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INSTRUÇÃO: As questões de números 01 a 08 baseiam-se em duas tirinhas de quadrinhos, de Maurício de Sousa (1935 –), e na “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias (1823–1864). Primeira tirinha (Estúdio Maurício de Sousa. Bidu Especial. São Paulo: Abril, 1975) Segunda tirinha (Estúdio Maurício de Sousa. Bidu Especial. São Paulo: Abril, 1973) Canção do Exílio (...) Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar – sozinho, à noite – Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu’inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá. (Antônio Gonçalves Dias, Primeiros Cantos) Nas histórias em quadrinhos, geralmente, os balõezinhos contêm os diálogos, falas e monó- logos interiores dos personagens. Entre os personagens de Maurício de Sousa, destaca-se o garoto Cebolinha, conhecido por trocar o som do “r” pelo do “l”, como fazem muitas crianças. No primeiro e terceiro quadrinhos da primeira tirinha, os balõezinhos, colocados acima da ca- beça de Cebolinha, encontram-se vazios. Con- siderando o contexto, e, inclusive, o último quadrinho, pode-se interpretar que: a) Cebolinha permaneceu calado, ou não ex- primiu pensamentos, nos balõezinhos do pri- meiro e terceiro quadrinhos. Isto indica sua falta de diálogo com o entediante passarinho. b) O personagem anuncia em voz baixa, no ter- ceiro quadrinho, que irá declamar uma poesia romântica. Realiza seu desejo, utilizando-se de um megafone, no último quadrinho. c) Cebolinha emitiu discursos diretos, no pri- meiro e terceiro quadrinhos. No entanto, o que disse não pôde ser ouvido porque sua voz foi abafada pelas onomatopéias que expres- sam o piado alto, insistente e perturbador do passarinho. d) A expressão facial de Cebolinha, no primei- ro quadrinho, indica que ele se esqueceu do que iria dizer, no terceiro quadrinho. e) Os balõezinhos encontram-se vazios porque Cebolinha emitiu frases impróprias, ou não-publicáveis, no primeiro e terceiro quadri- nhos. Por isso, sua voz não pode ser ouvida. alternativa C Os balões estão vazios no primeiro e no terceiro quadrinhos pois o canto da ave impediu que se ouvisse a voz do personagem. Questão 1 MINHA TEM ONDE CANTA O SABIÁ... TELA PALMEILAS MINHA TERRA TEM CORINTHIANS, ONDE CANTA O SABIÁ! É “MINHA TERRA TEM PALMEIRAS”! CADA UM TEM O TIME QUE QUISER!...

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INSTRUÇÃO: As questões de números 01 a08 baseiam-se em duas tirinhas de quadrinhos,de Maurício de Sousa (1935 –), e na “Canção doexílio”, de Gonçalves Dias (1823–1864).

Primeira tirinha

(Estúdio Maurício de Sousa. Bidu Especial. SãoPaulo: Abril, 1975)

Segunda tirinha

(Estúdio Maurício de Sousa. Bidu Especial. SãoPaulo: Abril, 1973)

Canção do Exílio

(...)Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá;As aves, que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,Nossas várzeas têm mais flores,Nossos bosques têm mais vida,Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,Mais prazer encontro eu lá;Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,Que tais não encontro eu cá;Em cismar – sozinho, à noite –Mais prazer encontro eu lá;Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,Sem que eu volte para lá;Sem que desfrute os primoresQue não encontro por cá;Sem qu’inda aviste as palmeiras,Onde canta o Sabiá.(Antônio Gonçalves Dias, Primeiros Cantos)

Nas histórias em quadrinhos, geralmente, osbalõezinhos contêm os diálogos, falas e monó-logos interiores dos personagens. Entre ospersonagens de Maurício de Sousa, destaca-seo garoto Cebolinha, conhecido por trocar o somdo “r” pelo do “l”, como fazem muitas crianças.No primeiro e terceiro quadrinhos da primeiratirinha, os balõezinhos, colocados acima da ca-beça de Cebolinha, encontram-se vazios. Con-siderando o contexto, e, inclusive, o últimoquadrinho, pode-se interpretar que:a) Cebolinha permaneceu calado, ou não ex-primiu pensamentos, nos balõezinhos do pri-meiro e terceiro quadrinhos. Isto indica suafalta de diálogo com o entediante passarinho.b) O personagem anuncia em voz baixa, no ter-ceiro quadrinho, que irá declamar uma poesiaromântica. Realiza seu desejo, utilizando-se deum megafone, no último quadrinho.c) Cebolinha emitiu discursos diretos, no pri-meiro e terceiro quadrinhos. No entanto, oque disse não pôde ser ouvido porque sua vozfoi abafada pelas onomatopéias que expres-sam o piado alto, insistente e perturbador dopassarinho.d) A expressão facial de Cebolinha, no primei-ro quadrinho, indica que ele se esqueceu doque iria dizer, no terceiro quadrinho.e) Os balõezinhos encontram-se vazios porqueCebolinha emitiu frases impróprias, ounão-publicáveis, no primeiro e terceiro quadri-nhos. Por isso, sua voz não pode ser ouvida.

alternativa C

Os balões estão vazios no primeiro e no terceiroquadrinhos pois o canto da ave impediu que seouvisse a voz do personagem.

Questão 1

MINHA TEMONDE

CANTA O SABIÁ...

TELA

PALMEILAS

MINHA TERRATEM CORINTHIANS,

ONDE CANTA OSABIÁ!

É “MINHATERRA TEM

PALMEIRAS”!

CADA UM TEMO TIME QUEQUISER!...

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A “Canção do exílio” é um dos textos mais ci-tados e parodiados da Língua Portuguesa. OsversosTeus risonhos lindos campos têm mais flores,Nossos bosques têm mais vida,Nossa vida no teu seio mais amores.

que remetem, de modo flagrante, ao poemade Gonçalves Dias, ocorrema) na “Nova canção do exílio”, de CarlosDrummond de Andrade, publicada em A rosado povo.b) na letra de “Sabiá”, de Tom Jobim e ChicoBuarque.c) no poema “Canto de regresso à pátria”, domodernista Oswald de Andrade.d) em “Ainda irei a Portugal”, de CassianoRicardo, um dos líderes da Semana de ArteModerna.e) na letra do Hino Nacional Brasileiro, deJoaquim Osório Duque Estrada, oficializadaem 1922.

alternativa E

O trecho citado, pertencente ao Hino Nacional, re-fere-se quase literalmente aos versos de Gonçal-ves Dias, dada a representatividade desses emnossa literatura.

Observe com atenção a segunda tirinha, naqual também há referências à “Canção do exí-lio”. Caso os balõezinhos dessa tirinha não es-tivessem com todas as falas dos personagensescritas em letras maiúsculas, a palavra pal-meiras, que aparece em uma frase entre as-pas, no segundo quadrinho, deveria ser escritaa) com inicial maiúscula, por se tratar de umsubstantivo próprio, nome do famoso timebrasileiro de futebol.b) com inicial minúscula, por se tratar de umsubstantivo comum, nome da planta referidapor Gonçalves Dias, na “Canção do exílio”.c) com inicial maiúscula, por se tratar de umsubstantivo comum, nome da planta referidapor Gonçalves Dias.d) com inicial minúscula, por se tratar de umsubstantivo com valor de adjetivo, a designarum time brasileiro de futebol.

e) com inicial minúscula, por se tratar de umsubstantivo próprio, nome da planta referidana “Canção do exílio”.

alternativa B

As aspas, no segundo quadrinho, indicam que apersonagem cita o verso da "Canção do Exílio" deforma literal. Assim, o termo "palmeiras" é subs-tantivo comum.

Gonçalves Dias consolidou o romantismo noBrasil. Sua “Canção do exílio” pode ser con-siderada tipicamente romântica porquea) apóia-se nos cânones formais da poesiaclássica greco-romana; emprega figuras de or-namento, até com certo exagero; evidencia amusicalidade do verso pelo uso de aliterações.b) exalta terra natal; é nostálgica e saudosista; otema é tratado de modo sentimental, emotivo.c) utiliza-se do verso livre, como ideal de li-berdade criativa; sua linguagem é hermética,erudita; glorifica o canto dos pássaros e avida selvagem.d) poesia e música se confundem, como artifíciosimbólico; a natureza e o tema bucólico são tra-tados com objetividade; usa com parcimônia asformas pronominais de primeira pessoa.e) refere-se à vida com descrença e tristeza;expõe o tema na ordem sucessiva, cronológi-ca; utiliza-se do exílio como o meio adequadode referir-se à evasão da realidade.

alternativa B

Trata-se de um poema nacionalista que idealiza apátria da qual o poeta está saudoso. Em versosprofundamente emotivos, revela seu amor pelaterra natal.

Entre as figuras de sintaxe, como recursos queum autor emprega para obter maior expressi-vidade, existe a zeugma. Uma das formas deelipse, a zeugma consiste na supressão de umvocábulo, já enunciado em frase anterior, porestar subentendido. No poema de GonçalvesDias, a zeugma ocorre apenas ema) Sem qu’inda aviste as palmeiras.b) Em cismar, sozinho, à noite.c) As aves, que aqui gorjeiam.d) Nossa vida mais amores.e) Nosso céu tem mais estrelas.

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Questão 3

Questão 4

Questão 5

Questão 2

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alternativa D

Em "Nossa vida mais amores" subentende-se overbo ter mencionado anteriormente: Nossa vidatem mais amores.

Os versos da “Canção do exílio” são construí-dos nos moldes da redondilha maior, com pre-dominância dos acentos de intensidade nasterceiras e sétimas sílabas métricas. Um ver-so que não segue esse padrão de tonicidade éa) Minha terra tem palmeiras;.b) As aves, que aqui gorjeiam,.c) Nosso céu tem mais estrelas.d) Em cismar, sozinho, à noite.e) Onde canta o Sabiá.

alternativa B

No redondilho maior "As / a/ves / que a/qui /

gor/jei/am", são acentuadas a segunda e a sétima

sílabas.

Nas falas “Minha terra tem Corinthians,onde canta o sabiá!” e “cada um tem o timeque quiser!...”, da segunda tirinha, os vocábu-los em destaques estabelecem, respectiva-mente, as relações sintático-semânticas dea) conector de oração adjetiva em relação aminha terra e conector de oração adjetiva emrelação a o time.b) conector de oração adverbial em relação aterra e conector de oração adjetiva em relaçãoa time.c) conector de oração adjetiva em relação aCorinthians e conector de oração adjetiva emrelação a cada um.d) conector de oração adverbial em relação aCorinthians e conector de oração adverbialem relação a um.e) conector de oração adverbial de lugar emrelação a minha terra e conector de oraçãoadjetiva em relação a cada um.

alternativa A

Os pronomes relativos "onde" e "que" introduzemorações adjetivas e se referem, respectivamente,a "Minha terra" e "time".

Na frase “Cada um tem o time que quiser”,da segunda tirinha, o verbo querer se apre-senta conjugado:a) no infinitivo impessoal.b) no modo subjuntivo, tempo pretérito im-perfeito, primeira pessoa do singular.c) no modo indicativo, tempo futuro do preté-rito, terceira pessoa do singular.d) no modo subjuntivo, tempo futuro, terceirapessoa do singular.e) no infinitivo pessoal, terceira pessoa dosingular.

alternativa D

O verbo querer tem como:• infinitivo (alternativas A, E): querer;• 1ª p.s. imperfeito do subjuntivo (alternativa B):(se) eu quisesse;• 3ª p.s. do fut. do pret. do indicativo (alternati-va C): ele (a) quereria.O verbo, no texto, está conjugado na 3ª p.s. do fu-turo do subjuntivo: (quando) ele quiser.

INSTRUÇÃO: As questões de números 09 a14 são relacionadas a uma passagem bíblicae a um trecho da canção “Cálice”, realizadaem 1973, por Chico Buarque (1944-) e Gilber-to Gil (1942-).

TEXTO BÍBLICOPai, se queres, afasta de mim este cálice!Contudo, não a minha vontade, mas a tuaseja feita! (Lucas, 22)

(in: Bíblia de Jerusalém. 7ª impressão.São Paulo: Paulus, 1995)

TRECHO DE CANÇÃOPai, afasta de mim esse cálice!Pai, afasta de mim esse cálice!Pai, afasta de mim esse cáliceDe vinho tinto de sangue.

Como beber dessa bebida amarga,Tragar a dor, engolir a labuta,Mesmo calada a boca, resta o peito,Silêncio na cidade não se escuta.De que me vale ser filho da santa,Melhor seria ser filho da outra,Outra realidade menos morta,Tanta mentira, tanta força bruta.......................................................

(in: www.uol.com.br/chicobuarque/)

português/redação 3

Questão 6

Questão 7

Questão 8

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Um texto pode se revelar, na forma e/ou noconteúdo, como absorção e transformação deum ou mais textos. Por isto, quando ele élido, algumas de suas partes podem lembraro que já foi lido em outro(s) texto(s). A essarelação de semelhança e superposição de umtexto a outro dá-se o nome de intertextualida-de. Inúmeros autores extraem desse procedi-mento interessantes efeitos artísticos. Com-parando-se a primeira estrofe de “Cálice” como texto bíblico, pode-se afirmar corretamentequea) ocorre intertextualidade porque a estrofecontém, na forma e no conteúdo, parte dapassagem evangélica.b) não há intertextualidade porque, na estro-fe, foi omitida a outra frase atribuída a Je-sus.c) não há intertextualidade porque, na estro-fe, não há menção ao sentido condicional pre-sente na primeira frase atribuída a Jesus.d) ocorre intertextualidade, mas apenasquanto aos elementos morfossintáticos dafrase atribuída a Jesus.e) não há intertextualidade porque a estrofetransforma, semanticamente, a passagemevangélica, dando-lhe uma conotação política.

alternativa A

O texto bíblico "Pai, (...) afasta de mim este cáli-ce" é quase literalmente retomado pela canção deChico Buarque e Gilberto Gil, com sentido novo eprestando-se a um jogo sonoro com "cale-se",dando-lhe uma conotação política.

Os três primeiros versos de “Cálice” apresen-tam a mesma estrutura sintática, cujos ele-mentos constitutivos são, na seqüência,a) um sujeito, Pai; um verbo no presente doindicativo, na segunda pessoa do singular,afasta; objeto indireto, de mim; objeto direto,esse cálice.b) um vocativo, Pai; um sujeito oculto, tu; umverbo no presente do indicativo, na terceirapessoa do singular, afasta; objeto indireto, demim; objeto direto, esse cálice.

c) uma interjeição de chamamento, Pai; umsujeito oculto, tu; um verbo no presente do in-dicativo, na terceira pessoa do singular, afas-ta; objeto indireto, de mim; objeto direto, essecálice.d) um vocativo, Pai; um sujeito oculto, tu; umverbo no imperativo afirmativo, na segundapessoa do singular, afasta; objeto indireto, demim; objeto direto, esse cálice.e) um vocativo, Pai; um sujeito oculto, tu; umverbo no presente do subjuntivo, na terceirapessoa do singular, afasta; adjunto adnomi-nal de posse, de mim; sujeito, esse cálice.

alternativa D

• O texto começa com uma invocação (Pai), oque caracteriza o vocativo, o qual deve ser isola-do por vírgula;• Como se trata de uma súplica, o verbo encon-tra-se no imperativo afirmativo;• O verbo refere-se ao interlocutor (Pai), portantorepresenta a 2ª pessoa (no caso, singular);• Afastar é verbo transitivo direto e indireto exi-gindo objeto direto (o que se afasta, o cálice) eobjeto indireto (de quem se afasta, de mim).

Na língua portuguesa escrita, quando duasletras são empregadas para representar umúnico fonema (ou som, na fala), tem-se umdígrafo. O dígrafo só está presente em todosos vocábulos dea) Pai, minha, tua, esse, tragar.b) afasta, vinho, dessa, dor, seria.c) queres, vinho, sangue, dessa, filho.d) esse, amarga, Silêncio, escuta, filho.e) queres, feita, tinto, Melhor, bruta.

alternativa C

Aparecem em seqüência os dígrafos: qu, nh, gu,ss e lh.

A frase Contudo, não a minha vontade, masa tua seja feita! contém dois conectivos adver-sativos. O conectivo mas estabelece coesãoentre a oração a tua [vontade] seja feita e a

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Questão 9

Questão 10

Questão 11

Questão 12

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oração não [seja feita] a minha vontade. O co-nectivo contudo estabelece coesão entrea) a oração implícita [se não queres] e a ora-ção não [seja feita] a minha vontade.b) a oração se queres e a oração não [seja fei-ta] a minha vontade.c) a oração afasta de mim este cálice! e a ora-ção a tua [vontade] seja feita.d) a oração implícita [se não queres] e a ora-ção a tua [vontade] seja feita.e) a oração a tua [vontade] seja feita e a ora-ção não [seja feita] a minha vontade.

alternativa A

Podemos perceber a conexão estabelecida pelaconjunção contudo se reescrevermos o texto daseguinte forma:"Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Contu-do [se não queres isto] não [seja feita] a minhavontade, mas a tua seja feita."Portanto, contudo liga a oração anterior "afasta demim este cálice" à posterior "não [seja feita] a mi-nha vontade".

Entendendo-se por rima a identidade ou se-melhança de sons em lugares determinadosdos versos, nota-se, nas linhas pares da se-gunda estrofe de “Cálice”, que o único versoque frustra a expectativa de rima éa) Como beber dessa bebida amarga.b) Silêncio na cidade não se escuta.c) De que me vale ser filho da santa.d) Melhor seria ser filho da outra.e) Tanta mentira, tanta força bruta.

alternativa D

A rima dos versos pares da segunda estrofe é emuta (labuta, escuta, bruta). Rompe a seqüência rí-mica o tra de outra.

Gilberto Gil declarou, numa entrevista, queescreveu a primeira estrofe de “Cálice” inspi-rado na contemplação de uma procissão deSexta-feira Santa, em Salvador. Levou-a aChico Buarque, pois deveriam compor uma

canção em parceria. Naquela época, os artis-tas brasileiros viviam sob fortes restrições àliberdade de expressão, impostas pelo Regi-me Militar. Chico leu a estrofe, ponderou,pensou e, em dado momento, pronunciou emvoz alta: Cálice... Cale-se!. Assim, com o ca-le-se em mente, viu-se estimulado a dar conti-nuidade à letra da canção, e, em linguagemfigurada, escreveu a segunda estrofe. Leia-acom atenção, e aponte em qual verso, com aexpressão correspondente, o poeta demarcouo referido estímulo.a) Como beber dessa bebida amarga.b) Mesmo calada a boca, resta o peito.c) De que me vale ser filho da santa.d) Melhor seria ser filho da outra.e) Outra realidade menos morta.

alternativa B

O verbo transcrito na alternativa B expressa aidéia de que, embora vivendo em um momento de"fortes restrições à liberdade de expressão", comoas impostas pelo regime militar ("mesmo calada aboca"), o poeta acalenta em si o desejo de mani-festar-se ("resta o peito").

INSTRUÇÃO: As questões de números 15 a17 baseiam-se no seguinte fragmento do ro-mance O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo(1857-1913).

O cortiço

Fechou-se um entra-e-sai de marimbon-dos defronte daquelas cem casinhas ameaça-das pelo fogo. Homens e mulheres corriam decá para lá com os tarecos ao ombro, numa bal-búrdia de doidos. O pátio e a rua enchiam-seagora de camas velhas e colchões espocados.Ninguém se conhecia naquela zumba de gritossem nexo, e choro de crianças esmagadas, epragas arrancadas pela dor e pelo desespero.Da casa do Barão saíam clamores apopléticos;ouviam-se os guinchos de Zulmira que se es-polinhava com um ataque. E começou a apare-cer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia di-zê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se des-pejavam sobre as chamas.

Os sinos da vizinhança começaram a ba-dalar.

E tudo era um clamor.A Bruxa surgiu à janela da sua casa,

como à boca de uma fornalha acesa. Estava

português/redação 5

Questão 13

Questão 14

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horrível; nunca fora tão bruxa. O seu morenotrigueiro, de cabocla velha, reluzia que nemmetal em brasa; a sua crina preta, desgre-nhada, escorrida e abundante como as daséguas selvagens, dava-lhe um caráter fantás-tico de fúria saída do inferno. E ela ria-se,ébria de satisfação, sem sentir as queimadu-ras e as feridas, vitoriosa no meio daquela or-gia de fogo, com que ultimamente vivia a so-nhar em segredo a sua alma extravagante demaluca.

Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviuestalar o madeiramento da casa incendiada,que abateu rapidamente, sepultando a loucanum montão de brasas.

(Aluísio Azevedo. O cortiço)

Em O cortiço, o caráter naturalista da obrafaz com que o narrador se posicione em ter-ceira pessoa, onisciente e onipresente, preo-cupado em oferecer uma visão críti-co-analítica dos fatos. A sugestão de que onarrador é testemunha pessoal e muito pró-xima dos acontecimentos narrados aparecede modo mais direto e explícito ema) Fechou-se um entra-e-sai de marimbondosdefronte daquelas cem casinhas ameaçadaspelo fogo.b) Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldese baldes que se despejavam sobre as chamas.c) Da casa do Barão saíam clamores apopléti-cos...d) A Bruxa surgiu à janela da sua casa, comoà boca de uma fornalha acesa.e) Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviuestalar o madeiramento da casa incendiada...

alternativa E

O narrador automaticamente se inclui na cena aoutilizar o advérbio cá em vez de lá.

O caráter naturalista nessa obra de AluísioAzevedo oferece, de maneira figurada, um re-trato de nosso país, no final do século XIX.Põe em evidência a competição dos mais for-tes, entre si, e estes, esmagando as camadas

de baixo, compostas de brancos pobres, mesti-ços e escravos africanos. No ambiente de de-gradação de um cortiço, o autor expõe um qua-dro tenso de misérias materiais e humanas.No fragmento, há várias outras característi-cas do Naturalismo. Aponte a alternativa emque as duas características apresentadas sãocorretas.a) Exploração do comportamento anormal edos instintos baixos; enfoque da vida e dos fa-tos sociais contemporâneos ao escritor.b) Visão subjetivista dada pelo foco narrativo;tensão conflitiva entre o ser humano e o meioambiente.c) Preferência pelos temas do passado, propi-ciando uma visão objetiva dos fatos; críticaaos valores burgueses e predileção pelos maispobres.d) A onisciência do narrador imprime-lhe opapel de criador, e se confunde com a idéia deDeus; utilização de preciosismos vocabulares,para enfatizar o distanciamento entre aenunciação e os fatos enunciados.e) Exploração de um tema em que o ser hu-mano é aviltado pelo mais forte; predominân-cia de elementos anticientíficos, para ajustara narração ao ambiente degradante dos per-sonagens.

alternativa A

O Naturalismo é a busca cega pelas "Leis Bási-cas" que regem o comportamento humano.Assim, o homem é reduzido às suas característi-cas mais torpes e baixas, animalizando-se. A par-tir daí, traça-se um vasto panorama das camadassociais menos favorecidas. No livro de AluísioAzevedo, há um retrato dos problemas urbanosque começam a surgir com a incipiente industriali-zação no século XIX.

Releia o fragmento de O cortiço, com especialatenção aos dois trechos a seguir.

Ninguém se conhecia naquela zumba de gri-tos sem nexo, e choro de crianças esmagadas,e pragas arrancadas pela dor e pelo desespe-ro.(...)E começou a aparecer água. Quem a trouxe?Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes ebaldes que se despejavam sobre as chamas.

português/redação 6

Questão 15

Questão 16

Questão 17

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No fragmento, rico em efeitos descritivos esoluções literárias que configuram imagensplásticas no espírito do leitor, Aluísio Azeve-do apresenta características psicológicas decomportamento comunitário. Aponte a alter-nativa que explicita o que os dois trechos têmem comum.a) Preocupação de um em relação à tragédiado outro, no primeiro trecho, e preocupaçãode poucos em relação à tragédia comum, nosegundo trecho.b) Desprezo de uns pelos outros, no primeirotrecho, e desprezo de todos por si próprios, nosegundo trecho.c) Angústia de um não poder ajudar o outro,no primeiro trecho, e angústia de não se co-nhecer o outro, por quem se é ajudado, no se-gundo trecho.d) Desespero que se expressa por murmúrios,no primeiro trecho, e desespero que se ex-pressa por apatia, no segundo trecho.e) Anonimato da confusão e do “salve-sequem puder”, no primeiro trecho, e anonima-to da cooperação e do “todos por todos”, no se-gundo trecho.

alternativa E

No primeiro fragmento, o narrador se refere àdesorganização do momento em que o incêndiocomeça. No segundo, após os desconcertos ini-ciais, "alguém" se lembra de dar início a um mo-vimento de salvação, daí o fator cooperação.

INSTRUÇÃO: As questões de números 18 a21 tomam por base a primeira estrofe de “Omenino da porteira”, de Teddy Vieira(1922–1965) e Luís Raimundo (1916–), oLuisinho, e a letra de “Meu bem-querer”, deDjavan (1949–).

O Menino da Porteira

Toda a vez que eu viajavaPela estrada de Ouro Fino,De longe eu avistavaA figura de um menino,Que corria abri[r] a porteiraDepois vinha me pedindo:– Toque o berrante, seu moço,Que é p’ra mim ficá[ar] ouvindo................................................

(Luisinho, Limeira e Zezinha, 1955)

Meu bem querer

Meu bem-quererÉ segredo, é sagrado,Está sacramentadoEm meu coração.Meu bem-quererTem um quê de pecadoAcariciado pela emoção.Meu bem-querer, meu encanto,Tô sofrendo tanto, amor.

E o que é o sofrerPara mim, que estouJurado p’ra morrer de amor?

(Djavan. Alumbramento. Emi-Odeon. 1980)

“O menino da porteira”, cururu gravado em1955, mostra-se como um significativo exem-plo de projeção da linguagem oral cotidianana poesia-canção popular brasileira.Observe o verso Que é p’ra mim ficá[ar] ou-vindo, e compare-o com o verso Pra mim, queestou, de Djavan. Num deles ocorre um fatolingüístico que a gramática normativa consi-dera “erro de português”. A indicação do“erro” e a “correção” correspondente estão ema) p’ra mim, de “O menino da porteira”, quedeveria ser corrigida para p’ra eu, pois o pro-nome pessoal eu é objeto direto da locuçãoverbal ficá ouvindo.b) para mim, de “Meu bem-querer”, que deve-ria ser corrigida para para eu, porque o pro-nome pessoal eu é sujeito do verbo estou.c) para mim, de “Meu bem-querer”, que deve-ria ser corrigida para p’ra eu, por analogia ap’ra morrer, do verso seguinte.d) p’ra mim, de “O menino da porteira”, quedeveria ser corrigida para p’ra eu, uma vezque o pronome pessoal eu é sujeito da locuçãoverbal ficá ouvindo.e) p’ra mim, de “O menino da porteira”, quedeveria ser corrigida para para eu, por se tra-tar de uma locução adverbial.

alternativa D

"mim" não exerce a função sintática de sujeito,exceto em construções coloquiais. No trecho emquestão, o infinitivo ficar requer sujeito [eu]. Corri-gindo: "Que é p’ra eu ficar".

português/redação 7

Questão 18

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O processo estilístico em que um verso se es-tende no outro, sintática e semanticamente, éconhecido como encavalgamento, cavalga-mento ou, muitas vezes, pelo termo francêsenjambement. Esse recurso é freqüente naestrutura do texto poemático. As estrofes dapoesia-canção de Djavan, por exemplo, têmseus versos quase que inteiramente estrutu-rados por esse processo. Indique a alternati-va em que não ocorre encavalgamento.a) Meu bem-querer / É segredo, é sagrado,b) Meu bem-querer / Tem um quê de pecadoc) E o que é o sofrer / Para mim, que estoud) Acariciado pela emoção. / Meu bem-querer,meu encanto,e) Para mim, que estou / Jurado p’ra morrerde amor?

alternativa D

Em "Acariciado pela emoção.", o ponto-final nãopermite o enjambement.

Há certos verbos cujas flexões se desviam doparadigma de sua conjugação. São considera-dos, por isso, irregulares. Alguns deles são:dar, estar, fazer, ser e ir. Na estrofe de “Omenino da porteira”, ocorrem verbos dessanatureza.A alternativa que os contém éa) “Toda vez que eu viajava” e “De longe euavistava”.b) “De longe eu avistava” e “Que corriaabri[r] a porteira”.c) “Que corria abri[r] a porteira” e “–Toque oberrante, seu moço,”d) “Que corria abri[r] a porteira” e “Que é p’ramim ficá[r] ouvindo.”e) “Depois vinha me pedindo:” e “Que é p’ramim ficá[r] ouvindo”.

alternativa E

Os verbos vir, pedir e ouvir são irregulares: ve-nho, vens, vem, vimos, vindes, vêm; peço, pe-des...; ouço, ouves,...

Na última estrofe de “Meu bem-querer”, opersonagem pergunta-se: “E o que é o sofrer /Para mim, que estou / Jurado p’ra morrer deamor?”. Nota-se uma diferença nos sentimen-tos: o ‘sofrimento amoroso’, no primeiro verso,e a ‘sentença de morte, por amor’, no terceiroverso. O sentimento contido no primeiro ver-so, em relação ao contido no terceiro, éa) mais intenso, mas não desejado.b) menos intenso, mas fortemente desejado.c) mais intenso e fracamente desejado.d) mais intenso e fortemente desejado.e) menos intenso, mas não desejado.

alternativa E

O eu-poemático minimiza o sofrimento ("E o queé o sofrer") diante de algo muito maior ("Paramim, que estou / Jurado p’ra morrer de amor?"),um amor tão forte ("É segredo, é sagrado, / Estásacramentado / Em meu coração.") que parecepoder matá-lo. Portanto, ele deseja viver intensa-mente esse amor [prazer] e não sofrer [dor].

INSTRUÇÃO: As questões 22 e 23 estão re-lacionadas ao seguinte anúncio de jornal:

LOJA DE CALÇADOS

FEMININO

Vende-se 3 lojas bem montadastradicionais, nos melhores Pon-tos da Cidade. Ótima Oportuni-

dade!

F: (__) xxx-xxxxxx

(O Estado de S.Paulo, 15.08.2002)

De acordo com as normas gramaticais, parti-cularmente no que se refere às regras de con-cordância, o título deste anúncio deveria sera) LOJAS DE CALÇADOS FEMININO, por-que, na seqüência, o texto fala em “3 lojas”.b) LOJAS DE CALÇADOS FEMININOS,porque, na seqüência, o texto fala em “3 lo-jas”.c) LOJA DE CALÇADOS FEMININOS, por-que o título não especifica as outras duas lo-

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Questão 19

Questão 20

Questão 21

Questão 22

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jas “bem montadas” de calçados, implicita-mente, masculinos.d) LOJA FEMININA DE CALÇADOS, por-que o título não se relaciona com o restantedo anúncio.e) LOJA DE CALÇADOS FEMININO, talcomo aparece no anúncio, porque o vocábulo“FEMININO” apenas especifica o tipo de cal-çado comercializado pelas lojas à venda.

alternativa B

Lojas: o texto se refere a três;Femininos: o adjetivo concorda em gênero e nú-mero com o substantivo a que se refere.

No corpo do anúncio, a expressão Vende-se 3lojas bem montadasa) apresenta problema de concordância ver-bal. Deveria ocorrer na forma Vendem-se por-que se é índice de indeterminação do sujeito,e lojas é o sujeito paciente.b) não apresenta problema de concordânciaverbal porque se é índice de indeterminaçãodo sujeito, e lojas é o objeto direto.c) apresenta problema de concordância ver-bal. Deveria ocorrer na forma Vendem-se por-que se é partícula apassivadora, e lojas é osujeito paciente.d) não apresenta problema de concordânciaverbal, porque se é partícula apassivadora, elojas é o sujeito paciente.e) apresenta problema de concordância verbal.Deveria ocorrer na forma Vendem-se porque seé pronome reflexivo com função sintática deobjeto indireto, e lojas é o objeto direto.

alternativa C

Em "Vendem-se", o se é partícula apassivadora.O verbo concorda com o sujeito paciente três lo-jas: "Três lojas são vendidas".

INSTRUÇÃO: A questão 24 baseia-se no poe-ma concreto Epithalamium II, de Pedro Xisto(1901-1987).

(in: Logogramas, 1966.www.ubu.com/historical/xisto)

Pressupostos teóricos da Poesia Concretapropõem a realização de um poema-objeto,isto é, uma obra que informa por meio desua própria estrutura (estrutura = conteú-do); valoriza, entre outros elementos, o es-paço em branco da página, como produtorde sentidos, e a utilização de formas visuais.Em várias edições de Epithalamium II (epi-talâmio = canto ou poema nupcial), apare-cem as seguintes indicações: he = ele; & = e;S = serpens; h = homo; e = Eva. Observe opoema, e, mediante as indicações do autor,aponte, dentre as alternativas, aquela quemais se aproxima da mensagem da obra.a) As três letras, dispostas de modo a produ-zir uma imagem visual, denotam que o ho-mem e a mulher, representados pelos prono-mes pessoais, em inglês, foram coisificados e,após, separados um do outro, pelo pecado ori-ginal (Adão e Eva).b) A letra S, que desenha e escreve She, aomesmo tempo que compõe as formas sinuosasde uma serpente (= pecado), parece que enla-ça o he. Poderia evocar, por um lado, que osgêneros humanos se completam, um no outro,e, por outro, a supremacia da feminilidade so-bre a masculinidade, já que he (= ele) é confi-gurado no interior de She (= ela).c) O &, que se desenha no poema, revela, porum lado, a desintegração mulher/homem (re-presentados em inglês) e, por outro, a situa-ção dos seres humanos no mundo capitalista.Isto se justifica pelo fato de & lembrar a for-ma com que se designa a razão social das em-presas.d) O significado do poema se esgota na sim-ples contemplação do mesmo, como se fosse ologotipo de uma empresa. O She e o he com-parecem como artifícios provocativos que dis-farçam os significados de si próprios. Nestesentido, masculinidade e feminilidade seanulam.e) Não há hierarquia entre She (= ela) ehe (= ele), uma vez que esses pronomes pes-soais estão desenhados em forma vertical noespaço branco da página, e não horizontal-mente, como seria comum na poesia tradicio-nal.

português/redação 9

Questão 23

Questão 24

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alternativa B

A poesia concreta tem, entre outras característi-cas, a possibilidade de múltiplas interpretaçõesoferecidas pela disposição gráfico-visual do poe-ma-objeto. O texto de Pedro Xisto remete, criati-vamente, à narrativa bíblica do Gênesis.

INSTRUÇÃO: As questões de números 25 a32 baseiam-se em fragmentos de três autoresportugueses.

Auto da Lusitânia(Gil Vicente – 1465?-1536?)

Estão em cena os personagens Todo o Mundo(um rico mercador) e Ninguém (um homemvestido como pobre). Além deles, participamda cena dois diabos, Berzebu e Dinato, queescutam os diálogos dos primeiros, comentan-do-os, e anotando-os.

Ninguém para Todo o Mundo: E agora quebuscas lá?

Todo o Mundo: Busco honra muito grande.

Ninguém: E eu virtude, que Deus mande quetope co ela já.

Berzebu para Dinato: Outra adição nos acu-de: Escreve aí, a fundo,que busca honra Todo oMundo, e Ninguémbusca virtude.

Ninguém para Todo o Mundo: Buscas outromor bemqu’ esse?

Todo o Mundo: Busco mais quem me louvas-se tudo quanto eu fizesse.

Ninguém: E eu quem me repreendesse emcada cousa que errasse.

Berzebu para Dinato: Escreve mais.Dinato: Que tens sabido?Berzebu: Que quer em extremo grado

Todo o Mundo ser louvado,e Ninguém ser repreendido.

Ninguém para Todo o Mundo: Buscas mais,amigo meu?

Todo o Mundo: Busco a vida e quem ma dê.Ninguém: A vida não sei que é,

a morte conheço eu.Berzebu para Dinato: Escreve lá outra sorte.Dinato: Que sorte?Berzebu: Muito garrida:

Todo o Mundo busca a vida,e Ninguém conhece a morte.

(Antologia do Teatro de Gil Vicente)

Os Maias(Eça de Queirós – 1845-1900)

– E que somos nós? – exclamou Ega. –Que temos nós sido desde o colégio, desde oexame de latim? Românticos: isto é, indiví-duos inferiores que se governam na vidapelo sentimento, e não pela razão...

Mas Carlos queria realmente saber se,no fundo, eram mais felizes esses que se di-rigiam só pela razão, não se desviando nun-ca dela, torturando-se para se manter nasua linha inflexível, secos, hirtos, lógicos,sem emoção até o fim...

– Creio que não – disse o Ega. – Por fora,à vista, são desconsoladores. E por dentro,para eles mesmos, são talvez desconsolados.O que prova que neste lindo mundo ou temde se ser insensato ou sem sabor...

– Resumo: não vale a pena viver...– Depende inteiramente do estômago! –

atalhou Ega.Riram ambos. Depois Carlos, outra vez sé-

rio, deu a sua teoria da vida, a teoria definitivaque ele deduzira da experiência e que agora ogovernava. Era o fatalismo muçulmano. Nadadesejar e nada recear... Não se abandonar auma esperança – nem a um desapontamento.Tudo aceitar, o que vem e o que foge, com atranqüilidade com que se acolhem as naturaismudanças de dias agrestes e de dias suaves. E,nesta placidez, deixar esse pedaço de matériaorganizada que se chama o Eu ir-se deterioran-do e decompondo até reentrar e se perder noinfinito Universo... Sobretudo não ter apetites.E, mais que tudo, não ter contrariedades.

Ega, em suma, concordava. Do que eleprincipalmente se convencera, nesses estrei-tos anos de vida, era da inutilidade de todo oesforço. Não valia a pena dar um passo paraalcançar coisa alguma na Terra – porquetudo se resolve, como já ensinara o sábio doEclesiastes, em desilusão e poeira.

(Eça de Queirós, Os Maias)

Ode TriunfalÁlvaro de Campos

(heterônimo de Fernando Pessoa – 1888-1935)

À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétri-[cas da fábrica

Tenho febre e escrevo.Escrevo rangendo os dentes, fera para a bele-

[za disto,Para a beleza disto totalmente desconhecida

[dos antigos.

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Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!Forte espasmo retido dos maquinismos em

[fúria!Em fúria fora e dentro de mim,Por todos os meus nervos dissecados fora,Por todas as papilas fora de tudo com que eu

[sinto!Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos mo-

[dernos,De vos ouvir demasiadamente de perto,E arde-me a cabeça de vos querer cantar com

[um excessoDe expressão de todas as minhas sensações,Com um excesso contemporâneo de vós, ó

[máquinas!

Em febre e olhando os motores como a uma[Natureza tropical –

Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e[força –

Canto, e canto o presente, e também o passa-[do e o futuro,

Porque o presente é todo o passado e todo o[futuro

E há Platão e Virgílio dentro das máquinas e[das luzes elétricas

Só porque houve outrora e foram humanos[Virgílio e Platão,

E pedaços do Alexandre Magno do século tal-[vez cinqüenta,

Átomos que hão de ir ter febre para o cérebro[do Ésquilo do século cem,

Andam por estas correias de transmissão e[por estes êmbolos e por estes volantes,

Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, fer-[reando,

Fazendo-me um excesso de carícias ao corpo[numa só carícia à alma.

(Fernando Pessoa, Obra Poética)

Os textos apresentados, pertencentes a perío-dos diferentes da história social e literáriaportuguesa, têm, em comum, o enfoque dasrelações do ser humano diante da realidade.Respectivamente, representama) visão satírica da existência e do comporta-mento humano; visão desencantada e pessi-mista do indivíduo na sociedade; visão per-

plexa, eufórica, ao mesmo tempo agônica, doindivíduo diante dos tempos modernos.b) visão eufórica do comportamento humano;visão derrotista do passado; visão agônica dofuturo, pelo poeta.c) visão complacente do diabo, sobre a socie-dade portuguesa; visão derrotista do passado;visão alegórica da inutilidade do poeta diantedas conquistas tecnológicas.d) visão sarcástica que os homens fazem desi, na época do trovadorismo português; visãofantasiosa da existência; visão perplexa, maseufórica, do poeta diante da eletricidade edas máquinas.e) visão positiva da existência e do relaciona-mento humano; visão objetiva da sociedaderomântica; visão hesitante do mundo moder-no.

alternativa A

No texto de Gil Vicente, o Diabo, por meio dospersonagens alegóricos "Todo o Mundo" e "Nin-guém", critica as mazelas humanas. No trecho ex-traído de Os Maias , de Eça de Queirós, já de par-tida, o personagem Ega formula uma questão decaráter existencial como fonte do pessimismo ca-racterístico do clima niilista do final do século XIX.O texto de Fernando Pessoa, seguindo oscânones do Futurismo, coloca a euforia do homemdiante das possibilidades da máquina.

A ironia, ou uma expressão irônica, consisteem, intencionalmente, dizer o contrário doque as palavras significam, no sentido literal,denotativo. Lendo-se o fragmento de Gil Vi-cente, percebe-se que o autor ironiza a socie-dadea) no nome dado a Berzebu que, no Novo Tes-tamento, significa o “príncipe dos demônios”.b) no comportamento humilde do personagemTodo o Mundo.c) na dissimulação contida nos nomes dospersonagens e suas caracterizações: Todo oMundo (=um rico mercador) e Ninguém (=umhomem vestido como pobre).d) no pedido que Berzebu faz a Dinato:“Escreve lá outra sorte.”e) no comportamento obstinado do persona-gem Ninguém.

português/redação 11

Questão 25

Questão 26

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alternativa C

Entre as alternativas em questão, só se pode veruma intenção irônica do autor na caracterização –dissimulada, inesperada – de suas personagens.

No fragmento do Auto da Lusitânia, o autorutiliza um recurso estilístico que consiste noemprego de vocábulos antônimos, estabele-cendo contrastes, como vida/morte, louva-do/repreendido, e outros. No fragmento de“Ode triunfal”, ocorre um outro recurso de es-tilo que consiste na invocação de seres reaisou imaginários, animados ou inanimados, vi-vos ou mortos, presentes ou ausentes, como órodas, ó grandes ruídos modernos e outros.Esses recursos estilísticos são conhecidos,respectivamente, comoa) eufemismo e onomatopéia.b) eufemismo e apóstrofe.c) antítese e apóstrofe.d) antítese e eufemismo.e) antítese e onomatopéia.

alternativa C

As figuras de linguagem "antítese" e "apóstrofe"correspondem, respectivamente, ao uso de ter-mos contrastantes (vida/morte) e à invocação, es-pecialmente de termos naturais e/ou inanimados("Ó rodas, ó engrenagens").

Eça de Queirós fez parte da chamada geraçãode 1870, que lutou ferrenhamente contra aordem social lisboeta, passional e romântica,liderada, politicamente, pela monarquia, pelaburguesia e pelo clero. Além dele, foram figu-ras importantes dessa geraçãoa) Camilo Castelo Branco, Antônio Felicianode Castilho e Oliveira Martins.b) Antero de Quental, Oliveira Martins e Teó-filo Braga.c) Júlio Dinis, Alexandre Herculano e Anterode Quental.d) Antônio Feliciano de Castilho, Camilo Cas-telo Branco e Teófilo Braga.e) Alexandre Herculano, Oliveira Martins eJúlio Dinis.

alternativa B

Camilo Castelo Branco, Antônio Feliciano de Cas-tilho, Júlio Dinis e Alexandre Herculano, mencio-nados nas outras alternativas, são autores do Ro-mantismo.

Nos fragmentos de Os Maias e “Ode triun-fal”, existem palavras que recebem acentográfico, de acordo com suas regras específi-cas. Indique a alternativa em que todas aspalavras são acentuadas graficamente, se-gundo a mesma regra.a) estômago, colégio, fábrica, lâmpada, infle-xível.b) Virgílio, fúria, carícias, matéria, colégio.c) trópicos, lábios, fúria, máquinas, elétricas.d) sério, cérebro, Virgílio, sábio, lógico.e) Ésquilo, carícia, Virgílio, átomos, êmbolo.

alternativa B

Todas as palavras da alternativa B são paroxíto-nas finalizadas por ditongos orais.

Os fragmentos das obras Auto da lusitânia,Os Maias e “Ode triunfal” realizam-se, noplano formal, como textos dramático, narrati-vo e de poesia lírica. Além de outras caracte-rísticas, privilegiam, respectivamente,a) a pessoa ou coisa de que se fala (3ª pessoagramatical); a pessoa com quem se fala (2ª pes-soa gramatical); a pessoa que fala (1ª pessoagramatical).b) a pessoa que fala (1ª pessoa gramatical); apessoa com quem se fala (2ª pessoa gramati-cal); a pessoa ou coisa de que se fala (3ª pes-soa gramatical).c) a pessoa com quem se fala (2ª pessoa grama-tical); a pessoa ou coisa de que se fala (3ª pes-soa gramatical); a pessoa que fala (1ª pessoagramatical).d) a pessoa com quem se fala (2ª pessoa gra-matical); a pessoa que fala (1ª pessoa grama-tical); a pessoa ou coisa de que se fala (3ª pes-soa gramatical).

português/redação 12

Questão 27

Questão 28

Questão 29

Questão 30

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e) a pessoa ou coisa de que se fala (3ª pessoagramatical); a pessoa com quem se fala (2ª pes-soa gramatical); a pessoa que fala (1ª pessoagramatical).

alternativa C

• O texto dramático tem como característica es-sencial de composição o diálogo. No texto de GilVicente, enfatiza-se a pessoa com quem se fala(2ª pessoa): "E agora que buscas lá?", "Buscasoutro mor bem qu’esse?", etc.• O texto narrativo de Eça de Queirós privilegiaum assunto sobre que os personagens falam (avida), portanto, 3ª pessoa.• O texto lírico de Álvaro de Campos põe em evi-dência os sentimentos do eu-poemático (1ª pes-soa) em relação aos tempos modernos.Obs.: as alternativas A e E são iguais.

Em “Ode triunfal”, escrita no momento afliti-vo de 1914, parece que o transe dos temposmodernos, representado pelas máquinas emfúria, se mistura com o transe febril doeu-poemático. Cria-se um ambiente em que,talvez na dimensão do sonho (ou do pesade-lo), o tempo e o espaço parecem dissolvidos,ou situados numa região mítica. Nessa di-mensão surrealista, Platão e Virgílio residemdentro das máquinas; há, nelas, pedaços deAlexandre Magno, do século talvez cinqüenta,além de Ésquilo, do século cem. Tal embara-lhamento temporal de figuras históricas já seenunciara nos versosa) À dolorosa luz das grandes lâmpadas elé-tricas da fábrica / Tenho febre e escrevo.b) Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno! /Forte espasmo retido dos maquinismos emfúria!c) De expressão de todas as minhas sensa-ções, / Com um excesso contemporâneo devós, ó máquinas!d) Canto, e canto o presente, e também o pas-sado e o futuro, / Porque o presente é todo opassado e todo o futuro.e) De vos ouvir demasiadamente de perto, / Earde-me a cabeça de vos querer cantar comum excesso.

alternativa D

Presente, passado e futuro se imbricam e se anu-lam no canto do poeta modernista, embebido queestá da euforia provocada pelo advento da máqui-na.

Além de Álvaro de Campos, que assina a“Ode triunfal”, também são heterônimos deFernando Pessoaa) Mário de Sá-Carneiro e Alberto Caeiro.b) Ricardo Reis e Miguel Torga.c) José Régio e Mário de Sá-Carneiro.d) Almada Negreiros e José Régio.e) Ricardo Reis e Alberto Caeiro.

alternativa E

Fernando Pessoa, cujo grande mérito reside noprocesso criativo de sua poesia, desdobrou-seem personalidades que, segundo ele, eram "o au-tor fora de si mesmo". Cada uma delas revelauma visão muito particular de ver e se relacionarcom o mundo. Entre as mais conhecidas estão:• Alberto Caeiro (poeta simples, do campo, omestre);• Ricardo Reis (poeta de formação clássica);• Álvaro de Campos (poeta moderno, com todasas neuroses e negações da sociedade contempo-rânea).

INSTRUÇÃO: As questões de números 33 a35 baseiam-se no poema “Pneumotórax”, domodernista Manuel Bandeira (1886-1968).

Pneumotórax

Febre, hemoptise, dispnéia e suores notur-nos.A vida inteira que podia ter sido e que nãofoi.Tosse, tosse, tosse.Mandou chamar o médico:– Diga trinta e três.– Trinta e três... trinta e três... trinta e três...– Respire............................................................................– O senhor tem uma escavação no pulmão es-querdo e o pulmão direito infiltrado.– Então, doutor, não é possível tentar o pneu-motórax?– Não. A única coisa a fazer é tocar um tangoargentino.

(Manuel Bandeira, Libertinagem)

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Questão 31

Questão 32

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Pneumotórax, palavra que dá título ao famo-so poema de Manuel Bandeira, é vocábuloconstituído de dois radicais gregos (pneum[o]-+ -tórax]. Significa o procedimento médicoque consiste na introdução de ar na cavidadepleural, como forma de tratamento de molés-tias pulmonares, particularmente a tubercu-lose. Tal enfermidade é referida no diálogoentre médico e paciente, quando o primeiroexplica a seu cliente que ele tem “uma esca-vação no pulmão esquerdo e o pulmão direitoinfiltrado”. Esta última palavra é formadacom base em um radical: filtro. Quanto à for-mação vocabular, o título do poema e o vocá-bulo infiltrado são constituídos, respectiva-mente, pora) composição, e derivação prefixal e sufixal.b) derivação prefixal e sufixal, e composição.c) composição por hibridismo, e composiçãoprefixal e sufixal.d) simples flexão, e derivação prefixal e sufi-xal.e) simples derivação, e composição sufixal eprefixal.

alternativa A

• a palavra pneumotórax, formada por dois radi-cais, é substantivo composto, e seu processo deformação é a composição;• em infiltrado temos o prefixo in, o radical filtr- eo sufixo -ado, portanto derivação prefixal e sufixal.

Em uma de suas ocorrências, no poemaPneumotórax, a conjunção e poderia ser subs-tituída por mas, sem prejuízo semântico.Essa possibilidade verifica-se ema) dispnéia, e suores noturnos.b) trinta e três... trinta e três.c) Diga trinta e três.d) pulmão esquerdo e o pulmão direito...e) ter sido e que não foi.

alternativa E

A relação da oração que não foi com a anterior éde oposição e ficaria mais explícita com o uso daconjunção adversativa mas.

A presença do humor negro e o feitio de poe-ma-piada são traços modernistas de “Pneu-motórax”. Quando, nesse poema, o médicoenuncia a frase A única coisa a fazer é tocarum tango argentino, o paciente deve entenderquea) não há mais nada que a medicina possa fa-zer por ele.b) ainda há solução para o seu problema desaúde.c) o tango argentino é o processo terapêuticopara curá-lo.d) figurativamente, deverá buscar ajuda comespecialistas portenhos.e) nem a musicoterapia é recomendável parao tratamento de seu problema pulmonar.

alternativa A

De modo irônico o texto sugere a morte próxima einexorável.

REDAÇÃO

INSTRUÇÃO: Sua redação deverá ser reali-zada, tendo-se como textos de apoio fragmen-tos do artigo “Políticas do Corpo”, do escritore frade dominicano Frei Betto (Carlos AlbertoLibânio Christo, 1944-), e um trecho da re-portagem “Corpos à Venda”, assinada porAnna Paula Buchalla e Karina Pastore.

Políticas do Corpo

(...) Uma pessoa é o seu corpo. Vive ao nu-tri-lo e faz dele expressão do amor, gerandonovos corpos. Morto o corpo, desaparece apessoa. Contudo chegamos ao século 21 e aoterceiro milênio num mundo dominado pelacultura necrófila da glamourização de corposaquinhoados pela fama e riqueza e pela ex-clusão de corpos condenados pela pobreza oumarcados por características que não coinci-dem com os modelos do poder.(...) Os premiados pela loteria biológica, nas-cidos em famílias que podem se dar ao luxode comer menos para não engordar, são indi-ferentes aos famintos ou dedicam-se a inicia-tivas caridosas, com a devida cautela de nãoquestionar as causas da pobreza.

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Questão 34

Questão 33 Questão 35

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Clonam-se corpos, mas não a justiça. (...)Açougues virtuais, as bancas de revistasexaltam a exuberância erótica de corpos, semque haja igual espaço para idéias, valores,subjetividades, espiritualidades e utopias.Menos livrarias, mais academias de ginásti-ca. Morreremos todos esbeltos e saudáveis; ocadáver, impávido colosso, sem uma celulite.(...) Na prática de Jesus, a justiça encontrasua expressão mais bela na saúde dos corpose na comensalidade, que faz da mesa comu-nhão entre pessoas. A ponto de Cristo tornara partilha do pão e do vinho, da bebida e dacomida, sacramento de sua presença entrenós e em nós. E nos ensinar a oração “Painosso/pão nosso”. Se o pão é só meu, como oPai pode ser nosso?A política das nações pode ser justamenteavaliada pela maneira como a economia lidacom a concretude dos corpos, sem exceção.Um país, como o Brasil, que segrega corpos,condenando-os ao desemprego e à miséria,em nome da estabilidade da moeda e das im-posições do FMI, ainda está longe do portalda civilização. (...)

(Frei Betto. Folha de S.Paulo.Tendências/Debates, 13.02.2000)

Corpos à venda

Movidos pelo desejo legítimo de ter umaaparência melhor, milhares de brasileiros

recorrem à cirurgia plástica como quem vaiàs compras. Para tudo, no entanto, há limite.

“Formas perfeitas ao alcance de todos.” “Te-nha um corpo irresistível.” “Beleza, harmo-nia, sensibilidade... Conceitos ligados à arte,manejados por quem entende do que faz.” Asfrases entre aspas que você acabou de ler pa-

recem tiradas de propagandas de academiade ginástica, de comida light ou até de loja dedecoração. São, na verdade, anúncios de clíni-cas de cirurgia plástica, veiculados em revis-tas especializadas no ramo, como Plástica &Beleza e Corpo & Plástica. Essa é uma dasfaces da popularização das operações estéti-cas no país. Para se ter uma idéia, só no anopassado 350 000 brasileiros caíram na facapara ficar mais bonitos. Ou seja, em cadagrupo de 100 000 habitantes, 207 foramoperados. Os Estados Unidos, tradicionais lí-deres do ranking em números absolutos, re-gistraram no mesmo período 185 operadospor 100 000. Isso significa que o Brasil se tor-nou campeão mundial da categoria. Desde1994, quando entrou em cena o Plano Real,que estabilizou a economia e ampliou o poderde consumo, fazer plástica integra o rol de as-pirações possíveis da classe média. (...)

(Veja. São Paulo, 06.03.2002)

Com base nos textos apresentados, e procu-rando revelar seu ponto de vista sobre o as-sunto, realize uma redação, em forma disser-tativa, sobre o tema:

A REALIDADE DO SER E DO PARECER,NO BRASIL.

Comentário

A reflexão sobre o ser e o parecer é recorrentenos temas de vestibular e, mais uma vez, o candi-dato é solicitado a discorrer sobre o trânsito entreesses dois aspectos. Dois textos servem de su-porte para busca de argumentos que podem serrecolhidos em campos diversos da cultura e dosaber humanos. Bom tema, mesmo porque aosjovens é sempre bom refletir sobre os valores es-senciais e aparentes que regem a sociedade.

português/redação 15