

A análise por Western blotting da cultura bacteriana antes e após indução por IPTG utilizando anticorpos monoclonal anti-histidina revelou a presença da proteína BrVP28 somente nos cultivos de E. coli submetidos a indução (Fig. 2). Esta análise confirmou o sucesso da expressão da BrVP28 empregando os métodos desenvolvidos no presente estudo.

Estes resultados demonstraram pela primeira vez a produção de uma proteína do WSSV isolado no Brasil. Esta proteína poderá ser utilizada na produção de anticorpos que por sua vez serão empregados no desenvolvimento de testes imunológicos de diagnóstico, assim como, poderá ser empregada nos estudos de caracterização do WSSV.

1 Servidor Técnico Administrativo - UFSM2 Aluno Pós graduação Biotecnologia - UFSC3 Professor do Programa de Pós Graduação em Biotecnologia - UFSC

Referências

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Figura 2: Expressão heterólogas da BrVP28 avaliada por SDS-PAGE e Western blotting. (A) SDS-PAGE demonstrando o perfil protéico da E. coli BL21(DE3)pLysS expressando a proteína recombinante BrVP28. (B) Análise por Western blotting da BrVP28 fusionada a histidina. M: marcador de peso molecular protéico (kDa), 1: E. coli transformada com o plasmídeo pET14b-BrVP28 antes da indução com IPTG, 2: E. coli transformada com o plasmídeo pET14b-BrVP28 após 4 horas de indução, 3: fração insolúvel e 4: fração solúvel da E. coli expressando a BrVP28 após indução, 5: BrVP28 purificada

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secundário e terciário (BENAVIDES & TRINDADE, 2008). Entre os fatores que acarretam perdas à criação bovina

estão as doenças infecciosas, como as clostridioses. Os prejuízos econômicos causados pelas clostridioses são de difícil mensuração em razão da escassez de dados. Entretanto, devido à sua alta letalidade, estima-se que estes sejam elevados (BALDASSI et al., 1985).

Clostridioses são o grupo de infecções e intoxicações causadas por bactérias anaeróbias do gênero Clostridium. Estes microrganismos são bacilos, Gram positivos e têm a habilidade de passar por uma forma de resistência chamada esporo e podem, assim, se manter potencialmente infectantes no solo por longos períodos, representando um risco significativo para a população animal e humana (TITBALL et al., 2006).

Os clostrídios compõem mais de 120 espécies descritas, porém poucas podem causar doença. As clostridioses podem ser divididas em: desordens neurotrópicas (C. botulinum e C. tetani), enterotoxemias (C. perfringens e C. difficile) e aquelas que determinam mionecrose (C. chauvoei, C. septicum, C. haemolyticum, C. novyi, C. hystolyticum e C. sordellii) (GREGORY, 2006).

A principal doença que determina mionecrose é o carbúnculo sintomático e é, de longe, a mais prevalente. Nos bovinos, é uma doença aguda, “endógena” e não contagiosa

SETOR DE DOENÇAS PARASITÁRIAS

?Diagnóstico e epidemiologia de infecções parasitárias em pequenos e grandes animais;?Orientação sobre controle parasitário em pequenos animais, com enfoque nas zoonoses;?Testes de eficácia e de resistência a compostos contra endo e ectoparasitas;?Treinamento pessoal;?Mestrado e doutorado pelo PPGMV/UFSM

Endereço: Prédio 44 - CCR 2 - Sala 5149 - Fax: (55) 3220 8257 - Fone: (55) 3220 8071Professores: Fernanda F. Vogel ([email protected]) - Luís Antônio Sangioni ([email protected])

Carbúnculo Sintomático1 2Agueda Palmira Castagna de Vargas , Luana D´Avila Farias

ResumoA criação de bovinos é uma atividade economicamente

importante no Brasil. O carbúnculo sintomático é uma das enfermidades infecciosas que causam prejuízos significativos a esta criação. O agente etiológico da doença é a bactéria Clostridium chauvoei. A medida profilática mais indicada para o controle desta doença é a vacinação do rebanho. O controle Oficial de qualidade de todas as partidas desta vacina prévio à comercialização no Brasil é realizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O teste de eficiência realiza-se por meio de uma prova biológica que utiliza animais de laboratório, este teste utiliza a cepa Oficial Manguinhos-Teixeira (MT). Métodos alternativos in vitro, que sejam considerados mais humanitários para o teste de eficiência de vacinas contra infecções clostridiais de ruminantes, fazem parte da abordagem chamada de 3 R's (reduzir, refinar e/ou substituir o uso de animais) .

Palavras-chave: Falha vacinal, Clostridium chauvoei, vacina, Abordagem 3 R's, teste biológico.

A criação de bovinos tem extrema importância econômica, social e até mesmo cultural no Brasil, principalmente no sul do país. O rebanho bovino brasileiro era de 199,75 milhões de cabeças em 2007 (BRASIL. IBGE, 2007), dos quais 13,47 milhões no Estado do Rio Grande do Sul. A produção brasileira de carne é de 7,3 milhões de toneladas e a participação do Rio Grande do Sul é de 604.147 toneladas, ou seja, 8,2% do total brasileiro. A carne bovina é um dos principais itens na pauta de exportação do país que representa uma quota significativa da balança de pagamento, além de gerar empregos nos setores primário,

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produzida por Clostridium chauvoei (SONGER, 2004). Foi reconhecida como doença distinta em 1782 por Chabert, o qual a denominou “charbon symptomatique” (carvão, em francês, para se referir à coloração preta da lesão necrótica que produz) e a distinguiu do carbúnculo hemático, com a qual é frequentemnte confundida (KRIEK & ODENDAAL, 2004). Posteriormente, a doença e as propriedades do organismo causal foram estudadas por Arloing, Cornevin e Thomas, os quais também desenvolveram o primeiro método prático de imunização profilática (KRIEK & ODENDAAL, 2004).

Esta enfermidade tem ocorrência mundial, com taxas que diferem entre e dentro das áreas geográficas, as quais sugerem um solo reservatório ou fatores climáticos ou sazonais ainda a serem definidos (RIET-CORREA, 2007). Segundo Useh et al. (2006) a prevalência do carbúnculo sintomático é conhecida por ser muito alta durante os anos de elevada precipitação média anual . Bovinos jovens, entre quatro meses e três anos de idade e no mais alto patamar nutricional são os mais susceptíveis (QUINN, 1994). Isto ocorre porque as grandes massas musculares permitem, ao sofrerem qualquer lesão, a formação do ambiente anaeróbio que a bactéria necessita para se multiplicar. O período de incubação dura de 1 a 3 dias, a morbidade varia entre 5 e 25% e a letalidade é de 100% (RIET-CORREA, 2007).

Existem duas formas de manifestação do carbúnculo sintomático nos bovinos. A forma clássica, de ocorrência mais freqüente e que afeta a musculatura esquelética, e a visceral, que raramente é encontrada e que afeta principalmente o coração (UZAL et al., 2003a). A real patogenia do carbúnculo sintomático em bovinos, tanto na forma clássica como na visceral, é ainda incerta. Na forma clássica, a hipótese corrente é que os esporos presentes no intestino são veiculados por macrófagos até a musculatura, onde permanecem em latência. Traumas nas grandes massas musculares criam um ambiente de baixo potencial de oxirredução, que propiciam a germinação dos esporos e a consequente produção de toxinas (SONGER, 2004).

Como o curso da doença é muito rápido e a letalidade é de 100%, as medidas profiláticas associadas à vacinação são mais importantes do que o tratamento. Quando o diagnóstico está correto, a doença pode ser facilmente controlada. Para o diagnóstico, as amostras devem ser colhidas logo após a morte ou o sacrifício do animal suspeito, selecionando-se os tecidos atingidos, que devem estar bem embalados para evitar deterioração e enviados rapidamente ao laboratório. Além disso, a descrição do caso é fundamental para conduzir a análise laboratorial (BALDASSI, 2005).

Diferente do botulismo, tétano e enterotoxemias, em que a detecção da(s) toxina(s) produzida pelos agentes envolvidos é imprescindível para o diagnóstico, na mionecrose a detecção dos agentes é suficiente para se ter um diagnóstico conclusivo. Entretanto, somente tem significado a detecção em local remoto em relação aos intestinos, onde podem ser encontrados na maioria dos animais sadios. Alguns métodos imunológicos de diagnóstico podem ser empregados para visualizar e individualizar a bactéria, como a imunofluorescência direta (IFD), teste de referência para mionecroses, que permite a detecção dos agentes em esfregaços de cultivo (BATTY & WALKER, 1963; PINTO & ABREU, 1992; ASSIS et al., 2001) e em impressões (“claps”) obtidas diretamente dos tecidos durante a necropsia (ASSIS et al., 2005); a imunohistoquímica (IHQ) em cortes histológicos e/ou esfregaços de cultivo (CONESA et al., 1995; ASSIS et al., 2005) e as seguintes técnicas de PCR: que amplificam sequências conservadas da subunidade 16s rRNA (KUHNERT et al., 1997; UZAL et al., 2003b), da subunidade 16S-23S rDNA (SASAKI et al., 2000; SASAKI et al., 2001), a sequência gênica que codifica a flagelina do C. chauvoei (KOJIMA et al., 2001) e a que codifica a flagelina do C. chauvoei, C. septicum, C. novyi tipos A e B e C. haemolyticum (SASAKI et al., 2002; ASSIS et al., 2008).

O diagnóstico das mionecroses tradicionalmente tem sido feito baseando-se no cultivo e isolamento dos microrganismos envolvidos (BALDASSI et al., 1985). Entretanto, o tempo necessário para o cultivo e isolamento é de quatro dias a uma

semana (ASSIS et al., 2001). Portanto, um diagnóstico preciso de C. chauvoei, apenas por meio de cultivo é freqüentemente difícil (KUHNERT et al., 1997).

Ademais, a IFD em impressões obtidas diretamente dos materiais suspeitos e em esfregaços de cultivos puros (ASSIS et al., 2001), requer materiais frescos, bem como equipamentos e reagentes não disponíveis usualmente na maioria dos laboratórios. Em adição, métodos imunológicos podem produzir resultados equivocados porque o C. chauvoei e C. septicum têm vários antígenos em comum (HAMAOKA & TERAKADO, 1994).

A técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR) está livre da maioria dos problemas mencionados acima (KUHNERT et al., 1997; KOJIMA et al., 2001). A importância da técnica de PCR multiplex é devida à rapidez e precisão na diferenciação destes microrganismos, além da utilização de diferentes sequências iniciadoras (“primers”) em uma mesma reação, o que reduz os custos do teste, já que C. chauvoei e C. septicum ocorrem em quadros semelhantes de mionecrose e são de difícil distinção (ASSIS et al., 2008).

Segundo Assis et al. (2004) no Brasil, a maior parte dos diagnósticos é baseada apenas em sinais clínicos pouco conclusivos e/ou lesões de necropsia, existindo poucos relatos de confirmação laboratorial.

Nas clostridioses, devido às características ecológicas dos agentes, que são ubiquitários do trato digestivo dos animais e solo, e devido à forma de resistência por meio de esporos, a erradicação é impossível (LOBATO et al., 2007). Devido ao caráter agudo e dificuldade de tratamentos eficazes, medidas preventivas devem ser adotadas, sendo a utilização de vacinas a principal estratégia a ser empregada. Segundo KOJIMA et al. (2001), a vacinação é a estratégia preventiva mais confiável contra esta doença. O controle e profilaxia devem basear-se em medidas adequadas de manejo e vacinações sistemáticas de todo o rebanho, já que os animais estão em permanente contato com os agentes e com os fatores que poderão desencadear as doenças (LOBATO et al., 2007).

A principal Imunidade contra o C. chauvoei é a anticelular, sendo o antígeno “O” somático termoestável e o “H” flagelar termolábil os mais amplamente estudados. No entanto, este microorganismo possui um mecanismo de infecção invasiva assistida por toxinas com atividade local e extracelular que espalha fatores de proteção, cuja imunogenicidade tem sido pouco estudada. As toxinas principais são: alfa (hemolítica, necrotizante e letal), beta (DNase), gama (hialuronidase) e delta (hemolisina). A toxina alfa é a principal proteína envolvida nos quadros patológicos das mionecroses, devido às suas atividades biológicas. O seu mecanismo de ação baseia-se principalmente na formação de poros e lise osmótica, exibindo uma liberação pré-lítica de íons potássio (HATHEWAY, 1990). Ao longo dos últimos anos, muitos estudos mostram que os flagelos do C. chauvoei são importantes como um antígeno protetor (TAMURA et al., 1984; TAMURA et al. , 1995) e títulos de anti-flagelo conferem altas taxas de sobrevivência dos animais testados (KIJIMA-TANAKA et al, 1998).

A utilização de imunógenos tem reduzido, em grande parte, a mortalidade e consequentes perdas econômicas relacionadas às clostridioses. No México, estudo realizado por Corpus et al. (2008) obteve boa resposta com a proteína recombinante de membrana de 156KDa como possível imunógeno na proteção de bovinos contra o carbúnculo sintomático.

As vacinas comercializadas no Brasil são compostas de múltiplos antígenos e as normas para o controle da qualidade dessas vacinas estão definidas na legislação publicada pela Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA (BRASIL, 1997).Entretanto, apenas as vacinas contra C. chauvoei e Clostridium botulinum são submetidas ao controle Oficial pelo MAPA. As demais valências de clostrídios passam por controle obrigatório somente realizado pelos próprios fabricantes.

Os testes de esterilidade ou pureza, estabilidade, segurança e de eficiência para as vacinas clostridiais, portanto

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incluídas todas que contém antígenos de C. chauvoei no Brasil estão regulamentados pelo MAPA por meio da Portaria-SDA nº. 49/1997, hoje sob a égide do Decreto Federal nº. 5.053/2004. O regulamento utiliza critérios da Farmacopéia Européia (EUROPEAN UNION, 1998) e do Código Federal de Regulamentações (CFR-9, 2001), dos Estados Unidos da América do Norte, utilizando experiências realizadas no Brasil (IICA, 1989).

A cepa intitulada MT (BRASIL, 1997) é utilizada no controle Oficial no Brasil e está mantida em laboratório há mais de 20 anos. As diferenças antigênicas de C. chauvoei entre a cepa utilizada para o controle Oficial de qualidade das vacinas, esta que por sua vez é utilizada pelos fabricantes das vacinas para conseguir aprovação dos seus produtos no controle oficial, e as cepas que ocorrem no campo poderiam ser a causa de falhas vacinais, relatadas tanto no exterior (REED & REYNOLDS, 1977; CORPUS, 2008) quanto no Brasil (GREGORY et al., 2006).

Segundo Kerry (1967) sabe-se que cepas heterólogas possuem diferentes capacidades de proteção. Santos (2003), em trabalho de mestrado, realizou testes com vacinas contra o carbúnculo sintomático e constatou que a maioria das vacinas comercializadas no Brasil (63,6%) não protegeu os cobaias quando desafiadas com a cepa de campo. No trabalho de Araújo et al. (2009) a resposta sorológica passiva dos bezerros contra C. chauvoei é similar até os três meses de idade, independente da vacina empregada na imunização ativa das mães. Entretanto, esses anticorpos colostrais diminuem significativamente no transcorrer de três a quatro meses, assim como nos resultados de SCHIPPER et al. (1978) e TROXEL et al. (2001). Araújo et al. (2009) também constatou que a resposta sorológica passiva dos bovinos do grupo controle significativamente inferior no teste de ELISA quando se emprega a cepa de campo (SP) como antígeno.

Biológicos, como as vacinas, requerem o controle de qualidade de cada etapa da fabricação e de cada partida para certificar a segurança e a eficiência do produto comercial. Parte do controle de qualidade é fundamentado em modelo animal, inclusive o empregado no Brasil. As tendências atuais estão discutindo o desenvolvimento e implementação de alternativas ao uso dos animais em experimentação. Estas tendências incluem testes de quantificação in vitro de antígeno, abordagem sorológica e aplicação dos princípios de boas práticas de laboratório animal na abordagem chamada de 3 R's (reduzir, refinar e/ou substituir o uso de animais) (HENDRIKSEN, 2002).

Professor do Departamento de Medicina Veterinária PreventivaAluno do Programa de Pós Graduação em Medicina Veterinária

Preventiva

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LABORATÓRIO CENTRAL DE DIAGNÓSTICO DE PATOLOGIAS AVIÁRIAS

Necropsias, atendimento clínico, laboratorial e orientações sobre profilaxia de doenças de aves;Sorologia para Doenças de Newcastle e Gumboro, Bronquite infecciosa, Salmonelose, Microplasmose e exames complementares;Atendimento às criações de frangos de corte, poedeiras e aves ornamentais e silvestres;Mestrado (uma vaga anual).

Endereço: Prédio 44 - CCR 2 - Sala 5151 - Fax: (55) 3220 8257 - Fone: (55) 3220 8072Professora: Maristela Lovato ([email protected])

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deste cestódeo necessita de dois hospedeiros: na sua forma adulta parasita o intestino de canídeos (principalmente do cão); enquanto a forma larvária acomete importantes tecidos e/ou órgãos, tais como: fígado, pulmões, sistema nervoso central e músculos dos hospedeiros intermediários, principalmente dos herbívoros e acidentalmente o homem. O cisto pode aumentar de tamanho e causar lesões, compressão e disfunção nos órgãos afetados. A enfermidade é evidenciada, principalmente, em áreas rurais pelo fato de haver contato direto entre o hospedeiro definitivo e intermediário; entretanto há relatos de infestações de cães pela forma adulta em áreas urbanizadas, especialmente da fronteira do estado do Rio Grande do Sul com o Uruguai. Por ser uma doença zoonótica de grande importância econômica, em especial no sul da América do Sul, a equinococose cística além dos prejuízos à saúde humana, também representa um problema à indústria de carnes devido ao descarte das vísceras contaminadas, não aproveitadas para a comercialização.

Palavras-chave: equinococose, cisto hidático, Echinococcus granulosus, hidatidose

IntroduçãoA equinococose cística é uma infecção causada pela

forma larvária do cestódeo Echinococcus granulosus. A contaminação dos hospedeiros intermediários (HI) e do homem ocorre pela ingestão de ovos do helminto disseminados pelos hospedeiros definitivos (HD), representados principalmente pelo cão, ocorrendo a formação de cistos hidáticos, especialmente no fígado e no pulmão. As complicações ocasionadas pela equinococose são diversificadas, principalmente devido à compressão dos tecidos e órgãos afetados e/ou adjacentes (REY, 1991; ALMEIDA et al., 2008).

Atualmente existem várias espécies dentro do gênero Echinococcus, podendo ser caracterizadas: E. oligarthurus, E. vogeli, E. multilocularis e o E. granulosus. A espécie mais comumente encontrada no estado do RS é o E. granulosus, onde a fase adulta ocorre no HD, principalmente os em canídeos e alguns felídeos, e a fase larvária em um grande número de HI, entre eles destacam-se os herbívoros (ovinos, bovinos, caprinos, suínos, entre outros), além do homem participando como hospedeiro acidental (DE LA RUE, 1997, DE LA RUE, 2008.).

O E. granulosus apresenta uma maior variação intra-específica quando comparado as demais espécies do gênero. O termo linhagem é empregado para diferenciar os grupos da mesma espécie (subespécies), os quais diferem em características genéticas e biológicas. Tais características também possuem relevância epidemiológica, além de representarem diferenças no ciclo biológico do parasita, envolvendo o tempo de desenvolvimento, especificidade do HI, endemismo, entre outras. As variações mais comumente identificadas são: G2 linhagem oriunda de eqüinos, G5 de bovinos e humanos, G6 de cabras, camelos e humanos, e G7 suínos e humanos (BADARACO et al, 2007 ).

Os ovos deste helminto são eliminados pelas fezes dos cães parasitados (HD) e contaminam o ambiente. Os HI, especialmente os herbívoros, ingerem os ovos juntamente com a pastagem. Nestes animais, assim como no homem, há o rompimento do embrióforo e a liberação da oncosfera na presença do suco gástrico, que uma vez liberada no duodeno do HI, atravessa a parede intestinal com auxílio dos acúleos, caindo na circulação e

i contra o carbúnculo sintomático em uso no Brasil. Jaboticabal, SP, 2003. 56 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista.SASAKI, Y.; KOJIMA, A.; AOKI, H.; OGIKUBO, Y.; TAKIKAWA, N.; TAMURA, Y. Phylogenetic analysis and PCR detection of Clostridium chauvoei, Clostridium haemolyticum, Clostridium novyi types A and B, and Clostridium septicum based on the flagellin gene. Veterinary Microbiology. v.86, p.257-267, 2002.SASAKI, Y.; YAMAMOTO, K.; KOJIMA, A.; TETSUKA, Y.; NORIMATSU, M.; TAMURA, Y. Rapid and direct detection of Clostridium chauvoei by PCR of the 16S-23S rDNA spacer region and partial 23S rDNA sequences. Journal Veterinary Medical Science., v.62, p.1275-1281, 2000.SCHIPPER, I. A.; KELLING, C. L.; MAYER, J.; PFEIFFER, N. W. Effects of passive immunity on immune response in calves vaccinated against Clostridium chauvoei infection (blackleg). Veterinary Medicine/Small Animal Clinician, Lenexa, v. 73, p. 1564-1566, 1978.SASAKI, Y.; YAMAMOTO, K.; AMIMOTO, K.; KOJIMA, A.; OGIKUBO, Y.; NORIMATSU, M.; OGATA, H.; TAMURA, Y. Amplification of the 16S-23S rDNA spacer region for rapid detection of Clostridium chauvoei and Clostridium septicum, Research in Veterinary Science. v.71, p.227-229, 2001.TAMURA, Y.; KIJIMA-TAMAKA, M.; AOKI, A.; OGIKUBO, Y.; TAKASHASHI, T. Reversible expression of motility and flagella in clostridium chauvoei and their relationship to virulence. Microbiology. v.41, p.605-610, 1995.TAMURA, Y.; MINAMOTO, N.; TANAKA, S. Demonstration of protective antigen carried by flagella of clostridium chauvoei. Microbiology and immunology. v. 28, p.1325-1332, 1984.TITBALL, R.; DUCHESNES, C.; GRANUM, P.E.; MENOZZI, M.G.; PECK, M.; PELKONEM, S.; POPOFF, M.; STACKEBRANDT; MAINIL, J. Genus Clostridium – Clostridia in medical, veterinary and food microbiology. European Concerted Action. 2006, 214 p.TROXEL, R.; GADBERRY, M. S.; WALLACE, W. T.; KREIDER, D. L.; SHOCKEY, J. D.; COLBURN, E. A.; WIDEL, P.; NICHOLSON, I. Clostridial antibody response from injection-site in lesions in beef cattle, long-term response to single or multiple dose, and response in newborn beef calves. American Society of Animal Science, v. 79, p. 2558-2564, 2001.USEH, N. M.; IBRAHIM, N. D. G.; NOK, A. J.; ESIEVO, K. A. N. Relationship between outbreaks of blackleg of cattle and annual rainfall in Zaria, Nigeria. Veterinary Record, v.158, p.100- 101. 2006.UZAL, F. A. et al. Outbreak of clostridial myocarditis in calves. Veterinary Record, v.152, n.5, p.134-136, 2003a.UZAL, F.A.; HUGENHOLTZ, P.; BLACKALL, L.L.; PETRAY, S.; MOSS, S.; ASSIS, R.A.; FERANDEZ; MIYAKAWA, M.; CARLONI, G. PCR detection of Clostridium chauvoei in pure cultures and in formalin-fixed, paraffin-embedded tissues. Veterinary Microbiology. v.91., p.239-248, 2003b.

LABORATÓRIO DE ANÁLISES MICOTOXICOLÓGICAS - LAMIC

Análises diagnósticas de:· Diversas micotoxinas (toxinas de fungos) em alimentos, sementes, cereais e subprodutos, em produtos lácteos e tecidos animais;· Analisa cerca de 90% dos alimentos destinados para aves e suínos de diversas empresas agropecuárias brasileiras;· É referência para mais de uma dezena de laboratórios da América do Sul; Mestrado e Doutorado pelo PPGMV/UFSM.

Endereço: Prédio 44 – CCR 2 – 3º andar - Fone/Fax: (55) 3220 8445Professor: Carlos Augusto Mallmann ([email protected]).

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ASPECTOS DA EQUINOCOCOSE CÍSTICA,

UMA ZOONOSE DE IMPORTÂNCIA

1 2Lucas Rodrigo Thomas , Danieli Urach Monteiro , Leticia 1 3Minussi Oliveira , Tuany Soncini Bevilaqua , Sônia de Avila

4 5Botton , Mario Luiz de la Rue

ResumoA equinococose cística (também conhecida como

hidatidose) é uma doença causada pela forma larvária (cisto hidático) do parasita Echinococcus granulosus. O ciclo biológico

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migrando para diferentes tecidos e órgãos, tais como: o fígado, os pulmões, os músculos e o sistema nervoso central. O cão ao ingerir as vísceras cruas do HI, contendo o cisto com escólex (Figura 2), irá se contaminar. O cisto no duodeno do HD transforma-se em parasita adulto (Figura 1), mantendo o ciclo biológico do parasita (ALMEIDA et al., 2008)

A equinococose é uma enfermidade de ampla distribuição geográfica, sendo encontrada em regiões endêmicas de várias partes do mundo. Atualmente destaca-se a América do Sul, e no Brasil, recebe maior atenção o estado do Rio Grande do Sul. Localidades onde ocorre a coexistência do parasita e dos seus hospedeiros, levando a contaminação no meio ambiente e mantendo o seu ciclo biológico, são zonas de risco à sanidade dos animais de produção e da população humana. Os locais endêmicos da equinococose geralmente são as pequenas e médias propriedades produtoras de carne, especialmente ovina, caprina, bovina e suína, onde a criação e o abate dos animais ocorrem na maioria das vezes de forma quase que artesanal, não apresentando inspeção veterinária (GUARNERA, 2008)..

Etiologia e morfologiaO E. granulosus é um helminto que pertence ao filo

Platyhelmintes, classe Cestoda, ordem Cyclophyllidea e família Taeniidae (FORTES, 2004). É um cestódeo de pequeno tamanho quando comparado com outras tênias, possuindo de 3 a 6 mm de comprimento por 1 mm de largura. Na forma adulta, o escólex apresenta um rostro com dupla coroa formada por 28 a 54 acúleos grandes e pequenos. As ventosas têm um diâmetro de 13 µm. O estróbilo é constituído por três a quatro proglotes, sendo a primeira jovem, a segunda madura e a terceira grávida. A proglote grávida representa a metade do comprimento do estróbilo (FORTES, 2004). A forma larvária do parasita (cisto hidático) apresenta-se de forma esférica, de cor branca e consistência elástica, sendo seu crescimento variável de acordo com o hospedeiro e o órgão parasitado (ALMEIDA et al., 2008).

Ciclo biológico O E. granulosus adulto tem seu hábitat natural no

intestino delgado do cão doméstico (Canis familiaris), que se infecta ao ingerir vísceras provenientes do HI que tenham cistos hidáticos viáveis (Figura 3). O último segmento do parasito, grávido, é liberado junto com as fezes do animal. No seu interior

estão contidos 500 a 800 ovos, chamados de embrióforos, com as oncosferas já completamente formadas. O E. granulosus necessita de alguns dias após a infecção do cão para atingir seu desenvolvimento completo, surgindo assim, os primeiros ovos embrionados no anel grávido (REY, 1991). Após certo período, há o desprendimento do parasita da parede do intestino pelos movimentos peristálticos e sua eliminação para o meio ambiente juntamente com as fezes (FORTES, 1995, GUARNERA, 2008).

Os HI (especialmente os ovinos, caprinos, suínos e bovinos) ao realizarem a ingestão de alimentos ou pastos contaminados ingerem também os ovos. Os ovos ao romperem-se no intestino e liberam a larva, que irá perfurar a mucosa e impetrar a circulação sanguínea, chegando ao fígado (em aproximadamente 70% dos casos), podendo também atingir os pulmões, músculos e tecido conjuntivo, baço, rins e o sistema nervoso central, onde ocorrerá a formação do cisto hidático. A evolução do parasita, assim como a velocidade de crescimento do cisto hidático, dependerá do hospedeiro e do órgão parasitado, sendo que o sistema imunológico do hospedeiro corrobora a resistência ao parasitismo (REY, 1991; ALMEIDA et al., 2008). A larva pode evoluir ao estágio maduro lentamente, parasitando por toda a vida do animal, sem causar sinais clínicos evidentes (LARRIEU et al., 2004).

Ao ingerir as vísceras contaminadas com um ou mais cistos, haverá o desenvolvimento de novos parasitas adultos no intestino delgado do cão, mantendo, assim, o ciclo do E. granulosus e a contaminação contínua da área onde vivem estes animais (LARRIEU et al., 2004). O nível de infestação do ambiente depende de fatores como: a massa de infestação do cão; o número de animais infectados; o clima e a temperatura ambiente, podendo a vitalidade do ovo ser mantida por até três semanas; em águas pouco profundas ou na areia úmida, resiste cerca de onze dias a dessecação do ar; e quatro meses sob congelamento a -1ºC (REY,

SETOR DE INDÚSTRIA E INSPEÇÃO DE CARNES

Avaliação de cortes e vísceras com suspeitas de alterções;Orientação à pequenas indústrias na implantação de pequenos matadouros;Responsável pela promoção do PROSUL (Encorte);Convênio com a Prefeitura Municipal de Santa Maria no serviço de Inspeção Municipal.

Endereço: Prédio 44 - CCR 2 - Sala 5143 - Fax: (55) 3220 8074 - Fone: (55) 3220 8257Professor: Luis Fernando V. de Pelegrini ([email protected])

Saul Fontoura da Silva ([email protected])

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Figuras 1 e 2- Exemplar adulto e escólex de Echinococcus granulosusFonte: STANFORD UNIVERSITY WEBSITE/ ACADEMIC DICTIONARIES AND ENCLYCLOPEDIASIn:<http://www.stanford.edu/group/parasites/ParaSites2003/Echinococcus/index2.htm>

Figura 3 - Ciclo biológico do Echinococcus granulosus.Fonte: Adaptado de: E. GRANULOSUS LIFE CYCLE. In: DPDx Laboratory Identifacation of Parasites of Public Health Concern. <http://www.dpd.cdc.gov/dpdx/HTML/Echinococcosis.htm>.

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1991). As oncosferas liberadas perdem o seu potencial de infestação ao longo do tempo, sendo que as com maior período de desenvolvimento possuem uma porcentagem maior de ovos inviáveis (GUARNERA, 2008, ECKERT & GEMMELL, 2001).

A transmissãoDe acordo com Guarnera (2008), a base do mecanismo de

transmissão da enfermidade é a contaminação biológica do ambiente onde é realizada a criação e o manejo dos animais que mantêm o ciclo do E. granulosus. O limite de mobilidade dos cães contaminados e o tamanho da área de criação onde pastam conjuntamente ovinos, bovinos, caprinos, suínos ou a criação em geral, são os locais onde se mantêm a cadeia de contaminações da propriedade. A transmissão é influenciada, ainda, por uma série de fatores intrínsecos à própria região, tais como: o tipo de vegetação que cobre os ovos, os ventos, os índices pluviométricos, a radiação solar, existência de espécies dispersoras de ovos (pássaros, ácaros, dípteros, entre outras). As características de cada região associadas ao complexo Echinococcus/Equinococose cística irão determinar se há um problema de saúde pública na localidade (GUARNERA, 2008).

Segundo De La Rue (2008) são encontrados registros de acordos entre o Brasil e Uruguai sobre programas de saúde pública para o combate conjunto do ciclo do Echinococcus datados já do ano de 1941, haja visto que na região de fronteira entre estes dois países a pecuária de corte é uma das principais atividades econômicas. Os programas, porém, não desenvolveram resultados satisfatórios e novas tentativas foram realizadas ao longo dos anos, porém não perdurando por mais de alguns meses. Pelo fato de haver uma forte ligação da região rural com a área urbana nesta zona de fronteira, a doença se espalha, chegando às cidades. Após um intenso programa de informação à população sobre o ciclo de vida e a importância do controle do parasita para a saúde pública, níveis de infestação considerados aceitáveis foram alcançados por algum tempo. Após certo período, porém, o nível de infestação retornou de forma mais severa do que ao início do programa, denotando a dificuldade que tem a população em mudar alguns costumes, mesmo com um relativo conhecimento do ciclo de vida e importância de conter a atividade do patógeno (DE LA RUE, 2008).

Apresentação clínica da enfermidadeEm Humanos

De acordo com Eckert & Gemmell (2001), a equinocDe acordo com Eckert & Gemmell (2001), a equinococose cística merece atenção médica para todas as idades e sexos, uma vez que existem registros de casos em pacientes de diferentes faixas etárias. O homem é considerado um hospedeiro acidental, pelo fato de não contribuir com a manutenção do ciclo de vida do parasita, que devido a ações do sistema imunológico não atinge a sua forma adulta quando parasitando o homem.

No Brasil, desde 1987 a equinococose foi excluída da lista de doenças de notificação obrigatória, desta forma, o relato das infestações da doença não é feito de forma eficaz para um controle numérico exato (KLOETZEL et al., 1992) No Hospital Infantil de Madrid, na Espanha, arquivos mostram que 2% das crianças afetadas pela doença tinham menos de um ano de idade, 21% entre 1 e 4 anos, e 77% entre 5 e 14 anos. Em dados de pesquisas realizadas na China, observa-se que 51% das cirurgias de retirada de cisto foram feitas em mulheres e 49% em homens. Em ambos os sexos, os números mostram que a maior parcela infectada encontra-se entre 6 e 15 anos de vida e após decrescendo com a idade (ECKERT & GEMMELL, 2001).

Os sinais clínicos podem ser bastante variáveis, mas geralmente consistem conseqüências da compressão dos órgãos e tecidos pelo crescimento do cisto hidático. O cisto cresce aproximadamente 1 cm por ano, podendo causar dor abdominal e distúrbios digestivos diversos, dependendo dos órgãos envolvidos, o tamanho dos cistos e como eles afetam o órgão, a relação entre a localização do cisto no órgão e as complicações causadas por uma possível ruptura do cisto (ALMEIDA et al., 2008). Geralmente o

desenvolvimento da equinococose se faz de modo silencioso, podendo os pacientes albergar os cistos durante toda vida sem reivindicar cuidados médicos. Algumas vezes o primeiro sinal percebido é a manifestação associada às tumorações, podendo provocar a sensação de tensão ou dores na localização do cisto (REY, 1991).

As formas mais graves da doença podem se manifestar depois de uma intervenção cirúrgica ou devido a rupturas espontânea de um cisto em áreas importantes do organismo. Em alguns casos pode haver manifestações de palidez, cianose, suores frios, náusea, vômitos, sinais nervosos (cefaléias, ansiedade, agitação, crises convulsivas e até preda da consciência) e respiratórios (tosse, dispnéia, crises que mimetizam asma ou desordens edematosas) (REY, 1991). Dentro do cisto encontra-se a “areia hidática”, formada por um número variável de escólex e por fragmento de membrana prolígera e das vesículas prolígeras que em contato com a circulação causam alteração no organismo (ALMEIDA et al., 2008). O mais comum é a ausência de sinais clínicos, porém com o passar dos anos e em um estágio mais avançado da doença pode-se evidenciar a manifestação clínica (ECKERT & GEMMELL, 2001).

Em animaisSegundo Guarnera (2008), os cães parasitados pelo E.

granulosos (HD) não apresentam sinais clínicos evidentes. Porém se a concentração do parasita for muito alta, o animal pode apresentar sinais de uma enterite leve e transitória. A insuficiência de manifestações clínicas faz com que o proprietário do cão parasitado desconheça o fato, favorecendo a persistência da zoonose. O cão pode apresentar ovos do parasita por todo o corpo, não só no pêlo da região perianal, mas também o focinho e a língua com os quais se coça, e todo o pêlo do corpo pelo contato com ambiente poluído por suas fezes contendo o parasita (REY, 1991).

Nos HI, especialmente os herbívoros, assim como no ser humano, os sinais clínicos podem ser muito variáveis e dependentes de uma série de fatores como o estágio de desenvolvimento dos cistos hidáticos e do tempo de contaminação, por exemplo. Como a doença é, na maioria das vezes, identificada somente em estágios mais avançados, no caso dos animais a descoberta da enfermidade geralmente ocorre após o abate (ECKERT & GEMMELL, 2001).

DiagnósticoDe acordo com Eckert & Gemmell (2001), o diagnóstico

da equinococose cística é baseado em achados análogos da doença e critérios como a história clínica, sinais clínicos, lesões morfológicas detectadas por tecnologias de imagem, e, testes de imunodiagnóstico. Nas imagens de ultrassonografia e tomografia computadorizada, o cisto hidático é visualizado como uma massa heterogênea, associada muitas vezes com necroses na cavidade do órgão no qual está inserido. A Reação de Casoni foi bastante utilizada para diagnóstico em humanos, onde uma aplicação intradérmica de antígenos do fluido do cisto resulta em uma reação urticariforme e eritematosa no local da aplicação, quando ocorre a resposta positiva. Este procedimento é geralmente utilizado previamente a outros exames, confirmando assim o diagnóstico (ECKERT & GEMMELL, 2001). Atualmente o diagnóstico molecular vem como uma ferramenta muito importante no diagnóstico de E. granulosus, sendo esta uma metodologia de rápida detecção e alta confiabilidade. Utilizando-se a técnica de PCR (Reação da Polimerase em Cadeia) se pode identificar o parasita e deste modo as diferentes cepas de Echinococcus. A PCR é um método baseado na utilização do DNA do parasita presente na amostra a ser analisada, onde ocorre a amplificação gênica do fragmento de DNA predeterminado e específico de um organismo-alvo. Uma vez amplificado o fragmento-alvo de DNA, este poderá ser facilmente detectado por eletroforese em gel de agarose e/ou por sequenciamento do DNA. Desta forma a identificação do parasita pela PCR ocorre de maneira específica e mais rápida do que muitos procedimentos convencionais (FERREIRA et al., 2001).

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Tratamentos Para o tratamento químico da doença, existem fármacos

estabelecidos para cada fase do ciclo de vida do parasita. No tratamento dos HD, o praziquantel se mostrou atuante contra parasitas adultos, por atuar na permeabilidade da membrana celular do cálcio, provocando a contração muscular da parede intestinal do hospedeiro e conseqüentemente levando a paralisia e morte do parasita. Além disso, o fato de ser administrado em uma dose única viabiliza o tratamento dos cães (REGERT, 2008).

No combate ao cisto hidático, o tratamento com fármacos possui boa eficácia mas um custo elevado, devido ao longo período de tratamento. Fármacos como o albendazol e o mebendazol são amplamente empregados em pacientes nos quais uma intervenção cirúrgica é inviável, como no caso de cistos em vários órgãos vitais, e em grandes quantidades.

Podendo ou não ser conciliado com o tratamento por fármacos, o conteúdo do cisto pode ser mecanicamente extraído pelo método PAIR (punção, aspiração, injeção e re-aspiração). Como o nome sugere, o método, desenvolvido na década de 80, consiste na punção/aspiração do cisto, guiada por ecografia, seguida então da introdução de uma substância com propriedades escolicidas, a qual se deixa atuar durante alguns minutos sendo logo após todo o conteúdo reaspirado (ECKERT & GEMMELL, 2001). Por resultar em poucas complicações, ser menos invasivo e relativamente rápido e barato quando comparado com a cirurgia, este método é uma excelente alternativa ao tratamento da equinococose cística. É indicado principalmente para cistos localizados no fígado, pela dificuldade do acesso em outras áreas do corpo, em especial fora da cavidade abdominal. Uma característica negativa quanto ao PAIR, é que ele não pode ser usado para o tratamento de casos de cistos calcificados, pela dificuldade de se realizar a punção neste caso. O procedimento é indicado para pacientes onde uma cirurgia seria pouco recomendável, como é o caso de gestantes ou pacientes com cistos que reapareceram mesmo após uma intervenção cirúrgica. Também é recomendado a indivíduos para os quais o tratamento químico não se mostra eficaz e em situações de surtos envolvendo um grande número de casos. Neste caso específico, o PAIR se mostra ainda mais vantajoso por ser um tratamento de menos custo financeiro do que a cirurgia, mesmo exigindo recursos como sala de ecografia e intensificador de imagem (SILVA et al., 2001) .

A intervenção cirúrgica, que consiste na retirada do cisto da parede do órgão, deve ser feita de forma cuidadosa evitando que ocorra uma liberação do líquido presente no interior do cisto, que provocaria novas infestações. A cirurgia resulta na cura completa de 90% dos pacientes, apesar de muitas vezes ser impactante, quando existir uma grande quantidade de cistos (ECKERT & GEMMELL, 2001, REGERT 2008).

ProfilaxiaAs medidas profiláticas adotadas devem levar em

consideração principalmente a eliminação do agente etiológico, sendo que esta é a única maneira viável de controlar a manifestação da enfermidade. Estas medidas são relativamente simples de serem executadas, conseguindo-se êxito na sua erradicação. É necessário, porém, que todas as ações sejam realizadas de maneira contínua e rigorosamente controladas. O controle é considerado eficaz somente quando há eliminação do parasita em todas suas fases, visto que o cisto hidático pode permanecer por todo o período de vida do animal que, quando abatido, poderá contaminar um HD em

potencial e iniciar novamente o ciclo.As principais medidas profiláticas consistem em realizar

programas de educação sanitária com esclarecimento à população sobre os riscos à saúde e o ciclo de vida do Echinococcus, além de manter os animais de produção afastados do contato direto com cães domésticos e outros canídeos; realizar controle e tratamento dos cães portadores de Echinococcus e prevenir a sua reinfecção; evitar a alimentação dos cães com vísceras cruas dos HI (especialmente ovinos, suínos, caprinos e bovinos); solicitar a inspeção sanitária de matadouros para que haja a eliminação completa de vísceras contaminadas com o parasita. É de especial importância, também, esclarecer aos adultos e crianças a relação entre a equinococose no homem e o parasita adulto no cão doméstico, por meio do qual o ser humano desenvolve a infecção (ECKERT & GEMMELL, 2001, FORTES, 1995).

Prejuízos à indústria de carnesConforme mencionado por De La Rue (2008), em muitas

regiões a criação de animais de produção ainda é exercida como uma atividade incipiente, sendo uma ocupação realizada de forma quase artesanal. Nestas propriedades, principalmente localizadas no extremo sul do Brasil, Argentina e Uruguai, o controle de sanidade no sistema de produção é baixo ou nulo. Esta característica, aliada muitas vezes com a falta de conhecimento sobre o agente etiológico causador da equinococose, bem como a relação dos cistos encontrados em animais abatidos com a doença em humanos, favorece a contaminação de humanos e animais. Em 1997 a pesquisa realizada pelo ministério da agricultura do RS indicou que 14 a 50% dos cães de áreas rurais na área endêmica do Estado apresentavam-se infectados pelo parasita (DE LA RUE, 2008).

Deste modo, a contaminação de vísceras de animais de produção como ovinos, suínos e bovinos, leva ao descarte das mesmas, impedindo sua comercialização e trazendo prejuízos ao seu setor de produção animal e processamento de carnes.

ConclusãoA equinococose cística é uma enfermidade de

importância econômica e de saúde pública. Além de prejudicar o comércio de carnes, oferece perigo à sanidade dos animais domésticos e, principalmente, acarreta graves riscos à saúde dos seres humanos. O contato entre HD, HI e o homem, comumente visto em áreas rurais, favorece a manutenção do ciclo de vida do agente etiológico e determina um ambiente contaminado. Este fato poderia ser evitado com programas persistentes de esclarecimento sobre o ciclo de vida do parasita e a importância de mudanças simples de hábitos relacionadas à higiene e ao descarte de vísceras de animais de produção.

1 Acadêmico do curso de graduação em Medicina Veterinária/UFSM.2 Farmacêutica com especialização em Análises Clínicas e Toxicológicas.3 Acadêmico do curso de graduação em Farmácia/UFSM.4 Professor Adjunto do DMVP/CCR/UFSM- Setor de Biossegurança em Medicina Veterinária Preventiva. Professor Titular do DEMIP/CCS/UFSM – Coordenador projeto FIEX/ GAP CCS nº 023855/UFSM.

ReferênciasALMEIDA, F.; SPIGOLON, Z.; NEGRÃO, A.J.; NEVES, M.F. Echinococcus granulosus. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, V.11, Garça, SP, 2008.

5

SETOR DE BIOSSEGURANÇA EM MEDICINA VETERINÁRIA PREVENTIVA

Este é o setor mais novo do DMVP, iniciou suas atividades no ano de 2007. O setor situa-se no prédio 44 (CCR II), sala 5007, e realiza atividades relacionadas a: Ensino, pesquisa e extensão em biossegurança aplicado à Medicina Veterinária Preventiva; Projetos de pesquisa nas áreas de biotecnologia, biologia celular e molecular voltada para microorganismos e parasitas de animais; Análise de riscos em ambientes laborais; Treinamento de recursos humanos; Confecção de material técnico informativo e científico; Oferece suporte em biossegurança e biotecnologia de forma inter e transdisciplinar a diversos laboratórios na UFSM.

E-mail para contato: [email protected]

······· Mestrado pelo PPGMV/UFSM

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BADARACO, J. Caracterização do Polimorfismo do Echinococcus granulosus em dois genes nucleares e um mitocondrial: Evidências de Itrogressão. Dissertação para Titulo de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007. DE LA RUE, M.L. Cistyc echinococcosis in southern Brazil. Rev. Inst. Med. Trop. v. 50, p. 53-56, São Paulo, 2008. DE LA RUE, M.L. - Epidemiology and transmission of Cystic Hydatidosis in Brazil - Arch. Int. Hydat. 32:48-50, 1997.ECKERT, M.A.; GEMMELL, F.- X. In: WHO/OIE Manual on Echinococcosis in Humans and Animals: a Public Health Problem of Global Concern. OIE/WHO. Paris, 2001.FERREIRA, A.W.; ÁVILA, S.L.M. Diagnósticos Laboratoriais. Rio de Janeiro, Editora Guanabara, 2001.FORTES, E. Parasitologia Veterinária. São Paulo, Editora ícone, 2004.GUARNERA, E.A. La Echinococcosis Quística como Enfermedad Parasitaria Transmitida por Alimentos. Organización Panamericana de Salud/CONO SUR. Prontográfica S.A..Coyhaique, Chile 9 y 10 de Noviembre de 2008.KLOETZEL, K.; PEREIRA, J.A. A Hidatidose no Rio Grande do Sul (Brasil): Estimativa de sua Importancia para a Saúde Pública do País. Rev. Med. Trop., v. 34, p. 540-555, São Paulo, 1992. LARRIEU, E.; BELLOTO, A.; ARAMBULO III, P.; TAMAYO, H. Echinococcosis Quística: Epidemiología y control en América del Sur. Artículo de revisiónREY, L. Parasitologia. Rio de Janeiro, Editora Guanabara, segunda edição, 1991.REGERT, J. Alternativas para tratamento para a Equinococose Cística. Monografia para o título de farmacêutico, Universidade Federal de Santa Maria, 2008.SILVA, A. M.; CALDEIRA, J.; NUNES, J. L. P.A.I.R. – Alternativa terapêutica do quisto hidático no fígado. Faculdade de ciências médicas de Nova Lisboa, Lisboa. Portugal, Abril/Maio/Junho, 2001.

Fernanda Flores , Luana R. Vivian

ResumoEsta revisão foi realizada com o objetivo de demonstrar

que a Salmonelose é um problema de saúde pública que envolve questões de saúde animal e alimentar, e que requer práticas conjugadas para minimizar seus efeitos. Essa enfermidade é uma das zoonoses com maior impacto sobre a saúde pública em todo o mundo, devido à elevada endemicidade, alta mortalidade e, sobretudo, pela dificuldade no controle. A maioria dos casos de infecções em humanos está relacionada às Salmonelose aviárias. As salmonelas estão amplamente distribuídas na natureza, na qual o trato intestinal do homem e de animais é o principal reservatório natural. Entre os animais as aves são consideradas os reservatórios mais importantes. Os sinais clínicos nas aves podem ocorrer ou não, elas podem ser apenas portadoras ou então apresentar mortalidade elevada. Em humanos a Salmonelose se desenvolve entre 12 a 36 horas da ingestão, podendo durar até 72 horas. Podem ocorrer febres entéricas, septicemia e gastrenterite. O diagnóstico da Salmonelose aviária deve ser feito com base na associação da anamnese, achados clínicos, anatomo-patológicos e exame bacteriológico para isolamento e identificação da Salmonella. Em humanos o diagnóstico é feito levando-se em consideração sinais clínicos, o período de incubação e os tipos de alimentos bem como o isolamento do agente. A biosseguridade em toda cadeia avícola, desde a aquisição de material genético e alimento fornecido às aves até o momento em que os produtos avícolas serão oferecidos ao consumidor têm a minimizado a sua ocorrência. No que se refere aos surtos de doenças transmitidas por alimentos (DTA) o principal ponto de prevenção é o cuidado na manipulação do produto/alimento, ou seja, a adoção de boas práticas de fabricação.

Palavras-chave: Salmonelose, saúde pública, saúde animal, saúde alimentar

IntroduçãoA salmonelose é uma das zoonoses com maior impacto

sobre a saúde pública em todo o mundo, devido à elevada endemicidade, alta mortalidade e, sobretudo, pela dificuldade no

OS DESAFIOS DA SALMONELOSE NA

SAÚDE PÚBLICA

1 2 3,Maristela Lovato

controle. Além disso, esta toxinfecção ocasiona maior número de óbitos do que aquelas causadas por outros microrganismos (CARDOSO & CARVALHO, 2006). Ainda é uma importante barreira sanitária para exportação de carne, ovos e seus produtos (NASCIMENTO, 2010).

Nascimento (2010) relata que cerca de 8% do total de reclamações internacionais, nos últimos cinco anos, em produtos brasileiros se refere à presença de salmonelas e que as exigências são ditas discriminatórias, pois os países que as impõem não têm sistemas de erradicação e vigilância capazes de obter este alto padrão, mas demandam que os produtos importados as sigam.

A maioria dos casos de infecções em humanos está relacionada às salmoneloses aviárias. A prevenção é priorizada em muitos países pelas autoridades sanitárias tendo em vista que os surtos ocorrem mesmo em países desenvolvidos. Recentemente foi relatado na imprensa mundial que nos Estados Unidos 1,5 milhões de ovos foram recolhidos para análise e destruição, uma vez que no período de maio a julho ocorreram 1.950 casos de toxinfecções por Salmonella Enteritidis relacionadas com ingestão de ovos ou subprodutos. Neste país são relatados cerca de 400 mil casos anuais (FDA, 2010).

Considerando que, a maioria dos quadros de gastrenterite em humanos transcorre sem necessidade de hospitalização e sem isolamento do agente, a ocorrência das salmoneloses transmitidas por alimentos é provavelmente subestimada. Estima-se que apenas 10% do total de surtos de Doença de Origem Alimentar (DTA) são registrados no Brasil, devido às falhas no sistema de notificação e fiscalização (SHINOHARA et al, 2008). Essa problemática ocorre tanto no Rio Grande do Sul como no restante do país, sabemos que as salmoneloses são as principais causadoras de doenças transmitidas por alimentos (CEVS, 2010), porém poucos dados atuais foram publicados.

Por definição, os organismos do gênero Salmonella são bastonetes curtos, gram-negativos, móveis com flagelos petríquios, na qual alguns imóveis são aeróbios e facultativamente anaeróbios catalase positiva, oxidase negativa, fermentam açúcares comprodução de gás, são produtores de H2S e possuem uma complexa constituição antigênica (antígeno somático “O”, flagelar “H”, capsular “K”) (STERZO, et al., 2008). Resistem a temperaturas de 5°C a 47°C, pH de 4,5 a 9,5 e podem sobreviver em condições ótimas de 89 dias a 30 meses em condições ambientais favoráveis. No entanto é sensível a métodos como a pasteurização, peletização, cozimento, compostagem, fermentação, ao uso de alguns desinfetantes e a radiação. Cardoso et al. (2010) avaliaram a resistência aos desinfetantes de uma cepa de S. Enteritidis obtendo melhor eficácia dos desinfetantes fenólicos, seguido de glutaraldeído e resistência elevada aos compostos de amônia quaternária.

Conforme as instruções Normativas número 78/03 e 03/02 do Ministério da Agricultura e Pecuária as salmonelas de risco para a cadeia avícola e alimentar humana são: S.Enteritidis, S. Heidelberg, S. Typhimurium, S.Hadar, S. Agona. S. Anatum e S.Mbandaka por estarem perfeitamente adaptadas a ambos hospedeiros e ao homem (NASCIMENTO, 2010).

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Salmoneloses em animaisAs salmonelas estão amplamente distribuídas na

natureza, sendo o trato intestinal do homem e de animais o principal reservatório natural. Entre os animais as aves são os reservatórios mais importantes, mas suínos, bovinos, eqüinos, outros mamíferos domésticos e silvestres, bem como répteis estão também envolvidos (CARDOSO & CARVALHO, 2006).

As aves quando infectadas, podem desenvolver três enfermidades distintas: a pulorose, causada pela S.Pullorum; o tifo aviário, causado pela S. Gallinarum; e o paratifo aviário, causado por qualquer outra subespécie de S. entérica que não tem um hospedeiro específico (STERZO, et al., 2008).

Os sinais clínicos nas aves podem ocorrer ou não, elas podem ser apenas portadoras ou então apresentar surtos com mortalidade elevada. O que determinará a forma como a doença vai se apresentar será o sorotipo envolvido, a idade das aves, condições de estresse e a presença ou não de doenças associadas (LOVATO, 2009).

Muitos animais de companhia (pets) podem ser fonte de infecção para o homem, incluindo anfíbios, aves, gatos, cães, peixes, hamsters, coelhos, roedores, tartarugas, cobras, lagartos, cavalos e suínos entre outros (FREITAS NETO et al. 2010)

Tabela 2 - Distribuição dos surtos de DTA investigad

Salmoneloses em humanos

A transmissão da Salmonella spp. para o homem geralmente ocorre pelo consumo de alimentos contaminados, embora a transmissão pessoa a pessoa possa ocorrer particularmente nos hospitais ou, ainda, através do contato com animais infectados, principalmente entre médicos veterinários e trabalhadores de granjas e fazendas. Em humanos a salmonelose se desenvolve entre 12 a 36 horas da ingestão, podendo durar até 72 horas (SHINOHARA, et al. 2008). Segundo Welker (2009) em análises microbiológicas dos alimentos mais envolvidos em DTA no Rio Grande do Sul, os produtos cárneos correspondem a 36%, seguidos de pratos preparados (20%) e saladas (15%) e as residências constituem o principal local de ocorrência dos surtos investigados (43%), seguidas de estabelecimentos comerciais (18%) e refeitórios de empresas (14%) conforme se observa nas tabelas 1 e 2.

Existem muitos relatos de surtos de salmoneloses em crianças de um a quatro anos de idade no período 1994 a 1999, com alta mortalidade, pelo contato com a Marina e outras que foram isoladas de répteis. Embora a prevalência da infecção seja alta, geralmente os répteis não apresentam sinais clínicos quando infectados por Salmonella spp, porém quando tratados consegue-se somente suprimir a excreção e não eliminá-la no animal. Fato importante, pois hoje estes animais são muito usados como pets, devido a isto, a transmissão dos répteis para o homem vem ocorrendo com maior freqüência, e medidas profiláticas que envolvem boas práticas de higiene e controle da doença nos animais são de fundamental importância (FORNAZARI & TEIXIERA, 2009).

A água contaminada por fezes é causadora de grandes epidemias, contudo as fontes de infecção mais importantes são ovos frescos, ovos desidratados ou congelados e seus derivados, leite e derivados, frutos do mar, bem como, a carne e seus subprodutos (FREITAS NETO et al., 2010).

Em estudo realizado em Botucatu-SP quanto à presença

Salmonell

de bactérias em ovos oferecidos para o consumo da população, encontraram 57,84% das amostras positivas com isolamento de, pelo menos, um microrganismo, sendo que em 3,92% deles isolou-se Salmonella sp. e em 6,86% Staphylococcus aureus (LANGONI et al., 1995). No Rio grande do Sul vários autores relatam a ocorrência em produtos de origem animal de zero a 22% em carne de frangos e taxas inferiores a 3% em ovos coloniais e de granjas (BAÚ et al., 2001, FLORES et al. 2003, NASCIMENTO et al, 2003).

O nível de Salmonelas nos alimentos geralmente é baixo (2 a 4 Unidades Formadoras de Colônias - UFC/100g de alimento) e sua distribuição no alimento não é uniforme. Isso frequentemente pode sugerir ao produtor que os alimentos não a tem, estando realmente contaminada (RICHARDSON, 2008).

A lavagem do ovo com água fria, na tentativa de limpar alguma sujidade, pode facilitar a passagem de material da superfície da casca para a parte interna, material este que pode conter salmonelas. Erro cometido por parte dos comerciantes é deixar os ovos em temperatura ambiente, pois se sabe que a temperatura para multiplicação das salmonelas é de 8°C a 47°C (SILVA, 1995). Em muitos países é obrigatória a conservação dos ovos sob refrigeração (FDA, 2010).

As três principais patogenias que ocorrem em humanos são febres entéricas, septicemia e gastrenterite. Os sintomas são febre, vômito, cólicas abdominais, diarréia e desidratação, podendo determinar mortalidade e manutenção de infecção crônica com recorrência dos sintomas. Nas infecções crônicas podem ser observados sintomas de artrite três a quatro semanas após o início da manifestação do quadro agudo. Em pessoas muito jovens, idosas ou imunodeprimidas a dose considerada como infectante é pequena com cerca de 105 e 107 UFC (CARDOSO & CARVALHO, 2006).

Freitas e Neto et al. (2010) relatam que tem crescido a importância de alimentos de origem vegetal como potenciais fontes de agentes causadores de DTA, sendo identificadas a presença de sorotipos de salmonelas contaminando diversos vegetais, frutas, sucos, que usualmente são consumidos crus. A contaminação cruzada por manipulação e estocagem inadequada é comumente associada coma contaminação destes alimentos.

Fornazari & Teixeira (2009) relatam diversos estudos que citam a ocorrência freqüente de Salmonelose em membros de famílias que possuem répteis como animais de estimação.

DiagnósticoO diagnóstico da salmonelose aviária deve ser feito com

base na associação da anamnese, achados clínicos, anatomo-patológicos e exame bacteriológico para isolamento e identificação da Salmonella spp, realizados em meios de cultura seletivos e diferenciais, como o Ágar Mac Conkey e o Ágar Salmonella/Shigella dentre outros, enriquecidos com caldos selenito ou Rappaport e seus derivados, acrescidos ou não de antibiótico, a novobiocina (PENHA et al, 2008). A Instrução normativa número 62 do MAPA preconiza para controle microbiológico de produtos de origem animal e água sempre a utilização de dois meios sólidos para a identificação de microrganismos do gênero Salmonella spp. (BRASIL, 2003).

A Norma ISO 6578; 2002 referem-se à microbiologia de alimentos e produtos de origem animal com o método de detecção de Salmonella spp. Em 2007 foi adicionado o anexo D para

Tabela 2 - Distribuição dos surtos de DTA investigados no Estado do Rio Grande do Sul no período 2006-2007, por local de ocorrência.

Local de ocorrência Número de surtos %

Residências 81 43 Estabelecimentos comerciais 33 18

Refeitórios de empresas 26 14 Salões comunitários 15 8

Escolas 13 7

outros* 18 10

Total 186 100

*clubes, ginásios de esportes, hospitais, etc. Fonte: Welker, (2009).

Tabela 1 - Distribuição das amostras contaminadas de alimentos envolvidos em surtos de DTA no Estado do Rio Grande do Sul, no período 2006-2007, por categoria de alimento.

Número de amostras Categoria de alimento

contaminadas %

Produtos cárneos 80 36

Pratos preparados* 45 20 Saladas 33 15

Doces e sobremesas 28 12 Produtos lácteos 17 8

Outros** 20 9

Total 223 100

*pratos prontos para consumo, como arroz, feijão, salada de batata com maiosene, massas e similares. **ovos, pães, condimentos, etc. Fonte: Welker, (2009).

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normativas a detecção em fezes animais e amostras ambientais no estágio primário de produção (CRL - Salmonella, 2008).

Em humanos o diagnóstico é realizado levando-se em consideração sinais clínicos, o período de incubação e os tipos de alimentos ingeridos e em paralelo realiza-se também o cultivo para isolamento do microrganismo a partir de restos de alimentos e/ou material clínico do paciente, e a determinação do sorotipo (CARDOSO & CARVALHO, 2006).

Bampi et al (2009b), realizaram uma comparação entre três protocolos para contagem de Salmonella spp. a partir de amostras de figado e tonsilas cecais, obtendo como melhor resultado o protocolo, onde é necessária a utilização de dois meios sólidos: transferência de 1mL da amostra diluída para caldo Rappaport-Vassiliadis (incubado a 42°C por 24 horas), plaqueamento em Agar Xilose-Lisina-Desoxicolato (XLD) por alçada (incubado a 37°C por 24 horas) seguido de análise com caldo Tetrationato estriado em ágar Verde Brilhante também incubada a 37°C por 24 horas.

ProfilaxiaA prevenção na cadeia avícola é um trabalho diário e

exaustivo que ocorre desde a obtenção da matéria-prima das rações, o controle de roedores, vetores, monitorias sorológicas e microbiológicas, uso de antibióticos, produtos de exclusão competitiva, probióticos, prebióticos, simbióticos, desinfecção e vacinação (BARROW et al., 2003).

Suplementos alimentares compostos de cultura definida ou indefinida de microrganismos vivos, os probióticos têm a capacidade de se instalar e proliferar no trato intestinal, agindo no crescimento e beneficiando a saúde do hospedeiro pelo estímulo às propriedades existentes na microbiota natural. Já os prebióticos são ingredientes alimentares que estimulam o crescimento de bactérias benéficas no trato digestivo, potencializando os efeitos dos probióticos. A associação de probióticos e prebióticos – geralmente denominado de simbiótico – representa uma nova alternativa “aditivos naturais”, em substituição aos promotores químicos (NUVITAL, 2010).

Empresas que executam o programa de prevenção e controle de salmonelas, quando o fazem corretamente e obtêm resultados satisfatórios e poderão ser certificadas como livres de salmonelas pelo Programa Nacional de Sanidade Avícola conforme Portaria Ministerial número 163 de 19 de setembro de

Tabela 3 - Número de aves e o percentual positivo para Salmonella Heidelberg segundo a quantificação das amostras.

Número de colônias S. Heidelberg (UFC/g)

7 dias 21 dias Trat

10 4 10 5 10 6 10 7 % 10 4 10 5 10 6 10 7 %

T1* 3 3 2 0 53 0 0 0 2 13

T2** 2 3 0 0 53 0 0 0 0 0 *T1= Tratamento controle; **T2= Tratamento com probiótico (Bacillus Subtilis) (Bampi, 2009a).

1994 (BRASIL, 1994).Apesar de toda a monitoria industrial com propósito de

segurança alimentar, ainda assim aves infectadas se constituem significativamente como fonte de contaminação de salmonelas para o homem. Deste modo não só a detecção do agente, mas a determinação da extensão da contaminação em aves e em produtos constitui-se em uma ferramenta útil para a avaliação da pressão de infecção do patógeno (BAMPI et al., 2009a).

O Laboratório Central de Diagnóstico de Patologia Aviária (LCDPA) há cerca de 10 anos trabalha na monitoria da infecção por salmonelas em aves, ovos, carne e produtos avícolas como ração, alternativas de controle e técnicas de diagnóstico e detecção em carne e ovos.

Especificamente nos últimos cinco anos os trabalhos enfocaram o controle com ácidos orgânicos, manoligossacarídeos e diversos probióticos como Lactobacilos, Bacillus subtilis e Citrex em parceria com empresas privadas e outros laboratórios. Estes projetos geraram dissertações de mestrado BASSAN, 2007 e De CARLI, 2006 outras que estão em andamento, na qual envolvem métodos de controle e diagnóstico através de meios

microbiológico convencional e molecular, bem como cinco trabalhos de Iniciação Científica. Os resultados destas pesquisas estão em fase de publicação.

A avaliação da eficiência do Bacillus subtilis, no controle de Salmonella Heidelberg, demonstrou que o probiótico com B. subtilis apresenta efeito na redução de aves infectadas com salmonela, mostrando ser capaz de reduzir o número de colônias nas aves infectadas quando fornecidas desde os primeiros dias de idade (BAMPI, et al. 2009a) A necessidade de quantificar a redução da contaminação pelo efeito competidor entre B. subtilis e salmonelas é muito importante, pois a redução de uma diluição pode significar um risco menor à saúde pública e menor dose infectiva o que é muito importante para que ocorram ou não surtos de DTA. Observa-se na tabela 3 que mesmo as aves não tratadas ocorreram a diminuição da infecção inicial o que é uma tendência natural se o sistema imune está eficientemente estabelecido e ativo.

Com o objetivo de controlar e prevenir as infecções por Salmonella Enteritidis testou-se um produto com ácidos orgânicos acrescido de mananoligossacarídeo (MOS), utilizou-se 72 frangos de corte de um dia, onde: T1 (ração convencional e infecção), T2 (ração convencional e ausência de infecção), T3 (ração c o n v e n c i o n a l + á c i d o f ó r m i c o + p r o p i ô n i c o + mananoligossacarídeo e infecção) obtendo-se redução significativa de aves contaminadas no tratamento com ácidos e MOS (BASSAN, 2007).

A legislação da União Européia se refere em seu regulamento geral nº 2160/2003 para as Zoonoses, 1003/2005 para reprodutoras e nº 646/2007 para frangos de corte, com ausência em 25g de carne fresca, na qual não é possível estabelecer-se tolerância zero, tornando razoável o estabelecimento de objetivos para redução dos níveis em toda cadeia produtiva quando poder-se-á reduzir os casos humanos também, como ocorreu em outros países, a exemplo da Dinamarca (NASCIMENTO, 2010). O FDA (2010), nos EUA, colocou em vigor nova legislação para redução de salmonelas em ovos onde a produção, estocagem, transporte e armazenagem dos ovos devem ser mantidos a temperatura de 7°C.

Após várias discussões sobre o monitoramento no plantel avícola nacional, foi sugerido que as empresas deveriam realizar análises em 100% dos lotes/ propriedades/avicultores a cada seis meses, ou seja, duas análises por ano. Também foi proposto que para melhor controle as empresas encaminhassem o planejamento do monitoramento contendo uma lista com todos os integrados que estariam sendo monitoradas no mês em questão, sendo notificada a decisão á indústria avícola brasileira através de ofício Circular Conjunto DAS/DIPOA número 01/2009.

Verifica-se que em todos os processos há uma grande redução da população de Salmonella spp., mas nenhum se traduziu em controle total da infecção tornando-se necessário a utilização de múltiplas estratégias com vigilância ativa e permanente. Alternativas no controle das salmoneloses continuam em estudo como a utilização de extratos vegetais, citados por Voss et. al. (2007) onde em 20 sorotipos de Salmonella spp. houve ação bacteriostática e em seis ações bactericida em concentrações de 10 a 340mg de planta fresca/mL.

ConclusãoA Salmonelose aviária está longe de ser erradicada, o que

se pode fazer é tornar esses surtos menores e menos freqüentes, através da conscientização de todos os setores envolvidos, quanto à importância da biosseguridade em toda cadeia avícola, desde a aquisição de material genético e alimento fornecido às aves até o momento em que os produtos avícolas serão oferecidos ao consumidor.

No que se refere aos surtos de doenças transmitidas por alimentos (DTA) o principal ponto de prevenção é o cuidado na manipulação do produto/alimento, ou seja, a adoção de boas práticas de fabricação.

Quanto à transmissão dos animais ao homem adotar medidas profiláticas de higiene ao manipular os seus animais domésticos e seus dejetos, são de fundamental importância.

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SETOR DE VIROLOGIA

?Diagnóstico de infecções víricas de pequenos e grandes animais;?Produção de vacinas para a papilomatose bovina, equina e canina;?Produção de antígenos e reagentes para diagnóstico virológico;?Treinamento de pessoal - mestrado (duas vagas anuais) e doutorado (duas vagas anuais) pelo PPGMV/UFSM.

Endereço: Prédio 20 - Sala 4200 - Fax: (55) 3220 8034 - Fone: (55) 3220 8055Professores: Rudi Weiblen ([email protected]); Eduardo Furtado Flores (flores@ccr,ufsm,br)

Luciane Teresinha Lovato ([email protected])

revisão de literatura. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, São Paulo, v.6, n.10, 2008. Disponível em: http://www.revista.inf.br/veterinaria10/revisao/edic-vi-n10-RL29.pdf Acessado em: 26 de agosto de 2010.RICHARDSON, K. Compriendiendo La contaminación microbiana em el alimento. La revista del avicultor. v. 26, n.4, p. 12-15, 2008. SHINOHARA, N.C.S. et al., Salmonella spp., importante agente patogênico veiculado em alimentos. Revista Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.13, n.5, p.1675-1683, 2008.SILVA, E. N. Salmonella Enteritidis em aves e Saúde Pública. Higiene Alimentar, São Paulo, v.37, n.9. p. 7-13, 1995.STERZO, E.V. et al. Salmoneloses aviárias. Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, v. 12, n.2, p.129-138, 2008.VOSS, D. et al. Antibacterial activity of vegetal extracts against serovars of Salmonella. 24º Congresso. Brasileiro de Microbiologia, 3 a 6 de outubro de 2007, Brasília, DF, Anais em CD.WELKER, C.A.D. et al., Análise microbiológica dos alimentos envolvidos em surtos de doenças transmitidas por alimentos (DTA) corridos no estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v.8, n.1, p. 44-48, 2009.

Agueda P. C. de Vargas, Médico Veterinário, Mestre, [email protected]: 55 3220 9391Carlos Augusto Mallmann,

PROFESSORES DO DMVP

Médico Veterinário, Mestre, [email protected]: 55 3220 8445Eduardo Furtado Flores, Médico Veterinário, Mestre, [email protected]: 55 3220 8055Fátima Vianna - Secretária do [email protected] S. Flôres Vogel, Médico Veterinário, Mestre, [email protected]: 55 3220 8071Luis Antonio Sangioni, Médico Veterinário, Mestre, [email protected]: 55 3220 8071Luis Fernando V. de Pelegrini, Médico Veterinário, Mestre, [email protected]: 55 3220 8074Maristela Lovato, Médico Veterinário, Mestre, [email protected]: 55 3220 8072Paulo Dilkin, Médico Veterinário, Mestre, doutor. [email protected]: 55 3220 8074Rudi Weiblen, Médico Veterinário, Mestre, [email protected]: 55 3220 8034Saul Fontoura da Silva, Médico Veterinário, [email protected]: 55 3220 8074Sônia de Avila Botton, Médico Veterinário, Mestre, [email protected]: 55 3220 9390

Departamento de Medicina Veterinária Preventiva - DMVP/CCR/UFSMEndereço: Prédio 44 - CCR 2 - Campus UFSM - Camobi - Santa Maria - RS - CEP 97105-900Fone/Fax: (55) 3220 8257e-mail: [email protected]: www.ufsm.br/dmvp

EXPEDIENTE

?Departamento de Medicina Veterinária Preventiva - Boletim Informativo anual;?Comissão Editorial: Prof. Sônia de Ávila Botton e Eduardo Furtado Flores;?Diagramação: Estagiário do Curso de Medicina Veterinária/UFSM - Augusto Weber?Apoio: Centro de Ciências Rurais, Projeto de Extensão FIEX “Educação Continuada em Medicina Veterinária Preventiva” GAP/CCR 020433

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Referências BAMPI, R.A. et al., Avaliação da eficiência do Bacillus subtilis para o controle de Salmonella Heidelberg em frangos de corte. APINCO – Anais em CD do Prêmio Lamas, 2009a. BAMPI, R.A. et al., Comparação entre três protocolos para contagem de Salmonella spp. a partir de amostras de fígado e tonsilas cecais. APINCO – Anais em CD do Prêmio Lamas, 2009b. BARROW, P. A. et al, Control of food - poisoning Salmonella in poultry - biological options. World´s Poultry Science Journal, v.59, Sept., p. 373-383, 2003.BASSAN, J.D.C., Controle da infecção por Salmonella Enteritidis em frangos de corte com ácidos orgânicos e mananoligossacarídeos. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária na área de Medicina Veterinária Preventiva) – Faculdade PPGMV, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, p.48 2007. BAÚ, A.C. et al., Prevalência de Salmonella em produtos de frangos e ovos de galinha comercializados em Pelotas, RS, Brasil. 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Médica Veterinária Mestranda do PPGMV/UFSM, bolsista CNPqAcadêmica do Curso de Medicina Veterinária, CCR/UFSMDoutora em Medicina Veterinária, responsável pelo LCDPA

*Os textos aqui divulgados são de responsabilidade de seus autores.