191
PROPOSTA CURRICULAR ITAPOÁ - SC 2007

Ensino Fundamental

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Ensino Fundamental

PROPOSTA CURRICULAR

ITAPOÁ - SC

2007

Page 2: Ensino Fundamental

2

FICHA CATALOGRÁFICA

Itapoá (SC), Prefeitura Municipal

Proposta Curricular para as Escolas da Rede

Municipal de Ensino Fundamental -1º. ao 9º.

Ano – Secretaria Municipal de Educação –

2007.

1- Educação – Itapoá (SC).

2- Proposta Curricular. 1. Título

........ p. CDD 375.098164 (????)

Catalogação

(VER UMA BIBLIOTECÁRIA FORMADA

COM CRB)

Page 3: Ensino Fundamental

3

CAPA:

(VER AUTORIA E DAR CRÉDITO)

REVISÃO e EDITORAÇÃO

Revisão: Equipe de consultoria

Editoração:..................................................

Page 4: Ensino Fundamental

4

PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPOÁ – SC

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE ENSINO

GESTÃO 2005 -2008

PREFEITO MUNICIPAL

SÉRGIO FERREIRA DE AGUIAR

VICE-PREFEITO

EVANDRO ROBERTO BERBIGIER COSTA

SECRETÁRIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

MÁRCIA REGINA EGGERT SOARES

DIRETORIA DE ENSINO

TEREZINHA FAVARO DA SILVEIRA Diretora

SANDRA REGINA FERNANDES DA SILVA Coordenadora Pedagógica

VANILDA DE SOUZA Coordenadora Pedagógica

Page 5: Ensino Fundamental

5

CONSULTORIA E ASSESSORIA PEDAGÓGICA

- PLANEJAR PROJETOS EDUCACIONAIS CONSULTORIA E ASSESSORIA S/C

- EIDOS PROJETOS E CONSULTORIA EDUCACIONAL

- DP CONSULTORIA E PROJETOS EDUCACIONAIS

Coordenação Geral - Doutora Zita Ana Lago Rodrigues - Ph.D.

Assessoria Pedagógica - Maria Dolores M. Dibb - Ms.

Assessoria Psicopedagógica - Norma Nycz - Ms.

Assessoria de Planejamento - Josiane Pariz Bertoja - Ms.

- Neide Ferreira - Ms.

Participação Especial - Professor Mario Bandiera - Ms.

Assessoria por segmentos de estudos

Marli Rosa Müller - Ms. - Educação Inclusiva

Adriana da Costa - Ms. - Interdisciplinaridade e Projetos

Carla Ropelato - Ms./Carlos Wolff - Ms. - Avaliação

Assessoria por disciplinas

Vânio César Seemann - Ms. - Alfabetização

Maria Dolores M. Dibb - Ms. - Língua Portuguesa

Paulina Jaegher Muniz - Ms. - Matemática

Angélica Góis Muller Morales - Ms. - Ciências e Educação Ambiental

Andréa M. Fontolan - Ms. - Língua Inglesa

Maria Cristina M. C. Rau - Ms. - Educação Física

Claudia Zanela - Ms. - Geografia e História

Rosanny M. de Morais Teixeira - Esp. - Artes

Emídia da Silva - Ms. - Ensino Religioso

Assessoria para a Educação Infantil

Adriane Beatriz Moecke Galando - Esp.

Margot Helena de Sá Ribas - Esp.

Colaboração e participação nas atividades de elaboração dos conteúdos:

Diretores, Equipes Pedagógicas, Professores e Educadores das Escolas da Rede

Municipal de Ensino de Itapoá-SC (citados nominalmente a seguir, por área de atuação

e disciplinas).

Page 6: Ensino Fundamental

6

Nem eu nem ninguém mais pode caminhar este caminho

por você. Você deve caminhá-lo por si mesmo. Não está

longe, está ao alcance. Talvez você esteja nele desde que

nasceu e não saiba. Talvez esteja em todas as partes, sobre

a água e sobre a terra e, também, junto aos céus.

Walt Whitman (adaptado)

Page 7: Ensino Fundamental

7

APRESENTAÇÃO

O documento que aqui se apresenta é fruto da ação colaborativa e efetivamente

participativa de educadores, professores, profissionais da educação, diretores e

especialistas da rede municipal de ensino do município de Itapoá-SC que, sob a

consultoria e assessoria de profissionais da educação especialmente contratados para tal

tarefa, reflete a dedicação e a preocupação da Gestão Municipal 1995-1998, sob a

coordenação da Secretaria Municipal de Educação e de sua equipe de ensino com a base

curricular, a qualidade de ensino e a perspectiva de uma educação de suas crianças e

jovens, voltadas aos desafios e reptos da contemporaneidade, a qual têm exigido de

todos e de cada um diferentes formas de se relacionar com o saber, o conhecimento e a

ciência.

Com base em tal premissa reflete-se aqui a culminância do esforço de muitos

que, de uma ou outra forma, participaram de um processo de profundas reflexões sobre

o que somos e o que temos, e aquilo que queremos e podemos ser e ter, em termos de

educação, cultura e sociedade, dentro de nosso específico contexto de um município

catarinense, com seus cenários reais, pontos altos e, certamente, alguns déficits que se

pretende superar dentro de nossos recursos, condições e aperfeiçoamentos constantes.

A proposição curricular resultante desse trabalho coletivamente delineado e

executado reflete os avanços no processo educativo dos profissionais da rede municipal

de ensino de Itapoá-SC, que se empenharam e apresentaram inúmeras contribuições,

com bases teóricas sólidas, como repercussão de suas práticas educativas, em discussões

resultantes daquilo que, cotidianamente, executam em sua profissionalidade docente,

pensando, fazendo e refazendo ações educativas comprometidas, solidárias e

democráticas, cujo objetivo último é o aluno fortalecido em sua cidadania, em suas

condições de aprender, de conviver, de fazer e de ser sempre mais e melhor, juntamente

com suas famílias, as quais são, sem sombra de dúvida, nossas maiores e

imprescindíveis colaboradoras nesse processo.

É relevante ressaltar que o presente documento, também complementado e

enriquecido pelas análises e reflexões dos ilustres componentes do Conselho Municipal

de Educação e dos senhores Vereadores da egrégia Câmara de Vereadores do Município

de Itapoá-SC, apesar de “aparentemente pronto e fechado” como diretriz curricular para

a escola municipal, está em aberto e apto a receber possíveis e contribuições teórico-

metodológicas, com as plausíveis complementações que se façam pertinentes e

Page 8: Ensino Fundamental

8

necessárias, visando o aprimoramento da educação municipal entendida como em

permanente construção.

A presente apresentação é, inclusive, oportuna para agradecer e parabenizar a

todos que, de formas diversas, contribuíram de modo a possibilitar, em tempo recorde,

que esta Proposta Curricular se efetivasse e pudesse ser colocada a disposição para

enriquecer a ação pedagógica e educativa na escola pública municipal. As discussões,

redação e versão presente, tida como final de uma etapa de trabalho, mas também como

ponto de partida para que esta etapa seja constantemente enriquecida e aprimorada,

foram momentos de esforço e trabalho que revelaram quanto já avançamos e quanto

ainda temos por caminhar, por trilhas sinuosas, certamente, mas com objetivos

concretos e firmes, visando ofertar ao nosso alunado uma educação voltada à sua

emancipação, autonomia e cidadania.

Serão eles, hoje, amanhã e sempre, o nosso objetivo primeiro e último, a nossa

razão de existir e agir e o nosso desafio permanente, mostrando e demonstrando o

quanto somos e o quanto podemos ser mais e melhores.

Parafraseando Paulo Freire, finalizo dizendo que educação não se faz

solitariamente, mas solidariamente e que sua real expressão se dá quando, em

comunhão, nos educamos mutuamente, em constante processo de aprimoramento,

avaliação e re-avaliação de nossas ações.

PROFESSORA MÁRCIA REGINA EGGERT SOARES

Secretária Municipal de Educação

Itapoá-SC – fevereiro de 2007

Page 9: Ensino Fundamental

9

DIRETORES E EQUIPES PEDAGÓGICAS DAS ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS

DE ITAPOÁ-SC QUE COLABORARAM NA (I ETAPA) ELABORAÇÀO DA

PROPOSTA CURRICULAR PARA O ENSINO FUNDAMENTAL – 1º. ao 9º. ANO

DIRETORES

ELAINE MACHADO DA S. DE FREITAS (PRÉ-ESCOLA GENTE FELIZ)

IRMA ANA SERCHIARI MACHADO (CRECHE PRIMEIROS PASSOS)

JOSÉ CLEMENTINO OLIVEIRA FILHO (EMEF JOÃO MONTEIRO LOBATO)

LUCIANE NASCIMENTO DO ROSÁRIO (CRECHE ARCOS-IRIS)

MARIA ISOLETE LINHARES (EMEF ALBERTO SPECK)

MARIA DE FÁTIMA COSTA (EMEF EUCLIDES EMÍDIO DA SILVA)

MARIA LIRAIA ZIEM NASCIMENTO (EMEF AYRTON SENNA)

MARISTELA FRAZ PERRONI FONTANA (EMEF CLAITON ALMIR HERMES)

MARGOT HELENA DE SÁ RIBAS (CRECHE PEQUENO APRENDIZ)

PATRICIA MACHADO PEREIRA (PRÉ-ESCOLA PALHACINHO FELIZ)

ROSEMERI ALVES DE SOUZA (PRÉ-ESCOLA REINO DAS ÁGUAS

CLARAS) CLAUDIO SERGIO COSTA DA SILVA (EMEF FREI VALENTIM)

CLEUZA DE SOUZA FINGER (CRECHE MUNDO ENCANTADO)

SONIA APARECIDA ALVES (EMEF MONTEIRO LOBATO)

EQUIPES PEDAGÓGICAS

ADMINISTRAÇÃO

ANGELA MARIA STOCCO

ANGELA SCHIMIDT FERNANDES

CENITA SCHIZZI DANI

JUSSARA MANZANO

MARGOT HELENA DE SÁ RIBAS

VALCI TEREZINHA DE SOUZA

ORIENTAÇÃO

ANA CLAUDIA DE OLIVEIRA JACINTO

MARISTELA FRAZ PERRONI FONTANA

RODE ESTER PESSANHA

SOLANGE APARECIDA ROSA

TEREZINHA FÁVERO DA SILVEIRA

SUPERVISÃO

IRACEMA MARQUES FERREIRA

JOSÉ ANTONIO SOARES

JULIANA ROEDER

LUIZ PEREIRA

ROSANA AMARAL DE LIMA

VANILDA DE SOUZA

Page 10: Ensino Fundamental

10

PROFESSORES DO 1º. ao 9º. ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL QUE

PARTICIPARAM E COLABORARAM NA ELABORAÇÀO DA PROPOSTA

CURRICULAR PARA A ESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL DE ITAPOÁ-SC

SÉRIES INICIAIS – 1º ao 5º ANO

ADEMIR DA SILVA COSTA

ANA JOSÉLIA DALLACOOURT RIBAS

ALAIR MARIA SCHNEIDER REOLON

ANDRÉA BATISTA DIAS

ANDREIA ZIMERMANN DE SOUZA

BERENICE DE FÁTIMA HAU MAOSKI

CATIA ELIANE NICOLACHIK

ELASIO FRISANDO

ELISABETE PERCICOTTE

GILMAR SANTIN

HELENA DOS SANTOS S. FERREIRA

IZABEL CORREIA DA SILVA

JANETE LUKASEWICZ

JOELMA APARECIDA ROSA

LUCILENE LUNARDI

LUIZA MONTALVÃO DE OLIVEIRA

MARIA ALMERINDA L. LEDOUX

MARIA ISOLETE LINHARES

MARIA ZILDA DELALIBERA

MARIZELIA FRANZ PERRONY

MAURISETE STINGHEN DA ROCHA

MICHERLI LENZI NEUBER

NAIR FRIZZON VERSON

NEURIS MERI MASSACHETTO

PATRICIA BRAGA PACHECO

PATRICIA MACHADO PEREIRA

RENATA PATRÍCIA DOS SANTOS

ROSNAGELA N. BARBOSA PEREIRA

ROSANGELA N. BARBOSA PEREIRA

ROSEMERI ALVES DE SOUZA

SANDRA REGINA FERNANDES SILVA

SONIA MARLENE KASMIRSKI

SONIA REGINA ZAGONEL

VANIA CLEUZA PINTO DA SILVA

LÍNGUA PORTUGUESA

APARECIDA GRANDINI JOSÉ

KÉLLIN CRISTIAN RIBAS MARTINS

LUCY HELENA WIELEWICKI

MARCIA APARECIDA PARTALA

SONIA APARECIDA ALVES

MATEMÁTICA

EDUARDO FIGUEIREDO

JOSÉ CLEMENTINO OLIVEIRA FILHO

MARCIO ANTONIO FINGER

Page 11: Ensino Fundamental

11

MARIA LUCIA CORDEIRO

RENATO SPINELLI CARMONA

CIÊNCIAS/EDUCAÇÃO AMBIENTAL

CARLA REGINA ZADUSKI

HALINE FREITA MACHADO

MARCO AURELIO DALLA COSTA

SANDRA MARIA DANI BENCK

LÍNGUA INGLESA

CARLOS ALBERTO OSGA JUNIOR

MARCELA CRISTINA SOARES

EDUCAÇÃO FÍSICA

ANDRÉ VINICIUS ARAÚJO

BERNADETE SOARES SANCHES

CLAUDINEI FERREIRA MENDES

CLAUDIO SERGIO COSTA DA SILVA

ELAINE MACHADO DA S. DE FREITAS

ELENICE CORDEIRO DE OLIVEIRA

JULIO CESAR ABREU

LIAMAR RODRIGUES PEREIRA

LUCIANA FERNANDES COAN

MARCELO SCHATZMANN

GEOGRAFIA

JACQUELINE ZAMBONI PAESE

MARIA LIRAIA ZIEM NASCIMENTO

HISTÓRIA

JOSÉ ADOLFO PAWLINA

JULIANA CHERVINSKI

RICARDO LUIZ DA CUNHA

VANIA MARIA LENZI LEDOUX

ARTES

FABIANA BESTEL PAWLINA

LUCIANE DOS SANTOS SILVA

ENSINO RELIGIOSO

MARIA DA GLÓRIA MIRA

Page 12: Ensino Fundamental

12

Índice

A proposta curricular para as escolas da rede municipal de ensino de itapoá - sc -

ensino fundamental - 1º. Ao 9º. Ano...................................................................................... 15

Referências .............................................................................................................................. 23

Alfabetização e letramento ................................................................................................. 25

A alfabetização e o letramento: desafios na consolidação de uma educação de

qualidade ................................................................................................................................. 26

Conhecer os usos sociais da escrita ....................................................................................... 31

Apropriar-se do sistema escrito............................................................................................. 31

Desenvolver a leitura .............................................................................................................. 33

Referências .............................................................................................................................. 34

A proposta curricular de língua portuguesa – 1º. Ao 9º. Ano – uma construção

coletiva ..................................................................................................................................... 36

Introdução ............................................................................................................................... 37

Pressupostos filosófico–epistemológicos ............................................................................... 38

Fundamentação teórica .......................................................................................................... 39

Objetivos gerais do ensino e da aprendizagem da língua portuguesa ............................... 40

Objetivos específicos ............................................................................................................... 41

Procedimentos metodológicos/conteúdos ............................................................................. 42

Conteúdos de língua portuguesa do 1º ao 9º ano ................................................................. 46

Processo avaliativo em língua portuguesa ............................................................................ 58

Referências .............................................................................................................................. 59

A matemática e seu processo de ensinar e de aprender ...................................................... 62

A matemática e seu processo de ensinar e de aprender ...................................................... 63

Objetivos .................................................................................................................................. 67

Metodologias ........................................................................................................................... 67

Conteúdos ................................................................................................................................ 67

Referências .............................................................................................................................. 70

Ciências/educação ambiental ................................................................................................. 72

Introdução ............................................................................................................................... 73

Objetivos gerais ...................................................................................................................... 74

Metodologias ........................................................................................................................... 75

Avaliação ................................................................................................................................. 77

Proposta para os anos iniciais (1° ao 5° ano) ....................................................................... 77

Proposta para os anos finais (6° ao 9° ano) .......................................................................... 83

Referências .............................................................................................................................. 85

Page 13: Ensino Fundamental

13

A lingua inglesa para o ensino fundamental 1º. Ao 9º. Ano ............................................... 87

Introdução ............................................................................................................................... 88

Objetivos .................................................................................................................................. 88

Finalidades .............................................................................................................................. 89

Metodologia ............................................................................................................................. 91

Ensino aprendizagem ............................................................................................................. 92

Proposta de unidades curriculares ........................................................................................ 93

Avaliação ................................................................................................................................. 96

Referencias .............................................................................................................................. 97

A educação física nas escolas da rede municipal de ensino ................................................ 98

Introdução ............................................................................................................................... 99

Concepção e objetivos gerais da educação física na educação básica ................................ 99

Educação física no ensino fundamental - 1º. Ao 9º. Ano .................................................. 100

Para trabalhar na educação física escolar .......................................................................... 102

Conteúdos de educação física .............................................................................................. 108

Princípios didático-pedagógicos para o ensino da educação física e a avaliação ........... 109

Referências ............................................................................................................................ 111

Geografia e história: as diretrizes norteadoras do currículo para o ensino

fundamental – 1º. Ao 9º. Ano ............................................................................................... 112

História e geografia - anos inicias 1º. Ao 5º ano do ef ....................................................... 121

História e a geografia - anos finais 6º. Ao 9º ano do ef ..................................................... 122

Referências ............................................................................................................................ 126

A arte no ensino fundamental.............................................................................................. 127

Introdução ............................................................................................................................. 128

Encaminhamentos metodológicos ....................................................................................... 131

Objetivos ................................................................................................................................ 134

Diretrizes norteadoras dos conteúdos ................................................................................. 135

Avaliação ............................................................................................................................... 141

Referências ............................................................................................................................ 141

O ensino religioso .................................................................................................................. 144

Introdução ............................................................................................................................. 145

Conteúdos .............................................................................................................................. 148

Conteúdos .............................................................................................................................. 148

Conteúdos .............................................................................................................................. 148

Conteúdos .............................................................................................................................. 149

Page 14: Ensino Fundamental

14

Conteúdos .............................................................................................................................. 149

Referências ............................................................................................................................ 152

Segmentos conceituais .......................................................................................................... 153

Educação inclusiva ............................................................................................................... 154

Introdução ............................................................................................................................. 155

Os marcos de transformação educacional .......................................................................... 156

Inclusão: um convite à solidariedade .................................................................................. 159

Da deficiência às necessidades especiais ............................................................................. 161

Diferentes espaços educacionais para o enfrentamento da diversidade ................. 162

A organização do atendimetno na rede regular de ensino ................................................ 163

Serviços de apoio pedagógico .............................................................................................. 163

Implicações da educação inclusiva para a construção da proposta curricular das

escolas da rede municial de ensino de itapoá-sc................................................................. 164

Indicadores para a construçao das políticas públicas na área educacional ................ 165

Prioridades ............................................................................................................................ 166

Indicadores para reflexão nas escolas ................................................................................. 167

Prioridades ............................................................................................................................ 168

Referências ............................................................................................................................ 169

Planejamento escolar – interdisciplinaridade e ................................................................. 171

Projetos de trabalho ............................................................................................................. 171

Planejamento escolar – interdisciplinaridade e ................................................................. 172

Referências ............................................................................................................................ 183

Avaliação ............................................................................................................................... 185

Referências ............................................................................................................................ 190

Page 15: Ensino Fundamental

15

REFLEXÕES CONCEITUAIS E TEÓRICAS

A PROPOSTA CURRICULAR PARA AS ESCOLAS DA REDE MUNICIPAL

DE ENSINO DE ITAPOÁ - SC - ENSINO FUNDAMENTAL - 1º. ao 9º. ANO

Zita Ana Lago Rodrigues – Dra./ Ph.D.

Mediante as reestruturações e as novas diretrizes para o ensino no Brasil, a partir

da Constituição Federal de 1988 e de suas consentâneas determinações estaduais e

municipais, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB 9394/96, do

Plano Nacional de Educação - PNE/LEI no. 10.172/2001, da Lei 9424/96, que dispõe

sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e da

Valorização do Magistério – FUNDEF-96, das Leis 11.114/05 e 11.274/06, alterando o

artigo 32 da LDB 9394/96, e ampliando para nove anos a duração do Ensino

Fundamental e da Emenda Constitucional no. 53 de 06/dez./06 que dispõe sobre o

Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica - FUNDEB/2006 e das

novas políticas educacionais vigentes no período pós-municipalização do Ensino

Fundamental, entende-se que o processo de formação de professores é condição básica

para uma prática pedagógica comprometida com propostas educacionais de qualidade.

Isto se deve não apenas porque o conhecimento continua avançando, sendo produzido,

estruturado, re-estruturado e disseminado, mas porque a profissão e o trabalho de

ensinar-aprender trazem novas necessidades e exigências ao professor e aos demais

profissionais da educação atuantes na escola.

Tais premissas exigem que os profissionais da educação, os professores e

educadores atualizem constantemente seus saberes, seus fazeres e suas bases teórico-

epistemológicas, sendo necessário pensar e repensar a escola e seus currículos, suas

metodologias de ação, seus sistemas avaliativos e, entre outros aspectos significativos,

as interfaces entre a escola, a ciência e o conhecimento e suas decorrências na formação

do alunado e da própria sociedade.

Portanto, os contextos de inserção da escola, não raro vêm influenciando e

sendo por ela influenciados em suas diversas determinações sócio-políticas, ético-

valorativas, étnicas, religiosas, econômicas e multiculturais, de uma sociedade

cambiante e em fase de profundas e céleres transformações.

Page 16: Ensino Fundamental

16

Mesmo no contexto da escola pública, frente às exigências do mundo

contemporâneo em suas complexas relações e interfaces, a questão dos saberes e

conhecimentos que a demarcam deve ser constantemente pensada e repensada, discutida

e avaliada por toda a comunidade escolar, com vistas a oferecer serviços que realmente

a tornem imprescindível no desenvolvimento da educação, do estímulo à criatividade,

inventividade e ações pró-ativas, e ao necessário e urgente desenvolvimento da

cidadania, da autonomia e da auto-responsabilidade daqueles que nela vivem e

convivem – sejam os gestores, as equipes pedagógicas e de apoio, os professores, os

alunos, ou a comunidades escolares de sua abrangência.

Tais considerações nos levam a ampliar a compreensão sobre a necessidade de

que os sistemas municipais de ensino, implementados a partir das determinações da

Constituição Federal de 1988 e da LDB supra citada - de modo especial em seu art. 26 -

pensem seus modos específicos de proceder ao elaborar e implantar suas Propostas

Curriculares, sempre em consonância com as legislações macro, meso e micro-

estruturais da educação nacional, demarcando de modo claro as suas características, as

suas realidades e os seus contextos regionais da sociedade, da comunidade e da cultura,

ao listar aqueles conteúdos, metodologias e práticas de ensino-aprendizagem que farão

parte das ações pedagógicas cotidianas da escola e da comunidade que nela vive e

convive.

Neste sentido, municípios como Itapoá-SC, conscientes da importância de

aprimorar sua ação educativa formal no âmbito da escola pública municipal, propõem-

se a elaborar e implementar suas determinações, diretrizes e proposições curriculares no

intuito de trabalhar uma educação com maior qualidade e voltada ao atendimento de

suas reais necessidades, respeitando os espaços já constituídos, as produções já

existentes e as competências e disponibilidades dos recursos municipais, do quadro de

profissionais que integram a rede municipal de ensino, acima de tudo, e as exigências

que o mundo contemporâneo apresenta aos egressos da escola, em qualquer de seus

níveis.

Portanto, as atividades desenvolvidas no decorrer dos meses de janeiro e

fevereiro de 2007 voltam-se às considerações acima formuladas e, tendo presente a

necessidade de estimular a reflexão sobre a realidade local/regional da sociedade e da

cultura do município de Itapoá-SC em suas especificidades, promoveram uma inédita

série de atividades de estudos, reflexões, proposições, produções e encaminhamentos,

com a participação de todos os envolvidos com o Sistema Municipal de Ensino, equipe

Page 17: Ensino Fundamental

17

pedagógica da Secretaria Municipal de Educação, Diretores, Especialistas, Pedagogos

Escolares, Professores, Educadores e auxiliares no trabalho pedagógico, envolvidos com

o dia-a-dia da escola, com o firme intuito de constituir o texto básico da Proposta

Curricular para as Escolas da Rede Municipal de Ensino de Itapoá-SC a ser

implementada no decorrer do ano letivo de 2007.

Contando com a consultoria e assessoria de um significativo número de

profissionais da educação com notável experiência no campo do currículo e da educação

básica – de modo especial no Ensino Fundamental do 1º. ao 9º. ano – cujas orientações

desencadearam os estudos, as discussões e a elaboração do texto base da presente

Proposta Curricular da Rede Municipal de Ensino de Itapoá-SC, que reflete as

preocupações dos componentes do Sistema Municipal de Ensino com uma proposta

qualitativa e participativa, visando oferecer ao alunado e a comunidade uma educação

voltada para a construção da autonomia, da emancipação, da cidadania e da

responsabilidade conjunta, com base em valores construentes, humanos, solidários e

democráticos, de todos aqueles que, de algum modo, vinculam-se a escola pública

municipal e participam de seu cotidiano.

Assim sendo, delinearam-se alguns objetivos para a tarefa coletiva desencadeada

desde o momento da concepção da ação, até aquele de sua consecução, avaliação e

constante aprimoramento, propondo-se:

a) compreender o sentido e a importância da formação continuada de

professores para seu desenvolvimento e ação profissional qualitativa e consciente;

b) disponibilizar recursos das mais diversas ordens, financeiros, físicos,

materiais, teóricos e tecnológicos, a fim de que o grupo de profissionais, em especial os

componentes da rede municipal de ensino de Itapoá-SC, tenha possibilidade de,

conjuntamente com as consultorias e assessorias, delimitar o texto básico da Proposta

Curricular para o Ensino Fundamental – 1º. ao 9º. ano - a ser implementada no

município a partir de 2007;

c) elaborar, redigir e editar o texto base da Proposta Curricular para as Escolas

da Rede Municipal de Ensino Fundamental - 1º ao 9º ano - do município de Itapoá-SC,

a ser implementada a partir do ano letivo de 2007.

Mediante tais considerações e tendo-se presentes as profundas transformações

que vêem ocorrendo no mundo do trabalho e as imbricações sistêmicas que tais

transformações apresentam com os saberes, os fazeres e o conhecimento, esteve

Page 18: Ensino Fundamental

18

presente em todos os momentos a necessidade de repensar a escola e seus

procedimentos formais de trabalhar o ensino, a aprendizagem e a educação das crianças

e dos jovens.

Refletindo-se sobre as decorrências que apresentam este ensino, esta

aprendizagem e esta educação, é preciso levar em conta, também, suas decorrências na

vida prática sócio-ambiental, política e cultural de tais alunos, sendo fundamental que se

possa levá-los a constituir sua cidadania, sua emancipação e sua capacidade inter-

relacional consigo, com os outros, com o meio onde vivem e com dimensões

transcendentes (Mounnier, 1979).

Portanto, uma proposição curricular com vistas a contemplar as necessidades da

vida contemporânea, sem perder de vista os elementos clássicos de base histórico-

cultural constituídos pela humanidade, deverá contemplar os meandros do

conhecimento altamente complexo e de base tecnológica que permeia a sociedade atual.

Martins (2004) considerando que, destarte os debates e reflexões que têm sido

desenvolvidos quando se trata da educação formal, da formação docente e do papel

específico da escola, em especial da escola pública, destaca que se está ainda muito

distante da urgência e das considerações que se fazem necessárias, quando a questão é a

preparação para o exercício competente da tarefa de ensinar e fala que um estranho

paradoxo se estabelece hoje, pois o mundo da globalização precisa “(...) difundir suas

conquistas tecnológicas, mas não é capaz de solucionar o entrave em que se chegou

quando se afirma a urgência de capacitar professores para educar, dilema que se amplia

e agrava quando o país em questão pertence ao mundo dos “países periféricos”.

(Martins, 2004, p.111)

É de conhecimento de todos que os avanços da tecnologia não tem encontrado as

contrapartidas necessárias na vida cotidiana dos cidadãos e, entre estes, professores e

alunos envolvidos na realidade da escola pública, a qual está deveras distante do real

acesso às novas tecnologias de informação e comunicação (TICs) e, embora com

avanços consideráveis, as políticas públicas não têm conseguido atingir significativas

parcelas populacionais com mudanças que atendam às suas necessidades básicas e

cruciais – entre elas uma educação emancipatória e de qualidade, com os recursos e

instrumentais para dar conta das demandas cada vez mais gritantes de camadas

historicamente excluídas dos processos sócio-culturais e decisórios.

Page 19: Ensino Fundamental

19

A racionalidade técnica que, segundo Schön (2000), tem permeado os currículos

escolares em seus diversos níveis, derivada do positivismo e do racionalismo cartesiano,

com bases instrumentais e quantificáveis, dirige-se primordialmente a resolução de

problemas e ao estudo de teorias ou regras muito aquém das realidades contextuais,

separando de forma muito significativa o mundo do saber e o mundo prático, ou seja, o

mundo da vida dos sujeitos. Surge daí a necessidade e emergência da escola construir

uma base de realidade voltada aos contextos nos quais se insere como fontes de

experiências, de pesquisa e de abordagens específicas daquelas principais formas de

viver e de resolver questões reais relacionadas às vivências cotidianas de alunos e

professores, sem perder as dimensões dos conhecimentos teóricos que lhes dêem

sustentação e bases empíricas capazes de melhorar estas mesmas vivências práticas.

Com base em Duarte (2003) afirma-se que, sujeito forma-se, apropriando-se dos

resultados da história social e objetivando-se no interior dessa história, ou seja, sua

formação se realiza através das relações que se estabelecem entre a objetivação e a

apropriação de saberes, fazeres e conheceres. Tais relações se efetivam sempre em

conjugação com outras relações concretas e com outros indivíduos, que atuam como

mediadores entre o sujeito e o mundo humano, ou seja o mundo da atividade humana

objetivada. A formação do indivíduo é, portanto, sempre um processo educativo,

mesmo quando não há relação consciente (tanto da parte de quem se educa, quanto da

parte de quem age como mediador) com o processo educativo que está se efetivando no

interior de determinada prática ou instituição social. O aprender, o observar, o

compreender é, portanto, inerente à própria condição humana e, tanto mais será efetivo

quanto mais forem livres, conscientes e significativas as ações que se desencadeiem

com tais objetivos.

No sentido de se possibilitar efetivamente que a formação docente, o

desempenho acadêmico e a vida escolar tenham as interfaces primordiais e necessárias

toma-se, com base em Hernández e Ventura (1998), a premissa reflexiva de que, ao

planejar os programas de formação, seria deveras importante que os professores

buscassem respostas para problemas surgidos em suas próprias experiências de vida e

de formação, vinculando-as às reais estratégias e às diferentes formas de aprendizado do

alunado. Isto, por si só sugere a importância de que tais profissionais se envolvam

substancialmente na constituição e embasamento daquilo que se deve ensinar e daquilo

Page 20: Ensino Fundamental

20

que se necessita aprender, motivando-se, assim, para a busca de inovações e releituras

sobre seu fazer docente cotidiano.

Com base nos avanços ocorridos nos estudos curriculares (Pacheco, 2005) e suas

especificidades nas últimas décadas do século XX, a partir dos quais o currículo passa a

ser visto como construção coletiva e continuada, decorrente da seleção de múltiplas

influências da cultura e das identidades diferenciais, abertas e multifacetárias,

comprometidas com a democratização do saber, a emancipação dos sujeitos e a

ligação/re-ligação dos saberes e conteúdos com a vida e as experiências vividas pelos

sujeitos (Morin, 2000), têm ocorrido reflexões e debates constantes sobre perspectivas

diferenciadas na proposição daquilo que se faz na escola, em suas expressões formais,

para educar, para ensinar e, acima de tudo, para aprender.

Considera Medel (2007, p. 1) que:

O caráter excludente de algumas escolas e dos currículos tradicionais, que

reproduzem as desigualdades sociais ao trabalhar padrões culturais distantes das

realidades dos alunos deve ser abolido, pois, além de “expulsar”, via reprovação

e evasão, os alunos que mais necessitam da escola para sua educação, não estão

mais de acordo com as propostas da educação e da realidade atuais.

Tendo-se como base primeira o contido no Artigo 1º. da atual Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional – LDB 9394/96, ao afirmar que “A educação abrange os

processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no

trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações

da sociedade civil e nas suas manifestações culturais”, não se intenciona relegar a

escola e suas manifestações formais a um segundo plano, mas sim reafirmá-la como

pólo gerador e irradiador dos conhecimentos sistematizados e da cultura em suas mais

diversas manifestações, nas interfaces com a sociedade, as famílias, as organizações, as

entidades políticas, empresariais e da sociedade civil, bem como com as instâncias

governamentais como responsáveis conjuntas pela oferta, com qualidade, seriedade e

competência de uma educação formal comprometida com a vida, a solidariedade e a

preservação dos direitos mínimos de cada um que a ela acesse e nela deva permanecer

durante os tempos e espaços necessários à formação almejada.

Page 21: Ensino Fundamental

21

No Documento de Ministério da Educação “Ensino Fundamental de nove anos

– Orientações gerais” (MEC, 2004, p. 13) afirma-se que o educando, desde o início da

sua vida, apresenta ritmos e maneiras diferenciadas para realizar suas aprendizagens,

porém, apesar de tal fato, entende-se que uma educação voltada para estas diversidades

e peculiaridades individuais necessita ser pensada sobremaneira, com focos voltados

para que:

-“o ser humano seja visto em suas múltiplas dimensões;

- todos possam aprender conforme seus tempos e ritmos diferenciais;

- o desenvolvimento humano seja entendido como processo contínuo;

- o conhecimento seja construído e reconstruído, processual e continuadamente;

- o conhecimento seja abordado em uma perspectiva de totalidade;

- se considere a importância de uma gestão participativa, compartilhada e que tenha

como referência a elaboração coletiva do Projeto Político-Pedagógico da escola,

contemplando a proposição oficial da ampliação do Ensino Fundamental com duração

de nove anos nas escolas e nos sistemas escolares;

- a diversidade metodológica e a avaliação diagnóstica, processual e formativa estejam

presentes e comprometidas com uma aprendizagem interdisciplinar e uma educação

inclusiva, de.tal modo que o aluno, dentro da escola, aprenda de fato e de modo

significativo.”

Além de tais aspectos, que devam ser considerados como referenciais para um

ensino de bases sócio-histórico-contextuais visando o desenvolvimento de um aluno em

sua integralidade biopsicossociocultural, propõe-se no documento supra citado que:

a) a escola seja vista como um pólo irradiador de cultura e conhecimento;

b) o desenvolvimento do aluno seja a principal referência na organização do tempo e do

espaço da escola.

Assim sendo, embora na presente Proposta Curricular se tenha optado pela

apresentação de conteúdos mínimos das disciplinas a serem estudadas e trabalhadas em

cada um dos anos constituintes do Ensino Fundamental – do 1º. ao 9º. ano – não se

entende sejam estes engessados, fechados e estanques, de tal forma que impossibilitem

as reflexões, as complementações, as interfaces, as ações comunicativas construentes e a

Page 22: Ensino Fundamental

22

dinamização das ações didático-pedagógicas no interior da escola e fora dela, quando

requeridas como complementares às ações educativas formais.

Entende-se que o desenvolvimento científico resulta de uma constante mutação e

aprimoramento do conhecimento historicamente acumulado pela humanidade. Não é,

portanto, um produto pronto e acabado a ser depositado na cabeça dos estudantes em

qualquer dos níveis do seu processo de escolarização, mas sim é um procedimento em

construção que determina a transformação dos sujeitos que pretendem conhecer e dos

objetos que se dão a conhecer, em suas inter-relações constantes, tais mudanças,

transformações e aprimoramentos configuram a construção do conhecimento em seus

dinâmicos e céleres processos. E a escola contemporânea necessita, com urgência,

vivenciar tais entendimentos para efetivamente comprometer-se com a aprendizagem e

suas interfaces construentes.

O aparente formato de um programa a ser seguido nas escolas da rede municipal

de ensino de Itapoá-SC, desde o ano letivo de 2007, não se presentifica como um mero

“rol de conteúdos”, mas como semente que se semeou em um conjunto de ações

refletidas, selecionadas e registradas em um momento histórico muito rico, complexo e

auto-responsabilizante construído pelos sujeitos envolvidos – os componentes da rede

municipal de ensino de Itapoá-SC que, reunidos e em amplas discussões, constituíram e

apresentaram seus propósitos de ação pedagógica a partir de tais enunciados.

Acredita-se que os frutos serão, certamente, vivificadores de atividades e ações

através das quais se possa dizer, parafraseando Rubem Alves em suas últimas reflexões

sobre educação, que “fora do contexto das campainhas, dos sinais e dos ritos formais da

escola” se permita que SE VIVA A ESCOLA E SE ESCOLARIZE A VIDA, ou seja,

que se leve para a escola a vida de todos os envolvidos e se leve à vida de cada um, a

significância de uma escola inclusiva, humana e solidariamente democrática, na qual

cada um faça a sua parte e juntos sejamos muito mais e melhores, ao pensar e fazer, ao

viver e conviver, ao dizer e fazer sempre possibilidades, utopias e alternativas,

entrelaçando de forma indissociável o individual, o social, o político, o cultural, o

histórico, o pedagógico, o filosófico, enfim, o humano na educação do homem (Morin,

2000).

Page 23: Ensino Fundamental

23

REFERÊNCIAS

ALVES, R. Conversas com quem gosta de ensinar. São Paulo: Brasiliense, 1984

ALARCÃO, I. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez,

2003. (Coleção Questões da Nossa Época, v. 104)

BRASIL - MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO – MEC - Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional – LDB 9394/96 – Brasília –DF, 1996.

BRASIL – MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO – MEC - Secretaria de Educação Básica

– Ensino Fundamental de nove anos – Orientações Gerais – Brasília – Julho de

2004.

DUARTE, N. J. Conhecimento tácito e conhecimento escolar na formação do professor.

Educação & Sociedade. Campinas, São Paulo; v. 24, n.83, pp.601-626, ago/2003.

HERNÁNDEZ, F. & VENTURA, M. A organização do currículo por projetos de

trabalho. 5. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

IMBÉRNON, F. (org.). A educação no século XXI. Os desafios do futuro imediato.

Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

LAGO RODRIGUES, Z. A.; LOVO, A. M. R. Filosofia e Educação: uma dimensão

evolutiva do conhecimento. Curitiba, Pr: Qualogic Ed, 2000.

LOPES, A. C.; MACEDO, E. (org.). Currículo: debates contemporâneos. São Paulo:

Cortez, 2002. (Série Cultura, memória e currículo, vol. 2).

__________. Políticas de currículo em múltiplos contextos. São Paulo: Cortez, 2006.

(Série Cultura, memória e currículo, vol. 7).

MARTINS, J. C. Vygotsky e o papel das interações sociais na sala de aula. Reconhecer

e desenvolver o mundo. www.crmcovas.com.br acessado em julho/2004.

MEDEL, C. R. M. de A. O currículo e a formação para um mundo globalizado e

plural. SITE NOTA 10 – Noticias diárias da educação. Curitiba, Pr, 29/fev/2007 –

Artigo do Dia.

MORAES, M.C. O Paradigma educacional emergente. Campinas, SP: Papirus, 1997.

_________. Pensamento eco-sistêmico: Educação, aprendizagem e cidadania no

século XXI. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.

MOREIRA, M. A. A teoria da aprendizagem significativa e sua implementação em

sala de aula. Brasília: Ed. UnB, 2006.

MORIN, E. Os sete saberes necessários à Educação do Futuro. 2. ed. São Paulo:

Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2000.

MOUNNIER, E. O Personalismo. Lisboa: Edições 70, 1979.

Page 24: Ensino Fundamental

24

PACHECO, J. A. Políticas curriculares: referenciais para análise. Porto Alegre:

Artmed, 2003.

_________. Escritos curriculares. São Paulo: Cortez, 2005.

PADILHA, P. R. Currículo intertranscultural. Novos itinerários para a educação.

São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2004

PERISSÉ, P. M. O educador aprendedor. São Paulo: Cortez, 2004. (Coleção Questões

da Nossa Época, v. 118).

PINTO JR., B. Paradigmas para o século XXI: como evoluir a partir de seu próprio

estilo. São Paulo: Nobel, 2001.

SACRISTÁN, J.G. O Currículo: uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: Artes

Médicas, 2000.

SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Educação, Ciência e Tecnologia.

Proposta Curricular de Santa Catarina: Estudos Temáticos. Florianópolis: IOESC,

2005.

SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Educação e do Desporto. Proposta

Curricular de Santa Catarina: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio

(Disciplinas Curriculares). Florianópolis: COGEN, 1998.

SCHON, D. O profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a

aprendizagem. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

SCHON, D. Formar professores como profissionais reflexivos. In NÓVOA, A. (Org.).

Os professores e sua formação. Lisboa, Port.; Dom Quixote, 1995.

SILVA, L. H. da & AZEVEDO, J.C. de. (org.). Reestruturação curricular. Teoria e

prática no cotidiano da escola. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.

ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Trad. Ernani F. da F. Rosa. Porto

Alegre: Artmed, 1998.

ZABALZA, M. A. Planificação e desenvolvimento curricular na escola. 7. ed. Porto,

Port.: ASA Ed., 2000.

Page 25: Ensino Fundamental

25

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

Page 26: Ensino Fundamental

26

A ALFABETIZAÇÃO E O LETRAMENTO: DESAFIOS NA CONSOLIDAÇÃO

DE UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE

Vânio Cesar Seemann – Ms.

UM POUCO DE NOSSA HISTÓRIA ...

Com o desafio de construirmos coletivamente a proposta curricular da Rede

Municipal de Ensino de Itapoá, SC, os professores e professoras que atuam na disciplina

de Língua Portuguesa do 1º. ao 9º. ano do Ensino Fundamental reuniram-se, discutiram

e sistematizaram este documento norteador para o processo de alfabetização a ser

desenvolvido no âmbito das escolas. É imperativo que os indicativos aqui arrolados

sejam aprofundadas nos encontros de formação a serem promovidos pelas escolas ou

pela Secretaria Municipal de Educação, de tal forma que se materializem nos Projetos

Políticos Pedagógicos das escolas e, evidentemente, nas práticas educativas,

considerando-se as singularidades e especificidades das escolas em função de seu

entorno sócio-cultural, respeitando-se o princípio da autonomia emanado da Lei

9394/96, visando a formação de cidadãos competentes em termos de leitura, escrita e de

fala.

Desse modo, buscou-se:

a) discutir os conceitos relacionados à alfabetização;

b) mapear as capacidades relevantes a serem construídas pelas crianças nos anos iniciais

do Ensino Fundamental;

c) refletir sobre procedimentos e estratégias de alfabetização;

d) aprofundar a questão da avaliação em sua dimensão formativa na alfabetização.

Page 27: Ensino Fundamental

27

NOSSOS DESAFIOS: PROMOVER O ENCONTRO DA BIOGRAFIA DAS

CRIANÇAS COM A BIOGRAFIA DA HUMANIDADE

Hoje, somos alfabetizadoras e alfabetizadores e temos um olhar diferenciado sobre a

criança. Acreditamos nas potencialidades de cada uma, incentivamos as descobertas,

trabalhando os conteúdos na maioria das vezes contextualizados, resgatando as

experiências que cada um possui, fruto das suas relações e interações com o meio sócio-

cultural. Estabelecemos uma relação afetiva e de reciprocidade (professor e criança,

criança e criança) essencial para o processo de construção do conhecimento. Além

disso, valorizamos os acertos e os erros como possibilidades reais de desenvolvimento

das múltiplas dimensões humanas.

Constatamos, assim, que houve avanços qualitativos. Contudo, precisamos estudar -

investigando, lendo, pensando, discutindo, planejando e avaliando – de forma contínua

e sistemática, para oportunizarmos às crianças atividades de ensino e aprendizagem,

onde elas sejam capazes de construir conceitos, converter problemas em oportunidades,

entender seus direitos e deveres, respeitar o seu semelhante e que sejam capazes, acima

de tudo, de entender a realidade social e, nesse contexto, inserir-se e participar dos

processos de mudança e transformação sociais.

Após diagnosticar a realidade da criança, observando qual o seu nível de

aprendizagem, teremos subsídios para planejarmos as atividades onde é imperativo que

fique explícito (ao professor e à criança) o que será ensinado, como, porquê e para quê.

Além disso, devemos considerar que uma classe nunca é homogênea e, diante disto, há

que se desenvolver atividades diferenciadas para atender à diversidade e, desta forma,

obtermos o êxito. Com esta visão entendemos que a criança deverá qualificar as suas

capacidades em termos de oralidade, de leitura, de escrita e de análise lingüística onde a

brincadeira deve fazer parte, pela dimensão lúdica que as constitui, desenvolvendo o

gosto e o prazer pela leitura, produzindo seus próprios textos e sendo “dono” da palavra.

Tudo isso pressupõe a compreensão do “jogo interlocutivo”.

Entendemos que é imperativo, no processo da alfabetização, que desenvolvamos

uma série de atividades que possibilitem às crianças e adolescentes compreender as

funções sociais da escrita e, dessa forma, o próprio princípio alfabético de nosso sistema

de escrita. Destacamos algumas delas com respectivos exemplos:

- identificar (CI, contas, cartões);

- divulgar informações (rótulos, letreiros, bulas, manuais);

Page 28: Ensino Fundamental

28

- registrar compromissos (contratos, escrituras);

- comunicar à distância (jornal, TV, revistas, chats);

- regular a convivência (leis, propostas curriculares, regimentos);

- preservar e socializar os bens culturais (livros, enciclopédias, Bíblia);

- organização do cotidiano (agenda, listas, diários, bilhetes, anotações);

- incrementar trocas, a comunicação e a convivência (bilhetes, cartas de amor, e-mail).

Além disso, é de suma importância, levando-se em conta as discussões sobre os

gêneros textuais (diferentes textos considerando suas finalidades, especificidades e

interlocução), compreender e valorizar a cultura escrita escolar, bem como o suporte

que é a base material que permite a circulação da escrita:

a) espaços de circulação (urbano, rural);

b) espaços institucionais da manutenção, preservação, distribuição e venda (bancas,

livrarias, bibliotecas, sebos);

c) formas de aquisição e acesso aos textos (empréstimo, compra);

d) diversos suportes de escrita (livros, revistas, jornais, revistas, panfletos);

e) instrumentos e tecnologias empregados para o registro (impressão gráfica,

caneta, lápis).

É importante considerarmos que, enquanto o aluno vai se apropriando do alfabeto e

da escrita, ou seja, do reconhecimento do princípio alfabético de nosso sistema escrito,

ele desenvolva suas produções textuais sendo o professor o mediador assumindo, nos

primeiros momentos, o papel de escriba. Responsabilidade esta que, gradativamente, a

criança assumirá para si como resultado da ação pedagógica significativa.

Na medida em que puder apropriar-se do sistema alfabético da escrita, a criança

deverá ser capaz de transcrever textos que saiba de memória, interagir com textos

diversificados (gêneros textuais), produzindo seus textos, relendo-os, refazendo-os,

considerando o que já está escrito e o que ainda falta escrever. Nesse empreendimento,

urge oportunizar à criança que ela perceba a diferença entre a linguagem oral e a escrita.

A criança, durante o processo de alfabetização e no contexto do letramento,

deverá interpretar a sua escrita e a sua leitura de forma que possa transmitir aos outros

suas idéias, sempre respeitando as opiniões, sabendo identificar o uso desta leitura

dentro do grupo social no qual se insere. Sendo assim, o letramento e a alfabetização

estão intimamente relacionados. Segundo Magda Soares (2001, p.20): “passamos a

enfrentar esta nova realidade social em que não basta apenas saber ler e escrever, é

Page 29: Ensino Fundamental

29

preciso também fazer uso do ler e do escrever, saber responder as exigências da leitura e

da escrita que a sociedade faz continuamente”. Consideramos aqui que a criança,

quando nasce, já se insere dentro do contexto social e na participação da cultura em seu

entorno. Com isso, ao chegar à escola, ela já possui a condição de letramento e começa

a se deparar com os símbolos e sons. Ainda, segundo Soares (2001, p. 18): “o

letramento é, pois, o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever: o

estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência

de ter se apropriado da escrita”.

Nessa tarefa pedagógica, entendemos que o texto é o fio condutor da ação

alfabetizadora. Nesta perspectiva, consideramos que o texto é dirigido a um

interlocutor virtual, onde a clareza e o significado dependem exclusivamente dos

recursos próprios da escrita, ou seja, não admite recursos extralingüísticos. Além disso,

exige correção gramatical e permite frases mais longas. Contudo, é importante

dizermos que o trabalho com o texto, ou melhor dizendo, com os gêneros textuais, em

hipótese alguma pode se resumir à prática simplista de fazer “redação”.

Na seqüência, considerando os estudos de Maria José Nóbrega (2002/2003),

arrolamos os gêneros textuais a serem trabalhados nessa fase da alfabetização:

1. GÊNEROS DE TEXTOS ORAIS

- Instrucionais

Recados, instruções, ordens e solicitações.

- Interação Pessoal

Conversas telefônicas, bate-papo e conversas formais.

- De Imprensa

Notícias radiofônicas ou televisivas, reportagens radiofônicas e televisivas,

depoimentos radiofônicos ou televisivos – gravados ou presenciais – comentários de

notícias.

- Publicitários

Propagandas e gingles.

- De Divulgação Científica

Exposição, debate e aula.

- Literários e de entretenimento

Relatos de experiências vividas, relatos de acontecimentos do cotidiano,

reprodução de narrativas, causos, piadas, recitação de parlendas, trava-línguas ou

poemas, filmes, canções populares, peças de teatro.

2. GÊNEROS DE TEXTOS ESCRITOS

- Intrucionais

Listas telefônicas, listas de endereços, guia de ruas, enunciados de questões,

rótulos e embalagens, regras de jogos, receitas, bulas, manuais de instrução,

formulários, roteiros.

Page 30: Ensino Fundamental

30

- Epistolares

Bilhetes, cartas pessoais, cartas formais, convites, e-mail, avisos, circulares.

- De imprensa

Notícias, reportagens, editoriais, artigos, depoimentos, entrevistas, crônicas,

charges, tiras, resenhas, carta do leitor, programação de TV e Cinema.

- Publicitários Slogans, anúncios classificados, propagandas, panfletos, encartes, catálogos.

- Divulgação científica

Verbetes de dicionário, verbetes de enciclopédia, didáticos, hipertexto, biografia,

autobiografia, relatos históricos, tabelas.

- Literários e de entretenimento

Diários pessoais, diários de viagem, crônicas, lendas, mitos, fábulas, contos de

fada, contos de tradição popular, contos, literatura infanto-juvenil, romances, peças de

teatro, quadrinhas, trava-línguas, trovas, poemas, charadas, adivinhas, provérbios e ditos

populares, cantigas de roda, canções populares, cordel.

3. GÊNEROS DE TEXTOS NÃO-VERBAIS

- Imagens

Fotografia, símbolo, pinturas, histórias em quadrinhos, texto de imagem, filme.

Lembramos que no trabalho com os gêneros textuais orais, a ênfase de trabalho

está na escuta (ouvir) e na produção (falar). Nos gêneros textuais escritos e nos gêneros

textuais não-verbais, por sua vez, a ênfase está na leitura (ler) e na produção (escrever).

Para tanto, é de suma importância:

a) dispor de muitos textos diversificados;

b) articular a leitura e análise de textos de diferentes gêneros;

c) valorizar o uso da literatura infantil;

d) explorar situações levantadas nos textos;

e) realizar oficinas de textos;

f) promover eventos demonstrativos com as produções escritas e orais;

g) refletir e realizar a análise lingüística;

h) oportunizar deduções, hipóteses, confirmações e descobertas;

i) valorizar o trabalho com projetos interdisciplinares.

j) desenvolver trabalhos de pesquisa.

No intuito de orientarmos o trabalho alfabetizador, temos como conteúdos

primordiais a leitura, a escrita, a oralidade e análise lingüística, com suas respectivas

capacidades essenciais, que deverão ser trabalhadas com e para nossas crianças. No que

se refere à análise lingüística, entendemos que ela fará parte sistemática das atividades e

será objeto de intensa intervenção por parte do professor, para que de fato sejam

Page 31: Ensino Fundamental

31

desenvolvidas as capacidades do alunado. A partir disso, estabeleceremos a ênfase a ser

dada nos referidos anos escolares, de modo especial nos anos iniciais do Ensino

Fundamental.

É importante dizermos que este mapeamento, de forma alguma, deve ser

entendido ou tratado numa perspectiva linear ou estanque. Pelo contrário, entendemos

que esses conteúdos e capacidades se movimentam, permanentemente, na prática

educativa conforme as necessidades requeridas, quando estão em foco determinadas

pesquisas, projetos e construção de conceitos.

Sendo assim, nas tabelas a seguir arroladas, utilizamos os códigos I

(INTRODUZIR – levar as crianças a se familiarizarem com os conteúdos e conceitos

trabalhados), T (TRABALHAR – implica em desenvolver atividades sistemáticas para

a construção do conhecimento) e C (CONSOLIDAR – sedimentando os aprendizados e

avanços em seus conhecimento e capacidades), conforme já trabalhado com alguns

professores através do Programa Pró-Letramento (MEC, 2006).

CONHECER OS USOS SOCIAIS DA ESCRITA

CAPACIDADES,

CONHECIMENTOS E ATITUDES

1º ANO 2º ANO 3º ANO 4º ANO 5º ANO

Conhecer, utilizar e valorizar os modos

de produção e de circulação da escrita

na sociedade

I T T/C T/C C

Conhecer usos e funções sociais da

escrita

I T T/C T/C C

Conhecer usos da escrita na cultura

escolar

I I/T T/C T/C C

Desenvolver capacidades necessárias

para o uso da escrita no contexto

escolar

I I/T T/C T/C C

Saber usar objetos de escrita presentes

na cultura escolar

I I/T T/C T/C C

Desenvolver capacidades específicas

para escrever

I I/T T/C T/C C

APROPRIAR-SE DO SISTEMA ESCRITO

CAPACIDADES,

CONHECIMENTOS E ATITUDES

1º ANO 2º ANO 3º ANO 4º ANO 5º ANO

Compreender diferenças entre escrita

alfabética e outras formas gráficas I T/C T/C C C

Page 32: Ensino Fundamental

32

Dominar convenções ortográficas

1) Compreender a orientação e o

alinhamento da escrita

2) Compreender a orientação e o

alinhamento da escrita

I T/C T/C C C

Reconhecer unidades fonológicas como

sílabas, rimas, terminações de palavras I T T/C C C

Conhecer o alfabeto

1) Compreender a categorização

gráfica e funcional das letras

2) Conhecer e utilizar diferentes tipos de

letras

I T/C T/C T/C C

Dominar as relações entre grafemas e

fonemas

1) Dominar as regularidades

ortográficas

2) Dominar as irregularidades

ortográficas

I T/C T/C T/C C

Compreender a natureza alfabética de

nosso sistema I T/C T/C C C

DESENVOLVER A ORALIDADE

CAPACIDADES,

CONHECIMENTOS E ATITUDES

1º ANO 2º ANO 3º ANO 4º ANO 5º ANO

Participar das interações cotidianas em

sala de aula I T T/C T/C C

* Escutando com atenção e

compreensão I/T T T/C C C

**respondendo às questões propostas

pelo(a) professor (a) I/T T T/C C C

*** expondo opiniões nos debates com

os colegas e com o(a) professor(a) I/T T

T/C T/C C

Respeitar a diversidade das formas de

expressão oral manifestas por colegas,

professores e funcionários da escola,

bem como, por pessoas da comunidade

extra-escolar

I/T T/C T/C T/C C

Usar a língua falada em diferentes

situações escolares, buscando empregar

a variedade lingüística adequada

I/T T/C T/C T/C C

Planejar a fala em situações formais I/T T/C T/C T/C C

Realizar com pertinência tarefas cujo

desenvolvimento dependa da escuta

atenta e compreensão

I/T T/C T/C T/C C

Page 33: Ensino Fundamental

33

DESENVOLVER A LEITURA

CAPACIDADES,

CONHECIMENTOS E ATITUDES

1º ANO 2º ANO 3º ANO 4º ANO 5º ANO

Desenvolver atitudes e disposição

favoráveis à leitura I/T T/C T/C T/C T/C

Desenvolver capacidades de decifração

(decodificar e reconhecer globalmente

as palavras)

I T/C T/C T/C T/C

Desenvolver fluência em leitura I T/C T/C T/C T/C

Compreender textos I/T T/C T/C T/C T/C

* Identificar as finalidades e funções da

leitura (suporte, gênero e

contextualização)

I/T I/T/C I/T/C T/C T/C

** Antecipar conteúdos do texto I/T T/C T/C T/C C

***Levantar e confirmar hipóteses

relativas ao conteúdo do texto I/T T/C T/C T/C C

**** Buscar pistas textuais,

intertextuais e contextuais para ler nas

entrelinhas

I/T T/C T/C T/C T/C

*****Construir a compreensão global

do texto (explícito e o implícito) I/T T/C T/C T/C T/C

Avaliar eticamente o texto fazendo

extrapolações I/T T/C T/C T/C

T/C

Sob este prisma, consideramos que a biblioteca é um espaço de suma importância

para o desenvolvimento do processo de alfabetização e, obviamente, do letramento das

crianças que convergem para nossas escolas. Um espaço que exige organização, acervo

diversificado contendo diferentes gêneros textuais, recursos audiovisuais e materiais

constituídos por diferentes linguagens (música, imagética, por exemplo), bem como, um

profissional que articule atividades como a “hora do conto”, oriente pesquisas, promova

varais literários, dentre outras atividades pedagógicas e criativas. Desse modo,

podemos dizer que a biblioteca é um lugar histórico e pedagogicamente definido como

de socialização do conhecimento, das informações e da cultura.

No que diz respeito à avaliação estamos convencidos de que a mesma fortalece a

nossa identidade pessoal e profissional. Além disso, promove a valorização da função

docente e, na medida em que assegura a consistência do trabalho pedagógico, produz

sentido e autoria no processo. Para tanto, é fundamental que se desenvolvam:

Page 34: Ensino Fundamental

34

- a observação e o registro (identificação, objetivos, conteúdos, atividades, projetos,

observações sobre os níveis atingidos pela turma e alunos, sugestões para

encaminhamentos);

- os “Coortes diagnósticos” (monitorar algumas capacidades específicas);

- a auto-avaliação (Quem lê em casa? O que lê? Que suportes estão disponíveis?);

- o que as crianças pensam sobre a escrita e a leitura? O que gostam de ler?;

- os portfólios (articular as produções e comentários);

- apresentações e exposições dos trabalhos realizados.

Além disso, considerando as produções textuais, individuais e coletivas, as leituras

desenvolvidas e os discursos orais, podemos e devemos considerar, para efeitos de

diagnóstico, planejamento, desenvolvimento e avaliação das atividades a criatividade, a

criticidade, a organização, o comprometimento, a cooperação, a participação e a

capacidade pesquisadora manifestadas pelas crianças nessa fase de sua escolarização, de

fundamental e crucial importância.

Por fim, lembramos que o uso de ampla variedade de materiais e recursos, além

dos gêneros textuais como jogos, computadores, vídeos, DVDs, CD´s e outros, façam

parte das atividades de aprendizagem de forma sistemática, sobretudo, aqueles que

possibilitem explorar a ludicidade através do jogo e do faz-de-conta, considerando-se as

múltiplas dimensões humanas e, mais que isso, o reconhecimento da criança como um

sujeito de direitos. Sujeito que tem o direito de ler, escrever, ouvir e falar, considerando

as diferentes linguagens, com competência; competência esta que se traduz em condição

muito importante no processo de formação e exercício da cidadania das nossas crianças,

neste tempo e neste momento histórico de transição, complexidade, diversidade e

necessidade de inclusão e respeito à condição humana.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Theodora M. M. de. (Coord.). Quem canta seus males espanta. São

Paulo: Moderna, 1991.

BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

LDB 9394/96. Brasília, dezembro, 2006.

_________. Parâmetros Curriculares Nacionais. Língua Portuguesa. Brasília:

MEC/SEF, 1998.

Page 35: Ensino Fundamental

35

_________. Programa de formação continuada de professores das séries iniciais do

ensino fundamental. Pró-Letramento. Brasília: MEC/SEB, 2006. (Volumes 1, 2, 3, 4,

5, 6, 7 e 8)

FIORIN, José L. & SAVIOLI, Francisco P. Para entender o texto. Leitura e redação.

12. ed. São Paulo: Ática, 1996.

________. Lições de texto. Leitura e redação. 2. ed. São Paulo: Ática, 1996.

GALVÃO, Izabel. Henri Wallon. Uma concepção dialética do desenvolvimento

infantil. Petrópolis: Vozes, 1995.

KLEIMAN, Ângela. Oficina de leitura. Teoria e prática. Campinas: UNICAMP,

1993.

LEMLE, Miriam. Guia teórico do alfabetizador. 2. ed. São Paulo: Ática, 1998.

MORAIS, Artur G. Ortografia: ensinar e aprender. São Paulo: Ática, 1998.

________. (Org.). O aprendizado da ortografia. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

NOBREGA, Maria J. Anotações de Consultoria. Florianópolis-SC, 2002/2003.

SMOLKA, Ana L. B. A criança na fase inicial da escrita. A alfabetização como

processo discursivo. São Paulo: Cortez/Campinas: UNICAMP, 1989.

SOARES, Magda. Letramento. Um tema em três gêneros. 2. ed. Belo Horizonte:

Autêntica, 2001.

VYGOTSKY, Lev S. Pensamento e linguagem. Tradução: Jéferson Luiz Camargo.

São Paulo: Martins Fontes, 1995.

________. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

ZATZ, Lia. Aventura da escrita. História do desenho que virou letra. São Paulo:

Moderna, 1991.

Page 36: Ensino Fundamental

36

A PROPOSTA CURRICULAR DE LÍNGUA PORTUGUESA – 1º. AO 9º. ANO –

UMA CONSTRUÇÃO COLETIVA

Page 37: Ensino Fundamental

37

A PROPOSTA CURRICULAR DE LÍNGUA PORTUGUESA – 1º. AO 9º. ANO –

UMA CONSTRUÇÃO COLETIVA

Maria Dolores Martinez Dibb - Ms

A palavra mágica

Certa palavra dorme na sombra

de um livro raro.

Como desencantá-la?

É a senha do mundo.

Vou procurá-la.

Vou procurá-la a vida inteira no mundo todo.

Se tarda o encontro, se não a encontro,

não desanimo, procuro sempre.

Procuro sempre, e a minha procura

ficará sendo a minha palavra.

Carlos Drummond de Andrade

INTRODUÇÃO

Ao assumir a proposta de ampliação do Ensino Fundamental para nove anos, os

professores, equipes de ensino e dirigentes do município de Itapoá-SC entenderam que não se

tratava, simplesmente, de promover uma reorganização de conteúdos, mas de proceder uma

reflexão consistente e propositiva sobre os fundamentos e as teorias do conhecimento e da

aprendizagem, adequando o objeto de estudo ao nível de desenvolvimento da criança e do

adolescente, de maneira que, ao conquistar seu interesse e empenho, encontrem-se

alternativas que possibilitem os necessários avanços qualitativos na educação municipal.

Nesse sentido, em fevereiro/2007, reuniram-se professores, educadores, equipes de

ensino e dirigentes, com o apoio de consultores educacionais das diversas áreas do

conhecimento, para uma reflexão que lhes permitisse rever sua prática pedagógica,

contextualizá-la e buscar o necessário aprofundamento ao seu referencial educativo.

Assim, o grupo de professores que atuará nos processos de ensino-aprendizagem de

Língua Portuguesa do 1º. ao 9º.ano do Ensino Fundamental, no decorrer dos anos letivos de

Page 38: Ensino Fundamental

38

2007 e seguintes, após ampla discussão, elaborou este plano curricular, que se estrutura nos

seguintes segmentos:

- pressupostos filosófico-epistemológicos;

- fundamentação teórica;

- objetivos gerais do ensino e da aprendizagem da Língua Portuguesa;

- objetivos específicos;

- procedimentos metodológicos/conteúdos;

- processo avaliativo em Língua Portuguesa;

- referências bibliográficas.

Importa registrar a preocupação dos grupos elaboradores, com a continuidade do

processo de construção e aprimoramento deste plano curricular, de maneira a garantir-lhe a

implementação qualitativa e a re-alimentação periódica, com a necessária fundamentação

teórica, sempre de acordo com as reais necessidades e contextos específicos de sua realidade

local e regional.

PRESSUPOSTOS FILOSÓFICO–EPISTEMOLÓGICOS

O presente plano curricular de Língua Portuguesa tem como pressupostos:

- uma concepção de homem como ser social, resultado do processo histórico conduzido por

ele próprio, com vistas à sua autonomia;

- o entendimento de que o conhecimento é patrimônio coletivo ao qual todos devem ter

acesso, cabendo à escola sistematizá-lo e socializá-lo;

- uma concepção de aprendizagem fundamentada na perspectiva sócio-cultural e

interacionista, através da qual entende-se que as interações sociais têm papel determinante no

desenvolvimento das funções psicológicas superiores do ser humano, especialmente em

relação à construção da linguagem e seus processos comunicacionais;

- a fala/escuta, a leitura/escritura e a análise lingüística como eixos organizadores dos

conteúdos de Língua Portuguesa;

- a compreensão de que a Língua Portuguesa é representada oralmente por diversos falares,

respeitando essas variedades lingüísticas como ricas construções sócio-culturais, a partir das

quais proporcionar-se-á o acesso do educando à linguagem de acordo com a norma culta;

Page 39: Ensino Fundamental

39

- o entendimento de que o objeto de estudo da disciplina é a Língua e seu conteúdo

estruturante é o discurso como prática social;

- a memória, a intersubjetividade, a interpretação, a fruição e a intertextualidade como as

linhas que tecem a leitura;

- a abordagem, nas atividades orais e escritas, dos temas transversais previstos nos

Parâmetros Curriculares Nacionais – Ética, Pluralidade Cultural, Meio Ambiente, Saúde e

Orientação Sexual – tendo em vista seu caráter de instrumento de intervenção social da

linguagem;

- a expectativa de que, através deste plano curricular, seja possível a promoção do

desenvolvimento pessoal e coletivo, da autonomia, da vivência de valores, das práticas

culturais, da sociabilidade, da construção e do exercício da cidadania, com vistas às

transformações sociais imprescindíveis à vida e à sobrevivência dignas nos complexos

contextos sócio-culturais atuais.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Hentz (1998), Coordenador Geral de Ensino e Coordenador do Grupo

Multidisciplinar que elaborou as diretrizes curriculares para a Educação Básica em Santa

Catarina, afirma que: “É impensável uma proposta curricular que se dê no espontaneísmo,

sem que haja um norte, a partir do qual a mesma se fundamente.”

No mesmo documento, são apresentados, como eixos fundantes do processo

educativo, uma concepção de homem e uma concepção de aprendizagem e, a partir desse

posicionamento, define-se “o que ensinar e a maneira de provocar a relação do ser humano

com o conhecimento.”

Nessa perspectiva, o encaminhamento teórico deste plano curricular tem, como

princípio, a concepção histórico-cultural de aprendizagem, também chamada de sócio-

histórica ou sócio-interacionista, construída por Vygotsky (1993), com base no

desenvolvimento do educando como resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o

papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento, entendendo que é na

interação social que o indivíduo constrói sua identidade, seus valores, seus conceitos:

A formação de conceitos é o resultado de uma atividade complexa

em que todas as funções intelectuais básicas tomam parte. No

entanto, o processo não pode ser reduzido à associação, à atenção, à

formação de imagens, à inferência ou às tendências determinantes.

Page 40: Ensino Fundamental

40

Todas são indispensáveis, porém insuficientes sem o uso do signo,

ou palavra, como o meio pelo qual conduzimos as nossas operações

mentais, controlamos o seu curso e as canalizamos em direção à

solução do problema que enfrentamos.(Vygotsky, 1993, p.11)

Vygotsky (1993) entende que a natureza social dos processos psicológicos

construídos pela criança, a partir dos conceitos socialmente adquiridos através de

experiências vividas, permite-lhe trabalhar com essas situações de forma consciente,

alterando seu funcionamento cognitivo, construindo alternativas para a transformação da

realidade e, assim, possibilitando a redução dos preconceitos e conflitos sociais.

Como a troca de informações entre sujeitos amplia o conhecimento, o diálogo é a

chave para a construção desse processo. O professor não é o único informante da sala. Cada

criança tem sua forma de conceber o mundo, de inferir nele e, mediante a possibilidade da

socialização de experiências, conhecer a realidade, discutir pontos de vista, catalogar

informações e, dessa maneira, construir seu referencial sócio-cognitivo.

O ensino e a aprendizagem da língua, toma como pressupostos os elementos

constitutivos da educação lingüística, assim definidos por Bagno (2002, p.18):

- desenvolvimento ininterrupto das habilidades de ler, escrever, falar

e escutar;

- o conhecimento e reconhecimento da realidade intrinsecamente

múltipla, variável e heterogênea da língua, realidade sujeita aos

influxos das ideologias e dos juízos de valor;

- a constituição de um conhecimento sistemático sobre a língua,

tomada como objeto de análise, reflexão e investigação.

Nessa perspectiva, a dimensão dialógica da linguagem, a partir do grau de letramento

que o aluno traz de seu grupo familiar e cultural, da riqueza de suas diversidades lingüísticas,

assume caráter preponderante da prática educativa, com vistas às experiências reais de uso da

língua materna em sala de aula, em seus aspectos oral e escrito, ampliando-se a partir das

interações estabelecidas pelas convivências entre os alunos e destes com o professor (Soares,

2002)

OBJETIVOS GERAIS DO ENSINO E DA APRENDIZAGEM DA LÍNGUA

PORTUGUESA

Page 41: Ensino Fundamental

41

Tendo em vista os pressupostos anteriormente definidos, foram elencados alguns

objetivos gerais que descrevem a função da prática de língua materna no Ensino

Fundamental:

- Levar a criança a aperfeiçoar sua forma de comunicação, através de atividades

sistemáticas de leitura e produção de textos, de análise e reflexão sobre a língua,

possibilitando-lhe acesso satisfatório à norma padrão, em suas modalidades oral e escrita.

- Possibilitar ao aluno apropriar-se do conhecimento lingüístico oral e escrito,

ampliando sua visão de mundo, levando-o a compreender as possibilidades de interação

proporcionadas pelas linguagens orais e escritas, de maneira a buscar a interação social e a

dialogicidade, a fim de que este compreenda a complexidade do real e se integre ao meio em

que vive.

- Proporcionar ao alunado, condições para utilizar a linguagem como instrumento de

aprendizagem que lhe possibilite o acesso, a compreensão e o uso de informações contidas

nos textos, identificando aspectos relevantes, resumindo-os e procedendo análises críticas

sobre os mesmos.

- Levar o educando a compreender a Literatura como ampla fonte de conhecimento,

prazer e interação, desenvolvendo-lhe a sensibilidade estética, o gosto pela leitura, pela

produção escrita e possibilitando-lhe a expansão lúdica da oralidade.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS (Falar, escutar, ler, escrever)

A prática de Língua Portuguesa, no Ensino Fundamental, deverá permitir que os

alunos possam:

- comunicar-se dialogicamente, expressando claramente suas idéias e

posicionamentos, empregando adequadamente elementos de argumentação;

- utilizar a expressão oral que já conhece, buscando aperfeiçoá-la e adaptá-la a cada

situação de uso;

- compreender que a língua oral e escrita são realidades diferentes;

- entender a relação entre grafemas e fonemas, na constituição da linguagem escrita;

- compreender o sentido nas mensagens orais e escritas – observando seus significados

implícitos e explícitos;

- ler e interpretar variados tipos de texto e de gêneros textuais;

- produzir textos escritos com coesão e coerência, adequando-os à intenção

comunicativa;

Page 42: Ensino Fundamental

42

- fazer uso da escrita alfabética, preocupando-se com sua forma ortográfica;

- considerar a necessidade das várias re-estruturações que a produção textual requer,

tendo o professor como mediador;

- registrar suas idéias e falas, produzindo a escrita com clareza, propriedade, eficiência

e autonomia;

- compreender e atribuir significado às mensagens orais e escritas (Interpolação);

- compreender que a leitura não é mera decodificação de sinais gráficos, mas a busca de

significações;

- realizar leitura, interpretação e análise dos gêneros textuais previstos para cada fase de

ensino e desenvolvimento do aluno;

- assumir crítica e criativamente a sua função de sujeito do discurso, seja falando,

escrevendo, escutando ou interpretando;

- utilizar a língua, na norma padrão, através de práticas efetivas de comunicação,

significativas e contextualizadas;

- entender-se como sujeito com capacidade de produzir textos, desmistificando a idéia de

obrigatoriedade dessa produção, buscando sua autonomia e pressupondo a sócio-interação;

- produzir textos narrativos, descritivos, informativos, dissertativos, normativos,

epistolares, de acordo com cada fase de seu desenvolvimento, refletindo sobre ele e,

reestruturando-o, partindo do erro para a auto-correção;

- elaborar sínteses, resenhas e análises críticas de textos curtos e longos, com pertinência;

- produzir textos orais e escritos, coerentes, coesos, adequados a seus destinatários, aos

objetivos que se propõem e aos assuntos tratados.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS/CONTEÚDOS

Na perspectiva sócio-cultural-interacionista (Vygotsky, 1993) afirma-se que as

crianças se relacionam com a linguagem escrita e percebem sua necessidade, antes mesmo de

ingressar na escola. A criança que está crescendo em ambiente onde a língua escrita existe,

onde se lê e se escreve, não apenas como atos muito especiais, mas como parte da vida diária,

onde são estimuladas a manusear livros e lhes é permitido escrever e desenhar, manusear e

representar graficamente as informações adquiridas sobre a língua escrita podendo assim

chegar, de forma mais apta, à construção individual de uma boa parte do caminho da

alfabetização. Se, ao contrário, a criança não tem contato com a língua escrita, e ao seu redor

Page 43: Ensino Fundamental

43

não há pessoas que possam ler e escrever, é bem mais difícil que chegue à escola sabendo o

que quer dizer "ler" e entendendo o que quer dizer "escrever".

Assim, cabe ao educador articular os processos de desenvolvimento e aprendizagem

na sala de aula, orientar, mediar e propor desafios aos seus alunos, estimulando sempre a

curiosidade, a criatividade e a discussão, bem como o raciocínio, a testagem de hipóteses e a

familiarização com a pesquisa, a busca e o perquirimento constantes.

Nesse sentido, será necessário criar e desenvolver atividades pedagógicas que

promovam a interação da criança com os objetos e com outras crianças, a fim de que ocorra

efetivamente seu desenvolvimento cognitivo e sócio-cultural de forma integral e

contextualizada.

Tomamos como princípio metodológico da prática de ensino de Língua Portuguesa, a

aprendizagem significante ou significativa, defendida por Ausubel (1980), em oposição à

aprendizagem sem sentido, sem reflexão, baseada apenas na memorização, conforme se

procedia na escola tradicional.

Entendendo que um dos fatores que exerce influência mais importante na

aprendizagem do novo saber, é aquilo que o aprendiz já conhece, caberá ao professor tornar o

conhecimento substantivo, relacionando-o a conhecimentos prévios, já existentes na estrutura

mental do aluno, ampliando através de tais aprendizagens seus conceitos e formas de

expressão.

Por outro lado, tendo como pressuposto a relação dialógica, preconizada por Bakhtin

(1986, pp. 142-143), para a busca do entendimento:

[...] há sempre que se considerar a negociação de significados, a

negociação de valores, pois cada grupo social – cada classe,

profissão, geração, religião, região – tem seu modo próprio,

característico de falar, seu próprio dialeto, suas características. As

palavras não podem ser entendidas fora do contexto e dos sujeitos

que as falam.

Entende-se que a ludicidade deva ser o fio condutor da aprendizagem nos anos

iniciais do Ensino Fundamental, uma vez que, além de atividades prazerosas, as brincadeiras

são excelentes aliadas no processo de construção do conhecimento, tendo em vista que, por

mais simples que sejam, os jogos implicam regras a serem seguidas pelo grupo e isso o

prepara para a tomada de decisões e para a formulação de normas sociais.

Os grupos de professores da rede municipal de ensino de Itapoá-SC, que participaram

das discussões, reflexões e debates com vistas a elaboração deste plano curricular optaram

Page 44: Ensino Fundamental

44

por elencar os conteúdos para o ensino e a aprendizagem da Língua Portuguesa de forma

global, recomendando sua graduação, de acordo com o nível de desenvolvimento do alunado,

em cada um dos anos do Ensino Fundamental, tendo como suporte teórico a afirmação de

Geraldi (2005, p.46), segundo o qual, no Ensino Fundamental: “[...] as atividades devem

girar em torno do ensino da língua e apenas subsidiariamente se deverá apelar para a

metalinguagem, quando a descrição da língua se impõe como meio para alcançar o objetivo

final de domínio da língua, em sua variedade padrão.”

Os procedimentos metodológicos a serem adotados, segundo os resultados dos

debates entre os participantes da presente elaboração, deverão ter como princípio a

aprendizagem significativa e a concepção de que o diálogo na explicitação, discussão,

contraposição e argumentação de idéias é fundamental na aprendizagem da cooperação e no

desenvolvimento de atitude de autoconfiança, de capacidade para interagir e de respeito ao

outro. (PCN-EF, 1997)

Foram sugeridas, como atividades significativas de expressão oral e escrita:

seminários, dramatização de textos teatrais, simulação de programas de rádio e televisão, de

discursos políticos, de produção e apresentação de textos publicitários, a leitura colaborativa,

o emprego de recursos audiovisuais, como slides, cartazes, fotografias, transparências, out

doors, gravador, filmadora, o computador, a Internet, os sites de busca, jornais, revistas, entre

outros recursos.

É importante que se introduzam, progressivamente, de acordo com o nível de

desenvolvimento dos alunos, aspectos notacionais (inferência e ausência de regras

ortográficas, pontuação, divisão silábica, divisão do texto em frases, em períodos, em

parágrafos, uso do dicionário, etc.) e aspectos discursivos (organização das idéias, maior

nível de formalidade no uso da linguagem, argumentação, utilização de recursos coesivos –

pontuação, conectivos, substituições léxicas, manutenção do tempo e da pessoa verbais,

emprego de regência e concordância nominal e verbal), além dos conceitos metalingüísticos,

elementos fundamentais para o conhecimento e uso da Língua oral e escrita.

Os conteúdos de Língua Portuguesa serão definidos, para cada ano do Ensino

Fundamental, pelos professores e equipes pedagógicas, no Projeto Político-Pedagógico de

cada escola, a partir das indicações deste plano curricular listados como indicativos a seguir

explicitados:

a) A Prática de Leitura de Textos:

Page 45: Ensino Fundamental

45

textos “curtos” – bilhetes, mensagens, contos, crônicas, reportagens, lendas, notícias de

jornais, editoriais, poesias, etc;

textos longos – romances, novelas, peças teatrais, etc.

b) A Prática de Produção de Textos (com observância da significatividade e da função

social da escrita):

- correspondência: bilhetes, mensagens, cartas, telegramas, etc.;

- textos narrativos: histórias familiares, notícias, comentários de fatos, lendas e contos, etc.;

- textos descritivos: de pessoas, espaços, ambientes, criação de personagens, fatos, situações;

- textos normativos: regras de jogos, de conduta nos diversos ambientes, do trabalho em

grupos, do regimento da escola, do grêmio estudantil, atas, etc.;

- textos informativos: bulas, receitas, avisos, relatórios, ofícios, memorandos, etc.;

- textos dissertativos: sínteses de debates, de obras literárias, de júris simulados, com a

utilização de argumentação consistente.

c) A Prática de Análise Lingüística:

Aqui, com a finalidade de proporcionar um fio condutor para o trabalho pedagógico, com

base em proposição de Ilari (2005), foram selecionados os conteúdos específicos a serem

trabalhados a partir do 5º ano do Ensino Fundamental;

- Problemas de Estrutura Textual.

- Coesão Textual.

- Coerência Textual.

- Problemas de Ordem Sintática.

- Concordância Nominal.

- Concordância Verbal.

- Regência.

- Problemas de Ordem Morfológica.

- Léxico: adequação vocabular.

- Conjugação Verbal.

- Formas de plural e feminino.

- Problemas de Ordem Fonológica.

- Ortografia.

- Acentuação.

- Divisão Silábica.

Page 46: Ensino Fundamental

46

- Problemas de Ordem Estilística.

- Transformações de orações.

- Reescrita de parágrafos.

- Utilização de recursos estilísticos em prosa e verso.

CONTEÚDOS DE LÍNGUA PORTUGUESA DO 1º AO 9º ANO

1º ANO

COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO ORAL

Textos coletivos (professor como escriba)

Linguagem como função social

Escrita como representação da fala

Expressão oral

Apresentação dos quatro tipos de letras ( Maiúsculo e Minúsculo)

Descrição

Resolução de problemas

Transmissão de recados e avisos individual ou espontâneo

Reprodução de história, cênica, lúdica

LEITURA

Desenvolver:

Leitura simbólica e exploração de rótulos

Nome

Vocabulário

Associação de idéias (histórias diversas)

Relatos

PRODUÇÃO TEXTUAL

Textos de memória: poemas, parlendas, rimas, músicas.

Escrita do nome

Plástica e expressão escrita (ainda não de forma convencional)

Vocabulário

Textos diversificados e interpretações

CONTEÚDOS GRAMÁTICAIS

Alfabeto

Vogais e Consoantes

Ordem Alfabética

Plural e singular

Diminutivo e Aumentativo (Oral)

Masculino e Feminino

2º ANO

COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO ORAL

Audição e relatos de fatos vividos e imaginários

Construção de texto coletivo

Page 47: Ensino Fundamental

47

Pontuação e entonação

Compreensão de mensagem

Narração de fatos reais

Uso do dicionário

LEITURA

Desenvolver:

Textos de memória: cantigas, parlendas, trava-língua, descrição, narração.

Tipologias textuais: poesias e lendas, rótulos, cartazes, músicas e quadrinhas,

fábulas, charge, identidade, certidão de nascimento, cantigas e trava-línguas,

biografia, anedotas, cartões, receitas, bulas, contos de fadas, piadas, parlendas, e-

mail, manchete, opinião.

PRODUÇÃO TEXTUAL

Nome próprio completo (Identidade)

Construção de texto coletivo

Escrita de textos/função social: bilhetes, convites, cartas, notícias, receitas,

folders, gráfico e tabelas, poesias, músicas.

Alteração do final da história

Continuação de história

Construção de texto individual: reais ou fictícios

Construções de texto a partir de desenhos

Ampliação de história

Criação a partir de imagem

CONTEÚDOS GRAMATICAIS

Alfabeto

Ordem Alfabética

O s quatro tipos de Letras

Vogais e Consoantes

Maiúscula e minúscula

Acentuação

Gênero do substantivo (masculino e feminino )

Número de substantivo ( singular e plural)

Substantivos próprios e comuns

Pontuação

Sinônimo e Antônimo

Onomatopéia

Dificuldades ortográficas: ce, ci, ç, S com som de Z, SS; R inicial, R brando, S

no final, S antes de consoante, H inicial, RR, ge, gi, sons do X, Qu, gu, M antes

P e B, Trocas f/v, t/d, h/ga.

3º ANO

COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO ORAL

Narração de histórias

Comentários a partir de leitura e audição de textos

Relato de experiências

Page 48: Ensino Fundamental

48

Levantamento e síntese das idéias

Comparação de diferentes falas: sotaques, culturas regionais, etc.

Apresentação teatral

Mímica

LEITURA

Desenvolver leitura de outras linguagens: ilustrações, gestos, pinturas,

expressões faciais.

Desenvolver leitura-prazer: obras de literatura infantil, revistas em quadrinhos,

etc

Desenvolver leitura-busca de informações: receitas, classificados, anúncios,

documentos pessoais (certidão, identidade), notícias, manchetes, opinião,

propaganda, bulas, índices e referências.

PRODUÇÃO TEXTUAL

Criação de textos a partir de desenhos e/ou história em quadrinhos.

Compreensão da estrutura do sistema escrito: pontuação, acentuação.

Criação de textos a partir de narrativas orais.

Criação de textos a partir de filmes.

Compreensão da estrutura do sistema escrito: artigos, substantivo.

Desenvolver leitura-pretexto para produções decorrentes da leitura: colagens,

desenhos, dramatizações, produções de novos textos.

Compreensão da estrutura do sistema escrito: adjetivos.

Anotações de informações de textos e experiências realizadas.

Produção de história em quadrinhos

Descrição de gravuras

Compreensão da estrutura do sistema escrito: Utilização de verbos.

4º ANO

COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO ORAL

Comentários espontâneos

levantamento de idéias, personagens e acessórios.

exploração de seqüência de fatos e idéias.

Relação entre o texto lido com outras idéias

Reprodução e recriação oral.

LEITURA

Desenvolver leitura de outras linguagens: desenhos, cartazes, mímicas,

símbolos, sons.

Desenvolver leitura-prazer: literatura infantil, poemas, parlendas, adivinhações,

piadas, histórias em quadrinhos.

Desenvolver leitura-busca de informações: debates, quadrinhas, poesias,

adivinhações, dramatizações.

Desenvolver leitura-busca de informações: almanaques, atlas, enciclopédias,

revistas, jornais.

PRODUÇÃO TEXTUAL

Page 49: Ensino Fundamental

49

Anotações de idéias básicas de textos informativos.

Reestruturação de parágrafos

Dificuldades ortográficas

Percepção das relações gênero e número

Construção de diálogo.

Relatório de experiências e atividades realizadas.

Uso correto de acentuação.

Observação de redundância textual.

Reprodução e recriação de narrativas

Uso correto da pontuação.

Expansão de idéias dos textos produzidos

Utilização de recursos de coesão textual

Produção e diferenciação de fato e hipótese.

Relação entre sujeito e verbo.

5º ANO

COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO ORAL

Distinguir idéia central e secundária

Relacionar causa e efeito

Descobrir o objetivo do emissor

Colocar seu ponto de vista, discordando ou modificando suas idéias, através de

argumentação.

Integrar o que ouve ao contexto pessoal.

Selecionar idéias básicas

Verificar a fidelidade da fonte

Tirar conclusões

Incorporar ao vocabulário ativo, palavras de novo sentido.

Perceber a seqüência de fatos

Integrar o que lê ao contexto pessoal

LEITURA

Desenvolver:

Dicção e articulação correta

Fluência e ritmo

Pontuação e entonação

Valorizar a leitura como instrumento de comunicação e auto-realização.

Utilizar diferentes recursos na identificação do significado de palavras.

Distinção entre ficção e realidade, fato e opinião

Causa e efeito

Análise do objetivo do emissor

PRODUÇÃO TEXTUAL

Escolher vocabulário adequado

Observar a coerência entre as palavras

Usar articulação correta entre as palavras

Usar pontuação adequada

Empregar estruturas variadas.

Utilizar níveis de linguagem adequados.

Page 50: Ensino Fundamental

50

Utilizar-se de criatividade, originalidade e espontaneidade.

Fazer uso de elementos descritivos

Expressar suas experiências, idéias e sentimentos.

Desenvolver automatismo de escrita.

Fazer uso de elementos narrativos

Bilhete, opinião

Utilizar-se de seqüência lógica e síntese.

Utilizar vocabulário adequado, estruturas e níveis de linguagem adequados às

situações.

Fazer uso de elementos dissertativos

Carta, e-mail, notícias

6º ANO 1º BIMESTRE

Fonética:

Letra

Fonema

Dígrafo

Encontros vocálicos: ditongo, hiato, tritongo

Encontro consonantal

Sílaba

Classificação das palavras quanto ao número de sílabas: monossílaba, dissílaba,

trissílaba, polissílaba

Separação das sílabas

Ortografia:

Alfabeto

Emprego das letras maiúsculas

Dificuldades ortográficas

Acentuação

Pontuação

Semântica:

O significado das palavras

Redação:

Narração

Descrição

Leitura:

Gêneros variados

2º BIMESTRE

Fonética:

Acento tônico

Sílaba tônica

Classificação quanto à posição do acento tônico: oxítona, paroxítona,

proparoxítona

Monossílabos tônicos

Page 51: Ensino Fundamental

51

Ortografia:

Acentuação

Pontuação

Morfologia:

Substantivo

Classificação: comum, coletivo, concreto, abstrato

Formação: primitivo, derivado, simples, composto

Flexão do substantivo

Gênero: Biformes

Uniformes: epicenos, comuns de dois gêneros, sobrecomuns

Gênero de alguns substantivos

Gênero e mudança de sentido

Número do substantivo

Formação do plural

Plural dos substantivos simples e compostos

Mudança de número com mudança de sentido

Grau do substantivo: aumentativo, diminutivo

Artigo

Classificação: definido, indefinido

Flexão do artigo

Sintaxe:

Frase: declarativa, exclamativa, interrogativa, imperativa

Estilística:

Emissor e receptor

Código e mensagem

Semântica:

O significado das palavras

Redação:

Descrição

Narração

Leitura:

Gêneros variados

3º BIMESTRE

Ortografia:

Acentuação

Pontuação

Dificuldades ortográficas

Morfologia:

Adjetivo

Formação do adjetivo: primitivo, derivado, simples, composto

Flexão do adjetivo

Gênero

Número

Grau: comparativo, superlativo

Locuções adjetivas

Adjetivos pátrios

Page 52: Ensino Fundamental

52

Numeral

Classificação: cardinal, ordinal, multiplicativo, fracionário

Pronomes

Pronomes pessoais: retos, oblíquos

Formas pronominais

Pronomes pessoais de tratamento

Pronomes possessivos

Pronomes demonstrativos

Pronomes indefinidos

Pronomes interrogativos

Pronomes relativos serão estudados no 8º ano

Semântica:

O significado das palavras

Redação:

Narração

Descrição

Leitura:

Gêneros variados

4º BIMESTRE

Ortografia:

Acentuação

Pontuação

Dificuldades ortográficas

Morfologia:

Verbo

Conjugações

Tempo: passado, presente, futuro

Pessoa

Modos: indicativo, subjuntivo, imperativo

Advérbio

Classificação

Sintaxe:

Sujeito e predicado

Semântica:

O significado das palavras

Redação:

Narração

Descrição

Leitura:

Gêneros variados

7º ANO

1º BIMESTRE

Fonética:

Sílaba

Separação das sílabas

Page 53: Ensino Fundamental

53

Classificação quanto ao número de sílabas

Ortografia:

Pontuação

Acentuação

Dificuldades ortográficas

Morfologia:

Verbo

Estrutura verbal

Tempos

Modos

Pessoas

Conjugações

Verbos regulares e irregulares

Sintaxe:

Sujeito: simples, composto, oculto, indeterminado, inexistente

Predicado

Estilística:

Linguagem formal e informal

Redação:

Descrição

Narração

Leitura:

Gêneros variados

2º BIMESTRE

Fonética:

Acento tônico

Acento diferencial

Classificação da sílaba quanto à posição do acento tônico

Encontros vocálicos

Encontros consonantais

Ortografia:

Pontuação

Acentuação

Verbos em UAR, OAR, UIR

Dificuldades ortográficas

Morfologia:

Verbo (continuação)

Interjeição

Classificação

Locução interjetiva

Estilística:

Linguagem formal e informal

Redação:

Narração

Descrição

Leitura:

Gêneros variados

Page 54: Ensino Fundamental

54

3º BIMESTRE

Ortografia:

Pontuação

Acentuação

Dificuldades ortográficas

Substantivos terminados em: ESA, EZA

Morfologia:

Preposição

Classificação

Locução prepositiva

Principais relações estabelecidas pela preposição

Combinação e contração

Crase

Sintaxe:

Aposto

Vocativo

Estilística:

Linguagem formal e informal

Redação:

Descrição

Narração

Leitura:

Gêneros variados

4º BIMESTRE

Ortografia:

Pontuação

Acentuação

Dificuldades ortográficas

Morfologia:

Conjunção

Classificação

Sintaxe:

Adjunto adnominal

Adjunto adverbial

Estilística:

Linguagem formal e informal

Semântica:

O significado das palavras

Sinônimos e antônimos

Homônimos e parônimos

Polissemia

Redação:

Descrição

Narração

Leitura:

Gêneros variados

Page 55: Ensino Fundamental

55

8º ANO

1º BIMESTRE

Ortografia:

Acentuação

Pontuação

Dificuldades ortográficas

Emprego do porque, por que, porquê, por quê

Sintaxe:

Frase, oração, período

Sujeito: simples, composto, oculto, indeterminado, inexistente

Verbo de ligação

Verbo significativo

Predicado: verbal, nominal, verbo-nominal

Semântica:

O significado das palavras

Redação:

Descrição

Narração

Dissertação

Leitura:

Gêneros variados

2º BIMESTRE

Ortografia:

Acentuação

Pontuação

Dificuldades ortográficas

Morfologia:

Verbos regulares e irregulares

Verbos auxiliares: ter, haver, ser, estar

Verbos abundantes

Sintaxe:

Predicação

Verbos intransitivos, transitivos

Complementos verbais:objeto direto e objeto indireto

Complemento nominal

Vozes do verbo: ativa, passiva e reflexiva

Agente da passiva

Redação:

Descrição

Narração

Dissertação

Page 56: Ensino Fundamental

56

Leitura:

Gêneros diversos

3º BIMESTRE

Ortografia:

Acentuação

Pontuação

Dificuldades ortográficas

Os vários sons do /X/

Noções léxicas: cedilha, hífen, trema, til, apóstrofo, reticências

Sintaxe:

Vozes do verbo

Adjunto adnominal

Adjunto adverbial

Aposto

Vocativo

Semântica:

Significado das palavras:

Sinônimos e antônimos

Parônimos e homônimos

Redação:

Descrição

Narração

Dissertação

Leitura:

Gêneros variados

4º BIMESTRE

Ortografia:

Acentuação

Pontuação

Dificuldades ortográficas

Sintaxe:

Frase, oração, período

Período simples e composto

Período composto por coordenação

Oração ordenada assindética

Oração coordenada sindética: aditiva, adversativa, conclusiva, explicativa,

alternativa

Semântica:

Denotação

conotação

Figuras de linguagem: metáfora, comparação, catacrese, hipérbole, eufemismo,

metonímia, prosopopéia

Redação:

Descrição

Page 57: Ensino Fundamental

57

Narração

Dissertação

Leitura:

Gêneros variados

9º ANO

1º BIMESTRE

Morfologia:

Processo de formação das palavras

Derivação: prefixal, sufixal, prefixal e sufixal, parassintética, regressiva e

imprópria

Prefixos e sufixos gregos e latinos

Composição

Justaposição

Aglutinação

Radicais gregos e latinos

Abreviatura ou redução

Onomatopéia

Hibridismo

Ortografia:

Emprego do hífen

Redação:

Descrição

Narração

Dissertação

Leitura:

Gêneros variados

2º BIMESTRE

Estilística:

Níveis de linguagem

Versificação: verso, ritmo, tipos de verso, estrofe, rima

Semântica:

Denotação

Conotação

Figuras de linguagem: metáfora, comparação, prosopopéia, sinestesia, catacrese,

metonímia, perífrase, antítese, paradoxo, eufemismo, hipérbole, ironia

Figuras fonéticas: onomatopéia, aliteração

Figuras sintáticas: elipse, zeugma, hipérbato, assíndeto, pleonasmo, polissíndeto,

anacoluto, repetição, silepse

Vícios de linguagem: pleonasmo vicioso, cacófato, eco, hiato, colisão,

ambigüidade, solecismo, barbarismo.

Redação:

Dissertação

Leitura

Gêneros variados

Page 58: Ensino Fundamental

58

3º BIMESTRE

Morfologia:

Pronomes relativos

Sintaxe:

Período composto por coordenação

Orações coordenadas assindéticas e sindéticas

Período composto por subordinação

Orações subordinadas substantivas, adjetivas, adverbiais

Orações reduzidas

Redação:

Dissertação

Leitura:

Gêneros variados

4º BIMESTRE

Morfologia:

Preposição

Crase

Sintaxe:

Concordância nominal

Concordância verbal

Regência nominal

Regência verbal

Colocação dos pronomes oblíquos: próclise, mesóclise, ênclise

Redação:

Dissertação

Leitura:

Gêneros variados

PROCESSO AVALIATIVO EM LÍNGUA PORTUGUESA

Neste contexto entendemos, no conjunto das proposições, que a avaliação é um

elemento constitutivo essencial do processo de aprendizagem, tal como a define Hoffmann

(2000, p. 57), ao dizer que: “[...] o acompanhamento do processo de construção de

conhecimento implica favorecer o desenvolvimento do aluno, orientá-lo nas tarefas, oferecer-

lhe novas leituras ou explicações, sugerir-lhe investigações, proporcionar-lhe vivências

enriquecedoras e favorecedoras à sua ampliação do saber.”

Assim, o processo avaliativo dar-se-á a partir dos objetivos propostos e trabalhados,

tendo como ponto de partida o desenvolvimento anterior do aluno e sua caminhada em

direção à superação dos problemas detectados em cada fase de seu desenvolvimento. Nesse

sentido, a função da avaliação é diagnosticar tais fatos, cabendo ao professor promover

procedimentos didático-metodológicos para enfrentá-los, de maneira que, ao avaliar o que se

Page 59: Ensino Fundamental

59

ensina, encadeie a avaliação no mesmo processo de ensino-aprendizagem. Somente neste

contexto é possível falar em avaliação inicial - avaliar para conhecer melhor o aluno e

ensinar melhor- e avaliação final - avaliar ao finalizar um determinado processo didático.

Se a avaliação contribuir para o desenvolvimento das capacidades dos alunos, pode-se

dizer que ela se converte em uma ferramenta pedagógica, em um elemento que melhora a

aprendizagem do aluno e a qualidade do ensino e, nessa perspectiva, torna-se um processo

de avaliação formativa que se fundamenta em aspectos cognitivos, afetivos e relacionais, em

aprendizagens significativas e funcionais, as quais podem ser aplicadas em diversos

contextos e se atualizam constantemente, para que se continue a aprender.

A opção pela avaliação formativa embasa-se no entendimento de que cada aluno tem

seu ritmo e processos mentais de aprendizagem próprios e, por ser contínua e diagnóstica,

informa o professor e o aluno acerca do ponto em que se encontram, ajudando-os a refletir e

possibilitando que a intervenção pedagógica ocorra continuamente, oferecendo novas

oportunidades de construção, apropriação e uso do conhecimento.

Segundo Hoffmann (2000), avaliar nesse novo paradigma é dinamizar oportunidades

de ação-reflexão-ação, num acompanhamento permanente do professor, que deve propiciar

ao aluno em seu processo de aprendência, reflexões acerca de seu processo de aprendizagem,

do mundo e de sua identidade como cidadão.

Dessa maneira, a avaliação deve ser um processo contínuo, integrado à prática diária

do professor, envolvendo o planejamento e o desenvolvimento do processo de ensino, o re-

planejamento dos objetivos, das estratégias didático-pedagógicas, dos materiais utilizados e

das variáveis existentes na sala de aula, como: a relação professor-aluno,o relacionamento

entre os alunos e entre esses e o professor.

REFERÊNCIAS

AUSUBEL, David P. et al. Psicologia educacional. Rio de Janeiro: Interamericana,

1980.

BAGNO, Marcos. A Língua de Eulália – Novela Sociolingüística. São Paulo:

Contexto, 2002.

BAGNO, M.; STUBBS, M; GAGNÉ, G. Língua Materna: letramento, variação e

ensino. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.

BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1986.

Page 60: Ensino Fundamental

60

BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. SEF. Parâmetros Curriculares Nacionais

– ensino Fundamental - Língua Portuguesa. Brasília, 1997.

BRITTO, L.P.L. A sombra do caos: ensino de língua X tradição gramatical.

Campinas, SP: Mercado das Letras, 1997.

CAVALCANTI, L. de S. Cotidiano, mediação pedagógica e formação de conceitos:

uma contribuição de Vygotsky ao ensino de geografia. Cadernos CEDES. v.

25, n.66, Campinas maio/ago. 2005.

FOUCAMBERT, J. Por uma política de leiturização... de 2 a 12 anos. L’école

Liberatrice, 1992.

_______________. A leitura em questão. Trad. Bruno Charles Magne. Porto Alegre:

Artes Médicas, 1994.

FREIRE, P. A Importância do Ato de Ler. São Paulo: Autores Associados/Cortez,

1986.

FREITAS, M.T.A. O pensamento de Vygotsky e Bakthin no Brasil. Campinas, SP:

Papirus, 1994.

GERALDI , J. W. (Org.). O texto em Sala de Aula. 3. ed. São Paulo: Ática, 2005.

HENTZ, P. Eixos Norteadores da Proposta Curricular. In: SANTA CATARINA.

Secretaria de Estado da Educação e do Desporto. Proposta Curricular de Santa

Catarina: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio: Disciplinas

Curriculares. Florianópolis: COGEN, 1998.

HOFFMANN, J. M. L. Avaliação para promover. São Paulo: Mediação, 2000.

________________.Avaliação Mediadora: Uma relação dialógica na construção do

conhecimento. São Paulo: Mediação, 2003.

ILARI, R. A lingüística e o ensino de Língua Portuguesa. São Paulo: Martins Fontes,

1985.

KLEIMAN, A. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. Campinas, SP: Pontes,

1995.

KOCH, I. V. A Coesão textual. São Paulo: Contexto, 2005.

KOCH. I. V. & TRAVAGLIA, L.C. A Coerência Textual. São Paulo: Contexto, 2006.

OLIVEIRA, M. K. de. Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento: um processo

sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 1997.

ORLANDI, E. A. A linguagem e seu funcionamento. São Paulo: Brasiliense, 1983.

SOARES, M. Linguagem e escola: uma perspectiva social. São Paulo: Ática, 2002.

Page 61: Ensino Fundamental

61

SOLÉ, I. Estratégias de leitura. Trad. Cláudia Schilling. Porto Alegre: Artmed, 1998.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos

psicológicos superiores. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

__________. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

ZILBERMAN, R. & SILVA, E.T. (Org.). Leitura – Perspectivas interdisciplinares.

São Paulo: Ática, 1988.

ZILBERMAN, R. (Org.). Leitura em Crise na Escola: As alternativas do professor.

Porto Alegre: Mercado Aberto, 1982.

Page 62: Ensino Fundamental

62

A MATEMÁTICA E SEU PROCESSO DE ENSINAR E DE APRENDER

Page 63: Ensino Fundamental

63

A MATEMÁTICA E SEU PROCESSO DE ENSINAR E DE APRENDER

Paulina Jaeguer Muniz - Ms

O presente documento é resultado da construção coletiva dos professores de

Matemática do município de Itapoá – Santa Catarina e assessores pedagógicos, com o

objetivo de discutir questões pertinentes ao ensino e a aprendizagem da Matemática, no

Ensino Fundamental – do 1º. ao 9º. ano.

Reportando-nos à História da Matemática, vemos como esta vem se

desenvolvendo no decorrer dos tempos. Desde os babilônios, os gregos, até os jesuítas,

a evolução nos modos de ver e fazer o ensino da Matemática se deu de maneira

gradativa, contribuindo para o processo de inclusão da mesma como disciplina nos

currículos escolares. Várias tendências do ensino da matemática nortearam os estudos e

discussões, influenciaram e influenciam o ensino da Matemática no Brasil. Dentre elas,

segundo Fiorentini (1995) destacam-se a formalista clássica, a formalista moderna, a

tecnicista, a construtivista, a sócioetnocultural e a histórico-crítica.

Nos últimos anos do século XX, inúmeras reformulações foram desenvolvidas e

novas propostas pedagógicas se fizeram presentes nos meios escolares brasileiros,

regidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN 9394/96 e pelos

Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental - PCN-EF (1997), entre

outras normas e diretrizes oficiais norteadoras das políticas educacionais. Os PCN-EF

(1997) trouxeram referências significativas sobre os recursos metodológicos para o

ensino e a aprendizagem da matemática; inovaram quanto aos objetivos da disciplina;

propuseram reflexões sobre a avaliação e sobre o elencamento dos conteúdos a serem

trabalhados no desenrolar dessa fase da escolarização formal do alunado.

Mesmo diante de tantas normas, inovações teóricas, tendências mais contextuais,

e/ou proposições alternativas, tem-se uma realidade que prevalece, em grande parte, nas

escolas, sejam públicas ou privadas, nas quais há um significativo número de

professores que persistem usando e perpetuando o “ensinar a matemática” pelo método

tradicional, impossibilitando novos paradigmas e/ou metodologias que levem a educar

o aluno para pensar matematicamente. Isso faz com que muitos tenham aversão a esta

disciplina. Buerke (1982, apud Toledo & Toledo, 1997) detectou que, na visão desses

alunos, a matemática é ainda um rígido conjunto de processos algorítmicos, que sempre

Page 64: Ensino Fundamental

64

produzem uma resposta bastante precisa, ou seja, só podem ser manipulados por

especialistas no assunto, e não por pessoas comuns.

O ensino da matemática, que está centrado apenas nos conteúdos, precisa ser

substituído em nossas escolas pela Educação Matemática, cuja centralidade se dá com o

foco na aprendizagem da matemática, no pensar matematicamente a partir dos sujeitos e

seus contextos de vida sócio-culturais, buscando desenvolver a capacidade de tomada de

decisões e de avaliar o impacto destas na sociedade e no ambiente onde vivem os

sujeitos que aprendem.

Propõem-se, portanto uma Educação Matemática que venha a priorizar o aluno

em sua totalidade, buscando um conhecimento dinâmico, atendendo as necessidades

reais dos alunos, propiciando a construção de situações diversificadas que permitem a

exploração dos conceitos matemáticos por meio de atividades significativas e

contextuais. Por isso, ressaltamos a idéia da contextualização dos conteúdos da

educação matemática, visando uma motivação nos alunos e desmistificando o trabalho

com a matemática escolar, que ainda é vista como uma disciplina difícil, acessível

apenas para poucos e privilegiados “gênios”.

Ao atribuir sentido e significância para o que aprende, Coll e Solé (1996, apud

Starepravo, 2006, p. 20) afirmam que o aluno se situa e:

Quando ocorre este processo, dizemos que estamos aprendendo

significativamente, construindo um significado próprio e pessoal para um objeto

de conhecimento que existe objetivamente. Fica claro que não é um processo

que conduz à acumulação de novos conhecimentos, mas à integração,

modificação, estabelecimento de relações e coordenação entre esquemas de

conhecimento que já possuímos, dotados de uma certa estrutura que varia, em

vinculo e relações a cada aprendizagem que realizamos.

Na prática docente, devemos observar que cada indivíduo tem suas

particularidades no processo de aprendizagem. Sabemos que todos têm capacidades,

mas sofremos diferentes formas de influências do meio em que vivemos. Por esse

motivo, devemos explorar as formas de tratar com os conteúdos matemáticos, levando

em consideração as diferenças, pois alguns alunos os internalizam através de recursos

audiovisuais, outros através de materiais concretos, enquanto que outros necessitam de

uma explicação direcionada, individualizada. Portanto, o professor deve ter o

compromisso com o ensino de qualidade, levando em consideração que a criança já traz

consigo conhecimentos prévios que são re-elaborados em conjunto (professor-aluno,

Page 65: Ensino Fundamental

65

aluno-aluno). É necessário, também, um efetivo comprometimento de toda a equipe

escolar e da estrutura familiar e social, utilizando-se dos recursos disponíveis e

levantando as necessidades e possibilidades junto aos órgãos responsáveis pelas

questões estruturais e formais para o pleno desenvolvimento da aprendizagem do

alunado, em especial na escola pública.

O professor deve ser o facilitador, incentivador, mediador, organizador e

desafiador do processo de aprendizagem. Deve buscar construir o conhecimento, estar

em constante processo de pesquisa-aprendência – aprendência-pesquisa. Em virtude do

grande desfio de educar para a matemática num mundo eminentemente tecnológico, se

faz necessária a adoção e a inovação de estratégias metodológicas, adequando-as a

realidade dos alunos, respeitando a diversidade cultural, contextualizando-as e

articulando o conhecimento advindo do senso comum para transformá-lo em

conhecimento científico.

Para que possamos garantir a aprendizagem, em virtude das diferenças

individuais e das metodologias de trabalho de cada professor, enfatizamos a importância

da criação de salas de apoio pedagógico, com professores capacitados, em constante

processo de reflexão e estudos, debates e discussões, possibilitando assim um

atendimento mais individualizado ao aluno, verificando-se as dificuldades de todos e de

cada um dos alunos e o apoio mútuo, as trocas construentes, as interfaces, as ações

interdisciplinares, os projetos de aprendizagem contextuais entre os professores através

de espaços pedagogicamente constituídos, tais como reuniões para trocas de

experiências e projetos inclusivos, debates e participação em capacitações e

procedimentos de formação continuada de qualidade e significância.

O professor e alunos devem se tratar com respeito, pois ambos ensinam e

aprendem, refletem e são refletidos, avaliam e são avaliados em uma mesma realidade

sem contudo se perder de vistas as responsabilidades de cada um frente ao processo

formal de escolarização. Devem buscar a afetividade e o comprometimento com a

aprendizagem. Para facilitar a convivência, podem juntos construir regras internas de

boas relações em sala de aula e na escola, que contenham e explicitem claramente

direitos e deveres, responsabilidades e empenhos de ambas as partes, visando uma

melhor aprendizagem. O professor deve sempre, de modo altamente responsável,

diagnosticar os problemas existentes com os alunos e encaminhá-los à equipe

pedagógica da escola, da mesma forma que os alunos devem, ao cumprir sua parte,

dialogar com os professores, de forma respeitosa, sobre suas dificuldades de

Page 66: Ensino Fundamental

66

entendimento sobre os conteúdos ou as metodologias trabalhadas. É muito importante

que haja uma boa comunicação entre professores e equipe pedagógica para que, em

conjunto, possam trabalhar em função do fortalecimento das aprendizagens e do bom

entendimento dos alunos. A participação da família no processo de aprendizagem se faz

necessária e a ela cabe a responsabilidade de acompanhar o aluno em sua formação

escolar, sem eximir-se de suas responsabilidades de amplo alcance.

A avaliação deve ser global, com inter-relações, num processo contínuo

priorizando a análise e a reflexão, contribuindo para um processo de formação crítica do

cotidiano, levando em consideração o desenvolvimento do aluno em sua totalidade,

entendendo-se que o erro faz parte do processo do aprender, e auxilia a percepção dos

caminhos trilhados e os obstáculos nele contidos, a serem vencidos conjuntamente. O

erro deve ser entendido como um ponto de diagnóstico constante, para que haja um

tratamento adequado ao explorar as possibilidades que o mesmo apresente. A avaliação

deve subsidiar o professor em constantes reflexões sobre suas práticas. No decorrer do

primeiro e segundo ano do Ensino Fundamental propõe-se a utilização de fichas

avaliativas de registro sobre os conteúdos, as produções e os avanços de cada aluno, em

cada bimestre. Do terceiro ao nono ano, esse registro será feito em forma de nota

bimestral, após o professor ter proporcionado diferentes modos de avaliação através de

trabalhos individuais e coletivos, provas orais e escritas, exercícios, situações-problema,

enfim, aqueles métodos de avaliar que, contextualmente, sejam adequados a cada aluno

e a cada ano escolar, respeitando-se sempre as normas e orientações específicas

contidas, inclusive, no Regimento Escolar e nos Projetos Político-Pedagógicos das

escolas.

Em todas as classes, independentemente do ano escolar em curso serão, também,

despertadas e incentivadas atitudes como: respeito, convivência, confiança, inclusão,

comunicação, solidariedade, honestidade e diálogo entre professores e alunos e entre

alunos e alunos, entre outros modos possíveis e viáveis para estimular convivências

saudáveis, justas, dialogais, democráticas e solidariamente responsáveis, as quais farão,

certamente, parte da avaliação do aluno em seu integral desempenho e

desenvolvimento.

Page 67: Ensino Fundamental

67

OBJETIVOS

- Utilizar os conhecimentos matemáticos (aritmético, geométrico, métrico,

algébrico, estatístico) como formas para melhor compreender e atuar no meio em que o

aluno vive;

- interpretar, resolver e avaliar criticamente situações-problema que envolvam os

conceitos matemáticos adquiridos;

- descrever e argumentar sobre os resultado fazendo uso de linguagem oral,

escrita, gráfica e estatística;

- estabelecer relações entre a matemática e as outras disciplinas do currículo

escolar, buscando o desenvolvimento de um trabalho interdisciplinar;

- interagir de forma coletiva, buscando soluções para problemas propostos,

valorizando as opiniões e respeitando o modo de pensar dos outros.

METODOLOGIAS

Para um melhor desempenho das atividades deverão ser utilizados recursos

metodológicos diversificados, adequados a cada um dos conteúdos ou situações de

aprendizagem propostas, tais como: jogos individuais e coletivos, resolução de

problemas abertos e fechados, cálculo mental, músicas, pesquisas, campeonatos,

gincanas, materiais lúdicos, brincadeiras, folders, jornais de propaganda, calculadoras,

celulares, vídeos, computadores, entre outros meios e recursos disponíveis e acessíveis

de acordo com a situação específica de cada escola e de cada grupo de alunos.

CONTEÚDOS

1º ANO

Grandezas: forma, tamanho Posição

Direção e sentido Classificação

Seqüências Simbolização

Correspondências Noções das operações

Orientação espacial e temporal Desenvolvimento lógico matemático

Seqüência numérica – números naturais –

relacionando quantidade e numeral.

Noções de medidas de tempo, de

capacidade, de massa.

Formas geométricas

Page 68: Ensino Fundamental

68

2º ANO

Números naturais:

- Produção histórico-cultural;

- Sistema de Numeração Decimal;

- Operações.

Sistema de Medidas:

- Produção histórico-cultural;

- Medidas de tempo, comprimento, massa,

capacidade.

- Introdução ao sistema monetário

(inteiro).

Geometria: - Figuras planas e sólidas –

introdução.

Estatística: - Introdução a representações

com gráficos e tabelas.

3º ANO

Números Naturais:

- Produção histórico-cultural;

- Função social do número;

- Sistema de Numeração decimal;

- As quatro operações;

Números Racionais:

- Noções de meio, terço, quarto.

Geometria: - Figuras geométricas planas e

sólidos;

Medidas: - Tempo, capacidade,

comprimento, massa;

- Sistema Monetário.

Gráficos e tabelas Noções sobre o uso de calculadoras.

4º ANO

Números Naturais: - Conceito;

- Produção histórico-cultural;

- Sistema de Numeração Decimal;

- Operações.

Números Racionais: - Conceito;

- Produção histórico-cultural;

- Operações.

Números Decimais:

- Operações;

- Sistema monetário.

Geometria: - Figuras geométricas planas;

- Sólidos geométricos.

Medidas: - Produção histórico-cultural;

- Tempo, comprimento, capacidade,

massa.

Tabelas e gráficos

5º ANO

Números Naturais:

- Produção histórico-cultural;

- Conceito;

- Sistema de Numeração Decimal;

- Operações.

Números Racionais:

- Produção histórico-cultural;

- Conceito;

- Operações.

- MMC e MDC

- Noções de expressões numéricas

Números Decimais:

- Razão e proporção;

- Porcentagem;

- Operações;

- Sistema monetário.

Medidas:

- Produção histórico-cultural;

- Tempo, comprimento, massa,

capacidade, superfície, volume, ângulo,

velocidade, temperatura.

Geometria: - Produção histórico-cultural;

- Figuras geométricas planas;

- Sólidos geométricos.

Estatística: - Produção histórico-cultural;

- Leitura, interpretação e construção de

tabelas e gráficos.

Page 69: Ensino Fundamental

69

6º ANO

Números naturais:

- Historia dos números;

- Operações: adição, subtração,

multiplicação, divisão, potenciação e

radiciação;

Números racionais e decimais:

- Operações;

- Porcentagem

Geometria:

- Geometria espacial;

- Geometria plana.

Medidas: - Tempo, comprimento, massa,

capacidade, superfície, volume, ângulo,

velocidade, temperatura.

Interpretação de gráficos e tabelas;

7º ANO

Revisão dos números naturais. Números inteiros: - Reta numérica;

- Operações;

Números racionais / decimais

- Operações;

- Porcentagem

Álgebra:

- Equação do primeiro grau;

- Regra de três

- Sistema de equação do primeiro grau.

Razão e proporção Ângulos

8º ANO

Conjunto dos números reais

- Operações;

- Potenciação e radiciação;

Geometria: - Ângulos;

- Triângulos;

- Quadriláteros;

- Circunferência.

Calculo Algébrico:

- Expressões algébricas;

- Operações com polinômios;

- Produtos notáveis;

- Fatoração;

- Equação do 1º grau;

- Sistemas de equações;

- Inequações;

Estatística:

- Leitura, interpretação e construção de

tabelas e gráficos.

9º ANO

Radicais:

- Potencias;

- Raízes;

- Operações com radicais

Cálculo Algébrico:

- Produtos notáveis e fatoração;

Equação de 2º grau

Funções:

- Funções do 1º e 2º graus;

- Representação gráfica;

Semelhança de triângulos:

- Teorema de Tales;

- Relações métricas no triangulo

retângulo;

- Razões trigonométricas no triângulo

retângulo;

Geometria: - Polígonos Estatística: -Leitura, interpretação e

construção de tabelas e gráficos.

Page 70: Ensino Fundamental

70

REFERÊNCIAS

BRASIL.Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros

Curriculares Nacionais: matemática. Brasília: MEC/SEF, 1997.

BICUDO, Maria A. V. (Org.). Pesquisa em educação matemática: concepções e

perspectivas. São Paulo: UNESP, 1999.

BRIZUELA, Bárbara M. Desenvolvimento matemático na criança: explorando

notações. Porto Alegre: Artmed, 2006.

D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Etnomatemática: arte ou técnica de explicar ou conhecer.

São Paulo: Ática, 1998.

DANTE, Luiz R. Didática da resolução de problemas de matemática. São Paulo:

Ática, 2000.

FIORENTINI, D. Alguns modos de ver e conceber o ensino de matemática no Brasil.

Revista ZETETIKÉ. Campinas, SP, v. 3, n. 4., pp. 1-37, 1995.

KAMII, Constance. A criança e o número: implicações da teoria de Piaget para a

atuação junto a escolares de 4 a 6 anos. Campinas, SP: Papirus, 1995.

KISHIMOTO, Tizuko M. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 4 ed. São

Paulo: Cortez, 2000.

__________ .Jogos em Grupo na educação infantil: implicações da Teoria de

Piaget. São Paulo: Trajetória Cultural, 1991.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Currículo Básico para a Escola Pública

do Estado do Paraná. Curitiba, Pr, 1992.

PIMENTA, Selma G. (Org.). Didática e formação de professores: percursos e

perspectivas no Brasil e em Portugal. São Paulo: Cortez, 2000.

RIZZO, Gilda. Jogos inteligentes: a construção do raciocínio na escola natural. 3 ed.

Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Educação, Ciência e Tecnologia.

Proposta Curricular de Santa Catarina –Estudos Temáticos, Florianópolis, IOESC,

2005.

SIATO, Fermino F. (Org). O cognitivo, o social e o afetivo no cotidiano escolar.

Campinas, SP: Papirus, 1999.

SMOLE, Kátia Cristina S. A matemática na educação infantil: a teoria das

inteligências múltiplas na prática escolar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

Page 71: Ensino Fundamental

71

STAREPRAVO, Ana R. Matemática em tempo de transformação: construindo o

conhecimento matemático através de aulas operatórias. Curitiba: Renascer, 1997.

_______________. Jogos para ensinar e aprender matemática. Curitiba: Coração

Brasil Ed., 2006.

TOLEDO, Marilia & TOLEDO, Mauro. Didática da Matemática: como dois e dois, a

construção da matemática. São Paulo: FTD, 1997.

VASCONCELLOS, Celso dos S. Para onde vai o Professor? Resgate do Professor

como sujeito de transformação. São Paulo: Libertad, 1998.

Page 72: Ensino Fundamental

72

CIÊNCIAS/EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Page 73: Ensino Fundamental

73

CIÊNCIAS/EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Angélica Góis Muller Morales - Ms.

INTRODUÇÃO

A ciência é um conhecimento que busca contribuir para compreensão, reflexão e

reconstrução da relação ser humano e natureza. Sob este aspecto, optando-se por uma

perspectiva sócio-histórica, a concepção de ciência é entendida como construção

histórica das relações em que o ser humano manteve e mantém com o mundo, ora

modificando-o, ora adaptando-se, num movimento dinâmico e integrado que comporta

acumulação e rupturas do saber teórico-prático.

Diante desta perspectiva, a discussão e o desenvolvimento dos campos do

conhecimento científico nas temáticas relacionadas às Ciências Naturais com enfoque

em Educação Ambiental (Biologia, Física, Química, Geociências, Astronomia, etc)

apóia-se na tentativa de superar o pensamento reducionista das concepções empiristas,

possibilitando a compreensão sistêmica do mundo e suas transformações, a partir das

relações entre ciência, tecnologia e sociedade e, ainda, o reconhecimento de nós

mesmos como parte integrante do universo.

O ensino de Ciências pode e deve contribuir para que os alunos em formação

tornem-se cidadãos conhecedores, competentes e críticos para intervir de modo

responsável frente às questões ambientais. Deste modo, o ensino de ciências, atrelado à

educação ambiental, com um caráter interdisciplinar, parte da compreensão do mundo

diante das situações-problema investigadas, implicando na identificação e descrição das

relações entre a dimensão social, política, econômica e ética com a questão ambiental,

sob uma visão dinâmica, complexa e dialética, entendendo que os fenômenos naturais

encontram-se integrados e em constante movimento.

Tais considerações vêm permeando as Diretrizes Curriculares Nacionais, como

os próprios Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a Política Nacional de Educação

Ambiental (lei 9795/99) e o Plano Nacional de Educação, que em seu artigo 28,

reafirma que “a Educação Ambiental, tratada como tema transversal, será desenvolvida

como uma prática educativa integrada” (BRASIL, Lei n. 10.172/2001). Assim sendo,

estes documentos norteadores se propõem que a educação ambiental deve ser abordada

Page 74: Ensino Fundamental

74

como um tema a ser integrado no currículo como um eixo transversal, de modo a

relacionar as questões ambientais considerando o meio em que vivemos e suas

interfaces.

A educação ambiental, portanto, assume na atualidade um importante papel

junto às comunidades locais, na formação de uma consciência ambiental, propiciando o

desenvolvimento de sujeitos autônomos e críticos. Assim, a proposta curricular de

Ciências, com ênfase em Educação Ambiental, postula uma educação para a

preservação e a conservação ambiental, no marco da análise econômico-social, política

e histórica dos problemas ambientais.

No caso do Município de Itapoá - SC, esta proposta foi pensada pelo coletivo de

professores do EF – 1º. ao 9º.ano - frente ao posicionamento de que o trabalho da

disciplina de ciências naturais será ministrado pelo professor titular, com enfoque na

educação ambiental. Porém, o trabalho do professor de educação ambiental (1° ao 5°

ano) deverá ser acompanhado pelo professor titular e orientado pela equipe técnico-

pedagógica, para que as atividades pedagógicas se relacionem com os conteúdos de sua

disciplina, bem como com os demais trabalhos em sala e na escola (projetos

interdisciplinares) e fora dela, tomando o cuidado para dar continuidade e

complementaridade ao processo ensino-aprendizagem, favorecendo um trabalho

interdisciplinar, na tentativa de superar a fragmentação e o conhecimento reducionista

que até aqui vem permeando os currículos escolares.

Objetivos gerais

- Promover a construção de uma visão integrada do mundo, fruto de interações entre

seus elementos constituintes, qualquer que seja a dimensão do sistema (biológico, físico,

químico) em estudo.

- Oportunizar aos alunos o acesso às informações e a compreensão de eventuais

acontecimentos atuais que envolvem a problemática ambiental local e global, visando a

experimentação, a investigação, o debate e a reflexão.

- Oferecer meios efetivos e instigantes para que cada aluno compreenda a diversidade

dos fenômenos (biológico, físico, químico), permitindo uma postura dialógica,

reflexiva, crítica e significativa.

Page 75: Ensino Fundamental

75

- Ampliar a curiosidade dos alunos pelos fenômenos do mundo e do universo e pelos

seus processos, preparando-os para uma compreensão das ciências da vida e sua inter-

relação com as ciências da sociedade.

- Proporcionar aos alunos o desenvolvimento de atitudes e valores mais comprometidos

com a preservação/cuidado e sustentabilidade do ambiente, no exercício da cidadania

plena.

Metodologias

Compreender ciências não está associado apenas a conhecer leis, teorias,

conceitos e aplicar fórmulas, mas, principalmente, a trazer para a realidade dos alunos

tais conhecimentos científicos, com o intuito de fomentar um ensino interativo, por

meio de reconstruções de conhecimento e incorporação de atitudes e valores de vida

mais saudáveis e significativos. Para tanto, é necessário que o processo ensino-

aprendizagem valorize o cotidiano, o conhecimento prévio, as representações e as

vivências extra-escolares do alunado e proporcionando-lhes estímulos constantes para

que possam participar ativamente do processo de construção do conhecimento, de forma

condizente com sua realidade e seu nível de maturidade.

Na perspectiva do ensino de Ciências Naturais, com enfoque em Educação

Ambiental, as orientações metodológicas estão direcionadas para uma intervenção

problematizadora, o que possibilita ações integradas entre pesquisa e ensino, diante de

uma reflexão e resolução de uma problemática sócio-ambiental, o que aponta novas

demandas de investigação, a partir das necessidades da prática, possibilitando o

desenvolvimento de projetos interdisciplinares (Gil-Pérez e Carvalho 2001; Cascino,

1998; Floriani e Knechtel, 2003).

Para tanto, esta proposta de currículo, ao expor o que foi entendido pelo coletivo

dos professores como conteúdos mínimos para cada ano do Ensino Fundamental, agrega

assuntos sócio-ambientais, norteando o trabalho de educação ambiental, que estão

totalmente inter-relacionados, podendo ser distribuídos por blocos temáticos para uma

melhor integração, como também estar envolvidos em projetos de pesquisas

interdisciplinares que oportunizem a sistematização do conhecimento e suas hipóteses

de forma interligada e holística, evitando a fragmentação na própria disciplina.

Page 76: Ensino Fundamental

76

No caso de Itapoá, SC, uma possibilidade de trabalhar com temas condizentes

com sua realidade local juntamente com situação-problema é desenvolver a discussão

da temática do Porto e sua implantação, buscando compreender a complexidade entre as

diversas interfaces envolvidas neste processo. Como por exemplo:

Turismo Esporte Degradação

Tipos de poluição

Cultura Saúde

Situação Economia

problema: Sustentabilidade

PORTO Impactos (+/-) Sexualidade

Questão política,

Econômica, social,

E ética (...) Crescimento populacional

MAPA CONCEITUAL 1: elaborado pelos Professores do EF de Itapoá-SC – 1º. ao 9º.ano e

Morales (2007).

Sendo o aluno, um sujeito crítico de seu próprio processo de aprendizagem,

vários procedimentos técnico-metodológicos serão utilizados para enriquecer o ensino,

acompanhado de adequados planejamentos prévios, não apenas das atividades, mas dos

recursos necessários e básicos para sua consecução, sendo eles: observação, estudos do

meio (saídas de campo, visitas), experimentação (práticas de laboratório); leitura de

textos informativos, pesquisas, vídeos, debates, entrevistas, diagnósticos participativos,

seminários, simulação ambiental, comparação, análise de tabelas e gráficos, entre

outros.

Na sociedade atual se faz necessária a incorporação tecnológica como um meio

pedagógico. Portanto, a partir desta variedade de procedimentos técnico-metodológicos,

o professor poderá agregar os recursos tecnológicos existentes, requisitando ainda

aqueles viáveis, o que permitirá ao aluno uma sistematização de conhecimentos, com

posturas mais dialógicas, participativas, além de interativas.

A relação ser

humano x natureza

Foco: MAR

Page 77: Ensino Fundamental

77

Avaliação

A avaliação no processo ensino-aprendizagem de Ciências, com ênfase em

Educação Ambiental, é vista como um processo de forma contínua, dialógica e

qualitativa, que servirá como instrumento de reflexão quanto à prática pedagógica, além

de contribuir para o aperfeiçoamento da aprendizagem individual e coletiva do alunado.

Deste modo, terá sentido investigativo e diagnóstico, para verificar como os alunos

estão construindo os conhecimentos (com relação aos conceitos, atitudes e

procedimentos), proporcionando condições aos mesmos para tomar consciência do que

já sabem, refletindo e superando suas dificuldades, o que poderá contribuir na

reorganização e sistematização do conhecimento aprendido, visando agregar valor e

estimular o acréscimo sistemático de outros e mais complexos conhecimentos.

Assim, é necessário que na avaliação se utilizem instrumentos e situações

adequadas e diversificadas para o processo de ensino-aprendizagem, tais como:

observação direta e análise das discussões sobre o conteúdo proposto, trabalhos e

debates em grupos, relatos de experiências com a efetiva participação dos alunos,

utilizando-se de auto-avaliação, entre outros recursos avaliativos passíveis de serem

aplicados nessa fase de escolarização.

PROPOSTA PARA OS ANOS INICIAIS (1° ao 5° ano)

1º. ano

Objetivos específicos

- Oportunizar ao aluno a investigação, a comunicação, o registro e o debate de fatos e

idéias, ampliando sua curiosidade e incentivando-o ao levantamento de hipóteses e

construção de conhecimentos básicos necessários sobre seu ambiente local, os seres

vivos e as condições do ambiente em que vivem.

- Valorizar atitudes e comportamentos favoráveis à saúde, em relação à alimentação e à

higiene pessoal, desenvolvendo a responsabilidade no cuidado com o próprio corpo e

com os espaços que habita.

Conteúdos

Corpo humano:

- Noções básicas do corpo;

- Higiene pessoal;

- Sexualidade: diferenças e semelhanças;

Page 78: Ensino Fundamental

78

- Alimentação: obesidade, desnutrição, higiene dos alimentos;

- Atividades físicas.

Recursos naturais:

- A organização da vida (noções básicas e fundamentais sobre água, ar, solo, rocha,

plantas, animais);

- Diferenças básicas entre plantas e animais;

- Importância dos recursos naturais.

Educação Ambiental

- Preservação e conservação dos recursos naturais do contexto local (por exemplo: mar,

mata atlântica, restinga, etc) e sua relação com o ser humano;

- O zelo pelos direitos próprios e alheios a um ambiente cuidado, limpo e saudável

(escola, casa, comunidade).

Procedimentos metodológicos

Por meio dos conhecimentos prévios do alunado e da postura do professor como

mediador, o trabalho será realizado com diferentes técnicas metodológicas de ensino,

respeitando o desenvolvimento do aluno. Neste momento, será necessária uma

intervenção diagnóstica, por meio de observações diretas e exploratórias para conhecer

suas realidades e instigá-los a explorar seu ambiente.

Deste modo, de forma a contribuir na ampliação da curiosidade da criança de 6

anos, será trabalhado com diversos procedimentos, como: saídas de campo, vídeos,

representações simbólicas (figuras, desenhos, cartazes), situações-problema,

observação, músicas e debate.

Avaliação

A avaliação como um trabalho contínuo e permanente, utilizará diversos meios

para poder alcançar resultados mais eficientes no processo ensino-aprendizagem.

Assim, serão utilizados relatórios e fichas para acompanhamento das atividades e

desempenho de cada aluno; bem como a verificação se o aluno estabelece relações, por

meio de comparações, registros e atitudes que demonstrem seu desenvolvimento

intelectual e a valorização do erro como parte do processo de aprendizagem.

2° ano

Objetivos específicos

- Reconhecer algumas características e propriedades de certos componentes do ambiente

local e regional.

Page 79: Ensino Fundamental

79

- Estabelecer relação e inter-relação dos seres e fenômenos naturais com a importância,

conservação e preservação do ambiente enfatizando o contexto local e regional e as

questões sócio-ambientais.

Conteúdos

Ciclos da natureza:

- Elementos básicos do ambiente físico (atmosfera, água e solo);

- Sol, Terra e Lua;

- Noções básicas do movimento da Terra (condições diárias do tempo; aspectos dia e

noite);

Seres vivos e o ambiente

- Corpo humano e a interação com o ambiente: órgãos dos sentidos e funções;

- Alimentação: recursos naturais como fonte de alimento, alimentação e saúde;

- Interdependência dos seres vivos com o meio ambiente.

Educação Ambiental

- Poluição e contaminação no contexto local/regional;

- Conservação e aproveitamento dos alimentos x saúde;

- Assuntos atuais.

Procedimentos metodológicos

Serão realizados trabalhos em grupo, observação, experimentos, saídas de

campo (estudo do meio), leituras e interpretação de textos informativos, pesquisas em

fontes variadas, registros, cartazes, desenhos, situações-problema e projetos que

integrem os conteúdos e a realidade local e regional.

Avaliação

Serão utilizados como estratégias de avaliação relatórios e fichas para

acompanhamento das atividades e desempenho de cada aluno; trabalhos em grupo,

trabalhos individuais, participação, argumentações, atividades em sala e extra-sala e

avaliação coletiva para verificar o desenvolvimento intelectual do aluno.

3º. ano

Objetivos específicos

- Identificar as características e propriedades dos componentes do ambiente,

estabelecendo relações entre os fenômenos físicos, químicos e biológicos.

- Compreender a saúde como bem individual e comum que deve ser promovido pela

ação coletiva.

Page 80: Ensino Fundamental

80

- Ampliar o debate sobre as situações problemas relacionadas às questões sócio-

ambientais para que os alunos e a comunidade percebam a necessidade e

responsabilidade sobre o meio ambiente e participem de forma mais efetiva de sua

conservação/preservação e sustentabilidade.

- Reconhecer o ser humano como principal agente transformador e parte integrante da

natureza.

Conteúdos

Vida e ambiente

- Doenças e vacinas (sexualidade, higiene pessoal, vestuário);

- Noções básicas sobre animais vertebrados e invertebrados e a relação com os

ambientes;

- Alimentação (obesidade, desperdício, aproveitamento, transformação dos alimentos);

Educação Ambiental

- Saneamento básico: a saúde e as doenças;

- Reciclagem, redução e reaproveitamento – lixo x consumo;

- Ervas medicinais e aromáticas; orgânico e não-orgânico;

- Assuntos atuais.

Procedimentos metodológicos

Serão utilizados procedimentos como: músicas, pesquisas, entrevistas, relatórios,

trabalho em grupo, observação, experimentos, saídas de campo (estudo do meio),

reportagens, leituras e interpretação de textos informativos, registros, maquetes, mapas,

vídeos, produção de textos, situações-problema e projetos que integrem os conteúdos e a

realidade local.

Avaliação

Será contínua e integral, por meio de participação, responsabilidade, atenção e

criatividade demonstrada pelos alunos. Assim, levar-se-á em consideração: observação

e análise das discussões sobre o conteúdo proposto, relatórios, pesquisas e produção de

texto, observando as mudanças nas atitudes dos alunos com relação aos assuntos

tratados.

4º. ano

Objetivos específicos

- Promover a apropriação gradual do conhecimento científico como forma de interpretar

o próprio ser humano, o mundo em que vive e os seres que nele habitam.

Page 81: Ensino Fundamental

81

- Reconhecer as conexões com os fenômenos naturais e sócio-culturais, ampliando a

leitura e a interpretação da relação natureza e sociedade.

Conteúdos

Ser humano e ambiente

- Ser humano e saúde (higiene corporal, mental e social; desenvolvimento humano e

reprodução, doenças, sexualidade).

Elementos do ambiente

- Água: estados físicos, composição, ciclos;

- Terra: superfície terrestre, sistema solar;

- Solo: tipos, composição, conservação;

- Ar: composição, conservação;

- Plantas: reprodução, conservação, utilidade;

- Animais: classificação (vertebrados e invertebrados), utilidades e nocividade, cadeia

alimentar, equilíbrio ecológico.

Educação Ambiental

- Causas e conseqüências sócio-ambientais do desequilíbrio natural: mudança climática

e outros que envolve o contexto local (Por exemplo: a situação do porto e a relação com

o mar e os fatores sócio-ambientais, culturais, econômicos, éticos e políticos

envolvidos);

- Reaproveitamento e conservação da água;

- Atualidades.

Procedimentos metodológicos

Subsidiando as proposições curriculares e os conteúdos propostos, serão

trabalhados projetos, situações-problema, pesquisas, experimentos, estudos do meio,

reflexões e relatos. Neste sentido, o aluno aprende ciências sentindo-se um produtor de

conhecimento, ou seja, para que ele aprenda ciência, ele deve agir como cientista.

Avaliação

A avaliação se dará de forma contínua, qualitativa, com ênfase ao processo e não

aos resultados finais.

5º. ano

Objetivos específicos

- Compreender o mundo e suas relações de âmbito global-local-global e noções do

universo, utilizando-se do conhecimento cientifico como forma de interpretação mais

englobante do meio.

Page 82: Ensino Fundamental

82

- Estabelecer conexões entre os fenômenos físico-biológicos e sócio-culturais,

reconhecendo seus componentes, modificações e transformações nos diferentes

elementos da natureza, com destaque na qualidade de vida.

Conteúdos

Elementos do ambiente

- Elementos bióticos e abióticos;

- Crescimento e desenvolvimento dos animais e plantas;

- Os estados físicos da matéria;

- Uso dos recursos naturais;

- Energia, eletricidade.

Ser humano e saúde

- Corpo humano: defesa do organismo, órgãos e sistemas, sexualidade, primeiros

socorros, doenças.

Educação Ambiental

- Resíduos sólidos (lixo): redução, reaproveitamento, reutilização e reciclagem;

- Saúde e qualidade de vida;

- Sustentabilidade sócio-ambiental x diversidade cultural;

- Assuntos atuais.

Procedimentos metodológicos

Diante do comprometimento do professor no processo ensino-aprendizagem, serão

utilizados procedimentos tais como:

- Trabalhos e pesquisas individuais e em equipe (fontes diversificadas de pesquisa);

- Jogos, gincana, atividades lúdicas, aulas expositivas (tanto professor quanto alunos);

- Pesquisa de campo, entrevistas, contexto local-regional-global;

- Investigação que lida com levantamento de hipóteses e experimentos;

- Observação, comparação, organização e elaboração interpretativa através de: textos,

oralidade, desenhos, colagens, seminários, teatro, fantoches, música, dança, internet,

livros didáticos, revistas, jornais, maquetes;

- Projetos interdisciplinares envolvendo a comunidade escolar.

Para melhor aproveitamento, muitas das atividades serão acompanhadas de

recursos tecnológicos, como: televisão, aparelho de vídeo e/ou/ DVD, máquina

fotográfica, episcópio, retroprojetor, transparência, data-show e outras tecnologias

inovadoras e disponíveis, além daquelas a serem requisitadas, se não disponíveis.

Avaliação

Page 83: Ensino Fundamental

83

A avaliação se dará de forma contínua, qualitativa, com ênfase ao processo e não

aos resultados finais. Diante do processo, utilizar-se-ão relatos de experiência, registros,

trabalhos e pesquisas individuais e em grupo.

PROPOSTA PARA OS ANOS FINAIS (6° ao 9° ano)

6º. ano

Objetivo específico

- Identificar os elementos do ambiente, percebendo-os como parte integrante do

processo de relações, suas interações e transformações.

Conteúdos

Universo e ser humano

- Origem do universo e do planeta Terra e sua constituição;

- O sistema solar;

- Noções básicas de ecologia: ciclos, cadeia alimentar, conceitos e relações ecológicas;

- Ar, Água, Solo: propriedades, uso e conservação.

Educação Ambiental

- A relação ser humano e natureza;

- Degradação e conservação e preservação dos recursos naturais: agressão e controle;

- Efeito estufa;

- Assuntos atuais.

7º. Ano

Objetivo específico

- Compreender a capacidade de interação do ser humano e o ambiente e a inter-relação

com as espécies animais e vegetais.

Conteúdos

Seres vivos e o ambiente

- Origem, evolução dos seres vivos e a vida nos diferentes ambientes;

- Características dos seres vivos;

- Classificação biológica dos seres vivos;

- Reino animal, vegetal, monera, fungos e protistas;

- Vírus.

Educação Ambiental

- A relação entre os seres vivos e os ambientes;

- Diversidade ambiental e ecossistemas;

Page 84: Ensino Fundamental

84

- Pluralidade cultural.

8º.ano

Objetivo específico

- Conhecer o organismo humano na sua anatomia e fisiologia permitindo desenvolver

hábitos de saúde e cuidado corporal, concebendo a saúde pessoal, social e ambiental

como bens individuais e da coletividade que devem conservar, preservar e potenciar.

Conteúdos

Corpo humano e saúde

- Organização e funções do organismo: órgãos e sistemas; de modo geral

- Anatomia e fisiologia e suas patologias;

- Citologia e histologia;

- Sexualidade: Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), adolescência, métodos

anticoncepcionais, gravidez, desenvolvimento embrionário;

- Drogas (lícitas e ilícitas).

Educação Ambiental

- A espécie humana e seu ciclo vital;

- Alimentação e qualidade de vida;

- Influência da poluição do ar, da água e do solo em doenças e problemas respiratórios,

digestivos e circulatórios, entre outros.

9º. ano

Objetivo específico

- Fornecer subsídios teóricos e práticos da química e física que permitam o domínio dos

conhecimentos abstratos, oportunizando o uso dos mesmos, de forma analítica e

propositiva.

Conteúdos

Física, Química e o ambiente

- Propriedades da matéria;

- Fenômenos químicos, físicos biológicos.

QUÍMICA: estudo do átomo, os elementos e compostos químicos, ligações químicas,

tabela periódica e funções químicas.

FÍSICA: tipos de movimentos, força, massa, peso, trabalho, potência, tipos e fontes de

energia, temperatura, ondas, magnetismo, eletricidade, luz, calor e trabalho.

Educação Ambiental

- Transformação dos recursos materiais e energéticos;

Page 85: Ensino Fundamental

85

- Radioatividade e a relação com o ambiente.

Procedimentos metodológicos de 6°. ao 9°. ano do E.F.

Com objetivo de subsidiar o professor em seu planejamento e na sua proposta

frente aos conteúdos do 6°. ao 9°. Ano do E.F., a construção de conhecimento poderá

contar com alguns procedimentos, além de aulas expositivas, tais como:

- Exposição de conteúdos (livros, jornais, revistas);

- Textos e leituras;

- Exercícios teóricos e práticos;

- Trabalhos em grupo;

- Observações e experimentação;

- Pesquisas de campo;

- Filmes didáticos e específicos;

- Palestras e pesquisas em fontes variadas;

- Projetos interdisciplinares de trabalho que busquem a interação com outras áreas de

conhecimento, na tentativa de um alcançar um conhecimento mais integrado.

Avaliação

A avaliação será constante e ao término de cada fase de conteúdos

desenvolvidos, retomar-se-ão os conteúdos necessários, por meio de tarefas; testes orais

e escritos; participação e envolvimento dos alunos; trabalhos desenvolvidos de forma

individual e/ou em grupo, bem como serão utilizados os recursos da auto-avaliação.

ReferÊncias

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Ensino Fundamental. Brasília:

Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental, v. 4 e 9, 1998.

_____. Decreto-lei n. 9795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a Educação

Ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras

providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 1999.

_____. Lei 10.172. Aprova o Plano Nacional de Educação. Diário Oficial da

República Federativa do Brasil. Brasília, 2001.

CASCINO, F. Educação Ambiental: eixos teóricos para uma reflexão curricular. In:

CASCINO, F.; JACOBI, P.; OLIVEIRA, J. F. (Orgs.). Educação, meio ambiente e

cidadania: reflexões e experiências. São Paulo: Secretaria do Meio Ambiente, CEAM,

1998.

Page 86: Ensino Fundamental

86

FLORIANI, D.; KNECHTEL, M. R. Educação ambiental: epistemologia e

metodologias. Curitiba: Vicentina, 2003.

GIL-PÉREZ, D.; CARVALHO, A. M. P. Formação de professores de ciências:

tendências e inovações. São Paulo: Cortez, 2001.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

ALVES-MAZZOTTI; A.J. GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências

naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Thomson, 1999.

BRUGGER, P. Educação ou adestramento ambiental: Santa Catarina, Letras

Contemporâneas, 1994.

CARVALHO, I. C. M. Educação Ambiental: a formação do sujeito ecológico. São

Paulo: Cortez, 2004. (Coleção Docência em Formação).

CASCINO, F. Educação Ambiental: princípios, história, formação de

professores. São Paulo: Senac, 1999.

FAZENDA, I. C. A. Interdisciplinaridade: um projeto em parceria. São Paulo:

Loyola, 1991

GRÜN, M. Ética e Educação Ambiental: a conexão necessária. Campinas, SP:

Papirus, 1996.

GUIMARÃES, M. A formação de educadores ambientais. Campinas, SP: Papirus,

2004

LEFF, E. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder.

Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

_____.Complexidade ambiental. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.

LOUREIRO, C. F. B. Trajetórias e fundamentos da Educação Ambiental. São

Paulo: Cortez, 2004.

MORIN, E. Introdução ao Pensamento Complexo. 4.ed. Lisboa: Instituto Piaget,

2003.

SANTOS, B. S. Um discurso sobre as ciências. Porto: Edições Afrontamento, 2002.

Page 87: Ensino Fundamental

87

A LINGUA INGLESA para o Ensino Fundamental 1º. ao 9º. Ano

Page 88: Ensino Fundamental

88

A LINGUA INGLESA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL 1º. AO 9º. ANO

Andréa Muniz De Carvalho Fontolan - Ms

INTRODUÇÃO

A Lei nº 11.274, sancionada em 06 de fevereiro de 2006, modificando as

diretrizes e bases da educação nacional propostas na LDB 9394/96, enuncia e consolida

a duração de 9 anos para o Ensino Fundamental, com matrícula obrigatória das crianças

no 1º. ano, a partir dos 6 anos de idade.

Enuncia a referida Lei que os Municípios, os Estados e o Distrito Federal terão

prazo até o ano de 2010 para implementar a obrigatoriedade do Ensino Fundamental de

9 anos nas redes de ensino público e privado.

Antes de sancionada essa Lei, outras legislações preconizaram a expansão do Ensino

Fundamental em seus tempos e espaços de duração, tais como o Plano Nacional de

Educação (PNE) – Lei 10.172/2001, que estabelece a implantação progressiva do

Ensino Fundamental de 9 anos com a inclusão das crianças de 6 anos de idade, em cujos

objetivos propõem a importância de que se possa: “oferecer maiores oportunidades de

aprendizagem no período da escolarização obrigatória e assegurar que ingressando

mais cedo no sistema de ensino, as crianças prossigam nos estudos, alcançando maior

nível de escolaridade.”

OBJETIVOS

Com base em tais pressupostos legais e atendendo a uma realidade específica do

Município de Itapoá-SC, o presente texto, elaborado conjuntamente com os professores

da disciplina em tela, aborda questões de aprendizagem e métodos de ensino de Língua

Inglesa, mostrando o efetivo valor que o Inglês desempenha na sociedade, através das

reflexões da sua importância e de se adotar uma concepção afetiva pelos alunos dos

Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em seus direitos e condições de aprendizagens

diversificadas. Alguns tópicos teóricos, como a discussão sobre a linguagem e o

desenvolvimento cognitivo, dentre outros, mostram a capacidade intelectual da criança,

em suas fases iniciais de desenvolvimento, como mais apta para aprendizagem de uma

língua estrangeira. Com base em pesquisadores e especialistas na área do

Page 89: Ensino Fundamental

89

desenvolvimento da aprendizagem e no ensino de Língua Inglesa, tais como Amos

(2001), Dixson (1999), Liberato (2001) e os próprios PCN-EF (1998), denotam-se

várias razões biológicas, psicológicas, cognitivas e culturais, para assimilação de uma

língua estrangeira, em particular o Inglês na fase de escolarização formal dos anos

iniciais.

O ensino da Língua Inglesa para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental,

aborda, também, questões sobre ética e valores da sua sociedade, de forma a auxiliar as

relações sociais e culturais no desenvolvimento intelectual da criança, levando em

consideração que o conhecimento básico da língua inglesa pode contribuir na formação

do alunado no que diz respeito à sua cidadania e levá-los a uma melhor compreensão

das diferenças individuais de cada ser humano, bem como da importância das

comunicações entre os diferentes povos, culturas e sociedades. Ao elaborar o presente

texto, procurou-se revelar o que de melhor se ode ofertar no ensino da Língua Inglesa

para os alunos dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, oferecendo conhecimentos

que ampliem a compreensão e assimilação pela criança das inúmeras possibilidades de

comunicação na língua alvo.

FINALIDADES

Tendo-se como referencial as Orientações Programáticas do Programa de

Generalização do Ensino de Inglês nos anos Iniciais do Ensino Fundamental (MEC,

2000) assume-se que a antecipação da idade de iniciação ao ensino do Inglês decorre do

reconhecimento:

- da relevância da introdução da aprendizagem da Língua Inglesa enquanto língua de

comunicação internacional por excelência e instrumento das novas tecnologias de

informação;

- do seu caráter essencial para a construção de uma consciência plurilíngüe e

pluricultural, conforme o Quadro Comum de Referência;

- dos benefícios que o desenvolvimento precoce de uma competência comunicativa

numa língua universal como o Inglês necessariamente implica, no contexto da crescente

mobilidade de pessoas na sociedade contemporânea;

- do seu contributo, tido por fundamental, para a construção da cidadania.

Assim sendo, assumem-se, igualmente, as finalidades do ensino do Inglês no

Ensino Fundamental, enunciadas nas referidas Orientações Programáticas, a saber:

Page 90: Ensino Fundamental

90

- sensibilizar para a diversidade lingüística e cultural;

- promover o desenvolvimento da consciência da identidade lingüística e cultural

através dos enunciados comparativos com a língua estrangeira e a(s) cultura(s) por ela

veiculada(s);

- fomentar uma relação positiva com a aprendizagem da língua;

- fazer apreciar a língua enquanto veículo de interpretação e comunicação do/com o

mundo que nos rodeia;

- promover a educação para a comunicação, motivando para valores como o respeito

pelo outro, a ajuda mútua, a solidariedade e a cidadania planetária;

- contribuir para o desenvolvimento equilibrado das capacidades cognitivas e sócio-

afetivas, culturais e psicomotoras da criança;

- proporcionar experiências de aprendizagem significativas, diversificadas, integradoras

e socializadoras;

- favorecer atitudes de autoconfiança e de empenhamento no saber fazer;

- estimular a capacidade de concentração e de memorização;

- promover o desenvolvimento de estratégias de aprendizagem;

- fomentar capacidades para outras aprendizagens.

Assim sendo, ainda de acordo com as mesmas Orientações Programáticas,

quando se diz que o referencial curricular de qualquer programa de aprendizagem deve

corresponder aos interesses dos alunos, apelar às suas emoções, estimular o seu

desenvolvimento ativo, a sua imaginação e a sua criatividade, define-se como grande

finalidade da introdução ao ensino do Inglês nos anos iniciais de escolaridade formal, a

educação para a comunicação, tendo como princípios orientadores:

1. o respeito pelos interesses dos alunos;

2. a promoção do seu desenvolvimento integral;

3. o desenvolvimento de uma relação positiva com a aprendizagem da língua;

4. o uso da língua para fins de ampliar a capacidade de comunicação;

5. o desenvolvimento de estratégias gerais de aprendizagem e de aprendizagem das

línguas.

Page 91: Ensino Fundamental

91

METODOLOGIA

As primeiras aprendizagens da criança desenvolvem-se na relação com os

familiares próximos; posteriormente, na sua relação com outros adultos e, em especial,

na relação com as outras crianças. Esta relação estabelece-se, inicialmente, através do

jogo: é ao brincar que a criança começa por se relacionar com outras crianças; é no jogo

que começam a se definir regras de socialização e de intervenção no e com o mundo. O

jogo é uma das atividades que ocupa a criança durante mais tempo e à qual dedica maior

atenção e, pelo papel fundamental que o jogo tem no desenvolvimento integral da

criança e na sua motivação para as aprendizagens, entende-se que as metodologias

apoiadas no recurso a atividades lúdicas serão as mais apropriadas a esta fase do ensino-

aprendizagem por manterem o interesse do aluno, permitindo assim a ampliação do seu

desenvolvimento, fomentando-se a necessidade de comunicar e, complementarmente,

proporcionar uma relação positiva com as diferentes e progressivas fases de sua

escolarização e aprendizagens. Tais considerações nos levam a propor que os momentos

de aprendizagem do Inglês decorram, predominantemente, com base em metodologias e

atividades lúdicas.

Considerando-se, ainda, que esta é uma fase da aprendizagem na qual predomina

a comunicação oral, pois entre as crianças a comunicação é fundamentalmente oral e se

estão iniciando, na Língua Materna, as aprendizagens da leitura e da escrita, entende-se

que se privilegiem as atividades de compreensão e expressão oral, reconhecendo que,

numa fase inicial como esta, o desenvolvimento da compreensão oral é de importância

crítica para que, posteriormente, a criança possa começar a ensaiar os primeiros passos

na expressão prática de suas aprendizagens, cada vez mais e melhor ampliadas.

Por fim, recomenda-se que todas as atividades do ensino-aprendizagem da

Língua Inglesa possam ser contributivas ao desenvolvimento integral da criança. Assim,

tais momentos de aprendizagem do Inglês, que necessitam decorrer num contexto

menos formal e menos “regularizado”, devem estar integrados numa continuidade

curricular, constituindo um tempo de reforço e consolidação ou o despertar de outras

aprendizagens que são desenvolvidas em outras áreas. Importa, pois, que as atividades

de Inglês não estejam condicionadas por um programa centrado em conteúdos

obrigatórios, mas que, ao contrário, haja espaço para a articulação interdisciplinar e para

a integração da diversidade de experiências e de interesses de cada turma de alunos e, na

medida do possível, nas condições de aprendizado de cada aluno em particular.

Page 92: Ensino Fundamental

92

De acordo com os princípios enunciados, se apresenta uma listagem de temas e

conteúdos, porém não vistos como obrigatórios, mas como básicos e fundamentais para

a seqüencialidade das futuras aprendizagens, mais complexas e elaboradas sobre a

Língua Inglesa. Propõe-se, antes, que o processo de ensino aprendizagem centre-se em

atividades e enunciados realizados a partir de temas do dia-a-dia das crianças, segundo

os seus interesses e em articulação com os conteúdos curriculares dos anos iniciais e as

propostas das Orientações Programáticas para os anos seguintes do Ensino

Fundamental.

Pretendendo-se que este documento seja um referencial de apoio pedagógico

aos professores de Língua Inglesa, das escolas da rede municipal de ensino d e Itapoá-

SC, apresentam-se na seqüência, a título de sugestão, conteúdos passíveis de serem

desenvolvidos nos momentos do Inglês que, não sendo únicos, constituem bons

exemplos de concretização dos princípios subjacentes à abordagem proposta para a

introdução do Inglês nesses anos iniciais de escolaridade formal.

ENSINO APRENDIZAGEM

Atendendo aos pressupostos anteriormente formulados, propõe-se que o

processo de ensino-aprendizagem se organize em unidades de duração por bimestre,

porém não classificados em ordem seqüencial estanque. Sugere-se, ao longo do

bimestre, o desenvolvimento de diferentes atividades transversais ao currículo, numa

perspectiva de variedade em cada momento do Inglês. Nestas atividades cabem

diferentes tópicos, de acordo com as preferências e interesses de cada turma de alunos.

Por exemplo, contar histórias para fomentar a compreensão oral, não deixando de se

incentivar momentos de produção ao longo da sua exploração.

Sempre que possível, desenvolver-se-á um trabalho final que servirá a cada

aluno como mostra daquilo que produziu e permitirá abordar a avaliação do bimestre

em destaque, numa perspectiva construente, no sentido de salientar as aprendizagens já

realizadas e valorizar o trabalho desenvolvido por cada um, pelos grupos e pelas turmas

de alunos como um todo. Tais trabalhos deverão desenvolver-se em atividades

interdisciplinares e em interfaces constantes com os demais conteúdos e atividades

escolares.

Page 93: Ensino Fundamental

93

PROPOSTA DE UNIDADES CURRICULARES

Para facilitar uma melhor compreensão, apresenta-se, em seguida, uma proposta

didática para o Ensino Fundamental 1º. ao 9º. ano. Estas sugestões, não deverão ser

tomadas como prescritivas, mas apenas como possibilidades de se organizarem as

atividades de Inglês ao longo do ano letivo, em seus respectivos tempos e espaços

escolares.

1º ANO

Traditional stories for children

- Cinderella

- Little Mermaid, The

- Little Red Riding Hood

- Peter Pan

- Pinochio

- Rapunzel

- Sleeping Beauty

- Snow White and the 7 Dwarves

- Three Little Pigs, The

- Toy Soldier, The

- Ugly Duckling, The

Conhecimentos Específicos

- A escola;

- A família;

- Natureza;

- Alimentação;

- Apresentações pessoais;

- Numerais cardinais;

- Histórias clássicas;

- Material escolar;

- Animais;

- Frutas;

- Transporte;

- Dias da semana;

- Meses;

- Datas comemorativas;

- Estações do ano;

- Músicas;

- Sentidos;

- Atividades lúdicas.

2º ANO

Conhecimentos Específicos

- A escola;

- A família;

- Alimentação;

- Apresentações pessoais;

- Numerais cardinais;

- Histórias clássicas;

- Animais;

- Frutas;

- Transporte;

- Dias da semana;

Page 94: Ensino Fundamental

94

- Meses;

- Datas comemorativas;

- Estações do ano;

- Músicas;

- Adjetivos;

- Casa;

3º ANO

Conhecimentos Específicos

- A escola

- A família

- Alimentação

- Apresentações pessoais

- Numerais cardinais

- Histórias clássicas

- Animais

- Frutas

- Transporte

- Dias da semana

- Meses

- Datas comemorativas

- Estações do ano

- Músicas

- Adjetivos

- Casa

- Roupas

- Profissões

- Horas

4º ANO

Conhecimentos Específicos

- A escola

- A família

- Alimentação

- Apresentações pessoais

- Numerais cardinais

- Histórias clássicas

- Animais

- Frutas

- Transporte

- Dias da semana

- Meses

- Datas comemorativas

- Estações do ano

- Músicas

- Adjetivos

- Casa

- Roupas

- Profissões

- Horas

- Verbos

5º ANO

Conhecimentos Específicos

- A escola

- A família

- Alimentação

- Apresentações pessoais

- Numerais cardinais

- Histórias clássicas

Page 95: Ensino Fundamental

95

- Animais

- Frutas

- Transporte

- Dias da semana

- Meses

- Datas comemorativas

- Estações do ano

- Músicas

- Adjetivos

- Casa

- Roupas

- Profissões

- Horas

- Preposições de lugar

- Fazer uso do vocabulário

associado a verbos no presente

simples.

6º ANO

Conhecimentos Específicos

- Apresentações Pessoais

- Gramática

- Tempo verbal – presente simples -

verbo “to be” (presente)

- Adjetivos

- Pronome demonstrativo

- Pronomes Pessoais

- Verbo “there to be” (presente)

- Artigos (definidos e indefinidos)

- Plural dos Substantivos (regular -

irregular)

- Vocabulários

- Profissões – Parte da casa –

Nacionalidades – Material Escolar –

Cores – Números - Estações do

ano

- Interpretação de textos

- Músicas

7º ANO

Conhecimentos Específicos

- Apresentações Pessoais;

- Gramática;

- Imperativo;

- Presente Simples (afirmativo,

negativo, interrogativo);

- Pronomes Interrogativos;

- Presente Contínuo (afirmativo,

negativo, interrogativo);

- Caso Genitivo;

- Pronomes (Pessoais, objetivos,

adjetivos, possessivos,);

- Interpretação de textos;

- Músicas;

Page 96: Ensino Fundamental

96

8º ANO

Conhecimentos Específicos

- Verbo “to be” (passado, simples)

- Verbo “there to be” (passado,

simples)

- Tempo verbal – PASSADO

SIMPLES (Verbos regulares,

irregulares – afirmativa, negativa,

interrogativa)

- Pronomes interrogativos

- Passado contínuo.

- Interpretação de textos.

9º ANO

Conhecimentos Específicos

- Futuro (will-going to)

- Presente Perfeito

- Tag questions

- Graus de comparação

- Graus de igualdade

- Advérbios (modo, lugar e tempo)

- Pronomes relativos

- Pronomes indefinidos

- Verbos modais

- Verbos frasais

- Preposições

- Músicas

- Interpretação de textos.

AVALIAÇÃO

A construção da aprendizagem continuará tendo foco nas experiências e

vivências dos alunos dentro e fora da sala de aula e da escola, acompanhando a

metodologia de trabalho que destaca o desenvolvimento das compreensões e

assimilações de cada aluno, por meio dos conteúdos dos componentes curriculares e

projetos dos anos iniciais e anos finais do Ensino Fundamental.

No 1º ano, a avaliação diagnóstica e descritiva será formalizada por um relatório

descritivo das aprendizagens desencadeadas e assimiladas.

A partir do 2º ano, a avaliação será diagnóstica, com avaliação individual por

aluno, sendo que a Língua Inglesa passa a integrar formalmente a matriz curricular do 2º

ano do Ensino Fundamental.

Os demais anos escolares que compõem a estrutura do Ensino Fundamental do

1º. ao 9º. ano, ajustar-se-ão à nova realidade, por meio de estudos e reuniões com as

equipes de professores, também com vistas a construção/re-construção constante do

Projeto Político-Pedagógico de cada escola da Rede Municipal de Ensino.

Page 97: Ensino Fundamental

97

REFERENCIAS

AMOS, Presher . Simplified Grammar Book. São Paulo: Moderna, 2001.

BECKER, Fernando. Da ação à operação. O caminho da aprendizagem em Jean

Piaget e Paulo Freire. Porto Alegre, RS: Palmarinca: Educação e Realidade, 1993.

BRASIL. Ministério da Educação. Ensino fundamental de nove anos: orientações

para a inclusão da criança de seis anos de idade. Ministério da Educação. Secretaria

da Educação Básica. Departamento de Educação Infantil e Ensino Fundamental.

Brasília: FNDE, Estação Gráfica, 2006.

DIXSON, Robert J. Graded Exercises in English. Rio de Janeiro: Editora ao Livro

Técnico, 1999.

HOLLAENDER, Arnon & SANDERS, Sidney. New Keyword - A Complete English

Course. São Paulo: Moderna, 2001.

LIBERATO, Wilson . Compact English Book. São Paulo: FTD, 2001.

MURPHY, Raymond. Grammar in Use – Reference and Pratice for Intermmediate

Students of English. Cambridge, 1999.

SIQUEIRA, Rute. Context. São Paulo: Saraiva, 2000.

WILLIS, Dave. Student’s Grammar – Helping learners with real English .Collins

Cobuild, 1999.

Page 98: Ensino Fundamental

98

A EDUCAÇÃO FÍSICA NAS ESCOLAS DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO

Page 99: Ensino Fundamental

99

A EDUCAÇÃO FÍSICA NAS ESCOLAS DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO

DO MUNICÍPIO DE ITAPOÁ/SC

Maria Cristina Trois Dorneles Rau – Ms.

INTRODUÇÃO

O texto apresenta os pressupostos teóricos, objetivos e orientações didático-

pedagógicas que nortearão o desenvolvimento de uma proposta curricular para a Educação

Física, no contexto de uma realidade escolar: o município de Itapoá – SC , cujos conteúdos

foram desenvolvidos a partir de análises, discussões e de um diagnóstico da realidade,

mediados pelas concepções, interesses e necessidades revelados pelos professores de

Educação Física das escolas da rede municipal de ensino, à luz de abordagens teórico-

práticas à luz de uma perspectiva sócio-histórica da Educação Física brasileira.

CONCEPÇÃO E OBJETIVOS GERAIS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA

EDUCAÇÃO BÁSICA

Os estudos de Gallardo (1998), na área da Educação Física escolar para a

Educação Básica vêm destacando que o aluno é um ser situado historicamente que faz

parte de um contexto elaborando e re-elaborando o seu saber e sua atuação na

sociedade, com capacidade crítica para situar-se no mundo, sendo por ele modificado e

criando possibilidades para transformá-lo.

De acordo com essa perspectiva Tolkmitt (1993), considera que o estudo do

corpo em movimento na Educação Física objetiva atingir a consciência e o domínio

corporal que devem ser trabalhados através dos pressupostos do movimento expressos

na Ginástica, no Jogo, na Dança e nos Esportes Escolares.

"O homem se apropria da cultura corporal dispondo sua intencionalidade para

o lúdico, o artístico, o agonístico, o estético ou outros, que são representações, idéias,

conceitos produzidos pela consciência social" (Soares et al, 1992, p. 65).

A propósito, a concepção de Gallardo (1998) a respeito dos conteúdos da

educação física escolar revela que o ser humano significa estas representações e as

relaciona com a sua própria realidade. Considera-se assim que a abordagem dos

conteúdos da Educação Física Escolar deve proporcionar ao aluno uma relação dialética

Page 100: Ensino Fundamental

100

entre a sua intencionalidade/objetivos e as intenções/objetivos da sociedade na qual

esteja inserido.

Nessa perspectiva, os estudos de Soares et al (1992), apontam que a Educação

Física Escolar pode levar o aluno à reflexão sobre problemas atuais, tais como: a

ecologia, as questões de gênero e sexualidade, a saúde, as relações e/ou preconceitos

sociais e raciais, a realidade dos portadores de necessidades educacionais especiais, a

distribuição e o uso do solo urbano e rural, as questões da distribuição da renda, etc,

possibilitando-lhe o entendimento da sua realidade sócio-cultural, interpretando-a e

explicando-a a partir de seus interesses contextuais. Cabe à escola promover a

apreensão da prática social e os conteúdos devem ser buscados a partir dela e voltar-se

sempre a ela.

Durante as discussões dos professores sobre os objetivos da Educação Física

Escolar no Ensino Fundamental do 1º. ao 9º. ano, resgatou-se a importância de

organizar atividades que levem os alunos a relacionar as vivências corporais e culturais

desenvolvidas em aula com seu contexto, tomando consciência de seus conceitos

cotidianos sobre o movimento humano e percebendo o grau de contradição com os

conceitos cientificamente elaborados. No mesmo sentido, deve-se facilitar a

apropriação teórico-prática das atividades da cultura corporal, buscando valorizar e

interpretar suas vivências motoras anteriores, construindo um sentido mais amplo para

as mesmas e para suas necessidades e possibilidades atuais, no que se refere ao

movimento consciente.

EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL - 1º. ao 9º. Ano

Vendo-se a criança na escola, como referencial em todas as disciplinas, como

um corpo e um corpo em movimento, passível de ser conhecido, conhecer-se e dominar

suas estruturas corporais, Amorin (1994) propõe que a criança não conseguirá se

localizar em um espaço geográfico, como é solicitado pela Geografia, não poderá se

situar na contemporaneidade e dialogar com o passado, como sugere a História, terá

dificuldade em exercer a sua necessária participação histórico-cultural nas descobertas

das Ciências, da Matemática, do uso e adequação da Língua Portuguesa, se for vista e

tida como um corpo fragmentado, reprimido historicamente.

Assim para a criança no Ensino Fundamental, o espaço deve ser o do corpo

vivido, descoberto e conquistado com suas próprias vivências, sendo estas referências

Page 101: Ensino Fundamental

101

básicas para que primeiro o aluno se localize e, relacionando-se com os outros, possa

entender-se a si e aos que com ela convivem de forma mais harmoniosa e solidária.

Nessa mesma perspectiva educacional Tolkmit (1993), aponta que o

desenvolvimento da motricidade deve se dar a partir do questionamento dos

pressupostos das relações sócio-culturais existentes e não apenas objetivar maior

rendimento em determinadas habilidades corporais e motoras

Considerando-se o corpo, o modo de ação sobre o mundo e as relações que o

cercam, a atuação crítica da criança na sociedade, como sujeito ativo da história, o

resultado da ação pedagógica na Educação Física na escola, certamente contribuirá para

o desenvolvimento de sua cidadania, compreensão e transformação de si e da sua

realidade contextual.

Entende-se que a importância da Educação Física Escolar justifica-se no

Ensino Fundamental pela necessidade de valorizar a riqueza do aprendizado propiciado

pelas atividades motoras da cultura corporal.

De acordo com Gallardo (1998, p. 78), abordando uma perspectiva atual para a

Educação Física dentro do contexto pedagógico escolar, entende-se que:

Cabe à escola como um todo ensinar valores, costumes e formas

harmônicas de convivência social (formação humana); ao mesmo

tempo, é seu papel organizar e hierarquizar os conhecimentos

produzidos possibilitando sua apropriação pelos alunos

(capacitação).

Assim, do ponto de vista do desenvolvimento motor, seria desejável que todas

as crianças, pré-adolescentes e adolescentes que freqüentam a escola, refletissem e

executassem de forma madura os movimentos fundamentais ou as habilidades

específicas do ser humano, o que também implicaria uma combinação e refinamento

desses movimentos em atividades ligadas a seu cotidiano (formação humana).

É possível que, a partir de seus contextos escolares específicos, os professores

percebem e consigam identificar e estruturar referenciais próprios de interesses e

necessidades em relação aos conteúdos a serem abordados no ensino da Educação

Física. Porém, isso dificilmente significará uma padronização sobre “o que ensinar em

cada ano escolar”. Assim, os conteúdos e temáticas aqui descritas possuem níveis de

complexidade diferenciados e aos professores, em seus estudos e discussões

contextuais, caberá decidir pelos conteúdos de ensino que serão privilegiados e tidos

Page 102: Ensino Fundamental

102

como mais significativos no âmbito de sua rede de ensino, a partir do contido e

explicitado nos Projetos Político-Pedagógicos de suas escolas, como fruto das

proposições coletivamente pensadas e implementadas.

PARA TRABALHAR NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Segundo Tolkmitt (1993) os conteúdos são desenvolvidos através de vivências

corporais e reflexão sobre os pressupostos do movimento expressados na ginástica, na

dança e no jogo:

GINÁSTICA: Soares et al (1992), propõem que os exercícios físicos

originaram-se a partir da movimentação do homem em sua necessidade de

sobrevivência individual e coletiva. Entendem por ginástica a exercitação individual,

com ou sem uso de aparelhos onde ocorre a experimentação de movimentos que

ampliam a cultura corporal das crianças, dos jovens, dos adultos, enfim dos sujeitos em

seus contextos e necessidades reais.

As formas básicas da ginástica (pular, empurrar, levantar, carregar e estender) e

as formas básicas do atletismo (caminhar, correr, saltar e arremessar) são encontradas

nos currículos escolares brasileiros. Estas práticas têm como objetivos o

desenvolvimento das habilidades físicas, como a força, a agilidade e a destreza. A

prática da ginástica nos jogos através de experiências lúdicas, da reprodução de

situações reais poderá levar os alunos do Ensino Fundamental a situações imaginárias,

próprias e necessárias a esta fase de desenvolvimento da criança e do adolescente.

Assim, a ginástica poderá ser trabalhada no sentido de resgatar a tradição

histórica do movimento através de ações com significados culturais, onde o aluno revive

e re-elabora novas formas de movimento possibilitando o domínio e a consciência

corporal.

Nessa perspectiva, os hábitos sociais trabalhados com o corpo mediado pela

palavra, levarão o aluno a construir seus laços afetivos e suas relações sociais, através

de atividades onde se vivenciem os diferentes aspectos das relações humanas entre o

adulto/criança e a criança/criança e da relação entre seus pares.

JOGO: Ao desenvolver conteúdos que abordam o lúdico como uma proposta

metodológica, sempre ocorrem reflexões acerca das possibilidades de intervenção e de

ensino-aprendizagem. Tais reflexões evocam sentimentos e/ou posicionamentos que

partem de suas relações mais intrínsecas no que diz respeito à relação estabelecidas

entre o adulto e a criança, entre o professor e o aluno.

Page 103: Ensino Fundamental

103

Vygotsky (1989) defende que necessidades, incentivos e motivos da criança

podem ser levados em conta pelos teóricos do jogo, considerando que o jogo "é

essencialmente desejo satisfeito", originado dos "desejos insatisfeitos" da criança que se

tornam afetos generalizado. Considera ainda que o brincar tem sua origem na situação

imaginária criada pela criança, em que desejos irrealizáveis podem ser realizados, com a

função de reduzir a tensão e, ao mesmo tempo, constituir uma maneira de acomodação a

conflitos e frustrações da vida real. Brincar leva a criança a tornar-se mais flexível e a

buscar alternativas de ação. Enquanto brinca, a criança concentra sua atenção na

atividade em si e não em seus resultados e efeitos. Permitir o brincar às crianças é uma

tarefa essencial do professor de Educação Física Escolar, bem como de professores das

demais disciplinas curriculares, em criativas interfaces com as atividades motoras e

corporais.

O estudo dos jogos tradicionais abordados por Friedmann (1996), vem de

longa data e são vistos sob duas formas:

- o jogo como sistema que regula a vida social das crianças;

- o jogo como função educacional no sentido pedagógico.

Esses dois conceitos de infância e jogo seguem uma mesma linha conceitual e

metodológica, ao seja, um enfoque sócio-histórico que se delineia como base da

proposta pedagógica aqui especificada.

Ao se dar um caráter educacional aos jogos tradicionais no sentido de utilizá-

los como alternativa metodológica, buscando instrumentalizar o jogo com fins

educacionais e resgatar o seu valor pedagógico inestimável, é constituir para cada

indivíduo, cada grupo, cada geração parte fundamental de sua história de vida, situando-

o corporal e cognitivamente no contexto em que se situa e convive.

DANÇA E EXPRESSÃO CORPORAL: Os estudos de Soares et al (1992)

apontam que todo o ser humano se manifesta através de sua presença física. Os contatos

da pessoa com o mundo exterior são estabelecidos a partir da própria realidade corporal,

revelando ainda que o corpo é o nexo entre o mundo exterior e o mundo circundante.

As experiências vividas a partir do próprio corpo possibilitam uma captação diferente

do mundo, uma apreensão de conceitos que, por terem sido vivenciados, deixam uma

impressão mais profunda que os conhecimentos meramente abstratos e racionais.

Estimular e desenvolver a parte sensorial e mental da criança de forma equilibrada,

ajuda-a a enfrentar as exigências que as aprendizagens escolares supõem, mas também

abrem caminho para a livre expressão, para a criatividade e a inventividade,

Page 104: Ensino Fundamental

104

potencializando suas inter-relações ativas e positivas com as demais crianças no

convívio escolar.

Contudo, a psicomotricidade e a expressão corporal, trabalhadas na dança

desenvolvem a consciência de si, ou a auto-consciência, vendo-se como ser íntegro:

sensível, material e espiritual, capaz de sentir, expressar e de compartilhar com os

demais a partir de vivências corporais positivas no mesmo espaço e tempo. Nesse

sentido, constitui objetivo a sensibilização e a conscientização de si mesmo, tanto para

sua postura, atitudes, gestos e ações cotidianas como a necessidade de exprimir,

comunicar criar, compartilhar e interagir com a sua comunidade.

Ao pensar sobre quais os conteúdos da cultura corporal que podem vir a

constituir a proposta curricular para o Ensino Fundamental do município de Itapoá-SC,

apresentam-se na seqüência aqueles propostos como referenciais para trabalhar com a

Ginástica, a Dança, os Jogos e os Esportes Escolares, de acordo com os estudos de

Tolkmitt (1993) e de Resende (1996).

Formas Básicas de Ginástica

- Exercícios realizados de forma livre: locomotores (rastejar, engatinhar, andar, correr,

saltar, saltitar, etc.), manipulativos (alcançar, agarrar, soltar, empurrar, carregar, suspender,

arrastar, arremessar, passar e receber, rebater, etc.), de estabilidade (flexionar, estender,

girar, balançar, equilibrar, equilibrar-se, escalar, dependurar-se, etc.) e outros tipos (chutar,

aparar e rebater com diferentes partes do corpo, rolar, etc.);

- Exercícios realizados em aparelhos fixos: cavalo, plinto, barra, trave, colchão, escada,

etc.;

- Exercícios realizados com aparelhos manuais: material de sucata ou alternativo, corda,

bola, maça, arco, fita, bastão, etc;

Formas Sistematizadas de Ginástica: objetivos, princípios, limitações, composições e

formas de execução.

- Ginástica Aeróbica; Localizada, Intervalada; Suaves (Alongamento);

Formas Esportivas de Ginástica: histórico, fundamentos das ginásticas, técnicas e

execuções básicas e regras.

- Ginástica Olímpica;

- Ginástica Rítmica Desportiva;

Formas de treinamento: objetivos, princípios, limitações, qualidades físicas, tipos e formas

de execução.

- Treinamento Aeróbio; Anaeróbio; Treinamento de Força;

Page 105: Ensino Fundamental

105

Temas para Reflexões sobre a Relação Ginástica/Sociedade

-Os objetivos históricos da ginástica: preparação de exércitos (a Guerra), formação

disciplinar, promoção da saúde e sentido estético;

Jogos Populares

Elementos Caracterizadores dos Jogos e Brincadeiras Populares

- Tipos e formas de organização do espaço físico (flexíveis e variados);

- Variabilidade de nomes e regras de execução;

- Possibilidade de improvisação dos recursos materiais;

- Informalidade tática em função da potencialidade e motivação dos executantes;

Desenvolvimento do Ensino dos Jogos e Brincadeiras Populares

- Levantamento junto aos alunos do repertório de conhecimentos acerca de jogos e

brincadeiras populares;

- Levantamento junto aos familiares de diferentes gerações do repertório de conhecimentos

acerca de jogos e brincadeiras populares, no sentido de constatar a dinâmica da produção

cultural;

- Constatação a variabilidade de nome, regras, espaços físicos e formas de jogar de um

mesmo jogo ou brincadeira popular;

- Modificação de regras, espaços físicos e formas de jogar de jogos ou brincadeiras

populares;

- Criação de novos jogos e brincadeiras populares definindo nome, regras, espaço físico e

forma de jogar;

- Distinção entre as características dos jogos esportivos e dos jogos e brincadeiras

populares.

Jogos e Brincadeiras Populares a Serem Trabalhados

- Piques; queimados; jogos de arremesso; jogos de passe; jogos de rebater; estafetas;

amarelinhas; bola de gude; pipa, brincadeiras de roda, peteca; pelada; cabo-de-guerra,

tacobol e outros que serão apresentados pelos alunos.

Exemplos de Temas para Reflexões sobre a Relação Jogos/Sociedade

- Folclore e jogos populares;

- Dinâmica dos jogos populares;

- Variabilidade das regras em função da localidade;

- Dinâmica da desinstitucionalização dos esportes em nossos dias;

- Sentidos das atividades físico-esportivas na perspectiva do lazer;

- Formas de transmissão de geração em geração dos jogos populares;

Page 106: Ensino Fundamental

106

- A violência nos centros urbanos e a redução de crianças brincando nas ruas.

Esportes

Elementos Caracterizadores do Esporte Institucionalizado

- Origem e história do esporte;

- Objetivos/ação da modalidade esportiva;

- Nomenclatura específica do esporte;

- Espaço físico formal onde se desenvolve o esporte;

- Regras formais;

- Materiais padronizados para prática do esporte e sua função.

Desenvolvimento do Ensino das Modalidades Esportivas

- Introdução da prática esportiva por meio da execução de movimentos básicos

característicos dos esportes (sentido lúdico do esporte);

- Aplicação dos fundamentos especializados na prática das modalidades esportivas (sentido

técnico do esporte);

- Aplicação de experiências técnicas e possibilidades táticas (ataque e defesa) na prática

das modalidades esportivas (sentido especializado do esporte).

Esportes a Serem Ensinados: (histórico, fundamentos técnicos, regras básicas e

organizações táticas)

- Atletismo;

- Basquetebol;

- Futsal;

- Handebol;

- Voleibol;

- Outros.

Exemplos de Temas para Reflexões sobre a Relação Esporte/Sociedade

- Expressões do esporte na sociedade como: espetáculo e treinamento formal;

- Prática social do esporte no sentido do lazer e da profissionalização;

- Dinâmica da institucionalização do esporte na sociedade moderna;

- O papel dos ídolos e a idolatria produzida pela mídia;

- A violência dos espectadores ou jogadores;

- O consumo de drogas no meio esportivo;

- O paradoxo entre prazer, vitória e derrota;

- Os sentidos ideológicos do esporte (propaganda política, negócio, etc.);

- O paradoxo entre agregação e desagregação no esporte; entre outros temas.

De acordo com os estudos de Resende (1996) e Soares et al (1992), outros temas

complementares podem ser trabalhados com o nível de complexidade adequado a

formação escolar em pauta, tratando de questões que tangenciam as práticas corporais na

Page 107: Ensino Fundamental

107

sociedade contemporânea, na qual se tem presenciado a crescente demanda e procura

orientada e autônoma de atividades corporais. Por essa razão, torna-se necessário que a

escola trate pedagogicamente temáticas gerais que orientem essas práticas. Dentre as

demandas atuais podemos exemplificar crenças que estabelecem correlações de causa-

efeito entre a prática de atividades físico-esportivas e a promoção da saúde, o

emagrecimento, a longevidade, dentre outros aspectos. Dessa forma, são apresentados

outros temas complementares que também podem fazer parte do currículo escolar no

Ensino Fundamental, na disciplina de Educação Física Escolar, adequados ao aprendizado

doas alunos do 1º. ao 9º. ano.

Fundamentos sobre a Cultura Corporal

Conhecimentos Gerais sobre a Cultura Corporal

- Objetivos e significados associados à prática das atividades físico-esportivas à luz das

demandas socioculturais (sobrevivência, estética, formação de exércitos, educação para

saúde, educação esportiva, educação para o lazer, formação cultural).

- Contribuições da cultura corporal para a formação e exercício da cidadania (dimensões

biológica, psicossocial e cultural).

Atividade Física e Saúde

- Os conceitos de saúde;

- Benefícios e malefícios da prática de atividades físico-esportivas para a saúde (lesões,

postura, mitos, etc.)

- Aspectos intervenientes na relação atividade físico-esportiva e saúde (ambiente, estado

emocional e físico, vestuário, alimentar, higiene pessoal, etc.).

Atividade Física e Qualidades Físicas

- Qualidades físicas básicas e definições;

- Atividades físico-esportivas e qualidades físicas dominantes;

- Relação entre qualidades física, aptidão física e saúde;

- Princípios básicos para o trabalho regular da flexibilidade, força e resistências aeróbia e

anaeróbia.

Atividade Física e Condicionamento Físico

- Definição;

- Princípios para o condicionamento físico (especificidade, proporção, individualidade,

adaptação, autocontrole, etc.);

- Bases metodológicas do condicionamento aeróbio, anaeróbio e da força;

- Parâmetros para o autocontrole (idade, freqüência cardíaca, estado emocional,

desconforto físico);

- Função do aquecimento e do alongamento.

Atividade Física, Composição Corporal e Nutrição

- Fonte de produção energética (em repouso e durante o exercício);

- Relação entre produção e gasto energético durante as atividades físicas de curta e longa

duração;

Page 108: Ensino Fundamental

108

- Padrões normativos e culturais de obesidade, normalidade e raquitismo;

- Relação entre atividades físicas, nutrição e controle do peso corporal.

CONTEÚDOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

1º ao 3º ANO

Esquema Corporal: partes do corpo, postura, respiração, orientação espaço tempo...

coordenação de membros inferiores e superiores.

Ginástica: locomotores, manipulativo, estabilidade.

Expressão Corporal: Motricidade ampla, Motricidade Fina, lateralidade, equilíbrio.

Higiene Pessoal.

Jogos Populares: elementos caracterizadores dos jogos e brincadeiras populares,

desenvolvimento do ensino, jogos e brincadeiras populares.

Dança: expressão Corporal

Danças Folclóricas.

4º e 5º ANO:

Esquema Corporal: conhecimento do corpo, dramatização e sexualidade

Atividade Física e Saúde: Ginásticas suaves

Danças folclóricas.

Ginástica Rítmica: ponte, rolamento, rodante, avião ...

Jogos e brincadeiras populares

Ritmo

Ginástica Rítmica: bola, corda, fita, arcos ...

Conhecimentos Gerais sobre a cultura corporal.

Jogos pré-desportivos.

6º ANO:

Atletismo

Provas de pistas e rua

Atividade física e saúde.

Relação esporte sociedade.

O paradoxo entre prazer: vitória e derrota.

Atividades Físicas

Atividade física e qualidade física

Futsal I (jogos adaptados a fundamentação)

Danças Folclóricas

Voleibol (jogos adaptados e fundamentação)

Atividade física e condicionamento física

A violência dos espectores ou jogadores

Relação esporte sociedade

Dança e ritmo.

Basquetebol (jogos adaptados e fundamentação)

Atividade física, composição corporal.

7º ANO:

Futebol

Atletismo (provas de campo)

Relação esporte sociedade

Prática social do esporte no sentido do lazer e da profissionalização.

Page 109: Ensino Fundamental

109

Futsal II (jogo propriamente dito) regras.

Condicionamento físico.

Voleibol: jogo propriamente dito.

Relação esporte sociedade: O consumo de drogas licitas e ilícitas.

Basquetebol: regras básicas.

Dança

8º ANO:

Futebol

Relação esporte / sociedade (O consumo de droga no meio esportivo)

Handebol (jogos adaptados e fundamentação)

Atividade Física e qualidades físicas.

Relação entre qualidade física, aptidão física e saúde.

Basquetebol (regras básicas)

Relação esporte / sociedade:expressão do esporte na sociedade como espetáculo e

treinamento formal.

Voleibol (regras básicas)

9º ANO

Futebol

Relação jogos / Sociedade

A violência nos centros urbanos e a redução de crianças brincando nas ruas.

Handebol (regras – sistemas táticos)

Atividade física, composição corporal e nutrição

Relação entre atividade física,nutrição e controle de peso corporal.

Basquetebol (regras – sistemas táticos)

Atividade física e saúde.

Benefícios e malefícios da prática de atividades físico-esportivas e saúde.

Atividades físicas complementares.

Dança

PRINCÍPIOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS PARA O ENSINO DA EDUCAÇÃO

FÍSICA E A AVALIAÇÃO

Os estudos de Resende (1996) e de Soares et al (1992) destacam que os

princípios didático-pedagógicos para o ensino-aprendizagem escolar, na ação pedagógica

do coletivo de professores deveriam explicitar claramente como horizonte norteador, a

perspectiva sobre quais valores, que tipo de homem e de sociedade, qual educação se

persegue, bem como o sentido sobre qual cidadania se pretende formar/desenvolver no

projeto educativo desencadeado.

Assim os autores propõem que:

- a Educação Física Escolar, no sentido dos fins da educação nacional, deve ser entendida

como uma disciplina curricular de enriquecimento cultural, fundamental à formação da

cidadania dos alunos, embasada em um processo de socialização de valores sócio-

Page 110: Ensino Fundamental

110

culturais, morais, éticos e estéticos que consubstanciem princípios humanistas e

democráticos;

- o planejamento das atividades de ensino-aprendizagem deve ser aberto e continuamente

re-elaborado em função da dinâmica dos conflitos e das dificuldades de ensino, de

aprendizagem e de convívio social que emergem no decorrer das aulas e nas atividades

vinculadas à Educação Física, centrando-se num efetivo processo de co-decisão e co-

responsabilidade em que o professor decide e sistematiza a proposta de programa a ser

desenvolvido, a partir da mediação entre as experiências e expectativas concretas reveladas

pelos alunos e as suas necessidades de enriquecimento e emancipação sócio-cultural;

- a organização das aulas deve romper com as características dos modelos tradicionais de

estruturação em partes estanques, bem como o caráter de terminalidade, que condiciona

sua dinâmica processual e impõe um direcionamento pragmático à consecução de

objetivos considerados imediatos (geralmente definidos em termos comportamentais e

subordinados a condições e a critérios rígidos e uniformes de desempenho).

A utilização de jogos e brincadeiras torna a escola um espaço privilegiado para

a promoção do desenvolvimento e aprendizagem do alunado. Nessa perspectiva, ao

observar seus alunos, o professor verifica que, por meio de atividades lúdicas,

contextualizadas culturalmente, o aluno começa a organizar suas relações emocionais e

sócio-afetivas, conhecendo melhor o seu corpo e suas possibilidades e compreendendo

as relações sociais envolvidas nos referidos jogos e atividades lúdicas, propiciando um

melhor conhecimento sobre si mesmo e sobre seus pares..

Ao encontro dessa proposição os atuais estudos na área da Educação e,

especificamente na área da Educação Física, consideram que a avaliação deve ser

diagnóstica e progressiva, podendo-se utilizar instrumentos avaliatórios que propriciem

ao aluno elaborar formas de aprendizado que verifiquem o significado (consciência

corporal, histórico cultural) que é dado aos conteúdos trabalhados. Sendo assim, “O

professor deverá promover condições para o salto qualitativo, ou seja, o momento da

sistematização mais elaborada do conhecimento, onde a criança tentará superar-se e

chegar ao domínio corporal”. (Soares et al, 1992, p. 72)

Exemplos de instrumentos avaliativos a serem utilizados: elaborar novas

formas de brincar, séries ginásticas, produção coletiva de textos, produção de desenhos,

novas formas de exploração dos materiais disponíveis, trabalhos escritos a partir de

pesquisas e problematizações sobre os elementos da cultura corporal, construção de

murais, folders, jornais informativos, etc. Também poderão ser organizados

Page 111: Ensino Fundamental

111

instrumentos que possam avaliar o desenvolvimento escolar dos alunos, tais como:

interação espacial, assiduidade, participação reflexiva na aula, conhecimento adquirido

e vivenciado, acompanhamento das aulas, entre outros elementos que o professor

considere relevantes para o desenvolvimento escolar de seus alunos do 1º. ao 9º. ano do

Ensino Fundamental.

Na auto-avaliação do seu desempenho profissional o professor deverá

considerar sua capacidade de criar diferentes situações para o desenvolvimento motor,

sócio-cultural, político e pedagógico dos seus alunos. A ampliação das aprendizagens

significativas e fundamentais, a independência e a autonomia são critérios importantes

na definição dos objetivos e no acompanhamento dos progressos e das dificuldades

encontradas pelas crianças e que, certamente, configuram aspectos importantes para o

professor planejar, elaborar e desenvolver suas atividades didático-pedagógicas na

escola básica.

REFERÊNCIAS

AMORIN, M. Atirei o pau no gato: a pré-escola em serviço. São Paulo: Brasiliense,

1994.

BRASIL – MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO – MEC - PARÂMETROS

CURRICULARES NACIONAIS. Ensino Fundamental, Vol. 7. Educação Física.

MEC/SEF. Brasília, 1997.

FRIEDMANN, A. Brincar: crescer e aprender. O resgate do jogo infantil. São

Paulo: Moderna, 1996.

GALLARDO, J. S. P. Didática da Educação Física: a criança em movimento: jogo,

prazer e transformação. São Paulo: FTD, 1998.

RESENDE, H. G. de & SOARES, A. J. G. (1996). Conhecimento e especificidade da

educação física escolar, na perspectiva da cultura corporal. Revista Paulista de Educação

Física. São Paulo: supl. 02. p. 49-59.

SOARES, C. L. et al. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez,

1992.

TOLKMITT, V. M. Educação Física. Uma produção cultural: do processo de

humanização à robotização. Curitiba: Módulo, 1993.

VYGOTSKY, L. S. Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

Page 112: Ensino Fundamental

112

GEOGRAFIA E HISTÓRIA: AS DIRETRIZES NORTEADORAS DO

CURRÍCULO PARA O ENSINO FUNDAMENTAL – 1º. AO 9º. ANO

Page 113: Ensino Fundamental

113

GEOGRAFIA E HISTÓRIA: AS DIRETRIZES NORTEADORAS DO

CURRÍCULO PARA O ENSINO FUNDAMENTAL – 1º. AO 9º. ANO

Cláudia Cristina Zanela – Ms

A História não se desenrola apenas nos campos de batalha e nos

gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais,

entre plantas e galinhas, nas ruas de subúrbio, nas casas de

jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros de

esquina. Disso eu quis fazer a minha poesia. Dessa matéria

humilde e humilhada. Dessa vida obscura e injustiçada, por que

o canto não pode ser uma traição à vida e só é justo cantar se o

nosso canto arrasta as pessoas e as coisas que não têm voz.

(Ferreira Gullar)

A interdependência crescente que se verifica na sociedade de

massa é, além disso, multiplicada, já em escala internacional,

pela emergência dos chamados problemas globais da

humanidade: a impossibilidade de uma guerra na era das armas

nucleares de extermínio traz a tona à necessidade de

enfrentamento coletivo tão preconizadas por geógrafos do

mundo todo. (Umberto Cerroni)

Os dois textos anteriormente citados não foram escritos por historiadores ou

por geógrafos. Muito pelo contrário! Ferreira Gullar é considerado um dos maiores

artistas do mundo contemporâneo e Umberto Cerroni é um pensador e cientista social

de renome internacional. Política e economia se misturam à dramaturgia, a poesia, a

literatura e ao cinema e se transformam em algumas das áreas do conhecimento humano

que estes dois intelectuais transitam. Todavia, como cidadãos que são, possuem uma

visão de mundo ampliada e complexa, tangenciando, assim, outros campos do saber.

Neste sentido, utilizando a reflexão que tais textos suscitam, procuramos deixar clara a

concepção de História e Geografia que gostaríamos fosse privilegiada na proposição

curricular da rede municipal de ensino de Itapoá-SC, ressaltando que esta concepção

ampliada de currículo vem sendo divulgada pelas academias, pelos centros de pesquisa,

pelo mercado editorial e, paulatinamente, está chegando nas escolas do Ensino

Fundamental e Médio.

Analisando-se a história do ensino de História e de Geografia no Brasil nota-se

que, durante muito tempo, tais disciplinas foram consideradas matérias humanísticas,

constando nos currículos escolares brasileiros desde os primeiros colégios jesuítas,

sendo enquadradas nos conteúdos das Línguas, da Moral e da Filosofia. Dentro destas

Page 114: Ensino Fundamental

114

disciplinas, e através de modelos eurocêntricos, ensinava-se a História Sagrada e

Universal e os conteúdos geográficos rudimentares. A História, enquanto disciplina

obrigatória, surgiu nos currículos brasileiros em 1837, com a criação do Colégio Pedro

II, tendo como objetivo primordial o ensino e a construção de uma "História Nacional",

baseada também numa matriz européia. No final do Século XIX, com o advento da

República, passou-se a ensinar uma "História da Pátria", também aos moldes

nacionalistas, construindo-se alguns dos muitos mitos que perpassam o imaginário

histórico brasileiro, como, por exemplo, Princesa Isabel, Duque de Caxias e Tiradentes.

A Geografia, por sua vez, passa a ser acrescida no currículo elementar a partir de 1870,

objetivando-se trabalhar conhecimentos básicos sobre a Nação com a clara intenção de

tornar os “pequenos” em futuros “guardiões das fronteiras do país”. A partir de 1970,

com a criação da disciplina de Educação Moral e Cívica (EMC) e da Organização

Social e Política Brasileira (OSPB), ocorreu, de uma maneira mais vigorosa, um

processo de despolitização dos conteúdos de História e de Geografia, passando-se a

valorizar e a construir, com maior ênfase, um nacionalismo ufanista e uma apologia

somente às grandes personalidades históricas, ao domínio das fronteiras e aos símbolos

nacionais justificando-se, desta maneira, o projeto nacional dos governos militares pós-

64.1

Neste sentido, desde os seus primórdios, percebe-se que o objetivo principal

dos conteúdos de História e de Geografia trabalhados nas escolas brasileiras era orientar

e exigir dos alunos apenas a memorização dos nomes dos grandes reis, dos presidentes,

dos imperadores, dos militares e demais vultos históricos e heróicos e ainda localizar as

fronteiras, os rios e os seus afluentes, o relevo, etc. Exigia-se também a decoreba dos

principais fatos: as grandes guerras e a data de fundação das principais cidades, nome

dos afluentes da margem direita e da margem esquerda deste ou daquele rio, nomes,

datas e fatos históricos - estes últimos comprovados em documentos “fidedignos”

pareciam, assim serem os únicos conhecimentos históricos e geográficos plausíveis e

importantes para a vida das crianças e dos jovens. E o que é pior, anulava-se a realidade

do aluno. Aniquilava-se qualquer tentativa de reflexão, de pensamento, de cultura e de

crítica que estas disciplinas pudessem fomentar para uma leitura mais aprofundada do

mundo presente e do passado.

1 Ver BALDIN, Nelma. A História Dentro e Fora da Escola. Florianópolis: Editora da UFSC, 1989. p.

35 -51 e também as analises contidas no documento oficial BRASIL. Parâmetros Curriculares

Nacionais – História e Geografia. Brasília: Ministério da Educação e Cultura, 1998. p. 19-26.

Page 115: Ensino Fundamental

115

Não é, contudo pretensão afirmar categoricamente que tais conhecimentos,

outrora propagados, não tenham sua relevância. Porém, pensa-se que estes não são os

únicos, outros existem, e se forem trabalhados em confluência, podem possibilitar um

maior desenvolvimento intelectual dos alunos, em qualquer de seus níveis de

escolaridade, bem como tornar as disciplinas de História e de Geografia mais

significativas aos alunos e deveras importantes e agradáveis aos olhos da sociedade.

Sendo assim, deu-se início a mais este novo e instigante desafio...

Os professores das escolas da Rede Municipal de Ensino do Município de

Itapoá-SC, em fevereiro de 2007, reunidos e com objetivos comuns, param para pensar

e discutir os rumos da educação municipal. Seu principal objetivo era aprimorar

conjuntamente sua ação educativa e pedagógica formal, propondo-se a elaborar e

implementar as determinações, diretrizes e proposições curriculares para o ensino-

aprendizagem de História e de Geografia, entre as demais disciplinas que compõem o

Ensino Fundamental, ora ampliado para nove anos de duração. E assim, os professores

e professoras com grande entusiasmo e competência “arregaçaram as mangas” e

passaram a dedicar-se a refletir e registrar suas reflexões sobre as matrizes curriculares e

seus fundamentos específicos. A Professora Claudia Cristina Zanela, como consultora

do grupo, contribui com sua mediação nas discussões e auxilia na construção, a partir

das discussões do grupo e das suas necessidades especificadas, no desenho da proposta

curricular das duas disciplinas acima referidas..

Este “desenho curricular” foi norteado pelos seguintes pontos percebidos como

fundamentais para a construção da proposta curricular do município: estruturar a

fundamentação teórica e a concepção pedagógica que se propõem ser seguida, com a

clara definição da concepção de homem, de escola e de sociedade que se deseja obter a

partir de tais concepções, apontando os demais elementos para a organização e

consecução do trabalho pedagógico, tais como metodologias de ação docente, formas

de avaliação e objetivos a serem contemplados.

Neste esforço coletivo as disciplinas e seus possíveis conteúdos passaram a ser

concebidas em seu contexto pedagogicamente situado, a partir e com o foco na

realidade da escola municipal de Itapoá-SC. E, neste momento, foi determinante as

reflexões do historiador francês Paul Veyne, o qual nos demonstra que a História não

deve ser considerada apenas como um amontoado de fatos, pois estes não existem

Page 116: Ensino Fundamental

116

isoladamente. A História deve ser considerada uma trama2 não, é claro, no sentido de

conspiração, conforme termo dicionarizado por Aurélio Buarque de Holanda, mas sim

como um conjunto de fios entremeados, os quais em seus imbricamentos, não tidos

como lineares, mas complexamente situados, formam a História dos seres humanos. Por

este viés, cabe ao professor de História tentar desenrolar estes fios e, ao mesmo tempo,

inserir e levar os alunos a compreender tais tramas e envolvimentos, mostrando aos

mesmos que a História é construída por homens, mulheres, crianças, ricos, pobres,

escravos, reis, operários, entre outros em suas ações cotidianas e vividas (Michel de

Certeau, 2002), sempre em defesa de concepções pedagógicas explícitas e

comprometidas com uma visão sócio-histórica e cultural e como uma pedagogia de

cunho progressista.

Nesta mesma linha orientam-se os caminhos da Geografia. Ela constituiu-se a

partir de um processo crítico, delineado por Dermeval Saviani (1986), através de cinco

momentos, articulados em um grande espiral dialeticamente situada que se movimenta

de forma orgânica ordenada através de dois deles que são o ponto de partida e o ponto

de chegada, tendo sempre como base a prática social, sendo permeada constantemente

através dos outros três momentos que são a problematização, a instrumentalização e a

catarse (depuração das idéias). Tais pontos são cruciais se considerarmos os modos de

pensar, desenvolver-se e aprender dos alunos nesta fase de escolarização – o Ensino

Fundamental, pois nela suas relações com o saber e o conhecer, devem ser situadas,

refletidas e, capazes de levá-los a conhecimentos mais elaborados e complexos, com

vistas a aprimorar suas visões e relações com o mundo-vida e com o ambiente no qual

se situam, com vistas a transformá-lo.

Cabe ainda esclarecer, como enfatiza Santos (1993) que partir da realidade

vivenciada, não significa em nem um momento cair no reducionismo, mas sim

possibilitar discussões processuais com constantes elaborações e re-elaborações

conceituais que possibilitem a construção e a re-construção de saberes significativos e

conseqüentemente marcantes para a construção da cidadania do aluno.

Desta maneira, é tácito afirmar que a História e a Geografia possuem como

eixo principal à análise e a compreensão das relações entre os seres humanos no tempo

e no espaço, e que tais relações diferem de sociedade para sociedade nos vários períodos

históricos vividos pela humanidade, cada um com suas peculiaridades.

2 VEYNE, Paul. Como se Escreve a História. Brasília: Edunb, 1992. p. 28-29.

Page 117: Ensino Fundamental

117

De acordo com as premissas até o momento levantadas esta concepção não vê

as referidas disciplinas como ciência objetiva, nos moldes propostos no século XIX,

embasadas, portanto, na verdade absoluta, com conceitos e preconceitos herméticos,

levando em conta somente fatos, datas e aspectos fragmentados, valorizando apenas o

conhecimento sobre determinados espaços e grupos sociais. O intuito mais atual e

necessário à uma adequada aprendizagem é trabalhar os conceitos e conteúdos voltados

para o cotidiano, para a análise e compreensão cultural, política, social e econômica das

várias sociedades históricas, salientando, assim, as diversas interpretações e versões

sobre os processos e não somente sobre os fatos históricos, realizando pontes entre o

presente e o passado e entre o particular e o geral, construindo e desconstruindo

conceitos e, principalmente, colocando no acontecer histórico e no pensar/situar

geográfico, variadas gamas de informações, que levem o alunado a conceber e

apreender uma História e uma Geografia problematizadoras, reflexivas e críticas, não

tidas como fatos prontos e a-políticos.

Porém, ao analisar o cotidiano escolar, pode-se levantar uma questão: como

colocar em prática tal concepção de ensino de História e de Geografia se, na sua grande

maioria, alunos e professores se encontram profundamente apegados aos livros

didáticos, os quais, quase sempre, trabalham estas áreas de conhecimento de formas

tradicionais e conforme acima referenciado. Para resolver, ou pelo menos amenizar este

problema, o grupo de professores de Itapoá-SC acordou que existe a necessidade da

utilização de outros recursos que devem transcender o livro didático, mas,

principalmente, a crucial necessidade de mudança de postura metodológica e

pedagógica do professor.

Porém, torna-se necessário afirmar que uma mudança metodológica e

pedagógica implica, necessariamente, em uma igual transformação da prática da

avaliação escolar. Compreende-se que a avaliação escolar faz parte do trabalho docente,

devendo a mesma acompanhar o processo de ensino-aprendizagem desde o seu início e

não somente em sua fase final, ou seja, quando o professor encerra um determinado

conteúdo ou ao final dos períodos letivos (bimestres, semestres e anos letivo).

Sendo assim, utilizando as afirmações de José Carlos Libâneo (1994), o qual

nos mostra que, infelizmente, o senso comum pedagógico construiu, durante sucessivas

décadas, a noção de que a avaliação deve ser unicamente o ato de aplicar provas,

atribuir notas e inserir os alunos no rol dos aprovados ou reprovados, reduzindo as

práticas avaliativas à cobrança daquilo que aluno conseguiu memorizar. No entanto,

Page 118: Ensino Fundamental

118

numa outra perspectiva pedagógica, os resultados das práticas avaliativas devem ser

analisados conforme os objetivos propostos, com o intuito primordial de verificar "não

aquilo que os alunos erraram ou acertaram", mas de diagnosticar os progressos e as

dificuldades destes mesmos alunos e, em última instância, de levar o professor

comprometido a reavaliar e a reorientar sua prática em sala de aula. A avaliação,

portanto, deve ser entendida como uma tarefa complexa, não se resumindo apenas à

realização de provas e à mensuração de um valor numérico ou conceitual. 3

Neste viés e de acordo com a perspectiva de ensino e aprendizagem nas

disciplinas de História e de Geografia, os instrumentos de avaliação não devem ser

aplicados somente através das tradicionais provas objetivas, ou seja, aquelas que levam

o aluno a decorar conteúdos suficientes para assinalar a questão certa ou errada. É óbvio

que tal forma de avaliar facilita e diminui sensivelmente o tempo que o professor leva

para "corrigir" tais provas, mesmo porque basta colocar o gabarito ao lado e daí,

conforme o número de acertos, atribuir uma nota, reprovando ou aprovando o aluno.

Contudo, se o deseja é que o aluno se torne crítico, politizado, com

compreensão sobre o seu mundo e que apreenda os processos históricos e não apenas

decore-os, é fato que tal instrumento de avaliação não cabe em nossas perspectivas

metodológicas. Sugere-se, então, que os instrumentos avaliativos priorizem a elaboração

de questões dissertativas, com a suficiente capacidade crítica, através das quais se possa

oferecer aos alunos a possibilidade de interpretar, opinar, criticar, criar e pensar,

expressando através da escrita e de compreensões criativas e inventivas, os conteúdos

estudados e realmente apreendidos. Neste sentido, tal instrumento de avaliação,

juntamente com atividades de construção de textos, de desenhos, de mapas, saídas de

campo, maquetes, de histórias em quadrinhos, entre outras, sempre com a orientação e

mediação do professor, abrem a possibilidade para que seja possível diagnosticar, com

mais profundidade, a capacidade de criação e de interpretação, o raciocínio, a

construção de idéias, enfim, os avanços e as possíveis dificuldades dos alunos, sendo

que estas últimas deve ser o alvo principal do processo avaliativo, visando superá-las.

Após estas considerações sobre a proposta pedagógica e alguns procedimentos

metodológicos e avaliativos, cabe deixar claras algumas compreensões e entendimentos

3 LIBÂNEO, José Carlos. A Avaliação Escolar. In: Didática. São Paulo: Cortez, 1994. p. 195-199.

Page 119: Ensino Fundamental

119

que o ensino e aprendizagem na História e na Geografia devem suscitar no alunado.

Compreende-se que devam então estar pautados, entre outros, nos seguintes objetivos: 4

- conhecer a organização do espaço geográfico e o funcionamento da natureza em suas

múltiplas relações, de modo a compreender o papel das sociedades em sua construção;

- identificar e avaliar as ações dos homens em sociedades e suas conseqüências em

diferentes espaços e tempos, de modo a construir referenciais que possibilitem uma

participação propositiva e reativa nas questões sócio-ambientais locais;

- valorizar o patrimônio sociocultural e respeitar a sócio-diversidade, reconhecendo-a

como um direito dos povos e indivíduos e um elemento de fortalecimento da

democracia.

- `identificar relações sociais no grupo, localidades, regiões, país e outros tempos e

espaços.

- superação do ensino entendido enquanto simples forma de repasse de informações e

conteúdos, construindo historicamente os conhecimentos entre os sujeitos, situados

histórica e geograficamente em seus contextos, tempos e espaços específicos.

Com vistas a dar consecução aos objetivos propostos, relacionam-se abaixo os

conceitos e conteúdos que, propõe-se, devem ser priorizados no processo de ensino-

aprendizagem. Não obstante, deixa-se claro que a lista dos conteúdos é uma construção

meramente figurativa. Os assuntos discutidos devem ser relacionados entre si, pois se

entende que não é possível trabalhar a História do município, do Estado ou do país de

uma maneira estanque e desconectada dos outros processos históricos. É necessário,

portanto, estabelecermos as relações entre o particular e o geral, com o objetivo último

de fomentar no aluno a necessidade de não só conhecer os conteúdos, mas ver através

deles a possibilidade de ler o mundo de uma maneira mais indagadora, reflexiva e

crítica, sendo fundamentais as inter-relações e interfaces entre eles, de tal modo que os

anacronismos sociais prevaleçam independente da escala espacial sob a qual estão

sendo analisados.

Na seqüência apresentam-se as propostas que foram construídas como um

possível desenho do currículo para ser trabalhado nas disciplinas de História e

Geografia para o Ensino Fundamental – 1º. ao 9º. Ano- primeiramente através de mapas

conceituais, entendidos por Moreira (2006) como fundamentais para a partir daquilo que

o aluno já sabe, levá-los a aprendizagens mais significativas.

4 Construídos a partir das leituras dos seguintes documentos: BRASIL. Parâmetros Curriculares

Nacionais – História e Geografia. Brasília: Ministério da Educação e Cultura.

Page 120: Ensino Fundamental

120

Observando

o céu e

viajando pelo

espaço

Re-discutindo

o homem

e o uso do

meio

Re-descobrindo

a importância

da naturezaLendo o presente

e descobrindo

o passado

Eu e os outros

com a natureza

e a sociedade

O bairro seu

contexto e

outros bairros

outros contextos

Escola um

lugar a ser

explorado

Minha casa,

minha escola,

meu bairro,

meu município

FORMAÇÃO

PESSOAL,

SOCIAL E

CONHECIMENTO

DO MUNDO

Identidade,

relações sociais,

oralidade e

gênero.

A

N

O

S

Identidade,

relações sociais,

oralidade e

gênero.

Tempo

Espaço

Sociedade

fronteiras,

política

etnia.

Natureza,

sociedade,

dinâmica

espacial

Mito,

identidade,

progresso,

patrimônio.

Recursos

naturais,

globalização

Cidadania,

“ser integral”,

capitalismo

Degradação,

Preservação,

consumo

Localização, Orientação e

distância

MAPA CONCEITUAL 1 - Eixos Temáticos e Conceitos Fundamentais

Brasil:

revoluções

e lutas atuais

e a relação com

os séculos

XV e XVI.

Organização

e lutas

de grupos sociais

e étnicos.

Terra chamada

Brasil e o

contexto dos

séculos XV e XVI

Re-descobrindo

a importância

da natureza e o

uso do meio

Sentindo o

presente

e lendo o passado:

indígenas e

negros

Os homens

com a natureza

e a sociedade

O município seu

contexto e

outros municípios

outros contextos

Itapoa um

lugar a ser

explorado

O bairro,

o município e

o país

interligados

com o mundo

FORMAÇÃO

PESSOAL,

SOCIAL E O

DIREITO A

MEMÓRIA

Identidade,

relações sociais,

oralidade e

gênero.

A

N

O

S

Identidade,

relações sociais,

oralidade e

gênero.

Tempo

Espaço

Sociedade

cultura,

política,

urbano/rural

Natureza,

sociedade,

dinâmica

espacial

Cidadania,

“ser integral”,

capitalismo Identidade,

trabalho,

resistência e

escravidão/opressão

.

Recursos

naturais,

globalização

Degradação,

Preservação,

consumo

Movimentos Sindicais, de

Bairros e Sociais

Colonialismo,

mercantilismo,invasão, domínio.

Revoluções,

guerras e

globalização

MAPA CONCEITUAL 2: Eixos temáticos e conceitos fundamentais

Compartilhando aqui com as discussões do grupo de professores sobre os

conteúdos, a partir dos elementos graficamente delineados nos Mapas Conceituais 1 e 2

, apresentam-se então os elementos mínimos apresentados para o currículo de cada ano

do Ensino Fundamental.

Page 121: Ensino Fundamental

121

HISTÓRIA E GEOGRAFIA - ANOS INICIAS 1º. ao 5º ANO DO EF

1º ano

Eu

Nº de filhos,

Registro de nascimento.

Minha família

usos e costumes

objetos de uso individual e coletivo

lazer, alimentação

acontecimentos importantes na família.

Minha casa

A casa muda com o passar do tempo

Minha escola

A história de minha escola

Nome da escola.

2º ano

Eu

História do aluno: nome, sobrenome, origem.

Documentos, fotografia.

Minha escola

A história de minha escola

Nome da escola.

Data de fundação

Tempo de funcionamento

Minha casa

A casa muda com o passar do tempo

Meu bairro:

Fatos históricos ligados ao meu bairro.

3º ano

Meu bairro: origem da comunidade

Meu bairro: primeiros moradores

Meu bairro: fatos históricos ligados ao meu bairro.

Meu município: primeiros moradores do meu município.

4º ano

Eu no município de Itapoá

Cultura do município

A sociedade de Itapoá: rural e urbana.

Atividades no município: agricultura, pesca, turismo e outras.

5º ano

HISTÓRIA

O Estado e a localização de Itapoá

Estado de SC: símbolos.

Page 122: Ensino Fundamental

122

HISTÓRIA

CULTURA REL.SOCIAIS

TEMPO IDENTIDADEMEMÓRIAESPAÇO

GÊNERO

FAMÍLIA

Simultaneidade

Ritmos de duração

Permanências/rupturas

Resgate histórico

Auto-identificação

Seleção de valores

Diferentes mentalidade

Desconstrução da

superioridade

masculina

Problematização

da

Família nuclear

patriarcal

HISTÓRIA

CULTURA REL.SOCIAIS

TEMPO IDENTIDADEMEMÓRIAESPAÇO

GÊNERO

FAMÍLIA

Simultaneidade

Ritmos de duração

Permanências/rupturas

Resgate histórico

Auto-identificação

Seleção de valores

Diferentes mentalidade

Desconstrução da

superioridade

masculina

Problematização

da

Família nuclear

patriarcal

Geografia

ESPAÇO SOCIEDADE

TEMPO PAISAGEM

MEIO

AMBIENTELUGAR

REGIÃO

TERRITÓRIO

Espaço vivido, concebido

e refletido

Relações de poder

Globalização

Permanências e rupturas

Representações:

Cartografia

Desenho

Topografia

Fotografia

Paisagem natural

e modificada/

Degradação e

conservação

Geografia

ESPAÇO SOCIEDADE

TEMPO PAISAGEM

MEIO

AMBIENTELUGAR

REGIÃO

TERRITÓRIO

Espaço vivido, concebido

e refletido

Relações de poder

Globalização

Permanências e rupturas

Representações:

Cartografia

Desenho

Topografia

Fotografia

Paisagem natural

e modificada/

Degradação e

conservação

Primeiros povoados: São Francisco do Sul, Florianópolis, Laguna.

As formações das cidades catarinenses.

A imigração em SC.

A escravidão no estado: quilombos.

Povoamento açoriano.

Mulheres em SC.

Cultura catarinense.

Tropeirismo

Províncias de SC

Guerra dos Farrapos

GEOGRAFIA

Noções espaciais

Planetas

Evolução

Climas

Sistema solar

Orientação

Pontos cardeais

Deslocamento horizontal e vertical

Altitude e altura

HISTÓRIA E A GEOGRAFIA - ANOS FINAIS 6º. ao 9º ANO DO EF

MAPAS CONCEITUAIS 3 e 4: Eixos temáticos e conceitos básicos.

Page 123: Ensino Fundamental

123

Objetivos Específicos/Temas de Estudo – 6º ano:

Os conteúdos e as atividades propostas possuem como intuito primordial fazer

com que o aluno perceba o Município de Itapoá-SC discutindo as muitas relações

estabelecidas tendo como ponto de partida e de chegada o espaço vivido.

HISTÓRIA

Produção do conhecimento histórico.

Índios em Itapoá e no Brasil (Contexto atual e Brasil Colônia)

Brasil no contexto da expansão comercial

Escravidão – relações sociais em Itapoá interligadas ao início da história oficial

do Brasil (Quilombos)

Expansão territorial – ciclos no Brasil Colônia: açúcar.

Mineração, pecuária

Colonização de SC no século XVIII

Crise no sistema colonial

Religiosidade no Brasil

Emancipação política do Brasil

Aspectos históricos do município de Itapoá

GEOGRAFIA

Espaço natural e humanizado

Tempo

Orientação e representação por meio de mapas

Cartografia: longitude e latitude

O trabalho humano no município e fora dele.

A interdependência e a integração do trabalho humano

Atividades econômicas, cadeia produtiva (PIB)

Mercado consumidor e a sociedade de consumo

Extrativismo mineral e meio ambiente: minerais, minérios e rochas.

Objetivos Específicos/Temas de Estudo – 7º ano:

Os conteúdos e as atividades propostas priorizam temas que fomentam

discussões sobre a atual situação da sociedade brasileira e a gênese de seus problemas

sociais. Neste sentido, através do conhecimento histórico e geográfico aliado ao mundo

contemporâneo.

HISTORIA

Primeiro Reinado

Período Regencial

Segundo Reinado.

Imigração, branqueamento.

Política externa, Segundo Reinado.

República da Espada.

República dos fazendeiros.

Page 124: Ensino Fundamental

124

Movimentos sociais no início da repíblica.

Canudos, Contestado, Tenentismo, Movimento Operário.

Governo Vargas (1930-1945).

Populismo (1946-1964)

Regime Militar

Nova República

GEOGRAFIA

O Brasil em relação a outros países (território e fronteiras)

Construção e organização do território (origem e ocupação)

Distribuição da população e desequilíbrios sociais

Utilização do espaço: agropecuária, atividades industriais

Comércio, transporte e comunicação

O espaço urbano e o espaço agrário

Região Sudeste (aspectos físicos, econômicos e sociais)

Região Sul (aspectos físicos, econômicos e sociais)

O Sul do Brasil e o contexto de Itapoá

Região Centro Oeste, Nordeste e Norte (aspectos físicos, econômicos e sociais)

Regionalização: norte, nordeste, sudeste, sul, centro-oeste.

Amazônia, visão geoeconômica

Objetivos Específicos/Temas de Estudo – 8º ano:

Os conteúdos e as atividades propostas para esta série prioriza determinados

temas que fomentam discussões sobre a História Geral. Sendo assim, o ser humano será

priorizado através da analise e da compreensão das relações sociais, da vida cotidiana,

das religiões, das relações de trabalho e de exploração construídas em um tempo e

espaço que perpassaram a Pré-História, a Antiguidade Clássica e o período medieval,

sem, no entanto, perder sua ligação com a geografia e a história do mundo atual.

HISTORIA

Pré-história

Os povos Pré-colombianos.

Sociedades Mesopotâmicas

Egito, Fenícios, Hebreus, Persas.

A Grécia Antiga: democracia, vida cotidiana, mulheres, escravos, cidades e

religião;

O Império Romano: vida cotidiana, mulheres, escravos, a língua latina e a

cidade de Roma;

O Feudalismo: cavaleiros, senhores feudais e servos num regime de exploração;

Império Bizantino

Civilização Muçulmana

A Igreja Católica: na Idade Média;

Ressurgimento das cidades e comércio

Cultura Medieval.

Crise do Feudalismo.

Page 125: Ensino Fundamental

125

GEOGRAFIA

Sociedade (nascimento do Estado na sociedade antiga)

Modos de produção: capitalismo e socialismo

Globalização, regionalismo, urbanização, industrialização.

Regionalização em Blocos Econômicos (Comércio Internacional)

A flexibilidade das fronteiras econômicas e regionais (primeiras organizações)

Surge o Capitalismo: as bases históricas e geográficas do subdesenvolvimento

As cidades, o comércio e o subdesenvolvimento

A corrupção e o subdesenvolvimento

África: explorando o continente

América latina e Africa

A penetração capitalista européia na África.

Estrutura geológica da Terra.

Fronteiras

Objetivos Específicos/Temas de Estudo – 9º ano:

Os conteúdos e as atividades propostas possuem como intuito primordial fazer

com que o educando perceba as contradições e os embates culturais, políticos, sociais,

religiosos, econômicos e étnicos, os quais foram e estão sendo vivenciados pela

humanidade desde o século XVI até o Século XXI. Mentalidades Modernas: o

Renascimento e a Reforma Protestante;

HISTORIA

Feudalismo X capitalismo.

Expansão marítima européia

Renascimento

Reforma e Contra-reforma.

Colonização da América.

Iluminismo

Revolução Inglesa e Americana

Revolução Francesa

Revolução Industrial

Napoleão Bonaparte

Liberalismo, Socialismo, Anarquismo.

Imperialismo

Primeira Guerra / Revolução Russa

Regimes totalitários

Segunda Guerra

Guerra Fria

GEOGRAFIA

O desenvolvimento técnico-científico-informacional e as mudanças na geografia

mundial

A era do consumo e a globalização dos costumes

Modernização, meio ambiente e cidadania (problemas ambientais urbanos e

rurais)

Page 126: Ensino Fundamental

126

Os acordos internacionais sobre o meio ambiente e as mudanças climáticas

globais

As potências do Atlântico Norte (Canadá e Estados Unidos)

Estados Unidos: explosão econômica pós-guerra

Europa: antes e depois das grandes guerras mundiais

Japão: antes e depois das grandes guerras mundiais

China: contexto e interligação mundial

Oceania e Antártida: espaços a serem descobertos.

América do norte

União Européia

Globalização: regionalismos e blocos econômicos.

REFERÊNCIAS

BALDIN, Nelma. A História Dentro e Fora da Escola. Florianópolis: Editora da

UFSC, 1989.

BRASIL – MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO – MEC - Parâmetros Curriculares

Nacionais – Ensino Fundamental - História. Brasília: DF, 1998

CERTEAU, Michel. A escrita da História. São Paulo: Forense Universitária, 2002.

HUNT, Lynn. A Nova História Cultural. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

LENHARO, Alcir. Sacralização da Política. Rio de Janeiro: Papirus, 1989.

LIBÂNEO, José C. A Avaliação Escolar. In: Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

MOREIRA, Marco A. A teoria da Aprendizagem Significativa e sua implementação

na sala da aula. Brasília, DF: Ed. UnB, 2006.

MOREIRA, Antonio F. & BUCHWEITZ, B. Mapas conceituais. São Paulo: Moraes,

1987.

SANTA CATARINA. Secretaria do Estado da Educação e do Desporto. Proposta

Curricular: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio: Disciplinas

Curriculares. Florianópolis: COGEN, 1998.

SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. São Paulo: Nobel, 1993.

SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara,

onze teses sobre educação política. 10 ed. São Paulo: Cortez, 1986.

VEYNE, Paul. Como se Escreve a História. Brasília: Edunb, 1992.

Page 127: Ensino Fundamental

127

A ARTE NO ENSINO FUNDAMENTAL

Page 128: Ensino Fundamental

128

A ARTE NO ENSINO FUNDAMENTAL

Rosanny Moraes de Morais Teixeira – Esp.

INTRODUÇÃO

A presente proposta de ensino-aprendizagem para o Ensino Fundamental, foi

construída a partir das reflexões dos professores das escolas da rede municipal de ensino

de Itapoá-SC, como um referencial para a constituição das práticas educacionais do

Ensino da Arte, tendo como base as diretrizes contidas nos Parâmetros Curriculares

Nacionais para o Ensino Fundamental (1997) e nas Propostas Curriculares do Estado de

Santa Catarina (1998; 2005).

No decorrer da historia da humanidade inúmeros filósofos, pesquisadores e

estudiosos, envolveram-se com o universo da arte e constataram sua importância na

formação dos sujeitos, bem como salientaram o quanto a produção artística está

essencialmente ligada à vida e à própria condição humana.

A trajetória do ensino da arte e as propostas de currículo para a escola brasileira

desenvolveram-se, durante séculos, a partir de referências externas às realidades locais e

regionais e de suas manifestações culturais e artísticas. Os modelos implantados

seguiam orientações diversas, porém distantes de mapeamentos das necessidades e

peculiaridades de cada região no Brasil, extremamente rico no tocante a sua diversidade

de etnias, de condições de vida, fauna, flora e ambiente, não raro fontes de expressões

de arte e cultura de seu povo.

Nas concepções atuais de currículo e de ensino e aprendizagem (Pacheco, 2005;

Lopes e Macedo, 2003) tem-se proposto uma valorização e resgate, de forma

equilibrada, das diversas contribuições, vivenciadas ao longo da história, pelos artistas e

pela cultura do povo, de maneira a gerar mudanças qualitativas no universo cultural do

aluno, levando-o a compreender a significância de seus contextos e ambientes e as

riquezas de expressão que os mesmos possuem no tocante à questão da arte popular e da

cultura da população rica e multifacetária como a brasileira.

Pesquisas e experiências registradas a partir da década de 1990, de estudiosos da

Arte e de seu ensino e aprendizagem, tais como Barbosa (1991; 2002; 2003); Pillar

(2003); Martins, Picosque e Guerra (1998) e Oliveira e Hernández (2005), entre outros,

têm possibilitado o avanço sobre a compreensão do papel da escola na complexidade

Page 129: Ensino Fundamental

129

contemporânea, levando à superação do distanciamento do saber científico em relação

aos diversos contextos cotidianos e suas manifestações e produções artísticas e culturais.

Compreende-se que essa complexidade está construída a partir das referências

simbólicas individuais, elaboradas nas vivências cotidianas, que adquirem significados

variados, de acordo com os diversos contextos de um país com a dimensão continental e

co a diversidade de etnias e culturas como é o Brasil

A partir do pressuposto de que o conhecimento do mundo se dá na articulação

entre o sentir e a capacidade de simbolizar, Duarte Jr. (1995, p. 17) afirma que: “A

questão da educação gira sempre em torno da criação e da criatividade: ao aprender,

estamos criando um esquema de significados que permite interpretar nossa situação e

desenvolver nossa ação numa certa direção”.

Compreende-se melhor assim o papel intrínseco da arte no desenvolvimento

das ações humanas, pois, segundo Buoro (1996, p. 20): “A arte, portanto, se faz

presente, desde as primeiras manifestações de que se tem conhecimento, como

linguagem, produto da relação homem/mundo”, entendendo-se que a linguagem se

constrói a partir da experiência humana e do seu envolvimento com o objeto de

estudo. Duarte Jr. (1995, p. 32) afirma que:

A aquisição de um novo significado (ou aprendizagem significativa) deve

mobilizar, então, tanto nossos conceitos como as experiências a que eles se

referem. O significado possui assim uma dimensão sentida (vivida) e uma

simbolizada (refletida).

Portanto, considera-se a Arte um campo de conhecimento, no qual o contexto

escolar organizará seus saberes a partir das relações de significação. Segundo Martins;

Picosque e Guerra, (1998 , p.131):

Nessa perspectiva, uma aprendizagem em arte só é significativa quando o objeto

de conhecimento é a própria arte, levando o aprendiz a saber manelar e conhecer

a gramática específica de cada linguagem que adquire corporalidade por meio de

diferentes recursos, técnicas e instrumentos que lhe são peculiares.

Conseqüentemente, o aluno desenvolverá também o senso estético e as

habilidades específicas da área artística, tornando-se capaz de expressar melhor suas

Page 130: Ensino Fundamental

130

idéias e sentimentos, encontrando na arte uma aliada para conhecer e interpretar o

mundo a sua volta, desenvolvendo capacidades para transformá-lo.

Para tanto, torna-se fundamental levar em conta os referenciais prévios dos

alunos e as diversidades características da comunidade escolar e social nas quais

estejam inseridos, a fim de que o ensino da arte oportunize momentos de experiência

estética e de construção significativa de conhecimentos mediados pelo professor.

A experiência estética mediada possibilita ao aluno maior criticidade e maior

interação com o saber. Segundo Freire (1996, p. 32):

A curiosidade como inquietação indagadora, como inclinação

ao desvelamento de algo, como pergunta verbalizada ou não,

como procura de esclarecimento, como sinal de atenção que

sugere alerta faz parte integrante do fenômeno vital.

Parte-se do pressuposto de que o conhecimento desenvolve-se em redes, formadas

por aspectos práticos, sociais e históricos, nas quais, segundo Lopes e Macedo (2003),

não há fronteiras entre o contexto cotidiano e o saber científico.

Hernández (2000) atenta para a importância de se pensar em um currículo em artes

que possa dar conta do aspecto cultural já consagrado pela história, e suas relações com

a cultura atual, embasada em crenças diversas, plurais, multifacetárias e em constante

fluxo. Richter (apud Barbosa, 2002, p. 91) afirma que:

o ensino da Arte deve se caracterizar por uma educação

predominantemente estética, em que os padrões culturais e

estéticos da comunidade e da família sejam respeitados e

inseridos na educação, aceitos como códigos básicos a partir dos

quais devem-se construir a compreensão e imersão em outros

códigos culturais. Trabalhar com a multiculturalidade no ensino

da Arte supõe ampliar o conceito de arte, de um sentido mais

restrito e excludente, para um sentido mais amplo, de

experiência estética.

Pensar em uma perspectiva multicultural, segundo Richter (apud Barbosa, 2002,

p.88): “reside em considerar a diversidade como um recurso e uma força para a

educação, em vez de um problema.” A autora aponta para a importância de o professor

conhecer o universo cultural da comunidade em que a escola está inserida, buscando

conhecer os códigos visuais (estéticos) presentes, para construir uma abordagem

metodológica a partir deles.

Page 131: Ensino Fundamental

131

Barbosa (2002) lembra ainda que somente professores conscientes de sua ação

e mediação, poderão favorecer condições para o crescimento individual e

comportamental do cidadão, tornando-o fruidor de cultura e preceptor da importância

de sua ação na construção e desenvolvimento de seu meio.

Esta proposta compreende o aluno como alguém capaz de criar, estruturar e

organizar informações, respondendo aos desafios que, emanados deste mundo, estão em

constante processo de transformação e modificam as formas de ver, ouvir e sentir.

ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS

De acordo com a Proposta Curricular de Santa Catarina (1998), encontra-se

como pressuposto da arte o conhecimento e o desenvolvimento estético. Suas

diretrizes contemplam a visão de que o ensino da arte terá significado quando

compreender o objeto artístico por meio de três aspectos: produção, fruição ou leitura

e contextualização.

Barbosa, em seu livro A imagem no ensino da arte: anos oitenta e novos

tempos (1991), apresentou sua proposta pedagógica inserida numa concepção

progressista de educação, integrando três aspectos para o desenvolvimento da arte na

educação, denominada Abordagem Triangular do Ensino da Arte, a qual envolve

também os três aspectos básicos a serem desenvolvidos em sala de aula: a leitura

estética ou fruição, a produção artística, e a contextualização.

Embora a proposta triangular tenha se originado na área de Artes Visuais, é

possível abordá-la nas demais áreas de Arte, articulando os aspectos de apreciação, ou

fruição, da produção e da contextualização.

Na linguagem visual, segundo Martins, Picosque e Guerra (1998, p. 136):

Nutrir esteticamente o olhar é alimentá-lo com muitas e

diferentes imagens, provocando uma percepção mais ampla da

linguagem visual: olhar diferentes-modos de resolver as

questões estéticas, entrando em contato com os conceitos e a

história da produção nessa linguagem. A velocidade e

superficialidade à qual o nosso olhar é exposto no cotidiano

pede, de certa forma, o aprendizado de um olhar em outro ritmo

e profundidade. E ele certamente ganhará muito se o contato

direto com a obra for possibilitado. A dimensão, o tamanho, a

materialidade traduzem outra percepção que ficará marcada,

vividamente, nas memórias significativas.

Page 132: Ensino Fundamental

132

Na música, segundo Martins, Picosque e Guerra (1998, p. 131):

O modo de ser da linguagem musical tem como matérias-primas

sons e silêncios articulados em pensamentos musicais. Assim,

compor implica imaginar, relacionar e organizar sons, ouvindo-

os internamente.

Pois, ainda segundo as autoras acima citadas (1998, p.132):

A vivência da experiência estética na linguagem musical pode se

dar por meio da audição de gravações, sendo bastante

enriquecida quando há possibilidade de assistir a apresentações

musicais: grupos com formações diversas, que interpretam

diferentes estilos, concertos de grandes orquestras, corais,

óperas.

No Teatro, segundo Spolin, citado por Martins, Picosque e Guerra (1998, p.

134):

A chave de entrada da linguagem teatral é o jogo. Jogo

regrado que é jogado no tempo-espaço fictício e metafórico do

palco. Quando penetramos nessa linguagem, esse tempo e

espaço nos obrigam e convidam à ação. Trabalhamos a

imaginação em ação agindo corno construtores de vidas fictícias

num jogo de abstração. Nele, com poética e paixão,

representamos conduzidos pelo fio da história, Nesse jogo

mágico da linguagem teatral, podemos ser ‘feiticeiros, capitães-

do-mar, fadas, elefantes. Representando, podemos alçar-nos à

Lua ou viver em lindos castelos’.

Afirmam ainda Martins, Picosque e Guerra (1998, p. 135) que:

Tornar sensível a criança aos signos da linguagem teatral é

também criar contextos significativos para a conversa sobre

conceitos e fatos da história do teatro, bem como sobre aqueles

que exercem o ofício teatral, como o ator, o dramaturgo, o

diretor, o encenador, o cenógrafo, o figurinista e tantos outros

que mantém viva a magia teatral.

Na Dança, Martins, Picosque e Guerra (1998, p. 138) afirmam que:

Page 133: Ensino Fundamental

133

A linguagem da dança é um pensamento cinestésico, ou seja, um

pensar em termos de movimento, que se executa como emoção

física, impulsionado pelas sensações musculares e articulações

do corpo. O acesso a espetáculos de dança clássica, moderna ou

folclórica permitirá à criança uma experiência estética, além de

proporcionar-lhe a apreciação significativa da arte do

movimento.

A conversa sobre os conceitos e a história da dança na vida

humana, seus intérpretes, seus gêneros presentes nas várias

culturas, será um aspecto importante na ampliação de

referências sobre essa linguagem.

A leitura estética, ou fruição, refere-se ao processo de apropriação dos

significados através da sensibilidade, o qual é desenvolvido em etapas diversas de

leitura estética, considerando o grau de compreensão e o amadurecimento dos

educandos. Segundo Pillar (2003, p. 12 ):

Ao ler, estamos entrelaçando informações do objeto, suas

características formais, cromáticas, topológicas; e informações

do leitor, seu conhecimento acerca do objeto, suas inferências,

sua imaginação. Assim, a leitura depende do que está em frente

e atrás dos nossos olhos.

Feldman, citado por Barbosa (1991, p. 44), atribuiu quatro etapas da leitura

estética, de modo a desenvolver a capacidade crítica do aluno:

descrição: “prestar atenção ao que se vê” ouve ou percebe;

análise: “observar o comportamento do que se vê”, ouve ou percebe;

interpretação: “dar significado à obra de arte” ou manifestação cultural;

julgamento: “decidir sobre o valor de um objeto de arte” ou manifestação

cultural.

A idéia dessas etapas é oportunizar o aprofundamento da leitura estética,

partindo dos elementos perceptíveis, estabelecendo relações e finalmente construindo

seus significados a partir das referências pessoais, somadas aos saberes abordados e

mediados pelo docente.

Portanto, segundo Pillar e Vieira (1992, p. 09): “Esta diversidade de leituras

não é excludente, ou seja, é possível ler uma imagem fazendo com que várias

abordagens se interpenetrem, o que torna a apreciação mais rica.”

Page 134: Ensino Fundamental

134

A produção ou fazer artístico refere-se ao processo criativo, interpretando e

representando as vivências pessoais, interligando-as ao ato da produção. Segundo Pillar

e Vieira (1992, p. 08):

É somente através do fazer que a criança e o adolescente podem

descobrir as possibilidades e limitações das linguagens

expressivas, de seus diferentes materiais e instrumentos. O fazer

é uma das atividades que estimula a aprendizagem da história da

arte e da leitura de imagens.

A contextualização, segundo Barbosa (2002) permite situar o conhecimento

cognitivo e sensível das produções artísticas pessoais e da humanidade como produto

social e histórico. Barbosa (1991, p.19) afirma ainda que: “Construímos a história a

partir de cada obra de arte examinada pelas crianças, estabelecendo conexões e relações

entre outras obras e outras manifestações culturais.”

Salienta-se aqui que a cronologia das obras artísticas, ou manifestações

culturais, não é relevante, e sim as possíveis articulações entre o tempo e o espaço que o

professor poderá construir com seus alunos, de acordo com as intenções, o grau de

amadurecimento do grupo e com a realidade pedagógica e as significâncias construídas

coletivamente pelo “ver ë o fazer artístico” passível de ser despertado no alunado.

Essa proposta, amplamente reflexiva e crítica, com bases em seu potencial

criativo e contextual, permitirá ao aluno obter significação no desenvolver das aulas de

arte, aprender arte de forma integrada ao fazer artístico, pois uma leitura e interpretação

de mundo contextualizada e significativa poderá tornar o conhecimento muito mais

atrativo e envolvente, e os alunos passarão a fazer parte da construção do fazer

artístico, experimentando, refletindo, criando e re-criando produções artísticas.

OBJETIVOS

Na dimensão da ação docente objetiva-se:

- desenvolver o processo de ensino-aprendizagem significativo em arte;

- conhecer o contexto cultural dos alunos e a pluralidade de características que este

apresenta;

- promover o conhecimento das diversas manifestações artístico-culturais e suas

características estéticas, bem como a diversidade de leituras e interpretações;

- propiciar o desenvolvimento da argumentação, síntese e reflexão das idéias e dos

conceitos abordados;

Page 135: Ensino Fundamental

135

- promover um espaço pedagógico que favoreça a iniciativa do aluno à pesquisa e à

interpretação de idéias e diversas produções artístico-culturais;

- possibilitar a expressão individual e coletiva, em manifestações orais, visuais,

sonoras e/ou cênicas.

Sob tais perspectivas, espera-se que o aluno venha a:

- compreender as diversas manifestações e produções artístico-culturais, locais e

universais;

- desenvolver a autonomia no modo de elaborar suas propostas e apresentá-las;

- explorar as características expressivas dos temas/conteúdos das diversas linguagens

artísticas;

- explorar o potencial criativo e sensível no processo pedagógico;

- articular os saberes desenvolvidos aos contextos culturais locais.

DIRETRIZES NORTEADORAS DOS CONTEÚDOS

A partir da compreensão da arte como conhecimento, linguagem e expressão,

pretende-se abordar os seus conteúdos a partir de três enfoques para o ensino e a

aprendizagem:

- manifestações e produções artístico-culturais;

- elementos fundamentais das linguagens artísticas;

- suportes e materiais das linguagens artísticas.

Manifestações e produções artístico-culturais: são compreendidas como todos os

produtos artísticos e culturais desenvolvidos ao longo da história da humanidade,

pertencentes a contextos específicos, desde os locais até os universais.

Elementos fundamentais das linguagens artísticas: são compreendidos como os

elementos que estruturam as diversas linguagens, os quais são articulados e

combinados.

Indica-se aqui a partir das proposições dos professores de Arte do município a

consulta às diretrizes das Propostas Curriculares do Estado de Santa Catarina (1998;

2005) as quais organizam os conteúdos e os elementos de reflexão, de acordo com as

linguagens específicas de uma arte contextual, significativa e crítica.

Orientações para o 1º ao 5º ano do E.F. / ênfase:

Page 136: Ensino Fundamental

136

- na cultura e produção artística local/regional, levando em conta contextos históricos

e geográficos e questões que envolvam a educação ambiental;

- nos aspectos lúdicos e na imaginabilidade;

- na alfabetização dos elementos estéticos em paralelo à alfabetização verbal;

- na integração de conteúdos do currículo de outras disciplinas.

Orientações para o 6º ao 9º ano do E.F. / ênfase:

- na cultura e produções artísticas nacional e internacional, levando em conta

contextos histórico-geográficos diversos;

- na leitura dos elementos estéticos das linguagens artísticas;

- nos projetos de trabalho, integrados às demais disciplinas;

- nos elementos e princípios da geometria integrados e articulados às produções

artístico-culturais e a outros campos do saber;

1º ANO

1º Bimestre 2ºBimestre 3º Bimestre 4ºBimestre

Conteúdos

Limite: desenho, dobradura, recorte e colagem

Limite: desenho, dobradura, recorte e colagem

Linha: vertical, horizontal e diagonal

Cores

Cores primárias Cores secundárias Cores terciárias

Expressão corporal

Contação de história Contação de história Contação de história Bidimensional

Expressão corporal Expressão corporal Expressão corporal Tridimensional

Figuras geométricas

História da Arte Tolentino Sant'anna Tolentino Sant'anna Amandos Sell Amandos Sell

Datas comemorativas De acordo com a flexibilidade do conteúdo

Música Catarinense, MPB, folclóricas, eruditas ou de acordo com a necessidade nas aulas e no fazer artístico

Dança / Teatro Interpretação teatral, coreografias e mímicas.

Leitura e representação de imagens

Ilustrações, vídeo, cartazes e reproduções.

2º ANO

Page 137: Ensino Fundamental

137

1º Bimestre 2ºBimestre 3º Bimestre 4ºBimestre

Conteúdos

Limite: desenho, dobradura, recorte e colagem

Cores Cores Expressão corporal

Cores Expressão corporal Expressão corporal Textura

Expressão corporal Figuras geométricas

Planos: figura/fundo Simetria

Bidimensional Planos: figura/fundo Volume: sólidos geométricos Assimetria

Tridimensional

História da Arte Asta dos Reis Luiz Magela Meyer Filho Zuza Ribeiro

Datas comemorativas De acordo com a flexibilidade do conteúdo

Música Catarinense, MPB, folclóricas, eruditas ou de acordo com a necessidade nas aulas e no fazer artístico

Dança / Teatro Interpretação teatral, coreografias e mímicas.

Leitura e representação de imagens

Ilustrações, vídeo, cartazes e reproduções.

3º ANO

1º Bimestre 2ºBimestre 3º Bimestre 4ºBimestre

Conteúdos

Expressão corporal

Expressão corporal Expressão corporal

Posição de forma no espaço: horizontal e vertical

Cores Cores e tonalidades Volume: relevo Expressão corporal

Simetria Presença e ausência da cor

Textura: natural e artificial

Linhas: retas, curvas, diagonais

Assimetria Volume: sólido geométrico

Textura: visual e tátil

História da Arte Ana Pi e Carlos Asp

Neiva Külzer Eneida Guasque Eneida Guasque

Datas comemorativas De acordo com a flexibilidade do conteúdo

Música Catarinense, MPB, folclóricas, eruditas ou de acordo com a necessidade nas aulas e no fazer artístico

Dança / Teatro Interpretação teatral, coreografias e mímicas.

Leitura e representação de imagens

Ilustrações, vídeo, cartazes e reproduções.

Page 138: Ensino Fundamental

138

4º ANO

1º Bimestre 2ºBimestre 3º Bimestre 4ºBimestre

Conteúdos

Expressão corporal

Direção: esquerda, direita, para frente, para trás.

Planos: sobreposição e justaposição

Linhas: retas, curvas, diagonais

Monocromia Expressão corporal

Expressão corporal Proporção: altura e largura

Policromia Equilíbrio Bidimensional Linha do horizonte

Cores quentes Tridimensional Expressão corporal

Cores frias

História da Arte

Juarez Segalin Juarez Segalin Sérgio Canale e Giovana Zimermann

Sérgio Canale

Datas comemorativas De acordo com a flexibilidade do conteúdo

Música Catarinense, MPB, folclóricas, eruditas ou de acordo com a necessidade nas aulas e no fazer artístico

Dança / Teatro Interpretação teatral, coreografias e mímicas.

Leitura e representação de imagens

Ilustrações, vídeo, cartazes e reproduções.

5º ANO

1º Bimestre 2ºBimestre 3º Bimestre 4ºBimestre

Conteúdos

Proporção: altura, largura e profundidade

Proporção: altura, largura e profundidade

Distância: perto / longe

Pontos de vista: frontal, perfil, de topo

Linhas: retas, curvas, diagonais

Planos: dimensão dos elementos Perspectiva

Distância: perto / longe

Linha do horizonte Perspectiva Expressão corporal Expressão corporal

Expressão corporal

Expressão corporal

História da Arte

Victor Meirelles Fritz Alt Juarez Machado Hamilton Machado

Datas comemorativas De acordo com a flexibilidade do conteúdo

Música Catarinense, MPB, folclóricas, eruditas ou de acordo com a necessidade nas aulas e no fazer artístico

Dança / Teatro Interpretação teatral, coreografias e mímicas.

Page 139: Ensino Fundamental

139

Leitura e representação de imagens

Ilustrações, vídeo, cartazes e reproduções.

6º ANO

1º Bimestre 2ºBimestre 3º Bimestre 4ºBimestre

Conteúdos

Forma: bidimensional e tridimensional

Proporção: altura, largura e profundidade

Forma: bidimensional e tridimensional

Linhas: horizontal, vertical, reta e curva

Textura Cor Estilização da figura humana

Idealização da figura humana

Volume Volume: dimensão Perspectiva Proporção da figura humana

Expressão corporal Expressão corporal Volume Expressão corporal

Expressão corporal

História da Arte

Arte Rupestre e Arte Indígena

Arte Africana e Arte Pré-colombiana

Arte Egípcia Arte Grega e Arte Romana

Datas comemorativas De acordo com a flexibilidade do conteúdo

Música MPB, folclóricas, eruditas ou de acordo com a necessidade nas aulas e no fazer artístico

Dança / Teatro Interpretação teatral, coreografias e mímicas.

Leitura e representação de imagens

Ilustrações, vídeo, cartazes e reproduções.

7º ANO

1º Bimestre 2ºBimestre 3º Bimestre 4ºBimestre

Conteúdos

Estilização da figura humana

Cor Estilização da figura humana

Volume: tridimensional

Formas geométricas Luz e sombra Luz e sombra Luz e sombra

Expressão corporal Proporção Perspectiva Equilíbrio

Verticalidade Expressão corporal

Expressão corporal

Expressão corporal

História da Arte

Arte Cristã e Arte Bizantina

Arte Gótica Renascimento e Maneirismo

Barroco e Rococó

Datas comemorativas De acordo com a flexibilidade do conteúdo

Page 140: Ensino Fundamental

140

Música MPB, folclóricas, eruditas ou de acordo com a necessidade nas aulas e no fazer artístico

Dança / Teatro Interpretação teatral, coreografias e mímicas.

Leitura e representação de imagens

Ilustrações, vídeo, cartazes e reproduções.

8º ANO

1º Bimestre 2ºBimestre 3º Bimestre 4ºBimestre

Conteúdos

Idealização da figura humana

abstração e estilização

Cor Plano: figura/fundo

Proporção da figura humana Luz e sombra Linha

Situação: perto/longe

Luz e sombra Cor Movimento Luz e contraste

Movimento Expressão corporal Estilização Cor

História da Arte

Neoclassicismo, Romantismo e Reallismo

Impressionismo e Pós-impressionismo

Expressionismo O surgimento da fotografia

Datas comemorativas De acordo com a flexibilidade do conteúdo

Música MPB, folclóricas, eruditas ou de acordo com a necessidade nas aulas e no fazer artístico

Dança / Teatro Interpretação teatral, coreografias e mímicas.

Leitura e representação de imagens

Ilustrações, vídeo, cartazes e reproduções.

9º ANO

1º Bimestre 2ºBimestre 3º Bimestre 4ºBimestre

Conteúdos

Cor Cor Cor Cor

Linha Linha Linha Bidimensional e tridimensional

Estilização Textura Textura Estilização

Figuras geométricas Profundidade Perspectiva Equilíbrio

Figuras geométricas Expressão corporal

História da Arte

Fovismo, Cubismo e Abstracionismo

Surrealismo e Futurismo

OpArt e PopArt Arte Contemporânea

Datas De acordo com a flexibilidade do conteúdo

Page 141: Ensino Fundamental

141

comemorativas

Música MPB, folclóricas, eruditas ou de acordo com a necessidade nas aulas e no fazer artístico

Dança / Teatro Interpretação teatral, coreografias e mímicas.

Leitura e representação de imagens

Ilustrações, vídeo, cartazes e reproduções.

AVALIAÇÃO

Entende-se como postura e atitude avaliativa do professor de Artes:

- capacidade de auto-avaliação e redimensionamento dos conteúdos e procedimentos

metodológicos ao longo do processo;

- orientação e fundamentação teórica para a produção do Portfólio, pois, segundo

Hernández (2000, p. 165): “A função do portfólio se apresenta assim como

facilitadora da reconstrução e reelaboração, por parte de cada estudante, de seu

processo ao longo de um curso ou de um período de ensino”;

- mediação do acesso aos saberes artístico-culturais individuais e coletivos dos alunos;

- discernimento para a avaliação do desenvolvimento individual do aluno, levando em

conta seu potencial e os avanços no processo de ensino-aprendizagem;

Ao aluno cabe desenvolver:

- participação ativa nas várias etapas do processo de ensino-aprendizagem;

- inventividade, curiosidade, criatividade, reflexão crítica, a partir da mediação do

docente;

- compreensão dos fenômenos e problemas que envolvem o artista, o processo criador

e as manifestações/produções artísticas;

- capacidade de articulação de idéias e de conhecimentos estéticos e artístico-

culturais;

- conhecimento dos procedimentos, técnicas e ferramentas que envolvem o fazer

artístico;

- capacidade de construção de seu Portfólio.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Ana M. História da arte-educação. São Paulo: MAX LIMONAD, 1986.

Page 142: Ensino Fundamental

142

________ . A imagem no ensino da arte. São Paulo: Perspectiva, 1991.

________ . Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo: Cortez, 2003.

________ . Arte-educação: leitura no subsolo. São Paulo: Cortez, 1997.

________ . John Dewey e o ensino da arte no Brasil. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

BRASIL – Ministério da Educação – MEC – Parâmetros Curriculares Nacionais –

Ensino Fundamental – Secretaria de Ensino Fundamental. Brasília, DF, 1997.

BUORO, Anamélia B. O olhar em construção: uma experiência de ensino e

aprendizagem da arte na escola. São Paulo: Cortez, 1996.

DUARTE JR., João F. Fundamentos estéticos da educação. 4.ed. Campinas: Papirus,

1995.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.

31.ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projeto de

trabalho. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

LOPES, Alice C. e MACEDO, Elizabeth. Currículo: debates contemporâneos. São

Paulo: Cortez, 2003.

MARTINS, Miriam. C.; PICOSQUE, Gisa.; GUERRA, Terezinha. T. Didática do

ensino da arte. A língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD,

1998.

OLIVEIRA, Marilda. O.; HERNÁNDEZ, Fernando (Orgs.). A formação do professor

e o ensino das artes visuais. Santa Maria: Ed. UFSM, 2005.

PACHECO, José A. Escritos curriculares. São Paulo: Cortez, 2005.

PEREGRINO, Yara R. (Coord.). Da camiseta ao museu: o ensino das artes na

democratização da cultura. João Pessoa: Ed. Universitária UFPB, 1995.

PILLAR, Analice D. A educação do olhar no ensino das artes. 3.ed. Porto Alegre:

Mediação, 2003.

PILLAR, Analice e VIEIRA, Denyse. O vídeo e a metodologia traiangular no ensino da

arte. Porto Alegre: UFRGS/ Fundação Iochpe, 1992.

PROJETO – Revista de educação: Artes Plásticas. Porto Alegre: Projeto, v.3, n.5, 2001.

RICHTER, Ivone. M. Interculturalidade e estética do cotidiano no ensino das artes

visuais. Porto Alegre: Mercado das letras, 2003.

Page 143: Ensino Fundamental

143

SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Educação e do Desporto. Proposta

Curricular de Santa Catarina; Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio.

Disciplinas Curriculares. Florianópolis: COGEN,1998.

_____. Secretaria de Estado da Educação, Ciência, Tecnologia. Proposta Curricular

de Santa Catarina. Estudos Temáticos. Florianópolis: IOESC, 2005.

Page 144: Ensino Fundamental

144

O ENSINO RELIGIOSO

Page 145: Ensino Fundamental

145

O ENSINO RELIGIOSO

Emídia da Silva – Ms

INTRODUÇÃO

A historicidade do Ensino Religioso no Brasil está vinculada de acordo com as

diferentes concepções de religião (do latim, religio). Segundo o FONAPER (2000, p.

13), até a metade do século XX, predominou no Brasil a concepção de reeligere, no

entendimento de re-escolher, tendo a finalidade de fazer seguidores. Esta concepção

estava firmada na Lei de Diretrizes e Bases nº 4024/61.

A partir dos anos 80, com base na Lei de Diretrizes Bases nº 5692/71, o Ensino

Religioso se volta para a concepção religare – busca religar as pessoas a si mesmas, aos

outros e a Deus, visando torná-las mais religiosas, tendo então uma característica de

pastoral, aula de ética e valores, diz o FONAPER (2000).

Nesse período, nas escolas do Estado de Santa Catarina, o Ensino Religioso passa a

ser de caráter ecumênico, estando sob orientação do Conselho Interconfessional para a

Educação Religiosa – CIER - que atuava juntamente com a Secretaria de Estado da

Educação de Santa Catarina (SANTA CATARINA, 1998, p. 233).

Na década de 90, com a nova redação do artigo 33 da Lei de Diretrizes e Bases

Nacional nº 9394, de 20 de dezembro de 1996: “O ensino religioso, de matrícula

facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui dos horários

normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à

diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.”

Na seqüência, o Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso propõem a

transição do Ensino Religioso para o entendimento da concepção do relegere – reler o

fenômeno religioso no contexto da realidade sociocultural, segundo o FONAPER

(2000).

Em Santa Catarina, a partir dessa nova concepção e para atender o parágrafo 2º

do art. 33 da Lei nº 9394/96 que diz: “Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil,

constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos

do ensino religioso.”, a Secretaria de Estado da Educação e do Desporto enquanto

sistema de ensino juntamente com o Conselho Nacional de Ensino Religioso de Santa

Catarina – CONER/SC - (entidade civil composto por quatorze denominações

Page 146: Ensino Fundamental

146

religiosas), estudam questões relacionadas a esta área do conhecimento. (Santa

Catarina, 2001a., p. 5).

Diante desse novo paradigma para a disciplina, o município de Itapoá tem como

base os Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Religioso (1998) que traz como

objeto de estudo o fenômeno religioso, no sentido da busca do ser humano pela

Transcendência. Assim, o objetivo é que através da interação do aluno (sujeito) com

esse objeto de estudo (fenômeno religioso) se obtenha o conhecimento religioso, o qual

tem sua sustentação teórica nas ciências humanas, sociais e na religião.

Como a busca da transcendência envolve desde uma experiência pessoal até

compartilhar com o grupo; desde a vivência em comunidade até a institucionalização

pelas Tradições Religiosas se tem como finalidade para o Ensino Religioso o diálogo e

a reverência. O diálogo com a diversidade cultural-religiosa, como um processo de

construção do conhecimento, a fim de contribuir com a formação da identidade

religiosa. A Reverência que se refere o respeito ao Sagrado também das tradições

religiosas do outro. (FONAPER, 2000, p. 16-18).

Nesse processo dialógico com o fenômeno religioso se estabelecem, em

conformidade com FONAPER - Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Religioso

(1998 - p. 30 e 31), os seguintes Objetivos Gerais para o trabalho escolar com essa

disciplina:

- proporcionar o conhecimento dos elementos básicos que compõem o

fenômeno religioso, a partir das experiências religiosas percebidas no contexto

do aluno;

- subsidiar o educando na formulação do questionamento existencial, em

profundidade, para dar sua resposta devidamente informado;

- analisar o papel das tradições religiosas na estruturação e manutenção das

diferentes culturas e manifestações socioculturais;

- facilitar a compreensão do significado das afirmações e verdades de fé das

tradições religiosas;

- refletir o sentido da atitude moral, como conseqüência do fenômeno religioso e

expressão da consciência e da resposta pessoal e comunitária do ser humano.

- possibilitar esclarecimentos sobre o direito á diferença na construção de

estruturas religiosas que têm na liberdade o seu valor inalienável.

Page 147: Ensino Fundamental

147

Entendendo que é na escola que se encontra o pluralismo e a diversidade cultural e

religiosa, o FONAPER - Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Religioso (1998 -

p. 33 - 38) propõem a organização dos conteúdos partindo: da Cultura e Religiões,

Escrituras Sagradas, Teologia, Ritos e Ethos.

Para Ribeiro (apud Revista Diálogo, 2003, p. 38): “[...] em sala de aula, ocorrem

diversas manifestações do Sagrado. A partir delas, em parceria, a prática docente e a

pesquisa procuraram levantar um pouco o véu que recobre a religiosidade do jovem.

Entendemos o termo ‘religiosidade’ como uma dimensão própria do ser humano,

histórico e culturalmente determinada e que se manifesta como construção de sentido

articulado à totalidade da existência.”

Assim, como tratamento didático o FONAPER e os PCNER (1998, p. 40 e 41)

propõem que a análise do conhecimento dessa área de conhecimento aconteça no

contexto da pluralidade cultural e religiosa dos diferentes componentes de uma sala de

aula.

Prevê-se, portanto, que o uso de materiais e recursos didáticos sejam estabelecidos

por critérios, tais como:

- a organização social das atividades a fim de produzir o diálogo;

- a organização do tempo e do espaço, no aqui e agora, pela observação direta,

pois o sagrado acontece no cotidiano e está presente na sala de aula;

- a organização da seleção e critérios de uso de materiais e recurso; prevê-se a

colaboração de cada educando na indicado ou no fornecimento de seus símbolos, a

origem histórica, os ritos e os mitos da sua tradição religiosa.”

Entendendo-se, acima de tudo, que a sala de aula é um lugar propício para que

seja desvelado através da interação e do diálogo, o sentido de convivência e do

conhecimento do fenômeno religioso, as metodologias propostas deverão ser as mais

dialogais e interativas possíveis, sendo que nenhuma será superior à outra, ou interposta

em nível de seqüencialidade e prioridade, partindo-se sempre das realidades contextuais

do aluno e dos professores, sem perder de vista os aspectos meso e macro estruturais da

realidade vivida.

Como o Ensino Religioso é um componente curricular compreende a

necessidade de avaliação, a qual deverá ser vista como processual, gradual,

permanente e evolutiva, tendo como principal função sustentar a prática do professor

para orientar sua intervenção pedagógica, num nível dialógico e diagnóstico com o

alunado.

Page 148: Ensino Fundamental

148

Segundo o enunciado acima e, em consonância com as determinações legais

sobre o Ensino Religioso, discutindo a proposição de conteúdos mínimos a serem

tratados nas escolas de Ensino Fundamental – 1º. Ao 9º. Ano - da rede municipal de

ensino de Itapoá-SC, chegou-se aos seguintes itens, considerados essenciais no trato

pedagógico com a temática. Nas turmas do 1º ao 5º ano serão trabalhados os Temas

Transversais.

1ª ANO

Conceitos Essenciais Conteúdos

Ser Humano As orientações para a sua identidade religiosa e o

relacionamento com o outro, respeitando a alteridade.

O Eu – minha identidade

Eu participando na construção do mundo

- A natureza é um presente

- Agindo com amor

As pessoas podem ter características diferentes.

2ª ANO

CONCEITOS

ESSENCIAIS

CONTEÚDOS

Ser Humano As orientações para a sua identidade religiosa e o

relacionamento com o outro, respeitando a alteridade.

O Eu como pessoa;

Eu com o outro

Eu e o outro somos nós

A Amizade: respeito, boas maneiras com o próximo.

Limites: direito e deveres – mentira.

Diversidade das Práticas A identificação de símbolos mais importantes de cada

Tradição Religioso – TR, comparando seu/s

significado/s

Lembrança na vida das pessoas.

Os símbolos religiosos na vida das pessoas, na

família, na comunidade.

Conhecimento Elaborado A idéia do Transcendente

Os símbolos religiosos e o Transcendente

Os símbolos religiosos dão idéia do Transcendente.

3ª ANO

CONCEITOS

ESSENCIAIS

CONTEÚDOS

Solidariedade Solidariedade proteção a pessoas portadoras de

deficiências.

Formas de participação em ações coletivas acessíveis

à criança em sua comunidade.

A sensibilidade e a disposição para ajudar as outras

pessoas, quando isso for possível e desejável.

As formas de atuação solidária em situações

Page 149: Ensino Fundamental

149

cotidianas ( em casa, na escola, na comunidade

local) e em situações especiais (ex: calamidade

pública).

As providências corretas, como alguns procedimentos

de primeiros socorros, para problemas que

necessitam de ajuda específica.

4ª ANO

CONCEITOS

ESSENCIAIS

CONTEÚDOS

Diálogo O uso e valorização do diálogo como instrumento para

esclarecer conflitos.

A coordenação das ações entre os alunos, mediante o

trabalho em grupo.

O ato de escutar o outro, por meio do esforço de

compreensão do sentido preciso da fala do outro.

A disposição para ouvir idéias, opiniões e argumentos

alheios e rever pontos de vista quando necessário.

5ª ANO

CONCEITOS

ESSENCIAIS

CONTEÚDOS

Respeito Mútuo As diferenças entre as pessoas, derivadas de sexo,

cultura, etnia, valores, opiniões ou religiões.

O respeito às manifestações culturais, étnicas e

religiosas.

A coordenação das próprias ações com as dos

outros, por meio do trabalho em grupo.

O respeito à privacidade como direito de cada

pessoa.

As formas legais de lutar contra o preconceito.

O zelo pelo bom estado das dependências da escola.

O respeito a toda forma de humilhação ou violência

na relação com o outro.

6ºANO

CONCEITOS

ESSENCIAIS

CONTEÚDOS

Ser Humano Valores Humanos

Amizade, honestidade, justiça, respeito e

solidariedade.

Comunidade: Experiência de vida.

Religiosidade: Religião e Igreja

O ser humano enquanto pessoa religiosa.

Religião presente na vida das pessoas.

O conhecimento do conjunto de normas de cada tradição

religiosa, apresentados para os fiéis no contexto da

respectiva cultura.

Dignidade e valores da pessoa humana dentro das

Page 150: Ensino Fundamental

150

religiões.

Ser em crescimento na perspectiva religiosa.

Conhecimento Elaborado O significado do Transcendente na vida.

Conhecimento Revelado As verdades sagradas como referenciais da vontade do

Transcendente.

A revelação do Transcendente nas diferentes Tradições

Religiosas.

Caminhos de Reintegração O sistema de valores determinando atitudes e

comportamentos em vista dos objetivos religiosos.

Princípios Éticos: - Valorização da interação com as

outras pessoas.

- Condutas para uma convivência

social.

7ª ANO

CONCEITOS

ESSENCIAIS

CONTEÚDOS

Cultura e Tradições

Religiosas

O enfoque as Tradições Religiosas no tempo:

Definição das Religiões Proféticas: Cristianismo,

Judaísmo e Islamismo.

a) Cristianismo

- A igreja católica

- Reforma e protestantismo

b) Judaísmo e Islamismo (história)

Conhecimento Elaborado A função política das ideologias religiosas. (construção

da identidade da pessoa enquanto postura religiosa)

A sistematização da idéia do Transcendente pelas

Tradições Religiosas.

A estruturação do mundo pessoal a partir da

experiência do Transcendente e das Tradições

Religiosas.

Conhecimento Revelado As formas de revelação do revelante no espaço sagrado.

- A revelação do Transcendente nas diversas Tradições

Religiosas.

Ensinamentos da palavra sagrada sobre o

Transcendente.

Origem da autoridade da palavra revelada segundo

as diversas Tradições Religiosas.

Os ensinamentos da palavra sagrada na estruturação

do eu interior da pessoa.

Caminhos de Reintegração O cultivo da palavra nas diferentes culturas e Tradições

Religiosas

Textos sagrados: orais e escritos.

8ª ANO

CONCEITOS

ESSENCIAIS

CONTEÚDOS

Diversidade das Práticas Estudo das práticas de espiritualidades utilizados pelas

Page 151: Ensino Fundamental

151

diferentes Tradições Religiosas no relacionamento com

o Transcendente, consigo mesmo, com os outros e o

mundo.

A experiência religiosa, elemento vital para o fiel.

A vivência com o mistério do Transcendente pelos

ensinamentos, ritos e tradições.

- ritos e símbolos sagrados

- pluralidade cultural religiosa.

a) Religiões Espiritualistas

O Espiritismo no Brasil (candomblé-Espiritismo e

Umbanda no Brasil)

b)Ancestralidade e corporalidade (indígena)

Ser humano Conhecimento do conjunto de princípios de cada

Tradição Religiosa contemplando as Tradições

Religiosas (Proféticas, Espiritualistas, corporalidade e

ancestralidade)

As exigências e qualidade éticas do procedimento

humano na perspectiva da Tradição Religiosa.

Orientações de vida nas normas, crenças e doutrinas

nas Tradições Religiosas.

Conhecimento Elaborado As determinações da Tradição Religiosa na construção

pessoal e coletivo.

Determinação da Tradição Religiosa na construção

mental da pessoa.

9ª ANO

CONCEITOS

ESSENCIAIS

CONTEÚDOS

Ser humano A experiência religiosa na busca de superação e da

finitude humana.

A fundamentação dos limites éticos/morais propostos

pelas várias Tradições Religiosas.

A fundamentação dos limites éticos estabelecidos

pelas Tradições Religiosas.

Conhecimento Elaborado As determinações da Tradição Religiosa na construção

pessoal e no coletivo.

A verdade nas Tradições Religiosas sob a ótica da fé.

A verdade que orienta o adepto através de mitos,

crenças e das doutrinas.

Conhecimento Revelado As possíveis respostas norteadoras do sentido da vida:

ressurreição, reencarnação, ancestralidade e

inexistência da vida além morte.

Page 152: Ensino Fundamental

152

Referências

DIÁLOGO. Revista de Ensino Religioso. A linguagem dos Símbolos. São Paulo:

Paulinas. Ano VII. Nº 29 – Fevereiro/2003.

FONAPER. Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso. Parâmetros

Curriculares Nacionais do Ensino Religioso. 3.. ed. São Paulo: Ave Maria, 1998.

_________. Ensino Religioso. Capacitação para um novo milênio. Ensino Religioso é a

disciplina integrante da formação básica do cidadão. Caderno 1. 2000.

SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Educação e do Desporto. Proposta

Curricular de Santa Catarina: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio.

Disciplinas Curriculares. Florianópolis: COGEN, 1998.

_________. Proposta Curricular de Santa Catarina. Implementação do Ensino

Religioso.Ensino Fundamental. Florianópolis, 2001.

SOUZA, Guida W. Redescobrindo o universo religioso. Educação Infantil. Volume

3, RJ: Vozes, 2001.

Page 153: Ensino Fundamental

153

Segmentos conceituais

Page 154: Ensino Fundamental

154

EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Page 155: Ensino Fundamental

155

EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Marli Rosa Muller - Ms.

INTRODUÇÃO

Os paradigmas interpretativos acerca das deficiências humanas surgiram na

medida em que avanços nas ciências, tecnologias e direitos sociais e humanos foram

sendo observados. Mas, as múltiplas formas de interpretação do fenômeno das

“diferenças humanas”, de caráter étnico e bio-sócioculturais ainda se confundem, se

entrelaçam e persistem apesar de todos os avanços, inclusive ético e filosóficos

construídos pela humanidade ao longo de sua história e desenvolvimento.

O paradigma inclusivo inspirado nos princípios humanísticos e democráticos da

Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), nos postulados difundidos pelo

Movimento Mundial de Educação para Todos (1990), nos ideais propagados pela

Declaração de Salamanca (1994) e na ampliação dos direitos constitucionais do cidadão

brasileiro, a partir da Constituição Federal de 1988, tomando conta dos cenários

nacional e internacional enquanto mecanismo de enfrentamento ao processo de exclusão

social, destacando-se sobre maneira no viés sócio-educacional.

O Brasil, extensão da comunidade mundial, incorporou o ideário inclusivo como

prática política e participa ativamente do processo de construção de uma sociedade

democrática balizada na garantia da preservação da dignidade humana, da identidade e

do exercício da cidadania, onde a escola assume papel relevante por se constituir em um

espaço de relações inter-pessoais na busca da consolidação de tais valores.

A escola que se busca construir para garantir o acesso, a permanência e

sobretudo a conclusão das diferentes etapas escolares para todas as crianças,

independentemente de suas características biopsicológicas, étnicas, de gênero e sócio-

culturais clama pela concretização dos princípios e políticas sugeridos pela Carta de

Salamanca (1994) e, mais recentemente, na Convenção da Guatemala (2001),

amplamente absorvidas e contextualizadas na legislação educacional brasileira.

Apesar disto tudo, sabe-se que a adesão das escolas regulares ao ideário

inclusivo requer grande empenho, predisposição e reflexão da comunidade escolar

visando a transformação do ambiente escolar e , sobretudo, das posturas docentes. A

Page 156: Ensino Fundamental

156

sala de aula, até então o único espaço de escolaridade, passa a conviver com múltiplos e

diversificados espaços de aprendizagem, materiais pedagógicos até então

desconhecidos, metodologias e professores com especializações diversas e uma política

pública estruturada com serviços de atendimento à Educação Especial para fazer frente

à diversidade humana, o que exige um esforço real de todos os envolvidos nas práticas

educativas escolares ou não escolares.

Neste sentido, a inclusão constitui-se em um grande convite e desafio a todos os

cidadãos conscientes da realidade social e educacional brasileira em busca da garantia

dos direitos básicos do ser humano, cujo clamor deverá encontrar guarida nos

educadores e na escola, tida como o cenário concreto de possibilidades de mudança.

Com objetivos amplos de melhor conhecer e aprofundar estudos acerca da

temática inclusiva e do papel efetivo da escola pública neste contexto, estiveram

reunidos, ao longo da primeira quinzena de fevereiro de 2007, os professores da rede

municipal de ensino de Itapoá, Estado de Santa Catarina. A atenção, a dedicação e a

disposição para o enfrentamento dos desafios que tais posturas inclusivistas,

apresentarão aos gestores, especialistas da educação, professores e educadores foi

imediata, haja vista estarem envolvidos nas discussões coletivas com o objetivo de

elaboração das diretrizes norteadoras da proposta curricular para a escola municipal, na

perspectiva da educação inclusiva. Os vestígios de reatividade à inclusão de crianças

especiais na rede regular de ensino foram cedendo espaço para uma discussão

abrangente e calorosa em torno da temática e de uma evidente disposição à tomada de

decisões e posições diferenciadas no tocante ao tema.

Na seqüência de tais estudos e debates, o presente documento foi construído e

fundamentado em legislações nacionais e internacionais sobre o Direito de Todos à

Educação, acima citados, embasando-se nos pressupostos teóricos de estudiosos da área

e na efetiva participação dos docentes que opinaram sobre os caminhos a serem

percorridos para consolidar uma proposta de educação inclusiva na rede municipal de

ensino.

OS MARCOS DE TRANSFORMAÇÃO EDUCACIONAL

A Educação brasileira foi se moldando às grandes transformações decorrentes

dos avanços das diferentes teorias educacionais, fundamentadas em componentes

Page 157: Ensino Fundamental

157

biopsicológicos contextualizados sócio-historicamente e nas legislações voltadas à

consolidação da democracia e à extensão dos direitos sociais dos cidadãos.

A Carta dos Direitos Humanos, legado da Revolução Francesa à humanidade,

conclamou todas as Nações a legislarem em favor da democratização dos direitos

sociais e humanos, com a conseqüente ampliação dos tipos de direitos. O direito de toda

criança, à educação, foi proclamado por esse histórico documento e ratificado, no final

do século XX, pela Declaração Mundial sobre Educação para Todos, no encontro

internacional ocorrido em Jomtien, na Tailândia, em 1990, com a participação de

representantes de cerca de 200 países.

O referido evento educacional deu origem a outro importante movimento

liderado pela UNESCO, em 1994, na Universidade de Salamanca, na Espanha, que

legou à humanidade a Declaração de Salamanca de princípios, políticas e práticas de

atendimento às pessoas com necessidades educativas especiais.

O verdadeiro entendimento sobre o real significado da Inclusão perpassa o

princípio fundamental enunciado nesse documento, afirmando que : “as escolas devem

acolher todas as crianças, independentemente de suas condições intelectuais, sociais,

emocionais, lingüísticas ou outras. Devem acolher deficiências e crianças bem

dotadas; crianças que vivem nas ruas e que trabalham; de populações distantes ou

nômades; crianças de minorias lingüísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros

grupos ou zonas desfavorecidas ou marginalizadas.” (Declaração de Salamanca, 1994,

p.17)

Para reafirmar a premente necessidade dos países latino-americanos se ajustarem

as normas internacionais foi editada em 2001, pela Convenção da Organização dos

Estados Americanos (OEA), sediada pela Guatemala, a legislação intitulada Convenção

Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra Pessoas

Portadoras de Deficiência.

O Brasil, enquanto país membro dos Estados Americanos, aprovou o texto da

Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação

Contra Pessoas Portadoras de Deficiência, por meio do Decreto Legislativo nº 198/01.

Para alcançar os objetivos desta Convenção, os Estados membros

comprometem-se a adotar medidas de caráter legislativo, social, educacional,

trabalhista ou de qualquer outra natureza necessárias para eliminar a discriminação

contra as pessoas portadoras de deficiência e proporcionar a sua plena integração à

sociedade. (Convenção da Guatemala, 2001, p. 4).

Page 158: Ensino Fundamental

158

Na década de oitenta, dois marcos legais são decisivos para estender os direitos

sociais aos portadores de deficiência no contexto brasileiro: a Constituição Federal de

1988 e a Lei 7853/89. A Constituição Federal em seu Artigo 205, afirma que “A

educação é direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e

incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da

pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

No Artigo 208, inciso III, destaca ainda que “o atendimento educacional especializado

aos portadores de deficiência deverá ocorrer preferencialmente na rede regular de

ensino”; e no inciso IV, § 1º, diz que “o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é

direito público e subjetivo.”

O Artigo 227 da Carta Magna não pode ser subtraído das discussões das

políticas afetas às pessoas com deficiência. O inciso II, § 1º, trata da criação de

programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de deficiência

física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente portador de

deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e, a facilitação do

acesso aos bens e serviços coletivos com a eliminação de preconceitos e obstáculos

arquitetônicos.

A Lei 7853/89 estabelece, em seu Art. 2º, que “cabe ao Poder Público e a seus

órgãos assegurar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus

direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à

previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes

da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico”.

O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA - Lei 8069/90, dispõe sobre a

proteção integral à criança e ao adolescente e, no Art. 53, confirma isto, dizendo que o

“direito à educação às crianças e adolescentes, visando ao pleno desenvolvimento de

sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho”.

No contexto dessa efervescência de idéias é promulgada a Lei 9394/96,

definindo as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A nova legislação apresenta, em

capítulo específico, as diretrizes educacionais para o atendimento educacional às

pessoas com deficiência. E o seu artigo 58 conceitua a Educação Especial como

modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino,

para educandos portadores de necessidades especiais.

Nos três parágrafos desse artigo encontram-se as garantias dos serviços de apoio

especializado na rede regular de ensino; a definição do lócus escolar em classes, escolas

Page 159: Ensino Fundamental

159

ou serviços especializados em situações em que não for possível a integração do

educando em classes comuns do ensino regular e, a oferta da Educação Especial a partir

da educação infantil.

No artigo 59, a LDB 9394/96, define os encaminhamentos para a

operacionalização da Educação Especial pelos sistemas de ensino, assegurando:

currículos, métodos, técnicas, recursos e organização específicos para garantir a

terminalidade específica do nível escolar em questão, professores com especialização

adequada em nível médio ou superior, bem como professores para o ensino regular

adequadamente capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;

educação especial para o trabalho e o acesso igualitário aos benefícios dos programas

sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível no ensino regular.

O Conselho Estadual de Educação de Santa Catarina (CEE), com fulcro na

Constituição Federal de 1988 e na LDBEN 9394/96, fixa normas para a Educação

Especial no Sistema Estadual de Educação através da Resolução 112/06 CEE/SC.

INCLUSÃO: UM CONVITE À SOLIDARIEDADE

O termo inclusão, dada sua amplitude, pode ser analisado da perspectiva social,

abarcando todos os direitos sociais, e da perspectiva focada especificamente na

educação.

a) A Inclusão na Perspectiva Social

“A inclusão está no coração da política educacional e no da política social”,

diz Mitler (2003, p. 24). Trata-se de uma reflexão ética sobre a sociedade dos nossos

tempos, questionando o valor das ações humanas, afirma por sua vez, Pires (2006, p.

29). É direcionar o olhar para os seres humanos excluídos socialmente e engendrar

esforços para que todos, independentemente de suas condições físicas, intelectuais,

sócio-culturais, emocionais, lingüísticas ou outras possam usufruir dos direitos sociais

inalienáveis ao ser humano, previstos constitucionalmente e em inumeráveis outros

dispositivos legais.

b) A Inclusão na Perspectiva Educacional

A educação inclusiva significa “a criação de uma escola onde pessoas, com

ou sem deficiência, possam conviver e estudar em ambientes onde os indivíduos

aprendam a lidar com a diversidade e com as diferenças” (Neri, 2003, p. 111),

afirmando ainda o autor citado que consiste em se instituir “(...) uma escola que

Page 160: Ensino Fundamental

160

reconhece e valoriza a heterogeneidade dos alunos procurando desenvolver as suas

diferentes potencialidades através de uma prática diferenciada e flexibilizada de

ensino, que busca o que há de melhor em cada um, em suas aptidões,

independentemente da condição de portador ou não de deficiência, sem fórmulas de

ensino ou propostas pedagógicas de ensino apartado.” (id, ibid, p.111).

O ensino inclusivo pode ser interpretado como “a prática da inclusão de todos os

educandos, independentemente de seu talento, deficiência, origem socioeconômica ou

origem cultural – em escolas e salas de aula provedoras, onde todas as necessidades dos

alunos são satisfeitas”. (Karagianis et al, 1999, p. 21)

A educação inclusiva, segundo Carvalho (2004, p.17), “implica na

reestruturação das escolas (mesmo as especiais), de modo a que atendam as

necessidades de todas as crianças que delas necessitarem”.

c) Educação Inclusiva e Educação Especial

A temática inclusiva propiciou o desenvolvimento de “uma verdadeira revolução

conceitual, contrapondo termos, construindo diferentes práticas discursivas que

sustentam a ilusão da igualdade entre as pessoas, ao mesmo tempo em que valorizam as

diferenças individuais e o trabalho na diversidade”. (Carvalho, 2004, p. 16)

Os termos evidenciados parecem antagônicos no contexto de alguns postulados

teóricos mais radicais. Porém, a leitura dessas terminologias, à luz da legislação

brasileira, permite interpretá-las como termos interdependentes e inter-complementares.

A Educação Especial é tratada no contexto da LDBEN 9394/96 como

modalidade. E, no Decreto 3298/99, artigo 24, §1º, ela é tratada como:

“um processo educacional definido em uma proposta

pedagógica, assegurando um conjunto de recursos e serviços

educacionais especiais, organizados institucionalmente para

apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir

os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação

escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos

educandos que apresentam necessidades educacionais especiais

em todos os níveis, etapas e modalidades da Educação”.

(Mazzotta, 1988, in: Parecer 17/01 CNE/CEB, 2004, p.76)

O conceito leva a uma compreensão aligeirada de que a Educação Especial

sempre foi entendida como meio para se alcançar um fim, quer seja a inclusão social

ampla e irrestrita das pessoas com deficiência no contexto escolar e social.

Page 161: Ensino Fundamental

161

O caráter de modalidade e transversalidade da Educação Especial perpassa todos

os segmentos da educação básica até a superior podendo ser ofertada na rede regular de

ensino, escolas especiais, centros de atendimento educacional especializado, dentre

outros.

A presença de professores especializados, intérpretes das linguagens e códigos

aplicáveis como a língua de sinais ou o sistema braille, os educadores itinerantes são

ferramentas da Educação Especial disponibilizados aos educandos da rede regular de

ensino para garantir o processo inclusivo de todas as crianças com necessidades

especiais decorrentes de deficiência ou de outros múltiplos fatores já evidenciados no

texto.

DA DEFICIÊNCIA ÀS NECESSIDADES ESPECIAIS

Tradicionalmente entendia-se como público alvo da Educação Especial apenas

as pessoas com deficiência. A Constituição Federal de 1988, no Artigo 208, inciso III,

destaca que “o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência

deverá ocorrer preferencialmente na rede regular de ensino”.

Desse artigo emergem duas questões fundamentais: a primeira, refere-se às

“pessoas com deficiência” – público-alvo da Educação Especial, segundo o Paradigma

da Integração, em voga na década de 80, época da promulgação da Carta Magna.

Pessoa com deficiência, segundo a Convenção da Guatemala, Decreto 3.956/01,

é aquela que apresenta “uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza

permanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades

essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social”.

As pessoas com deficiência continuam sendo alvo do atendimento da Educação

Especial e integram o grande rol das pessoas com necessidades especiais.

A segunda refere-se ao termo “preferencialmente na rede regular de ensino”.

Essa terminologia desperta a atenção para duas questões: a primeira enfatiza a rede

regular de ensino como a porta de entrada de todas as crianças ao acesso à educação,

entre elas aquelas que serão identificadas como especiais. Por isso, a Educação

Especial, enquanto modalidade, deve estar presente em todas as escolas como

ferramenta de apoio e de eliminação de barreiras obstaculizantes ao processo ensino-

aprendizagem.

Page 162: Ensino Fundamental

162

A segunda questão refere-se ao respeito aos múltiplos espaços imprescindíveis

ao atendimento às necessidades especiais situados fora do contexto da escola regular,

destacando-se: centros de atendimento especializado, escolas especiais, classes

hospitalares, atendimento domiciliar, ou, ainda, outros espaços que se fizerem

necessários para atender a diversidade.

A LDBEN 9394/96, em seu Artigo 58, aplica “o termo portadores de

necessidades especiais” ampliando assim o foco de atendimento da Educação Especial.

O termo necessidades educacionais especiais foi interpretado por Marchesi e

Martín (1995, p.11), como sendo “a manifestação, pelo educando, de algum problema

de aprendizagem ao longo do processo escolar, exigindo atenção mais específica e

maiores recursos educacionais do que os necessários para os colegas coetários”.

O Parecer 17/01 e a Resolução 2/01 do CNE/CEB, agrupam as necessidades

educacionais especiais em três grandes grupos.

1º. Compreende aqueles que apresentam dificuldades acentuadas de aprendizagem ou

limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das

atividades curriculares, compreendidas em dois grupos:

a. Aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica

Nesse grupo se encaixam os casos de dislexia e disfunções correlatas; problemas de

atenção, perceptivos, emocionais, de memória, cognitivos, psicolíngüisticos,

psicomotores, motores, de comportamento e, ainda, a fatores ecológicos e

socioeconômicos como as privações de caráter sociocultural e nutricional.

b. Aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências

Integram esse segmento os quadros de deficiência auditiva, física, mental, visual ou

múltiplas deficiências.

2º. Se situam aqueles com dificuldades e sinalização diferenciados dos demais alunos,

demandando a utilização de linguagens e códigos aplicáveis.

3º. refere-se às altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem

que os leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes.

DIFERENTES ESPAÇOS EDUCACIONAIS PARA O ENFRENTAMENTO

DA DIVERSIDADE

A tradicional escola, onde a sala de aula, muitas vezes superlotada, era o único

espaço plausível para concretizar a aprendizagem, se vê, na perspectiva da educação

inclusiva, diante da possibilidade de se criarem múltiplos espaços e serviços de apoio

Page 163: Ensino Fundamental

163

pedagógico diferenciados para fazer frente à diversidade e às necessidades educativas

especiais.

A ORGANIZAÇÃO DO ATENDIMETNO NA REDE REGULAR DE ENSINO

A organização de tais serviços deve ser contemplada e garantida nos Projetos

Político-Pedagógicos e Regimentos Escolares de cada escola, em consonância com as

diretrizes dos Conselhos Estaduais de Educação, sendo então desenvolvidos no espaço

escolar, para responder às necessidades especiais do educando, de forma permanente ou

temporária.

Esta complexa organização se encontra sistematizada em documentos, como o

Parecer 17/01 do CNE/CEB, a Resolução 2/01, CNE/CEB e Escola Viva, 2000, p.13-

15, v. 7; Resolução 112/06 CEE/SC. Ela compreende a previsão e o provimento de

professores de classes comuns e da educação especial, capacitados e especializados,

respectivamente; a distribuição dos alunos com necessidades especiais pelas várias

classes do ano escolar; a flexibilização e adaptações curriculares; os serviços de apoio

pedagógico especializado; a avaliação pedagógica no processo ensino e aprendizagem,

inclusive para a identificação das necessidades especiais; temporalidade flexível do ano

letivo; condições para reflexão, ação e elaboração teórica da educação inclusiva,

envolvendo os professores; uma rede de apoios inter-institucional das áreas da Saúde,

Assistência Social e Trabalho; sustentabilidade do processo inclusivo, mediante

aprendizagem cooperativa em sala de aula, entre outros.

SERVIÇOS DE APOIO PEDAGÓGICO

Os serviços de apoio pedagógico ocorrem no espaço escolar, para responder às

necessidades especiais do educando, de forma permanente ou temporária. Tais serviços

deve ser disponibilizados em diferentes espaços: a classe comum ou a sala de recursos

ou a classe especial. (Projeto Escola Viva, MEC, 2000, p.13, v.7)

a. Na classe comum

Professores das classes comuns e da educação especial, capacitados e

especializados em acordo com as atividades que desenvolvem na escola;

Professor intérprete das linguagens e códigos aplicáveis, como o código

braile ou a língua de sinais;

Apoio de outros profissionais: psicólogo, fonoaudiólogo, entre outros;

Page 164: Ensino Fundamental

164

Itinerância intra e inter-institucional;

Outros apoios necessários para a efetivação da aprendizagem, da

locomoção e da comunicação.

b. Na sala de recursos

Espaço onde o professor de Educação Especial complementa e/ou suplementa o

ensino curricular com equipamentos e materiais específicos.

c. Em Classes Especiais

A classe especial é uma sala de aula, na escola de ensino regular, com espaço

físico e modulação adequada. Destina-se ao atendimento, em caráter transitório, a

alunos com dificuldades acentuadas de aprendizagem ou condições de comunicação e

sinalização diferenciadas dos demais alunos e demandem ajudas e apoios intensos e

contínuos. (Parecer 17/01)

d. Organização do atendimento em Escolas Especiais

A Escola Especial, seja ela pública ou privada, destina-se aos educandos cujas

necessidades especiais demandem atenção individualizada nas atividades de vida

autônoma e social, bem como ajudas e apoios intensos e contínuos e flexibilizações e

adaptações curriculares tão significativas que a escola comum não tenha conseguido

prover.

Nesse contexto, para garantir a educação escolar de qualidade é fundamental

prever e promover em sua organização a matrícula e atendimento educacional

especializado nas etapas e modalidades da Educação Básica; parcerias com as escolas

das redes regulares públicas ou privadas de educação profissional; conclusão e

certificação de educação escolar, incluindo a terminalidade específica para alunos com

deficiência mental e múltipla; professores especializados e equipe técnica de apoio;

flexibilização e adaptação do currículo previsto na LDBEN 9394/96, nos Referenciais e

nos Parâmetros Curriculares Nacionais, editados pelo MEC a partir de 1997.

IMPLICAÇÕES DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA PARA A CONSTRUÇÃO DA

PROPOSTA CURRICULAR DAS ESCOLAS DA REDE MUNICIAL DE

ENSINO DE ITAPOÁ-SC.

Considerando-se os parâmetros estatísticos estabelecidos pela ONU cerca de

10% da população de determinada localidade apresentará algum tipo de deficiência.

Nesses termos, o município de Itapoá-SC com cerca de 12.000 habitantes, apresentaria,

hipoteticamente, a média de 1.200 pessoas com deficiência no município, o que

Page 165: Ensino Fundamental

165

mereceria pesquisa mais aprofundada, inclusive da rede municipal de ensino, com vistas

a verificar tais dados.

A educação inclusiva na rede municipal envolvendo escolas, creches e centros

de atendimento, segundo os professores participantes das discussões e debates sobre a

proposta curricular, apresenta dois vieses: alguns profissionais reagem ao novo

paradigma e são preconceituosos com relação à temática, mas outros demonstram a

necessidade de socializar suas angústias, realizar estudos e reflexões, visando a traçar,

de modo coerente, os objetivos relacionados à inclusão na proposta curricular de ensino,

específica para o município. Os dois vieses elencados não são, destarte, diferentes da

grande maioria das opiniões apresentadas em situações similares da educação municipal

em inúmeros municípios brasileiros

Foi nesse contexto que os fundamentos anteriormente descritos passaram a ser

objeto de ampla discussão com o grupo de professores. A confirmação do engajamanto

profissional em torno da temática inclusiva deu-se a partir do momento em que os

participantes se debruçaram sobre a sua realidade e levantaram pontos importantes a

serem refletidos no âmbito escolar e, sobretudo, no contexto das políticas públicas do

município, apresentando como resultado das lúcidas discussões, os indicadores abaixo

relacionados, como contributo à construção de políticas públicas locais/regionais para a

questão inclusiva.

INDICADORES PARA A CONSTRUÇAO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NA

ÁREA EDUCACIONAL

Ausência e necessidade de se buscarem dados estatísticos atualizados sobre alunos

com necessidades especiais inclusos na escola regular e respectivos esclarecimentos

para atender tais necessidades;

Provimento de uma equipe multiprofissional para realizar a avaliação diagnóstica

em alunos identificados como “especiais”;

As adaptações da infra-estrutura física e pedagógica das escolas;

Provimento de profissionais capacitados e habilitados na rede de apoio.

Page 166: Ensino Fundamental

166

PRIORIDADES

Incorporação das normas para a Educação Especial no Sistema Estadual de

Educação de Santa Catarina estabelecidas pela Resolução 112/06 do CEE/SC, na

Proposta de Educação Municipal e das Políticas de Educação Especial para o Estado

de Santa Catarina, publicadas em 2006 pela Fundação Catarinense de Educação

Especial;

Redação das políticas públicas e diretrizes municipais para a educação inclusiva em

consonância com a Constituição Federal de 1988, com a LDB 9.394/96 e com as

demais legislações municipais, federais e estaduais;

Consultoria permanente na Secretaria Municipal de Educação sobre Educação

Inclusiva;

Implantação gradativa dos Serviços de Apoios Pedagógicos Especializados,

previstos no Parecer CNE/CEB Nº 17/01 e Resolução CNE/ CEB nº 2/01 e na

Resolução 112/06 CEE/SC;

Adoção dos critérios de ensalamento delineados nas Políticas de Educação Especial

para o Estado de Santa Catarina ( 2006, p. 40;

Envolvimento de todos os segmentos da sociedade no processo inclusivo nas

discussões envolvendo a temática inclusiva;

Ampliação do lócus dos serviços de Educação Especial de acordo com a Resolução

112/06 CEE/SC: CAESPs, SAESP, SAA, SAEDEs, em consonância com a

realidade e as possibilidades dos setores municipais envolvidos, lutando sempre pela

sua ampliação;

Implantação de um processo de avaliação permanente das políticas inclusivas do

município;

Estruturação ou fortalecimento da Rede de Apoios:

- Saúde Pública

- CAPs – Centros de Atendimentos Psicossocial

- CAEs – Centros de Atendimentos Especializado

- Instituições de Ensino Superior – IES – locais/regionais

- Assistência Social

- Conselhos: Saúde, Trabalho, Tutelar

- Ministério Público

- Cultura, esporte e lazer

Page 167: Ensino Fundamental

167

Favorecer a participação plena dos educandos com deficiência em todos os eventos

escolares, esportivos e artísticos;

Viabilizar parcerias das escolas com a Saúde Pública Municipal para priorizar o

atendimento médico às crianças com quadro de necessidades especiais, bem como o

desenvolvimento de ações preventivas; em conformidade com o disposto Artigo

198, inciso II da Constituição Federal de 1988.

INDICADORES PARA REFLEXÃO NAS ESCOLAS

MMeellhhoorraarr ooss ccoonnhheecciimmeennttooss ssoobbrree aa lleeggiissllaaççããoo bbrraassiilleeiirraa rreellaacciioonnaaddaa àà eedduuccaaççããoo;;

aprimorar o conhecimento sobre as características biopsico-sócioculturais do aluno

incluso pela escola e pelo professor;

maior preocupação para com a identificação precoce das necessidades especiais que

repercutem no processo de aprendizagem do educando;

a previsão, em calendário, da capacitação profissional continuada sobre

conhecimentos e metodologias para diversidade e aprofundamento de estudos sobre

os alunos com necessidades especiais matriculados na escola;

diálogo entre a escola e a família sobre o entendimento do aluno incluso;

a ausência do Projeto Político Pedagógico e dos Regimentos Escolares, nos

parâmetros da lei, resultando no desconhecimento pelos professores da proposta

pedagógica e dos direitos e deveres do corpo docente, demais funcionários da

escola, da família e do aluno incluso;

a questão “socialização” deve ser desmistificada: o aluno incluso está na escola para

aprender e não só para se socializar;

minimizar o desrespeito à diversidade do ponto de vista da avaliação da

aprendizagem;

desconhecimento da terminologia trazida pelo paradigma inclusivo;

discussão ampla na sociedade sobre a inclusão e suas características, desafios e

possibilidades educativas.

Page 168: Ensino Fundamental

168

PRIORIDADES

Elaboração ou re-elaboração imediata dos Projetos Político-Pedagógicos de cada

escola da rede municipal contemplando as adaptações curriculares e os critérios de

avaliação pedagógica na perspectiva inclusiva, adaptada segundo a necessidade de

cada aluno e avaliação psicoeducacional para a identificação das necessidades

especiais;

elaboração imediata e aplicação efetiva dos Regimentos Escolares;

adaptação da documentação escolar, destacando-se os formulários de matrícula,

histórico escolar para fins de terminalidade específica (descritivo) e transferência

escolar à realidade da educação inclusiva;

identificação precoce dos quadros de necessidades especiais na educação infantil

(avaliação sensorial: auditiva e visual; motora; cognitiva; sócio-

emocional,verminose, subnutrição, anemia), como medida preventiva de problemas

de aprendizagem no Ensino Fundamental;

priorização da avaliação diagnóstica aos educandos identificados como “especiais”

para evitar sucessivas reprovações sem que lhe seja dada à oportunidade de

identificar a causa de suas dificuldades de aprendizagem;

implementação dos Serviços de Apoios Pedagógicos Especializados, previstos no

Parecer CNE/CEB Nº 17/01 e Resolução CNE/ CEB nº 2/01 e na Resolução 112/06

CEE/SC. Tais serviços são direitos do aluno com necessidades especiais e do

professor de classe regular para bem conduzir o processo ensino-aprendizagem de

todos os alunos;

apropriação e uso da terminologia específica da educação inclusiva para fins

escolares;

fomento de atividades dissipadoras de preconceitos no contexto escolar e/ou sócio-

cultural;

estreitamento do intercâmbio com a Rede de Apoios:

- Saúde Pública;

- CAPEs – Centros de Atendimentos Psicosocial

- CAEs – Centros de Atendimentos Especializado

- Instituições de Ensino Superior – IES – locais/regionais;

- Assistência Social

- Conselhos: Saúde, Trabalho, Tutelar

Page 169: Ensino Fundamental

169

- Ministério Público

- setores responsáveis pela cultura, esporte e lazer

- oportunizar a participação dos alunos com deficiência em todos os eventos escolares,

esportivos, artísticos e culturais, envolvendo-os em suas habilidades, possibilidades e

desafios a serem superados, com o maior apoio e incentivo das comunidades escolares e

sociais.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, Rosita E. Educação Inclusiva com os pingos nos “is”. Porto Alegre,

Mediação, 2004.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948): Declaração

dos princípios das Nações Unidas sobre os Direitos Humanos.

http://www.unhchr.ch/udhr/lang/por.htm – acessado em janeiro, 2007

DECLARAÇÃO MUNDIAL DE EDUCAÇÃO PARA TODOS: Jomtien/Tailândia,

1990. http://www.unesco.org.br/publicacoes/copy_of_pdf/decjomtien, acessado em

janeiro, 2007.

DECLARAÇÃO DE SALAMANCA E LINHA DE AÇÃO SOBRE

NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS. Brasília. CORDE, 1994.

OEA: Decreto nº 3956, de 8 de outubro de 2001 - Convenção da Guatemala/2001 -

Promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de

Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. Senado Federal, 2001.

BRASIL: Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, Senado Federal,

Centro Gráfico 1988.

______: Lei 7853/89 de 24 de outubro de 1989. Dispõe sobre o apoio às pessoas

portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria para Integração

da Pessoa portadora de deficiência – CORDE. Brasília, 1989.

______: Lei 8069/90, dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.

Brasília, Senado Federal,1990.

______: LDBEN 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e

Bases da Educação Nacional.Brasília,Senado Federal, 2004.

______: Parecer CNE/CEB Nº 17/2001de 03 de julho de 2001. Brasília,Senado

Federal, 2004.

______: Resolução CNE/CEB 2/2001: Institui Diretrizes Nacionais para a Educação

Especial na Educação Básica. Brasília,Senado Federal, 2004.

Page 170: Ensino Fundamental

170

SANTA CATARINA. Conselho Estadual de Educação. Resolução 112 de 12 de

dezembro de 2006: Fixa normas para a Educação Especial no Sistema Estadual de

Educação de Santa Catarina.

KARAGIANNIS, Anastasios et al. Fundamentos do ensino inclusivo. In: Stainback,

S. & Stainback, W. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre: Artes Médicas

Sul,1999, p. 21-34.

MARCHESI, Alvaro, MARTÍN Elena. Da terminologia do distúrbio às necessidades

especiais. In: Coll, Cézar et al. Desenvolvimento psicológico e educação:

Necessidades educativas especiais e aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artes

Médicas, 1995, p.7-23.

MITLER, Peter. Educação Inclusiva: contextos sociais. Porto Alegre: Artmed, 2003.

NERI, Marcelo. Retratos da deficiência no Brasil. RJ,FGV/IBRE, 2003.

PIRES, José. Por uma ética da inclusão. In: Martins, Lúcia et al. Compartilhando

saberes. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.

PROJETO ESCOLA VIVA: garantindo o acesso e permanência de todos os alunos

na escola – alunos com necessidades especiais. Brasília, MEC/SEESP. 2000. 7 v.

Page 171: Ensino Fundamental

171

PLANEJAMENTO ESCOLAR – INTERDISCIPLINARIDADE E

PROJETOS DE TRABALHO

Page 172: Ensino Fundamental

172

PLANEJAMENTO ESCOLAR – INTERDISCIPLINARIDADE E

PROJETOS DE TRABALHO

Adriana da Costa - Ms

Façamos de nossas práticas um lugar do possível, do registro

constante do que fazemos de bom nas salas de aula da escola

pública, mostrando-a como um lugar onde sempre iniciam e se

efetivam novas possibilidades. (Laffin, 2006, p.126).

Este texto tem por objetivo explicitar, de maneira sintética, algumas reflexões

decorrentes do processo de elaboração das diretrizes da Proposta Curricular para as

escolas públicas municipais do município de Itapoá – SC. Os professores e professoras,

ao longo de doze dias, participaram ativamente de uma série de discussões relacionadas

ao cotidiano escolar. Dentre os temas abordados destacam-se aqui o planejamento

escolar, a interdisciplinaridade e os projetos de trabalho.

Inicialmente faz-se necessário ressaltar que o presente texto evidencia um

momento de suma importância vivenciado pelos professores e professoras nas

definições da política educacional do referido município. É meritória e elogiável a

preocupação a oportunização e promoção de espaços para estudo, análises, reflexões,

debates e tomadas de decisões no processo de elaboração coletiva da Proposta

Curricular municipal, no atual contexto das políticas para a educação municipal

brasileira. No entanto, é preciso visualizar as discussões realizadas, entre o período de

01 a 16 de fevereiro do corrente ano, e seus resultados, como parte de um processo

dinâmico de reflexão acerca das inúmeras questões que perpassam o cotidiano escolar e

o fazer docente, estimulando e possibilitando, na seqüência, um movimento contínuo

de formação, estudo, aprofundamento teórico e avaliação das propostas desenvolvidas

em cada espaço escolar.

A elaboração de uma Proposta Curricular demanda incluir na pauta reflexões

relacionadas ao planejamento escolar. Para fomentar tal discussão questiona-se: O que é

planejar? Qual sua função? Como, por que, com quem e para quem é feito o

planejamento escolar?

A partir das indicações de Ostetto (2000) entende-se que o planejamento

escolar deve ser assumido no cotidiano como um processo contínuo de reflexão e, a

elaboração do mesmo, precisa garantir a participação de todos os sujeitos envolvidos na

Page 173: Ensino Fundamental

173

ação educativa. Em suas palavras: “Planejar é traçar, projetar, propor, programar um

roteiro para empreender uma viagem de conhecimento, de interação, de experiências

múltiplas e significativas para/com o grupo...” (Ostetto, 2000, p. 177). A autora sinaliza

que o planejamento escolar e pedagógico exige a constituição de uma postura crítica

do professor perante seu trabalho docente. Neste sentido, o planejamento não pode ser

visto como uma fôrma. Ao contrário, é flexível e, portanto, possibilita o repensar, a

revisão e o re-planejamento em busca de novos significados para a prática pedagógica

individual e coletiva.

Na elaboração de um planejamento escolar fica em evidência a concepção de

homem, de mundo, de sociedade, de educação, de escola e de processos de

aprendizagem que os professores apresentam, sendo assim, os caminhos, as escolhas

resultam deste repertório de crenças, princípios e concepções que orientam, não raro, as

práticas docentes, mesmo que de forma não refletida e empírica.

Ao pensar sobre tais questões Ostetto (2000) ressalta que as propostas de

planejamento, na ação, vão depender, em muito, do professor: do compromisso que tem

com sua profissão, do respeito que tem para com os grupos de alunos com os quais

trabalha, das informações de que dispõe, das vivências/experiências que passou, da

formação que possui, das relações que estabelece com seus pares e com o

conhecimento, dos valores nos quais acredita, enfim daquilo tudo que compõem o seu

“repertório de formação/ação.”

Considera ainda a autora que:

Planejar significa entrar na relação com os sujeitos aprendizes,

mergulhar em busca do desconhecido, construir a identidade de

grupo junto com as crianças. Assim, mais do que conteúdos da

matemática, da língua portuguesa e das ciências, o planejamento

(...) é essencialmente linguagem, formas de expressão e leitura

do mundo que nos rodeia e que causa espanto e paixão em

desvendá-lo, formulando perguntas e convivendo com a dúvida.

(Ostetto, 2000, p. 190)

Mexer na estrutura escolar, na rigidez dos tempos e transformar as ações

pedagógicas em espaços de aprendizagens significativas (Moreira, 2006) é, com certeza,

um grande desafio. Com o intuito de contribuir no processo de reflexão acerca das

práticas que envolvem o currículo escolar os professores e professoras do município de

Page 174: Ensino Fundamental

174

Itapoá-SC realizaram algumas discussões sobre o planejamento pautado na perspectiva

da interdisciplinaridade.

Estudos realizados por Fazenda (1979) indicam que a interdisciplinaridade

consiste em um procedimento de pesquisa e de ensino voltado para a interação em uma

disciplina, ou entre duas ou mais disciplinas, num processo que pode variar da simples

comunicação de idéias até a interlocução/integração recíproca de finalidades, objetivos,

conceitos, conteúdos, terminologia, metodologia, estratégias, informações e maneiras

variadas de compor e sistematizar o processo de elaboração do conhecimento. A

construção de uma postura interdisciplinar demanda o entendimento de que o

conhecimento não se constitui de maneira fragmentada, isolada; ao contrário, envolve a

totalidade, a conexão, a relação entre os diversos saberes. De acordo com Fazenda

(1994, p.31):

A interdisciplinaridade depende então, basicamente, de uma

mudança de atitude perante o problema do conhecimento, da

substituição de uma concepção fragmentária pela [concepção]

unitária do ser humano.

Para pensar nas possibilidades de constituição de práticas, de relações que se

pretendam interdisciplinares nas ações pedagógicas e escolares, embasados nas idéias

de Fazenda (1979) e Zabala (1998), surgem algumas indicações necessárias sobre

categorias de relações interdisciplinares:

Multidisciplinar: É a mais habitual. Nesta perspectiva não ficam explícitas as

relações que podem existir entre as disciplinas. É uma forma de organização curricular

somativa.

Interdisciplinar: Esta postura evidencia a clara intenção pedagógica de

proporcionar a interação entre duas ou mais disciplinas. Os conhecimentos são

abordados de maneira contextualizada e há a preocupação em estabelecer relações entre

os diferentes saberes.

Transdiscipliar: Este consiste no alcance máximo de relações entre as

disciplinas e pressupõe uma integração maior que acaba por favorecer uma unidade

interpretativa objetivando a constituição de uma ciência capaz de explicar a realidade

em sua totalidade.

Pesquisas realizadas por Santomé (1998) indicam que a interdisciplinaridade

aponta para uma perspectiva de conexão entre as disciplinas. O prefixo “inter” não

Page 175: Ensino Fundamental

175

sinaliza simplesmente uma multiplicidade, uma sobreposição, mas indica uma

correlação entre diferentes conhecimentos. O prefixo “inter” possibilita explicar a

interdisciplinaridade como um movimento dinâmico tanto entre quanto dentro das

disciplinas.

A interdisciplinaridade evoca a necessidade da articulação constante entre as

disciplinas para que a prática pedagógica, tradicionalmente apoiada na exploração de

conteúdos fragmentados, abordados de maneira linear, mecânica, compartimentada e

descontextualizada possa ser superada.

Neste sentido, entende-se que um planejamento fundamentado na perspectiva da

interdisciplinaridade rompe com a idéia de que uma determinada disciplina tem maior

ou menor importância no contexto escolar e curricular. Desta forma, a

interdisciplinaridade pode ser entendida como processo orgânico que demanda o

envolvimento dos professores num trabalho coletivo, de interação das disciplinas entre

si e com o contexto dos sujeitos envolvidos na ação educativa. Seu objetivo é promover

a formação integral dos aprendizes, constituindo-se todos os envolvidos em tal condição

– aprendizes de formas inusitadas de produzir, usar e disseminar conhecimentos e

saberes.

Nas palavras de Ferreira (apud Fazenda, 1994, p. 34):

A interdisciplinaridade perpassa todos os elementos do

conhecimento, pressupondo a integração entre eles. Porém, é

errado concluir que ela é só isso. A interdisciplinaridade está

marcada por um movimento ininterrupto, criando ou recriando

outros pontos para discussão.

Romper com as práticas pedagógicas que legitimam a fragmentação do

conhecimento é um processo bastante complexo que implica diálogo entre os docentes e

a garantia de tempos e espaços para o estudo e aprofundamento teórico sobre o real

significado, sobre o real o significado de uma postura interdisciplinar. Exige uma

postura de respeito e colaboração, exige flexibilidade em pensamentos e ações,

comprometimento, responsabilidade e envolvimento de todos que compõe o espaço

escolar. Demanda momentos coletivos para a reflexão constante sobre a prática

pedagógica.

Há necessidade de o professor apropriar-se do conhecimento

científico, de saber organizá-lo e articulá-lo, de ter competência.

Page 176: Ensino Fundamental

176

Mas essa competência, para o verdadeiro educador deve estar

impregnada de humildade, de simplicidade de atitudes. É

necessário enxergar o outro, construir com ele o alicerce do

conhecimento, não só para servir a sociedade, mas para entender

a vida. (Pena apud Fazenda, 1994, p. 63).

Neste sentido a escola se constitui em um local aberto ao diálogo, à troca de

conhecimentos, de idéias e concepções entre professores e alunos, alunos e alunos e

professores e professores e, por que não, entre todos eles e a comunidades escolar

interna e externa, quando os objetivos se voltam para os contextos vividos e

significantes nos quais a escola se situa.

Santomé (1998) citado por Laffin (2006, p. 121) propõem que a formação de um

currículo interdisciplinar implica na estruturação das diferentes áreas de conhecimento

de maneira que seja possível abordar questões significativas aos sujeitos aprendizes e

envolvidos nas ações escolares em tais posturas de interação e permutas significativas.

Com base na classificação desenvolvida por Pring (1976), o autor citado aponta

diferentes formas de integrar o currículo:

1) Integração correlacionando diversas disciplinas: Aqui os conceitos de uma

determinada disciplina se relacionam com conceitos de outras.

2) Integração através de temas, tópicos ou idéias: A opção por um tema que

possibilite integrar diferentes conteúdos e atividades características das

diversas áreas de conhecimento.

3) Integração em torno de uma questão da vida cotidiana: As questões da vida

prática e diária são apresentadas de forma não disciplinar, aparecendo,

assim, em várias disciplinas.

4) Integração a partir de temas e pesquisas decididos pelos alunos: Evidencia-

se a importância de pesquisar questões decididas pelos próprios alunos

como estratégia principal no processo de aprendizagem.

Um currículo pautado na perspectiva da interdisciplinaridade sinaliza a

necessidade de pensar a formação do sujeito como ser intergral, mediante a interação

dos conhecimentos e da ruptura das “grades” que se estabelecem entre as disciplinas, as

quais separam, fragmentam, isolam e impedem que se veja a totalidade e a não

Page 177: Ensino Fundamental

177

linearidade que se pressupõem na própria existência dos sujeitos em seus contextos de

vida.

Uma postura interdisciplinar demanda a busca incessante de novos

questionamentos, desafios e a ousadia constante do (des)construir. Quando professores

e alunos se envolvem num processo coletivo de busca e interpretação dos diversos

saberes no contexto escolar evidencia-se uma sala de aula interdisciplinar. Nas palavras

de Fazenda (1994, p. 68):

Todos se tornam parceiros. Parceiros de quê? Da produção de

um conhecimento para uma escola melhor, produtora de pessoas

mais felizes (...) A obrigação é alternada pela satisfação, a

arrogância pela humildade, a solidão pela cooperação, a

especialização pela generalidade, o grupo homogêneo pelo

heterogêneo, a reprodução pelo questionamento (...) Em síntese,

numa sala de aula interdisciplinar há ritual de encontro – no

início, no meio e no fim.

Hernández (1998) sugere que a ótica de um currículo centrado nas disciplinas,

tidas como compartimentos estanques, descontextualizados e vazios de significados seja

repensada. Defende a idéia de que os alunos passem a questionar os fatos apresentados

como verdades únicas da realidade e que a escola inclua em seus currículos os saberes

necessários para que os mesmos possam interpretar e intervir na sociedade, no contexto

em que vivem, constituindo-se em sujeitos capazes de nele intervir, transformando-o e

transformando-se. Considera o autor que:

(...) o que os alunos aprendem não se pode organizar a partir de

temários decididos por um grupo de especialistas disciplinares,

mas sim, a partir de conceitos ou idéias-chave (que o são por

problemáticas, porque não apresentam uma resposta única) que

vão além das matérias escolares [...] isso faz com que as

disciplinas escolares não sejam um porto de chegada, mas uma

referência, um farol que assinala uma costa para orientar-se

numa exploração mais ampla e incerta. (Hernández, 1998, p. 26)

Uma das possibilidades de repensar a organização do currículo escolar pode ser

encontrada na idéias de Hernández (1998) e, no livro a “Transgressão e Mudança na

Educação: Os Projetos de Trabalho” (Hernández, 1998) aponta a necessidade de romper

com a forma clássica de organização dos conhecimentos escolares em listas de

conteúdos sem articulação entre si e com as demais áreas de conhecimento,

Page 178: Ensino Fundamental

178

pressupondo a oportunização de um agir interdisciplinar e da organização das atividades

escolares em Projetos de trabalho e intervenção na realidade vivida pelo contexto

escolar.

Hernández (1998) evidencia a preocupação de que os alunos possam trabalhar de

forma coletiva, fazer escolhas, tomar decisões, exercer uma cidadania ativa, desenvolver

a solidariedade, saber se posicionar diante dos fenômenos sociais e culturais, questionar

e interpretar os conhecimentos científicos, enfim ser “agente e não paciente”, do seu

processo de formação e desenvolvimento. Para tanto, coloca alguns questionamentos

para pensar e refletir sobre a escola e seus ritmos e rituais, dizendo que:

Uma tarefa fundamental do currículo escolar consistiria na

proposta de questões do tipo: como se produziu esse fenômeno?

Qual é a origem dessa prática? Sempre foi assim? Como o

percebiam as pessoas de outras épocas e lugares?

Consideravam-nos tal como nós? Como se explicam essas

mudanças? Por que se considerava uma determinada visão como

natural? Por que se excluem outras interpretações? Como esse

fenômeno afeta nossas vidas e de outras pessoas? A partir dessa

e outras perguntas, procuraria buscar-se, com os alunos, fontes

diversas que apresentem respostas que sejam reflexos de como o

conhecimento não é estável e que a realidade se “fixa” em

função das interpretações que se produzem em cada momento

(Hernández, 1998, p. 28)

Desta maneira, “(...) a escola possibilita[rá] que os alunos interpretem, de forma

contextualizada, os sentidos e significados que os sujeitos de diferentes culturas

atribuem a realidade”, considera Hernández (1998, p. 28).

Os estudos de Hernández (1998) apostam na organização curricular

fundamentada na busca pela resolução de problemas, nos quais os alunos se sintam

envolvidos e aprendam a realizar pesquisas, a procurar informações que oferecem

possíveis respostas, para em seguida aprender a selecioná-las, organizá-las, interpretá-

las, tornando público o processo realizado e os resultados obtidos.

O autor (1998) defende a idéia de que o aluno aprende participando, tomando

atitudes diante dos fatos, investigando, construindo novos conceitos e informações,

questionando os fatos e selecionando os procedimentos apropriados quando se vê diante

da necessidade de resolver problemas.

Page 179: Ensino Fundamental

179

As idéias a respeito de projetos pedagógicos sugiram no início do século XX e

foram introduzidas por Dewey, Kilpatrick e Decrolly sob o impacto da chamada

“revolução cognitiva na forma de entender o ensino e a aprendizagem e as mudanças

nas concepções sobre o conhecimento e o saber provenientes das novas tecnologias de

armazenamento, tratamento e distribuição da informação” (Hernández, 1998, p. 71). A

partir dos anos 80, os projetos de trabalho passam a ser objeto de estudos mais

aprofundados, de pesquisas e publicações na área educacional, constituindo-se em

alternativas viáveis e possíveis tendo-se em vista também, as novas tecnologias de

informação e comunicação que, a partir de então, passam a ser mais acessíveis e

utilizadas nas escolas.

A proposta educativa a que se vinculam os projetos de trabalho

seria uma via para dialogar e dar resposta a essa situação em

mudança, que não só está transformando a maneira de pensar-

nos a nós mesmos, mas também de relacionarmos com o mundo

que nos rodeia. (Hernández, 1998, p. 45)

Hernández (1998, p. 22) afirma que o termo “projeto” pode ser entendido “com

um procedimento de trabalho que diz respeito ao processo de dar forma a uma idéia que

está no horizonte, mas que admite modificações, está em diálogo permanente com o

contexto, com as circunstâncias e com os indivíduos...”, complementando a defesa da

terminologia por considerar:

(...) atraente pela confluência de campos disciplinares que se

produzem para que um “projeto” se realize, e a idéia de

colaboração que implica. Além das possibilidades de

estabelecer conexões, gerar transformações, explorar caminhos

alternativos, dialogar com outros “projetos” que brindam

práticas profissionais vinculadas a essa noção. (Hernández,

1998, p. 22)

O termo “trabalho” surgiu como questionamento a algumas concepções de

educação embasadas no espontaneísmo, na aprendizagem centrada somente no que o

aluno “gosta de fazer”. Na história da educação a idéia de “trabalho” foi introduzida por

Freinet e Dewey ao defender a importância de conectar a Escola com o mundo externo e

dos métodos ativos na educação escolar, fortemente influentes no contexto da chamada

escola nova”.

Page 180: Ensino Fundamental

180

Os estudos atuais no campo educacional advertem que o modelo clássico de

escola com tempos e espaços rígidos conferidos a cada disciplina, parece não mais dar

conta da complexidade do mundo contemporâneo. Tal proposição evidencia a

necessidade de modificar a escola, de aproximá-la mais da sociedade e de envolver mais

os alunos nos seus processos de aprendizagem (Leite, 1996). É nessa direção que nos

anos 90, o trabalho com projetos, visando um olhar mais global do processo educativo,

ganhou força nas atividades escolares e pedagógicas no Brasil e no mundo,

constituindo-se em alternativas às posições fragmentárias, estanques e separativas de se

tratar com o conhecimento e o saber.

Leite (1998) propõe que o planejamento escolar pautado na perspectiva dos

projetos de trabalho não pode ser visto como uma técnica atraente para transmitir, aos

alunos, o conteúdo das disciplinas. Para a autora significa de fato uma mudança de

postura, uma forma de repensar a prática pedagógica e as teorias que lhe dão

sustentação.

Significa repensar a escola, seus tempos, seus espaços, sua forma de lidar com

os conteúdos das diversas áreas de conhecimento e com o mundo da informação.

Significa pensar na aprendizagem como um processo englobante e complexo, no qual

conhecer a realidade e intervir nela não são atitudes dissociadas.

Para que os projetos de trabalho, de acordo com Leite (1998), possam ser

assumidos como uma postura pedagógica é preciso levar em consideração alguns

aspectos fundamentais:

Um projeto de trabalho envolve complexidade e resolução de

problemas, possibilitando a análise, a interpretação e a crítica por

parte dos alunos. Em suas palavras:

A questão da problematização é fundamental no desenvolvimento dos

projetos. Problematizar aqui não significa fazer uma lista de perguntas

do tipo “que queremos saber sobre o tema...?" Problematizar

corresponde a construir, coletivamente, uma questão que irá

acompanhar o grupo em todo seu percurso e servirá de referência para

debates, discussões e reflexões. (Leite, 1998, p.60)

O envolvimento, a responsabilidade e a autoria dos alunos são

fundamentais em um projeto. Os alunos são sujeitos ativos, precisam

participar de todos os momentos do processo – do planejamento à

Page 181: Ensino Fundamental

181

divulgação, passando pela pesquisa. O trabalho com projetos deve

atender aos interesses e necessidades dos alunos, mas demanda

envolvimento, responsabilidade e compromisso. Essa atitude desenvolve

a cooperação e a solidariedade entre alunos e professores. Os projetos

são desenvolvidos com os alunos, e não para os alunos.

A autenticidade é uma característica fundamental de um projeto: É

preciso considerar que cada processo é único, singular, pois é construído

coletivamente por um determinado grupo. Nessa perspectiva não pode

ser copiado, nem mesmo articulado como se fosse uma unidade do livro

didático. Mesmo que dois ou mais grupos desenvolvam o mesmo projeto

sobre o mesmo tema ou problema, com certeza, o projeto será diferente;

cada grupo é único e vivencia seu próprio processo de aprendizagem.

Portanto, não há como organizar fórmulas ou modelos para trabalhar

com projetos, nem fazer um planejamento fechado e definitivo.

Um projeto busca estabelecer conexões entre vários pontos de vista,

contemplando uma pluralidade de dimensões. Aqui é necessário

entender que os processos de aprendizagem não são únicos, nem

homogêneos – há várias formas de chegar a um conhecimento e o

projeto é uma proposta que busca a flexibilidade e a diversidade da

experiência educativa. Ao se deparar com um problema significativo, os

alunos encontram várias interpretações e pontos de vista distintos acerca

de uma mesma questão. A ênfase atribuída à pesquisa, nos projetos de

trabalho, possibilita que determinadas questões sejam abordadas com

profundidade, superando assim a superficialidade e linearidade dos

conteúdos.

Desta forma pode-se dizer que os projetos de trabalho não devem ser reduzidos a

escolha de um tema para trabalhar em todas as áreas de conhecimento, nem a uma lista

de objetivos e etapas a serem contempladas. Eles versam sob uma visão de educação

escolar, na qual a experiência vivida e a cultura interagem, na medida em que os alunos

vão estabelecendo relações entre os conhecimentos construídos em sua experiência

escolar e na vida extra-escolar.

Page 182: Ensino Fundamental

182

A organização e o desenvolvimento dos projetos de trabalho na escola de Ensino

Fundamental demandam três momentos fundamentais:

PROBLEMATIZAÇÃO: É o ponto de partida, o momento deflagrador do projeto. A

partir da problematização os alunos elencam questões significativas para investigar. As

questões podem ser entendidas como o índice inicial de pesquisa. Sem o levantamento

de tais questões não há como falar em projetos de trabalho. Destaca-se que

problematizar é mais do que fazer uma lista de perguntas sobre o tema. É

imprescindível que haja um fio condutor para os alunos seguirem.

DESENVOLVIMENTO: Aqui são pensadas, coletivamente, as estratégias para buscar

possíveis respostas às questões sinalizadas pelo grupo, questões estas elaboradas no

índice inicial de pesquisa.

SÍNTESE: No processo de execução de um projeto, as hipóteses iniciais vão sendo,

confirmadas, ampliadas e ou repensadas. Novas aprendizagens vão sendo elaboradas.

Os alunos formam novos conceitos, assumem novos procedimentos e novas atitudes,

tornando-se pesquisadores e mais questionadores.

Faz-se necessário destacar que o trabalho com projetos não exime a

responsabilidade da avaliação. Entende-se que o processo de avaliação acompanha todo

o projeto e ganha formas variadas. Nos projetos de trabalho a organização dos

portfólios, como recurso de avaliação, permite que alunos e professores possam

visualizar o processo de ampliação, de potencialização dos conceitos e dos conteúdos e

conhecimentos explorados durante o desenvolvimento do projeto. Hernández (1998,

p.100) enfatiza que:

O que particulariza o portfólio é o processo constante de

reflexão, de contraste entre as finalidades educativas e as

atividades realizadas para sua consecução, para explicar o

próprio processo de aprendizagem e os momentos-chave nos

quais o estudante superou ou localizou um problema.

Sintetizando as reflexões apresentadas neste texto, sugere-se que o movimento

vivenciado pelos professores e professoras municipais de Itapoá-SC, no início do mês

de fevereiro de 2007, tenha continuidade e se caracterize como parte essencial do

desenvolvimento dos procedimentos de formação continuada e reflexões sobre as

Page 183: Ensino Fundamental

183

práticas e ações docentes do cotidiano escolar da rede municipal de ensino do

município. Que as reflexões acerca do planejamento escolar na perspectiva da

interdisciplinaridade e dos projetos de trabalho assumam, no cotidiano escolar, lugar de

destaque na pauta de discussões docentes e, concomitantemente, das ações cotidianas da

escola pública municipal. Sugere-se, ainda, que as idéias de Hernández (1998, p. 102)

possam ser um:

Convite à transgressão das amarras que impedem o indivíduo de

pensar por si mesmo, de construir uma nova relação educativa

baseada na colaboração em sala de aula, na escola e com a

comunidade. Um convite a soltar a imaginação, a paixão e o

risco para explorar novos caminhos que permitam que as escolas

deixem de ser formadas por compartimentos fechados, horários

fragmentados, arquipélagos de docentes e passem a converter-se

numa comunidade de aprendizagem, onde a paixão pelo

conhecimento seja a divisa, e a educação de melhores cidadãos,

o horizonte ao qual se dirigir.

REFERÊNCIAS

FAZENDA, Ivani C. A. Integração e interdisciplinaridade no Ensino Brasileiro:

efetividade ou ideologia. São Paulo: Loyola, 1979.

__________. (Org.) Práticas interdisciplinares na escola. São Paulo; Papirus, 1994.

__________. Dicionário em Construção: interdisciplinaridade. São Paulo: Cortez,

2001.

HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação: Os projetos de

Trabalho. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

__________. Cultura visual, mudança educativa e projetos de trabalho. Porto

Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

LAFFIN, Maria H. L. F. Conversas de escola. Florianópolis, SC. Grupo

SAPECA/NUP/CED/UFSC, 2006.

LEITE, L. H. A. Pedagogia de projetos: intervenção no presente. In: Presença

Pedagógica. v. 2, n.8, mar/abr 1996.

__________. Projetos de Trabalho. In: Cadernos TV Escola, n. 3. Brasília. MEC,

1998.

MOREIRA, Antonio F. Aprendizagem significativa e sua implementação em sala de

aula. Brasília, DF: Ed. UnB, 2006.

Page 184: Ensino Fundamental

184

OSTETTO, Luciana E. Planejamento na educação infantil: mais que a atividade, a

criança em foco. In: OSTETTO, Luciana E. (Org.). Encontros e encantamentos na

educação infantil. Campinas, SP: Papirus, 2000.

SANTOMÉ, Jurjo T. Globalização e interdisciplinaridade: o currículo integrado.

Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

ZABALA, Antoni. Enfoque globalizador e pensamento complexo: uma proposta

para o currículo integrado. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

Page 185: Ensino Fundamental

185

AVALIAÇÃO

Page 186: Ensino Fundamental

186

AVALIAÇÃO

Carla Ropelato – Ms .

O processo de avaliação entendido pelos professores, equipes pedagógicas e

diretores das escolas de Ensino Fundamental – 1º. ao 9º. ano, do Município de Itapoá –

SC, como forma de acompanhar o processo de ensino e aprendizagem terá seu amparo

legal na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB - 9394/96, na Lei

Complementar nº 170/98/ CEE/SC e nas orientações emanadas da Secretaria Municipal

de Educação. Em Santa Catarina a avaliação é considerada como um processo coletivo,

contínuo e acima de tudo formativo, no qual se exige da equipe escolar rigor técnico,

científico e sensibilidade humana para tratar com o desenvolvimento integral do

alunado.

Isso se faz necessário na medida em que a prática avaliativa com a qual

estamos acostumados a conviver é aquela que nos paralisa, censura, cristaliza, nos cega

em nosso próprio fazer pedagógico. Uma prática que reduz o sentido da avaliação a

qualificação de resultados, sendo que Enguita (1989, p.206) nos adverte, terá como

efeito: “(...) hierarquizar os alunos, estimular a competição, distribuir desigualmente as

oportunidades escolares e sociais e assim sucessivamente”.

Nessa perspectiva, a avaliação tende a avaliar quase que, exclusivamente, aquilo

se sabe, isto, procura-se em um único instrumento avaliar e retratar quantitativamente

todo o processo de aprendizagem. Uma experiência que nos distancia do ensino e da

aprendizagem. Avaliar é antes de tudo um ato de leitura. Uma leitura que olha para o

ensino e para a aprendizagem. Uma leitura que não está interessada apenas em decifrar,

mas compreender. Leitura que acolhe a diferença, cria possibilidades e está mais

interessada no processo criativo do ensinar e do aprender.

Com base nas disposições legais e na Proposta Curricular do Estado de Santa

Catarina, entende-se coletivamente que a avaliação terá que oportunizar aos

professores/as a retomada sistemática dos encaminhamentos metodológicos no sentido

de que o/a aluno/a aprende mais significativamente. Isso implica romper “com as idéias

cristalizadas de avaliação, enquanto julgamento de resultados finais e irrevogáveis,

para assumir sua função diagnostica”, ou seja, ver a avaliação “como instrumento do

Page 187: Ensino Fundamental

187

reconhecicmento dos caminhos percorridos e da identificação dos caminhos a serem

seguidos” (PC/SC, p. 75)

Por isso, é necessário que a comunidade escolar crie instrumentos que possibilitem

levantar dados e avaliar constantemente os processos de aprendizagem. Para Luckesi

(1986 p. 28)

A atual pratica da avaliação escolar estipulou como função do

ato de avaliar a classificação e não o diagnóstico, como deveria

ser constitutivamente. Ou seja, o julgamento de valor que teria a

função de possibilitar uma nova tomada de decisão sobre o

objeto avaliado, passa a ter a função estática de classificar um

objeto ou um ser humano histórico num padrão definitivamente

determinado. Do ponto de vista da aprendizagem escolar poderá

ser definitivamente classificado como inferior, médio, ou

superior.

Como preconiza a Resolução 23/2000/CEE/SC, a avaliação do processo

ensino/aprendizagem deverá:

Possibilitar o aperfeiçoamento do processo ensino aprendizagem;

Aferir o desempenho do aluno quanto á apropriação de competências e

conhecimentos em cada área de estudos e atividades escolares;

Aferir o desempenho docente;

Aferir condições físicas e matérias que substanciam o processo ensino e

aprendizagem.

Os professores e professoras das escolas da Rede Municipal de Ensino de Itapoá -SC

entendem que a avaliação é um instrumento que deverá informar a comunidade escolar

sobre o processo de ensino e aprendizagem. Nesse sentido, entende-se que:

avaliação é um instrumento que vai informar ao aluno/a quais são seus avanços,

dificuldades e possibilidades;

avaliação permite ao professor refletir sobre sua prática educativa,

(re)orientando-o a ajustar as reais necessidades de seus alunos e possibilitando

que os mesmos aprendam cada vez mais e melhor;

Page 188: Ensino Fundamental

188

a avaliação não é um momento final do processo de aprendizagem;

avaliação permite dar visibilidade ao processo de ensino e aprendizagem;

indica que as metas de cada etapa foram alcançadas;

avaliação considera a aprendizagem dos conteúdos conceituais, procedimentais

e atitudinais;

os critérios de avaliação devem são explícitos para a comunidade escolar;.

o erro é compreendido enquanto construtivo ao processo de aprendizagem;

a avaliação buscar a compreensão e indica as necessidades de ajuste no

planejamento.

Nessa perspectiva, a avaliação é compreendida enquanto diálogo e, conforme Joel

Martins (1980, p.35) nos lembra possui a “essência do relacionamento”, isto é, “um

encontro”, nas quais os participantes se modificam.

Para Jussara Hoffmann (data, p.....): “Avaliação é reflexão transformada em ação”.

Ação, essa, que impulsiona a novas reflexões. Reflexão permanente da comunidade

escolar sobre sua realidade e a trajetória da construção do conhecimento. Um processo

interativo, através do qual a comunidade escolar aprende sobre si mesmo e sobre a

realidade escolar no ato próprio da avaliação.

Compreender a avaliação enquanto uma ação formativa, significa percebê-la também

enquanto um processo, podendo ser dividido em três fases: inicial, processual e final.

o Avaliação inicial: consiste em uma primeira coleta de interpretação de

dados, cujo objetivo é determinar o ponto de partida do processo de

ensino e da aprendizagem.

o Avaliação processual: supõe o acompanhamento, na qual permitirá

ajustar a currículo as necessidades da comunidade escolar.

o Avaliação final: constitui-se em uma reflexão sobre o ensino e

aprendizagem, com base na recopilação e valoração do processo,

incluindo a avaliação inicial e processual.

Nessa perspectiva, a avaliação sempre será formativa, de tal modo, que o processo

avaliador permita conhecer qual é a situação de partida, em função de determinados

objetivos gerais e bem definidos, possibilitando um planejamento da intervenção que,

Page 189: Ensino Fundamental

189

ao mesmo, necessita ser flexível e exige continuamente a reflexão sobre o que se quer e

o que de fato se está fazendo. A avaliação é reguladora, na medida em que a prática

educativa detecta as necessidades que vai se apresentando e finalmente uma

“compreensão e valoração sobre o processo”, na qual permitirá estabelecer novas

propostas, novos desafios, novas possibilidades. Afinal, como nos lembra Larrosa

(2001): “Nem todos os livros foram lidos ainda; o homem ainda não foi lido”. (apud

ZABALA, 1998, p.201)

“Isso significa que a avaliação é antes de tudo um exercício do pensamento. O pensar

relaciona-se com o novo, com a diferença; provoca no pensamento potências de um

modelo totalmente distinto ao reconhecido e ao reconhecível.” (KOHAN, 2004, p. 220)

O processo avaliativo necessita propiciar encontros que nem sempre se pode

antecipar, embora necessite preparar cada detalhe com a meticulosidade de quem se

prepara extensivamente para improvisar e não com a superficialidade daquele que

improvisa por falta de preparação. (KOHAN, 2004, p. 235)

O exercício de pensamento não acontece na reprodução, mas na liberdade. Diz

Deleuze e Parnet (1998, p. 16), pois o:

Professor, gostaria de dar aula como Dylan organiza uma

canção, surpreendentemente produtor, mais que autor. E que

comece com ele, de repente, com sua máscara de palhaço , com

uma arte de cada detalhe arranjado e, no entanto, improvisado.

O contrário do plageador, mas de um mestre ou de um modelo.

Uma preparação bem longa, mas nada de método nem de regras

ou receitas. Núpcias, e não casais nem conjugalidades. Ter um

saco onde coloco tudo o que encontro, com a condição que me

coloquem num saco. Achar, encontrar, roubar, ao invés de

regular, reconhecer e julgar. Pois reconhecer é o contrário do

encontro.

Page 190: Ensino Fundamental

190

REFERÊNCIAS

DELEUZE, Gilles, PARNET, Claire. Diálogos. São Paulo:Escuta, 1988.

KOHAN, Walter O. Lugares da infância. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.

LARROSA, Jorge. Pedagogia Profana. Danças,piruetas e mascaradas. Belo Horizonte:

Autêntica, 2001.

ZABALA, Antoni. Prática Educativa. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

Page 191: Ensino Fundamental

191

PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPOÁ

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

Rua: 1590, Nº 430, Centro CEP: 89249.000

Itapoá / SC Fone: (47) 3443 6190

e-mail:[email protected]

www.itapoa.sc.gov.br