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www.bancariospe.org.br DOS Bancários Revista Ano IV - Nº 38 - Janeiro de 2014 Publicada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco Descontentes com a política cultural do governo estadual, artistas e intelectuais de Pernambuco se unem em busca de uma nova forma de pensar e gerir a cultura para a arte Liberdade

Revista dos Bancários 38 - Jan. 2014

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DOS BancáriosRevista

Ano IV - Nº 38 - Janeiro de 2014 Publicada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco

Descontentes com a política cultural dogoverno estadual, artistas e intelectuaisde Pernambuco se unem em busca de umanova forma de pensar e gerir a cultura

para a arteLiberdade

2 REVISTA DOS BANCÁRIOS

Opinião Editorial

>>A política cultural do Governo de Pernambuco tem deixado a desejar

O futuro danossa arte

DOS BancáriosRevista

Redação: Av. Manoel Borba, 564 - Boa Vista, Recife/PE - CEP 50070-00Fone: 3316.4233 / 3316.4221Correio eletrônico: [email protected]ítio na rede: www.bancariospe.org.br

Presidenta: Jaqueline MelloSecretária de Comunicação: Anabele SilvaJornalista responsável: Fábio Jammal MakhoulConselho editorial: Anabele Silva, Geraldo Times, Jaqueline Mello e João RufinoRedação: Fabiana Coelho, Fábio Jammal Makhoul e Sulamita EsteliamDiagramação: Bruno LombardiFoto da capa: Eric Gomes/Secult-PEImpressão: NGE GráficaTiragem: 11.000 exemplares

Informativo do Sindicato dos Bancários de Pernambuco

ÍndiceDireitos Culturais

Lembranças de Vavá Relojoeiro

Reforma política em debate

Dicas de cultura

Bancário artista

Conheça Pernambuco

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A diversidade cultural de Pernambuco, com toda sua riqueza, é certamente um dos grandes orgulhos do nosso povo. Não é à toa que o Estado é reconhecido em todo o Brasil por respirar arte e valorizar seus artistas.

Mas, nos últimos anos, a política cultural do go-verno pernambucano deixou a desejar. Tanto que, no final do ano passado, o governador Eduardo

Campos chegou a anunciar uma reforma administrativa que previa a extinção da Secretaria de Cultu-ra do Estado. A ideia do gover-nador, pasmem!, era incorporar a pasta à Secretaria de Desenvolvi-mento Econômico; juntando alhos com bugalhos.

A iniciativa só não saiu do papel graças à mobi-lização de artistas e intelectuais pernambucanos, que criaram o grupo Direitos Culturais. Garantida a manutenção da Secretaria de Cultura, o grupo agora batalha por uma nova forma de pensar e gerir a nossa arte.

Nesta edição da Revista dos Bancários entre-vistamos lideranças do grupo para uma matéria especial, que analisa a situação atual das políticas culturais de Pernambuco e fala das expectativas para o futuro.

A primeira edição do ano da revista também apresenta Vavá Relojoeiro, um ex-funcionário do Banco do Brasil de 86 anos, que guarda em sua memória histórias de todo os tipos.

Na entrevista do mês, conversamos com Edu-ardo Mafra e Nicole Giovana, que lideram em Pernambuco uma campanha nacional pelo plebis-cito que visa criar uma Constituinte exclusiva para mudar o sistema político do Brasil.

Essa importante reforma, aliás, foi uma das principais reivindicações das manifestações de junho do ano passado e só não avançou por causa dos setores mais conservadores do país, entre eles a chamada grande imprensa.

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Capa Cidadania

Cultura é a cidade em movimento

Grupo de DireitosCulturais, recém-criado, pede uma nova forma de pensar e gerir a cultura

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O ano de 2014 se inicia com um novo grupo de articulação e organização da sociedade civil: o Grupo de Direitos

Culturais. O estopim para sua criação veio em meados de novembro, quando surgiu a notícia de que a reforma ad-ministrativa realizada pelo governador Eduardo Campos previa a extinção da Secretaria de Cultura do Estado, que seria incorporada à pasta de Desenvol-vimento Econômico. A repercussão foi imediata nas redes sociais e, no mesmo dia em que foi criado, o grupo já agre-gava cerca de 400 pessoas.

Entre os focos imediatos, estava a luta contra a extinção da Secretaria e a revisão da composição e formato do Conselho Estadual de Cultura, com ade-são de Pernambuco ao Sistema Nacional de Cultura.

Criado em 1967, em plena ditadura militar, o conselho estadual tinha seus integrantes escolhidos pelo governador e excluía a participação da sociedade civil. “Exemplo do tipo de atuação deste con-selho foi dado no caso do tombamento do Edifício Caiçara. O Conselho tomou como base apenas os pareceres dos contratados pela Rio Ave, interessada na demolição, e indeferiu o pedido de tombamento. Ou seja, ele está imune à participação da sociedade, mas não está isento à ingerência política e econômica dos poderosos”, explica Liana Cirne, integrante do grupo.

Pelo Sistema Nacional de Cultura, os conselhos estaduais teriam que ter representação dos segmentos culturais e paridade entre o Estado e a sociedade civil.

No dia seguinte à criação do grupo, o governador deu marcha a ré: afirmou que tudo não passava de boato e que jamais pensara em extinguir a Secretaria de Cultura. E o melhor: anunciou a adesão de Pernambuco ao Sistema Nacional de Cultura, com mudança no conselho. “Agora, temos que ficar atentos para co-

Capa Cidadania

GRUPOS COMO O DIREITOS URBANOS TÊM GARANTIDO VÁRIAS VITÓRIAS E AJUDADO A CRIAR ESPAÇOS VIVOS, QUE FAZEM DA CIDADE UM LUGAR DE CONVIVÊNCIAAN

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brar a efetiva reformulação”, diz Liana.

GRUPOS INTEGRADOSLiana é advogada, professora de Direi-

to, militante do grupo Direitos Urbanos. Mas também é ligada à cultura, tanto como produtora, como consultora jurídi-ca para a elaboração do projeto de lei do audiovisual. “A gente pensa a cidade de uma forma integrada. O direito à cultura está indissociavelmente ligado aos direi-tos urbanos. Não se pode construir um parque e não garantir uma programação cultural para torná-lo vivo. Ocupar as ruas é enchê-las de arte e movimento...”, afirma Liana.

Fundador do grupo, João Vale é jor-nalista, integrante do grupo Coque (R)Existe e foi funcionário da Secretaria de Cultura na gestão do artista e bancário Fernando Duarte.“A política de Per-nambuco é muito amarrada a um certo pensamento colonial desenvolvimentista e esquece da formação dos sujeitos hu-

manos – da beleza, da alegria, da memó-ria... Das questões do envolvimento, e não desenvolvimento”, opina João.

Como eles, outros participantes do grupo recém-fundado transitam entre o mundo da arte e a militância em favor de uma cidade em que os valores co-letivos se sobreponham. Para o grupo, a discussão sobre cultura não pode ser feita de maneira isolada, mas agregada a questões de cidadania, urbanismo, participação popular.

“O campo do econômico ou do desen-volvimento se ampliou muito, invadiu vários espaços. Nossa luta é para criar o campo coletivo, o campo do comum. Isso em qualquer área: a arte, por exem-plo. Precisamos de tempo para construir juntos. Em um momento em que dizem que devemos acumular coisas, acho que precisamos perder esse tempo”, afirma João.

O grupo nasce, portanto, da mesma base sobre a qual outros grupos surgiram

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O GRUPO DIREITOS CULTURAIS JÁ AGREGA MAIS DE 700 PESSOAS

LIANA CIRNE

JOÃO VALE

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e ganharam repercussão na sociedade civil organizada. Com formas de organi-zação diferentes dos movimentos tradi-cionais, grupos como o Direitos Urbanos têm garantido várias vitórias e ajudado a criar espaços vivos, em que as pessoas ocupam as ruas – brincam, se divertem, pedalam, caminham e fazem da cidade um lugar de convivência. Grupos como o Coque (R)Existe conseguiram reverter a remoção de moradores na periferia e, agora, já se articulam com outras comu-nidades na briga pelo direito de moradia.

PARTICIPAÇÃO POPULAR O Direitos Culturais, que começou com

duas importantes vitórias, acumula dois encontros presenciais e agrega mais de 700 pessoas, dos diferentes segmentos culturais. Nos dias que se seguiram à criação, artistas do setor de audiovisual, dança e artes plásticas levaram a público suas reivindicações, em documentos pro-tocolados na Prefeitura do Recife. Entre

as demandas, há muita coisa em comum, algumas das quais já estão descritas no Plano Municipal de Cultura, que existe desde 2009, tem validade até 2019 e revi-são prevista para o ano que vem. É o caso do Fundo Municipal de Cultura, reivindi-cação de todos os segmentos artísticos.

A reabertura do Cineteatro do Par-que é outro ponto comum. No início de dezembro, durante a solenidade de premiação do 15º Festcine (Festival de Curtas de Pernambuco), artistas do setor audiovisual fizeram ato pela revitaliza-ção. O teatro, que está fechado desde 2010, tem valor simbólico para o grupo recém-criado: “É símbolo do que a gente defende por democratização da cultura. É um teatro que tem vocação popular, situ-ado no centro da cidade, onde se exibiam filmes a preços populares e espetáculos, de diversos gêneros, movimentavam o público”, explica Liana.

Mas o grande pleito dos artistas é a participação popular na implementação

das políticas públicas. Segundo Liana, há pedidos de reunião por parte dos artistas que foram protocolados em junho junto aos gestores do Recife e Pernambuco e, até agora, permanecem sem resposta.

Esta falta de sintonia entre os gestores e a sociedade civil ficou clara durante a realização do XV Festival Recife do Teatro Nacional, no início de dezembro, quando a apresentação de um espetáculo teve que ser cancelada por falta de públi-co. Os artistas criticam que não houve ne-nhuma articulação entre a organização do evento e a comunidade onde aconteceria a apresentação. “A Bomba do Hemetério tem uma tradição cultural muito forte. Mas as pessoas sequer sabiam onde ia acontecer o espetáculo”, afirma a atriz Márcia Cruz.

Ampliar as instâncias de participação é, portanto, uma prioridade. “Sejam quais forem as soluções pensadas, tem que ser junto com a sociedade civil”, conclui Liana.

Capa Cidadania

NO INÍCIO DE DEZEMBRO, ARTISTAS DO SETOR AUDIOVISUAL FIZERAM ATO PELA REVITALIZAÇÃO DO CINETEATRO DO PARQUE, QUE ESTÁ FECHADO DESDE 2010

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na agência Recife Centro.Hoje, aos 86 anos, 25 deles no Banco do Brasil, o guardião dos relógios é, também,

um colecionador de histórias. Cada hora guarda uma lembrança, de si ou de outros. E cada lembrança é registrada, em três livros já publicados e outros quatro a publicar. Vavá Relojoeiro anota cada fato vivido, visto ou ouvido com o mesmo cuidado com que mantém os ponteiros a girar.

Há histórias de todos os tipos: engraçadas, tristes, satíricas. Várias delas reunidas em três volumes da série intitulada “Episódios Folclóricos”. A edição e publicação foi toda bancada pelo próprio escritor, que não vendeu os exemplares; distribuiu gratuitamente para amigos e colegas. “Eu quero mesmo é que as pessoas conheçam as histórias”, afirma.

Dizem que a memória é filha do tempo. E Vavá guarda por ambos o mesmo carinho. Em sua biblioteca, os livros de História, sobretudo História de Pernambuco,

Memória Sociedade

Edival Gomes é um homem de muitos ofícios. No Banco do Brasil foi servente, contínuo, ascensorista... Tem curso técni-

co de mecânica, contabilidade e formação em Direito. Mas, de todos os diplomas e ofícios, nenhum o orgulha mais que seu trabalho como relojoeiro.

Durante vários anos, era ele quem mantinha em perfeito funcionamento 130 relógios do Banco do Brasil. Nas horas vagas, em casa, consertava também os relógios de clientes e colegas de trabalho,

O guardião das horas e históriasNo mês dos aposentados, a Revista dos Bancários traz um pouquinhodas lembranças de Vavá Relojoeiro, ex-funcionário do Banco do Brasil

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ocupam a maior parte das prateleiras. Em sua sala, vários relógios, antigos, dividem espaço com as estantes de livros, espa-lhando pela casa seu tique-taque melódico e metódico.

NO BANCO POR ACASOEdival Gomes não queria trabalhar no

Banco do Brasil. Vivia muito bem, em Moreno, onde era querido por todos, tan-to por sua intimidade com a prosa como pela habilidade em manter os relógios das pessoas do lugar.

Era tão bem quisto que um amigo o convidou para cabo eleitoral em sua cam-panha. Ele não quis aceitar, pelo menos oficialmente. Mas disse que recomendaria o voto para os seus conhecidos. Depois da apuração, e surpreendido com a quantida-

de de votos, o deputado eleito reservou para Vavá uma surpresa: sua nomeação no Banco do Brasil.

“Na época só tinha telefone nos lugares oficiais. Chegou um capitão, num carro do Exército, e foi me procurando de casa em casa. Ninguém dizia onde eu morava, com medo que me levassem. Depois de muito tempo é que ele foi bater em minha residência com a notícia da nomeação”, conta Vavá.

Ele não queria sair de Moreno: vivia bem em sua cidade, gostava de seu ofício, tinha já quatro filhos. “Mesmo assim fui me informar. Disseram que a vaga era pra servente. Eu não queria: não gosto dessa coisa de varrer e lavar. Mas até o prefeito da cidade me aconselhou a aceitar. E foi assim que, no dia 12 de setembro

de 1960, eu tomei posse no Banco do Brasil”, lembra.

SERVENTE PARA SEMPRE Edival já trabalhava como servente há

alguns anos quando abriu concurso para carreira administrativa no banco. “Eu me inscrevi. Minha escola primária tinha sido fraca: era uma professora só, sem muito método. Mas eu gostava de ler, escrevia bem e era muito bom em matemática. Tinha tido aulas com Wolmer Verçosa de Vasconcelos que, de Moreno, passou a ser matemático reconhecido internacio-nalmente”, conta Edival.

Suas pretensões, entretanto, foram abortadas pelo banco. Alguns dias após a inscrição, Vavá recebeu um memorando. Dizia: “Em virtude de ter tomado posse

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Memória Sociedade

CADA LEMBRANÇA DE VAVÁ RELOJOEIRO É REGISTRADA E FOI PUBLICADA EM TRÊS LIVROS

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com mais de 28 anos, fica impedido de fa-zer concurso pra carreira administrativa”.

A notícia foi um golpe e tanto. En-cheu de desgosto o Vavá que, nas horas vagas, fazia curso de contabilidade. Mesmo assim, ele permaneceu dando sua contribuição ao banco, como servente, contínuo, ascensorista.

Muitas vezes viajou pra outros esta-dos do Nordeste na companhia de um escriturário, um motorista e um vigilan-te em uma veraneio cheia de dinheiro pra “fazer a numerária”. No elevador, funcionava também como confidente, o que fez crescer sua coleção de histórias. Depois que descobriram sua habilidade como relojoeiro, passou a ser, também, o responsável pela manutenção dos 130 re-lógios do banco. Também sabia manejar uma câmera e, muitas vezes, serviu como fotógrafo para os colegas da agência, entre eles o compositor Capiba, de quem já fotografou um evento de aniversário.

Seu curso de mecânica, feito a du-ras penas no Senai, também já foi útil ao Banco do Brasil. “Foi uma dureza concluir o curso. Eu ia a pé de Moreno até o Cabanga junto com um colega... Mas, uma vez, a bomba do prédio pifou

e a gente ia ficar sem água durante dois meses até a peça chegar. Eu disse ao ge-rente: - O senhor me autorize a procurar um soldador que eu dou um jeito. Depois de algum tempo, ele acabou consentindo. O serviço foi feito e a bomba voltou a funcionar”, lembra.

Apesar de todos os seus préstimos, Edival entrou e se aposentou como ser-vente. Ou melhor, se aposentou como contínuo porque a função de servente foi incorporada a esta outra. Apesar de não falar sobre o assunto, ele deixa transpa-recer uma certa mágoa: “O banco não reconhece o valor da gente...”

TEMPOS DIFÍCEISHá outra coisa sobre a qual Vavá não

gosta de falar: sobre os tempos duros da ditadura militar. Seus olhos marejam quando lembra de colegas que foram levados pelo regime. E o pior: como con-tínuo, era ele o encarregado de conduzir o coronel até o colega que seria preso.

No entanto, ainda que dissesse que “detesta comunista”, jamais delatou nenhum de seus colegas, mesmo quando recebia promessas de ascensão na carrei-ra – coisa que sempre lhe foi negada. Pelo

contrário, Vavá chegou a ajudar alguns de seus companheiros.

Um deles, por exemplo, ele conseguiu avisar. “Mandei um bilhete pra ele se dirigir ao banheiro que eu esperava lá. Aí eu disse: - Você vai ser preso agora. Fuja logo! Ele quis saber se era polícia ou exército, porque, se fosse exército, era a vida dele que estava em risco. Mas eu disse que não, que era polícia. Ele preferiu ficar: foi preso, mas solto depois e transferido para outro setor”, lembra o relojoeiro.

Foi só depois de aposentado que Edival cursou Direito e se formou como advo-gado. Mas nunca exerceu a profissão. Pelo contrário: ficou frustrado depois de receber mais de duas propostas desones-tas. Uma delas foi recebida a socos. “O bandido queria que eu montasse banca nas delegacias com habeas corpus em branco assinados pelo promotor”, diz. Outra vez, queriam que ele fizesse um inventário para arrancar um engenho de duas senhoras idosas.

Depois de mais algumas propostas do tipo, ele desistiu da profissão. Preferiu se dedicar àquilo que, de fato, ama: o tempo e a memória, os relógios e as histórias.

Memória Sociedade

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VAVÁ TEM VÁRIOS RELÓGIOS ANTIGOS

QUE DIVIDEM ESPAÇO COM AS ESTANTES DE LIVROS, ESPALHANDO

PELA CASA SEU TIQUE--TAQUE MELÓDICO E

METÓDICO

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Entrevista Eduardo Mafra e Nicole Geovana

Uma novapolítica paraum novo Brasil

Movimentos social e sindical lançam plebiscito por uma constituinte exclusiva para mudar o sistema político e garantir um novo rumo para o país

A BANDEIRA DA REFORMA POLÍTICA SURGIU NO BOJO DAS MARCHAS DE JUNHO DO ANO PASSADO, QUANDO

MILHÕES SAÍRAM ÀS RUAS EM TODO O PAÍS

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Entrevista Eduardo Mafra e Nicole Geovana

Já está funcionando, a partir deste janeiro, na sede da Secretaria de Políticas Sociais da CUT-PE, o Co-mitê Pernambucano pelo Plebiscito

Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana para Mudar o Sistema Político do Brasil. O nome comprido traduz a complexidade e a importância da causa, cuja campanha no estado foi lançada, no Sindicato dos Bancários, no final de novembro, após lançamento nacional, no feriado da República, em Brasília. A coleta de votos vai acontecer de 1º a 7 de Setembro deste ano, na Semana da Pátria.

Um baita desafio, que conta com o po-der de mobilização de mais de 70 organi-zações dos movimentos sociais e sindicais em todo o país. O objetivo é convencer a população que só a Constituinte Exclu-siva, conquistada em plebiscito popular, pode mudar a política brasileira, abrindo canais de participação direta do povo nos destinos da Nação.

Nesta entrevista, Eduardo Mafra, da Consulta Popular, e Nicole Geovana, da Marcha Mundial de Mulheres no Recife, falam sobre os caminhos e estratégias da campanha.

REVISTA DOS BANCÁRIOS - Por que um plebiscito e por que uma consti-tuinte exclusiva para a reforma política no Brasil?

EDUARDO MAFRA – A bandeira surgiu numa conjuntura muito específica, no bojo das marchas de junho, quando milhões saíram às ruas por transporte, saúde e educação públicas de qualidade, por reforma política e contra a corrupção. Acabou evoluindo em meio à efervescên-cia dos movimentos sociais e sindical...

REVISTA DOS BANCÁRIOS – Sim, as mobilizações de junho começaram por conta das tarifas e da falta de qua-lidade dos transportes, acabaram se tornando contra tudo e contra todos, e pegaram os movimentos sociais e sindical no contrapé, não é verdade?

EDUARDO MAFRA – Mas há um contraponto oferecido pelo Dieese (De-partamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) que mostra que, se houve um descenso do movimen-to sindical, a partir de 2002 – e de certa forma também dos movimentos sociais – em 2013 eles retomam a capacidade de luta. Os dados mostram que há mais horas paradas em greve ano passado do que em 1989, quando da retomada do movimento sindical. Fruto, certamente, do desenvolvimento contraditório do país.

Exemplo de mobilização são os bancários, que tiveram uma das greves mais fortes dos últimos anos, e também os petroleiros em defesa das camadas do pré-sal. Há, também, a rearticulação dos estudantes nas universidades por melhoria na edu-cação. Inegavelmente, as mobilizações de junho foram, sim, um divisor de águas importante, mas nós temos um acúmulo histórico de mobilização de massa, de protestos e ocupação das ruas.

NICOLE GEOVANA – No início, ficamos um pouco perdidos, é fato. Mas

EDUARDO MAFRA: “QUEREMOS DISCUTIR COM O POVO UM NOVO PROJETO DE NAÇÃO PARA ESTABELE-CER UM NOVO ESTADO DEMOCRÁTICO. E, PARA ISSO,

É NECESSÁRIO MUDAR O SISTEMA POLÍTICO”

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logo nos rearticulamos. Convocamos a Plenária dos Movimentos Sociais. Verifi-camos que o ponto principal em comum é a necessidade da reforma política. A Plenária decidiu pela campanha pelo Plebiscito pela Constituinte Exclusiva e Soberana, única forma de fazer a reforma política como ela precisa ser: ampla, ca-paz de mudar o sistema político brasileiro, que dê poder de decisão, de cidadania ao povo.

REVISTA DOS BANCÁRIOS – A campanha resgata a proposta original da presidenta Dilma, um dos cinco pontos encaminhados ao Congresso Nacional em julho...

NICOLE GEOVANA - Proposta, aliás, que foi bombardeada por todos os setores retrógrados da nossa sociedade, in-clusive pelos partidos aliados ao governo, como o PMDB, empresários, ruralistas e até pela Justiça. Em menos de 24 horas estava enterrada.

EDUARDO MAFRA – O ministro Gilmar Mendes chegou a dizer que foi dormir na Espanha e acordou na Venezue-la. A reação dos meios de comunicação como Veja, a Globo e outros veículos do mesmo nível também foi avassaladora. No Congresso, o PMDB do vice-presidente Michel Temer propôs uma minirreforma que, definitivamente, não resolve o pro-blema e não nos interessa.

As manifestações de junho mostraram um fosso entre os anseios do povo e as instituições, e a reação do Congresso Nacional prova que não podemos contar com deputados e senadores.

REVISTA DOS BANCÁRIOS – Por que uma Constituinte Exclusiva? Há quem questione, porque entende que seria colocar em risco as conquistas da nossa Constituição Cidadã...

EDUARDO MAFRA – Não estamos propondo nova Assembleia Nacional Constituinte, só justificável numa ruptura de uma determinada correlação de forças,

como foi na transição da ditadura para o sistema democrático. Não queremos mexer na essência do que define a Cons-tituição de 1988, mas justamente avançar em pontos importantes que ela deixou de tocar - exatamente, pela correlação de forças da época. Queremos discutir com o povo um novo projeto de Nação, estabelecer um novo estado democrático. E, para isso, é necessário mudar o sistema político, via Constituinte Exclusiva, com legisladores eleitos só para fazer as refor-mas que o país necessita. Daí a campanha

pelo Plebiscito.NICOLE GEOVANA – É fundamental

entender que não se pode mudar o projeto de Nação com o Congresso eleito da for-ma que é hoje. É do Congresso, constitu-cionalmente, a prerrogativa de convocar plebiscito. É preciso garantir ao povo o poder de decidir sobre questões de interes-se nacional, e o caminho é democratizar os mecanismos de participação popular, como plebiscitos e referendos e projetos de iniciativa popular. A gente precisa de novos delegados, eleitos sob novas regras,

Entrevista Eduardo Mafra e Nicole Geovana

NICOLE GEOVANA: É PRECISO GARANTIR AO POVO O PODER DE DECIDIR SOBRE QUESTÕES DE INTERESSE NACIONAL, E O CAMINHO É DEMOCRATIZAR OS MECANISMOS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR, COMO PLEBISCITO

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porque os parlamentares não vão mexer nos próprios interesses.

EDUARDO MAFRA - Esse Congres-so não nos representa, a nós trabalhadores organizados, que somos 90% da popula-ção brasileira e temos apenas um terço da representação parlamentar. As mulheres, os negros, os indígenas, a juventude, todos são sub-representados, e enquanto esse sistema político estiver em vigor, o poder econômico dá as cartas e segrega.

REVISTA DOS BANCÁRIOS - Ple-biscito é sim ou não, qual é a pergunta?

NICOLE GEOVANA - Você é a favor da Constituinte Exclusiva e Soberana para mudar o Sistema Político do Brasil? Esta pergunta nos unifica.

REVISTA DOS BANCÁRIOS - Não é um nome muito comprido e uma proposta difícil de explicar?

EDUARDO MAFRA – Na consulta popular sobre a venda da Vale, tínhamos duas ou três perguntas e foi complicado trabalhar. No plebiscito da Alca, a propos-ta era bem direta e fácil de explicar: “você é a favor de o Brasil entregar nossas rique-zas para os Estados Unidos?” A campanha agora é propositiva, é meio, não fim. É mais do que a reforma política. Trata-se, repito, de discutir um novo projeto de Nação – as reformas agrária, tributária, urbana, trabalhista – veja, por exemplo, o PL 4330, da terceirização, as demissões imotivadas, a questão da mídia, da forma de governo e a desmilitarização da polí-cia, por exemplo. De o povo poder deci-dir, via instrumentos de consulta, o limite da propriedade da terra, a privatização do patrimônio público, o leilão das riquezas estratégicas, grandes obras e eventos, por exemplo. Trata-se de dar ao povo o poder que, segundo a Constituição, dele emana. A reforma política é o ponto de partida. Por isso, a construção do plebiscito po-pular é tão importante quanto a coleta de votos. Centrar no debate eleitoral seria diminuir a importância do assunto.

REVISTA DOS BANCÁRIOS – Como e com quem vocês contam para levar essa campanha até a população?

NICOLE GEOVANA – Temos um calendário definido a partir do lançamento nacional da Cartilha Plebiscito por um Novo Sistema Político, no feriado da República, em Brasília. Os lançamentos regionais aconteceram até o final de 2013 – no Recife se deu no final de novembro, no Sindicato dos Bancários. A cartilha é produção conjunta de mais de 70 organi-zações sociais e sindicais que integram a Plenária dos Movimentos Sociais, e é instrumento de formação da militância. Todos são multiplicadores.

EDUARDO MAFRA - Já houve o primeiro curso de formação de forma-dores, na Escola Florestan Fernandes, em São Paulo, com 120 militantes, seis de Pernambuco. Estes reproduzirão o aprendizado em seus respectivos estados, até março, quando já estarão formados os comitês estaduais previstos para serem instalados até fins de janeiro. Aqui o curso acontece dias 18 e 19 de janeiro, aproveitando o Encontro da Juventude Rural, no Cordeiro, e a CUT é a sede do Comitê Estadual. O desaguadouro, antes de ir propriamente para as ruas, é o Encontrão dos Mil, previsto para fins de maio, início de junho.

REVISTA DOS BANCÁRIOS - Mas, como massificar a informação, uma vez que dificilmente pode-se contar com a boa vontade da mídia convencional?

EDUARDO MAFRA – O desafio é chegar aos municípios, aos bairros, e para isso precisamos das associações de mora-dores. Contamos, como já disse a Nicole, com o poder de multiplicação das mais de 70 organizações que integram a Plenária Nacional dos Movimentos Sociais, dentre elas a CUT de a CTB e seus sindicatos filiados, o movimento feminista como a Marcha Mundial de Mulheres e a União Brasileira de Mulheres, o movimento estudantil, o MST, as pastorais da Igreja, a juventude rural. Ninguém vai separar das lutas cotidianas, vamos tocar junto. Os petroleiros, através da FUP (Federação Única dos Petroleiros), por exemplo, têm um comitê de luta contra a privatização do petróleo. A CNBB já nos comunicou que está na luta, até porque já vinha cole-tando assinaturas para a reforma política. Temos uma longa caminhada até o 7 de Setembro, mas é uma luta fundamental, que nos estimula.

SERVIÇOPara mais informações, entre em

contato com o Comitê pelo e-mail [email protected].

Entrevista Eduardo Mafra e Nicole Geovana

A COLETA DE VOTOS VAI ACONTECER DE 1º A 7 DE SETEMBRO DESTE ANO, NA SEMANA DA PÁTRIA

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Cultura Dicas

ARTES VISUAISRECOMENDADOS

Marianne PerettiA Caixa Cultural Recife recebe a ex-

posição Marianne Peretti, 60 anos de arte. A mostra traz os destaques das seis décadas de inspiração da artista plástica, que apesar de francesa mora no Brasil desde 1958. De terça a domingo, das 10h às 19h.

Um olhar livreConsiderado um dos maiores fotógra-

fos do século, Antanas Sutkus vai ganhar exposição no Centro Cultural dos Cor-reios. São 90 imagens em preto e branco do artista, que ficam expostas até 26 de janeiro, de terça a sexta, das 9h às 18h, e sábados e domingos, das 12h às 18h.

TEATRO

Janeiro de Grandes EspetáculosJaneiro é mês de ir ao teatro. A partir do

dia 8 até o dia 26, em cada teatro da cidade há uma programação especial, com o que de melhor existe nas artes cênicas de Pernam-buco, além de espetáculos de outras partes do Brasil e do mundo. O Janeiro de Grandes Espetáculos – Festival Internacional de Artes Cênicas de Pernambuco é um dos maiores eventos das artes cênicas em terras pernambu-canas e no Brasil. As produções locais foram selecionadas pela curadoria, com dança, teatro para adultos e para crianças. A programação inclui também oficinas, debates, seminários, lançamentos de livros e outras atividades. Saiba mais e confira a programação em www.janeirodegrandesespetaculos.com

Música e arte no Solar da MarquesaOs amantes da música contemporânea têm

agenda diversificada neste janeiro, quando inicia a terceira edição do Projeto Baixo Varadouro, no Solar Marquesa, no Largo do Varadouro, em Olinda. O pernambucano Juliano Holanda abre a temporada, no sábado, dia 11, com participação de Juvenil Silva e Isadora Melo e discotecagem do DJ Inciden-tal. Os shows acontecem todos os sábados até 1º de fevereiro, sempre às 22h. Acesse a programação completa no Facebook: Baixo Varadouro Volume 3.

O PERNAMBUCANO JULIANO HOLANDA ABRE A PROGRAMAÇÃO DO PROJETO BAIXO VARADOURO

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Cultura Bancário Artista

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Nicéas Lira sempre gostou de cantar. Mas foi a partir de 2010, quando entrou no coral Canto da Caixa, que ela passou a exercitar melhor a sua voz. Descobriu-se contralto e passou a assumir,

também, o papel de coordenação: articular as pessoas, mar-car os ensaios, buscar espaços para apresentação.

Aposentada desde 96, ela estava como diretora cultural da Apcef (Associação do Pessoal da Caixa) quando o coral nasceu. “Muita gente lembrava com saudades de um coral que já existira na Associação. Então, em 2010, ouvi dizer que tinha um grupo formando um coral, conduzido pelo funcionário Israel Gomes. Corri atrás”. Foi da integração da Apcef com este grupo de bancários que surgiu o coral, que passou a se chamar Canto da Caixa.

Desde a fundação, o coral tem sido conduzido pelo maes-tro Moisés Freire. Mas muita gente já passou por ele e saiu. Atualmente, existem treze fixos – boa parte é aposentado, como Nicéas. “O fundamental é garantir que haja, no míni-mo, duas pessoas em cada naipe”, explica a coordenadora.

Isso é, aliás, uma tarefa dela, assim como articular os ensaios: “No começo, a gente ensaiava por grupo, nas próprias agências onde o pessoal trabalhava. Ensaiava de três em três, de dois em dois, pra depois juntar tudo. Só que não estava dando bons resultados. Então nos fixamos. Hoje, a gente ensaia na agência Teatro Marrocos e na sede do Sindicato”, conta Nicéas.

Mas a relação de Nicéas com a música é mais antiga que sua entrada no coral. “Eu tenho várias composições. Três delas já participaram de festivais da Fenae. Mas sou tímida para cantar sozinha. Preferi repassá-las para outros intérpretes”, diz a artista.

Os colegas do Canto da Caixa dão para ela a segurança para soltar a voz à vontade. O grupo já se apresentou nas agências, em Feirões de Móveis da Caixa, em hospitais e em várias edições do Festival Religari de Música Sacra. Também se apresentou no Sindicato, na edição de dezembro do Café da Manhã dos Aposentados. “Estamos, inclusive, fechando uma parceria com o Sindicato, para que colegas de outros bancos também possam se juntar ao grupo”, informa Nicéas.

NICÉAS LIRA

O Canto da CaixaBancária aposentada, Nicéas se descobriu cantora e hoje coordena o coral da Apcef

NICÉAS: “SOU TÍMIDA PARA CANTAR SOZINHA”

16 REVISTA DOS BANCÁRIOS

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Janeiro é época ideal para se visitar Belo Jardim, município fincado no Planalto da Borborema, no Agreste pernambucano. É tempo de to-

mar banho de cachoeira ou nas piscinas naturais, apreciar e comprar o refinado artesanato das rendeiras de Renascença e paneleiras. Mas também de desfrutar das festividades religiosas, onde o sagrado e o profano se misturam para celebrar São Sebastião, de 17 a 20 deste mês.

O aprazível município tem cerca de 75 mil habitantes, está a 187 km do Recife, via BR 232, e é banhado pelas bacias dos rios Ipojuca e Capibaribe. O cartão de vi-sitas postado à entrada da cidade já diz ao visitante que ele vai adentrar em território onde a autoestima não é problema: “Belo Jardim, cidade abençoada por Deus, além de terra de músicos, é também terra de educadores, artistas, estilistas, empresários visionários, cientistas internacionais e, aci-ma de tudo, de um povo bravo e lutador”.

BELO JARDIM

Onde natureza ecultura se encontram

De fato, Belo Jardim surpreende em vários aspec-tos. Seus atrativos naturais favorecem o turismo ecológico e de aventura: Cachoeira do Bitury, Corredeira da Espalhadeira, Serra dos Ventos, Serra do Caboclo e Cachoeira Engenho Tira-Teima; esta última, com salto de 20 metros, é reservada à contemplação, pois a água é usada nas atividades do engenho e é imprópria ao banho.

A diversidade das atrações culturais encanta: danças folclóricas e folguedos como a Dança do Siriri e Bacamarteiros, o Pastoril e também o artesanato em vários distritos como Água Fria e Serra dos Ventos. E há, também, as grutas e pedras com pinturas rupestres no Distrito de Xucurú, onde estão as associações de rendeiras.

Os adeptos do esporte também podem se deleitar em diferentes campeonatos: moto aquática, jipe e motocross, ou relaxar numa pescaria orientada na Colônia Z28.

Belo Jardim nasceu da Fazenda Capim, em 1833, parte do Distrito de Paz da Jurema, da Comarca do Brejo da Madre de Deus. Recebeu o nome atual em 1881, por sugestão de Frei Cassiano de Comacchio, que rezava missa na localidade. Elevado à categoria de vila, em 1897, recebeu impulso com a chegada da Estrada de Ferro Central de Pernam-buco, em 1906, e progrediu rápido com a atividade agroindustrial. É sede de importante indústria do segmento automotivo.