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Periodização da História Militar^ L. P. Macedo Carvalho Considerando diferentes referências para a periodização da História Militar, o autor percorre a evolução dos artefatos de guerra, das armas brancas aos artefatos nucleares, os procedimentos de condução das batalhas antes e após Napoleão e os objetivos perseguidos nas diferentes idades em que se divide a História. Reprodução da conferência de abertura do ano cultural de 1999 do IGHMB. COMPREENDENDO HISTÓRIA MILITAR A História Militar, ao contrário do que muitos pensam, não é domínio ex clusivo dos militares. Não mais deve ser confundida com história dos militares nem com a mera história das batalhas. Hoje, ganhou nova dimensão, ampliando seu restrito campo de in vestigação de ontem, múl tiplos pontos em comum sendo encontrados com a História Geral e outros ra mos do conhecimento. Ao longo dos tempos, a evolução da arte militar e das instituições castren- ses sempre se fez sentir na vida das civilizações. Ape sar de o momento parecer inadequado, diante da pro palada inutilidade dos exércitos, da generalizada abolição do serviço militar obrigatório c do desapare cimento da noção de tria - em função de a guer ra ter sido ilusoriamente proscrita pelos organismos internacionais c da im plantação da /jovvj ordem mundial - a História Mili tar escapou à condenação de Iiinitar-.se à história das ins tituições armadas e da no bre profissão dc soldado. Vale recordar que a Se gunda Guerra Mundial cau sou 41 milhões de mortos, ou seja, da ordem de 2,3% da população mundial de então. Tais cifras mostram- se inferiores aos 11,2% do período de 1914 a 1945 caos 10% do século XVIII, mas devemos considerar haver o CuroncI dc Arlilharía c Esiado-Maior. Prcsidcnic do IGHMB. ' Sfkc iniiado prlu IWDKCEMF- 48 - ADN / 786 /1« QUAD. DE 2000

História Militar^ - Exército Brasileiro

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Page 1: História Militar^ - Exército Brasileiro

Periodização daHistória Militar^

L. P. Macedo Carvalho

Considerando diferentes referências para a periodização da

História Militar, o autor percorre a evolução dos artefatos de guerra,das armas brancas aos artefatos nucleares, os procedimentos de condução

das batalhas antes e após Napoleão e os objetivos perseguidos nasdiferentes idades em que se divide a História.

Reprodução da conferência de abertura do anocultural de 1999 do IGHMB.

COMPREENDENDO

HISTÓRIA MILITAR

A História Militar, aocontrário do quemuitos pensam,não é domínio ex

clusivo dos militares. Nãomais deve ser confundida

com história dos militares

nem com a mera história

das batalhas. Hoje, ganhounova dimensão, ampliandoseu restrito campo de investigação de ontem, múltiplos pontos em comumsendo encontrados com a

História Geral e outros ra

mos do conhecimento.

Ao longo dos tempos,a evolução da arte militare das instituições castren-

ses sempre se fez sentir navida das civilizações. Apesar de o momento parecer

inadequado, diante da propalada inutilidade dosexércitos, da generalizadaabolição do serviço militarobrigatório c do desaparecimento da noção de pátria - em função de a guerra ter sido ilusoriamente

proscrita pelos organismos

internacionais c da im

plantação da /jovvj ordemmundial - a História Mili

tar escapou à condenação de

Iiinitar-.se à história das ins

tituições armadas e da no

bre profissão dc soldado.Vale recordar que a Se

gunda Guerra Mundial causou 41 milhões de mortos,

ou seja, da ordem de 2,3%

da população mundial deentão. Tais cifras mostram-

se inferiores aos 11,2% doperíodo de 1914 a 1945 caos

10% do século XVIII, masdevemos considerar haver o

• CuroncI dc Arlilharía c Esiado-Maior. Prcsidcnic do IGHMB.

' Sfkc iniiado prlu IWDKCEMF-

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PERIODIZAÇÃO DA HISTÓRIA MILITAR

efetivo demográfico do planeta se multiplicado.

Precisamos também ter

em mente que a guerra, nos

dias atuais, mata mais civisdo que militares. O percentual de civis entre as perdasglobais foi de 43% durantea Primeira Guerra Mundial,

de 63% na Segunda, de 85%nos conflitos da década de

1980, superando em muitoos 30% registrados na Revolução Francesa e nas Guerras Napoleônicas, e, até mesmo, os 75% verificados na Eu

ropa, nos confrontos arma

dos do século XVIII, sem levar em conta estarem incluí

dos hoje, entre os combatentes, soldados e guerrilheiros.

Por outro lado, a direçãosuprema da guerra passou,das mãos dos chefes milita

res, para a dos líderes políticos e, tornando-se a seguran

ça de cada país responsabilidade do cidadão, o preparo e a mobilização do poder nacional impõem o esforço conjunto de todas asformas de expressão de poder - econômico, científico-tecnológico, militar, político e psicossocial.

Assim, a História Militarassumiu maior importância,viu-se inseparável do contexto histórico dos povos, ultrapassou os umbrais dos estabelecimentos de ensino mili

tar, penetrou nas universidades dos países desenvolvidose despertou o interesse tanto

dos meios acadêmicos, quanto das classes armadas.

Para melhor compreender a evolução da arte daguerra e das instituições militares através dos séculos,

afigura-se impositivo termosuma idéia da periodizaçãoda História Militar e, a des

peito de qualquer tentativade compartimentação didática trazer no seu bojo o risco de incorrer em erros e

gerar polêmicas, permitimo-nos enfocar as sistematiza-

ções geralmente mais aceitas.Tradicionalmente, a pe

riodização da História Militar se faz tomando-se como

referencial o aparecimentodas armas de fogo, o advento de Napoleão e as idadesou épocas que balizam a história da humanidade desde

o nascimento de Cristo.

O REFERENCIAL DA

ARMA DE FOGO

A história da evolução daarte militar com base no apa

recimento das amas de fogoé dividida em três períodos:o das armas brancas; o do aparecimento das armas de fogo;o das armas de fogo até osartefatos nucleares.

O período das armasbrancas, caracterizado porlento progresso na arte daguerra, vai dos primórdiosdas civilizações de antes deCristo até o século XTV, abar

cando os povos primitivose bárbaros e a época do feu-dalismo. O armamento usa

do pelas primeiras civilizações orientais era o piquecom ponta de osso, o punhal, a maça, o machado, aespada de ferro, o arco e aflecha, o dardo, a lança componta de sílex ou metal, oaríete, a funda, e carros de

madeira e couro guamecidospor dois homens - um condutor e um guerreiro.

Os gregos empregavam,como armamento ofensivo,

espadas e piques de menortamanho, armas leves de ar

remesso, arcos, fundas, dardos, lanças e saríssas (piquede seis metros para a cavalaria); como armamento defensivo, escudo grande demadeira ou de metal de for

ma oval, peita (pequeno escudo circular) e armadura depano e couro forrada de lâminas de metal em escamas

para homens e cavalos, aríete de ponta de bronze, tere-bra (para furar muralhas),arpéus (para deslocar pedras), catapulta lançadora depedras (célula-máter da artilharia), baíista-flecbas, piro-

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PERIODIZAÇÃO DA HISTÓRIA MILITAR

balistas (flechas incendiári-as) e máquinas de guerra(torres de madeira de quatro a vinte andares).

Os romanos se serviam,como armas defensivas, entre outras, da caísrs (elmo decimeira de bronze) ou dagaléa (capacete de couro), daloriga (protetor da parte superior do corpo), da femo-rale (parte da armadura queresguarda a coxa), do scutum(escudo) de madeira de formas variadas, revestido compano e couro, bem como daparma (pequeno escudo redondo); como armas ofensivas, da espada, do gladius(pique), do teíum (armas dearremesso), lança, do spa-rum (rojão), do iaculum(dardo) e da frawea (lançade ferro curta, germânica).O período do barbaris-(do século V ao século

ÍX) é de estagnação da artemilitar, não se verificandoprogresso no armamento e

se restringindo o combate ámta corporal e cruel.

Durante o feudalismo (do^uloDí ao início do séculopersiste a inércia na arte

a guerra. Surgiu apenas, nessa ocasião, como arma, a cavalaria. Pela extensão do seuemprep, transformou-se eminstituição regida por códigose honra, obediência, genero

sidade e altruísmo.

Predominavam os arquei-ros e estoqueiros armadoscom uma espécie de baione-ta encabada na extremidade

de um bastão, cabendo aos

franceses descobrir o emprego dos besteiros. A acha, omartelo d'arma e a adagacomplementavam o armamento tradicional do período bárbaro - a espada o arcoe a lança.

O aparecimento dos canhões de mão e bombardas

(Crécy - 1346), em conseqüência da descoberta da pólvora, marca o período de transição das armas brancas parao das armas de fogo. Dá-se oinício do ataque aos castelos,voltando a guerra a choquesde massas armadas.

Segue-se à colubrina(1360) a invenção das armasde fogo portáteis, nos séculos XV e XVI - o arcabuz e o

mosquete.

Com Gustavo Adolfo, reida Suécia (1594-1632) - o paida artilharia moderna -, aguerra dá um passo à frente,levando a pólvora aos campos de batalha, por meio docanhão e do mosquete depequeno alcance e de velocidade de tiro reduzida. Ficava,assim, o combatente privadodas armas antigas para a lutacorpo a corpo, nascendo a tática moderna.

Em 1615, o armeiro frÃcês Le Bourgeois inventoiio fuzil a pederneira, ao qualseria inserida, nos meadoido século XVII, a baioneta;em substituição ao pique-Somente em 1680, possivelmente Vauban desenvolvei

baioneta de anel, deixandoo cano livre para atirar. Oelevado custo da nova arma

e o conservadorismo retar

dariam sua adoção pelosexércitos europeus, até 1699.O século XVIII é perfei

to exemplo de um ciclo de

invenções, triunfo, letargiae, eventualmente, desastre,

no dizer de Tbynbee. Gustavo Adolfo era tomado como

modelo, sem se entender quea chave do sucesso estava na

combinação de armas novascom velhos princípios.

A segunda metade doséculo XVIII assinala o começo, realmente, da era dasarmas de fogo, com a ascensão de Frederico II ao trono

da Prússia, em 1740, que setransformaria no árbitro daEuropa e precursor de Na-poleão até a sua morte, em1786. Defensor da idéia deque é com fogo que se ganham as batalhas, FredericoII promoveu grande avançoda arte militar e do materi

al bélico. O armamento de

infantaria teve aumentado o

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PERIODIZAÇÃO DA HISTÓRIA MILITAR

alcance e a velocidade de

tiro, registrando-se a introdução da vareta (GeneralDessauer). A artilharia experimentou enormes aperfeiçoamentos, criando-se a artilharia de costa, de fortale

za, de sitio e de campanha acavalo, com redução do pesodas peças e aumento do alcance e da cadência de tiro.

A cavalaria como arma de

choque foi estruturada emhussardos{\tvé), t/ra^ões(pesada) e couraceiros (muitopesada). Começou a se delinear um sistema logístico.

No ano de 1703, o fuzil

BrowBess, introduzido peloDuque de Marlborough, virou arma-padrão da infantaria por 250 anos. Data dessa época o aparecimento,

também, do canhão George.Ao final do século XVIII,

disseminava-se na infantaria

o uso do fuzil a pederneiracom baioneta curta, mode

lo 1777, calibre 17mm, al

cance de 250 metros e car

tucho de papel, que disparava de trés a quatro tirospor minuto. A cavalariaportava espada (reta ou curva), pistola nos coldres,mosquetão e carabina leve atiracolo, além de lança nasmãos. A artilhada empregava canhões de bronze de

alma lisa, do tipo Gribeau-val, de 4, 8 e 12 libras, e

obuses de 6 polegadas. Havia artilharia de sítio e de

campanha.No início do século XIX,

durante o apogeu napoleô-nico, acentuou-se, cada vezmais, o aumento da potência de fogo, passando a arteda guerra por grande transformação.Em 1819, Friedrich Krupp

começou a forjar anhões raiados, em Essen, que seriamresponsáveis pela derrotafrancesa, em 1871. Na Inglaterra, apareceram os canhõesArmstrong (1854) e Whi-tworth-, na França e na Itá

lia verificou-se, respectivamente, com Paixhans e Ca-

valli, uma completa revolução na artilharia, em face docarregamento pela culatra-Ao mesmo tempo, os franceses lançaram o famosocanhão La Hitte, raiado, no

ano de 1855.

No armamento leve, o

cartucho de percussão suplantaria a pederneira e ensejaria a invenção do revólver, em 1835, patenteadopelo norte-americano Samuel Colt.

Em 1827, o alemão Drey-se resolveu o problema dofunil de agulha e ferrolhoque, adorado pelos prussianos mais tarde, tornou-se o

primeiro armamento de infantaria de retrocarga.

Em 1842, apareceria oprimeiro modelo de fuzil decápsula fulminante.O sistema Minié, inven

tado em 1849 por um oficial instrutor da Academia de

Vincennes, aumentava a precisão e o alcance do fuzil

carregado rapidamente pelaboca, tornando obsoleto o

mosquete de cano liso. Em1852, foi desenvolvido o sis

tema Enfieid.

Os fuzis Minié e Enfíeld,

empregados pelos aliados,mostraram-se superiores àsespingardas de cano liso dosrussos, na Guerra da Cri-

méia (1853-56).O fuzil Chassepof (1866),

raiado e de retrocarga, com1.200 metros de alcance, níti

da imitação do Dreyse, induziu os franceses ao espíritodefensivo e acabou substituí

do pelo Gras, em 1874.Os norte-americanos,

logo depois, produziram ofuzil Springfíeld.O foguete à Congrève{Sir

William Congrève) emergiucomo arma mortal, evoluin

do de sua limitada aplicaçãoà pirotecnia e ocupando lugar entre o fuzil, a pederneira eo canhão de campanha de 12libras. Dada a imprecisão e alimitação do alcance de 1.500

jardas, cedo desapareceria.O excelente sistema de

artilharia de campanha Gri-

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PERIODIZAÇÃO DA HISTÓRIA MILITAR

beauval (General Jean Bap-tiste Vaquette de Gribeau-val), herança da RevoluçãoFrancesa, desencadeou a

transformação absoluta daartilharia que atingiria, comNapoleão, um quarto de século mais tarde, o seu ápice.Padronizados os canhões dealma lisa, forjados em ferroou bronze, conhecidos pornapoleônicos em homenagem a Napoleão III, dominariam o cenário das batalhas. As peças mais leves eos armões reforçados viabilizaram o atrelamento dequatro ou seis cavalos em

parelhas, ao invés de emcoluna. Os condutores civis

contratados foram substituídos por soldados.

Duas invenções - umabritânica e outra norte-americana - alterariam o futuroda guerra. Em 1784, o Tenente Henry Shrapnel, daReal Artilharia, inventaria oprojétil que recebeu o seunome, cuja explosão no arampliou a letalidade sobreas tropas desabrigadas noterreno. No ano de 1798, EliWhitney, norte-americano,iniciou a fabricação em série de armamento leve.

O final do século XIX,denominado período de

(Hei muth von Mol-tke - dinamarquês e oficialde infantaria que chefiou o

Grande Estado-Maior do

Exército prussiano) notabilizou-se pela transição daspeças de artilharia carregadas pela boca para as de re-trocarga pela culatra. Aperfeiçoaram-se projetis perfu-rantes de blindagem e defortificações ligeiras; os projetis sólidos ficaram obsole

tos e cederam lugar às granadas de carga explosivadetonadas por espoletas detempo ou de percussão. Oscanhões de alma lisa foram

trocados pelos raiados. Oproblema do recuo das peças foi resolvido, primeirosimplesmente por molas, e,mais tarde, por sofisticadossistemas hidropneumáticos.As defesas de costa ganharam expressão.

O fuzil de carregamentopela boca foi trocado pelode repetição. Ao cartuchooblongo Minié, sucedeu-seo de formato cônico alon

gado. A pólvora sem fumaça tornou-se o propelentetanto das armas individuais

quanto da artilharia.Nos Estados Unidos e na

África, as metralhadoras Colte varreram, respectivamente, os índios do oeste eos negros das savanas.

Os russos repeliram osjaponeses, em Porto Arthur,com a metralhadora france

sa Hotckiss.

Em 1857, o Exército

francês foi armado com fu

zil de percussão e raiado, queperdurou até o século XX,

O excelente sistema

de artilharia de campanhaGribeatival (GeneralJeanBaptiste Vaquette deGribeauval), herançada Revolução Francesa,desencadeou a transforma^absoluta da artilharia queatingiria, com Napoleão,um quarto de século mais

tarde, o seu ápice.

com poucas alterações. Naguerra de 1870, as mitrail-leuses, revelaram-se ineficazes diante dos canhões de

longo alcance prussianos.Nessa mesma época, a Bélgica adotou o fuzil Com-blain, importado depoispelo Exército brasileiro deentão.

Minas terrestres e arma

dilhas foram usadas na

Guerra da Secessão pelosconfederados. Modernos

protótipos de morteiros detrincheira e granadas de mãovieram a ser desenvolvidos.

Fez-se intenso uso de ca

nhões raiados.

Os maiores progressosocorreram na artilharia na

val. Na batalha de Sinope,os russos realizaram a primeira experiência do empre-

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Page 6: História Militar^ - Exército Brasileiro

PERIODIZAÇÃO OA HISTORIA MILITAR

go de canhões em belonaves

contra os turcos, assim

como constatou-se, com pleno êxito, o emprego de baterias blindadas flutuantes

na Guerra da Crimèia. Gran

de contribuição também foidada nesse campo pelaGuerra da Secessão, com a

construção de encouraçados- que puseram fim aos navios de madeira, - minas submersas chamadas torpedose submarinos. Os canhões

de carga de dinamite a arcomprimido tiveram vidacurta com o avanço dos ex

plosivos tais como o TNT.O despontar do século

XX trouxe incomensuráveis

avanços na arte da guerraocasionados pela invençãoe pelo aperfeiçoamento denovas armas. Entretanto,

durante o final do séculoXIX, com raras exceções,

presenciou-se o declínio do

desenvolvimento das armas.

Na Primeira Guerra Mun

dial deu-se ênfase ao emprego da faca de trincheira, da

baioneta, da pistola, do fuzil de repetição {Mauser1898-1908), da metralhadora leve e pesada (refrigeradaa água e a ar), do morteirosilencioso, dos canhões levesde 75mm e dos obuseiros

médios. A metralhadora au

tomática, inventada peloinglês Maxim, em 1883,

transformou-se na arma

mais mortífera e temida,

dada a sua cadência média

de 650 tiros por minuto, oalcance eficaz de oitocentos

metros e a varredura de 150

graus. A ela seguiram-se aVickers Ml904, a Mascbi-

nengewehr\9(i%, a SaintEti-enne 1907, a Hotchkiss refrigerada a ar e com carregador Puteaux, a Lewis, a Bro-

wning M1917 e o BAR {Bro-wning Automatic Rifle). Ocarro-de-combate apareceu

como o mais importanteengenho da guerra terrestre,na região de Cambrai, em1917. O gás venenoso cons

tituiu outra inovação letal,introduzindo o conceito de

arma química, enquanto aartilharia de longo alcancealemã que bombardeou Paris teve mais efeito psicológico do que real.O emprego do avião e

dos dirigíveis nos combates,inicialmente em missão de

reconhecimento, ao final da

guerra transformou-se naarma mais eficaz e temível.

Os dreadnougbts e ossubmarinos, no mar, invalidaram todos os tipos de navios de guerra anteriores.

Entre as duas guerras

mundiais, os alemães, principalmente, intensificaramas pesquisas sobre os modose meios de superação das de

ficiências que paralisaramsuas ofensivas em 1918,

quando próximo de alcançar a vitória. O aperfeiçoamento dos blindados era a

resposta para manter a im-pulsão das rupturas. A bíit-zkrieg (guerra relâmpago),combinação de fogo e movimento da artilharia auto-

propulsada com coberturaaérea aproximada, proporcionaria o apoio de fogo necessário quando a artilhariaconvencional não tivesse

condições de acompanhar asforças atacantes. Invençõesinteressantes e refinamentos

técnicos decorreram da Se

gunda Guerra Mundial entre os quais merecem destaque: a faca comando, novotipo de baioneta, os fuzissemi-automáticos, metralha

doras automáticas (mais eficazes e refrigeradas a ar),morteiros leves e pesados,canhões anticarro e antiaé

reos (destacando-se o 88mmalemão), obuses mais leves,espoleta de aproximação {va-riable time), cargas prepara

das, lança-rojões, fuzis semrecuo, foguetes (após umséculo de esquecimento),carros-de<ombate mais rápidos e potentes, destruidoresde carros, o sistema de con

trole e de direção do tiro daartilharia, permitindo oemassamento dos fogos.

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Page 7: História Militar^ - Exército Brasileiro

PERIODIZAÇÃO DA HISTÓRIA MILITAR

rapidamente, sobre um alvo(desenvolvido em Fort Sill),os caças, os bombardeiros,as fortalezas voadoras, osplanadores e aviões de transporte, modernos navios-ae-

ródromos, submarinos, con-tratorpedeiros e embarcações de desembarque. A invenção do radar e do sonarteve notável papel nas operações aeronavais. O uso da

metralhadora, canhões leves,bombas, foguetes e torpedospelos aviões modificou a artemilitar. Os aviões a hélice aca

baram suplantados pelas aeronaves a jato desenvolvidasna Alemanha e na Inglaterra.

Granadas de mão e lan

çadores de granadas adaptados a armas leves foram

aperfeiçoados, bem comolunetas acopladas aos fuzisgarantiram precisão à longoalcance, de parte dos franco-atiradores.

Após a Segunda GuerraMundial, os foguetes tornaram-se a principal arma daartilharia, capazes de transportar ogivas nucleares ou dealto explosivo a qualquerponto da Terra, variando desde os gigantescos mísseis balísticos intercontinentais ao

bazuca do combatente indi

vidual. Os mísseis foram clas

sificados em quatro tipos:superficie-superficie, superfi-cie-ar, ar-superfície e ar-ar.

Armas químicas, biológicas e radioativas ameaçavamos campos de batalha, contaminando a atmosfera, avegetação e as águas.

As minas terrestres e na

vais, mais sofisticadas, provocavam maiores baixas e

danos.

Reduzido o peso do armamento e das viaturas de

combate, propiciou-se a realização do assãlto verticalpor tropas aeroterrestres e

aerotransportadas.As guerras da Coréia e do

Vietnã provaram que a bai-oneta ainda é de grande utilidade, decidindo o comba

te corpo a corpo. A teoria

do cone de fogo tomou olugar do atirador de escol individual, levou os arsenais aretrocederem um século e

meio, armando a infantaria

com armas portáteis mais leves e de mais fácil remunicia-

mento, capazes de disparartrês tiros diferentes: uma bala

de 22mm provoca maior número de feridos do que mortos em ação; uma espécie deshrapnel de bolso, tipo fle-chettes, e um cartucho con

tendo dois projetis - retrocesso às cargas dos dias dasarmas não raiadas.

O carro-de-combate sali

entou-se na Segunda Guerra Mundial como principalarma do campo de batalha

apesar das limitações impostas ás operações de mecanizados e blindados nas selvas

e terrenos montanhosos,

mantendo a supremacia potencial e efetiva como ficou

atestado nos confrontos na

Índia-Paquistão e nas guerras árabe-israelenses. A des

peito da restauração parcialdo equilíbrio entre as armasde infantaria e pesadas, parece que a mais eficaz adversária para os blindados é ocanhão de alta velocidade do

carro-de-combate e não os

foguetes e mísseis guiados,leves e de custo reduzido.

Embora bastante vulnerá

vel, o helicóptero de múltiplo uso - ataque, reconhecimento, suprimento, transporte de tropa e evacuação - tornou-se a arma de combate queassegurou incalculável flexibilidade e mobilidade, atravésde qualquer terreno, ao combatente terrestre e deu origemá cavalaria aérea.

Todavia, a supremaciagarantida pela arma nuclearaos seus detentores confere-

lhe ainda destacada proemi-nência na evolução da arteda guerra neste final de século, acentuada pela precisão cirúrgica propiciada pormaterial optrônico e eletrônico e computadores, comprovada nos bombardeiosdo Iraque durante os últi-

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Page 8: História Militar^ - Exército Brasileiro

PERIODIZAÇÃO DA HISTÓRIA MILITAR

mos conflitos bélicos no

Golfo Pérsico.

O REFERENCIAL

NAPOLEÔNICO

Tomando-se Napoleãocomo referencial para a periodização da História Militar, temos a considerar

três períodos: pré-napole-ònico; napoleònico; e pós-napoleônico.O período prè-napoleò-

nico estende-se por 23 séculos, iniciando-se com a ba

talha de Maratona no sécu

lo V a. C. e terminando na

de Valmy, em 1792, travadaentre franceses e prussianos,onde Dumouriez manifes

tou sua inteligência e transformou a luta descoordena-

da e indisciplinada em umnovo sistema de guerra - adefesa indireta.

Abre-se, em Valmy, o ciclo das vitórias francesas e dos

anos de glória para as águiastricolores mais tarde sob a li

derança do gênio das batalhas- Napoleão Bonaparte.

Aceita-se a batalha de

Valmy como marco para oinício do período napoleònico, embora anteceda dequatro anos o aparecimento de Napoleão, por ter sedado, nela, a aplicação doprincípio da defesa indireta

das posições, com a frenteinvertida - princípio básiconapoleònico.A famosa barragem de

artilharia desencadeado em

Valmy constituiu um divisor com o passado. Grelhesentenciou: Deste lugar e apartir desta data iniciou-seuma nova era na história do

mundo e todos podem dizer que presenciaram seunascimento. Até então, as

campanhas militares européias, com algumas exceções, ficaram conhecidaspor sua lentidão e inalteráveis métodos. Procurava-se

mais evitar a batalha do queobter vitória. Preferia-se o

cerco dos confrontos aber

tos das batalhas. Por isso, o

número de baixas era me

nor. Valmy assinala um ponto de inflexão na evolução

da arte da guerra e da organização militar, com radicais mudanças na estratégiae na tática. Primeiro, a guer

ra tornou-se uma causa na

cional, criando os grandesexércitos de cidadãos-solda-

dos (nação em armas). Asalterações verificadas na estrutura dos exércitos exigiam maior apoio de fogo elogístico. Fez-se imperativodar condições para os exércitos marcharem em segu

rança. Dai advém a missãoatribuída à cavalaria de pro

porcionar segurança e cobriros flancos. A necessidade de

apoio logístico, já reconhecida por Frederico, levou osoldado a carregar em suamochila três dias de rações,os trens regimentais a transportarem oito dias de suprimento e os trens do exérci

to um mês, além do aproveitamento dos recursos lo

cais e de se estruturar um

sistema de transporte.No final do século XVIII,

o Marechal Broglie e o Duque de Choiseul criaram agrande unidade básica, comcapacidade de executar, independentemente, a manobra estratégica concebidapelo exército - a divisão.A idéia desenvolvida de

artilharia móvel a cavalo,

defendida por Duteil, permitiu o emassamento rápidodos fogos e a abertura debrechas nas posições inimigas, das quais Napoleão tiraria maior vantagem.A guerra de posição per

deu significado com a valorização da manobra, do movimento e da ordem dispersa.O armamento individual

da infantaria continuava o

mesmo que perdurara até ametade do século XVI - o mos-

quete de alma lisa, de pequenoalcance e pouca precisão.

Segundo Clausewitz,... oque houve de revolucioná-

ADN / N» 786 / QUAD. DE 2000 - 55

Page 9: História Militar^ - Exército Brasileiro

PERIODIZAÇÃO OA HISTÓRIA MILITAR

rio nas guerras dessa épocanão resulta de alteração noarmamento e, até certo ponto, corresponde a novos

métodos e táticas. Essa revo

lução decorre do surgimento da nação em armas, dogrande aumento no efetivodos exércitos que esse fenômeno tornou possível; e danova política nacional que,substituindo a política di-nástica ou de fronteiras, tinha a nação em armas comoseu instrumento militar.

A batalha de Waterloo(18 de junho de 1815) identifica o término do períodonapoleônico.

Não foi tanto o que Na-poleão empreendeu ou tentou realizar em suas campanhas ou batalhas que fazdiferença, mas a maneiracomo as conduziu e tirou

proveito do clímax da batalha e dos esquemas de manobra simples, porém degrande alcance estratégico,que revolucionariam a arte

da guerra.A arte da guerra é sim

ples, tudo é uma questão deexecução, ainda afirmava ele

no fim da vida.

O impacto causado porNapoleão na arte militar,que o consagrou como mes

tre da guerra moderna emtoda a parte do mundo, estáem sua absoluta confiança

na concentração maciça e

no emprego da força, suainsistência na vitória abso

luta, na rejeição a guerraslimitadas por objetivos restritos e nos princípios deguerra por ele defendidos:

1. Bater o inimigo antesque tenha conseguido concentrar as suas forças.

2. Travar a batalha com

todos os meios reunidos.

3. Em presença de umadversário isolado e mais fra

co, cortar suas linhas de retirada e obrigá-lo a capitular.

4. Ser taticamente mais

forte, mesmo sendo estrategicamente mais fraco.

5. Assegurar as comunicações.

A flexibilidade e a versa

tilidade decorrentes da for

mação em coluna napoleò-nica no ataque, coberta porbatedores, levou a infanta

ria francesa a se organizarsegundo regimentos de chas-seurs a pied (esclarecedores),de voltigeurs (volteadores-fuzileiros) e de grénadiers(granadeiros) - tropa de elite composta de homensmais altos e fortes.

Na cavalaria os chasseurs

a chevale bussardos tinham

por missão a vigilância e oreconhecimento; os dragõesvaliam-se de suas montadas

para deslocamentos rápidose combatiam como infanta

ria quando apeados; e oscuirassiers (couraceiros)constituíam a tropa de choque para as cai;gas. Havia, ain-

Nãofoi tanto o queNapoleão empreendeu outentou realizar em suas

campanhas ou batalhasque faz diferença, mas amaneira como as conduziu

e tirou proveito do clímaxda batalha e dos esquemasde manobra simples,porém de grande alcanceestratégico, querevolucionariam a arte

da guerra.

da, regimentos de cavalarialigeira chamados de lanceiros.A despeito dessas unidadesdisporem de armas de fogo,o sabre era o armamento porexcelência da cavalaria.

O período pòs-napoleô-nico começa com o desastrede Waterloo e prossegue atéa encruzilhada de hoje, inau

gurada com a era nuclear,em que o homem parece terdescoberto o poder de auto-destruição em massa.

DIFERENCIAL DAS IDADES

Sendo a guerra uma constante no decurso da história

da humanidade, em quasetodas as idades e épocas, ou-

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PERIODIZAÇÃO DA HISTÓRIA MILITAR

tra modalidade de periodização da História Militar se faz

por análise do grau de civilização alcançado, confundin-do-se, pois, esta com a própria história do homem.A periodização da Histó

ria Militar adotando-se o

critério das idades e épocasé a seguinte: - Idade Antiga(4000/1000 a. C, a 476);Idade Média (476 a 1453 );Idade Moderna (1453 a1789); e Idade Contemporânea (1789 até hoje).A Idade Antiga compre

ende o estudo dos povosorientais (sumerianos, he-breus, babilônios, egípcios,hititas, assírios, fenícios,medas, persas, hindus e chineses), dos gregos e dos romanos. Tem como marco

final a queda do impérioRomano do Ocidente (476).A guerra na Antigüidade visava à escravidão dos venci

dos, à destruição das cidades e ao enriquecimento dovencedor. Destacam-se, nesse período, como figuras

mais importantes: Ciro,Cambises, Dario I e III,Xerxes, Artaxerxes I e II,Milcíades, Epaminondas,Pelópidas, Alexandre, Aníbal e Júlio César.A Idade Média, encerra

da com a queda de Constan-tinopla, em 1453, abrangeos períodos das invasões

bárbaras, a expansão do Is-lamismo, restabelecimento edesmembramento do Impé

rio Romano do Ocidente,

invasões normandas. Sacro

Império Romano Germânico, separação da Igreja Ortodoxa de Roma, Feudalis-

mo. Cruzadas, Guerra dosCem Anos, Império Otoma-no. Nessa época, guerreava-

se para roubar, decaindoprofundamente a arte militar. Salientam-se nesse período as seguintes figuras:Príncipe Negro, Duque deOrleans, Saladim, Harum alRashid, Ricardo Coração deLeão, Carlos Magno, Gên-gis Cã e Tamerlão.A Idade Moderna, que

vai de 1453 à RevoluçãoFrancesa em 1789, cobre os

grandes descobrimentos einvenções, o Renascimento,as guerras religiosas, notada-mente a dos Trinta Anos, aIndependência dos EstadosUnidos e a queda da Monarquia na França. A guerraperde o caráter feudal e ganha amplitude, sem envolver a nação. Manobrava-semais do que se combatia.Longas guerras, com trocasde prisioneiros, suspensãodas operações no inverno ebatalhas pouco sangrentascaracterizaram os embates

desse tempo. Sobressaemnessa época os nomes de

Gustavo Adolfo, Turenne,

Condé, Duque de Marlbo-roug, Frederico, o Grande,e Suvorov. A Idade Contem

porânea estende-se da Revolução Francesa em 1789 aosnossos dias, enfocando os

principais capítulos da História Militar do períodonapoleônico, a Santa Aliança, as guerras de libertação

da América Latina e do Im

pério Otomano, a unificação da Itália e da Alemanha,a partilha e colonização daÁfrica e da China, a entrada do Japão na comunidade internacional, as guerrasda Secessão e da TrípliceAliança, a Guerra dos Bôeres, o conflito russo-japo-nês, as duas guerras mundiais, a Guerra da Coréia, aGuerra do Vietnã, os conflitos árabe-israelenses, a Guerra Revolucionária da China,

os conflitos ideológicos decunho comunista, as guerras de libertação da África,a Guerra do Afeganistão, asguerras da índia e Paquistão,as guerras do Golfo Pérsicoe da Bósnia. De início, aguerra feita entre nações tinha por finalidade defendera integridade e a independência, mas o fator econô

mico não exercia grande influência. A batalha era a

maior preocupação, voltando a guerra a ser mais bru-

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PERIODIZAÇÃO DA HISTÓRIA MILITAR

tal e violenta. Cresceram os

efetivos e os meios empenhados. Não afetava as rela

ções sociais. As batalhas de

Marengo, Austerlitz, Water-loo, Sadowa e de Lomas Va-

lentinas decidiram as guerras em que se deram. Asguerras mundiais tomaram

caráter universal. Surgiu aguerra total. Os fatores econômico e industrial fizeram

sentir seus efeitos na condu

ção e conclusão da guerra,exigindo desmesurado esforço das nações envolvidas. Asideologias se fizeram presentes nos conflitos, motivando os exércitos de massa.

Notabilizaram-se, comoprincipais personalidadesdesse período: NapoleãoBonaparte, Gribeauval, Jo-mini, Clausewitz, Moltke,Lee, Grant, Stonewall? vonSchliffen, Ludendorf, Falke-nhayn, Joffre, Foch, Haig,Pershing, Frunze, Churchill,De Gaulle, Marshall, MacAr-thur, Eisenhower, Bradley,Patton, Montgomery, Alan-brooke, Slim, Guderian,Manstein, Rommel, Zukov,Timoshenko, Mao tse Tung,

Giap, Beaufi-e, Moshe Dayan,Schwartzkpf etc.

REFERENCIAIS DIVERSOS

Enquanto o suíço Jomi-ni dedicou-se à estratégiamilitar, o prussiano Clausewitz voltou-se para o desenvolvimento da teoria da

guerra, ocupando-se dos aspectos básicos dos conflitosentre as nações.

Coube a Jomini, o conhecido adivinho de Napoleão, a divisão da HistóriaMilitar em três grandes categorias; História das Batalhas; História da Arte daGuerra; e História Político-Militar.

Como a História Militar

cobre um vasto espectro deacontecimentos, muitos au

tores do passado e do presente tendem a enfocá-la,

ainda, segundo outras diferentes abordagens, centradasna figura dos generais, nasbatalhas, na tipologia dasguerras, nos níveis de violência alcançados, nas causas econseqüências dos conflitos.

Julgamos tais divisões umtanto delicadas, por sermosde opinião que o amplo campo da História Militar não arestringe a esses tópicos.

No nosso entender, a

História Militar resume-se

na interpretação dos fatoscomprovados como verdadeiros, a fim de se tirar ensinamentos para a humanidade e indicar tendências parao futuro.

Para finalizar, permiti-mo-nos lembrar as palavrasde von Schliffen:

Diante de qualquer oficial que deseje ser um grande capitão há um livro aberto intitulado História Militar. Reconheço que sua leitura nem sempre é interessante ou divertida, por issoé necessário ir abrindo ca

minho através de uma série

de direções difíceis. Porém,por trás de tudo isso encontram-se fatos concretos que

freq ü en tem en te en tusias-mam e no fundo aparece ínoção exata de como ocorrem as coisas, como deveri

am ocorrer e como ocorre

rão no futuro. ©

BIBLIOGRAFIA

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"Quando você contrata pessoasmais inteligentes do que você, provaque é mais inteligente do que elas."

Richard Grant

"Toda nossa vida é umaprimavera, porque temos em nós

a verdade que não envelhece, e essaverdade anima toda a caminhada."

São Cirílo de Alexandria

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