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o QUE OS ESTU~ANTES__ BOICOTAM O ENADE1t

QUEOS ESTU~ANTES BOICOTAM O ENADE1t

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o QUE OS ESTU~ANTES__BOICOTAM O ENADE1t

E vamos ao botcoeerA Lei 10.861 de 14 de abril de 2004, ini-

cialmente Medida Provisória, que instituiuo Sinaes (Sistema Nacional de Avaliacáo daEducacáo Superior) marcou o início da im-plementacáo da Reforma da Educa cáoSuperior. Tal sistema compóe-se da avaliacáodas Instituicóes de Ensino Superior, doscursos de graduacáo e do desempenho dosestudantes.

A principio, é difícil acreditar que estesistema possa ser danoso ao ensino público.Afínal, nao seria a avaliacáo um instrumentoeficaz na localizacáo de problemas e na suaconseqüente solucáo? No entanto, como con-sideraremos a seguir, uma avalíacáo nuncaé feíta de forma neutra e carrega consigomodelos a serem seguidos. Infelizmente, osparámetros avalíativos do Sinaes contém umparadigma de uníversidade diametralmenteaposta áquele defendido historicamentepelos movimentos de educacáo.

No Sinaes, repete-se a mesma lógica pre-sente nos anos de Paulo Renato frente aoMínístério da Educacáo: para resolver o pro-blema do sucateamento da uníversidadepública, basta acabar com ela. Qual é aresposta do Sinaes as ínstítuícóes que tíve-rem maus desempenhos? Punicáo de seusdirigentes e, em último caso, fechamento dauniversidade. Em nenhum momento preveaumento de yerbas, prerrogativa básica paraqualquer melhoria no ensino público. Esteaumento também nao é previsto no Antepro-jeto de Leí do Ensino Superior e em nenhumprojeto do atual MEC em seus quase tresanos de mandato.

Ocorre no Sinaes uma ínversáo na qual osistema público de ensino superior passa aser considerado responsável pela falta deinvestimentos nos demais níveis de ensino.Isso esconde a esséncia de uma ideologiahegemóníca: 05 servícos públicos impedemo inquestionável pagamento da dívidaextema.

Desta forma, osestudantes reafirmarnneste momento a defesa do ensino público ea revogacáo do SINAES. O Enade, avalíacáodo Sinaes aplicada diretamente aos estudan-

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tes, será realizado día 12 de novembro de2006. Nesta data os estudantes tém a opor-tunidade histórica de mostrar a sociedadebrasileira e ao govemo federal que nao fíca-ráo de bracos cruzados frente a transforma-c;aode nossas universidades em fábricas dediplomas. Neste sentido, convocamos osestudantes que foram sorteados para realizaro exame a zerar a pro va, como forma dedenuncia e luta contra a privatizacáo e adesqualíficacáo da Uníversídade Brasileira.

"Que se pinte de negro, que se pinte demulato, que se pinte de operário, '" pois auniuersidade nüo pertence a ninguém e sim a todopooo." (Ernesto Guevara) ~

Histórico da avaliac;aoinStituciona! na educacéosuperior bresllelre

Para entender um pouco o contexto noqual o Sinaes foí elaborado e está sendoimplantado, precisamos mergulhar umpouco numa hístóría recente de diversasexperiencias de avalíacóes institucionais daeducacáo superior brasíleíra.

A prímeira experiencia de avaliacáo dasnossas universidades aconteceu durante ogoverno Itamar Franco (1992-1994), com oPrograma de Avaliacáo Institucional dasUniversidades Brasileiras, o Paiub. Ele eraelaborado a partir dos trabalhos de urnacomissáo, formada por iniciativa da Andifes(Associacáo Nacional dos Dirigentes dasInstituicóes Federais de Ensino Superior) eintegrada por mais outras entidades ligadasa comunidade académica (como a AssociacáoBrasileira de Reiteres das UniversidadesEstaduais e Municipais - Abruem, Asso-ciacáo Nacional das Universidades Particu-lares -Anup, Associacáo Brasileira de EscolasSuperiores Católicas - Abesc e os Fóruns dePró-Reitores de Graduacáo, de Pesquisa ePós Craduacáo, de Extensáo e de Planeja-mento e Administracáo), com a orientacáode professores e pesquisadores especialistasem avaliacáo institucional. O programa, quetinha como etapas príncípaís a avaliacñointerna, a avaliacáo externa e a reavaliacáo,

contava com a adesáo voluntaria das univer-sidades no processo avaliativo. Era, portanto,urna avaliacáo que objetivava a transfor-rnacáo das universidades. O Paiub logorecebeu incentivos e investimentos do MECpara seu desenvolvimento, tomando-se urnprograma nacional. Ern 1994, primeiro anodo programa, 59 universidades aderíram aoprocesso, sendo atingído o número de 94universidades (75% das universidadesbrasileiras) em 1996.

Com a posse de Paulo Renato de Souzano MEC, no início do mandato de FHC frentea presidencia da República, a avaliacáoinstitucional das universidades brasileirassofreu um grande retrocesso. Se o Paíub tinhaalgumas falhas, elas nao eram de concepcáode educacáo e do papel da avaliacáo institu-cíonal (o que pressupóe uma concepcáo deeducacáo e de estado), mas de ordemmetodológica - como a flexibilidade para aescolha dos métodos a serem utilizados noprocesso de avaliacáo interna, por exemplo.

Os anos de FHC ePaulo Renato represen-tam o avance de urn projeto mercantilistapara a educacáo brasileira. A premissa deavalíacáo para a transformacáo é abando-nada; ela deve se pautar agora pela concor-renda, capaz de conferir cornpeténcia asínstítuicóes de ensino superior. Enessa lógicaque o Exame Nacional de Cursos (ENC), oProváo, surge. A prova, aplicada aos estu-dantes do último e do penúltimo período decada curso, avaliava por comparacáo: 12%das lES avaliadas recebiamA, 18% recebiamB, 40% fícavam corn C, 18% com D e 12%corn E. Paulatinamente, o Prováo, que seinícíou em 1996, foi substituindo os recursosantes destinados ao Paiub. Os cursos mal-avalíados recebiam retaliacóes, o que confereao Prováo urna lógica punitiva. Além de seruma avalíacáo somente do produto da for-macáo académica e nao do seu processo.

Como resposta a um processo de avalia-~ao corn o qual nao concordavam, os estu-dantes organizaram urna campanha deboicote ao Prováo, Essa campanha iniciou-se em alguns cursos superiores e se estendeucomo geral e nacional, promovida peloFórum de Executivas ePederacóes de Curso.

Este último organizou em conjunto com aUníáo Nacional dos Estudantes (UNE) emui-tos centros e diretórios académicos o Plebis-cito do Prováo, realizado entre 17 de abril e17 de maio 2002 em diversas escolas do país.

Paralelamente ao Prováo, foi instauradaaAvaliat;ao das Condicñes de Oferta (ACO),que pretendía analisar a organizacño didá-neo-pedagógica, o corpo docente e as instala-~i5es e, na prática, veio complementar oranqueamento iniciado pelo Prováo. Ou seia:a mesma tática de estimular a competitivi-dade e de forre apelo midiático. Além disso,a ACO repete do Prováo o desrespeito asespecificidades regionais e a autonomíauniversitária, ao ímpor um modelo único deavaliacáo para o país inteiro.

Em 2003, já no mandato de Lula a frenteda presidencia, o entáo ministro CristovamBuarque convoca urna comíssáo de especia-listas para elaborar um novo projeto deavaliacáo institucional para a educacáosuperior brasileira. Como resultado, é elabo-rado o Sistema Nacional de Avaliacáo Educa-c;aoSuperior, o Sinaes. ~

Sihaes: urna vlséo neoiiberalda educecéo

É importante ressaltar que umaavalíacáo. qualquer que seja, sempre seproduz sob urna determinada visáo demundo, e, inevitavelmente, reforca urnalógica. A avaliacáo nao é neutra, ela trazconcepcóes sobre a educacáo superior e sobrea sociedade, nao consegue simplesmenteapresentar aspectos neutros, técnicos emetodológicos.

A lógica sob a qual o Sinaes é construidoé a de urna avaliacáo padronizada pela"qualidade" mercado lógica das ínstítuícóes,dos cursos e dos estudantes, balizada pelateoria do capital humano. Sob essa lógica, aeducacáo é ímportantíssíma, mas nao devidoao seu caráter emancipador, libertador etransformador, mas devido as possíbílídadesde ascensáo social, ganhos individuais ecapitalízacáo de recursos.

Para os organismos internacionais e parao empresaria do da educacáo, as universida-

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des devem ser cada vez mais "autónomas"financeiramente para maís efetivamenteresponder ao pacto com as forcas do mercadoe descarregar o Estado de seus custos. Destaforma, devem produzir conhecimentos úteise rentáveis, como condicáo de sua sobrevive-ncia no dito mercado educacional.

Aí entra a avaliacáo como instrumentode medida e controle, ou seja, uma avaliacáoque responda as expectativas de eficiencia eprodutividade que os Estados controladorestém a respeito da educacáo superior.

Na sociedade consumista, o Sinaes seconfigura como urna espécie de 'Inmetro dasUniversidades', e o estudante assume o pa-pelde um consumidor que tem o 'direito' de saberqual o melhor produto, e qual o seu custo/beneficie em determinada ínstituícáo, etc.

Entendemos avalíacáo como uma parteimportante dos processos educacionais eformativos¡ onde - a partir de uma análisediagnóstica e propositiva das condicóesobjetivas das universidades ern termosestruturais, pedagógicos e políticos, e a partirdo entendimento das especificidadesregionais e da diversidade, dos quadrosdocentes, técnico-administrativos ediscentes, da relacáo entre teoria e práticaestabelecida nos currículos dos cursos, dosvínculos criados com a comunidade por meíoda articulacáo do tripé ensino-pesquisa-extensáo, e da construcáo de um projeto denacáo que supere os marcos do capitalismo- estabelecemos relacóes de sentido com arealidade, transformando-a. Entretanto, oSinaes busca construir um modelo deuníversidade que passa longe daquela quedefendemos, multo embora um olharvacilante possa encantar-se a primeira vista.

O Sinaes faz referencia direta a grandesreívíndicacóes históricas do movimento deeducacáo,

"O Sinaes tem por finalidades a melho-ría da qualidade da educacáo superior, aorientacáo da expansáo da sua oferta, oaumento permanente da sua eficácia ínstítu-.cional e efetividade académica e social e,especialmente, a promocáo do aprofunda-mento dos compromissos e responsabilida-des sociais das instituicóes de educacáoq.

superior, por meio da valorizacáo de suamissáo pública, da promocáo dos valoresdemocráticos, do respeito a díferenca e adiversidade, da afirmacáo daautonomía eda identidade institucíonal" (Lei n~ 10.861,Art. 1º, § 1Q).

Qualidade, democracia e diversidade.Essas express6es, que seriam apropriadas emum projeto em favor da universidade públi-ca, gratuita, laica, de qualidade e socialmentereferenciada, aparecem no projeto do Sinaescomo fragmentos aleatórios que visam aoengano dos mais incautos. "Respeito adiversidade" que nao respeita a regiona-lidade - com a padronízacáo de um exameúnico e nacional, o que significa que ummédico formado em Manaus deve seravaliado da mesma forma que um médicoformado em Porto Alegre. "Promocáo devalores democráticos" que cerceiam a auto-norma dos movimentos da Educacáo - osrepresentantes discentes, docentes e técnico-aclministrativos na Conaes seráo indicadospelo Presidente da República, e nao pelopróprío movimento - e que condiciona aformatura do estudante a feitura obrigatóriado Enade. "Qualidade de Educacáo" subme-tida a nefasta lógica do darwinismo acade-mico ("só os melhores sobrevivem"), e orien-tada pelas demandas de mercado: a melhoreducacáo técnico-instrumental possível.

Na verdade, o Sinaes aprofunda e aper-feicoa as características do Prováo que erarnmais criticadas pelo movírnento estudantil einaugura outras também bastante negativas:

1. RanqueamentoNo Sinaes, o desempenho dos estudantes

no Enade será expresso por conceitos "orde-nados em urna escala com 5 (cinco) níveís",assim como o desempenho das instítuicóese dos cursos, a exemplo de como era feito oProváo. Senda assim, os resultados do Enadesáo utilizados facilmente como propagandapara o mercado, enfatizando urna visáoprodutivista do ensino em detrimento do seupapel social (identidade social da Univer-sidade). Sabemos que avahar uma instituicáocom A ou E (ou como no Enade com 1 ou 5)nao resolve em nada a situacáo dela. É como

a velha história do médico que depois deavahar o seu paciente diz que a sua saúdeestá "En, mas nao especifica qual remé diotomar ~ nem dá condicóes para o doente securar. E preciso desenvolver urn diagnósticoelaborado da situacáo do curso e da ínstitui-cáo para que com ísso possa se efetuar urnaverdadeira transformacáo qualitativa nascondicóes de aprendizagem das universida-des brasileiras. Esse é o papel de urna avalia-¡;ao institucional de verdade. E o Sinaes,assim como o Prováo, nao dá conta disso.

2. Caráter punitivo e obrigatórioAssim, como oProváo, que revertia mais

investimentos aos cursos com notas maisaltas, deixando os com notas baíxas commenos aporte de recursos (em vez de ajudaros cursos que precisam, premiavam os me-lhores), o Sinaes se mantém com o mesmocaráter de punícáo, Ele penaliza os cursosque foremmal-avaliados e nao conseguiremse recuperar, como se o Estado nao tivesseresponsabilidade algurna corn isso. Ao serpunitivo, o Enade nao fornece urna análisecrítica e propositiva para intervencóesvisando sanar os problemas, além de naocompreender o Estado como responsávelpela Educacáo, ficando este como um meroobservador-regulador.

Além dísso, a realizacáo do Enade é umcomponente curricular obrigatório para oestudante. Dessa maneira, todos os estudan-tes convocados devem estar presentes nolocal da prova, caso contrario, constará noseu histórico académico a sua irregularidade.

3. Ce ntral izaeáo e desrespeito ascaracterísticas regionais

Se no Prováo tínhamos urna comissáoextremamente excludente, formado pqr"especialistas de notório saber", a Cona es,comissáo responsável pela coordenacáo eplanejamento do Enade (ver explícacáo nopróximo texto), é composta majorítariamentepor representantes do MEC, ou pessoasindicadas por este. Dessa maneira, o proces-so de avaliacáo é centralizador, havendoausencia de critérios para a sua composícñoque indiquem a partícípacáo das Instituicóes

de Ensino Superior e da sociedade civil.E, como já citamos anteriormente, o Ena-

de des considera as particularidades sociais,políticas, económicas e culturaís entre asdiversas regióesbrasileiras, pois é urn exameúnico para todo o país.

4. Ind if erenci acño entre público eprivado

Assim como na avalíacáo do governoFHC, o Sinaes ignora a necessidade de urnaavaliacáo que diferencie sua análise entrepúblico e o privado. Todo o enfoque e ométodo de avaliacáo sáo os mesmos para osdeis casos. Nao se pode avaliar da mesmarnaneira urna instituicáo que depende deyerbas públicas para semanter - yerbas essasque variam conforme os reveses políticos dopaís - e urna instituicáo cujo financiamentoprovém diretamente da arrecadacño com asmensalídades e que pode aurnentá-las semnenhurn tipo de regulacáo ou restricáo.

5. Premiacáo dos bem-colocadosO Sinaes premia os estudantes de melhor

desempenho no Enade com bolsas deestudos do MEC (Lei 10.861, Art. 5, § 8º e109), característica que o Prováo nao possuía.Além de avaliar individualmente cada estu-dante, acirra a competitividade entre estes eenfraquece os possíveís boicotes, poís oavaliado terá que abrir máo de concorrer aesses premios.

Nao podemos deíxar de perceber que atentativa de' comprar' os sorteados com bol-sas de estudos fere um princípio constitucio-nal mui.to importante que é o da ísonomia,ou seja, a igualdade de direitos. ~

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r Sinaes por eje mesmoNo Sinaes, o marco regulatório da avalía-

~ao é definido a partir de uma concepcáo deuniversidade como organízacáo social, ondea existencia de dais pólos sociais (capital etrabalho) é entendida com tamanha natura-lidade que a universidade nao cabe questio-ná-la, Caí porterra, portanto, um paradigmahistoricamente defendido pelos setores pro-gressistas da sociedade, que percebem a lU1Í-

versidade como instituicáo, capaz de ques-tionar a si mesma, aos sistemas sociais ebuscar res postas para suas contradícóes,caracterizando-se assirn como espa~o eman-cipatório e de luta da classe trabalhadora.

ConaesInstituí-se uma Comissáo Nacional de

Avalíacáo da Educacáo Superior (Conaes),cornposta por representantes dos órgáosgovernamentais, especialistas "iluminados"das áreas de conhecimento e indicados pornomeacáo presidencial para representarestudantes, professores e técnico-adminis-trativos (Lei No 10.861, Art.?"), Esta comíssáotem plenos poderes decisórios sobre asquestoes burocráticas, pedagógicas emetodológicas da avaliacáo do ensinosuperior, sendo, portanto, responsável pelainstituicáo e aplicacáo dos instrumentosavalíatívos do Sinaes.

O prccesso avaliativo proposto peloSinaes se concretiza a partir de tres etapas:

1) Avaliacáo das Instituicñes1. Avaliaqiio externa in loco, ande as

Comissóes Externas de Avaliacáo Institucío-nal designadas pelo Inep avalíaráo as univer-sidades (Portaria N° 2.051, Art. 13º). Esta eta-pa da avalíacáo é entendida corno subsidiopara formulacáo de políticas públicas educa-cíonaís e de gestáo e financiamento das instí-tuicóes. N esse ponto é importante reafirmarque nao existem formulacóes que possibí-litem ao conjunto da sociedade compreen-der os critérios avalíativos. A total autonomíadestas comíssóes toma-se algo preocupanteno sentido de que nao há na regulamentacáodo Sinaes urna oríentacáo metodológica para

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a realizacáo das avaliacóes, I2. Auto-aooliacdo das instituícoes, constítul

parte importante- do pro~esso avaliativo(visto como avance pedagógico na compre[ensáo de avaliacáo como prática edUCatiV~porém mais urna vez cabe a Conaes estabeIecer critérios adorados arbitr~iam~ntlDeverá ser formada uma Comíssáo Propnfde Avalíacáo (Portaría 2.051, Art. 10°), quatuará seguíndo procedin1entos estabeIecidos pela Conaes, procedímentos estes qunao sáo mencionados nem na Lei do Sinae(10.861) enemna portaría que o regulament(2.051). E, mais urna vez, autonomía tem se 1

conceito destorcido.

2) Avaliacño dos cursos de graduacño IEssa etapa será realizada por Cornissóes

Externas de Avaliacáo de Cursos, formada~por especialistas designados e treinados PeIrInep, que avaliaráo a estrutura física e ped -gógica dos cursos, e reuniráo um dossíé s -bre a situacáo de cada um. Essa avalíacáservirá co~o fundamentacáo para sereconhecimento, fazendo rnencáo inclusiva cursos com proposta de educacáodistancia. (Portaría 2.051, Art. 21 º)

3) Avaliacño nacional do desempenhrdos es tu dan te s

O Enade é, assim corno o Prováo, mn~prova de fase única, nacional e ineficaz en-quanto instrumento avaliativo. Para a fo~-mulacáo do exame, o Inep contará com Eayoio técnico de Comissóes Assessoras po~Area, cuja composícáo nao é especificada enenhurn momento, sabemos some~te qu¡elas sáo designadas pelo própno Inep(Portaría 2.051, Art. 4º e 24º). Sabemos, COlra nossa experiencia de Prováo, que esseFtipos de comíssóes sáo formadas por eSP1-cialistas "de notório saber". Urna das suascaracterísticas mais comuns é, portanto, ~presen~a de profis.sionais ou de .conselhonao representatIvos do conjunto dcategoria, de maneira que perpassam pel~sescolhas relacionadas ao Enade questí3Jscorporativístas internas de cada urna dasprofissí3es. ? I

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Sinaes e a 'Reform aUniversitária do governo Luta

Analisando o sistema educacional brasí-leiro, particularmente o universitário, ficaclara a necessidade de mudancas estruturaisprogressistas, que reproduzam novasconcepcóes de modelo filosófico-pedagógico.Modelo este que contribua para a construcáode urna socíedade igualitária, nao excludentee opressora.

Hoje, no Brasil, vivemos um momento emque o governo Lula propóe diversas reformasestruturaís de base (previdéncia, sindical,trabalhista etc) com claro caráter neoliberal.A linha conceitual que norteia estas propo-stas segue, portanto, no sentido de privile-giar as práticas de mercado e retirar do Es-tado suas responsabilidades públicas(educacáo, saúde, renda e outras).

Essa reforma uníversitária nao foge aregra. Traz urna proposta de aprofundame-nto da mercantílízacáo da educacáo, ao passoque aliena o Estado da sua funcáo de mante-nedor da educacáo pública e gratuita. .

A estratégia adotada pelo governo paraírnplementacáo dessa reforma foi a fragmen-tacáo dos principais pontos em diferentesprojetos. Isso potencializou a fragilízacáo dosmovimentos pela educacáo, que¡ devido 11coruuntura política do país¡ já se encontra-vam desarticulados. Hístoricamente, eramesses movimentos que assumiam o embateas políticas neoliberais. Esse processo de di-visáo dos projetos desviou, intencionalmen-te¡ a atencáo da sociedade e dos mo-vimentossociais do entendimento de que havia, sim,urna Reforma Universitária em curso.

Como primeiro passo dessa reforma u..TÚ-

versitária, o governo aprovou¡ inicialmentecomo MP¡ o projeto de Leí do Sinaes.Seguindo o padráo de toda a reforma, a leido Sinaes, como já colocamos anteriormente¡nos coloca urna esséncia neoliberal de avalía-~ao institucíonal, a exemplo das propostasde ranqueamento, prerniacóes e punícóes,desresponsabilizacáo do Estado, entre outras.

Em seguida, o que se viu foi urn bombar-deamento de projetos que arneacam aconcepcáo de educacáo defendida pelos

movimentos de esquerda. Como um dospilares desse processo, surge o projeto de Ieique regulamenta as Parceiras Público-Privadas (PPPs), trazendo urna maléñcaliga<;;aoentre estes setores supostamenteantagónicos da sociedade. Também a Leí deInovacáo Tecnológica cartega essa carac-terística¡ ao moldar a linha de pesquisa dasIFES a partir das demandas do mercado.Como marco da investida do governo contraa educacáo universitária de qualidade comodireito, ternos o Programa Universidade paraTodos (ProUni), que desvía yerbas públicas(através de isencáo de impostos) para as IESparticulares, com a justificativa de ocupacáode vagas ociosas com bolsas para estudantesde baixa renda. Nao há a preocupacáo, po-rérn, em viabilizar urna estrutura - comomoradias estudantis, bibliotecas, bolsasalímentacáo - que garanta o aprendízado e aprática universitária destes estudantes.

A última proposícáo do governo acercada Reforma Universitária foi o projeto quemuitos esperavam desde o inicio: o Ante-projeto de Lei da Educacáo Superior, queagora já está na sua terceira edicáo. Esta leíse dispóe- em diversos pontos como fínan-cíamento, assísténcía estudantíl, entre outros- a regulamentar o sistema de ensino supe-rior no Brasil. Ela apresenta pautas claramen-te reduzidas 11 luz do que seria necessáriopara construir um sistema realmente pro-gressista e transformador da sociedade.

O Sinaes aparece como balizador dealguns pontos do texto¡ como a abertura ereconhecimento de novos cursos ourevalidacáo de concessóes, explicitando quea Reforma nao está composta somente, comoo governo afirma, pelo anteprojeto. ~

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o Enade COIOU do 'Provao e eucoiei tia Enadel

Como vimos, movimento estudantil temum histórico de lutas que reívindicam urnareal avaliacáo do ensino, numa perspectivapública, gratuita e de qualidade para as uni-versidades. Ao estudar essa proposta de ava-liacáo, colocada como nova, percebemos quepouca coisa muda e o que muda, fíca pior.

O projeto de nacáo que vem como panode fundo da universidade proposta peloSinaes é um projeto neoliberal e capitalista.Urna universidade desigual, com o conhe-cimento voltado para o mercado de trabalho,pesquisa desatrelada de ensino e extensáo,parcerias público-privadas, oposto ao de-fendido historicamente pelos movimentossocíaís, que se véem perplexos diante doavance imperialista das políticas neoliberais.

Nao é preciso muito para perceber queessa prova nao interessa a quem temcompromisso com a universidade pública ea qualidade de formacáo, É inaceitável queestudantes do primeiro e último ano sejamobrigados a participar de urna avaliacáo quemede rendimentos. E preciso dízer nao aoEnade, como fizemos com o Prováo, As duasavaliacóes sáo iguais. Urna, cópia da outra.E nós, continuamos a colar nosso adesívo edizer que estudante nao é burro. Queremosoutra aval iacáo e outros rumos para aeducacáo nesse país.

Quem boicota o ENADE em 2006?Esse ano o Enade será aplicado em 15

cursos: adrnírus tr acáo, arquivologia,biblioteconornia, biomedicina, cienciascontábeis, CIencias económicas,comuní cacáo social, design, d ireíto,música, forrnacáo de professores,psicología, secretariado executivo, teatroe turismo.

Participam da prova:- estudantes do primeiro ano (que até.

o día 06 de agosto tenham concluí do entre7% e 22% da carga mínima do curso);

- estudantes do último ano (que tenhamconcluído pelo menos 80% da carga mínimado curso). Essa selecáo é feita de maneiraaleatória.8

Data da Prova12 de novembro de 2006Manual do boicote 2006A partir da experiencia de boicote em

2005, essa cartilha reúne algumassugestóes de atividades para preparacáodo dia 6 de novembro, o dia do boicote.

1} Criacáo de coletivos pró-boicote nosestados, formados pelos Centros eDiretórios Académicos, DiretóriosCentráis dos Estudantes, Executivas ePederacócs de curso r UEEs. Propostaindicada tarnbém no Pórum de Executivas.A idéia é que mesmo as entidades geraíse de curso que nao es táo diretamenteligadas ao boicote participem para ajudar.

2) Debates nas es colas sobre o Enade,com estudantes, professores e técnicos edistribuicáo da cartilha corno forma depolítízar a discussáo. A decisáo do boicoteem cada escola deve ser feíta em assembléíasdos estudantesque faráo él prova ou dosestudantes do curso em geral.

3) Mapear os locais de prova e criartabelas com a divisáo das pessoas queestaráo nas portas no día do exame paradistribuir panfletos e o adesivo do boicoteo

Informacoes importantes:- O estudante que nao comparecer a

prova, pode ter problemas com a retirada dodiploma, além de constar no documento:"Nao compareceu ao Enade". Por isso é im-portante comparecer, para boicotar é claro!

- Quem comparece á prova, mas nao afaz (entrega em branco e adere ao boicote)nao é punido por isso. Por isso, sugere-se quecada estudante leve o adesivo da campanhapara colar na sua prova e entregá-la.

- O estudante do prirneiro ano tende aachar que caso boicote o Enade, pode ter seuhistórico académico prejudicado, e isso naoé verdade, O boicote é urna opcáo que dizrespeito a nao legitimar urna prova quenao diz respeito a qualidade do ensino,Assim, o raciocínio certo é o inverso:quem faz o Enade, tern sua formacáoprejudicada pois ele nao atesta a realavaliacáo que a comunidade universitáriasempre exigiu. Ef