Lcia Novis Edington-1

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECNCAVO DA BAHIA

    CENTRO DE CINCIAS AGRRIAS, AMBIENTAIS E BIOLGICAS

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM DEFESA AGROPECURIA

    CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL

    ABATE DE SUNOS:

    IMPLICAES TCNICAS E ECONMICAS

    LCIA NOVIS EDINGTON

    CRUZ DAS ALMAS - BAHIA

    SETEMBRO - 2012

  • ABATE DE SUNOS:

    IMPLICAES TCNICAS E ECONMICAS

    LCIA NOVIS EDINGTON

    Mdica Veterinria

    Universidade Federal da Bahia, 1996

    Dissertao submetida ao Colegiado do Curso de

    Ps-graduao em Defesa Agropecuria da

    Universidade Federal do Recncavo da Bahia e como

    requisito parcial para obteno do Grau de Mestre em

    Defesa Agropecuria. rea de Concentrao: Defesa

    Agropecuria.

    Orientador: Pedro Miguel Ocampos Pedroso

    Co-Orientador: Anete Lira da Cruz

    CRUZ DAS ALMAS - BAHIA

    SETEMBRO - 2012

  • FICHA CATALOGRFICA

    Ficha elaborada pela Biblioteca Central - UFRB.

    E21 Edington, Lucia Novis. Abate de sunos: implicaes tcnicas e

    econmicas / Lucia Novis Edington ._ Cruz das Almas, BA, 2012. 65f.: il. ; 28 cm Orientador: Pedro Miguel Ocampos Pedroso. Coorientadora: Anete Lira da Cruz. Dissertao (Mestrado) Universidade Federal do Recncavo da Bahia, Centro de Cincias Agrrias, Ambientais e Biolgicas. 1. Suno abate. 2. Suinocultura aspectos econmicos. I. Universidade Federal do Recncavo da Bahia, Centro de Cincias Agrrias, Ambientais e Biolgicas. II. Ttulo.

    CDD: 636.4

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECNCAVO DA BAHIA

    CENTRO DE CINCIAS AGRRIAS, AMBIENTAIS E BIOLGICAS

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM DEFESA AGROPECURIA

    CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL

    COMISSO EXAMINADORA DA DEFESA DE DISSERTAO DE

    LCIA NOVIS EDINGTON

    __________________________________________

    Prof. Dr. Pedro Miguel Ocampos Pedroso

    Universidade Federal do Recncavo da Bahia - UFRB

    (Orientador)

    __________________________________________

    Prof. Dr. Juliana Targino Silva Almeida e Macdo

    Universidade Federal do Recncavo da Bahia - UFRB

    __________________________________________

    Prof. Dr.Tatiana Pacheco Rodrigues

    Universidade Federal do Recncavo da Bahia - UFRB

    CRUZ DAS ALMAS BAHIA

    SETEMBRO - 2012

  • Dedico e ofereo este trabalho ao meu querido

    mestre que, alm de suas intervenincias

    cientficas, me privilegiou com seus

    ensinamentos de vida e de como me tornar

    uma pessoa melhor. Infelizmente, por

    incumbncia Divina, no pode estar comigo ao

    final desta jornada. Muitas saudades, professor

    Jair de Arajo Marques. Nosso eterno anjo.

  • AGRADECIMENTOS

    Ao meu marido Jodson e aos meus filhos Rodrigo, Renata e Rafaela, pela

    eterna compreenso e amor, agora recompensados pelas semanas de ausncia;

    ADAB, Agncia Estadual de Defesa Agropecuria da Bahia, por ter

    investido e acreditado no nosso potencial em fazer uma Agncia melhor;

    Anete Lira da Cruz, irm de corao e co-orientadora, que sempre me

    indica o caminho certo a percorrer e oferece as solues nas horas de apuro;

    minha equipe do experimento, Anete, Rosy e Josemilson, pelas

    madrugadas perdidas e pelo afinco em obter bons resultados nesta empreitada,

    meu eterno obrigado;

    amiga Maria Teresa Mascarenhas, pela sua contribuio direta no trabalho

    e suas meigas palavras de estmulo;

    Aos amigos e colaboradores Paulo Emlio, Adriano e Moacir pela ajuda e

    pelos valiosos conselhos;

    Aos meus colegas Daisy, Ktia, Solange, Allex, Leonardo, Rodrigo,

    Alessandro, Weber, Uilian e Carvalhau, pelos momentos de convivncia e estudo,

    fazendo a histria da primeira turma do pas no Mestrado Profissional em Defesa

    Agropecuria;

    Ao matadouro que disponibilizou suas instalaes para a realizao deste

    experimento; aos funcionrios da linha de abate, pela simpatia e dedicao; ao

    colega Gregrio, fiscal da inspeo local, e Carol e sua equipe tcnica, pelo

    apoio incondicional;

    Prof. Pedro Pedroso que assumiu esta orientao por uma triste imposio

    da vida, meu muito obrigado pelo apoio e assistncia.

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABIPECS: Associao Brasileira da Indstria Produtora e Exportadora

    de Carne Suna

    ABCS: Associao Brasileira de Criadores de Sunos

    ADAB: Agncia Estadual de Defesa Agropecuria da Bahia

    APS: Associao Paranaense de Suinocultores

    CO2 : Dixido de Carbono

    CTBEA: Comisso Tcnica Permanente de Bem-Estar Animal

    DFD: Dry, firm, dark (seca, firme, escura)

    EFSA: European Food Safety Authority

    HFAC: Humane Farm Animal Care

    HSA: Humane Slaughter Association

    FAO: Organizao das Naes Unidas para Agricultura e Alimentao

    MAPA: Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento

    OIE: Organizao Mundial de Sade Animal

    PNDS: Programa Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura

    PSE: Palid, soft, exsudative (plida, macia, exsudativa)

    SIF: Servio de Inspeo Federal

    SIE: Servio de Inspeo Estadual

    SISBI: Sistema Brasileiro de Inspeo de Produtos de Origem Animal

    SUASA: Sistema Unificado de Ateno Sanidade Agropecuria

  • LISTA DE TABELAS

    Pgina

    CAPTULO 1 Tabela 1. Especificaes do fabricante do aparelho de insensibilizao ................................................................................

    26

    Tabela 2. Sinais clnicos verificados nas fases de insensibilizao

    e sangria ...........................................................................................

    29 Tabela 3. Sinais clnicos observados nas fases de insensibilizao e sangria ...........................................................................................

    30

    CAPTULO 2 Tabela 1. Peso aps cozimento e valor de cada rgo avaliado .... 52 Tabela 2. Causas de condenao de pulmo, fgado, corao e bao distribudos nos grupos A, B e C .............................................

    52 Tabela 3. Peso de rgos de suno in natura e pr-cozidos

    (animais com peso vivo mdio de 85kg) ..........................................

    53 Tabela 4. Perdas quantitativa e econmica dos rgos avaliados nos grupos A, B e C .........................................................................

    53

  • LISTA DE FIGURAS

    Pgina

    Figura 1. Destino da produo de carne suna no Brasil em

    2011 .............................................................................................

    04

    Figura 2. Abate inspecionado (S.I.F. e S.I.E.) na Bahia no perodo de 2008 a 2011 ...............................................................

    10

    CAPTULO 1

    Figura 1. Amperagens aplicadas para insensibilizao no abate

    de 499 sunos .................................................................................

    28

  • SUMRIO

    Pgina

    RESUMO

    ABSTRACT

    INTRODUO ......................................................................................... 01

    REVISO DE LITERATURA .................................................................... 02

    Suinocultura ............................................................................................. 02

    Mercado da Carne Suna ......................................................................... 02

    Consumo da Carne Suna ........................................................................ 04

    Caractersticas da Carne Suna ................................................................ 06

    Manejo Pr-abate e Bem-estar Animal ..................................................... 07

    Abate Inspecionado no Brasil ................................................................... 09

    Legislao ................................................................................................. 11

    Referncias Bibliogrficas ........................................................................ 15

    Captulo 1

    EFICINCIA DAS OPERAES DE INSENSIBILIZAO E SANGRIA

    NO ABATE HUMANITRIO DE SUNOS ..................................................

    20

    Captulo 2

    CONDENAO DE RGOS DE SUNOS E SEUS IMPACTOS

    ECONMICOS ..........................................................................................

    39

    CONSIDERAES FINAIS ....................................................................... 54

    ANEXO A

    ANEXO B

  • ABATE DE SUNOS: IMPLICAES TCNICAS E ECONMICAS

    Autor: Lucia Novis Edington

    Orientador: Prof. Dr. Pedro Miguel Ocampos Pedroso

    RESUMO: Com a realizao deste trabalho objetivou-se avaliar as etapas de

    insensibilizao e sangria durante o abate de sunos, a eficcia do processo e

    suas implicaes mediante os sinais clnicos apresentados aps estes

    procedimentos. Foram verificados os parmetros de voltagem, amperagem,

    tempo de choque, sinais clnicos ps choque e ps sangria, tempo de sangria e

    as condenaes pertinentes em acompanhamento de 499 sunos abatidos em

    matadouro frigorfico sob inspeo estadual. O estudo revelou que apenas 9,8%

    dos animais estavam adequadamente insensibilizados, evidenciando que no foi

    realizada uma correta insensibilizao atravs de uma inconscincia instantnea

    e indolor ao animal. Na inspeo post mortem a condenao de vsceras tambm

    foi avaliada sendo quantificada a perda de pulmes, fgado, corao e bao. Em

    uma avaliao paralela ao experimento, foram analisadas as condenaes destes

    rgos nos nove matadouros registrados no Servio de Inspeo Estadual no

    perodo de janeiro a abril de 2012, levando constatao de uma perda

    econmica significativa decorrente da rejeio destes subprodutos, quer pela

    deficincia no manejo sanitrio dos animais, quer por falhas durante o processo

    de abate.

    Palavras-chave: condenao, insensibilizao, manejo, sunos

  • SLAUGHTER PIGS: TECHNICAL AND ECONOMIC IMPLICATIONS

    Author: Lucia Novis Edington

    Adviser: Prof. Dr. Pedro Miguel Ocampos Pedroso

    ABSTRACT: This work aimed to evaluate the steps of stunning and bleeding

    during slaughter of pigs, the effectiveness of the process and its implications upon

    the clinical signs shown after these procedures. It was checked the parameters of

    voltage, amperage, stunning time, clinical signs after stunning and bleeding,

    bleeding time and condemnations relevant monitoring of 499 pigs slaughtered in a

    slaughterhouse under State Inspection Service. The study revealed that 9.8% of

    the animals were anesthetized, which shows that was not provided a correct

    stunning using an instantaneous unconsciousness and painless to the animal. In

    post-mortem inspection of offal condemnation was also evaluated and quantified

    the loss of lungs, liver, heart and spleen. In a parallel assessment to the

    experiment, it was listed the condemnations of these organs in nine

    slaughterhouses registered in the State Inspection Service in the period from

    january to april of 2012, leading to a finding of an expressive economic loss due to

    rejection of products, either by a deficiency in the management of the animals,

    either by failures during the slaughter process.

    Key-words: condemnation, pigs, management, stunning

  • INTRODUO

    Embora sendo uma produo que data de pocas remotas, a cadeia

    produtiva da carne suna tem apresentado grande progresso, existindo,

    entretanto, aspectos relevantes a serem contemplados no que diz respeito ao

    bem-estar animal, a preservao ambiental, a rastreabilidade, a qualidade da

    carne e a segurana alimentar (SAAB; CLAUDIO, 2009).

    Nas ltimas dcadas, a preocupao com o agronegcio suno tem exigido

    investimentos neste setor, ocasionando grandes transformaes. A reduo dos

    custos de produo, o aumento do retorno por unidade de carcaa industrializada

    e o atendimento s exigncias do mercado tem proporcionado a ampliao da

    oferta desta protena animal (DALLA COSTA et al., 2005). Assim, h de se

    considerar critrios fundamentados na sustentabilidade da produo, o que

    tambm inclui a eficincia e a viabilidade econmica da atividade (EMBRAPA,

    2006).

    Na rea de processamento, competem aos matadouros frigorficos as

    inovaes de processo e produto, atravs da aquisio de novos equipamentos

    que levem a um aumento na produtividade e reduo nas perdas, de modo a

    tornar a cadeia da carne suna competitiva no mercado nacional e internacional

    (KAWABATA, 2008).

    Em particular, a espcie suna parece ser a mais sujeita ao estresse, o que

    dificulta o seu manejo em todas as etapas de vida (BISPO; PEREIRA, 1994).

    Estas operaes compreendem o preparo dos animais da granja, o manejo dos

    animais durante o transporte e as condies de abate, abrangendo as operaes

    de desembarque, jejum, repouso, atordoamento e sangria (DALLA COSTA et al.,

    2009).

    O presente trabalho teve como objetivo avaliar a eficincia da

    insensibilizao e sangria atravs da ocorrncia dos sinais vitais observados

    nestas fases do abate de sunos, bem como quantificar a condenao de rgos

    e vsceras e sua perda econmica.

  • 2

    REVISO DE LITERATURA

    Suinocultura

    No Brasil, o sistema agroindustrial suno apresenta-se em franca expanso

    em decorrncia das mudanas nas caractersticas dos produtos, da insero no

    mercado internacional, dos ganhos tecnolgicos e das alteraes da escala de

    operao. Os investimentos na cadeia suincola demonstram o futuro promissor

    deste segmento e observada uma grande articulao entre os diferentes

    agentes que a compem (RODRIGUES et al., 2009).

    A carne suna a mais produzida e consumida no mundo, caracterizando-

    se, juntamente com a carne de frango, como um representante tpico da

    transformao de protena vegetal em animal. Assim, pases com expressiva

    produo de gros, especificamente milho e soja, configuram-se no cenrio

    internacional como grandes produtores dessas carnes (OLIVO; OLIVO, 2006).

    Na Bahia esto instaladas grandes granjas tecnificadas de sunos que

    alojam, aproximadamente, 10 mil matrizes operando com alto padro tecnolgico,

    fato que tem atrado a migrao dos produtores de subsistncia para a

    suinocultura industrial (VIEIRA, 2012).

    A possibilidade de expanso da suinocultura e todos os benefcios sociais

    decorrentes - est intimamente ligada ao aumento do consumo interno. O

    aumento do poder aquisitivo da populao e a popularizao da carne suna,

    colocada no mercado em cortes (carne in natura) a preos acessveis e

    competitivos com os de outras carnes, so fatores que promovem esse aumento

    de consumo (BRAUN, 2007).

    Mercado da Carne Suna

    A cadeia produtiva da carne o segundo item da pauta de exportaes do

    agronegcio brasileiro, com a tendncia de, em breve, se tornar o lder em vendas

    para o exterior. Contribui, sobremaneira, no mbito social, e desempenha um

    importantssimo papel j que lhe compete o maior nmero de empregos no

  • 3

    agronegcio brasileiro, gerando mais de quatro milhes de postos de trabalho

    (20% do total da nossa agropecuria) (BRASIL, 2012a).

    Em uma sntese das projees do agronegcio de 2011, observa-se que o

    setor de carnes mostra potencial de crescimento nos prximos anos, tendo a

    carne suna uma taxa de crescimento de 1,9% ao ano (BRASIL, 2012b).

    Para a estruturao da cadeia da carne suna, seguindo o exemplo da

    cadeia da carne de frango, torna-se necessrio a melhoria da produtividade

    atravs da logstica de distribuio, da incorporao de novas genticas

    elaboradas de acordo com as exigncias do consumidor sem, contudo, esquecer

    os aspectos de ordem sanitria (GROLLI, 2008).

    O Brasil vem se destacando como importante plo produtor de alimentos

    para o mundo, demonstrando expressivo potencial de produo e exportao de

    produtos de origem animal, dentre eles a carne suna. Dentre os pases

    produtores de carne suna, a China o maior produtor do mundo, com 49,5

    milhes toneladas em 2011, seguida da Unio Europia, Estados Unidos e Brasil,

    com 22,53, 10,27 e 3,22 milhes de toneladas, respectivamente (ABIPECS,

    2012).

    No ranking dos pases exportadores, o Brasil encontra-se na quarta

    colocao com 582 mil toneladas de carne suna, precedido pelos Estados

    Unidos, Unio Europia, Canad, que contabilizaram em 2011 as exportaes de

    2,24, 2 e 1,16 milhes toneladas, respectivamente. Entre os principais destinos da

    carne suna brasileira, neste mesmo ano, destaca-se Hong Kong, Rssia, Ucrnia

    e Argentina que importaram 27%, 22% 12% e 9% do volume total produzido

    (ABIPECS, 2012).

    Considerando a produo nacional de carne suna em 2011, observa-se que

    a exportao representou apenas 582 mil toneladas, ou seja, 18% do montante

    produzido (figura 1) (ABIPECS, 2012). Por este motivo, entidades de apoio e de

    incentivo suinocultura no pas desenvolvem estratgias que buscam o

    incremento da suinocultura brasileira, trabalhando para uma maior estabilidade

    econmica da atividade, objetivando os consequentes benefcios sociais para os

    produtores e trabalhadores desta cadeia, atravs da ampliao do mercado

    domstico da carne suna (ABCS, 2012).

  • 4

    Figura 1. Destino da produo de carne suna no Brasil em 2011 Fonte: ABIPECS, 2012

    Na cadeia produtiva da carne, o valor financeiro no se restringe apenas

    comercializao de carcaas, consideradas a parte nobre do abate. Devido

    diversificao do mercado, os subprodutos representam o animal abatido

    excluindo a carcaa limpa, e podem ser classificados em comestveis, no

    comestveis e opoterpicos. O aproveitamento dos subprodutos depende da sua

    capacidade de utilizao, da disponibilidade da oferta e do mercado consumidor,

    e tal aproveitamento pode tornar-se uma atividade bastante rentvel para o

    estabelecimento processador (SOUZA; MONTENEGRO, 2000).

    Nesse sentido, a exportao dos midos de suno aparece como um

    mercado promissor de melhor remunerao, uma vez que o brasileiro no tem a

    tradio do consumo deste tipo de produto. O preo de alguns cortes bastante

    consumidos no Brasil como o pernil (R$ 5,20/kg) pode at ser superado com o

    preo dos midos no mercado externo, a exemplo do estmago (R$ 6,80/kg)

    (SUINOCULTURA INDUSTRIAL, 2012).

    Consumo da Carne Suna

    A respeito do consumo de carne no Brasil em 2010, considerando as

    espcies bovina, suna e frango, foram consumidos 94 quilos de carne/habitante,

    representando um expressivo aumento de 17,5% em relao ao consumo per

    capita de 80 quilos em 2001. As aves lideram essa expanso durante este

    perodo mostrando um salto de 31,0 kg para 44,7 kg por habitante/ano, refletindo

    um aumento de 44 %, ultrapassando a liderana no consumo de carne bovina

    que, ao final de 2010, permaneceu na ordem de 35 kg por habitante/ano. O

  • 5

    modesto aumento no consumo da carne suna em dez anos foi de 2,8%,

    representando a mdia de 14,8kg por habitante/ano (ZAFALON, 2011).

    De forma discrepante, a carne suna, protena animal de alto valor biolgico,

    conhecidamente a mais consumida no planeta, alcanou em 2009 ndices de

    consumo em Hong Kong de 68,5 kg per capita, seguido de Macau, Bielorrssia,

    Unio Europia e China, esta ltima com consumo de 36,5 kg per capita

    (ABIPECS, 2012).

    No Brasil, o consumo da carne suna em 2008 pode ser distribudo em:

    produtos processados, linguia e carne salgada, totalizando 993 mil toneladas;

    carne suna com e sem osso, atingindo de 379 mil toneladas; banha de porco, 25

    mil toneladas; vsceras sunas, 19 mil toneladas (MIELE et al., 2011). Em

    particular nas regies Norte e Nordeste do pas, muito comum a utilizao de

    vsceras em pratos culinrios, fruto da herana africana, sendo composto por

    pulmes, fgado, rins, lngua e sangue, razo pela qual a sua valorizao nestas

    regies (MENEZES, 1998).

    So de relevante importncia iniciativas para conscientizar a populao

    brasileira da real situao sanitria do rebanho nacional, que conta hoje com uma

    suinocultura tecnificada de alto nvel e que oferece ao consumidor um produto de

    excelente qualidade (LUCENA, 2009).

    A meta do setor produtivo incrementar o consumo domstico per capita em

    dois quilos no Brasil at o final do ano de 2012 e, consequentemente, consolidar a

    carne suna como um produto saudvel e nutritivo, produzido de forma

    tecnicamente correta, socialmente justa e ambientalmente responsvel (APS,

    2011).

    Alm disso, fundamental campanhas de esclarecimento aos

    consumidores, assim como das classes mdicas e de profissionais de sade em

    geral, no esquecendo da importncia das promoes e marketing da carne

    suna, considerados eficientes instrumentos de alavancagem de vendas.

    Entretanto, estas aes no surtiro efeito se a imagem do produto no for

    trabalhada, principalmente nos pontos de venda, desfazendo a imagem

    preconceituosa do produto. Pesquisas demonstram que a simples apresentao

    correta do produto vetor muito significativo de superao de preconceitos.

    Cortes sem a presena constante da manta de gordura externa, bandejas bem

    arrumadas, quantidades pequenas e variedade, alm de sugestes simples de

  • 6

    uso, fazem enorme diferena (VALENTINI, 2008; SUINOCULTURA INDUSTRIAL,

    2011).

    Em pesquisa realizada por Teotnio et al. (2011) com alunos do ensino

    fundamental, demonstrou-se que os alunos vinculam a carne suna a riscos

    sade (84,8%) e apresentam-se desinformados da necessidade da inspeo

    sanitria no abate dos sunos (95,7%), refletindo total desconhecimento da atual

    suinocultura. O estudo demonstra a necessidade de campanhas de divulgao

    das qualidades nutricionais da carne suna para, desta forma, alavancar o

    consumo de carne desta espcie.

    Caractersticas da carne suna

    Em termos nutricionais, a carne suna possui um adequado teor de protena

    (19 a 20% na carne magra), com uma boa combinao de todos os aminocidos

    essenciais, apresentados numa forma biologicamente disponvel. Alm de grande

    fonte de clcio, fsforo, zinco, ferro e potssio, apresenta-se como excelente fonte

    de vitaminas do complexo B, principalmente de tiamina e riboflavina (B12),

    importantes para o metabolismo das gorduras e carboidratos e liberao da

    energia dos alimentos (ROPPA, 2005).

    A composio geral da carne suna consiste de 72% de gua, 20% de

    protenas, 7% de gordura, 1% de minerais e menos de 1% de carboidratos.

    Quando comparada a outros alimentos, constata-se que a carne suna um

    alimento rico em protenas e pobre em carboidratos, fato que auxilia na reduo

    calrica do produto, sendo que 100 gramas de carne possui cerca de 147 kcal

    (SARCINELI et al., 2007).

    Sem dvida, a gentica foi a grande responsvel pelo avano da qualidade

    da carne suna. Atualmente, a quantidade de gordura na carcaa suna no chega

    a 6%, enquanto que nos anos 60 atingia nveis de 31% de gordura

    (MIGLIAVACCA, 2011). Com relao ao colesterol e calorias, a evoluo e o

    aprimoramento da carne suna traduziram em uma reduo de 10% do colesterol

    e 14% de calorias, tornando este alimento mais magro e nutritivo, alm de,

    indiscutivelmente, saboroso (MAPA, 2012).

    A busca pelo consumidor por alimentos orgnicos e saudveis tem

    aumentado bastante. Assim, compete a todos os elos da cadeia produtiva mudar

    a imagem do suno, de carne no saudvel, gorda e com alto colesterol, para uma

  • 7

    carne saudvel, e com protena de alta qualidade, oriunda de criaes com

    manejo compatvel com as normas de bem-estar (MACHADO FILHO, 2000).

    No tocante qualidade da carne, um conceito muito comum diz respeito a

    seus aspectos intrnsecos como aparncia, palatabilidade, rendimento,

    composio nutricional, segurana alimentar, entre outros atributos. Entretanto,

    mudanas nos dias atuais esto tendendo a alterar este conceito preconcebido,

    enfatizando o bem-estar do animal, traduzindo assim o que se chama de

    qualidade tica (LUDKTE et al., 2010).

    Manejo Pr-abate e Bem-estar Animal

    A qualidade tica do produto de origem animal engloba a forma como os

    animais foram criados, desde o nascimento at o abate e est relacionada no

    apenas sustentabilidade dos sistemas de produo e s questes sociais,

    econmicas e ambientais, mas ainda a alguns princpios bsicos que devem ser

    observados para atender esta questo (BARBOSA FILHO; SILVA, 2004).

    Dentre os fatores que merecem ateno e contribuem para a obteno da

    qualidade tica no manejo pr-abate podemos destacar: mtodos de manejo pr-

    abate e instalaes que reduzam o estresse; equipe treinada e capacitada,

    comprometida, atenta e cuidadosa no manejo dos sunos; equipamentos

    apropriados, devidamente ajustados espcie e situao a serem utilizados e

    com manuteno peridica; processo eficaz de insensibilizao que induza

    imediata perda da conscincia e sensibilidade, de modo que no haja

    recuperao e, consequentemente, no haja sofrimento at a morte do animal

    (GRECO, 2009; LUDKTE et al., 2010).

    Estudos demonstram que o estresse e o sofrimento animal influem

    negativamente na produtividade e qualidade dos alimentos e, por muito tempo, o

    bem-estar e a produtividade foram considerados antagnicos. Com o passar dos

    anos, o consumidor est cada vez mais interessado em conhecer como o

    alimento est sendo produzido, colocando o bem-estar no apenas como um fator

    importante no processo, mas como uma excelente oportunidade de mercado

    (PINHEIRO; BRITO, 2009).

    Fica comprovada a preocupao crescente dos setores da sociedade e da

    comunidade cientfica no que diz respeito s prticas de bem-estar animal,

    medida que reconhecem os sunos com capacidade sensorial de experimentar

  • 8

    sensaes positivas e negativas que vo interferir, sobremaneira, na qualidade

    final do produto (COSTA, 2008).

    Desta forma, em pases industrializados, principalmente os europeus, as

    questes ticas da produo animal influenciam as escolhas de consumo de boa

    parte da populao (CAMPOS, 2009). Ao reconhecer o sofrimento animal e

    consider-lo relevante, o bem-estar animal passa a entrar nos clculos do valor

    econmico do produto de origem animal, com forte impacto na relao

    custo/benefcio (MOLENTO, 2005).

    Com foco nesta questo e, especificamente no processo de abate, existem

    procedimentos obrigatrios de insensibilizao utilizados para evitar a excitao,

    dor e sofrimento do animal. Dentre os mtodos utilizados para a espcie suna

    esto a insensibilizao eltrica e gs. A insensibilizao eltrica consiste na

    inconscincia instantnea do animal atravs da aplicao de choque eltrico de

    duas maneiras: apenas na cabea e na cabea e corao (CHEVILLON, 2000).

    Os parmetros utilizados para o abate de sunos so estabelecidos na

    Portaria 711/1995 do MAPA que preconiza os padres de voltagem (350 a 750 V),

    amperagem (0,5 a 2 A) e tempo de sangria, com mnimo de trs minutos. Esta

    legislao descreve, ainda, as indicaes de equipamentos, construo civil e

    toda a estrutura mnima para o abate, processamento e industrializao desta

    espcie (BRASIL, 1995).

    A insensibilizao eltrica um mtodo bastante atrativo pelo fato de ser

    econmico, adequado para altas capacidades de abate e tem a possibilidade de

    ser automatizado. Para plantas frigorficas com velocidade alta de abate, acima

    de 300 animais/hora, comumente utilizado os limitadores compostos de esteiras

    em V que imobilizam o animal para garantir melhor insensibilizao (SILVEIRA,

    1997). J a insensibilizao gs baseada na colocao dos animais em

    ambiente fechado com concentraes de 75% de CO2 que provocar uma fase de

    analgesia, excitao e anestesia (BRASIL, 2000; CHEVILLON, 2000).

    Os procedimentos de manejo pr-abate contribuem para afetar alguns

    atributos da carne como cor, pH, textura, palatabilidade e vida de prateleira. Neste

    contexto, fatores estressantes desencadeiam uma srie de alteraes

    bioqumicas que produzem carne PSE (plida, macia e exsudativa) ou DFD (seca,

    firme e escura) (MAREKO, 2005; SIMMONS et al., 2006; EUROPEAN

    COMMISSION, 2007).

  • 9

    Abate Inspecionado no Brasil

    O abate de sunos foi obrigado a acompanhar a crescente demanda interna

    e a participao do Brasil no mercado internacional, sendo o Servio de Inspeo

    Federal (SIF) responsvel por 83% do volume abatido em 2009. Nesse ano, o

    abate inspecionado e a produo prpria (autoconsumo e subsistncia) geraram

    uma produo estimada em 3,19 milhes de toneladas (MIELE; MACHADO,

    2010).

    Dados do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA)

    revelam que, em 2011, foram abatidos 31.287.029 sunos nos matadouros

    frigorficos sob Inspeo Federal (BRASIL, 2012c), verificando-se uma tendncia

    de crescimento neste ndice uma vez que, apenas no segundo trimestre, o abate

    de sunos apresentou um incremento de 5,3% em relao ao primeiro trimestre,

    alcanando 8,615 milhes de sunos abatidos, um novo recorde na srie histrica

    (ROCHA, 2011).

    No tocante ao abate desta espcie por estado, verifica-se que o grande

    produtor brasileiro o Estado de Santa Catarina, responsvel por 27,9% do

    abate, seguida do Rio Grande do Sul, Paran, Minas Gerais, Mato Grosso e

    Gois, com 21,6%, 19,4%, 10,6% 6,1% e 5,7%, respectivamente. A Bahia ocupa

    a 10 posio no abate de sunos inspecionado pelo servio federal,

    representando 0,05% do abate nacional (BRASIL, 2012c).

    O parque industrial de matadouros frigorficos de sunos na Bahia

    composto atualmente por 12 plantas multifuncionais que abatem esta espcie no

    possuindo, entretanto, nenhum estabelecimento que seja exclusivo para abate de

    sunos. Localizados nos municpios de Feira de Santana (2), Alagoinhas (1),

    Santa Maria da Vitria (1), Simes Filho (3), Juazeiro (1), Paulo Afonso (1)

    Barreiras (1), Vitria da Conquista (1) e Muqum de So Francisco (1), sendo que

    estas unidades proporcionam ao Estado a capacidade total de abate

    inspecionado de 1.590 sunos/dia (BAHIA, 2012).

    Na Bahia, ao realizar um estudo comparativo dos dados de abate

    inspecionado de sunos dos anos de 2010 e 2011, observa-se que o abate sob

    inspeo estadual demonstrou um incremento de 27,1%, contrapondo a reduo

    do abate no Servio de Inspeo Federal de 48,6%. Esses dados revelam que o

  • 10

    Estado apresentou uma queda de 2,6% do abate total inspecionado desta

    espcie, conforme demonstrado na figura 2.

    Figura 2. Abate inspecionado (S.I.F. e S.I.E.) na Bahia no perodo de 2008 a 2011 Fonte: BRASIL, 2012; BAHIA, 2012

    Dentre outros fatores que contriburam para a expanso do abate sob SIE,

    podemos destacar a insero de trs novas unidades habilitadas para o abate de

    sunos em 2011 e, ainda, a adeso ao SISBI Sistema Brasileiro de Inspeo de

    Produtos de Origem Animal. Este sistema concede indstria por ele certificada a

    equivalncia ao Servio de Inspeo Federal, possibilitando, em contraponto Lei

    7.889 de 23/11/1989 do MAPA, a comercializao dos seus produtos para outros

    estados, ampliando assim o mercado formal dessas indstrias (BRASIL, 2006).

    A Bahia apresenta um potencial de incremento da produo de sunos uma

    vez que possui, no oeste do Estado, uma regio produtora de gros. Alm disso,

    uma elevada concentrao de agricultores familiares nessa atividade, o mercado

    consumidor e a insero do Estado no Programa Nacional de Desenvolvimento

    da Suinocultura PNDS so fatores que favorecem a estruturao da cadeia da

    carne suna, muito embora apresente desafios consolidao de sua produo

    primria, desenvolvimento agroindustrial e consequente oferta em quantidade e

    qualidade ao consumidor (VIEIRA, 2012).

  • 11

    A inspeo industrial no abate de sunos realizada pelo servio de inspeo

    oficial fundamenta-se nas chamadas linhas de inspeo, quais sejam: linha A1

    cabea e nodos linfticos; linha A tero; linha B intestino, estmago, bao,

    pncreas e bexiga; linha C corao e lngua; linha D pulmes e fgado; linha E

    carcaa; linha F rins; linha G crebro (BRASIL, 1995).

    No que diz respeito em particular s vsceras, estas requerem uma inspeo

    mais cuidadosa na espcie suna visto a grande ocorrncia de doenas como

    pneumonia, pleurisia, peritonites e pericardites, alm de possveis contaminaes

    com material do contedo gastrointestinal (GOMIDE et al., 2006).

    Como patologia mais frequente, a pneumonia representa um grande entrave

    suinocultura, representando um srio problema de manejo. A ocorrncia de

    leses pulmonares em sunos est associada s variveis relativas do ambiente,

    do tipo de explorao e do seu estado nutricional (DALENCAR et al., 2011).

    Legislao

    Os pases, notadamente os pertencentes Unio Europeia, tem aprovado

    normas rgidas sobre as questes referentes ao bem-estar animal e encontram-se

    bem frente do Brasil, nas quais so incorporados sistemas de garantia de

    qualidade que asseguram ao consumidor o atendimento aos padres exigidos

    para a produo da carne. No entanto, demonstrar que o bem-estar resulta em

    um produto de melhor qualidade um grande incentivo para melhorar a forma

    com que criamos, manuseamos e abatemos os animais (WARRIS; BROWN,

    2000).

    A primeira legislao internacional acerca deste tema data de 1974 com a

    elaborao da Diretiva 74/577/CCE a qual diz respeito, dentre outros, ao

    atordoamento dos animais antes do abate, revelando a importncia do bem-estar

    animal e a preveno de sofrimento desnecessrio, sendo substituda pela

    Diretiva 93/119/CCE que abrange uma ampla gama de animais e as

    circunstncias de abate. Nos anos seguintes, um corpo crescente de legislao

    comunitria relativa proteo dos animais surgiu, demonstrando uma

    manifestao importante de medidas prticas tomadas para garantir melhorias no

    bem-estar animal, colocando a comunidade europeia como referncia nessas

    questes (PASSANTINO, 2009).

  • 12

    Afirmando esta tendncia, a Organizao Mundial de Sade Animal (OIE),

    constituda de 178 pases-membros, realizou a primeira Conferncia Global de

    Bem-estar Animal, em 2004, estabelecendo parmetros de bem-estar animal

    reconhecendo tratar de um tema complexo que envolve questes cientficas,

    ticas, econmicas e polticas (OIE, 2011).

    Diante deste cenrio, vrios rgos consultivos independentes tem fornecido

    apoio cientfico para o desenvolvimento dessas polticas, incluindo o Comit

    Cientfico Veterinrio, o Comit Cientfico sobre Sade e Bem-Estar Animal e

    mais recentemente o European Food Safety Authority (EFSA) (HORGAN, 2006).

    Alm desses, destaca-se Humane Farm Animal Care, fundao beneficente

    sem fins lucrativos, que tem como misso melhorar o bem-estar de animais de

    produo, estabelecendo padres viveis e confiveis adequadamente

    monitorados para a produo humanitria de alimentos, garantindo ao

    consumidor que produtos certificados atendam a este padro. Apoiada pelo

    American Society for the Prevention of Cruelty to Animals e pela Humane Society

    dos Estados Unidos, a Humane Farm Animal Care dedica-se, entre outros

    segmentos, ao manejo, transporte e abate de animais (HUMANE FARM ANIMAL

    CARE, 2008).

    Desta forma, verifica-se que o governo desempenha papel preponderante no

    estabelecimento de diretrizes, regulamentos, na vigilncia de defesa animal e

    inspeo higinico-sanitria dos produtos crneos. Assegurar a produo de

    alimentos em todas as fases da cadeia produtiva exige responsabilidade,

    competncia, rastreabilidade e aes para a melhoria contnua dos resultados

    (CERUTI, 2003).

    Em termos nacionais, a legislao pertinente escassa. O Brasil possui uma

    legislao clara e objetiva para defender o direito dos animais e garantir um

    tratamento humanitrio a todas as fases de criao. O Decreto Federal

    24.645/1934 considera maus tratos, dentre outros, no dar morte rpida, livre de

    sofrimento prolongado, a todo o animal cujo extermnio seja para consumo ou

    no, o que pode acarretar priso ou multa (BRASIL, 1934).

    Especificamente no abate de sunos, utilizada como parmetro legal a

    Portaria 711/1995 do MAPA que aprova as Normas Tcnicas de Instalaes e

    Equipamentos para Abate e Industrializao de Sunos (BRASIL, 1995).

  • 13

    Como embasamento legal no tocante ao abate, o pas dispe da Instruo

    Normativa n 3, de 17/01/2000, que estabelece, padroniza e moderniza os

    mtodos humanitrios de insensibilizao dos animais de aougue para o abate,

    atravs de diretrizes tcnicas e cientficas que garantam o bem-estar dos animais

    desde a recepo at a operao de sangria, assim como o manejo destes nas

    instalaes dos estabelecimentos aprovados para esta finalidade. Permite os

    sacrifcios ritualsticos, desde que devidamente requeridos e autorizados,

    destinando o consumo da carne pelos fiis ou pelos pases importadores

    (BRASIL, 2000).

    O projeto de decreto que regulamentaria a Lei n 9.712, de 20/11/1998, que

    trata da Defesa Sanitria Agropecuria e cria o Sistema Unificado de Ateno

    Sanidade Agropecuria SUASA, trazia em seu corpo alguns artigos

    referenciando o bem-estar animal, mas deixava de se aprofundar no assunto, com

    o detalhamento daquilo que vem a ser o tema. No decreto estes artigos foram,

    surpreendentemente, suprimidos, muito embora este assunto esteja sendo tratado

    dentro da estrutura do MAPA (IMPROTA, 2007).

    Mostrando essa preocupao, este rgo regulador e legislador no abate de

    animais de aougue estabeleceu, atravs da Instruo Normativa 56/2008,

    recomendaes de boas prticas de bem-estar animal para animais de interesse

    econmico, abrangendo os sistemas de produo e transporte. Com o objetivo de

    coordenar aes de bem-estar animal e embasar as decises, este ministrio

    instituiu, atravs da Portaria n 524 de 22 de junho de 2011, a Comisso Tcnica

    Permanente de Bem-Estar Animal CTBEA a qual propor, entre outras,

    recomendaes de boas prticas para o bem-estar animal (BRASIL, 2011).

    Entretanto, o fato do Brasil no dispor de legislao especfica para o bem-

    estar animal na criao de suno traduz um entrave para exportao para alguns

    pases da Unio Europia como a Inglaterra, Espanha, Dinamarca e Alemanha,

    pases que j adotam este procedimento (AGROCIM, 2011).

    A demanda de esforos para evitar o sofrimento animal, particularmente nos

    ltimos momentos de vida, requisito mundial e sua aplicao inquestionvel. A

    carncia de uma legislao nacional especfica tem levado aplicao de

    legislaes paralelas e estrangeiras, sendo necessrio o engajamento dos rgos

    de classe e governamentais, da academia, da pesquisa, da defesa sanitria, dos

    setores produtivos e associativos comunitrios e da sociedade em geral em prol

  • 14

    de uma viso mais humanitria do manejo animal, uma vez que a condio de

    animal senciente foi esquecida frente ao interesse econmico de produzir mais

    com menores custos e maiores lucros (IMPROTA, 2007).

  • 15

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    VIEIRA, G.A. Anlise Estrutural da Cadeia Produtiva Suna na Bahia. Revista Nacional da Carne, v.421, p. 73-77, 2012. WARRIS, P.D.; BROWN, S.N. O bem estar dos sunos durante o pr-abate e no atordoamento. In: I CONFERNCIA INTERNACIONAL VIRTUAL SOBRE QUALIDADE DE CARNE SUNA, 2000, Concrdia. Anais... Concrdia: Embrapa, 2000. p. 17-20. ZAFALON, M. Consumo per capita de carnes d salto de 17,5% em dez anos. Folha de So Paulo, 27 jan. 2011.

  • CAPTULO 1

    EFICINCIA DAS OPERAES DE INSENSIBILIZAO E SANGRIA NO

    ABATE HUMANITRIO DE SUNOS

    1Artigo ajustado que ser submetido ao Comit Editorial da Revista Brasileira de Sade e

    Produo Animal RBSPA

  • CAPTULO 1

    Eficincia das operaes de insensibilizao e sangria no abate

    humanitrio de sunos

    Operations efficiency of stunning and bleeding in a swine humane

    slaughter

    EDINGTON, Lucia Novis*1; MARQUES, Jair de Arajo2; CRUZ, Anete

    Lira1; BENTES, Rosy Moraes1; MASCARENHAS, Maria Teresa Vargas Leal1;

    PEDROSO, Pedro Miguel Ocampos2

    1 Agncia Estadual de Defesa Agropecuria da Bahia, Salvador, Bahia, Brasil 2 Universidade Federal do Recncavo da Bahia, Cruz das Almas, Bahia, Brasil *Endereo para correspondncia: [email protected]

  • 22

    1

    RESUMO 2

    3

    Este experimento foi conduzido com o objetivo de analisar a eficcia da 4

    insensibilizao e sangria no abate de sunos e sua correlao com os sinais 5

    clnicos apresentados. O trabalho foi desenvolvido em um matadouro frigorfico 6

    sob inspeo estadual em na Bahia, sendo utilizados 499 animais provenientes 7

    de regio prxima Alagoinhas. Foram verificados durante a insensibilizao o 8

    peso do animal, parmetros de voltagem, amperagem, tempo de choque, 9

    intervalo entre a aplicao do choque e o incio da sangria e, durante a sangria, 10

    o tempo total de sangria, sendo observados, para identificar a correta 11

    insensibilizao, a ocorrncia de sinais clnicos que evidenciassem sofrimento 12

    nestas duas fases. Com base nos dados obtidos, constatou-se que 298 sunos 13

    (59,7%) ficaram insensibilizados apenas na insensibilizao, 15 sunos (3,0%) 14

    permaneceram insensibilizados apenas na sangria, 137 sunos (27,5%) no 15

    ficaram insensibilizados em nenhuma das etapas e 49 sunos (9,8%) ficaram 16

    insensibilizados nas duas etapas. Na anlise estatstica no se observou 17

    diferenas significativas nas voltagens, amperagens e tempo de choque 18

    aplicados. Diante dos resultados encontrados, pode-se concluir que o mtodo 19

    de insensibilizao utilizado no foi eficiente para promover o abate indolor aos 20

    animais, traduzido pela elevada ocorrncia de sinais clnicos, concluindo-se 21

    que h a necessidade de reviso dos procedimentos operacionais durante 22

    essas etapas de abate. 23

    24

    Palavras chave: bem-estar, suno, manejo, matadouro 25

    26

  • 23

    1

    SUMMARY 2

    3

    This experiment was conducted to analyze the effectiveness of stunning 4

    and bleeding in the slaughter of pigs and their correlation with clinical 5

    manifestations. The study occurred in a slaughterhouse under State Inspection 6

    Service in Bahia and 499 animals were used from a nearby region of 7

    Alagoinhas. Were observed during stunning the animals weight, parameters of 8

    voltage, amperage, shock time interval between application of the shock and 9

    the onset of bleeding, being observed, to identify the correct stunning, the 10

    occurrence of showing clinical sings of pain in these two phases. Based on the 11

    data obtained it was found that 298 pigs (59,7%) were insensibled at just 12

    stunning, 15 pigs (3,0%) remained insensibled only in bleeding, 137 pigs 13

    (27,5%) were not insensibled in none of steps and 49 pigs (9,8%) were 14

    insensibled in all steps. Statistical analysis revealed no significant differences 15

    were observed in the voltages and amperages time shock applied. Given the 16

    results, we can conclude that the stunning method used was not efficient to 17

    promote painless killing of animals, traduced by the high occurrence of clinical 18

    signs, concluding that there is a need for revision the operational procedures for 19

    these slaughter steps. 20

    21

    Keywords: pigs handling, swine, slaughterhouse, welfare 22

    23

  • 24

    1

    INTRODUO 2

    3

    Responsvel pela regulao e normatizao da cadeia produtiva da 4

    carne suna, o Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA) 5

    ampara, legalmente, o abate de sunos atravs da Portaria 711/1995 sobre 6

    Normas Tcnicas de Instalaes e Equipamentos para Abate e Industrializao 7

    destes animais. Dispe tambm, de maneira geral para outras espcies, da 8

    Instruo Normativa n 03/2000 que regulamenta o abate humanitrio e 9

    classifica os mtodos de insensibilizao permitidos legalmente em mtodos 10

    mecnicos (concusso), mtodos eltricos (eletronarcose) e mtodos da 11

    exposio atmosfera modificada (BRASIL, 1995; BRASIL, 2000). 12

    Para sunos, os mtodos mais empregados so: a eletronarcose na qual 13

    utilizada a corrente eltrica na cabea do animal atravs do uso de eletrodos; 14

    a eletrocusso que se fundamenta no mesmo princpio, mas complementada 15

    pela aplicao de corrente eltrica no corao do animal, induzindo uma 16

    fibrilao cardaca; e a insensibilizao gs, mtodo onde os animais so 17

    colocados em ambientes fechados com concentrao de gs, geralmente, 18

    dixido de carbono, por perodo suficiente para induzir a inconscincia atravs 19

    da exposio e inalao de gs (EUROPEAN COMISSION, 2007). 20

    A etapa da insensibilizao de grande importncia e determina se o 21

    animal est apto para prosseguir as etapas seguintes, uma vez que a perda 22

    completa da conscincia condio bsica para a sangria. A eletronarcose o 23

    mtodo mais empregado para a espcie suna, por ter sua eficcia avaliada 24

    mediante apresentao dos seguintes sinais: reaes tnicas exageradas 25

    seguidas de relaxamento e pedaleio involuntrio, ausncia de reflexo palpebral, 26

    expresso dos olhos fixa e vidrada, ausncia de vocalizao, ausncia de 27

    respirao rtmica, mandbulas relaxadas, lngua para fora e ausncia de 28

    resposta ao estmulo doloroso (FAO, 2001; BRIDI; SILVA, 2010). 29

    O uso de equipamentos apropriados fundamental nessa etapa, 30

    devendo os mesmos estar devidamente ajustados espcie e com realizao 31

    de manuteno peridica. O choque eltrico deve ser provido de potncia 32

  • 25

    suficiente para atingir, de maneira contnua, a mnima corrente recomendada, 1

    sendo no caso de sunos uma amperagem de 1,25 (OIE, 2011). 2

    Considerando a relevncia das questes abordadas, este estudo teve 3

    como objetivo avaliar a eficcia da insensibilizao e sangria no abate de 4

    sunos atravs das evidncias dos sinais clnicos apresentados por estes 5

    animais e o consequente comprometimento do bem-estar animal. 6

    7

    MATERIAL E MTODOS 8

    9

    O experimento foi desenvolvido em um matadouro frigorfico registrado no 10

    Servio de Inspeo Estadual (S.I.E.) da Bahia, apresentando capacidade de 11

    abate de 400 sunos/dia, com distncia mdia para as granjas suincolas de 12

    100 km. Foram analisados 499 sunos, com idade mdia de abate de seis 13

    meses, com peso corporal mdio 85,0 kg, 8,8 kg. As avaliaes foram feitas 14

    em quatro dias distintos, realizadas de forma aleatria, no perodo de maro e 15

    abril de 2012, com avaliao de todo o lote de abate dirio. 16

    O mtodo de insensibilizao dos animais nesse estabelecimento foi a 17

    eletronarcose, realizada no boxe de insensibilizao, com aplicao dos 18

    eletrodos nas fossas temporais. Para esse procedimento foi utilizado o 19

    insensibilizador eltrico da marca BRASFOOD Equipamentos Frigorficos 20

    Ltda, modelo PETROVINA IS-3000, com capacidade de produo de 200 21

    animais / hora, com acionamento eltrico de 220 V monofsico e dimenses de 22

    400 x 300 x 200 cm. 23

    Este aparelho regula a intensidade do choque atravs de chave que 24

    colocada conforme o peso do animal e tem sua voltagem e amperagem 25

    previamente estabelecida, conforme descrito na tabela 1. A medio da 26

    amperagem foi feita manualmente atravs de ampermetro da marca Worker, 27

    individualizada para cada animal, no momento do choque, envolvendo as 28

    hastes do insensibilizador. 29

    30

    31

    32

  • 26

    1

    Tabela 1. Especificaes do fabricante do aparelho de insensibilizao 2

    Faixa Peso do animal (kg) Voltagem (V)

    1 - 2 60 90 260 280

    3 - 4 90 - 120 300 - 340

    5 - 6 120 ou mais 400 - 440

    3

    A sangria foi realizada na posio horizontal para favorecer a rapidez na 4

    manipulao e a eficcia da coleta de sangue, seguido o iamento do animal 5

    pelos membros plvicos. 6

    Para avaliar a eficincia da insensibilizao utilizou-se a observao dos 7

    sinais clnicos em dois momentos. O primeiro registro teve incio com a cada 8

    do animal insensibilizado na mesa de sangria, imediatamente aps o choque, 9

    at o incio do procedimento de sangria, a chamada fase da insensibilizao, 10

    onde foram verificados sinais como respirao rtmica, reflexo palpebral e 11

    vocalizao. 12

    Em um segundo momento, intervalo compreendido entre o incio e o final 13

    da sangria, denominou-se fase da sangria, cujos sinais observados foram 14

    senso de direcionamento, tentativa de retornar postura natural, respirao 15

    rtmica, pedaleio, reflexo palpebral e vocalizao. Estes sinais foram 16

    registrados atravs de meios visuais, sonoros e, especificamente para o reflexo 17

    palpebral, pelo toque direto no globo ocular avaliando o estmulo palpebral ou 18

    corneal. 19

    As informaes foram coletadas por quatro pessoas com a aplicao de 20

    planilhas especficas, a seguir descritas: planilha 01 anotaes referentes ao 21

    tempo de choque, amperagem e voltagem utilizada, localizao dos eletrodos e 22

    peso do animal, com o posicionamento do colaborador no boxe de 23

    atordoamento; planilha 02 verificava-se os sinais clnicos apresentados e o 24

    tempo entre o incio do choque at o incio da sangria, com o posicionamento 25

    do colaborador na esteira de sangria; planilha 03 anotava-se o incio da 26

    sangria e os sinais clnicos detectados no incio desta etapa, com 27

    posicionamento do colaborador na esteira de sangria e planilha 04 apontava-28

  • 27

    se o tempo final da sangria, com posicionamento do colaborador aps o banho 1

    de asperso e antes do tanque de escaldagem. Juntamente com a aplicao 2

    das planilhas, foram utilizados cronmetros digitais para medir os intervalos de 3

    tempo durante o processo de abate. 4

    Utilizando a estatstica descritiva, realizada no software SPSS V 13.0 5

    (Statical Package for the Social Sciences), foi identificada a frequncia absoluta 6

    e relativa dos dados, com anlise univariada, alm da anlise multivariada, a 7

    estatstica do Qui-quadrado (x2), que constitui uma medida de discrepncia 8

    entre as frequncias observadas e as esperadas, para os dados nominais. 9

    Verificado a normalidade das variveis quantitativas atravs do mtodo 10

    Kolmogorov-Smirnov, que testou a hiptese de que os dados da amostra so 11

    normalmente distribudos assumindo o pressuposto da normalidade, com 12

    significncia abaixo de 0,05. 13

    Aps a realizao do Teste de Homogeneidade de Varincia foi realizado 14

    o teste de One-Way ANOVA (Analysis of Variance), sendo significativo quando 15

    p0,05, buscando a probabilidade de que nenhuma diferena exista entre 16

    quaisquer dos grupos, considerando de que cada grupo uma amostra 17

    aleatria e independente, proveniente de uma populao com distribuio 18

    normal (gaussiana). 19

    20

    RESULTADOS 21

    22

    Na fase de insensibilizao, o estudo mostrou que 152 sunos (30%) 23

    demonstraram algum sinal clnico, representando uma eletronarcose eficiente 24

    em 70% da amostra estudada. Entretanto, na fase da sangria, os sinais clnicos 25

    foram mais evidenciados, com a manifestao de sinais de sensibilidade em 26

    435 animais (87%). 27

    Dos 499 animais utilizados no experimento, 474 estiveram na faixa de 60 28

    a 90 kg, com mdia de peso de 85 kg. A variao de peso foi de 50 a 150 kg, 29

    com desvio padro de 8,8 kg, no havendo significncia na relao do peso 30

    dos animais e insensibilizao eficaz (sig. 0,471). 31

  • 28

    As voltagens utilizadas foram 280 V (124 animais), 300 V (270 animais) e 1

    340 V (105 animais), com distribuio normal dos dados. Salienta-se, contudo, 2

    que a despeito das variaes aplicadas, no foi verificado interferncia das 3

    voltagens utilizadas com a eficincia da insensibilizao. 4

    Para a varivel voltagem, o Teste Estatstico de Homogeneidade de 5

    Varincia provou igualdade entre os grupos, no sendo observado diferenas 6

    significativas na amperagem e no tempo de choque aplicados, sig.: 0,201 e 7

    0,864, respectivamente. 8

    Nas anotaes da amperagem, entre os 497 dados vlidos, a mdia foi de 9

    2,4 A, variando de 1,4 a 4,0 A, com desvio padro de 0,4778 com distribuio 10

    normal, conforme observado na Figura 1. 11

    12

    13 Figura 1. Amperagens aplicadas para insensibilizao no abate 14 de 499 sunos. 15

    16

    As faixas utilizadas de amperagem verificadas neste estudo situam-se 17

    entre 1,6 a 2 A, 2,1 a 2,5 A e 2,6 a 3 A, representando 25%, 38% e 25%, 18

    respectivamente, no tendo sido evidenciada diferena da eficcia de 19

    insensibilizao de acordo com a amperagem aplicada. 20

    O tempo de choque aplicado em cada animal para a insensibilizao 21

    variou de 4 a 19 segundos, normalmente distribudos, com mdia de 7,4 s, com 22

    desvio padro de 0,0147, sendo que 80% dos casos tiveram o tempo de 6 a 8 23

    segundos. 24

  • 29

    No que diz respeito localizao de aplicao do choque, os animais 1

    avaliados, em sua totalidade, foram insensibilizados com o posicionamento dos 2

    eletrodos nas fossas temporais atrs das orelhas. Os animais avaliados 3

    apresentavam-se ligeiramente midos para que houvesse o aumento do 4

    contato com a pele e a reduo da resistncia oferecida por ela. 5

    O monitoramento dos sinais de insensibilizao foi realizado em dois 6

    momentos distintos: logo aps o choque (fase de insensibilizao) e logo aps 7

    a sangria (fase da sangria). Desta forma, buscou-se a verificao de sinais 8

    clnicos que demonstrassem sensaes dolorosas nas fases de 9

    insensibilizao e sangria. A apresentao dos sinais clnicos est 10

    demonstrada na Tabela 2, a qual demonstra a presena (+) e a ausncia (-) de 11

    sinais clnicos verificados nas duas fases e o total de animais correspondentes. 12

    13

    Tabela 2: Sinais clnicos verificados nas fases de insensibilizao e sangria 14

    1 fase insensibilizao 2 fase - sangria Total de animais - - 49 + + 137 + - 15 - + 298

    +: presena de sinais; -: ausncia de sinais. 15 16

    Na anlise estatstica utilizando o qui-quadrado (X2), para as variveis 17

    insensibilizao e sangria, no houve significncia (p=0,191). 18

    A avaliao do reflexo palpebral demonstrou que, na fase de 19

    insensibilizao, 135 animais (27,1%) apresentaram reflexo palpebral positivo, 20

    aumentando para 412 animais (82,5%) na fase seguinte, medida que 21

    transcorria um maior tempo da aplicao do choque. 22

    A respirao rtmica foi observada em apenas dois animais (0,4%) na fase 23

    de insensibilizao, contrastando com a fase da sangria onde 221 animais 24

    (44,3%) manifestaram este sinal. 25

    Com relao vocalizao, foi verificada a apresentao deste sinal em 26

    19 animais (3,9%) na fase de insensibilizao e em 48 animais (9,6%) na fase 27

    da sangria. De forma resumida, a Tabela 3 quantifica a ocorrncia e ausncia 28

    dos sinais observados nas referidas fases. 29

    30

  • 30

    1 Tabela 3: Sinais clnicos observados nas fases de insensibilizao e sangria 2

    Fases avaliadas e sinais correspondentes Observao dos sinais

    clnicos (animais avaliados)

    Sim % No % Fases de Insensibilizao

    Respirao rtmica 2 0,4 497 99,6 Piscar de olhos de forma voluntria ou mediante estmulo palpebral ou corneal

    135 27,1 364 72,9

    Vocalizao 19 3,8 480 96,2 Fase de sangria Senso de direcionamento 48 9,6 451 90,4 Tentativa de retornar a postura natural 31 6,2 468 93,8 Respirao rtmica 221 44,3 278 55,7 Pedalar coordenado nas patas dianteiras 119 23,8 380 76,2 Piscar de olhos de forma voluntria ou mediante estmulo palpebral ou corneal

    412 82,6 87 17,4

    Vocalizao 48 9,6 451 90,4

    3 No tocante ao tempo transcorrido entre a insensibilizao e sangria, o 4

    estudo demonstrou, dentre os 497 dados vlidos, que houve variao entre 5

    0,04 segundos e 0,55 segundos, com mdia de 0,1293 e desvio padro 6

    0,05074. Na anlise da relao deste tempo, considerando os sinais 7

    observados da insensibilizao eficaz, para o perodo da sangria, no se 8

    verificou diferena significante (p=0,607). 9

    Com relao ao tempo total de sangria, observou-se que oito animais 10

    (1,6%) tiveram um tempo superior ao preconizado pela legislao, no 11

    havendo, tambm, diferena significativa neste tempo (p=0,506). 12

    13

    DISCUSSO 14

    15

    A voltagem utilizada para a insensibilizao dos animais no seguiu os 16

    critrios estabelecidos pelo fabricante do insensibilizador que determina o peso 17

    como pr-requisto para a regulagem do aparelho. Para o lote avaliado, com 18

    peso mdio de 85kg, a indicao para 474 animais seria de 280 V, o que s foi 19

    observado a utilizao desta faixa em 124 animais. 20

    Este ocorrido pode ser explicado pela ineficincia da insensibilizao 21

    verificada durante o abate que levou o estabelecimento, na tentativa de tornar o 22

  • 31

    processo eficaz, promover ajustes em desacordo com o preconizado pelo 1

    fabricante. 2

    Os achados de voltagem no estudo realizado apresentam similaridade 3

    com as observadas em estudo feito por Silva et al. (2007), onde relataram 4

    encontrar voltagens de 250 V, 300 V e 350 V para a eletro insensibilizao de 5

    sunos, compatvel com os 260 V indicados pela Humane Slaughter Association 6

    (2011). Estes parmetros, embora estejam em consonncia com o observado 7

    neste estudo, divergem do preconizado pela Portaria 711/1995 do MAPA que 8

    estabelece a faixa de 350 a 750 volts para esta operao (BRASIL, 1995). 9

    Ressalta-se que, segundo Lamens (2006), a aplicao de voltagem 10

    constante pode no gerar uma corrente constante na cabea do suno, uma 11

    vez que a corrente passada pode ser influenciada por fatores como peso do 12

    animal e percentual de gordura do animal, sendo reconhecido que o tecido 13

    adiposo, por apresentar maior resistncia, dificulta a passagem da corrente 14

    eltrica. 15

    Esta afirmao corrobora com a recomendao da World Society for the 16

    Protection Animal que descreve, especificamente para aparelhos de 17

    insensibilizao que operam com voltagem constante, a importncia da 18

    resistncia, uma vez que esta interfere diretamente na amperagem. Neste 19

    caso, eletrodos sujos e animais sujos e pesados aumentam a resistncia e 20

    levam a uma diminuio da amperagem, contribuindo para uma 21

    insensibilizao ineficaz (WORLD SOCIETY FOR THE PROTECTION 22

    ANIMAL, 2009). 23

    Com relao amperagem, a legislao preconiza a faixa de 0,5 e 2,0 A 24

    (BRASIL, 1995), sendo que apenas 28,2% dos animais foram submetidos a 25

    esta amperagem no presente estudo, indicando que 71,8% dos animais foram 26

    submetidos a amperagem acima do limite legal. 27

    Grandin (2010) descreve que amperagens insuficientes podem imobilizar 28

    o animal sem, contudo, promover a perda da sensibilidade. Este trabalho 29

    sugere que seja necessrio o mnimo de 1,25 A para promover a 30

    insensibilidade instantnea para sunos de peso entre 82-91 kg. Estas 31

    afirmaes so ratificadas pela OIE (2011) e Terra & Fries (2000) e, de forma 32

  • 32

    muito semelhante, pela Humane Slaughter Association (2006) que afirma a 1

    necessidade da utilizao de 1,3 A para uma eficiente insensibilizao. 2

    O tempo de choque avaliado no estudo corrobora com o recomendado 3

    por Venturini et al. (2007) que encontrou tempo de 6 a 10 segundos. A 4

    legislao brasileira no determina tempo de choque para a insensibilizao de 5

    sunos, apenas que deve ocorrer no tempo suficiente a uma perfeita 6

    insensibilizao. 7

    A localizao de aplicao dos eletrodos similar descrita por 8

    Terra&Fries (2000) que afirmam que esta forma proporciona uma passagem 9

    perfeita de corrente eltrica, denominando esta posio de orelha a orelha. 10

    Esta localizao similar descrita por Grandin (2010) que sugere a 11

    colocao dos dentes das hastes na cavidade oca atrs de cada orelha ou na 12

    testa. Os eletrodos devem ser colocados firmemente para que o contato com o 13

    animal no seja interrompido, reduzindo assim a eficincia do choque, 14

    atentando-se para o correto procedimento de s fornecer a corrente quando os 15

    eletrodos estiverem em contato com o animal, caso contrrio manifestam esta 16

    irregularidade atravs da vocalizao. 17

    Com relao ao posicionamento dos eletrodos, esta autora considera-se 18

    excelente quando 99,5 a 100,0% tem os eletrodos colocados corretamente sem 19

    apresentar nenhuma vocalizao; aceitvel com 99,4 a 99,0% de correto 20

    posicionamento, com menos de 1,0 % de vocalizao; no aceitvel de 98 a 21

    96% com 1 a 3% de vocalizao e considerado problema srio quando menos 22

    de 96% dos eletrodos so colocados em posio correta com mais de 3% de 23

    vocalizao. 24

    Segundo Thorton (1969), contribuem para o xito do choque a 25

    umidificao da rea de aplicao, a diminuio do teor calrico da rao do 26

    animal e seu estado de hidratao. 27

    Afonso et al. (2010) cita que o tecido adiposo e sseo apresentam 28

    resistncia superior da pele, do tecido muscular e das reas bem 29

    vascularizadas. Isso importante na escolha do local de aplicao do choque, 30

    pois se deve dar preferncia a reas de tecido altamente vascularizadas e de 31

  • 33

    maior musculatura, evitando-se reas de maior concentrao de gordura e 1

    proeminncias sseas. 2

    Com relao estrutura do boxe de insensibilizao, no matadouro 3

    frigorfico estudado este desprovido de equipamentos de conteno dos 4

    animais, o que embora no seja considerado em desacordo com a legislao 5

    vigente em face ao baixo volume de abate do mesmo, dificulta a execuo do 6

    procedimento de insensibilizao, ampliando a possibilidade de ineficcia deste 7

    processo. 8

    Em estudo desenvolvido por Silveira (1997), verificou-se que a 9

    insensibilizao eltrica aplicada manualmente sem a utilizao de um limitador 10

    de movimento mostrou-se ineficiente, pois a imediata e completa inconscincia 11

    no induzida na maioria das vezes. 12

    Outro aspecto que tambm pode ter contribudo para a baixa eficcia de 13

    insensibilizao e, ainda, para a superficialidade da mesma est no fato do 14

    boxe de insensibilizao ser de metal. Isto pode ser explicado por Afonso et al. 15

    (2010) que cita o metal como um corpo de menor resistncia e, 16

    consequentemente, um bom condutor, podendo assim oferecer um caminho 17

    alternativo para a sada da corrente eltrica do corpo do animal, levando a uma 18

    perda da eficcia do processo de insensibilizao 19

    Alm disto, Silveira (1997) destaca a necessidade de cuidados 20

    preventivos contra a perda da voltagem que levar ineficincia da 21

    insensibilizao, especialmente quando voltagens mais baixas so usadas, 22

    motivo pelo qual indica a aplicao de altas voltagens, o que no foi a prtica 23

    do presente experimento. 24

    Procedimentos simples como adequao do boxe de insensibilizao de 25

    forma ergomtrica ao operador, adaptao dos eletrodos da cabea para 26

    melhor ajuste, diminuio da velocidade de abate, correo na deficincia de 27

    contato dos eletrodos e ajuste adequado da amperagem de acordo com o peso 28

    do animal so medidas que proporcionam a ausncia de sinais indicativos de 29

    retorno sensibilidade, conforme verificado em avaliao feita por Grandin 30

    (2010). 31

  • 34

    Segundo citado por HEALTHY AND CONSUME PROTECTION (2006), a 1

    correta amperagem e voltagem aplicada ao animal tambm influenciam na 2

    eficincia do procedimento de insensibilizao. Alm disso, a Humane 3

    Slaughter Association (2011) indica que deve ser assegurado o perfeito 4

    funcionamento do equipamento de insensibilizao e, de modo a permitir um 5

    bom contato do eletrodo com a cabea do animal, indicado a limpeza dos 6

    eletrodos a cada 20 a 25 animais durante o abate, fato no observado no 7

    presente estudo. 8

    A legislao determina que o tempo mximo entre a insensibilizao e 9

    sangria deve ser de 30 segundos, intervalo que fornece a garantia de que o 10

    animal no retome a conscincia antes de sua morte (BRASIL, 1995; BRASIL, 11

    2008). 12

    De forma mais rigorosa, a Humane Slaughter Association (2006) cita 13

    como ideal que o incio da sangria deva ocorrer com maior brevidade possvel, 14

    dentro de no mximo 15 segundos aps a insensibilizao. Isto justificado 15

    pelo fato de que, aps este tempo, o animal j estaria iniciando a fase clnica, 16

    caracterizada por movimentos voluntrios e pedaleio, podendo ocasionar maior 17

    dificuldade no procedimento da sangria e com possibilidade de riscos fsicos ao 18

    operador. 19

    Com relao ao tempo de sangria, os dados encontrados foram similares 20

    aos de Frana et al. (2004), cujo tempo variou de 1 a 4 minutos. Pode-se 21

    concluir que no foram atendidos os preceitos legais em ambos os estudos, 22

    uma vez que o preconizado pela legislao vigente estabelece o tempo mnimo 23

    de 3 minutos (BRASIL, 2008). 24

    Em geral, quando se avalia a eficincia da insensibilizao, a nfase 25

    dada muito mais nos parmetros eltricos (corrente, voltagem, frequncia) do 26

    que no percentual de animais que demonstram sinais de conscincia, segundo 27

    a European Commission (2007). 28

    Entretanto, no presente experimento, a verificao da presena ou 29

    ausncia de sinais que demonstrassem uma correta insensibilizao foi um 30

    item de suma importncia na avaliao, uma vez que os parmetros eltricos 31

    no demonstraram interferir, significativamente, na eficincia desse processo. 32

  • 35

    A avaliao do reflexo palpebral diferiu dos achados por Bertoloni et al. 1

    (2006) e Silva et al. (2007), cujos estudos demonstraram a ocorrncia deste 2

    sinal em 11,7% e 10,55% do volume total da amostra analisada, 3

    respectivamente. 4

    A respirao rtmica em animais insensibilizados traduz em um 5

    procedimento de insensibilizao ineficaz sendo almejada a sua completa 6

    ausncia (HEALTHY AND CONSUME PROTECTION, 2006; HUMANE 7

    SLAUGHTER ASSOCIATION, 2006; GRANDIN, 2010). A respeito da 8

    vocalizao, Silva et al. (2007) observaram 3,3% de vocalizaes, sendo 9

    semelhante aos dados obtidos neste estudo. 10

    A dor acometida nos animais mal insensibilizados originria do sistema 11

    nervoso devido aplicao do choque e manifesta-se como uma desordem de 12

    processamento da atividade neuronal, levando incoordenao das clulas 13

    nervosas. classificada como uma dor aguda e pode causar sofrimento e 14

    gerar uma limitao funcional, sendo associada aos sinais fsicos do sistema 15

    nervoso autnomo, como taquicardia, hipertenso, ansiedade, sudorese, 16

    agitao psicomotora, dilatao da pupila e palidez (ALVES, 2008). 17

    Dentre os animais insensibilizados corretamente, as anlises estatsticas 18

    provaram no haver relao com os parmetros eltricos utilizados. Algumas 19

    variveis podem ser atribudas ao insucesso da insensibilizao: a resistncia 20

    individual de cada do animal; as condies de limpeza, manuteno e aferio 21

    do equipamento de insensibilizao; o material do boxe que, possivelmente, 22

    favoreceu a dissipao da corrente eltrica; ausncia de capacitao dos 23

    executores do processo. 24

    Desta forma, conclui-se que os procedimentos de insensibilizao e 25

    sangria no abate de sunos no foram suficientes e eficazes para promover 26

    uma morte humanitria, fato comprovado pela grande ocorrncia de sinais 27

    clnicos que traduzem estmulos dolorosos indesejveis. 28

    29

    30

  • 36

    1 REFERNCIAS 2

    3

    AFONSO, C.T.; SILVA, A.L.; FABRINI, D.S.; AFONSO, C.T.; CRTES, 4 M.G.W.; SANTANNA, L.L. Risco do uso de eletrocautrio em pacientes 5 portadores de adornos metlicos. ABCD Arquivo Brasileiro de Cirurgia 6 Digestiva. v.23, p. 183-186, 2010. 7 8 ALVES, N. D. Dor, sencincia e bem-estar animal - Pequenos Animais. Cincia 9 Veterinria nos Trpicos, v.11, p. 22-25, abr., 2008. 10 11 BRASIL. Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento. Circular 12 003/2008. Dispe sobre o regulamento tcnico de mtodos de insensibilizao 13 para o abate humanitrio de animais de aougue. Dirio Oficial da Unio, 14 Braslia, 18 abr. 2008. 15 16 _________. Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento. Portaria n 17 711/1995. Dispe sobre as Normas Tcnicas de Instalaes e Equipamentos 18 para Abate e Industrializao de Sunos. Dirio Oficial da Unio, Braslia, 03 19

    nov.1995. Seo 1, p.17.625. 20 21 _________. Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento. Secretaria de 22 Defesa Agropecuria. Instruo Normativa n 3/2000. Regulamento tcnico de 23 mtodos de insensibilizao para o abate humanitrio de animais de aougue. 24 Dirio Oficial da Unio, Braslia, 24 jan. 2000. Seo 1, p. 14. 25

    26 BRIDI, A. M.; SILVA, C. A.; CONSTANTINO, C.; TARSITANO, M. A.; SILVA, R. 27 A. M.; ANDRADE, E.L.; ROCHA, L. M.; PERES, L.M. Bem-estar de sunos: 28 Manejo pr-abate. Universidade Estadual de Londrina, 2010. 11 p. 29 30 BERTOLONI, W.; SILVEIRA, E.T.F.; COSTA, M.R.; LUDTKE, C.B. Avaliao 31 de diferentes hbridos sunos submetidos insensibilizao eltrica e gasosa 32 (CO2). Cincia e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v.26, n.3, p. 555-563, 33

    jul./set., 2006. 34 35 EUROPEAN COMMISSION DIRECTORATE GENERAL FOR HEALTH AND 36 CONSUMER PROTECTION. Study on the stunning/killing practices in 37 slaughterhouses and their economic, social and environmental 38 consequences. Bruxelas, 2007. 39

    40 FAO Cooperate Document Repository.Produced by Regional Office for Asia 41 and the Pacific. Guidelines for Humane Handling, Transport and Slaughter 42 of Livestock, Slaughter of livestock, 2001. Disponvel em: 43

    . Acesso em: 20 nov. 44 2011. 45 46 FRANA, J.M.; FRANA, D.; SILVA, S. B. Influncia do manejo de pr-abate 47 na qualidade e rendimento de produo suincola em integrao no estado do 48

  • 37

    Paran. In: II CONGRESSO LATINOAMERICANO DE SUINOCULTURA, 2004, 1 So Paulo. Anais... So Paulo, 2004. p.275-276. 2 3

    GRANDIN, T. Recommended Animal Handling. Guidelines & Audit Guide: a 4 Systematic Approach to Animal Welfare. American Meat Institute 5 Foundation, 2010. 109 p. 6 7 HEALTHY AND CONSUME PROTECTION - HCP Directorade-General. 8 Humane Slaughter Association. International Training Workshop on Welfare 9 Standards Concerning the Stunning and Killing of Animals in 10 Slaughterhouses or for Disease Control, set., 2006. 232 p. 11

    12 HUMANE SLAUGHTER ASSOCIATION HAS, n. 17, jun., 2006. 13 14 HUMANE SLAUGHTER ASSOCIATION HAS, mai., 2011. Disponvel em: 15 . Acesso 16 em: 10 dez. 2011. 17 18 LAMENS, V.; WATER, V.; COENEGRACHTS, J.; DRIESSEN, B.; PEETERS, 19 E.; GEERS, R. Head current during and blood splashes after electrical stunning 20 in relation to characteristics of the pigs body. Meat Science, n.72, p. 140-145, 21 2006. 22 23 OIE World Organisation for Animal Health. Terrestrial Animal Health Code, 24 Slaughter of Animals, cap. 7.5. 2011. Disponvel em: . Acesso em: 05 dez. 2011. 26 27 SILVA. D.C.B.; SANTOS, W.L.M. dos; SILVA, D.C.B.; SANTOS, T.M. Efeitos 28 da eletro-insensibilizao em sunos sobre o bem-estar animal e a qualidade da 29 carne. Higiene Alimentar, v.21, n.152, p. 97-100, jun., 2007. 30 31 SILVEIRA, E.T.F. Tcnicas de abate e seus efeitos na qualidade da carne 32 suna. 1997. 272 f. Tese (Tecnologia de Alimentos) - Faculdade de Engenharia 33

    de Alimentos, UNICAMP, Campinas. 1997. 34 35 TERRA, N.N.; FRIES, L.L.M. A qualidade da carne suna e sua industrializao. 36 In: I CONFERNCIA INTERNACIONAL VIRTUAL SOBRE QUALIDADE DE 37 CARNE SUNA, 2000, Concrdia. Anais... Concrdia: Embrapa, 2000. p. 147-38 151. 39 40 THORNTON, H. Matadouros. In: ____. Compndio de Inspeo de Carnes. 41

    Londres: Bailliere, Tindall and Cassel,1969. Cap. II, p. 73. 42 43 VENTURINI, K.S.; SARCINELLI, M.F.; SILVA, L.C. Abate de sunos. 44 Universidade Federal do Esprito Santo UFES: Programa Institucional de 45 Extenso, jul., 2007. 7p. 46 47

  • 38

    WORLD SOCIETY FOR THE PROTECTION ANIMAL WSPA. STEPS 1 Abate Humanitrio de Sunos. Produo de WSPA e ANIMAL i. 2009. DVD, 2 65 min. color. son. 3 4

    5

  • CAPTULO 2

    CONDENAO DE RGOS DE SUNOS E SEUS IMPACTOS ECONMICOS

    1Artigo ajustado que ser submetido ao Comit Editorial da Revista Semina: Cincias Agrrias, UEL

  • CAPTULO 2

    Condenao de rgos de Sunos e seus Impactos Econmicos

    Condemnation of Pigs Organs and its Economic Impacts

    EDINGTON, Lucia Novis*1; MARQUES, Jair de Arajo2; CRUZ, Anete Lira1;

    BENTES, Rosy Moraes1; MASCARENHAS, Maria Teresa Vargas Leal1; PEDROSO,

    Pedro Ocampos2.

    1 Agncia Estadual de Defesa Agropecuria da Bahia, Salvador, Bahia, Brasil. 2 Universidade Federal do Recncavo da Bahia, Cruz das Almas, Bahia, Brasil *Endereo para correspondncia: [email protected]

  • 41

    Resumo

    Este estudo foi realizado em um matadouro frigorfico de sunos registrado no

    Servio de Inspeo Estadual (S.I.E.) da Bahia e teve por objetivo realizar uma avaliao

    das condenaes dos rgos dos animais abatidos e sua correlao com as perdas

    econmicas oriundas dessas perdas. Procedeu-se o acompanhamento do abate de 499

    animais (grupo C), no perodo de maro e abril de 2012, com o registro dos achados

    macroscpicos post mortem de pulmo, fgado, corao e bao. Estes dados foram

    comparados com as patologias de abate dos nove matadouros de sunos registrados no

    S.I.E. (grupo A) e o matadouro onde foi realizado o experimento, durante o perodo de

    janeiro a abril de 2012 (grupo B). A avaliao abrangeu um grupo de 32.259 animais,

    apresentando percentuais de condenao para pulmo de 51,1% (33.001/64.518), fgado

    de 12,2% (3.932/32.259), corao de 5,9% (1.909/32.259) e bao de 2,7% (886/32.259),

    com o levantamento das principais causas de condenao de cada um em particular. As

    perdas econmicas referentes aos rgos condenados totalizaram um valor de R$

    79.053,39, distribudo nos trs grupos estudados, indicando falhas no manejo sanitrio

    dos animais e uma provvel inadequao dos procedimentos de insensibilizao e

    sangria no processo de abate.

    Palavras-chave: abate, achados macroscpicos, inspeo, suno

  • 42

    Abstract

    This study was conducted in a pig slaughterhouse registered in the State Inspection

    Service (S.I.E.) of Bahia and aimed to conduct an evaluation of convictions of the organs

    of slaughtered animals and its correlation with the economic losses arising from such loss.

    We carried out monitoring of the slaughter of 499 animals (group C), during march and

    april 2012 with a record of post-mortem macroscopic findings of the lung, liver, heart and

    spleen. These data were compared with the pathologies of the slaughter pig

    slaughterhouses registered in the S.I.E. (group A) and the slaughterhouse where the

    experiment was conducted during the period january-april 2012 (group B). The

    assessment covered a group of 32.259 animals, with percentage of conviction in the lung

    51,1% (33.001/64.518), liver 12,2% (3.932/32.259), heart 5,9% (1.909/32.259) and spleen

    2,7% (886/32.259), with the lifting of the main causes of condemnation of every one in

    particular. Economic losses related to the organs convicted totaled R$ 79.053,39,

    distributed among three groups, indicating failure in handling the animal's health and a

    possible inadequacy of the procedures for stunning and bleeding the slaughter process.

    Key words: inspection, macroscopic findings, pigs, slaughter

  • 43

    Introduo

    O mercado da