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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANAacute
ANDREacuteIA VILCZAK
AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO ESTUDO DE CASO DOS FUMICULTORES CONTRATADOS PELA SOUZA CRUZ EM PRUDENTOacutePOLIS-
PR
CURITIBA
2016
2
ANDREacuteIA VILCZAK
AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO ESTUDO DE CASO DOS FUMICULTORES CONTRATADOS PELA SOUZA CRUZ EM PRUDENTOacutePOLIS-
PR
Dissertaccedilatildeo de Mestrado apresentada para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Paranaacute na Linha de Pesquisa ndash Produccedilatildeo e Transformaccedilatildeo do Espaccedilo Urbano-Regional Orientaccedilatildeo Prof Dr Luis Lopes Diniz Filho
CURITIBA
2016
3
4
5
Dedico este trabalho agrave minha famiacutelia e aos fumicultores do
municiacutepio de PrudentoacutepolisPR que influenciaram no
desenvolvimento deste trabalho Aos fumicultores pela
paciecircncia e colaboraccedilatildeo nas pesquisas de campo com dados
que foram fundamentais para retratar sua realidade
6
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao meu orientador Prof Dr Luis
Lopes Diniz Filho pela sua atenccedilatildeo compreensatildeo e tambeacutem pelas suas valiosas
consideraccedilotildees no processo de desenvolvimento dessa pesquisa sendo um exemplo
de profissional
Agrave minha famiacutelia em especial aos meus pais Carlos e Ana aos meus irmatildeos
Amilton e Adriana que sempre apoiaram no periacuteodo de realizaccedilatildeo da dissertaccedilatildeo Ao
meu sobrinho Beniacutecio pela alegria que traz a todos noacutes ao Ian que estaraacute chegando
nas proacuteximas semanas Agradeccedilo tambeacutem a minha cunhada e cunhado pelo apoio
Aos amigos e familiares Ana Maacutercia Adriana Noeli Rogeacuterio Edna
Elisangela Milena Eliana Paulo Maria entre outros que de alguma forma
contribuiacuteram para que esse trabalho fosse finalizado Obrigada a todos vocecircs pelo
companheirismo
Aos professores Dr Sergio Fajardo e Dr Danilo Volochko pelas valiosas
contribuiccedilotildees agrave pesquisa
Aos colegas e professores do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia da
Universidade Federal do Paranaacute como tambeacutem a secretaacuteria Adriana Cristina de
Oliveira e ao Luiz Carlos Zem pelo apoio em questotildees burocraacuteticas durante o
periacuteodo do mestrado
A CAPES (Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal do Niacutevel Superior)
pelo auxiacutelio atraveacutes da bolsa de estudo
Agrave Adriana Kutzmy e Gabriela Strechar pela atenccedilatildeo e por acompanhar nos
trabalhos de campo realizados com os fumicultores do municiacutepio de
PrudentoacutepolisPR
E por fim agradeccedilo a todos os fumicultores que participaram das entrevistas
de campo A todos meu agradecimento
7
RESUMO O presente trabalho visa analisar os resultados obtidos pela agricultura familiar no cultivo do fumo levando em consideraccedilatildeo as razotildees econocircmicas pela opccedilatildeo em produzir a cultura Desse modo o estudo de caso dos fumicultores de Prudentoacutepolis-PR fornece subsiacutedios para a avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural e ciecircncias afins ou seja o paradigma da agricultura familiar e da agricultura camponesa Para tanto utilizou-se de revisotildees bibliograacuteficas de autores que trabalham nas distintas linhas paradigmaacuteticas como tambeacutem da caracterizaccedilatildeo dos agricultores familiares produtores de fumo atraveacutes do uso de fontes secundaacuterias (Censos agropecuaacuterios) aleacutem da aplicaccedilatildeo de questionaacuterios para um universo de sessenta fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz em Prudentoacutepolis A partir das revisotildees bibliograacuteficas e dos dados obtidos no estudo de caso levantou-se a hipoacutetese de que o paradigma da agricultura camponesa natildeo eacute adequando para explicar a realidade estudada Palavras chave Agricultura Familiar Fumicultura Abordagens Paradigmaacuteticas
ABSTRACT
The aim of this study is to analyze the results obtained by family farming in the cultivation of tobacco considering the economic reasons for the choice to produce the crop Thus the case study of Prudentoacutepolis-PR tobacco growers provides subsidies for the critical evaluation of the two main paradigms of agro studies in rural geography and related sciences that is the paradigm of family farming and peasant farming For this purpose bibliographic reviews of authors working in different paradigmatic lines were used as well as the characterization of family farmers tobacco growers through the use of secondary sources (Census of agriculture) and the application of questionnaires to a group of sixty tobacco growers hired by Souza Cruz company in the city of Prudentoacutepolis From the literature review and the obtained data in the case study we raised the hypothesis that the paradigm of peasant farming is not suitable to explain the studied reality Keywords Family farming Tobacco Farming Paradigmatic Approaches
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LISTA DE SIGLAS
AFUBRA - Associaccedilatildeo dos Fumicultores do Brasil
BAT - British American Tobacco
CBFF ndash Companhia Brasileira de Fumo em Folha
DERAL - Departamento de Economia Rural
EMATER ndash Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural
IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social)
PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
SEAB - Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento
SINDITABACO ndash Sindicato Interestadual da Induacutestria do Tabaco
9
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA 46 Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 59 FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 60 FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES 62 FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 63 FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR 64 FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR78 FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 79 FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO 90 FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE 91 FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA 92 FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO 94 FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS 94 FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO 95 FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA 96 FIGURA 16 - BENS ADQUiRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA 97 FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF 99 FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA 100 FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO 102
10
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL 39 TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO 41 TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013 42 TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012 42 TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute 46 TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006 48 TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006 50 TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006 51 TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000 52 TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006 53 TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012 54 TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010) 55 TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE 84 TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 85 TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 86 TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS 87 TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 88 TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES 88 TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES 89 TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE 91
11
TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES 93 TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO 95 TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO) 98 TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO101 TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO 103 TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS 104
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA 36 QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL 44 QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314 47 QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010) 56 QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR 65 QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR66 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR 66 QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006 71 QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 72 QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR 72 QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES 74 QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS 75 QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 81 QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 82 QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 84
12
QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS 102 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS 103 QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 105
LISTA DE GRAacuteFICOS
GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO45 GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS 67
13
SUMAacuteRIO INTRODUCcedilAtildeO 14 CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS 19
11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA 19
12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR 23
13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS 27
CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32
21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32 22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL 47
CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO 58
31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR 58
32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS 69
CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO 76 41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES 78 REFEREcircNCIAS 113 ANEXOS 2
14
INTRODUCcedilAtildeO
De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de
fumo sendo que essa produccedilatildeo encontra-se concentrada nos estados do Rio
Grande do Sul Santa Catarina e Paranaacute alimentando uma cadeia produtiva com
envolvimento de 25 milhotildees de pessoas o qual inclui setores como a produccedilatildeo
transporte comercializaccedilatildeo industrializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e exportaccedilatildeo (AFUBRA
2011)
No municiacutepio de Prudentoacutepolis a atividade fumageira tem grande relevacircncia
econocircmica principalmente para a agricultura familiar uma vez que os dados do
Censo Demograacutefico de 2010 mostram que 54 da populaccedilatildeo residem na aacuterea rural
existindo um nuacutemero maior de unidade de produccedilatildeo familiar em detrimento das
unidades patronais de produccedilatildeo
A produccedilatildeo de fumo em Prudentoacutepolis eacute realizada somente nas regiotildees
Central e Sul do municiacutepio devido ao clima e topografia dos solos favoraacuteveis agrave
cultura Outro fator que tambeacutem ocasiona a atraccedilatildeo para a fumicultura eacute a
possibilidade de usufruir de pequenas aacutereas de terras deixando disponiacutevel o
excedente da propriedade para outras atividades que somem na geraccedilatildeo de renda
Nesse sentido o objetivo da pesquisa eacute analisar os resultados obtidos pela
agricultura familiar com essa cultura e as razotildees econocircmicas de sua opccedilatildeo pelo
fumo Portanto uma contribuiccedilatildeo desse estudo de caso eacute fornecer subsiacutedios para a
avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural
e ciecircncias afins
Para a realizaccedilatildeo do presente trabalho foi fundamental atraveacutes das
abordagens sobre a agricultura familiar e camponesa avaliar se realmente existe
uma oposiccedilatildeo entre agricultor familiar e o agronegoacutecio no caso do setor fumageiro
uma vez que o fumo eacute uma commoditie de exportaccedilatildeo e a produccedilatildeo eacute realizada por
pequenos produtores Para tanto foi realizada uma revisatildeo bibliograacutefica sobre os
paradigmas da agricultura familiar e da agricultura camponesa na geografia rural e
aacutereas de pesquisa afins com a finalidade de identificar os conceitos de territoacuterio e
territorialidade derivados desses paradigmas Foram feitas tambeacutem uma
caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de
15
fontes secundaacuterias (Censos Agropecuaacuterios e outras) e uma pesquisa de campo
mediante a aplicaccedilatildeo de questionaacuterio com o fim de caracterizar os produtores rurais
desse municiacutepio contratados pela empresa Souza Cruz como fornecedores de
tabaco
Nesse sentido buscou-se metodologicamente envolver teacutecnicas de base
qualitativa sendo que esse tipo de abordagem se caracteriza por ldquoanalisar e
interpretar os dados refletir e explorar o que eles podem propiciarrdquo (OLIVEIRA
2010) A pesquisa quantitativa tambeacutem faz parte deste estudo uma vez que traz
algumas teacutecnicas que possibilitam a busca de informaccedilotildees e dados mais amplos
muitas vezes impossiacuteveis de serem alcanccedilados somente pelo pesquisador como por
exemplo aqueles dados disponibilizados pelos oacutergatildeos puacuteblicos como EMATER
(Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural) IPARDES (Instituto Paranaense
de Desenvolvimento Econocircmico e Social ) IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatiacutestica) e DERAL (Departamento de Economia Rural) O meacutetodo quantitativo
considera que tudo eacute quantificaacutevel ou seja significa traduzir opiniotildees e informaccedilotildees
em nuacutemeros que seratildeo classificados e analisados
Os meacutetodos qualitativos e quantitativos natildeo se excluem Embora difiram quanto agrave forma e agrave ecircnfase os meacutetodos qualitativos trazem como contribuiccedilatildeo ao trabalho de pesquisa uma mistura de procedimentos de cunho racional e intuitivo capazes de contribuir para a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos Pode-se distinguir o enfoque qualitativo do quantitativo mas natildeo seria correto afirmar que guardam relaccedilatildeo de oposiccedilatildeo (POPE MAYS 1995 p42)
Sendo assim no iniacutecio do desenvolvimento do presente estudo foi realizada
uma entrevista com questotildees semiestruturadas (em anexo) para um grupo de dez
fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz e que estatildeo na atividade
fumageira haacute mais de dez anos Esse puacuteblico foi escolhido intencionalmente a partir
dos dados da localizaccedilatildeo das propriedades dos associados da empresa no
municiacutepio de Prudentoacutepolis Recorreu-se a esse meacutetodo pois os dados obtidos em
campo eram necessaacuterios para poder avaliar as abordagens ligadas ao paradigma da
agricultura camponesa e da agricultura familiar e que natildeo poderiam ser obtidos
atraveacutes de fontes secundaacuterias
Posteriormente foi realizada uma entrevista com perguntas semiestruturadas
(em anexo) para o instrutor teacutecnico da Souza Cruz jaacute que o mesmo representa a
16
empresa no municiacutepio Essa entrevista teve como objetivo analisar o ponto de vista
da empresa sobre a atividade fumageira na localidade
Ao verificar que em Prudentoacutepolis a produccedilatildeo de fumo acontece somente na
regiatildeo Central e Sul devido ao relevo mais inclinado da regiatildeo norte foi interessante
ir ateacute essa regiatildeo com topografia mais acentuada para analisar os tipos de cultivos
que satildeo realizados O objetivo desse trabalho de campo foi principalmente o de
conhecer a realidade das famiacutelias do municiacutepio natildeo inseridas na cultura do fumo
com visitas a realizar futuras pesquisas sobre a agricultura familiar Assim dado o
caraacuteter complementar e exploratoacuterio desse trabalho a coleta de informaccedilotildees se deu
por meio de conversas informais
Nos meses de novembro e dezembro de 2015 foi realizada outra entrevista
com perguntas semiestruturadas (em anexo) para uma amostragem de sessenta
fumicultores contratados pela Souza Cruz As perguntas feitas nessa entrevista
estatildeo relacionadas basicamente a dados socioeconocircmicos das famiacuteliasos quais
juntamente com dados mais gerais do censo agropecuaacuterio permitem conhecer o
perfil desses fumicultores Portanto as informaccedilotildees referentes a essas entrevistas
apresentam-se mais detalhadas no capiacutetulo IV
Nesse sentido as entrevistas constituem teacutecnicas alternativas para coleta de
dados natildeo documentados sobre determinado tema ldquoEacute uma teacutecnica de interaccedilatildeo
social [] em que uma das partes busca obter dados e outra se apresenta como
fonte de informaccedilatildeordquo (GERHARDT SILVEIRA 2009)
O pesquisador organiza um conjunto de questotildees (roteiros) sobre o tema que estaacute sendo estudado mas permite e agraves vezes ateacute incentiva que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vatildeo surgindo como desdobramentos do tema principal (GERHARDT SILVEIRA 2009)
Para Duarte (2002 p 143) ldquonuma metodologia de base qualitativa o nuacutemero
de sujeitos que viratildeo a compor o quadro das entrevistas dificilmente pode ser
determinado a piorirdquo Ou seja tudo vai estar relacionado com a qualidade das
informaccedilotildees obtidas a partir de cada entrevista sempre levando em consideraccedilatildeo a
profundidade e o grau de recorrecircncia e divergecircncia das informaccedilotildees Enquanto
estiverem aparecendo ldquodadosrdquo originais ou pistas que possam indicar novas
perspectivas aacute investigaccedilatildeo em curso as entrevistas precisam continuar sendo feitas
(DUARTE 2002 p 144)
17
Portanto a pesquisa estaacute estruturada em quatro capiacutetulos sendo que no
primeiro capiacutetulo falar-se-aacute sobre as abordagens ligadas a agricultura camponesa e
agricultura familiar com intuito de apresentar algumas das visotildees de cada
paradigma para que no decorrer do trabalho possa ser feito uma avaliaccedilatildeo dessas
abordagens na produccedilatildeo fumageira como tambeacutem expor o conceito de territoacuterio e
territorialidade que derivam desses paradigmas
No capiacutetulo seguinte visando compreender os fatores que proporcionaram ao
paiacutes se tornar referecircncia no setor fumageiro realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica
da origem do fumo e a sua consequente inserccedilatildeo em uma escala comercial O
estudo desses elementos foi fundamental para entender os motivos que contribuiacuteram
para a inserccedilatildeo da produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Tambeacutem pelo
fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo
de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral
dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura
familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo
do agronegoacutecio
Na sequecircncia o capiacutetulo III mostra os processos de ocupaccedilatildeo do municiacutepio
de Prudentoacutepolis e a consequente inserccedilatildeo da produccedilatildeo fumageira nas unidades de
produccedilatildeo familiar Nesse sentido como o trabalho vem abordando a existecircncia de
uma agricultura familiar heterogecircnea buscou-se conhecer o perfil dos agricultores
familiar do municiacutepio atraveacutes da caracterizaccedilatildeo dessas famiacutelias tendo como escopo
as fontes secundaacuterias do IBGE
No capiacutetulo IV satildeo apresentados os dados do trabalho de campo que foi
realizado com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela empresa
Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Os dados
de campo que retratam a realidade dos entrevistados juntamente com dados
secundaacuterios tecircm por finalidade contribuir na avaliaccedilatildeo dos paradigmas da
camponesa e da agricultura familiar com base no setor fumageiro
Por fim satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais do trabalho seguindo nas
avaliaccedilotildees das abordagens paradigmaacuteticas agrave luz do estudo de caso dos fumicultores
entrevistados mostrando que os agricultores familiares entrevistados buscam
18
atraveacutes de suas condiccedilotildees de tecnologias estrutura fundiaacuteria e matildeo de obra se
inserir em setores mais competitivos visando agrave maximizaccedilatildeo dos lucros
A realizaccedilatildeo dessa pesquisa eacute pertinente pelo fato de mostrar que os
fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de commoditie atraveacutes de uma cadeia
produtiva competitiva levando em consideraccedilatildeo as condiccedilotildees do produtor e
conforme os dados de campo eacute notoacuterio que os entrevistados atraveacutes da renda do
fumo conseguiram adquirir bens capitais de grande importacircncia como a compra de
terra lotes na cidade de carro trator maquinaacuterios agriacutecolas e casa Bens esses que
muitas vezes natildeo conseguiriam adquirir se produzissem somente culturas
tradicionais do municiacutepio como eacute o caso do feijatildeo e milho pelo fato da pequena
quantidade de terras que possuem Dessa forma eacute certo que os agricultores
familiares entrevistados da mesma forma que os agricultores patronais buscam
maximizar seus lucros uma vez que os dados de campo mostram que os
fumicultores tecircm pretensotildees de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou
seja agem no mercado como pequenos capitalistas
19
CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS
Sabe-se que nas ciecircncias sociais existem diferentes concepccedilotildees teoacutericas para
a compreensatildeo do desenvolvimento do capitalismo no campo destacando-se de
um lado o paradigma da Agricultura Camponesa (Questatildeo Agraacuteria) e de outro o
paradigma da Agricultura Familiar (Capitalismo Agraacuterio) Nesse sentido o presente
capiacutetulo expotildee algumas das abordagens ligadas ao paradigma da agricultura
camponesa e das abordagens ligadas agrave agricultura familiar como objetivo de
identificar o conceito de TerritoacuterioTerritorialidade derivados desses paradigmas A
finalidade de entender as correntes de pensamento paradigmaacutetico permitiraacute entatildeo
avaliar essas abordagens agrave luz de um estudo de caso sobre a fumicultura no
municiacutepio de PrudentoacutepolisPR
11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA
As muacuteltiplas formas de interpretaccedilatildeo da questatildeo agraacuteria no espaccedilo rural e
consequentemente do paradigma camponecircs tecircm como principal referecircncia as teorias
marxistas seja as de autores como Lecircnin (1982) e Kautsky (1998) que defenderam
a tese do desaparecimento da classe camponesa e a consequente emergecircncia de
duas classes distintas - a burguesa e a proletaacuteria - como produto da industrializaccedilatildeo
da agricultura seja a de autores como Chayanov (1974) Oliveira (1987) e
Fernandes (1996) entre outros que satildeo contraacuterios agrave teoria sobre a tendecircncia agrave
proletarizaccedilatildeo do campesinato e que defendem a permanecircncia desta classe social
como resultado do processo desigual e contraditoacuterio de desenvolvimento
impulsionado pelo sistema capitalista
Nesse sentido para Fernandes (2008) os estudos feitos agrave luz do paradigma
camponecircs se caracterizam por analisar a luta de classes a conflitualidade e as
contradiccedilotildees inerentes agraves relaccedilotildees capitalistas e natildeo capitalistas de produccedilatildeo1 Um
tema importante nessa linha de pesquisa eacutea sujeiccedilatildeo da renda dos camponeses
perante as empresas que tecircm o monopoacutelio da produccedilatildeo de commodities agriacutecolas
como as agroinduacutestrias fumageiras
1 O campesinato eacute entendido como um sistema produtivo diferenciado do agronegoacutecio
20
Os seguidores do paradigma camponecircs como Fernandes (2013) entendem
que a industrializaccedilatildeo da agricultura resulta em um problema estrutural devido ao
desenvolvimento desigual e contraditoacuterio do capitalismo e que a uacutenica soluccedilatildeo estaacute
na superaccedilatildeo desse sistema pois a industrializaccedilatildeo da agricultura contribui para que
as unidades camponesas de produccedilatildeo se tornem mais vulneraacuteveis ao capital
Para Feliacutecio (2006) nesse paradigma natildeo haacute diferenccedilas entre agricultor
familiar e camponecircs pois ambos satildeo assim definidos por terem a famiacutelia e o trabalho
familiar por caracteriacutestica a qual natildeo objetiva a superaccedilatildeo do trabalho familiar O
termo camponecircs eacute tratado pelos teoacutericos do paradigma do capitalismo agraacuterio como
agricultores familiares nesse sentido
O produtor familiar que utiliza os recursos teacutecnicos e estaacute altamente integrado ao mercado natildeo eacute um camponecircs mas sim um agricultor familiar Desse modo pode-se afirmar que a agricultura camponesa eacute familiar mas nem toda a agricultura familiar eacute camponesa ou que todo camponecircs eacute agricultor familiar mas nem todo agricultor familiar eacute camponecircs (FERNANDES 2001)
Com relaccedilatildeo agrave inserccedilatildeo da agricultura familiar nas formas de produccedilatildeo
capitalistas no campo Thomaz Juacutenior (2008) considera que a loacutegica do capital impotildee
que o agricultor esteja preso agrave gestatildeo de uma empresa e natildeo mais da sua proacutepria
famiacutelia Poreacutem o autor defende que mesmo integrado a essa loacutegica de produccedilatildeo o
camponecircs busca alternativas para natildeo aderir totalmente agraves estruturas mercantis de
produccedilatildeo visando reestabelecer os princiacutepios de sociabilidade e produccedilatildeo para o
autoconsumo Nesse sentido para esse paradigma o camponecircs visa agrave
sobrevivecircncia mas se o capital apresenta uma proposta de parceria de lucros como
na integraccedilatildeo das empresas fumageiras o camponecircs aceita Subordina-se mas se
essa possibilidade de lucro acaba ele volta para a estrateacutegia primeira por natildeo
desejar desfazer-se da terra
Para Shanin (2008) o camponecircs corresponde a um ldquomodo de vidardquo que
envolve um conjunto de elementos como a diversidade nas formas de trabalhar com
a terra Teacutecnicas essas que satildeo passadas de pais para filhos possibilitando estreita
ligaccedilatildeo entre a terra e a famiacutelia uma vez que a famiacutelia eacute dona do proacuteprio trabalho
podendo escolher a melhor forma de fazecirc-lo Tambeacutem enfatiza a especificidade da
loacutegica econocircmica camponesa a qual produz visando a satisfaccedilatildeo das necessidades
21
da famiacutelia sendo capaz de se ajustar aos niacuteveis de remuneraccedilatildeo mais baixos em
momentos desfavoraacuteveis
Ploeg (2009) afirma que o camponecircs de hoje natildeo pode ser compreendido
como sinocircnimo de atraso e sim como um ldquocamponecircs modernordquo inserido na
realidade capitalista poreacutem carregando em seu cerne a condiccedilatildeo camponesa Por
condiccedilatildeo camponesa Ploeg (2009) entende a luta por autonomia e progresso como
uma forma de construccedilatildeo e reproduccedilatildeo de um meio de vida rural em um contexto
adverso caracterizado por relaccedilotildees de dependecircncia marginalizaccedilatildeo e privaccedilatildeo
Portanto para o autor supracitado o campesinato deve ser explicado a partir das
relaccedilotildees de contradiccedilotildeesconflitualidades existentes no espaccedilo rural
Fernandes (2000) ao falar sobre a formaccedilatildeo do campesinato afirma que
essa formaccedilatildeo natildeo acontece somente pela reproduccedilatildeo ampliada das contradiccedilotildees
do capitalismo mas tambeacutem atraveacutes da luta pela terra na qual tem enfrentado a
condiccedilatildeo loacutegica do capital Nesse sentido Ploeg (2009) menciona sobre a dualidade
entre a produccedilatildeo camponesa e a capitalista na qual
[] a agricultura camponesa eacute fortemente baseada no capital ecoloacutegico (especialmente a natureza viva) enquanto que a agricultura empresarial afasta-se progressivamente da natureza Insumos e outros fatores artificiais de crescimento substituem os recursos naturais o que significa que a agricultura estaacute sendo industrializada (PLOEG 2009 p17)
A expansatildeo do modo capitalista de produccedilatildeo (na sua reproduccedilatildeo ampliada do
capital) aleacutem de redefinir antigas relaccedilotildees subordinando-as agrave sua produccedilatildeo
engendra relaccedilotildees natildeo capitalistas iguais e contraditoriamente necessaacuterias agrave sua
reproduccedilatildeo (OLIVEIRA 2010) Nesse sentido para Paulino e Almeida (2010) a
reproduccedilatildeo do campesinato ldquodeve ser entendida a partir das diversas contradiccedilotildees
do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma contradiccedilatildeo e
natildeo de uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeordquo
No que diz respeito agrave produccedilatildeo de fumo para o paradigma camponecircs a
integraccedilatildeo agrave induacutestria fumageira significauma intervenccedilatildeo nos modos de produccedilatildeo
camponesa visando padroniza-los deixando o camponecircs com pouca autonomia para
determinar a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo
Para Fernandes (2008) o sistema de produccedilatildeo do agronegoacutecio eacute distinto do
sistema de produccedilatildeo da agricultura camponesa uma vez que o sistema agriacutecola
22
camponecircs tem por referecircncia a reproduccedilatildeo a biodiversidade e o trabalho familiar
natildeo objetivando o plantio de uma uacutenica cultura para o mercado como no modelo
agroexportador Poreacutem Fernandes (2008 p 166) afirma que como eacute o capital que
controla a tecnologia o conhecimento o mercado e as poliacuteticas agriacutecolas
subalterniza o camponecircs Ou seja para Fernandes o sistema agriacutecola camponecircs
natildeo eacute parte do agronegoacutecio
De acordo Paulino com (2012) os camponeses comparecem ao mundo do
trabalho como entidades familiares Dessa forma como eacute a famiacutelia que se prontifica
em produzir a mateacuteria prima para a induacutestria fumageira entatildeo natildeo se refere agrave venda
do trabalho camponecircs e sim da produccedilatildeo na qual estaacute contida o trabalho familiar o
qual exige um ritmo diferenciado
Roos (2015) salienta que no caso da produccedilatildeo fumageira realizada pelos
camponeses ldquoa racionalidade eacute movida pela necessidade de um espaccedilo que possa
servir a um conjunto de atividadesrdquonatildeo objetivando somente a valorizaccedilatildeo que os
galpotildees e as estufas de fumo possam gerar sobre a renda da terra
Nesse sentido as transformaccedilotildees no campo brasileiro relacionadas ao
processo de modernizaccedilatildeo da agricultura se assentam sobre uma estrutura
complexa compreendida pela integraccedilatildeo da agricultura e da induacutestria caracterizada
na maior parte por produzir produtos de exportaccedilatildeo como eacute o caso das induacutestrias
fumageiras aves e suiacutenos
Portanto para esse paradigma a conflitualidade eacute inerente ao processo de
formaccedilatildeo do capitalismo e do campesinato por causa da contradiccedilatildeo criada pela
destruiccedilatildeo criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo simultacircneas dessas relaccedilotildees sociais (FENANDES
2008) O camponecircs possui um sistema agriacutecola proacuteprio que natildeo faz parte do
agronegoacutecio e apresenta uma loacutegica de reproduccedilatildeo distinta todavia os camponeses
estatildeo subalternos agrave hegemonia daquele modelo de desenvolvimento econocircmico
(ROOS2015)
Roos (2015) ao analisar a obra de Chayanov2 afirma que o deslocamento de
membros da famiacutelia para outras atividades (venda de forccedila de trabalho) estaacute
assentado na satisfaccedilatildeo das necessidades e natildeo na maximizaccedilatildeo de lucros
2 CHAYANOV AV La organizaciacuteon de la unidad econoacutemica campesina Buenos Aries Nueva Visioacuten 1974
23
possiacuteveis (relaccedilotildees capitalistas) pois o principal objetivo das transaccedilotildees
econocircmicas camponesas eacute a reproduccedilatildeo do grupo social
Para Paulino (2003) a heterogeneidade no campo estaacute marcada por dois
tipos de propriedade privada de um lado a propriedade capitalista e de outro a
propriedade camponesa Na propriedade capitalista a terra eacute um objeto de negoacutecio
pelo fato de haver exploraccedilatildeo do trabalho alheio ao passo que a propriedade
camponesa constitui-se em terra de trabalho natildeo tendo como intuito a acumulaccedilatildeo
de capital e sim a sobrevivecircncia familiar Nesse sentido para a autora a dualidade
entre terra de negoacutecios e terra de trabalho se explica com base no caraacuteter
contraditoacuterio do desenvolvimento capitalista
Portanto o camponecircs ao incorporar elementos da loacutegica do agronegoacutecio
como ao plantar fumo e soja utilizando agrotoacutexicos adubos quiacutemicos entre outros
gastos relacionados ao plantio e colheita satildeo compreendidos no paradigma
camponecircs a partir do capital sujeitando e expropriando a renda camponesa e
consequentemente deixando o agricultor mais vulneraacutevel
12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR
No Brasil os estudos e debates sobre a categoria da agricultura familiar
ganharam forccedila a partir do fim da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990
quando essa categoria tem maior representatividade no cenaacuterio socioeconocircmico
brasileiro Inuacutemeros conceitos e caracterizaccedilotildees foram criados para tentar explicar
os indiviacuteduos pertencentes a esse grupo Nesse sentido para Anjos (2003) a
agricultura familiar brasileira se estrutura
ldquocomo uma nova categoria poliacutetica portadora de uma consideraacutevel fonte de legitimidade social que simultaneamente representa os interesses dos pequenos produtores rurais das famiacutelias assentadas dos arrendataacuterios dos agricultores familiares integrados aos complexos agroindustriais e de outros atores sociais do campo brasileirordquo (ANJOS 2003 p 245)
No decorrer da deacutecada de 1990 os estudos voltados para o universo da
agricultura familiare que se destacam na literatura estatildeo em Veiga (1991)
Abramovay (1992) Lamarche (1998) entre outros Esses estudos aleacutem de
trazerem um panorama geral sobre a agricultura familiar daqueles anos tambeacutem
mostraram que as formas familiares de agricultura natildeo eram e nem satildeo
24
homogecircneas poreacutem satildeo importantes para promover o desenvolvimento econocircmico
no Brasil
Abramovay (1992) foi o primeiro no Brasil que distinguiu campesinato de
agricultor familiar afirmando que o agricultor familiar eacute oriundo do camponecircs poreacutem
apresenta distintas formas de organizaccedilatildeo do trabalho tendo como pretensatildeo
inserir-se ao mercado Tambeacutem ao se referir agrave regiatildeo Sul do Brasil o autor afirma
queldquoos agricultores familiares integram-se plenamente a estruturas nacionais de
mercado transformam natildeo soacute sua base teacutecnica mas sobretudo o ciacuterculo social em
que se reproduzem e metamorfoseiam-se numa nova categoria social de
camponeses tornam-se agricultores profissionaisrdquo (ABRAMOVAY 1992 p 126-
127)
Abramovay (1992) Veiga (1991) e Lamarche (1998) entendem que a
agricultura familiar eacute uma categoria que manteacutem a loacutegica familiar de produccedilatildeo
poreacutem estaacute ligada agrave loacutegica capitalista de integraccedilatildeo aos mercados Nesse sentidoo
autor da corrente marxista Claus Germer (1996) alerta para o problema de
conceituar a agricultura familiar em oposiccedilatildeo agrave agricultura patronal o qual favorece
sem sentido a noccedilatildeo de embate entre esses modos de produccedilatildeo
Pensadores da corrente teoacuterica que discutem a agricultura familiar como por
exemplo Valente (2008) Diniz Filho (2011) e Navarro (2014) entre outros natildeo
costumam fazer uma oposiccedilatildeo radical entre a agricultura familiar e o agronegoacutecio
tal como se observa no paradigma camponecircs pelo fato que de alguma forma os
agricultores familiares fazem parte do agronegoacutecio Nesse sentido apontam que a
agricultura familiar brasileira eacute heterogecircnea e necessita ser trabalhada com
tipologias como por exemplo nos estudos organizados por Lamarche (1998) e pela
caracterizaccedilatildeo da agricultura familiar por grupos A B C e D realizados a partir do
estudo ldquoNovo retrato da agricultura familiar brasileira (2000)rdquo Esses estudos
mostram que existem muitas formas de agricultores familiares que se aproximam
bastante do padratildeo do agronegoacutecio Portanto para esse paradigma natildeo haacute
incompatibilidade ou conflitos radicais dos agricultores familiares em relaccedilatildeo ao
capital visto que estatildeo inseridos no mercado
Lamarche (1998) identificou quatro modelos aproximados para distinguir os
tipos de agricultores familiares a partir do tipo e grau de dependecircncia financeira de
mercado e da tecnologia para produccedilatildeo Os quatro modelos consistem em Modelo
empresa caracteriza as unidades produtivas que possuem grande dependecircncia
25
tecnoloacutegica financeira e comercial dependente de matildeo de obra assalariada
(temporaacuteria ou permanente) natildeo possuindo grande apego agrave propriedade (terra)
Modelo empresa familiar satildeo dependentes dos sistemas tecnoloacutegicos financeiros e
de mercado a matildeo de obra eacute familiar tendo por objetivo a reproduccedilatildeo familiar a
partir da terra Modelo agricultura camponesa e de subsistecircncia eacute caracterizada
pelo grande envolvimento da famiacutelia na unidade produtiva pouco dependente de
tecnologias e mercados externos visando satisfazer as necessidades familiares
com pouca produccedilatildeo para comercializar aleacutem de preservarem os patrimocircnios com
intuito de sobrevivecircncia da famiacutelia E por fim o modelo agricultura moderna que eacute
um modelo de agricultura competitiva que estaacute em constante diminuiccedilatildeo das
relaccedilotildees familiares de produccedilatildeo buscando autonomia teacutecnica financeira e de
mercado
Tambeacutem no sentido de entender as caracteriacutesticas do puacuteblico que fazia parte
do rural brasileiro o estudo realizado pela FAOINCRA no ano de 1994 separou os
agricultores entre familiares e patronais sendo que o grupo dos familiares ganhou
outras trecircs subdivisotildees Agricultores Familiares Consolidados que remete aos
agricultores familiares jaacute integrados ao mercado Agricultores familiares em
transiccedilatildeo ou seja aqueles em processo de integraccedilatildeo aos mercados e Agricultores
Familiares Perifeacutericos caracteriacutesticos daqueles com poucas possibilidades de
integraccedilatildeo aos mercados Poreacutem conforme Bittencourt e Peraci (2010) esse
agrupamento da categoria familiar foi utilizado soacute ateacute 1999 quando ganhou outra
classificaccedilatildeo agora a partir de quatro subdivisotildees dos grupos familiares A B C e D
A tipificaccedilatildeo das unidades familiares em quatro grupos eacute produto do estudo
realizado com base nos dados do Censo Agropecuaacuterio de 1996 e coordenado por
Carlos Enrique Guanziroli (FAO) e Silvia Elizabeth Cardin (INCRA) no ano de 2000
intitulado ldquoO novo retrato da agricultura familiar O Brasil redescobertordquoque
objetivou fazer uma nova tipificaccedilatildeo das unidades familiares localizadas no territoacuterio
brasileiro Esse agrupamento foi definido pela Resoluccedilatildeo 2629 de agosto de 1999
a qual foi adotada para que as regras de financiamento fossem mais adequadas agrave
realidade de cada segmento social (Schneider Czala Matei 2004 p 26)
Da mesma forma que os estudos feitos por Lamarche (1998) os resultados
dos trabalhos realizados pela FAOINCRA afirmam que a agricultura brasileira
apresenta uma grande diversidade em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo dos produtores agrave aptidatildeo
da terra agrave disponibilidade de infraestrutura etc natildeo apenas entre as regiotildees mas
26
tambeacutem dentro de cada regiatildeo (Guanziroli Cardin 2000) Esses autores insistem
na importacircncia de aprofundar o conhecimento dessas realidades do espaccedilo rural
com o intuito de incorporar de forma efetiva esses conhecimentos ao planejamento
de poliacuteticas puacuteblicas
Como o presente estudo objetiva a identificaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo dos
produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis atraveacutes da tipologia dos grupos
familiares eacute fundamental detalhar as caracteriacutesticas de cada grupo3 Agricultores
Familiares tipo A considerados como os mais capitalizados e muito integrados ao
mercado Agricultores Familiares tipo B que estatildeo em vias de capitalizaccedilatildeo e
integrados ao mercado Agricultores Familiares tipo C que se apresentam em vias
de descapitalizaccedilatildeo e pouco integrados aos mercados e os Agricultores Familiares
tipo D sendo compreendidos como descapitalizados
Essas delimitaccedilotildees estabelecidas entre a agricultura familiar e a patronal
como tambeacutem na diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os proacuteprios agricultores
familiares proporcionou a identificaccedilatildeo dos distintos graus de desenvolvimento e
das distintas loacutegicas adotadas para a reproduccedilatildeo familiar
Para esse paradigma o agricultor familiar natildeo eacute um camponecircs mas sim um
empresaacuterio capitalista de pequeno porte inserido no mercado e que busca
maximizar a sua produccedilatildeo mas como eacute de pequeno porte ainda natildeo se
desvinculou totalmente do processo produtivo necessitando da matildeo de obra familiar
para o desenvolvimento das atividades a qual eacute caracteriacutestica das unidades
familiares No caso da produccedilatildeo de fumo conforme se veraacute com detalhes adiante o
pequeno capitalista estaacute presente em todo o processo desde o plantio ateacute a venda
da produccedilatildeo
Schneider (2006) menciona a falta de compreensatildeo dos modos familiares e
sua inserccedilatildeo nos mercados capitalistas uma vez que se deixam enredar no debate
sobre um suposto dualismo entre o agronegoacutecio e agricultura familiar como se os
3Considera-se que a tipologia elaborada pela FAOINCRA (2000) busca estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares dando-se em funccedilatildeo do custo de oportunidade do trabalho dado esse obtido atraveacutes do valor da diaacuteria regional mais 20 Tambeacutem o universo familiar foi delimitado atraveacutes das variaacuteveis em que a direccedilatildeo dos trabalhos do estabelecimento era exercida pelo produtor o trabalho familiar era superior ao trabalho contratado e por fim a aacuterea regional que varia de 4 ateacute 15 moacutedulos fiscais
27
envolvidos natildeo estivessem interessados em um mesmo processo ou seja da
produccedilatildeo e do consumo Nessa mesma linha de pensamento Veiga (2004) afirma
que ldquoo agronegoacutecio no Brasil natildeo eacute soacute uma atividade de grandes produtores e que
natildeo haacute oposiccedilatildeo com agricultura familiarrdquo uma vez que a agricultura familiar
sustenta um dos ramos mais bem sucedidos do agronegoacutecio como as cadeias
produtivas de exportaccedilatildeo de frango suiacutenos e tambeacutem com grande expressividade
a cadeia do fumo
O agronegoacutecio eacute composto fundamentalmente por agricultores familiares Eles conseguiram se firmar em setores extremamente modernos como a produccedilatildeo de aves suiacutenos fumo produtos esses ligados a mercados internacionais (ABRAMOVAY 2003 p 7)
De acordo com Valente (2008) vem sendo estabelecido o consenso de que
as atividades desenvolvidas ao longo da cadeia produtiva tanto patronais quanto
familiares satildeo complementares Nessa perspectiva menciona que faz-se necessaacuterio
um estudo do que aproxima e do que afasta aqueles que se inserem no agronegoacutecio
para assim ser possiacutevel pleitear distintas poliacuteticas agriacutecolas de acordo com os
interesses de casa categoria
Enquanto Fernandes (2001)Paulino (2003)Oliveira (2004) e Roos (2015)
defendem a oposiccedilatildeo do agronegoacutecio agrave agricultura familiar devido agraves
conflitualidades entre as classesSchneider (2006) Navarro (2007 2014) Valente
(2008) Diniz Filho (2011) e Jank (2006) consideram falso esse dualismo entre a
agricultura familiar e o agronegoacutecio uma vez que os agricultores buscam maximizar
seus lucros Nesse sentido afirma Jank (2006) que
O Brasil tem sido proacutedigo em produzir falsas dicotomias como a ideia do agronegoacutecio contra a pequena agricultura a agricultura patronal contra a agricultura familiar ou grandes produtores contra os sem-terra [] caso uacutenico no mundo o Brasil tem dois ministeacuterios da agricultura vivendo uma guerra surda por atenccedilatildeo e recursos um cuidando de mecanismos tradicionais de poliacuteticas agriacutecolas e o outro da reforma agraacuteria e da agricultura familiar (JANK 2006 P a2)
13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS
28
O estudo do territoacuterio vem sendo constituiacutedo em uma tradiccedilatildeo do pensamento
geograacutefico nos uacuteltimos 100 anos (VALVERDE 2004) Instintivamente o seu conceito
remota agrave ideia de lugar espaccedilo de residecircncia ou local onde se desenrolaratildeo as
muacuteltiplas relaccedilotildees entre os agentes sejam sociais ou econocircmicos (MARIANI
ARRUDA 2010)
Nesse ponto de vista Fernandes (2008) cita que a globalizaccedilatildeo e a hegemonia
das poliacuteticas neoliberais provocaram a emergecircncia do conceito de territoacuterio em duas
direccedilotildees De um lado os estudos sobre territoacuterios feitos agrave luz do paradigma
camponecircs e de outro o estudo de territoacuterio a partir do paradigma da agricultura
familiar O territoacuterio para o paradigma camponecircs eacute explicado a partir da criacutetica aos
modelos de produccedilatildeo capitalista sendo que as anaacutelises satildeo feitas sob a oacutetica de
territoacuterio multidimensional entendido a partir das conflitualidades e contradiccedilotildees
entre as classes sociais
Jaacute o paradigma da agricultura familiar ao analisar o territoacuterio natildeo utiliza os
procedimentos para estudar as conflitualidades e sim trabalha com o objetivo de
classificar as desigualdades sociais Nesse sentido o tema de estudo predominante
nesse paradigma eacute a reproduccedilatildeo das relaccedilotildees capitalistas ou seja a forma como os
agricultores buscam se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo sem que haja
uma conflitualidade entre classes ou territoacuterios No caso dos conflitos existentes no
campo para o paradigma da agricultura familiar deve-se trabalhar a partir do grau
que esses conflitos acontecem natildeo generalizando a partir de casos radicais de
conflitos entre os distintos territoacuterios No caso da fumicultura pode-se dizer que natildeo
satildeo identificados conflitos tatildeo radicais ao passo que na produccedilatildeo de subsistecircncia
esse acontecimento pode acontecer de forma diferenciada
Diversos satildeo os acontecimentos e agentes responsaacuteveis por instituir funccedilatildeo e
particularidades aos espaccedilos Como exemplos desses acontecimentos podem ser
citadas ldquoas atividades econocircmicas os empreendimentos das
multinacionaistransnacionais comunidades tiacutepicas como tambeacutem do poder puacuteblicordquo
(MARIANI ARRUDA 2010) os quais satildeo responsaacuteveis pela construccedilatildeo de
territoacuterios Haesbaert (2007) destaca a existecircncia de territoacuterios funcionais desde que
o territoacuterio apresente um papel de receptaacuteculos de atividades econocircmicas
possuindo muacuteltiplas funccedilotildees conforme seu interesse em atuar naquele territoacuterio
29
Fernandes (2008) adepto do paradigma camponecircs ao trabalhar os diferentes
territoacuterios destaca a importacircncia de analisar o territoacuterio atraveacutes da
multidimensionalidadeconflitualidade que satildeo concebidas atraveacutes de um conjunto
de conflitos inscritos nas relaccedilotildees indissociaacuteveis entre desenvolvimento e disputas
territoriais Para o autor a definiccedilatildeo de territoacuterio estaacute relacionada agrave existecircncia de
poder entre classes ao passo que a conflitualidade existe devido agraves disputas
territoriais entre o capital e o campesinato ou seja de distintos territoacuterios e
funcionalidades
Oliveira (2001) aponta que devido agraves forccedilas produtivas capitalistas ocorrerem
de maneira desigual e contraditoacuteria no territoacuterio em algumas circunstacircncias eacute mais
conveniente para o capital monopolizar o territoacuterio ao inveacutes de se territorializar ou
seja neste caso para o paradigma camponecircs o capital natildeo expropria o camponecircs
fumicultor poreacutem subordina esse agente social ao ditar as regras de produccedilatildeo como
tipos de sementes insumos quiacutemicos teacutecnicas de produccedilatildeo entre outros elementos
que estatildeo relacionados agrave produccedilatildeo Trata-se da territorializaccedilatildeo do capital
monopolista (OLIVEIRA 2001) o qual monopoliza a circulaccedilatildeo e domina os meios
de produccedilatildeo e a terra (ROOS 2015)
Nesse sentido no territoacuterio a accedilatildeo das empresas transnacionais como por
exemplo a Souza Cruz configuram o processo chamado por Oliveira (2005) e Roos
(2015) de ldquomonopolizaccedilatildeo do territoacuteriordquo uma vez que a empresa se instala em aacutereas
estrateacutegicas monopoliza o territoacuterio e firma acordos com os produtores familiares e
natildeo familiares que produzem fumo sendo entendidos entatildeo a partir da sujeiccedilatildeo da
renda da terra ao capital onde o produtor atraveacutes da integraccedilatildeo tem pouco poder
nas negociaccedilotildees
Para Fernandes (2008) a existecircncia de distintos territoacuterios entre o campesinato
e o agronegoacutecio eacute dada a partir das formas de organizaccedilatildeo espacial e de paisagens
geograacuteficas sendo o territoacuterio do agronegoacutecio caracterizado pela monocultura
desertificaccedilatildeo populacional produtivismo para exportaccedilatildeo grande escala e
homogeneidade ao passo que o territoacuterio camponecircs eacute representado pela
heterogeneidade da paisagem frequente povoamento policultura e produccedilatildeo
diversificada Por fim o territoacuterio monopolizado pelo agronegoacutecio se distingue pela
homogeneidade da paisagem geograacutefica e pela subalternidade e controle
tecnoloacutegico das commodities que se utilizam dos territoacuterios camponeses
30
(FERNANDES 2008) Portanto para os seguidores desse paradigma o capital
forma os seus territoacuterios atraveacutes da expansatildeo e controle de aacutereas em todas as
regiotildees subalternizando o camponecircs atraveacutes da integraccedilatildeo Sobre a monopolizaccedilatildeo
do territoacuterio Fernandes (2008) destaca que
Quando o tempo de trabalho eacute maior do que o de produccedilatildeo o capital age atraveacutes da monopolizaccedilatildeo do territoacuterio e da sujeiccedilatildeo da renda da terra Neste caso o campo continua povoado por camponeses ou pequenos ou meacutedios capitalistas que passam a produzir de acordo com o que lhes diz a induacutestria Eacute o caso por exemplo da laranja do fumo a avicultura e da suinocultura entre outros (FERNANDES 2008 p 196)
As anaacutelises voltadas ao paradigma camponecircs e que tratam dos assuntos
relacionados agrave produccedilatildeo de fumo como por exemplo o trabalho de Roos (2015)
afirmam que a subalternidade camponesa estaacute expressa na sujeiccedilatildeo da renda e na
monopolizaccedilatildeo do territoacuterioterritorialidade pelo capital uma vez que a
monopolizaccedilatildeo do territoacuterio pelo capital eacute entendida como territorialidade capitalista
no territoacuterio camponecircs Nesse sentido Roos (2015) compreende territorialidade
como o uso do territoacuterio ponderando que este eacute exclusivamente produzido por uma
relaccedilatildeo social que somente pode ser realizada pelo sujeito onde a territorialidade
pode ser camponesa ou capitalista
Nesse ponto de vista em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de fumo nas unidades
familiares o paradigma camponecircs compreende que as relaccedilotildees capitalistas
subordinam as relaccedilotildees camponesas e consequentemente o seu territoacuterio pelo fato
das bases teacutecnicas de produccedilatildeo estarem determinadas pelas multinacionais como
por exemplo atraveacutes dos contratos de compra de fumo de empresas com a Souza
Cruz
O territoacuterio eacute instituiacutedo por sujeitos e grupos sociais que se afirmam por meio dele Assim haacute sempre territoacuterio e territorialidade ou seja processos sociais de territorializaccedilatildeo Num mesmo territoacuterio haacute sempre muacuteltiplas territorialidades (PORTO-GONCcedilALVES 2006)
Roos (2015) destaca que mesmo onde as empresas fumageiras determinam
o padratildeo tecnoloacutegico (infraestrutura tipos de sementes insumos utilizados formas
de semeadura etc) natildeo tiram dos camponeses a autonomia sobre o seu trabalho o
tempo e as decisotildees Assim o autor afirma que o territoacuterio continua sendo de
domiacutenio dos camponeses poreacutem o capital exerce sua territorialidade subordinando a
renda camponesa na medida em que se incorporam agrave loacutegica capitalista
31
A territorialidade deriva de territoacuterio como produto das muacuteltiplas relaccedilotildees de
poder presentes e que estatildeo intrinsicamente relacionadas aos modelos de produccedilatildeo
podendo como destacado por Porto-Gonccedilalves (2006) e Fernandes (2008) coexistir
vaacuterias territorialidades em um mesmo territoacuterio
As territorialidades expressam as relaccedilotildees de poder que determinam as
configuraccedilotildees territoriais Elas contribuem para a identificaccedilatildeo de quem domina e de
quem eacute o dominado nos territoacuterios As territorialidades tambeacutem estatildeo expressas nas
paisagens de modo que seus componentes revelam as relaccedilotildees sociais poliacuteticas e
econocircmicas (FERNANDES 2010)
Fernandes (2008 2009) acrescenta que a disputa territorial entre o
campesinato e o agronegoacutecio pode acontecer por duas formas distintas pela
desterritorializaccedilatildeo e pelo controle das territorialidades por possuiacuterem relaccedilotildees
sociais distintas e modelos divergentes de produccedilatildeo os quais resultam em conflitos
Portanto ainda no que diz respeito ao paradigma camponecircs Paulino e
Almeida (2010) defendem a ideia de que embora o campesinato seja uma relaccedilatildeo
natildeo capitalista ldquosua reproduccedilatildeo deve ser entendida a partir das diversas
contradiccedilotildees do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma
contradiccedilatildeo e natildeo de uma articulaccedilatildeo de modos de produccedilatildeordquo Jaacute no paradigma da
agricultura familiar a inserccedilatildeo do agricultor nos mercados capitalistas natildeo eacute
compreendida pela conflitualidade entre territoacuterio camponecircs e do agronegoacutecio
sendo que ambos buscam maximizaccedilatildeo de sua produccedilatildeo
A partir do exposto eacute possiacutevel entender que os estudos feitos agrave luz do
paradigma da agricultura camponesa e que tratam de temas relacionados agrave
produccedilatildeo de fumo no Sul do Brasil afirmam a existecircncia de conflitos muitas vezes
ldquoveladosrdquo entre o territoacuterio dos fumicultores e a territorialidade corporativa das
empresas fumageiras
32
CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de
fumo Por esse fato o presente capiacutetulo tem como objetivo salientar os fatores que
proporcionaram ao paiacutes se tornar referecircncia nesse setor uma vez que a fumicultura
eacute desenvolvidaem sua maioriapela agricultura familiar (AFUBRA 2015) De
maneira cronoloacutegica realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica da origem do fumo e
sua consequente inserccedilatildeo em uma produccedilatildeo de escala comercial analisando o
cultivo o mercado e outros aspectos sejam das esferas produtiva social e
econocircmica visto que esses elementos satildeo fundamentais para entender os motivos
pelos quais contribuiacuteram para a inserccedilatildeo dessa produccedilatildeo no municiacutepio de
PrudentoacutepolisPR que seraacute tratado com mais detalhes no capiacutetulo III Tambeacutem pelo
fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo
de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral
dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura
familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo
do agronegoacutecio
21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
A partir do iniacutecio da deacutecada de 1990 o Brasil vem ocupando uma posiccedilatildeo de
destaque no mercado mundial do fumo pelo volume produzido e pela qualidade que
o produto possui
Ao analisar as origens4 dessa cultura as respostas satildeo um pouco distintas pois
existem possiacuteveis afirmaccedilotildees de que o fumo era consumido desde o seacuteculo IX no
continente Asiaacutetico Todavia Frozza (1998) afirma que o cultivo e uso das folhas
datam de mais de quatro mil anos e que ocorreram nas regiotildees da Ameacuterica do Norte
e Central onde hoje se situam o Meacutexico e a Guatemala Ainda de acordo com esse
autor satildeo os povos Maias que teriam iniciado o plantio dessa cultura
4 O tabaco tambeacutem chamado de fumo eacute uma erva do gecircnero das plantas solanaacuteceas cujas folhas depois de preparadas servem mais comumente para fumar cheirar ou mascar (SILVA 2012)
33
Nardi (1985) e Saffrin (1995) afirmam que o fumo tem suas origens nos vales
orientais dos Andes bolivianos e que chegou ao territoacuterio brasileiro atraveacutes das
migraccedilotildees dos iacutendios principalmente os iacutendios Tupi-Guarani Convergindo com
Nardi e Saffrin Souza Cruz (2011) afirma que o fumo eacute uma planta originaacuteria dos
Andes e que acompanhou as migraccedilotildees dos iacutendios por toda a Ameacuterica Central ateacute
chegar ao territoacuterio brasileiro
Os colonizadores portugueses atraveacutes dos povos indiacutegenas introduziram o haacutebito
do consumo de fumo (BOEIRA 2002) tendo acesso ao produto atraveacutes do
escambo Dessa forma satildeo criadas as primeiras legislaccedilotildees para regulamentar a
atividade fumageira como a Junta de Administraccedilatildeo do Tabaco de 1674 a qual
servia para orientar o comeacutercio das especiarias em Portugal e suas colocircnias e
institucionalizou o monopoacutelio portuguecircs sobre o produto Nesse contexto o tipo de
fumo produzido era o escuro de corda sendo que o mesmo era usado para fabricar
o rapeacute o cigarro e charutos (SILVA 2002)
No iniacutecio do seacuteculo XIX a produccedilatildeo em escala comercial ocupou aacutereas reduzidas e
concentradas entre o litoral dos atuais estados da Bahia (Recocircncavo Baiano) e
Recife proporcionando o abastecimento do mercado europeu Os fatores que
contribuiacuteram para a produccedilatildeo do fumo foram agrave existecircncia de matildeo de obra familiar e o
desejo de desenvolver a regiatildeo Para Silva (2002) a cultura do fumo ao contraacuterio da
cana-de-accediluacutecar que era plantada somente nos latifuacutendios foi e ainda eacute
desenvolvida pela sua maioria em pequenas propriedades
A produccedilatildeo se expandiu para os estados de Minas Gerais Goiaacutes Satildeo Paulo
e sobretudo para a regiatildeo Sul do Brasil regiatildeo essa colonizada por imigrantes
europeus que se dedicaram a atividade como eacute o caso do municiacutepio de
Prudentoacutepolis no Paranaacute
O fumo ldquoproduto antes principalmente destinado ao escambo de escravos na segunda metade do seacuteculo passou a encontrar mercado crescente na Europa A quantidade exportada aumentou 361 por cento entre os anos de quarenta e noventa e os preccedilos meacutedios subiram 41 por centordquo(FURTADO p47 1984apud Silva 2002 p 38)
De acordo com Silva (2002) na regiatildeo Sul do Brasilas primeiras plantaccedilotildees
de fumo iniciaram-se em 1824 na colocircnia de Satildeo LeopoldoRS a mesma colonizada
por imigrantes alematildees e em 1850 na colocircnia Santa CruzRS Nessa regiatildeo foram
34
cultivadas variedades de fumos claros como o chinecircs (conhecido atualmente como
amarelinho) e mais tarde o Virgiacutenia devido agrave melhor aceitaccedilatildeo no mercado externo
sendo usado para a fabricaccedilatildeo de cigarros
Como destaca Spies (2000) o principal fator para os imigrantes se dedicarem a
atividade fumageira foram as precaacuterias condiccedilotildees econocircmicas em que se
encontravam pois produziam somente os alimentos para sua subsistecircncia e o
excedente natildeo era suficiente para provecirc-los Dessa forma viram na produccedilatildeo de
fumo uma alternativa para a melhora da situaccedilatildeo financeira familiar Outras
caracteriacutesticas que devem ser levadas em consideraccedilatildeo uma vez que contribuiacuteram
para que os imigrantes se dedicassem a produccedilatildeo de fumo satildeo a estrutura fundiaacuteria
baseada em pequenos lotes de terras e a disponibilidade de matildeo de obra da proacutepria
famiacutelia
Conforme Souza Cruz (2011) outro marco relevante no setor fumageiro foi agrave
criaccedilatildeo da empresa Souza Cruz pelo imigrante portuguecircs Albino Souza Cruz no ano
de 1903 no estado do Rio de Janeiro colocando em funcionamento a primeira
maacutequina do Brasil a produzir cigarros jaacute enrolados em papel Poreacutem com a
necessidade de investir no ramo para acelerar o ritmo de crescimento em
1914Albino Souza Cruz transformou a companhia em uma sociedade anocircnima
passando o controle acionaacuterio ao grupo British American Tabacco (BAT) fato que
permitiu o crescimento da Souza Cruz (SOUZA CRUZ 2015)
A expansatildeo da produccedilatildeo de fumo ocasionou algumas fusotildees entre empresas
do setor Vogt (1994) menciona que os anos entre 1917 e 1993 satildeo caracterizados
por aglutinaccedilotildees e fusotildees das empresas de comeacutercio e beneficiamento do tabaco A
entrada do capital internacional acarretou mudanccedilas na dinacircmica econocircmica da
regiatildeo
Na cidade de Santa CruzRS encontra-se o maior polo fumicultor do Brasil e
conforme AFUBRA (2001) um fato marcante na mudanccedila da dinacircmica econocircmica
desse muniacutecipio e regiatildeo se deu em 1917 com a iniciativa da BAT de instalar a
primeira usina de processamento de fumo no paiacutes com o nome de ldquoThe Brazilian
Tabacco Corporationrdquo Sua razatildeo social foi alterada no ano de 1920 para Companhia
Brasileira de Fumo em Folha (CBFF) e finalmente em 1955 alterada para
Companhia de Cigarros Souza Cruz ndash Induacutestria e Comeacutercio (SILVA 2002) A
35
companhia foi fundamental para que o Brasil alcancasse ainda mais os mercados
mundiais atraveacutes de algumas melhorias proporcionadas por ela
Vogt (1994) destaca que a partir de 1924 a companhia de capital internacional
comeccedilou a investir e incentivar os fumicultores a utilizarem insumos quiacutemicos para
obter uma melhor produtividade e qualidade do fumo o que se refletia no mercado
de cigarros que cada vez ficava mais exigente O melhoramento geneacutetico das
sementes foi outro condicionante para que se obtivesse um aumento da
produtividade e qualidade do fumo
De acordo com Vogt (1994) o mercado fumageiro brasileiro teve uma boa
elevaccedilatildeo nas exportaccedilotildees com o fim da segunda Guerra Mundial jaacute que os paiacuteses
que ateacute entatildeo eram grandes produtores de cigarros se encontravam desorganizados
pelos conflitos poliacuteticos e econocircmicos Outro fator que contribuiu para a maior
demanda do fumo brasileiro foi uma grande estiagem que afetou os paiacuteses
produtores de fumo na safra de 19441945 ocasionando dessa forma um aumento
nos preccedilos pagos pelos mercados internacionais entre os anos de 1944 e 1946
estimulando assim o aumento da produccedilatildeo brasileira devido aos grandes ganhos
obtidos no mercado externo
Contudo houve um aumento da produccedilatildeo sem o proporcional aumento da
qualidade do fumo causando certa preocupaccedilatildeo na balanccedila comercial Para piorar a
situaccedilatildeo no final da deacutecada de 1940 Franccedila Espanha Beacutelgica Holanda e
Dinamarca que eram os principais importadores do tabaco brasileiro foram
contemplados com o Plano Marshall e passaram a adquirir o fumo norte-americano
jaacute que possuiacutea uma qualidade melhor ldquoDesse modo o Brasil natildeo estava conseguido
uma boa representatividade no mercado externordquo (VOGT p 102 1994)
Ao encontro das discussotildees de Vogt Seffrin (1995) afirma que os fumicultores
foram os principais prejudicados com essa superproduccedilatildeo ocorrida na deacutecada de
1950 os quais entregavam a produccedilatildeo a preccedilos piacutefios de maneira a natildeo incorrer em
prejuiacutezos ainda maiores Como por exemplo quando a entatildeo Companhia Brasileira
de Fumos em Folha que atualmente tem o nome de Souza Cruz abriu um comeacutercio
de compra livre de fumos escuros os quais tinham um valor de mercado bem abaixo
da meacutedia e os fumicultores da regiatildeo Sul do Brasil sem outras saiacutedas de mercado
acabaram vendendo o fumo claro (de valor maior) por preccedilo de fumos escuros
36
Com a queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo no cenaacuterio mundial a
quantidade da produccedilatildeo do fumo era limitada e a produccedilatildeo fumageira das deacutecadas
de 1950 e 1960 (tabela 1) era destinada na sua maioria para o mercado nacional
A elevaccedilatildeo desorganizada da produccedilatildeo fumageira gerou na regiatildeo nos anos de 50 e 60 grandes estoques de excedentes natildeo comercializaacuteveis O fumo abarrotava os armazeacutens das firmas e das cooperativas natildeo tendo o colono como despachar o seu cultivo (VOGT 1994)
Portanto a produccedilatildeo de fumo no Brasil eacute mais expressiva a partir da segunda
metade do seacuteculo XX sobretudo no poacutes-guerra quando a ampliaccedilatildeo das aacutereas de
produccedilatildeo veio associada ao aumento da qualidade e produtividade das lavouras
como tambeacutem da produccedilatildeo industrial dos cigarros
ANO PRODUCcedilAO T EXPORTACcedilAO T
1961 60408 10919 1963 82851 14522 1965 91159 14008 1967 112234 9289 1969 99804 13778 1971 97206 18556 1973 82030 20248 1975 97722 41277
QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA
Fonte VOGT 1994
Como pode ser visto as melhoras nas exportaccedilotildees comeccedilam somente na deacutecada de
1970 A deacutecada de 1960 foi marcada por poucas vendas para o mercado externo
natildeo chegando a exportar 15 da produccedilatildeo total Conforme Sefrin (1995) devido a
essa queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo para o exterior na deacutecada de
1960 os fumicultores encontravam-se em condiccedilotildees econocircmicas peacutessimas pois
aleacutem de ser um trabalho aacuterduo os lucros eram iacutenfimos natildeo conseguindo muitas
vezes fazer o pagamento do financiamento da produccedilatildeo aleacutem das safras serem
afetadas pelas intempeacuteries climaacuteticas encontrando-se cada vez mais
desamparados Como aponta Safrin (1995) os pagamentos muitas vezes eram feitos
no ano seguinte da venda e com preccedilos ainda reduzidos
Para que a produccedilatildeo brasileira do fumo pudesse voltar ao cenaacuterio internacional era
indispensaacutevel um salto qualitativo na produccedilatildeo do fumo fato que exigiria a injeccedilatildeo
de grande quantidade de capital na produccedilatildeo Conforme Vogt (1994) os
37
investimentos necessaacuterios para a melhoria da qualidade estavam relacionados agrave
aquisiccedilatildeo de sementes adubos pesticidas instrumentos agriacutecolas construccedilatildeo de
estufas bem como a assistecircncia teacutecnica constantemente presente na propriedade
do colono e a garantia da compra integral da produccedilatildeo sendo mais um fator que
impulsionou a Souza Cruz a investir nessa regiatildeo
De acordo com Silva (2002) para corroborar na soluccedilatildeo dos problemas
econocircmicos dos fumicultores surgiram movimentos de uniatildeo dos interesses dos
mesmos o que resultou na sugestatildeo para a criaccedilatildeo de uma associaccedilatildeo formal dos
fumicultores Sendo assim no dia 21 de marccedilo de 1955 na cidade de Santa Cruz do
SulRS foi criada a Associaccedilatildeo dos Plantadores de Fumo em Folha do Rio Grande
do Sul a qual em 1963 mudou sua razatildeo social para Associaccedilatildeo dos Fumicultores
do Brasil (AFUBRA) passando a abranger tambeacutem os estados de Santa Catarina e
Paranaacute (AFUBRA 2014) Dessa forma a entidade foi criada devido a dois fatores
principais a instabilidade do mercado e dos preccedilos do tabaco e a inexistecircncia de
auxiacutelio econocircmico contra danos por granizo nas lavouras
Com a injeccedilatildeo de capital para a melhoria na produccedilatildeo do fumo e com a
criaccedilatildeo da AFUBRA os fumicultores encontravam-se mais confiantes pelo fato de
estarem obtendo melhores rendimentos Apesar desse desequiliacutebrio nas
exportaccedilotildees pelo qual o mercado fumageiro passou nas deacutecadas de 1950 e 1960
Spies (2000) destaca que a induacutestria do fumo jaacute era a mais importante da regiatildeo de
Santa Cruz no Rio Grande do Sul entre os anos de 1952 e 1965 pois no ano de
1924 os produtos de subsistecircncia representavam 70 da produccedilatildeo e na deacutecada de
1950 esse valor caiu para 413 do total da produccedilatildeo agriacutecola regional
Conforme destaca Vogt (1994) o final da deacutecada de 1960 e com maior
intensidade nas deacutecadas de 1970 e 1980 a fumicultura brasileira volta a ter um
aumento significativo em termos de aacuterea produzida e exportaccedilatildeo da produccedilatildeo devido
principalmente agrave abertura do mercado internacional para os fumos brasileiros mas
tambeacutem agrave adoccedilatildeo de poliacuteticas favoraacuteveis agrave instalaccedilatildeo de agroinduacutestrias no paiacutes
resultando na consolidaccedilatildeo dos complexos agroindustriais
Na deacutecada de 1970 e 1980 era notaacutevel o progresso do setor fumageiro na
regiatildeo Sul do Brasil Esse fato refletiu nas exportaccedilotildees pois a quantidade do fumo
em folha exportado pelo Brasil daacute um salto de 55 mil toneladas exportadas no ano
38
de 1965 para 170 mil toneladas no ano de 1985 dando assim a configuraccedilatildeo da
atual estrutura fumageira do Brasil
Com a consolidaccedilatildeo do Complexo Agroindustrial Brasileiro ou seja da
integraccedilatildeo entre a agricultura e a induacutestria o setor fumageiro ganhou grande
impulso e os estados de Santa Catarina e Paranaacute tambeacutem receberam consideraacuteveis
incentivos para se especializar na produccedilatildeo Foi nesse periacuteodo que a produccedilatildeo em
maior escala atingiu o municiacutepio de PrudentoacutepolisPR e um nuacutemero maior de famiacutelias
aderiu a esse cultivo
Durante a deacutecada de 70 consolidou-se a atual estrutura fumageira existente no Brasil meridional [] ao mesmo tempo os cultivos nos estados de Santa Catarina e Paranaacute foram intensificados pelas corporaccedilotildees que introduziram o tabaco em novas aacutereas para responder a demanda internacional (VOGT 1994)
Dessa forma a proliferaccedilatildeo das lavouras de fumo acontece
concomitantemente nos trecircs estados da regiatildeo Sul do Brasil e estes se destacam
pela qualidade do fumo que produzem Silva (2002) aponta que a chegada de outras
empresas multinacionais com intenccedilatildeo de expandir-se impulsionou o processo de
organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do fumo incentivando a especializaccedilatildeo dos envolvidos nas
atividades
Em Santa Catarina e no Paranaacute o cultivo de fumo de estufa de caraacuteter
comercial daacute-se a partir da empresa Souza Cruz a partir da deacutecada de 1960 a qual
oferecia o sistema integrado de produccedilatildeo Ou seja os fumicultores plantariam o
fumo a Souza Cruz entraria com o financiamento da produccedilatildeo (fornecimento da
estufa de insumos e assistecircncia teacutecnica) e no final da safra o fumicultor fazia o
pagamento para a empresa com sua proacutepria produccedilatildeo No Paranaacute a Souza Cruz
inseriu primeiramente a produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Irati (principal polo
fumageiro do Paranaacute onde se localiza o municiacutepio de Prudentoacutepolis)
A partir da deacutecada de 1980 a produccedilatildeo vem aumentando Vogt (1994) expotildee
que a regiatildeo Sul do paiacutes aumentou sua produccedilatildeo em aproximadamente 60 entre
as safras de 198788 e 19921993 dando um salto de 350 mil para 560 mil
toneladas
39
TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL
SAFRA AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS
KG ha R$Kg
1995 200830 348000 132680 1733 155
2000 257660 359040 134850 2092 200
2005 439220 842990 198040 1919 433
2006 417420 769660 193310 1844 415
2007 360910 758660 182650 2102 425
2008 348720 713870 180520 2047 541
2009 374060 744280 186580 1990 590
2010 370830 691870 185160 1866 635
2011 372930 832830 186810 2233 493
2012 324610 727510 165170 2241 630
2013 313675 712750 159595 2272 745
2014 323700 731390 162410 2259 728
Fonte AFUBRA2015
A safra de 2005 mostra novamente um aumento significativo na produccedilatildeo
total Sul brasileira chegando a 842990 toneladas anuais (tabela 1) De 2005 para
caacute a produccedilatildeo oscilou entre 842990 e 691870 toneladas anuais (conforme a
demanda do mercado) com um leve decreacutescimo nos uacuteltimos trecircs anos
A produtividade do fumo aumentou na deacutecada de 2000 devido agrave introduccedilatildeo de
novas teacutecnicas que permitiram a diminuiccedilatildeo do uso de matildeo de obra Na safra de
1995 a produtividade meacutedia foi de 1733 kgha aumentando consideravelmente
para a uacuteltima safra a qual chegou a 2259 Kgha Nos anos de 2005 e 2006
percebe-se um aumento na quantidade de famiacutelias envolvidas na atividade quadro
esse invertido no ano de 2007 ocorrendo queda no nuacutemero dessas famiacutelias
Apesar da diminuiccedilatildeo do nuacutemero das famiacutelias na atividade em geral a
produccedilatildeo natildeo eacute afetada o quase deve agrave modernizaccedilatildeo das estufas de secagem
que resultou na diminuiccedilatildeo da matildeo de obra favorecendo o aumento da produccedilatildeo
por parte das famiacutelias que permaneceram no setor Conforme um produtor
entrevistado durante o trabalho de campo desta pesquisa
40
Depois que modernizamos a nossa estufa no ano de 2005 conseguimos aumentar a produccedilatildeo e diminuir a matildeo de obra [] antes precisava de quatro pessoas para colheita e pelo menos mais 4 para fazer a costura das folhas de fumo no galpatildeo antes de colocar na estufa [] quando descarregava as folhas da estufa era preciso tirar todos os fios do fumo [] dava muito trabalho Com a modernizaccedilatildeo isso acabou [] o fumo que vem da lavoura vai direto para a estufa Precisamos soacute de pessoas para colher e carregar direto na estufa O trabalho eacute mais leve nos dias de hoje com esse tipo de estufa (FUMICULTOR DA LINHA RIO PRETO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)
Sei que o fumo por si soacute jaacute eacute um veneno mas usamos os equipamentos de proteccedilatildeo que eacute seguro Hoje usamos agrotoacutexicos porque daacute menos serviccedilo e sai mais barato que pagar pra carpir [] soacute por isso mesmo[] Quando produzia morangos usava mais veneno ainda [] sabemos que o veneno natildeo faz bem nem pra noacutes nem para a natureza mas natildeo temos outras opccedilotildees (FUMICULTOR DA LINHA DEZEMBRO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)
Diniz Filho (2011) tambeacutem ressalta que especificamente no caso das
tecnologias de produccedilatildeo agriacutecola a opccedilatildeo dos agricultores familiares pelo uso de
maacutequinas e produtos quiacutemicos eacute estimulada pelo interesse de eliminar certos tipos
de trabalho braccedilal muito penosos Nesse sentidodiscorda-se do paradigma
camponecircs pelo fato de opor o agricultor familiar ao agronegoacutecio afirmando que o
primeiro prima por praacuteticas mais sustentaacuteveis com objetivo de reproduzir somente o
modo de vida ao passo que o agronegoacutecio tenderia a usar tecnologias mais
danosas para o meio ambiente por estar preocupado apenas com lucratividade
Com relaccedilatildeo agrave venda do fumo o preccedilo do quilo varia a cada ano e a
sistemaacutetica para que se estabeleccedila o valor da safra entre os fumicultores e a
induacutestria fumageira incide em acordos com as entidades representativas dos
produtores como a Afubra Associaccedilotildees Federaccedilatildeo e o Sinditabaco que representa
as induacutestrias (DERALSEAB 2014) Apoacutes as negociaccedilotildees e a assinatura do
protocolo eacute que se estabelecem os preccedilos para as variadas qualidades do fumo
Nesse sentido o preccedilo do quilo do fumo eacute regulado conforme a oferta e demanda do
produtopelo mercado expressando adequadamente o valor marginal muitas vezes
pago aos produtores Dessa forma discorda-se de Roos (2015) quando afirma que
os fumicultores estatildeo subordinados pelas empresas fumageiras por terem pouca
representatividade na hora de fixar o preccedilo do quilo do fumo
Conforme AFUBRA (2015) para o fumo Virgiacutenia que eacute uma variedade dos
fumos de coloraccedilatildeo clara satildeo estabelecidas 41 variedades de classificaccedilatildeo sendo a
variedade mais bem paga a BO1 que valia 922 reais o quilo na safra de 20142015
41
e a variedade de menor valor o ST (farelos do fumo) tabelado a 054reais por quilo
Jaacute para o fumo Burley que eacute uma variedade dos fumos de coloraccedilatildeo escura satildeo
estabelecidas 30 diferentes variedades A mais bem paga eacute a B1 que equivale a
811 para cada quilo e a variedade menos valorizada eacute a G (farelos do fumo) que
vale 060 reais por quilo Quando o fumo eacute vendido para a empresa sempre eacute feito
uma meacutedia de toda venda e como revelam os dados da tabela 2 a meacutedia do quilo
pago para os produtores na safra de 201415 foi de 728 reais por quilo
Atualmente a regiatildeo Sul do Brasil se destaca pela maior produccedilatildeo de fumo
do paiacutes participando com 981 do total produzido Os trecircs estados sulinos satildeo
responsaacuteveis por colocar o paiacutes como o segundo maior produtor ena primeira
posiccedilatildeo no quesito exportaccedilatildeo mundial
TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO
ESTADOS AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)
PARTPRODUCcedilAtildeO ()
Rio Grande do Sul
204000 412000 2020 481
Santa Catarina 120000 258000 2150 301
Paranaacute 76000 171000 2250 200
Alagoas 9000 11000 1222 13
Bahia 3000 3000 1000 03
Outros 2000 2000 1000 02
Brasil 414000 857000 2070 100
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) 2014
A produccedilatildeo do fumo e a atuaccedilatildeo das empresas desse setor se datildeo de forma
mais intensa nos paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso do Brasil devido agrave
disponibilidade de matildeo de obra barata facilidade das multinacionais se instalarem
atraveacutes dos incentivos fiscais inexistecircncia de leis ambientaisriacutegidas e por ser a
atividade que gera mais renda se comparada a outras culturas produzidas em
pequena escala
42
TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013
PRODUCcedilAtildeO haacute PRODUCcedilAtildeO KG
VALOR R$
Animal x 1362412180 2565555940 26
Vegetal 1515650 2487306782 2077480 21
Tabaco 309350 705570000 5383773200 54
Total 1825000 4555288952 10026810100 100
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014
A partir dos dados apresentados pode-se destacar que a produccedilatildeo de fumo
na regiatildeo Sul do Brasil eacute responsaacutevel pela maior renda de muitos agricultores
familiares jaacute que os estados possuem uma grande quantidade de pequenas
propriedades e que dependem da produccedilatildeo do fumo para sua reproduccedilatildeo
econocircmica
Ahrens (2008) afirma que a produccedilatildeo mundial estaacute migrando dos paiacuteses
desenvolvidos para os paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso dos Estados
Unidos que apesar de aparecer como um dos principais produtores de fumo teve
sua produccedilatildeo prejudicada devido aos altos custos de cultivo e agrave escassez de matildeo de
obra
TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012
PAIacuteSES PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
PROCESSADO (t)
CONSUMO (t)
ESTOQUE EXPORTACcedilAtildeO (t)
IMPORTACcedilAtildeO (t)
1 China 2160000 256205 553960 0 538960
2 Brasil 670820 86060 112580 651190 12320
3 Iacutendia 576740 465510 134240 271060 200930
4 Estados Unidos
212020 441720 1580130 153130 420440
5 Indoneacutesia 191260 147940 134830 50270 27440
43
6 Turquia 152190 106240 34620 98200 60430
7 Zimbabwe 127190 3990 229930 43520 80
8 Argentina 103790 29950 364650 36100 1630
9 Paquistatildeo 74910 76300 91570 5390 10390
10 Malavi 71320 1290 166580 91500 890
93 Outros 1533150 1850430 3055200 608630 725480
103 Total 5873390 5771480 6468290 2008990 2008990
Fonte AFUBRA 2014
Apesar de a China ser a maior produtora mundial de fumo acaba consumindo
toda essa produccedilatildeo e na safra de 20112012 ainda importou 538960 toneladas
para suprir sua demanda interna Jaacute o Brasil que estaacute na 2ordm posiccedilatildeo de produccedilatildeo
mundial de fumo destina a maior parte da sua produccedilatildeo para o mercado externo Na
safra de 2013 88 da produccedilatildeo se dirigiu ao mercado externo (quadro 2) ficando
no paiacutes apenas 12 da produccedilatildeo para a fabricaccedilatildeo de cigarros cigarrilhas e
charutos Conforme DERALSEAB (2013) das 627000 toneladas exportadas em
2013 a regiatildeo Sul contribuiu com 624000 toneladas representando o equivalente
de 955 das exportaccedilotildees brasileiras
O quadro 2 mostra que apesar de a maior quantidade do fumo produzido no
Brasil se dirigir para o mercado externo os maiores faturamentos estatildeo relacionados
ao fumo consumido no proacuteprio paiacutes atingindo um lucro total maior que as
exportaccedilotildees O fato de as exportaccedilotildees renderem menos lucros que o fumo
consumido no proacuteprio paiacutes se daacute deve ao fato de o fumo exportado natildeo passar por
processamentos de agregaccedilatildeo de valor(exportaccedilatildeo de folhas e talos) Enquanto
isso toda a produccedilatildeo consumida no paiacutes tanto os fumos claros como os escuros
passa por vaacuterios processamentos de agregaccedilatildeo de valor ateacute obter os cigarros
cigarrilhas e charutos prontos para consumo
A distribuiccedilatildeo da renda bruta do setor fumageiro (quadro 2) estaacute dividida
entre tributosGoverno induacutestria produtor e varejista sendo que 459 dessa renda
eacute destinada ao governo O produtor fatura em torno de 205 do total da renda
faturamento esse que deve ser destinado para a compra dos insumos pagamento
do seguro da produccedilatildeo matildeo de obra desgastes com a terra implementos que usa
na produccedilatildeo gastos com a secagem das folhas do fumo aleacutem de prejuiacutezos que
podem vir a acontecer durante a produccedilatildeo
44
Jaacute os varejistas apesar de auferirem 6 do faturamento natildeo tecircm gastos tatildeo
altos comoos produtores Aleacutem do mais esse setor ganha na quantidade sendo que
existe um nuacutemero muito maior de fumicultores que de varejistas Isso tambeacutem
acontece com a induacutestria que tem seus ganhos principalmente no volume e na
agregaccedilatildeo de valor do produto
Pelos dados apresentados apresentados no quadro 2 pode-se concluir que o
maior beneficiado com o faturamento da produccedilatildeo de fumo eacute o setor puacuteblico atraveacutes
de impostros
QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL
ESPECIFICACcedilAtildeO
2012 2013
R$ Toneladas R$ Toneladas
Consumo Domeacutestico
1635750730000 88990 12 1765594334000 84350 12
Exportaccedilatildeo 645663700000 637780 88 722287181000 627230 88
TOTAL 2281414430000 726770 100 2487881515000 711580 100
DISTRIBUICcedilAtildeO DA RENDA BRUTA
Tributos Governos
1048025493000 459 1076394659000 433
Induacutestria 627838400000 275 720610862000 290
Produtor 467329600000 205 541693230000 217
Varejista 138220930700 61 149182764000 60
TOTAL 2281414430000 100 2487881515000 100
FONTE AFUBRA2013
De acordo com dados da DERALSEAB (2015) no ano de 2014 o fumo
brasileiro foi destinado para mais de cem paiacuteses abrangendo principalmente paiacuteses
da Uniatildeo Europeia (42) seguidos do Extremo Oriente (26) Ameacuterica do Norte
(13) Aacutefrica (7) Leste Europeu (7) e Ameacuterica Latina (5) Atualmente a
liderenccedila brasileira nas exportaccedilotildees se daacute devido agrave excelente qualidade do fumo agrave
regularidade da produccedilatildeo e agrave competitividade com os preccedilos dos demais paiacuteses
produtores
45
42
26
13
7
7
5
Uniatildeo Europeia
Oriente Meacutedio
Ameacuterica do Norte
Aacutefrica
Leste Europeu
Ameacuterica Latina
Paiacuteses importadores do fumo brasileiro
Fonte
DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014
Conforme DERAL (2014) no Paranaacute as lavouras com predomiacutenio de fumos
claros concentram-se nos nuacutecleos regionais de Irati Ponta Grossa Curitiba Uniatildeo
da Vitoacuteria e Guarapuava Jaacute em Francisco Beltratildeo Pato Branco Cascavel e Toledo
cultivam-se os fumos escuros
Na figura 1 estatildeo expostos os municiacutepios produtores de fumo e a meacutedia de
hectares que cada municiacutepio ocupa com essa culturaNota-se que a produccedilatildeo de
fumo no estado se concentra em sua maioria na regiatildeo Sudeste Centro-Sul
Sudoeste e Oeste
O municiacutepio de Prudentoacutepolis pertence ao nuacutecleo de Irati nuacutecleo esse que
ocupa o primeiro lugar no ranking de produccedilatildeo de fumos claros do estado conforme
a tabela 5
GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO
46
FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA Fonte IBGE 2014
TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute
Nuacutecleos regionais
Safra 20132014 Safra 20142015 Participaccedilatildeo
Aacuterea (ha) Produccedilatildeo(t) Aacuterea (ha) Produccedilatildeo (t) ()
Irati 19300 43425 19500 43875 244
Ponta Grossa 17562 42605 18862 45268 251
Curitiba 13300 30493 13300 34580 12
Uniatildeo da Vitoacuteria
7500 15750 7600 15580 87
Guarapuava 5000 12400 4900 13230 73
Francisco Beltratildeo
4350 9904 4300 10320 57
Cascavel 3600 7556 3500 7453 41
Outros 4774 10711 4496 9907 55
Total 75386 172844 76308 180213 1000
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014
47
Na safra de 20122013 os municiacutepios paranaenses que se destacaram no
volume de fumo produzido foram Satildeo Joatildeo do Triunfo Rio Azul Prudentoacutepolis
Ipiranga e Irati As 1813 famiacutelias que cultivam fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis
foram responsaacuteveis por produzir 10192 toneladas do produto
Para os municiacutepios de Satildeo Joatildeo do Triunfo e Rio Azul se comparados os
volumes produzidos (quadro 3) nota-se quea quantidade em toneladas natildeo
apresenta tanta diferenccedila entre ambos sendo 13458 toneladas em Satildeo Joatildeo do
Triunfo e 13268 toneladas em Rio Azul Poreacutem em relaccedilatildeo ao nuacutemero de famiacutelias
que trabalham na atividade fumageira em Rio Azul esse nuacutemero eacute bem maior que
em Satildeo Joatildeo do Triunfo Esse fatoeacute resultado da opccedilatildeo das famiacutelias de Rio Azul
porproduzirem menores quantidades de fumo por unidade familiar como tambeacutem
por intempeacuteries climaacuteticas (granizo ventos) que impediram de colher toda a
produccedilatildeo
PARANAacute PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTORES
Satildeo Joatildeo do Triunfo 13458 1968
Rio Azul 13268 2610
Prudentoacutepolis 10192 1813
Ipiranga 9323 1661
Irati 8539 1558
QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) AFUBRA 2014
22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL
De acordo com Sauer (2008) em 1996 a criaccedilatildeo do PRONAF (Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) trouxe avanccedilos poliacuteticos
voltados aos agricultores familiares permitindo o reconhecimento destes enquanto
categoria social epossibilitando o acesso ao creacutedito agriacutecola Creacutedito esse que
48
quando usado de maneira correta contribui significativamente para o aumento da
produccedilatildeo
Dentre os vaacuterios estudos que retratam a evoluccedilatildeo da agricultura familiar
brasileira nas uacuteltimas deacutecadas destaca-seldquoO Novo Retrato Da Agricultura Familiar
Brasileirardquo Nesse estudo os autores mencionam a importacircncia de refletir sobre o
espaccedilo rural tendo como escopo a sua diversidade pelo fato da existecircncia de
distintos tipos de agricultores familiares que possuem interesses e estrateacutegias
particulares de produccedilatildeo agropecuaacuteria Nesse sentido da mesma forma que existe
uma diversidade de agricultores familiares deveratildeo tambeacutem existir poliacuteticas
agriacutecolas e tipos de assistecircncia teacutecnica distinto para cada grupo com intuito desses
empregarem em sua produccedilatildeo tecnologias que possibilitam o seu fortalecimento e
expansatildeo diante dos mercados
Sobre a diversidade da agricultura familiar brasileira a tabela 6 mostra de que
forma satildeo distribuiacutedos os tipos familiares a renda monetaacuteria anual e qual a
porcentagem na participaccedilatildeo do valor bruto da agricultura familiar por grupo familiar
TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006
Grupos familiares Nuacutemero de agricultores familiares
segundo o tipo
Total VBP familiares
Renda Monetaacuteria
liacutequida anual em reais
A 452750 695 5323600
B 964140 157 372500
C 574961 47 149900
D 2560274 102 25500
Total 4551855 -
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
A partir dos dados sobre a caracterizaccedilatildeo dos grupos familiares nota-se que
o grupo com um contingente maior de agricultores familiares no ano de 2006 foi o
grupo D ou seja os descapitalizados Esses agricultores familiares de acordo com
Guanziroli et al (2012) estatildeo em sua maioria concentrados nas regiotildees Norte e
Nordeste do Brasil sendo os que menos empregam aparatos tecnoloacutegicos Desse
modo o autor afirma que o grau de especializaccedilatildeo e tecnificaccedilatildeo tem maior
49
influecircncia na geraccedilatildeo de renda do que a quantidade de terra possuiacuteda por cada
unidade familiar Sobre o grupo familiar D o estudo tambeacutem menciona que
[] entre os agricultores familiares do tipo D tambeacutem existem agricultores mais capitalizados os quais podem ter sido classificados neste grupo devido agrave frustraccedilatildeo de safra baixos preccedilos de seus produtos no mercado ou a realizaccedilatildeo de novos investimentos nos quais as receitas ainda natildeo estatildeo superando as despesas Esta afirmaccedilatildeo estaacute baseada na participaccedilatildeo percentual do creacutedito rural obtido e dos investimentos realizados por estabelecimentos deste tipo (FAOINCRA)
Os agricultores familiares dos grupos A e B considerados como capitalizados
e em vias de capitalizaccedilatildeo correspondem principalmente aos produtores familiares
da regiatildeo Sul do paiacutes O desempenho desses grupos se deve ao fato de estarem
inseridos em cadeias produtivas mais competitivas as quais trazem melhores
retornos econocircmicos
Guanziroli et al (2012) apontam que os produtores familiares do tipo A tecircm
uma renda anual elevada em parte porque na aacuterea rural podem se beneficiar da
produccedilatildeo para autoconsumo natildeo pagam aluguel e as taxas sobre o valor da aacutegua e
luz satildeo mais baixas se comparadas com a urbana Dessa forma o padratildeo de vida
desses agricultores eacute compatiacutevel com a da classe meacutedia urbana Entretanto existe
uma distacircncia muito grande entre os produtores do grupo A e os demais
Nesse sentido Guanziroli et al (2006) com base no estudo ldquoDez anos de
evoluccedilatildeo da agricultura familiar no Brasil (1996 e 2006)rdquo compararam os dados do
censo agropecuaacuterio de 1996 com o de 2006 a fim de dar respostas a algumas
inquietudes sobre a evoluccedilatildeo da agricultura familiar no dececircnio analisando o
processo de modernizaccedilatildeo da agricultura familiar por meio da evoluccedilatildeo de algumas
variaacuteveis (uso de maquinaacuterios insumos entre outras tecnologias) Dentre outros
resultados esse estudo mostrou que houve crescimento do nuacutemero de agricultores
familiares entre os censos o qual passou de 4139000 para 4551855 Ou seja em
1996 8517 do total dos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros eram
familiares e em 2006 essa porcentagem aumenta para 8796 do total
Os dados desse estudo tambeacutem mostraram que os agricultores familiares
pertencentes ao grupo A e quanto muito aos grupos A e B desempenham um papel
importante em termos econocircmicos Jaacute o grupo C e principalmente os agricultores
familiares do grupo D produzem tatildeo pouco que remetem aquela visatildeo do agricultor
50
familiar de subsistecircncia que comercializa pequenos excedentes econocircmicos em
mercados locais
O uso de tecnologias pelos agricultores familiares como maquinaacuterios e
insumos quiacutemicos contribuiu para o aumento da produccedilatildeo e da produtividade
acontecimento esse que possibilitou a ascensatildeo do universo familiar no cenaacuterio
agropecuaacuterio brasileiro com significativa importacircncia na produccedilatildeo tanto de gecircneros
alimentiacutecios de consumo nacional como tambeacutem de commodities de exportaccedilatildeo
caso a produccedilatildeo de fumo As tecnologias voltadas para a produccedilatildeo de fumo
referem-se a modernizaccedilatildeo das estufas de secagem das folhas de fumo de
sementes melhoradas geneticamente aleacutem dos insumos agriacutecolas
De acordo com Guanziroli et al (2006) as anaacutelises regionais sobre a
agricultura familiar brasileira para o ano de 2006 mostram que as regiotildees Norte
Nordeste e Sul apresentam maior participaccedilatildeo percentual de agricultores familiares
na produccedilatildeo regional em detrimento das regiotildees Centro-Oeste e Sudesteas quais
caracterizam-se pela maior expressividade da agricultura patronal
TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006
Regiatildeo 2006
Norte 6018
Nordeste 4738
Sudeste 2228
Sul 5443
Centro-Oeste 1453
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
Outro dado importante trazido pelos autores supracitados estaacute relacionado ao
fator produtividade como se vecirc pela comparaccedilatildeo entre os agricultores familiares e
natildeo familiares por regiatildeo (tabela 8) Os agricultores familiares pelo fato de
possuiacuterem quantidades de terras menores tendem a ser mais produtivos que o
agricultor natildeo familiar Nesse sentido concorda-se com Navarro (2014) ao apontar
que a ampliaccedilatildeo no acesso de tecnologias agrave agricultura de menor porte econocircmico eacute
necessaacuteria para a permanecircncia desses produtores no rural
51
A produccedilatildeo de fumo da regiatildeo Sul do Brasil eacute um exemplo que retrata que a
agricultura familiar eacute mais eficiente no uso da matildeo de obra e da terra quando
comparada aos agricultores patronais A necessidade da intensificaccedilatildeo da matildeo de
obra familiar para aumentar a produccedilatildeo exemplifica bem o porquecirc da maior parte
empregada na agricultura estaacute no segmento familiar apesar desse segmento natildeo ser
predominante na produccedilatildeo agriacutecola brasileira Dessa maneira Abramovay (1992 p
209) afirma que ldquonatildeo haacute atividade econocircmica em que o trabalho e a gestatildeo
estruturam-se tatildeo fortemente em torno de viacutenculos de parentesco e onde a
participaccedilatildeo da matildeo de obra natildeo contratada seja tatildeo importante como na agricultura
familiarrdquo
TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006
Brasil e Regiotildees
Valor produzido por hectare (R$ de 2006)
Natildeo familiar Familiar
Norte 1113 2410
Nordeste 3783 3907
Sudeste 10546 7378
Sul 8373 13376
Centro-Oeste 2727 2851
Brasil 4617 5546
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
Atraveacutes da regionalizaccedilatildeo e do valor produzido por hectare percebe-se que
os agricultores familiares da regiatildeo Sul satildeo mais eficientes no valor produzido e
segundo Guanziroli et al (2012) a predominacircncia de agricultores familiares nas
cadeias produtivas como a fumicultura a avicultura e suinocultura favorece o
aumento da produtividade por aacuterea Eacute nesse sentido que pode-se afirmar natildeo existir
dicotomia ou oposiccedilatildeo entre a agricultura familiar e a patronal uma vez que a
competiccedilatildeo no mercado faz com que cada um desses segmentos tenda a
predominar nos setores em que apresenta capacidade para produzir com mais
eficiecircncia
Na regiatildeo Sudeste a alta tecnologia empregada pelos agricultores natildeo
familiares consegue superar a produtividade da agricultura familiar Jaacute nas regiotildees
Norte e Nordeste encontram-se os menores iacutendices de produtividade da agricultura
52
familiar brasileira fato relacionado a vaacuterios fatores principalmente os solos menos
produtivos clima cultivo de culturas que tecircm um retorno de investimento menor e
tambeacutem a menor disponibilidade de tecnologias assistecircncia teacutecnica e poliacuteticas
agriacutecolas capazes de inverter esse quadro
Aleacutem da representatividade bastante grande (956) da produccedilatildeo de fumo a
agricultura familiar brasileira tem participaccedilatildeo significativa na produccedilatildeo de gecircneros
alimentiacutecios como arroz feijatildeo e mandioca Tambeacutem contabiliza-se um nuacutemero
significativo de agricultores familiares envolvidos nas cadeias produtivas
caracteriacutesticas do agronegoacutecio como soja trigo e milho (tabela 9)
No caso dos produtos de origem animal (tabela 10) a participaccedilatildeo da
agricultura familiar tambeacutem eacute significativa ou seja concorda-se com Guanziroli et al
(2012) quando afirma que produzir alimentos como arroz feijatildeo ou mandioca natildeo
quer dizer necessariamente que esses produtores satildeo camponeses ou produtores
de subsistecircncia pois na grande maioria dos estabelecimentos produz-se totalmente
para o mercado ou seja seu objetivo natildeo eacute somente a subsistecircncia e sim vender a
produccedilatildeo
TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000
PRODUTO 2006
Arroz 3919
Cana-de-accediluacutecar 1024
Cebola 6959
Fumo 9567
Mandioca 9317
Milho 5190
Soja 2360
Trigo 3638
Feijatildeo 7659
Banana 6240
Cafeacute 2967
Laranja 2525
Uva 5363
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
53
TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006
TIPO DE PRODUCcedilAtildeO 2006
Pecuaacuteria de corte 1665
Pecuaacuteria de leite 6053
Suiacutenos 5245
Aves 3034
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
A produccedilatildeo de fumo na regiatildeo Sul do Brasil tambeacutem tem grande
expressividade no contingente de pessoal ocupado (PO) ou seja conforme
demonstrado na tabela abaixo 9 da PO agriacutecola de 2012 estava ocupada nessa
atividade De acordo com Maia e Sakamoto (2015) no Sul destacam-se aleacutem dos
ocupados no cultivo do fumo os ocupados no cultivo da soja (10 da PO agriacutecola)
que representavam em 2012 90 e 63 dos ocupados nos respectivos ramos de
atividade do conjunto da PO agriacutecola brasileira
Para esses autores a dinacircmica da PO agriacutecola brasileira foi influenciada pela
regiatildeo Nordeste que apesar de conter o contingente agriacutecola mais expressivo do
Paiacutes (44 do total da PO agriacutecola brasileira) passou por uma grande reduccedilatildeo de
28 da PO agriacutecola entre os anos de 2005 e 2012 Buainain et al (2013) apud Maia
Sakamoto (2014) destacam que esse processo de esvaziamento na regiatildeo
Nordeste estaria associado tanto agrave inviabilidade econocircmica do minifuacutendio quanto agraves
diferenccedilas de qualidade de vida e oportunidades de emprego entre os meios rural e
urbano
54
TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012
Grupos 2012
N (1000)
Criaccedilatildeo de bovinos e outros animais 402 188
Cultivo de hortaliccedilas legumes flores etc 305 143
Cultivo de Soja 207 97
Produccedilatildeo mista lavoura temporaacuteria e pecuaacuteria
197 92
Cultivo de milho 194 91
Cultivo de fumo 194 91
Outras atividades 632 297
Total 2131 100
Fonte Maia e Sakamoto 2014 Dados primaacuterios IBGE 2012
Com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos ocupantes em atividades agropecuaacuterias por
condiccedilatildeo de pobreza (tabela 12) nota-se que os ocupados pobres na produccedilatildeo de
fumo correspondem a 7 do total que eacute um percentual de pobres em geral menor
do que os encontrados em outras produccedilotildees como nas de mandioca (26) arroz
(29) milho (24) e horticultura (12)
As culturas da soja cafeacute cana-de-accediluacutecar e frutas satildeo as que tecircm menores
taxas de pobreza com valores respectivos de 24 45 46 e 63 A
proporccedilatildeo meacutedia brasileira para todos os ocupados em atividades agropecuaacuterias eacute
de 146
Desse modo pode-se dizer que as culturas tradicionais como arroz
mandioca e milho satildeo as que tecircm maiores taxas de pobreza Esse fato faz sentido
em Prudentoacutepolis pois na regiatildeo Norte do municiacutepio onde a produccedilatildeo de fumo natildeo
eacute realizada devido agraves caracteriacutesticas do clima e da topografia o niacutevel de
desenvolvimento eacute menor que na parte Central e Sul do municiacutepio Esse contraste
se revela natildeo somente pela comparaccedilatildeo entre culturas tradicionais e a produccedilatildeo de
fumo pois tambeacutem as outras culturas tendem a gerar menores taxas de pobreza
A produccedilatildeo de frutas eacute uma boa opccedilatildeo para a geraccedilatildeo de renda dos
agricultores familiares em geral pois apresenta uma taxa de pobreza bem menor
55
ainda que a do fumo Poreacutem para essa produccedilatildeo seria necessaacuteria a especializaccedilatildeo
e a tecnificaccedilatildeo desses agricultores realizadas a partir de poliacuteticas de incentivos a
tecnificaccedilatildeo e assistecircncia para agricultura familiar como apontado por Navarro
(2014) Ou seja a quantidade de tecnologia empregada de forma correta estaacute
intrinsecamente relacionada agrave renda do agricultor Sobre tecnologia para a
agricultura familiar Valente (2008) ressalta que ldquodeve-se compreender a tecnologia
natildeo como panaceacuteia mas conhecimento que estaria a exigir inovaccedilotildees institucionais
como poliacuteticas puacuteblicas parcerias e outras accedilotildees que a ele devem ser conjugadasrdquo
TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010)
Atividade Natildeo pobre Pobre Pobres () Total
Arroz 137325 56589 292 193914
Milho 389402 126624 245 516026
Algodatildeo 7322 579 73 7901
Cana-de-accediluacutecar 214497 10189 45 224686
Fumo 215365 16116 70 231481
Soja 96235 2387 24 98622
Mandioca 376239 132050 260 508288
Horticultura 522745 72322 122 595067
Frutas 236742 15808 63 252550
Cafeacute 552738 26757 46 579496
Cacau 67809 6670 90 74479
Pecuaacuteria 1611624 149626 85 1761250
Outros cultivos 4389749 942358 177 5332108
Outros agropecuaacuteria
1609597 226670 123 1836267
Total 10427388 1784746 146 12212134
Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010
Portanto os dados da tabela 12 mostram que realmente existem vaacuterias
culturas que geram uma taxa de pobreza bem menor que a cultura do fumo mas em
contrapartida existem aquelas que geram taxas de pobreza bem maiores Assim
pode-se dizer que os agricultores familiares que produzem fumo analisam os fatores
56
relacionados agrave matildeo de obra terra maquinaacuterios disponibilidade de capital
conhecimento teacutecnico e agrave lucratividade por atividade optando pela produccedilatildeo mais
rentaacutevel dentre aquelas para as quais possuem capacidade teacutecnica e financeira para
produzir
No quadro 4 podemos ver como ocorre a distribuiccedilatildeo das atividades
agropecuaacuterias entre os domiciacutelios rurais e urbanos Nesse sentido aproporccedilatildeo dos
ocupados em atividades agriacutecolas e que residem em aacutereas urbanas satildeo maiores em
cultivos como cana-de-accediluacutecar algodatildeo e frutas (607 516 e 451
respectivamente) ao passo que no cultivo do fumo cacau milho e arroz essas
proporccedilotildees satildeo bem menores (65 224 245 e 292)
Do ponto de vista da fixaccedilatildeo do homem no campo a cultura do fumo eacute mais
eficiente se comparadas com aquelas mais mecanizaacuteveis em que o contingente de
ocupados em atividades agriacutecolas eacute maior na aacuterea urbana O fato de a produccedilatildeo de
fumo ser pouco mecanizaacutevel no Brasil principalmente na colheita exige a matildeo de
obra familiar sem contar a necessidade da contrataccedilatildeo de matildeo de obra nos
periacuteodos de colheita do produto
Atividade Urbano Rural Urbano () Total Arroz 63133 130781 326 193914 Milho 114789 401228 222 516026 Algodatildeo 4075 3826 516 7901 Cana-de-accediluacutecar 136484 88202 607 224686 Fumo 15105 216376 65 231481 Soja 32958 65664 334 98622 Mandioca 86628 421660 170 508288 Horticultura 233989 361078 393 595067 Frutas 113813 138738 451 252550 Cafeacute 213751 365744 369 579496 Cacau 16683 57796 224 74479 Pecuaacuteria 466018 1295232 265 1761250 Outros cultivos 1625626 3706482 305 5332108 Outros agropecuaacuteria
889452 946815 484 1836267
QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010)
Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010
De acordo com Neder (2014) os municiacutepios brasileiros de maior porte
populacional se dedicam mais expressivamente agraves atividades de serviccedilos e induacutestria
57
(atividades natildeo agropecuaacuterias) ao passo que os municiacutepios com menor populaccedilatildeo
encontram-se mais relacionados agrave pecuaacuteria soja e fumo Dado esse que se
confirma no municiacutepio de Prudentoacutepolis como tambeacutem na grande parte dos
municiacutepios produtores de fumo da regiatildeo Sul do Brasil os quais satildeo caracterizados
pelo baixo contingente populacional sendo que um nuacutemero razoaacutevel deles tem
populaccedilatildeo predominantemente rural
A partir dos dados apresentados nota-se que a agricultura familiar brasileira
tambeacutem produz commodities para o mercado externo como nas cadeias de aves
suiacutenos soja e fumo Redefinindo assim a visatildeo dualista e superando o dilema entre
a agricultura para o mercado interno e a agricultura para exportaccedilatildeo (SILVEIRA
2014)
Portanto sabendo da inegaacutevel dualidade entre as formas de fazer agricultura
no rural brasileiro estando de um lado a agricultura patronal e do outro a agricultura
familiar concorda-se com Elesbatildeo (2007) quando afirma que natildeo tem fundamento
priorizar nem um segmento e nem outro dentro da agropecuaacuteria pois deve-se olhar
para o rural como um territoacuterio de diversidade onde haacute espaccedilo e necessidade para o
desenvolvimento tanto da produccedilatildeo de commoditiescomo tambeacutem para a
diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo na agricultura familiar tendo como escopo para as
pesquisas a heterogeneidade do segmento familiar
58
CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO
Este capiacutetulo tem por objetivo mostrar os processos de ocupaccedilatildeo do territoacuterio
de Prudentoacutepolis como tambeacutem os elementos que proporcionaram a inserccedilatildeo da
cultura do fumo nas unidades familiares a qual contribuiu para a reproduccedilatildeo
econocircmica desses produtores Nesse sentido a caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais
familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de fontes secundaacuterias como o IBGE eacute
fundamental para conhecer o perfil das unidades familiares
31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR
O municiacutepio de Prudentoacutepolis estaacute localizado na mesorregiatildeo Sudeste do
estado do Paranaacute (figura 2) sendo o terceiro municiacutepio paranaense com maior aacuterea
territorial Estaacute situado a latitude 25ordm 12rsquo 47rdquoS longitude 50ordm 58 40 W e na altitude
de 840 metros (IBGE 2010)
A partir de dados do censo demograacutefico (IBGE 2010) constata-se que
atualmente a maior parte da populaccedilatildeo Prudentopolitana reside na aacuterea rural ou
seja do total de 48793 habitantes 54 vivem na aacuterea rural e 46 na urbana
59
Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO Fonte IBGE (2010) Autor VILCZAK A (2015)
A ocupaccedilatildeo territorial do municiacutepio de Prudentoacutepolis se deu principalmente
atraveacutes da entrada de grande contingentes de imigrantes europeus No Paranaacute
entre os anos de 1829 e 1911 chegaram aproximadamente 83012 mil estrangeiros
de origem eslava (SENETRA 2014) os quais se dirigiram em sua maioria para os
arredores de Curitiba Prudentoacutepolis e Mallet
No municiacutepio de Prudentoacutepolis um contingente maior de imigrantes chegou
entre os anos de 1896 e 1897 Por esse fato atualmente cerca de 75 da
populaccedilatildeo satildeo descendentes de imigrantes ucranianos e em menor escala de
poloneses
Conforme Hauresko (2012) Prudentoacutepolis eacute uma das antigas colocircnias do
interior do Paranaacute instalada em 1895 no denominado distrito de Satildeo Joatildeo de
Capanema sendo a construccedilatildeo da estrada de rodagem Rio Grande do Sul ndash Satildeo
Paulo um dos fatores para a atraccedilatildeo desses imigrantes os quais foram inseridos
numa poliacutetica de instalaccedilatildeo de pequenas propriedades
Os lotes de terra eram recebidos pelos imigrantes e deveriam ser quitados na
medida em que prosperassem economicamente Esses lotes eram desmatados
pelos proacuteprios imigrantes onde construiacuteam casas provisoacuterias de madeira para
abrigar a famiacutelia como demonstra a figura 3
60
FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
Fonte Acervo do Museu do Milecircnio em PrudentoacutepolisPR
A colocircnia foi elevada a categoria de Vila no ano de 1906 pelo processo de
desmembramento do municiacutepio de Guarapuava No ano de 1929 foi elevada agrave
condiccedilatildeo de municiacutepio sendo constituiacutedo pelos distritos de Patos Velhos Jaciaba e
Prudentoacutepolis
No iniacutecio da colonizaccedilatildeo a semente de pinhatildeo era o principal alimento de
subsistecircncia para o imigrante De acordo com Zaroski (2001) os imigrantes colhiam
os pinhotildees e os transformavam em farinha e fubaacute atraveacutes dos moinhos caseiros e
assim substituiacuteam as farinhas de trigo e centeio Quando se instalaram
definitivamente em seus lotes esses imigrantes comeccedilaram a produzir as sementes
de trigo e centeio tambeacutem para a subsistecircncia
De acordo com Hauresko (2012) uma das primeiras atividades econocircmicas
significativas para as famiacutelias descendentes de imigrantes foi a extraccedilatildeo da erva-
mate jaacute que eacute uma planta nativa da regiatildeo
Uma das mais importantes induacutestrias do proacutespero municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute incontestavelmente a do matte que o municiacutepio produz abundantemente Fundada a colocircnia de Prudentoacutepolis composta na sua maioria de polonezes ruthenos e ukranianos coube a cada colono um lote de 5 a 10 alqueires de terras feacuterteis (BRASIL1929 p 28-29 citado por Hauresko 2012)
61
As pequenas glebas de terra que os imigrantes possuiacuteam rendiam a eles a
extraccedilatildeo da erva-mate como tambeacutem a produccedilatildeo de alimentos para autoconsumo e
mais tarde para a comercializaccedilatildeo Nessa continuidade os produtos agriacutecolas que
se destacam historicamente na participaccedilatildeo econocircmica do municiacutepio foram o cultivo
de feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata suiacutenos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de
gado (EMATER 2014) Poreacutem a renda gerada por essas culturas era iacutenfima de um
lado pela baixa produccedilatildeo que alcanccedilavam devido agrave ausecircncia naquele periacuteodo de
um pacote tecnoloacutegico que potencializasse a produccedilatildeo e de outro lado pela falta de
mercado para receber esses produtos
Diante disso a produccedilatildeo de fumo foi uma importante atividade geradora de
renda para a agricultura familiar principalmente a partir da deacutecada de 1970 Por
outro lado a inserccedilatildeo dessa cultura tambeacutem eacute resultado do papel que as empresas
fumageiras tiveram na regiatildeo Sul do Brasil Ou seja a produccedilatildeo se definiu e se
consolidou devido principalmente as empresas fumageiras em ir ateacute o fumicultor
devido a competitividade que o setor apresenta
Na primeira metade do seacuteculo XX muitas famiacutelias jaacute se dedicavam a produccedilatildeo
de fumo tanto de corda (consumo proacuteprio) como tambeacutem de folhas de fumo para
venda Produziam em pequenas quantidades pois todo o trabalho era manual
conforme relata o fumicultor
Eu lembro bem quando o meu avocirc fez a estufa para noacutes trabalhar com o fumo foi mais ou menos nos anos de 1960[] foi bom negoacutecio porque outra lavoura natildeo dava tanto lucro noacutes eacuteramos em bastante irmatildeos e todos ajudavam [] natildeo era faacutecil como hoje que temos trator estufa eleacutetrica Antes era tudo feito com os cavalos e a gente trabalhava muito de sol a sol (Fumicultor da Comunidade de Linha Dezembro entrevistado no dia 9 de junho de 2014) Antes de comeccedilar de plantar fumo noacutes produziacuteamos soacute para consumo o feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata porcos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de gado []Nossa situaccedilatildeo financeira era muito difiacutecil [] natildeo tinha uma renda certa passava muitas necessidades principalmente quando precisava para a sauacutede (Fumicultor da Comunidade de Linha Rio Preto entrevistado em junho de 2014)
No municiacutepio a produccedilatildeo de fumo teve grande procura a partir da metade do
seacuteculo XX Tambeacutem houve incentivos principalmente por parte da Souza Cruz uma
vez que a cultura se desenvolveu bem em algumas regiotildees
62
No ano de 2014 a Emater de Prudentoacutepolis registrou a existecircncia de 8100
famiacutelias de agricultores das quais 1813 o que corresponde a 22 estatildeo
envolvidas no sistema de produccedilatildeo integrada de fumos claros com as empresas
fumageiras que atuam no municiacutepio
A figura 4 mostra a concentraccedilatildeo na parte Sul e Central das 1813 famiacutelias
que produzem o fumo em Prudentoacutepolis Essa concentraccedilatildeo estaacute relacionada agrave
topografia e ao clima De acordo com Kraiczek e Antoneli (2012) na regiatildeo Norte do
municiacutepio a produccedilatildeo natildeo eacute realizada devido ao relevo declivoso (figura 5) improacuteprio
para algumas atividades agriacutecolas como tambeacutem pelo fato de as condiccedilotildees
climaacuteticas serem diferenciadas
FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES
FONTE AFUBRA ndash Mapa elaborado a partir das localidades onde se encontram os produtores Org Kraiczek 2014
63
FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
FonteSRTM ndash USGS-USA (2000) ORG Kurta M (2014)
De acordo com o exposto muitas famiacutelias da regiatildeo Norte do municiacutepio se
interessam pelo plantio de fumo principalmente pela geraccedilatildeo de renda e venda
garantida do produto poreacutem natildeo o produzem devido aos fatores limitantes
De acordo com Emater (2014) devido agraves limitaccedilotildees climaacuteticas e topograacuteficas
as culturas que prevalecem naquela regiatildeo satildeo o feijatildeo milho mandioca maracujaacute
uva e produtos de autoconsumo familiar Esses agricultores familiares sinalizam a
falta de opccedilatildeo de cultivo economicamente rentaacutevel bem como a necessidade da
melhoria nas estradas rurais as quais satildeo fundamentais para escoar a produccedilatildeo
A regiatildeo tambeacutem se caracteriza pelo menor niacutevel de mecanizaccedilatildeo da
produccedilatildeo quando comparada com as regiotildees Central e Sul necessitando de matildeo de
obra intensiva para a produccedilatildeo Extensas aacutereas de lavoura satildeo plantadas
manejadas e colhidas manualmente retratando assim a dificuldade do trabalho
nessa regiatildeo (figura 6)
64
FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR
Fonte Vilczak (2014)
A foto da esquerda mostra uma lavoura de feijatildeo que foi plantada agrave matildeo por
um agricultor familiar do Norte do municiacutepio (Comunidade da Linha Barra de Areia)
o agricultor retrata a dificuldade de trabalhar nessa regiatildeo A foto da direita retrata de
que forma se apresenta o relevo daquela regiatildeo
Conforme dados da Emater (2014) a ocupaccedilatildeo do solo no municiacutepio se daacute
pelas lavouras anuais e perenes matas nativas matas naturais de preservaccedilatildeo
permanente reflorestamentos e pastagens Segundo dados do Ipardes (2013) as
atividades agropecuaacuterias que se destacam atualmente na geraccedilatildeo de renda e no
nuacutemero de hectares ocupados por plantio em Prudentoacutepolis satildeo a produccedilatildeo de leite
bovino e o plantio de fumo soja milho feijatildeo preto e trigo Aleacutem dessas outras
atividades de significacircncia menor para a economia satildeo apresentados nos quadros 5
e 6
65
CULTURAS AacuteREA COLHIDA (ha)
PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)
VALOR (R$
100000)
Abacate 1 30 30000
Abacaxi (mil frutos)
1 11 11000 12
Alho 10 53 5300 265
Amendoim (em casca)
15 20 1333 32
Arroz (em casca)
540 1200 2222 926
Aveia (em gratildeo) 90 198 2200 99
Banana 1 9 9000 5
Batata-inglesa 130 3874 29808 3937
Cana-de-accediluacutecar 26 1325 50962 53
Cebola 60 840 14000 798
Centeio (em gratildeo)
90 135 1500 54
Feijatildeo 27300 33040 1210 70323
Fumo (folha) 4400 9701 2205 58206
Laranja 47 940 20000 544
Maracujaacute
106
530 5000 1007
Mandioca 365 8395 23000 2686
Milho 19870 107088 5389 45699
Pecircssego 13 52 4000 94
Soja 23310 73570 3156 68546
Tomate 5 205 50000 217
Trigo 4210 13472 3200 9508
Uva 28 205 7321 372
QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR
FONTE IBGE - Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013
66
PRODUTOS PRODUCcedilAtildeO VALOR (R$ 100000)
Latilde (Kg) 10930 109
Leite (mil litros) 8308 9965
Mel de abelha (Kg) 290000 2900
Ovos de galinha (mil dz) 245 662
QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
FONTE IPARDES 2015 (IBGE SAFRA DE 2013)
Dentre os setores econocircmicos responsaacuteveis pela formaccedilatildeo do PIB do
municiacutepio de Prudentoacutepolis destacam-se os setores de serviccedilos e a agropecuaacuteria
(quadro 7) Com relaccedilatildeo ao setor de serviccedilos o mesmo tambeacutem estaacute relacionado agraves
atividades agropecuaacuterias
O baixo percentual de participaccedilatildeo das induacutestrias no PIB do municiacutepio se
reflete na baixa agregaccedilatildeo de valor sobre os produtos principalmente nos de origem
animal e da fruticultura entre outros produtos que poderiam gerar mais renda para
os produtores se fossem beneficiados por eles proacuteprios
Setor Prudentoacutepolis Paranaacute
Mil R$ ()
Mil R$ ()
Agropecuaacuteria 115127 2791 12816893 675 Induacutestria 35579 863 46858018 2466 Serviccedilos 237699 5762 106694466 5616
Impostos produtos liacutequidos de subsidio
24099 584 23622577 1243
PIB a preccedilo corrente 412504 100 189991954 100 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR
IBGE 2012 Org Vilczak A 2015
De acordo com Emater (2014) existem no municiacutepio quatorze categorias de
agroinduacutestrias as quais satildeo consideradas de pequeno e meacutedio porte com destaque
para as agroinduacutestrias de embutidos e defumados erva-mate farinha de milho e
quirera Sabendo da importacircncia do setor agropecuaacuterio para a economia do
municiacutepio o graacutefico 2 mostra as atividades com maior geraccedilatildeo de renda
67
GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS
FONTE IBGE Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013 Org VILCZAK A (2014)
Se analisarmos somente a renda obtida por cada cultura notaremos que o
feijatildeo e a soja satildeo as que mais geram receita seguido do fumo milho trigo e arroz
Contudo ao analisarmos a receita e a aacuterea cultivada de cada lavoura notamos que a
produccedilatildeo de fumo eacute a mais rentaacutevel
A partir do graacutefico pode-se entender o porquecirc das famiacutelias permanecerem na
atividade fumageira Estas satildeo motivadas principalmente pela renda obtida aleacutem da
constataccedilatildeo a partir de trabalhos de campo de que a maioria dos fumicultores estatildeo
na atividade haacute muitos anos e que esta ocupaccedilatildeo eacute passada de uma geraccedilatildeo para
outra
Noacutes plantamos fumos haacute 15 anos e antes de eu e minha esposa casar eu plantava o fumo com meus pais e minha esposa com os pais dela e agora pegamos uma estufa para noacutes e continuamos na produccedilatildeo [] Jaacute sabemos bem como produzir um fumo de qualidade boa [] jaacute investimos em outras atividades mas natildeo deu lucro igual do fumo [] trecircs anos atraacutes fizemos financiamento para tanques de peixe investi 10 mil reais para fazer os tanques e comprar os alevinos e como noacutes natildeo tinha acompanhamento teacutecnico e muito menos experiecircncia em produzir peixe natildeo tivemos lucros Produzimos feijatildeo milho soja mas a maior renda vem do fumo (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Dezembro em maio de 2014)
926
70323
58206
45699
68546
9508
540
27300
4400
19870
23310
4210
0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000
Arroz
Feijatildeo
fumo
Milho
Soja
Trigo
Aacuterea Plantada (ha) Valor Produccedilatildeo (R$ 100000)
68
A produccedilatildeo de leite tambeacutem tem uma expressiva contribuiccedilatildeo para a
economia do municiacutepio pois nos uacuteltimos anos intensificou-se a dedicaccedilatildeo dos
agricultores familiares nessa atividade Dessa forma muitos dos fumicultores
tambeacutem produzem leite pelo fato de possuir mercado garantido e tambeacutem devido ao
pagamento do leite ser realizado mensalmente o que natildeo acontece com o fumo
Nas propriedades que combinam a produccedilatildeo de leite com a do fumo os agricultores
familiares usam a renda do leite para gastos mensais fixos da famiacutelia e a renda da
safra do fumo eacute investido na propriedade pois gera receitas mais altas
Agora com a renda do fumo e do leite as coisas se equilibraram que com o dinheiro do leite usamos para os gastos do mecircs e quando vendemos a safra do fumo investimos na propriedade jaacute fizemos casa de alvenaria cerca paiol novo galinheiro compramos trator carro [] a gente trabalha mais mas pelo menos natildeo passamos grandes necessidadade (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Visconde de Guarapuavaem maio de 2014)
De acordo com a EMATER (2014) nos uacuteltimos anos houve aumento do
nuacutemero de agricultores familiares que se dedicaram agrave produccedilatildeo de leite e aos
poucos abandonaram o cultivo do fumo A partir dos trabalhos de campo percebe-se
que muitas vezes os mais jovens pretendem investir na atividade leiteira fazer
cursos e se especializar no uso de tecnologias que permitam maior produtividade
dos animais ou seja casais mais novos que pretendem permanecer no campo
geralmente com niacutevel de escolaridade maior buscam ser mais competitivos como
por exemplo o depoimento de um casal que reside na Linha Visconde de
Guarapuava e de outro que reside na Linha Dezembro
Os nossos pais plantam fumo e quando casamos tambeacutem comeccedilamos a produzir fumo e leite e achamos que se noacutes se especializasse soacute na produccedilatildeo de leite a gente teria mais facilidade porque temos pouca terra (5 alqueires) [] agora temos 32 vacas de leite fora os terneiros e temos uma renda ateacute que razoaacutevel por mecircs (Agricultora familiar entrevistada5 na comunidade de Linha Visconde de Guarapuava)
Sempre plantei fumo mas como casei no ano passado eu e minha mulher decedimos plantar fumo somente nesse ano e no proacuteximo ano investir mais no leite que temos mais facilidade apesar de ter que trabalhar todos os dias de manhatilde e de tarde para tirar o leite e ainda durante o dia plantar os pastos [] no fumo natildeo precisa ficar o ano todo trabalhando mas mesmo assim vamos se especializar soacute com a produccedilatildeo de leite e outras lavouras (Fumicultor entrevistado na comunidade de Linha Dezembro)
5 A agricultora relata que atualmente soacute ajuda os pais com as atividades do fumo nos dias de colheita
69
Portanto nota-se que os mesmos usam da racionalidade econocircmica para
definir o que produzir natildeo buscando somente a sobrevivecircncia da famiacutelia e se
especializando nas atividades em que acreditam serem mais eficiente considerando
as caracteriacutesticas de suas propriedades Buscam assim melhorar de vida seguindo
uma racionalidade tipo capitalista
32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS
Como jaacute visto no item anterior o municiacutepio de Prudentoacutepolis sempre possuiu
uma base produtiva alicerccedilada estruturalmente no setor agropecuaacuterio e de acordo
com dados da Emater de Prudentoacutepolis (2014) o puacuteblico que faz parte do rural do
municiacutepio estaacute composto pela categoria Agricultura familiar constando um nuacutemero
de 8100 estabelecimentos Agricultura Patronal com 1750 estabelecimentos e por
40 famiacutelias Indiacutegenas aleacutem daqueles trabalhadores rurais contratados nos periacuteodos
de safra para desenvolver atividades no campo
Nota-se que em Prudentoacutepolis a categoria da agricultura familiar eacute
predominante em relaccedilatildeo agrave patronal Desse modo a caracterizaccedilatildeo dos produtores
rurais familiares a partir de conceitos e dados estatiacutesticos sistematizados para todo o
paiacutes se torna pertinente para que possamos estimar em quais grupos existe a maior
concentraccedilatildeo desses produtores familiares no municiacutepio e qual eacute a dinacircmica de
produccedilatildeo desses grupos A tipologia entre os agricultores familiares tem por objetivo
estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares devido
a sua heterogeneidade (FAOINCRA 2000) Sendo assim o grupo A refere-se
aquele produtor com renda total superior a trecircs vezes o valor da diaacuteria o grupo B ao
produtor com renda total superior a uma vez ateacute trecircs vezes o valor da diaacuteria no
grupo C estatildeo aqueles com renda total superior agrave metade ateacute uma vez o valor da
diaacuteria e por fim o grupo D com renda total igual ou inferior agrave metade do valor da
diaacuteria
A existecircncia de quatro grupos distintos dentro do universo familiar eacute resultante
de vaacuterios fatores como por exemplo a disponibilidade de terras agricultaacuteveis (como
aquelas localizadas na regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis) as tecnologias
empregadas pelas unidades familiares a forma de administraccedilatildeo da propriedade os
70
preccedilos e mercados aos quais a produccedilatildeo eacute destinada fatores climaacuteticos entre
outros Portanto os distintos tipos de produtores satildeo portadores de racionalidades
especificas e buscam se adaptar ao meio em que estatildeo inseridos
O universo agraacuterio eacute extremamente complexo seja em funccedilatildeo da grande diversidade da paisagem agraacuteria (meio fiacutesico ambiente variaacuteveis econocircmicas etc) seja em virtude da existecircncia de diferentes tipos de agricultores os quais tecircm interesses particulares estrateacutegias proacuteprias de sobrevivecircncia e de produccedilatildeo e que portanto respondem de maneira diferenciada a desafios e restriccedilotildees semelhantes (FAOINCRA 2000)
Os dados mais gerais que tratam de variaacuteveis da caracterizaccedilatildeo dos
agricultores familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis pertencem ao censo
agropecuaacuterio de 2006 momento aquele em que o universo da agricultura familiar era
composto por aproximadamente 7409 estabelecimentos sendo que no ano de
2014 a Emater do municiacutepio registrou um nuacutemero aproximado de 8100 agricultores
familiares um aumento de 691 estabelecimentos Esse aumento dos agricultores
familiares no dececircnio pode ser resultado da subdivisatildeo das propriedades jaacute
existentes
Dentre os quatro grupos familiares (Quadro 8) o maior nuacutemero de agricultores
familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis encontra-se no grupo D ou seja aqueles
agricultores familiares descapitalizados e com baixo niacutevel de integraccedilatildeo ao mercado
No grupo A considerado como capitalizado e com grande integraccedilatildeo aos mercados
existe um contingente menor de agricultores
Nuacutemero bastante significativo de produtores familiares estaacute representado pelo
grupo B grupo esse que estaacute em processo de capitalizaccedilatildeo e integrado ao mercado
Os agricultores familiares capitalizados e em processo de capitalizaccedilatildeo satildeo em
menores nuacutemeros que os descapitalizados e os em processo de descapitalizaccedilatildeo
71
Cidade Agricultura familiar por grupo
Nordm Absoluto de estabelecimentos por grupo
familiar
Prud
entoacute
polis
PR
Familiar ndash tipo A 783
Familiar ndash tipo B 2168
Familiar ndash tipo C 1387
Familiar ndash tipo D 3071
Total 7409
QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006
Fonte IBGE 2006
Conforme os dados do IBGE (2006) eacute importante ressaltar que em
Prudentoacutepolis o grupo A representa cerca de 10 do total de estabelecimentos
familiares o que eacute aproximadamente a mesma proporccedilatildeo verificada para o Brasil
onde haacute cerca de 460 mil produtores do grupo A num universo de pouco mais de 4
milhotildees de estabelecimentos familiares
Dentro do universo dos agricultores familiares de Prudentoacutepolis nota-se que a
grande maioria deles independentemente do tipo familiar possui terras proacuteprias
como demonstrado no quadro 9 O fato de a grande maioria possuir terras proacuteprias
estaacute relacionado ao loteamento feito no periacuteodo da colonizaccedilatildeo do municiacutepio sendo
que apesar de ter acontecido a venda e compra de algum desses lotes em termos
gerais a questatildeo do acesso agrave terras permanece inalterada entre os agricultores
familiares locais
72
Variaacutevel
Agricultura familiar por grupo
Nordm Absoluto de propriedades por grupo
no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR
Terras proacuteprias
Familiar ndash tipo A 700
Familiar ndash tipo B 2016
Familiar ndash tipo C 1338
Familiar ndash tipo D 2966
Total 7020
QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)
Com relaccedilatildeo aos tipos de cultivo nota-se pelo quadro 10 que os produtores
de fumo se concentram nos grupos A e B Ou seja do ponto de vista econocircmico a
produccedilatildeo tende a oferecer uma renda maior do que o milho e o feijatildeo por exemplo
visto que a maior concentraccedilatildeo desses agricultores familiares estaacute nos grupos C e D
A maior parte dos produtores de fumo tem um niacutevel alto de integraccedilatildeo com o
mercado quer dizer natildeo satildeo camponeses e sim pequenos capitalistas que visam
lucros mantendo-se competitivos com objetivo de crescimento econocircmico
QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)
Nesse sentido concorda-se com as abordagens ligadas ao capitalismo
agraacuterio segundo as quais a integraccedilatildeo dos fumicultores com as induacutestrias
Grupo familiar Fumo Feijatildeo Milho Soja Familiar ndash tipo A 520 493 540 109
Familiar ndash tipo B 798 1464 1484 110
Familiar ndash tipo C 128 1058 974 56
Familiar ndash tipo D 89 2125 1773 84
Agricultor natildeo familiar
19 76 93 44
Total de
estabelecimentos
1555
5216
4864
403
73
fumageiras oferece maiores oportunidades para capitalizaccedilatildeo ao passo que a
maioria daquelas famiacutelias que produzem feijatildeo e milho estaacute no grupo familiar em vias
de descapitalizaccedilatildeo e descapitalizados auferindo renda menor
Quando somados as colunas do quadro 10 vemos que o nuacutemero para cada
linha supera o total de estabelecimentos de cada categoria apresentados nos
quadros anteriores Isso mostra que haacute muitos fumicultores que natildeo se dedicam
apenas ao fumo mas tambeacutem ao feijatildeo milho e ou soja A partir dai pode-se
levantar a hipoacutetese de que muitos produtores do grupo A manteacutem pequenas
produccedilotildees de feijatildeo eou milho para autoconsumo Outra hipoacutetese eacute que haacute
produtores do grupo B que estatildeo tentando fazer a transiccedilatildeo das culturas de feijatildeo
eou milho para a cultura de fumo motivo pelo qual deram iniacutecio a produccedilatildeo deste
uacuteltimo sem abandonar os cultivos mais tradicionais
No municiacutepio tambeacutem existem dezenove agricultores natildeo familiares que
produzem fumo e usam da matildeo de obra contratada para cultivar a commoditie
devido agrave baixa mecanizaccedilatildeo disponiacutevel para esse tipo de lavouraDesse modo os
agricultores natildeo familiares tambeacutem tecircm interesse na rentabilidade por hectare e no
mercado garantido do fumo
A produccedilatildeo de soja tem uma expressividade na agricultura familiar com
destaque para os grupos A e B O milho e feijatildeo satildeo as culturas que predominam
nos grupos familiares
Para as variaacuteveis ligadas agrave modernizaccedilatildeo da agricultura foi contabilizado o
nuacutemero de tratores existente nas propriedades familiares como tambeacutem a utilizaccedilatildeo
de agrotoacutexicos entre esses grupos mediante dados do IBGE como apresentado no
quadro 11 Dos 7409 estabelecimentos familiares 1384 possuiacuteam trator no ano de
2006 ou seja 18
Nesse sentido pode-se dizer que no ano de 2006 um universo pequeno de
agricultores familiares possuiacutea trator No grupo A 34 dos agricultores tinham
tratores O grupo B foi o menos expressivo nessa variaacutevel com 12 de
estabelecimentos com trator seguidos de 15 no grupo C e de 20 no grupo D
74
Agricultura familiar por grupo de agricultores
Nuacutemero total de estabelecimentos familiares
Nuacutemero de estabelecimentos com tratores
de tratores por grupo familiar
Familiar ndash tipo A 783 269 34
Familiar ndash tipo B 2168 278 12
Familiar ndash tipo C 1387 209 15
Familiar ndash tipo D 3071 628 20
Total 7409 1384 18
QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES
Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015) O uso de agrotoacutexicos eacute feito por uma parcela expressiva de agricultores
familiares posto que 77 deles usam algum tipo desse produto Em termos
percentuais os agricultores familiares do grupo A satildeo os que mais usam seguidos
do grupo B com 82 grupo Ccom 75 epor fim o grupo D com 69 dos
agricultores que fazem uso desse insumo agriacutecola Assim vale notar que o uso de
agrotoacutexicos natildeo estaacute associado apenas agrave produccedilatildeo de fumo pois os grupos
familiares que produzem predominantemente feijatildeo e milho tambeacutem utilizam
produtos quiacutemicos intensamente Nesse sentido concorda-se com DINIZ FILHO
(2011) quando menciona que
[] a incorporaccedilatildeo de elementos econocircmicos e tecnoloacutegicos da agricultura patronal eacute uma estrateacutegia amplamente utilizada por agricultores familiares do mundo todo para se manterem competitivos no bojo da modernizaccedilatildeo agriacutecola embora frequentemente tal incorporaccedilatildeo fique incompleta devido agrave falta de capital para investimentos e das caracteriacutesticas de muitas propriedades familiares tais como pequena dimensatildeo ou relevo inclinado
75
Agricultura familiar por grupo de agricultores
Nuacutemero total de estabelecimentos familiares
Nuacutemero de estabelecimentos que usam agrotoacutexicos
de estab que usam agrotoacutexicos
Familiar ndash tipo A 783 734 93
Familiar ndash tipo B 2168 1794 82
Familiar ndash tipo C 1387 1048 75
Familiar ndash tipo D 3071 2108 69
Total 7409 5684 77
QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS
Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)
Os dados mostram que a agricultura familiar no municiacutepio de Prudentoacutepolis
tambeacutem se beneficia dos aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo da agricultura
concordando com Diniz Filho (2011) quando afirma ser notoacuterio que a monocultura a
mecanizaccedilatildeo e o uso de pesticidas e fertilizantes quiacutemicos satildeo amplamente
disseminados entre os produtores familiares Nesse sentido pode-se dizer que a
agricultura familiar da mesma forma que o agronegoacutecio estaacute preocupada
primeiramente com os lucros do que em usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis e que
busquem somente reproduzir o seu modo de vida
Portanto pode-se afirmar que a produccedilatildeo de fumo eacute considerada uma
atividade que permite renda razoaacutevel para o produtor uma vez que no municiacutepio de
Prudentoacutepolis esses agricultores familiares estatildeo concentrados no tipo familiar mais
capitalizado condizendo assim com os dados mais gerais sobre a agricultura
familiar brasileira apresentados no capiacutetulo anterior segundo os quais a cultura do
fumo gera menor niacutevel de pobreza que culturas alimentares voltadas para o
consumo popular e frequentemente associadas agrave produccedilatildeo de subsistecircncia
Finalmente vale notar que a pesquisa de campo realizada no acircmbito desta pesquisa
corroborou os resultados obtidos pela anaacutelise de dados estatiacutesticos de fontes
oficiais conforme se veraacute a seguir
76
CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO
Este capiacutetulo tem por objetivo expor os dados dos trabalhos de campo
realizados com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela
empresa Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis A
contrataccedilatildeo eacute feita atraveacutes do sistema de produccedilatildeo integrada no qual a empresa
garante a compra de toda a produccedilatildeo fornece assistecircncia teacutecnica aos contratados
define os padrotildees de fumo a serem produzidos de acordo com as demandas de
mercado bem como estipula os preccedilos do quilo de fumo junto ao sindicato dos
fumicultores do Brasil (SINDITABACO)
Na safra de 20142015 duzentos e noventa e cinco produtores familiares de
Prudentoacutepolis foram contratados pela Souza Cruz como fornecedores de fumo Para
dar suporte a esses fumicultores trabalham trecircs instrutores teacutecnicos cada qual
atuando na sua aacuterea de abrangecircncia acompanhando os mesmos associados desde
o iniacutecio ateacute o final da safra
A finalidade do instrutor teacutecnico eacute de prestar assistecircncia aos fumicultores em
todos os processos da produccedilatildeo do fumo como a definiccedilatildeo da quantidade de peacutes
de fumo que seraacute plantada a compra de insumos para produccedilatildeo a realizaccedilatildeo do
seguro da safra juntamente com a Afubra assistecircncia teacutecnica nos tratos culturais da
planta estabelecimento de estimativas de quilos de fumo que o produtor
comercializaraacute com a empresa acompanhamento na colheita secagem
classificaccedilatildeo e a venda do produto
O instrutor teacutecnico entrevistado expotildee que aleacutem da empresa Souza Cruz
outras cinco empresas6 do mesmo ramo atuam no municiacutepio com intuito de contratar
fumicultores atraveacutes do sistema integrado Menciona tambeacutem que natildeo existem
grandes conflitos concorrenciais entre essas empresas como jaacute existiu na deacutecada
de 1990 quando uma empresa fazia o maacuteximo para atrair maior quantidade de
associados Nos uacuteltimos anos cada empresa tem os seus produtores certos natildeo
6Universal Leaf Tabacos Ltda CTA ndash Continental Tobaccos Alliance One Exportadora de Fumo Ltda Premium Tabacos do Brasil SA e a A Japan Tabacco Inc (JTI)
77
existindo alto niacutevel de migraccedilatildeo desses entre as empresas uma vez que todas
trabalham no mesmo sistema e os preccedilos do quilo de fumo satildeo tabelados
A logiacutestica de transporte do fumo da residecircncia do produtor ateacute a usina de
beneficiamento da Souza Cruz eacute terceirizada sendo que no municiacutepio satildeo trecircs
transportadoras credenciadas pela empresa A proacutepria Souza Cruz natildeo possui
depoacutesitos de armazenamento de fumo em Prudentoacutepolis Desse modo as trecircs
transportadoras credenciadas satildeo responsaacuteveis por fazer o recolhimento da
produccedilatildeo direto do depoacutesito do produtor A transportadora coleta o fumo nas
propriedades dos fumicultores com um caminhatildeo de menor porte e no barracatildeo da
proacutepria transportadora eacute feito o transbordo para as carretas que seguem ateacute a usina
de beneficiamento
Como na assistecircncia teacutecnica cada transportadora tambeacutem tem uma regiatildeo de
abrangecircncia para recolher o fumo A produccedilatildeo que sai dos depoacutesitos dos produtores
jaacute estaacute 100 assegurada caso aconteccedila imprevistos com a viagem Apoacutes a
descarga do fumo na usina de beneficiamento a transportadora utiliza o mesmo
frete para trazer os insumos agriacutecolas para a proacutexima safra
Apesar de possuir uma usina de processamento de fumo no municiacutepio de Rio
Negro no Paranaacute a produccedilatildeo do municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute enviada para a usina
de BlumenauSC pois a usina de Rio Negro tem capacidade de atender somente agrave
produccedilatildeo da regiatildeo Oeste e Sudoeste paranaense e tambeacutem do ponto de vista
logiacutestico eacute mais viaacutevel enviar a produccedilatildeo de Prudentoacutepolis para Blumenau
A partir de dados da Afubra da Souza Cruz e dos dados de campo foi
construiacutedo um fluxograma para exemplificar as etapas em que o fumo produzido no
municiacutepio de Prudentoacutepolis passa ateacute chegar ao consumidor
78
FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
Fonte Souza Cruz e AFUBRA 2014
Org VILCZAK A 2015
41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES
As informaccedilotildees que seratildeo apresentadas a seguir dizem respeito a sessenta
famiacutelias entrevistadas e que satildeo contratadas pela empresa fumageira Souza Cruz
no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR
As famiacutelias entrevistadas residem em seis diferentes localidades do municiacutepio
de Prudentoacutepolis sendo elas Comunidade da Linha Dezembro Comunidade da
Linha Visconde de Guarapuava Comunidade da Linha Marcondes Comunidade da
Linha Barra Vermelha Comunidade da Linha Antocircnio Olinto e Comunidade da Linha
Tira Cisma (figura 8) Para localizar esses fumicultores os instrutores teacutecnicos da
Souza Cruz forneceram uma listagem de todos os produtores e de sua respectiva
localidade de residecircncia Cabe destacar que as entrevistas natildeo foram direcionadas e
nem realizadas com a presenccedila desses instrutores
79
FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS
A seleccedilatildeo das localidades foi feita levando-se em conta a maior concentraccedilatildeo
de produtores de fumo e a maior acessibilidade em relaccedilatildeo agrave aceitaccedilatildeo dos mesmos
em responderem os questionaacuterios
Para a realizaccedilatildeo das entrevistas fez-se necessaacuterio o auxiacutelio de um agente
comunitaacuterio que tinha maior contato com os fumicultores para que os mesmos
pudessem responder o questionaacuterio com maior seguranccedila Recorreu-se a esse
meacutetodo pelo fato de alguns fumicultores convidados a participar da entrevista natildeo
ficarem tranquilos suspeitando que se tratasse de uma pesquisa que natildeo favorecia
aos ideais deles uma vez que possuem ldquomedordquo de certas campanhas
governamentais que incentivam o fim do plantio do fumo
As primeiras entrevistas foram realizadas na Linha Dezembro Linha Visconde
de Guarapuava e Linha Marcondes sendo que as mesmas foram conduzidas
juntamente com a agente comunitaacuteria Gabriela Strechar (residente na Linha
Visconde de Guarapuava) e contabilizou um total de 19 fumicultores Na Linha Barra
Vermelha Linha Antocircnio Olinto e Linha Tiram Cisma foram realizadas 41 entrevistas
80
com a ajuda da agente comunitaacuteria Adriana Kutzmy moradora da Linha Barra
Vermelha e que tambeacutem tem grande conhecimentos sobre essas localidade e
moradores
As entrevistas foram realizadas nos meses de novembro e dezembro de
2015 periacuteodo da colheita do fumo A escolha desse periacuteodo para a coleta de dados
possibilitou conhecer a realidade de cada famiacutelia com relaccedilatildeo agraves formas de
produccedilatildeo colheita transporte e secagem das folhas de fumo
Caracterizaccedilatildeo das famiacutelias
a) Escolaridade feminina e masculina por faixa etaacuteria
Para a coleta de dados dessa variaacutevel foram levados em consideraccedilatildeo
somente as mulheres e homens que vivem nas unidades de produccedilatildeo familiar isto eacute
pessoas que migraram para as cidades e aquelas que se casaram e permanecem
no meio rural natildeo seratildeo contemplados nos quadro 13 e 14
Dentre as sessenta famiacutelias entrevistadas contabilizou-se um total de
duzentos e vinte e cinco membros que residem nas unidades de produccedilatildeo familiar
sendo cento e nove mulheres e cento e dezesseis homens
81
Faixa etaacuteria
S idade
escolar
S escolar idade
Ateacute o 5ordm ano
Do 6ordm ao 9ordm ano
Ensino meacutedio
Incompleto
Ensino meacutedio
completo
Ensino Superior
Cursos teacutecnicos
Total de
mulheres
0 - 05 anos 10 - 01 - - - - - 11
05 - 10 anos
- - 04 - - - - - 04
11 ndash 20 anos
- - 05 09 01 05 01 - 21
21 ndash 30 anos
- - 08 - 12 - 01 21
31 ndash 40 anos
- - 06 06 - 01 - - 13
41 ndash 50 anos
- - 14 06 - - - - 20
51 ndash 60 anos
- - 12 - - 01 - - 13
Acima de 61
- 01 04 - - 01 - - 06
Total 10 01 46 29 01 20 01 01 109
Percentual ()
09 01 43 27 01 17 01 01 100
QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Com relaccedilatildeo agraves mulheres entrevistadas pode-se notar um baixo grau de
escolarizaccedilatildeo dentre aquelas que possuem mais de 40 anos as quais no maacuteximo
tecircm ensino fundamental completo exceto uma senhora que estaacute na faixa etaacuteria de
51 a 60 anos e que possui ensino meacutedio completo e que era professora das seacuteries
iniciais Nota-se tambeacutem a existecircncia de duas famiacutelias com filhas cursando
universidade e curso teacutecnicos no periacuteodo da noite sendo que as mesmas trabalham
durante o dia na propriedade inclusive na produccedilatildeo de fumo
82
Todas as filhas dos fumicultores em idade escolar estatildeo matriculadas nas
suas respectivas seacuteries de ensino Na faixa etaacuteria de 21 a 30 anos a maioria tem o
ensino meacutedio completo e natildeo demonstra pretensotildees de fazer curso superior nos
proacuteximos anos
Apesar da baixa escolaridade somente uma pessoa entrevistada e que tem
mais que 61 anos de idade nunca frequentou uma escola
De acordo com as entrevistas percebe-se que grande parte das mulheres
quando terminam o ensino meacutedio migra para alguma cidade com pretensotildees de
estudar ou trabalhar
Faixa etaacuteria
S idade
escolar
S escolar idade
Ateacute o 5ordm ano
Do 6ordm ao 9ordm ano
Ensino meacutedio
Incompleto
Ensino meacutedio
completo
Ensino Superior
Cursos teacutecnicos
Total de homens
0 - 05 anos 09 - - - - - - - 09
05 - 10 anos
- - 08 - - - - - 08
11 ndash 20 anos
- - 05 07 07 03 - - 22
21 ndash 30 anos
- - - 02 03 13 01 - 19
31 ndash 40 anos
- 01 08 06 - 05 01 03 24
41 ndash 50 anos
- - 11 - - - - - 11
51 ndash 60 anos
- - 18 - - - - - 18
Acima de 61
- - 05 - - - - - 05
Total 09 01 55 15 10 21 02 03 116
Percentual ()
07 01 47 13 09 18 02 03 100
QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO
Fonte Pesquisa de campo (2015)
83
No universo masculino da mesma forma que no feminino percebe-se que as
menores escolaridades estatildeo entre aqueles que possuem mais de 40 anos de idade
Um entrevistado que possui entre 31 e 40 anos cursou trecircs anos no ensino
superior poreacutem alega que natildeo tem pretensotildees em curto prazo em concluir ou
trabalhar fora da propriedade devido a melhor qualidade de vida que pode ter em
relaccedilatildeo agrave cidade Nessa mesma faixa etaacuteria (31 a 40 anos) trecircs homens
frequentaram cursos teacutecnicos sendo que dois concluiacuteram teacutecnico em agropecuaacuteria e
um teacutecnico florestal
Um homem entre 21 e 30 anos concluiu haacute dois anos o curso superior em
contabilidade afirmou que jaacute trabalhou na sua aacuterea de formaccedilatildeo mas que nesse
ano decidiu trabalhar na produccedilatildeo de fumo poreacutem tem pretensotildees de voltar a
trabalhar na aacuterea de formaccedilatildeo
b) Estrutura familiar
Para a coleta de dados correspondente agrave variaacutevel apresentada no quadro 15
tambeacutem foram levadas em consideraccedilatildeo somente as pessoas que vivem na unidade
familiar Dessa forma a quantidade de membros que compotildee as famiacutelias
entrevistadas natildeo eacute numerosa apresentando a maior porcentagem de famiacutelias
compostas por trecircs e quatro pessoas (30 e 42) Aquelas com mais de cinco
membros correspondem na sua maior parte por famiacutelias onde os pais da esposa ou
do marido estatildeo vivendo juntos
Nuacutemero total dos
membros das famiacutelias
Nordm de famiacutelias Nuacutemero total de membros
Percentual ()
Um membro 0 0 0
Dois membros 6 12 10
Trecircs membros 18 54 30
Quatro membros 25 100 42
Cinco membros 07 35 12
Seis membros 04 24 6
84
Total 60 225 100
QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Os dados sobre as famiacutelias em que pelo menos um dos membros migrou para
alguma cidade com intuito de trabalhar estudar ou trabalhar e estudar estatildeo
apresentados na tabela abaixo
TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE
Motivos da migraccedilatildeo Nordm de famiacutelias Percentual () Somente estudar (cursos teacutecnicos Universidade)
9 15
Estudar (cursos teacutecnicos Universidade) e Trabalho
14 23
Somente trabalhar 6 10 Nenhum membro migrou
para a cidade 31 52
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)
Nota-se que 48 das famiacutelias entrevistadas tiveram pelo menos um membro
que migrou para a cidade com objetivo de estudar ou trabalhar Os que relataram
que a migraccedilatildeo foi com intuito de estudar afirmam que os estudos estatildeo
relacionados a cursos teacutecnicos e universitaacuterios como jaacute expostos acima
Vale lembrar a existecircncia de famiacutelias em que os filhos ainda natildeo estatildeo em
idades suficientes para fazer um curso teacutecnico ou universidade ou seja nos
proacuteximos anos provavelmente haveraacute um percentual maior de jovens saindo do
campo com intuito de estudar ou trabalhar em outras atividades com maiores
oportunidades que a produccedilatildeo de fumo
Esse processo migratoacuterio da populaccedilatildeo rural para o urbano no caso dos
fumicultores entrevistados pode estar relacionado com aquilo exposto por (2014)
segundo o qual atualmente nas regiotildees rurais brasileiras a migraccedilatildeo jaacute natildeo eacute mais
um processo em que as condiccedilotildees ldquopor mais pobreza que existamrdquo estatildeo
expulsando as pessoas do campo mas sim um movimento que ocorre quando
existem fatores de atraccedilatildeo no meio urbano Poreacutem natildeo devemos desprezar que
nesse processo tambeacutem estatildeo embutidos outros fatores como os culturais e ateacute
85
pessoais ou seja o que se passa pela cabeccedila das pessoas natildeo somente dessas
que vivem no rural e estatildeo indo para a cidade mas tambeacutem daquelas que jaacute vivem
em cidades de menor porte e migram para grandes centros urbanos Contudo essas
questotildees de ordem cultural e pessoal escapam aos objetivos desta pesquisa
Condiccedilatildeo do fumicultor
TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA
Anos Nordm de famiacutelias Percentual ()
0 ndash 5 anos 0 0
6 ndash 10 anos 4 6
10 ndash 15 anos 12 20
15 ndash 20 anos 16 27
21 ndash 25 anos 12 20
26 ndash 30 anos 10 17
Mais de 30 anos 6 10
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
O periacuteodo de tempo com maior expressividade em que esses agricultores
familiares estatildeo envolvidos na atividade fumageira variam em torno de 10 a 30 anos
Nenhuma famiacutelia entrevistada comeccedilou a produzir fumo nos uacuteltimos cinco anos
Esse fato vai ao encontro de dados mais gerais da Afubra (2015) demonstrando
que entre o ano de 2010 e 2014 o nuacutemero de famiacutelias produtoras de fumo caiu de
185160 para 162410
Esse fato estaacute relacionado principalmente agrave migraccedilatildeo de jovens para as
cidades e pelo fato dos casais mais novos que possuem filhos com idades
insuficientes para trabalhar na atividade fumageira buscarem se promover
economicamente atraveacutes de outras atividades
A queda do nuacutemero de famiacutelias na fumicultura nos uacuteltimos anos tambeacutem estaacute
relacionada com a maior escolaridade das pessoas que vivem no rural pois esses
estatildeo se dedicando a atividades selecionadas por eles como mais oportunas eou
mais competitivas Aqui natildeo podemos desconsiderar tambeacutem a opccedilatildeo das famiacutelias
86
natildeo entrarem na atividade fumageira pelas questotildees da sauacutede (contato com
agrotoacutexicos e doenccedila da folha verde)
TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
Nordm de famiacutelias Percentual ()
Pela renda e venda garantida
12 20
Pouca disponibilidade de terras
06 10
Pela renda venda garantida e pouca terra
35 58
Falta de outras opccedilotildees de atividade agropecuaacuteria
07 12
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Das famiacutelias entrevistadas 58 declararam que optam pela produccedilatildeo de
fumo por trecircs motivos principais a renda a garantia de venda e a pouca aacuterea de
terra que possuem Jaacute para 20 das famiacutelias entrevistadas os principais motivos
estatildeo na geraccedilatildeo de renda e venda garantida
As famiacutelias que natildeo declararam a pouca quantidade de terra como empecilho
para a realizaccedilatildeo de outra atividade que substitua por completo a produccedilatildeo de fumo
mencionam que plantam o fumo devido agrave renda e que como estatildeo inseridos na
cadeia produtiva de gratildeos que eacute mecanizada sobra matildeo de obra para trabalhar
com o fumo Esses exemplos demonstram que os agricultores familiares produzem
para maximizar os lucros e crescer economicamente da mesma forma que os
grandes proprietaacuterios como exposto no paradigma da agricultura familiar
A falta de outras atividades agropecuaacuterias tambeacutem foi mencionada por 12
das famiacutelias entrevistadas pois apesar de existir outros tipos de cultivo no municiacutepio
como por exemplo a produccedilatildeo de verduras de morangos de pepinos e de ervas
medicinais essas famiacutelias declararam que esses cultivos natildeo geram uma renda por
hectare como o fumo Uma fumicultora entrevistada na Linha Marcondes comenta
Eu ldquoplantava as coisasrdquo para a merenda escolar aqui da escola [] noacutes tinha que comprar as sementes e tudo o que precisava pra produzir essas verduras [] quando levava na escola ficavam colocando defeito na minha produccedilatildeo [] queriam que eu levasse todo dia dez peacutes de alface na escola [] que lucro eu ia ter ir todo dia na escola levar soacute dez peacutes de alface E
87
ainda recebia soacute depois de 40 dias que entreguei a produccedilatildeo e ainda agraves vezes atrasava [] O fumo eacute muito cansativo soacute que a gente natildeo precisa ficar se humilhando pra comprar a produccedilatildeo da gente a firma leva tudo seja o melhor fumo seja o pior
A fumicultora retrata que apesar do trabalho na produccedilatildeo de fumo ser mais
cansativa que outras atividades o fato de se ter a venda garantida de toda a
produccedilatildeo compensa as desvantagens
TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS
Quantidades de peacutes de fumo
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
25000 - 30000 peacutes 14 23
31000 ndash 50000 peacutes 26 44
51000 ndash 70000 peacutes 05 08
71000 ndash 90000 peacutes 07 12
91000 ndash 120000 peacutes 05 08
121000 -140000 peacutes 03 05
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)
Dentre as famiacutelias entrevistadas a quantidade miacutenima de produccedilatildeo eacute de
25000 peacutes e a maacutexima de 140000 peacutes poreacutem a maior concentraccedilatildeo estaacute ente
31000 e 50000 peacutes A quantidade de peacutes que satildeo plantados estaacute relacionada agrave
matildeo de obra disponiacutevel uma vez que esses fumicultores antes de planejar a
proacutexima safra levam em consideraccedilatildeo primeiramente a relaccedilatildeo entre a quantidade
de matildeo de obra disponivel com a quantidade de peacutes de fumo De acordo com o
instrutor teacutecnico da Souza Cruz uma pessoa consegue produzir em meacutedia 20000
peacutes de fumo por safra (usando matildeo de obra de terceiros somente para os dias de
colheita)
Condiccedilatildeo das terras usadas pelos fumicultores entrevistados
88
TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS
Condiccedilatildeo da terra Nordm de famiacutelias Percentual ()
Somente terra proacutepria 33 55
Terra proacutepria e arrendada 22 37
Somente terras arrendadas 05 08
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Para coletar esses dados foi levado em consideraccedilatildeo o total das terras
usadas pelos fumicultores independentemente da cultura plantada aleacutem do fumo
Desse modo nota-se que a grande maioria possui terras proacuteprias (92) sendo que
55 cultivam somente em terras proacuteprias e 37 aleacutem das terras proacuteprias arrenda
com intuito de aumentar a produccedilatildeo tanto de fumo como de gratildeo e outros Existem
8 que natildeo possuiacuteam terras proacuteprias e que necessitam arrendar para produzir o
fumo
TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES
Somente terra proacutepria Nordm de famiacutelias Porcentagem ()
Ateacute 5 hectares 11 20
6 a 10 hectares 14 25
11 a 15 hectares 8 15
16 a 20 hectares 6 11
21 a 25 hectares 6 11
26 a 30 hectares 2 04
31 a 40 hectares 4 07
Mais de 40 hectares 4 07
Total 55 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Dos sessenta fumicultores entrevistados cinco natildeo possuem terras proacuteprias
E dos cinquenta e cinco que possuem a maior porcentagem de famiacutelias tem ateacute 15
hectares Nesse sentido esses nuacutemeros satildeo compatiacuteveis com os dados mais gerais
da regiatildeo Sul do Brasil onde a maior concentraccedilatildeo de famiacutelias possui ateacute 20
89
hectares de terra (AFUBRA 2015) A aquisiccedilatildeo das terras foi principalmente por
heranccedila e em parcelas menores atraveacutes de compra
Formas de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria das unidades familiares dos fumicultores
entrevistados
Este item refere-se aos tipos de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria que aleacutem do fumo
trazem renda para a unidade de produccedilatildeo familiar Com base nos dados de campo
verificam-se nas propriedades aleacutem da produccedilatildeo do fumo as produccedilotildees de feijatildeo
milho soja erva-mate e a produccedilatildeo de leite
TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES
Tipo de produccedilatildeo
agropecuaacuteria Nuacutemeros de famiacutelias Percentual ()
Somente fumo 20 33 Fumo e soja 06 10
Fumo soja feijatildeo e milho 20 33 Fumo Soja milho e leite 03 5 Fumo feijatildeo milho e erva-
Mate 11 19
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
De acordo com os dados expostos 33 dos entrevistados afirmam que a
produccedilatildeo da propriedade com pretensatildeo de venda eacute somente o fumo outros 33
aleacutem do fumo produzem soja e feijatildeo seguidos de 19 que se dedicam agrave produccedilatildeo
de fumo feijatildeo milho e erva-mate e menos de 5 declarar produzir para a venda o
fumo a soja o milho e o leite
Nesse sentido 67 dos entrevistados diversificam a produccedilatildeo com intuito de obter
mais fontes de renda Poreacutem alegam que a maior renda por aacuterea plantada vem da
produccedilatildeo de fumo
A produccedilatildeo de eucaliptos (figura 9) tambeacutem eacute bastante comum nas
propriedades pois eacute fonte de energia para a secagem das folhas do fumo Nas
estufas tradicionais o uso de lenha eacute muito maior que nas estufas eleacutetricas
90
FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO
Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2016)
A figura 9 exemplifica uma propriedade de fumicultor que produz a soja para
venda e eucalipto para a secagem do fumo A imagem da esquerda representa a
lavoura de um fumicultor na linha dezembro com produccedilatildeo de soja e ao fundo
notam-se plantaccedilotildees de eucaliptos para usar na secagem das folhas de fumo Na
imagem da direita tambeacutem pode ser vista a lavoura de fumo e ao fundo plantaccedilotildees
de eucaliptos
A erva-mate tambeacutem serve como fonte de renda dos fumicultores sendo que
em aacutereas de faxinal7 os peacutes de erva-mate formam mantidos e outros espaccedilos
usados para o cultivo de soja ou feijatildeo como demonstrado na figura 10 Em algumas
propriedades a erva-mate natildeo eacute nativa e foi plantada nos uacuteltimos anos em escalas
maiores devido agrave rentabilidade
7Por faxinal entende-se as terras tradicionalmente ocupadas para o uso comum de pastagens e florestas no Paranaacute que designam situaccedilotildees em que a produccedilatildeo familiar de acordo com suas possibilidades combina apropriaccedilatildeo privada e coletiva dos recursos naturais (HAURESKO C 2012)
91
FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE
Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2015)
Aleacutem da produccedilatildeo com pretensatildeo de venda nas propriedades visitadas
tambeacutem nota-se a presenccedila da produccedilatildeo para autoconsumo da famiacutelia Essas
alegam que produzem certos produtos para diminuir os gastos com mercado e por
produzirem de acordo com suas preferecircncias alimentares Apenas 6 dos
entrevistados natildeo produzem nada para autoconsumo alegando que comprar sai
mais barato que produzir
TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE
Produccedilatildeo para autoconsumo
Nuacutemero de famiacutelias Percentual ()
Horta 08 13 Horta criaccedilatildeo de galinhas e
porcos 16 27
Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos feijatildeo e milho
07 12
Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos e criaccedilatildeo gado (corte
e leite) feijatildeo e milho
25 42
Nenhuma produccedilatildeo para auto consumo
04 6
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
Sobre a produccedilatildeo de feijatildeo para autoconsumo alguns produtores
mencionam que produzem separadamente o feijatildeo para a venda do feijatildeo para
92
consumo da famiacutelia afirmando que no feijatildeo para venda satildeo aplicados dessecantes
para acelerar o periacuteodo de colheita e no feijatildeo que eacute para o consumo natildeo utilizam
essa praacutetica Esse fato natildeo eacute raro no municiacutepio acontecendo tanto nas pequenas
propriedades como nas grandes Isso demonstra que os agricultores familiares estatildeo
interessados no lucro de sua produccedilatildeo e natildeo tecircm muita preocupaccedilatildeo com as
praacuteticas que os ambientalistas e produtores orgacircnicos qualificam como sustentaacuteveis
Dessa forma eacute desnecessaacuteria a visatildeo dualista ente pequenos e grandes produtores
agriacutecolas concordando entatildeo com Diniz Filho (2011) quando escreve o texto
intitulado Agricultura familiar e meio ambiente o perigo da simplificaccedilatildeo ideoloacutegica
mencionando que organizaccedilotildees como CNBB e MST buscam toda sorte de
argumentos para contrapor o agronegoacutecio agrave agricultura camponesa afirmando que o
agronegoacutecio destroacutei a natureza por estar preocupado com lucros ao passo que os
agricultores familiares tenderiam a usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis porque
buscam somente reproduzir seu modo de vida
A produccedilatildeo de animais como vacas de leite boi para engorda criaccedilatildeo de
porcos e galinhas tambeacutem eacute comum entre os produtores de fumo como mostra a
figura 11
FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
93
Portanto conforme afirma Ternoski (2013) a renda agriacutecola dos
estabelecimentos familiares eacute composta da venda de produtos agropecuaacuterios e de
autoconsumo O autoconsumo eacute a quantidade que a famiacutelia consome em produtos
que produz no estabelecimento podendo ser de origem animal ou vegetal como
tambeacutem da transformaccedilatildeo caseira ou seja esses produtos complementam a renda
dos agricultores pelo fato de natildeo precisarem ser comparados pois se destinados ao
mercado podem gerar receita
Acesso a tecnologias e ao creacutedito agriacutecola
TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES
Nordm de famiacutelias Percentual () Possui uma estufa eleacutetrica 54 90
Natildeo possui estufa eleacutetrica 6 10
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
A Grande maioria dos fumicultores (90) possui em sua propriedade a estufa
eleacutetrica Essas famiacutelias afirmam que quando mudaram da estufa tradicional para a
eleacutetrica os trabalhos com matildeo de obra diminuiacuteram bastante pois para secar o fumo
na estufa eleacutetrica natildeo eacute necessaacuterio amarrar as folhas de fumo como demonstra a
figura 12 Jaacute nas estufas tradicionais em que a secagem natildeo eacute eleacutetrica a
quantidade de matildeo de obra exigida eacute bem maior como demonstrado na figura 13
As famiacutelias que natildeo possuem estufa eleacutetrica mencionam que natildeo pretendem
produzir por muito tempo o fumo desse modo natildeo seria viaacutevel adaptar ao sistema
eleacutetrico Nas propriedades onde a produccedilatildeo eacute maior de 70000 peacutes existem duas
estufas (figura 14)
94
FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO
Fonte Vilczak A Trabalho de campo (2016)
FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS
95
Fonte KUTZMY A Trabalho de campo (2015)
FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)
TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO
Bens adquiridos Nordm de famiacutelias Percentual ()
Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e terras no espaccedilo rural
20 33
Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e
terreno na cidade
6 10
Casa carro e terra 4 7
Carro casa trator e implementos agriacutecolas
26 43
Somente carro e casa 4 7
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
A partir dos dados acima pode-se notar que todos os entrevistados
conseguiram adquirir bens de capital considerados de grande importacircncia como
terrenos trator implementos agriacutecolas casa lotes no periacutemetro urbano entre outros
bens de menor importacircncia como eletrodomeacutesticos aleacutem dos reparos feitos na
96
propriedade que natildeo foram contabilizados pela pesquisa apesar de mencionados
pelos entrevistados As figuras 15 e 16 satildeo de algumas propriedades de produtores
de fumo entrevistados propriedades essas com casas de alvenaria galpatildeo e carro
Desse modo concorda-se com a tese de doutoramento de Manuel Antonio
Nunguiacutea Payas intitulada Empresaacuterio familial rural a integraccedilatildeo agrave agroinduacutestria de
fumo e diferenciaccedilatildeo em que o autor faz um estudo sobre a produccedilatildeo de fumo no
municiacutepio de Rio AzulPR mencionando que os fumicultores integrados estudados
por ele tiveram um aumento no patrimocircnio e que esses natildeo estatildeo inseridos na
produccedilatildeo somente para satisfaccedilatildeo das necessidades de sobrevivecircncia familiar mas
sim agindo no mercado como empresaacuterios investindo o seu capital nas atividades
com expectativa de maiores lucros e menores riscos ou seja analisando o custo de
oportunidade de cada cultura Nesse sentido para o autor o produtor familiar
integrado eacute um empresaacuterio que apresenta como principal caracteriacutestica a matildeo de
obra e propriedade familiares
FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)
97
FIGURA 16 - BENS ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)
A produccedilatildeo de fumo apesar de ser considerada pelos proacuteprios fumicultores
como uma atividade que exige muita matildeo de obra representou melhoria na
qualidade de vida deles pois grande parte das famiacutelias entrevistadas conseguiu
adquirir bens materiais como terras lotes no periacutemetro urbano casa carro trator
entre outros de menor valor bens esses dificilmente adquiridos somente com
atividades agriacutecolas tradicionais como milho feijatildeo e outros A explicaccedilatildeo para que
esses agricultores familiares escolham primeiramente a produccedilatildeo de fumo e natildeo a
produccedilatildeo de alguma cultura tradicional desenvolvida com grande representatividade
no municiacutepio desde a segunda metade do seacuteculo XIX estaacute no custo de
oportunidade dessa cultura Os fumicultores avaliam primeiramente os ganhos
econocircmicos que essa cultura proporciona em relaccedilatildeo agrave quantidade de terras
disponiacutevel em suas propriedades eou por meio de arrendamento
Outro fato que exemplifica a melhoria da qualidade de vida dos fumicultores
pode ser observado no proacuteprio municiacutepio A regiatildeo Norte de Prudentoacutepolis eacute
caracterizada pela produccedilatildeo de culturas tradicionais sendo que na grande maioria
das vezes essas lavouras satildeo realizadas manualmente devido agrave topografia muito
acentuada 8 Essa regiatildeo eacute considerada como menos desenvolvida que a regiatildeo
central e Sul devido agrave baixa produtividade por unidades familiares
Isso natildeo significa que se esteja afirmando aqui que a soluccedilatildeo econocircmica para
os produtores familiares da regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis seria a
8Atividades agriacutecolas consideradas muitas vezes mais penosas que a proacutepria produccedilatildeo de fumo pois esses agricultores carregam sacas de feijatildeo e de espigas de milho nas proacuteprias costas em terrenos muito iacutengremes aleacutem do plantio e dos tratos culturais realizados manualmente ou com traccedilatildeo animal
98
opccedilatildeo pelo cultivo do fumo Apenas constata-se que a inserccedilatildeo dos pequenos
produtores nos mercados e culturas mais seguras economicamente lhes proporciona
uma melhora econocircmica ao passo que tambeacutem o uso de aparatos tecnoloacutegicos
contribui para o aumento da produtividade e consequentemente ganhos monetaacuterios
maiores
Concorda-se com Schultz (1965) quando defende que a eficiecircncia e a
maximizaccedilatildeo do lucro satildeo partes de um sistema econocircmico eficiente e racional
Esse autor considera que todos os agricultores capitalizados ou de subsistecircncia
analisam a relaccedilatildeo entre a entrada de insumos e os resultados econocircmicos da
mesma maneira que os empresaacuterios modernos sendo o produtor um maximizador
de lucros em busca da eficiecircncia econocircmica
Nesse sentido a modernizaccedilatildeo da agricultura e a expansatildeo dos mercados
contribuiacuteram para de um lado expropriar algumas unidades de produccedilatildeo familiar e
de outro transformar agricultores familiares em empresaacuterios rurais com dependecircncia
tecnoloacutegica e financeira do mercado neste caso prevalecendo agrave racionalizaccedilatildeo
econocircmica e o objetivo principal da unidade de produccedilatildeo passando a ser a inserccedilatildeo
no mercado e a ampliaccedilatildeo dos lucros
TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO)
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
Utiliza Frequentemente essa linha de creacutedito
36 60
Utilizou algumas vezes mas natildeo utiliza mais
5 8
Nunca utilizou esse tipo de creacutedito
19 32
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
A grande maioria dos produtores entrevistados (60) utiliza a linha de creacutedito do
PRONAF tanto o custeio agriacutecola como tambeacutem o PRONAF investimento O
PRONAF custeio estaacute ligado agrave produccedilatildeo de gratildeos (soja milho feijatildeo) e o PRONAF
investimento estaacute voltado para a compra de trator implementos agriacutecolas
99
(plantadeiras carretas pulverizadores) e tambeacutem para investimentos com a
produccedilatildeo leiteira (ordenhadeiras e resfriadores)
Os fumicultores que aderiram ao PRONAF mencionam que o creacutedito agriacutecola
possibilitou a compra de trator e a carreta para o transporte do fumo da lavoura para
a estufa preparo do solo aplicaccedilatildeo de agrotoacutexicos etc aquisiccedilatildeo essa impossiacutevel
com pagamento agrave vista A figura 17 mostra tratores e carretas adquiridos por um
fumicultor morador da Linha Dezembroe por um da Comunidade de Linha Antocircnio
Olinto atraveacutes do PRONAF e conforme relata o fumicultor da Comunidade de Linha
Dezembro
Para noacutes o PRONAF eacute bom que financiamos o trator e outros maquinaacuterios [] antes tinha que trazer o fumo com carroccedila e cavalos agraves vezes os bichos ficavam doente na safra agraves vezes morriam [] agora com o trator e a carreta daacute pra trazer mais fumo da roccedila [] para noacutes deu uma grande diferenccedila (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)
FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
O fumicultor da Linha Dezembro relata que adquiriu o trator no ano de 2011
dando como entrada R$ 10000 teve carecircncia de pagamento por dois anos (2012 e
2013) e o restante do valor seraacute quitado entre 2014 e 2019 com parcelas anuais
entre R$ 9000 e R$ 8000 O mesmo comenta que com o dinheiro do fumo
consegue pagar as parcelas nas datas certas para o banco
Os agricultores que possuem trator fazem trabalhos terceirizados para
aqueles que natildeo possuem obtendo assim uma renda extra durante o ano O
fumicultor da Linha Dezembro afirma tambeacutem que a linha de creacutedito do PRONAF
100
trouxe melhora nas condiccedilotildees de trabalho e financeiras pois aumentaram a
produccedilatildeo e a produtividade
Aqueles que mencionaram terem usado a linha de creacutedito do PRONAF mas
que atualmente natildeo usam mais satildeo aqueles que jaacute compraram os implementos
agriacutecolas de que necessitavam e que compram os insumos para o plantio com
pagamento agrave vista ou a prazo na cooperativa agriacutecola mista de Prudentoacutepolis
(CAMP)
Os que nunca usaram as linhas de creacutedito do PRONAF satildeo fumicultores que
tambeacutem compram com pagamento agrave vista ou a prazo por meio da CAMP para pagar
com a produccedilatildeo Jaacute os que possuem trator compram agrave vista ou de vizinhos e
parentes pagando em prestaccedilotildees anuais sem relaccedilatildeo com bancos Esses alegam
ter receio de natildeo conseguir quitar o financiamento e por isso natildeo aderem ao
PRONAF
Outra forma de transportar o fumo da lavoura para a estufa eacute atraveacutes de
caminhonetes e tambeacutem atraveacutes de carroccedilas como mostra as fotos da figura 18
FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
101
TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
Matildeo de obra empregada na atividade fumageira
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
Somente matildeo de obra familiar
4 7
Contrataccedilatildeo de matildeo de obra em todo o periacuteodo da safra
0 0
Contrataccedilatildeo de matildeo de obra somente para a colheita
18 30
Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras em todo o periacuteodo da safra
8 13
Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras
somente para a colheita
30 50
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Nota-se que 63 das famiacutelias usam o sistema de trocas de dias para a
produccedilatildeo de fumo poreacutem 50 desses fazem parcerias somente nos dias de
colheita os quais variam entre um dia e meio a dois dias Essa parceria eacute feita para
natildeo contratar matildeo de obra poreacutem esses fumicultores tecircm um controle da quantidade
dos dias trocados entre eles e no final da safra aquele que estiver devendo horas
trabalhadas acerta em dinheiro conforme o valor da diaacuteria paga para colheita a qual
estaacute em torno de 100 a 120 reais
O tempo de secagem das folhas de fumo na estufa varia entre cinco e seis
dias Apoacutes secas essas folhas precisam ficar mais um dia dentro da estufa para
esfriar ou seja o periacuteodo entre o dia da colheita e o dia de tirar as folhas de fumo da
estufa varia de oito a dez dias e a quantidade meacutedia de colheitas por safra eacute entre
seis e oito
Nesse sentido os meses de novembro dezembro janeiro e parte de fevereiro
satildeo de trabalho intenso motivo pelo qual muitos dos entrevistados afirmam que a
desvantagem de produzir o fumo estaacute relacionada ao trabalho intenso nesses
meses
As famiacutelias com mais de quatro membros com idade suficiente (18 anos) para
estarem envolvidos na produccedilatildeo de fumo alegam que conseguem vencer
tranquilamente os trabalhos somente com a matildeo de obra familiar e que raramente
102
contratam matildeo de obra para a colheita (figura 19) Nessa perspectiva trabalham
intensamente nos dois dias de colheita e no restante dos dias (quando o fumo estaacute
secando) se dedicam a outras atividades da propriedade
FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
Tipos de famiacutelias Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Famiacutelia com apenas um
membro aposentado 10 17
Famiacutelia com dois membros aposentados
8 13
Famiacutelia com membro que recebe bolsa famiacutelia
5 8
Famiacutelia sem nenhum membro que recebe repasse social
37 62
Total 60 100 QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Os dados mostram que 62 das famiacutelias entrevistadas natildeo se beneficiam de
repasses sociais jaacute 17 das famiacutelias satildeo compostas por um membro que recebe
aposentadoria e 13 delas com dois membros aposentados Esses aposentados
natildeo satildeo os responsaacuteveis pela produccedilatildeo de fumo da famiacutelia poreacutem muitos alegam
que ajudam em tarefas consideradas por eles leves como a classificaccedilatildeo das folhas
do fumo jaacute que eacute realizada em ambientes protegidos das intempeacuteries e sentados
Uma parcela de 8 se beneficia do bolsa famiacutelia poreacutem alegam que esse valor
mesmo ajudando nas necessidades dos filhos natildeo eacute a maior parte da renda familiar
103
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos 0 0 Sempre tem problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina ( doenccedila da folha verde) (
acircnsia vocircmitos e mal estar)
25
42
Jaacute teve problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina
(doenccedila da folha verde) ( acircnsia vocircmitos e mal-estar)
16
27
Nunca teve problemas de sauacutede relacionados agrave
produccedilatildeo de fumo
19
31
Total 60 100 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Ao perguntar sobre intoxicaccedilatildeo dos fumicultores por agrotoacutexicos nenhuma
famiacutelia alegou ter acontecido esse fato com os membros da famiacutelia Afirmam que a
quantidade de agrotoacutexico que passam no fumo eacute menor que na soja milho e feijatildeo e
que quando vatildeo manusear agrotoacutexicos fazem o uso dos equipamentos de proteccedilatildeo
individual jaacute que diferente de outras culturas mecanizaacuteveis a pulverizaccedilatildeo do
agrotoacutexico no fumo eacute totalmente manual
Uma parcela expressiva de 69 alega que pelo menos um dos membros da
famiacutelia tem ou jaacute teve intoxicaccedilatildeo por nicotina ao realizar a colheita de fumo esses
que se apresentam de formas distintas de um indiviacuteduo para outro como acircnsia
vocircmitos mal-estar e insocircnia
Uma porcentagem menor composta por 31 das famiacutelias entrevistadas
dizem que nunca nenhum dos membros teve sintomas diferenciados apoacutes o contato
com a folha de fumo
TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO
Desvantagens da produccedilatildeo de fumo
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
Exige muito trabalho 18 30 Exige muito trabalho e causa
problemas de sauacutede 27 45
Falta de matildeo de obra para contratar
8 13
Natildeo vecirc desvantagens em produzir fumo
7 12
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo ( 2015)
104
Dos entrevistados 30 afirmam que a principal desvantagem eacute a
intensificaccedilatildeo do trabalho principalmente nos dias de colheita e aplicaccedilatildeo de
agrotoacutexicos os quais satildeo feitos manualmente Jaacute 45 deles afirmam que a
produccedilatildeo de fumo aleacutem de exigir muito trabalho tambeacutem traz problemas de sauacutede
normalmente aqueles que satildeo mais sensiacuteveis quando em contato com a nicotina
presente nas folhas do fumo (doenccedila da folha verde)
Outra variaacutevel que 13 dos entrevistados consideram desvantagem eacute a
questatildeo da matildeo de obra visto alegarem que principalmente para aquelas famiacutelias
que satildeo compostas de trecircs a quatro membros e que normalmente produzem uma
quantidade maior que a famiacutelia consiga dar conta tecircm muita dificuldade de encontrar
pessoas disponiacuteveis para contratar tendo assim que aumentar as jornadas de
trabalho ou diminuir a produccedilatildeo
Por fim uma parcela de 12 afirma que natildeo haacute qualquer desvantagem em
produzir fumo justificando que independentemente da atividade a ser realizada
deve-se trabalhar Dentre os entrevistados quatro famiacutelias afirmam que preferem
produzir fumo porque natildeo trabalham nos finais de semana e o trabalho natildeo dura o
ano todo como ocorre na produccedilatildeo leiteira que exige o empenho diaacuterio Para esses
a produccedilatildeo de fumo permite uma flexibilizaccedilatildeo do trabalho bem maior que a
produccedilatildeo de leite Nesse sentido pode-se concluir que cada famiacutelia tem preferecircncias
distintas na escolha da atividade que vai ser desenvolvida na propriedade
TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Sempre lecirc 6 10 Agraves vezes 18 30
Jaacute leu mas natildeo lecirc mais 6 10 Nunca leu 30 50
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
Dentre as famiacutelias entrevistadas nota-se que a metade delas nunca leu o
contrato emitido pela Souza Cruz justificando natildeo ter interesse na leitura ou por
saber do conteuacutedo do contrato por meio de vizinhos ou do instrutor teacutecnico
105
Agraves vezes quando a gente pede o instrutor lecirc direito pra gente pois natildeo tenho muito estudo e demora de mais pra ler tudo (Fumicultor da comunidade de Linha Antocircnio Olinto) Natildeo leio porque jaacute sei o que estaacute escrito todo ano eacute igual (Fumicultor da comunidade de Linha Visconde de Guarapuava) Natildeo leio a gente confia na firma (Fumicultor da comunidade de Linha Marcondes) Leio todo o contrato mas depois que assino e que instrutor vai embora (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)
A baixa escolaridade juntamente com poucos haacutebitos de leitura satildeo os
principais fatores que geram contratos assinados sem preacutevias leituras
Expectativas das famiacutelias em permanecer na atividade fumageira
Pretensotildees Nordm de famiacutelias Percentual ()
Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo por tempo
indeterminado
35 58
Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo poreacutem
diminuir a produccedilatildeo
18 30
Pretende parar completamente com a produccedilatildeo de fumo em
pequeno prazo de tempo (1 a 3 anos)
7 12
Total 60 100
QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Conforme demonstrado na tabela acima 58 das famiacutelias pretendem
permanecer com a produccedilatildeo de fumo por tempo indeterminado Jaacute 30 delas
pretendem continuar poreacutem diminuir o volume produzido Essas 30 das famiacutelias
mencionam que querem diminuir a produccedilatildeo pela falta de matildeo de obra uma vez que
os filhos estatildeo com intenccedilatildeo de sair de casa por motivos distintos como estudar
trabalhar em outro ramo etc
Outros 7 do total dos entrevistos tecircm a intenccedilatildeo de parar de produzir fumo
nos proacuteximos trecircs anos afirmando que vatildeo migrar para setores mais competitivos
106
como a soja e o leite Outros afirmam que querem parar porque jaacute estatildeo
aposentados e os filhos pretendem trabalhar em outras atividades de modo que a
famiacutelia tende a ficar pequena demais para essa cultura
Com relaccedilatildeo agrave venda da produccedilatildeo de fumo todos os entrevistados afirmam
que vendem a produccedilatildeo para a empresa integrada poreacutem os quilos produzidos
excedentes ao contrato firmado agraves vezes satildeo vendidos para atravessadores ou ateacute
mesmo para outras empresas Os fumicultores mencionaram que no geral tecircm
uma relaccedilatildeo tranquila com a empresa poreacutem existem safras em que o preccedilo do
quilo do fumo do ponto de vista deles deveria ser maior Esse fato eacute entendido pelo
paradigma da agricultura camponesa como conflito entre a territorialidade
corporativa Souza Cruz e a territorialidade dos fumicultores pelo fato de agricultor
natildeo ter autonomia de decisatildeo do preccedilo pago por quilo do fumo existindo entatildeo certo
conflito muitas vezes ldquosilenciosordquo entre essas territorialidades
Todavia o paradigma da agricultura familiar por natildeo estar baseado em
teorias anticapitalistas explica os processos de formaccedilatildeo de preccedilos a partir de
pressupostos teoacutericos diferentes Numa economia de mercado o vendedor jamais
possui autonomia plena para decidir o preccedilo do seu produto pois satildeo os
compradores que avaliam de acordo com seus objetivos e necessidades quanto
estatildeo dispostos a pagar por um bem ou serviccedilo Mas ao mesmo tempo os
compradores tambeacutem natildeo possuem autonomia para decidir o preccedilo de um produto
ao seu bel prazer pois se o vendedor natildeo considerar a venda vantajosa deixaraacute de
produzir ou de revender o produto em questatildeo para se dedicar a outra atividade
econocircmica mais rentaacutevel No caso em pauta a Souza Cruz eacute obrigada a pagar um
preccedilo que supere o custo de oportunidade para os agricultores familiares de
produzir leite feijatildeo soja ou qualquer outro produto sob pena de a empresa perder
seus fornecedores
Nesse sentido vale recordar as informaccedilotildees apresentadas na Tabela 15 visto que
20 dos entrevistados afirmam ter escolhido produzir fumo devido agrave renda que essa
cultura oferece e tambeacutem agrave garantia de venda b) 58 responderam que essa
escolha se deu em funccedilatildeo da renda da venda garantida e tambeacutem da pouca
disponibilidade de terras em suas propriedades c) 10 citaram apenas a pouca
disponibilidade de terras como motivo para plantar fumo d) 12 afirmaram que essa
opccedilatildeo se daacute apenas pela falta de outras opccedilotildees
107
Outro fator que regula o valor pago por quilo de fumo como jaacute demonstrado no
trabalho estaacute relacionado a oferta e demanda do produto pelo mercado A safra de
20152016 eacute um exemplo na qual devido ao baixo estoque de fumo nos armazeacutens
das empresas e pela procura desse produto por parte dos consumidores o valores
pagos por quilo de fumo aumentaram fato esse notado tambeacutem em outros produtos
do setor do agronegoacutecio
Isso indica que o paradigma da agricultura familiar eacute o que se mostra coerente com
os dados da pesquisa de campo pois fica claro que os produtores familiares optam
pelo fumo em funccedilatildeo de um caacutelculo dos custos de oportunidade que considera os
fatores rentabilidade garantia de renda e disponibilidade de terra de sorte que os
preccedilos praticados pela Souza Cruz tecircm um patamar miacutenimo definido pela avaliaccedilatildeo
que os agricultores fazem desses custos E essa conclusatildeo eacute reforccedilada quando se
relembram as informaccedilotildees da Tabela 19 posto que apenas 33 dos entrevistados
se dedicam exclusivamente ao fumo enquanto os demais produzem e
comercializam tambeacutem outros tipos de produtos tais como leite soja e feijatildeo
Mais uma vez verifica-se que cada famiacutelia tem projetos distintos os quais
estatildeo intrinsecamente relacionados agrave estrutura familiar agrave disponibilidade de terras e
outros fatores gerando estrateacutegias diferenciadas para se reproduzir no campo
havendo desde aqueles produtores que vecircm na atividade fumageira o seu futuro ateacute
aqueles que pretendem migrar o mais raacutepido possiacutevel para outra atividade Nesse
sentido vemos que essas famiacutelias buscam ser competitivas nas atividades que
realizam se dedicando agravequelas que julgam mais rentaacuteveis eou combinando duas ou
mais culturas para obter mais vantagens
108
V - CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O desenvolvimento desta pesquisa baseada no estudo de caso de uma
amostragem de produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis contratados pela
empresa Souza Cruz permitiu demonstrar que os agricultores familiares
entrevistados buscam atraveacutes de suas condiccedilotildees de produtor se inserir em setores
que permitem maximizar seus lucros Portanto a realizaccedilatildeo desta pesquisa eacute
pertinente pelo fato de mostrar que os fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de
commoditie atraveacutes de uma cadeia produtiva competitiva
Dessa forma a caracterizaccedilatildeo dos fumicultores a partir dos grupos A B C e
D se justifica por apresentarem dados oficiais e sistematizados o que contribui para
natildeo generalizar os resultados somente a partir da amostragem dos fumicultores
entrevistados nos trabalhos de campo Demonstrando que no municiacutepio de
Prudentoacutepolis a maior parte dos fumicultores se aproxima daqueles agricultores
familiares do tipo A e B Ou seja aqueles capitalizados e em processo de
capitalizaccedilatildeo indicando que a cultura de fumo estaacute dentre aquelas que geram uma
taxa de pobreza menor no meio rural Essa constataccedilatildeo tambeacutem eacute notada a partir
das entrevistas de campo conforme demonstrado na Tabela 22 posto que todos os
entrevistados conseguiram com a renda do fumo adquirir bens de capital como casa
carro trator terra de cultivo lote no periacutemetro urbano aleacutem daqueles bens de capital
como os eletrodomeacutesticos
Com isso a visatildeo dualista entre agricultura familiar e agronegoacutecio natildeo eacute
compreendida com adequada nesse trabalho pelo fato de existirem muitas formas
de agricultores familiares que se aproximam ao padratildeo do agronegoacutecio como por
exemplo os fumicultores que estatildeo no grupo A e B Desse modo compreende-se
que os fumicultores entrevistados da mesma forma que a agricultura patronal
buscam atraveacutes da modernizaccedilatildeo e do uso de insumos agriacutecolas (agrotoacutexicos e
fertilizantes) meios para permanecerem integrados e competitivos no mercado
Os fumicultores estatildeo inseridos ao complexo agroindustrial fumageiro e por
conseguinte estatildeo prosperando economicamente concordando-se entatildeo com os
pressupostos teoacutericos voltados ao paradigma da agricultura familiar e com autores
como Valente (2008) Diniz (2011) e Navarro (2014) que natildeo costumam fazer uma
109
oposiccedilatildeo radical entre agricultura familiar e agronegoacutecio ao ponto de existir
conflitualidades de interesses entre ambos Ou seja conflito entre a territorialidade
coorporativa da induacutestria fumageira e a territorialidade da agricultura familiar
camponesa
Desse modo a pesquisa tambeacutem natildeo tem por objetivo afirmar que no Brasil
natildeo existam sistemas de produccedilatildeo camponesa poreacutem os dados de campo mostram
que no caso em estudo 67 dos entrevistados natildeo produzem somente fumo e que
esses estatildeo inseridos em outras cadeias produtivas como leite feijatildeo soja e milho
ou seja os fumicultores tem mais opccedilotildees poreacutem acham interessante continuar com o
fumo Esses dados natildeo satildeo diferentes do restante do Brasil natildeo generalizando
somente a partir dos entrevistados
Apesar das oscilaccedilotildees no volume produzido como tambeacutem em relaccedilatildeo ao
mercado do fumo no Brasil e consequentemente no municiacutepio de Prudentoacutepolis
conforme exposto nos capiacutetulos II e III nota-se que essa cultura proporcionou a
ascensatildeo econocircmica desses agricultores familiares sendo que muitos desses
pequenos capitalistas como jaacute mencionado conseguiram adquiri terras para entatildeo
competir nos setores de gratildeos como a soja e o milho que a competitividade eacute
melhor para grandes proprietaacuterios querendo assim dar esse salto e ao mesmo
tempo trabalhando com a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo com intuito de deixar a renda
da propriedade menos vulneraacutevel A partir desses fatos e de acordo com os
resultados dos dados de campo eacute coerente dizer que o direcionamento dos
agricultores entrevistados para o cultivo de culturas que tem maior rentabilidade
proporcionou melhoras nas condiccedilotildees econocircmicas da famiacutelia pois somente com a
lavoura tradicional e pequena criaccedilatildeo de animais natildeo seria possiacutevel conquistar bens
de capital
Nesse sentido Navarro (2014) aponta que o preccedilo dos alimentos consumidos
pelos brasileiros em termos de reais diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas devido a inserccedilatildeo
dos pacotes tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo agriacutecola que proporcionaram o aumento
da produtividade e a consequente queda do preccedilo final contribuindo para a
facilidade de acesso desses produtos por parte da populaccedilatildeo jaacute em contra partida o
custo para uma pessoa manter seu haacutebito de fumar aumentou Ou seja os
agricultores que permaneceram ou inseriram-se na produccedilatildeo de fumo tiveram um
aumento na sua rentabilidade
110
Dessa forma eacute certo que os agricultores familiares entrevistados da mesma
forma que os agricultores patronais buscam aumentar seus rendimentos uma vez
que os dados de campo mostram que uma porccedilatildeo dos fumicultores tem pretensotildees
de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou seja agem no mercado
como pequenos capitalistas Poreacutem esses agricultores ainda natildeo migram totalmente
para outras atividades por ser esta uma das poucas cadeias produtivas compatiacuteveis
com as suas condiccedilotildees de produtor Tambeacutem muitos produtores podem encontrar
dificuldades em migrar para outras culturas que exigem maiores recursos
(SCHOENHALS et al 2009) necessitando assim de linhas de creacuteditos agriacutecolas
direcionados para esses agricultores
Os autores como Fernandes (2008) e Roos (2015) que trabalham na
perspectiva do paradigma da agricultura camponesa afirmam haver conflitualidade
entre os camponeses e as agroinduacutestrias que trabalham no sistema de produccedilatildeo
integrada como eacute o caso da agroinduacutestria fumageira afirmando existir uma sujeiccedilatildeo
da renda dos camponeses uma vez que os agricultores camponeses natildeo possuem
autonomia com relaccedilatildeo ao modo de produzir o produto como tambeacutem na hora de
fixar o preccedilo final da safra Poreacutem natildeo eacute levado em consideraccedilatildeo que o preccedilo do
quilo do fumo pago ao produtor contratado estaacute intrinsecamente relacionado a oferta
e demanda do produto por parte do mercado o que expressa adequadamente o
valor marginal pago muitas vezes aos fumicultores visto que a empresa tambeacutem
deve colocar a sua margem de lucro conforme a demanda do produto
Outra questatildeo voltada ao paradigma camponecircs eacute em relaccedilatildeo agrave
industrializaccedilatildeo da agricultura e apontada por Fernandes (2013) como um processo
que resulta no desenvolvimento desigual e contraditoacuterio no campo que deixa as
unidades camponesas de produccedilatildeo se tornar mais vulneraacuteveis ao capital Poreacutem os
dados da Tabela 23 mostram que 68 dos entrevistados usam ou jaacute utilizaram
alguma linha de creacutedito agriacutecola para o investimento em maquinaacuterios agriacutecolas
afirmando que conseguem tem uma produtividade maior e que conseguem pagar as
prestaccedilotildees desses maquinaacuterios tranquilamente
Sabendo que Ploeg (2009) afirma que o camponecircs eacute caracterizado por lutar
por sua autonomia uma vez que conforme apontado pro Thomaz Juacutenior (2008) a
loacutegica do capital impotildee que o agricultor esteja preso a gestatildeo de uma empresa e natildeo
111
mais de sua famiacutelia natildeo se completa para essa pesquisa uma vez que a explicaccedilatildeo
para a empresa estabelecer os seus moldes de produccedilatildeo se baseia na demanda do
produto pelo mercado instituindo assim para os seus contratados os tipos de fumos
com maiores demandas o que justifica a empresa impor o tipo de variedade de fumo
que quer comprar como tambeacutem os tratos culturais necessaacuterios para se chegar ao
produto desejado
Contraditoacuterio ao que foi exposto por Paulino e Almeida (2010) quando
mencionam que o campesinato deve ser considerado como uma contradiccedilatildeo e natildeo
como uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeo capitalista os resultados da
pesquisa mostraram que a articulaccedilatildeo com os modelos de produccedilatildeo capitalistas
proporcionaram a permanecircncia de agricultores familiares no espaccedilo rural uma vez
que os aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo que eacute bastante disseminada entre
agricultores familiares induziram o aumento da rentabilidade diminuindo assim as
taxas de pobreza Aleacutem disso nota-se que o fumicultores sendo pequenos
capitalistas natildeo buscam somente a reproduccedilatildeo do modo de vida mas sim agem no
mercado investindo em setores mais rentaacuteveis adequado para a sua condiccedilatildeo de
produtor com pretensatildeo de torna-se um agricultor ainda mais competitivo
Mais uma vez defende-se que a inserccedilatildeo dos agricultores familiares aos
mercados capitalistas natildeo deve ser entendido a partir de um dualismo estando de
um lado o agronegoacutecio e de outro o camponecircs como jaacute ressaltado por Schneider
(2006) que tanto um quanto outro grupo estaacute interessado em um mesmo processo
que eacute o da produccedilatildeo e o do consumo Nesse sentido eacute importante se trabalhar com
a heterogeneidade da agricultura familiar para assim se pensar como esses
agricultores podem se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo
Portanto a presente pesquisa embasada nos dados de campo mostra que a
cultura de fumo ateacute entatildeo eacute a principal orientaccedilatildeo financeira dos agricultores
familiares entrevistados seguidas de outras estrateacutegias de reproduccedilatildeo como o
cultivo da soja produccedilatildeo de leite feijatildeo milho Demonstrando dessa forma que os
mesmos buscam maximizar seus lucros e diversificar sua produccedilatildeo para diminuir a
vulnerabilidade econocircmica da propriedade Contudo pode afirmar atraveacutes do
paradigma da agricultura familiar que os fumicultores considerados como pequenos
capitalistas se reproduzem no mercado sob pressatildeo das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e
112
da concorrecircncia e buscam ser competitivos natildeo havendo incompatibilidade ou
conflitos dos agricultores familiares para com o capital
113
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1
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2
ANEXOS
1ordm Trabalho de Campo Conhecimento da aacuterea de estudo e visita a 10 propriedades que produzem fumo haacute mais de 10 anos Data do campo mecircs de Julho e Agosto de 2014
1) Qual foi o ano em que iniciou as atividades na produccedilatildeo de fumo
2) Qual eacute o motivo que trabalha na produccedilatildeo do fumo
3) A matildeo de obra na atividade fumageira eacute muito desgastante
4) Sua propriedade eacute diversificada Quais as culturas que produz na
propriedade aleacutem do fumo
5) Qual eacute a maior renda da propriedade
6) Como eacute feita a classificaccedilatildeo das folhas de fumo destinadas a venda
2ordm Trabalho de campo Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Aplicado ao orientador teacutecnico da Souza Cruz o qual representa a Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis Orientador teacutecnico Tarciacutesio Kraiczek Data da entrevista 13072015
1 Quantos orientadores teacutecnicos a empresa possui no municiacutepio de
Prudentoacutepolis
2 Haacute quantos anos vocecirc trabalha na assistecircncia teacutecnica para os
fumicultores associados da Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis
3 Quantos associados a empresa Souza Cruz teve na safra de 2014
4 Quais satildeo as empresas fumageiras concorrentes da Souza Cruz no
municiacutepio Qual a relaccedilatildeo entre essas empresas
5 A empresa Souza Cruz tem alguma unidade de recebimento do fumo no
municiacutepio de Prudentoacutepolis para a produccedilatildeo ficar armazenada antes de
ser enviado para uma usina de Processamento de fumo
3
6 Para qual das trecircs usinas de processamento o fumo produzido no
municiacutepio eacute envido
7 A empresa tem uma cota miacutenima e maacutexima de peacutes de fumo por
produtor
8 Qual eacute a meacutedia de peacutes de fumo uma pessoa consegue produzir por
safra
9 No seu ponto de vista como orientador teacutecnico como se daacute a relaccedilatildeo
entre a empresa Souza Cruz e os fumicultores do municiacutepio
10 Qual a relaccedilatildeo da empresa para com os projetos de diversificaccedilatildeo da propriedade
3ordm Trabalho de Campo Entrevista de campo para obtenccedilatildeo de dados socioeconocircmicos dos produtores
de fumo da empresa Souza Cruz do municiacutepio de Prudentoacutepolis - PR
Data do campo Novembro e Dezembro de 2015 1- Caracterizaccedilatildeo da famiacutelia
Membros Idade Gecircnero Escolaridade (escola puacuteblica ou privada)
Fumicultor Eacute fumante
Motivos do ecircxodo
1 2 3 4 5 6 7 8
2- Haacute quantos anos trabalha na atividade fumageira
3- Qual o motivo pela opccedilatildeo de produzir fumo
4- Pretende permanecer na atividade fumageira Quais motivos Por qual
atividade substituiria a produccedilatildeo de fumo
4
5- Possui estufa eleacutetrica de secagem do fumo
6- Quais bens capitais vocecirc conseguiu adquirir com a renda oriunda da
produccedilatildeo de fumo
7- Possui na propriedade
( ) Trator ( ) Carro ( ) moto ( ) telefone ( ) internet
8- Posse da terra e quantidade de alqueires
( ) Proacutepria ____ ( ) Arrendada e Parceiro _____
( ) Arrendada ____ ( ) Proacutepria e Arrendada _____
( ) Proacutepria e Parceiro ____
9- Se for proacutepria como adquiriu essas terras
10- Satildeo plantados por ano quantos peacutes de fumo Quantidade de aacuterea
utilizada
11- Faz contrataccedilatildeo de matildeo de obra para a produccedilatildeo de fumo
( ) Sim ( ) Natildeo
12- Se existe a contrataccedilatildeo de matildeo de obra em que periacuteodo da safra
acontece
( ) Todo o periacuteodo da safra ( ) Tratos culturais ( ) Plantio ( )
Classificaccedilatildeo ( ) Colheita
13- Vocecirc lecirc o contrato da sua produccedilatildeo com a empresa Souza Cruz
Justifique
14- Aleacutem da produccedilatildeo de fumo quais outras atividades agropecuaacuterias satildeo
realizadas na propriedade para garantir a renda da famiacutelia
Para comercializaccedilatildeo Para consumo na propriedade
5
15- De qual atividade realizada na propriedade vem a maior renda
16- Como eacute a sua relaccedilatildeo com a empresa descreva o seu ponto de vista
17- Vende toda a produccedilatildeo para a empresa associada
18- No seu ponto de vista quais satildeo as vantagens e desvantagens de produzir
fumo
19- Em relaccedilatildeo agrave sauacutede e produccedilatildeo de fumo houve casos na famiacutelia de
A) Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos
B) Intoxicaccedilatildeo por nicotina (doenccedila da folha verde)
C) Problemas ortopeacutedicos
D) Transtornos mentais (depressatildeo ansiedade esquizofrenia etc)
E) Outros __________________________________________
20- Haacute incentivos governamentais para o desenvolvimento de outras atividades
e o consequente abandono do ramo fumageiro Se sim quais e por que natildeo
houve migraccedilatildeo para outra atividade
21- A partir do momento em que vocecirc comeccedilou a produzir o fumo acha que
suas condiccedilotildees financeiras melhoraram
22- Participa do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar)
23- Na famiacutelia tem algum membro que recebe algum tipo de repasses de
programas sociais Se sim quais
24- Vocecirc tem conhecimento de algum projeto de diversificaccedilatildeo de
propriedades que estaacute sendo realizado por oacutergatildeos puacuteblicos no municiacutepio
2
ANDREacuteIA VILCZAK
AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO ESTUDO DE CASO DOS FUMICULTORES CONTRATADOS PELA SOUZA CRUZ EM PRUDENTOacutePOLIS-
PR
Dissertaccedilatildeo de Mestrado apresentada para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Paranaacute na Linha de Pesquisa ndash Produccedilatildeo e Transformaccedilatildeo do Espaccedilo Urbano-Regional Orientaccedilatildeo Prof Dr Luis Lopes Diniz Filho
CURITIBA
2016
3
4
5
Dedico este trabalho agrave minha famiacutelia e aos fumicultores do
municiacutepio de PrudentoacutepolisPR que influenciaram no
desenvolvimento deste trabalho Aos fumicultores pela
paciecircncia e colaboraccedilatildeo nas pesquisas de campo com dados
que foram fundamentais para retratar sua realidade
6
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao meu orientador Prof Dr Luis
Lopes Diniz Filho pela sua atenccedilatildeo compreensatildeo e tambeacutem pelas suas valiosas
consideraccedilotildees no processo de desenvolvimento dessa pesquisa sendo um exemplo
de profissional
Agrave minha famiacutelia em especial aos meus pais Carlos e Ana aos meus irmatildeos
Amilton e Adriana que sempre apoiaram no periacuteodo de realizaccedilatildeo da dissertaccedilatildeo Ao
meu sobrinho Beniacutecio pela alegria que traz a todos noacutes ao Ian que estaraacute chegando
nas proacuteximas semanas Agradeccedilo tambeacutem a minha cunhada e cunhado pelo apoio
Aos amigos e familiares Ana Maacutercia Adriana Noeli Rogeacuterio Edna
Elisangela Milena Eliana Paulo Maria entre outros que de alguma forma
contribuiacuteram para que esse trabalho fosse finalizado Obrigada a todos vocecircs pelo
companheirismo
Aos professores Dr Sergio Fajardo e Dr Danilo Volochko pelas valiosas
contribuiccedilotildees agrave pesquisa
Aos colegas e professores do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia da
Universidade Federal do Paranaacute como tambeacutem a secretaacuteria Adriana Cristina de
Oliveira e ao Luiz Carlos Zem pelo apoio em questotildees burocraacuteticas durante o
periacuteodo do mestrado
A CAPES (Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal do Niacutevel Superior)
pelo auxiacutelio atraveacutes da bolsa de estudo
Agrave Adriana Kutzmy e Gabriela Strechar pela atenccedilatildeo e por acompanhar nos
trabalhos de campo realizados com os fumicultores do municiacutepio de
PrudentoacutepolisPR
E por fim agradeccedilo a todos os fumicultores que participaram das entrevistas
de campo A todos meu agradecimento
7
RESUMO O presente trabalho visa analisar os resultados obtidos pela agricultura familiar no cultivo do fumo levando em consideraccedilatildeo as razotildees econocircmicas pela opccedilatildeo em produzir a cultura Desse modo o estudo de caso dos fumicultores de Prudentoacutepolis-PR fornece subsiacutedios para a avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural e ciecircncias afins ou seja o paradigma da agricultura familiar e da agricultura camponesa Para tanto utilizou-se de revisotildees bibliograacuteficas de autores que trabalham nas distintas linhas paradigmaacuteticas como tambeacutem da caracterizaccedilatildeo dos agricultores familiares produtores de fumo atraveacutes do uso de fontes secundaacuterias (Censos agropecuaacuterios) aleacutem da aplicaccedilatildeo de questionaacuterios para um universo de sessenta fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz em Prudentoacutepolis A partir das revisotildees bibliograacuteficas e dos dados obtidos no estudo de caso levantou-se a hipoacutetese de que o paradigma da agricultura camponesa natildeo eacute adequando para explicar a realidade estudada Palavras chave Agricultura Familiar Fumicultura Abordagens Paradigmaacuteticas
ABSTRACT
The aim of this study is to analyze the results obtained by family farming in the cultivation of tobacco considering the economic reasons for the choice to produce the crop Thus the case study of Prudentoacutepolis-PR tobacco growers provides subsidies for the critical evaluation of the two main paradigms of agro studies in rural geography and related sciences that is the paradigm of family farming and peasant farming For this purpose bibliographic reviews of authors working in different paradigmatic lines were used as well as the characterization of family farmers tobacco growers through the use of secondary sources (Census of agriculture) and the application of questionnaires to a group of sixty tobacco growers hired by Souza Cruz company in the city of Prudentoacutepolis From the literature review and the obtained data in the case study we raised the hypothesis that the paradigm of peasant farming is not suitable to explain the studied reality Keywords Family farming Tobacco Farming Paradigmatic Approaches
8
LISTA DE SIGLAS
AFUBRA - Associaccedilatildeo dos Fumicultores do Brasil
BAT - British American Tobacco
CBFF ndash Companhia Brasileira de Fumo em Folha
DERAL - Departamento de Economia Rural
EMATER ndash Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural
IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social)
PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
SEAB - Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento
SINDITABACO ndash Sindicato Interestadual da Induacutestria do Tabaco
9
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA 46 Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 59 FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 60 FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES 62 FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 63 FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR 64 FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR78 FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 79 FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO 90 FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE 91 FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA 92 FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO 94 FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS 94 FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO 95 FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA 96 FIGURA 16 - BENS ADQUiRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA 97 FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF 99 FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA 100 FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO 102
10
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL 39 TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO 41 TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013 42 TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012 42 TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute 46 TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006 48 TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006 50 TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006 51 TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000 52 TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006 53 TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012 54 TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010) 55 TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE 84 TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 85 TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 86 TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS 87 TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 88 TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES 88 TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES 89 TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE 91
11
TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES 93 TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO 95 TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO) 98 TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO101 TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO 103 TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS 104
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA 36 QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL 44 QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314 47 QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010) 56 QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR 65 QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR66 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR 66 QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006 71 QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 72 QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR 72 QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES 74 QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS 75 QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 81 QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 82 QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 84
12
QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS 102 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS 103 QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 105
LISTA DE GRAacuteFICOS
GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO45 GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS 67
13
SUMAacuteRIO INTRODUCcedilAtildeO 14 CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS 19
11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA 19
12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR 23
13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS 27
CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32
21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32 22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL 47
CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO 58
31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR 58
32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS 69
CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO 76 41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES 78 REFEREcircNCIAS 113 ANEXOS 2
14
INTRODUCcedilAtildeO
De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de
fumo sendo que essa produccedilatildeo encontra-se concentrada nos estados do Rio
Grande do Sul Santa Catarina e Paranaacute alimentando uma cadeia produtiva com
envolvimento de 25 milhotildees de pessoas o qual inclui setores como a produccedilatildeo
transporte comercializaccedilatildeo industrializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e exportaccedilatildeo (AFUBRA
2011)
No municiacutepio de Prudentoacutepolis a atividade fumageira tem grande relevacircncia
econocircmica principalmente para a agricultura familiar uma vez que os dados do
Censo Demograacutefico de 2010 mostram que 54 da populaccedilatildeo residem na aacuterea rural
existindo um nuacutemero maior de unidade de produccedilatildeo familiar em detrimento das
unidades patronais de produccedilatildeo
A produccedilatildeo de fumo em Prudentoacutepolis eacute realizada somente nas regiotildees
Central e Sul do municiacutepio devido ao clima e topografia dos solos favoraacuteveis agrave
cultura Outro fator que tambeacutem ocasiona a atraccedilatildeo para a fumicultura eacute a
possibilidade de usufruir de pequenas aacutereas de terras deixando disponiacutevel o
excedente da propriedade para outras atividades que somem na geraccedilatildeo de renda
Nesse sentido o objetivo da pesquisa eacute analisar os resultados obtidos pela
agricultura familiar com essa cultura e as razotildees econocircmicas de sua opccedilatildeo pelo
fumo Portanto uma contribuiccedilatildeo desse estudo de caso eacute fornecer subsiacutedios para a
avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural
e ciecircncias afins
Para a realizaccedilatildeo do presente trabalho foi fundamental atraveacutes das
abordagens sobre a agricultura familiar e camponesa avaliar se realmente existe
uma oposiccedilatildeo entre agricultor familiar e o agronegoacutecio no caso do setor fumageiro
uma vez que o fumo eacute uma commoditie de exportaccedilatildeo e a produccedilatildeo eacute realizada por
pequenos produtores Para tanto foi realizada uma revisatildeo bibliograacutefica sobre os
paradigmas da agricultura familiar e da agricultura camponesa na geografia rural e
aacutereas de pesquisa afins com a finalidade de identificar os conceitos de territoacuterio e
territorialidade derivados desses paradigmas Foram feitas tambeacutem uma
caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de
15
fontes secundaacuterias (Censos Agropecuaacuterios e outras) e uma pesquisa de campo
mediante a aplicaccedilatildeo de questionaacuterio com o fim de caracterizar os produtores rurais
desse municiacutepio contratados pela empresa Souza Cruz como fornecedores de
tabaco
Nesse sentido buscou-se metodologicamente envolver teacutecnicas de base
qualitativa sendo que esse tipo de abordagem se caracteriza por ldquoanalisar e
interpretar os dados refletir e explorar o que eles podem propiciarrdquo (OLIVEIRA
2010) A pesquisa quantitativa tambeacutem faz parte deste estudo uma vez que traz
algumas teacutecnicas que possibilitam a busca de informaccedilotildees e dados mais amplos
muitas vezes impossiacuteveis de serem alcanccedilados somente pelo pesquisador como por
exemplo aqueles dados disponibilizados pelos oacutergatildeos puacuteblicos como EMATER
(Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural) IPARDES (Instituto Paranaense
de Desenvolvimento Econocircmico e Social ) IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatiacutestica) e DERAL (Departamento de Economia Rural) O meacutetodo quantitativo
considera que tudo eacute quantificaacutevel ou seja significa traduzir opiniotildees e informaccedilotildees
em nuacutemeros que seratildeo classificados e analisados
Os meacutetodos qualitativos e quantitativos natildeo se excluem Embora difiram quanto agrave forma e agrave ecircnfase os meacutetodos qualitativos trazem como contribuiccedilatildeo ao trabalho de pesquisa uma mistura de procedimentos de cunho racional e intuitivo capazes de contribuir para a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos Pode-se distinguir o enfoque qualitativo do quantitativo mas natildeo seria correto afirmar que guardam relaccedilatildeo de oposiccedilatildeo (POPE MAYS 1995 p42)
Sendo assim no iniacutecio do desenvolvimento do presente estudo foi realizada
uma entrevista com questotildees semiestruturadas (em anexo) para um grupo de dez
fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz e que estatildeo na atividade
fumageira haacute mais de dez anos Esse puacuteblico foi escolhido intencionalmente a partir
dos dados da localizaccedilatildeo das propriedades dos associados da empresa no
municiacutepio de Prudentoacutepolis Recorreu-se a esse meacutetodo pois os dados obtidos em
campo eram necessaacuterios para poder avaliar as abordagens ligadas ao paradigma da
agricultura camponesa e da agricultura familiar e que natildeo poderiam ser obtidos
atraveacutes de fontes secundaacuterias
Posteriormente foi realizada uma entrevista com perguntas semiestruturadas
(em anexo) para o instrutor teacutecnico da Souza Cruz jaacute que o mesmo representa a
16
empresa no municiacutepio Essa entrevista teve como objetivo analisar o ponto de vista
da empresa sobre a atividade fumageira na localidade
Ao verificar que em Prudentoacutepolis a produccedilatildeo de fumo acontece somente na
regiatildeo Central e Sul devido ao relevo mais inclinado da regiatildeo norte foi interessante
ir ateacute essa regiatildeo com topografia mais acentuada para analisar os tipos de cultivos
que satildeo realizados O objetivo desse trabalho de campo foi principalmente o de
conhecer a realidade das famiacutelias do municiacutepio natildeo inseridas na cultura do fumo
com visitas a realizar futuras pesquisas sobre a agricultura familiar Assim dado o
caraacuteter complementar e exploratoacuterio desse trabalho a coleta de informaccedilotildees se deu
por meio de conversas informais
Nos meses de novembro e dezembro de 2015 foi realizada outra entrevista
com perguntas semiestruturadas (em anexo) para uma amostragem de sessenta
fumicultores contratados pela Souza Cruz As perguntas feitas nessa entrevista
estatildeo relacionadas basicamente a dados socioeconocircmicos das famiacuteliasos quais
juntamente com dados mais gerais do censo agropecuaacuterio permitem conhecer o
perfil desses fumicultores Portanto as informaccedilotildees referentes a essas entrevistas
apresentam-se mais detalhadas no capiacutetulo IV
Nesse sentido as entrevistas constituem teacutecnicas alternativas para coleta de
dados natildeo documentados sobre determinado tema ldquoEacute uma teacutecnica de interaccedilatildeo
social [] em que uma das partes busca obter dados e outra se apresenta como
fonte de informaccedilatildeordquo (GERHARDT SILVEIRA 2009)
O pesquisador organiza um conjunto de questotildees (roteiros) sobre o tema que estaacute sendo estudado mas permite e agraves vezes ateacute incentiva que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vatildeo surgindo como desdobramentos do tema principal (GERHARDT SILVEIRA 2009)
Para Duarte (2002 p 143) ldquonuma metodologia de base qualitativa o nuacutemero
de sujeitos que viratildeo a compor o quadro das entrevistas dificilmente pode ser
determinado a piorirdquo Ou seja tudo vai estar relacionado com a qualidade das
informaccedilotildees obtidas a partir de cada entrevista sempre levando em consideraccedilatildeo a
profundidade e o grau de recorrecircncia e divergecircncia das informaccedilotildees Enquanto
estiverem aparecendo ldquodadosrdquo originais ou pistas que possam indicar novas
perspectivas aacute investigaccedilatildeo em curso as entrevistas precisam continuar sendo feitas
(DUARTE 2002 p 144)
17
Portanto a pesquisa estaacute estruturada em quatro capiacutetulos sendo que no
primeiro capiacutetulo falar-se-aacute sobre as abordagens ligadas a agricultura camponesa e
agricultura familiar com intuito de apresentar algumas das visotildees de cada
paradigma para que no decorrer do trabalho possa ser feito uma avaliaccedilatildeo dessas
abordagens na produccedilatildeo fumageira como tambeacutem expor o conceito de territoacuterio e
territorialidade que derivam desses paradigmas
No capiacutetulo seguinte visando compreender os fatores que proporcionaram ao
paiacutes se tornar referecircncia no setor fumageiro realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica
da origem do fumo e a sua consequente inserccedilatildeo em uma escala comercial O
estudo desses elementos foi fundamental para entender os motivos que contribuiacuteram
para a inserccedilatildeo da produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Tambeacutem pelo
fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo
de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral
dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura
familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo
do agronegoacutecio
Na sequecircncia o capiacutetulo III mostra os processos de ocupaccedilatildeo do municiacutepio
de Prudentoacutepolis e a consequente inserccedilatildeo da produccedilatildeo fumageira nas unidades de
produccedilatildeo familiar Nesse sentido como o trabalho vem abordando a existecircncia de
uma agricultura familiar heterogecircnea buscou-se conhecer o perfil dos agricultores
familiar do municiacutepio atraveacutes da caracterizaccedilatildeo dessas famiacutelias tendo como escopo
as fontes secundaacuterias do IBGE
No capiacutetulo IV satildeo apresentados os dados do trabalho de campo que foi
realizado com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela empresa
Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Os dados
de campo que retratam a realidade dos entrevistados juntamente com dados
secundaacuterios tecircm por finalidade contribuir na avaliaccedilatildeo dos paradigmas da
camponesa e da agricultura familiar com base no setor fumageiro
Por fim satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais do trabalho seguindo nas
avaliaccedilotildees das abordagens paradigmaacuteticas agrave luz do estudo de caso dos fumicultores
entrevistados mostrando que os agricultores familiares entrevistados buscam
18
atraveacutes de suas condiccedilotildees de tecnologias estrutura fundiaacuteria e matildeo de obra se
inserir em setores mais competitivos visando agrave maximizaccedilatildeo dos lucros
A realizaccedilatildeo dessa pesquisa eacute pertinente pelo fato de mostrar que os
fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de commoditie atraveacutes de uma cadeia
produtiva competitiva levando em consideraccedilatildeo as condiccedilotildees do produtor e
conforme os dados de campo eacute notoacuterio que os entrevistados atraveacutes da renda do
fumo conseguiram adquirir bens capitais de grande importacircncia como a compra de
terra lotes na cidade de carro trator maquinaacuterios agriacutecolas e casa Bens esses que
muitas vezes natildeo conseguiriam adquirir se produzissem somente culturas
tradicionais do municiacutepio como eacute o caso do feijatildeo e milho pelo fato da pequena
quantidade de terras que possuem Dessa forma eacute certo que os agricultores
familiares entrevistados da mesma forma que os agricultores patronais buscam
maximizar seus lucros uma vez que os dados de campo mostram que os
fumicultores tecircm pretensotildees de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou
seja agem no mercado como pequenos capitalistas
19
CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS
Sabe-se que nas ciecircncias sociais existem diferentes concepccedilotildees teoacutericas para
a compreensatildeo do desenvolvimento do capitalismo no campo destacando-se de
um lado o paradigma da Agricultura Camponesa (Questatildeo Agraacuteria) e de outro o
paradigma da Agricultura Familiar (Capitalismo Agraacuterio) Nesse sentido o presente
capiacutetulo expotildee algumas das abordagens ligadas ao paradigma da agricultura
camponesa e das abordagens ligadas agrave agricultura familiar como objetivo de
identificar o conceito de TerritoacuterioTerritorialidade derivados desses paradigmas A
finalidade de entender as correntes de pensamento paradigmaacutetico permitiraacute entatildeo
avaliar essas abordagens agrave luz de um estudo de caso sobre a fumicultura no
municiacutepio de PrudentoacutepolisPR
11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA
As muacuteltiplas formas de interpretaccedilatildeo da questatildeo agraacuteria no espaccedilo rural e
consequentemente do paradigma camponecircs tecircm como principal referecircncia as teorias
marxistas seja as de autores como Lecircnin (1982) e Kautsky (1998) que defenderam
a tese do desaparecimento da classe camponesa e a consequente emergecircncia de
duas classes distintas - a burguesa e a proletaacuteria - como produto da industrializaccedilatildeo
da agricultura seja a de autores como Chayanov (1974) Oliveira (1987) e
Fernandes (1996) entre outros que satildeo contraacuterios agrave teoria sobre a tendecircncia agrave
proletarizaccedilatildeo do campesinato e que defendem a permanecircncia desta classe social
como resultado do processo desigual e contraditoacuterio de desenvolvimento
impulsionado pelo sistema capitalista
Nesse sentido para Fernandes (2008) os estudos feitos agrave luz do paradigma
camponecircs se caracterizam por analisar a luta de classes a conflitualidade e as
contradiccedilotildees inerentes agraves relaccedilotildees capitalistas e natildeo capitalistas de produccedilatildeo1 Um
tema importante nessa linha de pesquisa eacutea sujeiccedilatildeo da renda dos camponeses
perante as empresas que tecircm o monopoacutelio da produccedilatildeo de commodities agriacutecolas
como as agroinduacutestrias fumageiras
1 O campesinato eacute entendido como um sistema produtivo diferenciado do agronegoacutecio
20
Os seguidores do paradigma camponecircs como Fernandes (2013) entendem
que a industrializaccedilatildeo da agricultura resulta em um problema estrutural devido ao
desenvolvimento desigual e contraditoacuterio do capitalismo e que a uacutenica soluccedilatildeo estaacute
na superaccedilatildeo desse sistema pois a industrializaccedilatildeo da agricultura contribui para que
as unidades camponesas de produccedilatildeo se tornem mais vulneraacuteveis ao capital
Para Feliacutecio (2006) nesse paradigma natildeo haacute diferenccedilas entre agricultor
familiar e camponecircs pois ambos satildeo assim definidos por terem a famiacutelia e o trabalho
familiar por caracteriacutestica a qual natildeo objetiva a superaccedilatildeo do trabalho familiar O
termo camponecircs eacute tratado pelos teoacutericos do paradigma do capitalismo agraacuterio como
agricultores familiares nesse sentido
O produtor familiar que utiliza os recursos teacutecnicos e estaacute altamente integrado ao mercado natildeo eacute um camponecircs mas sim um agricultor familiar Desse modo pode-se afirmar que a agricultura camponesa eacute familiar mas nem toda a agricultura familiar eacute camponesa ou que todo camponecircs eacute agricultor familiar mas nem todo agricultor familiar eacute camponecircs (FERNANDES 2001)
Com relaccedilatildeo agrave inserccedilatildeo da agricultura familiar nas formas de produccedilatildeo
capitalistas no campo Thomaz Juacutenior (2008) considera que a loacutegica do capital impotildee
que o agricultor esteja preso agrave gestatildeo de uma empresa e natildeo mais da sua proacutepria
famiacutelia Poreacutem o autor defende que mesmo integrado a essa loacutegica de produccedilatildeo o
camponecircs busca alternativas para natildeo aderir totalmente agraves estruturas mercantis de
produccedilatildeo visando reestabelecer os princiacutepios de sociabilidade e produccedilatildeo para o
autoconsumo Nesse sentido para esse paradigma o camponecircs visa agrave
sobrevivecircncia mas se o capital apresenta uma proposta de parceria de lucros como
na integraccedilatildeo das empresas fumageiras o camponecircs aceita Subordina-se mas se
essa possibilidade de lucro acaba ele volta para a estrateacutegia primeira por natildeo
desejar desfazer-se da terra
Para Shanin (2008) o camponecircs corresponde a um ldquomodo de vidardquo que
envolve um conjunto de elementos como a diversidade nas formas de trabalhar com
a terra Teacutecnicas essas que satildeo passadas de pais para filhos possibilitando estreita
ligaccedilatildeo entre a terra e a famiacutelia uma vez que a famiacutelia eacute dona do proacuteprio trabalho
podendo escolher a melhor forma de fazecirc-lo Tambeacutem enfatiza a especificidade da
loacutegica econocircmica camponesa a qual produz visando a satisfaccedilatildeo das necessidades
21
da famiacutelia sendo capaz de se ajustar aos niacuteveis de remuneraccedilatildeo mais baixos em
momentos desfavoraacuteveis
Ploeg (2009) afirma que o camponecircs de hoje natildeo pode ser compreendido
como sinocircnimo de atraso e sim como um ldquocamponecircs modernordquo inserido na
realidade capitalista poreacutem carregando em seu cerne a condiccedilatildeo camponesa Por
condiccedilatildeo camponesa Ploeg (2009) entende a luta por autonomia e progresso como
uma forma de construccedilatildeo e reproduccedilatildeo de um meio de vida rural em um contexto
adverso caracterizado por relaccedilotildees de dependecircncia marginalizaccedilatildeo e privaccedilatildeo
Portanto para o autor supracitado o campesinato deve ser explicado a partir das
relaccedilotildees de contradiccedilotildeesconflitualidades existentes no espaccedilo rural
Fernandes (2000) ao falar sobre a formaccedilatildeo do campesinato afirma que
essa formaccedilatildeo natildeo acontece somente pela reproduccedilatildeo ampliada das contradiccedilotildees
do capitalismo mas tambeacutem atraveacutes da luta pela terra na qual tem enfrentado a
condiccedilatildeo loacutegica do capital Nesse sentido Ploeg (2009) menciona sobre a dualidade
entre a produccedilatildeo camponesa e a capitalista na qual
[] a agricultura camponesa eacute fortemente baseada no capital ecoloacutegico (especialmente a natureza viva) enquanto que a agricultura empresarial afasta-se progressivamente da natureza Insumos e outros fatores artificiais de crescimento substituem os recursos naturais o que significa que a agricultura estaacute sendo industrializada (PLOEG 2009 p17)
A expansatildeo do modo capitalista de produccedilatildeo (na sua reproduccedilatildeo ampliada do
capital) aleacutem de redefinir antigas relaccedilotildees subordinando-as agrave sua produccedilatildeo
engendra relaccedilotildees natildeo capitalistas iguais e contraditoriamente necessaacuterias agrave sua
reproduccedilatildeo (OLIVEIRA 2010) Nesse sentido para Paulino e Almeida (2010) a
reproduccedilatildeo do campesinato ldquodeve ser entendida a partir das diversas contradiccedilotildees
do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma contradiccedilatildeo e
natildeo de uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeordquo
No que diz respeito agrave produccedilatildeo de fumo para o paradigma camponecircs a
integraccedilatildeo agrave induacutestria fumageira significauma intervenccedilatildeo nos modos de produccedilatildeo
camponesa visando padroniza-los deixando o camponecircs com pouca autonomia para
determinar a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo
Para Fernandes (2008) o sistema de produccedilatildeo do agronegoacutecio eacute distinto do
sistema de produccedilatildeo da agricultura camponesa uma vez que o sistema agriacutecola
22
camponecircs tem por referecircncia a reproduccedilatildeo a biodiversidade e o trabalho familiar
natildeo objetivando o plantio de uma uacutenica cultura para o mercado como no modelo
agroexportador Poreacutem Fernandes (2008 p 166) afirma que como eacute o capital que
controla a tecnologia o conhecimento o mercado e as poliacuteticas agriacutecolas
subalterniza o camponecircs Ou seja para Fernandes o sistema agriacutecola camponecircs
natildeo eacute parte do agronegoacutecio
De acordo Paulino com (2012) os camponeses comparecem ao mundo do
trabalho como entidades familiares Dessa forma como eacute a famiacutelia que se prontifica
em produzir a mateacuteria prima para a induacutestria fumageira entatildeo natildeo se refere agrave venda
do trabalho camponecircs e sim da produccedilatildeo na qual estaacute contida o trabalho familiar o
qual exige um ritmo diferenciado
Roos (2015) salienta que no caso da produccedilatildeo fumageira realizada pelos
camponeses ldquoa racionalidade eacute movida pela necessidade de um espaccedilo que possa
servir a um conjunto de atividadesrdquonatildeo objetivando somente a valorizaccedilatildeo que os
galpotildees e as estufas de fumo possam gerar sobre a renda da terra
Nesse sentido as transformaccedilotildees no campo brasileiro relacionadas ao
processo de modernizaccedilatildeo da agricultura se assentam sobre uma estrutura
complexa compreendida pela integraccedilatildeo da agricultura e da induacutestria caracterizada
na maior parte por produzir produtos de exportaccedilatildeo como eacute o caso das induacutestrias
fumageiras aves e suiacutenos
Portanto para esse paradigma a conflitualidade eacute inerente ao processo de
formaccedilatildeo do capitalismo e do campesinato por causa da contradiccedilatildeo criada pela
destruiccedilatildeo criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo simultacircneas dessas relaccedilotildees sociais (FENANDES
2008) O camponecircs possui um sistema agriacutecola proacuteprio que natildeo faz parte do
agronegoacutecio e apresenta uma loacutegica de reproduccedilatildeo distinta todavia os camponeses
estatildeo subalternos agrave hegemonia daquele modelo de desenvolvimento econocircmico
(ROOS2015)
Roos (2015) ao analisar a obra de Chayanov2 afirma que o deslocamento de
membros da famiacutelia para outras atividades (venda de forccedila de trabalho) estaacute
assentado na satisfaccedilatildeo das necessidades e natildeo na maximizaccedilatildeo de lucros
2 CHAYANOV AV La organizaciacuteon de la unidad econoacutemica campesina Buenos Aries Nueva Visioacuten 1974
23
possiacuteveis (relaccedilotildees capitalistas) pois o principal objetivo das transaccedilotildees
econocircmicas camponesas eacute a reproduccedilatildeo do grupo social
Para Paulino (2003) a heterogeneidade no campo estaacute marcada por dois
tipos de propriedade privada de um lado a propriedade capitalista e de outro a
propriedade camponesa Na propriedade capitalista a terra eacute um objeto de negoacutecio
pelo fato de haver exploraccedilatildeo do trabalho alheio ao passo que a propriedade
camponesa constitui-se em terra de trabalho natildeo tendo como intuito a acumulaccedilatildeo
de capital e sim a sobrevivecircncia familiar Nesse sentido para a autora a dualidade
entre terra de negoacutecios e terra de trabalho se explica com base no caraacuteter
contraditoacuterio do desenvolvimento capitalista
Portanto o camponecircs ao incorporar elementos da loacutegica do agronegoacutecio
como ao plantar fumo e soja utilizando agrotoacutexicos adubos quiacutemicos entre outros
gastos relacionados ao plantio e colheita satildeo compreendidos no paradigma
camponecircs a partir do capital sujeitando e expropriando a renda camponesa e
consequentemente deixando o agricultor mais vulneraacutevel
12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR
No Brasil os estudos e debates sobre a categoria da agricultura familiar
ganharam forccedila a partir do fim da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990
quando essa categoria tem maior representatividade no cenaacuterio socioeconocircmico
brasileiro Inuacutemeros conceitos e caracterizaccedilotildees foram criados para tentar explicar
os indiviacuteduos pertencentes a esse grupo Nesse sentido para Anjos (2003) a
agricultura familiar brasileira se estrutura
ldquocomo uma nova categoria poliacutetica portadora de uma consideraacutevel fonte de legitimidade social que simultaneamente representa os interesses dos pequenos produtores rurais das famiacutelias assentadas dos arrendataacuterios dos agricultores familiares integrados aos complexos agroindustriais e de outros atores sociais do campo brasileirordquo (ANJOS 2003 p 245)
No decorrer da deacutecada de 1990 os estudos voltados para o universo da
agricultura familiare que se destacam na literatura estatildeo em Veiga (1991)
Abramovay (1992) Lamarche (1998) entre outros Esses estudos aleacutem de
trazerem um panorama geral sobre a agricultura familiar daqueles anos tambeacutem
mostraram que as formas familiares de agricultura natildeo eram e nem satildeo
24
homogecircneas poreacutem satildeo importantes para promover o desenvolvimento econocircmico
no Brasil
Abramovay (1992) foi o primeiro no Brasil que distinguiu campesinato de
agricultor familiar afirmando que o agricultor familiar eacute oriundo do camponecircs poreacutem
apresenta distintas formas de organizaccedilatildeo do trabalho tendo como pretensatildeo
inserir-se ao mercado Tambeacutem ao se referir agrave regiatildeo Sul do Brasil o autor afirma
queldquoos agricultores familiares integram-se plenamente a estruturas nacionais de
mercado transformam natildeo soacute sua base teacutecnica mas sobretudo o ciacuterculo social em
que se reproduzem e metamorfoseiam-se numa nova categoria social de
camponeses tornam-se agricultores profissionaisrdquo (ABRAMOVAY 1992 p 126-
127)
Abramovay (1992) Veiga (1991) e Lamarche (1998) entendem que a
agricultura familiar eacute uma categoria que manteacutem a loacutegica familiar de produccedilatildeo
poreacutem estaacute ligada agrave loacutegica capitalista de integraccedilatildeo aos mercados Nesse sentidoo
autor da corrente marxista Claus Germer (1996) alerta para o problema de
conceituar a agricultura familiar em oposiccedilatildeo agrave agricultura patronal o qual favorece
sem sentido a noccedilatildeo de embate entre esses modos de produccedilatildeo
Pensadores da corrente teoacuterica que discutem a agricultura familiar como por
exemplo Valente (2008) Diniz Filho (2011) e Navarro (2014) entre outros natildeo
costumam fazer uma oposiccedilatildeo radical entre a agricultura familiar e o agronegoacutecio
tal como se observa no paradigma camponecircs pelo fato que de alguma forma os
agricultores familiares fazem parte do agronegoacutecio Nesse sentido apontam que a
agricultura familiar brasileira eacute heterogecircnea e necessita ser trabalhada com
tipologias como por exemplo nos estudos organizados por Lamarche (1998) e pela
caracterizaccedilatildeo da agricultura familiar por grupos A B C e D realizados a partir do
estudo ldquoNovo retrato da agricultura familiar brasileira (2000)rdquo Esses estudos
mostram que existem muitas formas de agricultores familiares que se aproximam
bastante do padratildeo do agronegoacutecio Portanto para esse paradigma natildeo haacute
incompatibilidade ou conflitos radicais dos agricultores familiares em relaccedilatildeo ao
capital visto que estatildeo inseridos no mercado
Lamarche (1998) identificou quatro modelos aproximados para distinguir os
tipos de agricultores familiares a partir do tipo e grau de dependecircncia financeira de
mercado e da tecnologia para produccedilatildeo Os quatro modelos consistem em Modelo
empresa caracteriza as unidades produtivas que possuem grande dependecircncia
25
tecnoloacutegica financeira e comercial dependente de matildeo de obra assalariada
(temporaacuteria ou permanente) natildeo possuindo grande apego agrave propriedade (terra)
Modelo empresa familiar satildeo dependentes dos sistemas tecnoloacutegicos financeiros e
de mercado a matildeo de obra eacute familiar tendo por objetivo a reproduccedilatildeo familiar a
partir da terra Modelo agricultura camponesa e de subsistecircncia eacute caracterizada
pelo grande envolvimento da famiacutelia na unidade produtiva pouco dependente de
tecnologias e mercados externos visando satisfazer as necessidades familiares
com pouca produccedilatildeo para comercializar aleacutem de preservarem os patrimocircnios com
intuito de sobrevivecircncia da famiacutelia E por fim o modelo agricultura moderna que eacute
um modelo de agricultura competitiva que estaacute em constante diminuiccedilatildeo das
relaccedilotildees familiares de produccedilatildeo buscando autonomia teacutecnica financeira e de
mercado
Tambeacutem no sentido de entender as caracteriacutesticas do puacuteblico que fazia parte
do rural brasileiro o estudo realizado pela FAOINCRA no ano de 1994 separou os
agricultores entre familiares e patronais sendo que o grupo dos familiares ganhou
outras trecircs subdivisotildees Agricultores Familiares Consolidados que remete aos
agricultores familiares jaacute integrados ao mercado Agricultores familiares em
transiccedilatildeo ou seja aqueles em processo de integraccedilatildeo aos mercados e Agricultores
Familiares Perifeacutericos caracteriacutesticos daqueles com poucas possibilidades de
integraccedilatildeo aos mercados Poreacutem conforme Bittencourt e Peraci (2010) esse
agrupamento da categoria familiar foi utilizado soacute ateacute 1999 quando ganhou outra
classificaccedilatildeo agora a partir de quatro subdivisotildees dos grupos familiares A B C e D
A tipificaccedilatildeo das unidades familiares em quatro grupos eacute produto do estudo
realizado com base nos dados do Censo Agropecuaacuterio de 1996 e coordenado por
Carlos Enrique Guanziroli (FAO) e Silvia Elizabeth Cardin (INCRA) no ano de 2000
intitulado ldquoO novo retrato da agricultura familiar O Brasil redescobertordquoque
objetivou fazer uma nova tipificaccedilatildeo das unidades familiares localizadas no territoacuterio
brasileiro Esse agrupamento foi definido pela Resoluccedilatildeo 2629 de agosto de 1999
a qual foi adotada para que as regras de financiamento fossem mais adequadas agrave
realidade de cada segmento social (Schneider Czala Matei 2004 p 26)
Da mesma forma que os estudos feitos por Lamarche (1998) os resultados
dos trabalhos realizados pela FAOINCRA afirmam que a agricultura brasileira
apresenta uma grande diversidade em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo dos produtores agrave aptidatildeo
da terra agrave disponibilidade de infraestrutura etc natildeo apenas entre as regiotildees mas
26
tambeacutem dentro de cada regiatildeo (Guanziroli Cardin 2000) Esses autores insistem
na importacircncia de aprofundar o conhecimento dessas realidades do espaccedilo rural
com o intuito de incorporar de forma efetiva esses conhecimentos ao planejamento
de poliacuteticas puacuteblicas
Como o presente estudo objetiva a identificaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo dos
produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis atraveacutes da tipologia dos grupos
familiares eacute fundamental detalhar as caracteriacutesticas de cada grupo3 Agricultores
Familiares tipo A considerados como os mais capitalizados e muito integrados ao
mercado Agricultores Familiares tipo B que estatildeo em vias de capitalizaccedilatildeo e
integrados ao mercado Agricultores Familiares tipo C que se apresentam em vias
de descapitalizaccedilatildeo e pouco integrados aos mercados e os Agricultores Familiares
tipo D sendo compreendidos como descapitalizados
Essas delimitaccedilotildees estabelecidas entre a agricultura familiar e a patronal
como tambeacutem na diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os proacuteprios agricultores
familiares proporcionou a identificaccedilatildeo dos distintos graus de desenvolvimento e
das distintas loacutegicas adotadas para a reproduccedilatildeo familiar
Para esse paradigma o agricultor familiar natildeo eacute um camponecircs mas sim um
empresaacuterio capitalista de pequeno porte inserido no mercado e que busca
maximizar a sua produccedilatildeo mas como eacute de pequeno porte ainda natildeo se
desvinculou totalmente do processo produtivo necessitando da matildeo de obra familiar
para o desenvolvimento das atividades a qual eacute caracteriacutestica das unidades
familiares No caso da produccedilatildeo de fumo conforme se veraacute com detalhes adiante o
pequeno capitalista estaacute presente em todo o processo desde o plantio ateacute a venda
da produccedilatildeo
Schneider (2006) menciona a falta de compreensatildeo dos modos familiares e
sua inserccedilatildeo nos mercados capitalistas uma vez que se deixam enredar no debate
sobre um suposto dualismo entre o agronegoacutecio e agricultura familiar como se os
3Considera-se que a tipologia elaborada pela FAOINCRA (2000) busca estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares dando-se em funccedilatildeo do custo de oportunidade do trabalho dado esse obtido atraveacutes do valor da diaacuteria regional mais 20 Tambeacutem o universo familiar foi delimitado atraveacutes das variaacuteveis em que a direccedilatildeo dos trabalhos do estabelecimento era exercida pelo produtor o trabalho familiar era superior ao trabalho contratado e por fim a aacuterea regional que varia de 4 ateacute 15 moacutedulos fiscais
27
envolvidos natildeo estivessem interessados em um mesmo processo ou seja da
produccedilatildeo e do consumo Nessa mesma linha de pensamento Veiga (2004) afirma
que ldquoo agronegoacutecio no Brasil natildeo eacute soacute uma atividade de grandes produtores e que
natildeo haacute oposiccedilatildeo com agricultura familiarrdquo uma vez que a agricultura familiar
sustenta um dos ramos mais bem sucedidos do agronegoacutecio como as cadeias
produtivas de exportaccedilatildeo de frango suiacutenos e tambeacutem com grande expressividade
a cadeia do fumo
O agronegoacutecio eacute composto fundamentalmente por agricultores familiares Eles conseguiram se firmar em setores extremamente modernos como a produccedilatildeo de aves suiacutenos fumo produtos esses ligados a mercados internacionais (ABRAMOVAY 2003 p 7)
De acordo com Valente (2008) vem sendo estabelecido o consenso de que
as atividades desenvolvidas ao longo da cadeia produtiva tanto patronais quanto
familiares satildeo complementares Nessa perspectiva menciona que faz-se necessaacuterio
um estudo do que aproxima e do que afasta aqueles que se inserem no agronegoacutecio
para assim ser possiacutevel pleitear distintas poliacuteticas agriacutecolas de acordo com os
interesses de casa categoria
Enquanto Fernandes (2001)Paulino (2003)Oliveira (2004) e Roos (2015)
defendem a oposiccedilatildeo do agronegoacutecio agrave agricultura familiar devido agraves
conflitualidades entre as classesSchneider (2006) Navarro (2007 2014) Valente
(2008) Diniz Filho (2011) e Jank (2006) consideram falso esse dualismo entre a
agricultura familiar e o agronegoacutecio uma vez que os agricultores buscam maximizar
seus lucros Nesse sentido afirma Jank (2006) que
O Brasil tem sido proacutedigo em produzir falsas dicotomias como a ideia do agronegoacutecio contra a pequena agricultura a agricultura patronal contra a agricultura familiar ou grandes produtores contra os sem-terra [] caso uacutenico no mundo o Brasil tem dois ministeacuterios da agricultura vivendo uma guerra surda por atenccedilatildeo e recursos um cuidando de mecanismos tradicionais de poliacuteticas agriacutecolas e o outro da reforma agraacuteria e da agricultura familiar (JANK 2006 P a2)
13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS
28
O estudo do territoacuterio vem sendo constituiacutedo em uma tradiccedilatildeo do pensamento
geograacutefico nos uacuteltimos 100 anos (VALVERDE 2004) Instintivamente o seu conceito
remota agrave ideia de lugar espaccedilo de residecircncia ou local onde se desenrolaratildeo as
muacuteltiplas relaccedilotildees entre os agentes sejam sociais ou econocircmicos (MARIANI
ARRUDA 2010)
Nesse ponto de vista Fernandes (2008) cita que a globalizaccedilatildeo e a hegemonia
das poliacuteticas neoliberais provocaram a emergecircncia do conceito de territoacuterio em duas
direccedilotildees De um lado os estudos sobre territoacuterios feitos agrave luz do paradigma
camponecircs e de outro o estudo de territoacuterio a partir do paradigma da agricultura
familiar O territoacuterio para o paradigma camponecircs eacute explicado a partir da criacutetica aos
modelos de produccedilatildeo capitalista sendo que as anaacutelises satildeo feitas sob a oacutetica de
territoacuterio multidimensional entendido a partir das conflitualidades e contradiccedilotildees
entre as classes sociais
Jaacute o paradigma da agricultura familiar ao analisar o territoacuterio natildeo utiliza os
procedimentos para estudar as conflitualidades e sim trabalha com o objetivo de
classificar as desigualdades sociais Nesse sentido o tema de estudo predominante
nesse paradigma eacute a reproduccedilatildeo das relaccedilotildees capitalistas ou seja a forma como os
agricultores buscam se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo sem que haja
uma conflitualidade entre classes ou territoacuterios No caso dos conflitos existentes no
campo para o paradigma da agricultura familiar deve-se trabalhar a partir do grau
que esses conflitos acontecem natildeo generalizando a partir de casos radicais de
conflitos entre os distintos territoacuterios No caso da fumicultura pode-se dizer que natildeo
satildeo identificados conflitos tatildeo radicais ao passo que na produccedilatildeo de subsistecircncia
esse acontecimento pode acontecer de forma diferenciada
Diversos satildeo os acontecimentos e agentes responsaacuteveis por instituir funccedilatildeo e
particularidades aos espaccedilos Como exemplos desses acontecimentos podem ser
citadas ldquoas atividades econocircmicas os empreendimentos das
multinacionaistransnacionais comunidades tiacutepicas como tambeacutem do poder puacuteblicordquo
(MARIANI ARRUDA 2010) os quais satildeo responsaacuteveis pela construccedilatildeo de
territoacuterios Haesbaert (2007) destaca a existecircncia de territoacuterios funcionais desde que
o territoacuterio apresente um papel de receptaacuteculos de atividades econocircmicas
possuindo muacuteltiplas funccedilotildees conforme seu interesse em atuar naquele territoacuterio
29
Fernandes (2008) adepto do paradigma camponecircs ao trabalhar os diferentes
territoacuterios destaca a importacircncia de analisar o territoacuterio atraveacutes da
multidimensionalidadeconflitualidade que satildeo concebidas atraveacutes de um conjunto
de conflitos inscritos nas relaccedilotildees indissociaacuteveis entre desenvolvimento e disputas
territoriais Para o autor a definiccedilatildeo de territoacuterio estaacute relacionada agrave existecircncia de
poder entre classes ao passo que a conflitualidade existe devido agraves disputas
territoriais entre o capital e o campesinato ou seja de distintos territoacuterios e
funcionalidades
Oliveira (2001) aponta que devido agraves forccedilas produtivas capitalistas ocorrerem
de maneira desigual e contraditoacuteria no territoacuterio em algumas circunstacircncias eacute mais
conveniente para o capital monopolizar o territoacuterio ao inveacutes de se territorializar ou
seja neste caso para o paradigma camponecircs o capital natildeo expropria o camponecircs
fumicultor poreacutem subordina esse agente social ao ditar as regras de produccedilatildeo como
tipos de sementes insumos quiacutemicos teacutecnicas de produccedilatildeo entre outros elementos
que estatildeo relacionados agrave produccedilatildeo Trata-se da territorializaccedilatildeo do capital
monopolista (OLIVEIRA 2001) o qual monopoliza a circulaccedilatildeo e domina os meios
de produccedilatildeo e a terra (ROOS 2015)
Nesse sentido no territoacuterio a accedilatildeo das empresas transnacionais como por
exemplo a Souza Cruz configuram o processo chamado por Oliveira (2005) e Roos
(2015) de ldquomonopolizaccedilatildeo do territoacuteriordquo uma vez que a empresa se instala em aacutereas
estrateacutegicas monopoliza o territoacuterio e firma acordos com os produtores familiares e
natildeo familiares que produzem fumo sendo entendidos entatildeo a partir da sujeiccedilatildeo da
renda da terra ao capital onde o produtor atraveacutes da integraccedilatildeo tem pouco poder
nas negociaccedilotildees
Para Fernandes (2008) a existecircncia de distintos territoacuterios entre o campesinato
e o agronegoacutecio eacute dada a partir das formas de organizaccedilatildeo espacial e de paisagens
geograacuteficas sendo o territoacuterio do agronegoacutecio caracterizado pela monocultura
desertificaccedilatildeo populacional produtivismo para exportaccedilatildeo grande escala e
homogeneidade ao passo que o territoacuterio camponecircs eacute representado pela
heterogeneidade da paisagem frequente povoamento policultura e produccedilatildeo
diversificada Por fim o territoacuterio monopolizado pelo agronegoacutecio se distingue pela
homogeneidade da paisagem geograacutefica e pela subalternidade e controle
tecnoloacutegico das commodities que se utilizam dos territoacuterios camponeses
30
(FERNANDES 2008) Portanto para os seguidores desse paradigma o capital
forma os seus territoacuterios atraveacutes da expansatildeo e controle de aacutereas em todas as
regiotildees subalternizando o camponecircs atraveacutes da integraccedilatildeo Sobre a monopolizaccedilatildeo
do territoacuterio Fernandes (2008) destaca que
Quando o tempo de trabalho eacute maior do que o de produccedilatildeo o capital age atraveacutes da monopolizaccedilatildeo do territoacuterio e da sujeiccedilatildeo da renda da terra Neste caso o campo continua povoado por camponeses ou pequenos ou meacutedios capitalistas que passam a produzir de acordo com o que lhes diz a induacutestria Eacute o caso por exemplo da laranja do fumo a avicultura e da suinocultura entre outros (FERNANDES 2008 p 196)
As anaacutelises voltadas ao paradigma camponecircs e que tratam dos assuntos
relacionados agrave produccedilatildeo de fumo como por exemplo o trabalho de Roos (2015)
afirmam que a subalternidade camponesa estaacute expressa na sujeiccedilatildeo da renda e na
monopolizaccedilatildeo do territoacuterioterritorialidade pelo capital uma vez que a
monopolizaccedilatildeo do territoacuterio pelo capital eacute entendida como territorialidade capitalista
no territoacuterio camponecircs Nesse sentido Roos (2015) compreende territorialidade
como o uso do territoacuterio ponderando que este eacute exclusivamente produzido por uma
relaccedilatildeo social que somente pode ser realizada pelo sujeito onde a territorialidade
pode ser camponesa ou capitalista
Nesse ponto de vista em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de fumo nas unidades
familiares o paradigma camponecircs compreende que as relaccedilotildees capitalistas
subordinam as relaccedilotildees camponesas e consequentemente o seu territoacuterio pelo fato
das bases teacutecnicas de produccedilatildeo estarem determinadas pelas multinacionais como
por exemplo atraveacutes dos contratos de compra de fumo de empresas com a Souza
Cruz
O territoacuterio eacute instituiacutedo por sujeitos e grupos sociais que se afirmam por meio dele Assim haacute sempre territoacuterio e territorialidade ou seja processos sociais de territorializaccedilatildeo Num mesmo territoacuterio haacute sempre muacuteltiplas territorialidades (PORTO-GONCcedilALVES 2006)
Roos (2015) destaca que mesmo onde as empresas fumageiras determinam
o padratildeo tecnoloacutegico (infraestrutura tipos de sementes insumos utilizados formas
de semeadura etc) natildeo tiram dos camponeses a autonomia sobre o seu trabalho o
tempo e as decisotildees Assim o autor afirma que o territoacuterio continua sendo de
domiacutenio dos camponeses poreacutem o capital exerce sua territorialidade subordinando a
renda camponesa na medida em que se incorporam agrave loacutegica capitalista
31
A territorialidade deriva de territoacuterio como produto das muacuteltiplas relaccedilotildees de
poder presentes e que estatildeo intrinsicamente relacionadas aos modelos de produccedilatildeo
podendo como destacado por Porto-Gonccedilalves (2006) e Fernandes (2008) coexistir
vaacuterias territorialidades em um mesmo territoacuterio
As territorialidades expressam as relaccedilotildees de poder que determinam as
configuraccedilotildees territoriais Elas contribuem para a identificaccedilatildeo de quem domina e de
quem eacute o dominado nos territoacuterios As territorialidades tambeacutem estatildeo expressas nas
paisagens de modo que seus componentes revelam as relaccedilotildees sociais poliacuteticas e
econocircmicas (FERNANDES 2010)
Fernandes (2008 2009) acrescenta que a disputa territorial entre o
campesinato e o agronegoacutecio pode acontecer por duas formas distintas pela
desterritorializaccedilatildeo e pelo controle das territorialidades por possuiacuterem relaccedilotildees
sociais distintas e modelos divergentes de produccedilatildeo os quais resultam em conflitos
Portanto ainda no que diz respeito ao paradigma camponecircs Paulino e
Almeida (2010) defendem a ideia de que embora o campesinato seja uma relaccedilatildeo
natildeo capitalista ldquosua reproduccedilatildeo deve ser entendida a partir das diversas
contradiccedilotildees do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma
contradiccedilatildeo e natildeo de uma articulaccedilatildeo de modos de produccedilatildeordquo Jaacute no paradigma da
agricultura familiar a inserccedilatildeo do agricultor nos mercados capitalistas natildeo eacute
compreendida pela conflitualidade entre territoacuterio camponecircs e do agronegoacutecio
sendo que ambos buscam maximizaccedilatildeo de sua produccedilatildeo
A partir do exposto eacute possiacutevel entender que os estudos feitos agrave luz do
paradigma da agricultura camponesa e que tratam de temas relacionados agrave
produccedilatildeo de fumo no Sul do Brasil afirmam a existecircncia de conflitos muitas vezes
ldquoveladosrdquo entre o territoacuterio dos fumicultores e a territorialidade corporativa das
empresas fumageiras
32
CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de
fumo Por esse fato o presente capiacutetulo tem como objetivo salientar os fatores que
proporcionaram ao paiacutes se tornar referecircncia nesse setor uma vez que a fumicultura
eacute desenvolvidaem sua maioriapela agricultura familiar (AFUBRA 2015) De
maneira cronoloacutegica realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica da origem do fumo e
sua consequente inserccedilatildeo em uma produccedilatildeo de escala comercial analisando o
cultivo o mercado e outros aspectos sejam das esferas produtiva social e
econocircmica visto que esses elementos satildeo fundamentais para entender os motivos
pelos quais contribuiacuteram para a inserccedilatildeo dessa produccedilatildeo no municiacutepio de
PrudentoacutepolisPR que seraacute tratado com mais detalhes no capiacutetulo III Tambeacutem pelo
fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo
de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral
dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura
familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo
do agronegoacutecio
21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
A partir do iniacutecio da deacutecada de 1990 o Brasil vem ocupando uma posiccedilatildeo de
destaque no mercado mundial do fumo pelo volume produzido e pela qualidade que
o produto possui
Ao analisar as origens4 dessa cultura as respostas satildeo um pouco distintas pois
existem possiacuteveis afirmaccedilotildees de que o fumo era consumido desde o seacuteculo IX no
continente Asiaacutetico Todavia Frozza (1998) afirma que o cultivo e uso das folhas
datam de mais de quatro mil anos e que ocorreram nas regiotildees da Ameacuterica do Norte
e Central onde hoje se situam o Meacutexico e a Guatemala Ainda de acordo com esse
autor satildeo os povos Maias que teriam iniciado o plantio dessa cultura
4 O tabaco tambeacutem chamado de fumo eacute uma erva do gecircnero das plantas solanaacuteceas cujas folhas depois de preparadas servem mais comumente para fumar cheirar ou mascar (SILVA 2012)
33
Nardi (1985) e Saffrin (1995) afirmam que o fumo tem suas origens nos vales
orientais dos Andes bolivianos e que chegou ao territoacuterio brasileiro atraveacutes das
migraccedilotildees dos iacutendios principalmente os iacutendios Tupi-Guarani Convergindo com
Nardi e Saffrin Souza Cruz (2011) afirma que o fumo eacute uma planta originaacuteria dos
Andes e que acompanhou as migraccedilotildees dos iacutendios por toda a Ameacuterica Central ateacute
chegar ao territoacuterio brasileiro
Os colonizadores portugueses atraveacutes dos povos indiacutegenas introduziram o haacutebito
do consumo de fumo (BOEIRA 2002) tendo acesso ao produto atraveacutes do
escambo Dessa forma satildeo criadas as primeiras legislaccedilotildees para regulamentar a
atividade fumageira como a Junta de Administraccedilatildeo do Tabaco de 1674 a qual
servia para orientar o comeacutercio das especiarias em Portugal e suas colocircnias e
institucionalizou o monopoacutelio portuguecircs sobre o produto Nesse contexto o tipo de
fumo produzido era o escuro de corda sendo que o mesmo era usado para fabricar
o rapeacute o cigarro e charutos (SILVA 2002)
No iniacutecio do seacuteculo XIX a produccedilatildeo em escala comercial ocupou aacutereas reduzidas e
concentradas entre o litoral dos atuais estados da Bahia (Recocircncavo Baiano) e
Recife proporcionando o abastecimento do mercado europeu Os fatores que
contribuiacuteram para a produccedilatildeo do fumo foram agrave existecircncia de matildeo de obra familiar e o
desejo de desenvolver a regiatildeo Para Silva (2002) a cultura do fumo ao contraacuterio da
cana-de-accediluacutecar que era plantada somente nos latifuacutendios foi e ainda eacute
desenvolvida pela sua maioria em pequenas propriedades
A produccedilatildeo se expandiu para os estados de Minas Gerais Goiaacutes Satildeo Paulo
e sobretudo para a regiatildeo Sul do Brasil regiatildeo essa colonizada por imigrantes
europeus que se dedicaram a atividade como eacute o caso do municiacutepio de
Prudentoacutepolis no Paranaacute
O fumo ldquoproduto antes principalmente destinado ao escambo de escravos na segunda metade do seacuteculo passou a encontrar mercado crescente na Europa A quantidade exportada aumentou 361 por cento entre os anos de quarenta e noventa e os preccedilos meacutedios subiram 41 por centordquo(FURTADO p47 1984apud Silva 2002 p 38)
De acordo com Silva (2002) na regiatildeo Sul do Brasilas primeiras plantaccedilotildees
de fumo iniciaram-se em 1824 na colocircnia de Satildeo LeopoldoRS a mesma colonizada
por imigrantes alematildees e em 1850 na colocircnia Santa CruzRS Nessa regiatildeo foram
34
cultivadas variedades de fumos claros como o chinecircs (conhecido atualmente como
amarelinho) e mais tarde o Virgiacutenia devido agrave melhor aceitaccedilatildeo no mercado externo
sendo usado para a fabricaccedilatildeo de cigarros
Como destaca Spies (2000) o principal fator para os imigrantes se dedicarem a
atividade fumageira foram as precaacuterias condiccedilotildees econocircmicas em que se
encontravam pois produziam somente os alimentos para sua subsistecircncia e o
excedente natildeo era suficiente para provecirc-los Dessa forma viram na produccedilatildeo de
fumo uma alternativa para a melhora da situaccedilatildeo financeira familiar Outras
caracteriacutesticas que devem ser levadas em consideraccedilatildeo uma vez que contribuiacuteram
para que os imigrantes se dedicassem a produccedilatildeo de fumo satildeo a estrutura fundiaacuteria
baseada em pequenos lotes de terras e a disponibilidade de matildeo de obra da proacutepria
famiacutelia
Conforme Souza Cruz (2011) outro marco relevante no setor fumageiro foi agrave
criaccedilatildeo da empresa Souza Cruz pelo imigrante portuguecircs Albino Souza Cruz no ano
de 1903 no estado do Rio de Janeiro colocando em funcionamento a primeira
maacutequina do Brasil a produzir cigarros jaacute enrolados em papel Poreacutem com a
necessidade de investir no ramo para acelerar o ritmo de crescimento em
1914Albino Souza Cruz transformou a companhia em uma sociedade anocircnima
passando o controle acionaacuterio ao grupo British American Tabacco (BAT) fato que
permitiu o crescimento da Souza Cruz (SOUZA CRUZ 2015)
A expansatildeo da produccedilatildeo de fumo ocasionou algumas fusotildees entre empresas
do setor Vogt (1994) menciona que os anos entre 1917 e 1993 satildeo caracterizados
por aglutinaccedilotildees e fusotildees das empresas de comeacutercio e beneficiamento do tabaco A
entrada do capital internacional acarretou mudanccedilas na dinacircmica econocircmica da
regiatildeo
Na cidade de Santa CruzRS encontra-se o maior polo fumicultor do Brasil e
conforme AFUBRA (2001) um fato marcante na mudanccedila da dinacircmica econocircmica
desse muniacutecipio e regiatildeo se deu em 1917 com a iniciativa da BAT de instalar a
primeira usina de processamento de fumo no paiacutes com o nome de ldquoThe Brazilian
Tabacco Corporationrdquo Sua razatildeo social foi alterada no ano de 1920 para Companhia
Brasileira de Fumo em Folha (CBFF) e finalmente em 1955 alterada para
Companhia de Cigarros Souza Cruz ndash Induacutestria e Comeacutercio (SILVA 2002) A
35
companhia foi fundamental para que o Brasil alcancasse ainda mais os mercados
mundiais atraveacutes de algumas melhorias proporcionadas por ela
Vogt (1994) destaca que a partir de 1924 a companhia de capital internacional
comeccedilou a investir e incentivar os fumicultores a utilizarem insumos quiacutemicos para
obter uma melhor produtividade e qualidade do fumo o que se refletia no mercado
de cigarros que cada vez ficava mais exigente O melhoramento geneacutetico das
sementes foi outro condicionante para que se obtivesse um aumento da
produtividade e qualidade do fumo
De acordo com Vogt (1994) o mercado fumageiro brasileiro teve uma boa
elevaccedilatildeo nas exportaccedilotildees com o fim da segunda Guerra Mundial jaacute que os paiacuteses
que ateacute entatildeo eram grandes produtores de cigarros se encontravam desorganizados
pelos conflitos poliacuteticos e econocircmicos Outro fator que contribuiu para a maior
demanda do fumo brasileiro foi uma grande estiagem que afetou os paiacuteses
produtores de fumo na safra de 19441945 ocasionando dessa forma um aumento
nos preccedilos pagos pelos mercados internacionais entre os anos de 1944 e 1946
estimulando assim o aumento da produccedilatildeo brasileira devido aos grandes ganhos
obtidos no mercado externo
Contudo houve um aumento da produccedilatildeo sem o proporcional aumento da
qualidade do fumo causando certa preocupaccedilatildeo na balanccedila comercial Para piorar a
situaccedilatildeo no final da deacutecada de 1940 Franccedila Espanha Beacutelgica Holanda e
Dinamarca que eram os principais importadores do tabaco brasileiro foram
contemplados com o Plano Marshall e passaram a adquirir o fumo norte-americano
jaacute que possuiacutea uma qualidade melhor ldquoDesse modo o Brasil natildeo estava conseguido
uma boa representatividade no mercado externordquo (VOGT p 102 1994)
Ao encontro das discussotildees de Vogt Seffrin (1995) afirma que os fumicultores
foram os principais prejudicados com essa superproduccedilatildeo ocorrida na deacutecada de
1950 os quais entregavam a produccedilatildeo a preccedilos piacutefios de maneira a natildeo incorrer em
prejuiacutezos ainda maiores Como por exemplo quando a entatildeo Companhia Brasileira
de Fumos em Folha que atualmente tem o nome de Souza Cruz abriu um comeacutercio
de compra livre de fumos escuros os quais tinham um valor de mercado bem abaixo
da meacutedia e os fumicultores da regiatildeo Sul do Brasil sem outras saiacutedas de mercado
acabaram vendendo o fumo claro (de valor maior) por preccedilo de fumos escuros
36
Com a queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo no cenaacuterio mundial a
quantidade da produccedilatildeo do fumo era limitada e a produccedilatildeo fumageira das deacutecadas
de 1950 e 1960 (tabela 1) era destinada na sua maioria para o mercado nacional
A elevaccedilatildeo desorganizada da produccedilatildeo fumageira gerou na regiatildeo nos anos de 50 e 60 grandes estoques de excedentes natildeo comercializaacuteveis O fumo abarrotava os armazeacutens das firmas e das cooperativas natildeo tendo o colono como despachar o seu cultivo (VOGT 1994)
Portanto a produccedilatildeo de fumo no Brasil eacute mais expressiva a partir da segunda
metade do seacuteculo XX sobretudo no poacutes-guerra quando a ampliaccedilatildeo das aacutereas de
produccedilatildeo veio associada ao aumento da qualidade e produtividade das lavouras
como tambeacutem da produccedilatildeo industrial dos cigarros
ANO PRODUCcedilAO T EXPORTACcedilAO T
1961 60408 10919 1963 82851 14522 1965 91159 14008 1967 112234 9289 1969 99804 13778 1971 97206 18556 1973 82030 20248 1975 97722 41277
QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA
Fonte VOGT 1994
Como pode ser visto as melhoras nas exportaccedilotildees comeccedilam somente na deacutecada de
1970 A deacutecada de 1960 foi marcada por poucas vendas para o mercado externo
natildeo chegando a exportar 15 da produccedilatildeo total Conforme Sefrin (1995) devido a
essa queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo para o exterior na deacutecada de
1960 os fumicultores encontravam-se em condiccedilotildees econocircmicas peacutessimas pois
aleacutem de ser um trabalho aacuterduo os lucros eram iacutenfimos natildeo conseguindo muitas
vezes fazer o pagamento do financiamento da produccedilatildeo aleacutem das safras serem
afetadas pelas intempeacuteries climaacuteticas encontrando-se cada vez mais
desamparados Como aponta Safrin (1995) os pagamentos muitas vezes eram feitos
no ano seguinte da venda e com preccedilos ainda reduzidos
Para que a produccedilatildeo brasileira do fumo pudesse voltar ao cenaacuterio internacional era
indispensaacutevel um salto qualitativo na produccedilatildeo do fumo fato que exigiria a injeccedilatildeo
de grande quantidade de capital na produccedilatildeo Conforme Vogt (1994) os
37
investimentos necessaacuterios para a melhoria da qualidade estavam relacionados agrave
aquisiccedilatildeo de sementes adubos pesticidas instrumentos agriacutecolas construccedilatildeo de
estufas bem como a assistecircncia teacutecnica constantemente presente na propriedade
do colono e a garantia da compra integral da produccedilatildeo sendo mais um fator que
impulsionou a Souza Cruz a investir nessa regiatildeo
De acordo com Silva (2002) para corroborar na soluccedilatildeo dos problemas
econocircmicos dos fumicultores surgiram movimentos de uniatildeo dos interesses dos
mesmos o que resultou na sugestatildeo para a criaccedilatildeo de uma associaccedilatildeo formal dos
fumicultores Sendo assim no dia 21 de marccedilo de 1955 na cidade de Santa Cruz do
SulRS foi criada a Associaccedilatildeo dos Plantadores de Fumo em Folha do Rio Grande
do Sul a qual em 1963 mudou sua razatildeo social para Associaccedilatildeo dos Fumicultores
do Brasil (AFUBRA) passando a abranger tambeacutem os estados de Santa Catarina e
Paranaacute (AFUBRA 2014) Dessa forma a entidade foi criada devido a dois fatores
principais a instabilidade do mercado e dos preccedilos do tabaco e a inexistecircncia de
auxiacutelio econocircmico contra danos por granizo nas lavouras
Com a injeccedilatildeo de capital para a melhoria na produccedilatildeo do fumo e com a
criaccedilatildeo da AFUBRA os fumicultores encontravam-se mais confiantes pelo fato de
estarem obtendo melhores rendimentos Apesar desse desequiliacutebrio nas
exportaccedilotildees pelo qual o mercado fumageiro passou nas deacutecadas de 1950 e 1960
Spies (2000) destaca que a induacutestria do fumo jaacute era a mais importante da regiatildeo de
Santa Cruz no Rio Grande do Sul entre os anos de 1952 e 1965 pois no ano de
1924 os produtos de subsistecircncia representavam 70 da produccedilatildeo e na deacutecada de
1950 esse valor caiu para 413 do total da produccedilatildeo agriacutecola regional
Conforme destaca Vogt (1994) o final da deacutecada de 1960 e com maior
intensidade nas deacutecadas de 1970 e 1980 a fumicultura brasileira volta a ter um
aumento significativo em termos de aacuterea produzida e exportaccedilatildeo da produccedilatildeo devido
principalmente agrave abertura do mercado internacional para os fumos brasileiros mas
tambeacutem agrave adoccedilatildeo de poliacuteticas favoraacuteveis agrave instalaccedilatildeo de agroinduacutestrias no paiacutes
resultando na consolidaccedilatildeo dos complexos agroindustriais
Na deacutecada de 1970 e 1980 era notaacutevel o progresso do setor fumageiro na
regiatildeo Sul do Brasil Esse fato refletiu nas exportaccedilotildees pois a quantidade do fumo
em folha exportado pelo Brasil daacute um salto de 55 mil toneladas exportadas no ano
38
de 1965 para 170 mil toneladas no ano de 1985 dando assim a configuraccedilatildeo da
atual estrutura fumageira do Brasil
Com a consolidaccedilatildeo do Complexo Agroindustrial Brasileiro ou seja da
integraccedilatildeo entre a agricultura e a induacutestria o setor fumageiro ganhou grande
impulso e os estados de Santa Catarina e Paranaacute tambeacutem receberam consideraacuteveis
incentivos para se especializar na produccedilatildeo Foi nesse periacuteodo que a produccedilatildeo em
maior escala atingiu o municiacutepio de PrudentoacutepolisPR e um nuacutemero maior de famiacutelias
aderiu a esse cultivo
Durante a deacutecada de 70 consolidou-se a atual estrutura fumageira existente no Brasil meridional [] ao mesmo tempo os cultivos nos estados de Santa Catarina e Paranaacute foram intensificados pelas corporaccedilotildees que introduziram o tabaco em novas aacutereas para responder a demanda internacional (VOGT 1994)
Dessa forma a proliferaccedilatildeo das lavouras de fumo acontece
concomitantemente nos trecircs estados da regiatildeo Sul do Brasil e estes se destacam
pela qualidade do fumo que produzem Silva (2002) aponta que a chegada de outras
empresas multinacionais com intenccedilatildeo de expandir-se impulsionou o processo de
organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do fumo incentivando a especializaccedilatildeo dos envolvidos nas
atividades
Em Santa Catarina e no Paranaacute o cultivo de fumo de estufa de caraacuteter
comercial daacute-se a partir da empresa Souza Cruz a partir da deacutecada de 1960 a qual
oferecia o sistema integrado de produccedilatildeo Ou seja os fumicultores plantariam o
fumo a Souza Cruz entraria com o financiamento da produccedilatildeo (fornecimento da
estufa de insumos e assistecircncia teacutecnica) e no final da safra o fumicultor fazia o
pagamento para a empresa com sua proacutepria produccedilatildeo No Paranaacute a Souza Cruz
inseriu primeiramente a produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Irati (principal polo
fumageiro do Paranaacute onde se localiza o municiacutepio de Prudentoacutepolis)
A partir da deacutecada de 1980 a produccedilatildeo vem aumentando Vogt (1994) expotildee
que a regiatildeo Sul do paiacutes aumentou sua produccedilatildeo em aproximadamente 60 entre
as safras de 198788 e 19921993 dando um salto de 350 mil para 560 mil
toneladas
39
TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL
SAFRA AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS
KG ha R$Kg
1995 200830 348000 132680 1733 155
2000 257660 359040 134850 2092 200
2005 439220 842990 198040 1919 433
2006 417420 769660 193310 1844 415
2007 360910 758660 182650 2102 425
2008 348720 713870 180520 2047 541
2009 374060 744280 186580 1990 590
2010 370830 691870 185160 1866 635
2011 372930 832830 186810 2233 493
2012 324610 727510 165170 2241 630
2013 313675 712750 159595 2272 745
2014 323700 731390 162410 2259 728
Fonte AFUBRA2015
A safra de 2005 mostra novamente um aumento significativo na produccedilatildeo
total Sul brasileira chegando a 842990 toneladas anuais (tabela 1) De 2005 para
caacute a produccedilatildeo oscilou entre 842990 e 691870 toneladas anuais (conforme a
demanda do mercado) com um leve decreacutescimo nos uacuteltimos trecircs anos
A produtividade do fumo aumentou na deacutecada de 2000 devido agrave introduccedilatildeo de
novas teacutecnicas que permitiram a diminuiccedilatildeo do uso de matildeo de obra Na safra de
1995 a produtividade meacutedia foi de 1733 kgha aumentando consideravelmente
para a uacuteltima safra a qual chegou a 2259 Kgha Nos anos de 2005 e 2006
percebe-se um aumento na quantidade de famiacutelias envolvidas na atividade quadro
esse invertido no ano de 2007 ocorrendo queda no nuacutemero dessas famiacutelias
Apesar da diminuiccedilatildeo do nuacutemero das famiacutelias na atividade em geral a
produccedilatildeo natildeo eacute afetada o quase deve agrave modernizaccedilatildeo das estufas de secagem
que resultou na diminuiccedilatildeo da matildeo de obra favorecendo o aumento da produccedilatildeo
por parte das famiacutelias que permaneceram no setor Conforme um produtor
entrevistado durante o trabalho de campo desta pesquisa
40
Depois que modernizamos a nossa estufa no ano de 2005 conseguimos aumentar a produccedilatildeo e diminuir a matildeo de obra [] antes precisava de quatro pessoas para colheita e pelo menos mais 4 para fazer a costura das folhas de fumo no galpatildeo antes de colocar na estufa [] quando descarregava as folhas da estufa era preciso tirar todos os fios do fumo [] dava muito trabalho Com a modernizaccedilatildeo isso acabou [] o fumo que vem da lavoura vai direto para a estufa Precisamos soacute de pessoas para colher e carregar direto na estufa O trabalho eacute mais leve nos dias de hoje com esse tipo de estufa (FUMICULTOR DA LINHA RIO PRETO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)
Sei que o fumo por si soacute jaacute eacute um veneno mas usamos os equipamentos de proteccedilatildeo que eacute seguro Hoje usamos agrotoacutexicos porque daacute menos serviccedilo e sai mais barato que pagar pra carpir [] soacute por isso mesmo[] Quando produzia morangos usava mais veneno ainda [] sabemos que o veneno natildeo faz bem nem pra noacutes nem para a natureza mas natildeo temos outras opccedilotildees (FUMICULTOR DA LINHA DEZEMBRO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)
Diniz Filho (2011) tambeacutem ressalta que especificamente no caso das
tecnologias de produccedilatildeo agriacutecola a opccedilatildeo dos agricultores familiares pelo uso de
maacutequinas e produtos quiacutemicos eacute estimulada pelo interesse de eliminar certos tipos
de trabalho braccedilal muito penosos Nesse sentidodiscorda-se do paradigma
camponecircs pelo fato de opor o agricultor familiar ao agronegoacutecio afirmando que o
primeiro prima por praacuteticas mais sustentaacuteveis com objetivo de reproduzir somente o
modo de vida ao passo que o agronegoacutecio tenderia a usar tecnologias mais
danosas para o meio ambiente por estar preocupado apenas com lucratividade
Com relaccedilatildeo agrave venda do fumo o preccedilo do quilo varia a cada ano e a
sistemaacutetica para que se estabeleccedila o valor da safra entre os fumicultores e a
induacutestria fumageira incide em acordos com as entidades representativas dos
produtores como a Afubra Associaccedilotildees Federaccedilatildeo e o Sinditabaco que representa
as induacutestrias (DERALSEAB 2014) Apoacutes as negociaccedilotildees e a assinatura do
protocolo eacute que se estabelecem os preccedilos para as variadas qualidades do fumo
Nesse sentido o preccedilo do quilo do fumo eacute regulado conforme a oferta e demanda do
produtopelo mercado expressando adequadamente o valor marginal muitas vezes
pago aos produtores Dessa forma discorda-se de Roos (2015) quando afirma que
os fumicultores estatildeo subordinados pelas empresas fumageiras por terem pouca
representatividade na hora de fixar o preccedilo do quilo do fumo
Conforme AFUBRA (2015) para o fumo Virgiacutenia que eacute uma variedade dos
fumos de coloraccedilatildeo clara satildeo estabelecidas 41 variedades de classificaccedilatildeo sendo a
variedade mais bem paga a BO1 que valia 922 reais o quilo na safra de 20142015
41
e a variedade de menor valor o ST (farelos do fumo) tabelado a 054reais por quilo
Jaacute para o fumo Burley que eacute uma variedade dos fumos de coloraccedilatildeo escura satildeo
estabelecidas 30 diferentes variedades A mais bem paga eacute a B1 que equivale a
811 para cada quilo e a variedade menos valorizada eacute a G (farelos do fumo) que
vale 060 reais por quilo Quando o fumo eacute vendido para a empresa sempre eacute feito
uma meacutedia de toda venda e como revelam os dados da tabela 2 a meacutedia do quilo
pago para os produtores na safra de 201415 foi de 728 reais por quilo
Atualmente a regiatildeo Sul do Brasil se destaca pela maior produccedilatildeo de fumo
do paiacutes participando com 981 do total produzido Os trecircs estados sulinos satildeo
responsaacuteveis por colocar o paiacutes como o segundo maior produtor ena primeira
posiccedilatildeo no quesito exportaccedilatildeo mundial
TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO
ESTADOS AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)
PARTPRODUCcedilAtildeO ()
Rio Grande do Sul
204000 412000 2020 481
Santa Catarina 120000 258000 2150 301
Paranaacute 76000 171000 2250 200
Alagoas 9000 11000 1222 13
Bahia 3000 3000 1000 03
Outros 2000 2000 1000 02
Brasil 414000 857000 2070 100
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) 2014
A produccedilatildeo do fumo e a atuaccedilatildeo das empresas desse setor se datildeo de forma
mais intensa nos paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso do Brasil devido agrave
disponibilidade de matildeo de obra barata facilidade das multinacionais se instalarem
atraveacutes dos incentivos fiscais inexistecircncia de leis ambientaisriacutegidas e por ser a
atividade que gera mais renda se comparada a outras culturas produzidas em
pequena escala
42
TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013
PRODUCcedilAtildeO haacute PRODUCcedilAtildeO KG
VALOR R$
Animal x 1362412180 2565555940 26
Vegetal 1515650 2487306782 2077480 21
Tabaco 309350 705570000 5383773200 54
Total 1825000 4555288952 10026810100 100
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014
A partir dos dados apresentados pode-se destacar que a produccedilatildeo de fumo
na regiatildeo Sul do Brasil eacute responsaacutevel pela maior renda de muitos agricultores
familiares jaacute que os estados possuem uma grande quantidade de pequenas
propriedades e que dependem da produccedilatildeo do fumo para sua reproduccedilatildeo
econocircmica
Ahrens (2008) afirma que a produccedilatildeo mundial estaacute migrando dos paiacuteses
desenvolvidos para os paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso dos Estados
Unidos que apesar de aparecer como um dos principais produtores de fumo teve
sua produccedilatildeo prejudicada devido aos altos custos de cultivo e agrave escassez de matildeo de
obra
TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012
PAIacuteSES PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
PROCESSADO (t)
CONSUMO (t)
ESTOQUE EXPORTACcedilAtildeO (t)
IMPORTACcedilAtildeO (t)
1 China 2160000 256205 553960 0 538960
2 Brasil 670820 86060 112580 651190 12320
3 Iacutendia 576740 465510 134240 271060 200930
4 Estados Unidos
212020 441720 1580130 153130 420440
5 Indoneacutesia 191260 147940 134830 50270 27440
43
6 Turquia 152190 106240 34620 98200 60430
7 Zimbabwe 127190 3990 229930 43520 80
8 Argentina 103790 29950 364650 36100 1630
9 Paquistatildeo 74910 76300 91570 5390 10390
10 Malavi 71320 1290 166580 91500 890
93 Outros 1533150 1850430 3055200 608630 725480
103 Total 5873390 5771480 6468290 2008990 2008990
Fonte AFUBRA 2014
Apesar de a China ser a maior produtora mundial de fumo acaba consumindo
toda essa produccedilatildeo e na safra de 20112012 ainda importou 538960 toneladas
para suprir sua demanda interna Jaacute o Brasil que estaacute na 2ordm posiccedilatildeo de produccedilatildeo
mundial de fumo destina a maior parte da sua produccedilatildeo para o mercado externo Na
safra de 2013 88 da produccedilatildeo se dirigiu ao mercado externo (quadro 2) ficando
no paiacutes apenas 12 da produccedilatildeo para a fabricaccedilatildeo de cigarros cigarrilhas e
charutos Conforme DERALSEAB (2013) das 627000 toneladas exportadas em
2013 a regiatildeo Sul contribuiu com 624000 toneladas representando o equivalente
de 955 das exportaccedilotildees brasileiras
O quadro 2 mostra que apesar de a maior quantidade do fumo produzido no
Brasil se dirigir para o mercado externo os maiores faturamentos estatildeo relacionados
ao fumo consumido no proacuteprio paiacutes atingindo um lucro total maior que as
exportaccedilotildees O fato de as exportaccedilotildees renderem menos lucros que o fumo
consumido no proacuteprio paiacutes se daacute deve ao fato de o fumo exportado natildeo passar por
processamentos de agregaccedilatildeo de valor(exportaccedilatildeo de folhas e talos) Enquanto
isso toda a produccedilatildeo consumida no paiacutes tanto os fumos claros como os escuros
passa por vaacuterios processamentos de agregaccedilatildeo de valor ateacute obter os cigarros
cigarrilhas e charutos prontos para consumo
A distribuiccedilatildeo da renda bruta do setor fumageiro (quadro 2) estaacute dividida
entre tributosGoverno induacutestria produtor e varejista sendo que 459 dessa renda
eacute destinada ao governo O produtor fatura em torno de 205 do total da renda
faturamento esse que deve ser destinado para a compra dos insumos pagamento
do seguro da produccedilatildeo matildeo de obra desgastes com a terra implementos que usa
na produccedilatildeo gastos com a secagem das folhas do fumo aleacutem de prejuiacutezos que
podem vir a acontecer durante a produccedilatildeo
44
Jaacute os varejistas apesar de auferirem 6 do faturamento natildeo tecircm gastos tatildeo
altos comoos produtores Aleacutem do mais esse setor ganha na quantidade sendo que
existe um nuacutemero muito maior de fumicultores que de varejistas Isso tambeacutem
acontece com a induacutestria que tem seus ganhos principalmente no volume e na
agregaccedilatildeo de valor do produto
Pelos dados apresentados apresentados no quadro 2 pode-se concluir que o
maior beneficiado com o faturamento da produccedilatildeo de fumo eacute o setor puacuteblico atraveacutes
de impostros
QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL
ESPECIFICACcedilAtildeO
2012 2013
R$ Toneladas R$ Toneladas
Consumo Domeacutestico
1635750730000 88990 12 1765594334000 84350 12
Exportaccedilatildeo 645663700000 637780 88 722287181000 627230 88
TOTAL 2281414430000 726770 100 2487881515000 711580 100
DISTRIBUICcedilAtildeO DA RENDA BRUTA
Tributos Governos
1048025493000 459 1076394659000 433
Induacutestria 627838400000 275 720610862000 290
Produtor 467329600000 205 541693230000 217
Varejista 138220930700 61 149182764000 60
TOTAL 2281414430000 100 2487881515000 100
FONTE AFUBRA2013
De acordo com dados da DERALSEAB (2015) no ano de 2014 o fumo
brasileiro foi destinado para mais de cem paiacuteses abrangendo principalmente paiacuteses
da Uniatildeo Europeia (42) seguidos do Extremo Oriente (26) Ameacuterica do Norte
(13) Aacutefrica (7) Leste Europeu (7) e Ameacuterica Latina (5) Atualmente a
liderenccedila brasileira nas exportaccedilotildees se daacute devido agrave excelente qualidade do fumo agrave
regularidade da produccedilatildeo e agrave competitividade com os preccedilos dos demais paiacuteses
produtores
45
42
26
13
7
7
5
Uniatildeo Europeia
Oriente Meacutedio
Ameacuterica do Norte
Aacutefrica
Leste Europeu
Ameacuterica Latina
Paiacuteses importadores do fumo brasileiro
Fonte
DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014
Conforme DERAL (2014) no Paranaacute as lavouras com predomiacutenio de fumos
claros concentram-se nos nuacutecleos regionais de Irati Ponta Grossa Curitiba Uniatildeo
da Vitoacuteria e Guarapuava Jaacute em Francisco Beltratildeo Pato Branco Cascavel e Toledo
cultivam-se os fumos escuros
Na figura 1 estatildeo expostos os municiacutepios produtores de fumo e a meacutedia de
hectares que cada municiacutepio ocupa com essa culturaNota-se que a produccedilatildeo de
fumo no estado se concentra em sua maioria na regiatildeo Sudeste Centro-Sul
Sudoeste e Oeste
O municiacutepio de Prudentoacutepolis pertence ao nuacutecleo de Irati nuacutecleo esse que
ocupa o primeiro lugar no ranking de produccedilatildeo de fumos claros do estado conforme
a tabela 5
GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO
46
FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA Fonte IBGE 2014
TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute
Nuacutecleos regionais
Safra 20132014 Safra 20142015 Participaccedilatildeo
Aacuterea (ha) Produccedilatildeo(t) Aacuterea (ha) Produccedilatildeo (t) ()
Irati 19300 43425 19500 43875 244
Ponta Grossa 17562 42605 18862 45268 251
Curitiba 13300 30493 13300 34580 12
Uniatildeo da Vitoacuteria
7500 15750 7600 15580 87
Guarapuava 5000 12400 4900 13230 73
Francisco Beltratildeo
4350 9904 4300 10320 57
Cascavel 3600 7556 3500 7453 41
Outros 4774 10711 4496 9907 55
Total 75386 172844 76308 180213 1000
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014
47
Na safra de 20122013 os municiacutepios paranaenses que se destacaram no
volume de fumo produzido foram Satildeo Joatildeo do Triunfo Rio Azul Prudentoacutepolis
Ipiranga e Irati As 1813 famiacutelias que cultivam fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis
foram responsaacuteveis por produzir 10192 toneladas do produto
Para os municiacutepios de Satildeo Joatildeo do Triunfo e Rio Azul se comparados os
volumes produzidos (quadro 3) nota-se quea quantidade em toneladas natildeo
apresenta tanta diferenccedila entre ambos sendo 13458 toneladas em Satildeo Joatildeo do
Triunfo e 13268 toneladas em Rio Azul Poreacutem em relaccedilatildeo ao nuacutemero de famiacutelias
que trabalham na atividade fumageira em Rio Azul esse nuacutemero eacute bem maior que
em Satildeo Joatildeo do Triunfo Esse fatoeacute resultado da opccedilatildeo das famiacutelias de Rio Azul
porproduzirem menores quantidades de fumo por unidade familiar como tambeacutem
por intempeacuteries climaacuteticas (granizo ventos) que impediram de colher toda a
produccedilatildeo
PARANAacute PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTORES
Satildeo Joatildeo do Triunfo 13458 1968
Rio Azul 13268 2610
Prudentoacutepolis 10192 1813
Ipiranga 9323 1661
Irati 8539 1558
QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) AFUBRA 2014
22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL
De acordo com Sauer (2008) em 1996 a criaccedilatildeo do PRONAF (Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) trouxe avanccedilos poliacuteticos
voltados aos agricultores familiares permitindo o reconhecimento destes enquanto
categoria social epossibilitando o acesso ao creacutedito agriacutecola Creacutedito esse que
48
quando usado de maneira correta contribui significativamente para o aumento da
produccedilatildeo
Dentre os vaacuterios estudos que retratam a evoluccedilatildeo da agricultura familiar
brasileira nas uacuteltimas deacutecadas destaca-seldquoO Novo Retrato Da Agricultura Familiar
Brasileirardquo Nesse estudo os autores mencionam a importacircncia de refletir sobre o
espaccedilo rural tendo como escopo a sua diversidade pelo fato da existecircncia de
distintos tipos de agricultores familiares que possuem interesses e estrateacutegias
particulares de produccedilatildeo agropecuaacuteria Nesse sentido da mesma forma que existe
uma diversidade de agricultores familiares deveratildeo tambeacutem existir poliacuteticas
agriacutecolas e tipos de assistecircncia teacutecnica distinto para cada grupo com intuito desses
empregarem em sua produccedilatildeo tecnologias que possibilitam o seu fortalecimento e
expansatildeo diante dos mercados
Sobre a diversidade da agricultura familiar brasileira a tabela 6 mostra de que
forma satildeo distribuiacutedos os tipos familiares a renda monetaacuteria anual e qual a
porcentagem na participaccedilatildeo do valor bruto da agricultura familiar por grupo familiar
TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006
Grupos familiares Nuacutemero de agricultores familiares
segundo o tipo
Total VBP familiares
Renda Monetaacuteria
liacutequida anual em reais
A 452750 695 5323600
B 964140 157 372500
C 574961 47 149900
D 2560274 102 25500
Total 4551855 -
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
A partir dos dados sobre a caracterizaccedilatildeo dos grupos familiares nota-se que
o grupo com um contingente maior de agricultores familiares no ano de 2006 foi o
grupo D ou seja os descapitalizados Esses agricultores familiares de acordo com
Guanziroli et al (2012) estatildeo em sua maioria concentrados nas regiotildees Norte e
Nordeste do Brasil sendo os que menos empregam aparatos tecnoloacutegicos Desse
modo o autor afirma que o grau de especializaccedilatildeo e tecnificaccedilatildeo tem maior
49
influecircncia na geraccedilatildeo de renda do que a quantidade de terra possuiacuteda por cada
unidade familiar Sobre o grupo familiar D o estudo tambeacutem menciona que
[] entre os agricultores familiares do tipo D tambeacutem existem agricultores mais capitalizados os quais podem ter sido classificados neste grupo devido agrave frustraccedilatildeo de safra baixos preccedilos de seus produtos no mercado ou a realizaccedilatildeo de novos investimentos nos quais as receitas ainda natildeo estatildeo superando as despesas Esta afirmaccedilatildeo estaacute baseada na participaccedilatildeo percentual do creacutedito rural obtido e dos investimentos realizados por estabelecimentos deste tipo (FAOINCRA)
Os agricultores familiares dos grupos A e B considerados como capitalizados
e em vias de capitalizaccedilatildeo correspondem principalmente aos produtores familiares
da regiatildeo Sul do paiacutes O desempenho desses grupos se deve ao fato de estarem
inseridos em cadeias produtivas mais competitivas as quais trazem melhores
retornos econocircmicos
Guanziroli et al (2012) apontam que os produtores familiares do tipo A tecircm
uma renda anual elevada em parte porque na aacuterea rural podem se beneficiar da
produccedilatildeo para autoconsumo natildeo pagam aluguel e as taxas sobre o valor da aacutegua e
luz satildeo mais baixas se comparadas com a urbana Dessa forma o padratildeo de vida
desses agricultores eacute compatiacutevel com a da classe meacutedia urbana Entretanto existe
uma distacircncia muito grande entre os produtores do grupo A e os demais
Nesse sentido Guanziroli et al (2006) com base no estudo ldquoDez anos de
evoluccedilatildeo da agricultura familiar no Brasil (1996 e 2006)rdquo compararam os dados do
censo agropecuaacuterio de 1996 com o de 2006 a fim de dar respostas a algumas
inquietudes sobre a evoluccedilatildeo da agricultura familiar no dececircnio analisando o
processo de modernizaccedilatildeo da agricultura familiar por meio da evoluccedilatildeo de algumas
variaacuteveis (uso de maquinaacuterios insumos entre outras tecnologias) Dentre outros
resultados esse estudo mostrou que houve crescimento do nuacutemero de agricultores
familiares entre os censos o qual passou de 4139000 para 4551855 Ou seja em
1996 8517 do total dos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros eram
familiares e em 2006 essa porcentagem aumenta para 8796 do total
Os dados desse estudo tambeacutem mostraram que os agricultores familiares
pertencentes ao grupo A e quanto muito aos grupos A e B desempenham um papel
importante em termos econocircmicos Jaacute o grupo C e principalmente os agricultores
familiares do grupo D produzem tatildeo pouco que remetem aquela visatildeo do agricultor
50
familiar de subsistecircncia que comercializa pequenos excedentes econocircmicos em
mercados locais
O uso de tecnologias pelos agricultores familiares como maquinaacuterios e
insumos quiacutemicos contribuiu para o aumento da produccedilatildeo e da produtividade
acontecimento esse que possibilitou a ascensatildeo do universo familiar no cenaacuterio
agropecuaacuterio brasileiro com significativa importacircncia na produccedilatildeo tanto de gecircneros
alimentiacutecios de consumo nacional como tambeacutem de commodities de exportaccedilatildeo
caso a produccedilatildeo de fumo As tecnologias voltadas para a produccedilatildeo de fumo
referem-se a modernizaccedilatildeo das estufas de secagem das folhas de fumo de
sementes melhoradas geneticamente aleacutem dos insumos agriacutecolas
De acordo com Guanziroli et al (2006) as anaacutelises regionais sobre a
agricultura familiar brasileira para o ano de 2006 mostram que as regiotildees Norte
Nordeste e Sul apresentam maior participaccedilatildeo percentual de agricultores familiares
na produccedilatildeo regional em detrimento das regiotildees Centro-Oeste e Sudesteas quais
caracterizam-se pela maior expressividade da agricultura patronal
TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006
Regiatildeo 2006
Norte 6018
Nordeste 4738
Sudeste 2228
Sul 5443
Centro-Oeste 1453
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
Outro dado importante trazido pelos autores supracitados estaacute relacionado ao
fator produtividade como se vecirc pela comparaccedilatildeo entre os agricultores familiares e
natildeo familiares por regiatildeo (tabela 8) Os agricultores familiares pelo fato de
possuiacuterem quantidades de terras menores tendem a ser mais produtivos que o
agricultor natildeo familiar Nesse sentido concorda-se com Navarro (2014) ao apontar
que a ampliaccedilatildeo no acesso de tecnologias agrave agricultura de menor porte econocircmico eacute
necessaacuteria para a permanecircncia desses produtores no rural
51
A produccedilatildeo de fumo da regiatildeo Sul do Brasil eacute um exemplo que retrata que a
agricultura familiar eacute mais eficiente no uso da matildeo de obra e da terra quando
comparada aos agricultores patronais A necessidade da intensificaccedilatildeo da matildeo de
obra familiar para aumentar a produccedilatildeo exemplifica bem o porquecirc da maior parte
empregada na agricultura estaacute no segmento familiar apesar desse segmento natildeo ser
predominante na produccedilatildeo agriacutecola brasileira Dessa maneira Abramovay (1992 p
209) afirma que ldquonatildeo haacute atividade econocircmica em que o trabalho e a gestatildeo
estruturam-se tatildeo fortemente em torno de viacutenculos de parentesco e onde a
participaccedilatildeo da matildeo de obra natildeo contratada seja tatildeo importante como na agricultura
familiarrdquo
TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006
Brasil e Regiotildees
Valor produzido por hectare (R$ de 2006)
Natildeo familiar Familiar
Norte 1113 2410
Nordeste 3783 3907
Sudeste 10546 7378
Sul 8373 13376
Centro-Oeste 2727 2851
Brasil 4617 5546
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
Atraveacutes da regionalizaccedilatildeo e do valor produzido por hectare percebe-se que
os agricultores familiares da regiatildeo Sul satildeo mais eficientes no valor produzido e
segundo Guanziroli et al (2012) a predominacircncia de agricultores familiares nas
cadeias produtivas como a fumicultura a avicultura e suinocultura favorece o
aumento da produtividade por aacuterea Eacute nesse sentido que pode-se afirmar natildeo existir
dicotomia ou oposiccedilatildeo entre a agricultura familiar e a patronal uma vez que a
competiccedilatildeo no mercado faz com que cada um desses segmentos tenda a
predominar nos setores em que apresenta capacidade para produzir com mais
eficiecircncia
Na regiatildeo Sudeste a alta tecnologia empregada pelos agricultores natildeo
familiares consegue superar a produtividade da agricultura familiar Jaacute nas regiotildees
Norte e Nordeste encontram-se os menores iacutendices de produtividade da agricultura
52
familiar brasileira fato relacionado a vaacuterios fatores principalmente os solos menos
produtivos clima cultivo de culturas que tecircm um retorno de investimento menor e
tambeacutem a menor disponibilidade de tecnologias assistecircncia teacutecnica e poliacuteticas
agriacutecolas capazes de inverter esse quadro
Aleacutem da representatividade bastante grande (956) da produccedilatildeo de fumo a
agricultura familiar brasileira tem participaccedilatildeo significativa na produccedilatildeo de gecircneros
alimentiacutecios como arroz feijatildeo e mandioca Tambeacutem contabiliza-se um nuacutemero
significativo de agricultores familiares envolvidos nas cadeias produtivas
caracteriacutesticas do agronegoacutecio como soja trigo e milho (tabela 9)
No caso dos produtos de origem animal (tabela 10) a participaccedilatildeo da
agricultura familiar tambeacutem eacute significativa ou seja concorda-se com Guanziroli et al
(2012) quando afirma que produzir alimentos como arroz feijatildeo ou mandioca natildeo
quer dizer necessariamente que esses produtores satildeo camponeses ou produtores
de subsistecircncia pois na grande maioria dos estabelecimentos produz-se totalmente
para o mercado ou seja seu objetivo natildeo eacute somente a subsistecircncia e sim vender a
produccedilatildeo
TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000
PRODUTO 2006
Arroz 3919
Cana-de-accediluacutecar 1024
Cebola 6959
Fumo 9567
Mandioca 9317
Milho 5190
Soja 2360
Trigo 3638
Feijatildeo 7659
Banana 6240
Cafeacute 2967
Laranja 2525
Uva 5363
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
53
TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006
TIPO DE PRODUCcedilAtildeO 2006
Pecuaacuteria de corte 1665
Pecuaacuteria de leite 6053
Suiacutenos 5245
Aves 3034
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
A produccedilatildeo de fumo na regiatildeo Sul do Brasil tambeacutem tem grande
expressividade no contingente de pessoal ocupado (PO) ou seja conforme
demonstrado na tabela abaixo 9 da PO agriacutecola de 2012 estava ocupada nessa
atividade De acordo com Maia e Sakamoto (2015) no Sul destacam-se aleacutem dos
ocupados no cultivo do fumo os ocupados no cultivo da soja (10 da PO agriacutecola)
que representavam em 2012 90 e 63 dos ocupados nos respectivos ramos de
atividade do conjunto da PO agriacutecola brasileira
Para esses autores a dinacircmica da PO agriacutecola brasileira foi influenciada pela
regiatildeo Nordeste que apesar de conter o contingente agriacutecola mais expressivo do
Paiacutes (44 do total da PO agriacutecola brasileira) passou por uma grande reduccedilatildeo de
28 da PO agriacutecola entre os anos de 2005 e 2012 Buainain et al (2013) apud Maia
Sakamoto (2014) destacam que esse processo de esvaziamento na regiatildeo
Nordeste estaria associado tanto agrave inviabilidade econocircmica do minifuacutendio quanto agraves
diferenccedilas de qualidade de vida e oportunidades de emprego entre os meios rural e
urbano
54
TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012
Grupos 2012
N (1000)
Criaccedilatildeo de bovinos e outros animais 402 188
Cultivo de hortaliccedilas legumes flores etc 305 143
Cultivo de Soja 207 97
Produccedilatildeo mista lavoura temporaacuteria e pecuaacuteria
197 92
Cultivo de milho 194 91
Cultivo de fumo 194 91
Outras atividades 632 297
Total 2131 100
Fonte Maia e Sakamoto 2014 Dados primaacuterios IBGE 2012
Com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos ocupantes em atividades agropecuaacuterias por
condiccedilatildeo de pobreza (tabela 12) nota-se que os ocupados pobres na produccedilatildeo de
fumo correspondem a 7 do total que eacute um percentual de pobres em geral menor
do que os encontrados em outras produccedilotildees como nas de mandioca (26) arroz
(29) milho (24) e horticultura (12)
As culturas da soja cafeacute cana-de-accediluacutecar e frutas satildeo as que tecircm menores
taxas de pobreza com valores respectivos de 24 45 46 e 63 A
proporccedilatildeo meacutedia brasileira para todos os ocupados em atividades agropecuaacuterias eacute
de 146
Desse modo pode-se dizer que as culturas tradicionais como arroz
mandioca e milho satildeo as que tecircm maiores taxas de pobreza Esse fato faz sentido
em Prudentoacutepolis pois na regiatildeo Norte do municiacutepio onde a produccedilatildeo de fumo natildeo
eacute realizada devido agraves caracteriacutesticas do clima e da topografia o niacutevel de
desenvolvimento eacute menor que na parte Central e Sul do municiacutepio Esse contraste
se revela natildeo somente pela comparaccedilatildeo entre culturas tradicionais e a produccedilatildeo de
fumo pois tambeacutem as outras culturas tendem a gerar menores taxas de pobreza
A produccedilatildeo de frutas eacute uma boa opccedilatildeo para a geraccedilatildeo de renda dos
agricultores familiares em geral pois apresenta uma taxa de pobreza bem menor
55
ainda que a do fumo Poreacutem para essa produccedilatildeo seria necessaacuteria a especializaccedilatildeo
e a tecnificaccedilatildeo desses agricultores realizadas a partir de poliacuteticas de incentivos a
tecnificaccedilatildeo e assistecircncia para agricultura familiar como apontado por Navarro
(2014) Ou seja a quantidade de tecnologia empregada de forma correta estaacute
intrinsecamente relacionada agrave renda do agricultor Sobre tecnologia para a
agricultura familiar Valente (2008) ressalta que ldquodeve-se compreender a tecnologia
natildeo como panaceacuteia mas conhecimento que estaria a exigir inovaccedilotildees institucionais
como poliacuteticas puacuteblicas parcerias e outras accedilotildees que a ele devem ser conjugadasrdquo
TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010)
Atividade Natildeo pobre Pobre Pobres () Total
Arroz 137325 56589 292 193914
Milho 389402 126624 245 516026
Algodatildeo 7322 579 73 7901
Cana-de-accediluacutecar 214497 10189 45 224686
Fumo 215365 16116 70 231481
Soja 96235 2387 24 98622
Mandioca 376239 132050 260 508288
Horticultura 522745 72322 122 595067
Frutas 236742 15808 63 252550
Cafeacute 552738 26757 46 579496
Cacau 67809 6670 90 74479
Pecuaacuteria 1611624 149626 85 1761250
Outros cultivos 4389749 942358 177 5332108
Outros agropecuaacuteria
1609597 226670 123 1836267
Total 10427388 1784746 146 12212134
Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010
Portanto os dados da tabela 12 mostram que realmente existem vaacuterias
culturas que geram uma taxa de pobreza bem menor que a cultura do fumo mas em
contrapartida existem aquelas que geram taxas de pobreza bem maiores Assim
pode-se dizer que os agricultores familiares que produzem fumo analisam os fatores
56
relacionados agrave matildeo de obra terra maquinaacuterios disponibilidade de capital
conhecimento teacutecnico e agrave lucratividade por atividade optando pela produccedilatildeo mais
rentaacutevel dentre aquelas para as quais possuem capacidade teacutecnica e financeira para
produzir
No quadro 4 podemos ver como ocorre a distribuiccedilatildeo das atividades
agropecuaacuterias entre os domiciacutelios rurais e urbanos Nesse sentido aproporccedilatildeo dos
ocupados em atividades agriacutecolas e que residem em aacutereas urbanas satildeo maiores em
cultivos como cana-de-accediluacutecar algodatildeo e frutas (607 516 e 451
respectivamente) ao passo que no cultivo do fumo cacau milho e arroz essas
proporccedilotildees satildeo bem menores (65 224 245 e 292)
Do ponto de vista da fixaccedilatildeo do homem no campo a cultura do fumo eacute mais
eficiente se comparadas com aquelas mais mecanizaacuteveis em que o contingente de
ocupados em atividades agriacutecolas eacute maior na aacuterea urbana O fato de a produccedilatildeo de
fumo ser pouco mecanizaacutevel no Brasil principalmente na colheita exige a matildeo de
obra familiar sem contar a necessidade da contrataccedilatildeo de matildeo de obra nos
periacuteodos de colheita do produto
Atividade Urbano Rural Urbano () Total Arroz 63133 130781 326 193914 Milho 114789 401228 222 516026 Algodatildeo 4075 3826 516 7901 Cana-de-accediluacutecar 136484 88202 607 224686 Fumo 15105 216376 65 231481 Soja 32958 65664 334 98622 Mandioca 86628 421660 170 508288 Horticultura 233989 361078 393 595067 Frutas 113813 138738 451 252550 Cafeacute 213751 365744 369 579496 Cacau 16683 57796 224 74479 Pecuaacuteria 466018 1295232 265 1761250 Outros cultivos 1625626 3706482 305 5332108 Outros agropecuaacuteria
889452 946815 484 1836267
QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010)
Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010
De acordo com Neder (2014) os municiacutepios brasileiros de maior porte
populacional se dedicam mais expressivamente agraves atividades de serviccedilos e induacutestria
57
(atividades natildeo agropecuaacuterias) ao passo que os municiacutepios com menor populaccedilatildeo
encontram-se mais relacionados agrave pecuaacuteria soja e fumo Dado esse que se
confirma no municiacutepio de Prudentoacutepolis como tambeacutem na grande parte dos
municiacutepios produtores de fumo da regiatildeo Sul do Brasil os quais satildeo caracterizados
pelo baixo contingente populacional sendo que um nuacutemero razoaacutevel deles tem
populaccedilatildeo predominantemente rural
A partir dos dados apresentados nota-se que a agricultura familiar brasileira
tambeacutem produz commodities para o mercado externo como nas cadeias de aves
suiacutenos soja e fumo Redefinindo assim a visatildeo dualista e superando o dilema entre
a agricultura para o mercado interno e a agricultura para exportaccedilatildeo (SILVEIRA
2014)
Portanto sabendo da inegaacutevel dualidade entre as formas de fazer agricultura
no rural brasileiro estando de um lado a agricultura patronal e do outro a agricultura
familiar concorda-se com Elesbatildeo (2007) quando afirma que natildeo tem fundamento
priorizar nem um segmento e nem outro dentro da agropecuaacuteria pois deve-se olhar
para o rural como um territoacuterio de diversidade onde haacute espaccedilo e necessidade para o
desenvolvimento tanto da produccedilatildeo de commoditiescomo tambeacutem para a
diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo na agricultura familiar tendo como escopo para as
pesquisas a heterogeneidade do segmento familiar
58
CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO
Este capiacutetulo tem por objetivo mostrar os processos de ocupaccedilatildeo do territoacuterio
de Prudentoacutepolis como tambeacutem os elementos que proporcionaram a inserccedilatildeo da
cultura do fumo nas unidades familiares a qual contribuiu para a reproduccedilatildeo
econocircmica desses produtores Nesse sentido a caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais
familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de fontes secundaacuterias como o IBGE eacute
fundamental para conhecer o perfil das unidades familiares
31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR
O municiacutepio de Prudentoacutepolis estaacute localizado na mesorregiatildeo Sudeste do
estado do Paranaacute (figura 2) sendo o terceiro municiacutepio paranaense com maior aacuterea
territorial Estaacute situado a latitude 25ordm 12rsquo 47rdquoS longitude 50ordm 58 40 W e na altitude
de 840 metros (IBGE 2010)
A partir de dados do censo demograacutefico (IBGE 2010) constata-se que
atualmente a maior parte da populaccedilatildeo Prudentopolitana reside na aacuterea rural ou
seja do total de 48793 habitantes 54 vivem na aacuterea rural e 46 na urbana
59
Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO Fonte IBGE (2010) Autor VILCZAK A (2015)
A ocupaccedilatildeo territorial do municiacutepio de Prudentoacutepolis se deu principalmente
atraveacutes da entrada de grande contingentes de imigrantes europeus No Paranaacute
entre os anos de 1829 e 1911 chegaram aproximadamente 83012 mil estrangeiros
de origem eslava (SENETRA 2014) os quais se dirigiram em sua maioria para os
arredores de Curitiba Prudentoacutepolis e Mallet
No municiacutepio de Prudentoacutepolis um contingente maior de imigrantes chegou
entre os anos de 1896 e 1897 Por esse fato atualmente cerca de 75 da
populaccedilatildeo satildeo descendentes de imigrantes ucranianos e em menor escala de
poloneses
Conforme Hauresko (2012) Prudentoacutepolis eacute uma das antigas colocircnias do
interior do Paranaacute instalada em 1895 no denominado distrito de Satildeo Joatildeo de
Capanema sendo a construccedilatildeo da estrada de rodagem Rio Grande do Sul ndash Satildeo
Paulo um dos fatores para a atraccedilatildeo desses imigrantes os quais foram inseridos
numa poliacutetica de instalaccedilatildeo de pequenas propriedades
Os lotes de terra eram recebidos pelos imigrantes e deveriam ser quitados na
medida em que prosperassem economicamente Esses lotes eram desmatados
pelos proacuteprios imigrantes onde construiacuteam casas provisoacuterias de madeira para
abrigar a famiacutelia como demonstra a figura 3
60
FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
Fonte Acervo do Museu do Milecircnio em PrudentoacutepolisPR
A colocircnia foi elevada a categoria de Vila no ano de 1906 pelo processo de
desmembramento do municiacutepio de Guarapuava No ano de 1929 foi elevada agrave
condiccedilatildeo de municiacutepio sendo constituiacutedo pelos distritos de Patos Velhos Jaciaba e
Prudentoacutepolis
No iniacutecio da colonizaccedilatildeo a semente de pinhatildeo era o principal alimento de
subsistecircncia para o imigrante De acordo com Zaroski (2001) os imigrantes colhiam
os pinhotildees e os transformavam em farinha e fubaacute atraveacutes dos moinhos caseiros e
assim substituiacuteam as farinhas de trigo e centeio Quando se instalaram
definitivamente em seus lotes esses imigrantes comeccedilaram a produzir as sementes
de trigo e centeio tambeacutem para a subsistecircncia
De acordo com Hauresko (2012) uma das primeiras atividades econocircmicas
significativas para as famiacutelias descendentes de imigrantes foi a extraccedilatildeo da erva-
mate jaacute que eacute uma planta nativa da regiatildeo
Uma das mais importantes induacutestrias do proacutespero municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute incontestavelmente a do matte que o municiacutepio produz abundantemente Fundada a colocircnia de Prudentoacutepolis composta na sua maioria de polonezes ruthenos e ukranianos coube a cada colono um lote de 5 a 10 alqueires de terras feacuterteis (BRASIL1929 p 28-29 citado por Hauresko 2012)
61
As pequenas glebas de terra que os imigrantes possuiacuteam rendiam a eles a
extraccedilatildeo da erva-mate como tambeacutem a produccedilatildeo de alimentos para autoconsumo e
mais tarde para a comercializaccedilatildeo Nessa continuidade os produtos agriacutecolas que
se destacam historicamente na participaccedilatildeo econocircmica do municiacutepio foram o cultivo
de feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata suiacutenos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de
gado (EMATER 2014) Poreacutem a renda gerada por essas culturas era iacutenfima de um
lado pela baixa produccedilatildeo que alcanccedilavam devido agrave ausecircncia naquele periacuteodo de
um pacote tecnoloacutegico que potencializasse a produccedilatildeo e de outro lado pela falta de
mercado para receber esses produtos
Diante disso a produccedilatildeo de fumo foi uma importante atividade geradora de
renda para a agricultura familiar principalmente a partir da deacutecada de 1970 Por
outro lado a inserccedilatildeo dessa cultura tambeacutem eacute resultado do papel que as empresas
fumageiras tiveram na regiatildeo Sul do Brasil Ou seja a produccedilatildeo se definiu e se
consolidou devido principalmente as empresas fumageiras em ir ateacute o fumicultor
devido a competitividade que o setor apresenta
Na primeira metade do seacuteculo XX muitas famiacutelias jaacute se dedicavam a produccedilatildeo
de fumo tanto de corda (consumo proacuteprio) como tambeacutem de folhas de fumo para
venda Produziam em pequenas quantidades pois todo o trabalho era manual
conforme relata o fumicultor
Eu lembro bem quando o meu avocirc fez a estufa para noacutes trabalhar com o fumo foi mais ou menos nos anos de 1960[] foi bom negoacutecio porque outra lavoura natildeo dava tanto lucro noacutes eacuteramos em bastante irmatildeos e todos ajudavam [] natildeo era faacutecil como hoje que temos trator estufa eleacutetrica Antes era tudo feito com os cavalos e a gente trabalhava muito de sol a sol (Fumicultor da Comunidade de Linha Dezembro entrevistado no dia 9 de junho de 2014) Antes de comeccedilar de plantar fumo noacutes produziacuteamos soacute para consumo o feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata porcos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de gado []Nossa situaccedilatildeo financeira era muito difiacutecil [] natildeo tinha uma renda certa passava muitas necessidades principalmente quando precisava para a sauacutede (Fumicultor da Comunidade de Linha Rio Preto entrevistado em junho de 2014)
No municiacutepio a produccedilatildeo de fumo teve grande procura a partir da metade do
seacuteculo XX Tambeacutem houve incentivos principalmente por parte da Souza Cruz uma
vez que a cultura se desenvolveu bem em algumas regiotildees
62
No ano de 2014 a Emater de Prudentoacutepolis registrou a existecircncia de 8100
famiacutelias de agricultores das quais 1813 o que corresponde a 22 estatildeo
envolvidas no sistema de produccedilatildeo integrada de fumos claros com as empresas
fumageiras que atuam no municiacutepio
A figura 4 mostra a concentraccedilatildeo na parte Sul e Central das 1813 famiacutelias
que produzem o fumo em Prudentoacutepolis Essa concentraccedilatildeo estaacute relacionada agrave
topografia e ao clima De acordo com Kraiczek e Antoneli (2012) na regiatildeo Norte do
municiacutepio a produccedilatildeo natildeo eacute realizada devido ao relevo declivoso (figura 5) improacuteprio
para algumas atividades agriacutecolas como tambeacutem pelo fato de as condiccedilotildees
climaacuteticas serem diferenciadas
FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES
FONTE AFUBRA ndash Mapa elaborado a partir das localidades onde se encontram os produtores Org Kraiczek 2014
63
FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
FonteSRTM ndash USGS-USA (2000) ORG Kurta M (2014)
De acordo com o exposto muitas famiacutelias da regiatildeo Norte do municiacutepio se
interessam pelo plantio de fumo principalmente pela geraccedilatildeo de renda e venda
garantida do produto poreacutem natildeo o produzem devido aos fatores limitantes
De acordo com Emater (2014) devido agraves limitaccedilotildees climaacuteticas e topograacuteficas
as culturas que prevalecem naquela regiatildeo satildeo o feijatildeo milho mandioca maracujaacute
uva e produtos de autoconsumo familiar Esses agricultores familiares sinalizam a
falta de opccedilatildeo de cultivo economicamente rentaacutevel bem como a necessidade da
melhoria nas estradas rurais as quais satildeo fundamentais para escoar a produccedilatildeo
A regiatildeo tambeacutem se caracteriza pelo menor niacutevel de mecanizaccedilatildeo da
produccedilatildeo quando comparada com as regiotildees Central e Sul necessitando de matildeo de
obra intensiva para a produccedilatildeo Extensas aacutereas de lavoura satildeo plantadas
manejadas e colhidas manualmente retratando assim a dificuldade do trabalho
nessa regiatildeo (figura 6)
64
FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR
Fonte Vilczak (2014)
A foto da esquerda mostra uma lavoura de feijatildeo que foi plantada agrave matildeo por
um agricultor familiar do Norte do municiacutepio (Comunidade da Linha Barra de Areia)
o agricultor retrata a dificuldade de trabalhar nessa regiatildeo A foto da direita retrata de
que forma se apresenta o relevo daquela regiatildeo
Conforme dados da Emater (2014) a ocupaccedilatildeo do solo no municiacutepio se daacute
pelas lavouras anuais e perenes matas nativas matas naturais de preservaccedilatildeo
permanente reflorestamentos e pastagens Segundo dados do Ipardes (2013) as
atividades agropecuaacuterias que se destacam atualmente na geraccedilatildeo de renda e no
nuacutemero de hectares ocupados por plantio em Prudentoacutepolis satildeo a produccedilatildeo de leite
bovino e o plantio de fumo soja milho feijatildeo preto e trigo Aleacutem dessas outras
atividades de significacircncia menor para a economia satildeo apresentados nos quadros 5
e 6
65
CULTURAS AacuteREA COLHIDA (ha)
PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)
VALOR (R$
100000)
Abacate 1 30 30000
Abacaxi (mil frutos)
1 11 11000 12
Alho 10 53 5300 265
Amendoim (em casca)
15 20 1333 32
Arroz (em casca)
540 1200 2222 926
Aveia (em gratildeo) 90 198 2200 99
Banana 1 9 9000 5
Batata-inglesa 130 3874 29808 3937
Cana-de-accediluacutecar 26 1325 50962 53
Cebola 60 840 14000 798
Centeio (em gratildeo)
90 135 1500 54
Feijatildeo 27300 33040 1210 70323
Fumo (folha) 4400 9701 2205 58206
Laranja 47 940 20000 544
Maracujaacute
106
530 5000 1007
Mandioca 365 8395 23000 2686
Milho 19870 107088 5389 45699
Pecircssego 13 52 4000 94
Soja 23310 73570 3156 68546
Tomate 5 205 50000 217
Trigo 4210 13472 3200 9508
Uva 28 205 7321 372
QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR
FONTE IBGE - Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013
66
PRODUTOS PRODUCcedilAtildeO VALOR (R$ 100000)
Latilde (Kg) 10930 109
Leite (mil litros) 8308 9965
Mel de abelha (Kg) 290000 2900
Ovos de galinha (mil dz) 245 662
QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
FONTE IPARDES 2015 (IBGE SAFRA DE 2013)
Dentre os setores econocircmicos responsaacuteveis pela formaccedilatildeo do PIB do
municiacutepio de Prudentoacutepolis destacam-se os setores de serviccedilos e a agropecuaacuteria
(quadro 7) Com relaccedilatildeo ao setor de serviccedilos o mesmo tambeacutem estaacute relacionado agraves
atividades agropecuaacuterias
O baixo percentual de participaccedilatildeo das induacutestrias no PIB do municiacutepio se
reflete na baixa agregaccedilatildeo de valor sobre os produtos principalmente nos de origem
animal e da fruticultura entre outros produtos que poderiam gerar mais renda para
os produtores se fossem beneficiados por eles proacuteprios
Setor Prudentoacutepolis Paranaacute
Mil R$ ()
Mil R$ ()
Agropecuaacuteria 115127 2791 12816893 675 Induacutestria 35579 863 46858018 2466 Serviccedilos 237699 5762 106694466 5616
Impostos produtos liacutequidos de subsidio
24099 584 23622577 1243
PIB a preccedilo corrente 412504 100 189991954 100 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR
IBGE 2012 Org Vilczak A 2015
De acordo com Emater (2014) existem no municiacutepio quatorze categorias de
agroinduacutestrias as quais satildeo consideradas de pequeno e meacutedio porte com destaque
para as agroinduacutestrias de embutidos e defumados erva-mate farinha de milho e
quirera Sabendo da importacircncia do setor agropecuaacuterio para a economia do
municiacutepio o graacutefico 2 mostra as atividades com maior geraccedilatildeo de renda
67
GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS
FONTE IBGE Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013 Org VILCZAK A (2014)
Se analisarmos somente a renda obtida por cada cultura notaremos que o
feijatildeo e a soja satildeo as que mais geram receita seguido do fumo milho trigo e arroz
Contudo ao analisarmos a receita e a aacuterea cultivada de cada lavoura notamos que a
produccedilatildeo de fumo eacute a mais rentaacutevel
A partir do graacutefico pode-se entender o porquecirc das famiacutelias permanecerem na
atividade fumageira Estas satildeo motivadas principalmente pela renda obtida aleacutem da
constataccedilatildeo a partir de trabalhos de campo de que a maioria dos fumicultores estatildeo
na atividade haacute muitos anos e que esta ocupaccedilatildeo eacute passada de uma geraccedilatildeo para
outra
Noacutes plantamos fumos haacute 15 anos e antes de eu e minha esposa casar eu plantava o fumo com meus pais e minha esposa com os pais dela e agora pegamos uma estufa para noacutes e continuamos na produccedilatildeo [] Jaacute sabemos bem como produzir um fumo de qualidade boa [] jaacute investimos em outras atividades mas natildeo deu lucro igual do fumo [] trecircs anos atraacutes fizemos financiamento para tanques de peixe investi 10 mil reais para fazer os tanques e comprar os alevinos e como noacutes natildeo tinha acompanhamento teacutecnico e muito menos experiecircncia em produzir peixe natildeo tivemos lucros Produzimos feijatildeo milho soja mas a maior renda vem do fumo (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Dezembro em maio de 2014)
926
70323
58206
45699
68546
9508
540
27300
4400
19870
23310
4210
0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000
Arroz
Feijatildeo
fumo
Milho
Soja
Trigo
Aacuterea Plantada (ha) Valor Produccedilatildeo (R$ 100000)
68
A produccedilatildeo de leite tambeacutem tem uma expressiva contribuiccedilatildeo para a
economia do municiacutepio pois nos uacuteltimos anos intensificou-se a dedicaccedilatildeo dos
agricultores familiares nessa atividade Dessa forma muitos dos fumicultores
tambeacutem produzem leite pelo fato de possuir mercado garantido e tambeacutem devido ao
pagamento do leite ser realizado mensalmente o que natildeo acontece com o fumo
Nas propriedades que combinam a produccedilatildeo de leite com a do fumo os agricultores
familiares usam a renda do leite para gastos mensais fixos da famiacutelia e a renda da
safra do fumo eacute investido na propriedade pois gera receitas mais altas
Agora com a renda do fumo e do leite as coisas se equilibraram que com o dinheiro do leite usamos para os gastos do mecircs e quando vendemos a safra do fumo investimos na propriedade jaacute fizemos casa de alvenaria cerca paiol novo galinheiro compramos trator carro [] a gente trabalha mais mas pelo menos natildeo passamos grandes necessidadade (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Visconde de Guarapuavaem maio de 2014)
De acordo com a EMATER (2014) nos uacuteltimos anos houve aumento do
nuacutemero de agricultores familiares que se dedicaram agrave produccedilatildeo de leite e aos
poucos abandonaram o cultivo do fumo A partir dos trabalhos de campo percebe-se
que muitas vezes os mais jovens pretendem investir na atividade leiteira fazer
cursos e se especializar no uso de tecnologias que permitam maior produtividade
dos animais ou seja casais mais novos que pretendem permanecer no campo
geralmente com niacutevel de escolaridade maior buscam ser mais competitivos como
por exemplo o depoimento de um casal que reside na Linha Visconde de
Guarapuava e de outro que reside na Linha Dezembro
Os nossos pais plantam fumo e quando casamos tambeacutem comeccedilamos a produzir fumo e leite e achamos que se noacutes se especializasse soacute na produccedilatildeo de leite a gente teria mais facilidade porque temos pouca terra (5 alqueires) [] agora temos 32 vacas de leite fora os terneiros e temos uma renda ateacute que razoaacutevel por mecircs (Agricultora familiar entrevistada5 na comunidade de Linha Visconde de Guarapuava)
Sempre plantei fumo mas como casei no ano passado eu e minha mulher decedimos plantar fumo somente nesse ano e no proacuteximo ano investir mais no leite que temos mais facilidade apesar de ter que trabalhar todos os dias de manhatilde e de tarde para tirar o leite e ainda durante o dia plantar os pastos [] no fumo natildeo precisa ficar o ano todo trabalhando mas mesmo assim vamos se especializar soacute com a produccedilatildeo de leite e outras lavouras (Fumicultor entrevistado na comunidade de Linha Dezembro)
5 A agricultora relata que atualmente soacute ajuda os pais com as atividades do fumo nos dias de colheita
69
Portanto nota-se que os mesmos usam da racionalidade econocircmica para
definir o que produzir natildeo buscando somente a sobrevivecircncia da famiacutelia e se
especializando nas atividades em que acreditam serem mais eficiente considerando
as caracteriacutesticas de suas propriedades Buscam assim melhorar de vida seguindo
uma racionalidade tipo capitalista
32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS
Como jaacute visto no item anterior o municiacutepio de Prudentoacutepolis sempre possuiu
uma base produtiva alicerccedilada estruturalmente no setor agropecuaacuterio e de acordo
com dados da Emater de Prudentoacutepolis (2014) o puacuteblico que faz parte do rural do
municiacutepio estaacute composto pela categoria Agricultura familiar constando um nuacutemero
de 8100 estabelecimentos Agricultura Patronal com 1750 estabelecimentos e por
40 famiacutelias Indiacutegenas aleacutem daqueles trabalhadores rurais contratados nos periacuteodos
de safra para desenvolver atividades no campo
Nota-se que em Prudentoacutepolis a categoria da agricultura familiar eacute
predominante em relaccedilatildeo agrave patronal Desse modo a caracterizaccedilatildeo dos produtores
rurais familiares a partir de conceitos e dados estatiacutesticos sistematizados para todo o
paiacutes se torna pertinente para que possamos estimar em quais grupos existe a maior
concentraccedilatildeo desses produtores familiares no municiacutepio e qual eacute a dinacircmica de
produccedilatildeo desses grupos A tipologia entre os agricultores familiares tem por objetivo
estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares devido
a sua heterogeneidade (FAOINCRA 2000) Sendo assim o grupo A refere-se
aquele produtor com renda total superior a trecircs vezes o valor da diaacuteria o grupo B ao
produtor com renda total superior a uma vez ateacute trecircs vezes o valor da diaacuteria no
grupo C estatildeo aqueles com renda total superior agrave metade ateacute uma vez o valor da
diaacuteria e por fim o grupo D com renda total igual ou inferior agrave metade do valor da
diaacuteria
A existecircncia de quatro grupos distintos dentro do universo familiar eacute resultante
de vaacuterios fatores como por exemplo a disponibilidade de terras agricultaacuteveis (como
aquelas localizadas na regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis) as tecnologias
empregadas pelas unidades familiares a forma de administraccedilatildeo da propriedade os
70
preccedilos e mercados aos quais a produccedilatildeo eacute destinada fatores climaacuteticos entre
outros Portanto os distintos tipos de produtores satildeo portadores de racionalidades
especificas e buscam se adaptar ao meio em que estatildeo inseridos
O universo agraacuterio eacute extremamente complexo seja em funccedilatildeo da grande diversidade da paisagem agraacuteria (meio fiacutesico ambiente variaacuteveis econocircmicas etc) seja em virtude da existecircncia de diferentes tipos de agricultores os quais tecircm interesses particulares estrateacutegias proacuteprias de sobrevivecircncia e de produccedilatildeo e que portanto respondem de maneira diferenciada a desafios e restriccedilotildees semelhantes (FAOINCRA 2000)
Os dados mais gerais que tratam de variaacuteveis da caracterizaccedilatildeo dos
agricultores familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis pertencem ao censo
agropecuaacuterio de 2006 momento aquele em que o universo da agricultura familiar era
composto por aproximadamente 7409 estabelecimentos sendo que no ano de
2014 a Emater do municiacutepio registrou um nuacutemero aproximado de 8100 agricultores
familiares um aumento de 691 estabelecimentos Esse aumento dos agricultores
familiares no dececircnio pode ser resultado da subdivisatildeo das propriedades jaacute
existentes
Dentre os quatro grupos familiares (Quadro 8) o maior nuacutemero de agricultores
familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis encontra-se no grupo D ou seja aqueles
agricultores familiares descapitalizados e com baixo niacutevel de integraccedilatildeo ao mercado
No grupo A considerado como capitalizado e com grande integraccedilatildeo aos mercados
existe um contingente menor de agricultores
Nuacutemero bastante significativo de produtores familiares estaacute representado pelo
grupo B grupo esse que estaacute em processo de capitalizaccedilatildeo e integrado ao mercado
Os agricultores familiares capitalizados e em processo de capitalizaccedilatildeo satildeo em
menores nuacutemeros que os descapitalizados e os em processo de descapitalizaccedilatildeo
71
Cidade Agricultura familiar por grupo
Nordm Absoluto de estabelecimentos por grupo
familiar
Prud
entoacute
polis
PR
Familiar ndash tipo A 783
Familiar ndash tipo B 2168
Familiar ndash tipo C 1387
Familiar ndash tipo D 3071
Total 7409
QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006
Fonte IBGE 2006
Conforme os dados do IBGE (2006) eacute importante ressaltar que em
Prudentoacutepolis o grupo A representa cerca de 10 do total de estabelecimentos
familiares o que eacute aproximadamente a mesma proporccedilatildeo verificada para o Brasil
onde haacute cerca de 460 mil produtores do grupo A num universo de pouco mais de 4
milhotildees de estabelecimentos familiares
Dentro do universo dos agricultores familiares de Prudentoacutepolis nota-se que a
grande maioria deles independentemente do tipo familiar possui terras proacuteprias
como demonstrado no quadro 9 O fato de a grande maioria possuir terras proacuteprias
estaacute relacionado ao loteamento feito no periacuteodo da colonizaccedilatildeo do municiacutepio sendo
que apesar de ter acontecido a venda e compra de algum desses lotes em termos
gerais a questatildeo do acesso agrave terras permanece inalterada entre os agricultores
familiares locais
72
Variaacutevel
Agricultura familiar por grupo
Nordm Absoluto de propriedades por grupo
no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR
Terras proacuteprias
Familiar ndash tipo A 700
Familiar ndash tipo B 2016
Familiar ndash tipo C 1338
Familiar ndash tipo D 2966
Total 7020
QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)
Com relaccedilatildeo aos tipos de cultivo nota-se pelo quadro 10 que os produtores
de fumo se concentram nos grupos A e B Ou seja do ponto de vista econocircmico a
produccedilatildeo tende a oferecer uma renda maior do que o milho e o feijatildeo por exemplo
visto que a maior concentraccedilatildeo desses agricultores familiares estaacute nos grupos C e D
A maior parte dos produtores de fumo tem um niacutevel alto de integraccedilatildeo com o
mercado quer dizer natildeo satildeo camponeses e sim pequenos capitalistas que visam
lucros mantendo-se competitivos com objetivo de crescimento econocircmico
QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)
Nesse sentido concorda-se com as abordagens ligadas ao capitalismo
agraacuterio segundo as quais a integraccedilatildeo dos fumicultores com as induacutestrias
Grupo familiar Fumo Feijatildeo Milho Soja Familiar ndash tipo A 520 493 540 109
Familiar ndash tipo B 798 1464 1484 110
Familiar ndash tipo C 128 1058 974 56
Familiar ndash tipo D 89 2125 1773 84
Agricultor natildeo familiar
19 76 93 44
Total de
estabelecimentos
1555
5216
4864
403
73
fumageiras oferece maiores oportunidades para capitalizaccedilatildeo ao passo que a
maioria daquelas famiacutelias que produzem feijatildeo e milho estaacute no grupo familiar em vias
de descapitalizaccedilatildeo e descapitalizados auferindo renda menor
Quando somados as colunas do quadro 10 vemos que o nuacutemero para cada
linha supera o total de estabelecimentos de cada categoria apresentados nos
quadros anteriores Isso mostra que haacute muitos fumicultores que natildeo se dedicam
apenas ao fumo mas tambeacutem ao feijatildeo milho e ou soja A partir dai pode-se
levantar a hipoacutetese de que muitos produtores do grupo A manteacutem pequenas
produccedilotildees de feijatildeo eou milho para autoconsumo Outra hipoacutetese eacute que haacute
produtores do grupo B que estatildeo tentando fazer a transiccedilatildeo das culturas de feijatildeo
eou milho para a cultura de fumo motivo pelo qual deram iniacutecio a produccedilatildeo deste
uacuteltimo sem abandonar os cultivos mais tradicionais
No municiacutepio tambeacutem existem dezenove agricultores natildeo familiares que
produzem fumo e usam da matildeo de obra contratada para cultivar a commoditie
devido agrave baixa mecanizaccedilatildeo disponiacutevel para esse tipo de lavouraDesse modo os
agricultores natildeo familiares tambeacutem tecircm interesse na rentabilidade por hectare e no
mercado garantido do fumo
A produccedilatildeo de soja tem uma expressividade na agricultura familiar com
destaque para os grupos A e B O milho e feijatildeo satildeo as culturas que predominam
nos grupos familiares
Para as variaacuteveis ligadas agrave modernizaccedilatildeo da agricultura foi contabilizado o
nuacutemero de tratores existente nas propriedades familiares como tambeacutem a utilizaccedilatildeo
de agrotoacutexicos entre esses grupos mediante dados do IBGE como apresentado no
quadro 11 Dos 7409 estabelecimentos familiares 1384 possuiacuteam trator no ano de
2006 ou seja 18
Nesse sentido pode-se dizer que no ano de 2006 um universo pequeno de
agricultores familiares possuiacutea trator No grupo A 34 dos agricultores tinham
tratores O grupo B foi o menos expressivo nessa variaacutevel com 12 de
estabelecimentos com trator seguidos de 15 no grupo C e de 20 no grupo D
74
Agricultura familiar por grupo de agricultores
Nuacutemero total de estabelecimentos familiares
Nuacutemero de estabelecimentos com tratores
de tratores por grupo familiar
Familiar ndash tipo A 783 269 34
Familiar ndash tipo B 2168 278 12
Familiar ndash tipo C 1387 209 15
Familiar ndash tipo D 3071 628 20
Total 7409 1384 18
QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES
Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015) O uso de agrotoacutexicos eacute feito por uma parcela expressiva de agricultores
familiares posto que 77 deles usam algum tipo desse produto Em termos
percentuais os agricultores familiares do grupo A satildeo os que mais usam seguidos
do grupo B com 82 grupo Ccom 75 epor fim o grupo D com 69 dos
agricultores que fazem uso desse insumo agriacutecola Assim vale notar que o uso de
agrotoacutexicos natildeo estaacute associado apenas agrave produccedilatildeo de fumo pois os grupos
familiares que produzem predominantemente feijatildeo e milho tambeacutem utilizam
produtos quiacutemicos intensamente Nesse sentido concorda-se com DINIZ FILHO
(2011) quando menciona que
[] a incorporaccedilatildeo de elementos econocircmicos e tecnoloacutegicos da agricultura patronal eacute uma estrateacutegia amplamente utilizada por agricultores familiares do mundo todo para se manterem competitivos no bojo da modernizaccedilatildeo agriacutecola embora frequentemente tal incorporaccedilatildeo fique incompleta devido agrave falta de capital para investimentos e das caracteriacutesticas de muitas propriedades familiares tais como pequena dimensatildeo ou relevo inclinado
75
Agricultura familiar por grupo de agricultores
Nuacutemero total de estabelecimentos familiares
Nuacutemero de estabelecimentos que usam agrotoacutexicos
de estab que usam agrotoacutexicos
Familiar ndash tipo A 783 734 93
Familiar ndash tipo B 2168 1794 82
Familiar ndash tipo C 1387 1048 75
Familiar ndash tipo D 3071 2108 69
Total 7409 5684 77
QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS
Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)
Os dados mostram que a agricultura familiar no municiacutepio de Prudentoacutepolis
tambeacutem se beneficia dos aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo da agricultura
concordando com Diniz Filho (2011) quando afirma ser notoacuterio que a monocultura a
mecanizaccedilatildeo e o uso de pesticidas e fertilizantes quiacutemicos satildeo amplamente
disseminados entre os produtores familiares Nesse sentido pode-se dizer que a
agricultura familiar da mesma forma que o agronegoacutecio estaacute preocupada
primeiramente com os lucros do que em usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis e que
busquem somente reproduzir o seu modo de vida
Portanto pode-se afirmar que a produccedilatildeo de fumo eacute considerada uma
atividade que permite renda razoaacutevel para o produtor uma vez que no municiacutepio de
Prudentoacutepolis esses agricultores familiares estatildeo concentrados no tipo familiar mais
capitalizado condizendo assim com os dados mais gerais sobre a agricultura
familiar brasileira apresentados no capiacutetulo anterior segundo os quais a cultura do
fumo gera menor niacutevel de pobreza que culturas alimentares voltadas para o
consumo popular e frequentemente associadas agrave produccedilatildeo de subsistecircncia
Finalmente vale notar que a pesquisa de campo realizada no acircmbito desta pesquisa
corroborou os resultados obtidos pela anaacutelise de dados estatiacutesticos de fontes
oficiais conforme se veraacute a seguir
76
CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO
Este capiacutetulo tem por objetivo expor os dados dos trabalhos de campo
realizados com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela
empresa Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis A
contrataccedilatildeo eacute feita atraveacutes do sistema de produccedilatildeo integrada no qual a empresa
garante a compra de toda a produccedilatildeo fornece assistecircncia teacutecnica aos contratados
define os padrotildees de fumo a serem produzidos de acordo com as demandas de
mercado bem como estipula os preccedilos do quilo de fumo junto ao sindicato dos
fumicultores do Brasil (SINDITABACO)
Na safra de 20142015 duzentos e noventa e cinco produtores familiares de
Prudentoacutepolis foram contratados pela Souza Cruz como fornecedores de fumo Para
dar suporte a esses fumicultores trabalham trecircs instrutores teacutecnicos cada qual
atuando na sua aacuterea de abrangecircncia acompanhando os mesmos associados desde
o iniacutecio ateacute o final da safra
A finalidade do instrutor teacutecnico eacute de prestar assistecircncia aos fumicultores em
todos os processos da produccedilatildeo do fumo como a definiccedilatildeo da quantidade de peacutes
de fumo que seraacute plantada a compra de insumos para produccedilatildeo a realizaccedilatildeo do
seguro da safra juntamente com a Afubra assistecircncia teacutecnica nos tratos culturais da
planta estabelecimento de estimativas de quilos de fumo que o produtor
comercializaraacute com a empresa acompanhamento na colheita secagem
classificaccedilatildeo e a venda do produto
O instrutor teacutecnico entrevistado expotildee que aleacutem da empresa Souza Cruz
outras cinco empresas6 do mesmo ramo atuam no municiacutepio com intuito de contratar
fumicultores atraveacutes do sistema integrado Menciona tambeacutem que natildeo existem
grandes conflitos concorrenciais entre essas empresas como jaacute existiu na deacutecada
de 1990 quando uma empresa fazia o maacuteximo para atrair maior quantidade de
associados Nos uacuteltimos anos cada empresa tem os seus produtores certos natildeo
6Universal Leaf Tabacos Ltda CTA ndash Continental Tobaccos Alliance One Exportadora de Fumo Ltda Premium Tabacos do Brasil SA e a A Japan Tabacco Inc (JTI)
77
existindo alto niacutevel de migraccedilatildeo desses entre as empresas uma vez que todas
trabalham no mesmo sistema e os preccedilos do quilo de fumo satildeo tabelados
A logiacutestica de transporte do fumo da residecircncia do produtor ateacute a usina de
beneficiamento da Souza Cruz eacute terceirizada sendo que no municiacutepio satildeo trecircs
transportadoras credenciadas pela empresa A proacutepria Souza Cruz natildeo possui
depoacutesitos de armazenamento de fumo em Prudentoacutepolis Desse modo as trecircs
transportadoras credenciadas satildeo responsaacuteveis por fazer o recolhimento da
produccedilatildeo direto do depoacutesito do produtor A transportadora coleta o fumo nas
propriedades dos fumicultores com um caminhatildeo de menor porte e no barracatildeo da
proacutepria transportadora eacute feito o transbordo para as carretas que seguem ateacute a usina
de beneficiamento
Como na assistecircncia teacutecnica cada transportadora tambeacutem tem uma regiatildeo de
abrangecircncia para recolher o fumo A produccedilatildeo que sai dos depoacutesitos dos produtores
jaacute estaacute 100 assegurada caso aconteccedila imprevistos com a viagem Apoacutes a
descarga do fumo na usina de beneficiamento a transportadora utiliza o mesmo
frete para trazer os insumos agriacutecolas para a proacutexima safra
Apesar de possuir uma usina de processamento de fumo no municiacutepio de Rio
Negro no Paranaacute a produccedilatildeo do municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute enviada para a usina
de BlumenauSC pois a usina de Rio Negro tem capacidade de atender somente agrave
produccedilatildeo da regiatildeo Oeste e Sudoeste paranaense e tambeacutem do ponto de vista
logiacutestico eacute mais viaacutevel enviar a produccedilatildeo de Prudentoacutepolis para Blumenau
A partir de dados da Afubra da Souza Cruz e dos dados de campo foi
construiacutedo um fluxograma para exemplificar as etapas em que o fumo produzido no
municiacutepio de Prudentoacutepolis passa ateacute chegar ao consumidor
78
FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
Fonte Souza Cruz e AFUBRA 2014
Org VILCZAK A 2015
41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES
As informaccedilotildees que seratildeo apresentadas a seguir dizem respeito a sessenta
famiacutelias entrevistadas e que satildeo contratadas pela empresa fumageira Souza Cruz
no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR
As famiacutelias entrevistadas residem em seis diferentes localidades do municiacutepio
de Prudentoacutepolis sendo elas Comunidade da Linha Dezembro Comunidade da
Linha Visconde de Guarapuava Comunidade da Linha Marcondes Comunidade da
Linha Barra Vermelha Comunidade da Linha Antocircnio Olinto e Comunidade da Linha
Tira Cisma (figura 8) Para localizar esses fumicultores os instrutores teacutecnicos da
Souza Cruz forneceram uma listagem de todos os produtores e de sua respectiva
localidade de residecircncia Cabe destacar que as entrevistas natildeo foram direcionadas e
nem realizadas com a presenccedila desses instrutores
79
FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS
A seleccedilatildeo das localidades foi feita levando-se em conta a maior concentraccedilatildeo
de produtores de fumo e a maior acessibilidade em relaccedilatildeo agrave aceitaccedilatildeo dos mesmos
em responderem os questionaacuterios
Para a realizaccedilatildeo das entrevistas fez-se necessaacuterio o auxiacutelio de um agente
comunitaacuterio que tinha maior contato com os fumicultores para que os mesmos
pudessem responder o questionaacuterio com maior seguranccedila Recorreu-se a esse
meacutetodo pelo fato de alguns fumicultores convidados a participar da entrevista natildeo
ficarem tranquilos suspeitando que se tratasse de uma pesquisa que natildeo favorecia
aos ideais deles uma vez que possuem ldquomedordquo de certas campanhas
governamentais que incentivam o fim do plantio do fumo
As primeiras entrevistas foram realizadas na Linha Dezembro Linha Visconde
de Guarapuava e Linha Marcondes sendo que as mesmas foram conduzidas
juntamente com a agente comunitaacuteria Gabriela Strechar (residente na Linha
Visconde de Guarapuava) e contabilizou um total de 19 fumicultores Na Linha Barra
Vermelha Linha Antocircnio Olinto e Linha Tiram Cisma foram realizadas 41 entrevistas
80
com a ajuda da agente comunitaacuteria Adriana Kutzmy moradora da Linha Barra
Vermelha e que tambeacutem tem grande conhecimentos sobre essas localidade e
moradores
As entrevistas foram realizadas nos meses de novembro e dezembro de
2015 periacuteodo da colheita do fumo A escolha desse periacuteodo para a coleta de dados
possibilitou conhecer a realidade de cada famiacutelia com relaccedilatildeo agraves formas de
produccedilatildeo colheita transporte e secagem das folhas de fumo
Caracterizaccedilatildeo das famiacutelias
a) Escolaridade feminina e masculina por faixa etaacuteria
Para a coleta de dados dessa variaacutevel foram levados em consideraccedilatildeo
somente as mulheres e homens que vivem nas unidades de produccedilatildeo familiar isto eacute
pessoas que migraram para as cidades e aquelas que se casaram e permanecem
no meio rural natildeo seratildeo contemplados nos quadro 13 e 14
Dentre as sessenta famiacutelias entrevistadas contabilizou-se um total de
duzentos e vinte e cinco membros que residem nas unidades de produccedilatildeo familiar
sendo cento e nove mulheres e cento e dezesseis homens
81
Faixa etaacuteria
S idade
escolar
S escolar idade
Ateacute o 5ordm ano
Do 6ordm ao 9ordm ano
Ensino meacutedio
Incompleto
Ensino meacutedio
completo
Ensino Superior
Cursos teacutecnicos
Total de
mulheres
0 - 05 anos 10 - 01 - - - - - 11
05 - 10 anos
- - 04 - - - - - 04
11 ndash 20 anos
- - 05 09 01 05 01 - 21
21 ndash 30 anos
- - 08 - 12 - 01 21
31 ndash 40 anos
- - 06 06 - 01 - - 13
41 ndash 50 anos
- - 14 06 - - - - 20
51 ndash 60 anos
- - 12 - - 01 - - 13
Acima de 61
- 01 04 - - 01 - - 06
Total 10 01 46 29 01 20 01 01 109
Percentual ()
09 01 43 27 01 17 01 01 100
QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Com relaccedilatildeo agraves mulheres entrevistadas pode-se notar um baixo grau de
escolarizaccedilatildeo dentre aquelas que possuem mais de 40 anos as quais no maacuteximo
tecircm ensino fundamental completo exceto uma senhora que estaacute na faixa etaacuteria de
51 a 60 anos e que possui ensino meacutedio completo e que era professora das seacuteries
iniciais Nota-se tambeacutem a existecircncia de duas famiacutelias com filhas cursando
universidade e curso teacutecnicos no periacuteodo da noite sendo que as mesmas trabalham
durante o dia na propriedade inclusive na produccedilatildeo de fumo
82
Todas as filhas dos fumicultores em idade escolar estatildeo matriculadas nas
suas respectivas seacuteries de ensino Na faixa etaacuteria de 21 a 30 anos a maioria tem o
ensino meacutedio completo e natildeo demonstra pretensotildees de fazer curso superior nos
proacuteximos anos
Apesar da baixa escolaridade somente uma pessoa entrevistada e que tem
mais que 61 anos de idade nunca frequentou uma escola
De acordo com as entrevistas percebe-se que grande parte das mulheres
quando terminam o ensino meacutedio migra para alguma cidade com pretensotildees de
estudar ou trabalhar
Faixa etaacuteria
S idade
escolar
S escolar idade
Ateacute o 5ordm ano
Do 6ordm ao 9ordm ano
Ensino meacutedio
Incompleto
Ensino meacutedio
completo
Ensino Superior
Cursos teacutecnicos
Total de homens
0 - 05 anos 09 - - - - - - - 09
05 - 10 anos
- - 08 - - - - - 08
11 ndash 20 anos
- - 05 07 07 03 - - 22
21 ndash 30 anos
- - - 02 03 13 01 - 19
31 ndash 40 anos
- 01 08 06 - 05 01 03 24
41 ndash 50 anos
- - 11 - - - - - 11
51 ndash 60 anos
- - 18 - - - - - 18
Acima de 61
- - 05 - - - - - 05
Total 09 01 55 15 10 21 02 03 116
Percentual ()
07 01 47 13 09 18 02 03 100
QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO
Fonte Pesquisa de campo (2015)
83
No universo masculino da mesma forma que no feminino percebe-se que as
menores escolaridades estatildeo entre aqueles que possuem mais de 40 anos de idade
Um entrevistado que possui entre 31 e 40 anos cursou trecircs anos no ensino
superior poreacutem alega que natildeo tem pretensotildees em curto prazo em concluir ou
trabalhar fora da propriedade devido a melhor qualidade de vida que pode ter em
relaccedilatildeo agrave cidade Nessa mesma faixa etaacuteria (31 a 40 anos) trecircs homens
frequentaram cursos teacutecnicos sendo que dois concluiacuteram teacutecnico em agropecuaacuteria e
um teacutecnico florestal
Um homem entre 21 e 30 anos concluiu haacute dois anos o curso superior em
contabilidade afirmou que jaacute trabalhou na sua aacuterea de formaccedilatildeo mas que nesse
ano decidiu trabalhar na produccedilatildeo de fumo poreacutem tem pretensotildees de voltar a
trabalhar na aacuterea de formaccedilatildeo
b) Estrutura familiar
Para a coleta de dados correspondente agrave variaacutevel apresentada no quadro 15
tambeacutem foram levadas em consideraccedilatildeo somente as pessoas que vivem na unidade
familiar Dessa forma a quantidade de membros que compotildee as famiacutelias
entrevistadas natildeo eacute numerosa apresentando a maior porcentagem de famiacutelias
compostas por trecircs e quatro pessoas (30 e 42) Aquelas com mais de cinco
membros correspondem na sua maior parte por famiacutelias onde os pais da esposa ou
do marido estatildeo vivendo juntos
Nuacutemero total dos
membros das famiacutelias
Nordm de famiacutelias Nuacutemero total de membros
Percentual ()
Um membro 0 0 0
Dois membros 6 12 10
Trecircs membros 18 54 30
Quatro membros 25 100 42
Cinco membros 07 35 12
Seis membros 04 24 6
84
Total 60 225 100
QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Os dados sobre as famiacutelias em que pelo menos um dos membros migrou para
alguma cidade com intuito de trabalhar estudar ou trabalhar e estudar estatildeo
apresentados na tabela abaixo
TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE
Motivos da migraccedilatildeo Nordm de famiacutelias Percentual () Somente estudar (cursos teacutecnicos Universidade)
9 15
Estudar (cursos teacutecnicos Universidade) e Trabalho
14 23
Somente trabalhar 6 10 Nenhum membro migrou
para a cidade 31 52
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)
Nota-se que 48 das famiacutelias entrevistadas tiveram pelo menos um membro
que migrou para a cidade com objetivo de estudar ou trabalhar Os que relataram
que a migraccedilatildeo foi com intuito de estudar afirmam que os estudos estatildeo
relacionados a cursos teacutecnicos e universitaacuterios como jaacute expostos acima
Vale lembrar a existecircncia de famiacutelias em que os filhos ainda natildeo estatildeo em
idades suficientes para fazer um curso teacutecnico ou universidade ou seja nos
proacuteximos anos provavelmente haveraacute um percentual maior de jovens saindo do
campo com intuito de estudar ou trabalhar em outras atividades com maiores
oportunidades que a produccedilatildeo de fumo
Esse processo migratoacuterio da populaccedilatildeo rural para o urbano no caso dos
fumicultores entrevistados pode estar relacionado com aquilo exposto por (2014)
segundo o qual atualmente nas regiotildees rurais brasileiras a migraccedilatildeo jaacute natildeo eacute mais
um processo em que as condiccedilotildees ldquopor mais pobreza que existamrdquo estatildeo
expulsando as pessoas do campo mas sim um movimento que ocorre quando
existem fatores de atraccedilatildeo no meio urbano Poreacutem natildeo devemos desprezar que
nesse processo tambeacutem estatildeo embutidos outros fatores como os culturais e ateacute
85
pessoais ou seja o que se passa pela cabeccedila das pessoas natildeo somente dessas
que vivem no rural e estatildeo indo para a cidade mas tambeacutem daquelas que jaacute vivem
em cidades de menor porte e migram para grandes centros urbanos Contudo essas
questotildees de ordem cultural e pessoal escapam aos objetivos desta pesquisa
Condiccedilatildeo do fumicultor
TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA
Anos Nordm de famiacutelias Percentual ()
0 ndash 5 anos 0 0
6 ndash 10 anos 4 6
10 ndash 15 anos 12 20
15 ndash 20 anos 16 27
21 ndash 25 anos 12 20
26 ndash 30 anos 10 17
Mais de 30 anos 6 10
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
O periacuteodo de tempo com maior expressividade em que esses agricultores
familiares estatildeo envolvidos na atividade fumageira variam em torno de 10 a 30 anos
Nenhuma famiacutelia entrevistada comeccedilou a produzir fumo nos uacuteltimos cinco anos
Esse fato vai ao encontro de dados mais gerais da Afubra (2015) demonstrando
que entre o ano de 2010 e 2014 o nuacutemero de famiacutelias produtoras de fumo caiu de
185160 para 162410
Esse fato estaacute relacionado principalmente agrave migraccedilatildeo de jovens para as
cidades e pelo fato dos casais mais novos que possuem filhos com idades
insuficientes para trabalhar na atividade fumageira buscarem se promover
economicamente atraveacutes de outras atividades
A queda do nuacutemero de famiacutelias na fumicultura nos uacuteltimos anos tambeacutem estaacute
relacionada com a maior escolaridade das pessoas que vivem no rural pois esses
estatildeo se dedicando a atividades selecionadas por eles como mais oportunas eou
mais competitivas Aqui natildeo podemos desconsiderar tambeacutem a opccedilatildeo das famiacutelias
86
natildeo entrarem na atividade fumageira pelas questotildees da sauacutede (contato com
agrotoacutexicos e doenccedila da folha verde)
TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
Nordm de famiacutelias Percentual ()
Pela renda e venda garantida
12 20
Pouca disponibilidade de terras
06 10
Pela renda venda garantida e pouca terra
35 58
Falta de outras opccedilotildees de atividade agropecuaacuteria
07 12
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Das famiacutelias entrevistadas 58 declararam que optam pela produccedilatildeo de
fumo por trecircs motivos principais a renda a garantia de venda e a pouca aacuterea de
terra que possuem Jaacute para 20 das famiacutelias entrevistadas os principais motivos
estatildeo na geraccedilatildeo de renda e venda garantida
As famiacutelias que natildeo declararam a pouca quantidade de terra como empecilho
para a realizaccedilatildeo de outra atividade que substitua por completo a produccedilatildeo de fumo
mencionam que plantam o fumo devido agrave renda e que como estatildeo inseridos na
cadeia produtiva de gratildeos que eacute mecanizada sobra matildeo de obra para trabalhar
com o fumo Esses exemplos demonstram que os agricultores familiares produzem
para maximizar os lucros e crescer economicamente da mesma forma que os
grandes proprietaacuterios como exposto no paradigma da agricultura familiar
A falta de outras atividades agropecuaacuterias tambeacutem foi mencionada por 12
das famiacutelias entrevistadas pois apesar de existir outros tipos de cultivo no municiacutepio
como por exemplo a produccedilatildeo de verduras de morangos de pepinos e de ervas
medicinais essas famiacutelias declararam que esses cultivos natildeo geram uma renda por
hectare como o fumo Uma fumicultora entrevistada na Linha Marcondes comenta
Eu ldquoplantava as coisasrdquo para a merenda escolar aqui da escola [] noacutes tinha que comprar as sementes e tudo o que precisava pra produzir essas verduras [] quando levava na escola ficavam colocando defeito na minha produccedilatildeo [] queriam que eu levasse todo dia dez peacutes de alface na escola [] que lucro eu ia ter ir todo dia na escola levar soacute dez peacutes de alface E
87
ainda recebia soacute depois de 40 dias que entreguei a produccedilatildeo e ainda agraves vezes atrasava [] O fumo eacute muito cansativo soacute que a gente natildeo precisa ficar se humilhando pra comprar a produccedilatildeo da gente a firma leva tudo seja o melhor fumo seja o pior
A fumicultora retrata que apesar do trabalho na produccedilatildeo de fumo ser mais
cansativa que outras atividades o fato de se ter a venda garantida de toda a
produccedilatildeo compensa as desvantagens
TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS
Quantidades de peacutes de fumo
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
25000 - 30000 peacutes 14 23
31000 ndash 50000 peacutes 26 44
51000 ndash 70000 peacutes 05 08
71000 ndash 90000 peacutes 07 12
91000 ndash 120000 peacutes 05 08
121000 -140000 peacutes 03 05
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)
Dentre as famiacutelias entrevistadas a quantidade miacutenima de produccedilatildeo eacute de
25000 peacutes e a maacutexima de 140000 peacutes poreacutem a maior concentraccedilatildeo estaacute ente
31000 e 50000 peacutes A quantidade de peacutes que satildeo plantados estaacute relacionada agrave
matildeo de obra disponiacutevel uma vez que esses fumicultores antes de planejar a
proacutexima safra levam em consideraccedilatildeo primeiramente a relaccedilatildeo entre a quantidade
de matildeo de obra disponivel com a quantidade de peacutes de fumo De acordo com o
instrutor teacutecnico da Souza Cruz uma pessoa consegue produzir em meacutedia 20000
peacutes de fumo por safra (usando matildeo de obra de terceiros somente para os dias de
colheita)
Condiccedilatildeo das terras usadas pelos fumicultores entrevistados
88
TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS
Condiccedilatildeo da terra Nordm de famiacutelias Percentual ()
Somente terra proacutepria 33 55
Terra proacutepria e arrendada 22 37
Somente terras arrendadas 05 08
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Para coletar esses dados foi levado em consideraccedilatildeo o total das terras
usadas pelos fumicultores independentemente da cultura plantada aleacutem do fumo
Desse modo nota-se que a grande maioria possui terras proacuteprias (92) sendo que
55 cultivam somente em terras proacuteprias e 37 aleacutem das terras proacuteprias arrenda
com intuito de aumentar a produccedilatildeo tanto de fumo como de gratildeo e outros Existem
8 que natildeo possuiacuteam terras proacuteprias e que necessitam arrendar para produzir o
fumo
TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES
Somente terra proacutepria Nordm de famiacutelias Porcentagem ()
Ateacute 5 hectares 11 20
6 a 10 hectares 14 25
11 a 15 hectares 8 15
16 a 20 hectares 6 11
21 a 25 hectares 6 11
26 a 30 hectares 2 04
31 a 40 hectares 4 07
Mais de 40 hectares 4 07
Total 55 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Dos sessenta fumicultores entrevistados cinco natildeo possuem terras proacuteprias
E dos cinquenta e cinco que possuem a maior porcentagem de famiacutelias tem ateacute 15
hectares Nesse sentido esses nuacutemeros satildeo compatiacuteveis com os dados mais gerais
da regiatildeo Sul do Brasil onde a maior concentraccedilatildeo de famiacutelias possui ateacute 20
89
hectares de terra (AFUBRA 2015) A aquisiccedilatildeo das terras foi principalmente por
heranccedila e em parcelas menores atraveacutes de compra
Formas de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria das unidades familiares dos fumicultores
entrevistados
Este item refere-se aos tipos de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria que aleacutem do fumo
trazem renda para a unidade de produccedilatildeo familiar Com base nos dados de campo
verificam-se nas propriedades aleacutem da produccedilatildeo do fumo as produccedilotildees de feijatildeo
milho soja erva-mate e a produccedilatildeo de leite
TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES
Tipo de produccedilatildeo
agropecuaacuteria Nuacutemeros de famiacutelias Percentual ()
Somente fumo 20 33 Fumo e soja 06 10
Fumo soja feijatildeo e milho 20 33 Fumo Soja milho e leite 03 5 Fumo feijatildeo milho e erva-
Mate 11 19
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
De acordo com os dados expostos 33 dos entrevistados afirmam que a
produccedilatildeo da propriedade com pretensatildeo de venda eacute somente o fumo outros 33
aleacutem do fumo produzem soja e feijatildeo seguidos de 19 que se dedicam agrave produccedilatildeo
de fumo feijatildeo milho e erva-mate e menos de 5 declarar produzir para a venda o
fumo a soja o milho e o leite
Nesse sentido 67 dos entrevistados diversificam a produccedilatildeo com intuito de obter
mais fontes de renda Poreacutem alegam que a maior renda por aacuterea plantada vem da
produccedilatildeo de fumo
A produccedilatildeo de eucaliptos (figura 9) tambeacutem eacute bastante comum nas
propriedades pois eacute fonte de energia para a secagem das folhas do fumo Nas
estufas tradicionais o uso de lenha eacute muito maior que nas estufas eleacutetricas
90
FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO
Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2016)
A figura 9 exemplifica uma propriedade de fumicultor que produz a soja para
venda e eucalipto para a secagem do fumo A imagem da esquerda representa a
lavoura de um fumicultor na linha dezembro com produccedilatildeo de soja e ao fundo
notam-se plantaccedilotildees de eucaliptos para usar na secagem das folhas de fumo Na
imagem da direita tambeacutem pode ser vista a lavoura de fumo e ao fundo plantaccedilotildees
de eucaliptos
A erva-mate tambeacutem serve como fonte de renda dos fumicultores sendo que
em aacutereas de faxinal7 os peacutes de erva-mate formam mantidos e outros espaccedilos
usados para o cultivo de soja ou feijatildeo como demonstrado na figura 10 Em algumas
propriedades a erva-mate natildeo eacute nativa e foi plantada nos uacuteltimos anos em escalas
maiores devido agrave rentabilidade
7Por faxinal entende-se as terras tradicionalmente ocupadas para o uso comum de pastagens e florestas no Paranaacute que designam situaccedilotildees em que a produccedilatildeo familiar de acordo com suas possibilidades combina apropriaccedilatildeo privada e coletiva dos recursos naturais (HAURESKO C 2012)
91
FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE
Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2015)
Aleacutem da produccedilatildeo com pretensatildeo de venda nas propriedades visitadas
tambeacutem nota-se a presenccedila da produccedilatildeo para autoconsumo da famiacutelia Essas
alegam que produzem certos produtos para diminuir os gastos com mercado e por
produzirem de acordo com suas preferecircncias alimentares Apenas 6 dos
entrevistados natildeo produzem nada para autoconsumo alegando que comprar sai
mais barato que produzir
TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE
Produccedilatildeo para autoconsumo
Nuacutemero de famiacutelias Percentual ()
Horta 08 13 Horta criaccedilatildeo de galinhas e
porcos 16 27
Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos feijatildeo e milho
07 12
Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos e criaccedilatildeo gado (corte
e leite) feijatildeo e milho
25 42
Nenhuma produccedilatildeo para auto consumo
04 6
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
Sobre a produccedilatildeo de feijatildeo para autoconsumo alguns produtores
mencionam que produzem separadamente o feijatildeo para a venda do feijatildeo para
92
consumo da famiacutelia afirmando que no feijatildeo para venda satildeo aplicados dessecantes
para acelerar o periacuteodo de colheita e no feijatildeo que eacute para o consumo natildeo utilizam
essa praacutetica Esse fato natildeo eacute raro no municiacutepio acontecendo tanto nas pequenas
propriedades como nas grandes Isso demonstra que os agricultores familiares estatildeo
interessados no lucro de sua produccedilatildeo e natildeo tecircm muita preocupaccedilatildeo com as
praacuteticas que os ambientalistas e produtores orgacircnicos qualificam como sustentaacuteveis
Dessa forma eacute desnecessaacuteria a visatildeo dualista ente pequenos e grandes produtores
agriacutecolas concordando entatildeo com Diniz Filho (2011) quando escreve o texto
intitulado Agricultura familiar e meio ambiente o perigo da simplificaccedilatildeo ideoloacutegica
mencionando que organizaccedilotildees como CNBB e MST buscam toda sorte de
argumentos para contrapor o agronegoacutecio agrave agricultura camponesa afirmando que o
agronegoacutecio destroacutei a natureza por estar preocupado com lucros ao passo que os
agricultores familiares tenderiam a usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis porque
buscam somente reproduzir seu modo de vida
A produccedilatildeo de animais como vacas de leite boi para engorda criaccedilatildeo de
porcos e galinhas tambeacutem eacute comum entre os produtores de fumo como mostra a
figura 11
FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
93
Portanto conforme afirma Ternoski (2013) a renda agriacutecola dos
estabelecimentos familiares eacute composta da venda de produtos agropecuaacuterios e de
autoconsumo O autoconsumo eacute a quantidade que a famiacutelia consome em produtos
que produz no estabelecimento podendo ser de origem animal ou vegetal como
tambeacutem da transformaccedilatildeo caseira ou seja esses produtos complementam a renda
dos agricultores pelo fato de natildeo precisarem ser comparados pois se destinados ao
mercado podem gerar receita
Acesso a tecnologias e ao creacutedito agriacutecola
TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES
Nordm de famiacutelias Percentual () Possui uma estufa eleacutetrica 54 90
Natildeo possui estufa eleacutetrica 6 10
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
A Grande maioria dos fumicultores (90) possui em sua propriedade a estufa
eleacutetrica Essas famiacutelias afirmam que quando mudaram da estufa tradicional para a
eleacutetrica os trabalhos com matildeo de obra diminuiacuteram bastante pois para secar o fumo
na estufa eleacutetrica natildeo eacute necessaacuterio amarrar as folhas de fumo como demonstra a
figura 12 Jaacute nas estufas tradicionais em que a secagem natildeo eacute eleacutetrica a
quantidade de matildeo de obra exigida eacute bem maior como demonstrado na figura 13
As famiacutelias que natildeo possuem estufa eleacutetrica mencionam que natildeo pretendem
produzir por muito tempo o fumo desse modo natildeo seria viaacutevel adaptar ao sistema
eleacutetrico Nas propriedades onde a produccedilatildeo eacute maior de 70000 peacutes existem duas
estufas (figura 14)
94
FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO
Fonte Vilczak A Trabalho de campo (2016)
FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS
95
Fonte KUTZMY A Trabalho de campo (2015)
FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)
TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO
Bens adquiridos Nordm de famiacutelias Percentual ()
Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e terras no espaccedilo rural
20 33
Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e
terreno na cidade
6 10
Casa carro e terra 4 7
Carro casa trator e implementos agriacutecolas
26 43
Somente carro e casa 4 7
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
A partir dos dados acima pode-se notar que todos os entrevistados
conseguiram adquirir bens de capital considerados de grande importacircncia como
terrenos trator implementos agriacutecolas casa lotes no periacutemetro urbano entre outros
bens de menor importacircncia como eletrodomeacutesticos aleacutem dos reparos feitos na
96
propriedade que natildeo foram contabilizados pela pesquisa apesar de mencionados
pelos entrevistados As figuras 15 e 16 satildeo de algumas propriedades de produtores
de fumo entrevistados propriedades essas com casas de alvenaria galpatildeo e carro
Desse modo concorda-se com a tese de doutoramento de Manuel Antonio
Nunguiacutea Payas intitulada Empresaacuterio familial rural a integraccedilatildeo agrave agroinduacutestria de
fumo e diferenciaccedilatildeo em que o autor faz um estudo sobre a produccedilatildeo de fumo no
municiacutepio de Rio AzulPR mencionando que os fumicultores integrados estudados
por ele tiveram um aumento no patrimocircnio e que esses natildeo estatildeo inseridos na
produccedilatildeo somente para satisfaccedilatildeo das necessidades de sobrevivecircncia familiar mas
sim agindo no mercado como empresaacuterios investindo o seu capital nas atividades
com expectativa de maiores lucros e menores riscos ou seja analisando o custo de
oportunidade de cada cultura Nesse sentido para o autor o produtor familiar
integrado eacute um empresaacuterio que apresenta como principal caracteriacutestica a matildeo de
obra e propriedade familiares
FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)
97
FIGURA 16 - BENS ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)
A produccedilatildeo de fumo apesar de ser considerada pelos proacuteprios fumicultores
como uma atividade que exige muita matildeo de obra representou melhoria na
qualidade de vida deles pois grande parte das famiacutelias entrevistadas conseguiu
adquirir bens materiais como terras lotes no periacutemetro urbano casa carro trator
entre outros de menor valor bens esses dificilmente adquiridos somente com
atividades agriacutecolas tradicionais como milho feijatildeo e outros A explicaccedilatildeo para que
esses agricultores familiares escolham primeiramente a produccedilatildeo de fumo e natildeo a
produccedilatildeo de alguma cultura tradicional desenvolvida com grande representatividade
no municiacutepio desde a segunda metade do seacuteculo XIX estaacute no custo de
oportunidade dessa cultura Os fumicultores avaliam primeiramente os ganhos
econocircmicos que essa cultura proporciona em relaccedilatildeo agrave quantidade de terras
disponiacutevel em suas propriedades eou por meio de arrendamento
Outro fato que exemplifica a melhoria da qualidade de vida dos fumicultores
pode ser observado no proacuteprio municiacutepio A regiatildeo Norte de Prudentoacutepolis eacute
caracterizada pela produccedilatildeo de culturas tradicionais sendo que na grande maioria
das vezes essas lavouras satildeo realizadas manualmente devido agrave topografia muito
acentuada 8 Essa regiatildeo eacute considerada como menos desenvolvida que a regiatildeo
central e Sul devido agrave baixa produtividade por unidades familiares
Isso natildeo significa que se esteja afirmando aqui que a soluccedilatildeo econocircmica para
os produtores familiares da regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis seria a
8Atividades agriacutecolas consideradas muitas vezes mais penosas que a proacutepria produccedilatildeo de fumo pois esses agricultores carregam sacas de feijatildeo e de espigas de milho nas proacuteprias costas em terrenos muito iacutengremes aleacutem do plantio e dos tratos culturais realizados manualmente ou com traccedilatildeo animal
98
opccedilatildeo pelo cultivo do fumo Apenas constata-se que a inserccedilatildeo dos pequenos
produtores nos mercados e culturas mais seguras economicamente lhes proporciona
uma melhora econocircmica ao passo que tambeacutem o uso de aparatos tecnoloacutegicos
contribui para o aumento da produtividade e consequentemente ganhos monetaacuterios
maiores
Concorda-se com Schultz (1965) quando defende que a eficiecircncia e a
maximizaccedilatildeo do lucro satildeo partes de um sistema econocircmico eficiente e racional
Esse autor considera que todos os agricultores capitalizados ou de subsistecircncia
analisam a relaccedilatildeo entre a entrada de insumos e os resultados econocircmicos da
mesma maneira que os empresaacuterios modernos sendo o produtor um maximizador
de lucros em busca da eficiecircncia econocircmica
Nesse sentido a modernizaccedilatildeo da agricultura e a expansatildeo dos mercados
contribuiacuteram para de um lado expropriar algumas unidades de produccedilatildeo familiar e
de outro transformar agricultores familiares em empresaacuterios rurais com dependecircncia
tecnoloacutegica e financeira do mercado neste caso prevalecendo agrave racionalizaccedilatildeo
econocircmica e o objetivo principal da unidade de produccedilatildeo passando a ser a inserccedilatildeo
no mercado e a ampliaccedilatildeo dos lucros
TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO)
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
Utiliza Frequentemente essa linha de creacutedito
36 60
Utilizou algumas vezes mas natildeo utiliza mais
5 8
Nunca utilizou esse tipo de creacutedito
19 32
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
A grande maioria dos produtores entrevistados (60) utiliza a linha de creacutedito do
PRONAF tanto o custeio agriacutecola como tambeacutem o PRONAF investimento O
PRONAF custeio estaacute ligado agrave produccedilatildeo de gratildeos (soja milho feijatildeo) e o PRONAF
investimento estaacute voltado para a compra de trator implementos agriacutecolas
99
(plantadeiras carretas pulverizadores) e tambeacutem para investimentos com a
produccedilatildeo leiteira (ordenhadeiras e resfriadores)
Os fumicultores que aderiram ao PRONAF mencionam que o creacutedito agriacutecola
possibilitou a compra de trator e a carreta para o transporte do fumo da lavoura para
a estufa preparo do solo aplicaccedilatildeo de agrotoacutexicos etc aquisiccedilatildeo essa impossiacutevel
com pagamento agrave vista A figura 17 mostra tratores e carretas adquiridos por um
fumicultor morador da Linha Dezembroe por um da Comunidade de Linha Antocircnio
Olinto atraveacutes do PRONAF e conforme relata o fumicultor da Comunidade de Linha
Dezembro
Para noacutes o PRONAF eacute bom que financiamos o trator e outros maquinaacuterios [] antes tinha que trazer o fumo com carroccedila e cavalos agraves vezes os bichos ficavam doente na safra agraves vezes morriam [] agora com o trator e a carreta daacute pra trazer mais fumo da roccedila [] para noacutes deu uma grande diferenccedila (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)
FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
O fumicultor da Linha Dezembro relata que adquiriu o trator no ano de 2011
dando como entrada R$ 10000 teve carecircncia de pagamento por dois anos (2012 e
2013) e o restante do valor seraacute quitado entre 2014 e 2019 com parcelas anuais
entre R$ 9000 e R$ 8000 O mesmo comenta que com o dinheiro do fumo
consegue pagar as parcelas nas datas certas para o banco
Os agricultores que possuem trator fazem trabalhos terceirizados para
aqueles que natildeo possuem obtendo assim uma renda extra durante o ano O
fumicultor da Linha Dezembro afirma tambeacutem que a linha de creacutedito do PRONAF
100
trouxe melhora nas condiccedilotildees de trabalho e financeiras pois aumentaram a
produccedilatildeo e a produtividade
Aqueles que mencionaram terem usado a linha de creacutedito do PRONAF mas
que atualmente natildeo usam mais satildeo aqueles que jaacute compraram os implementos
agriacutecolas de que necessitavam e que compram os insumos para o plantio com
pagamento agrave vista ou a prazo na cooperativa agriacutecola mista de Prudentoacutepolis
(CAMP)
Os que nunca usaram as linhas de creacutedito do PRONAF satildeo fumicultores que
tambeacutem compram com pagamento agrave vista ou a prazo por meio da CAMP para pagar
com a produccedilatildeo Jaacute os que possuem trator compram agrave vista ou de vizinhos e
parentes pagando em prestaccedilotildees anuais sem relaccedilatildeo com bancos Esses alegam
ter receio de natildeo conseguir quitar o financiamento e por isso natildeo aderem ao
PRONAF
Outra forma de transportar o fumo da lavoura para a estufa eacute atraveacutes de
caminhonetes e tambeacutem atraveacutes de carroccedilas como mostra as fotos da figura 18
FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
101
TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
Matildeo de obra empregada na atividade fumageira
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
Somente matildeo de obra familiar
4 7
Contrataccedilatildeo de matildeo de obra em todo o periacuteodo da safra
0 0
Contrataccedilatildeo de matildeo de obra somente para a colheita
18 30
Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras em todo o periacuteodo da safra
8 13
Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras
somente para a colheita
30 50
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Nota-se que 63 das famiacutelias usam o sistema de trocas de dias para a
produccedilatildeo de fumo poreacutem 50 desses fazem parcerias somente nos dias de
colheita os quais variam entre um dia e meio a dois dias Essa parceria eacute feita para
natildeo contratar matildeo de obra poreacutem esses fumicultores tecircm um controle da quantidade
dos dias trocados entre eles e no final da safra aquele que estiver devendo horas
trabalhadas acerta em dinheiro conforme o valor da diaacuteria paga para colheita a qual
estaacute em torno de 100 a 120 reais
O tempo de secagem das folhas de fumo na estufa varia entre cinco e seis
dias Apoacutes secas essas folhas precisam ficar mais um dia dentro da estufa para
esfriar ou seja o periacuteodo entre o dia da colheita e o dia de tirar as folhas de fumo da
estufa varia de oito a dez dias e a quantidade meacutedia de colheitas por safra eacute entre
seis e oito
Nesse sentido os meses de novembro dezembro janeiro e parte de fevereiro
satildeo de trabalho intenso motivo pelo qual muitos dos entrevistados afirmam que a
desvantagem de produzir o fumo estaacute relacionada ao trabalho intenso nesses
meses
As famiacutelias com mais de quatro membros com idade suficiente (18 anos) para
estarem envolvidos na produccedilatildeo de fumo alegam que conseguem vencer
tranquilamente os trabalhos somente com a matildeo de obra familiar e que raramente
102
contratam matildeo de obra para a colheita (figura 19) Nessa perspectiva trabalham
intensamente nos dois dias de colheita e no restante dos dias (quando o fumo estaacute
secando) se dedicam a outras atividades da propriedade
FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
Tipos de famiacutelias Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Famiacutelia com apenas um
membro aposentado 10 17
Famiacutelia com dois membros aposentados
8 13
Famiacutelia com membro que recebe bolsa famiacutelia
5 8
Famiacutelia sem nenhum membro que recebe repasse social
37 62
Total 60 100 QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Os dados mostram que 62 das famiacutelias entrevistadas natildeo se beneficiam de
repasses sociais jaacute 17 das famiacutelias satildeo compostas por um membro que recebe
aposentadoria e 13 delas com dois membros aposentados Esses aposentados
natildeo satildeo os responsaacuteveis pela produccedilatildeo de fumo da famiacutelia poreacutem muitos alegam
que ajudam em tarefas consideradas por eles leves como a classificaccedilatildeo das folhas
do fumo jaacute que eacute realizada em ambientes protegidos das intempeacuteries e sentados
Uma parcela de 8 se beneficia do bolsa famiacutelia poreacutem alegam que esse valor
mesmo ajudando nas necessidades dos filhos natildeo eacute a maior parte da renda familiar
103
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos 0 0 Sempre tem problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina ( doenccedila da folha verde) (
acircnsia vocircmitos e mal estar)
25
42
Jaacute teve problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina
(doenccedila da folha verde) ( acircnsia vocircmitos e mal-estar)
16
27
Nunca teve problemas de sauacutede relacionados agrave
produccedilatildeo de fumo
19
31
Total 60 100 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Ao perguntar sobre intoxicaccedilatildeo dos fumicultores por agrotoacutexicos nenhuma
famiacutelia alegou ter acontecido esse fato com os membros da famiacutelia Afirmam que a
quantidade de agrotoacutexico que passam no fumo eacute menor que na soja milho e feijatildeo e
que quando vatildeo manusear agrotoacutexicos fazem o uso dos equipamentos de proteccedilatildeo
individual jaacute que diferente de outras culturas mecanizaacuteveis a pulverizaccedilatildeo do
agrotoacutexico no fumo eacute totalmente manual
Uma parcela expressiva de 69 alega que pelo menos um dos membros da
famiacutelia tem ou jaacute teve intoxicaccedilatildeo por nicotina ao realizar a colheita de fumo esses
que se apresentam de formas distintas de um indiviacuteduo para outro como acircnsia
vocircmitos mal-estar e insocircnia
Uma porcentagem menor composta por 31 das famiacutelias entrevistadas
dizem que nunca nenhum dos membros teve sintomas diferenciados apoacutes o contato
com a folha de fumo
TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO
Desvantagens da produccedilatildeo de fumo
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
Exige muito trabalho 18 30 Exige muito trabalho e causa
problemas de sauacutede 27 45
Falta de matildeo de obra para contratar
8 13
Natildeo vecirc desvantagens em produzir fumo
7 12
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo ( 2015)
104
Dos entrevistados 30 afirmam que a principal desvantagem eacute a
intensificaccedilatildeo do trabalho principalmente nos dias de colheita e aplicaccedilatildeo de
agrotoacutexicos os quais satildeo feitos manualmente Jaacute 45 deles afirmam que a
produccedilatildeo de fumo aleacutem de exigir muito trabalho tambeacutem traz problemas de sauacutede
normalmente aqueles que satildeo mais sensiacuteveis quando em contato com a nicotina
presente nas folhas do fumo (doenccedila da folha verde)
Outra variaacutevel que 13 dos entrevistados consideram desvantagem eacute a
questatildeo da matildeo de obra visto alegarem que principalmente para aquelas famiacutelias
que satildeo compostas de trecircs a quatro membros e que normalmente produzem uma
quantidade maior que a famiacutelia consiga dar conta tecircm muita dificuldade de encontrar
pessoas disponiacuteveis para contratar tendo assim que aumentar as jornadas de
trabalho ou diminuir a produccedilatildeo
Por fim uma parcela de 12 afirma que natildeo haacute qualquer desvantagem em
produzir fumo justificando que independentemente da atividade a ser realizada
deve-se trabalhar Dentre os entrevistados quatro famiacutelias afirmam que preferem
produzir fumo porque natildeo trabalham nos finais de semana e o trabalho natildeo dura o
ano todo como ocorre na produccedilatildeo leiteira que exige o empenho diaacuterio Para esses
a produccedilatildeo de fumo permite uma flexibilizaccedilatildeo do trabalho bem maior que a
produccedilatildeo de leite Nesse sentido pode-se concluir que cada famiacutelia tem preferecircncias
distintas na escolha da atividade que vai ser desenvolvida na propriedade
TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Sempre lecirc 6 10 Agraves vezes 18 30
Jaacute leu mas natildeo lecirc mais 6 10 Nunca leu 30 50
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
Dentre as famiacutelias entrevistadas nota-se que a metade delas nunca leu o
contrato emitido pela Souza Cruz justificando natildeo ter interesse na leitura ou por
saber do conteuacutedo do contrato por meio de vizinhos ou do instrutor teacutecnico
105
Agraves vezes quando a gente pede o instrutor lecirc direito pra gente pois natildeo tenho muito estudo e demora de mais pra ler tudo (Fumicultor da comunidade de Linha Antocircnio Olinto) Natildeo leio porque jaacute sei o que estaacute escrito todo ano eacute igual (Fumicultor da comunidade de Linha Visconde de Guarapuava) Natildeo leio a gente confia na firma (Fumicultor da comunidade de Linha Marcondes) Leio todo o contrato mas depois que assino e que instrutor vai embora (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)
A baixa escolaridade juntamente com poucos haacutebitos de leitura satildeo os
principais fatores que geram contratos assinados sem preacutevias leituras
Expectativas das famiacutelias em permanecer na atividade fumageira
Pretensotildees Nordm de famiacutelias Percentual ()
Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo por tempo
indeterminado
35 58
Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo poreacutem
diminuir a produccedilatildeo
18 30
Pretende parar completamente com a produccedilatildeo de fumo em
pequeno prazo de tempo (1 a 3 anos)
7 12
Total 60 100
QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Conforme demonstrado na tabela acima 58 das famiacutelias pretendem
permanecer com a produccedilatildeo de fumo por tempo indeterminado Jaacute 30 delas
pretendem continuar poreacutem diminuir o volume produzido Essas 30 das famiacutelias
mencionam que querem diminuir a produccedilatildeo pela falta de matildeo de obra uma vez que
os filhos estatildeo com intenccedilatildeo de sair de casa por motivos distintos como estudar
trabalhar em outro ramo etc
Outros 7 do total dos entrevistos tecircm a intenccedilatildeo de parar de produzir fumo
nos proacuteximos trecircs anos afirmando que vatildeo migrar para setores mais competitivos
106
como a soja e o leite Outros afirmam que querem parar porque jaacute estatildeo
aposentados e os filhos pretendem trabalhar em outras atividades de modo que a
famiacutelia tende a ficar pequena demais para essa cultura
Com relaccedilatildeo agrave venda da produccedilatildeo de fumo todos os entrevistados afirmam
que vendem a produccedilatildeo para a empresa integrada poreacutem os quilos produzidos
excedentes ao contrato firmado agraves vezes satildeo vendidos para atravessadores ou ateacute
mesmo para outras empresas Os fumicultores mencionaram que no geral tecircm
uma relaccedilatildeo tranquila com a empresa poreacutem existem safras em que o preccedilo do
quilo do fumo do ponto de vista deles deveria ser maior Esse fato eacute entendido pelo
paradigma da agricultura camponesa como conflito entre a territorialidade
corporativa Souza Cruz e a territorialidade dos fumicultores pelo fato de agricultor
natildeo ter autonomia de decisatildeo do preccedilo pago por quilo do fumo existindo entatildeo certo
conflito muitas vezes ldquosilenciosordquo entre essas territorialidades
Todavia o paradigma da agricultura familiar por natildeo estar baseado em
teorias anticapitalistas explica os processos de formaccedilatildeo de preccedilos a partir de
pressupostos teoacutericos diferentes Numa economia de mercado o vendedor jamais
possui autonomia plena para decidir o preccedilo do seu produto pois satildeo os
compradores que avaliam de acordo com seus objetivos e necessidades quanto
estatildeo dispostos a pagar por um bem ou serviccedilo Mas ao mesmo tempo os
compradores tambeacutem natildeo possuem autonomia para decidir o preccedilo de um produto
ao seu bel prazer pois se o vendedor natildeo considerar a venda vantajosa deixaraacute de
produzir ou de revender o produto em questatildeo para se dedicar a outra atividade
econocircmica mais rentaacutevel No caso em pauta a Souza Cruz eacute obrigada a pagar um
preccedilo que supere o custo de oportunidade para os agricultores familiares de
produzir leite feijatildeo soja ou qualquer outro produto sob pena de a empresa perder
seus fornecedores
Nesse sentido vale recordar as informaccedilotildees apresentadas na Tabela 15 visto que
20 dos entrevistados afirmam ter escolhido produzir fumo devido agrave renda que essa
cultura oferece e tambeacutem agrave garantia de venda b) 58 responderam que essa
escolha se deu em funccedilatildeo da renda da venda garantida e tambeacutem da pouca
disponibilidade de terras em suas propriedades c) 10 citaram apenas a pouca
disponibilidade de terras como motivo para plantar fumo d) 12 afirmaram que essa
opccedilatildeo se daacute apenas pela falta de outras opccedilotildees
107
Outro fator que regula o valor pago por quilo de fumo como jaacute demonstrado no
trabalho estaacute relacionado a oferta e demanda do produto pelo mercado A safra de
20152016 eacute um exemplo na qual devido ao baixo estoque de fumo nos armazeacutens
das empresas e pela procura desse produto por parte dos consumidores o valores
pagos por quilo de fumo aumentaram fato esse notado tambeacutem em outros produtos
do setor do agronegoacutecio
Isso indica que o paradigma da agricultura familiar eacute o que se mostra coerente com
os dados da pesquisa de campo pois fica claro que os produtores familiares optam
pelo fumo em funccedilatildeo de um caacutelculo dos custos de oportunidade que considera os
fatores rentabilidade garantia de renda e disponibilidade de terra de sorte que os
preccedilos praticados pela Souza Cruz tecircm um patamar miacutenimo definido pela avaliaccedilatildeo
que os agricultores fazem desses custos E essa conclusatildeo eacute reforccedilada quando se
relembram as informaccedilotildees da Tabela 19 posto que apenas 33 dos entrevistados
se dedicam exclusivamente ao fumo enquanto os demais produzem e
comercializam tambeacutem outros tipos de produtos tais como leite soja e feijatildeo
Mais uma vez verifica-se que cada famiacutelia tem projetos distintos os quais
estatildeo intrinsecamente relacionados agrave estrutura familiar agrave disponibilidade de terras e
outros fatores gerando estrateacutegias diferenciadas para se reproduzir no campo
havendo desde aqueles produtores que vecircm na atividade fumageira o seu futuro ateacute
aqueles que pretendem migrar o mais raacutepido possiacutevel para outra atividade Nesse
sentido vemos que essas famiacutelias buscam ser competitivas nas atividades que
realizam se dedicando agravequelas que julgam mais rentaacuteveis eou combinando duas ou
mais culturas para obter mais vantagens
108
V - CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O desenvolvimento desta pesquisa baseada no estudo de caso de uma
amostragem de produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis contratados pela
empresa Souza Cruz permitiu demonstrar que os agricultores familiares
entrevistados buscam atraveacutes de suas condiccedilotildees de produtor se inserir em setores
que permitem maximizar seus lucros Portanto a realizaccedilatildeo desta pesquisa eacute
pertinente pelo fato de mostrar que os fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de
commoditie atraveacutes de uma cadeia produtiva competitiva
Dessa forma a caracterizaccedilatildeo dos fumicultores a partir dos grupos A B C e
D se justifica por apresentarem dados oficiais e sistematizados o que contribui para
natildeo generalizar os resultados somente a partir da amostragem dos fumicultores
entrevistados nos trabalhos de campo Demonstrando que no municiacutepio de
Prudentoacutepolis a maior parte dos fumicultores se aproxima daqueles agricultores
familiares do tipo A e B Ou seja aqueles capitalizados e em processo de
capitalizaccedilatildeo indicando que a cultura de fumo estaacute dentre aquelas que geram uma
taxa de pobreza menor no meio rural Essa constataccedilatildeo tambeacutem eacute notada a partir
das entrevistas de campo conforme demonstrado na Tabela 22 posto que todos os
entrevistados conseguiram com a renda do fumo adquirir bens de capital como casa
carro trator terra de cultivo lote no periacutemetro urbano aleacutem daqueles bens de capital
como os eletrodomeacutesticos
Com isso a visatildeo dualista entre agricultura familiar e agronegoacutecio natildeo eacute
compreendida com adequada nesse trabalho pelo fato de existirem muitas formas
de agricultores familiares que se aproximam ao padratildeo do agronegoacutecio como por
exemplo os fumicultores que estatildeo no grupo A e B Desse modo compreende-se
que os fumicultores entrevistados da mesma forma que a agricultura patronal
buscam atraveacutes da modernizaccedilatildeo e do uso de insumos agriacutecolas (agrotoacutexicos e
fertilizantes) meios para permanecerem integrados e competitivos no mercado
Os fumicultores estatildeo inseridos ao complexo agroindustrial fumageiro e por
conseguinte estatildeo prosperando economicamente concordando-se entatildeo com os
pressupostos teoacutericos voltados ao paradigma da agricultura familiar e com autores
como Valente (2008) Diniz (2011) e Navarro (2014) que natildeo costumam fazer uma
109
oposiccedilatildeo radical entre agricultura familiar e agronegoacutecio ao ponto de existir
conflitualidades de interesses entre ambos Ou seja conflito entre a territorialidade
coorporativa da induacutestria fumageira e a territorialidade da agricultura familiar
camponesa
Desse modo a pesquisa tambeacutem natildeo tem por objetivo afirmar que no Brasil
natildeo existam sistemas de produccedilatildeo camponesa poreacutem os dados de campo mostram
que no caso em estudo 67 dos entrevistados natildeo produzem somente fumo e que
esses estatildeo inseridos em outras cadeias produtivas como leite feijatildeo soja e milho
ou seja os fumicultores tem mais opccedilotildees poreacutem acham interessante continuar com o
fumo Esses dados natildeo satildeo diferentes do restante do Brasil natildeo generalizando
somente a partir dos entrevistados
Apesar das oscilaccedilotildees no volume produzido como tambeacutem em relaccedilatildeo ao
mercado do fumo no Brasil e consequentemente no municiacutepio de Prudentoacutepolis
conforme exposto nos capiacutetulos II e III nota-se que essa cultura proporcionou a
ascensatildeo econocircmica desses agricultores familiares sendo que muitos desses
pequenos capitalistas como jaacute mencionado conseguiram adquiri terras para entatildeo
competir nos setores de gratildeos como a soja e o milho que a competitividade eacute
melhor para grandes proprietaacuterios querendo assim dar esse salto e ao mesmo
tempo trabalhando com a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo com intuito de deixar a renda
da propriedade menos vulneraacutevel A partir desses fatos e de acordo com os
resultados dos dados de campo eacute coerente dizer que o direcionamento dos
agricultores entrevistados para o cultivo de culturas que tem maior rentabilidade
proporcionou melhoras nas condiccedilotildees econocircmicas da famiacutelia pois somente com a
lavoura tradicional e pequena criaccedilatildeo de animais natildeo seria possiacutevel conquistar bens
de capital
Nesse sentido Navarro (2014) aponta que o preccedilo dos alimentos consumidos
pelos brasileiros em termos de reais diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas devido a inserccedilatildeo
dos pacotes tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo agriacutecola que proporcionaram o aumento
da produtividade e a consequente queda do preccedilo final contribuindo para a
facilidade de acesso desses produtos por parte da populaccedilatildeo jaacute em contra partida o
custo para uma pessoa manter seu haacutebito de fumar aumentou Ou seja os
agricultores que permaneceram ou inseriram-se na produccedilatildeo de fumo tiveram um
aumento na sua rentabilidade
110
Dessa forma eacute certo que os agricultores familiares entrevistados da mesma
forma que os agricultores patronais buscam aumentar seus rendimentos uma vez
que os dados de campo mostram que uma porccedilatildeo dos fumicultores tem pretensotildees
de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou seja agem no mercado
como pequenos capitalistas Poreacutem esses agricultores ainda natildeo migram totalmente
para outras atividades por ser esta uma das poucas cadeias produtivas compatiacuteveis
com as suas condiccedilotildees de produtor Tambeacutem muitos produtores podem encontrar
dificuldades em migrar para outras culturas que exigem maiores recursos
(SCHOENHALS et al 2009) necessitando assim de linhas de creacuteditos agriacutecolas
direcionados para esses agricultores
Os autores como Fernandes (2008) e Roos (2015) que trabalham na
perspectiva do paradigma da agricultura camponesa afirmam haver conflitualidade
entre os camponeses e as agroinduacutestrias que trabalham no sistema de produccedilatildeo
integrada como eacute o caso da agroinduacutestria fumageira afirmando existir uma sujeiccedilatildeo
da renda dos camponeses uma vez que os agricultores camponeses natildeo possuem
autonomia com relaccedilatildeo ao modo de produzir o produto como tambeacutem na hora de
fixar o preccedilo final da safra Poreacutem natildeo eacute levado em consideraccedilatildeo que o preccedilo do
quilo do fumo pago ao produtor contratado estaacute intrinsecamente relacionado a oferta
e demanda do produto por parte do mercado o que expressa adequadamente o
valor marginal pago muitas vezes aos fumicultores visto que a empresa tambeacutem
deve colocar a sua margem de lucro conforme a demanda do produto
Outra questatildeo voltada ao paradigma camponecircs eacute em relaccedilatildeo agrave
industrializaccedilatildeo da agricultura e apontada por Fernandes (2013) como um processo
que resulta no desenvolvimento desigual e contraditoacuterio no campo que deixa as
unidades camponesas de produccedilatildeo se tornar mais vulneraacuteveis ao capital Poreacutem os
dados da Tabela 23 mostram que 68 dos entrevistados usam ou jaacute utilizaram
alguma linha de creacutedito agriacutecola para o investimento em maquinaacuterios agriacutecolas
afirmando que conseguem tem uma produtividade maior e que conseguem pagar as
prestaccedilotildees desses maquinaacuterios tranquilamente
Sabendo que Ploeg (2009) afirma que o camponecircs eacute caracterizado por lutar
por sua autonomia uma vez que conforme apontado pro Thomaz Juacutenior (2008) a
loacutegica do capital impotildee que o agricultor esteja preso a gestatildeo de uma empresa e natildeo
111
mais de sua famiacutelia natildeo se completa para essa pesquisa uma vez que a explicaccedilatildeo
para a empresa estabelecer os seus moldes de produccedilatildeo se baseia na demanda do
produto pelo mercado instituindo assim para os seus contratados os tipos de fumos
com maiores demandas o que justifica a empresa impor o tipo de variedade de fumo
que quer comprar como tambeacutem os tratos culturais necessaacuterios para se chegar ao
produto desejado
Contraditoacuterio ao que foi exposto por Paulino e Almeida (2010) quando
mencionam que o campesinato deve ser considerado como uma contradiccedilatildeo e natildeo
como uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeo capitalista os resultados da
pesquisa mostraram que a articulaccedilatildeo com os modelos de produccedilatildeo capitalistas
proporcionaram a permanecircncia de agricultores familiares no espaccedilo rural uma vez
que os aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo que eacute bastante disseminada entre
agricultores familiares induziram o aumento da rentabilidade diminuindo assim as
taxas de pobreza Aleacutem disso nota-se que o fumicultores sendo pequenos
capitalistas natildeo buscam somente a reproduccedilatildeo do modo de vida mas sim agem no
mercado investindo em setores mais rentaacuteveis adequado para a sua condiccedilatildeo de
produtor com pretensatildeo de torna-se um agricultor ainda mais competitivo
Mais uma vez defende-se que a inserccedilatildeo dos agricultores familiares aos
mercados capitalistas natildeo deve ser entendido a partir de um dualismo estando de
um lado o agronegoacutecio e de outro o camponecircs como jaacute ressaltado por Schneider
(2006) que tanto um quanto outro grupo estaacute interessado em um mesmo processo
que eacute o da produccedilatildeo e o do consumo Nesse sentido eacute importante se trabalhar com
a heterogeneidade da agricultura familiar para assim se pensar como esses
agricultores podem se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo
Portanto a presente pesquisa embasada nos dados de campo mostra que a
cultura de fumo ateacute entatildeo eacute a principal orientaccedilatildeo financeira dos agricultores
familiares entrevistados seguidas de outras estrateacutegias de reproduccedilatildeo como o
cultivo da soja produccedilatildeo de leite feijatildeo milho Demonstrando dessa forma que os
mesmos buscam maximizar seus lucros e diversificar sua produccedilatildeo para diminuir a
vulnerabilidade econocircmica da propriedade Contudo pode afirmar atraveacutes do
paradigma da agricultura familiar que os fumicultores considerados como pequenos
capitalistas se reproduzem no mercado sob pressatildeo das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e
112
da concorrecircncia e buscam ser competitivos natildeo havendo incompatibilidade ou
conflitos dos agricultores familiares para com o capital
113
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1
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2
ANEXOS
1ordm Trabalho de Campo Conhecimento da aacuterea de estudo e visita a 10 propriedades que produzem fumo haacute mais de 10 anos Data do campo mecircs de Julho e Agosto de 2014
1) Qual foi o ano em que iniciou as atividades na produccedilatildeo de fumo
2) Qual eacute o motivo que trabalha na produccedilatildeo do fumo
3) A matildeo de obra na atividade fumageira eacute muito desgastante
4) Sua propriedade eacute diversificada Quais as culturas que produz na
propriedade aleacutem do fumo
5) Qual eacute a maior renda da propriedade
6) Como eacute feita a classificaccedilatildeo das folhas de fumo destinadas a venda
2ordm Trabalho de campo Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Aplicado ao orientador teacutecnico da Souza Cruz o qual representa a Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis Orientador teacutecnico Tarciacutesio Kraiczek Data da entrevista 13072015
1 Quantos orientadores teacutecnicos a empresa possui no municiacutepio de
Prudentoacutepolis
2 Haacute quantos anos vocecirc trabalha na assistecircncia teacutecnica para os
fumicultores associados da Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis
3 Quantos associados a empresa Souza Cruz teve na safra de 2014
4 Quais satildeo as empresas fumageiras concorrentes da Souza Cruz no
municiacutepio Qual a relaccedilatildeo entre essas empresas
5 A empresa Souza Cruz tem alguma unidade de recebimento do fumo no
municiacutepio de Prudentoacutepolis para a produccedilatildeo ficar armazenada antes de
ser enviado para uma usina de Processamento de fumo
3
6 Para qual das trecircs usinas de processamento o fumo produzido no
municiacutepio eacute envido
7 A empresa tem uma cota miacutenima e maacutexima de peacutes de fumo por
produtor
8 Qual eacute a meacutedia de peacutes de fumo uma pessoa consegue produzir por
safra
9 No seu ponto de vista como orientador teacutecnico como se daacute a relaccedilatildeo
entre a empresa Souza Cruz e os fumicultores do municiacutepio
10 Qual a relaccedilatildeo da empresa para com os projetos de diversificaccedilatildeo da propriedade
3ordm Trabalho de Campo Entrevista de campo para obtenccedilatildeo de dados socioeconocircmicos dos produtores
de fumo da empresa Souza Cruz do municiacutepio de Prudentoacutepolis - PR
Data do campo Novembro e Dezembro de 2015 1- Caracterizaccedilatildeo da famiacutelia
Membros Idade Gecircnero Escolaridade (escola puacuteblica ou privada)
Fumicultor Eacute fumante
Motivos do ecircxodo
1 2 3 4 5 6 7 8
2- Haacute quantos anos trabalha na atividade fumageira
3- Qual o motivo pela opccedilatildeo de produzir fumo
4- Pretende permanecer na atividade fumageira Quais motivos Por qual
atividade substituiria a produccedilatildeo de fumo
4
5- Possui estufa eleacutetrica de secagem do fumo
6- Quais bens capitais vocecirc conseguiu adquirir com a renda oriunda da
produccedilatildeo de fumo
7- Possui na propriedade
( ) Trator ( ) Carro ( ) moto ( ) telefone ( ) internet
8- Posse da terra e quantidade de alqueires
( ) Proacutepria ____ ( ) Arrendada e Parceiro _____
( ) Arrendada ____ ( ) Proacutepria e Arrendada _____
( ) Proacutepria e Parceiro ____
9- Se for proacutepria como adquiriu essas terras
10- Satildeo plantados por ano quantos peacutes de fumo Quantidade de aacuterea
utilizada
11- Faz contrataccedilatildeo de matildeo de obra para a produccedilatildeo de fumo
( ) Sim ( ) Natildeo
12- Se existe a contrataccedilatildeo de matildeo de obra em que periacuteodo da safra
acontece
( ) Todo o periacuteodo da safra ( ) Tratos culturais ( ) Plantio ( )
Classificaccedilatildeo ( ) Colheita
13- Vocecirc lecirc o contrato da sua produccedilatildeo com a empresa Souza Cruz
Justifique
14- Aleacutem da produccedilatildeo de fumo quais outras atividades agropecuaacuterias satildeo
realizadas na propriedade para garantir a renda da famiacutelia
Para comercializaccedilatildeo Para consumo na propriedade
5
15- De qual atividade realizada na propriedade vem a maior renda
16- Como eacute a sua relaccedilatildeo com a empresa descreva o seu ponto de vista
17- Vende toda a produccedilatildeo para a empresa associada
18- No seu ponto de vista quais satildeo as vantagens e desvantagens de produzir
fumo
19- Em relaccedilatildeo agrave sauacutede e produccedilatildeo de fumo houve casos na famiacutelia de
A) Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos
B) Intoxicaccedilatildeo por nicotina (doenccedila da folha verde)
C) Problemas ortopeacutedicos
D) Transtornos mentais (depressatildeo ansiedade esquizofrenia etc)
E) Outros __________________________________________
20- Haacute incentivos governamentais para o desenvolvimento de outras atividades
e o consequente abandono do ramo fumageiro Se sim quais e por que natildeo
houve migraccedilatildeo para outra atividade
21- A partir do momento em que vocecirc comeccedilou a produzir o fumo acha que
suas condiccedilotildees financeiras melhoraram
22- Participa do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar)
23- Na famiacutelia tem algum membro que recebe algum tipo de repasses de
programas sociais Se sim quais
24- Vocecirc tem conhecimento de algum projeto de diversificaccedilatildeo de
propriedades que estaacute sendo realizado por oacutergatildeos puacuteblicos no municiacutepio
3
4
5
Dedico este trabalho agrave minha famiacutelia e aos fumicultores do
municiacutepio de PrudentoacutepolisPR que influenciaram no
desenvolvimento deste trabalho Aos fumicultores pela
paciecircncia e colaboraccedilatildeo nas pesquisas de campo com dados
que foram fundamentais para retratar sua realidade
6
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao meu orientador Prof Dr Luis
Lopes Diniz Filho pela sua atenccedilatildeo compreensatildeo e tambeacutem pelas suas valiosas
consideraccedilotildees no processo de desenvolvimento dessa pesquisa sendo um exemplo
de profissional
Agrave minha famiacutelia em especial aos meus pais Carlos e Ana aos meus irmatildeos
Amilton e Adriana que sempre apoiaram no periacuteodo de realizaccedilatildeo da dissertaccedilatildeo Ao
meu sobrinho Beniacutecio pela alegria que traz a todos noacutes ao Ian que estaraacute chegando
nas proacuteximas semanas Agradeccedilo tambeacutem a minha cunhada e cunhado pelo apoio
Aos amigos e familiares Ana Maacutercia Adriana Noeli Rogeacuterio Edna
Elisangela Milena Eliana Paulo Maria entre outros que de alguma forma
contribuiacuteram para que esse trabalho fosse finalizado Obrigada a todos vocecircs pelo
companheirismo
Aos professores Dr Sergio Fajardo e Dr Danilo Volochko pelas valiosas
contribuiccedilotildees agrave pesquisa
Aos colegas e professores do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia da
Universidade Federal do Paranaacute como tambeacutem a secretaacuteria Adriana Cristina de
Oliveira e ao Luiz Carlos Zem pelo apoio em questotildees burocraacuteticas durante o
periacuteodo do mestrado
A CAPES (Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal do Niacutevel Superior)
pelo auxiacutelio atraveacutes da bolsa de estudo
Agrave Adriana Kutzmy e Gabriela Strechar pela atenccedilatildeo e por acompanhar nos
trabalhos de campo realizados com os fumicultores do municiacutepio de
PrudentoacutepolisPR
E por fim agradeccedilo a todos os fumicultores que participaram das entrevistas
de campo A todos meu agradecimento
7
RESUMO O presente trabalho visa analisar os resultados obtidos pela agricultura familiar no cultivo do fumo levando em consideraccedilatildeo as razotildees econocircmicas pela opccedilatildeo em produzir a cultura Desse modo o estudo de caso dos fumicultores de Prudentoacutepolis-PR fornece subsiacutedios para a avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural e ciecircncias afins ou seja o paradigma da agricultura familiar e da agricultura camponesa Para tanto utilizou-se de revisotildees bibliograacuteficas de autores que trabalham nas distintas linhas paradigmaacuteticas como tambeacutem da caracterizaccedilatildeo dos agricultores familiares produtores de fumo atraveacutes do uso de fontes secundaacuterias (Censos agropecuaacuterios) aleacutem da aplicaccedilatildeo de questionaacuterios para um universo de sessenta fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz em Prudentoacutepolis A partir das revisotildees bibliograacuteficas e dos dados obtidos no estudo de caso levantou-se a hipoacutetese de que o paradigma da agricultura camponesa natildeo eacute adequando para explicar a realidade estudada Palavras chave Agricultura Familiar Fumicultura Abordagens Paradigmaacuteticas
ABSTRACT
The aim of this study is to analyze the results obtained by family farming in the cultivation of tobacco considering the economic reasons for the choice to produce the crop Thus the case study of Prudentoacutepolis-PR tobacco growers provides subsidies for the critical evaluation of the two main paradigms of agro studies in rural geography and related sciences that is the paradigm of family farming and peasant farming For this purpose bibliographic reviews of authors working in different paradigmatic lines were used as well as the characterization of family farmers tobacco growers through the use of secondary sources (Census of agriculture) and the application of questionnaires to a group of sixty tobacco growers hired by Souza Cruz company in the city of Prudentoacutepolis From the literature review and the obtained data in the case study we raised the hypothesis that the paradigm of peasant farming is not suitable to explain the studied reality Keywords Family farming Tobacco Farming Paradigmatic Approaches
8
LISTA DE SIGLAS
AFUBRA - Associaccedilatildeo dos Fumicultores do Brasil
BAT - British American Tobacco
CBFF ndash Companhia Brasileira de Fumo em Folha
DERAL - Departamento de Economia Rural
EMATER ndash Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural
IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social)
PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
SEAB - Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento
SINDITABACO ndash Sindicato Interestadual da Induacutestria do Tabaco
9
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA 46 Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 59 FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 60 FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES 62 FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 63 FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR 64 FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR78 FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 79 FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO 90 FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE 91 FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA 92 FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO 94 FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS 94 FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO 95 FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA 96 FIGURA 16 - BENS ADQUiRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA 97 FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF 99 FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA 100 FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO 102
10
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL 39 TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO 41 TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013 42 TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012 42 TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute 46 TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006 48 TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006 50 TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006 51 TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000 52 TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006 53 TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012 54 TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010) 55 TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE 84 TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 85 TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 86 TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS 87 TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 88 TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES 88 TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES 89 TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE 91
11
TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES 93 TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO 95 TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO) 98 TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO101 TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO 103 TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS 104
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA 36 QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL 44 QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314 47 QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010) 56 QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR 65 QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR66 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR 66 QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006 71 QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 72 QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR 72 QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES 74 QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS 75 QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 81 QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 82 QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 84
12
QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS 102 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS 103 QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 105
LISTA DE GRAacuteFICOS
GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO45 GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS 67
13
SUMAacuteRIO INTRODUCcedilAtildeO 14 CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS 19
11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA 19
12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR 23
13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS 27
CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32
21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32 22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL 47
CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO 58
31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR 58
32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS 69
CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO 76 41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES 78 REFEREcircNCIAS 113 ANEXOS 2
14
INTRODUCcedilAtildeO
De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de
fumo sendo que essa produccedilatildeo encontra-se concentrada nos estados do Rio
Grande do Sul Santa Catarina e Paranaacute alimentando uma cadeia produtiva com
envolvimento de 25 milhotildees de pessoas o qual inclui setores como a produccedilatildeo
transporte comercializaccedilatildeo industrializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e exportaccedilatildeo (AFUBRA
2011)
No municiacutepio de Prudentoacutepolis a atividade fumageira tem grande relevacircncia
econocircmica principalmente para a agricultura familiar uma vez que os dados do
Censo Demograacutefico de 2010 mostram que 54 da populaccedilatildeo residem na aacuterea rural
existindo um nuacutemero maior de unidade de produccedilatildeo familiar em detrimento das
unidades patronais de produccedilatildeo
A produccedilatildeo de fumo em Prudentoacutepolis eacute realizada somente nas regiotildees
Central e Sul do municiacutepio devido ao clima e topografia dos solos favoraacuteveis agrave
cultura Outro fator que tambeacutem ocasiona a atraccedilatildeo para a fumicultura eacute a
possibilidade de usufruir de pequenas aacutereas de terras deixando disponiacutevel o
excedente da propriedade para outras atividades que somem na geraccedilatildeo de renda
Nesse sentido o objetivo da pesquisa eacute analisar os resultados obtidos pela
agricultura familiar com essa cultura e as razotildees econocircmicas de sua opccedilatildeo pelo
fumo Portanto uma contribuiccedilatildeo desse estudo de caso eacute fornecer subsiacutedios para a
avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural
e ciecircncias afins
Para a realizaccedilatildeo do presente trabalho foi fundamental atraveacutes das
abordagens sobre a agricultura familiar e camponesa avaliar se realmente existe
uma oposiccedilatildeo entre agricultor familiar e o agronegoacutecio no caso do setor fumageiro
uma vez que o fumo eacute uma commoditie de exportaccedilatildeo e a produccedilatildeo eacute realizada por
pequenos produtores Para tanto foi realizada uma revisatildeo bibliograacutefica sobre os
paradigmas da agricultura familiar e da agricultura camponesa na geografia rural e
aacutereas de pesquisa afins com a finalidade de identificar os conceitos de territoacuterio e
territorialidade derivados desses paradigmas Foram feitas tambeacutem uma
caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de
15
fontes secundaacuterias (Censos Agropecuaacuterios e outras) e uma pesquisa de campo
mediante a aplicaccedilatildeo de questionaacuterio com o fim de caracterizar os produtores rurais
desse municiacutepio contratados pela empresa Souza Cruz como fornecedores de
tabaco
Nesse sentido buscou-se metodologicamente envolver teacutecnicas de base
qualitativa sendo que esse tipo de abordagem se caracteriza por ldquoanalisar e
interpretar os dados refletir e explorar o que eles podem propiciarrdquo (OLIVEIRA
2010) A pesquisa quantitativa tambeacutem faz parte deste estudo uma vez que traz
algumas teacutecnicas que possibilitam a busca de informaccedilotildees e dados mais amplos
muitas vezes impossiacuteveis de serem alcanccedilados somente pelo pesquisador como por
exemplo aqueles dados disponibilizados pelos oacutergatildeos puacuteblicos como EMATER
(Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural) IPARDES (Instituto Paranaense
de Desenvolvimento Econocircmico e Social ) IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatiacutestica) e DERAL (Departamento de Economia Rural) O meacutetodo quantitativo
considera que tudo eacute quantificaacutevel ou seja significa traduzir opiniotildees e informaccedilotildees
em nuacutemeros que seratildeo classificados e analisados
Os meacutetodos qualitativos e quantitativos natildeo se excluem Embora difiram quanto agrave forma e agrave ecircnfase os meacutetodos qualitativos trazem como contribuiccedilatildeo ao trabalho de pesquisa uma mistura de procedimentos de cunho racional e intuitivo capazes de contribuir para a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos Pode-se distinguir o enfoque qualitativo do quantitativo mas natildeo seria correto afirmar que guardam relaccedilatildeo de oposiccedilatildeo (POPE MAYS 1995 p42)
Sendo assim no iniacutecio do desenvolvimento do presente estudo foi realizada
uma entrevista com questotildees semiestruturadas (em anexo) para um grupo de dez
fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz e que estatildeo na atividade
fumageira haacute mais de dez anos Esse puacuteblico foi escolhido intencionalmente a partir
dos dados da localizaccedilatildeo das propriedades dos associados da empresa no
municiacutepio de Prudentoacutepolis Recorreu-se a esse meacutetodo pois os dados obtidos em
campo eram necessaacuterios para poder avaliar as abordagens ligadas ao paradigma da
agricultura camponesa e da agricultura familiar e que natildeo poderiam ser obtidos
atraveacutes de fontes secundaacuterias
Posteriormente foi realizada uma entrevista com perguntas semiestruturadas
(em anexo) para o instrutor teacutecnico da Souza Cruz jaacute que o mesmo representa a
16
empresa no municiacutepio Essa entrevista teve como objetivo analisar o ponto de vista
da empresa sobre a atividade fumageira na localidade
Ao verificar que em Prudentoacutepolis a produccedilatildeo de fumo acontece somente na
regiatildeo Central e Sul devido ao relevo mais inclinado da regiatildeo norte foi interessante
ir ateacute essa regiatildeo com topografia mais acentuada para analisar os tipos de cultivos
que satildeo realizados O objetivo desse trabalho de campo foi principalmente o de
conhecer a realidade das famiacutelias do municiacutepio natildeo inseridas na cultura do fumo
com visitas a realizar futuras pesquisas sobre a agricultura familiar Assim dado o
caraacuteter complementar e exploratoacuterio desse trabalho a coleta de informaccedilotildees se deu
por meio de conversas informais
Nos meses de novembro e dezembro de 2015 foi realizada outra entrevista
com perguntas semiestruturadas (em anexo) para uma amostragem de sessenta
fumicultores contratados pela Souza Cruz As perguntas feitas nessa entrevista
estatildeo relacionadas basicamente a dados socioeconocircmicos das famiacuteliasos quais
juntamente com dados mais gerais do censo agropecuaacuterio permitem conhecer o
perfil desses fumicultores Portanto as informaccedilotildees referentes a essas entrevistas
apresentam-se mais detalhadas no capiacutetulo IV
Nesse sentido as entrevistas constituem teacutecnicas alternativas para coleta de
dados natildeo documentados sobre determinado tema ldquoEacute uma teacutecnica de interaccedilatildeo
social [] em que uma das partes busca obter dados e outra se apresenta como
fonte de informaccedilatildeordquo (GERHARDT SILVEIRA 2009)
O pesquisador organiza um conjunto de questotildees (roteiros) sobre o tema que estaacute sendo estudado mas permite e agraves vezes ateacute incentiva que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vatildeo surgindo como desdobramentos do tema principal (GERHARDT SILVEIRA 2009)
Para Duarte (2002 p 143) ldquonuma metodologia de base qualitativa o nuacutemero
de sujeitos que viratildeo a compor o quadro das entrevistas dificilmente pode ser
determinado a piorirdquo Ou seja tudo vai estar relacionado com a qualidade das
informaccedilotildees obtidas a partir de cada entrevista sempre levando em consideraccedilatildeo a
profundidade e o grau de recorrecircncia e divergecircncia das informaccedilotildees Enquanto
estiverem aparecendo ldquodadosrdquo originais ou pistas que possam indicar novas
perspectivas aacute investigaccedilatildeo em curso as entrevistas precisam continuar sendo feitas
(DUARTE 2002 p 144)
17
Portanto a pesquisa estaacute estruturada em quatro capiacutetulos sendo que no
primeiro capiacutetulo falar-se-aacute sobre as abordagens ligadas a agricultura camponesa e
agricultura familiar com intuito de apresentar algumas das visotildees de cada
paradigma para que no decorrer do trabalho possa ser feito uma avaliaccedilatildeo dessas
abordagens na produccedilatildeo fumageira como tambeacutem expor o conceito de territoacuterio e
territorialidade que derivam desses paradigmas
No capiacutetulo seguinte visando compreender os fatores que proporcionaram ao
paiacutes se tornar referecircncia no setor fumageiro realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica
da origem do fumo e a sua consequente inserccedilatildeo em uma escala comercial O
estudo desses elementos foi fundamental para entender os motivos que contribuiacuteram
para a inserccedilatildeo da produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Tambeacutem pelo
fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo
de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral
dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura
familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo
do agronegoacutecio
Na sequecircncia o capiacutetulo III mostra os processos de ocupaccedilatildeo do municiacutepio
de Prudentoacutepolis e a consequente inserccedilatildeo da produccedilatildeo fumageira nas unidades de
produccedilatildeo familiar Nesse sentido como o trabalho vem abordando a existecircncia de
uma agricultura familiar heterogecircnea buscou-se conhecer o perfil dos agricultores
familiar do municiacutepio atraveacutes da caracterizaccedilatildeo dessas famiacutelias tendo como escopo
as fontes secundaacuterias do IBGE
No capiacutetulo IV satildeo apresentados os dados do trabalho de campo que foi
realizado com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela empresa
Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Os dados
de campo que retratam a realidade dos entrevistados juntamente com dados
secundaacuterios tecircm por finalidade contribuir na avaliaccedilatildeo dos paradigmas da
camponesa e da agricultura familiar com base no setor fumageiro
Por fim satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais do trabalho seguindo nas
avaliaccedilotildees das abordagens paradigmaacuteticas agrave luz do estudo de caso dos fumicultores
entrevistados mostrando que os agricultores familiares entrevistados buscam
18
atraveacutes de suas condiccedilotildees de tecnologias estrutura fundiaacuteria e matildeo de obra se
inserir em setores mais competitivos visando agrave maximizaccedilatildeo dos lucros
A realizaccedilatildeo dessa pesquisa eacute pertinente pelo fato de mostrar que os
fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de commoditie atraveacutes de uma cadeia
produtiva competitiva levando em consideraccedilatildeo as condiccedilotildees do produtor e
conforme os dados de campo eacute notoacuterio que os entrevistados atraveacutes da renda do
fumo conseguiram adquirir bens capitais de grande importacircncia como a compra de
terra lotes na cidade de carro trator maquinaacuterios agriacutecolas e casa Bens esses que
muitas vezes natildeo conseguiriam adquirir se produzissem somente culturas
tradicionais do municiacutepio como eacute o caso do feijatildeo e milho pelo fato da pequena
quantidade de terras que possuem Dessa forma eacute certo que os agricultores
familiares entrevistados da mesma forma que os agricultores patronais buscam
maximizar seus lucros uma vez que os dados de campo mostram que os
fumicultores tecircm pretensotildees de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou
seja agem no mercado como pequenos capitalistas
19
CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS
Sabe-se que nas ciecircncias sociais existem diferentes concepccedilotildees teoacutericas para
a compreensatildeo do desenvolvimento do capitalismo no campo destacando-se de
um lado o paradigma da Agricultura Camponesa (Questatildeo Agraacuteria) e de outro o
paradigma da Agricultura Familiar (Capitalismo Agraacuterio) Nesse sentido o presente
capiacutetulo expotildee algumas das abordagens ligadas ao paradigma da agricultura
camponesa e das abordagens ligadas agrave agricultura familiar como objetivo de
identificar o conceito de TerritoacuterioTerritorialidade derivados desses paradigmas A
finalidade de entender as correntes de pensamento paradigmaacutetico permitiraacute entatildeo
avaliar essas abordagens agrave luz de um estudo de caso sobre a fumicultura no
municiacutepio de PrudentoacutepolisPR
11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA
As muacuteltiplas formas de interpretaccedilatildeo da questatildeo agraacuteria no espaccedilo rural e
consequentemente do paradigma camponecircs tecircm como principal referecircncia as teorias
marxistas seja as de autores como Lecircnin (1982) e Kautsky (1998) que defenderam
a tese do desaparecimento da classe camponesa e a consequente emergecircncia de
duas classes distintas - a burguesa e a proletaacuteria - como produto da industrializaccedilatildeo
da agricultura seja a de autores como Chayanov (1974) Oliveira (1987) e
Fernandes (1996) entre outros que satildeo contraacuterios agrave teoria sobre a tendecircncia agrave
proletarizaccedilatildeo do campesinato e que defendem a permanecircncia desta classe social
como resultado do processo desigual e contraditoacuterio de desenvolvimento
impulsionado pelo sistema capitalista
Nesse sentido para Fernandes (2008) os estudos feitos agrave luz do paradigma
camponecircs se caracterizam por analisar a luta de classes a conflitualidade e as
contradiccedilotildees inerentes agraves relaccedilotildees capitalistas e natildeo capitalistas de produccedilatildeo1 Um
tema importante nessa linha de pesquisa eacutea sujeiccedilatildeo da renda dos camponeses
perante as empresas que tecircm o monopoacutelio da produccedilatildeo de commodities agriacutecolas
como as agroinduacutestrias fumageiras
1 O campesinato eacute entendido como um sistema produtivo diferenciado do agronegoacutecio
20
Os seguidores do paradigma camponecircs como Fernandes (2013) entendem
que a industrializaccedilatildeo da agricultura resulta em um problema estrutural devido ao
desenvolvimento desigual e contraditoacuterio do capitalismo e que a uacutenica soluccedilatildeo estaacute
na superaccedilatildeo desse sistema pois a industrializaccedilatildeo da agricultura contribui para que
as unidades camponesas de produccedilatildeo se tornem mais vulneraacuteveis ao capital
Para Feliacutecio (2006) nesse paradigma natildeo haacute diferenccedilas entre agricultor
familiar e camponecircs pois ambos satildeo assim definidos por terem a famiacutelia e o trabalho
familiar por caracteriacutestica a qual natildeo objetiva a superaccedilatildeo do trabalho familiar O
termo camponecircs eacute tratado pelos teoacutericos do paradigma do capitalismo agraacuterio como
agricultores familiares nesse sentido
O produtor familiar que utiliza os recursos teacutecnicos e estaacute altamente integrado ao mercado natildeo eacute um camponecircs mas sim um agricultor familiar Desse modo pode-se afirmar que a agricultura camponesa eacute familiar mas nem toda a agricultura familiar eacute camponesa ou que todo camponecircs eacute agricultor familiar mas nem todo agricultor familiar eacute camponecircs (FERNANDES 2001)
Com relaccedilatildeo agrave inserccedilatildeo da agricultura familiar nas formas de produccedilatildeo
capitalistas no campo Thomaz Juacutenior (2008) considera que a loacutegica do capital impotildee
que o agricultor esteja preso agrave gestatildeo de uma empresa e natildeo mais da sua proacutepria
famiacutelia Poreacutem o autor defende que mesmo integrado a essa loacutegica de produccedilatildeo o
camponecircs busca alternativas para natildeo aderir totalmente agraves estruturas mercantis de
produccedilatildeo visando reestabelecer os princiacutepios de sociabilidade e produccedilatildeo para o
autoconsumo Nesse sentido para esse paradigma o camponecircs visa agrave
sobrevivecircncia mas se o capital apresenta uma proposta de parceria de lucros como
na integraccedilatildeo das empresas fumageiras o camponecircs aceita Subordina-se mas se
essa possibilidade de lucro acaba ele volta para a estrateacutegia primeira por natildeo
desejar desfazer-se da terra
Para Shanin (2008) o camponecircs corresponde a um ldquomodo de vidardquo que
envolve um conjunto de elementos como a diversidade nas formas de trabalhar com
a terra Teacutecnicas essas que satildeo passadas de pais para filhos possibilitando estreita
ligaccedilatildeo entre a terra e a famiacutelia uma vez que a famiacutelia eacute dona do proacuteprio trabalho
podendo escolher a melhor forma de fazecirc-lo Tambeacutem enfatiza a especificidade da
loacutegica econocircmica camponesa a qual produz visando a satisfaccedilatildeo das necessidades
21
da famiacutelia sendo capaz de se ajustar aos niacuteveis de remuneraccedilatildeo mais baixos em
momentos desfavoraacuteveis
Ploeg (2009) afirma que o camponecircs de hoje natildeo pode ser compreendido
como sinocircnimo de atraso e sim como um ldquocamponecircs modernordquo inserido na
realidade capitalista poreacutem carregando em seu cerne a condiccedilatildeo camponesa Por
condiccedilatildeo camponesa Ploeg (2009) entende a luta por autonomia e progresso como
uma forma de construccedilatildeo e reproduccedilatildeo de um meio de vida rural em um contexto
adverso caracterizado por relaccedilotildees de dependecircncia marginalizaccedilatildeo e privaccedilatildeo
Portanto para o autor supracitado o campesinato deve ser explicado a partir das
relaccedilotildees de contradiccedilotildeesconflitualidades existentes no espaccedilo rural
Fernandes (2000) ao falar sobre a formaccedilatildeo do campesinato afirma que
essa formaccedilatildeo natildeo acontece somente pela reproduccedilatildeo ampliada das contradiccedilotildees
do capitalismo mas tambeacutem atraveacutes da luta pela terra na qual tem enfrentado a
condiccedilatildeo loacutegica do capital Nesse sentido Ploeg (2009) menciona sobre a dualidade
entre a produccedilatildeo camponesa e a capitalista na qual
[] a agricultura camponesa eacute fortemente baseada no capital ecoloacutegico (especialmente a natureza viva) enquanto que a agricultura empresarial afasta-se progressivamente da natureza Insumos e outros fatores artificiais de crescimento substituem os recursos naturais o que significa que a agricultura estaacute sendo industrializada (PLOEG 2009 p17)
A expansatildeo do modo capitalista de produccedilatildeo (na sua reproduccedilatildeo ampliada do
capital) aleacutem de redefinir antigas relaccedilotildees subordinando-as agrave sua produccedilatildeo
engendra relaccedilotildees natildeo capitalistas iguais e contraditoriamente necessaacuterias agrave sua
reproduccedilatildeo (OLIVEIRA 2010) Nesse sentido para Paulino e Almeida (2010) a
reproduccedilatildeo do campesinato ldquodeve ser entendida a partir das diversas contradiccedilotildees
do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma contradiccedilatildeo e
natildeo de uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeordquo
No que diz respeito agrave produccedilatildeo de fumo para o paradigma camponecircs a
integraccedilatildeo agrave induacutestria fumageira significauma intervenccedilatildeo nos modos de produccedilatildeo
camponesa visando padroniza-los deixando o camponecircs com pouca autonomia para
determinar a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo
Para Fernandes (2008) o sistema de produccedilatildeo do agronegoacutecio eacute distinto do
sistema de produccedilatildeo da agricultura camponesa uma vez que o sistema agriacutecola
22
camponecircs tem por referecircncia a reproduccedilatildeo a biodiversidade e o trabalho familiar
natildeo objetivando o plantio de uma uacutenica cultura para o mercado como no modelo
agroexportador Poreacutem Fernandes (2008 p 166) afirma que como eacute o capital que
controla a tecnologia o conhecimento o mercado e as poliacuteticas agriacutecolas
subalterniza o camponecircs Ou seja para Fernandes o sistema agriacutecola camponecircs
natildeo eacute parte do agronegoacutecio
De acordo Paulino com (2012) os camponeses comparecem ao mundo do
trabalho como entidades familiares Dessa forma como eacute a famiacutelia que se prontifica
em produzir a mateacuteria prima para a induacutestria fumageira entatildeo natildeo se refere agrave venda
do trabalho camponecircs e sim da produccedilatildeo na qual estaacute contida o trabalho familiar o
qual exige um ritmo diferenciado
Roos (2015) salienta que no caso da produccedilatildeo fumageira realizada pelos
camponeses ldquoa racionalidade eacute movida pela necessidade de um espaccedilo que possa
servir a um conjunto de atividadesrdquonatildeo objetivando somente a valorizaccedilatildeo que os
galpotildees e as estufas de fumo possam gerar sobre a renda da terra
Nesse sentido as transformaccedilotildees no campo brasileiro relacionadas ao
processo de modernizaccedilatildeo da agricultura se assentam sobre uma estrutura
complexa compreendida pela integraccedilatildeo da agricultura e da induacutestria caracterizada
na maior parte por produzir produtos de exportaccedilatildeo como eacute o caso das induacutestrias
fumageiras aves e suiacutenos
Portanto para esse paradigma a conflitualidade eacute inerente ao processo de
formaccedilatildeo do capitalismo e do campesinato por causa da contradiccedilatildeo criada pela
destruiccedilatildeo criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo simultacircneas dessas relaccedilotildees sociais (FENANDES
2008) O camponecircs possui um sistema agriacutecola proacuteprio que natildeo faz parte do
agronegoacutecio e apresenta uma loacutegica de reproduccedilatildeo distinta todavia os camponeses
estatildeo subalternos agrave hegemonia daquele modelo de desenvolvimento econocircmico
(ROOS2015)
Roos (2015) ao analisar a obra de Chayanov2 afirma que o deslocamento de
membros da famiacutelia para outras atividades (venda de forccedila de trabalho) estaacute
assentado na satisfaccedilatildeo das necessidades e natildeo na maximizaccedilatildeo de lucros
2 CHAYANOV AV La organizaciacuteon de la unidad econoacutemica campesina Buenos Aries Nueva Visioacuten 1974
23
possiacuteveis (relaccedilotildees capitalistas) pois o principal objetivo das transaccedilotildees
econocircmicas camponesas eacute a reproduccedilatildeo do grupo social
Para Paulino (2003) a heterogeneidade no campo estaacute marcada por dois
tipos de propriedade privada de um lado a propriedade capitalista e de outro a
propriedade camponesa Na propriedade capitalista a terra eacute um objeto de negoacutecio
pelo fato de haver exploraccedilatildeo do trabalho alheio ao passo que a propriedade
camponesa constitui-se em terra de trabalho natildeo tendo como intuito a acumulaccedilatildeo
de capital e sim a sobrevivecircncia familiar Nesse sentido para a autora a dualidade
entre terra de negoacutecios e terra de trabalho se explica com base no caraacuteter
contraditoacuterio do desenvolvimento capitalista
Portanto o camponecircs ao incorporar elementos da loacutegica do agronegoacutecio
como ao plantar fumo e soja utilizando agrotoacutexicos adubos quiacutemicos entre outros
gastos relacionados ao plantio e colheita satildeo compreendidos no paradigma
camponecircs a partir do capital sujeitando e expropriando a renda camponesa e
consequentemente deixando o agricultor mais vulneraacutevel
12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR
No Brasil os estudos e debates sobre a categoria da agricultura familiar
ganharam forccedila a partir do fim da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990
quando essa categoria tem maior representatividade no cenaacuterio socioeconocircmico
brasileiro Inuacutemeros conceitos e caracterizaccedilotildees foram criados para tentar explicar
os indiviacuteduos pertencentes a esse grupo Nesse sentido para Anjos (2003) a
agricultura familiar brasileira se estrutura
ldquocomo uma nova categoria poliacutetica portadora de uma consideraacutevel fonte de legitimidade social que simultaneamente representa os interesses dos pequenos produtores rurais das famiacutelias assentadas dos arrendataacuterios dos agricultores familiares integrados aos complexos agroindustriais e de outros atores sociais do campo brasileirordquo (ANJOS 2003 p 245)
No decorrer da deacutecada de 1990 os estudos voltados para o universo da
agricultura familiare que se destacam na literatura estatildeo em Veiga (1991)
Abramovay (1992) Lamarche (1998) entre outros Esses estudos aleacutem de
trazerem um panorama geral sobre a agricultura familiar daqueles anos tambeacutem
mostraram que as formas familiares de agricultura natildeo eram e nem satildeo
24
homogecircneas poreacutem satildeo importantes para promover o desenvolvimento econocircmico
no Brasil
Abramovay (1992) foi o primeiro no Brasil que distinguiu campesinato de
agricultor familiar afirmando que o agricultor familiar eacute oriundo do camponecircs poreacutem
apresenta distintas formas de organizaccedilatildeo do trabalho tendo como pretensatildeo
inserir-se ao mercado Tambeacutem ao se referir agrave regiatildeo Sul do Brasil o autor afirma
queldquoos agricultores familiares integram-se plenamente a estruturas nacionais de
mercado transformam natildeo soacute sua base teacutecnica mas sobretudo o ciacuterculo social em
que se reproduzem e metamorfoseiam-se numa nova categoria social de
camponeses tornam-se agricultores profissionaisrdquo (ABRAMOVAY 1992 p 126-
127)
Abramovay (1992) Veiga (1991) e Lamarche (1998) entendem que a
agricultura familiar eacute uma categoria que manteacutem a loacutegica familiar de produccedilatildeo
poreacutem estaacute ligada agrave loacutegica capitalista de integraccedilatildeo aos mercados Nesse sentidoo
autor da corrente marxista Claus Germer (1996) alerta para o problema de
conceituar a agricultura familiar em oposiccedilatildeo agrave agricultura patronal o qual favorece
sem sentido a noccedilatildeo de embate entre esses modos de produccedilatildeo
Pensadores da corrente teoacuterica que discutem a agricultura familiar como por
exemplo Valente (2008) Diniz Filho (2011) e Navarro (2014) entre outros natildeo
costumam fazer uma oposiccedilatildeo radical entre a agricultura familiar e o agronegoacutecio
tal como se observa no paradigma camponecircs pelo fato que de alguma forma os
agricultores familiares fazem parte do agronegoacutecio Nesse sentido apontam que a
agricultura familiar brasileira eacute heterogecircnea e necessita ser trabalhada com
tipologias como por exemplo nos estudos organizados por Lamarche (1998) e pela
caracterizaccedilatildeo da agricultura familiar por grupos A B C e D realizados a partir do
estudo ldquoNovo retrato da agricultura familiar brasileira (2000)rdquo Esses estudos
mostram que existem muitas formas de agricultores familiares que se aproximam
bastante do padratildeo do agronegoacutecio Portanto para esse paradigma natildeo haacute
incompatibilidade ou conflitos radicais dos agricultores familiares em relaccedilatildeo ao
capital visto que estatildeo inseridos no mercado
Lamarche (1998) identificou quatro modelos aproximados para distinguir os
tipos de agricultores familiares a partir do tipo e grau de dependecircncia financeira de
mercado e da tecnologia para produccedilatildeo Os quatro modelos consistem em Modelo
empresa caracteriza as unidades produtivas que possuem grande dependecircncia
25
tecnoloacutegica financeira e comercial dependente de matildeo de obra assalariada
(temporaacuteria ou permanente) natildeo possuindo grande apego agrave propriedade (terra)
Modelo empresa familiar satildeo dependentes dos sistemas tecnoloacutegicos financeiros e
de mercado a matildeo de obra eacute familiar tendo por objetivo a reproduccedilatildeo familiar a
partir da terra Modelo agricultura camponesa e de subsistecircncia eacute caracterizada
pelo grande envolvimento da famiacutelia na unidade produtiva pouco dependente de
tecnologias e mercados externos visando satisfazer as necessidades familiares
com pouca produccedilatildeo para comercializar aleacutem de preservarem os patrimocircnios com
intuito de sobrevivecircncia da famiacutelia E por fim o modelo agricultura moderna que eacute
um modelo de agricultura competitiva que estaacute em constante diminuiccedilatildeo das
relaccedilotildees familiares de produccedilatildeo buscando autonomia teacutecnica financeira e de
mercado
Tambeacutem no sentido de entender as caracteriacutesticas do puacuteblico que fazia parte
do rural brasileiro o estudo realizado pela FAOINCRA no ano de 1994 separou os
agricultores entre familiares e patronais sendo que o grupo dos familiares ganhou
outras trecircs subdivisotildees Agricultores Familiares Consolidados que remete aos
agricultores familiares jaacute integrados ao mercado Agricultores familiares em
transiccedilatildeo ou seja aqueles em processo de integraccedilatildeo aos mercados e Agricultores
Familiares Perifeacutericos caracteriacutesticos daqueles com poucas possibilidades de
integraccedilatildeo aos mercados Poreacutem conforme Bittencourt e Peraci (2010) esse
agrupamento da categoria familiar foi utilizado soacute ateacute 1999 quando ganhou outra
classificaccedilatildeo agora a partir de quatro subdivisotildees dos grupos familiares A B C e D
A tipificaccedilatildeo das unidades familiares em quatro grupos eacute produto do estudo
realizado com base nos dados do Censo Agropecuaacuterio de 1996 e coordenado por
Carlos Enrique Guanziroli (FAO) e Silvia Elizabeth Cardin (INCRA) no ano de 2000
intitulado ldquoO novo retrato da agricultura familiar O Brasil redescobertordquoque
objetivou fazer uma nova tipificaccedilatildeo das unidades familiares localizadas no territoacuterio
brasileiro Esse agrupamento foi definido pela Resoluccedilatildeo 2629 de agosto de 1999
a qual foi adotada para que as regras de financiamento fossem mais adequadas agrave
realidade de cada segmento social (Schneider Czala Matei 2004 p 26)
Da mesma forma que os estudos feitos por Lamarche (1998) os resultados
dos trabalhos realizados pela FAOINCRA afirmam que a agricultura brasileira
apresenta uma grande diversidade em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo dos produtores agrave aptidatildeo
da terra agrave disponibilidade de infraestrutura etc natildeo apenas entre as regiotildees mas
26
tambeacutem dentro de cada regiatildeo (Guanziroli Cardin 2000) Esses autores insistem
na importacircncia de aprofundar o conhecimento dessas realidades do espaccedilo rural
com o intuito de incorporar de forma efetiva esses conhecimentos ao planejamento
de poliacuteticas puacuteblicas
Como o presente estudo objetiva a identificaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo dos
produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis atraveacutes da tipologia dos grupos
familiares eacute fundamental detalhar as caracteriacutesticas de cada grupo3 Agricultores
Familiares tipo A considerados como os mais capitalizados e muito integrados ao
mercado Agricultores Familiares tipo B que estatildeo em vias de capitalizaccedilatildeo e
integrados ao mercado Agricultores Familiares tipo C que se apresentam em vias
de descapitalizaccedilatildeo e pouco integrados aos mercados e os Agricultores Familiares
tipo D sendo compreendidos como descapitalizados
Essas delimitaccedilotildees estabelecidas entre a agricultura familiar e a patronal
como tambeacutem na diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os proacuteprios agricultores
familiares proporcionou a identificaccedilatildeo dos distintos graus de desenvolvimento e
das distintas loacutegicas adotadas para a reproduccedilatildeo familiar
Para esse paradigma o agricultor familiar natildeo eacute um camponecircs mas sim um
empresaacuterio capitalista de pequeno porte inserido no mercado e que busca
maximizar a sua produccedilatildeo mas como eacute de pequeno porte ainda natildeo se
desvinculou totalmente do processo produtivo necessitando da matildeo de obra familiar
para o desenvolvimento das atividades a qual eacute caracteriacutestica das unidades
familiares No caso da produccedilatildeo de fumo conforme se veraacute com detalhes adiante o
pequeno capitalista estaacute presente em todo o processo desde o plantio ateacute a venda
da produccedilatildeo
Schneider (2006) menciona a falta de compreensatildeo dos modos familiares e
sua inserccedilatildeo nos mercados capitalistas uma vez que se deixam enredar no debate
sobre um suposto dualismo entre o agronegoacutecio e agricultura familiar como se os
3Considera-se que a tipologia elaborada pela FAOINCRA (2000) busca estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares dando-se em funccedilatildeo do custo de oportunidade do trabalho dado esse obtido atraveacutes do valor da diaacuteria regional mais 20 Tambeacutem o universo familiar foi delimitado atraveacutes das variaacuteveis em que a direccedilatildeo dos trabalhos do estabelecimento era exercida pelo produtor o trabalho familiar era superior ao trabalho contratado e por fim a aacuterea regional que varia de 4 ateacute 15 moacutedulos fiscais
27
envolvidos natildeo estivessem interessados em um mesmo processo ou seja da
produccedilatildeo e do consumo Nessa mesma linha de pensamento Veiga (2004) afirma
que ldquoo agronegoacutecio no Brasil natildeo eacute soacute uma atividade de grandes produtores e que
natildeo haacute oposiccedilatildeo com agricultura familiarrdquo uma vez que a agricultura familiar
sustenta um dos ramos mais bem sucedidos do agronegoacutecio como as cadeias
produtivas de exportaccedilatildeo de frango suiacutenos e tambeacutem com grande expressividade
a cadeia do fumo
O agronegoacutecio eacute composto fundamentalmente por agricultores familiares Eles conseguiram se firmar em setores extremamente modernos como a produccedilatildeo de aves suiacutenos fumo produtos esses ligados a mercados internacionais (ABRAMOVAY 2003 p 7)
De acordo com Valente (2008) vem sendo estabelecido o consenso de que
as atividades desenvolvidas ao longo da cadeia produtiva tanto patronais quanto
familiares satildeo complementares Nessa perspectiva menciona que faz-se necessaacuterio
um estudo do que aproxima e do que afasta aqueles que se inserem no agronegoacutecio
para assim ser possiacutevel pleitear distintas poliacuteticas agriacutecolas de acordo com os
interesses de casa categoria
Enquanto Fernandes (2001)Paulino (2003)Oliveira (2004) e Roos (2015)
defendem a oposiccedilatildeo do agronegoacutecio agrave agricultura familiar devido agraves
conflitualidades entre as classesSchneider (2006) Navarro (2007 2014) Valente
(2008) Diniz Filho (2011) e Jank (2006) consideram falso esse dualismo entre a
agricultura familiar e o agronegoacutecio uma vez que os agricultores buscam maximizar
seus lucros Nesse sentido afirma Jank (2006) que
O Brasil tem sido proacutedigo em produzir falsas dicotomias como a ideia do agronegoacutecio contra a pequena agricultura a agricultura patronal contra a agricultura familiar ou grandes produtores contra os sem-terra [] caso uacutenico no mundo o Brasil tem dois ministeacuterios da agricultura vivendo uma guerra surda por atenccedilatildeo e recursos um cuidando de mecanismos tradicionais de poliacuteticas agriacutecolas e o outro da reforma agraacuteria e da agricultura familiar (JANK 2006 P a2)
13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS
28
O estudo do territoacuterio vem sendo constituiacutedo em uma tradiccedilatildeo do pensamento
geograacutefico nos uacuteltimos 100 anos (VALVERDE 2004) Instintivamente o seu conceito
remota agrave ideia de lugar espaccedilo de residecircncia ou local onde se desenrolaratildeo as
muacuteltiplas relaccedilotildees entre os agentes sejam sociais ou econocircmicos (MARIANI
ARRUDA 2010)
Nesse ponto de vista Fernandes (2008) cita que a globalizaccedilatildeo e a hegemonia
das poliacuteticas neoliberais provocaram a emergecircncia do conceito de territoacuterio em duas
direccedilotildees De um lado os estudos sobre territoacuterios feitos agrave luz do paradigma
camponecircs e de outro o estudo de territoacuterio a partir do paradigma da agricultura
familiar O territoacuterio para o paradigma camponecircs eacute explicado a partir da criacutetica aos
modelos de produccedilatildeo capitalista sendo que as anaacutelises satildeo feitas sob a oacutetica de
territoacuterio multidimensional entendido a partir das conflitualidades e contradiccedilotildees
entre as classes sociais
Jaacute o paradigma da agricultura familiar ao analisar o territoacuterio natildeo utiliza os
procedimentos para estudar as conflitualidades e sim trabalha com o objetivo de
classificar as desigualdades sociais Nesse sentido o tema de estudo predominante
nesse paradigma eacute a reproduccedilatildeo das relaccedilotildees capitalistas ou seja a forma como os
agricultores buscam se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo sem que haja
uma conflitualidade entre classes ou territoacuterios No caso dos conflitos existentes no
campo para o paradigma da agricultura familiar deve-se trabalhar a partir do grau
que esses conflitos acontecem natildeo generalizando a partir de casos radicais de
conflitos entre os distintos territoacuterios No caso da fumicultura pode-se dizer que natildeo
satildeo identificados conflitos tatildeo radicais ao passo que na produccedilatildeo de subsistecircncia
esse acontecimento pode acontecer de forma diferenciada
Diversos satildeo os acontecimentos e agentes responsaacuteveis por instituir funccedilatildeo e
particularidades aos espaccedilos Como exemplos desses acontecimentos podem ser
citadas ldquoas atividades econocircmicas os empreendimentos das
multinacionaistransnacionais comunidades tiacutepicas como tambeacutem do poder puacuteblicordquo
(MARIANI ARRUDA 2010) os quais satildeo responsaacuteveis pela construccedilatildeo de
territoacuterios Haesbaert (2007) destaca a existecircncia de territoacuterios funcionais desde que
o territoacuterio apresente um papel de receptaacuteculos de atividades econocircmicas
possuindo muacuteltiplas funccedilotildees conforme seu interesse em atuar naquele territoacuterio
29
Fernandes (2008) adepto do paradigma camponecircs ao trabalhar os diferentes
territoacuterios destaca a importacircncia de analisar o territoacuterio atraveacutes da
multidimensionalidadeconflitualidade que satildeo concebidas atraveacutes de um conjunto
de conflitos inscritos nas relaccedilotildees indissociaacuteveis entre desenvolvimento e disputas
territoriais Para o autor a definiccedilatildeo de territoacuterio estaacute relacionada agrave existecircncia de
poder entre classes ao passo que a conflitualidade existe devido agraves disputas
territoriais entre o capital e o campesinato ou seja de distintos territoacuterios e
funcionalidades
Oliveira (2001) aponta que devido agraves forccedilas produtivas capitalistas ocorrerem
de maneira desigual e contraditoacuteria no territoacuterio em algumas circunstacircncias eacute mais
conveniente para o capital monopolizar o territoacuterio ao inveacutes de se territorializar ou
seja neste caso para o paradigma camponecircs o capital natildeo expropria o camponecircs
fumicultor poreacutem subordina esse agente social ao ditar as regras de produccedilatildeo como
tipos de sementes insumos quiacutemicos teacutecnicas de produccedilatildeo entre outros elementos
que estatildeo relacionados agrave produccedilatildeo Trata-se da territorializaccedilatildeo do capital
monopolista (OLIVEIRA 2001) o qual monopoliza a circulaccedilatildeo e domina os meios
de produccedilatildeo e a terra (ROOS 2015)
Nesse sentido no territoacuterio a accedilatildeo das empresas transnacionais como por
exemplo a Souza Cruz configuram o processo chamado por Oliveira (2005) e Roos
(2015) de ldquomonopolizaccedilatildeo do territoacuteriordquo uma vez que a empresa se instala em aacutereas
estrateacutegicas monopoliza o territoacuterio e firma acordos com os produtores familiares e
natildeo familiares que produzem fumo sendo entendidos entatildeo a partir da sujeiccedilatildeo da
renda da terra ao capital onde o produtor atraveacutes da integraccedilatildeo tem pouco poder
nas negociaccedilotildees
Para Fernandes (2008) a existecircncia de distintos territoacuterios entre o campesinato
e o agronegoacutecio eacute dada a partir das formas de organizaccedilatildeo espacial e de paisagens
geograacuteficas sendo o territoacuterio do agronegoacutecio caracterizado pela monocultura
desertificaccedilatildeo populacional produtivismo para exportaccedilatildeo grande escala e
homogeneidade ao passo que o territoacuterio camponecircs eacute representado pela
heterogeneidade da paisagem frequente povoamento policultura e produccedilatildeo
diversificada Por fim o territoacuterio monopolizado pelo agronegoacutecio se distingue pela
homogeneidade da paisagem geograacutefica e pela subalternidade e controle
tecnoloacutegico das commodities que se utilizam dos territoacuterios camponeses
30
(FERNANDES 2008) Portanto para os seguidores desse paradigma o capital
forma os seus territoacuterios atraveacutes da expansatildeo e controle de aacutereas em todas as
regiotildees subalternizando o camponecircs atraveacutes da integraccedilatildeo Sobre a monopolizaccedilatildeo
do territoacuterio Fernandes (2008) destaca que
Quando o tempo de trabalho eacute maior do que o de produccedilatildeo o capital age atraveacutes da monopolizaccedilatildeo do territoacuterio e da sujeiccedilatildeo da renda da terra Neste caso o campo continua povoado por camponeses ou pequenos ou meacutedios capitalistas que passam a produzir de acordo com o que lhes diz a induacutestria Eacute o caso por exemplo da laranja do fumo a avicultura e da suinocultura entre outros (FERNANDES 2008 p 196)
As anaacutelises voltadas ao paradigma camponecircs e que tratam dos assuntos
relacionados agrave produccedilatildeo de fumo como por exemplo o trabalho de Roos (2015)
afirmam que a subalternidade camponesa estaacute expressa na sujeiccedilatildeo da renda e na
monopolizaccedilatildeo do territoacuterioterritorialidade pelo capital uma vez que a
monopolizaccedilatildeo do territoacuterio pelo capital eacute entendida como territorialidade capitalista
no territoacuterio camponecircs Nesse sentido Roos (2015) compreende territorialidade
como o uso do territoacuterio ponderando que este eacute exclusivamente produzido por uma
relaccedilatildeo social que somente pode ser realizada pelo sujeito onde a territorialidade
pode ser camponesa ou capitalista
Nesse ponto de vista em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de fumo nas unidades
familiares o paradigma camponecircs compreende que as relaccedilotildees capitalistas
subordinam as relaccedilotildees camponesas e consequentemente o seu territoacuterio pelo fato
das bases teacutecnicas de produccedilatildeo estarem determinadas pelas multinacionais como
por exemplo atraveacutes dos contratos de compra de fumo de empresas com a Souza
Cruz
O territoacuterio eacute instituiacutedo por sujeitos e grupos sociais que se afirmam por meio dele Assim haacute sempre territoacuterio e territorialidade ou seja processos sociais de territorializaccedilatildeo Num mesmo territoacuterio haacute sempre muacuteltiplas territorialidades (PORTO-GONCcedilALVES 2006)
Roos (2015) destaca que mesmo onde as empresas fumageiras determinam
o padratildeo tecnoloacutegico (infraestrutura tipos de sementes insumos utilizados formas
de semeadura etc) natildeo tiram dos camponeses a autonomia sobre o seu trabalho o
tempo e as decisotildees Assim o autor afirma que o territoacuterio continua sendo de
domiacutenio dos camponeses poreacutem o capital exerce sua territorialidade subordinando a
renda camponesa na medida em que se incorporam agrave loacutegica capitalista
31
A territorialidade deriva de territoacuterio como produto das muacuteltiplas relaccedilotildees de
poder presentes e que estatildeo intrinsicamente relacionadas aos modelos de produccedilatildeo
podendo como destacado por Porto-Gonccedilalves (2006) e Fernandes (2008) coexistir
vaacuterias territorialidades em um mesmo territoacuterio
As territorialidades expressam as relaccedilotildees de poder que determinam as
configuraccedilotildees territoriais Elas contribuem para a identificaccedilatildeo de quem domina e de
quem eacute o dominado nos territoacuterios As territorialidades tambeacutem estatildeo expressas nas
paisagens de modo que seus componentes revelam as relaccedilotildees sociais poliacuteticas e
econocircmicas (FERNANDES 2010)
Fernandes (2008 2009) acrescenta que a disputa territorial entre o
campesinato e o agronegoacutecio pode acontecer por duas formas distintas pela
desterritorializaccedilatildeo e pelo controle das territorialidades por possuiacuterem relaccedilotildees
sociais distintas e modelos divergentes de produccedilatildeo os quais resultam em conflitos
Portanto ainda no que diz respeito ao paradigma camponecircs Paulino e
Almeida (2010) defendem a ideia de que embora o campesinato seja uma relaccedilatildeo
natildeo capitalista ldquosua reproduccedilatildeo deve ser entendida a partir das diversas
contradiccedilotildees do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma
contradiccedilatildeo e natildeo de uma articulaccedilatildeo de modos de produccedilatildeordquo Jaacute no paradigma da
agricultura familiar a inserccedilatildeo do agricultor nos mercados capitalistas natildeo eacute
compreendida pela conflitualidade entre territoacuterio camponecircs e do agronegoacutecio
sendo que ambos buscam maximizaccedilatildeo de sua produccedilatildeo
A partir do exposto eacute possiacutevel entender que os estudos feitos agrave luz do
paradigma da agricultura camponesa e que tratam de temas relacionados agrave
produccedilatildeo de fumo no Sul do Brasil afirmam a existecircncia de conflitos muitas vezes
ldquoveladosrdquo entre o territoacuterio dos fumicultores e a territorialidade corporativa das
empresas fumageiras
32
CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de
fumo Por esse fato o presente capiacutetulo tem como objetivo salientar os fatores que
proporcionaram ao paiacutes se tornar referecircncia nesse setor uma vez que a fumicultura
eacute desenvolvidaem sua maioriapela agricultura familiar (AFUBRA 2015) De
maneira cronoloacutegica realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica da origem do fumo e
sua consequente inserccedilatildeo em uma produccedilatildeo de escala comercial analisando o
cultivo o mercado e outros aspectos sejam das esferas produtiva social e
econocircmica visto que esses elementos satildeo fundamentais para entender os motivos
pelos quais contribuiacuteram para a inserccedilatildeo dessa produccedilatildeo no municiacutepio de
PrudentoacutepolisPR que seraacute tratado com mais detalhes no capiacutetulo III Tambeacutem pelo
fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo
de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral
dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura
familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo
do agronegoacutecio
21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
A partir do iniacutecio da deacutecada de 1990 o Brasil vem ocupando uma posiccedilatildeo de
destaque no mercado mundial do fumo pelo volume produzido e pela qualidade que
o produto possui
Ao analisar as origens4 dessa cultura as respostas satildeo um pouco distintas pois
existem possiacuteveis afirmaccedilotildees de que o fumo era consumido desde o seacuteculo IX no
continente Asiaacutetico Todavia Frozza (1998) afirma que o cultivo e uso das folhas
datam de mais de quatro mil anos e que ocorreram nas regiotildees da Ameacuterica do Norte
e Central onde hoje se situam o Meacutexico e a Guatemala Ainda de acordo com esse
autor satildeo os povos Maias que teriam iniciado o plantio dessa cultura
4 O tabaco tambeacutem chamado de fumo eacute uma erva do gecircnero das plantas solanaacuteceas cujas folhas depois de preparadas servem mais comumente para fumar cheirar ou mascar (SILVA 2012)
33
Nardi (1985) e Saffrin (1995) afirmam que o fumo tem suas origens nos vales
orientais dos Andes bolivianos e que chegou ao territoacuterio brasileiro atraveacutes das
migraccedilotildees dos iacutendios principalmente os iacutendios Tupi-Guarani Convergindo com
Nardi e Saffrin Souza Cruz (2011) afirma que o fumo eacute uma planta originaacuteria dos
Andes e que acompanhou as migraccedilotildees dos iacutendios por toda a Ameacuterica Central ateacute
chegar ao territoacuterio brasileiro
Os colonizadores portugueses atraveacutes dos povos indiacutegenas introduziram o haacutebito
do consumo de fumo (BOEIRA 2002) tendo acesso ao produto atraveacutes do
escambo Dessa forma satildeo criadas as primeiras legislaccedilotildees para regulamentar a
atividade fumageira como a Junta de Administraccedilatildeo do Tabaco de 1674 a qual
servia para orientar o comeacutercio das especiarias em Portugal e suas colocircnias e
institucionalizou o monopoacutelio portuguecircs sobre o produto Nesse contexto o tipo de
fumo produzido era o escuro de corda sendo que o mesmo era usado para fabricar
o rapeacute o cigarro e charutos (SILVA 2002)
No iniacutecio do seacuteculo XIX a produccedilatildeo em escala comercial ocupou aacutereas reduzidas e
concentradas entre o litoral dos atuais estados da Bahia (Recocircncavo Baiano) e
Recife proporcionando o abastecimento do mercado europeu Os fatores que
contribuiacuteram para a produccedilatildeo do fumo foram agrave existecircncia de matildeo de obra familiar e o
desejo de desenvolver a regiatildeo Para Silva (2002) a cultura do fumo ao contraacuterio da
cana-de-accediluacutecar que era plantada somente nos latifuacutendios foi e ainda eacute
desenvolvida pela sua maioria em pequenas propriedades
A produccedilatildeo se expandiu para os estados de Minas Gerais Goiaacutes Satildeo Paulo
e sobretudo para a regiatildeo Sul do Brasil regiatildeo essa colonizada por imigrantes
europeus que se dedicaram a atividade como eacute o caso do municiacutepio de
Prudentoacutepolis no Paranaacute
O fumo ldquoproduto antes principalmente destinado ao escambo de escravos na segunda metade do seacuteculo passou a encontrar mercado crescente na Europa A quantidade exportada aumentou 361 por cento entre os anos de quarenta e noventa e os preccedilos meacutedios subiram 41 por centordquo(FURTADO p47 1984apud Silva 2002 p 38)
De acordo com Silva (2002) na regiatildeo Sul do Brasilas primeiras plantaccedilotildees
de fumo iniciaram-se em 1824 na colocircnia de Satildeo LeopoldoRS a mesma colonizada
por imigrantes alematildees e em 1850 na colocircnia Santa CruzRS Nessa regiatildeo foram
34
cultivadas variedades de fumos claros como o chinecircs (conhecido atualmente como
amarelinho) e mais tarde o Virgiacutenia devido agrave melhor aceitaccedilatildeo no mercado externo
sendo usado para a fabricaccedilatildeo de cigarros
Como destaca Spies (2000) o principal fator para os imigrantes se dedicarem a
atividade fumageira foram as precaacuterias condiccedilotildees econocircmicas em que se
encontravam pois produziam somente os alimentos para sua subsistecircncia e o
excedente natildeo era suficiente para provecirc-los Dessa forma viram na produccedilatildeo de
fumo uma alternativa para a melhora da situaccedilatildeo financeira familiar Outras
caracteriacutesticas que devem ser levadas em consideraccedilatildeo uma vez que contribuiacuteram
para que os imigrantes se dedicassem a produccedilatildeo de fumo satildeo a estrutura fundiaacuteria
baseada em pequenos lotes de terras e a disponibilidade de matildeo de obra da proacutepria
famiacutelia
Conforme Souza Cruz (2011) outro marco relevante no setor fumageiro foi agrave
criaccedilatildeo da empresa Souza Cruz pelo imigrante portuguecircs Albino Souza Cruz no ano
de 1903 no estado do Rio de Janeiro colocando em funcionamento a primeira
maacutequina do Brasil a produzir cigarros jaacute enrolados em papel Poreacutem com a
necessidade de investir no ramo para acelerar o ritmo de crescimento em
1914Albino Souza Cruz transformou a companhia em uma sociedade anocircnima
passando o controle acionaacuterio ao grupo British American Tabacco (BAT) fato que
permitiu o crescimento da Souza Cruz (SOUZA CRUZ 2015)
A expansatildeo da produccedilatildeo de fumo ocasionou algumas fusotildees entre empresas
do setor Vogt (1994) menciona que os anos entre 1917 e 1993 satildeo caracterizados
por aglutinaccedilotildees e fusotildees das empresas de comeacutercio e beneficiamento do tabaco A
entrada do capital internacional acarretou mudanccedilas na dinacircmica econocircmica da
regiatildeo
Na cidade de Santa CruzRS encontra-se o maior polo fumicultor do Brasil e
conforme AFUBRA (2001) um fato marcante na mudanccedila da dinacircmica econocircmica
desse muniacutecipio e regiatildeo se deu em 1917 com a iniciativa da BAT de instalar a
primeira usina de processamento de fumo no paiacutes com o nome de ldquoThe Brazilian
Tabacco Corporationrdquo Sua razatildeo social foi alterada no ano de 1920 para Companhia
Brasileira de Fumo em Folha (CBFF) e finalmente em 1955 alterada para
Companhia de Cigarros Souza Cruz ndash Induacutestria e Comeacutercio (SILVA 2002) A
35
companhia foi fundamental para que o Brasil alcancasse ainda mais os mercados
mundiais atraveacutes de algumas melhorias proporcionadas por ela
Vogt (1994) destaca que a partir de 1924 a companhia de capital internacional
comeccedilou a investir e incentivar os fumicultores a utilizarem insumos quiacutemicos para
obter uma melhor produtividade e qualidade do fumo o que se refletia no mercado
de cigarros que cada vez ficava mais exigente O melhoramento geneacutetico das
sementes foi outro condicionante para que se obtivesse um aumento da
produtividade e qualidade do fumo
De acordo com Vogt (1994) o mercado fumageiro brasileiro teve uma boa
elevaccedilatildeo nas exportaccedilotildees com o fim da segunda Guerra Mundial jaacute que os paiacuteses
que ateacute entatildeo eram grandes produtores de cigarros se encontravam desorganizados
pelos conflitos poliacuteticos e econocircmicos Outro fator que contribuiu para a maior
demanda do fumo brasileiro foi uma grande estiagem que afetou os paiacuteses
produtores de fumo na safra de 19441945 ocasionando dessa forma um aumento
nos preccedilos pagos pelos mercados internacionais entre os anos de 1944 e 1946
estimulando assim o aumento da produccedilatildeo brasileira devido aos grandes ganhos
obtidos no mercado externo
Contudo houve um aumento da produccedilatildeo sem o proporcional aumento da
qualidade do fumo causando certa preocupaccedilatildeo na balanccedila comercial Para piorar a
situaccedilatildeo no final da deacutecada de 1940 Franccedila Espanha Beacutelgica Holanda e
Dinamarca que eram os principais importadores do tabaco brasileiro foram
contemplados com o Plano Marshall e passaram a adquirir o fumo norte-americano
jaacute que possuiacutea uma qualidade melhor ldquoDesse modo o Brasil natildeo estava conseguido
uma boa representatividade no mercado externordquo (VOGT p 102 1994)
Ao encontro das discussotildees de Vogt Seffrin (1995) afirma que os fumicultores
foram os principais prejudicados com essa superproduccedilatildeo ocorrida na deacutecada de
1950 os quais entregavam a produccedilatildeo a preccedilos piacutefios de maneira a natildeo incorrer em
prejuiacutezos ainda maiores Como por exemplo quando a entatildeo Companhia Brasileira
de Fumos em Folha que atualmente tem o nome de Souza Cruz abriu um comeacutercio
de compra livre de fumos escuros os quais tinham um valor de mercado bem abaixo
da meacutedia e os fumicultores da regiatildeo Sul do Brasil sem outras saiacutedas de mercado
acabaram vendendo o fumo claro (de valor maior) por preccedilo de fumos escuros
36
Com a queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo no cenaacuterio mundial a
quantidade da produccedilatildeo do fumo era limitada e a produccedilatildeo fumageira das deacutecadas
de 1950 e 1960 (tabela 1) era destinada na sua maioria para o mercado nacional
A elevaccedilatildeo desorganizada da produccedilatildeo fumageira gerou na regiatildeo nos anos de 50 e 60 grandes estoques de excedentes natildeo comercializaacuteveis O fumo abarrotava os armazeacutens das firmas e das cooperativas natildeo tendo o colono como despachar o seu cultivo (VOGT 1994)
Portanto a produccedilatildeo de fumo no Brasil eacute mais expressiva a partir da segunda
metade do seacuteculo XX sobretudo no poacutes-guerra quando a ampliaccedilatildeo das aacutereas de
produccedilatildeo veio associada ao aumento da qualidade e produtividade das lavouras
como tambeacutem da produccedilatildeo industrial dos cigarros
ANO PRODUCcedilAO T EXPORTACcedilAO T
1961 60408 10919 1963 82851 14522 1965 91159 14008 1967 112234 9289 1969 99804 13778 1971 97206 18556 1973 82030 20248 1975 97722 41277
QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA
Fonte VOGT 1994
Como pode ser visto as melhoras nas exportaccedilotildees comeccedilam somente na deacutecada de
1970 A deacutecada de 1960 foi marcada por poucas vendas para o mercado externo
natildeo chegando a exportar 15 da produccedilatildeo total Conforme Sefrin (1995) devido a
essa queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo para o exterior na deacutecada de
1960 os fumicultores encontravam-se em condiccedilotildees econocircmicas peacutessimas pois
aleacutem de ser um trabalho aacuterduo os lucros eram iacutenfimos natildeo conseguindo muitas
vezes fazer o pagamento do financiamento da produccedilatildeo aleacutem das safras serem
afetadas pelas intempeacuteries climaacuteticas encontrando-se cada vez mais
desamparados Como aponta Safrin (1995) os pagamentos muitas vezes eram feitos
no ano seguinte da venda e com preccedilos ainda reduzidos
Para que a produccedilatildeo brasileira do fumo pudesse voltar ao cenaacuterio internacional era
indispensaacutevel um salto qualitativo na produccedilatildeo do fumo fato que exigiria a injeccedilatildeo
de grande quantidade de capital na produccedilatildeo Conforme Vogt (1994) os
37
investimentos necessaacuterios para a melhoria da qualidade estavam relacionados agrave
aquisiccedilatildeo de sementes adubos pesticidas instrumentos agriacutecolas construccedilatildeo de
estufas bem como a assistecircncia teacutecnica constantemente presente na propriedade
do colono e a garantia da compra integral da produccedilatildeo sendo mais um fator que
impulsionou a Souza Cruz a investir nessa regiatildeo
De acordo com Silva (2002) para corroborar na soluccedilatildeo dos problemas
econocircmicos dos fumicultores surgiram movimentos de uniatildeo dos interesses dos
mesmos o que resultou na sugestatildeo para a criaccedilatildeo de uma associaccedilatildeo formal dos
fumicultores Sendo assim no dia 21 de marccedilo de 1955 na cidade de Santa Cruz do
SulRS foi criada a Associaccedilatildeo dos Plantadores de Fumo em Folha do Rio Grande
do Sul a qual em 1963 mudou sua razatildeo social para Associaccedilatildeo dos Fumicultores
do Brasil (AFUBRA) passando a abranger tambeacutem os estados de Santa Catarina e
Paranaacute (AFUBRA 2014) Dessa forma a entidade foi criada devido a dois fatores
principais a instabilidade do mercado e dos preccedilos do tabaco e a inexistecircncia de
auxiacutelio econocircmico contra danos por granizo nas lavouras
Com a injeccedilatildeo de capital para a melhoria na produccedilatildeo do fumo e com a
criaccedilatildeo da AFUBRA os fumicultores encontravam-se mais confiantes pelo fato de
estarem obtendo melhores rendimentos Apesar desse desequiliacutebrio nas
exportaccedilotildees pelo qual o mercado fumageiro passou nas deacutecadas de 1950 e 1960
Spies (2000) destaca que a induacutestria do fumo jaacute era a mais importante da regiatildeo de
Santa Cruz no Rio Grande do Sul entre os anos de 1952 e 1965 pois no ano de
1924 os produtos de subsistecircncia representavam 70 da produccedilatildeo e na deacutecada de
1950 esse valor caiu para 413 do total da produccedilatildeo agriacutecola regional
Conforme destaca Vogt (1994) o final da deacutecada de 1960 e com maior
intensidade nas deacutecadas de 1970 e 1980 a fumicultura brasileira volta a ter um
aumento significativo em termos de aacuterea produzida e exportaccedilatildeo da produccedilatildeo devido
principalmente agrave abertura do mercado internacional para os fumos brasileiros mas
tambeacutem agrave adoccedilatildeo de poliacuteticas favoraacuteveis agrave instalaccedilatildeo de agroinduacutestrias no paiacutes
resultando na consolidaccedilatildeo dos complexos agroindustriais
Na deacutecada de 1970 e 1980 era notaacutevel o progresso do setor fumageiro na
regiatildeo Sul do Brasil Esse fato refletiu nas exportaccedilotildees pois a quantidade do fumo
em folha exportado pelo Brasil daacute um salto de 55 mil toneladas exportadas no ano
38
de 1965 para 170 mil toneladas no ano de 1985 dando assim a configuraccedilatildeo da
atual estrutura fumageira do Brasil
Com a consolidaccedilatildeo do Complexo Agroindustrial Brasileiro ou seja da
integraccedilatildeo entre a agricultura e a induacutestria o setor fumageiro ganhou grande
impulso e os estados de Santa Catarina e Paranaacute tambeacutem receberam consideraacuteveis
incentivos para se especializar na produccedilatildeo Foi nesse periacuteodo que a produccedilatildeo em
maior escala atingiu o municiacutepio de PrudentoacutepolisPR e um nuacutemero maior de famiacutelias
aderiu a esse cultivo
Durante a deacutecada de 70 consolidou-se a atual estrutura fumageira existente no Brasil meridional [] ao mesmo tempo os cultivos nos estados de Santa Catarina e Paranaacute foram intensificados pelas corporaccedilotildees que introduziram o tabaco em novas aacutereas para responder a demanda internacional (VOGT 1994)
Dessa forma a proliferaccedilatildeo das lavouras de fumo acontece
concomitantemente nos trecircs estados da regiatildeo Sul do Brasil e estes se destacam
pela qualidade do fumo que produzem Silva (2002) aponta que a chegada de outras
empresas multinacionais com intenccedilatildeo de expandir-se impulsionou o processo de
organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do fumo incentivando a especializaccedilatildeo dos envolvidos nas
atividades
Em Santa Catarina e no Paranaacute o cultivo de fumo de estufa de caraacuteter
comercial daacute-se a partir da empresa Souza Cruz a partir da deacutecada de 1960 a qual
oferecia o sistema integrado de produccedilatildeo Ou seja os fumicultores plantariam o
fumo a Souza Cruz entraria com o financiamento da produccedilatildeo (fornecimento da
estufa de insumos e assistecircncia teacutecnica) e no final da safra o fumicultor fazia o
pagamento para a empresa com sua proacutepria produccedilatildeo No Paranaacute a Souza Cruz
inseriu primeiramente a produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Irati (principal polo
fumageiro do Paranaacute onde se localiza o municiacutepio de Prudentoacutepolis)
A partir da deacutecada de 1980 a produccedilatildeo vem aumentando Vogt (1994) expotildee
que a regiatildeo Sul do paiacutes aumentou sua produccedilatildeo em aproximadamente 60 entre
as safras de 198788 e 19921993 dando um salto de 350 mil para 560 mil
toneladas
39
TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL
SAFRA AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS
KG ha R$Kg
1995 200830 348000 132680 1733 155
2000 257660 359040 134850 2092 200
2005 439220 842990 198040 1919 433
2006 417420 769660 193310 1844 415
2007 360910 758660 182650 2102 425
2008 348720 713870 180520 2047 541
2009 374060 744280 186580 1990 590
2010 370830 691870 185160 1866 635
2011 372930 832830 186810 2233 493
2012 324610 727510 165170 2241 630
2013 313675 712750 159595 2272 745
2014 323700 731390 162410 2259 728
Fonte AFUBRA2015
A safra de 2005 mostra novamente um aumento significativo na produccedilatildeo
total Sul brasileira chegando a 842990 toneladas anuais (tabela 1) De 2005 para
caacute a produccedilatildeo oscilou entre 842990 e 691870 toneladas anuais (conforme a
demanda do mercado) com um leve decreacutescimo nos uacuteltimos trecircs anos
A produtividade do fumo aumentou na deacutecada de 2000 devido agrave introduccedilatildeo de
novas teacutecnicas que permitiram a diminuiccedilatildeo do uso de matildeo de obra Na safra de
1995 a produtividade meacutedia foi de 1733 kgha aumentando consideravelmente
para a uacuteltima safra a qual chegou a 2259 Kgha Nos anos de 2005 e 2006
percebe-se um aumento na quantidade de famiacutelias envolvidas na atividade quadro
esse invertido no ano de 2007 ocorrendo queda no nuacutemero dessas famiacutelias
Apesar da diminuiccedilatildeo do nuacutemero das famiacutelias na atividade em geral a
produccedilatildeo natildeo eacute afetada o quase deve agrave modernizaccedilatildeo das estufas de secagem
que resultou na diminuiccedilatildeo da matildeo de obra favorecendo o aumento da produccedilatildeo
por parte das famiacutelias que permaneceram no setor Conforme um produtor
entrevistado durante o trabalho de campo desta pesquisa
40
Depois que modernizamos a nossa estufa no ano de 2005 conseguimos aumentar a produccedilatildeo e diminuir a matildeo de obra [] antes precisava de quatro pessoas para colheita e pelo menos mais 4 para fazer a costura das folhas de fumo no galpatildeo antes de colocar na estufa [] quando descarregava as folhas da estufa era preciso tirar todos os fios do fumo [] dava muito trabalho Com a modernizaccedilatildeo isso acabou [] o fumo que vem da lavoura vai direto para a estufa Precisamos soacute de pessoas para colher e carregar direto na estufa O trabalho eacute mais leve nos dias de hoje com esse tipo de estufa (FUMICULTOR DA LINHA RIO PRETO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)
Sei que o fumo por si soacute jaacute eacute um veneno mas usamos os equipamentos de proteccedilatildeo que eacute seguro Hoje usamos agrotoacutexicos porque daacute menos serviccedilo e sai mais barato que pagar pra carpir [] soacute por isso mesmo[] Quando produzia morangos usava mais veneno ainda [] sabemos que o veneno natildeo faz bem nem pra noacutes nem para a natureza mas natildeo temos outras opccedilotildees (FUMICULTOR DA LINHA DEZEMBRO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)
Diniz Filho (2011) tambeacutem ressalta que especificamente no caso das
tecnologias de produccedilatildeo agriacutecola a opccedilatildeo dos agricultores familiares pelo uso de
maacutequinas e produtos quiacutemicos eacute estimulada pelo interesse de eliminar certos tipos
de trabalho braccedilal muito penosos Nesse sentidodiscorda-se do paradigma
camponecircs pelo fato de opor o agricultor familiar ao agronegoacutecio afirmando que o
primeiro prima por praacuteticas mais sustentaacuteveis com objetivo de reproduzir somente o
modo de vida ao passo que o agronegoacutecio tenderia a usar tecnologias mais
danosas para o meio ambiente por estar preocupado apenas com lucratividade
Com relaccedilatildeo agrave venda do fumo o preccedilo do quilo varia a cada ano e a
sistemaacutetica para que se estabeleccedila o valor da safra entre os fumicultores e a
induacutestria fumageira incide em acordos com as entidades representativas dos
produtores como a Afubra Associaccedilotildees Federaccedilatildeo e o Sinditabaco que representa
as induacutestrias (DERALSEAB 2014) Apoacutes as negociaccedilotildees e a assinatura do
protocolo eacute que se estabelecem os preccedilos para as variadas qualidades do fumo
Nesse sentido o preccedilo do quilo do fumo eacute regulado conforme a oferta e demanda do
produtopelo mercado expressando adequadamente o valor marginal muitas vezes
pago aos produtores Dessa forma discorda-se de Roos (2015) quando afirma que
os fumicultores estatildeo subordinados pelas empresas fumageiras por terem pouca
representatividade na hora de fixar o preccedilo do quilo do fumo
Conforme AFUBRA (2015) para o fumo Virgiacutenia que eacute uma variedade dos
fumos de coloraccedilatildeo clara satildeo estabelecidas 41 variedades de classificaccedilatildeo sendo a
variedade mais bem paga a BO1 que valia 922 reais o quilo na safra de 20142015
41
e a variedade de menor valor o ST (farelos do fumo) tabelado a 054reais por quilo
Jaacute para o fumo Burley que eacute uma variedade dos fumos de coloraccedilatildeo escura satildeo
estabelecidas 30 diferentes variedades A mais bem paga eacute a B1 que equivale a
811 para cada quilo e a variedade menos valorizada eacute a G (farelos do fumo) que
vale 060 reais por quilo Quando o fumo eacute vendido para a empresa sempre eacute feito
uma meacutedia de toda venda e como revelam os dados da tabela 2 a meacutedia do quilo
pago para os produtores na safra de 201415 foi de 728 reais por quilo
Atualmente a regiatildeo Sul do Brasil se destaca pela maior produccedilatildeo de fumo
do paiacutes participando com 981 do total produzido Os trecircs estados sulinos satildeo
responsaacuteveis por colocar o paiacutes como o segundo maior produtor ena primeira
posiccedilatildeo no quesito exportaccedilatildeo mundial
TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO
ESTADOS AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)
PARTPRODUCcedilAtildeO ()
Rio Grande do Sul
204000 412000 2020 481
Santa Catarina 120000 258000 2150 301
Paranaacute 76000 171000 2250 200
Alagoas 9000 11000 1222 13
Bahia 3000 3000 1000 03
Outros 2000 2000 1000 02
Brasil 414000 857000 2070 100
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) 2014
A produccedilatildeo do fumo e a atuaccedilatildeo das empresas desse setor se datildeo de forma
mais intensa nos paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso do Brasil devido agrave
disponibilidade de matildeo de obra barata facilidade das multinacionais se instalarem
atraveacutes dos incentivos fiscais inexistecircncia de leis ambientaisriacutegidas e por ser a
atividade que gera mais renda se comparada a outras culturas produzidas em
pequena escala
42
TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013
PRODUCcedilAtildeO haacute PRODUCcedilAtildeO KG
VALOR R$
Animal x 1362412180 2565555940 26
Vegetal 1515650 2487306782 2077480 21
Tabaco 309350 705570000 5383773200 54
Total 1825000 4555288952 10026810100 100
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014
A partir dos dados apresentados pode-se destacar que a produccedilatildeo de fumo
na regiatildeo Sul do Brasil eacute responsaacutevel pela maior renda de muitos agricultores
familiares jaacute que os estados possuem uma grande quantidade de pequenas
propriedades e que dependem da produccedilatildeo do fumo para sua reproduccedilatildeo
econocircmica
Ahrens (2008) afirma que a produccedilatildeo mundial estaacute migrando dos paiacuteses
desenvolvidos para os paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso dos Estados
Unidos que apesar de aparecer como um dos principais produtores de fumo teve
sua produccedilatildeo prejudicada devido aos altos custos de cultivo e agrave escassez de matildeo de
obra
TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012
PAIacuteSES PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
PROCESSADO (t)
CONSUMO (t)
ESTOQUE EXPORTACcedilAtildeO (t)
IMPORTACcedilAtildeO (t)
1 China 2160000 256205 553960 0 538960
2 Brasil 670820 86060 112580 651190 12320
3 Iacutendia 576740 465510 134240 271060 200930
4 Estados Unidos
212020 441720 1580130 153130 420440
5 Indoneacutesia 191260 147940 134830 50270 27440
43
6 Turquia 152190 106240 34620 98200 60430
7 Zimbabwe 127190 3990 229930 43520 80
8 Argentina 103790 29950 364650 36100 1630
9 Paquistatildeo 74910 76300 91570 5390 10390
10 Malavi 71320 1290 166580 91500 890
93 Outros 1533150 1850430 3055200 608630 725480
103 Total 5873390 5771480 6468290 2008990 2008990
Fonte AFUBRA 2014
Apesar de a China ser a maior produtora mundial de fumo acaba consumindo
toda essa produccedilatildeo e na safra de 20112012 ainda importou 538960 toneladas
para suprir sua demanda interna Jaacute o Brasil que estaacute na 2ordm posiccedilatildeo de produccedilatildeo
mundial de fumo destina a maior parte da sua produccedilatildeo para o mercado externo Na
safra de 2013 88 da produccedilatildeo se dirigiu ao mercado externo (quadro 2) ficando
no paiacutes apenas 12 da produccedilatildeo para a fabricaccedilatildeo de cigarros cigarrilhas e
charutos Conforme DERALSEAB (2013) das 627000 toneladas exportadas em
2013 a regiatildeo Sul contribuiu com 624000 toneladas representando o equivalente
de 955 das exportaccedilotildees brasileiras
O quadro 2 mostra que apesar de a maior quantidade do fumo produzido no
Brasil se dirigir para o mercado externo os maiores faturamentos estatildeo relacionados
ao fumo consumido no proacuteprio paiacutes atingindo um lucro total maior que as
exportaccedilotildees O fato de as exportaccedilotildees renderem menos lucros que o fumo
consumido no proacuteprio paiacutes se daacute deve ao fato de o fumo exportado natildeo passar por
processamentos de agregaccedilatildeo de valor(exportaccedilatildeo de folhas e talos) Enquanto
isso toda a produccedilatildeo consumida no paiacutes tanto os fumos claros como os escuros
passa por vaacuterios processamentos de agregaccedilatildeo de valor ateacute obter os cigarros
cigarrilhas e charutos prontos para consumo
A distribuiccedilatildeo da renda bruta do setor fumageiro (quadro 2) estaacute dividida
entre tributosGoverno induacutestria produtor e varejista sendo que 459 dessa renda
eacute destinada ao governo O produtor fatura em torno de 205 do total da renda
faturamento esse que deve ser destinado para a compra dos insumos pagamento
do seguro da produccedilatildeo matildeo de obra desgastes com a terra implementos que usa
na produccedilatildeo gastos com a secagem das folhas do fumo aleacutem de prejuiacutezos que
podem vir a acontecer durante a produccedilatildeo
44
Jaacute os varejistas apesar de auferirem 6 do faturamento natildeo tecircm gastos tatildeo
altos comoos produtores Aleacutem do mais esse setor ganha na quantidade sendo que
existe um nuacutemero muito maior de fumicultores que de varejistas Isso tambeacutem
acontece com a induacutestria que tem seus ganhos principalmente no volume e na
agregaccedilatildeo de valor do produto
Pelos dados apresentados apresentados no quadro 2 pode-se concluir que o
maior beneficiado com o faturamento da produccedilatildeo de fumo eacute o setor puacuteblico atraveacutes
de impostros
QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL
ESPECIFICACcedilAtildeO
2012 2013
R$ Toneladas R$ Toneladas
Consumo Domeacutestico
1635750730000 88990 12 1765594334000 84350 12
Exportaccedilatildeo 645663700000 637780 88 722287181000 627230 88
TOTAL 2281414430000 726770 100 2487881515000 711580 100
DISTRIBUICcedilAtildeO DA RENDA BRUTA
Tributos Governos
1048025493000 459 1076394659000 433
Induacutestria 627838400000 275 720610862000 290
Produtor 467329600000 205 541693230000 217
Varejista 138220930700 61 149182764000 60
TOTAL 2281414430000 100 2487881515000 100
FONTE AFUBRA2013
De acordo com dados da DERALSEAB (2015) no ano de 2014 o fumo
brasileiro foi destinado para mais de cem paiacuteses abrangendo principalmente paiacuteses
da Uniatildeo Europeia (42) seguidos do Extremo Oriente (26) Ameacuterica do Norte
(13) Aacutefrica (7) Leste Europeu (7) e Ameacuterica Latina (5) Atualmente a
liderenccedila brasileira nas exportaccedilotildees se daacute devido agrave excelente qualidade do fumo agrave
regularidade da produccedilatildeo e agrave competitividade com os preccedilos dos demais paiacuteses
produtores
45
42
26
13
7
7
5
Uniatildeo Europeia
Oriente Meacutedio
Ameacuterica do Norte
Aacutefrica
Leste Europeu
Ameacuterica Latina
Paiacuteses importadores do fumo brasileiro
Fonte
DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014
Conforme DERAL (2014) no Paranaacute as lavouras com predomiacutenio de fumos
claros concentram-se nos nuacutecleos regionais de Irati Ponta Grossa Curitiba Uniatildeo
da Vitoacuteria e Guarapuava Jaacute em Francisco Beltratildeo Pato Branco Cascavel e Toledo
cultivam-se os fumos escuros
Na figura 1 estatildeo expostos os municiacutepios produtores de fumo e a meacutedia de
hectares que cada municiacutepio ocupa com essa culturaNota-se que a produccedilatildeo de
fumo no estado se concentra em sua maioria na regiatildeo Sudeste Centro-Sul
Sudoeste e Oeste
O municiacutepio de Prudentoacutepolis pertence ao nuacutecleo de Irati nuacutecleo esse que
ocupa o primeiro lugar no ranking de produccedilatildeo de fumos claros do estado conforme
a tabela 5
GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO
46
FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA Fonte IBGE 2014
TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute
Nuacutecleos regionais
Safra 20132014 Safra 20142015 Participaccedilatildeo
Aacuterea (ha) Produccedilatildeo(t) Aacuterea (ha) Produccedilatildeo (t) ()
Irati 19300 43425 19500 43875 244
Ponta Grossa 17562 42605 18862 45268 251
Curitiba 13300 30493 13300 34580 12
Uniatildeo da Vitoacuteria
7500 15750 7600 15580 87
Guarapuava 5000 12400 4900 13230 73
Francisco Beltratildeo
4350 9904 4300 10320 57
Cascavel 3600 7556 3500 7453 41
Outros 4774 10711 4496 9907 55
Total 75386 172844 76308 180213 1000
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014
47
Na safra de 20122013 os municiacutepios paranaenses que se destacaram no
volume de fumo produzido foram Satildeo Joatildeo do Triunfo Rio Azul Prudentoacutepolis
Ipiranga e Irati As 1813 famiacutelias que cultivam fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis
foram responsaacuteveis por produzir 10192 toneladas do produto
Para os municiacutepios de Satildeo Joatildeo do Triunfo e Rio Azul se comparados os
volumes produzidos (quadro 3) nota-se quea quantidade em toneladas natildeo
apresenta tanta diferenccedila entre ambos sendo 13458 toneladas em Satildeo Joatildeo do
Triunfo e 13268 toneladas em Rio Azul Poreacutem em relaccedilatildeo ao nuacutemero de famiacutelias
que trabalham na atividade fumageira em Rio Azul esse nuacutemero eacute bem maior que
em Satildeo Joatildeo do Triunfo Esse fatoeacute resultado da opccedilatildeo das famiacutelias de Rio Azul
porproduzirem menores quantidades de fumo por unidade familiar como tambeacutem
por intempeacuteries climaacuteticas (granizo ventos) que impediram de colher toda a
produccedilatildeo
PARANAacute PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTORES
Satildeo Joatildeo do Triunfo 13458 1968
Rio Azul 13268 2610
Prudentoacutepolis 10192 1813
Ipiranga 9323 1661
Irati 8539 1558
QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) AFUBRA 2014
22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL
De acordo com Sauer (2008) em 1996 a criaccedilatildeo do PRONAF (Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) trouxe avanccedilos poliacuteticos
voltados aos agricultores familiares permitindo o reconhecimento destes enquanto
categoria social epossibilitando o acesso ao creacutedito agriacutecola Creacutedito esse que
48
quando usado de maneira correta contribui significativamente para o aumento da
produccedilatildeo
Dentre os vaacuterios estudos que retratam a evoluccedilatildeo da agricultura familiar
brasileira nas uacuteltimas deacutecadas destaca-seldquoO Novo Retrato Da Agricultura Familiar
Brasileirardquo Nesse estudo os autores mencionam a importacircncia de refletir sobre o
espaccedilo rural tendo como escopo a sua diversidade pelo fato da existecircncia de
distintos tipos de agricultores familiares que possuem interesses e estrateacutegias
particulares de produccedilatildeo agropecuaacuteria Nesse sentido da mesma forma que existe
uma diversidade de agricultores familiares deveratildeo tambeacutem existir poliacuteticas
agriacutecolas e tipos de assistecircncia teacutecnica distinto para cada grupo com intuito desses
empregarem em sua produccedilatildeo tecnologias que possibilitam o seu fortalecimento e
expansatildeo diante dos mercados
Sobre a diversidade da agricultura familiar brasileira a tabela 6 mostra de que
forma satildeo distribuiacutedos os tipos familiares a renda monetaacuteria anual e qual a
porcentagem na participaccedilatildeo do valor bruto da agricultura familiar por grupo familiar
TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006
Grupos familiares Nuacutemero de agricultores familiares
segundo o tipo
Total VBP familiares
Renda Monetaacuteria
liacutequida anual em reais
A 452750 695 5323600
B 964140 157 372500
C 574961 47 149900
D 2560274 102 25500
Total 4551855 -
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
A partir dos dados sobre a caracterizaccedilatildeo dos grupos familiares nota-se que
o grupo com um contingente maior de agricultores familiares no ano de 2006 foi o
grupo D ou seja os descapitalizados Esses agricultores familiares de acordo com
Guanziroli et al (2012) estatildeo em sua maioria concentrados nas regiotildees Norte e
Nordeste do Brasil sendo os que menos empregam aparatos tecnoloacutegicos Desse
modo o autor afirma que o grau de especializaccedilatildeo e tecnificaccedilatildeo tem maior
49
influecircncia na geraccedilatildeo de renda do que a quantidade de terra possuiacuteda por cada
unidade familiar Sobre o grupo familiar D o estudo tambeacutem menciona que
[] entre os agricultores familiares do tipo D tambeacutem existem agricultores mais capitalizados os quais podem ter sido classificados neste grupo devido agrave frustraccedilatildeo de safra baixos preccedilos de seus produtos no mercado ou a realizaccedilatildeo de novos investimentos nos quais as receitas ainda natildeo estatildeo superando as despesas Esta afirmaccedilatildeo estaacute baseada na participaccedilatildeo percentual do creacutedito rural obtido e dos investimentos realizados por estabelecimentos deste tipo (FAOINCRA)
Os agricultores familiares dos grupos A e B considerados como capitalizados
e em vias de capitalizaccedilatildeo correspondem principalmente aos produtores familiares
da regiatildeo Sul do paiacutes O desempenho desses grupos se deve ao fato de estarem
inseridos em cadeias produtivas mais competitivas as quais trazem melhores
retornos econocircmicos
Guanziroli et al (2012) apontam que os produtores familiares do tipo A tecircm
uma renda anual elevada em parte porque na aacuterea rural podem se beneficiar da
produccedilatildeo para autoconsumo natildeo pagam aluguel e as taxas sobre o valor da aacutegua e
luz satildeo mais baixas se comparadas com a urbana Dessa forma o padratildeo de vida
desses agricultores eacute compatiacutevel com a da classe meacutedia urbana Entretanto existe
uma distacircncia muito grande entre os produtores do grupo A e os demais
Nesse sentido Guanziroli et al (2006) com base no estudo ldquoDez anos de
evoluccedilatildeo da agricultura familiar no Brasil (1996 e 2006)rdquo compararam os dados do
censo agropecuaacuterio de 1996 com o de 2006 a fim de dar respostas a algumas
inquietudes sobre a evoluccedilatildeo da agricultura familiar no dececircnio analisando o
processo de modernizaccedilatildeo da agricultura familiar por meio da evoluccedilatildeo de algumas
variaacuteveis (uso de maquinaacuterios insumos entre outras tecnologias) Dentre outros
resultados esse estudo mostrou que houve crescimento do nuacutemero de agricultores
familiares entre os censos o qual passou de 4139000 para 4551855 Ou seja em
1996 8517 do total dos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros eram
familiares e em 2006 essa porcentagem aumenta para 8796 do total
Os dados desse estudo tambeacutem mostraram que os agricultores familiares
pertencentes ao grupo A e quanto muito aos grupos A e B desempenham um papel
importante em termos econocircmicos Jaacute o grupo C e principalmente os agricultores
familiares do grupo D produzem tatildeo pouco que remetem aquela visatildeo do agricultor
50
familiar de subsistecircncia que comercializa pequenos excedentes econocircmicos em
mercados locais
O uso de tecnologias pelos agricultores familiares como maquinaacuterios e
insumos quiacutemicos contribuiu para o aumento da produccedilatildeo e da produtividade
acontecimento esse que possibilitou a ascensatildeo do universo familiar no cenaacuterio
agropecuaacuterio brasileiro com significativa importacircncia na produccedilatildeo tanto de gecircneros
alimentiacutecios de consumo nacional como tambeacutem de commodities de exportaccedilatildeo
caso a produccedilatildeo de fumo As tecnologias voltadas para a produccedilatildeo de fumo
referem-se a modernizaccedilatildeo das estufas de secagem das folhas de fumo de
sementes melhoradas geneticamente aleacutem dos insumos agriacutecolas
De acordo com Guanziroli et al (2006) as anaacutelises regionais sobre a
agricultura familiar brasileira para o ano de 2006 mostram que as regiotildees Norte
Nordeste e Sul apresentam maior participaccedilatildeo percentual de agricultores familiares
na produccedilatildeo regional em detrimento das regiotildees Centro-Oeste e Sudesteas quais
caracterizam-se pela maior expressividade da agricultura patronal
TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006
Regiatildeo 2006
Norte 6018
Nordeste 4738
Sudeste 2228
Sul 5443
Centro-Oeste 1453
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
Outro dado importante trazido pelos autores supracitados estaacute relacionado ao
fator produtividade como se vecirc pela comparaccedilatildeo entre os agricultores familiares e
natildeo familiares por regiatildeo (tabela 8) Os agricultores familiares pelo fato de
possuiacuterem quantidades de terras menores tendem a ser mais produtivos que o
agricultor natildeo familiar Nesse sentido concorda-se com Navarro (2014) ao apontar
que a ampliaccedilatildeo no acesso de tecnologias agrave agricultura de menor porte econocircmico eacute
necessaacuteria para a permanecircncia desses produtores no rural
51
A produccedilatildeo de fumo da regiatildeo Sul do Brasil eacute um exemplo que retrata que a
agricultura familiar eacute mais eficiente no uso da matildeo de obra e da terra quando
comparada aos agricultores patronais A necessidade da intensificaccedilatildeo da matildeo de
obra familiar para aumentar a produccedilatildeo exemplifica bem o porquecirc da maior parte
empregada na agricultura estaacute no segmento familiar apesar desse segmento natildeo ser
predominante na produccedilatildeo agriacutecola brasileira Dessa maneira Abramovay (1992 p
209) afirma que ldquonatildeo haacute atividade econocircmica em que o trabalho e a gestatildeo
estruturam-se tatildeo fortemente em torno de viacutenculos de parentesco e onde a
participaccedilatildeo da matildeo de obra natildeo contratada seja tatildeo importante como na agricultura
familiarrdquo
TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006
Brasil e Regiotildees
Valor produzido por hectare (R$ de 2006)
Natildeo familiar Familiar
Norte 1113 2410
Nordeste 3783 3907
Sudeste 10546 7378
Sul 8373 13376
Centro-Oeste 2727 2851
Brasil 4617 5546
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
Atraveacutes da regionalizaccedilatildeo e do valor produzido por hectare percebe-se que
os agricultores familiares da regiatildeo Sul satildeo mais eficientes no valor produzido e
segundo Guanziroli et al (2012) a predominacircncia de agricultores familiares nas
cadeias produtivas como a fumicultura a avicultura e suinocultura favorece o
aumento da produtividade por aacuterea Eacute nesse sentido que pode-se afirmar natildeo existir
dicotomia ou oposiccedilatildeo entre a agricultura familiar e a patronal uma vez que a
competiccedilatildeo no mercado faz com que cada um desses segmentos tenda a
predominar nos setores em que apresenta capacidade para produzir com mais
eficiecircncia
Na regiatildeo Sudeste a alta tecnologia empregada pelos agricultores natildeo
familiares consegue superar a produtividade da agricultura familiar Jaacute nas regiotildees
Norte e Nordeste encontram-se os menores iacutendices de produtividade da agricultura
52
familiar brasileira fato relacionado a vaacuterios fatores principalmente os solos menos
produtivos clima cultivo de culturas que tecircm um retorno de investimento menor e
tambeacutem a menor disponibilidade de tecnologias assistecircncia teacutecnica e poliacuteticas
agriacutecolas capazes de inverter esse quadro
Aleacutem da representatividade bastante grande (956) da produccedilatildeo de fumo a
agricultura familiar brasileira tem participaccedilatildeo significativa na produccedilatildeo de gecircneros
alimentiacutecios como arroz feijatildeo e mandioca Tambeacutem contabiliza-se um nuacutemero
significativo de agricultores familiares envolvidos nas cadeias produtivas
caracteriacutesticas do agronegoacutecio como soja trigo e milho (tabela 9)
No caso dos produtos de origem animal (tabela 10) a participaccedilatildeo da
agricultura familiar tambeacutem eacute significativa ou seja concorda-se com Guanziroli et al
(2012) quando afirma que produzir alimentos como arroz feijatildeo ou mandioca natildeo
quer dizer necessariamente que esses produtores satildeo camponeses ou produtores
de subsistecircncia pois na grande maioria dos estabelecimentos produz-se totalmente
para o mercado ou seja seu objetivo natildeo eacute somente a subsistecircncia e sim vender a
produccedilatildeo
TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000
PRODUTO 2006
Arroz 3919
Cana-de-accediluacutecar 1024
Cebola 6959
Fumo 9567
Mandioca 9317
Milho 5190
Soja 2360
Trigo 3638
Feijatildeo 7659
Banana 6240
Cafeacute 2967
Laranja 2525
Uva 5363
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
53
TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006
TIPO DE PRODUCcedilAtildeO 2006
Pecuaacuteria de corte 1665
Pecuaacuteria de leite 6053
Suiacutenos 5245
Aves 3034
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
A produccedilatildeo de fumo na regiatildeo Sul do Brasil tambeacutem tem grande
expressividade no contingente de pessoal ocupado (PO) ou seja conforme
demonstrado na tabela abaixo 9 da PO agriacutecola de 2012 estava ocupada nessa
atividade De acordo com Maia e Sakamoto (2015) no Sul destacam-se aleacutem dos
ocupados no cultivo do fumo os ocupados no cultivo da soja (10 da PO agriacutecola)
que representavam em 2012 90 e 63 dos ocupados nos respectivos ramos de
atividade do conjunto da PO agriacutecola brasileira
Para esses autores a dinacircmica da PO agriacutecola brasileira foi influenciada pela
regiatildeo Nordeste que apesar de conter o contingente agriacutecola mais expressivo do
Paiacutes (44 do total da PO agriacutecola brasileira) passou por uma grande reduccedilatildeo de
28 da PO agriacutecola entre os anos de 2005 e 2012 Buainain et al (2013) apud Maia
Sakamoto (2014) destacam que esse processo de esvaziamento na regiatildeo
Nordeste estaria associado tanto agrave inviabilidade econocircmica do minifuacutendio quanto agraves
diferenccedilas de qualidade de vida e oportunidades de emprego entre os meios rural e
urbano
54
TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012
Grupos 2012
N (1000)
Criaccedilatildeo de bovinos e outros animais 402 188
Cultivo de hortaliccedilas legumes flores etc 305 143
Cultivo de Soja 207 97
Produccedilatildeo mista lavoura temporaacuteria e pecuaacuteria
197 92
Cultivo de milho 194 91
Cultivo de fumo 194 91
Outras atividades 632 297
Total 2131 100
Fonte Maia e Sakamoto 2014 Dados primaacuterios IBGE 2012
Com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos ocupantes em atividades agropecuaacuterias por
condiccedilatildeo de pobreza (tabela 12) nota-se que os ocupados pobres na produccedilatildeo de
fumo correspondem a 7 do total que eacute um percentual de pobres em geral menor
do que os encontrados em outras produccedilotildees como nas de mandioca (26) arroz
(29) milho (24) e horticultura (12)
As culturas da soja cafeacute cana-de-accediluacutecar e frutas satildeo as que tecircm menores
taxas de pobreza com valores respectivos de 24 45 46 e 63 A
proporccedilatildeo meacutedia brasileira para todos os ocupados em atividades agropecuaacuterias eacute
de 146
Desse modo pode-se dizer que as culturas tradicionais como arroz
mandioca e milho satildeo as que tecircm maiores taxas de pobreza Esse fato faz sentido
em Prudentoacutepolis pois na regiatildeo Norte do municiacutepio onde a produccedilatildeo de fumo natildeo
eacute realizada devido agraves caracteriacutesticas do clima e da topografia o niacutevel de
desenvolvimento eacute menor que na parte Central e Sul do municiacutepio Esse contraste
se revela natildeo somente pela comparaccedilatildeo entre culturas tradicionais e a produccedilatildeo de
fumo pois tambeacutem as outras culturas tendem a gerar menores taxas de pobreza
A produccedilatildeo de frutas eacute uma boa opccedilatildeo para a geraccedilatildeo de renda dos
agricultores familiares em geral pois apresenta uma taxa de pobreza bem menor
55
ainda que a do fumo Poreacutem para essa produccedilatildeo seria necessaacuteria a especializaccedilatildeo
e a tecnificaccedilatildeo desses agricultores realizadas a partir de poliacuteticas de incentivos a
tecnificaccedilatildeo e assistecircncia para agricultura familiar como apontado por Navarro
(2014) Ou seja a quantidade de tecnologia empregada de forma correta estaacute
intrinsecamente relacionada agrave renda do agricultor Sobre tecnologia para a
agricultura familiar Valente (2008) ressalta que ldquodeve-se compreender a tecnologia
natildeo como panaceacuteia mas conhecimento que estaria a exigir inovaccedilotildees institucionais
como poliacuteticas puacuteblicas parcerias e outras accedilotildees que a ele devem ser conjugadasrdquo
TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010)
Atividade Natildeo pobre Pobre Pobres () Total
Arroz 137325 56589 292 193914
Milho 389402 126624 245 516026
Algodatildeo 7322 579 73 7901
Cana-de-accediluacutecar 214497 10189 45 224686
Fumo 215365 16116 70 231481
Soja 96235 2387 24 98622
Mandioca 376239 132050 260 508288
Horticultura 522745 72322 122 595067
Frutas 236742 15808 63 252550
Cafeacute 552738 26757 46 579496
Cacau 67809 6670 90 74479
Pecuaacuteria 1611624 149626 85 1761250
Outros cultivos 4389749 942358 177 5332108
Outros agropecuaacuteria
1609597 226670 123 1836267
Total 10427388 1784746 146 12212134
Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010
Portanto os dados da tabela 12 mostram que realmente existem vaacuterias
culturas que geram uma taxa de pobreza bem menor que a cultura do fumo mas em
contrapartida existem aquelas que geram taxas de pobreza bem maiores Assim
pode-se dizer que os agricultores familiares que produzem fumo analisam os fatores
56
relacionados agrave matildeo de obra terra maquinaacuterios disponibilidade de capital
conhecimento teacutecnico e agrave lucratividade por atividade optando pela produccedilatildeo mais
rentaacutevel dentre aquelas para as quais possuem capacidade teacutecnica e financeira para
produzir
No quadro 4 podemos ver como ocorre a distribuiccedilatildeo das atividades
agropecuaacuterias entre os domiciacutelios rurais e urbanos Nesse sentido aproporccedilatildeo dos
ocupados em atividades agriacutecolas e que residem em aacutereas urbanas satildeo maiores em
cultivos como cana-de-accediluacutecar algodatildeo e frutas (607 516 e 451
respectivamente) ao passo que no cultivo do fumo cacau milho e arroz essas
proporccedilotildees satildeo bem menores (65 224 245 e 292)
Do ponto de vista da fixaccedilatildeo do homem no campo a cultura do fumo eacute mais
eficiente se comparadas com aquelas mais mecanizaacuteveis em que o contingente de
ocupados em atividades agriacutecolas eacute maior na aacuterea urbana O fato de a produccedilatildeo de
fumo ser pouco mecanizaacutevel no Brasil principalmente na colheita exige a matildeo de
obra familiar sem contar a necessidade da contrataccedilatildeo de matildeo de obra nos
periacuteodos de colheita do produto
Atividade Urbano Rural Urbano () Total Arroz 63133 130781 326 193914 Milho 114789 401228 222 516026 Algodatildeo 4075 3826 516 7901 Cana-de-accediluacutecar 136484 88202 607 224686 Fumo 15105 216376 65 231481 Soja 32958 65664 334 98622 Mandioca 86628 421660 170 508288 Horticultura 233989 361078 393 595067 Frutas 113813 138738 451 252550 Cafeacute 213751 365744 369 579496 Cacau 16683 57796 224 74479 Pecuaacuteria 466018 1295232 265 1761250 Outros cultivos 1625626 3706482 305 5332108 Outros agropecuaacuteria
889452 946815 484 1836267
QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010)
Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010
De acordo com Neder (2014) os municiacutepios brasileiros de maior porte
populacional se dedicam mais expressivamente agraves atividades de serviccedilos e induacutestria
57
(atividades natildeo agropecuaacuterias) ao passo que os municiacutepios com menor populaccedilatildeo
encontram-se mais relacionados agrave pecuaacuteria soja e fumo Dado esse que se
confirma no municiacutepio de Prudentoacutepolis como tambeacutem na grande parte dos
municiacutepios produtores de fumo da regiatildeo Sul do Brasil os quais satildeo caracterizados
pelo baixo contingente populacional sendo que um nuacutemero razoaacutevel deles tem
populaccedilatildeo predominantemente rural
A partir dos dados apresentados nota-se que a agricultura familiar brasileira
tambeacutem produz commodities para o mercado externo como nas cadeias de aves
suiacutenos soja e fumo Redefinindo assim a visatildeo dualista e superando o dilema entre
a agricultura para o mercado interno e a agricultura para exportaccedilatildeo (SILVEIRA
2014)
Portanto sabendo da inegaacutevel dualidade entre as formas de fazer agricultura
no rural brasileiro estando de um lado a agricultura patronal e do outro a agricultura
familiar concorda-se com Elesbatildeo (2007) quando afirma que natildeo tem fundamento
priorizar nem um segmento e nem outro dentro da agropecuaacuteria pois deve-se olhar
para o rural como um territoacuterio de diversidade onde haacute espaccedilo e necessidade para o
desenvolvimento tanto da produccedilatildeo de commoditiescomo tambeacutem para a
diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo na agricultura familiar tendo como escopo para as
pesquisas a heterogeneidade do segmento familiar
58
CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO
Este capiacutetulo tem por objetivo mostrar os processos de ocupaccedilatildeo do territoacuterio
de Prudentoacutepolis como tambeacutem os elementos que proporcionaram a inserccedilatildeo da
cultura do fumo nas unidades familiares a qual contribuiu para a reproduccedilatildeo
econocircmica desses produtores Nesse sentido a caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais
familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de fontes secundaacuterias como o IBGE eacute
fundamental para conhecer o perfil das unidades familiares
31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR
O municiacutepio de Prudentoacutepolis estaacute localizado na mesorregiatildeo Sudeste do
estado do Paranaacute (figura 2) sendo o terceiro municiacutepio paranaense com maior aacuterea
territorial Estaacute situado a latitude 25ordm 12rsquo 47rdquoS longitude 50ordm 58 40 W e na altitude
de 840 metros (IBGE 2010)
A partir de dados do censo demograacutefico (IBGE 2010) constata-se que
atualmente a maior parte da populaccedilatildeo Prudentopolitana reside na aacuterea rural ou
seja do total de 48793 habitantes 54 vivem na aacuterea rural e 46 na urbana
59
Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO Fonte IBGE (2010) Autor VILCZAK A (2015)
A ocupaccedilatildeo territorial do municiacutepio de Prudentoacutepolis se deu principalmente
atraveacutes da entrada de grande contingentes de imigrantes europeus No Paranaacute
entre os anos de 1829 e 1911 chegaram aproximadamente 83012 mil estrangeiros
de origem eslava (SENETRA 2014) os quais se dirigiram em sua maioria para os
arredores de Curitiba Prudentoacutepolis e Mallet
No municiacutepio de Prudentoacutepolis um contingente maior de imigrantes chegou
entre os anos de 1896 e 1897 Por esse fato atualmente cerca de 75 da
populaccedilatildeo satildeo descendentes de imigrantes ucranianos e em menor escala de
poloneses
Conforme Hauresko (2012) Prudentoacutepolis eacute uma das antigas colocircnias do
interior do Paranaacute instalada em 1895 no denominado distrito de Satildeo Joatildeo de
Capanema sendo a construccedilatildeo da estrada de rodagem Rio Grande do Sul ndash Satildeo
Paulo um dos fatores para a atraccedilatildeo desses imigrantes os quais foram inseridos
numa poliacutetica de instalaccedilatildeo de pequenas propriedades
Os lotes de terra eram recebidos pelos imigrantes e deveriam ser quitados na
medida em que prosperassem economicamente Esses lotes eram desmatados
pelos proacuteprios imigrantes onde construiacuteam casas provisoacuterias de madeira para
abrigar a famiacutelia como demonstra a figura 3
60
FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
Fonte Acervo do Museu do Milecircnio em PrudentoacutepolisPR
A colocircnia foi elevada a categoria de Vila no ano de 1906 pelo processo de
desmembramento do municiacutepio de Guarapuava No ano de 1929 foi elevada agrave
condiccedilatildeo de municiacutepio sendo constituiacutedo pelos distritos de Patos Velhos Jaciaba e
Prudentoacutepolis
No iniacutecio da colonizaccedilatildeo a semente de pinhatildeo era o principal alimento de
subsistecircncia para o imigrante De acordo com Zaroski (2001) os imigrantes colhiam
os pinhotildees e os transformavam em farinha e fubaacute atraveacutes dos moinhos caseiros e
assim substituiacuteam as farinhas de trigo e centeio Quando se instalaram
definitivamente em seus lotes esses imigrantes comeccedilaram a produzir as sementes
de trigo e centeio tambeacutem para a subsistecircncia
De acordo com Hauresko (2012) uma das primeiras atividades econocircmicas
significativas para as famiacutelias descendentes de imigrantes foi a extraccedilatildeo da erva-
mate jaacute que eacute uma planta nativa da regiatildeo
Uma das mais importantes induacutestrias do proacutespero municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute incontestavelmente a do matte que o municiacutepio produz abundantemente Fundada a colocircnia de Prudentoacutepolis composta na sua maioria de polonezes ruthenos e ukranianos coube a cada colono um lote de 5 a 10 alqueires de terras feacuterteis (BRASIL1929 p 28-29 citado por Hauresko 2012)
61
As pequenas glebas de terra que os imigrantes possuiacuteam rendiam a eles a
extraccedilatildeo da erva-mate como tambeacutem a produccedilatildeo de alimentos para autoconsumo e
mais tarde para a comercializaccedilatildeo Nessa continuidade os produtos agriacutecolas que
se destacam historicamente na participaccedilatildeo econocircmica do municiacutepio foram o cultivo
de feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata suiacutenos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de
gado (EMATER 2014) Poreacutem a renda gerada por essas culturas era iacutenfima de um
lado pela baixa produccedilatildeo que alcanccedilavam devido agrave ausecircncia naquele periacuteodo de
um pacote tecnoloacutegico que potencializasse a produccedilatildeo e de outro lado pela falta de
mercado para receber esses produtos
Diante disso a produccedilatildeo de fumo foi uma importante atividade geradora de
renda para a agricultura familiar principalmente a partir da deacutecada de 1970 Por
outro lado a inserccedilatildeo dessa cultura tambeacutem eacute resultado do papel que as empresas
fumageiras tiveram na regiatildeo Sul do Brasil Ou seja a produccedilatildeo se definiu e se
consolidou devido principalmente as empresas fumageiras em ir ateacute o fumicultor
devido a competitividade que o setor apresenta
Na primeira metade do seacuteculo XX muitas famiacutelias jaacute se dedicavam a produccedilatildeo
de fumo tanto de corda (consumo proacuteprio) como tambeacutem de folhas de fumo para
venda Produziam em pequenas quantidades pois todo o trabalho era manual
conforme relata o fumicultor
Eu lembro bem quando o meu avocirc fez a estufa para noacutes trabalhar com o fumo foi mais ou menos nos anos de 1960[] foi bom negoacutecio porque outra lavoura natildeo dava tanto lucro noacutes eacuteramos em bastante irmatildeos e todos ajudavam [] natildeo era faacutecil como hoje que temos trator estufa eleacutetrica Antes era tudo feito com os cavalos e a gente trabalhava muito de sol a sol (Fumicultor da Comunidade de Linha Dezembro entrevistado no dia 9 de junho de 2014) Antes de comeccedilar de plantar fumo noacutes produziacuteamos soacute para consumo o feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata porcos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de gado []Nossa situaccedilatildeo financeira era muito difiacutecil [] natildeo tinha uma renda certa passava muitas necessidades principalmente quando precisava para a sauacutede (Fumicultor da Comunidade de Linha Rio Preto entrevistado em junho de 2014)
No municiacutepio a produccedilatildeo de fumo teve grande procura a partir da metade do
seacuteculo XX Tambeacutem houve incentivos principalmente por parte da Souza Cruz uma
vez que a cultura se desenvolveu bem em algumas regiotildees
62
No ano de 2014 a Emater de Prudentoacutepolis registrou a existecircncia de 8100
famiacutelias de agricultores das quais 1813 o que corresponde a 22 estatildeo
envolvidas no sistema de produccedilatildeo integrada de fumos claros com as empresas
fumageiras que atuam no municiacutepio
A figura 4 mostra a concentraccedilatildeo na parte Sul e Central das 1813 famiacutelias
que produzem o fumo em Prudentoacutepolis Essa concentraccedilatildeo estaacute relacionada agrave
topografia e ao clima De acordo com Kraiczek e Antoneli (2012) na regiatildeo Norte do
municiacutepio a produccedilatildeo natildeo eacute realizada devido ao relevo declivoso (figura 5) improacuteprio
para algumas atividades agriacutecolas como tambeacutem pelo fato de as condiccedilotildees
climaacuteticas serem diferenciadas
FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES
FONTE AFUBRA ndash Mapa elaborado a partir das localidades onde se encontram os produtores Org Kraiczek 2014
63
FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
FonteSRTM ndash USGS-USA (2000) ORG Kurta M (2014)
De acordo com o exposto muitas famiacutelias da regiatildeo Norte do municiacutepio se
interessam pelo plantio de fumo principalmente pela geraccedilatildeo de renda e venda
garantida do produto poreacutem natildeo o produzem devido aos fatores limitantes
De acordo com Emater (2014) devido agraves limitaccedilotildees climaacuteticas e topograacuteficas
as culturas que prevalecem naquela regiatildeo satildeo o feijatildeo milho mandioca maracujaacute
uva e produtos de autoconsumo familiar Esses agricultores familiares sinalizam a
falta de opccedilatildeo de cultivo economicamente rentaacutevel bem como a necessidade da
melhoria nas estradas rurais as quais satildeo fundamentais para escoar a produccedilatildeo
A regiatildeo tambeacutem se caracteriza pelo menor niacutevel de mecanizaccedilatildeo da
produccedilatildeo quando comparada com as regiotildees Central e Sul necessitando de matildeo de
obra intensiva para a produccedilatildeo Extensas aacutereas de lavoura satildeo plantadas
manejadas e colhidas manualmente retratando assim a dificuldade do trabalho
nessa regiatildeo (figura 6)
64
FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR
Fonte Vilczak (2014)
A foto da esquerda mostra uma lavoura de feijatildeo que foi plantada agrave matildeo por
um agricultor familiar do Norte do municiacutepio (Comunidade da Linha Barra de Areia)
o agricultor retrata a dificuldade de trabalhar nessa regiatildeo A foto da direita retrata de
que forma se apresenta o relevo daquela regiatildeo
Conforme dados da Emater (2014) a ocupaccedilatildeo do solo no municiacutepio se daacute
pelas lavouras anuais e perenes matas nativas matas naturais de preservaccedilatildeo
permanente reflorestamentos e pastagens Segundo dados do Ipardes (2013) as
atividades agropecuaacuterias que se destacam atualmente na geraccedilatildeo de renda e no
nuacutemero de hectares ocupados por plantio em Prudentoacutepolis satildeo a produccedilatildeo de leite
bovino e o plantio de fumo soja milho feijatildeo preto e trigo Aleacutem dessas outras
atividades de significacircncia menor para a economia satildeo apresentados nos quadros 5
e 6
65
CULTURAS AacuteREA COLHIDA (ha)
PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)
VALOR (R$
100000)
Abacate 1 30 30000
Abacaxi (mil frutos)
1 11 11000 12
Alho 10 53 5300 265
Amendoim (em casca)
15 20 1333 32
Arroz (em casca)
540 1200 2222 926
Aveia (em gratildeo) 90 198 2200 99
Banana 1 9 9000 5
Batata-inglesa 130 3874 29808 3937
Cana-de-accediluacutecar 26 1325 50962 53
Cebola 60 840 14000 798
Centeio (em gratildeo)
90 135 1500 54
Feijatildeo 27300 33040 1210 70323
Fumo (folha) 4400 9701 2205 58206
Laranja 47 940 20000 544
Maracujaacute
106
530 5000 1007
Mandioca 365 8395 23000 2686
Milho 19870 107088 5389 45699
Pecircssego 13 52 4000 94
Soja 23310 73570 3156 68546
Tomate 5 205 50000 217
Trigo 4210 13472 3200 9508
Uva 28 205 7321 372
QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR
FONTE IBGE - Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013
66
PRODUTOS PRODUCcedilAtildeO VALOR (R$ 100000)
Latilde (Kg) 10930 109
Leite (mil litros) 8308 9965
Mel de abelha (Kg) 290000 2900
Ovos de galinha (mil dz) 245 662
QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
FONTE IPARDES 2015 (IBGE SAFRA DE 2013)
Dentre os setores econocircmicos responsaacuteveis pela formaccedilatildeo do PIB do
municiacutepio de Prudentoacutepolis destacam-se os setores de serviccedilos e a agropecuaacuteria
(quadro 7) Com relaccedilatildeo ao setor de serviccedilos o mesmo tambeacutem estaacute relacionado agraves
atividades agropecuaacuterias
O baixo percentual de participaccedilatildeo das induacutestrias no PIB do municiacutepio se
reflete na baixa agregaccedilatildeo de valor sobre os produtos principalmente nos de origem
animal e da fruticultura entre outros produtos que poderiam gerar mais renda para
os produtores se fossem beneficiados por eles proacuteprios
Setor Prudentoacutepolis Paranaacute
Mil R$ ()
Mil R$ ()
Agropecuaacuteria 115127 2791 12816893 675 Induacutestria 35579 863 46858018 2466 Serviccedilos 237699 5762 106694466 5616
Impostos produtos liacutequidos de subsidio
24099 584 23622577 1243
PIB a preccedilo corrente 412504 100 189991954 100 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR
IBGE 2012 Org Vilczak A 2015
De acordo com Emater (2014) existem no municiacutepio quatorze categorias de
agroinduacutestrias as quais satildeo consideradas de pequeno e meacutedio porte com destaque
para as agroinduacutestrias de embutidos e defumados erva-mate farinha de milho e
quirera Sabendo da importacircncia do setor agropecuaacuterio para a economia do
municiacutepio o graacutefico 2 mostra as atividades com maior geraccedilatildeo de renda
67
GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS
FONTE IBGE Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013 Org VILCZAK A (2014)
Se analisarmos somente a renda obtida por cada cultura notaremos que o
feijatildeo e a soja satildeo as que mais geram receita seguido do fumo milho trigo e arroz
Contudo ao analisarmos a receita e a aacuterea cultivada de cada lavoura notamos que a
produccedilatildeo de fumo eacute a mais rentaacutevel
A partir do graacutefico pode-se entender o porquecirc das famiacutelias permanecerem na
atividade fumageira Estas satildeo motivadas principalmente pela renda obtida aleacutem da
constataccedilatildeo a partir de trabalhos de campo de que a maioria dos fumicultores estatildeo
na atividade haacute muitos anos e que esta ocupaccedilatildeo eacute passada de uma geraccedilatildeo para
outra
Noacutes plantamos fumos haacute 15 anos e antes de eu e minha esposa casar eu plantava o fumo com meus pais e minha esposa com os pais dela e agora pegamos uma estufa para noacutes e continuamos na produccedilatildeo [] Jaacute sabemos bem como produzir um fumo de qualidade boa [] jaacute investimos em outras atividades mas natildeo deu lucro igual do fumo [] trecircs anos atraacutes fizemos financiamento para tanques de peixe investi 10 mil reais para fazer os tanques e comprar os alevinos e como noacutes natildeo tinha acompanhamento teacutecnico e muito menos experiecircncia em produzir peixe natildeo tivemos lucros Produzimos feijatildeo milho soja mas a maior renda vem do fumo (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Dezembro em maio de 2014)
926
70323
58206
45699
68546
9508
540
27300
4400
19870
23310
4210
0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000
Arroz
Feijatildeo
fumo
Milho
Soja
Trigo
Aacuterea Plantada (ha) Valor Produccedilatildeo (R$ 100000)
68
A produccedilatildeo de leite tambeacutem tem uma expressiva contribuiccedilatildeo para a
economia do municiacutepio pois nos uacuteltimos anos intensificou-se a dedicaccedilatildeo dos
agricultores familiares nessa atividade Dessa forma muitos dos fumicultores
tambeacutem produzem leite pelo fato de possuir mercado garantido e tambeacutem devido ao
pagamento do leite ser realizado mensalmente o que natildeo acontece com o fumo
Nas propriedades que combinam a produccedilatildeo de leite com a do fumo os agricultores
familiares usam a renda do leite para gastos mensais fixos da famiacutelia e a renda da
safra do fumo eacute investido na propriedade pois gera receitas mais altas
Agora com a renda do fumo e do leite as coisas se equilibraram que com o dinheiro do leite usamos para os gastos do mecircs e quando vendemos a safra do fumo investimos na propriedade jaacute fizemos casa de alvenaria cerca paiol novo galinheiro compramos trator carro [] a gente trabalha mais mas pelo menos natildeo passamos grandes necessidadade (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Visconde de Guarapuavaem maio de 2014)
De acordo com a EMATER (2014) nos uacuteltimos anos houve aumento do
nuacutemero de agricultores familiares que se dedicaram agrave produccedilatildeo de leite e aos
poucos abandonaram o cultivo do fumo A partir dos trabalhos de campo percebe-se
que muitas vezes os mais jovens pretendem investir na atividade leiteira fazer
cursos e se especializar no uso de tecnologias que permitam maior produtividade
dos animais ou seja casais mais novos que pretendem permanecer no campo
geralmente com niacutevel de escolaridade maior buscam ser mais competitivos como
por exemplo o depoimento de um casal que reside na Linha Visconde de
Guarapuava e de outro que reside na Linha Dezembro
Os nossos pais plantam fumo e quando casamos tambeacutem comeccedilamos a produzir fumo e leite e achamos que se noacutes se especializasse soacute na produccedilatildeo de leite a gente teria mais facilidade porque temos pouca terra (5 alqueires) [] agora temos 32 vacas de leite fora os terneiros e temos uma renda ateacute que razoaacutevel por mecircs (Agricultora familiar entrevistada5 na comunidade de Linha Visconde de Guarapuava)
Sempre plantei fumo mas como casei no ano passado eu e minha mulher decedimos plantar fumo somente nesse ano e no proacuteximo ano investir mais no leite que temos mais facilidade apesar de ter que trabalhar todos os dias de manhatilde e de tarde para tirar o leite e ainda durante o dia plantar os pastos [] no fumo natildeo precisa ficar o ano todo trabalhando mas mesmo assim vamos se especializar soacute com a produccedilatildeo de leite e outras lavouras (Fumicultor entrevistado na comunidade de Linha Dezembro)
5 A agricultora relata que atualmente soacute ajuda os pais com as atividades do fumo nos dias de colheita
69
Portanto nota-se que os mesmos usam da racionalidade econocircmica para
definir o que produzir natildeo buscando somente a sobrevivecircncia da famiacutelia e se
especializando nas atividades em que acreditam serem mais eficiente considerando
as caracteriacutesticas de suas propriedades Buscam assim melhorar de vida seguindo
uma racionalidade tipo capitalista
32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS
Como jaacute visto no item anterior o municiacutepio de Prudentoacutepolis sempre possuiu
uma base produtiva alicerccedilada estruturalmente no setor agropecuaacuterio e de acordo
com dados da Emater de Prudentoacutepolis (2014) o puacuteblico que faz parte do rural do
municiacutepio estaacute composto pela categoria Agricultura familiar constando um nuacutemero
de 8100 estabelecimentos Agricultura Patronal com 1750 estabelecimentos e por
40 famiacutelias Indiacutegenas aleacutem daqueles trabalhadores rurais contratados nos periacuteodos
de safra para desenvolver atividades no campo
Nota-se que em Prudentoacutepolis a categoria da agricultura familiar eacute
predominante em relaccedilatildeo agrave patronal Desse modo a caracterizaccedilatildeo dos produtores
rurais familiares a partir de conceitos e dados estatiacutesticos sistematizados para todo o
paiacutes se torna pertinente para que possamos estimar em quais grupos existe a maior
concentraccedilatildeo desses produtores familiares no municiacutepio e qual eacute a dinacircmica de
produccedilatildeo desses grupos A tipologia entre os agricultores familiares tem por objetivo
estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares devido
a sua heterogeneidade (FAOINCRA 2000) Sendo assim o grupo A refere-se
aquele produtor com renda total superior a trecircs vezes o valor da diaacuteria o grupo B ao
produtor com renda total superior a uma vez ateacute trecircs vezes o valor da diaacuteria no
grupo C estatildeo aqueles com renda total superior agrave metade ateacute uma vez o valor da
diaacuteria e por fim o grupo D com renda total igual ou inferior agrave metade do valor da
diaacuteria
A existecircncia de quatro grupos distintos dentro do universo familiar eacute resultante
de vaacuterios fatores como por exemplo a disponibilidade de terras agricultaacuteveis (como
aquelas localizadas na regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis) as tecnologias
empregadas pelas unidades familiares a forma de administraccedilatildeo da propriedade os
70
preccedilos e mercados aos quais a produccedilatildeo eacute destinada fatores climaacuteticos entre
outros Portanto os distintos tipos de produtores satildeo portadores de racionalidades
especificas e buscam se adaptar ao meio em que estatildeo inseridos
O universo agraacuterio eacute extremamente complexo seja em funccedilatildeo da grande diversidade da paisagem agraacuteria (meio fiacutesico ambiente variaacuteveis econocircmicas etc) seja em virtude da existecircncia de diferentes tipos de agricultores os quais tecircm interesses particulares estrateacutegias proacuteprias de sobrevivecircncia e de produccedilatildeo e que portanto respondem de maneira diferenciada a desafios e restriccedilotildees semelhantes (FAOINCRA 2000)
Os dados mais gerais que tratam de variaacuteveis da caracterizaccedilatildeo dos
agricultores familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis pertencem ao censo
agropecuaacuterio de 2006 momento aquele em que o universo da agricultura familiar era
composto por aproximadamente 7409 estabelecimentos sendo que no ano de
2014 a Emater do municiacutepio registrou um nuacutemero aproximado de 8100 agricultores
familiares um aumento de 691 estabelecimentos Esse aumento dos agricultores
familiares no dececircnio pode ser resultado da subdivisatildeo das propriedades jaacute
existentes
Dentre os quatro grupos familiares (Quadro 8) o maior nuacutemero de agricultores
familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis encontra-se no grupo D ou seja aqueles
agricultores familiares descapitalizados e com baixo niacutevel de integraccedilatildeo ao mercado
No grupo A considerado como capitalizado e com grande integraccedilatildeo aos mercados
existe um contingente menor de agricultores
Nuacutemero bastante significativo de produtores familiares estaacute representado pelo
grupo B grupo esse que estaacute em processo de capitalizaccedilatildeo e integrado ao mercado
Os agricultores familiares capitalizados e em processo de capitalizaccedilatildeo satildeo em
menores nuacutemeros que os descapitalizados e os em processo de descapitalizaccedilatildeo
71
Cidade Agricultura familiar por grupo
Nordm Absoluto de estabelecimentos por grupo
familiar
Prud
entoacute
polis
PR
Familiar ndash tipo A 783
Familiar ndash tipo B 2168
Familiar ndash tipo C 1387
Familiar ndash tipo D 3071
Total 7409
QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006
Fonte IBGE 2006
Conforme os dados do IBGE (2006) eacute importante ressaltar que em
Prudentoacutepolis o grupo A representa cerca de 10 do total de estabelecimentos
familiares o que eacute aproximadamente a mesma proporccedilatildeo verificada para o Brasil
onde haacute cerca de 460 mil produtores do grupo A num universo de pouco mais de 4
milhotildees de estabelecimentos familiares
Dentro do universo dos agricultores familiares de Prudentoacutepolis nota-se que a
grande maioria deles independentemente do tipo familiar possui terras proacuteprias
como demonstrado no quadro 9 O fato de a grande maioria possuir terras proacuteprias
estaacute relacionado ao loteamento feito no periacuteodo da colonizaccedilatildeo do municiacutepio sendo
que apesar de ter acontecido a venda e compra de algum desses lotes em termos
gerais a questatildeo do acesso agrave terras permanece inalterada entre os agricultores
familiares locais
72
Variaacutevel
Agricultura familiar por grupo
Nordm Absoluto de propriedades por grupo
no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR
Terras proacuteprias
Familiar ndash tipo A 700
Familiar ndash tipo B 2016
Familiar ndash tipo C 1338
Familiar ndash tipo D 2966
Total 7020
QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)
Com relaccedilatildeo aos tipos de cultivo nota-se pelo quadro 10 que os produtores
de fumo se concentram nos grupos A e B Ou seja do ponto de vista econocircmico a
produccedilatildeo tende a oferecer uma renda maior do que o milho e o feijatildeo por exemplo
visto que a maior concentraccedilatildeo desses agricultores familiares estaacute nos grupos C e D
A maior parte dos produtores de fumo tem um niacutevel alto de integraccedilatildeo com o
mercado quer dizer natildeo satildeo camponeses e sim pequenos capitalistas que visam
lucros mantendo-se competitivos com objetivo de crescimento econocircmico
QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)
Nesse sentido concorda-se com as abordagens ligadas ao capitalismo
agraacuterio segundo as quais a integraccedilatildeo dos fumicultores com as induacutestrias
Grupo familiar Fumo Feijatildeo Milho Soja Familiar ndash tipo A 520 493 540 109
Familiar ndash tipo B 798 1464 1484 110
Familiar ndash tipo C 128 1058 974 56
Familiar ndash tipo D 89 2125 1773 84
Agricultor natildeo familiar
19 76 93 44
Total de
estabelecimentos
1555
5216
4864
403
73
fumageiras oferece maiores oportunidades para capitalizaccedilatildeo ao passo que a
maioria daquelas famiacutelias que produzem feijatildeo e milho estaacute no grupo familiar em vias
de descapitalizaccedilatildeo e descapitalizados auferindo renda menor
Quando somados as colunas do quadro 10 vemos que o nuacutemero para cada
linha supera o total de estabelecimentos de cada categoria apresentados nos
quadros anteriores Isso mostra que haacute muitos fumicultores que natildeo se dedicam
apenas ao fumo mas tambeacutem ao feijatildeo milho e ou soja A partir dai pode-se
levantar a hipoacutetese de que muitos produtores do grupo A manteacutem pequenas
produccedilotildees de feijatildeo eou milho para autoconsumo Outra hipoacutetese eacute que haacute
produtores do grupo B que estatildeo tentando fazer a transiccedilatildeo das culturas de feijatildeo
eou milho para a cultura de fumo motivo pelo qual deram iniacutecio a produccedilatildeo deste
uacuteltimo sem abandonar os cultivos mais tradicionais
No municiacutepio tambeacutem existem dezenove agricultores natildeo familiares que
produzem fumo e usam da matildeo de obra contratada para cultivar a commoditie
devido agrave baixa mecanizaccedilatildeo disponiacutevel para esse tipo de lavouraDesse modo os
agricultores natildeo familiares tambeacutem tecircm interesse na rentabilidade por hectare e no
mercado garantido do fumo
A produccedilatildeo de soja tem uma expressividade na agricultura familiar com
destaque para os grupos A e B O milho e feijatildeo satildeo as culturas que predominam
nos grupos familiares
Para as variaacuteveis ligadas agrave modernizaccedilatildeo da agricultura foi contabilizado o
nuacutemero de tratores existente nas propriedades familiares como tambeacutem a utilizaccedilatildeo
de agrotoacutexicos entre esses grupos mediante dados do IBGE como apresentado no
quadro 11 Dos 7409 estabelecimentos familiares 1384 possuiacuteam trator no ano de
2006 ou seja 18
Nesse sentido pode-se dizer que no ano de 2006 um universo pequeno de
agricultores familiares possuiacutea trator No grupo A 34 dos agricultores tinham
tratores O grupo B foi o menos expressivo nessa variaacutevel com 12 de
estabelecimentos com trator seguidos de 15 no grupo C e de 20 no grupo D
74
Agricultura familiar por grupo de agricultores
Nuacutemero total de estabelecimentos familiares
Nuacutemero de estabelecimentos com tratores
de tratores por grupo familiar
Familiar ndash tipo A 783 269 34
Familiar ndash tipo B 2168 278 12
Familiar ndash tipo C 1387 209 15
Familiar ndash tipo D 3071 628 20
Total 7409 1384 18
QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES
Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015) O uso de agrotoacutexicos eacute feito por uma parcela expressiva de agricultores
familiares posto que 77 deles usam algum tipo desse produto Em termos
percentuais os agricultores familiares do grupo A satildeo os que mais usam seguidos
do grupo B com 82 grupo Ccom 75 epor fim o grupo D com 69 dos
agricultores que fazem uso desse insumo agriacutecola Assim vale notar que o uso de
agrotoacutexicos natildeo estaacute associado apenas agrave produccedilatildeo de fumo pois os grupos
familiares que produzem predominantemente feijatildeo e milho tambeacutem utilizam
produtos quiacutemicos intensamente Nesse sentido concorda-se com DINIZ FILHO
(2011) quando menciona que
[] a incorporaccedilatildeo de elementos econocircmicos e tecnoloacutegicos da agricultura patronal eacute uma estrateacutegia amplamente utilizada por agricultores familiares do mundo todo para se manterem competitivos no bojo da modernizaccedilatildeo agriacutecola embora frequentemente tal incorporaccedilatildeo fique incompleta devido agrave falta de capital para investimentos e das caracteriacutesticas de muitas propriedades familiares tais como pequena dimensatildeo ou relevo inclinado
75
Agricultura familiar por grupo de agricultores
Nuacutemero total de estabelecimentos familiares
Nuacutemero de estabelecimentos que usam agrotoacutexicos
de estab que usam agrotoacutexicos
Familiar ndash tipo A 783 734 93
Familiar ndash tipo B 2168 1794 82
Familiar ndash tipo C 1387 1048 75
Familiar ndash tipo D 3071 2108 69
Total 7409 5684 77
QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS
Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)
Os dados mostram que a agricultura familiar no municiacutepio de Prudentoacutepolis
tambeacutem se beneficia dos aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo da agricultura
concordando com Diniz Filho (2011) quando afirma ser notoacuterio que a monocultura a
mecanizaccedilatildeo e o uso de pesticidas e fertilizantes quiacutemicos satildeo amplamente
disseminados entre os produtores familiares Nesse sentido pode-se dizer que a
agricultura familiar da mesma forma que o agronegoacutecio estaacute preocupada
primeiramente com os lucros do que em usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis e que
busquem somente reproduzir o seu modo de vida
Portanto pode-se afirmar que a produccedilatildeo de fumo eacute considerada uma
atividade que permite renda razoaacutevel para o produtor uma vez que no municiacutepio de
Prudentoacutepolis esses agricultores familiares estatildeo concentrados no tipo familiar mais
capitalizado condizendo assim com os dados mais gerais sobre a agricultura
familiar brasileira apresentados no capiacutetulo anterior segundo os quais a cultura do
fumo gera menor niacutevel de pobreza que culturas alimentares voltadas para o
consumo popular e frequentemente associadas agrave produccedilatildeo de subsistecircncia
Finalmente vale notar que a pesquisa de campo realizada no acircmbito desta pesquisa
corroborou os resultados obtidos pela anaacutelise de dados estatiacutesticos de fontes
oficiais conforme se veraacute a seguir
76
CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO
Este capiacutetulo tem por objetivo expor os dados dos trabalhos de campo
realizados com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela
empresa Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis A
contrataccedilatildeo eacute feita atraveacutes do sistema de produccedilatildeo integrada no qual a empresa
garante a compra de toda a produccedilatildeo fornece assistecircncia teacutecnica aos contratados
define os padrotildees de fumo a serem produzidos de acordo com as demandas de
mercado bem como estipula os preccedilos do quilo de fumo junto ao sindicato dos
fumicultores do Brasil (SINDITABACO)
Na safra de 20142015 duzentos e noventa e cinco produtores familiares de
Prudentoacutepolis foram contratados pela Souza Cruz como fornecedores de fumo Para
dar suporte a esses fumicultores trabalham trecircs instrutores teacutecnicos cada qual
atuando na sua aacuterea de abrangecircncia acompanhando os mesmos associados desde
o iniacutecio ateacute o final da safra
A finalidade do instrutor teacutecnico eacute de prestar assistecircncia aos fumicultores em
todos os processos da produccedilatildeo do fumo como a definiccedilatildeo da quantidade de peacutes
de fumo que seraacute plantada a compra de insumos para produccedilatildeo a realizaccedilatildeo do
seguro da safra juntamente com a Afubra assistecircncia teacutecnica nos tratos culturais da
planta estabelecimento de estimativas de quilos de fumo que o produtor
comercializaraacute com a empresa acompanhamento na colheita secagem
classificaccedilatildeo e a venda do produto
O instrutor teacutecnico entrevistado expotildee que aleacutem da empresa Souza Cruz
outras cinco empresas6 do mesmo ramo atuam no municiacutepio com intuito de contratar
fumicultores atraveacutes do sistema integrado Menciona tambeacutem que natildeo existem
grandes conflitos concorrenciais entre essas empresas como jaacute existiu na deacutecada
de 1990 quando uma empresa fazia o maacuteximo para atrair maior quantidade de
associados Nos uacuteltimos anos cada empresa tem os seus produtores certos natildeo
6Universal Leaf Tabacos Ltda CTA ndash Continental Tobaccos Alliance One Exportadora de Fumo Ltda Premium Tabacos do Brasil SA e a A Japan Tabacco Inc (JTI)
77
existindo alto niacutevel de migraccedilatildeo desses entre as empresas uma vez que todas
trabalham no mesmo sistema e os preccedilos do quilo de fumo satildeo tabelados
A logiacutestica de transporte do fumo da residecircncia do produtor ateacute a usina de
beneficiamento da Souza Cruz eacute terceirizada sendo que no municiacutepio satildeo trecircs
transportadoras credenciadas pela empresa A proacutepria Souza Cruz natildeo possui
depoacutesitos de armazenamento de fumo em Prudentoacutepolis Desse modo as trecircs
transportadoras credenciadas satildeo responsaacuteveis por fazer o recolhimento da
produccedilatildeo direto do depoacutesito do produtor A transportadora coleta o fumo nas
propriedades dos fumicultores com um caminhatildeo de menor porte e no barracatildeo da
proacutepria transportadora eacute feito o transbordo para as carretas que seguem ateacute a usina
de beneficiamento
Como na assistecircncia teacutecnica cada transportadora tambeacutem tem uma regiatildeo de
abrangecircncia para recolher o fumo A produccedilatildeo que sai dos depoacutesitos dos produtores
jaacute estaacute 100 assegurada caso aconteccedila imprevistos com a viagem Apoacutes a
descarga do fumo na usina de beneficiamento a transportadora utiliza o mesmo
frete para trazer os insumos agriacutecolas para a proacutexima safra
Apesar de possuir uma usina de processamento de fumo no municiacutepio de Rio
Negro no Paranaacute a produccedilatildeo do municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute enviada para a usina
de BlumenauSC pois a usina de Rio Negro tem capacidade de atender somente agrave
produccedilatildeo da regiatildeo Oeste e Sudoeste paranaense e tambeacutem do ponto de vista
logiacutestico eacute mais viaacutevel enviar a produccedilatildeo de Prudentoacutepolis para Blumenau
A partir de dados da Afubra da Souza Cruz e dos dados de campo foi
construiacutedo um fluxograma para exemplificar as etapas em que o fumo produzido no
municiacutepio de Prudentoacutepolis passa ateacute chegar ao consumidor
78
FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
Fonte Souza Cruz e AFUBRA 2014
Org VILCZAK A 2015
41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES
As informaccedilotildees que seratildeo apresentadas a seguir dizem respeito a sessenta
famiacutelias entrevistadas e que satildeo contratadas pela empresa fumageira Souza Cruz
no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR
As famiacutelias entrevistadas residem em seis diferentes localidades do municiacutepio
de Prudentoacutepolis sendo elas Comunidade da Linha Dezembro Comunidade da
Linha Visconde de Guarapuava Comunidade da Linha Marcondes Comunidade da
Linha Barra Vermelha Comunidade da Linha Antocircnio Olinto e Comunidade da Linha
Tira Cisma (figura 8) Para localizar esses fumicultores os instrutores teacutecnicos da
Souza Cruz forneceram uma listagem de todos os produtores e de sua respectiva
localidade de residecircncia Cabe destacar que as entrevistas natildeo foram direcionadas e
nem realizadas com a presenccedila desses instrutores
79
FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS
A seleccedilatildeo das localidades foi feita levando-se em conta a maior concentraccedilatildeo
de produtores de fumo e a maior acessibilidade em relaccedilatildeo agrave aceitaccedilatildeo dos mesmos
em responderem os questionaacuterios
Para a realizaccedilatildeo das entrevistas fez-se necessaacuterio o auxiacutelio de um agente
comunitaacuterio que tinha maior contato com os fumicultores para que os mesmos
pudessem responder o questionaacuterio com maior seguranccedila Recorreu-se a esse
meacutetodo pelo fato de alguns fumicultores convidados a participar da entrevista natildeo
ficarem tranquilos suspeitando que se tratasse de uma pesquisa que natildeo favorecia
aos ideais deles uma vez que possuem ldquomedordquo de certas campanhas
governamentais que incentivam o fim do plantio do fumo
As primeiras entrevistas foram realizadas na Linha Dezembro Linha Visconde
de Guarapuava e Linha Marcondes sendo que as mesmas foram conduzidas
juntamente com a agente comunitaacuteria Gabriela Strechar (residente na Linha
Visconde de Guarapuava) e contabilizou um total de 19 fumicultores Na Linha Barra
Vermelha Linha Antocircnio Olinto e Linha Tiram Cisma foram realizadas 41 entrevistas
80
com a ajuda da agente comunitaacuteria Adriana Kutzmy moradora da Linha Barra
Vermelha e que tambeacutem tem grande conhecimentos sobre essas localidade e
moradores
As entrevistas foram realizadas nos meses de novembro e dezembro de
2015 periacuteodo da colheita do fumo A escolha desse periacuteodo para a coleta de dados
possibilitou conhecer a realidade de cada famiacutelia com relaccedilatildeo agraves formas de
produccedilatildeo colheita transporte e secagem das folhas de fumo
Caracterizaccedilatildeo das famiacutelias
a) Escolaridade feminina e masculina por faixa etaacuteria
Para a coleta de dados dessa variaacutevel foram levados em consideraccedilatildeo
somente as mulheres e homens que vivem nas unidades de produccedilatildeo familiar isto eacute
pessoas que migraram para as cidades e aquelas que se casaram e permanecem
no meio rural natildeo seratildeo contemplados nos quadro 13 e 14
Dentre as sessenta famiacutelias entrevistadas contabilizou-se um total de
duzentos e vinte e cinco membros que residem nas unidades de produccedilatildeo familiar
sendo cento e nove mulheres e cento e dezesseis homens
81
Faixa etaacuteria
S idade
escolar
S escolar idade
Ateacute o 5ordm ano
Do 6ordm ao 9ordm ano
Ensino meacutedio
Incompleto
Ensino meacutedio
completo
Ensino Superior
Cursos teacutecnicos
Total de
mulheres
0 - 05 anos 10 - 01 - - - - - 11
05 - 10 anos
- - 04 - - - - - 04
11 ndash 20 anos
- - 05 09 01 05 01 - 21
21 ndash 30 anos
- - 08 - 12 - 01 21
31 ndash 40 anos
- - 06 06 - 01 - - 13
41 ndash 50 anos
- - 14 06 - - - - 20
51 ndash 60 anos
- - 12 - - 01 - - 13
Acima de 61
- 01 04 - - 01 - - 06
Total 10 01 46 29 01 20 01 01 109
Percentual ()
09 01 43 27 01 17 01 01 100
QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Com relaccedilatildeo agraves mulheres entrevistadas pode-se notar um baixo grau de
escolarizaccedilatildeo dentre aquelas que possuem mais de 40 anos as quais no maacuteximo
tecircm ensino fundamental completo exceto uma senhora que estaacute na faixa etaacuteria de
51 a 60 anos e que possui ensino meacutedio completo e que era professora das seacuteries
iniciais Nota-se tambeacutem a existecircncia de duas famiacutelias com filhas cursando
universidade e curso teacutecnicos no periacuteodo da noite sendo que as mesmas trabalham
durante o dia na propriedade inclusive na produccedilatildeo de fumo
82
Todas as filhas dos fumicultores em idade escolar estatildeo matriculadas nas
suas respectivas seacuteries de ensino Na faixa etaacuteria de 21 a 30 anos a maioria tem o
ensino meacutedio completo e natildeo demonstra pretensotildees de fazer curso superior nos
proacuteximos anos
Apesar da baixa escolaridade somente uma pessoa entrevistada e que tem
mais que 61 anos de idade nunca frequentou uma escola
De acordo com as entrevistas percebe-se que grande parte das mulheres
quando terminam o ensino meacutedio migra para alguma cidade com pretensotildees de
estudar ou trabalhar
Faixa etaacuteria
S idade
escolar
S escolar idade
Ateacute o 5ordm ano
Do 6ordm ao 9ordm ano
Ensino meacutedio
Incompleto
Ensino meacutedio
completo
Ensino Superior
Cursos teacutecnicos
Total de homens
0 - 05 anos 09 - - - - - - - 09
05 - 10 anos
- - 08 - - - - - 08
11 ndash 20 anos
- - 05 07 07 03 - - 22
21 ndash 30 anos
- - - 02 03 13 01 - 19
31 ndash 40 anos
- 01 08 06 - 05 01 03 24
41 ndash 50 anos
- - 11 - - - - - 11
51 ndash 60 anos
- - 18 - - - - - 18
Acima de 61
- - 05 - - - - - 05
Total 09 01 55 15 10 21 02 03 116
Percentual ()
07 01 47 13 09 18 02 03 100
QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO
Fonte Pesquisa de campo (2015)
83
No universo masculino da mesma forma que no feminino percebe-se que as
menores escolaridades estatildeo entre aqueles que possuem mais de 40 anos de idade
Um entrevistado que possui entre 31 e 40 anos cursou trecircs anos no ensino
superior poreacutem alega que natildeo tem pretensotildees em curto prazo em concluir ou
trabalhar fora da propriedade devido a melhor qualidade de vida que pode ter em
relaccedilatildeo agrave cidade Nessa mesma faixa etaacuteria (31 a 40 anos) trecircs homens
frequentaram cursos teacutecnicos sendo que dois concluiacuteram teacutecnico em agropecuaacuteria e
um teacutecnico florestal
Um homem entre 21 e 30 anos concluiu haacute dois anos o curso superior em
contabilidade afirmou que jaacute trabalhou na sua aacuterea de formaccedilatildeo mas que nesse
ano decidiu trabalhar na produccedilatildeo de fumo poreacutem tem pretensotildees de voltar a
trabalhar na aacuterea de formaccedilatildeo
b) Estrutura familiar
Para a coleta de dados correspondente agrave variaacutevel apresentada no quadro 15
tambeacutem foram levadas em consideraccedilatildeo somente as pessoas que vivem na unidade
familiar Dessa forma a quantidade de membros que compotildee as famiacutelias
entrevistadas natildeo eacute numerosa apresentando a maior porcentagem de famiacutelias
compostas por trecircs e quatro pessoas (30 e 42) Aquelas com mais de cinco
membros correspondem na sua maior parte por famiacutelias onde os pais da esposa ou
do marido estatildeo vivendo juntos
Nuacutemero total dos
membros das famiacutelias
Nordm de famiacutelias Nuacutemero total de membros
Percentual ()
Um membro 0 0 0
Dois membros 6 12 10
Trecircs membros 18 54 30
Quatro membros 25 100 42
Cinco membros 07 35 12
Seis membros 04 24 6
84
Total 60 225 100
QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Os dados sobre as famiacutelias em que pelo menos um dos membros migrou para
alguma cidade com intuito de trabalhar estudar ou trabalhar e estudar estatildeo
apresentados na tabela abaixo
TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE
Motivos da migraccedilatildeo Nordm de famiacutelias Percentual () Somente estudar (cursos teacutecnicos Universidade)
9 15
Estudar (cursos teacutecnicos Universidade) e Trabalho
14 23
Somente trabalhar 6 10 Nenhum membro migrou
para a cidade 31 52
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)
Nota-se que 48 das famiacutelias entrevistadas tiveram pelo menos um membro
que migrou para a cidade com objetivo de estudar ou trabalhar Os que relataram
que a migraccedilatildeo foi com intuito de estudar afirmam que os estudos estatildeo
relacionados a cursos teacutecnicos e universitaacuterios como jaacute expostos acima
Vale lembrar a existecircncia de famiacutelias em que os filhos ainda natildeo estatildeo em
idades suficientes para fazer um curso teacutecnico ou universidade ou seja nos
proacuteximos anos provavelmente haveraacute um percentual maior de jovens saindo do
campo com intuito de estudar ou trabalhar em outras atividades com maiores
oportunidades que a produccedilatildeo de fumo
Esse processo migratoacuterio da populaccedilatildeo rural para o urbano no caso dos
fumicultores entrevistados pode estar relacionado com aquilo exposto por (2014)
segundo o qual atualmente nas regiotildees rurais brasileiras a migraccedilatildeo jaacute natildeo eacute mais
um processo em que as condiccedilotildees ldquopor mais pobreza que existamrdquo estatildeo
expulsando as pessoas do campo mas sim um movimento que ocorre quando
existem fatores de atraccedilatildeo no meio urbano Poreacutem natildeo devemos desprezar que
nesse processo tambeacutem estatildeo embutidos outros fatores como os culturais e ateacute
85
pessoais ou seja o que se passa pela cabeccedila das pessoas natildeo somente dessas
que vivem no rural e estatildeo indo para a cidade mas tambeacutem daquelas que jaacute vivem
em cidades de menor porte e migram para grandes centros urbanos Contudo essas
questotildees de ordem cultural e pessoal escapam aos objetivos desta pesquisa
Condiccedilatildeo do fumicultor
TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA
Anos Nordm de famiacutelias Percentual ()
0 ndash 5 anos 0 0
6 ndash 10 anos 4 6
10 ndash 15 anos 12 20
15 ndash 20 anos 16 27
21 ndash 25 anos 12 20
26 ndash 30 anos 10 17
Mais de 30 anos 6 10
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
O periacuteodo de tempo com maior expressividade em que esses agricultores
familiares estatildeo envolvidos na atividade fumageira variam em torno de 10 a 30 anos
Nenhuma famiacutelia entrevistada comeccedilou a produzir fumo nos uacuteltimos cinco anos
Esse fato vai ao encontro de dados mais gerais da Afubra (2015) demonstrando
que entre o ano de 2010 e 2014 o nuacutemero de famiacutelias produtoras de fumo caiu de
185160 para 162410
Esse fato estaacute relacionado principalmente agrave migraccedilatildeo de jovens para as
cidades e pelo fato dos casais mais novos que possuem filhos com idades
insuficientes para trabalhar na atividade fumageira buscarem se promover
economicamente atraveacutes de outras atividades
A queda do nuacutemero de famiacutelias na fumicultura nos uacuteltimos anos tambeacutem estaacute
relacionada com a maior escolaridade das pessoas que vivem no rural pois esses
estatildeo se dedicando a atividades selecionadas por eles como mais oportunas eou
mais competitivas Aqui natildeo podemos desconsiderar tambeacutem a opccedilatildeo das famiacutelias
86
natildeo entrarem na atividade fumageira pelas questotildees da sauacutede (contato com
agrotoacutexicos e doenccedila da folha verde)
TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
Nordm de famiacutelias Percentual ()
Pela renda e venda garantida
12 20
Pouca disponibilidade de terras
06 10
Pela renda venda garantida e pouca terra
35 58
Falta de outras opccedilotildees de atividade agropecuaacuteria
07 12
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Das famiacutelias entrevistadas 58 declararam que optam pela produccedilatildeo de
fumo por trecircs motivos principais a renda a garantia de venda e a pouca aacuterea de
terra que possuem Jaacute para 20 das famiacutelias entrevistadas os principais motivos
estatildeo na geraccedilatildeo de renda e venda garantida
As famiacutelias que natildeo declararam a pouca quantidade de terra como empecilho
para a realizaccedilatildeo de outra atividade que substitua por completo a produccedilatildeo de fumo
mencionam que plantam o fumo devido agrave renda e que como estatildeo inseridos na
cadeia produtiva de gratildeos que eacute mecanizada sobra matildeo de obra para trabalhar
com o fumo Esses exemplos demonstram que os agricultores familiares produzem
para maximizar os lucros e crescer economicamente da mesma forma que os
grandes proprietaacuterios como exposto no paradigma da agricultura familiar
A falta de outras atividades agropecuaacuterias tambeacutem foi mencionada por 12
das famiacutelias entrevistadas pois apesar de existir outros tipos de cultivo no municiacutepio
como por exemplo a produccedilatildeo de verduras de morangos de pepinos e de ervas
medicinais essas famiacutelias declararam que esses cultivos natildeo geram uma renda por
hectare como o fumo Uma fumicultora entrevistada na Linha Marcondes comenta
Eu ldquoplantava as coisasrdquo para a merenda escolar aqui da escola [] noacutes tinha que comprar as sementes e tudo o que precisava pra produzir essas verduras [] quando levava na escola ficavam colocando defeito na minha produccedilatildeo [] queriam que eu levasse todo dia dez peacutes de alface na escola [] que lucro eu ia ter ir todo dia na escola levar soacute dez peacutes de alface E
87
ainda recebia soacute depois de 40 dias que entreguei a produccedilatildeo e ainda agraves vezes atrasava [] O fumo eacute muito cansativo soacute que a gente natildeo precisa ficar se humilhando pra comprar a produccedilatildeo da gente a firma leva tudo seja o melhor fumo seja o pior
A fumicultora retrata que apesar do trabalho na produccedilatildeo de fumo ser mais
cansativa que outras atividades o fato de se ter a venda garantida de toda a
produccedilatildeo compensa as desvantagens
TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS
Quantidades de peacutes de fumo
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
25000 - 30000 peacutes 14 23
31000 ndash 50000 peacutes 26 44
51000 ndash 70000 peacutes 05 08
71000 ndash 90000 peacutes 07 12
91000 ndash 120000 peacutes 05 08
121000 -140000 peacutes 03 05
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)
Dentre as famiacutelias entrevistadas a quantidade miacutenima de produccedilatildeo eacute de
25000 peacutes e a maacutexima de 140000 peacutes poreacutem a maior concentraccedilatildeo estaacute ente
31000 e 50000 peacutes A quantidade de peacutes que satildeo plantados estaacute relacionada agrave
matildeo de obra disponiacutevel uma vez que esses fumicultores antes de planejar a
proacutexima safra levam em consideraccedilatildeo primeiramente a relaccedilatildeo entre a quantidade
de matildeo de obra disponivel com a quantidade de peacutes de fumo De acordo com o
instrutor teacutecnico da Souza Cruz uma pessoa consegue produzir em meacutedia 20000
peacutes de fumo por safra (usando matildeo de obra de terceiros somente para os dias de
colheita)
Condiccedilatildeo das terras usadas pelos fumicultores entrevistados
88
TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS
Condiccedilatildeo da terra Nordm de famiacutelias Percentual ()
Somente terra proacutepria 33 55
Terra proacutepria e arrendada 22 37
Somente terras arrendadas 05 08
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Para coletar esses dados foi levado em consideraccedilatildeo o total das terras
usadas pelos fumicultores independentemente da cultura plantada aleacutem do fumo
Desse modo nota-se que a grande maioria possui terras proacuteprias (92) sendo que
55 cultivam somente em terras proacuteprias e 37 aleacutem das terras proacuteprias arrenda
com intuito de aumentar a produccedilatildeo tanto de fumo como de gratildeo e outros Existem
8 que natildeo possuiacuteam terras proacuteprias e que necessitam arrendar para produzir o
fumo
TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES
Somente terra proacutepria Nordm de famiacutelias Porcentagem ()
Ateacute 5 hectares 11 20
6 a 10 hectares 14 25
11 a 15 hectares 8 15
16 a 20 hectares 6 11
21 a 25 hectares 6 11
26 a 30 hectares 2 04
31 a 40 hectares 4 07
Mais de 40 hectares 4 07
Total 55 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Dos sessenta fumicultores entrevistados cinco natildeo possuem terras proacuteprias
E dos cinquenta e cinco que possuem a maior porcentagem de famiacutelias tem ateacute 15
hectares Nesse sentido esses nuacutemeros satildeo compatiacuteveis com os dados mais gerais
da regiatildeo Sul do Brasil onde a maior concentraccedilatildeo de famiacutelias possui ateacute 20
89
hectares de terra (AFUBRA 2015) A aquisiccedilatildeo das terras foi principalmente por
heranccedila e em parcelas menores atraveacutes de compra
Formas de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria das unidades familiares dos fumicultores
entrevistados
Este item refere-se aos tipos de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria que aleacutem do fumo
trazem renda para a unidade de produccedilatildeo familiar Com base nos dados de campo
verificam-se nas propriedades aleacutem da produccedilatildeo do fumo as produccedilotildees de feijatildeo
milho soja erva-mate e a produccedilatildeo de leite
TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES
Tipo de produccedilatildeo
agropecuaacuteria Nuacutemeros de famiacutelias Percentual ()
Somente fumo 20 33 Fumo e soja 06 10
Fumo soja feijatildeo e milho 20 33 Fumo Soja milho e leite 03 5 Fumo feijatildeo milho e erva-
Mate 11 19
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
De acordo com os dados expostos 33 dos entrevistados afirmam que a
produccedilatildeo da propriedade com pretensatildeo de venda eacute somente o fumo outros 33
aleacutem do fumo produzem soja e feijatildeo seguidos de 19 que se dedicam agrave produccedilatildeo
de fumo feijatildeo milho e erva-mate e menos de 5 declarar produzir para a venda o
fumo a soja o milho e o leite
Nesse sentido 67 dos entrevistados diversificam a produccedilatildeo com intuito de obter
mais fontes de renda Poreacutem alegam que a maior renda por aacuterea plantada vem da
produccedilatildeo de fumo
A produccedilatildeo de eucaliptos (figura 9) tambeacutem eacute bastante comum nas
propriedades pois eacute fonte de energia para a secagem das folhas do fumo Nas
estufas tradicionais o uso de lenha eacute muito maior que nas estufas eleacutetricas
90
FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO
Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2016)
A figura 9 exemplifica uma propriedade de fumicultor que produz a soja para
venda e eucalipto para a secagem do fumo A imagem da esquerda representa a
lavoura de um fumicultor na linha dezembro com produccedilatildeo de soja e ao fundo
notam-se plantaccedilotildees de eucaliptos para usar na secagem das folhas de fumo Na
imagem da direita tambeacutem pode ser vista a lavoura de fumo e ao fundo plantaccedilotildees
de eucaliptos
A erva-mate tambeacutem serve como fonte de renda dos fumicultores sendo que
em aacutereas de faxinal7 os peacutes de erva-mate formam mantidos e outros espaccedilos
usados para o cultivo de soja ou feijatildeo como demonstrado na figura 10 Em algumas
propriedades a erva-mate natildeo eacute nativa e foi plantada nos uacuteltimos anos em escalas
maiores devido agrave rentabilidade
7Por faxinal entende-se as terras tradicionalmente ocupadas para o uso comum de pastagens e florestas no Paranaacute que designam situaccedilotildees em que a produccedilatildeo familiar de acordo com suas possibilidades combina apropriaccedilatildeo privada e coletiva dos recursos naturais (HAURESKO C 2012)
91
FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE
Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2015)
Aleacutem da produccedilatildeo com pretensatildeo de venda nas propriedades visitadas
tambeacutem nota-se a presenccedila da produccedilatildeo para autoconsumo da famiacutelia Essas
alegam que produzem certos produtos para diminuir os gastos com mercado e por
produzirem de acordo com suas preferecircncias alimentares Apenas 6 dos
entrevistados natildeo produzem nada para autoconsumo alegando que comprar sai
mais barato que produzir
TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE
Produccedilatildeo para autoconsumo
Nuacutemero de famiacutelias Percentual ()
Horta 08 13 Horta criaccedilatildeo de galinhas e
porcos 16 27
Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos feijatildeo e milho
07 12
Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos e criaccedilatildeo gado (corte
e leite) feijatildeo e milho
25 42
Nenhuma produccedilatildeo para auto consumo
04 6
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
Sobre a produccedilatildeo de feijatildeo para autoconsumo alguns produtores
mencionam que produzem separadamente o feijatildeo para a venda do feijatildeo para
92
consumo da famiacutelia afirmando que no feijatildeo para venda satildeo aplicados dessecantes
para acelerar o periacuteodo de colheita e no feijatildeo que eacute para o consumo natildeo utilizam
essa praacutetica Esse fato natildeo eacute raro no municiacutepio acontecendo tanto nas pequenas
propriedades como nas grandes Isso demonstra que os agricultores familiares estatildeo
interessados no lucro de sua produccedilatildeo e natildeo tecircm muita preocupaccedilatildeo com as
praacuteticas que os ambientalistas e produtores orgacircnicos qualificam como sustentaacuteveis
Dessa forma eacute desnecessaacuteria a visatildeo dualista ente pequenos e grandes produtores
agriacutecolas concordando entatildeo com Diniz Filho (2011) quando escreve o texto
intitulado Agricultura familiar e meio ambiente o perigo da simplificaccedilatildeo ideoloacutegica
mencionando que organizaccedilotildees como CNBB e MST buscam toda sorte de
argumentos para contrapor o agronegoacutecio agrave agricultura camponesa afirmando que o
agronegoacutecio destroacutei a natureza por estar preocupado com lucros ao passo que os
agricultores familiares tenderiam a usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis porque
buscam somente reproduzir seu modo de vida
A produccedilatildeo de animais como vacas de leite boi para engorda criaccedilatildeo de
porcos e galinhas tambeacutem eacute comum entre os produtores de fumo como mostra a
figura 11
FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
93
Portanto conforme afirma Ternoski (2013) a renda agriacutecola dos
estabelecimentos familiares eacute composta da venda de produtos agropecuaacuterios e de
autoconsumo O autoconsumo eacute a quantidade que a famiacutelia consome em produtos
que produz no estabelecimento podendo ser de origem animal ou vegetal como
tambeacutem da transformaccedilatildeo caseira ou seja esses produtos complementam a renda
dos agricultores pelo fato de natildeo precisarem ser comparados pois se destinados ao
mercado podem gerar receita
Acesso a tecnologias e ao creacutedito agriacutecola
TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES
Nordm de famiacutelias Percentual () Possui uma estufa eleacutetrica 54 90
Natildeo possui estufa eleacutetrica 6 10
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
A Grande maioria dos fumicultores (90) possui em sua propriedade a estufa
eleacutetrica Essas famiacutelias afirmam que quando mudaram da estufa tradicional para a
eleacutetrica os trabalhos com matildeo de obra diminuiacuteram bastante pois para secar o fumo
na estufa eleacutetrica natildeo eacute necessaacuterio amarrar as folhas de fumo como demonstra a
figura 12 Jaacute nas estufas tradicionais em que a secagem natildeo eacute eleacutetrica a
quantidade de matildeo de obra exigida eacute bem maior como demonstrado na figura 13
As famiacutelias que natildeo possuem estufa eleacutetrica mencionam que natildeo pretendem
produzir por muito tempo o fumo desse modo natildeo seria viaacutevel adaptar ao sistema
eleacutetrico Nas propriedades onde a produccedilatildeo eacute maior de 70000 peacutes existem duas
estufas (figura 14)
94
FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO
Fonte Vilczak A Trabalho de campo (2016)
FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS
95
Fonte KUTZMY A Trabalho de campo (2015)
FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)
TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO
Bens adquiridos Nordm de famiacutelias Percentual ()
Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e terras no espaccedilo rural
20 33
Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e
terreno na cidade
6 10
Casa carro e terra 4 7
Carro casa trator e implementos agriacutecolas
26 43
Somente carro e casa 4 7
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
A partir dos dados acima pode-se notar que todos os entrevistados
conseguiram adquirir bens de capital considerados de grande importacircncia como
terrenos trator implementos agriacutecolas casa lotes no periacutemetro urbano entre outros
bens de menor importacircncia como eletrodomeacutesticos aleacutem dos reparos feitos na
96
propriedade que natildeo foram contabilizados pela pesquisa apesar de mencionados
pelos entrevistados As figuras 15 e 16 satildeo de algumas propriedades de produtores
de fumo entrevistados propriedades essas com casas de alvenaria galpatildeo e carro
Desse modo concorda-se com a tese de doutoramento de Manuel Antonio
Nunguiacutea Payas intitulada Empresaacuterio familial rural a integraccedilatildeo agrave agroinduacutestria de
fumo e diferenciaccedilatildeo em que o autor faz um estudo sobre a produccedilatildeo de fumo no
municiacutepio de Rio AzulPR mencionando que os fumicultores integrados estudados
por ele tiveram um aumento no patrimocircnio e que esses natildeo estatildeo inseridos na
produccedilatildeo somente para satisfaccedilatildeo das necessidades de sobrevivecircncia familiar mas
sim agindo no mercado como empresaacuterios investindo o seu capital nas atividades
com expectativa de maiores lucros e menores riscos ou seja analisando o custo de
oportunidade de cada cultura Nesse sentido para o autor o produtor familiar
integrado eacute um empresaacuterio que apresenta como principal caracteriacutestica a matildeo de
obra e propriedade familiares
FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)
97
FIGURA 16 - BENS ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)
A produccedilatildeo de fumo apesar de ser considerada pelos proacuteprios fumicultores
como uma atividade que exige muita matildeo de obra representou melhoria na
qualidade de vida deles pois grande parte das famiacutelias entrevistadas conseguiu
adquirir bens materiais como terras lotes no periacutemetro urbano casa carro trator
entre outros de menor valor bens esses dificilmente adquiridos somente com
atividades agriacutecolas tradicionais como milho feijatildeo e outros A explicaccedilatildeo para que
esses agricultores familiares escolham primeiramente a produccedilatildeo de fumo e natildeo a
produccedilatildeo de alguma cultura tradicional desenvolvida com grande representatividade
no municiacutepio desde a segunda metade do seacuteculo XIX estaacute no custo de
oportunidade dessa cultura Os fumicultores avaliam primeiramente os ganhos
econocircmicos que essa cultura proporciona em relaccedilatildeo agrave quantidade de terras
disponiacutevel em suas propriedades eou por meio de arrendamento
Outro fato que exemplifica a melhoria da qualidade de vida dos fumicultores
pode ser observado no proacuteprio municiacutepio A regiatildeo Norte de Prudentoacutepolis eacute
caracterizada pela produccedilatildeo de culturas tradicionais sendo que na grande maioria
das vezes essas lavouras satildeo realizadas manualmente devido agrave topografia muito
acentuada 8 Essa regiatildeo eacute considerada como menos desenvolvida que a regiatildeo
central e Sul devido agrave baixa produtividade por unidades familiares
Isso natildeo significa que se esteja afirmando aqui que a soluccedilatildeo econocircmica para
os produtores familiares da regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis seria a
8Atividades agriacutecolas consideradas muitas vezes mais penosas que a proacutepria produccedilatildeo de fumo pois esses agricultores carregam sacas de feijatildeo e de espigas de milho nas proacuteprias costas em terrenos muito iacutengremes aleacutem do plantio e dos tratos culturais realizados manualmente ou com traccedilatildeo animal
98
opccedilatildeo pelo cultivo do fumo Apenas constata-se que a inserccedilatildeo dos pequenos
produtores nos mercados e culturas mais seguras economicamente lhes proporciona
uma melhora econocircmica ao passo que tambeacutem o uso de aparatos tecnoloacutegicos
contribui para o aumento da produtividade e consequentemente ganhos monetaacuterios
maiores
Concorda-se com Schultz (1965) quando defende que a eficiecircncia e a
maximizaccedilatildeo do lucro satildeo partes de um sistema econocircmico eficiente e racional
Esse autor considera que todos os agricultores capitalizados ou de subsistecircncia
analisam a relaccedilatildeo entre a entrada de insumos e os resultados econocircmicos da
mesma maneira que os empresaacuterios modernos sendo o produtor um maximizador
de lucros em busca da eficiecircncia econocircmica
Nesse sentido a modernizaccedilatildeo da agricultura e a expansatildeo dos mercados
contribuiacuteram para de um lado expropriar algumas unidades de produccedilatildeo familiar e
de outro transformar agricultores familiares em empresaacuterios rurais com dependecircncia
tecnoloacutegica e financeira do mercado neste caso prevalecendo agrave racionalizaccedilatildeo
econocircmica e o objetivo principal da unidade de produccedilatildeo passando a ser a inserccedilatildeo
no mercado e a ampliaccedilatildeo dos lucros
TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO)
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
Utiliza Frequentemente essa linha de creacutedito
36 60
Utilizou algumas vezes mas natildeo utiliza mais
5 8
Nunca utilizou esse tipo de creacutedito
19 32
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
A grande maioria dos produtores entrevistados (60) utiliza a linha de creacutedito do
PRONAF tanto o custeio agriacutecola como tambeacutem o PRONAF investimento O
PRONAF custeio estaacute ligado agrave produccedilatildeo de gratildeos (soja milho feijatildeo) e o PRONAF
investimento estaacute voltado para a compra de trator implementos agriacutecolas
99
(plantadeiras carretas pulverizadores) e tambeacutem para investimentos com a
produccedilatildeo leiteira (ordenhadeiras e resfriadores)
Os fumicultores que aderiram ao PRONAF mencionam que o creacutedito agriacutecola
possibilitou a compra de trator e a carreta para o transporte do fumo da lavoura para
a estufa preparo do solo aplicaccedilatildeo de agrotoacutexicos etc aquisiccedilatildeo essa impossiacutevel
com pagamento agrave vista A figura 17 mostra tratores e carretas adquiridos por um
fumicultor morador da Linha Dezembroe por um da Comunidade de Linha Antocircnio
Olinto atraveacutes do PRONAF e conforme relata o fumicultor da Comunidade de Linha
Dezembro
Para noacutes o PRONAF eacute bom que financiamos o trator e outros maquinaacuterios [] antes tinha que trazer o fumo com carroccedila e cavalos agraves vezes os bichos ficavam doente na safra agraves vezes morriam [] agora com o trator e a carreta daacute pra trazer mais fumo da roccedila [] para noacutes deu uma grande diferenccedila (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)
FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
O fumicultor da Linha Dezembro relata que adquiriu o trator no ano de 2011
dando como entrada R$ 10000 teve carecircncia de pagamento por dois anos (2012 e
2013) e o restante do valor seraacute quitado entre 2014 e 2019 com parcelas anuais
entre R$ 9000 e R$ 8000 O mesmo comenta que com o dinheiro do fumo
consegue pagar as parcelas nas datas certas para o banco
Os agricultores que possuem trator fazem trabalhos terceirizados para
aqueles que natildeo possuem obtendo assim uma renda extra durante o ano O
fumicultor da Linha Dezembro afirma tambeacutem que a linha de creacutedito do PRONAF
100
trouxe melhora nas condiccedilotildees de trabalho e financeiras pois aumentaram a
produccedilatildeo e a produtividade
Aqueles que mencionaram terem usado a linha de creacutedito do PRONAF mas
que atualmente natildeo usam mais satildeo aqueles que jaacute compraram os implementos
agriacutecolas de que necessitavam e que compram os insumos para o plantio com
pagamento agrave vista ou a prazo na cooperativa agriacutecola mista de Prudentoacutepolis
(CAMP)
Os que nunca usaram as linhas de creacutedito do PRONAF satildeo fumicultores que
tambeacutem compram com pagamento agrave vista ou a prazo por meio da CAMP para pagar
com a produccedilatildeo Jaacute os que possuem trator compram agrave vista ou de vizinhos e
parentes pagando em prestaccedilotildees anuais sem relaccedilatildeo com bancos Esses alegam
ter receio de natildeo conseguir quitar o financiamento e por isso natildeo aderem ao
PRONAF
Outra forma de transportar o fumo da lavoura para a estufa eacute atraveacutes de
caminhonetes e tambeacutem atraveacutes de carroccedilas como mostra as fotos da figura 18
FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
101
TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
Matildeo de obra empregada na atividade fumageira
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
Somente matildeo de obra familiar
4 7
Contrataccedilatildeo de matildeo de obra em todo o periacuteodo da safra
0 0
Contrataccedilatildeo de matildeo de obra somente para a colheita
18 30
Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras em todo o periacuteodo da safra
8 13
Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras
somente para a colheita
30 50
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Nota-se que 63 das famiacutelias usam o sistema de trocas de dias para a
produccedilatildeo de fumo poreacutem 50 desses fazem parcerias somente nos dias de
colheita os quais variam entre um dia e meio a dois dias Essa parceria eacute feita para
natildeo contratar matildeo de obra poreacutem esses fumicultores tecircm um controle da quantidade
dos dias trocados entre eles e no final da safra aquele que estiver devendo horas
trabalhadas acerta em dinheiro conforme o valor da diaacuteria paga para colheita a qual
estaacute em torno de 100 a 120 reais
O tempo de secagem das folhas de fumo na estufa varia entre cinco e seis
dias Apoacutes secas essas folhas precisam ficar mais um dia dentro da estufa para
esfriar ou seja o periacuteodo entre o dia da colheita e o dia de tirar as folhas de fumo da
estufa varia de oito a dez dias e a quantidade meacutedia de colheitas por safra eacute entre
seis e oito
Nesse sentido os meses de novembro dezembro janeiro e parte de fevereiro
satildeo de trabalho intenso motivo pelo qual muitos dos entrevistados afirmam que a
desvantagem de produzir o fumo estaacute relacionada ao trabalho intenso nesses
meses
As famiacutelias com mais de quatro membros com idade suficiente (18 anos) para
estarem envolvidos na produccedilatildeo de fumo alegam que conseguem vencer
tranquilamente os trabalhos somente com a matildeo de obra familiar e que raramente
102
contratam matildeo de obra para a colheita (figura 19) Nessa perspectiva trabalham
intensamente nos dois dias de colheita e no restante dos dias (quando o fumo estaacute
secando) se dedicam a outras atividades da propriedade
FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
Tipos de famiacutelias Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Famiacutelia com apenas um
membro aposentado 10 17
Famiacutelia com dois membros aposentados
8 13
Famiacutelia com membro que recebe bolsa famiacutelia
5 8
Famiacutelia sem nenhum membro que recebe repasse social
37 62
Total 60 100 QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Os dados mostram que 62 das famiacutelias entrevistadas natildeo se beneficiam de
repasses sociais jaacute 17 das famiacutelias satildeo compostas por um membro que recebe
aposentadoria e 13 delas com dois membros aposentados Esses aposentados
natildeo satildeo os responsaacuteveis pela produccedilatildeo de fumo da famiacutelia poreacutem muitos alegam
que ajudam em tarefas consideradas por eles leves como a classificaccedilatildeo das folhas
do fumo jaacute que eacute realizada em ambientes protegidos das intempeacuteries e sentados
Uma parcela de 8 se beneficia do bolsa famiacutelia poreacutem alegam que esse valor
mesmo ajudando nas necessidades dos filhos natildeo eacute a maior parte da renda familiar
103
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos 0 0 Sempre tem problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina ( doenccedila da folha verde) (
acircnsia vocircmitos e mal estar)
25
42
Jaacute teve problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina
(doenccedila da folha verde) ( acircnsia vocircmitos e mal-estar)
16
27
Nunca teve problemas de sauacutede relacionados agrave
produccedilatildeo de fumo
19
31
Total 60 100 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Ao perguntar sobre intoxicaccedilatildeo dos fumicultores por agrotoacutexicos nenhuma
famiacutelia alegou ter acontecido esse fato com os membros da famiacutelia Afirmam que a
quantidade de agrotoacutexico que passam no fumo eacute menor que na soja milho e feijatildeo e
que quando vatildeo manusear agrotoacutexicos fazem o uso dos equipamentos de proteccedilatildeo
individual jaacute que diferente de outras culturas mecanizaacuteveis a pulverizaccedilatildeo do
agrotoacutexico no fumo eacute totalmente manual
Uma parcela expressiva de 69 alega que pelo menos um dos membros da
famiacutelia tem ou jaacute teve intoxicaccedilatildeo por nicotina ao realizar a colheita de fumo esses
que se apresentam de formas distintas de um indiviacuteduo para outro como acircnsia
vocircmitos mal-estar e insocircnia
Uma porcentagem menor composta por 31 das famiacutelias entrevistadas
dizem que nunca nenhum dos membros teve sintomas diferenciados apoacutes o contato
com a folha de fumo
TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO
Desvantagens da produccedilatildeo de fumo
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
Exige muito trabalho 18 30 Exige muito trabalho e causa
problemas de sauacutede 27 45
Falta de matildeo de obra para contratar
8 13
Natildeo vecirc desvantagens em produzir fumo
7 12
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo ( 2015)
104
Dos entrevistados 30 afirmam que a principal desvantagem eacute a
intensificaccedilatildeo do trabalho principalmente nos dias de colheita e aplicaccedilatildeo de
agrotoacutexicos os quais satildeo feitos manualmente Jaacute 45 deles afirmam que a
produccedilatildeo de fumo aleacutem de exigir muito trabalho tambeacutem traz problemas de sauacutede
normalmente aqueles que satildeo mais sensiacuteveis quando em contato com a nicotina
presente nas folhas do fumo (doenccedila da folha verde)
Outra variaacutevel que 13 dos entrevistados consideram desvantagem eacute a
questatildeo da matildeo de obra visto alegarem que principalmente para aquelas famiacutelias
que satildeo compostas de trecircs a quatro membros e que normalmente produzem uma
quantidade maior que a famiacutelia consiga dar conta tecircm muita dificuldade de encontrar
pessoas disponiacuteveis para contratar tendo assim que aumentar as jornadas de
trabalho ou diminuir a produccedilatildeo
Por fim uma parcela de 12 afirma que natildeo haacute qualquer desvantagem em
produzir fumo justificando que independentemente da atividade a ser realizada
deve-se trabalhar Dentre os entrevistados quatro famiacutelias afirmam que preferem
produzir fumo porque natildeo trabalham nos finais de semana e o trabalho natildeo dura o
ano todo como ocorre na produccedilatildeo leiteira que exige o empenho diaacuterio Para esses
a produccedilatildeo de fumo permite uma flexibilizaccedilatildeo do trabalho bem maior que a
produccedilatildeo de leite Nesse sentido pode-se concluir que cada famiacutelia tem preferecircncias
distintas na escolha da atividade que vai ser desenvolvida na propriedade
TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Sempre lecirc 6 10 Agraves vezes 18 30
Jaacute leu mas natildeo lecirc mais 6 10 Nunca leu 30 50
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
Dentre as famiacutelias entrevistadas nota-se que a metade delas nunca leu o
contrato emitido pela Souza Cruz justificando natildeo ter interesse na leitura ou por
saber do conteuacutedo do contrato por meio de vizinhos ou do instrutor teacutecnico
105
Agraves vezes quando a gente pede o instrutor lecirc direito pra gente pois natildeo tenho muito estudo e demora de mais pra ler tudo (Fumicultor da comunidade de Linha Antocircnio Olinto) Natildeo leio porque jaacute sei o que estaacute escrito todo ano eacute igual (Fumicultor da comunidade de Linha Visconde de Guarapuava) Natildeo leio a gente confia na firma (Fumicultor da comunidade de Linha Marcondes) Leio todo o contrato mas depois que assino e que instrutor vai embora (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)
A baixa escolaridade juntamente com poucos haacutebitos de leitura satildeo os
principais fatores que geram contratos assinados sem preacutevias leituras
Expectativas das famiacutelias em permanecer na atividade fumageira
Pretensotildees Nordm de famiacutelias Percentual ()
Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo por tempo
indeterminado
35 58
Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo poreacutem
diminuir a produccedilatildeo
18 30
Pretende parar completamente com a produccedilatildeo de fumo em
pequeno prazo de tempo (1 a 3 anos)
7 12
Total 60 100
QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Conforme demonstrado na tabela acima 58 das famiacutelias pretendem
permanecer com a produccedilatildeo de fumo por tempo indeterminado Jaacute 30 delas
pretendem continuar poreacutem diminuir o volume produzido Essas 30 das famiacutelias
mencionam que querem diminuir a produccedilatildeo pela falta de matildeo de obra uma vez que
os filhos estatildeo com intenccedilatildeo de sair de casa por motivos distintos como estudar
trabalhar em outro ramo etc
Outros 7 do total dos entrevistos tecircm a intenccedilatildeo de parar de produzir fumo
nos proacuteximos trecircs anos afirmando que vatildeo migrar para setores mais competitivos
106
como a soja e o leite Outros afirmam que querem parar porque jaacute estatildeo
aposentados e os filhos pretendem trabalhar em outras atividades de modo que a
famiacutelia tende a ficar pequena demais para essa cultura
Com relaccedilatildeo agrave venda da produccedilatildeo de fumo todos os entrevistados afirmam
que vendem a produccedilatildeo para a empresa integrada poreacutem os quilos produzidos
excedentes ao contrato firmado agraves vezes satildeo vendidos para atravessadores ou ateacute
mesmo para outras empresas Os fumicultores mencionaram que no geral tecircm
uma relaccedilatildeo tranquila com a empresa poreacutem existem safras em que o preccedilo do
quilo do fumo do ponto de vista deles deveria ser maior Esse fato eacute entendido pelo
paradigma da agricultura camponesa como conflito entre a territorialidade
corporativa Souza Cruz e a territorialidade dos fumicultores pelo fato de agricultor
natildeo ter autonomia de decisatildeo do preccedilo pago por quilo do fumo existindo entatildeo certo
conflito muitas vezes ldquosilenciosordquo entre essas territorialidades
Todavia o paradigma da agricultura familiar por natildeo estar baseado em
teorias anticapitalistas explica os processos de formaccedilatildeo de preccedilos a partir de
pressupostos teoacutericos diferentes Numa economia de mercado o vendedor jamais
possui autonomia plena para decidir o preccedilo do seu produto pois satildeo os
compradores que avaliam de acordo com seus objetivos e necessidades quanto
estatildeo dispostos a pagar por um bem ou serviccedilo Mas ao mesmo tempo os
compradores tambeacutem natildeo possuem autonomia para decidir o preccedilo de um produto
ao seu bel prazer pois se o vendedor natildeo considerar a venda vantajosa deixaraacute de
produzir ou de revender o produto em questatildeo para se dedicar a outra atividade
econocircmica mais rentaacutevel No caso em pauta a Souza Cruz eacute obrigada a pagar um
preccedilo que supere o custo de oportunidade para os agricultores familiares de
produzir leite feijatildeo soja ou qualquer outro produto sob pena de a empresa perder
seus fornecedores
Nesse sentido vale recordar as informaccedilotildees apresentadas na Tabela 15 visto que
20 dos entrevistados afirmam ter escolhido produzir fumo devido agrave renda que essa
cultura oferece e tambeacutem agrave garantia de venda b) 58 responderam que essa
escolha se deu em funccedilatildeo da renda da venda garantida e tambeacutem da pouca
disponibilidade de terras em suas propriedades c) 10 citaram apenas a pouca
disponibilidade de terras como motivo para plantar fumo d) 12 afirmaram que essa
opccedilatildeo se daacute apenas pela falta de outras opccedilotildees
107
Outro fator que regula o valor pago por quilo de fumo como jaacute demonstrado no
trabalho estaacute relacionado a oferta e demanda do produto pelo mercado A safra de
20152016 eacute um exemplo na qual devido ao baixo estoque de fumo nos armazeacutens
das empresas e pela procura desse produto por parte dos consumidores o valores
pagos por quilo de fumo aumentaram fato esse notado tambeacutem em outros produtos
do setor do agronegoacutecio
Isso indica que o paradigma da agricultura familiar eacute o que se mostra coerente com
os dados da pesquisa de campo pois fica claro que os produtores familiares optam
pelo fumo em funccedilatildeo de um caacutelculo dos custos de oportunidade que considera os
fatores rentabilidade garantia de renda e disponibilidade de terra de sorte que os
preccedilos praticados pela Souza Cruz tecircm um patamar miacutenimo definido pela avaliaccedilatildeo
que os agricultores fazem desses custos E essa conclusatildeo eacute reforccedilada quando se
relembram as informaccedilotildees da Tabela 19 posto que apenas 33 dos entrevistados
se dedicam exclusivamente ao fumo enquanto os demais produzem e
comercializam tambeacutem outros tipos de produtos tais como leite soja e feijatildeo
Mais uma vez verifica-se que cada famiacutelia tem projetos distintos os quais
estatildeo intrinsecamente relacionados agrave estrutura familiar agrave disponibilidade de terras e
outros fatores gerando estrateacutegias diferenciadas para se reproduzir no campo
havendo desde aqueles produtores que vecircm na atividade fumageira o seu futuro ateacute
aqueles que pretendem migrar o mais raacutepido possiacutevel para outra atividade Nesse
sentido vemos que essas famiacutelias buscam ser competitivas nas atividades que
realizam se dedicando agravequelas que julgam mais rentaacuteveis eou combinando duas ou
mais culturas para obter mais vantagens
108
V - CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O desenvolvimento desta pesquisa baseada no estudo de caso de uma
amostragem de produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis contratados pela
empresa Souza Cruz permitiu demonstrar que os agricultores familiares
entrevistados buscam atraveacutes de suas condiccedilotildees de produtor se inserir em setores
que permitem maximizar seus lucros Portanto a realizaccedilatildeo desta pesquisa eacute
pertinente pelo fato de mostrar que os fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de
commoditie atraveacutes de uma cadeia produtiva competitiva
Dessa forma a caracterizaccedilatildeo dos fumicultores a partir dos grupos A B C e
D se justifica por apresentarem dados oficiais e sistematizados o que contribui para
natildeo generalizar os resultados somente a partir da amostragem dos fumicultores
entrevistados nos trabalhos de campo Demonstrando que no municiacutepio de
Prudentoacutepolis a maior parte dos fumicultores se aproxima daqueles agricultores
familiares do tipo A e B Ou seja aqueles capitalizados e em processo de
capitalizaccedilatildeo indicando que a cultura de fumo estaacute dentre aquelas que geram uma
taxa de pobreza menor no meio rural Essa constataccedilatildeo tambeacutem eacute notada a partir
das entrevistas de campo conforme demonstrado na Tabela 22 posto que todos os
entrevistados conseguiram com a renda do fumo adquirir bens de capital como casa
carro trator terra de cultivo lote no periacutemetro urbano aleacutem daqueles bens de capital
como os eletrodomeacutesticos
Com isso a visatildeo dualista entre agricultura familiar e agronegoacutecio natildeo eacute
compreendida com adequada nesse trabalho pelo fato de existirem muitas formas
de agricultores familiares que se aproximam ao padratildeo do agronegoacutecio como por
exemplo os fumicultores que estatildeo no grupo A e B Desse modo compreende-se
que os fumicultores entrevistados da mesma forma que a agricultura patronal
buscam atraveacutes da modernizaccedilatildeo e do uso de insumos agriacutecolas (agrotoacutexicos e
fertilizantes) meios para permanecerem integrados e competitivos no mercado
Os fumicultores estatildeo inseridos ao complexo agroindustrial fumageiro e por
conseguinte estatildeo prosperando economicamente concordando-se entatildeo com os
pressupostos teoacutericos voltados ao paradigma da agricultura familiar e com autores
como Valente (2008) Diniz (2011) e Navarro (2014) que natildeo costumam fazer uma
109
oposiccedilatildeo radical entre agricultura familiar e agronegoacutecio ao ponto de existir
conflitualidades de interesses entre ambos Ou seja conflito entre a territorialidade
coorporativa da induacutestria fumageira e a territorialidade da agricultura familiar
camponesa
Desse modo a pesquisa tambeacutem natildeo tem por objetivo afirmar que no Brasil
natildeo existam sistemas de produccedilatildeo camponesa poreacutem os dados de campo mostram
que no caso em estudo 67 dos entrevistados natildeo produzem somente fumo e que
esses estatildeo inseridos em outras cadeias produtivas como leite feijatildeo soja e milho
ou seja os fumicultores tem mais opccedilotildees poreacutem acham interessante continuar com o
fumo Esses dados natildeo satildeo diferentes do restante do Brasil natildeo generalizando
somente a partir dos entrevistados
Apesar das oscilaccedilotildees no volume produzido como tambeacutem em relaccedilatildeo ao
mercado do fumo no Brasil e consequentemente no municiacutepio de Prudentoacutepolis
conforme exposto nos capiacutetulos II e III nota-se que essa cultura proporcionou a
ascensatildeo econocircmica desses agricultores familiares sendo que muitos desses
pequenos capitalistas como jaacute mencionado conseguiram adquiri terras para entatildeo
competir nos setores de gratildeos como a soja e o milho que a competitividade eacute
melhor para grandes proprietaacuterios querendo assim dar esse salto e ao mesmo
tempo trabalhando com a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo com intuito de deixar a renda
da propriedade menos vulneraacutevel A partir desses fatos e de acordo com os
resultados dos dados de campo eacute coerente dizer que o direcionamento dos
agricultores entrevistados para o cultivo de culturas que tem maior rentabilidade
proporcionou melhoras nas condiccedilotildees econocircmicas da famiacutelia pois somente com a
lavoura tradicional e pequena criaccedilatildeo de animais natildeo seria possiacutevel conquistar bens
de capital
Nesse sentido Navarro (2014) aponta que o preccedilo dos alimentos consumidos
pelos brasileiros em termos de reais diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas devido a inserccedilatildeo
dos pacotes tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo agriacutecola que proporcionaram o aumento
da produtividade e a consequente queda do preccedilo final contribuindo para a
facilidade de acesso desses produtos por parte da populaccedilatildeo jaacute em contra partida o
custo para uma pessoa manter seu haacutebito de fumar aumentou Ou seja os
agricultores que permaneceram ou inseriram-se na produccedilatildeo de fumo tiveram um
aumento na sua rentabilidade
110
Dessa forma eacute certo que os agricultores familiares entrevistados da mesma
forma que os agricultores patronais buscam aumentar seus rendimentos uma vez
que os dados de campo mostram que uma porccedilatildeo dos fumicultores tem pretensotildees
de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou seja agem no mercado
como pequenos capitalistas Poreacutem esses agricultores ainda natildeo migram totalmente
para outras atividades por ser esta uma das poucas cadeias produtivas compatiacuteveis
com as suas condiccedilotildees de produtor Tambeacutem muitos produtores podem encontrar
dificuldades em migrar para outras culturas que exigem maiores recursos
(SCHOENHALS et al 2009) necessitando assim de linhas de creacuteditos agriacutecolas
direcionados para esses agricultores
Os autores como Fernandes (2008) e Roos (2015) que trabalham na
perspectiva do paradigma da agricultura camponesa afirmam haver conflitualidade
entre os camponeses e as agroinduacutestrias que trabalham no sistema de produccedilatildeo
integrada como eacute o caso da agroinduacutestria fumageira afirmando existir uma sujeiccedilatildeo
da renda dos camponeses uma vez que os agricultores camponeses natildeo possuem
autonomia com relaccedilatildeo ao modo de produzir o produto como tambeacutem na hora de
fixar o preccedilo final da safra Poreacutem natildeo eacute levado em consideraccedilatildeo que o preccedilo do
quilo do fumo pago ao produtor contratado estaacute intrinsecamente relacionado a oferta
e demanda do produto por parte do mercado o que expressa adequadamente o
valor marginal pago muitas vezes aos fumicultores visto que a empresa tambeacutem
deve colocar a sua margem de lucro conforme a demanda do produto
Outra questatildeo voltada ao paradigma camponecircs eacute em relaccedilatildeo agrave
industrializaccedilatildeo da agricultura e apontada por Fernandes (2013) como um processo
que resulta no desenvolvimento desigual e contraditoacuterio no campo que deixa as
unidades camponesas de produccedilatildeo se tornar mais vulneraacuteveis ao capital Poreacutem os
dados da Tabela 23 mostram que 68 dos entrevistados usam ou jaacute utilizaram
alguma linha de creacutedito agriacutecola para o investimento em maquinaacuterios agriacutecolas
afirmando que conseguem tem uma produtividade maior e que conseguem pagar as
prestaccedilotildees desses maquinaacuterios tranquilamente
Sabendo que Ploeg (2009) afirma que o camponecircs eacute caracterizado por lutar
por sua autonomia uma vez que conforme apontado pro Thomaz Juacutenior (2008) a
loacutegica do capital impotildee que o agricultor esteja preso a gestatildeo de uma empresa e natildeo
111
mais de sua famiacutelia natildeo se completa para essa pesquisa uma vez que a explicaccedilatildeo
para a empresa estabelecer os seus moldes de produccedilatildeo se baseia na demanda do
produto pelo mercado instituindo assim para os seus contratados os tipos de fumos
com maiores demandas o que justifica a empresa impor o tipo de variedade de fumo
que quer comprar como tambeacutem os tratos culturais necessaacuterios para se chegar ao
produto desejado
Contraditoacuterio ao que foi exposto por Paulino e Almeida (2010) quando
mencionam que o campesinato deve ser considerado como uma contradiccedilatildeo e natildeo
como uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeo capitalista os resultados da
pesquisa mostraram que a articulaccedilatildeo com os modelos de produccedilatildeo capitalistas
proporcionaram a permanecircncia de agricultores familiares no espaccedilo rural uma vez
que os aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo que eacute bastante disseminada entre
agricultores familiares induziram o aumento da rentabilidade diminuindo assim as
taxas de pobreza Aleacutem disso nota-se que o fumicultores sendo pequenos
capitalistas natildeo buscam somente a reproduccedilatildeo do modo de vida mas sim agem no
mercado investindo em setores mais rentaacuteveis adequado para a sua condiccedilatildeo de
produtor com pretensatildeo de torna-se um agricultor ainda mais competitivo
Mais uma vez defende-se que a inserccedilatildeo dos agricultores familiares aos
mercados capitalistas natildeo deve ser entendido a partir de um dualismo estando de
um lado o agronegoacutecio e de outro o camponecircs como jaacute ressaltado por Schneider
(2006) que tanto um quanto outro grupo estaacute interessado em um mesmo processo
que eacute o da produccedilatildeo e o do consumo Nesse sentido eacute importante se trabalhar com
a heterogeneidade da agricultura familiar para assim se pensar como esses
agricultores podem se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo
Portanto a presente pesquisa embasada nos dados de campo mostra que a
cultura de fumo ateacute entatildeo eacute a principal orientaccedilatildeo financeira dos agricultores
familiares entrevistados seguidas de outras estrateacutegias de reproduccedilatildeo como o
cultivo da soja produccedilatildeo de leite feijatildeo milho Demonstrando dessa forma que os
mesmos buscam maximizar seus lucros e diversificar sua produccedilatildeo para diminuir a
vulnerabilidade econocircmica da propriedade Contudo pode afirmar atraveacutes do
paradigma da agricultura familiar que os fumicultores considerados como pequenos
capitalistas se reproduzem no mercado sob pressatildeo das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e
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da concorrecircncia e buscam ser competitivos natildeo havendo incompatibilidade ou
conflitos dos agricultores familiares para com o capital
113
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123 SINDICATO INTERESTADUAL DA INDUacuteSTRIA DO TABACO (SINDITABACO) Disponiacutevel em lthttpsinditabacocombrgt Acesso em 01042015 SOUZA MJLde O territoacuterio sobre o espaccedilo e poder autonomia e desenvolvimento In CASTRO IE de GOMES PC da C CORREcircA RL (Orgs) Geografia Conceitos e temas 5 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2003 ldquoTerritoacuteriordquo da divergecircncia (e da concepccedilatildeo) em torno das imprecisas fronteiras de um conceito fundamental In SAQUET MA SPOSITO E S (Org) Territorio e territorialidade teorias processos e conflitos Satildeo Paulo UNESP 2009 O territoacuterio Sobre espaccedilo e poder autonomia e desenvolvimento In CASTRO I E De CORREcircA R L amp p C (Org) Geografia Conceitos e Temas Rio de Janeiro Ed Bertrand Brasil 2005 SPOSITO E S Redes e cidades Satildeo Paulo UNESP2008 SOUZA CRUZ Relatoacuterio da administraccedilatildeo Periacuteodo de 3 meses findo em 31 de marccedilo de 2015 SOUZA CRUZ Nossa histoacuteria 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9K2Wopendocumentgt Acesso em 04022015 British American Tabacco 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9KSXopendocument gt Acesso em 02042015 Distribuiccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9J5Zopendocumentgt Acesso em 02042015 Mercado de cigarros 2015 Disponiacutevel em ltlthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLiv eDO7V9KNXopendocumentgt Acesso em 03042015 Instituto Souza Cruz 2015 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9Q36opendocumentgt Acesso em 20062015 SPIES R O processo de Especializaccedilatildeo Produtiva da Microrregiatildeo Fumicultura de Santa Cruz do Sul- RS Santa Cruz do Sul UNISC 2000 TERNOSKI S Estrateacutegias de melhoria da renda da agricultura familiar Anaacutelise a partir da base social da CresolPrudentoacutepolis Dissertaccedilatildeo ( Mestrado em Desenvolvimento Regional) Universidade Tecnoloacutegica Federal do Paranaacute Pato Branco 2013
1
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2
ANEXOS
1ordm Trabalho de Campo Conhecimento da aacuterea de estudo e visita a 10 propriedades que produzem fumo haacute mais de 10 anos Data do campo mecircs de Julho e Agosto de 2014
1) Qual foi o ano em que iniciou as atividades na produccedilatildeo de fumo
2) Qual eacute o motivo que trabalha na produccedilatildeo do fumo
3) A matildeo de obra na atividade fumageira eacute muito desgastante
4) Sua propriedade eacute diversificada Quais as culturas que produz na
propriedade aleacutem do fumo
5) Qual eacute a maior renda da propriedade
6) Como eacute feita a classificaccedilatildeo das folhas de fumo destinadas a venda
2ordm Trabalho de campo Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Aplicado ao orientador teacutecnico da Souza Cruz o qual representa a Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis Orientador teacutecnico Tarciacutesio Kraiczek Data da entrevista 13072015
1 Quantos orientadores teacutecnicos a empresa possui no municiacutepio de
Prudentoacutepolis
2 Haacute quantos anos vocecirc trabalha na assistecircncia teacutecnica para os
fumicultores associados da Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis
3 Quantos associados a empresa Souza Cruz teve na safra de 2014
4 Quais satildeo as empresas fumageiras concorrentes da Souza Cruz no
municiacutepio Qual a relaccedilatildeo entre essas empresas
5 A empresa Souza Cruz tem alguma unidade de recebimento do fumo no
municiacutepio de Prudentoacutepolis para a produccedilatildeo ficar armazenada antes de
ser enviado para uma usina de Processamento de fumo
3
6 Para qual das trecircs usinas de processamento o fumo produzido no
municiacutepio eacute envido
7 A empresa tem uma cota miacutenima e maacutexima de peacutes de fumo por
produtor
8 Qual eacute a meacutedia de peacutes de fumo uma pessoa consegue produzir por
safra
9 No seu ponto de vista como orientador teacutecnico como se daacute a relaccedilatildeo
entre a empresa Souza Cruz e os fumicultores do municiacutepio
10 Qual a relaccedilatildeo da empresa para com os projetos de diversificaccedilatildeo da propriedade
3ordm Trabalho de Campo Entrevista de campo para obtenccedilatildeo de dados socioeconocircmicos dos produtores
de fumo da empresa Souza Cruz do municiacutepio de Prudentoacutepolis - PR
Data do campo Novembro e Dezembro de 2015 1- Caracterizaccedilatildeo da famiacutelia
Membros Idade Gecircnero Escolaridade (escola puacuteblica ou privada)
Fumicultor Eacute fumante
Motivos do ecircxodo
1 2 3 4 5 6 7 8
2- Haacute quantos anos trabalha na atividade fumageira
3- Qual o motivo pela opccedilatildeo de produzir fumo
4- Pretende permanecer na atividade fumageira Quais motivos Por qual
atividade substituiria a produccedilatildeo de fumo
4
5- Possui estufa eleacutetrica de secagem do fumo
6- Quais bens capitais vocecirc conseguiu adquirir com a renda oriunda da
produccedilatildeo de fumo
7- Possui na propriedade
( ) Trator ( ) Carro ( ) moto ( ) telefone ( ) internet
8- Posse da terra e quantidade de alqueires
( ) Proacutepria ____ ( ) Arrendada e Parceiro _____
( ) Arrendada ____ ( ) Proacutepria e Arrendada _____
( ) Proacutepria e Parceiro ____
9- Se for proacutepria como adquiriu essas terras
10- Satildeo plantados por ano quantos peacutes de fumo Quantidade de aacuterea
utilizada
11- Faz contrataccedilatildeo de matildeo de obra para a produccedilatildeo de fumo
( ) Sim ( ) Natildeo
12- Se existe a contrataccedilatildeo de matildeo de obra em que periacuteodo da safra
acontece
( ) Todo o periacuteodo da safra ( ) Tratos culturais ( ) Plantio ( )
Classificaccedilatildeo ( ) Colheita
13- Vocecirc lecirc o contrato da sua produccedilatildeo com a empresa Souza Cruz
Justifique
14- Aleacutem da produccedilatildeo de fumo quais outras atividades agropecuaacuterias satildeo
realizadas na propriedade para garantir a renda da famiacutelia
Para comercializaccedilatildeo Para consumo na propriedade
5
15- De qual atividade realizada na propriedade vem a maior renda
16- Como eacute a sua relaccedilatildeo com a empresa descreva o seu ponto de vista
17- Vende toda a produccedilatildeo para a empresa associada
18- No seu ponto de vista quais satildeo as vantagens e desvantagens de produzir
fumo
19- Em relaccedilatildeo agrave sauacutede e produccedilatildeo de fumo houve casos na famiacutelia de
A) Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos
B) Intoxicaccedilatildeo por nicotina (doenccedila da folha verde)
C) Problemas ortopeacutedicos
D) Transtornos mentais (depressatildeo ansiedade esquizofrenia etc)
E) Outros __________________________________________
20- Haacute incentivos governamentais para o desenvolvimento de outras atividades
e o consequente abandono do ramo fumageiro Se sim quais e por que natildeo
houve migraccedilatildeo para outra atividade
21- A partir do momento em que vocecirc comeccedilou a produzir o fumo acha que
suas condiccedilotildees financeiras melhoraram
22- Participa do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar)
23- Na famiacutelia tem algum membro que recebe algum tipo de repasses de
programas sociais Se sim quais
24- Vocecirc tem conhecimento de algum projeto de diversificaccedilatildeo de
propriedades que estaacute sendo realizado por oacutergatildeos puacuteblicos no municiacutepio
4
5
Dedico este trabalho agrave minha famiacutelia e aos fumicultores do
municiacutepio de PrudentoacutepolisPR que influenciaram no
desenvolvimento deste trabalho Aos fumicultores pela
paciecircncia e colaboraccedilatildeo nas pesquisas de campo com dados
que foram fundamentais para retratar sua realidade
6
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao meu orientador Prof Dr Luis
Lopes Diniz Filho pela sua atenccedilatildeo compreensatildeo e tambeacutem pelas suas valiosas
consideraccedilotildees no processo de desenvolvimento dessa pesquisa sendo um exemplo
de profissional
Agrave minha famiacutelia em especial aos meus pais Carlos e Ana aos meus irmatildeos
Amilton e Adriana que sempre apoiaram no periacuteodo de realizaccedilatildeo da dissertaccedilatildeo Ao
meu sobrinho Beniacutecio pela alegria que traz a todos noacutes ao Ian que estaraacute chegando
nas proacuteximas semanas Agradeccedilo tambeacutem a minha cunhada e cunhado pelo apoio
Aos amigos e familiares Ana Maacutercia Adriana Noeli Rogeacuterio Edna
Elisangela Milena Eliana Paulo Maria entre outros que de alguma forma
contribuiacuteram para que esse trabalho fosse finalizado Obrigada a todos vocecircs pelo
companheirismo
Aos professores Dr Sergio Fajardo e Dr Danilo Volochko pelas valiosas
contribuiccedilotildees agrave pesquisa
Aos colegas e professores do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia da
Universidade Federal do Paranaacute como tambeacutem a secretaacuteria Adriana Cristina de
Oliveira e ao Luiz Carlos Zem pelo apoio em questotildees burocraacuteticas durante o
periacuteodo do mestrado
A CAPES (Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal do Niacutevel Superior)
pelo auxiacutelio atraveacutes da bolsa de estudo
Agrave Adriana Kutzmy e Gabriela Strechar pela atenccedilatildeo e por acompanhar nos
trabalhos de campo realizados com os fumicultores do municiacutepio de
PrudentoacutepolisPR
E por fim agradeccedilo a todos os fumicultores que participaram das entrevistas
de campo A todos meu agradecimento
7
RESUMO O presente trabalho visa analisar os resultados obtidos pela agricultura familiar no cultivo do fumo levando em consideraccedilatildeo as razotildees econocircmicas pela opccedilatildeo em produzir a cultura Desse modo o estudo de caso dos fumicultores de Prudentoacutepolis-PR fornece subsiacutedios para a avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural e ciecircncias afins ou seja o paradigma da agricultura familiar e da agricultura camponesa Para tanto utilizou-se de revisotildees bibliograacuteficas de autores que trabalham nas distintas linhas paradigmaacuteticas como tambeacutem da caracterizaccedilatildeo dos agricultores familiares produtores de fumo atraveacutes do uso de fontes secundaacuterias (Censos agropecuaacuterios) aleacutem da aplicaccedilatildeo de questionaacuterios para um universo de sessenta fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz em Prudentoacutepolis A partir das revisotildees bibliograacuteficas e dos dados obtidos no estudo de caso levantou-se a hipoacutetese de que o paradigma da agricultura camponesa natildeo eacute adequando para explicar a realidade estudada Palavras chave Agricultura Familiar Fumicultura Abordagens Paradigmaacuteticas
ABSTRACT
The aim of this study is to analyze the results obtained by family farming in the cultivation of tobacco considering the economic reasons for the choice to produce the crop Thus the case study of Prudentoacutepolis-PR tobacco growers provides subsidies for the critical evaluation of the two main paradigms of agro studies in rural geography and related sciences that is the paradigm of family farming and peasant farming For this purpose bibliographic reviews of authors working in different paradigmatic lines were used as well as the characterization of family farmers tobacco growers through the use of secondary sources (Census of agriculture) and the application of questionnaires to a group of sixty tobacco growers hired by Souza Cruz company in the city of Prudentoacutepolis From the literature review and the obtained data in the case study we raised the hypothesis that the paradigm of peasant farming is not suitable to explain the studied reality Keywords Family farming Tobacco Farming Paradigmatic Approaches
8
LISTA DE SIGLAS
AFUBRA - Associaccedilatildeo dos Fumicultores do Brasil
BAT - British American Tobacco
CBFF ndash Companhia Brasileira de Fumo em Folha
DERAL - Departamento de Economia Rural
EMATER ndash Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural
IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social)
PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
SEAB - Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento
SINDITABACO ndash Sindicato Interestadual da Induacutestria do Tabaco
9
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA 46 Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 59 FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 60 FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES 62 FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 63 FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR 64 FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR78 FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 79 FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO 90 FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE 91 FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA 92 FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO 94 FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS 94 FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO 95 FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA 96 FIGURA 16 - BENS ADQUiRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA 97 FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF 99 FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA 100 FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO 102
10
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL 39 TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO 41 TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013 42 TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012 42 TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute 46 TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006 48 TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006 50 TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006 51 TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000 52 TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006 53 TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012 54 TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010) 55 TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE 84 TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 85 TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 86 TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS 87 TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 88 TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES 88 TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES 89 TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE 91
11
TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES 93 TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO 95 TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO) 98 TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO101 TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO 103 TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS 104
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA 36 QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL 44 QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314 47 QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010) 56 QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR 65 QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR66 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR 66 QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006 71 QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 72 QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR 72 QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES 74 QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS 75 QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 81 QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 82 QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 84
12
QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS 102 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS 103 QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 105
LISTA DE GRAacuteFICOS
GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO45 GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS 67
13
SUMAacuteRIO INTRODUCcedilAtildeO 14 CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS 19
11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA 19
12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR 23
13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS 27
CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32
21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32 22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL 47
CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO 58
31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR 58
32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS 69
CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO 76 41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES 78 REFEREcircNCIAS 113 ANEXOS 2
14
INTRODUCcedilAtildeO
De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de
fumo sendo que essa produccedilatildeo encontra-se concentrada nos estados do Rio
Grande do Sul Santa Catarina e Paranaacute alimentando uma cadeia produtiva com
envolvimento de 25 milhotildees de pessoas o qual inclui setores como a produccedilatildeo
transporte comercializaccedilatildeo industrializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e exportaccedilatildeo (AFUBRA
2011)
No municiacutepio de Prudentoacutepolis a atividade fumageira tem grande relevacircncia
econocircmica principalmente para a agricultura familiar uma vez que os dados do
Censo Demograacutefico de 2010 mostram que 54 da populaccedilatildeo residem na aacuterea rural
existindo um nuacutemero maior de unidade de produccedilatildeo familiar em detrimento das
unidades patronais de produccedilatildeo
A produccedilatildeo de fumo em Prudentoacutepolis eacute realizada somente nas regiotildees
Central e Sul do municiacutepio devido ao clima e topografia dos solos favoraacuteveis agrave
cultura Outro fator que tambeacutem ocasiona a atraccedilatildeo para a fumicultura eacute a
possibilidade de usufruir de pequenas aacutereas de terras deixando disponiacutevel o
excedente da propriedade para outras atividades que somem na geraccedilatildeo de renda
Nesse sentido o objetivo da pesquisa eacute analisar os resultados obtidos pela
agricultura familiar com essa cultura e as razotildees econocircmicas de sua opccedilatildeo pelo
fumo Portanto uma contribuiccedilatildeo desse estudo de caso eacute fornecer subsiacutedios para a
avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural
e ciecircncias afins
Para a realizaccedilatildeo do presente trabalho foi fundamental atraveacutes das
abordagens sobre a agricultura familiar e camponesa avaliar se realmente existe
uma oposiccedilatildeo entre agricultor familiar e o agronegoacutecio no caso do setor fumageiro
uma vez que o fumo eacute uma commoditie de exportaccedilatildeo e a produccedilatildeo eacute realizada por
pequenos produtores Para tanto foi realizada uma revisatildeo bibliograacutefica sobre os
paradigmas da agricultura familiar e da agricultura camponesa na geografia rural e
aacutereas de pesquisa afins com a finalidade de identificar os conceitos de territoacuterio e
territorialidade derivados desses paradigmas Foram feitas tambeacutem uma
caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de
15
fontes secundaacuterias (Censos Agropecuaacuterios e outras) e uma pesquisa de campo
mediante a aplicaccedilatildeo de questionaacuterio com o fim de caracterizar os produtores rurais
desse municiacutepio contratados pela empresa Souza Cruz como fornecedores de
tabaco
Nesse sentido buscou-se metodologicamente envolver teacutecnicas de base
qualitativa sendo que esse tipo de abordagem se caracteriza por ldquoanalisar e
interpretar os dados refletir e explorar o que eles podem propiciarrdquo (OLIVEIRA
2010) A pesquisa quantitativa tambeacutem faz parte deste estudo uma vez que traz
algumas teacutecnicas que possibilitam a busca de informaccedilotildees e dados mais amplos
muitas vezes impossiacuteveis de serem alcanccedilados somente pelo pesquisador como por
exemplo aqueles dados disponibilizados pelos oacutergatildeos puacuteblicos como EMATER
(Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural) IPARDES (Instituto Paranaense
de Desenvolvimento Econocircmico e Social ) IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatiacutestica) e DERAL (Departamento de Economia Rural) O meacutetodo quantitativo
considera que tudo eacute quantificaacutevel ou seja significa traduzir opiniotildees e informaccedilotildees
em nuacutemeros que seratildeo classificados e analisados
Os meacutetodos qualitativos e quantitativos natildeo se excluem Embora difiram quanto agrave forma e agrave ecircnfase os meacutetodos qualitativos trazem como contribuiccedilatildeo ao trabalho de pesquisa uma mistura de procedimentos de cunho racional e intuitivo capazes de contribuir para a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos Pode-se distinguir o enfoque qualitativo do quantitativo mas natildeo seria correto afirmar que guardam relaccedilatildeo de oposiccedilatildeo (POPE MAYS 1995 p42)
Sendo assim no iniacutecio do desenvolvimento do presente estudo foi realizada
uma entrevista com questotildees semiestruturadas (em anexo) para um grupo de dez
fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz e que estatildeo na atividade
fumageira haacute mais de dez anos Esse puacuteblico foi escolhido intencionalmente a partir
dos dados da localizaccedilatildeo das propriedades dos associados da empresa no
municiacutepio de Prudentoacutepolis Recorreu-se a esse meacutetodo pois os dados obtidos em
campo eram necessaacuterios para poder avaliar as abordagens ligadas ao paradigma da
agricultura camponesa e da agricultura familiar e que natildeo poderiam ser obtidos
atraveacutes de fontes secundaacuterias
Posteriormente foi realizada uma entrevista com perguntas semiestruturadas
(em anexo) para o instrutor teacutecnico da Souza Cruz jaacute que o mesmo representa a
16
empresa no municiacutepio Essa entrevista teve como objetivo analisar o ponto de vista
da empresa sobre a atividade fumageira na localidade
Ao verificar que em Prudentoacutepolis a produccedilatildeo de fumo acontece somente na
regiatildeo Central e Sul devido ao relevo mais inclinado da regiatildeo norte foi interessante
ir ateacute essa regiatildeo com topografia mais acentuada para analisar os tipos de cultivos
que satildeo realizados O objetivo desse trabalho de campo foi principalmente o de
conhecer a realidade das famiacutelias do municiacutepio natildeo inseridas na cultura do fumo
com visitas a realizar futuras pesquisas sobre a agricultura familiar Assim dado o
caraacuteter complementar e exploratoacuterio desse trabalho a coleta de informaccedilotildees se deu
por meio de conversas informais
Nos meses de novembro e dezembro de 2015 foi realizada outra entrevista
com perguntas semiestruturadas (em anexo) para uma amostragem de sessenta
fumicultores contratados pela Souza Cruz As perguntas feitas nessa entrevista
estatildeo relacionadas basicamente a dados socioeconocircmicos das famiacuteliasos quais
juntamente com dados mais gerais do censo agropecuaacuterio permitem conhecer o
perfil desses fumicultores Portanto as informaccedilotildees referentes a essas entrevistas
apresentam-se mais detalhadas no capiacutetulo IV
Nesse sentido as entrevistas constituem teacutecnicas alternativas para coleta de
dados natildeo documentados sobre determinado tema ldquoEacute uma teacutecnica de interaccedilatildeo
social [] em que uma das partes busca obter dados e outra se apresenta como
fonte de informaccedilatildeordquo (GERHARDT SILVEIRA 2009)
O pesquisador organiza um conjunto de questotildees (roteiros) sobre o tema que estaacute sendo estudado mas permite e agraves vezes ateacute incentiva que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vatildeo surgindo como desdobramentos do tema principal (GERHARDT SILVEIRA 2009)
Para Duarte (2002 p 143) ldquonuma metodologia de base qualitativa o nuacutemero
de sujeitos que viratildeo a compor o quadro das entrevistas dificilmente pode ser
determinado a piorirdquo Ou seja tudo vai estar relacionado com a qualidade das
informaccedilotildees obtidas a partir de cada entrevista sempre levando em consideraccedilatildeo a
profundidade e o grau de recorrecircncia e divergecircncia das informaccedilotildees Enquanto
estiverem aparecendo ldquodadosrdquo originais ou pistas que possam indicar novas
perspectivas aacute investigaccedilatildeo em curso as entrevistas precisam continuar sendo feitas
(DUARTE 2002 p 144)
17
Portanto a pesquisa estaacute estruturada em quatro capiacutetulos sendo que no
primeiro capiacutetulo falar-se-aacute sobre as abordagens ligadas a agricultura camponesa e
agricultura familiar com intuito de apresentar algumas das visotildees de cada
paradigma para que no decorrer do trabalho possa ser feito uma avaliaccedilatildeo dessas
abordagens na produccedilatildeo fumageira como tambeacutem expor o conceito de territoacuterio e
territorialidade que derivam desses paradigmas
No capiacutetulo seguinte visando compreender os fatores que proporcionaram ao
paiacutes se tornar referecircncia no setor fumageiro realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica
da origem do fumo e a sua consequente inserccedilatildeo em uma escala comercial O
estudo desses elementos foi fundamental para entender os motivos que contribuiacuteram
para a inserccedilatildeo da produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Tambeacutem pelo
fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo
de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral
dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura
familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo
do agronegoacutecio
Na sequecircncia o capiacutetulo III mostra os processos de ocupaccedilatildeo do municiacutepio
de Prudentoacutepolis e a consequente inserccedilatildeo da produccedilatildeo fumageira nas unidades de
produccedilatildeo familiar Nesse sentido como o trabalho vem abordando a existecircncia de
uma agricultura familiar heterogecircnea buscou-se conhecer o perfil dos agricultores
familiar do municiacutepio atraveacutes da caracterizaccedilatildeo dessas famiacutelias tendo como escopo
as fontes secundaacuterias do IBGE
No capiacutetulo IV satildeo apresentados os dados do trabalho de campo que foi
realizado com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela empresa
Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Os dados
de campo que retratam a realidade dos entrevistados juntamente com dados
secundaacuterios tecircm por finalidade contribuir na avaliaccedilatildeo dos paradigmas da
camponesa e da agricultura familiar com base no setor fumageiro
Por fim satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais do trabalho seguindo nas
avaliaccedilotildees das abordagens paradigmaacuteticas agrave luz do estudo de caso dos fumicultores
entrevistados mostrando que os agricultores familiares entrevistados buscam
18
atraveacutes de suas condiccedilotildees de tecnologias estrutura fundiaacuteria e matildeo de obra se
inserir em setores mais competitivos visando agrave maximizaccedilatildeo dos lucros
A realizaccedilatildeo dessa pesquisa eacute pertinente pelo fato de mostrar que os
fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de commoditie atraveacutes de uma cadeia
produtiva competitiva levando em consideraccedilatildeo as condiccedilotildees do produtor e
conforme os dados de campo eacute notoacuterio que os entrevistados atraveacutes da renda do
fumo conseguiram adquirir bens capitais de grande importacircncia como a compra de
terra lotes na cidade de carro trator maquinaacuterios agriacutecolas e casa Bens esses que
muitas vezes natildeo conseguiriam adquirir se produzissem somente culturas
tradicionais do municiacutepio como eacute o caso do feijatildeo e milho pelo fato da pequena
quantidade de terras que possuem Dessa forma eacute certo que os agricultores
familiares entrevistados da mesma forma que os agricultores patronais buscam
maximizar seus lucros uma vez que os dados de campo mostram que os
fumicultores tecircm pretensotildees de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou
seja agem no mercado como pequenos capitalistas
19
CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS
Sabe-se que nas ciecircncias sociais existem diferentes concepccedilotildees teoacutericas para
a compreensatildeo do desenvolvimento do capitalismo no campo destacando-se de
um lado o paradigma da Agricultura Camponesa (Questatildeo Agraacuteria) e de outro o
paradigma da Agricultura Familiar (Capitalismo Agraacuterio) Nesse sentido o presente
capiacutetulo expotildee algumas das abordagens ligadas ao paradigma da agricultura
camponesa e das abordagens ligadas agrave agricultura familiar como objetivo de
identificar o conceito de TerritoacuterioTerritorialidade derivados desses paradigmas A
finalidade de entender as correntes de pensamento paradigmaacutetico permitiraacute entatildeo
avaliar essas abordagens agrave luz de um estudo de caso sobre a fumicultura no
municiacutepio de PrudentoacutepolisPR
11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA
As muacuteltiplas formas de interpretaccedilatildeo da questatildeo agraacuteria no espaccedilo rural e
consequentemente do paradigma camponecircs tecircm como principal referecircncia as teorias
marxistas seja as de autores como Lecircnin (1982) e Kautsky (1998) que defenderam
a tese do desaparecimento da classe camponesa e a consequente emergecircncia de
duas classes distintas - a burguesa e a proletaacuteria - como produto da industrializaccedilatildeo
da agricultura seja a de autores como Chayanov (1974) Oliveira (1987) e
Fernandes (1996) entre outros que satildeo contraacuterios agrave teoria sobre a tendecircncia agrave
proletarizaccedilatildeo do campesinato e que defendem a permanecircncia desta classe social
como resultado do processo desigual e contraditoacuterio de desenvolvimento
impulsionado pelo sistema capitalista
Nesse sentido para Fernandes (2008) os estudos feitos agrave luz do paradigma
camponecircs se caracterizam por analisar a luta de classes a conflitualidade e as
contradiccedilotildees inerentes agraves relaccedilotildees capitalistas e natildeo capitalistas de produccedilatildeo1 Um
tema importante nessa linha de pesquisa eacutea sujeiccedilatildeo da renda dos camponeses
perante as empresas que tecircm o monopoacutelio da produccedilatildeo de commodities agriacutecolas
como as agroinduacutestrias fumageiras
1 O campesinato eacute entendido como um sistema produtivo diferenciado do agronegoacutecio
20
Os seguidores do paradigma camponecircs como Fernandes (2013) entendem
que a industrializaccedilatildeo da agricultura resulta em um problema estrutural devido ao
desenvolvimento desigual e contraditoacuterio do capitalismo e que a uacutenica soluccedilatildeo estaacute
na superaccedilatildeo desse sistema pois a industrializaccedilatildeo da agricultura contribui para que
as unidades camponesas de produccedilatildeo se tornem mais vulneraacuteveis ao capital
Para Feliacutecio (2006) nesse paradigma natildeo haacute diferenccedilas entre agricultor
familiar e camponecircs pois ambos satildeo assim definidos por terem a famiacutelia e o trabalho
familiar por caracteriacutestica a qual natildeo objetiva a superaccedilatildeo do trabalho familiar O
termo camponecircs eacute tratado pelos teoacutericos do paradigma do capitalismo agraacuterio como
agricultores familiares nesse sentido
O produtor familiar que utiliza os recursos teacutecnicos e estaacute altamente integrado ao mercado natildeo eacute um camponecircs mas sim um agricultor familiar Desse modo pode-se afirmar que a agricultura camponesa eacute familiar mas nem toda a agricultura familiar eacute camponesa ou que todo camponecircs eacute agricultor familiar mas nem todo agricultor familiar eacute camponecircs (FERNANDES 2001)
Com relaccedilatildeo agrave inserccedilatildeo da agricultura familiar nas formas de produccedilatildeo
capitalistas no campo Thomaz Juacutenior (2008) considera que a loacutegica do capital impotildee
que o agricultor esteja preso agrave gestatildeo de uma empresa e natildeo mais da sua proacutepria
famiacutelia Poreacutem o autor defende que mesmo integrado a essa loacutegica de produccedilatildeo o
camponecircs busca alternativas para natildeo aderir totalmente agraves estruturas mercantis de
produccedilatildeo visando reestabelecer os princiacutepios de sociabilidade e produccedilatildeo para o
autoconsumo Nesse sentido para esse paradigma o camponecircs visa agrave
sobrevivecircncia mas se o capital apresenta uma proposta de parceria de lucros como
na integraccedilatildeo das empresas fumageiras o camponecircs aceita Subordina-se mas se
essa possibilidade de lucro acaba ele volta para a estrateacutegia primeira por natildeo
desejar desfazer-se da terra
Para Shanin (2008) o camponecircs corresponde a um ldquomodo de vidardquo que
envolve um conjunto de elementos como a diversidade nas formas de trabalhar com
a terra Teacutecnicas essas que satildeo passadas de pais para filhos possibilitando estreita
ligaccedilatildeo entre a terra e a famiacutelia uma vez que a famiacutelia eacute dona do proacuteprio trabalho
podendo escolher a melhor forma de fazecirc-lo Tambeacutem enfatiza a especificidade da
loacutegica econocircmica camponesa a qual produz visando a satisfaccedilatildeo das necessidades
21
da famiacutelia sendo capaz de se ajustar aos niacuteveis de remuneraccedilatildeo mais baixos em
momentos desfavoraacuteveis
Ploeg (2009) afirma que o camponecircs de hoje natildeo pode ser compreendido
como sinocircnimo de atraso e sim como um ldquocamponecircs modernordquo inserido na
realidade capitalista poreacutem carregando em seu cerne a condiccedilatildeo camponesa Por
condiccedilatildeo camponesa Ploeg (2009) entende a luta por autonomia e progresso como
uma forma de construccedilatildeo e reproduccedilatildeo de um meio de vida rural em um contexto
adverso caracterizado por relaccedilotildees de dependecircncia marginalizaccedilatildeo e privaccedilatildeo
Portanto para o autor supracitado o campesinato deve ser explicado a partir das
relaccedilotildees de contradiccedilotildeesconflitualidades existentes no espaccedilo rural
Fernandes (2000) ao falar sobre a formaccedilatildeo do campesinato afirma que
essa formaccedilatildeo natildeo acontece somente pela reproduccedilatildeo ampliada das contradiccedilotildees
do capitalismo mas tambeacutem atraveacutes da luta pela terra na qual tem enfrentado a
condiccedilatildeo loacutegica do capital Nesse sentido Ploeg (2009) menciona sobre a dualidade
entre a produccedilatildeo camponesa e a capitalista na qual
[] a agricultura camponesa eacute fortemente baseada no capital ecoloacutegico (especialmente a natureza viva) enquanto que a agricultura empresarial afasta-se progressivamente da natureza Insumos e outros fatores artificiais de crescimento substituem os recursos naturais o que significa que a agricultura estaacute sendo industrializada (PLOEG 2009 p17)
A expansatildeo do modo capitalista de produccedilatildeo (na sua reproduccedilatildeo ampliada do
capital) aleacutem de redefinir antigas relaccedilotildees subordinando-as agrave sua produccedilatildeo
engendra relaccedilotildees natildeo capitalistas iguais e contraditoriamente necessaacuterias agrave sua
reproduccedilatildeo (OLIVEIRA 2010) Nesse sentido para Paulino e Almeida (2010) a
reproduccedilatildeo do campesinato ldquodeve ser entendida a partir das diversas contradiccedilotildees
do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma contradiccedilatildeo e
natildeo de uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeordquo
No que diz respeito agrave produccedilatildeo de fumo para o paradigma camponecircs a
integraccedilatildeo agrave induacutestria fumageira significauma intervenccedilatildeo nos modos de produccedilatildeo
camponesa visando padroniza-los deixando o camponecircs com pouca autonomia para
determinar a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo
Para Fernandes (2008) o sistema de produccedilatildeo do agronegoacutecio eacute distinto do
sistema de produccedilatildeo da agricultura camponesa uma vez que o sistema agriacutecola
22
camponecircs tem por referecircncia a reproduccedilatildeo a biodiversidade e o trabalho familiar
natildeo objetivando o plantio de uma uacutenica cultura para o mercado como no modelo
agroexportador Poreacutem Fernandes (2008 p 166) afirma que como eacute o capital que
controla a tecnologia o conhecimento o mercado e as poliacuteticas agriacutecolas
subalterniza o camponecircs Ou seja para Fernandes o sistema agriacutecola camponecircs
natildeo eacute parte do agronegoacutecio
De acordo Paulino com (2012) os camponeses comparecem ao mundo do
trabalho como entidades familiares Dessa forma como eacute a famiacutelia que se prontifica
em produzir a mateacuteria prima para a induacutestria fumageira entatildeo natildeo se refere agrave venda
do trabalho camponecircs e sim da produccedilatildeo na qual estaacute contida o trabalho familiar o
qual exige um ritmo diferenciado
Roos (2015) salienta que no caso da produccedilatildeo fumageira realizada pelos
camponeses ldquoa racionalidade eacute movida pela necessidade de um espaccedilo que possa
servir a um conjunto de atividadesrdquonatildeo objetivando somente a valorizaccedilatildeo que os
galpotildees e as estufas de fumo possam gerar sobre a renda da terra
Nesse sentido as transformaccedilotildees no campo brasileiro relacionadas ao
processo de modernizaccedilatildeo da agricultura se assentam sobre uma estrutura
complexa compreendida pela integraccedilatildeo da agricultura e da induacutestria caracterizada
na maior parte por produzir produtos de exportaccedilatildeo como eacute o caso das induacutestrias
fumageiras aves e suiacutenos
Portanto para esse paradigma a conflitualidade eacute inerente ao processo de
formaccedilatildeo do capitalismo e do campesinato por causa da contradiccedilatildeo criada pela
destruiccedilatildeo criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo simultacircneas dessas relaccedilotildees sociais (FENANDES
2008) O camponecircs possui um sistema agriacutecola proacuteprio que natildeo faz parte do
agronegoacutecio e apresenta uma loacutegica de reproduccedilatildeo distinta todavia os camponeses
estatildeo subalternos agrave hegemonia daquele modelo de desenvolvimento econocircmico
(ROOS2015)
Roos (2015) ao analisar a obra de Chayanov2 afirma que o deslocamento de
membros da famiacutelia para outras atividades (venda de forccedila de trabalho) estaacute
assentado na satisfaccedilatildeo das necessidades e natildeo na maximizaccedilatildeo de lucros
2 CHAYANOV AV La organizaciacuteon de la unidad econoacutemica campesina Buenos Aries Nueva Visioacuten 1974
23
possiacuteveis (relaccedilotildees capitalistas) pois o principal objetivo das transaccedilotildees
econocircmicas camponesas eacute a reproduccedilatildeo do grupo social
Para Paulino (2003) a heterogeneidade no campo estaacute marcada por dois
tipos de propriedade privada de um lado a propriedade capitalista e de outro a
propriedade camponesa Na propriedade capitalista a terra eacute um objeto de negoacutecio
pelo fato de haver exploraccedilatildeo do trabalho alheio ao passo que a propriedade
camponesa constitui-se em terra de trabalho natildeo tendo como intuito a acumulaccedilatildeo
de capital e sim a sobrevivecircncia familiar Nesse sentido para a autora a dualidade
entre terra de negoacutecios e terra de trabalho se explica com base no caraacuteter
contraditoacuterio do desenvolvimento capitalista
Portanto o camponecircs ao incorporar elementos da loacutegica do agronegoacutecio
como ao plantar fumo e soja utilizando agrotoacutexicos adubos quiacutemicos entre outros
gastos relacionados ao plantio e colheita satildeo compreendidos no paradigma
camponecircs a partir do capital sujeitando e expropriando a renda camponesa e
consequentemente deixando o agricultor mais vulneraacutevel
12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR
No Brasil os estudos e debates sobre a categoria da agricultura familiar
ganharam forccedila a partir do fim da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990
quando essa categoria tem maior representatividade no cenaacuterio socioeconocircmico
brasileiro Inuacutemeros conceitos e caracterizaccedilotildees foram criados para tentar explicar
os indiviacuteduos pertencentes a esse grupo Nesse sentido para Anjos (2003) a
agricultura familiar brasileira se estrutura
ldquocomo uma nova categoria poliacutetica portadora de uma consideraacutevel fonte de legitimidade social que simultaneamente representa os interesses dos pequenos produtores rurais das famiacutelias assentadas dos arrendataacuterios dos agricultores familiares integrados aos complexos agroindustriais e de outros atores sociais do campo brasileirordquo (ANJOS 2003 p 245)
No decorrer da deacutecada de 1990 os estudos voltados para o universo da
agricultura familiare que se destacam na literatura estatildeo em Veiga (1991)
Abramovay (1992) Lamarche (1998) entre outros Esses estudos aleacutem de
trazerem um panorama geral sobre a agricultura familiar daqueles anos tambeacutem
mostraram que as formas familiares de agricultura natildeo eram e nem satildeo
24
homogecircneas poreacutem satildeo importantes para promover o desenvolvimento econocircmico
no Brasil
Abramovay (1992) foi o primeiro no Brasil que distinguiu campesinato de
agricultor familiar afirmando que o agricultor familiar eacute oriundo do camponecircs poreacutem
apresenta distintas formas de organizaccedilatildeo do trabalho tendo como pretensatildeo
inserir-se ao mercado Tambeacutem ao se referir agrave regiatildeo Sul do Brasil o autor afirma
queldquoos agricultores familiares integram-se plenamente a estruturas nacionais de
mercado transformam natildeo soacute sua base teacutecnica mas sobretudo o ciacuterculo social em
que se reproduzem e metamorfoseiam-se numa nova categoria social de
camponeses tornam-se agricultores profissionaisrdquo (ABRAMOVAY 1992 p 126-
127)
Abramovay (1992) Veiga (1991) e Lamarche (1998) entendem que a
agricultura familiar eacute uma categoria que manteacutem a loacutegica familiar de produccedilatildeo
poreacutem estaacute ligada agrave loacutegica capitalista de integraccedilatildeo aos mercados Nesse sentidoo
autor da corrente marxista Claus Germer (1996) alerta para o problema de
conceituar a agricultura familiar em oposiccedilatildeo agrave agricultura patronal o qual favorece
sem sentido a noccedilatildeo de embate entre esses modos de produccedilatildeo
Pensadores da corrente teoacuterica que discutem a agricultura familiar como por
exemplo Valente (2008) Diniz Filho (2011) e Navarro (2014) entre outros natildeo
costumam fazer uma oposiccedilatildeo radical entre a agricultura familiar e o agronegoacutecio
tal como se observa no paradigma camponecircs pelo fato que de alguma forma os
agricultores familiares fazem parte do agronegoacutecio Nesse sentido apontam que a
agricultura familiar brasileira eacute heterogecircnea e necessita ser trabalhada com
tipologias como por exemplo nos estudos organizados por Lamarche (1998) e pela
caracterizaccedilatildeo da agricultura familiar por grupos A B C e D realizados a partir do
estudo ldquoNovo retrato da agricultura familiar brasileira (2000)rdquo Esses estudos
mostram que existem muitas formas de agricultores familiares que se aproximam
bastante do padratildeo do agronegoacutecio Portanto para esse paradigma natildeo haacute
incompatibilidade ou conflitos radicais dos agricultores familiares em relaccedilatildeo ao
capital visto que estatildeo inseridos no mercado
Lamarche (1998) identificou quatro modelos aproximados para distinguir os
tipos de agricultores familiares a partir do tipo e grau de dependecircncia financeira de
mercado e da tecnologia para produccedilatildeo Os quatro modelos consistem em Modelo
empresa caracteriza as unidades produtivas que possuem grande dependecircncia
25
tecnoloacutegica financeira e comercial dependente de matildeo de obra assalariada
(temporaacuteria ou permanente) natildeo possuindo grande apego agrave propriedade (terra)
Modelo empresa familiar satildeo dependentes dos sistemas tecnoloacutegicos financeiros e
de mercado a matildeo de obra eacute familiar tendo por objetivo a reproduccedilatildeo familiar a
partir da terra Modelo agricultura camponesa e de subsistecircncia eacute caracterizada
pelo grande envolvimento da famiacutelia na unidade produtiva pouco dependente de
tecnologias e mercados externos visando satisfazer as necessidades familiares
com pouca produccedilatildeo para comercializar aleacutem de preservarem os patrimocircnios com
intuito de sobrevivecircncia da famiacutelia E por fim o modelo agricultura moderna que eacute
um modelo de agricultura competitiva que estaacute em constante diminuiccedilatildeo das
relaccedilotildees familiares de produccedilatildeo buscando autonomia teacutecnica financeira e de
mercado
Tambeacutem no sentido de entender as caracteriacutesticas do puacuteblico que fazia parte
do rural brasileiro o estudo realizado pela FAOINCRA no ano de 1994 separou os
agricultores entre familiares e patronais sendo que o grupo dos familiares ganhou
outras trecircs subdivisotildees Agricultores Familiares Consolidados que remete aos
agricultores familiares jaacute integrados ao mercado Agricultores familiares em
transiccedilatildeo ou seja aqueles em processo de integraccedilatildeo aos mercados e Agricultores
Familiares Perifeacutericos caracteriacutesticos daqueles com poucas possibilidades de
integraccedilatildeo aos mercados Poreacutem conforme Bittencourt e Peraci (2010) esse
agrupamento da categoria familiar foi utilizado soacute ateacute 1999 quando ganhou outra
classificaccedilatildeo agora a partir de quatro subdivisotildees dos grupos familiares A B C e D
A tipificaccedilatildeo das unidades familiares em quatro grupos eacute produto do estudo
realizado com base nos dados do Censo Agropecuaacuterio de 1996 e coordenado por
Carlos Enrique Guanziroli (FAO) e Silvia Elizabeth Cardin (INCRA) no ano de 2000
intitulado ldquoO novo retrato da agricultura familiar O Brasil redescobertordquoque
objetivou fazer uma nova tipificaccedilatildeo das unidades familiares localizadas no territoacuterio
brasileiro Esse agrupamento foi definido pela Resoluccedilatildeo 2629 de agosto de 1999
a qual foi adotada para que as regras de financiamento fossem mais adequadas agrave
realidade de cada segmento social (Schneider Czala Matei 2004 p 26)
Da mesma forma que os estudos feitos por Lamarche (1998) os resultados
dos trabalhos realizados pela FAOINCRA afirmam que a agricultura brasileira
apresenta uma grande diversidade em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo dos produtores agrave aptidatildeo
da terra agrave disponibilidade de infraestrutura etc natildeo apenas entre as regiotildees mas
26
tambeacutem dentro de cada regiatildeo (Guanziroli Cardin 2000) Esses autores insistem
na importacircncia de aprofundar o conhecimento dessas realidades do espaccedilo rural
com o intuito de incorporar de forma efetiva esses conhecimentos ao planejamento
de poliacuteticas puacuteblicas
Como o presente estudo objetiva a identificaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo dos
produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis atraveacutes da tipologia dos grupos
familiares eacute fundamental detalhar as caracteriacutesticas de cada grupo3 Agricultores
Familiares tipo A considerados como os mais capitalizados e muito integrados ao
mercado Agricultores Familiares tipo B que estatildeo em vias de capitalizaccedilatildeo e
integrados ao mercado Agricultores Familiares tipo C que se apresentam em vias
de descapitalizaccedilatildeo e pouco integrados aos mercados e os Agricultores Familiares
tipo D sendo compreendidos como descapitalizados
Essas delimitaccedilotildees estabelecidas entre a agricultura familiar e a patronal
como tambeacutem na diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os proacuteprios agricultores
familiares proporcionou a identificaccedilatildeo dos distintos graus de desenvolvimento e
das distintas loacutegicas adotadas para a reproduccedilatildeo familiar
Para esse paradigma o agricultor familiar natildeo eacute um camponecircs mas sim um
empresaacuterio capitalista de pequeno porte inserido no mercado e que busca
maximizar a sua produccedilatildeo mas como eacute de pequeno porte ainda natildeo se
desvinculou totalmente do processo produtivo necessitando da matildeo de obra familiar
para o desenvolvimento das atividades a qual eacute caracteriacutestica das unidades
familiares No caso da produccedilatildeo de fumo conforme se veraacute com detalhes adiante o
pequeno capitalista estaacute presente em todo o processo desde o plantio ateacute a venda
da produccedilatildeo
Schneider (2006) menciona a falta de compreensatildeo dos modos familiares e
sua inserccedilatildeo nos mercados capitalistas uma vez que se deixam enredar no debate
sobre um suposto dualismo entre o agronegoacutecio e agricultura familiar como se os
3Considera-se que a tipologia elaborada pela FAOINCRA (2000) busca estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares dando-se em funccedilatildeo do custo de oportunidade do trabalho dado esse obtido atraveacutes do valor da diaacuteria regional mais 20 Tambeacutem o universo familiar foi delimitado atraveacutes das variaacuteveis em que a direccedilatildeo dos trabalhos do estabelecimento era exercida pelo produtor o trabalho familiar era superior ao trabalho contratado e por fim a aacuterea regional que varia de 4 ateacute 15 moacutedulos fiscais
27
envolvidos natildeo estivessem interessados em um mesmo processo ou seja da
produccedilatildeo e do consumo Nessa mesma linha de pensamento Veiga (2004) afirma
que ldquoo agronegoacutecio no Brasil natildeo eacute soacute uma atividade de grandes produtores e que
natildeo haacute oposiccedilatildeo com agricultura familiarrdquo uma vez que a agricultura familiar
sustenta um dos ramos mais bem sucedidos do agronegoacutecio como as cadeias
produtivas de exportaccedilatildeo de frango suiacutenos e tambeacutem com grande expressividade
a cadeia do fumo
O agronegoacutecio eacute composto fundamentalmente por agricultores familiares Eles conseguiram se firmar em setores extremamente modernos como a produccedilatildeo de aves suiacutenos fumo produtos esses ligados a mercados internacionais (ABRAMOVAY 2003 p 7)
De acordo com Valente (2008) vem sendo estabelecido o consenso de que
as atividades desenvolvidas ao longo da cadeia produtiva tanto patronais quanto
familiares satildeo complementares Nessa perspectiva menciona que faz-se necessaacuterio
um estudo do que aproxima e do que afasta aqueles que se inserem no agronegoacutecio
para assim ser possiacutevel pleitear distintas poliacuteticas agriacutecolas de acordo com os
interesses de casa categoria
Enquanto Fernandes (2001)Paulino (2003)Oliveira (2004) e Roos (2015)
defendem a oposiccedilatildeo do agronegoacutecio agrave agricultura familiar devido agraves
conflitualidades entre as classesSchneider (2006) Navarro (2007 2014) Valente
(2008) Diniz Filho (2011) e Jank (2006) consideram falso esse dualismo entre a
agricultura familiar e o agronegoacutecio uma vez que os agricultores buscam maximizar
seus lucros Nesse sentido afirma Jank (2006) que
O Brasil tem sido proacutedigo em produzir falsas dicotomias como a ideia do agronegoacutecio contra a pequena agricultura a agricultura patronal contra a agricultura familiar ou grandes produtores contra os sem-terra [] caso uacutenico no mundo o Brasil tem dois ministeacuterios da agricultura vivendo uma guerra surda por atenccedilatildeo e recursos um cuidando de mecanismos tradicionais de poliacuteticas agriacutecolas e o outro da reforma agraacuteria e da agricultura familiar (JANK 2006 P a2)
13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS
28
O estudo do territoacuterio vem sendo constituiacutedo em uma tradiccedilatildeo do pensamento
geograacutefico nos uacuteltimos 100 anos (VALVERDE 2004) Instintivamente o seu conceito
remota agrave ideia de lugar espaccedilo de residecircncia ou local onde se desenrolaratildeo as
muacuteltiplas relaccedilotildees entre os agentes sejam sociais ou econocircmicos (MARIANI
ARRUDA 2010)
Nesse ponto de vista Fernandes (2008) cita que a globalizaccedilatildeo e a hegemonia
das poliacuteticas neoliberais provocaram a emergecircncia do conceito de territoacuterio em duas
direccedilotildees De um lado os estudos sobre territoacuterios feitos agrave luz do paradigma
camponecircs e de outro o estudo de territoacuterio a partir do paradigma da agricultura
familiar O territoacuterio para o paradigma camponecircs eacute explicado a partir da criacutetica aos
modelos de produccedilatildeo capitalista sendo que as anaacutelises satildeo feitas sob a oacutetica de
territoacuterio multidimensional entendido a partir das conflitualidades e contradiccedilotildees
entre as classes sociais
Jaacute o paradigma da agricultura familiar ao analisar o territoacuterio natildeo utiliza os
procedimentos para estudar as conflitualidades e sim trabalha com o objetivo de
classificar as desigualdades sociais Nesse sentido o tema de estudo predominante
nesse paradigma eacute a reproduccedilatildeo das relaccedilotildees capitalistas ou seja a forma como os
agricultores buscam se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo sem que haja
uma conflitualidade entre classes ou territoacuterios No caso dos conflitos existentes no
campo para o paradigma da agricultura familiar deve-se trabalhar a partir do grau
que esses conflitos acontecem natildeo generalizando a partir de casos radicais de
conflitos entre os distintos territoacuterios No caso da fumicultura pode-se dizer que natildeo
satildeo identificados conflitos tatildeo radicais ao passo que na produccedilatildeo de subsistecircncia
esse acontecimento pode acontecer de forma diferenciada
Diversos satildeo os acontecimentos e agentes responsaacuteveis por instituir funccedilatildeo e
particularidades aos espaccedilos Como exemplos desses acontecimentos podem ser
citadas ldquoas atividades econocircmicas os empreendimentos das
multinacionaistransnacionais comunidades tiacutepicas como tambeacutem do poder puacuteblicordquo
(MARIANI ARRUDA 2010) os quais satildeo responsaacuteveis pela construccedilatildeo de
territoacuterios Haesbaert (2007) destaca a existecircncia de territoacuterios funcionais desde que
o territoacuterio apresente um papel de receptaacuteculos de atividades econocircmicas
possuindo muacuteltiplas funccedilotildees conforme seu interesse em atuar naquele territoacuterio
29
Fernandes (2008) adepto do paradigma camponecircs ao trabalhar os diferentes
territoacuterios destaca a importacircncia de analisar o territoacuterio atraveacutes da
multidimensionalidadeconflitualidade que satildeo concebidas atraveacutes de um conjunto
de conflitos inscritos nas relaccedilotildees indissociaacuteveis entre desenvolvimento e disputas
territoriais Para o autor a definiccedilatildeo de territoacuterio estaacute relacionada agrave existecircncia de
poder entre classes ao passo que a conflitualidade existe devido agraves disputas
territoriais entre o capital e o campesinato ou seja de distintos territoacuterios e
funcionalidades
Oliveira (2001) aponta que devido agraves forccedilas produtivas capitalistas ocorrerem
de maneira desigual e contraditoacuteria no territoacuterio em algumas circunstacircncias eacute mais
conveniente para o capital monopolizar o territoacuterio ao inveacutes de se territorializar ou
seja neste caso para o paradigma camponecircs o capital natildeo expropria o camponecircs
fumicultor poreacutem subordina esse agente social ao ditar as regras de produccedilatildeo como
tipos de sementes insumos quiacutemicos teacutecnicas de produccedilatildeo entre outros elementos
que estatildeo relacionados agrave produccedilatildeo Trata-se da territorializaccedilatildeo do capital
monopolista (OLIVEIRA 2001) o qual monopoliza a circulaccedilatildeo e domina os meios
de produccedilatildeo e a terra (ROOS 2015)
Nesse sentido no territoacuterio a accedilatildeo das empresas transnacionais como por
exemplo a Souza Cruz configuram o processo chamado por Oliveira (2005) e Roos
(2015) de ldquomonopolizaccedilatildeo do territoacuteriordquo uma vez que a empresa se instala em aacutereas
estrateacutegicas monopoliza o territoacuterio e firma acordos com os produtores familiares e
natildeo familiares que produzem fumo sendo entendidos entatildeo a partir da sujeiccedilatildeo da
renda da terra ao capital onde o produtor atraveacutes da integraccedilatildeo tem pouco poder
nas negociaccedilotildees
Para Fernandes (2008) a existecircncia de distintos territoacuterios entre o campesinato
e o agronegoacutecio eacute dada a partir das formas de organizaccedilatildeo espacial e de paisagens
geograacuteficas sendo o territoacuterio do agronegoacutecio caracterizado pela monocultura
desertificaccedilatildeo populacional produtivismo para exportaccedilatildeo grande escala e
homogeneidade ao passo que o territoacuterio camponecircs eacute representado pela
heterogeneidade da paisagem frequente povoamento policultura e produccedilatildeo
diversificada Por fim o territoacuterio monopolizado pelo agronegoacutecio se distingue pela
homogeneidade da paisagem geograacutefica e pela subalternidade e controle
tecnoloacutegico das commodities que se utilizam dos territoacuterios camponeses
30
(FERNANDES 2008) Portanto para os seguidores desse paradigma o capital
forma os seus territoacuterios atraveacutes da expansatildeo e controle de aacutereas em todas as
regiotildees subalternizando o camponecircs atraveacutes da integraccedilatildeo Sobre a monopolizaccedilatildeo
do territoacuterio Fernandes (2008) destaca que
Quando o tempo de trabalho eacute maior do que o de produccedilatildeo o capital age atraveacutes da monopolizaccedilatildeo do territoacuterio e da sujeiccedilatildeo da renda da terra Neste caso o campo continua povoado por camponeses ou pequenos ou meacutedios capitalistas que passam a produzir de acordo com o que lhes diz a induacutestria Eacute o caso por exemplo da laranja do fumo a avicultura e da suinocultura entre outros (FERNANDES 2008 p 196)
As anaacutelises voltadas ao paradigma camponecircs e que tratam dos assuntos
relacionados agrave produccedilatildeo de fumo como por exemplo o trabalho de Roos (2015)
afirmam que a subalternidade camponesa estaacute expressa na sujeiccedilatildeo da renda e na
monopolizaccedilatildeo do territoacuterioterritorialidade pelo capital uma vez que a
monopolizaccedilatildeo do territoacuterio pelo capital eacute entendida como territorialidade capitalista
no territoacuterio camponecircs Nesse sentido Roos (2015) compreende territorialidade
como o uso do territoacuterio ponderando que este eacute exclusivamente produzido por uma
relaccedilatildeo social que somente pode ser realizada pelo sujeito onde a territorialidade
pode ser camponesa ou capitalista
Nesse ponto de vista em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de fumo nas unidades
familiares o paradigma camponecircs compreende que as relaccedilotildees capitalistas
subordinam as relaccedilotildees camponesas e consequentemente o seu territoacuterio pelo fato
das bases teacutecnicas de produccedilatildeo estarem determinadas pelas multinacionais como
por exemplo atraveacutes dos contratos de compra de fumo de empresas com a Souza
Cruz
O territoacuterio eacute instituiacutedo por sujeitos e grupos sociais que se afirmam por meio dele Assim haacute sempre territoacuterio e territorialidade ou seja processos sociais de territorializaccedilatildeo Num mesmo territoacuterio haacute sempre muacuteltiplas territorialidades (PORTO-GONCcedilALVES 2006)
Roos (2015) destaca que mesmo onde as empresas fumageiras determinam
o padratildeo tecnoloacutegico (infraestrutura tipos de sementes insumos utilizados formas
de semeadura etc) natildeo tiram dos camponeses a autonomia sobre o seu trabalho o
tempo e as decisotildees Assim o autor afirma que o territoacuterio continua sendo de
domiacutenio dos camponeses poreacutem o capital exerce sua territorialidade subordinando a
renda camponesa na medida em que se incorporam agrave loacutegica capitalista
31
A territorialidade deriva de territoacuterio como produto das muacuteltiplas relaccedilotildees de
poder presentes e que estatildeo intrinsicamente relacionadas aos modelos de produccedilatildeo
podendo como destacado por Porto-Gonccedilalves (2006) e Fernandes (2008) coexistir
vaacuterias territorialidades em um mesmo territoacuterio
As territorialidades expressam as relaccedilotildees de poder que determinam as
configuraccedilotildees territoriais Elas contribuem para a identificaccedilatildeo de quem domina e de
quem eacute o dominado nos territoacuterios As territorialidades tambeacutem estatildeo expressas nas
paisagens de modo que seus componentes revelam as relaccedilotildees sociais poliacuteticas e
econocircmicas (FERNANDES 2010)
Fernandes (2008 2009) acrescenta que a disputa territorial entre o
campesinato e o agronegoacutecio pode acontecer por duas formas distintas pela
desterritorializaccedilatildeo e pelo controle das territorialidades por possuiacuterem relaccedilotildees
sociais distintas e modelos divergentes de produccedilatildeo os quais resultam em conflitos
Portanto ainda no que diz respeito ao paradigma camponecircs Paulino e
Almeida (2010) defendem a ideia de que embora o campesinato seja uma relaccedilatildeo
natildeo capitalista ldquosua reproduccedilatildeo deve ser entendida a partir das diversas
contradiccedilotildees do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma
contradiccedilatildeo e natildeo de uma articulaccedilatildeo de modos de produccedilatildeordquo Jaacute no paradigma da
agricultura familiar a inserccedilatildeo do agricultor nos mercados capitalistas natildeo eacute
compreendida pela conflitualidade entre territoacuterio camponecircs e do agronegoacutecio
sendo que ambos buscam maximizaccedilatildeo de sua produccedilatildeo
A partir do exposto eacute possiacutevel entender que os estudos feitos agrave luz do
paradigma da agricultura camponesa e que tratam de temas relacionados agrave
produccedilatildeo de fumo no Sul do Brasil afirmam a existecircncia de conflitos muitas vezes
ldquoveladosrdquo entre o territoacuterio dos fumicultores e a territorialidade corporativa das
empresas fumageiras
32
CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de
fumo Por esse fato o presente capiacutetulo tem como objetivo salientar os fatores que
proporcionaram ao paiacutes se tornar referecircncia nesse setor uma vez que a fumicultura
eacute desenvolvidaem sua maioriapela agricultura familiar (AFUBRA 2015) De
maneira cronoloacutegica realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica da origem do fumo e
sua consequente inserccedilatildeo em uma produccedilatildeo de escala comercial analisando o
cultivo o mercado e outros aspectos sejam das esferas produtiva social e
econocircmica visto que esses elementos satildeo fundamentais para entender os motivos
pelos quais contribuiacuteram para a inserccedilatildeo dessa produccedilatildeo no municiacutepio de
PrudentoacutepolisPR que seraacute tratado com mais detalhes no capiacutetulo III Tambeacutem pelo
fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo
de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral
dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura
familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo
do agronegoacutecio
21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
A partir do iniacutecio da deacutecada de 1990 o Brasil vem ocupando uma posiccedilatildeo de
destaque no mercado mundial do fumo pelo volume produzido e pela qualidade que
o produto possui
Ao analisar as origens4 dessa cultura as respostas satildeo um pouco distintas pois
existem possiacuteveis afirmaccedilotildees de que o fumo era consumido desde o seacuteculo IX no
continente Asiaacutetico Todavia Frozza (1998) afirma que o cultivo e uso das folhas
datam de mais de quatro mil anos e que ocorreram nas regiotildees da Ameacuterica do Norte
e Central onde hoje se situam o Meacutexico e a Guatemala Ainda de acordo com esse
autor satildeo os povos Maias que teriam iniciado o plantio dessa cultura
4 O tabaco tambeacutem chamado de fumo eacute uma erva do gecircnero das plantas solanaacuteceas cujas folhas depois de preparadas servem mais comumente para fumar cheirar ou mascar (SILVA 2012)
33
Nardi (1985) e Saffrin (1995) afirmam que o fumo tem suas origens nos vales
orientais dos Andes bolivianos e que chegou ao territoacuterio brasileiro atraveacutes das
migraccedilotildees dos iacutendios principalmente os iacutendios Tupi-Guarani Convergindo com
Nardi e Saffrin Souza Cruz (2011) afirma que o fumo eacute uma planta originaacuteria dos
Andes e que acompanhou as migraccedilotildees dos iacutendios por toda a Ameacuterica Central ateacute
chegar ao territoacuterio brasileiro
Os colonizadores portugueses atraveacutes dos povos indiacutegenas introduziram o haacutebito
do consumo de fumo (BOEIRA 2002) tendo acesso ao produto atraveacutes do
escambo Dessa forma satildeo criadas as primeiras legislaccedilotildees para regulamentar a
atividade fumageira como a Junta de Administraccedilatildeo do Tabaco de 1674 a qual
servia para orientar o comeacutercio das especiarias em Portugal e suas colocircnias e
institucionalizou o monopoacutelio portuguecircs sobre o produto Nesse contexto o tipo de
fumo produzido era o escuro de corda sendo que o mesmo era usado para fabricar
o rapeacute o cigarro e charutos (SILVA 2002)
No iniacutecio do seacuteculo XIX a produccedilatildeo em escala comercial ocupou aacutereas reduzidas e
concentradas entre o litoral dos atuais estados da Bahia (Recocircncavo Baiano) e
Recife proporcionando o abastecimento do mercado europeu Os fatores que
contribuiacuteram para a produccedilatildeo do fumo foram agrave existecircncia de matildeo de obra familiar e o
desejo de desenvolver a regiatildeo Para Silva (2002) a cultura do fumo ao contraacuterio da
cana-de-accediluacutecar que era plantada somente nos latifuacutendios foi e ainda eacute
desenvolvida pela sua maioria em pequenas propriedades
A produccedilatildeo se expandiu para os estados de Minas Gerais Goiaacutes Satildeo Paulo
e sobretudo para a regiatildeo Sul do Brasil regiatildeo essa colonizada por imigrantes
europeus que se dedicaram a atividade como eacute o caso do municiacutepio de
Prudentoacutepolis no Paranaacute
O fumo ldquoproduto antes principalmente destinado ao escambo de escravos na segunda metade do seacuteculo passou a encontrar mercado crescente na Europa A quantidade exportada aumentou 361 por cento entre os anos de quarenta e noventa e os preccedilos meacutedios subiram 41 por centordquo(FURTADO p47 1984apud Silva 2002 p 38)
De acordo com Silva (2002) na regiatildeo Sul do Brasilas primeiras plantaccedilotildees
de fumo iniciaram-se em 1824 na colocircnia de Satildeo LeopoldoRS a mesma colonizada
por imigrantes alematildees e em 1850 na colocircnia Santa CruzRS Nessa regiatildeo foram
34
cultivadas variedades de fumos claros como o chinecircs (conhecido atualmente como
amarelinho) e mais tarde o Virgiacutenia devido agrave melhor aceitaccedilatildeo no mercado externo
sendo usado para a fabricaccedilatildeo de cigarros
Como destaca Spies (2000) o principal fator para os imigrantes se dedicarem a
atividade fumageira foram as precaacuterias condiccedilotildees econocircmicas em que se
encontravam pois produziam somente os alimentos para sua subsistecircncia e o
excedente natildeo era suficiente para provecirc-los Dessa forma viram na produccedilatildeo de
fumo uma alternativa para a melhora da situaccedilatildeo financeira familiar Outras
caracteriacutesticas que devem ser levadas em consideraccedilatildeo uma vez que contribuiacuteram
para que os imigrantes se dedicassem a produccedilatildeo de fumo satildeo a estrutura fundiaacuteria
baseada em pequenos lotes de terras e a disponibilidade de matildeo de obra da proacutepria
famiacutelia
Conforme Souza Cruz (2011) outro marco relevante no setor fumageiro foi agrave
criaccedilatildeo da empresa Souza Cruz pelo imigrante portuguecircs Albino Souza Cruz no ano
de 1903 no estado do Rio de Janeiro colocando em funcionamento a primeira
maacutequina do Brasil a produzir cigarros jaacute enrolados em papel Poreacutem com a
necessidade de investir no ramo para acelerar o ritmo de crescimento em
1914Albino Souza Cruz transformou a companhia em uma sociedade anocircnima
passando o controle acionaacuterio ao grupo British American Tabacco (BAT) fato que
permitiu o crescimento da Souza Cruz (SOUZA CRUZ 2015)
A expansatildeo da produccedilatildeo de fumo ocasionou algumas fusotildees entre empresas
do setor Vogt (1994) menciona que os anos entre 1917 e 1993 satildeo caracterizados
por aglutinaccedilotildees e fusotildees das empresas de comeacutercio e beneficiamento do tabaco A
entrada do capital internacional acarretou mudanccedilas na dinacircmica econocircmica da
regiatildeo
Na cidade de Santa CruzRS encontra-se o maior polo fumicultor do Brasil e
conforme AFUBRA (2001) um fato marcante na mudanccedila da dinacircmica econocircmica
desse muniacutecipio e regiatildeo se deu em 1917 com a iniciativa da BAT de instalar a
primeira usina de processamento de fumo no paiacutes com o nome de ldquoThe Brazilian
Tabacco Corporationrdquo Sua razatildeo social foi alterada no ano de 1920 para Companhia
Brasileira de Fumo em Folha (CBFF) e finalmente em 1955 alterada para
Companhia de Cigarros Souza Cruz ndash Induacutestria e Comeacutercio (SILVA 2002) A
35
companhia foi fundamental para que o Brasil alcancasse ainda mais os mercados
mundiais atraveacutes de algumas melhorias proporcionadas por ela
Vogt (1994) destaca que a partir de 1924 a companhia de capital internacional
comeccedilou a investir e incentivar os fumicultores a utilizarem insumos quiacutemicos para
obter uma melhor produtividade e qualidade do fumo o que se refletia no mercado
de cigarros que cada vez ficava mais exigente O melhoramento geneacutetico das
sementes foi outro condicionante para que se obtivesse um aumento da
produtividade e qualidade do fumo
De acordo com Vogt (1994) o mercado fumageiro brasileiro teve uma boa
elevaccedilatildeo nas exportaccedilotildees com o fim da segunda Guerra Mundial jaacute que os paiacuteses
que ateacute entatildeo eram grandes produtores de cigarros se encontravam desorganizados
pelos conflitos poliacuteticos e econocircmicos Outro fator que contribuiu para a maior
demanda do fumo brasileiro foi uma grande estiagem que afetou os paiacuteses
produtores de fumo na safra de 19441945 ocasionando dessa forma um aumento
nos preccedilos pagos pelos mercados internacionais entre os anos de 1944 e 1946
estimulando assim o aumento da produccedilatildeo brasileira devido aos grandes ganhos
obtidos no mercado externo
Contudo houve um aumento da produccedilatildeo sem o proporcional aumento da
qualidade do fumo causando certa preocupaccedilatildeo na balanccedila comercial Para piorar a
situaccedilatildeo no final da deacutecada de 1940 Franccedila Espanha Beacutelgica Holanda e
Dinamarca que eram os principais importadores do tabaco brasileiro foram
contemplados com o Plano Marshall e passaram a adquirir o fumo norte-americano
jaacute que possuiacutea uma qualidade melhor ldquoDesse modo o Brasil natildeo estava conseguido
uma boa representatividade no mercado externordquo (VOGT p 102 1994)
Ao encontro das discussotildees de Vogt Seffrin (1995) afirma que os fumicultores
foram os principais prejudicados com essa superproduccedilatildeo ocorrida na deacutecada de
1950 os quais entregavam a produccedilatildeo a preccedilos piacutefios de maneira a natildeo incorrer em
prejuiacutezos ainda maiores Como por exemplo quando a entatildeo Companhia Brasileira
de Fumos em Folha que atualmente tem o nome de Souza Cruz abriu um comeacutercio
de compra livre de fumos escuros os quais tinham um valor de mercado bem abaixo
da meacutedia e os fumicultores da regiatildeo Sul do Brasil sem outras saiacutedas de mercado
acabaram vendendo o fumo claro (de valor maior) por preccedilo de fumos escuros
36
Com a queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo no cenaacuterio mundial a
quantidade da produccedilatildeo do fumo era limitada e a produccedilatildeo fumageira das deacutecadas
de 1950 e 1960 (tabela 1) era destinada na sua maioria para o mercado nacional
A elevaccedilatildeo desorganizada da produccedilatildeo fumageira gerou na regiatildeo nos anos de 50 e 60 grandes estoques de excedentes natildeo comercializaacuteveis O fumo abarrotava os armazeacutens das firmas e das cooperativas natildeo tendo o colono como despachar o seu cultivo (VOGT 1994)
Portanto a produccedilatildeo de fumo no Brasil eacute mais expressiva a partir da segunda
metade do seacuteculo XX sobretudo no poacutes-guerra quando a ampliaccedilatildeo das aacutereas de
produccedilatildeo veio associada ao aumento da qualidade e produtividade das lavouras
como tambeacutem da produccedilatildeo industrial dos cigarros
ANO PRODUCcedilAO T EXPORTACcedilAO T
1961 60408 10919 1963 82851 14522 1965 91159 14008 1967 112234 9289 1969 99804 13778 1971 97206 18556 1973 82030 20248 1975 97722 41277
QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA
Fonte VOGT 1994
Como pode ser visto as melhoras nas exportaccedilotildees comeccedilam somente na deacutecada de
1970 A deacutecada de 1960 foi marcada por poucas vendas para o mercado externo
natildeo chegando a exportar 15 da produccedilatildeo total Conforme Sefrin (1995) devido a
essa queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo para o exterior na deacutecada de
1960 os fumicultores encontravam-se em condiccedilotildees econocircmicas peacutessimas pois
aleacutem de ser um trabalho aacuterduo os lucros eram iacutenfimos natildeo conseguindo muitas
vezes fazer o pagamento do financiamento da produccedilatildeo aleacutem das safras serem
afetadas pelas intempeacuteries climaacuteticas encontrando-se cada vez mais
desamparados Como aponta Safrin (1995) os pagamentos muitas vezes eram feitos
no ano seguinte da venda e com preccedilos ainda reduzidos
Para que a produccedilatildeo brasileira do fumo pudesse voltar ao cenaacuterio internacional era
indispensaacutevel um salto qualitativo na produccedilatildeo do fumo fato que exigiria a injeccedilatildeo
de grande quantidade de capital na produccedilatildeo Conforme Vogt (1994) os
37
investimentos necessaacuterios para a melhoria da qualidade estavam relacionados agrave
aquisiccedilatildeo de sementes adubos pesticidas instrumentos agriacutecolas construccedilatildeo de
estufas bem como a assistecircncia teacutecnica constantemente presente na propriedade
do colono e a garantia da compra integral da produccedilatildeo sendo mais um fator que
impulsionou a Souza Cruz a investir nessa regiatildeo
De acordo com Silva (2002) para corroborar na soluccedilatildeo dos problemas
econocircmicos dos fumicultores surgiram movimentos de uniatildeo dos interesses dos
mesmos o que resultou na sugestatildeo para a criaccedilatildeo de uma associaccedilatildeo formal dos
fumicultores Sendo assim no dia 21 de marccedilo de 1955 na cidade de Santa Cruz do
SulRS foi criada a Associaccedilatildeo dos Plantadores de Fumo em Folha do Rio Grande
do Sul a qual em 1963 mudou sua razatildeo social para Associaccedilatildeo dos Fumicultores
do Brasil (AFUBRA) passando a abranger tambeacutem os estados de Santa Catarina e
Paranaacute (AFUBRA 2014) Dessa forma a entidade foi criada devido a dois fatores
principais a instabilidade do mercado e dos preccedilos do tabaco e a inexistecircncia de
auxiacutelio econocircmico contra danos por granizo nas lavouras
Com a injeccedilatildeo de capital para a melhoria na produccedilatildeo do fumo e com a
criaccedilatildeo da AFUBRA os fumicultores encontravam-se mais confiantes pelo fato de
estarem obtendo melhores rendimentos Apesar desse desequiliacutebrio nas
exportaccedilotildees pelo qual o mercado fumageiro passou nas deacutecadas de 1950 e 1960
Spies (2000) destaca que a induacutestria do fumo jaacute era a mais importante da regiatildeo de
Santa Cruz no Rio Grande do Sul entre os anos de 1952 e 1965 pois no ano de
1924 os produtos de subsistecircncia representavam 70 da produccedilatildeo e na deacutecada de
1950 esse valor caiu para 413 do total da produccedilatildeo agriacutecola regional
Conforme destaca Vogt (1994) o final da deacutecada de 1960 e com maior
intensidade nas deacutecadas de 1970 e 1980 a fumicultura brasileira volta a ter um
aumento significativo em termos de aacuterea produzida e exportaccedilatildeo da produccedilatildeo devido
principalmente agrave abertura do mercado internacional para os fumos brasileiros mas
tambeacutem agrave adoccedilatildeo de poliacuteticas favoraacuteveis agrave instalaccedilatildeo de agroinduacutestrias no paiacutes
resultando na consolidaccedilatildeo dos complexos agroindustriais
Na deacutecada de 1970 e 1980 era notaacutevel o progresso do setor fumageiro na
regiatildeo Sul do Brasil Esse fato refletiu nas exportaccedilotildees pois a quantidade do fumo
em folha exportado pelo Brasil daacute um salto de 55 mil toneladas exportadas no ano
38
de 1965 para 170 mil toneladas no ano de 1985 dando assim a configuraccedilatildeo da
atual estrutura fumageira do Brasil
Com a consolidaccedilatildeo do Complexo Agroindustrial Brasileiro ou seja da
integraccedilatildeo entre a agricultura e a induacutestria o setor fumageiro ganhou grande
impulso e os estados de Santa Catarina e Paranaacute tambeacutem receberam consideraacuteveis
incentivos para se especializar na produccedilatildeo Foi nesse periacuteodo que a produccedilatildeo em
maior escala atingiu o municiacutepio de PrudentoacutepolisPR e um nuacutemero maior de famiacutelias
aderiu a esse cultivo
Durante a deacutecada de 70 consolidou-se a atual estrutura fumageira existente no Brasil meridional [] ao mesmo tempo os cultivos nos estados de Santa Catarina e Paranaacute foram intensificados pelas corporaccedilotildees que introduziram o tabaco em novas aacutereas para responder a demanda internacional (VOGT 1994)
Dessa forma a proliferaccedilatildeo das lavouras de fumo acontece
concomitantemente nos trecircs estados da regiatildeo Sul do Brasil e estes se destacam
pela qualidade do fumo que produzem Silva (2002) aponta que a chegada de outras
empresas multinacionais com intenccedilatildeo de expandir-se impulsionou o processo de
organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do fumo incentivando a especializaccedilatildeo dos envolvidos nas
atividades
Em Santa Catarina e no Paranaacute o cultivo de fumo de estufa de caraacuteter
comercial daacute-se a partir da empresa Souza Cruz a partir da deacutecada de 1960 a qual
oferecia o sistema integrado de produccedilatildeo Ou seja os fumicultores plantariam o
fumo a Souza Cruz entraria com o financiamento da produccedilatildeo (fornecimento da
estufa de insumos e assistecircncia teacutecnica) e no final da safra o fumicultor fazia o
pagamento para a empresa com sua proacutepria produccedilatildeo No Paranaacute a Souza Cruz
inseriu primeiramente a produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Irati (principal polo
fumageiro do Paranaacute onde se localiza o municiacutepio de Prudentoacutepolis)
A partir da deacutecada de 1980 a produccedilatildeo vem aumentando Vogt (1994) expotildee
que a regiatildeo Sul do paiacutes aumentou sua produccedilatildeo em aproximadamente 60 entre
as safras de 198788 e 19921993 dando um salto de 350 mil para 560 mil
toneladas
39
TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL
SAFRA AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS
KG ha R$Kg
1995 200830 348000 132680 1733 155
2000 257660 359040 134850 2092 200
2005 439220 842990 198040 1919 433
2006 417420 769660 193310 1844 415
2007 360910 758660 182650 2102 425
2008 348720 713870 180520 2047 541
2009 374060 744280 186580 1990 590
2010 370830 691870 185160 1866 635
2011 372930 832830 186810 2233 493
2012 324610 727510 165170 2241 630
2013 313675 712750 159595 2272 745
2014 323700 731390 162410 2259 728
Fonte AFUBRA2015
A safra de 2005 mostra novamente um aumento significativo na produccedilatildeo
total Sul brasileira chegando a 842990 toneladas anuais (tabela 1) De 2005 para
caacute a produccedilatildeo oscilou entre 842990 e 691870 toneladas anuais (conforme a
demanda do mercado) com um leve decreacutescimo nos uacuteltimos trecircs anos
A produtividade do fumo aumentou na deacutecada de 2000 devido agrave introduccedilatildeo de
novas teacutecnicas que permitiram a diminuiccedilatildeo do uso de matildeo de obra Na safra de
1995 a produtividade meacutedia foi de 1733 kgha aumentando consideravelmente
para a uacuteltima safra a qual chegou a 2259 Kgha Nos anos de 2005 e 2006
percebe-se um aumento na quantidade de famiacutelias envolvidas na atividade quadro
esse invertido no ano de 2007 ocorrendo queda no nuacutemero dessas famiacutelias
Apesar da diminuiccedilatildeo do nuacutemero das famiacutelias na atividade em geral a
produccedilatildeo natildeo eacute afetada o quase deve agrave modernizaccedilatildeo das estufas de secagem
que resultou na diminuiccedilatildeo da matildeo de obra favorecendo o aumento da produccedilatildeo
por parte das famiacutelias que permaneceram no setor Conforme um produtor
entrevistado durante o trabalho de campo desta pesquisa
40
Depois que modernizamos a nossa estufa no ano de 2005 conseguimos aumentar a produccedilatildeo e diminuir a matildeo de obra [] antes precisava de quatro pessoas para colheita e pelo menos mais 4 para fazer a costura das folhas de fumo no galpatildeo antes de colocar na estufa [] quando descarregava as folhas da estufa era preciso tirar todos os fios do fumo [] dava muito trabalho Com a modernizaccedilatildeo isso acabou [] o fumo que vem da lavoura vai direto para a estufa Precisamos soacute de pessoas para colher e carregar direto na estufa O trabalho eacute mais leve nos dias de hoje com esse tipo de estufa (FUMICULTOR DA LINHA RIO PRETO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)
Sei que o fumo por si soacute jaacute eacute um veneno mas usamos os equipamentos de proteccedilatildeo que eacute seguro Hoje usamos agrotoacutexicos porque daacute menos serviccedilo e sai mais barato que pagar pra carpir [] soacute por isso mesmo[] Quando produzia morangos usava mais veneno ainda [] sabemos que o veneno natildeo faz bem nem pra noacutes nem para a natureza mas natildeo temos outras opccedilotildees (FUMICULTOR DA LINHA DEZEMBRO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)
Diniz Filho (2011) tambeacutem ressalta que especificamente no caso das
tecnologias de produccedilatildeo agriacutecola a opccedilatildeo dos agricultores familiares pelo uso de
maacutequinas e produtos quiacutemicos eacute estimulada pelo interesse de eliminar certos tipos
de trabalho braccedilal muito penosos Nesse sentidodiscorda-se do paradigma
camponecircs pelo fato de opor o agricultor familiar ao agronegoacutecio afirmando que o
primeiro prima por praacuteticas mais sustentaacuteveis com objetivo de reproduzir somente o
modo de vida ao passo que o agronegoacutecio tenderia a usar tecnologias mais
danosas para o meio ambiente por estar preocupado apenas com lucratividade
Com relaccedilatildeo agrave venda do fumo o preccedilo do quilo varia a cada ano e a
sistemaacutetica para que se estabeleccedila o valor da safra entre os fumicultores e a
induacutestria fumageira incide em acordos com as entidades representativas dos
produtores como a Afubra Associaccedilotildees Federaccedilatildeo e o Sinditabaco que representa
as induacutestrias (DERALSEAB 2014) Apoacutes as negociaccedilotildees e a assinatura do
protocolo eacute que se estabelecem os preccedilos para as variadas qualidades do fumo
Nesse sentido o preccedilo do quilo do fumo eacute regulado conforme a oferta e demanda do
produtopelo mercado expressando adequadamente o valor marginal muitas vezes
pago aos produtores Dessa forma discorda-se de Roos (2015) quando afirma que
os fumicultores estatildeo subordinados pelas empresas fumageiras por terem pouca
representatividade na hora de fixar o preccedilo do quilo do fumo
Conforme AFUBRA (2015) para o fumo Virgiacutenia que eacute uma variedade dos
fumos de coloraccedilatildeo clara satildeo estabelecidas 41 variedades de classificaccedilatildeo sendo a
variedade mais bem paga a BO1 que valia 922 reais o quilo na safra de 20142015
41
e a variedade de menor valor o ST (farelos do fumo) tabelado a 054reais por quilo
Jaacute para o fumo Burley que eacute uma variedade dos fumos de coloraccedilatildeo escura satildeo
estabelecidas 30 diferentes variedades A mais bem paga eacute a B1 que equivale a
811 para cada quilo e a variedade menos valorizada eacute a G (farelos do fumo) que
vale 060 reais por quilo Quando o fumo eacute vendido para a empresa sempre eacute feito
uma meacutedia de toda venda e como revelam os dados da tabela 2 a meacutedia do quilo
pago para os produtores na safra de 201415 foi de 728 reais por quilo
Atualmente a regiatildeo Sul do Brasil se destaca pela maior produccedilatildeo de fumo
do paiacutes participando com 981 do total produzido Os trecircs estados sulinos satildeo
responsaacuteveis por colocar o paiacutes como o segundo maior produtor ena primeira
posiccedilatildeo no quesito exportaccedilatildeo mundial
TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO
ESTADOS AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)
PARTPRODUCcedilAtildeO ()
Rio Grande do Sul
204000 412000 2020 481
Santa Catarina 120000 258000 2150 301
Paranaacute 76000 171000 2250 200
Alagoas 9000 11000 1222 13
Bahia 3000 3000 1000 03
Outros 2000 2000 1000 02
Brasil 414000 857000 2070 100
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) 2014
A produccedilatildeo do fumo e a atuaccedilatildeo das empresas desse setor se datildeo de forma
mais intensa nos paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso do Brasil devido agrave
disponibilidade de matildeo de obra barata facilidade das multinacionais se instalarem
atraveacutes dos incentivos fiscais inexistecircncia de leis ambientaisriacutegidas e por ser a
atividade que gera mais renda se comparada a outras culturas produzidas em
pequena escala
42
TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013
PRODUCcedilAtildeO haacute PRODUCcedilAtildeO KG
VALOR R$
Animal x 1362412180 2565555940 26
Vegetal 1515650 2487306782 2077480 21
Tabaco 309350 705570000 5383773200 54
Total 1825000 4555288952 10026810100 100
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014
A partir dos dados apresentados pode-se destacar que a produccedilatildeo de fumo
na regiatildeo Sul do Brasil eacute responsaacutevel pela maior renda de muitos agricultores
familiares jaacute que os estados possuem uma grande quantidade de pequenas
propriedades e que dependem da produccedilatildeo do fumo para sua reproduccedilatildeo
econocircmica
Ahrens (2008) afirma que a produccedilatildeo mundial estaacute migrando dos paiacuteses
desenvolvidos para os paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso dos Estados
Unidos que apesar de aparecer como um dos principais produtores de fumo teve
sua produccedilatildeo prejudicada devido aos altos custos de cultivo e agrave escassez de matildeo de
obra
TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012
PAIacuteSES PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
PROCESSADO (t)
CONSUMO (t)
ESTOQUE EXPORTACcedilAtildeO (t)
IMPORTACcedilAtildeO (t)
1 China 2160000 256205 553960 0 538960
2 Brasil 670820 86060 112580 651190 12320
3 Iacutendia 576740 465510 134240 271060 200930
4 Estados Unidos
212020 441720 1580130 153130 420440
5 Indoneacutesia 191260 147940 134830 50270 27440
43
6 Turquia 152190 106240 34620 98200 60430
7 Zimbabwe 127190 3990 229930 43520 80
8 Argentina 103790 29950 364650 36100 1630
9 Paquistatildeo 74910 76300 91570 5390 10390
10 Malavi 71320 1290 166580 91500 890
93 Outros 1533150 1850430 3055200 608630 725480
103 Total 5873390 5771480 6468290 2008990 2008990
Fonte AFUBRA 2014
Apesar de a China ser a maior produtora mundial de fumo acaba consumindo
toda essa produccedilatildeo e na safra de 20112012 ainda importou 538960 toneladas
para suprir sua demanda interna Jaacute o Brasil que estaacute na 2ordm posiccedilatildeo de produccedilatildeo
mundial de fumo destina a maior parte da sua produccedilatildeo para o mercado externo Na
safra de 2013 88 da produccedilatildeo se dirigiu ao mercado externo (quadro 2) ficando
no paiacutes apenas 12 da produccedilatildeo para a fabricaccedilatildeo de cigarros cigarrilhas e
charutos Conforme DERALSEAB (2013) das 627000 toneladas exportadas em
2013 a regiatildeo Sul contribuiu com 624000 toneladas representando o equivalente
de 955 das exportaccedilotildees brasileiras
O quadro 2 mostra que apesar de a maior quantidade do fumo produzido no
Brasil se dirigir para o mercado externo os maiores faturamentos estatildeo relacionados
ao fumo consumido no proacuteprio paiacutes atingindo um lucro total maior que as
exportaccedilotildees O fato de as exportaccedilotildees renderem menos lucros que o fumo
consumido no proacuteprio paiacutes se daacute deve ao fato de o fumo exportado natildeo passar por
processamentos de agregaccedilatildeo de valor(exportaccedilatildeo de folhas e talos) Enquanto
isso toda a produccedilatildeo consumida no paiacutes tanto os fumos claros como os escuros
passa por vaacuterios processamentos de agregaccedilatildeo de valor ateacute obter os cigarros
cigarrilhas e charutos prontos para consumo
A distribuiccedilatildeo da renda bruta do setor fumageiro (quadro 2) estaacute dividida
entre tributosGoverno induacutestria produtor e varejista sendo que 459 dessa renda
eacute destinada ao governo O produtor fatura em torno de 205 do total da renda
faturamento esse que deve ser destinado para a compra dos insumos pagamento
do seguro da produccedilatildeo matildeo de obra desgastes com a terra implementos que usa
na produccedilatildeo gastos com a secagem das folhas do fumo aleacutem de prejuiacutezos que
podem vir a acontecer durante a produccedilatildeo
44
Jaacute os varejistas apesar de auferirem 6 do faturamento natildeo tecircm gastos tatildeo
altos comoos produtores Aleacutem do mais esse setor ganha na quantidade sendo que
existe um nuacutemero muito maior de fumicultores que de varejistas Isso tambeacutem
acontece com a induacutestria que tem seus ganhos principalmente no volume e na
agregaccedilatildeo de valor do produto
Pelos dados apresentados apresentados no quadro 2 pode-se concluir que o
maior beneficiado com o faturamento da produccedilatildeo de fumo eacute o setor puacuteblico atraveacutes
de impostros
QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL
ESPECIFICACcedilAtildeO
2012 2013
R$ Toneladas R$ Toneladas
Consumo Domeacutestico
1635750730000 88990 12 1765594334000 84350 12
Exportaccedilatildeo 645663700000 637780 88 722287181000 627230 88
TOTAL 2281414430000 726770 100 2487881515000 711580 100
DISTRIBUICcedilAtildeO DA RENDA BRUTA
Tributos Governos
1048025493000 459 1076394659000 433
Induacutestria 627838400000 275 720610862000 290
Produtor 467329600000 205 541693230000 217
Varejista 138220930700 61 149182764000 60
TOTAL 2281414430000 100 2487881515000 100
FONTE AFUBRA2013
De acordo com dados da DERALSEAB (2015) no ano de 2014 o fumo
brasileiro foi destinado para mais de cem paiacuteses abrangendo principalmente paiacuteses
da Uniatildeo Europeia (42) seguidos do Extremo Oriente (26) Ameacuterica do Norte
(13) Aacutefrica (7) Leste Europeu (7) e Ameacuterica Latina (5) Atualmente a
liderenccedila brasileira nas exportaccedilotildees se daacute devido agrave excelente qualidade do fumo agrave
regularidade da produccedilatildeo e agrave competitividade com os preccedilos dos demais paiacuteses
produtores
45
42
26
13
7
7
5
Uniatildeo Europeia
Oriente Meacutedio
Ameacuterica do Norte
Aacutefrica
Leste Europeu
Ameacuterica Latina
Paiacuteses importadores do fumo brasileiro
Fonte
DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014
Conforme DERAL (2014) no Paranaacute as lavouras com predomiacutenio de fumos
claros concentram-se nos nuacutecleos regionais de Irati Ponta Grossa Curitiba Uniatildeo
da Vitoacuteria e Guarapuava Jaacute em Francisco Beltratildeo Pato Branco Cascavel e Toledo
cultivam-se os fumos escuros
Na figura 1 estatildeo expostos os municiacutepios produtores de fumo e a meacutedia de
hectares que cada municiacutepio ocupa com essa culturaNota-se que a produccedilatildeo de
fumo no estado se concentra em sua maioria na regiatildeo Sudeste Centro-Sul
Sudoeste e Oeste
O municiacutepio de Prudentoacutepolis pertence ao nuacutecleo de Irati nuacutecleo esse que
ocupa o primeiro lugar no ranking de produccedilatildeo de fumos claros do estado conforme
a tabela 5
GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO
46
FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA Fonte IBGE 2014
TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute
Nuacutecleos regionais
Safra 20132014 Safra 20142015 Participaccedilatildeo
Aacuterea (ha) Produccedilatildeo(t) Aacuterea (ha) Produccedilatildeo (t) ()
Irati 19300 43425 19500 43875 244
Ponta Grossa 17562 42605 18862 45268 251
Curitiba 13300 30493 13300 34580 12
Uniatildeo da Vitoacuteria
7500 15750 7600 15580 87
Guarapuava 5000 12400 4900 13230 73
Francisco Beltratildeo
4350 9904 4300 10320 57
Cascavel 3600 7556 3500 7453 41
Outros 4774 10711 4496 9907 55
Total 75386 172844 76308 180213 1000
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014
47
Na safra de 20122013 os municiacutepios paranaenses que se destacaram no
volume de fumo produzido foram Satildeo Joatildeo do Triunfo Rio Azul Prudentoacutepolis
Ipiranga e Irati As 1813 famiacutelias que cultivam fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis
foram responsaacuteveis por produzir 10192 toneladas do produto
Para os municiacutepios de Satildeo Joatildeo do Triunfo e Rio Azul se comparados os
volumes produzidos (quadro 3) nota-se quea quantidade em toneladas natildeo
apresenta tanta diferenccedila entre ambos sendo 13458 toneladas em Satildeo Joatildeo do
Triunfo e 13268 toneladas em Rio Azul Poreacutem em relaccedilatildeo ao nuacutemero de famiacutelias
que trabalham na atividade fumageira em Rio Azul esse nuacutemero eacute bem maior que
em Satildeo Joatildeo do Triunfo Esse fatoeacute resultado da opccedilatildeo das famiacutelias de Rio Azul
porproduzirem menores quantidades de fumo por unidade familiar como tambeacutem
por intempeacuteries climaacuteticas (granizo ventos) que impediram de colher toda a
produccedilatildeo
PARANAacute PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTORES
Satildeo Joatildeo do Triunfo 13458 1968
Rio Azul 13268 2610
Prudentoacutepolis 10192 1813
Ipiranga 9323 1661
Irati 8539 1558
QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) AFUBRA 2014
22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL
De acordo com Sauer (2008) em 1996 a criaccedilatildeo do PRONAF (Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) trouxe avanccedilos poliacuteticos
voltados aos agricultores familiares permitindo o reconhecimento destes enquanto
categoria social epossibilitando o acesso ao creacutedito agriacutecola Creacutedito esse que
48
quando usado de maneira correta contribui significativamente para o aumento da
produccedilatildeo
Dentre os vaacuterios estudos que retratam a evoluccedilatildeo da agricultura familiar
brasileira nas uacuteltimas deacutecadas destaca-seldquoO Novo Retrato Da Agricultura Familiar
Brasileirardquo Nesse estudo os autores mencionam a importacircncia de refletir sobre o
espaccedilo rural tendo como escopo a sua diversidade pelo fato da existecircncia de
distintos tipos de agricultores familiares que possuem interesses e estrateacutegias
particulares de produccedilatildeo agropecuaacuteria Nesse sentido da mesma forma que existe
uma diversidade de agricultores familiares deveratildeo tambeacutem existir poliacuteticas
agriacutecolas e tipos de assistecircncia teacutecnica distinto para cada grupo com intuito desses
empregarem em sua produccedilatildeo tecnologias que possibilitam o seu fortalecimento e
expansatildeo diante dos mercados
Sobre a diversidade da agricultura familiar brasileira a tabela 6 mostra de que
forma satildeo distribuiacutedos os tipos familiares a renda monetaacuteria anual e qual a
porcentagem na participaccedilatildeo do valor bruto da agricultura familiar por grupo familiar
TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006
Grupos familiares Nuacutemero de agricultores familiares
segundo o tipo
Total VBP familiares
Renda Monetaacuteria
liacutequida anual em reais
A 452750 695 5323600
B 964140 157 372500
C 574961 47 149900
D 2560274 102 25500
Total 4551855 -
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
A partir dos dados sobre a caracterizaccedilatildeo dos grupos familiares nota-se que
o grupo com um contingente maior de agricultores familiares no ano de 2006 foi o
grupo D ou seja os descapitalizados Esses agricultores familiares de acordo com
Guanziroli et al (2012) estatildeo em sua maioria concentrados nas regiotildees Norte e
Nordeste do Brasil sendo os que menos empregam aparatos tecnoloacutegicos Desse
modo o autor afirma que o grau de especializaccedilatildeo e tecnificaccedilatildeo tem maior
49
influecircncia na geraccedilatildeo de renda do que a quantidade de terra possuiacuteda por cada
unidade familiar Sobre o grupo familiar D o estudo tambeacutem menciona que
[] entre os agricultores familiares do tipo D tambeacutem existem agricultores mais capitalizados os quais podem ter sido classificados neste grupo devido agrave frustraccedilatildeo de safra baixos preccedilos de seus produtos no mercado ou a realizaccedilatildeo de novos investimentos nos quais as receitas ainda natildeo estatildeo superando as despesas Esta afirmaccedilatildeo estaacute baseada na participaccedilatildeo percentual do creacutedito rural obtido e dos investimentos realizados por estabelecimentos deste tipo (FAOINCRA)
Os agricultores familiares dos grupos A e B considerados como capitalizados
e em vias de capitalizaccedilatildeo correspondem principalmente aos produtores familiares
da regiatildeo Sul do paiacutes O desempenho desses grupos se deve ao fato de estarem
inseridos em cadeias produtivas mais competitivas as quais trazem melhores
retornos econocircmicos
Guanziroli et al (2012) apontam que os produtores familiares do tipo A tecircm
uma renda anual elevada em parte porque na aacuterea rural podem se beneficiar da
produccedilatildeo para autoconsumo natildeo pagam aluguel e as taxas sobre o valor da aacutegua e
luz satildeo mais baixas se comparadas com a urbana Dessa forma o padratildeo de vida
desses agricultores eacute compatiacutevel com a da classe meacutedia urbana Entretanto existe
uma distacircncia muito grande entre os produtores do grupo A e os demais
Nesse sentido Guanziroli et al (2006) com base no estudo ldquoDez anos de
evoluccedilatildeo da agricultura familiar no Brasil (1996 e 2006)rdquo compararam os dados do
censo agropecuaacuterio de 1996 com o de 2006 a fim de dar respostas a algumas
inquietudes sobre a evoluccedilatildeo da agricultura familiar no dececircnio analisando o
processo de modernizaccedilatildeo da agricultura familiar por meio da evoluccedilatildeo de algumas
variaacuteveis (uso de maquinaacuterios insumos entre outras tecnologias) Dentre outros
resultados esse estudo mostrou que houve crescimento do nuacutemero de agricultores
familiares entre os censos o qual passou de 4139000 para 4551855 Ou seja em
1996 8517 do total dos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros eram
familiares e em 2006 essa porcentagem aumenta para 8796 do total
Os dados desse estudo tambeacutem mostraram que os agricultores familiares
pertencentes ao grupo A e quanto muito aos grupos A e B desempenham um papel
importante em termos econocircmicos Jaacute o grupo C e principalmente os agricultores
familiares do grupo D produzem tatildeo pouco que remetem aquela visatildeo do agricultor
50
familiar de subsistecircncia que comercializa pequenos excedentes econocircmicos em
mercados locais
O uso de tecnologias pelos agricultores familiares como maquinaacuterios e
insumos quiacutemicos contribuiu para o aumento da produccedilatildeo e da produtividade
acontecimento esse que possibilitou a ascensatildeo do universo familiar no cenaacuterio
agropecuaacuterio brasileiro com significativa importacircncia na produccedilatildeo tanto de gecircneros
alimentiacutecios de consumo nacional como tambeacutem de commodities de exportaccedilatildeo
caso a produccedilatildeo de fumo As tecnologias voltadas para a produccedilatildeo de fumo
referem-se a modernizaccedilatildeo das estufas de secagem das folhas de fumo de
sementes melhoradas geneticamente aleacutem dos insumos agriacutecolas
De acordo com Guanziroli et al (2006) as anaacutelises regionais sobre a
agricultura familiar brasileira para o ano de 2006 mostram que as regiotildees Norte
Nordeste e Sul apresentam maior participaccedilatildeo percentual de agricultores familiares
na produccedilatildeo regional em detrimento das regiotildees Centro-Oeste e Sudesteas quais
caracterizam-se pela maior expressividade da agricultura patronal
TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006
Regiatildeo 2006
Norte 6018
Nordeste 4738
Sudeste 2228
Sul 5443
Centro-Oeste 1453
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
Outro dado importante trazido pelos autores supracitados estaacute relacionado ao
fator produtividade como se vecirc pela comparaccedilatildeo entre os agricultores familiares e
natildeo familiares por regiatildeo (tabela 8) Os agricultores familiares pelo fato de
possuiacuterem quantidades de terras menores tendem a ser mais produtivos que o
agricultor natildeo familiar Nesse sentido concorda-se com Navarro (2014) ao apontar
que a ampliaccedilatildeo no acesso de tecnologias agrave agricultura de menor porte econocircmico eacute
necessaacuteria para a permanecircncia desses produtores no rural
51
A produccedilatildeo de fumo da regiatildeo Sul do Brasil eacute um exemplo que retrata que a
agricultura familiar eacute mais eficiente no uso da matildeo de obra e da terra quando
comparada aos agricultores patronais A necessidade da intensificaccedilatildeo da matildeo de
obra familiar para aumentar a produccedilatildeo exemplifica bem o porquecirc da maior parte
empregada na agricultura estaacute no segmento familiar apesar desse segmento natildeo ser
predominante na produccedilatildeo agriacutecola brasileira Dessa maneira Abramovay (1992 p
209) afirma que ldquonatildeo haacute atividade econocircmica em que o trabalho e a gestatildeo
estruturam-se tatildeo fortemente em torno de viacutenculos de parentesco e onde a
participaccedilatildeo da matildeo de obra natildeo contratada seja tatildeo importante como na agricultura
familiarrdquo
TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006
Brasil e Regiotildees
Valor produzido por hectare (R$ de 2006)
Natildeo familiar Familiar
Norte 1113 2410
Nordeste 3783 3907
Sudeste 10546 7378
Sul 8373 13376
Centro-Oeste 2727 2851
Brasil 4617 5546
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
Atraveacutes da regionalizaccedilatildeo e do valor produzido por hectare percebe-se que
os agricultores familiares da regiatildeo Sul satildeo mais eficientes no valor produzido e
segundo Guanziroli et al (2012) a predominacircncia de agricultores familiares nas
cadeias produtivas como a fumicultura a avicultura e suinocultura favorece o
aumento da produtividade por aacuterea Eacute nesse sentido que pode-se afirmar natildeo existir
dicotomia ou oposiccedilatildeo entre a agricultura familiar e a patronal uma vez que a
competiccedilatildeo no mercado faz com que cada um desses segmentos tenda a
predominar nos setores em que apresenta capacidade para produzir com mais
eficiecircncia
Na regiatildeo Sudeste a alta tecnologia empregada pelos agricultores natildeo
familiares consegue superar a produtividade da agricultura familiar Jaacute nas regiotildees
Norte e Nordeste encontram-se os menores iacutendices de produtividade da agricultura
52
familiar brasileira fato relacionado a vaacuterios fatores principalmente os solos menos
produtivos clima cultivo de culturas que tecircm um retorno de investimento menor e
tambeacutem a menor disponibilidade de tecnologias assistecircncia teacutecnica e poliacuteticas
agriacutecolas capazes de inverter esse quadro
Aleacutem da representatividade bastante grande (956) da produccedilatildeo de fumo a
agricultura familiar brasileira tem participaccedilatildeo significativa na produccedilatildeo de gecircneros
alimentiacutecios como arroz feijatildeo e mandioca Tambeacutem contabiliza-se um nuacutemero
significativo de agricultores familiares envolvidos nas cadeias produtivas
caracteriacutesticas do agronegoacutecio como soja trigo e milho (tabela 9)
No caso dos produtos de origem animal (tabela 10) a participaccedilatildeo da
agricultura familiar tambeacutem eacute significativa ou seja concorda-se com Guanziroli et al
(2012) quando afirma que produzir alimentos como arroz feijatildeo ou mandioca natildeo
quer dizer necessariamente que esses produtores satildeo camponeses ou produtores
de subsistecircncia pois na grande maioria dos estabelecimentos produz-se totalmente
para o mercado ou seja seu objetivo natildeo eacute somente a subsistecircncia e sim vender a
produccedilatildeo
TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000
PRODUTO 2006
Arroz 3919
Cana-de-accediluacutecar 1024
Cebola 6959
Fumo 9567
Mandioca 9317
Milho 5190
Soja 2360
Trigo 3638
Feijatildeo 7659
Banana 6240
Cafeacute 2967
Laranja 2525
Uva 5363
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
53
TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006
TIPO DE PRODUCcedilAtildeO 2006
Pecuaacuteria de corte 1665
Pecuaacuteria de leite 6053
Suiacutenos 5245
Aves 3034
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
A produccedilatildeo de fumo na regiatildeo Sul do Brasil tambeacutem tem grande
expressividade no contingente de pessoal ocupado (PO) ou seja conforme
demonstrado na tabela abaixo 9 da PO agriacutecola de 2012 estava ocupada nessa
atividade De acordo com Maia e Sakamoto (2015) no Sul destacam-se aleacutem dos
ocupados no cultivo do fumo os ocupados no cultivo da soja (10 da PO agriacutecola)
que representavam em 2012 90 e 63 dos ocupados nos respectivos ramos de
atividade do conjunto da PO agriacutecola brasileira
Para esses autores a dinacircmica da PO agriacutecola brasileira foi influenciada pela
regiatildeo Nordeste que apesar de conter o contingente agriacutecola mais expressivo do
Paiacutes (44 do total da PO agriacutecola brasileira) passou por uma grande reduccedilatildeo de
28 da PO agriacutecola entre os anos de 2005 e 2012 Buainain et al (2013) apud Maia
Sakamoto (2014) destacam que esse processo de esvaziamento na regiatildeo
Nordeste estaria associado tanto agrave inviabilidade econocircmica do minifuacutendio quanto agraves
diferenccedilas de qualidade de vida e oportunidades de emprego entre os meios rural e
urbano
54
TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012
Grupos 2012
N (1000)
Criaccedilatildeo de bovinos e outros animais 402 188
Cultivo de hortaliccedilas legumes flores etc 305 143
Cultivo de Soja 207 97
Produccedilatildeo mista lavoura temporaacuteria e pecuaacuteria
197 92
Cultivo de milho 194 91
Cultivo de fumo 194 91
Outras atividades 632 297
Total 2131 100
Fonte Maia e Sakamoto 2014 Dados primaacuterios IBGE 2012
Com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos ocupantes em atividades agropecuaacuterias por
condiccedilatildeo de pobreza (tabela 12) nota-se que os ocupados pobres na produccedilatildeo de
fumo correspondem a 7 do total que eacute um percentual de pobres em geral menor
do que os encontrados em outras produccedilotildees como nas de mandioca (26) arroz
(29) milho (24) e horticultura (12)
As culturas da soja cafeacute cana-de-accediluacutecar e frutas satildeo as que tecircm menores
taxas de pobreza com valores respectivos de 24 45 46 e 63 A
proporccedilatildeo meacutedia brasileira para todos os ocupados em atividades agropecuaacuterias eacute
de 146
Desse modo pode-se dizer que as culturas tradicionais como arroz
mandioca e milho satildeo as que tecircm maiores taxas de pobreza Esse fato faz sentido
em Prudentoacutepolis pois na regiatildeo Norte do municiacutepio onde a produccedilatildeo de fumo natildeo
eacute realizada devido agraves caracteriacutesticas do clima e da topografia o niacutevel de
desenvolvimento eacute menor que na parte Central e Sul do municiacutepio Esse contraste
se revela natildeo somente pela comparaccedilatildeo entre culturas tradicionais e a produccedilatildeo de
fumo pois tambeacutem as outras culturas tendem a gerar menores taxas de pobreza
A produccedilatildeo de frutas eacute uma boa opccedilatildeo para a geraccedilatildeo de renda dos
agricultores familiares em geral pois apresenta uma taxa de pobreza bem menor
55
ainda que a do fumo Poreacutem para essa produccedilatildeo seria necessaacuteria a especializaccedilatildeo
e a tecnificaccedilatildeo desses agricultores realizadas a partir de poliacuteticas de incentivos a
tecnificaccedilatildeo e assistecircncia para agricultura familiar como apontado por Navarro
(2014) Ou seja a quantidade de tecnologia empregada de forma correta estaacute
intrinsecamente relacionada agrave renda do agricultor Sobre tecnologia para a
agricultura familiar Valente (2008) ressalta que ldquodeve-se compreender a tecnologia
natildeo como panaceacuteia mas conhecimento que estaria a exigir inovaccedilotildees institucionais
como poliacuteticas puacuteblicas parcerias e outras accedilotildees que a ele devem ser conjugadasrdquo
TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010)
Atividade Natildeo pobre Pobre Pobres () Total
Arroz 137325 56589 292 193914
Milho 389402 126624 245 516026
Algodatildeo 7322 579 73 7901
Cana-de-accediluacutecar 214497 10189 45 224686
Fumo 215365 16116 70 231481
Soja 96235 2387 24 98622
Mandioca 376239 132050 260 508288
Horticultura 522745 72322 122 595067
Frutas 236742 15808 63 252550
Cafeacute 552738 26757 46 579496
Cacau 67809 6670 90 74479
Pecuaacuteria 1611624 149626 85 1761250
Outros cultivos 4389749 942358 177 5332108
Outros agropecuaacuteria
1609597 226670 123 1836267
Total 10427388 1784746 146 12212134
Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010
Portanto os dados da tabela 12 mostram que realmente existem vaacuterias
culturas que geram uma taxa de pobreza bem menor que a cultura do fumo mas em
contrapartida existem aquelas que geram taxas de pobreza bem maiores Assim
pode-se dizer que os agricultores familiares que produzem fumo analisam os fatores
56
relacionados agrave matildeo de obra terra maquinaacuterios disponibilidade de capital
conhecimento teacutecnico e agrave lucratividade por atividade optando pela produccedilatildeo mais
rentaacutevel dentre aquelas para as quais possuem capacidade teacutecnica e financeira para
produzir
No quadro 4 podemos ver como ocorre a distribuiccedilatildeo das atividades
agropecuaacuterias entre os domiciacutelios rurais e urbanos Nesse sentido aproporccedilatildeo dos
ocupados em atividades agriacutecolas e que residem em aacutereas urbanas satildeo maiores em
cultivos como cana-de-accediluacutecar algodatildeo e frutas (607 516 e 451
respectivamente) ao passo que no cultivo do fumo cacau milho e arroz essas
proporccedilotildees satildeo bem menores (65 224 245 e 292)
Do ponto de vista da fixaccedilatildeo do homem no campo a cultura do fumo eacute mais
eficiente se comparadas com aquelas mais mecanizaacuteveis em que o contingente de
ocupados em atividades agriacutecolas eacute maior na aacuterea urbana O fato de a produccedilatildeo de
fumo ser pouco mecanizaacutevel no Brasil principalmente na colheita exige a matildeo de
obra familiar sem contar a necessidade da contrataccedilatildeo de matildeo de obra nos
periacuteodos de colheita do produto
Atividade Urbano Rural Urbano () Total Arroz 63133 130781 326 193914 Milho 114789 401228 222 516026 Algodatildeo 4075 3826 516 7901 Cana-de-accediluacutecar 136484 88202 607 224686 Fumo 15105 216376 65 231481 Soja 32958 65664 334 98622 Mandioca 86628 421660 170 508288 Horticultura 233989 361078 393 595067 Frutas 113813 138738 451 252550 Cafeacute 213751 365744 369 579496 Cacau 16683 57796 224 74479 Pecuaacuteria 466018 1295232 265 1761250 Outros cultivos 1625626 3706482 305 5332108 Outros agropecuaacuteria
889452 946815 484 1836267
QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010)
Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010
De acordo com Neder (2014) os municiacutepios brasileiros de maior porte
populacional se dedicam mais expressivamente agraves atividades de serviccedilos e induacutestria
57
(atividades natildeo agropecuaacuterias) ao passo que os municiacutepios com menor populaccedilatildeo
encontram-se mais relacionados agrave pecuaacuteria soja e fumo Dado esse que se
confirma no municiacutepio de Prudentoacutepolis como tambeacutem na grande parte dos
municiacutepios produtores de fumo da regiatildeo Sul do Brasil os quais satildeo caracterizados
pelo baixo contingente populacional sendo que um nuacutemero razoaacutevel deles tem
populaccedilatildeo predominantemente rural
A partir dos dados apresentados nota-se que a agricultura familiar brasileira
tambeacutem produz commodities para o mercado externo como nas cadeias de aves
suiacutenos soja e fumo Redefinindo assim a visatildeo dualista e superando o dilema entre
a agricultura para o mercado interno e a agricultura para exportaccedilatildeo (SILVEIRA
2014)
Portanto sabendo da inegaacutevel dualidade entre as formas de fazer agricultura
no rural brasileiro estando de um lado a agricultura patronal e do outro a agricultura
familiar concorda-se com Elesbatildeo (2007) quando afirma que natildeo tem fundamento
priorizar nem um segmento e nem outro dentro da agropecuaacuteria pois deve-se olhar
para o rural como um territoacuterio de diversidade onde haacute espaccedilo e necessidade para o
desenvolvimento tanto da produccedilatildeo de commoditiescomo tambeacutem para a
diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo na agricultura familiar tendo como escopo para as
pesquisas a heterogeneidade do segmento familiar
58
CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO
Este capiacutetulo tem por objetivo mostrar os processos de ocupaccedilatildeo do territoacuterio
de Prudentoacutepolis como tambeacutem os elementos que proporcionaram a inserccedilatildeo da
cultura do fumo nas unidades familiares a qual contribuiu para a reproduccedilatildeo
econocircmica desses produtores Nesse sentido a caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais
familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de fontes secundaacuterias como o IBGE eacute
fundamental para conhecer o perfil das unidades familiares
31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR
O municiacutepio de Prudentoacutepolis estaacute localizado na mesorregiatildeo Sudeste do
estado do Paranaacute (figura 2) sendo o terceiro municiacutepio paranaense com maior aacuterea
territorial Estaacute situado a latitude 25ordm 12rsquo 47rdquoS longitude 50ordm 58 40 W e na altitude
de 840 metros (IBGE 2010)
A partir de dados do censo demograacutefico (IBGE 2010) constata-se que
atualmente a maior parte da populaccedilatildeo Prudentopolitana reside na aacuterea rural ou
seja do total de 48793 habitantes 54 vivem na aacuterea rural e 46 na urbana
59
Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO Fonte IBGE (2010) Autor VILCZAK A (2015)
A ocupaccedilatildeo territorial do municiacutepio de Prudentoacutepolis se deu principalmente
atraveacutes da entrada de grande contingentes de imigrantes europeus No Paranaacute
entre os anos de 1829 e 1911 chegaram aproximadamente 83012 mil estrangeiros
de origem eslava (SENETRA 2014) os quais se dirigiram em sua maioria para os
arredores de Curitiba Prudentoacutepolis e Mallet
No municiacutepio de Prudentoacutepolis um contingente maior de imigrantes chegou
entre os anos de 1896 e 1897 Por esse fato atualmente cerca de 75 da
populaccedilatildeo satildeo descendentes de imigrantes ucranianos e em menor escala de
poloneses
Conforme Hauresko (2012) Prudentoacutepolis eacute uma das antigas colocircnias do
interior do Paranaacute instalada em 1895 no denominado distrito de Satildeo Joatildeo de
Capanema sendo a construccedilatildeo da estrada de rodagem Rio Grande do Sul ndash Satildeo
Paulo um dos fatores para a atraccedilatildeo desses imigrantes os quais foram inseridos
numa poliacutetica de instalaccedilatildeo de pequenas propriedades
Os lotes de terra eram recebidos pelos imigrantes e deveriam ser quitados na
medida em que prosperassem economicamente Esses lotes eram desmatados
pelos proacuteprios imigrantes onde construiacuteam casas provisoacuterias de madeira para
abrigar a famiacutelia como demonstra a figura 3
60
FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
Fonte Acervo do Museu do Milecircnio em PrudentoacutepolisPR
A colocircnia foi elevada a categoria de Vila no ano de 1906 pelo processo de
desmembramento do municiacutepio de Guarapuava No ano de 1929 foi elevada agrave
condiccedilatildeo de municiacutepio sendo constituiacutedo pelos distritos de Patos Velhos Jaciaba e
Prudentoacutepolis
No iniacutecio da colonizaccedilatildeo a semente de pinhatildeo era o principal alimento de
subsistecircncia para o imigrante De acordo com Zaroski (2001) os imigrantes colhiam
os pinhotildees e os transformavam em farinha e fubaacute atraveacutes dos moinhos caseiros e
assim substituiacuteam as farinhas de trigo e centeio Quando se instalaram
definitivamente em seus lotes esses imigrantes comeccedilaram a produzir as sementes
de trigo e centeio tambeacutem para a subsistecircncia
De acordo com Hauresko (2012) uma das primeiras atividades econocircmicas
significativas para as famiacutelias descendentes de imigrantes foi a extraccedilatildeo da erva-
mate jaacute que eacute uma planta nativa da regiatildeo
Uma das mais importantes induacutestrias do proacutespero municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute incontestavelmente a do matte que o municiacutepio produz abundantemente Fundada a colocircnia de Prudentoacutepolis composta na sua maioria de polonezes ruthenos e ukranianos coube a cada colono um lote de 5 a 10 alqueires de terras feacuterteis (BRASIL1929 p 28-29 citado por Hauresko 2012)
61
As pequenas glebas de terra que os imigrantes possuiacuteam rendiam a eles a
extraccedilatildeo da erva-mate como tambeacutem a produccedilatildeo de alimentos para autoconsumo e
mais tarde para a comercializaccedilatildeo Nessa continuidade os produtos agriacutecolas que
se destacam historicamente na participaccedilatildeo econocircmica do municiacutepio foram o cultivo
de feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata suiacutenos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de
gado (EMATER 2014) Poreacutem a renda gerada por essas culturas era iacutenfima de um
lado pela baixa produccedilatildeo que alcanccedilavam devido agrave ausecircncia naquele periacuteodo de
um pacote tecnoloacutegico que potencializasse a produccedilatildeo e de outro lado pela falta de
mercado para receber esses produtos
Diante disso a produccedilatildeo de fumo foi uma importante atividade geradora de
renda para a agricultura familiar principalmente a partir da deacutecada de 1970 Por
outro lado a inserccedilatildeo dessa cultura tambeacutem eacute resultado do papel que as empresas
fumageiras tiveram na regiatildeo Sul do Brasil Ou seja a produccedilatildeo se definiu e se
consolidou devido principalmente as empresas fumageiras em ir ateacute o fumicultor
devido a competitividade que o setor apresenta
Na primeira metade do seacuteculo XX muitas famiacutelias jaacute se dedicavam a produccedilatildeo
de fumo tanto de corda (consumo proacuteprio) como tambeacutem de folhas de fumo para
venda Produziam em pequenas quantidades pois todo o trabalho era manual
conforme relata o fumicultor
Eu lembro bem quando o meu avocirc fez a estufa para noacutes trabalhar com o fumo foi mais ou menos nos anos de 1960[] foi bom negoacutecio porque outra lavoura natildeo dava tanto lucro noacutes eacuteramos em bastante irmatildeos e todos ajudavam [] natildeo era faacutecil como hoje que temos trator estufa eleacutetrica Antes era tudo feito com os cavalos e a gente trabalhava muito de sol a sol (Fumicultor da Comunidade de Linha Dezembro entrevistado no dia 9 de junho de 2014) Antes de comeccedilar de plantar fumo noacutes produziacuteamos soacute para consumo o feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata porcos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de gado []Nossa situaccedilatildeo financeira era muito difiacutecil [] natildeo tinha uma renda certa passava muitas necessidades principalmente quando precisava para a sauacutede (Fumicultor da Comunidade de Linha Rio Preto entrevistado em junho de 2014)
No municiacutepio a produccedilatildeo de fumo teve grande procura a partir da metade do
seacuteculo XX Tambeacutem houve incentivos principalmente por parte da Souza Cruz uma
vez que a cultura se desenvolveu bem em algumas regiotildees
62
No ano de 2014 a Emater de Prudentoacutepolis registrou a existecircncia de 8100
famiacutelias de agricultores das quais 1813 o que corresponde a 22 estatildeo
envolvidas no sistema de produccedilatildeo integrada de fumos claros com as empresas
fumageiras que atuam no municiacutepio
A figura 4 mostra a concentraccedilatildeo na parte Sul e Central das 1813 famiacutelias
que produzem o fumo em Prudentoacutepolis Essa concentraccedilatildeo estaacute relacionada agrave
topografia e ao clima De acordo com Kraiczek e Antoneli (2012) na regiatildeo Norte do
municiacutepio a produccedilatildeo natildeo eacute realizada devido ao relevo declivoso (figura 5) improacuteprio
para algumas atividades agriacutecolas como tambeacutem pelo fato de as condiccedilotildees
climaacuteticas serem diferenciadas
FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES
FONTE AFUBRA ndash Mapa elaborado a partir das localidades onde se encontram os produtores Org Kraiczek 2014
63
FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
FonteSRTM ndash USGS-USA (2000) ORG Kurta M (2014)
De acordo com o exposto muitas famiacutelias da regiatildeo Norte do municiacutepio se
interessam pelo plantio de fumo principalmente pela geraccedilatildeo de renda e venda
garantida do produto poreacutem natildeo o produzem devido aos fatores limitantes
De acordo com Emater (2014) devido agraves limitaccedilotildees climaacuteticas e topograacuteficas
as culturas que prevalecem naquela regiatildeo satildeo o feijatildeo milho mandioca maracujaacute
uva e produtos de autoconsumo familiar Esses agricultores familiares sinalizam a
falta de opccedilatildeo de cultivo economicamente rentaacutevel bem como a necessidade da
melhoria nas estradas rurais as quais satildeo fundamentais para escoar a produccedilatildeo
A regiatildeo tambeacutem se caracteriza pelo menor niacutevel de mecanizaccedilatildeo da
produccedilatildeo quando comparada com as regiotildees Central e Sul necessitando de matildeo de
obra intensiva para a produccedilatildeo Extensas aacutereas de lavoura satildeo plantadas
manejadas e colhidas manualmente retratando assim a dificuldade do trabalho
nessa regiatildeo (figura 6)
64
FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR
Fonte Vilczak (2014)
A foto da esquerda mostra uma lavoura de feijatildeo que foi plantada agrave matildeo por
um agricultor familiar do Norte do municiacutepio (Comunidade da Linha Barra de Areia)
o agricultor retrata a dificuldade de trabalhar nessa regiatildeo A foto da direita retrata de
que forma se apresenta o relevo daquela regiatildeo
Conforme dados da Emater (2014) a ocupaccedilatildeo do solo no municiacutepio se daacute
pelas lavouras anuais e perenes matas nativas matas naturais de preservaccedilatildeo
permanente reflorestamentos e pastagens Segundo dados do Ipardes (2013) as
atividades agropecuaacuterias que se destacam atualmente na geraccedilatildeo de renda e no
nuacutemero de hectares ocupados por plantio em Prudentoacutepolis satildeo a produccedilatildeo de leite
bovino e o plantio de fumo soja milho feijatildeo preto e trigo Aleacutem dessas outras
atividades de significacircncia menor para a economia satildeo apresentados nos quadros 5
e 6
65
CULTURAS AacuteREA COLHIDA (ha)
PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)
VALOR (R$
100000)
Abacate 1 30 30000
Abacaxi (mil frutos)
1 11 11000 12
Alho 10 53 5300 265
Amendoim (em casca)
15 20 1333 32
Arroz (em casca)
540 1200 2222 926
Aveia (em gratildeo) 90 198 2200 99
Banana 1 9 9000 5
Batata-inglesa 130 3874 29808 3937
Cana-de-accediluacutecar 26 1325 50962 53
Cebola 60 840 14000 798
Centeio (em gratildeo)
90 135 1500 54
Feijatildeo 27300 33040 1210 70323
Fumo (folha) 4400 9701 2205 58206
Laranja 47 940 20000 544
Maracujaacute
106
530 5000 1007
Mandioca 365 8395 23000 2686
Milho 19870 107088 5389 45699
Pecircssego 13 52 4000 94
Soja 23310 73570 3156 68546
Tomate 5 205 50000 217
Trigo 4210 13472 3200 9508
Uva 28 205 7321 372
QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR
FONTE IBGE - Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013
66
PRODUTOS PRODUCcedilAtildeO VALOR (R$ 100000)
Latilde (Kg) 10930 109
Leite (mil litros) 8308 9965
Mel de abelha (Kg) 290000 2900
Ovos de galinha (mil dz) 245 662
QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
FONTE IPARDES 2015 (IBGE SAFRA DE 2013)
Dentre os setores econocircmicos responsaacuteveis pela formaccedilatildeo do PIB do
municiacutepio de Prudentoacutepolis destacam-se os setores de serviccedilos e a agropecuaacuteria
(quadro 7) Com relaccedilatildeo ao setor de serviccedilos o mesmo tambeacutem estaacute relacionado agraves
atividades agropecuaacuterias
O baixo percentual de participaccedilatildeo das induacutestrias no PIB do municiacutepio se
reflete na baixa agregaccedilatildeo de valor sobre os produtos principalmente nos de origem
animal e da fruticultura entre outros produtos que poderiam gerar mais renda para
os produtores se fossem beneficiados por eles proacuteprios
Setor Prudentoacutepolis Paranaacute
Mil R$ ()
Mil R$ ()
Agropecuaacuteria 115127 2791 12816893 675 Induacutestria 35579 863 46858018 2466 Serviccedilos 237699 5762 106694466 5616
Impostos produtos liacutequidos de subsidio
24099 584 23622577 1243
PIB a preccedilo corrente 412504 100 189991954 100 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR
IBGE 2012 Org Vilczak A 2015
De acordo com Emater (2014) existem no municiacutepio quatorze categorias de
agroinduacutestrias as quais satildeo consideradas de pequeno e meacutedio porte com destaque
para as agroinduacutestrias de embutidos e defumados erva-mate farinha de milho e
quirera Sabendo da importacircncia do setor agropecuaacuterio para a economia do
municiacutepio o graacutefico 2 mostra as atividades com maior geraccedilatildeo de renda
67
GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS
FONTE IBGE Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013 Org VILCZAK A (2014)
Se analisarmos somente a renda obtida por cada cultura notaremos que o
feijatildeo e a soja satildeo as que mais geram receita seguido do fumo milho trigo e arroz
Contudo ao analisarmos a receita e a aacuterea cultivada de cada lavoura notamos que a
produccedilatildeo de fumo eacute a mais rentaacutevel
A partir do graacutefico pode-se entender o porquecirc das famiacutelias permanecerem na
atividade fumageira Estas satildeo motivadas principalmente pela renda obtida aleacutem da
constataccedilatildeo a partir de trabalhos de campo de que a maioria dos fumicultores estatildeo
na atividade haacute muitos anos e que esta ocupaccedilatildeo eacute passada de uma geraccedilatildeo para
outra
Noacutes plantamos fumos haacute 15 anos e antes de eu e minha esposa casar eu plantava o fumo com meus pais e minha esposa com os pais dela e agora pegamos uma estufa para noacutes e continuamos na produccedilatildeo [] Jaacute sabemos bem como produzir um fumo de qualidade boa [] jaacute investimos em outras atividades mas natildeo deu lucro igual do fumo [] trecircs anos atraacutes fizemos financiamento para tanques de peixe investi 10 mil reais para fazer os tanques e comprar os alevinos e como noacutes natildeo tinha acompanhamento teacutecnico e muito menos experiecircncia em produzir peixe natildeo tivemos lucros Produzimos feijatildeo milho soja mas a maior renda vem do fumo (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Dezembro em maio de 2014)
926
70323
58206
45699
68546
9508
540
27300
4400
19870
23310
4210
0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000
Arroz
Feijatildeo
fumo
Milho
Soja
Trigo
Aacuterea Plantada (ha) Valor Produccedilatildeo (R$ 100000)
68
A produccedilatildeo de leite tambeacutem tem uma expressiva contribuiccedilatildeo para a
economia do municiacutepio pois nos uacuteltimos anos intensificou-se a dedicaccedilatildeo dos
agricultores familiares nessa atividade Dessa forma muitos dos fumicultores
tambeacutem produzem leite pelo fato de possuir mercado garantido e tambeacutem devido ao
pagamento do leite ser realizado mensalmente o que natildeo acontece com o fumo
Nas propriedades que combinam a produccedilatildeo de leite com a do fumo os agricultores
familiares usam a renda do leite para gastos mensais fixos da famiacutelia e a renda da
safra do fumo eacute investido na propriedade pois gera receitas mais altas
Agora com a renda do fumo e do leite as coisas se equilibraram que com o dinheiro do leite usamos para os gastos do mecircs e quando vendemos a safra do fumo investimos na propriedade jaacute fizemos casa de alvenaria cerca paiol novo galinheiro compramos trator carro [] a gente trabalha mais mas pelo menos natildeo passamos grandes necessidadade (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Visconde de Guarapuavaem maio de 2014)
De acordo com a EMATER (2014) nos uacuteltimos anos houve aumento do
nuacutemero de agricultores familiares que se dedicaram agrave produccedilatildeo de leite e aos
poucos abandonaram o cultivo do fumo A partir dos trabalhos de campo percebe-se
que muitas vezes os mais jovens pretendem investir na atividade leiteira fazer
cursos e se especializar no uso de tecnologias que permitam maior produtividade
dos animais ou seja casais mais novos que pretendem permanecer no campo
geralmente com niacutevel de escolaridade maior buscam ser mais competitivos como
por exemplo o depoimento de um casal que reside na Linha Visconde de
Guarapuava e de outro que reside na Linha Dezembro
Os nossos pais plantam fumo e quando casamos tambeacutem comeccedilamos a produzir fumo e leite e achamos que se noacutes se especializasse soacute na produccedilatildeo de leite a gente teria mais facilidade porque temos pouca terra (5 alqueires) [] agora temos 32 vacas de leite fora os terneiros e temos uma renda ateacute que razoaacutevel por mecircs (Agricultora familiar entrevistada5 na comunidade de Linha Visconde de Guarapuava)
Sempre plantei fumo mas como casei no ano passado eu e minha mulher decedimos plantar fumo somente nesse ano e no proacuteximo ano investir mais no leite que temos mais facilidade apesar de ter que trabalhar todos os dias de manhatilde e de tarde para tirar o leite e ainda durante o dia plantar os pastos [] no fumo natildeo precisa ficar o ano todo trabalhando mas mesmo assim vamos se especializar soacute com a produccedilatildeo de leite e outras lavouras (Fumicultor entrevistado na comunidade de Linha Dezembro)
5 A agricultora relata que atualmente soacute ajuda os pais com as atividades do fumo nos dias de colheita
69
Portanto nota-se que os mesmos usam da racionalidade econocircmica para
definir o que produzir natildeo buscando somente a sobrevivecircncia da famiacutelia e se
especializando nas atividades em que acreditam serem mais eficiente considerando
as caracteriacutesticas de suas propriedades Buscam assim melhorar de vida seguindo
uma racionalidade tipo capitalista
32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS
Como jaacute visto no item anterior o municiacutepio de Prudentoacutepolis sempre possuiu
uma base produtiva alicerccedilada estruturalmente no setor agropecuaacuterio e de acordo
com dados da Emater de Prudentoacutepolis (2014) o puacuteblico que faz parte do rural do
municiacutepio estaacute composto pela categoria Agricultura familiar constando um nuacutemero
de 8100 estabelecimentos Agricultura Patronal com 1750 estabelecimentos e por
40 famiacutelias Indiacutegenas aleacutem daqueles trabalhadores rurais contratados nos periacuteodos
de safra para desenvolver atividades no campo
Nota-se que em Prudentoacutepolis a categoria da agricultura familiar eacute
predominante em relaccedilatildeo agrave patronal Desse modo a caracterizaccedilatildeo dos produtores
rurais familiares a partir de conceitos e dados estatiacutesticos sistematizados para todo o
paiacutes se torna pertinente para que possamos estimar em quais grupos existe a maior
concentraccedilatildeo desses produtores familiares no municiacutepio e qual eacute a dinacircmica de
produccedilatildeo desses grupos A tipologia entre os agricultores familiares tem por objetivo
estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares devido
a sua heterogeneidade (FAOINCRA 2000) Sendo assim o grupo A refere-se
aquele produtor com renda total superior a trecircs vezes o valor da diaacuteria o grupo B ao
produtor com renda total superior a uma vez ateacute trecircs vezes o valor da diaacuteria no
grupo C estatildeo aqueles com renda total superior agrave metade ateacute uma vez o valor da
diaacuteria e por fim o grupo D com renda total igual ou inferior agrave metade do valor da
diaacuteria
A existecircncia de quatro grupos distintos dentro do universo familiar eacute resultante
de vaacuterios fatores como por exemplo a disponibilidade de terras agricultaacuteveis (como
aquelas localizadas na regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis) as tecnologias
empregadas pelas unidades familiares a forma de administraccedilatildeo da propriedade os
70
preccedilos e mercados aos quais a produccedilatildeo eacute destinada fatores climaacuteticos entre
outros Portanto os distintos tipos de produtores satildeo portadores de racionalidades
especificas e buscam se adaptar ao meio em que estatildeo inseridos
O universo agraacuterio eacute extremamente complexo seja em funccedilatildeo da grande diversidade da paisagem agraacuteria (meio fiacutesico ambiente variaacuteveis econocircmicas etc) seja em virtude da existecircncia de diferentes tipos de agricultores os quais tecircm interesses particulares estrateacutegias proacuteprias de sobrevivecircncia e de produccedilatildeo e que portanto respondem de maneira diferenciada a desafios e restriccedilotildees semelhantes (FAOINCRA 2000)
Os dados mais gerais que tratam de variaacuteveis da caracterizaccedilatildeo dos
agricultores familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis pertencem ao censo
agropecuaacuterio de 2006 momento aquele em que o universo da agricultura familiar era
composto por aproximadamente 7409 estabelecimentos sendo que no ano de
2014 a Emater do municiacutepio registrou um nuacutemero aproximado de 8100 agricultores
familiares um aumento de 691 estabelecimentos Esse aumento dos agricultores
familiares no dececircnio pode ser resultado da subdivisatildeo das propriedades jaacute
existentes
Dentre os quatro grupos familiares (Quadro 8) o maior nuacutemero de agricultores
familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis encontra-se no grupo D ou seja aqueles
agricultores familiares descapitalizados e com baixo niacutevel de integraccedilatildeo ao mercado
No grupo A considerado como capitalizado e com grande integraccedilatildeo aos mercados
existe um contingente menor de agricultores
Nuacutemero bastante significativo de produtores familiares estaacute representado pelo
grupo B grupo esse que estaacute em processo de capitalizaccedilatildeo e integrado ao mercado
Os agricultores familiares capitalizados e em processo de capitalizaccedilatildeo satildeo em
menores nuacutemeros que os descapitalizados e os em processo de descapitalizaccedilatildeo
71
Cidade Agricultura familiar por grupo
Nordm Absoluto de estabelecimentos por grupo
familiar
Prud
entoacute
polis
PR
Familiar ndash tipo A 783
Familiar ndash tipo B 2168
Familiar ndash tipo C 1387
Familiar ndash tipo D 3071
Total 7409
QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006
Fonte IBGE 2006
Conforme os dados do IBGE (2006) eacute importante ressaltar que em
Prudentoacutepolis o grupo A representa cerca de 10 do total de estabelecimentos
familiares o que eacute aproximadamente a mesma proporccedilatildeo verificada para o Brasil
onde haacute cerca de 460 mil produtores do grupo A num universo de pouco mais de 4
milhotildees de estabelecimentos familiares
Dentro do universo dos agricultores familiares de Prudentoacutepolis nota-se que a
grande maioria deles independentemente do tipo familiar possui terras proacuteprias
como demonstrado no quadro 9 O fato de a grande maioria possuir terras proacuteprias
estaacute relacionado ao loteamento feito no periacuteodo da colonizaccedilatildeo do municiacutepio sendo
que apesar de ter acontecido a venda e compra de algum desses lotes em termos
gerais a questatildeo do acesso agrave terras permanece inalterada entre os agricultores
familiares locais
72
Variaacutevel
Agricultura familiar por grupo
Nordm Absoluto de propriedades por grupo
no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR
Terras proacuteprias
Familiar ndash tipo A 700
Familiar ndash tipo B 2016
Familiar ndash tipo C 1338
Familiar ndash tipo D 2966
Total 7020
QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)
Com relaccedilatildeo aos tipos de cultivo nota-se pelo quadro 10 que os produtores
de fumo se concentram nos grupos A e B Ou seja do ponto de vista econocircmico a
produccedilatildeo tende a oferecer uma renda maior do que o milho e o feijatildeo por exemplo
visto que a maior concentraccedilatildeo desses agricultores familiares estaacute nos grupos C e D
A maior parte dos produtores de fumo tem um niacutevel alto de integraccedilatildeo com o
mercado quer dizer natildeo satildeo camponeses e sim pequenos capitalistas que visam
lucros mantendo-se competitivos com objetivo de crescimento econocircmico
QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)
Nesse sentido concorda-se com as abordagens ligadas ao capitalismo
agraacuterio segundo as quais a integraccedilatildeo dos fumicultores com as induacutestrias
Grupo familiar Fumo Feijatildeo Milho Soja Familiar ndash tipo A 520 493 540 109
Familiar ndash tipo B 798 1464 1484 110
Familiar ndash tipo C 128 1058 974 56
Familiar ndash tipo D 89 2125 1773 84
Agricultor natildeo familiar
19 76 93 44
Total de
estabelecimentos
1555
5216
4864
403
73
fumageiras oferece maiores oportunidades para capitalizaccedilatildeo ao passo que a
maioria daquelas famiacutelias que produzem feijatildeo e milho estaacute no grupo familiar em vias
de descapitalizaccedilatildeo e descapitalizados auferindo renda menor
Quando somados as colunas do quadro 10 vemos que o nuacutemero para cada
linha supera o total de estabelecimentos de cada categoria apresentados nos
quadros anteriores Isso mostra que haacute muitos fumicultores que natildeo se dedicam
apenas ao fumo mas tambeacutem ao feijatildeo milho e ou soja A partir dai pode-se
levantar a hipoacutetese de que muitos produtores do grupo A manteacutem pequenas
produccedilotildees de feijatildeo eou milho para autoconsumo Outra hipoacutetese eacute que haacute
produtores do grupo B que estatildeo tentando fazer a transiccedilatildeo das culturas de feijatildeo
eou milho para a cultura de fumo motivo pelo qual deram iniacutecio a produccedilatildeo deste
uacuteltimo sem abandonar os cultivos mais tradicionais
No municiacutepio tambeacutem existem dezenove agricultores natildeo familiares que
produzem fumo e usam da matildeo de obra contratada para cultivar a commoditie
devido agrave baixa mecanizaccedilatildeo disponiacutevel para esse tipo de lavouraDesse modo os
agricultores natildeo familiares tambeacutem tecircm interesse na rentabilidade por hectare e no
mercado garantido do fumo
A produccedilatildeo de soja tem uma expressividade na agricultura familiar com
destaque para os grupos A e B O milho e feijatildeo satildeo as culturas que predominam
nos grupos familiares
Para as variaacuteveis ligadas agrave modernizaccedilatildeo da agricultura foi contabilizado o
nuacutemero de tratores existente nas propriedades familiares como tambeacutem a utilizaccedilatildeo
de agrotoacutexicos entre esses grupos mediante dados do IBGE como apresentado no
quadro 11 Dos 7409 estabelecimentos familiares 1384 possuiacuteam trator no ano de
2006 ou seja 18
Nesse sentido pode-se dizer que no ano de 2006 um universo pequeno de
agricultores familiares possuiacutea trator No grupo A 34 dos agricultores tinham
tratores O grupo B foi o menos expressivo nessa variaacutevel com 12 de
estabelecimentos com trator seguidos de 15 no grupo C e de 20 no grupo D
74
Agricultura familiar por grupo de agricultores
Nuacutemero total de estabelecimentos familiares
Nuacutemero de estabelecimentos com tratores
de tratores por grupo familiar
Familiar ndash tipo A 783 269 34
Familiar ndash tipo B 2168 278 12
Familiar ndash tipo C 1387 209 15
Familiar ndash tipo D 3071 628 20
Total 7409 1384 18
QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES
Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015) O uso de agrotoacutexicos eacute feito por uma parcela expressiva de agricultores
familiares posto que 77 deles usam algum tipo desse produto Em termos
percentuais os agricultores familiares do grupo A satildeo os que mais usam seguidos
do grupo B com 82 grupo Ccom 75 epor fim o grupo D com 69 dos
agricultores que fazem uso desse insumo agriacutecola Assim vale notar que o uso de
agrotoacutexicos natildeo estaacute associado apenas agrave produccedilatildeo de fumo pois os grupos
familiares que produzem predominantemente feijatildeo e milho tambeacutem utilizam
produtos quiacutemicos intensamente Nesse sentido concorda-se com DINIZ FILHO
(2011) quando menciona que
[] a incorporaccedilatildeo de elementos econocircmicos e tecnoloacutegicos da agricultura patronal eacute uma estrateacutegia amplamente utilizada por agricultores familiares do mundo todo para se manterem competitivos no bojo da modernizaccedilatildeo agriacutecola embora frequentemente tal incorporaccedilatildeo fique incompleta devido agrave falta de capital para investimentos e das caracteriacutesticas de muitas propriedades familiares tais como pequena dimensatildeo ou relevo inclinado
75
Agricultura familiar por grupo de agricultores
Nuacutemero total de estabelecimentos familiares
Nuacutemero de estabelecimentos que usam agrotoacutexicos
de estab que usam agrotoacutexicos
Familiar ndash tipo A 783 734 93
Familiar ndash tipo B 2168 1794 82
Familiar ndash tipo C 1387 1048 75
Familiar ndash tipo D 3071 2108 69
Total 7409 5684 77
QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS
Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)
Os dados mostram que a agricultura familiar no municiacutepio de Prudentoacutepolis
tambeacutem se beneficia dos aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo da agricultura
concordando com Diniz Filho (2011) quando afirma ser notoacuterio que a monocultura a
mecanizaccedilatildeo e o uso de pesticidas e fertilizantes quiacutemicos satildeo amplamente
disseminados entre os produtores familiares Nesse sentido pode-se dizer que a
agricultura familiar da mesma forma que o agronegoacutecio estaacute preocupada
primeiramente com os lucros do que em usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis e que
busquem somente reproduzir o seu modo de vida
Portanto pode-se afirmar que a produccedilatildeo de fumo eacute considerada uma
atividade que permite renda razoaacutevel para o produtor uma vez que no municiacutepio de
Prudentoacutepolis esses agricultores familiares estatildeo concentrados no tipo familiar mais
capitalizado condizendo assim com os dados mais gerais sobre a agricultura
familiar brasileira apresentados no capiacutetulo anterior segundo os quais a cultura do
fumo gera menor niacutevel de pobreza que culturas alimentares voltadas para o
consumo popular e frequentemente associadas agrave produccedilatildeo de subsistecircncia
Finalmente vale notar que a pesquisa de campo realizada no acircmbito desta pesquisa
corroborou os resultados obtidos pela anaacutelise de dados estatiacutesticos de fontes
oficiais conforme se veraacute a seguir
76
CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO
Este capiacutetulo tem por objetivo expor os dados dos trabalhos de campo
realizados com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela
empresa Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis A
contrataccedilatildeo eacute feita atraveacutes do sistema de produccedilatildeo integrada no qual a empresa
garante a compra de toda a produccedilatildeo fornece assistecircncia teacutecnica aos contratados
define os padrotildees de fumo a serem produzidos de acordo com as demandas de
mercado bem como estipula os preccedilos do quilo de fumo junto ao sindicato dos
fumicultores do Brasil (SINDITABACO)
Na safra de 20142015 duzentos e noventa e cinco produtores familiares de
Prudentoacutepolis foram contratados pela Souza Cruz como fornecedores de fumo Para
dar suporte a esses fumicultores trabalham trecircs instrutores teacutecnicos cada qual
atuando na sua aacuterea de abrangecircncia acompanhando os mesmos associados desde
o iniacutecio ateacute o final da safra
A finalidade do instrutor teacutecnico eacute de prestar assistecircncia aos fumicultores em
todos os processos da produccedilatildeo do fumo como a definiccedilatildeo da quantidade de peacutes
de fumo que seraacute plantada a compra de insumos para produccedilatildeo a realizaccedilatildeo do
seguro da safra juntamente com a Afubra assistecircncia teacutecnica nos tratos culturais da
planta estabelecimento de estimativas de quilos de fumo que o produtor
comercializaraacute com a empresa acompanhamento na colheita secagem
classificaccedilatildeo e a venda do produto
O instrutor teacutecnico entrevistado expotildee que aleacutem da empresa Souza Cruz
outras cinco empresas6 do mesmo ramo atuam no municiacutepio com intuito de contratar
fumicultores atraveacutes do sistema integrado Menciona tambeacutem que natildeo existem
grandes conflitos concorrenciais entre essas empresas como jaacute existiu na deacutecada
de 1990 quando uma empresa fazia o maacuteximo para atrair maior quantidade de
associados Nos uacuteltimos anos cada empresa tem os seus produtores certos natildeo
6Universal Leaf Tabacos Ltda CTA ndash Continental Tobaccos Alliance One Exportadora de Fumo Ltda Premium Tabacos do Brasil SA e a A Japan Tabacco Inc (JTI)
77
existindo alto niacutevel de migraccedilatildeo desses entre as empresas uma vez que todas
trabalham no mesmo sistema e os preccedilos do quilo de fumo satildeo tabelados
A logiacutestica de transporte do fumo da residecircncia do produtor ateacute a usina de
beneficiamento da Souza Cruz eacute terceirizada sendo que no municiacutepio satildeo trecircs
transportadoras credenciadas pela empresa A proacutepria Souza Cruz natildeo possui
depoacutesitos de armazenamento de fumo em Prudentoacutepolis Desse modo as trecircs
transportadoras credenciadas satildeo responsaacuteveis por fazer o recolhimento da
produccedilatildeo direto do depoacutesito do produtor A transportadora coleta o fumo nas
propriedades dos fumicultores com um caminhatildeo de menor porte e no barracatildeo da
proacutepria transportadora eacute feito o transbordo para as carretas que seguem ateacute a usina
de beneficiamento
Como na assistecircncia teacutecnica cada transportadora tambeacutem tem uma regiatildeo de
abrangecircncia para recolher o fumo A produccedilatildeo que sai dos depoacutesitos dos produtores
jaacute estaacute 100 assegurada caso aconteccedila imprevistos com a viagem Apoacutes a
descarga do fumo na usina de beneficiamento a transportadora utiliza o mesmo
frete para trazer os insumos agriacutecolas para a proacutexima safra
Apesar de possuir uma usina de processamento de fumo no municiacutepio de Rio
Negro no Paranaacute a produccedilatildeo do municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute enviada para a usina
de BlumenauSC pois a usina de Rio Negro tem capacidade de atender somente agrave
produccedilatildeo da regiatildeo Oeste e Sudoeste paranaense e tambeacutem do ponto de vista
logiacutestico eacute mais viaacutevel enviar a produccedilatildeo de Prudentoacutepolis para Blumenau
A partir de dados da Afubra da Souza Cruz e dos dados de campo foi
construiacutedo um fluxograma para exemplificar as etapas em que o fumo produzido no
municiacutepio de Prudentoacutepolis passa ateacute chegar ao consumidor
78
FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
Fonte Souza Cruz e AFUBRA 2014
Org VILCZAK A 2015
41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES
As informaccedilotildees que seratildeo apresentadas a seguir dizem respeito a sessenta
famiacutelias entrevistadas e que satildeo contratadas pela empresa fumageira Souza Cruz
no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR
As famiacutelias entrevistadas residem em seis diferentes localidades do municiacutepio
de Prudentoacutepolis sendo elas Comunidade da Linha Dezembro Comunidade da
Linha Visconde de Guarapuava Comunidade da Linha Marcondes Comunidade da
Linha Barra Vermelha Comunidade da Linha Antocircnio Olinto e Comunidade da Linha
Tira Cisma (figura 8) Para localizar esses fumicultores os instrutores teacutecnicos da
Souza Cruz forneceram uma listagem de todos os produtores e de sua respectiva
localidade de residecircncia Cabe destacar que as entrevistas natildeo foram direcionadas e
nem realizadas com a presenccedila desses instrutores
79
FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS
A seleccedilatildeo das localidades foi feita levando-se em conta a maior concentraccedilatildeo
de produtores de fumo e a maior acessibilidade em relaccedilatildeo agrave aceitaccedilatildeo dos mesmos
em responderem os questionaacuterios
Para a realizaccedilatildeo das entrevistas fez-se necessaacuterio o auxiacutelio de um agente
comunitaacuterio que tinha maior contato com os fumicultores para que os mesmos
pudessem responder o questionaacuterio com maior seguranccedila Recorreu-se a esse
meacutetodo pelo fato de alguns fumicultores convidados a participar da entrevista natildeo
ficarem tranquilos suspeitando que se tratasse de uma pesquisa que natildeo favorecia
aos ideais deles uma vez que possuem ldquomedordquo de certas campanhas
governamentais que incentivam o fim do plantio do fumo
As primeiras entrevistas foram realizadas na Linha Dezembro Linha Visconde
de Guarapuava e Linha Marcondes sendo que as mesmas foram conduzidas
juntamente com a agente comunitaacuteria Gabriela Strechar (residente na Linha
Visconde de Guarapuava) e contabilizou um total de 19 fumicultores Na Linha Barra
Vermelha Linha Antocircnio Olinto e Linha Tiram Cisma foram realizadas 41 entrevistas
80
com a ajuda da agente comunitaacuteria Adriana Kutzmy moradora da Linha Barra
Vermelha e que tambeacutem tem grande conhecimentos sobre essas localidade e
moradores
As entrevistas foram realizadas nos meses de novembro e dezembro de
2015 periacuteodo da colheita do fumo A escolha desse periacuteodo para a coleta de dados
possibilitou conhecer a realidade de cada famiacutelia com relaccedilatildeo agraves formas de
produccedilatildeo colheita transporte e secagem das folhas de fumo
Caracterizaccedilatildeo das famiacutelias
a) Escolaridade feminina e masculina por faixa etaacuteria
Para a coleta de dados dessa variaacutevel foram levados em consideraccedilatildeo
somente as mulheres e homens que vivem nas unidades de produccedilatildeo familiar isto eacute
pessoas que migraram para as cidades e aquelas que se casaram e permanecem
no meio rural natildeo seratildeo contemplados nos quadro 13 e 14
Dentre as sessenta famiacutelias entrevistadas contabilizou-se um total de
duzentos e vinte e cinco membros que residem nas unidades de produccedilatildeo familiar
sendo cento e nove mulheres e cento e dezesseis homens
81
Faixa etaacuteria
S idade
escolar
S escolar idade
Ateacute o 5ordm ano
Do 6ordm ao 9ordm ano
Ensino meacutedio
Incompleto
Ensino meacutedio
completo
Ensino Superior
Cursos teacutecnicos
Total de
mulheres
0 - 05 anos 10 - 01 - - - - - 11
05 - 10 anos
- - 04 - - - - - 04
11 ndash 20 anos
- - 05 09 01 05 01 - 21
21 ndash 30 anos
- - 08 - 12 - 01 21
31 ndash 40 anos
- - 06 06 - 01 - - 13
41 ndash 50 anos
- - 14 06 - - - - 20
51 ndash 60 anos
- - 12 - - 01 - - 13
Acima de 61
- 01 04 - - 01 - - 06
Total 10 01 46 29 01 20 01 01 109
Percentual ()
09 01 43 27 01 17 01 01 100
QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Com relaccedilatildeo agraves mulheres entrevistadas pode-se notar um baixo grau de
escolarizaccedilatildeo dentre aquelas que possuem mais de 40 anos as quais no maacuteximo
tecircm ensino fundamental completo exceto uma senhora que estaacute na faixa etaacuteria de
51 a 60 anos e que possui ensino meacutedio completo e que era professora das seacuteries
iniciais Nota-se tambeacutem a existecircncia de duas famiacutelias com filhas cursando
universidade e curso teacutecnicos no periacuteodo da noite sendo que as mesmas trabalham
durante o dia na propriedade inclusive na produccedilatildeo de fumo
82
Todas as filhas dos fumicultores em idade escolar estatildeo matriculadas nas
suas respectivas seacuteries de ensino Na faixa etaacuteria de 21 a 30 anos a maioria tem o
ensino meacutedio completo e natildeo demonstra pretensotildees de fazer curso superior nos
proacuteximos anos
Apesar da baixa escolaridade somente uma pessoa entrevistada e que tem
mais que 61 anos de idade nunca frequentou uma escola
De acordo com as entrevistas percebe-se que grande parte das mulheres
quando terminam o ensino meacutedio migra para alguma cidade com pretensotildees de
estudar ou trabalhar
Faixa etaacuteria
S idade
escolar
S escolar idade
Ateacute o 5ordm ano
Do 6ordm ao 9ordm ano
Ensino meacutedio
Incompleto
Ensino meacutedio
completo
Ensino Superior
Cursos teacutecnicos
Total de homens
0 - 05 anos 09 - - - - - - - 09
05 - 10 anos
- - 08 - - - - - 08
11 ndash 20 anos
- - 05 07 07 03 - - 22
21 ndash 30 anos
- - - 02 03 13 01 - 19
31 ndash 40 anos
- 01 08 06 - 05 01 03 24
41 ndash 50 anos
- - 11 - - - - - 11
51 ndash 60 anos
- - 18 - - - - - 18
Acima de 61
- - 05 - - - - - 05
Total 09 01 55 15 10 21 02 03 116
Percentual ()
07 01 47 13 09 18 02 03 100
QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO
Fonte Pesquisa de campo (2015)
83
No universo masculino da mesma forma que no feminino percebe-se que as
menores escolaridades estatildeo entre aqueles que possuem mais de 40 anos de idade
Um entrevistado que possui entre 31 e 40 anos cursou trecircs anos no ensino
superior poreacutem alega que natildeo tem pretensotildees em curto prazo em concluir ou
trabalhar fora da propriedade devido a melhor qualidade de vida que pode ter em
relaccedilatildeo agrave cidade Nessa mesma faixa etaacuteria (31 a 40 anos) trecircs homens
frequentaram cursos teacutecnicos sendo que dois concluiacuteram teacutecnico em agropecuaacuteria e
um teacutecnico florestal
Um homem entre 21 e 30 anos concluiu haacute dois anos o curso superior em
contabilidade afirmou que jaacute trabalhou na sua aacuterea de formaccedilatildeo mas que nesse
ano decidiu trabalhar na produccedilatildeo de fumo poreacutem tem pretensotildees de voltar a
trabalhar na aacuterea de formaccedilatildeo
b) Estrutura familiar
Para a coleta de dados correspondente agrave variaacutevel apresentada no quadro 15
tambeacutem foram levadas em consideraccedilatildeo somente as pessoas que vivem na unidade
familiar Dessa forma a quantidade de membros que compotildee as famiacutelias
entrevistadas natildeo eacute numerosa apresentando a maior porcentagem de famiacutelias
compostas por trecircs e quatro pessoas (30 e 42) Aquelas com mais de cinco
membros correspondem na sua maior parte por famiacutelias onde os pais da esposa ou
do marido estatildeo vivendo juntos
Nuacutemero total dos
membros das famiacutelias
Nordm de famiacutelias Nuacutemero total de membros
Percentual ()
Um membro 0 0 0
Dois membros 6 12 10
Trecircs membros 18 54 30
Quatro membros 25 100 42
Cinco membros 07 35 12
Seis membros 04 24 6
84
Total 60 225 100
QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Os dados sobre as famiacutelias em que pelo menos um dos membros migrou para
alguma cidade com intuito de trabalhar estudar ou trabalhar e estudar estatildeo
apresentados na tabela abaixo
TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE
Motivos da migraccedilatildeo Nordm de famiacutelias Percentual () Somente estudar (cursos teacutecnicos Universidade)
9 15
Estudar (cursos teacutecnicos Universidade) e Trabalho
14 23
Somente trabalhar 6 10 Nenhum membro migrou
para a cidade 31 52
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)
Nota-se que 48 das famiacutelias entrevistadas tiveram pelo menos um membro
que migrou para a cidade com objetivo de estudar ou trabalhar Os que relataram
que a migraccedilatildeo foi com intuito de estudar afirmam que os estudos estatildeo
relacionados a cursos teacutecnicos e universitaacuterios como jaacute expostos acima
Vale lembrar a existecircncia de famiacutelias em que os filhos ainda natildeo estatildeo em
idades suficientes para fazer um curso teacutecnico ou universidade ou seja nos
proacuteximos anos provavelmente haveraacute um percentual maior de jovens saindo do
campo com intuito de estudar ou trabalhar em outras atividades com maiores
oportunidades que a produccedilatildeo de fumo
Esse processo migratoacuterio da populaccedilatildeo rural para o urbano no caso dos
fumicultores entrevistados pode estar relacionado com aquilo exposto por (2014)
segundo o qual atualmente nas regiotildees rurais brasileiras a migraccedilatildeo jaacute natildeo eacute mais
um processo em que as condiccedilotildees ldquopor mais pobreza que existamrdquo estatildeo
expulsando as pessoas do campo mas sim um movimento que ocorre quando
existem fatores de atraccedilatildeo no meio urbano Poreacutem natildeo devemos desprezar que
nesse processo tambeacutem estatildeo embutidos outros fatores como os culturais e ateacute
85
pessoais ou seja o que se passa pela cabeccedila das pessoas natildeo somente dessas
que vivem no rural e estatildeo indo para a cidade mas tambeacutem daquelas que jaacute vivem
em cidades de menor porte e migram para grandes centros urbanos Contudo essas
questotildees de ordem cultural e pessoal escapam aos objetivos desta pesquisa
Condiccedilatildeo do fumicultor
TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA
Anos Nordm de famiacutelias Percentual ()
0 ndash 5 anos 0 0
6 ndash 10 anos 4 6
10 ndash 15 anos 12 20
15 ndash 20 anos 16 27
21 ndash 25 anos 12 20
26 ndash 30 anos 10 17
Mais de 30 anos 6 10
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
O periacuteodo de tempo com maior expressividade em que esses agricultores
familiares estatildeo envolvidos na atividade fumageira variam em torno de 10 a 30 anos
Nenhuma famiacutelia entrevistada comeccedilou a produzir fumo nos uacuteltimos cinco anos
Esse fato vai ao encontro de dados mais gerais da Afubra (2015) demonstrando
que entre o ano de 2010 e 2014 o nuacutemero de famiacutelias produtoras de fumo caiu de
185160 para 162410
Esse fato estaacute relacionado principalmente agrave migraccedilatildeo de jovens para as
cidades e pelo fato dos casais mais novos que possuem filhos com idades
insuficientes para trabalhar na atividade fumageira buscarem se promover
economicamente atraveacutes de outras atividades
A queda do nuacutemero de famiacutelias na fumicultura nos uacuteltimos anos tambeacutem estaacute
relacionada com a maior escolaridade das pessoas que vivem no rural pois esses
estatildeo se dedicando a atividades selecionadas por eles como mais oportunas eou
mais competitivas Aqui natildeo podemos desconsiderar tambeacutem a opccedilatildeo das famiacutelias
86
natildeo entrarem na atividade fumageira pelas questotildees da sauacutede (contato com
agrotoacutexicos e doenccedila da folha verde)
TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
Nordm de famiacutelias Percentual ()
Pela renda e venda garantida
12 20
Pouca disponibilidade de terras
06 10
Pela renda venda garantida e pouca terra
35 58
Falta de outras opccedilotildees de atividade agropecuaacuteria
07 12
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Das famiacutelias entrevistadas 58 declararam que optam pela produccedilatildeo de
fumo por trecircs motivos principais a renda a garantia de venda e a pouca aacuterea de
terra que possuem Jaacute para 20 das famiacutelias entrevistadas os principais motivos
estatildeo na geraccedilatildeo de renda e venda garantida
As famiacutelias que natildeo declararam a pouca quantidade de terra como empecilho
para a realizaccedilatildeo de outra atividade que substitua por completo a produccedilatildeo de fumo
mencionam que plantam o fumo devido agrave renda e que como estatildeo inseridos na
cadeia produtiva de gratildeos que eacute mecanizada sobra matildeo de obra para trabalhar
com o fumo Esses exemplos demonstram que os agricultores familiares produzem
para maximizar os lucros e crescer economicamente da mesma forma que os
grandes proprietaacuterios como exposto no paradigma da agricultura familiar
A falta de outras atividades agropecuaacuterias tambeacutem foi mencionada por 12
das famiacutelias entrevistadas pois apesar de existir outros tipos de cultivo no municiacutepio
como por exemplo a produccedilatildeo de verduras de morangos de pepinos e de ervas
medicinais essas famiacutelias declararam que esses cultivos natildeo geram uma renda por
hectare como o fumo Uma fumicultora entrevistada na Linha Marcondes comenta
Eu ldquoplantava as coisasrdquo para a merenda escolar aqui da escola [] noacutes tinha que comprar as sementes e tudo o que precisava pra produzir essas verduras [] quando levava na escola ficavam colocando defeito na minha produccedilatildeo [] queriam que eu levasse todo dia dez peacutes de alface na escola [] que lucro eu ia ter ir todo dia na escola levar soacute dez peacutes de alface E
87
ainda recebia soacute depois de 40 dias que entreguei a produccedilatildeo e ainda agraves vezes atrasava [] O fumo eacute muito cansativo soacute que a gente natildeo precisa ficar se humilhando pra comprar a produccedilatildeo da gente a firma leva tudo seja o melhor fumo seja o pior
A fumicultora retrata que apesar do trabalho na produccedilatildeo de fumo ser mais
cansativa que outras atividades o fato de se ter a venda garantida de toda a
produccedilatildeo compensa as desvantagens
TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS
Quantidades de peacutes de fumo
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
25000 - 30000 peacutes 14 23
31000 ndash 50000 peacutes 26 44
51000 ndash 70000 peacutes 05 08
71000 ndash 90000 peacutes 07 12
91000 ndash 120000 peacutes 05 08
121000 -140000 peacutes 03 05
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)
Dentre as famiacutelias entrevistadas a quantidade miacutenima de produccedilatildeo eacute de
25000 peacutes e a maacutexima de 140000 peacutes poreacutem a maior concentraccedilatildeo estaacute ente
31000 e 50000 peacutes A quantidade de peacutes que satildeo plantados estaacute relacionada agrave
matildeo de obra disponiacutevel uma vez que esses fumicultores antes de planejar a
proacutexima safra levam em consideraccedilatildeo primeiramente a relaccedilatildeo entre a quantidade
de matildeo de obra disponivel com a quantidade de peacutes de fumo De acordo com o
instrutor teacutecnico da Souza Cruz uma pessoa consegue produzir em meacutedia 20000
peacutes de fumo por safra (usando matildeo de obra de terceiros somente para os dias de
colheita)
Condiccedilatildeo das terras usadas pelos fumicultores entrevistados
88
TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS
Condiccedilatildeo da terra Nordm de famiacutelias Percentual ()
Somente terra proacutepria 33 55
Terra proacutepria e arrendada 22 37
Somente terras arrendadas 05 08
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Para coletar esses dados foi levado em consideraccedilatildeo o total das terras
usadas pelos fumicultores independentemente da cultura plantada aleacutem do fumo
Desse modo nota-se que a grande maioria possui terras proacuteprias (92) sendo que
55 cultivam somente em terras proacuteprias e 37 aleacutem das terras proacuteprias arrenda
com intuito de aumentar a produccedilatildeo tanto de fumo como de gratildeo e outros Existem
8 que natildeo possuiacuteam terras proacuteprias e que necessitam arrendar para produzir o
fumo
TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES
Somente terra proacutepria Nordm de famiacutelias Porcentagem ()
Ateacute 5 hectares 11 20
6 a 10 hectares 14 25
11 a 15 hectares 8 15
16 a 20 hectares 6 11
21 a 25 hectares 6 11
26 a 30 hectares 2 04
31 a 40 hectares 4 07
Mais de 40 hectares 4 07
Total 55 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Dos sessenta fumicultores entrevistados cinco natildeo possuem terras proacuteprias
E dos cinquenta e cinco que possuem a maior porcentagem de famiacutelias tem ateacute 15
hectares Nesse sentido esses nuacutemeros satildeo compatiacuteveis com os dados mais gerais
da regiatildeo Sul do Brasil onde a maior concentraccedilatildeo de famiacutelias possui ateacute 20
89
hectares de terra (AFUBRA 2015) A aquisiccedilatildeo das terras foi principalmente por
heranccedila e em parcelas menores atraveacutes de compra
Formas de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria das unidades familiares dos fumicultores
entrevistados
Este item refere-se aos tipos de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria que aleacutem do fumo
trazem renda para a unidade de produccedilatildeo familiar Com base nos dados de campo
verificam-se nas propriedades aleacutem da produccedilatildeo do fumo as produccedilotildees de feijatildeo
milho soja erva-mate e a produccedilatildeo de leite
TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES
Tipo de produccedilatildeo
agropecuaacuteria Nuacutemeros de famiacutelias Percentual ()
Somente fumo 20 33 Fumo e soja 06 10
Fumo soja feijatildeo e milho 20 33 Fumo Soja milho e leite 03 5 Fumo feijatildeo milho e erva-
Mate 11 19
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
De acordo com os dados expostos 33 dos entrevistados afirmam que a
produccedilatildeo da propriedade com pretensatildeo de venda eacute somente o fumo outros 33
aleacutem do fumo produzem soja e feijatildeo seguidos de 19 que se dedicam agrave produccedilatildeo
de fumo feijatildeo milho e erva-mate e menos de 5 declarar produzir para a venda o
fumo a soja o milho e o leite
Nesse sentido 67 dos entrevistados diversificam a produccedilatildeo com intuito de obter
mais fontes de renda Poreacutem alegam que a maior renda por aacuterea plantada vem da
produccedilatildeo de fumo
A produccedilatildeo de eucaliptos (figura 9) tambeacutem eacute bastante comum nas
propriedades pois eacute fonte de energia para a secagem das folhas do fumo Nas
estufas tradicionais o uso de lenha eacute muito maior que nas estufas eleacutetricas
90
FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO
Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2016)
A figura 9 exemplifica uma propriedade de fumicultor que produz a soja para
venda e eucalipto para a secagem do fumo A imagem da esquerda representa a
lavoura de um fumicultor na linha dezembro com produccedilatildeo de soja e ao fundo
notam-se plantaccedilotildees de eucaliptos para usar na secagem das folhas de fumo Na
imagem da direita tambeacutem pode ser vista a lavoura de fumo e ao fundo plantaccedilotildees
de eucaliptos
A erva-mate tambeacutem serve como fonte de renda dos fumicultores sendo que
em aacutereas de faxinal7 os peacutes de erva-mate formam mantidos e outros espaccedilos
usados para o cultivo de soja ou feijatildeo como demonstrado na figura 10 Em algumas
propriedades a erva-mate natildeo eacute nativa e foi plantada nos uacuteltimos anos em escalas
maiores devido agrave rentabilidade
7Por faxinal entende-se as terras tradicionalmente ocupadas para o uso comum de pastagens e florestas no Paranaacute que designam situaccedilotildees em que a produccedilatildeo familiar de acordo com suas possibilidades combina apropriaccedilatildeo privada e coletiva dos recursos naturais (HAURESKO C 2012)
91
FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE
Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2015)
Aleacutem da produccedilatildeo com pretensatildeo de venda nas propriedades visitadas
tambeacutem nota-se a presenccedila da produccedilatildeo para autoconsumo da famiacutelia Essas
alegam que produzem certos produtos para diminuir os gastos com mercado e por
produzirem de acordo com suas preferecircncias alimentares Apenas 6 dos
entrevistados natildeo produzem nada para autoconsumo alegando que comprar sai
mais barato que produzir
TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE
Produccedilatildeo para autoconsumo
Nuacutemero de famiacutelias Percentual ()
Horta 08 13 Horta criaccedilatildeo de galinhas e
porcos 16 27
Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos feijatildeo e milho
07 12
Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos e criaccedilatildeo gado (corte
e leite) feijatildeo e milho
25 42
Nenhuma produccedilatildeo para auto consumo
04 6
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
Sobre a produccedilatildeo de feijatildeo para autoconsumo alguns produtores
mencionam que produzem separadamente o feijatildeo para a venda do feijatildeo para
92
consumo da famiacutelia afirmando que no feijatildeo para venda satildeo aplicados dessecantes
para acelerar o periacuteodo de colheita e no feijatildeo que eacute para o consumo natildeo utilizam
essa praacutetica Esse fato natildeo eacute raro no municiacutepio acontecendo tanto nas pequenas
propriedades como nas grandes Isso demonstra que os agricultores familiares estatildeo
interessados no lucro de sua produccedilatildeo e natildeo tecircm muita preocupaccedilatildeo com as
praacuteticas que os ambientalistas e produtores orgacircnicos qualificam como sustentaacuteveis
Dessa forma eacute desnecessaacuteria a visatildeo dualista ente pequenos e grandes produtores
agriacutecolas concordando entatildeo com Diniz Filho (2011) quando escreve o texto
intitulado Agricultura familiar e meio ambiente o perigo da simplificaccedilatildeo ideoloacutegica
mencionando que organizaccedilotildees como CNBB e MST buscam toda sorte de
argumentos para contrapor o agronegoacutecio agrave agricultura camponesa afirmando que o
agronegoacutecio destroacutei a natureza por estar preocupado com lucros ao passo que os
agricultores familiares tenderiam a usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis porque
buscam somente reproduzir seu modo de vida
A produccedilatildeo de animais como vacas de leite boi para engorda criaccedilatildeo de
porcos e galinhas tambeacutem eacute comum entre os produtores de fumo como mostra a
figura 11
FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
93
Portanto conforme afirma Ternoski (2013) a renda agriacutecola dos
estabelecimentos familiares eacute composta da venda de produtos agropecuaacuterios e de
autoconsumo O autoconsumo eacute a quantidade que a famiacutelia consome em produtos
que produz no estabelecimento podendo ser de origem animal ou vegetal como
tambeacutem da transformaccedilatildeo caseira ou seja esses produtos complementam a renda
dos agricultores pelo fato de natildeo precisarem ser comparados pois se destinados ao
mercado podem gerar receita
Acesso a tecnologias e ao creacutedito agriacutecola
TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES
Nordm de famiacutelias Percentual () Possui uma estufa eleacutetrica 54 90
Natildeo possui estufa eleacutetrica 6 10
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
A Grande maioria dos fumicultores (90) possui em sua propriedade a estufa
eleacutetrica Essas famiacutelias afirmam que quando mudaram da estufa tradicional para a
eleacutetrica os trabalhos com matildeo de obra diminuiacuteram bastante pois para secar o fumo
na estufa eleacutetrica natildeo eacute necessaacuterio amarrar as folhas de fumo como demonstra a
figura 12 Jaacute nas estufas tradicionais em que a secagem natildeo eacute eleacutetrica a
quantidade de matildeo de obra exigida eacute bem maior como demonstrado na figura 13
As famiacutelias que natildeo possuem estufa eleacutetrica mencionam que natildeo pretendem
produzir por muito tempo o fumo desse modo natildeo seria viaacutevel adaptar ao sistema
eleacutetrico Nas propriedades onde a produccedilatildeo eacute maior de 70000 peacutes existem duas
estufas (figura 14)
94
FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO
Fonte Vilczak A Trabalho de campo (2016)
FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS
95
Fonte KUTZMY A Trabalho de campo (2015)
FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)
TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO
Bens adquiridos Nordm de famiacutelias Percentual ()
Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e terras no espaccedilo rural
20 33
Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e
terreno na cidade
6 10
Casa carro e terra 4 7
Carro casa trator e implementos agriacutecolas
26 43
Somente carro e casa 4 7
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
A partir dos dados acima pode-se notar que todos os entrevistados
conseguiram adquirir bens de capital considerados de grande importacircncia como
terrenos trator implementos agriacutecolas casa lotes no periacutemetro urbano entre outros
bens de menor importacircncia como eletrodomeacutesticos aleacutem dos reparos feitos na
96
propriedade que natildeo foram contabilizados pela pesquisa apesar de mencionados
pelos entrevistados As figuras 15 e 16 satildeo de algumas propriedades de produtores
de fumo entrevistados propriedades essas com casas de alvenaria galpatildeo e carro
Desse modo concorda-se com a tese de doutoramento de Manuel Antonio
Nunguiacutea Payas intitulada Empresaacuterio familial rural a integraccedilatildeo agrave agroinduacutestria de
fumo e diferenciaccedilatildeo em que o autor faz um estudo sobre a produccedilatildeo de fumo no
municiacutepio de Rio AzulPR mencionando que os fumicultores integrados estudados
por ele tiveram um aumento no patrimocircnio e que esses natildeo estatildeo inseridos na
produccedilatildeo somente para satisfaccedilatildeo das necessidades de sobrevivecircncia familiar mas
sim agindo no mercado como empresaacuterios investindo o seu capital nas atividades
com expectativa de maiores lucros e menores riscos ou seja analisando o custo de
oportunidade de cada cultura Nesse sentido para o autor o produtor familiar
integrado eacute um empresaacuterio que apresenta como principal caracteriacutestica a matildeo de
obra e propriedade familiares
FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)
97
FIGURA 16 - BENS ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)
A produccedilatildeo de fumo apesar de ser considerada pelos proacuteprios fumicultores
como uma atividade que exige muita matildeo de obra representou melhoria na
qualidade de vida deles pois grande parte das famiacutelias entrevistadas conseguiu
adquirir bens materiais como terras lotes no periacutemetro urbano casa carro trator
entre outros de menor valor bens esses dificilmente adquiridos somente com
atividades agriacutecolas tradicionais como milho feijatildeo e outros A explicaccedilatildeo para que
esses agricultores familiares escolham primeiramente a produccedilatildeo de fumo e natildeo a
produccedilatildeo de alguma cultura tradicional desenvolvida com grande representatividade
no municiacutepio desde a segunda metade do seacuteculo XIX estaacute no custo de
oportunidade dessa cultura Os fumicultores avaliam primeiramente os ganhos
econocircmicos que essa cultura proporciona em relaccedilatildeo agrave quantidade de terras
disponiacutevel em suas propriedades eou por meio de arrendamento
Outro fato que exemplifica a melhoria da qualidade de vida dos fumicultores
pode ser observado no proacuteprio municiacutepio A regiatildeo Norte de Prudentoacutepolis eacute
caracterizada pela produccedilatildeo de culturas tradicionais sendo que na grande maioria
das vezes essas lavouras satildeo realizadas manualmente devido agrave topografia muito
acentuada 8 Essa regiatildeo eacute considerada como menos desenvolvida que a regiatildeo
central e Sul devido agrave baixa produtividade por unidades familiares
Isso natildeo significa que se esteja afirmando aqui que a soluccedilatildeo econocircmica para
os produtores familiares da regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis seria a
8Atividades agriacutecolas consideradas muitas vezes mais penosas que a proacutepria produccedilatildeo de fumo pois esses agricultores carregam sacas de feijatildeo e de espigas de milho nas proacuteprias costas em terrenos muito iacutengremes aleacutem do plantio e dos tratos culturais realizados manualmente ou com traccedilatildeo animal
98
opccedilatildeo pelo cultivo do fumo Apenas constata-se que a inserccedilatildeo dos pequenos
produtores nos mercados e culturas mais seguras economicamente lhes proporciona
uma melhora econocircmica ao passo que tambeacutem o uso de aparatos tecnoloacutegicos
contribui para o aumento da produtividade e consequentemente ganhos monetaacuterios
maiores
Concorda-se com Schultz (1965) quando defende que a eficiecircncia e a
maximizaccedilatildeo do lucro satildeo partes de um sistema econocircmico eficiente e racional
Esse autor considera que todos os agricultores capitalizados ou de subsistecircncia
analisam a relaccedilatildeo entre a entrada de insumos e os resultados econocircmicos da
mesma maneira que os empresaacuterios modernos sendo o produtor um maximizador
de lucros em busca da eficiecircncia econocircmica
Nesse sentido a modernizaccedilatildeo da agricultura e a expansatildeo dos mercados
contribuiacuteram para de um lado expropriar algumas unidades de produccedilatildeo familiar e
de outro transformar agricultores familiares em empresaacuterios rurais com dependecircncia
tecnoloacutegica e financeira do mercado neste caso prevalecendo agrave racionalizaccedilatildeo
econocircmica e o objetivo principal da unidade de produccedilatildeo passando a ser a inserccedilatildeo
no mercado e a ampliaccedilatildeo dos lucros
TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO)
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
Utiliza Frequentemente essa linha de creacutedito
36 60
Utilizou algumas vezes mas natildeo utiliza mais
5 8
Nunca utilizou esse tipo de creacutedito
19 32
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
A grande maioria dos produtores entrevistados (60) utiliza a linha de creacutedito do
PRONAF tanto o custeio agriacutecola como tambeacutem o PRONAF investimento O
PRONAF custeio estaacute ligado agrave produccedilatildeo de gratildeos (soja milho feijatildeo) e o PRONAF
investimento estaacute voltado para a compra de trator implementos agriacutecolas
99
(plantadeiras carretas pulverizadores) e tambeacutem para investimentos com a
produccedilatildeo leiteira (ordenhadeiras e resfriadores)
Os fumicultores que aderiram ao PRONAF mencionam que o creacutedito agriacutecola
possibilitou a compra de trator e a carreta para o transporte do fumo da lavoura para
a estufa preparo do solo aplicaccedilatildeo de agrotoacutexicos etc aquisiccedilatildeo essa impossiacutevel
com pagamento agrave vista A figura 17 mostra tratores e carretas adquiridos por um
fumicultor morador da Linha Dezembroe por um da Comunidade de Linha Antocircnio
Olinto atraveacutes do PRONAF e conforme relata o fumicultor da Comunidade de Linha
Dezembro
Para noacutes o PRONAF eacute bom que financiamos o trator e outros maquinaacuterios [] antes tinha que trazer o fumo com carroccedila e cavalos agraves vezes os bichos ficavam doente na safra agraves vezes morriam [] agora com o trator e a carreta daacute pra trazer mais fumo da roccedila [] para noacutes deu uma grande diferenccedila (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)
FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
O fumicultor da Linha Dezembro relata que adquiriu o trator no ano de 2011
dando como entrada R$ 10000 teve carecircncia de pagamento por dois anos (2012 e
2013) e o restante do valor seraacute quitado entre 2014 e 2019 com parcelas anuais
entre R$ 9000 e R$ 8000 O mesmo comenta que com o dinheiro do fumo
consegue pagar as parcelas nas datas certas para o banco
Os agricultores que possuem trator fazem trabalhos terceirizados para
aqueles que natildeo possuem obtendo assim uma renda extra durante o ano O
fumicultor da Linha Dezembro afirma tambeacutem que a linha de creacutedito do PRONAF
100
trouxe melhora nas condiccedilotildees de trabalho e financeiras pois aumentaram a
produccedilatildeo e a produtividade
Aqueles que mencionaram terem usado a linha de creacutedito do PRONAF mas
que atualmente natildeo usam mais satildeo aqueles que jaacute compraram os implementos
agriacutecolas de que necessitavam e que compram os insumos para o plantio com
pagamento agrave vista ou a prazo na cooperativa agriacutecola mista de Prudentoacutepolis
(CAMP)
Os que nunca usaram as linhas de creacutedito do PRONAF satildeo fumicultores que
tambeacutem compram com pagamento agrave vista ou a prazo por meio da CAMP para pagar
com a produccedilatildeo Jaacute os que possuem trator compram agrave vista ou de vizinhos e
parentes pagando em prestaccedilotildees anuais sem relaccedilatildeo com bancos Esses alegam
ter receio de natildeo conseguir quitar o financiamento e por isso natildeo aderem ao
PRONAF
Outra forma de transportar o fumo da lavoura para a estufa eacute atraveacutes de
caminhonetes e tambeacutem atraveacutes de carroccedilas como mostra as fotos da figura 18
FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
101
TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
Matildeo de obra empregada na atividade fumageira
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
Somente matildeo de obra familiar
4 7
Contrataccedilatildeo de matildeo de obra em todo o periacuteodo da safra
0 0
Contrataccedilatildeo de matildeo de obra somente para a colheita
18 30
Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras em todo o periacuteodo da safra
8 13
Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras
somente para a colheita
30 50
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Nota-se que 63 das famiacutelias usam o sistema de trocas de dias para a
produccedilatildeo de fumo poreacutem 50 desses fazem parcerias somente nos dias de
colheita os quais variam entre um dia e meio a dois dias Essa parceria eacute feita para
natildeo contratar matildeo de obra poreacutem esses fumicultores tecircm um controle da quantidade
dos dias trocados entre eles e no final da safra aquele que estiver devendo horas
trabalhadas acerta em dinheiro conforme o valor da diaacuteria paga para colheita a qual
estaacute em torno de 100 a 120 reais
O tempo de secagem das folhas de fumo na estufa varia entre cinco e seis
dias Apoacutes secas essas folhas precisam ficar mais um dia dentro da estufa para
esfriar ou seja o periacuteodo entre o dia da colheita e o dia de tirar as folhas de fumo da
estufa varia de oito a dez dias e a quantidade meacutedia de colheitas por safra eacute entre
seis e oito
Nesse sentido os meses de novembro dezembro janeiro e parte de fevereiro
satildeo de trabalho intenso motivo pelo qual muitos dos entrevistados afirmam que a
desvantagem de produzir o fumo estaacute relacionada ao trabalho intenso nesses
meses
As famiacutelias com mais de quatro membros com idade suficiente (18 anos) para
estarem envolvidos na produccedilatildeo de fumo alegam que conseguem vencer
tranquilamente os trabalhos somente com a matildeo de obra familiar e que raramente
102
contratam matildeo de obra para a colheita (figura 19) Nessa perspectiva trabalham
intensamente nos dois dias de colheita e no restante dos dias (quando o fumo estaacute
secando) se dedicam a outras atividades da propriedade
FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
Tipos de famiacutelias Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Famiacutelia com apenas um
membro aposentado 10 17
Famiacutelia com dois membros aposentados
8 13
Famiacutelia com membro que recebe bolsa famiacutelia
5 8
Famiacutelia sem nenhum membro que recebe repasse social
37 62
Total 60 100 QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Os dados mostram que 62 das famiacutelias entrevistadas natildeo se beneficiam de
repasses sociais jaacute 17 das famiacutelias satildeo compostas por um membro que recebe
aposentadoria e 13 delas com dois membros aposentados Esses aposentados
natildeo satildeo os responsaacuteveis pela produccedilatildeo de fumo da famiacutelia poreacutem muitos alegam
que ajudam em tarefas consideradas por eles leves como a classificaccedilatildeo das folhas
do fumo jaacute que eacute realizada em ambientes protegidos das intempeacuteries e sentados
Uma parcela de 8 se beneficia do bolsa famiacutelia poreacutem alegam que esse valor
mesmo ajudando nas necessidades dos filhos natildeo eacute a maior parte da renda familiar
103
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos 0 0 Sempre tem problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina ( doenccedila da folha verde) (
acircnsia vocircmitos e mal estar)
25
42
Jaacute teve problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina
(doenccedila da folha verde) ( acircnsia vocircmitos e mal-estar)
16
27
Nunca teve problemas de sauacutede relacionados agrave
produccedilatildeo de fumo
19
31
Total 60 100 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Ao perguntar sobre intoxicaccedilatildeo dos fumicultores por agrotoacutexicos nenhuma
famiacutelia alegou ter acontecido esse fato com os membros da famiacutelia Afirmam que a
quantidade de agrotoacutexico que passam no fumo eacute menor que na soja milho e feijatildeo e
que quando vatildeo manusear agrotoacutexicos fazem o uso dos equipamentos de proteccedilatildeo
individual jaacute que diferente de outras culturas mecanizaacuteveis a pulverizaccedilatildeo do
agrotoacutexico no fumo eacute totalmente manual
Uma parcela expressiva de 69 alega que pelo menos um dos membros da
famiacutelia tem ou jaacute teve intoxicaccedilatildeo por nicotina ao realizar a colheita de fumo esses
que se apresentam de formas distintas de um indiviacuteduo para outro como acircnsia
vocircmitos mal-estar e insocircnia
Uma porcentagem menor composta por 31 das famiacutelias entrevistadas
dizem que nunca nenhum dos membros teve sintomas diferenciados apoacutes o contato
com a folha de fumo
TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO
Desvantagens da produccedilatildeo de fumo
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
Exige muito trabalho 18 30 Exige muito trabalho e causa
problemas de sauacutede 27 45
Falta de matildeo de obra para contratar
8 13
Natildeo vecirc desvantagens em produzir fumo
7 12
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo ( 2015)
104
Dos entrevistados 30 afirmam que a principal desvantagem eacute a
intensificaccedilatildeo do trabalho principalmente nos dias de colheita e aplicaccedilatildeo de
agrotoacutexicos os quais satildeo feitos manualmente Jaacute 45 deles afirmam que a
produccedilatildeo de fumo aleacutem de exigir muito trabalho tambeacutem traz problemas de sauacutede
normalmente aqueles que satildeo mais sensiacuteveis quando em contato com a nicotina
presente nas folhas do fumo (doenccedila da folha verde)
Outra variaacutevel que 13 dos entrevistados consideram desvantagem eacute a
questatildeo da matildeo de obra visto alegarem que principalmente para aquelas famiacutelias
que satildeo compostas de trecircs a quatro membros e que normalmente produzem uma
quantidade maior que a famiacutelia consiga dar conta tecircm muita dificuldade de encontrar
pessoas disponiacuteveis para contratar tendo assim que aumentar as jornadas de
trabalho ou diminuir a produccedilatildeo
Por fim uma parcela de 12 afirma que natildeo haacute qualquer desvantagem em
produzir fumo justificando que independentemente da atividade a ser realizada
deve-se trabalhar Dentre os entrevistados quatro famiacutelias afirmam que preferem
produzir fumo porque natildeo trabalham nos finais de semana e o trabalho natildeo dura o
ano todo como ocorre na produccedilatildeo leiteira que exige o empenho diaacuterio Para esses
a produccedilatildeo de fumo permite uma flexibilizaccedilatildeo do trabalho bem maior que a
produccedilatildeo de leite Nesse sentido pode-se concluir que cada famiacutelia tem preferecircncias
distintas na escolha da atividade que vai ser desenvolvida na propriedade
TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Sempre lecirc 6 10 Agraves vezes 18 30
Jaacute leu mas natildeo lecirc mais 6 10 Nunca leu 30 50
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
Dentre as famiacutelias entrevistadas nota-se que a metade delas nunca leu o
contrato emitido pela Souza Cruz justificando natildeo ter interesse na leitura ou por
saber do conteuacutedo do contrato por meio de vizinhos ou do instrutor teacutecnico
105
Agraves vezes quando a gente pede o instrutor lecirc direito pra gente pois natildeo tenho muito estudo e demora de mais pra ler tudo (Fumicultor da comunidade de Linha Antocircnio Olinto) Natildeo leio porque jaacute sei o que estaacute escrito todo ano eacute igual (Fumicultor da comunidade de Linha Visconde de Guarapuava) Natildeo leio a gente confia na firma (Fumicultor da comunidade de Linha Marcondes) Leio todo o contrato mas depois que assino e que instrutor vai embora (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)
A baixa escolaridade juntamente com poucos haacutebitos de leitura satildeo os
principais fatores que geram contratos assinados sem preacutevias leituras
Expectativas das famiacutelias em permanecer na atividade fumageira
Pretensotildees Nordm de famiacutelias Percentual ()
Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo por tempo
indeterminado
35 58
Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo poreacutem
diminuir a produccedilatildeo
18 30
Pretende parar completamente com a produccedilatildeo de fumo em
pequeno prazo de tempo (1 a 3 anos)
7 12
Total 60 100
QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Conforme demonstrado na tabela acima 58 das famiacutelias pretendem
permanecer com a produccedilatildeo de fumo por tempo indeterminado Jaacute 30 delas
pretendem continuar poreacutem diminuir o volume produzido Essas 30 das famiacutelias
mencionam que querem diminuir a produccedilatildeo pela falta de matildeo de obra uma vez que
os filhos estatildeo com intenccedilatildeo de sair de casa por motivos distintos como estudar
trabalhar em outro ramo etc
Outros 7 do total dos entrevistos tecircm a intenccedilatildeo de parar de produzir fumo
nos proacuteximos trecircs anos afirmando que vatildeo migrar para setores mais competitivos
106
como a soja e o leite Outros afirmam que querem parar porque jaacute estatildeo
aposentados e os filhos pretendem trabalhar em outras atividades de modo que a
famiacutelia tende a ficar pequena demais para essa cultura
Com relaccedilatildeo agrave venda da produccedilatildeo de fumo todos os entrevistados afirmam
que vendem a produccedilatildeo para a empresa integrada poreacutem os quilos produzidos
excedentes ao contrato firmado agraves vezes satildeo vendidos para atravessadores ou ateacute
mesmo para outras empresas Os fumicultores mencionaram que no geral tecircm
uma relaccedilatildeo tranquila com a empresa poreacutem existem safras em que o preccedilo do
quilo do fumo do ponto de vista deles deveria ser maior Esse fato eacute entendido pelo
paradigma da agricultura camponesa como conflito entre a territorialidade
corporativa Souza Cruz e a territorialidade dos fumicultores pelo fato de agricultor
natildeo ter autonomia de decisatildeo do preccedilo pago por quilo do fumo existindo entatildeo certo
conflito muitas vezes ldquosilenciosordquo entre essas territorialidades
Todavia o paradigma da agricultura familiar por natildeo estar baseado em
teorias anticapitalistas explica os processos de formaccedilatildeo de preccedilos a partir de
pressupostos teoacutericos diferentes Numa economia de mercado o vendedor jamais
possui autonomia plena para decidir o preccedilo do seu produto pois satildeo os
compradores que avaliam de acordo com seus objetivos e necessidades quanto
estatildeo dispostos a pagar por um bem ou serviccedilo Mas ao mesmo tempo os
compradores tambeacutem natildeo possuem autonomia para decidir o preccedilo de um produto
ao seu bel prazer pois se o vendedor natildeo considerar a venda vantajosa deixaraacute de
produzir ou de revender o produto em questatildeo para se dedicar a outra atividade
econocircmica mais rentaacutevel No caso em pauta a Souza Cruz eacute obrigada a pagar um
preccedilo que supere o custo de oportunidade para os agricultores familiares de
produzir leite feijatildeo soja ou qualquer outro produto sob pena de a empresa perder
seus fornecedores
Nesse sentido vale recordar as informaccedilotildees apresentadas na Tabela 15 visto que
20 dos entrevistados afirmam ter escolhido produzir fumo devido agrave renda que essa
cultura oferece e tambeacutem agrave garantia de venda b) 58 responderam que essa
escolha se deu em funccedilatildeo da renda da venda garantida e tambeacutem da pouca
disponibilidade de terras em suas propriedades c) 10 citaram apenas a pouca
disponibilidade de terras como motivo para plantar fumo d) 12 afirmaram que essa
opccedilatildeo se daacute apenas pela falta de outras opccedilotildees
107
Outro fator que regula o valor pago por quilo de fumo como jaacute demonstrado no
trabalho estaacute relacionado a oferta e demanda do produto pelo mercado A safra de
20152016 eacute um exemplo na qual devido ao baixo estoque de fumo nos armazeacutens
das empresas e pela procura desse produto por parte dos consumidores o valores
pagos por quilo de fumo aumentaram fato esse notado tambeacutem em outros produtos
do setor do agronegoacutecio
Isso indica que o paradigma da agricultura familiar eacute o que se mostra coerente com
os dados da pesquisa de campo pois fica claro que os produtores familiares optam
pelo fumo em funccedilatildeo de um caacutelculo dos custos de oportunidade que considera os
fatores rentabilidade garantia de renda e disponibilidade de terra de sorte que os
preccedilos praticados pela Souza Cruz tecircm um patamar miacutenimo definido pela avaliaccedilatildeo
que os agricultores fazem desses custos E essa conclusatildeo eacute reforccedilada quando se
relembram as informaccedilotildees da Tabela 19 posto que apenas 33 dos entrevistados
se dedicam exclusivamente ao fumo enquanto os demais produzem e
comercializam tambeacutem outros tipos de produtos tais como leite soja e feijatildeo
Mais uma vez verifica-se que cada famiacutelia tem projetos distintos os quais
estatildeo intrinsecamente relacionados agrave estrutura familiar agrave disponibilidade de terras e
outros fatores gerando estrateacutegias diferenciadas para se reproduzir no campo
havendo desde aqueles produtores que vecircm na atividade fumageira o seu futuro ateacute
aqueles que pretendem migrar o mais raacutepido possiacutevel para outra atividade Nesse
sentido vemos que essas famiacutelias buscam ser competitivas nas atividades que
realizam se dedicando agravequelas que julgam mais rentaacuteveis eou combinando duas ou
mais culturas para obter mais vantagens
108
V - CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O desenvolvimento desta pesquisa baseada no estudo de caso de uma
amostragem de produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis contratados pela
empresa Souza Cruz permitiu demonstrar que os agricultores familiares
entrevistados buscam atraveacutes de suas condiccedilotildees de produtor se inserir em setores
que permitem maximizar seus lucros Portanto a realizaccedilatildeo desta pesquisa eacute
pertinente pelo fato de mostrar que os fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de
commoditie atraveacutes de uma cadeia produtiva competitiva
Dessa forma a caracterizaccedilatildeo dos fumicultores a partir dos grupos A B C e
D se justifica por apresentarem dados oficiais e sistematizados o que contribui para
natildeo generalizar os resultados somente a partir da amostragem dos fumicultores
entrevistados nos trabalhos de campo Demonstrando que no municiacutepio de
Prudentoacutepolis a maior parte dos fumicultores se aproxima daqueles agricultores
familiares do tipo A e B Ou seja aqueles capitalizados e em processo de
capitalizaccedilatildeo indicando que a cultura de fumo estaacute dentre aquelas que geram uma
taxa de pobreza menor no meio rural Essa constataccedilatildeo tambeacutem eacute notada a partir
das entrevistas de campo conforme demonstrado na Tabela 22 posto que todos os
entrevistados conseguiram com a renda do fumo adquirir bens de capital como casa
carro trator terra de cultivo lote no periacutemetro urbano aleacutem daqueles bens de capital
como os eletrodomeacutesticos
Com isso a visatildeo dualista entre agricultura familiar e agronegoacutecio natildeo eacute
compreendida com adequada nesse trabalho pelo fato de existirem muitas formas
de agricultores familiares que se aproximam ao padratildeo do agronegoacutecio como por
exemplo os fumicultores que estatildeo no grupo A e B Desse modo compreende-se
que os fumicultores entrevistados da mesma forma que a agricultura patronal
buscam atraveacutes da modernizaccedilatildeo e do uso de insumos agriacutecolas (agrotoacutexicos e
fertilizantes) meios para permanecerem integrados e competitivos no mercado
Os fumicultores estatildeo inseridos ao complexo agroindustrial fumageiro e por
conseguinte estatildeo prosperando economicamente concordando-se entatildeo com os
pressupostos teoacutericos voltados ao paradigma da agricultura familiar e com autores
como Valente (2008) Diniz (2011) e Navarro (2014) que natildeo costumam fazer uma
109
oposiccedilatildeo radical entre agricultura familiar e agronegoacutecio ao ponto de existir
conflitualidades de interesses entre ambos Ou seja conflito entre a territorialidade
coorporativa da induacutestria fumageira e a territorialidade da agricultura familiar
camponesa
Desse modo a pesquisa tambeacutem natildeo tem por objetivo afirmar que no Brasil
natildeo existam sistemas de produccedilatildeo camponesa poreacutem os dados de campo mostram
que no caso em estudo 67 dos entrevistados natildeo produzem somente fumo e que
esses estatildeo inseridos em outras cadeias produtivas como leite feijatildeo soja e milho
ou seja os fumicultores tem mais opccedilotildees poreacutem acham interessante continuar com o
fumo Esses dados natildeo satildeo diferentes do restante do Brasil natildeo generalizando
somente a partir dos entrevistados
Apesar das oscilaccedilotildees no volume produzido como tambeacutem em relaccedilatildeo ao
mercado do fumo no Brasil e consequentemente no municiacutepio de Prudentoacutepolis
conforme exposto nos capiacutetulos II e III nota-se que essa cultura proporcionou a
ascensatildeo econocircmica desses agricultores familiares sendo que muitos desses
pequenos capitalistas como jaacute mencionado conseguiram adquiri terras para entatildeo
competir nos setores de gratildeos como a soja e o milho que a competitividade eacute
melhor para grandes proprietaacuterios querendo assim dar esse salto e ao mesmo
tempo trabalhando com a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo com intuito de deixar a renda
da propriedade menos vulneraacutevel A partir desses fatos e de acordo com os
resultados dos dados de campo eacute coerente dizer que o direcionamento dos
agricultores entrevistados para o cultivo de culturas que tem maior rentabilidade
proporcionou melhoras nas condiccedilotildees econocircmicas da famiacutelia pois somente com a
lavoura tradicional e pequena criaccedilatildeo de animais natildeo seria possiacutevel conquistar bens
de capital
Nesse sentido Navarro (2014) aponta que o preccedilo dos alimentos consumidos
pelos brasileiros em termos de reais diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas devido a inserccedilatildeo
dos pacotes tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo agriacutecola que proporcionaram o aumento
da produtividade e a consequente queda do preccedilo final contribuindo para a
facilidade de acesso desses produtos por parte da populaccedilatildeo jaacute em contra partida o
custo para uma pessoa manter seu haacutebito de fumar aumentou Ou seja os
agricultores que permaneceram ou inseriram-se na produccedilatildeo de fumo tiveram um
aumento na sua rentabilidade
110
Dessa forma eacute certo que os agricultores familiares entrevistados da mesma
forma que os agricultores patronais buscam aumentar seus rendimentos uma vez
que os dados de campo mostram que uma porccedilatildeo dos fumicultores tem pretensotildees
de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou seja agem no mercado
como pequenos capitalistas Poreacutem esses agricultores ainda natildeo migram totalmente
para outras atividades por ser esta uma das poucas cadeias produtivas compatiacuteveis
com as suas condiccedilotildees de produtor Tambeacutem muitos produtores podem encontrar
dificuldades em migrar para outras culturas que exigem maiores recursos
(SCHOENHALS et al 2009) necessitando assim de linhas de creacuteditos agriacutecolas
direcionados para esses agricultores
Os autores como Fernandes (2008) e Roos (2015) que trabalham na
perspectiva do paradigma da agricultura camponesa afirmam haver conflitualidade
entre os camponeses e as agroinduacutestrias que trabalham no sistema de produccedilatildeo
integrada como eacute o caso da agroinduacutestria fumageira afirmando existir uma sujeiccedilatildeo
da renda dos camponeses uma vez que os agricultores camponeses natildeo possuem
autonomia com relaccedilatildeo ao modo de produzir o produto como tambeacutem na hora de
fixar o preccedilo final da safra Poreacutem natildeo eacute levado em consideraccedilatildeo que o preccedilo do
quilo do fumo pago ao produtor contratado estaacute intrinsecamente relacionado a oferta
e demanda do produto por parte do mercado o que expressa adequadamente o
valor marginal pago muitas vezes aos fumicultores visto que a empresa tambeacutem
deve colocar a sua margem de lucro conforme a demanda do produto
Outra questatildeo voltada ao paradigma camponecircs eacute em relaccedilatildeo agrave
industrializaccedilatildeo da agricultura e apontada por Fernandes (2013) como um processo
que resulta no desenvolvimento desigual e contraditoacuterio no campo que deixa as
unidades camponesas de produccedilatildeo se tornar mais vulneraacuteveis ao capital Poreacutem os
dados da Tabela 23 mostram que 68 dos entrevistados usam ou jaacute utilizaram
alguma linha de creacutedito agriacutecola para o investimento em maquinaacuterios agriacutecolas
afirmando que conseguem tem uma produtividade maior e que conseguem pagar as
prestaccedilotildees desses maquinaacuterios tranquilamente
Sabendo que Ploeg (2009) afirma que o camponecircs eacute caracterizado por lutar
por sua autonomia uma vez que conforme apontado pro Thomaz Juacutenior (2008) a
loacutegica do capital impotildee que o agricultor esteja preso a gestatildeo de uma empresa e natildeo
111
mais de sua famiacutelia natildeo se completa para essa pesquisa uma vez que a explicaccedilatildeo
para a empresa estabelecer os seus moldes de produccedilatildeo se baseia na demanda do
produto pelo mercado instituindo assim para os seus contratados os tipos de fumos
com maiores demandas o que justifica a empresa impor o tipo de variedade de fumo
que quer comprar como tambeacutem os tratos culturais necessaacuterios para se chegar ao
produto desejado
Contraditoacuterio ao que foi exposto por Paulino e Almeida (2010) quando
mencionam que o campesinato deve ser considerado como uma contradiccedilatildeo e natildeo
como uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeo capitalista os resultados da
pesquisa mostraram que a articulaccedilatildeo com os modelos de produccedilatildeo capitalistas
proporcionaram a permanecircncia de agricultores familiares no espaccedilo rural uma vez
que os aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo que eacute bastante disseminada entre
agricultores familiares induziram o aumento da rentabilidade diminuindo assim as
taxas de pobreza Aleacutem disso nota-se que o fumicultores sendo pequenos
capitalistas natildeo buscam somente a reproduccedilatildeo do modo de vida mas sim agem no
mercado investindo em setores mais rentaacuteveis adequado para a sua condiccedilatildeo de
produtor com pretensatildeo de torna-se um agricultor ainda mais competitivo
Mais uma vez defende-se que a inserccedilatildeo dos agricultores familiares aos
mercados capitalistas natildeo deve ser entendido a partir de um dualismo estando de
um lado o agronegoacutecio e de outro o camponecircs como jaacute ressaltado por Schneider
(2006) que tanto um quanto outro grupo estaacute interessado em um mesmo processo
que eacute o da produccedilatildeo e o do consumo Nesse sentido eacute importante se trabalhar com
a heterogeneidade da agricultura familiar para assim se pensar como esses
agricultores podem se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo
Portanto a presente pesquisa embasada nos dados de campo mostra que a
cultura de fumo ateacute entatildeo eacute a principal orientaccedilatildeo financeira dos agricultores
familiares entrevistados seguidas de outras estrateacutegias de reproduccedilatildeo como o
cultivo da soja produccedilatildeo de leite feijatildeo milho Demonstrando dessa forma que os
mesmos buscam maximizar seus lucros e diversificar sua produccedilatildeo para diminuir a
vulnerabilidade econocircmica da propriedade Contudo pode afirmar atraveacutes do
paradigma da agricultura familiar que os fumicultores considerados como pequenos
capitalistas se reproduzem no mercado sob pressatildeo das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e
112
da concorrecircncia e buscam ser competitivos natildeo havendo incompatibilidade ou
conflitos dos agricultores familiares para com o capital
113
REFEREcircNCIAS
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ANEXOS
1ordm Trabalho de Campo Conhecimento da aacuterea de estudo e visita a 10 propriedades que produzem fumo haacute mais de 10 anos Data do campo mecircs de Julho e Agosto de 2014
1) Qual foi o ano em que iniciou as atividades na produccedilatildeo de fumo
2) Qual eacute o motivo que trabalha na produccedilatildeo do fumo
3) A matildeo de obra na atividade fumageira eacute muito desgastante
4) Sua propriedade eacute diversificada Quais as culturas que produz na
propriedade aleacutem do fumo
5) Qual eacute a maior renda da propriedade
6) Como eacute feita a classificaccedilatildeo das folhas de fumo destinadas a venda
2ordm Trabalho de campo Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Aplicado ao orientador teacutecnico da Souza Cruz o qual representa a Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis Orientador teacutecnico Tarciacutesio Kraiczek Data da entrevista 13072015
1 Quantos orientadores teacutecnicos a empresa possui no municiacutepio de
Prudentoacutepolis
2 Haacute quantos anos vocecirc trabalha na assistecircncia teacutecnica para os
fumicultores associados da Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis
3 Quantos associados a empresa Souza Cruz teve na safra de 2014
4 Quais satildeo as empresas fumageiras concorrentes da Souza Cruz no
municiacutepio Qual a relaccedilatildeo entre essas empresas
5 A empresa Souza Cruz tem alguma unidade de recebimento do fumo no
municiacutepio de Prudentoacutepolis para a produccedilatildeo ficar armazenada antes de
ser enviado para uma usina de Processamento de fumo
3
6 Para qual das trecircs usinas de processamento o fumo produzido no
municiacutepio eacute envido
7 A empresa tem uma cota miacutenima e maacutexima de peacutes de fumo por
produtor
8 Qual eacute a meacutedia de peacutes de fumo uma pessoa consegue produzir por
safra
9 No seu ponto de vista como orientador teacutecnico como se daacute a relaccedilatildeo
entre a empresa Souza Cruz e os fumicultores do municiacutepio
10 Qual a relaccedilatildeo da empresa para com os projetos de diversificaccedilatildeo da propriedade
3ordm Trabalho de Campo Entrevista de campo para obtenccedilatildeo de dados socioeconocircmicos dos produtores
de fumo da empresa Souza Cruz do municiacutepio de Prudentoacutepolis - PR
Data do campo Novembro e Dezembro de 2015 1- Caracterizaccedilatildeo da famiacutelia
Membros Idade Gecircnero Escolaridade (escola puacuteblica ou privada)
Fumicultor Eacute fumante
Motivos do ecircxodo
1 2 3 4 5 6 7 8
2- Haacute quantos anos trabalha na atividade fumageira
3- Qual o motivo pela opccedilatildeo de produzir fumo
4- Pretende permanecer na atividade fumageira Quais motivos Por qual
atividade substituiria a produccedilatildeo de fumo
4
5- Possui estufa eleacutetrica de secagem do fumo
6- Quais bens capitais vocecirc conseguiu adquirir com a renda oriunda da
produccedilatildeo de fumo
7- Possui na propriedade
( ) Trator ( ) Carro ( ) moto ( ) telefone ( ) internet
8- Posse da terra e quantidade de alqueires
( ) Proacutepria ____ ( ) Arrendada e Parceiro _____
( ) Arrendada ____ ( ) Proacutepria e Arrendada _____
( ) Proacutepria e Parceiro ____
9- Se for proacutepria como adquiriu essas terras
10- Satildeo plantados por ano quantos peacutes de fumo Quantidade de aacuterea
utilizada
11- Faz contrataccedilatildeo de matildeo de obra para a produccedilatildeo de fumo
( ) Sim ( ) Natildeo
12- Se existe a contrataccedilatildeo de matildeo de obra em que periacuteodo da safra
acontece
( ) Todo o periacuteodo da safra ( ) Tratos culturais ( ) Plantio ( )
Classificaccedilatildeo ( ) Colheita
13- Vocecirc lecirc o contrato da sua produccedilatildeo com a empresa Souza Cruz
Justifique
14- Aleacutem da produccedilatildeo de fumo quais outras atividades agropecuaacuterias satildeo
realizadas na propriedade para garantir a renda da famiacutelia
Para comercializaccedilatildeo Para consumo na propriedade
5
15- De qual atividade realizada na propriedade vem a maior renda
16- Como eacute a sua relaccedilatildeo com a empresa descreva o seu ponto de vista
17- Vende toda a produccedilatildeo para a empresa associada
18- No seu ponto de vista quais satildeo as vantagens e desvantagens de produzir
fumo
19- Em relaccedilatildeo agrave sauacutede e produccedilatildeo de fumo houve casos na famiacutelia de
A) Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos
B) Intoxicaccedilatildeo por nicotina (doenccedila da folha verde)
C) Problemas ortopeacutedicos
D) Transtornos mentais (depressatildeo ansiedade esquizofrenia etc)
E) Outros __________________________________________
20- Haacute incentivos governamentais para o desenvolvimento de outras atividades
e o consequente abandono do ramo fumageiro Se sim quais e por que natildeo
houve migraccedilatildeo para outra atividade
21- A partir do momento em que vocecirc comeccedilou a produzir o fumo acha que
suas condiccedilotildees financeiras melhoraram
22- Participa do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar)
23- Na famiacutelia tem algum membro que recebe algum tipo de repasses de
programas sociais Se sim quais
24- Vocecirc tem conhecimento de algum projeto de diversificaccedilatildeo de
propriedades que estaacute sendo realizado por oacutergatildeos puacuteblicos no municiacutepio
5
Dedico este trabalho agrave minha famiacutelia e aos fumicultores do
municiacutepio de PrudentoacutepolisPR que influenciaram no
desenvolvimento deste trabalho Aos fumicultores pela
paciecircncia e colaboraccedilatildeo nas pesquisas de campo com dados
que foram fundamentais para retratar sua realidade
6
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao meu orientador Prof Dr Luis
Lopes Diniz Filho pela sua atenccedilatildeo compreensatildeo e tambeacutem pelas suas valiosas
consideraccedilotildees no processo de desenvolvimento dessa pesquisa sendo um exemplo
de profissional
Agrave minha famiacutelia em especial aos meus pais Carlos e Ana aos meus irmatildeos
Amilton e Adriana que sempre apoiaram no periacuteodo de realizaccedilatildeo da dissertaccedilatildeo Ao
meu sobrinho Beniacutecio pela alegria que traz a todos noacutes ao Ian que estaraacute chegando
nas proacuteximas semanas Agradeccedilo tambeacutem a minha cunhada e cunhado pelo apoio
Aos amigos e familiares Ana Maacutercia Adriana Noeli Rogeacuterio Edna
Elisangela Milena Eliana Paulo Maria entre outros que de alguma forma
contribuiacuteram para que esse trabalho fosse finalizado Obrigada a todos vocecircs pelo
companheirismo
Aos professores Dr Sergio Fajardo e Dr Danilo Volochko pelas valiosas
contribuiccedilotildees agrave pesquisa
Aos colegas e professores do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia da
Universidade Federal do Paranaacute como tambeacutem a secretaacuteria Adriana Cristina de
Oliveira e ao Luiz Carlos Zem pelo apoio em questotildees burocraacuteticas durante o
periacuteodo do mestrado
A CAPES (Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal do Niacutevel Superior)
pelo auxiacutelio atraveacutes da bolsa de estudo
Agrave Adriana Kutzmy e Gabriela Strechar pela atenccedilatildeo e por acompanhar nos
trabalhos de campo realizados com os fumicultores do municiacutepio de
PrudentoacutepolisPR
E por fim agradeccedilo a todos os fumicultores que participaram das entrevistas
de campo A todos meu agradecimento
7
RESUMO O presente trabalho visa analisar os resultados obtidos pela agricultura familiar no cultivo do fumo levando em consideraccedilatildeo as razotildees econocircmicas pela opccedilatildeo em produzir a cultura Desse modo o estudo de caso dos fumicultores de Prudentoacutepolis-PR fornece subsiacutedios para a avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural e ciecircncias afins ou seja o paradigma da agricultura familiar e da agricultura camponesa Para tanto utilizou-se de revisotildees bibliograacuteficas de autores que trabalham nas distintas linhas paradigmaacuteticas como tambeacutem da caracterizaccedilatildeo dos agricultores familiares produtores de fumo atraveacutes do uso de fontes secundaacuterias (Censos agropecuaacuterios) aleacutem da aplicaccedilatildeo de questionaacuterios para um universo de sessenta fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz em Prudentoacutepolis A partir das revisotildees bibliograacuteficas e dos dados obtidos no estudo de caso levantou-se a hipoacutetese de que o paradigma da agricultura camponesa natildeo eacute adequando para explicar a realidade estudada Palavras chave Agricultura Familiar Fumicultura Abordagens Paradigmaacuteticas
ABSTRACT
The aim of this study is to analyze the results obtained by family farming in the cultivation of tobacco considering the economic reasons for the choice to produce the crop Thus the case study of Prudentoacutepolis-PR tobacco growers provides subsidies for the critical evaluation of the two main paradigms of agro studies in rural geography and related sciences that is the paradigm of family farming and peasant farming For this purpose bibliographic reviews of authors working in different paradigmatic lines were used as well as the characterization of family farmers tobacco growers through the use of secondary sources (Census of agriculture) and the application of questionnaires to a group of sixty tobacco growers hired by Souza Cruz company in the city of Prudentoacutepolis From the literature review and the obtained data in the case study we raised the hypothesis that the paradigm of peasant farming is not suitable to explain the studied reality Keywords Family farming Tobacco Farming Paradigmatic Approaches
8
LISTA DE SIGLAS
AFUBRA - Associaccedilatildeo dos Fumicultores do Brasil
BAT - British American Tobacco
CBFF ndash Companhia Brasileira de Fumo em Folha
DERAL - Departamento de Economia Rural
EMATER ndash Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural
IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social)
PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
SEAB - Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento
SINDITABACO ndash Sindicato Interestadual da Induacutestria do Tabaco
9
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA 46 Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 59 FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 60 FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES 62 FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 63 FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR 64 FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR78 FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 79 FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO 90 FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE 91 FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA 92 FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO 94 FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS 94 FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO 95 FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA 96 FIGURA 16 - BENS ADQUiRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA 97 FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF 99 FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA 100 FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO 102
10
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL 39 TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO 41 TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013 42 TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012 42 TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute 46 TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006 48 TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006 50 TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006 51 TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000 52 TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006 53 TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012 54 TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010) 55 TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE 84 TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 85 TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 86 TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS 87 TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 88 TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES 88 TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES 89 TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE 91
11
TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES 93 TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO 95 TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO) 98 TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO101 TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO 103 TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS 104
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA 36 QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL 44 QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314 47 QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010) 56 QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR 65 QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR66 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR 66 QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006 71 QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 72 QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR 72 QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES 74 QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS 75 QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 81 QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 82 QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 84
12
QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS 102 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS 103 QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 105
LISTA DE GRAacuteFICOS
GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO45 GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS 67
13
SUMAacuteRIO INTRODUCcedilAtildeO 14 CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS 19
11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA 19
12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR 23
13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS 27
CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32
21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32 22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL 47
CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO 58
31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR 58
32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS 69
CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO 76 41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES 78 REFEREcircNCIAS 113 ANEXOS 2
14
INTRODUCcedilAtildeO
De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de
fumo sendo que essa produccedilatildeo encontra-se concentrada nos estados do Rio
Grande do Sul Santa Catarina e Paranaacute alimentando uma cadeia produtiva com
envolvimento de 25 milhotildees de pessoas o qual inclui setores como a produccedilatildeo
transporte comercializaccedilatildeo industrializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e exportaccedilatildeo (AFUBRA
2011)
No municiacutepio de Prudentoacutepolis a atividade fumageira tem grande relevacircncia
econocircmica principalmente para a agricultura familiar uma vez que os dados do
Censo Demograacutefico de 2010 mostram que 54 da populaccedilatildeo residem na aacuterea rural
existindo um nuacutemero maior de unidade de produccedilatildeo familiar em detrimento das
unidades patronais de produccedilatildeo
A produccedilatildeo de fumo em Prudentoacutepolis eacute realizada somente nas regiotildees
Central e Sul do municiacutepio devido ao clima e topografia dos solos favoraacuteveis agrave
cultura Outro fator que tambeacutem ocasiona a atraccedilatildeo para a fumicultura eacute a
possibilidade de usufruir de pequenas aacutereas de terras deixando disponiacutevel o
excedente da propriedade para outras atividades que somem na geraccedilatildeo de renda
Nesse sentido o objetivo da pesquisa eacute analisar os resultados obtidos pela
agricultura familiar com essa cultura e as razotildees econocircmicas de sua opccedilatildeo pelo
fumo Portanto uma contribuiccedilatildeo desse estudo de caso eacute fornecer subsiacutedios para a
avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural
e ciecircncias afins
Para a realizaccedilatildeo do presente trabalho foi fundamental atraveacutes das
abordagens sobre a agricultura familiar e camponesa avaliar se realmente existe
uma oposiccedilatildeo entre agricultor familiar e o agronegoacutecio no caso do setor fumageiro
uma vez que o fumo eacute uma commoditie de exportaccedilatildeo e a produccedilatildeo eacute realizada por
pequenos produtores Para tanto foi realizada uma revisatildeo bibliograacutefica sobre os
paradigmas da agricultura familiar e da agricultura camponesa na geografia rural e
aacutereas de pesquisa afins com a finalidade de identificar os conceitos de territoacuterio e
territorialidade derivados desses paradigmas Foram feitas tambeacutem uma
caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de
15
fontes secundaacuterias (Censos Agropecuaacuterios e outras) e uma pesquisa de campo
mediante a aplicaccedilatildeo de questionaacuterio com o fim de caracterizar os produtores rurais
desse municiacutepio contratados pela empresa Souza Cruz como fornecedores de
tabaco
Nesse sentido buscou-se metodologicamente envolver teacutecnicas de base
qualitativa sendo que esse tipo de abordagem se caracteriza por ldquoanalisar e
interpretar os dados refletir e explorar o que eles podem propiciarrdquo (OLIVEIRA
2010) A pesquisa quantitativa tambeacutem faz parte deste estudo uma vez que traz
algumas teacutecnicas que possibilitam a busca de informaccedilotildees e dados mais amplos
muitas vezes impossiacuteveis de serem alcanccedilados somente pelo pesquisador como por
exemplo aqueles dados disponibilizados pelos oacutergatildeos puacuteblicos como EMATER
(Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural) IPARDES (Instituto Paranaense
de Desenvolvimento Econocircmico e Social ) IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatiacutestica) e DERAL (Departamento de Economia Rural) O meacutetodo quantitativo
considera que tudo eacute quantificaacutevel ou seja significa traduzir opiniotildees e informaccedilotildees
em nuacutemeros que seratildeo classificados e analisados
Os meacutetodos qualitativos e quantitativos natildeo se excluem Embora difiram quanto agrave forma e agrave ecircnfase os meacutetodos qualitativos trazem como contribuiccedilatildeo ao trabalho de pesquisa uma mistura de procedimentos de cunho racional e intuitivo capazes de contribuir para a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos Pode-se distinguir o enfoque qualitativo do quantitativo mas natildeo seria correto afirmar que guardam relaccedilatildeo de oposiccedilatildeo (POPE MAYS 1995 p42)
Sendo assim no iniacutecio do desenvolvimento do presente estudo foi realizada
uma entrevista com questotildees semiestruturadas (em anexo) para um grupo de dez
fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz e que estatildeo na atividade
fumageira haacute mais de dez anos Esse puacuteblico foi escolhido intencionalmente a partir
dos dados da localizaccedilatildeo das propriedades dos associados da empresa no
municiacutepio de Prudentoacutepolis Recorreu-se a esse meacutetodo pois os dados obtidos em
campo eram necessaacuterios para poder avaliar as abordagens ligadas ao paradigma da
agricultura camponesa e da agricultura familiar e que natildeo poderiam ser obtidos
atraveacutes de fontes secundaacuterias
Posteriormente foi realizada uma entrevista com perguntas semiestruturadas
(em anexo) para o instrutor teacutecnico da Souza Cruz jaacute que o mesmo representa a
16
empresa no municiacutepio Essa entrevista teve como objetivo analisar o ponto de vista
da empresa sobre a atividade fumageira na localidade
Ao verificar que em Prudentoacutepolis a produccedilatildeo de fumo acontece somente na
regiatildeo Central e Sul devido ao relevo mais inclinado da regiatildeo norte foi interessante
ir ateacute essa regiatildeo com topografia mais acentuada para analisar os tipos de cultivos
que satildeo realizados O objetivo desse trabalho de campo foi principalmente o de
conhecer a realidade das famiacutelias do municiacutepio natildeo inseridas na cultura do fumo
com visitas a realizar futuras pesquisas sobre a agricultura familiar Assim dado o
caraacuteter complementar e exploratoacuterio desse trabalho a coleta de informaccedilotildees se deu
por meio de conversas informais
Nos meses de novembro e dezembro de 2015 foi realizada outra entrevista
com perguntas semiestruturadas (em anexo) para uma amostragem de sessenta
fumicultores contratados pela Souza Cruz As perguntas feitas nessa entrevista
estatildeo relacionadas basicamente a dados socioeconocircmicos das famiacuteliasos quais
juntamente com dados mais gerais do censo agropecuaacuterio permitem conhecer o
perfil desses fumicultores Portanto as informaccedilotildees referentes a essas entrevistas
apresentam-se mais detalhadas no capiacutetulo IV
Nesse sentido as entrevistas constituem teacutecnicas alternativas para coleta de
dados natildeo documentados sobre determinado tema ldquoEacute uma teacutecnica de interaccedilatildeo
social [] em que uma das partes busca obter dados e outra se apresenta como
fonte de informaccedilatildeordquo (GERHARDT SILVEIRA 2009)
O pesquisador organiza um conjunto de questotildees (roteiros) sobre o tema que estaacute sendo estudado mas permite e agraves vezes ateacute incentiva que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vatildeo surgindo como desdobramentos do tema principal (GERHARDT SILVEIRA 2009)
Para Duarte (2002 p 143) ldquonuma metodologia de base qualitativa o nuacutemero
de sujeitos que viratildeo a compor o quadro das entrevistas dificilmente pode ser
determinado a piorirdquo Ou seja tudo vai estar relacionado com a qualidade das
informaccedilotildees obtidas a partir de cada entrevista sempre levando em consideraccedilatildeo a
profundidade e o grau de recorrecircncia e divergecircncia das informaccedilotildees Enquanto
estiverem aparecendo ldquodadosrdquo originais ou pistas que possam indicar novas
perspectivas aacute investigaccedilatildeo em curso as entrevistas precisam continuar sendo feitas
(DUARTE 2002 p 144)
17
Portanto a pesquisa estaacute estruturada em quatro capiacutetulos sendo que no
primeiro capiacutetulo falar-se-aacute sobre as abordagens ligadas a agricultura camponesa e
agricultura familiar com intuito de apresentar algumas das visotildees de cada
paradigma para que no decorrer do trabalho possa ser feito uma avaliaccedilatildeo dessas
abordagens na produccedilatildeo fumageira como tambeacutem expor o conceito de territoacuterio e
territorialidade que derivam desses paradigmas
No capiacutetulo seguinte visando compreender os fatores que proporcionaram ao
paiacutes se tornar referecircncia no setor fumageiro realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica
da origem do fumo e a sua consequente inserccedilatildeo em uma escala comercial O
estudo desses elementos foi fundamental para entender os motivos que contribuiacuteram
para a inserccedilatildeo da produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Tambeacutem pelo
fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo
de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral
dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura
familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo
do agronegoacutecio
Na sequecircncia o capiacutetulo III mostra os processos de ocupaccedilatildeo do municiacutepio
de Prudentoacutepolis e a consequente inserccedilatildeo da produccedilatildeo fumageira nas unidades de
produccedilatildeo familiar Nesse sentido como o trabalho vem abordando a existecircncia de
uma agricultura familiar heterogecircnea buscou-se conhecer o perfil dos agricultores
familiar do municiacutepio atraveacutes da caracterizaccedilatildeo dessas famiacutelias tendo como escopo
as fontes secundaacuterias do IBGE
No capiacutetulo IV satildeo apresentados os dados do trabalho de campo que foi
realizado com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela empresa
Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Os dados
de campo que retratam a realidade dos entrevistados juntamente com dados
secundaacuterios tecircm por finalidade contribuir na avaliaccedilatildeo dos paradigmas da
camponesa e da agricultura familiar com base no setor fumageiro
Por fim satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais do trabalho seguindo nas
avaliaccedilotildees das abordagens paradigmaacuteticas agrave luz do estudo de caso dos fumicultores
entrevistados mostrando que os agricultores familiares entrevistados buscam
18
atraveacutes de suas condiccedilotildees de tecnologias estrutura fundiaacuteria e matildeo de obra se
inserir em setores mais competitivos visando agrave maximizaccedilatildeo dos lucros
A realizaccedilatildeo dessa pesquisa eacute pertinente pelo fato de mostrar que os
fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de commoditie atraveacutes de uma cadeia
produtiva competitiva levando em consideraccedilatildeo as condiccedilotildees do produtor e
conforme os dados de campo eacute notoacuterio que os entrevistados atraveacutes da renda do
fumo conseguiram adquirir bens capitais de grande importacircncia como a compra de
terra lotes na cidade de carro trator maquinaacuterios agriacutecolas e casa Bens esses que
muitas vezes natildeo conseguiriam adquirir se produzissem somente culturas
tradicionais do municiacutepio como eacute o caso do feijatildeo e milho pelo fato da pequena
quantidade de terras que possuem Dessa forma eacute certo que os agricultores
familiares entrevistados da mesma forma que os agricultores patronais buscam
maximizar seus lucros uma vez que os dados de campo mostram que os
fumicultores tecircm pretensotildees de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou
seja agem no mercado como pequenos capitalistas
19
CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS
Sabe-se que nas ciecircncias sociais existem diferentes concepccedilotildees teoacutericas para
a compreensatildeo do desenvolvimento do capitalismo no campo destacando-se de
um lado o paradigma da Agricultura Camponesa (Questatildeo Agraacuteria) e de outro o
paradigma da Agricultura Familiar (Capitalismo Agraacuterio) Nesse sentido o presente
capiacutetulo expotildee algumas das abordagens ligadas ao paradigma da agricultura
camponesa e das abordagens ligadas agrave agricultura familiar como objetivo de
identificar o conceito de TerritoacuterioTerritorialidade derivados desses paradigmas A
finalidade de entender as correntes de pensamento paradigmaacutetico permitiraacute entatildeo
avaliar essas abordagens agrave luz de um estudo de caso sobre a fumicultura no
municiacutepio de PrudentoacutepolisPR
11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA
As muacuteltiplas formas de interpretaccedilatildeo da questatildeo agraacuteria no espaccedilo rural e
consequentemente do paradigma camponecircs tecircm como principal referecircncia as teorias
marxistas seja as de autores como Lecircnin (1982) e Kautsky (1998) que defenderam
a tese do desaparecimento da classe camponesa e a consequente emergecircncia de
duas classes distintas - a burguesa e a proletaacuteria - como produto da industrializaccedilatildeo
da agricultura seja a de autores como Chayanov (1974) Oliveira (1987) e
Fernandes (1996) entre outros que satildeo contraacuterios agrave teoria sobre a tendecircncia agrave
proletarizaccedilatildeo do campesinato e que defendem a permanecircncia desta classe social
como resultado do processo desigual e contraditoacuterio de desenvolvimento
impulsionado pelo sistema capitalista
Nesse sentido para Fernandes (2008) os estudos feitos agrave luz do paradigma
camponecircs se caracterizam por analisar a luta de classes a conflitualidade e as
contradiccedilotildees inerentes agraves relaccedilotildees capitalistas e natildeo capitalistas de produccedilatildeo1 Um
tema importante nessa linha de pesquisa eacutea sujeiccedilatildeo da renda dos camponeses
perante as empresas que tecircm o monopoacutelio da produccedilatildeo de commodities agriacutecolas
como as agroinduacutestrias fumageiras
1 O campesinato eacute entendido como um sistema produtivo diferenciado do agronegoacutecio
20
Os seguidores do paradigma camponecircs como Fernandes (2013) entendem
que a industrializaccedilatildeo da agricultura resulta em um problema estrutural devido ao
desenvolvimento desigual e contraditoacuterio do capitalismo e que a uacutenica soluccedilatildeo estaacute
na superaccedilatildeo desse sistema pois a industrializaccedilatildeo da agricultura contribui para que
as unidades camponesas de produccedilatildeo se tornem mais vulneraacuteveis ao capital
Para Feliacutecio (2006) nesse paradigma natildeo haacute diferenccedilas entre agricultor
familiar e camponecircs pois ambos satildeo assim definidos por terem a famiacutelia e o trabalho
familiar por caracteriacutestica a qual natildeo objetiva a superaccedilatildeo do trabalho familiar O
termo camponecircs eacute tratado pelos teoacutericos do paradigma do capitalismo agraacuterio como
agricultores familiares nesse sentido
O produtor familiar que utiliza os recursos teacutecnicos e estaacute altamente integrado ao mercado natildeo eacute um camponecircs mas sim um agricultor familiar Desse modo pode-se afirmar que a agricultura camponesa eacute familiar mas nem toda a agricultura familiar eacute camponesa ou que todo camponecircs eacute agricultor familiar mas nem todo agricultor familiar eacute camponecircs (FERNANDES 2001)
Com relaccedilatildeo agrave inserccedilatildeo da agricultura familiar nas formas de produccedilatildeo
capitalistas no campo Thomaz Juacutenior (2008) considera que a loacutegica do capital impotildee
que o agricultor esteja preso agrave gestatildeo de uma empresa e natildeo mais da sua proacutepria
famiacutelia Poreacutem o autor defende que mesmo integrado a essa loacutegica de produccedilatildeo o
camponecircs busca alternativas para natildeo aderir totalmente agraves estruturas mercantis de
produccedilatildeo visando reestabelecer os princiacutepios de sociabilidade e produccedilatildeo para o
autoconsumo Nesse sentido para esse paradigma o camponecircs visa agrave
sobrevivecircncia mas se o capital apresenta uma proposta de parceria de lucros como
na integraccedilatildeo das empresas fumageiras o camponecircs aceita Subordina-se mas se
essa possibilidade de lucro acaba ele volta para a estrateacutegia primeira por natildeo
desejar desfazer-se da terra
Para Shanin (2008) o camponecircs corresponde a um ldquomodo de vidardquo que
envolve um conjunto de elementos como a diversidade nas formas de trabalhar com
a terra Teacutecnicas essas que satildeo passadas de pais para filhos possibilitando estreita
ligaccedilatildeo entre a terra e a famiacutelia uma vez que a famiacutelia eacute dona do proacuteprio trabalho
podendo escolher a melhor forma de fazecirc-lo Tambeacutem enfatiza a especificidade da
loacutegica econocircmica camponesa a qual produz visando a satisfaccedilatildeo das necessidades
21
da famiacutelia sendo capaz de se ajustar aos niacuteveis de remuneraccedilatildeo mais baixos em
momentos desfavoraacuteveis
Ploeg (2009) afirma que o camponecircs de hoje natildeo pode ser compreendido
como sinocircnimo de atraso e sim como um ldquocamponecircs modernordquo inserido na
realidade capitalista poreacutem carregando em seu cerne a condiccedilatildeo camponesa Por
condiccedilatildeo camponesa Ploeg (2009) entende a luta por autonomia e progresso como
uma forma de construccedilatildeo e reproduccedilatildeo de um meio de vida rural em um contexto
adverso caracterizado por relaccedilotildees de dependecircncia marginalizaccedilatildeo e privaccedilatildeo
Portanto para o autor supracitado o campesinato deve ser explicado a partir das
relaccedilotildees de contradiccedilotildeesconflitualidades existentes no espaccedilo rural
Fernandes (2000) ao falar sobre a formaccedilatildeo do campesinato afirma que
essa formaccedilatildeo natildeo acontece somente pela reproduccedilatildeo ampliada das contradiccedilotildees
do capitalismo mas tambeacutem atraveacutes da luta pela terra na qual tem enfrentado a
condiccedilatildeo loacutegica do capital Nesse sentido Ploeg (2009) menciona sobre a dualidade
entre a produccedilatildeo camponesa e a capitalista na qual
[] a agricultura camponesa eacute fortemente baseada no capital ecoloacutegico (especialmente a natureza viva) enquanto que a agricultura empresarial afasta-se progressivamente da natureza Insumos e outros fatores artificiais de crescimento substituem os recursos naturais o que significa que a agricultura estaacute sendo industrializada (PLOEG 2009 p17)
A expansatildeo do modo capitalista de produccedilatildeo (na sua reproduccedilatildeo ampliada do
capital) aleacutem de redefinir antigas relaccedilotildees subordinando-as agrave sua produccedilatildeo
engendra relaccedilotildees natildeo capitalistas iguais e contraditoriamente necessaacuterias agrave sua
reproduccedilatildeo (OLIVEIRA 2010) Nesse sentido para Paulino e Almeida (2010) a
reproduccedilatildeo do campesinato ldquodeve ser entendida a partir das diversas contradiccedilotildees
do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma contradiccedilatildeo e
natildeo de uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeordquo
No que diz respeito agrave produccedilatildeo de fumo para o paradigma camponecircs a
integraccedilatildeo agrave induacutestria fumageira significauma intervenccedilatildeo nos modos de produccedilatildeo
camponesa visando padroniza-los deixando o camponecircs com pouca autonomia para
determinar a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo
Para Fernandes (2008) o sistema de produccedilatildeo do agronegoacutecio eacute distinto do
sistema de produccedilatildeo da agricultura camponesa uma vez que o sistema agriacutecola
22
camponecircs tem por referecircncia a reproduccedilatildeo a biodiversidade e o trabalho familiar
natildeo objetivando o plantio de uma uacutenica cultura para o mercado como no modelo
agroexportador Poreacutem Fernandes (2008 p 166) afirma que como eacute o capital que
controla a tecnologia o conhecimento o mercado e as poliacuteticas agriacutecolas
subalterniza o camponecircs Ou seja para Fernandes o sistema agriacutecola camponecircs
natildeo eacute parte do agronegoacutecio
De acordo Paulino com (2012) os camponeses comparecem ao mundo do
trabalho como entidades familiares Dessa forma como eacute a famiacutelia que se prontifica
em produzir a mateacuteria prima para a induacutestria fumageira entatildeo natildeo se refere agrave venda
do trabalho camponecircs e sim da produccedilatildeo na qual estaacute contida o trabalho familiar o
qual exige um ritmo diferenciado
Roos (2015) salienta que no caso da produccedilatildeo fumageira realizada pelos
camponeses ldquoa racionalidade eacute movida pela necessidade de um espaccedilo que possa
servir a um conjunto de atividadesrdquonatildeo objetivando somente a valorizaccedilatildeo que os
galpotildees e as estufas de fumo possam gerar sobre a renda da terra
Nesse sentido as transformaccedilotildees no campo brasileiro relacionadas ao
processo de modernizaccedilatildeo da agricultura se assentam sobre uma estrutura
complexa compreendida pela integraccedilatildeo da agricultura e da induacutestria caracterizada
na maior parte por produzir produtos de exportaccedilatildeo como eacute o caso das induacutestrias
fumageiras aves e suiacutenos
Portanto para esse paradigma a conflitualidade eacute inerente ao processo de
formaccedilatildeo do capitalismo e do campesinato por causa da contradiccedilatildeo criada pela
destruiccedilatildeo criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo simultacircneas dessas relaccedilotildees sociais (FENANDES
2008) O camponecircs possui um sistema agriacutecola proacuteprio que natildeo faz parte do
agronegoacutecio e apresenta uma loacutegica de reproduccedilatildeo distinta todavia os camponeses
estatildeo subalternos agrave hegemonia daquele modelo de desenvolvimento econocircmico
(ROOS2015)
Roos (2015) ao analisar a obra de Chayanov2 afirma que o deslocamento de
membros da famiacutelia para outras atividades (venda de forccedila de trabalho) estaacute
assentado na satisfaccedilatildeo das necessidades e natildeo na maximizaccedilatildeo de lucros
2 CHAYANOV AV La organizaciacuteon de la unidad econoacutemica campesina Buenos Aries Nueva Visioacuten 1974
23
possiacuteveis (relaccedilotildees capitalistas) pois o principal objetivo das transaccedilotildees
econocircmicas camponesas eacute a reproduccedilatildeo do grupo social
Para Paulino (2003) a heterogeneidade no campo estaacute marcada por dois
tipos de propriedade privada de um lado a propriedade capitalista e de outro a
propriedade camponesa Na propriedade capitalista a terra eacute um objeto de negoacutecio
pelo fato de haver exploraccedilatildeo do trabalho alheio ao passo que a propriedade
camponesa constitui-se em terra de trabalho natildeo tendo como intuito a acumulaccedilatildeo
de capital e sim a sobrevivecircncia familiar Nesse sentido para a autora a dualidade
entre terra de negoacutecios e terra de trabalho se explica com base no caraacuteter
contraditoacuterio do desenvolvimento capitalista
Portanto o camponecircs ao incorporar elementos da loacutegica do agronegoacutecio
como ao plantar fumo e soja utilizando agrotoacutexicos adubos quiacutemicos entre outros
gastos relacionados ao plantio e colheita satildeo compreendidos no paradigma
camponecircs a partir do capital sujeitando e expropriando a renda camponesa e
consequentemente deixando o agricultor mais vulneraacutevel
12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR
No Brasil os estudos e debates sobre a categoria da agricultura familiar
ganharam forccedila a partir do fim da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990
quando essa categoria tem maior representatividade no cenaacuterio socioeconocircmico
brasileiro Inuacutemeros conceitos e caracterizaccedilotildees foram criados para tentar explicar
os indiviacuteduos pertencentes a esse grupo Nesse sentido para Anjos (2003) a
agricultura familiar brasileira se estrutura
ldquocomo uma nova categoria poliacutetica portadora de uma consideraacutevel fonte de legitimidade social que simultaneamente representa os interesses dos pequenos produtores rurais das famiacutelias assentadas dos arrendataacuterios dos agricultores familiares integrados aos complexos agroindustriais e de outros atores sociais do campo brasileirordquo (ANJOS 2003 p 245)
No decorrer da deacutecada de 1990 os estudos voltados para o universo da
agricultura familiare que se destacam na literatura estatildeo em Veiga (1991)
Abramovay (1992) Lamarche (1998) entre outros Esses estudos aleacutem de
trazerem um panorama geral sobre a agricultura familiar daqueles anos tambeacutem
mostraram que as formas familiares de agricultura natildeo eram e nem satildeo
24
homogecircneas poreacutem satildeo importantes para promover o desenvolvimento econocircmico
no Brasil
Abramovay (1992) foi o primeiro no Brasil que distinguiu campesinato de
agricultor familiar afirmando que o agricultor familiar eacute oriundo do camponecircs poreacutem
apresenta distintas formas de organizaccedilatildeo do trabalho tendo como pretensatildeo
inserir-se ao mercado Tambeacutem ao se referir agrave regiatildeo Sul do Brasil o autor afirma
queldquoos agricultores familiares integram-se plenamente a estruturas nacionais de
mercado transformam natildeo soacute sua base teacutecnica mas sobretudo o ciacuterculo social em
que se reproduzem e metamorfoseiam-se numa nova categoria social de
camponeses tornam-se agricultores profissionaisrdquo (ABRAMOVAY 1992 p 126-
127)
Abramovay (1992) Veiga (1991) e Lamarche (1998) entendem que a
agricultura familiar eacute uma categoria que manteacutem a loacutegica familiar de produccedilatildeo
poreacutem estaacute ligada agrave loacutegica capitalista de integraccedilatildeo aos mercados Nesse sentidoo
autor da corrente marxista Claus Germer (1996) alerta para o problema de
conceituar a agricultura familiar em oposiccedilatildeo agrave agricultura patronal o qual favorece
sem sentido a noccedilatildeo de embate entre esses modos de produccedilatildeo
Pensadores da corrente teoacuterica que discutem a agricultura familiar como por
exemplo Valente (2008) Diniz Filho (2011) e Navarro (2014) entre outros natildeo
costumam fazer uma oposiccedilatildeo radical entre a agricultura familiar e o agronegoacutecio
tal como se observa no paradigma camponecircs pelo fato que de alguma forma os
agricultores familiares fazem parte do agronegoacutecio Nesse sentido apontam que a
agricultura familiar brasileira eacute heterogecircnea e necessita ser trabalhada com
tipologias como por exemplo nos estudos organizados por Lamarche (1998) e pela
caracterizaccedilatildeo da agricultura familiar por grupos A B C e D realizados a partir do
estudo ldquoNovo retrato da agricultura familiar brasileira (2000)rdquo Esses estudos
mostram que existem muitas formas de agricultores familiares que se aproximam
bastante do padratildeo do agronegoacutecio Portanto para esse paradigma natildeo haacute
incompatibilidade ou conflitos radicais dos agricultores familiares em relaccedilatildeo ao
capital visto que estatildeo inseridos no mercado
Lamarche (1998) identificou quatro modelos aproximados para distinguir os
tipos de agricultores familiares a partir do tipo e grau de dependecircncia financeira de
mercado e da tecnologia para produccedilatildeo Os quatro modelos consistem em Modelo
empresa caracteriza as unidades produtivas que possuem grande dependecircncia
25
tecnoloacutegica financeira e comercial dependente de matildeo de obra assalariada
(temporaacuteria ou permanente) natildeo possuindo grande apego agrave propriedade (terra)
Modelo empresa familiar satildeo dependentes dos sistemas tecnoloacutegicos financeiros e
de mercado a matildeo de obra eacute familiar tendo por objetivo a reproduccedilatildeo familiar a
partir da terra Modelo agricultura camponesa e de subsistecircncia eacute caracterizada
pelo grande envolvimento da famiacutelia na unidade produtiva pouco dependente de
tecnologias e mercados externos visando satisfazer as necessidades familiares
com pouca produccedilatildeo para comercializar aleacutem de preservarem os patrimocircnios com
intuito de sobrevivecircncia da famiacutelia E por fim o modelo agricultura moderna que eacute
um modelo de agricultura competitiva que estaacute em constante diminuiccedilatildeo das
relaccedilotildees familiares de produccedilatildeo buscando autonomia teacutecnica financeira e de
mercado
Tambeacutem no sentido de entender as caracteriacutesticas do puacuteblico que fazia parte
do rural brasileiro o estudo realizado pela FAOINCRA no ano de 1994 separou os
agricultores entre familiares e patronais sendo que o grupo dos familiares ganhou
outras trecircs subdivisotildees Agricultores Familiares Consolidados que remete aos
agricultores familiares jaacute integrados ao mercado Agricultores familiares em
transiccedilatildeo ou seja aqueles em processo de integraccedilatildeo aos mercados e Agricultores
Familiares Perifeacutericos caracteriacutesticos daqueles com poucas possibilidades de
integraccedilatildeo aos mercados Poreacutem conforme Bittencourt e Peraci (2010) esse
agrupamento da categoria familiar foi utilizado soacute ateacute 1999 quando ganhou outra
classificaccedilatildeo agora a partir de quatro subdivisotildees dos grupos familiares A B C e D
A tipificaccedilatildeo das unidades familiares em quatro grupos eacute produto do estudo
realizado com base nos dados do Censo Agropecuaacuterio de 1996 e coordenado por
Carlos Enrique Guanziroli (FAO) e Silvia Elizabeth Cardin (INCRA) no ano de 2000
intitulado ldquoO novo retrato da agricultura familiar O Brasil redescobertordquoque
objetivou fazer uma nova tipificaccedilatildeo das unidades familiares localizadas no territoacuterio
brasileiro Esse agrupamento foi definido pela Resoluccedilatildeo 2629 de agosto de 1999
a qual foi adotada para que as regras de financiamento fossem mais adequadas agrave
realidade de cada segmento social (Schneider Czala Matei 2004 p 26)
Da mesma forma que os estudos feitos por Lamarche (1998) os resultados
dos trabalhos realizados pela FAOINCRA afirmam que a agricultura brasileira
apresenta uma grande diversidade em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo dos produtores agrave aptidatildeo
da terra agrave disponibilidade de infraestrutura etc natildeo apenas entre as regiotildees mas
26
tambeacutem dentro de cada regiatildeo (Guanziroli Cardin 2000) Esses autores insistem
na importacircncia de aprofundar o conhecimento dessas realidades do espaccedilo rural
com o intuito de incorporar de forma efetiva esses conhecimentos ao planejamento
de poliacuteticas puacuteblicas
Como o presente estudo objetiva a identificaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo dos
produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis atraveacutes da tipologia dos grupos
familiares eacute fundamental detalhar as caracteriacutesticas de cada grupo3 Agricultores
Familiares tipo A considerados como os mais capitalizados e muito integrados ao
mercado Agricultores Familiares tipo B que estatildeo em vias de capitalizaccedilatildeo e
integrados ao mercado Agricultores Familiares tipo C que se apresentam em vias
de descapitalizaccedilatildeo e pouco integrados aos mercados e os Agricultores Familiares
tipo D sendo compreendidos como descapitalizados
Essas delimitaccedilotildees estabelecidas entre a agricultura familiar e a patronal
como tambeacutem na diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os proacuteprios agricultores
familiares proporcionou a identificaccedilatildeo dos distintos graus de desenvolvimento e
das distintas loacutegicas adotadas para a reproduccedilatildeo familiar
Para esse paradigma o agricultor familiar natildeo eacute um camponecircs mas sim um
empresaacuterio capitalista de pequeno porte inserido no mercado e que busca
maximizar a sua produccedilatildeo mas como eacute de pequeno porte ainda natildeo se
desvinculou totalmente do processo produtivo necessitando da matildeo de obra familiar
para o desenvolvimento das atividades a qual eacute caracteriacutestica das unidades
familiares No caso da produccedilatildeo de fumo conforme se veraacute com detalhes adiante o
pequeno capitalista estaacute presente em todo o processo desde o plantio ateacute a venda
da produccedilatildeo
Schneider (2006) menciona a falta de compreensatildeo dos modos familiares e
sua inserccedilatildeo nos mercados capitalistas uma vez que se deixam enredar no debate
sobre um suposto dualismo entre o agronegoacutecio e agricultura familiar como se os
3Considera-se que a tipologia elaborada pela FAOINCRA (2000) busca estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares dando-se em funccedilatildeo do custo de oportunidade do trabalho dado esse obtido atraveacutes do valor da diaacuteria regional mais 20 Tambeacutem o universo familiar foi delimitado atraveacutes das variaacuteveis em que a direccedilatildeo dos trabalhos do estabelecimento era exercida pelo produtor o trabalho familiar era superior ao trabalho contratado e por fim a aacuterea regional que varia de 4 ateacute 15 moacutedulos fiscais
27
envolvidos natildeo estivessem interessados em um mesmo processo ou seja da
produccedilatildeo e do consumo Nessa mesma linha de pensamento Veiga (2004) afirma
que ldquoo agronegoacutecio no Brasil natildeo eacute soacute uma atividade de grandes produtores e que
natildeo haacute oposiccedilatildeo com agricultura familiarrdquo uma vez que a agricultura familiar
sustenta um dos ramos mais bem sucedidos do agronegoacutecio como as cadeias
produtivas de exportaccedilatildeo de frango suiacutenos e tambeacutem com grande expressividade
a cadeia do fumo
O agronegoacutecio eacute composto fundamentalmente por agricultores familiares Eles conseguiram se firmar em setores extremamente modernos como a produccedilatildeo de aves suiacutenos fumo produtos esses ligados a mercados internacionais (ABRAMOVAY 2003 p 7)
De acordo com Valente (2008) vem sendo estabelecido o consenso de que
as atividades desenvolvidas ao longo da cadeia produtiva tanto patronais quanto
familiares satildeo complementares Nessa perspectiva menciona que faz-se necessaacuterio
um estudo do que aproxima e do que afasta aqueles que se inserem no agronegoacutecio
para assim ser possiacutevel pleitear distintas poliacuteticas agriacutecolas de acordo com os
interesses de casa categoria
Enquanto Fernandes (2001)Paulino (2003)Oliveira (2004) e Roos (2015)
defendem a oposiccedilatildeo do agronegoacutecio agrave agricultura familiar devido agraves
conflitualidades entre as classesSchneider (2006) Navarro (2007 2014) Valente
(2008) Diniz Filho (2011) e Jank (2006) consideram falso esse dualismo entre a
agricultura familiar e o agronegoacutecio uma vez que os agricultores buscam maximizar
seus lucros Nesse sentido afirma Jank (2006) que
O Brasil tem sido proacutedigo em produzir falsas dicotomias como a ideia do agronegoacutecio contra a pequena agricultura a agricultura patronal contra a agricultura familiar ou grandes produtores contra os sem-terra [] caso uacutenico no mundo o Brasil tem dois ministeacuterios da agricultura vivendo uma guerra surda por atenccedilatildeo e recursos um cuidando de mecanismos tradicionais de poliacuteticas agriacutecolas e o outro da reforma agraacuteria e da agricultura familiar (JANK 2006 P a2)
13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS
28
O estudo do territoacuterio vem sendo constituiacutedo em uma tradiccedilatildeo do pensamento
geograacutefico nos uacuteltimos 100 anos (VALVERDE 2004) Instintivamente o seu conceito
remota agrave ideia de lugar espaccedilo de residecircncia ou local onde se desenrolaratildeo as
muacuteltiplas relaccedilotildees entre os agentes sejam sociais ou econocircmicos (MARIANI
ARRUDA 2010)
Nesse ponto de vista Fernandes (2008) cita que a globalizaccedilatildeo e a hegemonia
das poliacuteticas neoliberais provocaram a emergecircncia do conceito de territoacuterio em duas
direccedilotildees De um lado os estudos sobre territoacuterios feitos agrave luz do paradigma
camponecircs e de outro o estudo de territoacuterio a partir do paradigma da agricultura
familiar O territoacuterio para o paradigma camponecircs eacute explicado a partir da criacutetica aos
modelos de produccedilatildeo capitalista sendo que as anaacutelises satildeo feitas sob a oacutetica de
territoacuterio multidimensional entendido a partir das conflitualidades e contradiccedilotildees
entre as classes sociais
Jaacute o paradigma da agricultura familiar ao analisar o territoacuterio natildeo utiliza os
procedimentos para estudar as conflitualidades e sim trabalha com o objetivo de
classificar as desigualdades sociais Nesse sentido o tema de estudo predominante
nesse paradigma eacute a reproduccedilatildeo das relaccedilotildees capitalistas ou seja a forma como os
agricultores buscam se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo sem que haja
uma conflitualidade entre classes ou territoacuterios No caso dos conflitos existentes no
campo para o paradigma da agricultura familiar deve-se trabalhar a partir do grau
que esses conflitos acontecem natildeo generalizando a partir de casos radicais de
conflitos entre os distintos territoacuterios No caso da fumicultura pode-se dizer que natildeo
satildeo identificados conflitos tatildeo radicais ao passo que na produccedilatildeo de subsistecircncia
esse acontecimento pode acontecer de forma diferenciada
Diversos satildeo os acontecimentos e agentes responsaacuteveis por instituir funccedilatildeo e
particularidades aos espaccedilos Como exemplos desses acontecimentos podem ser
citadas ldquoas atividades econocircmicas os empreendimentos das
multinacionaistransnacionais comunidades tiacutepicas como tambeacutem do poder puacuteblicordquo
(MARIANI ARRUDA 2010) os quais satildeo responsaacuteveis pela construccedilatildeo de
territoacuterios Haesbaert (2007) destaca a existecircncia de territoacuterios funcionais desde que
o territoacuterio apresente um papel de receptaacuteculos de atividades econocircmicas
possuindo muacuteltiplas funccedilotildees conforme seu interesse em atuar naquele territoacuterio
29
Fernandes (2008) adepto do paradigma camponecircs ao trabalhar os diferentes
territoacuterios destaca a importacircncia de analisar o territoacuterio atraveacutes da
multidimensionalidadeconflitualidade que satildeo concebidas atraveacutes de um conjunto
de conflitos inscritos nas relaccedilotildees indissociaacuteveis entre desenvolvimento e disputas
territoriais Para o autor a definiccedilatildeo de territoacuterio estaacute relacionada agrave existecircncia de
poder entre classes ao passo que a conflitualidade existe devido agraves disputas
territoriais entre o capital e o campesinato ou seja de distintos territoacuterios e
funcionalidades
Oliveira (2001) aponta que devido agraves forccedilas produtivas capitalistas ocorrerem
de maneira desigual e contraditoacuteria no territoacuterio em algumas circunstacircncias eacute mais
conveniente para o capital monopolizar o territoacuterio ao inveacutes de se territorializar ou
seja neste caso para o paradigma camponecircs o capital natildeo expropria o camponecircs
fumicultor poreacutem subordina esse agente social ao ditar as regras de produccedilatildeo como
tipos de sementes insumos quiacutemicos teacutecnicas de produccedilatildeo entre outros elementos
que estatildeo relacionados agrave produccedilatildeo Trata-se da territorializaccedilatildeo do capital
monopolista (OLIVEIRA 2001) o qual monopoliza a circulaccedilatildeo e domina os meios
de produccedilatildeo e a terra (ROOS 2015)
Nesse sentido no territoacuterio a accedilatildeo das empresas transnacionais como por
exemplo a Souza Cruz configuram o processo chamado por Oliveira (2005) e Roos
(2015) de ldquomonopolizaccedilatildeo do territoacuteriordquo uma vez que a empresa se instala em aacutereas
estrateacutegicas monopoliza o territoacuterio e firma acordos com os produtores familiares e
natildeo familiares que produzem fumo sendo entendidos entatildeo a partir da sujeiccedilatildeo da
renda da terra ao capital onde o produtor atraveacutes da integraccedilatildeo tem pouco poder
nas negociaccedilotildees
Para Fernandes (2008) a existecircncia de distintos territoacuterios entre o campesinato
e o agronegoacutecio eacute dada a partir das formas de organizaccedilatildeo espacial e de paisagens
geograacuteficas sendo o territoacuterio do agronegoacutecio caracterizado pela monocultura
desertificaccedilatildeo populacional produtivismo para exportaccedilatildeo grande escala e
homogeneidade ao passo que o territoacuterio camponecircs eacute representado pela
heterogeneidade da paisagem frequente povoamento policultura e produccedilatildeo
diversificada Por fim o territoacuterio monopolizado pelo agronegoacutecio se distingue pela
homogeneidade da paisagem geograacutefica e pela subalternidade e controle
tecnoloacutegico das commodities que se utilizam dos territoacuterios camponeses
30
(FERNANDES 2008) Portanto para os seguidores desse paradigma o capital
forma os seus territoacuterios atraveacutes da expansatildeo e controle de aacutereas em todas as
regiotildees subalternizando o camponecircs atraveacutes da integraccedilatildeo Sobre a monopolizaccedilatildeo
do territoacuterio Fernandes (2008) destaca que
Quando o tempo de trabalho eacute maior do que o de produccedilatildeo o capital age atraveacutes da monopolizaccedilatildeo do territoacuterio e da sujeiccedilatildeo da renda da terra Neste caso o campo continua povoado por camponeses ou pequenos ou meacutedios capitalistas que passam a produzir de acordo com o que lhes diz a induacutestria Eacute o caso por exemplo da laranja do fumo a avicultura e da suinocultura entre outros (FERNANDES 2008 p 196)
As anaacutelises voltadas ao paradigma camponecircs e que tratam dos assuntos
relacionados agrave produccedilatildeo de fumo como por exemplo o trabalho de Roos (2015)
afirmam que a subalternidade camponesa estaacute expressa na sujeiccedilatildeo da renda e na
monopolizaccedilatildeo do territoacuterioterritorialidade pelo capital uma vez que a
monopolizaccedilatildeo do territoacuterio pelo capital eacute entendida como territorialidade capitalista
no territoacuterio camponecircs Nesse sentido Roos (2015) compreende territorialidade
como o uso do territoacuterio ponderando que este eacute exclusivamente produzido por uma
relaccedilatildeo social que somente pode ser realizada pelo sujeito onde a territorialidade
pode ser camponesa ou capitalista
Nesse ponto de vista em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de fumo nas unidades
familiares o paradigma camponecircs compreende que as relaccedilotildees capitalistas
subordinam as relaccedilotildees camponesas e consequentemente o seu territoacuterio pelo fato
das bases teacutecnicas de produccedilatildeo estarem determinadas pelas multinacionais como
por exemplo atraveacutes dos contratos de compra de fumo de empresas com a Souza
Cruz
O territoacuterio eacute instituiacutedo por sujeitos e grupos sociais que se afirmam por meio dele Assim haacute sempre territoacuterio e territorialidade ou seja processos sociais de territorializaccedilatildeo Num mesmo territoacuterio haacute sempre muacuteltiplas territorialidades (PORTO-GONCcedilALVES 2006)
Roos (2015) destaca que mesmo onde as empresas fumageiras determinam
o padratildeo tecnoloacutegico (infraestrutura tipos de sementes insumos utilizados formas
de semeadura etc) natildeo tiram dos camponeses a autonomia sobre o seu trabalho o
tempo e as decisotildees Assim o autor afirma que o territoacuterio continua sendo de
domiacutenio dos camponeses poreacutem o capital exerce sua territorialidade subordinando a
renda camponesa na medida em que se incorporam agrave loacutegica capitalista
31
A territorialidade deriva de territoacuterio como produto das muacuteltiplas relaccedilotildees de
poder presentes e que estatildeo intrinsicamente relacionadas aos modelos de produccedilatildeo
podendo como destacado por Porto-Gonccedilalves (2006) e Fernandes (2008) coexistir
vaacuterias territorialidades em um mesmo territoacuterio
As territorialidades expressam as relaccedilotildees de poder que determinam as
configuraccedilotildees territoriais Elas contribuem para a identificaccedilatildeo de quem domina e de
quem eacute o dominado nos territoacuterios As territorialidades tambeacutem estatildeo expressas nas
paisagens de modo que seus componentes revelam as relaccedilotildees sociais poliacuteticas e
econocircmicas (FERNANDES 2010)
Fernandes (2008 2009) acrescenta que a disputa territorial entre o
campesinato e o agronegoacutecio pode acontecer por duas formas distintas pela
desterritorializaccedilatildeo e pelo controle das territorialidades por possuiacuterem relaccedilotildees
sociais distintas e modelos divergentes de produccedilatildeo os quais resultam em conflitos
Portanto ainda no que diz respeito ao paradigma camponecircs Paulino e
Almeida (2010) defendem a ideia de que embora o campesinato seja uma relaccedilatildeo
natildeo capitalista ldquosua reproduccedilatildeo deve ser entendida a partir das diversas
contradiccedilotildees do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma
contradiccedilatildeo e natildeo de uma articulaccedilatildeo de modos de produccedilatildeordquo Jaacute no paradigma da
agricultura familiar a inserccedilatildeo do agricultor nos mercados capitalistas natildeo eacute
compreendida pela conflitualidade entre territoacuterio camponecircs e do agronegoacutecio
sendo que ambos buscam maximizaccedilatildeo de sua produccedilatildeo
A partir do exposto eacute possiacutevel entender que os estudos feitos agrave luz do
paradigma da agricultura camponesa e que tratam de temas relacionados agrave
produccedilatildeo de fumo no Sul do Brasil afirmam a existecircncia de conflitos muitas vezes
ldquoveladosrdquo entre o territoacuterio dos fumicultores e a territorialidade corporativa das
empresas fumageiras
32
CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de
fumo Por esse fato o presente capiacutetulo tem como objetivo salientar os fatores que
proporcionaram ao paiacutes se tornar referecircncia nesse setor uma vez que a fumicultura
eacute desenvolvidaem sua maioriapela agricultura familiar (AFUBRA 2015) De
maneira cronoloacutegica realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica da origem do fumo e
sua consequente inserccedilatildeo em uma produccedilatildeo de escala comercial analisando o
cultivo o mercado e outros aspectos sejam das esferas produtiva social e
econocircmica visto que esses elementos satildeo fundamentais para entender os motivos
pelos quais contribuiacuteram para a inserccedilatildeo dessa produccedilatildeo no municiacutepio de
PrudentoacutepolisPR que seraacute tratado com mais detalhes no capiacutetulo III Tambeacutem pelo
fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo
de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral
dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura
familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo
do agronegoacutecio
21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
A partir do iniacutecio da deacutecada de 1990 o Brasil vem ocupando uma posiccedilatildeo de
destaque no mercado mundial do fumo pelo volume produzido e pela qualidade que
o produto possui
Ao analisar as origens4 dessa cultura as respostas satildeo um pouco distintas pois
existem possiacuteveis afirmaccedilotildees de que o fumo era consumido desde o seacuteculo IX no
continente Asiaacutetico Todavia Frozza (1998) afirma que o cultivo e uso das folhas
datam de mais de quatro mil anos e que ocorreram nas regiotildees da Ameacuterica do Norte
e Central onde hoje se situam o Meacutexico e a Guatemala Ainda de acordo com esse
autor satildeo os povos Maias que teriam iniciado o plantio dessa cultura
4 O tabaco tambeacutem chamado de fumo eacute uma erva do gecircnero das plantas solanaacuteceas cujas folhas depois de preparadas servem mais comumente para fumar cheirar ou mascar (SILVA 2012)
33
Nardi (1985) e Saffrin (1995) afirmam que o fumo tem suas origens nos vales
orientais dos Andes bolivianos e que chegou ao territoacuterio brasileiro atraveacutes das
migraccedilotildees dos iacutendios principalmente os iacutendios Tupi-Guarani Convergindo com
Nardi e Saffrin Souza Cruz (2011) afirma que o fumo eacute uma planta originaacuteria dos
Andes e que acompanhou as migraccedilotildees dos iacutendios por toda a Ameacuterica Central ateacute
chegar ao territoacuterio brasileiro
Os colonizadores portugueses atraveacutes dos povos indiacutegenas introduziram o haacutebito
do consumo de fumo (BOEIRA 2002) tendo acesso ao produto atraveacutes do
escambo Dessa forma satildeo criadas as primeiras legislaccedilotildees para regulamentar a
atividade fumageira como a Junta de Administraccedilatildeo do Tabaco de 1674 a qual
servia para orientar o comeacutercio das especiarias em Portugal e suas colocircnias e
institucionalizou o monopoacutelio portuguecircs sobre o produto Nesse contexto o tipo de
fumo produzido era o escuro de corda sendo que o mesmo era usado para fabricar
o rapeacute o cigarro e charutos (SILVA 2002)
No iniacutecio do seacuteculo XIX a produccedilatildeo em escala comercial ocupou aacutereas reduzidas e
concentradas entre o litoral dos atuais estados da Bahia (Recocircncavo Baiano) e
Recife proporcionando o abastecimento do mercado europeu Os fatores que
contribuiacuteram para a produccedilatildeo do fumo foram agrave existecircncia de matildeo de obra familiar e o
desejo de desenvolver a regiatildeo Para Silva (2002) a cultura do fumo ao contraacuterio da
cana-de-accediluacutecar que era plantada somente nos latifuacutendios foi e ainda eacute
desenvolvida pela sua maioria em pequenas propriedades
A produccedilatildeo se expandiu para os estados de Minas Gerais Goiaacutes Satildeo Paulo
e sobretudo para a regiatildeo Sul do Brasil regiatildeo essa colonizada por imigrantes
europeus que se dedicaram a atividade como eacute o caso do municiacutepio de
Prudentoacutepolis no Paranaacute
O fumo ldquoproduto antes principalmente destinado ao escambo de escravos na segunda metade do seacuteculo passou a encontrar mercado crescente na Europa A quantidade exportada aumentou 361 por cento entre os anos de quarenta e noventa e os preccedilos meacutedios subiram 41 por centordquo(FURTADO p47 1984apud Silva 2002 p 38)
De acordo com Silva (2002) na regiatildeo Sul do Brasilas primeiras plantaccedilotildees
de fumo iniciaram-se em 1824 na colocircnia de Satildeo LeopoldoRS a mesma colonizada
por imigrantes alematildees e em 1850 na colocircnia Santa CruzRS Nessa regiatildeo foram
34
cultivadas variedades de fumos claros como o chinecircs (conhecido atualmente como
amarelinho) e mais tarde o Virgiacutenia devido agrave melhor aceitaccedilatildeo no mercado externo
sendo usado para a fabricaccedilatildeo de cigarros
Como destaca Spies (2000) o principal fator para os imigrantes se dedicarem a
atividade fumageira foram as precaacuterias condiccedilotildees econocircmicas em que se
encontravam pois produziam somente os alimentos para sua subsistecircncia e o
excedente natildeo era suficiente para provecirc-los Dessa forma viram na produccedilatildeo de
fumo uma alternativa para a melhora da situaccedilatildeo financeira familiar Outras
caracteriacutesticas que devem ser levadas em consideraccedilatildeo uma vez que contribuiacuteram
para que os imigrantes se dedicassem a produccedilatildeo de fumo satildeo a estrutura fundiaacuteria
baseada em pequenos lotes de terras e a disponibilidade de matildeo de obra da proacutepria
famiacutelia
Conforme Souza Cruz (2011) outro marco relevante no setor fumageiro foi agrave
criaccedilatildeo da empresa Souza Cruz pelo imigrante portuguecircs Albino Souza Cruz no ano
de 1903 no estado do Rio de Janeiro colocando em funcionamento a primeira
maacutequina do Brasil a produzir cigarros jaacute enrolados em papel Poreacutem com a
necessidade de investir no ramo para acelerar o ritmo de crescimento em
1914Albino Souza Cruz transformou a companhia em uma sociedade anocircnima
passando o controle acionaacuterio ao grupo British American Tabacco (BAT) fato que
permitiu o crescimento da Souza Cruz (SOUZA CRUZ 2015)
A expansatildeo da produccedilatildeo de fumo ocasionou algumas fusotildees entre empresas
do setor Vogt (1994) menciona que os anos entre 1917 e 1993 satildeo caracterizados
por aglutinaccedilotildees e fusotildees das empresas de comeacutercio e beneficiamento do tabaco A
entrada do capital internacional acarretou mudanccedilas na dinacircmica econocircmica da
regiatildeo
Na cidade de Santa CruzRS encontra-se o maior polo fumicultor do Brasil e
conforme AFUBRA (2001) um fato marcante na mudanccedila da dinacircmica econocircmica
desse muniacutecipio e regiatildeo se deu em 1917 com a iniciativa da BAT de instalar a
primeira usina de processamento de fumo no paiacutes com o nome de ldquoThe Brazilian
Tabacco Corporationrdquo Sua razatildeo social foi alterada no ano de 1920 para Companhia
Brasileira de Fumo em Folha (CBFF) e finalmente em 1955 alterada para
Companhia de Cigarros Souza Cruz ndash Induacutestria e Comeacutercio (SILVA 2002) A
35
companhia foi fundamental para que o Brasil alcancasse ainda mais os mercados
mundiais atraveacutes de algumas melhorias proporcionadas por ela
Vogt (1994) destaca que a partir de 1924 a companhia de capital internacional
comeccedilou a investir e incentivar os fumicultores a utilizarem insumos quiacutemicos para
obter uma melhor produtividade e qualidade do fumo o que se refletia no mercado
de cigarros que cada vez ficava mais exigente O melhoramento geneacutetico das
sementes foi outro condicionante para que se obtivesse um aumento da
produtividade e qualidade do fumo
De acordo com Vogt (1994) o mercado fumageiro brasileiro teve uma boa
elevaccedilatildeo nas exportaccedilotildees com o fim da segunda Guerra Mundial jaacute que os paiacuteses
que ateacute entatildeo eram grandes produtores de cigarros se encontravam desorganizados
pelos conflitos poliacuteticos e econocircmicos Outro fator que contribuiu para a maior
demanda do fumo brasileiro foi uma grande estiagem que afetou os paiacuteses
produtores de fumo na safra de 19441945 ocasionando dessa forma um aumento
nos preccedilos pagos pelos mercados internacionais entre os anos de 1944 e 1946
estimulando assim o aumento da produccedilatildeo brasileira devido aos grandes ganhos
obtidos no mercado externo
Contudo houve um aumento da produccedilatildeo sem o proporcional aumento da
qualidade do fumo causando certa preocupaccedilatildeo na balanccedila comercial Para piorar a
situaccedilatildeo no final da deacutecada de 1940 Franccedila Espanha Beacutelgica Holanda e
Dinamarca que eram os principais importadores do tabaco brasileiro foram
contemplados com o Plano Marshall e passaram a adquirir o fumo norte-americano
jaacute que possuiacutea uma qualidade melhor ldquoDesse modo o Brasil natildeo estava conseguido
uma boa representatividade no mercado externordquo (VOGT p 102 1994)
Ao encontro das discussotildees de Vogt Seffrin (1995) afirma que os fumicultores
foram os principais prejudicados com essa superproduccedilatildeo ocorrida na deacutecada de
1950 os quais entregavam a produccedilatildeo a preccedilos piacutefios de maneira a natildeo incorrer em
prejuiacutezos ainda maiores Como por exemplo quando a entatildeo Companhia Brasileira
de Fumos em Folha que atualmente tem o nome de Souza Cruz abriu um comeacutercio
de compra livre de fumos escuros os quais tinham um valor de mercado bem abaixo
da meacutedia e os fumicultores da regiatildeo Sul do Brasil sem outras saiacutedas de mercado
acabaram vendendo o fumo claro (de valor maior) por preccedilo de fumos escuros
36
Com a queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo no cenaacuterio mundial a
quantidade da produccedilatildeo do fumo era limitada e a produccedilatildeo fumageira das deacutecadas
de 1950 e 1960 (tabela 1) era destinada na sua maioria para o mercado nacional
A elevaccedilatildeo desorganizada da produccedilatildeo fumageira gerou na regiatildeo nos anos de 50 e 60 grandes estoques de excedentes natildeo comercializaacuteveis O fumo abarrotava os armazeacutens das firmas e das cooperativas natildeo tendo o colono como despachar o seu cultivo (VOGT 1994)
Portanto a produccedilatildeo de fumo no Brasil eacute mais expressiva a partir da segunda
metade do seacuteculo XX sobretudo no poacutes-guerra quando a ampliaccedilatildeo das aacutereas de
produccedilatildeo veio associada ao aumento da qualidade e produtividade das lavouras
como tambeacutem da produccedilatildeo industrial dos cigarros
ANO PRODUCcedilAO T EXPORTACcedilAO T
1961 60408 10919 1963 82851 14522 1965 91159 14008 1967 112234 9289 1969 99804 13778 1971 97206 18556 1973 82030 20248 1975 97722 41277
QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA
Fonte VOGT 1994
Como pode ser visto as melhoras nas exportaccedilotildees comeccedilam somente na deacutecada de
1970 A deacutecada de 1960 foi marcada por poucas vendas para o mercado externo
natildeo chegando a exportar 15 da produccedilatildeo total Conforme Sefrin (1995) devido a
essa queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo para o exterior na deacutecada de
1960 os fumicultores encontravam-se em condiccedilotildees econocircmicas peacutessimas pois
aleacutem de ser um trabalho aacuterduo os lucros eram iacutenfimos natildeo conseguindo muitas
vezes fazer o pagamento do financiamento da produccedilatildeo aleacutem das safras serem
afetadas pelas intempeacuteries climaacuteticas encontrando-se cada vez mais
desamparados Como aponta Safrin (1995) os pagamentos muitas vezes eram feitos
no ano seguinte da venda e com preccedilos ainda reduzidos
Para que a produccedilatildeo brasileira do fumo pudesse voltar ao cenaacuterio internacional era
indispensaacutevel um salto qualitativo na produccedilatildeo do fumo fato que exigiria a injeccedilatildeo
de grande quantidade de capital na produccedilatildeo Conforme Vogt (1994) os
37
investimentos necessaacuterios para a melhoria da qualidade estavam relacionados agrave
aquisiccedilatildeo de sementes adubos pesticidas instrumentos agriacutecolas construccedilatildeo de
estufas bem como a assistecircncia teacutecnica constantemente presente na propriedade
do colono e a garantia da compra integral da produccedilatildeo sendo mais um fator que
impulsionou a Souza Cruz a investir nessa regiatildeo
De acordo com Silva (2002) para corroborar na soluccedilatildeo dos problemas
econocircmicos dos fumicultores surgiram movimentos de uniatildeo dos interesses dos
mesmos o que resultou na sugestatildeo para a criaccedilatildeo de uma associaccedilatildeo formal dos
fumicultores Sendo assim no dia 21 de marccedilo de 1955 na cidade de Santa Cruz do
SulRS foi criada a Associaccedilatildeo dos Plantadores de Fumo em Folha do Rio Grande
do Sul a qual em 1963 mudou sua razatildeo social para Associaccedilatildeo dos Fumicultores
do Brasil (AFUBRA) passando a abranger tambeacutem os estados de Santa Catarina e
Paranaacute (AFUBRA 2014) Dessa forma a entidade foi criada devido a dois fatores
principais a instabilidade do mercado e dos preccedilos do tabaco e a inexistecircncia de
auxiacutelio econocircmico contra danos por granizo nas lavouras
Com a injeccedilatildeo de capital para a melhoria na produccedilatildeo do fumo e com a
criaccedilatildeo da AFUBRA os fumicultores encontravam-se mais confiantes pelo fato de
estarem obtendo melhores rendimentos Apesar desse desequiliacutebrio nas
exportaccedilotildees pelo qual o mercado fumageiro passou nas deacutecadas de 1950 e 1960
Spies (2000) destaca que a induacutestria do fumo jaacute era a mais importante da regiatildeo de
Santa Cruz no Rio Grande do Sul entre os anos de 1952 e 1965 pois no ano de
1924 os produtos de subsistecircncia representavam 70 da produccedilatildeo e na deacutecada de
1950 esse valor caiu para 413 do total da produccedilatildeo agriacutecola regional
Conforme destaca Vogt (1994) o final da deacutecada de 1960 e com maior
intensidade nas deacutecadas de 1970 e 1980 a fumicultura brasileira volta a ter um
aumento significativo em termos de aacuterea produzida e exportaccedilatildeo da produccedilatildeo devido
principalmente agrave abertura do mercado internacional para os fumos brasileiros mas
tambeacutem agrave adoccedilatildeo de poliacuteticas favoraacuteveis agrave instalaccedilatildeo de agroinduacutestrias no paiacutes
resultando na consolidaccedilatildeo dos complexos agroindustriais
Na deacutecada de 1970 e 1980 era notaacutevel o progresso do setor fumageiro na
regiatildeo Sul do Brasil Esse fato refletiu nas exportaccedilotildees pois a quantidade do fumo
em folha exportado pelo Brasil daacute um salto de 55 mil toneladas exportadas no ano
38
de 1965 para 170 mil toneladas no ano de 1985 dando assim a configuraccedilatildeo da
atual estrutura fumageira do Brasil
Com a consolidaccedilatildeo do Complexo Agroindustrial Brasileiro ou seja da
integraccedilatildeo entre a agricultura e a induacutestria o setor fumageiro ganhou grande
impulso e os estados de Santa Catarina e Paranaacute tambeacutem receberam consideraacuteveis
incentivos para se especializar na produccedilatildeo Foi nesse periacuteodo que a produccedilatildeo em
maior escala atingiu o municiacutepio de PrudentoacutepolisPR e um nuacutemero maior de famiacutelias
aderiu a esse cultivo
Durante a deacutecada de 70 consolidou-se a atual estrutura fumageira existente no Brasil meridional [] ao mesmo tempo os cultivos nos estados de Santa Catarina e Paranaacute foram intensificados pelas corporaccedilotildees que introduziram o tabaco em novas aacutereas para responder a demanda internacional (VOGT 1994)
Dessa forma a proliferaccedilatildeo das lavouras de fumo acontece
concomitantemente nos trecircs estados da regiatildeo Sul do Brasil e estes se destacam
pela qualidade do fumo que produzem Silva (2002) aponta que a chegada de outras
empresas multinacionais com intenccedilatildeo de expandir-se impulsionou o processo de
organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do fumo incentivando a especializaccedilatildeo dos envolvidos nas
atividades
Em Santa Catarina e no Paranaacute o cultivo de fumo de estufa de caraacuteter
comercial daacute-se a partir da empresa Souza Cruz a partir da deacutecada de 1960 a qual
oferecia o sistema integrado de produccedilatildeo Ou seja os fumicultores plantariam o
fumo a Souza Cruz entraria com o financiamento da produccedilatildeo (fornecimento da
estufa de insumos e assistecircncia teacutecnica) e no final da safra o fumicultor fazia o
pagamento para a empresa com sua proacutepria produccedilatildeo No Paranaacute a Souza Cruz
inseriu primeiramente a produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Irati (principal polo
fumageiro do Paranaacute onde se localiza o municiacutepio de Prudentoacutepolis)
A partir da deacutecada de 1980 a produccedilatildeo vem aumentando Vogt (1994) expotildee
que a regiatildeo Sul do paiacutes aumentou sua produccedilatildeo em aproximadamente 60 entre
as safras de 198788 e 19921993 dando um salto de 350 mil para 560 mil
toneladas
39
TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL
SAFRA AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS
KG ha R$Kg
1995 200830 348000 132680 1733 155
2000 257660 359040 134850 2092 200
2005 439220 842990 198040 1919 433
2006 417420 769660 193310 1844 415
2007 360910 758660 182650 2102 425
2008 348720 713870 180520 2047 541
2009 374060 744280 186580 1990 590
2010 370830 691870 185160 1866 635
2011 372930 832830 186810 2233 493
2012 324610 727510 165170 2241 630
2013 313675 712750 159595 2272 745
2014 323700 731390 162410 2259 728
Fonte AFUBRA2015
A safra de 2005 mostra novamente um aumento significativo na produccedilatildeo
total Sul brasileira chegando a 842990 toneladas anuais (tabela 1) De 2005 para
caacute a produccedilatildeo oscilou entre 842990 e 691870 toneladas anuais (conforme a
demanda do mercado) com um leve decreacutescimo nos uacuteltimos trecircs anos
A produtividade do fumo aumentou na deacutecada de 2000 devido agrave introduccedilatildeo de
novas teacutecnicas que permitiram a diminuiccedilatildeo do uso de matildeo de obra Na safra de
1995 a produtividade meacutedia foi de 1733 kgha aumentando consideravelmente
para a uacuteltima safra a qual chegou a 2259 Kgha Nos anos de 2005 e 2006
percebe-se um aumento na quantidade de famiacutelias envolvidas na atividade quadro
esse invertido no ano de 2007 ocorrendo queda no nuacutemero dessas famiacutelias
Apesar da diminuiccedilatildeo do nuacutemero das famiacutelias na atividade em geral a
produccedilatildeo natildeo eacute afetada o quase deve agrave modernizaccedilatildeo das estufas de secagem
que resultou na diminuiccedilatildeo da matildeo de obra favorecendo o aumento da produccedilatildeo
por parte das famiacutelias que permaneceram no setor Conforme um produtor
entrevistado durante o trabalho de campo desta pesquisa
40
Depois que modernizamos a nossa estufa no ano de 2005 conseguimos aumentar a produccedilatildeo e diminuir a matildeo de obra [] antes precisava de quatro pessoas para colheita e pelo menos mais 4 para fazer a costura das folhas de fumo no galpatildeo antes de colocar na estufa [] quando descarregava as folhas da estufa era preciso tirar todos os fios do fumo [] dava muito trabalho Com a modernizaccedilatildeo isso acabou [] o fumo que vem da lavoura vai direto para a estufa Precisamos soacute de pessoas para colher e carregar direto na estufa O trabalho eacute mais leve nos dias de hoje com esse tipo de estufa (FUMICULTOR DA LINHA RIO PRETO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)
Sei que o fumo por si soacute jaacute eacute um veneno mas usamos os equipamentos de proteccedilatildeo que eacute seguro Hoje usamos agrotoacutexicos porque daacute menos serviccedilo e sai mais barato que pagar pra carpir [] soacute por isso mesmo[] Quando produzia morangos usava mais veneno ainda [] sabemos que o veneno natildeo faz bem nem pra noacutes nem para a natureza mas natildeo temos outras opccedilotildees (FUMICULTOR DA LINHA DEZEMBRO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)
Diniz Filho (2011) tambeacutem ressalta que especificamente no caso das
tecnologias de produccedilatildeo agriacutecola a opccedilatildeo dos agricultores familiares pelo uso de
maacutequinas e produtos quiacutemicos eacute estimulada pelo interesse de eliminar certos tipos
de trabalho braccedilal muito penosos Nesse sentidodiscorda-se do paradigma
camponecircs pelo fato de opor o agricultor familiar ao agronegoacutecio afirmando que o
primeiro prima por praacuteticas mais sustentaacuteveis com objetivo de reproduzir somente o
modo de vida ao passo que o agronegoacutecio tenderia a usar tecnologias mais
danosas para o meio ambiente por estar preocupado apenas com lucratividade
Com relaccedilatildeo agrave venda do fumo o preccedilo do quilo varia a cada ano e a
sistemaacutetica para que se estabeleccedila o valor da safra entre os fumicultores e a
induacutestria fumageira incide em acordos com as entidades representativas dos
produtores como a Afubra Associaccedilotildees Federaccedilatildeo e o Sinditabaco que representa
as induacutestrias (DERALSEAB 2014) Apoacutes as negociaccedilotildees e a assinatura do
protocolo eacute que se estabelecem os preccedilos para as variadas qualidades do fumo
Nesse sentido o preccedilo do quilo do fumo eacute regulado conforme a oferta e demanda do
produtopelo mercado expressando adequadamente o valor marginal muitas vezes
pago aos produtores Dessa forma discorda-se de Roos (2015) quando afirma que
os fumicultores estatildeo subordinados pelas empresas fumageiras por terem pouca
representatividade na hora de fixar o preccedilo do quilo do fumo
Conforme AFUBRA (2015) para o fumo Virgiacutenia que eacute uma variedade dos
fumos de coloraccedilatildeo clara satildeo estabelecidas 41 variedades de classificaccedilatildeo sendo a
variedade mais bem paga a BO1 que valia 922 reais o quilo na safra de 20142015
41
e a variedade de menor valor o ST (farelos do fumo) tabelado a 054reais por quilo
Jaacute para o fumo Burley que eacute uma variedade dos fumos de coloraccedilatildeo escura satildeo
estabelecidas 30 diferentes variedades A mais bem paga eacute a B1 que equivale a
811 para cada quilo e a variedade menos valorizada eacute a G (farelos do fumo) que
vale 060 reais por quilo Quando o fumo eacute vendido para a empresa sempre eacute feito
uma meacutedia de toda venda e como revelam os dados da tabela 2 a meacutedia do quilo
pago para os produtores na safra de 201415 foi de 728 reais por quilo
Atualmente a regiatildeo Sul do Brasil se destaca pela maior produccedilatildeo de fumo
do paiacutes participando com 981 do total produzido Os trecircs estados sulinos satildeo
responsaacuteveis por colocar o paiacutes como o segundo maior produtor ena primeira
posiccedilatildeo no quesito exportaccedilatildeo mundial
TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO
ESTADOS AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)
PARTPRODUCcedilAtildeO ()
Rio Grande do Sul
204000 412000 2020 481
Santa Catarina 120000 258000 2150 301
Paranaacute 76000 171000 2250 200
Alagoas 9000 11000 1222 13
Bahia 3000 3000 1000 03
Outros 2000 2000 1000 02
Brasil 414000 857000 2070 100
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) 2014
A produccedilatildeo do fumo e a atuaccedilatildeo das empresas desse setor se datildeo de forma
mais intensa nos paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso do Brasil devido agrave
disponibilidade de matildeo de obra barata facilidade das multinacionais se instalarem
atraveacutes dos incentivos fiscais inexistecircncia de leis ambientaisriacutegidas e por ser a
atividade que gera mais renda se comparada a outras culturas produzidas em
pequena escala
42
TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013
PRODUCcedilAtildeO haacute PRODUCcedilAtildeO KG
VALOR R$
Animal x 1362412180 2565555940 26
Vegetal 1515650 2487306782 2077480 21
Tabaco 309350 705570000 5383773200 54
Total 1825000 4555288952 10026810100 100
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014
A partir dos dados apresentados pode-se destacar que a produccedilatildeo de fumo
na regiatildeo Sul do Brasil eacute responsaacutevel pela maior renda de muitos agricultores
familiares jaacute que os estados possuem uma grande quantidade de pequenas
propriedades e que dependem da produccedilatildeo do fumo para sua reproduccedilatildeo
econocircmica
Ahrens (2008) afirma que a produccedilatildeo mundial estaacute migrando dos paiacuteses
desenvolvidos para os paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso dos Estados
Unidos que apesar de aparecer como um dos principais produtores de fumo teve
sua produccedilatildeo prejudicada devido aos altos custos de cultivo e agrave escassez de matildeo de
obra
TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012
PAIacuteSES PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
PROCESSADO (t)
CONSUMO (t)
ESTOQUE EXPORTACcedilAtildeO (t)
IMPORTACcedilAtildeO (t)
1 China 2160000 256205 553960 0 538960
2 Brasil 670820 86060 112580 651190 12320
3 Iacutendia 576740 465510 134240 271060 200930
4 Estados Unidos
212020 441720 1580130 153130 420440
5 Indoneacutesia 191260 147940 134830 50270 27440
43
6 Turquia 152190 106240 34620 98200 60430
7 Zimbabwe 127190 3990 229930 43520 80
8 Argentina 103790 29950 364650 36100 1630
9 Paquistatildeo 74910 76300 91570 5390 10390
10 Malavi 71320 1290 166580 91500 890
93 Outros 1533150 1850430 3055200 608630 725480
103 Total 5873390 5771480 6468290 2008990 2008990
Fonte AFUBRA 2014
Apesar de a China ser a maior produtora mundial de fumo acaba consumindo
toda essa produccedilatildeo e na safra de 20112012 ainda importou 538960 toneladas
para suprir sua demanda interna Jaacute o Brasil que estaacute na 2ordm posiccedilatildeo de produccedilatildeo
mundial de fumo destina a maior parte da sua produccedilatildeo para o mercado externo Na
safra de 2013 88 da produccedilatildeo se dirigiu ao mercado externo (quadro 2) ficando
no paiacutes apenas 12 da produccedilatildeo para a fabricaccedilatildeo de cigarros cigarrilhas e
charutos Conforme DERALSEAB (2013) das 627000 toneladas exportadas em
2013 a regiatildeo Sul contribuiu com 624000 toneladas representando o equivalente
de 955 das exportaccedilotildees brasileiras
O quadro 2 mostra que apesar de a maior quantidade do fumo produzido no
Brasil se dirigir para o mercado externo os maiores faturamentos estatildeo relacionados
ao fumo consumido no proacuteprio paiacutes atingindo um lucro total maior que as
exportaccedilotildees O fato de as exportaccedilotildees renderem menos lucros que o fumo
consumido no proacuteprio paiacutes se daacute deve ao fato de o fumo exportado natildeo passar por
processamentos de agregaccedilatildeo de valor(exportaccedilatildeo de folhas e talos) Enquanto
isso toda a produccedilatildeo consumida no paiacutes tanto os fumos claros como os escuros
passa por vaacuterios processamentos de agregaccedilatildeo de valor ateacute obter os cigarros
cigarrilhas e charutos prontos para consumo
A distribuiccedilatildeo da renda bruta do setor fumageiro (quadro 2) estaacute dividida
entre tributosGoverno induacutestria produtor e varejista sendo que 459 dessa renda
eacute destinada ao governo O produtor fatura em torno de 205 do total da renda
faturamento esse que deve ser destinado para a compra dos insumos pagamento
do seguro da produccedilatildeo matildeo de obra desgastes com a terra implementos que usa
na produccedilatildeo gastos com a secagem das folhas do fumo aleacutem de prejuiacutezos que
podem vir a acontecer durante a produccedilatildeo
44
Jaacute os varejistas apesar de auferirem 6 do faturamento natildeo tecircm gastos tatildeo
altos comoos produtores Aleacutem do mais esse setor ganha na quantidade sendo que
existe um nuacutemero muito maior de fumicultores que de varejistas Isso tambeacutem
acontece com a induacutestria que tem seus ganhos principalmente no volume e na
agregaccedilatildeo de valor do produto
Pelos dados apresentados apresentados no quadro 2 pode-se concluir que o
maior beneficiado com o faturamento da produccedilatildeo de fumo eacute o setor puacuteblico atraveacutes
de impostros
QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL
ESPECIFICACcedilAtildeO
2012 2013
R$ Toneladas R$ Toneladas
Consumo Domeacutestico
1635750730000 88990 12 1765594334000 84350 12
Exportaccedilatildeo 645663700000 637780 88 722287181000 627230 88
TOTAL 2281414430000 726770 100 2487881515000 711580 100
DISTRIBUICcedilAtildeO DA RENDA BRUTA
Tributos Governos
1048025493000 459 1076394659000 433
Induacutestria 627838400000 275 720610862000 290
Produtor 467329600000 205 541693230000 217
Varejista 138220930700 61 149182764000 60
TOTAL 2281414430000 100 2487881515000 100
FONTE AFUBRA2013
De acordo com dados da DERALSEAB (2015) no ano de 2014 o fumo
brasileiro foi destinado para mais de cem paiacuteses abrangendo principalmente paiacuteses
da Uniatildeo Europeia (42) seguidos do Extremo Oriente (26) Ameacuterica do Norte
(13) Aacutefrica (7) Leste Europeu (7) e Ameacuterica Latina (5) Atualmente a
liderenccedila brasileira nas exportaccedilotildees se daacute devido agrave excelente qualidade do fumo agrave
regularidade da produccedilatildeo e agrave competitividade com os preccedilos dos demais paiacuteses
produtores
45
42
26
13
7
7
5
Uniatildeo Europeia
Oriente Meacutedio
Ameacuterica do Norte
Aacutefrica
Leste Europeu
Ameacuterica Latina
Paiacuteses importadores do fumo brasileiro
Fonte
DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014
Conforme DERAL (2014) no Paranaacute as lavouras com predomiacutenio de fumos
claros concentram-se nos nuacutecleos regionais de Irati Ponta Grossa Curitiba Uniatildeo
da Vitoacuteria e Guarapuava Jaacute em Francisco Beltratildeo Pato Branco Cascavel e Toledo
cultivam-se os fumos escuros
Na figura 1 estatildeo expostos os municiacutepios produtores de fumo e a meacutedia de
hectares que cada municiacutepio ocupa com essa culturaNota-se que a produccedilatildeo de
fumo no estado se concentra em sua maioria na regiatildeo Sudeste Centro-Sul
Sudoeste e Oeste
O municiacutepio de Prudentoacutepolis pertence ao nuacutecleo de Irati nuacutecleo esse que
ocupa o primeiro lugar no ranking de produccedilatildeo de fumos claros do estado conforme
a tabela 5
GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO
46
FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA Fonte IBGE 2014
TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute
Nuacutecleos regionais
Safra 20132014 Safra 20142015 Participaccedilatildeo
Aacuterea (ha) Produccedilatildeo(t) Aacuterea (ha) Produccedilatildeo (t) ()
Irati 19300 43425 19500 43875 244
Ponta Grossa 17562 42605 18862 45268 251
Curitiba 13300 30493 13300 34580 12
Uniatildeo da Vitoacuteria
7500 15750 7600 15580 87
Guarapuava 5000 12400 4900 13230 73
Francisco Beltratildeo
4350 9904 4300 10320 57
Cascavel 3600 7556 3500 7453 41
Outros 4774 10711 4496 9907 55
Total 75386 172844 76308 180213 1000
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014
47
Na safra de 20122013 os municiacutepios paranaenses que se destacaram no
volume de fumo produzido foram Satildeo Joatildeo do Triunfo Rio Azul Prudentoacutepolis
Ipiranga e Irati As 1813 famiacutelias que cultivam fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis
foram responsaacuteveis por produzir 10192 toneladas do produto
Para os municiacutepios de Satildeo Joatildeo do Triunfo e Rio Azul se comparados os
volumes produzidos (quadro 3) nota-se quea quantidade em toneladas natildeo
apresenta tanta diferenccedila entre ambos sendo 13458 toneladas em Satildeo Joatildeo do
Triunfo e 13268 toneladas em Rio Azul Poreacutem em relaccedilatildeo ao nuacutemero de famiacutelias
que trabalham na atividade fumageira em Rio Azul esse nuacutemero eacute bem maior que
em Satildeo Joatildeo do Triunfo Esse fatoeacute resultado da opccedilatildeo das famiacutelias de Rio Azul
porproduzirem menores quantidades de fumo por unidade familiar como tambeacutem
por intempeacuteries climaacuteticas (granizo ventos) que impediram de colher toda a
produccedilatildeo
PARANAacute PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTORES
Satildeo Joatildeo do Triunfo 13458 1968
Rio Azul 13268 2610
Prudentoacutepolis 10192 1813
Ipiranga 9323 1661
Irati 8539 1558
QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) AFUBRA 2014
22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL
De acordo com Sauer (2008) em 1996 a criaccedilatildeo do PRONAF (Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) trouxe avanccedilos poliacuteticos
voltados aos agricultores familiares permitindo o reconhecimento destes enquanto
categoria social epossibilitando o acesso ao creacutedito agriacutecola Creacutedito esse que
48
quando usado de maneira correta contribui significativamente para o aumento da
produccedilatildeo
Dentre os vaacuterios estudos que retratam a evoluccedilatildeo da agricultura familiar
brasileira nas uacuteltimas deacutecadas destaca-seldquoO Novo Retrato Da Agricultura Familiar
Brasileirardquo Nesse estudo os autores mencionam a importacircncia de refletir sobre o
espaccedilo rural tendo como escopo a sua diversidade pelo fato da existecircncia de
distintos tipos de agricultores familiares que possuem interesses e estrateacutegias
particulares de produccedilatildeo agropecuaacuteria Nesse sentido da mesma forma que existe
uma diversidade de agricultores familiares deveratildeo tambeacutem existir poliacuteticas
agriacutecolas e tipos de assistecircncia teacutecnica distinto para cada grupo com intuito desses
empregarem em sua produccedilatildeo tecnologias que possibilitam o seu fortalecimento e
expansatildeo diante dos mercados
Sobre a diversidade da agricultura familiar brasileira a tabela 6 mostra de que
forma satildeo distribuiacutedos os tipos familiares a renda monetaacuteria anual e qual a
porcentagem na participaccedilatildeo do valor bruto da agricultura familiar por grupo familiar
TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006
Grupos familiares Nuacutemero de agricultores familiares
segundo o tipo
Total VBP familiares
Renda Monetaacuteria
liacutequida anual em reais
A 452750 695 5323600
B 964140 157 372500
C 574961 47 149900
D 2560274 102 25500
Total 4551855 -
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
A partir dos dados sobre a caracterizaccedilatildeo dos grupos familiares nota-se que
o grupo com um contingente maior de agricultores familiares no ano de 2006 foi o
grupo D ou seja os descapitalizados Esses agricultores familiares de acordo com
Guanziroli et al (2012) estatildeo em sua maioria concentrados nas regiotildees Norte e
Nordeste do Brasil sendo os que menos empregam aparatos tecnoloacutegicos Desse
modo o autor afirma que o grau de especializaccedilatildeo e tecnificaccedilatildeo tem maior
49
influecircncia na geraccedilatildeo de renda do que a quantidade de terra possuiacuteda por cada
unidade familiar Sobre o grupo familiar D o estudo tambeacutem menciona que
[] entre os agricultores familiares do tipo D tambeacutem existem agricultores mais capitalizados os quais podem ter sido classificados neste grupo devido agrave frustraccedilatildeo de safra baixos preccedilos de seus produtos no mercado ou a realizaccedilatildeo de novos investimentos nos quais as receitas ainda natildeo estatildeo superando as despesas Esta afirmaccedilatildeo estaacute baseada na participaccedilatildeo percentual do creacutedito rural obtido e dos investimentos realizados por estabelecimentos deste tipo (FAOINCRA)
Os agricultores familiares dos grupos A e B considerados como capitalizados
e em vias de capitalizaccedilatildeo correspondem principalmente aos produtores familiares
da regiatildeo Sul do paiacutes O desempenho desses grupos se deve ao fato de estarem
inseridos em cadeias produtivas mais competitivas as quais trazem melhores
retornos econocircmicos
Guanziroli et al (2012) apontam que os produtores familiares do tipo A tecircm
uma renda anual elevada em parte porque na aacuterea rural podem se beneficiar da
produccedilatildeo para autoconsumo natildeo pagam aluguel e as taxas sobre o valor da aacutegua e
luz satildeo mais baixas se comparadas com a urbana Dessa forma o padratildeo de vida
desses agricultores eacute compatiacutevel com a da classe meacutedia urbana Entretanto existe
uma distacircncia muito grande entre os produtores do grupo A e os demais
Nesse sentido Guanziroli et al (2006) com base no estudo ldquoDez anos de
evoluccedilatildeo da agricultura familiar no Brasil (1996 e 2006)rdquo compararam os dados do
censo agropecuaacuterio de 1996 com o de 2006 a fim de dar respostas a algumas
inquietudes sobre a evoluccedilatildeo da agricultura familiar no dececircnio analisando o
processo de modernizaccedilatildeo da agricultura familiar por meio da evoluccedilatildeo de algumas
variaacuteveis (uso de maquinaacuterios insumos entre outras tecnologias) Dentre outros
resultados esse estudo mostrou que houve crescimento do nuacutemero de agricultores
familiares entre os censos o qual passou de 4139000 para 4551855 Ou seja em
1996 8517 do total dos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros eram
familiares e em 2006 essa porcentagem aumenta para 8796 do total
Os dados desse estudo tambeacutem mostraram que os agricultores familiares
pertencentes ao grupo A e quanto muito aos grupos A e B desempenham um papel
importante em termos econocircmicos Jaacute o grupo C e principalmente os agricultores
familiares do grupo D produzem tatildeo pouco que remetem aquela visatildeo do agricultor
50
familiar de subsistecircncia que comercializa pequenos excedentes econocircmicos em
mercados locais
O uso de tecnologias pelos agricultores familiares como maquinaacuterios e
insumos quiacutemicos contribuiu para o aumento da produccedilatildeo e da produtividade
acontecimento esse que possibilitou a ascensatildeo do universo familiar no cenaacuterio
agropecuaacuterio brasileiro com significativa importacircncia na produccedilatildeo tanto de gecircneros
alimentiacutecios de consumo nacional como tambeacutem de commodities de exportaccedilatildeo
caso a produccedilatildeo de fumo As tecnologias voltadas para a produccedilatildeo de fumo
referem-se a modernizaccedilatildeo das estufas de secagem das folhas de fumo de
sementes melhoradas geneticamente aleacutem dos insumos agriacutecolas
De acordo com Guanziroli et al (2006) as anaacutelises regionais sobre a
agricultura familiar brasileira para o ano de 2006 mostram que as regiotildees Norte
Nordeste e Sul apresentam maior participaccedilatildeo percentual de agricultores familiares
na produccedilatildeo regional em detrimento das regiotildees Centro-Oeste e Sudesteas quais
caracterizam-se pela maior expressividade da agricultura patronal
TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006
Regiatildeo 2006
Norte 6018
Nordeste 4738
Sudeste 2228
Sul 5443
Centro-Oeste 1453
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
Outro dado importante trazido pelos autores supracitados estaacute relacionado ao
fator produtividade como se vecirc pela comparaccedilatildeo entre os agricultores familiares e
natildeo familiares por regiatildeo (tabela 8) Os agricultores familiares pelo fato de
possuiacuterem quantidades de terras menores tendem a ser mais produtivos que o
agricultor natildeo familiar Nesse sentido concorda-se com Navarro (2014) ao apontar
que a ampliaccedilatildeo no acesso de tecnologias agrave agricultura de menor porte econocircmico eacute
necessaacuteria para a permanecircncia desses produtores no rural
51
A produccedilatildeo de fumo da regiatildeo Sul do Brasil eacute um exemplo que retrata que a
agricultura familiar eacute mais eficiente no uso da matildeo de obra e da terra quando
comparada aos agricultores patronais A necessidade da intensificaccedilatildeo da matildeo de
obra familiar para aumentar a produccedilatildeo exemplifica bem o porquecirc da maior parte
empregada na agricultura estaacute no segmento familiar apesar desse segmento natildeo ser
predominante na produccedilatildeo agriacutecola brasileira Dessa maneira Abramovay (1992 p
209) afirma que ldquonatildeo haacute atividade econocircmica em que o trabalho e a gestatildeo
estruturam-se tatildeo fortemente em torno de viacutenculos de parentesco e onde a
participaccedilatildeo da matildeo de obra natildeo contratada seja tatildeo importante como na agricultura
familiarrdquo
TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006
Brasil e Regiotildees
Valor produzido por hectare (R$ de 2006)
Natildeo familiar Familiar
Norte 1113 2410
Nordeste 3783 3907
Sudeste 10546 7378
Sul 8373 13376
Centro-Oeste 2727 2851
Brasil 4617 5546
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
Atraveacutes da regionalizaccedilatildeo e do valor produzido por hectare percebe-se que
os agricultores familiares da regiatildeo Sul satildeo mais eficientes no valor produzido e
segundo Guanziroli et al (2012) a predominacircncia de agricultores familiares nas
cadeias produtivas como a fumicultura a avicultura e suinocultura favorece o
aumento da produtividade por aacuterea Eacute nesse sentido que pode-se afirmar natildeo existir
dicotomia ou oposiccedilatildeo entre a agricultura familiar e a patronal uma vez que a
competiccedilatildeo no mercado faz com que cada um desses segmentos tenda a
predominar nos setores em que apresenta capacidade para produzir com mais
eficiecircncia
Na regiatildeo Sudeste a alta tecnologia empregada pelos agricultores natildeo
familiares consegue superar a produtividade da agricultura familiar Jaacute nas regiotildees
Norte e Nordeste encontram-se os menores iacutendices de produtividade da agricultura
52
familiar brasileira fato relacionado a vaacuterios fatores principalmente os solos menos
produtivos clima cultivo de culturas que tecircm um retorno de investimento menor e
tambeacutem a menor disponibilidade de tecnologias assistecircncia teacutecnica e poliacuteticas
agriacutecolas capazes de inverter esse quadro
Aleacutem da representatividade bastante grande (956) da produccedilatildeo de fumo a
agricultura familiar brasileira tem participaccedilatildeo significativa na produccedilatildeo de gecircneros
alimentiacutecios como arroz feijatildeo e mandioca Tambeacutem contabiliza-se um nuacutemero
significativo de agricultores familiares envolvidos nas cadeias produtivas
caracteriacutesticas do agronegoacutecio como soja trigo e milho (tabela 9)
No caso dos produtos de origem animal (tabela 10) a participaccedilatildeo da
agricultura familiar tambeacutem eacute significativa ou seja concorda-se com Guanziroli et al
(2012) quando afirma que produzir alimentos como arroz feijatildeo ou mandioca natildeo
quer dizer necessariamente que esses produtores satildeo camponeses ou produtores
de subsistecircncia pois na grande maioria dos estabelecimentos produz-se totalmente
para o mercado ou seja seu objetivo natildeo eacute somente a subsistecircncia e sim vender a
produccedilatildeo
TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000
PRODUTO 2006
Arroz 3919
Cana-de-accediluacutecar 1024
Cebola 6959
Fumo 9567
Mandioca 9317
Milho 5190
Soja 2360
Trigo 3638
Feijatildeo 7659
Banana 6240
Cafeacute 2967
Laranja 2525
Uva 5363
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
53
TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006
TIPO DE PRODUCcedilAtildeO 2006
Pecuaacuteria de corte 1665
Pecuaacuteria de leite 6053
Suiacutenos 5245
Aves 3034
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
A produccedilatildeo de fumo na regiatildeo Sul do Brasil tambeacutem tem grande
expressividade no contingente de pessoal ocupado (PO) ou seja conforme
demonstrado na tabela abaixo 9 da PO agriacutecola de 2012 estava ocupada nessa
atividade De acordo com Maia e Sakamoto (2015) no Sul destacam-se aleacutem dos
ocupados no cultivo do fumo os ocupados no cultivo da soja (10 da PO agriacutecola)
que representavam em 2012 90 e 63 dos ocupados nos respectivos ramos de
atividade do conjunto da PO agriacutecola brasileira
Para esses autores a dinacircmica da PO agriacutecola brasileira foi influenciada pela
regiatildeo Nordeste que apesar de conter o contingente agriacutecola mais expressivo do
Paiacutes (44 do total da PO agriacutecola brasileira) passou por uma grande reduccedilatildeo de
28 da PO agriacutecola entre os anos de 2005 e 2012 Buainain et al (2013) apud Maia
Sakamoto (2014) destacam que esse processo de esvaziamento na regiatildeo
Nordeste estaria associado tanto agrave inviabilidade econocircmica do minifuacutendio quanto agraves
diferenccedilas de qualidade de vida e oportunidades de emprego entre os meios rural e
urbano
54
TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012
Grupos 2012
N (1000)
Criaccedilatildeo de bovinos e outros animais 402 188
Cultivo de hortaliccedilas legumes flores etc 305 143
Cultivo de Soja 207 97
Produccedilatildeo mista lavoura temporaacuteria e pecuaacuteria
197 92
Cultivo de milho 194 91
Cultivo de fumo 194 91
Outras atividades 632 297
Total 2131 100
Fonte Maia e Sakamoto 2014 Dados primaacuterios IBGE 2012
Com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos ocupantes em atividades agropecuaacuterias por
condiccedilatildeo de pobreza (tabela 12) nota-se que os ocupados pobres na produccedilatildeo de
fumo correspondem a 7 do total que eacute um percentual de pobres em geral menor
do que os encontrados em outras produccedilotildees como nas de mandioca (26) arroz
(29) milho (24) e horticultura (12)
As culturas da soja cafeacute cana-de-accediluacutecar e frutas satildeo as que tecircm menores
taxas de pobreza com valores respectivos de 24 45 46 e 63 A
proporccedilatildeo meacutedia brasileira para todos os ocupados em atividades agropecuaacuterias eacute
de 146
Desse modo pode-se dizer que as culturas tradicionais como arroz
mandioca e milho satildeo as que tecircm maiores taxas de pobreza Esse fato faz sentido
em Prudentoacutepolis pois na regiatildeo Norte do municiacutepio onde a produccedilatildeo de fumo natildeo
eacute realizada devido agraves caracteriacutesticas do clima e da topografia o niacutevel de
desenvolvimento eacute menor que na parte Central e Sul do municiacutepio Esse contraste
se revela natildeo somente pela comparaccedilatildeo entre culturas tradicionais e a produccedilatildeo de
fumo pois tambeacutem as outras culturas tendem a gerar menores taxas de pobreza
A produccedilatildeo de frutas eacute uma boa opccedilatildeo para a geraccedilatildeo de renda dos
agricultores familiares em geral pois apresenta uma taxa de pobreza bem menor
55
ainda que a do fumo Poreacutem para essa produccedilatildeo seria necessaacuteria a especializaccedilatildeo
e a tecnificaccedilatildeo desses agricultores realizadas a partir de poliacuteticas de incentivos a
tecnificaccedilatildeo e assistecircncia para agricultura familiar como apontado por Navarro
(2014) Ou seja a quantidade de tecnologia empregada de forma correta estaacute
intrinsecamente relacionada agrave renda do agricultor Sobre tecnologia para a
agricultura familiar Valente (2008) ressalta que ldquodeve-se compreender a tecnologia
natildeo como panaceacuteia mas conhecimento que estaria a exigir inovaccedilotildees institucionais
como poliacuteticas puacuteblicas parcerias e outras accedilotildees que a ele devem ser conjugadasrdquo
TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010)
Atividade Natildeo pobre Pobre Pobres () Total
Arroz 137325 56589 292 193914
Milho 389402 126624 245 516026
Algodatildeo 7322 579 73 7901
Cana-de-accediluacutecar 214497 10189 45 224686
Fumo 215365 16116 70 231481
Soja 96235 2387 24 98622
Mandioca 376239 132050 260 508288
Horticultura 522745 72322 122 595067
Frutas 236742 15808 63 252550
Cafeacute 552738 26757 46 579496
Cacau 67809 6670 90 74479
Pecuaacuteria 1611624 149626 85 1761250
Outros cultivos 4389749 942358 177 5332108
Outros agropecuaacuteria
1609597 226670 123 1836267
Total 10427388 1784746 146 12212134
Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010
Portanto os dados da tabela 12 mostram que realmente existem vaacuterias
culturas que geram uma taxa de pobreza bem menor que a cultura do fumo mas em
contrapartida existem aquelas que geram taxas de pobreza bem maiores Assim
pode-se dizer que os agricultores familiares que produzem fumo analisam os fatores
56
relacionados agrave matildeo de obra terra maquinaacuterios disponibilidade de capital
conhecimento teacutecnico e agrave lucratividade por atividade optando pela produccedilatildeo mais
rentaacutevel dentre aquelas para as quais possuem capacidade teacutecnica e financeira para
produzir
No quadro 4 podemos ver como ocorre a distribuiccedilatildeo das atividades
agropecuaacuterias entre os domiciacutelios rurais e urbanos Nesse sentido aproporccedilatildeo dos
ocupados em atividades agriacutecolas e que residem em aacutereas urbanas satildeo maiores em
cultivos como cana-de-accediluacutecar algodatildeo e frutas (607 516 e 451
respectivamente) ao passo que no cultivo do fumo cacau milho e arroz essas
proporccedilotildees satildeo bem menores (65 224 245 e 292)
Do ponto de vista da fixaccedilatildeo do homem no campo a cultura do fumo eacute mais
eficiente se comparadas com aquelas mais mecanizaacuteveis em que o contingente de
ocupados em atividades agriacutecolas eacute maior na aacuterea urbana O fato de a produccedilatildeo de
fumo ser pouco mecanizaacutevel no Brasil principalmente na colheita exige a matildeo de
obra familiar sem contar a necessidade da contrataccedilatildeo de matildeo de obra nos
periacuteodos de colheita do produto
Atividade Urbano Rural Urbano () Total Arroz 63133 130781 326 193914 Milho 114789 401228 222 516026 Algodatildeo 4075 3826 516 7901 Cana-de-accediluacutecar 136484 88202 607 224686 Fumo 15105 216376 65 231481 Soja 32958 65664 334 98622 Mandioca 86628 421660 170 508288 Horticultura 233989 361078 393 595067 Frutas 113813 138738 451 252550 Cafeacute 213751 365744 369 579496 Cacau 16683 57796 224 74479 Pecuaacuteria 466018 1295232 265 1761250 Outros cultivos 1625626 3706482 305 5332108 Outros agropecuaacuteria
889452 946815 484 1836267
QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010)
Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010
De acordo com Neder (2014) os municiacutepios brasileiros de maior porte
populacional se dedicam mais expressivamente agraves atividades de serviccedilos e induacutestria
57
(atividades natildeo agropecuaacuterias) ao passo que os municiacutepios com menor populaccedilatildeo
encontram-se mais relacionados agrave pecuaacuteria soja e fumo Dado esse que se
confirma no municiacutepio de Prudentoacutepolis como tambeacutem na grande parte dos
municiacutepios produtores de fumo da regiatildeo Sul do Brasil os quais satildeo caracterizados
pelo baixo contingente populacional sendo que um nuacutemero razoaacutevel deles tem
populaccedilatildeo predominantemente rural
A partir dos dados apresentados nota-se que a agricultura familiar brasileira
tambeacutem produz commodities para o mercado externo como nas cadeias de aves
suiacutenos soja e fumo Redefinindo assim a visatildeo dualista e superando o dilema entre
a agricultura para o mercado interno e a agricultura para exportaccedilatildeo (SILVEIRA
2014)
Portanto sabendo da inegaacutevel dualidade entre as formas de fazer agricultura
no rural brasileiro estando de um lado a agricultura patronal e do outro a agricultura
familiar concorda-se com Elesbatildeo (2007) quando afirma que natildeo tem fundamento
priorizar nem um segmento e nem outro dentro da agropecuaacuteria pois deve-se olhar
para o rural como um territoacuterio de diversidade onde haacute espaccedilo e necessidade para o
desenvolvimento tanto da produccedilatildeo de commoditiescomo tambeacutem para a
diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo na agricultura familiar tendo como escopo para as
pesquisas a heterogeneidade do segmento familiar
58
CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO
Este capiacutetulo tem por objetivo mostrar os processos de ocupaccedilatildeo do territoacuterio
de Prudentoacutepolis como tambeacutem os elementos que proporcionaram a inserccedilatildeo da
cultura do fumo nas unidades familiares a qual contribuiu para a reproduccedilatildeo
econocircmica desses produtores Nesse sentido a caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais
familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de fontes secundaacuterias como o IBGE eacute
fundamental para conhecer o perfil das unidades familiares
31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR
O municiacutepio de Prudentoacutepolis estaacute localizado na mesorregiatildeo Sudeste do
estado do Paranaacute (figura 2) sendo o terceiro municiacutepio paranaense com maior aacuterea
territorial Estaacute situado a latitude 25ordm 12rsquo 47rdquoS longitude 50ordm 58 40 W e na altitude
de 840 metros (IBGE 2010)
A partir de dados do censo demograacutefico (IBGE 2010) constata-se que
atualmente a maior parte da populaccedilatildeo Prudentopolitana reside na aacuterea rural ou
seja do total de 48793 habitantes 54 vivem na aacuterea rural e 46 na urbana
59
Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO Fonte IBGE (2010) Autor VILCZAK A (2015)
A ocupaccedilatildeo territorial do municiacutepio de Prudentoacutepolis se deu principalmente
atraveacutes da entrada de grande contingentes de imigrantes europeus No Paranaacute
entre os anos de 1829 e 1911 chegaram aproximadamente 83012 mil estrangeiros
de origem eslava (SENETRA 2014) os quais se dirigiram em sua maioria para os
arredores de Curitiba Prudentoacutepolis e Mallet
No municiacutepio de Prudentoacutepolis um contingente maior de imigrantes chegou
entre os anos de 1896 e 1897 Por esse fato atualmente cerca de 75 da
populaccedilatildeo satildeo descendentes de imigrantes ucranianos e em menor escala de
poloneses
Conforme Hauresko (2012) Prudentoacutepolis eacute uma das antigas colocircnias do
interior do Paranaacute instalada em 1895 no denominado distrito de Satildeo Joatildeo de
Capanema sendo a construccedilatildeo da estrada de rodagem Rio Grande do Sul ndash Satildeo
Paulo um dos fatores para a atraccedilatildeo desses imigrantes os quais foram inseridos
numa poliacutetica de instalaccedilatildeo de pequenas propriedades
Os lotes de terra eram recebidos pelos imigrantes e deveriam ser quitados na
medida em que prosperassem economicamente Esses lotes eram desmatados
pelos proacuteprios imigrantes onde construiacuteam casas provisoacuterias de madeira para
abrigar a famiacutelia como demonstra a figura 3
60
FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
Fonte Acervo do Museu do Milecircnio em PrudentoacutepolisPR
A colocircnia foi elevada a categoria de Vila no ano de 1906 pelo processo de
desmembramento do municiacutepio de Guarapuava No ano de 1929 foi elevada agrave
condiccedilatildeo de municiacutepio sendo constituiacutedo pelos distritos de Patos Velhos Jaciaba e
Prudentoacutepolis
No iniacutecio da colonizaccedilatildeo a semente de pinhatildeo era o principal alimento de
subsistecircncia para o imigrante De acordo com Zaroski (2001) os imigrantes colhiam
os pinhotildees e os transformavam em farinha e fubaacute atraveacutes dos moinhos caseiros e
assim substituiacuteam as farinhas de trigo e centeio Quando se instalaram
definitivamente em seus lotes esses imigrantes comeccedilaram a produzir as sementes
de trigo e centeio tambeacutem para a subsistecircncia
De acordo com Hauresko (2012) uma das primeiras atividades econocircmicas
significativas para as famiacutelias descendentes de imigrantes foi a extraccedilatildeo da erva-
mate jaacute que eacute uma planta nativa da regiatildeo
Uma das mais importantes induacutestrias do proacutespero municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute incontestavelmente a do matte que o municiacutepio produz abundantemente Fundada a colocircnia de Prudentoacutepolis composta na sua maioria de polonezes ruthenos e ukranianos coube a cada colono um lote de 5 a 10 alqueires de terras feacuterteis (BRASIL1929 p 28-29 citado por Hauresko 2012)
61
As pequenas glebas de terra que os imigrantes possuiacuteam rendiam a eles a
extraccedilatildeo da erva-mate como tambeacutem a produccedilatildeo de alimentos para autoconsumo e
mais tarde para a comercializaccedilatildeo Nessa continuidade os produtos agriacutecolas que
se destacam historicamente na participaccedilatildeo econocircmica do municiacutepio foram o cultivo
de feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata suiacutenos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de
gado (EMATER 2014) Poreacutem a renda gerada por essas culturas era iacutenfima de um
lado pela baixa produccedilatildeo que alcanccedilavam devido agrave ausecircncia naquele periacuteodo de
um pacote tecnoloacutegico que potencializasse a produccedilatildeo e de outro lado pela falta de
mercado para receber esses produtos
Diante disso a produccedilatildeo de fumo foi uma importante atividade geradora de
renda para a agricultura familiar principalmente a partir da deacutecada de 1970 Por
outro lado a inserccedilatildeo dessa cultura tambeacutem eacute resultado do papel que as empresas
fumageiras tiveram na regiatildeo Sul do Brasil Ou seja a produccedilatildeo se definiu e se
consolidou devido principalmente as empresas fumageiras em ir ateacute o fumicultor
devido a competitividade que o setor apresenta
Na primeira metade do seacuteculo XX muitas famiacutelias jaacute se dedicavam a produccedilatildeo
de fumo tanto de corda (consumo proacuteprio) como tambeacutem de folhas de fumo para
venda Produziam em pequenas quantidades pois todo o trabalho era manual
conforme relata o fumicultor
Eu lembro bem quando o meu avocirc fez a estufa para noacutes trabalhar com o fumo foi mais ou menos nos anos de 1960[] foi bom negoacutecio porque outra lavoura natildeo dava tanto lucro noacutes eacuteramos em bastante irmatildeos e todos ajudavam [] natildeo era faacutecil como hoje que temos trator estufa eleacutetrica Antes era tudo feito com os cavalos e a gente trabalhava muito de sol a sol (Fumicultor da Comunidade de Linha Dezembro entrevistado no dia 9 de junho de 2014) Antes de comeccedilar de plantar fumo noacutes produziacuteamos soacute para consumo o feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata porcos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de gado []Nossa situaccedilatildeo financeira era muito difiacutecil [] natildeo tinha uma renda certa passava muitas necessidades principalmente quando precisava para a sauacutede (Fumicultor da Comunidade de Linha Rio Preto entrevistado em junho de 2014)
No municiacutepio a produccedilatildeo de fumo teve grande procura a partir da metade do
seacuteculo XX Tambeacutem houve incentivos principalmente por parte da Souza Cruz uma
vez que a cultura se desenvolveu bem em algumas regiotildees
62
No ano de 2014 a Emater de Prudentoacutepolis registrou a existecircncia de 8100
famiacutelias de agricultores das quais 1813 o que corresponde a 22 estatildeo
envolvidas no sistema de produccedilatildeo integrada de fumos claros com as empresas
fumageiras que atuam no municiacutepio
A figura 4 mostra a concentraccedilatildeo na parte Sul e Central das 1813 famiacutelias
que produzem o fumo em Prudentoacutepolis Essa concentraccedilatildeo estaacute relacionada agrave
topografia e ao clima De acordo com Kraiczek e Antoneli (2012) na regiatildeo Norte do
municiacutepio a produccedilatildeo natildeo eacute realizada devido ao relevo declivoso (figura 5) improacuteprio
para algumas atividades agriacutecolas como tambeacutem pelo fato de as condiccedilotildees
climaacuteticas serem diferenciadas
FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES
FONTE AFUBRA ndash Mapa elaborado a partir das localidades onde se encontram os produtores Org Kraiczek 2014
63
FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
FonteSRTM ndash USGS-USA (2000) ORG Kurta M (2014)
De acordo com o exposto muitas famiacutelias da regiatildeo Norte do municiacutepio se
interessam pelo plantio de fumo principalmente pela geraccedilatildeo de renda e venda
garantida do produto poreacutem natildeo o produzem devido aos fatores limitantes
De acordo com Emater (2014) devido agraves limitaccedilotildees climaacuteticas e topograacuteficas
as culturas que prevalecem naquela regiatildeo satildeo o feijatildeo milho mandioca maracujaacute
uva e produtos de autoconsumo familiar Esses agricultores familiares sinalizam a
falta de opccedilatildeo de cultivo economicamente rentaacutevel bem como a necessidade da
melhoria nas estradas rurais as quais satildeo fundamentais para escoar a produccedilatildeo
A regiatildeo tambeacutem se caracteriza pelo menor niacutevel de mecanizaccedilatildeo da
produccedilatildeo quando comparada com as regiotildees Central e Sul necessitando de matildeo de
obra intensiva para a produccedilatildeo Extensas aacutereas de lavoura satildeo plantadas
manejadas e colhidas manualmente retratando assim a dificuldade do trabalho
nessa regiatildeo (figura 6)
64
FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR
Fonte Vilczak (2014)
A foto da esquerda mostra uma lavoura de feijatildeo que foi plantada agrave matildeo por
um agricultor familiar do Norte do municiacutepio (Comunidade da Linha Barra de Areia)
o agricultor retrata a dificuldade de trabalhar nessa regiatildeo A foto da direita retrata de
que forma se apresenta o relevo daquela regiatildeo
Conforme dados da Emater (2014) a ocupaccedilatildeo do solo no municiacutepio se daacute
pelas lavouras anuais e perenes matas nativas matas naturais de preservaccedilatildeo
permanente reflorestamentos e pastagens Segundo dados do Ipardes (2013) as
atividades agropecuaacuterias que se destacam atualmente na geraccedilatildeo de renda e no
nuacutemero de hectares ocupados por plantio em Prudentoacutepolis satildeo a produccedilatildeo de leite
bovino e o plantio de fumo soja milho feijatildeo preto e trigo Aleacutem dessas outras
atividades de significacircncia menor para a economia satildeo apresentados nos quadros 5
e 6
65
CULTURAS AacuteREA COLHIDA (ha)
PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)
VALOR (R$
100000)
Abacate 1 30 30000
Abacaxi (mil frutos)
1 11 11000 12
Alho 10 53 5300 265
Amendoim (em casca)
15 20 1333 32
Arroz (em casca)
540 1200 2222 926
Aveia (em gratildeo) 90 198 2200 99
Banana 1 9 9000 5
Batata-inglesa 130 3874 29808 3937
Cana-de-accediluacutecar 26 1325 50962 53
Cebola 60 840 14000 798
Centeio (em gratildeo)
90 135 1500 54
Feijatildeo 27300 33040 1210 70323
Fumo (folha) 4400 9701 2205 58206
Laranja 47 940 20000 544
Maracujaacute
106
530 5000 1007
Mandioca 365 8395 23000 2686
Milho 19870 107088 5389 45699
Pecircssego 13 52 4000 94
Soja 23310 73570 3156 68546
Tomate 5 205 50000 217
Trigo 4210 13472 3200 9508
Uva 28 205 7321 372
QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR
FONTE IBGE - Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013
66
PRODUTOS PRODUCcedilAtildeO VALOR (R$ 100000)
Latilde (Kg) 10930 109
Leite (mil litros) 8308 9965
Mel de abelha (Kg) 290000 2900
Ovos de galinha (mil dz) 245 662
QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
FONTE IPARDES 2015 (IBGE SAFRA DE 2013)
Dentre os setores econocircmicos responsaacuteveis pela formaccedilatildeo do PIB do
municiacutepio de Prudentoacutepolis destacam-se os setores de serviccedilos e a agropecuaacuteria
(quadro 7) Com relaccedilatildeo ao setor de serviccedilos o mesmo tambeacutem estaacute relacionado agraves
atividades agropecuaacuterias
O baixo percentual de participaccedilatildeo das induacutestrias no PIB do municiacutepio se
reflete na baixa agregaccedilatildeo de valor sobre os produtos principalmente nos de origem
animal e da fruticultura entre outros produtos que poderiam gerar mais renda para
os produtores se fossem beneficiados por eles proacuteprios
Setor Prudentoacutepolis Paranaacute
Mil R$ ()
Mil R$ ()
Agropecuaacuteria 115127 2791 12816893 675 Induacutestria 35579 863 46858018 2466 Serviccedilos 237699 5762 106694466 5616
Impostos produtos liacutequidos de subsidio
24099 584 23622577 1243
PIB a preccedilo corrente 412504 100 189991954 100 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR
IBGE 2012 Org Vilczak A 2015
De acordo com Emater (2014) existem no municiacutepio quatorze categorias de
agroinduacutestrias as quais satildeo consideradas de pequeno e meacutedio porte com destaque
para as agroinduacutestrias de embutidos e defumados erva-mate farinha de milho e
quirera Sabendo da importacircncia do setor agropecuaacuterio para a economia do
municiacutepio o graacutefico 2 mostra as atividades com maior geraccedilatildeo de renda
67
GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS
FONTE IBGE Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013 Org VILCZAK A (2014)
Se analisarmos somente a renda obtida por cada cultura notaremos que o
feijatildeo e a soja satildeo as que mais geram receita seguido do fumo milho trigo e arroz
Contudo ao analisarmos a receita e a aacuterea cultivada de cada lavoura notamos que a
produccedilatildeo de fumo eacute a mais rentaacutevel
A partir do graacutefico pode-se entender o porquecirc das famiacutelias permanecerem na
atividade fumageira Estas satildeo motivadas principalmente pela renda obtida aleacutem da
constataccedilatildeo a partir de trabalhos de campo de que a maioria dos fumicultores estatildeo
na atividade haacute muitos anos e que esta ocupaccedilatildeo eacute passada de uma geraccedilatildeo para
outra
Noacutes plantamos fumos haacute 15 anos e antes de eu e minha esposa casar eu plantava o fumo com meus pais e minha esposa com os pais dela e agora pegamos uma estufa para noacutes e continuamos na produccedilatildeo [] Jaacute sabemos bem como produzir um fumo de qualidade boa [] jaacute investimos em outras atividades mas natildeo deu lucro igual do fumo [] trecircs anos atraacutes fizemos financiamento para tanques de peixe investi 10 mil reais para fazer os tanques e comprar os alevinos e como noacutes natildeo tinha acompanhamento teacutecnico e muito menos experiecircncia em produzir peixe natildeo tivemos lucros Produzimos feijatildeo milho soja mas a maior renda vem do fumo (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Dezembro em maio de 2014)
926
70323
58206
45699
68546
9508
540
27300
4400
19870
23310
4210
0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000
Arroz
Feijatildeo
fumo
Milho
Soja
Trigo
Aacuterea Plantada (ha) Valor Produccedilatildeo (R$ 100000)
68
A produccedilatildeo de leite tambeacutem tem uma expressiva contribuiccedilatildeo para a
economia do municiacutepio pois nos uacuteltimos anos intensificou-se a dedicaccedilatildeo dos
agricultores familiares nessa atividade Dessa forma muitos dos fumicultores
tambeacutem produzem leite pelo fato de possuir mercado garantido e tambeacutem devido ao
pagamento do leite ser realizado mensalmente o que natildeo acontece com o fumo
Nas propriedades que combinam a produccedilatildeo de leite com a do fumo os agricultores
familiares usam a renda do leite para gastos mensais fixos da famiacutelia e a renda da
safra do fumo eacute investido na propriedade pois gera receitas mais altas
Agora com a renda do fumo e do leite as coisas se equilibraram que com o dinheiro do leite usamos para os gastos do mecircs e quando vendemos a safra do fumo investimos na propriedade jaacute fizemos casa de alvenaria cerca paiol novo galinheiro compramos trator carro [] a gente trabalha mais mas pelo menos natildeo passamos grandes necessidadade (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Visconde de Guarapuavaem maio de 2014)
De acordo com a EMATER (2014) nos uacuteltimos anos houve aumento do
nuacutemero de agricultores familiares que se dedicaram agrave produccedilatildeo de leite e aos
poucos abandonaram o cultivo do fumo A partir dos trabalhos de campo percebe-se
que muitas vezes os mais jovens pretendem investir na atividade leiteira fazer
cursos e se especializar no uso de tecnologias que permitam maior produtividade
dos animais ou seja casais mais novos que pretendem permanecer no campo
geralmente com niacutevel de escolaridade maior buscam ser mais competitivos como
por exemplo o depoimento de um casal que reside na Linha Visconde de
Guarapuava e de outro que reside na Linha Dezembro
Os nossos pais plantam fumo e quando casamos tambeacutem comeccedilamos a produzir fumo e leite e achamos que se noacutes se especializasse soacute na produccedilatildeo de leite a gente teria mais facilidade porque temos pouca terra (5 alqueires) [] agora temos 32 vacas de leite fora os terneiros e temos uma renda ateacute que razoaacutevel por mecircs (Agricultora familiar entrevistada5 na comunidade de Linha Visconde de Guarapuava)
Sempre plantei fumo mas como casei no ano passado eu e minha mulher decedimos plantar fumo somente nesse ano e no proacuteximo ano investir mais no leite que temos mais facilidade apesar de ter que trabalhar todos os dias de manhatilde e de tarde para tirar o leite e ainda durante o dia plantar os pastos [] no fumo natildeo precisa ficar o ano todo trabalhando mas mesmo assim vamos se especializar soacute com a produccedilatildeo de leite e outras lavouras (Fumicultor entrevistado na comunidade de Linha Dezembro)
5 A agricultora relata que atualmente soacute ajuda os pais com as atividades do fumo nos dias de colheita
69
Portanto nota-se que os mesmos usam da racionalidade econocircmica para
definir o que produzir natildeo buscando somente a sobrevivecircncia da famiacutelia e se
especializando nas atividades em que acreditam serem mais eficiente considerando
as caracteriacutesticas de suas propriedades Buscam assim melhorar de vida seguindo
uma racionalidade tipo capitalista
32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS
Como jaacute visto no item anterior o municiacutepio de Prudentoacutepolis sempre possuiu
uma base produtiva alicerccedilada estruturalmente no setor agropecuaacuterio e de acordo
com dados da Emater de Prudentoacutepolis (2014) o puacuteblico que faz parte do rural do
municiacutepio estaacute composto pela categoria Agricultura familiar constando um nuacutemero
de 8100 estabelecimentos Agricultura Patronal com 1750 estabelecimentos e por
40 famiacutelias Indiacutegenas aleacutem daqueles trabalhadores rurais contratados nos periacuteodos
de safra para desenvolver atividades no campo
Nota-se que em Prudentoacutepolis a categoria da agricultura familiar eacute
predominante em relaccedilatildeo agrave patronal Desse modo a caracterizaccedilatildeo dos produtores
rurais familiares a partir de conceitos e dados estatiacutesticos sistematizados para todo o
paiacutes se torna pertinente para que possamos estimar em quais grupos existe a maior
concentraccedilatildeo desses produtores familiares no municiacutepio e qual eacute a dinacircmica de
produccedilatildeo desses grupos A tipologia entre os agricultores familiares tem por objetivo
estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares devido
a sua heterogeneidade (FAOINCRA 2000) Sendo assim o grupo A refere-se
aquele produtor com renda total superior a trecircs vezes o valor da diaacuteria o grupo B ao
produtor com renda total superior a uma vez ateacute trecircs vezes o valor da diaacuteria no
grupo C estatildeo aqueles com renda total superior agrave metade ateacute uma vez o valor da
diaacuteria e por fim o grupo D com renda total igual ou inferior agrave metade do valor da
diaacuteria
A existecircncia de quatro grupos distintos dentro do universo familiar eacute resultante
de vaacuterios fatores como por exemplo a disponibilidade de terras agricultaacuteveis (como
aquelas localizadas na regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis) as tecnologias
empregadas pelas unidades familiares a forma de administraccedilatildeo da propriedade os
70
preccedilos e mercados aos quais a produccedilatildeo eacute destinada fatores climaacuteticos entre
outros Portanto os distintos tipos de produtores satildeo portadores de racionalidades
especificas e buscam se adaptar ao meio em que estatildeo inseridos
O universo agraacuterio eacute extremamente complexo seja em funccedilatildeo da grande diversidade da paisagem agraacuteria (meio fiacutesico ambiente variaacuteveis econocircmicas etc) seja em virtude da existecircncia de diferentes tipos de agricultores os quais tecircm interesses particulares estrateacutegias proacuteprias de sobrevivecircncia e de produccedilatildeo e que portanto respondem de maneira diferenciada a desafios e restriccedilotildees semelhantes (FAOINCRA 2000)
Os dados mais gerais que tratam de variaacuteveis da caracterizaccedilatildeo dos
agricultores familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis pertencem ao censo
agropecuaacuterio de 2006 momento aquele em que o universo da agricultura familiar era
composto por aproximadamente 7409 estabelecimentos sendo que no ano de
2014 a Emater do municiacutepio registrou um nuacutemero aproximado de 8100 agricultores
familiares um aumento de 691 estabelecimentos Esse aumento dos agricultores
familiares no dececircnio pode ser resultado da subdivisatildeo das propriedades jaacute
existentes
Dentre os quatro grupos familiares (Quadro 8) o maior nuacutemero de agricultores
familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis encontra-se no grupo D ou seja aqueles
agricultores familiares descapitalizados e com baixo niacutevel de integraccedilatildeo ao mercado
No grupo A considerado como capitalizado e com grande integraccedilatildeo aos mercados
existe um contingente menor de agricultores
Nuacutemero bastante significativo de produtores familiares estaacute representado pelo
grupo B grupo esse que estaacute em processo de capitalizaccedilatildeo e integrado ao mercado
Os agricultores familiares capitalizados e em processo de capitalizaccedilatildeo satildeo em
menores nuacutemeros que os descapitalizados e os em processo de descapitalizaccedilatildeo
71
Cidade Agricultura familiar por grupo
Nordm Absoluto de estabelecimentos por grupo
familiar
Prud
entoacute
polis
PR
Familiar ndash tipo A 783
Familiar ndash tipo B 2168
Familiar ndash tipo C 1387
Familiar ndash tipo D 3071
Total 7409
QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006
Fonte IBGE 2006
Conforme os dados do IBGE (2006) eacute importante ressaltar que em
Prudentoacutepolis o grupo A representa cerca de 10 do total de estabelecimentos
familiares o que eacute aproximadamente a mesma proporccedilatildeo verificada para o Brasil
onde haacute cerca de 460 mil produtores do grupo A num universo de pouco mais de 4
milhotildees de estabelecimentos familiares
Dentro do universo dos agricultores familiares de Prudentoacutepolis nota-se que a
grande maioria deles independentemente do tipo familiar possui terras proacuteprias
como demonstrado no quadro 9 O fato de a grande maioria possuir terras proacuteprias
estaacute relacionado ao loteamento feito no periacuteodo da colonizaccedilatildeo do municiacutepio sendo
que apesar de ter acontecido a venda e compra de algum desses lotes em termos
gerais a questatildeo do acesso agrave terras permanece inalterada entre os agricultores
familiares locais
72
Variaacutevel
Agricultura familiar por grupo
Nordm Absoluto de propriedades por grupo
no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR
Terras proacuteprias
Familiar ndash tipo A 700
Familiar ndash tipo B 2016
Familiar ndash tipo C 1338
Familiar ndash tipo D 2966
Total 7020
QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)
Com relaccedilatildeo aos tipos de cultivo nota-se pelo quadro 10 que os produtores
de fumo se concentram nos grupos A e B Ou seja do ponto de vista econocircmico a
produccedilatildeo tende a oferecer uma renda maior do que o milho e o feijatildeo por exemplo
visto que a maior concentraccedilatildeo desses agricultores familiares estaacute nos grupos C e D
A maior parte dos produtores de fumo tem um niacutevel alto de integraccedilatildeo com o
mercado quer dizer natildeo satildeo camponeses e sim pequenos capitalistas que visam
lucros mantendo-se competitivos com objetivo de crescimento econocircmico
QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)
Nesse sentido concorda-se com as abordagens ligadas ao capitalismo
agraacuterio segundo as quais a integraccedilatildeo dos fumicultores com as induacutestrias
Grupo familiar Fumo Feijatildeo Milho Soja Familiar ndash tipo A 520 493 540 109
Familiar ndash tipo B 798 1464 1484 110
Familiar ndash tipo C 128 1058 974 56
Familiar ndash tipo D 89 2125 1773 84
Agricultor natildeo familiar
19 76 93 44
Total de
estabelecimentos
1555
5216
4864
403
73
fumageiras oferece maiores oportunidades para capitalizaccedilatildeo ao passo que a
maioria daquelas famiacutelias que produzem feijatildeo e milho estaacute no grupo familiar em vias
de descapitalizaccedilatildeo e descapitalizados auferindo renda menor
Quando somados as colunas do quadro 10 vemos que o nuacutemero para cada
linha supera o total de estabelecimentos de cada categoria apresentados nos
quadros anteriores Isso mostra que haacute muitos fumicultores que natildeo se dedicam
apenas ao fumo mas tambeacutem ao feijatildeo milho e ou soja A partir dai pode-se
levantar a hipoacutetese de que muitos produtores do grupo A manteacutem pequenas
produccedilotildees de feijatildeo eou milho para autoconsumo Outra hipoacutetese eacute que haacute
produtores do grupo B que estatildeo tentando fazer a transiccedilatildeo das culturas de feijatildeo
eou milho para a cultura de fumo motivo pelo qual deram iniacutecio a produccedilatildeo deste
uacuteltimo sem abandonar os cultivos mais tradicionais
No municiacutepio tambeacutem existem dezenove agricultores natildeo familiares que
produzem fumo e usam da matildeo de obra contratada para cultivar a commoditie
devido agrave baixa mecanizaccedilatildeo disponiacutevel para esse tipo de lavouraDesse modo os
agricultores natildeo familiares tambeacutem tecircm interesse na rentabilidade por hectare e no
mercado garantido do fumo
A produccedilatildeo de soja tem uma expressividade na agricultura familiar com
destaque para os grupos A e B O milho e feijatildeo satildeo as culturas que predominam
nos grupos familiares
Para as variaacuteveis ligadas agrave modernizaccedilatildeo da agricultura foi contabilizado o
nuacutemero de tratores existente nas propriedades familiares como tambeacutem a utilizaccedilatildeo
de agrotoacutexicos entre esses grupos mediante dados do IBGE como apresentado no
quadro 11 Dos 7409 estabelecimentos familiares 1384 possuiacuteam trator no ano de
2006 ou seja 18
Nesse sentido pode-se dizer que no ano de 2006 um universo pequeno de
agricultores familiares possuiacutea trator No grupo A 34 dos agricultores tinham
tratores O grupo B foi o menos expressivo nessa variaacutevel com 12 de
estabelecimentos com trator seguidos de 15 no grupo C e de 20 no grupo D
74
Agricultura familiar por grupo de agricultores
Nuacutemero total de estabelecimentos familiares
Nuacutemero de estabelecimentos com tratores
de tratores por grupo familiar
Familiar ndash tipo A 783 269 34
Familiar ndash tipo B 2168 278 12
Familiar ndash tipo C 1387 209 15
Familiar ndash tipo D 3071 628 20
Total 7409 1384 18
QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES
Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015) O uso de agrotoacutexicos eacute feito por uma parcela expressiva de agricultores
familiares posto que 77 deles usam algum tipo desse produto Em termos
percentuais os agricultores familiares do grupo A satildeo os que mais usam seguidos
do grupo B com 82 grupo Ccom 75 epor fim o grupo D com 69 dos
agricultores que fazem uso desse insumo agriacutecola Assim vale notar que o uso de
agrotoacutexicos natildeo estaacute associado apenas agrave produccedilatildeo de fumo pois os grupos
familiares que produzem predominantemente feijatildeo e milho tambeacutem utilizam
produtos quiacutemicos intensamente Nesse sentido concorda-se com DINIZ FILHO
(2011) quando menciona que
[] a incorporaccedilatildeo de elementos econocircmicos e tecnoloacutegicos da agricultura patronal eacute uma estrateacutegia amplamente utilizada por agricultores familiares do mundo todo para se manterem competitivos no bojo da modernizaccedilatildeo agriacutecola embora frequentemente tal incorporaccedilatildeo fique incompleta devido agrave falta de capital para investimentos e das caracteriacutesticas de muitas propriedades familiares tais como pequena dimensatildeo ou relevo inclinado
75
Agricultura familiar por grupo de agricultores
Nuacutemero total de estabelecimentos familiares
Nuacutemero de estabelecimentos que usam agrotoacutexicos
de estab que usam agrotoacutexicos
Familiar ndash tipo A 783 734 93
Familiar ndash tipo B 2168 1794 82
Familiar ndash tipo C 1387 1048 75
Familiar ndash tipo D 3071 2108 69
Total 7409 5684 77
QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS
Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)
Os dados mostram que a agricultura familiar no municiacutepio de Prudentoacutepolis
tambeacutem se beneficia dos aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo da agricultura
concordando com Diniz Filho (2011) quando afirma ser notoacuterio que a monocultura a
mecanizaccedilatildeo e o uso de pesticidas e fertilizantes quiacutemicos satildeo amplamente
disseminados entre os produtores familiares Nesse sentido pode-se dizer que a
agricultura familiar da mesma forma que o agronegoacutecio estaacute preocupada
primeiramente com os lucros do que em usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis e que
busquem somente reproduzir o seu modo de vida
Portanto pode-se afirmar que a produccedilatildeo de fumo eacute considerada uma
atividade que permite renda razoaacutevel para o produtor uma vez que no municiacutepio de
Prudentoacutepolis esses agricultores familiares estatildeo concentrados no tipo familiar mais
capitalizado condizendo assim com os dados mais gerais sobre a agricultura
familiar brasileira apresentados no capiacutetulo anterior segundo os quais a cultura do
fumo gera menor niacutevel de pobreza que culturas alimentares voltadas para o
consumo popular e frequentemente associadas agrave produccedilatildeo de subsistecircncia
Finalmente vale notar que a pesquisa de campo realizada no acircmbito desta pesquisa
corroborou os resultados obtidos pela anaacutelise de dados estatiacutesticos de fontes
oficiais conforme se veraacute a seguir
76
CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO
Este capiacutetulo tem por objetivo expor os dados dos trabalhos de campo
realizados com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela
empresa Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis A
contrataccedilatildeo eacute feita atraveacutes do sistema de produccedilatildeo integrada no qual a empresa
garante a compra de toda a produccedilatildeo fornece assistecircncia teacutecnica aos contratados
define os padrotildees de fumo a serem produzidos de acordo com as demandas de
mercado bem como estipula os preccedilos do quilo de fumo junto ao sindicato dos
fumicultores do Brasil (SINDITABACO)
Na safra de 20142015 duzentos e noventa e cinco produtores familiares de
Prudentoacutepolis foram contratados pela Souza Cruz como fornecedores de fumo Para
dar suporte a esses fumicultores trabalham trecircs instrutores teacutecnicos cada qual
atuando na sua aacuterea de abrangecircncia acompanhando os mesmos associados desde
o iniacutecio ateacute o final da safra
A finalidade do instrutor teacutecnico eacute de prestar assistecircncia aos fumicultores em
todos os processos da produccedilatildeo do fumo como a definiccedilatildeo da quantidade de peacutes
de fumo que seraacute plantada a compra de insumos para produccedilatildeo a realizaccedilatildeo do
seguro da safra juntamente com a Afubra assistecircncia teacutecnica nos tratos culturais da
planta estabelecimento de estimativas de quilos de fumo que o produtor
comercializaraacute com a empresa acompanhamento na colheita secagem
classificaccedilatildeo e a venda do produto
O instrutor teacutecnico entrevistado expotildee que aleacutem da empresa Souza Cruz
outras cinco empresas6 do mesmo ramo atuam no municiacutepio com intuito de contratar
fumicultores atraveacutes do sistema integrado Menciona tambeacutem que natildeo existem
grandes conflitos concorrenciais entre essas empresas como jaacute existiu na deacutecada
de 1990 quando uma empresa fazia o maacuteximo para atrair maior quantidade de
associados Nos uacuteltimos anos cada empresa tem os seus produtores certos natildeo
6Universal Leaf Tabacos Ltda CTA ndash Continental Tobaccos Alliance One Exportadora de Fumo Ltda Premium Tabacos do Brasil SA e a A Japan Tabacco Inc (JTI)
77
existindo alto niacutevel de migraccedilatildeo desses entre as empresas uma vez que todas
trabalham no mesmo sistema e os preccedilos do quilo de fumo satildeo tabelados
A logiacutestica de transporte do fumo da residecircncia do produtor ateacute a usina de
beneficiamento da Souza Cruz eacute terceirizada sendo que no municiacutepio satildeo trecircs
transportadoras credenciadas pela empresa A proacutepria Souza Cruz natildeo possui
depoacutesitos de armazenamento de fumo em Prudentoacutepolis Desse modo as trecircs
transportadoras credenciadas satildeo responsaacuteveis por fazer o recolhimento da
produccedilatildeo direto do depoacutesito do produtor A transportadora coleta o fumo nas
propriedades dos fumicultores com um caminhatildeo de menor porte e no barracatildeo da
proacutepria transportadora eacute feito o transbordo para as carretas que seguem ateacute a usina
de beneficiamento
Como na assistecircncia teacutecnica cada transportadora tambeacutem tem uma regiatildeo de
abrangecircncia para recolher o fumo A produccedilatildeo que sai dos depoacutesitos dos produtores
jaacute estaacute 100 assegurada caso aconteccedila imprevistos com a viagem Apoacutes a
descarga do fumo na usina de beneficiamento a transportadora utiliza o mesmo
frete para trazer os insumos agriacutecolas para a proacutexima safra
Apesar de possuir uma usina de processamento de fumo no municiacutepio de Rio
Negro no Paranaacute a produccedilatildeo do municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute enviada para a usina
de BlumenauSC pois a usina de Rio Negro tem capacidade de atender somente agrave
produccedilatildeo da regiatildeo Oeste e Sudoeste paranaense e tambeacutem do ponto de vista
logiacutestico eacute mais viaacutevel enviar a produccedilatildeo de Prudentoacutepolis para Blumenau
A partir de dados da Afubra da Souza Cruz e dos dados de campo foi
construiacutedo um fluxograma para exemplificar as etapas em que o fumo produzido no
municiacutepio de Prudentoacutepolis passa ateacute chegar ao consumidor
78
FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
Fonte Souza Cruz e AFUBRA 2014
Org VILCZAK A 2015
41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES
As informaccedilotildees que seratildeo apresentadas a seguir dizem respeito a sessenta
famiacutelias entrevistadas e que satildeo contratadas pela empresa fumageira Souza Cruz
no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR
As famiacutelias entrevistadas residem em seis diferentes localidades do municiacutepio
de Prudentoacutepolis sendo elas Comunidade da Linha Dezembro Comunidade da
Linha Visconde de Guarapuava Comunidade da Linha Marcondes Comunidade da
Linha Barra Vermelha Comunidade da Linha Antocircnio Olinto e Comunidade da Linha
Tira Cisma (figura 8) Para localizar esses fumicultores os instrutores teacutecnicos da
Souza Cruz forneceram uma listagem de todos os produtores e de sua respectiva
localidade de residecircncia Cabe destacar que as entrevistas natildeo foram direcionadas e
nem realizadas com a presenccedila desses instrutores
79
FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS
A seleccedilatildeo das localidades foi feita levando-se em conta a maior concentraccedilatildeo
de produtores de fumo e a maior acessibilidade em relaccedilatildeo agrave aceitaccedilatildeo dos mesmos
em responderem os questionaacuterios
Para a realizaccedilatildeo das entrevistas fez-se necessaacuterio o auxiacutelio de um agente
comunitaacuterio que tinha maior contato com os fumicultores para que os mesmos
pudessem responder o questionaacuterio com maior seguranccedila Recorreu-se a esse
meacutetodo pelo fato de alguns fumicultores convidados a participar da entrevista natildeo
ficarem tranquilos suspeitando que se tratasse de uma pesquisa que natildeo favorecia
aos ideais deles uma vez que possuem ldquomedordquo de certas campanhas
governamentais que incentivam o fim do plantio do fumo
As primeiras entrevistas foram realizadas na Linha Dezembro Linha Visconde
de Guarapuava e Linha Marcondes sendo que as mesmas foram conduzidas
juntamente com a agente comunitaacuteria Gabriela Strechar (residente na Linha
Visconde de Guarapuava) e contabilizou um total de 19 fumicultores Na Linha Barra
Vermelha Linha Antocircnio Olinto e Linha Tiram Cisma foram realizadas 41 entrevistas
80
com a ajuda da agente comunitaacuteria Adriana Kutzmy moradora da Linha Barra
Vermelha e que tambeacutem tem grande conhecimentos sobre essas localidade e
moradores
As entrevistas foram realizadas nos meses de novembro e dezembro de
2015 periacuteodo da colheita do fumo A escolha desse periacuteodo para a coleta de dados
possibilitou conhecer a realidade de cada famiacutelia com relaccedilatildeo agraves formas de
produccedilatildeo colheita transporte e secagem das folhas de fumo
Caracterizaccedilatildeo das famiacutelias
a) Escolaridade feminina e masculina por faixa etaacuteria
Para a coleta de dados dessa variaacutevel foram levados em consideraccedilatildeo
somente as mulheres e homens que vivem nas unidades de produccedilatildeo familiar isto eacute
pessoas que migraram para as cidades e aquelas que se casaram e permanecem
no meio rural natildeo seratildeo contemplados nos quadro 13 e 14
Dentre as sessenta famiacutelias entrevistadas contabilizou-se um total de
duzentos e vinte e cinco membros que residem nas unidades de produccedilatildeo familiar
sendo cento e nove mulheres e cento e dezesseis homens
81
Faixa etaacuteria
S idade
escolar
S escolar idade
Ateacute o 5ordm ano
Do 6ordm ao 9ordm ano
Ensino meacutedio
Incompleto
Ensino meacutedio
completo
Ensino Superior
Cursos teacutecnicos
Total de
mulheres
0 - 05 anos 10 - 01 - - - - - 11
05 - 10 anos
- - 04 - - - - - 04
11 ndash 20 anos
- - 05 09 01 05 01 - 21
21 ndash 30 anos
- - 08 - 12 - 01 21
31 ndash 40 anos
- - 06 06 - 01 - - 13
41 ndash 50 anos
- - 14 06 - - - - 20
51 ndash 60 anos
- - 12 - - 01 - - 13
Acima de 61
- 01 04 - - 01 - - 06
Total 10 01 46 29 01 20 01 01 109
Percentual ()
09 01 43 27 01 17 01 01 100
QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Com relaccedilatildeo agraves mulheres entrevistadas pode-se notar um baixo grau de
escolarizaccedilatildeo dentre aquelas que possuem mais de 40 anos as quais no maacuteximo
tecircm ensino fundamental completo exceto uma senhora que estaacute na faixa etaacuteria de
51 a 60 anos e que possui ensino meacutedio completo e que era professora das seacuteries
iniciais Nota-se tambeacutem a existecircncia de duas famiacutelias com filhas cursando
universidade e curso teacutecnicos no periacuteodo da noite sendo que as mesmas trabalham
durante o dia na propriedade inclusive na produccedilatildeo de fumo
82
Todas as filhas dos fumicultores em idade escolar estatildeo matriculadas nas
suas respectivas seacuteries de ensino Na faixa etaacuteria de 21 a 30 anos a maioria tem o
ensino meacutedio completo e natildeo demonstra pretensotildees de fazer curso superior nos
proacuteximos anos
Apesar da baixa escolaridade somente uma pessoa entrevistada e que tem
mais que 61 anos de idade nunca frequentou uma escola
De acordo com as entrevistas percebe-se que grande parte das mulheres
quando terminam o ensino meacutedio migra para alguma cidade com pretensotildees de
estudar ou trabalhar
Faixa etaacuteria
S idade
escolar
S escolar idade
Ateacute o 5ordm ano
Do 6ordm ao 9ordm ano
Ensino meacutedio
Incompleto
Ensino meacutedio
completo
Ensino Superior
Cursos teacutecnicos
Total de homens
0 - 05 anos 09 - - - - - - - 09
05 - 10 anos
- - 08 - - - - - 08
11 ndash 20 anos
- - 05 07 07 03 - - 22
21 ndash 30 anos
- - - 02 03 13 01 - 19
31 ndash 40 anos
- 01 08 06 - 05 01 03 24
41 ndash 50 anos
- - 11 - - - - - 11
51 ndash 60 anos
- - 18 - - - - - 18
Acima de 61
- - 05 - - - - - 05
Total 09 01 55 15 10 21 02 03 116
Percentual ()
07 01 47 13 09 18 02 03 100
QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO
Fonte Pesquisa de campo (2015)
83
No universo masculino da mesma forma que no feminino percebe-se que as
menores escolaridades estatildeo entre aqueles que possuem mais de 40 anos de idade
Um entrevistado que possui entre 31 e 40 anos cursou trecircs anos no ensino
superior poreacutem alega que natildeo tem pretensotildees em curto prazo em concluir ou
trabalhar fora da propriedade devido a melhor qualidade de vida que pode ter em
relaccedilatildeo agrave cidade Nessa mesma faixa etaacuteria (31 a 40 anos) trecircs homens
frequentaram cursos teacutecnicos sendo que dois concluiacuteram teacutecnico em agropecuaacuteria e
um teacutecnico florestal
Um homem entre 21 e 30 anos concluiu haacute dois anos o curso superior em
contabilidade afirmou que jaacute trabalhou na sua aacuterea de formaccedilatildeo mas que nesse
ano decidiu trabalhar na produccedilatildeo de fumo poreacutem tem pretensotildees de voltar a
trabalhar na aacuterea de formaccedilatildeo
b) Estrutura familiar
Para a coleta de dados correspondente agrave variaacutevel apresentada no quadro 15
tambeacutem foram levadas em consideraccedilatildeo somente as pessoas que vivem na unidade
familiar Dessa forma a quantidade de membros que compotildee as famiacutelias
entrevistadas natildeo eacute numerosa apresentando a maior porcentagem de famiacutelias
compostas por trecircs e quatro pessoas (30 e 42) Aquelas com mais de cinco
membros correspondem na sua maior parte por famiacutelias onde os pais da esposa ou
do marido estatildeo vivendo juntos
Nuacutemero total dos
membros das famiacutelias
Nordm de famiacutelias Nuacutemero total de membros
Percentual ()
Um membro 0 0 0
Dois membros 6 12 10
Trecircs membros 18 54 30
Quatro membros 25 100 42
Cinco membros 07 35 12
Seis membros 04 24 6
84
Total 60 225 100
QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Os dados sobre as famiacutelias em que pelo menos um dos membros migrou para
alguma cidade com intuito de trabalhar estudar ou trabalhar e estudar estatildeo
apresentados na tabela abaixo
TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE
Motivos da migraccedilatildeo Nordm de famiacutelias Percentual () Somente estudar (cursos teacutecnicos Universidade)
9 15
Estudar (cursos teacutecnicos Universidade) e Trabalho
14 23
Somente trabalhar 6 10 Nenhum membro migrou
para a cidade 31 52
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)
Nota-se que 48 das famiacutelias entrevistadas tiveram pelo menos um membro
que migrou para a cidade com objetivo de estudar ou trabalhar Os que relataram
que a migraccedilatildeo foi com intuito de estudar afirmam que os estudos estatildeo
relacionados a cursos teacutecnicos e universitaacuterios como jaacute expostos acima
Vale lembrar a existecircncia de famiacutelias em que os filhos ainda natildeo estatildeo em
idades suficientes para fazer um curso teacutecnico ou universidade ou seja nos
proacuteximos anos provavelmente haveraacute um percentual maior de jovens saindo do
campo com intuito de estudar ou trabalhar em outras atividades com maiores
oportunidades que a produccedilatildeo de fumo
Esse processo migratoacuterio da populaccedilatildeo rural para o urbano no caso dos
fumicultores entrevistados pode estar relacionado com aquilo exposto por (2014)
segundo o qual atualmente nas regiotildees rurais brasileiras a migraccedilatildeo jaacute natildeo eacute mais
um processo em que as condiccedilotildees ldquopor mais pobreza que existamrdquo estatildeo
expulsando as pessoas do campo mas sim um movimento que ocorre quando
existem fatores de atraccedilatildeo no meio urbano Poreacutem natildeo devemos desprezar que
nesse processo tambeacutem estatildeo embutidos outros fatores como os culturais e ateacute
85
pessoais ou seja o que se passa pela cabeccedila das pessoas natildeo somente dessas
que vivem no rural e estatildeo indo para a cidade mas tambeacutem daquelas que jaacute vivem
em cidades de menor porte e migram para grandes centros urbanos Contudo essas
questotildees de ordem cultural e pessoal escapam aos objetivos desta pesquisa
Condiccedilatildeo do fumicultor
TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA
Anos Nordm de famiacutelias Percentual ()
0 ndash 5 anos 0 0
6 ndash 10 anos 4 6
10 ndash 15 anos 12 20
15 ndash 20 anos 16 27
21 ndash 25 anos 12 20
26 ndash 30 anos 10 17
Mais de 30 anos 6 10
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
O periacuteodo de tempo com maior expressividade em que esses agricultores
familiares estatildeo envolvidos na atividade fumageira variam em torno de 10 a 30 anos
Nenhuma famiacutelia entrevistada comeccedilou a produzir fumo nos uacuteltimos cinco anos
Esse fato vai ao encontro de dados mais gerais da Afubra (2015) demonstrando
que entre o ano de 2010 e 2014 o nuacutemero de famiacutelias produtoras de fumo caiu de
185160 para 162410
Esse fato estaacute relacionado principalmente agrave migraccedilatildeo de jovens para as
cidades e pelo fato dos casais mais novos que possuem filhos com idades
insuficientes para trabalhar na atividade fumageira buscarem se promover
economicamente atraveacutes de outras atividades
A queda do nuacutemero de famiacutelias na fumicultura nos uacuteltimos anos tambeacutem estaacute
relacionada com a maior escolaridade das pessoas que vivem no rural pois esses
estatildeo se dedicando a atividades selecionadas por eles como mais oportunas eou
mais competitivas Aqui natildeo podemos desconsiderar tambeacutem a opccedilatildeo das famiacutelias
86
natildeo entrarem na atividade fumageira pelas questotildees da sauacutede (contato com
agrotoacutexicos e doenccedila da folha verde)
TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
Nordm de famiacutelias Percentual ()
Pela renda e venda garantida
12 20
Pouca disponibilidade de terras
06 10
Pela renda venda garantida e pouca terra
35 58
Falta de outras opccedilotildees de atividade agropecuaacuteria
07 12
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Das famiacutelias entrevistadas 58 declararam que optam pela produccedilatildeo de
fumo por trecircs motivos principais a renda a garantia de venda e a pouca aacuterea de
terra que possuem Jaacute para 20 das famiacutelias entrevistadas os principais motivos
estatildeo na geraccedilatildeo de renda e venda garantida
As famiacutelias que natildeo declararam a pouca quantidade de terra como empecilho
para a realizaccedilatildeo de outra atividade que substitua por completo a produccedilatildeo de fumo
mencionam que plantam o fumo devido agrave renda e que como estatildeo inseridos na
cadeia produtiva de gratildeos que eacute mecanizada sobra matildeo de obra para trabalhar
com o fumo Esses exemplos demonstram que os agricultores familiares produzem
para maximizar os lucros e crescer economicamente da mesma forma que os
grandes proprietaacuterios como exposto no paradigma da agricultura familiar
A falta de outras atividades agropecuaacuterias tambeacutem foi mencionada por 12
das famiacutelias entrevistadas pois apesar de existir outros tipos de cultivo no municiacutepio
como por exemplo a produccedilatildeo de verduras de morangos de pepinos e de ervas
medicinais essas famiacutelias declararam que esses cultivos natildeo geram uma renda por
hectare como o fumo Uma fumicultora entrevistada na Linha Marcondes comenta
Eu ldquoplantava as coisasrdquo para a merenda escolar aqui da escola [] noacutes tinha que comprar as sementes e tudo o que precisava pra produzir essas verduras [] quando levava na escola ficavam colocando defeito na minha produccedilatildeo [] queriam que eu levasse todo dia dez peacutes de alface na escola [] que lucro eu ia ter ir todo dia na escola levar soacute dez peacutes de alface E
87
ainda recebia soacute depois de 40 dias que entreguei a produccedilatildeo e ainda agraves vezes atrasava [] O fumo eacute muito cansativo soacute que a gente natildeo precisa ficar se humilhando pra comprar a produccedilatildeo da gente a firma leva tudo seja o melhor fumo seja o pior
A fumicultora retrata que apesar do trabalho na produccedilatildeo de fumo ser mais
cansativa que outras atividades o fato de se ter a venda garantida de toda a
produccedilatildeo compensa as desvantagens
TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS
Quantidades de peacutes de fumo
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
25000 - 30000 peacutes 14 23
31000 ndash 50000 peacutes 26 44
51000 ndash 70000 peacutes 05 08
71000 ndash 90000 peacutes 07 12
91000 ndash 120000 peacutes 05 08
121000 -140000 peacutes 03 05
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)
Dentre as famiacutelias entrevistadas a quantidade miacutenima de produccedilatildeo eacute de
25000 peacutes e a maacutexima de 140000 peacutes poreacutem a maior concentraccedilatildeo estaacute ente
31000 e 50000 peacutes A quantidade de peacutes que satildeo plantados estaacute relacionada agrave
matildeo de obra disponiacutevel uma vez que esses fumicultores antes de planejar a
proacutexima safra levam em consideraccedilatildeo primeiramente a relaccedilatildeo entre a quantidade
de matildeo de obra disponivel com a quantidade de peacutes de fumo De acordo com o
instrutor teacutecnico da Souza Cruz uma pessoa consegue produzir em meacutedia 20000
peacutes de fumo por safra (usando matildeo de obra de terceiros somente para os dias de
colheita)
Condiccedilatildeo das terras usadas pelos fumicultores entrevistados
88
TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS
Condiccedilatildeo da terra Nordm de famiacutelias Percentual ()
Somente terra proacutepria 33 55
Terra proacutepria e arrendada 22 37
Somente terras arrendadas 05 08
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Para coletar esses dados foi levado em consideraccedilatildeo o total das terras
usadas pelos fumicultores independentemente da cultura plantada aleacutem do fumo
Desse modo nota-se que a grande maioria possui terras proacuteprias (92) sendo que
55 cultivam somente em terras proacuteprias e 37 aleacutem das terras proacuteprias arrenda
com intuito de aumentar a produccedilatildeo tanto de fumo como de gratildeo e outros Existem
8 que natildeo possuiacuteam terras proacuteprias e que necessitam arrendar para produzir o
fumo
TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES
Somente terra proacutepria Nordm de famiacutelias Porcentagem ()
Ateacute 5 hectares 11 20
6 a 10 hectares 14 25
11 a 15 hectares 8 15
16 a 20 hectares 6 11
21 a 25 hectares 6 11
26 a 30 hectares 2 04
31 a 40 hectares 4 07
Mais de 40 hectares 4 07
Total 55 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Dos sessenta fumicultores entrevistados cinco natildeo possuem terras proacuteprias
E dos cinquenta e cinco que possuem a maior porcentagem de famiacutelias tem ateacute 15
hectares Nesse sentido esses nuacutemeros satildeo compatiacuteveis com os dados mais gerais
da regiatildeo Sul do Brasil onde a maior concentraccedilatildeo de famiacutelias possui ateacute 20
89
hectares de terra (AFUBRA 2015) A aquisiccedilatildeo das terras foi principalmente por
heranccedila e em parcelas menores atraveacutes de compra
Formas de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria das unidades familiares dos fumicultores
entrevistados
Este item refere-se aos tipos de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria que aleacutem do fumo
trazem renda para a unidade de produccedilatildeo familiar Com base nos dados de campo
verificam-se nas propriedades aleacutem da produccedilatildeo do fumo as produccedilotildees de feijatildeo
milho soja erva-mate e a produccedilatildeo de leite
TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES
Tipo de produccedilatildeo
agropecuaacuteria Nuacutemeros de famiacutelias Percentual ()
Somente fumo 20 33 Fumo e soja 06 10
Fumo soja feijatildeo e milho 20 33 Fumo Soja milho e leite 03 5 Fumo feijatildeo milho e erva-
Mate 11 19
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
De acordo com os dados expostos 33 dos entrevistados afirmam que a
produccedilatildeo da propriedade com pretensatildeo de venda eacute somente o fumo outros 33
aleacutem do fumo produzem soja e feijatildeo seguidos de 19 que se dedicam agrave produccedilatildeo
de fumo feijatildeo milho e erva-mate e menos de 5 declarar produzir para a venda o
fumo a soja o milho e o leite
Nesse sentido 67 dos entrevistados diversificam a produccedilatildeo com intuito de obter
mais fontes de renda Poreacutem alegam que a maior renda por aacuterea plantada vem da
produccedilatildeo de fumo
A produccedilatildeo de eucaliptos (figura 9) tambeacutem eacute bastante comum nas
propriedades pois eacute fonte de energia para a secagem das folhas do fumo Nas
estufas tradicionais o uso de lenha eacute muito maior que nas estufas eleacutetricas
90
FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO
Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2016)
A figura 9 exemplifica uma propriedade de fumicultor que produz a soja para
venda e eucalipto para a secagem do fumo A imagem da esquerda representa a
lavoura de um fumicultor na linha dezembro com produccedilatildeo de soja e ao fundo
notam-se plantaccedilotildees de eucaliptos para usar na secagem das folhas de fumo Na
imagem da direita tambeacutem pode ser vista a lavoura de fumo e ao fundo plantaccedilotildees
de eucaliptos
A erva-mate tambeacutem serve como fonte de renda dos fumicultores sendo que
em aacutereas de faxinal7 os peacutes de erva-mate formam mantidos e outros espaccedilos
usados para o cultivo de soja ou feijatildeo como demonstrado na figura 10 Em algumas
propriedades a erva-mate natildeo eacute nativa e foi plantada nos uacuteltimos anos em escalas
maiores devido agrave rentabilidade
7Por faxinal entende-se as terras tradicionalmente ocupadas para o uso comum de pastagens e florestas no Paranaacute que designam situaccedilotildees em que a produccedilatildeo familiar de acordo com suas possibilidades combina apropriaccedilatildeo privada e coletiva dos recursos naturais (HAURESKO C 2012)
91
FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE
Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2015)
Aleacutem da produccedilatildeo com pretensatildeo de venda nas propriedades visitadas
tambeacutem nota-se a presenccedila da produccedilatildeo para autoconsumo da famiacutelia Essas
alegam que produzem certos produtos para diminuir os gastos com mercado e por
produzirem de acordo com suas preferecircncias alimentares Apenas 6 dos
entrevistados natildeo produzem nada para autoconsumo alegando que comprar sai
mais barato que produzir
TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE
Produccedilatildeo para autoconsumo
Nuacutemero de famiacutelias Percentual ()
Horta 08 13 Horta criaccedilatildeo de galinhas e
porcos 16 27
Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos feijatildeo e milho
07 12
Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos e criaccedilatildeo gado (corte
e leite) feijatildeo e milho
25 42
Nenhuma produccedilatildeo para auto consumo
04 6
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
Sobre a produccedilatildeo de feijatildeo para autoconsumo alguns produtores
mencionam que produzem separadamente o feijatildeo para a venda do feijatildeo para
92
consumo da famiacutelia afirmando que no feijatildeo para venda satildeo aplicados dessecantes
para acelerar o periacuteodo de colheita e no feijatildeo que eacute para o consumo natildeo utilizam
essa praacutetica Esse fato natildeo eacute raro no municiacutepio acontecendo tanto nas pequenas
propriedades como nas grandes Isso demonstra que os agricultores familiares estatildeo
interessados no lucro de sua produccedilatildeo e natildeo tecircm muita preocupaccedilatildeo com as
praacuteticas que os ambientalistas e produtores orgacircnicos qualificam como sustentaacuteveis
Dessa forma eacute desnecessaacuteria a visatildeo dualista ente pequenos e grandes produtores
agriacutecolas concordando entatildeo com Diniz Filho (2011) quando escreve o texto
intitulado Agricultura familiar e meio ambiente o perigo da simplificaccedilatildeo ideoloacutegica
mencionando que organizaccedilotildees como CNBB e MST buscam toda sorte de
argumentos para contrapor o agronegoacutecio agrave agricultura camponesa afirmando que o
agronegoacutecio destroacutei a natureza por estar preocupado com lucros ao passo que os
agricultores familiares tenderiam a usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis porque
buscam somente reproduzir seu modo de vida
A produccedilatildeo de animais como vacas de leite boi para engorda criaccedilatildeo de
porcos e galinhas tambeacutem eacute comum entre os produtores de fumo como mostra a
figura 11
FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
93
Portanto conforme afirma Ternoski (2013) a renda agriacutecola dos
estabelecimentos familiares eacute composta da venda de produtos agropecuaacuterios e de
autoconsumo O autoconsumo eacute a quantidade que a famiacutelia consome em produtos
que produz no estabelecimento podendo ser de origem animal ou vegetal como
tambeacutem da transformaccedilatildeo caseira ou seja esses produtos complementam a renda
dos agricultores pelo fato de natildeo precisarem ser comparados pois se destinados ao
mercado podem gerar receita
Acesso a tecnologias e ao creacutedito agriacutecola
TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES
Nordm de famiacutelias Percentual () Possui uma estufa eleacutetrica 54 90
Natildeo possui estufa eleacutetrica 6 10
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
A Grande maioria dos fumicultores (90) possui em sua propriedade a estufa
eleacutetrica Essas famiacutelias afirmam que quando mudaram da estufa tradicional para a
eleacutetrica os trabalhos com matildeo de obra diminuiacuteram bastante pois para secar o fumo
na estufa eleacutetrica natildeo eacute necessaacuterio amarrar as folhas de fumo como demonstra a
figura 12 Jaacute nas estufas tradicionais em que a secagem natildeo eacute eleacutetrica a
quantidade de matildeo de obra exigida eacute bem maior como demonstrado na figura 13
As famiacutelias que natildeo possuem estufa eleacutetrica mencionam que natildeo pretendem
produzir por muito tempo o fumo desse modo natildeo seria viaacutevel adaptar ao sistema
eleacutetrico Nas propriedades onde a produccedilatildeo eacute maior de 70000 peacutes existem duas
estufas (figura 14)
94
FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO
Fonte Vilczak A Trabalho de campo (2016)
FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS
95
Fonte KUTZMY A Trabalho de campo (2015)
FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)
TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO
Bens adquiridos Nordm de famiacutelias Percentual ()
Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e terras no espaccedilo rural
20 33
Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e
terreno na cidade
6 10
Casa carro e terra 4 7
Carro casa trator e implementos agriacutecolas
26 43
Somente carro e casa 4 7
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
A partir dos dados acima pode-se notar que todos os entrevistados
conseguiram adquirir bens de capital considerados de grande importacircncia como
terrenos trator implementos agriacutecolas casa lotes no periacutemetro urbano entre outros
bens de menor importacircncia como eletrodomeacutesticos aleacutem dos reparos feitos na
96
propriedade que natildeo foram contabilizados pela pesquisa apesar de mencionados
pelos entrevistados As figuras 15 e 16 satildeo de algumas propriedades de produtores
de fumo entrevistados propriedades essas com casas de alvenaria galpatildeo e carro
Desse modo concorda-se com a tese de doutoramento de Manuel Antonio
Nunguiacutea Payas intitulada Empresaacuterio familial rural a integraccedilatildeo agrave agroinduacutestria de
fumo e diferenciaccedilatildeo em que o autor faz um estudo sobre a produccedilatildeo de fumo no
municiacutepio de Rio AzulPR mencionando que os fumicultores integrados estudados
por ele tiveram um aumento no patrimocircnio e que esses natildeo estatildeo inseridos na
produccedilatildeo somente para satisfaccedilatildeo das necessidades de sobrevivecircncia familiar mas
sim agindo no mercado como empresaacuterios investindo o seu capital nas atividades
com expectativa de maiores lucros e menores riscos ou seja analisando o custo de
oportunidade de cada cultura Nesse sentido para o autor o produtor familiar
integrado eacute um empresaacuterio que apresenta como principal caracteriacutestica a matildeo de
obra e propriedade familiares
FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)
97
FIGURA 16 - BENS ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)
A produccedilatildeo de fumo apesar de ser considerada pelos proacuteprios fumicultores
como uma atividade que exige muita matildeo de obra representou melhoria na
qualidade de vida deles pois grande parte das famiacutelias entrevistadas conseguiu
adquirir bens materiais como terras lotes no periacutemetro urbano casa carro trator
entre outros de menor valor bens esses dificilmente adquiridos somente com
atividades agriacutecolas tradicionais como milho feijatildeo e outros A explicaccedilatildeo para que
esses agricultores familiares escolham primeiramente a produccedilatildeo de fumo e natildeo a
produccedilatildeo de alguma cultura tradicional desenvolvida com grande representatividade
no municiacutepio desde a segunda metade do seacuteculo XIX estaacute no custo de
oportunidade dessa cultura Os fumicultores avaliam primeiramente os ganhos
econocircmicos que essa cultura proporciona em relaccedilatildeo agrave quantidade de terras
disponiacutevel em suas propriedades eou por meio de arrendamento
Outro fato que exemplifica a melhoria da qualidade de vida dos fumicultores
pode ser observado no proacuteprio municiacutepio A regiatildeo Norte de Prudentoacutepolis eacute
caracterizada pela produccedilatildeo de culturas tradicionais sendo que na grande maioria
das vezes essas lavouras satildeo realizadas manualmente devido agrave topografia muito
acentuada 8 Essa regiatildeo eacute considerada como menos desenvolvida que a regiatildeo
central e Sul devido agrave baixa produtividade por unidades familiares
Isso natildeo significa que se esteja afirmando aqui que a soluccedilatildeo econocircmica para
os produtores familiares da regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis seria a
8Atividades agriacutecolas consideradas muitas vezes mais penosas que a proacutepria produccedilatildeo de fumo pois esses agricultores carregam sacas de feijatildeo e de espigas de milho nas proacuteprias costas em terrenos muito iacutengremes aleacutem do plantio e dos tratos culturais realizados manualmente ou com traccedilatildeo animal
98
opccedilatildeo pelo cultivo do fumo Apenas constata-se que a inserccedilatildeo dos pequenos
produtores nos mercados e culturas mais seguras economicamente lhes proporciona
uma melhora econocircmica ao passo que tambeacutem o uso de aparatos tecnoloacutegicos
contribui para o aumento da produtividade e consequentemente ganhos monetaacuterios
maiores
Concorda-se com Schultz (1965) quando defende que a eficiecircncia e a
maximizaccedilatildeo do lucro satildeo partes de um sistema econocircmico eficiente e racional
Esse autor considera que todos os agricultores capitalizados ou de subsistecircncia
analisam a relaccedilatildeo entre a entrada de insumos e os resultados econocircmicos da
mesma maneira que os empresaacuterios modernos sendo o produtor um maximizador
de lucros em busca da eficiecircncia econocircmica
Nesse sentido a modernizaccedilatildeo da agricultura e a expansatildeo dos mercados
contribuiacuteram para de um lado expropriar algumas unidades de produccedilatildeo familiar e
de outro transformar agricultores familiares em empresaacuterios rurais com dependecircncia
tecnoloacutegica e financeira do mercado neste caso prevalecendo agrave racionalizaccedilatildeo
econocircmica e o objetivo principal da unidade de produccedilatildeo passando a ser a inserccedilatildeo
no mercado e a ampliaccedilatildeo dos lucros
TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO)
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
Utiliza Frequentemente essa linha de creacutedito
36 60
Utilizou algumas vezes mas natildeo utiliza mais
5 8
Nunca utilizou esse tipo de creacutedito
19 32
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
A grande maioria dos produtores entrevistados (60) utiliza a linha de creacutedito do
PRONAF tanto o custeio agriacutecola como tambeacutem o PRONAF investimento O
PRONAF custeio estaacute ligado agrave produccedilatildeo de gratildeos (soja milho feijatildeo) e o PRONAF
investimento estaacute voltado para a compra de trator implementos agriacutecolas
99
(plantadeiras carretas pulverizadores) e tambeacutem para investimentos com a
produccedilatildeo leiteira (ordenhadeiras e resfriadores)
Os fumicultores que aderiram ao PRONAF mencionam que o creacutedito agriacutecola
possibilitou a compra de trator e a carreta para o transporte do fumo da lavoura para
a estufa preparo do solo aplicaccedilatildeo de agrotoacutexicos etc aquisiccedilatildeo essa impossiacutevel
com pagamento agrave vista A figura 17 mostra tratores e carretas adquiridos por um
fumicultor morador da Linha Dezembroe por um da Comunidade de Linha Antocircnio
Olinto atraveacutes do PRONAF e conforme relata o fumicultor da Comunidade de Linha
Dezembro
Para noacutes o PRONAF eacute bom que financiamos o trator e outros maquinaacuterios [] antes tinha que trazer o fumo com carroccedila e cavalos agraves vezes os bichos ficavam doente na safra agraves vezes morriam [] agora com o trator e a carreta daacute pra trazer mais fumo da roccedila [] para noacutes deu uma grande diferenccedila (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)
FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
O fumicultor da Linha Dezembro relata que adquiriu o trator no ano de 2011
dando como entrada R$ 10000 teve carecircncia de pagamento por dois anos (2012 e
2013) e o restante do valor seraacute quitado entre 2014 e 2019 com parcelas anuais
entre R$ 9000 e R$ 8000 O mesmo comenta que com o dinheiro do fumo
consegue pagar as parcelas nas datas certas para o banco
Os agricultores que possuem trator fazem trabalhos terceirizados para
aqueles que natildeo possuem obtendo assim uma renda extra durante o ano O
fumicultor da Linha Dezembro afirma tambeacutem que a linha de creacutedito do PRONAF
100
trouxe melhora nas condiccedilotildees de trabalho e financeiras pois aumentaram a
produccedilatildeo e a produtividade
Aqueles que mencionaram terem usado a linha de creacutedito do PRONAF mas
que atualmente natildeo usam mais satildeo aqueles que jaacute compraram os implementos
agriacutecolas de que necessitavam e que compram os insumos para o plantio com
pagamento agrave vista ou a prazo na cooperativa agriacutecola mista de Prudentoacutepolis
(CAMP)
Os que nunca usaram as linhas de creacutedito do PRONAF satildeo fumicultores que
tambeacutem compram com pagamento agrave vista ou a prazo por meio da CAMP para pagar
com a produccedilatildeo Jaacute os que possuem trator compram agrave vista ou de vizinhos e
parentes pagando em prestaccedilotildees anuais sem relaccedilatildeo com bancos Esses alegam
ter receio de natildeo conseguir quitar o financiamento e por isso natildeo aderem ao
PRONAF
Outra forma de transportar o fumo da lavoura para a estufa eacute atraveacutes de
caminhonetes e tambeacutem atraveacutes de carroccedilas como mostra as fotos da figura 18
FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
101
TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
Matildeo de obra empregada na atividade fumageira
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
Somente matildeo de obra familiar
4 7
Contrataccedilatildeo de matildeo de obra em todo o periacuteodo da safra
0 0
Contrataccedilatildeo de matildeo de obra somente para a colheita
18 30
Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras em todo o periacuteodo da safra
8 13
Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras
somente para a colheita
30 50
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Nota-se que 63 das famiacutelias usam o sistema de trocas de dias para a
produccedilatildeo de fumo poreacutem 50 desses fazem parcerias somente nos dias de
colheita os quais variam entre um dia e meio a dois dias Essa parceria eacute feita para
natildeo contratar matildeo de obra poreacutem esses fumicultores tecircm um controle da quantidade
dos dias trocados entre eles e no final da safra aquele que estiver devendo horas
trabalhadas acerta em dinheiro conforme o valor da diaacuteria paga para colheita a qual
estaacute em torno de 100 a 120 reais
O tempo de secagem das folhas de fumo na estufa varia entre cinco e seis
dias Apoacutes secas essas folhas precisam ficar mais um dia dentro da estufa para
esfriar ou seja o periacuteodo entre o dia da colheita e o dia de tirar as folhas de fumo da
estufa varia de oito a dez dias e a quantidade meacutedia de colheitas por safra eacute entre
seis e oito
Nesse sentido os meses de novembro dezembro janeiro e parte de fevereiro
satildeo de trabalho intenso motivo pelo qual muitos dos entrevistados afirmam que a
desvantagem de produzir o fumo estaacute relacionada ao trabalho intenso nesses
meses
As famiacutelias com mais de quatro membros com idade suficiente (18 anos) para
estarem envolvidos na produccedilatildeo de fumo alegam que conseguem vencer
tranquilamente os trabalhos somente com a matildeo de obra familiar e que raramente
102
contratam matildeo de obra para a colheita (figura 19) Nessa perspectiva trabalham
intensamente nos dois dias de colheita e no restante dos dias (quando o fumo estaacute
secando) se dedicam a outras atividades da propriedade
FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
Tipos de famiacutelias Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Famiacutelia com apenas um
membro aposentado 10 17
Famiacutelia com dois membros aposentados
8 13
Famiacutelia com membro que recebe bolsa famiacutelia
5 8
Famiacutelia sem nenhum membro que recebe repasse social
37 62
Total 60 100 QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Os dados mostram que 62 das famiacutelias entrevistadas natildeo se beneficiam de
repasses sociais jaacute 17 das famiacutelias satildeo compostas por um membro que recebe
aposentadoria e 13 delas com dois membros aposentados Esses aposentados
natildeo satildeo os responsaacuteveis pela produccedilatildeo de fumo da famiacutelia poreacutem muitos alegam
que ajudam em tarefas consideradas por eles leves como a classificaccedilatildeo das folhas
do fumo jaacute que eacute realizada em ambientes protegidos das intempeacuteries e sentados
Uma parcela de 8 se beneficia do bolsa famiacutelia poreacutem alegam que esse valor
mesmo ajudando nas necessidades dos filhos natildeo eacute a maior parte da renda familiar
103
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos 0 0 Sempre tem problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina ( doenccedila da folha verde) (
acircnsia vocircmitos e mal estar)
25
42
Jaacute teve problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina
(doenccedila da folha verde) ( acircnsia vocircmitos e mal-estar)
16
27
Nunca teve problemas de sauacutede relacionados agrave
produccedilatildeo de fumo
19
31
Total 60 100 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Ao perguntar sobre intoxicaccedilatildeo dos fumicultores por agrotoacutexicos nenhuma
famiacutelia alegou ter acontecido esse fato com os membros da famiacutelia Afirmam que a
quantidade de agrotoacutexico que passam no fumo eacute menor que na soja milho e feijatildeo e
que quando vatildeo manusear agrotoacutexicos fazem o uso dos equipamentos de proteccedilatildeo
individual jaacute que diferente de outras culturas mecanizaacuteveis a pulverizaccedilatildeo do
agrotoacutexico no fumo eacute totalmente manual
Uma parcela expressiva de 69 alega que pelo menos um dos membros da
famiacutelia tem ou jaacute teve intoxicaccedilatildeo por nicotina ao realizar a colheita de fumo esses
que se apresentam de formas distintas de um indiviacuteduo para outro como acircnsia
vocircmitos mal-estar e insocircnia
Uma porcentagem menor composta por 31 das famiacutelias entrevistadas
dizem que nunca nenhum dos membros teve sintomas diferenciados apoacutes o contato
com a folha de fumo
TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO
Desvantagens da produccedilatildeo de fumo
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
Exige muito trabalho 18 30 Exige muito trabalho e causa
problemas de sauacutede 27 45
Falta de matildeo de obra para contratar
8 13
Natildeo vecirc desvantagens em produzir fumo
7 12
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo ( 2015)
104
Dos entrevistados 30 afirmam que a principal desvantagem eacute a
intensificaccedilatildeo do trabalho principalmente nos dias de colheita e aplicaccedilatildeo de
agrotoacutexicos os quais satildeo feitos manualmente Jaacute 45 deles afirmam que a
produccedilatildeo de fumo aleacutem de exigir muito trabalho tambeacutem traz problemas de sauacutede
normalmente aqueles que satildeo mais sensiacuteveis quando em contato com a nicotina
presente nas folhas do fumo (doenccedila da folha verde)
Outra variaacutevel que 13 dos entrevistados consideram desvantagem eacute a
questatildeo da matildeo de obra visto alegarem que principalmente para aquelas famiacutelias
que satildeo compostas de trecircs a quatro membros e que normalmente produzem uma
quantidade maior que a famiacutelia consiga dar conta tecircm muita dificuldade de encontrar
pessoas disponiacuteveis para contratar tendo assim que aumentar as jornadas de
trabalho ou diminuir a produccedilatildeo
Por fim uma parcela de 12 afirma que natildeo haacute qualquer desvantagem em
produzir fumo justificando que independentemente da atividade a ser realizada
deve-se trabalhar Dentre os entrevistados quatro famiacutelias afirmam que preferem
produzir fumo porque natildeo trabalham nos finais de semana e o trabalho natildeo dura o
ano todo como ocorre na produccedilatildeo leiteira que exige o empenho diaacuterio Para esses
a produccedilatildeo de fumo permite uma flexibilizaccedilatildeo do trabalho bem maior que a
produccedilatildeo de leite Nesse sentido pode-se concluir que cada famiacutelia tem preferecircncias
distintas na escolha da atividade que vai ser desenvolvida na propriedade
TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Sempre lecirc 6 10 Agraves vezes 18 30
Jaacute leu mas natildeo lecirc mais 6 10 Nunca leu 30 50
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
Dentre as famiacutelias entrevistadas nota-se que a metade delas nunca leu o
contrato emitido pela Souza Cruz justificando natildeo ter interesse na leitura ou por
saber do conteuacutedo do contrato por meio de vizinhos ou do instrutor teacutecnico
105
Agraves vezes quando a gente pede o instrutor lecirc direito pra gente pois natildeo tenho muito estudo e demora de mais pra ler tudo (Fumicultor da comunidade de Linha Antocircnio Olinto) Natildeo leio porque jaacute sei o que estaacute escrito todo ano eacute igual (Fumicultor da comunidade de Linha Visconde de Guarapuava) Natildeo leio a gente confia na firma (Fumicultor da comunidade de Linha Marcondes) Leio todo o contrato mas depois que assino e que instrutor vai embora (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)
A baixa escolaridade juntamente com poucos haacutebitos de leitura satildeo os
principais fatores que geram contratos assinados sem preacutevias leituras
Expectativas das famiacutelias em permanecer na atividade fumageira
Pretensotildees Nordm de famiacutelias Percentual ()
Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo por tempo
indeterminado
35 58
Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo poreacutem
diminuir a produccedilatildeo
18 30
Pretende parar completamente com a produccedilatildeo de fumo em
pequeno prazo de tempo (1 a 3 anos)
7 12
Total 60 100
QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Conforme demonstrado na tabela acima 58 das famiacutelias pretendem
permanecer com a produccedilatildeo de fumo por tempo indeterminado Jaacute 30 delas
pretendem continuar poreacutem diminuir o volume produzido Essas 30 das famiacutelias
mencionam que querem diminuir a produccedilatildeo pela falta de matildeo de obra uma vez que
os filhos estatildeo com intenccedilatildeo de sair de casa por motivos distintos como estudar
trabalhar em outro ramo etc
Outros 7 do total dos entrevistos tecircm a intenccedilatildeo de parar de produzir fumo
nos proacuteximos trecircs anos afirmando que vatildeo migrar para setores mais competitivos
106
como a soja e o leite Outros afirmam que querem parar porque jaacute estatildeo
aposentados e os filhos pretendem trabalhar em outras atividades de modo que a
famiacutelia tende a ficar pequena demais para essa cultura
Com relaccedilatildeo agrave venda da produccedilatildeo de fumo todos os entrevistados afirmam
que vendem a produccedilatildeo para a empresa integrada poreacutem os quilos produzidos
excedentes ao contrato firmado agraves vezes satildeo vendidos para atravessadores ou ateacute
mesmo para outras empresas Os fumicultores mencionaram que no geral tecircm
uma relaccedilatildeo tranquila com a empresa poreacutem existem safras em que o preccedilo do
quilo do fumo do ponto de vista deles deveria ser maior Esse fato eacute entendido pelo
paradigma da agricultura camponesa como conflito entre a territorialidade
corporativa Souza Cruz e a territorialidade dos fumicultores pelo fato de agricultor
natildeo ter autonomia de decisatildeo do preccedilo pago por quilo do fumo existindo entatildeo certo
conflito muitas vezes ldquosilenciosordquo entre essas territorialidades
Todavia o paradigma da agricultura familiar por natildeo estar baseado em
teorias anticapitalistas explica os processos de formaccedilatildeo de preccedilos a partir de
pressupostos teoacutericos diferentes Numa economia de mercado o vendedor jamais
possui autonomia plena para decidir o preccedilo do seu produto pois satildeo os
compradores que avaliam de acordo com seus objetivos e necessidades quanto
estatildeo dispostos a pagar por um bem ou serviccedilo Mas ao mesmo tempo os
compradores tambeacutem natildeo possuem autonomia para decidir o preccedilo de um produto
ao seu bel prazer pois se o vendedor natildeo considerar a venda vantajosa deixaraacute de
produzir ou de revender o produto em questatildeo para se dedicar a outra atividade
econocircmica mais rentaacutevel No caso em pauta a Souza Cruz eacute obrigada a pagar um
preccedilo que supere o custo de oportunidade para os agricultores familiares de
produzir leite feijatildeo soja ou qualquer outro produto sob pena de a empresa perder
seus fornecedores
Nesse sentido vale recordar as informaccedilotildees apresentadas na Tabela 15 visto que
20 dos entrevistados afirmam ter escolhido produzir fumo devido agrave renda que essa
cultura oferece e tambeacutem agrave garantia de venda b) 58 responderam que essa
escolha se deu em funccedilatildeo da renda da venda garantida e tambeacutem da pouca
disponibilidade de terras em suas propriedades c) 10 citaram apenas a pouca
disponibilidade de terras como motivo para plantar fumo d) 12 afirmaram que essa
opccedilatildeo se daacute apenas pela falta de outras opccedilotildees
107
Outro fator que regula o valor pago por quilo de fumo como jaacute demonstrado no
trabalho estaacute relacionado a oferta e demanda do produto pelo mercado A safra de
20152016 eacute um exemplo na qual devido ao baixo estoque de fumo nos armazeacutens
das empresas e pela procura desse produto por parte dos consumidores o valores
pagos por quilo de fumo aumentaram fato esse notado tambeacutem em outros produtos
do setor do agronegoacutecio
Isso indica que o paradigma da agricultura familiar eacute o que se mostra coerente com
os dados da pesquisa de campo pois fica claro que os produtores familiares optam
pelo fumo em funccedilatildeo de um caacutelculo dos custos de oportunidade que considera os
fatores rentabilidade garantia de renda e disponibilidade de terra de sorte que os
preccedilos praticados pela Souza Cruz tecircm um patamar miacutenimo definido pela avaliaccedilatildeo
que os agricultores fazem desses custos E essa conclusatildeo eacute reforccedilada quando se
relembram as informaccedilotildees da Tabela 19 posto que apenas 33 dos entrevistados
se dedicam exclusivamente ao fumo enquanto os demais produzem e
comercializam tambeacutem outros tipos de produtos tais como leite soja e feijatildeo
Mais uma vez verifica-se que cada famiacutelia tem projetos distintos os quais
estatildeo intrinsecamente relacionados agrave estrutura familiar agrave disponibilidade de terras e
outros fatores gerando estrateacutegias diferenciadas para se reproduzir no campo
havendo desde aqueles produtores que vecircm na atividade fumageira o seu futuro ateacute
aqueles que pretendem migrar o mais raacutepido possiacutevel para outra atividade Nesse
sentido vemos que essas famiacutelias buscam ser competitivas nas atividades que
realizam se dedicando agravequelas que julgam mais rentaacuteveis eou combinando duas ou
mais culturas para obter mais vantagens
108
V - CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O desenvolvimento desta pesquisa baseada no estudo de caso de uma
amostragem de produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis contratados pela
empresa Souza Cruz permitiu demonstrar que os agricultores familiares
entrevistados buscam atraveacutes de suas condiccedilotildees de produtor se inserir em setores
que permitem maximizar seus lucros Portanto a realizaccedilatildeo desta pesquisa eacute
pertinente pelo fato de mostrar que os fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de
commoditie atraveacutes de uma cadeia produtiva competitiva
Dessa forma a caracterizaccedilatildeo dos fumicultores a partir dos grupos A B C e
D se justifica por apresentarem dados oficiais e sistematizados o que contribui para
natildeo generalizar os resultados somente a partir da amostragem dos fumicultores
entrevistados nos trabalhos de campo Demonstrando que no municiacutepio de
Prudentoacutepolis a maior parte dos fumicultores se aproxima daqueles agricultores
familiares do tipo A e B Ou seja aqueles capitalizados e em processo de
capitalizaccedilatildeo indicando que a cultura de fumo estaacute dentre aquelas que geram uma
taxa de pobreza menor no meio rural Essa constataccedilatildeo tambeacutem eacute notada a partir
das entrevistas de campo conforme demonstrado na Tabela 22 posto que todos os
entrevistados conseguiram com a renda do fumo adquirir bens de capital como casa
carro trator terra de cultivo lote no periacutemetro urbano aleacutem daqueles bens de capital
como os eletrodomeacutesticos
Com isso a visatildeo dualista entre agricultura familiar e agronegoacutecio natildeo eacute
compreendida com adequada nesse trabalho pelo fato de existirem muitas formas
de agricultores familiares que se aproximam ao padratildeo do agronegoacutecio como por
exemplo os fumicultores que estatildeo no grupo A e B Desse modo compreende-se
que os fumicultores entrevistados da mesma forma que a agricultura patronal
buscam atraveacutes da modernizaccedilatildeo e do uso de insumos agriacutecolas (agrotoacutexicos e
fertilizantes) meios para permanecerem integrados e competitivos no mercado
Os fumicultores estatildeo inseridos ao complexo agroindustrial fumageiro e por
conseguinte estatildeo prosperando economicamente concordando-se entatildeo com os
pressupostos teoacutericos voltados ao paradigma da agricultura familiar e com autores
como Valente (2008) Diniz (2011) e Navarro (2014) que natildeo costumam fazer uma
109
oposiccedilatildeo radical entre agricultura familiar e agronegoacutecio ao ponto de existir
conflitualidades de interesses entre ambos Ou seja conflito entre a territorialidade
coorporativa da induacutestria fumageira e a territorialidade da agricultura familiar
camponesa
Desse modo a pesquisa tambeacutem natildeo tem por objetivo afirmar que no Brasil
natildeo existam sistemas de produccedilatildeo camponesa poreacutem os dados de campo mostram
que no caso em estudo 67 dos entrevistados natildeo produzem somente fumo e que
esses estatildeo inseridos em outras cadeias produtivas como leite feijatildeo soja e milho
ou seja os fumicultores tem mais opccedilotildees poreacutem acham interessante continuar com o
fumo Esses dados natildeo satildeo diferentes do restante do Brasil natildeo generalizando
somente a partir dos entrevistados
Apesar das oscilaccedilotildees no volume produzido como tambeacutem em relaccedilatildeo ao
mercado do fumo no Brasil e consequentemente no municiacutepio de Prudentoacutepolis
conforme exposto nos capiacutetulos II e III nota-se que essa cultura proporcionou a
ascensatildeo econocircmica desses agricultores familiares sendo que muitos desses
pequenos capitalistas como jaacute mencionado conseguiram adquiri terras para entatildeo
competir nos setores de gratildeos como a soja e o milho que a competitividade eacute
melhor para grandes proprietaacuterios querendo assim dar esse salto e ao mesmo
tempo trabalhando com a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo com intuito de deixar a renda
da propriedade menos vulneraacutevel A partir desses fatos e de acordo com os
resultados dos dados de campo eacute coerente dizer que o direcionamento dos
agricultores entrevistados para o cultivo de culturas que tem maior rentabilidade
proporcionou melhoras nas condiccedilotildees econocircmicas da famiacutelia pois somente com a
lavoura tradicional e pequena criaccedilatildeo de animais natildeo seria possiacutevel conquistar bens
de capital
Nesse sentido Navarro (2014) aponta que o preccedilo dos alimentos consumidos
pelos brasileiros em termos de reais diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas devido a inserccedilatildeo
dos pacotes tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo agriacutecola que proporcionaram o aumento
da produtividade e a consequente queda do preccedilo final contribuindo para a
facilidade de acesso desses produtos por parte da populaccedilatildeo jaacute em contra partida o
custo para uma pessoa manter seu haacutebito de fumar aumentou Ou seja os
agricultores que permaneceram ou inseriram-se na produccedilatildeo de fumo tiveram um
aumento na sua rentabilidade
110
Dessa forma eacute certo que os agricultores familiares entrevistados da mesma
forma que os agricultores patronais buscam aumentar seus rendimentos uma vez
que os dados de campo mostram que uma porccedilatildeo dos fumicultores tem pretensotildees
de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou seja agem no mercado
como pequenos capitalistas Poreacutem esses agricultores ainda natildeo migram totalmente
para outras atividades por ser esta uma das poucas cadeias produtivas compatiacuteveis
com as suas condiccedilotildees de produtor Tambeacutem muitos produtores podem encontrar
dificuldades em migrar para outras culturas que exigem maiores recursos
(SCHOENHALS et al 2009) necessitando assim de linhas de creacuteditos agriacutecolas
direcionados para esses agricultores
Os autores como Fernandes (2008) e Roos (2015) que trabalham na
perspectiva do paradigma da agricultura camponesa afirmam haver conflitualidade
entre os camponeses e as agroinduacutestrias que trabalham no sistema de produccedilatildeo
integrada como eacute o caso da agroinduacutestria fumageira afirmando existir uma sujeiccedilatildeo
da renda dos camponeses uma vez que os agricultores camponeses natildeo possuem
autonomia com relaccedilatildeo ao modo de produzir o produto como tambeacutem na hora de
fixar o preccedilo final da safra Poreacutem natildeo eacute levado em consideraccedilatildeo que o preccedilo do
quilo do fumo pago ao produtor contratado estaacute intrinsecamente relacionado a oferta
e demanda do produto por parte do mercado o que expressa adequadamente o
valor marginal pago muitas vezes aos fumicultores visto que a empresa tambeacutem
deve colocar a sua margem de lucro conforme a demanda do produto
Outra questatildeo voltada ao paradigma camponecircs eacute em relaccedilatildeo agrave
industrializaccedilatildeo da agricultura e apontada por Fernandes (2013) como um processo
que resulta no desenvolvimento desigual e contraditoacuterio no campo que deixa as
unidades camponesas de produccedilatildeo se tornar mais vulneraacuteveis ao capital Poreacutem os
dados da Tabela 23 mostram que 68 dos entrevistados usam ou jaacute utilizaram
alguma linha de creacutedito agriacutecola para o investimento em maquinaacuterios agriacutecolas
afirmando que conseguem tem uma produtividade maior e que conseguem pagar as
prestaccedilotildees desses maquinaacuterios tranquilamente
Sabendo que Ploeg (2009) afirma que o camponecircs eacute caracterizado por lutar
por sua autonomia uma vez que conforme apontado pro Thomaz Juacutenior (2008) a
loacutegica do capital impotildee que o agricultor esteja preso a gestatildeo de uma empresa e natildeo
111
mais de sua famiacutelia natildeo se completa para essa pesquisa uma vez que a explicaccedilatildeo
para a empresa estabelecer os seus moldes de produccedilatildeo se baseia na demanda do
produto pelo mercado instituindo assim para os seus contratados os tipos de fumos
com maiores demandas o que justifica a empresa impor o tipo de variedade de fumo
que quer comprar como tambeacutem os tratos culturais necessaacuterios para se chegar ao
produto desejado
Contraditoacuterio ao que foi exposto por Paulino e Almeida (2010) quando
mencionam que o campesinato deve ser considerado como uma contradiccedilatildeo e natildeo
como uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeo capitalista os resultados da
pesquisa mostraram que a articulaccedilatildeo com os modelos de produccedilatildeo capitalistas
proporcionaram a permanecircncia de agricultores familiares no espaccedilo rural uma vez
que os aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo que eacute bastante disseminada entre
agricultores familiares induziram o aumento da rentabilidade diminuindo assim as
taxas de pobreza Aleacutem disso nota-se que o fumicultores sendo pequenos
capitalistas natildeo buscam somente a reproduccedilatildeo do modo de vida mas sim agem no
mercado investindo em setores mais rentaacuteveis adequado para a sua condiccedilatildeo de
produtor com pretensatildeo de torna-se um agricultor ainda mais competitivo
Mais uma vez defende-se que a inserccedilatildeo dos agricultores familiares aos
mercados capitalistas natildeo deve ser entendido a partir de um dualismo estando de
um lado o agronegoacutecio e de outro o camponecircs como jaacute ressaltado por Schneider
(2006) que tanto um quanto outro grupo estaacute interessado em um mesmo processo
que eacute o da produccedilatildeo e o do consumo Nesse sentido eacute importante se trabalhar com
a heterogeneidade da agricultura familiar para assim se pensar como esses
agricultores podem se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo
Portanto a presente pesquisa embasada nos dados de campo mostra que a
cultura de fumo ateacute entatildeo eacute a principal orientaccedilatildeo financeira dos agricultores
familiares entrevistados seguidas de outras estrateacutegias de reproduccedilatildeo como o
cultivo da soja produccedilatildeo de leite feijatildeo milho Demonstrando dessa forma que os
mesmos buscam maximizar seus lucros e diversificar sua produccedilatildeo para diminuir a
vulnerabilidade econocircmica da propriedade Contudo pode afirmar atraveacutes do
paradigma da agricultura familiar que os fumicultores considerados como pequenos
capitalistas se reproduzem no mercado sob pressatildeo das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e
112
da concorrecircncia e buscam ser competitivos natildeo havendo incompatibilidade ou
conflitos dos agricultores familiares para com o capital
113
REFEREcircNCIAS
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1
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2
ANEXOS
1ordm Trabalho de Campo Conhecimento da aacuterea de estudo e visita a 10 propriedades que produzem fumo haacute mais de 10 anos Data do campo mecircs de Julho e Agosto de 2014
1) Qual foi o ano em que iniciou as atividades na produccedilatildeo de fumo
2) Qual eacute o motivo que trabalha na produccedilatildeo do fumo
3) A matildeo de obra na atividade fumageira eacute muito desgastante
4) Sua propriedade eacute diversificada Quais as culturas que produz na
propriedade aleacutem do fumo
5) Qual eacute a maior renda da propriedade
6) Como eacute feita a classificaccedilatildeo das folhas de fumo destinadas a venda
2ordm Trabalho de campo Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Aplicado ao orientador teacutecnico da Souza Cruz o qual representa a Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis Orientador teacutecnico Tarciacutesio Kraiczek Data da entrevista 13072015
1 Quantos orientadores teacutecnicos a empresa possui no municiacutepio de
Prudentoacutepolis
2 Haacute quantos anos vocecirc trabalha na assistecircncia teacutecnica para os
fumicultores associados da Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis
3 Quantos associados a empresa Souza Cruz teve na safra de 2014
4 Quais satildeo as empresas fumageiras concorrentes da Souza Cruz no
municiacutepio Qual a relaccedilatildeo entre essas empresas
5 A empresa Souza Cruz tem alguma unidade de recebimento do fumo no
municiacutepio de Prudentoacutepolis para a produccedilatildeo ficar armazenada antes de
ser enviado para uma usina de Processamento de fumo
3
6 Para qual das trecircs usinas de processamento o fumo produzido no
municiacutepio eacute envido
7 A empresa tem uma cota miacutenima e maacutexima de peacutes de fumo por
produtor
8 Qual eacute a meacutedia de peacutes de fumo uma pessoa consegue produzir por
safra
9 No seu ponto de vista como orientador teacutecnico como se daacute a relaccedilatildeo
entre a empresa Souza Cruz e os fumicultores do municiacutepio
10 Qual a relaccedilatildeo da empresa para com os projetos de diversificaccedilatildeo da propriedade
3ordm Trabalho de Campo Entrevista de campo para obtenccedilatildeo de dados socioeconocircmicos dos produtores
de fumo da empresa Souza Cruz do municiacutepio de Prudentoacutepolis - PR
Data do campo Novembro e Dezembro de 2015 1- Caracterizaccedilatildeo da famiacutelia
Membros Idade Gecircnero Escolaridade (escola puacuteblica ou privada)
Fumicultor Eacute fumante
Motivos do ecircxodo
1 2 3 4 5 6 7 8
2- Haacute quantos anos trabalha na atividade fumageira
3- Qual o motivo pela opccedilatildeo de produzir fumo
4- Pretende permanecer na atividade fumageira Quais motivos Por qual
atividade substituiria a produccedilatildeo de fumo
4
5- Possui estufa eleacutetrica de secagem do fumo
6- Quais bens capitais vocecirc conseguiu adquirir com a renda oriunda da
produccedilatildeo de fumo
7- Possui na propriedade
( ) Trator ( ) Carro ( ) moto ( ) telefone ( ) internet
8- Posse da terra e quantidade de alqueires
( ) Proacutepria ____ ( ) Arrendada e Parceiro _____
( ) Arrendada ____ ( ) Proacutepria e Arrendada _____
( ) Proacutepria e Parceiro ____
9- Se for proacutepria como adquiriu essas terras
10- Satildeo plantados por ano quantos peacutes de fumo Quantidade de aacuterea
utilizada
11- Faz contrataccedilatildeo de matildeo de obra para a produccedilatildeo de fumo
( ) Sim ( ) Natildeo
12- Se existe a contrataccedilatildeo de matildeo de obra em que periacuteodo da safra
acontece
( ) Todo o periacuteodo da safra ( ) Tratos culturais ( ) Plantio ( )
Classificaccedilatildeo ( ) Colheita
13- Vocecirc lecirc o contrato da sua produccedilatildeo com a empresa Souza Cruz
Justifique
14- Aleacutem da produccedilatildeo de fumo quais outras atividades agropecuaacuterias satildeo
realizadas na propriedade para garantir a renda da famiacutelia
Para comercializaccedilatildeo Para consumo na propriedade
5
15- De qual atividade realizada na propriedade vem a maior renda
16- Como eacute a sua relaccedilatildeo com a empresa descreva o seu ponto de vista
17- Vende toda a produccedilatildeo para a empresa associada
18- No seu ponto de vista quais satildeo as vantagens e desvantagens de produzir
fumo
19- Em relaccedilatildeo agrave sauacutede e produccedilatildeo de fumo houve casos na famiacutelia de
A) Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos
B) Intoxicaccedilatildeo por nicotina (doenccedila da folha verde)
C) Problemas ortopeacutedicos
D) Transtornos mentais (depressatildeo ansiedade esquizofrenia etc)
E) Outros __________________________________________
20- Haacute incentivos governamentais para o desenvolvimento de outras atividades
e o consequente abandono do ramo fumageiro Se sim quais e por que natildeo
houve migraccedilatildeo para outra atividade
21- A partir do momento em que vocecirc comeccedilou a produzir o fumo acha que
suas condiccedilotildees financeiras melhoraram
22- Participa do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar)
23- Na famiacutelia tem algum membro que recebe algum tipo de repasses de
programas sociais Se sim quais
24- Vocecirc tem conhecimento de algum projeto de diversificaccedilatildeo de
propriedades que estaacute sendo realizado por oacutergatildeos puacuteblicos no municiacutepio
6
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao meu orientador Prof Dr Luis
Lopes Diniz Filho pela sua atenccedilatildeo compreensatildeo e tambeacutem pelas suas valiosas
consideraccedilotildees no processo de desenvolvimento dessa pesquisa sendo um exemplo
de profissional
Agrave minha famiacutelia em especial aos meus pais Carlos e Ana aos meus irmatildeos
Amilton e Adriana que sempre apoiaram no periacuteodo de realizaccedilatildeo da dissertaccedilatildeo Ao
meu sobrinho Beniacutecio pela alegria que traz a todos noacutes ao Ian que estaraacute chegando
nas proacuteximas semanas Agradeccedilo tambeacutem a minha cunhada e cunhado pelo apoio
Aos amigos e familiares Ana Maacutercia Adriana Noeli Rogeacuterio Edna
Elisangela Milena Eliana Paulo Maria entre outros que de alguma forma
contribuiacuteram para que esse trabalho fosse finalizado Obrigada a todos vocecircs pelo
companheirismo
Aos professores Dr Sergio Fajardo e Dr Danilo Volochko pelas valiosas
contribuiccedilotildees agrave pesquisa
Aos colegas e professores do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia da
Universidade Federal do Paranaacute como tambeacutem a secretaacuteria Adriana Cristina de
Oliveira e ao Luiz Carlos Zem pelo apoio em questotildees burocraacuteticas durante o
periacuteodo do mestrado
A CAPES (Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal do Niacutevel Superior)
pelo auxiacutelio atraveacutes da bolsa de estudo
Agrave Adriana Kutzmy e Gabriela Strechar pela atenccedilatildeo e por acompanhar nos
trabalhos de campo realizados com os fumicultores do municiacutepio de
PrudentoacutepolisPR
E por fim agradeccedilo a todos os fumicultores que participaram das entrevistas
de campo A todos meu agradecimento
7
RESUMO O presente trabalho visa analisar os resultados obtidos pela agricultura familiar no cultivo do fumo levando em consideraccedilatildeo as razotildees econocircmicas pela opccedilatildeo em produzir a cultura Desse modo o estudo de caso dos fumicultores de Prudentoacutepolis-PR fornece subsiacutedios para a avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural e ciecircncias afins ou seja o paradigma da agricultura familiar e da agricultura camponesa Para tanto utilizou-se de revisotildees bibliograacuteficas de autores que trabalham nas distintas linhas paradigmaacuteticas como tambeacutem da caracterizaccedilatildeo dos agricultores familiares produtores de fumo atraveacutes do uso de fontes secundaacuterias (Censos agropecuaacuterios) aleacutem da aplicaccedilatildeo de questionaacuterios para um universo de sessenta fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz em Prudentoacutepolis A partir das revisotildees bibliograacuteficas e dos dados obtidos no estudo de caso levantou-se a hipoacutetese de que o paradigma da agricultura camponesa natildeo eacute adequando para explicar a realidade estudada Palavras chave Agricultura Familiar Fumicultura Abordagens Paradigmaacuteticas
ABSTRACT
The aim of this study is to analyze the results obtained by family farming in the cultivation of tobacco considering the economic reasons for the choice to produce the crop Thus the case study of Prudentoacutepolis-PR tobacco growers provides subsidies for the critical evaluation of the two main paradigms of agro studies in rural geography and related sciences that is the paradigm of family farming and peasant farming For this purpose bibliographic reviews of authors working in different paradigmatic lines were used as well as the characterization of family farmers tobacco growers through the use of secondary sources (Census of agriculture) and the application of questionnaires to a group of sixty tobacco growers hired by Souza Cruz company in the city of Prudentoacutepolis From the literature review and the obtained data in the case study we raised the hypothesis that the paradigm of peasant farming is not suitable to explain the studied reality Keywords Family farming Tobacco Farming Paradigmatic Approaches
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LISTA DE SIGLAS
AFUBRA - Associaccedilatildeo dos Fumicultores do Brasil
BAT - British American Tobacco
CBFF ndash Companhia Brasileira de Fumo em Folha
DERAL - Departamento de Economia Rural
EMATER ndash Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural
IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social)
PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
SEAB - Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento
SINDITABACO ndash Sindicato Interestadual da Induacutestria do Tabaco
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA 46 Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 59 FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 60 FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES 62 FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 63 FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR 64 FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR78 FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 79 FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO 90 FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE 91 FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA 92 FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO 94 FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS 94 FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO 95 FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA 96 FIGURA 16 - BENS ADQUiRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA 97 FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF 99 FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA 100 FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO 102
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LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL 39 TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO 41 TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013 42 TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012 42 TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute 46 TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006 48 TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006 50 TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006 51 TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000 52 TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006 53 TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012 54 TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010) 55 TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE 84 TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 85 TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 86 TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS 87 TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 88 TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES 88 TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES 89 TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE 91
11
TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES 93 TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO 95 TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO) 98 TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO101 TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO 103 TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS 104
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA 36 QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL 44 QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314 47 QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010) 56 QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR 65 QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR66 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR 66 QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006 71 QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 72 QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR 72 QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES 74 QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS 75 QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 81 QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 82 QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 84
12
QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS 102 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS 103 QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 105
LISTA DE GRAacuteFICOS
GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO45 GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS 67
13
SUMAacuteRIO INTRODUCcedilAtildeO 14 CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS 19
11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA 19
12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR 23
13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS 27
CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32
21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32 22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL 47
CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO 58
31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR 58
32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS 69
CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO 76 41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES 78 REFEREcircNCIAS 113 ANEXOS 2
14
INTRODUCcedilAtildeO
De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de
fumo sendo que essa produccedilatildeo encontra-se concentrada nos estados do Rio
Grande do Sul Santa Catarina e Paranaacute alimentando uma cadeia produtiva com
envolvimento de 25 milhotildees de pessoas o qual inclui setores como a produccedilatildeo
transporte comercializaccedilatildeo industrializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e exportaccedilatildeo (AFUBRA
2011)
No municiacutepio de Prudentoacutepolis a atividade fumageira tem grande relevacircncia
econocircmica principalmente para a agricultura familiar uma vez que os dados do
Censo Demograacutefico de 2010 mostram que 54 da populaccedilatildeo residem na aacuterea rural
existindo um nuacutemero maior de unidade de produccedilatildeo familiar em detrimento das
unidades patronais de produccedilatildeo
A produccedilatildeo de fumo em Prudentoacutepolis eacute realizada somente nas regiotildees
Central e Sul do municiacutepio devido ao clima e topografia dos solos favoraacuteveis agrave
cultura Outro fator que tambeacutem ocasiona a atraccedilatildeo para a fumicultura eacute a
possibilidade de usufruir de pequenas aacutereas de terras deixando disponiacutevel o
excedente da propriedade para outras atividades que somem na geraccedilatildeo de renda
Nesse sentido o objetivo da pesquisa eacute analisar os resultados obtidos pela
agricultura familiar com essa cultura e as razotildees econocircmicas de sua opccedilatildeo pelo
fumo Portanto uma contribuiccedilatildeo desse estudo de caso eacute fornecer subsiacutedios para a
avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural
e ciecircncias afins
Para a realizaccedilatildeo do presente trabalho foi fundamental atraveacutes das
abordagens sobre a agricultura familiar e camponesa avaliar se realmente existe
uma oposiccedilatildeo entre agricultor familiar e o agronegoacutecio no caso do setor fumageiro
uma vez que o fumo eacute uma commoditie de exportaccedilatildeo e a produccedilatildeo eacute realizada por
pequenos produtores Para tanto foi realizada uma revisatildeo bibliograacutefica sobre os
paradigmas da agricultura familiar e da agricultura camponesa na geografia rural e
aacutereas de pesquisa afins com a finalidade de identificar os conceitos de territoacuterio e
territorialidade derivados desses paradigmas Foram feitas tambeacutem uma
caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de
15
fontes secundaacuterias (Censos Agropecuaacuterios e outras) e uma pesquisa de campo
mediante a aplicaccedilatildeo de questionaacuterio com o fim de caracterizar os produtores rurais
desse municiacutepio contratados pela empresa Souza Cruz como fornecedores de
tabaco
Nesse sentido buscou-se metodologicamente envolver teacutecnicas de base
qualitativa sendo que esse tipo de abordagem se caracteriza por ldquoanalisar e
interpretar os dados refletir e explorar o que eles podem propiciarrdquo (OLIVEIRA
2010) A pesquisa quantitativa tambeacutem faz parte deste estudo uma vez que traz
algumas teacutecnicas que possibilitam a busca de informaccedilotildees e dados mais amplos
muitas vezes impossiacuteveis de serem alcanccedilados somente pelo pesquisador como por
exemplo aqueles dados disponibilizados pelos oacutergatildeos puacuteblicos como EMATER
(Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural) IPARDES (Instituto Paranaense
de Desenvolvimento Econocircmico e Social ) IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatiacutestica) e DERAL (Departamento de Economia Rural) O meacutetodo quantitativo
considera que tudo eacute quantificaacutevel ou seja significa traduzir opiniotildees e informaccedilotildees
em nuacutemeros que seratildeo classificados e analisados
Os meacutetodos qualitativos e quantitativos natildeo se excluem Embora difiram quanto agrave forma e agrave ecircnfase os meacutetodos qualitativos trazem como contribuiccedilatildeo ao trabalho de pesquisa uma mistura de procedimentos de cunho racional e intuitivo capazes de contribuir para a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos Pode-se distinguir o enfoque qualitativo do quantitativo mas natildeo seria correto afirmar que guardam relaccedilatildeo de oposiccedilatildeo (POPE MAYS 1995 p42)
Sendo assim no iniacutecio do desenvolvimento do presente estudo foi realizada
uma entrevista com questotildees semiestruturadas (em anexo) para um grupo de dez
fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz e que estatildeo na atividade
fumageira haacute mais de dez anos Esse puacuteblico foi escolhido intencionalmente a partir
dos dados da localizaccedilatildeo das propriedades dos associados da empresa no
municiacutepio de Prudentoacutepolis Recorreu-se a esse meacutetodo pois os dados obtidos em
campo eram necessaacuterios para poder avaliar as abordagens ligadas ao paradigma da
agricultura camponesa e da agricultura familiar e que natildeo poderiam ser obtidos
atraveacutes de fontes secundaacuterias
Posteriormente foi realizada uma entrevista com perguntas semiestruturadas
(em anexo) para o instrutor teacutecnico da Souza Cruz jaacute que o mesmo representa a
16
empresa no municiacutepio Essa entrevista teve como objetivo analisar o ponto de vista
da empresa sobre a atividade fumageira na localidade
Ao verificar que em Prudentoacutepolis a produccedilatildeo de fumo acontece somente na
regiatildeo Central e Sul devido ao relevo mais inclinado da regiatildeo norte foi interessante
ir ateacute essa regiatildeo com topografia mais acentuada para analisar os tipos de cultivos
que satildeo realizados O objetivo desse trabalho de campo foi principalmente o de
conhecer a realidade das famiacutelias do municiacutepio natildeo inseridas na cultura do fumo
com visitas a realizar futuras pesquisas sobre a agricultura familiar Assim dado o
caraacuteter complementar e exploratoacuterio desse trabalho a coleta de informaccedilotildees se deu
por meio de conversas informais
Nos meses de novembro e dezembro de 2015 foi realizada outra entrevista
com perguntas semiestruturadas (em anexo) para uma amostragem de sessenta
fumicultores contratados pela Souza Cruz As perguntas feitas nessa entrevista
estatildeo relacionadas basicamente a dados socioeconocircmicos das famiacuteliasos quais
juntamente com dados mais gerais do censo agropecuaacuterio permitem conhecer o
perfil desses fumicultores Portanto as informaccedilotildees referentes a essas entrevistas
apresentam-se mais detalhadas no capiacutetulo IV
Nesse sentido as entrevistas constituem teacutecnicas alternativas para coleta de
dados natildeo documentados sobre determinado tema ldquoEacute uma teacutecnica de interaccedilatildeo
social [] em que uma das partes busca obter dados e outra se apresenta como
fonte de informaccedilatildeordquo (GERHARDT SILVEIRA 2009)
O pesquisador organiza um conjunto de questotildees (roteiros) sobre o tema que estaacute sendo estudado mas permite e agraves vezes ateacute incentiva que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vatildeo surgindo como desdobramentos do tema principal (GERHARDT SILVEIRA 2009)
Para Duarte (2002 p 143) ldquonuma metodologia de base qualitativa o nuacutemero
de sujeitos que viratildeo a compor o quadro das entrevistas dificilmente pode ser
determinado a piorirdquo Ou seja tudo vai estar relacionado com a qualidade das
informaccedilotildees obtidas a partir de cada entrevista sempre levando em consideraccedilatildeo a
profundidade e o grau de recorrecircncia e divergecircncia das informaccedilotildees Enquanto
estiverem aparecendo ldquodadosrdquo originais ou pistas que possam indicar novas
perspectivas aacute investigaccedilatildeo em curso as entrevistas precisam continuar sendo feitas
(DUARTE 2002 p 144)
17
Portanto a pesquisa estaacute estruturada em quatro capiacutetulos sendo que no
primeiro capiacutetulo falar-se-aacute sobre as abordagens ligadas a agricultura camponesa e
agricultura familiar com intuito de apresentar algumas das visotildees de cada
paradigma para que no decorrer do trabalho possa ser feito uma avaliaccedilatildeo dessas
abordagens na produccedilatildeo fumageira como tambeacutem expor o conceito de territoacuterio e
territorialidade que derivam desses paradigmas
No capiacutetulo seguinte visando compreender os fatores que proporcionaram ao
paiacutes se tornar referecircncia no setor fumageiro realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica
da origem do fumo e a sua consequente inserccedilatildeo em uma escala comercial O
estudo desses elementos foi fundamental para entender os motivos que contribuiacuteram
para a inserccedilatildeo da produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Tambeacutem pelo
fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo
de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral
dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura
familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo
do agronegoacutecio
Na sequecircncia o capiacutetulo III mostra os processos de ocupaccedilatildeo do municiacutepio
de Prudentoacutepolis e a consequente inserccedilatildeo da produccedilatildeo fumageira nas unidades de
produccedilatildeo familiar Nesse sentido como o trabalho vem abordando a existecircncia de
uma agricultura familiar heterogecircnea buscou-se conhecer o perfil dos agricultores
familiar do municiacutepio atraveacutes da caracterizaccedilatildeo dessas famiacutelias tendo como escopo
as fontes secundaacuterias do IBGE
No capiacutetulo IV satildeo apresentados os dados do trabalho de campo que foi
realizado com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela empresa
Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Os dados
de campo que retratam a realidade dos entrevistados juntamente com dados
secundaacuterios tecircm por finalidade contribuir na avaliaccedilatildeo dos paradigmas da
camponesa e da agricultura familiar com base no setor fumageiro
Por fim satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais do trabalho seguindo nas
avaliaccedilotildees das abordagens paradigmaacuteticas agrave luz do estudo de caso dos fumicultores
entrevistados mostrando que os agricultores familiares entrevistados buscam
18
atraveacutes de suas condiccedilotildees de tecnologias estrutura fundiaacuteria e matildeo de obra se
inserir em setores mais competitivos visando agrave maximizaccedilatildeo dos lucros
A realizaccedilatildeo dessa pesquisa eacute pertinente pelo fato de mostrar que os
fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de commoditie atraveacutes de uma cadeia
produtiva competitiva levando em consideraccedilatildeo as condiccedilotildees do produtor e
conforme os dados de campo eacute notoacuterio que os entrevistados atraveacutes da renda do
fumo conseguiram adquirir bens capitais de grande importacircncia como a compra de
terra lotes na cidade de carro trator maquinaacuterios agriacutecolas e casa Bens esses que
muitas vezes natildeo conseguiriam adquirir se produzissem somente culturas
tradicionais do municiacutepio como eacute o caso do feijatildeo e milho pelo fato da pequena
quantidade de terras que possuem Dessa forma eacute certo que os agricultores
familiares entrevistados da mesma forma que os agricultores patronais buscam
maximizar seus lucros uma vez que os dados de campo mostram que os
fumicultores tecircm pretensotildees de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou
seja agem no mercado como pequenos capitalistas
19
CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS
Sabe-se que nas ciecircncias sociais existem diferentes concepccedilotildees teoacutericas para
a compreensatildeo do desenvolvimento do capitalismo no campo destacando-se de
um lado o paradigma da Agricultura Camponesa (Questatildeo Agraacuteria) e de outro o
paradigma da Agricultura Familiar (Capitalismo Agraacuterio) Nesse sentido o presente
capiacutetulo expotildee algumas das abordagens ligadas ao paradigma da agricultura
camponesa e das abordagens ligadas agrave agricultura familiar como objetivo de
identificar o conceito de TerritoacuterioTerritorialidade derivados desses paradigmas A
finalidade de entender as correntes de pensamento paradigmaacutetico permitiraacute entatildeo
avaliar essas abordagens agrave luz de um estudo de caso sobre a fumicultura no
municiacutepio de PrudentoacutepolisPR
11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA
As muacuteltiplas formas de interpretaccedilatildeo da questatildeo agraacuteria no espaccedilo rural e
consequentemente do paradigma camponecircs tecircm como principal referecircncia as teorias
marxistas seja as de autores como Lecircnin (1982) e Kautsky (1998) que defenderam
a tese do desaparecimento da classe camponesa e a consequente emergecircncia de
duas classes distintas - a burguesa e a proletaacuteria - como produto da industrializaccedilatildeo
da agricultura seja a de autores como Chayanov (1974) Oliveira (1987) e
Fernandes (1996) entre outros que satildeo contraacuterios agrave teoria sobre a tendecircncia agrave
proletarizaccedilatildeo do campesinato e que defendem a permanecircncia desta classe social
como resultado do processo desigual e contraditoacuterio de desenvolvimento
impulsionado pelo sistema capitalista
Nesse sentido para Fernandes (2008) os estudos feitos agrave luz do paradigma
camponecircs se caracterizam por analisar a luta de classes a conflitualidade e as
contradiccedilotildees inerentes agraves relaccedilotildees capitalistas e natildeo capitalistas de produccedilatildeo1 Um
tema importante nessa linha de pesquisa eacutea sujeiccedilatildeo da renda dos camponeses
perante as empresas que tecircm o monopoacutelio da produccedilatildeo de commodities agriacutecolas
como as agroinduacutestrias fumageiras
1 O campesinato eacute entendido como um sistema produtivo diferenciado do agronegoacutecio
20
Os seguidores do paradigma camponecircs como Fernandes (2013) entendem
que a industrializaccedilatildeo da agricultura resulta em um problema estrutural devido ao
desenvolvimento desigual e contraditoacuterio do capitalismo e que a uacutenica soluccedilatildeo estaacute
na superaccedilatildeo desse sistema pois a industrializaccedilatildeo da agricultura contribui para que
as unidades camponesas de produccedilatildeo se tornem mais vulneraacuteveis ao capital
Para Feliacutecio (2006) nesse paradigma natildeo haacute diferenccedilas entre agricultor
familiar e camponecircs pois ambos satildeo assim definidos por terem a famiacutelia e o trabalho
familiar por caracteriacutestica a qual natildeo objetiva a superaccedilatildeo do trabalho familiar O
termo camponecircs eacute tratado pelos teoacutericos do paradigma do capitalismo agraacuterio como
agricultores familiares nesse sentido
O produtor familiar que utiliza os recursos teacutecnicos e estaacute altamente integrado ao mercado natildeo eacute um camponecircs mas sim um agricultor familiar Desse modo pode-se afirmar que a agricultura camponesa eacute familiar mas nem toda a agricultura familiar eacute camponesa ou que todo camponecircs eacute agricultor familiar mas nem todo agricultor familiar eacute camponecircs (FERNANDES 2001)
Com relaccedilatildeo agrave inserccedilatildeo da agricultura familiar nas formas de produccedilatildeo
capitalistas no campo Thomaz Juacutenior (2008) considera que a loacutegica do capital impotildee
que o agricultor esteja preso agrave gestatildeo de uma empresa e natildeo mais da sua proacutepria
famiacutelia Poreacutem o autor defende que mesmo integrado a essa loacutegica de produccedilatildeo o
camponecircs busca alternativas para natildeo aderir totalmente agraves estruturas mercantis de
produccedilatildeo visando reestabelecer os princiacutepios de sociabilidade e produccedilatildeo para o
autoconsumo Nesse sentido para esse paradigma o camponecircs visa agrave
sobrevivecircncia mas se o capital apresenta uma proposta de parceria de lucros como
na integraccedilatildeo das empresas fumageiras o camponecircs aceita Subordina-se mas se
essa possibilidade de lucro acaba ele volta para a estrateacutegia primeira por natildeo
desejar desfazer-se da terra
Para Shanin (2008) o camponecircs corresponde a um ldquomodo de vidardquo que
envolve um conjunto de elementos como a diversidade nas formas de trabalhar com
a terra Teacutecnicas essas que satildeo passadas de pais para filhos possibilitando estreita
ligaccedilatildeo entre a terra e a famiacutelia uma vez que a famiacutelia eacute dona do proacuteprio trabalho
podendo escolher a melhor forma de fazecirc-lo Tambeacutem enfatiza a especificidade da
loacutegica econocircmica camponesa a qual produz visando a satisfaccedilatildeo das necessidades
21
da famiacutelia sendo capaz de se ajustar aos niacuteveis de remuneraccedilatildeo mais baixos em
momentos desfavoraacuteveis
Ploeg (2009) afirma que o camponecircs de hoje natildeo pode ser compreendido
como sinocircnimo de atraso e sim como um ldquocamponecircs modernordquo inserido na
realidade capitalista poreacutem carregando em seu cerne a condiccedilatildeo camponesa Por
condiccedilatildeo camponesa Ploeg (2009) entende a luta por autonomia e progresso como
uma forma de construccedilatildeo e reproduccedilatildeo de um meio de vida rural em um contexto
adverso caracterizado por relaccedilotildees de dependecircncia marginalizaccedilatildeo e privaccedilatildeo
Portanto para o autor supracitado o campesinato deve ser explicado a partir das
relaccedilotildees de contradiccedilotildeesconflitualidades existentes no espaccedilo rural
Fernandes (2000) ao falar sobre a formaccedilatildeo do campesinato afirma que
essa formaccedilatildeo natildeo acontece somente pela reproduccedilatildeo ampliada das contradiccedilotildees
do capitalismo mas tambeacutem atraveacutes da luta pela terra na qual tem enfrentado a
condiccedilatildeo loacutegica do capital Nesse sentido Ploeg (2009) menciona sobre a dualidade
entre a produccedilatildeo camponesa e a capitalista na qual
[] a agricultura camponesa eacute fortemente baseada no capital ecoloacutegico (especialmente a natureza viva) enquanto que a agricultura empresarial afasta-se progressivamente da natureza Insumos e outros fatores artificiais de crescimento substituem os recursos naturais o que significa que a agricultura estaacute sendo industrializada (PLOEG 2009 p17)
A expansatildeo do modo capitalista de produccedilatildeo (na sua reproduccedilatildeo ampliada do
capital) aleacutem de redefinir antigas relaccedilotildees subordinando-as agrave sua produccedilatildeo
engendra relaccedilotildees natildeo capitalistas iguais e contraditoriamente necessaacuterias agrave sua
reproduccedilatildeo (OLIVEIRA 2010) Nesse sentido para Paulino e Almeida (2010) a
reproduccedilatildeo do campesinato ldquodeve ser entendida a partir das diversas contradiccedilotildees
do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma contradiccedilatildeo e
natildeo de uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeordquo
No que diz respeito agrave produccedilatildeo de fumo para o paradigma camponecircs a
integraccedilatildeo agrave induacutestria fumageira significauma intervenccedilatildeo nos modos de produccedilatildeo
camponesa visando padroniza-los deixando o camponecircs com pouca autonomia para
determinar a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo
Para Fernandes (2008) o sistema de produccedilatildeo do agronegoacutecio eacute distinto do
sistema de produccedilatildeo da agricultura camponesa uma vez que o sistema agriacutecola
22
camponecircs tem por referecircncia a reproduccedilatildeo a biodiversidade e o trabalho familiar
natildeo objetivando o plantio de uma uacutenica cultura para o mercado como no modelo
agroexportador Poreacutem Fernandes (2008 p 166) afirma que como eacute o capital que
controla a tecnologia o conhecimento o mercado e as poliacuteticas agriacutecolas
subalterniza o camponecircs Ou seja para Fernandes o sistema agriacutecola camponecircs
natildeo eacute parte do agronegoacutecio
De acordo Paulino com (2012) os camponeses comparecem ao mundo do
trabalho como entidades familiares Dessa forma como eacute a famiacutelia que se prontifica
em produzir a mateacuteria prima para a induacutestria fumageira entatildeo natildeo se refere agrave venda
do trabalho camponecircs e sim da produccedilatildeo na qual estaacute contida o trabalho familiar o
qual exige um ritmo diferenciado
Roos (2015) salienta que no caso da produccedilatildeo fumageira realizada pelos
camponeses ldquoa racionalidade eacute movida pela necessidade de um espaccedilo que possa
servir a um conjunto de atividadesrdquonatildeo objetivando somente a valorizaccedilatildeo que os
galpotildees e as estufas de fumo possam gerar sobre a renda da terra
Nesse sentido as transformaccedilotildees no campo brasileiro relacionadas ao
processo de modernizaccedilatildeo da agricultura se assentam sobre uma estrutura
complexa compreendida pela integraccedilatildeo da agricultura e da induacutestria caracterizada
na maior parte por produzir produtos de exportaccedilatildeo como eacute o caso das induacutestrias
fumageiras aves e suiacutenos
Portanto para esse paradigma a conflitualidade eacute inerente ao processo de
formaccedilatildeo do capitalismo e do campesinato por causa da contradiccedilatildeo criada pela
destruiccedilatildeo criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo simultacircneas dessas relaccedilotildees sociais (FENANDES
2008) O camponecircs possui um sistema agriacutecola proacuteprio que natildeo faz parte do
agronegoacutecio e apresenta uma loacutegica de reproduccedilatildeo distinta todavia os camponeses
estatildeo subalternos agrave hegemonia daquele modelo de desenvolvimento econocircmico
(ROOS2015)
Roos (2015) ao analisar a obra de Chayanov2 afirma que o deslocamento de
membros da famiacutelia para outras atividades (venda de forccedila de trabalho) estaacute
assentado na satisfaccedilatildeo das necessidades e natildeo na maximizaccedilatildeo de lucros
2 CHAYANOV AV La organizaciacuteon de la unidad econoacutemica campesina Buenos Aries Nueva Visioacuten 1974
23
possiacuteveis (relaccedilotildees capitalistas) pois o principal objetivo das transaccedilotildees
econocircmicas camponesas eacute a reproduccedilatildeo do grupo social
Para Paulino (2003) a heterogeneidade no campo estaacute marcada por dois
tipos de propriedade privada de um lado a propriedade capitalista e de outro a
propriedade camponesa Na propriedade capitalista a terra eacute um objeto de negoacutecio
pelo fato de haver exploraccedilatildeo do trabalho alheio ao passo que a propriedade
camponesa constitui-se em terra de trabalho natildeo tendo como intuito a acumulaccedilatildeo
de capital e sim a sobrevivecircncia familiar Nesse sentido para a autora a dualidade
entre terra de negoacutecios e terra de trabalho se explica com base no caraacuteter
contraditoacuterio do desenvolvimento capitalista
Portanto o camponecircs ao incorporar elementos da loacutegica do agronegoacutecio
como ao plantar fumo e soja utilizando agrotoacutexicos adubos quiacutemicos entre outros
gastos relacionados ao plantio e colheita satildeo compreendidos no paradigma
camponecircs a partir do capital sujeitando e expropriando a renda camponesa e
consequentemente deixando o agricultor mais vulneraacutevel
12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR
No Brasil os estudos e debates sobre a categoria da agricultura familiar
ganharam forccedila a partir do fim da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990
quando essa categoria tem maior representatividade no cenaacuterio socioeconocircmico
brasileiro Inuacutemeros conceitos e caracterizaccedilotildees foram criados para tentar explicar
os indiviacuteduos pertencentes a esse grupo Nesse sentido para Anjos (2003) a
agricultura familiar brasileira se estrutura
ldquocomo uma nova categoria poliacutetica portadora de uma consideraacutevel fonte de legitimidade social que simultaneamente representa os interesses dos pequenos produtores rurais das famiacutelias assentadas dos arrendataacuterios dos agricultores familiares integrados aos complexos agroindustriais e de outros atores sociais do campo brasileirordquo (ANJOS 2003 p 245)
No decorrer da deacutecada de 1990 os estudos voltados para o universo da
agricultura familiare que se destacam na literatura estatildeo em Veiga (1991)
Abramovay (1992) Lamarche (1998) entre outros Esses estudos aleacutem de
trazerem um panorama geral sobre a agricultura familiar daqueles anos tambeacutem
mostraram que as formas familiares de agricultura natildeo eram e nem satildeo
24
homogecircneas poreacutem satildeo importantes para promover o desenvolvimento econocircmico
no Brasil
Abramovay (1992) foi o primeiro no Brasil que distinguiu campesinato de
agricultor familiar afirmando que o agricultor familiar eacute oriundo do camponecircs poreacutem
apresenta distintas formas de organizaccedilatildeo do trabalho tendo como pretensatildeo
inserir-se ao mercado Tambeacutem ao se referir agrave regiatildeo Sul do Brasil o autor afirma
queldquoos agricultores familiares integram-se plenamente a estruturas nacionais de
mercado transformam natildeo soacute sua base teacutecnica mas sobretudo o ciacuterculo social em
que se reproduzem e metamorfoseiam-se numa nova categoria social de
camponeses tornam-se agricultores profissionaisrdquo (ABRAMOVAY 1992 p 126-
127)
Abramovay (1992) Veiga (1991) e Lamarche (1998) entendem que a
agricultura familiar eacute uma categoria que manteacutem a loacutegica familiar de produccedilatildeo
poreacutem estaacute ligada agrave loacutegica capitalista de integraccedilatildeo aos mercados Nesse sentidoo
autor da corrente marxista Claus Germer (1996) alerta para o problema de
conceituar a agricultura familiar em oposiccedilatildeo agrave agricultura patronal o qual favorece
sem sentido a noccedilatildeo de embate entre esses modos de produccedilatildeo
Pensadores da corrente teoacuterica que discutem a agricultura familiar como por
exemplo Valente (2008) Diniz Filho (2011) e Navarro (2014) entre outros natildeo
costumam fazer uma oposiccedilatildeo radical entre a agricultura familiar e o agronegoacutecio
tal como se observa no paradigma camponecircs pelo fato que de alguma forma os
agricultores familiares fazem parte do agronegoacutecio Nesse sentido apontam que a
agricultura familiar brasileira eacute heterogecircnea e necessita ser trabalhada com
tipologias como por exemplo nos estudos organizados por Lamarche (1998) e pela
caracterizaccedilatildeo da agricultura familiar por grupos A B C e D realizados a partir do
estudo ldquoNovo retrato da agricultura familiar brasileira (2000)rdquo Esses estudos
mostram que existem muitas formas de agricultores familiares que se aproximam
bastante do padratildeo do agronegoacutecio Portanto para esse paradigma natildeo haacute
incompatibilidade ou conflitos radicais dos agricultores familiares em relaccedilatildeo ao
capital visto que estatildeo inseridos no mercado
Lamarche (1998) identificou quatro modelos aproximados para distinguir os
tipos de agricultores familiares a partir do tipo e grau de dependecircncia financeira de
mercado e da tecnologia para produccedilatildeo Os quatro modelos consistem em Modelo
empresa caracteriza as unidades produtivas que possuem grande dependecircncia
25
tecnoloacutegica financeira e comercial dependente de matildeo de obra assalariada
(temporaacuteria ou permanente) natildeo possuindo grande apego agrave propriedade (terra)
Modelo empresa familiar satildeo dependentes dos sistemas tecnoloacutegicos financeiros e
de mercado a matildeo de obra eacute familiar tendo por objetivo a reproduccedilatildeo familiar a
partir da terra Modelo agricultura camponesa e de subsistecircncia eacute caracterizada
pelo grande envolvimento da famiacutelia na unidade produtiva pouco dependente de
tecnologias e mercados externos visando satisfazer as necessidades familiares
com pouca produccedilatildeo para comercializar aleacutem de preservarem os patrimocircnios com
intuito de sobrevivecircncia da famiacutelia E por fim o modelo agricultura moderna que eacute
um modelo de agricultura competitiva que estaacute em constante diminuiccedilatildeo das
relaccedilotildees familiares de produccedilatildeo buscando autonomia teacutecnica financeira e de
mercado
Tambeacutem no sentido de entender as caracteriacutesticas do puacuteblico que fazia parte
do rural brasileiro o estudo realizado pela FAOINCRA no ano de 1994 separou os
agricultores entre familiares e patronais sendo que o grupo dos familiares ganhou
outras trecircs subdivisotildees Agricultores Familiares Consolidados que remete aos
agricultores familiares jaacute integrados ao mercado Agricultores familiares em
transiccedilatildeo ou seja aqueles em processo de integraccedilatildeo aos mercados e Agricultores
Familiares Perifeacutericos caracteriacutesticos daqueles com poucas possibilidades de
integraccedilatildeo aos mercados Poreacutem conforme Bittencourt e Peraci (2010) esse
agrupamento da categoria familiar foi utilizado soacute ateacute 1999 quando ganhou outra
classificaccedilatildeo agora a partir de quatro subdivisotildees dos grupos familiares A B C e D
A tipificaccedilatildeo das unidades familiares em quatro grupos eacute produto do estudo
realizado com base nos dados do Censo Agropecuaacuterio de 1996 e coordenado por
Carlos Enrique Guanziroli (FAO) e Silvia Elizabeth Cardin (INCRA) no ano de 2000
intitulado ldquoO novo retrato da agricultura familiar O Brasil redescobertordquoque
objetivou fazer uma nova tipificaccedilatildeo das unidades familiares localizadas no territoacuterio
brasileiro Esse agrupamento foi definido pela Resoluccedilatildeo 2629 de agosto de 1999
a qual foi adotada para que as regras de financiamento fossem mais adequadas agrave
realidade de cada segmento social (Schneider Czala Matei 2004 p 26)
Da mesma forma que os estudos feitos por Lamarche (1998) os resultados
dos trabalhos realizados pela FAOINCRA afirmam que a agricultura brasileira
apresenta uma grande diversidade em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo dos produtores agrave aptidatildeo
da terra agrave disponibilidade de infraestrutura etc natildeo apenas entre as regiotildees mas
26
tambeacutem dentro de cada regiatildeo (Guanziroli Cardin 2000) Esses autores insistem
na importacircncia de aprofundar o conhecimento dessas realidades do espaccedilo rural
com o intuito de incorporar de forma efetiva esses conhecimentos ao planejamento
de poliacuteticas puacuteblicas
Como o presente estudo objetiva a identificaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo dos
produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis atraveacutes da tipologia dos grupos
familiares eacute fundamental detalhar as caracteriacutesticas de cada grupo3 Agricultores
Familiares tipo A considerados como os mais capitalizados e muito integrados ao
mercado Agricultores Familiares tipo B que estatildeo em vias de capitalizaccedilatildeo e
integrados ao mercado Agricultores Familiares tipo C que se apresentam em vias
de descapitalizaccedilatildeo e pouco integrados aos mercados e os Agricultores Familiares
tipo D sendo compreendidos como descapitalizados
Essas delimitaccedilotildees estabelecidas entre a agricultura familiar e a patronal
como tambeacutem na diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os proacuteprios agricultores
familiares proporcionou a identificaccedilatildeo dos distintos graus de desenvolvimento e
das distintas loacutegicas adotadas para a reproduccedilatildeo familiar
Para esse paradigma o agricultor familiar natildeo eacute um camponecircs mas sim um
empresaacuterio capitalista de pequeno porte inserido no mercado e que busca
maximizar a sua produccedilatildeo mas como eacute de pequeno porte ainda natildeo se
desvinculou totalmente do processo produtivo necessitando da matildeo de obra familiar
para o desenvolvimento das atividades a qual eacute caracteriacutestica das unidades
familiares No caso da produccedilatildeo de fumo conforme se veraacute com detalhes adiante o
pequeno capitalista estaacute presente em todo o processo desde o plantio ateacute a venda
da produccedilatildeo
Schneider (2006) menciona a falta de compreensatildeo dos modos familiares e
sua inserccedilatildeo nos mercados capitalistas uma vez que se deixam enredar no debate
sobre um suposto dualismo entre o agronegoacutecio e agricultura familiar como se os
3Considera-se que a tipologia elaborada pela FAOINCRA (2000) busca estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares dando-se em funccedilatildeo do custo de oportunidade do trabalho dado esse obtido atraveacutes do valor da diaacuteria regional mais 20 Tambeacutem o universo familiar foi delimitado atraveacutes das variaacuteveis em que a direccedilatildeo dos trabalhos do estabelecimento era exercida pelo produtor o trabalho familiar era superior ao trabalho contratado e por fim a aacuterea regional que varia de 4 ateacute 15 moacutedulos fiscais
27
envolvidos natildeo estivessem interessados em um mesmo processo ou seja da
produccedilatildeo e do consumo Nessa mesma linha de pensamento Veiga (2004) afirma
que ldquoo agronegoacutecio no Brasil natildeo eacute soacute uma atividade de grandes produtores e que
natildeo haacute oposiccedilatildeo com agricultura familiarrdquo uma vez que a agricultura familiar
sustenta um dos ramos mais bem sucedidos do agronegoacutecio como as cadeias
produtivas de exportaccedilatildeo de frango suiacutenos e tambeacutem com grande expressividade
a cadeia do fumo
O agronegoacutecio eacute composto fundamentalmente por agricultores familiares Eles conseguiram se firmar em setores extremamente modernos como a produccedilatildeo de aves suiacutenos fumo produtos esses ligados a mercados internacionais (ABRAMOVAY 2003 p 7)
De acordo com Valente (2008) vem sendo estabelecido o consenso de que
as atividades desenvolvidas ao longo da cadeia produtiva tanto patronais quanto
familiares satildeo complementares Nessa perspectiva menciona que faz-se necessaacuterio
um estudo do que aproxima e do que afasta aqueles que se inserem no agronegoacutecio
para assim ser possiacutevel pleitear distintas poliacuteticas agriacutecolas de acordo com os
interesses de casa categoria
Enquanto Fernandes (2001)Paulino (2003)Oliveira (2004) e Roos (2015)
defendem a oposiccedilatildeo do agronegoacutecio agrave agricultura familiar devido agraves
conflitualidades entre as classesSchneider (2006) Navarro (2007 2014) Valente
(2008) Diniz Filho (2011) e Jank (2006) consideram falso esse dualismo entre a
agricultura familiar e o agronegoacutecio uma vez que os agricultores buscam maximizar
seus lucros Nesse sentido afirma Jank (2006) que
O Brasil tem sido proacutedigo em produzir falsas dicotomias como a ideia do agronegoacutecio contra a pequena agricultura a agricultura patronal contra a agricultura familiar ou grandes produtores contra os sem-terra [] caso uacutenico no mundo o Brasil tem dois ministeacuterios da agricultura vivendo uma guerra surda por atenccedilatildeo e recursos um cuidando de mecanismos tradicionais de poliacuteticas agriacutecolas e o outro da reforma agraacuteria e da agricultura familiar (JANK 2006 P a2)
13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS
28
O estudo do territoacuterio vem sendo constituiacutedo em uma tradiccedilatildeo do pensamento
geograacutefico nos uacuteltimos 100 anos (VALVERDE 2004) Instintivamente o seu conceito
remota agrave ideia de lugar espaccedilo de residecircncia ou local onde se desenrolaratildeo as
muacuteltiplas relaccedilotildees entre os agentes sejam sociais ou econocircmicos (MARIANI
ARRUDA 2010)
Nesse ponto de vista Fernandes (2008) cita que a globalizaccedilatildeo e a hegemonia
das poliacuteticas neoliberais provocaram a emergecircncia do conceito de territoacuterio em duas
direccedilotildees De um lado os estudos sobre territoacuterios feitos agrave luz do paradigma
camponecircs e de outro o estudo de territoacuterio a partir do paradigma da agricultura
familiar O territoacuterio para o paradigma camponecircs eacute explicado a partir da criacutetica aos
modelos de produccedilatildeo capitalista sendo que as anaacutelises satildeo feitas sob a oacutetica de
territoacuterio multidimensional entendido a partir das conflitualidades e contradiccedilotildees
entre as classes sociais
Jaacute o paradigma da agricultura familiar ao analisar o territoacuterio natildeo utiliza os
procedimentos para estudar as conflitualidades e sim trabalha com o objetivo de
classificar as desigualdades sociais Nesse sentido o tema de estudo predominante
nesse paradigma eacute a reproduccedilatildeo das relaccedilotildees capitalistas ou seja a forma como os
agricultores buscam se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo sem que haja
uma conflitualidade entre classes ou territoacuterios No caso dos conflitos existentes no
campo para o paradigma da agricultura familiar deve-se trabalhar a partir do grau
que esses conflitos acontecem natildeo generalizando a partir de casos radicais de
conflitos entre os distintos territoacuterios No caso da fumicultura pode-se dizer que natildeo
satildeo identificados conflitos tatildeo radicais ao passo que na produccedilatildeo de subsistecircncia
esse acontecimento pode acontecer de forma diferenciada
Diversos satildeo os acontecimentos e agentes responsaacuteveis por instituir funccedilatildeo e
particularidades aos espaccedilos Como exemplos desses acontecimentos podem ser
citadas ldquoas atividades econocircmicas os empreendimentos das
multinacionaistransnacionais comunidades tiacutepicas como tambeacutem do poder puacuteblicordquo
(MARIANI ARRUDA 2010) os quais satildeo responsaacuteveis pela construccedilatildeo de
territoacuterios Haesbaert (2007) destaca a existecircncia de territoacuterios funcionais desde que
o territoacuterio apresente um papel de receptaacuteculos de atividades econocircmicas
possuindo muacuteltiplas funccedilotildees conforme seu interesse em atuar naquele territoacuterio
29
Fernandes (2008) adepto do paradigma camponecircs ao trabalhar os diferentes
territoacuterios destaca a importacircncia de analisar o territoacuterio atraveacutes da
multidimensionalidadeconflitualidade que satildeo concebidas atraveacutes de um conjunto
de conflitos inscritos nas relaccedilotildees indissociaacuteveis entre desenvolvimento e disputas
territoriais Para o autor a definiccedilatildeo de territoacuterio estaacute relacionada agrave existecircncia de
poder entre classes ao passo que a conflitualidade existe devido agraves disputas
territoriais entre o capital e o campesinato ou seja de distintos territoacuterios e
funcionalidades
Oliveira (2001) aponta que devido agraves forccedilas produtivas capitalistas ocorrerem
de maneira desigual e contraditoacuteria no territoacuterio em algumas circunstacircncias eacute mais
conveniente para o capital monopolizar o territoacuterio ao inveacutes de se territorializar ou
seja neste caso para o paradigma camponecircs o capital natildeo expropria o camponecircs
fumicultor poreacutem subordina esse agente social ao ditar as regras de produccedilatildeo como
tipos de sementes insumos quiacutemicos teacutecnicas de produccedilatildeo entre outros elementos
que estatildeo relacionados agrave produccedilatildeo Trata-se da territorializaccedilatildeo do capital
monopolista (OLIVEIRA 2001) o qual monopoliza a circulaccedilatildeo e domina os meios
de produccedilatildeo e a terra (ROOS 2015)
Nesse sentido no territoacuterio a accedilatildeo das empresas transnacionais como por
exemplo a Souza Cruz configuram o processo chamado por Oliveira (2005) e Roos
(2015) de ldquomonopolizaccedilatildeo do territoacuteriordquo uma vez que a empresa se instala em aacutereas
estrateacutegicas monopoliza o territoacuterio e firma acordos com os produtores familiares e
natildeo familiares que produzem fumo sendo entendidos entatildeo a partir da sujeiccedilatildeo da
renda da terra ao capital onde o produtor atraveacutes da integraccedilatildeo tem pouco poder
nas negociaccedilotildees
Para Fernandes (2008) a existecircncia de distintos territoacuterios entre o campesinato
e o agronegoacutecio eacute dada a partir das formas de organizaccedilatildeo espacial e de paisagens
geograacuteficas sendo o territoacuterio do agronegoacutecio caracterizado pela monocultura
desertificaccedilatildeo populacional produtivismo para exportaccedilatildeo grande escala e
homogeneidade ao passo que o territoacuterio camponecircs eacute representado pela
heterogeneidade da paisagem frequente povoamento policultura e produccedilatildeo
diversificada Por fim o territoacuterio monopolizado pelo agronegoacutecio se distingue pela
homogeneidade da paisagem geograacutefica e pela subalternidade e controle
tecnoloacutegico das commodities que se utilizam dos territoacuterios camponeses
30
(FERNANDES 2008) Portanto para os seguidores desse paradigma o capital
forma os seus territoacuterios atraveacutes da expansatildeo e controle de aacutereas em todas as
regiotildees subalternizando o camponecircs atraveacutes da integraccedilatildeo Sobre a monopolizaccedilatildeo
do territoacuterio Fernandes (2008) destaca que
Quando o tempo de trabalho eacute maior do que o de produccedilatildeo o capital age atraveacutes da monopolizaccedilatildeo do territoacuterio e da sujeiccedilatildeo da renda da terra Neste caso o campo continua povoado por camponeses ou pequenos ou meacutedios capitalistas que passam a produzir de acordo com o que lhes diz a induacutestria Eacute o caso por exemplo da laranja do fumo a avicultura e da suinocultura entre outros (FERNANDES 2008 p 196)
As anaacutelises voltadas ao paradigma camponecircs e que tratam dos assuntos
relacionados agrave produccedilatildeo de fumo como por exemplo o trabalho de Roos (2015)
afirmam que a subalternidade camponesa estaacute expressa na sujeiccedilatildeo da renda e na
monopolizaccedilatildeo do territoacuterioterritorialidade pelo capital uma vez que a
monopolizaccedilatildeo do territoacuterio pelo capital eacute entendida como territorialidade capitalista
no territoacuterio camponecircs Nesse sentido Roos (2015) compreende territorialidade
como o uso do territoacuterio ponderando que este eacute exclusivamente produzido por uma
relaccedilatildeo social que somente pode ser realizada pelo sujeito onde a territorialidade
pode ser camponesa ou capitalista
Nesse ponto de vista em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de fumo nas unidades
familiares o paradigma camponecircs compreende que as relaccedilotildees capitalistas
subordinam as relaccedilotildees camponesas e consequentemente o seu territoacuterio pelo fato
das bases teacutecnicas de produccedilatildeo estarem determinadas pelas multinacionais como
por exemplo atraveacutes dos contratos de compra de fumo de empresas com a Souza
Cruz
O territoacuterio eacute instituiacutedo por sujeitos e grupos sociais que se afirmam por meio dele Assim haacute sempre territoacuterio e territorialidade ou seja processos sociais de territorializaccedilatildeo Num mesmo territoacuterio haacute sempre muacuteltiplas territorialidades (PORTO-GONCcedilALVES 2006)
Roos (2015) destaca que mesmo onde as empresas fumageiras determinam
o padratildeo tecnoloacutegico (infraestrutura tipos de sementes insumos utilizados formas
de semeadura etc) natildeo tiram dos camponeses a autonomia sobre o seu trabalho o
tempo e as decisotildees Assim o autor afirma que o territoacuterio continua sendo de
domiacutenio dos camponeses poreacutem o capital exerce sua territorialidade subordinando a
renda camponesa na medida em que se incorporam agrave loacutegica capitalista
31
A territorialidade deriva de territoacuterio como produto das muacuteltiplas relaccedilotildees de
poder presentes e que estatildeo intrinsicamente relacionadas aos modelos de produccedilatildeo
podendo como destacado por Porto-Gonccedilalves (2006) e Fernandes (2008) coexistir
vaacuterias territorialidades em um mesmo territoacuterio
As territorialidades expressam as relaccedilotildees de poder que determinam as
configuraccedilotildees territoriais Elas contribuem para a identificaccedilatildeo de quem domina e de
quem eacute o dominado nos territoacuterios As territorialidades tambeacutem estatildeo expressas nas
paisagens de modo que seus componentes revelam as relaccedilotildees sociais poliacuteticas e
econocircmicas (FERNANDES 2010)
Fernandes (2008 2009) acrescenta que a disputa territorial entre o
campesinato e o agronegoacutecio pode acontecer por duas formas distintas pela
desterritorializaccedilatildeo e pelo controle das territorialidades por possuiacuterem relaccedilotildees
sociais distintas e modelos divergentes de produccedilatildeo os quais resultam em conflitos
Portanto ainda no que diz respeito ao paradigma camponecircs Paulino e
Almeida (2010) defendem a ideia de que embora o campesinato seja uma relaccedilatildeo
natildeo capitalista ldquosua reproduccedilatildeo deve ser entendida a partir das diversas
contradiccedilotildees do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma
contradiccedilatildeo e natildeo de uma articulaccedilatildeo de modos de produccedilatildeordquo Jaacute no paradigma da
agricultura familiar a inserccedilatildeo do agricultor nos mercados capitalistas natildeo eacute
compreendida pela conflitualidade entre territoacuterio camponecircs e do agronegoacutecio
sendo que ambos buscam maximizaccedilatildeo de sua produccedilatildeo
A partir do exposto eacute possiacutevel entender que os estudos feitos agrave luz do
paradigma da agricultura camponesa e que tratam de temas relacionados agrave
produccedilatildeo de fumo no Sul do Brasil afirmam a existecircncia de conflitos muitas vezes
ldquoveladosrdquo entre o territoacuterio dos fumicultores e a territorialidade corporativa das
empresas fumageiras
32
CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de
fumo Por esse fato o presente capiacutetulo tem como objetivo salientar os fatores que
proporcionaram ao paiacutes se tornar referecircncia nesse setor uma vez que a fumicultura
eacute desenvolvidaem sua maioriapela agricultura familiar (AFUBRA 2015) De
maneira cronoloacutegica realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica da origem do fumo e
sua consequente inserccedilatildeo em uma produccedilatildeo de escala comercial analisando o
cultivo o mercado e outros aspectos sejam das esferas produtiva social e
econocircmica visto que esses elementos satildeo fundamentais para entender os motivos
pelos quais contribuiacuteram para a inserccedilatildeo dessa produccedilatildeo no municiacutepio de
PrudentoacutepolisPR que seraacute tratado com mais detalhes no capiacutetulo III Tambeacutem pelo
fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo
de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral
dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura
familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo
do agronegoacutecio
21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
A partir do iniacutecio da deacutecada de 1990 o Brasil vem ocupando uma posiccedilatildeo de
destaque no mercado mundial do fumo pelo volume produzido e pela qualidade que
o produto possui
Ao analisar as origens4 dessa cultura as respostas satildeo um pouco distintas pois
existem possiacuteveis afirmaccedilotildees de que o fumo era consumido desde o seacuteculo IX no
continente Asiaacutetico Todavia Frozza (1998) afirma que o cultivo e uso das folhas
datam de mais de quatro mil anos e que ocorreram nas regiotildees da Ameacuterica do Norte
e Central onde hoje se situam o Meacutexico e a Guatemala Ainda de acordo com esse
autor satildeo os povos Maias que teriam iniciado o plantio dessa cultura
4 O tabaco tambeacutem chamado de fumo eacute uma erva do gecircnero das plantas solanaacuteceas cujas folhas depois de preparadas servem mais comumente para fumar cheirar ou mascar (SILVA 2012)
33
Nardi (1985) e Saffrin (1995) afirmam que o fumo tem suas origens nos vales
orientais dos Andes bolivianos e que chegou ao territoacuterio brasileiro atraveacutes das
migraccedilotildees dos iacutendios principalmente os iacutendios Tupi-Guarani Convergindo com
Nardi e Saffrin Souza Cruz (2011) afirma que o fumo eacute uma planta originaacuteria dos
Andes e que acompanhou as migraccedilotildees dos iacutendios por toda a Ameacuterica Central ateacute
chegar ao territoacuterio brasileiro
Os colonizadores portugueses atraveacutes dos povos indiacutegenas introduziram o haacutebito
do consumo de fumo (BOEIRA 2002) tendo acesso ao produto atraveacutes do
escambo Dessa forma satildeo criadas as primeiras legislaccedilotildees para regulamentar a
atividade fumageira como a Junta de Administraccedilatildeo do Tabaco de 1674 a qual
servia para orientar o comeacutercio das especiarias em Portugal e suas colocircnias e
institucionalizou o monopoacutelio portuguecircs sobre o produto Nesse contexto o tipo de
fumo produzido era o escuro de corda sendo que o mesmo era usado para fabricar
o rapeacute o cigarro e charutos (SILVA 2002)
No iniacutecio do seacuteculo XIX a produccedilatildeo em escala comercial ocupou aacutereas reduzidas e
concentradas entre o litoral dos atuais estados da Bahia (Recocircncavo Baiano) e
Recife proporcionando o abastecimento do mercado europeu Os fatores que
contribuiacuteram para a produccedilatildeo do fumo foram agrave existecircncia de matildeo de obra familiar e o
desejo de desenvolver a regiatildeo Para Silva (2002) a cultura do fumo ao contraacuterio da
cana-de-accediluacutecar que era plantada somente nos latifuacutendios foi e ainda eacute
desenvolvida pela sua maioria em pequenas propriedades
A produccedilatildeo se expandiu para os estados de Minas Gerais Goiaacutes Satildeo Paulo
e sobretudo para a regiatildeo Sul do Brasil regiatildeo essa colonizada por imigrantes
europeus que se dedicaram a atividade como eacute o caso do municiacutepio de
Prudentoacutepolis no Paranaacute
O fumo ldquoproduto antes principalmente destinado ao escambo de escravos na segunda metade do seacuteculo passou a encontrar mercado crescente na Europa A quantidade exportada aumentou 361 por cento entre os anos de quarenta e noventa e os preccedilos meacutedios subiram 41 por centordquo(FURTADO p47 1984apud Silva 2002 p 38)
De acordo com Silva (2002) na regiatildeo Sul do Brasilas primeiras plantaccedilotildees
de fumo iniciaram-se em 1824 na colocircnia de Satildeo LeopoldoRS a mesma colonizada
por imigrantes alematildees e em 1850 na colocircnia Santa CruzRS Nessa regiatildeo foram
34
cultivadas variedades de fumos claros como o chinecircs (conhecido atualmente como
amarelinho) e mais tarde o Virgiacutenia devido agrave melhor aceitaccedilatildeo no mercado externo
sendo usado para a fabricaccedilatildeo de cigarros
Como destaca Spies (2000) o principal fator para os imigrantes se dedicarem a
atividade fumageira foram as precaacuterias condiccedilotildees econocircmicas em que se
encontravam pois produziam somente os alimentos para sua subsistecircncia e o
excedente natildeo era suficiente para provecirc-los Dessa forma viram na produccedilatildeo de
fumo uma alternativa para a melhora da situaccedilatildeo financeira familiar Outras
caracteriacutesticas que devem ser levadas em consideraccedilatildeo uma vez que contribuiacuteram
para que os imigrantes se dedicassem a produccedilatildeo de fumo satildeo a estrutura fundiaacuteria
baseada em pequenos lotes de terras e a disponibilidade de matildeo de obra da proacutepria
famiacutelia
Conforme Souza Cruz (2011) outro marco relevante no setor fumageiro foi agrave
criaccedilatildeo da empresa Souza Cruz pelo imigrante portuguecircs Albino Souza Cruz no ano
de 1903 no estado do Rio de Janeiro colocando em funcionamento a primeira
maacutequina do Brasil a produzir cigarros jaacute enrolados em papel Poreacutem com a
necessidade de investir no ramo para acelerar o ritmo de crescimento em
1914Albino Souza Cruz transformou a companhia em uma sociedade anocircnima
passando o controle acionaacuterio ao grupo British American Tabacco (BAT) fato que
permitiu o crescimento da Souza Cruz (SOUZA CRUZ 2015)
A expansatildeo da produccedilatildeo de fumo ocasionou algumas fusotildees entre empresas
do setor Vogt (1994) menciona que os anos entre 1917 e 1993 satildeo caracterizados
por aglutinaccedilotildees e fusotildees das empresas de comeacutercio e beneficiamento do tabaco A
entrada do capital internacional acarretou mudanccedilas na dinacircmica econocircmica da
regiatildeo
Na cidade de Santa CruzRS encontra-se o maior polo fumicultor do Brasil e
conforme AFUBRA (2001) um fato marcante na mudanccedila da dinacircmica econocircmica
desse muniacutecipio e regiatildeo se deu em 1917 com a iniciativa da BAT de instalar a
primeira usina de processamento de fumo no paiacutes com o nome de ldquoThe Brazilian
Tabacco Corporationrdquo Sua razatildeo social foi alterada no ano de 1920 para Companhia
Brasileira de Fumo em Folha (CBFF) e finalmente em 1955 alterada para
Companhia de Cigarros Souza Cruz ndash Induacutestria e Comeacutercio (SILVA 2002) A
35
companhia foi fundamental para que o Brasil alcancasse ainda mais os mercados
mundiais atraveacutes de algumas melhorias proporcionadas por ela
Vogt (1994) destaca que a partir de 1924 a companhia de capital internacional
comeccedilou a investir e incentivar os fumicultores a utilizarem insumos quiacutemicos para
obter uma melhor produtividade e qualidade do fumo o que se refletia no mercado
de cigarros que cada vez ficava mais exigente O melhoramento geneacutetico das
sementes foi outro condicionante para que se obtivesse um aumento da
produtividade e qualidade do fumo
De acordo com Vogt (1994) o mercado fumageiro brasileiro teve uma boa
elevaccedilatildeo nas exportaccedilotildees com o fim da segunda Guerra Mundial jaacute que os paiacuteses
que ateacute entatildeo eram grandes produtores de cigarros se encontravam desorganizados
pelos conflitos poliacuteticos e econocircmicos Outro fator que contribuiu para a maior
demanda do fumo brasileiro foi uma grande estiagem que afetou os paiacuteses
produtores de fumo na safra de 19441945 ocasionando dessa forma um aumento
nos preccedilos pagos pelos mercados internacionais entre os anos de 1944 e 1946
estimulando assim o aumento da produccedilatildeo brasileira devido aos grandes ganhos
obtidos no mercado externo
Contudo houve um aumento da produccedilatildeo sem o proporcional aumento da
qualidade do fumo causando certa preocupaccedilatildeo na balanccedila comercial Para piorar a
situaccedilatildeo no final da deacutecada de 1940 Franccedila Espanha Beacutelgica Holanda e
Dinamarca que eram os principais importadores do tabaco brasileiro foram
contemplados com o Plano Marshall e passaram a adquirir o fumo norte-americano
jaacute que possuiacutea uma qualidade melhor ldquoDesse modo o Brasil natildeo estava conseguido
uma boa representatividade no mercado externordquo (VOGT p 102 1994)
Ao encontro das discussotildees de Vogt Seffrin (1995) afirma que os fumicultores
foram os principais prejudicados com essa superproduccedilatildeo ocorrida na deacutecada de
1950 os quais entregavam a produccedilatildeo a preccedilos piacutefios de maneira a natildeo incorrer em
prejuiacutezos ainda maiores Como por exemplo quando a entatildeo Companhia Brasileira
de Fumos em Folha que atualmente tem o nome de Souza Cruz abriu um comeacutercio
de compra livre de fumos escuros os quais tinham um valor de mercado bem abaixo
da meacutedia e os fumicultores da regiatildeo Sul do Brasil sem outras saiacutedas de mercado
acabaram vendendo o fumo claro (de valor maior) por preccedilo de fumos escuros
36
Com a queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo no cenaacuterio mundial a
quantidade da produccedilatildeo do fumo era limitada e a produccedilatildeo fumageira das deacutecadas
de 1950 e 1960 (tabela 1) era destinada na sua maioria para o mercado nacional
A elevaccedilatildeo desorganizada da produccedilatildeo fumageira gerou na regiatildeo nos anos de 50 e 60 grandes estoques de excedentes natildeo comercializaacuteveis O fumo abarrotava os armazeacutens das firmas e das cooperativas natildeo tendo o colono como despachar o seu cultivo (VOGT 1994)
Portanto a produccedilatildeo de fumo no Brasil eacute mais expressiva a partir da segunda
metade do seacuteculo XX sobretudo no poacutes-guerra quando a ampliaccedilatildeo das aacutereas de
produccedilatildeo veio associada ao aumento da qualidade e produtividade das lavouras
como tambeacutem da produccedilatildeo industrial dos cigarros
ANO PRODUCcedilAO T EXPORTACcedilAO T
1961 60408 10919 1963 82851 14522 1965 91159 14008 1967 112234 9289 1969 99804 13778 1971 97206 18556 1973 82030 20248 1975 97722 41277
QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA
Fonte VOGT 1994
Como pode ser visto as melhoras nas exportaccedilotildees comeccedilam somente na deacutecada de
1970 A deacutecada de 1960 foi marcada por poucas vendas para o mercado externo
natildeo chegando a exportar 15 da produccedilatildeo total Conforme Sefrin (1995) devido a
essa queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo para o exterior na deacutecada de
1960 os fumicultores encontravam-se em condiccedilotildees econocircmicas peacutessimas pois
aleacutem de ser um trabalho aacuterduo os lucros eram iacutenfimos natildeo conseguindo muitas
vezes fazer o pagamento do financiamento da produccedilatildeo aleacutem das safras serem
afetadas pelas intempeacuteries climaacuteticas encontrando-se cada vez mais
desamparados Como aponta Safrin (1995) os pagamentos muitas vezes eram feitos
no ano seguinte da venda e com preccedilos ainda reduzidos
Para que a produccedilatildeo brasileira do fumo pudesse voltar ao cenaacuterio internacional era
indispensaacutevel um salto qualitativo na produccedilatildeo do fumo fato que exigiria a injeccedilatildeo
de grande quantidade de capital na produccedilatildeo Conforme Vogt (1994) os
37
investimentos necessaacuterios para a melhoria da qualidade estavam relacionados agrave
aquisiccedilatildeo de sementes adubos pesticidas instrumentos agriacutecolas construccedilatildeo de
estufas bem como a assistecircncia teacutecnica constantemente presente na propriedade
do colono e a garantia da compra integral da produccedilatildeo sendo mais um fator que
impulsionou a Souza Cruz a investir nessa regiatildeo
De acordo com Silva (2002) para corroborar na soluccedilatildeo dos problemas
econocircmicos dos fumicultores surgiram movimentos de uniatildeo dos interesses dos
mesmos o que resultou na sugestatildeo para a criaccedilatildeo de uma associaccedilatildeo formal dos
fumicultores Sendo assim no dia 21 de marccedilo de 1955 na cidade de Santa Cruz do
SulRS foi criada a Associaccedilatildeo dos Plantadores de Fumo em Folha do Rio Grande
do Sul a qual em 1963 mudou sua razatildeo social para Associaccedilatildeo dos Fumicultores
do Brasil (AFUBRA) passando a abranger tambeacutem os estados de Santa Catarina e
Paranaacute (AFUBRA 2014) Dessa forma a entidade foi criada devido a dois fatores
principais a instabilidade do mercado e dos preccedilos do tabaco e a inexistecircncia de
auxiacutelio econocircmico contra danos por granizo nas lavouras
Com a injeccedilatildeo de capital para a melhoria na produccedilatildeo do fumo e com a
criaccedilatildeo da AFUBRA os fumicultores encontravam-se mais confiantes pelo fato de
estarem obtendo melhores rendimentos Apesar desse desequiliacutebrio nas
exportaccedilotildees pelo qual o mercado fumageiro passou nas deacutecadas de 1950 e 1960
Spies (2000) destaca que a induacutestria do fumo jaacute era a mais importante da regiatildeo de
Santa Cruz no Rio Grande do Sul entre os anos de 1952 e 1965 pois no ano de
1924 os produtos de subsistecircncia representavam 70 da produccedilatildeo e na deacutecada de
1950 esse valor caiu para 413 do total da produccedilatildeo agriacutecola regional
Conforme destaca Vogt (1994) o final da deacutecada de 1960 e com maior
intensidade nas deacutecadas de 1970 e 1980 a fumicultura brasileira volta a ter um
aumento significativo em termos de aacuterea produzida e exportaccedilatildeo da produccedilatildeo devido
principalmente agrave abertura do mercado internacional para os fumos brasileiros mas
tambeacutem agrave adoccedilatildeo de poliacuteticas favoraacuteveis agrave instalaccedilatildeo de agroinduacutestrias no paiacutes
resultando na consolidaccedilatildeo dos complexos agroindustriais
Na deacutecada de 1970 e 1980 era notaacutevel o progresso do setor fumageiro na
regiatildeo Sul do Brasil Esse fato refletiu nas exportaccedilotildees pois a quantidade do fumo
em folha exportado pelo Brasil daacute um salto de 55 mil toneladas exportadas no ano
38
de 1965 para 170 mil toneladas no ano de 1985 dando assim a configuraccedilatildeo da
atual estrutura fumageira do Brasil
Com a consolidaccedilatildeo do Complexo Agroindustrial Brasileiro ou seja da
integraccedilatildeo entre a agricultura e a induacutestria o setor fumageiro ganhou grande
impulso e os estados de Santa Catarina e Paranaacute tambeacutem receberam consideraacuteveis
incentivos para se especializar na produccedilatildeo Foi nesse periacuteodo que a produccedilatildeo em
maior escala atingiu o municiacutepio de PrudentoacutepolisPR e um nuacutemero maior de famiacutelias
aderiu a esse cultivo
Durante a deacutecada de 70 consolidou-se a atual estrutura fumageira existente no Brasil meridional [] ao mesmo tempo os cultivos nos estados de Santa Catarina e Paranaacute foram intensificados pelas corporaccedilotildees que introduziram o tabaco em novas aacutereas para responder a demanda internacional (VOGT 1994)
Dessa forma a proliferaccedilatildeo das lavouras de fumo acontece
concomitantemente nos trecircs estados da regiatildeo Sul do Brasil e estes se destacam
pela qualidade do fumo que produzem Silva (2002) aponta que a chegada de outras
empresas multinacionais com intenccedilatildeo de expandir-se impulsionou o processo de
organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do fumo incentivando a especializaccedilatildeo dos envolvidos nas
atividades
Em Santa Catarina e no Paranaacute o cultivo de fumo de estufa de caraacuteter
comercial daacute-se a partir da empresa Souza Cruz a partir da deacutecada de 1960 a qual
oferecia o sistema integrado de produccedilatildeo Ou seja os fumicultores plantariam o
fumo a Souza Cruz entraria com o financiamento da produccedilatildeo (fornecimento da
estufa de insumos e assistecircncia teacutecnica) e no final da safra o fumicultor fazia o
pagamento para a empresa com sua proacutepria produccedilatildeo No Paranaacute a Souza Cruz
inseriu primeiramente a produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Irati (principal polo
fumageiro do Paranaacute onde se localiza o municiacutepio de Prudentoacutepolis)
A partir da deacutecada de 1980 a produccedilatildeo vem aumentando Vogt (1994) expotildee
que a regiatildeo Sul do paiacutes aumentou sua produccedilatildeo em aproximadamente 60 entre
as safras de 198788 e 19921993 dando um salto de 350 mil para 560 mil
toneladas
39
TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL
SAFRA AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS
KG ha R$Kg
1995 200830 348000 132680 1733 155
2000 257660 359040 134850 2092 200
2005 439220 842990 198040 1919 433
2006 417420 769660 193310 1844 415
2007 360910 758660 182650 2102 425
2008 348720 713870 180520 2047 541
2009 374060 744280 186580 1990 590
2010 370830 691870 185160 1866 635
2011 372930 832830 186810 2233 493
2012 324610 727510 165170 2241 630
2013 313675 712750 159595 2272 745
2014 323700 731390 162410 2259 728
Fonte AFUBRA2015
A safra de 2005 mostra novamente um aumento significativo na produccedilatildeo
total Sul brasileira chegando a 842990 toneladas anuais (tabela 1) De 2005 para
caacute a produccedilatildeo oscilou entre 842990 e 691870 toneladas anuais (conforme a
demanda do mercado) com um leve decreacutescimo nos uacuteltimos trecircs anos
A produtividade do fumo aumentou na deacutecada de 2000 devido agrave introduccedilatildeo de
novas teacutecnicas que permitiram a diminuiccedilatildeo do uso de matildeo de obra Na safra de
1995 a produtividade meacutedia foi de 1733 kgha aumentando consideravelmente
para a uacuteltima safra a qual chegou a 2259 Kgha Nos anos de 2005 e 2006
percebe-se um aumento na quantidade de famiacutelias envolvidas na atividade quadro
esse invertido no ano de 2007 ocorrendo queda no nuacutemero dessas famiacutelias
Apesar da diminuiccedilatildeo do nuacutemero das famiacutelias na atividade em geral a
produccedilatildeo natildeo eacute afetada o quase deve agrave modernizaccedilatildeo das estufas de secagem
que resultou na diminuiccedilatildeo da matildeo de obra favorecendo o aumento da produccedilatildeo
por parte das famiacutelias que permaneceram no setor Conforme um produtor
entrevistado durante o trabalho de campo desta pesquisa
40
Depois que modernizamos a nossa estufa no ano de 2005 conseguimos aumentar a produccedilatildeo e diminuir a matildeo de obra [] antes precisava de quatro pessoas para colheita e pelo menos mais 4 para fazer a costura das folhas de fumo no galpatildeo antes de colocar na estufa [] quando descarregava as folhas da estufa era preciso tirar todos os fios do fumo [] dava muito trabalho Com a modernizaccedilatildeo isso acabou [] o fumo que vem da lavoura vai direto para a estufa Precisamos soacute de pessoas para colher e carregar direto na estufa O trabalho eacute mais leve nos dias de hoje com esse tipo de estufa (FUMICULTOR DA LINHA RIO PRETO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)
Sei que o fumo por si soacute jaacute eacute um veneno mas usamos os equipamentos de proteccedilatildeo que eacute seguro Hoje usamos agrotoacutexicos porque daacute menos serviccedilo e sai mais barato que pagar pra carpir [] soacute por isso mesmo[] Quando produzia morangos usava mais veneno ainda [] sabemos que o veneno natildeo faz bem nem pra noacutes nem para a natureza mas natildeo temos outras opccedilotildees (FUMICULTOR DA LINHA DEZEMBRO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)
Diniz Filho (2011) tambeacutem ressalta que especificamente no caso das
tecnologias de produccedilatildeo agriacutecola a opccedilatildeo dos agricultores familiares pelo uso de
maacutequinas e produtos quiacutemicos eacute estimulada pelo interesse de eliminar certos tipos
de trabalho braccedilal muito penosos Nesse sentidodiscorda-se do paradigma
camponecircs pelo fato de opor o agricultor familiar ao agronegoacutecio afirmando que o
primeiro prima por praacuteticas mais sustentaacuteveis com objetivo de reproduzir somente o
modo de vida ao passo que o agronegoacutecio tenderia a usar tecnologias mais
danosas para o meio ambiente por estar preocupado apenas com lucratividade
Com relaccedilatildeo agrave venda do fumo o preccedilo do quilo varia a cada ano e a
sistemaacutetica para que se estabeleccedila o valor da safra entre os fumicultores e a
induacutestria fumageira incide em acordos com as entidades representativas dos
produtores como a Afubra Associaccedilotildees Federaccedilatildeo e o Sinditabaco que representa
as induacutestrias (DERALSEAB 2014) Apoacutes as negociaccedilotildees e a assinatura do
protocolo eacute que se estabelecem os preccedilos para as variadas qualidades do fumo
Nesse sentido o preccedilo do quilo do fumo eacute regulado conforme a oferta e demanda do
produtopelo mercado expressando adequadamente o valor marginal muitas vezes
pago aos produtores Dessa forma discorda-se de Roos (2015) quando afirma que
os fumicultores estatildeo subordinados pelas empresas fumageiras por terem pouca
representatividade na hora de fixar o preccedilo do quilo do fumo
Conforme AFUBRA (2015) para o fumo Virgiacutenia que eacute uma variedade dos
fumos de coloraccedilatildeo clara satildeo estabelecidas 41 variedades de classificaccedilatildeo sendo a
variedade mais bem paga a BO1 que valia 922 reais o quilo na safra de 20142015
41
e a variedade de menor valor o ST (farelos do fumo) tabelado a 054reais por quilo
Jaacute para o fumo Burley que eacute uma variedade dos fumos de coloraccedilatildeo escura satildeo
estabelecidas 30 diferentes variedades A mais bem paga eacute a B1 que equivale a
811 para cada quilo e a variedade menos valorizada eacute a G (farelos do fumo) que
vale 060 reais por quilo Quando o fumo eacute vendido para a empresa sempre eacute feito
uma meacutedia de toda venda e como revelam os dados da tabela 2 a meacutedia do quilo
pago para os produtores na safra de 201415 foi de 728 reais por quilo
Atualmente a regiatildeo Sul do Brasil se destaca pela maior produccedilatildeo de fumo
do paiacutes participando com 981 do total produzido Os trecircs estados sulinos satildeo
responsaacuteveis por colocar o paiacutes como o segundo maior produtor ena primeira
posiccedilatildeo no quesito exportaccedilatildeo mundial
TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO
ESTADOS AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)
PARTPRODUCcedilAtildeO ()
Rio Grande do Sul
204000 412000 2020 481
Santa Catarina 120000 258000 2150 301
Paranaacute 76000 171000 2250 200
Alagoas 9000 11000 1222 13
Bahia 3000 3000 1000 03
Outros 2000 2000 1000 02
Brasil 414000 857000 2070 100
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) 2014
A produccedilatildeo do fumo e a atuaccedilatildeo das empresas desse setor se datildeo de forma
mais intensa nos paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso do Brasil devido agrave
disponibilidade de matildeo de obra barata facilidade das multinacionais se instalarem
atraveacutes dos incentivos fiscais inexistecircncia de leis ambientaisriacutegidas e por ser a
atividade que gera mais renda se comparada a outras culturas produzidas em
pequena escala
42
TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013
PRODUCcedilAtildeO haacute PRODUCcedilAtildeO KG
VALOR R$
Animal x 1362412180 2565555940 26
Vegetal 1515650 2487306782 2077480 21
Tabaco 309350 705570000 5383773200 54
Total 1825000 4555288952 10026810100 100
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014
A partir dos dados apresentados pode-se destacar que a produccedilatildeo de fumo
na regiatildeo Sul do Brasil eacute responsaacutevel pela maior renda de muitos agricultores
familiares jaacute que os estados possuem uma grande quantidade de pequenas
propriedades e que dependem da produccedilatildeo do fumo para sua reproduccedilatildeo
econocircmica
Ahrens (2008) afirma que a produccedilatildeo mundial estaacute migrando dos paiacuteses
desenvolvidos para os paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso dos Estados
Unidos que apesar de aparecer como um dos principais produtores de fumo teve
sua produccedilatildeo prejudicada devido aos altos custos de cultivo e agrave escassez de matildeo de
obra
TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012
PAIacuteSES PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
PROCESSADO (t)
CONSUMO (t)
ESTOQUE EXPORTACcedilAtildeO (t)
IMPORTACcedilAtildeO (t)
1 China 2160000 256205 553960 0 538960
2 Brasil 670820 86060 112580 651190 12320
3 Iacutendia 576740 465510 134240 271060 200930
4 Estados Unidos
212020 441720 1580130 153130 420440
5 Indoneacutesia 191260 147940 134830 50270 27440
43
6 Turquia 152190 106240 34620 98200 60430
7 Zimbabwe 127190 3990 229930 43520 80
8 Argentina 103790 29950 364650 36100 1630
9 Paquistatildeo 74910 76300 91570 5390 10390
10 Malavi 71320 1290 166580 91500 890
93 Outros 1533150 1850430 3055200 608630 725480
103 Total 5873390 5771480 6468290 2008990 2008990
Fonte AFUBRA 2014
Apesar de a China ser a maior produtora mundial de fumo acaba consumindo
toda essa produccedilatildeo e na safra de 20112012 ainda importou 538960 toneladas
para suprir sua demanda interna Jaacute o Brasil que estaacute na 2ordm posiccedilatildeo de produccedilatildeo
mundial de fumo destina a maior parte da sua produccedilatildeo para o mercado externo Na
safra de 2013 88 da produccedilatildeo se dirigiu ao mercado externo (quadro 2) ficando
no paiacutes apenas 12 da produccedilatildeo para a fabricaccedilatildeo de cigarros cigarrilhas e
charutos Conforme DERALSEAB (2013) das 627000 toneladas exportadas em
2013 a regiatildeo Sul contribuiu com 624000 toneladas representando o equivalente
de 955 das exportaccedilotildees brasileiras
O quadro 2 mostra que apesar de a maior quantidade do fumo produzido no
Brasil se dirigir para o mercado externo os maiores faturamentos estatildeo relacionados
ao fumo consumido no proacuteprio paiacutes atingindo um lucro total maior que as
exportaccedilotildees O fato de as exportaccedilotildees renderem menos lucros que o fumo
consumido no proacuteprio paiacutes se daacute deve ao fato de o fumo exportado natildeo passar por
processamentos de agregaccedilatildeo de valor(exportaccedilatildeo de folhas e talos) Enquanto
isso toda a produccedilatildeo consumida no paiacutes tanto os fumos claros como os escuros
passa por vaacuterios processamentos de agregaccedilatildeo de valor ateacute obter os cigarros
cigarrilhas e charutos prontos para consumo
A distribuiccedilatildeo da renda bruta do setor fumageiro (quadro 2) estaacute dividida
entre tributosGoverno induacutestria produtor e varejista sendo que 459 dessa renda
eacute destinada ao governo O produtor fatura em torno de 205 do total da renda
faturamento esse que deve ser destinado para a compra dos insumos pagamento
do seguro da produccedilatildeo matildeo de obra desgastes com a terra implementos que usa
na produccedilatildeo gastos com a secagem das folhas do fumo aleacutem de prejuiacutezos que
podem vir a acontecer durante a produccedilatildeo
44
Jaacute os varejistas apesar de auferirem 6 do faturamento natildeo tecircm gastos tatildeo
altos comoos produtores Aleacutem do mais esse setor ganha na quantidade sendo que
existe um nuacutemero muito maior de fumicultores que de varejistas Isso tambeacutem
acontece com a induacutestria que tem seus ganhos principalmente no volume e na
agregaccedilatildeo de valor do produto
Pelos dados apresentados apresentados no quadro 2 pode-se concluir que o
maior beneficiado com o faturamento da produccedilatildeo de fumo eacute o setor puacuteblico atraveacutes
de impostros
QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL
ESPECIFICACcedilAtildeO
2012 2013
R$ Toneladas R$ Toneladas
Consumo Domeacutestico
1635750730000 88990 12 1765594334000 84350 12
Exportaccedilatildeo 645663700000 637780 88 722287181000 627230 88
TOTAL 2281414430000 726770 100 2487881515000 711580 100
DISTRIBUICcedilAtildeO DA RENDA BRUTA
Tributos Governos
1048025493000 459 1076394659000 433
Induacutestria 627838400000 275 720610862000 290
Produtor 467329600000 205 541693230000 217
Varejista 138220930700 61 149182764000 60
TOTAL 2281414430000 100 2487881515000 100
FONTE AFUBRA2013
De acordo com dados da DERALSEAB (2015) no ano de 2014 o fumo
brasileiro foi destinado para mais de cem paiacuteses abrangendo principalmente paiacuteses
da Uniatildeo Europeia (42) seguidos do Extremo Oriente (26) Ameacuterica do Norte
(13) Aacutefrica (7) Leste Europeu (7) e Ameacuterica Latina (5) Atualmente a
liderenccedila brasileira nas exportaccedilotildees se daacute devido agrave excelente qualidade do fumo agrave
regularidade da produccedilatildeo e agrave competitividade com os preccedilos dos demais paiacuteses
produtores
45
42
26
13
7
7
5
Uniatildeo Europeia
Oriente Meacutedio
Ameacuterica do Norte
Aacutefrica
Leste Europeu
Ameacuterica Latina
Paiacuteses importadores do fumo brasileiro
Fonte
DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014
Conforme DERAL (2014) no Paranaacute as lavouras com predomiacutenio de fumos
claros concentram-se nos nuacutecleos regionais de Irati Ponta Grossa Curitiba Uniatildeo
da Vitoacuteria e Guarapuava Jaacute em Francisco Beltratildeo Pato Branco Cascavel e Toledo
cultivam-se os fumos escuros
Na figura 1 estatildeo expostos os municiacutepios produtores de fumo e a meacutedia de
hectares que cada municiacutepio ocupa com essa culturaNota-se que a produccedilatildeo de
fumo no estado se concentra em sua maioria na regiatildeo Sudeste Centro-Sul
Sudoeste e Oeste
O municiacutepio de Prudentoacutepolis pertence ao nuacutecleo de Irati nuacutecleo esse que
ocupa o primeiro lugar no ranking de produccedilatildeo de fumos claros do estado conforme
a tabela 5
GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO
46
FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA Fonte IBGE 2014
TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute
Nuacutecleos regionais
Safra 20132014 Safra 20142015 Participaccedilatildeo
Aacuterea (ha) Produccedilatildeo(t) Aacuterea (ha) Produccedilatildeo (t) ()
Irati 19300 43425 19500 43875 244
Ponta Grossa 17562 42605 18862 45268 251
Curitiba 13300 30493 13300 34580 12
Uniatildeo da Vitoacuteria
7500 15750 7600 15580 87
Guarapuava 5000 12400 4900 13230 73
Francisco Beltratildeo
4350 9904 4300 10320 57
Cascavel 3600 7556 3500 7453 41
Outros 4774 10711 4496 9907 55
Total 75386 172844 76308 180213 1000
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014
47
Na safra de 20122013 os municiacutepios paranaenses que se destacaram no
volume de fumo produzido foram Satildeo Joatildeo do Triunfo Rio Azul Prudentoacutepolis
Ipiranga e Irati As 1813 famiacutelias que cultivam fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis
foram responsaacuteveis por produzir 10192 toneladas do produto
Para os municiacutepios de Satildeo Joatildeo do Triunfo e Rio Azul se comparados os
volumes produzidos (quadro 3) nota-se quea quantidade em toneladas natildeo
apresenta tanta diferenccedila entre ambos sendo 13458 toneladas em Satildeo Joatildeo do
Triunfo e 13268 toneladas em Rio Azul Poreacutem em relaccedilatildeo ao nuacutemero de famiacutelias
que trabalham na atividade fumageira em Rio Azul esse nuacutemero eacute bem maior que
em Satildeo Joatildeo do Triunfo Esse fatoeacute resultado da opccedilatildeo das famiacutelias de Rio Azul
porproduzirem menores quantidades de fumo por unidade familiar como tambeacutem
por intempeacuteries climaacuteticas (granizo ventos) que impediram de colher toda a
produccedilatildeo
PARANAacute PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTORES
Satildeo Joatildeo do Triunfo 13458 1968
Rio Azul 13268 2610
Prudentoacutepolis 10192 1813
Ipiranga 9323 1661
Irati 8539 1558
QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) AFUBRA 2014
22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL
De acordo com Sauer (2008) em 1996 a criaccedilatildeo do PRONAF (Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) trouxe avanccedilos poliacuteticos
voltados aos agricultores familiares permitindo o reconhecimento destes enquanto
categoria social epossibilitando o acesso ao creacutedito agriacutecola Creacutedito esse que
48
quando usado de maneira correta contribui significativamente para o aumento da
produccedilatildeo
Dentre os vaacuterios estudos que retratam a evoluccedilatildeo da agricultura familiar
brasileira nas uacuteltimas deacutecadas destaca-seldquoO Novo Retrato Da Agricultura Familiar
Brasileirardquo Nesse estudo os autores mencionam a importacircncia de refletir sobre o
espaccedilo rural tendo como escopo a sua diversidade pelo fato da existecircncia de
distintos tipos de agricultores familiares que possuem interesses e estrateacutegias
particulares de produccedilatildeo agropecuaacuteria Nesse sentido da mesma forma que existe
uma diversidade de agricultores familiares deveratildeo tambeacutem existir poliacuteticas
agriacutecolas e tipos de assistecircncia teacutecnica distinto para cada grupo com intuito desses
empregarem em sua produccedilatildeo tecnologias que possibilitam o seu fortalecimento e
expansatildeo diante dos mercados
Sobre a diversidade da agricultura familiar brasileira a tabela 6 mostra de que
forma satildeo distribuiacutedos os tipos familiares a renda monetaacuteria anual e qual a
porcentagem na participaccedilatildeo do valor bruto da agricultura familiar por grupo familiar
TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006
Grupos familiares Nuacutemero de agricultores familiares
segundo o tipo
Total VBP familiares
Renda Monetaacuteria
liacutequida anual em reais
A 452750 695 5323600
B 964140 157 372500
C 574961 47 149900
D 2560274 102 25500
Total 4551855 -
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
A partir dos dados sobre a caracterizaccedilatildeo dos grupos familiares nota-se que
o grupo com um contingente maior de agricultores familiares no ano de 2006 foi o
grupo D ou seja os descapitalizados Esses agricultores familiares de acordo com
Guanziroli et al (2012) estatildeo em sua maioria concentrados nas regiotildees Norte e
Nordeste do Brasil sendo os que menos empregam aparatos tecnoloacutegicos Desse
modo o autor afirma que o grau de especializaccedilatildeo e tecnificaccedilatildeo tem maior
49
influecircncia na geraccedilatildeo de renda do que a quantidade de terra possuiacuteda por cada
unidade familiar Sobre o grupo familiar D o estudo tambeacutem menciona que
[] entre os agricultores familiares do tipo D tambeacutem existem agricultores mais capitalizados os quais podem ter sido classificados neste grupo devido agrave frustraccedilatildeo de safra baixos preccedilos de seus produtos no mercado ou a realizaccedilatildeo de novos investimentos nos quais as receitas ainda natildeo estatildeo superando as despesas Esta afirmaccedilatildeo estaacute baseada na participaccedilatildeo percentual do creacutedito rural obtido e dos investimentos realizados por estabelecimentos deste tipo (FAOINCRA)
Os agricultores familiares dos grupos A e B considerados como capitalizados
e em vias de capitalizaccedilatildeo correspondem principalmente aos produtores familiares
da regiatildeo Sul do paiacutes O desempenho desses grupos se deve ao fato de estarem
inseridos em cadeias produtivas mais competitivas as quais trazem melhores
retornos econocircmicos
Guanziroli et al (2012) apontam que os produtores familiares do tipo A tecircm
uma renda anual elevada em parte porque na aacuterea rural podem se beneficiar da
produccedilatildeo para autoconsumo natildeo pagam aluguel e as taxas sobre o valor da aacutegua e
luz satildeo mais baixas se comparadas com a urbana Dessa forma o padratildeo de vida
desses agricultores eacute compatiacutevel com a da classe meacutedia urbana Entretanto existe
uma distacircncia muito grande entre os produtores do grupo A e os demais
Nesse sentido Guanziroli et al (2006) com base no estudo ldquoDez anos de
evoluccedilatildeo da agricultura familiar no Brasil (1996 e 2006)rdquo compararam os dados do
censo agropecuaacuterio de 1996 com o de 2006 a fim de dar respostas a algumas
inquietudes sobre a evoluccedilatildeo da agricultura familiar no dececircnio analisando o
processo de modernizaccedilatildeo da agricultura familiar por meio da evoluccedilatildeo de algumas
variaacuteveis (uso de maquinaacuterios insumos entre outras tecnologias) Dentre outros
resultados esse estudo mostrou que houve crescimento do nuacutemero de agricultores
familiares entre os censos o qual passou de 4139000 para 4551855 Ou seja em
1996 8517 do total dos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros eram
familiares e em 2006 essa porcentagem aumenta para 8796 do total
Os dados desse estudo tambeacutem mostraram que os agricultores familiares
pertencentes ao grupo A e quanto muito aos grupos A e B desempenham um papel
importante em termos econocircmicos Jaacute o grupo C e principalmente os agricultores
familiares do grupo D produzem tatildeo pouco que remetem aquela visatildeo do agricultor
50
familiar de subsistecircncia que comercializa pequenos excedentes econocircmicos em
mercados locais
O uso de tecnologias pelos agricultores familiares como maquinaacuterios e
insumos quiacutemicos contribuiu para o aumento da produccedilatildeo e da produtividade
acontecimento esse que possibilitou a ascensatildeo do universo familiar no cenaacuterio
agropecuaacuterio brasileiro com significativa importacircncia na produccedilatildeo tanto de gecircneros
alimentiacutecios de consumo nacional como tambeacutem de commodities de exportaccedilatildeo
caso a produccedilatildeo de fumo As tecnologias voltadas para a produccedilatildeo de fumo
referem-se a modernizaccedilatildeo das estufas de secagem das folhas de fumo de
sementes melhoradas geneticamente aleacutem dos insumos agriacutecolas
De acordo com Guanziroli et al (2006) as anaacutelises regionais sobre a
agricultura familiar brasileira para o ano de 2006 mostram que as regiotildees Norte
Nordeste e Sul apresentam maior participaccedilatildeo percentual de agricultores familiares
na produccedilatildeo regional em detrimento das regiotildees Centro-Oeste e Sudesteas quais
caracterizam-se pela maior expressividade da agricultura patronal
TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006
Regiatildeo 2006
Norte 6018
Nordeste 4738
Sudeste 2228
Sul 5443
Centro-Oeste 1453
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
Outro dado importante trazido pelos autores supracitados estaacute relacionado ao
fator produtividade como se vecirc pela comparaccedilatildeo entre os agricultores familiares e
natildeo familiares por regiatildeo (tabela 8) Os agricultores familiares pelo fato de
possuiacuterem quantidades de terras menores tendem a ser mais produtivos que o
agricultor natildeo familiar Nesse sentido concorda-se com Navarro (2014) ao apontar
que a ampliaccedilatildeo no acesso de tecnologias agrave agricultura de menor porte econocircmico eacute
necessaacuteria para a permanecircncia desses produtores no rural
51
A produccedilatildeo de fumo da regiatildeo Sul do Brasil eacute um exemplo que retrata que a
agricultura familiar eacute mais eficiente no uso da matildeo de obra e da terra quando
comparada aos agricultores patronais A necessidade da intensificaccedilatildeo da matildeo de
obra familiar para aumentar a produccedilatildeo exemplifica bem o porquecirc da maior parte
empregada na agricultura estaacute no segmento familiar apesar desse segmento natildeo ser
predominante na produccedilatildeo agriacutecola brasileira Dessa maneira Abramovay (1992 p
209) afirma que ldquonatildeo haacute atividade econocircmica em que o trabalho e a gestatildeo
estruturam-se tatildeo fortemente em torno de viacutenculos de parentesco e onde a
participaccedilatildeo da matildeo de obra natildeo contratada seja tatildeo importante como na agricultura
familiarrdquo
TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006
Brasil e Regiotildees
Valor produzido por hectare (R$ de 2006)
Natildeo familiar Familiar
Norte 1113 2410
Nordeste 3783 3907
Sudeste 10546 7378
Sul 8373 13376
Centro-Oeste 2727 2851
Brasil 4617 5546
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
Atraveacutes da regionalizaccedilatildeo e do valor produzido por hectare percebe-se que
os agricultores familiares da regiatildeo Sul satildeo mais eficientes no valor produzido e
segundo Guanziroli et al (2012) a predominacircncia de agricultores familiares nas
cadeias produtivas como a fumicultura a avicultura e suinocultura favorece o
aumento da produtividade por aacuterea Eacute nesse sentido que pode-se afirmar natildeo existir
dicotomia ou oposiccedilatildeo entre a agricultura familiar e a patronal uma vez que a
competiccedilatildeo no mercado faz com que cada um desses segmentos tenda a
predominar nos setores em que apresenta capacidade para produzir com mais
eficiecircncia
Na regiatildeo Sudeste a alta tecnologia empregada pelos agricultores natildeo
familiares consegue superar a produtividade da agricultura familiar Jaacute nas regiotildees
Norte e Nordeste encontram-se os menores iacutendices de produtividade da agricultura
52
familiar brasileira fato relacionado a vaacuterios fatores principalmente os solos menos
produtivos clima cultivo de culturas que tecircm um retorno de investimento menor e
tambeacutem a menor disponibilidade de tecnologias assistecircncia teacutecnica e poliacuteticas
agriacutecolas capazes de inverter esse quadro
Aleacutem da representatividade bastante grande (956) da produccedilatildeo de fumo a
agricultura familiar brasileira tem participaccedilatildeo significativa na produccedilatildeo de gecircneros
alimentiacutecios como arroz feijatildeo e mandioca Tambeacutem contabiliza-se um nuacutemero
significativo de agricultores familiares envolvidos nas cadeias produtivas
caracteriacutesticas do agronegoacutecio como soja trigo e milho (tabela 9)
No caso dos produtos de origem animal (tabela 10) a participaccedilatildeo da
agricultura familiar tambeacutem eacute significativa ou seja concorda-se com Guanziroli et al
(2012) quando afirma que produzir alimentos como arroz feijatildeo ou mandioca natildeo
quer dizer necessariamente que esses produtores satildeo camponeses ou produtores
de subsistecircncia pois na grande maioria dos estabelecimentos produz-se totalmente
para o mercado ou seja seu objetivo natildeo eacute somente a subsistecircncia e sim vender a
produccedilatildeo
TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000
PRODUTO 2006
Arroz 3919
Cana-de-accediluacutecar 1024
Cebola 6959
Fumo 9567
Mandioca 9317
Milho 5190
Soja 2360
Trigo 3638
Feijatildeo 7659
Banana 6240
Cafeacute 2967
Laranja 2525
Uva 5363
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
53
TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006
TIPO DE PRODUCcedilAtildeO 2006
Pecuaacuteria de corte 1665
Pecuaacuteria de leite 6053
Suiacutenos 5245
Aves 3034
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
A produccedilatildeo de fumo na regiatildeo Sul do Brasil tambeacutem tem grande
expressividade no contingente de pessoal ocupado (PO) ou seja conforme
demonstrado na tabela abaixo 9 da PO agriacutecola de 2012 estava ocupada nessa
atividade De acordo com Maia e Sakamoto (2015) no Sul destacam-se aleacutem dos
ocupados no cultivo do fumo os ocupados no cultivo da soja (10 da PO agriacutecola)
que representavam em 2012 90 e 63 dos ocupados nos respectivos ramos de
atividade do conjunto da PO agriacutecola brasileira
Para esses autores a dinacircmica da PO agriacutecola brasileira foi influenciada pela
regiatildeo Nordeste que apesar de conter o contingente agriacutecola mais expressivo do
Paiacutes (44 do total da PO agriacutecola brasileira) passou por uma grande reduccedilatildeo de
28 da PO agriacutecola entre os anos de 2005 e 2012 Buainain et al (2013) apud Maia
Sakamoto (2014) destacam que esse processo de esvaziamento na regiatildeo
Nordeste estaria associado tanto agrave inviabilidade econocircmica do minifuacutendio quanto agraves
diferenccedilas de qualidade de vida e oportunidades de emprego entre os meios rural e
urbano
54
TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012
Grupos 2012
N (1000)
Criaccedilatildeo de bovinos e outros animais 402 188
Cultivo de hortaliccedilas legumes flores etc 305 143
Cultivo de Soja 207 97
Produccedilatildeo mista lavoura temporaacuteria e pecuaacuteria
197 92
Cultivo de milho 194 91
Cultivo de fumo 194 91
Outras atividades 632 297
Total 2131 100
Fonte Maia e Sakamoto 2014 Dados primaacuterios IBGE 2012
Com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos ocupantes em atividades agropecuaacuterias por
condiccedilatildeo de pobreza (tabela 12) nota-se que os ocupados pobres na produccedilatildeo de
fumo correspondem a 7 do total que eacute um percentual de pobres em geral menor
do que os encontrados em outras produccedilotildees como nas de mandioca (26) arroz
(29) milho (24) e horticultura (12)
As culturas da soja cafeacute cana-de-accediluacutecar e frutas satildeo as que tecircm menores
taxas de pobreza com valores respectivos de 24 45 46 e 63 A
proporccedilatildeo meacutedia brasileira para todos os ocupados em atividades agropecuaacuterias eacute
de 146
Desse modo pode-se dizer que as culturas tradicionais como arroz
mandioca e milho satildeo as que tecircm maiores taxas de pobreza Esse fato faz sentido
em Prudentoacutepolis pois na regiatildeo Norte do municiacutepio onde a produccedilatildeo de fumo natildeo
eacute realizada devido agraves caracteriacutesticas do clima e da topografia o niacutevel de
desenvolvimento eacute menor que na parte Central e Sul do municiacutepio Esse contraste
se revela natildeo somente pela comparaccedilatildeo entre culturas tradicionais e a produccedilatildeo de
fumo pois tambeacutem as outras culturas tendem a gerar menores taxas de pobreza
A produccedilatildeo de frutas eacute uma boa opccedilatildeo para a geraccedilatildeo de renda dos
agricultores familiares em geral pois apresenta uma taxa de pobreza bem menor
55
ainda que a do fumo Poreacutem para essa produccedilatildeo seria necessaacuteria a especializaccedilatildeo
e a tecnificaccedilatildeo desses agricultores realizadas a partir de poliacuteticas de incentivos a
tecnificaccedilatildeo e assistecircncia para agricultura familiar como apontado por Navarro
(2014) Ou seja a quantidade de tecnologia empregada de forma correta estaacute
intrinsecamente relacionada agrave renda do agricultor Sobre tecnologia para a
agricultura familiar Valente (2008) ressalta que ldquodeve-se compreender a tecnologia
natildeo como panaceacuteia mas conhecimento que estaria a exigir inovaccedilotildees institucionais
como poliacuteticas puacuteblicas parcerias e outras accedilotildees que a ele devem ser conjugadasrdquo
TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010)
Atividade Natildeo pobre Pobre Pobres () Total
Arroz 137325 56589 292 193914
Milho 389402 126624 245 516026
Algodatildeo 7322 579 73 7901
Cana-de-accediluacutecar 214497 10189 45 224686
Fumo 215365 16116 70 231481
Soja 96235 2387 24 98622
Mandioca 376239 132050 260 508288
Horticultura 522745 72322 122 595067
Frutas 236742 15808 63 252550
Cafeacute 552738 26757 46 579496
Cacau 67809 6670 90 74479
Pecuaacuteria 1611624 149626 85 1761250
Outros cultivos 4389749 942358 177 5332108
Outros agropecuaacuteria
1609597 226670 123 1836267
Total 10427388 1784746 146 12212134
Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010
Portanto os dados da tabela 12 mostram que realmente existem vaacuterias
culturas que geram uma taxa de pobreza bem menor que a cultura do fumo mas em
contrapartida existem aquelas que geram taxas de pobreza bem maiores Assim
pode-se dizer que os agricultores familiares que produzem fumo analisam os fatores
56
relacionados agrave matildeo de obra terra maquinaacuterios disponibilidade de capital
conhecimento teacutecnico e agrave lucratividade por atividade optando pela produccedilatildeo mais
rentaacutevel dentre aquelas para as quais possuem capacidade teacutecnica e financeira para
produzir
No quadro 4 podemos ver como ocorre a distribuiccedilatildeo das atividades
agropecuaacuterias entre os domiciacutelios rurais e urbanos Nesse sentido aproporccedilatildeo dos
ocupados em atividades agriacutecolas e que residem em aacutereas urbanas satildeo maiores em
cultivos como cana-de-accediluacutecar algodatildeo e frutas (607 516 e 451
respectivamente) ao passo que no cultivo do fumo cacau milho e arroz essas
proporccedilotildees satildeo bem menores (65 224 245 e 292)
Do ponto de vista da fixaccedilatildeo do homem no campo a cultura do fumo eacute mais
eficiente se comparadas com aquelas mais mecanizaacuteveis em que o contingente de
ocupados em atividades agriacutecolas eacute maior na aacuterea urbana O fato de a produccedilatildeo de
fumo ser pouco mecanizaacutevel no Brasil principalmente na colheita exige a matildeo de
obra familiar sem contar a necessidade da contrataccedilatildeo de matildeo de obra nos
periacuteodos de colheita do produto
Atividade Urbano Rural Urbano () Total Arroz 63133 130781 326 193914 Milho 114789 401228 222 516026 Algodatildeo 4075 3826 516 7901 Cana-de-accediluacutecar 136484 88202 607 224686 Fumo 15105 216376 65 231481 Soja 32958 65664 334 98622 Mandioca 86628 421660 170 508288 Horticultura 233989 361078 393 595067 Frutas 113813 138738 451 252550 Cafeacute 213751 365744 369 579496 Cacau 16683 57796 224 74479 Pecuaacuteria 466018 1295232 265 1761250 Outros cultivos 1625626 3706482 305 5332108 Outros agropecuaacuteria
889452 946815 484 1836267
QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010)
Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010
De acordo com Neder (2014) os municiacutepios brasileiros de maior porte
populacional se dedicam mais expressivamente agraves atividades de serviccedilos e induacutestria
57
(atividades natildeo agropecuaacuterias) ao passo que os municiacutepios com menor populaccedilatildeo
encontram-se mais relacionados agrave pecuaacuteria soja e fumo Dado esse que se
confirma no municiacutepio de Prudentoacutepolis como tambeacutem na grande parte dos
municiacutepios produtores de fumo da regiatildeo Sul do Brasil os quais satildeo caracterizados
pelo baixo contingente populacional sendo que um nuacutemero razoaacutevel deles tem
populaccedilatildeo predominantemente rural
A partir dos dados apresentados nota-se que a agricultura familiar brasileira
tambeacutem produz commodities para o mercado externo como nas cadeias de aves
suiacutenos soja e fumo Redefinindo assim a visatildeo dualista e superando o dilema entre
a agricultura para o mercado interno e a agricultura para exportaccedilatildeo (SILVEIRA
2014)
Portanto sabendo da inegaacutevel dualidade entre as formas de fazer agricultura
no rural brasileiro estando de um lado a agricultura patronal e do outro a agricultura
familiar concorda-se com Elesbatildeo (2007) quando afirma que natildeo tem fundamento
priorizar nem um segmento e nem outro dentro da agropecuaacuteria pois deve-se olhar
para o rural como um territoacuterio de diversidade onde haacute espaccedilo e necessidade para o
desenvolvimento tanto da produccedilatildeo de commoditiescomo tambeacutem para a
diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo na agricultura familiar tendo como escopo para as
pesquisas a heterogeneidade do segmento familiar
58
CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO
Este capiacutetulo tem por objetivo mostrar os processos de ocupaccedilatildeo do territoacuterio
de Prudentoacutepolis como tambeacutem os elementos que proporcionaram a inserccedilatildeo da
cultura do fumo nas unidades familiares a qual contribuiu para a reproduccedilatildeo
econocircmica desses produtores Nesse sentido a caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais
familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de fontes secundaacuterias como o IBGE eacute
fundamental para conhecer o perfil das unidades familiares
31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR
O municiacutepio de Prudentoacutepolis estaacute localizado na mesorregiatildeo Sudeste do
estado do Paranaacute (figura 2) sendo o terceiro municiacutepio paranaense com maior aacuterea
territorial Estaacute situado a latitude 25ordm 12rsquo 47rdquoS longitude 50ordm 58 40 W e na altitude
de 840 metros (IBGE 2010)
A partir de dados do censo demograacutefico (IBGE 2010) constata-se que
atualmente a maior parte da populaccedilatildeo Prudentopolitana reside na aacuterea rural ou
seja do total de 48793 habitantes 54 vivem na aacuterea rural e 46 na urbana
59
Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO Fonte IBGE (2010) Autor VILCZAK A (2015)
A ocupaccedilatildeo territorial do municiacutepio de Prudentoacutepolis se deu principalmente
atraveacutes da entrada de grande contingentes de imigrantes europeus No Paranaacute
entre os anos de 1829 e 1911 chegaram aproximadamente 83012 mil estrangeiros
de origem eslava (SENETRA 2014) os quais se dirigiram em sua maioria para os
arredores de Curitiba Prudentoacutepolis e Mallet
No municiacutepio de Prudentoacutepolis um contingente maior de imigrantes chegou
entre os anos de 1896 e 1897 Por esse fato atualmente cerca de 75 da
populaccedilatildeo satildeo descendentes de imigrantes ucranianos e em menor escala de
poloneses
Conforme Hauresko (2012) Prudentoacutepolis eacute uma das antigas colocircnias do
interior do Paranaacute instalada em 1895 no denominado distrito de Satildeo Joatildeo de
Capanema sendo a construccedilatildeo da estrada de rodagem Rio Grande do Sul ndash Satildeo
Paulo um dos fatores para a atraccedilatildeo desses imigrantes os quais foram inseridos
numa poliacutetica de instalaccedilatildeo de pequenas propriedades
Os lotes de terra eram recebidos pelos imigrantes e deveriam ser quitados na
medida em que prosperassem economicamente Esses lotes eram desmatados
pelos proacuteprios imigrantes onde construiacuteam casas provisoacuterias de madeira para
abrigar a famiacutelia como demonstra a figura 3
60
FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
Fonte Acervo do Museu do Milecircnio em PrudentoacutepolisPR
A colocircnia foi elevada a categoria de Vila no ano de 1906 pelo processo de
desmembramento do municiacutepio de Guarapuava No ano de 1929 foi elevada agrave
condiccedilatildeo de municiacutepio sendo constituiacutedo pelos distritos de Patos Velhos Jaciaba e
Prudentoacutepolis
No iniacutecio da colonizaccedilatildeo a semente de pinhatildeo era o principal alimento de
subsistecircncia para o imigrante De acordo com Zaroski (2001) os imigrantes colhiam
os pinhotildees e os transformavam em farinha e fubaacute atraveacutes dos moinhos caseiros e
assim substituiacuteam as farinhas de trigo e centeio Quando se instalaram
definitivamente em seus lotes esses imigrantes comeccedilaram a produzir as sementes
de trigo e centeio tambeacutem para a subsistecircncia
De acordo com Hauresko (2012) uma das primeiras atividades econocircmicas
significativas para as famiacutelias descendentes de imigrantes foi a extraccedilatildeo da erva-
mate jaacute que eacute uma planta nativa da regiatildeo
Uma das mais importantes induacutestrias do proacutespero municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute incontestavelmente a do matte que o municiacutepio produz abundantemente Fundada a colocircnia de Prudentoacutepolis composta na sua maioria de polonezes ruthenos e ukranianos coube a cada colono um lote de 5 a 10 alqueires de terras feacuterteis (BRASIL1929 p 28-29 citado por Hauresko 2012)
61
As pequenas glebas de terra que os imigrantes possuiacuteam rendiam a eles a
extraccedilatildeo da erva-mate como tambeacutem a produccedilatildeo de alimentos para autoconsumo e
mais tarde para a comercializaccedilatildeo Nessa continuidade os produtos agriacutecolas que
se destacam historicamente na participaccedilatildeo econocircmica do municiacutepio foram o cultivo
de feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata suiacutenos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de
gado (EMATER 2014) Poreacutem a renda gerada por essas culturas era iacutenfima de um
lado pela baixa produccedilatildeo que alcanccedilavam devido agrave ausecircncia naquele periacuteodo de
um pacote tecnoloacutegico que potencializasse a produccedilatildeo e de outro lado pela falta de
mercado para receber esses produtos
Diante disso a produccedilatildeo de fumo foi uma importante atividade geradora de
renda para a agricultura familiar principalmente a partir da deacutecada de 1970 Por
outro lado a inserccedilatildeo dessa cultura tambeacutem eacute resultado do papel que as empresas
fumageiras tiveram na regiatildeo Sul do Brasil Ou seja a produccedilatildeo se definiu e se
consolidou devido principalmente as empresas fumageiras em ir ateacute o fumicultor
devido a competitividade que o setor apresenta
Na primeira metade do seacuteculo XX muitas famiacutelias jaacute se dedicavam a produccedilatildeo
de fumo tanto de corda (consumo proacuteprio) como tambeacutem de folhas de fumo para
venda Produziam em pequenas quantidades pois todo o trabalho era manual
conforme relata o fumicultor
Eu lembro bem quando o meu avocirc fez a estufa para noacutes trabalhar com o fumo foi mais ou menos nos anos de 1960[] foi bom negoacutecio porque outra lavoura natildeo dava tanto lucro noacutes eacuteramos em bastante irmatildeos e todos ajudavam [] natildeo era faacutecil como hoje que temos trator estufa eleacutetrica Antes era tudo feito com os cavalos e a gente trabalhava muito de sol a sol (Fumicultor da Comunidade de Linha Dezembro entrevistado no dia 9 de junho de 2014) Antes de comeccedilar de plantar fumo noacutes produziacuteamos soacute para consumo o feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata porcos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de gado []Nossa situaccedilatildeo financeira era muito difiacutecil [] natildeo tinha uma renda certa passava muitas necessidades principalmente quando precisava para a sauacutede (Fumicultor da Comunidade de Linha Rio Preto entrevistado em junho de 2014)
No municiacutepio a produccedilatildeo de fumo teve grande procura a partir da metade do
seacuteculo XX Tambeacutem houve incentivos principalmente por parte da Souza Cruz uma
vez que a cultura se desenvolveu bem em algumas regiotildees
62
No ano de 2014 a Emater de Prudentoacutepolis registrou a existecircncia de 8100
famiacutelias de agricultores das quais 1813 o que corresponde a 22 estatildeo
envolvidas no sistema de produccedilatildeo integrada de fumos claros com as empresas
fumageiras que atuam no municiacutepio
A figura 4 mostra a concentraccedilatildeo na parte Sul e Central das 1813 famiacutelias
que produzem o fumo em Prudentoacutepolis Essa concentraccedilatildeo estaacute relacionada agrave
topografia e ao clima De acordo com Kraiczek e Antoneli (2012) na regiatildeo Norte do
municiacutepio a produccedilatildeo natildeo eacute realizada devido ao relevo declivoso (figura 5) improacuteprio
para algumas atividades agriacutecolas como tambeacutem pelo fato de as condiccedilotildees
climaacuteticas serem diferenciadas
FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES
FONTE AFUBRA ndash Mapa elaborado a partir das localidades onde se encontram os produtores Org Kraiczek 2014
63
FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
FonteSRTM ndash USGS-USA (2000) ORG Kurta M (2014)
De acordo com o exposto muitas famiacutelias da regiatildeo Norte do municiacutepio se
interessam pelo plantio de fumo principalmente pela geraccedilatildeo de renda e venda
garantida do produto poreacutem natildeo o produzem devido aos fatores limitantes
De acordo com Emater (2014) devido agraves limitaccedilotildees climaacuteticas e topograacuteficas
as culturas que prevalecem naquela regiatildeo satildeo o feijatildeo milho mandioca maracujaacute
uva e produtos de autoconsumo familiar Esses agricultores familiares sinalizam a
falta de opccedilatildeo de cultivo economicamente rentaacutevel bem como a necessidade da
melhoria nas estradas rurais as quais satildeo fundamentais para escoar a produccedilatildeo
A regiatildeo tambeacutem se caracteriza pelo menor niacutevel de mecanizaccedilatildeo da
produccedilatildeo quando comparada com as regiotildees Central e Sul necessitando de matildeo de
obra intensiva para a produccedilatildeo Extensas aacutereas de lavoura satildeo plantadas
manejadas e colhidas manualmente retratando assim a dificuldade do trabalho
nessa regiatildeo (figura 6)
64
FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR
Fonte Vilczak (2014)
A foto da esquerda mostra uma lavoura de feijatildeo que foi plantada agrave matildeo por
um agricultor familiar do Norte do municiacutepio (Comunidade da Linha Barra de Areia)
o agricultor retrata a dificuldade de trabalhar nessa regiatildeo A foto da direita retrata de
que forma se apresenta o relevo daquela regiatildeo
Conforme dados da Emater (2014) a ocupaccedilatildeo do solo no municiacutepio se daacute
pelas lavouras anuais e perenes matas nativas matas naturais de preservaccedilatildeo
permanente reflorestamentos e pastagens Segundo dados do Ipardes (2013) as
atividades agropecuaacuterias que se destacam atualmente na geraccedilatildeo de renda e no
nuacutemero de hectares ocupados por plantio em Prudentoacutepolis satildeo a produccedilatildeo de leite
bovino e o plantio de fumo soja milho feijatildeo preto e trigo Aleacutem dessas outras
atividades de significacircncia menor para a economia satildeo apresentados nos quadros 5
e 6
65
CULTURAS AacuteREA COLHIDA (ha)
PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)
VALOR (R$
100000)
Abacate 1 30 30000
Abacaxi (mil frutos)
1 11 11000 12
Alho 10 53 5300 265
Amendoim (em casca)
15 20 1333 32
Arroz (em casca)
540 1200 2222 926
Aveia (em gratildeo) 90 198 2200 99
Banana 1 9 9000 5
Batata-inglesa 130 3874 29808 3937
Cana-de-accediluacutecar 26 1325 50962 53
Cebola 60 840 14000 798
Centeio (em gratildeo)
90 135 1500 54
Feijatildeo 27300 33040 1210 70323
Fumo (folha) 4400 9701 2205 58206
Laranja 47 940 20000 544
Maracujaacute
106
530 5000 1007
Mandioca 365 8395 23000 2686
Milho 19870 107088 5389 45699
Pecircssego 13 52 4000 94
Soja 23310 73570 3156 68546
Tomate 5 205 50000 217
Trigo 4210 13472 3200 9508
Uva 28 205 7321 372
QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR
FONTE IBGE - Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013
66
PRODUTOS PRODUCcedilAtildeO VALOR (R$ 100000)
Latilde (Kg) 10930 109
Leite (mil litros) 8308 9965
Mel de abelha (Kg) 290000 2900
Ovos de galinha (mil dz) 245 662
QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
FONTE IPARDES 2015 (IBGE SAFRA DE 2013)
Dentre os setores econocircmicos responsaacuteveis pela formaccedilatildeo do PIB do
municiacutepio de Prudentoacutepolis destacam-se os setores de serviccedilos e a agropecuaacuteria
(quadro 7) Com relaccedilatildeo ao setor de serviccedilos o mesmo tambeacutem estaacute relacionado agraves
atividades agropecuaacuterias
O baixo percentual de participaccedilatildeo das induacutestrias no PIB do municiacutepio se
reflete na baixa agregaccedilatildeo de valor sobre os produtos principalmente nos de origem
animal e da fruticultura entre outros produtos que poderiam gerar mais renda para
os produtores se fossem beneficiados por eles proacuteprios
Setor Prudentoacutepolis Paranaacute
Mil R$ ()
Mil R$ ()
Agropecuaacuteria 115127 2791 12816893 675 Induacutestria 35579 863 46858018 2466 Serviccedilos 237699 5762 106694466 5616
Impostos produtos liacutequidos de subsidio
24099 584 23622577 1243
PIB a preccedilo corrente 412504 100 189991954 100 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR
IBGE 2012 Org Vilczak A 2015
De acordo com Emater (2014) existem no municiacutepio quatorze categorias de
agroinduacutestrias as quais satildeo consideradas de pequeno e meacutedio porte com destaque
para as agroinduacutestrias de embutidos e defumados erva-mate farinha de milho e
quirera Sabendo da importacircncia do setor agropecuaacuterio para a economia do
municiacutepio o graacutefico 2 mostra as atividades com maior geraccedilatildeo de renda
67
GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS
FONTE IBGE Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013 Org VILCZAK A (2014)
Se analisarmos somente a renda obtida por cada cultura notaremos que o
feijatildeo e a soja satildeo as que mais geram receita seguido do fumo milho trigo e arroz
Contudo ao analisarmos a receita e a aacuterea cultivada de cada lavoura notamos que a
produccedilatildeo de fumo eacute a mais rentaacutevel
A partir do graacutefico pode-se entender o porquecirc das famiacutelias permanecerem na
atividade fumageira Estas satildeo motivadas principalmente pela renda obtida aleacutem da
constataccedilatildeo a partir de trabalhos de campo de que a maioria dos fumicultores estatildeo
na atividade haacute muitos anos e que esta ocupaccedilatildeo eacute passada de uma geraccedilatildeo para
outra
Noacutes plantamos fumos haacute 15 anos e antes de eu e minha esposa casar eu plantava o fumo com meus pais e minha esposa com os pais dela e agora pegamos uma estufa para noacutes e continuamos na produccedilatildeo [] Jaacute sabemos bem como produzir um fumo de qualidade boa [] jaacute investimos em outras atividades mas natildeo deu lucro igual do fumo [] trecircs anos atraacutes fizemos financiamento para tanques de peixe investi 10 mil reais para fazer os tanques e comprar os alevinos e como noacutes natildeo tinha acompanhamento teacutecnico e muito menos experiecircncia em produzir peixe natildeo tivemos lucros Produzimos feijatildeo milho soja mas a maior renda vem do fumo (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Dezembro em maio de 2014)
926
70323
58206
45699
68546
9508
540
27300
4400
19870
23310
4210
0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000
Arroz
Feijatildeo
fumo
Milho
Soja
Trigo
Aacuterea Plantada (ha) Valor Produccedilatildeo (R$ 100000)
68
A produccedilatildeo de leite tambeacutem tem uma expressiva contribuiccedilatildeo para a
economia do municiacutepio pois nos uacuteltimos anos intensificou-se a dedicaccedilatildeo dos
agricultores familiares nessa atividade Dessa forma muitos dos fumicultores
tambeacutem produzem leite pelo fato de possuir mercado garantido e tambeacutem devido ao
pagamento do leite ser realizado mensalmente o que natildeo acontece com o fumo
Nas propriedades que combinam a produccedilatildeo de leite com a do fumo os agricultores
familiares usam a renda do leite para gastos mensais fixos da famiacutelia e a renda da
safra do fumo eacute investido na propriedade pois gera receitas mais altas
Agora com a renda do fumo e do leite as coisas se equilibraram que com o dinheiro do leite usamos para os gastos do mecircs e quando vendemos a safra do fumo investimos na propriedade jaacute fizemos casa de alvenaria cerca paiol novo galinheiro compramos trator carro [] a gente trabalha mais mas pelo menos natildeo passamos grandes necessidadade (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Visconde de Guarapuavaem maio de 2014)
De acordo com a EMATER (2014) nos uacuteltimos anos houve aumento do
nuacutemero de agricultores familiares que se dedicaram agrave produccedilatildeo de leite e aos
poucos abandonaram o cultivo do fumo A partir dos trabalhos de campo percebe-se
que muitas vezes os mais jovens pretendem investir na atividade leiteira fazer
cursos e se especializar no uso de tecnologias que permitam maior produtividade
dos animais ou seja casais mais novos que pretendem permanecer no campo
geralmente com niacutevel de escolaridade maior buscam ser mais competitivos como
por exemplo o depoimento de um casal que reside na Linha Visconde de
Guarapuava e de outro que reside na Linha Dezembro
Os nossos pais plantam fumo e quando casamos tambeacutem comeccedilamos a produzir fumo e leite e achamos que se noacutes se especializasse soacute na produccedilatildeo de leite a gente teria mais facilidade porque temos pouca terra (5 alqueires) [] agora temos 32 vacas de leite fora os terneiros e temos uma renda ateacute que razoaacutevel por mecircs (Agricultora familiar entrevistada5 na comunidade de Linha Visconde de Guarapuava)
Sempre plantei fumo mas como casei no ano passado eu e minha mulher decedimos plantar fumo somente nesse ano e no proacuteximo ano investir mais no leite que temos mais facilidade apesar de ter que trabalhar todos os dias de manhatilde e de tarde para tirar o leite e ainda durante o dia plantar os pastos [] no fumo natildeo precisa ficar o ano todo trabalhando mas mesmo assim vamos se especializar soacute com a produccedilatildeo de leite e outras lavouras (Fumicultor entrevistado na comunidade de Linha Dezembro)
5 A agricultora relata que atualmente soacute ajuda os pais com as atividades do fumo nos dias de colheita
69
Portanto nota-se que os mesmos usam da racionalidade econocircmica para
definir o que produzir natildeo buscando somente a sobrevivecircncia da famiacutelia e se
especializando nas atividades em que acreditam serem mais eficiente considerando
as caracteriacutesticas de suas propriedades Buscam assim melhorar de vida seguindo
uma racionalidade tipo capitalista
32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS
Como jaacute visto no item anterior o municiacutepio de Prudentoacutepolis sempre possuiu
uma base produtiva alicerccedilada estruturalmente no setor agropecuaacuterio e de acordo
com dados da Emater de Prudentoacutepolis (2014) o puacuteblico que faz parte do rural do
municiacutepio estaacute composto pela categoria Agricultura familiar constando um nuacutemero
de 8100 estabelecimentos Agricultura Patronal com 1750 estabelecimentos e por
40 famiacutelias Indiacutegenas aleacutem daqueles trabalhadores rurais contratados nos periacuteodos
de safra para desenvolver atividades no campo
Nota-se que em Prudentoacutepolis a categoria da agricultura familiar eacute
predominante em relaccedilatildeo agrave patronal Desse modo a caracterizaccedilatildeo dos produtores
rurais familiares a partir de conceitos e dados estatiacutesticos sistematizados para todo o
paiacutes se torna pertinente para que possamos estimar em quais grupos existe a maior
concentraccedilatildeo desses produtores familiares no municiacutepio e qual eacute a dinacircmica de
produccedilatildeo desses grupos A tipologia entre os agricultores familiares tem por objetivo
estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares devido
a sua heterogeneidade (FAOINCRA 2000) Sendo assim o grupo A refere-se
aquele produtor com renda total superior a trecircs vezes o valor da diaacuteria o grupo B ao
produtor com renda total superior a uma vez ateacute trecircs vezes o valor da diaacuteria no
grupo C estatildeo aqueles com renda total superior agrave metade ateacute uma vez o valor da
diaacuteria e por fim o grupo D com renda total igual ou inferior agrave metade do valor da
diaacuteria
A existecircncia de quatro grupos distintos dentro do universo familiar eacute resultante
de vaacuterios fatores como por exemplo a disponibilidade de terras agricultaacuteveis (como
aquelas localizadas na regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis) as tecnologias
empregadas pelas unidades familiares a forma de administraccedilatildeo da propriedade os
70
preccedilos e mercados aos quais a produccedilatildeo eacute destinada fatores climaacuteticos entre
outros Portanto os distintos tipos de produtores satildeo portadores de racionalidades
especificas e buscam se adaptar ao meio em que estatildeo inseridos
O universo agraacuterio eacute extremamente complexo seja em funccedilatildeo da grande diversidade da paisagem agraacuteria (meio fiacutesico ambiente variaacuteveis econocircmicas etc) seja em virtude da existecircncia de diferentes tipos de agricultores os quais tecircm interesses particulares estrateacutegias proacuteprias de sobrevivecircncia e de produccedilatildeo e que portanto respondem de maneira diferenciada a desafios e restriccedilotildees semelhantes (FAOINCRA 2000)
Os dados mais gerais que tratam de variaacuteveis da caracterizaccedilatildeo dos
agricultores familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis pertencem ao censo
agropecuaacuterio de 2006 momento aquele em que o universo da agricultura familiar era
composto por aproximadamente 7409 estabelecimentos sendo que no ano de
2014 a Emater do municiacutepio registrou um nuacutemero aproximado de 8100 agricultores
familiares um aumento de 691 estabelecimentos Esse aumento dos agricultores
familiares no dececircnio pode ser resultado da subdivisatildeo das propriedades jaacute
existentes
Dentre os quatro grupos familiares (Quadro 8) o maior nuacutemero de agricultores
familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis encontra-se no grupo D ou seja aqueles
agricultores familiares descapitalizados e com baixo niacutevel de integraccedilatildeo ao mercado
No grupo A considerado como capitalizado e com grande integraccedilatildeo aos mercados
existe um contingente menor de agricultores
Nuacutemero bastante significativo de produtores familiares estaacute representado pelo
grupo B grupo esse que estaacute em processo de capitalizaccedilatildeo e integrado ao mercado
Os agricultores familiares capitalizados e em processo de capitalizaccedilatildeo satildeo em
menores nuacutemeros que os descapitalizados e os em processo de descapitalizaccedilatildeo
71
Cidade Agricultura familiar por grupo
Nordm Absoluto de estabelecimentos por grupo
familiar
Prud
entoacute
polis
PR
Familiar ndash tipo A 783
Familiar ndash tipo B 2168
Familiar ndash tipo C 1387
Familiar ndash tipo D 3071
Total 7409
QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006
Fonte IBGE 2006
Conforme os dados do IBGE (2006) eacute importante ressaltar que em
Prudentoacutepolis o grupo A representa cerca de 10 do total de estabelecimentos
familiares o que eacute aproximadamente a mesma proporccedilatildeo verificada para o Brasil
onde haacute cerca de 460 mil produtores do grupo A num universo de pouco mais de 4
milhotildees de estabelecimentos familiares
Dentro do universo dos agricultores familiares de Prudentoacutepolis nota-se que a
grande maioria deles independentemente do tipo familiar possui terras proacuteprias
como demonstrado no quadro 9 O fato de a grande maioria possuir terras proacuteprias
estaacute relacionado ao loteamento feito no periacuteodo da colonizaccedilatildeo do municiacutepio sendo
que apesar de ter acontecido a venda e compra de algum desses lotes em termos
gerais a questatildeo do acesso agrave terras permanece inalterada entre os agricultores
familiares locais
72
Variaacutevel
Agricultura familiar por grupo
Nordm Absoluto de propriedades por grupo
no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR
Terras proacuteprias
Familiar ndash tipo A 700
Familiar ndash tipo B 2016
Familiar ndash tipo C 1338
Familiar ndash tipo D 2966
Total 7020
QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)
Com relaccedilatildeo aos tipos de cultivo nota-se pelo quadro 10 que os produtores
de fumo se concentram nos grupos A e B Ou seja do ponto de vista econocircmico a
produccedilatildeo tende a oferecer uma renda maior do que o milho e o feijatildeo por exemplo
visto que a maior concentraccedilatildeo desses agricultores familiares estaacute nos grupos C e D
A maior parte dos produtores de fumo tem um niacutevel alto de integraccedilatildeo com o
mercado quer dizer natildeo satildeo camponeses e sim pequenos capitalistas que visam
lucros mantendo-se competitivos com objetivo de crescimento econocircmico
QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)
Nesse sentido concorda-se com as abordagens ligadas ao capitalismo
agraacuterio segundo as quais a integraccedilatildeo dos fumicultores com as induacutestrias
Grupo familiar Fumo Feijatildeo Milho Soja Familiar ndash tipo A 520 493 540 109
Familiar ndash tipo B 798 1464 1484 110
Familiar ndash tipo C 128 1058 974 56
Familiar ndash tipo D 89 2125 1773 84
Agricultor natildeo familiar
19 76 93 44
Total de
estabelecimentos
1555
5216
4864
403
73
fumageiras oferece maiores oportunidades para capitalizaccedilatildeo ao passo que a
maioria daquelas famiacutelias que produzem feijatildeo e milho estaacute no grupo familiar em vias
de descapitalizaccedilatildeo e descapitalizados auferindo renda menor
Quando somados as colunas do quadro 10 vemos que o nuacutemero para cada
linha supera o total de estabelecimentos de cada categoria apresentados nos
quadros anteriores Isso mostra que haacute muitos fumicultores que natildeo se dedicam
apenas ao fumo mas tambeacutem ao feijatildeo milho e ou soja A partir dai pode-se
levantar a hipoacutetese de que muitos produtores do grupo A manteacutem pequenas
produccedilotildees de feijatildeo eou milho para autoconsumo Outra hipoacutetese eacute que haacute
produtores do grupo B que estatildeo tentando fazer a transiccedilatildeo das culturas de feijatildeo
eou milho para a cultura de fumo motivo pelo qual deram iniacutecio a produccedilatildeo deste
uacuteltimo sem abandonar os cultivos mais tradicionais
No municiacutepio tambeacutem existem dezenove agricultores natildeo familiares que
produzem fumo e usam da matildeo de obra contratada para cultivar a commoditie
devido agrave baixa mecanizaccedilatildeo disponiacutevel para esse tipo de lavouraDesse modo os
agricultores natildeo familiares tambeacutem tecircm interesse na rentabilidade por hectare e no
mercado garantido do fumo
A produccedilatildeo de soja tem uma expressividade na agricultura familiar com
destaque para os grupos A e B O milho e feijatildeo satildeo as culturas que predominam
nos grupos familiares
Para as variaacuteveis ligadas agrave modernizaccedilatildeo da agricultura foi contabilizado o
nuacutemero de tratores existente nas propriedades familiares como tambeacutem a utilizaccedilatildeo
de agrotoacutexicos entre esses grupos mediante dados do IBGE como apresentado no
quadro 11 Dos 7409 estabelecimentos familiares 1384 possuiacuteam trator no ano de
2006 ou seja 18
Nesse sentido pode-se dizer que no ano de 2006 um universo pequeno de
agricultores familiares possuiacutea trator No grupo A 34 dos agricultores tinham
tratores O grupo B foi o menos expressivo nessa variaacutevel com 12 de
estabelecimentos com trator seguidos de 15 no grupo C e de 20 no grupo D
74
Agricultura familiar por grupo de agricultores
Nuacutemero total de estabelecimentos familiares
Nuacutemero de estabelecimentos com tratores
de tratores por grupo familiar
Familiar ndash tipo A 783 269 34
Familiar ndash tipo B 2168 278 12
Familiar ndash tipo C 1387 209 15
Familiar ndash tipo D 3071 628 20
Total 7409 1384 18
QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES
Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015) O uso de agrotoacutexicos eacute feito por uma parcela expressiva de agricultores
familiares posto que 77 deles usam algum tipo desse produto Em termos
percentuais os agricultores familiares do grupo A satildeo os que mais usam seguidos
do grupo B com 82 grupo Ccom 75 epor fim o grupo D com 69 dos
agricultores que fazem uso desse insumo agriacutecola Assim vale notar que o uso de
agrotoacutexicos natildeo estaacute associado apenas agrave produccedilatildeo de fumo pois os grupos
familiares que produzem predominantemente feijatildeo e milho tambeacutem utilizam
produtos quiacutemicos intensamente Nesse sentido concorda-se com DINIZ FILHO
(2011) quando menciona que
[] a incorporaccedilatildeo de elementos econocircmicos e tecnoloacutegicos da agricultura patronal eacute uma estrateacutegia amplamente utilizada por agricultores familiares do mundo todo para se manterem competitivos no bojo da modernizaccedilatildeo agriacutecola embora frequentemente tal incorporaccedilatildeo fique incompleta devido agrave falta de capital para investimentos e das caracteriacutesticas de muitas propriedades familiares tais como pequena dimensatildeo ou relevo inclinado
75
Agricultura familiar por grupo de agricultores
Nuacutemero total de estabelecimentos familiares
Nuacutemero de estabelecimentos que usam agrotoacutexicos
de estab que usam agrotoacutexicos
Familiar ndash tipo A 783 734 93
Familiar ndash tipo B 2168 1794 82
Familiar ndash tipo C 1387 1048 75
Familiar ndash tipo D 3071 2108 69
Total 7409 5684 77
QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS
Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)
Os dados mostram que a agricultura familiar no municiacutepio de Prudentoacutepolis
tambeacutem se beneficia dos aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo da agricultura
concordando com Diniz Filho (2011) quando afirma ser notoacuterio que a monocultura a
mecanizaccedilatildeo e o uso de pesticidas e fertilizantes quiacutemicos satildeo amplamente
disseminados entre os produtores familiares Nesse sentido pode-se dizer que a
agricultura familiar da mesma forma que o agronegoacutecio estaacute preocupada
primeiramente com os lucros do que em usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis e que
busquem somente reproduzir o seu modo de vida
Portanto pode-se afirmar que a produccedilatildeo de fumo eacute considerada uma
atividade que permite renda razoaacutevel para o produtor uma vez que no municiacutepio de
Prudentoacutepolis esses agricultores familiares estatildeo concentrados no tipo familiar mais
capitalizado condizendo assim com os dados mais gerais sobre a agricultura
familiar brasileira apresentados no capiacutetulo anterior segundo os quais a cultura do
fumo gera menor niacutevel de pobreza que culturas alimentares voltadas para o
consumo popular e frequentemente associadas agrave produccedilatildeo de subsistecircncia
Finalmente vale notar que a pesquisa de campo realizada no acircmbito desta pesquisa
corroborou os resultados obtidos pela anaacutelise de dados estatiacutesticos de fontes
oficiais conforme se veraacute a seguir
76
CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO
Este capiacutetulo tem por objetivo expor os dados dos trabalhos de campo
realizados com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela
empresa Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis A
contrataccedilatildeo eacute feita atraveacutes do sistema de produccedilatildeo integrada no qual a empresa
garante a compra de toda a produccedilatildeo fornece assistecircncia teacutecnica aos contratados
define os padrotildees de fumo a serem produzidos de acordo com as demandas de
mercado bem como estipula os preccedilos do quilo de fumo junto ao sindicato dos
fumicultores do Brasil (SINDITABACO)
Na safra de 20142015 duzentos e noventa e cinco produtores familiares de
Prudentoacutepolis foram contratados pela Souza Cruz como fornecedores de fumo Para
dar suporte a esses fumicultores trabalham trecircs instrutores teacutecnicos cada qual
atuando na sua aacuterea de abrangecircncia acompanhando os mesmos associados desde
o iniacutecio ateacute o final da safra
A finalidade do instrutor teacutecnico eacute de prestar assistecircncia aos fumicultores em
todos os processos da produccedilatildeo do fumo como a definiccedilatildeo da quantidade de peacutes
de fumo que seraacute plantada a compra de insumos para produccedilatildeo a realizaccedilatildeo do
seguro da safra juntamente com a Afubra assistecircncia teacutecnica nos tratos culturais da
planta estabelecimento de estimativas de quilos de fumo que o produtor
comercializaraacute com a empresa acompanhamento na colheita secagem
classificaccedilatildeo e a venda do produto
O instrutor teacutecnico entrevistado expotildee que aleacutem da empresa Souza Cruz
outras cinco empresas6 do mesmo ramo atuam no municiacutepio com intuito de contratar
fumicultores atraveacutes do sistema integrado Menciona tambeacutem que natildeo existem
grandes conflitos concorrenciais entre essas empresas como jaacute existiu na deacutecada
de 1990 quando uma empresa fazia o maacuteximo para atrair maior quantidade de
associados Nos uacuteltimos anos cada empresa tem os seus produtores certos natildeo
6Universal Leaf Tabacos Ltda CTA ndash Continental Tobaccos Alliance One Exportadora de Fumo Ltda Premium Tabacos do Brasil SA e a A Japan Tabacco Inc (JTI)
77
existindo alto niacutevel de migraccedilatildeo desses entre as empresas uma vez que todas
trabalham no mesmo sistema e os preccedilos do quilo de fumo satildeo tabelados
A logiacutestica de transporte do fumo da residecircncia do produtor ateacute a usina de
beneficiamento da Souza Cruz eacute terceirizada sendo que no municiacutepio satildeo trecircs
transportadoras credenciadas pela empresa A proacutepria Souza Cruz natildeo possui
depoacutesitos de armazenamento de fumo em Prudentoacutepolis Desse modo as trecircs
transportadoras credenciadas satildeo responsaacuteveis por fazer o recolhimento da
produccedilatildeo direto do depoacutesito do produtor A transportadora coleta o fumo nas
propriedades dos fumicultores com um caminhatildeo de menor porte e no barracatildeo da
proacutepria transportadora eacute feito o transbordo para as carretas que seguem ateacute a usina
de beneficiamento
Como na assistecircncia teacutecnica cada transportadora tambeacutem tem uma regiatildeo de
abrangecircncia para recolher o fumo A produccedilatildeo que sai dos depoacutesitos dos produtores
jaacute estaacute 100 assegurada caso aconteccedila imprevistos com a viagem Apoacutes a
descarga do fumo na usina de beneficiamento a transportadora utiliza o mesmo
frete para trazer os insumos agriacutecolas para a proacutexima safra
Apesar de possuir uma usina de processamento de fumo no municiacutepio de Rio
Negro no Paranaacute a produccedilatildeo do municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute enviada para a usina
de BlumenauSC pois a usina de Rio Negro tem capacidade de atender somente agrave
produccedilatildeo da regiatildeo Oeste e Sudoeste paranaense e tambeacutem do ponto de vista
logiacutestico eacute mais viaacutevel enviar a produccedilatildeo de Prudentoacutepolis para Blumenau
A partir de dados da Afubra da Souza Cruz e dos dados de campo foi
construiacutedo um fluxograma para exemplificar as etapas em que o fumo produzido no
municiacutepio de Prudentoacutepolis passa ateacute chegar ao consumidor
78
FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
Fonte Souza Cruz e AFUBRA 2014
Org VILCZAK A 2015
41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES
As informaccedilotildees que seratildeo apresentadas a seguir dizem respeito a sessenta
famiacutelias entrevistadas e que satildeo contratadas pela empresa fumageira Souza Cruz
no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR
As famiacutelias entrevistadas residem em seis diferentes localidades do municiacutepio
de Prudentoacutepolis sendo elas Comunidade da Linha Dezembro Comunidade da
Linha Visconde de Guarapuava Comunidade da Linha Marcondes Comunidade da
Linha Barra Vermelha Comunidade da Linha Antocircnio Olinto e Comunidade da Linha
Tira Cisma (figura 8) Para localizar esses fumicultores os instrutores teacutecnicos da
Souza Cruz forneceram uma listagem de todos os produtores e de sua respectiva
localidade de residecircncia Cabe destacar que as entrevistas natildeo foram direcionadas e
nem realizadas com a presenccedila desses instrutores
79
FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS
A seleccedilatildeo das localidades foi feita levando-se em conta a maior concentraccedilatildeo
de produtores de fumo e a maior acessibilidade em relaccedilatildeo agrave aceitaccedilatildeo dos mesmos
em responderem os questionaacuterios
Para a realizaccedilatildeo das entrevistas fez-se necessaacuterio o auxiacutelio de um agente
comunitaacuterio que tinha maior contato com os fumicultores para que os mesmos
pudessem responder o questionaacuterio com maior seguranccedila Recorreu-se a esse
meacutetodo pelo fato de alguns fumicultores convidados a participar da entrevista natildeo
ficarem tranquilos suspeitando que se tratasse de uma pesquisa que natildeo favorecia
aos ideais deles uma vez que possuem ldquomedordquo de certas campanhas
governamentais que incentivam o fim do plantio do fumo
As primeiras entrevistas foram realizadas na Linha Dezembro Linha Visconde
de Guarapuava e Linha Marcondes sendo que as mesmas foram conduzidas
juntamente com a agente comunitaacuteria Gabriela Strechar (residente na Linha
Visconde de Guarapuava) e contabilizou um total de 19 fumicultores Na Linha Barra
Vermelha Linha Antocircnio Olinto e Linha Tiram Cisma foram realizadas 41 entrevistas
80
com a ajuda da agente comunitaacuteria Adriana Kutzmy moradora da Linha Barra
Vermelha e que tambeacutem tem grande conhecimentos sobre essas localidade e
moradores
As entrevistas foram realizadas nos meses de novembro e dezembro de
2015 periacuteodo da colheita do fumo A escolha desse periacuteodo para a coleta de dados
possibilitou conhecer a realidade de cada famiacutelia com relaccedilatildeo agraves formas de
produccedilatildeo colheita transporte e secagem das folhas de fumo
Caracterizaccedilatildeo das famiacutelias
a) Escolaridade feminina e masculina por faixa etaacuteria
Para a coleta de dados dessa variaacutevel foram levados em consideraccedilatildeo
somente as mulheres e homens que vivem nas unidades de produccedilatildeo familiar isto eacute
pessoas que migraram para as cidades e aquelas que se casaram e permanecem
no meio rural natildeo seratildeo contemplados nos quadro 13 e 14
Dentre as sessenta famiacutelias entrevistadas contabilizou-se um total de
duzentos e vinte e cinco membros que residem nas unidades de produccedilatildeo familiar
sendo cento e nove mulheres e cento e dezesseis homens
81
Faixa etaacuteria
S idade
escolar
S escolar idade
Ateacute o 5ordm ano
Do 6ordm ao 9ordm ano
Ensino meacutedio
Incompleto
Ensino meacutedio
completo
Ensino Superior
Cursos teacutecnicos
Total de
mulheres
0 - 05 anos 10 - 01 - - - - - 11
05 - 10 anos
- - 04 - - - - - 04
11 ndash 20 anos
- - 05 09 01 05 01 - 21
21 ndash 30 anos
- - 08 - 12 - 01 21
31 ndash 40 anos
- - 06 06 - 01 - - 13
41 ndash 50 anos
- - 14 06 - - - - 20
51 ndash 60 anos
- - 12 - - 01 - - 13
Acima de 61
- 01 04 - - 01 - - 06
Total 10 01 46 29 01 20 01 01 109
Percentual ()
09 01 43 27 01 17 01 01 100
QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Com relaccedilatildeo agraves mulheres entrevistadas pode-se notar um baixo grau de
escolarizaccedilatildeo dentre aquelas que possuem mais de 40 anos as quais no maacuteximo
tecircm ensino fundamental completo exceto uma senhora que estaacute na faixa etaacuteria de
51 a 60 anos e que possui ensino meacutedio completo e que era professora das seacuteries
iniciais Nota-se tambeacutem a existecircncia de duas famiacutelias com filhas cursando
universidade e curso teacutecnicos no periacuteodo da noite sendo que as mesmas trabalham
durante o dia na propriedade inclusive na produccedilatildeo de fumo
82
Todas as filhas dos fumicultores em idade escolar estatildeo matriculadas nas
suas respectivas seacuteries de ensino Na faixa etaacuteria de 21 a 30 anos a maioria tem o
ensino meacutedio completo e natildeo demonstra pretensotildees de fazer curso superior nos
proacuteximos anos
Apesar da baixa escolaridade somente uma pessoa entrevistada e que tem
mais que 61 anos de idade nunca frequentou uma escola
De acordo com as entrevistas percebe-se que grande parte das mulheres
quando terminam o ensino meacutedio migra para alguma cidade com pretensotildees de
estudar ou trabalhar
Faixa etaacuteria
S idade
escolar
S escolar idade
Ateacute o 5ordm ano
Do 6ordm ao 9ordm ano
Ensino meacutedio
Incompleto
Ensino meacutedio
completo
Ensino Superior
Cursos teacutecnicos
Total de homens
0 - 05 anos 09 - - - - - - - 09
05 - 10 anos
- - 08 - - - - - 08
11 ndash 20 anos
- - 05 07 07 03 - - 22
21 ndash 30 anos
- - - 02 03 13 01 - 19
31 ndash 40 anos
- 01 08 06 - 05 01 03 24
41 ndash 50 anos
- - 11 - - - - - 11
51 ndash 60 anos
- - 18 - - - - - 18
Acima de 61
- - 05 - - - - - 05
Total 09 01 55 15 10 21 02 03 116
Percentual ()
07 01 47 13 09 18 02 03 100
QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO
Fonte Pesquisa de campo (2015)
83
No universo masculino da mesma forma que no feminino percebe-se que as
menores escolaridades estatildeo entre aqueles que possuem mais de 40 anos de idade
Um entrevistado que possui entre 31 e 40 anos cursou trecircs anos no ensino
superior poreacutem alega que natildeo tem pretensotildees em curto prazo em concluir ou
trabalhar fora da propriedade devido a melhor qualidade de vida que pode ter em
relaccedilatildeo agrave cidade Nessa mesma faixa etaacuteria (31 a 40 anos) trecircs homens
frequentaram cursos teacutecnicos sendo que dois concluiacuteram teacutecnico em agropecuaacuteria e
um teacutecnico florestal
Um homem entre 21 e 30 anos concluiu haacute dois anos o curso superior em
contabilidade afirmou que jaacute trabalhou na sua aacuterea de formaccedilatildeo mas que nesse
ano decidiu trabalhar na produccedilatildeo de fumo poreacutem tem pretensotildees de voltar a
trabalhar na aacuterea de formaccedilatildeo
b) Estrutura familiar
Para a coleta de dados correspondente agrave variaacutevel apresentada no quadro 15
tambeacutem foram levadas em consideraccedilatildeo somente as pessoas que vivem na unidade
familiar Dessa forma a quantidade de membros que compotildee as famiacutelias
entrevistadas natildeo eacute numerosa apresentando a maior porcentagem de famiacutelias
compostas por trecircs e quatro pessoas (30 e 42) Aquelas com mais de cinco
membros correspondem na sua maior parte por famiacutelias onde os pais da esposa ou
do marido estatildeo vivendo juntos
Nuacutemero total dos
membros das famiacutelias
Nordm de famiacutelias Nuacutemero total de membros
Percentual ()
Um membro 0 0 0
Dois membros 6 12 10
Trecircs membros 18 54 30
Quatro membros 25 100 42
Cinco membros 07 35 12
Seis membros 04 24 6
84
Total 60 225 100
QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Os dados sobre as famiacutelias em que pelo menos um dos membros migrou para
alguma cidade com intuito de trabalhar estudar ou trabalhar e estudar estatildeo
apresentados na tabela abaixo
TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE
Motivos da migraccedilatildeo Nordm de famiacutelias Percentual () Somente estudar (cursos teacutecnicos Universidade)
9 15
Estudar (cursos teacutecnicos Universidade) e Trabalho
14 23
Somente trabalhar 6 10 Nenhum membro migrou
para a cidade 31 52
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)
Nota-se que 48 das famiacutelias entrevistadas tiveram pelo menos um membro
que migrou para a cidade com objetivo de estudar ou trabalhar Os que relataram
que a migraccedilatildeo foi com intuito de estudar afirmam que os estudos estatildeo
relacionados a cursos teacutecnicos e universitaacuterios como jaacute expostos acima
Vale lembrar a existecircncia de famiacutelias em que os filhos ainda natildeo estatildeo em
idades suficientes para fazer um curso teacutecnico ou universidade ou seja nos
proacuteximos anos provavelmente haveraacute um percentual maior de jovens saindo do
campo com intuito de estudar ou trabalhar em outras atividades com maiores
oportunidades que a produccedilatildeo de fumo
Esse processo migratoacuterio da populaccedilatildeo rural para o urbano no caso dos
fumicultores entrevistados pode estar relacionado com aquilo exposto por (2014)
segundo o qual atualmente nas regiotildees rurais brasileiras a migraccedilatildeo jaacute natildeo eacute mais
um processo em que as condiccedilotildees ldquopor mais pobreza que existamrdquo estatildeo
expulsando as pessoas do campo mas sim um movimento que ocorre quando
existem fatores de atraccedilatildeo no meio urbano Poreacutem natildeo devemos desprezar que
nesse processo tambeacutem estatildeo embutidos outros fatores como os culturais e ateacute
85
pessoais ou seja o que se passa pela cabeccedila das pessoas natildeo somente dessas
que vivem no rural e estatildeo indo para a cidade mas tambeacutem daquelas que jaacute vivem
em cidades de menor porte e migram para grandes centros urbanos Contudo essas
questotildees de ordem cultural e pessoal escapam aos objetivos desta pesquisa
Condiccedilatildeo do fumicultor
TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA
Anos Nordm de famiacutelias Percentual ()
0 ndash 5 anos 0 0
6 ndash 10 anos 4 6
10 ndash 15 anos 12 20
15 ndash 20 anos 16 27
21 ndash 25 anos 12 20
26 ndash 30 anos 10 17
Mais de 30 anos 6 10
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
O periacuteodo de tempo com maior expressividade em que esses agricultores
familiares estatildeo envolvidos na atividade fumageira variam em torno de 10 a 30 anos
Nenhuma famiacutelia entrevistada comeccedilou a produzir fumo nos uacuteltimos cinco anos
Esse fato vai ao encontro de dados mais gerais da Afubra (2015) demonstrando
que entre o ano de 2010 e 2014 o nuacutemero de famiacutelias produtoras de fumo caiu de
185160 para 162410
Esse fato estaacute relacionado principalmente agrave migraccedilatildeo de jovens para as
cidades e pelo fato dos casais mais novos que possuem filhos com idades
insuficientes para trabalhar na atividade fumageira buscarem se promover
economicamente atraveacutes de outras atividades
A queda do nuacutemero de famiacutelias na fumicultura nos uacuteltimos anos tambeacutem estaacute
relacionada com a maior escolaridade das pessoas que vivem no rural pois esses
estatildeo se dedicando a atividades selecionadas por eles como mais oportunas eou
mais competitivas Aqui natildeo podemos desconsiderar tambeacutem a opccedilatildeo das famiacutelias
86
natildeo entrarem na atividade fumageira pelas questotildees da sauacutede (contato com
agrotoacutexicos e doenccedila da folha verde)
TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
Nordm de famiacutelias Percentual ()
Pela renda e venda garantida
12 20
Pouca disponibilidade de terras
06 10
Pela renda venda garantida e pouca terra
35 58
Falta de outras opccedilotildees de atividade agropecuaacuteria
07 12
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Das famiacutelias entrevistadas 58 declararam que optam pela produccedilatildeo de
fumo por trecircs motivos principais a renda a garantia de venda e a pouca aacuterea de
terra que possuem Jaacute para 20 das famiacutelias entrevistadas os principais motivos
estatildeo na geraccedilatildeo de renda e venda garantida
As famiacutelias que natildeo declararam a pouca quantidade de terra como empecilho
para a realizaccedilatildeo de outra atividade que substitua por completo a produccedilatildeo de fumo
mencionam que plantam o fumo devido agrave renda e que como estatildeo inseridos na
cadeia produtiva de gratildeos que eacute mecanizada sobra matildeo de obra para trabalhar
com o fumo Esses exemplos demonstram que os agricultores familiares produzem
para maximizar os lucros e crescer economicamente da mesma forma que os
grandes proprietaacuterios como exposto no paradigma da agricultura familiar
A falta de outras atividades agropecuaacuterias tambeacutem foi mencionada por 12
das famiacutelias entrevistadas pois apesar de existir outros tipos de cultivo no municiacutepio
como por exemplo a produccedilatildeo de verduras de morangos de pepinos e de ervas
medicinais essas famiacutelias declararam que esses cultivos natildeo geram uma renda por
hectare como o fumo Uma fumicultora entrevistada na Linha Marcondes comenta
Eu ldquoplantava as coisasrdquo para a merenda escolar aqui da escola [] noacutes tinha que comprar as sementes e tudo o que precisava pra produzir essas verduras [] quando levava na escola ficavam colocando defeito na minha produccedilatildeo [] queriam que eu levasse todo dia dez peacutes de alface na escola [] que lucro eu ia ter ir todo dia na escola levar soacute dez peacutes de alface E
87
ainda recebia soacute depois de 40 dias que entreguei a produccedilatildeo e ainda agraves vezes atrasava [] O fumo eacute muito cansativo soacute que a gente natildeo precisa ficar se humilhando pra comprar a produccedilatildeo da gente a firma leva tudo seja o melhor fumo seja o pior
A fumicultora retrata que apesar do trabalho na produccedilatildeo de fumo ser mais
cansativa que outras atividades o fato de se ter a venda garantida de toda a
produccedilatildeo compensa as desvantagens
TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS
Quantidades de peacutes de fumo
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
25000 - 30000 peacutes 14 23
31000 ndash 50000 peacutes 26 44
51000 ndash 70000 peacutes 05 08
71000 ndash 90000 peacutes 07 12
91000 ndash 120000 peacutes 05 08
121000 -140000 peacutes 03 05
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)
Dentre as famiacutelias entrevistadas a quantidade miacutenima de produccedilatildeo eacute de
25000 peacutes e a maacutexima de 140000 peacutes poreacutem a maior concentraccedilatildeo estaacute ente
31000 e 50000 peacutes A quantidade de peacutes que satildeo plantados estaacute relacionada agrave
matildeo de obra disponiacutevel uma vez que esses fumicultores antes de planejar a
proacutexima safra levam em consideraccedilatildeo primeiramente a relaccedilatildeo entre a quantidade
de matildeo de obra disponivel com a quantidade de peacutes de fumo De acordo com o
instrutor teacutecnico da Souza Cruz uma pessoa consegue produzir em meacutedia 20000
peacutes de fumo por safra (usando matildeo de obra de terceiros somente para os dias de
colheita)
Condiccedilatildeo das terras usadas pelos fumicultores entrevistados
88
TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS
Condiccedilatildeo da terra Nordm de famiacutelias Percentual ()
Somente terra proacutepria 33 55
Terra proacutepria e arrendada 22 37
Somente terras arrendadas 05 08
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Para coletar esses dados foi levado em consideraccedilatildeo o total das terras
usadas pelos fumicultores independentemente da cultura plantada aleacutem do fumo
Desse modo nota-se que a grande maioria possui terras proacuteprias (92) sendo que
55 cultivam somente em terras proacuteprias e 37 aleacutem das terras proacuteprias arrenda
com intuito de aumentar a produccedilatildeo tanto de fumo como de gratildeo e outros Existem
8 que natildeo possuiacuteam terras proacuteprias e que necessitam arrendar para produzir o
fumo
TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES
Somente terra proacutepria Nordm de famiacutelias Porcentagem ()
Ateacute 5 hectares 11 20
6 a 10 hectares 14 25
11 a 15 hectares 8 15
16 a 20 hectares 6 11
21 a 25 hectares 6 11
26 a 30 hectares 2 04
31 a 40 hectares 4 07
Mais de 40 hectares 4 07
Total 55 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Dos sessenta fumicultores entrevistados cinco natildeo possuem terras proacuteprias
E dos cinquenta e cinco que possuem a maior porcentagem de famiacutelias tem ateacute 15
hectares Nesse sentido esses nuacutemeros satildeo compatiacuteveis com os dados mais gerais
da regiatildeo Sul do Brasil onde a maior concentraccedilatildeo de famiacutelias possui ateacute 20
89
hectares de terra (AFUBRA 2015) A aquisiccedilatildeo das terras foi principalmente por
heranccedila e em parcelas menores atraveacutes de compra
Formas de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria das unidades familiares dos fumicultores
entrevistados
Este item refere-se aos tipos de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria que aleacutem do fumo
trazem renda para a unidade de produccedilatildeo familiar Com base nos dados de campo
verificam-se nas propriedades aleacutem da produccedilatildeo do fumo as produccedilotildees de feijatildeo
milho soja erva-mate e a produccedilatildeo de leite
TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES
Tipo de produccedilatildeo
agropecuaacuteria Nuacutemeros de famiacutelias Percentual ()
Somente fumo 20 33 Fumo e soja 06 10
Fumo soja feijatildeo e milho 20 33 Fumo Soja milho e leite 03 5 Fumo feijatildeo milho e erva-
Mate 11 19
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
De acordo com os dados expostos 33 dos entrevistados afirmam que a
produccedilatildeo da propriedade com pretensatildeo de venda eacute somente o fumo outros 33
aleacutem do fumo produzem soja e feijatildeo seguidos de 19 que se dedicam agrave produccedilatildeo
de fumo feijatildeo milho e erva-mate e menos de 5 declarar produzir para a venda o
fumo a soja o milho e o leite
Nesse sentido 67 dos entrevistados diversificam a produccedilatildeo com intuito de obter
mais fontes de renda Poreacutem alegam que a maior renda por aacuterea plantada vem da
produccedilatildeo de fumo
A produccedilatildeo de eucaliptos (figura 9) tambeacutem eacute bastante comum nas
propriedades pois eacute fonte de energia para a secagem das folhas do fumo Nas
estufas tradicionais o uso de lenha eacute muito maior que nas estufas eleacutetricas
90
FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO
Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2016)
A figura 9 exemplifica uma propriedade de fumicultor que produz a soja para
venda e eucalipto para a secagem do fumo A imagem da esquerda representa a
lavoura de um fumicultor na linha dezembro com produccedilatildeo de soja e ao fundo
notam-se plantaccedilotildees de eucaliptos para usar na secagem das folhas de fumo Na
imagem da direita tambeacutem pode ser vista a lavoura de fumo e ao fundo plantaccedilotildees
de eucaliptos
A erva-mate tambeacutem serve como fonte de renda dos fumicultores sendo que
em aacutereas de faxinal7 os peacutes de erva-mate formam mantidos e outros espaccedilos
usados para o cultivo de soja ou feijatildeo como demonstrado na figura 10 Em algumas
propriedades a erva-mate natildeo eacute nativa e foi plantada nos uacuteltimos anos em escalas
maiores devido agrave rentabilidade
7Por faxinal entende-se as terras tradicionalmente ocupadas para o uso comum de pastagens e florestas no Paranaacute que designam situaccedilotildees em que a produccedilatildeo familiar de acordo com suas possibilidades combina apropriaccedilatildeo privada e coletiva dos recursos naturais (HAURESKO C 2012)
91
FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE
Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2015)
Aleacutem da produccedilatildeo com pretensatildeo de venda nas propriedades visitadas
tambeacutem nota-se a presenccedila da produccedilatildeo para autoconsumo da famiacutelia Essas
alegam que produzem certos produtos para diminuir os gastos com mercado e por
produzirem de acordo com suas preferecircncias alimentares Apenas 6 dos
entrevistados natildeo produzem nada para autoconsumo alegando que comprar sai
mais barato que produzir
TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE
Produccedilatildeo para autoconsumo
Nuacutemero de famiacutelias Percentual ()
Horta 08 13 Horta criaccedilatildeo de galinhas e
porcos 16 27
Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos feijatildeo e milho
07 12
Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos e criaccedilatildeo gado (corte
e leite) feijatildeo e milho
25 42
Nenhuma produccedilatildeo para auto consumo
04 6
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
Sobre a produccedilatildeo de feijatildeo para autoconsumo alguns produtores
mencionam que produzem separadamente o feijatildeo para a venda do feijatildeo para
92
consumo da famiacutelia afirmando que no feijatildeo para venda satildeo aplicados dessecantes
para acelerar o periacuteodo de colheita e no feijatildeo que eacute para o consumo natildeo utilizam
essa praacutetica Esse fato natildeo eacute raro no municiacutepio acontecendo tanto nas pequenas
propriedades como nas grandes Isso demonstra que os agricultores familiares estatildeo
interessados no lucro de sua produccedilatildeo e natildeo tecircm muita preocupaccedilatildeo com as
praacuteticas que os ambientalistas e produtores orgacircnicos qualificam como sustentaacuteveis
Dessa forma eacute desnecessaacuteria a visatildeo dualista ente pequenos e grandes produtores
agriacutecolas concordando entatildeo com Diniz Filho (2011) quando escreve o texto
intitulado Agricultura familiar e meio ambiente o perigo da simplificaccedilatildeo ideoloacutegica
mencionando que organizaccedilotildees como CNBB e MST buscam toda sorte de
argumentos para contrapor o agronegoacutecio agrave agricultura camponesa afirmando que o
agronegoacutecio destroacutei a natureza por estar preocupado com lucros ao passo que os
agricultores familiares tenderiam a usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis porque
buscam somente reproduzir seu modo de vida
A produccedilatildeo de animais como vacas de leite boi para engorda criaccedilatildeo de
porcos e galinhas tambeacutem eacute comum entre os produtores de fumo como mostra a
figura 11
FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
93
Portanto conforme afirma Ternoski (2013) a renda agriacutecola dos
estabelecimentos familiares eacute composta da venda de produtos agropecuaacuterios e de
autoconsumo O autoconsumo eacute a quantidade que a famiacutelia consome em produtos
que produz no estabelecimento podendo ser de origem animal ou vegetal como
tambeacutem da transformaccedilatildeo caseira ou seja esses produtos complementam a renda
dos agricultores pelo fato de natildeo precisarem ser comparados pois se destinados ao
mercado podem gerar receita
Acesso a tecnologias e ao creacutedito agriacutecola
TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES
Nordm de famiacutelias Percentual () Possui uma estufa eleacutetrica 54 90
Natildeo possui estufa eleacutetrica 6 10
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
A Grande maioria dos fumicultores (90) possui em sua propriedade a estufa
eleacutetrica Essas famiacutelias afirmam que quando mudaram da estufa tradicional para a
eleacutetrica os trabalhos com matildeo de obra diminuiacuteram bastante pois para secar o fumo
na estufa eleacutetrica natildeo eacute necessaacuterio amarrar as folhas de fumo como demonstra a
figura 12 Jaacute nas estufas tradicionais em que a secagem natildeo eacute eleacutetrica a
quantidade de matildeo de obra exigida eacute bem maior como demonstrado na figura 13
As famiacutelias que natildeo possuem estufa eleacutetrica mencionam que natildeo pretendem
produzir por muito tempo o fumo desse modo natildeo seria viaacutevel adaptar ao sistema
eleacutetrico Nas propriedades onde a produccedilatildeo eacute maior de 70000 peacutes existem duas
estufas (figura 14)
94
FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO
Fonte Vilczak A Trabalho de campo (2016)
FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS
95
Fonte KUTZMY A Trabalho de campo (2015)
FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)
TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO
Bens adquiridos Nordm de famiacutelias Percentual ()
Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e terras no espaccedilo rural
20 33
Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e
terreno na cidade
6 10
Casa carro e terra 4 7
Carro casa trator e implementos agriacutecolas
26 43
Somente carro e casa 4 7
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
A partir dos dados acima pode-se notar que todos os entrevistados
conseguiram adquirir bens de capital considerados de grande importacircncia como
terrenos trator implementos agriacutecolas casa lotes no periacutemetro urbano entre outros
bens de menor importacircncia como eletrodomeacutesticos aleacutem dos reparos feitos na
96
propriedade que natildeo foram contabilizados pela pesquisa apesar de mencionados
pelos entrevistados As figuras 15 e 16 satildeo de algumas propriedades de produtores
de fumo entrevistados propriedades essas com casas de alvenaria galpatildeo e carro
Desse modo concorda-se com a tese de doutoramento de Manuel Antonio
Nunguiacutea Payas intitulada Empresaacuterio familial rural a integraccedilatildeo agrave agroinduacutestria de
fumo e diferenciaccedilatildeo em que o autor faz um estudo sobre a produccedilatildeo de fumo no
municiacutepio de Rio AzulPR mencionando que os fumicultores integrados estudados
por ele tiveram um aumento no patrimocircnio e que esses natildeo estatildeo inseridos na
produccedilatildeo somente para satisfaccedilatildeo das necessidades de sobrevivecircncia familiar mas
sim agindo no mercado como empresaacuterios investindo o seu capital nas atividades
com expectativa de maiores lucros e menores riscos ou seja analisando o custo de
oportunidade de cada cultura Nesse sentido para o autor o produtor familiar
integrado eacute um empresaacuterio que apresenta como principal caracteriacutestica a matildeo de
obra e propriedade familiares
FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)
97
FIGURA 16 - BENS ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)
A produccedilatildeo de fumo apesar de ser considerada pelos proacuteprios fumicultores
como uma atividade que exige muita matildeo de obra representou melhoria na
qualidade de vida deles pois grande parte das famiacutelias entrevistadas conseguiu
adquirir bens materiais como terras lotes no periacutemetro urbano casa carro trator
entre outros de menor valor bens esses dificilmente adquiridos somente com
atividades agriacutecolas tradicionais como milho feijatildeo e outros A explicaccedilatildeo para que
esses agricultores familiares escolham primeiramente a produccedilatildeo de fumo e natildeo a
produccedilatildeo de alguma cultura tradicional desenvolvida com grande representatividade
no municiacutepio desde a segunda metade do seacuteculo XIX estaacute no custo de
oportunidade dessa cultura Os fumicultores avaliam primeiramente os ganhos
econocircmicos que essa cultura proporciona em relaccedilatildeo agrave quantidade de terras
disponiacutevel em suas propriedades eou por meio de arrendamento
Outro fato que exemplifica a melhoria da qualidade de vida dos fumicultores
pode ser observado no proacuteprio municiacutepio A regiatildeo Norte de Prudentoacutepolis eacute
caracterizada pela produccedilatildeo de culturas tradicionais sendo que na grande maioria
das vezes essas lavouras satildeo realizadas manualmente devido agrave topografia muito
acentuada 8 Essa regiatildeo eacute considerada como menos desenvolvida que a regiatildeo
central e Sul devido agrave baixa produtividade por unidades familiares
Isso natildeo significa que se esteja afirmando aqui que a soluccedilatildeo econocircmica para
os produtores familiares da regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis seria a
8Atividades agriacutecolas consideradas muitas vezes mais penosas que a proacutepria produccedilatildeo de fumo pois esses agricultores carregam sacas de feijatildeo e de espigas de milho nas proacuteprias costas em terrenos muito iacutengremes aleacutem do plantio e dos tratos culturais realizados manualmente ou com traccedilatildeo animal
98
opccedilatildeo pelo cultivo do fumo Apenas constata-se que a inserccedilatildeo dos pequenos
produtores nos mercados e culturas mais seguras economicamente lhes proporciona
uma melhora econocircmica ao passo que tambeacutem o uso de aparatos tecnoloacutegicos
contribui para o aumento da produtividade e consequentemente ganhos monetaacuterios
maiores
Concorda-se com Schultz (1965) quando defende que a eficiecircncia e a
maximizaccedilatildeo do lucro satildeo partes de um sistema econocircmico eficiente e racional
Esse autor considera que todos os agricultores capitalizados ou de subsistecircncia
analisam a relaccedilatildeo entre a entrada de insumos e os resultados econocircmicos da
mesma maneira que os empresaacuterios modernos sendo o produtor um maximizador
de lucros em busca da eficiecircncia econocircmica
Nesse sentido a modernizaccedilatildeo da agricultura e a expansatildeo dos mercados
contribuiacuteram para de um lado expropriar algumas unidades de produccedilatildeo familiar e
de outro transformar agricultores familiares em empresaacuterios rurais com dependecircncia
tecnoloacutegica e financeira do mercado neste caso prevalecendo agrave racionalizaccedilatildeo
econocircmica e o objetivo principal da unidade de produccedilatildeo passando a ser a inserccedilatildeo
no mercado e a ampliaccedilatildeo dos lucros
TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO)
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
Utiliza Frequentemente essa linha de creacutedito
36 60
Utilizou algumas vezes mas natildeo utiliza mais
5 8
Nunca utilizou esse tipo de creacutedito
19 32
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
A grande maioria dos produtores entrevistados (60) utiliza a linha de creacutedito do
PRONAF tanto o custeio agriacutecola como tambeacutem o PRONAF investimento O
PRONAF custeio estaacute ligado agrave produccedilatildeo de gratildeos (soja milho feijatildeo) e o PRONAF
investimento estaacute voltado para a compra de trator implementos agriacutecolas
99
(plantadeiras carretas pulverizadores) e tambeacutem para investimentos com a
produccedilatildeo leiteira (ordenhadeiras e resfriadores)
Os fumicultores que aderiram ao PRONAF mencionam que o creacutedito agriacutecola
possibilitou a compra de trator e a carreta para o transporte do fumo da lavoura para
a estufa preparo do solo aplicaccedilatildeo de agrotoacutexicos etc aquisiccedilatildeo essa impossiacutevel
com pagamento agrave vista A figura 17 mostra tratores e carretas adquiridos por um
fumicultor morador da Linha Dezembroe por um da Comunidade de Linha Antocircnio
Olinto atraveacutes do PRONAF e conforme relata o fumicultor da Comunidade de Linha
Dezembro
Para noacutes o PRONAF eacute bom que financiamos o trator e outros maquinaacuterios [] antes tinha que trazer o fumo com carroccedila e cavalos agraves vezes os bichos ficavam doente na safra agraves vezes morriam [] agora com o trator e a carreta daacute pra trazer mais fumo da roccedila [] para noacutes deu uma grande diferenccedila (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)
FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
O fumicultor da Linha Dezembro relata que adquiriu o trator no ano de 2011
dando como entrada R$ 10000 teve carecircncia de pagamento por dois anos (2012 e
2013) e o restante do valor seraacute quitado entre 2014 e 2019 com parcelas anuais
entre R$ 9000 e R$ 8000 O mesmo comenta que com o dinheiro do fumo
consegue pagar as parcelas nas datas certas para o banco
Os agricultores que possuem trator fazem trabalhos terceirizados para
aqueles que natildeo possuem obtendo assim uma renda extra durante o ano O
fumicultor da Linha Dezembro afirma tambeacutem que a linha de creacutedito do PRONAF
100
trouxe melhora nas condiccedilotildees de trabalho e financeiras pois aumentaram a
produccedilatildeo e a produtividade
Aqueles que mencionaram terem usado a linha de creacutedito do PRONAF mas
que atualmente natildeo usam mais satildeo aqueles que jaacute compraram os implementos
agriacutecolas de que necessitavam e que compram os insumos para o plantio com
pagamento agrave vista ou a prazo na cooperativa agriacutecola mista de Prudentoacutepolis
(CAMP)
Os que nunca usaram as linhas de creacutedito do PRONAF satildeo fumicultores que
tambeacutem compram com pagamento agrave vista ou a prazo por meio da CAMP para pagar
com a produccedilatildeo Jaacute os que possuem trator compram agrave vista ou de vizinhos e
parentes pagando em prestaccedilotildees anuais sem relaccedilatildeo com bancos Esses alegam
ter receio de natildeo conseguir quitar o financiamento e por isso natildeo aderem ao
PRONAF
Outra forma de transportar o fumo da lavoura para a estufa eacute atraveacutes de
caminhonetes e tambeacutem atraveacutes de carroccedilas como mostra as fotos da figura 18
FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
101
TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
Matildeo de obra empregada na atividade fumageira
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
Somente matildeo de obra familiar
4 7
Contrataccedilatildeo de matildeo de obra em todo o periacuteodo da safra
0 0
Contrataccedilatildeo de matildeo de obra somente para a colheita
18 30
Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras em todo o periacuteodo da safra
8 13
Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras
somente para a colheita
30 50
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Nota-se que 63 das famiacutelias usam o sistema de trocas de dias para a
produccedilatildeo de fumo poreacutem 50 desses fazem parcerias somente nos dias de
colheita os quais variam entre um dia e meio a dois dias Essa parceria eacute feita para
natildeo contratar matildeo de obra poreacutem esses fumicultores tecircm um controle da quantidade
dos dias trocados entre eles e no final da safra aquele que estiver devendo horas
trabalhadas acerta em dinheiro conforme o valor da diaacuteria paga para colheita a qual
estaacute em torno de 100 a 120 reais
O tempo de secagem das folhas de fumo na estufa varia entre cinco e seis
dias Apoacutes secas essas folhas precisam ficar mais um dia dentro da estufa para
esfriar ou seja o periacuteodo entre o dia da colheita e o dia de tirar as folhas de fumo da
estufa varia de oito a dez dias e a quantidade meacutedia de colheitas por safra eacute entre
seis e oito
Nesse sentido os meses de novembro dezembro janeiro e parte de fevereiro
satildeo de trabalho intenso motivo pelo qual muitos dos entrevistados afirmam que a
desvantagem de produzir o fumo estaacute relacionada ao trabalho intenso nesses
meses
As famiacutelias com mais de quatro membros com idade suficiente (18 anos) para
estarem envolvidos na produccedilatildeo de fumo alegam que conseguem vencer
tranquilamente os trabalhos somente com a matildeo de obra familiar e que raramente
102
contratam matildeo de obra para a colheita (figura 19) Nessa perspectiva trabalham
intensamente nos dois dias de colheita e no restante dos dias (quando o fumo estaacute
secando) se dedicam a outras atividades da propriedade
FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
Tipos de famiacutelias Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Famiacutelia com apenas um
membro aposentado 10 17
Famiacutelia com dois membros aposentados
8 13
Famiacutelia com membro que recebe bolsa famiacutelia
5 8
Famiacutelia sem nenhum membro que recebe repasse social
37 62
Total 60 100 QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Os dados mostram que 62 das famiacutelias entrevistadas natildeo se beneficiam de
repasses sociais jaacute 17 das famiacutelias satildeo compostas por um membro que recebe
aposentadoria e 13 delas com dois membros aposentados Esses aposentados
natildeo satildeo os responsaacuteveis pela produccedilatildeo de fumo da famiacutelia poreacutem muitos alegam
que ajudam em tarefas consideradas por eles leves como a classificaccedilatildeo das folhas
do fumo jaacute que eacute realizada em ambientes protegidos das intempeacuteries e sentados
Uma parcela de 8 se beneficia do bolsa famiacutelia poreacutem alegam que esse valor
mesmo ajudando nas necessidades dos filhos natildeo eacute a maior parte da renda familiar
103
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos 0 0 Sempre tem problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina ( doenccedila da folha verde) (
acircnsia vocircmitos e mal estar)
25
42
Jaacute teve problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina
(doenccedila da folha verde) ( acircnsia vocircmitos e mal-estar)
16
27
Nunca teve problemas de sauacutede relacionados agrave
produccedilatildeo de fumo
19
31
Total 60 100 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Ao perguntar sobre intoxicaccedilatildeo dos fumicultores por agrotoacutexicos nenhuma
famiacutelia alegou ter acontecido esse fato com os membros da famiacutelia Afirmam que a
quantidade de agrotoacutexico que passam no fumo eacute menor que na soja milho e feijatildeo e
que quando vatildeo manusear agrotoacutexicos fazem o uso dos equipamentos de proteccedilatildeo
individual jaacute que diferente de outras culturas mecanizaacuteveis a pulverizaccedilatildeo do
agrotoacutexico no fumo eacute totalmente manual
Uma parcela expressiva de 69 alega que pelo menos um dos membros da
famiacutelia tem ou jaacute teve intoxicaccedilatildeo por nicotina ao realizar a colheita de fumo esses
que se apresentam de formas distintas de um indiviacuteduo para outro como acircnsia
vocircmitos mal-estar e insocircnia
Uma porcentagem menor composta por 31 das famiacutelias entrevistadas
dizem que nunca nenhum dos membros teve sintomas diferenciados apoacutes o contato
com a folha de fumo
TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO
Desvantagens da produccedilatildeo de fumo
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
Exige muito trabalho 18 30 Exige muito trabalho e causa
problemas de sauacutede 27 45
Falta de matildeo de obra para contratar
8 13
Natildeo vecirc desvantagens em produzir fumo
7 12
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo ( 2015)
104
Dos entrevistados 30 afirmam que a principal desvantagem eacute a
intensificaccedilatildeo do trabalho principalmente nos dias de colheita e aplicaccedilatildeo de
agrotoacutexicos os quais satildeo feitos manualmente Jaacute 45 deles afirmam que a
produccedilatildeo de fumo aleacutem de exigir muito trabalho tambeacutem traz problemas de sauacutede
normalmente aqueles que satildeo mais sensiacuteveis quando em contato com a nicotina
presente nas folhas do fumo (doenccedila da folha verde)
Outra variaacutevel que 13 dos entrevistados consideram desvantagem eacute a
questatildeo da matildeo de obra visto alegarem que principalmente para aquelas famiacutelias
que satildeo compostas de trecircs a quatro membros e que normalmente produzem uma
quantidade maior que a famiacutelia consiga dar conta tecircm muita dificuldade de encontrar
pessoas disponiacuteveis para contratar tendo assim que aumentar as jornadas de
trabalho ou diminuir a produccedilatildeo
Por fim uma parcela de 12 afirma que natildeo haacute qualquer desvantagem em
produzir fumo justificando que independentemente da atividade a ser realizada
deve-se trabalhar Dentre os entrevistados quatro famiacutelias afirmam que preferem
produzir fumo porque natildeo trabalham nos finais de semana e o trabalho natildeo dura o
ano todo como ocorre na produccedilatildeo leiteira que exige o empenho diaacuterio Para esses
a produccedilatildeo de fumo permite uma flexibilizaccedilatildeo do trabalho bem maior que a
produccedilatildeo de leite Nesse sentido pode-se concluir que cada famiacutelia tem preferecircncias
distintas na escolha da atividade que vai ser desenvolvida na propriedade
TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Sempre lecirc 6 10 Agraves vezes 18 30
Jaacute leu mas natildeo lecirc mais 6 10 Nunca leu 30 50
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
Dentre as famiacutelias entrevistadas nota-se que a metade delas nunca leu o
contrato emitido pela Souza Cruz justificando natildeo ter interesse na leitura ou por
saber do conteuacutedo do contrato por meio de vizinhos ou do instrutor teacutecnico
105
Agraves vezes quando a gente pede o instrutor lecirc direito pra gente pois natildeo tenho muito estudo e demora de mais pra ler tudo (Fumicultor da comunidade de Linha Antocircnio Olinto) Natildeo leio porque jaacute sei o que estaacute escrito todo ano eacute igual (Fumicultor da comunidade de Linha Visconde de Guarapuava) Natildeo leio a gente confia na firma (Fumicultor da comunidade de Linha Marcondes) Leio todo o contrato mas depois que assino e que instrutor vai embora (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)
A baixa escolaridade juntamente com poucos haacutebitos de leitura satildeo os
principais fatores que geram contratos assinados sem preacutevias leituras
Expectativas das famiacutelias em permanecer na atividade fumageira
Pretensotildees Nordm de famiacutelias Percentual ()
Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo por tempo
indeterminado
35 58
Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo poreacutem
diminuir a produccedilatildeo
18 30
Pretende parar completamente com a produccedilatildeo de fumo em
pequeno prazo de tempo (1 a 3 anos)
7 12
Total 60 100
QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Conforme demonstrado na tabela acima 58 das famiacutelias pretendem
permanecer com a produccedilatildeo de fumo por tempo indeterminado Jaacute 30 delas
pretendem continuar poreacutem diminuir o volume produzido Essas 30 das famiacutelias
mencionam que querem diminuir a produccedilatildeo pela falta de matildeo de obra uma vez que
os filhos estatildeo com intenccedilatildeo de sair de casa por motivos distintos como estudar
trabalhar em outro ramo etc
Outros 7 do total dos entrevistos tecircm a intenccedilatildeo de parar de produzir fumo
nos proacuteximos trecircs anos afirmando que vatildeo migrar para setores mais competitivos
106
como a soja e o leite Outros afirmam que querem parar porque jaacute estatildeo
aposentados e os filhos pretendem trabalhar em outras atividades de modo que a
famiacutelia tende a ficar pequena demais para essa cultura
Com relaccedilatildeo agrave venda da produccedilatildeo de fumo todos os entrevistados afirmam
que vendem a produccedilatildeo para a empresa integrada poreacutem os quilos produzidos
excedentes ao contrato firmado agraves vezes satildeo vendidos para atravessadores ou ateacute
mesmo para outras empresas Os fumicultores mencionaram que no geral tecircm
uma relaccedilatildeo tranquila com a empresa poreacutem existem safras em que o preccedilo do
quilo do fumo do ponto de vista deles deveria ser maior Esse fato eacute entendido pelo
paradigma da agricultura camponesa como conflito entre a territorialidade
corporativa Souza Cruz e a territorialidade dos fumicultores pelo fato de agricultor
natildeo ter autonomia de decisatildeo do preccedilo pago por quilo do fumo existindo entatildeo certo
conflito muitas vezes ldquosilenciosordquo entre essas territorialidades
Todavia o paradigma da agricultura familiar por natildeo estar baseado em
teorias anticapitalistas explica os processos de formaccedilatildeo de preccedilos a partir de
pressupostos teoacutericos diferentes Numa economia de mercado o vendedor jamais
possui autonomia plena para decidir o preccedilo do seu produto pois satildeo os
compradores que avaliam de acordo com seus objetivos e necessidades quanto
estatildeo dispostos a pagar por um bem ou serviccedilo Mas ao mesmo tempo os
compradores tambeacutem natildeo possuem autonomia para decidir o preccedilo de um produto
ao seu bel prazer pois se o vendedor natildeo considerar a venda vantajosa deixaraacute de
produzir ou de revender o produto em questatildeo para se dedicar a outra atividade
econocircmica mais rentaacutevel No caso em pauta a Souza Cruz eacute obrigada a pagar um
preccedilo que supere o custo de oportunidade para os agricultores familiares de
produzir leite feijatildeo soja ou qualquer outro produto sob pena de a empresa perder
seus fornecedores
Nesse sentido vale recordar as informaccedilotildees apresentadas na Tabela 15 visto que
20 dos entrevistados afirmam ter escolhido produzir fumo devido agrave renda que essa
cultura oferece e tambeacutem agrave garantia de venda b) 58 responderam que essa
escolha se deu em funccedilatildeo da renda da venda garantida e tambeacutem da pouca
disponibilidade de terras em suas propriedades c) 10 citaram apenas a pouca
disponibilidade de terras como motivo para plantar fumo d) 12 afirmaram que essa
opccedilatildeo se daacute apenas pela falta de outras opccedilotildees
107
Outro fator que regula o valor pago por quilo de fumo como jaacute demonstrado no
trabalho estaacute relacionado a oferta e demanda do produto pelo mercado A safra de
20152016 eacute um exemplo na qual devido ao baixo estoque de fumo nos armazeacutens
das empresas e pela procura desse produto por parte dos consumidores o valores
pagos por quilo de fumo aumentaram fato esse notado tambeacutem em outros produtos
do setor do agronegoacutecio
Isso indica que o paradigma da agricultura familiar eacute o que se mostra coerente com
os dados da pesquisa de campo pois fica claro que os produtores familiares optam
pelo fumo em funccedilatildeo de um caacutelculo dos custos de oportunidade que considera os
fatores rentabilidade garantia de renda e disponibilidade de terra de sorte que os
preccedilos praticados pela Souza Cruz tecircm um patamar miacutenimo definido pela avaliaccedilatildeo
que os agricultores fazem desses custos E essa conclusatildeo eacute reforccedilada quando se
relembram as informaccedilotildees da Tabela 19 posto que apenas 33 dos entrevistados
se dedicam exclusivamente ao fumo enquanto os demais produzem e
comercializam tambeacutem outros tipos de produtos tais como leite soja e feijatildeo
Mais uma vez verifica-se que cada famiacutelia tem projetos distintos os quais
estatildeo intrinsecamente relacionados agrave estrutura familiar agrave disponibilidade de terras e
outros fatores gerando estrateacutegias diferenciadas para se reproduzir no campo
havendo desde aqueles produtores que vecircm na atividade fumageira o seu futuro ateacute
aqueles que pretendem migrar o mais raacutepido possiacutevel para outra atividade Nesse
sentido vemos que essas famiacutelias buscam ser competitivas nas atividades que
realizam se dedicando agravequelas que julgam mais rentaacuteveis eou combinando duas ou
mais culturas para obter mais vantagens
108
V - CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O desenvolvimento desta pesquisa baseada no estudo de caso de uma
amostragem de produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis contratados pela
empresa Souza Cruz permitiu demonstrar que os agricultores familiares
entrevistados buscam atraveacutes de suas condiccedilotildees de produtor se inserir em setores
que permitem maximizar seus lucros Portanto a realizaccedilatildeo desta pesquisa eacute
pertinente pelo fato de mostrar que os fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de
commoditie atraveacutes de uma cadeia produtiva competitiva
Dessa forma a caracterizaccedilatildeo dos fumicultores a partir dos grupos A B C e
D se justifica por apresentarem dados oficiais e sistematizados o que contribui para
natildeo generalizar os resultados somente a partir da amostragem dos fumicultores
entrevistados nos trabalhos de campo Demonstrando que no municiacutepio de
Prudentoacutepolis a maior parte dos fumicultores se aproxima daqueles agricultores
familiares do tipo A e B Ou seja aqueles capitalizados e em processo de
capitalizaccedilatildeo indicando que a cultura de fumo estaacute dentre aquelas que geram uma
taxa de pobreza menor no meio rural Essa constataccedilatildeo tambeacutem eacute notada a partir
das entrevistas de campo conforme demonstrado na Tabela 22 posto que todos os
entrevistados conseguiram com a renda do fumo adquirir bens de capital como casa
carro trator terra de cultivo lote no periacutemetro urbano aleacutem daqueles bens de capital
como os eletrodomeacutesticos
Com isso a visatildeo dualista entre agricultura familiar e agronegoacutecio natildeo eacute
compreendida com adequada nesse trabalho pelo fato de existirem muitas formas
de agricultores familiares que se aproximam ao padratildeo do agronegoacutecio como por
exemplo os fumicultores que estatildeo no grupo A e B Desse modo compreende-se
que os fumicultores entrevistados da mesma forma que a agricultura patronal
buscam atraveacutes da modernizaccedilatildeo e do uso de insumos agriacutecolas (agrotoacutexicos e
fertilizantes) meios para permanecerem integrados e competitivos no mercado
Os fumicultores estatildeo inseridos ao complexo agroindustrial fumageiro e por
conseguinte estatildeo prosperando economicamente concordando-se entatildeo com os
pressupostos teoacutericos voltados ao paradigma da agricultura familiar e com autores
como Valente (2008) Diniz (2011) e Navarro (2014) que natildeo costumam fazer uma
109
oposiccedilatildeo radical entre agricultura familiar e agronegoacutecio ao ponto de existir
conflitualidades de interesses entre ambos Ou seja conflito entre a territorialidade
coorporativa da induacutestria fumageira e a territorialidade da agricultura familiar
camponesa
Desse modo a pesquisa tambeacutem natildeo tem por objetivo afirmar que no Brasil
natildeo existam sistemas de produccedilatildeo camponesa poreacutem os dados de campo mostram
que no caso em estudo 67 dos entrevistados natildeo produzem somente fumo e que
esses estatildeo inseridos em outras cadeias produtivas como leite feijatildeo soja e milho
ou seja os fumicultores tem mais opccedilotildees poreacutem acham interessante continuar com o
fumo Esses dados natildeo satildeo diferentes do restante do Brasil natildeo generalizando
somente a partir dos entrevistados
Apesar das oscilaccedilotildees no volume produzido como tambeacutem em relaccedilatildeo ao
mercado do fumo no Brasil e consequentemente no municiacutepio de Prudentoacutepolis
conforme exposto nos capiacutetulos II e III nota-se que essa cultura proporcionou a
ascensatildeo econocircmica desses agricultores familiares sendo que muitos desses
pequenos capitalistas como jaacute mencionado conseguiram adquiri terras para entatildeo
competir nos setores de gratildeos como a soja e o milho que a competitividade eacute
melhor para grandes proprietaacuterios querendo assim dar esse salto e ao mesmo
tempo trabalhando com a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo com intuito de deixar a renda
da propriedade menos vulneraacutevel A partir desses fatos e de acordo com os
resultados dos dados de campo eacute coerente dizer que o direcionamento dos
agricultores entrevistados para o cultivo de culturas que tem maior rentabilidade
proporcionou melhoras nas condiccedilotildees econocircmicas da famiacutelia pois somente com a
lavoura tradicional e pequena criaccedilatildeo de animais natildeo seria possiacutevel conquistar bens
de capital
Nesse sentido Navarro (2014) aponta que o preccedilo dos alimentos consumidos
pelos brasileiros em termos de reais diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas devido a inserccedilatildeo
dos pacotes tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo agriacutecola que proporcionaram o aumento
da produtividade e a consequente queda do preccedilo final contribuindo para a
facilidade de acesso desses produtos por parte da populaccedilatildeo jaacute em contra partida o
custo para uma pessoa manter seu haacutebito de fumar aumentou Ou seja os
agricultores que permaneceram ou inseriram-se na produccedilatildeo de fumo tiveram um
aumento na sua rentabilidade
110
Dessa forma eacute certo que os agricultores familiares entrevistados da mesma
forma que os agricultores patronais buscam aumentar seus rendimentos uma vez
que os dados de campo mostram que uma porccedilatildeo dos fumicultores tem pretensotildees
de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou seja agem no mercado
como pequenos capitalistas Poreacutem esses agricultores ainda natildeo migram totalmente
para outras atividades por ser esta uma das poucas cadeias produtivas compatiacuteveis
com as suas condiccedilotildees de produtor Tambeacutem muitos produtores podem encontrar
dificuldades em migrar para outras culturas que exigem maiores recursos
(SCHOENHALS et al 2009) necessitando assim de linhas de creacuteditos agriacutecolas
direcionados para esses agricultores
Os autores como Fernandes (2008) e Roos (2015) que trabalham na
perspectiva do paradigma da agricultura camponesa afirmam haver conflitualidade
entre os camponeses e as agroinduacutestrias que trabalham no sistema de produccedilatildeo
integrada como eacute o caso da agroinduacutestria fumageira afirmando existir uma sujeiccedilatildeo
da renda dos camponeses uma vez que os agricultores camponeses natildeo possuem
autonomia com relaccedilatildeo ao modo de produzir o produto como tambeacutem na hora de
fixar o preccedilo final da safra Poreacutem natildeo eacute levado em consideraccedilatildeo que o preccedilo do
quilo do fumo pago ao produtor contratado estaacute intrinsecamente relacionado a oferta
e demanda do produto por parte do mercado o que expressa adequadamente o
valor marginal pago muitas vezes aos fumicultores visto que a empresa tambeacutem
deve colocar a sua margem de lucro conforme a demanda do produto
Outra questatildeo voltada ao paradigma camponecircs eacute em relaccedilatildeo agrave
industrializaccedilatildeo da agricultura e apontada por Fernandes (2013) como um processo
que resulta no desenvolvimento desigual e contraditoacuterio no campo que deixa as
unidades camponesas de produccedilatildeo se tornar mais vulneraacuteveis ao capital Poreacutem os
dados da Tabela 23 mostram que 68 dos entrevistados usam ou jaacute utilizaram
alguma linha de creacutedito agriacutecola para o investimento em maquinaacuterios agriacutecolas
afirmando que conseguem tem uma produtividade maior e que conseguem pagar as
prestaccedilotildees desses maquinaacuterios tranquilamente
Sabendo que Ploeg (2009) afirma que o camponecircs eacute caracterizado por lutar
por sua autonomia uma vez que conforme apontado pro Thomaz Juacutenior (2008) a
loacutegica do capital impotildee que o agricultor esteja preso a gestatildeo de uma empresa e natildeo
111
mais de sua famiacutelia natildeo se completa para essa pesquisa uma vez que a explicaccedilatildeo
para a empresa estabelecer os seus moldes de produccedilatildeo se baseia na demanda do
produto pelo mercado instituindo assim para os seus contratados os tipos de fumos
com maiores demandas o que justifica a empresa impor o tipo de variedade de fumo
que quer comprar como tambeacutem os tratos culturais necessaacuterios para se chegar ao
produto desejado
Contraditoacuterio ao que foi exposto por Paulino e Almeida (2010) quando
mencionam que o campesinato deve ser considerado como uma contradiccedilatildeo e natildeo
como uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeo capitalista os resultados da
pesquisa mostraram que a articulaccedilatildeo com os modelos de produccedilatildeo capitalistas
proporcionaram a permanecircncia de agricultores familiares no espaccedilo rural uma vez
que os aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo que eacute bastante disseminada entre
agricultores familiares induziram o aumento da rentabilidade diminuindo assim as
taxas de pobreza Aleacutem disso nota-se que o fumicultores sendo pequenos
capitalistas natildeo buscam somente a reproduccedilatildeo do modo de vida mas sim agem no
mercado investindo em setores mais rentaacuteveis adequado para a sua condiccedilatildeo de
produtor com pretensatildeo de torna-se um agricultor ainda mais competitivo
Mais uma vez defende-se que a inserccedilatildeo dos agricultores familiares aos
mercados capitalistas natildeo deve ser entendido a partir de um dualismo estando de
um lado o agronegoacutecio e de outro o camponecircs como jaacute ressaltado por Schneider
(2006) que tanto um quanto outro grupo estaacute interessado em um mesmo processo
que eacute o da produccedilatildeo e o do consumo Nesse sentido eacute importante se trabalhar com
a heterogeneidade da agricultura familiar para assim se pensar como esses
agricultores podem se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo
Portanto a presente pesquisa embasada nos dados de campo mostra que a
cultura de fumo ateacute entatildeo eacute a principal orientaccedilatildeo financeira dos agricultores
familiares entrevistados seguidas de outras estrateacutegias de reproduccedilatildeo como o
cultivo da soja produccedilatildeo de leite feijatildeo milho Demonstrando dessa forma que os
mesmos buscam maximizar seus lucros e diversificar sua produccedilatildeo para diminuir a
vulnerabilidade econocircmica da propriedade Contudo pode afirmar atraveacutes do
paradigma da agricultura familiar que os fumicultores considerados como pequenos
capitalistas se reproduzem no mercado sob pressatildeo das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e
112
da concorrecircncia e buscam ser competitivos natildeo havendo incompatibilidade ou
conflitos dos agricultores familiares para com o capital
113
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1
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2
ANEXOS
1ordm Trabalho de Campo Conhecimento da aacuterea de estudo e visita a 10 propriedades que produzem fumo haacute mais de 10 anos Data do campo mecircs de Julho e Agosto de 2014
1) Qual foi o ano em que iniciou as atividades na produccedilatildeo de fumo
2) Qual eacute o motivo que trabalha na produccedilatildeo do fumo
3) A matildeo de obra na atividade fumageira eacute muito desgastante
4) Sua propriedade eacute diversificada Quais as culturas que produz na
propriedade aleacutem do fumo
5) Qual eacute a maior renda da propriedade
6) Como eacute feita a classificaccedilatildeo das folhas de fumo destinadas a venda
2ordm Trabalho de campo Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Aplicado ao orientador teacutecnico da Souza Cruz o qual representa a Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis Orientador teacutecnico Tarciacutesio Kraiczek Data da entrevista 13072015
1 Quantos orientadores teacutecnicos a empresa possui no municiacutepio de
Prudentoacutepolis
2 Haacute quantos anos vocecirc trabalha na assistecircncia teacutecnica para os
fumicultores associados da Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis
3 Quantos associados a empresa Souza Cruz teve na safra de 2014
4 Quais satildeo as empresas fumageiras concorrentes da Souza Cruz no
municiacutepio Qual a relaccedilatildeo entre essas empresas
5 A empresa Souza Cruz tem alguma unidade de recebimento do fumo no
municiacutepio de Prudentoacutepolis para a produccedilatildeo ficar armazenada antes de
ser enviado para uma usina de Processamento de fumo
3
6 Para qual das trecircs usinas de processamento o fumo produzido no
municiacutepio eacute envido
7 A empresa tem uma cota miacutenima e maacutexima de peacutes de fumo por
produtor
8 Qual eacute a meacutedia de peacutes de fumo uma pessoa consegue produzir por
safra
9 No seu ponto de vista como orientador teacutecnico como se daacute a relaccedilatildeo
entre a empresa Souza Cruz e os fumicultores do municiacutepio
10 Qual a relaccedilatildeo da empresa para com os projetos de diversificaccedilatildeo da propriedade
3ordm Trabalho de Campo Entrevista de campo para obtenccedilatildeo de dados socioeconocircmicos dos produtores
de fumo da empresa Souza Cruz do municiacutepio de Prudentoacutepolis - PR
Data do campo Novembro e Dezembro de 2015 1- Caracterizaccedilatildeo da famiacutelia
Membros Idade Gecircnero Escolaridade (escola puacuteblica ou privada)
Fumicultor Eacute fumante
Motivos do ecircxodo
1 2 3 4 5 6 7 8
2- Haacute quantos anos trabalha na atividade fumageira
3- Qual o motivo pela opccedilatildeo de produzir fumo
4- Pretende permanecer na atividade fumageira Quais motivos Por qual
atividade substituiria a produccedilatildeo de fumo
4
5- Possui estufa eleacutetrica de secagem do fumo
6- Quais bens capitais vocecirc conseguiu adquirir com a renda oriunda da
produccedilatildeo de fumo
7- Possui na propriedade
( ) Trator ( ) Carro ( ) moto ( ) telefone ( ) internet
8- Posse da terra e quantidade de alqueires
( ) Proacutepria ____ ( ) Arrendada e Parceiro _____
( ) Arrendada ____ ( ) Proacutepria e Arrendada _____
( ) Proacutepria e Parceiro ____
9- Se for proacutepria como adquiriu essas terras
10- Satildeo plantados por ano quantos peacutes de fumo Quantidade de aacuterea
utilizada
11- Faz contrataccedilatildeo de matildeo de obra para a produccedilatildeo de fumo
( ) Sim ( ) Natildeo
12- Se existe a contrataccedilatildeo de matildeo de obra em que periacuteodo da safra
acontece
( ) Todo o periacuteodo da safra ( ) Tratos culturais ( ) Plantio ( )
Classificaccedilatildeo ( ) Colheita
13- Vocecirc lecirc o contrato da sua produccedilatildeo com a empresa Souza Cruz
Justifique
14- Aleacutem da produccedilatildeo de fumo quais outras atividades agropecuaacuterias satildeo
realizadas na propriedade para garantir a renda da famiacutelia
Para comercializaccedilatildeo Para consumo na propriedade
5
15- De qual atividade realizada na propriedade vem a maior renda
16- Como eacute a sua relaccedilatildeo com a empresa descreva o seu ponto de vista
17- Vende toda a produccedilatildeo para a empresa associada
18- No seu ponto de vista quais satildeo as vantagens e desvantagens de produzir
fumo
19- Em relaccedilatildeo agrave sauacutede e produccedilatildeo de fumo houve casos na famiacutelia de
A) Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos
B) Intoxicaccedilatildeo por nicotina (doenccedila da folha verde)
C) Problemas ortopeacutedicos
D) Transtornos mentais (depressatildeo ansiedade esquizofrenia etc)
E) Outros __________________________________________
20- Haacute incentivos governamentais para o desenvolvimento de outras atividades
e o consequente abandono do ramo fumageiro Se sim quais e por que natildeo
houve migraccedilatildeo para outra atividade
21- A partir do momento em que vocecirc comeccedilou a produzir o fumo acha que
suas condiccedilotildees financeiras melhoraram
22- Participa do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar)
23- Na famiacutelia tem algum membro que recebe algum tipo de repasses de
programas sociais Se sim quais
24- Vocecirc tem conhecimento de algum projeto de diversificaccedilatildeo de
propriedades que estaacute sendo realizado por oacutergatildeos puacuteblicos no municiacutepio
7
RESUMO O presente trabalho visa analisar os resultados obtidos pela agricultura familiar no cultivo do fumo levando em consideraccedilatildeo as razotildees econocircmicas pela opccedilatildeo em produzir a cultura Desse modo o estudo de caso dos fumicultores de Prudentoacutepolis-PR fornece subsiacutedios para a avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural e ciecircncias afins ou seja o paradigma da agricultura familiar e da agricultura camponesa Para tanto utilizou-se de revisotildees bibliograacuteficas de autores que trabalham nas distintas linhas paradigmaacuteticas como tambeacutem da caracterizaccedilatildeo dos agricultores familiares produtores de fumo atraveacutes do uso de fontes secundaacuterias (Censos agropecuaacuterios) aleacutem da aplicaccedilatildeo de questionaacuterios para um universo de sessenta fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz em Prudentoacutepolis A partir das revisotildees bibliograacuteficas e dos dados obtidos no estudo de caso levantou-se a hipoacutetese de que o paradigma da agricultura camponesa natildeo eacute adequando para explicar a realidade estudada Palavras chave Agricultura Familiar Fumicultura Abordagens Paradigmaacuteticas
ABSTRACT
The aim of this study is to analyze the results obtained by family farming in the cultivation of tobacco considering the economic reasons for the choice to produce the crop Thus the case study of Prudentoacutepolis-PR tobacco growers provides subsidies for the critical evaluation of the two main paradigms of agro studies in rural geography and related sciences that is the paradigm of family farming and peasant farming For this purpose bibliographic reviews of authors working in different paradigmatic lines were used as well as the characterization of family farmers tobacco growers through the use of secondary sources (Census of agriculture) and the application of questionnaires to a group of sixty tobacco growers hired by Souza Cruz company in the city of Prudentoacutepolis From the literature review and the obtained data in the case study we raised the hypothesis that the paradigm of peasant farming is not suitable to explain the studied reality Keywords Family farming Tobacco Farming Paradigmatic Approaches
8
LISTA DE SIGLAS
AFUBRA - Associaccedilatildeo dos Fumicultores do Brasil
BAT - British American Tobacco
CBFF ndash Companhia Brasileira de Fumo em Folha
DERAL - Departamento de Economia Rural
EMATER ndash Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural
IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social)
PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
SEAB - Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento
SINDITABACO ndash Sindicato Interestadual da Induacutestria do Tabaco
9
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA 46 Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 59 FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 60 FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES 62 FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 63 FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR 64 FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR78 FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 79 FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO 90 FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE 91 FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA 92 FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO 94 FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS 94 FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO 95 FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA 96 FIGURA 16 - BENS ADQUiRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA 97 FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF 99 FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA 100 FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO 102
10
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL 39 TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO 41 TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013 42 TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012 42 TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute 46 TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006 48 TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006 50 TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006 51 TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000 52 TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006 53 TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012 54 TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010) 55 TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE 84 TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 85 TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 86 TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS 87 TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 88 TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES 88 TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES 89 TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE 91
11
TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES 93 TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO 95 TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO) 98 TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO101 TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO 103 TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS 104
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA 36 QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL 44 QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314 47 QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010) 56 QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR 65 QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR66 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR 66 QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006 71 QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 72 QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR 72 QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES 74 QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS 75 QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 81 QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 82 QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 84
12
QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS 102 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS 103 QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 105
LISTA DE GRAacuteFICOS
GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO45 GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS 67
13
SUMAacuteRIO INTRODUCcedilAtildeO 14 CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS 19
11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA 19
12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR 23
13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS 27
CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32
21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32 22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL 47
CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO 58
31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR 58
32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS 69
CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO 76 41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES 78 REFEREcircNCIAS 113 ANEXOS 2
14
INTRODUCcedilAtildeO
De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de
fumo sendo que essa produccedilatildeo encontra-se concentrada nos estados do Rio
Grande do Sul Santa Catarina e Paranaacute alimentando uma cadeia produtiva com
envolvimento de 25 milhotildees de pessoas o qual inclui setores como a produccedilatildeo
transporte comercializaccedilatildeo industrializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e exportaccedilatildeo (AFUBRA
2011)
No municiacutepio de Prudentoacutepolis a atividade fumageira tem grande relevacircncia
econocircmica principalmente para a agricultura familiar uma vez que os dados do
Censo Demograacutefico de 2010 mostram que 54 da populaccedilatildeo residem na aacuterea rural
existindo um nuacutemero maior de unidade de produccedilatildeo familiar em detrimento das
unidades patronais de produccedilatildeo
A produccedilatildeo de fumo em Prudentoacutepolis eacute realizada somente nas regiotildees
Central e Sul do municiacutepio devido ao clima e topografia dos solos favoraacuteveis agrave
cultura Outro fator que tambeacutem ocasiona a atraccedilatildeo para a fumicultura eacute a
possibilidade de usufruir de pequenas aacutereas de terras deixando disponiacutevel o
excedente da propriedade para outras atividades que somem na geraccedilatildeo de renda
Nesse sentido o objetivo da pesquisa eacute analisar os resultados obtidos pela
agricultura familiar com essa cultura e as razotildees econocircmicas de sua opccedilatildeo pelo
fumo Portanto uma contribuiccedilatildeo desse estudo de caso eacute fornecer subsiacutedios para a
avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural
e ciecircncias afins
Para a realizaccedilatildeo do presente trabalho foi fundamental atraveacutes das
abordagens sobre a agricultura familiar e camponesa avaliar se realmente existe
uma oposiccedilatildeo entre agricultor familiar e o agronegoacutecio no caso do setor fumageiro
uma vez que o fumo eacute uma commoditie de exportaccedilatildeo e a produccedilatildeo eacute realizada por
pequenos produtores Para tanto foi realizada uma revisatildeo bibliograacutefica sobre os
paradigmas da agricultura familiar e da agricultura camponesa na geografia rural e
aacutereas de pesquisa afins com a finalidade de identificar os conceitos de territoacuterio e
territorialidade derivados desses paradigmas Foram feitas tambeacutem uma
caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de
15
fontes secundaacuterias (Censos Agropecuaacuterios e outras) e uma pesquisa de campo
mediante a aplicaccedilatildeo de questionaacuterio com o fim de caracterizar os produtores rurais
desse municiacutepio contratados pela empresa Souza Cruz como fornecedores de
tabaco
Nesse sentido buscou-se metodologicamente envolver teacutecnicas de base
qualitativa sendo que esse tipo de abordagem se caracteriza por ldquoanalisar e
interpretar os dados refletir e explorar o que eles podem propiciarrdquo (OLIVEIRA
2010) A pesquisa quantitativa tambeacutem faz parte deste estudo uma vez que traz
algumas teacutecnicas que possibilitam a busca de informaccedilotildees e dados mais amplos
muitas vezes impossiacuteveis de serem alcanccedilados somente pelo pesquisador como por
exemplo aqueles dados disponibilizados pelos oacutergatildeos puacuteblicos como EMATER
(Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural) IPARDES (Instituto Paranaense
de Desenvolvimento Econocircmico e Social ) IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatiacutestica) e DERAL (Departamento de Economia Rural) O meacutetodo quantitativo
considera que tudo eacute quantificaacutevel ou seja significa traduzir opiniotildees e informaccedilotildees
em nuacutemeros que seratildeo classificados e analisados
Os meacutetodos qualitativos e quantitativos natildeo se excluem Embora difiram quanto agrave forma e agrave ecircnfase os meacutetodos qualitativos trazem como contribuiccedilatildeo ao trabalho de pesquisa uma mistura de procedimentos de cunho racional e intuitivo capazes de contribuir para a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos Pode-se distinguir o enfoque qualitativo do quantitativo mas natildeo seria correto afirmar que guardam relaccedilatildeo de oposiccedilatildeo (POPE MAYS 1995 p42)
Sendo assim no iniacutecio do desenvolvimento do presente estudo foi realizada
uma entrevista com questotildees semiestruturadas (em anexo) para um grupo de dez
fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz e que estatildeo na atividade
fumageira haacute mais de dez anos Esse puacuteblico foi escolhido intencionalmente a partir
dos dados da localizaccedilatildeo das propriedades dos associados da empresa no
municiacutepio de Prudentoacutepolis Recorreu-se a esse meacutetodo pois os dados obtidos em
campo eram necessaacuterios para poder avaliar as abordagens ligadas ao paradigma da
agricultura camponesa e da agricultura familiar e que natildeo poderiam ser obtidos
atraveacutes de fontes secundaacuterias
Posteriormente foi realizada uma entrevista com perguntas semiestruturadas
(em anexo) para o instrutor teacutecnico da Souza Cruz jaacute que o mesmo representa a
16
empresa no municiacutepio Essa entrevista teve como objetivo analisar o ponto de vista
da empresa sobre a atividade fumageira na localidade
Ao verificar que em Prudentoacutepolis a produccedilatildeo de fumo acontece somente na
regiatildeo Central e Sul devido ao relevo mais inclinado da regiatildeo norte foi interessante
ir ateacute essa regiatildeo com topografia mais acentuada para analisar os tipos de cultivos
que satildeo realizados O objetivo desse trabalho de campo foi principalmente o de
conhecer a realidade das famiacutelias do municiacutepio natildeo inseridas na cultura do fumo
com visitas a realizar futuras pesquisas sobre a agricultura familiar Assim dado o
caraacuteter complementar e exploratoacuterio desse trabalho a coleta de informaccedilotildees se deu
por meio de conversas informais
Nos meses de novembro e dezembro de 2015 foi realizada outra entrevista
com perguntas semiestruturadas (em anexo) para uma amostragem de sessenta
fumicultores contratados pela Souza Cruz As perguntas feitas nessa entrevista
estatildeo relacionadas basicamente a dados socioeconocircmicos das famiacuteliasos quais
juntamente com dados mais gerais do censo agropecuaacuterio permitem conhecer o
perfil desses fumicultores Portanto as informaccedilotildees referentes a essas entrevistas
apresentam-se mais detalhadas no capiacutetulo IV
Nesse sentido as entrevistas constituem teacutecnicas alternativas para coleta de
dados natildeo documentados sobre determinado tema ldquoEacute uma teacutecnica de interaccedilatildeo
social [] em que uma das partes busca obter dados e outra se apresenta como
fonte de informaccedilatildeordquo (GERHARDT SILVEIRA 2009)
O pesquisador organiza um conjunto de questotildees (roteiros) sobre o tema que estaacute sendo estudado mas permite e agraves vezes ateacute incentiva que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vatildeo surgindo como desdobramentos do tema principal (GERHARDT SILVEIRA 2009)
Para Duarte (2002 p 143) ldquonuma metodologia de base qualitativa o nuacutemero
de sujeitos que viratildeo a compor o quadro das entrevistas dificilmente pode ser
determinado a piorirdquo Ou seja tudo vai estar relacionado com a qualidade das
informaccedilotildees obtidas a partir de cada entrevista sempre levando em consideraccedilatildeo a
profundidade e o grau de recorrecircncia e divergecircncia das informaccedilotildees Enquanto
estiverem aparecendo ldquodadosrdquo originais ou pistas que possam indicar novas
perspectivas aacute investigaccedilatildeo em curso as entrevistas precisam continuar sendo feitas
(DUARTE 2002 p 144)
17
Portanto a pesquisa estaacute estruturada em quatro capiacutetulos sendo que no
primeiro capiacutetulo falar-se-aacute sobre as abordagens ligadas a agricultura camponesa e
agricultura familiar com intuito de apresentar algumas das visotildees de cada
paradigma para que no decorrer do trabalho possa ser feito uma avaliaccedilatildeo dessas
abordagens na produccedilatildeo fumageira como tambeacutem expor o conceito de territoacuterio e
territorialidade que derivam desses paradigmas
No capiacutetulo seguinte visando compreender os fatores que proporcionaram ao
paiacutes se tornar referecircncia no setor fumageiro realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica
da origem do fumo e a sua consequente inserccedilatildeo em uma escala comercial O
estudo desses elementos foi fundamental para entender os motivos que contribuiacuteram
para a inserccedilatildeo da produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Tambeacutem pelo
fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo
de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral
dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura
familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo
do agronegoacutecio
Na sequecircncia o capiacutetulo III mostra os processos de ocupaccedilatildeo do municiacutepio
de Prudentoacutepolis e a consequente inserccedilatildeo da produccedilatildeo fumageira nas unidades de
produccedilatildeo familiar Nesse sentido como o trabalho vem abordando a existecircncia de
uma agricultura familiar heterogecircnea buscou-se conhecer o perfil dos agricultores
familiar do municiacutepio atraveacutes da caracterizaccedilatildeo dessas famiacutelias tendo como escopo
as fontes secundaacuterias do IBGE
No capiacutetulo IV satildeo apresentados os dados do trabalho de campo que foi
realizado com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela empresa
Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Os dados
de campo que retratam a realidade dos entrevistados juntamente com dados
secundaacuterios tecircm por finalidade contribuir na avaliaccedilatildeo dos paradigmas da
camponesa e da agricultura familiar com base no setor fumageiro
Por fim satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais do trabalho seguindo nas
avaliaccedilotildees das abordagens paradigmaacuteticas agrave luz do estudo de caso dos fumicultores
entrevistados mostrando que os agricultores familiares entrevistados buscam
18
atraveacutes de suas condiccedilotildees de tecnologias estrutura fundiaacuteria e matildeo de obra se
inserir em setores mais competitivos visando agrave maximizaccedilatildeo dos lucros
A realizaccedilatildeo dessa pesquisa eacute pertinente pelo fato de mostrar que os
fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de commoditie atraveacutes de uma cadeia
produtiva competitiva levando em consideraccedilatildeo as condiccedilotildees do produtor e
conforme os dados de campo eacute notoacuterio que os entrevistados atraveacutes da renda do
fumo conseguiram adquirir bens capitais de grande importacircncia como a compra de
terra lotes na cidade de carro trator maquinaacuterios agriacutecolas e casa Bens esses que
muitas vezes natildeo conseguiriam adquirir se produzissem somente culturas
tradicionais do municiacutepio como eacute o caso do feijatildeo e milho pelo fato da pequena
quantidade de terras que possuem Dessa forma eacute certo que os agricultores
familiares entrevistados da mesma forma que os agricultores patronais buscam
maximizar seus lucros uma vez que os dados de campo mostram que os
fumicultores tecircm pretensotildees de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou
seja agem no mercado como pequenos capitalistas
19
CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS
Sabe-se que nas ciecircncias sociais existem diferentes concepccedilotildees teoacutericas para
a compreensatildeo do desenvolvimento do capitalismo no campo destacando-se de
um lado o paradigma da Agricultura Camponesa (Questatildeo Agraacuteria) e de outro o
paradigma da Agricultura Familiar (Capitalismo Agraacuterio) Nesse sentido o presente
capiacutetulo expotildee algumas das abordagens ligadas ao paradigma da agricultura
camponesa e das abordagens ligadas agrave agricultura familiar como objetivo de
identificar o conceito de TerritoacuterioTerritorialidade derivados desses paradigmas A
finalidade de entender as correntes de pensamento paradigmaacutetico permitiraacute entatildeo
avaliar essas abordagens agrave luz de um estudo de caso sobre a fumicultura no
municiacutepio de PrudentoacutepolisPR
11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA
As muacuteltiplas formas de interpretaccedilatildeo da questatildeo agraacuteria no espaccedilo rural e
consequentemente do paradigma camponecircs tecircm como principal referecircncia as teorias
marxistas seja as de autores como Lecircnin (1982) e Kautsky (1998) que defenderam
a tese do desaparecimento da classe camponesa e a consequente emergecircncia de
duas classes distintas - a burguesa e a proletaacuteria - como produto da industrializaccedilatildeo
da agricultura seja a de autores como Chayanov (1974) Oliveira (1987) e
Fernandes (1996) entre outros que satildeo contraacuterios agrave teoria sobre a tendecircncia agrave
proletarizaccedilatildeo do campesinato e que defendem a permanecircncia desta classe social
como resultado do processo desigual e contraditoacuterio de desenvolvimento
impulsionado pelo sistema capitalista
Nesse sentido para Fernandes (2008) os estudos feitos agrave luz do paradigma
camponecircs se caracterizam por analisar a luta de classes a conflitualidade e as
contradiccedilotildees inerentes agraves relaccedilotildees capitalistas e natildeo capitalistas de produccedilatildeo1 Um
tema importante nessa linha de pesquisa eacutea sujeiccedilatildeo da renda dos camponeses
perante as empresas que tecircm o monopoacutelio da produccedilatildeo de commodities agriacutecolas
como as agroinduacutestrias fumageiras
1 O campesinato eacute entendido como um sistema produtivo diferenciado do agronegoacutecio
20
Os seguidores do paradigma camponecircs como Fernandes (2013) entendem
que a industrializaccedilatildeo da agricultura resulta em um problema estrutural devido ao
desenvolvimento desigual e contraditoacuterio do capitalismo e que a uacutenica soluccedilatildeo estaacute
na superaccedilatildeo desse sistema pois a industrializaccedilatildeo da agricultura contribui para que
as unidades camponesas de produccedilatildeo se tornem mais vulneraacuteveis ao capital
Para Feliacutecio (2006) nesse paradigma natildeo haacute diferenccedilas entre agricultor
familiar e camponecircs pois ambos satildeo assim definidos por terem a famiacutelia e o trabalho
familiar por caracteriacutestica a qual natildeo objetiva a superaccedilatildeo do trabalho familiar O
termo camponecircs eacute tratado pelos teoacutericos do paradigma do capitalismo agraacuterio como
agricultores familiares nesse sentido
O produtor familiar que utiliza os recursos teacutecnicos e estaacute altamente integrado ao mercado natildeo eacute um camponecircs mas sim um agricultor familiar Desse modo pode-se afirmar que a agricultura camponesa eacute familiar mas nem toda a agricultura familiar eacute camponesa ou que todo camponecircs eacute agricultor familiar mas nem todo agricultor familiar eacute camponecircs (FERNANDES 2001)
Com relaccedilatildeo agrave inserccedilatildeo da agricultura familiar nas formas de produccedilatildeo
capitalistas no campo Thomaz Juacutenior (2008) considera que a loacutegica do capital impotildee
que o agricultor esteja preso agrave gestatildeo de uma empresa e natildeo mais da sua proacutepria
famiacutelia Poreacutem o autor defende que mesmo integrado a essa loacutegica de produccedilatildeo o
camponecircs busca alternativas para natildeo aderir totalmente agraves estruturas mercantis de
produccedilatildeo visando reestabelecer os princiacutepios de sociabilidade e produccedilatildeo para o
autoconsumo Nesse sentido para esse paradigma o camponecircs visa agrave
sobrevivecircncia mas se o capital apresenta uma proposta de parceria de lucros como
na integraccedilatildeo das empresas fumageiras o camponecircs aceita Subordina-se mas se
essa possibilidade de lucro acaba ele volta para a estrateacutegia primeira por natildeo
desejar desfazer-se da terra
Para Shanin (2008) o camponecircs corresponde a um ldquomodo de vidardquo que
envolve um conjunto de elementos como a diversidade nas formas de trabalhar com
a terra Teacutecnicas essas que satildeo passadas de pais para filhos possibilitando estreita
ligaccedilatildeo entre a terra e a famiacutelia uma vez que a famiacutelia eacute dona do proacuteprio trabalho
podendo escolher a melhor forma de fazecirc-lo Tambeacutem enfatiza a especificidade da
loacutegica econocircmica camponesa a qual produz visando a satisfaccedilatildeo das necessidades
21
da famiacutelia sendo capaz de se ajustar aos niacuteveis de remuneraccedilatildeo mais baixos em
momentos desfavoraacuteveis
Ploeg (2009) afirma que o camponecircs de hoje natildeo pode ser compreendido
como sinocircnimo de atraso e sim como um ldquocamponecircs modernordquo inserido na
realidade capitalista poreacutem carregando em seu cerne a condiccedilatildeo camponesa Por
condiccedilatildeo camponesa Ploeg (2009) entende a luta por autonomia e progresso como
uma forma de construccedilatildeo e reproduccedilatildeo de um meio de vida rural em um contexto
adverso caracterizado por relaccedilotildees de dependecircncia marginalizaccedilatildeo e privaccedilatildeo
Portanto para o autor supracitado o campesinato deve ser explicado a partir das
relaccedilotildees de contradiccedilotildeesconflitualidades existentes no espaccedilo rural
Fernandes (2000) ao falar sobre a formaccedilatildeo do campesinato afirma que
essa formaccedilatildeo natildeo acontece somente pela reproduccedilatildeo ampliada das contradiccedilotildees
do capitalismo mas tambeacutem atraveacutes da luta pela terra na qual tem enfrentado a
condiccedilatildeo loacutegica do capital Nesse sentido Ploeg (2009) menciona sobre a dualidade
entre a produccedilatildeo camponesa e a capitalista na qual
[] a agricultura camponesa eacute fortemente baseada no capital ecoloacutegico (especialmente a natureza viva) enquanto que a agricultura empresarial afasta-se progressivamente da natureza Insumos e outros fatores artificiais de crescimento substituem os recursos naturais o que significa que a agricultura estaacute sendo industrializada (PLOEG 2009 p17)
A expansatildeo do modo capitalista de produccedilatildeo (na sua reproduccedilatildeo ampliada do
capital) aleacutem de redefinir antigas relaccedilotildees subordinando-as agrave sua produccedilatildeo
engendra relaccedilotildees natildeo capitalistas iguais e contraditoriamente necessaacuterias agrave sua
reproduccedilatildeo (OLIVEIRA 2010) Nesse sentido para Paulino e Almeida (2010) a
reproduccedilatildeo do campesinato ldquodeve ser entendida a partir das diversas contradiccedilotildees
do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma contradiccedilatildeo e
natildeo de uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeordquo
No que diz respeito agrave produccedilatildeo de fumo para o paradigma camponecircs a
integraccedilatildeo agrave induacutestria fumageira significauma intervenccedilatildeo nos modos de produccedilatildeo
camponesa visando padroniza-los deixando o camponecircs com pouca autonomia para
determinar a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo
Para Fernandes (2008) o sistema de produccedilatildeo do agronegoacutecio eacute distinto do
sistema de produccedilatildeo da agricultura camponesa uma vez que o sistema agriacutecola
22
camponecircs tem por referecircncia a reproduccedilatildeo a biodiversidade e o trabalho familiar
natildeo objetivando o plantio de uma uacutenica cultura para o mercado como no modelo
agroexportador Poreacutem Fernandes (2008 p 166) afirma que como eacute o capital que
controla a tecnologia o conhecimento o mercado e as poliacuteticas agriacutecolas
subalterniza o camponecircs Ou seja para Fernandes o sistema agriacutecola camponecircs
natildeo eacute parte do agronegoacutecio
De acordo Paulino com (2012) os camponeses comparecem ao mundo do
trabalho como entidades familiares Dessa forma como eacute a famiacutelia que se prontifica
em produzir a mateacuteria prima para a induacutestria fumageira entatildeo natildeo se refere agrave venda
do trabalho camponecircs e sim da produccedilatildeo na qual estaacute contida o trabalho familiar o
qual exige um ritmo diferenciado
Roos (2015) salienta que no caso da produccedilatildeo fumageira realizada pelos
camponeses ldquoa racionalidade eacute movida pela necessidade de um espaccedilo que possa
servir a um conjunto de atividadesrdquonatildeo objetivando somente a valorizaccedilatildeo que os
galpotildees e as estufas de fumo possam gerar sobre a renda da terra
Nesse sentido as transformaccedilotildees no campo brasileiro relacionadas ao
processo de modernizaccedilatildeo da agricultura se assentam sobre uma estrutura
complexa compreendida pela integraccedilatildeo da agricultura e da induacutestria caracterizada
na maior parte por produzir produtos de exportaccedilatildeo como eacute o caso das induacutestrias
fumageiras aves e suiacutenos
Portanto para esse paradigma a conflitualidade eacute inerente ao processo de
formaccedilatildeo do capitalismo e do campesinato por causa da contradiccedilatildeo criada pela
destruiccedilatildeo criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo simultacircneas dessas relaccedilotildees sociais (FENANDES
2008) O camponecircs possui um sistema agriacutecola proacuteprio que natildeo faz parte do
agronegoacutecio e apresenta uma loacutegica de reproduccedilatildeo distinta todavia os camponeses
estatildeo subalternos agrave hegemonia daquele modelo de desenvolvimento econocircmico
(ROOS2015)
Roos (2015) ao analisar a obra de Chayanov2 afirma que o deslocamento de
membros da famiacutelia para outras atividades (venda de forccedila de trabalho) estaacute
assentado na satisfaccedilatildeo das necessidades e natildeo na maximizaccedilatildeo de lucros
2 CHAYANOV AV La organizaciacuteon de la unidad econoacutemica campesina Buenos Aries Nueva Visioacuten 1974
23
possiacuteveis (relaccedilotildees capitalistas) pois o principal objetivo das transaccedilotildees
econocircmicas camponesas eacute a reproduccedilatildeo do grupo social
Para Paulino (2003) a heterogeneidade no campo estaacute marcada por dois
tipos de propriedade privada de um lado a propriedade capitalista e de outro a
propriedade camponesa Na propriedade capitalista a terra eacute um objeto de negoacutecio
pelo fato de haver exploraccedilatildeo do trabalho alheio ao passo que a propriedade
camponesa constitui-se em terra de trabalho natildeo tendo como intuito a acumulaccedilatildeo
de capital e sim a sobrevivecircncia familiar Nesse sentido para a autora a dualidade
entre terra de negoacutecios e terra de trabalho se explica com base no caraacuteter
contraditoacuterio do desenvolvimento capitalista
Portanto o camponecircs ao incorporar elementos da loacutegica do agronegoacutecio
como ao plantar fumo e soja utilizando agrotoacutexicos adubos quiacutemicos entre outros
gastos relacionados ao plantio e colheita satildeo compreendidos no paradigma
camponecircs a partir do capital sujeitando e expropriando a renda camponesa e
consequentemente deixando o agricultor mais vulneraacutevel
12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR
No Brasil os estudos e debates sobre a categoria da agricultura familiar
ganharam forccedila a partir do fim da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990
quando essa categoria tem maior representatividade no cenaacuterio socioeconocircmico
brasileiro Inuacutemeros conceitos e caracterizaccedilotildees foram criados para tentar explicar
os indiviacuteduos pertencentes a esse grupo Nesse sentido para Anjos (2003) a
agricultura familiar brasileira se estrutura
ldquocomo uma nova categoria poliacutetica portadora de uma consideraacutevel fonte de legitimidade social que simultaneamente representa os interesses dos pequenos produtores rurais das famiacutelias assentadas dos arrendataacuterios dos agricultores familiares integrados aos complexos agroindustriais e de outros atores sociais do campo brasileirordquo (ANJOS 2003 p 245)
No decorrer da deacutecada de 1990 os estudos voltados para o universo da
agricultura familiare que se destacam na literatura estatildeo em Veiga (1991)
Abramovay (1992) Lamarche (1998) entre outros Esses estudos aleacutem de
trazerem um panorama geral sobre a agricultura familiar daqueles anos tambeacutem
mostraram que as formas familiares de agricultura natildeo eram e nem satildeo
24
homogecircneas poreacutem satildeo importantes para promover o desenvolvimento econocircmico
no Brasil
Abramovay (1992) foi o primeiro no Brasil que distinguiu campesinato de
agricultor familiar afirmando que o agricultor familiar eacute oriundo do camponecircs poreacutem
apresenta distintas formas de organizaccedilatildeo do trabalho tendo como pretensatildeo
inserir-se ao mercado Tambeacutem ao se referir agrave regiatildeo Sul do Brasil o autor afirma
queldquoos agricultores familiares integram-se plenamente a estruturas nacionais de
mercado transformam natildeo soacute sua base teacutecnica mas sobretudo o ciacuterculo social em
que se reproduzem e metamorfoseiam-se numa nova categoria social de
camponeses tornam-se agricultores profissionaisrdquo (ABRAMOVAY 1992 p 126-
127)
Abramovay (1992) Veiga (1991) e Lamarche (1998) entendem que a
agricultura familiar eacute uma categoria que manteacutem a loacutegica familiar de produccedilatildeo
poreacutem estaacute ligada agrave loacutegica capitalista de integraccedilatildeo aos mercados Nesse sentidoo
autor da corrente marxista Claus Germer (1996) alerta para o problema de
conceituar a agricultura familiar em oposiccedilatildeo agrave agricultura patronal o qual favorece
sem sentido a noccedilatildeo de embate entre esses modos de produccedilatildeo
Pensadores da corrente teoacuterica que discutem a agricultura familiar como por
exemplo Valente (2008) Diniz Filho (2011) e Navarro (2014) entre outros natildeo
costumam fazer uma oposiccedilatildeo radical entre a agricultura familiar e o agronegoacutecio
tal como se observa no paradigma camponecircs pelo fato que de alguma forma os
agricultores familiares fazem parte do agronegoacutecio Nesse sentido apontam que a
agricultura familiar brasileira eacute heterogecircnea e necessita ser trabalhada com
tipologias como por exemplo nos estudos organizados por Lamarche (1998) e pela
caracterizaccedilatildeo da agricultura familiar por grupos A B C e D realizados a partir do
estudo ldquoNovo retrato da agricultura familiar brasileira (2000)rdquo Esses estudos
mostram que existem muitas formas de agricultores familiares que se aproximam
bastante do padratildeo do agronegoacutecio Portanto para esse paradigma natildeo haacute
incompatibilidade ou conflitos radicais dos agricultores familiares em relaccedilatildeo ao
capital visto que estatildeo inseridos no mercado
Lamarche (1998) identificou quatro modelos aproximados para distinguir os
tipos de agricultores familiares a partir do tipo e grau de dependecircncia financeira de
mercado e da tecnologia para produccedilatildeo Os quatro modelos consistem em Modelo
empresa caracteriza as unidades produtivas que possuem grande dependecircncia
25
tecnoloacutegica financeira e comercial dependente de matildeo de obra assalariada
(temporaacuteria ou permanente) natildeo possuindo grande apego agrave propriedade (terra)
Modelo empresa familiar satildeo dependentes dos sistemas tecnoloacutegicos financeiros e
de mercado a matildeo de obra eacute familiar tendo por objetivo a reproduccedilatildeo familiar a
partir da terra Modelo agricultura camponesa e de subsistecircncia eacute caracterizada
pelo grande envolvimento da famiacutelia na unidade produtiva pouco dependente de
tecnologias e mercados externos visando satisfazer as necessidades familiares
com pouca produccedilatildeo para comercializar aleacutem de preservarem os patrimocircnios com
intuito de sobrevivecircncia da famiacutelia E por fim o modelo agricultura moderna que eacute
um modelo de agricultura competitiva que estaacute em constante diminuiccedilatildeo das
relaccedilotildees familiares de produccedilatildeo buscando autonomia teacutecnica financeira e de
mercado
Tambeacutem no sentido de entender as caracteriacutesticas do puacuteblico que fazia parte
do rural brasileiro o estudo realizado pela FAOINCRA no ano de 1994 separou os
agricultores entre familiares e patronais sendo que o grupo dos familiares ganhou
outras trecircs subdivisotildees Agricultores Familiares Consolidados que remete aos
agricultores familiares jaacute integrados ao mercado Agricultores familiares em
transiccedilatildeo ou seja aqueles em processo de integraccedilatildeo aos mercados e Agricultores
Familiares Perifeacutericos caracteriacutesticos daqueles com poucas possibilidades de
integraccedilatildeo aos mercados Poreacutem conforme Bittencourt e Peraci (2010) esse
agrupamento da categoria familiar foi utilizado soacute ateacute 1999 quando ganhou outra
classificaccedilatildeo agora a partir de quatro subdivisotildees dos grupos familiares A B C e D
A tipificaccedilatildeo das unidades familiares em quatro grupos eacute produto do estudo
realizado com base nos dados do Censo Agropecuaacuterio de 1996 e coordenado por
Carlos Enrique Guanziroli (FAO) e Silvia Elizabeth Cardin (INCRA) no ano de 2000
intitulado ldquoO novo retrato da agricultura familiar O Brasil redescobertordquoque
objetivou fazer uma nova tipificaccedilatildeo das unidades familiares localizadas no territoacuterio
brasileiro Esse agrupamento foi definido pela Resoluccedilatildeo 2629 de agosto de 1999
a qual foi adotada para que as regras de financiamento fossem mais adequadas agrave
realidade de cada segmento social (Schneider Czala Matei 2004 p 26)
Da mesma forma que os estudos feitos por Lamarche (1998) os resultados
dos trabalhos realizados pela FAOINCRA afirmam que a agricultura brasileira
apresenta uma grande diversidade em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo dos produtores agrave aptidatildeo
da terra agrave disponibilidade de infraestrutura etc natildeo apenas entre as regiotildees mas
26
tambeacutem dentro de cada regiatildeo (Guanziroli Cardin 2000) Esses autores insistem
na importacircncia de aprofundar o conhecimento dessas realidades do espaccedilo rural
com o intuito de incorporar de forma efetiva esses conhecimentos ao planejamento
de poliacuteticas puacuteblicas
Como o presente estudo objetiva a identificaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo dos
produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis atraveacutes da tipologia dos grupos
familiares eacute fundamental detalhar as caracteriacutesticas de cada grupo3 Agricultores
Familiares tipo A considerados como os mais capitalizados e muito integrados ao
mercado Agricultores Familiares tipo B que estatildeo em vias de capitalizaccedilatildeo e
integrados ao mercado Agricultores Familiares tipo C que se apresentam em vias
de descapitalizaccedilatildeo e pouco integrados aos mercados e os Agricultores Familiares
tipo D sendo compreendidos como descapitalizados
Essas delimitaccedilotildees estabelecidas entre a agricultura familiar e a patronal
como tambeacutem na diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os proacuteprios agricultores
familiares proporcionou a identificaccedilatildeo dos distintos graus de desenvolvimento e
das distintas loacutegicas adotadas para a reproduccedilatildeo familiar
Para esse paradigma o agricultor familiar natildeo eacute um camponecircs mas sim um
empresaacuterio capitalista de pequeno porte inserido no mercado e que busca
maximizar a sua produccedilatildeo mas como eacute de pequeno porte ainda natildeo se
desvinculou totalmente do processo produtivo necessitando da matildeo de obra familiar
para o desenvolvimento das atividades a qual eacute caracteriacutestica das unidades
familiares No caso da produccedilatildeo de fumo conforme se veraacute com detalhes adiante o
pequeno capitalista estaacute presente em todo o processo desde o plantio ateacute a venda
da produccedilatildeo
Schneider (2006) menciona a falta de compreensatildeo dos modos familiares e
sua inserccedilatildeo nos mercados capitalistas uma vez que se deixam enredar no debate
sobre um suposto dualismo entre o agronegoacutecio e agricultura familiar como se os
3Considera-se que a tipologia elaborada pela FAOINCRA (2000) busca estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares dando-se em funccedilatildeo do custo de oportunidade do trabalho dado esse obtido atraveacutes do valor da diaacuteria regional mais 20 Tambeacutem o universo familiar foi delimitado atraveacutes das variaacuteveis em que a direccedilatildeo dos trabalhos do estabelecimento era exercida pelo produtor o trabalho familiar era superior ao trabalho contratado e por fim a aacuterea regional que varia de 4 ateacute 15 moacutedulos fiscais
27
envolvidos natildeo estivessem interessados em um mesmo processo ou seja da
produccedilatildeo e do consumo Nessa mesma linha de pensamento Veiga (2004) afirma
que ldquoo agronegoacutecio no Brasil natildeo eacute soacute uma atividade de grandes produtores e que
natildeo haacute oposiccedilatildeo com agricultura familiarrdquo uma vez que a agricultura familiar
sustenta um dos ramos mais bem sucedidos do agronegoacutecio como as cadeias
produtivas de exportaccedilatildeo de frango suiacutenos e tambeacutem com grande expressividade
a cadeia do fumo
O agronegoacutecio eacute composto fundamentalmente por agricultores familiares Eles conseguiram se firmar em setores extremamente modernos como a produccedilatildeo de aves suiacutenos fumo produtos esses ligados a mercados internacionais (ABRAMOVAY 2003 p 7)
De acordo com Valente (2008) vem sendo estabelecido o consenso de que
as atividades desenvolvidas ao longo da cadeia produtiva tanto patronais quanto
familiares satildeo complementares Nessa perspectiva menciona que faz-se necessaacuterio
um estudo do que aproxima e do que afasta aqueles que se inserem no agronegoacutecio
para assim ser possiacutevel pleitear distintas poliacuteticas agriacutecolas de acordo com os
interesses de casa categoria
Enquanto Fernandes (2001)Paulino (2003)Oliveira (2004) e Roos (2015)
defendem a oposiccedilatildeo do agronegoacutecio agrave agricultura familiar devido agraves
conflitualidades entre as classesSchneider (2006) Navarro (2007 2014) Valente
(2008) Diniz Filho (2011) e Jank (2006) consideram falso esse dualismo entre a
agricultura familiar e o agronegoacutecio uma vez que os agricultores buscam maximizar
seus lucros Nesse sentido afirma Jank (2006) que
O Brasil tem sido proacutedigo em produzir falsas dicotomias como a ideia do agronegoacutecio contra a pequena agricultura a agricultura patronal contra a agricultura familiar ou grandes produtores contra os sem-terra [] caso uacutenico no mundo o Brasil tem dois ministeacuterios da agricultura vivendo uma guerra surda por atenccedilatildeo e recursos um cuidando de mecanismos tradicionais de poliacuteticas agriacutecolas e o outro da reforma agraacuteria e da agricultura familiar (JANK 2006 P a2)
13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS
28
O estudo do territoacuterio vem sendo constituiacutedo em uma tradiccedilatildeo do pensamento
geograacutefico nos uacuteltimos 100 anos (VALVERDE 2004) Instintivamente o seu conceito
remota agrave ideia de lugar espaccedilo de residecircncia ou local onde se desenrolaratildeo as
muacuteltiplas relaccedilotildees entre os agentes sejam sociais ou econocircmicos (MARIANI
ARRUDA 2010)
Nesse ponto de vista Fernandes (2008) cita que a globalizaccedilatildeo e a hegemonia
das poliacuteticas neoliberais provocaram a emergecircncia do conceito de territoacuterio em duas
direccedilotildees De um lado os estudos sobre territoacuterios feitos agrave luz do paradigma
camponecircs e de outro o estudo de territoacuterio a partir do paradigma da agricultura
familiar O territoacuterio para o paradigma camponecircs eacute explicado a partir da criacutetica aos
modelos de produccedilatildeo capitalista sendo que as anaacutelises satildeo feitas sob a oacutetica de
territoacuterio multidimensional entendido a partir das conflitualidades e contradiccedilotildees
entre as classes sociais
Jaacute o paradigma da agricultura familiar ao analisar o territoacuterio natildeo utiliza os
procedimentos para estudar as conflitualidades e sim trabalha com o objetivo de
classificar as desigualdades sociais Nesse sentido o tema de estudo predominante
nesse paradigma eacute a reproduccedilatildeo das relaccedilotildees capitalistas ou seja a forma como os
agricultores buscam se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo sem que haja
uma conflitualidade entre classes ou territoacuterios No caso dos conflitos existentes no
campo para o paradigma da agricultura familiar deve-se trabalhar a partir do grau
que esses conflitos acontecem natildeo generalizando a partir de casos radicais de
conflitos entre os distintos territoacuterios No caso da fumicultura pode-se dizer que natildeo
satildeo identificados conflitos tatildeo radicais ao passo que na produccedilatildeo de subsistecircncia
esse acontecimento pode acontecer de forma diferenciada
Diversos satildeo os acontecimentos e agentes responsaacuteveis por instituir funccedilatildeo e
particularidades aos espaccedilos Como exemplos desses acontecimentos podem ser
citadas ldquoas atividades econocircmicas os empreendimentos das
multinacionaistransnacionais comunidades tiacutepicas como tambeacutem do poder puacuteblicordquo
(MARIANI ARRUDA 2010) os quais satildeo responsaacuteveis pela construccedilatildeo de
territoacuterios Haesbaert (2007) destaca a existecircncia de territoacuterios funcionais desde que
o territoacuterio apresente um papel de receptaacuteculos de atividades econocircmicas
possuindo muacuteltiplas funccedilotildees conforme seu interesse em atuar naquele territoacuterio
29
Fernandes (2008) adepto do paradigma camponecircs ao trabalhar os diferentes
territoacuterios destaca a importacircncia de analisar o territoacuterio atraveacutes da
multidimensionalidadeconflitualidade que satildeo concebidas atraveacutes de um conjunto
de conflitos inscritos nas relaccedilotildees indissociaacuteveis entre desenvolvimento e disputas
territoriais Para o autor a definiccedilatildeo de territoacuterio estaacute relacionada agrave existecircncia de
poder entre classes ao passo que a conflitualidade existe devido agraves disputas
territoriais entre o capital e o campesinato ou seja de distintos territoacuterios e
funcionalidades
Oliveira (2001) aponta que devido agraves forccedilas produtivas capitalistas ocorrerem
de maneira desigual e contraditoacuteria no territoacuterio em algumas circunstacircncias eacute mais
conveniente para o capital monopolizar o territoacuterio ao inveacutes de se territorializar ou
seja neste caso para o paradigma camponecircs o capital natildeo expropria o camponecircs
fumicultor poreacutem subordina esse agente social ao ditar as regras de produccedilatildeo como
tipos de sementes insumos quiacutemicos teacutecnicas de produccedilatildeo entre outros elementos
que estatildeo relacionados agrave produccedilatildeo Trata-se da territorializaccedilatildeo do capital
monopolista (OLIVEIRA 2001) o qual monopoliza a circulaccedilatildeo e domina os meios
de produccedilatildeo e a terra (ROOS 2015)
Nesse sentido no territoacuterio a accedilatildeo das empresas transnacionais como por
exemplo a Souza Cruz configuram o processo chamado por Oliveira (2005) e Roos
(2015) de ldquomonopolizaccedilatildeo do territoacuteriordquo uma vez que a empresa se instala em aacutereas
estrateacutegicas monopoliza o territoacuterio e firma acordos com os produtores familiares e
natildeo familiares que produzem fumo sendo entendidos entatildeo a partir da sujeiccedilatildeo da
renda da terra ao capital onde o produtor atraveacutes da integraccedilatildeo tem pouco poder
nas negociaccedilotildees
Para Fernandes (2008) a existecircncia de distintos territoacuterios entre o campesinato
e o agronegoacutecio eacute dada a partir das formas de organizaccedilatildeo espacial e de paisagens
geograacuteficas sendo o territoacuterio do agronegoacutecio caracterizado pela monocultura
desertificaccedilatildeo populacional produtivismo para exportaccedilatildeo grande escala e
homogeneidade ao passo que o territoacuterio camponecircs eacute representado pela
heterogeneidade da paisagem frequente povoamento policultura e produccedilatildeo
diversificada Por fim o territoacuterio monopolizado pelo agronegoacutecio se distingue pela
homogeneidade da paisagem geograacutefica e pela subalternidade e controle
tecnoloacutegico das commodities que se utilizam dos territoacuterios camponeses
30
(FERNANDES 2008) Portanto para os seguidores desse paradigma o capital
forma os seus territoacuterios atraveacutes da expansatildeo e controle de aacutereas em todas as
regiotildees subalternizando o camponecircs atraveacutes da integraccedilatildeo Sobre a monopolizaccedilatildeo
do territoacuterio Fernandes (2008) destaca que
Quando o tempo de trabalho eacute maior do que o de produccedilatildeo o capital age atraveacutes da monopolizaccedilatildeo do territoacuterio e da sujeiccedilatildeo da renda da terra Neste caso o campo continua povoado por camponeses ou pequenos ou meacutedios capitalistas que passam a produzir de acordo com o que lhes diz a induacutestria Eacute o caso por exemplo da laranja do fumo a avicultura e da suinocultura entre outros (FERNANDES 2008 p 196)
As anaacutelises voltadas ao paradigma camponecircs e que tratam dos assuntos
relacionados agrave produccedilatildeo de fumo como por exemplo o trabalho de Roos (2015)
afirmam que a subalternidade camponesa estaacute expressa na sujeiccedilatildeo da renda e na
monopolizaccedilatildeo do territoacuterioterritorialidade pelo capital uma vez que a
monopolizaccedilatildeo do territoacuterio pelo capital eacute entendida como territorialidade capitalista
no territoacuterio camponecircs Nesse sentido Roos (2015) compreende territorialidade
como o uso do territoacuterio ponderando que este eacute exclusivamente produzido por uma
relaccedilatildeo social que somente pode ser realizada pelo sujeito onde a territorialidade
pode ser camponesa ou capitalista
Nesse ponto de vista em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de fumo nas unidades
familiares o paradigma camponecircs compreende que as relaccedilotildees capitalistas
subordinam as relaccedilotildees camponesas e consequentemente o seu territoacuterio pelo fato
das bases teacutecnicas de produccedilatildeo estarem determinadas pelas multinacionais como
por exemplo atraveacutes dos contratos de compra de fumo de empresas com a Souza
Cruz
O territoacuterio eacute instituiacutedo por sujeitos e grupos sociais que se afirmam por meio dele Assim haacute sempre territoacuterio e territorialidade ou seja processos sociais de territorializaccedilatildeo Num mesmo territoacuterio haacute sempre muacuteltiplas territorialidades (PORTO-GONCcedilALVES 2006)
Roos (2015) destaca que mesmo onde as empresas fumageiras determinam
o padratildeo tecnoloacutegico (infraestrutura tipos de sementes insumos utilizados formas
de semeadura etc) natildeo tiram dos camponeses a autonomia sobre o seu trabalho o
tempo e as decisotildees Assim o autor afirma que o territoacuterio continua sendo de
domiacutenio dos camponeses poreacutem o capital exerce sua territorialidade subordinando a
renda camponesa na medida em que se incorporam agrave loacutegica capitalista
31
A territorialidade deriva de territoacuterio como produto das muacuteltiplas relaccedilotildees de
poder presentes e que estatildeo intrinsicamente relacionadas aos modelos de produccedilatildeo
podendo como destacado por Porto-Gonccedilalves (2006) e Fernandes (2008) coexistir
vaacuterias territorialidades em um mesmo territoacuterio
As territorialidades expressam as relaccedilotildees de poder que determinam as
configuraccedilotildees territoriais Elas contribuem para a identificaccedilatildeo de quem domina e de
quem eacute o dominado nos territoacuterios As territorialidades tambeacutem estatildeo expressas nas
paisagens de modo que seus componentes revelam as relaccedilotildees sociais poliacuteticas e
econocircmicas (FERNANDES 2010)
Fernandes (2008 2009) acrescenta que a disputa territorial entre o
campesinato e o agronegoacutecio pode acontecer por duas formas distintas pela
desterritorializaccedilatildeo e pelo controle das territorialidades por possuiacuterem relaccedilotildees
sociais distintas e modelos divergentes de produccedilatildeo os quais resultam em conflitos
Portanto ainda no que diz respeito ao paradigma camponecircs Paulino e
Almeida (2010) defendem a ideia de que embora o campesinato seja uma relaccedilatildeo
natildeo capitalista ldquosua reproduccedilatildeo deve ser entendida a partir das diversas
contradiccedilotildees do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma
contradiccedilatildeo e natildeo de uma articulaccedilatildeo de modos de produccedilatildeordquo Jaacute no paradigma da
agricultura familiar a inserccedilatildeo do agricultor nos mercados capitalistas natildeo eacute
compreendida pela conflitualidade entre territoacuterio camponecircs e do agronegoacutecio
sendo que ambos buscam maximizaccedilatildeo de sua produccedilatildeo
A partir do exposto eacute possiacutevel entender que os estudos feitos agrave luz do
paradigma da agricultura camponesa e que tratam de temas relacionados agrave
produccedilatildeo de fumo no Sul do Brasil afirmam a existecircncia de conflitos muitas vezes
ldquoveladosrdquo entre o territoacuterio dos fumicultores e a territorialidade corporativa das
empresas fumageiras
32
CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de
fumo Por esse fato o presente capiacutetulo tem como objetivo salientar os fatores que
proporcionaram ao paiacutes se tornar referecircncia nesse setor uma vez que a fumicultura
eacute desenvolvidaem sua maioriapela agricultura familiar (AFUBRA 2015) De
maneira cronoloacutegica realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica da origem do fumo e
sua consequente inserccedilatildeo em uma produccedilatildeo de escala comercial analisando o
cultivo o mercado e outros aspectos sejam das esferas produtiva social e
econocircmica visto que esses elementos satildeo fundamentais para entender os motivos
pelos quais contribuiacuteram para a inserccedilatildeo dessa produccedilatildeo no municiacutepio de
PrudentoacutepolisPR que seraacute tratado com mais detalhes no capiacutetulo III Tambeacutem pelo
fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo
de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral
dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura
familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo
do agronegoacutecio
21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
A partir do iniacutecio da deacutecada de 1990 o Brasil vem ocupando uma posiccedilatildeo de
destaque no mercado mundial do fumo pelo volume produzido e pela qualidade que
o produto possui
Ao analisar as origens4 dessa cultura as respostas satildeo um pouco distintas pois
existem possiacuteveis afirmaccedilotildees de que o fumo era consumido desde o seacuteculo IX no
continente Asiaacutetico Todavia Frozza (1998) afirma que o cultivo e uso das folhas
datam de mais de quatro mil anos e que ocorreram nas regiotildees da Ameacuterica do Norte
e Central onde hoje se situam o Meacutexico e a Guatemala Ainda de acordo com esse
autor satildeo os povos Maias que teriam iniciado o plantio dessa cultura
4 O tabaco tambeacutem chamado de fumo eacute uma erva do gecircnero das plantas solanaacuteceas cujas folhas depois de preparadas servem mais comumente para fumar cheirar ou mascar (SILVA 2012)
33
Nardi (1985) e Saffrin (1995) afirmam que o fumo tem suas origens nos vales
orientais dos Andes bolivianos e que chegou ao territoacuterio brasileiro atraveacutes das
migraccedilotildees dos iacutendios principalmente os iacutendios Tupi-Guarani Convergindo com
Nardi e Saffrin Souza Cruz (2011) afirma que o fumo eacute uma planta originaacuteria dos
Andes e que acompanhou as migraccedilotildees dos iacutendios por toda a Ameacuterica Central ateacute
chegar ao territoacuterio brasileiro
Os colonizadores portugueses atraveacutes dos povos indiacutegenas introduziram o haacutebito
do consumo de fumo (BOEIRA 2002) tendo acesso ao produto atraveacutes do
escambo Dessa forma satildeo criadas as primeiras legislaccedilotildees para regulamentar a
atividade fumageira como a Junta de Administraccedilatildeo do Tabaco de 1674 a qual
servia para orientar o comeacutercio das especiarias em Portugal e suas colocircnias e
institucionalizou o monopoacutelio portuguecircs sobre o produto Nesse contexto o tipo de
fumo produzido era o escuro de corda sendo que o mesmo era usado para fabricar
o rapeacute o cigarro e charutos (SILVA 2002)
No iniacutecio do seacuteculo XIX a produccedilatildeo em escala comercial ocupou aacutereas reduzidas e
concentradas entre o litoral dos atuais estados da Bahia (Recocircncavo Baiano) e
Recife proporcionando o abastecimento do mercado europeu Os fatores que
contribuiacuteram para a produccedilatildeo do fumo foram agrave existecircncia de matildeo de obra familiar e o
desejo de desenvolver a regiatildeo Para Silva (2002) a cultura do fumo ao contraacuterio da
cana-de-accediluacutecar que era plantada somente nos latifuacutendios foi e ainda eacute
desenvolvida pela sua maioria em pequenas propriedades
A produccedilatildeo se expandiu para os estados de Minas Gerais Goiaacutes Satildeo Paulo
e sobretudo para a regiatildeo Sul do Brasil regiatildeo essa colonizada por imigrantes
europeus que se dedicaram a atividade como eacute o caso do municiacutepio de
Prudentoacutepolis no Paranaacute
O fumo ldquoproduto antes principalmente destinado ao escambo de escravos na segunda metade do seacuteculo passou a encontrar mercado crescente na Europa A quantidade exportada aumentou 361 por cento entre os anos de quarenta e noventa e os preccedilos meacutedios subiram 41 por centordquo(FURTADO p47 1984apud Silva 2002 p 38)
De acordo com Silva (2002) na regiatildeo Sul do Brasilas primeiras plantaccedilotildees
de fumo iniciaram-se em 1824 na colocircnia de Satildeo LeopoldoRS a mesma colonizada
por imigrantes alematildees e em 1850 na colocircnia Santa CruzRS Nessa regiatildeo foram
34
cultivadas variedades de fumos claros como o chinecircs (conhecido atualmente como
amarelinho) e mais tarde o Virgiacutenia devido agrave melhor aceitaccedilatildeo no mercado externo
sendo usado para a fabricaccedilatildeo de cigarros
Como destaca Spies (2000) o principal fator para os imigrantes se dedicarem a
atividade fumageira foram as precaacuterias condiccedilotildees econocircmicas em que se
encontravam pois produziam somente os alimentos para sua subsistecircncia e o
excedente natildeo era suficiente para provecirc-los Dessa forma viram na produccedilatildeo de
fumo uma alternativa para a melhora da situaccedilatildeo financeira familiar Outras
caracteriacutesticas que devem ser levadas em consideraccedilatildeo uma vez que contribuiacuteram
para que os imigrantes se dedicassem a produccedilatildeo de fumo satildeo a estrutura fundiaacuteria
baseada em pequenos lotes de terras e a disponibilidade de matildeo de obra da proacutepria
famiacutelia
Conforme Souza Cruz (2011) outro marco relevante no setor fumageiro foi agrave
criaccedilatildeo da empresa Souza Cruz pelo imigrante portuguecircs Albino Souza Cruz no ano
de 1903 no estado do Rio de Janeiro colocando em funcionamento a primeira
maacutequina do Brasil a produzir cigarros jaacute enrolados em papel Poreacutem com a
necessidade de investir no ramo para acelerar o ritmo de crescimento em
1914Albino Souza Cruz transformou a companhia em uma sociedade anocircnima
passando o controle acionaacuterio ao grupo British American Tabacco (BAT) fato que
permitiu o crescimento da Souza Cruz (SOUZA CRUZ 2015)
A expansatildeo da produccedilatildeo de fumo ocasionou algumas fusotildees entre empresas
do setor Vogt (1994) menciona que os anos entre 1917 e 1993 satildeo caracterizados
por aglutinaccedilotildees e fusotildees das empresas de comeacutercio e beneficiamento do tabaco A
entrada do capital internacional acarretou mudanccedilas na dinacircmica econocircmica da
regiatildeo
Na cidade de Santa CruzRS encontra-se o maior polo fumicultor do Brasil e
conforme AFUBRA (2001) um fato marcante na mudanccedila da dinacircmica econocircmica
desse muniacutecipio e regiatildeo se deu em 1917 com a iniciativa da BAT de instalar a
primeira usina de processamento de fumo no paiacutes com o nome de ldquoThe Brazilian
Tabacco Corporationrdquo Sua razatildeo social foi alterada no ano de 1920 para Companhia
Brasileira de Fumo em Folha (CBFF) e finalmente em 1955 alterada para
Companhia de Cigarros Souza Cruz ndash Induacutestria e Comeacutercio (SILVA 2002) A
35
companhia foi fundamental para que o Brasil alcancasse ainda mais os mercados
mundiais atraveacutes de algumas melhorias proporcionadas por ela
Vogt (1994) destaca que a partir de 1924 a companhia de capital internacional
comeccedilou a investir e incentivar os fumicultores a utilizarem insumos quiacutemicos para
obter uma melhor produtividade e qualidade do fumo o que se refletia no mercado
de cigarros que cada vez ficava mais exigente O melhoramento geneacutetico das
sementes foi outro condicionante para que se obtivesse um aumento da
produtividade e qualidade do fumo
De acordo com Vogt (1994) o mercado fumageiro brasileiro teve uma boa
elevaccedilatildeo nas exportaccedilotildees com o fim da segunda Guerra Mundial jaacute que os paiacuteses
que ateacute entatildeo eram grandes produtores de cigarros se encontravam desorganizados
pelos conflitos poliacuteticos e econocircmicos Outro fator que contribuiu para a maior
demanda do fumo brasileiro foi uma grande estiagem que afetou os paiacuteses
produtores de fumo na safra de 19441945 ocasionando dessa forma um aumento
nos preccedilos pagos pelos mercados internacionais entre os anos de 1944 e 1946
estimulando assim o aumento da produccedilatildeo brasileira devido aos grandes ganhos
obtidos no mercado externo
Contudo houve um aumento da produccedilatildeo sem o proporcional aumento da
qualidade do fumo causando certa preocupaccedilatildeo na balanccedila comercial Para piorar a
situaccedilatildeo no final da deacutecada de 1940 Franccedila Espanha Beacutelgica Holanda e
Dinamarca que eram os principais importadores do tabaco brasileiro foram
contemplados com o Plano Marshall e passaram a adquirir o fumo norte-americano
jaacute que possuiacutea uma qualidade melhor ldquoDesse modo o Brasil natildeo estava conseguido
uma boa representatividade no mercado externordquo (VOGT p 102 1994)
Ao encontro das discussotildees de Vogt Seffrin (1995) afirma que os fumicultores
foram os principais prejudicados com essa superproduccedilatildeo ocorrida na deacutecada de
1950 os quais entregavam a produccedilatildeo a preccedilos piacutefios de maneira a natildeo incorrer em
prejuiacutezos ainda maiores Como por exemplo quando a entatildeo Companhia Brasileira
de Fumos em Folha que atualmente tem o nome de Souza Cruz abriu um comeacutercio
de compra livre de fumos escuros os quais tinham um valor de mercado bem abaixo
da meacutedia e os fumicultores da regiatildeo Sul do Brasil sem outras saiacutedas de mercado
acabaram vendendo o fumo claro (de valor maior) por preccedilo de fumos escuros
36
Com a queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo no cenaacuterio mundial a
quantidade da produccedilatildeo do fumo era limitada e a produccedilatildeo fumageira das deacutecadas
de 1950 e 1960 (tabela 1) era destinada na sua maioria para o mercado nacional
A elevaccedilatildeo desorganizada da produccedilatildeo fumageira gerou na regiatildeo nos anos de 50 e 60 grandes estoques de excedentes natildeo comercializaacuteveis O fumo abarrotava os armazeacutens das firmas e das cooperativas natildeo tendo o colono como despachar o seu cultivo (VOGT 1994)
Portanto a produccedilatildeo de fumo no Brasil eacute mais expressiva a partir da segunda
metade do seacuteculo XX sobretudo no poacutes-guerra quando a ampliaccedilatildeo das aacutereas de
produccedilatildeo veio associada ao aumento da qualidade e produtividade das lavouras
como tambeacutem da produccedilatildeo industrial dos cigarros
ANO PRODUCcedilAO T EXPORTACcedilAO T
1961 60408 10919 1963 82851 14522 1965 91159 14008 1967 112234 9289 1969 99804 13778 1971 97206 18556 1973 82030 20248 1975 97722 41277
QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA
Fonte VOGT 1994
Como pode ser visto as melhoras nas exportaccedilotildees comeccedilam somente na deacutecada de
1970 A deacutecada de 1960 foi marcada por poucas vendas para o mercado externo
natildeo chegando a exportar 15 da produccedilatildeo total Conforme Sefrin (1995) devido a
essa queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo para o exterior na deacutecada de
1960 os fumicultores encontravam-se em condiccedilotildees econocircmicas peacutessimas pois
aleacutem de ser um trabalho aacuterduo os lucros eram iacutenfimos natildeo conseguindo muitas
vezes fazer o pagamento do financiamento da produccedilatildeo aleacutem das safras serem
afetadas pelas intempeacuteries climaacuteticas encontrando-se cada vez mais
desamparados Como aponta Safrin (1995) os pagamentos muitas vezes eram feitos
no ano seguinte da venda e com preccedilos ainda reduzidos
Para que a produccedilatildeo brasileira do fumo pudesse voltar ao cenaacuterio internacional era
indispensaacutevel um salto qualitativo na produccedilatildeo do fumo fato que exigiria a injeccedilatildeo
de grande quantidade de capital na produccedilatildeo Conforme Vogt (1994) os
37
investimentos necessaacuterios para a melhoria da qualidade estavam relacionados agrave
aquisiccedilatildeo de sementes adubos pesticidas instrumentos agriacutecolas construccedilatildeo de
estufas bem como a assistecircncia teacutecnica constantemente presente na propriedade
do colono e a garantia da compra integral da produccedilatildeo sendo mais um fator que
impulsionou a Souza Cruz a investir nessa regiatildeo
De acordo com Silva (2002) para corroborar na soluccedilatildeo dos problemas
econocircmicos dos fumicultores surgiram movimentos de uniatildeo dos interesses dos
mesmos o que resultou na sugestatildeo para a criaccedilatildeo de uma associaccedilatildeo formal dos
fumicultores Sendo assim no dia 21 de marccedilo de 1955 na cidade de Santa Cruz do
SulRS foi criada a Associaccedilatildeo dos Plantadores de Fumo em Folha do Rio Grande
do Sul a qual em 1963 mudou sua razatildeo social para Associaccedilatildeo dos Fumicultores
do Brasil (AFUBRA) passando a abranger tambeacutem os estados de Santa Catarina e
Paranaacute (AFUBRA 2014) Dessa forma a entidade foi criada devido a dois fatores
principais a instabilidade do mercado e dos preccedilos do tabaco e a inexistecircncia de
auxiacutelio econocircmico contra danos por granizo nas lavouras
Com a injeccedilatildeo de capital para a melhoria na produccedilatildeo do fumo e com a
criaccedilatildeo da AFUBRA os fumicultores encontravam-se mais confiantes pelo fato de
estarem obtendo melhores rendimentos Apesar desse desequiliacutebrio nas
exportaccedilotildees pelo qual o mercado fumageiro passou nas deacutecadas de 1950 e 1960
Spies (2000) destaca que a induacutestria do fumo jaacute era a mais importante da regiatildeo de
Santa Cruz no Rio Grande do Sul entre os anos de 1952 e 1965 pois no ano de
1924 os produtos de subsistecircncia representavam 70 da produccedilatildeo e na deacutecada de
1950 esse valor caiu para 413 do total da produccedilatildeo agriacutecola regional
Conforme destaca Vogt (1994) o final da deacutecada de 1960 e com maior
intensidade nas deacutecadas de 1970 e 1980 a fumicultura brasileira volta a ter um
aumento significativo em termos de aacuterea produzida e exportaccedilatildeo da produccedilatildeo devido
principalmente agrave abertura do mercado internacional para os fumos brasileiros mas
tambeacutem agrave adoccedilatildeo de poliacuteticas favoraacuteveis agrave instalaccedilatildeo de agroinduacutestrias no paiacutes
resultando na consolidaccedilatildeo dos complexos agroindustriais
Na deacutecada de 1970 e 1980 era notaacutevel o progresso do setor fumageiro na
regiatildeo Sul do Brasil Esse fato refletiu nas exportaccedilotildees pois a quantidade do fumo
em folha exportado pelo Brasil daacute um salto de 55 mil toneladas exportadas no ano
38
de 1965 para 170 mil toneladas no ano de 1985 dando assim a configuraccedilatildeo da
atual estrutura fumageira do Brasil
Com a consolidaccedilatildeo do Complexo Agroindustrial Brasileiro ou seja da
integraccedilatildeo entre a agricultura e a induacutestria o setor fumageiro ganhou grande
impulso e os estados de Santa Catarina e Paranaacute tambeacutem receberam consideraacuteveis
incentivos para se especializar na produccedilatildeo Foi nesse periacuteodo que a produccedilatildeo em
maior escala atingiu o municiacutepio de PrudentoacutepolisPR e um nuacutemero maior de famiacutelias
aderiu a esse cultivo
Durante a deacutecada de 70 consolidou-se a atual estrutura fumageira existente no Brasil meridional [] ao mesmo tempo os cultivos nos estados de Santa Catarina e Paranaacute foram intensificados pelas corporaccedilotildees que introduziram o tabaco em novas aacutereas para responder a demanda internacional (VOGT 1994)
Dessa forma a proliferaccedilatildeo das lavouras de fumo acontece
concomitantemente nos trecircs estados da regiatildeo Sul do Brasil e estes se destacam
pela qualidade do fumo que produzem Silva (2002) aponta que a chegada de outras
empresas multinacionais com intenccedilatildeo de expandir-se impulsionou o processo de
organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do fumo incentivando a especializaccedilatildeo dos envolvidos nas
atividades
Em Santa Catarina e no Paranaacute o cultivo de fumo de estufa de caraacuteter
comercial daacute-se a partir da empresa Souza Cruz a partir da deacutecada de 1960 a qual
oferecia o sistema integrado de produccedilatildeo Ou seja os fumicultores plantariam o
fumo a Souza Cruz entraria com o financiamento da produccedilatildeo (fornecimento da
estufa de insumos e assistecircncia teacutecnica) e no final da safra o fumicultor fazia o
pagamento para a empresa com sua proacutepria produccedilatildeo No Paranaacute a Souza Cruz
inseriu primeiramente a produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Irati (principal polo
fumageiro do Paranaacute onde se localiza o municiacutepio de Prudentoacutepolis)
A partir da deacutecada de 1980 a produccedilatildeo vem aumentando Vogt (1994) expotildee
que a regiatildeo Sul do paiacutes aumentou sua produccedilatildeo em aproximadamente 60 entre
as safras de 198788 e 19921993 dando um salto de 350 mil para 560 mil
toneladas
39
TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL
SAFRA AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS
KG ha R$Kg
1995 200830 348000 132680 1733 155
2000 257660 359040 134850 2092 200
2005 439220 842990 198040 1919 433
2006 417420 769660 193310 1844 415
2007 360910 758660 182650 2102 425
2008 348720 713870 180520 2047 541
2009 374060 744280 186580 1990 590
2010 370830 691870 185160 1866 635
2011 372930 832830 186810 2233 493
2012 324610 727510 165170 2241 630
2013 313675 712750 159595 2272 745
2014 323700 731390 162410 2259 728
Fonte AFUBRA2015
A safra de 2005 mostra novamente um aumento significativo na produccedilatildeo
total Sul brasileira chegando a 842990 toneladas anuais (tabela 1) De 2005 para
caacute a produccedilatildeo oscilou entre 842990 e 691870 toneladas anuais (conforme a
demanda do mercado) com um leve decreacutescimo nos uacuteltimos trecircs anos
A produtividade do fumo aumentou na deacutecada de 2000 devido agrave introduccedilatildeo de
novas teacutecnicas que permitiram a diminuiccedilatildeo do uso de matildeo de obra Na safra de
1995 a produtividade meacutedia foi de 1733 kgha aumentando consideravelmente
para a uacuteltima safra a qual chegou a 2259 Kgha Nos anos de 2005 e 2006
percebe-se um aumento na quantidade de famiacutelias envolvidas na atividade quadro
esse invertido no ano de 2007 ocorrendo queda no nuacutemero dessas famiacutelias
Apesar da diminuiccedilatildeo do nuacutemero das famiacutelias na atividade em geral a
produccedilatildeo natildeo eacute afetada o quase deve agrave modernizaccedilatildeo das estufas de secagem
que resultou na diminuiccedilatildeo da matildeo de obra favorecendo o aumento da produccedilatildeo
por parte das famiacutelias que permaneceram no setor Conforme um produtor
entrevistado durante o trabalho de campo desta pesquisa
40
Depois que modernizamos a nossa estufa no ano de 2005 conseguimos aumentar a produccedilatildeo e diminuir a matildeo de obra [] antes precisava de quatro pessoas para colheita e pelo menos mais 4 para fazer a costura das folhas de fumo no galpatildeo antes de colocar na estufa [] quando descarregava as folhas da estufa era preciso tirar todos os fios do fumo [] dava muito trabalho Com a modernizaccedilatildeo isso acabou [] o fumo que vem da lavoura vai direto para a estufa Precisamos soacute de pessoas para colher e carregar direto na estufa O trabalho eacute mais leve nos dias de hoje com esse tipo de estufa (FUMICULTOR DA LINHA RIO PRETO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)
Sei que o fumo por si soacute jaacute eacute um veneno mas usamos os equipamentos de proteccedilatildeo que eacute seguro Hoje usamos agrotoacutexicos porque daacute menos serviccedilo e sai mais barato que pagar pra carpir [] soacute por isso mesmo[] Quando produzia morangos usava mais veneno ainda [] sabemos que o veneno natildeo faz bem nem pra noacutes nem para a natureza mas natildeo temos outras opccedilotildees (FUMICULTOR DA LINHA DEZEMBRO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)
Diniz Filho (2011) tambeacutem ressalta que especificamente no caso das
tecnologias de produccedilatildeo agriacutecola a opccedilatildeo dos agricultores familiares pelo uso de
maacutequinas e produtos quiacutemicos eacute estimulada pelo interesse de eliminar certos tipos
de trabalho braccedilal muito penosos Nesse sentidodiscorda-se do paradigma
camponecircs pelo fato de opor o agricultor familiar ao agronegoacutecio afirmando que o
primeiro prima por praacuteticas mais sustentaacuteveis com objetivo de reproduzir somente o
modo de vida ao passo que o agronegoacutecio tenderia a usar tecnologias mais
danosas para o meio ambiente por estar preocupado apenas com lucratividade
Com relaccedilatildeo agrave venda do fumo o preccedilo do quilo varia a cada ano e a
sistemaacutetica para que se estabeleccedila o valor da safra entre os fumicultores e a
induacutestria fumageira incide em acordos com as entidades representativas dos
produtores como a Afubra Associaccedilotildees Federaccedilatildeo e o Sinditabaco que representa
as induacutestrias (DERALSEAB 2014) Apoacutes as negociaccedilotildees e a assinatura do
protocolo eacute que se estabelecem os preccedilos para as variadas qualidades do fumo
Nesse sentido o preccedilo do quilo do fumo eacute regulado conforme a oferta e demanda do
produtopelo mercado expressando adequadamente o valor marginal muitas vezes
pago aos produtores Dessa forma discorda-se de Roos (2015) quando afirma que
os fumicultores estatildeo subordinados pelas empresas fumageiras por terem pouca
representatividade na hora de fixar o preccedilo do quilo do fumo
Conforme AFUBRA (2015) para o fumo Virgiacutenia que eacute uma variedade dos
fumos de coloraccedilatildeo clara satildeo estabelecidas 41 variedades de classificaccedilatildeo sendo a
variedade mais bem paga a BO1 que valia 922 reais o quilo na safra de 20142015
41
e a variedade de menor valor o ST (farelos do fumo) tabelado a 054reais por quilo
Jaacute para o fumo Burley que eacute uma variedade dos fumos de coloraccedilatildeo escura satildeo
estabelecidas 30 diferentes variedades A mais bem paga eacute a B1 que equivale a
811 para cada quilo e a variedade menos valorizada eacute a G (farelos do fumo) que
vale 060 reais por quilo Quando o fumo eacute vendido para a empresa sempre eacute feito
uma meacutedia de toda venda e como revelam os dados da tabela 2 a meacutedia do quilo
pago para os produtores na safra de 201415 foi de 728 reais por quilo
Atualmente a regiatildeo Sul do Brasil se destaca pela maior produccedilatildeo de fumo
do paiacutes participando com 981 do total produzido Os trecircs estados sulinos satildeo
responsaacuteveis por colocar o paiacutes como o segundo maior produtor ena primeira
posiccedilatildeo no quesito exportaccedilatildeo mundial
TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO
ESTADOS AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)
PARTPRODUCcedilAtildeO ()
Rio Grande do Sul
204000 412000 2020 481
Santa Catarina 120000 258000 2150 301
Paranaacute 76000 171000 2250 200
Alagoas 9000 11000 1222 13
Bahia 3000 3000 1000 03
Outros 2000 2000 1000 02
Brasil 414000 857000 2070 100
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) 2014
A produccedilatildeo do fumo e a atuaccedilatildeo das empresas desse setor se datildeo de forma
mais intensa nos paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso do Brasil devido agrave
disponibilidade de matildeo de obra barata facilidade das multinacionais se instalarem
atraveacutes dos incentivos fiscais inexistecircncia de leis ambientaisriacutegidas e por ser a
atividade que gera mais renda se comparada a outras culturas produzidas em
pequena escala
42
TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013
PRODUCcedilAtildeO haacute PRODUCcedilAtildeO KG
VALOR R$
Animal x 1362412180 2565555940 26
Vegetal 1515650 2487306782 2077480 21
Tabaco 309350 705570000 5383773200 54
Total 1825000 4555288952 10026810100 100
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014
A partir dos dados apresentados pode-se destacar que a produccedilatildeo de fumo
na regiatildeo Sul do Brasil eacute responsaacutevel pela maior renda de muitos agricultores
familiares jaacute que os estados possuem uma grande quantidade de pequenas
propriedades e que dependem da produccedilatildeo do fumo para sua reproduccedilatildeo
econocircmica
Ahrens (2008) afirma que a produccedilatildeo mundial estaacute migrando dos paiacuteses
desenvolvidos para os paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso dos Estados
Unidos que apesar de aparecer como um dos principais produtores de fumo teve
sua produccedilatildeo prejudicada devido aos altos custos de cultivo e agrave escassez de matildeo de
obra
TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012
PAIacuteSES PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
PROCESSADO (t)
CONSUMO (t)
ESTOQUE EXPORTACcedilAtildeO (t)
IMPORTACcedilAtildeO (t)
1 China 2160000 256205 553960 0 538960
2 Brasil 670820 86060 112580 651190 12320
3 Iacutendia 576740 465510 134240 271060 200930
4 Estados Unidos
212020 441720 1580130 153130 420440
5 Indoneacutesia 191260 147940 134830 50270 27440
43
6 Turquia 152190 106240 34620 98200 60430
7 Zimbabwe 127190 3990 229930 43520 80
8 Argentina 103790 29950 364650 36100 1630
9 Paquistatildeo 74910 76300 91570 5390 10390
10 Malavi 71320 1290 166580 91500 890
93 Outros 1533150 1850430 3055200 608630 725480
103 Total 5873390 5771480 6468290 2008990 2008990
Fonte AFUBRA 2014
Apesar de a China ser a maior produtora mundial de fumo acaba consumindo
toda essa produccedilatildeo e na safra de 20112012 ainda importou 538960 toneladas
para suprir sua demanda interna Jaacute o Brasil que estaacute na 2ordm posiccedilatildeo de produccedilatildeo
mundial de fumo destina a maior parte da sua produccedilatildeo para o mercado externo Na
safra de 2013 88 da produccedilatildeo se dirigiu ao mercado externo (quadro 2) ficando
no paiacutes apenas 12 da produccedilatildeo para a fabricaccedilatildeo de cigarros cigarrilhas e
charutos Conforme DERALSEAB (2013) das 627000 toneladas exportadas em
2013 a regiatildeo Sul contribuiu com 624000 toneladas representando o equivalente
de 955 das exportaccedilotildees brasileiras
O quadro 2 mostra que apesar de a maior quantidade do fumo produzido no
Brasil se dirigir para o mercado externo os maiores faturamentos estatildeo relacionados
ao fumo consumido no proacuteprio paiacutes atingindo um lucro total maior que as
exportaccedilotildees O fato de as exportaccedilotildees renderem menos lucros que o fumo
consumido no proacuteprio paiacutes se daacute deve ao fato de o fumo exportado natildeo passar por
processamentos de agregaccedilatildeo de valor(exportaccedilatildeo de folhas e talos) Enquanto
isso toda a produccedilatildeo consumida no paiacutes tanto os fumos claros como os escuros
passa por vaacuterios processamentos de agregaccedilatildeo de valor ateacute obter os cigarros
cigarrilhas e charutos prontos para consumo
A distribuiccedilatildeo da renda bruta do setor fumageiro (quadro 2) estaacute dividida
entre tributosGoverno induacutestria produtor e varejista sendo que 459 dessa renda
eacute destinada ao governo O produtor fatura em torno de 205 do total da renda
faturamento esse que deve ser destinado para a compra dos insumos pagamento
do seguro da produccedilatildeo matildeo de obra desgastes com a terra implementos que usa
na produccedilatildeo gastos com a secagem das folhas do fumo aleacutem de prejuiacutezos que
podem vir a acontecer durante a produccedilatildeo
44
Jaacute os varejistas apesar de auferirem 6 do faturamento natildeo tecircm gastos tatildeo
altos comoos produtores Aleacutem do mais esse setor ganha na quantidade sendo que
existe um nuacutemero muito maior de fumicultores que de varejistas Isso tambeacutem
acontece com a induacutestria que tem seus ganhos principalmente no volume e na
agregaccedilatildeo de valor do produto
Pelos dados apresentados apresentados no quadro 2 pode-se concluir que o
maior beneficiado com o faturamento da produccedilatildeo de fumo eacute o setor puacuteblico atraveacutes
de impostros
QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL
ESPECIFICACcedilAtildeO
2012 2013
R$ Toneladas R$ Toneladas
Consumo Domeacutestico
1635750730000 88990 12 1765594334000 84350 12
Exportaccedilatildeo 645663700000 637780 88 722287181000 627230 88
TOTAL 2281414430000 726770 100 2487881515000 711580 100
DISTRIBUICcedilAtildeO DA RENDA BRUTA
Tributos Governos
1048025493000 459 1076394659000 433
Induacutestria 627838400000 275 720610862000 290
Produtor 467329600000 205 541693230000 217
Varejista 138220930700 61 149182764000 60
TOTAL 2281414430000 100 2487881515000 100
FONTE AFUBRA2013
De acordo com dados da DERALSEAB (2015) no ano de 2014 o fumo
brasileiro foi destinado para mais de cem paiacuteses abrangendo principalmente paiacuteses
da Uniatildeo Europeia (42) seguidos do Extremo Oriente (26) Ameacuterica do Norte
(13) Aacutefrica (7) Leste Europeu (7) e Ameacuterica Latina (5) Atualmente a
liderenccedila brasileira nas exportaccedilotildees se daacute devido agrave excelente qualidade do fumo agrave
regularidade da produccedilatildeo e agrave competitividade com os preccedilos dos demais paiacuteses
produtores
45
42
26
13
7
7
5
Uniatildeo Europeia
Oriente Meacutedio
Ameacuterica do Norte
Aacutefrica
Leste Europeu
Ameacuterica Latina
Paiacuteses importadores do fumo brasileiro
Fonte
DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014
Conforme DERAL (2014) no Paranaacute as lavouras com predomiacutenio de fumos
claros concentram-se nos nuacutecleos regionais de Irati Ponta Grossa Curitiba Uniatildeo
da Vitoacuteria e Guarapuava Jaacute em Francisco Beltratildeo Pato Branco Cascavel e Toledo
cultivam-se os fumos escuros
Na figura 1 estatildeo expostos os municiacutepios produtores de fumo e a meacutedia de
hectares que cada municiacutepio ocupa com essa culturaNota-se que a produccedilatildeo de
fumo no estado se concentra em sua maioria na regiatildeo Sudeste Centro-Sul
Sudoeste e Oeste
O municiacutepio de Prudentoacutepolis pertence ao nuacutecleo de Irati nuacutecleo esse que
ocupa o primeiro lugar no ranking de produccedilatildeo de fumos claros do estado conforme
a tabela 5
GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO
46
FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA Fonte IBGE 2014
TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute
Nuacutecleos regionais
Safra 20132014 Safra 20142015 Participaccedilatildeo
Aacuterea (ha) Produccedilatildeo(t) Aacuterea (ha) Produccedilatildeo (t) ()
Irati 19300 43425 19500 43875 244
Ponta Grossa 17562 42605 18862 45268 251
Curitiba 13300 30493 13300 34580 12
Uniatildeo da Vitoacuteria
7500 15750 7600 15580 87
Guarapuava 5000 12400 4900 13230 73
Francisco Beltratildeo
4350 9904 4300 10320 57
Cascavel 3600 7556 3500 7453 41
Outros 4774 10711 4496 9907 55
Total 75386 172844 76308 180213 1000
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014
47
Na safra de 20122013 os municiacutepios paranaenses que se destacaram no
volume de fumo produzido foram Satildeo Joatildeo do Triunfo Rio Azul Prudentoacutepolis
Ipiranga e Irati As 1813 famiacutelias que cultivam fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis
foram responsaacuteveis por produzir 10192 toneladas do produto
Para os municiacutepios de Satildeo Joatildeo do Triunfo e Rio Azul se comparados os
volumes produzidos (quadro 3) nota-se quea quantidade em toneladas natildeo
apresenta tanta diferenccedila entre ambos sendo 13458 toneladas em Satildeo Joatildeo do
Triunfo e 13268 toneladas em Rio Azul Poreacutem em relaccedilatildeo ao nuacutemero de famiacutelias
que trabalham na atividade fumageira em Rio Azul esse nuacutemero eacute bem maior que
em Satildeo Joatildeo do Triunfo Esse fatoeacute resultado da opccedilatildeo das famiacutelias de Rio Azul
porproduzirem menores quantidades de fumo por unidade familiar como tambeacutem
por intempeacuteries climaacuteticas (granizo ventos) que impediram de colher toda a
produccedilatildeo
PARANAacute PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTORES
Satildeo Joatildeo do Triunfo 13458 1968
Rio Azul 13268 2610
Prudentoacutepolis 10192 1813
Ipiranga 9323 1661
Irati 8539 1558
QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) AFUBRA 2014
22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL
De acordo com Sauer (2008) em 1996 a criaccedilatildeo do PRONAF (Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) trouxe avanccedilos poliacuteticos
voltados aos agricultores familiares permitindo o reconhecimento destes enquanto
categoria social epossibilitando o acesso ao creacutedito agriacutecola Creacutedito esse que
48
quando usado de maneira correta contribui significativamente para o aumento da
produccedilatildeo
Dentre os vaacuterios estudos que retratam a evoluccedilatildeo da agricultura familiar
brasileira nas uacuteltimas deacutecadas destaca-seldquoO Novo Retrato Da Agricultura Familiar
Brasileirardquo Nesse estudo os autores mencionam a importacircncia de refletir sobre o
espaccedilo rural tendo como escopo a sua diversidade pelo fato da existecircncia de
distintos tipos de agricultores familiares que possuem interesses e estrateacutegias
particulares de produccedilatildeo agropecuaacuteria Nesse sentido da mesma forma que existe
uma diversidade de agricultores familiares deveratildeo tambeacutem existir poliacuteticas
agriacutecolas e tipos de assistecircncia teacutecnica distinto para cada grupo com intuito desses
empregarem em sua produccedilatildeo tecnologias que possibilitam o seu fortalecimento e
expansatildeo diante dos mercados
Sobre a diversidade da agricultura familiar brasileira a tabela 6 mostra de que
forma satildeo distribuiacutedos os tipos familiares a renda monetaacuteria anual e qual a
porcentagem na participaccedilatildeo do valor bruto da agricultura familiar por grupo familiar
TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006
Grupos familiares Nuacutemero de agricultores familiares
segundo o tipo
Total VBP familiares
Renda Monetaacuteria
liacutequida anual em reais
A 452750 695 5323600
B 964140 157 372500
C 574961 47 149900
D 2560274 102 25500
Total 4551855 -
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
A partir dos dados sobre a caracterizaccedilatildeo dos grupos familiares nota-se que
o grupo com um contingente maior de agricultores familiares no ano de 2006 foi o
grupo D ou seja os descapitalizados Esses agricultores familiares de acordo com
Guanziroli et al (2012) estatildeo em sua maioria concentrados nas regiotildees Norte e
Nordeste do Brasil sendo os que menos empregam aparatos tecnoloacutegicos Desse
modo o autor afirma que o grau de especializaccedilatildeo e tecnificaccedilatildeo tem maior
49
influecircncia na geraccedilatildeo de renda do que a quantidade de terra possuiacuteda por cada
unidade familiar Sobre o grupo familiar D o estudo tambeacutem menciona que
[] entre os agricultores familiares do tipo D tambeacutem existem agricultores mais capitalizados os quais podem ter sido classificados neste grupo devido agrave frustraccedilatildeo de safra baixos preccedilos de seus produtos no mercado ou a realizaccedilatildeo de novos investimentos nos quais as receitas ainda natildeo estatildeo superando as despesas Esta afirmaccedilatildeo estaacute baseada na participaccedilatildeo percentual do creacutedito rural obtido e dos investimentos realizados por estabelecimentos deste tipo (FAOINCRA)
Os agricultores familiares dos grupos A e B considerados como capitalizados
e em vias de capitalizaccedilatildeo correspondem principalmente aos produtores familiares
da regiatildeo Sul do paiacutes O desempenho desses grupos se deve ao fato de estarem
inseridos em cadeias produtivas mais competitivas as quais trazem melhores
retornos econocircmicos
Guanziroli et al (2012) apontam que os produtores familiares do tipo A tecircm
uma renda anual elevada em parte porque na aacuterea rural podem se beneficiar da
produccedilatildeo para autoconsumo natildeo pagam aluguel e as taxas sobre o valor da aacutegua e
luz satildeo mais baixas se comparadas com a urbana Dessa forma o padratildeo de vida
desses agricultores eacute compatiacutevel com a da classe meacutedia urbana Entretanto existe
uma distacircncia muito grande entre os produtores do grupo A e os demais
Nesse sentido Guanziroli et al (2006) com base no estudo ldquoDez anos de
evoluccedilatildeo da agricultura familiar no Brasil (1996 e 2006)rdquo compararam os dados do
censo agropecuaacuterio de 1996 com o de 2006 a fim de dar respostas a algumas
inquietudes sobre a evoluccedilatildeo da agricultura familiar no dececircnio analisando o
processo de modernizaccedilatildeo da agricultura familiar por meio da evoluccedilatildeo de algumas
variaacuteveis (uso de maquinaacuterios insumos entre outras tecnologias) Dentre outros
resultados esse estudo mostrou que houve crescimento do nuacutemero de agricultores
familiares entre os censos o qual passou de 4139000 para 4551855 Ou seja em
1996 8517 do total dos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros eram
familiares e em 2006 essa porcentagem aumenta para 8796 do total
Os dados desse estudo tambeacutem mostraram que os agricultores familiares
pertencentes ao grupo A e quanto muito aos grupos A e B desempenham um papel
importante em termos econocircmicos Jaacute o grupo C e principalmente os agricultores
familiares do grupo D produzem tatildeo pouco que remetem aquela visatildeo do agricultor
50
familiar de subsistecircncia que comercializa pequenos excedentes econocircmicos em
mercados locais
O uso de tecnologias pelos agricultores familiares como maquinaacuterios e
insumos quiacutemicos contribuiu para o aumento da produccedilatildeo e da produtividade
acontecimento esse que possibilitou a ascensatildeo do universo familiar no cenaacuterio
agropecuaacuterio brasileiro com significativa importacircncia na produccedilatildeo tanto de gecircneros
alimentiacutecios de consumo nacional como tambeacutem de commodities de exportaccedilatildeo
caso a produccedilatildeo de fumo As tecnologias voltadas para a produccedilatildeo de fumo
referem-se a modernizaccedilatildeo das estufas de secagem das folhas de fumo de
sementes melhoradas geneticamente aleacutem dos insumos agriacutecolas
De acordo com Guanziroli et al (2006) as anaacutelises regionais sobre a
agricultura familiar brasileira para o ano de 2006 mostram que as regiotildees Norte
Nordeste e Sul apresentam maior participaccedilatildeo percentual de agricultores familiares
na produccedilatildeo regional em detrimento das regiotildees Centro-Oeste e Sudesteas quais
caracterizam-se pela maior expressividade da agricultura patronal
TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006
Regiatildeo 2006
Norte 6018
Nordeste 4738
Sudeste 2228
Sul 5443
Centro-Oeste 1453
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
Outro dado importante trazido pelos autores supracitados estaacute relacionado ao
fator produtividade como se vecirc pela comparaccedilatildeo entre os agricultores familiares e
natildeo familiares por regiatildeo (tabela 8) Os agricultores familiares pelo fato de
possuiacuterem quantidades de terras menores tendem a ser mais produtivos que o
agricultor natildeo familiar Nesse sentido concorda-se com Navarro (2014) ao apontar
que a ampliaccedilatildeo no acesso de tecnologias agrave agricultura de menor porte econocircmico eacute
necessaacuteria para a permanecircncia desses produtores no rural
51
A produccedilatildeo de fumo da regiatildeo Sul do Brasil eacute um exemplo que retrata que a
agricultura familiar eacute mais eficiente no uso da matildeo de obra e da terra quando
comparada aos agricultores patronais A necessidade da intensificaccedilatildeo da matildeo de
obra familiar para aumentar a produccedilatildeo exemplifica bem o porquecirc da maior parte
empregada na agricultura estaacute no segmento familiar apesar desse segmento natildeo ser
predominante na produccedilatildeo agriacutecola brasileira Dessa maneira Abramovay (1992 p
209) afirma que ldquonatildeo haacute atividade econocircmica em que o trabalho e a gestatildeo
estruturam-se tatildeo fortemente em torno de viacutenculos de parentesco e onde a
participaccedilatildeo da matildeo de obra natildeo contratada seja tatildeo importante como na agricultura
familiarrdquo
TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006
Brasil e Regiotildees
Valor produzido por hectare (R$ de 2006)
Natildeo familiar Familiar
Norte 1113 2410
Nordeste 3783 3907
Sudeste 10546 7378
Sul 8373 13376
Centro-Oeste 2727 2851
Brasil 4617 5546
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
Atraveacutes da regionalizaccedilatildeo e do valor produzido por hectare percebe-se que
os agricultores familiares da regiatildeo Sul satildeo mais eficientes no valor produzido e
segundo Guanziroli et al (2012) a predominacircncia de agricultores familiares nas
cadeias produtivas como a fumicultura a avicultura e suinocultura favorece o
aumento da produtividade por aacuterea Eacute nesse sentido que pode-se afirmar natildeo existir
dicotomia ou oposiccedilatildeo entre a agricultura familiar e a patronal uma vez que a
competiccedilatildeo no mercado faz com que cada um desses segmentos tenda a
predominar nos setores em que apresenta capacidade para produzir com mais
eficiecircncia
Na regiatildeo Sudeste a alta tecnologia empregada pelos agricultores natildeo
familiares consegue superar a produtividade da agricultura familiar Jaacute nas regiotildees
Norte e Nordeste encontram-se os menores iacutendices de produtividade da agricultura
52
familiar brasileira fato relacionado a vaacuterios fatores principalmente os solos menos
produtivos clima cultivo de culturas que tecircm um retorno de investimento menor e
tambeacutem a menor disponibilidade de tecnologias assistecircncia teacutecnica e poliacuteticas
agriacutecolas capazes de inverter esse quadro
Aleacutem da representatividade bastante grande (956) da produccedilatildeo de fumo a
agricultura familiar brasileira tem participaccedilatildeo significativa na produccedilatildeo de gecircneros
alimentiacutecios como arroz feijatildeo e mandioca Tambeacutem contabiliza-se um nuacutemero
significativo de agricultores familiares envolvidos nas cadeias produtivas
caracteriacutesticas do agronegoacutecio como soja trigo e milho (tabela 9)
No caso dos produtos de origem animal (tabela 10) a participaccedilatildeo da
agricultura familiar tambeacutem eacute significativa ou seja concorda-se com Guanziroli et al
(2012) quando afirma que produzir alimentos como arroz feijatildeo ou mandioca natildeo
quer dizer necessariamente que esses produtores satildeo camponeses ou produtores
de subsistecircncia pois na grande maioria dos estabelecimentos produz-se totalmente
para o mercado ou seja seu objetivo natildeo eacute somente a subsistecircncia e sim vender a
produccedilatildeo
TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000
PRODUTO 2006
Arroz 3919
Cana-de-accediluacutecar 1024
Cebola 6959
Fumo 9567
Mandioca 9317
Milho 5190
Soja 2360
Trigo 3638
Feijatildeo 7659
Banana 6240
Cafeacute 2967
Laranja 2525
Uva 5363
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
53
TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006
TIPO DE PRODUCcedilAtildeO 2006
Pecuaacuteria de corte 1665
Pecuaacuteria de leite 6053
Suiacutenos 5245
Aves 3034
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
A produccedilatildeo de fumo na regiatildeo Sul do Brasil tambeacutem tem grande
expressividade no contingente de pessoal ocupado (PO) ou seja conforme
demonstrado na tabela abaixo 9 da PO agriacutecola de 2012 estava ocupada nessa
atividade De acordo com Maia e Sakamoto (2015) no Sul destacam-se aleacutem dos
ocupados no cultivo do fumo os ocupados no cultivo da soja (10 da PO agriacutecola)
que representavam em 2012 90 e 63 dos ocupados nos respectivos ramos de
atividade do conjunto da PO agriacutecola brasileira
Para esses autores a dinacircmica da PO agriacutecola brasileira foi influenciada pela
regiatildeo Nordeste que apesar de conter o contingente agriacutecola mais expressivo do
Paiacutes (44 do total da PO agriacutecola brasileira) passou por uma grande reduccedilatildeo de
28 da PO agriacutecola entre os anos de 2005 e 2012 Buainain et al (2013) apud Maia
Sakamoto (2014) destacam que esse processo de esvaziamento na regiatildeo
Nordeste estaria associado tanto agrave inviabilidade econocircmica do minifuacutendio quanto agraves
diferenccedilas de qualidade de vida e oportunidades de emprego entre os meios rural e
urbano
54
TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012
Grupos 2012
N (1000)
Criaccedilatildeo de bovinos e outros animais 402 188
Cultivo de hortaliccedilas legumes flores etc 305 143
Cultivo de Soja 207 97
Produccedilatildeo mista lavoura temporaacuteria e pecuaacuteria
197 92
Cultivo de milho 194 91
Cultivo de fumo 194 91
Outras atividades 632 297
Total 2131 100
Fonte Maia e Sakamoto 2014 Dados primaacuterios IBGE 2012
Com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos ocupantes em atividades agropecuaacuterias por
condiccedilatildeo de pobreza (tabela 12) nota-se que os ocupados pobres na produccedilatildeo de
fumo correspondem a 7 do total que eacute um percentual de pobres em geral menor
do que os encontrados em outras produccedilotildees como nas de mandioca (26) arroz
(29) milho (24) e horticultura (12)
As culturas da soja cafeacute cana-de-accediluacutecar e frutas satildeo as que tecircm menores
taxas de pobreza com valores respectivos de 24 45 46 e 63 A
proporccedilatildeo meacutedia brasileira para todos os ocupados em atividades agropecuaacuterias eacute
de 146
Desse modo pode-se dizer que as culturas tradicionais como arroz
mandioca e milho satildeo as que tecircm maiores taxas de pobreza Esse fato faz sentido
em Prudentoacutepolis pois na regiatildeo Norte do municiacutepio onde a produccedilatildeo de fumo natildeo
eacute realizada devido agraves caracteriacutesticas do clima e da topografia o niacutevel de
desenvolvimento eacute menor que na parte Central e Sul do municiacutepio Esse contraste
se revela natildeo somente pela comparaccedilatildeo entre culturas tradicionais e a produccedilatildeo de
fumo pois tambeacutem as outras culturas tendem a gerar menores taxas de pobreza
A produccedilatildeo de frutas eacute uma boa opccedilatildeo para a geraccedilatildeo de renda dos
agricultores familiares em geral pois apresenta uma taxa de pobreza bem menor
55
ainda que a do fumo Poreacutem para essa produccedilatildeo seria necessaacuteria a especializaccedilatildeo
e a tecnificaccedilatildeo desses agricultores realizadas a partir de poliacuteticas de incentivos a
tecnificaccedilatildeo e assistecircncia para agricultura familiar como apontado por Navarro
(2014) Ou seja a quantidade de tecnologia empregada de forma correta estaacute
intrinsecamente relacionada agrave renda do agricultor Sobre tecnologia para a
agricultura familiar Valente (2008) ressalta que ldquodeve-se compreender a tecnologia
natildeo como panaceacuteia mas conhecimento que estaria a exigir inovaccedilotildees institucionais
como poliacuteticas puacuteblicas parcerias e outras accedilotildees que a ele devem ser conjugadasrdquo
TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010)
Atividade Natildeo pobre Pobre Pobres () Total
Arroz 137325 56589 292 193914
Milho 389402 126624 245 516026
Algodatildeo 7322 579 73 7901
Cana-de-accediluacutecar 214497 10189 45 224686
Fumo 215365 16116 70 231481
Soja 96235 2387 24 98622
Mandioca 376239 132050 260 508288
Horticultura 522745 72322 122 595067
Frutas 236742 15808 63 252550
Cafeacute 552738 26757 46 579496
Cacau 67809 6670 90 74479
Pecuaacuteria 1611624 149626 85 1761250
Outros cultivos 4389749 942358 177 5332108
Outros agropecuaacuteria
1609597 226670 123 1836267
Total 10427388 1784746 146 12212134
Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010
Portanto os dados da tabela 12 mostram que realmente existem vaacuterias
culturas que geram uma taxa de pobreza bem menor que a cultura do fumo mas em
contrapartida existem aquelas que geram taxas de pobreza bem maiores Assim
pode-se dizer que os agricultores familiares que produzem fumo analisam os fatores
56
relacionados agrave matildeo de obra terra maquinaacuterios disponibilidade de capital
conhecimento teacutecnico e agrave lucratividade por atividade optando pela produccedilatildeo mais
rentaacutevel dentre aquelas para as quais possuem capacidade teacutecnica e financeira para
produzir
No quadro 4 podemos ver como ocorre a distribuiccedilatildeo das atividades
agropecuaacuterias entre os domiciacutelios rurais e urbanos Nesse sentido aproporccedilatildeo dos
ocupados em atividades agriacutecolas e que residem em aacutereas urbanas satildeo maiores em
cultivos como cana-de-accediluacutecar algodatildeo e frutas (607 516 e 451
respectivamente) ao passo que no cultivo do fumo cacau milho e arroz essas
proporccedilotildees satildeo bem menores (65 224 245 e 292)
Do ponto de vista da fixaccedilatildeo do homem no campo a cultura do fumo eacute mais
eficiente se comparadas com aquelas mais mecanizaacuteveis em que o contingente de
ocupados em atividades agriacutecolas eacute maior na aacuterea urbana O fato de a produccedilatildeo de
fumo ser pouco mecanizaacutevel no Brasil principalmente na colheita exige a matildeo de
obra familiar sem contar a necessidade da contrataccedilatildeo de matildeo de obra nos
periacuteodos de colheita do produto
Atividade Urbano Rural Urbano () Total Arroz 63133 130781 326 193914 Milho 114789 401228 222 516026 Algodatildeo 4075 3826 516 7901 Cana-de-accediluacutecar 136484 88202 607 224686 Fumo 15105 216376 65 231481 Soja 32958 65664 334 98622 Mandioca 86628 421660 170 508288 Horticultura 233989 361078 393 595067 Frutas 113813 138738 451 252550 Cafeacute 213751 365744 369 579496 Cacau 16683 57796 224 74479 Pecuaacuteria 466018 1295232 265 1761250 Outros cultivos 1625626 3706482 305 5332108 Outros agropecuaacuteria
889452 946815 484 1836267
QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010)
Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010
De acordo com Neder (2014) os municiacutepios brasileiros de maior porte
populacional se dedicam mais expressivamente agraves atividades de serviccedilos e induacutestria
57
(atividades natildeo agropecuaacuterias) ao passo que os municiacutepios com menor populaccedilatildeo
encontram-se mais relacionados agrave pecuaacuteria soja e fumo Dado esse que se
confirma no municiacutepio de Prudentoacutepolis como tambeacutem na grande parte dos
municiacutepios produtores de fumo da regiatildeo Sul do Brasil os quais satildeo caracterizados
pelo baixo contingente populacional sendo que um nuacutemero razoaacutevel deles tem
populaccedilatildeo predominantemente rural
A partir dos dados apresentados nota-se que a agricultura familiar brasileira
tambeacutem produz commodities para o mercado externo como nas cadeias de aves
suiacutenos soja e fumo Redefinindo assim a visatildeo dualista e superando o dilema entre
a agricultura para o mercado interno e a agricultura para exportaccedilatildeo (SILVEIRA
2014)
Portanto sabendo da inegaacutevel dualidade entre as formas de fazer agricultura
no rural brasileiro estando de um lado a agricultura patronal e do outro a agricultura
familiar concorda-se com Elesbatildeo (2007) quando afirma que natildeo tem fundamento
priorizar nem um segmento e nem outro dentro da agropecuaacuteria pois deve-se olhar
para o rural como um territoacuterio de diversidade onde haacute espaccedilo e necessidade para o
desenvolvimento tanto da produccedilatildeo de commoditiescomo tambeacutem para a
diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo na agricultura familiar tendo como escopo para as
pesquisas a heterogeneidade do segmento familiar
58
CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO
Este capiacutetulo tem por objetivo mostrar os processos de ocupaccedilatildeo do territoacuterio
de Prudentoacutepolis como tambeacutem os elementos que proporcionaram a inserccedilatildeo da
cultura do fumo nas unidades familiares a qual contribuiu para a reproduccedilatildeo
econocircmica desses produtores Nesse sentido a caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais
familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de fontes secundaacuterias como o IBGE eacute
fundamental para conhecer o perfil das unidades familiares
31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR
O municiacutepio de Prudentoacutepolis estaacute localizado na mesorregiatildeo Sudeste do
estado do Paranaacute (figura 2) sendo o terceiro municiacutepio paranaense com maior aacuterea
territorial Estaacute situado a latitude 25ordm 12rsquo 47rdquoS longitude 50ordm 58 40 W e na altitude
de 840 metros (IBGE 2010)
A partir de dados do censo demograacutefico (IBGE 2010) constata-se que
atualmente a maior parte da populaccedilatildeo Prudentopolitana reside na aacuterea rural ou
seja do total de 48793 habitantes 54 vivem na aacuterea rural e 46 na urbana
59
Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO Fonte IBGE (2010) Autor VILCZAK A (2015)
A ocupaccedilatildeo territorial do municiacutepio de Prudentoacutepolis se deu principalmente
atraveacutes da entrada de grande contingentes de imigrantes europeus No Paranaacute
entre os anos de 1829 e 1911 chegaram aproximadamente 83012 mil estrangeiros
de origem eslava (SENETRA 2014) os quais se dirigiram em sua maioria para os
arredores de Curitiba Prudentoacutepolis e Mallet
No municiacutepio de Prudentoacutepolis um contingente maior de imigrantes chegou
entre os anos de 1896 e 1897 Por esse fato atualmente cerca de 75 da
populaccedilatildeo satildeo descendentes de imigrantes ucranianos e em menor escala de
poloneses
Conforme Hauresko (2012) Prudentoacutepolis eacute uma das antigas colocircnias do
interior do Paranaacute instalada em 1895 no denominado distrito de Satildeo Joatildeo de
Capanema sendo a construccedilatildeo da estrada de rodagem Rio Grande do Sul ndash Satildeo
Paulo um dos fatores para a atraccedilatildeo desses imigrantes os quais foram inseridos
numa poliacutetica de instalaccedilatildeo de pequenas propriedades
Os lotes de terra eram recebidos pelos imigrantes e deveriam ser quitados na
medida em que prosperassem economicamente Esses lotes eram desmatados
pelos proacuteprios imigrantes onde construiacuteam casas provisoacuterias de madeira para
abrigar a famiacutelia como demonstra a figura 3
60
FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
Fonte Acervo do Museu do Milecircnio em PrudentoacutepolisPR
A colocircnia foi elevada a categoria de Vila no ano de 1906 pelo processo de
desmembramento do municiacutepio de Guarapuava No ano de 1929 foi elevada agrave
condiccedilatildeo de municiacutepio sendo constituiacutedo pelos distritos de Patos Velhos Jaciaba e
Prudentoacutepolis
No iniacutecio da colonizaccedilatildeo a semente de pinhatildeo era o principal alimento de
subsistecircncia para o imigrante De acordo com Zaroski (2001) os imigrantes colhiam
os pinhotildees e os transformavam em farinha e fubaacute atraveacutes dos moinhos caseiros e
assim substituiacuteam as farinhas de trigo e centeio Quando se instalaram
definitivamente em seus lotes esses imigrantes comeccedilaram a produzir as sementes
de trigo e centeio tambeacutem para a subsistecircncia
De acordo com Hauresko (2012) uma das primeiras atividades econocircmicas
significativas para as famiacutelias descendentes de imigrantes foi a extraccedilatildeo da erva-
mate jaacute que eacute uma planta nativa da regiatildeo
Uma das mais importantes induacutestrias do proacutespero municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute incontestavelmente a do matte que o municiacutepio produz abundantemente Fundada a colocircnia de Prudentoacutepolis composta na sua maioria de polonezes ruthenos e ukranianos coube a cada colono um lote de 5 a 10 alqueires de terras feacuterteis (BRASIL1929 p 28-29 citado por Hauresko 2012)
61
As pequenas glebas de terra que os imigrantes possuiacuteam rendiam a eles a
extraccedilatildeo da erva-mate como tambeacutem a produccedilatildeo de alimentos para autoconsumo e
mais tarde para a comercializaccedilatildeo Nessa continuidade os produtos agriacutecolas que
se destacam historicamente na participaccedilatildeo econocircmica do municiacutepio foram o cultivo
de feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata suiacutenos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de
gado (EMATER 2014) Poreacutem a renda gerada por essas culturas era iacutenfima de um
lado pela baixa produccedilatildeo que alcanccedilavam devido agrave ausecircncia naquele periacuteodo de
um pacote tecnoloacutegico que potencializasse a produccedilatildeo e de outro lado pela falta de
mercado para receber esses produtos
Diante disso a produccedilatildeo de fumo foi uma importante atividade geradora de
renda para a agricultura familiar principalmente a partir da deacutecada de 1970 Por
outro lado a inserccedilatildeo dessa cultura tambeacutem eacute resultado do papel que as empresas
fumageiras tiveram na regiatildeo Sul do Brasil Ou seja a produccedilatildeo se definiu e se
consolidou devido principalmente as empresas fumageiras em ir ateacute o fumicultor
devido a competitividade que o setor apresenta
Na primeira metade do seacuteculo XX muitas famiacutelias jaacute se dedicavam a produccedilatildeo
de fumo tanto de corda (consumo proacuteprio) como tambeacutem de folhas de fumo para
venda Produziam em pequenas quantidades pois todo o trabalho era manual
conforme relata o fumicultor
Eu lembro bem quando o meu avocirc fez a estufa para noacutes trabalhar com o fumo foi mais ou menos nos anos de 1960[] foi bom negoacutecio porque outra lavoura natildeo dava tanto lucro noacutes eacuteramos em bastante irmatildeos e todos ajudavam [] natildeo era faacutecil como hoje que temos trator estufa eleacutetrica Antes era tudo feito com os cavalos e a gente trabalhava muito de sol a sol (Fumicultor da Comunidade de Linha Dezembro entrevistado no dia 9 de junho de 2014) Antes de comeccedilar de plantar fumo noacutes produziacuteamos soacute para consumo o feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata porcos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de gado []Nossa situaccedilatildeo financeira era muito difiacutecil [] natildeo tinha uma renda certa passava muitas necessidades principalmente quando precisava para a sauacutede (Fumicultor da Comunidade de Linha Rio Preto entrevistado em junho de 2014)
No municiacutepio a produccedilatildeo de fumo teve grande procura a partir da metade do
seacuteculo XX Tambeacutem houve incentivos principalmente por parte da Souza Cruz uma
vez que a cultura se desenvolveu bem em algumas regiotildees
62
No ano de 2014 a Emater de Prudentoacutepolis registrou a existecircncia de 8100
famiacutelias de agricultores das quais 1813 o que corresponde a 22 estatildeo
envolvidas no sistema de produccedilatildeo integrada de fumos claros com as empresas
fumageiras que atuam no municiacutepio
A figura 4 mostra a concentraccedilatildeo na parte Sul e Central das 1813 famiacutelias
que produzem o fumo em Prudentoacutepolis Essa concentraccedilatildeo estaacute relacionada agrave
topografia e ao clima De acordo com Kraiczek e Antoneli (2012) na regiatildeo Norte do
municiacutepio a produccedilatildeo natildeo eacute realizada devido ao relevo declivoso (figura 5) improacuteprio
para algumas atividades agriacutecolas como tambeacutem pelo fato de as condiccedilotildees
climaacuteticas serem diferenciadas
FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES
FONTE AFUBRA ndash Mapa elaborado a partir das localidades onde se encontram os produtores Org Kraiczek 2014
63
FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
FonteSRTM ndash USGS-USA (2000) ORG Kurta M (2014)
De acordo com o exposto muitas famiacutelias da regiatildeo Norte do municiacutepio se
interessam pelo plantio de fumo principalmente pela geraccedilatildeo de renda e venda
garantida do produto poreacutem natildeo o produzem devido aos fatores limitantes
De acordo com Emater (2014) devido agraves limitaccedilotildees climaacuteticas e topograacuteficas
as culturas que prevalecem naquela regiatildeo satildeo o feijatildeo milho mandioca maracujaacute
uva e produtos de autoconsumo familiar Esses agricultores familiares sinalizam a
falta de opccedilatildeo de cultivo economicamente rentaacutevel bem como a necessidade da
melhoria nas estradas rurais as quais satildeo fundamentais para escoar a produccedilatildeo
A regiatildeo tambeacutem se caracteriza pelo menor niacutevel de mecanizaccedilatildeo da
produccedilatildeo quando comparada com as regiotildees Central e Sul necessitando de matildeo de
obra intensiva para a produccedilatildeo Extensas aacutereas de lavoura satildeo plantadas
manejadas e colhidas manualmente retratando assim a dificuldade do trabalho
nessa regiatildeo (figura 6)
64
FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR
Fonte Vilczak (2014)
A foto da esquerda mostra uma lavoura de feijatildeo que foi plantada agrave matildeo por
um agricultor familiar do Norte do municiacutepio (Comunidade da Linha Barra de Areia)
o agricultor retrata a dificuldade de trabalhar nessa regiatildeo A foto da direita retrata de
que forma se apresenta o relevo daquela regiatildeo
Conforme dados da Emater (2014) a ocupaccedilatildeo do solo no municiacutepio se daacute
pelas lavouras anuais e perenes matas nativas matas naturais de preservaccedilatildeo
permanente reflorestamentos e pastagens Segundo dados do Ipardes (2013) as
atividades agropecuaacuterias que se destacam atualmente na geraccedilatildeo de renda e no
nuacutemero de hectares ocupados por plantio em Prudentoacutepolis satildeo a produccedilatildeo de leite
bovino e o plantio de fumo soja milho feijatildeo preto e trigo Aleacutem dessas outras
atividades de significacircncia menor para a economia satildeo apresentados nos quadros 5
e 6
65
CULTURAS AacuteREA COLHIDA (ha)
PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)
VALOR (R$
100000)
Abacate 1 30 30000
Abacaxi (mil frutos)
1 11 11000 12
Alho 10 53 5300 265
Amendoim (em casca)
15 20 1333 32
Arroz (em casca)
540 1200 2222 926
Aveia (em gratildeo) 90 198 2200 99
Banana 1 9 9000 5
Batata-inglesa 130 3874 29808 3937
Cana-de-accediluacutecar 26 1325 50962 53
Cebola 60 840 14000 798
Centeio (em gratildeo)
90 135 1500 54
Feijatildeo 27300 33040 1210 70323
Fumo (folha) 4400 9701 2205 58206
Laranja 47 940 20000 544
Maracujaacute
106
530 5000 1007
Mandioca 365 8395 23000 2686
Milho 19870 107088 5389 45699
Pecircssego 13 52 4000 94
Soja 23310 73570 3156 68546
Tomate 5 205 50000 217
Trigo 4210 13472 3200 9508
Uva 28 205 7321 372
QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR
FONTE IBGE - Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013
66
PRODUTOS PRODUCcedilAtildeO VALOR (R$ 100000)
Latilde (Kg) 10930 109
Leite (mil litros) 8308 9965
Mel de abelha (Kg) 290000 2900
Ovos de galinha (mil dz) 245 662
QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
FONTE IPARDES 2015 (IBGE SAFRA DE 2013)
Dentre os setores econocircmicos responsaacuteveis pela formaccedilatildeo do PIB do
municiacutepio de Prudentoacutepolis destacam-se os setores de serviccedilos e a agropecuaacuteria
(quadro 7) Com relaccedilatildeo ao setor de serviccedilos o mesmo tambeacutem estaacute relacionado agraves
atividades agropecuaacuterias
O baixo percentual de participaccedilatildeo das induacutestrias no PIB do municiacutepio se
reflete na baixa agregaccedilatildeo de valor sobre os produtos principalmente nos de origem
animal e da fruticultura entre outros produtos que poderiam gerar mais renda para
os produtores se fossem beneficiados por eles proacuteprios
Setor Prudentoacutepolis Paranaacute
Mil R$ ()
Mil R$ ()
Agropecuaacuteria 115127 2791 12816893 675 Induacutestria 35579 863 46858018 2466 Serviccedilos 237699 5762 106694466 5616
Impostos produtos liacutequidos de subsidio
24099 584 23622577 1243
PIB a preccedilo corrente 412504 100 189991954 100 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR
IBGE 2012 Org Vilczak A 2015
De acordo com Emater (2014) existem no municiacutepio quatorze categorias de
agroinduacutestrias as quais satildeo consideradas de pequeno e meacutedio porte com destaque
para as agroinduacutestrias de embutidos e defumados erva-mate farinha de milho e
quirera Sabendo da importacircncia do setor agropecuaacuterio para a economia do
municiacutepio o graacutefico 2 mostra as atividades com maior geraccedilatildeo de renda
67
GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS
FONTE IBGE Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013 Org VILCZAK A (2014)
Se analisarmos somente a renda obtida por cada cultura notaremos que o
feijatildeo e a soja satildeo as que mais geram receita seguido do fumo milho trigo e arroz
Contudo ao analisarmos a receita e a aacuterea cultivada de cada lavoura notamos que a
produccedilatildeo de fumo eacute a mais rentaacutevel
A partir do graacutefico pode-se entender o porquecirc das famiacutelias permanecerem na
atividade fumageira Estas satildeo motivadas principalmente pela renda obtida aleacutem da
constataccedilatildeo a partir de trabalhos de campo de que a maioria dos fumicultores estatildeo
na atividade haacute muitos anos e que esta ocupaccedilatildeo eacute passada de uma geraccedilatildeo para
outra
Noacutes plantamos fumos haacute 15 anos e antes de eu e minha esposa casar eu plantava o fumo com meus pais e minha esposa com os pais dela e agora pegamos uma estufa para noacutes e continuamos na produccedilatildeo [] Jaacute sabemos bem como produzir um fumo de qualidade boa [] jaacute investimos em outras atividades mas natildeo deu lucro igual do fumo [] trecircs anos atraacutes fizemos financiamento para tanques de peixe investi 10 mil reais para fazer os tanques e comprar os alevinos e como noacutes natildeo tinha acompanhamento teacutecnico e muito menos experiecircncia em produzir peixe natildeo tivemos lucros Produzimos feijatildeo milho soja mas a maior renda vem do fumo (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Dezembro em maio de 2014)
926
70323
58206
45699
68546
9508
540
27300
4400
19870
23310
4210
0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000
Arroz
Feijatildeo
fumo
Milho
Soja
Trigo
Aacuterea Plantada (ha) Valor Produccedilatildeo (R$ 100000)
68
A produccedilatildeo de leite tambeacutem tem uma expressiva contribuiccedilatildeo para a
economia do municiacutepio pois nos uacuteltimos anos intensificou-se a dedicaccedilatildeo dos
agricultores familiares nessa atividade Dessa forma muitos dos fumicultores
tambeacutem produzem leite pelo fato de possuir mercado garantido e tambeacutem devido ao
pagamento do leite ser realizado mensalmente o que natildeo acontece com o fumo
Nas propriedades que combinam a produccedilatildeo de leite com a do fumo os agricultores
familiares usam a renda do leite para gastos mensais fixos da famiacutelia e a renda da
safra do fumo eacute investido na propriedade pois gera receitas mais altas
Agora com a renda do fumo e do leite as coisas se equilibraram que com o dinheiro do leite usamos para os gastos do mecircs e quando vendemos a safra do fumo investimos na propriedade jaacute fizemos casa de alvenaria cerca paiol novo galinheiro compramos trator carro [] a gente trabalha mais mas pelo menos natildeo passamos grandes necessidadade (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Visconde de Guarapuavaem maio de 2014)
De acordo com a EMATER (2014) nos uacuteltimos anos houve aumento do
nuacutemero de agricultores familiares que se dedicaram agrave produccedilatildeo de leite e aos
poucos abandonaram o cultivo do fumo A partir dos trabalhos de campo percebe-se
que muitas vezes os mais jovens pretendem investir na atividade leiteira fazer
cursos e se especializar no uso de tecnologias que permitam maior produtividade
dos animais ou seja casais mais novos que pretendem permanecer no campo
geralmente com niacutevel de escolaridade maior buscam ser mais competitivos como
por exemplo o depoimento de um casal que reside na Linha Visconde de
Guarapuava e de outro que reside na Linha Dezembro
Os nossos pais plantam fumo e quando casamos tambeacutem comeccedilamos a produzir fumo e leite e achamos que se noacutes se especializasse soacute na produccedilatildeo de leite a gente teria mais facilidade porque temos pouca terra (5 alqueires) [] agora temos 32 vacas de leite fora os terneiros e temos uma renda ateacute que razoaacutevel por mecircs (Agricultora familiar entrevistada5 na comunidade de Linha Visconde de Guarapuava)
Sempre plantei fumo mas como casei no ano passado eu e minha mulher decedimos plantar fumo somente nesse ano e no proacuteximo ano investir mais no leite que temos mais facilidade apesar de ter que trabalhar todos os dias de manhatilde e de tarde para tirar o leite e ainda durante o dia plantar os pastos [] no fumo natildeo precisa ficar o ano todo trabalhando mas mesmo assim vamos se especializar soacute com a produccedilatildeo de leite e outras lavouras (Fumicultor entrevistado na comunidade de Linha Dezembro)
5 A agricultora relata que atualmente soacute ajuda os pais com as atividades do fumo nos dias de colheita
69
Portanto nota-se que os mesmos usam da racionalidade econocircmica para
definir o que produzir natildeo buscando somente a sobrevivecircncia da famiacutelia e se
especializando nas atividades em que acreditam serem mais eficiente considerando
as caracteriacutesticas de suas propriedades Buscam assim melhorar de vida seguindo
uma racionalidade tipo capitalista
32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS
Como jaacute visto no item anterior o municiacutepio de Prudentoacutepolis sempre possuiu
uma base produtiva alicerccedilada estruturalmente no setor agropecuaacuterio e de acordo
com dados da Emater de Prudentoacutepolis (2014) o puacuteblico que faz parte do rural do
municiacutepio estaacute composto pela categoria Agricultura familiar constando um nuacutemero
de 8100 estabelecimentos Agricultura Patronal com 1750 estabelecimentos e por
40 famiacutelias Indiacutegenas aleacutem daqueles trabalhadores rurais contratados nos periacuteodos
de safra para desenvolver atividades no campo
Nota-se que em Prudentoacutepolis a categoria da agricultura familiar eacute
predominante em relaccedilatildeo agrave patronal Desse modo a caracterizaccedilatildeo dos produtores
rurais familiares a partir de conceitos e dados estatiacutesticos sistematizados para todo o
paiacutes se torna pertinente para que possamos estimar em quais grupos existe a maior
concentraccedilatildeo desses produtores familiares no municiacutepio e qual eacute a dinacircmica de
produccedilatildeo desses grupos A tipologia entre os agricultores familiares tem por objetivo
estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares devido
a sua heterogeneidade (FAOINCRA 2000) Sendo assim o grupo A refere-se
aquele produtor com renda total superior a trecircs vezes o valor da diaacuteria o grupo B ao
produtor com renda total superior a uma vez ateacute trecircs vezes o valor da diaacuteria no
grupo C estatildeo aqueles com renda total superior agrave metade ateacute uma vez o valor da
diaacuteria e por fim o grupo D com renda total igual ou inferior agrave metade do valor da
diaacuteria
A existecircncia de quatro grupos distintos dentro do universo familiar eacute resultante
de vaacuterios fatores como por exemplo a disponibilidade de terras agricultaacuteveis (como
aquelas localizadas na regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis) as tecnologias
empregadas pelas unidades familiares a forma de administraccedilatildeo da propriedade os
70
preccedilos e mercados aos quais a produccedilatildeo eacute destinada fatores climaacuteticos entre
outros Portanto os distintos tipos de produtores satildeo portadores de racionalidades
especificas e buscam se adaptar ao meio em que estatildeo inseridos
O universo agraacuterio eacute extremamente complexo seja em funccedilatildeo da grande diversidade da paisagem agraacuteria (meio fiacutesico ambiente variaacuteveis econocircmicas etc) seja em virtude da existecircncia de diferentes tipos de agricultores os quais tecircm interesses particulares estrateacutegias proacuteprias de sobrevivecircncia e de produccedilatildeo e que portanto respondem de maneira diferenciada a desafios e restriccedilotildees semelhantes (FAOINCRA 2000)
Os dados mais gerais que tratam de variaacuteveis da caracterizaccedilatildeo dos
agricultores familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis pertencem ao censo
agropecuaacuterio de 2006 momento aquele em que o universo da agricultura familiar era
composto por aproximadamente 7409 estabelecimentos sendo que no ano de
2014 a Emater do municiacutepio registrou um nuacutemero aproximado de 8100 agricultores
familiares um aumento de 691 estabelecimentos Esse aumento dos agricultores
familiares no dececircnio pode ser resultado da subdivisatildeo das propriedades jaacute
existentes
Dentre os quatro grupos familiares (Quadro 8) o maior nuacutemero de agricultores
familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis encontra-se no grupo D ou seja aqueles
agricultores familiares descapitalizados e com baixo niacutevel de integraccedilatildeo ao mercado
No grupo A considerado como capitalizado e com grande integraccedilatildeo aos mercados
existe um contingente menor de agricultores
Nuacutemero bastante significativo de produtores familiares estaacute representado pelo
grupo B grupo esse que estaacute em processo de capitalizaccedilatildeo e integrado ao mercado
Os agricultores familiares capitalizados e em processo de capitalizaccedilatildeo satildeo em
menores nuacutemeros que os descapitalizados e os em processo de descapitalizaccedilatildeo
71
Cidade Agricultura familiar por grupo
Nordm Absoluto de estabelecimentos por grupo
familiar
Prud
entoacute
polis
PR
Familiar ndash tipo A 783
Familiar ndash tipo B 2168
Familiar ndash tipo C 1387
Familiar ndash tipo D 3071
Total 7409
QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006
Fonte IBGE 2006
Conforme os dados do IBGE (2006) eacute importante ressaltar que em
Prudentoacutepolis o grupo A representa cerca de 10 do total de estabelecimentos
familiares o que eacute aproximadamente a mesma proporccedilatildeo verificada para o Brasil
onde haacute cerca de 460 mil produtores do grupo A num universo de pouco mais de 4
milhotildees de estabelecimentos familiares
Dentro do universo dos agricultores familiares de Prudentoacutepolis nota-se que a
grande maioria deles independentemente do tipo familiar possui terras proacuteprias
como demonstrado no quadro 9 O fato de a grande maioria possuir terras proacuteprias
estaacute relacionado ao loteamento feito no periacuteodo da colonizaccedilatildeo do municiacutepio sendo
que apesar de ter acontecido a venda e compra de algum desses lotes em termos
gerais a questatildeo do acesso agrave terras permanece inalterada entre os agricultores
familiares locais
72
Variaacutevel
Agricultura familiar por grupo
Nordm Absoluto de propriedades por grupo
no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR
Terras proacuteprias
Familiar ndash tipo A 700
Familiar ndash tipo B 2016
Familiar ndash tipo C 1338
Familiar ndash tipo D 2966
Total 7020
QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)
Com relaccedilatildeo aos tipos de cultivo nota-se pelo quadro 10 que os produtores
de fumo se concentram nos grupos A e B Ou seja do ponto de vista econocircmico a
produccedilatildeo tende a oferecer uma renda maior do que o milho e o feijatildeo por exemplo
visto que a maior concentraccedilatildeo desses agricultores familiares estaacute nos grupos C e D
A maior parte dos produtores de fumo tem um niacutevel alto de integraccedilatildeo com o
mercado quer dizer natildeo satildeo camponeses e sim pequenos capitalistas que visam
lucros mantendo-se competitivos com objetivo de crescimento econocircmico
QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)
Nesse sentido concorda-se com as abordagens ligadas ao capitalismo
agraacuterio segundo as quais a integraccedilatildeo dos fumicultores com as induacutestrias
Grupo familiar Fumo Feijatildeo Milho Soja Familiar ndash tipo A 520 493 540 109
Familiar ndash tipo B 798 1464 1484 110
Familiar ndash tipo C 128 1058 974 56
Familiar ndash tipo D 89 2125 1773 84
Agricultor natildeo familiar
19 76 93 44
Total de
estabelecimentos
1555
5216
4864
403
73
fumageiras oferece maiores oportunidades para capitalizaccedilatildeo ao passo que a
maioria daquelas famiacutelias que produzem feijatildeo e milho estaacute no grupo familiar em vias
de descapitalizaccedilatildeo e descapitalizados auferindo renda menor
Quando somados as colunas do quadro 10 vemos que o nuacutemero para cada
linha supera o total de estabelecimentos de cada categoria apresentados nos
quadros anteriores Isso mostra que haacute muitos fumicultores que natildeo se dedicam
apenas ao fumo mas tambeacutem ao feijatildeo milho e ou soja A partir dai pode-se
levantar a hipoacutetese de que muitos produtores do grupo A manteacutem pequenas
produccedilotildees de feijatildeo eou milho para autoconsumo Outra hipoacutetese eacute que haacute
produtores do grupo B que estatildeo tentando fazer a transiccedilatildeo das culturas de feijatildeo
eou milho para a cultura de fumo motivo pelo qual deram iniacutecio a produccedilatildeo deste
uacuteltimo sem abandonar os cultivos mais tradicionais
No municiacutepio tambeacutem existem dezenove agricultores natildeo familiares que
produzem fumo e usam da matildeo de obra contratada para cultivar a commoditie
devido agrave baixa mecanizaccedilatildeo disponiacutevel para esse tipo de lavouraDesse modo os
agricultores natildeo familiares tambeacutem tecircm interesse na rentabilidade por hectare e no
mercado garantido do fumo
A produccedilatildeo de soja tem uma expressividade na agricultura familiar com
destaque para os grupos A e B O milho e feijatildeo satildeo as culturas que predominam
nos grupos familiares
Para as variaacuteveis ligadas agrave modernizaccedilatildeo da agricultura foi contabilizado o
nuacutemero de tratores existente nas propriedades familiares como tambeacutem a utilizaccedilatildeo
de agrotoacutexicos entre esses grupos mediante dados do IBGE como apresentado no
quadro 11 Dos 7409 estabelecimentos familiares 1384 possuiacuteam trator no ano de
2006 ou seja 18
Nesse sentido pode-se dizer que no ano de 2006 um universo pequeno de
agricultores familiares possuiacutea trator No grupo A 34 dos agricultores tinham
tratores O grupo B foi o menos expressivo nessa variaacutevel com 12 de
estabelecimentos com trator seguidos de 15 no grupo C e de 20 no grupo D
74
Agricultura familiar por grupo de agricultores
Nuacutemero total de estabelecimentos familiares
Nuacutemero de estabelecimentos com tratores
de tratores por grupo familiar
Familiar ndash tipo A 783 269 34
Familiar ndash tipo B 2168 278 12
Familiar ndash tipo C 1387 209 15
Familiar ndash tipo D 3071 628 20
Total 7409 1384 18
QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES
Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015) O uso de agrotoacutexicos eacute feito por uma parcela expressiva de agricultores
familiares posto que 77 deles usam algum tipo desse produto Em termos
percentuais os agricultores familiares do grupo A satildeo os que mais usam seguidos
do grupo B com 82 grupo Ccom 75 epor fim o grupo D com 69 dos
agricultores que fazem uso desse insumo agriacutecola Assim vale notar que o uso de
agrotoacutexicos natildeo estaacute associado apenas agrave produccedilatildeo de fumo pois os grupos
familiares que produzem predominantemente feijatildeo e milho tambeacutem utilizam
produtos quiacutemicos intensamente Nesse sentido concorda-se com DINIZ FILHO
(2011) quando menciona que
[] a incorporaccedilatildeo de elementos econocircmicos e tecnoloacutegicos da agricultura patronal eacute uma estrateacutegia amplamente utilizada por agricultores familiares do mundo todo para se manterem competitivos no bojo da modernizaccedilatildeo agriacutecola embora frequentemente tal incorporaccedilatildeo fique incompleta devido agrave falta de capital para investimentos e das caracteriacutesticas de muitas propriedades familiares tais como pequena dimensatildeo ou relevo inclinado
75
Agricultura familiar por grupo de agricultores
Nuacutemero total de estabelecimentos familiares
Nuacutemero de estabelecimentos que usam agrotoacutexicos
de estab que usam agrotoacutexicos
Familiar ndash tipo A 783 734 93
Familiar ndash tipo B 2168 1794 82
Familiar ndash tipo C 1387 1048 75
Familiar ndash tipo D 3071 2108 69
Total 7409 5684 77
QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS
Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)
Os dados mostram que a agricultura familiar no municiacutepio de Prudentoacutepolis
tambeacutem se beneficia dos aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo da agricultura
concordando com Diniz Filho (2011) quando afirma ser notoacuterio que a monocultura a
mecanizaccedilatildeo e o uso de pesticidas e fertilizantes quiacutemicos satildeo amplamente
disseminados entre os produtores familiares Nesse sentido pode-se dizer que a
agricultura familiar da mesma forma que o agronegoacutecio estaacute preocupada
primeiramente com os lucros do que em usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis e que
busquem somente reproduzir o seu modo de vida
Portanto pode-se afirmar que a produccedilatildeo de fumo eacute considerada uma
atividade que permite renda razoaacutevel para o produtor uma vez que no municiacutepio de
Prudentoacutepolis esses agricultores familiares estatildeo concentrados no tipo familiar mais
capitalizado condizendo assim com os dados mais gerais sobre a agricultura
familiar brasileira apresentados no capiacutetulo anterior segundo os quais a cultura do
fumo gera menor niacutevel de pobreza que culturas alimentares voltadas para o
consumo popular e frequentemente associadas agrave produccedilatildeo de subsistecircncia
Finalmente vale notar que a pesquisa de campo realizada no acircmbito desta pesquisa
corroborou os resultados obtidos pela anaacutelise de dados estatiacutesticos de fontes
oficiais conforme se veraacute a seguir
76
CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO
Este capiacutetulo tem por objetivo expor os dados dos trabalhos de campo
realizados com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela
empresa Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis A
contrataccedilatildeo eacute feita atraveacutes do sistema de produccedilatildeo integrada no qual a empresa
garante a compra de toda a produccedilatildeo fornece assistecircncia teacutecnica aos contratados
define os padrotildees de fumo a serem produzidos de acordo com as demandas de
mercado bem como estipula os preccedilos do quilo de fumo junto ao sindicato dos
fumicultores do Brasil (SINDITABACO)
Na safra de 20142015 duzentos e noventa e cinco produtores familiares de
Prudentoacutepolis foram contratados pela Souza Cruz como fornecedores de fumo Para
dar suporte a esses fumicultores trabalham trecircs instrutores teacutecnicos cada qual
atuando na sua aacuterea de abrangecircncia acompanhando os mesmos associados desde
o iniacutecio ateacute o final da safra
A finalidade do instrutor teacutecnico eacute de prestar assistecircncia aos fumicultores em
todos os processos da produccedilatildeo do fumo como a definiccedilatildeo da quantidade de peacutes
de fumo que seraacute plantada a compra de insumos para produccedilatildeo a realizaccedilatildeo do
seguro da safra juntamente com a Afubra assistecircncia teacutecnica nos tratos culturais da
planta estabelecimento de estimativas de quilos de fumo que o produtor
comercializaraacute com a empresa acompanhamento na colheita secagem
classificaccedilatildeo e a venda do produto
O instrutor teacutecnico entrevistado expotildee que aleacutem da empresa Souza Cruz
outras cinco empresas6 do mesmo ramo atuam no municiacutepio com intuito de contratar
fumicultores atraveacutes do sistema integrado Menciona tambeacutem que natildeo existem
grandes conflitos concorrenciais entre essas empresas como jaacute existiu na deacutecada
de 1990 quando uma empresa fazia o maacuteximo para atrair maior quantidade de
associados Nos uacuteltimos anos cada empresa tem os seus produtores certos natildeo
6Universal Leaf Tabacos Ltda CTA ndash Continental Tobaccos Alliance One Exportadora de Fumo Ltda Premium Tabacos do Brasil SA e a A Japan Tabacco Inc (JTI)
77
existindo alto niacutevel de migraccedilatildeo desses entre as empresas uma vez que todas
trabalham no mesmo sistema e os preccedilos do quilo de fumo satildeo tabelados
A logiacutestica de transporte do fumo da residecircncia do produtor ateacute a usina de
beneficiamento da Souza Cruz eacute terceirizada sendo que no municiacutepio satildeo trecircs
transportadoras credenciadas pela empresa A proacutepria Souza Cruz natildeo possui
depoacutesitos de armazenamento de fumo em Prudentoacutepolis Desse modo as trecircs
transportadoras credenciadas satildeo responsaacuteveis por fazer o recolhimento da
produccedilatildeo direto do depoacutesito do produtor A transportadora coleta o fumo nas
propriedades dos fumicultores com um caminhatildeo de menor porte e no barracatildeo da
proacutepria transportadora eacute feito o transbordo para as carretas que seguem ateacute a usina
de beneficiamento
Como na assistecircncia teacutecnica cada transportadora tambeacutem tem uma regiatildeo de
abrangecircncia para recolher o fumo A produccedilatildeo que sai dos depoacutesitos dos produtores
jaacute estaacute 100 assegurada caso aconteccedila imprevistos com a viagem Apoacutes a
descarga do fumo na usina de beneficiamento a transportadora utiliza o mesmo
frete para trazer os insumos agriacutecolas para a proacutexima safra
Apesar de possuir uma usina de processamento de fumo no municiacutepio de Rio
Negro no Paranaacute a produccedilatildeo do municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute enviada para a usina
de BlumenauSC pois a usina de Rio Negro tem capacidade de atender somente agrave
produccedilatildeo da regiatildeo Oeste e Sudoeste paranaense e tambeacutem do ponto de vista
logiacutestico eacute mais viaacutevel enviar a produccedilatildeo de Prudentoacutepolis para Blumenau
A partir de dados da Afubra da Souza Cruz e dos dados de campo foi
construiacutedo um fluxograma para exemplificar as etapas em que o fumo produzido no
municiacutepio de Prudentoacutepolis passa ateacute chegar ao consumidor
78
FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
Fonte Souza Cruz e AFUBRA 2014
Org VILCZAK A 2015
41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES
As informaccedilotildees que seratildeo apresentadas a seguir dizem respeito a sessenta
famiacutelias entrevistadas e que satildeo contratadas pela empresa fumageira Souza Cruz
no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR
As famiacutelias entrevistadas residem em seis diferentes localidades do municiacutepio
de Prudentoacutepolis sendo elas Comunidade da Linha Dezembro Comunidade da
Linha Visconde de Guarapuava Comunidade da Linha Marcondes Comunidade da
Linha Barra Vermelha Comunidade da Linha Antocircnio Olinto e Comunidade da Linha
Tira Cisma (figura 8) Para localizar esses fumicultores os instrutores teacutecnicos da
Souza Cruz forneceram uma listagem de todos os produtores e de sua respectiva
localidade de residecircncia Cabe destacar que as entrevistas natildeo foram direcionadas e
nem realizadas com a presenccedila desses instrutores
79
FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS
A seleccedilatildeo das localidades foi feita levando-se em conta a maior concentraccedilatildeo
de produtores de fumo e a maior acessibilidade em relaccedilatildeo agrave aceitaccedilatildeo dos mesmos
em responderem os questionaacuterios
Para a realizaccedilatildeo das entrevistas fez-se necessaacuterio o auxiacutelio de um agente
comunitaacuterio que tinha maior contato com os fumicultores para que os mesmos
pudessem responder o questionaacuterio com maior seguranccedila Recorreu-se a esse
meacutetodo pelo fato de alguns fumicultores convidados a participar da entrevista natildeo
ficarem tranquilos suspeitando que se tratasse de uma pesquisa que natildeo favorecia
aos ideais deles uma vez que possuem ldquomedordquo de certas campanhas
governamentais que incentivam o fim do plantio do fumo
As primeiras entrevistas foram realizadas na Linha Dezembro Linha Visconde
de Guarapuava e Linha Marcondes sendo que as mesmas foram conduzidas
juntamente com a agente comunitaacuteria Gabriela Strechar (residente na Linha
Visconde de Guarapuava) e contabilizou um total de 19 fumicultores Na Linha Barra
Vermelha Linha Antocircnio Olinto e Linha Tiram Cisma foram realizadas 41 entrevistas
80
com a ajuda da agente comunitaacuteria Adriana Kutzmy moradora da Linha Barra
Vermelha e que tambeacutem tem grande conhecimentos sobre essas localidade e
moradores
As entrevistas foram realizadas nos meses de novembro e dezembro de
2015 periacuteodo da colheita do fumo A escolha desse periacuteodo para a coleta de dados
possibilitou conhecer a realidade de cada famiacutelia com relaccedilatildeo agraves formas de
produccedilatildeo colheita transporte e secagem das folhas de fumo
Caracterizaccedilatildeo das famiacutelias
a) Escolaridade feminina e masculina por faixa etaacuteria
Para a coleta de dados dessa variaacutevel foram levados em consideraccedilatildeo
somente as mulheres e homens que vivem nas unidades de produccedilatildeo familiar isto eacute
pessoas que migraram para as cidades e aquelas que se casaram e permanecem
no meio rural natildeo seratildeo contemplados nos quadro 13 e 14
Dentre as sessenta famiacutelias entrevistadas contabilizou-se um total de
duzentos e vinte e cinco membros que residem nas unidades de produccedilatildeo familiar
sendo cento e nove mulheres e cento e dezesseis homens
81
Faixa etaacuteria
S idade
escolar
S escolar idade
Ateacute o 5ordm ano
Do 6ordm ao 9ordm ano
Ensino meacutedio
Incompleto
Ensino meacutedio
completo
Ensino Superior
Cursos teacutecnicos
Total de
mulheres
0 - 05 anos 10 - 01 - - - - - 11
05 - 10 anos
- - 04 - - - - - 04
11 ndash 20 anos
- - 05 09 01 05 01 - 21
21 ndash 30 anos
- - 08 - 12 - 01 21
31 ndash 40 anos
- - 06 06 - 01 - - 13
41 ndash 50 anos
- - 14 06 - - - - 20
51 ndash 60 anos
- - 12 - - 01 - - 13
Acima de 61
- 01 04 - - 01 - - 06
Total 10 01 46 29 01 20 01 01 109
Percentual ()
09 01 43 27 01 17 01 01 100
QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Com relaccedilatildeo agraves mulheres entrevistadas pode-se notar um baixo grau de
escolarizaccedilatildeo dentre aquelas que possuem mais de 40 anos as quais no maacuteximo
tecircm ensino fundamental completo exceto uma senhora que estaacute na faixa etaacuteria de
51 a 60 anos e que possui ensino meacutedio completo e que era professora das seacuteries
iniciais Nota-se tambeacutem a existecircncia de duas famiacutelias com filhas cursando
universidade e curso teacutecnicos no periacuteodo da noite sendo que as mesmas trabalham
durante o dia na propriedade inclusive na produccedilatildeo de fumo
82
Todas as filhas dos fumicultores em idade escolar estatildeo matriculadas nas
suas respectivas seacuteries de ensino Na faixa etaacuteria de 21 a 30 anos a maioria tem o
ensino meacutedio completo e natildeo demonstra pretensotildees de fazer curso superior nos
proacuteximos anos
Apesar da baixa escolaridade somente uma pessoa entrevistada e que tem
mais que 61 anos de idade nunca frequentou uma escola
De acordo com as entrevistas percebe-se que grande parte das mulheres
quando terminam o ensino meacutedio migra para alguma cidade com pretensotildees de
estudar ou trabalhar
Faixa etaacuteria
S idade
escolar
S escolar idade
Ateacute o 5ordm ano
Do 6ordm ao 9ordm ano
Ensino meacutedio
Incompleto
Ensino meacutedio
completo
Ensino Superior
Cursos teacutecnicos
Total de homens
0 - 05 anos 09 - - - - - - - 09
05 - 10 anos
- - 08 - - - - - 08
11 ndash 20 anos
- - 05 07 07 03 - - 22
21 ndash 30 anos
- - - 02 03 13 01 - 19
31 ndash 40 anos
- 01 08 06 - 05 01 03 24
41 ndash 50 anos
- - 11 - - - - - 11
51 ndash 60 anos
- - 18 - - - - - 18
Acima de 61
- - 05 - - - - - 05
Total 09 01 55 15 10 21 02 03 116
Percentual ()
07 01 47 13 09 18 02 03 100
QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO
Fonte Pesquisa de campo (2015)
83
No universo masculino da mesma forma que no feminino percebe-se que as
menores escolaridades estatildeo entre aqueles que possuem mais de 40 anos de idade
Um entrevistado que possui entre 31 e 40 anos cursou trecircs anos no ensino
superior poreacutem alega que natildeo tem pretensotildees em curto prazo em concluir ou
trabalhar fora da propriedade devido a melhor qualidade de vida que pode ter em
relaccedilatildeo agrave cidade Nessa mesma faixa etaacuteria (31 a 40 anos) trecircs homens
frequentaram cursos teacutecnicos sendo que dois concluiacuteram teacutecnico em agropecuaacuteria e
um teacutecnico florestal
Um homem entre 21 e 30 anos concluiu haacute dois anos o curso superior em
contabilidade afirmou que jaacute trabalhou na sua aacuterea de formaccedilatildeo mas que nesse
ano decidiu trabalhar na produccedilatildeo de fumo poreacutem tem pretensotildees de voltar a
trabalhar na aacuterea de formaccedilatildeo
b) Estrutura familiar
Para a coleta de dados correspondente agrave variaacutevel apresentada no quadro 15
tambeacutem foram levadas em consideraccedilatildeo somente as pessoas que vivem na unidade
familiar Dessa forma a quantidade de membros que compotildee as famiacutelias
entrevistadas natildeo eacute numerosa apresentando a maior porcentagem de famiacutelias
compostas por trecircs e quatro pessoas (30 e 42) Aquelas com mais de cinco
membros correspondem na sua maior parte por famiacutelias onde os pais da esposa ou
do marido estatildeo vivendo juntos
Nuacutemero total dos
membros das famiacutelias
Nordm de famiacutelias Nuacutemero total de membros
Percentual ()
Um membro 0 0 0
Dois membros 6 12 10
Trecircs membros 18 54 30
Quatro membros 25 100 42
Cinco membros 07 35 12
Seis membros 04 24 6
84
Total 60 225 100
QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Os dados sobre as famiacutelias em que pelo menos um dos membros migrou para
alguma cidade com intuito de trabalhar estudar ou trabalhar e estudar estatildeo
apresentados na tabela abaixo
TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE
Motivos da migraccedilatildeo Nordm de famiacutelias Percentual () Somente estudar (cursos teacutecnicos Universidade)
9 15
Estudar (cursos teacutecnicos Universidade) e Trabalho
14 23
Somente trabalhar 6 10 Nenhum membro migrou
para a cidade 31 52
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)
Nota-se que 48 das famiacutelias entrevistadas tiveram pelo menos um membro
que migrou para a cidade com objetivo de estudar ou trabalhar Os que relataram
que a migraccedilatildeo foi com intuito de estudar afirmam que os estudos estatildeo
relacionados a cursos teacutecnicos e universitaacuterios como jaacute expostos acima
Vale lembrar a existecircncia de famiacutelias em que os filhos ainda natildeo estatildeo em
idades suficientes para fazer um curso teacutecnico ou universidade ou seja nos
proacuteximos anos provavelmente haveraacute um percentual maior de jovens saindo do
campo com intuito de estudar ou trabalhar em outras atividades com maiores
oportunidades que a produccedilatildeo de fumo
Esse processo migratoacuterio da populaccedilatildeo rural para o urbano no caso dos
fumicultores entrevistados pode estar relacionado com aquilo exposto por (2014)
segundo o qual atualmente nas regiotildees rurais brasileiras a migraccedilatildeo jaacute natildeo eacute mais
um processo em que as condiccedilotildees ldquopor mais pobreza que existamrdquo estatildeo
expulsando as pessoas do campo mas sim um movimento que ocorre quando
existem fatores de atraccedilatildeo no meio urbano Poreacutem natildeo devemos desprezar que
nesse processo tambeacutem estatildeo embutidos outros fatores como os culturais e ateacute
85
pessoais ou seja o que se passa pela cabeccedila das pessoas natildeo somente dessas
que vivem no rural e estatildeo indo para a cidade mas tambeacutem daquelas que jaacute vivem
em cidades de menor porte e migram para grandes centros urbanos Contudo essas
questotildees de ordem cultural e pessoal escapam aos objetivos desta pesquisa
Condiccedilatildeo do fumicultor
TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA
Anos Nordm de famiacutelias Percentual ()
0 ndash 5 anos 0 0
6 ndash 10 anos 4 6
10 ndash 15 anos 12 20
15 ndash 20 anos 16 27
21 ndash 25 anos 12 20
26 ndash 30 anos 10 17
Mais de 30 anos 6 10
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
O periacuteodo de tempo com maior expressividade em que esses agricultores
familiares estatildeo envolvidos na atividade fumageira variam em torno de 10 a 30 anos
Nenhuma famiacutelia entrevistada comeccedilou a produzir fumo nos uacuteltimos cinco anos
Esse fato vai ao encontro de dados mais gerais da Afubra (2015) demonstrando
que entre o ano de 2010 e 2014 o nuacutemero de famiacutelias produtoras de fumo caiu de
185160 para 162410
Esse fato estaacute relacionado principalmente agrave migraccedilatildeo de jovens para as
cidades e pelo fato dos casais mais novos que possuem filhos com idades
insuficientes para trabalhar na atividade fumageira buscarem se promover
economicamente atraveacutes de outras atividades
A queda do nuacutemero de famiacutelias na fumicultura nos uacuteltimos anos tambeacutem estaacute
relacionada com a maior escolaridade das pessoas que vivem no rural pois esses
estatildeo se dedicando a atividades selecionadas por eles como mais oportunas eou
mais competitivas Aqui natildeo podemos desconsiderar tambeacutem a opccedilatildeo das famiacutelias
86
natildeo entrarem na atividade fumageira pelas questotildees da sauacutede (contato com
agrotoacutexicos e doenccedila da folha verde)
TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
Nordm de famiacutelias Percentual ()
Pela renda e venda garantida
12 20
Pouca disponibilidade de terras
06 10
Pela renda venda garantida e pouca terra
35 58
Falta de outras opccedilotildees de atividade agropecuaacuteria
07 12
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Das famiacutelias entrevistadas 58 declararam que optam pela produccedilatildeo de
fumo por trecircs motivos principais a renda a garantia de venda e a pouca aacuterea de
terra que possuem Jaacute para 20 das famiacutelias entrevistadas os principais motivos
estatildeo na geraccedilatildeo de renda e venda garantida
As famiacutelias que natildeo declararam a pouca quantidade de terra como empecilho
para a realizaccedilatildeo de outra atividade que substitua por completo a produccedilatildeo de fumo
mencionam que plantam o fumo devido agrave renda e que como estatildeo inseridos na
cadeia produtiva de gratildeos que eacute mecanizada sobra matildeo de obra para trabalhar
com o fumo Esses exemplos demonstram que os agricultores familiares produzem
para maximizar os lucros e crescer economicamente da mesma forma que os
grandes proprietaacuterios como exposto no paradigma da agricultura familiar
A falta de outras atividades agropecuaacuterias tambeacutem foi mencionada por 12
das famiacutelias entrevistadas pois apesar de existir outros tipos de cultivo no municiacutepio
como por exemplo a produccedilatildeo de verduras de morangos de pepinos e de ervas
medicinais essas famiacutelias declararam que esses cultivos natildeo geram uma renda por
hectare como o fumo Uma fumicultora entrevistada na Linha Marcondes comenta
Eu ldquoplantava as coisasrdquo para a merenda escolar aqui da escola [] noacutes tinha que comprar as sementes e tudo o que precisava pra produzir essas verduras [] quando levava na escola ficavam colocando defeito na minha produccedilatildeo [] queriam que eu levasse todo dia dez peacutes de alface na escola [] que lucro eu ia ter ir todo dia na escola levar soacute dez peacutes de alface E
87
ainda recebia soacute depois de 40 dias que entreguei a produccedilatildeo e ainda agraves vezes atrasava [] O fumo eacute muito cansativo soacute que a gente natildeo precisa ficar se humilhando pra comprar a produccedilatildeo da gente a firma leva tudo seja o melhor fumo seja o pior
A fumicultora retrata que apesar do trabalho na produccedilatildeo de fumo ser mais
cansativa que outras atividades o fato de se ter a venda garantida de toda a
produccedilatildeo compensa as desvantagens
TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS
Quantidades de peacutes de fumo
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
25000 - 30000 peacutes 14 23
31000 ndash 50000 peacutes 26 44
51000 ndash 70000 peacutes 05 08
71000 ndash 90000 peacutes 07 12
91000 ndash 120000 peacutes 05 08
121000 -140000 peacutes 03 05
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)
Dentre as famiacutelias entrevistadas a quantidade miacutenima de produccedilatildeo eacute de
25000 peacutes e a maacutexima de 140000 peacutes poreacutem a maior concentraccedilatildeo estaacute ente
31000 e 50000 peacutes A quantidade de peacutes que satildeo plantados estaacute relacionada agrave
matildeo de obra disponiacutevel uma vez que esses fumicultores antes de planejar a
proacutexima safra levam em consideraccedilatildeo primeiramente a relaccedilatildeo entre a quantidade
de matildeo de obra disponivel com a quantidade de peacutes de fumo De acordo com o
instrutor teacutecnico da Souza Cruz uma pessoa consegue produzir em meacutedia 20000
peacutes de fumo por safra (usando matildeo de obra de terceiros somente para os dias de
colheita)
Condiccedilatildeo das terras usadas pelos fumicultores entrevistados
88
TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS
Condiccedilatildeo da terra Nordm de famiacutelias Percentual ()
Somente terra proacutepria 33 55
Terra proacutepria e arrendada 22 37
Somente terras arrendadas 05 08
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Para coletar esses dados foi levado em consideraccedilatildeo o total das terras
usadas pelos fumicultores independentemente da cultura plantada aleacutem do fumo
Desse modo nota-se que a grande maioria possui terras proacuteprias (92) sendo que
55 cultivam somente em terras proacuteprias e 37 aleacutem das terras proacuteprias arrenda
com intuito de aumentar a produccedilatildeo tanto de fumo como de gratildeo e outros Existem
8 que natildeo possuiacuteam terras proacuteprias e que necessitam arrendar para produzir o
fumo
TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES
Somente terra proacutepria Nordm de famiacutelias Porcentagem ()
Ateacute 5 hectares 11 20
6 a 10 hectares 14 25
11 a 15 hectares 8 15
16 a 20 hectares 6 11
21 a 25 hectares 6 11
26 a 30 hectares 2 04
31 a 40 hectares 4 07
Mais de 40 hectares 4 07
Total 55 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Dos sessenta fumicultores entrevistados cinco natildeo possuem terras proacuteprias
E dos cinquenta e cinco que possuem a maior porcentagem de famiacutelias tem ateacute 15
hectares Nesse sentido esses nuacutemeros satildeo compatiacuteveis com os dados mais gerais
da regiatildeo Sul do Brasil onde a maior concentraccedilatildeo de famiacutelias possui ateacute 20
89
hectares de terra (AFUBRA 2015) A aquisiccedilatildeo das terras foi principalmente por
heranccedila e em parcelas menores atraveacutes de compra
Formas de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria das unidades familiares dos fumicultores
entrevistados
Este item refere-se aos tipos de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria que aleacutem do fumo
trazem renda para a unidade de produccedilatildeo familiar Com base nos dados de campo
verificam-se nas propriedades aleacutem da produccedilatildeo do fumo as produccedilotildees de feijatildeo
milho soja erva-mate e a produccedilatildeo de leite
TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES
Tipo de produccedilatildeo
agropecuaacuteria Nuacutemeros de famiacutelias Percentual ()
Somente fumo 20 33 Fumo e soja 06 10
Fumo soja feijatildeo e milho 20 33 Fumo Soja milho e leite 03 5 Fumo feijatildeo milho e erva-
Mate 11 19
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
De acordo com os dados expostos 33 dos entrevistados afirmam que a
produccedilatildeo da propriedade com pretensatildeo de venda eacute somente o fumo outros 33
aleacutem do fumo produzem soja e feijatildeo seguidos de 19 que se dedicam agrave produccedilatildeo
de fumo feijatildeo milho e erva-mate e menos de 5 declarar produzir para a venda o
fumo a soja o milho e o leite
Nesse sentido 67 dos entrevistados diversificam a produccedilatildeo com intuito de obter
mais fontes de renda Poreacutem alegam que a maior renda por aacuterea plantada vem da
produccedilatildeo de fumo
A produccedilatildeo de eucaliptos (figura 9) tambeacutem eacute bastante comum nas
propriedades pois eacute fonte de energia para a secagem das folhas do fumo Nas
estufas tradicionais o uso de lenha eacute muito maior que nas estufas eleacutetricas
90
FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO
Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2016)
A figura 9 exemplifica uma propriedade de fumicultor que produz a soja para
venda e eucalipto para a secagem do fumo A imagem da esquerda representa a
lavoura de um fumicultor na linha dezembro com produccedilatildeo de soja e ao fundo
notam-se plantaccedilotildees de eucaliptos para usar na secagem das folhas de fumo Na
imagem da direita tambeacutem pode ser vista a lavoura de fumo e ao fundo plantaccedilotildees
de eucaliptos
A erva-mate tambeacutem serve como fonte de renda dos fumicultores sendo que
em aacutereas de faxinal7 os peacutes de erva-mate formam mantidos e outros espaccedilos
usados para o cultivo de soja ou feijatildeo como demonstrado na figura 10 Em algumas
propriedades a erva-mate natildeo eacute nativa e foi plantada nos uacuteltimos anos em escalas
maiores devido agrave rentabilidade
7Por faxinal entende-se as terras tradicionalmente ocupadas para o uso comum de pastagens e florestas no Paranaacute que designam situaccedilotildees em que a produccedilatildeo familiar de acordo com suas possibilidades combina apropriaccedilatildeo privada e coletiva dos recursos naturais (HAURESKO C 2012)
91
FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE
Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2015)
Aleacutem da produccedilatildeo com pretensatildeo de venda nas propriedades visitadas
tambeacutem nota-se a presenccedila da produccedilatildeo para autoconsumo da famiacutelia Essas
alegam que produzem certos produtos para diminuir os gastos com mercado e por
produzirem de acordo com suas preferecircncias alimentares Apenas 6 dos
entrevistados natildeo produzem nada para autoconsumo alegando que comprar sai
mais barato que produzir
TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE
Produccedilatildeo para autoconsumo
Nuacutemero de famiacutelias Percentual ()
Horta 08 13 Horta criaccedilatildeo de galinhas e
porcos 16 27
Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos feijatildeo e milho
07 12
Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos e criaccedilatildeo gado (corte
e leite) feijatildeo e milho
25 42
Nenhuma produccedilatildeo para auto consumo
04 6
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
Sobre a produccedilatildeo de feijatildeo para autoconsumo alguns produtores
mencionam que produzem separadamente o feijatildeo para a venda do feijatildeo para
92
consumo da famiacutelia afirmando que no feijatildeo para venda satildeo aplicados dessecantes
para acelerar o periacuteodo de colheita e no feijatildeo que eacute para o consumo natildeo utilizam
essa praacutetica Esse fato natildeo eacute raro no municiacutepio acontecendo tanto nas pequenas
propriedades como nas grandes Isso demonstra que os agricultores familiares estatildeo
interessados no lucro de sua produccedilatildeo e natildeo tecircm muita preocupaccedilatildeo com as
praacuteticas que os ambientalistas e produtores orgacircnicos qualificam como sustentaacuteveis
Dessa forma eacute desnecessaacuteria a visatildeo dualista ente pequenos e grandes produtores
agriacutecolas concordando entatildeo com Diniz Filho (2011) quando escreve o texto
intitulado Agricultura familiar e meio ambiente o perigo da simplificaccedilatildeo ideoloacutegica
mencionando que organizaccedilotildees como CNBB e MST buscam toda sorte de
argumentos para contrapor o agronegoacutecio agrave agricultura camponesa afirmando que o
agronegoacutecio destroacutei a natureza por estar preocupado com lucros ao passo que os
agricultores familiares tenderiam a usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis porque
buscam somente reproduzir seu modo de vida
A produccedilatildeo de animais como vacas de leite boi para engorda criaccedilatildeo de
porcos e galinhas tambeacutem eacute comum entre os produtores de fumo como mostra a
figura 11
FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
93
Portanto conforme afirma Ternoski (2013) a renda agriacutecola dos
estabelecimentos familiares eacute composta da venda de produtos agropecuaacuterios e de
autoconsumo O autoconsumo eacute a quantidade que a famiacutelia consome em produtos
que produz no estabelecimento podendo ser de origem animal ou vegetal como
tambeacutem da transformaccedilatildeo caseira ou seja esses produtos complementam a renda
dos agricultores pelo fato de natildeo precisarem ser comparados pois se destinados ao
mercado podem gerar receita
Acesso a tecnologias e ao creacutedito agriacutecola
TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES
Nordm de famiacutelias Percentual () Possui uma estufa eleacutetrica 54 90
Natildeo possui estufa eleacutetrica 6 10
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
A Grande maioria dos fumicultores (90) possui em sua propriedade a estufa
eleacutetrica Essas famiacutelias afirmam que quando mudaram da estufa tradicional para a
eleacutetrica os trabalhos com matildeo de obra diminuiacuteram bastante pois para secar o fumo
na estufa eleacutetrica natildeo eacute necessaacuterio amarrar as folhas de fumo como demonstra a
figura 12 Jaacute nas estufas tradicionais em que a secagem natildeo eacute eleacutetrica a
quantidade de matildeo de obra exigida eacute bem maior como demonstrado na figura 13
As famiacutelias que natildeo possuem estufa eleacutetrica mencionam que natildeo pretendem
produzir por muito tempo o fumo desse modo natildeo seria viaacutevel adaptar ao sistema
eleacutetrico Nas propriedades onde a produccedilatildeo eacute maior de 70000 peacutes existem duas
estufas (figura 14)
94
FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO
Fonte Vilczak A Trabalho de campo (2016)
FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS
95
Fonte KUTZMY A Trabalho de campo (2015)
FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)
TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO
Bens adquiridos Nordm de famiacutelias Percentual ()
Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e terras no espaccedilo rural
20 33
Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e
terreno na cidade
6 10
Casa carro e terra 4 7
Carro casa trator e implementos agriacutecolas
26 43
Somente carro e casa 4 7
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
A partir dos dados acima pode-se notar que todos os entrevistados
conseguiram adquirir bens de capital considerados de grande importacircncia como
terrenos trator implementos agriacutecolas casa lotes no periacutemetro urbano entre outros
bens de menor importacircncia como eletrodomeacutesticos aleacutem dos reparos feitos na
96
propriedade que natildeo foram contabilizados pela pesquisa apesar de mencionados
pelos entrevistados As figuras 15 e 16 satildeo de algumas propriedades de produtores
de fumo entrevistados propriedades essas com casas de alvenaria galpatildeo e carro
Desse modo concorda-se com a tese de doutoramento de Manuel Antonio
Nunguiacutea Payas intitulada Empresaacuterio familial rural a integraccedilatildeo agrave agroinduacutestria de
fumo e diferenciaccedilatildeo em que o autor faz um estudo sobre a produccedilatildeo de fumo no
municiacutepio de Rio AzulPR mencionando que os fumicultores integrados estudados
por ele tiveram um aumento no patrimocircnio e que esses natildeo estatildeo inseridos na
produccedilatildeo somente para satisfaccedilatildeo das necessidades de sobrevivecircncia familiar mas
sim agindo no mercado como empresaacuterios investindo o seu capital nas atividades
com expectativa de maiores lucros e menores riscos ou seja analisando o custo de
oportunidade de cada cultura Nesse sentido para o autor o produtor familiar
integrado eacute um empresaacuterio que apresenta como principal caracteriacutestica a matildeo de
obra e propriedade familiares
FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)
97
FIGURA 16 - BENS ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)
A produccedilatildeo de fumo apesar de ser considerada pelos proacuteprios fumicultores
como uma atividade que exige muita matildeo de obra representou melhoria na
qualidade de vida deles pois grande parte das famiacutelias entrevistadas conseguiu
adquirir bens materiais como terras lotes no periacutemetro urbano casa carro trator
entre outros de menor valor bens esses dificilmente adquiridos somente com
atividades agriacutecolas tradicionais como milho feijatildeo e outros A explicaccedilatildeo para que
esses agricultores familiares escolham primeiramente a produccedilatildeo de fumo e natildeo a
produccedilatildeo de alguma cultura tradicional desenvolvida com grande representatividade
no municiacutepio desde a segunda metade do seacuteculo XIX estaacute no custo de
oportunidade dessa cultura Os fumicultores avaliam primeiramente os ganhos
econocircmicos que essa cultura proporciona em relaccedilatildeo agrave quantidade de terras
disponiacutevel em suas propriedades eou por meio de arrendamento
Outro fato que exemplifica a melhoria da qualidade de vida dos fumicultores
pode ser observado no proacuteprio municiacutepio A regiatildeo Norte de Prudentoacutepolis eacute
caracterizada pela produccedilatildeo de culturas tradicionais sendo que na grande maioria
das vezes essas lavouras satildeo realizadas manualmente devido agrave topografia muito
acentuada 8 Essa regiatildeo eacute considerada como menos desenvolvida que a regiatildeo
central e Sul devido agrave baixa produtividade por unidades familiares
Isso natildeo significa que se esteja afirmando aqui que a soluccedilatildeo econocircmica para
os produtores familiares da regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis seria a
8Atividades agriacutecolas consideradas muitas vezes mais penosas que a proacutepria produccedilatildeo de fumo pois esses agricultores carregam sacas de feijatildeo e de espigas de milho nas proacuteprias costas em terrenos muito iacutengremes aleacutem do plantio e dos tratos culturais realizados manualmente ou com traccedilatildeo animal
98
opccedilatildeo pelo cultivo do fumo Apenas constata-se que a inserccedilatildeo dos pequenos
produtores nos mercados e culturas mais seguras economicamente lhes proporciona
uma melhora econocircmica ao passo que tambeacutem o uso de aparatos tecnoloacutegicos
contribui para o aumento da produtividade e consequentemente ganhos monetaacuterios
maiores
Concorda-se com Schultz (1965) quando defende que a eficiecircncia e a
maximizaccedilatildeo do lucro satildeo partes de um sistema econocircmico eficiente e racional
Esse autor considera que todos os agricultores capitalizados ou de subsistecircncia
analisam a relaccedilatildeo entre a entrada de insumos e os resultados econocircmicos da
mesma maneira que os empresaacuterios modernos sendo o produtor um maximizador
de lucros em busca da eficiecircncia econocircmica
Nesse sentido a modernizaccedilatildeo da agricultura e a expansatildeo dos mercados
contribuiacuteram para de um lado expropriar algumas unidades de produccedilatildeo familiar e
de outro transformar agricultores familiares em empresaacuterios rurais com dependecircncia
tecnoloacutegica e financeira do mercado neste caso prevalecendo agrave racionalizaccedilatildeo
econocircmica e o objetivo principal da unidade de produccedilatildeo passando a ser a inserccedilatildeo
no mercado e a ampliaccedilatildeo dos lucros
TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO)
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
Utiliza Frequentemente essa linha de creacutedito
36 60
Utilizou algumas vezes mas natildeo utiliza mais
5 8
Nunca utilizou esse tipo de creacutedito
19 32
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
A grande maioria dos produtores entrevistados (60) utiliza a linha de creacutedito do
PRONAF tanto o custeio agriacutecola como tambeacutem o PRONAF investimento O
PRONAF custeio estaacute ligado agrave produccedilatildeo de gratildeos (soja milho feijatildeo) e o PRONAF
investimento estaacute voltado para a compra de trator implementos agriacutecolas
99
(plantadeiras carretas pulverizadores) e tambeacutem para investimentos com a
produccedilatildeo leiteira (ordenhadeiras e resfriadores)
Os fumicultores que aderiram ao PRONAF mencionam que o creacutedito agriacutecola
possibilitou a compra de trator e a carreta para o transporte do fumo da lavoura para
a estufa preparo do solo aplicaccedilatildeo de agrotoacutexicos etc aquisiccedilatildeo essa impossiacutevel
com pagamento agrave vista A figura 17 mostra tratores e carretas adquiridos por um
fumicultor morador da Linha Dezembroe por um da Comunidade de Linha Antocircnio
Olinto atraveacutes do PRONAF e conforme relata o fumicultor da Comunidade de Linha
Dezembro
Para noacutes o PRONAF eacute bom que financiamos o trator e outros maquinaacuterios [] antes tinha que trazer o fumo com carroccedila e cavalos agraves vezes os bichos ficavam doente na safra agraves vezes morriam [] agora com o trator e a carreta daacute pra trazer mais fumo da roccedila [] para noacutes deu uma grande diferenccedila (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)
FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
O fumicultor da Linha Dezembro relata que adquiriu o trator no ano de 2011
dando como entrada R$ 10000 teve carecircncia de pagamento por dois anos (2012 e
2013) e o restante do valor seraacute quitado entre 2014 e 2019 com parcelas anuais
entre R$ 9000 e R$ 8000 O mesmo comenta que com o dinheiro do fumo
consegue pagar as parcelas nas datas certas para o banco
Os agricultores que possuem trator fazem trabalhos terceirizados para
aqueles que natildeo possuem obtendo assim uma renda extra durante o ano O
fumicultor da Linha Dezembro afirma tambeacutem que a linha de creacutedito do PRONAF
100
trouxe melhora nas condiccedilotildees de trabalho e financeiras pois aumentaram a
produccedilatildeo e a produtividade
Aqueles que mencionaram terem usado a linha de creacutedito do PRONAF mas
que atualmente natildeo usam mais satildeo aqueles que jaacute compraram os implementos
agriacutecolas de que necessitavam e que compram os insumos para o plantio com
pagamento agrave vista ou a prazo na cooperativa agriacutecola mista de Prudentoacutepolis
(CAMP)
Os que nunca usaram as linhas de creacutedito do PRONAF satildeo fumicultores que
tambeacutem compram com pagamento agrave vista ou a prazo por meio da CAMP para pagar
com a produccedilatildeo Jaacute os que possuem trator compram agrave vista ou de vizinhos e
parentes pagando em prestaccedilotildees anuais sem relaccedilatildeo com bancos Esses alegam
ter receio de natildeo conseguir quitar o financiamento e por isso natildeo aderem ao
PRONAF
Outra forma de transportar o fumo da lavoura para a estufa eacute atraveacutes de
caminhonetes e tambeacutem atraveacutes de carroccedilas como mostra as fotos da figura 18
FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
101
TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
Matildeo de obra empregada na atividade fumageira
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
Somente matildeo de obra familiar
4 7
Contrataccedilatildeo de matildeo de obra em todo o periacuteodo da safra
0 0
Contrataccedilatildeo de matildeo de obra somente para a colheita
18 30
Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras em todo o periacuteodo da safra
8 13
Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras
somente para a colheita
30 50
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Nota-se que 63 das famiacutelias usam o sistema de trocas de dias para a
produccedilatildeo de fumo poreacutem 50 desses fazem parcerias somente nos dias de
colheita os quais variam entre um dia e meio a dois dias Essa parceria eacute feita para
natildeo contratar matildeo de obra poreacutem esses fumicultores tecircm um controle da quantidade
dos dias trocados entre eles e no final da safra aquele que estiver devendo horas
trabalhadas acerta em dinheiro conforme o valor da diaacuteria paga para colheita a qual
estaacute em torno de 100 a 120 reais
O tempo de secagem das folhas de fumo na estufa varia entre cinco e seis
dias Apoacutes secas essas folhas precisam ficar mais um dia dentro da estufa para
esfriar ou seja o periacuteodo entre o dia da colheita e o dia de tirar as folhas de fumo da
estufa varia de oito a dez dias e a quantidade meacutedia de colheitas por safra eacute entre
seis e oito
Nesse sentido os meses de novembro dezembro janeiro e parte de fevereiro
satildeo de trabalho intenso motivo pelo qual muitos dos entrevistados afirmam que a
desvantagem de produzir o fumo estaacute relacionada ao trabalho intenso nesses
meses
As famiacutelias com mais de quatro membros com idade suficiente (18 anos) para
estarem envolvidos na produccedilatildeo de fumo alegam que conseguem vencer
tranquilamente os trabalhos somente com a matildeo de obra familiar e que raramente
102
contratam matildeo de obra para a colheita (figura 19) Nessa perspectiva trabalham
intensamente nos dois dias de colheita e no restante dos dias (quando o fumo estaacute
secando) se dedicam a outras atividades da propriedade
FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
Tipos de famiacutelias Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Famiacutelia com apenas um
membro aposentado 10 17
Famiacutelia com dois membros aposentados
8 13
Famiacutelia com membro que recebe bolsa famiacutelia
5 8
Famiacutelia sem nenhum membro que recebe repasse social
37 62
Total 60 100 QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Os dados mostram que 62 das famiacutelias entrevistadas natildeo se beneficiam de
repasses sociais jaacute 17 das famiacutelias satildeo compostas por um membro que recebe
aposentadoria e 13 delas com dois membros aposentados Esses aposentados
natildeo satildeo os responsaacuteveis pela produccedilatildeo de fumo da famiacutelia poreacutem muitos alegam
que ajudam em tarefas consideradas por eles leves como a classificaccedilatildeo das folhas
do fumo jaacute que eacute realizada em ambientes protegidos das intempeacuteries e sentados
Uma parcela de 8 se beneficia do bolsa famiacutelia poreacutem alegam que esse valor
mesmo ajudando nas necessidades dos filhos natildeo eacute a maior parte da renda familiar
103
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos 0 0 Sempre tem problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina ( doenccedila da folha verde) (
acircnsia vocircmitos e mal estar)
25
42
Jaacute teve problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina
(doenccedila da folha verde) ( acircnsia vocircmitos e mal-estar)
16
27
Nunca teve problemas de sauacutede relacionados agrave
produccedilatildeo de fumo
19
31
Total 60 100 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Ao perguntar sobre intoxicaccedilatildeo dos fumicultores por agrotoacutexicos nenhuma
famiacutelia alegou ter acontecido esse fato com os membros da famiacutelia Afirmam que a
quantidade de agrotoacutexico que passam no fumo eacute menor que na soja milho e feijatildeo e
que quando vatildeo manusear agrotoacutexicos fazem o uso dos equipamentos de proteccedilatildeo
individual jaacute que diferente de outras culturas mecanizaacuteveis a pulverizaccedilatildeo do
agrotoacutexico no fumo eacute totalmente manual
Uma parcela expressiva de 69 alega que pelo menos um dos membros da
famiacutelia tem ou jaacute teve intoxicaccedilatildeo por nicotina ao realizar a colheita de fumo esses
que se apresentam de formas distintas de um indiviacuteduo para outro como acircnsia
vocircmitos mal-estar e insocircnia
Uma porcentagem menor composta por 31 das famiacutelias entrevistadas
dizem que nunca nenhum dos membros teve sintomas diferenciados apoacutes o contato
com a folha de fumo
TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO
Desvantagens da produccedilatildeo de fumo
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
Exige muito trabalho 18 30 Exige muito trabalho e causa
problemas de sauacutede 27 45
Falta de matildeo de obra para contratar
8 13
Natildeo vecirc desvantagens em produzir fumo
7 12
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo ( 2015)
104
Dos entrevistados 30 afirmam que a principal desvantagem eacute a
intensificaccedilatildeo do trabalho principalmente nos dias de colheita e aplicaccedilatildeo de
agrotoacutexicos os quais satildeo feitos manualmente Jaacute 45 deles afirmam que a
produccedilatildeo de fumo aleacutem de exigir muito trabalho tambeacutem traz problemas de sauacutede
normalmente aqueles que satildeo mais sensiacuteveis quando em contato com a nicotina
presente nas folhas do fumo (doenccedila da folha verde)
Outra variaacutevel que 13 dos entrevistados consideram desvantagem eacute a
questatildeo da matildeo de obra visto alegarem que principalmente para aquelas famiacutelias
que satildeo compostas de trecircs a quatro membros e que normalmente produzem uma
quantidade maior que a famiacutelia consiga dar conta tecircm muita dificuldade de encontrar
pessoas disponiacuteveis para contratar tendo assim que aumentar as jornadas de
trabalho ou diminuir a produccedilatildeo
Por fim uma parcela de 12 afirma que natildeo haacute qualquer desvantagem em
produzir fumo justificando que independentemente da atividade a ser realizada
deve-se trabalhar Dentre os entrevistados quatro famiacutelias afirmam que preferem
produzir fumo porque natildeo trabalham nos finais de semana e o trabalho natildeo dura o
ano todo como ocorre na produccedilatildeo leiteira que exige o empenho diaacuterio Para esses
a produccedilatildeo de fumo permite uma flexibilizaccedilatildeo do trabalho bem maior que a
produccedilatildeo de leite Nesse sentido pode-se concluir que cada famiacutelia tem preferecircncias
distintas na escolha da atividade que vai ser desenvolvida na propriedade
TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Sempre lecirc 6 10 Agraves vezes 18 30
Jaacute leu mas natildeo lecirc mais 6 10 Nunca leu 30 50
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
Dentre as famiacutelias entrevistadas nota-se que a metade delas nunca leu o
contrato emitido pela Souza Cruz justificando natildeo ter interesse na leitura ou por
saber do conteuacutedo do contrato por meio de vizinhos ou do instrutor teacutecnico
105
Agraves vezes quando a gente pede o instrutor lecirc direito pra gente pois natildeo tenho muito estudo e demora de mais pra ler tudo (Fumicultor da comunidade de Linha Antocircnio Olinto) Natildeo leio porque jaacute sei o que estaacute escrito todo ano eacute igual (Fumicultor da comunidade de Linha Visconde de Guarapuava) Natildeo leio a gente confia na firma (Fumicultor da comunidade de Linha Marcondes) Leio todo o contrato mas depois que assino e que instrutor vai embora (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)
A baixa escolaridade juntamente com poucos haacutebitos de leitura satildeo os
principais fatores que geram contratos assinados sem preacutevias leituras
Expectativas das famiacutelias em permanecer na atividade fumageira
Pretensotildees Nordm de famiacutelias Percentual ()
Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo por tempo
indeterminado
35 58
Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo poreacutem
diminuir a produccedilatildeo
18 30
Pretende parar completamente com a produccedilatildeo de fumo em
pequeno prazo de tempo (1 a 3 anos)
7 12
Total 60 100
QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Conforme demonstrado na tabela acima 58 das famiacutelias pretendem
permanecer com a produccedilatildeo de fumo por tempo indeterminado Jaacute 30 delas
pretendem continuar poreacutem diminuir o volume produzido Essas 30 das famiacutelias
mencionam que querem diminuir a produccedilatildeo pela falta de matildeo de obra uma vez que
os filhos estatildeo com intenccedilatildeo de sair de casa por motivos distintos como estudar
trabalhar em outro ramo etc
Outros 7 do total dos entrevistos tecircm a intenccedilatildeo de parar de produzir fumo
nos proacuteximos trecircs anos afirmando que vatildeo migrar para setores mais competitivos
106
como a soja e o leite Outros afirmam que querem parar porque jaacute estatildeo
aposentados e os filhos pretendem trabalhar em outras atividades de modo que a
famiacutelia tende a ficar pequena demais para essa cultura
Com relaccedilatildeo agrave venda da produccedilatildeo de fumo todos os entrevistados afirmam
que vendem a produccedilatildeo para a empresa integrada poreacutem os quilos produzidos
excedentes ao contrato firmado agraves vezes satildeo vendidos para atravessadores ou ateacute
mesmo para outras empresas Os fumicultores mencionaram que no geral tecircm
uma relaccedilatildeo tranquila com a empresa poreacutem existem safras em que o preccedilo do
quilo do fumo do ponto de vista deles deveria ser maior Esse fato eacute entendido pelo
paradigma da agricultura camponesa como conflito entre a territorialidade
corporativa Souza Cruz e a territorialidade dos fumicultores pelo fato de agricultor
natildeo ter autonomia de decisatildeo do preccedilo pago por quilo do fumo existindo entatildeo certo
conflito muitas vezes ldquosilenciosordquo entre essas territorialidades
Todavia o paradigma da agricultura familiar por natildeo estar baseado em
teorias anticapitalistas explica os processos de formaccedilatildeo de preccedilos a partir de
pressupostos teoacutericos diferentes Numa economia de mercado o vendedor jamais
possui autonomia plena para decidir o preccedilo do seu produto pois satildeo os
compradores que avaliam de acordo com seus objetivos e necessidades quanto
estatildeo dispostos a pagar por um bem ou serviccedilo Mas ao mesmo tempo os
compradores tambeacutem natildeo possuem autonomia para decidir o preccedilo de um produto
ao seu bel prazer pois se o vendedor natildeo considerar a venda vantajosa deixaraacute de
produzir ou de revender o produto em questatildeo para se dedicar a outra atividade
econocircmica mais rentaacutevel No caso em pauta a Souza Cruz eacute obrigada a pagar um
preccedilo que supere o custo de oportunidade para os agricultores familiares de
produzir leite feijatildeo soja ou qualquer outro produto sob pena de a empresa perder
seus fornecedores
Nesse sentido vale recordar as informaccedilotildees apresentadas na Tabela 15 visto que
20 dos entrevistados afirmam ter escolhido produzir fumo devido agrave renda que essa
cultura oferece e tambeacutem agrave garantia de venda b) 58 responderam que essa
escolha se deu em funccedilatildeo da renda da venda garantida e tambeacutem da pouca
disponibilidade de terras em suas propriedades c) 10 citaram apenas a pouca
disponibilidade de terras como motivo para plantar fumo d) 12 afirmaram que essa
opccedilatildeo se daacute apenas pela falta de outras opccedilotildees
107
Outro fator que regula o valor pago por quilo de fumo como jaacute demonstrado no
trabalho estaacute relacionado a oferta e demanda do produto pelo mercado A safra de
20152016 eacute um exemplo na qual devido ao baixo estoque de fumo nos armazeacutens
das empresas e pela procura desse produto por parte dos consumidores o valores
pagos por quilo de fumo aumentaram fato esse notado tambeacutem em outros produtos
do setor do agronegoacutecio
Isso indica que o paradigma da agricultura familiar eacute o que se mostra coerente com
os dados da pesquisa de campo pois fica claro que os produtores familiares optam
pelo fumo em funccedilatildeo de um caacutelculo dos custos de oportunidade que considera os
fatores rentabilidade garantia de renda e disponibilidade de terra de sorte que os
preccedilos praticados pela Souza Cruz tecircm um patamar miacutenimo definido pela avaliaccedilatildeo
que os agricultores fazem desses custos E essa conclusatildeo eacute reforccedilada quando se
relembram as informaccedilotildees da Tabela 19 posto que apenas 33 dos entrevistados
se dedicam exclusivamente ao fumo enquanto os demais produzem e
comercializam tambeacutem outros tipos de produtos tais como leite soja e feijatildeo
Mais uma vez verifica-se que cada famiacutelia tem projetos distintos os quais
estatildeo intrinsecamente relacionados agrave estrutura familiar agrave disponibilidade de terras e
outros fatores gerando estrateacutegias diferenciadas para se reproduzir no campo
havendo desde aqueles produtores que vecircm na atividade fumageira o seu futuro ateacute
aqueles que pretendem migrar o mais raacutepido possiacutevel para outra atividade Nesse
sentido vemos que essas famiacutelias buscam ser competitivas nas atividades que
realizam se dedicando agravequelas que julgam mais rentaacuteveis eou combinando duas ou
mais culturas para obter mais vantagens
108
V - CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O desenvolvimento desta pesquisa baseada no estudo de caso de uma
amostragem de produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis contratados pela
empresa Souza Cruz permitiu demonstrar que os agricultores familiares
entrevistados buscam atraveacutes de suas condiccedilotildees de produtor se inserir em setores
que permitem maximizar seus lucros Portanto a realizaccedilatildeo desta pesquisa eacute
pertinente pelo fato de mostrar que os fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de
commoditie atraveacutes de uma cadeia produtiva competitiva
Dessa forma a caracterizaccedilatildeo dos fumicultores a partir dos grupos A B C e
D se justifica por apresentarem dados oficiais e sistematizados o que contribui para
natildeo generalizar os resultados somente a partir da amostragem dos fumicultores
entrevistados nos trabalhos de campo Demonstrando que no municiacutepio de
Prudentoacutepolis a maior parte dos fumicultores se aproxima daqueles agricultores
familiares do tipo A e B Ou seja aqueles capitalizados e em processo de
capitalizaccedilatildeo indicando que a cultura de fumo estaacute dentre aquelas que geram uma
taxa de pobreza menor no meio rural Essa constataccedilatildeo tambeacutem eacute notada a partir
das entrevistas de campo conforme demonstrado na Tabela 22 posto que todos os
entrevistados conseguiram com a renda do fumo adquirir bens de capital como casa
carro trator terra de cultivo lote no periacutemetro urbano aleacutem daqueles bens de capital
como os eletrodomeacutesticos
Com isso a visatildeo dualista entre agricultura familiar e agronegoacutecio natildeo eacute
compreendida com adequada nesse trabalho pelo fato de existirem muitas formas
de agricultores familiares que se aproximam ao padratildeo do agronegoacutecio como por
exemplo os fumicultores que estatildeo no grupo A e B Desse modo compreende-se
que os fumicultores entrevistados da mesma forma que a agricultura patronal
buscam atraveacutes da modernizaccedilatildeo e do uso de insumos agriacutecolas (agrotoacutexicos e
fertilizantes) meios para permanecerem integrados e competitivos no mercado
Os fumicultores estatildeo inseridos ao complexo agroindustrial fumageiro e por
conseguinte estatildeo prosperando economicamente concordando-se entatildeo com os
pressupostos teoacutericos voltados ao paradigma da agricultura familiar e com autores
como Valente (2008) Diniz (2011) e Navarro (2014) que natildeo costumam fazer uma
109
oposiccedilatildeo radical entre agricultura familiar e agronegoacutecio ao ponto de existir
conflitualidades de interesses entre ambos Ou seja conflito entre a territorialidade
coorporativa da induacutestria fumageira e a territorialidade da agricultura familiar
camponesa
Desse modo a pesquisa tambeacutem natildeo tem por objetivo afirmar que no Brasil
natildeo existam sistemas de produccedilatildeo camponesa poreacutem os dados de campo mostram
que no caso em estudo 67 dos entrevistados natildeo produzem somente fumo e que
esses estatildeo inseridos em outras cadeias produtivas como leite feijatildeo soja e milho
ou seja os fumicultores tem mais opccedilotildees poreacutem acham interessante continuar com o
fumo Esses dados natildeo satildeo diferentes do restante do Brasil natildeo generalizando
somente a partir dos entrevistados
Apesar das oscilaccedilotildees no volume produzido como tambeacutem em relaccedilatildeo ao
mercado do fumo no Brasil e consequentemente no municiacutepio de Prudentoacutepolis
conforme exposto nos capiacutetulos II e III nota-se que essa cultura proporcionou a
ascensatildeo econocircmica desses agricultores familiares sendo que muitos desses
pequenos capitalistas como jaacute mencionado conseguiram adquiri terras para entatildeo
competir nos setores de gratildeos como a soja e o milho que a competitividade eacute
melhor para grandes proprietaacuterios querendo assim dar esse salto e ao mesmo
tempo trabalhando com a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo com intuito de deixar a renda
da propriedade menos vulneraacutevel A partir desses fatos e de acordo com os
resultados dos dados de campo eacute coerente dizer que o direcionamento dos
agricultores entrevistados para o cultivo de culturas que tem maior rentabilidade
proporcionou melhoras nas condiccedilotildees econocircmicas da famiacutelia pois somente com a
lavoura tradicional e pequena criaccedilatildeo de animais natildeo seria possiacutevel conquistar bens
de capital
Nesse sentido Navarro (2014) aponta que o preccedilo dos alimentos consumidos
pelos brasileiros em termos de reais diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas devido a inserccedilatildeo
dos pacotes tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo agriacutecola que proporcionaram o aumento
da produtividade e a consequente queda do preccedilo final contribuindo para a
facilidade de acesso desses produtos por parte da populaccedilatildeo jaacute em contra partida o
custo para uma pessoa manter seu haacutebito de fumar aumentou Ou seja os
agricultores que permaneceram ou inseriram-se na produccedilatildeo de fumo tiveram um
aumento na sua rentabilidade
110
Dessa forma eacute certo que os agricultores familiares entrevistados da mesma
forma que os agricultores patronais buscam aumentar seus rendimentos uma vez
que os dados de campo mostram que uma porccedilatildeo dos fumicultores tem pretensotildees
de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou seja agem no mercado
como pequenos capitalistas Poreacutem esses agricultores ainda natildeo migram totalmente
para outras atividades por ser esta uma das poucas cadeias produtivas compatiacuteveis
com as suas condiccedilotildees de produtor Tambeacutem muitos produtores podem encontrar
dificuldades em migrar para outras culturas que exigem maiores recursos
(SCHOENHALS et al 2009) necessitando assim de linhas de creacuteditos agriacutecolas
direcionados para esses agricultores
Os autores como Fernandes (2008) e Roos (2015) que trabalham na
perspectiva do paradigma da agricultura camponesa afirmam haver conflitualidade
entre os camponeses e as agroinduacutestrias que trabalham no sistema de produccedilatildeo
integrada como eacute o caso da agroinduacutestria fumageira afirmando existir uma sujeiccedilatildeo
da renda dos camponeses uma vez que os agricultores camponeses natildeo possuem
autonomia com relaccedilatildeo ao modo de produzir o produto como tambeacutem na hora de
fixar o preccedilo final da safra Poreacutem natildeo eacute levado em consideraccedilatildeo que o preccedilo do
quilo do fumo pago ao produtor contratado estaacute intrinsecamente relacionado a oferta
e demanda do produto por parte do mercado o que expressa adequadamente o
valor marginal pago muitas vezes aos fumicultores visto que a empresa tambeacutem
deve colocar a sua margem de lucro conforme a demanda do produto
Outra questatildeo voltada ao paradigma camponecircs eacute em relaccedilatildeo agrave
industrializaccedilatildeo da agricultura e apontada por Fernandes (2013) como um processo
que resulta no desenvolvimento desigual e contraditoacuterio no campo que deixa as
unidades camponesas de produccedilatildeo se tornar mais vulneraacuteveis ao capital Poreacutem os
dados da Tabela 23 mostram que 68 dos entrevistados usam ou jaacute utilizaram
alguma linha de creacutedito agriacutecola para o investimento em maquinaacuterios agriacutecolas
afirmando que conseguem tem uma produtividade maior e que conseguem pagar as
prestaccedilotildees desses maquinaacuterios tranquilamente
Sabendo que Ploeg (2009) afirma que o camponecircs eacute caracterizado por lutar
por sua autonomia uma vez que conforme apontado pro Thomaz Juacutenior (2008) a
loacutegica do capital impotildee que o agricultor esteja preso a gestatildeo de uma empresa e natildeo
111
mais de sua famiacutelia natildeo se completa para essa pesquisa uma vez que a explicaccedilatildeo
para a empresa estabelecer os seus moldes de produccedilatildeo se baseia na demanda do
produto pelo mercado instituindo assim para os seus contratados os tipos de fumos
com maiores demandas o que justifica a empresa impor o tipo de variedade de fumo
que quer comprar como tambeacutem os tratos culturais necessaacuterios para se chegar ao
produto desejado
Contraditoacuterio ao que foi exposto por Paulino e Almeida (2010) quando
mencionam que o campesinato deve ser considerado como uma contradiccedilatildeo e natildeo
como uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeo capitalista os resultados da
pesquisa mostraram que a articulaccedilatildeo com os modelos de produccedilatildeo capitalistas
proporcionaram a permanecircncia de agricultores familiares no espaccedilo rural uma vez
que os aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo que eacute bastante disseminada entre
agricultores familiares induziram o aumento da rentabilidade diminuindo assim as
taxas de pobreza Aleacutem disso nota-se que o fumicultores sendo pequenos
capitalistas natildeo buscam somente a reproduccedilatildeo do modo de vida mas sim agem no
mercado investindo em setores mais rentaacuteveis adequado para a sua condiccedilatildeo de
produtor com pretensatildeo de torna-se um agricultor ainda mais competitivo
Mais uma vez defende-se que a inserccedilatildeo dos agricultores familiares aos
mercados capitalistas natildeo deve ser entendido a partir de um dualismo estando de
um lado o agronegoacutecio e de outro o camponecircs como jaacute ressaltado por Schneider
(2006) que tanto um quanto outro grupo estaacute interessado em um mesmo processo
que eacute o da produccedilatildeo e o do consumo Nesse sentido eacute importante se trabalhar com
a heterogeneidade da agricultura familiar para assim se pensar como esses
agricultores podem se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo
Portanto a presente pesquisa embasada nos dados de campo mostra que a
cultura de fumo ateacute entatildeo eacute a principal orientaccedilatildeo financeira dos agricultores
familiares entrevistados seguidas de outras estrateacutegias de reproduccedilatildeo como o
cultivo da soja produccedilatildeo de leite feijatildeo milho Demonstrando dessa forma que os
mesmos buscam maximizar seus lucros e diversificar sua produccedilatildeo para diminuir a
vulnerabilidade econocircmica da propriedade Contudo pode afirmar atraveacutes do
paradigma da agricultura familiar que os fumicultores considerados como pequenos
capitalistas se reproduzem no mercado sob pressatildeo das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e
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da concorrecircncia e buscam ser competitivos natildeo havendo incompatibilidade ou
conflitos dos agricultores familiares para com o capital
113
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123 SINDICATO INTERESTADUAL DA INDUacuteSTRIA DO TABACO (SINDITABACO) Disponiacutevel em lthttpsinditabacocombrgt Acesso em 01042015 SOUZA MJLde O territoacuterio sobre o espaccedilo e poder autonomia e desenvolvimento In CASTRO IE de GOMES PC da C CORREcircA RL (Orgs) Geografia Conceitos e temas 5 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2003 ldquoTerritoacuteriordquo da divergecircncia (e da concepccedilatildeo) em torno das imprecisas fronteiras de um conceito fundamental In SAQUET MA SPOSITO E S (Org) Territorio e territorialidade teorias processos e conflitos Satildeo Paulo UNESP 2009 O territoacuterio Sobre espaccedilo e poder autonomia e desenvolvimento In CASTRO I E De CORREcircA R L amp p C (Org) Geografia Conceitos e Temas Rio de Janeiro Ed Bertrand Brasil 2005 SPOSITO E S Redes e cidades Satildeo Paulo UNESP2008 SOUZA CRUZ Relatoacuterio da administraccedilatildeo Periacuteodo de 3 meses findo em 31 de marccedilo de 2015 SOUZA CRUZ Nossa histoacuteria 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9K2Wopendocumentgt Acesso em 04022015 British American Tabacco 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9KSXopendocument gt Acesso em 02042015 Distribuiccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9J5Zopendocumentgt Acesso em 02042015 Mercado de cigarros 2015 Disponiacutevel em ltlthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLiv eDO7V9KNXopendocumentgt Acesso em 03042015 Instituto Souza Cruz 2015 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9Q36opendocumentgt Acesso em 20062015 SPIES R O processo de Especializaccedilatildeo Produtiva da Microrregiatildeo Fumicultura de Santa Cruz do Sul- RS Santa Cruz do Sul UNISC 2000 TERNOSKI S Estrateacutegias de melhoria da renda da agricultura familiar Anaacutelise a partir da base social da CresolPrudentoacutepolis Dissertaccedilatildeo ( Mestrado em Desenvolvimento Regional) Universidade Tecnoloacutegica Federal do Paranaacute Pato Branco 2013
1
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2
ANEXOS
1ordm Trabalho de Campo Conhecimento da aacuterea de estudo e visita a 10 propriedades que produzem fumo haacute mais de 10 anos Data do campo mecircs de Julho e Agosto de 2014
1) Qual foi o ano em que iniciou as atividades na produccedilatildeo de fumo
2) Qual eacute o motivo que trabalha na produccedilatildeo do fumo
3) A matildeo de obra na atividade fumageira eacute muito desgastante
4) Sua propriedade eacute diversificada Quais as culturas que produz na
propriedade aleacutem do fumo
5) Qual eacute a maior renda da propriedade
6) Como eacute feita a classificaccedilatildeo das folhas de fumo destinadas a venda
2ordm Trabalho de campo Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Aplicado ao orientador teacutecnico da Souza Cruz o qual representa a Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis Orientador teacutecnico Tarciacutesio Kraiczek Data da entrevista 13072015
1 Quantos orientadores teacutecnicos a empresa possui no municiacutepio de
Prudentoacutepolis
2 Haacute quantos anos vocecirc trabalha na assistecircncia teacutecnica para os
fumicultores associados da Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis
3 Quantos associados a empresa Souza Cruz teve na safra de 2014
4 Quais satildeo as empresas fumageiras concorrentes da Souza Cruz no
municiacutepio Qual a relaccedilatildeo entre essas empresas
5 A empresa Souza Cruz tem alguma unidade de recebimento do fumo no
municiacutepio de Prudentoacutepolis para a produccedilatildeo ficar armazenada antes de
ser enviado para uma usina de Processamento de fumo
3
6 Para qual das trecircs usinas de processamento o fumo produzido no
municiacutepio eacute envido
7 A empresa tem uma cota miacutenima e maacutexima de peacutes de fumo por
produtor
8 Qual eacute a meacutedia de peacutes de fumo uma pessoa consegue produzir por
safra
9 No seu ponto de vista como orientador teacutecnico como se daacute a relaccedilatildeo
entre a empresa Souza Cruz e os fumicultores do municiacutepio
10 Qual a relaccedilatildeo da empresa para com os projetos de diversificaccedilatildeo da propriedade
3ordm Trabalho de Campo Entrevista de campo para obtenccedilatildeo de dados socioeconocircmicos dos produtores
de fumo da empresa Souza Cruz do municiacutepio de Prudentoacutepolis - PR
Data do campo Novembro e Dezembro de 2015 1- Caracterizaccedilatildeo da famiacutelia
Membros Idade Gecircnero Escolaridade (escola puacuteblica ou privada)
Fumicultor Eacute fumante
Motivos do ecircxodo
1 2 3 4 5 6 7 8
2- Haacute quantos anos trabalha na atividade fumageira
3- Qual o motivo pela opccedilatildeo de produzir fumo
4- Pretende permanecer na atividade fumageira Quais motivos Por qual
atividade substituiria a produccedilatildeo de fumo
4
5- Possui estufa eleacutetrica de secagem do fumo
6- Quais bens capitais vocecirc conseguiu adquirir com a renda oriunda da
produccedilatildeo de fumo
7- Possui na propriedade
( ) Trator ( ) Carro ( ) moto ( ) telefone ( ) internet
8- Posse da terra e quantidade de alqueires
( ) Proacutepria ____ ( ) Arrendada e Parceiro _____
( ) Arrendada ____ ( ) Proacutepria e Arrendada _____
( ) Proacutepria e Parceiro ____
9- Se for proacutepria como adquiriu essas terras
10- Satildeo plantados por ano quantos peacutes de fumo Quantidade de aacuterea
utilizada
11- Faz contrataccedilatildeo de matildeo de obra para a produccedilatildeo de fumo
( ) Sim ( ) Natildeo
12- Se existe a contrataccedilatildeo de matildeo de obra em que periacuteodo da safra
acontece
( ) Todo o periacuteodo da safra ( ) Tratos culturais ( ) Plantio ( )
Classificaccedilatildeo ( ) Colheita
13- Vocecirc lecirc o contrato da sua produccedilatildeo com a empresa Souza Cruz
Justifique
14- Aleacutem da produccedilatildeo de fumo quais outras atividades agropecuaacuterias satildeo
realizadas na propriedade para garantir a renda da famiacutelia
Para comercializaccedilatildeo Para consumo na propriedade
5
15- De qual atividade realizada na propriedade vem a maior renda
16- Como eacute a sua relaccedilatildeo com a empresa descreva o seu ponto de vista
17- Vende toda a produccedilatildeo para a empresa associada
18- No seu ponto de vista quais satildeo as vantagens e desvantagens de produzir
fumo
19- Em relaccedilatildeo agrave sauacutede e produccedilatildeo de fumo houve casos na famiacutelia de
A) Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos
B) Intoxicaccedilatildeo por nicotina (doenccedila da folha verde)
C) Problemas ortopeacutedicos
D) Transtornos mentais (depressatildeo ansiedade esquizofrenia etc)
E) Outros __________________________________________
20- Haacute incentivos governamentais para o desenvolvimento de outras atividades
e o consequente abandono do ramo fumageiro Se sim quais e por que natildeo
houve migraccedilatildeo para outra atividade
21- A partir do momento em que vocecirc comeccedilou a produzir o fumo acha que
suas condiccedilotildees financeiras melhoraram
22- Participa do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar)
23- Na famiacutelia tem algum membro que recebe algum tipo de repasses de
programas sociais Se sim quais
24- Vocecirc tem conhecimento de algum projeto de diversificaccedilatildeo de
propriedades que estaacute sendo realizado por oacutergatildeos puacuteblicos no municiacutepio
8
LISTA DE SIGLAS
AFUBRA - Associaccedilatildeo dos Fumicultores do Brasil
BAT - British American Tobacco
CBFF ndash Companhia Brasileira de Fumo em Folha
DERAL - Departamento de Economia Rural
EMATER ndash Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural
IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social)
PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
SEAB - Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento
SINDITABACO ndash Sindicato Interestadual da Induacutestria do Tabaco
9
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA 46 Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 59 FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 60 FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES 62 FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 63 FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR 64 FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR78 FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 79 FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO 90 FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE 91 FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA 92 FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO 94 FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS 94 FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO 95 FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA 96 FIGURA 16 - BENS ADQUiRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA 97 FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF 99 FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA 100 FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO 102
10
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL 39 TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO 41 TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013 42 TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012 42 TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute 46 TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006 48 TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006 50 TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006 51 TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000 52 TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006 53 TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012 54 TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010) 55 TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE 84 TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 85 TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 86 TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS 87 TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 88 TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES 88 TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES 89 TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE 91
11
TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES 93 TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO 95 TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO) 98 TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO101 TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO 103 TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS 104
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA 36 QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL 44 QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314 47 QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010) 56 QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR 65 QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR66 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR 66 QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006 71 QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 72 QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR 72 QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES 74 QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS 75 QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 81 QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 82 QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 84
12
QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS 102 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS 103 QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 105
LISTA DE GRAacuteFICOS
GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO45 GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS 67
13
SUMAacuteRIO INTRODUCcedilAtildeO 14 CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS 19
11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA 19
12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR 23
13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS 27
CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32
21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32 22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL 47
CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO 58
31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR 58
32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS 69
CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO 76 41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES 78 REFEREcircNCIAS 113 ANEXOS 2
14
INTRODUCcedilAtildeO
De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de
fumo sendo que essa produccedilatildeo encontra-se concentrada nos estados do Rio
Grande do Sul Santa Catarina e Paranaacute alimentando uma cadeia produtiva com
envolvimento de 25 milhotildees de pessoas o qual inclui setores como a produccedilatildeo
transporte comercializaccedilatildeo industrializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e exportaccedilatildeo (AFUBRA
2011)
No municiacutepio de Prudentoacutepolis a atividade fumageira tem grande relevacircncia
econocircmica principalmente para a agricultura familiar uma vez que os dados do
Censo Demograacutefico de 2010 mostram que 54 da populaccedilatildeo residem na aacuterea rural
existindo um nuacutemero maior de unidade de produccedilatildeo familiar em detrimento das
unidades patronais de produccedilatildeo
A produccedilatildeo de fumo em Prudentoacutepolis eacute realizada somente nas regiotildees
Central e Sul do municiacutepio devido ao clima e topografia dos solos favoraacuteveis agrave
cultura Outro fator que tambeacutem ocasiona a atraccedilatildeo para a fumicultura eacute a
possibilidade de usufruir de pequenas aacutereas de terras deixando disponiacutevel o
excedente da propriedade para outras atividades que somem na geraccedilatildeo de renda
Nesse sentido o objetivo da pesquisa eacute analisar os resultados obtidos pela
agricultura familiar com essa cultura e as razotildees econocircmicas de sua opccedilatildeo pelo
fumo Portanto uma contribuiccedilatildeo desse estudo de caso eacute fornecer subsiacutedios para a
avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural
e ciecircncias afins
Para a realizaccedilatildeo do presente trabalho foi fundamental atraveacutes das
abordagens sobre a agricultura familiar e camponesa avaliar se realmente existe
uma oposiccedilatildeo entre agricultor familiar e o agronegoacutecio no caso do setor fumageiro
uma vez que o fumo eacute uma commoditie de exportaccedilatildeo e a produccedilatildeo eacute realizada por
pequenos produtores Para tanto foi realizada uma revisatildeo bibliograacutefica sobre os
paradigmas da agricultura familiar e da agricultura camponesa na geografia rural e
aacutereas de pesquisa afins com a finalidade de identificar os conceitos de territoacuterio e
territorialidade derivados desses paradigmas Foram feitas tambeacutem uma
caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de
15
fontes secundaacuterias (Censos Agropecuaacuterios e outras) e uma pesquisa de campo
mediante a aplicaccedilatildeo de questionaacuterio com o fim de caracterizar os produtores rurais
desse municiacutepio contratados pela empresa Souza Cruz como fornecedores de
tabaco
Nesse sentido buscou-se metodologicamente envolver teacutecnicas de base
qualitativa sendo que esse tipo de abordagem se caracteriza por ldquoanalisar e
interpretar os dados refletir e explorar o que eles podem propiciarrdquo (OLIVEIRA
2010) A pesquisa quantitativa tambeacutem faz parte deste estudo uma vez que traz
algumas teacutecnicas que possibilitam a busca de informaccedilotildees e dados mais amplos
muitas vezes impossiacuteveis de serem alcanccedilados somente pelo pesquisador como por
exemplo aqueles dados disponibilizados pelos oacutergatildeos puacuteblicos como EMATER
(Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural) IPARDES (Instituto Paranaense
de Desenvolvimento Econocircmico e Social ) IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatiacutestica) e DERAL (Departamento de Economia Rural) O meacutetodo quantitativo
considera que tudo eacute quantificaacutevel ou seja significa traduzir opiniotildees e informaccedilotildees
em nuacutemeros que seratildeo classificados e analisados
Os meacutetodos qualitativos e quantitativos natildeo se excluem Embora difiram quanto agrave forma e agrave ecircnfase os meacutetodos qualitativos trazem como contribuiccedilatildeo ao trabalho de pesquisa uma mistura de procedimentos de cunho racional e intuitivo capazes de contribuir para a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos Pode-se distinguir o enfoque qualitativo do quantitativo mas natildeo seria correto afirmar que guardam relaccedilatildeo de oposiccedilatildeo (POPE MAYS 1995 p42)
Sendo assim no iniacutecio do desenvolvimento do presente estudo foi realizada
uma entrevista com questotildees semiestruturadas (em anexo) para um grupo de dez
fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz e que estatildeo na atividade
fumageira haacute mais de dez anos Esse puacuteblico foi escolhido intencionalmente a partir
dos dados da localizaccedilatildeo das propriedades dos associados da empresa no
municiacutepio de Prudentoacutepolis Recorreu-se a esse meacutetodo pois os dados obtidos em
campo eram necessaacuterios para poder avaliar as abordagens ligadas ao paradigma da
agricultura camponesa e da agricultura familiar e que natildeo poderiam ser obtidos
atraveacutes de fontes secundaacuterias
Posteriormente foi realizada uma entrevista com perguntas semiestruturadas
(em anexo) para o instrutor teacutecnico da Souza Cruz jaacute que o mesmo representa a
16
empresa no municiacutepio Essa entrevista teve como objetivo analisar o ponto de vista
da empresa sobre a atividade fumageira na localidade
Ao verificar que em Prudentoacutepolis a produccedilatildeo de fumo acontece somente na
regiatildeo Central e Sul devido ao relevo mais inclinado da regiatildeo norte foi interessante
ir ateacute essa regiatildeo com topografia mais acentuada para analisar os tipos de cultivos
que satildeo realizados O objetivo desse trabalho de campo foi principalmente o de
conhecer a realidade das famiacutelias do municiacutepio natildeo inseridas na cultura do fumo
com visitas a realizar futuras pesquisas sobre a agricultura familiar Assim dado o
caraacuteter complementar e exploratoacuterio desse trabalho a coleta de informaccedilotildees se deu
por meio de conversas informais
Nos meses de novembro e dezembro de 2015 foi realizada outra entrevista
com perguntas semiestruturadas (em anexo) para uma amostragem de sessenta
fumicultores contratados pela Souza Cruz As perguntas feitas nessa entrevista
estatildeo relacionadas basicamente a dados socioeconocircmicos das famiacuteliasos quais
juntamente com dados mais gerais do censo agropecuaacuterio permitem conhecer o
perfil desses fumicultores Portanto as informaccedilotildees referentes a essas entrevistas
apresentam-se mais detalhadas no capiacutetulo IV
Nesse sentido as entrevistas constituem teacutecnicas alternativas para coleta de
dados natildeo documentados sobre determinado tema ldquoEacute uma teacutecnica de interaccedilatildeo
social [] em que uma das partes busca obter dados e outra se apresenta como
fonte de informaccedilatildeordquo (GERHARDT SILVEIRA 2009)
O pesquisador organiza um conjunto de questotildees (roteiros) sobre o tema que estaacute sendo estudado mas permite e agraves vezes ateacute incentiva que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vatildeo surgindo como desdobramentos do tema principal (GERHARDT SILVEIRA 2009)
Para Duarte (2002 p 143) ldquonuma metodologia de base qualitativa o nuacutemero
de sujeitos que viratildeo a compor o quadro das entrevistas dificilmente pode ser
determinado a piorirdquo Ou seja tudo vai estar relacionado com a qualidade das
informaccedilotildees obtidas a partir de cada entrevista sempre levando em consideraccedilatildeo a
profundidade e o grau de recorrecircncia e divergecircncia das informaccedilotildees Enquanto
estiverem aparecendo ldquodadosrdquo originais ou pistas que possam indicar novas
perspectivas aacute investigaccedilatildeo em curso as entrevistas precisam continuar sendo feitas
(DUARTE 2002 p 144)
17
Portanto a pesquisa estaacute estruturada em quatro capiacutetulos sendo que no
primeiro capiacutetulo falar-se-aacute sobre as abordagens ligadas a agricultura camponesa e
agricultura familiar com intuito de apresentar algumas das visotildees de cada
paradigma para que no decorrer do trabalho possa ser feito uma avaliaccedilatildeo dessas
abordagens na produccedilatildeo fumageira como tambeacutem expor o conceito de territoacuterio e
territorialidade que derivam desses paradigmas
No capiacutetulo seguinte visando compreender os fatores que proporcionaram ao
paiacutes se tornar referecircncia no setor fumageiro realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica
da origem do fumo e a sua consequente inserccedilatildeo em uma escala comercial O
estudo desses elementos foi fundamental para entender os motivos que contribuiacuteram
para a inserccedilatildeo da produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Tambeacutem pelo
fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo
de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral
dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura
familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo
do agronegoacutecio
Na sequecircncia o capiacutetulo III mostra os processos de ocupaccedilatildeo do municiacutepio
de Prudentoacutepolis e a consequente inserccedilatildeo da produccedilatildeo fumageira nas unidades de
produccedilatildeo familiar Nesse sentido como o trabalho vem abordando a existecircncia de
uma agricultura familiar heterogecircnea buscou-se conhecer o perfil dos agricultores
familiar do municiacutepio atraveacutes da caracterizaccedilatildeo dessas famiacutelias tendo como escopo
as fontes secundaacuterias do IBGE
No capiacutetulo IV satildeo apresentados os dados do trabalho de campo que foi
realizado com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela empresa
Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Os dados
de campo que retratam a realidade dos entrevistados juntamente com dados
secundaacuterios tecircm por finalidade contribuir na avaliaccedilatildeo dos paradigmas da
camponesa e da agricultura familiar com base no setor fumageiro
Por fim satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais do trabalho seguindo nas
avaliaccedilotildees das abordagens paradigmaacuteticas agrave luz do estudo de caso dos fumicultores
entrevistados mostrando que os agricultores familiares entrevistados buscam
18
atraveacutes de suas condiccedilotildees de tecnologias estrutura fundiaacuteria e matildeo de obra se
inserir em setores mais competitivos visando agrave maximizaccedilatildeo dos lucros
A realizaccedilatildeo dessa pesquisa eacute pertinente pelo fato de mostrar que os
fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de commoditie atraveacutes de uma cadeia
produtiva competitiva levando em consideraccedilatildeo as condiccedilotildees do produtor e
conforme os dados de campo eacute notoacuterio que os entrevistados atraveacutes da renda do
fumo conseguiram adquirir bens capitais de grande importacircncia como a compra de
terra lotes na cidade de carro trator maquinaacuterios agriacutecolas e casa Bens esses que
muitas vezes natildeo conseguiriam adquirir se produzissem somente culturas
tradicionais do municiacutepio como eacute o caso do feijatildeo e milho pelo fato da pequena
quantidade de terras que possuem Dessa forma eacute certo que os agricultores
familiares entrevistados da mesma forma que os agricultores patronais buscam
maximizar seus lucros uma vez que os dados de campo mostram que os
fumicultores tecircm pretensotildees de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou
seja agem no mercado como pequenos capitalistas
19
CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS
Sabe-se que nas ciecircncias sociais existem diferentes concepccedilotildees teoacutericas para
a compreensatildeo do desenvolvimento do capitalismo no campo destacando-se de
um lado o paradigma da Agricultura Camponesa (Questatildeo Agraacuteria) e de outro o
paradigma da Agricultura Familiar (Capitalismo Agraacuterio) Nesse sentido o presente
capiacutetulo expotildee algumas das abordagens ligadas ao paradigma da agricultura
camponesa e das abordagens ligadas agrave agricultura familiar como objetivo de
identificar o conceito de TerritoacuterioTerritorialidade derivados desses paradigmas A
finalidade de entender as correntes de pensamento paradigmaacutetico permitiraacute entatildeo
avaliar essas abordagens agrave luz de um estudo de caso sobre a fumicultura no
municiacutepio de PrudentoacutepolisPR
11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA
As muacuteltiplas formas de interpretaccedilatildeo da questatildeo agraacuteria no espaccedilo rural e
consequentemente do paradigma camponecircs tecircm como principal referecircncia as teorias
marxistas seja as de autores como Lecircnin (1982) e Kautsky (1998) que defenderam
a tese do desaparecimento da classe camponesa e a consequente emergecircncia de
duas classes distintas - a burguesa e a proletaacuteria - como produto da industrializaccedilatildeo
da agricultura seja a de autores como Chayanov (1974) Oliveira (1987) e
Fernandes (1996) entre outros que satildeo contraacuterios agrave teoria sobre a tendecircncia agrave
proletarizaccedilatildeo do campesinato e que defendem a permanecircncia desta classe social
como resultado do processo desigual e contraditoacuterio de desenvolvimento
impulsionado pelo sistema capitalista
Nesse sentido para Fernandes (2008) os estudos feitos agrave luz do paradigma
camponecircs se caracterizam por analisar a luta de classes a conflitualidade e as
contradiccedilotildees inerentes agraves relaccedilotildees capitalistas e natildeo capitalistas de produccedilatildeo1 Um
tema importante nessa linha de pesquisa eacutea sujeiccedilatildeo da renda dos camponeses
perante as empresas que tecircm o monopoacutelio da produccedilatildeo de commodities agriacutecolas
como as agroinduacutestrias fumageiras
1 O campesinato eacute entendido como um sistema produtivo diferenciado do agronegoacutecio
20
Os seguidores do paradigma camponecircs como Fernandes (2013) entendem
que a industrializaccedilatildeo da agricultura resulta em um problema estrutural devido ao
desenvolvimento desigual e contraditoacuterio do capitalismo e que a uacutenica soluccedilatildeo estaacute
na superaccedilatildeo desse sistema pois a industrializaccedilatildeo da agricultura contribui para que
as unidades camponesas de produccedilatildeo se tornem mais vulneraacuteveis ao capital
Para Feliacutecio (2006) nesse paradigma natildeo haacute diferenccedilas entre agricultor
familiar e camponecircs pois ambos satildeo assim definidos por terem a famiacutelia e o trabalho
familiar por caracteriacutestica a qual natildeo objetiva a superaccedilatildeo do trabalho familiar O
termo camponecircs eacute tratado pelos teoacutericos do paradigma do capitalismo agraacuterio como
agricultores familiares nesse sentido
O produtor familiar que utiliza os recursos teacutecnicos e estaacute altamente integrado ao mercado natildeo eacute um camponecircs mas sim um agricultor familiar Desse modo pode-se afirmar que a agricultura camponesa eacute familiar mas nem toda a agricultura familiar eacute camponesa ou que todo camponecircs eacute agricultor familiar mas nem todo agricultor familiar eacute camponecircs (FERNANDES 2001)
Com relaccedilatildeo agrave inserccedilatildeo da agricultura familiar nas formas de produccedilatildeo
capitalistas no campo Thomaz Juacutenior (2008) considera que a loacutegica do capital impotildee
que o agricultor esteja preso agrave gestatildeo de uma empresa e natildeo mais da sua proacutepria
famiacutelia Poreacutem o autor defende que mesmo integrado a essa loacutegica de produccedilatildeo o
camponecircs busca alternativas para natildeo aderir totalmente agraves estruturas mercantis de
produccedilatildeo visando reestabelecer os princiacutepios de sociabilidade e produccedilatildeo para o
autoconsumo Nesse sentido para esse paradigma o camponecircs visa agrave
sobrevivecircncia mas se o capital apresenta uma proposta de parceria de lucros como
na integraccedilatildeo das empresas fumageiras o camponecircs aceita Subordina-se mas se
essa possibilidade de lucro acaba ele volta para a estrateacutegia primeira por natildeo
desejar desfazer-se da terra
Para Shanin (2008) o camponecircs corresponde a um ldquomodo de vidardquo que
envolve um conjunto de elementos como a diversidade nas formas de trabalhar com
a terra Teacutecnicas essas que satildeo passadas de pais para filhos possibilitando estreita
ligaccedilatildeo entre a terra e a famiacutelia uma vez que a famiacutelia eacute dona do proacuteprio trabalho
podendo escolher a melhor forma de fazecirc-lo Tambeacutem enfatiza a especificidade da
loacutegica econocircmica camponesa a qual produz visando a satisfaccedilatildeo das necessidades
21
da famiacutelia sendo capaz de se ajustar aos niacuteveis de remuneraccedilatildeo mais baixos em
momentos desfavoraacuteveis
Ploeg (2009) afirma que o camponecircs de hoje natildeo pode ser compreendido
como sinocircnimo de atraso e sim como um ldquocamponecircs modernordquo inserido na
realidade capitalista poreacutem carregando em seu cerne a condiccedilatildeo camponesa Por
condiccedilatildeo camponesa Ploeg (2009) entende a luta por autonomia e progresso como
uma forma de construccedilatildeo e reproduccedilatildeo de um meio de vida rural em um contexto
adverso caracterizado por relaccedilotildees de dependecircncia marginalizaccedilatildeo e privaccedilatildeo
Portanto para o autor supracitado o campesinato deve ser explicado a partir das
relaccedilotildees de contradiccedilotildeesconflitualidades existentes no espaccedilo rural
Fernandes (2000) ao falar sobre a formaccedilatildeo do campesinato afirma que
essa formaccedilatildeo natildeo acontece somente pela reproduccedilatildeo ampliada das contradiccedilotildees
do capitalismo mas tambeacutem atraveacutes da luta pela terra na qual tem enfrentado a
condiccedilatildeo loacutegica do capital Nesse sentido Ploeg (2009) menciona sobre a dualidade
entre a produccedilatildeo camponesa e a capitalista na qual
[] a agricultura camponesa eacute fortemente baseada no capital ecoloacutegico (especialmente a natureza viva) enquanto que a agricultura empresarial afasta-se progressivamente da natureza Insumos e outros fatores artificiais de crescimento substituem os recursos naturais o que significa que a agricultura estaacute sendo industrializada (PLOEG 2009 p17)
A expansatildeo do modo capitalista de produccedilatildeo (na sua reproduccedilatildeo ampliada do
capital) aleacutem de redefinir antigas relaccedilotildees subordinando-as agrave sua produccedilatildeo
engendra relaccedilotildees natildeo capitalistas iguais e contraditoriamente necessaacuterias agrave sua
reproduccedilatildeo (OLIVEIRA 2010) Nesse sentido para Paulino e Almeida (2010) a
reproduccedilatildeo do campesinato ldquodeve ser entendida a partir das diversas contradiccedilotildees
do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma contradiccedilatildeo e
natildeo de uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeordquo
No que diz respeito agrave produccedilatildeo de fumo para o paradigma camponecircs a
integraccedilatildeo agrave induacutestria fumageira significauma intervenccedilatildeo nos modos de produccedilatildeo
camponesa visando padroniza-los deixando o camponecircs com pouca autonomia para
determinar a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo
Para Fernandes (2008) o sistema de produccedilatildeo do agronegoacutecio eacute distinto do
sistema de produccedilatildeo da agricultura camponesa uma vez que o sistema agriacutecola
22
camponecircs tem por referecircncia a reproduccedilatildeo a biodiversidade e o trabalho familiar
natildeo objetivando o plantio de uma uacutenica cultura para o mercado como no modelo
agroexportador Poreacutem Fernandes (2008 p 166) afirma que como eacute o capital que
controla a tecnologia o conhecimento o mercado e as poliacuteticas agriacutecolas
subalterniza o camponecircs Ou seja para Fernandes o sistema agriacutecola camponecircs
natildeo eacute parte do agronegoacutecio
De acordo Paulino com (2012) os camponeses comparecem ao mundo do
trabalho como entidades familiares Dessa forma como eacute a famiacutelia que se prontifica
em produzir a mateacuteria prima para a induacutestria fumageira entatildeo natildeo se refere agrave venda
do trabalho camponecircs e sim da produccedilatildeo na qual estaacute contida o trabalho familiar o
qual exige um ritmo diferenciado
Roos (2015) salienta que no caso da produccedilatildeo fumageira realizada pelos
camponeses ldquoa racionalidade eacute movida pela necessidade de um espaccedilo que possa
servir a um conjunto de atividadesrdquonatildeo objetivando somente a valorizaccedilatildeo que os
galpotildees e as estufas de fumo possam gerar sobre a renda da terra
Nesse sentido as transformaccedilotildees no campo brasileiro relacionadas ao
processo de modernizaccedilatildeo da agricultura se assentam sobre uma estrutura
complexa compreendida pela integraccedilatildeo da agricultura e da induacutestria caracterizada
na maior parte por produzir produtos de exportaccedilatildeo como eacute o caso das induacutestrias
fumageiras aves e suiacutenos
Portanto para esse paradigma a conflitualidade eacute inerente ao processo de
formaccedilatildeo do capitalismo e do campesinato por causa da contradiccedilatildeo criada pela
destruiccedilatildeo criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo simultacircneas dessas relaccedilotildees sociais (FENANDES
2008) O camponecircs possui um sistema agriacutecola proacuteprio que natildeo faz parte do
agronegoacutecio e apresenta uma loacutegica de reproduccedilatildeo distinta todavia os camponeses
estatildeo subalternos agrave hegemonia daquele modelo de desenvolvimento econocircmico
(ROOS2015)
Roos (2015) ao analisar a obra de Chayanov2 afirma que o deslocamento de
membros da famiacutelia para outras atividades (venda de forccedila de trabalho) estaacute
assentado na satisfaccedilatildeo das necessidades e natildeo na maximizaccedilatildeo de lucros
2 CHAYANOV AV La organizaciacuteon de la unidad econoacutemica campesina Buenos Aries Nueva Visioacuten 1974
23
possiacuteveis (relaccedilotildees capitalistas) pois o principal objetivo das transaccedilotildees
econocircmicas camponesas eacute a reproduccedilatildeo do grupo social
Para Paulino (2003) a heterogeneidade no campo estaacute marcada por dois
tipos de propriedade privada de um lado a propriedade capitalista e de outro a
propriedade camponesa Na propriedade capitalista a terra eacute um objeto de negoacutecio
pelo fato de haver exploraccedilatildeo do trabalho alheio ao passo que a propriedade
camponesa constitui-se em terra de trabalho natildeo tendo como intuito a acumulaccedilatildeo
de capital e sim a sobrevivecircncia familiar Nesse sentido para a autora a dualidade
entre terra de negoacutecios e terra de trabalho se explica com base no caraacuteter
contraditoacuterio do desenvolvimento capitalista
Portanto o camponecircs ao incorporar elementos da loacutegica do agronegoacutecio
como ao plantar fumo e soja utilizando agrotoacutexicos adubos quiacutemicos entre outros
gastos relacionados ao plantio e colheita satildeo compreendidos no paradigma
camponecircs a partir do capital sujeitando e expropriando a renda camponesa e
consequentemente deixando o agricultor mais vulneraacutevel
12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR
No Brasil os estudos e debates sobre a categoria da agricultura familiar
ganharam forccedila a partir do fim da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990
quando essa categoria tem maior representatividade no cenaacuterio socioeconocircmico
brasileiro Inuacutemeros conceitos e caracterizaccedilotildees foram criados para tentar explicar
os indiviacuteduos pertencentes a esse grupo Nesse sentido para Anjos (2003) a
agricultura familiar brasileira se estrutura
ldquocomo uma nova categoria poliacutetica portadora de uma consideraacutevel fonte de legitimidade social que simultaneamente representa os interesses dos pequenos produtores rurais das famiacutelias assentadas dos arrendataacuterios dos agricultores familiares integrados aos complexos agroindustriais e de outros atores sociais do campo brasileirordquo (ANJOS 2003 p 245)
No decorrer da deacutecada de 1990 os estudos voltados para o universo da
agricultura familiare que se destacam na literatura estatildeo em Veiga (1991)
Abramovay (1992) Lamarche (1998) entre outros Esses estudos aleacutem de
trazerem um panorama geral sobre a agricultura familiar daqueles anos tambeacutem
mostraram que as formas familiares de agricultura natildeo eram e nem satildeo
24
homogecircneas poreacutem satildeo importantes para promover o desenvolvimento econocircmico
no Brasil
Abramovay (1992) foi o primeiro no Brasil que distinguiu campesinato de
agricultor familiar afirmando que o agricultor familiar eacute oriundo do camponecircs poreacutem
apresenta distintas formas de organizaccedilatildeo do trabalho tendo como pretensatildeo
inserir-se ao mercado Tambeacutem ao se referir agrave regiatildeo Sul do Brasil o autor afirma
queldquoos agricultores familiares integram-se plenamente a estruturas nacionais de
mercado transformam natildeo soacute sua base teacutecnica mas sobretudo o ciacuterculo social em
que se reproduzem e metamorfoseiam-se numa nova categoria social de
camponeses tornam-se agricultores profissionaisrdquo (ABRAMOVAY 1992 p 126-
127)
Abramovay (1992) Veiga (1991) e Lamarche (1998) entendem que a
agricultura familiar eacute uma categoria que manteacutem a loacutegica familiar de produccedilatildeo
poreacutem estaacute ligada agrave loacutegica capitalista de integraccedilatildeo aos mercados Nesse sentidoo
autor da corrente marxista Claus Germer (1996) alerta para o problema de
conceituar a agricultura familiar em oposiccedilatildeo agrave agricultura patronal o qual favorece
sem sentido a noccedilatildeo de embate entre esses modos de produccedilatildeo
Pensadores da corrente teoacuterica que discutem a agricultura familiar como por
exemplo Valente (2008) Diniz Filho (2011) e Navarro (2014) entre outros natildeo
costumam fazer uma oposiccedilatildeo radical entre a agricultura familiar e o agronegoacutecio
tal como se observa no paradigma camponecircs pelo fato que de alguma forma os
agricultores familiares fazem parte do agronegoacutecio Nesse sentido apontam que a
agricultura familiar brasileira eacute heterogecircnea e necessita ser trabalhada com
tipologias como por exemplo nos estudos organizados por Lamarche (1998) e pela
caracterizaccedilatildeo da agricultura familiar por grupos A B C e D realizados a partir do
estudo ldquoNovo retrato da agricultura familiar brasileira (2000)rdquo Esses estudos
mostram que existem muitas formas de agricultores familiares que se aproximam
bastante do padratildeo do agronegoacutecio Portanto para esse paradigma natildeo haacute
incompatibilidade ou conflitos radicais dos agricultores familiares em relaccedilatildeo ao
capital visto que estatildeo inseridos no mercado
Lamarche (1998) identificou quatro modelos aproximados para distinguir os
tipos de agricultores familiares a partir do tipo e grau de dependecircncia financeira de
mercado e da tecnologia para produccedilatildeo Os quatro modelos consistem em Modelo
empresa caracteriza as unidades produtivas que possuem grande dependecircncia
25
tecnoloacutegica financeira e comercial dependente de matildeo de obra assalariada
(temporaacuteria ou permanente) natildeo possuindo grande apego agrave propriedade (terra)
Modelo empresa familiar satildeo dependentes dos sistemas tecnoloacutegicos financeiros e
de mercado a matildeo de obra eacute familiar tendo por objetivo a reproduccedilatildeo familiar a
partir da terra Modelo agricultura camponesa e de subsistecircncia eacute caracterizada
pelo grande envolvimento da famiacutelia na unidade produtiva pouco dependente de
tecnologias e mercados externos visando satisfazer as necessidades familiares
com pouca produccedilatildeo para comercializar aleacutem de preservarem os patrimocircnios com
intuito de sobrevivecircncia da famiacutelia E por fim o modelo agricultura moderna que eacute
um modelo de agricultura competitiva que estaacute em constante diminuiccedilatildeo das
relaccedilotildees familiares de produccedilatildeo buscando autonomia teacutecnica financeira e de
mercado
Tambeacutem no sentido de entender as caracteriacutesticas do puacuteblico que fazia parte
do rural brasileiro o estudo realizado pela FAOINCRA no ano de 1994 separou os
agricultores entre familiares e patronais sendo que o grupo dos familiares ganhou
outras trecircs subdivisotildees Agricultores Familiares Consolidados que remete aos
agricultores familiares jaacute integrados ao mercado Agricultores familiares em
transiccedilatildeo ou seja aqueles em processo de integraccedilatildeo aos mercados e Agricultores
Familiares Perifeacutericos caracteriacutesticos daqueles com poucas possibilidades de
integraccedilatildeo aos mercados Poreacutem conforme Bittencourt e Peraci (2010) esse
agrupamento da categoria familiar foi utilizado soacute ateacute 1999 quando ganhou outra
classificaccedilatildeo agora a partir de quatro subdivisotildees dos grupos familiares A B C e D
A tipificaccedilatildeo das unidades familiares em quatro grupos eacute produto do estudo
realizado com base nos dados do Censo Agropecuaacuterio de 1996 e coordenado por
Carlos Enrique Guanziroli (FAO) e Silvia Elizabeth Cardin (INCRA) no ano de 2000
intitulado ldquoO novo retrato da agricultura familiar O Brasil redescobertordquoque
objetivou fazer uma nova tipificaccedilatildeo das unidades familiares localizadas no territoacuterio
brasileiro Esse agrupamento foi definido pela Resoluccedilatildeo 2629 de agosto de 1999
a qual foi adotada para que as regras de financiamento fossem mais adequadas agrave
realidade de cada segmento social (Schneider Czala Matei 2004 p 26)
Da mesma forma que os estudos feitos por Lamarche (1998) os resultados
dos trabalhos realizados pela FAOINCRA afirmam que a agricultura brasileira
apresenta uma grande diversidade em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo dos produtores agrave aptidatildeo
da terra agrave disponibilidade de infraestrutura etc natildeo apenas entre as regiotildees mas
26
tambeacutem dentro de cada regiatildeo (Guanziroli Cardin 2000) Esses autores insistem
na importacircncia de aprofundar o conhecimento dessas realidades do espaccedilo rural
com o intuito de incorporar de forma efetiva esses conhecimentos ao planejamento
de poliacuteticas puacuteblicas
Como o presente estudo objetiva a identificaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo dos
produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis atraveacutes da tipologia dos grupos
familiares eacute fundamental detalhar as caracteriacutesticas de cada grupo3 Agricultores
Familiares tipo A considerados como os mais capitalizados e muito integrados ao
mercado Agricultores Familiares tipo B que estatildeo em vias de capitalizaccedilatildeo e
integrados ao mercado Agricultores Familiares tipo C que se apresentam em vias
de descapitalizaccedilatildeo e pouco integrados aos mercados e os Agricultores Familiares
tipo D sendo compreendidos como descapitalizados
Essas delimitaccedilotildees estabelecidas entre a agricultura familiar e a patronal
como tambeacutem na diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os proacuteprios agricultores
familiares proporcionou a identificaccedilatildeo dos distintos graus de desenvolvimento e
das distintas loacutegicas adotadas para a reproduccedilatildeo familiar
Para esse paradigma o agricultor familiar natildeo eacute um camponecircs mas sim um
empresaacuterio capitalista de pequeno porte inserido no mercado e que busca
maximizar a sua produccedilatildeo mas como eacute de pequeno porte ainda natildeo se
desvinculou totalmente do processo produtivo necessitando da matildeo de obra familiar
para o desenvolvimento das atividades a qual eacute caracteriacutestica das unidades
familiares No caso da produccedilatildeo de fumo conforme se veraacute com detalhes adiante o
pequeno capitalista estaacute presente em todo o processo desde o plantio ateacute a venda
da produccedilatildeo
Schneider (2006) menciona a falta de compreensatildeo dos modos familiares e
sua inserccedilatildeo nos mercados capitalistas uma vez que se deixam enredar no debate
sobre um suposto dualismo entre o agronegoacutecio e agricultura familiar como se os
3Considera-se que a tipologia elaborada pela FAOINCRA (2000) busca estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares dando-se em funccedilatildeo do custo de oportunidade do trabalho dado esse obtido atraveacutes do valor da diaacuteria regional mais 20 Tambeacutem o universo familiar foi delimitado atraveacutes das variaacuteveis em que a direccedilatildeo dos trabalhos do estabelecimento era exercida pelo produtor o trabalho familiar era superior ao trabalho contratado e por fim a aacuterea regional que varia de 4 ateacute 15 moacutedulos fiscais
27
envolvidos natildeo estivessem interessados em um mesmo processo ou seja da
produccedilatildeo e do consumo Nessa mesma linha de pensamento Veiga (2004) afirma
que ldquoo agronegoacutecio no Brasil natildeo eacute soacute uma atividade de grandes produtores e que
natildeo haacute oposiccedilatildeo com agricultura familiarrdquo uma vez que a agricultura familiar
sustenta um dos ramos mais bem sucedidos do agronegoacutecio como as cadeias
produtivas de exportaccedilatildeo de frango suiacutenos e tambeacutem com grande expressividade
a cadeia do fumo
O agronegoacutecio eacute composto fundamentalmente por agricultores familiares Eles conseguiram se firmar em setores extremamente modernos como a produccedilatildeo de aves suiacutenos fumo produtos esses ligados a mercados internacionais (ABRAMOVAY 2003 p 7)
De acordo com Valente (2008) vem sendo estabelecido o consenso de que
as atividades desenvolvidas ao longo da cadeia produtiva tanto patronais quanto
familiares satildeo complementares Nessa perspectiva menciona que faz-se necessaacuterio
um estudo do que aproxima e do que afasta aqueles que se inserem no agronegoacutecio
para assim ser possiacutevel pleitear distintas poliacuteticas agriacutecolas de acordo com os
interesses de casa categoria
Enquanto Fernandes (2001)Paulino (2003)Oliveira (2004) e Roos (2015)
defendem a oposiccedilatildeo do agronegoacutecio agrave agricultura familiar devido agraves
conflitualidades entre as classesSchneider (2006) Navarro (2007 2014) Valente
(2008) Diniz Filho (2011) e Jank (2006) consideram falso esse dualismo entre a
agricultura familiar e o agronegoacutecio uma vez que os agricultores buscam maximizar
seus lucros Nesse sentido afirma Jank (2006) que
O Brasil tem sido proacutedigo em produzir falsas dicotomias como a ideia do agronegoacutecio contra a pequena agricultura a agricultura patronal contra a agricultura familiar ou grandes produtores contra os sem-terra [] caso uacutenico no mundo o Brasil tem dois ministeacuterios da agricultura vivendo uma guerra surda por atenccedilatildeo e recursos um cuidando de mecanismos tradicionais de poliacuteticas agriacutecolas e o outro da reforma agraacuteria e da agricultura familiar (JANK 2006 P a2)
13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS
28
O estudo do territoacuterio vem sendo constituiacutedo em uma tradiccedilatildeo do pensamento
geograacutefico nos uacuteltimos 100 anos (VALVERDE 2004) Instintivamente o seu conceito
remota agrave ideia de lugar espaccedilo de residecircncia ou local onde se desenrolaratildeo as
muacuteltiplas relaccedilotildees entre os agentes sejam sociais ou econocircmicos (MARIANI
ARRUDA 2010)
Nesse ponto de vista Fernandes (2008) cita que a globalizaccedilatildeo e a hegemonia
das poliacuteticas neoliberais provocaram a emergecircncia do conceito de territoacuterio em duas
direccedilotildees De um lado os estudos sobre territoacuterios feitos agrave luz do paradigma
camponecircs e de outro o estudo de territoacuterio a partir do paradigma da agricultura
familiar O territoacuterio para o paradigma camponecircs eacute explicado a partir da criacutetica aos
modelos de produccedilatildeo capitalista sendo que as anaacutelises satildeo feitas sob a oacutetica de
territoacuterio multidimensional entendido a partir das conflitualidades e contradiccedilotildees
entre as classes sociais
Jaacute o paradigma da agricultura familiar ao analisar o territoacuterio natildeo utiliza os
procedimentos para estudar as conflitualidades e sim trabalha com o objetivo de
classificar as desigualdades sociais Nesse sentido o tema de estudo predominante
nesse paradigma eacute a reproduccedilatildeo das relaccedilotildees capitalistas ou seja a forma como os
agricultores buscam se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo sem que haja
uma conflitualidade entre classes ou territoacuterios No caso dos conflitos existentes no
campo para o paradigma da agricultura familiar deve-se trabalhar a partir do grau
que esses conflitos acontecem natildeo generalizando a partir de casos radicais de
conflitos entre os distintos territoacuterios No caso da fumicultura pode-se dizer que natildeo
satildeo identificados conflitos tatildeo radicais ao passo que na produccedilatildeo de subsistecircncia
esse acontecimento pode acontecer de forma diferenciada
Diversos satildeo os acontecimentos e agentes responsaacuteveis por instituir funccedilatildeo e
particularidades aos espaccedilos Como exemplos desses acontecimentos podem ser
citadas ldquoas atividades econocircmicas os empreendimentos das
multinacionaistransnacionais comunidades tiacutepicas como tambeacutem do poder puacuteblicordquo
(MARIANI ARRUDA 2010) os quais satildeo responsaacuteveis pela construccedilatildeo de
territoacuterios Haesbaert (2007) destaca a existecircncia de territoacuterios funcionais desde que
o territoacuterio apresente um papel de receptaacuteculos de atividades econocircmicas
possuindo muacuteltiplas funccedilotildees conforme seu interesse em atuar naquele territoacuterio
29
Fernandes (2008) adepto do paradigma camponecircs ao trabalhar os diferentes
territoacuterios destaca a importacircncia de analisar o territoacuterio atraveacutes da
multidimensionalidadeconflitualidade que satildeo concebidas atraveacutes de um conjunto
de conflitos inscritos nas relaccedilotildees indissociaacuteveis entre desenvolvimento e disputas
territoriais Para o autor a definiccedilatildeo de territoacuterio estaacute relacionada agrave existecircncia de
poder entre classes ao passo que a conflitualidade existe devido agraves disputas
territoriais entre o capital e o campesinato ou seja de distintos territoacuterios e
funcionalidades
Oliveira (2001) aponta que devido agraves forccedilas produtivas capitalistas ocorrerem
de maneira desigual e contraditoacuteria no territoacuterio em algumas circunstacircncias eacute mais
conveniente para o capital monopolizar o territoacuterio ao inveacutes de se territorializar ou
seja neste caso para o paradigma camponecircs o capital natildeo expropria o camponecircs
fumicultor poreacutem subordina esse agente social ao ditar as regras de produccedilatildeo como
tipos de sementes insumos quiacutemicos teacutecnicas de produccedilatildeo entre outros elementos
que estatildeo relacionados agrave produccedilatildeo Trata-se da territorializaccedilatildeo do capital
monopolista (OLIVEIRA 2001) o qual monopoliza a circulaccedilatildeo e domina os meios
de produccedilatildeo e a terra (ROOS 2015)
Nesse sentido no territoacuterio a accedilatildeo das empresas transnacionais como por
exemplo a Souza Cruz configuram o processo chamado por Oliveira (2005) e Roos
(2015) de ldquomonopolizaccedilatildeo do territoacuteriordquo uma vez que a empresa se instala em aacutereas
estrateacutegicas monopoliza o territoacuterio e firma acordos com os produtores familiares e
natildeo familiares que produzem fumo sendo entendidos entatildeo a partir da sujeiccedilatildeo da
renda da terra ao capital onde o produtor atraveacutes da integraccedilatildeo tem pouco poder
nas negociaccedilotildees
Para Fernandes (2008) a existecircncia de distintos territoacuterios entre o campesinato
e o agronegoacutecio eacute dada a partir das formas de organizaccedilatildeo espacial e de paisagens
geograacuteficas sendo o territoacuterio do agronegoacutecio caracterizado pela monocultura
desertificaccedilatildeo populacional produtivismo para exportaccedilatildeo grande escala e
homogeneidade ao passo que o territoacuterio camponecircs eacute representado pela
heterogeneidade da paisagem frequente povoamento policultura e produccedilatildeo
diversificada Por fim o territoacuterio monopolizado pelo agronegoacutecio se distingue pela
homogeneidade da paisagem geograacutefica e pela subalternidade e controle
tecnoloacutegico das commodities que se utilizam dos territoacuterios camponeses
30
(FERNANDES 2008) Portanto para os seguidores desse paradigma o capital
forma os seus territoacuterios atraveacutes da expansatildeo e controle de aacutereas em todas as
regiotildees subalternizando o camponecircs atraveacutes da integraccedilatildeo Sobre a monopolizaccedilatildeo
do territoacuterio Fernandes (2008) destaca que
Quando o tempo de trabalho eacute maior do que o de produccedilatildeo o capital age atraveacutes da monopolizaccedilatildeo do territoacuterio e da sujeiccedilatildeo da renda da terra Neste caso o campo continua povoado por camponeses ou pequenos ou meacutedios capitalistas que passam a produzir de acordo com o que lhes diz a induacutestria Eacute o caso por exemplo da laranja do fumo a avicultura e da suinocultura entre outros (FERNANDES 2008 p 196)
As anaacutelises voltadas ao paradigma camponecircs e que tratam dos assuntos
relacionados agrave produccedilatildeo de fumo como por exemplo o trabalho de Roos (2015)
afirmam que a subalternidade camponesa estaacute expressa na sujeiccedilatildeo da renda e na
monopolizaccedilatildeo do territoacuterioterritorialidade pelo capital uma vez que a
monopolizaccedilatildeo do territoacuterio pelo capital eacute entendida como territorialidade capitalista
no territoacuterio camponecircs Nesse sentido Roos (2015) compreende territorialidade
como o uso do territoacuterio ponderando que este eacute exclusivamente produzido por uma
relaccedilatildeo social que somente pode ser realizada pelo sujeito onde a territorialidade
pode ser camponesa ou capitalista
Nesse ponto de vista em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de fumo nas unidades
familiares o paradigma camponecircs compreende que as relaccedilotildees capitalistas
subordinam as relaccedilotildees camponesas e consequentemente o seu territoacuterio pelo fato
das bases teacutecnicas de produccedilatildeo estarem determinadas pelas multinacionais como
por exemplo atraveacutes dos contratos de compra de fumo de empresas com a Souza
Cruz
O territoacuterio eacute instituiacutedo por sujeitos e grupos sociais que se afirmam por meio dele Assim haacute sempre territoacuterio e territorialidade ou seja processos sociais de territorializaccedilatildeo Num mesmo territoacuterio haacute sempre muacuteltiplas territorialidades (PORTO-GONCcedilALVES 2006)
Roos (2015) destaca que mesmo onde as empresas fumageiras determinam
o padratildeo tecnoloacutegico (infraestrutura tipos de sementes insumos utilizados formas
de semeadura etc) natildeo tiram dos camponeses a autonomia sobre o seu trabalho o
tempo e as decisotildees Assim o autor afirma que o territoacuterio continua sendo de
domiacutenio dos camponeses poreacutem o capital exerce sua territorialidade subordinando a
renda camponesa na medida em que se incorporam agrave loacutegica capitalista
31
A territorialidade deriva de territoacuterio como produto das muacuteltiplas relaccedilotildees de
poder presentes e que estatildeo intrinsicamente relacionadas aos modelos de produccedilatildeo
podendo como destacado por Porto-Gonccedilalves (2006) e Fernandes (2008) coexistir
vaacuterias territorialidades em um mesmo territoacuterio
As territorialidades expressam as relaccedilotildees de poder que determinam as
configuraccedilotildees territoriais Elas contribuem para a identificaccedilatildeo de quem domina e de
quem eacute o dominado nos territoacuterios As territorialidades tambeacutem estatildeo expressas nas
paisagens de modo que seus componentes revelam as relaccedilotildees sociais poliacuteticas e
econocircmicas (FERNANDES 2010)
Fernandes (2008 2009) acrescenta que a disputa territorial entre o
campesinato e o agronegoacutecio pode acontecer por duas formas distintas pela
desterritorializaccedilatildeo e pelo controle das territorialidades por possuiacuterem relaccedilotildees
sociais distintas e modelos divergentes de produccedilatildeo os quais resultam em conflitos
Portanto ainda no que diz respeito ao paradigma camponecircs Paulino e
Almeida (2010) defendem a ideia de que embora o campesinato seja uma relaccedilatildeo
natildeo capitalista ldquosua reproduccedilatildeo deve ser entendida a partir das diversas
contradiccedilotildees do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma
contradiccedilatildeo e natildeo de uma articulaccedilatildeo de modos de produccedilatildeordquo Jaacute no paradigma da
agricultura familiar a inserccedilatildeo do agricultor nos mercados capitalistas natildeo eacute
compreendida pela conflitualidade entre territoacuterio camponecircs e do agronegoacutecio
sendo que ambos buscam maximizaccedilatildeo de sua produccedilatildeo
A partir do exposto eacute possiacutevel entender que os estudos feitos agrave luz do
paradigma da agricultura camponesa e que tratam de temas relacionados agrave
produccedilatildeo de fumo no Sul do Brasil afirmam a existecircncia de conflitos muitas vezes
ldquoveladosrdquo entre o territoacuterio dos fumicultores e a territorialidade corporativa das
empresas fumageiras
32
CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de
fumo Por esse fato o presente capiacutetulo tem como objetivo salientar os fatores que
proporcionaram ao paiacutes se tornar referecircncia nesse setor uma vez que a fumicultura
eacute desenvolvidaem sua maioriapela agricultura familiar (AFUBRA 2015) De
maneira cronoloacutegica realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica da origem do fumo e
sua consequente inserccedilatildeo em uma produccedilatildeo de escala comercial analisando o
cultivo o mercado e outros aspectos sejam das esferas produtiva social e
econocircmica visto que esses elementos satildeo fundamentais para entender os motivos
pelos quais contribuiacuteram para a inserccedilatildeo dessa produccedilatildeo no municiacutepio de
PrudentoacutepolisPR que seraacute tratado com mais detalhes no capiacutetulo III Tambeacutem pelo
fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo
de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral
dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura
familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo
do agronegoacutecio
21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
A partir do iniacutecio da deacutecada de 1990 o Brasil vem ocupando uma posiccedilatildeo de
destaque no mercado mundial do fumo pelo volume produzido e pela qualidade que
o produto possui
Ao analisar as origens4 dessa cultura as respostas satildeo um pouco distintas pois
existem possiacuteveis afirmaccedilotildees de que o fumo era consumido desde o seacuteculo IX no
continente Asiaacutetico Todavia Frozza (1998) afirma que o cultivo e uso das folhas
datam de mais de quatro mil anos e que ocorreram nas regiotildees da Ameacuterica do Norte
e Central onde hoje se situam o Meacutexico e a Guatemala Ainda de acordo com esse
autor satildeo os povos Maias que teriam iniciado o plantio dessa cultura
4 O tabaco tambeacutem chamado de fumo eacute uma erva do gecircnero das plantas solanaacuteceas cujas folhas depois de preparadas servem mais comumente para fumar cheirar ou mascar (SILVA 2012)
33
Nardi (1985) e Saffrin (1995) afirmam que o fumo tem suas origens nos vales
orientais dos Andes bolivianos e que chegou ao territoacuterio brasileiro atraveacutes das
migraccedilotildees dos iacutendios principalmente os iacutendios Tupi-Guarani Convergindo com
Nardi e Saffrin Souza Cruz (2011) afirma que o fumo eacute uma planta originaacuteria dos
Andes e que acompanhou as migraccedilotildees dos iacutendios por toda a Ameacuterica Central ateacute
chegar ao territoacuterio brasileiro
Os colonizadores portugueses atraveacutes dos povos indiacutegenas introduziram o haacutebito
do consumo de fumo (BOEIRA 2002) tendo acesso ao produto atraveacutes do
escambo Dessa forma satildeo criadas as primeiras legislaccedilotildees para regulamentar a
atividade fumageira como a Junta de Administraccedilatildeo do Tabaco de 1674 a qual
servia para orientar o comeacutercio das especiarias em Portugal e suas colocircnias e
institucionalizou o monopoacutelio portuguecircs sobre o produto Nesse contexto o tipo de
fumo produzido era o escuro de corda sendo que o mesmo era usado para fabricar
o rapeacute o cigarro e charutos (SILVA 2002)
No iniacutecio do seacuteculo XIX a produccedilatildeo em escala comercial ocupou aacutereas reduzidas e
concentradas entre o litoral dos atuais estados da Bahia (Recocircncavo Baiano) e
Recife proporcionando o abastecimento do mercado europeu Os fatores que
contribuiacuteram para a produccedilatildeo do fumo foram agrave existecircncia de matildeo de obra familiar e o
desejo de desenvolver a regiatildeo Para Silva (2002) a cultura do fumo ao contraacuterio da
cana-de-accediluacutecar que era plantada somente nos latifuacutendios foi e ainda eacute
desenvolvida pela sua maioria em pequenas propriedades
A produccedilatildeo se expandiu para os estados de Minas Gerais Goiaacutes Satildeo Paulo
e sobretudo para a regiatildeo Sul do Brasil regiatildeo essa colonizada por imigrantes
europeus que se dedicaram a atividade como eacute o caso do municiacutepio de
Prudentoacutepolis no Paranaacute
O fumo ldquoproduto antes principalmente destinado ao escambo de escravos na segunda metade do seacuteculo passou a encontrar mercado crescente na Europa A quantidade exportada aumentou 361 por cento entre os anos de quarenta e noventa e os preccedilos meacutedios subiram 41 por centordquo(FURTADO p47 1984apud Silva 2002 p 38)
De acordo com Silva (2002) na regiatildeo Sul do Brasilas primeiras plantaccedilotildees
de fumo iniciaram-se em 1824 na colocircnia de Satildeo LeopoldoRS a mesma colonizada
por imigrantes alematildees e em 1850 na colocircnia Santa CruzRS Nessa regiatildeo foram
34
cultivadas variedades de fumos claros como o chinecircs (conhecido atualmente como
amarelinho) e mais tarde o Virgiacutenia devido agrave melhor aceitaccedilatildeo no mercado externo
sendo usado para a fabricaccedilatildeo de cigarros
Como destaca Spies (2000) o principal fator para os imigrantes se dedicarem a
atividade fumageira foram as precaacuterias condiccedilotildees econocircmicas em que se
encontravam pois produziam somente os alimentos para sua subsistecircncia e o
excedente natildeo era suficiente para provecirc-los Dessa forma viram na produccedilatildeo de
fumo uma alternativa para a melhora da situaccedilatildeo financeira familiar Outras
caracteriacutesticas que devem ser levadas em consideraccedilatildeo uma vez que contribuiacuteram
para que os imigrantes se dedicassem a produccedilatildeo de fumo satildeo a estrutura fundiaacuteria
baseada em pequenos lotes de terras e a disponibilidade de matildeo de obra da proacutepria
famiacutelia
Conforme Souza Cruz (2011) outro marco relevante no setor fumageiro foi agrave
criaccedilatildeo da empresa Souza Cruz pelo imigrante portuguecircs Albino Souza Cruz no ano
de 1903 no estado do Rio de Janeiro colocando em funcionamento a primeira
maacutequina do Brasil a produzir cigarros jaacute enrolados em papel Poreacutem com a
necessidade de investir no ramo para acelerar o ritmo de crescimento em
1914Albino Souza Cruz transformou a companhia em uma sociedade anocircnima
passando o controle acionaacuterio ao grupo British American Tabacco (BAT) fato que
permitiu o crescimento da Souza Cruz (SOUZA CRUZ 2015)
A expansatildeo da produccedilatildeo de fumo ocasionou algumas fusotildees entre empresas
do setor Vogt (1994) menciona que os anos entre 1917 e 1993 satildeo caracterizados
por aglutinaccedilotildees e fusotildees das empresas de comeacutercio e beneficiamento do tabaco A
entrada do capital internacional acarretou mudanccedilas na dinacircmica econocircmica da
regiatildeo
Na cidade de Santa CruzRS encontra-se o maior polo fumicultor do Brasil e
conforme AFUBRA (2001) um fato marcante na mudanccedila da dinacircmica econocircmica
desse muniacutecipio e regiatildeo se deu em 1917 com a iniciativa da BAT de instalar a
primeira usina de processamento de fumo no paiacutes com o nome de ldquoThe Brazilian
Tabacco Corporationrdquo Sua razatildeo social foi alterada no ano de 1920 para Companhia
Brasileira de Fumo em Folha (CBFF) e finalmente em 1955 alterada para
Companhia de Cigarros Souza Cruz ndash Induacutestria e Comeacutercio (SILVA 2002) A
35
companhia foi fundamental para que o Brasil alcancasse ainda mais os mercados
mundiais atraveacutes de algumas melhorias proporcionadas por ela
Vogt (1994) destaca que a partir de 1924 a companhia de capital internacional
comeccedilou a investir e incentivar os fumicultores a utilizarem insumos quiacutemicos para
obter uma melhor produtividade e qualidade do fumo o que se refletia no mercado
de cigarros que cada vez ficava mais exigente O melhoramento geneacutetico das
sementes foi outro condicionante para que se obtivesse um aumento da
produtividade e qualidade do fumo
De acordo com Vogt (1994) o mercado fumageiro brasileiro teve uma boa
elevaccedilatildeo nas exportaccedilotildees com o fim da segunda Guerra Mundial jaacute que os paiacuteses
que ateacute entatildeo eram grandes produtores de cigarros se encontravam desorganizados
pelos conflitos poliacuteticos e econocircmicos Outro fator que contribuiu para a maior
demanda do fumo brasileiro foi uma grande estiagem que afetou os paiacuteses
produtores de fumo na safra de 19441945 ocasionando dessa forma um aumento
nos preccedilos pagos pelos mercados internacionais entre os anos de 1944 e 1946
estimulando assim o aumento da produccedilatildeo brasileira devido aos grandes ganhos
obtidos no mercado externo
Contudo houve um aumento da produccedilatildeo sem o proporcional aumento da
qualidade do fumo causando certa preocupaccedilatildeo na balanccedila comercial Para piorar a
situaccedilatildeo no final da deacutecada de 1940 Franccedila Espanha Beacutelgica Holanda e
Dinamarca que eram os principais importadores do tabaco brasileiro foram
contemplados com o Plano Marshall e passaram a adquirir o fumo norte-americano
jaacute que possuiacutea uma qualidade melhor ldquoDesse modo o Brasil natildeo estava conseguido
uma boa representatividade no mercado externordquo (VOGT p 102 1994)
Ao encontro das discussotildees de Vogt Seffrin (1995) afirma que os fumicultores
foram os principais prejudicados com essa superproduccedilatildeo ocorrida na deacutecada de
1950 os quais entregavam a produccedilatildeo a preccedilos piacutefios de maneira a natildeo incorrer em
prejuiacutezos ainda maiores Como por exemplo quando a entatildeo Companhia Brasileira
de Fumos em Folha que atualmente tem o nome de Souza Cruz abriu um comeacutercio
de compra livre de fumos escuros os quais tinham um valor de mercado bem abaixo
da meacutedia e os fumicultores da regiatildeo Sul do Brasil sem outras saiacutedas de mercado
acabaram vendendo o fumo claro (de valor maior) por preccedilo de fumos escuros
36
Com a queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo no cenaacuterio mundial a
quantidade da produccedilatildeo do fumo era limitada e a produccedilatildeo fumageira das deacutecadas
de 1950 e 1960 (tabela 1) era destinada na sua maioria para o mercado nacional
A elevaccedilatildeo desorganizada da produccedilatildeo fumageira gerou na regiatildeo nos anos de 50 e 60 grandes estoques de excedentes natildeo comercializaacuteveis O fumo abarrotava os armazeacutens das firmas e das cooperativas natildeo tendo o colono como despachar o seu cultivo (VOGT 1994)
Portanto a produccedilatildeo de fumo no Brasil eacute mais expressiva a partir da segunda
metade do seacuteculo XX sobretudo no poacutes-guerra quando a ampliaccedilatildeo das aacutereas de
produccedilatildeo veio associada ao aumento da qualidade e produtividade das lavouras
como tambeacutem da produccedilatildeo industrial dos cigarros
ANO PRODUCcedilAO T EXPORTACcedilAO T
1961 60408 10919 1963 82851 14522 1965 91159 14008 1967 112234 9289 1969 99804 13778 1971 97206 18556 1973 82030 20248 1975 97722 41277
QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA
Fonte VOGT 1994
Como pode ser visto as melhoras nas exportaccedilotildees comeccedilam somente na deacutecada de
1970 A deacutecada de 1960 foi marcada por poucas vendas para o mercado externo
natildeo chegando a exportar 15 da produccedilatildeo total Conforme Sefrin (1995) devido a
essa queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo para o exterior na deacutecada de
1960 os fumicultores encontravam-se em condiccedilotildees econocircmicas peacutessimas pois
aleacutem de ser um trabalho aacuterduo os lucros eram iacutenfimos natildeo conseguindo muitas
vezes fazer o pagamento do financiamento da produccedilatildeo aleacutem das safras serem
afetadas pelas intempeacuteries climaacuteticas encontrando-se cada vez mais
desamparados Como aponta Safrin (1995) os pagamentos muitas vezes eram feitos
no ano seguinte da venda e com preccedilos ainda reduzidos
Para que a produccedilatildeo brasileira do fumo pudesse voltar ao cenaacuterio internacional era
indispensaacutevel um salto qualitativo na produccedilatildeo do fumo fato que exigiria a injeccedilatildeo
de grande quantidade de capital na produccedilatildeo Conforme Vogt (1994) os
37
investimentos necessaacuterios para a melhoria da qualidade estavam relacionados agrave
aquisiccedilatildeo de sementes adubos pesticidas instrumentos agriacutecolas construccedilatildeo de
estufas bem como a assistecircncia teacutecnica constantemente presente na propriedade
do colono e a garantia da compra integral da produccedilatildeo sendo mais um fator que
impulsionou a Souza Cruz a investir nessa regiatildeo
De acordo com Silva (2002) para corroborar na soluccedilatildeo dos problemas
econocircmicos dos fumicultores surgiram movimentos de uniatildeo dos interesses dos
mesmos o que resultou na sugestatildeo para a criaccedilatildeo de uma associaccedilatildeo formal dos
fumicultores Sendo assim no dia 21 de marccedilo de 1955 na cidade de Santa Cruz do
SulRS foi criada a Associaccedilatildeo dos Plantadores de Fumo em Folha do Rio Grande
do Sul a qual em 1963 mudou sua razatildeo social para Associaccedilatildeo dos Fumicultores
do Brasil (AFUBRA) passando a abranger tambeacutem os estados de Santa Catarina e
Paranaacute (AFUBRA 2014) Dessa forma a entidade foi criada devido a dois fatores
principais a instabilidade do mercado e dos preccedilos do tabaco e a inexistecircncia de
auxiacutelio econocircmico contra danos por granizo nas lavouras
Com a injeccedilatildeo de capital para a melhoria na produccedilatildeo do fumo e com a
criaccedilatildeo da AFUBRA os fumicultores encontravam-se mais confiantes pelo fato de
estarem obtendo melhores rendimentos Apesar desse desequiliacutebrio nas
exportaccedilotildees pelo qual o mercado fumageiro passou nas deacutecadas de 1950 e 1960
Spies (2000) destaca que a induacutestria do fumo jaacute era a mais importante da regiatildeo de
Santa Cruz no Rio Grande do Sul entre os anos de 1952 e 1965 pois no ano de
1924 os produtos de subsistecircncia representavam 70 da produccedilatildeo e na deacutecada de
1950 esse valor caiu para 413 do total da produccedilatildeo agriacutecola regional
Conforme destaca Vogt (1994) o final da deacutecada de 1960 e com maior
intensidade nas deacutecadas de 1970 e 1980 a fumicultura brasileira volta a ter um
aumento significativo em termos de aacuterea produzida e exportaccedilatildeo da produccedilatildeo devido
principalmente agrave abertura do mercado internacional para os fumos brasileiros mas
tambeacutem agrave adoccedilatildeo de poliacuteticas favoraacuteveis agrave instalaccedilatildeo de agroinduacutestrias no paiacutes
resultando na consolidaccedilatildeo dos complexos agroindustriais
Na deacutecada de 1970 e 1980 era notaacutevel o progresso do setor fumageiro na
regiatildeo Sul do Brasil Esse fato refletiu nas exportaccedilotildees pois a quantidade do fumo
em folha exportado pelo Brasil daacute um salto de 55 mil toneladas exportadas no ano
38
de 1965 para 170 mil toneladas no ano de 1985 dando assim a configuraccedilatildeo da
atual estrutura fumageira do Brasil
Com a consolidaccedilatildeo do Complexo Agroindustrial Brasileiro ou seja da
integraccedilatildeo entre a agricultura e a induacutestria o setor fumageiro ganhou grande
impulso e os estados de Santa Catarina e Paranaacute tambeacutem receberam consideraacuteveis
incentivos para se especializar na produccedilatildeo Foi nesse periacuteodo que a produccedilatildeo em
maior escala atingiu o municiacutepio de PrudentoacutepolisPR e um nuacutemero maior de famiacutelias
aderiu a esse cultivo
Durante a deacutecada de 70 consolidou-se a atual estrutura fumageira existente no Brasil meridional [] ao mesmo tempo os cultivos nos estados de Santa Catarina e Paranaacute foram intensificados pelas corporaccedilotildees que introduziram o tabaco em novas aacutereas para responder a demanda internacional (VOGT 1994)
Dessa forma a proliferaccedilatildeo das lavouras de fumo acontece
concomitantemente nos trecircs estados da regiatildeo Sul do Brasil e estes se destacam
pela qualidade do fumo que produzem Silva (2002) aponta que a chegada de outras
empresas multinacionais com intenccedilatildeo de expandir-se impulsionou o processo de
organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do fumo incentivando a especializaccedilatildeo dos envolvidos nas
atividades
Em Santa Catarina e no Paranaacute o cultivo de fumo de estufa de caraacuteter
comercial daacute-se a partir da empresa Souza Cruz a partir da deacutecada de 1960 a qual
oferecia o sistema integrado de produccedilatildeo Ou seja os fumicultores plantariam o
fumo a Souza Cruz entraria com o financiamento da produccedilatildeo (fornecimento da
estufa de insumos e assistecircncia teacutecnica) e no final da safra o fumicultor fazia o
pagamento para a empresa com sua proacutepria produccedilatildeo No Paranaacute a Souza Cruz
inseriu primeiramente a produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Irati (principal polo
fumageiro do Paranaacute onde se localiza o municiacutepio de Prudentoacutepolis)
A partir da deacutecada de 1980 a produccedilatildeo vem aumentando Vogt (1994) expotildee
que a regiatildeo Sul do paiacutes aumentou sua produccedilatildeo em aproximadamente 60 entre
as safras de 198788 e 19921993 dando um salto de 350 mil para 560 mil
toneladas
39
TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL
SAFRA AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS
KG ha R$Kg
1995 200830 348000 132680 1733 155
2000 257660 359040 134850 2092 200
2005 439220 842990 198040 1919 433
2006 417420 769660 193310 1844 415
2007 360910 758660 182650 2102 425
2008 348720 713870 180520 2047 541
2009 374060 744280 186580 1990 590
2010 370830 691870 185160 1866 635
2011 372930 832830 186810 2233 493
2012 324610 727510 165170 2241 630
2013 313675 712750 159595 2272 745
2014 323700 731390 162410 2259 728
Fonte AFUBRA2015
A safra de 2005 mostra novamente um aumento significativo na produccedilatildeo
total Sul brasileira chegando a 842990 toneladas anuais (tabela 1) De 2005 para
caacute a produccedilatildeo oscilou entre 842990 e 691870 toneladas anuais (conforme a
demanda do mercado) com um leve decreacutescimo nos uacuteltimos trecircs anos
A produtividade do fumo aumentou na deacutecada de 2000 devido agrave introduccedilatildeo de
novas teacutecnicas que permitiram a diminuiccedilatildeo do uso de matildeo de obra Na safra de
1995 a produtividade meacutedia foi de 1733 kgha aumentando consideravelmente
para a uacuteltima safra a qual chegou a 2259 Kgha Nos anos de 2005 e 2006
percebe-se um aumento na quantidade de famiacutelias envolvidas na atividade quadro
esse invertido no ano de 2007 ocorrendo queda no nuacutemero dessas famiacutelias
Apesar da diminuiccedilatildeo do nuacutemero das famiacutelias na atividade em geral a
produccedilatildeo natildeo eacute afetada o quase deve agrave modernizaccedilatildeo das estufas de secagem
que resultou na diminuiccedilatildeo da matildeo de obra favorecendo o aumento da produccedilatildeo
por parte das famiacutelias que permaneceram no setor Conforme um produtor
entrevistado durante o trabalho de campo desta pesquisa
40
Depois que modernizamos a nossa estufa no ano de 2005 conseguimos aumentar a produccedilatildeo e diminuir a matildeo de obra [] antes precisava de quatro pessoas para colheita e pelo menos mais 4 para fazer a costura das folhas de fumo no galpatildeo antes de colocar na estufa [] quando descarregava as folhas da estufa era preciso tirar todos os fios do fumo [] dava muito trabalho Com a modernizaccedilatildeo isso acabou [] o fumo que vem da lavoura vai direto para a estufa Precisamos soacute de pessoas para colher e carregar direto na estufa O trabalho eacute mais leve nos dias de hoje com esse tipo de estufa (FUMICULTOR DA LINHA RIO PRETO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)
Sei que o fumo por si soacute jaacute eacute um veneno mas usamos os equipamentos de proteccedilatildeo que eacute seguro Hoje usamos agrotoacutexicos porque daacute menos serviccedilo e sai mais barato que pagar pra carpir [] soacute por isso mesmo[] Quando produzia morangos usava mais veneno ainda [] sabemos que o veneno natildeo faz bem nem pra noacutes nem para a natureza mas natildeo temos outras opccedilotildees (FUMICULTOR DA LINHA DEZEMBRO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)
Diniz Filho (2011) tambeacutem ressalta que especificamente no caso das
tecnologias de produccedilatildeo agriacutecola a opccedilatildeo dos agricultores familiares pelo uso de
maacutequinas e produtos quiacutemicos eacute estimulada pelo interesse de eliminar certos tipos
de trabalho braccedilal muito penosos Nesse sentidodiscorda-se do paradigma
camponecircs pelo fato de opor o agricultor familiar ao agronegoacutecio afirmando que o
primeiro prima por praacuteticas mais sustentaacuteveis com objetivo de reproduzir somente o
modo de vida ao passo que o agronegoacutecio tenderia a usar tecnologias mais
danosas para o meio ambiente por estar preocupado apenas com lucratividade
Com relaccedilatildeo agrave venda do fumo o preccedilo do quilo varia a cada ano e a
sistemaacutetica para que se estabeleccedila o valor da safra entre os fumicultores e a
induacutestria fumageira incide em acordos com as entidades representativas dos
produtores como a Afubra Associaccedilotildees Federaccedilatildeo e o Sinditabaco que representa
as induacutestrias (DERALSEAB 2014) Apoacutes as negociaccedilotildees e a assinatura do
protocolo eacute que se estabelecem os preccedilos para as variadas qualidades do fumo
Nesse sentido o preccedilo do quilo do fumo eacute regulado conforme a oferta e demanda do
produtopelo mercado expressando adequadamente o valor marginal muitas vezes
pago aos produtores Dessa forma discorda-se de Roos (2015) quando afirma que
os fumicultores estatildeo subordinados pelas empresas fumageiras por terem pouca
representatividade na hora de fixar o preccedilo do quilo do fumo
Conforme AFUBRA (2015) para o fumo Virgiacutenia que eacute uma variedade dos
fumos de coloraccedilatildeo clara satildeo estabelecidas 41 variedades de classificaccedilatildeo sendo a
variedade mais bem paga a BO1 que valia 922 reais o quilo na safra de 20142015
41
e a variedade de menor valor o ST (farelos do fumo) tabelado a 054reais por quilo
Jaacute para o fumo Burley que eacute uma variedade dos fumos de coloraccedilatildeo escura satildeo
estabelecidas 30 diferentes variedades A mais bem paga eacute a B1 que equivale a
811 para cada quilo e a variedade menos valorizada eacute a G (farelos do fumo) que
vale 060 reais por quilo Quando o fumo eacute vendido para a empresa sempre eacute feito
uma meacutedia de toda venda e como revelam os dados da tabela 2 a meacutedia do quilo
pago para os produtores na safra de 201415 foi de 728 reais por quilo
Atualmente a regiatildeo Sul do Brasil se destaca pela maior produccedilatildeo de fumo
do paiacutes participando com 981 do total produzido Os trecircs estados sulinos satildeo
responsaacuteveis por colocar o paiacutes como o segundo maior produtor ena primeira
posiccedilatildeo no quesito exportaccedilatildeo mundial
TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO
ESTADOS AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)
PARTPRODUCcedilAtildeO ()
Rio Grande do Sul
204000 412000 2020 481
Santa Catarina 120000 258000 2150 301
Paranaacute 76000 171000 2250 200
Alagoas 9000 11000 1222 13
Bahia 3000 3000 1000 03
Outros 2000 2000 1000 02
Brasil 414000 857000 2070 100
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) 2014
A produccedilatildeo do fumo e a atuaccedilatildeo das empresas desse setor se datildeo de forma
mais intensa nos paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso do Brasil devido agrave
disponibilidade de matildeo de obra barata facilidade das multinacionais se instalarem
atraveacutes dos incentivos fiscais inexistecircncia de leis ambientaisriacutegidas e por ser a
atividade que gera mais renda se comparada a outras culturas produzidas em
pequena escala
42
TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013
PRODUCcedilAtildeO haacute PRODUCcedilAtildeO KG
VALOR R$
Animal x 1362412180 2565555940 26
Vegetal 1515650 2487306782 2077480 21
Tabaco 309350 705570000 5383773200 54
Total 1825000 4555288952 10026810100 100
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014
A partir dos dados apresentados pode-se destacar que a produccedilatildeo de fumo
na regiatildeo Sul do Brasil eacute responsaacutevel pela maior renda de muitos agricultores
familiares jaacute que os estados possuem uma grande quantidade de pequenas
propriedades e que dependem da produccedilatildeo do fumo para sua reproduccedilatildeo
econocircmica
Ahrens (2008) afirma que a produccedilatildeo mundial estaacute migrando dos paiacuteses
desenvolvidos para os paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso dos Estados
Unidos que apesar de aparecer como um dos principais produtores de fumo teve
sua produccedilatildeo prejudicada devido aos altos custos de cultivo e agrave escassez de matildeo de
obra
TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012
PAIacuteSES PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
PROCESSADO (t)
CONSUMO (t)
ESTOQUE EXPORTACcedilAtildeO (t)
IMPORTACcedilAtildeO (t)
1 China 2160000 256205 553960 0 538960
2 Brasil 670820 86060 112580 651190 12320
3 Iacutendia 576740 465510 134240 271060 200930
4 Estados Unidos
212020 441720 1580130 153130 420440
5 Indoneacutesia 191260 147940 134830 50270 27440
43
6 Turquia 152190 106240 34620 98200 60430
7 Zimbabwe 127190 3990 229930 43520 80
8 Argentina 103790 29950 364650 36100 1630
9 Paquistatildeo 74910 76300 91570 5390 10390
10 Malavi 71320 1290 166580 91500 890
93 Outros 1533150 1850430 3055200 608630 725480
103 Total 5873390 5771480 6468290 2008990 2008990
Fonte AFUBRA 2014
Apesar de a China ser a maior produtora mundial de fumo acaba consumindo
toda essa produccedilatildeo e na safra de 20112012 ainda importou 538960 toneladas
para suprir sua demanda interna Jaacute o Brasil que estaacute na 2ordm posiccedilatildeo de produccedilatildeo
mundial de fumo destina a maior parte da sua produccedilatildeo para o mercado externo Na
safra de 2013 88 da produccedilatildeo se dirigiu ao mercado externo (quadro 2) ficando
no paiacutes apenas 12 da produccedilatildeo para a fabricaccedilatildeo de cigarros cigarrilhas e
charutos Conforme DERALSEAB (2013) das 627000 toneladas exportadas em
2013 a regiatildeo Sul contribuiu com 624000 toneladas representando o equivalente
de 955 das exportaccedilotildees brasileiras
O quadro 2 mostra que apesar de a maior quantidade do fumo produzido no
Brasil se dirigir para o mercado externo os maiores faturamentos estatildeo relacionados
ao fumo consumido no proacuteprio paiacutes atingindo um lucro total maior que as
exportaccedilotildees O fato de as exportaccedilotildees renderem menos lucros que o fumo
consumido no proacuteprio paiacutes se daacute deve ao fato de o fumo exportado natildeo passar por
processamentos de agregaccedilatildeo de valor(exportaccedilatildeo de folhas e talos) Enquanto
isso toda a produccedilatildeo consumida no paiacutes tanto os fumos claros como os escuros
passa por vaacuterios processamentos de agregaccedilatildeo de valor ateacute obter os cigarros
cigarrilhas e charutos prontos para consumo
A distribuiccedilatildeo da renda bruta do setor fumageiro (quadro 2) estaacute dividida
entre tributosGoverno induacutestria produtor e varejista sendo que 459 dessa renda
eacute destinada ao governo O produtor fatura em torno de 205 do total da renda
faturamento esse que deve ser destinado para a compra dos insumos pagamento
do seguro da produccedilatildeo matildeo de obra desgastes com a terra implementos que usa
na produccedilatildeo gastos com a secagem das folhas do fumo aleacutem de prejuiacutezos que
podem vir a acontecer durante a produccedilatildeo
44
Jaacute os varejistas apesar de auferirem 6 do faturamento natildeo tecircm gastos tatildeo
altos comoos produtores Aleacutem do mais esse setor ganha na quantidade sendo que
existe um nuacutemero muito maior de fumicultores que de varejistas Isso tambeacutem
acontece com a induacutestria que tem seus ganhos principalmente no volume e na
agregaccedilatildeo de valor do produto
Pelos dados apresentados apresentados no quadro 2 pode-se concluir que o
maior beneficiado com o faturamento da produccedilatildeo de fumo eacute o setor puacuteblico atraveacutes
de impostros
QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL
ESPECIFICACcedilAtildeO
2012 2013
R$ Toneladas R$ Toneladas
Consumo Domeacutestico
1635750730000 88990 12 1765594334000 84350 12
Exportaccedilatildeo 645663700000 637780 88 722287181000 627230 88
TOTAL 2281414430000 726770 100 2487881515000 711580 100
DISTRIBUICcedilAtildeO DA RENDA BRUTA
Tributos Governos
1048025493000 459 1076394659000 433
Induacutestria 627838400000 275 720610862000 290
Produtor 467329600000 205 541693230000 217
Varejista 138220930700 61 149182764000 60
TOTAL 2281414430000 100 2487881515000 100
FONTE AFUBRA2013
De acordo com dados da DERALSEAB (2015) no ano de 2014 o fumo
brasileiro foi destinado para mais de cem paiacuteses abrangendo principalmente paiacuteses
da Uniatildeo Europeia (42) seguidos do Extremo Oriente (26) Ameacuterica do Norte
(13) Aacutefrica (7) Leste Europeu (7) e Ameacuterica Latina (5) Atualmente a
liderenccedila brasileira nas exportaccedilotildees se daacute devido agrave excelente qualidade do fumo agrave
regularidade da produccedilatildeo e agrave competitividade com os preccedilos dos demais paiacuteses
produtores
45
42
26
13
7
7
5
Uniatildeo Europeia
Oriente Meacutedio
Ameacuterica do Norte
Aacutefrica
Leste Europeu
Ameacuterica Latina
Paiacuteses importadores do fumo brasileiro
Fonte
DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014
Conforme DERAL (2014) no Paranaacute as lavouras com predomiacutenio de fumos
claros concentram-se nos nuacutecleos regionais de Irati Ponta Grossa Curitiba Uniatildeo
da Vitoacuteria e Guarapuava Jaacute em Francisco Beltratildeo Pato Branco Cascavel e Toledo
cultivam-se os fumos escuros
Na figura 1 estatildeo expostos os municiacutepios produtores de fumo e a meacutedia de
hectares que cada municiacutepio ocupa com essa culturaNota-se que a produccedilatildeo de
fumo no estado se concentra em sua maioria na regiatildeo Sudeste Centro-Sul
Sudoeste e Oeste
O municiacutepio de Prudentoacutepolis pertence ao nuacutecleo de Irati nuacutecleo esse que
ocupa o primeiro lugar no ranking de produccedilatildeo de fumos claros do estado conforme
a tabela 5
GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO
46
FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA Fonte IBGE 2014
TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute
Nuacutecleos regionais
Safra 20132014 Safra 20142015 Participaccedilatildeo
Aacuterea (ha) Produccedilatildeo(t) Aacuterea (ha) Produccedilatildeo (t) ()
Irati 19300 43425 19500 43875 244
Ponta Grossa 17562 42605 18862 45268 251
Curitiba 13300 30493 13300 34580 12
Uniatildeo da Vitoacuteria
7500 15750 7600 15580 87
Guarapuava 5000 12400 4900 13230 73
Francisco Beltratildeo
4350 9904 4300 10320 57
Cascavel 3600 7556 3500 7453 41
Outros 4774 10711 4496 9907 55
Total 75386 172844 76308 180213 1000
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014
47
Na safra de 20122013 os municiacutepios paranaenses que se destacaram no
volume de fumo produzido foram Satildeo Joatildeo do Triunfo Rio Azul Prudentoacutepolis
Ipiranga e Irati As 1813 famiacutelias que cultivam fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis
foram responsaacuteveis por produzir 10192 toneladas do produto
Para os municiacutepios de Satildeo Joatildeo do Triunfo e Rio Azul se comparados os
volumes produzidos (quadro 3) nota-se quea quantidade em toneladas natildeo
apresenta tanta diferenccedila entre ambos sendo 13458 toneladas em Satildeo Joatildeo do
Triunfo e 13268 toneladas em Rio Azul Poreacutem em relaccedilatildeo ao nuacutemero de famiacutelias
que trabalham na atividade fumageira em Rio Azul esse nuacutemero eacute bem maior que
em Satildeo Joatildeo do Triunfo Esse fatoeacute resultado da opccedilatildeo das famiacutelias de Rio Azul
porproduzirem menores quantidades de fumo por unidade familiar como tambeacutem
por intempeacuteries climaacuteticas (granizo ventos) que impediram de colher toda a
produccedilatildeo
PARANAacute PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTORES
Satildeo Joatildeo do Triunfo 13458 1968
Rio Azul 13268 2610
Prudentoacutepolis 10192 1813
Ipiranga 9323 1661
Irati 8539 1558
QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314
Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) AFUBRA 2014
22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL
De acordo com Sauer (2008) em 1996 a criaccedilatildeo do PRONAF (Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) trouxe avanccedilos poliacuteticos
voltados aos agricultores familiares permitindo o reconhecimento destes enquanto
categoria social epossibilitando o acesso ao creacutedito agriacutecola Creacutedito esse que
48
quando usado de maneira correta contribui significativamente para o aumento da
produccedilatildeo
Dentre os vaacuterios estudos que retratam a evoluccedilatildeo da agricultura familiar
brasileira nas uacuteltimas deacutecadas destaca-seldquoO Novo Retrato Da Agricultura Familiar
Brasileirardquo Nesse estudo os autores mencionam a importacircncia de refletir sobre o
espaccedilo rural tendo como escopo a sua diversidade pelo fato da existecircncia de
distintos tipos de agricultores familiares que possuem interesses e estrateacutegias
particulares de produccedilatildeo agropecuaacuteria Nesse sentido da mesma forma que existe
uma diversidade de agricultores familiares deveratildeo tambeacutem existir poliacuteticas
agriacutecolas e tipos de assistecircncia teacutecnica distinto para cada grupo com intuito desses
empregarem em sua produccedilatildeo tecnologias que possibilitam o seu fortalecimento e
expansatildeo diante dos mercados
Sobre a diversidade da agricultura familiar brasileira a tabela 6 mostra de que
forma satildeo distribuiacutedos os tipos familiares a renda monetaacuteria anual e qual a
porcentagem na participaccedilatildeo do valor bruto da agricultura familiar por grupo familiar
TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006
Grupos familiares Nuacutemero de agricultores familiares
segundo o tipo
Total VBP familiares
Renda Monetaacuteria
liacutequida anual em reais
A 452750 695 5323600
B 964140 157 372500
C 574961 47 149900
D 2560274 102 25500
Total 4551855 -
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
A partir dos dados sobre a caracterizaccedilatildeo dos grupos familiares nota-se que
o grupo com um contingente maior de agricultores familiares no ano de 2006 foi o
grupo D ou seja os descapitalizados Esses agricultores familiares de acordo com
Guanziroli et al (2012) estatildeo em sua maioria concentrados nas regiotildees Norte e
Nordeste do Brasil sendo os que menos empregam aparatos tecnoloacutegicos Desse
modo o autor afirma que o grau de especializaccedilatildeo e tecnificaccedilatildeo tem maior
49
influecircncia na geraccedilatildeo de renda do que a quantidade de terra possuiacuteda por cada
unidade familiar Sobre o grupo familiar D o estudo tambeacutem menciona que
[] entre os agricultores familiares do tipo D tambeacutem existem agricultores mais capitalizados os quais podem ter sido classificados neste grupo devido agrave frustraccedilatildeo de safra baixos preccedilos de seus produtos no mercado ou a realizaccedilatildeo de novos investimentos nos quais as receitas ainda natildeo estatildeo superando as despesas Esta afirmaccedilatildeo estaacute baseada na participaccedilatildeo percentual do creacutedito rural obtido e dos investimentos realizados por estabelecimentos deste tipo (FAOINCRA)
Os agricultores familiares dos grupos A e B considerados como capitalizados
e em vias de capitalizaccedilatildeo correspondem principalmente aos produtores familiares
da regiatildeo Sul do paiacutes O desempenho desses grupos se deve ao fato de estarem
inseridos em cadeias produtivas mais competitivas as quais trazem melhores
retornos econocircmicos
Guanziroli et al (2012) apontam que os produtores familiares do tipo A tecircm
uma renda anual elevada em parte porque na aacuterea rural podem se beneficiar da
produccedilatildeo para autoconsumo natildeo pagam aluguel e as taxas sobre o valor da aacutegua e
luz satildeo mais baixas se comparadas com a urbana Dessa forma o padratildeo de vida
desses agricultores eacute compatiacutevel com a da classe meacutedia urbana Entretanto existe
uma distacircncia muito grande entre os produtores do grupo A e os demais
Nesse sentido Guanziroli et al (2006) com base no estudo ldquoDez anos de
evoluccedilatildeo da agricultura familiar no Brasil (1996 e 2006)rdquo compararam os dados do
censo agropecuaacuterio de 1996 com o de 2006 a fim de dar respostas a algumas
inquietudes sobre a evoluccedilatildeo da agricultura familiar no dececircnio analisando o
processo de modernizaccedilatildeo da agricultura familiar por meio da evoluccedilatildeo de algumas
variaacuteveis (uso de maquinaacuterios insumos entre outras tecnologias) Dentre outros
resultados esse estudo mostrou que houve crescimento do nuacutemero de agricultores
familiares entre os censos o qual passou de 4139000 para 4551855 Ou seja em
1996 8517 do total dos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros eram
familiares e em 2006 essa porcentagem aumenta para 8796 do total
Os dados desse estudo tambeacutem mostraram que os agricultores familiares
pertencentes ao grupo A e quanto muito aos grupos A e B desempenham um papel
importante em termos econocircmicos Jaacute o grupo C e principalmente os agricultores
familiares do grupo D produzem tatildeo pouco que remetem aquela visatildeo do agricultor
50
familiar de subsistecircncia que comercializa pequenos excedentes econocircmicos em
mercados locais
O uso de tecnologias pelos agricultores familiares como maquinaacuterios e
insumos quiacutemicos contribuiu para o aumento da produccedilatildeo e da produtividade
acontecimento esse que possibilitou a ascensatildeo do universo familiar no cenaacuterio
agropecuaacuterio brasileiro com significativa importacircncia na produccedilatildeo tanto de gecircneros
alimentiacutecios de consumo nacional como tambeacutem de commodities de exportaccedilatildeo
caso a produccedilatildeo de fumo As tecnologias voltadas para a produccedilatildeo de fumo
referem-se a modernizaccedilatildeo das estufas de secagem das folhas de fumo de
sementes melhoradas geneticamente aleacutem dos insumos agriacutecolas
De acordo com Guanziroli et al (2006) as anaacutelises regionais sobre a
agricultura familiar brasileira para o ano de 2006 mostram que as regiotildees Norte
Nordeste e Sul apresentam maior participaccedilatildeo percentual de agricultores familiares
na produccedilatildeo regional em detrimento das regiotildees Centro-Oeste e Sudesteas quais
caracterizam-se pela maior expressividade da agricultura patronal
TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006
Regiatildeo 2006
Norte 6018
Nordeste 4738
Sudeste 2228
Sul 5443
Centro-Oeste 1453
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
Outro dado importante trazido pelos autores supracitados estaacute relacionado ao
fator produtividade como se vecirc pela comparaccedilatildeo entre os agricultores familiares e
natildeo familiares por regiatildeo (tabela 8) Os agricultores familiares pelo fato de
possuiacuterem quantidades de terras menores tendem a ser mais produtivos que o
agricultor natildeo familiar Nesse sentido concorda-se com Navarro (2014) ao apontar
que a ampliaccedilatildeo no acesso de tecnologias agrave agricultura de menor porte econocircmico eacute
necessaacuteria para a permanecircncia desses produtores no rural
51
A produccedilatildeo de fumo da regiatildeo Sul do Brasil eacute um exemplo que retrata que a
agricultura familiar eacute mais eficiente no uso da matildeo de obra e da terra quando
comparada aos agricultores patronais A necessidade da intensificaccedilatildeo da matildeo de
obra familiar para aumentar a produccedilatildeo exemplifica bem o porquecirc da maior parte
empregada na agricultura estaacute no segmento familiar apesar desse segmento natildeo ser
predominante na produccedilatildeo agriacutecola brasileira Dessa maneira Abramovay (1992 p
209) afirma que ldquonatildeo haacute atividade econocircmica em que o trabalho e a gestatildeo
estruturam-se tatildeo fortemente em torno de viacutenculos de parentesco e onde a
participaccedilatildeo da matildeo de obra natildeo contratada seja tatildeo importante como na agricultura
familiarrdquo
TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006
Brasil e Regiotildees
Valor produzido por hectare (R$ de 2006)
Natildeo familiar Familiar
Norte 1113 2410
Nordeste 3783 3907
Sudeste 10546 7378
Sul 8373 13376
Centro-Oeste 2727 2851
Brasil 4617 5546
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
Atraveacutes da regionalizaccedilatildeo e do valor produzido por hectare percebe-se que
os agricultores familiares da regiatildeo Sul satildeo mais eficientes no valor produzido e
segundo Guanziroli et al (2012) a predominacircncia de agricultores familiares nas
cadeias produtivas como a fumicultura a avicultura e suinocultura favorece o
aumento da produtividade por aacuterea Eacute nesse sentido que pode-se afirmar natildeo existir
dicotomia ou oposiccedilatildeo entre a agricultura familiar e a patronal uma vez que a
competiccedilatildeo no mercado faz com que cada um desses segmentos tenda a
predominar nos setores em que apresenta capacidade para produzir com mais
eficiecircncia
Na regiatildeo Sudeste a alta tecnologia empregada pelos agricultores natildeo
familiares consegue superar a produtividade da agricultura familiar Jaacute nas regiotildees
Norte e Nordeste encontram-se os menores iacutendices de produtividade da agricultura
52
familiar brasileira fato relacionado a vaacuterios fatores principalmente os solos menos
produtivos clima cultivo de culturas que tecircm um retorno de investimento menor e
tambeacutem a menor disponibilidade de tecnologias assistecircncia teacutecnica e poliacuteticas
agriacutecolas capazes de inverter esse quadro
Aleacutem da representatividade bastante grande (956) da produccedilatildeo de fumo a
agricultura familiar brasileira tem participaccedilatildeo significativa na produccedilatildeo de gecircneros
alimentiacutecios como arroz feijatildeo e mandioca Tambeacutem contabiliza-se um nuacutemero
significativo de agricultores familiares envolvidos nas cadeias produtivas
caracteriacutesticas do agronegoacutecio como soja trigo e milho (tabela 9)
No caso dos produtos de origem animal (tabela 10) a participaccedilatildeo da
agricultura familiar tambeacutem eacute significativa ou seja concorda-se com Guanziroli et al
(2012) quando afirma que produzir alimentos como arroz feijatildeo ou mandioca natildeo
quer dizer necessariamente que esses produtores satildeo camponeses ou produtores
de subsistecircncia pois na grande maioria dos estabelecimentos produz-se totalmente
para o mercado ou seja seu objetivo natildeo eacute somente a subsistecircncia e sim vender a
produccedilatildeo
TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000
PRODUTO 2006
Arroz 3919
Cana-de-accediluacutecar 1024
Cebola 6959
Fumo 9567
Mandioca 9317
Milho 5190
Soja 2360
Trigo 3638
Feijatildeo 7659
Banana 6240
Cafeacute 2967
Laranja 2525
Uva 5363
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
53
TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006
TIPO DE PRODUCcedilAtildeO 2006
Pecuaacuteria de corte 1665
Pecuaacuteria de leite 6053
Suiacutenos 5245
Aves 3034
Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)
A produccedilatildeo de fumo na regiatildeo Sul do Brasil tambeacutem tem grande
expressividade no contingente de pessoal ocupado (PO) ou seja conforme
demonstrado na tabela abaixo 9 da PO agriacutecola de 2012 estava ocupada nessa
atividade De acordo com Maia e Sakamoto (2015) no Sul destacam-se aleacutem dos
ocupados no cultivo do fumo os ocupados no cultivo da soja (10 da PO agriacutecola)
que representavam em 2012 90 e 63 dos ocupados nos respectivos ramos de
atividade do conjunto da PO agriacutecola brasileira
Para esses autores a dinacircmica da PO agriacutecola brasileira foi influenciada pela
regiatildeo Nordeste que apesar de conter o contingente agriacutecola mais expressivo do
Paiacutes (44 do total da PO agriacutecola brasileira) passou por uma grande reduccedilatildeo de
28 da PO agriacutecola entre os anos de 2005 e 2012 Buainain et al (2013) apud Maia
Sakamoto (2014) destacam que esse processo de esvaziamento na regiatildeo
Nordeste estaria associado tanto agrave inviabilidade econocircmica do minifuacutendio quanto agraves
diferenccedilas de qualidade de vida e oportunidades de emprego entre os meios rural e
urbano
54
TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012
Grupos 2012
N (1000)
Criaccedilatildeo de bovinos e outros animais 402 188
Cultivo de hortaliccedilas legumes flores etc 305 143
Cultivo de Soja 207 97
Produccedilatildeo mista lavoura temporaacuteria e pecuaacuteria
197 92
Cultivo de milho 194 91
Cultivo de fumo 194 91
Outras atividades 632 297
Total 2131 100
Fonte Maia e Sakamoto 2014 Dados primaacuterios IBGE 2012
Com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos ocupantes em atividades agropecuaacuterias por
condiccedilatildeo de pobreza (tabela 12) nota-se que os ocupados pobres na produccedilatildeo de
fumo correspondem a 7 do total que eacute um percentual de pobres em geral menor
do que os encontrados em outras produccedilotildees como nas de mandioca (26) arroz
(29) milho (24) e horticultura (12)
As culturas da soja cafeacute cana-de-accediluacutecar e frutas satildeo as que tecircm menores
taxas de pobreza com valores respectivos de 24 45 46 e 63 A
proporccedilatildeo meacutedia brasileira para todos os ocupados em atividades agropecuaacuterias eacute
de 146
Desse modo pode-se dizer que as culturas tradicionais como arroz
mandioca e milho satildeo as que tecircm maiores taxas de pobreza Esse fato faz sentido
em Prudentoacutepolis pois na regiatildeo Norte do municiacutepio onde a produccedilatildeo de fumo natildeo
eacute realizada devido agraves caracteriacutesticas do clima e da topografia o niacutevel de
desenvolvimento eacute menor que na parte Central e Sul do municiacutepio Esse contraste
se revela natildeo somente pela comparaccedilatildeo entre culturas tradicionais e a produccedilatildeo de
fumo pois tambeacutem as outras culturas tendem a gerar menores taxas de pobreza
A produccedilatildeo de frutas eacute uma boa opccedilatildeo para a geraccedilatildeo de renda dos
agricultores familiares em geral pois apresenta uma taxa de pobreza bem menor
55
ainda que a do fumo Poreacutem para essa produccedilatildeo seria necessaacuteria a especializaccedilatildeo
e a tecnificaccedilatildeo desses agricultores realizadas a partir de poliacuteticas de incentivos a
tecnificaccedilatildeo e assistecircncia para agricultura familiar como apontado por Navarro
(2014) Ou seja a quantidade de tecnologia empregada de forma correta estaacute
intrinsecamente relacionada agrave renda do agricultor Sobre tecnologia para a
agricultura familiar Valente (2008) ressalta que ldquodeve-se compreender a tecnologia
natildeo como panaceacuteia mas conhecimento que estaria a exigir inovaccedilotildees institucionais
como poliacuteticas puacuteblicas parcerias e outras accedilotildees que a ele devem ser conjugadasrdquo
TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010)
Atividade Natildeo pobre Pobre Pobres () Total
Arroz 137325 56589 292 193914
Milho 389402 126624 245 516026
Algodatildeo 7322 579 73 7901
Cana-de-accediluacutecar 214497 10189 45 224686
Fumo 215365 16116 70 231481
Soja 96235 2387 24 98622
Mandioca 376239 132050 260 508288
Horticultura 522745 72322 122 595067
Frutas 236742 15808 63 252550
Cafeacute 552738 26757 46 579496
Cacau 67809 6670 90 74479
Pecuaacuteria 1611624 149626 85 1761250
Outros cultivos 4389749 942358 177 5332108
Outros agropecuaacuteria
1609597 226670 123 1836267
Total 10427388 1784746 146 12212134
Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010
Portanto os dados da tabela 12 mostram que realmente existem vaacuterias
culturas que geram uma taxa de pobreza bem menor que a cultura do fumo mas em
contrapartida existem aquelas que geram taxas de pobreza bem maiores Assim
pode-se dizer que os agricultores familiares que produzem fumo analisam os fatores
56
relacionados agrave matildeo de obra terra maquinaacuterios disponibilidade de capital
conhecimento teacutecnico e agrave lucratividade por atividade optando pela produccedilatildeo mais
rentaacutevel dentre aquelas para as quais possuem capacidade teacutecnica e financeira para
produzir
No quadro 4 podemos ver como ocorre a distribuiccedilatildeo das atividades
agropecuaacuterias entre os domiciacutelios rurais e urbanos Nesse sentido aproporccedilatildeo dos
ocupados em atividades agriacutecolas e que residem em aacutereas urbanas satildeo maiores em
cultivos como cana-de-accediluacutecar algodatildeo e frutas (607 516 e 451
respectivamente) ao passo que no cultivo do fumo cacau milho e arroz essas
proporccedilotildees satildeo bem menores (65 224 245 e 292)
Do ponto de vista da fixaccedilatildeo do homem no campo a cultura do fumo eacute mais
eficiente se comparadas com aquelas mais mecanizaacuteveis em que o contingente de
ocupados em atividades agriacutecolas eacute maior na aacuterea urbana O fato de a produccedilatildeo de
fumo ser pouco mecanizaacutevel no Brasil principalmente na colheita exige a matildeo de
obra familiar sem contar a necessidade da contrataccedilatildeo de matildeo de obra nos
periacuteodos de colheita do produto
Atividade Urbano Rural Urbano () Total Arroz 63133 130781 326 193914 Milho 114789 401228 222 516026 Algodatildeo 4075 3826 516 7901 Cana-de-accediluacutecar 136484 88202 607 224686 Fumo 15105 216376 65 231481 Soja 32958 65664 334 98622 Mandioca 86628 421660 170 508288 Horticultura 233989 361078 393 595067 Frutas 113813 138738 451 252550 Cafeacute 213751 365744 369 579496 Cacau 16683 57796 224 74479 Pecuaacuteria 466018 1295232 265 1761250 Outros cultivos 1625626 3706482 305 5332108 Outros agropecuaacuteria
889452 946815 484 1836267
QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010)
Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010
De acordo com Neder (2014) os municiacutepios brasileiros de maior porte
populacional se dedicam mais expressivamente agraves atividades de serviccedilos e induacutestria
57
(atividades natildeo agropecuaacuterias) ao passo que os municiacutepios com menor populaccedilatildeo
encontram-se mais relacionados agrave pecuaacuteria soja e fumo Dado esse que se
confirma no municiacutepio de Prudentoacutepolis como tambeacutem na grande parte dos
municiacutepios produtores de fumo da regiatildeo Sul do Brasil os quais satildeo caracterizados
pelo baixo contingente populacional sendo que um nuacutemero razoaacutevel deles tem
populaccedilatildeo predominantemente rural
A partir dos dados apresentados nota-se que a agricultura familiar brasileira
tambeacutem produz commodities para o mercado externo como nas cadeias de aves
suiacutenos soja e fumo Redefinindo assim a visatildeo dualista e superando o dilema entre
a agricultura para o mercado interno e a agricultura para exportaccedilatildeo (SILVEIRA
2014)
Portanto sabendo da inegaacutevel dualidade entre as formas de fazer agricultura
no rural brasileiro estando de um lado a agricultura patronal e do outro a agricultura
familiar concorda-se com Elesbatildeo (2007) quando afirma que natildeo tem fundamento
priorizar nem um segmento e nem outro dentro da agropecuaacuteria pois deve-se olhar
para o rural como um territoacuterio de diversidade onde haacute espaccedilo e necessidade para o
desenvolvimento tanto da produccedilatildeo de commoditiescomo tambeacutem para a
diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo na agricultura familiar tendo como escopo para as
pesquisas a heterogeneidade do segmento familiar
58
CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO
Este capiacutetulo tem por objetivo mostrar os processos de ocupaccedilatildeo do territoacuterio
de Prudentoacutepolis como tambeacutem os elementos que proporcionaram a inserccedilatildeo da
cultura do fumo nas unidades familiares a qual contribuiu para a reproduccedilatildeo
econocircmica desses produtores Nesse sentido a caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais
familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de fontes secundaacuterias como o IBGE eacute
fundamental para conhecer o perfil das unidades familiares
31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR
O municiacutepio de Prudentoacutepolis estaacute localizado na mesorregiatildeo Sudeste do
estado do Paranaacute (figura 2) sendo o terceiro municiacutepio paranaense com maior aacuterea
territorial Estaacute situado a latitude 25ordm 12rsquo 47rdquoS longitude 50ordm 58 40 W e na altitude
de 840 metros (IBGE 2010)
A partir de dados do censo demograacutefico (IBGE 2010) constata-se que
atualmente a maior parte da populaccedilatildeo Prudentopolitana reside na aacuterea rural ou
seja do total de 48793 habitantes 54 vivem na aacuterea rural e 46 na urbana
59
Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO Fonte IBGE (2010) Autor VILCZAK A (2015)
A ocupaccedilatildeo territorial do municiacutepio de Prudentoacutepolis se deu principalmente
atraveacutes da entrada de grande contingentes de imigrantes europeus No Paranaacute
entre os anos de 1829 e 1911 chegaram aproximadamente 83012 mil estrangeiros
de origem eslava (SENETRA 2014) os quais se dirigiram em sua maioria para os
arredores de Curitiba Prudentoacutepolis e Mallet
No municiacutepio de Prudentoacutepolis um contingente maior de imigrantes chegou
entre os anos de 1896 e 1897 Por esse fato atualmente cerca de 75 da
populaccedilatildeo satildeo descendentes de imigrantes ucranianos e em menor escala de
poloneses
Conforme Hauresko (2012) Prudentoacutepolis eacute uma das antigas colocircnias do
interior do Paranaacute instalada em 1895 no denominado distrito de Satildeo Joatildeo de
Capanema sendo a construccedilatildeo da estrada de rodagem Rio Grande do Sul ndash Satildeo
Paulo um dos fatores para a atraccedilatildeo desses imigrantes os quais foram inseridos
numa poliacutetica de instalaccedilatildeo de pequenas propriedades
Os lotes de terra eram recebidos pelos imigrantes e deveriam ser quitados na
medida em que prosperassem economicamente Esses lotes eram desmatados
pelos proacuteprios imigrantes onde construiacuteam casas provisoacuterias de madeira para
abrigar a famiacutelia como demonstra a figura 3
60
FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
Fonte Acervo do Museu do Milecircnio em PrudentoacutepolisPR
A colocircnia foi elevada a categoria de Vila no ano de 1906 pelo processo de
desmembramento do municiacutepio de Guarapuava No ano de 1929 foi elevada agrave
condiccedilatildeo de municiacutepio sendo constituiacutedo pelos distritos de Patos Velhos Jaciaba e
Prudentoacutepolis
No iniacutecio da colonizaccedilatildeo a semente de pinhatildeo era o principal alimento de
subsistecircncia para o imigrante De acordo com Zaroski (2001) os imigrantes colhiam
os pinhotildees e os transformavam em farinha e fubaacute atraveacutes dos moinhos caseiros e
assim substituiacuteam as farinhas de trigo e centeio Quando se instalaram
definitivamente em seus lotes esses imigrantes comeccedilaram a produzir as sementes
de trigo e centeio tambeacutem para a subsistecircncia
De acordo com Hauresko (2012) uma das primeiras atividades econocircmicas
significativas para as famiacutelias descendentes de imigrantes foi a extraccedilatildeo da erva-
mate jaacute que eacute uma planta nativa da regiatildeo
Uma das mais importantes induacutestrias do proacutespero municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute incontestavelmente a do matte que o municiacutepio produz abundantemente Fundada a colocircnia de Prudentoacutepolis composta na sua maioria de polonezes ruthenos e ukranianos coube a cada colono um lote de 5 a 10 alqueires de terras feacuterteis (BRASIL1929 p 28-29 citado por Hauresko 2012)
61
As pequenas glebas de terra que os imigrantes possuiacuteam rendiam a eles a
extraccedilatildeo da erva-mate como tambeacutem a produccedilatildeo de alimentos para autoconsumo e
mais tarde para a comercializaccedilatildeo Nessa continuidade os produtos agriacutecolas que
se destacam historicamente na participaccedilatildeo econocircmica do municiacutepio foram o cultivo
de feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata suiacutenos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de
gado (EMATER 2014) Poreacutem a renda gerada por essas culturas era iacutenfima de um
lado pela baixa produccedilatildeo que alcanccedilavam devido agrave ausecircncia naquele periacuteodo de
um pacote tecnoloacutegico que potencializasse a produccedilatildeo e de outro lado pela falta de
mercado para receber esses produtos
Diante disso a produccedilatildeo de fumo foi uma importante atividade geradora de
renda para a agricultura familiar principalmente a partir da deacutecada de 1970 Por
outro lado a inserccedilatildeo dessa cultura tambeacutem eacute resultado do papel que as empresas
fumageiras tiveram na regiatildeo Sul do Brasil Ou seja a produccedilatildeo se definiu e se
consolidou devido principalmente as empresas fumageiras em ir ateacute o fumicultor
devido a competitividade que o setor apresenta
Na primeira metade do seacuteculo XX muitas famiacutelias jaacute se dedicavam a produccedilatildeo
de fumo tanto de corda (consumo proacuteprio) como tambeacutem de folhas de fumo para
venda Produziam em pequenas quantidades pois todo o trabalho era manual
conforme relata o fumicultor
Eu lembro bem quando o meu avocirc fez a estufa para noacutes trabalhar com o fumo foi mais ou menos nos anos de 1960[] foi bom negoacutecio porque outra lavoura natildeo dava tanto lucro noacutes eacuteramos em bastante irmatildeos e todos ajudavam [] natildeo era faacutecil como hoje que temos trator estufa eleacutetrica Antes era tudo feito com os cavalos e a gente trabalhava muito de sol a sol (Fumicultor da Comunidade de Linha Dezembro entrevistado no dia 9 de junho de 2014) Antes de comeccedilar de plantar fumo noacutes produziacuteamos soacute para consumo o feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata porcos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de gado []Nossa situaccedilatildeo financeira era muito difiacutecil [] natildeo tinha uma renda certa passava muitas necessidades principalmente quando precisava para a sauacutede (Fumicultor da Comunidade de Linha Rio Preto entrevistado em junho de 2014)
No municiacutepio a produccedilatildeo de fumo teve grande procura a partir da metade do
seacuteculo XX Tambeacutem houve incentivos principalmente por parte da Souza Cruz uma
vez que a cultura se desenvolveu bem em algumas regiotildees
62
No ano de 2014 a Emater de Prudentoacutepolis registrou a existecircncia de 8100
famiacutelias de agricultores das quais 1813 o que corresponde a 22 estatildeo
envolvidas no sistema de produccedilatildeo integrada de fumos claros com as empresas
fumageiras que atuam no municiacutepio
A figura 4 mostra a concentraccedilatildeo na parte Sul e Central das 1813 famiacutelias
que produzem o fumo em Prudentoacutepolis Essa concentraccedilatildeo estaacute relacionada agrave
topografia e ao clima De acordo com Kraiczek e Antoneli (2012) na regiatildeo Norte do
municiacutepio a produccedilatildeo natildeo eacute realizada devido ao relevo declivoso (figura 5) improacuteprio
para algumas atividades agriacutecolas como tambeacutem pelo fato de as condiccedilotildees
climaacuteticas serem diferenciadas
FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES
FONTE AFUBRA ndash Mapa elaborado a partir das localidades onde se encontram os produtores Org Kraiczek 2014
63
FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
FonteSRTM ndash USGS-USA (2000) ORG Kurta M (2014)
De acordo com o exposto muitas famiacutelias da regiatildeo Norte do municiacutepio se
interessam pelo plantio de fumo principalmente pela geraccedilatildeo de renda e venda
garantida do produto poreacutem natildeo o produzem devido aos fatores limitantes
De acordo com Emater (2014) devido agraves limitaccedilotildees climaacuteticas e topograacuteficas
as culturas que prevalecem naquela regiatildeo satildeo o feijatildeo milho mandioca maracujaacute
uva e produtos de autoconsumo familiar Esses agricultores familiares sinalizam a
falta de opccedilatildeo de cultivo economicamente rentaacutevel bem como a necessidade da
melhoria nas estradas rurais as quais satildeo fundamentais para escoar a produccedilatildeo
A regiatildeo tambeacutem se caracteriza pelo menor niacutevel de mecanizaccedilatildeo da
produccedilatildeo quando comparada com as regiotildees Central e Sul necessitando de matildeo de
obra intensiva para a produccedilatildeo Extensas aacutereas de lavoura satildeo plantadas
manejadas e colhidas manualmente retratando assim a dificuldade do trabalho
nessa regiatildeo (figura 6)
64
FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR
Fonte Vilczak (2014)
A foto da esquerda mostra uma lavoura de feijatildeo que foi plantada agrave matildeo por
um agricultor familiar do Norte do municiacutepio (Comunidade da Linha Barra de Areia)
o agricultor retrata a dificuldade de trabalhar nessa regiatildeo A foto da direita retrata de
que forma se apresenta o relevo daquela regiatildeo
Conforme dados da Emater (2014) a ocupaccedilatildeo do solo no municiacutepio se daacute
pelas lavouras anuais e perenes matas nativas matas naturais de preservaccedilatildeo
permanente reflorestamentos e pastagens Segundo dados do Ipardes (2013) as
atividades agropecuaacuterias que se destacam atualmente na geraccedilatildeo de renda e no
nuacutemero de hectares ocupados por plantio em Prudentoacutepolis satildeo a produccedilatildeo de leite
bovino e o plantio de fumo soja milho feijatildeo preto e trigo Aleacutem dessas outras
atividades de significacircncia menor para a economia satildeo apresentados nos quadros 5
e 6
65
CULTURAS AacuteREA COLHIDA (ha)
PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)
VALOR (R$
100000)
Abacate 1 30 30000
Abacaxi (mil frutos)
1 11 11000 12
Alho 10 53 5300 265
Amendoim (em casca)
15 20 1333 32
Arroz (em casca)
540 1200 2222 926
Aveia (em gratildeo) 90 198 2200 99
Banana 1 9 9000 5
Batata-inglesa 130 3874 29808 3937
Cana-de-accediluacutecar 26 1325 50962 53
Cebola 60 840 14000 798
Centeio (em gratildeo)
90 135 1500 54
Feijatildeo 27300 33040 1210 70323
Fumo (folha) 4400 9701 2205 58206
Laranja 47 940 20000 544
Maracujaacute
106
530 5000 1007
Mandioca 365 8395 23000 2686
Milho 19870 107088 5389 45699
Pecircssego 13 52 4000 94
Soja 23310 73570 3156 68546
Tomate 5 205 50000 217
Trigo 4210 13472 3200 9508
Uva 28 205 7321 372
QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR
FONTE IBGE - Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013
66
PRODUTOS PRODUCcedilAtildeO VALOR (R$ 100000)
Latilde (Kg) 10930 109
Leite (mil litros) 8308 9965
Mel de abelha (Kg) 290000 2900
Ovos de galinha (mil dz) 245 662
QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
FONTE IPARDES 2015 (IBGE SAFRA DE 2013)
Dentre os setores econocircmicos responsaacuteveis pela formaccedilatildeo do PIB do
municiacutepio de Prudentoacutepolis destacam-se os setores de serviccedilos e a agropecuaacuteria
(quadro 7) Com relaccedilatildeo ao setor de serviccedilos o mesmo tambeacutem estaacute relacionado agraves
atividades agropecuaacuterias
O baixo percentual de participaccedilatildeo das induacutestrias no PIB do municiacutepio se
reflete na baixa agregaccedilatildeo de valor sobre os produtos principalmente nos de origem
animal e da fruticultura entre outros produtos que poderiam gerar mais renda para
os produtores se fossem beneficiados por eles proacuteprios
Setor Prudentoacutepolis Paranaacute
Mil R$ ()
Mil R$ ()
Agropecuaacuteria 115127 2791 12816893 675 Induacutestria 35579 863 46858018 2466 Serviccedilos 237699 5762 106694466 5616
Impostos produtos liacutequidos de subsidio
24099 584 23622577 1243
PIB a preccedilo corrente 412504 100 189991954 100 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR
IBGE 2012 Org Vilczak A 2015
De acordo com Emater (2014) existem no municiacutepio quatorze categorias de
agroinduacutestrias as quais satildeo consideradas de pequeno e meacutedio porte com destaque
para as agroinduacutestrias de embutidos e defumados erva-mate farinha de milho e
quirera Sabendo da importacircncia do setor agropecuaacuterio para a economia do
municiacutepio o graacutefico 2 mostra as atividades com maior geraccedilatildeo de renda
67
GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS
FONTE IBGE Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013 Org VILCZAK A (2014)
Se analisarmos somente a renda obtida por cada cultura notaremos que o
feijatildeo e a soja satildeo as que mais geram receita seguido do fumo milho trigo e arroz
Contudo ao analisarmos a receita e a aacuterea cultivada de cada lavoura notamos que a
produccedilatildeo de fumo eacute a mais rentaacutevel
A partir do graacutefico pode-se entender o porquecirc das famiacutelias permanecerem na
atividade fumageira Estas satildeo motivadas principalmente pela renda obtida aleacutem da
constataccedilatildeo a partir de trabalhos de campo de que a maioria dos fumicultores estatildeo
na atividade haacute muitos anos e que esta ocupaccedilatildeo eacute passada de uma geraccedilatildeo para
outra
Noacutes plantamos fumos haacute 15 anos e antes de eu e minha esposa casar eu plantava o fumo com meus pais e minha esposa com os pais dela e agora pegamos uma estufa para noacutes e continuamos na produccedilatildeo [] Jaacute sabemos bem como produzir um fumo de qualidade boa [] jaacute investimos em outras atividades mas natildeo deu lucro igual do fumo [] trecircs anos atraacutes fizemos financiamento para tanques de peixe investi 10 mil reais para fazer os tanques e comprar os alevinos e como noacutes natildeo tinha acompanhamento teacutecnico e muito menos experiecircncia em produzir peixe natildeo tivemos lucros Produzimos feijatildeo milho soja mas a maior renda vem do fumo (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Dezembro em maio de 2014)
926
70323
58206
45699
68546
9508
540
27300
4400
19870
23310
4210
0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000
Arroz
Feijatildeo
fumo
Milho
Soja
Trigo
Aacuterea Plantada (ha) Valor Produccedilatildeo (R$ 100000)
68
A produccedilatildeo de leite tambeacutem tem uma expressiva contribuiccedilatildeo para a
economia do municiacutepio pois nos uacuteltimos anos intensificou-se a dedicaccedilatildeo dos
agricultores familiares nessa atividade Dessa forma muitos dos fumicultores
tambeacutem produzem leite pelo fato de possuir mercado garantido e tambeacutem devido ao
pagamento do leite ser realizado mensalmente o que natildeo acontece com o fumo
Nas propriedades que combinam a produccedilatildeo de leite com a do fumo os agricultores
familiares usam a renda do leite para gastos mensais fixos da famiacutelia e a renda da
safra do fumo eacute investido na propriedade pois gera receitas mais altas
Agora com a renda do fumo e do leite as coisas se equilibraram que com o dinheiro do leite usamos para os gastos do mecircs e quando vendemos a safra do fumo investimos na propriedade jaacute fizemos casa de alvenaria cerca paiol novo galinheiro compramos trator carro [] a gente trabalha mais mas pelo menos natildeo passamos grandes necessidadade (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Visconde de Guarapuavaem maio de 2014)
De acordo com a EMATER (2014) nos uacuteltimos anos houve aumento do
nuacutemero de agricultores familiares que se dedicaram agrave produccedilatildeo de leite e aos
poucos abandonaram o cultivo do fumo A partir dos trabalhos de campo percebe-se
que muitas vezes os mais jovens pretendem investir na atividade leiteira fazer
cursos e se especializar no uso de tecnologias que permitam maior produtividade
dos animais ou seja casais mais novos que pretendem permanecer no campo
geralmente com niacutevel de escolaridade maior buscam ser mais competitivos como
por exemplo o depoimento de um casal que reside na Linha Visconde de
Guarapuava e de outro que reside na Linha Dezembro
Os nossos pais plantam fumo e quando casamos tambeacutem comeccedilamos a produzir fumo e leite e achamos que se noacutes se especializasse soacute na produccedilatildeo de leite a gente teria mais facilidade porque temos pouca terra (5 alqueires) [] agora temos 32 vacas de leite fora os terneiros e temos uma renda ateacute que razoaacutevel por mecircs (Agricultora familiar entrevistada5 na comunidade de Linha Visconde de Guarapuava)
Sempre plantei fumo mas como casei no ano passado eu e minha mulher decedimos plantar fumo somente nesse ano e no proacuteximo ano investir mais no leite que temos mais facilidade apesar de ter que trabalhar todos os dias de manhatilde e de tarde para tirar o leite e ainda durante o dia plantar os pastos [] no fumo natildeo precisa ficar o ano todo trabalhando mas mesmo assim vamos se especializar soacute com a produccedilatildeo de leite e outras lavouras (Fumicultor entrevistado na comunidade de Linha Dezembro)
5 A agricultora relata que atualmente soacute ajuda os pais com as atividades do fumo nos dias de colheita
69
Portanto nota-se que os mesmos usam da racionalidade econocircmica para
definir o que produzir natildeo buscando somente a sobrevivecircncia da famiacutelia e se
especializando nas atividades em que acreditam serem mais eficiente considerando
as caracteriacutesticas de suas propriedades Buscam assim melhorar de vida seguindo
uma racionalidade tipo capitalista
32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS
Como jaacute visto no item anterior o municiacutepio de Prudentoacutepolis sempre possuiu
uma base produtiva alicerccedilada estruturalmente no setor agropecuaacuterio e de acordo
com dados da Emater de Prudentoacutepolis (2014) o puacuteblico que faz parte do rural do
municiacutepio estaacute composto pela categoria Agricultura familiar constando um nuacutemero
de 8100 estabelecimentos Agricultura Patronal com 1750 estabelecimentos e por
40 famiacutelias Indiacutegenas aleacutem daqueles trabalhadores rurais contratados nos periacuteodos
de safra para desenvolver atividades no campo
Nota-se que em Prudentoacutepolis a categoria da agricultura familiar eacute
predominante em relaccedilatildeo agrave patronal Desse modo a caracterizaccedilatildeo dos produtores
rurais familiares a partir de conceitos e dados estatiacutesticos sistematizados para todo o
paiacutes se torna pertinente para que possamos estimar em quais grupos existe a maior
concentraccedilatildeo desses produtores familiares no municiacutepio e qual eacute a dinacircmica de
produccedilatildeo desses grupos A tipologia entre os agricultores familiares tem por objetivo
estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares devido
a sua heterogeneidade (FAOINCRA 2000) Sendo assim o grupo A refere-se
aquele produtor com renda total superior a trecircs vezes o valor da diaacuteria o grupo B ao
produtor com renda total superior a uma vez ateacute trecircs vezes o valor da diaacuteria no
grupo C estatildeo aqueles com renda total superior agrave metade ateacute uma vez o valor da
diaacuteria e por fim o grupo D com renda total igual ou inferior agrave metade do valor da
diaacuteria
A existecircncia de quatro grupos distintos dentro do universo familiar eacute resultante
de vaacuterios fatores como por exemplo a disponibilidade de terras agricultaacuteveis (como
aquelas localizadas na regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis) as tecnologias
empregadas pelas unidades familiares a forma de administraccedilatildeo da propriedade os
70
preccedilos e mercados aos quais a produccedilatildeo eacute destinada fatores climaacuteticos entre
outros Portanto os distintos tipos de produtores satildeo portadores de racionalidades
especificas e buscam se adaptar ao meio em que estatildeo inseridos
O universo agraacuterio eacute extremamente complexo seja em funccedilatildeo da grande diversidade da paisagem agraacuteria (meio fiacutesico ambiente variaacuteveis econocircmicas etc) seja em virtude da existecircncia de diferentes tipos de agricultores os quais tecircm interesses particulares estrateacutegias proacuteprias de sobrevivecircncia e de produccedilatildeo e que portanto respondem de maneira diferenciada a desafios e restriccedilotildees semelhantes (FAOINCRA 2000)
Os dados mais gerais que tratam de variaacuteveis da caracterizaccedilatildeo dos
agricultores familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis pertencem ao censo
agropecuaacuterio de 2006 momento aquele em que o universo da agricultura familiar era
composto por aproximadamente 7409 estabelecimentos sendo que no ano de
2014 a Emater do municiacutepio registrou um nuacutemero aproximado de 8100 agricultores
familiares um aumento de 691 estabelecimentos Esse aumento dos agricultores
familiares no dececircnio pode ser resultado da subdivisatildeo das propriedades jaacute
existentes
Dentre os quatro grupos familiares (Quadro 8) o maior nuacutemero de agricultores
familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis encontra-se no grupo D ou seja aqueles
agricultores familiares descapitalizados e com baixo niacutevel de integraccedilatildeo ao mercado
No grupo A considerado como capitalizado e com grande integraccedilatildeo aos mercados
existe um contingente menor de agricultores
Nuacutemero bastante significativo de produtores familiares estaacute representado pelo
grupo B grupo esse que estaacute em processo de capitalizaccedilatildeo e integrado ao mercado
Os agricultores familiares capitalizados e em processo de capitalizaccedilatildeo satildeo em
menores nuacutemeros que os descapitalizados e os em processo de descapitalizaccedilatildeo
71
Cidade Agricultura familiar por grupo
Nordm Absoluto de estabelecimentos por grupo
familiar
Prud
entoacute
polis
PR
Familiar ndash tipo A 783
Familiar ndash tipo B 2168
Familiar ndash tipo C 1387
Familiar ndash tipo D 3071
Total 7409
QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006
Fonte IBGE 2006
Conforme os dados do IBGE (2006) eacute importante ressaltar que em
Prudentoacutepolis o grupo A representa cerca de 10 do total de estabelecimentos
familiares o que eacute aproximadamente a mesma proporccedilatildeo verificada para o Brasil
onde haacute cerca de 460 mil produtores do grupo A num universo de pouco mais de 4
milhotildees de estabelecimentos familiares
Dentro do universo dos agricultores familiares de Prudentoacutepolis nota-se que a
grande maioria deles independentemente do tipo familiar possui terras proacuteprias
como demonstrado no quadro 9 O fato de a grande maioria possuir terras proacuteprias
estaacute relacionado ao loteamento feito no periacuteodo da colonizaccedilatildeo do municiacutepio sendo
que apesar de ter acontecido a venda e compra de algum desses lotes em termos
gerais a questatildeo do acesso agrave terras permanece inalterada entre os agricultores
familiares locais
72
Variaacutevel
Agricultura familiar por grupo
Nordm Absoluto de propriedades por grupo
no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR
Terras proacuteprias
Familiar ndash tipo A 700
Familiar ndash tipo B 2016
Familiar ndash tipo C 1338
Familiar ndash tipo D 2966
Total 7020
QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)
Com relaccedilatildeo aos tipos de cultivo nota-se pelo quadro 10 que os produtores
de fumo se concentram nos grupos A e B Ou seja do ponto de vista econocircmico a
produccedilatildeo tende a oferecer uma renda maior do que o milho e o feijatildeo por exemplo
visto que a maior concentraccedilatildeo desses agricultores familiares estaacute nos grupos C e D
A maior parte dos produtores de fumo tem um niacutevel alto de integraccedilatildeo com o
mercado quer dizer natildeo satildeo camponeses e sim pequenos capitalistas que visam
lucros mantendo-se competitivos com objetivo de crescimento econocircmico
QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)
Nesse sentido concorda-se com as abordagens ligadas ao capitalismo
agraacuterio segundo as quais a integraccedilatildeo dos fumicultores com as induacutestrias
Grupo familiar Fumo Feijatildeo Milho Soja Familiar ndash tipo A 520 493 540 109
Familiar ndash tipo B 798 1464 1484 110
Familiar ndash tipo C 128 1058 974 56
Familiar ndash tipo D 89 2125 1773 84
Agricultor natildeo familiar
19 76 93 44
Total de
estabelecimentos
1555
5216
4864
403
73
fumageiras oferece maiores oportunidades para capitalizaccedilatildeo ao passo que a
maioria daquelas famiacutelias que produzem feijatildeo e milho estaacute no grupo familiar em vias
de descapitalizaccedilatildeo e descapitalizados auferindo renda menor
Quando somados as colunas do quadro 10 vemos que o nuacutemero para cada
linha supera o total de estabelecimentos de cada categoria apresentados nos
quadros anteriores Isso mostra que haacute muitos fumicultores que natildeo se dedicam
apenas ao fumo mas tambeacutem ao feijatildeo milho e ou soja A partir dai pode-se
levantar a hipoacutetese de que muitos produtores do grupo A manteacutem pequenas
produccedilotildees de feijatildeo eou milho para autoconsumo Outra hipoacutetese eacute que haacute
produtores do grupo B que estatildeo tentando fazer a transiccedilatildeo das culturas de feijatildeo
eou milho para a cultura de fumo motivo pelo qual deram iniacutecio a produccedilatildeo deste
uacuteltimo sem abandonar os cultivos mais tradicionais
No municiacutepio tambeacutem existem dezenove agricultores natildeo familiares que
produzem fumo e usam da matildeo de obra contratada para cultivar a commoditie
devido agrave baixa mecanizaccedilatildeo disponiacutevel para esse tipo de lavouraDesse modo os
agricultores natildeo familiares tambeacutem tecircm interesse na rentabilidade por hectare e no
mercado garantido do fumo
A produccedilatildeo de soja tem uma expressividade na agricultura familiar com
destaque para os grupos A e B O milho e feijatildeo satildeo as culturas que predominam
nos grupos familiares
Para as variaacuteveis ligadas agrave modernizaccedilatildeo da agricultura foi contabilizado o
nuacutemero de tratores existente nas propriedades familiares como tambeacutem a utilizaccedilatildeo
de agrotoacutexicos entre esses grupos mediante dados do IBGE como apresentado no
quadro 11 Dos 7409 estabelecimentos familiares 1384 possuiacuteam trator no ano de
2006 ou seja 18
Nesse sentido pode-se dizer que no ano de 2006 um universo pequeno de
agricultores familiares possuiacutea trator No grupo A 34 dos agricultores tinham
tratores O grupo B foi o menos expressivo nessa variaacutevel com 12 de
estabelecimentos com trator seguidos de 15 no grupo C e de 20 no grupo D
74
Agricultura familiar por grupo de agricultores
Nuacutemero total de estabelecimentos familiares
Nuacutemero de estabelecimentos com tratores
de tratores por grupo familiar
Familiar ndash tipo A 783 269 34
Familiar ndash tipo B 2168 278 12
Familiar ndash tipo C 1387 209 15
Familiar ndash tipo D 3071 628 20
Total 7409 1384 18
QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES
Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015) O uso de agrotoacutexicos eacute feito por uma parcela expressiva de agricultores
familiares posto que 77 deles usam algum tipo desse produto Em termos
percentuais os agricultores familiares do grupo A satildeo os que mais usam seguidos
do grupo B com 82 grupo Ccom 75 epor fim o grupo D com 69 dos
agricultores que fazem uso desse insumo agriacutecola Assim vale notar que o uso de
agrotoacutexicos natildeo estaacute associado apenas agrave produccedilatildeo de fumo pois os grupos
familiares que produzem predominantemente feijatildeo e milho tambeacutem utilizam
produtos quiacutemicos intensamente Nesse sentido concorda-se com DINIZ FILHO
(2011) quando menciona que
[] a incorporaccedilatildeo de elementos econocircmicos e tecnoloacutegicos da agricultura patronal eacute uma estrateacutegia amplamente utilizada por agricultores familiares do mundo todo para se manterem competitivos no bojo da modernizaccedilatildeo agriacutecola embora frequentemente tal incorporaccedilatildeo fique incompleta devido agrave falta de capital para investimentos e das caracteriacutesticas de muitas propriedades familiares tais como pequena dimensatildeo ou relevo inclinado
75
Agricultura familiar por grupo de agricultores
Nuacutemero total de estabelecimentos familiares
Nuacutemero de estabelecimentos que usam agrotoacutexicos
de estab que usam agrotoacutexicos
Familiar ndash tipo A 783 734 93
Familiar ndash tipo B 2168 1794 82
Familiar ndash tipo C 1387 1048 75
Familiar ndash tipo D 3071 2108 69
Total 7409 5684 77
QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS
Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)
Os dados mostram que a agricultura familiar no municiacutepio de Prudentoacutepolis
tambeacutem se beneficia dos aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo da agricultura
concordando com Diniz Filho (2011) quando afirma ser notoacuterio que a monocultura a
mecanizaccedilatildeo e o uso de pesticidas e fertilizantes quiacutemicos satildeo amplamente
disseminados entre os produtores familiares Nesse sentido pode-se dizer que a
agricultura familiar da mesma forma que o agronegoacutecio estaacute preocupada
primeiramente com os lucros do que em usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis e que
busquem somente reproduzir o seu modo de vida
Portanto pode-se afirmar que a produccedilatildeo de fumo eacute considerada uma
atividade que permite renda razoaacutevel para o produtor uma vez que no municiacutepio de
Prudentoacutepolis esses agricultores familiares estatildeo concentrados no tipo familiar mais
capitalizado condizendo assim com os dados mais gerais sobre a agricultura
familiar brasileira apresentados no capiacutetulo anterior segundo os quais a cultura do
fumo gera menor niacutevel de pobreza que culturas alimentares voltadas para o
consumo popular e frequentemente associadas agrave produccedilatildeo de subsistecircncia
Finalmente vale notar que a pesquisa de campo realizada no acircmbito desta pesquisa
corroborou os resultados obtidos pela anaacutelise de dados estatiacutesticos de fontes
oficiais conforme se veraacute a seguir
76
CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO
Este capiacutetulo tem por objetivo expor os dados dos trabalhos de campo
realizados com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela
empresa Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis A
contrataccedilatildeo eacute feita atraveacutes do sistema de produccedilatildeo integrada no qual a empresa
garante a compra de toda a produccedilatildeo fornece assistecircncia teacutecnica aos contratados
define os padrotildees de fumo a serem produzidos de acordo com as demandas de
mercado bem como estipula os preccedilos do quilo de fumo junto ao sindicato dos
fumicultores do Brasil (SINDITABACO)
Na safra de 20142015 duzentos e noventa e cinco produtores familiares de
Prudentoacutepolis foram contratados pela Souza Cruz como fornecedores de fumo Para
dar suporte a esses fumicultores trabalham trecircs instrutores teacutecnicos cada qual
atuando na sua aacuterea de abrangecircncia acompanhando os mesmos associados desde
o iniacutecio ateacute o final da safra
A finalidade do instrutor teacutecnico eacute de prestar assistecircncia aos fumicultores em
todos os processos da produccedilatildeo do fumo como a definiccedilatildeo da quantidade de peacutes
de fumo que seraacute plantada a compra de insumos para produccedilatildeo a realizaccedilatildeo do
seguro da safra juntamente com a Afubra assistecircncia teacutecnica nos tratos culturais da
planta estabelecimento de estimativas de quilos de fumo que o produtor
comercializaraacute com a empresa acompanhamento na colheita secagem
classificaccedilatildeo e a venda do produto
O instrutor teacutecnico entrevistado expotildee que aleacutem da empresa Souza Cruz
outras cinco empresas6 do mesmo ramo atuam no municiacutepio com intuito de contratar
fumicultores atraveacutes do sistema integrado Menciona tambeacutem que natildeo existem
grandes conflitos concorrenciais entre essas empresas como jaacute existiu na deacutecada
de 1990 quando uma empresa fazia o maacuteximo para atrair maior quantidade de
associados Nos uacuteltimos anos cada empresa tem os seus produtores certos natildeo
6Universal Leaf Tabacos Ltda CTA ndash Continental Tobaccos Alliance One Exportadora de Fumo Ltda Premium Tabacos do Brasil SA e a A Japan Tabacco Inc (JTI)
77
existindo alto niacutevel de migraccedilatildeo desses entre as empresas uma vez que todas
trabalham no mesmo sistema e os preccedilos do quilo de fumo satildeo tabelados
A logiacutestica de transporte do fumo da residecircncia do produtor ateacute a usina de
beneficiamento da Souza Cruz eacute terceirizada sendo que no municiacutepio satildeo trecircs
transportadoras credenciadas pela empresa A proacutepria Souza Cruz natildeo possui
depoacutesitos de armazenamento de fumo em Prudentoacutepolis Desse modo as trecircs
transportadoras credenciadas satildeo responsaacuteveis por fazer o recolhimento da
produccedilatildeo direto do depoacutesito do produtor A transportadora coleta o fumo nas
propriedades dos fumicultores com um caminhatildeo de menor porte e no barracatildeo da
proacutepria transportadora eacute feito o transbordo para as carretas que seguem ateacute a usina
de beneficiamento
Como na assistecircncia teacutecnica cada transportadora tambeacutem tem uma regiatildeo de
abrangecircncia para recolher o fumo A produccedilatildeo que sai dos depoacutesitos dos produtores
jaacute estaacute 100 assegurada caso aconteccedila imprevistos com a viagem Apoacutes a
descarga do fumo na usina de beneficiamento a transportadora utiliza o mesmo
frete para trazer os insumos agriacutecolas para a proacutexima safra
Apesar de possuir uma usina de processamento de fumo no municiacutepio de Rio
Negro no Paranaacute a produccedilatildeo do municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute enviada para a usina
de BlumenauSC pois a usina de Rio Negro tem capacidade de atender somente agrave
produccedilatildeo da regiatildeo Oeste e Sudoeste paranaense e tambeacutem do ponto de vista
logiacutestico eacute mais viaacutevel enviar a produccedilatildeo de Prudentoacutepolis para Blumenau
A partir de dados da Afubra da Souza Cruz e dos dados de campo foi
construiacutedo um fluxograma para exemplificar as etapas em que o fumo produzido no
municiacutepio de Prudentoacutepolis passa ateacute chegar ao consumidor
78
FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR
Fonte Souza Cruz e AFUBRA 2014
Org VILCZAK A 2015
41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES
As informaccedilotildees que seratildeo apresentadas a seguir dizem respeito a sessenta
famiacutelias entrevistadas e que satildeo contratadas pela empresa fumageira Souza Cruz
no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR
As famiacutelias entrevistadas residem em seis diferentes localidades do municiacutepio
de Prudentoacutepolis sendo elas Comunidade da Linha Dezembro Comunidade da
Linha Visconde de Guarapuava Comunidade da Linha Marcondes Comunidade da
Linha Barra Vermelha Comunidade da Linha Antocircnio Olinto e Comunidade da Linha
Tira Cisma (figura 8) Para localizar esses fumicultores os instrutores teacutecnicos da
Souza Cruz forneceram uma listagem de todos os produtores e de sua respectiva
localidade de residecircncia Cabe destacar que as entrevistas natildeo foram direcionadas e
nem realizadas com a presenccedila desses instrutores
79
FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS
A seleccedilatildeo das localidades foi feita levando-se em conta a maior concentraccedilatildeo
de produtores de fumo e a maior acessibilidade em relaccedilatildeo agrave aceitaccedilatildeo dos mesmos
em responderem os questionaacuterios
Para a realizaccedilatildeo das entrevistas fez-se necessaacuterio o auxiacutelio de um agente
comunitaacuterio que tinha maior contato com os fumicultores para que os mesmos
pudessem responder o questionaacuterio com maior seguranccedila Recorreu-se a esse
meacutetodo pelo fato de alguns fumicultores convidados a participar da entrevista natildeo
ficarem tranquilos suspeitando que se tratasse de uma pesquisa que natildeo favorecia
aos ideais deles uma vez que possuem ldquomedordquo de certas campanhas
governamentais que incentivam o fim do plantio do fumo
As primeiras entrevistas foram realizadas na Linha Dezembro Linha Visconde
de Guarapuava e Linha Marcondes sendo que as mesmas foram conduzidas
juntamente com a agente comunitaacuteria Gabriela Strechar (residente na Linha
Visconde de Guarapuava) e contabilizou um total de 19 fumicultores Na Linha Barra
Vermelha Linha Antocircnio Olinto e Linha Tiram Cisma foram realizadas 41 entrevistas
80
com a ajuda da agente comunitaacuteria Adriana Kutzmy moradora da Linha Barra
Vermelha e que tambeacutem tem grande conhecimentos sobre essas localidade e
moradores
As entrevistas foram realizadas nos meses de novembro e dezembro de
2015 periacuteodo da colheita do fumo A escolha desse periacuteodo para a coleta de dados
possibilitou conhecer a realidade de cada famiacutelia com relaccedilatildeo agraves formas de
produccedilatildeo colheita transporte e secagem das folhas de fumo
Caracterizaccedilatildeo das famiacutelias
a) Escolaridade feminina e masculina por faixa etaacuteria
Para a coleta de dados dessa variaacutevel foram levados em consideraccedilatildeo
somente as mulheres e homens que vivem nas unidades de produccedilatildeo familiar isto eacute
pessoas que migraram para as cidades e aquelas que se casaram e permanecem
no meio rural natildeo seratildeo contemplados nos quadro 13 e 14
Dentre as sessenta famiacutelias entrevistadas contabilizou-se um total de
duzentos e vinte e cinco membros que residem nas unidades de produccedilatildeo familiar
sendo cento e nove mulheres e cento e dezesseis homens
81
Faixa etaacuteria
S idade
escolar
S escolar idade
Ateacute o 5ordm ano
Do 6ordm ao 9ordm ano
Ensino meacutedio
Incompleto
Ensino meacutedio
completo
Ensino Superior
Cursos teacutecnicos
Total de
mulheres
0 - 05 anos 10 - 01 - - - - - 11
05 - 10 anos
- - 04 - - - - - 04
11 ndash 20 anos
- - 05 09 01 05 01 - 21
21 ndash 30 anos
- - 08 - 12 - 01 21
31 ndash 40 anos
- - 06 06 - 01 - - 13
41 ndash 50 anos
- - 14 06 - - - - 20
51 ndash 60 anos
- - 12 - - 01 - - 13
Acima de 61
- 01 04 - - 01 - - 06
Total 10 01 46 29 01 20 01 01 109
Percentual ()
09 01 43 27 01 17 01 01 100
QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Com relaccedilatildeo agraves mulheres entrevistadas pode-se notar um baixo grau de
escolarizaccedilatildeo dentre aquelas que possuem mais de 40 anos as quais no maacuteximo
tecircm ensino fundamental completo exceto uma senhora que estaacute na faixa etaacuteria de
51 a 60 anos e que possui ensino meacutedio completo e que era professora das seacuteries
iniciais Nota-se tambeacutem a existecircncia de duas famiacutelias com filhas cursando
universidade e curso teacutecnicos no periacuteodo da noite sendo que as mesmas trabalham
durante o dia na propriedade inclusive na produccedilatildeo de fumo
82
Todas as filhas dos fumicultores em idade escolar estatildeo matriculadas nas
suas respectivas seacuteries de ensino Na faixa etaacuteria de 21 a 30 anos a maioria tem o
ensino meacutedio completo e natildeo demonstra pretensotildees de fazer curso superior nos
proacuteximos anos
Apesar da baixa escolaridade somente uma pessoa entrevistada e que tem
mais que 61 anos de idade nunca frequentou uma escola
De acordo com as entrevistas percebe-se que grande parte das mulheres
quando terminam o ensino meacutedio migra para alguma cidade com pretensotildees de
estudar ou trabalhar
Faixa etaacuteria
S idade
escolar
S escolar idade
Ateacute o 5ordm ano
Do 6ordm ao 9ordm ano
Ensino meacutedio
Incompleto
Ensino meacutedio
completo
Ensino Superior
Cursos teacutecnicos
Total de homens
0 - 05 anos 09 - - - - - - - 09
05 - 10 anos
- - 08 - - - - - 08
11 ndash 20 anos
- - 05 07 07 03 - - 22
21 ndash 30 anos
- - - 02 03 13 01 - 19
31 ndash 40 anos
- 01 08 06 - 05 01 03 24
41 ndash 50 anos
- - 11 - - - - - 11
51 ndash 60 anos
- - 18 - - - - - 18
Acima de 61
- - 05 - - - - - 05
Total 09 01 55 15 10 21 02 03 116
Percentual ()
07 01 47 13 09 18 02 03 100
QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO
Fonte Pesquisa de campo (2015)
83
No universo masculino da mesma forma que no feminino percebe-se que as
menores escolaridades estatildeo entre aqueles que possuem mais de 40 anos de idade
Um entrevistado que possui entre 31 e 40 anos cursou trecircs anos no ensino
superior poreacutem alega que natildeo tem pretensotildees em curto prazo em concluir ou
trabalhar fora da propriedade devido a melhor qualidade de vida que pode ter em
relaccedilatildeo agrave cidade Nessa mesma faixa etaacuteria (31 a 40 anos) trecircs homens
frequentaram cursos teacutecnicos sendo que dois concluiacuteram teacutecnico em agropecuaacuteria e
um teacutecnico florestal
Um homem entre 21 e 30 anos concluiu haacute dois anos o curso superior em
contabilidade afirmou que jaacute trabalhou na sua aacuterea de formaccedilatildeo mas que nesse
ano decidiu trabalhar na produccedilatildeo de fumo poreacutem tem pretensotildees de voltar a
trabalhar na aacuterea de formaccedilatildeo
b) Estrutura familiar
Para a coleta de dados correspondente agrave variaacutevel apresentada no quadro 15
tambeacutem foram levadas em consideraccedilatildeo somente as pessoas que vivem na unidade
familiar Dessa forma a quantidade de membros que compotildee as famiacutelias
entrevistadas natildeo eacute numerosa apresentando a maior porcentagem de famiacutelias
compostas por trecircs e quatro pessoas (30 e 42) Aquelas com mais de cinco
membros correspondem na sua maior parte por famiacutelias onde os pais da esposa ou
do marido estatildeo vivendo juntos
Nuacutemero total dos
membros das famiacutelias
Nordm de famiacutelias Nuacutemero total de membros
Percentual ()
Um membro 0 0 0
Dois membros 6 12 10
Trecircs membros 18 54 30
Quatro membros 25 100 42
Cinco membros 07 35 12
Seis membros 04 24 6
84
Total 60 225 100
QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Os dados sobre as famiacutelias em que pelo menos um dos membros migrou para
alguma cidade com intuito de trabalhar estudar ou trabalhar e estudar estatildeo
apresentados na tabela abaixo
TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE
Motivos da migraccedilatildeo Nordm de famiacutelias Percentual () Somente estudar (cursos teacutecnicos Universidade)
9 15
Estudar (cursos teacutecnicos Universidade) e Trabalho
14 23
Somente trabalhar 6 10 Nenhum membro migrou
para a cidade 31 52
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)
Nota-se que 48 das famiacutelias entrevistadas tiveram pelo menos um membro
que migrou para a cidade com objetivo de estudar ou trabalhar Os que relataram
que a migraccedilatildeo foi com intuito de estudar afirmam que os estudos estatildeo
relacionados a cursos teacutecnicos e universitaacuterios como jaacute expostos acima
Vale lembrar a existecircncia de famiacutelias em que os filhos ainda natildeo estatildeo em
idades suficientes para fazer um curso teacutecnico ou universidade ou seja nos
proacuteximos anos provavelmente haveraacute um percentual maior de jovens saindo do
campo com intuito de estudar ou trabalhar em outras atividades com maiores
oportunidades que a produccedilatildeo de fumo
Esse processo migratoacuterio da populaccedilatildeo rural para o urbano no caso dos
fumicultores entrevistados pode estar relacionado com aquilo exposto por (2014)
segundo o qual atualmente nas regiotildees rurais brasileiras a migraccedilatildeo jaacute natildeo eacute mais
um processo em que as condiccedilotildees ldquopor mais pobreza que existamrdquo estatildeo
expulsando as pessoas do campo mas sim um movimento que ocorre quando
existem fatores de atraccedilatildeo no meio urbano Poreacutem natildeo devemos desprezar que
nesse processo tambeacutem estatildeo embutidos outros fatores como os culturais e ateacute
85
pessoais ou seja o que se passa pela cabeccedila das pessoas natildeo somente dessas
que vivem no rural e estatildeo indo para a cidade mas tambeacutem daquelas que jaacute vivem
em cidades de menor porte e migram para grandes centros urbanos Contudo essas
questotildees de ordem cultural e pessoal escapam aos objetivos desta pesquisa
Condiccedilatildeo do fumicultor
TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA
Anos Nordm de famiacutelias Percentual ()
0 ndash 5 anos 0 0
6 ndash 10 anos 4 6
10 ndash 15 anos 12 20
15 ndash 20 anos 16 27
21 ndash 25 anos 12 20
26 ndash 30 anos 10 17
Mais de 30 anos 6 10
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
O periacuteodo de tempo com maior expressividade em que esses agricultores
familiares estatildeo envolvidos na atividade fumageira variam em torno de 10 a 30 anos
Nenhuma famiacutelia entrevistada comeccedilou a produzir fumo nos uacuteltimos cinco anos
Esse fato vai ao encontro de dados mais gerais da Afubra (2015) demonstrando
que entre o ano de 2010 e 2014 o nuacutemero de famiacutelias produtoras de fumo caiu de
185160 para 162410
Esse fato estaacute relacionado principalmente agrave migraccedilatildeo de jovens para as
cidades e pelo fato dos casais mais novos que possuem filhos com idades
insuficientes para trabalhar na atividade fumageira buscarem se promover
economicamente atraveacutes de outras atividades
A queda do nuacutemero de famiacutelias na fumicultura nos uacuteltimos anos tambeacutem estaacute
relacionada com a maior escolaridade das pessoas que vivem no rural pois esses
estatildeo se dedicando a atividades selecionadas por eles como mais oportunas eou
mais competitivas Aqui natildeo podemos desconsiderar tambeacutem a opccedilatildeo das famiacutelias
86
natildeo entrarem na atividade fumageira pelas questotildees da sauacutede (contato com
agrotoacutexicos e doenccedila da folha verde)
TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
Nordm de famiacutelias Percentual ()
Pela renda e venda garantida
12 20
Pouca disponibilidade de terras
06 10
Pela renda venda garantida e pouca terra
35 58
Falta de outras opccedilotildees de atividade agropecuaacuteria
07 12
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Das famiacutelias entrevistadas 58 declararam que optam pela produccedilatildeo de
fumo por trecircs motivos principais a renda a garantia de venda e a pouca aacuterea de
terra que possuem Jaacute para 20 das famiacutelias entrevistadas os principais motivos
estatildeo na geraccedilatildeo de renda e venda garantida
As famiacutelias que natildeo declararam a pouca quantidade de terra como empecilho
para a realizaccedilatildeo de outra atividade que substitua por completo a produccedilatildeo de fumo
mencionam que plantam o fumo devido agrave renda e que como estatildeo inseridos na
cadeia produtiva de gratildeos que eacute mecanizada sobra matildeo de obra para trabalhar
com o fumo Esses exemplos demonstram que os agricultores familiares produzem
para maximizar os lucros e crescer economicamente da mesma forma que os
grandes proprietaacuterios como exposto no paradigma da agricultura familiar
A falta de outras atividades agropecuaacuterias tambeacutem foi mencionada por 12
das famiacutelias entrevistadas pois apesar de existir outros tipos de cultivo no municiacutepio
como por exemplo a produccedilatildeo de verduras de morangos de pepinos e de ervas
medicinais essas famiacutelias declararam que esses cultivos natildeo geram uma renda por
hectare como o fumo Uma fumicultora entrevistada na Linha Marcondes comenta
Eu ldquoplantava as coisasrdquo para a merenda escolar aqui da escola [] noacutes tinha que comprar as sementes e tudo o que precisava pra produzir essas verduras [] quando levava na escola ficavam colocando defeito na minha produccedilatildeo [] queriam que eu levasse todo dia dez peacutes de alface na escola [] que lucro eu ia ter ir todo dia na escola levar soacute dez peacutes de alface E
87
ainda recebia soacute depois de 40 dias que entreguei a produccedilatildeo e ainda agraves vezes atrasava [] O fumo eacute muito cansativo soacute que a gente natildeo precisa ficar se humilhando pra comprar a produccedilatildeo da gente a firma leva tudo seja o melhor fumo seja o pior
A fumicultora retrata que apesar do trabalho na produccedilatildeo de fumo ser mais
cansativa que outras atividades o fato de se ter a venda garantida de toda a
produccedilatildeo compensa as desvantagens
TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS
Quantidades de peacutes de fumo
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
25000 - 30000 peacutes 14 23
31000 ndash 50000 peacutes 26 44
51000 ndash 70000 peacutes 05 08
71000 ndash 90000 peacutes 07 12
91000 ndash 120000 peacutes 05 08
121000 -140000 peacutes 03 05
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)
Dentre as famiacutelias entrevistadas a quantidade miacutenima de produccedilatildeo eacute de
25000 peacutes e a maacutexima de 140000 peacutes poreacutem a maior concentraccedilatildeo estaacute ente
31000 e 50000 peacutes A quantidade de peacutes que satildeo plantados estaacute relacionada agrave
matildeo de obra disponiacutevel uma vez que esses fumicultores antes de planejar a
proacutexima safra levam em consideraccedilatildeo primeiramente a relaccedilatildeo entre a quantidade
de matildeo de obra disponivel com a quantidade de peacutes de fumo De acordo com o
instrutor teacutecnico da Souza Cruz uma pessoa consegue produzir em meacutedia 20000
peacutes de fumo por safra (usando matildeo de obra de terceiros somente para os dias de
colheita)
Condiccedilatildeo das terras usadas pelos fumicultores entrevistados
88
TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS
Condiccedilatildeo da terra Nordm de famiacutelias Percentual ()
Somente terra proacutepria 33 55
Terra proacutepria e arrendada 22 37
Somente terras arrendadas 05 08
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Para coletar esses dados foi levado em consideraccedilatildeo o total das terras
usadas pelos fumicultores independentemente da cultura plantada aleacutem do fumo
Desse modo nota-se que a grande maioria possui terras proacuteprias (92) sendo que
55 cultivam somente em terras proacuteprias e 37 aleacutem das terras proacuteprias arrenda
com intuito de aumentar a produccedilatildeo tanto de fumo como de gratildeo e outros Existem
8 que natildeo possuiacuteam terras proacuteprias e que necessitam arrendar para produzir o
fumo
TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES
Somente terra proacutepria Nordm de famiacutelias Porcentagem ()
Ateacute 5 hectares 11 20
6 a 10 hectares 14 25
11 a 15 hectares 8 15
16 a 20 hectares 6 11
21 a 25 hectares 6 11
26 a 30 hectares 2 04
31 a 40 hectares 4 07
Mais de 40 hectares 4 07
Total 55 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Dos sessenta fumicultores entrevistados cinco natildeo possuem terras proacuteprias
E dos cinquenta e cinco que possuem a maior porcentagem de famiacutelias tem ateacute 15
hectares Nesse sentido esses nuacutemeros satildeo compatiacuteveis com os dados mais gerais
da regiatildeo Sul do Brasil onde a maior concentraccedilatildeo de famiacutelias possui ateacute 20
89
hectares de terra (AFUBRA 2015) A aquisiccedilatildeo das terras foi principalmente por
heranccedila e em parcelas menores atraveacutes de compra
Formas de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria das unidades familiares dos fumicultores
entrevistados
Este item refere-se aos tipos de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria que aleacutem do fumo
trazem renda para a unidade de produccedilatildeo familiar Com base nos dados de campo
verificam-se nas propriedades aleacutem da produccedilatildeo do fumo as produccedilotildees de feijatildeo
milho soja erva-mate e a produccedilatildeo de leite
TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES
Tipo de produccedilatildeo
agropecuaacuteria Nuacutemeros de famiacutelias Percentual ()
Somente fumo 20 33 Fumo e soja 06 10
Fumo soja feijatildeo e milho 20 33 Fumo Soja milho e leite 03 5 Fumo feijatildeo milho e erva-
Mate 11 19
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
De acordo com os dados expostos 33 dos entrevistados afirmam que a
produccedilatildeo da propriedade com pretensatildeo de venda eacute somente o fumo outros 33
aleacutem do fumo produzem soja e feijatildeo seguidos de 19 que se dedicam agrave produccedilatildeo
de fumo feijatildeo milho e erva-mate e menos de 5 declarar produzir para a venda o
fumo a soja o milho e o leite
Nesse sentido 67 dos entrevistados diversificam a produccedilatildeo com intuito de obter
mais fontes de renda Poreacutem alegam que a maior renda por aacuterea plantada vem da
produccedilatildeo de fumo
A produccedilatildeo de eucaliptos (figura 9) tambeacutem eacute bastante comum nas
propriedades pois eacute fonte de energia para a secagem das folhas do fumo Nas
estufas tradicionais o uso de lenha eacute muito maior que nas estufas eleacutetricas
90
FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO
Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2016)
A figura 9 exemplifica uma propriedade de fumicultor que produz a soja para
venda e eucalipto para a secagem do fumo A imagem da esquerda representa a
lavoura de um fumicultor na linha dezembro com produccedilatildeo de soja e ao fundo
notam-se plantaccedilotildees de eucaliptos para usar na secagem das folhas de fumo Na
imagem da direita tambeacutem pode ser vista a lavoura de fumo e ao fundo plantaccedilotildees
de eucaliptos
A erva-mate tambeacutem serve como fonte de renda dos fumicultores sendo que
em aacutereas de faxinal7 os peacutes de erva-mate formam mantidos e outros espaccedilos
usados para o cultivo de soja ou feijatildeo como demonstrado na figura 10 Em algumas
propriedades a erva-mate natildeo eacute nativa e foi plantada nos uacuteltimos anos em escalas
maiores devido agrave rentabilidade
7Por faxinal entende-se as terras tradicionalmente ocupadas para o uso comum de pastagens e florestas no Paranaacute que designam situaccedilotildees em que a produccedilatildeo familiar de acordo com suas possibilidades combina apropriaccedilatildeo privada e coletiva dos recursos naturais (HAURESKO C 2012)
91
FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE
Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2015)
Aleacutem da produccedilatildeo com pretensatildeo de venda nas propriedades visitadas
tambeacutem nota-se a presenccedila da produccedilatildeo para autoconsumo da famiacutelia Essas
alegam que produzem certos produtos para diminuir os gastos com mercado e por
produzirem de acordo com suas preferecircncias alimentares Apenas 6 dos
entrevistados natildeo produzem nada para autoconsumo alegando que comprar sai
mais barato que produzir
TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE
Produccedilatildeo para autoconsumo
Nuacutemero de famiacutelias Percentual ()
Horta 08 13 Horta criaccedilatildeo de galinhas e
porcos 16 27
Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos feijatildeo e milho
07 12
Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos e criaccedilatildeo gado (corte
e leite) feijatildeo e milho
25 42
Nenhuma produccedilatildeo para auto consumo
04 6
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
Sobre a produccedilatildeo de feijatildeo para autoconsumo alguns produtores
mencionam que produzem separadamente o feijatildeo para a venda do feijatildeo para
92
consumo da famiacutelia afirmando que no feijatildeo para venda satildeo aplicados dessecantes
para acelerar o periacuteodo de colheita e no feijatildeo que eacute para o consumo natildeo utilizam
essa praacutetica Esse fato natildeo eacute raro no municiacutepio acontecendo tanto nas pequenas
propriedades como nas grandes Isso demonstra que os agricultores familiares estatildeo
interessados no lucro de sua produccedilatildeo e natildeo tecircm muita preocupaccedilatildeo com as
praacuteticas que os ambientalistas e produtores orgacircnicos qualificam como sustentaacuteveis
Dessa forma eacute desnecessaacuteria a visatildeo dualista ente pequenos e grandes produtores
agriacutecolas concordando entatildeo com Diniz Filho (2011) quando escreve o texto
intitulado Agricultura familiar e meio ambiente o perigo da simplificaccedilatildeo ideoloacutegica
mencionando que organizaccedilotildees como CNBB e MST buscam toda sorte de
argumentos para contrapor o agronegoacutecio agrave agricultura camponesa afirmando que o
agronegoacutecio destroacutei a natureza por estar preocupado com lucros ao passo que os
agricultores familiares tenderiam a usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis porque
buscam somente reproduzir seu modo de vida
A produccedilatildeo de animais como vacas de leite boi para engorda criaccedilatildeo de
porcos e galinhas tambeacutem eacute comum entre os produtores de fumo como mostra a
figura 11
FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
93
Portanto conforme afirma Ternoski (2013) a renda agriacutecola dos
estabelecimentos familiares eacute composta da venda de produtos agropecuaacuterios e de
autoconsumo O autoconsumo eacute a quantidade que a famiacutelia consome em produtos
que produz no estabelecimento podendo ser de origem animal ou vegetal como
tambeacutem da transformaccedilatildeo caseira ou seja esses produtos complementam a renda
dos agricultores pelo fato de natildeo precisarem ser comparados pois se destinados ao
mercado podem gerar receita
Acesso a tecnologias e ao creacutedito agriacutecola
TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES
Nordm de famiacutelias Percentual () Possui uma estufa eleacutetrica 54 90
Natildeo possui estufa eleacutetrica 6 10
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
A Grande maioria dos fumicultores (90) possui em sua propriedade a estufa
eleacutetrica Essas famiacutelias afirmam que quando mudaram da estufa tradicional para a
eleacutetrica os trabalhos com matildeo de obra diminuiacuteram bastante pois para secar o fumo
na estufa eleacutetrica natildeo eacute necessaacuterio amarrar as folhas de fumo como demonstra a
figura 12 Jaacute nas estufas tradicionais em que a secagem natildeo eacute eleacutetrica a
quantidade de matildeo de obra exigida eacute bem maior como demonstrado na figura 13
As famiacutelias que natildeo possuem estufa eleacutetrica mencionam que natildeo pretendem
produzir por muito tempo o fumo desse modo natildeo seria viaacutevel adaptar ao sistema
eleacutetrico Nas propriedades onde a produccedilatildeo eacute maior de 70000 peacutes existem duas
estufas (figura 14)
94
FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO
Fonte Vilczak A Trabalho de campo (2016)
FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS
95
Fonte KUTZMY A Trabalho de campo (2015)
FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)
TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO
Bens adquiridos Nordm de famiacutelias Percentual ()
Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e terras no espaccedilo rural
20 33
Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e
terreno na cidade
6 10
Casa carro e terra 4 7
Carro casa trator e implementos agriacutecolas
26 43
Somente carro e casa 4 7
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
A partir dos dados acima pode-se notar que todos os entrevistados
conseguiram adquirir bens de capital considerados de grande importacircncia como
terrenos trator implementos agriacutecolas casa lotes no periacutemetro urbano entre outros
bens de menor importacircncia como eletrodomeacutesticos aleacutem dos reparos feitos na
96
propriedade que natildeo foram contabilizados pela pesquisa apesar de mencionados
pelos entrevistados As figuras 15 e 16 satildeo de algumas propriedades de produtores
de fumo entrevistados propriedades essas com casas de alvenaria galpatildeo e carro
Desse modo concorda-se com a tese de doutoramento de Manuel Antonio
Nunguiacutea Payas intitulada Empresaacuterio familial rural a integraccedilatildeo agrave agroinduacutestria de
fumo e diferenciaccedilatildeo em que o autor faz um estudo sobre a produccedilatildeo de fumo no
municiacutepio de Rio AzulPR mencionando que os fumicultores integrados estudados
por ele tiveram um aumento no patrimocircnio e que esses natildeo estatildeo inseridos na
produccedilatildeo somente para satisfaccedilatildeo das necessidades de sobrevivecircncia familiar mas
sim agindo no mercado como empresaacuterios investindo o seu capital nas atividades
com expectativa de maiores lucros e menores riscos ou seja analisando o custo de
oportunidade de cada cultura Nesse sentido para o autor o produtor familiar
integrado eacute um empresaacuterio que apresenta como principal caracteriacutestica a matildeo de
obra e propriedade familiares
FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)
97
FIGURA 16 - BENS ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)
A produccedilatildeo de fumo apesar de ser considerada pelos proacuteprios fumicultores
como uma atividade que exige muita matildeo de obra representou melhoria na
qualidade de vida deles pois grande parte das famiacutelias entrevistadas conseguiu
adquirir bens materiais como terras lotes no periacutemetro urbano casa carro trator
entre outros de menor valor bens esses dificilmente adquiridos somente com
atividades agriacutecolas tradicionais como milho feijatildeo e outros A explicaccedilatildeo para que
esses agricultores familiares escolham primeiramente a produccedilatildeo de fumo e natildeo a
produccedilatildeo de alguma cultura tradicional desenvolvida com grande representatividade
no municiacutepio desde a segunda metade do seacuteculo XIX estaacute no custo de
oportunidade dessa cultura Os fumicultores avaliam primeiramente os ganhos
econocircmicos que essa cultura proporciona em relaccedilatildeo agrave quantidade de terras
disponiacutevel em suas propriedades eou por meio de arrendamento
Outro fato que exemplifica a melhoria da qualidade de vida dos fumicultores
pode ser observado no proacuteprio municiacutepio A regiatildeo Norte de Prudentoacutepolis eacute
caracterizada pela produccedilatildeo de culturas tradicionais sendo que na grande maioria
das vezes essas lavouras satildeo realizadas manualmente devido agrave topografia muito
acentuada 8 Essa regiatildeo eacute considerada como menos desenvolvida que a regiatildeo
central e Sul devido agrave baixa produtividade por unidades familiares
Isso natildeo significa que se esteja afirmando aqui que a soluccedilatildeo econocircmica para
os produtores familiares da regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis seria a
8Atividades agriacutecolas consideradas muitas vezes mais penosas que a proacutepria produccedilatildeo de fumo pois esses agricultores carregam sacas de feijatildeo e de espigas de milho nas proacuteprias costas em terrenos muito iacutengremes aleacutem do plantio e dos tratos culturais realizados manualmente ou com traccedilatildeo animal
98
opccedilatildeo pelo cultivo do fumo Apenas constata-se que a inserccedilatildeo dos pequenos
produtores nos mercados e culturas mais seguras economicamente lhes proporciona
uma melhora econocircmica ao passo que tambeacutem o uso de aparatos tecnoloacutegicos
contribui para o aumento da produtividade e consequentemente ganhos monetaacuterios
maiores
Concorda-se com Schultz (1965) quando defende que a eficiecircncia e a
maximizaccedilatildeo do lucro satildeo partes de um sistema econocircmico eficiente e racional
Esse autor considera que todos os agricultores capitalizados ou de subsistecircncia
analisam a relaccedilatildeo entre a entrada de insumos e os resultados econocircmicos da
mesma maneira que os empresaacuterios modernos sendo o produtor um maximizador
de lucros em busca da eficiecircncia econocircmica
Nesse sentido a modernizaccedilatildeo da agricultura e a expansatildeo dos mercados
contribuiacuteram para de um lado expropriar algumas unidades de produccedilatildeo familiar e
de outro transformar agricultores familiares em empresaacuterios rurais com dependecircncia
tecnoloacutegica e financeira do mercado neste caso prevalecendo agrave racionalizaccedilatildeo
econocircmica e o objetivo principal da unidade de produccedilatildeo passando a ser a inserccedilatildeo
no mercado e a ampliaccedilatildeo dos lucros
TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO)
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
Utiliza Frequentemente essa linha de creacutedito
36 60
Utilizou algumas vezes mas natildeo utiliza mais
5 8
Nunca utilizou esse tipo de creacutedito
19 32
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
A grande maioria dos produtores entrevistados (60) utiliza a linha de creacutedito do
PRONAF tanto o custeio agriacutecola como tambeacutem o PRONAF investimento O
PRONAF custeio estaacute ligado agrave produccedilatildeo de gratildeos (soja milho feijatildeo) e o PRONAF
investimento estaacute voltado para a compra de trator implementos agriacutecolas
99
(plantadeiras carretas pulverizadores) e tambeacutem para investimentos com a
produccedilatildeo leiteira (ordenhadeiras e resfriadores)
Os fumicultores que aderiram ao PRONAF mencionam que o creacutedito agriacutecola
possibilitou a compra de trator e a carreta para o transporte do fumo da lavoura para
a estufa preparo do solo aplicaccedilatildeo de agrotoacutexicos etc aquisiccedilatildeo essa impossiacutevel
com pagamento agrave vista A figura 17 mostra tratores e carretas adquiridos por um
fumicultor morador da Linha Dezembroe por um da Comunidade de Linha Antocircnio
Olinto atraveacutes do PRONAF e conforme relata o fumicultor da Comunidade de Linha
Dezembro
Para noacutes o PRONAF eacute bom que financiamos o trator e outros maquinaacuterios [] antes tinha que trazer o fumo com carroccedila e cavalos agraves vezes os bichos ficavam doente na safra agraves vezes morriam [] agora com o trator e a carreta daacute pra trazer mais fumo da roccedila [] para noacutes deu uma grande diferenccedila (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)
FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
O fumicultor da Linha Dezembro relata que adquiriu o trator no ano de 2011
dando como entrada R$ 10000 teve carecircncia de pagamento por dois anos (2012 e
2013) e o restante do valor seraacute quitado entre 2014 e 2019 com parcelas anuais
entre R$ 9000 e R$ 8000 O mesmo comenta que com o dinheiro do fumo
consegue pagar as parcelas nas datas certas para o banco
Os agricultores que possuem trator fazem trabalhos terceirizados para
aqueles que natildeo possuem obtendo assim uma renda extra durante o ano O
fumicultor da Linha Dezembro afirma tambeacutem que a linha de creacutedito do PRONAF
100
trouxe melhora nas condiccedilotildees de trabalho e financeiras pois aumentaram a
produccedilatildeo e a produtividade
Aqueles que mencionaram terem usado a linha de creacutedito do PRONAF mas
que atualmente natildeo usam mais satildeo aqueles que jaacute compraram os implementos
agriacutecolas de que necessitavam e que compram os insumos para o plantio com
pagamento agrave vista ou a prazo na cooperativa agriacutecola mista de Prudentoacutepolis
(CAMP)
Os que nunca usaram as linhas de creacutedito do PRONAF satildeo fumicultores que
tambeacutem compram com pagamento agrave vista ou a prazo por meio da CAMP para pagar
com a produccedilatildeo Jaacute os que possuem trator compram agrave vista ou de vizinhos e
parentes pagando em prestaccedilotildees anuais sem relaccedilatildeo com bancos Esses alegam
ter receio de natildeo conseguir quitar o financiamento e por isso natildeo aderem ao
PRONAF
Outra forma de transportar o fumo da lavoura para a estufa eacute atraveacutes de
caminhonetes e tambeacutem atraveacutes de carroccedilas como mostra as fotos da figura 18
FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
101
TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO
Matildeo de obra empregada na atividade fumageira
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
Somente matildeo de obra familiar
4 7
Contrataccedilatildeo de matildeo de obra em todo o periacuteodo da safra
0 0
Contrataccedilatildeo de matildeo de obra somente para a colheita
18 30
Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras em todo o periacuteodo da safra
8 13
Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras
somente para a colheita
30 50
Total 60 100
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Nota-se que 63 das famiacutelias usam o sistema de trocas de dias para a
produccedilatildeo de fumo poreacutem 50 desses fazem parcerias somente nos dias de
colheita os quais variam entre um dia e meio a dois dias Essa parceria eacute feita para
natildeo contratar matildeo de obra poreacutem esses fumicultores tecircm um controle da quantidade
dos dias trocados entre eles e no final da safra aquele que estiver devendo horas
trabalhadas acerta em dinheiro conforme o valor da diaacuteria paga para colheita a qual
estaacute em torno de 100 a 120 reais
O tempo de secagem das folhas de fumo na estufa varia entre cinco e seis
dias Apoacutes secas essas folhas precisam ficar mais um dia dentro da estufa para
esfriar ou seja o periacuteodo entre o dia da colheita e o dia de tirar as folhas de fumo da
estufa varia de oito a dez dias e a quantidade meacutedia de colheitas por safra eacute entre
seis e oito
Nesse sentido os meses de novembro dezembro janeiro e parte de fevereiro
satildeo de trabalho intenso motivo pelo qual muitos dos entrevistados afirmam que a
desvantagem de produzir o fumo estaacute relacionada ao trabalho intenso nesses
meses
As famiacutelias com mais de quatro membros com idade suficiente (18 anos) para
estarem envolvidos na produccedilatildeo de fumo alegam que conseguem vencer
tranquilamente os trabalhos somente com a matildeo de obra familiar e que raramente
102
contratam matildeo de obra para a colheita (figura 19) Nessa perspectiva trabalham
intensamente nos dois dias de colheita e no restante dos dias (quando o fumo estaacute
secando) se dedicam a outras atividades da propriedade
FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO
Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)
Tipos de famiacutelias Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Famiacutelia com apenas um
membro aposentado 10 17
Famiacutelia com dois membros aposentados
8 13
Famiacutelia com membro que recebe bolsa famiacutelia
5 8
Famiacutelia sem nenhum membro que recebe repasse social
37 62
Total 60 100 QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Os dados mostram que 62 das famiacutelias entrevistadas natildeo se beneficiam de
repasses sociais jaacute 17 das famiacutelias satildeo compostas por um membro que recebe
aposentadoria e 13 delas com dois membros aposentados Esses aposentados
natildeo satildeo os responsaacuteveis pela produccedilatildeo de fumo da famiacutelia poreacutem muitos alegam
que ajudam em tarefas consideradas por eles leves como a classificaccedilatildeo das folhas
do fumo jaacute que eacute realizada em ambientes protegidos das intempeacuteries e sentados
Uma parcela de 8 se beneficia do bolsa famiacutelia poreacutem alegam que esse valor
mesmo ajudando nas necessidades dos filhos natildeo eacute a maior parte da renda familiar
103
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos 0 0 Sempre tem problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina ( doenccedila da folha verde) (
acircnsia vocircmitos e mal estar)
25
42
Jaacute teve problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina
(doenccedila da folha verde) ( acircnsia vocircmitos e mal-estar)
16
27
Nunca teve problemas de sauacutede relacionados agrave
produccedilatildeo de fumo
19
31
Total 60 100 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Ao perguntar sobre intoxicaccedilatildeo dos fumicultores por agrotoacutexicos nenhuma
famiacutelia alegou ter acontecido esse fato com os membros da famiacutelia Afirmam que a
quantidade de agrotoacutexico que passam no fumo eacute menor que na soja milho e feijatildeo e
que quando vatildeo manusear agrotoacutexicos fazem o uso dos equipamentos de proteccedilatildeo
individual jaacute que diferente de outras culturas mecanizaacuteveis a pulverizaccedilatildeo do
agrotoacutexico no fumo eacute totalmente manual
Uma parcela expressiva de 69 alega que pelo menos um dos membros da
famiacutelia tem ou jaacute teve intoxicaccedilatildeo por nicotina ao realizar a colheita de fumo esses
que se apresentam de formas distintas de um indiviacuteduo para outro como acircnsia
vocircmitos mal-estar e insocircnia
Uma porcentagem menor composta por 31 das famiacutelias entrevistadas
dizem que nunca nenhum dos membros teve sintomas diferenciados apoacutes o contato
com a folha de fumo
TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO
Desvantagens da produccedilatildeo de fumo
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()
Exige muito trabalho 18 30 Exige muito trabalho e causa
problemas de sauacutede 27 45
Falta de matildeo de obra para contratar
8 13
Natildeo vecirc desvantagens em produzir fumo
7 12
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo ( 2015)
104
Dos entrevistados 30 afirmam que a principal desvantagem eacute a
intensificaccedilatildeo do trabalho principalmente nos dias de colheita e aplicaccedilatildeo de
agrotoacutexicos os quais satildeo feitos manualmente Jaacute 45 deles afirmam que a
produccedilatildeo de fumo aleacutem de exigir muito trabalho tambeacutem traz problemas de sauacutede
normalmente aqueles que satildeo mais sensiacuteveis quando em contato com a nicotina
presente nas folhas do fumo (doenccedila da folha verde)
Outra variaacutevel que 13 dos entrevistados consideram desvantagem eacute a
questatildeo da matildeo de obra visto alegarem que principalmente para aquelas famiacutelias
que satildeo compostas de trecircs a quatro membros e que normalmente produzem uma
quantidade maior que a famiacutelia consiga dar conta tecircm muita dificuldade de encontrar
pessoas disponiacuteveis para contratar tendo assim que aumentar as jornadas de
trabalho ou diminuir a produccedilatildeo
Por fim uma parcela de 12 afirma que natildeo haacute qualquer desvantagem em
produzir fumo justificando que independentemente da atividade a ser realizada
deve-se trabalhar Dentre os entrevistados quatro famiacutelias afirmam que preferem
produzir fumo porque natildeo trabalham nos finais de semana e o trabalho natildeo dura o
ano todo como ocorre na produccedilatildeo leiteira que exige o empenho diaacuterio Para esses
a produccedilatildeo de fumo permite uma flexibilizaccedilatildeo do trabalho bem maior que a
produccedilatildeo de leite Nesse sentido pode-se concluir que cada famiacutelia tem preferecircncias
distintas na escolha da atividade que vai ser desenvolvida na propriedade
TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS
Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Sempre lecirc 6 10 Agraves vezes 18 30
Jaacute leu mas natildeo lecirc mais 6 10 Nunca leu 30 50
Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)
Dentre as famiacutelias entrevistadas nota-se que a metade delas nunca leu o
contrato emitido pela Souza Cruz justificando natildeo ter interesse na leitura ou por
saber do conteuacutedo do contrato por meio de vizinhos ou do instrutor teacutecnico
105
Agraves vezes quando a gente pede o instrutor lecirc direito pra gente pois natildeo tenho muito estudo e demora de mais pra ler tudo (Fumicultor da comunidade de Linha Antocircnio Olinto) Natildeo leio porque jaacute sei o que estaacute escrito todo ano eacute igual (Fumicultor da comunidade de Linha Visconde de Guarapuava) Natildeo leio a gente confia na firma (Fumicultor da comunidade de Linha Marcondes) Leio todo o contrato mas depois que assino e que instrutor vai embora (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)
A baixa escolaridade juntamente com poucos haacutebitos de leitura satildeo os
principais fatores que geram contratos assinados sem preacutevias leituras
Expectativas das famiacutelias em permanecer na atividade fumageira
Pretensotildees Nordm de famiacutelias Percentual ()
Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo por tempo
indeterminado
35 58
Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo poreacutem
diminuir a produccedilatildeo
18 30
Pretende parar completamente com a produccedilatildeo de fumo em
pequeno prazo de tempo (1 a 3 anos)
7 12
Total 60 100
QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA
Fonte Pesquisa de campo (2015)
Conforme demonstrado na tabela acima 58 das famiacutelias pretendem
permanecer com a produccedilatildeo de fumo por tempo indeterminado Jaacute 30 delas
pretendem continuar poreacutem diminuir o volume produzido Essas 30 das famiacutelias
mencionam que querem diminuir a produccedilatildeo pela falta de matildeo de obra uma vez que
os filhos estatildeo com intenccedilatildeo de sair de casa por motivos distintos como estudar
trabalhar em outro ramo etc
Outros 7 do total dos entrevistos tecircm a intenccedilatildeo de parar de produzir fumo
nos proacuteximos trecircs anos afirmando que vatildeo migrar para setores mais competitivos
106
como a soja e o leite Outros afirmam que querem parar porque jaacute estatildeo
aposentados e os filhos pretendem trabalhar em outras atividades de modo que a
famiacutelia tende a ficar pequena demais para essa cultura
Com relaccedilatildeo agrave venda da produccedilatildeo de fumo todos os entrevistados afirmam
que vendem a produccedilatildeo para a empresa integrada poreacutem os quilos produzidos
excedentes ao contrato firmado agraves vezes satildeo vendidos para atravessadores ou ateacute
mesmo para outras empresas Os fumicultores mencionaram que no geral tecircm
uma relaccedilatildeo tranquila com a empresa poreacutem existem safras em que o preccedilo do
quilo do fumo do ponto de vista deles deveria ser maior Esse fato eacute entendido pelo
paradigma da agricultura camponesa como conflito entre a territorialidade
corporativa Souza Cruz e a territorialidade dos fumicultores pelo fato de agricultor
natildeo ter autonomia de decisatildeo do preccedilo pago por quilo do fumo existindo entatildeo certo
conflito muitas vezes ldquosilenciosordquo entre essas territorialidades
Todavia o paradigma da agricultura familiar por natildeo estar baseado em
teorias anticapitalistas explica os processos de formaccedilatildeo de preccedilos a partir de
pressupostos teoacutericos diferentes Numa economia de mercado o vendedor jamais
possui autonomia plena para decidir o preccedilo do seu produto pois satildeo os
compradores que avaliam de acordo com seus objetivos e necessidades quanto
estatildeo dispostos a pagar por um bem ou serviccedilo Mas ao mesmo tempo os
compradores tambeacutem natildeo possuem autonomia para decidir o preccedilo de um produto
ao seu bel prazer pois se o vendedor natildeo considerar a venda vantajosa deixaraacute de
produzir ou de revender o produto em questatildeo para se dedicar a outra atividade
econocircmica mais rentaacutevel No caso em pauta a Souza Cruz eacute obrigada a pagar um
preccedilo que supere o custo de oportunidade para os agricultores familiares de
produzir leite feijatildeo soja ou qualquer outro produto sob pena de a empresa perder
seus fornecedores
Nesse sentido vale recordar as informaccedilotildees apresentadas na Tabela 15 visto que
20 dos entrevistados afirmam ter escolhido produzir fumo devido agrave renda que essa
cultura oferece e tambeacutem agrave garantia de venda b) 58 responderam que essa
escolha se deu em funccedilatildeo da renda da venda garantida e tambeacutem da pouca
disponibilidade de terras em suas propriedades c) 10 citaram apenas a pouca
disponibilidade de terras como motivo para plantar fumo d) 12 afirmaram que essa
opccedilatildeo se daacute apenas pela falta de outras opccedilotildees
107
Outro fator que regula o valor pago por quilo de fumo como jaacute demonstrado no
trabalho estaacute relacionado a oferta e demanda do produto pelo mercado A safra de
20152016 eacute um exemplo na qual devido ao baixo estoque de fumo nos armazeacutens
das empresas e pela procura desse produto por parte dos consumidores o valores
pagos por quilo de fumo aumentaram fato esse notado tambeacutem em outros produtos
do setor do agronegoacutecio
Isso indica que o paradigma da agricultura familiar eacute o que se mostra coerente com
os dados da pesquisa de campo pois fica claro que os produtores familiares optam
pelo fumo em funccedilatildeo de um caacutelculo dos custos de oportunidade que considera os
fatores rentabilidade garantia de renda e disponibilidade de terra de sorte que os
preccedilos praticados pela Souza Cruz tecircm um patamar miacutenimo definido pela avaliaccedilatildeo
que os agricultores fazem desses custos E essa conclusatildeo eacute reforccedilada quando se
relembram as informaccedilotildees da Tabela 19 posto que apenas 33 dos entrevistados
se dedicam exclusivamente ao fumo enquanto os demais produzem e
comercializam tambeacutem outros tipos de produtos tais como leite soja e feijatildeo
Mais uma vez verifica-se que cada famiacutelia tem projetos distintos os quais
estatildeo intrinsecamente relacionados agrave estrutura familiar agrave disponibilidade de terras e
outros fatores gerando estrateacutegias diferenciadas para se reproduzir no campo
havendo desde aqueles produtores que vecircm na atividade fumageira o seu futuro ateacute
aqueles que pretendem migrar o mais raacutepido possiacutevel para outra atividade Nesse
sentido vemos que essas famiacutelias buscam ser competitivas nas atividades que
realizam se dedicando agravequelas que julgam mais rentaacuteveis eou combinando duas ou
mais culturas para obter mais vantagens
108
V - CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O desenvolvimento desta pesquisa baseada no estudo de caso de uma
amostragem de produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis contratados pela
empresa Souza Cruz permitiu demonstrar que os agricultores familiares
entrevistados buscam atraveacutes de suas condiccedilotildees de produtor se inserir em setores
que permitem maximizar seus lucros Portanto a realizaccedilatildeo desta pesquisa eacute
pertinente pelo fato de mostrar que os fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de
commoditie atraveacutes de uma cadeia produtiva competitiva
Dessa forma a caracterizaccedilatildeo dos fumicultores a partir dos grupos A B C e
D se justifica por apresentarem dados oficiais e sistematizados o que contribui para
natildeo generalizar os resultados somente a partir da amostragem dos fumicultores
entrevistados nos trabalhos de campo Demonstrando que no municiacutepio de
Prudentoacutepolis a maior parte dos fumicultores se aproxima daqueles agricultores
familiares do tipo A e B Ou seja aqueles capitalizados e em processo de
capitalizaccedilatildeo indicando que a cultura de fumo estaacute dentre aquelas que geram uma
taxa de pobreza menor no meio rural Essa constataccedilatildeo tambeacutem eacute notada a partir
das entrevistas de campo conforme demonstrado na Tabela 22 posto que todos os
entrevistados conseguiram com a renda do fumo adquirir bens de capital como casa
carro trator terra de cultivo lote no periacutemetro urbano aleacutem daqueles bens de capital
como os eletrodomeacutesticos
Com isso a visatildeo dualista entre agricultura familiar e agronegoacutecio natildeo eacute
compreendida com adequada nesse trabalho pelo fato de existirem muitas formas
de agricultores familiares que se aproximam ao padratildeo do agronegoacutecio como por
exemplo os fumicultores que estatildeo no grupo A e B Desse modo compreende-se
que os fumicultores entrevistados da mesma forma que a agricultura patronal
buscam atraveacutes da modernizaccedilatildeo e do uso de insumos agriacutecolas (agrotoacutexicos e
fertilizantes) meios para permanecerem integrados e competitivos no mercado
Os fumicultores estatildeo inseridos ao complexo agroindustrial fumageiro e por
conseguinte estatildeo prosperando economicamente concordando-se entatildeo com os
pressupostos teoacutericos voltados ao paradigma da agricultura familiar e com autores
como Valente (2008) Diniz (2011) e Navarro (2014) que natildeo costumam fazer uma
109
oposiccedilatildeo radical entre agricultura familiar e agronegoacutecio ao ponto de existir
conflitualidades de interesses entre ambos Ou seja conflito entre a territorialidade
coorporativa da induacutestria fumageira e a territorialidade da agricultura familiar
camponesa
Desse modo a pesquisa tambeacutem natildeo tem por objetivo afirmar que no Brasil
natildeo existam sistemas de produccedilatildeo camponesa poreacutem os dados de campo mostram
que no caso em estudo 67 dos entrevistados natildeo produzem somente fumo e que
esses estatildeo inseridos em outras cadeias produtivas como leite feijatildeo soja e milho
ou seja os fumicultores tem mais opccedilotildees poreacutem acham interessante continuar com o
fumo Esses dados natildeo satildeo diferentes do restante do Brasil natildeo generalizando
somente a partir dos entrevistados
Apesar das oscilaccedilotildees no volume produzido como tambeacutem em relaccedilatildeo ao
mercado do fumo no Brasil e consequentemente no municiacutepio de Prudentoacutepolis
conforme exposto nos capiacutetulos II e III nota-se que essa cultura proporcionou a
ascensatildeo econocircmica desses agricultores familiares sendo que muitos desses
pequenos capitalistas como jaacute mencionado conseguiram adquiri terras para entatildeo
competir nos setores de gratildeos como a soja e o milho que a competitividade eacute
melhor para grandes proprietaacuterios querendo assim dar esse salto e ao mesmo
tempo trabalhando com a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo com intuito de deixar a renda
da propriedade menos vulneraacutevel A partir desses fatos e de acordo com os
resultados dos dados de campo eacute coerente dizer que o direcionamento dos
agricultores entrevistados para o cultivo de culturas que tem maior rentabilidade
proporcionou melhoras nas condiccedilotildees econocircmicas da famiacutelia pois somente com a
lavoura tradicional e pequena criaccedilatildeo de animais natildeo seria possiacutevel conquistar bens
de capital
Nesse sentido Navarro (2014) aponta que o preccedilo dos alimentos consumidos
pelos brasileiros em termos de reais diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas devido a inserccedilatildeo
dos pacotes tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo agriacutecola que proporcionaram o aumento
da produtividade e a consequente queda do preccedilo final contribuindo para a
facilidade de acesso desses produtos por parte da populaccedilatildeo jaacute em contra partida o
custo para uma pessoa manter seu haacutebito de fumar aumentou Ou seja os
agricultores que permaneceram ou inseriram-se na produccedilatildeo de fumo tiveram um
aumento na sua rentabilidade
110
Dessa forma eacute certo que os agricultores familiares entrevistados da mesma
forma que os agricultores patronais buscam aumentar seus rendimentos uma vez
que os dados de campo mostram que uma porccedilatildeo dos fumicultores tem pretensotildees
de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou seja agem no mercado
como pequenos capitalistas Poreacutem esses agricultores ainda natildeo migram totalmente
para outras atividades por ser esta uma das poucas cadeias produtivas compatiacuteveis
com as suas condiccedilotildees de produtor Tambeacutem muitos produtores podem encontrar
dificuldades em migrar para outras culturas que exigem maiores recursos
(SCHOENHALS et al 2009) necessitando assim de linhas de creacuteditos agriacutecolas
direcionados para esses agricultores
Os autores como Fernandes (2008) e Roos (2015) que trabalham na
perspectiva do paradigma da agricultura camponesa afirmam haver conflitualidade
entre os camponeses e as agroinduacutestrias que trabalham no sistema de produccedilatildeo
integrada como eacute o caso da agroinduacutestria fumageira afirmando existir uma sujeiccedilatildeo
da renda dos camponeses uma vez que os agricultores camponeses natildeo possuem
autonomia com relaccedilatildeo ao modo de produzir o produto como tambeacutem na hora de
fixar o preccedilo final da safra Poreacutem natildeo eacute levado em consideraccedilatildeo que o preccedilo do
quilo do fumo pago ao produtor contratado estaacute intrinsecamente relacionado a oferta
e demanda do produto por parte do mercado o que expressa adequadamente o
valor marginal pago muitas vezes aos fumicultores visto que a empresa tambeacutem
deve colocar a sua margem de lucro conforme a demanda do produto
Outra questatildeo voltada ao paradigma camponecircs eacute em relaccedilatildeo agrave
industrializaccedilatildeo da agricultura e apontada por Fernandes (2013) como um processo
que resulta no desenvolvimento desigual e contraditoacuterio no campo que deixa as
unidades camponesas de produccedilatildeo se tornar mais vulneraacuteveis ao capital Poreacutem os
dados da Tabela 23 mostram que 68 dos entrevistados usam ou jaacute utilizaram
alguma linha de creacutedito agriacutecola para o investimento em maquinaacuterios agriacutecolas
afirmando que conseguem tem uma produtividade maior e que conseguem pagar as
prestaccedilotildees desses maquinaacuterios tranquilamente
Sabendo que Ploeg (2009) afirma que o camponecircs eacute caracterizado por lutar
por sua autonomia uma vez que conforme apontado pro Thomaz Juacutenior (2008) a
loacutegica do capital impotildee que o agricultor esteja preso a gestatildeo de uma empresa e natildeo
111
mais de sua famiacutelia natildeo se completa para essa pesquisa uma vez que a explicaccedilatildeo
para a empresa estabelecer os seus moldes de produccedilatildeo se baseia na demanda do
produto pelo mercado instituindo assim para os seus contratados os tipos de fumos
com maiores demandas o que justifica a empresa impor o tipo de variedade de fumo
que quer comprar como tambeacutem os tratos culturais necessaacuterios para se chegar ao
produto desejado
Contraditoacuterio ao que foi exposto por Paulino e Almeida (2010) quando
mencionam que o campesinato deve ser considerado como uma contradiccedilatildeo e natildeo
como uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeo capitalista os resultados da
pesquisa mostraram que a articulaccedilatildeo com os modelos de produccedilatildeo capitalistas
proporcionaram a permanecircncia de agricultores familiares no espaccedilo rural uma vez
que os aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo que eacute bastante disseminada entre
agricultores familiares induziram o aumento da rentabilidade diminuindo assim as
taxas de pobreza Aleacutem disso nota-se que o fumicultores sendo pequenos
capitalistas natildeo buscam somente a reproduccedilatildeo do modo de vida mas sim agem no
mercado investindo em setores mais rentaacuteveis adequado para a sua condiccedilatildeo de
produtor com pretensatildeo de torna-se um agricultor ainda mais competitivo
Mais uma vez defende-se que a inserccedilatildeo dos agricultores familiares aos
mercados capitalistas natildeo deve ser entendido a partir de um dualismo estando de
um lado o agronegoacutecio e de outro o camponecircs como jaacute ressaltado por Schneider
(2006) que tanto um quanto outro grupo estaacute interessado em um mesmo processo
que eacute o da produccedilatildeo e o do consumo Nesse sentido eacute importante se trabalhar com
a heterogeneidade da agricultura familiar para assim se pensar como esses
agricultores podem se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo
Portanto a presente pesquisa embasada nos dados de campo mostra que a
cultura de fumo ateacute entatildeo eacute a principal orientaccedilatildeo financeira dos agricultores
familiares entrevistados seguidas de outras estrateacutegias de reproduccedilatildeo como o
cultivo da soja produccedilatildeo de leite feijatildeo milho Demonstrando dessa forma que os
mesmos buscam maximizar seus lucros e diversificar sua produccedilatildeo para diminuir a
vulnerabilidade econocircmica da propriedade Contudo pode afirmar atraveacutes do
paradigma da agricultura familiar que os fumicultores considerados como pequenos
capitalistas se reproduzem no mercado sob pressatildeo das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e
112
da concorrecircncia e buscam ser competitivos natildeo havendo incompatibilidade ou
conflitos dos agricultores familiares para com o capital
113
REFEREcircNCIAS
ABRAMOVAY R Paradigmas do capitalismo agraacuterio em questatildeo Satildeo Paulo Hucitec 1992 275 p Agricultura familiar e uso do solo Satildeo Paulo em Perspectiva Satildeo Paulo v 11 n 2 p 73-78 1997 Eacute necessaacuterio cobrar resultados se assentamentos pesquisador defende loacutegica empreendedora para os assentamentos O Estado de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 21 dez 2003 Nacional p 7 Entrevista AHRENS D C LLANILO R F MILLEO R D S Possibilidades de diversificaccedilatildeo do cultivo de fumo convencional por sistema de produccedilatildeo de base agroecoloacutegica no Centro-Sul do Paranaacute Brasil IAPAR ndash Instituto Agronocircmico do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwiaparbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1177 Acesso em 17042015 ALLIANCE ONE EXPORTADORA DE TABACOS Corporate Profile Disponiacutevel em lthttpwwwaointlcomaugt Acesso em 27082015 ALTAFIN I Reflexotildees sobre o conceito de agricultura familiar Brasiacutelia 2005 18 p Disponiacutevel em lthttpmstemdadosorgsitesdefaultfilesReflexC3B5es20sobre20o2 0conceito20de20agricultura20familiar20-20Iara20Altafin20- 202007_0pdfgt Acesso em 200220015 ANJOS F S Agricultura familiar pluriatividade e desenvolvimento rural no sul do Brasil EGUFPEL Pelotas RS 2003 ANTONELI V THOMAZ EL Relaccedilatildeo entre o cultivo de fumo (nicotina tabacum) e a produccedilatildeo de sedimento na Bacia do Arroio Boa Vista Guamiranga ndash PR Associaccedilatildeo de geografia teoreacutetica ndash Ageteo V 35 nordm 2 maiago 2010 AGRICULTURA Fact-sheets OMC ndash Organizaccedilatildeo comum de mercado Reforma do sector do tabaco 1997 Disponiacutevel em lthttpeceuropaeuagriculturepublifacttobaccoindex_pthtmgt Acesso em 05062014 ANUAacuteRIO BRASILEIRO DO TABACO 2014Editora Gazeta Santa Cruz Santa Cruz do Sul 2014 AFUBRA - ASSOCIACcedilAtildeO DOS FUMICULTORES DO BRASIL Cadeia produtiva do tabaco2015 Disponiacutevel em ltlthttpwwwafubracombrindexphpconteudoshowid71gt Acesso em 10122014
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2
ANEXOS
1ordm Trabalho de Campo Conhecimento da aacuterea de estudo e visita a 10 propriedades que produzem fumo haacute mais de 10 anos Data do campo mecircs de Julho e Agosto de 2014
1) Qual foi o ano em que iniciou as atividades na produccedilatildeo de fumo
2) Qual eacute o motivo que trabalha na produccedilatildeo do fumo
3) A matildeo de obra na atividade fumageira eacute muito desgastante
4) Sua propriedade eacute diversificada Quais as culturas que produz na
propriedade aleacutem do fumo
5) Qual eacute a maior renda da propriedade
6) Como eacute feita a classificaccedilatildeo das folhas de fumo destinadas a venda
2ordm Trabalho de campo Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Aplicado ao orientador teacutecnico da Souza Cruz o qual representa a Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis Orientador teacutecnico Tarciacutesio Kraiczek Data da entrevista 13072015
1 Quantos orientadores teacutecnicos a empresa possui no municiacutepio de
Prudentoacutepolis
2 Haacute quantos anos vocecirc trabalha na assistecircncia teacutecnica para os
fumicultores associados da Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis
3 Quantos associados a empresa Souza Cruz teve na safra de 2014
4 Quais satildeo as empresas fumageiras concorrentes da Souza Cruz no
municiacutepio Qual a relaccedilatildeo entre essas empresas
5 A empresa Souza Cruz tem alguma unidade de recebimento do fumo no
municiacutepio de Prudentoacutepolis para a produccedilatildeo ficar armazenada antes de
ser enviado para uma usina de Processamento de fumo
3
6 Para qual das trecircs usinas de processamento o fumo produzido no
municiacutepio eacute envido
7 A empresa tem uma cota miacutenima e maacutexima de peacutes de fumo por
produtor
8 Qual eacute a meacutedia de peacutes de fumo uma pessoa consegue produzir por
safra
9 No seu ponto de vista como orientador teacutecnico como se daacute a relaccedilatildeo
entre a empresa Souza Cruz e os fumicultores do municiacutepio
10 Qual a relaccedilatildeo da empresa para com os projetos de diversificaccedilatildeo da propriedade
3ordm Trabalho de Campo Entrevista de campo para obtenccedilatildeo de dados socioeconocircmicos dos produtores
de fumo da empresa Souza Cruz do municiacutepio de Prudentoacutepolis - PR
Data do campo Novembro e Dezembro de 2015 1- Caracterizaccedilatildeo da famiacutelia
Membros Idade Gecircnero Escolaridade (escola puacuteblica ou privada)
Fumicultor Eacute fumante
Motivos do ecircxodo
1 2 3 4 5 6 7 8
2- Haacute quantos anos trabalha na atividade fumageira
3- Qual o motivo pela opccedilatildeo de produzir fumo
4- Pretende permanecer na atividade fumageira Quais motivos Por qual
atividade substituiria a produccedilatildeo de fumo
4
5- Possui estufa eleacutetrica de secagem do fumo
6- Quais bens capitais vocecirc conseguiu adquirir com a renda oriunda da
produccedilatildeo de fumo
7- Possui na propriedade
( ) Trator ( ) Carro ( ) moto ( ) telefone ( ) internet
8- Posse da terra e quantidade de alqueires
( ) Proacutepria ____ ( ) Arrendada e Parceiro _____
( ) Arrendada ____ ( ) Proacutepria e Arrendada _____
( ) Proacutepria e Parceiro ____
9- Se for proacutepria como adquiriu essas terras
10- Satildeo plantados por ano quantos peacutes de fumo Quantidade de aacuterea
utilizada
11- Faz contrataccedilatildeo de matildeo de obra para a produccedilatildeo de fumo
( ) Sim ( ) Natildeo
12- Se existe a contrataccedilatildeo de matildeo de obra em que periacuteodo da safra
acontece
( ) Todo o periacuteodo da safra ( ) Tratos culturais ( ) Plantio ( )
Classificaccedilatildeo ( ) Colheita
13- Vocecirc lecirc o contrato da sua produccedilatildeo com a empresa Souza Cruz
Justifique
14- Aleacutem da produccedilatildeo de fumo quais outras atividades agropecuaacuterias satildeo
realizadas na propriedade para garantir a renda da famiacutelia
Para comercializaccedilatildeo Para consumo na propriedade
5
15- De qual atividade realizada na propriedade vem a maior renda
16- Como eacute a sua relaccedilatildeo com a empresa descreva o seu ponto de vista
17- Vende toda a produccedilatildeo para a empresa associada
18- No seu ponto de vista quais satildeo as vantagens e desvantagens de produzir
fumo
19- Em relaccedilatildeo agrave sauacutede e produccedilatildeo de fumo houve casos na famiacutelia de
A) Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos
B) Intoxicaccedilatildeo por nicotina (doenccedila da folha verde)
C) Problemas ortopeacutedicos
D) Transtornos mentais (depressatildeo ansiedade esquizofrenia etc)
E) Outros __________________________________________
20- Haacute incentivos governamentais para o desenvolvimento de outras atividades
e o consequente abandono do ramo fumageiro Se sim quais e por que natildeo
houve migraccedilatildeo para outra atividade
21- A partir do momento em que vocecirc comeccedilou a produzir o fumo acha que
suas condiccedilotildees financeiras melhoraram
22- Participa do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar)
23- Na famiacutelia tem algum membro que recebe algum tipo de repasses de
programas sociais Se sim quais
24- Vocecirc tem conhecimento de algum projeto de diversificaccedilatildeo de
propriedades que estaacute sendo realizado por oacutergatildeos puacuteblicos no municiacutepio