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Um sistema de cuidado que promoção Saúde Profa. Marlene Rodrigues [email protected] Movimento Integrado de saúde Comunitária de Minas Gerais

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Um sistema de cuidado

que promoção Saúde

Profa. Marlene Rodrigues

[email protected]

Movimento Integrado de saúde Comunitária de Minas Gerais

Qual é o termo que define e apresenta claramente o ato

que revela a parte humana quando o ecumenismo acontece?

Qual é o termo que define concretamente o local onde

as pessoas podem realizar a materialidade do

cuidado com o meio ambiente?

A teoria dos 60 segundos.

Como passar de um modelo que gera

dependência para um modelo que nutre

autonomia e protagonismo?

Como romper com a concentração da

informação e fazê-la circular numa linguagem acessível para que todos possam se beneficiar

dela?

Como resgatar o saber dos antepassados indígenas, africanos, europeus, orientais e a competência adquirida por sua própria experiência de vida?

Como acolher o sofrimento sem ter que medicalizá-lo como se fosse patologia?

Como ultrapassar um modelo centrado na procura espontânea, na atenção individual, na cura medicamentosa, e possibilitar uma ação de promoção da saúde coletiva?

Como fazer a pessoa acreditar em si, na sua

competência?

Na nossa prática observamos:

Os políticos dizem: vocês precisam acreditar em nosso programa;

Os técnicos dizem: vocês precisam acreditar em nossas teorias.

Os laboratórios dizem: esse

medicamento é o último lançamento,

vai te curar. Acredite.

conflitos, competições, exclusões…

feudos de poder, intolerância

dificulta a criação de uma ação transdisciplinar e

transcultural

fragiliza a criação de redes de

cooperação e transformação

de indivíduos e realidades.

provocando uma espécie de “miséria psíquica”

em um número cada vez maior de pessoas que

de certa forma ficam à “margem” na sociedade.

“Todo ser humano nasce incompleto e por isso, necessita do outro para viver. Esta falha

inata, que podemos chamar de ‘precariedade sadia’, é o motor da construção dos

vínculos inter-humanos, familiares e sociais. Os seres humanos, livres e iguais em

direito, nascem e permanecem precários ao longo de suas vidas, onde eles

absolutamente precisam dos outros para viverem“ . ( Declaração de Lyon artigo 2 .1 ; 21 de julho 2011)

Esta precariedade saudável nos lembra que precisamos ser protegidos na nossa

fragilidade, acolhidos com afeto, respeitados na nossa singularidade, reconhecidos na

nossa diferença, apoiados na nossa ação, valorizados pelo que somos e não pelo que

produzimos.

Segundo Jean FURTOS (2009), o crescimento econômico defendido pela Política

neoliberal, é obtido atualmente por meios pouco humanos, que causam imensos

sofrimentos. Tem destruido recursos socio-culturais, e tornado as pessoas mais

dependentes e menos autônomas.Tem fragilizado os princípios da vida: a confiança em

sí mesmo, nos outros e no futuro, bem como o empobrecimento da capacidade de agir.

PRECARIEDADE SADIA

TERAPIA - ( do grego θεραπεία = acolher, ser caloroso, cuidar, servir, atender.

Comum + unidade - pessoas que tem algo em comum: sofrimentos, busca de

soluções, apoio recíproco na partilha de experiências e na superação de suas

dificuldades

Integrativa – Diz respeito tanto à luta contra o isolamento e a exclusão quanto à

valorização da diversidade das culturas, do saber fazer e das competências. A

cultura é vista como um recurso que nos permite somar e multiplicar nosso

potencial de crescimento e nossas capacidades em resolver nossos problemas

sociais. Por exemplo, durante uma Roda de TCI podem surgir canções, poemas,

danças, provérbios e ditados populares trazidos pelos participantes, enriquecendo

a TCI pela diversidade de códigos de expressão.

• Partilha de experiências tendo um terapeuta comunitário como facilitador

que objetiva a valorização das histórias de vidas dos participantes, o resgate

da identidade, a restauração da auto-estima e da confiança em si, a ampliação

da percepção dos problemas e possibilidades de resolução a partir das

competências locais.

• Todos são convidados a serem corresponsáveis na busca de soluções e

superação dos desafios do cotidiano saindo da posição de vitimas, objetos

para uma ação colaborativa, onde cada se torna parceiro, sujeito.

• É um espaço de palavra, de escuta e de vínculo estruturado por regras

precisas, permitindo a partir de uma situação problema emergir um conjunto de

estratégias de enfretamento para as inquietações cotidianas devido a troca de

experiências vivenciadas num clima de tolerância e liberdade, protegidos de

projeções e desejos de manipulação.

A Terapia Comunitária Integrativa -

TCI

• A TCI é um cuidado exercido com alteridade

pelos membros de uma comunidade perante os

problemas que nela se apresentam, sob a

orientação do Terapeuta Comunitário.

• Alteridade significa ter a capacidade de

apreender o outro na plenitude da sua

dignidade, dos seus direitos e, sobretudo, da

sua diferença. Está contido no termo alteridade

o fenômeno de que a existência e razão do eu é

dependente do outro.

“Pertencer a uma rede de apoio, ter acesso a recursos afetivos e de

ajuda mútua na comunidade gera um sentimento de ser reconhecido,

amado e apreciado, o que produz um efeito particularmente protetor

sobre a saúde.”

A OMS afirma sobre o apoio social:

1. ACOLHIMENTO (7m)

2. ESCOLHA DO TEMA (10m)

3. CONTEXTUALIZAÇÃO (15m)

4. PROBLEMATIZAÇÃO (45m)

5. ENCERRAMENTO (10m)

6. APRECIAÇÃO e ENCAMINHAMENTOS (30m)

A TCI fundamenta-se em 5 grandes pilares

1- Pensamento sistêmico

2- Teoria da Comunicação (Watzlawick)

3- Antropologia Cultural

4- Resiliência- valorização da experiência

pessoal

5- Pedagogia de Paulo Freire

1-Pensamento Sistêmico: “Sou parte do problema e parte da solução” Conscientes da rede em que estamos inseridos, compreendendo a relação de

interdependência que existe entre as várias partes desse todo, fica mais fácil

compreender os mecanismos de auto-regulação, proteção e crescimento, dos quais

somos todos co-responsáveis.

Modelo Sistêmico

Sintoma Inter-

ação

Função

Relações

Valor de Comunicação

Modelo Psicodinâmico

Sintoma Intrapsíquico

Causa Individual

Culpa Regressivo

2-Resiliência: “Quando a carência gera competência.”

•O enfrentamento das dificuldades produz um saber

para superar as adversidades contextuais”

Ex.“A Ostra que não foi ferida não produz pérolas”

As crises, sofrimentos e vitórias expostas e refletidas no grupo e pelo

grupo:

1- promove a criação gradual de consciência social

2- permite que os indivíduos descubram as implicações sociais e

pessoais da gênese da miséria e do sofrimento humano e de sua

superação.

3-possibilita descobrir que cada um tem sua trajetória, produz seu

“saber”.

•2 ideias chaves:

1- Todo comportamento, cada ato verbal ou não, individual ou não,

tem valor de comunicação. Aprendemos a ser mais interrogativos

do que afirmativos, a querer compreender mais do que julgar, e

descriminar

•Ex. O que esta pessoa esta querendo comunicar com sua atitude?

• Quem já se sentiu o pingo do i de uma relação e o que fez para

tornar-se uma letra?

2--A consciência que se tem de si é fruto de uma relação

de comunicação com o outro. Compreender que atrás de

toda comunicação tem uma definição de si, no qual a

pessoa pode ser confirmado, rejeitado ou denegado.

3-Teoria da Comunicação: Tudo é comunicação.

.

A cultura é vista como valor, um recurso que permite somar,

multiplicar nossos potenciais de crescimento e de resolução dos

problemas sociais.

A diversidade cultural é boa para todos e verdadeira fonte de

riqueza de um povo e de uma nação

4-Antropologia Cultural: “Quem sou passa pelo que

creio, como ando, falo, como me visto...”

A cultura é o arcabouço de nossa identidade.

É a partir dessa referência que podemos nos afirmar, nos

aceitar e, também, aceitar aos outros e assumir nossa

identidade como pessoa e como cidadão.

5-Pedagogia da ação-reflexão de Paulo Freire:

A TCI é um instrumento pedagógico que permite a

aplicabilidade das idéias de Paulo Freire.

1) As regras que estruturam a TCI asseguram a circularidade

e a horizontalidade da comunicação onde cada um possui o

seu saber, respeitando sempre a palavra do outro, se

deixando interpelar por uma nova leitura de uma mesma

problemática.

A fala do outro desperta a minha história e possibilita-nos

aproximarmos uns dos outros.

Nos descobri-mo-nos humanos e inacabados.

2) Valorização dos recursos pessoais e das raízes

culturais

O aprendizado libertador somente ocorre onde há respeito

aos saberes socialmente construídos pela experiência de

vida. Qualquer discriminação agride o ser humano e nega a

possibilidade de vivermos, colaborativamente, apesar das

diferenças.

Nas Rodas de TCI cada um é Doutor de sua vivência, daí

a regra de ouro de falar de si, na primeira pessoa.

Intervir nos determinantes sociais da saúde, em

especial na redução do estresse e ampliação do apoio

social.

Valorizar e reforçar o papel do indivíduo, da família e

da rede de relações para que possam descobrir seus

valores, suas potencialidades, tornando-se mais

autônomos e menos dependentes;

Favorecer o desenvolvimento comunitário, prevenindo e combatendo as

situações de exclusão dos indivíduos e das famílias por meio da restauração

e fortalecimento dos vínculos sociais e de encaminhamentos sócio-

econômico-educacionais;

Tornar possível a comunicação entre as diferentes formas saberes: “saber

popular”, “ saber científico” e “saber político”;

A terapia comunitária permeia os múltiplos aspectos da construção social (econômico-educacional-político-saúde)

A TCI tem se tornado um espaço de interconexão das diversas redes de apoio

não governamentais - AA, NA, ALANON, pastoral das diversas igrejas e

governamentais - caps, escolas, justiça... Recursos que precisam ser

reconhecidos e valorizados em todo programa de promoção da saúde e prevenção de doenças

•Acolher e refletir o sofrimento do cotidiano gerado

por situações estressantes e fazer encaminhamentos

se necessário.

•Criar espaços de partilha destes sofrimentos, digerindo

uma ansiedade paralisante que traz riscos para a saúde

destas populações.

•Prevenir, promover a saúde (atitude positiva) em

espaços coletivos, e não combater a patologia (atitude

negativa) individualmente.

FONTES GERADORAS DE COMPETÊNCIAS

1. Academia (Educação Formal)

Confere diploma…

Identidade Profissional e pode

garantir um salário financeiro

2. Vivência pessoal:

Carências e sofrimentos superados,

transformam-se em experiências e

essas podem gerar competências,

levando-nos a ações reparadoras

de outras carências e sofrimentos.

Experiências advindas de atitudes

bem sucecidas também podem gerar competências

Confere identidade pessoal e garante um dividendo afetivo.

Barreto, p. 101

Perfil do Terapeuta Comunitário:

• Formação em Terapia Comunitária Integrativa • Aceite trabalhar em equipe numa perspectiva transcultural • Seja legitimado pela comunidade e sinta-se co-responsável pela construção de uma cultura solidária • Esteja aberto a inovações, a pluralidade sócio-cultural evitando todo dogmatismo ideológico gerador de dominação e exclusão • Atue preferencialmente na sua área de atuação

Acolhimento do grupo Observância das regras (silêncio, não julgar, não dar

conselhos, ...)

Centrar perguntas em torno das estratégias de superação

Fazer emergir as “pérolas”, os saberes construídos pelo grupo,

possibilitando à pessoa clarificar suas questões e, com isto, fazer

suas próprias descobertas

Conhecer a rede de atenção comunitária existente na

localidade para que a Terapia Comunitária possa dar

apoio às outras atividades e não funcione isolada das

outras ações.

Registrar os dados da Roda de TCI para apreciação de sua atuação (aprimoramento da prática) e organização das informações (desencadear ações complementares)

Ser poliglota de sua própria cultura, ou seja, conhecer os diferentes códigos culturais utilizados na expressão do sofrimento

Aprender a lidar com a imprevisibilidade

O Terapeuta Comunitário deve estar consciente dos objetivos da Terapia e dos limites de sua intervenção para não extrapolar sua função. A Terapia Comunitária Integrativa não é uma psicoterapia, prerrogativa dos especialistas. Ela se propõe a suscitar uma dinâmica que possibilite a partilha de experiências e criação de uma rede de apoio aos que sofrem.

Realizar encaminhamentos para a rede de apoio social

(governamental e não governamental) nos seus diferentes níveis de

complexidade.

50 horas/aulas de vivências terapêuticas:

quando serão realizadas técnicas de relaxamento e auto-conhecimento;

60 horas/aulas: dedicadas à realização de práticas

em Terapias Comunitárias, equivalente à condução de quarenta e oito

terapias (48), realizadas nas comunidades e/ou instituições;

80 horas/aula de intervisão: sistematização do trabalho, crescimento

profissional e humano, qualidade de vida e o bem-estar da comunidade

participante.

Formação Continuada: qualificar-se cada vez mais, no aspecto reflexivo e

crítico, da função de Terapeuta Comunitário.

Estudo dos Pilares Teóricos, incluindo o estudo sobre as Dependências, os três cérebros, as formas, as emoções, e prática das Vivências terapêuticas.

70 horas/aulas – Eixos Teóricos

A MENTE

O termo ‘mente’ é um conceito bastante utilizado para

descrever as funções superiores do cérebro humano

relacionadas à cognição e comportamento.

O termo vem do latim mentem, que tem o significado de

pensar, conhecer, entender, e, significa também medir,

visto que alguém que pensa não faz outra coisa senão

que medir e/ou ponderar as idéias.

A TCI, O CEREBRO, AS

EMOÇOES E A CONSCIENCIA

1 - CÉREBRO REPTILIANO instintivo,

Quando ativado é responsável pelas

funções vitais de sobrevivencia.

Ex. batimentos cardiacos, pressão

sanguinea e respiração..

2-CEREBRO LIMBICO:

Cérebro dos mamiferos

Responsável por reações

emocionais como alegria/ tristeza,

fuga/ataque Medo/raiva...

3- CEREBRO NEO-CORTEX :

Cérebro humano. Quando ativado,

É responsável pelo pensamento

analítico racional-criativo –

espiritual crenças...

MUDANÇA

CONSCIÊNCIA

PENSAMENTO

EMOÇÃO

SENSAÇÃO

“PASSAR PELO CAMINHO DA EMOÇÃO”

Aperto Agonia Bem Estar

Medo Raiva Alegria

Dramatização

Somatização

R

A

C

I

O

N

A

L

I

Z

A

Adalberto Barreto

Drogadicção

Neste estudo vale destacar a utilidade das emoções:

“Todas as emoções são benéficas porque dirigem a

atenção e canalizam o comportamento para onde é

necessário, segundo as circunstâncias enfrentadas (...) as

emoções são, portanto, organizadoras positivas,

funcionais, propositivas e adaptativas do

comportamento”.

AS EMOÇÕES

MUDANDO O OLHAR

DE PARA

SALVADOR DA PÁTRIA SOLUÇÕES PARTICIPATIVAS

CARÊNCIAS / DEFICIÊNCIAS COMPETÊNCIAS /POTENCIAIS

UNITÁRIO ( TÉCNICO) COMUNITÁRIO

CONCENTRAÇÃO INFORMAÇÃO CIRCULAÇÃO DA INFORMAÇÃO

OUTRO É UM OBJETO PASSIVO O OUTRO é UM PARCEIRO ATIVO

A SOLUÇÃO VEM DE FORA AS SOLUÇÕES VÊM DAS FAMÍLIAS

GERA DEPENDÊNCIA SUSCITA CO-RESPONSABILIDADE

DESCRENÇA NO OUTRO CRER NA CAPACIDADE DO OUTRO

CLIENTELISMO CIDADANIA