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Matéria concedida para a Revista "ConstruARCH", sobre a artista plástica brasileira Paula Portella. Edição 07 - março/abril de 2014. Páginas 89 a 93. Editora DFP. Fotos das obras por Peter Michael. Foto Paula por Renato Chiappetta.
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C o N S T R U
>DFP R E V I 5 T A C 0 N S T R U A R C H . C 0 M . B R
PONTE AÉREA FRANCA-BRASIL JULIEN V E Y R O N , P R E M I A D O A R Q U I T E T O F R A N C Ê S ,
A P O S T A N O TERRITÓRIO V E R D E - E - A M A R E L O PARA
PRIMEIRA FILIAL DE R E N O M A D O ATELIER E U R O P E U
PRA ONTEM! D U P L A D I N Â M I C A DE ARQUITETAS ANAL ISA , FAZ BRIEFING E
SUGERE SOLUÇÕES, T U D O , E M N O V E N T A M I N U T O S
LUXUOSAMENTE COLORIDA B R U N E T E F R A C C A R O L I R E V E L A O INICIO DA R E L A Ç Ã O C O M AS
CORES E CONTA O SEGREDO PARA N Ã O ERRAR N A M Ã O
INVERSAMENTE PROPORCIONAL OS M E T R O S Q U A D R A D O S A M E N O S SE C O N V E R T E R A M E M
CRIATIVIDADE A M A I S E M P R O J E T O D E LOFT E M SÃO PAULO
CONECTADA COM COR E CANÇÕES • A R T i S • A = L A 5 T I C A SE INSPIRA N A PAIXÃO PELO B L U E S PARA
CRIAR PAÍFEISIDTDÍVÃS DA B L A C K M U S I C
mm V
PEQUENOS E INDISPENSÁVEIS DETALHES_QUE VÃO DA COR (DO ANO!) ATÉ A PLANTA QUE I R ^
RENOVAR OS "ARES" DA SUA CASA
C O N S T R U Ç Ã O A R Q U I T E T U R A D E C O R A Ç Ã O D E S I G N L I F E S T Y L E A R T E
G A L E R I A
PINCELADAS N a s t e l a s , as notas ganham cor . Tons mater ia l i zam m ú s i
ca e divas da Black Mus ic se fundenr, num n^isto de cr ja-
t i v idade e ousad ia . , . ' • ^ . , v - i .
Por Amáby le Sand r i folos A t e l i e r Paula P o r t e l l a / ; *
R E V I S T A C 0 N S T R U A R C H . C O M , B R 8 9
G A L E R I A
DA JANELA DO QUARTO, o vai-e-vem dos carros a entretinha. O apartamento não ficava no térreo e ela não sabia falar inglês. Mas, quando, do alto, ouviu o inconfundível ritmar de palavras no jogo de notas libertárias, sua vida mudou. Paula tinlia oito ou nove anos de Idade. E foi ali, naquele dia comum, que o blues invadiu sua imaginação, "Mustang Sally" foi a música que acionou o interruptor da criatividade, "Esse dia do carro antigo passando, tocando 'Mustang Sally', para mim foi inesquecível. Foi o dia em que a semente da black musIc foi plantada em mim", confidencia Paula Portella. No jardim de inspirações de Paula, brotaram outras espécies, todas ligadas à arte. Adubado pela curiosidade, o talento para o mundo artístico parece ter tido um toque cinematográfico, como na cena em que o desejo para descobrir a sensação de um tecido criou uma situação Inocentemente constrangedora. Paula estava no auge dos seis anos de idade, quando uma moça com uma calça de veludo passou na sua frente, "Quando essa moça se abaixou para pegar o filho, não tive dúvidas: fui lá e passei a mão na calça dela para sentir a textura. Mas nessa de 'sentir a textura', acabei passando a mão na bunda da moça", se diverte, lembrando. Foi a escola, aliás, o ambiente em que o sentimento pelas artes aflorou, E, como toda paixão que não cabe em si, extrapolou os muros do colégio rumo à especialização. Paula conta que, aos 10 anos, fez aulas extracurriculares de pintura na Academia Brasileira de Arte, em São Paulo e, aos 14, começou o dedilhar do violão num conservatório. Mistura que deu trabalho ao pai nas horas das refeições. Para não almoçar e jantar ouvindo música, ele dizia à filha que "precisavam desligar o som um pouco para que as comidas não dançassem na barriga". Frase que surtia efeito. Quietinha, Paula imagi-
nava como seria o bailar dos alimentos estômago a dentro. Mas foi outra aventura de criança que se transformou no diferencial depois de adulta: as massinhas de modelar. O que poderia ser considerado, amigavelmente, como Síndrome de Peter Pan, deu origem a uma série de painéis originais, numa experiência única. A ideia de fazer quadros com massinha apareceu enquanto tomava um café, numa livraria em llha-bela, São Paulo. Foi assim, por acaso, que ela descobriu num livro a técnica da cerâmica plástica, O pensamento voou, "Comecei a pesquisar melhor sobre este suporte e notei que somente era utilizado para fazer bijuterias e utensílios domésticos. Eu não queria nada disso, então a Ideia de fazer os painéis com a massinha surgiu na mesma hora", conta. Não deu outra: a aplicação Inédita da técnica em obras de arte fez o maior sucesso, "Então tive a ideia de fotografá-los em estúdio profissional de fotografia e fazer giclées (Impressões numeradas e limitadas de padrão museológico), com dimensões maiores, o que trouxe mais força ainda ao resultado f i nal destas obras", complementa.
Além dos painéis com massinhas, Paula também faz telas com técnicas "convencionais", como a tinta acrílica, óleo e spary. As obras originais de cerâmica plástica viraram viajantes. Saem mundo afora como forma de divulgar o traba
lho. A artista acredita que, visualizando a peça original, o público entende melhor a técnica, "Futuramente os painéis de massinha serão enviados a leilão. Mas, por enquanto, estão todos comigo", explica. Os nomes, aliás, nascem com a obra. É depois de prontas que as criações são batizadas. Na série mais recente, a "Black Power Divas", os títulos são o resultado da junção dos nomes das "ídolas" da black music - tanto de décadas passadas quanto contemporâneas. Quer um exemplo? Ella Simone - um mix de Ella Fitzgerald e Nina Simone. Sobre se tornar um ícone ou ser lembrada como uma grande artista, Paula pondera: "Eu tento me desprender dessa coisa de deixar uma imagem sobre mim, pois me soa um pouco egocêntrico, como se tivesse a ver mais com a minha pessoa do que com a minha arte". E resume, de forma didáti-co-poétlca, a maneira como vê o papel do ofício escolhido: "Os artistas proporcionam uma forma de as pessoas exercitarem e expandirem o pensamento através dos milhões de sentimentos e ideias que as artes em geral podem despertar. Gosto muito de uma frase de Albert Einsten, que resume em parte isso que estou dizendo: A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original"'.
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