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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DA LATERALIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO
PSICOMOTOR DA CRIANÇA
Por
MARDELO JOSÉ DA COSTA VIEIRA
Profª orientadora: Maria Esther de Araújo Oliveira
BRASÍLIA
2009
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO A VEZ DO MESTRE
01
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RAL
A IMPORTÂNCIA DA LATERALIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO
PSICOMOTOR DA CRIANÇA
Por
MARCELO JOSÉ DA COSTA VIEIRA
BRASÍLIA
2009
AGRADECIMENTO
Monografia apresentada à Universidade Cândido Mendes como requisito para a conclusão do curso Lato-Senso de pós-graduação em psicomotricidade.
02
Agradeço à DEUS, que me deu
a força necessária para alcançar mais
um objetivo de minha vida, à minha
esposa por compreender a ausência
em alguns momentos da gravidez e à
todas as pessoas que contribuíram de
alguma forma para a conclusão de
trabalho.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho em especial ao meu
primogênito Henrique, nascido em fevereiro
de 2009, que eu possa aproveitar os
conhecimentos adquiridos neste trabalho em
03
seu desenvolvimento psicomotor e a minha
esposa e familiares pelo apoio.
RESUMO
Este trabalho aborda a importância da lateralidade bem definida
para uma formação psicomotora adequada, buscando destacar a necessidade
de se proporcionar à criança experiências ou oportunidades para se criar uma
maior bagagem de recursos motores visando buscar a melhor alternativa nas
dificuldades motores encontradas. Sendo a lateralidade a propensão que o ser
humano tem de ultilizar preferencialmente mais um lado do corpo que o outro
por ter mais facilidade e segurança, pessoas com problemas na definição
desta lateralidade poderá apresentar uma série de deficiências e dificuldades
quando criança, refletindo ainda ao longo de sua vida. O trabalho contém
também alguns tipos de avaliação relacionados a lateralidade que podem
ajudar a identificar o problema mais precocemente, e desta forma minimizar ou
até mesmo solucionar problemas futuros.
04
05
METODOLOGIA
O trabalho foi realizado através de revisão bibliográfica baseada
em livros de autores conceituados em psicomotricidade como: Faria, Negrine,
Coste, Le Boulch entre outros, além de sites que também tratam do assunto,
visando demonstrar a importância da definição dos hemisférios (lado direito ou
lado esquerdo) para uma formação equilibrada do indivíduo, mostrar que para
se ter um desenvolvimento psicomotor adequado deve-se ter oportunidades,
para que haja a aprendizagem motora e, também, através destas fontes dar
algumas sugestões de testes e exercícios para que isso ocorra.
SUMÁRIO
Introdução.............................................................................................. 07 Capítulo I – DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA ............................... 09
1.1 – Desenvolvimento motor ..................................................... 10
1.2 – Desenvolvimento do esquema corporal ............................ 11
1.3 – O corpo vivido .................................................................... 12
1.4 – Imagem corporal ................................................................ 12
pg
06
Capítulo II – PSICOMOTRICIDADE ...................................................... 14
2.1 – Relação entre psicomotricidade e movimento ................... 14
2.2 – Elementos psicomotores ................................................... 16
Capítulo III – LATERALIDADE .............................................................. 19
3.1 – Tipos de lateralização ........................................................ 22
3.2 – Teste de lateralidade ......................................................... 23
Capítulo IV - LATERALIDADE E PROBLEMAS DE APREDIZAGEM .. 26
4.1 – Deficiência motora fina ...................................................... 32
4.2 – Discalculias ........................................................................ 32
4.3 – Disgrafia ............................................................................. 33
4.4 – Disortografia ...................................................................... 33
4.5 – Dislexia .............................................................................. 34
4.6 – Dispraxia ............................................................................ 34
4.7 – Hiperatividade .................................................................... 35
Conclusão ............................................................................................. 36
Anexos .................................................................................................. 37
Referências bibliográficas ..................................................................... 40
INTRODUÇÃO
Segundo Levin (1995, pag. 44), o enfoque psicomotor é composto
por três dimensões de funcionamento que constituem o conceito de
“globalidade psicomotora”. Esta globalidade são as três dimensões: a
instrumental, a cognitiva e a tônico-emocional.
No instante em que o indivíduo descobre, utiliza e controla seu
corpo, o esquema corporal é estruturado, passando a ter conciência dele e de
suas capacidades e a interação com o meio em que vive. Deve-se dar a
criança as oportunidades e condições para que ela possa desenvolver sua
imagem corporal.
Magill (2000, pag. 14) afirma que uma característica da prática
07
que aumenta as oportunidades de desempenhos futuros bem-sucedidos
consiste na variabilidade das experiências vividas pelo aprendiz durante a
prática, o que significa variar as características do contexto em que o aprendiz
desempenha a habilidade que está praticando. O professor, treinador ou
terapeuta deve analisar várias questões importantes para saber otimizar os
tipos e as quantidades das variações a serem incluídas nas experiências
práticas. Inicialmente, é preciso determinar que aspectos do desempenho de
habilidades devem ser variados. Em seguida, estabelecer a quantidade ideal
de variedade de experiências. E, finalmente, definir como organizar essa
variedade de experiências nas sessões de prática.
Sabe-se que problemas no esquema corporal de um indivíduo
acarretará não só dificuldade da apredizagem motora, como também nos de
ordem cognitiva.
A psicomotricidade como uma técnica que busca conhecimentos
nas várias ciências, apresenta como seu objeto de estudo o corpo em
movimento. Partindo-se do pressuposto de que o corpo em movimento é
essencial para o convívio, para as interações sociais, escolheu-se este tema.
Observou-se a importância de melhor compreender os fenômenos
que envolvem a maneira adequada e efetiva de se trabalhar com o
desenvolvimento psicomotor especialmente da educação infantil, já que nesta
fase está se construindo seu esquema corporal. Assim partiu-se do
pressuposto de que estaremos contribuindo para a otimização corporal dos
potenciais neuro e psico-cognitivos funcionais.
A intenção de estudo é investigar através do levantamento
bibliográfico, quais as maiores dificuldades encontradas pelos alunos com
problemas na definição da lateralidade.
08
CAPÍTULO I
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
“A Educação Física escolar pode sistematizar situações
de ensino e aprendizagem que garantam aos alunos o
acesso a conhecimentos práticos e conceituais. Para
isso é necessário mudar a ênfase na aptidão física e no
rendimento padronizado que caracterizava a Educação
Física, para uma concepção mais abrangente, que
contemple todas as dimensões envolvidas em cada
prática corporal”
Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, pag. 27)
A forma como o desenvolvimento do ser humano vem sendo
abordado ao longo dos anos passou por muitas mudanças. Nos tempos da
Grécia Antiga o corpo era tratado de forma artística, e tinha-se a liberdade de
transformar o seu corpo em órgão do espírito. Platão considerou o corpo como
o lugar transitório da existência do mundo de uma alma imortal.
Passando para a Idade Média com a educação voltada para a
igreja, não se tinha tempo para o desenvolvimento das crianças de forma
lúdica. Faria (2004, pag. 21) afirma que, no período medieval o
desenvolvimento humano era restrito a educação paroquial em que a
concepção de pré-formação admitia que o ser humano era totalmente formado
dentro do esperma, sendo visto como um adulto em miniatura. Assim, a
individualidade não era tida como necessária. Para Hughes e Noppe, apud
09
10
Faria (2004, pag 21), as crianças eram solicitadas a trabalhar em idades
precoces, não sendo jogos e brinquedos.
No Pós-Renascimento, as práticas educativas nas crianças
chegavam a ser cruéis. As crianças que desobedeciam eram amarradas e até
sedadas, e neste período as primeiras fases do desenvolvimento da criança
não eram consideradas. Do século XV até o século XVII as repressões infantis
não eram sequer questionadas. Citando Vieira, Faria (2004, pag. 22) mostra
que para John Locke a criança recém-nascida sofria influência do meio, o
contato com os adultos e com o mundo exterior iria determinar o carater e a
habilidade mental, neste sentido a infância passou a ter importância para o
desenvolvimento da criança.
1.1 – Desenvolvimento motor
O ciclo da vida da criança começa com a fertilização de uma
célula-ovo, mudanças ocorrem muito rapidamente nesta época. Mesmo antes
do nascimento o ser humano realiza seus primeiros movimentos, o coração
bate, rins, fígado e estômago começam a desempenhar suas funções, a mãe
sente seu bebê realizar os movimentos de pernas e braços. Saindo do útero a
criança estará sempre sendo forçada a realizar movimentos mais constantes
interagindo com o meio ambiente.
Deve-se tentar construir uma justificativa neurológica do
movimento, este movimento está ligado reciprocamente condicionado às
esferas do desejo e do querer.
“A gênese da psicomotricidade está ligada ao meio, já
que é este que, ao solicitar o organismo, numa dialética
interminável, atualiza as possibilidades e capacidades,
numa melodia assimiladora que se acomoda ao meio
em função das situações envolventes. O
desaparecimento dos reflexos arcaicos de tipo motor,
como os da marcha reflexa, da atitude estática dos
membros inferiores, do alongamento cruzado, de Moro,
de Landau, de flexão do tronco, do “grasping” e da
11
sucção, para falar só nos principais, vão dar lugar à
montagem de circuitos perceptivos-motores que serão
responsáveis pela estruturação das funções pré-
cognitivas e pré-práxicas.”
Fonseca (1983, pag. 36)
A função motora no recém-nascido encontra-se mais
desenvolvida do que as outras funções e este constante desenvolvimento
tornará a criança preparada para situações futuras, tanto de ordem motoras,
quanto de ordem cognitiva.
1.2 – Desenvolvimento do esquema corporal
Tomada de consciência de cada segmento do corpo (interna ou
externa) o desenvolvimento do esquema corporal se dá a partir da experiência
vivida pelo indivíduo com base na disponibilidade do conhecimento que tem
sobre o corpo e de sua relação com o mundo que o cerca. A personalidade da
criança desenvolverá graças a uma progressiva tomada de consciência do seu
corpo e das possibilidades de agir e transformar o mundo à sua volta, isto dará
muito prazer a criança.
A respeito do esquema corporal Le Boulch (1983, pag. 21) afirma:
“Longe de nós o pensamento de opor como objeto o
próprio corpo e o mundo exterior. Na verdade, se a
percepção do próprio corpo variam juntas como dois
aspectos complementares de um mesmo ato, se a
percepção perfeita se constrói pelo jogo dialético de
duas ordens de percepção, conclui-se que a primeira
preocupação educativa deve ser uma organização
correta da percepção do próprio corpo.”
No entanto é preciso considerar o conceito de prontidão para a
aprendizagem e esta dependerá de fatores como, desenvolvimento mental,
maturação social, emocional e coordenação dos olhos.
1.3 – O corpo vivido
12
Esta fase é a da inteligência sensório-motora de Jean Piaget.
Segundo Le Boulch (1983, pag. 05), “A experiência do “corpo vivido” se
organiza num nível global através de “ensaios e erros”, ou de “tateamentos”
sucessivos. No tipo de aprendizagem por “insigth”, isto é, a partir de um
esquema interiorizado, as informações propioceptivas serão prioritárias.” Esta
etapa ocorrerá até aproximadamente 03 anos de idade, à medida que cresce a
criança vai se diferenciando do meio ambiente e passa a identificar as partes
do seu corpo como seu próprio Eu.
Será normal neste período a criança sentir mais necessidade de
movimentação e através desta, enriquecerá sua experiência motora.
1.4 – Imagem corporal
A imagem corporal vem da experiência do indivíduo em relação
ao seu próprio corpo, as imagens não ocorrem necessariamente como
memórias ou imaginações de situações, são também representações de
sensações e processos de pensamentos que se tem no presente.
“A desintegração da imagem do corpo resulta pode
constituir um elemento responsável pela estruturação
desarmônica da personalidade da criança, pertubando o
seu potencial relacional consigo mesma, com os outros
e com os objetos. A incapacidade de autonomia, a perda
do conhecimento da realidade, a alteração das funções
perceptivas, podem originar esquizofrenias infantis,
demências precoces, autismo, como expressões de uma
patologia mental infantil.”
Fonseca (1983, pag.110)
Ao tentar definir imagem corporal em poucas linhas corre-se o
risco de gerar interpretações simplistas que acabam distorcendo o conceito.
Além disso, acredita-se que conceituar imagem corporal apenas como imagem
do corpo que forma-se na mente pode dar margem a equívocos. É certo que
nossa sociedade lida com imagem do corpo, no sentido de aparência física,
13
esquecendo que também inclui a sensação corporal, função, aptidão física e
saúde/doença. Tal idéia é ressaltada por vários autores.
Problemas de orientação espacial e temporal, aquisição das
noções de: em baixo, em cima, dentro, fora, esquerda, direita, horizontal,
vertical, equilibrio postural são exemplos do que poderá ocorrer com a criança
que não consegue desenvolver bem a sua imagem corporal.
O desenvolvimento motor se constrói e se elabora na evolução da
criança, em cada brincadeira, jogo, interação com o meio e com as pessoas ao
seu redor para depois tudo se encaixar e formar um ser completo e equilibrado.
CAPÍTULO II
15
14
PSICOMOTRICIDADE
Diversos autores apresentam conceitos relacionados a
psicomotricidade, Negrine (1987, pag. 23) cita Ajuriaguerra quando diz que a
criança segue uma determinada evolução que se chama “ontogênese”. Quando
considera-se o ponto de vista filogenético, encontra-se, no processo de
evolução animal, que ao surgimento de determinadas formações nervosas
acompanha a formação de certas funções. Nas crianças as coisas parecem
ocorrer de modo semelhante: às modificações morfológicas, histológicas,
bioquímicas e hormonais sucessivas corresponde ao aparecimento de funções
determinadas. Faria (2004 pag. 76) cita Coste (1992) psicomotricidade é a
ciência da encruzilhada, onde se cruzam e se encontram múltiplos pontos de
vista biológicos, psicológico, psicanalíticos, sociológicos e linguísticos.
“ A psicomotricidade pode desempenhar um papel muito
importante como medida preventiva, não só porque está
baseada antropologicamente e epistemológicamente,
porque procura ser um meio de intervenção crítica na
realidade pedagógica da escola atual.”
Fonseca (1983, pag. 02)
2.1– RELAÇÃO ENTRE PSICOMOTRICIDADE E
MOVIMENTO
No momento em que a psicomotricidade estimula o movimento,
ela ao mesmo tempo coloca em jogo as funções da inteligência. A partir dessa
posição, observa-se a relação profunda das funções motoras, cognitivas e
emocionais que funcionam como tripé sustentando o caminho que conduz a
psicomotricidade para o seu ideal.
Fonseca (1983, pag. 113) relata que “O movimento deve ser
analisado da forma como foi vivido e não segundo conceitos exteriores à sua
realização, que nçao respeitam a adaptaçã singular de cada individualidade.”
O movimento refere-se, geralmente, ao deslocamento do corpo
16
como um todo ou dos membros, produzido como uma consequência do padrão
espacial e temporal da contração muscular. Movimento é o deslocamento de
qualquer objeto e na psicomotricidade o importante não é o movimento do
corpo como o de qualquer outro objeto, mas a ação corporal em si, a unidade
biopsicomotora em ação.
Os movimentos podem ser involuntários ou voluntários.
Movimentos involuntários são atos reflexos, comandados pela substância
cinzenta da medula, antes de os impulsos nervosos chegarem ao cérebro. Os
movimentos involuntários são os elementares inatos, eles são aqueles com os
quais as pessoas nascem e são representados pelos reflexos, que são
respostas caracterizadas pela invariabilidade qualitativa de sua produção e
execução.
Movimentos e expressões involuntárias, muitas vezes, estão
presentes em determinadas ações sem que o executante os perceba. Esses
movimentos são desencadeados e manifestados pelo corpo no momento em
que realiza determinados atos voluntários.
Para os movimentos voluntários tem-se uma variabilidade
proporcionalmente numerosa de acordo com experiências motoras. Sobre as
respostas condicionáveis Le Boulch (1983, pag.49) comenta que a formação de
um novo sistema de respostas, de uma nova estrutura funcional se impõe: é o
fenômeno da aprendizagem, o qual toma uma importância considerável ao
homem. A aprendizagem permite adquirir novos “esquemas” de conduta. O
hábito é um produto final da aprendizagem e por isso se opõe aos
automatismos inatos e a improvisação motora diante de uma situação nova.
Quando o hábito motor é suficientemente complexo para exigir a execução de
movimentos coordenados damos-lhe o nome de “habilidade motora.”
2.2 - ELEMENTOS PSICOMOTORES
A psicomotricidade relacional propõe operar em aspectos
psicoafetivos que geram atitudes relacionais, oferecendo um espaço de jogo
espontâneo com o seu grupo, para que possa manifestar suas necessidades e
desejos, buscando potencializar e, muitas vezes resgatar o prazer corporal,
17
através do movimento, reconhecendo uma unidade corporal.
Os elementos psicomotores foram organizados conforme A. De
Meur e L. Staes (1989, pag. 9), segundo as suas características, e são: ● Coordenação motora ampla: Também denominada
coordenação motora global e diz respeito à possibilidade do
controle e da organização da musculatura ampla para a
realização de movimentos complexos. Exemplos: correr, saltar,
andar, rastejar, etc. ● Coordenação motora fina: Relaciona-se à habilidade e destreza
manual e constitui um aspecto particular da coordenação global,
desenvolvendo formas de manusear objetos. Somente a
coodenação fina manual não é suficiente, faz-se necessário o
desenvolvimento do controle visual, denominado óculo-manual ou
viso-motora. ● Equilíbrio: Acontece quando forças contrárias atuantes em um
corpo se encontram em um mesmo ponto, possuindo forças
equivalentes, anulando-se por consequência. Para toda ação de
qualquer seguimento corporal o equilíbrio está presente. O déficit
de equilíbrio proporciona à criança um maior gasto energético
para realizar qualquer tarefa motriz. ● Esquema corporal: Tomada de consciência de cada segmento
do corpo (interna ou externa), o desenvolvimento do esquema
corporal se dá a partir das experiências motoras vivida pela
criança com base na disponibilidade do conhecimento que tem
sobre seu próprio corpo e de sua relação com o mundo que o
cerca. ● Estruturação espacial: É a orientação e a estrutura do mundo
exterior, a partir do Eu e o depois, a relação com os outros objetos
ou pessoas em posição estática ou em movimento, é a
consciência da relação do corpo com o meio. ● Organização temporal: É a capacidade de avaliar tempo dentro
da ação, organizar-se a partir do próprio ritmo, situar o presente
18
em relação a um antes e a um depois, é avaliar o movimento do
tempo, distinguir o rápido do lento, e saber situar o momento do
tempo em relação aos outros. ● Conhecimento corporal: Conhecimento intelectual que se tem
do próprio corpo. ● Estruturação corporal: Relacionamento do indivíduo com o
mundo exterior, conhecimento e controle do próprio corpo e de
suas partes, adaptação do mesmo ao meio ambiente. ● Lateralidade: Este tópico será abordado mais especificamente e
profundamente nos capítulos a seguir.
Durante a evolução motora da criança vão acontecendo dois
processos que se completam e relacionam. Primeiro temos a diferenciação e
em segundo a integração dos movimentos, ambos acontecem de maneira
recíproca e simultânea o que resultará em um desenvolvimento apropriado de
todos os elementos psicomotores de forma normal.
CAPÍTULO III
LATERALIDADE
20
19
Segundo Faria (2004, pag. 63), “o termo lateralização, que vem
do latim e quer dizer “lado”, tem sido tema de estudo de muitos autores que se
dedicam ao estudo da linguagem e das dificuldades de aprendizagem.”
Durante o crescimento se define naturalmente a lateralidade na criança: será
mais forte, mais ágil no seu lado dominante. A dominância lateral corresponde
a dados neurológicos mas, também, é influenciada por certos hábitos sociais.
A psicomotricidade é uma modalidade educativa que leva a
criança a ter consciência do seu corpo, do seu espaço, da coordenação e de
todos os pré-requisitos necessários para a afirmação da lateralidade.
Negrine (1987, pag. 32), afirma que é bom enfatizar que a
lateralidade corporal refere-se ao espaço interno do indivíduo, que o capacita a
utilizar um lado do corpo com maior desembaraço que o outro, em atividades
que requeiram habilidade, caracterizando-se por uma assimetria funcional.
Faria (2004, pag. 19), cita Negrine (1986), “São duas as teorias: a da
hereditariedade (a dominância lateral está relacionada a fatores genéticos) e a
da dominância hemisférica (dominância de um lado do córtex cerebral sobre o
outro).” O fato é que essa transmissão ainda permanece desconhecido.
Duas preocupações presidiram à estruturação do teste: em
primeiro lugar, a diferenciação entre lateralidade inata e lateralidade socializada
(adquirida em função de aspectos sociais, escolares, familiares, etc.); em
segundo lugar, a sua ontogênese, aspectos da gênese da lateralidade e
averigua-se a existência ou não de lateralidade contrariada provocada, quer ao
nível celular da família, quer ao nível da exigência escolar (Fonseca, 1983, pag.
204).
Em um mundo que tende à ser orientado para a direita, a vida
para os destros sempre foi mais fácil visto que a maioria das coisas são
projetadas tendo justamente o destro como referência.
“O respaldo teórico nos diz que a lateralidade pode
virtualmente está determinada desde o nascimento, não
sendo necessariamente uma questão de educação. Por
outro lado, encontrou-se autores que discordam deste
21
ponto de vista, esclarecendo que neste nosso mundo
tradicionalmente destro, muitos aspectos favorecem a
utilização da mão direita, como por exemplo: o uso de
tesouras, do abridor de latas, das maçanetas das portas
e um incontável número de objetos do dia-a-dia que
reforçam o uso do lado direito.”
Faria (2004, pag. 68)
Em várias culturas o lado direito é tido como bom, correto, já o
lado esquerdo é o ruim, incorreto. Em espanhol o termo derecha quer dizer
destra, que significa decente e conveniente. O siginificado do termo esquerda
que em espanhol é denominado zurda refere-se a não inteligente. O mesmo
acontece com os termos em inglês, francês e alemão. Em latim ou italiano, o
termo sinistra está relacionado a ameaçadora, demoníaca, desleal,
descoordenada e desafortunada.
O fato de ter mais destros pode também ser explicado pelo fato
da igreja, principalmente na Idade Medieval colocar que o lado bom, certo,
justo é o lado direito. Alguns autores colocam ainda que para as técnicas
guerreiras, pelas quais se ensinavam aos homens que se deveria pegar ou
lançar a espada com a mão direita e com a mão esquerda segurar o eu escudo
protegendo assim o seu coração.
Para Faria (2004, pag. 69), a lateralidade tem um determinante
genético, porém se estabelece de acordo com a educação. O autor também
cita Baroja (1978), uma definição normal da lateralidade influi de forma decisiva
em todas as aprendizagens manuais, inclusive na escrita, influenciando
também no aprendizado da leitura, que exige uma orientação da esquerda para
a direita. Para ele, a dominância está relacionada com a dominância
hemisférica cerebral, existindo diversas teorias de caráter neurológico, neste
sentido. Considera-se que a dominância de um lado do corpo é controlada pelo
hemisfério cerebral do lado oposto.
Ajuriaguerra apud Faria (2004, pag. 69), lateralização é a
expressão de um predomínio motor relacionado as partes do corpo que
integram suas metades direita e esquerda, predomínio este que por sua vez se
22
vincula à aceleração do processo de maturação dos centros sensórios-motores
de um dos hemisférios cerebrais. Ele afirma que é através de seu corpo que a
criança se comunica de forma não verbal, seu modo de ser, sua unidade
existencial, sua totalidade enquanto ser no mundo.
A lateralidade é uma variável do comportamento psicomotor da
criança que apresenta uma série de implicações de ordem neurológica,
biológica e pedagógica.
A lateralidade corporal não está relacionada apenas a definição
dos membros superiores, também tem a dominância de membros inferiores, de
preferência ocular, auditiva e até do lado da boca mais usado na mastigação. A
lateralização corporal deve ser levada à sério e deve ser estudada em relação
ao corpo como um todo, pois os problemas gerados na criança são grandes.
3.1 – Tipos de lateralização
Para Faria (2004, pag. 64), os indivíduos podem ser classificados
da seguinte maneira: a) destro – quando há um predomínio do lado direito do
corpo; b) sinistro – quando o predomínio ocorre do lado esquerdo do corpo; c)
ambidestro – quando não há predomínio claro estabelecido e usam-se os dois
lados indiscriminadamente.
Meur e Staes apud Faria (2004, pag. 66), destacam a existência
de três tipos de lateralidade:
a) Lateralidade homogênea – a criança é destra ou sinistra do
olho, do ouvido, da mão e do pé;
b) Lateralidade cruzada – a criança é, por exemplo, destra do olho
e da mão e sinistra do pé;
c) Ambidestra – a criança é forte tanto do lado esquerdo, quanto
do lado direito.
Coste apud Faria (2004, pag. 90), define quatro tipos de
lateralização:
a) Destralidade verdadeira – a denominância cerebral encontra-se
à esquerda;
b) Sinistralidade verdadeira – a dominância cerebral encontra-se à
23
direita;
c) Falsa sinistralidade – é o caso em que o indivíduo adota a
sinistralidade em conseqüência de uma paralisia ou de uma amputação, que
tornou impossível a utilização do braço direito;
d) Falsa destralidade – é o caso em que a organização é inversa
da observada na falsa sinistralidade.
Para Negrine (1986, pag. 32), a lateralidade corporal relaciona-se
ao esquema do espaço interno do indivíduo, que o capacita a utilizar um lado
do corpo com maior facilidade que o outro, em atividades que exijam
habilidade, caracterizando-se por uma assimetria funcional. O autor aborda três
tipos de lateralidade:
a) Lateralidade homogêna definida – é a predominância de um
dos lados do corpo em todas as atividades propostas quanto à habilidade da
mão, do pé e do olho. São denominados destros aqueles com dominância do
lado direito do corpo;
b) Lateralidade definida cruzada – é o domínio parcial de uma das
partes do corpo. Mas que possui dominância do segmento. Por exemplo, um
indivíduo que é destro de pé e de mão e sinistro de olho;
c) Lateralidade indefinida – é a falta de definição em qualquer dos
segmentos corporais, mão, pé ou olho. Por exemplo, uma pessoa em que em
três atividades a realizar com a mão, usa em duas delas uma mão e na outra, a
mão oposta.
O aspecto fundamental no desenvolvimento da lateralidade é que
a criança não seja forçada a adotar nenhuma postura. É necessário que se
criem situações em que ela possa se expressar espontaneamente e, em que
se defina o seu lado dominante sem que haja pressões de qualquer ordem do
meio exterior.
3.2 – Teste de lateralidade
Para poder detectar a preferência lateral das crianças HARRIS, A.
J. (TEST OF LATERALITY. NEW YORK, PSICHOLOGICAL COOPORATION,
1974), elaborou um teste adaptado por Negrine e citado por Faria (2004, pag.
24
25
103) -(ANEXO 1). O teste se faz muito necessário por ser um meio eficiente
para detectar o problema, já que quanto antes for percebido a deficiência mais
tempo se tem para buscar meios e proporcionar atividades para solucioná-la.
Segundo Faria (2004, pag. 102), alguns cuidados foram
considerados de grande importância para que não houvesse dúvidas com
relação aos resultados. Cabe ainda recomendar algumas observações a serem
cuidadosamente seguidas na aplicação do teste, para que este não tenha sua
fidedignidade alterada:
1º) na aplicação do teste não se demonstra qualquer tarefa, e
nem mesmo tentar ajudar a criança a alcançar qualquer material durante a sua
aplicação, pois estas condutas poderiam influir no resultado;
2º) na aplicação, tomar o cuidado de seguir a seguinte ordem:
uma tarefa de mão, uma tarefa de pé e uma tarefa de olho, e assim
sucessivamente. Este cuidado possibilita que se evite o vício, tornando os
resultados os mais reais possíveis;
3º) o teste deve ser aplicado individualmente;
4º) toda vez que o observador tiver dúvidas quanto à mão, pé ou
olho utilizado, solicitar que a criança repeta a tarefa, até que certifique da
resposta, para que os resltados representem dados confiáveis;
5º) o teste deve ser aplicado depois de a criança já estar
familiarizada com os aplicadores, para evitar qualquer contrangimento ou
inibição na realização das tarefas.
Finalmente, utilizar 3 tarefas diferentes em cada segmento como
pode-se observar no teste acima, procurando desta forma, verificar a
preferência lateral manual, pedal e ocular, independente da tarefa a ser feita.
Chamam a lateralidade de bússula do nosso corpo, a qual
possibilita nos situarmos no ambiente. Por tudo isso, torna-se indispensável o
trabalho psicomotor com crianças até 07 anos em jogos e brincadeiras
relacionados à noção de direita e esquerda e ao reconhecimento da
lateralidade.
26
CAPÍTULO IV
LATERALIDADE E PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM
Para Neto apud Faria (2004, pag. 64), o conhecimento dos
conceitos básicos é fundamental na pré-escola, pois é possível evitar ou
diminuir as dificuldades ou distúrbios, que vão desde a gagueia até a psicose,
passando pelos tiques e a dislexia. É papel do professor de Educação Física,
juntamente com o professor de sala de aula, contribuir para eliminar as
dificuldades ligadas à lateralização.
Fonseca (1983, pag. 143), diz que nas dislexias, as principais
causas da incapacidade de aprender a ler traduzem na grande maioria dos
casos, atrasos motores, deficiente estruturação perceptivo-motora, dificuldades
de orientação espacial, temporal, ritmo, equilíbrio e outro fatores que também
dificultam a aprendizagem tem relação direta com os problemas de
lateralização e impedem a ligação entre os elemento constituintes do discurso
27
e as formas gráficas que o simbolizam. Segundo Vasconcelos apud Faria
(2004, pag. 84), vários estudos tem observado em amostra clínicas de
pacientes sofrendo de lesões neurológicas e cerebrais, assim como de atrasos
e deficiências nas capacidades de cognição, uma distribuição diferente dos
comportamentos de preferência manual (e lateral), quando comparado com os
padrões de preferência da população em geral. Os resultados da maior parte
desses estudos sugerem: ● percentuais superiores de sinistralidade (preferência lateral
esquerda); ● maior evidência de uma preferência manual (e lateral)
inconsciente (mais fraca e mal definida); ● maior incidência de padrões de preferência cruzados.
A presença de sinistralidade, por si só, não classifica
automaticamente um indivíduo como membro de um grupo clínico (no caso,
deficiência cognitiva), nem todos os indivíduos sofrendo este tipo de deficiência
possuem preferência manual esquerda.
Fonseca (1983, pag. 129), cita as etapas da lateralidade que
foram estudadas por A.Spionnek, divididas nas seguintes fases:
1ª. etapa – A criança não distingue os dois lados do seu corpo;
2ª. etapa – A criança compreende que cada braço está situado de um
lado do seu corpo, mas não sabe que um é direito e outro esquerdo (4 e 5
anos);
3ª. etapa – A criança aprende a diferenciar as duas mãos e os dois
pés, e, só mais tarde, os olhos;
4ª. etapa – A criança tem a noção das suas extremidades direita e
esquerda, e a noção de todos os seus órgãos pares, situando-os de cada
lado do se corpo (6 e 7 anos);
5ª. Etapa – A criança começa a saber com toda a precisão qual é o
lado direito e o lado esquerdo do seu corpo.
Esta escala pretende equacionar a evolução de uma “lateralidade
dita normal”, dado que em função de uma vasta e multivariada utilização do
corpo, as etapas podem ser antecipadas, ou, pelo contrário, por carências de
28
movimento, alongadas.
Analisando estas etapas mais uma vez fica provada a
necessidade de situações motoras, experiências motoras para um
desenvolvimento harmônico e organizado do corpo e das capacidades de
aprendizagens.
No processo evolutivo do ser humano, vê-se que há dois
momentos interessantes: inicialmente, as aprendizagens, ou seja, o método de
estabelecer conexão entre certos estímulos e determinadas respostas. Para
aumentar a adaptação do indivíduo ao ambiente, fica uma dependência maior
dos aspectos internos, isto é, da maturação do Sistema Nervoso Central
(SNC); em seguida, as aprendizagens pelos órgãos sensorias. Portanto, há
uma relação bastante íntima entre as influências internas e externas. Criando a
integridade do SNC e subsídios para o estabelecimento de conexões com os
estímulos do ambiente para um desenvolvimento perceptivo-motor.
Como acontece nas outras áreas da educação, também no que
diz respeito à psicomotricidade o educador deve conhecer e ter sempre em
mente os aspectos principais do desenvolvimento psicomotor em cada faixa
etária. Uma escala de desenvolvimento psicomotor para crianças de 0 aos 5
anos foi citada por Fonseca, (1998, p. 273) – (ANEXO 2). Esta escala contém
informações que tem grande relevância, pois trás caracteristícas comuns e
esperadas em cada etapa do desenvolvimento de 0 até os 5 anos, nos
processos: perceptivo visual, processo motor e processo psicomotor.
Facilitando a identificação por parte do educador. Um professor da pré-escola,
tendo em conta a idade cronológica de seus alunos, deve prever o que pode
esperar deles do ponto de vista da linguagem, da inteligência e do corpo. A
partir daí, ele tem condições de dosar a estimulação em cada uma dessas
áreas, a fim de encaminhar seus alunos para um amadurecer equilibrado
intelectual, afetivo e corporalmente.
As dificuldades de aprendizagem demonstradas pelas crianças de
6 e 7 anos, quando chegam a escola formal para a alfabetização, são
resultantes de um todo vivido com seu próprio corpo, e não apenas de
problemas exclusivos da aprendizagem da leitura e da escrita. O autor diz que
29
30
o desenvolvimento do domínio corporal é um fator essencial
para as aprendizagens cognitivas. Baseando-se em Quirós & Schrager, o autor
enfatiza que as dificuldades de aprendizagens podem começar a se manifestar
entre os 3 e os 5 anos de idade, sendo que, após os 5 anos, a frequência
dessas dificuldades em crianças de idade escolar aumenta consideravelmente.
Para o autor, a lateralidade é um dos aspectos mais importantes para o
desenvolvimento das capacidades de aprendizagem isto não quer dizer que
todas as crianças que tenham dificuldades de aprendizagem também tenham
alterações de lateralidade.
Faria (2004, pag. 89) cita Romero que aponta as seguintes
considerações como importantes na relação da lateralidade com a
aprendizagem:
a) Os problemas de leitura e escrita apresentam relação espacial
entre o eu e o seu meio e dentro da formação do universo da criança, e o fator
da lateralização, unido ao de orientação e estruturação do esquema corporal e
estruturação temporal, interferem diretamente nesses problemas;
b) A consciência da lateralidade e da discriminação
direita/esquerda poderá auxiliar a criança a pereber movimentos do corpo no
espaço e no tempo, sendo através da educação do corpo que a criança irá
afirmar definitivamente a lateralidade;
c) O número de indivíduos sinistros diminuem com a idade;
d) Para o desenvolvimento adequado da criança é importante não
forcá-la à lateralização esquerda ou direita, mas deve-se deixá-la fazer a sua
escolha;
e) A lateralidade não tem conseguido provar, por si só, que é
responsável pelas dificuldades escolares.
De acordo com Fonseca (1983, pag. 143), trataremos os
subcapítulos a seguir:
4.1 – Deficiência motora fina
Entende-se por deficiência motora fina a dificuldade de controle
dos pequenos músculos das mãos, o empenho escolar é prejudicado pela
capacidade de comunicação pela escrita. A criança que possui essa dificuldade
31
não consegue escrever bem e tem uma caligrafia ilegível. A criança com
deficiência motora fina em casa parece desajeitado e atrapalhado; com
frequência, deixa cair ou derramar as coisas, derruba os objetos; dificuldades
com uso de tesouras; não tem sucesso em jogos e atividades que envolvem
habilidades das mãos (“cama de gato”, lições de piano, basquete), apresenta
fraca capacidade para colorir; não consegue manter-se dentro dos contornos
do desenho; Na escola ela apresenta fraca caligrafia (desleixada, ilegível,
pouco espaçamento, tamanho irregular das letras; os papéis são descuidados
(rasgados e amassados, com muitas rasuras, manchas e apagamentos
incompletos em casos graves dificuldades para aprender habilidade com o
teclado.
4.2 – Discalculias
Entende-se por discalculia a dificuldade de transcrever, associar,
seriar, reconhecer, parear, discriminar o símbolo numérico com características
de imaturidade de espaço-temporal.
Características: rotação e espelho.
Exemplo:
2
Rotação 4
7
Exemplos como esses são quase sempre reflexos de dificuldades
de dominância lateral, lateralidade e esquema corporal.
4.3 – Disgrafia
Entende-se como dificuldades do grafismo: má coordenação
motora, rigidez dos dedos e problemas psicológicos como por exemplo
instabilidade da criança e escrever com rigidez.
A evolução gráfica da gráfica é resultado de uma tendência
natural, expressiva, representativa que revela o seu mundo articular.
2
4
7
32
4.4 – Disortografia
Entende-se como disortografias a dificuldade ligada à ortografia
da escrita, envolvendo planos espaço-temporais, ritmo, atenção, concentração,
noção de lateralidade, entre outros. Essas dificuldades estão relacionadas a
características pedagógicas do processo de escrita dos país. Omissões,
inversões, acréscimos de letras com características visuais.
Exemplos:
- X/CH, Z/S, S, SS, Ç;
- Final e intermediário U e L;
- J/G, M/N, AO/AM, P/Q, D/Q, P/D;
Exemplos como esses são quase sempre reflexos de um
esquema corporal mal vivenciado e pouco concientizado, envolvendo também
a dificuldade específica de discriminação do grafema x fonema.
4.5 – Dislexia
Entende-se como dislexia a dificuldade de leitura e escrita,
caracterizadas por falta de orientação temporo-espacial, sequencialização do
raciocínio, classificação, uso do pensamento lógico-estrutural, que envolve
trocas, omissões, acréscimos e inversões de letras, palavras e em muitos
casos, frases.
É prejudicada a compreensão e a elaboração do texto ou do
conteúdo gráfico quase sempre ligado aos fatores do tônus, dominância lateral,
lateralidade, ritmo e esquema corporal, fazendo com que o complexo
psicomotor de base quando mal organizado, vivenciado ou estruturado,
provoque de maneira significativa este distúrbio. Podem também ser
conseqüências de lesões neurológicas sérias, deficiência mental, deficiências
sensoriais, síndromes ou desorganizações psicológicas.
4.6 – Dispraxia
Entende-se por dispraxia um distúrbio da motricidade. Praxia são
sistemas de movimentos coordenados em função de uma intenção ou de um
resultado. A criança com esse distúrbio apresenta dificuldade em vestir-se,
33
amarrar sapatos, cai com facilidade e possui os movimentos desajeitados,
lentos e pesados.
As crianças que possuem distúrbios psicomotores costumam
apresentar alguns sintomas na educação infantil, por isso que é de suma
importância que os educadores observem seus alunos e apliquem uma
educação psicomotora de acordo com o desenvolvimento da criança. A
realização de um diagóstico de distúrbio psicomotor é realizado por uma equipe
interdisciplinar composta por neurológista, psicólogo, psicopedagogo,
psicomotricista e pedagogo.
4.7 – Hiperatividade
Entende-se que a hiperatividade é um aumento da atividade
motora, o sujeito hiperativo é inquieto e quase sempre está em movimento. Na
escola a criança hiperativa se levanta da cadeira a todo instante, mexe com o
amiguinho e fala muito. Veja alguns sintomas da hiperatividade: ● com freqüência, retorce as mãos e os pés, remexendo na cadeira; ● com freqüência, deixa a cadeira na sala de aula ou em outras
situações nas quais se espera que permaneça sentado (como a
mesa de jantar); ● com freqüência, tem dificuldade em esperar; ● com freqüência, interrompe ou intromete-se nos assuntos de
outros.
A fonte dos subtítulos 4.1 à 4.7 foi o site mencionado nas
referências bibliográficas.
Através do conhecimento destas deficiências é que percebemos o
quão importante é a definição da lateralidade, o desenvolvimento motor
equilibrado, ficando dessa forma totalmente comprovado que nosso corpo
apesar de parecer ter membros independentes e forma um todo harmonioso
bem interligado.
34
35
CONCLUSÃO
Culturalmente os objetos de estudo corpo e “mente” tem
sido tratado de maneira cartesiana, pois faz parte de uma visão mais
racionalista que as ciências da saúde utilizam para a obtenção dos resultados
da pesquisa. No entanto, o ser humano é constituído de partes que no todo
formam um ser que pensa, se move e interage. Não há como existir um ser
humano sem que haja a interferência do ambiente. Visto que somos o
somatório daquilo que vivemos.
Este estudo buscou respostas referentes à definição da
lateralidade. Observou-se então que quanto mais oportunidades se tem de
36
explorar, criar e principalmente brincar, deixando a criança livre em espaços
que provoquem a criatividade, forçando a criança à interagir com o meio
através de estímulos motores. Tais oportunidades tem mostrado significante
importância para a construção psicomotora da criança.
Justificando a importância do estudo, a criança ingressaria
na fase escolar já com sua preferência lateral detectada, o que poderá vir a
evitar futuros transtornos em seu desenvolvimento e ou seu aprendizado, pois
a lateralidade contrariada poderá acarretar diversos transtornos nesta área,
como foi comentado no capítulo IV.
ANEXOS
ANEXO 1 - Teste de lateralidade Nome da criança: ________________________________________________________________
Data de nascimento: _____/_____/_____ Anos: _______ Meses: ______ Sexo: M ( ) F( )
Mão Pé Olho
Diagnóstico: D E I D E I D E I
Data: Data: Data: Data: Data: Data: Data:
__/__ __/__ __/__ __/__ __/__ __/__ __/__ A) Quanto à preferência da mão:
1.Arremessar uma bola até um alvo
2.Escrever ou desenhar alguma coisa
3.Fazer um quadrado com palitos de fósforos conforme modelo apresentado
B) Quanto à preferência do pé: 1.Conduzir uma bola até determinado local utilizando um único pé
2.Jogar a bola rolando junto ao solo e pedir que a criança a chute, com força
3.Chutar a bola parada até o alvo com força
C) Quanto à preferência do olho: 1.Olhar em um monóculo
2.Olhar em um caleidoscópio
3.Olhar para um alvo através de um canudo de papelão
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D | E
D | E
D | E
D | E
D | E
D | E
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D | E
D | E
D | E
D | E
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D | E
D | E
D | E
D | E
D | E
D | E
D | E
Normas de aplicação: Para se evitar qualquer vício, deve-se manter a seguinte ordem:
Ordem das tarefas: 1º) a – b – c 2º) a – b – c 3º) a – b – c
D – Direita E – Esquerda I – Indefinida
ANEXO 2
Escala de Desenvolvimento Psicomotor (0 aos 5 anos)
Período de Desenvolvimento
Processo Perceptivo Visual
Processo Motor Processo Psicomotor
Nascimento O olhar procura sons estímulos visuais estranhos reação global e desorganizada do momento reflexos (memória do espécie) Distaxa focal (20/30 cm)
1 mês Perseguição horizontal vertical e circular no olhar. Olha para as mãos
Levanta a cabeça e o tronco enquanto em decúbito facial
Segura objetos por longos períodos de tempo
2 meses Convergência binocular Manutenção das vertebrás cervicais e dorsais
Primeiras relações entre a visão e a mão
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3 meses Observa os movimentos dos dedos das mãos. Acomodação visual
Pode realizar uma rotação do corpo para um dos lados. Abra as mãos frequentemente senta-se com suporte roda de decúbito dorsal para decúbito fácial
Mão orientada a objetos abordagem através de preensões mais precisas e eficientes
6 meses Persegue visualmente pontos ou objetos no em diferentes velocidades. Discriminação de forma simples
Preferência manual começa a emergir (lateraledade). Senta-se com ajuda
Pode segurar dois objetos simultaneamente, passa um objeto de uma mão para outra opõe o polegar na preensão dos objetos
12 meses (1 ano)
Preferência manual na preensão dos objetos receptação e quadrupedia
Anda com suporte
18 meses Sobe escadas engatinhando, anda autonamente reação anti-gravítica, preferência manual menos diferenciada
Realiza pequenas imitações nos gestos, faz imitações espontâneas, faz pequenos jogos simples, apanha a bola
2 anos A discriminação de formas desenvolve-se
Corre Imita movimentos verticais e horizontais
3 anos Melhor percepção visual de espaço, primeiros grafismos
Equilibra-se num pé por pequeno período de tempo, equilibra-se na ponta do pé
Controla-se em equilíbrio com os olhos fechados, dissociação de movimentos dos braços e das pernas
4 anos Coordenação oculomotora preensão de objetos utilitários
Coordenação marcha e a corrida, salta
Coordenação simples constrói formas praxias
5 anos Grafismos simbólicos, desenhos dos corpos da casa, cópia de figuras
Pé coxinho e salta com os pés juntos, sobe escadas em corridas
Lateralidade, direcionalidade, noção do
geométricas corpo,manipula recebe e atira objetos com intencionalidade
Fonte: Psicomotricidade (Fonseca, 1998, p. 273)
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desenvolvimento infantil. 2ª ed., Rio de Janeiro, Sprint, 2004.
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40
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