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 Modelo Computacional para Auxilio no Combate a Epidemias com Base em Redes Sociais Hugo Saba 1 , Marcone Assis de Oliveira 1 , José Garcia Vivas Miranda 2  1 Departamento de Exatas – Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) BR 116, Km 3, Av. Universitária – 44.031-460 – Feira de Santana – BA – Brasil 2 Instituto de Física – Universidade Federal da Bahia (UFBA) Campus Universitario de Ondina – 40.170-115 – Salvador – BA – Brasil [email protected][email protected][email protected] Abstract. The aim of this article is to demonstrate that the theory of Social Networks can be used to model the transmission of infectious diseases in a population. The research intends to show that there is relationship among transport and the spread of infectious diseases, more specifically, dengue. The results can help in the understanding and combat of these diseases, allowing authorities to have more efficiency and effectiveness in her actions.  Resumo. Este artigo visa demonstrar que a aplicação das teorias de Redes Sociais pode ser utilizada para modelar a transmissão de doenças infecciosas em uma população. A pesquisa pretende mostrar que existe relação entre os transportes e a disseminação de doenças infecciosas, mais especificamente da dengue. Os resultados desta pesquisa podem auxiliar no combate destas doenças, permitindo que as autoridades possam ter mais eficiência e eficácia em suas ações. 1. Introdução As epidemias fazem parte do cotidiano do homem desde a Antiguidade. Devido a condições sanitárias inadequadas e ao desconhecimento das formas de contágio de doenças infecciosas, grandes epidemias alastraram-se pelas Nações no passado. No entanto a maioria das antigas epidemias quer seja devido à lentidão das locomoções humanas ou a dificuldade nos transportes, manifestavam-se localmente sem propagar-se por grandes extensões e dificilmente alcançando outros territórios.  Juntamente com o advento da expansão marítima, o crescimento das transações econômicas e as guerras religiosas, ocorreu a globalização das epidemias, como a Peste Negra, a maior e mais trágica epidemia que a História registra e a lepra que provavelmente foi trazida do oriente à Europa no fim do século XI, na época das Cruzadas [Ujvari 2003]. Na atualidade devido às redes de transporte, uma epidemia tem propagação muito mais fácil e rápida podendo alcançar dimensão continental, como a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), conhecida também como pneumonia asiática[Martins 2008]. Os primeiros casos ocorreram em novembro de 2002 na província chinesa de Guangdong. Em fevereiro de 2003 outro caso foi notificado, dessa Workshop on Information Visualization and Analysis in Social Networks - WIVA 2008 21

Modelo Computacional para Auxilio no Combate a Epidemias ... · econômicas e as guerras religiosas, ocorreu a globalização das epidemias, como a Peste Negra, a maior e mais trágica

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Modelo Computacional para Auxilio no Combate a 

Epidemias com Base em Redes Sociais 

Hugo Saba1, Marcone Assis de Oliveira1, José Garcia Vivas Miranda2 

1Departamento de Exatas – Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) 

BR 116, Km 3, Av. Universitária – 44.031-460 – Feira de Santana – BA – Brasil 

2Instituto de Física – Universidade Federal da Bahia (UFBA) 

Campus Universitario de Ondina – 40.170-115 – Salvador – BA – Brasil 

[email protected][email protected][email protected] 

Abstract.  The  aim  of  this  article  is  to  demonstrate  that  the  theory  of  Social 

Networks  can  be  used  to model  the  transmission  of  infectious  diseases  in  a 

population.  The  research  intends  to  show  that  there  is  relationship  among 

transport and the spread of infectious diseases, more specifically, dengue. The 

results can help in the understanding and combat of these diseases, allowing 

authorities to have more efficiency and effectiveness in her actions. 

 Resumo. Este artigo visa demonstrar que a aplicação das  teorias de Redes 

Sociais pode ser utilizada para modelar a transmissão de doenças infecciosas 

em uma população. A pesquisa pretende mostrar que existe relação entre os 

transportes e a disseminação de doenças infecciosas, mais especificamente da 

dengue.  Os  resultados  desta  pesquisa  podem  auxiliar  no  combate  destas 

doenças, permitindo que as autoridades possam ter mais eficiência e eficácia 

em suas ações. 

1. Introdução 

As epidemias fazem parte do cotidiano do homem desde a Antiguidade. Devido 

a  condições  sanitárias  inadequadas  e  ao  desconhecimento  das  formas  de  contágio  de 

doenças  infecciosas,  grandes  epidemias  alastraram-se  pelas  Nações  no  passado.  No 

entanto  a  maioria  das  antigas  epidemias  quer  seja  devido  à  lentidão  das  locomoções 

humanas ou a dificuldade nos transportes, manifestavam-se localmente sem propagar-se 

por grandes extensões e dificilmente alcançando outros territórios. 

 Juntamente com o advento da expansão marítima, o crescimento das transações 

econômicas e as guerras religiosas, ocorreu a globalização das epidemias, como a Peste 

Negra,  a  maior  e  mais  trágica  epidemia  que  a  História  registra  e  a  lepra  que 

provavelmente  foi  trazida  do  oriente  à  Europa  no  fim  do  século  XI,  na  época  das 

Cruzadas [Ujvari 2003]. 

Na  atualidade  devido  às  redes  de  transporte,  uma  epidemia  tem  propagação 

muito  mais  fácil  e  rápida  podendo  alcançar  dimensão  continental,  como  a  SARS 

(Síndrome  Respiratória  Aguda  Grave),  conhecida  também  como  pneumonia 

asiática[Martins  2008].  Os  primeiros  casos  ocorreram  em  novembro  de  2002  na 

província chinesa de Guangdong. Em fevereiro de 2003 outro caso foi notificado, dessa 

Workshop on Information Visualization and Analysis in Social Networks - WIVA 2008

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vez em Hanói(Vietnã), em um paciente que havia visitado Hong Kong(China). A OMS 

recebeu  8436  notificações  de  casos  prováveis  de  “Síndrome  Respiratória  Aguda”, 

havendo dentre estes 812 óbitos (dados referentes ao período compreendido entre o mês 

de novembro de 2002 e 8 de julho de 2003) . 

          Doenças epidêmicas chamam a atenção dos órgãos Públicos, e dentre elas a 

dengue vem assumindo uma posição de destaque no cenário global, uma vez que o vírus 

da dengue e seu ressurgimento atingem vários continentes. As quatro formas em que se 

apresenta  essa  virose,  e  as  dúvidas  no  conhecimento  científico  em  relação  ao  seu 

comportamento, levam a estudos prioritários, com o objetivo de prevenir tais infecções 

[Kuno 1995]. 

Um dos fatores que permite a propagação de uma epidemia são as interações que 

ocorrem entre os indivíduos de uma sociedade. Doenças que são transmitidas através de 

contágio direto (que não dependem de um vetor, como um mosquito) se propagam com 

mais  dificuldade  caso  haja  pouca  interação  entre  as  pessoas.  Portanto,  a  vida  em 

sociedade  e  o  deslocamento  de  indivíduos  para  diferentes  locais,  permitem  que  as 

epidemias se disseminem com mais facilidade. 

Pesquisadores  já  demonstraram  que  era  possível  construir  modelos  discretos 

capazes de apresentar o comportamento de sistemas naturais e sociais, considerando-se 

redes irregulares [Newman 2003]. Técnicas da Física Estatística vem sendo agrupadas a 

essas  novas  apresentações  [Albert  e  Barabási  2002].  A  Teoria  dos  Grafos  e  a  base 

matemática do estudo das  redes, usada desde o século XVIII; um grafo é definido por 

um  par  dos  conjuntos  de  vértices  (nós)  e  arestas  (conexão  entre  os  nós).  Contudo 

algumas  redes  demonstram  comportamentos  distintos  daquelas  cujas  conexões  são 

aleatórias ou regulares, sendo estas redes denominadas de redes complexas [Bocaletti et 

al 2006], destacando-se as redes de mundo pequeno [Watts e Strogattz 1998] e as redes 

invariantes por escala [Albert e Barabási 2002]. As redes complexas possuem diversas 

aplicações, dentre as quais temos as redes sociais. 

As  Redes  Sociais  informais,  como  as  que  se  formam  espontaneamente  nas 

relações cotidianas, são mais flexíveis e não-deterministas do que redes organizacionais 

e interorganizacionais, sujeitas a diferentes graus de formalização, conforme o perfil dos 

participantes e dos seus objetivos estratégicos e táticos. 

Desta forma a aplicação de Redes Sociais para modelar a transmissão de doenças 

em  uma  população,  possibilitará  uma  melhor  compreensão  sobre  as  formas  de 

propagação de uma epidemia. 

O presente artigo traz alguns conceitos sobre redes complexas, descreve a forma 

como  estes  conceitos  estão  sendo  aplicados  em  nosso  estudo  e  por  fim  descreve  o 

modelo computacional e faz algumas considerações à respeito da pesquisa. 

 

2. Redes Sociais e Complexas 

Redes Sociais e Complexas podem ser aplicadas a uma infinidade de situações reais, e 

suas  topologias  e  funcionalidades  podem modificar  seu  desempenho  [Angelis  2005]. 

Boa parte da motivação no estudo desta área é devida a situações concretas, e por isso 

tem sido feito grande esforço para se compreender melhor suas características.  

Workshop on Information Visualization and Analysis in Social Networks - WIVA 2008

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Diversos sistemas naturais e da sociedade podem ser descritos através de redes 

complexas ou sociais. Temos em nosso cotidiano uma grande variedade de elementos 

que  podem  ser  modelados  como  uma  rede  complexa  ou  social,  como  os  seguintes 

exemplos: a internet que pode ser caracterizada como uma rede complexa de roteadores 

e computadores conectados fisicamente, através de fios, ou sem fios, que também pode 

ser  caracterizada  como  uma  rede  social  atráves  dos  relacionamentos  das pessoas  nela 

conectadas; a World Wide Web que é uma imensa rede de páginas web conectadas por 

hiperlinks [Albert e Barabási 2002]; a rede social de contatos sexuais humanos que pode 

ser usada para modelar a propagação de doenças sexualmente transmissíveis. Podemos 

dizer  que  as  redes  complexas  não  seguem  um  padrão  regular  e  que  apresentam 

características  próprias  que  não  estão  presentes  em  redes  regulares.  No  entanto,  na 

literatura não há um consenso a respeito do que seja um padrão regular [Metz 2007].  

 

2.1 Tipos de Redes Complexas 

Uma rede é representada por um grafo, que é um par de conjuntos G = {P, E}, onde P é 

um conjunto de N vértices e E é o conjunto de arestas que conectam os vértices contidos 

em P [Albert e Barabási 2002]. 

Dentre  os  tipos  principais  de  redes  complexas  podem-se  citar  as  redes 

aleatórias, as redes de pequeno-mundo (small-world) e as redes livres de escala. 

2.1.1 Redes Aleatórias 

Desenvolvido por Erdós e Rényi (1959) pode ser considerado o modelo mais simples de 

redes  complexas.  Esse  modelo  gera  uma  rede  a  partir  de  um  número N  de  vértices 

isolados,  ligando  aleatoriamente  esses  vértices  através  de  arestas.  Cada  par  de  nós  é 

conectado  com  probabilidade  p.  Quando  p�1  eventualmente  obtemos  um  grafo 

totalmente  conectado  com o número  de  arestas dado por n=N(N-1)/2. E  temos  que  o 

número médio de conexões de cada vértice é dado por <k> = 2n/N = p(N-1) [Albert e 

Barabási 2002]. Na figura 1 podemos ver um exemplo deste tipo de rede. 

 

 

Figura 1. Exemplo de rede aleatória [Costa et al 2006]. 

2.1.2 Redes Pequeno-Mundo(Small-World) 

Workshop on Information Visualization and Analysis in Social Networks - WIVA 2008

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Muitas  redes  do  mundo  real  apresentam  uma  característica  a  que  chamamos  de 

pequeno-mundo(small-world).  Watts  e  Strogatz  (1998)  propuseram  um  modelo 

semelhante ao de Erdós e Rényi (1959) no qual todo vértice pode ser alcançado a partir 

de outros através de um número pequeno de arestas [Costa et al 2006]. Mesmo em redes 

grandes  a  distância  média  entre  quaisquer  dois  vértices  é  um  pequeno  número  de 

vértices. Um experimento feito por Milgram na década de 60 mostrou que duas pessoas 

estão conectadas em média por seis conhecidos. Nessas redes também existe um grande 

número de loops de tamanho três(figura 2), o que ocorre devido ao fato de que quando 

um vértice x está conectado aos vértices y e z, então é grande a probabilidade de que os 

vértices y e z também sejam conectados. 

 

 

Figura 2. Exemplo de rede pequeno-mundo [Costa et al 2006]. 

 

2.1.3 Redes Livres de Escala 

Uma  rede  livre  de  escala  é  um  tipo  de  rede  complexa  que  possui  uma  distribuição 

desigual  de  conexões  entre  os  vértices.  Alguns  vértices,  denominados  hubs,  são 

altamente conectados, estando ligados a uma significante parcela dos vértices contidos 

na  rede,  enquanto  outros  apresentam  poucas  conexões(figura  3).  Uma  característica 

desse  tipo  de  rede  é  a  conexão  preferencial,  que  é  a  tendência  de  novos  vértices  se 

conectarem a outros vértices com alto grau de conexões [Costa et al 2006].  

 

Workshop on Information Visualization and Analysis in Social Networks - WIVA 2008

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Figura 3. Exemplo de rede livre de escala [Costa et al 2006]. 

3. Redes Sociais aplicadas à dengue 

Pessoas ou grupos de pessoas que interajam ou possuam algum vínculo entre si, formam 

redes  sociais.  Círculos  de  amizade,  grupos  de  trabalho,  relações  entre  empresas  ou 

governos podem ser caracterizados como uma rede social. 

 Uma  Rede  Social  é  uma  forma  de  apresentar  uma  abstração  do  mundo  real, 

simulando através de regras predefinidas, interações entre os elementos da rede [Lopes 

2006]:  

�  Os elementos que compõem a sua estrutura (nós, elos, vínculos, papéis) 

são  indissociáveis  da  sua dinâmica  (freqüência,  intensidade  e qualidade 

dos fluxos entre os nós);  

�  Representam  relações  entre  pessoas,  estejam  elas  interagindo  em  causa 

própria, em defesa de outrem ou em nome de uma organização;  

�  Tendem a ser abertas à participação (por afinidades) e não-deterministas 

nos seus fins (possibilita evoluções, mas mantém a motivação inicial). 

  Estudos realizados nessa área apresentam características próprias. No trabalho de 

Gagliardi, é desenvolvido um modelo simulador de epidemias, que traz resultados muito 

semelhantes  ao  encontrado  no  trabalho  de  Watts  e  Strogatz(1998).  Já  no  trabalho  de 

Barcellos e Bastos, é apresentado um estudo sobre a difusão da epidemia de AIDS no 

país,  o  qual  além  de  apontar  as  metrópoles  e  centros  regionais  onde  existe  o  maior 

índice de casos, possilita identificar as rotas e centros de consumo de cocaína. 

A idéia principal dessa pesquisa é comprovar que as redes sociais humanas têm 

papel preponderante na dispersão de doenças transmissíveis de contágio direto (que se 

propagam pelo contato humano ou através do meio ambiente) ou de contágio indireto 

(que dependem de um vetor como um mosquito para serem transmitidas). A transmissão 

de  uma  epidemia  segue  um  processo  de  propagação  em  cadeia,  ou  seja,  a  primeira 

infecção  pode  acabar  gerando  outras  posteriormente,  devido  ao  contato  com  outros 

indivíduos ou com o vetor da doença. 

No estudo de propagações de epidemias utilizando as  redes sociais,  trabalha-se 

com a rede de transporte do estado da Bahia, focando no transporte terrestre. Utilizando 

mapas  rodoviários  construindo-se  uma  rede  de  transporte,  estabelecendo  as  conexões 

rodoviárias estaduais e  federais existentes entre os 417 municípios baianos (Figura 4). 

Workshop on Information Visualization and Analysis in Social Networks - WIVA 2008

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Para  realizar  esse  mapeamento,  adiciona-se  para  cada  conexão  rodoviária  que  um 

município  possua  com  outro,  uma  aresta  indicando  a  ligação  entre  esses municípios. 

Para cada aresta da rede, atribuímos como peso a distância em quilômetros que separa 

os dois municípios conectados por ela. 

 A  rede montada  é  uma  rede  que  possui  características  tanto  de  redes  do  tipo 

small-world, quanto do tipo livre de escala, pois possui muitos loops de tamanho três e 

também possui diversos municípios que  se  caracterizam como hubs  devido ao grande 

número de conexões que possuem. 

 Apos  rede  de  transporte  rodoviário  montada,  pode-se  então  estabelecer  rotas 

possíveis para o alastramento de uma epidemia, permitindo análise probabilistica de um 

foco  surgido  em  um  município  espalhar-se  para  os  demais  através  de  indivíduos  já 

contaminados ou vetores da doença que transitam entre os municípios. Municípios que 

possuem  grande  número  de  ligações  diretas  com  outros,  como  Feira  de  Santana  e 

Serrinha  que  são  dois  vértices  da  rede  com  alto  grau  de  conexão,  são  potenciais 

propagadores de epidemias, já que o agente transmissor pode tomar diversos rumos. 

 

Figura 4. Rede TransBahia 

  O controle do alastramento da doença tornar-se-á mais eficaz visto que, quando 

um caso de uma doença for registrado em determinada localidade, haverá possibilidade 

de  saber  quais  as  principais  rotas  que  um  agente  transmissor  possa  tomar  desta 

localidade  em  direção  aos  municípios  vizinhos.  Dessa  forma  as  autoridades  poderão 

tomar  medidas  que  visem  atenuar  os  efeitos  de  uma  epidemia,  como  bloqueios 

rodoviários, por exemplo. 

Workshop on Information Visualization and Analysis in Social Networks - WIVA 2008

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4. Modelo Computacional da disseminação da dengue com base na rede de 

transportes 

A construção de um modelo  computacional baseado na  aplicação do estudo de Redes 

Sociais relacionando-o com o setor de transportes e os casos de dengue na Bahia pode 

auxiliar no controle desta epidemia. Para isso serão analisadas as características da rede 

de municípios da Bahia que possuam interligação rodoviária, junto com a rede com as 

ligações  dos  municípios  onde  tenham  sido  registradas  ocorrências  da  dengue  na  sua 

ordem  cronológica,  construído  a  partir  dos  dados  de  ocorrência  de  casos  de  dengue 

disponibilizados  pela  Secretaria  de  Saúde  do  Estado  da  Bahia.  Será  feita  também  a 

sobreposição  e  avaliação das  semelhanças  entre as  redes  levando em consideração,  as 

conexões entre os municípios e os surgimentos de focos da doença. Em outras palavras, 

se cidades vizinhas ou que tenham conexão indireta apresentarem surtos da doença em 

um mesmo período de  tempo, é possível que algum portador da doença  tenha viajado 

para  essa  outra  cidade  e  sido  picado  por um mosquito  ou que um mosquito  infectato 

tenha sido transportado para esta região ocasionando a ocorrência de novos casos. 

Um  modelo  computacional  será  desenvolvido  utilizando  a  técnica  dos 

autômatos celulares sobre a rede de transporte medida. A dinâmica de propagação será 

simulada mediante a elaboração de regras simples com base no fluxo de indivíduos na 

rede  de  transporte  e  as  probabilidade  de  contágios  encontradas  na  literatura.  A 

comparação entre a rede de contágio simulada e a medida será feita a partir de índices 

estatísticos  oriundos  da  teoria  das  redes  complexas.  Seguem  alguns  dos  mais 

importantes:  

 

1. Coeficiente  de  aglomeração  (C):  definição  utilizada  por  Albert  e 

Barabási  (2002):  Ci  =  2Ei  /ki(ki-1)  -  Sendo  Ei    o  número  de  arestas 

existentes entre os vizinhos do nó i e ki  o número de vizinhos do nó i. 

Representando o grau de aglomeração ou dispersão, da rede. 

2.  Caminho  mínimo  ou  “distância”  d(i,j)  –  é  a  distancia  entre  os 

vértices  i  e  j  de  um  grafo  é  o  menor  número  de  arestas  para  ir  do 

vértice i ao j.  

3.  Caminho mínimo médio  (CMM): é a média dos caminhos mínimos 

que conectam dois vértices quaisquer.  

4.  Diâmetro  (D):  é  o  maior  de  todos  os  caminhos  mínimos  do  grafo; 

representa,  em média,  a maior  “distância”  entre  pares  de  vértices  em 

um grafo. 

5.  Grau do vértice: é o número de arestas que partem deste vértice.  

6.  Grau médio (<k>): é o número médio de vizinhos de um nó da rede. 

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7.  Coeficiente de assortatividade (A): será utilizada a seguinte definição 

[Newman 2002]: A ={som[P(i|i)]-1}/(N-1) - Sendo N o número total de 

vértices e P(j|i) a probabilidade condicional do vértice do tipo i ter um 

vizinho do tipo j. 

8.    Vulnerabilidade da  rede  (V):  é  o  valor máximo da vulnerabilidade 

de cada vértice i: V(i)=[E-E(i)]/E - Sendo E a eficiência global da rede 

e E(i) a eficiência sem o vértice i e suas arestas.  

O grau por caracterizar o tipo do vértice, possibilitará a observação do nível de 

conexão entre os diferentes agregados da rede através do coeficiente de assortatividade. 

A propriedade de vulnerabilidade,  importância nas redes de contágio; permite que seja 

mensurada a robustez da rede de contaminação a possíveis programas de contenção.  

A rede de contágio da dengue dos municípios, que está em fase de construção, 

utiliza  a  série  temporal,  divida  em  semanas  epidemiológicas  (registros  semanais  dos 

casos notificados) com a seqüência de contágios em cada município. Na figura 5 pode-

se observer lado a lado duas redes, a primeira é a rede epidemiológica correspondente à 

microrregião  baiana  de  Feira  de  Santana  para  as  semanas  epidemiológicas 

correspondentes ao ano 2000 de acordo com os dados da Secretaria de Saúde da Bahia, 

e  a  segunda  é  a  rede de  transporte da microregião,  a qual  é  parte da  rede TransBahia 

(Figura  4).  Os  nós  da  rede  epidemiológica  são  representados  pelos  municípios  e  as 

arestas pelo número de contágios entre os mesmos, que possuam correlação  temporal. 

As  correlações  são  calculadas  a  partir  do  coeficiente  de  correlação  linear  (r)  entre  a 

seqüência  temporal  de  ocorrência  nos  diferentes  municípios.  Isto  leva  a  um  grafo 

ponderado,  onde  os  pesos  representam  as  probabilidades  de  transmissão  entre  os 

municípios. A análise topológica desta rede possibilitará informações sobre a dinâmica 

social de transmissão do vírus com o auxílio da malha rodoviária. Ao final será montado 

um mapa de probabilidade das rotas de transmissão da dengue. Por fim, validaremos o 

modelo computacional construído, analisando as rotas de risco simuladas e as rotas de 

propagação de infecção da rede real.  

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Figura 5. Rede epidemiológica (à esquerda) e rede transportes da microregião(à direita) 

5. Considerações Finais 

Epidemias ocorrem desde os primórdios da civilização humana, assolando e dizimando 

populações espalhadas por todo o globo terrestre. O caso do vírus da SARS, ocorrido há 

poucos anos  atrás,  é  um exemplo de quão perigosa pode  ser uma epidemia devido ao 

constante fluxo de pessoas transitando entre cidades, estados e nações. No entanto nem 

sempre medidas de combate são tomadas de forma eficaz, causando maior dificuldade 

no controle devido à disseminação da epidemia a partir de casos índice. 

Como se procurou demonstrar, utilizar-se a base de conhecimento sobre Redes 

Sociais  para auxiliar  no  estudo de  formas de  combate de doenças  transmissíveis mais 

especificamente a dengue, objeto de estudo. Com a rede TransBahia montada e com as 

redes epidemiológicas montadas com base nos dados dos registros de casos de dengue 

fornecidos pela Secretária de Saúde da Bahia, a análise cruzada desses dados podendo 

então  levar  a  conclusões  que  irão  nortear  a  pesquisa,  e  auxiliar  no  combate  de 

epidemias. 

A  pesquisa  é  uma  maneira  de  prover  subsídios  na  busca  de  programas  de 

combate de forma mais eficiente e eficaz para os surtos de dengue ocorridos no estado 

da Bahia e expandir isso em âmbito nacional. 

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