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• NUPESDD-UEMS
Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 6 • Número 16 • Julho 2015
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A INFLUÊNCIA DE ADSTRATOS DO ESPANHOL NO LÉXICO
DA LÍNGUA PORTUGUESA
Patricia Damasceno Fernandes (UEMS)
1
Miguél Eugenio Almeida (UEMS)
2
Natalina Sierra Assêncio Costa (UEMS)
3
RESUMO: Ao compararmos a língua portuguesa em dado período com a língua atual, verifica-se que ela
passou por processos de transformação e mudança, tais processos são constantes e fundamentais para a
renovação do léxico da língua. Os fatores desencadeadores de renovação partem diretamente das
características e necessidades da sociedade. Quando línguas distintas ficam em contato, originando graus
de influência diferenciados, nascem os denominados estratos, existindo três tipos: substrato, superestrato
e adstrato. A presente pesquisa irá ater-se apenas aos adstratos que é quando duas línguas coexistindo
num mesmo espaço geográfico ou em espaços contíguos, se influenciam mutuamente, mas de forma
superficial e nenhuma delas é assimilada pela outra, mantendo suas individualidades. A língua portuguesa
conviveu e ainda convive com a língua espanhola, uma vez que nossos países vizinhos são falantes do
espanhol. É possível verificar a influência de palavras de origem espanhola no vocabulário da língua
portuguesa em vários âmbitos, sendo que em nosso trabalho selecionamos os verbos para ilustrar tal
influência. Pretende-se fazer uma abordagem histórica da língua portuguesa e espanhola, tratar sobre os
empréstimos linguísticos adotados do espanhol para o português e o processo de integração de palavras
estrangeiras em nossa língua. Por último, apresentamos uma análise de 100 adstratos da língua espanhola
que foram incorporados pela língua portuguesa com suas respectivas definições, explorando critério
fonológico de integração dos adstratos da amostra. Para isso utilizaremos os dicionários Houaiss (2001),
Machado (1987) e Corominas (1980). A pesquisa se fundamentará em: Alves (1984), Coutinho (1976) e
Câmara Jr. (1975), entre outros. Através de nossa pesquisa temos a intenção de contribuir para área de
lexicologia, demonstrando que a renovação de uma língua é algo imprescindível para a sua própria
manutenção e sobrevivência.
PALAVRAS- CHAVE: Adstratos; Espanhol; Português; Perspectiva histórica.
ABSTRACT: Comparing the Portuguese language in a given period with the current language, it turns
out that she went through processes of transformation and change, such processes are constant and central
to the renewal of the language lexicon. The triggers of renovation directly depart the characteristics and
needs of society. When different languages are in contact, resulting in different degrees of influence,
called strata are born, existing three types: substrato, superestrato and adstrato. This research will stick
only to adstratos which is when two languages coexist in the same geographical area or in adjacent
spaces, influence each other, but in a superficial way and none of them is assimilated by the other while
maintaining their individuality. The Portuguese lived and still lives with the Spanish language, since our
neighbors are Spanish speakers. You can check the influence of words of Spanish origin in the vocabulary
1 Mestranda em Letras pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS)
2 Docente do Programa de Mestrado da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS)
3 Docente do Programa de Mestrado da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS)
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of the Portuguese language in various fields, and in our work selected to illustrate verbs such influence. It
is intended to make a historical approach of the Portuguese and Spanish, handle on the loanwords adopted
from Spanish to Portuguese and the process of integration of foreign words in our language. Finally, we
present an analysis of 100 adstratos the Spanish language that have been incorporated by the Portuguese
with their respective definitions, exploring phonological criterion of integrating adstratos sample. For this
we will use the dictionaries Houaiss (2001), Machado (1987) and Corominas (1980). The research will
build on: Alves (1984), Coutinho (1976) and Hall Jr. (1975), among others. Through our research we
intend to contribute to lexicology area, demonstrating that the renewal of a language is something
essential for their own maintenance and survival.
KEYWORDS: Adstratos; Spanish; Portuguese; Historical perspective.
1. Introdução
A língua e cultura do Império Romano foi levada para a Europa por motivos de
caráter geográficos e bélicos. A cada nova região dominada pelos romanos permanecia
por certo período o bilinguismo, ou seja, “situação linguística na qual os falantes são
levados a utilizar alternadamente, segundo os meios ou situações, duas línguas
diferentes” (DUBOIS, 1997, p.87).
Esse bilinguismo foi dando espaço aos poucos a uma relação de substrato, em
que o latim foi gradativamente se sobrepondo às línguas faladas nas regiões antes da
dominação, o que resultou na formação das línguas modernas como: o português, o
espanhol, o francês, o italiano etc.
Apesar do português e do espanhol terem como origem a mesma língua mãe, o
latim, são bem distintas uma da outra e isso se deve a fatores culturais, geográficos e
sociais.
O português e o espanhol foram línguas em contato na Península Ibérica e na
América do Sul, o que motivou o surgimento de empréstimos vocabulares,
principalmente nas regiões fronteiriças.
Os empréstimos vocabulares de línguas em contato podem ser incorporados aos
dicionários sem que haja uma sobreposição entre as línguas, e os vocábulos passam a
fazer parte do acervo lexical de ambas, formando os adstratos.
Primeiramente se abordará sobre a metodologia da pesquisa, onde se descreverá
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aspectos quanto à natureza e tipologia da mesma, os fundamentos teóricos, o corpus e
procedimentos realizados.
Dando continuidade, será tratado sobre a história da língua portuguesa e da
língua espanhola de forma breve, de seu surgimento até a chegada dos portugueses e
espanhóis no continente americano. Em seguida, se discorrerá sobre os empréstimos
linguísticos e os níveis de influências de línguas em contato com os chamados:
substratos, superestratos e adstratos.
Depois serão apresentados os critérios de integração necessários para que
elementos estrangeiros possam ser incorporados pela língua portuguesa, sendo eles: o
morfossintático, o fonológico e o semântico.
E por fim, uma análise será realizada a partir do corpus, apresentando
primeiramente o adstrato (palavra) em língua portuguesa, após em espanhol e
finalmente o significado em português, explorando o critério fonológico de integração
na amostra da pesquisa.
2. Metodologia
Esta pesquisa é de natureza qualitativa e do tipo bibliográfica que utiliza como
instrumentos para geração de dados a leitura de dicionários de língua portuguesa e
língua espanhola e também dicionários etimológicos.
A fundamentação teórica desta pesquisa se dará: aos empréstimos linguísticos
com Câmara Junior (1975); aos aspectos históricos da língua portuguesa com Coutinho
(1976) e Castilho (2009); aos aspectos históricos da língua espanhola com Resnick
(1981) e Lapesa (1980); e quanto ao processo de integração de palavras estrangeiras
utilizaremos Alves (1984).
O corpus da pesquisa foi selecionado por meio dos seguintes dicionários:
Houaiss (2001), Machado (1987) e Corominas (1980). Para explicitar as influências que a
língua espanhola deixou no acervo lexical da língua portuguesa, foi selecionada uma amostra de
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100 verbos dos dicionários listados acima.
O procedimento inicial foi a leitura dos dicionários. Em seguida, fizemos uma seleção
para que nosso corpus não ficasse muito extenso e então sistematizamos a amostra colocando as
palavras em português, depois em espanhol e seus respectivos significados dicionarizados em
língua portuguesa. Por fim, fizemos uma análise quanto ao critério fonológico no que diz
repeito ao processo de integração dos verbos de língua espanhola à língua portuguesa.
3. Breve Histórico da Língua Portuguesa e Espanhola
3.1 Língua portuguesa
De acordo com Coutinho (1976), nossa história começa com o Latim em Roma,
quando o idioma passa a ser utilizado como instrumento literário e adquire duas novas
vertentes: o Clássico e o Vulgar. É importante destacar que essas duas vertentes não
eram línguas diferentes, mas formas diferentes de realização da mesma.
Contemporaneamente, podemos dizer que o Latim Clássico era a variante de
prestígio: usada pela elite, estudiosos e escritores importantes. Já o Latim Vulgar era a
variante popular, usado pela grande massa que não possuía escolarização e bens. As
duas modalidades do Latim eram denominadas pelos romanos respectivamente como:
sermo urbanus e sermo vulgaris.
Coutinho assim conceitua as duas vertentes do Latim:
Diz-se Latim Clássico a língua escrita, cuja imagem está
perfeitamente configurada nas obras dos escritores latinos.
Caracteriza-se pelo apuro do vocabulário, pela correção gramatical,
pela elegância do estilo, numa palavra, por aquilo que Cícero
chamava, com propriedade, a urbanitas. [...]. Chama-se Latim Vulgar
o Latim falado pelas classes inferiores da sociedade romana,
inicialmente e depois de todo o Império Romano. Nestas classes
estava compreendida a imensa multidão das pessoas incultas que eram
de todo indiferentes às criações do espírito, que não tinham
preocupações artísticas e literárias, que encaravam a vida pelo lado
prático, objetivamente. (COUTINHO, 1976, p. 29-30).
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Após a ruína do Império Romano, o Latim Vulgar se expande livremente pelos
domínios das hordas bárbaras e é adotado como idioma comum de povos diversos,
originando diferentes romances e depois várias línguas neolatinas.
As línguas neolatinas são todas originadas do Latim, a relação entre aquelas e
este resultou em modificações regionais do Latim, das quais surgiram as línguas
Românicas.
As línguas Românicas são as línguas que conservaram em seu vocabulário,
morfologia e sintaxe, vestígios de filiação ao Latim. Sendo elas: o português, o
espanhol, o catalão, o francês, o italiano, o reto-romano, o dalmático, o romeno e o
sardo.
A Língua Portuguesa veio do Latim Vulgar introduzido na Lusitânia pelos
romanos, região localizada ao ocidente da Península Ibérica.
Coutinho nos explica a Língua Portuguesa da seguinte forma:
Pode-se afirmar, com mais propriedade, que o português é o próprio
Latim modificado. É licito concluir, portanto, que o idioma falado
pelo povo romano não morreu, como erradamente se assevera, mas
continua a viver transformado, no grupo de línguas românicas ou
novilatinas. (COUTINHO, 1976, p 46).
Para saber sobre a origem do português é preciso conhecer sobre a história da
Península Ibérica.
1.1.1 A romanização da Península Ibérica
Por volta de 218 a.C os romanos invadem a Península Ibérica, que era habitada
por povos autóctones como: celtas, iberos, púnico-fenícios, lígures e gregos. O episódio
ficou conhecido como Guerras Púnicas e visava o controle do acesso ao Mediterrâneo
que até então pertencia aos cartagineses.
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Após a invasão e a derrota dos púnicos, o poder dos romanos e
consequentemente do Latim, passam a ser quase predominante. A região foi dividida a
princípio em duas partes: ao oriente da península, a Hispania Citerior e ao seu ocidente,
a Hispania Ulterior.
Formou-se uma cultura citadina, mais desenvolvida economicamente,
e mais isolada de Roma: para viajar à capital do Império, só de navio.
Em consequência, desenvolveu-se nessa região uma modalidade
conservadora do Latim Vulgar, particularmente na Bética, em que iria
surgir o Galego-Português. Esta língua românica, portanto, seria mais
conservadora no vocabulário, na fonética e na sintaxe, transformando
menos o Latim Vulgar. (CASTILHO, 2009, p. 06).
Diante desta mescla entre romanos e os povos que já viviam na Península, o
Latim fica cada vez mais distante do que era inicialmente o Latim imperial.
1.1.2 Os germânicos invadem a Península
Em 409 d.C. os romanos sofrem ataques de povos de origem germânica:
Vândalos, Suevos e Alanos, sendo somente os Alanos os que sobreviveram por muito
tempo e acabaram originando o reino da Gallaecia.
[...] com a chegada dos povos germânicos à península a
nomeadamente os suevos à Galiza visse como o Latim vai
tornar realmente numa língua franca entre galaicos-romanos
(provavelmente bilíngues em Latim e galaico-lusitano) e suevos com a
língua trazida do centro da Germânia, que distante entre si
buscassem no Latim o seu ponto de encontro. (BARBOSA, 2005. p.
3).
Os suevos são derrotados pelos visigodos e incorporam a Península a seu
território. Enquanto isso o Latim vai passando por mais transformações. A contribuição
dos visigodos para a Língua Portuguesa foi basicamente relacionada a nomes próprios
de pessoas e lugares.
Após a invasão germânica formou-se um sentimento nacional como nos diz
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Castilho:
A grande importância linguística da invasão germânica está em que
seu domínio libertou as potencialidades diferenciadoras da península
em relação a Roma, não mais considerada como metrópole. Formou-
se um sentimento nacional, e entre os sécs. VI e IX o Latim Vulgar
Hispânico, matizado pelos germanismos, começou a dialetar-se nos
diversos Romances de que surgiriam a partir do séc. X as línguas
românicas ibéricas. (CASTILHO, 2009, p. 19).
1.1.3 Os Árabes invadem a Península
Em 711 a Península foi invadida pelos árabes também chamados de mouros, que
derrotaram os visigodos. Após o ocorrido surge na região o desenvolvimento da ciência
e da arte.
O desenvolvimento literário foi muito intenso, a ponto de pensarem
alguns historiadores da literatura que a poesia lírica medieval da
Península Ibérica seja de origem árabe. Estudos linguísticos foram
cultivados, para as explicações do Alcorão. (CASTILHO, 2009, p.
22).
A herança árabe deixada para a Língua Portuguesa e espanhola foi a introdução
de inúmeras palavras para designar novos conhecimentos.
A dinastia de origem árabe Omíada comandou por muito tempo, sendo
derrubada em 1031, o que em 1117 resultou na invasão dos Almohadas. Em seguida os
Mouros foram sendo expulsos aos poucos para o Sul da Península, possibilitando a
formação de Portugal (séc. VII), Aragão e Castela até 1492. Quando Castela derrotou o
último estado árabe, se juntou com Aragão e formou a Espanha.
1.1.4 Galego-Português
Os cristãos foram para o Sul da Península para tomar a região dos Mouros que lá
estavam refugiados. O processo de invasão moura e derrota dos mesmos foram
responsáveis pela formação de três línguas peninsulares: o galego-português, a Oeste; o
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castelhano, no centro; e o catalão, a Leste. Nasce então, um Reino independente:
Portugal.
Adotada pelos moçárabes do país, por todos os elementos alógenos
participantes do repovoamento, assim como pelos muçulmanos que aí
haviam ficado, esta língua galego-portuguesa do Norte vai sofrer uma
evolução gradativa e transformar-se no português. (TEYSSIER, 2007.
p. 7).
As regiões tomadas dos mouros pelos cristãos ficavam despovoadas, então os
conquistadores cristãos as povoavam com pessoas vindas do Norte difundindo ainda
mais o Galego-Português por toda a parte central e meridional do território de Portugal.
O Galego-Português foi utilizado no território português desde sua consolidação
no início do séc. XII, quando se isolou do reino de Leão e Galícia.
1.1.5 Separação entre Portugal e Galícia
Portugal se torna cada vez mais consolidada e o Rei D. Afonso III se instala em
Lisboa. O centro cultural e político do país passa a girar em torno de Lisboa e Coimbra.
O isolamento entre Galícia e Portugal foi devido à fronteira entre os Reinos de
Leão e Castela, aumentando ainda mais com a expulsão dos mouros em 1249 e a derrota
dos castelhanos em 1385.
Com essa separação então Portugal e Galícia, Portugal se torna independente
dando oportunidade para a fixação definitiva do português, fortificando a unidade
nacional.
Foi de grande ajuda as traduções feitas por religiosos que já tinham entendido
que agora o Latim estava restringido a ser conhecido apenas pelo clérigo, ajudando a
promover o português pelo país. Em 1290, D. Denis torna a Língua Portuguesa, a língua
oficial do território.
Levou tempo para que se tomasse consciência do Português como
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uma nova língua. Tiveram importância nesse ofício duas instituições,
que agiram como centros irradiadores de cultura na Idade Média: os
mosteiros, onde se levavam a cabo traduções de obras latinas,
francesas e espanholas (Mosteiros de Santa Cruz e Alcobaça) e a
Corte, para a qual convergiam os interesses nacionais. Escreviam ali
fidalgos e trovadores, aprimorando a língua literária. (CASTILHO,
2009. p. 34)
A Língua Portuguesa no Brasil
Entre os séculos XV e XVI tem início o período das grandes navegações, a
colonização portuguesa começa efetivamente em 1532 quando a Língua Portuguesa
começa a ser transportada para o Brasil.
Aqui ela entra em contato com as línguas dos povos nativos que já viviam em
nosso país, os índios. De acordo com Guimarães (2005) pode-se dividir em quatro
etapas a relação da língua portuguesa com as outras línguas praticadas no Brasil.
A primeira se refere ao início da colonização até 1654 quando os holandeses
saíram de nosso país. Assim a Língua Portuguesa convive com as línguas indígenas que
eram cerca de 1175 conforme McCleary (2007), com as línguas gerais e com o
holandês.
As línguas gerais eram línguas tupis, que tinham a função de uma língua franca.
Eram faladas pela maioria da população e serviam para facilitar a comunicação entre
índios de tribos diferentes, entre índios e portugueses e seus descendentes. A Língua
Portuguesa efetivamente era usada apenas em documentos oficiais e praticada pelas
pessoas que estavam ligadas a administração da colônia.
A segunda etapa vai da saída dos holandeses do Brasil até a chegada da família
real no Brasil. “A saída dos holandeses muda o quadro de relações entre línguas no
Brasil na medida em que o português não tem mais a concorrência de outra língua de
Estado (o holandês)”. (GUIMARÃES, 2005, p.24).
A partir de agora a Língua Portuguesa irá concorrer com as línguas indígenas,
em especial, e as línguas africanas que vieram para o nosso país com os escravos nos
navios negreiros.
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Logo os colonizadores tomam medidas para estreitar ainda mais o uso de línguas
diversas na colônia e acabam com o uso das línguas gerais. Neste momento ficam em
nosso país um grande número de índios, portugueses vindos de diversas regiões de
Portugal e os escravos africanos. “Para se ter uma ideia, no século XVI foram trazidos
para o Brasil 100 mil negros. Este número salta para 600 mil no século XVII e 1,3
milhão no século XVIII”. (GUIMARÃES, 2005, p.24).
As línguas gerais foram proibidas nas escolas sendo permitido usar
exclusivamente a língua portuguesa. Em 1757 foi criado o Diretório do índio por
Marquês de Pombal que na época era ministro de Dom José I, proibindo o uso de língua
geral na colônia, somando tudo isso ao grande contingente de portugueses que
chegavam ao país, à língua portuguesa foi ficando cada vez mais predominante.
A terceira etapa começa com a chegada da família real ao Brasil devido a Guerra
com a França e vai até nossa independência. Em 1826 a questão da língua nacional do
Brasil foi criada no Parlamento brasileiro.
A chegada da família real ao nosso país possibilitou a realização de fatos
importantes, como a oficialização do Rio de Janeiro como capital do império, a criação
da imprensa e da Biblioteca nacional (mudando o quadro cultural brasileiro) e também a
grande circulação da Língua Portuguesa tanto escrita quanto falada.
A quarta etapa irá transformar a língua portuguesa em língua nacional, pois em
1827 realizaram-se várias discussões em torno do ensino da língua, sugerindo que os
professores ensinassem a ler e escrever usando a gramática da língua nacional. Foi
proposto que os diplomas dos médicos no Brasil fossem redigidos em linguagem
nacional.
Língua espanhola
A história da língua espanhola possui muitos pontos em comum a história da
língua portuguesa, a começar pela origem, pois o espanhol também é oriundo do latim
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vulgar trazido pelos romanos na conquista da Península Ibérica.
Antes da chegada dos romanos, a Península Ibérica era povoada por diferentes
comunidades, os primeiros habitantes modernos da Península são chamados Iberos.
Según una teoria, puesta en duda por muchos investigadores, pueblos
invasores obligaron a los iberos a retirarse a la relativa seguridad de
las montañas pirenaicas, donde sus descendientes los vascongados
permacen en la actualidad. Su lengua, el vasco o vascuence, no es
lengua indoeuropea. A pesar de los muchos esfuerzos por parte de los
linguístas y los historiadores para descubrir sus orígenes y establecer
una relación genética entre el vasco y otras lenguas del mundo, casi
nada se sabe de su prehistória. El origen de los vascos y su lengua, y
de los iberos, sigue un mistério. (RESNICK, 1981, p. 5)
No sul da Península os nativos estabeleciam relações comerciais com os
fenícios. No século VII a.C. os Celtas provenientes do Sul da Alemanha, invadiram a
península dominando a região de Galícia e Portugal e se misturaram com os Iberos
formando os Celtíberos, que se mantiveram no poder até a invasão dos cartagineses em
237 a.C..
Posteriormente os cartagineses forma expulsados pelos Romanos que iniciaram
sua conquista em 218 a.C..
A paz na Península é quebrada em 409 d.C. com a invasão de duas tribos
germânicas: a dos Vândalos e dos Suevos. Vinte anos depois tiveram que ceder a outra
tribo Germânia: a dos Visigodos. Os últimos acabaram por adotar a superior cultura
romana e a língua latina.
A última invasão estrangeira foi a dos árabes na península 711 d.C. ficando no
poder até1492 quando a ocorreu a reconquista.
La reconquisa empezó en el norte, en el território del dialecto romance
castellano. En el proceso de retomar España, los catellanos
diseminaron por casi toda España tanto su idioma castellano como su
influencia militar, desplazando a otros dialectos romances como el
asturiano e el mozarabe. (RESNICK, 1981, p. 6).
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Com o desenvolvimento da guerra de reconquista, os diferentes reinos
participantes do combate conseguiram reduzir a presença dos muçulmanos e conquistar
novas terras que trouxeram muitas riquezas para tais reinos.
Em 1469, a presença árabe (muçulmana) estava restrita ao Reino Mouro de
Granada. No mesmo ano, os territórios do Reino de Castela e Aragão foram unificados
devido ao casamento entre os monarcas cristãos, Isabel de Castela e Fernando de
Aragão. Depois disso, novos exércitos expulsaram os muçulmanos definitivamente e
tomaram o reino de Granada, no ano de 1492. A partir de então, o Reino unificado
passou a se fortalecer com o incentivo ao comércio marítimo.
Tem início então as expansões marítimas e para conseguir alcançar os mercados
como as lucrativas especiarias orientais, na Índia, os espanhóis precisavam encontrar
uma rota alternativa à dos portugueses. Para isso, os Reis Católicos contrataram o
navegante genovês Cristóvão Colombo.
A língua espanhola na América
O espanhol da América também foi trazido por meio da colonização. Os
espanhóis chegaram à América no ano de 1492. O continente ficou isolado do velho
mundo por milhares de anos.
Porém havia sociedades e civilizações na América vivendo sua própria história,
até a chegada dos navios de Cristóvão Colombo, como os astecas, maias e incas. Todas
foram conquistas pelos espanhóis. A viagem de Colombo tinha por objetivo o
enriquecimento e descobrir um novo caminho para as Índias.
Após a conquista, começa a colonização da América e com isso a língua
espanhola passa a estar em contato com línguas indígenas dos povos que viviam lá antes
da chegada dos espanhóis. A partir daí o espanhol influenciou as línguas indígenas de
povos nativos. “Existen fenômenos y problemas de superstrato, influjo de la lengua
dominante sobre la dominada; en nuestro caso, penetración de hispanismos en el nahua,
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en zapoteco, en el quéchua, en guarani.” (LAPESA, 1980, p. 539-540).
Houve também problemas de adstrato, existindo uma mútua influência das
línguas coexistentes. O processo de adstrato ocorreu de duas formas: pelo bilinguismo
que existia inicialmente na América espanhola e posteriormente por questões de
fronteira com outras áreas. “Entran aquí desde el simple trasvase de elementos,
fonéticos, morfosintácticos, o léxicos de uma lengua a outra, hasta la formación de
lenguas híbridas.” (LAPESA, 1980, p. 540).
As influências que a língua portuguesa teve da língua espanhola estão inseridas
nos adstratos principalmente por questões de fronteira, e esse contato entre as línguas
fronteiriças se deve a questões comerciais, políticas e históricas.
Mais um fator de semelhança do português e do espanhol é que em ambos pode-
se verificar a influência de línguas indígenas devido aos povos colonizados. Nesse
processo de línguas em contato, faz-se necessário ressaltar que muitas línguas indígenas
tanto da América espanhola quanto a portuguesa sofreram o processo de substrato, ou
seja, muitas línguas indígenas foram extintas. No entanto influenciaram o idioma
eliminador, no caso o português e o espanhol.
Empréstimos linguísticos
De acordo com Dubois, assim pode-se conceituar os empréstimos linguísticos:
“Há empréstimo linguístico quando um falar A usa e acaba por integrar uma unidade ou
um traço linguístico que existia precedentemente num falar B e que A não possuía; a
unidade ou traço empregado são, por sua vez, chamados empréstimos.”(DUBOIS, 1997,
p 209).
Câmara Junior, em seu Dicionário de linguística e gramática (1977, p. 111)
define empréstimos linguísticos: “ação de traços linguísticos diversos dos do sistema
tradicional”.
Câmara Junior (1977) ainda nos diz que a condição para existirem esses
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empréstimos é social, neste caso, o contato entre povos de línguas diferentes, podendo
ser por coincidência ou contiguidade geográfica e ainda a distância (por intercâmbio
cultural).
De acordo com Bloomfield (1933 apud Câmara Junior, 1977 p. 104-105) a
coincidência e a contiguidade geográfica constitui os empréstimos íntimos que vão
gerar às línguas a que é feito o empréstimo o substrato, superstrato e o adstrato. Já os a
distância, por intercambio cultural, constituem os empréstimos externos.
Câmara Junior (1975, p. 198) sistematiza os níveis de influências das línguas:
Substrato: “quando uma população conquistada adquire a língua dos
dominadores”;
Superstrato: “quando os dominadores adotam a língua dos vencidos”;
Adstrato: “quando duas línguas coexistem lado a lado e criam um
constante bilinguismo”.
A partir disso, verifica-se que o nível mais harmônico é o adstrato, pois nenhuma
das línguas que estão em contato é absorvida pela outra, existindo influência mútua.
Elas passam a compartilhar palavras que começam a fazer parte do léxico tanto de uma
como de outra.
Processo de integração de palavras estrangeiras
Alves (1984) afirma que ocorre empréstimo linguístico quando um elemento
estrangeiro passa a ser utilizado numa dada língua e a ser codificado por ela.
Em seu artigo A integração dos neologismos por empréstimo ao léxico
português, Alves utiliza os pressupostos de Guilbert (1971) que distingue o elemento
externo à língua em dois tipos: um estrangeirismo ou um empréstimo.
Um estrangeirismo seria nomes próprios, patronímicos, termos que exprimem
realidades sem correspondência na língua receptora. Já os empréstimos, os elementos já
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integrados pelo sistema linguístico adotante.
Alves ressalta que existe um processo de transição, chamada peregrinismo, em
que em certo período de difusão o elemento estrangeiro será adotado ou não pelo idioma
receptor.
A adoção deve obedecer alguns critérios que são: morfossintático, semântico e
fonológico.
Morfossintático:
Quando o lexema estrangeiro constitui a base de uma derivação ou de
uma composição de acordo com a morfossintaxe de uma língua, ele
está se integrando ao léxico desse sistema. Assim, podemos afirmar
que um termo emprestado faz parte de uma comunidade linguística
desde que seja susceptível de derivação e de composição, tal como os
elementos autóctones. (ALVES, 1984, p.121).
Ou seja, para que um elemento estrangeiro se integre ao sistema da língua
adotante ele precisa ser suscetível a derivação ou composição assim como os elementos
naturais já pertencentes à língua adotante.
Semântico: “Segundo critério semântico, a instalação do termo
estrangeiro ocorre quando tal elemento introduzido na língua receptora
com um único significado torna-se polissêmico.” (Alves, 1984, p.123).
Logo, neste critério, o elemento estrangeiro é incorporado com apenas um
sentido e com o passar do tempo pode passar a adquirir novos.
Fonológico:
Segundo este critério, um termo estrangeiro começa a fazer parte do
léxico de uma língua à medida que se integra fonologicamente a ele.
Na verdade, o elemento estrangeiro tende a adaptar-se ao sistema
fonemático da língua receptora. (Alves, 1984, p.124).
Assim, o empréstimo recebe uma pronúncia de acordo com o sistema fonológico
desse idioma adotante.
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Além de se adequar a algum desses critérios, de acordo com Alves (1984), a
inserção de uma palavra ao acervo lexical de uma dada língua irá depender da
aceitação dessa palavra pela sociedade e essa aceitação é evidenciada pelo seu uso por
parte dos falantes.
Além disso, há todo um trabalho feito por uma equipe de lexicógrafos que irão
decidir se determinada palavra pode ou não ser incorporada ao idioma. No entanto
eles analisam exatamente a relação de uso da palavra pela sociedade falante desse
idioma.
A consagração da inserção de palavras a uma determinada língua é feita então
a partir do momento que essa palavra passa a constar no dicionário dessa língua.
Nesta pesquisa, utilizamos palavras dicionarizadas, isto é, que já foram
incorporadas e consagradas pelo uso dos falantes da língua, mesmo que pertencentes
a períodos diferentes dos da atualidade. Certo dia entendeu-se que tais vocábulos
deveriam fazer parte da língua portuguesa devido ao grande uso por parte da
sociedade.
Análise dos dados
A tabela abaixo contêm a relação de verbos encontrados em nossa pesquisa e
seus respectivos significados:
Verbo Significado
abarrotar [esp. abarrotar.] V. t. d. Encher de barrotes. Encher em demasia.
abichar [esp. Plat. abichar.] V. int. Bras. Criar bicheira (o animal).
abombar [esp. plat. abombar.] V. t. d. por imperícia. V. t. ind. Suspender. Bras. S.
e GO. Fatigar (o animal) por falta de habilidade ao fazê-lo marchar, trotar
ou correr.
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achicar [esp. achicar.] V. t. d. Bras. RS. Tornar pequeno; diminuir.
acoquinar [esp. plat. acoquinar.] V. t. d. e pron. Bras. S. Intimidar-(se); acovardar-
(se).
alambrar [esp. plat . alambrar.] V. t. d. Cercar com arame.
alumbrar [esp alumbrar.] V. t. d. e pron. Iluminar-(se); deslumbrar-(se);
maravilhar-(se); inspirar-(se).
amistar [esp. amistar.] V. t. d. e pron. Tornar-(se) amigo; conciliar-(se).
anonadar [esp. plat. anonadar.] V. t. d. Reduzir a nada; aniquilar.
apanhar [esp. apañar.] V. t. d. Colher, recolher; tomar; segurar. Roubar, furtar.
Contrair doença. Levar pancada; perder em luta.
aperar [esp. plat. aperar.] V. t. d. Bras. S. Por os aperos. Encilhar com bons
arreios. Vestir-se bem.
aplastar [esp. aplastar.] V. t. d. e pron. Fatigar-(se); cansar-(se); esfalfar-(se).
apressurar [esp. apresurar.] V. t. d . e Pron. apressar-(se).
aquerenciar [esp. amer. aquerenciar.] V. t. d. Bras. RS. Acostumar o animal a
determinado lugar que não é seu pouso habitual. V. Pron. Habituar-se
(animal ou pessoa) a certo lugar.
arranhar [esp. arañar.] V. t. d. Raspar de leve. Ferir de leve. Conhecer pouco uma
língua. Tocar mal um instrumento. Ferir alguém com as unhas.
arreglar [esp plat. arreglar.] V. t. d. Bras. RS. Ajustar, combinar, concertar. Pôr em
ordem.
arrinconar [esp. plat. arrinconar.] v. t. d. e pron. Bras. Arrincoar; pôr em lugar
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estreito e sem saída; acantoar-se.
arrocinar [esp. plat. arrocinar.] V. t. d. Bras. S. Tirar as manhas do cavalo;
preparando-o para o serviço.
assolear [esp. plat. asolearse.] V. int. e pron. Bras. S. Cansar-se o animal e, por
extensão, a pessoa, por haver andado muito ao sol.
atochar [esp. atochar.] V. t. d. e int. Fazer entrar com força; encher com excesso;
atulhar.
blasonar [esp. blasonar.] V. t d. e int. ostentar; alardear.
bojar [esp. bojar.] V.t. d. Tornar bojudo; enfunar. Int. Apresentar bojo.
bolear [esp. plat. bolear.]. V. t. d. Dar forma de bola; arredondar.
carchear [esp plat. carchear.] V. t. d. Bras. RS. Roubar; Apropriar-se
indevidamente de animais ou coisas a pretexto de guerra.
cargosear [esp. plat. Cargosea .] V. int. Bras. RS. Discutir; teimar; gabar-se.
carnear [esp. plat. carnear.] V. int. Bras. S. Abater o gado e preparar as carnes
para secar; charquear. V. t. d. Abater o boi e esquartejá-lo
cerdear [esp. plat. cerdear.] V. t. d. Bras. RS. Tosquiar.
chairar [esp. plat. chairar.] V. t. d. Bras. S. Afiar com chaira.
changar [esp. plat. changar.] V. t. d. Bras. RS Fazer changa.
charquear [esp. plat. charquear.] V. t. d. e int. Bras. Preparar a carne para o
charque.
cinchar [esp. plat. cinchar.] V. t. d. Bras. S. Prender o animal pelo laço à cincha.
courear [esp. plat. cuerear.] V. t. d. Bras. RS. Extrair couro dos animais.
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desarrolhar [esp. desarrollar.] V. t. d. Bras. RS. Espalhar o gado que se acha
arrolhado.
deslumbrar [esp. deslumbrar.] V. t. d. Ofuscar. Int. Causar deslumbramento.
desmoronar [esp. desmoronar.] V. t. d. Fazer vir abaixo; derribar, demolir. Pron. Vir
abaixo; desabar.
despojar [esp. despojar.] V. t. d. Roubar; saquear; privar da posse.
embromar [esp. plat. embromar.] V. t. d. Bras. Protelar. Bras. Calotear. Bras.
Zombar. Int. Bras. Contar falsidades; blasonar. Bras. Prometer muito e
não cumprir. Andar devagar.
empacar [esp. empacar.] V. t. d. P. us. Empacotar. Bras. Emperrar (o cavalo ou o
burro). Bras. Fam. Não continuar, não conseguir.
empalar [esp. empalar.] V. t. d. Submeter ao suplício da empalação.
empaquetar-se [esp. empaquetarse.] V. pron. Bras. RS. Vestir-se com luxo;
endomingar-se.
empardar [esp. plat. empardar.] V. t. d. Bras. S. Reunir em parelhas ou pares;
igualar; irmanar.
empilchar [esp. plat. empilchar.] V. t. d. Bras. RS. Cobrir de pilchas ou adornos.
empolhar [esp. empollar.] V. t. d. Chocar (o ovo). Fazer germinar.
empurrar [esp. empujar.] V. t. d. impelir com violência; empuxar. ; impingir.
encalhar [esp. encallar.] V. t. d e int. Fazer dar em seco a embarcação. Não ter
seguimento. Bras. Não vender, não ter saída. Bras. Pop. Ficar solteiro por
não ter achado casamento, ficar para tia.
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ençampar [esp. enzampar] V. t. d. Bras. MG e SP. Pop. Enganar; lograr; embair;
intrujar.
enfrenar [esp. enfrenar.] V. t. d. Bras. S. Enfrear.
escarchar [esp. escarchar.] V. t. d. Cobrir com escarcha. Adoçar com muito açúcar
até cristalizar. Tornar áspero.
escodar [esp. escodar.] V. t. d. lavrar e alisar com a escoda.
escorchar [esp. escorchar.] V. t. d. Tirar a casca, tirar a pele; roubar, despojar;
cobrar preço exorbitante; onerar; esfolar.
escovilhar [esp. escobillar.] V. t. d. Limpar de impurezas (ouro ou prata).
esquilar [esp. plat. esquilar.] V. t. d. Bras. RS. Tosquiar.
garrar [esp. garrar.] V. int. Soltar-se da âncora a embarcação.
gozar [esp. gozar.] V. t. d. Desfrutar; fruir. Bras. Achar graça; rir de alguém.
Bras. Chulo. Atingir o orgasmo.
granear [esp. plat. granear.] V. int. Bras. RS. Granar; criar grão o trigo.
guapear [esp. plat. guapear.] V. int. Bras. RS. Mostrar-se guapo; demonstrar
ânimo, ousadia.
lunanquear [esp. plat. lunanquear.] V. int. Bras. RS. Tornar-se lunanco. V. t. d.
Causar esse defeito.
machucar [esp. machucar.] V. t. d. Esmagar, triturar, esmigalhar. Amarrotar;
Amarfanhar; Melindrar; Ofender; Ferir.
manear [esp. plat. manear.] V. t. d. Bras. Prender com maneia ou corda.
manguear [esp. plat. manguear.] V. t. d. Bras. RS. Guiar o gado para passar um rio a
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nado. Tentar enganar com manhas e artifícios.
manotear [esp. plat. manotear.] V. t. d. e int. Bras. RS. Dar manotaços (o cavalo).
maturranguear [esp. plat. maturranguear.] V. int. Bras. RS. Fazer coisa de maturrango.
medrar [esp. medrar.] V. int. Crescer.
mermar [esp. plat. mermar.] V. t. d. e int. Bras. S e ant. Perder em valor; diminuir.
necear [esp. necear.] V. int. Dizer necedades; tolices.
palear [esp. plat. palear.] V. int. Trabalhar com pá.
patalear [esp. plat. patalear.] V. int. Bras. RS. Dar com as patas; patear; espernear.
pealar [esp. plat. pealar.] V. t. d. Bras. RS. Prender animais atirando-lhes o
pealo. Fig. Armar cilada; enganar.
pechar [esp. plat. pechar.] V. t. d. e int. Bras. S. Dar encontrão; abalroar. Pedir
dinheiro. Esbarrar; encontrar-se.
pelear [esp. plat. pelear.] V. int. Bras. SC, RS. Brigar; lutar; pelejar.
pertrechar [esp. pertrechar.] V. t. d. Prover de pertrechos; preparar aparelhos;
aperceber.
picanear [esp. plat. picanear.] V. t. d. Bras. RS. Ferir o boi com a picana; aguilhoar;
aferretear.
pinchar [esp. pinchar.] V. t. d. e int. Impelir; empurrar, derrubar; arremessar;
atirar; lançar com força; saltar; pular.
pujar [esp. pujar.] V. t. d. Superar; suplantar; subrepujar.
putear [esp. plat. putear.] V. t. d. Bras. RS. Chulo. Descompor com palavras
obcenas, em geral ofensivas à mãe da vítima.
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quinchar [esp. plat. quinchar.] V. t. d. Bras. RS. Fazer cobertura ou quincha.
rajar [esp. rayar.] V. t. d. Estriar, listrar, raiar.
rebusnar [esp. rebuznar.] V. int. Des. Zurrar.
regozijar [esp. regocijar.] V. t. d. e int. Causar regozijo a; alegrar; alegrar-se;
congratular-se.
relumbrar [esp. relumbrar.] V. int. Resplandecer; reluzir.
remanchar [esp. remanchar.] V. t. d. Fazer borda com o maço na bigorna em
fundo de panela ou semelhante.
renguear [esp. plat. renguear.] V. int. Bras. S. Tornar-se rengo ou coxo (o cavalo);
claudicar; coxear.
repechar [esp. plat. repechar.] V. t. d. e int. Bras. PR e RS. Galgar (uma ladeira, um
cerro. Elevar-se.
reslumbrar [esp. reslumbrar.] V. int. Dar passagem à luz; transparecer; transpirar;
transluzir.
resvalar [esp. resbalar.] V. t. d. e ind. Escorregar; fazer escorregar ou cair.
retouçar [esp. retozar.] V. int. Correr; fazer travessuras; traquinar. Pastar.
retovar [esp. plat. retobar.]. V. t. d. Bras. RS. Cobrir com retovo.
revisar [esp. revisar.] V. t. d. Visar novamente. Fazer inspeção ou revisão. Tip.
Ler prova tipográfica.
rumbear [esp. plat. rumbear.] V. int. Bras. S. Rumar.
sampar [esp. plat. zampar.] V. t. d. e i. Bras. S. Arremessar; atirar; aplicar.
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saludar [esp. saludar.] V. t. d. .Curar por meio de rezas. Benzer para curar.
sangrar [esp. sangrar.] V. t. d. e int. Tirar sangue; tirar líquido; esvaziar; esgotar;
extorquir; tirar à força; enfraquecer. Tip. Recolher. Bras. N.E. Entalhar
madeira para produzir ressaltos. Pop. Pedir dinheiro emprestado, sem
intenção de pagar. Aceder a pedido de dinheiro.
sofrenar [esp. plat. sofrenar.] V. t. d. Sofrear o cavalo para fazê-lo parar ou recuar.
temblar [esp. templar ‘moderar, temperar’, confundido com temblar ‘tremer’.] V.
t. d. Bras. Afinar uns instrumentos pelos outros.
tosquiar [esp. ant. tosquilar, hoje trasquilar.] V. t. d. Cortar rente pêlo, lã ou
cabelo; tonsurar.
trampear [esp. plat. trampear.]. V int. Bras. RS e ant. Trapacear; calotear.
tronchar [esp. tronchar.] V. t. d. Cortar rente; mutilar.
vislumbrar [esp. vislumbrar.] V. t. d. Alumiar frouxamente; entrever; conjeturar;
começar a surgir.
zampar [esp. zampar.] V. t. d. Comer muito com pressa e voracidade. Encher
muito o estômago.
zumbar [esp. zumbar.] V. int. Fazer grande ruído; zoar; zumbir.
Abreviaturas e siglas:
ant. = antigo
bras. = brasilerismo
esp. = espanhol
fam.= familiar
GO = Goiás
int. = intransitivo
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lus. = lusitanismo
MG = Minas Gerais
N.E. = Nordeste (Brasil)
plat. = platino
pop. = popular
PR = Paraná
pron. = pronome
prov. = provincianismo
p. us. = pouco usado
RS = Rio Grande do Sul
S. = Sul (Brasil)
SC = Santa Catarina
SP = São Paulo
t. d. = transitivo direto
t. d. e ind. = transitivo direto e indireto
t. ind. = transitivo indireto
Tip. = Tipografia
v. = verbo
Ao analisar a tabela acima é possível verificar que muitos verbos conhecidos
como: vislumbrar, tosquiar, revisar, arranhar etc., são oriundos do espanhol e
incorporados pela língua portuguesa.
Há verbos que por outro lado parecem estranhos, no entanto, isso se justifica,
porque são verbos restritos a alguns estados, se referindo a atividades particulares.
A amostra também apontou que há verbos oriundos do espanhol da América e
do espanhol da Europa. Isso acontece, porque em todas as línguas está presente essa
diferenciação diatópica, ou seja, “variantes regionais ou normas regionais”.
(CARVALHO, 1998, p.15).
Quanto ao critério fonológico de integração dessas palavras de origem espanhola
à língua portuguesa, pôde-se verificar que algumas palavras tiveram modificações
formais para serem integradas a língua portuguesa, já outras permaneceram intactas.
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Quanto aos processos dentro do critério analisado podemos destacar que:
Em geral as palavras que são escritas com “c” antes de “e” e “i” no espanhol,
quando passam para o português o “c” será substituído pelo “z” como, por exemplo:
regocijar (esp)~ regozijar (port) onde ocorreu um vozeamento/ sonorização na troca do
fonema /s/ pelo /z/, o mesmo fenômeno ocorre também com sampar (port)~ zampar
(esp).
Palavras estritas com, “ç” em português quando passam para o espanhol são
substituídas do “z” como em: retozar (esp.) ~ retouçar (port), ocorrendo justamente o
contrário do exemplo anterior um desvozeamento/surdorização na troca do fonema /z/
pelo /s/.
A palavra apañar (esp) ~ apanhar (port) não diferencia na pronúncia das
palavras no espanhol e no português, mas quanto à representação gráfica sim, em
espanhol se utiliza o “ñ” e em português o “nh”, a representação fonética é igual para
ambas às línguas /ɲ/ sendo um fonema português e espanhol, nasal palatal sonoro.
Em espanhol não temos o dígrafo “ss” então em palavras como: Asolearse (esp)
~ assolear (port), a palavra em espanhol perde um “s”, ocorrendo uma redução.
Algumas vezes o “y” espanhol corresponde o “j” no português, “y” junto a
vogais possui som semelhante “j”, podemos observar isso com a palavra rayar (esp) ~
rajar (por).
Há situações em que a pronúncia das palavras é a mesma no espanhol e no
português, no entanto a grafia se modifica como em: empollar (esp) ~ empolhar (port),
neste caso o fonema / λ / representa o ll no espanhol e lh no português, sendo oral,
lateral aproximante, sonoro e palatal.
A troca da fricativa “v” pela oclusiva “b” do espanhol para português também é
comum como podemos verificar em: retobar (esp) ~ retovar (port) e resbalar (esp) ~
resvalar (port).
Há palavras em que a pronúncia do “j” em espanhol é igual à pronúncia do / ṝ/
em português, por isso algumas palavras como: empujar (esp) ~ empurrar (port), é feita
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a troca do “j” pelo “rr”, no entanto o fonema representante é o /R/ para as duas línguas.
Observa-se que em muitos dos verbos da amostra a grafia das palavras é a
mesma no português e no espanhol, porém, mesmo assim o critério fonológico continua
agindo sobre as palavras, porque apesar de serem escritas da mesma forma, existe uma
diferenciação na pronúncia dos fonemas do português para espanhol, logo, pode ocorrer
um aportuguesamento das palavras, sem que para isso seja necessário mudanças
formais.
Assim, pode-se afirmar, em se tratando de fonologia, na passagem do espanhol
para o português, algumas palavras são grafadas igualmente e podem ter pronúncias
diferentes e ainda ser grafadas de maneira diferente e ter a mesma pronúncia.
Considerações Finais
Por meio da presente pesquisa, verificou-se, com o pequeno recorte de 100
verbos, as influências de palavras da língua espanhola no léxico da língua portuguesa.
Procurou-se explorar apenas essa classe gramatical; no entanto, é importante dizer que
não apenas verbos foram incorporados ao português, mas também substantivos e
adjetivos.
Os acréscimos à língua são motivados pelas próprias necessidades da sociedade.
Então, se o falante precisar nomear novas realidades, objetos ou situações e não
encontrar no acervo de sua língua materna um vocábulo adequado, ele com certeza
buscará nos empréstimos algo que se encaixe perfeitamente dentro desse contexto.
Através da trajetória desta pesquisa, conheceu-se sobre a história da língua
portuguesa e espanhola na Península Ibérica e também na América, entendendo-se,
dentro da perspectiva da história das línguas, as influências que espanhol exerce sobre a
língua portuguesa. Devido ao contato entre os povos, nenhuma das línguas foi
dominada pela outra, formando os adstratos.
Quanto ao processo de integração dos empréstimos linguísticos, foram
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apresentados quais são os possíveis critérios a que os termos estrangeiros devem se
submeter para serem incorporados pela língua adotante. E para a amostra desta pesquisa
o critério predominante foi o fonológico.
Com a análise dos processos fonológicos de alguns verbos, conclui-se que
podem ocorrer mudanças formais ou não na passagem do espanhol para o português e
que muitas vezes mesmo não ocorrendo mudanças formais, a pronúncia pode se
modificar de uma língua para outra.
E finalmente, pode-se compreender que estudar os adstratos espanhóis na língua
portuguesa possui um rico campo de estudo, mostrando para a sociedade o quão
fundamental são os empréstimos linguísticos para as línguas.
Referências
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Recebido Para Publicação em 28 de junho de 2015.
Aprovado Para Publicação em 10 de setembro de 2015.