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The Journal of Transport Literature ©2014 | BPTS | Brazilian Transport Planning Society
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Palavras-Chave: hidrovia, dutovia, simulação, etanol.
Key words: waterway, ducts transport, simulation, ethanol.
Recommended Citation
Abstract
The fuel transportation is a recurring theme in scientific researches. With support quantitative tooling put on the market by
the simulation techniques by discrete event system, obtainable in the ARENA software, the present research developed a model
to the determination of capacity to transportation ethanol waterway in a scenarios different. It was observed that the capacity is
limited by 14 million of cubics meters a year. Comparing the costs of transport of waterway modal with transport through ducts,
was possible show that ethanol transport by waterway Tietê-Paraná presents viability of costs and capacity of transport to 5
millions of cubics meters a year. However, it is inviability to transport 10 millions of cubics meters in function a lack of capacity
to accommodate convoy.
Silva, A. F. and Tozi, L. A. (2011) Avaliação de modais alternativos para o transporte de combustíveis ao longo da região do rio
Tietê. Journal of Transport Literature, vol. 5, n. 2, pp. 134-151.
Aline Flavia da Silva, Luiz Antonio Tozi
Resumo
O transporte de combustíveis é um tema recorrente em pesquisas científicas. Com o apoio do ferramental quantitativo
oferecido pelas técnicas de simulação por eventos discretos, disponíveis no software ARENA, a presente pesquisa desenvolveu
um modelo de determinação da capacidade da hidrovia em produzir transporte de etanol em diferentes cenários. Avaliado o
potencial de transporte de combustível da hidrovia Tietê-Paraná, verificou-se que este é limitado a 14 milhões de metros cúbicos
anuais. Confrontando os custos de transporte do modal hidroviário, com o modal dutoviário, foi possível demonstrar que o
transporte de etanol pela Hidrovia Tietê-Paraná apresenta viabilidade de custo e capacidade para transportar 5 milhões de
metros cúbicos anuais, entretanto, é inviável para transportar 10 milhões de metros cúbicos por falta de capacidade em
acomodar comboios.
This paper is downloadable at www.transport-literature.org/open-access.
■ JTL|RELIT is a fully electronic, peer-reviewed, open access, international journal focused on emerging transport markets and
published by BPTS - Brazilian Transport Planning Society. Website www.transport-literature.org. ISSN 2238-1031.
* Email: [email protected].
Reviews & Essays
Journal of Transport Literature
Submitted 18 Nov 2010; received in revised form 14 Jan 2011; accepted 31 Jan 2011
Vol. 5, n. 2, pp. 134-151, Apr. 2011
Avaliação de modais alternativos para o transporte de combustíveis ao
longo da região do rio Tietê
[Evaluation of alternative means of fuel transportation along the Tiete River region]
Faculdade de Tecnologia (FATEC), Brazil
B T P SB T P SB T P SB T P S
Brazilian Transportation Planning Society
www.transport-literature.org
JTL|RELITJTL|RELITJTL|RELITJTL|RELIT
ISSN 2238-1031
1. INTRODUÇÃO
O Brasil é reconhecido mundialmente pelo seu alto potencial como país exportador de
produtos e commodities agrícolas. Dentre os produtos que assumem grande importância para
o futuro das exportações destaca-se o álcool combustível – Etanol.
O Brasil é o país líder em tecnologia de produção de etanol, sendo o maior produtor mundial.
Sua infraestrutura produtora é superior a 70 mil agricultores que alimentam mais de 300
usinas e destilarias. A região Sudeste tem sido a principal região produtora desta commoditie
no Brasil (Trasnpetro, 2005)
Um projeto conceitual está sendo desenvolvido, prevendo a utilização da hidrovia Tietê-
Paraná para escoamento do etanol das usinas produtoras por meio de barcaças. Conforme
projeto da Transpetro, em 2012, espera-se que sejam transportados oito milhões de metros
cúbicos por ano pela hidrovia. (Folha, 2008)
Atualmente, o transporte de combustíveis que atendem o consumo da região servida pela
hidrovia é realizado por caminhões. Pereira (2007) afirma que existem diversos fatores
desfavoráveis em relação a custos, segurança da carga transportada e poluição ao meio
ambiente nos percursos atualmente utilizados no modal rodoviário.
Ao contrário, a hidrovia Tietê-Paraná tem potencial relacionado ao transporte de
combustíveis. O comboio fluvial poderia transportar álcool para atender às exportações e
trazer derivados de petróleo nas embarcações para atender ao consumo local. Além disso, o
modal dutoviário também possibilitaria uma melhoria no transporte de granéis líquidos, por
ser um modal mais seguro, rápido, econômico e menos poluente. Considerando tais aspectos,
visualiza-se um potencial para esse modal no transporte de combustíveis. Portanto, os dutos
possibilitam um novo modelo de transporte de combustíveis na região analisada, observando a
viabilidade de se transportar o álcool para exportação no sentido de ida e derivados de
petróleo no sentido volta. Porém, em virtude dos elevados custos de implantação dos dutos, o
transporte de combustíveis precisa gerar escala suficiente para justificar economicamente a
construção da infraestrutura necessária.
Esse trabalho tem o objetivo de avaliar o potencial de transporte da hidrovia Tietê-Paraná pelo
modal hidroviário, confrontando com o modal alternativo dutoviário. Pretende-se, assim,
estimar a capacidade e o consumo de recursos necessários ao transporte de etanol pela
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Hidrovia Tiete-Paraná através do uso de ferramental de Simulação de eventos discretos; e
complementarmente, comparar os dois modais em relação à viabilidade econômica, e
consumo de recursos de infraestrutura apoiado em extensa revisão bibliográfica.
2. METODOLOGIA
A fim de cumprir os objetivos propostos, a metodologia empregada nesta pesquisa possui três
fases, que são descritas a seguir:
1. Prospecção Dirigida: esta etapa tem início com a busca por referencial teórico que
corrobore com a linha de pesquisa adotada. Em seguida, parte-se para a obtenção dos
parâmetros e informações que serão posteriormente utilizados na fase do
desenvolvimento do ferramental metodológico.
2. Aplicação do Ferramental Específico: nesta etapa será desenvolvida a modelagem dos
cenários por meio do ferramental de análise composto pelas técnicas de simulação por
eventos discretos.
3. Análise Crítica: nesta fase serão apresentados os resultados obtidos ao final da
pesquisa sobre a comparação realizada com os dados retirados da revisão de literatura
específica, apresentando, por fim, as conclusões do trabalho.
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 O transporte de Combustíveis no Brasil
Segundo Cunha (2003), existem algumas alternativas para o transporte de etanol para o
mercado interno, dentre elas, estão: as bases de distribuição, a transferência ferroviária, a
transferência multimodal, e a transferência fluvial.
Na primeira, que representa 70% da movimentação, o álcool é movido via modal rodoviário,
das destilarias para as bases ou para o mercado revendedor. Na segunda, o álcool que chega
até às bases de distribuição segue transferido via modal ferroviário. A terceira alternativa
refere-se às ferrovias e oleodutos, em que o álcool deixa a destilaria com destino ao centro
coletor por rodovia e segue por modal ferroviário às bases de distribuição, e posteriormente
viaja em oleoduto para uma segunda base e, finalmente, vai para os revendedores por rodovia.
Por fim, a quarta alternativa, que está associada à região norte, envolve o transporte do álcool
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oriundo das destilarias do Mato Grosso até as bases de distribuição de Porto Velho via modal
rodoviário, em seguida, por transferência fluvial às bases em Manaus e, por fim, a chegada
aos revendedores.
3.2 Adequação do Modal Hidroviário ao Transporte de Combustíveis
O transporte hidroviário, segundo Ballou (2006), é responsável pela movimentação de
produtos de alto volume e reduzido valor. Porém, em se tratando de produtos perigosos, deve-
se atentar ao manejo adequado nas operações de carga e descarga e aos cuidados para que não
ocorra vazamentos.
Devido à indisponibilidade atual de comboios fluviais adaptados para o transporte de álcool e
derivados ao longo da hidrovia Tietê-Paraná, Pereira (2007) analisou a aplicação de
instalações propulsoras em empurradores que contribuiriam para aumentar a segurança no
transporte dos comboios transportadores de cargas perigosas, reduzindo os impactos
ambientais e custos em relação aos modelos convencionais.
Sobre a produção de etanol, Pereira (2007) afirma que o estado de São Paulo concentra a
plantação de cana-de-açúcar nas regiões de Ribeirão Preto, Piracicaba, Jaú, Bauru, Araçatuba
e Presidente Epitácio, e indica que o escoamento da produção da região apresenta a
distribuição impressa na Tabela 1.
Tabela 1: Produção de álcool na área de influência da hidrovia Tietê-Paraná
Fonte: Adaptado de Pereira (2007)
3.3 Caracterização do Modal Dutoviário
Segundo Andriolli (2009), a infraestrutura do modal dutoviário na matriz de transporte do
Brasil é inadequada. Transporta-se muito combustível via modal rodoviário, adicionando
ineficiência à cadeia logística do transporte de combustíveis. Tal fato impede que os
consumidores do mercado interno do etanol usufruam o modelo avançado de produção do
país.
Rota Terminal m3 Etanol %1 Pres. Epitacio 1.036.744 60,3%2 Aracatuba 513.942 29,9%3 São Simao 170.000 9,9%
Total 1.720.686 100,0%
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Em países desenvolvidos, segundo Andriolli (2009), o uso do modal dutoviário para o
transporte de combustíveis é bastante comum. As vantagens para esse tipo de transporte são
consideráveis, tais como: os baixos custos unitários; a baixa exposição a interferências
externas, as quais os dutos podem estar sujeitos; a eficiência quando se trata de grandes
quantidades transportadas por longas distâncias; e sua capacidade de adaptação a outros
modais, são pontos fortes para o modal e que justificam, por exemplo, sua viabilidade em
relação aos altos custos de implantação.
Sasikumar et al (1997) citam que apesar dos custos com implantação de dutos serem
elevados, os custos de operação são inferiores aos de outros modelos de transporte. As perdas
são menores e a confiabilidade é maior. Estes são fatores que, juntamente a uma demanda
assegurada, refletem na atratividade do modal.
3.2.4 Verificação do Valor do Frete Dutoviário no Brasil
Rodrigues (2007) procurou definir tarifas de transporte para o modal dutoviário a partir de
dados fornecidos pela Transpetro (2007). Foram analisados os terminais de Paulínia e Ilha
d’Água com dados referentes ao mês de abril do ano de 2007. Rodrigues (2007) define o valor
de 0,08 R$/m³.km como uma tarifa única para seu estudo. Esses valores são resultantes da
divisão dos valores cobrados em Reais por metro cúbico para cada batelada pelos
comprimentos dos dutos.
Outro estudo mais recente, desenvolvido por Andreolli (2009), procurou verificar a
viabilidade econômico-financeira para implantação de novos dutos. Sua pesquisa se baseou
nos dados obtidos da pesquisa de UNICA et al (2006), vinculadas às questões de extensões de
dutos, investimentos necessários, período para o projeto e início das operações, custos de
manutenção e custo de capital. As alternativas selecionadas para sua análise foram as
seguintes dutovias:
a) Conchas / Paulínia /Campo Limpo / Santos, e
b) Conchas / Paulínia / São Sebastião.
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Andreolli (2009) procurou encontrar qual a tarifa de transporte em R$/m³.km que
possibilitasse a implantação das dutovias com um prazo de retorno de capital em até 15 anos.
Para tanto foram definidas duas condições de operação:
• Cenário 1: Transportar 5 milhões de metros cúbicos de etanol por ano;
• Cenário 2 : Transportar 10 milhões de metros cúbicos de etanol por ano.
Para as alternativas selecionadas no transporte do álcool e derivados de petróleo, Andreolli
(2009) considerou a tarifa média praticada de 0,085 R$/m³.km como inviável ao
empreendimento em qualquer cenário. Para viabilizar o investimento, o duto ligando ao porto
de São Sebastião teria que utilizar o valor de 0,12 R$/m³.km para atingir uma TIR de 18% na
implantação do projeto. Em relação ao porto de Santos, seria necessária a tarifa de 0,097
R$/m³.km.
4. APLICAÇÃO DO FERRAMENTAL ESPECÍFICO – MODELAGEM POR
SIMULAÇÃO
As atividades empreendidas nesse capítulo têm como meta estimar a capacidade e o consumo
de recursos necessários ao transporte de etanol pela Hidrovia Tiete-Paraná através do uso do
ferramental de Simulação por eventos discretos.
4.1 Descrição do Modelo
A avaliação do modal hidroviário para o transporte de álcool ao longo do Rio Tietê realizou-
se através do software ARENA. Esta modelagem buscou refletir, de maneira adequada, o
ambiente real encontrado nesta hidrovia em linguagem de simulação.
Para a definição dos valores serem aplicados nos cenários analisados buscou-se referência no
estudo de Pereira (2007). A distribuição percentual das quantidades em metros cúbicos de
álcool transportados em cada rota de interesse para este estudo – São Simão, Presidente
Epitácio e Araçatuba, a distância navegável e o tempo teórico de viagem foram obtidas deste
autor.
A definição dos cenários das quantidades determinadas para o transporte ser efetuado –
5.000.000 m³ por ano de álcool e 10.000.000 m³ por ano de álcool, foram baseados nos
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cenários propostos por Andriolli (2009), a fim de verificar a viabilidade destes cenários e
confrontar as tarifas de transporte entre os modais dutoviário e hidroviário.
Segundo Kudo (2008) algumas das principais restrições ao desenvolvimento da capacidade de
transporte dos comboios hidroviários são: os vãos livre entre pilares de pontes e a altura livre
sobre o nível da água, além da travessia das barragens através de eclusas. A maioria dos
comboios atuais é formada por quatro barcaças e boa parte da infraestrutura fluvial, como as
eclusas utilizada nas travessias, foram dimensionadas para passagem de comboios de apenas
duas e eventualmente uma barcaça por vez. Tal inconsistência gera um considerável consumo
de tempo.
O processo de travessia das principais restrições, segundo Kudo (2008), geralmente se dá da
seguinte forma: inicialmente, o comboio tipo duplo Tietê deve ser imobilizado e
desmembrado, amarram-se as barcaças à margem, para se passar pela ponte ou eclusa com as
outras. Subsequentemente, amarram-se estas após a travessia. O rebocador retorna para buscar
as restantes. Após novas travessias as barcaças são unidas e segue-se a viagem.
O modelo construído para simular o sistema logístico do transporte de combustível pela HTP
(Hidrovia Tietê-Paraná) apresenta os processos de simulação na seqüência disposta no
gabarito de navegação da hidrovia. Neste gabarito estão dispostos os terminais de carga e
descarga, os trechos navegáveis, exibindo as restrições ao número de chatas que compõem o
comboio para a sua travessia. Assim os trechos representados em vermelho e laranja na Figura
1 indicam gargalos à navegação, pois os comboios precisam ser desmembrados para que
vençam tais restrições. O desmembramento de comboios é uma atividade demorada. Da
mesma forma, a travessia das barragens através das eclusas também é uma atividade que
consome tempo adicional para eclusagem e tempo para desmembramento.
O modelo do gabarito de navegação que expressa os processos de viagem, travessias e
transbordo, foi gerado através do software ARENA, e está ilustrado na Figura 1, na qual cada
elemento representa um objeto da simulação. A Tabela 2 sintetiza os eventos e os processos
modelados.
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Figura 1: Visualização do sobre o Gabarito de navegação da hidrovia Tietê-Paraná.
Fonte: Fonte: Secretaria dos Transportes do Estado de São Paulo (www.transportes.sp.gov.br).
Tabela 2: Sumário do modelo de simulação
Componentes do Sistema Descrição Chegada do comboio (entidade) ao sistema O modelo simula o fluxo de comboios na pernada. O
tempo total de ciclo pode ser obtido multiplicando-se o tempo da pernada por dois.
Definição do número de comboios em cada perna Define quantos comboios são utilizados no atendimento ao transporte de carga de cada perna. As pernas são: Araçatuba/Conchas/Araçatuba; Presidente Epitácio/Conchas/Presidente Epitácio; São Simão/Conchas/São Simão
Processo de carga e descarga nos terminais multimodais (Araçatuba, Presidente Epitácio, São Simão e Conchas)
Ocorre a operação de carga/ descarga a uma taxa que varia em torno de 400 ton./hora. A capacidade do comboio foi definida em 4100 toneladas ou 5125 m³
Navegação nos trechos (a simulação foi segmentada em trechos de navegação livre entre os obstáculos)
Simula o tempo de navegação entre cada obstáculo (ponte ou barragem) com base na distribuição de probabilidade das velocidades médias
Processo de travessia de obstáculos (eclusas, pontes e canais). Cada obstáculo representado no croqui de navegação da hidrovia possui uma lógica de operação baseada na ocupação do recurso (cada ponte ou eclusa) pela entidade (cada comboio) apenas pelo tempo necessário à travessia.
Simula o tempo de travessia de cada obstáculo (ponte, eclusa ou canal) com base na distribuição de probabilidade dos tempos de travessia e desmembramento por comboio (quatro barcaças). Verifica a presença de filas.
Contador de tempo total da pernada Atributo que mede o tempo total da pernada para cada comboio simulado durante o período da simulação.
Contador de ciclos completos. Atributo que conta o número total de viagens redondas para cada perna durante o período da simulação.
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4.1.1 Intervalos de Chegada
O número de comboios operantes em cada perna para atender à demanda prevista em cada
cenário é uma variável a ser determinada nesta pesquisa. Os comboios são gerados a cada seis
horas até o limite a ser testado em cada rodada. A fim de propiciar um espaçamento natural
entre os comboios, será definido um período de aquecimento de três meses visando suprimir
os efeitos da entrada simultânea dos comboios no sistema.
4.1.2 Tempos de Navegação
Para a definição dos tempos de navegação, estes foram gerados a partir das distâncias médias
programadas de cada trecho de navegação. A velocidade média foi obtida através dos
operadores de comboios. Para o comboio padrão, foi estabelecida uma velocidade média de
11 km/h.
4.1.3 Tempos das Travessias e Desmembramentos
As distribuições de probabilidade dos tempos de travessia e desmembramento foram baseados
em estimativas dos operadores de comboio, disponível em Ballan (2005). Por simplificação,
foram utilizadas distribuições triangulares, que melhor se adaptam a casos como estes, tendo
por parâmetros os valores mínimos, a moda e o máximo de cada amostra. A Tabela 3
descreve os valores das distribuições adotadas em cada obstáculo do gabarito de navegação da
HTP. Em virtude da limitação de capacidade do software acadêmico, os processos de
travessia de algumas pontes e eclusas próximas foram unificados, como foi o caso das eclusas
de Jupiá, Nova Avanhandava, e Três irmãos.
Tabela 3: Distribuições de probabilidade dos tempos nos processos
Etapas Distribuição de probabilidade Travessia de pontes com restrição limitada a duas barcaças
TRIA(1.2,1.3,2)
Travessia de pontes com restrição limitada a uma barcaça
2xTRIA(1.2,1.3,2)
Travessia de barragens (eclusas normais) TRIA(2,3,4) Travessia barragens Jupia e ponte Francisco de Sá TRIA(1.2,2,4) Travessia barragens Nova Avanhandava TRIA(3.2,4.3,6) Travessia barragens Três Irmãos e ponte Sp 595 TRIA(4.4,5.6,8)
Fonte: Ballan (2005)
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4.2 Execução do Modelo
Após a conclusão do projeto do modelo em ARENA, os valores e distribuições de
probabilidade dos parâmetros provenientes dos dados do sistema físico são introduzidos. A
simulação inicial ocorre a partir do carregamento dos valores a fim de fazer a avaliação e
validação do modelo.
O principal propósito do processo de validação é garantir que as simplificações do sistema
real, adotadas durante a construção do modelo, sejam razoáveis e corretamente
implementadas. O processo de validação do modelo elaborado nessa pesquisa tomou o
seguinte caminho: a validação foi feita através da comparação dos valores médios de tempo
de perna simulados com os valores informados pela bibliografia específica, conforme mostra
a Tabela 4.
Tabela 4: Comparação entre os dados obtidos do modelo de simulação e da amostra
Valor teórico - Pereira (2007)
Dados da simulação Desvio (%)
Tempo de ciclo São Simão / Conchas/ São Simão (em dias)
9,09 9,33 2,57
Tempo de ciclo Presidente Epitácio/Conchas/Presidente Epitácio
9,95
9,68 2,78
Tempo de ciclo Araçatuba/Conchas/Araçatuba
6,22 6,65 6,46
Fonte: Autor
Complementarmente, a ausência de uma amostra de dados medidos em campo não permite o
enriquecimento que a aplicação de testes estatísticos de hipóteses de validação acrescentariam
ao objetivo desta pesquisa.
4.2.1 Tempo Total de Simulação
O tempo total de simulação foi um parâmetro pré-definido em um ano e três meses a fim de
possibilitar a determinação da quantidade de transporte realizado pelos comboios de cada
perna no período de um ano.
4.2.2 Réplicas
Para indicar o número de simulações seguidas que serão executadas, faz-se esta denominação.
Os geradores de números randômicos utilizados em pacotes de simulação são formulas que
dependem de uma “semente” para dar partida à geração de números, que se utilizado uma
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143
mesma semente, ao final, obtém-se sempre a mesma seqüência de números. Como resultado,
devido a este fato que ao executar várias vezes o simulador, verifica-se que surgem sempre os
mesmos resultados. Isto não acontece quando se utiliza o argumento réplica, ou replication,
pois o próprio simulador se encarrega de escolher uma semente diferente em cada replicação.
No caso em tela, as replicações não serão executadas para testes estatísticos para validação do
modelo, e sim para introduzir aleatoriedade ao sistema logístico. Foi definido que dez
replicações seguidas da simulação seriam suficientes para atingir esse objetivo.
4.2.3 Tempo de Aquecimento
Também conhecido como Warm-Up Period, o tempo de aquecimento indica um período de
inicialização do sistema. Sob o aspecto de análise de desempenho, o interesse se dá pelo
período em que o sistema está em regime. O modelo em questão apresenta um período de
aquecimento que se pode identificar e que é significativo. Foi determinado que um período de
três meses seria necessário para que os comboios entrassem em regime normal de operação.
4.3 Apresentação dos Resultados
O objetivo de se apresentar um modelo acadêmico aproximado que permita compreender e
diagnosticar as atividades logísticas que envolvem o transporte de combustíveis pela hidrovia
Tietê-Paraná foi alcançado.
4.3.1 Simulação dos Cenários
No que tange ao objetivo de fazer a verificação da HTP quanto a sua capacidade de transporte
de etanol para exportação e quanto à estimativa do valor do momento de transporte, definido
em reais por metro cúbico e por quilômetro (R$/ m3.km), o modelo também se mostrou
bastante útil. O modelo foi utilizado para fornecer o número de comboios necessários a cada
perna, o tempo e o número de ciclo para cada cenário pré-definido.
Para este estudo, foram definidas três rotas para o transporte do combustível, de acordo com a
quantidade que cada rota representa na movimentação do álcool em porcentagem. Estas
quantidades foram obtidas a partir da divisão do total em metros cúbicos de álcool de cada
rota pela quantidade total em metros cúbicos das três rotas somadas.
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Os cálculos efetuados para a verificação do valor percentual que cada rota comporta estão
baseados na Tabela 1 oferecida por Pereira (2007). Assim, foi possível determinar que
Presidente Epitácio representa 60% da movimentação do etanol. Araçatuba representa 30% da
movimentação do álcool, e São Simão tem 10% de representação do transporte do
combustível.
Referenciando-se ao trabalho de Andriolli (2009), três foram os cenários de interesse nesta
pesquisa:
a) Cenário 1: Um único comboio navegando em cada perna.
b) Cenário 2: Produção de transporte de cinco milhões de metros cúbicos de álcool por
ano.
c) Cenário 3: Produção de transporte de dez milhões de metros cúbicos de álcool por ano.
a) Cenário 1: um único comboio navegando em cada perna
Nesta situação, ilustrada na Tabela 5, verifica-se o tempo de ciclo ideal, sem a presença de
filas de espera nos processos logísticos. Calculou-se que nestas condições um comboio seria
capaz de realizar 54 ciclos completos na perna 1 (rota 1), produzindo o transporte de 276.750
m3 de álcool rio acima por ano. Da mesma forma, um comboio na perna 2 (rota 2) seria capaz
de realizar 38,9 ciclos completos, produzindo o transporte de 199.362,50 m3 de álcool rio
acima nesta rota por ano. O comboio da perna 3 (rota 3) seria capaz de realizar 37 ciclos
completos, produzindo o transporte de 189.625 m3 de álcool por ano. Por definição, aceita-se
que as mesmas quantidades de combustíveis líquidos poderiam ser transportadas rio abaixo.
Tabela 05: Tempo de ciclo ideal para a navegação – Cenário 1
Fonte: Autor
Definições: em dias pres epitacio aracatuba são simao
rota 3 rota 1 Rota 2Distância (Km) km 733 446 790
comboios u.n. 1 1 1Produção anual de transporte de alcool (rio acima) m3 189.625,00 276.750,00 199.362,50
Produção anual de transporte de Derivados de petróleo (rio abaixo) m3 189.625,00 276.750,00 199.362,50Número de viagens redondas por comboio ciclos 37,00 54,00 38,90
Cenário 1: Navegação isolada = Tempo de ciclo ideal em condições sem filas nas eclusas e portos
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b) Cenário 2: produção de transporte de cinco milhões de metros cúbicos de etanol por ano
Para que fosse possível transportar cinco milhões de metros cúbicos de etanol pela hidrovia e
mantidas as proporções de produção das regiões alcooleiras, foi necessário alocar 6 comboios
na Perna 1; 3 comboios na Perna 2 e 17 comboios na Perna 3.
Tabela 6: Produção de transporte para 5 milhões de m³ - Cenário 2
Fonte: Autor
Verifica-se, conforme mostra a Tabela 6, uma redução do número de viagens redondas anuais
(ciclos anuais) por comboio em cada perna, se comparado com o cenário 1. Isto se deve à
formação de filas nas travessias e terminais de abastecimento. A realização deste cenário
exigiu a utilização de dois berços no terminal de Conchas.
c) Cenário 3: produção de transporte de dez milhões de metros cúbicos de etanol por ano
A pesquisa aponta que não é possível transportar dez milhões de metros cúbicos de etanol
pela hidrovia rio acima em um período de um ano, mantidas as proporções de produção das
regiões alcooleiras conforme definido na Tabela 7.
A infra-estrutura da HTP (Hidrovia Tietê-Paraná) atinge uma situação muito próxima da
saturação quando mais de 47 comboios navegam simultaneamente pela hidrovia. Nesta
situação, os índices de utilização simulados das eclusas ultrapassam 99% e as filas para sua
travessia superam, em alguns casos 3 dias de espera. Nesta situação de utilização máxima da
capacidade da hidrovia, calculou-se 10 comboios alocados na Perna 1, 5 comboios alocados
na Perna 2 e 32 comboios na perna 3 seriam capazes de transportar 7.440.000 metros cúbicos
de etanol rio acima por ano.
Definições: em dias pres epitacio aracatuba são simao
rota 3 rota 1 Rota 2Distância (Km) km 733 446 790
comboios u.n. 17 6 3Produção anual de transporte de alcool (rio acima) m3 2.916.125,00 1.571.325,00 566.312,00
Produção anual de transporte de Derivados de petróleo (rio abaixo) m3 2.916.125,00 1.571.325,00 566.312,00Número de viagens redondas por comboio ciclos 33,31 50,85 36,65
Cenário 2: Produção de transporte de 5 milhões de metros cúbicos de alcool
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Tabela 7: Produção máxima de transporte da hidrovia - Cenário 3
Fonte: Autor
Essa limitação era prevista pela bibliografia consultada. Andrade (2003) apud Pereira (2007)
define a capacidade da hidrovia em até 13.800.000 toneladas de carga por ano, somando-se as
cargas transportadas rio abaixo e rio acima. O modelo construído para o cenário 3 determina
que essa capacidade limite (somar o transporte nos dois sentidos) seria de 14.800.000 m3 por
ano (2 x 7400.000 m3). Lembrar que o peso-volumétrico (ou peso cubado) em transporte
aquaviário é definido em uma tonelada por metro cúbico.
Além disso, verifica-se uma considerável redução do número de viagens redondas anuais por
comboio em cada perna, se comparado com o cenário 2. Isto se deve às ineficiências inseridas
no modelo pela formação de filas nas travessias e terminais de abastecimento. A realização
deste cenário exigiu a utilização de dois berços para transbordo no terminal de conchas e de
Presidente Epitácio.
5. ANÁLISE DOS RESULTADOS
A partir dos resultados obtidos de cada perna para cada cenário simulado, parte-se para a
determinação do valor, em reais, do momento de transporte em cada situação. Segundo
Novaes (2004), a variável que tradicionalmente exprime a produção no transporte de cargas é
o momento de transporte, ou seja, a quantidade de carga (Toneladas ou metros cúbicos) vezes
a distância (km).
Segundo Botter (1989), a função que exprime os custos totais para uma viagem redonda em
transporte aquaviário pode ser obtida através da somatória dos custos de capital, do custo
operacional, do custo de navegação e dos custos portuários:
Definições: em dias pres epitacio aracatuba são simao
rota 3 rota 1 Rota 2Distância (Km) km 733 446 790
comboios u.n. 32 10 5Produção anual de transporte de alcool (rio acima) m3 4.718.075,00 1.951.600,00 757.475,00
Produção anual de transporte de Derivados de petróleo (rio abaixo) m3 4.718.075,00 1.951.600,00 757.475,00Número de viagens redondas por comboio ciclos 28,63 37,90 29,42
Cenário 3: Produção máxima de transporte da hidrovia = 7,4 milhões de metros cúbicos de alcool por ano
TPportoTmoutroscombTcTripmanutSegTcDepramortCt .).().().( +++++++=
capital operacional viagem porto
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Os custos de capital podem ser geralmente constituídos de dois componentes: o custo de
depreciação, que representa a parcela de perda de valor do bem por unidade de tempo; e custo
de oportunidade, que seria o quanto o investidor deixa de receber em dividendos por não ter
aplicado em uma alternativa mais rentável.
Os custos operacionais são aqueles que precisam ser sustentados para manter a embarcação
em condições para navegar a qualquer momento. Estes custos são tipicamente representados
por: custo com tripulação, manutenção, seguros, etc.
Os custos de navegação estão associados à viagem da embarcação. Assim, o consumo de
óleos combustíveis e lubrificantes são os fatores preponderantes. Na hidrovia Tietê Paraná
não há rebocadores auxiliares, então todas as tarefas de eclusagem e desmembramento
associadas às travessias são realizadas com auxilio dos motores da embarcação. Somente
durante a espera, pela vez do comboio atravessar os obstáculos, os motores permanecem
desligados. Na hidrovia não há custo para utilização da via nem das eclusas.
Os custos portuários são representados pela depreciação dos equipamentos e custos de
utilização dos mesmos por parte dos terminais hidroviários. Via de regra, estes terminais são
particulares e operados pelo mesmo grupo que opera o comboio. Neste trabalho, como
estimativa, será adotado o custo por metro cúbico praticado no terminal marítimo de Santos.
5.1 Cálculo do Valor do Momento de Transporte
Os valores dos custos foram obtidos do trabalho de Pereira (2007). Estes valores foram
corrigidos em 17%, que representou a variação do IGP-M no período que separa a data da
publicação aos dias atuais.
Conforme mostra a tabela 08, foram obtidos os valores do momento de transporte para o
cenário 1. Os custos por metro cúbico vezes quilômetro sem considerar o frete de retorno,
para cada rota, foram: para a rota 1 de R$ 0,031/m³.km; para a rota 2 de R$ 0,025/m³.km, para
a rota 3 de R$ 0,027/m³.km
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Tabela 8: Navegação isolada para o Cenário 1
Fonte: Autor
Os custos por metro cúbico vezes quilômetro para o cenário 2 podem ser vistos na Tabela 9.
Nesta avaliação, foi utilizado um berço adicional no porto de Conchas. Como resultado,
verificou-se que a capacidade de transportar 5.000.000 m³ por ano de etanol pela hidrovia
Tietê-Paraná foi atingida. Também, os custos de transporte foram consideravelmente
inferiores ao valor da tarifa média de transporte praticada no modal dutoviário, adotada por
Andriolli (2009), de R$ 0,085/m³.km.
Tabela 9: Custos da produção de transporte de álcool para o Cenário 2
Fonte: Autor
Conforme mostra a Tabela 10, também foram obtidos os valores do momento de transporte
para o cenário 3. Mesmo nas condições de saturação da infra-estrutura, os custos de transporte
no cenário 3 foram bastante inferiores ao valor da tarifa média de transporte adotada no modal
dutoviário, adotada por Andriolli (2009).
C_total = T_ciclo*(custos de capital + custos operacionais) + T_navegação*(custos de navegação) + T_porto*(custos de porto)rota 3 rota 1 Rota 2
custos de capital R$/dia R$ 6.970,66 R$ 6.970,66 R$ 6.970,66custos operacionais R$/dia R$ 3.745,13 R$ 3.745,13 R$ 3.745,13custos de navegação R$/dia R$ 9.979,20 R$ 9.979,20 R$ 9.979,20custos de porto R$/dia R$ 17.280,00 R$ 17.280,00 R$ 17.280,00Custos Totais por ciclo (viagem redonda) R$/ciclo R$ 206.411,53 R$ 143.705,70 R$ 199.168,28Custos totais por ano R$/ano R$ 7.637.226,50 R$ 7.760.107,79 R$ 7.747.646,07Custo por metro cúbico (sem frete de retorno) R$/m3 R$ 40,28 R$ 28,04 R$ 38,86Custo por metro cúbico (com frete de retorno) R$/m3 R$ 20,14 R$ 14,02 R$ 19,43Custo por metro cúbico por quilometro (sem frete de retorno) R$/m3.km R$ 0,027 R$ 0,031 R$ 0,025Custo por metro cúbico por quilometro (com frete de retorno) R$/m3.km R$ 0,014 R$ 0,016 R$ 0,012
C_total = T_ciclo*(custos de capital + custos operacionais) + T_navegação*(custos de navegação) + T_porto*(custos de porto)rota 3 rota 1 Rota 2
custos de capital R$/dia R$ 118.501,25 R$ 41.823,97 R$ 20.911,98custos operacionais R$/dia R$ 63.667,23 R$ 22.470,79 R$ 11.235,39custos de navegação R$/dia R$ 169.646,40 R$ 59.875,20 R$ 29.937,60custos de porto R$/dia R$ 293.760,00 R$ 103.680,00 R$ 51.840,00Custos Totais por ciclo (viagem redonda) R$/ciclo R$ 3.618.297,04 R$ 895.024,52 R$ 616.471,79Custos totais por ano R$/ano R$ 120.518.634,57 R$ 45.513.734,93 R$ 22.596.464,27Custo por metro cúbico (sem frete de retorno) R$/m3 R$ 41,33 R$ 28,97 R$ 39,90Custo por metro cúbico (com frete de retorno) R$/m3 R$ 20,66 R$ 14,48 R$ 19,95Custo por metro cúbico por quilometro (sem frete de retorno) R$/m3.km R$ 0,028 R$ 0,032 R$ 0,025Custo por metro cúbico por quilometro (com frete de retorno) R$/m3.km R$ 0,014 R$ 0,016 R$ 0,013
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Tabela 10: Custos da produção máxima de transporte de álcool na hidrovia para o Cenário 3
Fonte: Autor
6. CONCLUSÕES
O presente trabalho procurou tratar de alguns aspectos não mencionados em estudos
anteriores, principalmente relacionados à limitação da infraestrutura da hidrovia Tietê-Paraná.
Diversos gargalos interferem na eficiência e na quantidade total de etanol transportada por
ano. Filas existentes nos terminais hidroviários e esperas para travessias de obstáculos à
navegação geram ineficiências e aumento nos tempos de movimentação no transporte
hidroviário.
Como resultado, verifica-se que o cenário correspondente ao transporte de 5 milhões de
metros cúbicos anuais é viável quanto à capacidade da hidrovia e possui considerável
vantagem em custos com relação a uma potencial utilização do modal dutoviário.
O cenário correspondente ao transporte de 10 milhões de metros cúbicos anuais é inviável
para o modal hidroviário em questão, pois supera a capacidade da hidrovia em acomodar
comboios. Qualquer adição ao número de comboios, após a situação de saturação, não altera o
valor da quantidade total de produção de transporte, permanecendo numa média em torno de
7.400.000 metros cúbicos por ano.
No caso do modal dutoviário, a quantidade de 10.000.000 metros cúbicos por ano seria viável,
pois os dutos suportariam o transporte desta quantidade de etanol. Porém, o custo de
transporte que deve ser praticado para garantir a viabilidade econômica do projeto é muito
superior ao custo necessário ao modal hidroviário.
C_total = T_ciclo*(custos de capital + custos operacionais) + T_navegação*(custos de navegação) + T_porto*(custos de porto)rota 3 rota 1 Rota 2
custos de capital R$/dia R$ 223.061,17 R$ 69.706,62 R$ 34.853,31custos operacionais R$/dia R$ 119.844,19 R$ 37.451,31 R$ 18.725,65custos de navegação R$/dia R$ 319.334,40 R$ 99.792,00 R$ 49.896,00custos de porto R$/dia R$ 552.960,00 R$ 172.800,00 R$ 86.400,00Custos Totais por ciclo (viagem redonda) R$/ciclo R$ 7.630.455,88 R$ 1.751.029,72 R$ 1.160.328,81Custos totais por ano R$/ano R$ 218.453.053,01 R$ 66.355.526,11 R$ 34.132.818,12Custo por metro cúbico (sem frete de retorno) R$/m3 R$ 46,30 R$ 34,00 R$ 45,06Custo por metro cúbico (com frete de retorno) R$/m3 R$ 23,15 R$ 17,00 R$ 22,53Custo por metro cúbico por quilometro (sem frete de retorno) R$/m3.km R$ 0,032 R$ 0,038 R$ 0,029Custo por metro cúbico por quilometro (com frete de retorno) R$/m3.km R$ 0,016 R$ 0,019 R$ 0,014
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