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ORATÓRIOS DE MINAS

Copyright: Instituto Arte na Escola

Autor deste material: Lucimar Bello Pereira Frange

Revisão de textos: Soletra Assessoria em Língua Portuguesa

Diagramação e arte final: Jorge Monge

Autorização de imagens: Ludmilla Picosque Baltazar

Fotolito, impressão e acabamento: Indusplan Express

Tiragem: 200 exemplares

Créditos

MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLA

Organização: Instituto Arte na Escola

Coordenação: Mirian Celeste Martins

Gisa Picosque

Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação

MAPA RIZOMÁTICO

Copyright: Instituto Arte na Escola

Concepção: Mirian Celeste Martins

Gisa Picosque

Concepção gráfica: Bia Fioretti

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(William Okubo, CRB-8/6331, SP, Brasil)

INSTITUTO ARTE NA ESCOLA

Oratórios de Minas / Instituto Arte na Escola ; autoria de Lucimar Bello

Pereira Frange ; coordenação de Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque. –

São Paulo : Instituto Arte na Escola, 2006.

(DVDteca Arte na Escola – Material educativo para professor-propositor ; 82)

Foco: PCt-5/2006 Patrimônio Cultural

Contém: 1 DVD ; Glossário ; Bibliografia

ISBN 85-7762-013-1

1. Artes - Estudo e ensino 2. Museu do Oratório 3. Museus 4. Arte bar-

roca 5. Bens patrimoniais I. Frange, Lucimar Bello Pereira II. Martins, Mirian

Celeste III. Picosque, Gisa IV. Título V. Série

CDD-700.7

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DVDORATÓRIOS DE MINAS

Ficha técnica

Gênero: Documentário com vários depoimentos.

Palavras-chave: Bens patrimoniais materiais; heranças culturais;conservação; restauração; preservação; educação patrimonial;coleção; museu; arte barroca brasileira; história do Brasil.

Foco: Patrimônio Cultural.

Tema: O Museu do Oratório, em Ouro Preto/MG, seu acervo,o trabalho de conservação e restauro e os contextos culturaise sociais dos oratórios.

Artistas abordados: Antônio Francisco Lisboa - o Aleijadinho,Victor Meirelles, Henry Chamberlain, Francisco Vieira Servas,Debret, Francisco Xavier dos Santos - “Francisco Xavier dasConchas” e Fernando Lucchesi.

Indicação: Ensino Fundamental e Médio.

Direção: Amilcar Monteiro Claro.

Realização/Produção: Rede SescSenac de Televisão, São Paulo.

Ano de produção: 2000.

Duração: 23’.

Coleção/Série: O mundo da arte.

SinopseOratórios de Minas mostra o acervo do Museu do Oratório, locali-zado na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, que tem o privilé-gio de guardar a única coleção de oratórios do mundo. Com narra-tivas imagéticas e verbais, o documentário apresenta as principaiscaracterísticas do acervo, deixa claro de onde vêm os oratórios, suasligações com a história do Brasil e os portugueses, com os negrose com os índios, com festividades e religiosidades e sua importân-cia artística resgatada pela historiadora Cristina Ávila.

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Trama inventivaObras de arte que habitam a rua, obras de arte que vivem nomuseu. Um vestígio arqueológico que surge em um deserto depedra, das cidades como ruínas. Bens culturais, materiais eimateriais se oferecem ao nosso olhar. Patrimônio de cada indi-víduo, memória do coletivo. Representam um momento da his-tória humana, um marco de vida. Testemunho da presença do serhumano, seu fazer estético, suas crenças, sua organização, suacultura. Se destruídos, empobrecemos. Quando conservados,enriquecemos. Patrimônio e preservação são, assim, quase si-nônimos. Na cartografia, movemos este documentário ao terri-tório Patrimônio Cultural, para nos orgulharmos das realizaçõesartísticas e encontrarmos nelas nossas heranças culturais.

O passeio da câmera

Oratórios de Minas - imagens e falas mostram a necessidadeda “pessoa trazer Deus para perto de si”, para o dia-a-dia edurante toda uma vida. O olhar da câmera nos dá a ver o mu-seu situado num casarão do século 18, onde morou Aleijadinhodurante o período em que trabalhou na Igreja do Carmo. Hojerestaurado, o casarão torna-se casa dos oratórios, abrigo, es-paço arquitetônico tombado e espaço museológico.

O documentário, editado em três blocos, traz o depoimento deAngela Gutierrez, colecionadora, fundadora e diretora do mu-seu. Sua paixão por oratórios começa ainda na adolescência,quando seu pai, Flávio, lhe oferece um oratório feito em troncode goiabeira, com uma imagem de Sant’Anna, recomendandoque cuidasse daquela peça, rara e antiga.

Imagens das igrejas barrocas de Ouro Preto, do museu e deseu acervo vão recheando a tela no primeiro bloco, acompa-nhadas das falas da narradora, de Angela Gutierrez e AdrianoRamos, do Grupo Oficina de Restauro, que conceitua a profis-são comparando-a com a de um médico: “o restaurador é aqueleque prolonga, ao máximo, a vida da obra de arte”.

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ORATÓRIOS DE MINAS

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Percorrendo os espaços do museu, o segundo bloco mostra oacervo, e os variados tipos de oratórios: oratórios nômades,caminhantes ou de viagens, oratórios de peregrinos; oratóriossem erudição, de fatura rústica ou de fatura negra (de escra-vos ou descendentes); oratórios eruditos, de artistas que co-nheciam o barroco europeu, o barroco português ou eramcompromissados com o estilo. É mostrado, ainda, o depoimen-to e o oratório feito por um estudante que ganhou o primeirolugar no Projeto Arte na Escola, entre alunos da 4ª série de OuroPreto e de mais cinco cidades vizinhas.

O terceiro bloco traz o depoimento de Fernando Lucchesi, artistacontemporâneo que há 20 anos faz oratórios. A música barroca,de compositores mineiros, nos acompanha em todo o percurso.

Oratórios de Minas nos conduz para diferentes proposiçõespedagógicas: em Linguagens Artísticas, o oratório como peque-nos móveis de devoção; em Forma-Conteúdo, a forma/funçãodos oratórios e a temática da religião católica; em Materialidade,os procedimentos técnicos de conservação e restauro; emSaberes Estéticos e Culturais, o barroco e arte sacra; emMediação Cultural, o museu e seu acervo; em Conexões

Transdisciplinares, a história do Brasil colonial e a iconografiareligiosa. Escolhemos Patrimônio Cultural como linha de rumodeste material, focalizando o estudo sobre os oratórios comoherança cultural e memória coletiva da experiência dos devo-tos dos santos da Igreja Católica.

Sobre o oratórioO oratório é uma necessidade de aproximação com Deus, é uma

pequena capela, é um tributo de fé; é um canal de comunicação

direta com o sagrado.

Angela Gutierrez

Oratório quer dizer nicho ou armário com imagens religiosas,capela doméstica. Relicário, como se refere o artista FernandoLucchesi no documentário, diz respeito a um recinto especialou urna, cofre, caixa própria para guardar relíquias de um san-

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to, espécie de bolsinha (de relíquias). As definições apresen-tam possíveis conexões com o pensamento de GastonBachelard1 : “As duas imagens: o ninho tranqüilo e a velha casa,no ofício dos sonhos, tecem a tela forte da intimidade”.

Pequenas igrejas, em casas maiores ou menores, os oratóriosainda podem ter o corpo como o local de guarda e de movimen-tação dessa credulidade. Os primeiros datam da Idade Média.A capela concebida para o rei, dotado de dons religiosos, era olocal para orações e reflexões. Nas famílias, mantendo o dese-jo de guardar as relíquias e os objetos de piedade, em atitudesde intimidade com o mundo do sagrado, surgem os altares.Proliferam, portanto, imagens, altares, oratórios. Estes chegamà colônia brasileira pelas mãos do colonizador português e seespalham por fazendas, senzalas e residências, tornando-separte do cotidiano brasileiro.

Os oratórios que compõem o acervo do Museu do Oratório

pertencem, na grande maioria, à tradição barroca da cria-

ção religiosa, pelo fato de o período artístico corresponder

à época de maior produção de arte e artesanato com fina-

lidade religiosa no Brasil.

Porém, trata-se do barroco “abrasileirado”, que tem muita in-fluência do português e do europeu em geral, mas também dacultura popular. Mesmo com a predominância do estilo barro-co, a variação de influências é bastante abrangente. E essavariação é coerente com a assimilação artística nacional: emum mesmo oratório, podem ser vistas referências a elementosda natureza, marca da presença negra na produção religiosadesde o século 17, e talhes eruditos que atestam a influênciade artistas de ordens religiosas vindos de países europeus,principalmente da França, da Espanha e de Portugal.

Nesse sentido, as diferenças entre os oratórios apresentamsingularidades regionais. Enquanto a simetria e o rigor acadê-mico estão presentes em muitas peças cariocas, as que vieramdo Nordeste exibem cores vivas, florões grandes e gestos queremetem ao grafismo de cordel e às culturas indígenas da re-gião. Os oratórios mineiros, por sua vez, são os mais discretos,

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com exceção dos dourados, com adornos miúdos como asrosinhas de malabar.

A mais forte distinção entre os oratórios do acervo, no entan-to, são suas funções ou locais de adoração, como nos revelaAngela Gutierrez no documentário. Há o oratório “de viagem”,confeccionado, normalmente, com um compartimento transpor-tável, como baú ou caixa, que reproduz o padrão da peça queele guarda. Já os oratórios populares domésticos ou rústicos,os quais se acredita serem os mais antigos no mundo, são muitasvezes feitos em lapinhas, pequenas grutas onde o santo eraguardado na casa. Além de outros tipos: o oratório de esmoler,daquele que pede esmolas; oratório de bala, com formato debala de cartucheira; oratório-colar, usado pelos índios guaraniscomo mostram as aquarelas do artista Debret; e os oratóriosde alcova, amigo e conselheiro, principalmente das mulheres.

Ainda hoje, tanto nas pequenas cidades, como nos centros urba-nos, o oratório continua a ser um ícone da experiência dos devo-tos dos santos da Igreja Católica. Como “a casa do santo”, osoratórios são o espaço/habitat das imagens e sua presença nacasa vincula-se a outros registros da história de vida do devoto:imagens trazidas de viagens, de romarias, recebidas pela mortede parentes e amigos, presenteadas por compadres, etc. Ooratório torna-se o lugar onde se cruzam as noções de familiari-dade e identificação com as imagens. Em algumas casas, ossantos amontoam-se uns sobre os outros, ora embolados em fitascoloridas, ora envolvidos em flores, prostrados sobre simpatiase orações escritas numa folha de caderno ou papel de presente.Em outras, é decorado com arranjos de papel crepom, craft oucelofane, oferecendo uma qualidade estética pela importânciado santo na vida do devoto.

Os oratórios, assim, permitem percepções de muitas ma-

neiras de apropriação, de organização e tratamento dado

à iconografia religiosa, à imagética religiosa do catolicis-

mo, como um campo de objetos em torno do qual gravitam

e fundem-se signos e valores produzidos para o uso e no

uso da experiência devocional.

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O oratório se constitui como uma síntese de conexões entrecrença e visibilidade desse ato de crer – um misticismo que setorna “visível e palpável” pela junção de objetos que se trans-formam em sacros e guardam atos de fé, de agradecimentos,de petição de graças ou de bênçãos.

Os olhos da arte[A] revolução nos meios, mecanismos e suportes da memória, apon-

ta os caminhos do futuro, garante a permanência do passado, mas

não dispensa o exercício do contato direto, táctil, visual e sensorial

com os fragmentos e testemunhos do patrimônio cultural acumulado

desde os nossos antepassados até o nosso olhar inteligente e com-

prometido com sua preservação e continuidade.

Maria de Lourdes Parreiras Horta2

Museu do Oratório. O espírito mesmo de museu não estavadefinido na sua origem, quando Angela Gutierrez começou suacoleção de oratórios. Nos passos abertos por seu pai, FlávioGutierrez, Angela formou a maior coleção de oratórios coloni-ais. São mais de 300. Não os guardou em casa. Construiu, emOuro Preto, o Museu do Oratório e doou todas as peças aopatrimônio público. Mas, afinal, todo museu nasce de uma co-leção? Como nascem os museus?

A história que conduz aos museus parece ter como pano

de fundo uma singular atitude humana: a curiosidade; e com

ela o espírito colecionista. Os museus nascem há 5 sécu-

los, sob a forma privada de galerias e gabinetes de curio-

sidades. A transição das coleções exclusivamente privadas paraos museus públicos foi lenta, e só foi possível graças a umenorme salto conceitual no pensamento sobre as relações daesfera privada com a esfera pública, e ao aparecimento doEstado moderno.

Concebidos com a função de trabalhar a memória social e trans-mitir a história ao povo, os museus, por trabalharem restritosàs ciências e algumas classes sociais privilegiadas, mantive-ram-se por longo tempo como lugares sacralizados, alheios,descompassados com a realidade das sociedades nas quais

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estavam inseridos, pouco atraentes para o público em geral.

Ao mesmo tempo, os museus foram se constituindo dentro deum cânone muito convencional, no qual muitos não iam paraalém de um edifício com uma sala de exposições que serviasimultaneamente para guardar e expor objetos. Nesse senti-do, as principais atividades reduziam-se ao armazenamento eà exposição, predominando, então, o conceito de colecionadorque chegou até os nossos dias.

No entanto, a experiência e o estudo permitiram o desenvolvi-mento da museologia em várias direções. Foram desenvolven-do-se práticas e conquistando novas atitudes, criaram-se nor-mas para a incorporação, o estudo, a documentação, a conser-vação, a exposição, a educação e a ação cultural. Fundaram-semuseus nacionais, museus regionais, museus municipais, mu-seus escolares, museus militares, museus industriais e agríco-las, museus coloniais, museus monográficos, entre muitos ou-tros, nomeadamente de arte, arqueologia e etnografia.

No Brasil, em 1818, D. João VI cria o primeiro grande museunacional - o Museu Imperial, um museu de história natural quetinha um grande intercâmbio com os grandes museus de histó-ria natural estabelecidos na Europa. Após a República, ele pas-sa a ser denominado Museu Nacional. No final do século 19, oBrasil tem aproximadamente dez museus, quase todos comalguma relação com as práticas classificatórias dos elementosencontrados na natureza.

Em 1922, uma nova era de museus nacionais surge no Brasil coma criação, por Gustavo Barroso, do Museu Histórico Nacional,cujo acervo deixa de ser constituído por elementos da naturezae passa a ter objetos que representam a história da nação.

A criação, em 1937, do Serviço do Patrimônio Histórico e Ar-tístico Nacional - SPHAN inicia uma política de preservação dopatrimônio cultural. Inúmeros prédios e sítios históricos sãotombados e um grande número de museus é criado. Os primei-ros museus de Arte Sacra no Brasil datam desse período. Osmuseus brasileiros modificam e diversificam suas narrativas,

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abandonando anti-gos heróis nacionaise erigindo represen-tantes mais popula-res da nação.

No campo da arte,o Brasil é o primei-ro país da AméricaLatina a ter umconjunto de impor-tantes museus euma Bienal capa-zes de aglutinarum acervo signifi-cativo de obras dearte nacionais eestrangeiras. É in-teressante notar que os museus de arte fundados entre 1946 e1948 fazem parte do restritíssimo número de museus fortemen-te beneficiados pelo investimento privado.

Hoje, há um número superior a 1.200 museus no país. Sendo

que, a partir da definição básica de museu como institui-

ção permanente, que adquire, conserva, pesquisa, trans-

mite e expõe testemunhos materiais do homem e do seu

meio ambiente, diversos adendos foram realizados, ampli-

ando a diversidade do que se compreendia por museu,

assim como seus vínculos e responsabilidades em relação

à sociedade. Atualmente, podem ser consideradas instituiçõesmuseológicas não só monumentos, jardins botânicos e zoológi-cos, aquários, galerias, centros científicos, planetários, reser-vas naturais, como também centros culturais, práticas cultu-rais capazes de preservar legados intangíveis e atividades cri-ativas do mundo digital.

Além disso, a partir da década de 1970, as novas práticas de-senvolvidas nos museus priorizam o respeito à diversidade cul-tural, a integração dos museus às diversas realidades locais e a

Museu do Oratório - Oratório Ermida

Instituto Cultural Flávio Gutierrez – AG 96-147

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defesa do patrimôniocultural de minoriasétnicas e povos caren-tes. Mais do que isso,os museus modifica-ram a relação cotidia-na entre profissionaisde museus, exposi-ções e público. A tare-fa educativa passou aser compreendida apartir do diálogo como público e de práti-cas interativas. Obje-tos, práticas e costu-mes passaram a es-tar subordinados auma resposta maisativa do público.

Os museus, assim,estão em movimento.Pressionados pelastransformações políticas, sociais, econômicas e tecnológicasos museus estão em mudança. Como diz Moacir dos Anjos3 ,

mais do que depositário de um patrimônio ou de uma memória, o

Museu na contemporaneidade é um espaço de construção de uma

idéia de estar no mundo; o Museu é, portanto, um espaço relacional

entre os homens e as coisas.

O passeio dos olhos do professor

Neste momento, você poderá fazer percursos sobre oratóriosa partir das inúmeras pistas dadas pelo documentário. O regis-tro de suas impressões em um diário de bordo pode ajudá-lo ainventar proposições pedagógicas que convidem seus alunos auma investigação a partir do documentário. Oferecemos umapauta do olhar, como modo de provocação à sua percepção.

Museu do Oratório - Oratório Lapinha

Instituto Cultural Flávio Gutierrez – AG 96-038

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qual FOCO?

qual CONTEÚDO?

o que PESQUISAR?

Zarpando

procedimentos

natureza da matéria

procedimentos tradicionais da conservação e restauro

matéria orgânica,madeira, conchas

Materialidade

espaços sociais do saber

Museu do Oratório, Ouro Preto/MG

colecionadores, diretor,fundador de museu, curador

acervo, coleção, reserva técnica

espaço expositivo, desenho museográfico,montagem com multimídia

MediaçãoCultural

componentes da ação cultural

agentes

o ato de expor

Forma - Conteúdo

elementos davisualidade

relações entre elementosda visualidade

cor, forma, linha, textura, volume, espaço

relação forma/função,tridimensionalidade

figurativa religiosa;contemporânea

temática

SaberesEstéticos eCulturais

história da arte arte barroca brasileira, arte sacra,arte contemporânea, história do mobiliário

Linguagens Artísticas

artesvisuais

meiosnovos

meiostradicionais

escultura, pintura

objeto, poéticas pessoais

mobiliário; arquiteturalinguagensconvergentes

bens simbólicos

preservação e memória

bens patrimoniais materiais,oratórios, cidades históricas,cultura brasileira

heranças culturais, conservação,restauração, memória coletiva, IPHAN,políticas culturais, tombamento, acervo

educaçãopatrimonial

exercício de cidadania eresponsabilidade social,valorização do patrimônio,acesso

PatrimônioCultural

ConexõesTransdisciplinares

arte e ciênciashumanas

arte, ciênciae tecnologia

história do Brasil, cidadania,religião, iconografia religiosa

física, química, eletrônica, informática

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O que lhe provoca encantamento no documentário?

Como você percebe o Museu do Oratório – a casa e as mu-danças para acolhimento do museu, os três níveis e seus acer-vos, as ambiências criadas, o acervo e a maneira de expô-lo?

De qual maneira você se sente tocado pelos oratórios mos-trados no documentário?

O que lhe chama atenção nas falas da diretora do museu,Angela Gutierrez; do restaurador Adriano Ramos e do artis-ta Fernando Lucchesi? O que há em comum entre eles?

Para você, os comentários sobre os oratórios apontam as-pectos que podem ser abordados no estudo da arte? Quais?

O que você conhece sobre os oratórios? Existem “cantos”de sacralidades em sua casa? E na casa de seus alunos?

O que você imagina que pode causar atração e/ou estranhamentoem seus alunos durante a exibição do documentário?

Qual divisão você pensa em fazer para exibição a seus alunos?

Suas anotações revelam o seu modo singular de percepçãoe análise do documentário. Partindo destes registros e daescolha do foco de trabalho, quais questões você incluirianuma pauta para o passeio dos olhos dos seus alunos poreste documentário?

Percursos com desafios estéticos

O documentário permite ligações diretas com oratórios dosséculos 17, 18, 19 e 20, passando pelos temas: barroco e reli-giosidade; oratórios e colecionismo; um museu temático e açõesmuseológicas; acervo, restauração e preservação; divulgaçãoe socialização. No mapa, consideramos o foco Patrimônio Cul-

tural um enfoque relevante e estimulante para a criação deproposições pedagógicas.

Apresentamos, a seguir, alguns possíveis percursos de traba-lho para buscas e encontros de Oratórios de Minas.

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O passeio dos olhos dos alunos

Algumas possibilidades:

Em tempos contemporâneos, é bem possível que a grandemaioria das crianças e jovens conheçam muito pouco sobre oscostumes religiosos do catolicismo. Antes de adentrar no uni-verso dos oratórios mostrado no documentário, um ponto departida pode ser um texto literário. Escolhemos, da obra Dom

Casmurro4 , de Machado de Assis, o seguinte fragmento:

Eis aqui como, após tantas canseiras, tocávamos o porto a que nos

devíamos ter abrigado logo. Não nos censures, piloto de má morte, não

se navegam corações como os outros mares deste mundo. Estávamos

contentes, entramos a falar do futuro. Eu prometia à minha esposa uma

vida sossegada e bela, na roça ou fora da cidade. Viríamos aqui uma

vez por ano. Se fosse em arrabalde, seria longe, onde ninguém nos fosse

aborrecer. A casa, na minha opinião, não devia ser grande nem peque-

na, um meio-termo; plantei-lhe flores, escolhi móveis, uma sege e um

oratório. Sim, havíamos de ter um oratório bonito, alto, de jacarandá,

com a imagem de Nossa Senhora da Conceição. Demorei-me mais nisto

que no resto, em parte porque éramos religiosos, em parte para com-

pensar a batina que eu ia deitar às urtigas; mas ainda restava uma parte

que atribuo ao intuito secreto e inconsciente de captar a proteção do

céu. Havíamos de acender uma vela aos sábados...

Propondo a leitura do fragmento, faça uma roda de conver-sa com questões, dentre as quais: de que modo o texto nosrevela os costumes religiosos do narrador? Como vocêsimaginam que seja um oratório? Hoje, ainda há o costumede ter um oratório em casa? O importante é olhar as res-postas dos alunos como hipóteses a serem retomadas apósa exibição do documentário que pode começar no segundobloco, onde se vê o acervo do museu e os diferentes tipose características de oratórios. Que outras questões os alu-nos trazem após ver Oratórios de Minas?

Qual a religião dos seus alunos? Eles costumam participarde rituais religiosos? Quais são os seus objetos de crençase de crendices? Há um lugar especial, “cantinhos” de religi-osidade em suas casas para esses objetos? Essas questõespodem desencadear uma conversa com a classe para gerar

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uma proposta de criação de um “canto” coletivo a serconstruído na sala de aula para abrigar os objetos que osalunos tragam de casa. No espaço criado, quais objetoschamam mais atenção? A qual imagética religiosa perten-cem? A leitura do “canto” pode ser uma preparação para aexibição do primeiro bloco do documentário.

O que sabem os alunos sobre conservação e restauro? Pro-ponha uma investigação sobre esse assunto, proble-matizando: quais são os diferentes métodos de conservaçãoe de restauro utilizados para tratar materiais diversos, comopapel, madeira, tecido, entre outros? Quais os diversos fato-res de risco e as medidas que devem ser adotadas para suaproteção? O resultado da pesquisa pode ser socializado pormeio de painéis, movendo uma conversa sobre as descober-tas dos procedimentos específicos da conservação e restau-ro. Em seguida, exiba o segundo bloco do documentário,quando o restaurador Adriano Ramos fala sobre sua profis-são e sobre as viagens das peças do museu. Adriano diz sero restaurador “um médico”. Os alunos concordam ou não,sustentam ou defendem quais pontos de vista?

Desvelando a poética pessoal

Seria possível concretizar um espaço para dar corpo aos oratóriosimaginados, desenhados e construídos? As caixas de fósforo, cujafunção é guardar palitos para futuras combustões, agora sem essafunção, podem se transformar em oratórios – “caixas-urnas-co-fres-casas-receptáculos-ninhos” de religiosidades dos alunos.

A proposta é que os alunos façam diferentes oratórios em mini-atura, usando caixas de fósforos e desenhos de objetos, imagensde crenças ou crendices pessoais. Esses mini-oratórios podemser em preto e branco, apenas com desenhos a grafite, recorta-dos e colados no interior e exterior das caixinhas (que podem serfechadas ou coladas para que se mantenham sempre abertas).

A produção de oratórios, em conjunto, pode criar uma ambiênciana sala de aula, como um “cantinho de religiosidade” que con-tém as profanidades.

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ORATÓRIOS DE MINAS

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Com os alunos, realize rodas de conversas sobre as duas di-mensões nos seus oratórios-pequenas caixas e oratórios-inú-meras caixas, agregados a simbologias e imaginações. As cai-xas elaboradas pelos alunos estabelecem diálogos com osoratórios de uma determinada coleção do Museu do Oratório?

Volte ao documentário, vendo com ênfase o modo como ele nospermite a entrada nas imagens de Fernando Lucchesi, a manei-ra como nos encaminha, nos mostra e nos faz questionar sobreoratórios-devocionais e oratórios-arte.

Podemos pensar nos textos O ninho e Os cantos no livro Apoética do espaço, de Gaston Bachelard e estabelecer relaçõesentre oratórios-caixas de fósforos e “ninhos e casas” que vi-ram “canto” na escola. Quais coisas são guardadas ali? Por querazões? Como nos vemos neles e nos sentimos com eles?

Ampliando o olhar

Uma visita ao site do Museu do Oratório pode provocarexercícios de olhar, de percepção e desenho dos oratórios.

Reveja com os alunos o segundo bloco do documentário, noqual o acervo do museu é descrito: no subsolo, estão osoratórios nômades, caminhantes, que andavam nos lombosde burros, nas mulas de cargas; no primeiro andar, osoratórios rústicos, populares, os dos negros, de escravos;no segundo andar, os oratórios eruditos, de artistas queconheciam o barroco europeu ou o português. Quais rela-ções podem ser feitas entre os oratórios de entrada nascasas e os relicários com os de alcova, com os oratórios-colares? Nas casas ao redor de onde moram os alunos, háoratórios que permitam essas “denominações”, ou aindaoutros a serem denominados?

Partindo da fala da diretora do museu: cuidar, resgatar, pre-

servar e respeitar – aspectos contidos no Museu do Oratório,é possível perguntar: de que maneiras vou cuidando, resga-tando, preservando e respeitando os oratórios da minha fa-mília, da comunidade em que vivo, da região na qual habito?

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Conheço esses oratórios? Existem “cantos” de sacralidadesnas casas, e não apenas “objetos acumulados”? Seria pos-sível contar como são eles e, sobre eles, tecer conversas?

Retomando o documentário no terceiro bloco, o artistaFernando Lucchesi mostra suas criações e afirma: “uno obje-to, pintura e desenho... não penso no santo, nem na religio-sidade. Penso na linguagem estética”. Esse é um aspecto quepode se tornar relevante nas discussões sobre as semelhan-ças e diferenças entre a linguagem dos oratórios do museu ea linguagem estética de Lucchesi. Ou, ainda, entre os oratóriosde Lucchesi e seus relicários (obras anteriores e posteriores).

No terceiro bloco, Angela Gutierrez faz uma comparação entreum Cristo crucificado, que ela diz ter semelhanças com o eu-ropeu, e outro, semelhante a uma pessoa nordestina. Seráque os alunos concordam com ela? É interessante mostraros dois Cristos mais de uma vez. Existem, na sua cidade,outros Cristos, na capela, na casa das pessoas, semelhantesou não a esses do documentário? Quais as relações entre fée imaginário de quem os fez e o imaginário religioso de quemos tem, ou os carrega, por exemplo, no corpo?

Na arte contemporânea, há artistas que trabalham com adimensão da religiosidade. Na poética de Farnese deAndrade, por exemplo, a caixa tem presença fundamental eaparece, às vezes, travestida em oratórios. Efrain deAlmeida, por sua vez, reencontra o encantamento do uni-verso mágico de pequenos ex-votos. De que modo as obrasdesses artistas contextualizam a religiosidade?

Conhecendo pela pesquisa

A música que ambienta o documentário é a música barroca,de compositores mineiros. Encontrar os nomes das músi-cas, a época, quem as compôs e as interpreta, as conexõesdelas com as imagens do documentário, pode vir a ser umapesquisa interessante sobre o universo barroco.

O Brasil tem uma tradição relativamente recente de preser-

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ORATÓRIOS DE MINAS

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vação de seu patrimônio cultural. Somente na década de1930, com o mineiro Rodrigo Mello Franco de Andrade e porinspiração do poeta, escritor e pesquisador paulista Máriode Andrade, foi criado o Instituto do Patrimônio Histórico eArtístico Nacional (IPHAN), cujas primeiras iniciativas seconcentraram no tombamento de nossos sítios de valorartístico e cultural, como Ouro Preto. O que os alunos po-dem descobrir sobre a cidade de Ouro Preto e suas igrejascoloniais – o berço do barroco brasileiro?

A diretora do museu nos conta como iniciou sua coleção, aimportância desse acervo e o significado do binômio: mu-seu – um espaço público – e acervo – uma história de vida.Partindo dessas colocações verbais, proponha uma pesqui-sa sobre a história dos museus brasileiros. Como eles nas-ceram? Qual foi o primeiro museu? Quando surgiram osmuseus de arte sacra e os de arte? Todo museu é conside-rado patrimônio cultural?

Quais são os santos citados no documentário? Por que SãoTiago de Compostela, Nossa Senhora da Boa Esperança,entre outros, são lembrados? Quais relações os alunos po-dem descobrir entre os santos do documentário e os da suacidade – o padroeiro ou os que evidenciam presenças de fé?

No site do Museu do Oratório, assim está definido o barroco:Barroco designa o estilo de arte que se desenvolve na Europa após o

renascimento. O termo parece ter surgido a partir da identificação

das complexas formas do estilo artístico com a de uma pérola irregu-

lar e disforme chamada à época de pérola barroca; teve conotação

depreciativa e negativa identificando-se o barroco com o mau gosto

em comparação à perfeição clássica da pérola circular.

Quais as relações entre o barroco e os oratórios? Qual a seme-lhança ou diferença entre o barroco mineiro e o barroco baiano?

Focalizando o universo da religiosidade católica, seria esti-mulante uma pesquisa sobre a imagética dos “Passos daPaixão de Cristo” que está sempre presente nas igrejas e émarcante no museu em estudo. É possível, ainda, buscarconexões entre sacralidade e profanidade em ex-votos –objetos de agradecimentos por graças recebidas.

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O que os alunos têm interesse em saber mais sobre os artis-tas citados no documentário: Antônio Francisco Lisboa – o Alei-jadinho; Victor Meirelles e a “A primeira missa no Brasil”; HenryChamberlain e suas aquarelas de oratório esmoler; FranciscoVieira Servas e seus oratórios; Debret e suas aquarelas deíndios guaranis com oratórios-colares; Francisco Xavier dosSantos – “Francisco Xavier das Conchas” e seus oratórios fei-tos de conchas; Fernando Lucchesi, artista mineiro, cuja “rela-ção com a religiosidade se iniciou com precariedade”.

Amarrações de sentidos: portfólio...todo canto de uma casa, todo ângulo de um quarto, todo espaço

reduzido onde gostamos de encolher-nos, de recolher-nos em nós

mesmos, é, para a imaginação, uma solidão, ou seja, o germe de

um quarto, o germe de uma casa.

Gaston Bachelard5

O canto criado na sala de aula com as mini-caixas de sacra-lidades são como casas, habitadas porque ali ficamos acolhi-dos, nos “escolhemos e nos encolhemos”. O canto torna-seesconderijo, espaço de conversas íntimas, espaço de solidão ede solidariedade com o sagrado, espaço conectivo.

Proponha que, em pequenos grupos, os alunos pensem e repen-sem os oratórios do museu e os oratórios criados como relicári-os de uma pessoa que os tem no corpo. O valor simbólico do“canto” está nas coisas e podemos nos perceber nelas, assimcomo perceber os outros. O valor imaginário está em todos osoratórios, sejam os de um acervo, sejam os inventados. Fazerum percurso ao contrário é oportuno neste momento: escutar osilêncio-falante de uma dessas caixas de fé, urna e “sacrário” demanifestações ancestrais, culturais, sociais e, posteriormente,escutar os silêncios ampliados para verbalizá-los depois.

Valorizando a processualidade

É momento de revisitar todo o percurso, buscando os encontrosde saberes com sabores: as primeiras visadas do professor ao

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documentário, para preparar suas aulas; os primeiros contatosdos alunos com os oratórios; os caminhos percorridos para acompreensão do documentário e do Museu do Oratório em OuroPreto; a apreensão dos significados de oratórios na vida de cadaum dos alunos e de todo o grupo; a percepção de sacralidades ede profanidades; a criação das “caixas-urnas-cofres-casas-recep-táculos-ninhos” pessoais e coletivos (suas e dos alunos), na salade aula; as sugestões de outras buscas, suas e advindas de alu-nos, professores e pessoas que tenham acompanhado e partici-pado dos “encontramentos”; as curiosidades levantadas a partirdos temas envolvidos durante todo o percurso; o investimentonuma aprendizagem ligada à problematização e invenção, e nãoa soluções, aprendizagem do acontecimento e não da constataçãoe/ou conferência de “coisas dadas”.

GlossárioConservação – “É o conjunto de intervenções diretas, realizadas na pró-pria estrutura física do bem cultural, com a finalidade de tratamento, im-pedindo, retardando ou inibindo a ação nefasta ocasionada pela ausênciade uma preservação. É composta por tratamentos curativos, mecânicose/ou químicos, tais como: higienização ou desinfestação de insetos oumicroorganismos, seguidos ou não de pequenos reparos.” Fonte: SÁ, IvanCoelho de. Oficina de conservação preventiva de acervos. Porto Alegre:Museu Militar do Comando Militar do Sul, 2001, p. 3 e p. 42.

Iconografia religiosa – inscrita num campo de difusão de signos plásti-cos, permite difundir a sujeitos distribuídos em espaços e tempos distin-tos, imagens produzidas para constituir um efeito de controle no imaginá-rio da massa de devotos. Apropriadas da experiência popular, masproduzidas levando-se em conta somente os gostos populares – que ti-nham nos santos os seus heróis e nos seus heróis os santos – a iconografiareligiosa transacionou valores da massa leiga e os desejos doscomanditários da Igreja. Fonte: FRANCASTEL, Pierre. A realidade figura-

tiva. São Paulo: Perspectiva, 1993, p. 39.

BibliografiaBACHELARD, Gaston. A poética do espaço. São Paulo: Martins Fontes, 1999.BLOM, Philipp. Ter e manter: uma história íntima de colecionadores e

coleções. Rio de Janeiro: Record, 2003.

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BOYER, Marie-France. Culto e imagem da Virgem. São Paulo: Cosac &Naify, 2000.

GRINSPUM, Denise. Educação patrimonial como forma de arte e cidada-nia. In: TOZZI, Devanil (org.). Educação com arte. São Paulo: FDE, 2004.(Série Idéias, 31).

___. Museu e escola: responsabilidade compartilhada na formação depúblicos. Boletim Arte na Escola. São Paulo: Instituto Arte na Escola,n.34, mar./abr. 2004. p. 6-7.

MACHADO, Lourival Gomes. Barroco mineiro. 4.ed. São Paulo: Perspec-tiva, 2003. (Debates, 11).

SILVA, Fernando Pedro da; RIBEIRO, Marília Andrés (coord.). Fernando

Lucchesi: depoimento. Belo Horizonte: C/Arte, 1999. (Circuito atelier).STREEP, Peg. Altar: a arte de criar um espaço sagrado. Trad. Márcia Frazão.

Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.

Seleção de endereços sobre arte na rede internetOs sites abaixo foram acessados em 6 fev. 2006.

ALEIJADINHO. Disponível em: <www.aleijadinho.com>.ANDRADE, Farnese de. Disponível em: <www.revistamuseu.com.br/

galeria.asp?id=5910>.DEBRET, Jean-Baptiste. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/

Jean_Baptiste_Debret>.EDUCAÇÃO PATRIMONIAL. Disponível em: <www.tvebrasil.com.br/

salto/boletins2003/ep/tetxt1.htm>.IPHAN – REVISTA ELETRÔNICA. Disponível em: <www.revista.iphan.gov.br>.LUCCHESI, Fernando. Disponível em:<www.murilocastro.com.br/acervo/lucchesi>.

MUSEU DO ORATÓRIO. Disponível em: <www.oratorio.com.br>.PATRIMÔNIO CULTURAL. Disponível em: <www.iphan.gov.br>.

Notas1 Gaston BACHELARD, A poética do espaço, p. 112.2 Fonte: A memória pública: os lugares da memória. Disponível em:<www.tvebrasil.com.br/salto>. Programa 5 do Boletim Memória,Patrimônio e Identidade. Acesso em 6 fev. 2006.3 ANJOS, Moacir dos. Desafios para os museus de arte no mundo con-

temporâneo. Disponível em: <www.mamam.art.br/mam_opiniao/textos.htm>.4 Texto de referência: Uma vela aos sábados. In: ASSIS, Machado de. Obra

completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. v.1. Disponível em:<www.biblio.com.br/Templates/MachadodeAssis/domcasmurro.htm>.Acesso em 6 fev. 2006.5 Gaston BACHELARD, A poética do espaço, p. 145.

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