DIABETESVIVER EM EQUILÍBRIO
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Nº 61 • € 3,99 (Cont.)
INVESTIGAÇÃO
NA DIABETES
O QUE TRAZ DE NOVO?
CONTAR PORÇÕES
COMBINAR ALIMENTOS
PREVENIR A DOENÇA
RENAL DIABÉTICA
CONTAR PORÇÕES
HIDRATOS
DE CARBONO
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RENAL DIABÉTICA
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RENAL DIABÉTICA
PREVENIR A DOENÇA
CARBONO CARBONO
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL EM TEMPOS DE CRISE
DICAS E CONSELHOS
DOS ESPECIALISTAS
EDITORIAL
Diabetes 3
S egundo o ditado, “depois da tempestade vem a bonança”. Espera-se, pois, que depois de um ano com o país no olho de um dos vários furacões económicos que assolaram a Eu-
ropa, este ano de 2012 possa ser um tempo de bonança. Teme-se, contudo, que após as festas natalícias, mais tempestades se pos-sam formar ao largo e que as mesmas continuem a ameaçar e de-monizar as nossas melhores expectativas de um futuro mais riso-nho, mais arejado. É neste contexto de restrições, de reduções de custos, de exigências da troika, que a nossa Associação quer con-tinuar a manter o mais possível o que conseguiu construir e so-lidifi car até agora. Mas queremos também pensar que podemos dar início a outras ideias, a parcerias com outras instituições, a tentar conhecer melhor a dimensão da diabetes em Portugal. O
desafi o que se nos coloca é como conseguir todos estes objectivos com os parcos recursos que vamos tendo e manter a motivação e o estímulo dos envolvidos nestes projectos, sem lhes poder ofere-cer muito em troca. Depois do início da hemodiálise no trimestre passado e da organização da reunião do EASD, que deu enorme visibilidade à APDP e ao país, aprestamo-nos para pôr em prática outras ideias. Pretendemos alargar e agilizar o rastreio de retino-patia e demos início ao PREVADIAB-II. Queremos ser mais proac-tivos nas acções de formação com o exterior. Dar mais espaço à investigação e à colaboração com as faculdades. E manter a qua-lidade dos serviços prestados. Esperemos que, depois das festas, venham, não mais tempestades, como muitos arautos aunciam, mas alguma bonança. E que os nossos governantes continuem a acreditar que nós podemos ser um parceiro fundamental na luta contra a diabetes. Que estamos na linha da frente dessa batalha e não vamos recuar. Precisamos de armas e munições para o fazer com alguma hipótese de sucesso. Bom ano para todos.
APDPACREDITAR
NO FUTURO
Pedro Matos Editor
«QUEREMOS SER MAIS PROAC-
TIVOS NAS ACÇÕES DE FORMA-
ÇÃO COM O EXTERIOR.»
«PRETENDEMOS ALARGAR E AGILIZAR
O RASTREIO DA RETINOPATIA.»
Por opção do autor, o conteúdo da presente página não se encontra conforme as normas do Acordo Ortográfi co.
34 Prevenir a doença renalassociada à diabetes.
4 Diabetes
ÍNDICE DE CONTEÚDOS
03 EDITORIAL
08 CORREIO DO LEITOR
10 IMAGENS DO CORPO HUMANO
12 CONSULTÓRIOEspaço para esclarecimento das suas dúvidas.
17 ATUALIDADE A atualidade no mundo sobre a diabetes relacionada com bem-estar, exercício e nutrição.
29 COMPREENDER A DIABETES
Conselhos práticos sobre estilo de vida, a autovigilância da doença e suas complicações.
33 DESCODIFICADOR CIENTÍFICO
Mitos e factos relacionados com a diabetes.
34 A PREVENÇÃO DA DOENÇA RENAL
Estratégias para prevenir a doença renal associada à diabetes.
38 ENTREVISTA COM ALMEIDA SANTOS
O testemunho de vida de António Almeida Santos.
42 ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL EM TEMPOS DE CRISE
Conselhos para opções alimentares saudáveis e económicas.
48 CONTAGEM DOS HIDRATOS DE CARBONO
Como contar os hidratos de carbono no dia a dia.
52 ENTREVISTA COM PHILIPPE HALBAN
A atual investigação científi ca na área da diabetes.
57 CULINÁRIA
Quatro receitas deliciosas e saudáveis.
67 A SUA APDP
Espaço de notícias e agenda da APDP. 76 DIABÉTICO ILUSTRE
Homenagem a Miles Davis.
81 MENSAGEM DO PRESIDENTE
ConsultórioEspaço para colocar
as suas dúvidasacerca da diabetes.
12
42Alimentação saudável
em tempos de crise.
57Culinária
Receitaspara uma saúde em
pleno.
48 Como contar oshidratos de carbono.
76O perfi l do ilustre diabético
Miles Davis.
Diabetes 5
CO
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DO
RES
LUÍS GARDETE
Presidente da APDP
MARIA JOÃO AFONSO
Nutricionista
PEDRO MATOS
Médico Cardiologista e Editor da Revista
JOSÉ MANUEL BOAVIDA
Presidente da FundaçãoErnesto Roma
ANA LOPES PEREIRA
Nutricionista
ANA RAIMUNDO
Dietista
LEONE DUARTE
Endocrinologista
PATRÍCIA BRANCO
Nefrologista
RITA BIRNE
Nefrologista
JOÃO FILIPE RAPOSO
Diretor clínico da APDP
RUI DUARTE
Endocrinologista
6 Diabetes
FICHA TÉCNICA
DIABETES
VIVER EM EQUILÍBRIO
DIRETOR Luís Gardete Correia
EDITOR Pedro Matos
COORDENAÇÃO EDITORIAL Violante Assude
CONSELHO CIENTÍFICO Luís Gardete Correia,
João Filipe Raposo, João Nunes Corrêa,
José Manuel Boavida, Pedro Matos, João Nabais,
Ana Mesquita, Lurdes Serrabulho
SECRETARIADO Carla Trincheiras, Cristina Silva
e Sónia Silva
TEL. 213 816 112 FAX 213 859 371
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INTERNET www.apdp.pt
PROPRIEDADE
APDP – Associação Protectora dos Diabéticos
de Portugal
SEDE SOCIAL: Rua do Salitre, 118-120,
1250-203 LISBOA
EDIÇÃO
GOODY S.A.
Sede Social Avenida Infante D. Henrique, Nº 306,
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TEL. 218 621 530
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ASSESSOR DA DIREÇÃO GERAL Fernando Vasconcelos
COORDENADORA EDITORIAL Violante Assude
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REDAÇÃO Ana Margarida Marques
REVISÃO Catarina Almeida, Inês Gonçalves,
Marta Pinho, Rita Santos
COORDENADOR DE PRODUÇÃO EXTERNA
António Galveia
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO INTERNA
Paulo Oliveira
COORDENADOR DE CIRCULAÇÃO Carlos Nunes
FOTOGRAFIA Mafalda Melo, Paulo Andrade,
Pedro Vilela, Contraste Fotografia, Multicom
BANCO DE IMAGENS Dreamstime, Getty Images,
Science Photo Library
EDITORA DE ARTE Sofia Marques
PAGINAÇÃO Sofia Marques, Cláudia Correia
ILUSTRAÇÕES Cláudia Correia
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INSCRIÇÃO NA ERC 101391
DEPÓSITO LEGAl 101662/96
ISSN 0873-45DX
QUEM SOMOS
A APDP é uma Instituição Particular de Solidarie-
dade Social, fundada a 13 de maio de 1926 por
Ernesto Roma, reconhecida como a mais antiga
Associação de Diabéticos do mundo e é Decana da
Federação Internacional de Diabetes (IDF)
A NOSSA MISSÃO
A APDP desenvolve as suas atividades quer na luta
contra a diabetes, procurando conhecer melhor a
doença e explorando novas formas de tratamento,
como também no apoio à pessoa com diabetes,
criando estruturas capazes de dar resposta aos
diversos problemas que envolvem a diabetes.
DIREÇÃO
PRESIDENTE: Luís Gardete Correia
DIRETOR CLÍNICO: João Filipe Raposo
TESOUREIRO: José Alberto Ferraria Neto
VOGAIS: João Valente Nabais, Luís Filipe Nazaré
SEDE SOCIAL
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CONTRIBUINTE N.º 500 851 875
«Espera-se que campanhas como a atual no Dia
Mundial da Diabetes continuem a aumentar a voz das pessoas com
diabetes e a mobilizar a ação a uma escala global.»
Comunicado da International Diabetes
Federation (IDF), no dia 14 de novembro
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8 Diabetes
CORREIO DO LEITOR
«Foi criado no Facebook o grupo Pais de Crianças com Diabe-tes tipo 1. Sem qualquer divulgação, foi crescendo de boca em boca e hoje tem cerca de 200 membros.»
Pedro Lopes, via e-mail
01 Diabetes nas redes sociais Pais de crianças com diabetes tipo 1
“Em dezembro de 2010 foi criado no Facebook o Grupo Pais de Crianças com Diabetes tipo 1. Sem qualquer divulgação, foi crescendo de boca em boca e hoje tem cerca de 200 membros que diariamente partilham dicas e truques sobre a diabetes, frustrações do dia a dia e vitórias que conquistamos num clima de apoio e suporte para pais mas que se torna muito importan-te para as nossas crianças. Convido todos os que de-sejarem pertencer a este grupo a colocar na barra de pesquisa do Facebook ‘Pais de crianças com diabetes tipo 1’ e selecionar a opção ‘Pedir para aderir ao Gru-po’. Apenas os membros do grupo têm acesso ao que se escreve, não havendo uma exposição das nossas partilhas ao mundo, mas apenas a um grupo restrito. Faz ainda parte do grupo um alargado painel científico constituído por médicos, enfermeiros, nutricionistas que nos apoiam e garantem a credibilidade científica do grupo e também adolescentes com diabetes tipo 1 que trazem o saber de quem tem diabetes tipo 1”.
PEDRO LOPESVia e-mail
02 A diabetes e o trabalho «Cuidar de nós próprios, sem desrespeitarmos os outros»
“A parte mais complicada de lidar com a diabetes no trabalho é cuidar de nós próprios, sem desrespei-tarmos os outros colegas ou sermos rudes ou pouco assertivos com os outros. Não é fácil também explicar aos colegas e outras pessoas com quem trabalhamos que preferimos não comer doces e outros alimentos que nos oferecem.”
MANUEL JOÃO
Lisboa
03 Atividade física e depressão «Estive dois anos e meio em casa»
“Sou diabética desde os 38 anos e hoje tenho 56 anos. Tenho aprendido muito com a vossa revista. Estive dois anos e meio em casa com depressão crónica e fazia uma caminhada de 6 km por dia. Agora que já estou a trabalhar, saio de casa e vou a pé cerca de 2 km para a estação de comboios e ando um pouco à hora de almoço, pois não tenho muito tempo. Foi graças à minha médica Dra. Teresa Laginha e ao psiquiatra Dr. Carlos Góis que consegui sair da depressão. Bem hajam aos dois. “
LOURDES COSTA FRADEVia e-mail
Diabetes 9 Diabetes 9
O que faz para
se manter ativo
no dia a dia?
«Faço todos os dias exercício físico ao ar livre ou na passadeira e bicicleta elíptica que tenho em casa, normalmente 30-45 minutos.»
António FigueiredoMEM MARTINS
«Ando a pé todos os dias 45 minutos, que é a re-comendação que o meu médico me dá. À parte disso, sábados e domingos entretenho-me a tra-balhar num terreno que tenho no Montijo.»
Ernesto RodriguesAMADORA
«Durante a semana faço piscina duas vezes por se-mana, além de que a minha profi ssão me obriga a algum esforço físico.»
Maria José Simões Ferreira MARVILA
«Faço normalmente 20 minutos a andar rápido (6 km/hora) e corrida de dez minutos (8 km/hora). À noite ando a pé mais 30 minutos.»
Hicham MelkanALENQUER
pPergunta da APDP
PERGUNTA DA APDP PARA A PRÓXIMA EDIÇÃO:
COMO TER UMA ALIMENTAÇÃO
SAUDÁVEL EM TEMPOS DE CRISE?
PARTICIPE E PARTILHE A SUA OPINIÃO:Envie-nos o seu testemunho com o seu nome completo, para o e-mail [email protected], com o assunto “Pergunta da APDP”, ou por correio para a morada: Av. Infante D. Henrique n.º 306, Lote 6, R/C - 1950-421 Lisboa.
A APDP reserva-se ao direito de cortar e editar as cartas recebidas.
p04 Lidar com a diabetes Autovigilância e teste da A1C
“A maior vitória que conquistei na minha doença crónica é que aprendi a comer de forma saudável e regular. Quando há 12 anos me diagnosticaram a diabetes, não tinha horas para comer e a minha A1C estava a 8. Agora está a 6. As pessoas mudam os seus hábitos consoante as necessidades, e o que é preciso é no fi nal saber lidar com a nossa realidade.”
CARLOS SANTOS Lisboa
05 Aprender com os erros «Vi que a vida é um bem demasiado precioso»
“Infelizmente já fui parar ao hospital duas vezes devido a uma hipoglicemia (baixa de açúcar). Realmente vi que a vida é um bem demasiado precioso e que devemos ter aquilo que são os cuidados absolutamente indispensáveis para a poder conservar. De maneira que parece que renasci, porque alterei muitas coisas no meu dia a dia e dei mais valor a determinadas rotinas. Todos nós valorizamos mais a nossa vida quando estamos numa situação em que estamos prestes a perdê-la. E depois quando a recuperamos, fi camos com uma perspetiva diferente das coisas.”
VÍTOR OLIVEIRALisboa
ERRATANo artigo da pág. 26 da edição n.º 60 onde se lê “metamorfi na” leia-se o termo correto: “metformina”.
ESCREVA-NOS!
Inspire-se na nossa revista e envie-nos o seu testemunho sobre a experiência de viver com a diabetes, ou sobre algum dos nossos artigos, juntamente com o seu nome completo para o e-mail [email protected], com o assunto “Correio do Leitor”, ou para a morada Av. Infante D. Henrique n.º 306, Lote 6, R/C - 1950-421 Lisboa.
10 Diabetes
CONSULTÓRIO
Leone Duarte, Endocrinologista da APDP, responde:
A s infeções cutâneas, de que são exemplo as “borbulhas” infetadas e os abcessos cutâneos, são mais frequentes em pessoas com diabetes mal
controlada. Estas infeções são geralmente provocadas por bactérias, como o Stafilococos aureus e os Estreptococos. As bactérias desenvolvem-se sobretudo em zonas húmidas e quentes do corpo, como as virilhas e as axilas, mas podem proliferar em qualquer localização.
Níveis elevados de glicemia, mesmo que apenas durante curtos períodos de tempo, podem atrasar a cicatrização e debilitar o sistema imunitário, aumentando o risco de infeção. O stress, quer emocional quer físico (como a menstruação), também diminui as defesas do organismo e aumenta o risco de desenvolvimento de infeções.
A prevenção e tratamento deste problema inclui manter um bom controlo das glicemias. É muito importante a higiene cuidada da pele, com a utilização de sabonetes antibacterianos e a secagem adequada para evitar a humidade excessiva. Sempre que surjam sinais de infeção, é importante recorrer ao médico para que as lesões sejam observadas e seja instituído precocemente um tratamento adequado, nomeadamente um antibiótico apropriado, se necessário.
Outras infeções frequentes nas pessoas com diabetes são as infeções fúngicas provocadas pelos fungos Candida, nomeadamente as vulvovaginites e as onicomicoses (infeções fúngicas das unhas). Estas também surgem mais frequentemente quando o controlo das glicemias é deficiente.
Outro tipo de lesão detetada em cerca de 1% das pessoas com diabetes é a necrobiosis lipoidica diabeticorum.
São pequenas áreas vermelho-acastanhadas circulares e irregulares com pele pouco espessa e, por vezes, com úlceras. Estas lesões surgem mais frequentemente na face anterior da perna, mas também podem surgir nos pés, braços, mãos, face ou couro cabeludo. Desenvolvem-se lentamente durante muitos anos e não são afetadas pelo controlo da glicemia. Não existe tratamento eficaz, mas pode aplicar-se um adesivo antialérgico. Os transplantes de pele foram já feitos com sucesso nos casos mais difíceis.
A manifestação dermatológica mais frequente na diabetes é a dermopatia diabética, que afeta até 50% das pessoas com diabetes. É mais comum na face anterior da perna, mas surge também nos antebraços, coxas e saliências ósseas. Inicialmente, formam-se pápulas rosadas, ovais, com cerca de 1 cm de diâmetro. Estas pápulas desenvolvem lentamente escamas e uma coloração acastanhada. Não existe um tratamento eficaz, mas as lesões tendem a resolver-se em um a dois anos.
«É muito importante a higiene cuidada da pele, com a utili-zação de sabonetes antibacterianos e a secagem adequada para evitar a humidade excessiva.»
01 As “borbulhAs” nA pele têm AlgumA coisA A ver com A diAbetes?Paulo Oliveira, Braga
Diabetes 11
Leone Duarte, Endocrinologista da APDP, responde:
A observação dos pés deve ser diária, realizada num local com boa luminosidade e por alguém que veja bem. Procure manchas, gretas, feridas,
calos, descamação da pele, aumento ou diminuição da temperatura, inchaço, deformações dos dedos e unhas de cor estranha, grossas ou com cantos que possam magoar os dedos. Observe os espaços interdigitais (espaço entre os dedos). É também importante sacudir os sapatos e procurar com a mão no seu interior por rugosidades ou objetos como pedras, ou outros, que possam ferir o pé.
A lavagem e a secagem devem ser pelo menos diárias, ao final do dia. Não coloque os pés “de molho”. Use água tépida corrente e um sabão hidratante, com um pH ligeiramente ácido como a pele. O sabão azul e branco não é adequado porque é muito agressivo. Use uma manápula ou esponja macias. Pode complementar‑se a lavagem dos pés com a aplicação de vinagre de cidra ou maçã, usando compressas ou um pano de algodão humedecidos. O vinagre tem uma ação desinfetante e é aconselhado quando há evidência de infeção fúngica nas unhas ou na pele. A secagem dos pés deve ser cuidadosa, com uma toalha de algodão de cor clara, para se poderem detetar facilmente manchas de sangue ou pus. Os espaços interdigitais devem ser secos, preferencialmente com papel absorvente. Não use secadores de cabelo ou outras fontes de calor, pelo elevado risco de queimadura.
Em relação à hidratação da pele, aplique diariamente um creme hidratante nos pés e pernas, com exceção dos dedos e espaços interdigitais. Os cremes gordos não são adequados porque não hidratam.
Uma a duas vezes por semana, use limas de cartão ideal
para o desbaste das unhas. As unhas devem ser limadas a direito, para evitar o seu encravamento, e por cima, para evitar que fiquem demasiado espessas. Para a remoção de calosidades use lixas de pés. Não use objetos cortantes nem calicidas, pelo risco elevado de provocarem feridas.
As meias devem ser confortáveis, 100% de algodão ou de lã, de cor clara. Não devem ter costuras que possam magoar nem elásticos que possam “garrotar” a perna. Os sapatos devem ser confortáveis, de tamanho adequado, de biqueira larga e alta e sem costuras no seu interior. Preferencialmente, devem ser de pele, com atacadores ou velcro e com solas de borracha.
Para aquecer os pés não utilize fontes de calor como sacos de água quente, aquecedores, lareiras ou braseiras. Use apenas roupa, como meias de lã ou mantas.
O tratamento inicial de uma ferida aguda deve ser feito com lavagem com soro fisiológico ou água limpa. Não se justifica usar desinfetantes. Após a lavagem deve proteger‑se a ferida com compressas fixas com adesivo hipoalérgico. O mais rapidamente possível, a ferida deve ser observada por um profissional de saúde.
«Pode complementar-se a lavagem dos pés com a aplicação de vinagre de cidra ou maçã, usando compressas ou um pano de algodão humedecidos.»
02 Como DEVo CUIDAR DoS PÉS?Maria Cardoso, Torres Novas
CONSULTÓRIO
Luís Gardete Correia, Endocrinologista e Presidente da APDP, responde:
Muitas pessoas com diabetes têm acidentes ou experimentam situações de risco quando se encontram com a glicemia baixa.
Sabemos que a ocorrência de hipoglicemias durante a condução tem sido a causa de graves acidentes, e mesmo as pequenas hipoglicemias alteram a capacidade de conduzir em segurança.
Valores de 60 a 70 mg/dl de glicemia podem já perturbar a capacidade de reação, a atenção, a memória e alteram a possibilidade de tomar decisões rápidas. É frequente a condução ser instável, haver indecisão na manipulação do volante e na rapidez de travagem.
No entanto, todas estas situações podem e devem ser prevenidas. E a prevenção faz-se tomando atitudes antes de as situações ocorrerem.
Uma glicemia baixa em geral, se não demasiadamente baixa, pode não ser sentida. A melhor forma de prevenir é medir a glicemia antes de iniciar um trajeto, não se deixando influenciar pela forma como se sente. Ao instalarmo-nos num automóvel com a responsabilidade de conduzir, devemos fazê-lo, sempre, com a máxima segurança.
Se a sua última refeição ocorreu há mais de duas horas, certamente que precisa de se alimentar. Estará a insulina que administrou há umas horas no seu período de máxima ação? Se isso se verifica, faça um reforço alimentar antes de iniciar a viagem.
Traga sempre alimentos ou açúcar no seu automóvel, e não deve hesitar em usá-los se suspeitar que está com a glicemia baixa. Às vezes, as viagens são mais longas do que prevemos. Uma avaria, engarrafamentos ou outros
contratempos alteram o planeamento previsto e obrigam a uma refeição intermédia.
Em viagens longas, deve-se parar de hora a hora e medir a glicemia.
Ao ingerir os hidratos de carbono para corrigir uma glicemia baixa, lembre-se que o processo de correção leva pelo menos 15 minutos. Só depois de se certificar de que a glicemia está normal deve retomar a condução. Se for possível, entregue o volante ao companheiro de viagem e retome a condução com a certeza de que já está com valores normais.
Evite beber bebidas alcoólicas, mesmo em muito pequenas quantidades. Para além de atrasarem a sua capacidade de reação, as bebidas com álcool podem estar na origem de uma baixa de açúcar no sangue.
Quando conduzir, identifique-se bem como uma pessoa com diabetes através de documentação de fácil acesso.
Não está livre de ter um acidente, mesmo que não seja por sua culpa e, ao ser assistido no local ou num hospital, o médico ou paramédico precisam de saber que tem diabetes.
E não se esqueça que ao conduzir somos responsáveis pela nossa segurança e pela segurança de todos os outros com quem nos cruzamos.
«Ao ingerir os hidratos de carbono para corrigir uma glice-mia baixa, lembre-se que o processo de correção leva pelo menos 15 minutos.»
03 COMO EVITAR A HIPOGLICEMIA
ENQUANTO CONDUZO?João André, Lisboa
12 Diabetes
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Imagens do corpo humano
14 diabetes
nervosMensageiros do cérebro
1858
À primeira vista poderá ser difícil imaginar, mas estas são as células dos nervos do corpo humano reproduzidas por computador. Os nervos constituem um sofisticado sistema de comunicação entre várias partes do nosso corpo, levando e transmitindo informações.
É graças a estes mensageiros que conseguimos ter a perceção da dor, da textura e da temperatura dos objetos em que tocamos. É através deles que as ordens viajam dentro do nosso organismo até ao cérebro, dando a informação para as mãos, as pernas e os pés. O sistema nervoso tem um papel fundamental no controlo do corpo, ao ponto de o movimento do corpo poder ser afetado no caso de haver falhas de comunicação destes importantes mensageiros de informação.
É ao nível dos nervos periféricos que se manifesta uma das complicações mais importantes da diabetes. As lesões dos nervos são provocadas pelas hiperglicemias, que provocam alterações graves nos numerosos vasos que os irrigam. O aparecimento destas lesões designa-se por neuropatia diabética.
neUroPATIAA neuropatia diabética tem como consequências a alteração
da sensibilidade do corpo. Pode causar atrofias musculares e dificuldades ao nível da mobilidade. Entre a sintomatologia, podem estar associados formigueiros nas extremidades dos membros, perda de sensibilidade, perda de controlo da bexiga e disfunção sexual. A vigilância e o controlo da diabetes são fundamentais para a prevenção da neuropatia.
Foi o ano de publicação na Grã-Bretanha do Henry Gray's Anatomy of the Human Body, um clássico de anatomia humana, que determinaria o sistema nervoso periférico como um sistema de nervos, gânglios nervosos e órgãos terminais.
Diabetes 15
O Dia Mundial da Diabetes foi assinalado com iniciativas em todo o globo, e uma delas foi a divulgação da 5.ª edição do Diabetes Atlas da International Diabetes Federation (IDF). Os números divulgados por todo o mundo traçam o retrato da atual situação. Caso não sejam tomadas medidas urgentes, estima-se que o número de pessoas a viver com diabetes no mundo suba de 366 milhões em 2011 para 552 milhões em 2030. A cada dez segundos há cerca de três novos casos, quase dez
milhões por ano. A IDF prevê também que 78 mil crianças desenvolvam a diabetes tipo 1 por ano e que 183 milhões de pessoas desconhecem que têm diabetes. Em algumas das regiões mais pobres do mundo, em particular em África, estima-se que os casos de diabetes irão disparar para 90 por cento em 2030. «Espera-se que campanhas como a atual no Dia Mundial da Diabetes continuem a aumentar a voz das pessoas com diabetes e a mobilizar a ação a uma escala global», refere um comunicado da IDF, no dia 14 de novembro.
a cada dez segundos, três novos casos
18 DIABETES 20 BEM-ESTAR 24 nuTRIção 27 EXERCÍCIoA atualidade no mundo sobre a Diabetes
Diabetes 17
ATUALIDADE Diabetes
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ATUALIDADE DIABETES
Dados baseados em 170 mulheres com gravidezes gemelares apontaram que aquelas que ganharam mais peso do que o recomendado não revelaram um aumento acrescido do risco de diabetes gestacional ou de hipertensão com-parativamente com aquelas que aumentaram menos peso. Em contrapartida, as mães que ganharam peso a mais têm uma maior probabilidade de ter bebés acima de 2,49 Kg, comparadas com aquelas que têm menos peso, dizem os especialistas num estudo publicado no Obstetrics & Gynecology, avança a Reuters, no dia 1 de novembro.
NOVOS DADOS SOBRE GRAVIDEZES DE GÉMEOS
Um estudo da Consumer Electronics Asso-ciation (CEA) revela que 36 por cento dos consumidores têm interesse em receber comunicações dos seus médicos através de um serviço wireless. Além disso, 33 por cento dos inquiridos afirmam que estariam interessados em gerir informação relativa à sua saúde em suporte digital. Os autores do estudo apuraram também que 32 por cento dos pacientes consideram interes-sante a possibilidade de terem consultas por videoconferência, refere o site www.cmio.net no dia 1 de novembro.
cONSultASONlINE cOM pAcIENtES
Especialistas transplantaram com êxito os ilhéus de Langerhans, onde se en-contram as células beta do pâncreas, oriundos de porcos em oito macacos. Os autores consideram que o estudo revela novos avanços para o tratamento da diabetes em humanos. Quatro macacos não tiveram complicações nos seis meses seguintes à experiência e mantiveram estabilizados os níveis de glicemia. Os resultados foram divulgados no Journal of Experimental Medicine, trazendo potenciais resultados para o tratamento da diabetes tipo 2 em pessoas, referem a 1 de novembro o The Korea Herald e o site da Asia News Network.
tRANSplANtESde pâncreas em animais
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7,3É a percentagem de
pessoas com AVC
na população com
diabetes tipo 2,
segundo o Observatório
Nacional da Diabetes
em 2010
18 Diabetes
2,3É a percentagem de
pessoas com diabetes
cegas ou amblíopes na
população com diabetes
tipo 2, segundo o
Observatório Nacional
da Diabetes em 2010
Diabetes 19
A forma como os pais lidam com os fi lhos infl uencia o controlo dos níveis de glicemia na infância e na adolescência. Um estudo feito em jovens na faixa etária de 11-18 anos com diabetes tipo 1 apurou que o controlo da sua doença é afetado quando os pais não têm um papel ativo no apoio ao controlo da sua diabetes. Segundo o estudo, o excesso de tolerân-cia contribui para o facto de as crianças não seguirem o tratamento da diabetes. Já a autoridade dos pais – no sentido de impor limites e regras às crianças – está associada a um melhor controlo da diabetes. Contudo, os especialistas não adiantaram mais informação sobre como os diferentes estilos da educação dos pais podem infl uenciar o controlo da diabetes dos fi lhos, refere o site da Diabetes Forecast, baseado num estudo de agosto do Diabetes Care.
Cientistas estão a estudar a existência de uma relação entre a diabetes e o cancro. Um estudo feito com 400 mil adultos, homens e mulheres, re-velou que existe um aumento de risco em dez por cento de as pessoas com diabetes desenvolverem cancro. Os homens com esta doença cró-nica têm um maior risco de ter cancro da próstata, do cólon, do pâncreas, do reto, da bexiga e nos rins. No caso das mulheres, é maior o risco de cancro da mama e de leucemia. Os estudos são, contudo, preliminares, pelo que carecem de mais investigação, diz o site da Diabetes Forecast, com base num estudo publicado a 11 de abril no Diabetes Care.
PAIS E O CONTROLO da diabetes tipo 1
RELAÇÃO de diabetes e cancro
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e«Um ponto importante comum [sobre o calçado de prevenção das lesões] é o espaço para os dedos. O extremo do sapato deve ter um centímetro mais do que o dedo mais comprido e deve ser sufi cien-temente alto e amplo na ponta para impedir a lesão do dorso e marginal dos dedos e, eventualmente, poder conter uma palmilha de compensa-ção às hiperpressões.»Luís M. Alvim Serra, no livro Pé Diabético – Ma-nual para a Prevenção da Catástrofe, Lidel
ATUALIDADE BEM-ESTAR
20 Diabetes
Um estudo sueco veio confirmar que nos últimos quase 30 anos, 133 mil mulheres consideraram ser importante realizar mamografias, refere a Diabe-tes Forecast. As mamografias foram realizadas a cada dois anos em mulheres com idades compreendidas entre 40 e 49 anos; e depois a cada 33 meses entre os 50 e os 74 anos de idade, refere o estudo publicado online a 8 de junho no Radiology.
Dados baseados em 62 recém-nascidos indi-cam que aqueles que nasceram por cesariana têm um risco mais elevado de desenvolver problemas de gordura no fígado, comparati-vamente com aqueles que nascem de parto normal. Os processos metabólicos que ocorrem no fígado e os mecanismos relacio-nados com as gorduras podem ser alterados quando o parto é por cesariana, referem os especialistas do Imperial College London, refe-ridos no dailymail.co.uk, a 23 de novembro.
Fumar pode aumentar o risco de desenvolver a doença vascu-lar periférica, que ocorre quando há uma redução de fluxo sanguí-neo para os membros superiores e membros inferiores. Os autores do estudo investigaram de perto 39 mil mulheres durante mais de 12 anos e chegaram à conclusão de que fumar pode aumentar dez vezes mais o risco de desenvolver a doença vascular periférica. Dei-xar de fumar pode diminuir o risco de ter esta doença, mas mesmo 20 anos após abandonar este hábito, o risco continua a estar sete vezes aumentado comparativamente às mulheres que nunca fumaram, refere o estudo divulgado em junho no Annals of Internal Medicine.
Diagnósticoe saúde da mulher
cesariana e gorduras no fígado
tabagismo e doença vascular periférica
78Novos mil casos
de crianças com
diabetes tipo 1 são
diagnosticados todos
os anos, segundo a
International Diabetes
Federation.
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ATUALIDADE BEM-ESTAR
22 Diabetes
As mulheres com idade mais avançada e com dificuldades em respirar durante o sono têm um maior risco de desenvolver deficiências cognitivas e de demência do que aquelas cujo sono é profundo, diz um estudo referido no site da Diabetes Forecast. Os autores da investigação concluíram que quase metade das mulheres com problemas de respiração durante o sono revelaram ter problemas mentais durante um período de cinco anos, comparativamente com menos de um terço daquelas que respiram de forma confortável. A respiração irregular durante a noite, comum em pessoas com mais idade e nas pessoas com diabetes tipo 2, causa a privação de oxigénio e o hábito de acordar mais frequentemente. Os cientistas descobriram também evidências no facto de a falta de oxigénio do cérebro poder estar por detrás das deficiências cognitivas, diz o estudo divulga-do em agosto no The Journal of the American Medical Association.
Pelas suas características físicas, as pessoas do sudoeste asiático tendem a acumu-lar gordura à volta dos órgãos, refere um estudo publicado online a 28 de julho no PLoS ONE. Estes resultados podem explicar a razão de certas etnias ou nacionali-dades, como o caso dos indianos e dos paquistaneses, serem mais propensas do que a raça caucasiana a desenvolver doenças relacionadas com excesso de gordu-ra, mesmo não sendo consideradas pessoas com excesso de peso. A acumulação de gorduras à volta dos órgãos está associada a problemas de saúde, tais como as doenças cardíacas e a diabetes, refere no seu site a Diabetes Forecast.
DificulDaDes em respirar durante o sono
saúDe e diferenças étnicas
52,8
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Milhões de adultos na
Europa tiveram diabetes
em 2011, segundo a
International Diabetes
Federation.
Milhões de pessoas
na Europa vivem com
diabetes, embora não
tenham conhecimento
do seu diagnóstico,
refere a International
Diabetes Federation.
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Diabetes 23
As mulheres em idade fértil com diabetes po-dem estar a ser menos aconselhadas pelos seus médicos sobre a contraceção do que aquelas que não têm a doença, alerta um estudo divulgado em setembro no Journal of General Internal Me-dicine. Os autores revelam-se preocupados, uma vez que as mulheres com diabetes poderão não estar a ser devidamente informadas acerca de efi cazes opções de controlo da natalidade, refere a Diabetes Forecast.
As mensagens de telemóvel podem ser uma ferramenta efi caz para quem está a deixar de fumar, refere um estudo levado a cabo no Reino Unido divulgado em junho no Lancet. A experiência baseou-se em enviar mensagens de telemóvel com o seguinte conteúdo: «Pare de fumar!». Concluiu-se que a proporção de pessoas que ao longo de seis meses recebeu mensagens e que conseguiu deixar de fumar foi o dobro relativamente ao grupo que não recebeu quaisquer notifi cações.
MENSAGENS antitabacoCONTROLOda natalidadee diabetes
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FAZER IOGAUm estudo do Diabetes Care revela que fazer ioga pode ajudar as pes-soas com diabetes tipo 2. Os investigadores formaram dois grupos, um com pessoas que receberam os cuidados regulares da diabetes e outro com pessoas que durante três meses receberam também aulas de ioga. Conclui-se que os níveis da A1C do segundo grupo decresceram signifi ca-tivamente. Além disso, a prática de ioga levou a uma redução de 20 por cento de stress, o qual tem sido apontado como uma possível causa de muitas doenças, incluindo a diabetes. Os autores referem ainda que fazer exercício físico vigoroso, incluindo estilos de ioga mais exigentes do ponto de vista físico, pode reduzir os níveis da A1C. O ioga numa vertente mais suave é um excelente complemento para os cuidados de saúde na diabetes, especialmente para as pessoas com problemas de mobilidade.
EXPERIMENTE
«Autovigiar constitui a base sobre a qual assenta a capacidade de as pes-soas com diabetes participarem ativa-mente na gestão da doença. Um dos avanços mais importantes na vigilân-cia, no controlo da diabetes e no tra-tamento é a possibilidade de o doente poder verifi car os níveis de açúcar no sangue de modo a decidir acerca da necessidade de ajustes no tratamento.»
Como usar a insulina, APDP, Lidel
FAZER IOGAUm estudo do soas com diabetes tipo 2. Os investigadores formaram dois grupos, um com pessoas que receberam os cuidados regulares da diabetes e outro com pessoas que durante três meses receberam também aulas de ioga. Conclui-se que os níveis da A1C do segundo grupo decresceram signifi ca-tivamente. Além disso, cento de stress, o qual tem sido apontado como uma possível causa cento de stress, o qual tem sido apontado como uma possível causa de muitas doenças, incluindo a diabetes.de muitas doenças, incluindo a diabetes.fazer exercício físico vigoroso, incluindo estilos de ioga mais exigentes do ponto de vista físico, pode reduzir os níveis da A1C. O ioga numa vertente mais suave é um excelente complemento para os cuidados de saúde na diabetes, especialmente para as pessoas com problemas de mobilidade.
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«Autovigiar constitui a base sobre a
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ATUALIDADE NUTRIÇÃO
24 Diabetes
Rótulos «sem glúten»A Food and Drug Administration (FDA) prevê estabelecer um rótulo “sem glú-ten” nos Estados Unidos. Atualmente não há critérios para as quantidades de glúten por alimento. O glúten, mesmo consumido em reduzidas quantida-des, prejudica a saúde das pessoas com doença celíaca, doença autoimu-ne no intestino delgado que surge com mais frequência na pessoa com diabe-tes tipo 1, diz a Diabetes Forecast.
Comer frutos secos como noz, avelã, amêndoa, castanha, em vez de alguns hidratos de carbono, pode ser uma boa opção para as pessoas com diabetes tipo 2, refere um estudo do Diabetes Care publicado online a 29 de junho. Durante a investigação os participantes ingeriram 475 calorias por dia, ou seja, um quarto das calorias totais diárias, de frutos secos ou um muffin (bolo tipo queque) de trigo. Após três meses, os participantes que comeram os frutos secos revelaram ter níveis mais reduzidos da glicemia e do colesterol LDL (“mau colesterol”). Os autores referem que a grande vantagem deste tipo de hidratos de carbono é que são muito ricos em gorduras saudáveis.
Um estudo realizado em populações afro-americanas e latinas apurou que ao final de cinco anos, cada dez gramas de fibras solúveis consumidas diariamen-te permite reduzir em quatro por cento a quantidade de gorduras que rodeiam os órgãos. Fontes ricas em fibras solúveis podem ser as maçãs, citrinos, cenouras, ervilhas, feijões e cevada, refere o jornal Obesity a 16 de junho, citado no site da revista internacional Diabetes Forecast.
FRutos secos são opção saudável
FibRas beneficiam a cintura
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COmer DevagarDados baseados numa investigação conduzida com 60 jovens adultos demonstram que aqueles que comem mais devagar consomem 56,7 gramas de alimentos por minuto, enquanto os que comem mais rapidamente ingerem 87,88 gramas. O estudo foi apresentado numa reunião da Obesity Society, onde foi também apontado que os homens tendem a comer mais rapidamente do que as mulheres, refe-re o USA Today em agosto.
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ATUALIDADE NUTRIÇÃO
26 Diabetes
22,7É a percentagem de
obesidade nas pessoas
com diabetes em Portugal
em 2009-2010, segundo
o relatório anual do
Observatório Nacional da
Diabetes.
Comer semanalmente cinco ou mais porções de carne vermelha processada (bacon, salsichas) pode elevar o risco de ter diabetes tipo 2, segundo um estudo do Diabetes Care divulgado online no dia 18 de novembro. Investigadores estudaram 66.118 mulheres saudáveis e descobriram que 1.369 desenvolveram a doença 14 anos mais tarde, tendo ocorrido com maior incidência naquelas mulheres que comeram uma maior quantidade de carnes vermelhas processadas. Contudo, as carnes vermelhas não processadas não revelaram aumentar o risco de diabetes, referem os especialistas.
Fazer exercício de forma regular tem repercussões ao nível das funções do cérebro, o que pode levar a escolhas de alimentação mais saudáveis, refere um estudo divulgado no Obesity Review. Segundo os investigadores do estudo científi co, é necessário compreender melhor as interações que exis-tem entre a prática de exercício físico e a dieta saudável, com a fi nalidade de melhorar as medidas preventivas e terapêuticas contra a obesidade, referiu a United Press International no dia 26 de novembro.
Alguns vegetais podem conter na sua constituição químicos naturais com uma ação potencial contra o cancro. Nos vegetais crucíferos, como os brócolos e a couve-fl or, um químico designado por sulfo-rafano pode ajudar a combater o cancro, refere um estudo de março do Molecular Nutrition and Food Research. Investigadores verifi ca-ram em experiências de laboratório que o sulforafano conseguiu elimi-nar células cancerosas da próstata, preservando as restantes células saudáveis. Pensa-se que este quími-co pode funcionar para restituir a célula pela sua ação anticancro, mas mais pesquisas serão necessárias para compreender este mecanismo, refere a Diabetes Forecast.
O CÉREBROE A OBESIDADE
VEGETAIS crucíferos VANTAJOSOS
RISCOS DAS CARNES vermelhas processadas
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Diabetes 27
Cientistas americanos defendem que dançar na infância pode contribuir para prevenir a obesidade, fator muito relevante para a prevenção da diabetes tipo 2. Uma equipa de especialistas usou um podómetro para avaliar o comportamento de um grupo de crianças que dançou durante uma hora semanal ao longo de um mês, e apurou que as crianças dão o dobro dos passos em relação a um dia normal. A conclusão é que dan-çar pode ser um meio para encorajar os mais novos para a atividade física e uma forma de se divertirem em simultâneo, refere a Asian News International, a 16 de outubro.
Quanto mais exercício físico realizar, melhor a pessoa se sente com o seu corpo. A conclusão é de um estudo publicado em junho no Annals of Behavioral Medicine. Especialistas inquiriram 800 mil adultos com idade superior a 50 anos e concluíram que a quantidade de atividade física realiza-da está associada ao facto de se ter uma melhor imagem de si próprio. Concluiu-se também que quanto mais longa for a atividade física, maior é a satisfação com o corpo e com o seu funcionamento, refere o site da Diabetes Forecast.
DANÇAR PODE PREVENIRobesidade infantil
ATIVIDADE FÍSICAmelhora a autoimagem
Fazer exercício moderado todas as sema-nas. Segundo uma equipa de cientistas australianos, os níveis de atividade física estão relacionados com uma baixa do risco de mortalidade, seja durante o trabalho, na vida diária, por lazer ou em desloca-ções quotidianas. Segundo um estudo publicado no International Journal of Epi-demiology, 150 minutos de exercício mo-derado por semana reduz a mortalidade em dez por cento, enquanto o dobro, 300 minutos, pode aumentar a redução do risco de morte até 19 por cento.
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Diabetes 29
Conselhos práticos para g erir a sua diabetes no dia a dia
30 C OMPLICAÇÕES
Como posso evitar a hiperglicemia?
31 CONTROLO E AUTOVIGILÂNCIA
Como prevenir a hipertensão?
32 ESTILO DE VIDA
Calculadora de hidratos de carbonoQueima-caloriasDicas para uma boa posturaCuriosidadesNúmeros
COMPREENDER A DIABETES
Conselhos práticos para g erir a sua diabetes no dia a dia
30 C OMPLICAÇÕES
Como posso evitar a hiperglicemia?
31 CONTROLO E AUTOVIGILÂNCIA31 E AUTOVIGILÂNCIA31
Como prevenir a hipertensão?
32 ESTILO DE VIDA
Calculadora de hidratos de carbonoQueima-caloriasDicas para uma boa posturaCuriosidadesNúmeros
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COMPREENDER A DIABETES COMPLICAÇÕES
30 Diabetes
QUAIS OS CUIDADOS QUE DEVO TER?
A pessoa com diabetes é quem melhor pode controlar a sua doença. Em caso de dúvida, deve contactar a sua equipa de saúde. Perante os sinais de uma hiperglicemia, é importante agir para evitar a sua progressão:
O QUE É A HIPERGLICEMIA?
Este é o termo médico que signifi ca glicemia elevada ou níveis altos de açúcar no sangue. A hiperglicemia de forma continuada é a grande causa das complicações tardias da diabetes. Os valores elevados de glicemia causam lesões nos vasos e nos nervos, afetando a irrigação dos membros e dos órgãos. Esta irrigação sanguínea eleva o risco de infeções, doença vascular cardíaca e cerebral, lesões na retina, alterações vasculares nos membros inferiores e lesões renais.
QUAIS AS CAUSAS DA HIPERGLICEMIA?
A hiperglicemia pode ser causada por diversos fatores:
· Doses insufi cientes de insulina ou de comprimidos
· Excessos alimentares
· Exercício físico reduzido
· Infeções: gripe, anginas, vias urinárias e respiratórias
· Stress
· Certos medicamentos
COMO POSSO EVITAR A HIPERGLICEMIA?
30 Diabetes
A glicemia deve ser
bem controlada.
A alimentação deve
ser equilibrada.
QUAIS OS SINTOMAS DA HIPERGLICEMIA?
A sintomatologia apresentada depende muito da gravidade da hiperglicemia. Os sintomas mais comuns são:
Urinar em muita quantidade
Ter sede constante e intensa
Cansaço fácil
Comichão nos órgãos genitais
Perda de peso
Aumentar a autovigilância. Realizar testes de glicemia três a quatro vezes por dia antes e após as refeições. Fazer a pesquisa de “acetona” na urina três a quatro vezes por dia. Aumentar as doses de insulina de ação intermédia. Se necessário, reforçar a frequência e as doses de insu-lina de ação rápida, de acordo com os valores de glicose no sangue.
Corrigir a medicação oral.
Manter e reforçar o fracionamento alimentar.
Reduzir o consumo de gorduras.
Aumentar a ingestão de água.
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Diabetes 31
COMPREENDER A DIABETES CONTROLO E AUTOVIGILÂNCIA
A autovigilância torna a pessoa com diabetes responsável por si própria. Saiba qual a impor-tância de controlar os níveis de pressão arterial e de evitar os riscos associados à hipertensão.
COMO PREVENIR A HIPERTENSÃO?
A PRESSÃO ARTERIAL E A DIABETES
Os níveis de pressão arterial para a pessoa com diabetes devem ser inferiores ao da população em geral, a saber: 130/80 mmHg segundo as recomendações internacionais e com um máximo aceitável de 140/90 mmHg.
QUANDO DEVO MEDIR A PRESSÃO ARTERIAL?
A pressão arterial deve ser avaliada regularmente, pelo menos semanalmente, quando estabilizada, e de forma mais frequente (diariamente ou em dias alternados) se es-tiver instável. É bom lembrar que a autovigilância deve ser sempre feita em conjunto com o autocontrolo da diabetes, já que valores elevados de glicemia ou de tensão arterial têm um impacto recíproco.
COMO POSSO CONFIRMAR A PRESSÃO ARTERIAL?
Por vezes pode ser necessário usar aparelhos mais sofi sti-cados de medição ambulatória de pressão arterial (muitas vezes denominada por MAPA) que permitem a avaliação ao longo de 24 horas ou mais, defi nição do perfi l ao longo do dia e noite, e correlacionar a pressão arterial com diver-sas atividades e a toma dos medicamentos.
QUAIS OS RISCOS ASSOCIADOS À HIPERTENSÃO?
A hipertensão arterial é uma das doenças com maior prevalência no mundo atual, constituindo um grave risco para a saúde, sobretudo para o doente crónico. Sem o devido acompanhamento médico e quando a hipertensão e a diabetes não são tratadas efi cazmente, encontra-se aumentado o risco de:
Enfartes do miocárdioAcidentes vasculares cerebraisDoença vascular dos membros inferiores.
QUAL A SUA RELAÇÃO COM A DIABETES TIPO 1?
Na diabetes tipo 1 a hipertensão arterial está frequen-temente associada à presença de nefropatia diabé-tica, que ocorre em uma de cada três pessoas com diabetes com mais de 15 anos de evolução de doença, contra apenas uma em cada cinco pessoas com diabetes do tipo 2.
QUAL A SUA RELAÇÃO COM A DIABETES TIPO 2?
Na diabetes tipo 2 há uma relação muito próxima entre a hipertensão arterial e a insulinorresistência, assim como a obesidade e outros fatores.
É essencial a mediçãoda pressão arterial.
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Em 40 por cento dos casos, a hipertensão já existe quando a diabetes é diagnosticada.
A hipertensão é duas vezes mais comum em pessoas com diabetes e aumenta com a idade.
A prevalência de hipertensão arterial nas pessoas com diabetes é maior do que na população em geral.
A hipertensão sistólica isolada (só elevação da tensão arterial máxima) é mais frequente nas pessoas com diabetes.
SAIBA MAIS...
NÚMERO
É a quantidade de hidratos de carbono (HC) equivalente a 1 porção de HC.12
COMPREENDER A DIABETES ESTILO DE VIDA
32 Diabetes
CALCULADORA DE HIDRATOS DE CARBONO
Os hidratos de carbono (HC) são a principal fonte de energia do corpo, mas devem ser contabilizados pois infl uenciam os níveis de glicemia. Um nutricionista/die-tista poderá determinar qual o número de porções de HC diários recomendados em cada caso. Os HC existem por exemplo no pão, batata, massa, arroz, leguminosas, leite, iogurtes e fruta. Os bolos, doces e salgados são de evitar, pois têm muito açúcar e gordura.
QUEIMA-CALORIAS
Saiba qual a energia gasta por hora...
A DANÇAR
CONSELHO PARA UMA BOA POSTURA…
… Se passa muito tempo de pé durante o dia, sempre que possível procure descansar com as costas bem apoiadas numa parede. Os pés devem estar afastados à largura das ancas, os joelhos bem fl etidos e os ombros relaxados.
DICAS PARA VIVER MELHOR...
SABIA QUE?… É essencial a escolha do calçado para fazer atividade física. Use um calçado que favoreça o apoio do pé e o amortecimento do impacto, com estruturas e tecidos resistentes e com solas adaptadas à modalidade que pratica. As meias não devem ter costuras internas.
A DANÇAR
pois têm muito açúcar e gordura.
porçãode hidratos de carbono
porções de hidratos de carbono
porçõesde hidratos de carbono
300-400 Kcal
300 Kcal
= 1
= 2
= 3
com 200-250
ml
75 g de pão
KcalKcal
A ANDAR DE BICICLETA
MITOSMITO: “Posso comer toda a fruta que me apetecer, por
ser um alimento muito saudável.”
FACTO:Comer fruta é um hábito saudável. Os frutos são ricos em fibras, mi-nerais e vitaminas, devendo ser incluídos no plano alimentar. Tam-bém têm hidratos de carbono, indispensáveis para o fornecimento de energia diária ao nosso corpo. Contudo, a fruta também tem açúcar, pelo que o seu consumo excessivo pode elevar os níveis de glicemia. Em média, os nutricionistas/dietistas recomendam 2 a 3 peças de fruta por dia, de preferência fresca (não em calda nem em sumo).
MITO: “Todas as pessoas com diabetes têm de tomar
insulina.”
FACTO: As pessoas com diabetes tipo 1 têm de tomar insulina diariamente por causa da destruição das células do pâncreas, que são respon-sáveis por segregar a insulina. Também algumas pessoas com diabetes tipo 2 têm a necessidade de administrar insulina de forma combinada ou não com antidiabéticos orais; contudo, nem todas necessitam de ser insulinotratadas para conseguir ter uma vida normal e os níveis de glicemia estabilizados. O tipo de tratamento depende da prescrição realizada pelo médico assistente.
MITO: “As pessoas com diabetes só devem comer
produtos para diabéticos.”
FACTO: O plano alimentar da pessoa com diabetes deve ser exatamente o mesmo do que o de uma pessoa com uma alimentação saudável: pobre em gorduras, sobretudo gorduras saturadas e gorduras hi-drogenadas; uso moderado de sal e açúcar; rica em vegetais, fruta e leguminosas. Os chamados produtos tolerados por diabéticos ou produtos diet geralmente não representam mais benefícios. Aliás, estes produtos consumidos sem qualquer moderação levam a um aumento dos níveis de glicemia.
Diabetes 33
ALBUMINÚRIA
Presença na urina de uma proteína chamada albumina. Pode aparecer nas infeções urinárias , na hipertensão não controlada ou ser um sinal de nefropatia diabética.
BÓCIO
Aumento difuso ou nodular da glândula tiroide, localizada na frente do pescoço.
COMA HIPOGLICÉMICO
Perda de consciência causada por uma hipoglicemia grave.
DEFESA IMUNITÁRIA
A defesa do organismo contra substâncias estranhas, como as bactérias e os vírus.
ECG
Abreviatura de eletrocardiograma.
GALACTOSE
Molécula simples de açúcar que entra na constituição da lactose, outro açúcar presen-te no leite e seus derivados.
INJEÇÃO SUBCUTÂNEA
Injeção no tecido subcutâneo, localizado imediatamente abaixo da pele.
POLIÚRIA
Urinar em grandes quantidades.
MONOFILAMENTO
Pequeno instrumento de avaliação da sensi-bilidade nos pés.
vITRECTOMIA
Remoção cirúrgica do humor vítreo do olho e substituição por gás ou líquido.
PALAVRAS DIFÍCEIS
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COMPORTAMENTO PREVENÇÃO RENAL
34 Diabetes
A diabetes descompensada pode
provocar lesões graves nos rins.
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Por: Ana Margarida Marques
Prevenir a doença renal
A doença renal é uma das múltiplas complicações da diabetes, também designada por nefropatia
diabética. Trata-se de uma complicação da microvasculatura atingida pela diabetes, tal como a neuropatia (lesão nos nervos) e a retinopatia (lesão nos olhos).
Nem todas as pessoas com diabetes sofrem de doença renal crónica. A doença renal associada à diabetes pode ter na sua génese uma predisposição genética.
Por exemplo, familiares de pessoas que tenham tido nefropatia diabética têm maior probabilidade de vir a ter esta complicação. «Sabe-se também que a raça negra acarreta um maior risco de vir a ter doença renal associada à diabetes», avança a nefrologista Rita Birne.
Na atualidade são várias as referências a estudos sobre esta doença crónica, que tem como principal causa a diabetes e que apresenta um risco elevado de mortalidade. «Descobriu-se recentemente que os bebés com baixo peso à nascença podem ter uma maior tendência para a doença renal associada à diabetes», continua a médica da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP).
A genética tem a sua quota-parte, mas não é o principal, garante Rita Birne, apontando que existem outros fatores de risco associados.
«As pessoas com diabetes que têm a sua doença mais controlada têm maior probabilidade de não vir a ter doença renal associada à diabetes e outras complicações», assegura a médica.
Outro fator de risco acrescido a que dá destaque é à presença de hipertensão arterial.
A génese dAs lesões renAis
Números recentes indicam que 30 a 40 por cento dos doentes com diabetes tipo 1 e com diabetes tipo 2 sofrem de doença renal crónica, o que equivale a um terço da população.
A médica Rita Birne explica-nos qual o mecanismo do nosso organismo por detrás das lesões nos rins e na origem da doença renal crónica associada à diabetes (nefropatia diabética).
Cada rim contém um milhão de unidades funcionais designadas por nefrónios, cuja função é a de filtração por intermédio de pequenos vasos sanguíneos que formam os chamados glomérulos.
Quando o sangue entra no glomérulo é filtrado, e o produto final é a urina, que é excretada. A diabetes provoca alterações nesta e noutras estruturas dos rins por uma série de mecanismos complexos, desencadeados pela hiperglicemia.
«Por um lado, a eliminação das substâncias do nosso metabolismo do dia a dia pelos rins não se realiza como deveria e estas vão-se acumulando no nosso organismo. Por outro lado, esses capilares muito fininhos dos rins [glomérulos] começam a ficar com “buracos” ou pequenas lesões, deixando “passar”
Saiba quais as principais medidas preventivas para a doença renal crónica, que é a principal causa de mortalidade associada à diabetes.
Diabetes 35
«CAdA riM ContéM uM
Milhão de unidAdes
funCionAis designAdAs
Por nefrónios.»
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substâncias para a urina que normalmente não sairiam, surgindo a microalbuminúria (albumina na urina em quantidade apreciável) e a proteinúria (proteínas na urina em quantidade excessiva)».
Para além da eliminação das substâncias tóxicas do dia a dia e da manutenção do equilíbrio interno, os rins têm outras funções importantes que também podem ficar comprometidas, como a produção, por exemplo, de vitamina D ativa, importante para os ossos, e uma hormona cuja falta condiciona anemia.
Fatores de risco
Hábitos de vida saudáveis e um rigoroso controlo dos níveis de açúcar no sangue e da tensão arterial constituem os pilares da prevenção da nefropatia diabética.
«O controlo da glicemia evita o aparecimento ou a progressão da doença renal», explica Rita Birne.
Outro grande fator de risco para a doença renal é a hipertensão arterial (HTA). «Os capilares já estão fragilizados, portanto o aumento da pressão nos vasos acelera a diminuição da função renal, que se mede pela creatinina no sangue e acelera a perda das proteínas microalbuminúria e proteinúria», diz. Por consequência, a tensão arterial deve estar rigorosamente controlada.
Os valores alvo da estratégia preventiva da diabetes
indicam que a HbA1C – medida que estima o controlo da glicemia ao longo dos últimos três meses – deve ser inferior a sete por cento e a tensão arterial, em geral, não deve ser superior a 130-80 mmHg.
O controlo de peso pode ser considerado outra medida preventiva, já que a obesidade é um fator importante de risco para a doença renal associada à diabetes. «Existem estudos com indivíduos que foram sujeitos a cirurgias de perda de peso, em que se verificou que a microalbuminúria e a proteinúria melhoraram significativamente naqueles em que houve uma diminuição do peso, a qual traduziu uma melhoria da doença renal associada à diabetes».
Não fumar é outra medida importante de prevenção. O tabagismo é um fator responsável por uma série de fenómenos mecânicos relativos à circulação do sangue, em que as suas substâncias tóxicas vão provocar lesão ao nível na vasculatura.
Medidas preventivas
As medidas preventivas da doença cardiovascular são em geral benéficas para a prevenção da doença renal crónica.
«A doença renal tem consequências clínicas importantes: é a principal causa de falência renal, ou seja, de necessidade de diálise ou de transplantação renal, aumenta a dificuldade no controlo da diabetes e acarreta uma elevada mortalidade. O risco de morte advém de a doença renal crónica conduzir a um aumento do risco de eventos cardiovasculares, ou seja, de enfartes, tromboses, arritmias, e pela doença vascular periférica das pernas, que pode causar gangrenas e infeções», acrescenta.
É importante transmitir ao doente que deve ser ele próprio a desejar minimizar o risco de vir a ter a doença renal associada à diabetes e informá-lo devidamente sobre os riscos de um controlo insuficiente da sua doença, defende a nefrologista da APDP.
A visão do indivíduo como um todo é sempre muito importante, aconselhando-se o exercício físico diário, uma alimentação adequada, restrição de sal, parar de fumar, entre outros hábitos de vida saudáveis, a par de uma terapêutica correta da diabetes e das suas complicações.
«Não está provado cientificamente que, por exemplo, o controlo do colesterol melhora a função renal, mas nós sabemos que as pessoas com diabetes, com colesterol alto e com doença renal têm aumentado o risco de morte», refere a médica.
a iMportância do diagnóstico
A doença renal associada à diabetes tem uma evolução silenciosa até uma fase muito tardia da doença, daí a importância de se efetuar regularmente um rastreio.
O rastreio deve ser realizado pelo menos uma vez por ano na mesma data do diagnóstico no caso da diabetes tipo 2. Na diabetes tipo 1 também é preciso anualmente uma análise ao sangue e uma amostra da urina, após os primeiros cinco anos do diagnóstico da diabetes.
O rastreio é realizado pela pesquisa de microalbuminúria através de uma amostra de urina, preferencialmente da primeira urina da manhã. Quando a quantidade de albumina ultrapassa os valores normais – 30 miligramas/dia ou 20 microgramas/minuto –, é muitas vezes o primeiro sinal do aparecimento de lesões nos pequenos vasos dos rins da doença renal diabética. Qualquer resultado anormal deve ser confirmado em duas de três amostras, num período de seis meses.
A pesquisa de microalbuminúria é apenas um dos dois parâmetros de diagnóstico da doença renal associada à diabetes ou nefropatia diabética. Um rastreio completo integra também a medição da creatinina através de uma
COMPORTAMENTO PREVENÇÃO RENAL
«Os rins têm Outras funções
impOrtantes que também pOdem
ficar cOmprOmetidas.»
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«O cOntrOlO de pesO pOde ser
cOnsideradO Outra medida
preventiva.»
«Não fumar é outra medida
importaNte de preveNção.»
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análise do sangue. «Através do valor da creatinina, por meio de fórmulas específicas, apuramos qual o grau da função renal, dando-nos uma estimativa da quantidade de sangue que é “limpa” pelo rim por minuto. Conforme a doença renal avança, vai havendo um aumento progressivo da creatinina e uma diminuição progressiva dos valores estimados de função renal», refere.
Medidas terapêuticas
O tratamento da doença renal baseia-se também no controlo rigoroso da glicemia e da tensão arterial, e na utilização de medicamentos específicos para reduzir a microalbuminúria ou a proteinúria. Não existe uma cura para a doença renal, o que se pode fazer é retardar a sua progressão. Quando se atinge a insuficiência renal terminal, é a altura de se optar por terapêuticas de substituição da função renal – diálise ou transplantação. A prevenção é o melhor remédio.
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Considera ter sido um jovem feliz, um bom estudante e um bom desportista. A diabetes foi diagnosticada há 25 anos, não
impedindo António de Almeida Santos de ter exercido altos cargos ao longo da sua vida política. É com normalidade e alguma resignação que atualmente encara a sua doença. Almeida Santos garante inclusive que a diabetes nunca o impediu de dar continuidade à sua vida física e intelectual.Conta-nos que acaba de fazer três viagens a vários pontos do mundo: Timor, Macau e Moçambique. Além disso, publicou recentemente mais dois livros. Diz que sem a diabetes talvez já tivesse «calçado as chinelas e pedido asilo ao canto do lume», deixando aos leitores uma mensagem otimista sobre esta doença crónica que atinge já quase um milhão de portugueses.Faz questão de sublinhar que a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) deve ser um motivo de orgulho para o país, desempenhando atualmente funções como presidente da Assembleia Geral.
Quando e em que circunstâncias a diabetes surgiu?A diabetes surgiu há cerca de 25 anos, através de uma análise de rotina.
Qual foi a sua reação perante o diagnóstico?Surpresa, acompanhada de uma natural deceção.
Que impacto teve a diabetes na sua vida pessoal e profi ssional?Inicialmente pouca, salvo no regime alimentar e na medicação por via oral. Depois, na fase que precedeu a aplicação de insulina, cada vez mais. Emagreci e cavaram-se-me algumas rugas. Mas sem perda signifi cativa de vivacidade intelectual e de capacidade de trabalho.
Quais os cuidados que tem atualmente com a diabetes?A partir de certa altura, cerca de dois anos após o início, optei pela aplicação de insulina. O resultado foi uma surpreendente normalização da minha vida vegetativa. E a partir do momento em que a aplicação de insulina se tornou um hábito diário, foi um verdadeiro regresso à quase normalidade da minha vida fi siológica e mental.
Como encara os obstáculos que a diabetes lhe traz?Com normalidade e resignação. A diabetes não
ENTREVISTA COM ALMEIDA SANTOSA sua experiência e percurso são a prova de que a diabetes controlada permite uma vida longa e bem-sucedida.
ENTREVISTA
Texto: Ana Margarida Marques Fotografias: Mafalda Melo
ENTREVISTA COM ALMEIDA SANTOS
me impediu, nem me impede, de fazer a minha vida normal. Física e intelectualmente normal. Não me impediu de exercer com algum mérito altos cargos políticos. E continua a não me impedir de ter uma atividade física e intelectual normal – acabo de publicar mais dois livros e de fazer três viagens de longa distância (a Timor, a Macau e a Moçambique) no último mês e meio.
Considera que a diabetes lhe proporcionou algo de positivo?Disciplinou a minha alimentação e forçou a continuidade e a regularidade de um regime de intenso e regular exercício físico. Sem a diabetes talvez já tivesse calçado as chinelas e pedido asilo ao canto do lume.
Qual a maior lição de vida que aprendeu com a diabetes?A lição da necessidade de uma vida alimentar e fisiológica o mais disciplinada e regulada possível.
«A diabetes causou
surpresa e uma natural
deceção.»
40 Diabetes
ANTÓNIO DE ALMEIDA SANTOS Aos 85 anos, António de Almeida Santos é considerado um dos mais ilustres políticos portugueses. Teve uma longa carreira enquanto advogado. Após o 25 de Abril, foi chamado a desempenhar importantes cargos políticos. Foi ministro de oito governos, deputado, líder parlamentar e Presidente da Assembleia da República. A diabetes nunca o privou da sua vivacidade intelectual e de capacidade de trabalho. Já publicou 28 livros, dois dos quais recentemente. Atualmente António de Almeida Santos assume funções como presidente da Assembleia Geral da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP).
«A diAbetes deve ser
levAdA o mAis A sério
possível.»
ENTREVISTA
Diabetes 41
Qual a mensagem que gostaria de partilhar com os leitores?A mensagem de que a diabetes, sem deixar de ser uma doença grave, e que deve ser levada o mais a sério possível, é controlável e, quando controlada, compatível com um bom estado geral e uma vida prolongada no tempo e bem-sucedida no êxito.
Pode caracterizar em poucas palavras o seu percurso profissional?Fui um jovem feliz, um bom estudante e um bom desportista. O combate que desde cedo tentei contra a ditadura do Estado Novo (assim chamado, apesar de velho e retrógrado) animou a primeira metade da minha vida. Fui, profissionalmente, e ao que consta, um bem-sucedido advogado, sem dar tréguas ao regime político que simultaneamente combatia. Após Abril, fui chamado a desempenhar responsabilizantes cargos políticos: ministro de oito governos em diversas pastas, deputado, líder parlamentar do meu partido e por largo tempo seu Presidente, Presidente da Assembleia da República. Terei sido, se não exagero, um dos mais
prolíficos legisladores de sempre. Disso me orgulho. Enquanto isso, fui publicando livros. Acabo de editar, simultaneamente, o 27.º e o 28.º. Não se dirá que dei descanso à caneta, minha enxada de sempre.
O que gostaria de acrescentar?Só que é justo que os portugueses em geral, e o quase milhão de diabéticos em particular, se orgulhem de ter, no seu país, a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP), que foi a primeira criada em todo o mundo. E que desde o início desempenhou, e cada vez mais desempenha, um papel relevantíssimo de solidariedade com os diabéticos que vivem ou episodicamente se encontram em Portugal. A nossa APDP é um caso de longevidade e de êxito de que os portugueses devem orgulhar-se. Entrevista cedida por e-mail
«A diAbetes continuA A não me
impedir de ter umA AtividAde
físicA e intelectuAl.»
«Não se dirá que dei
descanso à caneta, minha
enxada de sempre.»
42 Diabetes
NUTRIÇÃO
ALIMENTAÇÃO EM TEMPOS DE CRISE
Saiba quais as estratégias para ter
uma alimentação saudável e poupe na saúdee na carteira.
NUTRIÇÃO
ALIMENTAÇÃO EM TEMPOS DE CRISE
Saiba quais as estratégias para ter
uma alimentação saudável e poupe na saúdee na carteira.
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Diabetes 43
Por: Ana Raimundo, Dietista APDP
S egundo as orientações atuais, uma alimentação saudável deverá ser completa, equilibrada e variada. Ao contrário do que muitas vezes se ouve
e pensa, não é necessário gastar muito dinheiro para ter uma alimentação de qualidade, até porque qualidade não é sinónimo de quantidade.
A quantidade de alimentos em demasia pode mesmo ser a causa do excesso de peso que, segundo as estatísticas nacionais, atinge mais de metade da nossa população adulta.
Nos dias de hoje, devido ao ritmo de vida a que estamos sujeitos, é grande a tendência para recorrer à fast food, às refeições pré-confecionadas e ao takeaway, já que este tipo de comida é adquirido a custos muito apelativos. Embora possa parecer que é uma boa alternativa para poupar dinheiro, esta alimentação é uma falsa poupança, pois tem no seu reverso um excesso de calorias, gorduras e sal, além de um défi ce de vitaminas, minerais e fi bra.
Eis algumas estratégias para conseguir promover para si e a sua família uma alimentação saudável com qualidade, mas económica.
TOME O PEQUENO-ALMOÇO EM CASA
Começando pela primeira refeição do dia, o pequeno-almoço, já estamos a poupar. Hoje em dia, muitas pessoas optam, por uma questão de tempo e nalguns casos
por conforto, por tomar o pequeno-almoço fora de casa, num café, numa pastelaria, no emprego. Mesmo que resista à tentação do bolo, um típico pequeno-almoço constituído por leite e pão com manteiga fora de casa pode chegar a custar quatro vezes mais do que se for confecionado em casa.
Para tomar o pequeno-almoço em casa não será necessário que se levante mais cedo, porque levará tanto tempo a comer como se o fi zer no café. Caso não tenha a possibilidade de ter pão fresco em casa todas as manhãs, experimente congelar o pão ao fi m de semana e deixá-lo a descongelar de véspera à medida das suas necessidades.
FAÇA AS REFEIÇÕES NO TRABALHO
Segundo os princípios de uma alimentação saudável, esta deve ser fracionada em cerca de cinco a sete refeições por dia, de forma a evitar estar mais de três horas sem comer.
No trabalho evite usar o bar, o café ou as máquinas de vending para comer a meio da manhã e a meio da tarde. Em alternativa, leve pequenos lanches preparados de casa, o que pode fazer com que poupe até três vezes o seu valor. Para além de poupar em euros, poupa também em calorias, uma vez que pode substituir o refrigerante e o bolo ou o salgado – alimentos ricos em açúcar e gordura – por uma fruta ou um iogurte e pão ou bolachas.
Outra sugestão é confecionar o jantar a contar com o almoço do dia seguinte (ou congele a comida para os dias em que tenha menos tempo para cozinhar).
Ao levar o seu próprio almoço para o local de trabalho pode gastar um terço do dinheiro, além de que poderá ter uma refeição mais completa (sopa, prato e fruta), equilibrada do ponto de vista nutricional e que mais facilmente vai de encontro às suas preferências alimentares.
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COMER EM CASA OU FORA DE CASA?
Poupanças no final do mês: € 10/dia, € 50/semana, € 200/mês
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€ 0,40
€ 0,60
€ 2
€ 0,50
€ 3,50
€ 2
€ 1,50
€ 8
€ 2
€ 13,50
Pequeno-almoço
Meio da manhã
Almoço
Lanche
EM CASA FORA DE CASA
Leite e pão com manteiga
1 fruta e ½ pão com queijo
Sopa/Salada + Prato + Fruta
1 iogurte e 4 bolachas
Total
Leite e pão com manteiga
1 café e 1 bolo
Prato + Bebida + Café
1 refrigerante e 1 salgado
Total
«PROMOVA PARA SI E A SUA FAMÍLIA
UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL COM
QUALIDADE E AO MESMO TEMPO
ECONÓMICA.»
44 Diabetes
NUTRIÇÃO
REDUZA OS GASTOS COM AS PROTEÍNAS
Não é necessário nem aconselhável que concentre demasiada quantidade de alimentos às refeições principais, já que estas não são mais importantes do que as intermédias. Um dos objetivos da distribuição dos alimentos por cinco a sete refeições diárias é precisamente aumentar a saciedade e evitar exageros ao almoço e ao jantar. Mesmo assim, o consumo de carne e peixe que, por norma, são os alimentos mais dispendiosos, continua a ser geralmente consumido no dobro do que seria necessário.
A quantidade média por adulto deveria ser de 100-120 g de carne/peixe por refeição principal.
A verdade é que existem outras fontes proteicas importantes, completas ou de alto valor biológico, como os ovos e lacticínios. Mais ainda, as leguminosas como o feijão, o grão, as ervilhas, as favas e a soja – fontes de proteína vegetal, hidratos de carbono e fi bras – são uma económica e excelente alternativa ou complemento à carne, peixe
e ovo, devendo aparecer mais vezes na ementa semanal. Outras sugestões podem ser consideradas para reduzir
os gastos com as proteínas. Experimente comprar as aves inteiras e arranjá-las em casa. Opte por comprar peixe congelado, que é menos dispendioso e muitas vezes mais seguro. As carnes com menor teor de gordura são mais saudáveis e, por vezes, mais baratas (se estufar estas carnes que geralmente apresentam maior rigidez, conseguirá obter uma textura mais suave e um paladar saboroso). Além disso, em vez de comprar as leguminosas em lata/frasco (teor de sal mais elevado), pode demolhá-las em grandes quantidades e congelá-las em doses pequenas.
É possível criar refeições completas para quatro pessoas com um custo reduzido (€ 4), portanto equivalente ao gasto de € 1 por pessoa, por exemplo: grão com bacalhau desfi ado, ervilhas com ovo escalfado ou soja à bolonhesa.
APROVEITE AS SOBRAS
Não desperdice os restos, pois muitas vezes é possível realizar refeições a partir do que poderíamos pensar que não seria sufi ciente. Aproveite as sobras de pão do dia anterior para fazer açorda, migas, empadão, torradas ou pão ralado; as sobras de carne e peixe, para fazer um empadão ou uma massada; os talos de couves e brócolos, por exemplo, para sopas ou estufados de legumes; e a fruta mais madura para purés, compotas ou batidos.
PREPARE EM CASA AS REFEIÇÕES
PARA TODA A FAMÍLIA.
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«OPTE POR COMPRAR PEIXE
CONGELADO, QUE É MENOS
DISPENDIOSO E MUITAS VEZES
MAIS SEGURO.»
Diabetes 45
PRESCINDA DOS BENS NÃO ESSENCIAIS
É fundamental prescindir daquilo de que não precisa realmente. Não é necessário nem recomendável acompanhar a refeição diariamente com um refrigerante ou um sumo, já que estes contribuem para uma elevada ingestão de açúcar.
Para além do que pode poupar (em média € 1 a € 1,50 por cada 1,5 l), se pensar que o nosso organismo precisa de cerca de sete a oito copos de água por dia, chegará à conclusão de que a água deveria ser a bebida eleita, mesmo à refeição.
Opte por eliminar ou reduzir a frequência com que compra snacks como as batatas fritas de pacote, as tiras de milho, e os doces, como chocolates, gomas, rebuçados e bolachas. Estes produtos têm um elevado valor calórico e geralmente representam um baixo valor nutritivo.
Consulte os rótulos das embalagens, tendo atenção à informação nutricional e à lista de ingredientes, evitando alimentos ricos em açúcar, sal ou gordura.
A FRUTA DA ÉPOCA
É MAIS BARATA.
PLANEIE AS REFEIÇÕES
DE FORMA VARIADA.
LEVE LANCHES DE CASA
PARA O TRABALHO.
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CONSELHOS
Tomar o pequeno-almoço em casa é mais barato
e leva o mesmo tempo.
No trabalho evite comer no bar, no café ou nas
máquinas de vending. Se possível, traga prepara-
do de casa almoço e pequenos lanches.
Coma não mais de 100-120 g de carne/peixe por
refeição principal. Outras proteínas em conta são
os ovos, lacticínios, leguminosas e soja.
Opte por fruta e legumes da época, e plante ervas
aromáticas em casa.
Planeie uma ementa semanal e faça uma lista
dos produtos de que realmente precisa.
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46 Diabetes
NUTRIÇÃO
OPTE POR PRODUTOS DE MARCA BRANCA
Os produtos sem marca não são necessariamente produtos sem qualidade. Muitos apresentam igual qualidade à dos produtos de marca. Segundo a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO), os produtos de marca branca têm qualidade, correspondem muitas vezes a escolhas acertadas, chegam a ser os melhores dos testes e representam uma poupança média de 40 por cento em relação às marcas mais caras. Mas não se esqueça, mais uma vez, de consultar os rótulos das embalagens para garantir que adquire produtos nutricionalmente equilibrados.
PREFIRA OS PRODUTOS DA ÉPOCA
Opte por fruta e legumes sazonais, pois são sempre uma escolha mais económica. Plante as suas ervas aromáticas em vasos em casa ou no jardim (muito úteis para substituir o sal) e poupe nos gastos que tem geralmente com os temperos de frasco/pequenos pacotes.
PLANEIE AS SUAS COMPRAS
Experimente planear um menu semanal e vai ver que consegue variar muito mais as refeições e a forma de as
confecionar. Aproveite a ementa semanal para fazer uma lista dos produtos de que realmente precisa. Desta forma, reduz a probabilidade de pôr no carrinho do supermercado os produtos que são dispensáveis no dia a dia e que geralmente são adquiridos por impulso. Outra estratégia é evitar ir às compras com fome, pois há maior tendência para optar por alimentos de elevado valor calórico.
TOMAR O PEQUENO-ALMOÇO
EM CASA SAI MAIS BARATO.
OS PRODUTOS DE MARCA BRANCA
TAMBÉM TÊM QUALIDADE.
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APROVEITAMENTOS
Aproveite as sobras:
Do pão do dia anterior, para fazer açorda, migas,
empadão, torradas ou pão ralado.
Da carne e peixe, para fazer um empadão ou uma
massada.
Dos talos de couves e brócolos, por exemplo,
para sopas ou estufados de legumes.
Da fruta mais madura, para purés, compotas
ou batidos.
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48 Diabetes
NUTRIÇÃO
como contar hidratos de carbonoTem diabetes tipo 2? Saiba quanto come de hidratos de carbono, em prol de um controlo adequado da diabetes.
Diabetes 49
Por: Ana Lopes Pereira, Nutricionista APDP
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tabela de equivalências de hidratos de carbono
Fruta
1 Maçã
=
1 Laranja
=
1 Pera
=
Meia banana
laticínios
Copo de leite
=
1 Iogurte líquido magro sem açúcar
amidos
1 Batata (tamanho de 1 ovo)
=
2 Colheres de sopa de arroz ou massa (cozinhados)
=
3 Colheres de grão ou feijão (cozinhados)
=
6 Colheres de ervilhas ou favas (cozinhados)
=
25 g de pão de mistura
=
2 Bolachas de água e sal
=
2 Colheres de sopa de flocos de aveia
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A tabela apresenta medidas de alimentos que têm a
mesma quantidade de hidratos de carbono (1 porção
corresponde a cerca de 12 g de HIDRATOS DE CARBONO).
50 Diabetes
NUTRIÇÃO
Os alimentos que ingerimos fornecem vários nutrientes essenciais, como os hidratos de carbono, as proteínas e as gorduras. Destes três nutrientes
energéticos, são os hidratos de carbono que mais influenciam a glicemia (açúcar no sangue). Isto significa que durante a digestão quase todos os hidratos de carbono são transformados em glicose, que irá ser utilizada para fornecer energia às células do nosso organismo.
Os hidratos de carbono são indispensáveis para o bom funcionamento do organismo de todas as pessoas, incluindo as pessoas com diabetes.
De forma a evitar subidas ou descidas acentuadas da glicemia, os alimentos com hidratos de carbono devem ser distribuídos por seis a sete refeições por dia, em quantidades moderadas de cada vez.
Aconselhe-se com um nutricionista ou dietista para saber a quantidade mais adequada de hidratos de carbono que deve ingerir por dia e em cada refeição. As quantidades necessárias de hidratos de carbono e de outros nutrientes não são iguais para todas as pessoas, variam consoante o peso, a idade, o tipo de tratamento, entre outros fatores. Além da correta distribuição, é fundamental manter, de dia para dia, a quantidade de hidratos de carbono planeada para cada refeição. Daí a importância de saber contabilizar os hidratos de carbono. Utilize a tabela de equivalências
para contabilizar as porções de hidratos de carbono que ingere em cada refeição, e faça refeições variadas com a mesma quantidade de hidratos de carbono.
Para tal, recomenda-se que a pessoa siga os três seguintes passos.
passo 1: saIBa QUaIs os aLIMENTos RICos EM
HIDRaTos DE CaRBoNo
O primeiro passo é saber quais os alimentos que contêm hidratos de carbono. Os três grupos de alimentos ricos em hidratos de carbono que ingerimos habitualmente são os amidos, a fruta e os laticínios. Para os identificar mais facilmente, deve recorrer à tabela de equivalências (ver caixa da página anterior), a qual apresenta medidas de alimentos que têm a mesma quantidade de hidratos de carbono. Note-se que uma porção corresponde a cerca de 12 g de hidratos de carbono.
Além dos exemplos apresentados na tabela, existe outro grupo de alimentos ricos em hidratos de carbono, mas que não devem ser ingeridos no dia a dia, apenas em ocasiões festivas: bolos, doces, compotas, sumos, refrigerantes, chocolates, gelados. A ingestão frequente deste tipo de alimentos, ricos em açúcar e gordura, contribui para o aumento do peso corporal e das doenças cardiovasculares.
passo 2: VaRIE os aLIMENTos
Varie os alimentos, mantendo o total de porções de hidratos de carbono em cada refeição. Utilize a tabela de equivalências (ver caixa da página anterior) para somar as porções de hidratos de carbono que ingeriu à refeição. Faça refeições diversificadas sem alterar o número de porções de hidratos de carbono. As quantidades apresentadas correspondem a uma porção, mas não quer dizer que é a quantidade que deve ser ingerida em cada refeição. Não se esqueça que as quantidades variam de pessoa para pessoa.
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¶
experimente várias combinações de alimentos
1 Fruta
+
Meia fatia de pão
de mistura (25 g)
Chá (sem açúcar)
+
Meia fatia de pão
de mistura (50 g)
Aproveite os exemplos que apresentamos.
îlanche com 2 porções almoço ou jantar com 3 porções
Sopa de legumes (sem
batata ou equivalente)
+
Prato de carne ou peixe,
legumes e 12 colheres
de ervilhas + 2 colheres
de arroz
Sopa de legumes com
3 colheres de feijão por
prato
+
1 Pão de mistura (50 g)
com queijo fresco
AConSelhe-Se CoM uM
nutriCioniStA ou dietiStA PArA
SAber A quAntidAde AdequAdA
de hidrAtoS de CArbono que
deve ingerir.
= =
Diabetes 51
PASSO 3: OPTE PELOS ALIMENTOS MAIS SAUDÁVEIS
Opte pelos alimentos com hidratos de carbono mais saudáveis. Além da quantidade, também o tipo de hidratos de carbono tem infl uência nos níveis de glicose no sangue após as refeições. Assim, são preferíveis os amidos, que se transformam mais lentamente em glicose e que devem estar presentes em todas as refeições: pão de mistura, centeio ou integral, massa ou leguminosas (feijão, grão, leguminosas, ervilhas, favas).
Em relação à fruta e ao leite, a quantidade média necessária é de duas a três peças de fruta por dia (fresca, não em calda, nem em sumo) e cerca de meio litro de leite por dia (ou a sua substituição por iogurte) – de preferência ingeridos juntamente com um amido.
COMBINE O PEIXE COM
OUTROS ALIMENTOS.
AS LEGUMINOSAS SÃO
UMA OPÇÃO SAUDÁVEL.
EXPERIMENTE COMBINAÇÕES
DIFERENTES DE ALIMENTOS.
O TIPO DE HIDRATOS DE CARBONO
TEM INFLUÊNCIA NOS NÍVEIS DE
GLICOSE.
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IDEIAS-CHAVE
Os hidratos de carbono influenciam a glicemia
(açúcar no sangue).
São indispensáveis para o bom funcionamento
do organismo.
Os hidratos de carbono devem ser distribuídos
por seis a sete refeições por dia, em quantidades
moderadas.
São nutrientes que devem ser contabilizados
para cada refeição e de forma variada.
Varie os alimentos, mantendo o total de porções
de hidratos de carbono em cada refeição.
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52 Diabetes
ENTREVISTA
Construir um mapa da evolução da investigação da diabetes no futuro e orientar as descobertas científi cas para os interesses diretos das pessoas
com diabetes tem sido o grande objetivo da European Foundation for the Study of Diabetes (EFSD) e da Alliance for European Diabetes Research (EURADIA), refere o presidente de ambas as organizações, Philippe A. Halban. O também investigador considera que a aposta na prevenção e tratamento da diabetes pela via da ciência nunca antes foi tão promissora a nível da Europa, embora ainda haja muito trabalho pela frente, refere Halban numa entrevista exclusiva durante a sua visita a Lisboa por altura da 47.ª reunião anual da European Association for the Study of Diabetes (EASD), a maior associação do mundo dedicada ao estudo clínico da diabetes.
Estima-se que haja 55 milhões de pessoas com diabetes na Europa, número que continuará a aumentar até 2050 se não existir uma aposta da investigação no sentido da prevenção e da cura desta doença crónica, segundo a EURADIA.
Como é que as células estaminais podem ajudar as pessoas com diabetes?A primeira aplicabilidade em que todos pensamos quando falamos em células estaminais tem a ver com diabetes e doença de Parkinson; são os dois exemplos que normalmente aparecem nos artigos dos jornais. No caso da diabetes, as células estaminais poderão servir para substituir as células beta em pessoas com diabetes tipo 1.
De que forma podem as células estaminais ser usadas para esse efeito?Há duas formas para que isto possa eventualmente funcionar, mas que de momento são pura fi cção científi ca. A primeira é que as células estaminais podem ser obtidas através de um adulto ou através de um embrião. Ambas as técnicas são hoje possíveis e podem ter vantagens e desvantagens. Usar células estaminais embrionárias pode colocar questões éticas, pois têm de ser aprovadas em todos os países incluindo na Europa. Com as células de adultos esse problema não se coloca, mas as células de
«ESTOU MUITO OTIMISTA»Quais os efeitos que a investigação atual terá na vida das pessoas com diabetes nos próximos anos? Conheça a perspetiva do investigador Philippe A. Halban.
Texto: Ana Margarida Marques Fotografias: Pedro Vilela
«TEMOS QUE COMPREENDER MELHOR
O FUNCIONAMENTO DAS CÉLULAS.»
PHILIPPE A. HALBANÉ presidente da European Foundation for the Study of Diabetes (EFSD) e da Alliance for European Diabetes Research (EURADIA). A EFSD e a EURADIA são ambas organizações internacionais com o objetivo de melhorar a vida das pessoas com diabetes, tendo como linhas prioritárias promover a investigação da diabetes na Europa e a alocação de recursos nesta área, em prol do aumento do conhecimento da diabetes. Halban é também professor do Departamento de Genética na Universidade de Genebra, na Suíça. Já presidiu à European Association for the Study of Diabetes (EASD), a maior associação do mundo dedicada à investigação da diabetes.
Diabetes | 53
um adulto também não têm as mesmas vantagens do que as células embrionárias.Podemos usar estas células para fabricar milhões de células beta e transplantá-las nas pessoas. Se as células provêm do próprio indivíduo, melhor, pois não se colocaria o problema de regressão, o que seria ótimo. Porque é que continua a ser fi cção científi ca? Porque no momento ainda não conseguimos fabricar essas células, mas tem havido avanços científi cos signifi cativos num período muito reduzido. Estou muito otimista de que um dia iremos conseguir.
Qual o outro potencial uso das células estaminais?Se conseguirmos fabricar uma célula beta a partir de uma célula estaminal no contexto de laboratório, talvez consigamos criar um potencial comprimido ou outro medicamento que permitisse produzir as células beta na pessoa com diabetes. Ambos os casos podem ser um potencial ponto de partida no uso das células estaminais. Esta é a grande esperança no momento presente, mas atualmente as pessoas devem compreender que, pelo menos para já, é simplesmente uma esperança e não a realidade.
O que tem mais sido feito na área da investigação científi ca da diabetes?A EFSD tem promovido o fi nanciamento que engloba toda a investigação na diabetes especializada em células e em moléculas, fator muito importante para as pessoas com diabetes, porque a investigação permite-nos chegar a novos medicamentos para tratar a diabetes. E temos que compreender o funcionamento das células para podermos encontrar novos medicamentos.
Que outras apostas têm sido feitas na investigação da diabetes?Temos estado muito empenhados para que a investigação da diabetes na Europa esteja cada vez mais focada nas pessoas com diabetes. Para isso, há uma aliança europeia, a EURADIA, responsável por construir um mapa da evolução da investigação da diabetes no futuro, daqui a cinco/seis anos, para avaliar especifi camente como a investigação pode benefi ciar as pessoas com diabetes.
«A investigação permite-nos
chegar a novos medicamentos
para tratar a diabetes.»
ENTREVISTA
54 Diabetes
«TEM HAVIDO AVANÇOS CIENTÍFICOS
SIGNIFICATIVOS NUM PERÍODO
MUITO REDUZIDO.»
Portanto, na Europa, existe neste momento um esforço enorme para continuarmos a especializar-nos na investigação da diabetes e para continuarmos a dar o suporte necessário para os governos nacionais e para a investigação na área da diabetes e, mais importante do que tudo, para que a investigação esteja focada na melhoria de benefícios das pessoas que têm diabetes.
Quais os principais objetivos da investigação em curso na atualidade?Como resultado desta nova forma de pensamento da investigação na área da diabetes [centrada no doente], conseguimos produzir cada vez mais novos medicamentos e disponibilizar esses medicamentos no mercado de uma forma mais rápida do que alguma vez foi conseguido. Cada passo ao longo da cadeia e do processo de investigação tem sido cada vez mais pensado numa lógica de oferecer mais benefícios às pessoas com diabetes. E há muita pesquisa a acontecer de momento em vários sentidos.
O que tem sido investigado na diabetes tipo 1 e na diabetes tipo 2?Há muita pesquisa em curso na diabetes tipo 1, tentando procurar diferentes formas de prevenção da destruição das células beta no doente. Há também muita investigação na área da diabetes tipo 2 para compreender melhor o que acontece. Se conseguirmos compreender melhor estes dois processos, será mais fácil focar a investigação nos problemas específi cos para ajudar as pessoas a controlar melhor a glicemia.Também têm havido avanços científi cos muito interessantes no que diz respeito à relação entre a diabetes e algumas doenças como é o caso do cancro e das doenças mentais.
O que tem a ciência permitido descobrir sobre a relação da diabetes com outras doenças?Há uma relação entre a diabetes e a depressão, o que temos de absolutamente entender melhor, e recentemente também se tem verifi cado uma relação – e há um projeto em atividade de investigação fi nanciado pela FDSD – por um lado entre a diabetes e as doenças mentais e, por outro, a diabetes e o cancro. Estes são importantes avanços para as pessoas com diabetes que não só são confrontadas com a sua própria doença mas também com o perigo eminente de a diabetes trazer outras condições sérias de saúde a longo prazo, como a depressão, o cancro, além das doenças cardiovasculares, que já conhecemos há muito tempo. Portanto, há muitos avanços na pesquisa com interesse direto para as pessoas com diabetes.
«A INVESTIGAÇÃO DA DIABETES
NA EUROPA TEM ESTADO CADA VEZ
MAIS FOCADA NAS PESSOAS.»
A terapia de regeneração
de células ganha terreno.
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ESTRATÉGIASConstruir um mapa da evolução da investigação
da diabetes no futuro.
Procurar formas de prevenção da destruição
das células beta na diabetes tipo 1.
Compreender melhor o mecanismo que origina
a diabetes tipo 2.
Investigar cada vez mais a relação entre a diabetes
e algumas doenças como o cancro e as doenças
mentais.
Orientar a investigação clínica para os interesses
diretos das pessoas com diabetes.
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CURSOS PARA PROFISSIONAIS:
CURSOS PARA PESSOAS COM DIABETES E FAMILIARES:
Cursos de
Formação APDP
Rua de Salitre, 118-120
1250-203 Lisboa
Tel.: 213 816 100
Fax: 213 859 371
www.apdp.pt
APDP Contactos e Local
Departamento de Formação
Rua do Sol ao Rato, 11
1250-261 Lisboa
Informações: 936 168 340
E-mail: [email protected]
Formação Inicial (nível 1)
• Integrado de Diabetes • 27 a 29 de fevereiro • 26 a 28 de março • 28 a 30 de maio
Formação Intermédia (nível 2)
• Terapêutica na Diabetes tipo 2 • 7 a 9 de maio
• Prevenir e Controlar a Diabetes (Enfermeiros) • 16 a 20 de abril • 25 a 29 de junho
• A Diabetes tipo 1 na Criança e no Adolescente • 16 e 17 de abril
• Insulinoterapia na Diabetes tipo 2 • 13 e 14 de fevereiro • 18 e 19 de junho
• Aconselhamento Alimentar em Diabetes • 15 e 16 de março
• Pé Diabético • 13 a 17 de fevereiro • 12 a 16 de março • 14 a 18 de maio • 18 a 22 de junho
• Educação Terapêutica na Diabetes • 19 e 20 de março • 14 e 15 de maio
Formação Avançada (nível 3) • Curso Avançado de Diabetes (Enfermeiros) • 21 a 25 de maio
• Sessões Educativas para Pessoas com Diabetes tipo 2 • 12,13, 19 e 20 de março • 9,10, 16 e 17 de abril
• Conversas de Diabetes para Pessoas com Diabetes tipo 2 • 17 de fevereiro, 2, 16 e 30 de março
• Pessoas com Diabetes tipo 1 • 29 e 30 de março • 31 de maio e 1 de junho
• Pais de Crianças com Diabetes tipo 1 • 27 de abril e 11 de maio
• Cuidados às Pessoas Idosas com Diabetes • 19 de janeiro • 16 de fevereiro • 22 de março • 3 de maio
• Sábados desportivos • 7 de janeiro • 4 de fevereiro • 3 de março • 14 de abril • 5 de maio • 2 de junho
CULINÁRIA
58 Sopa de feijão branco
60 Gratinado de salmão e legumes
62 Rolo de peru
64 Bolinhos de Jerimu
PRAZER E SABOR Receitas para uma alimentação saudável
CULINÁRIA
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Sopa de feijão branco
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Ana Lopes Pereira, Nutricionista APDP
Ingredientes
Para 6 pessoas
P 1 lata de 800 g de feijão branco P 300 g de abóboraP 1 cebolaP 2 dentes de alhoP 1 molho de coentrosP 2 colheres (sopa) de azeiteP 1 colher (de café) de sal
Preparação1. Lave, descasque e corte os legumes aos pedaços (abó-bora, cebola, alho).
2. Coloque os legumes cortados numa panela, juntamen-te com metade da lata de feijão branco (previamente pas-sado por água corrente para retirar algum sal) e os coen-tros. Adicione água até cobrir tudo e uma colher de café de sal. Leve ao lume e deixe cozinhar até os legumes estarem cozidos.
3. Retire do lume, junte o azeite e triture.
4. Adicione a restante metade da lata de feijão branco, aqueça novamente até ferver e sirva.
Nota: Esta sopa é rica em hidratos de carbono. Para um melhor controlo da glicemia poderá ser necessário redu-zir a quantidade de hidratos de carbono (exemplo: arroz, massa, batata) da refeição.
P Calorias 158 kcalP H. Carbono 21 g
P Proteínas 9 gP Gordura 4 g
Composição nutricional
média por pessoa
Sopa de feijão branco
60 Diabetes
CULINÁRIA
Preparação1. Corte os lombinhos de salmão aos cubos e tempere-os com pimenta, meia colher de café de sal e sumo de meio limão.2. Lave, arranje e corte aos pedaços a couve-fl or, o alho-francês e a cebola. Coloque os pedaços de vegetais numa panela ou wok com uma colher de sopa de azeite, pimenta e meia colher de café de sal. Leve ao lume e deixe cozinhar cerca de dez minutos.3. Numa panela à parte aqueça o leite e junte a farinha e meia colher de chá de sal, mexendo bem até engrossar.4. Junte o molho branco à panela com os legumes e deixe cozinhar cerca de três minutos.5. Coloque numa travessa de forno os cubos de salmão, cubra com a mistura de legumes e molho branco e polvilhe com pão ralado. Leve ao forno pré-aquecido a 180 ºC.6. Acompanhamento: lave bem as batatas e coloque-as num recipiente próprio para micro-ondas com meia colher de café de sal. Pique cada batata com um garfo por duas ou três vezes. Tape com uma tampa para micro-ondas e coloque na po-tência máxima cerca de seis minutos. Tempere com uma colher de sopa de azeite antes de servir.
Ingredientes
Para 4 pessoas
P 300 g de lombinhos de salmão P 300 g de couve-fl or P 200 g de alho francês P 1 cebolaP 6 batatas pequenasP 0,5 l de leite magroP 2 colheres (sopa) de farinha integral P 2 colheres (sopa) de pão ralado integral P 2 colheres (sopa) de azeite P 2 colheres (café) de salP Pimenta q.b.P Sumo de limão
Gratinadode Salmão
Diabetes 61
Composição nutricional
média por pessoa
P Calorias 357 kcalP H. Carbono 29 g
P Proteínas 24 gP Gordura 16 g
Gratinadode Salmão
Ana Lopes Pereira, Nutricionista APDP
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Rolo de Peru
Diabetes 63
Ingredientes
Para 6 pessoas
P 500 g de carne picada de peruP 1 lata de 300 g de ervilhasP 2 cenourasP 1 cebolaP 2 dentes de alhoP 1 dl de vinho brancoP 1 ovoP 30 g de pão raladoP 2 colheres (sopa) de azeiteP OrégãosP PimentaP 2 colheres (de café) de sal
P 200 g (em cru) de arroz selvagem
Preparação1. Descasque e pique a cebola e os alhos.
2. Coloque numa taça a carne picada, a cebola e o alho picados, o ovo, o vinho, o pão ralado, o azei-te, uma colher de café de sal e a pimenta e misture bem. Junte as ervilhas (passadas por água corren-te e bem escorridas) e as cenouras raladas e mis-ture novamente.
3. Pincele uma forma antiaderente de bolo inglês com azeite e coloque a mistura. Polvilhe com oré-gãos e leve ao forno (pré-aquecido) a 200 ºC cerca de 30 minutos.
4. Acompanhamento: coza o arroz selvagem em água e uma colher de café de sal.
P Calorias 303 kcalP H. Carbono 33 g
P Proteínas 27 gP Gordura 7 g
Composição nutricional
média por pessoa
Ana Lopes Pereira, Nutricionista APDP
CULINÁRIA
64 Diabetes
Composição nutricional
média por pessoa
P Calorias 82 kcalP H. Carbono 9 g
P Proteínas 2 gP Gordura 4 g
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Diabetes 65
Preparação1. Coza a abóbora a vapor polvilhada com o sal, ou no míni-mo de água possível e tapada.2. Reduza a abóbora a puré, introduza-o num pano (tipo saco) e pendure-o para escorrer o máximo de água.3. Deite o puré de abóbora numa tigela e junte a farinha, as gemas, as duas colheres de açúcar light, a raspa da casca de limão e o Vinho do Porto, e misture tudo de forma ho-mogénea.4. Bata as claras em castelo e junte-as ao preparado ante-rior, em pequenas porções e suavemente.5. Aqueça o óleo a 175 ºC e, com duas colheres de sopa, mol-de o preparado em oval (tipo pasteis de bacalhau) deixan-do-os cair diretamente no óleo. Deixe fritar sem queimar e escorra bem sobre papel absorvente, mudando o papel frequentemente.6. Polvilhe os bolinhos com o restante açúcar a que previa-mente juntou a canela.
Nota: Estes bolinhos são característicos da época natalícia e, por serem fritos, aconselha-se o seu consumo moderado.
Ingredientes
Para 14 bolinhos
P 1 kg de abóbora-menina (já descascada) P 1 colher (de café) de salP 60 g de farinhaP 3 ovos pequenosP 2,5 colheres (de sopa) de açúcar lightP 1 limãoP 2 colheres (de sopa) de Vinho do PortoP Óleo de amendoim para fritar P 4 colheres (de sopa) de açúcar light P 1 colher (de chá) de canela em pó
Bolinhos de Jerimu
Retirada do livro: Uma Alimentação Saudável, a Alimentação na Diabetes,
de Maria João Afonso, Nutricionista da APDP, e Maria de Lourdes Modesto
62_Pub_APDP_Livros.indd 66 10/3/11 12:31 PM
Centenas de pessoas aderiram à ação «Vamos dar a volta à diabetes». Uma unidade móvel de saúde esteve estacionada e de portas abertas na Praça da Figueira, em Lis-boa, durante o dia 14 de novembro, Dia Mundial da Diabetes, para prevenir e alertar para os cuidados a ter com a doença. A iniciativa percorreu diferentes pontos do país ao longo daquela semana: Leiria,
Viseu, Porto, Évora e Santarém. A ideia foi proporcionar atividades interativas para avaliar o co-nhecimento que as pessoas têm sobre a doença, alertar para os seus riscos, desmistificar mitos e ensinar a sua prevenção e controlo.Os participantes receberam dicas e sugestões úteis para um estilo de vida saudável, por um pro-fissional de saúde da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP).Foi também organizada uma aula de ginástica inserida nas sessões «Caminhar para o Equi-líbrio», um programa educacional da Lilly Portugal para pessoas com diabetes tipo 2. A ação «Vamos dar a volta à diabetes» foi uma iniciativa da Lilly Portugal e da APDP, com o apoio da Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD).
A SUA APDPNotícias da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal
UNIDOS PELA DIAbEtES
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Uma das grandes conclusões do 5.º Fórum Nacional da Diabetes, organizado pela Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP),
Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM) e a Associação Portuguesa de Médicos de Clínica Geral (APMCG), é que para prevenir a diabetes é preciso considerar quatro fatores em debate no dia 19 de novembro. São eles: alimentação, atividade física, tabaco e álcool.
Mais de duas mil pessoas reuniram-se no Centro Nacional de Exposições (CNEMA), em Santarém, para debater a educação terapêutica e a prevenção no combate da diabetes, entre as quais pessoas com diabetes, familiares, associações de doentes, sociedades científicas, médicos, nutricionistas, enfermeiros, entre outros profissionais.
«Destaco a grande participação das pessoas nas discussões e nos debates, a discussão da importância das associações de doentes na educação, na mobilização e na defesa dos direitos dos doentes e também o chamar à responsabilidade quer no autocontrolo quer na divulgação
do que é a diabetes e de como a prevenir. Além disso, duas mil pessoas de todo o país, cerca de 20 associações de diabéticos e 40 autocarros são uma pequena imagem da capacidade de mobilização do mundo da diabetes», referiu José Manuel Boavida, Coordenador do Programa Nacional de Diabetes (PND).
Na abertura estiveram presentes o Diretor-Geral da Saúde, Francisco George, o presidente da APDP, Luís Gardete Correia, o presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD), José Luís Medina, e ainda Manuela Cavalheiro, presidente da SPEDM, Luiz Miguel Santiago, presidente da APMCG, e o presidente do Fórum, Manuel João Gomes.
O evento decorreu na semana em que se assinalou o Dia Mundial da Diabetes (14 de novembro), a par de outras iniciativas realizadas no mundo inteiro.
A SUA APDP FÓRUM DIABETES
5.º Fórum da diabetesMais de duas mil pessoas juntaram-se no dia 19 de novembro, em Santarém, para debater a grande prioridade do momento – prevenir a diabetes e dar mais qualidade de vida às pessoas.
Forte mobilização nacional
68 Diabetes
O fórum fOi visitadO pOr 20
assOciações de diabéticOs.
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TEMAS DE DISCUSSÃO
As áreas de debate foram a nutrição, o álcool, o tabaco e a atividade física. Na conferência sobre a alimentação, João Filipe Raposo, diretor clínico da APDP respondeu à questão «Porque engordamos?». Entre as principais causas do excesso de peso, foram apontadas: ingestão de álcool em excesso, comer fora de casa frequentemente, comer para conforto, comer mais do que o necessário, fazer pouca atividade física, outras doenças e medicamentos. «Engordamos porque comemos mais do aquilo que gastamos», frisou o médico. «Somos o que somos também porque escolhemos determinados alimentos», alertou a nutricionista do Hospital de São João Cristina Arteiro.
No 5.º Fórum Nacional da Diabetes, foram ainda tema de debate o «Álcool» e as suas repercussões, além da conferência «Consequências do hábito de fumar. Será fácil deixar de fumar?».
O programa incluiu outras discussões na ordem do dia: «A importância das Associações de Pessoas com Diabetes na prevenção da doença», a «Carta dos direitos e deveres das pessoas com diabetes», «Exemplos de intervenção»
e a discussão sobre «O papel das Associações na decisão política», a cargo da eurodeputada Marisa Matias, do Grupo de Discussão sobre Diabetes do Parlamento Europeu.
O último momento foi a palestra «Atividade Física» e uma aula de ginástica para os participantes do Fórum.
COMBATE À DIABETES
Segundo a eurodeputada Marisa Matias, «não é possível adiar mais o combate à diabetes», continuando: «É fundamental que os países membros da União Europeia estabeleçam medidas concretas que devem ser implementadas o mais rapidamente possível. A prevalência das doenças não transmissíveis é muito signifi cativa nos países da União Europeia e representam custos muito elevados em termos económicos, sociais e humanos, tanto para as famílias como para os países».
José Manuel Boavida, Coordenador do PND, relembrou que a OMS tem um plano para integrar a prevenção das doenças crónicas até 2013, reforçado agora pela Cimeira das Nações Unidas.
São agora prioridades «aumentar as medidas antitabágicas, criar ambientes mais saudáveis no trabalho, orientar as escolhas das pessoas para uma vida mais saudável, tomar medidas que vão no sentido da redução do açúcar, do sal, das gorduras saturadas na alimentação, controlar o fabrico dos alimentos industriais».
A unidade móvel de saúde «Vamos dar a volta à diabetes» que iniciou o seu percurso na Praça da Figueira, em Lisboa, para assinalar o Dia Mundial da Diabetes, terminou a sua viagem neste dia 19, junto ao CNEMA.
Por: Ana Margarida Marques
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MAIS DE DOIS MIL PARTICIPANTES
PARTICIPARAM NO DEBATE.
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ESPECIALISTAS
ESCLARECERAM
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Abriu a Unidade de Hemodiálise nas instalações da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP), em Lisboa, resultante de uma parceria entre a APDP e a Nephrocare. «O objetivo é poder oferecer ao doente com diabetes e doença renal crónica terminal a hemodiálise no âmbito da terapêutica integrada da diabetes», refere Patrícia Branco, que integra uma equipa multidisciplinar, constituída por médicos e enfermeiros especializados.
O novo serviço dirige-se aos doentes com diabetes, tipo 1 ou tipo 2, «referenciados de uma consulta de nefrologia hospitalar que vivam na zona da Grande Lisboa e que queiram fazer diálise no centro da APDP», informa a médica na abertura, que coincidiu com o Dia Mundial da Diabetes, assinalado a 14 de novembro.
Promover o ensino e o autocuidado da pessoa com diabetes e oferecer uma terapêutica integrada e
multifatorial, com todas as especialidades médicas, é uma aposta contínua da mais antiga associação de diabetes do mundo, que ao longo dos anos tem procurado inovar e adaptar-se às novas perspetivas científicas.
É numa lógica de oferta de cuidados diferenciados dirigidos à pessoa com diabetes que se enquadra a abertura da nova unidade. A estratégia desta associação envolve a integração, na mesma estrutura, de diversas valências adequadas às complicações da diabetes, nomeadamente Cardiologia, Endocrinologia, Oftalmologia, Podologia, Urologia, Psiquiatria, Psicologia e Nutrição.
A hemodiálise é uma das terapêuticas de substituição da função renal pela qual o doente renal pode optar. «As outras opções de terapêuticas de substituição da função renal nos doentes com diabetes são a diálise peritoneal, a transplantação renal e, nos doentes com diabetes tipo 1 e com menos de 45 anos, a transplantação renal e pancreática – portanto a hemodiálise é apenas uma opção de terapêutica de substituição da função renal que um doente renal crónico pode equacionar», avança a nefrologista Patrícia Branco.
A SUA APDP NOTÍCIAS
AberturA dA unidAde de hemodiáliseJá está a funcionar a nova Unidade de Hemodiálise nas instalações da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal.
Novo serviço para os utentes
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DESMISTIFICAR A HEMODIÁLISE
«A hemodiálise é uma terapêutica que se inicia em fases avançadas da doença renal crónica que substitui uma parte da função dos rins, eliminando do organismo regularmente algumas das “toxinas” renais que se acumulam na doença renal, e que contribui para o equilíbrio da água e dos eletrólitos», esclarece a médica.
Para a maioria dos doentes cada tratamento de hemodiálise tem a duração de quatro horas, repetindo-se três vezes por semana. O tratamento realiza-se às segundas, quartas e sextas, ou terças, quintas e sábados. A diálise tem de ser realizada durante toda a vida do doente, a não ser que seja transplantado. Os doentes também podem optar pela diálise longa noturna, uma diálise mais lenta, com sete horas de duração. Muitos centros de diálise em Portugal já oferecem esta possibilidade aos seus doentes.
«Com os avanços tecnológicos da hemodiálise, a maioria
dos doentes consegue tolerar bem as sessões de diálise e manter uma vida profi ssional e social ativa», refere a nefrologista da APDP.
A DIABETES E A DOENÇA RENAL
A diabetes continua a ser um desafi o para os nefrologistas. Em termos epidemiológicos, a diabetes e a doença renal crónica são consideradas uma catástrofe com dimensões mundiais. «A principal causa de doença renal crónica dos doentes que iniciam terapêutica de substituição da função renal nos países ocidentais é a diabetes», avança a responsável, realçando que em 2009 a nefropatia diabética em Portugal correspondeu a 32 por cento dos doentes que começaram a terapêutica de substituição da função renal.
Nos países ocidentais, os doentes com diabetes que iniciam diálise (hemodiálise ou diálise peritoneal) são, na sua maioria, doentes com diabetes tipo 2, afi rma
também Patrícia Branco. «Geralmente a diabetes tipo 2 é diagnosticada em fases muito tardias da doença, simultaneamente com o diagnóstico de complicações macrovasculares como as cardíacas, as cerebrais, as vasculares periféricas e a doença renal crónica, portanto muitas vezes o diagnóstico da diabetes tipo 2 surge em simultâneo com as manifestações clínicas dessas complicações tardias», refere.
Hoje é menor a percentagem de doentes com doença renal crónica e diabetes tipo 1 que iniciam terapêuticas de substituição da função renal, «o que pode refl etir os benefícios das estratégias preventivas que têm sido instituídas», acrescenta a médica.
Apesar dos avanços tecnológicos na diálise, os doentes diabéticos continuam a ter maior morbilidade e mortalidade, comparativamente com os outros doentes em diálise. Essa diferença resulta essencialmente do maior risco cardiovascular nestes doentes.
EDUCAÇÃO DO DOENTE
É fundamental que o doente saiba que há várias alternativas na terapêutica da doença renal crónica. Por isso, alguns hospitais a nível nacional oferecem programas de educação para a doença renal crónica e de educação pré-diálise, com o intuito de o doente poder tomar uma decisão sobre a sua terapêutica renal de forma consciente e suportada em informação sólida.
«Um dos objetivos da consulta de educação de pré-diálise é facultar ao doente as perspetivas terapêuticas que existem para que, de acordo com a sua vida e com a sua família, possa optar. A opção engloba a decisão de iniciar diálise, a opção por uma técnica de diálise domiciliária (como por exemplo a peritoneal) ou pela hemodiálise num centro, por exemplo», refere a médica. «É uma consulta de suporte da decisão informada do doente, já que a última palavra é sempre do doente e da família em que se insere», adiciona.
Com este projeto, a Nephrocare e a APDP pretendem contribuir para o melhor conhecimento do comportamento da diabetes em diálise, e assim permitir individualizar a prestação de cuidados, melhorar a qualidade e a esperança de vida destes doentes.
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MAIS DE DOIS MIL PARTICIPANTES
PARTICIPARAM NO DEBATE.
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«A HEMODIÁLISE É APENAS UMA
OPÇÃO DE TERAPÊUTICA DE
SUBSTITUIÇÃO DA FUNÇÃO RENAL.»
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DESTINATÁRIOS
A Unidade de Hemodiálise dirige-se a pacientes com
diabetes tipo 1 e diabetes tipo 2, referenciados de uma
consulta de nefrologia hospitalar e residentes na zona
da Grande Lisboa.
IDEIAS-CHAVE
As opções de terapêuticas de substituição da função
renal nos doentes com diabetes são:
Hemodiálise
Diálise peritoneal
Transplantação
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Texto: Ana Margarida Marques Fotografias: Mafalda Melo
O 7.º Congresso de Educadores em Diabetes decorreu nos dias 24 e 25 de novembro, no Hotel Altis, em Lisboa, acontecimento que teve como temática «O Desafio da Crise» e que contou com a participação de 200 profissionais de saúde ligados à diabetes.
A abertura do evento foi feita pelo presidente da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP), Luís Gardete Correia.
A comentar a atual crise esteve o economista Luís Nazaré, que se dirigiu aos técnicos, organizações e empresas, mas também às famílias portuguesas: «Quaisquer que sejam os efeitos da crise nacional e da crise internacional, nós devemos manter uma atitude positiva. É a atitude que nós devemos a nós próprios e é a atitude que devemos ter para com os outros, sobretudo estando todos vós familiarizados com o que é o quadro de uma doença crónica.»
O economista defendeu que ainda que «as dificuldades de hoje serão certamente ultrapassadas» e que «aquilo que nós devemos fazer é demonstrar que somos capazes de as vencer ou pelo menos sabermos tirar o melhor partido daquilo que as piores condições de hoje nos apresentam».
PaPel da educação TeraPêuTica
Sobre o papel da educação terapêutica na diabetes, José Manuel Boavida realçou a importância do apoio ao doente crónico pela equipa de saúde.
«Se educarmos melhor os doentes, vamos conseguir poupar dinheiro, evitar a doença e dar melhor qualidade de vida às pessoas», refere o coordenador do Programa Nacional de Diabetes, recordando que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a adesão das terapêuticas nas doenças crónicas depende de a capacidade das equipas de saúde assumirem um papel de apoio no sentido de proporcionar a educação ao doente.
«Hoje o melhor medicamento para a diabetes seria um medicamento que provocasse a adesão das pessoas aos medicamentos que já existem hoje», continua o também
A SUA APDP O DESAFIO DA CRISE
Atitude positivA nA educAção do doenteProfissionais de saúde reuniram-se nos dias 24 e 25 de novembro para debater o papel da educação na diabetes e os desafios impostos pela atual crise.
7.º Congresso de Educadores em Diabetes
72 Diabetes
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o Técnico de saúde deve
escuTar, informar, dar
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«QuaisQuer Que sejam os efeitos
da crise, nós devemos manter
uma atitude positiva.»
Luís nazaré, economista
médico da APDP, dirigindo-se à plateia no Hotel Altis.José Manuel Boavida refere a importância de os
profissionais de saúde contemplarem o doente crónico para além da sua doença, observando-a na sua complexidade: «a sua vida, a sua família, o seu trabalho, os seus problemas, as suas expectativas, as suas ansiedades».
Assim, o papel do profissional de saúde é fundamental – é o de um «consultor» ou «conselheiro» – que sabe escutar, informar, dar apoio emocional, construir alternativas para o doente e ajudar na recuperação do seu bem-estar. «As pessoas que nos consultam e que têm a doença são as mais interessadas na sua própria doença e só quando
percebermos as responsabilidades que elas têm é que nós lhe daremos o espaço de que elas necessitam», refere José Manuel Boavida na abertura do congresso nacional.
Desafios no futuro
Embora haja muitos progressos ao nível do papel da terapêutica na diabetes, não são poucos os desafios impostos por esta doença crónica que atinge quase um milhão de portugueses.
Tal como tem sido anunciado por várias forças internacionais, continuam a ser apontados como graves fatores de risco os atuais estilos de vida, a alimentação, o sedentarismo, a obesidade, o tabaco e o álcool.
Foram diversos os temas discutidos pelos grupos de trabalho durante os dois dias do congresso: «A Motivação e a Mobilização da Equipa», «A Comunicação na Equipa», «A Resolução de Conflitos na Equipa», «Procurar e Encontrar o meu Caminho», «O Caminho Faz-se a Caminhar», «Caminhar em Conjunto é Mais Fácil», «Estabelecer Objetivos na Educação em Relação ao Pé», «Educação em Ambiente de Consulta Vs. Comunidade (Pé Diabético)», «Contagem de Hidratos de Carbono», «Alimentos Mais Suspeitos do que o Costume», «Sistemas de Perfusão Contínua de Insulina» e «A Insulina na Diabetes tipo 2».
O evento teve o patrocínio de várias entidades, nomeadamente da Direção-Geral da Saúde (DGS), do Plano de Prevenção e Controlo da Diabetes (PPCD), da Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD) e da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM).
Por: Ana Margarida Marques
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«Se educArMoS oS doenteS, vA-
MoS conSeguir PouPAr e dAr
Melhor quAlidAde de vidA.»
JoSé MAnuel BoAvidA, APdP
«deveMoS tirAr o Melhor PArti-
do dAquilo que AS PioreS con-
diçõeS de hoJe noS APreSentAM.»
luíS nAzAré, econoMiStA
¶
ConCLusÕes
o profissional de saúde deve:
Assumir um papel ativo na educação ao doente.
Saber escutar, informar e dar apoio emocional.
construir alternativas para o doente crónico.
contemplar a pessoa com diabetes no seu todo
e não apenas de acordo com a sua doença.
Promover estratégias para que tenha melhor
qualidade de vida e bem-estar.
AGENDA
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janeiroPESSOAS COM DIABETES
Sábados Desportivos
O objetivo é a promoção da atividade física,
com práticas ao ar livre. Os Sábados Despor-
tivos são realizados no Parque da Quinta das
Conchas, em Lisboa, por uma equipa multidis-
ciplinar e destinam-se a pessoas com diabetes
e acompanhantes. O evento realiza-se também
nos dias 4 de fevereiro, 3 de março e 14 de abril.
março
PROFISSIONAIS
fevereiro PROFISSIONAIS
Pé diabético
De 13 a 17, o curso tem a
finalidade de promover a
atualização de conhecimentos
sobre o pé diabético: fatores de
risco, tratamento, tecnologias
atuais, estratégias conjuntas,
terapêuticas novas. Uma nova
edição do curso está prevista para
12 a 16 de março.
março
PROFISSIONAIS
Implementação de Programas
de Prevenção na Diabetes tipo 2
O curso realiza-se de 12 a 15 e destina-se
aos profissionais que pretendam adquirir
conhecimentos na área da nutrição e do
exercício físico, baseando-se na neces-
sidade de intervenção na prevenção da
diabetes tipo 2.
março PROFISSIONAIS
10º Congresso Português
de Diabetes
A Sociedade Portuguesa de
Diabetologia vai realizar de 7 a
10 de Março o seu 10º Congresso
Português de Diabetes, no Tivoli
Marinotel, em Vilamoura, no
Algarve.
Mais informações: www.spd.pt
Sessões Educativas para
Pessoas com Diabetes tipo 2
O curso realiza-se a 12,13, 19 e 20 e destina-se
a pessoas com diabetes tipo 2 e acompanhan-
tes. Pretende aumentar os conhecimentos que
permitam fazer alterações no estilo de vida
e a gerir melhor a diabetes. Uma nova edição
do curso está prevista para os dias 9,10, 16
e 17 de abril.
fevereiroPROFISSIONAIS
Insulinoterapia na
pessoa com diabetes
tipo 2
De 13 a 14, médicos
e enfermeiros podem
aprofundar conhecimentos
sobre os principais tipos
de insulina, técnicas de
motivação e diferentes
aspetos do tratamento
da diabetes, como o
autocontrolo, alimentação,
exercício físico e terapêutica.
PESSOAS COM DIABETES
Pais de Crianças com Diabetes
Tipo 1
A formação realiza-se nos dias 27
de abril e 11 de maio dirigida para
os pais de crianças até aos 12 anos
inclusive, com a finalidade de melhorar
as competências sobre autovigilância,
autocontrolo e prevenção da diabetes.
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PROFISSIONAIS
Educação Terapêutica
na Diabetes
De 19 a 20, o curso destina-se
a enfermeiros, nutricionistas, dietistas
e psicólogos que pretendam aprofundar
conhecimentos nesta área, fazendo um
percurso pela consulta individual, abor-
dando as várias fases que a compõem,
e pelas atividades de educação em grupo
com recurso a várias metodologias.
março
abril
março
PESSOAS COM DIABETES
Pessoas com diabetes tipo 1
O curso realiza-se de 29 a 30, destinado
a médicos, enfermeiros,
dietistas, nutricionistas
e psicólogos que
queiram melhorar as
suas competências
na gestão da
diabetes e os seus
conhecimentos
acerca de uma
alimentação
saudável,
insulina e
exercício físico.
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PROFISSIONAIS
Cuidados às Pessoas Idosas
com Diabetes
Dirigida aos trabalhadores de instituições
de idosos, a sessão tem o objetivo de melhorar
as competências dos profissionais para prestar
cuidados na área de tratamento, vigilância,
controlo, cuidados preventivos dos pés, entre
outros. Estão previstas novas edições do curso
para 16 de fevereiro e ainda 22 de março.
PROFISSIONAIS
A diabetes tipo 1 na
criança e no adolescente
De 16 a 17 de abril, o curso pretende
desenvolver as competências das equipas
de saúde no que toca aos cuidados a ter
com a criança e o jovem com diabetes tipo 1.
abril
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ESCOLA DIABETES
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PROFISSIONAIS
Curso Integrado de Diabetes
De 27 a 29 de Fevereiro, este curso
destina-se a médicos, enfermeiros,
nutricionistas, dietistas e psicólogos
que pretendam ter uma abordagem
inicial e abrangente da diabetes. A ação
de formação tem uma nova edição de
26 a 28 de março e de 28 a 30 de maio.
fevereiro
a médicos, enfermeiros,
dietistas, nutricionistas
e psicólogos que
queiram melhorar as
suas competências
na gestão da
diabetes e os seus
conhecimentos
acerca de uma
alimentação
saudável,
insulina e
exercício físico.
MILES DAVIS
O PRÍNCIPENEGRO DO JAZZNEGRO DO JAZZ Miles Davis faz parte do panteão de grandes artistas que o jazz deu a conhecer ao mundo.
A SUA APDP DIABÉTICO ILUSTRE
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ens:
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M iles Davis, ou somente Miles, como é conhecido entre os amantes e os músicos do jazz, forma de música que é, para muitos, a maior invenção
artística da América do Norte. Nascido nos anos 1920 em St. Louis, fi lho de um médico
dentista afro-americano, Miles, apesar da condição socioeconómica familiar confortável da sua família, cresceu e viveu sempre bem ciente da sua condição de negro, das suas raízes africanas e da sua condição desfavorecida e de segregação social que se vivia nos Estados Unidos da América, na época.
Atraído para o jazz, música de eleição para uma larga camada de músicos negros na altura, Miles estudou e abraçou o trompete como seu instrumento preferido. O trompete era, então, o instrumento mais conhecido do jazz devido ao seu mais famoso intérprete, o pai do sucesso e reconhecimento do jazz: Louis Armstrong.
Este deu a conhecer ao mundo uma realidade musical diferente e totalmente nova a que se chamou «jazz», uma música em que a expressividade interpretativa, o balanço musical tão característico no rítmico balanceado irresistível do swing, a improvisação aliada a um grande virtuosismo e domínio dos instrumentos, moldados numa infl uência marcante da música negra dos escravos, dos crioulos de Nova Orleães, do blues e das marchas de origem europeia, conferiram uma identidade própria e única na história da música.
Miles foi e é um símbolo, uma fi gura carismática, um líder que atravessou, participou e iniciou muitos dos géneros e evoluções do jazz ao longo de quatro décadas (anos 40-80 do século XX).
Foi fi gura marcante do bop (substituiu Dizzy Gillespie ao lado do não menos famoso Charlie “Bird” Parker), iniciou o movimento cool (Birth of the Cool) com o grande orquestrador (branco) Gil Evans, gravou o mais famoso álbum da história do jazz, A Kind Of Blue, onde o seu quinteto apresentou, pela primeira vez, o jazz modal, privilegiando a improvisação numa base modal ou tonal em alternativa ao tradicional encadear harmónico dos acordes (e introduzindo na escala
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Uma crónica de Rui Duarte
«MILES ESTUDOU E ABRAÇOU
O TROMPETE COMO SEU
INSTRUMENTO PREFERIDO.»
Miles foi e é um símbolo,
uma figura carismática.
a chamada blue note). Foi o grande impulsionador do jazz elétrico ou de fusão com o rock (Bitches Brew) e, mesmo após períodos de afastamento, por problemas pessoais ou de saúde, soube sempre regressar diretamente para a vanguarda do momento.
Outra característica marcante de Miles foi a de saber sempre rodear-se de grandes músicos e descobrir novos e inovadores talentos.
Praticamente todos os grandes nomes do jazz a partir dos nos 1950 tocaram e foram influenciados por Miles. A lista é quase infindável mas, dentro dos ainda ativos, há a destacar os muito famosos Chick Corea, Herbie Hancock, Keith Jarrett,
Wayne Shorter, John McLaughlin, por exemplo.Todos respeitaram e falam ainda hoje de Miles como
um grande líder, que sabia liderar, dando orientações por vezes quase impercebíveis, mas deixando e estimulando a liberdade e criatividade dos músicos, estando sempre presente, mesmo quando, em silêncio e de costas viradas para o público, apontava o trompete para o solista escolhido na ocasião.
Miles foi um músico transgeracional que percorreu e marcou o bop, o cool, o jazz tonal, o jazz elétrico, explorou a pop music e deixou ainda marcas como um dos pioneiros da world music. Mesmo aqueles críticos puristas que gritavam
«Outra característica marcante
de miles fOi a de saber sempre rOde‑
ar‑se de grandes músicOs.»
«Os grandes nOmes dO jazz a partir
dOs anOs 50 tOcaram e fOram in‑
fluenciadOs pOr miles.»
A SUA APDP DIABÉTICO ILUSTRE
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Miles Davis teve um papel único na
história da música do século XX.
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histericamente contra as aventuras e heresias do Miles Davis dos anos 70 e 80 lhe reconhecem, agora, um papel único na história da música do século XX.
Mas, mais e melhor que qualquer consideração feita pelos seus admiradores ou críticos, é constatar o número verdadeiramente impressionante de músicos, companheiros de profi ssão e de aventuras, que com ele tocaram, aprenderam, evoluíram, ganharam voz e vias próprias de exploração musical, muitos tornando-se verdadeiras estrelas com luz própria, mas todos refl etindo sempre a enorme admiração pela fonte de inspiração e liberdade criativa deste génio afro-americano.
Seguem-se algumas frases desses músicos: «Quando estava com Miles no início da minha carreira, ele costumava dizer-nos que nos pagava para que tentássemos criar coisas novas – no palco – e não para as prepararmos na sala de ensaios», Hancock. «Para mim, Miles Davis era um grande poeta (a propósito do tema The Poet). Ele era um mestre no aproveitamento do espaço e apenas tocava as notas certas nos momentos certos».
Miles foi sempre um símbolo. É uma fi gura carismática que atravessou períodos marcantes na história da emancipação dos negros norte-americanos e do próprio jazz, que veio a alargar fronteiras até se tornar uma música universal.
Miles é recordado com o seu trompete que sussurra baladas inesquecíveis com o seu som em surdina reconhecível de imediato, apesar de mil vezes imitado por todo o mundo.
Recordamos Miles com as suas pequenas frases musicais de trompete amplifi cado com efeitos eletrónicos, ecoando qual instrumento vindo do espaço sideral, em alguns dos seus últimos registos.
O homem e a sua música. O som do seu trompete e a sua história de vida (a música que se tornou a sua razão de vida; a droga que derrotou; as mulheres por quem se apaixonou; as artes que cultivou e os seus discípulos que o veneraram).
Miles vale uma história de vida, a de um dos grandes génios artísticos que o passado século conheceu.
«ATRAVESSOU PERÍODOS MARCAN-
TES NA HISTÓRIA DA EMANCIPA-
ÇÃO DOS NEGROS NORTE-AMERI-
CANOS E DO PRÓPRIO JAZZ.»
O artista sempre soube descobrir
novos e inovadores talentos.
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MENSAGEM DO PRESIDENTEMENSAGEM DO PRESIDENTE
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N o passado mês de dezembro realizou-se no Dubai o Congresso da Federação Internacional de Diabetes de 2011. Os dados epi-demiológicos ali apresentados fazem-nos entender a enorme
pandemia que se avizinha. O número de pessoas com diabetes passará de 366 milhões em 2011 para 552 milhões em 2030 se nenhuma atuação efi caz for entretanto desencadeada. Isto representa aproximadamente três novos casos em cada dez segundos ou mais dez milhões por ano. Continentes como África e muitas zonas da Ásia irão ter, nos próximos 20 anos, um incremento da diabetes de cerca de cem por cento.
Se a diabetes está em expansão em todo o mundo, naturalmente também está em Portugal. Os números publicados há cerca de dois anos no estudo Prevadiab estão já muito ultrapassados, levando em consideração a nova base populacional portuguesa saída do censo 2011. Mais de um milhão de portugueses tem diabetes! Se não entrar-mos pelos custos sociais e humanos, o seu peso económico em custos diretos será já muito superior aos mil milhões. Enormes custos que, com um programa de prevenção estruturado, poderiam ser reduzidos a cerca de metade. Temos hoje conhecimentos e armas terapêuticas e um dos melhores serviços de saúde do mundo! O que nos falta? Um enorme empenhamento da sociedade política e civil que de forma
APDPAO SERVIÇO DA PESSOACOM DIABETES
Luís Gardete Correia Presidente da APDP
«ESTA É A RESPOSTA DE QUE
NÃO NOS DEIXAMOS ABATER
PELA CRISE.»
«TEMOS HOJE CONHECIMENTOS
E ARMAS TERAPÊUTICAS E UM DOS
MELHORES SERVIÇOS DE SAÚDE
DO MUNDO! O QUE NOS FALTA?»
MENSAGEM DO PRESIDENTE
transversal faça inverter esta tendência. Um plano assumido pelos responsáveis políticos dos vários ministérios, autarquias e sociedade civil!
Muito do que é necessário está no Programa Nacional de Pre-venção e Controlo da Diabetes. Forneça-se meios para que ele possa na sua plenitude vir para o terreno!
A simples leitura dos conteúdos deste número são a demons-tração clara de que a Associação está empenhada em desenvol-ver-se no sentido de prestar mais e melhores serviços às pessoas com diabetes de todo o país que aqui se deslocam esperando o nosso apoio.
Esta é a resposta de que não nos deixamos abater pela crise. Nunca como no passado ano, e esperamos que também este ano assim seja, a Associação teve tamanha vitalidade e dina-mismo na aproximação às pessoas com diabetes. A relação com o Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente com as Adminis-trações Regionais de Saúde (ARS), é o exemplo de uma profícua colaboração entre os serviços oficiais e a nossa instituição. Foram várias as iniciativas que tiveram lugar neste último ano, como a abertura da farmácia social que demonstrou uma enorme valia para os sócios, o início da atividade da unidade de hemodiálise e a inauguração, neste mês de janeiro, da nova cozinha dietética, bem como do ginásio destinado à reabilitação das pessoas com diabetes. Estes são exemplos da dinâmica permanente desta instituição. Mas para que todos estes projetos singrem, é preciso a colaboração e o apoio ativo de todos. Neste mês de janeiro ire-mos assistir a uma enorme campanha nacional de angariação de sócios. O apoio de figuras públicas que emprestaram a sua ima-gem será uma garantia do sucesso que tão importante é para a APDP. A Direção da APDP deseja a todos um Bom Ano!
APDP«iremos assistir a uma enorme
campanha nacional de
angariação de sócios.»
«Foram várias as iniciativas
que tiveram lugar neste
último ano.»
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