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i Resumo No presente trabalho foi caracterizada a reformação de metanol com vapor de água para produção de hidrogénio para Pilha de Combustível com recurso a diversos reformadores e catalisadores. Foi desenvolvida uma bancada laboratorial de forma a acomodar todos os equipamentos inerentes ao processo de reformação. Foram testados diversos catalisadores com formulações concebidas à base de cobre, óxido de zinco e alumina no IST tendo sido posteriormente comparadas a um catalisador comercial da Sud-Chemie Shiftmax 230. Foi desenvolvido um sistema de automatização de injecções, para análise cromatográfica, nomeadamente, alimentação do reactor e limpeza do loop de amostra do cromatógrafo com recurso a placas da National Instruments e software LabView 8,5. Foram medidos perfis de temperatura axiais ao longo do reformador de forma a se poder calcular a quantidade de calor absorvida pela reacção de reformação. O catalisador da Sud-Chemie demonstrou ser o mais activo e selectivo, com conversões de 100 % e selectividades de 100 % também, capaz de produzir um caudal de hidrogénio com uma potência equivalente de 400W. Palavras-chave: Reformação por vapor de água, metanol, catalisador, hidrogénio, pilha de combustível

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i

Resumo No presente trabalho foi caracterizada a reformação de metanol com vapor de água para produção de hidrogénio para Pilha de Combustível com recurso a diversos reformadores e catalisadores. Foi desenvolvida uma bancada laboratorial de forma a acomodar todos os equipamentos inerentes ao processo de reformação.

Foram testados diversos catalisadores com formulações concebidas à base de cobre, óxido de zinco e alumina no IST tendo sido posteriormente comparadas a um catalisador comercial da Sud-Chemie Shiftmax 230.

Foi desenvolvido um sistema de automatização de injecções, para análise cromatográfica, nomeadamente, alimentação do reactor e limpeza do loop de amostra do cromatógrafo com recurso a placas da National Instruments e software LabView 8,5.

Foram medidos perfis de temperatura axiais ao longo do reformador de forma a se poder calcular a quantidade de calor absorvida pela reacção de reformação.

O catalisador da Sud-Chemie demonstrou ser o mais activo e selectivo, com conversões de 100 % e selectividades de 100 % também, capaz de produzir um caudal de hidrogénio com uma potência equivalente de 400W.

Palavras-chave: Reformação por vapor de água, metanol, catalisador, hidrogénio, pilha de combustível

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Abstract Methanol steam reforming has been characterized using different catalyst formulas and reformers, in order to provide fuel cell grade hydrogen. A bench station has been developed in order to accommodate all the inherent steam reforming equipment.

Several catalyst formulations with copper and zinc oxide developed by IST have been tested and compared to a commercial catalyst from Sud-Chemie, Shiftmax 230.

An automated injection system has been developed for chromatographic analysis that controls the peristaltic pump that carries the reactant and the vaccum pump that cleans the sampling loop using data acquisition devices from National Instruments and Labview 8,5 Software.

Temperature profiles have been along the reformer axix have been taken in order to calculate the amount of heat transfer to the reaction mechanism.

The catalyst from Sud-Chemie has proven to be the most active and selective with methanol conversion rates of 100 % and selectivities of 100 %, able to produce a hydrogen flow with an equivalent power of 400W.

Keywords: steam reforming, methanol, catalyst, hydrogen, fuel cell

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iii

Agradecimentos

Ao Dr. Rui Neto pela sua orientação e ajuda, mostrando-se sempre extremamente disponível ajudando dentro e fora do laboratório, a si um MUITO obrigado.

Ao Prof. Toste de Azevedo que sempre manteve a porta aberta para que se pudessem tirar dúvidas do que quer que fosse e revelou ser uma ajuda crucial neste trabalho.

Aos meus pais Maria da Conceição e Álvaro que sem o apoio deles eu nunca teria chegado onde estou hoje.

À minha namorada Carina que sempre me ajudou em tudo o que pôde, sempre compreendendo o porquê de não poder estar com ela em alguns períodos do meu trabalho.

Ao Gonçalo “Grande” Nunes que me acompanhou neste trabalho como meu colega de laboratório, amigo e parceiro de ginásio, para além de me ter aturado já uns anos valentes no Técnico.

Ao Carlos Ferreira que conheci enquanto trabalhei para a Tese, responsável pela inundação de bolachas no laboratório e imitações de vozes que nos faziam sempre rir mesmo nos momentos mais difíceis.

Ao gang da meia noite do espaço 24 do pavilhão de Civil, sempre disponíveis para beber um café de madrugada quando por vezes o trabalho não corria bem, em particular quero agradecer ao João Correia, Pedro Teixeira, Gonçalo Albuquerque, Inês Freire… os que eu não mencionei aqui não pensem que são menos importantes, apenas não dá para escrever tudo!

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Lista de acrónimos

SRM: Steam Reforming of Methanol

POM: Partial Oxidation of Methanol

ATR: AutoThermal Reforming

WGS: Water-Gas Shift

SR: Steam Reforming

FID: Flame Ionization Detector

TCD: Thermal Conductivity Detector

PEMFC: Proton Exchange Membrane Fuel Cell

PID: Proporcional Integral Derivativo

VI: Virtual Instrument

IST: Instituto Superior Técnico

PE H2 Potência Equivalente de Hidrogénio

PTF: Potência Transferida ao Fluído

PCI: Poder Calorífico Inferior

MeOH: Metanol

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v

Lista de Figuras Figura 1.1 – Exemplo de reactor de membrana [2]. ............................................................................. 10 Figura 1.2 – Esquematização de um reactor de leito fixo [25] .............................................................. 12 Figura 1.3 – Exemplos de reactores de monólito ................................................................................. 13 Figura 1.4 – Exemplo de um micro reactor para reformação em fase gasosa [2] ................................ 14 Figura 2.1 – Bancada experimental com o forno tubular ...................................................................... 16 Figura 2.2 – Esquema representativo do sistema experimental........................................................... 17 Figura 2.3 – Reformador utilizado. ........................................................................................................ 18 Figura 2.4 – Representação esquemática de ligação da bomba de vácuo ao cromatógrafo. ............. 23 Figura 2.5 – Esquematização da ligação do sistema de automatização das bombas de vácuo e peristálticas ........................................................................................................................................... 24 Figura 2.6 – Interface gráfica do software desenvolvido sob a forma de instrumento virtual (VI) de controlo das bombas de vácuo e peristáltica ........................................................................................ 25 Figura 2.7 – VI de controlo e aquisição de dados para o termopar ...................................................... 26 Figura 2.8 – Esquematização do reformador com guia de termopar. .................................................. 29 Figura 3.1 - Variação da conversão de metanol com a temperatura para uma velocidade espacial de 675 h-1 para uma solução na proporção 1:2 de metanol-água a uma temperatura inicial de 500 ºC e decrescendo a 1 ºC/min, com o catalisador ShiftMax 230. .................................................................. 32 Figura 3.2 - Variação da fracção molar de gases à saída do reformador com a temperatura para uma velocidade espacial de 675 h-1 e uma solução na proporção 1:2 de metanol-água começando a 500 ºC e decrescendo a 1 ºC.min-1, com o catalisador ShiftMax 230. ........................................................ 33 Esta figura revela que para uma temperatura inicial de 500 ºC com rampa decrescente de 1 ºC.min-1, a produção de H2 situa-se aproximadamente nos 80 %, tal como a produção de CO é aproximadamente 0 % e a de CO2 se encontra perto dos 20 %. Estes valores mantêm-se até aos 110 ºC, altura a partir da qual, a produção de H2 começa a decrescer, encontrando-se a 60 % para 80 ºC, também a produção de CO2 tendencialmente decresce, sendo que a oxidação do CO é mais difícil a temperaturas baixas, existindo assim um aumento no CO à saída para temperaturas mais baixas. Isto poderá dever-se a um aumento relativo da importância da reacção decomposição do metanol e grande diminuição da importância da reacção de reformação e tal como é observado na figura 3.1. De acordo com Peppley et al (1999) estas são as equações que descrevem a velocidade de produção do H2, CO, CO2, rH2, rCO, rCO2 respectivamente, em função das velocidades das reacções de reformação, decomposição e WGS. ................................................................................................ 33 Figura 3.3 - Variação da selectividade ao CO2 com a temperatura à velocidade espacial de 675 h-1 de uma solução de proporção 1:2 de metanol-água em regime de temperatura decrescente começando em 500 ºC e decrescendo a 1 ºC/min, com o catalisador ShiftMax 230 .............................................. 34 Figura 3.4 – Variação da conversão de metanol com a velocidade espacial para uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 respectivamente a uma temperatura de 500 ºC, com o catalisador ShiftMax 230. ........................................................................................................................................ 36 Figura 3.5 – Variação da percentagem de volume molar dos produtos em base seca em função da valocidade espacial para uma temperatura de 500 ºC e uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 respectivamente, com o catalisador ShiftMax 230 ......................................................................... 36 Figura 3.6 – Variação da selectividade para com o CO2 em função da velocidade espacial para uma temperatura de 500 ºC e uma mistura de MeOH/H2O na proporção de 1:2 respectivamente, com o catalisador ShiftMax 230. ...................................................................................................................... 37 Figura 3.7 – Variação da conversão de metanol com o tempo para um caudal de solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 respectivamente, uma temperatura de 500 ºC e uma velocidade espacial de 675 h-1, com o catalisador ShiftMax 230. .......................................................................... 38 Figura 3.8 – Varaiação da fracção molar de produtos em base seca ao longo do tempo para uma velocidade espacial de 675 h-1 e MeOH/H2O na proporção de 1:2 e uma temperatura de 500 ºC, com o catalisador ShiftMax 230. ................................................................................................................... 39

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vi

Figura 3.9 – Variação da selectividade com o tempo para uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 com uma velocidade espacial de 675 h-1 uma temperatura de 500 ºC, com o catalisador ShiftMax 230. ........................................................................................................................................ 39 Figura 3.10 – Variação da conversão de metanol com o tempo para uma velocidade espacial de 675 h-1 de solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 com a temperatura a começar em 500 ºC e a decrescer a uma taxa de 1 ºC.min-1 para o catalisador 100%CuAl2O33mm. ....................................... 40 Figura 3.11 – Variação da conversão de metanol com a temperatura começando a 500 ºC e decrescendo a uma taxa de 1 ºC.min-1 para uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 respectivamente com uma velocidade espacial de 675 h-1 para o catalisador 100%CuAl2O33mm. .... 41 Figura 3.12 – Variação da selectividade com a temperatura, começando esta em 500 ºC e decrescendo a uma taxa de 1 ºC.min-1 para uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 com uma velocidade espacial de 675 h-1 para o catalisador 100%CuAl2O33mm. ....................................... 42 Figura 3.13 – Variação da conversão de metanol com a velocidade espacial para uma solução MeOH/H2O na proporção de 1:2 a uma temperatura de 500 ºC, para o catalisador 100%CuAl2O33mm .............................................................................................................................................................. 43 Figura 3.14 – Variação da fracção molar de produtos em base seca à saída do reformador em função da velocidade espacial para uma temperatura de 500 ºC e uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 respectivamente para o catalisador 100%CuAl2O33mm. .......................................................... 44 Figura 3.15 – Variação da selectividade para com o CO2 com a velocidade espacial para um catalisador 100 % Cu com suporte em esferas de alumina com 3 mm de diâmetro para uma temperatura de 500 ºC, para o catalisador 100%CuAl2O33mm. .......................................................... 45 Figura 3.16 – Variação da conversão de metanol com o tempo para um catalisador 100 % Cu com suporte em esferas de alumina de 3 mm para uma temperatura de 500 ºC e uma velocidade espacial de 675 h-1 de MeOH/H2O na proporção de 1:2, para o catalisador 100%CuAl2O33mm. ..................... 45 Figura 3.17 – Fracção molar em base seca dos produtos da reformação para o catalisador 100%CuAl2O33mm ao reagir com uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 com uma velocidade espacial de 675 h-1 a uma temperatura de 500 ºC. ............................................................ 46 Figura 3.18 – Variação da selectividade para o CO2 no catalisador 100%CuAl2O33mm para uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 com uma velocidade espacial de 675 h-1....................... 47 Figura 3.19 – Variação da conversão de metanol com a temperatura começando esta a 500 ºC e decrescendo a uma taxa de 1 ºC.min-1 para uma solução de MeOH/H2O numa proporção de 1:2 com uma velocidade espacial de 675 h-1 quando esta reage com o catalisador 100%CuAl2O31,5mm. ..... 48 Figura 3.20 – Variação da fracção molar com a temperatura, começando esta a 500 ºC e decrescendo com uma rampa de 1 ºC.min-1, para uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 respectivamente e para uma velocidade espacial de 675 h-1 o reagir com o catalisador 100%CuAl2O31,5mm. ............................................................................................................................ 49 Figura 3.21 – Variação da selectividade para com o CO2 de o catalisador 100%CuAl2O31,5mm para uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 com uma velocidade espacial para uma temperatura a começar em 500 ºC e a decrescer a uma taxa de 1 ºC.min-1. ...................................... 50 Figura 3.22 – Conversão de metanol com a velocidade espacial para um catalisador 100 % Cu com suporte em esferas de alumina de 1,5 mm de diâmetro, sujeito a uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 a uma temperatura de 500 ºC. ................................................................................. 51 Figura 3.23 – Fracções molares dos produtos à saída do reformador em função da velocidade espacial para um catalisador 100 % Cu com suporte em esferas de alumina com 1,5 mm de diâmetro, sujeito a uma solução MeOH/H2O na proporção de 1:2 a uma temperatura de 500 ºC. ..... 51 Figura 3.24 – Variação da selectividade para com o CO2 com a velocidade espacial de um catalisador 100 % Cu com suporte em esferas de 1,5 mm de alumina, quando sujeito a uma solução MeOH/H2O na proporção de 1:2 a uma temperatura de 500 ºC. ......................................................... 52 Figura 3.25 - Variação da fracção molar com o tempo para uma velocidade espacial de solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 respectivamente de 675 h-1 ao reagir com um catalisador 100 % Cu suportado em esferas de 1,5 mm de diametro de alumina a uma temperatura de 500 ºC. ................. 53

Page 7: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

vii

Figura 3.26 – Variação da fracção molar com o tempo para uma velocidade espacial de solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 respectivamente de 675 h-1 ao reagir com um catalisador 100 % Cu suportado em esferas de 1,5 mm de diametro de alumina a uma temperatura de 500 ºC. ................. 53 Figura 3.27 – Variação da selectividade para com o CO2 com o tempo para um catalisador 100 % Cu com suporte em esferas de alumina de 1,5 mm de diâmetro para uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 respectivamente com uma velocidade espacial de 675 h-1 para uma temperatura de 500 ºC. .................................................................................................................................................. 54 Figura 3.28 – Conversão de metanol em função da temperatura para um catalisador Cu/ZnO na proporção de 1:1 para uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 com uma velocidade espacial de 675 h-1, para uma temperatura a começar nos 500 ºC e a decrescer a uma taxa de 1 ºC.min-1. ... 55 Figura 3.29 – Fracção molar dos produtos à saída do reformador em base seca em função da temperatura, com esta começando nos 500 ºC e diminuindo a uma taxa de 1 ºC.min-1, para um catalisador Cu/ZnO na proporção de 1:1 com suporte em esferas de silício de 1 mm de diâmetro quando alimentado com uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 e uma velocidade espacial de 675 h-1. ............................................................................................................................................. 56 Figura 3.30 – Valores de selectividade para com o CO2 de um catalisador Cu/ZnO na proporção de 1:1 com suporte em esferas de silício com 1 mm de diâmetro quando reage com uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 respectivamente com uma velocidade espacial de 675 h-1, para uma temperatura a começar nos 500 ºC e a decrescer à taxa de 1 ºC.min-1. ............................................. 56 Figura 3.31 – Conversão do metanol em função da velocidade espacial para uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 a uma temperatura de 500 ºC, utilizando um catalisador Cu/ZnO na proporção de 1:1 com suporte em esferas de silício com 1 mm de diâmetro. ..................................... 57 Figura 3.32 – Variação da fracção molar de produtos à saída do reformador em base seca com a velocidade espacial para uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 utilizando um catalisador Cu/ZnO na proporção 1:1 com suporte em esferas de 1 mm de diâmetro a uma temperatura de 500 ºC. ......................................................................................................................................................... 58 Figura 3.33 – Variação da selectividade para com a formação de CO2 com a velocidade espacial para um catalisador Cu/ZnO na proporção de 1:1 suportado em esferas de silício de 1 mm de diâmetro quando reage com uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 a uma temperatura de 500 ºC. 58 Figura 3.34 – Variação da conversão de metanol com o tempo ao longo de um ensaio de 8 horas para um catalisador Cu/ZnO na proporção de 1:1 suportado em esferas de sílica com 1 mm de diametro, quando sujeito a uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 com uma velocidade espacial de 675 h-1 e a uma temperatura de 500 ºC. ........................................................................... 59 Figura 3.35 – Variação da fracção molar dos produtos da reformação em base seca ao longo do tempo para um catalisador Cu/ZnO na proporção 1:1 suportado em esferas de silício de 1 mm de diametro, quando sujeito a uma solução MeOH/H2O na proporção de 1:2 respectivamente a uma velocidade espacial de 675 h-1 e a uma temperatura de 500 ºC. ......................................................... 60 Figura 3.36 – Variação da selectividade para com o CO2 com o tempo para um catalisador Cu/ZnO na proporção de 1:1 com suporte em esferas de silício de 1 mm de diâmetro, quando sujeito a uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 com uma velocidade espacial de 675 h-1 a uma temperatura de 500 ºC. ......................................................................................................................... 60 Figura 3.37 – Perfis térmicos retirados do interior do reformador com recurso a um termopar série K, com o controlador do forno regulado para 500 ºC, tendo o reformador no seu interior o catalisador da Sud-Chemie Shiftmax 230 a reagir com uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2. ............... 64 Figura 3.38 – Perfis térmicos retirados do interior do reformador com recurso a um termopar série K, com o controlador do forno regulado para 500 ºC, tendo o reformador no seu interior o catalisador 100%CuAl2O33mm a reagir com uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2. .......................... 66

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viii

Lista de Tabelas

Tabela 1.1 – Características de reformação de alguns hidrocarbonetos seleccionados [2] .................. 3

Tabela 1.2 – Densidades energéticas de baterias vs células de combustível [2] .................................. 4

Tabela 1.3 – Mecanismo de reacção [7] ................................................................................................. 6

Tabela 2.2 – Catalisadores testados .................................................................................................... 20

Tabela 2.3 – Parâmetros de configuração do cromatógrafo para os vários ensaios: .......................... 22

Tabela 2.4 – Composição da solução de metanol para proporções de 33 %, 40 %, 43 % e 47 % de metanol em massa, para soluções de 190 g. ....................................................................................... 26

Tabela 3.1 – Perda de massa dos catalisadores utilizados. ................................................................. 61

Tabela 3.2 – Comparativo entre catalisadores Conversão de metanol versus Temperatura .............. 63

Tabela 3.3 – Título Comparativo entre catalisadores – Selectividade à formação de CO2 versus Temperatura .......................................................................................................................................... 63

Tabela 3.4 – Potencia transferida para o fluido e equivalente de hidrogénio em função da velocidade espacial. ................................................................................................................................................ 67

Page 9: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

ix

Índice Resumo ................................................................................................................................................... i

Abstract .................................................................................................................................................. ii

Agradecimentos ................................................................................................................................... iii

Lista de acrónimos .............................................................................................................................. iv

Lista de Figuras ..................................................................................................................................... v

1 - Introdução ........................................................................................................................................ 1

1.1 - Necessidade do uso de metanol ................................................................................................ 1

1.2 - Vantagens de se usar o metanol ................................................................................................ 4

1.3 - Processos de obtenção de hidrogénio a partir do metanol ........................................................ 5

1.3.1 - Reformação de metanol com vapor de água (SRM) ........................................................... 5

1.3.1.1 - Mecanismo de reacção e cinética química ................................................................... 6

1.3.2 - Oxidação Parcial (POM) ...................................................................................................... 6

1.3.3 - Reformação Autotérmica (ATR) .......................................................................................... 7

1.3.4 - Desenvolvimento de catalisadores para reformação de metanol ....................................... 8

1.4 - Reactores .................................................................................................................................. 10

1.4.1 - Reactor de leito fixo ........................................................................................................... 11

1.4.2 - Reactor de monólito ........................................................................................................... 12

1.4.3 - Permutadores de calor com revestimento catalítico e micro reactores em geral.............. 13

1.4.4 - Desenvolvimento e configuração de reactores para reformação de metanol ................... 14

1.5 - Mérito da corrente Dissertação ................................................................................................. 15

2 - Procedimento Experimental ......................................................................................................... 16

2.1 – Descrição do equipamento experimental................................................................................. 16

2.1.1 - Reformador ........................................................................................................................ 17

2.1.2 - Forno .................................................................................................................................. 18

2.1.3 - Catalisadores ..................................................................................................................... 19

2.1.4 - Cromatógrafo ..................................................................................................................... 20

2.1.5 - Bomba peristáltica ............................................................................................................. 22

2.1.6 - Bomba de vácuo ................................................................................................................ 22

2.1.7 - Caudalímetros .................................................................................................................... 23

2.1.8 - Manga de aquecimento ..................................................................................................... 23

2.1.9 - PC de comando e sistema de automatização ................................................................... 24

2.2 - Metodologia de ensaio .............................................................................................................. 26

2.2.1 - Reformação ....................................................................................................................... 26

2.2.1.1 - Preparação da solução MeOH/H2O ............................................................................ 26

2.2.1.2 - Preparação do catalisador [31] ................................................................................... 27

2.2.1.3 - Sinterização e redução [31] ........................................................................................ 28

2.2.1.4 - Testes de reformação ................................................................................................. 28

Page 10: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

x

2.2.2 - Ensaios térmicos ................................................................................................................ 29

2.2.2.1 - Procedimento experimental ........................................................................................ 29

2.2.2.1.1 - Perfil de temperatura ao longo do eixo axial do reformador ............................... 29

2.2.2.1.2 - Quantidade de calor absorvida pelo fluido de passagem.................................... 30

2.2.3 - Ensaios mecânicos no catalisador .................................................................................... 31

3 - Resultados e discussão ................................................................................................................ 31

3.1 - Reformação .............................................................................................................................. 31

3.1.1 - Sud-Chemie ShiftMax 230 ................................................................................................. 31

3.1.1.1 - Influência da temperatura ........................................................................................... 32

3.1.1.2 - Influência da velocidade espacial ............................................................................... 35

3.1.1.3 - Longevidade ............................................................................................................... 38

3.1.2 - Catalisador 100 % Cu com suporte em esferas de alumina de 3 mm de diâmetro .......... 40

3.1.2.1 - Influência da temperatura ........................................................................................... 40

3.1.2.2 - Influência da velocidade espacial ............................................................................... 42

3.1.2.3 - Longevidade ............................................................................................................... 45

3.1.3 - Catalisador 100 % Cu com suporte em esferas de alumina de 1,5 mm de diâmetro ....... 47

3.1.3.1 - Efeito da temperatura ................................................................................................. 48

3.1.3.2 - Efeito da velocidade espacial ..................................................................................... 50

3.1.3.3 - Longevidade ............................................................................................................... 52

3.1.4 - Catalisador Cu/ZnO na proporção de 1:1 com suporte em esferas de SiO2 de 1 mm de diâmetro ........................................................................................................................................ 54

3.1.4.1 - Efeito da temperatura ................................................................................................. 54

3.1.4.2 - Efeito da velocidade espacial ..................................................................................... 57

3.1.4.3 - Longevidade ............................................................................................................... 59

3.2 - Ensaios mecânicos ao catalisador ........................................................................................... 61

3.2.1 - Comparação do desempenho dos catalisadores .............................................................. 61

3.2.2 - Conversão .......................................................................................................................... 63

3.2.3 - Selectividade à formação de CO2 ...................................................................................... 63

3.3 - Perfis de temperatura ............................................................................................................... 64

3.3.1 - Catalisador Sud-Chemie Shiftmax 230 .............................................................................. 64

3.3.2 - Catalisador 100 % Cu com suporte em esferas de alumina de 1,5 mm ........................... 65

3.4 - Potência transferida para o fluido e potência equivalente de hidrogénio ................................. 66

4 – Conclusões .................................................................................................................................... 69

5 - Referências ..................................................................................................................................... 70

Page 11: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

1

1 - Introdução

A conversão catalítica de substâncias como o etanol, metanol, açúcares, entre outros está a

despertar cada vez mais interesse como via de produção sustentável de hidrogénio para algumas

aplicações onde é importante a compactação do sistema.

A reformação catalítica do metanol tem vindo a ser estudada nos últimos 30-40 anos e a sua

decomposição em CO e H2 tem sido utilizada comercialmente na indústria do aço como método de

carbonização do aço.

A produção catalítica de hidrogénio por decomposição do metanol recebeu muita atenção na década

de 80, numa tentativa de baixar as emissões poluentes e aumentar a eficiência nos motores de

combustão interna e também de se melhorar o arranque a frio de motores a álcool. No entanto a

decomposição do metanol é um processo inadequado para aplicações em células de combustível,

dado que o CO resultante da reacção envenena o catalisador das pilhas, necessitando por isso de

um sistema de retenção do CO.

1.1 - Necessidade do uso de metanol

Hoje em dia existe um grande problema com o sistema de transporte de combustíveis.

Existem regulamentações apertadas para as especificações de transporte de combustíveis,

tendência geral para a exploração de crude pelo mundo inteiro e a incerteza acerca do futuro das

fontes de petróleo forçam a procura por fontes de energia alternativas.

Veículos alimentados por PEMFC (da literatura inglesa Proton Exchange Membrane Fuel Cell) estão

cada vez mais próximos da comercialização. Ao contrário dos motores de combustão interna, as

PEMFC não estão limitadas pela eficiência térmica do ciclo de Carnot, assim sendo, a utilização do

combustível é muito mais eficiente que em motores térmicos. Além do mais, as células de

combustível são silenciosas, não possuem peças móveis e as emissões de poluentes são baixas ou

mesmo não existentes. O combustível por excelência para as células de combustível é o hidrogénio.

Comparado com a gasolina ou diesel que presentemente dominam o sector da transportação, o

hidrogénio oferece vantagens significativas. Primeiro, o hidrogénio é um transportador de energia e

não uma energia primária e como tal, pode ser produzido de um vasto leque de recursos disponíveis

na Natureza, ao contrário da gasolina e do diesel onde a escassez de petróleo é um factor

determinante.

Os recursos disponíveis para produção de hidrogénio incluem a biomassa, gás natural, gás de aterro

petróleo e carvão.

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2

Segundo, o hidrogénio pode ser queimado com um mínimo de emissões poluentes e pode ser

aplicado a células de combustível para produção de energia eléctrica sem qualquer tipo de emissões

excepto vapor de água. Quando utilizado em veículos alimentados por pilhas de combustível, o

hidrogénio evita dois grandes problemas existentes nos veículos eléctricos, a curta autonomia

oferecida pelas baterias e tempo demorado para recarga das baterias, enquanto se conseguem os

mesmos benefícios dos carros eléctricos. O hidrogénio também oferece a oportunidade para

produção de energia eléctrica livre de emissões poluentes através da geração distribuída. Este

conceito permite a produção de energia não em grandes centrais que transmitem a energia eléctrica

através de grandes distâncias, mas sim através de centrais mais pequenas, capazes de produzir

energia a nível local.

O hidrogénio pode ser armazenado directamente ou produzido “on-board” por reformação do metanol

ou de outros hidrocarbonetos derivados do petróleo. Ogden et al (1999) compara as três opções

líderes de armazenamento de combustível em veículos equipados com células de combustível em

termos de desempenho do veículo, economia de combustível, peso e custo para vários parâmetros

de funcionamento. As três opções são armazenamento por hidrogénio comprimido, SRM “on-board”

e sistema de oxidação parcial de gasolina “on-board”. Demonstraram que os veículos equipados com

sistemas de reformação possuem dois terços da autonomia comparativamente aos alimentados

directamente por hidrogénio, isto deve-se a uma menor eficiência uma vez que a reformação não tem

um rendimento de 100 %, a célula de combustível não responde tão bem ao gás reformado, os

sistemas de reformação acrescentam peso ao veículo e o tempo de resposta é menor. Por fim

concluíram que o hidrogénio armazenado é o combustível preferido para pillhas de hidrogénio que

equipam estes veículos.

Embora o hidrogénio seja preferido no que respeita a veículos equipados com pilhas de combustível,

por motivos de projecto do veículo, custo, eficiência e benefícios ambientais, a produção “on-board”

de hidrogénio é uma alternativa promissora quando se pensa em fases iniciais de comercialização

destes veículos até que sejam desenvolvidos sistemas de produção, transporte e armazenamento de

hidrogénio viáveis.

A selecção do reagente primário para geração de hidrogénio é resultado de um compromisso entre o

valor energético do reagente, as condições de temperatura para o processo de reformação, a

composição dos gases formados durante a reformação e o custo do reagente. A tabela 1.1 indica os

diferentes aspectos da reformação de alguns hidrocarbonetos, entre eles, encontra-se o metanol, o

qual aparenta ser o melhor em termos de elevada densidade energética e temperaturas de reacção

relativamente baixas, deve também ser mencionado que o volume de CO produzido é baixo (1 % ou

menos) com alguns catalisadores comerciais como o Shiftmax 230 da Sud-Chemie.

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3

Tabela 1.1 – Características de reformação de alguns hidrocarbonetos seleccionados [2]

Fracções Volúmicas [%]

Reagente Custo de 1 kg

[$USD] Calor específico de combustão [kJ/g]

Temperatura de Reformação [K] H2 CO

Metano 0,05-0,10 -50,1 100 76 17,3 Propano 0,40-0,80 -46,5 700 74 7,2

Butano - -45,7 700 74 9,3

Octano 0,60-0,80 -44,7 >1000 70,8 20,4

Metanol 0,15-0,25 -19,7 533 74,4 4,3

Etanol 0,20-0,30 -26,8 600 73,2 4,3 Dimetil

Éter - -28,8 533 74,4 4,2

Por outro lado, o metanol em solução aquosa aparenta ser o combustível de eleição para aplicação

em células de combustível portáteis. As baterias convencionais possuem uma densidade energética

baixa e necessitam de ser recarregadas periodicamente enquanto as células de combustível

produzem energia continuamente desde que seja fornecido reagente. As células de combustível

podem gerar até 10 vezes mais energia que uma bateria de iões de lítio com o mesmo volume

(tabela 1.2). Mesmo com uma eficiência de 5 % na globalidade (por hipótese) uma célula de

combustível com sistema de reformação produz mais energia que uma bateria de iões de lítio

equivalente [3].

A tabela 1.2 apresenta as diferentes densidades energéticas das baterias actuais e de reagentes

para células de combustível.

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4

Tabela 1.2 – Densidades energéticas de baterias vs células de combustível [2]

Tecnologia Densidade energética [kWh/l] Densidade energética

[kWh/kg]

Células secundárias Pb - ácido 0,07 0,035

Ni-Cd 0,17 0,055 Ni-MH 0,25 0,07 Li-ion 0,35 0,12

Li-polímero 0,35 0,2 Células de

combustível Metanol 4,384 5,6 Butano 7,29 12,6

Iso-octano 8,68 12,34 Etanol 5,9 7,5 Diesel 8,7 12,4

Hidrogénio gasoso 0,64 33,3 Hidrogénio líquido 2,36 33,3

Embora a tecnologia das DMFC (da literatura inglesa Direct Methanol Fuel Cell) tenha sido, em

tempos, promissora para utilização em pequenos aparelhos domésticos como computadores

portáteis, PDA e máquinas fotográficas, esta tecnologia revelou ser dispendiosa quando são

necessárias potências acima de 10 W. Assim sendo a produção de hidrogénio através da reformação

de metanol para operar pilhas de combustível que equipem este tipo de equipamento portátil é

deveras promissora. O desenho do sistema reformador mais pilha deverá ser o mais reduzido

possível em termos de dimensões e peso de forma a não só ser mais portátil, mas também de forma

a conseguir responder mais rapidamente a regimes transientes.

1.2 - Vantagens de se usar o metanol

Devido à sua elevada razão hidrogénio/carbono (4:1) e à sua simplicidade molecular (ausência de

ligações C-C), o metanol tem sido estudado como fonte de hidrogénio. De acordo com [2], a

reformação deste composto ocorre a temperaturas relativamente baixas (200ºC – 350ºC) ao contrário

do que acontece na reformação da gasolina (800ºC – 900ºC), no entanto, recorrendo a catalisadores

comerciais, foram conseguidas taxas de conversão de 100% de metanol a 170ºC.

O metanol é um composto livre de enxofre, como tal, não necessita de operações de dessulfurização

como acontece com outros combustíveis como a querosene e a gasolina.

O metanol é também o terceiro composto químico mais produzido a nível mundial perdendo para o

etileno e para a amónia, 90% do metanol no mercado actualmente é produzido através de gás

natural, sendo possível produzir metanol a partir da gaseificação de carvão, bem como de biomassa.

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5

A electrólise da água em H2 e O2, embora tenha uma eficiência de 70% a 94%, tem o problema da

necessidade de amadurecimento técnico e de redução de custos quer dos electrolisadores alcalinos

assim como os com membranas PEM.

1.3 - Processos de obtenção de hidrogénio a partir do metanol

Os processos mais viáveis de obtenção de hidrogénio a partir do metanol no que toca a aplicações

de células de combustível são os processos de reformação de metanol com vapor de água – SRM

(da língua inglesa steam reforming of methanol), os processos de oxidação parcial do metanol – POX

(da língua inglesa partial oxidation) e a reformação combinando os dois métodos acima enunciados,

a reformação autotérmica - ATR (da língua inglesa autothermal reforming). Embora não seja

abordada nesta Tese, a produção fotocatalítica de hidrogénio a partir de uma solução água/álcool

está-se a revelar num tema não só bastante interessante como promissor, Strataki et al (2010)

conseguiram atingir eficiências de 74% utilizando uma solução água/etanol [4].

A escolha do processo de reformação a utilizar depende de alguns factores como características de

operação, aplicação do reformado, a origem do combustível e das condições térmicas.

Quanto à qualidade do metanol, é usual utilizar-se metanol de grau analítico (metanol com menos

impurezas), no entanto investigações concluíram que o metanol originário de fontes como carvão,

conseguem também produzir hidrogénio puro o suficiente para PEMFC, Yoon e Erickson (2008)

estudaram a reformação de metanol derivado de carvão em processo autotérmico [5]. Verificaram

que este metanol mesmo tendo mais impurezas que o metanol de grau analítico pode ser utilizado

para reformação autotermica com pouca degradação do catalisador (degradação ocorre devido aos

hidrocarbonetos considerados impurezas), devido às altas temperaturas de funcionamento, no

entanto a concentração de H2 é menor ao invés de steam reforming devido à presença do ar como

oxidante. Concluiram que a reformação autotermica de metanol derivado do carvão é um solução

viável para produção de H2 para pilhas de combustível.

1.3.1 - Reformação de metanol com vapor de água (SRM)

A reformação com vapor de água já foi largamente aplicada a hidrocarbonetos, especialmente

metano. É a mais madura e mais bem estabelecida tecnologia para produção de hidrogénio.

A SRM refere-se à reacção química da água com metanol para obter hidrogénio, ocorrendo

tipicamente a temperaturas entre os 200ºC e os 300ºC e à pressão atmosférica.

Na composição dos produtos da reacção pode-se encontrar cerca de 75% de H2 mantendo a sua

elevada selectividade para o CO2. As maiores desvantagens deste processo são a lentidão da

velocidade da reacção e a sua natureza endotérmica, embora o fornecimento energético seja

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6

elevado, existem já algumas soluções comerciais baseadas na reformação tais como pequenos

reformadores para obtenção autosustentada de hidrogénio da Haldor Topsoe [2] e veículos movidos

por pilhas de combustível, os quais incorporam um sistema de reformação onboard da Daimler-

Chrysler, Toyota, Daihatsu, Honda, Mazda, Mitsubishi, Volkswagen, Ford, GM/Opel e Nissan.

A SRM é geralmente operada com 30% de excesso de vapor de água de forma a oxidar o CO para

CO2, factor crucial para operação em pilhas.

A formação de subprodutos da reacção na SRM utilizando catalisadores à base de cobre é

geralmente baixa. A produção de CO, formato de metil e ácido fórmico, reportada por alguns

investigadores ([6]) afecta danosamente o desempenho das células de combustível. É possível

minimizar as quantidades de CO utilizando excesso de vapor ou integrando um reactor que promova

a WGS (da língua inglesa Water-Gas Shift, cuja reacção se encontra na tabela 1.3) a seguir ao

reformador.

1.3.1.1 - Mecanismo de reacção e cinética química

O mecanismo de reacção, entalpias de reacção, energias de activação e factores pré-exponenciais

são apresentados na tabela 1.3.

Tabela 1.3 – Mecanismo de reacção [7]

Nome da Reacção Reacção

Hr

(kJ.mol-1)

Ea

(kJ.mol-1)

A

(mol.gcat-1s-1kPa-1)

Decomposição do Metanol CH3OH <-> 2H2 + CO 91 95,418 1,12

Steam Reforming do Metanol CH3OH + H2O <-> 3H2 + CO2 50 56,087 6,75

WGS CO + H2O <-> H2 + CO2 -41 39,876 0,0023

Como se pode constatar pela tabela apresentada as duas primeiras reacções, apresentam uma

entalpia de reacção superior a zero, indicando o seu comportamento endotérmico, a WGS por ter um

valor negativo, tende a ser contrariada com o fornecimento de calor, podendo dar lugar à RWGS (da

língua inglesa Reverse Water-Gas Shift), a qual induz um aumento de CO e consumo de H2.

1.3.2 - Oxidação Parcial (POM)

A oxidação parcial foi sugerida como uma alternativa bastante atractiva à SRM. Na oxidação parcial,

o metanol reage com uma quantidade de oxidante (geralmente O2), sendo este último fornecido em

quantidade inferior à estequeométrica em caso de combustão completa. Comparada com a SRM,

esta tecnologia oferece vantagens tais como o tamanho reduzido do reactor, a resposta rápida do

Page 17: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

7

sistema a solicitações rápidas e a possível mitigação do problema dos depósitos de coque. A

reacção é mais exotérmica que a SRM, sendo que se evita o fornecimento de calor para que ocorra a

reacção. As principais desvantagens são que o metanol e o oxidante têm de ser pré misturados, por

vezes em proporções que tornam a mistura inflamável ou mesmo explosiva, particularmente se o

sistema tem de reagir a pequenas perturbações como o bombeamento da mistura ou a vaporização

da mesma.

A produção de hidrogénio via oxidação parcial tem sido alvo de estudos recentes. Muitos

catalisadores apresentados para compostos com moléculas de oxigénio leves (metanol e etanol por

exemplo), verificam selectividade e estabilidade de forma a serem aplicados em situações práticas. A

oxidação parcial para compostos oxigenados mais complexos é pouco falada na literatura.

A oxidação parcial pode teoricamente produzir um gás com 67 % de hidrogénio em caso de

conversão completa. No entanto, no caso de uma aplicação automóvel, o O2 será fornecido através

de um compressor por exemplo, o que irá diluir o H2 de 67 % para 41 % que neste caso é o gás com

interesse. O que torna a oxidação parcial para produção de hidrogénio a bordo do automóvel menos

interessante.

A reacção é dada por:

12 2

1.3.3 - Reformação Autotérmica (ATR)

A ideia de combinar POM e a SRM foi primeiramente sugerida em 1986 por Huang e Wang, que

propuseram um novo caminho de reacção para se produzir H2 a partir de metanol. A reacção

combinada de reformação promoveu um novo método para se produzir hidrogénio enquanto se tem

relativamente selectividade alta e baixas concentrações de CO, mantendo as características de um

sistema dinâmico.

A reformação combinada pode ser feita em regime endotérmico, exotérmico ou neutro (auto térmico),

dependendo da razão oxigénio/metanol. O número de investigações no campo da reformação

combinada tem vindo a aumentar, bem como o número de publicações ([8], [7], [9]). O maior

subproduto proveniente desta reacção é o CO, no entanto, as formações de formato de metilo e

ácido fórmico também foram verificadas.

A reacção para reformação autotérmica é dada por:

4 3

4 11 [8]

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8

1.3.4 - Desenvolvimento de catalisadores para reformação de metanol

Uma vasta variedade de catalisadores é adequada para a reformação do metanol, nomeadamente os

catalisadores utilizados na síntese de metanol, em processos de “water-gas shift” (WGS), estes são

tipicamente Cu/ZnO/Al2O3, podendo dopar estes com ZrO2 ou CeO2. Também catalisadores Pd/ZnO

são bastante utilizados, os suportes também podem variar, tem-se Al2O3, SiO2, para citar alguns.

Catalisadores comerciais de Cu/ZnO para síntese de metanol e WGS provaram ser activos na SRM.

Shimokawabe et al reportaram que um catalisador bastante activo foi um Cu/ZrO2 preparado por

impregnação de um substrato ZrO2 com uma solução aquosa à base de [Cu(NH3)4][NO3)2], o qual

demonstrou ser mais activo que o seu correspondente Cu/SiO2. O bom desempenho do ZrO2 como

substrato para os catalisadores à base de cobre fez com que se produzissem catalisadores Cu/ZrO2

muito activos através dos melhores métodos de preparação, os quais incluem impregnação de sais

de cobre no ZrO2, precipitação do cobre, formação de aerogéis amorfos e através de micro emulsão.

A ideia por trás desta preparação é de deixar o suporte de Zr no estado amorfo durante a calcinação

e reacção de formação do óxido para manter os níveis de actividade. O maior inconveniente da

cristalização de Zr é a redução de área activa tanto do suporte como do cobre. É necessário também

manter uma elevada relação de área interfacial cobre/zircónio para evitar a desactivação do

catalisador. Zircónio tetragonal pode ser estabilizado incorporando óxidos de alumina, itrio e lantânio,

evitando ou na pior das hipóteses minimizando a sua cristalização. Breen e Ross (1999) descobriram

catalisadores Cu/ZnO/ZrO2 activos a temperaturas como 170ºC, desactivando-se severamente a

temperaturas acima de 320ºC. No entanto a desactivação é inibida com a inclusão de alumina. A

introdução de alumina melhorou o catalisador, dado que aumenta a temperatura de cristalização do

ZrO2, o qual permanece amorfo à temperatura da reacção e ainda aumenta a área activa tanto do

cobre como do zircónio, aumentando a actividade do catalisador.

As propriedades catalíticas do cobre para SRM são significativamente diferentes das de outros

materiais de transição. Foram feitas diversas investigações para determinar o comportamento de

metais de transição do grupo 9-10 na reformação de álcoois. A maior diferença entre o cobre e

outros metais de transição encontra-se na sua selectividade para com o CO2 [12]. Outras

investigações demonstraram concentrações de CO até cerca de 25% na SRM com outros metais de

transição que não o cobre, resultados comparáveis com a via da decomposição do metanol [12]. A

influência do suporte também provou ser relevante.

Huang et al. (2009) estudaram a aplicação de catalisadores à base de CuO/ZnO/CeO2/ZrO2/Al2O3

para reformação de metanol tendo como base o Nissan Girdler G66B, um catalisador comercial.

Demonstraram que a adição de ZrO2 melhora a estabilidade do catalisador e promove a reformação

do metanol, sendo que o oposto acontece com a introdução de CeO2 e de Al2O3. Concluíram ainda

que Al2O3 deve de ser acrescentado de forma a conceder resistência mecânica ao catalisador, sendo

que, catalisadores à base de CuO/ZnO/ZrO2/Al2O3 são bons candidatos para catalisador na

reformação do metanol.

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9

Miyao et al. (2005), estudaram o efeito de diferentes óxidos como suporte para catalisadores de base

Pt-Ru para reformação de metanol líquido, sendo que os óxidos utilizados foram, SiO2, TiO2, Al2O3,

MgO, CeO2 e ZrO. Verificaram que os óxidos básicos melhoraram a selectividade para o CO2 sendo

que os ácidos diminuíram a mesma selectividade bem como a actividade catalítica. Demonstraram

ainda que o suporte TiO2 foi o que verificou melhor selectividade e actividade para o CO2.

Conant et al (2008), estudaram a estabilidade e compararam a actividade e selectividade de

catalisadores Pd/ZnO/Al2O3 versus catalisadores comerciais Cu/ZnO/Al2O3. Ficou comprovado que

os catalisadores Pd/ZnO/Al2O3 se conseguem regenerar após oxidação e redução a altas

temperaturas (T > 420ºC), tal não acontece com os catalisadores Cu/ZnO/Al2O3, o que demonstra

que estes primeiros são muito estáveis. Conclui-se também que não é necessário atingir elevadas

temperaturas de redução para se obter uma elevada selectividade para CO2 e que o pré-tratamento

tem um papel importante na concentração de Zn.

Wu et al (2008). estudaram a supressão de CO na reformação do metanol utilizando catalisadores

Pt/TiO2 adsorvidos em iões de fósforo e de enxofre. Ficou demonstrado que o catalisador não só

aumentou a taxa de produção de H2 como também suprimiu consideravelmente a formação de CO.

Basile et al (2008). estudaram a reformação do metanol através de um reactor de membrana

comparando-o a um reactor de leito fixo utilizando um catalisador à base de CuO/Al2O3/ZnO/MgO

entre 250 ºC e 300 ºC. Demonstraram que o catalisador possui elevada selectividade e actividade

para o CO2 e para formação de H2 sendo que, particularmente a 300 ºC o reactor de membrana

apresentou maior taxa de conversão em relação ao de leito fixo. Para uma razão molar de

água/metanol de 5:1 verificou-se conversão total.

Udani et al (2009) estudaram a utilização de catalisadores CuO/CeO2 na reformação do metanol

(SRM e ATR) variando a percentagem de cobre e verificando a concentração de O2 e a distribuição

de temperaturas. Concluíram que o teor de cobre no qual se obtém maior actividade foi de 70% com

a temperatura entre 160 ºC e 300 ºC, a adição de O2 aumentou consideravelmente a conversão de

metanol, o que indica que a oxidação parcial do metanol ocorre antes da SRM. Concluíram ainda que

o catalisador com 70% de cobre é estável a 300ºC.

Liu et al. (2008), estudaram a ATR do metanol para produção de hidrogénio com catalisadores de

ZnO/ZnCr2O4 suportados em vários óxidos (Al2O3, CeO2, ZrO2 e CeO2/ZrO2). Ficou demonstrado que

CeO2/ZrO2 com uma proporção de Ce/Zr = 4 foi o melhor suporte encontrado demonstrando o

catalisador elevados valores de actividade e selectividade. Concluíram também que os óxidos de

suporte tem elevada importância no desempenho do catalisador e que o mesmo apresenta valores

de distribuição de temperaturas mais uniformes.

Houteit et al (2006), estudaram a reformação do metanol utilizando catalisadores Cu/Al2O3 dopados

com césio. Verificaram que o catalisador mais activo possui 2% de césio a uma temperatura de

300ºC chegando a conversão de metanol aos 94%, a selectividade do hidrogénio a 97% e sem

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10

formação de CO a níveis quantificáveis. Concluíram também que os catalisadores dopados são mais

estáveis que os não dopados e que os catalisadores não dopados se desactivaram drasticamente

após envelhecimento a 400ºC, o mesmo não se verificou com os catalisadores dopados.

Lin et al (2006) estudaram a reformação do metanol utilizando catalisadores à base Mo2C,

nomeadamente, Mo2C-γ-Al2O3 e Mo2C-ZrO2. Verificaram que o primeiro destes catalisadores possui

menor taxa de conversão de hidrogénio comparativamente ao segundo catalisador. Concluíram

ainda que o Mo2C-ZrO2 operando a uma temperatura de 400 ºC mostrou-se estável durante 10h.

Yoon et al (2008), estudaram a ATR do metanol utilizando catalisadores à base de cobre reduzidos e

não reduzidos, variando caudais de reagentes e a razão O2/CH3OH de forma a controlar o tipo de

reacção (endo/exotérmica). Verificaram que para catalisadores à base de cobre a reacção necessita

de bastante menos ar do que para catalisadores à base de metais nobres. Concluíram ainda que os

catalisadores reduzidos degradam-se algum tempo depois dos não reduzidos.

1.4 - Reactores

Para os ensaios experimentais foi utilizado um reactor de leito fixo, no entanto, existem outros tipos

de reactores para SRM, nomeadamente, reactores de leito fluidizado, reactores de membrana,

reactores de microcanais, reactores de monólito e permutadores de calor com revestimento

catalítico.

A figura 1.1 apresenta um exemplo de reactor de membrana

Figura 1.1 – Exemplo de reactor de membrana [2].

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11

Um novo tipo de reactores tem sido alvo de investigação para SRM denominado reactor de espuma

metálica [23]. As espumas metálicas têm algumas vantagens comparativamente com monólitos

cerâmicos tais como maior condutividade térmica e resistência ao choque, no entanto, o

revestimento catalítico é mais difícil de aplicar, uma vez que a superfície é menos rugosa, o que não

permite uma adesão tão boa do material catalítico ao suporte.

1.4.1 - Reactor de leito fixo

Os reactores de leito fixo são os mais utilizados na reformação do metanol, assim sendo, a maior

fatia de desenvolvimento de catalisadores para este processo, centra-se neste tipo de reactores.

O tamanho das partículas de catalisador é um parâmetro importante no que respeita a quedas de

pressão no leito catalítico e resistência à transferência de massa. Nos reactores de leito fixo as

partículas de catalisador não devem ser excessivamente pequenas, o que intensifica as quedas de

pressão, no entanto, massa catalítica de pequenas partículas é favorável para uma elevada

actividade. Daqui surge a necessidade do compromisso entre quedas de pressão no leito catalítico e

elevada actividade catalítica, controlando a dimensão do elemento catalítico e as condições de

operação.

De Wild e Verhaak fizeram um comparativo de desempenho de reformação entre um reactor de leito

fixo, permutador de calor com revestimento catalítico e um reactor de leito em espuma de alumínio

revestido com material catalítico. Concluíram que embora a temperatura para que se atinja 95 % de

taxa de conversão de metanol seja mais alta no catalisador de leito fixo (280 ºC) do que no reactor de

leito em espuma de alumínio (250 ºC) e do que no permutador de calor (230 ºC), a desactivação do

catalisador no primeiro é 10 vezes menor que nos outros dois tipos de reactor. Isto poderá dever-se

às baixas quantidades de material catalítico presentes tanto no reactor de leito em espuma de

alumínio (17 g de massa de catalisador) como no permutador de calor (18 g de massa de

catalisador), o reactor de leito fixo apresenta uma massa de catalisador de 74 g.

A figura 1.2 ilustra um reactor de leito fixo.

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12

Figura 1.2 – Esquematização de um reactor de leito fixo [25]

1.4.2 - Reactor de monólito

Os monólitos são estruturas extrudidas compostas de canais de fluxo paralelo e são geralmente

feitas de materiais cerâmicos ou ligas de alumínio. O monólito com revestimento catalítico para SRM

é uma boa alternativa em particular para a industria automóvel, devido à sua elevada resistência

mecânica (resistência a vibrações), constantes alterações às condições de operação, elevada

actividade catalítica e baixas quedas de pressão quando comparado com reactores de leito fixo.

Uma desvantagem dos catalisadores de monólito é o seu baixo conteúdo de material activo por

unidade de volume de reactor, também para reacções endotérmicas, como é o caso da SRM, o

monólito pode ser problemático devido à sua pobre capacidade de transferência de calor entre

canais, dada a baixa condutividade térmica dos materiais cerâmicos.

Lindstrom estudou a SRM e ATR para geração de hidrogénio em reactores de monólito.

Catalisadores à base de cobre com três promotores diferentes (Zn, Zr e Cr) foram preparados em

monólito de alumina na mesma proporção. Obtiveram elevada conversão na SRM para o catalisador

com Zn, enquanto para o catalisador com Cr, verificou-se actividade mais elevada para a ATR. O

catalisador com Zr gerou a menor concentração de CO.

A figura 1.3 apresenta um reactor de monólito.

Page 23: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

13

Figura 1.3 – Exemplos de reactores de monólito

1.4.3 - Permutadores de calor com revestimento catalítico e micro reactores em geral

Os reactores de microcanais são geralmente (mas não exclusivamente) um tipo de micro reactores

com estruturas tridimensionais com dimensões na gama das fracções de milímetro. A maior

vantagem destes reactores quando comparados com reactores convencionais é a sua maior razão

área/volume. Razões área/volume convencionais em micro reactores estão entre os 10000 e os

50000 m2.m-3 enquanto nos reactores convencionais situam-se nos 100 m2.m-3 embora em casos

excepcionais atinja os 1000 m2.m-3. Elevados coeficientes de transmissão de calor são atingidos em

micro reactores, comparativamente com reactores convencionais uma vez que esta grandeza é

inversamente proporcional ao diâmetro dos canais. Esta elevada eficiência de transmissão de calor

permite velocidades tanto de aquecimento como de arrefecimento grandes nos reagentes e a

eliminação de pontos quentes, facto este que pode levar à geração de subprodutos não desejados.

Isto leva a selectividades mais altas e uma maior qualidade dos produtos da reacção em muitas

reacções, independentemente da sua natureza (endotérmica ou exotérmica).

Vantagens dos micro reactores em comparação com reactores convencionais

- Melhor transferência de calor

- Melhor transferência de massa

- Produção em massa mais económica

- Maior razão área/volume

- Baixas quedas de pressão nos canais

- Melhor resposta em regime transiente

- Operação fácil e segura

- A unidade de reformação pode ser mais compacta com este tipo de reactor (é possível redução do

tamanho para 1/5 da unidade convencional)

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14

A figura 1.4 ilustra um exemplo de micro reactor para reformação.

Figura 1.4 – Exemplo de um micro reactor para reformação em fase gasosa [2]

1.4.4 - Desenvolvimento e configuração de reactores para reformação de metanol

Lee et al (2007), estudaram o comportamento do fluido reagente tanto num reactor de paredes

revestidas com catalisador, como num reactor de leito catalítico fixo. Verificaram que o reactor com

paredes revestidas tem uma resistência térmica menor, isto indica que este reactor possui um campo

térmico melhorado o que é essencial para o desempenho do reactor.

Karim et al (2005) estudaram a reformação de metanol em reactores com as paredes revestidas de

catalisador e de leito catalítico fixo, sendo o catalisador um CuO/ZnO/Al2O3 comercial da BASF.

Verificaram elevados gradientes de temperatura para o reactor de leito fixo (40 K em alguns casos),

indicando impedimentos à transferência de calor, sendo que, no reactor de parede revestida não

existiam quaisquer limitações de transferência de calor ou massa. Concluíram ainda que a

produtividade volumétrica aumenta com a espessura do revestimento das paredes com catalisador e

que os reactores com parede revestida apresentam menores quedas de pressão no seu interior e

maior actividade catalítica.

Chein et al (2009) estudaram a transferência de calor na reformação de metanol com leito

parcialmente cheio e com leito cheio, e utilizaram o catalisador à base de CuO/ZnO/Al2O3 que foi

depositado de forma a se obter alguma porosidade e permeabilidade, neste estudo foi aplicado um

fluxo de calor pela parede do reformador. Concluíram que o reformador com leito parcialmente cheio

Page 25: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

15

é aquele onde se obtém melhor transferência de calor, o que indica uma maior eficiência na

conversão de metanol. Com base neste estudo obteve-se que o valor de coeficiente de transmissão

de calor mínimo, máximo de conversão de metanol e máximo de formação de CO; encontra-se

quando a espessura do leito catalítico foi 90% do raio do reformador.

Karim et al (2005) estudaram as características não-isotérmicas de reformador de metanol de leito

fixo, utilizaram um reformador de diâmetro 4,1 mm onde obtiveram diferenças de temperatura de 40

K e um outro de 1 mm de diâmetro onde se obtiveram diferenças de temperatura de 22 K.

Concluíram que os reformadores de leito fixo possuem elevada resistência térmica e que as

limitações de transporte de calor podem conduzir a cinéticas de reacção falsas e baixa actividade

catalítica.

Tang et al (2009), fizeram um estudo comparativo entre SRM e ATR do metanol utilizando um

catalisador de baixo custo à base de cobre, tendo sido testados três reactores com geometrias

diferentes. Verificaram algumas variáveis presentes na cinemática da reacção de reformação tais

como a forma como é colocado o catalisador e variação de caudais de reagentes. Concluíram que

algumas variáveis favoráveis ao SRM também melhoram ATR, tal como a carga de catalisador,

enquanto com outras variáveis o inverso acontece a elevada resistência térmica presente no leito

catalítico favorece a ATR mas prejudica a SRM.

1.5 - Mérito da corrente Dissertação

Este trabalho tem como objectivo a caracterização de catalisadores assim como, o estudo da sua

actividade catalítica ao longo do tempo para a reacção de reformação de metanol.

Pretende-se também optimizar um reformador laboratorial que permitirá testar vários catalisadores.

Melhorar a montagem experimental que permita optimizar a medição dos gases produzidos na

reformação com um erro relativo inferior a 1%.

Do ponto de vista operacional do reactor, pretende-se ainda o estudo das condições de operação,

nomeadamente, temperatura, pressão caudais de alimentação, que maximizam o seu desempenho.

Definir as condições de operação que permitam uma conversão de metanol a hidrogénio próxima dos

100% e a produção de gás com uma percentagem de monóxido de carbono inferior a 2% e obter

selectividades para a produção de dióxido de carbono superior a 90%.

Pretende-se caracterizar o processo de reformação de metanol, quer do ponto de vista energético, assim como, do ponto de vista económico face à economia dos combustíveis convencionais.

Por fim pretende-se realizar a medição dos perfis térmicos ao longo do eixo do reactor assim como

efectuar a modelação térmica do reactor em função das várias condições de operação

Page 26: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

16

2 - Procedimento Experimental

Pretende-se com este capítulo, uma descrição do equipamento experimental e do procedimento

experimental adoptado.

2.1 – Descrição do equipamento experimental

Neste sub-capítulo pretende-se fazer uma descrição geral do equipamento experimental, bem como

das características de cada componente.

A figura 2.1 mostra a bancada de trabalho com o forno tubular.

Figura 2.1 – Bancada experimental com o forno tubular

Page 27: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

17

A figura 2.2 faz a representação esquemática do equipamento experimental

Figura 2.2 – Esquema representativo do sistema experimental.

2.1.1 - Reformador

O reformador utilizado, foi desenhado em SolidWorks e fabricado nas instalações do Instituto

Superior Técnico, a partir de aço AISI 316L, resistente a altas temperaturas.

O reformador é composto pela câmara de reformação, um evaporador, uma entrada de reagentes,

uma saída de produtos e uma saída para um transdutor/manómetro de pressão.

Dentro do reformador encontram-se ainda o leito catalítico e um tubo guia de termopar para a

monitorização de temperatura.

Embora dois tipos de reformadores tenham sido testados, estes apenas variam pela posição das

entradas/saídas, sistema de aperto e forma do evaporador.

As características do reformador são apresentadas na tabela seguinte

Page 28: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

18

Tabela 2.1 – Características geométricas do reformador

Dimensão Valor

Comprimento 205 mm

Diametro exterior 18 mm

Espessura da parede 1,5 mm

Diametro exterior da guia do termopar 6 mm

Espessura da guia do termopar 1 mm

O reformador apresenta-se na figura 2.3

Figura 2.3 – Reformador utilizado.

2.1.2 - Forno O mecanismo de reacção em estudo invoca a necessidade de fornecer calor dada a sua

característica endotérmica. Para este efeito recorreu-se a um forno tubular horizontal.

Page 29: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

19

O forno utilizado foi um modelo de forno tubular horizontal da Termolab (TH1250-50X300) com uma

potência instalada de 1,3 KW, capaz de atingir taxas de variação de temperatura até 20 ºCmin-1 e de

atingir uma temperatura máxima de 1250 ºC, o equipamento é constituído por uma resistência

espiralada em fio Kanthal de 5 mm de diâmetro e o isolamento térmico é constituído por placas de

fibra cerâmica rígida e manta cerâmica compactada.

Neste forno foi introduzida uma manga de aço AISI 316L com um diâmetro externo de 50mm e 2mm

de parede, resistente a altas temperaturas. Esta manga permite uma mais fácil colocação do

reformador no interior do forno, para além de uniformizar a temperatura no seu interior.

Foram efectuados ensaios para determinar a zona quente do forno, estes serão explicados mais

abaixo.

Numa tentativa de mitigar as perdas de calor para o exterior, ambas as extremidades do forno foram

tapadas com palha-de-aço.

O comando do forno foi feito através de um controlador PID da Eurotherm modelo 3200, este permite

ligar/desligar a resistência, selecção da temperatura, controlar a taxa de variação de temperatura,

modo de funcionamento da resistência (contínuo ou intermitente), tempo de funcionamento e auto

afinação.

2.1.3 - Catalisadores De forma a se baixar a energia de activação para a ocorrência de uma certa e determinada reacção,

é comum o uso de catalisadores. Neste caso, o catalisador promove o aumento da velocidade de

uma reacção a temperaturas e pressões mais baixas do que aconteceria na ausência deste, por

outras palavras, a presença do catalisador baixa a entrada de energia necessária à ocorrência da

reacção.

Foram utilizados três tipos de catalisadores, um catalisador comercial (Sud-Chemie Shiftmax 230),

um catalisador 100% de cobre com suporte em esferas de alumina de vários tamanhos (1,5 mm e 3

mm de diâmetro) e um catalisador Cu/ZnO na proporção de 1:1 com suporte em esferas de boro

silicatos.

O modo de preparação destes dois últimos catalisadores é descrito em pormenor mais abaixo bem

como metodologia de ensaios mecânicos para os ditos catalisadores.

A tabela 2.2 mostra os catalisadores utilizados mais em pormenor

Page 30: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

20

Tabela 2.1 – Catalisadores testados

Sud-Chemie

Shiftmax

230

Cu/ZnO 1:1 com

suporte em esferas de

boro silicatos

100% Cu (1)

em suporte

de alumina

100% Cu (2)

em suporte

de alumina

Forma Cilíndrico

(material

activo

compactado)

Esférico Esférico Esférico

Dimensões 4,8 mm

diâmetro x

3,2 mm de

altura

1 mm 1,5 mm 3 mm

Massa total 9,010 g 14,170 g 11,320 g 11,401 g

Massa de

catalisador

(revestimento)

9,010 g

1,417 g 1,132 g 1,140 g

Factor de

comparação

1

(Referência)

0,129 0,253 0,498

Volume da zona de

reacção

17,7 cm3 17,7 cm3 17,7 cm3 17,7 cm3

2.1.4 - Cromatógrafo A análise dos produtos da reacção efectuou-se com recurso à cromatografia gasosa, para tal, foi

utilizado o cromatógrafo da Perkin-Elmer Clarus GC500.

Este modelo encontra-se associado a um sistema de controlo pneumático programável capaz de

controlar o caudal de gás de arrasto e uma válvula de dez vias, de forma a automatizar a injecção de

gás para análise, mitigando assim, possíveis fontes de contaminação, caso a injecção fosse feita

recorrendo a seringas de cromatografia.

O Clarus GC500 apresenta dois canais de análise, tendo o canal A um detector do tipo FID e o canal

B um detector do tipo TCD. Apenas o canal B é utilizado para as análises deste trabalho.

Dos vários tipos de coluna de separação existentes no mercado, este cromatógrafo equipa uma

coluna da Alltech, a Hayesep DB 100/120 com 30 polegadas de comprimento (9,144 m).

A coluna é um dos elementos chave, dado que é nesta que se dá a separação dos gases para

análise consoante o seu tempo de retenção, consoante o material activo da coluna. Esta terá mais

afinidade para uns elementos e menos para outros. Os dois parâmetros que influenciam mais a

separação das espécies são o caudal de gás de arrasto e a temperatura da coluna.

Page 31: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

21

O gás de arrasto utilizado foi o hélio, cujo caudal influencia o tempo de retenção na coluna das

diferentes espécies. Com o aumento de caudal de gás de arrasto, os picos do cromatograma

apresentam-se mais espaçados, no caso da instalação utilizada, existe um restritor físico que limita o

caudal de hélio para 30 ml.min-1.

Também com um abaixamento da temperatura da coluna, os picos apresentam-se mais espaçados,

o que permitiu efectuar a melhor a sua separação e quantificação.

O percurso do gás é feito da seguinte maneira: os produtos da reacção saem do reformador, entram

na válvula pneumática de dez vias. Quando a válvula se encontra na posição OFF, os produtos

passam num volume finito (0,05ml) para amostra (“loop”) e vão directamente para o escape. Quando

a válvula se encontra na posição ON os produtos que se encontram no “loop” são injectados para a

coluna para separação e posteriormente são enviados para o TCD para que possam ser identificados

com base na sua condutibilidade térmica, os elementos são identificados com base no seu tempo de

saída (tempo de residência) e relação área/altura de pico principalmente.

A importância do “loop” de volume finito prende-se com o facto de se quererem saber as

concentrações dos vários elementos constituintes dos produtos da reacção. Sabendo o volume de

amostra e fazendo a análise do cromatograma, é possível calcular as concentrações das diferentes

espécies presentes na mesma.

Para se poder identificar as diferentes espécies presentes nos produtos da reacção, primeiro são

efectuadas calibrações, que consistem em diversas injecções de gases puros suspeitos de serem

produtos da reacção. No presente caso são feitas sete injecções por espécie de forma a se verificar

a repetibilidade dos picos. Foram injectados CO2, N2, ar constituído, CH4, H2O, CH3OH e H2 e

guardaram-se os respectivos cromatogramas indicadores do tempo de saída da espécie análise

contendo picos de sinal com uma determinada relação área/altura que é característica para cada gás

analisado.

Salienta-se que o “efeito escada” associado a alguns resultados experimentais considera-se como

incerteza experimental a qual foi quantificada como sendo ± 5%.

A tabela 2.3 indica os parâmetros de configuração do cromatógrafo em situação de ensaio

Page 32: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

22

Tabela 2.2 – Parâmetros de configuração do cromatógrafo para os vários ensaios:

Característica Valor

Caudal de gás de arrasto na coluna 30 ml.min-1

Temperatura do forno 120 ºC

Temperatura do injector 140 ºC

Temperatura do detector (TCD) 140 ºC

Caudal de gás de arrasto ao detector 30 ml.min-1

Range 3

Atenuação -3

2.1.5 - Bomba peristáltica Para alimentação de reagente ao reformador recorreu-se ao uso de uma bomba peristáltica da marca

CTX com débito máximo de 100 ml.min-1 a uma pressão de operação de máxima 1 bar. A bomba

permite a regulação de caudal, sendo o caudal mínimo de 0,900 ml.min-1. Foram testados diversos

caudais, entre 0,070 ml.min-1 (caudal mais frequente em ensaios) e 1,870 ml.min-1 (caudal máximo

para influencia de velocidade espacial). A justificação de como se conseguiram caudais abaixo do

mínimo da bomba encontra-se mais abaixo na secção 2.1.9.

A bomba foi calibrada usando uma balança de precisão e um cronómetro, medindo assim a massa

bombeada ao longo do tempo, a balança usada possui um erro de ± 0,0005 g.

2.1.6 - Bomba de vácuo O uso da bomba de vácuo advém da necessidade de se garantir amostra fresca no “loop” no

momento de injecção e também se concluiu que o uso desta bomba reduz as variações bruscas de

pressão causadas pela abertura e fecho da válvula de dez vias do cromatógrafo que se traduz em

variações de pressão no detector TCD e como consequência aparecem picos fantasma nos

cromatogramas).

A bomba de vácuo em causa é uma KNF, modelo N86KT.18, capaz de atingir um caudal de

aspiração de 5,5 l.min-1 e operar a uma pressão de vácuo máxima de 2,5bar.

Para as condições de operação, considerou-se aceitável uma pressão de vácuo entre os 650 e os

950 mbar. Como se pode constatar pela figura 2.4, a bomba de vácuo está ligada a uma junção

composta por uma torneira de regulação fina e um borbulhador, este por sua vez está ligado ao

escape do “loop” de amostra do cromatógrafo. Quanto mais se fecha a torneira, maior será a pressão

de vácuo imposta. Existe também um vacuómetro ligado à linha da bomba para monitorização da

pressão de vácuo.

Page 33: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

23

Figura 2.4 – Representação esquemática de ligação da bomba de vácuo ao cromatógrafo.

2.1.7 - Caudalímetros

Para regulação do caudal de gases necessários a processos de preparação e limpeza da linha,

foram usados três caudalímetros, dois da Key Instruments modelo R0,5 e um caudalímetro da

Omega modelo FL-7EA. Este último, sendo utilizado para caudais mais pequenos, foi utilizado para

controlar o caudal de hidrogénio, no entanto, este caudalímetro não possui regulação, sendo por isso

associado a um dos outros caudalímetros, acima mencionado. Concluiu-se que a regulação do

caudalímetro da Key Instruments é fina o suficiente para regular o caudal de hidrogénio.

O outro caudalímetro da Key Instruments modelo R0,5, foi utilizado para passagem de outros gases

que não o hidrogénio, nomeadamente, azoto, dióxido de carbono, hélio, metano e ar constituído, os

gases utilizados foram comprados à Air Liquide, gama Alphagaz com pureza igual a 99,999%.

2.1.8 - Manga de aquecimento

Uma vez que se está a falar de cromatografia gasosa, é necessário que os produtos da reacção à

entrada do cromatógrafo estejam no estado gasoso. Para tal, colocou-se entre a saída do reformador

e a entrada do reformador uma manga aquecida a 140ºC. A manga é composta por uma resistência

eléctrica em volta da tubagem que faz a ligação entre o reformador e o cromatógrafo.

Page 34: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

24

2.1.9 - PC de comando e sistema de automatização

Todo o equipamento à excepção dos caudalímetros e do forno poderam ser comandados por

computador, nomeadamente, o cromatógrafo, a bomba peristáltica, a bomba de vácuo e o sistema

de termopares.

O cromatógrafo tem um interface com o utilizador através de dois programas, o SoftLink para

assegurar uma linha de comunicação entre o cromatógrafo e o computador e o

TotalChromeWorkstation para criação/manipulação de sequências de análise e cromatogramas, é

também através deste programa que são carregadas para o cromatógrafo as sequências de análise

e são dadas ordens de arranque pausa e cancelamento de ensaios. O sistema de medição de

temperatura é composto por um módulo de placas de aquisição da Ómega modelo DBK203A, o qual

possui uma placa DBK81 e por um termopar série K também da Ómega modelo CASS-IM15G-300-

PFA.

Foi possível fazer o controlo e automação das bombas peristáltica e de vácuo através de uma placa

de aquisição de dados da National Instruments, a NI6008USB, do LabView 8.5 (o instrumento virtual

(VI) de controlo já existia, tendo sido feitas algumas modificações para que este mesmo instrumento

virtual suportasse mais equipamentos) e com recurso a um circuito de relés desenvolvido para este

trabalho, tal como pode ser observado esquematicamente na figura 2.5, este circuito é composto por

uma resistência de 1 KΩ, um transístor CTBC548ALE, um relé de 6 VDC de 10 a. Para alimentar

este circuito é necessário um transformador de 12 V e 0,5 a, neste caso foi utilizado um

transformador universal.

Figura 2.5 – Esquematização da ligação do sistema de automatização das bombas de vácuo e peristálticas

Page 35: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

25

Foi utilizado o programa Labview 8.5 para monitorização de temperaturas, o instrumento virtual (VI)

de monitorização já existia, não tendo sido criado um novo.

Foram seleccionados os tempos de funcionamento total de cada bomba (tempo de ciclo) e o tempo

de funcionamento da bomba no software. Ao se dar ordem de início ao programa, as bombas

operam o tempo de funcionamento estipulado e ficam inoperacionais o tempo restante até se atingir

o tempo de ciclo, tal como se pode ver na figura 2.6. Desta forma se conseguem atingir os caudais

mais baixos que o mínimo permitido pela bomba peristáltica, uma vez que a bomba apenas funciona

por uma fracção de tempo.

Figura 2.6 – Interface gráfica do software desenvolvido sob a forma de instrumento virtual (VI) de controlo das bombas de vácuo e peristáltica

Quando o computador indica que a bomba está em funcionamento, o programa comanda a placa da

aquisição de dados a debitar uma tensão perto de 0 V, isto faz com que o relé atraque de forma a

curto-circuitar o fio de fase da bomba, pondo-a a funcionar, caso contrário a placa envia uma tensão

de 5 V para o relé, fazendo com que este desatraque, interrompendo a linha de fase da bomba,

parando-a.

No que respeita ao sistema de monitorização de temperaturas, selecciona-se a placa de aquisição

DaqBoard2k0, o número de amostras a retirar, o canal onde o termopar se encontra e o tipo deste.

Após o arranque do programa são apresentadas as temperaturas que o termopar regista ao longo do

tempo (figura 2.7).

Page 36: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

26

Figura 2.7 – VI de controlo e aquisição de dados para o termopar

2.2 - Metodologia de ensaio

2.2.1 - Reformação

2.2.1.1 - Preparação da solução MeOH/H2O

Para que ocorram as três reacções presentes no mecanismo de SRM (secção 1.3.1.1), é necessária

a introdução de água como reagente, para tal apresenta-se agora o procedimento de preparação da

solução.

As proporções de MeOH/H2O passíveis de estudo apresentam-se na tabela 2.4

Tabela 2.3 – Composição da solução de metanol para proporções de 33 %, 40 %, 43 % e 47 % de

metanol em massa, para soluções de 190 g.

Preparação de soluções (190 g) 40 % 43 % 47 % 33 %

CH3OH 103,050 g 108,842 g 116,257 g 89,411 g H2O 86,949 g 81,157 g 73,742 g 100,588 g

A proporção seleccionada de MeOH:H2O, foi de 1:2, ou noutras palavras, solução de metanol em

água a 33%.

Page 37: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

27

Utilizando uma balança de precisão, coloca-se um balão de 200 ml em cima desta com um funil e

tara-se a balança, seguidamente, coloca-se a quantidade de metanol e água indicadas na tabela, até

à 3ª casa decimal (precisão da balança). Agita-se a solução à mão para garantir uma boa mistura

dos dois compostos, nota-se que a reacção do metanol com água é exotérmica, uma vez que o balão

aquece. De modo a remover o ar contido na solução (considerado contaminante uma vez que o

azoto tem um sinal muito forte no cromatograma), coloca-se o balão com a solução numa unidade de

ultrasons durante 15 minutos (o que provoca a subida das bolhas de ar dissolvidas nas solução). Ao

fim deste tempo nota-se que este fenómeno já não ocorre considerando-se a solução como

desarejada, após esta etapa, a solução é vedada com parafilme e está pronta para ser utilizada.

2.2.1.2 - Preparação do catalisador [31]

Comparativamente a outros trabalhos de preparação de catalisadores referidos na secção 1.3.4,

neste trabalho preteriu-se a via seca à via húmida para a preparação da pasta catalítica, por esta ter

apresentado em ensaios preliminares maior facilidade de preparação e uniformidade no que diz

respeito à deposição do catalisador camada a camada. Este procedimento inicia-se com a

preparação de uma pasta de óxido de cobre à temperatura de 25 ºC, com rotação constante de 30

r.p.m. com acetona num balão volumétrico adaptado a um evaporador rotativo Heidolph Laboratora

4010 Digital. A escolha da acetona deve-se essencialmente ao facto de ser um solvente inerte para o

caso, e de possuir uma pressão de vapor alta à temperatura ambiente. A quantidade de acetona

(Sigma-Aldrich) utilizada foi a suficiente para permitir uma mistura homogénea com capacidade de

fixação à superfície das esferas. Foram introduzidas no balão 50 g de esferas de suporte de óxido de

alumínio com 3 mm de diâmetro (Sigma-Aldrich) para cerca de 7 g de pasta de cobre. Esta mistura

foi sujeita a uma temperatura de 60 ºC, a rotação constante no balão de 30 r.p.m. durante 1 hora com

uma pressão relativa 500 mbar abaixo da atmosférica, de forma a remover toda a acetona. Desta

forma conseguiu-se uma deposição da mistura das nanoparticulas na superfície das esferas, tal que,

levou a um aumento de massa das esferas de cerca de 10 %. A distribuição de catalisador nas

esferas é bastante homogénea devido à rotação e à extracção simultânea da acetona. Este método

permite a evaporação gradual do solvente a baixa temperatura e a deposição das nanopartículas de

catalisador nas rugosidades da superfície das esferas de óxido de alumínio. Com a evaporação do

solvente as nanopartículas depositam-se preferencialmente nas micro rugosidades das esferas.

A fixação do catalisador em esferas de silício com 1 mm de diâmetro e em esferas de óxido de

alumínio de 1 mm de diâmetro também é idêntica à descrita em cima.

No caso do catalisador Cu/ZnO na proporção de 1:1,o método acima descrito também é válido,

apenas existe uma alteração, a pasta de cobre possui óxido de zinco (Sigma-Aldrich) na proporção

molar de 8:2, tendo sido homogeneizada durante 1 hora.

Page 38: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

28

Depois de aplicado o catalisador no material de suporte seleccionado efectuou-se uma secagem ou

pré-sinterização a 200 ºC numa estufa durante 2 horas. Esta secagem permitiu garantir a evaporação

de todo o solvente e conferir uma pré-adesão das nanopartículas ao suporte. O número de vezes

que as esferas são revestidas com o catalisador e vão secar à estufa poderá depender do aumento

de massa das esferas suporte que deverá situar-se entre os 10% e os 15%. Para a preparação

destes catalisadores foram aplicadas às esferas, duas camadas de catalisador.

2.2.1.3 - Sinterização e redução [31]

Seguido da secagem ou pré sinterização, as esferas com os revestimentos catalíticos foram

calcinadas a uma temperatura de 500 ºC com taxas de crescimento de temperatura do forno de 4

ºC.min-1, durante 12 horas ao ar num suporte de alumínio. Este tipo de tratamento é normalmente

efectuado para melhorar a adesão do catalisador ao suporte. As esferas revestidas com o catalisador

foram introduzidas no reactor onde foram sujeitas a uma atmosfera redutora composta por 5 % (v/v)

de hidrogénio em azoto com um fluxo de 100 ml.min-1 durante 5 horas. No caso de ensaios

posteriores, apenas é necessário um tempo de redução de 1 hora. Este processo permitiu reduzir a

camada catalítica de óxido de cobre, para cobre metálico. Com este procedimento pretende-se obter

esferas com uma superfície de cobre homogénea com uma resistência mecânica ao desprendimento

suficiente para suportar as condições às quais será sujeito durante a reformação do metanol.

2.2.1.4 - Testes de reformação

Uma vez concluídas as etapas de preparação necessárias à condução do ensaio, inicia-se o ensaio

propriamente dito.

Não alterando as condições térmicas de funcionamento presentes nas etapas de preparação (forno a

140 ºC e manga de aquecimento ligada), dá-se inicio à reformação.

Enche-se o reformador com solução de MeOH/H2O, para tal, selecciona-se no instrumento virtual

(VI) do Labview (figura 2.5), os tempos de ciclo e de funcionamento da bomba peristáltica, deve

também ser seleccionada a opção “Run Continuously” para que a VI não pare ao fim de um ciclo.

Uma vez que se detecte saída de gás (borbulhar no reservatório de escape do cromatógrafo),

considera-se o reformador como cheio de solução, procede-se ao arranque do método de ensaio

imposto ao cromatógrafo e seleccionam-se os tempos de ciclo e de funcionamento da bomba de

vácuo, a qual atenua as variações de pressão ao TCD. A bomba de vácuo opera cinco minutos antes

de cada injecção e trinta segundos durante cada injecção, sendo assim o tempo total de

funcionamento cinco minutos e trinta segundos (cada injecção tem o tempo de um minuto). A

primeira injecção é sempre feita cinco minutos após o início do ensaio e depois a cada vinte minutos

Page 39: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

29

(de acordo com as calibrações efectuadas, o metanol é o composto que sai em ultimo lugar e sai ao

fim de quinze minutos), até perfazer o tempo estipulado para o ensaio. Um factor limitante para a

duração do ensaio é o número de injecções (o TotalChromeNavigator apenas permite efectuar 16

injecções por ensaio de reformação).

O cromatograma é elaborado em tempo real e após a conclusão do ensaio, é guardado numa pasta

do computador de comando para análise.

O cromatograma indica a composição do gás à saída do reformador, com esta informação é possível

obter concentrações das várias espécies presentes como o hidrogénio, monóxido de carbono entre

outros, com estes dados calculam-se taxas de conversão do metanol e selectividade para com o

CO2.

2.2.2 - Ensaios térmicos

Os ensaios térmicos permitiram determinar o perfil de temperatura ao longo do eixo axial do

reformador, a quantidade de calor absorvida pelo fluido de passagem pelo reformador e a quantidade

de calor absorvida pela reacção.

2.2.2.1 - Procedimento experimental

2.2.2.1.1 - Perfil de temperatura ao longo do eixo axial do reformador

Inicia-se a VI de Labview pertencente ao controlo e aquisição de dados de termopares e configura-se

a VI conforme a figura 2.6.

Após, introduz-se o termopar na respectiva guia incorporada no reformador até ao fundo (posição 0),

quando a amplitude das oscilações for inferior a um grau célsius regista-se o valor da temperatura, e

assim sucessivamente de 2 em 2 cm até aos 22 cm de guia. Esta metodologia é aplicável para o

reformador com reacção e sem reacção e para uma temperatura qualquer.

A figura 2.8 esquematiza o reformador com a guia do termopar

Figura 2.8 – Esquematização do reformador com guia de termopar.

Page 40: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

30

Esta figura pretende esboçar a guia de termopar (a) dentro do reformador e dar uma ideia da sua

extensão neste, as esferas (b) representam o leito catalítico e a rede (c) representa o tampão de

catalisador constituído por palha-de-aço.

2.2.2.1.2 - Quantidade de calor absorvida pelo fluido de passagem

Este ensaio permitiu concluir a quantidade de calor absorvida pelo reagente para que se dê ou não a

reacção.

Primeiramente inicia-se o instrumento virtual (VI) para controlo e aquisição de dados de termopares,

seguidamente coloca-se o termopar na guia pertencente ao reformador, concebida para o efeito.

No laboratório onde ocorreram os ensaios, a temperatura ambiente registou 25 ºC ao longo dos

ensaios tendo sido utilizado então Treagente = 298 K

Quando o forno atingir um regime quasi-estacionário começam-se as medições.

As medições são feitas deslizando o termopar pela guia de 2 cm em 2 cm, toma-se o valor indicado

pelo instrumento virtual, quando este demonstrar uma amplitude de oscilação de 1 ºC ou menos.

O último valor retirado será considerado como a temperatura dos produtos de reformação (Tprodutos).

Aplicando

!"#!$!298'(

É possível calcular a potência transmitida ao fluido, Qfluido, uma vez que o caudal mássico, e as

temperaturas relevantes são conhecidas, a partir destas calculam-se as entalpias .

Para o cálculo das entalpias é necessário também, saber a composição tanto dos produtos, como

dos reagentes. O cromatograma fornece as fracções volúmicas dos reagentes, sendo as entalpias

calculadas em base molar, por motivos de simplificação, as entalpias foram convertidas para base

mássica.

Para calcular as entalpias temos então:

* ∑,$*-

./

Page 41: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

31

Em que h(Tx) designa a entalpia pretendida à temperatura x, Mm a massa molar da mistura, Yn a

fracção molar da espécie n e h(Txn) é a entalpia da espécie à temperatura x (valores tabelados

conhecidos)

O caudal é conhecido e as entalpias agora também, tem-se tudo para calcular QFluido.

2.2.3 - Ensaios mecânicos no catalisador

Estes ensaios têm por base verificar a agregação da superfície catalítica ao respectivo suporte, ou

seja, ensaiar a resistência mecânica do catalisador às condições de ensaio. Previamente à

colocação de catalisador no reformador para reformar, pesou-se este último e anotou-se a massa de

catalisador mais suporte que se vai utilizar para a reformação.

Após um determinado número de reformações, retira-se o catalisador de dentro do reformador e

procede-se à pesagem das esferas (ou tablets no caso do catalisador comercial utilizado), a

diferença de massa obtida será a massa de catalisador desagregada.

3 - Resultados e discussão

Neste capítulo serão apresentados e discutidos os resultados provenientes do trabalho experimental,

cuja metodologia foi apresentada no Capítulo 2.

3.1 - Reformação

Neste subcapítulo apresentam-se os resultados relativamente à reformação de metanol com vapor

de água (SRM) para um determinado catalisador em termos de conversão de metanol, selectividade

para com o CO2 e fracção molar de produtos à saída do reformador. Os ensaios efectuados já

referidos no capítulo 2 são os do ponto 2.2.1.4

3.1.1 - Sud-Chemie ShiftMax 230

Este catalisador serve de referência para comparação com as novas formulações testadas, é um

catalisador comercializado pela Sud-Chemie para WGS, a sua composição é CuO/ZnO/Al2O3, nas

fracções mássicas 0,58/0,31/0,11 respectivamente (catálogo comercial Sud Chemie).

Seguidamente apresentam-se, para este catalisador, os resultados dos ensaios de velocidade

espacial, influência da temperatura e longevidade.

Page 42: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

32

3.1.1.1 - Influência da temperatura

O estudo da influência da temperatura permite determinar os limites térmicos nos quais um

catalisador pode operar. O catalisador ShiftMax 230 demonstrou actividade para uma vasta gama de

temperaturas, tal como se apresenta na figura 3.1. As temperaturas apresentadas nesta imagem

referem-se à temperatura medida axialmente ao longo do interior do reformador. Estes resultados da

conversão do metanol foram obtidos com base em análises cromatográficas. Tal como pode ser

observado na figura 3.1, existe alguma oscilação nestes resultados (“efeito escada”) que se poderá

dever à variação da quantidade de gases mais difusivos, tais como o H2, CO e CO2, dentro do

volume de amostragem do cromatógrafo, relativamente a outros menos difusivos, tais como o vapor

de água e de metanol.

Figura 3.1 - Variação da conversão de metanol com a temperatura para uma velocidade espacial de 675 h-1 para uma solução na proporção 1:2 de metanol-água a uma temperatura inicial de 500 ºC e decrescendo a 1 ºC/min, com o catalisador ShiftMax 230.

A conversão do metanol foi calculada utilizando a seguinte equação:

Onde é a conversão do metanol, CA é a factor de correcção de área para os diferentes gases.

é a selectividade associada à formação do CO2 calculada com base na equação seguinte:

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0 40 80 120

160

200

240

280

320

360

400

440

480

520

560

600

Con

vers

ão d

e m

etan

ol /

%

Temperatura / ºC

Conversão CH3OH

( )( ) ( )

100

322

22

3

xOHCHCACOCOHCA

COCOHCA

C OHCH +++

++=

C OHCH3

SCO2

( )( )

100

2

2

2

xCOCOCA

COCA

SCO +=

Page 43: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

33

Esta figura 3.1 apresenta a conversão da solução de MeOH/H2O numa proporção de 1:2 para uma

velocidade espacial de 675 h-1. Pode-se constatar que a conversão ronda os 100 % entre os 500 ºC

e os 260 ºC, sendo que esta começa a decrescer primeiro para 83 % a 230 ºC e depois 5 % a 110

ºC. A 50 ºC praticamente não existe conversão, sendo esta de 1 %.

A evolução das fracções molares dos produtos para este ensaio pode ser observada na figura 3.2,

sem entrar em linha de conta com a água e metanol presentes na mistura da amostra de gás

analisada.

Figura 3.2 - Variação da fracção molar de gases à saída do reformador com a temperatura para uma velocidade espacial de 675 h-1 e uma solução na proporção 1:2 de metanol-água começando a 500 ºC e decrescendo a 1 ºC.min-1, com o catalisador ShiftMax 230.

Esta figura revela que para uma temperatura inicial de 500 ºC com rampa decrescente de 1 ºC.min-1,

a produção de H2 situa-se aproximadamente nos 80 %, tal como a produção de CO é

aproximadamente 0 % e a de CO2 se encontra perto dos 20 %. Estes valores mantêm-se até aos 110

ºC, altura a partir da qual, a produção de H2 começa a decrescer, encontrando-se a 60 % para 80 ºC,

também a produção de CO2 tendencialmente decresce, sendo que a oxidação do CO é mais difícil a

temperaturas baixas, existindo assim um aumento no CO à saída para temperaturas mais baixas.

Isto poderá dever-se a um aumento relativo da importância da reacção decomposição do metanol e

grande diminuição da importância da reacção de reformação e tal como é observado na figura 3.1.

De acordo com Peppley et al (1999) estas são as equações que descrevem a velocidade de

produção do H2, CO, CO2, rH2, rCO, rCO2 respectivamente, em função das velocidades das reacções

de reformação, decomposição e WGS.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0 40 80 120

160

200

240

280

320

360

400

440

480

520

560

600F

racç

ão m

olar

/ %

Temperatura / ºC

H2

CO

CO2

Page 44: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

34

012 303 204 0567

089 04 0567

0892 03 0567

081:91 03 0467

0129 03 0567

Todas estas equações apresentam-se em mol.s-1.kg-1.

A partir destas equações é possível observar a importância relativa da velocidade de formação das

diferentes espécies.

Para o caso limite de estudo a 50 ºC a concentração de H2 é de 62 %, a de CO é de 30 % e a de CO2

é de 8 %. A esta temperatura praticamente existe muito pouca conversão de metanol o que faz com

que a velocidade de formação de CO2 (rCO2) seja diminuta, destacando-se de forma relativa a

reacção de formação de CO a que está associada um cinética com a menor energia de activação

(Tabela da secção 1.3.1.1).

Com base na figura 3.3, é de esperar elevados valores de selectividade para com o CO2 uma vez

que a geração de CO é virtualmente inexistente para este catalisador.

A selectividade para este catalisador pode ser constatada na figura 3.3

Figura 3.3 - Variação da selectividade ao CO2 com a temperatura à velocidade espacial de 675 h-1 de uma solução de proporção 1:2 de metanol-água em regime de temperatura decrescente começando em 500 ºC e decrescendo a 1 ºC/min, com o catalisador ShiftMax 230

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%0 40 80 120

160

200

240

280

320

360

400

440

480

520

560

600

Sel

ectiv

idad

e C

O2

/ %

Temperatura / ºC

Selec.CO2

Page 45: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

35

A figura 3.3 apresenta a variação da selectividade para com o CO2 a uma reformação em

temperatura decrescente com a temperatura inicial nos 500 ºC e rampa de -1 ºC.min-1 utilizando uma

mistura de MeOH/água de 1:2. Este catalisador demonstrou elevada selectividade para com o CO2

para temperaturas acima de 110 ºC, sendo praticamente 100 % a partir dos 140 ºC, isto revelou que

o CO produzido pela decomposição do metanol reagiu com o excesso de água presente promovendo

a WGS, convertendo o CO em CO2 e mais H2. Salienta-se também a temperatura mínima com que

este catalisador apresenta reformação de 100 %, sendo esta relativamente baixa quando comparada

com outros valores da literatura disponível [25] onde a conversão total ocorre tipicamente para

temperatura superiores a 260 ºC.

Com a informação apresentada, pode-se concluir que este catalisador apresenta elevada actividade

e selectividade para uma gama de temperaturas bastante vasta, é possível que este catalisador

consiga reformar, mantendo as taxas de conversão e a selectividade, a temperaturas mais altas, este

trabalho fica para desenvolvimentos futuros.

3.1.1.2 - Influência da velocidade espacial

A influência da velocidade espacial permite quantificar a capacidade de resposta de um sistema

catalítico quanto a variações de transferência de calor em função da transferência de massa. A

velocidade espacial representa a razão entre o caudal volúmico dos reagentes e o volume do reactor.

O inverso da velocidade espacial é o tempo de residência no qual os reagentes contactam com o

catalisador. Assim a velocidade espacial é um parâmetro que mede a capacidade do leito catalítico

converter um determinado fluxo de reagentes em produtos. Neste caso concreto mede velocidade

para o catalisador converter o vapor de metanol e água em hidrogénio. Quanto maior for o caudal de

reagente à entrada, maior será teoricamente a quantidade de hidrogénio à saída, desde que o tempo

de residência das espécies não seja inferior a um valor crítico mínimo.

Apresentam-se na figura 3.4 os resultados da conversão do catalisador ShiftMax 230 com a variação

do caudal de reagente, o gráfico está em percentagem de conversão por reactores por hora. Como

se pode observar, para todos os caudais da bomba peristáltica da instalação, a conversão é de 100

%. Admite-se que nos valores abaixo desta percentagem se verifique incerteza experimental (± 5%).

O erro poderá advir do método da amostragem; a amostra é inserida num micro tubo com volume

total de 0,05 ml, parte do metanol não convertido em algumas amostragens poderá ser o resultado

de resíduos de amostragens anteriores, que poderão introduzir alguma amostragem neste método.

Pode-se concluir com este resultado para este catalisador consegue reformar até 18000 volumes de

reactor por hora sem baixar a capacidade de conversão.

Page 46: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

36

Figura 3.4 – Variação da conversão de metanol com a velocidade espacial para uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 respectivamente a uma temperatura de 500 ºC, com o catalisador ShiftMax 230.

A figura 3.5 apresenta as fracções molares dos produtos da reacção sem entrar em linha de conta

com o excesso de água à saída do reformador, para o catalisador ShiftMax 230. A fracção molar do

hidrogénio apresenta um valor médio de 75 %.

Figura 3.5 – Variação da percentagem de volume molar dos produtos em base seca em função da valocidade espacial para uma temperatura de 500 ºC e uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 respectivamente, com o catalisador ShiftMax 230

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0 2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000C

onve

rsão

met

anol

/ %

Velocidade espacial / h-1

Conversão CH3OH

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%0 2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000F

racç

ão m

olar

/ %

Velocidade espacial / h-1

H2

CO

CO2

Page 47: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

37

Na literatura, para estas velocidades espaciais, Jones et al (2008) e Liu et al (2002) utilizando várias

configurações de catalisadores de Cu e Zn não conseguem atingir as conversões apresentadas pelo

catalisador em questão para as mesmas temperaturas.

A variação da selectividade para a formação de CO2 com o aumento da velocidade espacial para o

catalisador ShiftMax 230 pode ser observada na figura 3.6, para uma temperatura de 500 ºC.

Figura 3.6 – Variação da selectividade para com o CO2 em função da velocidade espacial para uma temperatura de 500 ºC e uma mistura de MeOH/H2O na proporção de 1:2 respectivamente, com o catalisador ShiftMax 230.

A selectividade para com o CO2 deste catalisador para as velocidades espaciais ensaiadas é

aproximadamente 100 % em todos os casos excepto no último e no primeiro em que este valor é de

96 % e 98 % respectivamente. Como a reacção de reformação é promovida com aumento de

temperatura. A reacção de decomposição do metanol, para além de ser endotérmica, deverá por isso

ser pouco promovida devido à natureza deste catalisador. Em conjugação com esta última e

atendendo que se utiliza excesso de água pode-se estar a promover a reacção de WGS que

converte eventualmente algum CO que se possa formar em CO2. Huang et al (2009) também

estudaram catalisadores com base em Cu/ZnO e obtiveram valores de selectividade que não foram

além dos 92 %, para um caudal mássico de reagente de 3,5 ml.h-1

No que respeita aos ensaios de influência de velocidade espacial conduzidos no laboratório, apenas

se pode dizer que para a instalação utilizada, este catalisador produziu sempre valores de conversão

e de selectividade elevados, sem contudo perder actividade.

90%

91%

92%

93%

94%

95%

96%

97%

98%

99%

100%

0 2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

Sel

ectiv

idad

e / %

Velocidade espacial / h-1

Selec.CO2

Page 48: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

38

3.1.1.3 - Longevidade

No ensaio de longevidade, mais uma vez o catalisador revelou actividade elevada sem qualquer sinal

de desactivação ao longo das 8 horas que este ensaio durou tal como se apresenta na figura 3.7.

Este teste permitiu testar a durabilidade do catalisador através da conversão de metanol ao longo do

tempo e como se pode observar na figura, esta é praticamente 100 %, excepto nas 5ª e 13ª

amostragens, nas quais a conversão foi de 90 % e 83 % respectivamente, o que se poderá dever

não a perda de actividade por parte do catalisador mas a contaminação por parte do volume de

amostragem com resíduos de metanol de uma amostra anterior acumulada na válvula de 10 vias.

Figura 3.7 – Variação da conversão de metanol com o tempo para um caudal de solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 respectivamente, uma temperatura de 500 ºC e uma velocidade espacial de 675 h-1, com o catalisador ShiftMax 230.

Há ainda a referir que este teste foi apenas de 8 horas mas este catalisador já apresenta um período

acumulado de reformação de cerca de 36 horas atendendo todos os testes efectuados

anteriormente.

Como se pode observar na figura 3.8, a produção de H2 é aproximadamente 75 % ao longo de todo o

ensaio, tal como a de CO2 é 25 % e a de CO é 0 %.

As fracções molares dos produtos da reformação sem contar com água e metanol que não reagiram

mantêm aproximadamente constantes para o catalisador ShiftMax 230 (figura 3.8) o que revelam que

eventualmente há pouca alteração da superfície do catalisador até mesmo para a temperatura de

500. Em ensaios futuros seria interessante efectuar os testes de longevidade durante um período de

tempo suficiente para começar a ver redução da conversão e selectividade para a formação de CO2.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0 60 120

180

240

300

360

420

480

Con

vers

ão d

e m

etan

ol /

%

Tempo / min

Conversão CH3OH

Page 49: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

39

Figura 3.8 – Varaiação da fracção molar de produtos em base seca ao longo do tempo para uma velocidade espacial de 675 h-1 e MeOH/H2O na proporção de 1:2 e uma temperatura de 500 ºC, com o catalisador ShiftMax 230.

Os resultados da selectividade para com o CO2 deste catalisador neste tipo de ensaio são

apresentados na figura 3.9 onde se pode observar que esta aumenta com tempo de reformação,

permanecendo sempre acima dos 99,2%.

Figura 3.9 – Variação da selectividade com o tempo para uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 com uma velocidade espacial de 675 h-1 uma temperatura de 500 ºC, com o catalisador ShiftMax 230.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0 50 100

150

200

250

300

350

400

450

500F

racç

ão m

olar

/ %

Tempo / min

H2

CO

CO2

98%

99%

100%

0 60 120 180 240 300 360 420 480

Sel

ectiv

idad

e C

O2

/ %

Tempo / min

Selectividade CO2

Page 50: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

40

As razões pelas quais permitem manter a selectividade para a formação de CO2 sempre elevadas

poderão prender-se com, a utilização de excesso de água (1:2 MeOH/H2O) que promove a reacção

de WGS (e segundo a Sud-Chemie este é um catalisador específico para WGS) e pelo longo tempo

de residência da solução com o catalisador, que realça a importância das reacções mais lentas face

às mais rápidas.

Em todos estes ensaios o catalisador proveniente da Sud-Chemie demonstrou elevada actividade e

selectividade para com o CO2, a baixa produção de CO é um factor determinante para a obtenção de

um gás que necessita de menos purificação e que poderá eventualmente ser utilizado directamente

numa pilha de combustível PEM.

3.1.2 - Catalisador 100 % Cu com suporte em esferas de alumina de 3 mm de diâmetro

Este catalisador é uma das formulações concebidas no IST a partir do método de preparação de

catalisador referido na secção 2.2.1.2 e é constituído 100% por nano partículas de Cu suportadas em

esferas de alumina de 3 mm de diâmetro (100%CuAl2O33mm) com uma relação de massa de 10%

de material activo relativamente ao suporte. Seguidamente apresentam-se, para este catalisador, os

resultados dos ensaios de velocidade espacial, influência da temperatura e longevidade.

3.1.2.1 - Influência da temperatura

Para este catalisador, o resultado da conversão de metanol com a temperatura para este tipo de

ensaio é apresentado pela figura 3.10.

Figura 3.10 – Variação da conversão de metanol com o tempo para uma velocidade espacial de 675 h-1 de solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 com a temperatura a começar em 500 ºC e a decrescer a uma taxa de 1 ºC.min-1 para o catalisador 100%CuAl2O33mm.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

300 350 400 450 500 550

Con

vers

ão d

e m

etan

ol /

%

Temperatura / ºC

Conversão CH3OH

Page 51: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

41

A figura apresenta conversão de 72 % para a temperatura de 500 ºC, descendo abruptamente para

45 % a 440 ºC, sendo que a 380 ºC a reacção deixa de ocorrer.

A ausência de reacção a 380 ºC poderá estar relacionada com uma redução da área de catalisador

que promove a sinterização ou recristalização do material activo quando o catalisador não contém

óxidos metálicos dopantes que evitam este fenómeno [11]. Para além disso a menor quantidade de

material activo depositado no suporte face a material activo do catalisador da Shift Max 230 em que

100 % da sua composição é material activo

A figura 3.11 apresenta as fracções molares dos produtos da reacção sem entrar em linha de conta

com o excesso de água à saída do reformador, para o catalisador 100 % Cu com suporte em esferas

de 3 mm de diâmetro de alumina. A fracção molar do hidrogénio aumenta de 64 % para 71 % quando

a temperatura aumentou entre 440 ºC e 500 ºC, enquanto a quantidade de CO2 manteve-se nos 11

%e a quantidade de CO formada aumentou de 3% para 4%.

Figura 3.11 – Variação da conversão de metanol com a temperatura começando a 500 ºC e decrescendo a uma taxa de 1 ºC.min-1 para uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 respectivamente com uma velocidade espacial de 675 h-1 para o catalisador 100%CuAl2O33mm.

Uma vez que o catalisador desactiva a temperaturas abaixo dos 440 ºC, apenas se apresentam os

valores de conversão de metanol para temperaturas acima desta. Embora em termos relativos a

produção de CO seja superior para 440 ºC do que para 500 ºC, em valores absolutos o CO

produzido é superior para 500 ºC, o que seria de esperar, uma vez que o aumento da temperatura

promove a reacção de decomposição do metanol.

A selectividade deste catalisador em função da temperatura é apresentada na figura 3.12. Como se

pode constatar na figura 3.12, a selectividade para este catalisador operando neste regime de

temperaturas situa-se entre os 75 % e os 78 % o que reflecte um aumento pouco significativo.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

400 420 440 460 480 500 520

Fra

cção

mol

ar /

%

Temperatura / ºC

Fracção H2

Fracção CO

Fracção CO2

Page 52: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

42

Figura 3.12 – Variação da selectividade com a temperatura, começando esta em 500 ºC e decrescendo a uma taxa de 1 ºC.min-1 para uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 com uma velocidade espacial de 675 h-1 para o catalisador 100%CuAl2O33mm.

3.1.2.2 - Influência da velocidade espacial

A figura 3.13 apresenta os resultados da conversão do catalisador 100 % Cu com suporte em esferas

de 3 mm de diâmetro de alumina com a variação do caudal de reagente, o gráfico está em

percentagem de conversão por reactores por hora. Como se pode observar, a conversão é de 100 %

apenas para a velocidade espacial mais reduzida de 675 reactores por hora. A conversão decresce

claramente para 50% quando a velocidade espacial aumenta cerca de 2,6 vezes para 1780 reactores

hora. A conversão atinge um valor mínimo de 2% para as velocidades espaciais estudadas até

17036 reactores por hora, comparado ao Shift Max 230, este catalisador apresenta um desempenho

claramente inferior, uma vez que o Shift Max 230 consegue taxas de conversão de 100 % a estas

velocidades espaciais.

74%

75%

75%

76%

76%

77%

77%

78%

78%

430 440 450 460 470 480 490 500 510

Sel

ectiv

idad

e C

O2

/ %

Temperatura / ºC

Selectividade CO2

Page 53: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

43

Figura 3.13 – Variação da conversão de metanol com a velocidade espacial para uma solução MeOH/H2O na proporção de 1:2 a uma temperatura de 500 ºC, para o catalisador 100%CuAl2O33mm

De acordo com os dados apresentados, pode-se concluir que para haver uma taxa de conversão alta

é necessário um tempo de residência elevado. Pode-se concluir com estes resultados que o

catalisador 100 % Cu com suporte em esferas de 3 mm de diâmetro de alumina tem de ser

completamente reformulado, eventualmente com a adição de óxidos de zinco e alumínio e aumentar

na globalidade a quantidade de material activo depositado no suporte.

A figura 3.14 apresenta a fracção molar de produtos não contando com o excesso de água à saída

do reformador para este ensaio. A formação de H2 decresce ao longo da velocidade espacial excepto

entre a primeira e segunda injecções em que se ficou pelos 69 %, a formação de CO2 diminui com o

aumento da velocidade espacial começando a 19 % para 675,22 h-1 e terminando nos 5 % para

17036,86 h-1.

0%

10%

20%

30%

40%

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70%

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etan

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%

Velocidade Espacial / h-1

Conversão CH3OH

Page 54: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

44

Figura 3.14 – Variação da fracção molar de produtos em base seca à saída do reformador em função da velocidade espacial para uma temperatura de 500 ºC e uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 respectivamente para o catalisador 100%CuAl2O33mm.

O decréscimo de produção de H2 prende-se com as baixas taxas de conversão de metanol.

Embora o valor da fracção molar do CO aumente com a velocidade espacial, o que na realidade se

traduz numa perda de selectividade por parte do catalisador, em termos absolutos, a produção de

CO diminui, o que seria de esperar, uma vez que de acordo com [33], para temos de residência mais

curtos a formação de CO tende a diminuir. Possivelmente pela mesmas razões enunciadas atrás,

que se prendem com diferenças cinéticas entre a reacção de decomposição e a reacção WGS.

A figura 3.15 apresenta os resultados da selectividade do catalisador para com o CO2 para este tipo

de ensaio. Conforme mencionado no ponto anterior, o catalisador apresenta uma perda de

selectividade para com o CO2 com o aumento da velocidade espacial.

0%

10%

20%

30%

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0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000

Fra

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Velocidade Espacial / h-1

Fracção H2

Fracção CO

Fracção CO2

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45

Figura 3.15 – Variação da selectividade para com o CO2 com a velocidade espacial para um catalisador 100 % Cu com suporte em esferas de alumina com 3 mm de diâmetro para uma temperatura de 500 ºC, para o catalisador 100%CuAl2O33mm.

3.1.2.3 - Longevidade

A figura 3.16 apresenta os resultados referentes à conversão de metanol ao longo de um ensaio de 8

horas para o catalisador 100 % Cu com suporte em esferas de alumina com 3 mm de diâmetro.

Figura 3.16 – Variação da conversão de metanol com o tempo para um catalisador 100 % Cu com suporte em esferas de alumina de 3 mm para uma temperatura de 500 ºC e uma velocidade espacial de 675 h-1 de MeOH/H2O na proporção de 1:2, para o catalisador 100%CuAl2O33mm.

Estes valores de conversão apresentam muitas variações ao longo do tempo que se podem dever a

erros de amostragem já referidos anteriormente inerentes ao método de análise. No entanto, pode-se

dizer que a conversão apresenta um valor médio de 90 %. Isto confirma as conclusões obtidas

60%

65%

70%

75%

80%

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Tempo / min

Conversão CH3OH

Page 56: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

46

anteriormente, de que a quantidade e constituição de material activo depositado em suporte de

esferas de alumina, poderá desempenhar um papel importante na capacidade que um catalisador

tem para reformar ao longo do tempo.

A figura 3.17 apresenta a fracção molar em não contabilizando o excesso de água dos produtos à

saída do reformador em função do tempo para o ensaio de longevidade. Como se observa na figura,

a fracção de hidrogénio produzida ronda os 75 % como valor médio, a produção de CO também não

apresenta grandes oscilações sendo o seu valor médio 3 %, o mesmo pode ser dito do CO2

apresentado um valor médio de 13%.

Figura 3.17 – Fracção molar em base seca dos produtos da reformação para o catalisador 100%CuAl2O33mm ao reagir com uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 com uma velocidade espacial de 675 h-1 a uma temperatura de 500 ºC.

Pode-se concluir com este resultado que os produtos da reacção se mantêm constantes ao longo do

tempo estudado, apesar de o catalisador apresentar um desempenho muito inferior ao Shiftmax 230.

A figura 3.18 ilustra os resultados referentes à selectividade do catalisador em estudo para com o

CO2.

0%

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60%

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Tempo / min

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CO

CO2

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47

Figura 3.18 – Variação da selectividade para o CO2 no catalisador 100%CuAl2O33mm para uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 com uma velocidade espacial de 675 h-1.

Como se observa, a variação da selectividade do catalisador 100%CuAl2O33mm com o tempo, varia

pouco, estando compreendida entre 81 % e 88 %, tendo o seu valor médio de 84 %.

Este catalisador não apresenta sinais de desactivação nem de perda de selectividade, embora estes

valores estejam abaixo dos requisitos dispostos na secção 1.5 que são, definir condições de

operação que permitam uma conversão de metanol a hidrogénio próxima dos 100% e a produção de

gás com uma percentagem de monóxido de carbono inferior a 2% e obter selectividades para a

produção de dióxido de carbono superior a 90%.

De salientar que para o catalisador em estudo, são verificadas quantidades apreciáveis de metano à

saída.

3.1.3 - Catalisador 100 % Cu com suporte em esferas de alumina de 1,5 mm de diâmetro

Este catalisador é uma das formulações concebidas no IST a partir do método de preparação de

catalisador referido na secção 2.2.1.2 e, é constituído 100% por nano partículas de Cu suportadas

em esferas de alumina de 1,5 mm de diâmetro (100%CuAl2O31,5mm) com uma relação de massa de

10% de material activo relativamente ao suporte. Seguidamente apresentam-se, para este

catalisador, os resultados dos ensaios de velocidade espacial, influência da temperatura e

longevidade.

0%

10%

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Tempo / min

Selectividade CO2

Page 58: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

48

3.1.3.1 - Efeito da temperatura

Os resultados deste catalisador no que respeita a conversão, quando sujeito a variação da

temperatura, são apresentados na figura 3.19.

Figura 3.19 – Variação da conversão de metanol com a temperatura começando esta a 500 ºC e decrescendo a uma taxa de 1 ºC.min-1 para uma solução de MeOH/H2O numa proporção de 1:2 com uma velocidade espacial de 675 h-1 quando esta reage com o catalisador 100%CuAl2O31,5mm.

Como se pode observar, a conversão de metanol é 100% dos 500 ºC aos 440 ºC desactivando

severamente abaixo dessa temperatura.

Embora apresente valores de conversão melhores que os do 100%CuAl2O33mm, fica muito longe

de ter o desempenho do Shift Max 230. Para este catalisador a quebra de conversão de metanol

poderá ser atribuída à sinterização [11], uma vez que este catalisador apresenta maior área

superficial, conseguem-se reformações a temperaturas mais baixas que com o 100%CuAl2O33mm

mesmo que com taxas de conversão baixas.

A figura 3.20 apresenta as fracções molares sem contabilizar o excesso de água dos produtos da

reacção para o ensaio de influência de temperatura.

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Temperatura / ºC

Conversão metanol

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49

Figura 3.20 – Variação da fracção molar com a temperatura, começando esta a 500 ºC e decrescendo com uma rampa de 1 ºC.min-1, para uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 respectivamente e para uma velocidade espacial de 675 h-1 o reagir com o catalisador 100%CuAl2O31,5mm.

A produção de hidrogénio permanece em 75 % (valor médio). A produção de CO2 apresenta poucas

oscilações com um valor médio de 11 %, no que respeita o CO, a geração deste composto apresenta

um valor médio de 1 % de 350 ºC a 500 ºC, os valores para 290 ºC e 320 ºC não têm grande

significado, uma vez que a conversão de metanol a estas temperaturas é de 2 %.

A perda de selectividade para o CO2 é notória a baixas temperaturas de reacção, quando comparado

com o Shift Max 230, isto indica que o catalisador, a estas temperaturas, promove mais a reacção de

decomposição do metanol.

A figura 3.21 apresenta os resultados deste catalisador para a selectividade com o CO2.

0%

10%

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Fracção H2

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Fracção CO2

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Figura 3.21 – Variação da selectividade para com o CO2 de o catalisador 100%CuAl2O31,5mm para uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 com uma velocidade espacial para uma temperatura a começar em 500 ºC e a decrescer a uma taxa de 1 ºC.min-1.

A selectividade deste catalisador para com o CO2 está acima dos 90 % para as temperaturas em que

se dá a reformação, os dois valores correspondentes às temperaturas mais baixas revelam que o

catalisador perdeu alguma selectividade, este facto advém da fracção molar de CO ser elevada para

estas duas temperaturas, no entanto, estes dois pontos não possuem relevância uma vez que a

conversão de metanol é de 2 %.

3.1.3.2 - Efeito da velocidade espacial

Inicialmente este catalisador tem uma conversão de 100 % a uma velocidade espacial de 675,22 h-1,

caindo depois para 68 % para 1780 h-1. À velocidade espacial de 3958 h-1 a taxa de conversão situa-

se nos 11 % e a 8203 h-1 é de 3 %.

A conversão do metanol em função da velocidade espacial é apresentada na figura 3.22.

30%

40%

50%

60%

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80%

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280

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Temperatura / ºC

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Figura 3.22 – Conversão de metanol com a velocidade espacial para um catalisador 100 % Cu com suporte em esferas de alumina de 1,5 mm de diâmetro, sujeito a uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 a uma temperatura de 500 ºC.

Também para este catalisador se conclui que esta formulação está longe de ser a ideal, uma vez que

este catalisador apenas apresenta taxas de conversão de metanol minimamente aceitáveis para

velocidades espaciais entre 675 h.1 e 1780 h-1

A figura 3.23 ilustra as fracções molares em base seca à saída do reformador.

Figura 3.23 – Fracções molares dos produtos à saída do reformador em função da velocidade espacial para um catalisador 100 % Cu com suporte em esferas de alumina com 1,5 mm de diâmetro, sujeito a uma solução MeOH/H2O na proporção de 1:2 a uma temperatura de 500 ºC.

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Fra

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Velocidade Espacial / h-1

Fracção H2

Fracção CO

Fracção CO2

Page 62: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

52

A geração de hidrogénio é igual a 77 % a 675 h-1 e 75 % de 1780 h-1 até 8203 h-1, a produção de CO

mantem-se constante com valor igual a 0 % para as três primeiras velocidades espaciais,

aumentando na quarta velocidade espacial para 2 %, mais uma vez, em valores absolutos, o CO

desce de acordo com [33], a produção de CO2 é igual a 9 %, 8 %, 7 % e 11 % para 675 h-1, 1780 h-1,

3958 h-1 e 8203 h-1 respectivamente.

Os resultados referentes à selectividade deste catalisador para com o CO2 apresentam-se na figura

3.24.

Figura 3.24 – Variação da selectividade para com o CO2 com a velocidade espacial de um catalisador 100 % Cu com suporte em esferas de 1,5 mm de alumina, quando sujeito a uma solução MeOH/H2O na proporção de 1:2 a uma temperatura de 500 ºC.

A selectividade apresenta valores acima de 88 % para 8203 h-1, culminando em 99 % para 675 h-1,

claramente superior ao 100%CuAl2O33mm.

3.1.3.3 - Longevidade

No que respeita a conversão, a figura 3.25 ilustra os resultados obtidos

0%

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Velocidade espacial / h-1

Selec.CO2

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53

Figura 3.25 - Variação da fracção molar com o tempo para uma velocidade espacial de solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 respectivamente de 675 h-1 ao reagir com um catalisador 100 % Cu suportado em esferas de 1,5 mm de diametro de alumina a uma temperatura de 500 ºC.

Mais uma vez aparece o “efeito de escada”, no entanto, pode-se concluir que o valor médio de

conversão ronda os 76 %.

As fracções molares dos produtos à saída do reformador apresentam-se na figura 3.26.

Figura 3.26 – Variação da fracção molar com o tempo para uma velocidade espacial de solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 respectivamente de 675 h-1 ao reagir com um catalisador 100 % Cu suportado em esferas de 1,5 mm de diametro de alumina a uma temperatura de 500 ºC.

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Tempo / min

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Page 64: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

54

A saída das espécies envolvidas apresenta um comportamento bastante repetível, o hidrogénio

apresenta uma fracção média de 77 %, o CO2 5 % e o CO 0%, os restantes 18 % são de metano que

também foi detectado nesta reformação.

A figura 3.27 apresenta os valores de selectividade do catalisador para com o CO2.

Figura 3.27 – Variação da selectividade para com o CO2 com o tempo para um catalisador 100 % Cu com suporte em esferas de alumina de 1,5 mm de diâmetro para uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 respectivamente com uma velocidade espacial de 675 h-1 para uma temperatura de 500 ºC.

Este catalisador compete directamente com o catalisador comercial Shift Max 230 no que respeita a

selectividade em ensaios de longa duração, seria interessante como trabalho futuro executar ensaios

de reformação de longevidade a velocidades espaciais mais elevadas de forma a verificar se a

selectividade se mantém.

3.1.4 - Catalisador Cu/ZnO na proporção de 1:1 com suporte em esferas de SiO2 de 1 mm de diâmetro

Este catalisador é uma das formulações concebidas no IST a partir do método de preparação de

catalisador referido no procedimento experimental. Apresenta uma superfície activa composta por

uma pasta de cobre e óxido de zinco.

3.1.4.1 - Efeito da temperatura

Os resultados da conversão de metanol para este catalisador em função da temperatura são

apresentados na figura 3.28.

0%

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Page 65: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

55

Figura 3.28 – Conversão de metanol em função da temperatura para um catalisador Cu/ZnO na proporção de 1:1 para uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 com uma velocidade espacial de 675 h-1, para uma temperatura a começar nos 500 ºC e a decrescer a uma taxa de 1 ºC.min-1.

Este catalisador apresenta 69 % de conversão de metanol a 500 ºC caindo logo após para 39 % a

440 ºC, acabando por apenas converter 8 % de metanol a uma temperatura de 320 ºC.

As fracas taxas de conversão exibidas na figura 3.28 podem ser atribuídas à baixa proporção de

cobre, de acordo com [34], maior conteúdo de cobre na superfície catalítica melhora a produção de

hidrogénio, tendo testado dois catalisadores de Cu/Zn de proporções 20/80 e 80/20, concluem ainda,

que excesso de cobre pode criar aglomerados, os quais reduzem a área superficial conduzindo a

taxas de conversão mais baixas.

Os resultados para a fracção molar de produtos à saída do reformador são apresentados na figura

3.29.

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Page 66: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

56

Figura 3.29 – Fracção molar dos produtos à saída do reformador em base seca em função da temperatura, com esta começando nos 500 ºC e diminuindo a uma taxa de 1 ºC.min-1, para um catalisador Cu/ZnO na proporção de 1:1 com suporte em esferas de silício de 1 mm de diâmetro quando alimentado com uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 e uma velocidade espacial de 675 h-1.

Com o decréscimo da temperatura a produção de hidrogénio vai-se diminuindo, no entanto o

catalisador nunca perde selectividade, aumentando assim a saída de CO2 ao invés de se gerar CO.

Os valores da selectividade do catalisador para com o CO2 são apresentados na figura 3.30.

Figura 3.30 – Valores de selectividade para com o CO2 de um catalisador Cu/ZnO na proporção de 1:1 com suporte em esferas de silício com 1 mm de diâmetro quando reage com uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 respectivamente com uma velocidade espacial de 675 h-1, para uma temperatura a começar nos 500 ºC e a decrescer à taxa de 1 ºC.min-1.

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Selectividade CO2

Page 67: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

57

Como se pode verificar pela figura 3.30, a selectividade apresenta valores bastante elevados sempre

acima dos 99 %.

3.1.4.2 - Efeito da velocidade espacial

Os resultados referentes à variação da conversão de metanol com a velocidade espacial para este

catalisador são apresentados na figura 3.31.

Figura 3.31 – Conversão do metanol em função da velocidade espacial para uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 a uma temperatura de 500 ºC, utilizando um catalisador Cu/ZnO na proporção de 1:1 com suporte em esferas de silício com 1 mm de diâmetro.

Verifica-se na figura 3.31 que a conversão do metanol é máxima a 58 % para este catalisador a uma

velocidade espacial de 675,22 h-1, a uma velocidade de 1780 h-1 a conversão cai subitamente para

23 % estando somente a 5 % a 8203 h-1 e a 2 % a 17036 h-1.

Também esta formulação está longe de ser a ideal, como trabalho futuro seria interessante variar as

concentrações de Cu e Zn, podendo ainda criar catalisadores com ligas ternárias como [13] ao

combinarem catalisadores Cu/ZnO com promotores como CeO2 ou ZrO2.

A fracção molar de produtos à saída do reformador em base seca é dada pela figura 3.32.

0%

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Velocidade Espacial / h-1

Conversão CH3OH

Page 68: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

58

Figura 3.32 – Variação da fracção molar de produtos à saída do reformador em base seca com a velocidade espacial para uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 utilizando um catalisador Cu/ZnO na proporção 1:1 com suporte em esferas de 1 mm de diâmetro a uma temperatura de 500 ºC.

A fracção molar de hidrogénio oscila entre os 70% e os 80 % tendo como valor médio 75 %, a

produção de CO2 encontra-se entre os 20 % e os 30 % tendo como valor médio 25 %, a geração de

CO é praticamente inexistente.

Os valores relativos à selectividade para com o CO2 deste catalisador em concreto são apresentados

na figura 3.33.

Figura 3.33 – Variação da selectividade para com a formação de CO2 com a velocidade espacial para um catalisador Cu/ZnO na proporção de 1:1 suportado em esferas de silício de 1 mm de diâmetro quando reage com uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 a uma temperatura de 500 ºC.

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Velocidade Espacial / h-1

Fracção de H2

Fracção CO

Fracção de CO2

95%

96%

97%

98%

99%

100%

0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000

Sel

ectiv

idad

e C

O2

/ %

Velocidade Espacial / h-1

Selectividade CO2

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59

Dados os valores baixos de saída de CO seria de esperar uma elevada selectividade para com o

CO2, e de facto, esta encontra-se acima dos 96 %, tendo o seu máximo para uma velocidade

espacial de 17036 h-1 de 99 % [33].

3.1.4.3 - Longevidade

Os resultados de conversão de metanol em função do tempo, ao longo do ensaio de reformação de

longevidade (8 horas), são apresentados na figura 3.34.

Figura 3.34 – Variação da conversão de metanol com o tempo ao longo de um ensaio de 8 horas para um catalisador Cu/ZnO na proporção de 1:1 suportado em esferas de sílica com 1 mm de diametro, quando sujeito a uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 com uma velocidade espacial de 675 h-1 e a uma temperatura de 500 ºC.

Como se pode observar na figura 3.34, o máximo ocorre aos 5 min com um valor de 94 %

decrescendo logo de seguida, mantendo-se a um valor médio de 70 % mas com tendência a

decrescer, ao passar o minuto 365, o catalisador começa a desactivar, existindo apenas uma

conversão de 13 % ao minuto 425.

A fracção molar dos produtos da reformação em base seca é dada pela figura 3.35.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0 50 100

150

200

250

300

350

400

450C

onve

rsão

de

met

anol

/ %

Tempo / min

Conversão CH3OH

Page 70: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

60

Figura 3.35 – Variação da fracção molar dos produtos da reformação em base seca ao longo do tempo para um catalisador Cu/ZnO na proporção 1:1 suportado em esferas de silício de 1 mm de diametro, quando sujeito a uma solução MeOH/H2O na proporção de 1:2 respectivamente a uma velocidade espacial de 675 h-1 e a uma temperatura de 500 ºC.

Para este catalisador, apresenta-se uma geração de hidrogénio com um valor médio de 73%, a

produção de CO2 tem um valor médio de 27 % e CO é praticamente inexistente. Todas as espécies

não sofrem grandes oscilações.

A selectividade deste catalisador para com o CO2 é apresentada na figura 3.36.

Figura 3.36 – Variação da selectividade para com o CO2 com o tempo para um catalisador Cu/ZnO na proporção de 1:1 com suporte em esferas de silício de 1 mm de diâmetro, quando sujeito a uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2 com uma velocidade espacial de 675 h-1 a uma temperatura de 500 ºC.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0 50 100

150

200

250

300

350

400

450

Fra

cção

mol

ar /

%

Tempo / min

H2

CO

CO2

97%

98%

99%

100%

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Sel

ectiv

idad

e C

O2

/ %

Tempo / min

Selectividade CO2

Page 71: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

61

A selectividade deste catalisador para com o CO2 é superior a 98 %, o que permite concluir que este

catalisador embora perca actividade ao longo das 8 horas, não perde a selectividade para com o

CO2, mantendo as emissões de CO praticamente nulas.

3.2 - Ensaios mecânicos ao catalisador

Após a reformação, retirou-se de dentro do reformador o catalisador, pesando-se este último de

forma a verificar a perda de massa de catalisador quando sujeita aos esforços mecânicos dos

ensaios de reformação decorridos.

Para ambos os casos em que os catalisadores estavam suportados em esferas de alumina, ou seja,

o catalisador 100 % Cu com suporte em esferas de alumina de 3 mm e o catalisador idêntico ao

anterior mas suportado em esferas de 1,5 mm, a perda de massa catalítica foi total, embora a

reacção se dê, uma vez que a massa de cobre (material activo) ainda se encontra dentro do

reformador, as esferas apresentam-se despidas de revestimento catalítico uma vez retiradas deste

último.

Para o caso do Shiftmax 230 da Sud-Chemie, das 9,010 g introduzidas, foram recuperadas 6,320 g,

o que dá uma perda de massa de 29,9 %. Grande parte da perda de agregação deste catalisador

prende-se com o facto de algumas pellets terem fracturado devido a gradientes de temperatura algo

elevados (após reformação, passagem com azoto ou hélio para limpeza da linha).

Para o caso do catalisador Cu/ZnO na proporção de 1:1 suportado em esferas de silício com 1 mm

de diâmetro, a perda de massa é irrisória atingindo apenas 1 %.

A tabela 3.1 sumariza o que foi dito em cima

Tabela 3.1 – Perda de massa dos catalisadores utilizados.

Massa Inicial [g] Massa final [g] Percentagem perdida [%] Shiftmax 230 9,010 5,947 33 100 % Cu em 3 mm Al2O3 1,140 0 100 100 % Cu em 1,5 mm Al2O3 1,132 0 100 Cu/ZnO 1:1 em 1 mm SiO2 1,417 1,403 1

3.2.1 - Comparação do desempenho dos catalisadores

Neste trabalho utilizaram-se quatro catalisadores, um comercial Sud-Chemie Shift Max 230 e três

formulações concebidas no IST, uma 100% Cu com suporte em esferas de alumina de 3 mm de

Page 72: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

62

diâmetro (100%CuAl2O33mm), uma 100 % Cu com suporte em esferas de alumina com 1,5 mm de

diâmetro e uma Cu/ZnO 1:1 com suporte em esferas de SiO2 de 1 mm de diâmetro.

O catalisador comercial mostrou ser o mais apto para a reformação do metanol, funciona numa gama

vasta de temperaturas (80% de conversão a 160 ºC a 100% de conversão a 500 ºC), demonstrou ser

muito selectivo para com o CO2 (96 % a 110 ºC), para o sistema de regulação de caudal utilizado,

conseguiu reformar com conversões de 100 % para todas as velocidades espaciais solicitadas e

reformou durante 8 horas sem qualquer indício de desactivação.

O catalisador 100%CuAl2O33mm demonstrou maiores limitações à reformação que o ShiftMax 230,

tendo o seu pico de conversão a 500 ºC com uma taxa de 72 %, apenas tem bons valores de

conversão para a velocidade espacial menor (675 h-1) e a selectividade decresce ao longo do período

de reformação, a fraca conversão pode ser explicada por Lindstrom e Patterson (2003). Lindstrom e

Patterson concluíram que utilização de cobre em excesso cria aglomerados que diminuem a área

activa do catalisador, prejudicando a conversão.

O catalisador 100%CuAl2O31,5mm conseguiu atingir 100 % de conversão para temperaturas entre os

500 ºC e os 440 ºC, no ensaio de longevidade demonstrou ser bastante repetível, com as fracções

molares de H2, CO e CO2 constantes ao longo de todo o ensaio e de valor 77 %, 0 % e 5 %

respectivamente, tal como no 100%CuAl2O31,5mm verificou-se saída de metano, correspondente

aos 18 % que prevalecem nos produtos da reformação com uma conversão média de 76 %. No que

respeita a velocidade espacial, também mostrou ser superior ao 100%CuAl2O31,5mm tendo já

reformações a 1380 h-1 cm taxa de 68 %. Também demonstrou elevada selectividade para com o

CO2. A grande diferença entre este catalisador e o 100%CuAl2O31,5mm é a área superficial, a área

superficial do catalisador escrutinado neste parágrafo é maior conseguindo por isso melhores valores

de reformação com a temperatura, velocidade espacial e longevidade. No entanto, este catalisador

não está alheio à criação de aglomerados [34].

O catalisador de Cu/ZnO 1:1 com suporte em esferas de SiO2 de 1 mm de diâmetro, revelou ser o

pior catalisador em termos de conversão, mas um dos melhores em selectividade. Com este

catalisador já não é verificada metanação como nas outras duas preparações concebidas no IST

cujo material activo é 100 % Cu. De forma a melhorar a conversão deste catalisador outra

formulação é necessária, e aqui existem duas escolas de pensamento, Lindstrom e Patterson (2003)

referem que o aumento de Cu em relação ao ZnO aumenta ligeiramente a conversão, Busca et al

(2006) referem que catalisadores com pouco teor de Cu podem aumentar a conversão de metanol.

Em suma, os catalisadores concebidos no IST são um bom ponto de partida, mas muito trabalho terá

de ser feito até se conseguir uma formulação que consiga competir com o Shift Max 230.

Page 73: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

63

3.2.2 - Conversão

A tabela 3.2 apresenta um comparativo entre os diferentes tipos de catalisador testados – conversão

versus temperatura.

Tabela 3.2 – Comparativo entre catalisadores Conversão de metanol versus Temperatura

T / ºC Conversão de Metanol %

Shiftmax230 100%CuAl2O3 3mm

100%Cu Al2O3 1,5mm

50%Cu/ZnO SiO2 de 1mm

150 40 0 0 0 200 85 0 0 0 250 87 0 0 0 300 100 0 1,3 0 350 99 0 12 12 400 98 20 12 30 450 100 60 100 46 500 100 72 100 65

Quanto à conversão não há margem para dúvida, o Shift Max 230 é de facto superior quando

comparado aos outros.

3.2.3 - Selectividade à formação de CO2

Tabela 3.3 – Título Comparativo entre catalisadores – Selectividade à formação de CO2 versus

Temperatura

T [ºC] Selectividade à formação de CO2 %

Shiftmax230 [%] 100%CuAl2O3 3mm [%]

100%Cu Al2O3 1mm [%]

50%Cu/ZnO SiO2 de 1mm [%]

150 99 NA NA NA 200 100 NA NA NA 250 100 NA NA NA 300 100 NA 40 99 350 100 NA 88 99 400 100 NA 90 99 450 100 75 98 99 500 100 78 98 99

Mais uma vez o Shift Max 230 surpreende pela positiva, em termos de selectividade em função da

temperatura é o melhor catalisador testado.

Page 74: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

64

3.3 - Perfis de temperatura

Para este trabalho foram também retirados perfis de temperatura do interior do reformador para dois

catalisadores, o comercial da Sud-Chemie Shiftmax 230 e para a formulação elaborada no IST de

100 % de Cu com suporte em esferas de alumina de 1,5 mm.

Salienta-se que a posição 0 cm corresponde à zona de entrada dos reagentes pré-vaporizados e a

posição 2 cm corresponde ao inicio da zona de reacção (zona catalítica).

3.3.1 - Catalisador Sud-Chemie Shiftmax 230

A figura 3.37 mostra os perfis térmicos retirados em função de diferentes velocidades espaciais.

Figura 3.37 – Perfis térmicos retirados do interior do reformador com recurso a um termopar série K, com o controlador do forno regulado para 500 ºC, tendo o reformador no seu interior o catalisador da Sud-Chemie Shiftmax 230 a reagir com uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2.

Conforme se pode verificar na figura 3.37, para um reactor sem reacção o perfil térmico apresenta

um máximo no ponto a 8 cm da zona de entrada.

Com base neste resultado decidiu-se colocar o catalisador entre os 2 cm e os 12 cm, uma vez que o

gradiente de temperatura nessa zona é baixo e para efeitos de colocação e remoção de catalisador,

é mais simples (o acesso ao catalisador a 2 cm da entrada do reformador é deveras facilitado

quando comparado ao acesso ao catalisador colocado a 4 cm, não esquecendo que o diâmetro

interno do reformador são 15 mm).

Embora no controlador do forno se tenha colocado o setpoint a 500 ºC, este apenas possui um

termopar, e a resistência opera como um todo, não estando seccionada, se esta ultima fosse

particionada, com o auxílio de mais termopares, o controlador do forno poderia comandar as várias

300

350

400

450

500

550

0 5 10 15 20 25

Tem

pera

tura

/ ºC

Posição axial / cm

0 h^-1

1380 h^-1

8203 h^-1

17036 h^-1

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65

resistências de forma a se obter perfis de temperatura cujos gradientes de temperatura fossem cada

vez mais próximos de zero. Uma vez que o forno não está perfeitamente isolado, tendo perdas

térmicas pela entrada e saída da manga, podem-se justificar os abaixamentos de temperatura tanto à

entrada como à saída do reformador.

No que respeita aos perfis de temperatura com reformação, nota-se claramente que com o aumento

da velocidade espacial, a temperatura no interior do reformador baixa à entrada. Isto acontece, uma

vez que a potência calorífica fornecida pelo forno é constante, e com o aumento de caudal de

passagem de solução, uma maior fracção dessa potência calorífica é transferida para o fluido,

ficando assim a guia do termopar a uma temperatura mais baixa.

Na zona catalítica verifica-se um abaixamento da temperatura para os perfis térmicos em

reformação, derivado do mecanismo da reformação ser endotérmico (secção 1.3.1.1).

Com o tempo de residência a diminuir (velocidade espacial a aumentar) verifica-se que a

temperatura de uma forma geral diminui na zona do catalisador. Como a vaporização da solução e

aquecimento dos reagentes é feita no próprio forno a temperatura de entrada diminui quando se

aumenta o caudal. Adicionalmente, apesar da conversão diminuir, a quantidade de hidrogénio

produzido aumenta e por isso absorver mais calor. Observa-se ainda que ocorre um mínimo local

cuja intensidade aumenta e desloca-se na direcção da saída. Para baixas velocidades espaciais em

que a conversão seja mais completa a reacção vai ocorrer mais cedo no catalisador enquanto

aumentando a velocidade a reacção vai ocorrer em todo o comprimento.

A diminuição local da temperatura normalmente ocorre junto à entrada do reformador mas no caso

das maiores velocidades espaciais pode ocorrer mais tarde devido a ser a zona onde a temperatura

do forno é mais alta. Outro aspecto que convém referir é que a temperatura de entrada dos

reagentes que são pré-aquecidos no próprio forno é mais baixa quando se aumenta o caudal.

3.3.2 - Catalisador 100 % Cu com suporte em esferas de alumina de 1,5 mm

O mecanismo da reacção é endotérmico (secção 1.3.1.1), o catalisador em nada muda este facto,

como tal, esperam-se valores de abaixamento da temperatura na zona catalítica, tal como para o

caso do Sud-Chemie Shiftmax 230.

A figura 3.38 apresenta os perfis térmicos retirados para este catalisador para várias velocidades

espaciais.

Page 76: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

66

Figura 3.38 – Perfis térmicos retirados do interior do reformador com recurso a um termopar série K, com o controlador do forno regulado para 500 ºC, tendo o reformador no seu interior o catalisador 100%CuAl2O33mm a reagir com uma solução de MeOH/H2O na proporção de 1:2.

Como se pode constatar nesta figura, o perfil térmico para 1380 h-1 apresenta uma ligeira depressão

0 cm e 4 cm, o que significa que entre o inicio do catalisador (2 cm) e os 4 cm há reacção, no entanto

o consumo de energia (abaixamento da temperatura) da reacção não é tão significativo como para o

Shiftmax 230. Isto deve-se a uma menor conversão de metanol para este catalisador, o que siginifica

uma produção de hidrogénio menor para o mesmo caudal. Como há um aumento do caudal observa-

se que a temperatura inicial é menor e a taxa de aquecimento é menor.

Os perfis de temperatura para 3958 h-1 e para 8203 h-1 são os esperados dado que a análise

cromatográfica não detectou produção de hidrogénio para estas velocidades, apenas metanol e

água. O decréscimo de temperatura verificado deve-se exclusivamente a calor transferido

directamente para o fluido, sem que ocorra reacção de reformação.

3.4 - Potência transferida para o fluido e potência equivalente de hidrogénio

Por vezes, embora não se tenha conversão completa do metanol, é mais vantajoso do ponto de vista

da produção de hidrogénio aumentar o caudal de reagente. Em termos relativos, a produção de

hidrogénio será menor, mas em termos absolutos o contrário acontece.

Aplicando a equação

!"#!$!!"#!$!

Em que representa a potência transferida para o fluido, o caudal mássico de reagente e

as entalpias de reagente ou de produtos, é possível verificar quanta potência térmica é

transferida para o fluido.

400

420

440

460

480

500

520

0 5 10 15 20 25

Tem

pera

tura

/ ºC

Posição axial / cm

0 h^-1

1380 h^-1

3958 h^-1

8203 h^-1

Page 77: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

67

Para calcular a potência equivalente do hidrogénio aplica-se

; . ,12 . ;=

Em que ; representa a potência equivalente do hidrogénio o caudal mássico, ,12 a fracção

mássica de hidrogénio e ;= representa o poder calorífico inferior.

A tabela 3.4 apresenta os valores da potência transferida para o fluido e equivalente de hidrogénio

para várias velocidades espaciais, PTF significa Potencia Transferida para o Fluido e PE Potencia

Equivalente.

Tabela 3.4 – Potência transferida para o fluido e equivalente de hidrogénio em função da velocidade

espacial.

Shiftmax 230 Cu/ZnO 1:1 SiO2 100%CuAl2O33

mm 100%CuAl2O31,5

mm

Velocidade espacial

[h-1] PTF [W] PE H2 [W] PTF [W] PE H2 [W] PTF [W] PE [W] PTF [W] PE [W] 675 1,40 6,39 1,40 2,60 3,00 8,80 2,20 8,47

1781 9,30 33,32 7,10 5,70 4,00 14,06 6,00 16,64 3958 22,50 81,39 19,00 14,10 10,00 18,84 NA NA 8203 49,30 148,40 38,70 8,70 21,00 17,17 NA NA

17037 115,60 406,76 80,60 3,44 25,60 5,75 NA NA

Como se pode constatar na tabela, os valores da potência transferida para o fluido aumentam, com o

aumento do caudal, no caso do Shiftmax, uma vez que para estas velocidades a conversão de

metanol é de 100 %, logo é de esperar que a potência equivalente de hidrogénio aumente. Mesmo

que a conversão baixasse ligeiramente, é possível obter um caudal de hidrogénio maior e também

um aumento no calor absorvido.

Para o Cu/ZnO 1:1 SiO2 a potência equivalente do hidrogénio tem o mínimo a 675 h-1 de 2,60 W e o

máximo para 3958 h-1 com um valor de 14,10 W, a partir desta velocidade espacial, a potência

equivalente de hidrogénio diminui, uma vez que a conversão também diminui.

Para 100%CuAl2O33mm acontece o mesmo que com o catalisador dopado com ZnO, apresenta um

máximo de potência equivalente de hidrogénio a 3958 h-1, uma vez que a conversão de metanol

começa a descer, também o valor da potência equivalente desce.

Para o 100%CuAl2O31,5mm apenas se testaram as duas primeiras velocidades espaciais, uma vez

que a conversão para velocidades mais elevadas é nula.

Page 78: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

68

Em suma, o catalisador Shiftmax 230 apresenta valores muito mais elevados de potência equivalente

de hidrogénio, no entanto, também a potência fornecida ao fluido é mais elevada, não deixando o

saldo energético de ser mais favorável para este catalisador

O catalisador com menor potencia equivalente de hidrogénio revelou ser o catalisador de Cu/ZnO 1:1

SiO2, isto deve-se possivelmente a uma baixa proporção de Cu.

Os catalisadores 100 % Cu apresentam o mesmo comportamento do catalisador Cu/ZnO, mas com

maiores potências equivalentes de hidrogénio e transferidas para o fluido.

Uma grande diferença entre o Shiftmax 230 e os catalisadores com formulação concebida no IST é a

quantidade de material activo, o catalisador comercial tem aproximadamente 6 a 7 vezes mais

material activo que as outras formulações, este facto influencia a reformação.

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69

4 – Conclusões O catalisador da Sud Chemie revelou ser o mais activo de todos os testados, os catalisadores com

formulação concebida no IST, necessitam de ser reformulados

Pode-se constatar que a conversão para o catalisador da Sud-Chemie ronda os 100 % entre os 500

ºC e os 260 ºC, sendo que esta começa a decrescer primeiro para 83 % a 230 ºC e depois 5 % a 110

ºC. A 50 ºC praticamente não existe conversão, sendo esta de 1 %.

O catalisador da Sud Chemie demonstrou elevada selectividade para com o CO2 para temperaturas

acima de 110 ºC, sendo praticamente 100 % a partir dos 140 ºC, isto revelou que o CO produzido

pela decomposição do metanol reagiu com o excesso de água presente promovendo a WGS,

convertendo o CO em CO2 e mais H2.

Neste trabalho, o catalisador da Sud Chemie conseguiu reformar até 18000 volumes de reactor por

hora sem baixar a capacidade de conversão.

Quanto à longevidade, o catalisador da Sud Chemie reformou ao longo de 8 horas sem perder a

capacidade de conversão que se manteve sempre a 100 % e a selectividade à formação de CO2

manteve-se sempre acima de 98 %.

Para o catalisador 100%CuAl2O33mm verificou-se que a conversão nunca foi além dos 72 % mesmo

para 500 ºC eventualmente porque houve perda de superfície activa reaultado da sinterização.

A selectividade à formação do CO2 do 100%CuAl2O33mm nunca foi acima dos 78 % o que é um valor

bastante baixo quando comparado com o da Sud Chemie.

Para o catalisador 100%CuAl2O33mm tanto a conversão como a selectividade baixaram

abruptamente com o aumento da velocidade espacial, o que torna este catalisador desadequado

para este tipo de reacção.

Quanto à longevidade do catalisador 100%CuAl2O33mm, este apresentou uma percentagem de

conversão e de selectividade para a formação de CO2 de cerca de 80 %, para o caudal mais baixo.

No que respeita o catalisador 100%CuAl2O31,5mm, este apresentou valores de selectividade e de

conversão e longevidade ligeiramente melhores que o 100%CuAl2O33mm devido à sua maior área

superficial.

Dos catalisadores sintetizados no laboratório, o catalisador de Cu/ZnO foi o que apresentou menores

valores de conversão (60 %), no entanto, foi o que revelou melhor selectividade para a formação do

CO2 (98%).

Todos estes catalisadores foram regenerados por um processo de redução que se revelou benéfico

para todos, recuperando as propriedades catalíticas iniciais.

Page 80: Resumo - fenix.tecnico.ulisboa.pt

70

5 - Referências

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