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PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
1. LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA
Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência a vossa!
Todo o sentido da vida
principia à vossa porta;
o mel do amor cristaliza
seu perfume em vossa rosa;
sois o sonho e sois a audácia,
calúnia, fúria, derrota...”
Cecília Meireles
Série
Número de aulas semanais
1ª 2
2ª 3
3ª 2
4ª 3
1.1. Apresentação da Disciplina
O ensino da língua materna, bem como o trabalho pedagógico que o
consolide, deve ser analisado à luz das contradições do sistema capitalista e da
forma específica como elas se produzem na sociedade brasileira, segundo Frigoto e
Ciavatta (2004). Pesquisas recentes têm mostrado que a proficiência na língua
materna, ao lado do domínio dos conceitos matemáticos básicos, está muito aquém
do exigido para considerar o indivíduo alfabetizado, muito embora a taxa de
analfabetismo entre a população com 15 anos, ou mais, diminuiu 4 pontos
percentuais entre 2000 e 2010, segundo o Censo Demográfico 2010, divulgado pelo
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em novembro de 2011.
Considere-se ainda os revezes na tradição histórica do curso de nível médio
caracterizado pela dualidade estrutural, que estabelece políticas educacionais
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diferenciadas para as camadas sociais distintas, definidas pela divisão social do
trabalho. As reformas educacionais para o Ensino Médio (propedêutico e
profissional), realizadas na última década, não conseguiram avançar no sentido de
eliminar essa dualidade através da escola unitária que propicie formação geral e
uma habilitação profissional. A tentativa de superação da divisão social no Ensino
Médio, através de uma nova concepção de organização escolar, revela-se uma
reorganização apenas superficial, que não oferece condições para um real
unitariedade do ensino e superação das desigualdades socioeconômicas e
educacionais.
Há inda o discurso de que o Ensino Médio, na modalidade Normal,
especificamente o Curso de Formação de Docentes, tem como função precípua a
preparação para o vestibular e inserção no universo do trabalho, qual seja, a
docência nas séries iniciais da educação básica. A contradição está para o caráter
de terminalidade do ensino médio, uma vez que, apenas uma pequena parcela
egressa chega à universidade, uma vez que integrado à educação básica, o Ensino
Médio, constitui-se, sim, como a última instância escolar para a maioria da
população (MOREIRA, 2OO7, p.24).
Kuenzer (2002, p.13) observa que:
[...] a história do Ensino Médio no Brasil revela as dificuldades típicas de um nível de ensino que, por ser intermediário, precisa dar respostas à ambigüidade gerada pela necessidade de ser ao mesmo tempo, terminal e propedêutico. Embora tendo na dualidade estrutural a sua categoria fundante, as diversas concepções que vão se sucedendo ao longo do tempo, refletem a correlação de funções dominantes em cada época, a partir da etapa de desenvolvimento das forças produtivas. (2000A, p.13).
As contradições mencionadas devem ser consideradas como pano de fundo
na proposição de um currículo para o ensino de Língua Portuguesa e Literatura. A
proposta da SEED embasa-se no construto do teórico russo Mikhail Bakhtin e do
chamado Círculo de Bakhtin. Segundo Baktin a língua configura-se em um espaço
de interação entre sujeitos que se constituem através dessa interação o que exige
compreender a língua como “um conjunto aberto e múltiplo de práticas
sociointeracionais, orais ou escritas, desenvolvidas por sujeitos historicamente
situados. Pensar a linguagem (e a língua) desse modo é perceber que ela só existe
efetivamente no contexto das relações sociais. O discurso, tomado com prática
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social, é o conteúdo estruturante que subsidiará todo o ensino da língua nas
diferentes séries de diferentes cursos, de modo especial, o curso de Formação de
Docentes e Pós Médio de Formação de Docentes.
1.2. Objetivos da disciplina
Compreender e usar a Língua Portuguesa como língua materna, geradora de
significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade.
Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas
manifestações específicas nos diferentes gêneros discursivos.
Analisar os recursos expressivos da linguagem verbal, relacionando
textos/contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura, de
acordo com as condições de produção, recepção (intenção, época, local,
interlocutores participantes da criação e propaganda das idéias e escolhas
tecnológicas disponíveis).
Articular as redes de diferenças e semelhanças entre a língua oral e escrita e
seus códigos sociais contextuais e linguísticos.
Aplicar as tecnologias de comunicação e da informação na escola, no
trabalho e em outros contextos relevantes da vida.
Considerar a Língua Portuguesa como fonte de legitimação de acordos e
condutas sociais bem como de representação simbólica de experiências
humanas manifestadas nas formas de sentir, pensar e agir da vida social.
Entender os impactos das tecnologias da comunicação em especial da língua
escrita, na vida, nos processos de produção, no desenvolvimento do
conhecimento e na vida social.
Recuperar, pelo estudo do texto literário, as formas instituídas na construção
do imaginário coletivo, o patrimônio representativo da cultura e as
classificações preservadas e divulgadas, no eixo temporal e espacial.
Compreender, através dos textos literários e romances o “vir a ser eterno do
ser humano”, ampliando o conhecimento de si mesmo e do mundo como
realidades mutantes e plurais.
Conhecer o sabor da diversidade revelado pela arte literária.
Compreender a literatura como recriação do real.
Observar a diversidade cultural como marcas indicativas da heterogeneidade
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de nossa formação: música, religião, costumes, literatura, empréstimos
linguísticos, entre outros.
Conhecer o desenvolvimento da produção literária: brasileira, portuguesa,
africana.
1.3. Conteúdos
1ª SÉRIE
Prática de leitura e interpretação
Idéia central e informações implícitas dos textos (textos ficcionais, não-ficcionais,
literários)
Estrutura da narrativa (tipos de discurso)
Linguagem verbal e não-verbal (charges, cartuns, quadrinhos...)
Variedades linguísticas
Linguagem formal e informal
Prática de Produção de Textos
Gêneros textuais
Paragrafação, períodos argumentativos
Textos práticos: carta, notícia, paródia, relatório, resumo, provérbio
Recursos coesivos
Textos argumentativos/persuasivos
Prática da Reflexão ou Análise Linguística
Origens da Língua Portuguesa e desdobramentos no território lusófono.
Estrutura textual: morfologia- estrutura e formação das palavras; classes de
palavras: substantivo, adjetivo, artigo, numeral; sintaxe: frase, oração, período.
Controle da norma padrão: fonética – letra, fonemas, sílaba, tonicidade; acentuação
gráfica; ortografia; significado das palavras; homônimos e parônimos
Domínio dos recursos expressivos
Ciência da linguagem: língua, linguagem, discurso, contexto, interlocutor, enunciado
e enunciação.
Figuras de linguagem
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Contribuições dos afrodescendentes e demais nacionalidades (empréstimos
linguísticos, música, religião, costumes, etc)
Concepções Teóricas e Práticas da Literatura
Conceito de Literatura
Linguagem literária: verso e prosa
Gêneros e estilos literários
Contextualização literária: Idade Média- Trovadorismo, Humanismo/Era Clássica:
Classicismo Português
Manifestações literárias em Portugal
Literatura de Informação
Literatura Barroca
Literatura Árcade
Literatura de origem africana em Língua Portuguesa e de autoria de brasileiros afro-
descendentes: contos, crônicas, romances, poesias
Leitura de autores diversos: contos, crônicas, romances, poesias.
2ª SÉRIE
Prática de Leitura e Interpretação
Idéia central e informações implícitas do texto
Reelaboração de idéias com pontos de vistas diferentes
Debates relacionados à realidade dos jovens em fase de formação e transformação,
subsidiando-os para a escrita, pesquisa e apresentação de seminários
O sentido lógico e o sentido abstrato das palavras
Prática de Produção de Texto
Gêneros textuais
Textos práticos: carta, notícia, paródia, relatório, resumo, provérbio, informativo,
publicitário
Marcas da oralidade
Qualidade do texto: coesão, coerência
Retextualização (oralidade/escrita formal)
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Prática de Reflexão ou Análise Linguística
Norma culta: acentuação gráfica, ortografia, pontuação, concordância
Classe de palavras: verbo, pronome, advérbio, preposição, interjeição
Sintaxe- Termos da oração
Concepções Teóricas e Práticas da Literatura
Contextualização literária
Romantismo
Poesia e prosa romântica
Realismo (transição)
Realismo e naturalismo
Parnasianismo
Simbolismo
Literatura de origem africana em Língua Portuguesa e de autoria de brasileiros afro-
descendentes
Leitura de autores diversos
3ª SÉRIE
Prática de Leitura e Interpretação
Seleção, organização e análise de argumentos
Debates utilizando conhecimentos e informações de diferentes áreas e indicação de
soluções que conciliem interesses e necessidades de toda humanidade
Intenção textual
Reelaboração de idéias com pontos de vistas diferentes, considerando a articulação
temática, associações lexicais ou estilísticas
Prática de Produção de Texto
Texto dissertativo, expositivo ou polêmico
Carta argumentativa e persuasiva: e-mail e anexos
Artigo de opinião/resenha crítica/sinopse/relatório
Redação a partir de coletâneas de textos
Padrões de aceitação: nível de conteúdos, nível estrutural, nível expressivo
Prática de reflexão da Língua
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Norma culta: acentuação gráfica, crase, ortografia, pontuação, ortoepia e prosódia
Classe de palavras: conjunção (revisão das demais)
Concordância verbal e nominal
Regência verbal e nominal
Uso dos pronomes oblíquos
Sintaxe: coordenação e subordinação
Concepções teóricas e práticas da literatura
Revisão dos séculos de XV a XIX
Pré-Modernismo
Vanguardas européias
Modernismo: verso e prosa (1ª, 2ª e 3ª fases)
Literatura de origem africana em Língua Portuguesa e de autores brasileiros afro-
descendentes
Leitura de autores modernos e contemporâneos
4ª SÉRIE
Prática de Leitura e Interpretação
Seleção, organização e análise de argumentos
Debates utilizando conhecimentos e informações de diferentes áreas e indicação de
soluções que conciliem interesses e necessidades de toda humanidade
Intenção textual
Reelaboração de idéias com pontos de vistas diferentes, considerando a articulação
temática, associações lexicais ou estilísticas
Prática de Produção de Texto
Texto dissertativo, expositivo ou polêmico
Carta argumentativa e persuasiva
Artigo de opinião/resenha crítica/sinopse/relatório
Redação a partir de coletâneas de textos
Padrões de aceitação: nível de conteúdos, nível estrutural, nível expressivo
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Prática de Reflexão ou análise linguística
Norma culta: acentuação, ortografia, pontuação, concordância verbal e nominal,
regência verbal e nominal, fonética, morfologia, sintaxe
Morfossintaxe: que e se
Concepções Teóricas e Práticas da Literatura
Contextualização Literária - século XV ao XX
Obras e autores contemporâneos (brasileiros, portugueses, africanos)
1.4 Encaminhamento Metodológico
As aulas de Língua Portuguesa priorizarão as práticas discursivas (oralidade,
escrita e leitura) considerando-as dentro de um processo dinâmico e histórico dos
agentes na interação verbal, tanto na constituição social da linguagem, que ocorre
nas relações sociais, políticas, econômicas, culturais, entre outros, quanto dos
sujeitos envolvidos nesse processo. Pensar o ensino-aprendizagem de Língua
Portuguesa, tendo como foco essa concepção de linguagem, implica em [...] saber
avaliar as relações entre as atividades de falar, de ler e de escrever, todas elas
práticas discursivas [...] configurada em cada espaço em que seja posta como objeto
de reflexão [...] (NEVES, 2003, p.89)
Nesse sentido, é preciso que a escola seja um espaço que promova, por meio de
uma gama de textos com diferentes funções sociais, o letramento do aluno, para que
ele se envolva nas práticas de uso da língua – sejam pela oralidade, leitura e escrita.
A oralidade: A prática da oralidade será condiderada na vertente backtiniana,
uma vez que a escola tem agido, tradicionalmente, como se todos os que ingressam
na escola falassem da mesma forma. O fosso entre a escrita e a oralidade precisa
ser superado e, nessa perspectiva, necessária se faz a compreensão da vinculação
histórica entre escrita e poder, tendo em vista, entre outros fatores, a possibilidade
de acúmulo de informações e conhecimento. As possibilidades de trabalho com a
oralidade apontam diferentes caminhos: debates, discussões, transmissão de
informações, exposição individual, contação de histórias, declamação de poemas,
representação teatral, seminários, análise da linguagem em uso, em programas de
televisivos como jornais, novelas, propagandas, em programas radiofônicos, no
discurso privado, na literatura oral, enfim, nas mais diversas realizações do discurso
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oral. Comparar as estratégias específicas da oralidade e as estratégias da escrita
são componentes da tarefa de ensinar os alunos a sentirem-se bem para
expressarem suas idéias com segurança e fluência, nos diferentes contextos de sua
inserção social.
Leitura: a leitura compreende o contato do aluno com uma ampla variedade
de gêneros textuais produzidos em uma ampla variedade de práticas sociais. Nesta
perspectiva o desenvolvimento da atividade de leitura, que leve o aluno a perceber o
sujeito presente nos textos, bem como o desenvolvimento de uma atitude responsiva
diante dos mesmos, será priorizado. A presente PPC concebe o ato de ler como um
processo de significação e ressignificação de diferentes textos produzidos em
diferentes práticas sociais – notícias, crônicas, piadas, poemas, artigos científicos,
ensaios, reportagens, propagandas, informações, charges, romances, contos, etc.
percebendo em cada texto a presença de um sujeito histórico e de uma intenção.
Escrita: a escrita é prática sociointeracional. O exercício da escrita, da
produção textual deve levar em conta a relação pragmática entre o uso e o
aprendizado da língua, percebendo o texto como elo de interação social e os
gêneros como construções coletivas.
Na articulação destes três conteúdos – ou práticas – estruturantes, estão os
gêneros do discurso e a reflexão sobre a linguagem, as operações com a língua a
serem realizadas pelos alunos. Esta reflexão tanto vai abordar as variações
linguísticas que caracterizam a linguagem na manifestação verbal dos diferentes
grupos sociais dos falantes, como possibilitará aos alunos a reflexão sobre a
organização estrutural da linguagem verbal, num caminho que, difere das práticas
normativistas tradicionais.
Os que os pressupostos de Bakhtin trazem de novo aos professores que
ensinam gramática é que estudar isoladamente a palavra na morfologia gramatical
não tem sentido se não considerar a dialogicidade das palavras entre si; que uma
palavra só tem existência em outras palavras. As unidades da língua estudadas pela
gramática estão em estado latente para a elaboração dos enunciados com os quais
o sujeito interage na vida em sociedade.
O princípio que norteia o ensino de gramática deve ser baseado no fato de que para
viver e sobreviver o falante da língua constrói enunciados e não opera análise
morfológica ou sintática das frases e das palavras que os constituem.
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Nas palavras de Bakhtin: O discurso só pode existir de fato na forma de enunciações concretas de determinados falantes, sujeitos do discurso. O discurso sempre está fundido em forma de enunciado pertencente a um determinado sujeito do discurso, e fora dessa forma não pode existir. Por mais diferentes que sejam as enunciações pelo seu volume, pelo conteúdo, pela construção composicional, elas possuem unidades da comunicação discursiva peculiaridades estruturais comuns, e antes de tudo absolutamente precisos. [...] O falante termina seu enunciado para passar a palavra ao outro ou dar lugar à sua compreensão altamente responsiva. O enunciado não é uma unidade convencional, mas uma unidade real, precisamente delimitada da alternância dos sujeitos do discurso ao qual termina com a transmissão da palavra ao outro. [...] Essa alternância dos sujeitos do discurso que cria limites precisos do enunciado nos diversos campos da atividade humana e da vida, dependendo das diversas funções da linguagem e das diferentes condições e situações de comunicação, é de natureza diferente e assume formas várias. [...] O diálogo é a forma clássica da comunicação discursiva (BAKHTIN, 1992, p. 274-275).
Quanto à Literatura, professor deve, também, demonstrar o trabalho literário
existente por trás dos textos, contribuindo assim para desfazer o mito do escritor
como alguém superior em relação ao mundo dos homens ditos normais. As aulas de
literatura, embora tenham um curso planejado pelo professor, estarão abertas a
mudanças súbitas do seu rumo, atendo às relações textuais por eles estabelecidos.
Assim ela partirá dos textos selecionados que colocará o aluno em face de textos
sugeridos pelos alunos (a lembrança de um filme, de uma música, de outras leituras
relacionadas, mesmo a lembrança de fatos vividos ou a produção do próprio aluno)
como ponto de lançamento para a leitura de outros textos num contínuo “ir e vir” que
leve o aluno à reflexão, ao aprimoramento de pensar e a um aperfeiçoamento no
manejo que ele terá de suas habilidades de falante, leitor e escritor.
O caráter que tem a Língua Portuguesa como suporte para a construção dos
conhecimentos nos outros domínios do saber coloca o professor desta disciplina
numa posição privilegiada entre os diferentes campos da ciência e das artes,
tornando-o um alavancador potencial de relações interdisciplinares. Neste aspecto
peculiar, o professor de Língua Portuguesa pode, e deve, ampliar o potencial
expressivo dos seus alunos, ajudando-os a entender e a construir as funções
inerentes a cada ciência.
Dado o exposto, reitere-se que o objetivo maior do Ensino Médio é formar o
leitor crítico, capaz de discriminar intenções e assumir atitudes ante o texto com
independência. Para tanto alguns princípios básicos norteiam o ensino de Língua
Portuguesa e Literatura: o atendimento aos interesses do leitor; a provocação de
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novos interesses, que lhe agucem o senso crítico e a preservação do caráter lúcido
do jogo literário, segundo as prescrições do Método Recepcional, ampliando assim,
o horizonte de expectativas dos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem.
Os conteúdos estruturantes contemplarão na forma de pesquisas, análises,
leituras as questões ligadas à cultura e História Afro-Brasileira e Africana
considerando aspectos determinantes da pluralidade e diversidade da nação
brasileira, por isso o ensino priorizará a realidade do aluno (prática social inicial) e a
que deseja alcançar (prática social final – práxis). Para tanto, o ensino de Língua
Portuguesa e Literatura deve, segundo essas premissas, resultar numa releitura do
mundo, num saber transformador, onde o aluno redescubra-se como co-autor na
elaboração e reelaboração de significados na grande teia da plurissignificação, como
o que nos propõe João Cabral de Melo Neto.
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
1.5 Avaliação
Uma concepção de linguagem e de ensino de Língua Portuguesa com uso de
práticas metodológicas pautadas na dialogicidade implica na proposição de critérios
e instrumentos de avaliação coerentes e dialógicos.
A avaliação mais condizente com os fundamentos da presente proposta é
aquela que se dá contínua e acumulativamente. Essa perspectiva de avaliação
rompe com o formalismo das rotinas escolares que prescreve provas escritas não
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reflexivas com fim em si mesmas e propõe, então, uma clara articulação entre
objetivos, práticas metodológicas e instrumentos; articulação essa que deve estar
clara para o professor e para o aluno, também para o conjunto da turma, uma vez
que uma das metas dessa ação pedagógica é viabilizar a autonomia de quem
aprende garantida, entre outros fatores, pela interiorização de princípios de
monitoração das próprias ações e partilha coletiva de informações. Nesse sentido, a
avaliação deve ter uma clara função formativa. As atividades avaliativas devem ser
tomadas como uma possibilidade de ampliar a reflexão sobre o processo de ensino
e seus resultados, não só para verificar quantificar o desempenho/aprendizagem do
aluno, mas principalmente para verificar o rendimento das práticas docentes, ou
seja, do ensino. Nesse sentido, a avaliação deve subsidiar o professor para
eventuais ajustes na programação e no encaminhamento metodológico de alguns
conteúdos propostos ou práticas.
O cumprimento do calendário escolar e agendamento prévio de algumas
situações de avaliação não ferem o conceito de avaliação que acabamos de
delinear, desde que as práticas avaliativas priorizem a leitura reflexiva e resolução
de questões de compreensão e/ou de análise e reflexão da língua, bem como a
produção escrita.
Em síntese, a avaliação será diagnóstica, formativa e somativa, priorizará a
qualidade e o processo de aprendizagem, ou seja, o desempenho do aluno ao longo
do ano letivo, considerando a capacidade de observar, interpretar o conteúdo
estudado através de comparações com a realidade, estabelecendo relações e
criando, a partir da teoria, alternativas de soluções para sua prática cotidiana.
A prática de leitura será avaliada sob a ótica das Diretrizes Curriculares
Estaduais (DCEs) como ato concreto, diálogo entre leitor e obra sendo consideradas
para isso dissertações orais e escritas sobre os gêneros lidos. As práticas de escrita
permanecerão em todo o processo de ensino-aprendizagem com produções que
considerem a evolução do aluno e seu domínio dos recursos que compõem forma e
conteúdo.
Seguindo a orientação de Irandé Antunes (2005) e a teoria bakhtiniana para a
avaliação do tripé oralidade, leitura e escrita, será oportunizado momentos de
dialogicidade para que o aluno posicione-se como co-autor do que fala, lê e escreve.
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Instrumentos: leitura de textos diversos nos diferentes gêneros discursivos,
produção textual; provas subjetivas e objetivas; trabalhos de pesquisa, estudo
dirigido, seminários, debates, apresentação de trabalhos atividades com recursos
midiáticos, atividades diversas (individual e/ou em grupo); projetos interdisciplinares.
Para os alunos de baixo rendimento serão proporcionados estudos de
recuperação paralela através de atividades extraclasse: leituras, resumos,
produções, interpretações, exercícios linguísticos, explicações sobre os acertos e
erros das provas e atividades, reelaboração das atividades e reescrita de textos,
com reavaliação do desempenho.
1.6. Referências Bibliográficas
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Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.
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CIAVATTA, M.; FRIGOTTO, G. Ensino médio: ciência, cultura e trabalho. Brasília:
MEC/SEMTEC, 2004.
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DOMINGUES, D. (org.). A arte no século XXI. A humanização das tecnologias. São
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14
organização. In: KUENZER, Acácia. (org.).
FARACO, Carlos Alberto. Português: língua e cultura, ensino médio, 1ª - 2ª - 3ª
série, Curitiba: Base, 2005.
FIORIN, Luiz José; SAVIOLI, Francisco. Platão – lições de texto: leitura e redação.
2ª, Salvador: Ática, 1990.
FIORIN, Luiz José & PLATÃO. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo:
Ática, 1990.
FIORIN, Luiz José & PLATÃO. Lições de texto. São Paulo: Ática, 1990.
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VENTURELLI, Paulo. A leitura do literário como prática política.In: Letras. Curitiba:
UFPR, 2002.
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
16
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
1. ARTE Dir-lhe-ei, e estou certo que concordará comigo, que nada há mais raro
neste mundo que um artista espontâneo — isto é, um homem que
intelectualiza a sua sensibilidade só o bastante para ela ser aceitável pela
sensibilidade alheia; que não critica o que faz, que não submete o que faz
a um conceito exterior de escola ou de moda, ou de "maneira", não de ser,
mas de "dever ser".
Fernando Pessoa
Série
Número de aulas
semanais
1ª 2
1.1. Apresentação da Disciplina
A visão de ensino da Arte perpassa pela visão de homem enquanto criador,
uma vez que é pela relação que estabelece com a natureza, seja de adaptação ou
transformação, que a paisagem natural é modificada resultando em um novo
cenário. Este cenário sintetiza a ação criadora do homem revelando sua visão de
mundo bem como seu posicionamento frente às contradições presentes nele.
Desta forma, a disciplina de arte possibilita o desenvolvimento da
sensibilidade, da percepção, da imaginação, tornando o aluno capaz de apreciar e
refletir sobre as diferentes manifestações artísticas em diferentes épocas e, a partir
delas, refletir sobre a própria vida. Segundo Ostrower (1977) o ato criador do ser
humano abrange a capacidade de compreender fenômenos estabelecendo novas
relações de forma crítica buscando novas ordenações e significados.
Para Ivone Mendes Richter (2003, p. 51) o grande desafio do ensino da arte,
atualmente é contribuir para a construção da realidade através da liberdade pessoal.
A autora defende um ensino de arte por meio do quais as diferenças culturais sejam
vistas como recursos que permitam ao indivíduo desenvolver seu próprio potencial
humano e criativo, diminuindo o distanciamento existente entre a arte e a vida.
Para Celdon Fritzem (2008, p.34) as produções-artísticas são janelas abertas
de diálogo com o público contemplador, ou mais do que isso, são registros
singulares de experiências estéticas únicas que serão ressignificadas
permanentemente quando colocadas em debate.
O conhecimento da arte de outras culturas permite o entendimento de
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questões sociais, uma forma rápida, isso porque a arte de cada cultura mostra os
valores que estão presentes naquela sociedade. Nesta perpectiva a formação do
aluno deverá levar em conta a compreensão e a importância na utilização deste
conhecimento para a interpretação do mundo.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Orientadoras da Educação Básica
do Estado do Paraná a abrangência do ensino da Arte deverá privilegiar as quatro
linguagens: a dança, a música, o teatro e as artes visuais. Os conteúdos, segundo
Faraco (2000), devem ser selecionados a partir de uma análise histórica, abordados
por meio do conhecimento estético e da produção artística, de maneira crítica, o que
permitirá ao aluno uma percepção da arte em suas múltiplas dimensões cognitiva e
possibilitará a construção de uma sociedade sem desigualdades e injustiças
(FARACO apud KUENZER, 2000).
1.2. Objetivos
Expressar-se e comunicar-se em artes mantendo uma atitude de busca
pessoal e/ou coletiva, articulando a percepção, a imaginação, a emoção, a
sensibilidade e a reflexão ao realizar e fluir a produção artística;
Observar as relações entre o homem e a realidade com interesse e
curiosidade, exercitando a discussão, indagando, argumentando e
apreciando arte de modo sensível;
Estimular a expressão artística do aluno por meio de diversos materiais e
formas.
1.3. Conteúdos
Os conteúdos serão trabalhados de forma simultânea, pois os elementos
formais organizados por meio da técnica, do estilo e do conhecimento, constituirão a
composição; materializando assim, como trabalho artístico nos diferentes
movimentos e períodos. É importante ressaltar ainda que os mesmos serão
organizados com o apoio do Livro Didático Público considerando a carga horária
proposta pela matriz curricular do Curso de Formação de Docentes que destina à
disciplina de Arte apenas duas aulas na 1ª série.
18
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
ÁREA
ELEMENTOS FORMAIS
COMPOSIÇÃO
MOVIMENTOS E PERÍODOS
ARTES
VISUAIS
Ponto Linha Superfície Textura Volume Luz
Figurativa Abstrata Figura-fundo Bidimensional/tridimensional Semelhanças Contrastes Ritmo visual Gêneros: Paisagem, retrato, natureza-morta
Arte Pré-histórica Arte no Antigo Egito Arte Medieval Renascimento Barroco Realismo Impressionismo Expressionismo Fauvismo Surrealismo Op-art Pop-art
MÚSICA Altura Duração Timbre Intensidade Densidade
Ritmo Melodia Harmonia Tonal Modal Contemporânea Escalas Sonoplastia Estrutura Gêneros: erudita
Música popular brasileira Dança Contemporânea Arte Popular Arte Brasileira Arte Paraense
TEATRO Personagem (expressões corporais, vocais, gestuais e faciais) Ação Espaço
Representação Texto Dramático Dramaturgia Espaço Cênico Sonoplastia/iluminação/cenografia/figurino/adereços: caracterização e maquiagem, máscara, jogos teatrais, roteiro, enredo. Gêneros: tragédia, comédia, drama, épico, rua, etc. Técnicas: teatro direto, teatro indireto (manipulação, bonecos, sombras)
Origem do teatro Teatro medieval O teatro de máscaras Teatro Popular O corpo como instrumento teatral
DANÇA Movimento Corporal Tempo Espaço
Eixo Dinâmica Aceleração Ponto de apoio Salto e queda Rotação Formação Deslocamento Sonoplastia Coreografia Gêneros: folclóricas, de salão e étnica.
Arte Paranaense, Dança Clássica, Dança Moderna, Dança Contemporânea, Hip Hop, Arte
Latino-Americana e afro-brasileira
1.4. Encaminhamento Metodológico
Os conteúdos sobre a História da Arte, norteados pelo conjunto dos campos
conceitual estético e artístico, serão trabalhados sob a apresentação de textos sobre
a História da Arte e a comparação de seus períodos; através da leitura e releitura de
19
obras de arte e composições que possibilitem a análise simetria, assimetria, linhas,
cores, ritmos e movimentos dos elementos formais de cada uma das quatro
vertentes das produções artísticas; pesquisas e exposições de trabalhos artísticos;
pesquisa sobre a bibliografia de artistas consagrados, confecção de trabalhos
artísticos de acordo com cada movimento apresentado.
Quanto à música serão realizados trabalhos que permitam a análise dos
elementos que as compõem bem como a sua função social e estética. O ensino do
teatro será promovido a partir de lendas, fábulas, textos literários, narrativos e
pesquisa sobre fatos históricos teatrais. A história e os tipos de dança existentes e a
montagem de coreografias será a trajetória para o ensino da música.
Sinteticamente, de acordo com o prescrito nas DCEs o encaminhamento
metodológico do ensino da Arte contemplará três momentos da organização
pedagógica:
Teorização: fundamentos dos conceitos artísticos.
Percepção e apropriação: são as formas de apreciação, fruição e
leitura da obra de arte.
Trabalho Artístico: a prática criativa de uma obra.
1.5. Avaliação
A concepção de avaliação para a disciplina de Arte proposta nestas Diretrizes
Curriculares é diagnóstica e processual. É diagnóstica por ser a referência do
professor para planejar as aulas e avaliar os alunos; é processual por pertencer a
todos os momentos da prática pedagógica.
A avaliação processual deve incluir formas de avaliação da aprendizagem, do
ensino (desenvolvimento das aulas), bem como a auto-avaliação (desenvolvimento
das aulas), bem como a auto-avaliação dos alunos.
De acordo com a LDB (n. 9.394/96, art. 24, inciso V) a avaliação é “contínua e
cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos
sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais
provas finais”.
A avaliação deverá pautar-se em critérios para o redimensionamento das
práticas pedagógicas, pois o professor participa do processo e compartilha a
produção do aluno. Para tanto deverá fugir das malhas do espontaneísmo e
20
casuísmo centrando-se no conhecimento. Ao centrar-se no conhecimento, a
avaliação gera critérios que transcendem os limites do gosto e das afinidades
pessoais, direcionando de maneira sistematizada o trabalho pedagógico.
Assim, a avaliação em Arte supera o papel de mero instrumento de medição
da apreensão de conteúdos e busca propiciar aprendizagens socialmente
significativas para o aluno. Ao ser processual e não estabelecer parâmetros
comparativos entre os alunos discute dificuldades e progressos de cada um a partir
da própria produção, de modo que leva em conta a sistematização dos
conhecimentos para a compreensão mais efetiva da realidade.
O método de avaliação proposto nas Diretrizes inclui observação e registro do
processo de aprendizagem, com os avanços e dificuldades percebidos na
apropriação do conhecimento pelos alunos. O professor deve avaliar como o aluno
soluciona os problemas apresentados e como ele se relaciona com os colegas nas
discussões em grupo. Como sujeito desse processo, o aluno também deve elaborar
seus registros de forma sistematizada. As propostas podem ser socializadas em
sala, com oportunidades para o aluno apresentar, refletir e discutir sua produção e a
dos colegas valorizando seu arsenal cultural próprio, constituído em outros espaços
sociais além da escola, como a família, grupos, associações, religião e outros. Desta
forma. O professor deve fazer um levantamento das formas artísticas que os alunos
já conhecem e de suas respectivas habilidades, como tocar um instrumento musical,
dançar, desenhar ou representar. Durante o ano letivo, as tendências e habilidades
dos alunos para uma ou mais áreas da arte também devem ser detectadas e
reconhecidas pelo professor.
Esse diagnóstico é a base para planejar futuras aulas, pois, ainda que
estejam definidos os conteúdos a serem trabalhados, a forma e a profundidade de
sua abordagem dependem do conhecimento que os alunos trazem consigo.
Essa é outra dimensão da avaliação, a zona de desenvolvimento proximal,
conceito elaborado por Lev Semenovich Vigotsky que trabalha a questão da
apropriação do conhecimento na interação com o grupo no qual está inserido.
A fim de se obter uma avaliação efetiva individual e do grupo, são necessários
vários instrumentos de verificação tais como:
• trabalhos artísticos individuais e em grupo;
• pesquisas bibliográfica e de campo;
21
• debates em forma de seminários e simpósios;
• provas teóricas e práticas;
• registros em forma de relatórios, gráficos, portfólio, áudio-visual e outros.
Por meio desses instrumentos, o professor obterá o diagnóstico necessário
para o planejamento e o acompanhamento da aprendizagem durante o ano letivo,
visando às seguintes expectativas de aprendizagem:
• A compreensão dos elementos que estruturam e organizam a arte e sua
relação com a sociedade contemporânea;
• A produção de trabalhos de arte visando à atuação do sujeito em sua
realidade singular e social;
• A apropriação prática e teórica dos modos de composição da arte nas
diversas culturas e mídias, relacionadas à produção, divulgação e consumo.
1.6. Referências Bibliográficas
ARANHA , Maria Lúcia de Arruda. História da Educação .São Paulo: Moderna ,
1997.
BOSI, Alfredo. Reflexões sobre a arte .São Paulo : Ática, 1991.
CALÁBRIA, Carla Paula Brondi. Arte: História & Produção. V. 2. São Paulo: FTD,
1997.
FIGUEIREDO , Lenita de Miranda. História de Arte para Crianças. 4ª edição. São
Paulo: Pioneira, 1988.
PARANÁ/SEED. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Curitiba, 2005.
_______. Diretrizes Curriculares de Arte para o Ensino Médio. Curitiba, 2006.
_______.Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na
Modalidade Normal. Curitiba, 2006
_______. História e cultura afro-brasileira e africana: educando para as relações
étnico-raciais. Cadernos Temáticos. Curitiba, 2006.
_______. Vários Autores. Livro Didático Público – Arte. Curitiba: SEED/PR, 2006.
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
22
1. EDUCAÇÃO FÍSICA
Quem quiser ter boa saúde no corpo, procure tê-
la na alma.
Franciso Quevedo
Série
Número de aulas
semanais 1ª 2
2ª 2
3ª 2
4ª 2
1.1. Apresentação da Disciplina
Compreender a Educação Física num contexto mais amplo significa entender
que esta área de conhecimento é parte integrante de uma totalidade definida por
relações que se estabelecem na realidade social e política.
O trabalho é, para o ser humano, o momento histórico em que há um salto
qualitativo na própria conformação da experiência humana. Este salto qualitativo vai
estabelecer a materialidade corporal humana.
Assim a cultura corporal evidencia a relação estreita entre a formação histórica do
ser humano, através do trabalho, e as práticas corporais que daí decorreram e, a
ação pedagógica da Educação Física deve estimular a reflexão sobre o acervo de
formas e representações do mundo que o homem tem produzido, exteriorizadas pela
expressão corporal através dos jogos, danças, lutas, exercícios ginásticos, esporte,
mímica, e outros. Estas expressões podem ser identificadas como formas de
representação simbólica de realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e
culturalmente desenvolvidas.
Portanto a atividade física trará benefícios mentais e físicos proporcionando melhor
qualidade de vida para o educando dinamizando sua integração social.
1.2. Objetivos Gerais
23
Estimular a participação do aluno nas aulas, especificando os objetivos
de cada atividade, para que tenha consciência do seu benefício como
instrumento de comunicação, expressão de sentimentos, emoções, de
lazer e de manutenção e melhoria de saúde.
Aprofundar o conhecimento dos alunos sobre o funcionamento do
corpo humano de forma a reconhecer e modificar as atividades
corporais, valorizando-as como recurso para melhoria de suas aptidões
físicas.
Aprofundar o conhecimento das diferentes manifestações de cultura
corporal, reconhecendo e valorizando as diferenças de desempenho,
linguagem e expressividade.
Participar de atividades em grandes e pequenos grupos,
potencializando e canalizando as diferenças individuais para o
benefício e conquista dos objetivos de todos.
Buscar informações para o aprofundamento teórico de forma a
construir e adaptar alguns sistemas para melhoria de suas aptidões
físicas.
Demonstrar autonomia na elaboração de atividades corporais, assim
como capacidade para discutir e modificar suas regras, podendo
estabelecer uma melhor utilização dos conhecimentos adquiridos sobre
cultura corporal para a preparação de aulas no futuro.
Refletir sobre as informações específicas da cultura corporal, sendo
capaz de discerni-las e reinterpretá-las em bases científicas, adotando
uma postura autônoma, na seleção de atividade e procedimentos para
a manutenção ou aquisição da saúde.
1.3. Conteúdos
1ª SÉRIE
Corpo Humano
Fatores de risco das doenças degenerativas.
Efeitos do exercício físico regular sobre o organismo.
Implicações para a saúde quanto a adoção de estímulo de vida ativa e não ativa
24
fisicamente.
Ginástica
Importância dos exercícios localizados.
Consciência da importância de executar exercícios corretos.
História da Educação Física
Pré-história aos dias de hoje.
Jogos
Desportivos, cooperativos e lúdicos, trabalhando fundamentação e compreensão
das regras, interação e socialização.
2ª SÉRIE
Aptidão Física
Fisiologia, nutrição, capacidade físicas relacionadas com a saúde e com o
desempenho físico.
Esportes
Voleibol, handebol e basquetebol.
Jogos e Brincadeiras
Brincadeiras contadas, jogos: sensoriais, intelectuais e motores.
Danças
De salão, folclóricas e populares.
3ª SÉRIE
Condutas Psicomotoras
Coordenação dinâmica, física, postura e equilíbrio.
Educação da respiração.
Organização espacial e organização temporal.
Ginástica aeróbica e ginástica localizada.
25
Noções de higiene.
Primeiros socorros.
4ª SÉRIE
Esportes: Voleibol e Basquetebol
Fundamentos Técnicos
Histórico
Regras oficiais
Fundamentos básicos
Jogo
Saúde e Higiene
Carboidradros
Proteínas.
Gorduras.
Colesterol.
1.4. Encaminhamento Metodológico
A metodologia a ser utilizada levará em consideração os objetivos de
Educação Física na formação do homem e no meio o qual está inserido, bem como
as relações com a sociedade.
Para que o aluno compreenda esse conhecimento é preciso possibilitar a ele
uma metodologia dinâmica em locais de atividades teóricas e práticas, estimulando
a participação e proporcionando a busca do conhecimento. Várias estratégias serão
usadas como: aulas práticas e teóricas, trabalhos em grupos, pesquisas, aulas
expositivas, elaboração de projetos e debates.
Objetivando ainda a formação integral do aluno e melhoria da qualidade da
sua relação com o meio e, com a sociedade na qual está inserido, de maneira
concreta e significativa, serão desenvolvidas atividades que expressem sentimentos,
necessidades e costumes que confrontem a realidade e o lúdico, que estabeleça
26
regras, limites e barreiras a serem vencidas, através da compreensão e análise de
fatos do cotidiano, proporcionando o conhecimento do seu corpo. Estas atividades
priorizarão os aspectos práticos e teóricos, utilizando estratégias de trabalhos
individuais e em grupo, debates, palestras, trabalhos extraclasses e uso das
tecnologias existentes a fim de proporcionar ao aluno o máximo de estímulos que
contribuam para a sua formação integral.
1.5. Avaliação
A avaliação se dará através de um processo contínuo, durante todo o período
letivo, devendo ser diagnóstica e somativa, que analise a compreensão dos alunos a
respeito dos conhecimentos adquiridos, verificando se os mesmos atingiram os
objetivos propostos para sua formação integral.
Serão sensibilizados a participar diretamente das avaliações, tanto individuais
como em grupos, fazendo sua auto-avaliação, para que ele possa conhecer-se
melhor e ter uma visão mais ampla e clara dos fatos que os cercam.
1.6. Referências Bibliográficas
ARNAIZ, Sanches P.S. C. A Psicomotricidade na Escola: uma prática preventiva e
educativa. Artmed.
BARBOSA, Cláudio R. A. Educação Física Escolar - Da Alienação à Libertação -
Sulina.
FREIRE, João Batista. Educação Física de Corpo Inteiro. São Paulo: Scipione.
PARANÁ/SEED. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Curitiba, 2005.
_______. Diretrizes Curriculares de Educação Física para o Ensino Médio. Curitiba,
2006.
_______. Vários Autores. Livro Didático Público – Educação Física – Ensino Médio.
Curitiba, 2006.
_______.Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na
Modalidade Normal. Curitiba, 2006
SANTOS, Edmilson dos (org). Educação Física Escolar - Sulina.
SOARES, C. L. Fundamentos da Educação Física Escolar. Campinas -SP:
27
UNICAMP/FE/DEME, mimeo. 25 p,1988.
VÁRIOS AUTORES, Coleção Magistério, 2º Grau - Série Formação do Professor.
Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
1. MATEMÁTICA
A matemática goza, perante todas as outras ciências, de
um prestígio especial, e isto por uma razão única: é que
suas teses são absolutamente certas e irrefutáveis, ao
28
passo que as outras ciências são controvertidas até certo
ponto e sempre estão em perigo de serem derrubadas
por fatos recém-descobertos. A matemática goza desse
prestígio porque é ela que dá às outras ciências certa
medida de segurança que elas não poderiam alcançar.
Einstein que elas não poderiam alcançar sem ela.
Série
Número de aulas semanais
1ª 2
2ª 2
3ª 4
4ª 2
Considerando a pluralidade das contradições sociais, a escola traz em seu
cerne a democratização do saber viabilizando a formação cultural e científica como
instrumento de luta do povo para sua emancipação. Numa perspectiva progressista.
Na perspectiva progressista a instrução, como propõe Libâneo (1985), é um
processo de desenvolvimento das capacidades cognitivas pela transmissão e
assimilação ativa dos conhecimentos.
Historicamente, a disciplina de Matemática configura-se como um conjunto de
conhecimentos necessários para a formação dos indivíduos, contribuindo para o
desenvolvimento científico, tecnológico, econômico e cultural.
Dessa forma, por ter se constituído historicamente e legitimada nas relações
sociais ao longo da trajetória da humanidade requer seu estudo nos ambientes
escolares. Além do aspecto específico da própria matemática como ciência, muitas
outras aplicações na sociedade atual justificaria o seu estudo nas escolas, pois além
de suas especificidades, a matemática é ferramenta de diversas outras disciplinas
que utilizam seus modelos para interpretação de fenômenos inerentes a outras
ciências.
O ensino da Matemática faz com que o aluno atribua sentido aos eventos
naturais e científicos, o que permite reconhecer problemas e tomar decisões na
busca de soluções.
1.2. Objetivos
Ler e interpretar textos de Matemática.
29
Ler, interpretar e utilizar a linguagem de símbolos e representações.
Transcrever mensagens matemáticas da linguagem corrente para a
linguagem simbólica (equações, diagramas, expressões, gráficos e
tabelas) e vice-versa.
Exprimir-se com correção e clareza, tanto na língua materna como
na linguagem matemática, usando a terminologia correta.
Identificar problemas e compreender enunciados.
Identificar, interpretar, analisar e comparar dados em diferentes
representações (gráficos, tabelas, entre outros) formulando
hipóteses e prevendo resultados.
Interpretar e criticar resultados dentro do contexto de uma situação
e fazer validar as conjecturas, experimentando, recorrendo a
modelos, esboços e fatos conhecidos utilizando o raciocínio
dedutivo e indutivo.
Utilizar os conceitos e procedimentos aprendidos como ferramentas
matemáticas conforme necessidades exigidas na resolução de
problemas, na interpretação e intervenção do real.
Utilizar os conceitos e procedimentos para reconhecer os números,
ler e interpretar a linguagem de símbolos e representações
matemáticas desenvolvendo a capacidade de raciocínio, de
comunicação, de criatividade e de resolução de problemas do
cotidiano efetivando a compreensão histórica na interpretação da
ciência, na atividade tecnológica e no mundo.
Traduzir, identificar e organizar informações, dada uma
representação de variável social, econômica, física, química,
biológica ou de outras áreas; possibilitando a compreensão de
fenômenos naturais e a intervenção de aspectos da vida social e do
cotidiano.
Utilizar o conhecimento geométrico construído para o
aperfeiçoamento da leitura, da compreensão e da ação sobre a
realidade concreta.
1.3. Conteúdos
30
Os conteúdos Estruturantes e Básicos serão reorganizados considerando a
carga horária nas quatro séries do curso, conforme orientações específicas.
1ª SÉRIE
Conteúdo Estruturante: Números e Álgebra - Revisão: Matemática Básica
Máximo Divisor Comum e Mínimo Múltiplo Comum
Frações
Produtos Notáveis
Fatoração
Equações e Inequações do 1º Grau
Equações do 2º Grau
Potenciação
Radiciação
Conteúdo Estruturante: Números e Álgebra
Teoria dos Conjuntos
Conjuntos dos números reais e noções de números complexos
Intervalos Reais
Conteúdo Estruturante: Funções
Relações (conceito, valor numérico, domínio, imagem e contradomínio)
Funções (conceito, valor numérico, raiz, domínio, imagem e contradomínio)
Classificação de Funções
Inversão de Funções
Composição de Funções
Tipos de Funções:
Função Polinomial do 1º Grau (definição, valor numérico, gráfico e seus elementos,
estudo de sinais, resolução de inequações, resolução de problemas)
Função Polinomial do 2º Grau (definição, valor numérico, gráfico e seus elementos,
estudo de sinais, resolução de inequações, resolução de problemas).
Função Modular (definição, gráfico e seus elementos, resolução de equações e
inequações modulares, resolução de problemas).
31
2ª SÉRIE
Conteúdo Estruturante: Funções
Função Exponencial (definição, gráfico e seus elementos, resolução de equações e
inequações exponenciais, resolução de problemas).
Função Logarítmica (definição do logaritmo e aplicação de suas propriedades,
definição da função, gráfico e seus elementos, resolução de equações e inequações
logarítmicas, resolução de problemas).
Conteúdo Estruturante: Funções – Trigonometria
Razões trigonométricas no triângulo retângulo
Trigonometria da 1ª volta (arcos e ângulos, ciclo trigonométrico, arcos
côngruos, linhas trigonométricas, relações trigonométricas, operações com arcos
e identidades trigonométricas)
Funções trigonométricas
3ª SÉRIE
Conteúdo Estruturante: Funções – Trigonometria
Equações Trigonométricas
Triângulos Quaisquer (Lei dos Senos e Lei dos Cossenos)
Conteúdo Estruturante: Funções - Sequências Numéricas
Sequências
Progressões Aritméticas
Progressões Geométricas
Conteúdo Estruturante: Números e Álgebra - Matrizes, Determinantes e Sistemas
Lineares
Matrizes e Determinantes
Sistemas Lineares
Conteúdo Estruturante: Tratamento da Informação - Análise Combinatória
Princípio Fundamental da Contagem
32
Fatorial
Arranjos Simples
Permutações Simples e com elementos repetidos
Combinações Simples
4ª SÉRIE
Conteúdo Estruturante: Tratamento da Informação - Probabilidades
Probabilidades
Conteúdo Estruturante: Tratamento da Informação - Matemática Financeira
Porcentagem
Lucro e Desconto
Acréscimos Sucessivos e Descontos Sucessivos
Conteúdo Estruturante: Tratamento da Informação - Noções de Estatística
Conceitos Introdutórios (levantamento estatístico, população e amostra)
Elaboração de tabelas com distribuição de frequências para dados simples e dados
agrupados
Construção de gráficos representativos (colunas, barras, setor, histograma e
polígono de frequência)
Medidas de Tendência Central (Média Aritmética, Mediana e Moda)
Medidas de Dispersão (Desvio Médio, Variância e Desvio Padrão)
Conteúdo Estruturante: Geometrias - Geometria Plana
Revisão: Ângulos, polígonos: conceituação, elementos e classificação
Áreas de figuras planas
Conteúdo Estruturante: Geometrias - Geometria Espacial
Poliedros (região poligonal convexa, poliedro convexo, Relação de Euler).
Prismas (conceituação, elementos, classificação, área e volume de um prisma).
Pirâmides (conceituação, elementos, classificação, área e volume de uma pirâmide).
Cilindro (conceituação, elementos, área e volume de um cilindro).
Cone (conceituação, elementos, área e volume de um cone).
33
Esfera ( conceituação, elementos, área e volume de uma esfera).
1.4. Encaminhamento Metodológico
Os processos de ensino e de aprendizagem do conhecimento matemático
têm como base principal a análise e a reflexão sobre a construção de seus conceitos
e sua aplicabilidade em diferentes contextos. Assim, ao ensinar matemática, o
professor deve procurar desenvolver, nos estudantes, a capacidade de resolver
situações-problema, à medida que os compreende e os interpreta por meio de
linguagens matemáticas. Ao articular a matemática com outras disciplinas, o
professor estará propiciando ao aluno ampliar sua percepção quanto à aplicabilidade
dessa disciplina, verificando-a em contextos como na Física, na Química, na área da
saúde, na tecnologia e nas esferas sociais.
Os encaminhamentos referentes à seleção dos conteúdos, às estratégias de
ensino, assim como ao número de aulas destinado a cada conteúdo abordado em
sala de aula irão determinar o bom desenvolvimento do trabalho. Segundo
D'Ambrosio, “dificilmente poderá a prática pedagógica atingir a eficiência desejada
se, ao considerar ou ao iniciar uma aula e ao prepará-la, o professor não fizer um
exame do objetivo que pretende atingir [...]” (1986, p. 46).
As tendências metodológicas apresentadas nas Diretrizes Curriculares
Orientadoras do Ensino da Matemática serão contempladas, quais sejam:
Resolução de Problemas, Investigação Matemática, Modelagem Matemática,
História da Matemática, Etnomatemática e Mídias Tecnológicas, possibilitando ao
aluno o avanço em estudos posteriores, na aplicação dos conhecimentos
matemáticos em atividades tecnológicas, cotidianas, das ciências e da própria
matemática. Os conteúdos matemáticos são abordados em suas relações com o
cotidiano e com outras áreas do conhecimento, o que propicia que se estabeleçam
relações interdisciplinares.
1.5. Avaliação
A avaliação será a fonte principal de informação e inspiração para a
formulação de práticas educativas que levem à formação global do aluno. De acordo
com a pedagogia histórico-crítica (SAVIANI, 1997) entendemos que a avaliação
34
deve ser a prática emancipadora com a função diagnóstica (permanente e contínua).
Assim o professor obtém as informações necessárias sobre o desenvolvimento de
sua prática favorecendo o processo de aprendizagem.
As tomadas de decisão serão constantes. O aluno também participa desse
processo, tomando conhecimento dos seus próprios resultados e reorganizando-se
para mudanças que se façam necessárias. Assumindo esse caráter, a avaliação na
disciplina de Matemática deverá informar sobre a leitura e compreensão de
conceitos e procedimentos, a capacidade e iniciativa na construção do raciocínio
dedutivo e indutivo, a capacidade de interpretar, discutir e aplicar o conhecimento na
resolução de problemas da própria ciência, do cotidiano e de outras áreas do
conhecimento bem como na realidade.
Dessa forma, serão considerados os seguintes instrumentos de avaliação:
Análises e discussões em sala de aula;
Resolução de exercícios e resolução de problemas;
Trabalhos de pesquisa, provas escritas individuais e/ou em grupo;
Aula do erro, estudos paralelos em grupo e estudos complementares.
A recuperação de estudos para os alunos de baixo rendimento na
aprendizagem serão feitos através dos estudos paralelos em grupo com
atendimento de dúvidas e explicações pelo professor em sala de aula. Após o
período de estudos dos mesmos, a avaliação será efetivada através de prova
substitutiva no término de cada semestre.Vale ressaltar que os "estudos paralelos
em grupo" serão avaliados de acordo com o nível de esforço, persistência e
capacidade do aluno de desenvolver sua autonomia nos estudos, partindo do
pressuposto que devemos considerar, no Curso de Formação de Docentes – Médio
Integrado, ofertado por este estabelecimento de ensino, o trabalho como princípio
educativo, e a partir daí, a formação do indivíduo pesquisador com autonomia para a
aquisição de seu próprio conhecimento.
Ao propor um desafio matemático que contemple um conteúdo da série em
que o trabalho está sendo desenvolvido, o professor estará privilegiando a
Resolução de Problemas em suas etapas: leitura do texto, destaque dos dados
importantes para a solução, resolução, verificação da resposta e sua aceitação ou
refutação. Nesse caso, todo o processo de resolução poderá ser avaliado,
independentemente da solução obtida pelo aluno.
35
Serão ofertadas oportunidades diversificadas para os alunos expressarem
seus conhecimentos e tais oportunidades devem incluir manifestações escritas, orais
e de demonstração, inclusive por meio de ferramentas e equipamentos, tais como
materiais manipuláveis, computador, calculadora e outros. O professor, conhecendo
a sua turma, estabelecerá os instrumentos mais indicados para avaliar e quantificar
os conhecimentos adquiridos pelos alunos.
1.6. Referências
BARRETO FILHO, B., BARRETO, C. X. Matemática aula por aula – ensino médio.
São Paulo: FTD, 2000.
BELLO, S. E. L. A Pesquisa em Etnomatemática e a Educação Indígena. Zetetiké, v.
4, n. 6, p. 97-106, Campinas, S.P.1996.
BIANCHINI, E., PACCOLA, H. Curso de Matemática - volume único. São Paulo:
Moderna, 1998.
BITTENCOURT, J. A Epistemologia Genética e o Ensino de Matemática. Zetetiké, v.
4, n. 6, p. 75-85, Campinas, 1996.
BOYER, C.B. História da Matemática. São Paulo: IBEP, 1980.
BRASIL/MEC. Explorando o ensino da Matemática. Vs 1,2 e 3, organização geral de
Suely Druck, Brasília: Secretaria de Educação Básica, 2004.
BRASIL. Diretrizes Curriculares de Matemática para o Ensino Médio. Curitiba, 2006.
_______. Secretaria do Ensino Médio e Tecnológico – SEMTEC/MEC. Parâmetros
Curriculares do Ensino Médio: Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas
Tecnologias. Brasília, 1998.
_______. Vários Autores. Livro Didático Público – Matemática – Ensino Médio.
Curitiba, 2006.
_______.Matemática Fundamental – 2º Grau. São Paulo: FTD, 1994.
_______.Matemática Fundamental: uma nova abordagem – ensino médio. São
Paulo: FTD, 2002.
_______.Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. 9ª ed., Campinas,
SP: Autores Associados, 2005.
_______.Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na
Modalidade Normal. Curitiba, 2006.
36
CARAÇA, B. J. Conceitos Fundamentais da Matemática. 4. ed. Lisboa: Gradiva,
2002.
D'AMBROSIO, Ubiratan. Da Realidade à Ação – Reflexões sobre Educação e
Matemática. 4. ed. Campinas: Summus Editorial, 1986.
DANTE, L. R. Didática da Resolução de Problemas. São Paulo: Ática, 1989.
DANTE, L. R. Matemática: contexto e aplicações - ensino médio. Vs 1, 2 e 3, São
Paulo: Ática, 2003.
FIORENTINI, D. Alguns Modos de Ver e Conceber o Ensino da Matemática no
Brasil. Revista Zetetiké. V. 4, n.3, 1-37, Campinas - SP.
GIOVANNI, J. R., CASTRUCCI, B., GIOVANNI JR, J. R. A Conquista da Matemática:
Teoria e Aplicação - 1º grau. Vs. 5, 6, 7 e 8, São Paulo: FTD, 1992.
IEZZI, G. Coleção Fundamentos da Matemática Elementar. São Paulo: Atual, 1998.
LIBÂNEO, J. C. Democratização da Escola Pública – A pedagogia crítico-social dos
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LIMA, E. S. Avaliação, educação e formação humana. Capítulo 2 - Sala de Aula.
LONGEN, A. Matemática – Ensino médio. Volumes 1, 2 e 3, Curitiba - Pr: Positivo,
2004.
MACHADO, N.J. Matemática e Realidade: análise dos pressupostos filosóficos que
fundamentam o ensino da matemática. São Paulo: Cortez, 1987.
MARCONDES, C. A., GENTIL,N., GRECO, S. E. Matemática: série novo ensino
médio. Volume único, São Paulo: Ática, 2003.
MEDEIROS, C. F. Por uma Educação Matemática como intersubjetividade: In
BICUDO, M. A. V. Educação Matemática: São Paulo: Cortez, 1987.
MIGUEL, A. As Potencialidades Pedagógicas da História da Matemática em
Questão: Argumentos Reforçadores e Questionadores: In Revista Zetetiké, v.5, n.8,
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PAIVA, M. Matemática – volume único. São Paulo: Moderna, 2000.
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PESTANA, M.I.G. Matrizes Curriculares de Referência para o SAEB. Brasília:
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37
SAVIANI, D. Escola e Democracia. Campinas, SP: Mercado das Letras, 1994.
VÁRIOS AUTORES, Anglo: ensino médio: livro-texto. São Paulo: Anglo, 2002.
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
38
1. FISÍCA
“Sem a convicção de uma harmonia íntima do Universo, não poderia haver ciência.”
Albert Einstein
Série
Número de aulas
semanais
3ª 3
4ª 2
1.1. Apresentação da Disciplina
A Física tem como objeto de análise o universo em toda sua complexidade e,
como disciplina escolar, propõe o estudo da natureza entendida como realidade
material sensível (MENEZES, 2005). No entanto, os conteúdos de Física
apresentados aos estudantes do Ensino Médio são modelos elaborados pelo
homem no intuito de explicar e entender essa natureza, por isso exemplificá-los
concretamente é desafiador.
Os estudos e contribuições dos mais diversos povos (como os árabes e os
chineses, entre outros) as pesquisas sobre a História da Física demonstram que, até
o período do Renascimento, a maior parte da ciência conhecida pode ser resumida à
Geometria euclidiana, à Astronomia Geocêntrica de Ptolomeu (150 d.C.) e à Física
de Aristóteles (384-322 a.C).
Consideremos que as explicações a respeito do Universo mudam em cada
época de acordo com que se conhece sobre ele. No mundo atual, globalizado e
altamente tecnológico, a Física possui uma parcela significativa desse
conhecimento. Toda tecnologia é de grande importância no conhecimento da Física
e muitas vezes já faz parte do cotidiano do aluno. Essa proposta implica na
39
abordagem que o ensino da Física faz sobre os fenômenos físicos, lembrando que
suas ferramentas conceituais são as de uma ciência em construção, com uma
respeitável consistência teórica.
Além disso, estudar Física desenvolve o raciocínio, estimula a imaginação e a
criatividade. Um aluno interessado nesta disciplina circula por muitos outros
conteúdos ampliando reflexões que marcarão o desenvolvimento de sua própria
cidadania, tornando-o capaz de contextualizar o conhecimento capacitando-se para
uma atuação crítica e social.
Em síntese, a Física, tanto quanto as outras disciplinas, devem considerar a
dimensão crítica do conhecimento científico sobre o universo de fenômenos e a não-
neutralidade da produção desse conhecimento; bem como seu comprometimento e
envolvimento com aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais da sociedade.
1.2. Objetivos
Compreender um conteúdo de física e apreender seu significado
podendo relacioná-lo com outros acontecimentos.
Identificar, selecionar e interpretar criticamente informações
científicas.
Comunicar-se em diferentes linguagens científicas, formular
hipóteses e prever resultados.
Relatar e discutir os fundamentos teóricos e metodológicos de uma
experiência de Física, mostrando a importância do papel da
disciplina no seu dia a dia e em sua formação.
Considerar os conhecimentos construídos fora da sala de aula,
identificando-os e integrando-os ao conhecimento cientifico, de
forma que as aprendizagens realizadas em qualquer ambiente,
tempo ou situação signifiquem ampliação do conhecimento,
articulando com o conhecimento de Física.
Explorar as relações interdisciplinares, considerando o caráter
orgânico do conhecimento, pela complementaridade dos saberes. A
resolução de um problema, a execução de um projeto, o
enfrentamento de uma situação que requer um conhecimento em
Física.
40
1.3. Conteúdos
3ª SÉRIE
Conteúdo Estruturante: Movimento
História da Física
Mecânica
Cinemática escalar
Conceitos e definições
Movimento Uniforme, Movimento uniformemente variado e queda dos
corpos
Cinemática vetorial
Operações com vetores
Dinâmica
Leis de Newton
Conteúdo Estruturante: Termodinâmica
Energia
Energia Potencial Gravitacional e elástica
Energia Cinética e Mecânica
Termologia
Calorimetria
Estudo dos gases
Introdução a ondulatório.
4ª SÉRIE
Conteúdo Estruturante: Eletromagnetismo
Eletrostática
Conceitos fundamentais
Carga elétrica
Tipos de eletrização
Princípios da eletrostática
Isolantes e condutores, processos de eletrização
Eletroscópio pendular e de folha
Força Elétrica
41
Lei de Coulomb
Campo Elétrico
Vetor campo elétrico, Campo elétrico de uma carga puntiforme fixa
Campo elétrico de várias cargas puntiformes
Linhas de força
Eletrodinâmica
Corrente elétrica
Leis de Ohm
Estudo de resistores
Instrumentos de medidas elétricas
Geradores e receptores
Circuito Elétrico
Eletromagnetismo
Campo magnético
Força magnética
Indução eletromagnética
1.4. Encaminhamento Metodológico
Os vínculos entre ciência, técnica e produção são muito estreitos, quase
inseparáveis. Por isso, é importante que o ensino de Física não deixe de lado
também a Filosofia da Ciência, pois a Filosofia apresenta elementos para análise
que permitem dialogar de forma mais enriquecedora com a natureza.
Portanto, o ensino de Física deve estar voltado para os fenômenos físicos,
enfatizando-os qualitativamente, com redução da ênfase na formulação matemática
sem, no entanto, perder a consistência teórica, visto que é importante a
compreensão da evolução dos sistemas físicos, bem como das aplicações
decorrentes dessa compreensão e suas influências na sociedade contemporânea.
Propõe também, um tratamento qualitativo dos temas da Física Moderna,
corroborando para apresentação da mesma como Ciência em processo de
construção.
Para tanto será proposto o trabalho efetivo com situações-problema,
aproximando o aprendizado com a prática social, pois a proposição de uma
situação-problema ativa a mobilização dos conhecimentos já adquiridos e estimula a
42
busca de novos conhecimentos, articulando esses dois quadros de referência e
estes ao sentido do problema. Dessa forma propicia-se a valorização do
conhecimento cientifico.
Há ainda de se contextualizar os conhecimentos científicos, os problemas e
as atividades, uma vez que, o que dá sentido à aprendizagem é a dimensão
vivencial. As situações de aprendizagem devem proporcionar o contato efetivo com
a realidade vivencial na qual o aluno está inserido e para a qual é formado. As
atividades serão realizadas individualmente ou em grupo para o desenvolvimento de
habilidades como organização, flexibilidade e tolerância, incorporando ao
conhecimento científico o prazer em aprender.
Vale ressaltar que na aprendizagem dos conceitos da Física a presença do
professor é imprescindível, pois ele é o detentor do conhecimento físico e
significador destes conteúdos do ponto de vista social, econômico e cultural.
De acordo com as Orientações Curriculares para o Ensino Médio/MEC, na
disciplina de Física deve-se assegurar que a competência investigativa possa
resgatar o espírito questionador do aluno e o desejo dele conhecer o mundo em que
habita, sendo assim, o ensino se apresentará como cultura e como possibilidade de
compreensão do mundo.
É importante que o processo de ensino-aprendizagem, em Física, parta do
conhecimento prévio do aluno, onde se incluem as concepções alternativas ou
concepções espontâneas, sobre os quais a ciência tem um conceito científico.
Podemos dizer que na concepção espontânea o estudante adquire no seu dia-a-dia,
na interação com os diversos objetos no seu espaço de convivência e que, na
escola, se fazem presentes no momento em que se inicia o processo de ensino-
aprendizagem. Já a concepção científica envolve um saber socialmente construído e
sistematizado, o qual necessita de metodologias específicas para ser transmitido no
ambiente escolar.
De acordo com Tavares (2004), o aluno deve ser capaz de perceber e
aprender em outras circunstâncias onde se fizerem presentes situações
semelhantes às trabalhadas pelo professor em aula, apropriando-se da nova
informação, transformando-a em conhecimento, ou seja, tecer analogias.
Portanto, o professor deverá utilizar-se de aulas expositivas e dialógicas bem
como de aulas experimentais que envolvam análise, discussão, reflexão e
43
investigação associadas a uma escolha bem-feita de conteúdos significativos,
seguindo além do limite da informação e atingindo a fronteira da formação científica
num processo organizado e sistematizado. O livro didático servirá como recurso de
pesquisa constante em sala de aula e o uso dos meios tecnológicos e os jogos
educativos também se farão presentes no cotidiano de acordo com a necessidade
do momento.
1.5. Avaliação
Ao considerarmos importantes os aspectos históricos, conceituais e culturais,
a evolução das ideias em Física e a não neutralidade da ciência, a avaliação deverá
levar em conta o progresso do aluno na elaboração dos conceitos, levantamento de
hipóteses para explicá-los.
Dessa forma, a avaliação deverá ter um caráter diversificado, levando em
consideração: a compreensão dos conceitos físicos; a capacidade de análise de um
texto, seja ele literário ou científico, emitindo uma opinião que leve em conta o
conteúdo físico; a capacidade de elaborar um relatório sobre um experimento ou
qualquer outro evento que envolva a Física.
Os instrumentos utilizados serão: análise e discussão através de trabalhos de
pesquisas bibliográficas e/ou de campo, elaboração de relatórios sobre
experimentos, participação em experiências que desafiam a descoberta, provas
individuais e/ou em grupo.
A Recuperação de Estudos para alunos com baixo rendimento escolar deverá
ser concomitante ao processo educativo por meio da retomada de conteúdos entre
outras atividades, podendo, se necessário, após o período de estudos, aplicação de
uma reavaliação em cada semestre.
1.6. Referências Bibliográficas
ARRUDA, S. M. e LOPES, F. M. A construção da identidade docente na formação
inicial de professores de Biologia: o papel da identificação. Revista Ensaio, 2006.
ASTOLFI, J.P.; DEVELAY, M. A Didática das Ciências. Traduzido por Magda Sento
Sé Fonseca. 7.ed. São Paulo: Papirus, 2002.
BONJORNO, J.R.; BONJORNO, R.A.; RAMOS, C.M. Física Fundamental. São
Paulo: FTD, 1999.
44
CARVALHO, R. História da eletricidade estática. 2.ed. Coimbra: Atlântida, 1973.
CHARLOT, B. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre:
Artes Médicas, 2000.
CHARLOT, B. Relação com o saber, Formação dos Professores e Globalização.
Porto Alegre: Artmed, 2005.
COELHO, S.M. et al. Conceitos, Atitudes de Investigação e Metodologia
Experimental como Subsídio ao Planejamento de Objetivos e Estratégias de Ensino.
Caderno Catarinense de Ensino de Física. v.17, n.2, p.122-49. Florianópolis - SC,
2000.
DELIZOICOV, Demétrio e ANGOTTI, J. A. ANGOTTI. Metodologia do Ensino de
Ciências. São Paulo: Cortez, 1994.
Di BERNARDO, S.; KOHL, E. Formação de professores do ensino médio pela
instrumentação e pesquisa em ciências. In: III Taller International de Didáctica sobre
la Física Universitária. Matanzas, 2002.
ESTEVES, M. e RODRIGUES, A. Tornar-se professor: estudos portugueses
recentes. Investigar em Educação, n. 2, junho de 2003.
ESTRELA, et al. A investigação sobre formação continua de professores em
Portugal (1990-2004). Investigar em Educação, n. 4, junho de 2005.
FERREIRA, N.C. (coord). Roteiros, Protótipos e Experimentos do Projeto Rede de
Instrumentação para Ensino projeto – RIPE -. São Paulo: USP / Instituto de Física.
1996-2005.
LINHARES, S. & GEWANDSZNAJDER, F. Biologia: Programa Completo. 10a ed.
São Paulo: Ática, 1999.
LUZ, A.M.R. ALVARENGA, B. Curso de física. v. 3, 5.ed. São Paulo: Scipione, 2000.
MÁXIMO, A. & ALVARENGA, B. Física. 1a edição. São Paulo: Scipione. 1997.
MORAES, R (org). É Possível Ser Construtivista no Ensino de Ciências?
Construtivismo e ensino de Ciências. , 2000. p.103-30. Porto Alegre: EDIPUCRS,
2000.
NÓVOA, A. (org.). Os Professores e a Sua Formação. 3ª ed. Lisboa: Publicações
Dom Quixote, 1997.
NÓVOA, A. (org). Vidas de Professores. Porto: Porto Editora, 2000.
PARANÁ/SEED. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Curitiba, 2005.
_______. Diretrizes Curriculares de Física para o Ensino Médio. Curitiba, 2006.
45
_______. Vários Autores. Livro Didático Público – Física – Ensino Médio. Curitiba,
2006.
_______.Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na
Modalidade Normal. Curitiba, 2006
PASSOS, M. M. Anotações do I Simpósio de Formação de Professores. 2006.
RAMALHO, Nicolau Toledo. Os Fundamentos da Física. São Paulo: Moderna.
PENTEADO, Paulo César M. Física Conceitos e Aplicações. São Paulo: Moderna.
PIMENTA, S. G. e GHEDIN, E. (orgs). Professor reflexivo no Brasil: gênese e
crítica de um conceito. São Paulo: Cortez. 2005.
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PINTO, I.R.C.A. Tempestades e relâmpagos no Brasil. SP: São José dos Campos:
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_____.Relâmpagos: A natureza em alta voltagem. Eletricidade e Magnetismo. São
Paulo: Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. 2000b.
RAMALHO, Nicolau Toledo. Os Fundamentos da Física. São Paulo: Moderna.
Revista CD-ROM Escola . nº 4. São Paulo: Europa, 2001.
SÉRÉ, M.G.; COELHO, S.M.; NUNES, A.D. O Papel da Experimentação no Ensino
da Física. Caderno Brasileiro de Ensino de Física. v.20, n.1, p.30-42. Florianópolis,
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SILVA, Wilton Pereira e SILVA, Cleide M. D. P. S. Física Experimental: Mecânica.
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SILVA, Wilton Pereira e SILVA, Cleide M. D. P. S. Mecânica Experimental para
Físicos e Engenheiros. João Pessoa - PB: Universitária/UFPB, 2000.
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VALADARES, E. C. Física mais que divertida. 2a edição. Belo Horizonte: Editora da
46
UFMG. 2002.
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
47
1. QUÍMICA
"O que sabemos é uma gota,
o que ignoramos é um oceano".
Isaac Newton,
Série
Número de aulas
semanais
3ª 3
4ª 2
1.1. Apresentação da Disciplina
A Química tem papel essencial na formação do sujeito, pois, ligada
diretamente à vida, é uma ciência que o leva ao estudo das substâncias materiais e
suas transformações. A origem histórica dos saberes da Química está ligada às
transformações sofridas pelo mundo e surgimento e desenvolvimento da sociedade
tecnológica que exige das ciências dos materiais respostas precisas e específicas às
suas demandas.
Muito embora existam, atualmente, formas distintas de conceber o ensino de
Ciências e de Química, a pedagogia sócio-histórica já é um referencial teórico na
prática de alguns professores. A essa visão de aprendizagem corresponde uma
proposta de ensino, voltada ao trabalho na perspectiva de formação de conceitos,
porém diretamente relacionados à sua finalidade. Muitas vezes, os alunos trazem
concepções do senso comum, estruturas conceituais alternativas que não podem
ser ignoradas pelo professor, mas que devem ser superadas no sentido da efetiva
significação de conceitos cientificamente estabelecidos. Caberá ao professor,
utilizando estratégias de ensino, levar os alunos a aproximarem-se, cada vez mais
qualitativamente, do conceito desejado, numa exposição dialógica e de negociação,
num contexto organizado, também, pelo professor.
Essa relação implica a compreensão de um mínimo necessário de
conhecimento científico e tecnológico para além do domínio estrito dos conceitos de
48
Química. Diz respeito ao entendimento das inter-relações sociais do sujeito, ao
desenvolvimento da sua capacidade de participação através de uma atitude crítica e
atuação transformadora na direção de uma sociedade justa.
A principal função do ensino de Química é proporcionar ao educando uma
compreensão racional do mundo que o cerca, levando-o a um posicionamento de
vida. Em consequência desse aprendizado, desejamos ainda que ele perceba,
gradualmente, como a construção do conhecimento cientifico permitiu o
desenvolvimento de tecnologias que modificaram e modificam profundamente nossa
vida. Utilizamos máquinas que nos ajudam a viver melhor; mudamos nossas
perspectivas quanto à preservação de nossa saúde e a expectativa de vida.
A Química ainda é imprescindível para a aprendizagem ao permitir a
compreensão do que ocorre na natureza e os benefícios concedidos ao homem, e
ao mostrar a necessidade de ser respeitar o equilíbrio da natureza.
1.2. Objetivos
Compreender conteúdos científicos elementares e fundamentais, compatíveis
com a sua faixa etária/ano desenvolvendo vocabulário adequado.
Desenvolver a capacidade de observação, de coleta e organização de dados,
aprendendo a usar instrumento de medida e vocabulário adequado.
Generalizar e tecer analogias para situações cotidianas identificando-as nos
fenômenos naturais e em algumas aplicações práticas.
1.3. Conteúdos
3ª SÉRIE
Estrutura da Matéria
Substância
Misturas
Métodos de Separação
Fenômenos Físicos e químicos
Estrutura Atômica
Distribuição Eletrônica
Tabela Periódica
49
Ligações Químicas
Funções Químicas
Radioatividade
4ª SÉRIE
Soluções
Termoquímica
Cinética Química
Equilíbrio Químico
Química do Carbono
Funções Oxigenadas
Funções Nitrogenadas
Polímeros
Isomeria
1.4. Encaminhamento Metodológico
Os conceitos da Química serão apresentados em atividades experimentais,
uma vez que elas desenvolvem a curiosidade do aluno, e explicitam os
determinantes e condicionantes de um fenômeno. Indubitavelmente, o aluno vai
entender melhor uma lei da química se esta puder ser obtida ou confirmada através
de atividades praticas em laboratório.
A associação da teoria com a prática é relevante partindo de fatos do dia a
dia, da vivência do aluno. O professor deve considerar que o ensino da Química não
se reduz apenas à matemática aplicada, na qual o aluno se perde e esquece-se da
química que está sendo ensinada e trabalhada. Os exercícios, devem,
preferencialmente, estar relacionados à situações concretas da vida do aluno,
embora exijam tratamentos em diferentes níveis de abstração.
1.5. Avaliação
A avaliação deverá ser diagnóstica, contínua e gradativa, considerando o
aluno em sua individualidade, valorizando seu ritmo na realização das atividades. A
avaliação deve ser um recurso a serviço do desenvolvimento global do aluno, vista
50
como parte do processo de ensino-aprendizagem.
Constará de diferentes atividades e uso de diferentes instrumentos de
trabalho, bem como o uso de novas tecnologias que visem o trabalho interdisciplinar.
Os resultados da avaliação deverão servir para nortear a tomada de decisões,
que contribuam para a melhoria da qualidade do processo educativo (Feedback). Os
Estudos de Recuperação serão feitos paralelamente ao conteúdo de sala de aula,
sem dispensa, por meio de estratégia diversificada e de acordo com o Regimento
Escolar.
1.6. Referências bibliográficas
ARAÚJO, Marcos. Química Completa para o Vestibular- Volume Único. São Paulo:
Moderna, 1997.
FERRÉ, Juan. Química para o 2º GRAU .Volume único. São Paulo: Scipione, 1990.
MORTIMER, E.F. e MACHADO, A. H. Química para o ensino médio – Volume
Único. 1ª ed. São Paulo: Scipione, 2002.
PARANÁ/SEED. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Curitiba, 2005.
_______. Diretrizes Curriculares de Química para o Ensino Médio. Curitiba, 2006.
_______. Vários Autores. Livro Didático Público – Química – Ensino Médio. Curitiba,
2006.
_______.Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na
Modalidade Normal. Curitiba, 2006
SARDELLA & MATEUS. CURSO DE QUÍMICA. Vs 1, 2, 3. São Paulo: Moderna,
1993.
SARDELLA ,A. ; FALCONE, M. QUÍMICA-SERIE BRASIL. São Paulo: Ática, 2004.
TITO & CANTO. QUÍMICA NA ABORDAGEM DO COTIDIANO .Vs 1, 2, 3. São
Paulo: Ática, 1991.
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
51
1. BIOLOGIA
Não nos surpreendemos com a raridade de uma espécie,
mas ficamos chocados com o seu desaparecimento; é como
admitir que a doença é o prelúdio da morte e não se
sentir surpreso diante da doença, mas apenas com a morte
da pessoa doente, não atribuindo o falecimento ao mal de
que ela sofria, mas a algum ato desconhecido de violência.
Charles Darwin
Série
Número de aulas
semanais
1ª 2
2ª 2
1.1. Apresentação da Disciplina
O fenômeno “vida”, bem como a sua diversidade de manifestações é objeto
de estudo da Biologia. Segundo Bertoni (2007) pensar sobre o fenômeno vida
enquanto objeto de estudo da biologia implica pensar sobre o ensino desse
conhecimento enquanto disciplina de biologia (conhecimento científico escolar) nos
diferentes níveis e especialidades educacionais, com o propósito de compreender tal
fenômeno. A biologia, disciplina escolar, tem como ciência de referência a biologia
no campo pesquisa científica.
Difícil pensar que todo o conhecimento biológico produzido no âmbito da
pesquisa possa ser mediado e ensinado nas disciplinas escolares na forma de
conhecimentos científicos escolares. Isso remete ao entendimento de que é
necessário selecionar conhecimentos específicos para o currículo dessa disciplina,
estabelecendo critérios coerentes para essa seleção e definir estratégias para se
ensinar tais conhecimentos.
O ensino da Biologia permite a compreensão da natureza e dos limites dos
diferentes sistemas explicativos, e ainda, a compreensão de que a Ciência não tem
resposta para tudo, sendo uma de suas características a possibilidade de ser
52
questionada e de se transformar. Nesta perspectiva os conceitos científicos devem
ser apresentados como resultado de uma construção socializada, que conta com a
imaginação, a intuição e a emoção e é influenciada pelo contexto histórico e
econômico. Ao trabalhar tais conceitos, é importante considerar o conhecimento
prévio do aluno e enfatizar a aprender a pensar e o pensar para aprender.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Orientadoras da Educação Básica
deve-se buscar superar a fragmentação do conhecimento por meio da seleção de
fatos, conceitos e teorias que promovam aprendizagens significativas e funcionais e
pela superação das fronteiras entre disciplinas. Nesse processo, é imprescindível o
compromisso com a flexibilidade, a diversidade e com a contextualização dos
conteúdos, de acordo com o desenvolvimento das estruturas cognitivas do aluno.
Tais exigências vinculam-se ao princípio segundo o qual o ensino da Biologia não
deve priorizar a transmissão de informações, mas sim a formação de atitudes e
valores que promovam um aprofundamento no conhecimento científico sobre a vida,
bem como a admiração e o respeito por ela.
1.2. Objetivos
Reconhecer e utilizar os conceitos intrínsecos da Biologia.
Apresentar suposições, hipóteses, expressar dúvidas, idéias e conclusões
acerca dos fenômenos biológicos.
Relacionar os diversos conteúdos conceituais de Biologia na/pela
compreensão de fenômenos.
Formular questões, diagnósticos e propor soluções para problemas
apresentados, utilizando-se de elementos da Biologia.
Reconhecer a Biologia como um fazer humano e, portanto, histórico, fruto da
conjunção de fatores sociais, políticos, econômicos, culturais, religiosos e
tecnológicos.
Identificar a interferência de aspectos místicos e culturais nos conhecimentos
do senso comum relacionados a aspectos biológicos.
Reconhecer o ser humano como agente e paciente de transformações
intencionais por ele produzidas no seu ambiente.
Julgar ações de intervenção, identificando aquelas que visam a preservação e
53
a implementação da saúde individual, coletiva e do ambiente.
Identificar as relações entre o conhecimento científico e o desenvolvimento
tecnológico, considerando a preservação da vida, as condições de vida e as
concepções de desenvolvimento sustentável.
1.3.Conteúdos
Considerando que o curso de formação de docentes contempla a disciplina de
Biologia apenas nas 1ª e 2ª séries os conteúdos estruturantes e específicos foram
organizados, distribuídos e adequados a essas séries focando os seguintes
aspectos:
a formação da cidadania;
preparo para o trabalho;
saúde;
educação ambiental;
a bioética;
os avanços biológicos no contexto da vida.
1ª SÉRIE
Histórico, importância e abrangência da Biologia.
Organização Celular e Molecular:
Histórico e métodos de estudo;
Aspectos físico-químicos da célula;
Membrana;
Citoplasma;
Núcleo;
Divisão celular;
Histologia;
Reprodução, Embriologia, Sexualidade e Saúde
Bioética;
Biotecnologia;
Biodiversidade;
Biomas terrestres e aquáticos;
54
Relações ecológicas;
Ecossistemas;
Ciclos biogeoquímicos;
Desequilíbrio ambiental urbano e rural;
Educação ambiental;
Pesquisas científicas e biológicas.
2º SÉRIE
Organização e distribuição dos Seres Vivos;
Os seres vivos e o ambiente;
Classificação geral nos reinos;
Origem das espécies;
Fisiologia comparada;
Pesquisas científicas e biológicas;
Ciência e saúde;
Bioética;
Biotecnologia;
Processo de Modificação dos Seres Vivos;
Origem e evolução da vida;
Genética;
Biotecnologia.
Implicações dos Avanços Biológicos no Contexto da Vida
Bioética;
Ciência e saúde;
Pesquisas científicas biológicas.
1.4. Encaminhamento Metodológico
Em conformidade com o exposto nas DCEs, a ciência sempre esteve
sujeita às interferências, determinações, tendências e transformações da sociedade,
aos valores e ideologias e às necessidades materiais do homem. Ao mesmo tempo
em que sofre a sua interferência, nelas interfere (ANDERY, 1988; ARAÚJO, 2002).
55
Em meio a estas necessidades humanas, a ciência visa encontrar explicações
sobre os fatos. As indagações acerca da própria ciência demarcam saltos
qualitativos do conhecimento científico, fortalecendo a concepção de uma ciência
que nasce da luta contra o obscurantismo e a superação do senso comum, em que
a história da ciência deve ser tão crítica quanto à própria ciência (ASTOLFI &
DEVELAY, 1991; LOVO, 2000).
Segundo Gaston Bachelard (1971) o ensino e a aprendizagem da ciência não
parte do zero para ampliar o conhecimento. “Nada é natural. Nada é dado. Tudo é
construído” (BACHELARD, 1971). Como construção, o conhecimento é sempre um
processo inacabado. Como elemento da construção científica, a Biologia deve ser
entendida como processo de produção do próprio desenvolvimento humano
(ANDERY,1988). O avanço da Biologia, portanto, é determinado pelas necessidades
materiais do ser humano com vistas ao seu desenvolvimento, em cada momento
histórico. De fato, o ser humano sofre a influência das exigências do meio social e
das ingerências econômicas dele decorrentes, ao mesmo tempo em que nelas
interfere.
A ciência reflete, assim, o desenvolvimento e as rupturas ocorridas nos
contextos sociais, políticos, econômicos e culturais dos diferentes momentos
históricos. Em outros termos, se a incorporação da ciência aos meios de produção
promoveu intensificações nos avanços da sociedade, não se pode considerar que a
ciência somente acumula teorias, fatos, noções científicas aceitas na prática do
cientista, mas cria modelos paradigmáticos que nascem da utilidade da ciência em
resposta às necessidades da sociedade.
Os paradigmas do pensamento biológico identificados compõem os
conteúdos estruturantes para a disciplina de Biologia a partir dos quais, abordam-se
os conteúdos básicos e específicos.
A Ciência é intrinsecamente histórica e a disciplina de Biologia contribui para
formar sujeitos críticos e atuantes, por meio de conteúdos que ampliem seu
entendimento acerca do objeto de estudo – o fenômeno VIDA – em sua
complexidade de relações, ou seja:
• na organização dos seres vivos;
• no funcionamento dos mecanismos biológicos;
56
• no estudo da biodiversidade em processos biológicos de variabilidade
genética, hereditariedade e relações ecológicas;
• na análise da manipulação genética.
No ensino de Biologia, o ato de observar extrapola o olhar descomprometido
ou o simples registro, pois inclui a identificação de variáveis relevantes e de medidas
adequadas para o uso de instrumentais. Entretanto, considera-se a intencionalidade
do observador, uma vez que ele é o sujeito do processo de observação, o que
implica reconhecer a sua subjetividade.
Nesta perspectiva deve ser adotado o método experimental como recurso de
ensino para uma visão crítica dos conhecimentos da Biologia, sem a preocupação
de busca de resultados únicos. A observação e experimentação são tomadas como
procedimento de investigação, dada sua importância como responsável pelos
avanços da pesquisa no campo da Biologia. Entretanto, os experimentos devem
estar sempre amparados pelos dispositivos legais vigentes, tais como:
• Lei Estadual do Paraná n. 14.037, de 20 de março de 2003, que institui o
Código Estadual de Proteção aos animais;
• Lei de Biossegurança;
• Resoluções do Conama/MMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente);
• Política Nacional da Biodiversidade.
Nesse contexto, as aulas experimentais podem significar uma crítica ao ensino
com ênfase exclusiva na divulgação dos resultados do processo de produção do
conhecimento científico, e apontar soluções que permitam a construção racional do
conhecimento científico em sala de aula, sem dissociar as implicações deste
conhecimento para o ser humano.
Cabe ressaltar que a aula assim concebida deve introduzir momentos de
reflexão teórica com base na exposição dialogada, bem como a experimentação
como possibilidade de superar o modelo tradicional das aulas práticas dissociadas
das teóricas. As aulas práticas passam a fazer parte de um processo de ensino
pensado e estruturado pelo professor, repensando-se inclusive, o local onde possam
acontecer, não ficando restritas ao espaço de laboratório.
As aulas, desta forma, não são apenas experimentais ou apenas teóricas,
mas pensadas de modo a assegurar a relação interativa entre o professor e o aluno
pela participação ativa no processo pedagógico.
57
Desse modo, os conhecimentos biológicos, se compreendidos como produtos
históricos indispensáveis à compreensão da prática social, podem contribuir para
revelar a realidade concreta de forma crítica e explicitar as possibilidades de atuação
dos sujeitos no processo de transformação desta realidade (LIBÂNEO, 1983).
O professor e o aluno comportam-se como sujeitos sócio-históricos situados
numa classe social. Ao professor compete direcionar o processo pedagógico,
interferir e criar condições necessárias à apropriação do conhecimento pelo aluno
como especificidade de seu papel social na relação pedagógica. Se por um lado os
conhecimentos biológicos proporcionam ao aluno a aproximação com a experiência
concreta dele, por outro, constituem elementos de análise crítica para superar
concepções anteriores, estereótipos e pressões difusas da ideologia dominante
(SNYDERS, 1974; LIBÂNEO, 1983).
Para o ensino de Biologia, propõe-se o método da prática social, que decorre
das relações dialéticas entre conteúdo de ensino e concepção de mundo; entre a
compreensão da realidade e a intervenção nesta realidade (SAVIANI, 1997;
LIBÂNEO, 1983). Confrontam-se, assim, os saberes do aluno com o saber
elaborado, na perspectiva de uma apropriação da concepção de ciência como
atividade humana. Ainda, busca-se a coerência por meio da qual o aluno seja
agente desta apropriação do conhecimento.
Em síntese, o processo ensino e aprendizagem deve valorizar a construção
histórica dos conhecimentos biológicos, articulados à cultura científica, socialmente
valorizada. A formação do sujeito crítico, reflexivo e analítico consolida-se por meio
de um trabalho em que o professor reconhece a necessidade de superar
concepções pedagógicas anteriores, ao mesmo tempo em que compartilha com os
alunos a afirmação e a produção de saberes científicos a favor da compreensão do
fenômeno VIDA.
É fundamental, portanto, que se estabeleça uma relação entre o aluno, o
professor e o conhecimento científico, na perspectiva da aprendizagem significativa
do conhecimento historicamente acumulado, da formação de uma concepção de
Biologia e sua relação com a Tecnologia e com a Sociedade.
Assim sendo, a metodologia a ser utilizada dentro desta perspectiva, inclui
além do aproveitamento dos conhecimentos prévios dos alunos através da
problematização, e as práticas sociais, as aulas experimentais, debates, palestras,
58
estudo de textos, excursões, visitas (estudo do meio) aulas expositivas, trabalhos e
técnicas em grupo, seminários, oficinas e desenvolvimento de projetos mais
pontuais. O livro didático utilizado é do Plano Nacional do Livro Didático.
1.5. Avaliação
A avaliação inclui práticas diversas e integra os vários momentos do
desenvolvimento curricular implicando na realização de várias operações
interligadas. Os instrumentos a serem utilizados deverão ser diversificados,
atendendo as diferenças individuais, como por exemplo: pesquisas, provas orais e
escritas, objetivas e subjetivas, testes, observação direta, entre outros. É
fundamental que esta avaliação se processe de forma contínua. A Recuperação de
Estudos é aplicada durante todo o ano letivo logo após a correção das atividades de
avaliação, através da aula do erro, avaliações substitutivas, exercícios de revisão
entre outros.
1.6. Referências Bibliográficas
AMABIS, J.M., MARTHO, G.R. Fundamentos da Biologia Moderna . 2.ed. São
Paulo: Moderna, 1997.
AMABIS, J.M. ,MARTHO, G.R. Conceitos de Biologia. 3v. São Paulo: Moderna,
2003.
BERTONI, DANISLEI. Um estudo dos estilos de pensamento biológico sobre o
fenômeno vida. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Paraná. Curitiba,
2007.
BIZZO,N. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo: Ática: 2002.
CARVALHO, W. Biologia em Foco. São Paulo: FTD, 2002.
CHEIDA, Luiz Eduardo. Biologia Integrada. São Paulo: FTD, 2003. (Coleção Delta).
FAVARETTO,J.A., MERCADANTE, C. Biologia. São Paulo: Moderna,1999.
KRASILCHIK, Myrian. Prática do ensino de biologia. 2ª ed. São Paulo: Harbra,1986.
LINHARES, S. GEWANDSZNAJDER,F. Biologia hoje. 3v. São Paulo: Ática: 2006.
LOPES, Sonia Bio. 1ª.ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
LOPES, S. e ROSSO, S. Biologia. São Paulo: Saraiva, 2004.
MACHADO, Sídio. Biologia. São Paulo: Scipione, 2003.
59
NARDI, Roberto(org) Questões atuais no ensino de ciências. São Paulo: Escrituras, 1998.
PARANÁ/SEED. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Curitiba, 2005.
_______. Diretrizes Curriculares de Biologia para o Ensino Médio. Curitiba, 2006.
_______.Vários Autores. Livro Didático Público – Biologia – Ensino Médio. Curitiba, 2006.
_______.Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na Modalidade Normal. Curitiba, 2006
PAULINO, W.R. Biologia. São Paulo: Ática, 2000.
SILVA, CESAR JR. SASSON, Sezar. Biología. 2ª.ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
SOARES, J.L. Biologia. São Paulo: Scipione, 1997.
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
1. HISTÓRIA
60
O historiador e o poeta não se distinguem um do outro pelo
facto de o primeiro escrever em prosa e o segundo
em verso. Diferem entre si, porque um escreveu o que
aconteceu e o outro o que poderia ter acontecido”.
Aristóteles
Série Número de aulas semanais
1ª 2
2ª 2
1.1. Apresentação da Disciplina
A história tem como objeto de estudos os processos históricos relativos às
ações e às relações humanas praticadas no tempo, bem como os sentidos que os
sujeitos deram às mesmas, tendo ou não consciência dessas ações. Já as relações
humanas produzidas por estas ações podem ser definidas como estruturas sócio-
históricas, ou seja, são as formas de agir, de pensar ou de raciocinar, de representar,
de imaginar, de instituir, portanto, de se relacionar social, cultural e politicamente.
As relações condicionam os limites e as possibilidades das ações dos sujeitos
de modo a demarcar como estes podem transformar constantemente as estruturas
sócio-históricas. Mesmo condicionadas, as ações dos sujeitos permitem espaços
para suas escolhas e projetos de futuro. Deve-se considerar também como objeto de
estudos, as relações dos seres humanos com os fenômenos naturais, tais como as
condições geográficas, físicas e biológicas de uma determinada época e local, os
quais também se conformam a partir das ações humanas.
Os conteúdos estruturantes da História assentam-se no tripé das relações de
trabalho, relações de poder e relações culturais resultante de um recorte dimensões
política, econômico-social e cultural. Os mesmos são integrados entre si e permitem
a busca do entendimento da totalidade das ações humanas.
O trabalho é tomado como expressão da relação que os seres humanos
estabelecem entre si e a natureza, portanto, ao realizar as atividades de
61
transformação da sociedade e de elementos da natureza, os homens se relacionam.
Estas relações permitem diversas formas de organização do mundo do trabalho.
Entender que essas relações são exercidas nas diversas instâncias sócio-históricas,
como o mundo do trabalho, as políticas públicas e as diversas instituições, permite
ao aluno perceber que as mesmas fazem parte de seu cotidiano.
As relações culturais são a correspondência dialética entre as estruturas
materiais e simbólicas de um determinado contexto histórico. As diferenças culturais
existem devido às diversas interpretações construídas por sujeitos históricos que
estão inseridos em grupos sociais distintos na divisão social do trabalho.
A presente proposta para a disciplina de História no Curso de Formação de
Docentes pretende ainda apresentar uma releitura da contribuição dos negros na
construção e formação da sociedade brasileira. Além preparar os futuros docentes a
mudar discursos, raciocínios, lógicas, gestos, posturas e modos de tratar as pessoas
em geral, em especial as pessoas negras, e assim superar a ideologia dominante da
democracia racial na sociedade brasileira conforme as leis 10.639/03 e 13.381/01.
1.2. Objetivos
Contemplar a diversidade das experiências sociais, culturais e
políticas dos sujeitos e suas relações.
Abrir perspectivas para validar, refutar ou complementar a produção
historiográfica existente.
Desenvolver uma consciência histórica que leve em conta a
diversidade das práticas culturais dos sujeitos, sem abandono do
rigor do conhecimento histórico.
Valorizar a possibilidade de luta e transformação social.
Compreender as experiências e os sentidos que os sujeitos dão à
História.
Analisar e propor ações que visam a superação das condições de
vida dos sujeitos do presente, apontando para expectativas futuras.
Compreender que o conhecimento histórico possui diferentes
formas de explicar o seu objeto de investigação, constituídos nas
experiências dos sujeitos.
Contribuir para a formação de uma consciência histórica crítica.
62
Permitir a ampliação das possibilidades de explicação e
compreensão de um fato histórico.
Refletir e superar uma visão unilateral dos fatos históricos
favorecendo a compreensão da vida social em toda a sua
complexidade.
Valorizar, divulgar e respeitar os processos históricos de resistência
negra.
Buscar compreender os valores e lutas, ser sensível ao sofrimento
causado pelas formas de desqualificação do povo negro.
1.3. Conteúdos
Para a disciplina de História os conteúdos estruturantes serão as relações de
trabalho, relações de poder e as relações culturais que assumem um recorte mais
específico apontando para o estudo das relações humanas. O conceito de tempo foi
construído historicamente e modificou-se de acordo com o surgimento e
transformação das sociedades. Assim, considera-se que os estudos das ações e das
relações humanas do passado são parte de problematizações feitas no presente.
O conceito de espaço contextualiza e articula os conteúdos estruturantes aqui
propostos. O local onde os sujeitos históricos atuam delimita as possibilidades de
ação e de compreensão do processo histórico.
1ª SÉRIE
Reflexão sobre a História.
Pré·História.
Civilizações da antiguidade (Visão Geral).
Civilização Bizantina.
Civilização Islâmica.
A formação dos Reinos Bárbaros.
Reino dos Francos.
O Sistema Feudal.
O Poder da igreja medieval.
O Fim da Idade Média.
63
A Cultura na Idade Média.
Idade Moderna.
O Estado Moderno.
A conquista da América.
Mercantilismo e o sistema colonial.
O Renascimento Cultural Europeu.
A reforma protestante e a reação católica.
A Revolução Inglesa.
O Iluminismo e o despotismo esclarecido.
A Revolução Industrial.
A Independência dos Estados Unidos.
2ª SÉRIE
A Idade Contemporânea.
A Revolução Francesa.
A Era Napoleônica e o Congresso de Viena.
A independência dos países da América Latina.
Revoluções Européias, Nacionalismo e Unificação.
Estados Unidos: A Conquista do Oeste e a Guerra de Secessão.
A Expansão do Imperialismo.
A Primeira Guerra Mundial.
A Revolução Russa.
A crise do capitalismo e os regimes totalitários.
A Segunda Guerra Mundial.
A descolonização e os conflitos regionais.
Os países do primeiro mundo.
Historia do Brasil.
História do Paraná.
Cultura Afro-Brasileira.
História do Brasil (A conquista do Brasil, Sistema Colonial, Expansão Territorial,
Emancipação Política, Primeiro e Segundo Reinados, Brasil República).
64
1.4. Encaminhamento Metodológico
A metodologia tem como base a utilização dos conteúdos estruturantes, os
quais deverão estar articulados com a fundamentação teórica e os temas
selecionados pelos professores. A problematização de situações relacionadas às
dimensões econômico-sociais, política e cultural considera a seleção de objetos
históricos. Esses objetos são as ações e relações humanas no tempo, ou seja,
articulam-se aos conteúdos estruturantes propostos neste documento, quais sejam:
as relações de trabalho, as relações de poder e as relações culturais. Para abordar
esses conteúdos estruturantes torna-se necessário que se proponha recortes
espaço-temporais e conceituais à luz da historiografia de referência. Estes recortes
constituem os conteúdos específicos a serem abordados no Ensino Médio. O
professor ao elaborar o problema e selecionar o conteúdo estruturante que melhor
responde à problemática, constitui o tema. E este se desdobra nos conteúdos
específicos que fundamentam a resposta para problemática.
Os conteúdos estruturantes da disciplina de História serão abordados através
de temas, na compreensão de que não é possível representar o passado em toda
sua complexidade. Primeiramente deve-se focalizar o acontecimento, processo ou
sujeito que se quer representar do ponto de vista da historiografia. Em segundo
lugar, delimitar o tema histórico em um período bem definido demarcando
referências temporais fixas e estabelecer uma separação entre seu início e seu final.
Por fim, os professores e alunos definem um espaço ou território de observação do
conteúdo tematizado. O que delimita esta demarcação espaço-temporal é a
historiografia específica escolhida e os documentos históricos disponíveis. Além
dessas três dimensões, faz-se necessário instituir um sentido à seleção temática
realizada, o qual é dado pela problematização. Dentro dessa concepção, o uso de
documentos em sala de aula proporciona a produção de conhecimento histórico
quando usado como fonte na qual buscam-se respostas para as problematizações
anteriormente formuladas. Assim os documentos permitem a criação de conceitos
sobre o passado e o questionamento dos conceitos já construídos.
O trabalho com diferentes documentos requer que o professor tenha
conhecimento sobre a especificidade de sua linguagem e sobre a sua natureza, bem
como os limites e possibilidades que o trato pedagógico de cada documento
65
apresenta. As imagens, livros, jornais, histórias em quadrinhos, fotografias, pinturas,
gravuras, museus, filmes, músicas são documentos que podem ser transformados
em materiais didáticos de grande valia na constituição do conhecimento histórico.
Os documentos anteriormente citados podem ser utilizados de diferentes
maneiras em sala de aula: na elaboração de biografias, confecção de dossiê,
representação de danças folclóricas, exposição de objetos sobre o passado que
esteja no alcance do aluno, com a descrição de cada objeto exposto e o contexto em
que os mesmos foram produzidos e estabelecer relações entre as fontes.
A proposta da seleção de temas é também pautada em relações
interdisciplinares considerando que é na disciplina, no caso a História, que ocorre a
articulação dos conceitos e metodologias entre as diversas áreas do conhecimento.
Assim, narrativas, imagens, sons de outras disciplinas relacionadas devem ser
tratadas como documentos a serem abordados historiograficamente.
1.5. Avaliação
A avaliação será oportunizada dentro do processo ensino
aprendizagem e não em momentos pontuais e separados deste processo. A
avaliação do ensino de História considerará três aspectos importantes: a
apropriação de conceitos históricos e o aprendizado dos conteúdos estruturantes e
dos conteúdos específicos. Esses três aspectos serão entendidos como
complementares e indissociáveis. Para tanto, o professor deverá se utilizar de
diferentes instrumentos de avaliação, tais como: leitura, interpretação e análise de
textos historiográficos, análise e interpretação de mapas e documentos históricos;
produção de narrativas históricas, pesquisas bibliográficas, pesquisa de campo,
sistematização de conceitos históricos, apresentação de seminários, debates e
provas individuais e/ou em grupo.
1.6. Referências Bibliográficas
ARANHA, M. L. De A. & MARTINS, M. H. P. Filosofando. São Paulo: Moderna, 1986.
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto
de François Rabelais. São Paulo: Hucitec, 1987.
______. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1995.
66
Barbeiro, Heródoto. História: volume único para o ensino médio. São Paulo:
Scipione, 2004
BITTENCOURT, Maria Circe. Ensino de História: fundamentos e métodos. São
Paulo:Cortez,2004.
BRASIL/MEC. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações
Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana.
Brasília, 2006.
_______. Secretaria de Educação Média e Tecnológica (SEMTEC). Parâmetros
Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Brasília, 2002.
BRAUDEL, Fernand. História e ciências sociais. Lisboa: Editorial Presença, 1996.
CERRI, Luis Fernando (org.). O ensino de história e a ditadura militar. Curitiba: Aos
Quatro Ventos, 2003.
CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil S/A, 1997.
______. A História à prova do tempo: da História em migalhas ao resgate do sentido.
São Paulo: Unesp, 2001.
FONSECA, Thais Nivia de Lima e. História e ensino de história. Belo Horizonte:
Autêntica, 2003.
FONTANA, Josep. História depois do fim da História. Bauru: EDUSC, 1998.
GINSBURG, Carlo. O queijo e os vermes. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
GRAMSCI, Antônio. Cadernos do cárcere, v. I a VI. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2004.
______. Mundos do trabalho: novos estudos sobre a história operária. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 2000b.
HORN, Geraldo Balduíno. O ensino de história: teoria, currículo e método. Curitiba:
Livro de Areia, 2003.
LEBRUN,Gérard. O que é Poder. São Paulo: Brasiliense.2004.
LE GOFF, Jacques e NORA, Pierre (orgs.). História: novos problemas. Rio de
Janeiro: Francisco Alves, 1979.
MARX, Karl. O 18 brumário de Luis Bonaparte e Cartas Kugelmann. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1997.
______. O capital. Livro 1 a 3, v. I e II. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
MÉSZÁROS, István. O poder da ideologia. São Paulo: Boitempo, 2004.
67
______. A formação da classe operária inglesa: a árvore da liberdade. V. 1. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 2004.
PARANÁ/SEED. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Curitiba, 2005.
_______. Diretrizes Curriculares de História para o Ensino Médio. Curitiba, 2006.
_______. Vários Autores. Livro Didático Público – História – Ensino Médio. Curitiba,
2006.
_______.Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na
Modalidade Normal. Curitiba, 2006
Vicentino, Cláudio. História Geral - volume único - Ensino Médio. São Paulo:
Scipione, 2000.
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
1. GEOGRAFIA
"Cada um só vê do universo aquilo que a sua sensibilidade
ou a sua maneira de ser lhe permite.
68
O universo pode ser muito mais vasto e muito
mais diferente do que aquilo que é apenas o nosso mundo."
Agostinho Silva
Série Número de aulas semanais
1ª 3
1.1. Apresentação da Disciplina
Uma viagem epistemológica pela Geografia faz-se necessária para
fundamentar a importância e o objeto de estudos dessa disciplina para o Ensino
Médio.
Muitos são os estudos sobre a história da Geografia, porém de acordo com
Andrade (1987, p. 20) essa área do conhecimento está em utilização desde a pré-
história com as idéias geográficas registradas em pinturas rupestres. Segundo o
mesmo autor, na Antiguidade evidencia-se a contribuição dos gregos e romanos
para evolução da Geografia. Durante a Idade Média, apesar da escassez de registro
dos conhecimentos, as viagens de Marco Pólo, incontestavelmente, contribuíram
para ampliação dos conhecimentos geográficos. Por outro lado, na Idade Moderna,
nas bases do positivismo (neutralidade científica), a Geografia ganha status de
ciência, seguindo, no entanto, as ideologias dos Estados, tornando-se assim uma
ciência comprometida com os governantes de cada país em que se criavam as
Escolas de Geografia.
O desenvolvimento da Geografia não pode ser analisado de um modo linear,
isso porque houve um corte epistemológico entre o final do século XIX e o início do
século XX, que serviu para jogar no esquecimento a Geografia pré – universitária,
que esteve ligada às preocupações dos chefes de estado, dos oficiais e dos homens
de negócios. Assim, a Geografia escolar foi imposta no fim do século XIX.
Nas palavras de Lacoste (1977, p.38) a Geografia universitária vai moldando
a Geografia escolar, caindo no enciclopedismo. A renovação do ensino de Geografia
no Brasil começou na década de 1970 e relaciona-se com uma crise mais ampla que
69
atingiu todas as ciências, desde o pós-guerra. Nesse processo de
redescoberta da Geografia, graves problemas se colocaram como: a construção de
fundamentos epistêmicos necessários à consolidação de sua cientificidade, a
definição e clareza do sujeito desta ciência, capaz de desvelar a organização
espacial e suas relações. A Geografia Crítica, mesmo com vários problemas,
chegou aos alunos na década de 1980, propondo o fim do saber neutro, da
valorização da paisagem e do ensino conteudístico.
As transformações ocorridas no Brasil e no mundo no final do século XX,
suscitadas pela Revolução Tecno-Científica, pela globalização da economia e pelos
problemas ambientais, deram aos conhecimentos geográficos um novo significado,
passando de ciência descritiva à Geografia crítica.
Redefinida como ciência social, sendo ensinada num mundo rápido, fluida,
torna-se imprescindível transformar a antiga ideia presente na Geografia da Terra
como espaço absoluto, ou seja, uma coisa em si mesma, independente, constituindo
um receptáculo que contém coisas, para o espaço relacional, ou seja, um objeto
somente pode existir na medida que ele contém e representa dentro de si relações
com outros objetos, conforme lembra Correa (1996, p.26).
O objeto de estudo da Geografia fica assim definido: o espaço geográfico. De
acordo com Santos (1996) “o espaço geográfico deve ser considerado como algo
que participa igualmente da condição do social e do físico, um misto, um híbrido”.
Portanto pode-se considerar que o objetivo principal da disciplina de Geografia no
Ensino Médio é contribuir para a formação de um indivíduo lúcido, conhecedor e
autônomo a partir da percepção e compreensão do espaço que ocupa.
1.2. Objetivos
Desenvolver o raciocínio geográfico e a consciência espacial no aluno.
Realizar a leitura da realidade pelas lentes da Geografia.
Descrever os domínios da ciência geográfica.
Caracterizar o objeto de estudos da Geografia. (espaço geográfico).
Identificar conceitos centrais dessa área do conhecimento.
Demonstrar noções de climatologia, geologia e hidrografia.
Realizar, analisar e descrever localizações e distribuições espaciais.
Analisar as estruturas de processos espaciais.
70
1.3. Conteúdos
1ª SEMESTRE
Conteúdo Estruturante: A dimensão econômica da produção do espaço
Histórico da Geografia/ Categorias científicas
A evolução dos conhecimentos geográficos
O espaço
Lugar, território e paisagem
Espaços ecúmenos e anecúmenos: fronteiras
Representações Cartográficas
As coordenadas geográficas
Latitudes e longitudes
Teoria do Big Bang
Os movimentos da Terra e suas conseqüências
A corrida espacial
O desenvolvimento tecnológico dos países ricos
O INPE e suas funções no Brasil.
Pontos de Orientação
Pontos Cardeais, colaterais e sub-colaterais
Cartografia
Projeções cartográficas
Escala e legenda de um mapa
Conteúdo Estruturante: Dimensão socioambiental
A origem da Terra
As camadas da Terra
A teoria da tectônica de placas
As eras geológicas
Os minerais e as rochas
Os combustíveis fósseis
Domínios climatobotânicos:
Climas do planeta
71
Formações vegetais do planeta
Atmosfera
O tempo e o clima
A temperatura
Pressão atmosférica
A distribuição dos climas no planeta
As massas de ar
As correntes marítimas
O El Nino e a La Nina
Hidrologia:
Características da hidrografia
Relevo submarino
As águas de superfície
As águas subterrâneas
O consumo de água na Terra
As bacias hidrográficas brasileiras
A navegação fluvial no Brasil
O uso dos rios para irrigação
As hidrelétricas do Brasil
Conteúdo Estruturante: Dimensão Geopolítica
Configuração Espacial:
Localização, pontos extremos
A organização política do Brasil
A organização regional do Brasil
Divisão do IBGE
A atual divisão em complexos regionais: Nordeste, Amazônia e Centro-Sul
Características naturais, econômicas e culturais de cada região
2ª SEMESTRE
Conteúdo Estruturante: Dimensão Cultural e Demográfica
72
Análise espacial: histórica, econômica, local, cultural das diferentes sociedades nas
diferentes escalas geográficas: local, regional, nacional e mundial
As marcas culturais na produção das paisagens (rural e urbana)
A população mundial
O crescimento vegetativo
As taxas de natalidade, mortalidade e fecundidade
O crescimento demográfico e as migrações
O crescimento positivo, neutro e negativo
Transição demográfica
As taxas demográficas como referências do desenvolvimento e subdesenvolvimento
Pirâmides etárias
Teorias do crescimento da população
Teoria de Malthus
Neomalthusianismo e políticas demográficas
Reformistas
Conteúdo Estruturante: A dimensão econômica da produção do/no espaço
Setores da economia:
Setor primário;
Setor secundário;
Setor terciário;
Trabalho informal;
A mulher no mercado de trabalho;
Trabalho infantil.
Urbanização mundial:
A origem e evolução das cidades.
O êxodo rural: causas e conseqüências.
A população urbana nos países desenvolvidos.
A população urbana nos países subdesenvolvidos.
As migrações.
Xenofobia.
Problemas sociais e ambientais das cidades.
O índice de Desenvolvimento Humano:
73
Critérios de análise
Classificação dos países atualmente
Sistemas econômicos:
Capitalismo e Socialismo
Fases do capitalismo
Características do capitalismo e socialismo
Keynesianismo, Fordismo, Taylorismo e Toyotismo
Conteúdo Estruturante: Dimensão Geopolítica
Ordem Bipolar
Guerra fria
Potências econômicas: EUA e URSS
Objetivos da Guerra fria
Muro de Berlim
Os países em transição econômica:
Desintegração da URSS
Por que ocorreu a desintegração da URSS?
A criação da CEI (Comunidade dos Estados Independentes)
A situação dos países que se desintegraram
A situação da Rússia
A Ordem Multipolar:
Globalização
O capitalismo financeiro
A tríade capitalista: Estados Unidos, Alemanha e Japão
As características de um mundo globalizado
As conseqüências de um mundo globalizado para os países desenvolvidos e
subdesenvolvidos
Os blocos econômicos
3 ° Revolução Industrial
1.4. Encaminhamento Metodológico
O processo ensino e aprendizagem da Geografia privilegiará a articulação do
74
global e local para entender as relações espaciais que se estabelecem no mundo
moderno. Buscar-se-á estimular a observação atenta do aluno das alterações
visíveis da paisagem explicitando as possíveis causas, possibilitando prever o futuro
do espaço geográfico. Isso porque, lançando um olhar atento sob a paisagem, será
possível constatar os signos nela impressos e avaliar as sociedades que a
construíram e a constroem, bem como as temporalidades que se juntam em sua
constituição.
É preciso considerar ainda que a leitura da paisagem é resultante de múltiplas
determinações históricas, geográficas, culturais e até ideológicas, podendo ser
focadas sob diferentes pontos de vista, o que exige a correlação com outras áreas
do conhecimento, podendo resultar a elaboração de pesquisas, estudos dirigidos,
bem como busca de informações com as pessoas; essas poderão ser buscadas
através de entrevistas que favorecem o entendimento dos acontecimentos e das
ações sobre o espaço geográfico em questão.
Atualmente tanto o computador como a Internet, são partes integrantes do
cotidiano escolar e possibilitam o levantamento de dados, atualidades sob os mais
diversos assuntos, portanto esses instrumentos serão utilizados. Os jornais e
revistas, fontes formadoras de opinião, serão usados na seleção de temas e
problemas a serem abordados durante as aulas.
Situações problema como a questão dos sem-terra, sem-teto, plano – diretor
das cidades, o destino final do lixo, construções que causam impactos ambientais,
corrupção, miséria, entre outras, poderão ser levantadas e discutidas durante as
aulas e os resultados publicados em forma de seminários e mesas-redondas.
Na visão de Rua (1993) o tripé Realidade-Teoria-Realidade, sintetiza o
encaminhamento metodológico mais acertado para a disciplina de Geografia. A
Parte-se das observações e das reflexões iniciais dos alunos, na teoria busca-se a
fundamentação, o aprofundamento e a generalização das reflexões iniciais, volta-se
então, à realidade, analisando-a, criticando-a à luz da teoria, cientificizando–se,
assim, os conceitos.
1.5. Avaliação
A avaliação será contínua e priorizará a qualidade dos conceitos assimilados,
bem como o processo de aprendizagem, ou seja, será avaliado o desempenho do
75
aluno ao longo do ano letivo. Para tanto, os critérios adotados serão: a formação dos
conceitos geográficos básicos e o entendimento das relações socioespaciais;
compreensão das relações de poder nos binômios espaço-tempo e sociedade-
natureza.
Os instrumentos avaliativos utilizados serão selecionados de acordo com
cada conteúdo e objetivo de ensino: leitura e interpretação de textos; produção de
textos; leitura e interpretação de fotos, imagens, gráficos, tabelas e mapas;
pesquisas bibliográficas; relatórios de aulas de campo; apresentação de seminários;
construção e análise de maquetes, entre outros.
1.6. Referências Bibliográficas
ADAS, M. Panorama Geográfico do Brasil. São Paulo: Moderna, 2000.
ALMEIDA, R; PASSINI, E. O espaço geográfico: ensino e representação. São
Paulo\; Contexto, 1991.
ANDRADE, Manuel Correia de. Geografia: Ciência da Sociedade. São Paulo: Atlas,
1987.
ARCHELA, R; GOMES, M.F.V.B. Geografia para o Ensino Médio: Manual de aulas
práticas. Londrina: Ed. UEL, 1999.
BRASIL/MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Brasília,
1996.
CARLOS, Ana Fani. (org) – A Geografia na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1999.
CASTRO, Iná e outros (orgs). Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 1995.
CORREIA, Roberto Lobato. Novos rumos da Geografia Brasileira. São Paulo:
Hucitec, 1996.
GADOTTI, Moacir. Pedagogia da Terra. São Paulo: Petrópolis, 2000.
GIASANTI, Roberto. O desafio do Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: Atual,
1999.
LACOSTE, Ives. A Geografia serve, antes de mais nada para fazer a guerra. Lisboa:
Iniciativas Editoriais, 1977.
PARANÁ/SEED. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Curitiba, 2005.
_______. Diretrizes Curriculares de Geografia para o Ensino Médio. Curitiba, 2006.
76
_______.Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na
Modalidade Normal. Curitiba, 2006.
_______. Vários Autores. Livro Didático Público – Geografia - Ensino Médio.
Curitiba, 2006.
RUA, João, WASZKIAVICUS, Fernando; TANNURI, Maria Regina; NETO, Helion
Povoa. Para Ensinar Geografia. Rio de Janeiro: Access, 1993.
SANTOS, Milton. A natureza do Espaço: técnica, e tempo, razão e emoção. São
Paulo: Hucitec, 1996.
_______. Por uma Geografia Nova. São Paulo: EDUSP, 2002.
SILVA, Armando C. da. De quem é o pedaço? Espaço e Cultura. São Paulo: Hucitec,
1986.
VESENTINI, José W. Para uma Geografia crítica na escola. São Paulo: Ática, 1992.
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
1. SOCIOLOGIA
«Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti»
parece um ponto de vista egoísta, mas é o único do gênero por
onde se chega não ao egoísmo mas à relação humana.
José Saramago
77
Série
Número de aulas
semanais
1ª 2
2ª 2
1.1. Apresentação da Disciplina
A Sociologia é a ciência que estuda o comportamento do ser humano em
função do meio em que vive, por isso constitui-se em uma forma de saber científico.
Compreender o meio e as determinantes que operam nos mecanismos da
organização social é fator fundamental para se entender as especificidades de seu
ensino e aprendizagem.
Apesar de sua origem conservadora e de sua proposta inicial conformista, a
Sociologia desenvolveu um olhar crítico e questionador sobre a sociedade. O
pensador alemão Karl Marx (1818-1883) trouxe importantes contribuições ao
pensamento sociológico ao desnudar as relações de exploração que se
estabeleceram desde o momento em que determinada classe social apropriou-se
dos meios de produção e passou a conduzir as ações da sociedade.
O caráter científico liga-se à lógica das ciências ditas “experimentais”, ou seja,
para ascender ao estatuto de ciência, deveria atender a determinados pré-requisitos
e seguir métodos “científicos” que pretendiam a neutralidade e o estabelecimento de
regras. São representantes deste pensamento Augusto Comte (1798-1857) e Émile
Durkheim (1858-1917).
No Brasil, tanto as idéias conformistas quanto as revolucionárias exerceram
forte influência na formação do pensamento sociológico brasileiro. Autores como
Silvio Romero, Euclides da Cunha e Oliveira Vianna, considerados conservadores,
configuraram uma tradição ensaísta preocupada em delinear a identidade cultural
nacional. Temas como raça e cultura era o foco dos estudos históricos, literários e
das análises sociológicas das três primeiras décadas do século XX. Forjadas nas
universidades e centros de estudos, as discussões no campo da Sociologia se
consolidaram como importante perspectiva de compreensão da sociedade brasileira.
78
1.2. Objetivos
Desenvolver o pensamento sociológico, crítico e criativo, compreendendo a
Sociologia como ciência.
Identificar, analisar e comparar os diferentes discursos sobre a realidade,
discutindo os paradigmas teóricos e os do senso comum.
Produzir novos discursos sobre as diferentes realidades sociais a partir das
observações e reflexões realizadas.
Construir instrumentos para uma melhor compreensão da vida cotidiana,
ampliando a visão de mundo e o horizonte de expectativas nas relações
interpessoais com os vários grupos sociais.
Aperfeiçoar a identidade política e social de modo a viabilizar o exercício da
cidadania plena.
Compreender e valorizar as diferentes manifestações culturais de etnias e
segmentos sociais, preservando o direito à diversidade.
Analisar criticamente a indústria cultural e dos meios de comunicação de
massa, avaliando o papel ideológico do marketing.
1.3. Conteúdos
1ª Série
Conteúdo Estruturante: Surgimento da Sociologia e as Teorias Sociológicas
Conhecimento em ciências sociais
Introdução ao estudo da sociedade
Formação e consolidação da sociedade capitalista e o desenvolvimento do
pensamento social
História, origem e precursores da Sociologia
Principais teóricos, suas teorias e métodos (Augusto Comte, Émile Durkheim,
Marx, Max Weber, Antonio Gramsci, Pierre Bourdieu e Florestan Fernandes)
Pensamento Social Brasileiro
Conteúdo estruturante: Indivíduo, identidade e socialização
79
Processo de socialização
Instituições sociais: familiares, escolares e religiosas
A questão do indivíduo/ individualidade e socialização
A questão da família e da escola na formação do indivíduo
Conteúdo estruturante: Poder, Política e Ideologia
Formação e desenvolvimento do Estado Moderno
Democracia, autoritarismo e totalitarismo
Estado no Brasil
Conceitos de poder, de ideologia, de dominação e legitimidade
As expressões da violência nas sociedades contemporâneas
Conteúdo Estruturante: Direitos, Cidadania e Movimentos sociais
Direitos civis, políticos e sociais
Direitos humanos
Conceitos de cidadania
Movimentos sociais e movimentos no Brasil
Questão ambiental e os movimentos ambientalistas
A questão das ONG's
2ª Série
Conteúdo Estruturante: Surgimento da Sociologia e as Teorias Sociológicas
Conhecimento em ciências sociais
Introdução ao estudo da sociedade
Formação e consolidação da sociedade capitalista e o desenvolvimento do
pensamento social
História, origem e precursores da Sociologia
Principais teóricos, suas teorias e métodos (Augusto Comte, Émile Durkheim, Marx,
Max Weber, Antonio Gramsci, Pierre Bourdie e Florestan Fernandes)
Pensamento Social Brasileiro
Conteúdo Estruturante: Cultura e Indústria cultural
Desenvolvimento antropológico do conceito de cultura e sua contribuição na análise
80
das diferentes sociedades
Diversidade cultural, identidade
Indústria cultural
Meios de comunicação de massa
Sociedade de consumo
Indústria cultural no Brasil
Conteúdo Estruturante: Trabalho, Produção e Classes sociais.
Conceito de trabalho e o trabalho nas diferentes sociedades
Desigualdades sociais
Estamentos, castas, classes sociais
Organização do trabalho nas sociedades capitalistas e suas contradições
Globalização e Neoliberalismo
Relações de trabalho
Trabalho no Brasil
1.4. Encaminhamento Metodológico
Para o ensino da Sociologia no Ensino Médio, propõe-se que sejam
redimensionados aspectos da realidade por meio de uma análise crítica dos
problemas sociais, visto que a dinâmica da sociedade e do conhecimento científico
que os acompanha é provisória e, portanto, não constitutiva de uma dimensão de
totalidade.
Os conteúdos estruturantes e os conteúdos específicos não devem ser
pensados e trabalhados de maneira autônoma, no entanto, é possível o estudo e a
apreensão de cada um dos conteúdos sem a necessidade de uma amarração com
os demais. O ensino da Sociologia permite o uso de múltiplos instrumentos
metodológicos seja exposição, leitura, análise, discussão, pesquisa de campo e
bibliográfica, entre outros.
Os encaminhamentos metodológicos e o processo de avaliação ensino-
aprendizagem devem estar relacionados com a construção histórica da Sociologia
crítica, favorecedora do desenvolvimento de um pensamento criativo e instigante. O
conhecimento sociológico deve ir além da definição, classificação, descrição e
estabelecimento de correlações dos fenômenos da realidade social.
81
O ensino da Sociologia pressupõe metodologias que coloque o aluno como
sujeito de sua aprendizagem provocando-o a relacionar a teoria com o vivido, a
rever conhecimentos e a reconstruir coletivamente novos saberes.
1.5. Avaliação
A avaliação no ensino da Sociologia deve assumir caráter dialógico
potencializando a (re) conceituação dos fenômenos sociais. As atividades
relacionadas à disciplina serão elaboradas de forma transparente e coletiva, ou seja,
seus critérios serão debatidos, criticados e acompanhados por todos os envolvidos
no processo pedagógico. Tais critérios de avaliação deverão estar em consonância
com as práticas dialéticas de ensino e de aprendizagem da disciplina, baseadas na
reflexão crítica nos debates, na participação efetiva nas pesquisas realizadas, na
produção de textos que demonstrem capacidade de articulação entre teoria e
prática. Clareza de objetivos que se pretendem atingir é fundamental para a
apreensão, compreensão e reflexão dos conteúdos pelo aluno.
Outro aspecto a ser priorizado é a auto-avaliação dos envolvidos no processo,
não só os alunos, mas também os professores e a própria instituição escolar que
deverão refletir sobre as dimensões práticas e discursivas e, principalmente, se os
seus princípios políticos são coerentes com a qualidade da vida social e
consolidação da democracia.
1.6. Referências Bibliográficas
CHAUÍ, Marilena. Filosofia. São Paulo: Ática, 2000.
COSTA, Maria Cristina Castilho. Sociologia: Introdução à ciência da sociedade. São
Paulo: Moderna, 2005.
DEMO, Pedro. Introdução à Sociologia. São Paulo: Atlas, 2002.
PARANÁ/SEED. Diretrizes Curriculares de Sociologia para o Ensino Médio. Curitiba,
2006.
_______. Vários Autores. Livro Didático Público: Sociologia. Curitiba, 2006.
_______.Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na
Modalidade Normal. Curitiba, 2006.
82
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
1. FILOSOFIA
O Pensador – Rodin
Para pensar verdadeiramente bem, cumpre-nos
estar dispostos a manter e prolongar esse
estado de dúvida, que é o estímulo para uma
83
investigação perfeita, na qual nenhuma ideia
se aceite, nenhuma crença se afirme positiva-
mente, sem que se lhes tenham descoberto as
razões justificativas (John Dewey
Série
Número de aulas semanais
1ª 2
2ª 2
1.1. Apresentação da Disciplina
O ato de pensar sobre si mesmo, sobre o mundo e sobre os fenômenos, sem
sentido amplo, é uma atividade inerente ao homem em diferentes épocas. A filosofia,
enquanto ciência e disciplina escolar, sistematiza a reflexão na/sobre a história da
inserção do homem em seu tempo e lugar, bem como busca instrumentalizá-lo na
resolução de conflitos pela análise e compreensão dos fatos passados numa
concepção dialógica. Isto por que:
[...] não é possível fazer Filosofia sem recorrer a sua própria história. Dizer que se pode ensinar filosofia apenas pedindo que os alunos pensem e reflitam sobre os problemas que os afligem ou que mais preocupam o homem moderno sem oferecer-lhes a base teórica para o aprofundamento e a compreensão de tais problemas e sem recorrer à base histórica da reflexão em tais questões é o mesmo que numa aula de Física pedir que os alunos descubram por si mesmos a fórmula da lei da gravitação sem estudar Física, esquecendo-se de todas as conquistas anteriores naquele campo, esquecendo-se do esforço e do trabalho monumental de Newton.
No entanto, GADOTTI (1999, p. 2) destaca que, “o educador para pôr em
prática o diálogo, não deve colocar-se na posição de detentor do saber, deve antes,
colocar-se na posição de quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo um
analfabeto é portador do conhecimento mais importante: o da vida”.
O objetivo da disciplina Filosofia não é apenas propiciar ao aluno
enriquecimento intelectual, mas desenvolver nele a capacidade para responder às
inúmeras questões de sua vida lançando mão dos conhecimentos adquiridos,
ultrapassando os limites da repetição de ações irreflexivas.
Do ponto de vista antropológico o homem vive em estado permanente de
insatisfação consigo mesmo, movendo-o em busca de respostas que garantam sua
84
sobrevivência, adaptação e desenvolvimento, ou seja, antropologicamente o homem
é definido pela busca e construção de si mesmo.
Por outro lado, o homem é possuidor e criador da cultura, interessando-se
pelas ideias, pelas manifestações artísticas e realidades de outros grupos,
ampliando assim as possibilidades de busca de soluções para seus problemas e
anseios.
As DCOs de Filosofia organizam seu ensino com os seguintes conteúdos
estruturantes:
Mito e filosofia;
Teoria do Conhecimento;
Ética
Filosofia Política
Filosofia da Ciência
Estética
A partir destes é promovida uma reflexão (do latim reflectere – retroceder,
voltar atrás, retomar o passado, pensar o já pensado). Segundo Saviani (1985) a
reflexão filosófica é marcada pela radicalidade ao buscar as raízes das questões,
dos problemas, das situações, das coisas; é rigorosa porque segue métodos
adequados aos seus objetos de conhecimento e não aceita superficialidades; é de
conjunto porque relaciona aspectos do contexto ou realidade estudada, de forma
contemporânea ou histórica.
Enquanto a ciência isola o seu aspecto do contexto e o analisa
separadamente, a filosofia, embora se dirigindo às vezes apenas a uma parcela da
realidade insere-a no contexto e a examina em função do conjunto. Desta forma a
Filosofia deve ter um compromisso com o seu tempo preparando os cidadão para
responder às questões e atingir a maioridade. Immanuel Kant proclama necessidade
de o homem sair de seu estado de incapacidade (menoridade) em que jazia sob o
peso da tradição e da autoridade. Desafia o homem para que se atreva a servir-se
da sua própria razão de forma pública, atingindo sua maioridade. A base da
formação pedagógica de Kant sustenta-se numa razão que se efetiva como forma
de pensar transcendental, isto é, como universal e crítica, que permanentemente
coloca sob julgamento seus próprios fundamentos. Formar o sujeito crítico e
transformador pressupõe o rompimento com o neoliberalismo e o desenvolvimento
85
de capacidade de análise, capacidade de reflexão, gosto pelo estudo e pela
descoberta, gosto pelo desafio, espírito de inovação, comportamento ético.
1.2. Objetivos Gerais
Buscar a razão/sentido fundamental para tudo que existe e respostas mais
coerentes para compreender o mundo.
Conscientizar e potencializar o pensamento crítico.
Dialogar de forma crítica e provocativa com o presente.
Duvidar das explicações simplistas que são dadas aos acontecimentos
complexos numa perspectiva dialógica.
Suprimir provisoriamente todo o conhecimento ou de certas modalidades de
conhecimento, que passam a ser consideradas como meramente opinativas.
1.3. Conteúdos
1ª SÉRIE Estruturantes Básicos
1) Ferramentas básicas do filosofar/do estudar
Orientações para resumo cursivo e esquemático. Orientações para resenha. Orientações para apresentação em seminários, em aulas, entre outros.
2) Mito de Filosofia Especificidades dos conhecimentos do Senso Comum – Bom Senso – Conhecimento Mítico e Filosofia, Ciência. Contexto histórico e político do surgimento da Filosofia. O processo de construção da cultura humana (processo de humanização – cultura e humanização). A ciência como mito: interesses políticos e econômicos.
3) Teoria do Conhecimento O conhecimento como problema: O que é conhecer? Conceituação da ciência, da filosofia. Saber acumulado, concreto, abstrato. Modos de conhecer o mundo: Tradição, Senso Comum – Bom Senso – Conhecimento Mítico, Religioso, Filosófico e Científico. Teorias do conhecimento: Inatismo, Ceticismo, dogmatismo, empirismo, racionalismo, idealismo, materialismo dialético, subjetivismo, relativismo. Critérios de verdade – Possibilidade e Abrangência do conhecimento – Origem do conhecimento. Fatores históricos e temporais que interferem na construção do conhecimento.
4) Ética Diferença entre problema ético e problema moral. Ética especulativa, normativa, propositiva e transgressiva. Relações de trabalho: trabalho e libertação / trabalho e alienação. Ética na perspectiva da Filosofia Sul-americana (Filosofia da libertação).
2ª SÉRIE
5) Filosofia Política: estudo dos Liberalismo – Neoliberalismo – marxismo - socialismo –
86
fundamentos e da crítica à sociedade moderno-contemporânea.
comunismo. Relações de poder: política, ideologia e contra-ideologia. Democracia: participação do povo e crise da representação política. Democracia: Direitos Humanos e Políticos e Direitos Sociais Básicos (Onde está o nó da questão?). O sentido do poder na soberania, na democracia, na liberdade e na tolerância. Política na perspectiva da Filosofia Sul-americana (Filosofia da libertação).
6) Estética (Arte) Conceitos e objetos da estética. A arte e a indústria cultural Ideologia no belo e da arte – relação entre estética e política.
7) Filosofia da Ciência Crítica aos princípios e métodos científicos. A provisoriedade do conhecimento científico. Ciência refém da ideologia, da religião, da política, da economia.
1.4. Encaminhamento Metodológico
O encaminhamento metodológico do Ensino de Filosofia no Ensino Médio
deve privilegiar ações que possibilitem a construção de uma postura reflexiva frente
a si mesmo, aos outros, aos problemas e à realidade. Assim sendo, os
procedimentos metodológicos que tomarão como base a problematização, a
investigação, o estudo, a pesquisa e a definição-criação-compreensão de conceitos
e realidade. Atividades que permitam compreender, analisar, sintetizar, aplicar e
avaliar conceitos serão planejadas e aplicadas considerando a maturidade de cada
turma, finalizando com propostas de ação a partir do conteúdo aprendido.
1.5. Avaliação
A Avaliação em Filosofia será formativa e qualitativa, de modo a permitir ao
aluno/a uma tomada de consciência do processo gradual de aquisição dos conceitos
apresentados; e, contínua, de forma a permitir uma melhor percepção da evolução
das aprendizagens; somativa e quantitativa, de forma a verificar se os alunos
atingiram os objetivos e agregaram conhecimento filosófico em cada unidade
temática.
Deverá corresponder às especificidades do conhecimento filosófico a fim de
promover a reflexão filosófica que busca as raízes das questões, dos problemas,
das situações, das coisas, de forma rigorosa e contextualizada (relaciona o aspecto
em estudo aos demais aspectos do contexto ou realidade estudada de forma
87
contemporânea ou histórica).
Neste sentido, em Filosofia observar-se-á:
Exercitação do ato de leitura (silenciosa/individual e coletiva).
Aprendizagem do recolhimento de informação relevante e a utilizá-la
reflexivamente/criticamente.
Captação do significado da informação recolhida, expressando-a através do
uso adequado dos conceitos fundamentais, relativamente aos
temas/problemas desenvolvidos, ao longo do programa.
Desenvolvimento de qualidades intelectivas e discursivas que permitam
estabelecer relações intertextuais na oralidade e na escrita.
Enriquecimento da comunicação através do reforço de atitudes positivas
necessárias ao trabalho filosófico.
1.6. Referências Bibliográficas
APEL, Karl-Otto. O desafio da crítica total da razão e o programa de uma teoria
filosófica dos tipos de racionalidade. Novos Estudos CEBRAP. São Paulo: n. 23, mar.
1989. p. 67-84.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando. São Paulo. Moderna. 1991.
_______________. Filosofia da educação. 2 ed. São Paulo, 1996.
CHAUÍ, Marilena et al. Primeira Filosofia: lições introdutórias. Sugestões para o
ensino básico de Filosofia. 5. ed., São Paulo: Brasiliense, 1986.
COUTINHO, Carlos N. A Democracia como Valor Universal. Rio de Janeiro,
Salamandra. 1984.
DIMENSTEIN, Gilberto. O cidadão de papel. São Paulo. Ática, 2000.
GALLO, Sílvio; KOHAN, W.O. (orgs) Filosofia no ensino Médio. Petrópolis: Vozes,
2000.
GRAMSCI, Antonio. Concepção Dialética da História. Rio de Janeiro. Brasiliense.
1986.
HABERMAS, J. Consciência moral e agir comunicativo. (Trad. de Guido A. de
Almeida: Moralbewusstsein und kommunikatives Handeln). Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro, 1989.
HABERMAS, J. Pensamento pós-metafísico: estudos filosóficos. Rio de Janeiro,
88
Tempo Brasileiro, 1990.
HEGEL, Georg W. F. Preleções sobre a história da filosofia. [Trad. E. Stein]. In
SOUZA, José Cavalcante de [org.] Os pré-socráticos. São Paulo: Abril Cultural,
1973.
KANT, I. Crítica da razão pura. (Trad. de Valério Rohden: Kritik der reinen Vernunft).
São Paulo: Abril Cultural, 1980.
MATOS, Olgária. Filosofia: a polifonia da razão. São Paulo: Scipione, 1997.
MEKSENAS, Paulo. Sociologia. São Paulo: Cortez, 1993.
MENDONÇA, Eduardo Prado. O Mundo precisa de Filosofia. 11ª ed., Rio Janeiro:
MONDIN, Batista. Curso de Filosofia. São Paulo: Paulinas. 1981.
NASCIMENTO, Milton, apud SILVEIRA, René, Um sentido para o ensino de Filosofia
no ensino médio, p. 142.
PAIM, Antônio. Tratado de ética. Londrina: Ed. Humanidades, 2003.
PARANÁ, SEED. Proposta Curricular para o ensino de filosofia no 2º grau, Curitiba.
1994.
_______. Diretrizes Curriculares de Filosofia para a Educação Básica. Curitiba,
2006.
_______. Vários Autores. Livro Didático Público – Filosofia – Ensino Médio. Curitiba,
2006.
_______.Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na
Modalidade Normal. Curitiba, 2006
SAVIANI, Dermeval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. 6 ed. São
Paulo: Cortez/Autores Associados, 1985.
TRAGTENBERG, Maurício. Reflexões sobre o Socialismo. São Paulo. Moderna.
1991
WITTGENSTEIN, L. Investigações filosóficas. 2. ed., São Paulo, Abril Cultural, 1979.
89
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
1. LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA
"As palavras são o que sustentam a sociedade; sem
elas não seríamos seres humanos."
Stuart Chase
Série Número de aulas semanais
3ª 2
4ª 2
1.1. Apresentação da Disciplina
O cenário do ensino de Línguas Estrangeiras no Brasil e a estrutura do
90
currículo escolar sofreram constantes mudanças em decorrência da organização
social, política e econômica ao longo da história. Além do aspecto dinâmico do
currículo e dos métodos, o Estado pode orientar mudanças curriculares que se
justificam pela atualização dos debates e produções teórico-metodológicas e
político-pedagógicas para a disciplina de Língua Estrangeira Moderna.
Na relação entre as abordagens de ensino, na estrutura do currículo e na
sociedade, residem as causas da ascensão e do declínio do prestígio das línguas
estrangeiras nas escolas. Os estudos de Saussure forneceram elementos para a
definição do objeto de estudo específico da Linguística: a língua. Tais estudos
fundamentaram o estruturalismo, uma das principais correntes da linguística
moderna.
Desde a década de 1950, o sistema educacional brasileiro se viu
responsável pela formação de seus alunos para o mundo do trabalho. Iniciou-se,
nesse momento, uma fase do ensino de Língua Estrangeira mais sofisticada quanto
aos recursos didáticos. De fato, o uso do gravador e de gravações de falantes
nativos, do projetor de slides, dos cartões ilustrativos, dos filmes fixos e dos
laboratórios audiolinguais conferiu um avanço inestimável à aquisição de línguas.
A partir da década de 1960, quando o Método Áudio-oral se expandia não
apenas no Brasil, mas também na Europa e nos Estados Unidos, a concepção
estruturalista da língua enfraqueceu-se diante dos novos estudos científicos. Na
década de 1970, o pensamento nacionalista do regime militar tornava o ensino de
línguas estrangeiras um instrumento a mais das classes favorecidas para manter
privilégios, já que a grande maioria dos alunos da escola pública não tinha acesso a
esse conhecimento.
Atualmente o estudo da Língua Inglesa apresenta-se como possibilidade de
aumentar a auto percepção do aluno como ser humano, como cidadão e sujeito
crítico, o seu engajamento discursivo em práticas sociais efetivas que o envolva na
construção de significado pelo desenvolvimento, principalmente, das habilidades de
escrita (produção de texto), leitura e oralidade, por meio de variados textos sociais
pertencentes a vários gêneros.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Orientadoras da LEM (2006) o
conteúdo estruturante para o seu ensino é o discurso que deve funcionar como
prática social por meio da leitura, da oralidade e da escrita. Dessa forma, conforme o
91
Livro Didático Público (2006), o estudo da língua estrangeira através do seu
conteúdo estruturante – o discurso – possibilitará ao aluno uma consciência crítica e
transformadora da realidade, subsidiada pelos elementos integradores
(conhecimentos discursivos, sócio pragmáticos, culturais e linguísticos estarão
sempre presentes em qualquer situação de interação do aluno com a língua
estrangeira) e pelas práticas (escrita, leitura e oralidade que abordam o discurso em
sua totalidade e também interagem entre si e constituem uma prática sócio-cultural)
que compõem a aprendizagem.
1.2. Objetivos
Distinguir e respeitar as variantes linguísticas.
Escolher o registro adequado à situação na qual se processa a
comunicação.
Compreender que a construção de sentidos nos textos difere em razão de
aspectos sociais e/ou culturais.
Amparar-se em língua materna - Língua Portuguesa - para o
desenvolvimento de seu conhecimento na Língua Estrangeira.
Utilizar a Língua Estrangeira como instrumento de acesso a informações
sobre outras culturas e grupos sociais.
1.3. Conteúdos
3ª SÉRIE
Textos mais complexos e mais longos serão propostos
Traditional celebrations
Cognates
Nacionalities
There is/ there are
Emprego do presente, passado e futuro, observando os mecanismos de
concordância, relativos a número, gênero, grau e emprego de preposições,
advérbios, dias da semana, meses, estações do ano, ordinais, horas.
Emprego de adjetivos
Emprego: saudações, cumprimentos fazendo apresentações segundo um contexto
Emprego dos pronomes pessoais, possessivos, indefinido interrogativos
92
contextualizados.
Emprego adequado de ordens, pedidos e produções.
Páginas de guias turísticos.
Textos informativos, argumentativos.
4ª SÉRIE
Dar títulos e identificar o assunto de diferentes tipos de texto (skimming).
Identificação de informações presentes em diferentes tipos de texto.
Textos informativos, narrativos, descritivos, dissertativos, poéticos, tiras, charges,
propagandas, correspondências e fotos.
Identificar relações de causalidade, temporalidade, oposição, comparação,
conclusão, condição; organizando as informações.
Emprego de palavras de acordo e aferição de significados a partir de um contexto.
Seleção de verbetes e significado de um verbete adequado ao contexto.
Emprego dos verbos modal em diferentes contextos (can, may, must, should).
1.4. Encaminhamento Metodológico
O professor deve considerar a diversidade de gêneros existentes e a
especificidade do tratamento da Língua Estrangeira na prática pedagógica, a fim de
estabelecer critérios para definir os conteúdos específicos para o ensino
Inicialmente, é preciso levar em conta as condições de trabalho existentes na
escola, o projeto político-pedagógico, a articulação com as demais disciplinas do
currículo e o perfil dos alunos. Na seleção de textos a qualidade do conteúdo dos
textos escolhidos deve ser considerada e as características do gênero a que o texto
pertence Os conteúdos dos textos devem viabilizar os resultados pretendidos de
acordo com os objetivos específicos propostos no planejamento do professor.
A partir do Conteúdo Estruturante discurso como prática social serão
trabalhadas questões linguísticas, sociopragmáticas, culturais e discursivas, bem
como as práticas do uso da língua: leitura, oralidade e escrita. A reflexão crítica
acerca dos discursos que circulam em Língua Estrangeira Moderna somente é
possível mediante o contato com textos verbais e não verbais. Espera-se que o
professor crie estratégias para que os alunos percebam a heterogeneidade da
língua. A ativação dos procedimentos interpretativos da língua materna, a
93
mobilização do conhecimento de mundo e a capacidade de reflexão dos alunos são
alguns elementos que podem permitir a interpretação de grande parte dos sentidos
produzidos no contato com os textos.
O papel do estudo gramatical relaciona-se ao entendimento, quando
necessário, de procedimentos para construção de significados usados na Língua
Estrangeira. As estratégias específicas da oralidade têm como objetivo expor os
alunos a textos orais, pertencentes aos diferentes discursos, lembrando que na
abordagem discursiva a oralidade é muito mais do que o uso funcional da língua, é
aprender a expressar ideias em Língua Estrangeira mesmo que com limitações. Nos
textos de literatura, as reflexões sobre a ideologia e a construção da realidade fazem
parte da produção do conhecimento, sempre parcial, complexo e dinâmico,
dependente do contexto e das relações de poder. As concepções de ensino e língua
subjacentes às atividades dos livros didáticos tendem a se fundamentar, em grande
parte, na Abordagem Comunicativa. Ao tratar os conteúdos de Língua Estrangeira
Moderna, o professor proporcionará ao aluno, pertencente a uma determinada
cultura, o contato e a interação com outras línguas e culturas. Ressalta-se a
importância do Livro Didático Público de Língua Estrangeira Moderna, Inglês e
Espanhol, elaborado pelos professores da Rede Pública do Estado do Paraná, que
não esgota todas as necessidades, nem abrange todos os conteúdos de Língua
Estrangeira, mas constitui suporte valoroso e ponto de partida para um trabalho bem
sucedido em sala de aula.
Os procedimentos que se seguem, contribuem na incorporação dos
conteúdos propostos:
Leitura individual.
Leitura coletiva.
Leitura dialógica.
Fazer exercícios.
Apresentar trabalhos.
Aulas dialógicas.
Produção de textos.
Recursos: quadro e giz, retroprojetor, Laboratório de Informática (quando for
instalado), DVD, videocassete, cartazes confeccionados pelos próprios estudantes,
dentre outros.
94
1.5. Avaliação
O aluno deverá adquirir conhecimentos sobre a nova cultura, sendo capaz de
ler, escrever, interpretar textos de vários gêneros: publicitários, jornalísticos,
literários, informativos, de opinião. A leitura pressupõe a familiarização do aluno com
os diferentes gêneros textuais oriundos de várias práticas sociais e ainda,
articuladas com as demais disciplinas do currículo. A avaliação tem como finalidade
principal, dar o diagnóstico da realidade do aluno para que o docente possa traçar
novas estratégias de ensino e aprendizagem. Os instrumentos de avaliação podem
ser:
Leitura
Produção de textos
Seminários e debates
Participação em aula
Confecção de exercícios propostos
Avaliação escrita.
A avaliação será feita de forma contínua e cumulativa de forma a estimular a
reflexão, valorizando-se os diferentes níveis da fala e da escrita da Língua Inglesa
contemporânea, incentivando a participação do aluno em todas as atividades
desenvolvidas na escola e na comunidade para o seu crescimento como membro da
sociedade.
1.6. Referências Bibliográficas
ANDERSON, J.C. The nature of evaluation. Mimeo e trabalho apresentado em The
Nacional Seminar on ESP, Embu, 1986. In: SCARAMUCCI, M. R. Avaliação de
rendimento no ensino – aprendizagem de português, língua estrangeira.
BRAGA, M. Avaliar é crime? Anais do I RELÊ. São Paulo: PUC/SP, 1982.
SCARAMUCCI, M. R. Avaliação de rendimento no ensino - aprendizagem de
português, língua estrangeira.
BRASIL/MEC. Orientações Curriculares para o Ensino Médio - Linguagens, códigos
e suas tecnologias. Brasília, 2006.
95
COSTA, M.B. Globetrotter: Inglês para o ensino médio. São Paulo: Macmillan, 2002.
PARANÁ/SEED. Currículo Básico para a Escola Pública do Estado do Paraná.
Curitiba, 1992.
_______. Diretrizes Curriculares de Língua Estrangeira Moderna para o Ensino
Médio. Versão Preliminar. Curitiba, jul., 2006.
_______. Vários Autores. Livro Didático Público – Língua Inglesa – Ensino Médio.
Curitiba, 2006.
_______. Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na
Modalidade Normal. Curitiba, 2006
POE, E. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Tecnoprint S.A. s/d.
SCARAMUCCI, M. R. Avaliação de rendimento de ensino – aprendizagem de
português, língua estrangeira. In: ALMEIDA FILHO, J. C. P. de (org). Parâmetros
atuais para o ensino de português, língua estrangeira. Campinas –SP: Pontes, 1997.
Sites de Internet para textos de Língua Inglesa.
SWAN, M. Practical english usage. Oxford Univesity Press, 1995.
UR, P. Grammar Practice acitivities: a practical guide for teachers. Cambridge:
Cambridge University Press, 1998.
96
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
1. FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
Se queremos progredir, não devemos repetir
a história, mas fazer uma história nova. (Gandhi)
Série
Número de aulas
semanais
1ª 2
1.1. Apresentação da Disciplina
A educação brasileira, concebida como função do estado é extremamente
jovem. Por isso, ao propor uma reflexão sobre a educação brasileira, vale lembrar
que só em meados do século XX o processo de expansão da escolarização básica
97
no país começou, e que o seu crescimento, em termos de rede pública de ensino, se
deu no fim dos anos 1970 e início dos anos 1980.
O Brasil ocupa o 49º lugar em proficiência leitora, 53º lugar em domínio de
conceitos da Matemática e 49º em conhecimentos em Ciências, entre 65 países
avaliados pelo PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos - em inglês:
Programme for International Student Assessment). O PISA é uma rede mundial
de avaliação de desempenho escolar, realizado pela primeira vez em 2000 e
repetido a cada três anos. É coordenado pela Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), com vistas a melhorar as políticas e
resultados educacionais.
Resultados do PISA - Edição 2009
País Leitura Matemática Ciências
Pontuação Posição Pontuação Posição Pontuação Posição
Albânia 385 56 377 55 391 55
Argentina 398 54 388 51 401 52
Austrália 515 8 514 12 527 9
Áustria 470 36 496 21 494 27
Azerbaijão 362 60 431 41 373 59
Bélgica 506 10 515 11 507 18
Brasil 412 49 386 53 405 49
Bulgária 800 1 0 300 1 42
Canadá 524 5 527 8 529 7
Chile 449 40 421 45 447 40
Colômbia 413 48 381 54 402 50
Croácia 476 33 460 37 486 34
República Checa 478 31 493 24 500 22
Dinamarca 495 22 503 16 499 23
Estónia 501 12 512 14 528 8
Finlândia 536 2 541 4 554 2
França 496 20 497 19 498 24
Alemanha 497 18 513 13 520 12
Grécia 483 28 466 36 470 37
Hong Kong 533 3 555 3 549 3
Hungria 494 23 490 26 503 19
98
País Leitura Matemática Ciências
Pontuação Posição Pontuação Posição Pontuação Posição
Islândia 500 14 507 15 496 25
Indonésia 402 53 371 57 383 56
Irlanda 496 21 487 29 508 17
Israel 474 34 447 38 455 38
Itália 486 26 483 31 489 32
Japão 520 7 529 7 539 5
Jordânia 405 51 387 52 415 47
Cazaquistão 390 55 405 49 400 54
Quirguistão 314 61 331 61 330 61
Letônia 484 27 482 33 494 28
Liechtenstein 499 17 536 5 520 11
Lituânia 468 37 477 34 491 30
Luxemburgo 472 35 489 27 484 35
México 425 44 419 46 416 46
Montenegro 408 50 403 50 401 51
Países Baixos 508 9 526 9 522 10
Nova Zelândia 521 6 519 10 532 6
Noruega 503 11 498 18 500 21
Panamá 371 58 360 60 376 58
Peru 370 59 365 59 369 60
Polónia 500 15 495 22 508 16
Portugal 489 25 487 30 493 29
Catar 372 57 368 58 379 57
Romênia 424 45 427 44 428 43
Rússia 459 39 468 35 478 36
Sérvia 442 41 442 40 443 41
China (Xangai) 556 1 600 1 575 1
Singapura 526 4 562 2 542 4
Eslováquia 477 32 497 20 490 31
Eslovênia 483 29 501 17 512 15
Espanha 481 30 483 32 488 33
Suécia 497 19 494 23 495 26
Suíça
501 13 534 6 517 13
Tailândia 421 46 419 47 425 45
Trinidad e Tobago 416 47 414 48 410 48
Tunísia 404 52 371 56 401 53
Turquia 464 38 445 39 454 39
Reino Unido 494 24 492 25 514 14
Estados Unidos 1 26 487 28 502 20
Uruguai 426 43 427 43 427 44
99
Frente aos dados apresentados muitas questões podem ser formuladas e
inúmeras as tentativas de respostas que abrangessem a amplitude das questões. A
evolução da sociedade, de certo modo, faz com que a escola se adapte a ela, mas
de maneira defensiva, tardia, sem garantir a elevação do nível da educação e da
própria sociedade.
De uma maneira simplista a tendência é atrelar o profissional docente aos
dados alarmantes. Dessa forma, os professores se tornam alvos ou ficam no fogo
cruzado de muitas esperanças sociais e políticas em crise nos dias atuais. As
críticas externas ao sistema educacional cobram dos professores cada vez mais
trabalho, como se a educação, sozinha, pudesse resolver todos os problemas
sociais. O fato é que a qualidade da educação está fortemente aliada à qualidade da
formação dos professores e, o que professor pensa sobre o ensino acaba por
determinar o seu fazer pedagógico. Desta forma, o desenvolvimento dos professores
é uma precondição para o desenvolvimento da escola e, em geral, a experiência
demonstra que os docentes são maus executores das ideias dos outros.
Imprescindível a prática reflexiva do professor para direcionar a sua prática,
pois mudanças profundas só acontecerão quando a formação dos professores
deixar de ser um processo de atualização e se converter em um verdadeiro
processo de aprendizagem, como um ganho individual e coletivo.
Há ainda de se considerar o corporativismo das instâncias responsáveis pela
gestão – não só do sistema de ensino, mas também das unidades escolares. O
professor está na ponta de uma corrente onde cada elo deve assumir as suas
responsabilidades. Caso isso não ocorra continuaremos longe de atingir a meta de
alfabetizar todas as crianças até os 8 anos de idade e carregando o fardo de um
baixo desempenho no IDEB. Com o índice de aprovação na média de 0 a 10, os
estudantes brasileiros tiveram a pontuação de 4,6 em 2009. A meta do país é de
chegar a seis em 2022.
Considerando o exposto a disciplina de Fundamentos Históricos da
Educação, a mesma objetiva oferecer ao aluno uma oportunidade de reflexão sobre
a educação no passado – sua finalidade, seus conteúdos, sua organização – para
que possa melhor compreender a educação atual e contribuir de forma eficaz para o
desenvolvimento de um sistema educacional mais coerente e que promova a
minimização da desigualdade social.
100
Nesse sentido, a disciplina ressaltará os aspectos essenciais de cada período
da história da educação considerando o contexto sócio, político, econômico e
cultural, sem, no entanto, restringir-se a uma simples exposição de fatos e ideias a
partir de uma cronologia. Através de uma cuidadosa seleção de elementos
significativos, entre os quais se estabelecem conexões, a fim de que se torne
possível melhor compreender o fenômeno da educação, os conteúdos serão
elencados.
Considere-se ainda articulação destes conteúdos com os das disciplinas de
História, Geografia, Artes, Língua Portuguesa, Organização do Trabalho
Pedagógico, Fundamentos Históricos e Políticos da Educação Infantil, em razão da
carga horária e matriz curricular.
1.2. Objetivos
Compreender os antecedentes históricos da educação brasileira;
Situar e caracterizar as Constituições do Brasil, partindo da evolução histórica
do país;
Identificar as corrente pedagógicas que permeiam os períodos da história
brasileira;
Refletir o processo através do qual a realidade educacional brasileira foi e
está sendo produzida;
Identificar criticamente as ideologias que perpassam teorias e práticas
consolidadas na história da educação brasileira.
1.3. Conteúdos
1º SEMESTRE
Educação Clássica: Grécia e Roma.
Educação Medieval.
Renascimento e Educação Humanista.
O Mercantilismo e os Aspectos Educacionais da Reforma e a Contra-reforma
religiosa.
Os Jesuítas – Um projeto político educacional.
O Iluminismo e a Reforma Pombalina.
101
Ascensão da burguesia na Europa e as origens da Escola Pública – a chegada da
Família Real ao Brasil.
A Educação no Império – Constituição de 1824.
Primeira República – Constituição de 1891. O entusiasmo pela educação e o
otimismo pedagógico.
2º SEMESTRE
Segunda República – Getulio Vargas e as propostas educacionais.
Constituições de 1932 e 1937.
Governos Populistas – Constituição de 1946 e o projeto de tramitação da LDB
4024/61.
Regime Militar – Constituição de 1967 - e as conseqüências para a educação
brasileira.
República pós-ditadura - Constituição de 1988 e a construção da nova LDBEN –
9394/96.
1.4. Encaminhamento Metodológico
O encaminhamento metodológico para a disciplina de Fundamentos
Históricos da Educação exige que se inicie a apresentação dos conteúdos a partir
dos fatos desencadeados no século XVI – articulando a situação do Brasil e demais
países da América Espanhola e Portuguesa no cenário da colonização européia,
como condição para situar adequadamente a educação brasileira na Colônia,
Império e Primeira República.
O destaque à Educação Jesuítica é compreensível – dentre outras razões, a
seu favor, está o longo período (dois séculos) em que os jesuítas/contra-reformistas
organizaram e efetivaram a educação “institucionalizada” do Brasil, montando até,
uma grande rede física neste período (1549-1759).
Permeando a tessitura do pano de fundo para a educação atual serão
estudados os conflitos pedagógicos que ganharam a nominação de Pedagogia
Tradicional Liberal e as Pedagogias não-liberais (progressistas). Um debate acerca
da Educação Tradicional e Educação Nova, explicitando os contextos históricos das
respectivas correntes filosóficas e seus pressupostos será oportunizado. Perfazendo
102
toda a construção do pensamento pedagógico brasileiro e das políticas educacionais
no sistema capitalista serão estudados diferentes projetos político-pedagógicos de
Estado.
Para que o processo de aprendizagem será efetivo e eficaz o ensino
considerará as seguintes ações pedagógicas: aulas expositivas, dinâmicas de
grupos, pesquisas, estudos dirigidos, debates, seminários, elaboração de sínteses,
resenhas, painéis.
1.5. Avaliação
A avaliação será, de acordo com o previsto no PPP – Projeto Político
pedagógico, diagnóstica, formativa e somativa, acontecendo em todos os
momentos do processo de ensino-aprendizagem, por meio de apresentação de
trabalhos e mini-aulas, produção de materiais, exposições e seminários (nos quais
será observado os aspectos sócio-afetivos), provas objetivas com questões
dissertativas ou em forma de teste, aula do erro, além da auto-avaliação. A
recuperação de estudos também permeará o processo, no sentido do resgate de
conteúdos que não foram devidamente apropriados. No processo avaliativo os
aspectos qualitativos prevalecerão sobre os quantitativos. Contudo, devido à
exigência de nosso sistema educacional, haverá aferição de notas ao final de cada
semestre.
1.6.Referências Bibliográficas
ARANHA, Maria Lucia de A. História da Educação. 2ª edição. São Paulo: Moderna,
1996.
GADOTTI, Moacir. História das Idéias Pedagógicas. 2ª edição. São Paulo: Ática,
1994.
GHIRALDELLI JR, Paulo. História da Educação. São Paulo: Cortez, 1994.
PARANÁ/SEED. Educação Profissional na Rede Pública Estadual: Fundamentos
Políticos e Pedagógicos – Versão Preliminar. Curitiba, 2005.
_______.Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na
Modalidade Normal. Curitiba, 2006
RIBEIRO, Maria Luiza S. História da Educação Brasileira: a organização escolar.
103
São Paulo: Cortez & Morais, 1986.
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
1. FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO
O ser humano não pode deixar de cometer erros;
é com os erros, que os homens de bom senso aprendem
a sabedoria para o futuro.
Plutarco
Série Número de aulas semanais
3ª 2
1.1. Apresentação da Disciplina
A educação que prima pelo cumprimento de sua função primeira, garantir
formação de qualidade, deve tomar como ponto de partida e ponto de chegada a
prática social, sobre a qual deve estar fundada uma relação dinâmica entre esta e a
escolha de conteúdos. Ensinar e aprender o que é significativo para o aluno, no
entanto não significa que se deva trabalhar com aquilo que agrada, o aluno, mas
104
com o que se faz necessário, e por isso é significativo, à prática social e pedagógica.
Desta forma o enfoque aos conteúdos deve estar voltado para a compreensão da
base histórico-social da existência humana.
A função da Filosofia não é prescritiva, mas sem dúvida constitui-se em
ferramenta para a descoberta de soluções frente aos desafios impostos pela
inserção do homem no ambiente e interação com os seus iguais, bem como na
autoafirmação de si mesmo. A postura filosófica que se adota frente a estes desafios
e o engajamento que se desenvolve a partir desta postura desdobram-se em
princípios filosóficos.
O mundo (as realidades) são sempre ideia e matéria. A forma de responder a
relação entre as duas definem matrizes (concepções norteadoras) que vão priorizar,
ora a ideia, ora a matéria. A filosofia ensinada nas escolas em os cursos de
formação de professores tem seguido uma tendência idealista, mesmo que às vezes
sob verniz materialista., até por conta de um processo de naturalização que é
própria deste tipo de ideia. No materialismo o pensamento abre espaço para o
social e o biológico. O materialismo científico adota uma perspectiva histórico-
dialética, no modo de produção da existência como elemento fundante da realidade
histórica; apresenta o trabalho como elemento fundamental no processo de
desenvolvimento da história.
O materialismo histórico parte da produção material como explicativa do homem.
O modo de via material condiciona o social, o político, o intelectual. Os fenômenos
econômicos explicam a história. Os conceitos e as ideias do materialismo histórico
não devem ser entendidos como uma ideologia, mas como uma ferramenta para
entender como surgem, evoluem e entram em decadência os mais variados modos
de produção que a história produziu e que produzirá, servindo como instrumental
para definir posicionamentos frente ao processo de exploração a que o homem é
submetido. É uma Filosofia que tem como princípio básico a dialética fundamentada
na matéria e no pensamento que desta nasce como realidades portadoras de uma
dinâmica de mudança que se dá a partir dos contrários.
Sinteticamente o materialismo busca explicar os fenômenos a partir de suas
contradições e de sua realidade material. O ponto de partida e de chegada em
Fundamentos Filosóficos da Educação é o Marxismo ou Materialismo Dialético. Para
Marx, a matéria evolui dialeticamente, isto é, pela superação de sucessivas
105
contradições ou tensões, passando de uma tese para uma antítese e desta para
uma síntese. A síntese que reassume em si os elementos positivos da tese e da
antítese.
O materialismo dialético é a teoria do conhecimento que produz as ferramentas
terminológicas e os conceitos necessários à ciência do materialismo histórico. A
dialética tem sua origem na explicação do movimento de transformação das coisas.
Assim, ela se fundamenta na contradição que gera o constante devir da realidade
(luta dos opostos). A consciência é determinada pelo social, e na convicção de que
não existe fato em si, mas fato contextualizado. O homem é produtor de si mesmo e
de sua realidade: o seu processo de humanização depende de seu trabalho que
define a construção da sua história. A causa do desenvolvimento dos fenômenos é
interna (em suas contradições). O movimento é a essência da realidade. Teoria e
prática se interferem e se influenciam mutuamente. A consciência é determinada
pelo social. Ciência do movimento no pensamento, na matéria e na história. Não
existe fato em si, mas fato contextualizado. O homem é produtor de si mesmo e de
sua realidade: a humanização depende do trabalho (construção da sua história). O
movimento de contradição se dá nas coisas, na história. A causa do
desenvolvimento dos fenômenos é interna (em suas contradições). O movimento é a
essência da realidade. Teoria e prática se interferem e se influenciam mutuamente. É
uma concepção dinâmica de homem, sociedade e de relação entre as coisas e
realidades que possibilitará à educação exercer a sua função social, porque matéria
e pensamento são cúmplices, segundo Marx e Engels.
Esta opção é que permitirá superar o pensamento positivista que se instalou nas
relações pedagógicas e que transformou a educação em algo estático / congelado;
exata, submissa; com incapacidade técnica e política de reação, de oposição ao que
é relativo, de manutenção do status quo, de verdades absolutas, da supremacia da
prova, de eliminação o contraditório. É a possibilidade real da flexibilidade e da
descoberta, de avanços através das contradições, de mudanças, de evolução [da
projeção do que se sonha. Libertar da alienação.(Ludwig Feuerbach).
Ancorados nesta filosofia o trabalho com a disciplina Fundamentos Filosóficos da
Educação partirá da abordagem Histórico-Cultural, fundamentada no pensamento
de Lev S. Vygotsky (1986-1934). Um ponto central dessa concepção é que todos os
fenômenos sejam estudados como processos em movimento e em mudança. Em
106
termos do objeto da psicologia, a tarefa do cientista seria a de reconstruir a origem e
o curso do desenvolvimento do comportamento e da consciência. Não só todo
fenômeno tem sua história, como essa história é caracterizada por mudanças
qualitativas e quantitativas. Essas opções direcionam para uma Pedagogia
Histórico-Crítica.
Nesta Pedagogia, a criança (aluno) é vista como um ser concreto, concebida em
função da classe social a que pertence e da análise de sua condição de vida:
econômica, social e cultural. O professor é aquele que direciona e conduz o
processo ensino-aprendizagem, comprometendo-se com a realidade social e
interagindo com ela na construção do conhecimento. Os conteúdos culturais e
universais, acumulados historicamente e produzidos socialmente, que servem de
instrumento para a criança conhecer, criticar e refletir sobre a realidade (apropriação
para superação).
Na formação do educador se privilegiará questões que impactam na sua
formação como:
a reflexão científica que deverá trabalhar conhecimentos que levem à
compreensão dos processos da natureza e da sociedade, visando superar
o senso comum, conceitos dogmáticos, ideias obscurantistas através da
conquista de informações mais adequadas da ciência e do método
científico;
a reflexão ético-política dos valores morais e espirituais (pensamento,
entendimento, concepções) como produção social, desmistificando e
desmascarando ideias que seguem a lógica da reprodução capitalista e
promove o individualismo-consumismo-corrupção-desagregação social;
estendendo-se à função da mídia na formação da consciência, difusão e
formação de valores ideias e comportamentos;
a reflexão ambiental que coloque o humano como parte integrante da
natureza enquanto relação que afeta a sociedade humana, a vida
humana, num contexto de exploração capitalista e de sobrevivência do
humano comprometida;
a reflexão ético-cultural que resgate as especificidades históricas da
memória e tradição dos diversos grupos sociais através de uma prática
pedagógica produtora de novos conhecimentos a partir de culturas
107
distintas e do acesso aos bens culturais de qualidade produzidos pela
sociedade humana.
1.2. Objetivos
Desenvolver comportamento responsável na busca de qualidade da
vida coletiva;
Desenvolver o entendimento de que a consciência e o
conhecimento são produções históricos-sociais;
Desmistificar ideias transmitidas pela lógica da reprodução
capitalista;
Promover a interlocução entre padrões culturais distintos e o
acesso a bens de qualidade;
Promover uma prática pedagógica coerente com os elementos
culturais necessários ao processo de humanização;
Reconhecer o caráter social da cultura erudita e popular por
constituírem-se de elementos singulares e universais;
Revitalizar a discussão e a prática a respeito da função social da
escola na forma ético-política para a construção de uma sociedade
verdadeiramente humana.
1.3. Conteúdos
1º SEMESTRE
Conceito, importância e metodologia da Filosofia
A atitude filosófica (a reflexão crítica)
Mito e Filosofia
Clássicos da Filosofia: Os pré-socráticos e os sofistas
Os principais filósofos gregos: Sócrates, Platão e Aristóteles; e suas concepções de
educação, sociedade, mundo, homem
Os principais períodos da História da Filosofia
As fontes do conhecimento: O Empírico e o Racionalismo
As bases do pensamento moderno: Descartes (a ciência positiva), Locke (a
experiência) e Kant (síntese do empirismo e do racionalismo)
108
As bases do pensamento contemporâneo: Comte e Durkhein (o positivismo), Hegel
(o conhecimento universal), Sartre (o existencialismo) e Hussel (a fenomenologia)
A concepção dialética da filosofia: Marx e Engels (materialismo histórico e dialético)
As relações de trabalho e poder (trabalho e alienação)
2º SEMESTRE
A Filosofia da Educação enquanto reflexão
O homem como ser histórico
Educação como redenção, reprodução e transformação da sociedade
As teorias socialistas, crítico-reprodutivistas, progressistas e construtivistas
A abordagem histórico-cultural de Vigotsky
Tendências pedagógicas na prática escolar: pedagogia liberal, tradicional, renovada
progressista, renovada não-diretiva e tecnicista
Pedagogia progressista libertadora, libertária e crítico-social dos conteúdos
Os novos pensadores da Educação e suas teorias: Morin, Perrenoud, Coll, Nóvoa,
Hernández e Toro
1.4. Encaminhamento Metodológico
Em coerência com os princípios metodológicos propostos, os procedimentos
metodológicos serão orientados pelos princípios da dialética: Tudo se relaciona:
nada é isolado. Tudo se transforma por contradição – negação – superação. Nada é
eterno. A mudança quantitativa provoca uma mudança qualitativa. Unidade e luta
dos contrários (dialética da natureza, da história e do conhecimento). É uma teoria
engajada. Não pode ser confundida com teoria do reformismo ou ideológica.
Os conteúdos serão trabalhados de uma forma crítica e dinâmica, interligando
teoria, prática e realidade, mantendo uma coerência aos fundamentos teóricos
propostos, onde estes não podem ser vistos isoladamente.
1.5. Avaliação
Partindo do pressuposto de que avaliar compreende coleta, análise e síntese
dos dados, acrescida de atribuição de valor o professor utilizar-se-á do resultado da
avaliação não apenas para aferir notas, mas para reformular seu planejamento,
adotando estratégias e procedimentos diversificados, visando superar as lacunas
109
diagnosticadas.
A avaliação escrita (provas) é o instrumento mais utilizado no processo
avaliativo. Todavia, há que se considerar que apenas um instrumento não é capaz
de identificar o conhecimento adquirido pelo aluno, por isso o professor deverá
propiciar diversificadas oportunidades para que o aluno expresse seu conhecimento.
A avaliação será, portanto, diagnóstica, formativa e somativa, acontecendo
em todos os momentos do processo de ensino-aprendizagem, por meio de
apresentação de trabalhos e mini-aulas, produção de materiais, exposições e
seminários (nos quais será observado os aspectos sócio-afetivos), provas objetivas
com questões dissertativas ou em forma de teste, aula do erro, além da auto-
avaliação. A recuperação de estudos também permeará o processo, no sentido do
resgate de conteúdos que não foram devidamente apropriados. A reavaliação é
outra oportunidade que é ofertada no término do período letivo.
No processo avaliativo os aspectos qualitativos prevalecerão sobre os
quantitativos. Contudo, devido à exigência do sistema educacional, haverá aferição
de notas ao final de cada semestre.
1.6. Referências Bibliográficas
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Temas de filosofia. São Paulo: Moderna, 1992.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. São Paulo: Moderna, 1997.
BRASIL/MEC. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LBDEN. Brasília:
MEC, 1996.
BUZZI, Arcângelo. Introdução ao Pensar. Petrópolis: Vozes, 1989.
CHAUÍ, Marilena. Filosofia. São Paulo: Ática, 2000.
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2000.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.
15. ed. P. 36-37São Paulo: Paz e Terra, 2000.
GADOTTI, Moacir. História das Idéias Pedagógicas. São Paulo: Ática. 1994.
GARCEZ, Lucília Helena do Carmo. Técnicas de redação: o que é preciso saber
para bem escrever. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
GASPARIN, João Luiz . Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. Campinas,
SP: Autores Associados, 2005.
GHIRALDELLI JR, Paulo. História da Educação. São Paulo: Cortez, 1990.
110
LIBÂNEO, José C. Democratização da escola pública. São Paulo, Edições. Loyola,
1985.
LOMBARDI, Claudinei & GEORGEN, Pedro. Ética e educação: reflexões filosóficas
e históricas. Campinas, SP: Autores Associados, 2005.
LUCKESI, Cipriano Carlos. A avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo:
Cortez, 1995.
MATOS, Olgária. Filosofia: a polifonia da razão. São Paulo: Scipione, 1997.
MEDEIROS, João Bosco. Redação Científica: a prática de fichamentos, resumos,
resenhas. São Paulo: Atlas, 2000.
OLIVEIRA, Luiz Antonio. Apostila de Metodologia, 2006.
PAIM, Antonio. Curso de Humanidades: filosofia; guias para estudo individual e de
grupo. Londrina - PR: Edições Humanidades, 2005.
___________. Tratado de ética. Londrina -PR: Ed. Humanidades, 2003.
PARANÁ/SEED. Educação Profissional na Rede Pública Estadual: Fundamentos
Políticos e Pedagógicos – Versão Preliminar. Curitiba, 2005.
_______. Educação Profissional na Rede Pública Estadual: Reflexão filosófica sobre
o ser social, a produção do conhecimento e a educação fundada no princípio
histórico-social, Curitiba, 2005.
_______.Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na
Modalidade Normal. Curitiba, 2006
PLATÃO, F.S. & FIORIN, J. L. Para entender o texto – leitura e redação. 2. Ed. São
Paulo: Ática, 1991.
RIOS, Terezinha. Dimensões da competência do educador.
SÁNCHEZ, Vásquez, Adolfo. Ética. 23ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2002.
SAVIANI, Demerval. Pedagogia Histórico-crítica, primeiras aproximações. São
Paulo: Cortez, 1992, p. 19-30.
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 21ªed. São Paulo: Cortez, 2000.
__________. Educação, sujeito e história. São Paulo: Olho d`´agua, 2001.
SOUZA, Sonia Maria Ribeiro de. Um outro olhar: filosofia. São Paulo: FTD, 1995.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Avaliação: Concepção dialético-libertadora do
processo de avaliação escolar. São Paulo: Libertad, 1994.
111
VYGOTSKY, L. A formação social da mente. SP, Martins Fontes, 1987.
WACHOWICZ, Lílian Anna. Por uma teoria democrática da avaliação.
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
1. FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
“Nenhum vento sopra a
favor de quem não sabe aonde ir”.
Sêneca
Série
Número de aulas
semanais
2ª 2
1.1. Apresentação da Disciplina
A Sociologia é a ciência que estuda o comportamento do ser humano em
função do meio em que vive, por isso constitui-se em uma forma de saber científico.
Compreender o meio e as determinantes que operam nos mecanismos da
organização social é fator fundamental para se entender as especificidades de seu
ensino e aprendizagem.
112
Apesar de sua origem conservadora e de sua proposta inicial conformista, a
Sociologia desenvolveu um olhar crítico e questionador sobre a sociedade. O
pensador alemão Karl Marx (1818-1883) trouxe importantes contribuições ao
pensamento sociológico ao desnudar as relações de exploração que se
estabeleceram desde o momento em que determinada classe social apropriou-se
dos meios de produção e passou a conduzir as ações da sociedade.
O caráter científico liga-se à lógica das ciências ditas “experimentais”, ou seja,
para ascender ao estatuto de ciência, deveria atender a determinados pré-requisitos
e seguir métodos “científicos” que pretendiam a neutralidade e o estabelecimento de
regras. São representantes deste pensamento Augusto Comte (1798-1857) e Émile
Durkheim (1858-1917).
No Brasil, tanto as idéias conformistas quanto as revolucionárias exerceram
forte influência na formação do pensamento sociológico brasileiro. Autores como
Silvio Romero, Euclides da Cunha e Oliveira Vianna, considerados conservadores,
configuraram uma tradição ensaísta preocupada em delinear a identidade cultural
nacional. Temas como raça e cultura era o foco dos estudos históricos, literários e
das análises sociológicas das três primeiras décadas do século XX. Forjadas nas
universidades e centros de estudos, as discussões no campo da Sociologia se
consolidaram como importante perspectiva de compreensão da sociedade brasileira.
A Sociologia da Educação, especificamente no Curso de Formação de
Docentes, tem como objetivo ajudar os alunos a perceberem as determinações
sociais da sua prática profissional, da configuração do sistema educacional no país,
da sua inserção na estrutura de classes do capitalismo, do significado da educação
no capitalismo, entre outros. Nesse sentido, a disciplina possui uma existência
histórica que coincide com a historicidade da educação nas sociedades modernas e
que deve ser compreendida dessa forma, como um instrumento científico que altera
os olhares e, consequentemente, a prática pela práxis educativa. Práxis, porque não
nega seu sentido político de transformação. A disciplina, como todo currículo,
intenta despertar no aluno a necessidade de formação de educadores
comprometidos com o direito das crianças de uma educação de qualidade.
1.2. Objetivos
Situar e caracterizar o surgimento e desenvolvimento da Sociologia enquanto
113
disciplina e ciência.
Analisar as correntes sociológicas relacionando-as com as concepções de
educação.
Conhecer as ideologias que perpassam teorias e práticas pedagógicas.
1.3. Conteúdos
1º SEMESTRE
Conceito/definição de Educação e Sociologia
Augusto Comte – Positivismo
A Educação e o Funcionalismo de Emile Durkeheim
A Educação Republicana – laica de acordo com o desenvolvimento da divisão do
trabalho social (os sociólogos brasileiros que desenvolveram estudos a partir dessa
teoria, tais como Fernando de Azevedo e Lourenço Filho)
A Educação como fator essencial e constitutivo do equilíbrio da sociedade
A Educação como técnica de planejamento social e desenvolvimento da democracia
Criticas a essa visão
As teorias Críticas sociológicas da educação escolar :
O trabalho e a educação no pensamento de Karl Marx e F. Engels
A racionalização da sociedade e a educação no pensamento de Max Weber
A Educação como esfera de constituição de hegemonia e de contra-hegemonia
A Educação, produção e reprodução social
A escola como aparelho ideológico do estado
A escola pública enquanto mecanismo de integração da força de trabalho
2º SEMESTRE
Estudos sócio-antropológicos sobre a educação e escola no Brasil (urbano e rural):
A educação no campo
Movimento dos trabalhadores Sem-Terra e das ONGs
Educação dos Jovens e Adultos
Concepções de Criança/infância como construção histórica e social
A infância no Brasil (urbano e rural)
114
1.4. Encaminhamento Metodológico
O encaminhamento metodológico para a disciplina de Fundamentos
Sociológicos da Educação deverá propor a revisão de um referencial teórico que, de
forma interdisciplinar, ajude os professores e, por consequência os alunos, a olhar a
sociedade, a escola, as crianças, as famílias, a sua prática docente e discente numa
perspectiva social e política.
Deverá ainda incentivar a transição do senso comum para a consciência
científica, por meio do desprendimento das imagens já construídas sobre a escola,
os professores, os pobres, os ricos, as igrejas, as religiões, a cidade, os bairros, as
favelas, a violência, os políticos, a política, os movimentos sociais, os conflitos e as
desigualdades sociais. Buscará ainda a coerência com a proposta geral das
disciplinas específicas do Curso de Formação de Docentes, portanto, na definição
das atividades lembrar que a disciplina está na segunda série e, que o eixo temático
da prática de formação é “Pluralidade Cultural, as diversidades, as desigualdades e
a educação” – esse eixo está proposto para aglutinar as diferentes disciplinas nas
atividades de estágio – Fundamentos Históricos e Políticos da Educação Infantil,
Concepções Norteadoras da Educação Especial, Trabalho Pedagógico da Educação
Infantil, Organização do trabalho Pedagógico e Estágio Supervisionado.
O desenvolvimento inadequado de um conteúdo sociológico crítico pode ter
como consequência a reprodução de valores pré-científicos e, para que isso não
ocorra, ressalta-se a necessidade do desdobramento do conteúdo a partir de um
movimento contínuo de problematização e teorização – pedagogia histórico-crítica.
Para tanto, as aulas proporão as seguintes atividades: aulas expositivas, dinâmicas
de grupos, pesquisas, debates, seminários, elaboração de material (sínteses,
resenhas, painéis, entre outros).
1.5. Critérios de Avaliação
Partindo do pressuposto de que a ação avaliativa compreende a coleta,
análise e síntese dos dados, acrescida de atribuição de valor importante ressaltar
que a avaliação não pode ser concebida como um momento pontual num processo
amplo. Por ser um processo contínuo, deverá conduzir a retomada de caminhos e,
115
se necessário, redimensionar as ações. Desta forma, o resultado da avaliação não
servirá apenas para aferir notas, mas para reformular o planejamento, orientar a
adoção de estratégias e procedimentos diversificados, visando superar as lacunas
diagnosticadas.
A prova, em sentido amplo e restrito, é o instrumento mais utilizado no
processo avaliativo. Todavia, há que se considerar que apenas um instrumento não
é capaz de identificar o conhecimento adquirido pelo aluno, por isso o professor
deverá propiciar diversificadas oportunidades para que o aluno expresse seu
conhecimento.
A avaliação será, portanto, diagnóstica, formativa e somativa, acontecendo
em todos os momentos do processo de ensino-aprendizagem, por meio de
apresentação de trabalhos e mini-aulas, produção de materiais, exposições e
seminários (nos quais será observado os aspectos sócio-afetivos), provas objetivas
com questões dissertativas ou em forma de teste, aula do erro, além da auto-
avaliação. A recuperação de estudos também permeará o processo, no sentido do
resgate de conteúdos que não foram devidamente apropriados. A reavaliação é
outra oportunidade que é ofertada no término do período letivo.
No processo avaliativo os aspectos qualitativos prevalecerão sobre os
quantitativos. Contudo, devido à exigência do sistema educacional vigente, haverá
aferição de notas ao final de cada semestre.
1.6. Referências Bibliográficas
GADOTTI, Moacir. História das Idéias Pedagógicas. 2ª edição. São Paulo: Ática,
1994.
KRUPPA, Sonia M. P. Sociologia da Educação. São Paulo: Cortez, 1994.
LOWY, Michael. Ideologias e Ciência Social. 16ª edição. São Paulo: Cortez, 2003.
MARTINS, Carlos B. O que é Sociologia. 7ª edição. São Paulo: Brasiliense, 1984.
MEKSENAS, Paulo. Sociologia. 2ª edição. 1994
OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução a Sociologia. 23ª edição. São Paulo: Ática,
2000.
PARANÁ/SEED. Educação Profissional na Rede Pública Estadual: Fundamentos
116
Políticos e Pedagógicos – Versão Preliminar. Curitiba, 2005.
_______.Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na
Modalidade Normal. Curitiba, 2006
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
1. FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
“Sempre que houver alternativas tenha cuidado.
Opte pelo que faz seu coração vibrar. Opte pelo que gostaria de fazer, apesar de todas as conseqüências”.
Osho
Série
Número de aulas
semanais
1ª 2
1.1. Apresentação da Disciplina
O homem é um ser complexo. Consequentemente, é função da psicologia
iluminar e harmonizar as dinâmicas pessoais e orientá-las ao crescimento pleno e
117
harmônico dentro da complexidade do processo de desenvolvimento da “persona”.
Nesse sentido, nenhuma corrente psicológica esgota em si mesma toda a dimensão
do homem. Por isso, existe uma quantidade numerosa de “psicologias”, e outra
infinidade de teorias e experiências que se dispõem a compreender, iluminar e
harmonizar o ser humano consigo mesmo, com os outros e com a dimensão
transcendente, inerente ao seu próprio existir.
Na busca de princípios gerais e de regularidades, que dá um suporte à
compreensão da complexidade do ser humano, a psicologia leva em consideração a
relação ao homem no seu processo formativo/educativo. Especificamente na
Psicologia Educacional encontram-se os elementos conceituais e técnicas de ensino
que esclarecem as relações escola-família-sociedade. Portanto, o conhecimento do
desenvolvimento bio-psico-social-afetivo da criança é fundamental para
compreender o homem que está sendo formado.
Desta forma, o conhecimento humano é resultado da produção de cada um e
de todos na humanidade. Compreender os aspectos psicológicos que envolvem a
pessoa humana é crucial para uma interação social esteada na cooperação, no
respeito e na participação social de cada indivíduo, independentemente de
quaisquer características que venha ter.
1.2. Objetivos
Possibilitar aos alunos uma compreensão global do processo de
desenvolvimento humano.
Identificar corretamente as teorias psicológicas necessárias para a
formação de educador.
Estabelecer relações entre o conhecimento teórico e práticas sociais,
fundamentadas nas teorias da educação e abordagens de ensino.
Reconhecer a importância do estudo do comportamento humano,
identificando os agentes e as interações existentes neles.
1.3. Conteúdos
1ª SEMESTRE
Introdução ao estudo da psicologia
Histórico – evolução da psicologia
118
Principais teorias psicológicas e da aprendizagem
Reflexológico – I. Paula
Behaviorismo. B. F. Skinner
Gestalt, Kohler, Wertheiner, Kofka
Psicanálise de S. Freud
2º SEMESTRE
Introdução à psicologia da educação e as abordagens de ensino
Desenvolvimento e aprendizagem
Epistemologia genética de Jean Piaget
Psicologia sócio-hitórica. L. S. Vygotsky
Psicogênese de H. Wallon
Pensamento e linguagem
1.4 . Encaminhamento Metodológico
Os conteúdos de Fundamentos Psicológicos da Educação trazem em seu
bojo um olhar plural do mundo, contribuindo para que o aluno do Curso de
Formação de Docentes construa sua própria imagem, pela compreensão do seu
comportamento individual ou em grupo.
Por outro lado, o conhecimento dos processos de ensino-aprendizagem,
analisando as principais teorias psicológicas e suas correlações com a
aprendizagem, apontará para as abordagens de ensino que embasam a psicologia
do desenvolvimento da criança e do adolescente, os aspectos sociais, culturais e
afetivos da criança e sua cognição.
Desta forma o trabalho com esta disciplina será organizado com aulas
expositivas, dinâmicas de grupos, debates, seminários, elaboração de sínteses e
painéis.
1.5. Critérios de Avaliação
Partindo do pressuposto de que a ação avaliativa compreende a coleta,
análise e síntese dos dados, acrescida de atribuição de valor importante ressaltar
que a avaliação não pode ser concebida como um momento pontual num processo
amplo. Por ser um processo contínuo, deverá conduzir a retomada de caminhos e,
119
se necessário, redimensionar as ações. Desta forma, o resultado da avaliação não
servirá apenas para aferir notas, mas para reformular o planejamento, orientar a
adoção de estratégias e procedimentos diversificados, visando superar as lacunas
diagnosticadas.
A prova, em sentido amplo e restrito, é o instrumento mais utilizado no
processo avaliativo. Todavia, há que se considerar que apenas um instrumento não
é capaz de identificar o conhecimento adquirido pelo aluno, por isso o professor
deverá propiciar diversificadas oportunidades para que o aluno expresse seu
conhecimento.
A avaliação será, portanto, diagnóstica, formativa e somativa, acontecendo
em todos os momentos do processo de ensino-aprendizagem, por meio de
apresentação de trabalhos e mini-aulas, produção de materiais, exposições e
seminários (nos quais será observado os aspectos sócio-afetivos), provas objetivas
com questões dissertativas ou em forma de teste, aula do erro, além da auto-
avaliação. A recuperação de estudos também permeará o processo, no sentido do
resgate de conteúdos que não foram devidamente apropriados. A reavaliação é
outra oportunidade que é ofertada no término do período letivo.
No processo avaliativo os aspectos qualitativos prevalecerão sobre os
quantitativos. Contudo, devido à exigência do sistema educacional vigente, haverá
aferição de notas ao final de cada semestre.
1.6. Referências Bibliográficas
BARROS, C. S. G. Pontos de Psicologia do Desenvolvimento. Rio de Janeiro:
Ática, 1991.
BEE, H. A criança em desenvolvimento. São Paulo: Warbra, 1977.
BOCK, A. M; FURTADO, O e TEIXEIRA, M. L. Psicologias - Uma Introdução ao
Estudo de Psicologia. São Paulo: Saraiva, 1999.
DAVIS, Cláudia; OLIVEIRA, Zilma. Psicologia da Educação. São Paulo: Cortez,
1991.
FALCÃO, G. M.. Psicologia da Aprendizagem. Psicologia da Aprendizagem. Rio de
Janeiro: Ática, 1989.
OLIVEIRA, Zulmira de Moares Ramos. A criança e seu desenvolvimento. São Paulo,
120
Cortez, 1995.
OLIVEIRA, Marta Kohl. VYGOTSKY. São Paulo: Scipione, 1995.
PARANÁ/SEED. Educação Profissional na Rede Pública Estadual: Fundamentos
Políticos e Pedagógicos – Versão Preliminar. Curitiba, 2005.
_______.Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na
Modalidade Normal. Curitiba, 2006
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. São Paulo: Forense, 1990.
PILETTI, Nelson. Psicologia da Aprendizagem. Rio de Janeiro: Ática, 1989.
SEBER, M. Glória. Psicologia do Pré-Escolar. São Paulo: Moderna, 1995.
TELES, Maria Luiza S. O que é Psicologia. São Paulo: Brasiliense, 2003.
VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes. 1984.
121
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
1. FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E POLÍTICOS DA EDUCAÇÃO
INFANTIL
“Eduquemos as crianças, e não será
necessário castigar os homens.” (Pitágoras).
Série
Número de aulas
semanais
2ª 2
1.1. Apresentação da Disciplina
Considerando a importância do conhecimento acerca da educação infantil no
curso de formação docente, faz-se necessário a reflexão sobre Fundamentos
Históricos e Políticos da Educação Infantil, tendo como base teórica a legislação
vigente, numa perspectiva histórica do profissional e as concepções de infância
presentes nas ciências.
A Lei nº9394/96 considera e legitima a Educação Infantil como a primeira
etapa da Educação Básica que passa a ter como objetivo exercer as funções de
educar e cuidar, deixando à margem a ênfase dada apenas ao caráter de cunho
assistencialista. Nesse sentido políticas públicas se viram forçadas a reelaborar as
concepções de criança, de educação, bem como dos serviços por ela prestados.
Até o final da Idade Média, as crianças eram “adultos em miniaturas” à espera
de adquirir a estatura normal (ÁRIES, 1978); eram seres inocentes e divertidos
servindo como meio de entreter os adultos. O conceito de família neste período não
122
existia e começa a se desenvolver a partir dos séculos XV e XVI. O que se observa
nessa época é a família como algo público; os laços consangüíneos eram
definidores de família e a afetividade era negada, pois a intimidade não era
valorizada. Os cuidados dados à criança eram no sentido de preservá-la dos perigos
e garantir-lhe a sobrevivência até que fosse capaz de cuidar de si mesma.
Segundo Sanches (2004), a ideia de creche surge na Europa, no final do
século XVIII e início do século XIX, propondo-se a “guardar” crianças de 0 a 3 anos,
durante o período de trabalho das famílias. É inegável que esta instituição nasce de
uma necessidade atrelada ao capitalismo e processo de urbanização dele
decorrente. No Brasil, a creche surge no final do século XIX, fruto do processo de
industrialização e urbanização do país. Nesse período ocorre o crescimento das
cidades localizadas nas regiões ricas, pela migração das áreas mais pobres que
buscavam trabalho e melhores condições de vida.
A filantropia torna-se uma adaptação da antiga caridade que se preocupava
com a diminuição do custo social, com a reprodução da classe trabalhadora e com o
controle da vida dos pobres. Sanches (2004), afirma que esta generosidade
pautava-se na crença de que o filho do operário sendo bem cuidado, este trabalharia
mais satisfeito e produziria mais.
A Lei de Diretrizes de Base da Educação Nacional, Lei nº 9394 de 20 de
Dezembro de 1996, (LDB) coloca a criança como sujeito de direitos em vez de tratá-
las, como ocorria nas leis anteriores a esta, como objeto de tutela. A mesma lei,
proclama pela primeira vez na história das legislações brasileiras a Educação Infantil
como direito das crianças de 0 – 6 anos e dever do Estado. Ou seja, todas as
famílias que desejarem optar por partilhar com o Estado a educação e o cuidado de
seus filhos deverão ser contempladas com vagas em creches e pré-escolas
públicas. Outro objetivo contemplado pela Lei 9394/96, é o de que as instituições de
Educação Infantil (creches e pré-escolas) fazem parte da Educação Básica,
juntamente com o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, em vez de permanecerem
ligadas às Secretarias de Assistência Social. Nessa passagem das creches para as
Secretarias de Educação dos Municípios está articulada a compreensão de que as
instituições de Educação Infantil têm por função educar e cuidar de forma
indissociável e complementar das crianças de 0 a 6 anos.
123
Campos, Rosemberg e Ferreira (1995) afirmam que a subordinação do
atendimento em creches e pré-escolas à área da Educação representa, pelo menos
no nível do texto constitucional, um grande passo na direção da superação do
caráter assistencialista predominante nos anos anteriores a Constituição. No caso
especifico das creches, tradicionalmente vinculadas às áreas de assistência social,
essa mudança é bastante significativa e supõe uma integração entre creches e pré-
escolas.
A Educação Infantil, segundo Faria (2007), embora tenha mais de um século
de história, como cuidado e educação extradomiciliar, somente na década de 90 foi
reconhecida como direito da criança, das famílias, como dever do Estado e como
primeira etapa da Educação Básica.
Faria (1999) lembra-nos que “a criança, assim, não é uma abstração, mas um
ser produtor e produto da história e da cultura”. Olhar a criança como ser que já
nasce pronto, ou que nasce vazio e carente dos elementos entendidos como
necessários à vida adulta ou, ainda, a criança como sujeito conhecedor, cujo
desenvolvimento se dá por sua própria iniciativa e capacidade de ação, foram,
durante muito tempo, concepções amplamente aceitas na Educação Infantil até o
surgimento das bases epistemológicas que fundamentam, atualmente, uma
pedagogia para infância. Os novos paradigmas englobam e transcendem a história,
a antropologia, a sociologia e a própria psicologia resultando em uma perspectiva
que define a criança como ser competente para interagir e produzir cultura no meio
em que se encontra.
Tiriba (2005) relata que a intenção de aliar uma concepção de criança à
qualidade dos serviços educacionais a ela oferecidos implica atribuir um papel
especifico a pedagogia desenvolvida nas instituições pelos profissionais de
Educação Infantil. Segundo Zabalza (1998), três finalidades básicas podem mostrar
como é possível uma Educação Infantil de qualidade: 1. Uma escola cuja atenção é
concentrada na identidade da criança, na sua condição de sujeito de direitos
diversos, na consciência de si mesma, na intima relação com a sua família e a sua
cultura de origem; 2. Uma escola que prioriza conteúdos significativos da
experiência – a educação linguística, motora, musical e cientifica; 3. Uma escola
baseada na participação e integrada com a comunidade eu que valoriza a relação
com as famílias e a gestão social.
124
As ciências que se debruçaram sobre a criança nas ultimas décadas,
investigam como se processa o seu desenvolvimento, coincidem em afirmar a
importância dos primeiros anos de vida para o desenvolvimento e aprendizagem
posteriores. A pedagogia vem acumulando considerável experiência e reflexão sobre
sua pratica nesse campo e definindo os procedimentos mais adequados de
desenvolvimento e aprendizagem. A educação infantil inaugura a educação da
pessoa humana. A Educação Infantil, em estabelecimentos específicos de educação
infantil, vem crescendo no mundo inteiro e de forma bastante acelerada, seja em
decorrência da necessidade da família de contar com uma instituição que se
encarregue do cuidado e da educação de seus filhos pequenos, principalmente
quando os pais trabalham fora de casa seja pelos argumentos advindos das ciências
que investigaram o processo de desenvolvimento da criança.
Finalmente um diagnóstico das necessidades da educação infantil,
assinalando as condições de vida e o desenvolvimento das crianças brasileiras, a
pobreza, que afeta a maioria delas, que retira de suas famílias as possibilidades
mais primárias de alimentá-las e assisti-las, tem que ser enfrentada com políticas
abrangentes que envolvam a saúde, a nutrição, a educação, a moradia, o trabalho e
o emprego, a renda e os espaços sociais de convivência, cultura e lazer, pois todos
esses são elementos constitutivos da vida e do desenvolvimento da criança.
Considerando a importância do conhecimento acerca da Educação Infantil no
curso de Formação de Docentes, faz-se necessário a reflexão sobre Fundamentos
Históricos e Políticos da Educação Infantil, tendo como base teórica a legislação
vigente, numa perspectiva histórica do profissional, e as concepções de infância
presentes nas diversas ciências.
1.2. Objetivos Gerais
Conhecer os determinantes históricos e políticos da Educação Infantil e
sua situação no Brasil.
Compreender que a creche e a pré-escola diferenciam-se
essencialmente da escola quanto às funções que assumem no
contexto social.
1.3. Conteúdos
125
1º SEMESTRE
Fundamentos da disciplina
Concepção de infância nas sociedades passadas e época contemporânea
Relacionamento entre pais e filhos na História do Brasil
Principais causas da necessidade de Educação Infantil no passado
Origem das instituições infantis
Principais educadores do passado que influenciaram a Educação Infantil
As primeiras instituições infantis no Brasil
Importância da Educação Infantil: Finalidades e objetivos.
Funções da Educação Infantil: brincar, educar e cuidar.
2º SEMESTRE
A política da Educação Infantil e as legislações:
Constituição de 1988
Parecer 22/98
Deliberação 03/99
Deliberação 02/05
Diretrizes Curriculares Nacionais
LDB 9394/96
ECA
Profissional de Educação Infantil no Brasil:
Relação adulto/criança
A família e sua influência
A escola: ambiente físico e social
Perfil profissional do atendente infantil
1.4. Encaminhamento Metodológico
Considerando a valorização da Educação Infantil no Brasil nas últimas
décadas, torna-se urgente a necessidade de identificar seus determinantes
históricos e políticos, bem como o papel do professor como sujeito da produção
126
histórica. Para tanto, será ofertada uma aprendizagem através de práticas
interdisciplinares, tendo como ponto de partida o conhecimento prévio dos alunos,
atendendo às perspectivas e possibilidades individuais, a partir de alguns princípios
norteadores:
Reflexão crítica sobre os pressupostos legais que balizam as teorias em
diferentes momentos históricos.
Valorização e contextualização do conhecimento de que os alunos dispõem e
estimulá-los a avançar, a ampliar seus conhecimentos, a crescer.
Realização de seminários para aprofundamento teóricos para uma melhor
compreensão das diferentes tendências e pensar criticamente certas
experiências realizadas no Brasil.
Análise comparativa de relações que se estabelecem nas escolas públicas e
particulares e as contradições aí existentes.
1.5. Avaliação
Partindo do pressuposto de que a ação avaliativa compreende a coleta,
análise e síntese dos dados, acrescida de atribuição de valor importante ressaltar
que a avaliação não pode ser concebida como um momento pontual num processo
amplo. Por ser um processo contínuo, deverá conduzir a retomada de caminhos e,
se necessário, redimensionar as ações. Desta forma, o resultado da avaliação não
servirá apenas para aferir notas, mas para reformular o planejamento, orientar a
adoção de estratégias e procedimentos diversificados, visando superar as lacunas
diagnosticadas.
A prova, em sentido amplo e restrito, é o instrumento mais utilizado no
processo avaliativo. Todavia, há que se considerar que apenas um instrumento não
é capaz de identificar o conhecimento adquirido pelo aluno, por isso o professor
deverá propiciar diversificadas oportunidades para que o aluno expresse seu
conhecimento.
A avaliação será, portanto, diagnóstica, formativa e somativa, acontecendo
em todos os momentos do processo de ensino-aprendizagem, por meio de
apresentação de trabalhos e mini-aulas, produção de materiais, exposições e
seminários (nos quais será observado os aspectos sócio-afetivos), provas objetivas
com questões dissertativas ou em forma de teste, aula do erro, além da auto-
127
avaliação. A recuperação de estudos também permeará o processo, no sentido do
resgate de conteúdos que não foram devidamente apropriados. A reavaliação é
outra oportunidade que é ofertada no término do período letivo.
No processo avaliativo os aspectos qualitativos prevalecerão sobre os quantitativos.
Contudo, devido à exigência do sistema educacional vigente, haverá aferição de
notas ao final de cada semestre.
1.6. Referências Bibliográficas
ÀRIES, Philipe. História social da criança e da família. 2.ed.LCT, 1978.
BRASIL, Brasília, DF, Lei n. 9.394 de 20 de dezembro de 1996.
_______. Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo: Imprensa
Oficial do Estado, 1988.
_______. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 8069, de 13 de julho de 1990.
São Paulo: Cortez. 1990.
_______. Política Nacional de Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF/DPE/ COEDI,
1993.
_______.Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na
Modalidade Normal. Curitiba, 2006.
________. O coletivo infantil em creches e pré-escolas – fazeres e saberes. São
Paulo: Cortez, 2007.
BRASIL/MEC. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9394/96, de
20 de dezembro de 1996.
BRASIL/MEC. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Brasília, 1998.
CAMPOS, Maria Malta; ROSEMBERG, Fúlvia; FERREIRA, Isabel M. Creches e pré-
escolas no Brasil. 2.ed. São
CASTRO, Jorge A. de. Financiamento da educação no Brasil. Brasília: INEP, 2001.
FARIA, Ana Lucia Goulart de. Educação pré-escolar e cultura. Campinas: Cortez,
1999.
FREITAS, Marcos C. (org.). História social da infância no Brasil. São Paulo: Cortez,
1997.
KRAMER, Sônia. A política do pré-escolar no Brasil: a arte do disfarce. Rio de
128
Janeiro: Achiamé, 1984.
PARANÁ/SEED. Educação Profissional na Rede Pública Estadual: Fundamentos
Políticos e Pedagógicos – Versão Preliminar. Curitiba, 2005.
Paulo: Cortez, 1995.
SANCHES, Emilia Cipriano. Creche – realidade e ambigüidades. 2.ed. Petrópolis:
Vozes, 2004.
TIRIBA, Lea. Educar e cuidar: buscando a teoria para compreender discursos e
práticas. Rio de Janeiro: Ática, 2005.
ZABALZA, Miguel A. Qualidade em Educação Infantil.Tradução. Beatriz Affonso
Neves. Porto Alegre: ArtMed, 1998.
129
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
1. CONCEPÇÕES NORTEADORAS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
"Nós não devemos deixar que as incapacidades das
pessoas nos impossibilitem de reconhecer as suas
habilidades." Hallahan e Kauffman
Série Número de aulas semanais
2ª 2
1.1. Apresentação da Disciplina
A Educação Especial destina-se a todas as pessoas com deficiência física,
sensorial, mental, altas habilidades ou distúrbios emocionais, sociais ou de
aprendizagem, com necessidade de atendimento educacional especializado,
visando à aprendizagem e desenvolvimento. Constitui-se parte integrante da
Educação Geral, com a mesma finalidade de proporcionar meios para alcançar a
realização integral do indivíduo, desenvolvendo suas potencialidades,
transformando-o em membro útil e participante da sociedade. Desta forma tem suas
características próprias quanto aos métodos, técnicas e procedimentos empregados
e quanto ao detalhamento dos currículos de ensino para atender as necessidades
específicas dos portadores de necessidades educacionais especiais.
Considerando que dez por cento da população mundial apresenta algum tipo
de deficiência, segundo a ONU, e que, em países em desenvolvimento e
subdesenvolvidos, essa parcela pode chegar a vinte e cinco por cento da população,
a Educação Especial, ganhou o status disciplina em cursos como o de Formação de
130
Docentes.
A necessidade de conhecer as concepções que norteiam a Educação
Especial, no atual contexto educacional, não se limita restritamente ao grupo de
docentes que atuam no ensino especial, mas estende-se aos demais professores da
pré-escola, ensino fundamental e outros níveis de ensino, em decorrência da
inserção do educando portador de necessidades educacionais especiais no ensino
regular.
O conhecimento sobre a Educação Especial contribuirá para que profissionais
da educação detectem precocemente problemas reais ou potencias, determinantes
de alguma deficiência, encaminhando-os para programas de atendimento
especializado. Tal fato justifica a inclusão da disciplina Concepções Norteadoras da
Educação Especial nos cursos de formação de docentes em nível médio abordando
conteúdos específicos da Educação Especial e Educação Inclusiva.
1.2. Objetivos
Conhecer a educação especial, seu percurso histórico, sua fundamentação e
os dispositivos legais que asseguram a oferta de atendimento educacional
especializado.
Classificar e caracterizar os tipos de necessidades educacionais especiais,
bem como os recursos de apoio proporcionados pelas escolas.
Identificar os tipos de programas de atendimento especializado de acordo
com a deficiência.
Compreender a importância da inclusão da pessoa com necessidades
educacionais especiais na escola e sociedade, para que possa ter seus
direitos assegurados.
1.2. Conteúdos
1º SEMESTRE
Concepção histórica da pessoa com necessidades especiais
Conceituação da educação especial
Fundamentação da educação especial:
Constituição Federal.
131
Constituição Estadual.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº9394/96.
Estatuto da Criança e do Adolescente
Plano Nacional da Educação-Lei 10.172/01
Declaração Mundial de Educação Para Todos – JOMTIEN (1990).
Declaração de Salamanca (1994)
Deliberação número 02/03 – CEE.
Diretrizes Nacionais da Educação Especial na Educação Básica (2001).
Classificação e caracterização da pessoa com necessidades educacionais
especiais:
Altas habilidades, deficiência mental, deficiência física, surdez, deficiência visual,
múltiplas deficiências, condutas típicas.
Prevenção de deficiências:
Período pré-natal, período peri-natal e período pós-natal.
2º SEMESTRE
Identificação da pessoa com necessidades educacionais especiais
Avaliação psicoeducacional, importância, objetivos, instrumentos de avaliação e
recursos humanos envolvidos.
Modalidades de atendimento educacional
Serviços especializados: Classe Especial, Escolas Especiais, Classes de Educação
Bilíngue, Escola de Educação Especial para Surdos com Educação Básica.
Serviços de apoio pedagógicos especializados para apoiar, complementar e
suplementar a escolarização formal:
Intérprete de Libras/Língua Portuguesa.
Instrutor surdo de Libras – (atua nos CAES).
Escolas para surdos.
Professor de apoio permanente.
Sala de recursos (1 a 4 e 5 a 8 séries).
Centro de atendimento especializado – CAE.
Centro de Apoio Pedagógico para atendimento às pessoas com deficiência visual
(CAP).
Inclusão na escola e sociedade:
132
Na área educacional, no âmbito do trabalho e no campo do lazer.
1.4. Encaminhamento Metodológico
Nas palavras de Davis e Oliveira (1993) Vygotsky em sua teoria
sociointeracionista, entende que o desenvolvimento é fruto das experiências do
indivíduo, onde cada um dá um significado particular a estas vivências, desta
maneira cada um tem uma forma individual de aprender o mundo. Nesta perspectiva
o desenvolvimento e aprendizado estão intimamente ligados; o desenvolvimento não
depende apenas da maturação, mas resulta dos aprendizados que o indivíduo tiver
dentro do grupo cultural em que está inserido.
Através dos postulados de reconstrução e reelaboração dos significados
culturais que Vygotsky desenvolveu o conceito de Zona de Desenvolvimento
Proximal (ZDP), pois, só é possível a criança realizar ações que estão próximas
daquelas que ela já consolidou. Segundo Vygotsky, as informações, para serem
assimiladas, têm de fazer sentido, por isso, deve-se partir do que o aluno já domina,
ampliando o conhecimento. Portanto, o ensino reside na zona proximal. Desta
maneira, o trabalho pedagógico será realizado a partir das vivências coletivas,
tornando-as significativas para todos os estudantes através da interação, pesquisa e
socialização dos conhecimentos adquiridos, utilizando estratégias pautadas na
dialogicidade: conversação; debates sobre o assunto; seminários; pesquisas
bibliográficas; exposição explicativa; mini-aulas; filmes – discussão e elaboração de
relatórios; estudos dirigidos; confecção de cartazes; contato com pessoas
portadoras de necessidades especiais; entrevistas; leituras de materiais sobre os
assuntos abordados: leis, reportagens, livros, entre outros.
1.5. Avaliação
Partindo do pressuposto de que a ação avaliativa compreende a coleta,
análise e síntese dos dados, acrescida de atribuição de valor importante ressaltar
que a avaliação não pode ser concebida como um momento pontual num processo
amplo. Por ser um processo contínuo, deverá conduzir a retomada de caminhos e,
se necessário, redimensionar as ações. Desta forma, o resultado da avaliação não
133
servirá apenas para aferir notas, mas para reformular o planejamento, orientar a
adoção de estratégias e procedimentos diversificados, visando superar as lacunas
diagnosticadas.
A prova, em sentido amplo e restrito, é o instrumento mais utilizado no
processo avaliativo. Todavia, há que se considerar que apenas um instrumento não
é capaz de identificar o conhecimento adquirido pelo aluno, por isso o professor
deverá propiciar diversificadas oportunidades para que o aluno expresse seu
conhecimento.
A avaliação será, portanto, diagnóstica, formativa e somativa, acontecendo em
todos os momentos do processo de ensino-aprendizagem, por meio de
apresentação de trabalhos e mini-aulas, produção de materiais, exposições e
seminários (nos quais serão observados os aspectos sócio-afetivos), provas
objetivas com questões dissertativas ou em forma de teste, aula do erro, além da
auto-avaliação. A recuperação de estudos também permeará o processo, no sentido
do resgate de conteúdos que não foram devidamente apropriados. A reavaliação é
outra oportunidade que é ofertada no término do período letivo.
No processo avaliativo os aspectos qualitativos prevalecerão sobre os quantitativos.
Contudo, devido à exigência do sistema educacional vigente, haverá aferição de
notas ao final de cada semestre.
1.6. Referências Bibliográficas
BRASIL, MEC. Lei 9394, de 20 de dezembro de 1996 – Diretrizes e Bases da
Educação. Brasília, 1996.
BRASIL/MEC. Programa de capacitação de Recursos Humanos do Ensino
Fundamental. Deficiência Múltipla - Educação do Deficiente. Cap. 2, 1 série. II
Título. Brasília.
BRASIL/MEC. Desenvolvendo competências para atendimento às necessidades
educacionais especiais de alunos com altas habilidades/ superdotação. Coleção
Saberes e Práticas de Inclusão. Brasília, 2005.
PARANÁ/SEED. Educação Profissional na Rede Pública Estadual: Fundamentos
Políticos e Pedagógicos – Versão Preliminar. Curitiba, 2005.
PARANÁ/SEED. O currículo e a educação especial: flexibilização e adaptações
curriculares para atendimento às necessidades educacionais especiais. Curitiba –
134
PR: DEE, 2006.
PARANÁ/SEED. Educação Bilíngüe para Surdos: Desafios à inclusão – Área da
Surdez. Curitiba-PR: DEE, 2006.
PARANÁ/SEED/DEE. Pessoa Portadora de deficiência – Interagir é o primeiro
passo. Curitiba-PR.
PELLEGRINI, Denise. Avaliar para ensinar melhor. Revista Nova Escola,
janeiro/fevereiro, 2003.
PELLEGRINI, Denise. Aprenda com eles e ensine melhor. Revista Nova Escola,
janeiro/ fevereiro, 2001.
VANHONI, Ângelo. E por falar em direitos: Guia dos direitos do cidadão especial.
Curitiba-PR: Nelson Bond, 2005.
135
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
1. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO
"Faz sempre primeiro o que mais difícil te parecer." Ralph Emerson
Série
Número de aulas
semanais
1ª 2
2ª 2
1.1. Apresentação da Disciplina
O mundo do trabalho, que nas últimas décadas vem passando por
transformações advindas da crise do capitalismo, da reestruturação produtiva,
tornando mais complexas as relações entre Trabalho e Educação, precisa ser
compreendido para subsidiar a organização do trabalho pedagógico, mais
especificamente, no curso de Formação de Docentes. Tais transformações,
decorrentes das mudanças técnico-organizacionais no mundo do trabalho, têm
colocado em debate temas e problemas que remetem às relações entre trabalho,
qualificação e educação.
Segundo Kuenzer (2007, p.23), não se pode desconsiderar que:
o regime de acumulação flexível, ao aprofundar as diferenças de classe, aprofunda a dualidade estrutural e que “em decorrência, o Estado tem exercido suas funções relativas ao financiamento da educação a partir da concepção de ”público não estatal”, que supõe o repasse de parte das funções do Estado, e portanto, de recursos públicos, para a sociedade civil, alegando sua maior competência para realizá-las”. Portanto ao mesmo tempo em que descentraliza a execução de programas, centraliza a avaliação e o financiamento dos mesmos.
As mudanças que vão sendo consolidadas na sociedade capitalista, num
modelo de acumulação flexível, de novos conceitos de produção, onde a divisão
técnica tornou-se menos evidenciada, a integração entre produção e controle de
136
qualidade se intensifica, e o trabalho individualizado é superado pelo trabalho em
equipe, requer a necessidade de outro tipo de conformação do trabalhador. Portanto,
trata-se da substituição da concepção de educação pública e gratuita em todos os
níveis, como direito de todos e dever do Estado, por uma nova concepção de
educação como serviço disponível em um mercado, ao qual se tem acesso
conforme as possibilidades de cada um. Nesse sentido, a equidade é, claramente,
uma política de redução de direitos sociais. (LIMA FILHO, 2000, p.97)
A visão de que a educação é essencial para o êxito econômico numa
economia global é explicado pelo Banco Mundial, quando coloca que os
investimentos em capital humano podem melhorar o padrão de vida familiar,
expandindo oportunidades, aumentando a produtividade, atraindo investimentos de
capital e elevando a capacidade de auferir renda para o crescimento econômico e o
bem estar da família.
O estado brasileiro, com ênfase nos anos finais da década de 90 e início
desta década, vem desenvolvendo formulações e execução de políticas
educacionais que colocam a educação como uma mercadoria e os alunos como
clientes. A educação no processo da globalização tem sido tomada como uma
condição necessária para inclusão em uma sociedade cada vez mais baseada no
conhecimento. No entanto, a visão neoliberal, ao reduzir o papel do estado, nega
sistematicamente este direito aos trabalhadores, fazendo com que a educação
assuma cada vez mais um papel determinante no quadro de exclusão social.
Kuenzer (2004) afirma que ao mesmo tempo em que a escola inclui, abrindo a
possibilidade do acesso a ela, torna-se excludente, pois ao incluir com propostas
desiguais e diferenciadas contribui para a produção e para a justificação da
exclusão.
Ainda na perspectiva de Kuenzer (2004) do ponto de vista do mercado, a
exclusão dos trabalhadores ocorre de forma a excluí-lo do mercado formal, tirando
os seus direitos e condições de trabalho, ao mesmo tempo, criam estratégias de
inclusão no mundo do trabalho de forma precária.Na educação, a exclusão
includente está dialeticamente relacionada à inclusão excludente, ou seja, ao
mesmo tempo em que cria estratégias para inclusão nos diversos níveis e
modalidades não oferece padrões de qualidade que permitam “ a formação de
identidades autônomas intelectual e eticamente, capazes de responder e superar as
137
demandas do capitalismo”.
A disciplina Organização do Trabalho Pedagógico adotará o método dialético
e tomará como princípio a tendência Pedagógica Histórico-Crítica proposta por
Saviani (2001), numa perspectiva crítica e transformadora, seguindo a metodologia
de Gasparin (2003). Paro (2001), sobre o papel decisivo da escola afirma:
“não que a escola irá transformar a sociedade, mas que ela tem também seu papel como contribuição a essa transformação, na medida em que se faz crítica e propicia avançar para além da sua função meramente conteudista; até porque o desinteresse dos que detém o poder político e econômico já demonstrou que mesmo essa função de um bem de consumo não se fará enquanto as camadas trabalhadoras não se fizerem ouvir, a partir da adoção de uma postura crítica de seus direitos” (Paro, 2001)
Desta forma a referida disciplina ganha contornos relevantes ao possibilitar
aos alunos uma releitura dos conceitos cotidianos de forma que os mesmos
ascendam aos conceitos científicos. Tais conceitos, apreendidos e incorporados,
servirão de instrumento de mudança social.
A estrutura do sistema escolar brasileiro será a base de toda a organização
dos conteúdos a fim de que possam construir alternativas teórico-metodológicas
que auxiliem em sua futura atuação profissional.
1.2 Objetivos
Oferecer subsídios para análises da realidade escolar, tendo em vista as
necessidades de intervenção docente diante dos problemas/desafios
existentes no cotidiano escolar;
Propiciar a compreensão crítica dos elementos que intervém na organização
da escola (projeto político-pedagógico, currículo, planejamento, avaliação,
usos do tempo/espaço/corpo na escola), caracterizando tendências/modelos
postos na cultura escolar;
Identificar as dimensões coletivas existentes no trabalho escolar a partir da
identidade dos diferentes sujeitos, reconhecendo dificuldades, mas também
sua importância para o enfrentamento das problemáticas existentes no
cotidiano escolar;
Proporcionar ao futuro profissional da educação a percepção da escola como
138
espaço de qualificação profissional do educador e esta como fator de
democratização da escola.
1.3 Conteúdos
1ª SÉRIE
Organização do Sistema Escolar Brasileiro
Histórico da Educação Brasileira e Documentos legais: Constituição, Lei nº 4024/61,
Lei nº 5692/71, Lei nº 9394/96
Sistema Escolar
Sociedade e Sistema Escolar
Estrutura e Funcionamento do Sistema Escolar Brasileiro
A Escola Pública como espaço da educação de qualidade
Princípios da Educação
Estrutura Administrativa do Ensino (Nacional, Estadual, Municipal)
Recursos Financeiros da Educação
Estrutura Administrativa e Pedagógica do Cotidiano Escolar (Instituição)
Histórico da Escola
Organização Curricular (Currículo, matriz, calendário)
Gestão Escolar / Conselho Escolar
Organização disciplinar: (Regime Escolar, Estatuto da Criança e do Adolescente,
Regimento Escolar)
Organização Didática: (Filosofia da Escola, Objetivo do Curso, Avaliação, Aprovação,
Conselho de Classe)
Estrutura Administrativa e Didática da Educação Básica
Finalidade da Educação Básica
Níveis – Etapas – Modalidades
A Lei de Diretrizes e Bases e a Educação Básica (Ed. Infantil, matrícula, jornada
diária, ano letivo, freqüência, estudos de Recuperação, competências do Ensino
Fundamental)
139
2ª SÉRIE
A Escola Pública como espaço da Educação de Qualidade
Garantia do direito à educação
Políticas para a Educação Pública
A Construção da Gestão democrática (amparo legal)
Plano de Educação (PNE – PEE – PME)
Gestão da Escola Pública
Autonomia: (conceitos, dimensões, formas)
Gestão democrática na escola e os mecanismos de participação
Política Educacional para a Educação Básica
Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação
Projeto Político Pedagógico
Princípios, pressupostos, construção do P.P.P.
Diversidade Cultural / Inclusão
Trabalho como princípio educativo
Interdisciplinaridade
Propostas curriculares (disciplinas)
O trabalho docente na Educação Básica
O trabalho pedagógico na Educação Infantil e séries iniciais
Planos e programas oficiais
Parâmetros Curriculares Nacionais e Temas transversais
Proposta Curricular do Estado do Paraná
Paradigmas Curriculares
Planejamento da Ação Educativa
O papel dos profissionais da educação frente a gestão escolar
Identidade Profissional
Formação de recursos humanos
Gestão democrática e os trabalhadores em educação.
140
1.4 Encaminhamento Metodológico
Os estudos buscarão realizar permanente relação entre teoria e prática,
limites e possibilidades da escola no enfrentamento dos desafios da democratização
do ensino de qualidade. Nesse sentido, os conteúdos serão abordados por meio de
aulas expositivas, pesquisa de campo, estudos individuais orientados, trabalhos de
grupo, seminários e outros que se mostrem promotores da participação aberta,
criativa e crítica de todos.
1.5. Avaliação
É entendida como processo diagnóstico e contínuo de ensino e
aprendizagem, nos quais estão envolvidos o trabalho docente e discente, tendo em
vista a compreensão dos conteúdos essenciais da disciplina em relação aos
objetivos definidos. Terá como eixos de trabalho e critérios gerais de avaliação:
fundamentação teórica/domínio dos conteúdos; articulação/clareza na exposição de
idéias; desenvolvimento do raciocínio crítico/relação teoria-prática. Será feita por
meio de instrumentos diversos de avaliação: trabalhos individuais, em grupo,
pesquisa de campo, provas escritas, seminários, e outras formas que indiquem a
assimilação e produção do conhecimento trabalhado na disciplina.
1.6.Referências Bibliográficas
_______.Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na
Modalidade Normal. Curitiba, 2006.
GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 3.ed.
Campinas: Autores Associados, 2005.
GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. Campinas:
Cortez, 2003.
KUENZER, Acacia Z.As relações entre trabalho e educação no regime de
acumulação flexível: apontamentos para discutir categorias e políticas. Curitiba,
2007.
141
_______. Exclusão Excludente e Inclusão Excludente: a nova forma de dualidade
estrutural que objetiva as novas relações entre Educação e Trabalho. In:
LOMBARDI, José C. et ali. Capitalismo, Trabalho e Educação. Campinas: Autores
Associados, HISTEDBR. 2004.
LIMA FILHO, D.L. A Reforma da Educação Profissional no Brasil nos anos Noventa.
Tese de Doutorado. UFSC: Florianópolis, 2002.
PARANÁ/SEED. Educação Profissional na Rede Pública Estadual: Fundamentos
Políticos e Pedagógicos – Versão Preliminar. Curitiba, 2005.
PARO, Vitor Henrique, DOURADO, Luis Fernandes (organizadores) Políticas
Públicas e Educação Básica – Prática Educacionais: Considerações sobre o
discurso Genérico e a abstração da realidade.São Paulo Xamã, 2001.
SAVIANI, Demerval. A pedagogia histórico-crítica e a prática escolar. IN: Sobre a
concepção de Politecnia. Rio de Janeiro: Politécnico da saúde Joaquim Venâncio,
1989.
_______. Escola e democracia. 32.ed. Campinas: atores associados, 1999.
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
142
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
1. LITERATURA INFANTIL
Um país se faz com homens e livros.
Monteiro Lobato
1.1. Apresentação da Disciplina
Série Número de aulas semanais
3ª 2
No Brasil, a Literatura Infantil e a escola sempre estiveram atreladas, isso
porque na escola os livros infantis encontram o espaço e atenção de seus leitores,
mesmo que estes sejam utilizados como leitura obrigatória e com pretextos
utilitários, de caráter informativo e pedagógico.
Lajolo (2008) afirma que:
É à literatura, como linguagem e como instituição, que se confiam os diferentes imaginários, as diferentes sensibilidades, valores e comportamentos através dos quais uma sociedade expressa e discute, simbolicamente, seus impasses, seus desejos, suas utopias. Por isso a literatura é importante no currículo escolar: o cidadão, para exercer, plenamente sua cidadania, precisa apossar-se da linguagem literária, alfabetizar-se nela, tornar-se seu usuário competente, mesmo que nunca vá escrever um livro: mas porque precisa ler muitos. (LAJOLO, 2008, p.106)
Sosa (1986) pontua alguns elementos que servem de base de sustentação da
literatura infantil: o caráter imaginoso, o dramatismo, a técnica do desenvolvimento e
a linguagem. O caráter imaginoso traduz-se no contato com mitos, aparições da
antiguidade, monstros ou realidades dos tempos modernos. A imaginação bem
motivada é uma fonte de afirmação da personalidade e de libertação, o que explica o
fato dos contos de fadas serem fascinantes até os dias atuais, pois atingem
diretamente o imaginário da criança, além de desenvolver a sensibilidade estética.
O dramatismo é assim, o segundo traço essencial da literatura infantil. Na
143
visão de Sosa, “o drama é importante para a criança como tradução de seus
movimentos interiores e quanto o pequeno leitor, nele, se sente viver. Invenção e
drama são, pois, os dois pilares essenciais de toda literatura que serve aos
interesses da criança, não importa a idade” (Sosa, 1986, p.39).
Os contos infantis possibilitam o despertar de diferentes emoções e a
ampliação de visões de mundo do leitor infantil. E nesse encontro com a fantasia, a
criança entra em contato com seu mundo interior, dialoga com seus sentimentos
mais secretos, confronta seus medos e desejos escondidos, supera seus conflitos e
alcança o equilíbrio necessário para seu crescimento.
A técnica de desenvolvimento é outro elemento importante da literatura
infantil. “Na técnica, nos é dado admirar o modo como o autor desenvolve o entrecho
dos acontecimentos ante a avidez do leitor” (Sosa, 1986, p. 39). Alguns livros infantis
são desprezados pelas crianças, pois banalizam a inteligência infantil, não
preenchem as exigências intelectuais e sentimentais da criança. “a criança exige do
adulto uma representação clara e compreensível, mas não infantil. Muito menos
aquilo que o adulto costuma considerar como tal” (Benjamin, 2002, p.55). Por fim, a
linguagem é outro ponto a ser considerado de importância vital para degustação da
obra e que resume de certo modo a habilidade do autor. O leitor infantil requer uma
linguagem simples, bem cuidada e agradável, para que não se torne um texto
medíocre. “Quanto mais depurada a expressão, quanto mais simples e bela a
entonação da linguagem, mais a criança apreciará a leitura, para qual se sentirá
mais atraída” (Sosa, 1986, p. 39).
Dois gêneros literários muito utilizados no trabalho com as séries iniciais do
ensino fundamental são as fábulas e os contos clássicos. Destaque será dado à
metodologia a ser utilizada com o intuito de fugir à já cristalizada em uma
perspectiva tradicionalista, cuja finalidade restringe-se à identificação da moral
“imposta” pela fábula e, muitas vezes, pelo próprio professor.
Diz Rosseau (2004)
Nada é tão vão nem tão mal entendido quanto a moral pela qual se termina a maior parte das fábulas. Como se essa moral não fosse ou não devesse ser compreendida na própria fábula, de modo que a tornasse sensível ao leitor! Por que, então, acrescentando no fim essa moral, retirar-lhe o prazer de encontrá-la por si mesmo? O talento de instruir é fazer com que o discípulo encontre prazer na instrução. Ora, para isso, seu espírito não deve permanecer tão passivo diante de tudo o que lhe disserdes que não tenha
144
absolutamente nada a fazer para vos compreender. É preciso que o amor-próprio do professor deixe sempre algum espaço para o seu; é preciso que ele possa pensar: Eu compreendo, eu entendo, eu ajo, eu me instruo. (ROSSEAU, 2004 p. 345).
Segundo Oliveira (2005) a criança tem a capacidade de colocar seus próprios
significados nos textos que lê, isso quando o adulto permite e não impõe os seus
próprios significados, visto estar em constante busca de uma utilidade que o cerca
(OLIVEIRA, 2005, p. 125).
Quanto ao pouco acesso à leitura no seio familiar, é importante considerar
que o papel da escola diferencia-se do papel dos pais. Para Lahire (2004, p.20) a
construção do sucesso escolar da criança não se limita na ausência ou presença de
livros em casa. Mas estão ligadas as dinâmicas internas de cada família: a
afetividade entre os membros da família, a ordem doméstica, formas de autoridade
familiar, entre outros.
Importante ainda pontuar a crença segundo a qual a leitura é a chave do
saber recaindo sobre ela o peso maior da aprendizagem e, consequentemente,
sobre a literatura, o papel de agente de transformação social. Magnani (2001, p.38)
afirma que os livros, por si só, resolvem o problema do analfabetismo, repetência e
evasão escolar. Para Lahire (2004, p.20) a construção do sucesso escolar da
criança não se limita na ausência ou presença de livros em casa, mas estão ligadas
às dinâmicas internas de cada família, como a afetividade entre seus membros, a
ordem doméstica, formas de autoridade familiar, as formas de investimento
pedagógico, as formas familiares da cultura e da escrita. Ainda segundo o autor, a
transmissão desse capital cultural existente na família é que influenciará o sucesso
escolar da criança ou não.
A tradição de relatos orais, e a leitura para a criança não alfabetizada, no seio
da família é, ao mesmo tempo, um instrumento de acesso ao universo letrado, bem
como uma ferramenta afetiva. O que significa dizer que, para a criança, afeto e livros
não são realidades dissociadas. No entanto, não é raro encontrar em família de pais
leitores, livros cuidadosamente guardados, sendo a criança impedida de manuseá-
lo; também não é raro encontrarmos em famílias com pouco acesso à leitura, mas
que cultivam hábitos de fazer anotações, lembretes, agendar, racionalizar, prever,
planejar, calcular o tempo e gastos. Pais que fazem que os filhos leiam e escrevam
envolvendo-os na organização familiar.
145
Diante do exposto, para que haja êxito no processo de formação de leitor, o
educador deve ter clareza das experiências já vivenciadas pelas crianças sob sua
responsabilidade e utilizar uma metodologia que vislumbre despertar
questionamentos e promover a construção de novos significados.
Abramovich (1997, p.143) coloca em discussão o potencial crítico da criança
que pode ser despertado por intermédio da literatura. Argumenta que por meio de
um material literário de qualidade, a criança é capaz de pensar criticamente e
reformular seu pensamento. O trabalho do professor pode ainda intermediar a
formação do repertório e perfilamento do gosto/prazer pela leitura, isso porque o
gosto/prazer é profundamente marcado pelas condições sociais e culturais de
acesso aos códigos de leitura e de escrita (MAGNANI, 2001, p. 63).
Cosson (2007, p.27) afirma que “ler implica troca de sentidos não só entre o
escritor e leitor, mas também com a sociedade onde ambos estão localizados, pois
os sentidos são resultado de compartilhamentos de visões do mundo entre os
homens no tempo e no espaço.” Nesse sentido, a escola nem sempre está
preparada e atenta para formar bons leitores, pois não proporciona possibilidades
de encontro significativos da criança com a obra quando limita a criança ao contato
apenas com textos didáticos.
Um princípio norteador da Literatura Infantil que não pode ser desconsiderado
seria a caracterização da literatura do ponto de vista da linguagem. Tanto a
linguagem do dia-a-dia, como a empregada nos textos informativos, por exemplo,
pretendem ser objetivas. A linguagem da literatura, ao contrário, possui uma
intenção, ou várias, menos explícitas. Nesse sentido, é importante que se tenha
claro a natureza da linguagem literária para não confundi-la com a que predomina
nos livros didáticos, paradidáticos e cartilhas, que ocupam hoje o lugar da Literatura
Infantil, principalmente nas séries iniciais.
A função da Literatura Infantil não é, definitivamente, andar atrelada ao
processo de alfabetização, embora ela devesse ocupar também esse espaço. É
exatamente no momento em que a criança penetra no mundo da escrita que ela
deve ser preparada para ir além da simples decodificação de sinais gráficos. Nesse
momento, ela deveria poder sentir que a literatura se trata de “outro mundo”,
possível de ser acessado somente através da linguagem, no qual se estabelecem
relações conceituais e estéticas com a palavra. O mundo da literatura confere à
146
criança a capacidade de transcender sua própria historicidade percebendo-se como
parte integrante de um universo que desconhece fronteiras espaço-temporais.
1.2.Objetivos
Possibilitar aos futuros professores o desenvolvimento de um saber básico
sobre modos de conhecimento do mundo da criança através da literatura
infantil.
Recuperar, pelo estudo da literatura infantil, as formas instituídas de
construção do imaginário infantil.
Proporcionar oportunidades de leitura com apoio teórico a ser considerado
nas séries iniciais do Ensino Fundamental.
Analisar e identificar um texto literário com suas especificidades estruturais,
gêneros e estilos de época.
Orientar a seleção de textos da literatura infantil, para escolhas adequadas
quando no exercício profissional das séries iniciais.
1.3.Conteúdos
1º semestre
A história da Literatura Infantil no mundo
A Literatura Infantil no Brasil com
Monteiro Lobato
Literatura Infantil pós – Lobato
Literatura Infantil Contemporânea
Tendências temáticas e estilísticas da
literatura contemporânea
2º Semestre
O texto literário e as metodologias de
abordagem textual.
Gêneros literários: poesia infantil, a
narrativa / Contos de Fadas, o Teatro,
ditos poéticos.
Interesses de Leitura e seleção de
Textos.
O professor – leitor e formador de
leitores (Projeto: leitura, pelas alunas de
todo acervo de Literatura Infantil
disponível).
1.4. Encaminhamento Metodológico
A literatura não é cópia do real, nem puro exercício de linguagem, tampouco
mera fantasia que se asilou dos sentidos do mundo e da história dos homens. Se
147
tomada como uma maneira particular de compor o conhecimento, é necessário
reconhecer que sua relação com o real é indireta. Desta forma, o o plano da
realidade pode ser apropriado e transgredido pelo plano do imaginário como uma
instância concretamente formulada pela mediação dos signos verbais (ou mesmo
não verbais conforme algumas manifestações da poesia contemporânea).
A questão do ensino da literatura ou da leitura literária envolve, portanto, esse
exercício de reconhecimento das singularidades e das propriedades compositivas
que matizam um tipo particular de escrita. Com isso, é possível afastar uma série de
equívocos que permeiam o ambiente escolar em relação aos textos literários, ou
seja, tratá-los como expedientes para servir ao ensino das boas maneiras, dos
hábitos de higiene, dos deveres do cidadão, dos tópicos gramaticais, entre outros.
Postos de forma descontextualizada, tais procedimentos pouco ou nada contribuem
para a formação de leitores capazes de reconhecer as sutilezas, as particularidades,
os sentidos, a extensão e a profundidade das construções literárias.
Se o trabalho educativo, desprovido de uma orientação metodológica,
deságua num ensino caótico e ineficiente, por outro lado a utilização de um método
definido não afiança o sucesso do ensino de literatura na escola brasileira. A
aplicação passiva de qualquer método, sem se levar em conta as condições
circunstanciais da sala de aula, ou a excessiva preocupação com técnicas
desvinculadas dos conteúdos que lhes devem servir de suporte burocratizam o
ensino, determinando sua perda de significação ante o alunado.
O professor deve, por conseguinte, conjugar três princípios básicos na sua
atuação diante dos alunos, a fim de garantir a eficiência dos métodos. Em primeiro
lugar, precisa conhecer a sua classe em termos de expectativas, interesses,
necessidades e aptidões. Em segundo, deve dominar suficientemente os
fundamentos do método que elegeu como mais adequado aos propósitos de seu
grupo de alunos. Finalmente, é necessário que tenha bem nítida a finalidade
educacional que o move. Só assim a tarefa educativa contribuirá para a formação de
leitores proficientes.
1.5. Avaliação
A avaliação será diagnóstica, formativa, somativa e priorizará a qualidade e o
processo de aprendizagem, ou seja, o desempenho do aluno ao longo do ano letivo
148
considerando a capacidade de observar, interpretar o conteúdo estudado através de
comparações com a realidade, estabelecendo relações e criando, a partir da teoria,
alternativas de soluções para a prática cotidiana. Será avaliado a inda a capacidade
de aplicação dos conteúdos na prática profissional futura, com contornos mais
práticos.
Os instrumentos a serem utilizados serão: leitura (compreensão, opinião,
análise, síntese crítica), pesquisa, provas subjetivas e objetivas, atividades
(individual e ou em dupla), observação (avaliação sócio-afetiva). O critério, além da
participação efetiva nas atividades propostas, pontuará a compreensão e
aplicabilidade dos conteúdos trabalhados.
Para os alunos de baixo rendimento serão proporcionados estudos de
recuperação paralela através de atividades extraclasse: leituras, resumos,
produções, interpretações, reelaboração das atividades e reescrita de textos.
1.6. Referências bibliográficas
ABRAMOUICH, Fanny. Literatura Infantil. Gostosuras e Bobices. São Paulo:
Alternativas metodológicas. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993. Ática, 1987.
BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e Leitura. São Paulo: Cortez, 1991.
BENJAMIN, Walter, (2002). Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação.
São Paulo: Duas Cidades, Editora 34.
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos Contos de Fadas. Rio de Janeiro: Paz e
BORDINI, Maria da Gloria e AGUIAR, Vera. Literatura: A formação do leitor –
CHALITA, Gabriel. Pedagogia do Amor: a contribuição das histórias universais
COSSON, Rildo, (2007). Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto.
KIRINUS, Glória. Imaginário e vertente transdisciplinar. Curitiba - PR: SEED,
LAHIRE, Bernard, (2004). Sucesso Escolar nos meios populares - As razões do
improvável – São Paulo: Editora Ática.
LAJOLO, Marisa (2008). Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 6ª ed. 13ª
impressão. São Paulo: Editora Ática.
LAJOLO, Marisa e ZILBERMAN, Regina. Literatura Infantil brasileira. São Paulo:
MAGNANI, Maria do Rosário Mortatti, (2001). Leitura, literatura e escola - Sobre a
formação do gosto. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes.
149
OLIVEIRA, Ana Arlinda de. Linguagens na Educação Infantil III – Literatura Infantil –
Cuiabá: Edufmt. Cadernos da Pedagogia. São Carlos, Ano 4 v. 4 n. 7, p. 22-36, jan -
jun. 2005
para a formação de valores das novas gerações. São Paulo: Editora Gente, 2003.
PARANÁ/SEED. Educação Profissional na Rede Pública Estadual: Fundamentos
Políticos e Pedagógicos – Versão Preliminar. Curitiba, 2005.
PARANÁ/SEED. Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de
Docentes da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível
médio, na Modalidade Normal. Curitiba, 2006
PERROTTI, Edmir, (1990). Confinamento cultural, infância e leitura. São Paulo:
Summus.
PERROTTI, Edmir. O texto sedutor na Literatura Infantil. São Paulo: Ícone, 1986.
ROUSSEAU, J. –J, (2004) Emílio ou Da Educação. São Paulo: Martins Fontes.
Scipione, 1994.
SOSA, Jesualdo, (1986). A literatura infantil. Tradução de James Amado – São
Paulo: Cultrix: Ed. da Universidade de São Paulo. Terra, 1987.
ZILBERMAN, Regina e outros. Leitura: Perspectivas Interdisciplinares. São
ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. São Paulo: Global, 1982.
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
150
1. METODOLOGIA DO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA E
ALFABETIZAÇÃO
Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão.
Paulo Freire
Série Número de aulas semanais
3ª 2
4ª 2
1.1. Apresentação da Disciplina
Sabendo-se que a participação em uma sociedade letrada depende,
fundamentalmente, do acesso aos instrumentos que expressam, identificam ou
registram o conhecimento acumulado, acompanhar o desenvolvimento e alterações
do mundo, requer portanto, como condição básica, o domínio das formas pelas
quais as pessoas se comunicam, codificam e expressam suas aquisições e
conquistas. Neste sentido a leitura e a escrita atuam como instrumentos básicos e
ferramentas necessárias para que o homem se aproprie dos saberes científicos
historicamente acumulados, firmando sua condição de protagonista nos eventos
passados, presentes e futuros.
Partindo-se do pressuposto que o domínio gráfico configura-se como parte
de um processo mais amplo é que o futuro professor precisa conceber a leitura e a
escrita como atividades sociais significativas, sustentando-se por conseguinte em
atividades pedagógicas que envolvam o uso da língua em situações reais, através
de textos significativos e contextualizados.
A proposta da SEED para o ensino da Língua Portuguesa embasa-se no
construto do teórico russo Mikhail Bakhtin e do chamado Círculo de Bakhtin.
151
Segundo Baktin a língua configura-se em um espaço de interação entre sujeitos que
se constituem através dessa interação o que exige compreender a língua como “um
conjunto aberto e múltiplo de práticas sociointeracionais, orais ou escritas,
desenvolvidas por sujeitos historicamente situados. Pensar a linguagem (e a língua)
desse modo é perceber que ela só existe efetivamente no contexto das relações
sociais. O discurso, tomado com prática social, é o conteúdo estruturante que
subsidiará todo o ensino da língua nas diferentes séries de diferentes cursos, de
modo especial, o curso de Formação de Docentes e Pós Médio de Formação de
Docentes.
Para a disciplina de Metodologia de Ensino de Português e Alfabetização há de
se considerar ainda outro aspecto importante: o de preparar o aluno do Curso
Formação de Docentes para explicar fatos da linguagem para a criança, enquanto
aprendente principiante das séries iniciais. Desta forma ênfase será dada aos
métodos de alfabetização e estratégias de leitura e escrita que contribuam para o
processo de letramento.
1.2. Objetivos
Possibilitar aos alunos do Curso de Formação de Docentes o domínio dos
conteúdos necessários para entenderem e executarem o processo de
alfabetização, letramento e o ensino da Língua Portuguesa.
Compreender e usar a Língua Portuguesa como língua materna, geradora de
significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade.
Articular as redes de diferenças e semelhanças entre a língua oral e escrita e
seus códigos sociais contextuais e linguísticos.
Considerar a Língua Portuguesa como fonte de legitimação de acordos e
condutas sociais bem como de representação simbólica de experiências
humanas manifestadas nas formas de sentir, pensar e agir da vida social.
Recuperar, pelo estudo do texto literário, principalmente os clássicos da
literatura infantil, as formas instituídas na construção do imaginário coletivo, o
patrimônio representativo da cultura letrada.
Analisar, à luz de referencial teórico pertinente, as hipóteses a respeito da
leitura e da escrita para que o aspecto cognitivo de cada aluno seja
desafiado.
152
1.3 Conteúdos
3ª SÉRIE
Concepção de língua e linguagem
A escrita e sua história
Conceito histórico de alfabetização
Evolução das concepções do processo de alfabetização
Métodos de alfabetização
Vocabulário infantil, pensamento e linguagem
Aquisição da linguagem oral e escrita
Fatores psico-sóciolingüísticos que interferem na aprendizagem da leitura e da
escrita
Proposta Pedagógica para a alfabetização
Análise do Currículo Básico e RCNEI
Principais destaques dos programas de alfabetização.
Programas de alfabetização para jovens e adultos.
4ª SÉRIE
Tipologia textual: os diferentes tipos de texto
Encaminhamento metodológico: a leitura, produção de textos, reescrita de textos e
análise lingüística
Processo de avaliação
Análise crítica de materiais didáticos utilizados no ensino da Língua Portuguesa e
Alfabetização
Diretrizes curriculares do Ensino Fundamental
1.4 . Encaminhamento Metodológico
As aulas de Língua Portuguesa priorizarão as práticas discursivas (oralidade,
escrita e leitura) considerando-as dentro de um processo dinâmico e histórico dos
153
agentes na interação verbal, tanto na constituição social da linguagem, que ocorre
nas relações sociais, políticas, econômicas, culturais, entre outros, quanto dos
sujeitos envolvidos nesse processo. Pensar o ensino-aprendizagem de Língua
Portuguesa, tendo como foco essa concepção de linguagem, implica em [...] saber
avaliar as relações entre as atividades de falar, de ler e de escrever, todas elas
práticas discursivas [...] configurada em cada espaço em que seja posta como objeto
de reflexão [...] (NEVES, 2003, p.89)
Nesse sentido, é preciso que a escola seja um espaço que promova, por meio de
uma gama de textos com diferentes funções sociais, o letramento do aluno, para que
ele se envolva nas práticas de uso da língua – sejam pela oralidade, leitura e escrita.
A Metodologia utilizada para o ensino da Metodologia do Ensino da Língua
Portuguesa e Alfabetização levará em consideração os três grandes eixos:
compreensão da função social da leitura e da escrita;
aquisição da leitura e da escrita;
domínio do sistema gráfico.
Em síntese, para que o educando construa e compreenda esse conhecimento
é preciso proporcionar a ele oportunidades de expressar seus pensamentos e
processos de construção do conhecimento; para isso, serão utilizadas várias
estratégias como debates, grupos de estudo, aula expositiva, pesquisas de
diferentes naturezas, mesa redonda, oficinas de leitura e escrita em espaço criado
especialmente para este fim (sala de alfabetização e letramento).
1.5 Avaliação
Uma concepção de linguagem e de ensino de Língua Portuguesa com uso de
práticas metodológicas pautadas na dialogicidade implica na proposição de critérios
e instrumentos de avaliação coerentes e dialógicos.
A avaliação mais condizente com os fundamentos da presente proposta é
aquela que se dá contínua e acumulativamente. Essa perspectiva de avaliação
rompe com o formalismo das rotinas escolares que prescreve provas escritas não
reflexivas com fim em si mesmas e propõe, então, uma clara articulação entre
objetivos, práticas metodológicas e instrumentos; articulação essa que deve estar
clara para o professor e para o aluno, também para o conjunto da turma, uma vez
154
que uma das metas dessa ação pedagógica é viabilizar a autonomia de quem
aprende garantida, entre outros fatores, pela interiorização de princípios de
monitoração das próprias ações e partilha coletiva de informações. Nesse sentido, a
avaliação deve ter uma clara função formativa. As atividades avaliativas devem ser
tomadas como uma possibilidade de ampliar a reflexão sobre o processo de ensino
e seus resultados, não só para verificar quantificar o desempenho/aprendizagem do
aluno, mas principalmente para verificar o rendimento das práticas docentes, ou
seja, do ensino. Nesse sentido, a avaliação deve subsidiar o professor para
eventuais ajustes na programação e no encaminhamento metodológico de alguns
conteúdos propostos ou práticas.
O cumprimento do calendário escolar e agendamento prévio de algumas
situações de avaliação não ferem o conceito de avaliação que acabamos de
delinear, desde que as práticas avaliativas priorizem a leitura reflexiva e resolução
de questões de compreensão e/ou de análise e reflexão da língua, bem como a
produção escrita.
Em síntese, a avaliação será diagnóstica, formativa e somativa, priorizará a
qualidade e o processo de aprendizagem, ou seja, o desempenho do aluno ao longo
do ano letivo, considerando a capacidade de observar, interpretar o conteúdo
estudado através de comparações com a realidade, estabelecendo relações e
criando, a partir da teoria, alternativas de soluções para sua prática cotidiana.
1.6 .Referências Bibliográficas
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Lingüística. São Paulo: Scipione, 1995.
FERREIRO, Emília. Reflexões sobre a Alfabetização. São Paulo: Cortez, 1992.
KAUFMAN, Ana Mariae Rodrigues, Maria Helena. Escola, Leitura e Produção de
Textos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
MACEDO, Donaldo E. Alfabetização: Leitura do Mundo e Leitura da Palavra. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1990.
PARANÁ/SEED. Educação Profissional na Rede Pública Estadual: Fundamentos
Políticos e Pedagógicos – Versão Preliminar. Curitiba, 2005.
_______.Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na
155
Modalidade Normal. Curitiba, 2006
ROJO, R. Alfabetização e Letramento. Campinas: Mercado de Letras, 1998.
SOARES, Magda. Linguagem e Escola uma Perspectiva Social. São Paulo: Ática,
1989.
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
156
1. METODOLOGIA DO ENSINO DE MATEMÁTICA
Série Número de aulas semanais
3ª 2
1.1. Apresentação da Disciplina
A Matemática é a ciência base de várias áreas do conhecimento,
sendo, portanto, fundamental seu domínio. No entanto o seu aprendizado, nem
sempre proficiente, incorre no estigma de que matemática é difícil e pouco
compreensível. Desta forma é necessário procurar novas formas (estratégias) para
ensiná-la, superando esta falsa crença legitimada nos altos índices de repetência
nesta disciplina e disciplinas afins.
A Metodologia da Matemática, por sua vez, visa preparar os futuros
profissionais da educação básica para transmitir os conteúdos básicos de uma
maneira eficiente e atualizada, fazendo com que as crianças a eles confiadas
desenvolvam o raciocínio lógico na resolução de problemas de diferentes naturezas.
Assim, as ações de formação docente devem se consolidar em termos de
uma discussão dos princípios norteadores das reformas curriculares em vigor,
situando-as no âmbito das recentes conquistas da pesquisa em Educação
Matemática, de seleção e elaboração de materiais didáticos, no auxílio ao preparo
das aulas, no seu acompanhamento e avaliação.
A disciplina Metodologia do Ensino da Matemática deverá proporcionar uma
visão geral dos programas de nível fundamental e direcionar discussões acerca das
técnicas de ensino aplicáveis em sala de aula, favorecendo a integração entre a
teoria e a prática. Deverá ainda contribuir para o aprimoramento do pensamento
reflexivo como elemento constitutivo, e inerente, da realidade humana. O interesse,
nessa disciplina, não se restringirá apenas em fornecer os conteúdos matemáticos e
metodologias presentes nos currículos das escolas públicas, mas principalmente
discutir a articulação no ensino e aprendizagem em Matemática, entre os pólos:
157
lógica formal e lógica dialética;
parte e todo;
teoria e prática;
sujeito e objeto;
abstrato e concreto;
unidade e totalidade;
conhecimento científico-tecnológico e conhecimento sócio-histórico;
individual e coletivo como categorias que nos remetem ao plano do
método do conhecimento.
A Metodologia do Ensino de Matemática deverá também explicitar a
concepção de ciência e tecnologia determinadas pelas relações sociais e produtivas;
recuperar o conteúdo matemático, a linguagem matemática, o raciocínio lógico-
matemático e os encaminhamentos metodológicos adequados a cada conteúdo;
avançar no método de ensino e aprendizagem de matemática, que tem como último
elemento o processo de abstração – conceitos – que se caracterizam por um
processo descritivo; reconhecer a importância pedagógica da transposição didática,
ou seja, da elaboração do pensamento reflexivo – concreto pensado -, e, identificar
que o processo de ensino e de aprendizagem vai além da relação do homem com o
conhecimento, pois ele é o produto das múltiplas relações sociais e históricas do
trabalho dos seres humanos.
1.2. Objetivos
Perceber a Matemática como legado historicamente construído pela
humanidade descritor das relações sociais e histórico-culturais;
Identificar as relações que o indivíduo pode traçar entre o
conhecimento informal e o científico;
Identificar criticamente as múltiplas possibilidades de
aplicação/presença de conceitos matemáticos no cotidiano;
Criar situações de sistematização de conceitos cristalizados ao
mesmo tempo em que se propõem novos saberes;
Compreender a concepção de ciência e tecnologia determinadas
pelas relações sociais e produtivas.
158
Recuperar o conteúdo matemático, a linguagem matemática, o
raciocínio lógico-matemático e as formas metodológicas adequadas
em cada conteúdo.
Articular o ensino e aprendizagem de matemática em bases da
lógica formal e lógica dialética.
1.3. Conteúdos
1º SEMESTRE
Concepções de ciência e de conhecimento matemático das Escolas Tradicional,
Nova, Tecnicista, bem como no Construtivismo e Pedagogia Histórica-crítica
Pressupostos teóricos e metodológicos do ensino e aprendizagem de Matemática
e/ou tendências em Educação Matemática
Conceitos matemáticos
Linguagem matemática e suas representações
Cálculos e/ou algoritmos.
Resolução de problemas.
Etnomatemática
Modelagem matemática
Alfabetização tecnológica.
História da matemática.
Jogos e desafios.
2º SEMESTRE
Especificidades inter-relações entre eixos de matemática, números e medidas
geométricas
Conteúdos específicos das séries iniciais.
1.4. Encaminhamento Metodológico
De acordo com as proposições do Referencial Curricular Nacional da
Educação Infantil (RCNEI) e das DCOs a disciplina de Metodologia do Ensino da
Matemática deverá tomar como caminho metodológico o mesmo da disciplina de
origem, qual seja, a Matemática. Utilizar-se-á dos conceitos matemáticos e sociais,
159
da linguagem matemática e de suas representações, dos cálculos e/ou algoritmos,
da resolução de problemas, da modelagem matemática, da história da matemática e
dos jogos e desafios, como elementos constitutivos do desenvolvimento do
pensamento humano.
Sendo assim, os instrumentos para o desenvolvimento dessa disciplina serão:
aulas expositivas e práticas com análise de materiais didáticos, confecção de
materiais didáticos, elaboração de painéis e murais, visitas, dinâmica de leitura de
textos, debates, seminários, mini-aulas além de trabalhos de pesquisa. Também
deverão ser trabalhados projetos interdisciplinares valorizando a pluralidade cultural.
1.5 Avaliação
Partimos do pressuposto de que verificar não é avaliar, pois o ato de verificar
consiste simplesmente em coletar informações, enquanto a ação avaliativa é mais
subjetiva, haja vista que compreende coleta, análise e síntese dos dados, acrescida
de atribuição de valor. Importante registrar que, por ser um processo contínuo,
deverá conduzir a retomada de caminhos, se necessário. Desta forma, o professor
utilizar-se-á do resultado da avaliação não apenas para aferir notas, mas para
reformular seu planejamento, adotando estratégias e procedimentos diversificados,
visando superar as lacunas diagnosticadas.
A expressão escrita (provas) é o instrumento mais utilizado no processo
avaliativo. Todavia, há que se considerar que apenas um instrumento não é capaz
de identificar o conhecimento adquirido pelo aluno, por isso o professor deverá
propiciar diversificadas oportunidades para que o aluno expresse seu conhecimento.
Em síntese, a avaliação será, diagnóstica, formativa e somativa, acontecendo em
todos os momentos do processo de ensino-aprendizagem, por meio de
apresentação de trabalhos e mini-aulas, produção de materiais, exposições e
seminários, provas objetivas com questões dissertativas ou em forma de teste, aula
do erro, além da auto-avaliação. A recuperação de estudos também permeará o
processo, no sentido de rever conteúdos que não foram devidamente
compreendidos. A reavaliação é outra oportunidade que é ofertada no término do
período letivo.
Destaque-se que no processo avaliativo os aspectos qualitativos prevalecerão
sobre os quantitativos. Contudo, devido à exigência do sistema educacional vigente,
160
haverá aferição de notas ao final de cada bimestre.
1.5. Referências Bibliográficas
MERCEDES, Carvalho. Problemas? Mas que problemas? Petrópolis: Vozes, 2005.
PARANÁ/SEED. Educação Profissional na Rede Pública Estadual: Fundamentos
Políticos e Pedagógicos – Versão Preliminar. Curitiba, 2005.
_______.Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na
Modalidade Normal. Curitiba, 2006
PETRONZELLI, Vera Lúcia. Proposta Curricular do Curso de Formação de Docentes
da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na
Modalidade Normal. Curitiba –PR: DEP/SEED.
TOLEDO, Marília; TOLEDO, Mauro. Didática da Matemática – A Construção da
Matemática. São Paulo: FTD, 1999.
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
1. METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA
161
As únicas pessoas que realmente mudaram a história foram as que mudaram o pensamento dos homens a respeito de si mesmos.
Malcoml
Série Número de aulas semanais
4ª 2
1.1. Apresentação da Disciplina
A disciplina Metodologia do Ensino de História tem como objetivo preparar os
alunos para atuarem na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino
Fundamental. Para tanto, se faz necessário rever a trajetória do ensino de História, e
da História propriamente dita, no sistema educacional brasileiro, bem como os
pressupostos teóricos que norteiam as DCOs, conteúdos programáticos
sistematizados e encaminhamentos metodológicos.
A História Tradicional, influenciada pelo pensamento positivista da
historiografia europeia, enfatizava a história da nação e tinha como objetivo criar
uma identidade nacional homogênea em torno de um Estado politicamente
organizado. Os historiadores positivistas acumularam fatos políticos que podiam ser
verificados e comprovados por meio de documentos oficiais produzidos pelo Estado.
Desta forma, produziu-se uma história voltada aos estudos dos
acontecimentos políticos, da genealogia das nações, evidenciando as “datas
importantes”, “os grandes personagens”, os “heróis” da nação.
Apesar da hegemonia acadêmica existente no século XIX, vozes discordantes
se fizeram ouvir. Entre essas vozes, destacamos Marx e Engels que desenvolveram
um paradigma histórico onde as causas das mudanças históricas ocorrem no interior
das estruturas socioeconômicas.
Surge então, outra possibilidade para o ensino de História, fundamentado na
concepção materialista da história, cerne do pensamento marxista. Este ensino
pauta-se no trabalho como conceito fundamental e princípio organizador do
currículo, e toma as relações sociais e de produção como objeto de ensino.
162
Na concepção da escola unitária defendida por Gramsci, com base em Marx,
o trabalho constitui a principal categoria e torna-se elemento fundamental da
formação profissionalizante, que não deve buscar atender estritamente as
necessidades do mercado de trabalho, mas, ao contrário, deve ser formativa, de
uma cultura geral humanista. Trata-se de garantir, ao educando, uma visão geral,
capaz de dar conta da complexidade das relações sociais de produção da sociedade
contemporânea.
Nesse sentido, a proposta curricular de História deve ter como função
principal a superação do saber meramente acumulativo, enciclopédico e
fragmentado. O trabalho como princípio pedagógico do ensino de História, parte do
pressuposto teórico marxista, de que o trabalho, em sentido lato, ao longo da
história, impulsionou o desenvolvimento e transformações da existência humana.
Para Marx, o trabalho não é apenas a força produtiva, mas é a essência da atividade
humana. O homem ao produzir as condições de sua existência, produz a si mesmo,
faz a história e é determinado pelas relações sociais e de produção.
Vale ressaltar que o trabalho é tomado como categoria essencial que explica
não só o mundo e a sociedade do passado e do presente, mas permite ao homem
uma prática transformadora e o desafio de construir uma sociedade fundada em
novos princípios e valores.
Tendo estabelecido o trabalho como princípio pedagógico para a
compreensão da sociedade, torna-se fundamental, ao lado disso, entender a noção
de que a história se movimenta devido às contradições, aos antagonismos e
conflitos que estão na base da sociedade porque são frutos da ação do próprio
homem.
Nas últimas décadas a contribuição mais significativa da produção
historiográfica marxista deve-se a historiadores ingleses que se lançaram ao estudo
de uma história vinda da base da pirâmide, da classe operária, de sujeitos que por
muito tempo estiveram excluídos da produção historiográfica.
Há necessidade da escola reencontrar as memórias de homens comuns que
foram deixados à margem da história.
O professor, deve tomar as experiências vividas pelas pessoas comuns como
objeto de ensino da História, rompendo as amarras dos conteúdos tradicionalmente
selecionados que pouco sentido fazem ao educando, bem como utilizar
163
metodologias de ensino adequadas ao trabalho em sala de aula.
1.2 Objetivos
Explicitar os fundamentos teóricos que norteiam o ensino de História
na concepção materialista evidente na proposta de ensino das DCOs.
Confrontar pensamento educacional sobre o ensino de História nas
diversas tendências pedagógicas da educação brasileira.
Analisar o Currículo Básico para a Escola Pública do Estado do
Paraná observando os Pressupostos Teóricos, Encaminhamento
Metodológico, Conteúdos e Avaliação do ensino de História nas séries
iniciais do Ensino Fundamental.
Desenvolver metodologias que estejam em consonância com as
DCOs, articulando os conteúdos trabalhados com o Estágio
Supervisionado, onde os alunos poderão aplicar os conceitos
apreendidos.
Capacitar os alunos do Curso de Formação de Docentes para análise
crítica de materiais e livros didáticos da disciplina de História, bem
como a seleção de atividades.
Tomar a temporalidade como condição básica de compreensão dos
fatos históricos.
1.3. Conteúdos
1º SEMESTRE
História e memória social: as finalidades do ensino de História na sociedade
brasileira contemporânea
Concepção de História e histórico do ensino no Brasil
Estudos Sociais: fundamentos, implantação e experiências no Brasil
O ensino de História no quadro das tendências históricas da educação brasileira
Novas tendências do ensino da História
A transposição didática da história e a construção da compreensão e explicação
histórica
164
Teorias críticas da aprendizagem: construtivismo e sócio-interacionismo
O papel do professor no ensino de História.
Relação entre a construção da noção de tempo e espaço e leitura do mundo pela
criança
Temporalidade: tempo vivido, percebido e concebido
Noção de tempo e espaço na criança: duração, permanência, continuidade e
mudança;
Relação passado/presente no pensamento histórico: aqui / hoje, hoje / em outro
lugar e aqui / ontem.
2º SEMESTRE
Trabalho com as fontes históricas
Textos de épocas
Mapas históricos
Constituição do Brasil
Meios de comunicação
Poemas e letras de música
Pesquisa, entrevista e outras fontes
Possibilidades históricas do meio
Objetivos e conteúdos programáticos de História nos anos iniciais do Ensino
Fundamental
Objetivos do ensino de História no Ensino Fundamental
Propostas curriculares para o ensino de História
Conteúdos básicos para o ensino de História nas séries iniciais do Ensino
Fundamental no Estado do Paraná
Eixos temáticos: Trabalho, Sociedade, Cotidiano e Imaginário
Planejamento, seleção e avaliação em história
Objetivos essenciais (assuntos significativos)
Planejamento nas séries iniciais do Ensino Fundamental
Avaliação em história.
Análise crítica do material didático
Ideologia do livro didático
165
Análise de livros e materiais didáticos de História para as séries iniciais do Ensino
Fundamental
Bibliografias comentadas de livros didáticos de História
1.4. Encaminhamento Metodológico
Tendo como base uma nova perspectiva para o ensino, que estabelece o
trabalho como princípio pedagógico, o professor deve procurar passar da
reprodução, da exposição sistemática do conhecimento à compreensão histórica e
lógica das experiências da humanidade. Isto significa realizar mudança de
paradigma, releitura de hipóteses científicas, modificação de esquemas intelectuais
e estimular a tensão contínua entre a aprendizagem e espírito crítico.
Apenas a seleção de conteúdos críticos não irá garantir a mudança
pretendida no ensino se o professor mantiver uma postura autoritária ou paternalista.
É necessário que o professor explicite “as regras” que governam a produção do
conhecimento histórico e crie espaços para que esse conhecimento possa ser
reelaborado valorizando-se assim a atividade do pensamento crítico por parte dos
alunos rejeitando-se o enciclopedismo e passividade.
A proposta da seleção de temas é também pautada em relações
interdisciplinares considerando que é na disciplina, no caso a História, que ocorre a
articulação dos conceitos e metodologias entre as diversas áreas do conhecimento.
Assim, narrativas, imagens, sons de outras disciplinas relacionadas devem ser
tratadas como documentos a serem abordados historiograficamente.
1.5. Critérios de Avaliação
A avaliação será oportunizada dentro do processo ensino aprendizagem e
não em momentos pontuais e separados deste processo. A avaliação do ensino de
História considerará três aspectos importantes: a apropriação de conceitos históricos
e o aprendizado dos conteúdos estruturantes e dos conteúdos específicos. Esses
três aspectos serão entendidos como complementares e indissociáveis. Para tanto,
166
o professor deverá se utilizar de diferentes instrumentos de avaliação, tais como:
leitura, interpretação e análise de textos historiográficos, análise e interpretação de
mapas e documentos históricos; produção de narrativas históricas, pesquisas
bibliográficas, pesquisa de campo, sistematização de conceitos históricos,
apresentação de seminários, debates e provas individuais e/ou em grupo.
1.6. Referências Bibliográficas
LIMA, Elvira Souza. Avaliação, educação e formação humana. Capítulo 2 – Sala de
Aula.
LUCKESI, Cipriano C. Verificação ou avaliação: o que pratica a escola? Idéias. V.8.
São Paulo: FDE, 1991.
NEMI, Ana Lúcia Lana & MARTINS, João Carlos. Didática da História: O tempo
vivido. Uma outra história? São Paulo: FTD, 1996.
PARANÁ/SEED. Currículo Básico para a Escola Pública do Paraná. Curitiba, 1990.
PARANÁ/SEED. Proposta Curricular da Disciplina Metodologia do Ensino de
História. Curitiba, 1989.
PARANÁ/SEED. Educação Profissional na Rede Pública Estadual: Fundamentos
Políticos e Pedagógicos – Versão Preliminar. Curitiba, 2005.
_______. Proposta Curricular da Disciplina Metodologia do Ensino de História.
Faxinal do Céu, 2005.
_______.Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na
Modalidade Normal. Curitiba, 2006
PENTEADO, Heloísa Dupas. Metodologia do Ensino de História e Geografia. São
Paulo: Cortez, 1991.
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
1. METODOLOGIA DO ENSINO DA GEOGRAFIA
Espaço é morada do homem,
167
mas pode ser também sua prisão. Milton Santos
Série Número de aulas semanais
4ª 2
1.1. Apresentação da Disciplina
A Geografia, ensinada na academia acaba por moldar a Geografia escolar,
caindo muitas vezes no enciclopedismo. A renovação do ensino de Geografia no
Brasil começou na década de 1970 e relaciona-se com uma crise mais ampla que
atingiu todas as ciências, desde o pós-guerra, redefinindo-se como ciência social.
Desta forma o trabalho, um ato social da geografia, explica o processo em
transformação contínua onde as sociedades constroem espaços desiguais de
acordo com seus interesses em diferentes momentos históricos.
Em razão da velocidade e fluidez que marcam a pós-modernidade torna-se
imprescindível e, urgente, transformar a antiga ideia presente na Geografia da Terra
como espaço absoluto, independente, como um receptáculo que contém coisas, e
percebê-la como um espaço relacional, como nos lembra conforme lembra Santos
(1996) “o espaço geográfico deve ser considerado como algo que participa
igualmente da condição do social e do físico, um misto, um híbrido”.
Portanto pode-se considerar que o objetivo principal da disciplina de
Geografia no Ensino Médio é contribuir para a formação de um indivíduo lúcido,
conhecedor e autônomo a partir da percepção e compreensão do espaço que
ocupa. Por outro lado, a disciplina de Metodologia do Ensino da Geografia deverá
partir da análise ininterrupta das relações existentes na sociedade buscando
desvelar as determinantes do desenvolvimento do homem mediado pela produção
do seu trabalho na ocupação e exploração do espaço.
1.2. Objetivos
Desenvolver o raciocínio geográfico e a consciência espacial no aluno;
Realizar a leitura da realidade pelas lentes da Geografia;
168
Descrever os domínios da ciência geográfica;
Demonstrar noções de climatologia, geologia e hidrografia;
Realizar, analisar e descrever localizações e distribuições espaciais;
Compreender a relação existente entre o espaço geográfico e sua
transformação através da produção e resultado do trabalho do homem;
Criar situações problematizadoras que contextualizem os conteúdos básicos
do ensino da Geografia;
Planejar o ensino de Geografia de modo que a mesma possa constituir-se em
uma ferramenta útil na “leitura de mundo”.
1.3. Conteúdos
1º SEMESTRE
A história da Geografia
A inserção do homem no quadro natural
A matemática a serviço da geografia
A geografia no Brasil
A escrita da terra
Espaço geográfico
Tempo: na origem dos espaços
Produção de necessidades
Transformando a natureza e o próprio homem
A geográfica da vida cotidiana.
Explorando o espaço da escola
Alfabetizar para leitura de mapa
Itinerários
Movimentos do sol
2º SEMESTRE
O trabalho organiza o espaço
Relação cidade/ campo
O local de produção
Recursos da natureza
169
Produzir é reproduzir espaço
A sociedade modifica a natureza
Recortes do Espaço
Mapas e Plantas
Livro didático intermediando o ensino da Geografia
1.4. Encaminhamento Metodológico
O processo ensino e aprendizagem da Geografia privilegiará a articulação do
global e local para entender as relações espaciais que se estabelecem no mundo
moderno. Buscar-se-á estimular a observação atenta do aluno das alterações
visíveis da paisagem explicitando as possíveis causas, possibilitando prever o futuro
do espaço geográfico. Isso porque, lançando um olhar atento sob a paisagem, será
possível constatar os signos nela impressos e avaliar as sociedades que a
construíram e a constroem, bem como as temporalidades que se juntam em sua
constituição.
É preciso considerar ainda que a leitura da paisagem é resultante de múltiplas
determinações históricas, geográficas, culturais e até ideológicas, podendo ser
focadas sob diferentes pontos de vista, o que exige a correlação com outras áreas
do conhecimento, podendo resultar a elaboração de pesquisas, estudos dirigidos,
bem como busca de informações com as pessoas; essas poderão ser buscadas
através de entrevistas que favorecem o entendimento dos acontecimentos e das
ações sobre o espaço geográfico em questão.
Atualmente tanto o computador como a Internet, são partes integrantes do
cotidiano escolar e possibilitam o levantamento de dados, atualidades sob os mais
diversos assuntos, portanto esses instrumentos serão utilizados. Os jornais e
revistas, fontes formadoras de opinião, serão usados na seleção de temas e
problemas a serem abordados durante as aulas.
Na visão de Rua (1993) o tripé Realidade-Teoria-Realidade, sintetiza o
encaminhamento metodológico mais acertado para a disciplina de Geografia. A
Parte-se das observações e das reflexões iniciais dos alunos, na teoria busca-se a
fundamentação, o aprofundamento e a generalização das reflexões iniciais, volta-se
então, à realidade, analisando-a, criticando-a à luz da teoria, cientificizando–se,
170
assim, os conceitos.
Várias estratégias serão usadas tais como: debate, visitas, palestra, grupo de
estudo, seminário, mesa-redonda, estudo do meio, análise de documentos
históricos, pesquisa e aula expositiva, entre outros.
1.5. Avaliação
A avaliação será contínua e priorizará a qualidade dos conceitos assimilados,
bem como o processo de aprendizagem, ou seja, será avaliado o desempenho do
aluno ao longo do ano letivo. Para tanto, os critérios adotados serão: a formação dos
conceitos geográficos básicos e o entendimento das relações socioespaciais;
compreensão das relações de poder nos binômios espaço-tempo e sociedade-
natureza.
Os instrumentos avaliativos utilizados serão selecionados de acordo com
cada conteúdo e objetivo de ensino: leitura e interpretação de textos; produção de
textos; leitura e interpretação de fotos, imagens, gráficos, tabelas e mapas;
pesquisas bibliográficas; relatórios de aulas de campo; apresentação de seminários;
construção e análise de maquetes, entre outros.
A avaliação será, portanto, diagnóstica, formativa e somativa, acontecendo
em todos os momentos do processo de ensino-aprendizagem, por meio de
apresentação de trabalhos e mini-aulas, produção de materiais, exposições e
seminários (nos quais será observado os aspectos sócio-afetivos), provas objetivas
com questões dissertativas ou em forma de teste, aula do erro, além da auto-
avaliação. A recuperação de estudos também permeará o processo, no sentido do
reavaliar conteúdos que não foram devidamente apropriados. A reavaliação é outra
oportunidade que é ofertada no término do período letivo.
Os aspectos qualitativos prevalecerão sobre os quantitativos. Contudo, devido
à exigência de nosso sistema educacional, haverá aferição de notas ao final de cada
bimestre.
1.6. Referências Bibliográficas
ANDRADE, Manuel Correia de. Geografia - Ciência da Sociedade. São Paulo: Atlas,
1987.
171
CAVALCANTI, Lana de Souza. Práticas de ensino de Geografia. São Paulo:
Alternativa, 2002.
KOZEL, Salete; FILIZOLA, Roberto. Didática da Geografia – Espaço Vivido. São
Paulo: FTD, 1996.
PARANÁ/SEED. Educação Profissional na Rede Pública Estadual: Fundamentos
Políticos e Pedagógicos – Versão Preliminar. Curitiba, 2005.
_______.Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na
Modalidade Normal. Curitiba, 2006
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
1. METODOLOGIA DO ENSINO DE CIÊNCIAS
“Tornamos nosso mundo significativo pela coragem de nossas perguntas e pela profundidade de nossas respostas”.
Carl Sagan
172
Série Número de aulas semanais
4ª 2
1.1. Apresentação da Disciplina
A disciplina Metodologia do Ensino de Ciências, específica para do Curso de
Formação de Docentes, tem como fim último preparar os futuros profissionais da
educação para atuarem na Educação Infantil e séries iniciais do Ensino
Fundamental. Portanto, faz-se imprescindível a compreensão da proposta do ensino
de Ciências da SEED, que tem por objetivo possibilitar a compreensão do mundo
natural nas relações sociais de produção, com vistas a garantir ao aluno a análise
concreta da realidade por meio da apropriação do conhecimento científico.
É preciso ainda considerar o processo histórico no qual se dá a produção do
conhecimento científico, bem como os determinantes de sua produção. A análise
crítica do momento histórico e de seus condicionantes sociais, políticos, econômicos
e religiosos contribuirá para a explicitação dos fatores que interferiram e interferem
nos rumos do desenvolvimento científico.
O homem, desde o princípio de sua existência, preocupou-se em decifrar
fenômenos naturais em razão da necessidade que o obrigava a um maior
relacionamento com o mundo por questões de sobrevivência. No entanto, ele
mantinha uma relação mística com os fenômenos naturais, pois desconhecia os
fatores que provocavam as transformações e interações de matéria e energia.
Para que essa compreensão ocorra de maneira efetiva é preciso rever as
modificações do pensamento científico, a exemplo do ocorrido nos séculos XVI e
XVII, quando ocorreu a chamada da Revolução Científica. A Ciência na Era
Medieval, de uma forma geral, baseava-se na fé, e sua principal finalidade era
compreender o significado das coisas sem exercer controle sobre as mesmas. Isto
caracterizava uma ação ideológica, controladora do saber, na qual apenas a igreja e
reduzido círculo dos senhores do poder poderiam ter acesso ao conhecimento. Esta
postura não se restringiu apenas à Idade Média, mas pode ser percebida em vários
173
momentos históricos. Portanto, o domínio do conhecimento científico representou
historicamente um dos instrumentos de dominação do povo, que tende a ver os
cientistas ou ”sacerdotes” como magos, cabendo a eles a determinação do que é
correto e justo.
Nesse período, a base de subsistência era o cultivo da terra e a criação de
animais, portanto, agropastoril. As pessoas vivenciavam a natureza numa forma
mais orgânica, pois havia uma grande independência dos fenômenos espirituais e
materiais. Havia também uma subordinação das necessidades individuais à da
comunidade. Ao analisar a visão do mundo medieval, verifica-se que ela assentou-
se, basicamente, em duas autoridades: Aristóteles e a Igreja. Tomás de Aquino, um
dos maiores expoentes da Igreja, naquele período, combinou abrangente sistema da
natureza de Aristóteles com a teologia e a ética cristã, valores estes que vigoraram
durante toda a Idade Média, e que representou para a Igreja o meio de consolidar,
ainda mais, as suas estruturas de poder. Os valores sociais, morais e científicos do
período medieval, mudaram radicalmente nos séculos XVI e XVII, devido à grande
necessidade de ampliação do conhecimento, tanto por amor ao saber quanto por
necessidades sociais e técnicas que emergiam no momento. Esta noção de um
mundo vivo e espiritual foi substituída pela noção do mundo como uma máquina. A
mudança de imagem da natureza, de organismo para máquina, fez com que as
pessoas mudassem de atitude com relação ao meio ambiente. Quebrou-se assim
um paradigma.
Tais restrições culturais, base da mentalidade medieval, desapareceram com
o processo de mecanização da ciência. As condições históricas que determinaram o
surgimento do capitalismo, bem como a ideologia capitalista influenciaram e,
também sofreram, as influências do processo de desenvolvimento científico, dando-
se ênfase aos processos de experimentações, visando a exploração da natureza.
Assim, a ciência passou a ter a função de dominar e controlar a natureza.
Por outro lado as contradições do século XX, de modo mais incisivo no
mundo ocidental, resultaram do avanço tecnológico das chamadas grandes
potências. Tais inovações estendem-se em todas as áreas: agricultura, metalurgia,
saúde, informática, astronáutica, enfim, todos os setores que, de alguma forma,
implicam na soberania do país. Todavia, paralelamente ao desenvolvimento
vertiginoso de uma minoria, há um contingente grande das populações mundiais que
174
passam fome e sofrem devido às precárias condições de saúde, vivendo em estado
perpétuo de pobreza.
No Brasil, as consequências da política desenvolvimentista, são notadamente
contraditórias. Considerado a oitava potência em desenvolvimento e o quarto em
produção alimentar, sua população vive em estado de miséria e subnutrição. O
desenvolvimento tecnológico cresce diariamente, mas pouco tem contribuído para o
bem estar do seu povo.
O ensino das Ciências permite a compreensão da natureza e dos limites dos
diferentes sistemas explicativos, e ainda, a compreensão de que a ciência não tem
resposta para tudo, sendo uma de suas características a possibilidade de ser
questionada e de se transformar. Nesta perspectiva os conceitos científicos devem
ser apresentados como resultado de uma construção socializada, que conta com a
imaginação, a intuição e a emoção e é influenciada pelo contexto histórico e
econômico. Ao trabalhar tais conceitos, é importante considerar o conhecimento
prévio do aluno e enfatizar a aprender a pensar e o pensar para aprender.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Orientadoras da Educação Básica
deve-se buscar superar a fragmentação do conhecimento por meio da seleção de
fatos, conceitos e teorias que promovam aprendizagens significativas e funcionais e
pela superação das fronteiras entre disciplinas. Nesse processo, é imprescindível o
compromisso com a flexibilidade, a diversidade e com a contextualização dos
conteúdos, de acordo com o desenvolvimento das estruturas cognitivas do aluno.
Tais exigências vinculam-se ao princípio segundo o qual o ensino das Ciências não
deve priorizar a transmissão de informações, mas sim a formação de atitudes e
valores que promovam um aprofundamento no conhecimento científico sobre a vida,
bem como a admiração e o respeito por ela.
1.2. Objetivos
Contribuir para o desenvolvimento do aluno no processo de reelaboração do
conteúdo científico produzido pelo homem de acordo com suas necessidades,
numa perspectiva crítica;
Compreender o mundo em sua complexidade de relações entre a teoria e o
experimento;
175
Levar o aluno a observar, comparar, classificar fatos e fenômenos, chegando
à generalização seguindo os passos do Método Científico.
Reconhecer o ser humano como agente e paciente de transformações
intencionais por ele produzidas no seu ambiente.
Julgar ações de intervenção, identificando aquelas que visam a preservação e
a implementação da saúde individual, coletiva e do ambiente.
Identificar as relações entre o conhecimento científico e o desenvolvimento
tecnológico, considerando a preservação da vida, as condições de vida e as
concepções de desenvolvimento sustentável.
1.3. Conteúdos
1º SEMESTRE
O ensino de Ciências e a construção de uma cultura científica que possibilite ao
cidadão comparar as diferentes explicitações sobre o mundo
O histórico do ensino de Ciências
O pensamento racional e o pensamento intuitivo na aprendizagem de Ciências.
A relação ciência, sociedade e tecnologia
A energia para a vida e a inserção do homem no contexto do universo
Noções de espaço/tempo e casualidade no que diz respeito à matéria, energia e
suas transformações
2º SEMESTRE
O acompanhamento do processo de aprendizagem e os conteúdos específicos por
série – 1ª a 5ª ano do ensino fundamental:
Currículo Básico para a escola pública do Paraná (Noções de Astronomia,
Transformação e Interação de Matéria e Energia, Saúde- Melhoria da Qualidade de
Vida)
Diretrizes Curriculares Estaduais – Ciências
Análise dos Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Infantil (RCNEI) e
Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Fundamental
Análise crítica de livros didáticos
176
1.4. Encaminhamento Metodológico
O desenvolvimento da disciplina considera o ensino de Ciências, numa
perspectiva histórica, e deve convergir para o domínio do saber científico
historicamente acumulado, por meio de uma abordagem crítica e problematizadora
de questões oriundas da prática social vivenciada pelos alunos Há, portanto, a
necessidade de estabelecer uma prática pedagógica consistente, permeada por
métodos de ensino eficazes. Nesse sentido, os argumentos defendidos por Saviani
(1986) nos ajudam a organizar os princípios dessa ação:
[...] serão métodos que estimularão a atividade e iniciativa dos alunos sem abrir mão, porém, da iniciativa do professor, mas sem deixar de valorizar o diálogo com a cultura (conhecimento) acumulado historicamente; levarão em conta os interesses dos alunos, os ritmos de aprendizagem lógica dos conhecimentos, sua ordenação e gradação para efeitos do processo de transmissão/assimilação dos conteúdos cognitivos (p.72-73).
Nessa perspectiva é importante pontuar que a ciência se caracteriza por ser
uma atividade metódica regulada por ações passíveis de serem reproduzidas.
Assim, é importante estabelecer condições adequadas para que os alunos possam
expandir suas ideias, pesquisar, trabalhar com situações-problema, enfim, criar
condições que objetivam a contextualização do conhecimento produzido frente às
necessidades. Diante da concretude dos fatos, o professor deve contextualizar o
experimento, ou seja, a aula prática no ensino de Ciências deve relacionar a teoria
com a prática pelo desenvolvendo procedimentos e estratégias diferenciadas a ação
pedagógica deve ter como ponto de partida a prática social vivenciada pelo aluno e
professor (experiência concreta). O professor deve ainda se preocupar com a
problematização e as situações-problema oriundas dessa prática, já que estes são
os mediadores desta análise. Já a instrumentalização (pesquisa, aula prática,
observação, experimentação, leitura de textos, coleta de dados) é a ferramenta
pedagógica que qualifica a ação reflexiva do professor. O que se espera é chegar,
novamente, na prática social, não aquela do ponto de partida, mas sim alterada
qualitativamente pela mediação da ação pedagógica. Consideramos, então, que o
177
aluno constrói, com a ajuda do professor e dos conteúdos, sua própria visão de
mundo, de maneira concreta a partir de sua experiência.
A Metodologia do Ensino de Ciências, portanto, deve ser um meio para que o
futuro professor compreenda criticamente as relações ser humano-universo, os
fenômenos e objetos da ciência. Assim, a ação pedagógica deve estar subsidiada na
relação homem-homem e homem-natureza, tendo como ponto de partida e de
chegada as reflexões acerca da sociedade em sua dinâmica, acentuando o
conhecimento e o desenvolvimento tecnológico historicamente construído, bem
como o acesso do homem a essa produção.
A metodologia dentro da disciplina de Metodologia do Ensino de Ciências
deverá contribuir para a formação docente, capacitando o futuro profissional da
educação no desenvolvimento do ensino de Ciências, bem como atender aos
seguintes princípios norteadores: fundamentos teóricos que norteiam o ensino de
Ciências, a concepção do ensino de Ciências na Pedagogia Histórico-Crítica, os
referenciais utilizados pelas escolas públicas paranaenses: RCNEI, PCN, Currículo
Básico para a Escola Pública do Paraná, Diretrizes Curriculares Estaduais.
1.5. Avaliação
A avaliação inclui práticas diversas e integra os vários momentos do
desenvolvimento curricular implicando na realização de várias operações
interligadas com ênfase nos conhecimentos teóricos e práticos. Os instrumentos a
serem utilizados deverão ser diversificados, atendendo ao disposto na proposta de
ensino para as metodologias previstas no curso de Formação de Docentes. Desta
forma serão realizadas pesquisas orientadas, provas orais e escritas, objetivas e
subjetivas, testes, observação direta, entre outros. É fundamental que esta avaliação
se processe de forma contínua. A Recuperação de Estudos é aplicada durante todo
o ano letivo logo após a correção das atividades de avaliação se verificada a não
efetiva aprendizagem dos conceitos.
1.6. Referências Bibliográficas
ASTOLFI, Jean Pierre. A didática das ciências. Campinas: Papirus, 1990.
178
BRASIL/MEC/SEF. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental 1º
segmento – Ciências. Brasília, 1996.
BRASIL/MEC. Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Infantil. Vol.3 –
Ciências. Brasília, 1998.
CAMPOS, Maria Cristina da Cunha e NIGRO, Rogério Gonçalves. O ensino-
aprendizagem como investigação. São Paulo: FTD,
CANIATO, Rodolpho. O que é astronomia. São Paulo: Brasiliense, 1989.
DELIBERADOR, Ana Maria. Metodologia para desenvolvimento extra-classe de
programas ambientais. Curitiba: SEED, 1991.
DELIZOICOV, Demétrio. Metodologia do ensino de ciências. São Paulo, 1990.
GERALDO, Sampaio de Souza. Didática das Ciências Naturais. Rio de Janeiro.
Comissão de Livro-técnico e do Livro didático, 1970.
KRASILCHIK, Myriam. O professor e o currículo das ciências. São Paulo: EPU,
1987.
PARANÁ/SEED. Currículo Básico para a escola pública do Paraná. Curitiba, 1989.
PARANÁ/SEED. Educação Profissional na Rede Pública Estadual: Fundamentos
Políticos e Pedagógicos – Versão Preliminar. Curitiba, 2005.
PARANÁ/SEED. Diretrizes Curriculares Estaduais – Ensino Fundamental/ Ciências.
Curitiba, 2005.
PARANÁ/SEED. Proposta Curricular da Disciplina de Metodologia do Ensino de
Ciências. Curitiba, 2005.
VIANA, Neusa Lima. Ensinando ciências de forma concreta. Curitiba. Imprensa
Oficial, 1976.
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
1. METODOLOGIA DO ENSINO DA ARTE
"A arte diz o indizível; exprime o inexprimível, traduz o intraduzível." Leonardo da Vinci
179
Série Número de aulas semanais
4ª 2
1.1. Apresentação da Disciplina
O conhecimento da arte de outras culturas permite o entendimento de
questões sociais, uma forma rápida, isso porque a arte de cada cultura mostra os
valores que estão presentes naquela sociedade. Nesta perspectiva a formação do
aluno deverá levar em conta a compreensão e a importância na utilização deste
conhecimento para a interpretação do mundo.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Orientadoras da Educação Básica
do Estado do Paraná a abrangência do ensino da Arte deverá privilegiar as quatro
linguagens: a dança, a música, o teatro e as artes visuais. Os conteúdos, segundo
Faraco (2000), devem ser selecionados a partir de uma análise histórica, abordados
por meio do conhecimento estético e da produção artística, de maneira crítica, o que
permitirá ao aluno uma percepção da arte em suas múltiplas dimensões cognitiva e
possibilitará a construção de uma sociedade sem desigualdades e injustiças
(FARACO apud KUENZER, 2000).
A representação artística (expressão), enquanto forma específica de
conhecimento da realidade, é fruto de um fazer (trabalho), que impõe o domínio de
determinados procedimentos e que partindo de uma realidade objetiva, constrói uma
nova realidade (transfiguração). Assim, ficam evidentes os aspectos essenciais da
atividade artística: conhecimento, trabalho e expressão, que não devem ser
trabalhados distintamente, fragmentados, ou dogmatizados. O conhecimento se
constitui em uma forma peculiar de trabalho criador. Portanto, não é mera cópia do
real, pois o objetivo do conhecimento da arte é o homem, a vida humana e seu
cotidiano
1.2. Objetivos
Refletir criticamente sobre o processo histórico da Arte na sociedade
brasileira, sem perder de vista suas condições sociais, econômicas, culturais
e políticas.
180
Desvelar as tendências presentes no interior das práticas de ensino da arte,
estabelecendo as relações entre estas tendências e os valores estéticos que
fundamentam este ensino.
Compreender que a prática desenvolvida na escola, detém de forma implícita
ou explícita, um compromisso com uma determinada visão de mundo,
reveladora de uma dada concepção de homem, de educação e da própria
arte.
1.3. Conteúdos
1º SEMESTRE
Estudo das tendências pedagógicas com ênfase nos marcos históricos e culturais do
ensino de arte no Brasil.
O papel da arte na formação humana.
História da arte:
Pré-História.
Antiguidade.
Arte Cristã.
Arte Bizantina.
Europa Ocidental e Idade Média.
Renascimento.
Barroco.
Neoclassicismo e Romantismo.
Realismo.
Principais Movimentos Artísticos do Século XX.
A arte no Brasil: arte indígena e estilo barroco.
Conhecimento teórico e prático dos elementos formais e de composição das Artes
Visuais, da Música, da Dança e do Teatro (artes cênicas) e sua contribuição na
formação dos sentidos humanos desde a Educação Infantil e séries iniciais.
2º SEMESTRE
181
Abordagens metodológicas para o ensino de artes na Educação Infantil e Ensino
Fundamental:
Currículo Básico X PCN.
Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental.
A atividade artística na escola: fazer e apreciar a produção artística.
“Artistas” brasileiros e estrangeiros.
1.4. Encaminhamento Metodológico
Na medida em que a arte é uma manifestação da necessidade humana de
dizer, interpretar e criar, também recriar, a realidade humana, lança mão de
diferentes linguagens: plástica, musical, teatral, entre outras, e se constitui enquanto
instrumento de afirmação ou transformação do real. Contudo, esta transformação se
cumpre em nível do imaginário, ou seja, a partir do conhecimento, da atividade
criadora e da expressão, a representação concretiza a passagem do imaginário para
o real, no objeto artístico.
Desta forma, o encaminhamento das aulas de Metodologia do Ensino da Arte
tomará como ponto de partida os modos de ver e compor utilizados pelo aluno para
se expressar. Assim, a função específica do ensino da arte consiste em contribuir
para que o aluno, a partir de uma leitura empírica, construa uma leitura sistemática e
objetiva da realidade humana.
Sinteticamente, de acordo com o prescrito nas DCEs o encaminhamento
metodológico do ensino da Arte contemplará três momentos da organização
pedagógica:
Teorização: fundamentos dos conceitos artísticos.
Percepção e apropriação: são as formas de apreciação, fruição e
leitura da obra de arte.
Trabalho Artístico: a prática criativa de uma obra.
1.5. Critérios de Avaliação
182
A concepção de avaliação para a disciplina de Arte proposta nestas Diretrizes
Curriculares é diagnóstica e processual. É diagnóstica por ser a referência do
professor para planejar as aulas e avaliar os alunos; é processual por pertencer a
todos os momentos da prática pedagógica.
A avaliação processual deve incluir formas de avaliação da aprendizagem, do
ensino (desenvolvimento das aulas), bem como a autoavaliação (desenvolvimento
das aulas), bem como a autoavaliação dos alunos.
De acordo com a LDB (n. 9.394/96, art. 24, inciso V) a avaliação é “contínua e
cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos
sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais
provas finais”.
A avaliação deverá pautar-se em critérios para o redimensionamento das
práticas pedagógicas, pois o professor participa do processo e compartilha a
produção do aluno. Para tanto deverá fugir das malhas do espontaneísmo e
casuísmo centrando-se no conhecimento. Ao centrar-se no conhecimento, a
avaliação gera critérios que transcendem os limites do gosto e das afinidades
pessoais, direcionando de maneira sistematizada o trabalho pedagógico.
Assim, a avaliação em Arte supera o papel de mero instrumento de medição da
apreensão de conteúdos e busca propiciar aprendizagens socialmente significativas
para o aluno. Ao ser processual e não estabelecer parâmetros comparativos entre
os alunos discute dificuldades e progressos de cada um a partir da própria produção,
de modo que leva em conta a sistematização dos conhecimentos para a
compreensão mais efetiva da realidade.
O método de avaliação proposto nas Diretrizes inclui observação e registro do
processo de aprendizagem, com os avanços e dificuldades percebidos na
apropriação do conhecimento pelos alunos. O professor deve avaliar como o aluno
soluciona os problemas apresentados e como ele se relaciona com os colegas nas
discussões em grupo. Como sujeito desse processo, o aluno também deve elaborar
seus registros de forma sistematizada. As propostas podem ser socializadas em
sala, com oportunidades para o aluno apresentar, refletir e discutir sua produção e a
dos colegas valorizando seu arsenal cultural próprio, constituído em outros espaços
sociais além da escola, como a família, grupos, associações, religião e outros. Desta
forma. O professor deve fazer um levantamento das formas artísticas que os alunos
183
já conhecem e de suas respectivas habilidades, como tocar um instrumento musical,
dançar, desenhar ou representar. Durante o ano letivo, as tendências e habilidades
dos alunos para uma ou mais áreas da arte também devem ser detectadas e
reconhecidas pelo professor.
Esse diagnóstico é a base para planejar futuras aulas, pois, ainda que estejam
definidos os conteúdos a serem trabalhados, a forma e a profundidade de sua
abordagem dependem do conhecimento que os alunos trazem consigo.
Essa é outra dimensão da avaliação, a zona de desenvolvimento proximal,
conceito elaborado por Vigotsky que trabalha a questão da apropriação do
conhecimento na interação com o grupo no qual está inserido.
A fim de se obter uma avaliação efetiva individual e do grupo, são necessários
vários instrumentos de verificação tais como:
• trabalhos artísticos individuais e em grupo;
• pesquisas bibliográfica e de campo;
• debates em forma de seminários e simpósios;
• provas teóricas e práticas;
• registros em forma de relatórios, gráficos, portfólio, áudio-visual e outros.
Por meio desses instrumentos, o professor obterá o diagnóstico necessário para
o planejamento e o acompanhamento da aprendizagem durante o ano letivo,
visando às seguintes expectativas de aprendizagem:
• A compreensão dos elementos que estruturam e organizam a arte e sua
relação com a sociedade contemporânea;
• A produção de trabalhos de arte visando à atuação do sujeito em sua
realidade singular e social;
• A apropriação prática e teórica dos modos de composição da arte nas
diversas culturas e mídias, relacionadas à produção, divulgação e consumo.
1.6. Referências Bibliográficas
ALMEIDA, A. Betâmio de. A Educação Estético-Visual no Ensino Escolar. Livros
Horizonte, 1980.
BARBOSA, A. M. T. Arte-Educação no Brasil: das origens ao modernismo. São
Paulo: Perspectiva, 1978.
184
BRASIL/MEC. Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental. Brasília, 1998.
BRASIL/MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, 1997.
BRASIL/MEC. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Brasília, 1998.
COLEÇÂO Mestres das Artes no Brasil. São Paulo: Moderna, 1999; 2000; 2002;
2003; 2004.
FUSARI, Maria F. D. R. e FERRAZ, Maria H. C. D. T. Arte na Educação Escolar. São
Paulo: Cortez, 1992.
________. Maria F. D. R. e FERRAZ, Maria H. C. D. T. Metodologia do Ensino da
Arte. São Paulo: Cortez, 1993.
PARANÀ/SEED. Currículo Básico para Escola Pública do Estado do Paraná.
Curitiba, 1990.
_______. Educação Profissional na Rede Pública Estadual: Fundamentos Políticos e
Pedagógicos – Versão Preliminar. Curitiba, 2005.
_______.Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na
Modalidade Normal. Curitiba, 2006
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
1. METODOLOGIA DO ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Série Número de aulas semanais
4ª 2
185
1.1. Apresentação da Disciplina
Os conteúdos estruturantes da disciplina de Metodologia de Educação Física
estão relacionados ao entendimento de que a Educação Física escolar, em sentido
lato, possui objetivos e conteúdos próprios e necessários ao desenvolvimento do
potencial motor de cada criança. Para que esses objetivos sejam alcançados, é
necessário superar o senso comum de que o tempo pedagógico das aulas de
Educação Física resume-se à quadra ou ao pátio para as vivências corporais, ou
para o brincar descompromissado.
A superação do conceito de movimento humano para o de cultura corporal de
movimento humano para o de cultura corporal de movimentos, configura-se como o
primeiro desafio para a disciplina de Metodologia do Ensino da Educação Física.
Através de situações práticas, as fases e os estágios motores da primeira e
segunda infância, bem como a prática de tarefas abertas e fechadas envolvendo as
brincadeiras, o jogo, as atividades rítmicas serão descritas e analisadas.
Os alunos do curso de Formação de Docentes, a princípio, serão orientados
a avaliar as mudanças qualitativas, na própria performance motora. Num segundo
momento os alunos passarão a estudar as suas ações motoras não apenas do
ponto de vista do desempenho em si, mas dos processos afetivos, psicomotores e
cognitivos empregados para solucionar um desafio proposto e da passagem de um
conhecimento sincrético da realidade que cerca o problema proposto para um
conhecimento elaborado, integrando as demais dimensões da vida cotidiana, para
assim intervirem no processo educativo de desenvolvimento corporal das crianças a
eles confiados no exercício da profissão.
1.2. Objetivos
Romper com o paradigma conceitual da prática de atividade física até então
predominante no ambiente escolar.
Compreender a Educação Física como meio valioso de desenvolvimento de
habilidades motoras, intelectuais e sensoriais.
Valorizar a pluralidade das manifestações de cultura como recurso para
integração entre pessoas e diferentes grupos sociais.
Repensar o papel do professor e das aulas de Educação Física ao longo da
186
escolarização.
Selecionar procedimentos e verificar a sua adequação nas aulas a serem
ministradas, questionando a realidade, formulando hipóteses, utilizando a
criatividade e o pensamento lógico.
Compreender a importância social da Educação Física, cuja aprendizagem
favorece a ampliação das capacidades de interação sociocultural,
possibilidades de lazer, promoção e manutenção da saúde pessoal e coletiva.
Entender a Educação Física como um meio de promover a mudança de
atitude, estabelecendo uma relação de respeito mútuo de cooperação.
1.3. Conteúdos
1º SEMESTRE
A Educação Física como componente curricular.
Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem motora.
O movimento humano e sua relação com o desenvolvimento dos domínios motor,
cognitivo e afetivo-social do ser humano.
2º SEMESTRE
A cultura corporal de movimentos: ação e reflexão.
A criança e a cultura corporal de movimentos; o resgate do lúdico e a expressão da
criatividade.
1.4. Encaminhamento Metodológico
A metodologia a ser utilizada levará em consideração os objetivos de
Educação Física na formação do homem e no meio o qual está inserido, bem como
as relações com a sociedade.
Para que o aluno compreenda esse conhecimento é preciso possibilitar a ele
uma metodologia dinâmica em locais de atividades teóricas e práticas, estimulando
a participação e proporcionando a busca do conhecimento. Várias estratégias serão
usadas como: aulas práticas e teóricas, trabalhos em grupos, pesquisas, aulas
expositivas, elaboração de projetos e debates.
Objetivando ainda a formação integral do aluno e melhoria da qualidade da
187
sua relação com o meio e, com a sociedade na qual está inserido, de maneira
concreta e significativa, serão desenvolvidas atividades que expressem sentimentos,
necessidades e costumes que confrontem a realidade e o lúdico, que estabeleça
regras, limites e barreiras a serem vencidas, através da compreensão e análise de
fatos do cotidiano, proporcionando o conhecimento do seu corpo. Estas atividades
priorizarão os aspectos práticos e teóricos, utilizando estratégias de trabalhos
individuais e em grupo, debates, palestras, trabalhos extraclasses e uso das
tecnologias existentes a fim de proporcionar ao aluno o máximo de estímulos que
contribuam para a sua formação integral.
O ensino de Metodologia de Educação Física, propriamente dito, deverá
apresentar atividades que proporcionem ao aluno o conhecimento de seu corpo,
para usá-lo como instrumento de expressão consciente na busca de sua liberdade e
satisfação de suas necessidades. Devem permitir a exploração motora e propiciar
momentos que, através das vivências dos alunos, permitam criar novas formas de
movimento.
A metodologia deve estar fundamentada na produção de conhecimentos,
através de conteúdos concretos, indissociáveis da realidade social, considerando
seus condicionantes histórico-sociais. A “teoria e a prática” deverão ser entendidas
como um processo unitário, buscando abrir novas perspectivas para o educando.
Esta prática será centrada numa concepção histórico-crítica de educação, ter uma
base científica e ser voltada para o aluno, respeitando seus interesses, sua
maturação e experiências anteriormente adquiridas. Atividade intelectual e a corporal
serão harmônicas de forma a integrar o ser humano no seu relacionamento consigo
mesmo e com o mundo.
1.5. Avaliação
A avaliação se dará através de um processo contínuo, durante todo o período
letivo, devendo ser diagnóstica e somativa, que analise a compreensão dos alunos a
respeito dos conhecimentos adquiridos, verificando se os mesmos atingiram os
objetivos propostos para sua formação integral.
Serão sensibilizados a participar diretamente das avaliações, tanto individuais
como em grupos, fazendo sua auto-avaliação, para que ele possa conhecer-se
188
melhor e ter uma visão mais ampla e clara dos fatos que os cercam.
1.6. Referências Bibliográficas
ALMEIDA, Paulo N. de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo:
Loyola, 1987.
BORGES, Célio J. Educação Física para pré-escola. Rio de Janeiro: Srpint, 1987.
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da educação física.. São Paulo,
Cortez, 1992.
COSTA, Vera Lúcia M. Prática da Educação Física no primeiro grau: modelo de
reprodução ou perspectiva de transformação? São Paulo: IBRASA, 1987.
DARIDO, Suraya C.; RANGEL, Irene C. A. Educação Física na escola: Implicações
para a prática pedagógica. São Paulo: Guanabara Koogan, 2005.
DIEM, Liselott. Brincadeiras e esportes no jardim de infância. Rio de Janeiro: Ao
Livro Técnico, 1981.
FREIRE, João B. ; SCAGLIA, Alcides J. Educação como prática corporal. São Paulo:
Scipione, 2003. – (série Pensamento e Ação no Magistério).
GALLAHUE, David L.; OZMUN, John C. Compreendendo o desenvolvimento motor:
bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte, 2001.
GRUPO DE TRABALHO PEDAGÓGICO UFPE-UFSM. Visão didática da educação
física: Análises críticas e exemplos práticos de aulas. Rio de Janeiro: Ao Livro
Técnico, 1991.
GUERRA, Marlene. Recreação e lazer. Porto Alegre: Sagra, 1982.
GUISELINI, Mauro A. Educação Física na pré-escola. SEED/ MEC, 1982.
MAGILL, Richard A. Aprendizagem Motora: Conceitos de Aplicações. São Paulo:
Edgard Blucher, 1984.
MEDINA, João Paulo S. Educação Física cuida do corpo e “mente” – bases para a
renovação e transformação da Educação Física. Campinas: Papirus, 1989.
TANI, Go; MANOEL, Edison de J. ; KOKUBUN, Eduardo; PROENÇA, José E. de.
Educação física escolar: Fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista. São
Paulo, 1988.
PARANÁ/SEED. Educação Profissional na Rede Pública Estadual: Fundamentos
Políticos e Pedagógicos – Versão Preliminar. Curitiba, 2005.
_______.Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da
189
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na
Modalidade Normal. Curitiba, 2006
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
2. PRÁTICA DE FORMAÇÃO
Série Número de aulas semanais
1ª 5
2ª 5
3ª 5
4ª 5
190
2.1. Apresentação da Disciplina
A velocidade que caracteriza a produção de informações no mundo
contemporâneo tem exigido das pessoas formularem questionamentos e
problematizações substituindo as certezas por possibilidades. Assim, torna-se
importante considerar a instituição escolar parte integrante desta realidade e pensar
o estágio supervisionado como aspecto de primeira grandeza no trabalho
pedagógico do professor. No âmbito dessa realidade, está a percepção de que o
docente deverá participar de um processo de formação capaz de responder à
demanda de um profissional crítico, reflexivo, pesquisador e capaz de realizar as
alterações que forem necessárias a sua prática pedagógica.
O planejamento temático ao longo dos quatro anos buscará integrar
conteúdos relevantes que funcionarão como pano de fundo para demais conteúdos
que serão elencados dada a leitura da realidade das instituições de ensino onde a
prática de formação será efetivada. Tal planejamento constituirá o eixo articulador
dos saberes entre as disciplinas, enquanto mecanismo que garantirá espaço e
tempo para a realização e contextualização entre saberes, onde o planejar, o
executar e o avaliar situações de ensino e de aprendizagem das disciplinas
pedagógicas culmina com as atividades em sala de aula nas instituições
educacionais de Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental.
As práticas pedagógicas na 1ª série se concentram nos “sentidos e
significados do trabalho do professor educador” em diferentes modalidades e
dimensões. O eixo articulador se restringirá à observação do trabalho docente pelos
alunos estagiários na Educação Infantil. Vale ressaltar que este eixo ganhará novos
contornos nas séries seguintes, uma vez que essa problemática, formação dos
professores, ganhará novos sentidos e significados ao longo do tempo de
amadurecimento dos alunos. Entretanto, como uma primeira aproximação da
realidade educativa, considera-se pertinente uma ênfase maior, já no primeiro ano
de curso, debruçar-se sobre questões pertinentes ao “ofício de professor“ rompendo
com velhos paradigmas, de modo a superar o espontaneísmo pelo conhecimento
sólido dos princípios curriculares propostos pelas concepções atuais.
Na 2ª série, o planejamento priorizará atividades em torno da “Pluralidade
191
Cultural, diversidades, desigualdades e a educação”. Assim, é preciso aprender
como operam essas desigualdades sociais na esfera da educação. As observações
em instituições ocorrerão em creches, escolas regulares que tenham um número
significativo de alunos portadores de necessidades educacionais especiais e em
instituições especializadas, tal como a APAE.
Na 3ª série, o problema central será a temática “condicionantes da infância e
da família no Brasil e os fundamentos da educação infantil” e “Artes, brinquedos,
crianças e a educação nas diferentes instituições” fundamentado na proposta da
SEED, cabendo aos professores desenvolver atividades diferenciadas, como
produção de pesquisas, observações em instituições, estudo das concepções de
infância, de família, de educação na sociedade.
A reflexão deve construir objetos de estudos relacionados a essas
problemáticas, passando pela História da criança e da família em relação à escola. É
necessário analisar, e recuperar, a história das brincadeiras, das artes, das músicas
infantis, das danças, do teatro, bem como evidenciar as suas funções para o
desenvolvimento infantil, pois brincar é coisa séria. Foco: Pré-Escola, 1ª e 2ª etapas
do 1º segmento do Ensino Fundamental.
Na 4ª série, é oportuno enfatizar experiências concretas através das
temáticas “a ação docente e as práticas pedagógicas”, garantindo a possibilidade de
o aluno vivenciar e desenvolver de fato a práxis profissional, articulando teoria e
prática. Dessa forma, o estágio supervisionado deverá possibilitar ao aluno a
elaboração de materiais didáticos, a seleção adequada dos mesmos e o
desenvolvimento de técnicas de ensino adequadas. Deverá ainda, nessa fase, ter
mais autonomia intelectual e didática na condução das tarefas educativas, bem
como dominar os conhecimentos gerais e específicos nas atividades com as
crianças de 0 a 10 anos de idade, nos espaços institucionais, nas creches e nas
escolas. É importante ainda encontrar espaços para pensar a prática na Educação
de Jovens e Adultos, nos processos de inclusão dos portadores de necessidades
especiais, na educação indígena e na educação do campo. A importância da
seleção e a elaboração de materiais didáticos, bem como a pesquisa exaustiva em
torno dos livros didáticos, das propostas pedagógicas das escolas e dos professores
em cada fase são imprescindíveis.
192
1.2 Objetivos
O estágio supervisionado é parte integrante do processo formativo,
contribuindo para que os estudantes possam atuar nas instituições de Educação
Infantil e Ensino Fundamental. Assim, tem como objetivos principais:
Possibilitar a transição da formação teórica propriamente dita à prática
profissional, transformando as atividades do cotidiano em fazeres educativos,
formativos e intencionais.
Orientar os alunos na realização de atividades planejadas, organizadas e
passíveis de serem avaliadas, visando qualificar sua ação para o exercício
profissional.
Integrar elementos teóricos e práticos da ação docente, considerando os
significados, pessoal e social dessa experiência, agregando valores,
conhecimento e outros saberes a sua formação.
Para que tais objetivos sejam alcançados as temáticas que se seguem
nortearão os trabalhos a serem desenvolvidos nesta disciplina ao longo dos quatro
anos.
1.3 Temáticas do Estágio (Conteúdos)
1ª série - Sentidos e significados do trabalho do professor educador.
2º série - A pluralidade cultural, as diversidades, as desigualdades e a educação.
3º série - Condicionantes da infância e da família no Brasil e os fundamentos da
Educação Infantil; Artes, brinquedos, crianças e a educação nas diferentes
instituições. O processo de conhecimento e aprendizagem da criança numa
perspectiva histórico-cultural.
4º série - Ação docente e práticas pedagógicas.
1.4. Encaminhamento Metodológico
Por meio do conteúdo das diferentes áreas de ensino é que se procura
oferecer condições para que os alunos desenvolvam suas capacidades, o
pensamento autônomo, a construção da própria identidade e a consciência crítica
para que possam compreender e participar ativamente da vida social.
193
Optar-se-á por uma ação pedagógica que possibilite ao aluno, em contato
com ideias consagradas, formular hipóteses acerca dos fenômenos para que
estabeleça relações entre os saberes que já possuía e os novos conhecimentos que
construirá, ou ressignificará, criando assim uma rede de significados consistentes.
Acredita-se em um processo de trabalho que enfatiza a curiosidade, o
questionamento e a reflexão. Para tanto, alguns aspectos serão priorizados em
todas as disciplinas do curso, mediados pela Prática de Formação, mais
especificamente:
Desenvolver no aluno a capacidade de adquirir os conhecimentos já
elaborados pela cultura e pela ciência dando a ele condições para acessar,
selecionar e organizar tais conhecimentos;
Estimular a capacidade de produzir aprendizagens a partir de aproximações
de diferentes áreas do conhecimento;
Desenvolver a autonomia em relação à produção e aquisição de
conhecimentos a partir do exercício sistemático de meta-cognição, levando o
aluno ao auto-didatismo.
Alguns procedimentos darão sustentabilidade aos objetivos propostos:
o Estudo sobre a prática educativa / reflexiva.
o Observação.
o Relato de experiências.
o Levantamento de questões.
o Debates e discussões em grupo.
o Relatórios.
o Entrevistas.
o Palestras.
o Resenhas.
o Mini-aulas.
o Registro das atividades realizadas, para sistematização em “Memorial” e
“Pastas”.
A carga horária do Estágio Curricular Supervisionado é de 200 horas/ano, nas
quais as citadas temáticas são trabalhadas. Das referidas horas, 50% são
trabalhadas de forma presencial e 50% em atividades de campo: pesquisas,
seminários, relatórios, entrevistas, preparação de oficinas, entre outras.
194
1.5. Avaliação
A Prática de Formação, ou estágio supervisionado, configura-se como uma
disciplina integradora, fazendo a articulação entre as disciplinas específicas da Parte
Diversificada entre si e com as disciplinas da Base Nacional Comum. Dentro das
suas características especiais, o Estágio Supervisionado irá efetivar a inserção de
alunos e professores na realidade educacional de Educação Infantil e séries iniciais
do Ensino Fundamental, da Escola Pública, fazendo com que as experiências
retomem o núcleo de reflexão teórica das outras disciplinas, abrangendo a
observação e análise de diferentes tipos e formas de educação escolar, até o
assumir de projetos específicos, encargos docentes e outras formas de atuação
pedagógica na instituição escolar. Funciona ainda como ponto de contato entre a
Escola Normal de Ensino Médio e a Escola de Ensino Fundamental de modo a
permitir que, a observação e análise do trabalho pedagógico dessas instituições,
possam reverter em aprimoramento dessa prática e aprofundamento das questões
ligadas aos conteúdos do Curso Normal. A reflexão sobre o trabalho pedagógico,
sua análise e interpretação constroem a teoria, que retorna à prática para esclarecê-
la e aperfeiçoá-la.
Portanto, a avaliação do Estágio Supervisionado é concebida como um
processo contínuo e como parte integrante do trabalho educativo. Nesse sentido a
avaliação está presente em todas as fases do planejamento e da execução do
currículo, como elemento essencial para análise do desempenho tanto do aluno
quanto da escola. A avaliação é entendida ainda, como um processo participativo em
que o grupo envolvido não só julga a prática pedagógica em seus diversos níveis,
como também busca, criticamente, alternativas para a modificação de sua prática,
na tentativa de superar os problemas encontrados.
A descentralização do processo de avaliação se concretiza quando se
considera que as decisões serão tomadas pelos participantes envolvidos em todos
os níveis, ou seja, desde o nível da aprendizagem do aluno, em relação às diversas
disciplinas, até a avaliação do currículo como um todo.
As decisões tomadas pelos participantes quanto ao processo de
acompanhamento serão devidamente registradas anulando a caracterização de
atividade terminal do curso para constituir-se num projeto coletivo onde a
195
participação dos professores do curso torna-se imprescindível, já que a prática
pedagógica deve ser entendida numa visão de totalidade.
A Prática de Formação será avaliada de forma descritiva, acumulando-se
dados sobre a aprendizagem do aluno ao longo do processo educativo, com nota
que expresse o processo de crescimento do aluno em direção a sua
profissionalização, recebendo atenção especial e contínua por parte do professor
que deverá remeter-se sempre aos objetivos eleitos no planejamento, tendo uma
função diagnóstica do processo de ensino e de aprendizagem.
Desta forma, a avaliação deve:
o Caracterizar-se como um processo, pois cada instrumento de medida utilizado
está referenciado a um sistema mais amplo;
o Possibilitar uma nova tomada de decisão, que não deve ser estática e
classificatória;
o Julgar quanto o aluno assimilou do conteúdo trabalhado e quanto incorporou
das habilidades previstas para serem desenvolvidas e/ou vivenciadas;
o Refletir não apenas um lado do processo, mas suas limitações, o progresso,
verificando a aprendizagem a partir dos mínimos necessários que devem ser
apreendidos pelo aluno (mínimo necessário de aprendizagem em todas as
condutas que são indispensáveis para se viver e se exercer a cidadania), bem
como a capacidade de deter informações, estudar, pensar, refletir e dirigir as
ações com adequação e saber;
o Avaliar a adequação das escolhas feitas no exercício da docência, à luz do
processo constitutivo da identidade cidadã de todos os integrantes da
comunidade escolar, das diretrizes curriculares nacionais de educação básica
e das regras da convivência democrática;
o Programar o estágio como processo coletivo;
o Organizar os relatórios em grupo e individual;
o Refletir sobre o trabalho realizado e o desempenho do estagiário;
A avaliação ainda pontuará para a assiduidade; pontualidade;
responsabilidade; iniciativa; participação e envolvimento; ética profissional;
relacionamento; organização; adequação teórica-prática.
A avaliação final será por meio do “Memorial” e “Pasta” nos quais se
apresenta, de forma sistemática, as atividades desenvolvidas no decorrer do
196
Estágio. O Memorial é trabalhado pelos professores desde o início do ano.
1.6. Referências Bibliográficas
CUNHA, Luis Antonio. Educação e desenvolvimento social no Brasil. Rio de Janeiro:
Francisco Alves, 1988.
FRIGOTTO, Gaudêncio. O enfoque da dialética materialista histórica na pesquisa
educacional. In: FAZENDA, I. Metodologia da pesquisa educacional. São Paulo:
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proposta curricular da habilitação magistério. Curitiba, 1989.
_______.Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na
Modalidade Normal. Curitiba, 2006
PIMENTA, Selma Garrido. O estágio na formação de professores: unidade teoria e
prática? São Paulo: Cortez, 1994.
SAVIANI, Dermeval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. Campinas-
SP: Autores Associados, 1980
_______. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. 2ª ed.São Paulo:
Cortez, 1991.
_______. Escola e Democracia. Campinas – SP: Autores Associados, 1992.
197
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR PARA O
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES
1. FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Série semestral Número de aulas semanais
3ª 2
4ª 3
1.1. Apresentação da Disciplina
As Diretrizes Orientadoras para a Educação de Jovens e Adultos, em sua
fundamentação teórica, aponta que a Educação Básica de Jovens e Adultos no
Brasil passou a ser enfatizada, e regulamentada, na década de 30, quando se
198
consolida um sistema público de educação elementar no país. Nesse período, a
sociedade brasileira passava por transformações associadas ao processo de
industrialização e de concentração populacional em centros urbanos. Em 1945, o
país vivia a efervescência política da redemocratização, com o fim da ditadura
Vargas. A Segunda Guerra Mundial terminara recentemente e a Organização das
Nações Unidas alertava para a urgência de os povos se integrarem visando à paz e
à democracia. Isso contribuiu para que a Educação de Jovens e Adultos ganhasse
destaque em relação à educação elementar comum.
Nesse período, a Educação de Jovens e Adultos define sua identidade,
tomando a forma de uma campanha nacional de massa, a Campanha de Educação
de Adultos, lançada em 1947, que deu origem à conformação de um campo teórico-
pedagógico orientado para a discussão sobre o analfabetismo e a educação de
adultos no Brasil.
Até então, o analfabetismo era concebido como causa, e não como efeito, da
situação econômica, social e cultural do país. Essa concepção legitimava a visão do
adulto analfabeto como incapaz e marginal, identificável psicológica e socialmente
com a criança. Durante a Campanha essa visão modificou-se. As vozes dos que
superavam esse preconceito foram se adensando, reconhecendo o analfabeto como
ser produtivo, capaz de
raciocinar e de resolver problemas, como nos lembra Arroyo (2001). Os analfabetos deveriam ser reconhecidos como homens e mulheres
produtivos, possuidores de cultura. A necessidade de estruturação e de organização
das normas que regiam a educação nacional, objetivando proporcionar ao educando
a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento
de auto-realização, qualificação para o trabalho e preparo para o exercício da
cidadania, levou à publicação, em 20 de dezembro de 1961, da Lei no 4.024, a
primeira Lei de Diretrizes e Bases, que, a respeito do Ensino Supletivo, continha
resquícios da época em que a Educação de Jovens e Adultos era relegada a
segundo plano.
Com o movimento militar de 1964, os programas de alfabetização e educação
popular, que se multiplicaram no período 1961-64, foram vistos como grave ameaça
à ordem e seus promotores duramente reprimidos. A partir desse momento, o
governo passou a permitir apenas a realização de programas de alfabetização de
jovens e adultos assistencialistas e conservadores, até que, em 1967, assumiu o
199
controle dessa atividade, lançando o Mobral - Movimento Brasileiro de Alfabetização.
O Mobral constituiu-se como organização autônoma em relação ao Ministério
da Educação, contando com um volume significativo de recursos. Em 1969, lançou-
se uma campanha massiva de alfabetização. Durante a década de 70, o Mobral
expandiu-se por todo o território nacional, diversificando sua atuação. Das iniciativas
derivadas do Programa de Alfabetização, a mais importante foi o PEI – Programa de
Educação Integrada, que correspondia a uma condensação do antigo Curso
Primário. Esse Programa possibilitava a continuidade de estudos para os recém-
alfabetizados e para os chamados “analfabetos funcionais”, pessoas que
dominavam precariamente a leitura e a escrita. Em 1971, foi publicada a Lei n.º
5.692, a segunda Lei de Diretrizes e Bases da história da educação brasileira, que
impunha uma nova concepção de escola que veio a traduzir-se na idéia de
supletividade. O art. 24 dessa Lei, ao expor a finalidade do Ensino Supletivo,
destacava a importância do suprimento da escolarização regular para adolescentes
e adultos que não a tinham cursado ou concluído na idade própria. Com a
emergência dos movimentos sociais e o início da abertura política na década de 80,
projetos de alfabetização se desdobraram em turmas de pós-alfabetização, nas
quais se avançava no trabalho com a língua escrita e com as operações
matemáticas básicas. Desacreditado nos meios político e educacional, o Mobral foi
extinto em 1985. Seu lugar foi ocupado pela Fundação Educar, que se absteve de
executar os programas de forma centralizada, passando a apoiar, financeira e
tecnicamente, as iniciativas de governos, entidades civis e empresas a ela
conveniadas.
Nesse período de reconstrução democrática, muitas experiências de
alfabetização ganharam consistência, desenvolvendo os postulados e enriquecendo
o modelo da alfabetização conscientizadora dos anos 60. Dificuldades encontradas
na prática geravam reflexão e apontavam novas pistas. Avanços importantes
dessas experiências mais recentes consistem na incorporação de uma visão da
alfabetização como um processo que exige certo grau de continuidade e de
sedimentação; na incorporação da cultura e da realidade vivencial dos educandos
no conteúdo da prática educativa; e no caráter crítico, problematizador e criativo que
se pretende imprimir na Educação de Jovens e Adultos.
A partir de meados da década de 80, difundem-se, entre os educadores
200
brasileiros, estudos e pesquisas sobre a aprendizagem da língua escrita com base
na Lingüística e na Psicologia, lançando novas luzes sobre as práticas de
alfabetização. Os primeiros anos da década de 90 não foram muito favoráveis às
políticas educacionais. Historicamente, o Governo Federal foi a principal instância de
apoio às iniciativas de Educação de Jovens e Adultos e de sua articulação. Com a
extinção da Fundação Educar, em 1990, restou um vazio em termos de políticas
federais para o setor. Alguns estados e municípios assumiram a responsabilidade de
oferecer programas na área, assim como algumas organizações da sociedade civil,
embora a oferta sempre tenha estado longe de satisfazer a demanda.
Assim, a história da Educação de Jovens e Adultos no Brasil chega à década
de 90 reclamando a consolidação de reformulações pedagógicas que, aliás, vêm-se
mostrando necessárias em todo o Ensino Fundamental. Em resposta, a Lei no
9.394, de 1996, terceira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, deu novo
enfoque à Educação de Jovens e Adultos.
Enquanto disciplina curricular no Curso de Formação de Docentes, buscar-se-
á explicitar os fundamentos basilares da educação de jovens e adultos, pois são
eles, tecnicamente, alvos da educação propostas para as séries iniciais,
independente da idade.
1.2. Objetivos
Traçar o perfil do aluno da EJA a partir dos condicionamentos que o descrevem;
Reconhecer que, independentemente da idade ou época da vida, é possível o
desenvolvimento e a constituição de conhecimentos, como condição de inserção
em uma sociedade regida, em sua quase totalidade, pela cultura letrada.
Perceber a estrutura Educação de Jovens e Adultos a partir do Currículo de
Educação Básica das Escolas Públicas bem como os princípios norteadores da
ação pedagógica.
Selecionar e organizar as atividades ou experiências de aprendizagem,
considerando o contexto dos alunos e suas experiências prévias.
Desenvolver estratégias que possibilitem a aceleração do processo de
aprendizagem do aluno, respeitando o ritmo de cada um.
Cuidar para que, em todas as atividades, sejam cultivados valores e atitudes e
desenvolvidas habilidades que levem ao domínio das competências básicas
201
necessárias no mundo moderno.
Implementar uma sistemática de avaliação que possibilite o acompanhamento
de resultados e a melhora permanente do processo educativo.
1.3. Conteúdos
Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
Analfabetismo no Brasil
Recursos e Investimentos da Educação de Jovens e Adultos (Internacionais e
nacionais)
Programas Nacionais e Estaduais de equalização idade/série
Determinantes da defasagem da educação dos sujeitos da EJA
Os sujeitos alvos da Educação de Jovens e Adultos
Fundamentação filosófico-metodológica da EJA
Heterogeneidade e conhecimento
Aprendizagem significativa e atuação do professor da EJA
Avaliação diagnóstico-mediadora na perspectiva da reconstrução da auto-estima
Práticas docentes para aceleração da aprendizagem
Práticas educativas para diferentes faixas etárias
Dificuldades de aprendizagem do adulto
Técnicas de organização e aproveitamento do espaço da sala de aula na EJA
1.4. Encaminhamento Metodológico
Os conteúdos desta disciplina deverão ser trabalhados integralmente como
básicos/fundantes para que o aluno tenha uma visão clara da situação na educação
brasileira, seus avanços e retrocessos, na modalidade EJA.
As determinantes que corroboraram para os altos índices de brasileiros fora
do sistema escolar, acesso, permanência e evasão, deverão ser analisadas à luz de
referencial teórico pertinente.
O fator tempo de aprendizagem deve ser tomado como elemento crucial, pois
a seriação e modalidades de ensino regulares não se aplicam para o aluno/adulto da
EJA, o que não significa tratar o conteúdo escolar de forma precarizada ou
aligeirada e, sim, abordá-lo integralmente, levando-se em consideração que o adulto
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não é uma criança grande, e também que já tem clareza do porquê e do para que
estudar.
Outro quesito a ser evidenciado nas aulas de Fundamentos da Educação de
Jovens e Adultos é o empenho que se espera dos profissionais que atuação neste
segmento e comprometimento coletivo com a formulação de uma educação de
qualidade e adequada às demandas sócio-educativas do público da EJA, tal não
deve acontecer apenas em cumprimento a uma exigência legal. Garantir a qualidade
nos processos educativos é uma construção cotidiana que envolve mantenedora e
escolas, ou seja, todos os sujeitos que fazem a Educação no Estado do Paraná.
Este grande desafio exige constante estudo e reflexão sobre as políticas
educacionais e sobre a prática pedagógica das escolas. Assim, estabeleceu-se na
proposta pedagógico-curricular a avaliação institucional, que possibilitará, por meio
da produção e aplicação de um banco de itens pelas escolas, a compreensão, a
reflexão e a mudança da prática pedagógica da escola, bem como da gestão
educacional, numa perspectiva processual, formativa e emancipadora.
Na base de todo esse processo de reorganização e reorientação do trabalho
pedagógico na Educação de Jovens e Adultos está o desafio de desenvolver
processos de formação humana, articulados com os contextos sócio-históricos e
com o enfrentamento de seus processos de exclusão, garantindo aos educandos
jovens, adultos e idosos o acesso, a permanência e o sucesso no início ou no
retorno desses sujeitos à escolarização básica corno direito fundamental.
Para que estas discussões sejam efetivamente travadas em uma carga
horária pequena o professor lançará mão de estratégias de ensino, tais como: leitura
direcionada com fichamento, estudos dirigidos, seminários e mesa-redonda, análise
de material utilizado na EJA, bem como produção de material.
1.5. Avaliação
A avaliação nesta instituição, segundo o que rege o seu Projeto Político
Pedagógico, bem como a recuperação de estudos, é tomada de forma
contextualizada e não como um momento estanque e um pontual, por isso, a
diagnose, avaliação propriamente dita, e recuperação de conteúdos são contínuas.
Considera ainda relação que se faz entre a avaliação da aprendizagem e avaliação
do ensino, considerando-se o desempenho do aluno de forma relacionada com o
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desempenho do professor e com as condições contextuais da própria escola.
Em razão dos conteúdos a serem abordados nesta disciplina, Fundamentos
da Educação de Jovens e Adultos, o professor em diferentes momentos buscará:
Verificar o grau de compreensão dos alunos, quais as dificuldades,
dando possibilidade de intervenção no sentido da superação das mesmas;
Permitir ao aluno que se torne consciente do seu processo de
aprendizagem, perceba seus avanços e suas dificuldades e possa, em
conjunto com seu professor, buscar novos modos de resolver estas
dificuldades;
Indicar ao aluno a necessidade de rever seu processo de aprendizagem e
fazer ajustes em sua performance tendo em vistas a prática docente
futura;
Auxiliar o aluno na compreensão de si mesmo, propiciando-lhe os meios
de detectar as próprias capacidades e limitações;
Fazer preponderar os aspectos qualitativos de aprendizagem, dando-se
maior importância à atividade crítica e à capacidade de síntese.
Sintetizando, a avaliação será diagnóstica, formativa e somativa com o
propósito de determinar a presença ou ausência de pré-requisitos, assim como
identificar possíveis causas de dificuldades de aprendizagem, tendo em vista o
avanço e o crescimento do educando o que exige do educador uma postura
pedagógica clara e definida. A avaliação do desempenho do aluno se dará em
diferentes experiências de aprendizagem com critérios claros e instrumentos
diversificados tais como:
Provas escritas (individuais ou em grupo)
Trabalhos escritos (relatórios, pesquisas bibliográficas, e outros)
Seminários
Debates
Produção textual de gêneros diversos
Estudos dirigidos
Painéis, murais, cartazes
Pesquisas de campo
Oficinas
Leituras diversas, entre outros.
204
1.6. Referências bibliográficas
ANDRADE, Eliane Ribeiro. Os jovens da EJA e a EJA dos jovens. In:
BARBOSA,Inês O., PAIVA, Jane (orgs.).Educação de Jovens e Adultos . Rio de
Janeiro:DP&A, 2004.
ARROYO, Miguel. A Educação de Jovens e Adultos em tempos de exclusão.
CARRANO, Paulo César Rodrigues. Identidades juvenis e escola. Alfabetização
e Cidadania . São Paulo: Rede de Apoio à Ação Alfabetizadora no Brasil (RAAAB),
n.10, nov. 2000.
CARVALHO, Erenice Natália Soares de. Parâmetros curriculares nacionais –
adaptações curriculares. Brasília: MEC/SEESP, 1999, p.15.
Documento elaborado pelo departamento de educação de jovens e adultos -
secretaria de estado da educação; Governo do Estado do Paraná/Secretaria de
Estado da Educação do Paraná/ Departamento de Educação de Jovens e Adultos/
DEJA / coordenadora geral: Maria Aparecida Zanetti.
FURTADO, Eliane Dayse Pontes. Estudo sobre a educação para a população
GOMES, Candido Alberto, CARNIELLI, Beatrice Laura. Expansão do ensinomédio:
temores sobre a educação de jovens e adultos. Cadernos de Pesquisa ,2003, n. 119,
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HENRIQUES, Ricardo.Raça e gênero nos sistemas de ensino. Brasil . Rio de
Janeiro: Unesco, 2002.
IRELAND, Timothy. Escolarização de trabalhadores: aprendendo as ferramentas
básicas para a luta cotidiana. In: OLIVEIRA, Inês B., PAIVA, Jane (orgs.).Educação
de Jovens e Adultos . Rio de Janeiro: DP&A, 2004.
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar. 8 ed. São Paulo: Cortez,
1998, p. 94.
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Charles Magne. Porto Alegre: Artmed, 1999, p. 79.
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WERTHEIN, Jorge. Alfabetismo ou analfabetismo.
In:http://www.unesco.org.br/notícias/artigos/art_alfabe.asp acessado em 17/02/2004
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