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Um sistema de cuidado
que promoção Saúde
Profa. Marlene Rodrigues
Movimento Integrado de saúde Comunitária de Minas Gerais
Qual é o termo que define e apresenta claramente o ato
que revela a parte humana quando o ecumenismo acontece?
Qual é o termo que define concretamente o local onde
as pessoas podem realizar a materialidade do
cuidado com o meio ambiente?
Como passar de um modelo que gera
dependência para um modelo que nutre
autonomia e protagonismo?
Como romper com a concentração da
informação e fazê-la circular numa linguagem acessível para que todos possam se beneficiar
dela?
Como resgatar o saber dos antepassados indígenas, africanos, europeus, orientais e a competência adquirida por sua própria experiência de vida?
Como acolher o sofrimento sem ter que medicalizá-lo como se fosse patologia?
Como ultrapassar um modelo centrado na procura espontânea, na atenção individual, na cura medicamentosa, e possibilitar uma ação de promoção da saúde coletiva?
Como fazer a pessoa acreditar em si, na sua
competência?
Na nossa prática observamos:
Os políticos dizem: vocês precisam acreditar em nosso programa;
Os técnicos dizem: vocês precisam acreditar em nossas teorias.
Os laboratórios dizem: esse
medicamento é o último lançamento,
vai te curar. Acredite.
conflitos, competições, exclusões…
feudos de poder, intolerância
dificulta a criação de uma ação transdisciplinar e
transcultural
fragiliza a criação de redes de
cooperação e transformação
de indivíduos e realidades.
provocando uma espécie de “miséria psíquica”
em um número cada vez maior de pessoas que
de certa forma ficam à “margem” na sociedade.
“Todo ser humano nasce incompleto e por isso, necessita do outro para viver. Esta falha
inata, que podemos chamar de ‘precariedade sadia’, é o motor da construção dos
vínculos inter-humanos, familiares e sociais. Os seres humanos, livres e iguais em
direito, nascem e permanecem precários ao longo de suas vidas, onde eles
absolutamente precisam dos outros para viverem“ . ( Declaração de Lyon artigo 2 .1 ; 21 de julho 2011)
Esta precariedade saudável nos lembra que precisamos ser protegidos na nossa
fragilidade, acolhidos com afeto, respeitados na nossa singularidade, reconhecidos na
nossa diferença, apoiados na nossa ação, valorizados pelo que somos e não pelo que
produzimos.
Segundo Jean FURTOS (2009), o crescimento econômico defendido pela Política
neoliberal, é obtido atualmente por meios pouco humanos, que causam imensos
sofrimentos. Tem destruido recursos socio-culturais, e tornado as pessoas mais
dependentes e menos autônomas.Tem fragilizado os princípios da vida: a confiança em
sí mesmo, nos outros e no futuro, bem como o empobrecimento da capacidade de agir.
PRECARIEDADE SADIA
TERAPIA - ( do grego θεραπεία = acolher, ser caloroso, cuidar, servir, atender.
Comum + unidade - pessoas que tem algo em comum: sofrimentos, busca de
soluções, apoio recíproco na partilha de experiências e na superação de suas
dificuldades
Integrativa – Diz respeito tanto à luta contra o isolamento e a exclusão quanto à
valorização da diversidade das culturas, do saber fazer e das competências. A
cultura é vista como um recurso que nos permite somar e multiplicar nosso
potencial de crescimento e nossas capacidades em resolver nossos problemas
sociais. Por exemplo, durante uma Roda de TCI podem surgir canções, poemas,
danças, provérbios e ditados populares trazidos pelos participantes, enriquecendo
a TCI pela diversidade de códigos de expressão.
• Partilha de experiências tendo um terapeuta comunitário como facilitador
que objetiva a valorização das histórias de vidas dos participantes, o resgate
da identidade, a restauração da auto-estima e da confiança em si, a ampliação
da percepção dos problemas e possibilidades de resolução a partir das
competências locais.
• Todos são convidados a serem corresponsáveis na busca de soluções e
superação dos desafios do cotidiano saindo da posição de vitimas, objetos
para uma ação colaborativa, onde cada se torna parceiro, sujeito.
• É um espaço de palavra, de escuta e de vínculo estruturado por regras
precisas, permitindo a partir de uma situação problema emergir um conjunto de
estratégias de enfretamento para as inquietações cotidianas devido a troca de
experiências vivenciadas num clima de tolerância e liberdade, protegidos de
projeções e desejos de manipulação.
A Terapia Comunitária Integrativa -
TCI
• A TCI é um cuidado exercido com alteridade
pelos membros de uma comunidade perante os
problemas que nela se apresentam, sob a
orientação do Terapeuta Comunitário.
• Alteridade significa ter a capacidade de
apreender o outro na plenitude da sua
dignidade, dos seus direitos e, sobretudo, da
sua diferença. Está contido no termo alteridade
o fenômeno de que a existência e razão do eu é
dependente do outro.
“Pertencer a uma rede de apoio, ter acesso a recursos afetivos e de
ajuda mútua na comunidade gera um sentimento de ser reconhecido,
amado e apreciado, o que produz um efeito particularmente protetor
sobre a saúde.”
A OMS afirma sobre o apoio social:
1. ACOLHIMENTO (7m)
2. ESCOLHA DO TEMA (10m)
3. CONTEXTUALIZAÇÃO (15m)
4. PROBLEMATIZAÇÃO (45m)
5. ENCERRAMENTO (10m)
6. APRECIAÇÃO e ENCAMINHAMENTOS (30m)
A TCI fundamenta-se em 5 grandes pilares
1- Pensamento sistêmico
2- Teoria da Comunicação (Watzlawick)
3- Antropologia Cultural
4- Resiliência- valorização da experiência
pessoal
5- Pedagogia de Paulo Freire
1-Pensamento Sistêmico: “Sou parte do problema e parte da solução” Conscientes da rede em que estamos inseridos, compreendendo a relação de
interdependência que existe entre as várias partes desse todo, fica mais fácil
compreender os mecanismos de auto-regulação, proteção e crescimento, dos quais
somos todos co-responsáveis.
Modelo Sistêmico
Sintoma Inter-
ação
Função
Relações
Valor de Comunicação
Modelo Psicodinâmico
Sintoma Intrapsíquico
Causa Individual
Culpa Regressivo
2-Resiliência: “Quando a carência gera competência.”
•O enfrentamento das dificuldades produz um saber
para superar as adversidades contextuais”
Ex.“A Ostra que não foi ferida não produz pérolas”
As crises, sofrimentos e vitórias expostas e refletidas no grupo e pelo
grupo:
1- promove a criação gradual de consciência social
2- permite que os indivíduos descubram as implicações sociais e
pessoais da gênese da miséria e do sofrimento humano e de sua
superação.
3-possibilita descobrir que cada um tem sua trajetória, produz seu
“saber”.
•2 ideias chaves:
1- Todo comportamento, cada ato verbal ou não, individual ou não,
tem valor de comunicação. Aprendemos a ser mais interrogativos
do que afirmativos, a querer compreender mais do que julgar, e
descriminar
•Ex. O que esta pessoa esta querendo comunicar com sua atitude?
• Quem já se sentiu o pingo do i de uma relação e o que fez para
tornar-se uma letra?
2--A consciência que se tem de si é fruto de uma relação
de comunicação com o outro. Compreender que atrás de
toda comunicação tem uma definição de si, no qual a
pessoa pode ser confirmado, rejeitado ou denegado.
3-Teoria da Comunicação: Tudo é comunicação.
.
A cultura é vista como valor, um recurso que permite somar,
multiplicar nossos potenciais de crescimento e de resolução dos
problemas sociais.
A diversidade cultural é boa para todos e verdadeira fonte de
riqueza de um povo e de uma nação
4-Antropologia Cultural: “Quem sou passa pelo que
creio, como ando, falo, como me visto...”
A cultura é o arcabouço de nossa identidade.
É a partir dessa referência que podemos nos afirmar, nos
aceitar e, também, aceitar aos outros e assumir nossa
identidade como pessoa e como cidadão.
5-Pedagogia da ação-reflexão de Paulo Freire:
A TCI é um instrumento pedagógico que permite a
aplicabilidade das idéias de Paulo Freire.
1) As regras que estruturam a TCI asseguram a circularidade
e a horizontalidade da comunicação onde cada um possui o
seu saber, respeitando sempre a palavra do outro, se
deixando interpelar por uma nova leitura de uma mesma
problemática.
A fala do outro desperta a minha história e possibilita-nos
aproximarmos uns dos outros.
Nos descobri-mo-nos humanos e inacabados.
2) Valorização dos recursos pessoais e das raízes
culturais
O aprendizado libertador somente ocorre onde há respeito
aos saberes socialmente construídos pela experiência de
vida. Qualquer discriminação agride o ser humano e nega a
possibilidade de vivermos, colaborativamente, apesar das
diferenças.
Nas Rodas de TCI cada um é Doutor de sua vivência, daí
a regra de ouro de falar de si, na primeira pessoa.
Intervir nos determinantes sociais da saúde, em
especial na redução do estresse e ampliação do apoio
social.
Valorizar e reforçar o papel do indivíduo, da família e
da rede de relações para que possam descobrir seus
valores, suas potencialidades, tornando-se mais
autônomos e menos dependentes;
Favorecer o desenvolvimento comunitário, prevenindo e combatendo as
situações de exclusão dos indivíduos e das famílias por meio da restauração
e fortalecimento dos vínculos sociais e de encaminhamentos sócio-
econômico-educacionais;
Tornar possível a comunicação entre as diferentes formas saberes: “saber
popular”, “ saber científico” e “saber político”;
A terapia comunitária permeia os múltiplos aspectos da construção social (econômico-educacional-político-saúde)
A TCI tem se tornado um espaço de interconexão das diversas redes de apoio
não governamentais - AA, NA, ALANON, pastoral das diversas igrejas e
governamentais - caps, escolas, justiça... Recursos que precisam ser
reconhecidos e valorizados em todo programa de promoção da saúde e prevenção de doenças
•Acolher e refletir o sofrimento do cotidiano gerado
por situações estressantes e fazer encaminhamentos
se necessário.
•Criar espaços de partilha destes sofrimentos, digerindo
uma ansiedade paralisante que traz riscos para a saúde
destas populações.
•Prevenir, promover a saúde (atitude positiva) em
espaços coletivos, e não combater a patologia (atitude
negativa) individualmente.
FONTES GERADORAS DE COMPETÊNCIAS
1. Academia (Educação Formal)
Confere diploma…
Identidade Profissional e pode
garantir um salário financeiro
2. Vivência pessoal:
Carências e sofrimentos superados,
transformam-se em experiências e
essas podem gerar competências,
levando-nos a ações reparadoras
de outras carências e sofrimentos.
Experiências advindas de atitudes
bem sucecidas também podem gerar competências
Confere identidade pessoal e garante um dividendo afetivo.
Barreto, p. 101
Perfil do Terapeuta Comunitário:
• Formação em Terapia Comunitária Integrativa • Aceite trabalhar em equipe numa perspectiva transcultural • Seja legitimado pela comunidade e sinta-se co-responsável pela construção de uma cultura solidária • Esteja aberto a inovações, a pluralidade sócio-cultural evitando todo dogmatismo ideológico gerador de dominação e exclusão • Atue preferencialmente na sua área de atuação
Acolhimento do grupo Observância das regras (silêncio, não julgar, não dar
conselhos, ...)
Centrar perguntas em torno das estratégias de superação
Fazer emergir as “pérolas”, os saberes construídos pelo grupo,
possibilitando à pessoa clarificar suas questões e, com isto, fazer
suas próprias descobertas
Conhecer a rede de atenção comunitária existente na
localidade para que a Terapia Comunitária possa dar
apoio às outras atividades e não funcione isolada das
outras ações.
Registrar os dados da Roda de TCI para apreciação de sua atuação (aprimoramento da prática) e organização das informações (desencadear ações complementares)
Ser poliglota de sua própria cultura, ou seja, conhecer os diferentes códigos culturais utilizados na expressão do sofrimento
Aprender a lidar com a imprevisibilidade
O Terapeuta Comunitário deve estar consciente dos objetivos da Terapia e dos limites de sua intervenção para não extrapolar sua função. A Terapia Comunitária Integrativa não é uma psicoterapia, prerrogativa dos especialistas. Ela se propõe a suscitar uma dinâmica que possibilite a partilha de experiências e criação de uma rede de apoio aos que sofrem.
Realizar encaminhamentos para a rede de apoio social
(governamental e não governamental) nos seus diferentes níveis de
complexidade.
50 horas/aulas de vivências terapêuticas:
quando serão realizadas técnicas de relaxamento e auto-conhecimento;
60 horas/aulas: dedicadas à realização de práticas
em Terapias Comunitárias, equivalente à condução de quarenta e oito
terapias (48), realizadas nas comunidades e/ou instituições;
80 horas/aula de intervisão: sistematização do trabalho, crescimento
profissional e humano, qualidade de vida e o bem-estar da comunidade
participante.
Formação Continuada: qualificar-se cada vez mais, no aspecto reflexivo e
crítico, da função de Terapeuta Comunitário.
Estudo dos Pilares Teóricos, incluindo o estudo sobre as Dependências, os três cérebros, as formas, as emoções, e prática das Vivências terapêuticas.
70 horas/aulas – Eixos Teóricos
A MENTE
O termo ‘mente’ é um conceito bastante utilizado para
descrever as funções superiores do cérebro humano
relacionadas à cognição e comportamento.
O termo vem do latim mentem, que tem o significado de
pensar, conhecer, entender, e, significa também medir,
visto que alguém que pensa não faz outra coisa senão
que medir e/ou ponderar as idéias.
A TCI, O CEREBRO, AS
EMOÇOES E A CONSCIENCIA
1 - CÉREBRO REPTILIANO instintivo,
Quando ativado é responsável pelas
funções vitais de sobrevivencia.
Ex. batimentos cardiacos, pressão
sanguinea e respiração..
2-CEREBRO LIMBICO:
Cérebro dos mamiferos
Responsável por reações
emocionais como alegria/ tristeza,
fuga/ataque Medo/raiva...
3- CEREBRO NEO-CORTEX :
Cérebro humano. Quando ativado,
É responsável pelo pensamento
analítico racional-criativo –
espiritual crenças...
MUDANÇA
CONSCIÊNCIA
PENSAMENTO
EMOÇÃO
SENSAÇÃO
“PASSAR PELO CAMINHO DA EMOÇÃO”
Aperto Agonia Bem Estar
Medo Raiva Alegria
Dramatização
Somatização
R
A
C
I
O
N
A
L
I
Z
A
Adalberto Barreto
Drogadicção
Neste estudo vale destacar a utilidade das emoções:
“Todas as emoções são benéficas porque dirigem a
atenção e canalizam o comportamento para onde é
necessário, segundo as circunstâncias enfrentadas (...) as
emoções são, portanto, organizadoras positivas,
funcionais, propositivas e adaptativas do
comportamento”.
AS EMOÇÕES
MUDANDO O OLHAR
DE PARA
SALVADOR DA PÁTRIA SOLUÇÕES PARTICIPATIVAS
CARÊNCIAS / DEFICIÊNCIAS COMPETÊNCIAS /POTENCIAIS
UNITÁRIO ( TÉCNICO) COMUNITÁRIO
CONCENTRAÇÃO INFORMAÇÃO CIRCULAÇÃO DA INFORMAÇÃO
OUTRO É UM OBJETO PASSIVO O OUTRO é UM PARCEIRO ATIVO
A SOLUÇÃO VEM DE FORA AS SOLUÇÕES VÊM DAS FAMÍLIAS
GERA DEPENDÊNCIA SUSCITA CO-RESPONSABILIDADE
DESCRENÇA NO OUTRO CRER NA CAPACIDADE DO OUTRO
CLIENTELISMO CIDADANIA