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Fenómenos fonéticos : - de queda ( supressão de um fonema/som ) - de adição ( acrescentamento de um fonema/som) - de permuta ( troca ou transformação de um fonema/som) 1) Fenómenos de queda : - no início da palavra – aférese – ex.: inamorare > namorar - no interior da palavra – síncope – ex.: luna > lua - no fim da palavra – apócope – ex.: plenum > pleno 2) Fenómenos de adição : - no início da palavra – prótese – ex.: stare > estar - no interior da palavra – epêntese – ex.: credo > creo > creio - no fim da palavra – paragoge – ex.: ante > antes 3) Fenómenos de permuta : a) assimilação – ex.: nostram > nossa – assimilação progressiva ex.: ipsum > isso – assimilação regressiva b) dissimilação – ex.: lilium > lírio – assimilação progressiva c) vocalização – ex.: regnum > reino d) consonantização – ex.: Iesus > Jesus e) nasalação – ex.: sanum > são f) consonantização – ex.: Iesus > Jesus g) contracção – ex.: see > ser – contracção por crase ex.: regem > ree > rei – contracção por sinerése h) metátese – ex.: feria < feira i) palatização – consiste na transformação de grupos de consoantes latinas em sons palatais. se em latim tínhamos cl, , pl, em português encontramos o som palatal ch ; se em latim temos cl, ti em português temos o som palatal lh ; o grupo latino ni resultou em português no som nh ; do grupo latino di resultou o som j. ex.: cl , fl , pl > ch - clave > chave ; ama > chama ; plumbo > chumbo 1

Fenómenos fonéticos

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Fenómenos fonéticos :

- de queda ( supressão de um fonema/som )

- de adição ( acrescentamento de um fonema/som)

- de permuta ( troca ou transformação de um fonema/som)

1) Fenómenos de queda :

- no início da palavra – aférese – ex.: inamorare > namorar

- no interior da palavra – síncope – ex.: luna > lua

- no fim da palavra – apócope – ex.: plenum > pleno

2) Fenómenos de adição :

- no início da palavra – prótese – ex.: stare > estar

- no interior da palavra – epêntese – ex.: credo > creo > creio

- no fim da palavra – paragoge – ex.: ante > antes

3) Fenómenos de permuta :

a) assimilação – ex.: nostram > nossa – assimilação progressiva

ex.: ipsum > isso – assimilação regressiva

b) dissimilação – ex.: lilium > lírio – assimilação progressiva

c) vocalização – ex.: regnum > reino

d) consonantização – ex.: Iesus > Jesus

e) nasalação – ex.: sanum > são

f) consonantização – ex.: Iesus > Jesus

g) contracção – ex.: see > ser – contracção por crase

ex.: regem > ree > rei – contracção por sinerése

h) metátese – ex.: feria < feira

i) palatização – consiste na transformação de grupos de consoantes latinas em sons palatais. se em latim tínhamos cl, fl, pl, em português encontramos o som palatal ch ; se em latim temos cl, ti em português temos o som palatal lh ; o grupo latino ni resultou em português no som nh ; do grupo latino di resultou o som j.

ex.: cl , fl , pl > ch - clave > chave ; flama > chama ; plumbo > chumbo

ex.: cl , li > lh – oculum > oclo > olho ; filium > filho

ex.: ni > nh – cigonia – cegonha

ex.: di > j – hodie > hoje

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j) sonorização – consoantes surdas passam a sonoras

ex.: p t c ( surdas ) pataca

b d g ( sonoras ) bodega

Palavras divergentes e convergentes :

1) Palavras convergentes:

- as palavras que provêm do mesmo étimo (palavra latina inicial), mas por vias diferentes, designam-se por palavras divergentes.

ex.: macula(m) > malha , mancha , mágoa ; macula

2) Palavras divergentes:

- as palavras que tinham étimos diferentes e acabaram por tomar a mesma forma, devido às modificações, através dos tempos, designam-se por palavras convergentes.

ex.: são < sanu(m) ( adjectivo ) ; sunt ( forma verbal )

Evolução da Língua:

1) Semântica :

- a evolução semântica consiste na alteração de sentido/significado que se verifica em certas palavras, ao longo dos tempos. esta alteração está ligada a factores temporais e espaciais.

ex.: parvo , parvus ( palavra ) > pequeno, muito novo ( antes ) > “ estúpido “ ( hoje ) ; solteiro , solitarium ( palavra ) > o que vive ou está só ( antes ) > o que ainda não casou ( hoje )

2) Fonética :

- as palavras são compostas por fonemas que também estão sujeitos a transformações, pois, com o passar do tempo, as diversas gerações de falantes vão alterando a pronúncia das palavras. – fenómenos fonéticos

- etimologia – disciplina que estuda a evolução das palavras desde a sua origem à actualidade

- étimo – palavra originária ( latina, neste caso )

Morfologia e sintaxe :

1) Sintaxe:

- a sintaxe é a parte da gramática que estuda a disposição das palavras na frase e a das frases no discurso, bem como a relação lógica das frases entre si. ao emitir uma mensagem verbal, o emissor procura transmitir um significado completo e compreensível. para isso, as palavras são relacionadas e combinadas entre si.  a sintaxe é um instrumento essencial para o manuseio satisfatório das múltiplas possibilidades que existem para combinar palavras e orações.

2) Morfologia :

- em linguística, ,morfologia é o estudo da estrutura, da formação e da classificação das palavras. a peculiaridade da morfologia é estudar as palavras

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olhando para elas isoladamente e não dentro da sua participação na frase ou período. a morfologia está agrupada em dez classes, denominadas classes de palavras ou classes gramaticais. são elas: substantivo, artigo, adjectivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição.

3) Classes de palavras:

- as palavras podem ser de dois tipos quanto à sua flexão: variáveis ( é

aquela que pode alterar a sua forma ) ou invariáveis ( é aquela que tem forma fixa

).

- dentro das formas variáveis e invariáveis, existem dez classes gramaticais:

classes principais: são a base do idioma e formam o núcleo das orações:

substantivos - classe de palavras variáveis com que se designam e nomeiam

os seres em geral.

verbos - classe de palavras de forma variável que exprimem o que se passa,

isto é, um acontecimento representado no tempo. Indicam acção, facto,

estado ou fenómeno. toda palavra que se pode conjugar.

artigos - classe de palavras que acompanham os substantivos,

determinando-os.

adjectivos - classe de palavras que indicam as qualidades, origem e estado

do ser. O adjectivo é essencialmente um modificador do substantivo.

numerais - classe de palavras quantitativas. indica-nos uma quantidade

exacta de pessoas ou coisas, ou o lugar que elas ocupam.

pronomes - classe de palavras com função de substituir o nome, ou ser;

como também de substituir a sua referência. servem para representar um

substantivo e para o acompanhar determinando-lhe a extensão do

significado.

advérbios - classe de palavras invariáveis indicadoras de circunstâncias

diversas; é fundamentalmente um modificador do verbo, podendo também

modificar um adjectivo, outro advérbio ou uma oração inteira.

conectivos - servem para estruturar a sintaxe de uma oração:

preposições - classe de palavras invariáveis que ligam outras duas

subordinando a segunda à primeira palavra.

conjunções - classe de palavras invariáveis que ligam outras duas palavras

ou duas orações.

interjeições - classe de palavras invariáveis usadas para substituir frases de

significado emotivo ou sentimental.

Processos morfológicos de formação regular de palavras:

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1) Derivação:

há dois tipos de derivação: aquela em que se acrescentam à palavra

primitiva pequenos elementos que não possuem significado próprio e que podem

ser afixados antes (prefixos) ou depois (sufixos); aquela em que forma uma nova

palavra sem recorrer a prefixos nem sufixos, existe integração da palavra numa

nova classe de palavras, sem que se verifique qualquer alteração na forma.

criação de nomes a partir de verbos.

ex: ilegal; desgraça; indelicado; desfavorecer; ...

Classificação morfológica de palavras:

1)Substantivos:

Os nomes que servem para designar particularmente uma determinada pessoa, coisa ou animal, chamam-se substantivos próprios. A primeira letra dos substantivos próprios escreve-se sempre com maiúscula:

ex.: Manuel, José, Horácio, Lisboa, Douro, Maria.

Os substantivos que são nomes que são comuns a todas as pessoas, coisas ou animais da mesma espécie, chamam-se comuns, e também podem chamar-se apelativos.

Os substantivos próprios e os comuns designam, como já se disse, pessoas, coisas ou animais. Os nossos sentidos dão-nos a conhecer a sua existência material. Chamam-se, por isso, substantivos concretos.

Os nomes de acções, qualidades ou estados, separados das pessoas ou coisas a que pertencem, chamam-se substantivos abstractos:

ex: espanto, valentia, bondade, degelo, destruição, alegria, tristeza, trabalho e vindima.

As palavras que significam uma colecção, ou um certo número de coisas de uma espécie, um agregado ou conjunto de pessoas ou de animais, como dúzia, gente, banda (de música), cardume, bando (de aves, de gente), rebanho, alcateia, matilha, gado, vara (de porcos), arvoredo, etc., chamam-se substantivos colectivos.

2)Adjectivos:

As palavras cuja significação se junta à dos substantivos para os qualificar ou para indicar os estados das pessoas, das coisas ou dos animais significados por substantivos chamam-se nomes adjectivos ou simplesmente adjectivos:

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ex: bonito, diligente, estreita, verde, diversa, branca, azul, acinzentado, pequeno, novo, nova, manso, pintado, choca, velho.

3)Género:

Os seres vivos, em geral, estão divididos em duas categorias — machos e fêmeas. Na gramática portuguesa, os nomes separam-se também em duas categorias distintas ou géneros: nomes masculinos e nomes femininos. Em geral, são do género masculino os nomes e as formas nominais e pronominais que significam ou se referem a "macho", e são do género feminino os que significam ou se referem a "fêmea". Os nomes dos seres que não têm sexo, e os que se referem a tais seres também são agrupados em qualquer dos dois géneros: uns são masculinos (ex.: homem, cuidado, corpo, vestuário, olhos, alheios, ninho, ovos, filhos, peru, belo, carneiro, corpulento, leite, queijo, tecidos, vestuário), outros femininos (ex.: mulher, limpeza, saúde, aves, perua, galinha, ovelha, mansa, alimentação, lã). Do mesmo modo, são do género masculino os pronomes e formas pronominais — o, seu, os, nossos, etc., e do género feminino os pronomes e formas pronominais — a, toda, as, estas, todas, estas, nossa, etc. São do género masculino os nomes que podem ser precedidos de qualquer das palavras o, os, um, uns (ex.: o feijoeiro, um vegetal, os caules, uns rapazes). São do género feminino os nomes que podem ser precedidos de qualquer das palavras a, as, uma, umas (ex.: a rapariga, as flores, uma planta, umas calças).

4)Número:

Os números, em gramática, são dois: singular e plural. As formas que designam uma só pessoa, uma só coisa ou um só animal estão no número singular:

ex.: menina, rapaz, relógio, flor, abelha, carneiro.

As formas que designam mais de uma pessoa, mais de uma coisa, mais de um animal estão no número plural:

ex.: meninas, relógios, flores, abelhas, carneiros.

5)Grau dos adjectivos:

Normal  - O João é inteligente. 

                                 Superioridade – O João é mais inteligente que o JoséComparativo          Igualdade  - O João é tão inteligente como a Inês                                       Inferioridade – O João é menos inteligente que a Ana.  

Relativo Superioridade – O João é o mais inteligente da turma.

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Inferioridade – O João é o menos inteligente da turma.

Superlativo                                                         

                                           Analítico - O João é muito inteligente.   

                             Absoluto                                                       Sintético -  O João é

inteligentíssimo.                

6)Aposto:

O substantivo ou expressão equivalente que determina ou caracteriza melhor outro substantivo ou expressão equivalente chama-se aposto ou continuado:

Afonso Henriques, rei de Portugal, conquistou Lisboa aos mouros.

As lebres e os coelhos bravos, animais roedores, alimentam-se de plantas.

A Paula, amiga da Tânia, candidatou-se à Faculdade de Farmácia.

Com efeito, vê-se que os determinantes rei, animais e amiga caracterizam melhor os substantivos Afonso Henriques, lebres e coelhos, e Paula.

Às vezes, o aposto liga-se ao substantivo por meio dum advérbio ou duma conjunção empregada como advérbio, como se vê nas orações seguintes:

O Pedro, quando aluno, gostava muito das aulas de matemática.

Os pintainhos, quando nascem, procuram logo alimentos.

Outras vezes, o aposto não pertence a uma palavra, mas ao sentido duma oração:

O cavaleiro fazia ir o animal a galope, sinal de que não tinha medo de cair.

João ia devagar, prova de que não tinha pressa.

7)Numerais:

As palavras que indicam o número de pessoas, de coisas ou de animais, chamam-se numerais cardinais:

Os três irmãos, Francisco, Bernardo e Maria, andavam a guardar dois bois, quatro cabras, cinco ovelhas e um jerico, num terreno em que havia dez árvores.

As palavras que indicam o lugar ocupado pelas pessoas, pelas coisas ou pelos animais, numa série ou ordem, chamam-se numerais ordinais:

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Ex.: primeiro, segundo, terceiro, sétimo, nono, undécimo, nongentésimo.

As palavras que indicam que um certo número de pessoas, de coisas ou de animais se multiplicou por outro número, chamam-se numerais proporcionais e também numerais multiplicativos:

Ex.: duplo, quádruplo, sêxtuplo, décuplo.

Os nomes que designam colecção de pessoas, de coisas e de animais, chamam-se numerais colectivos:

Ex.: dúzia, dezena, cento, milhar.

8)Pronomes:

As palavras que substituem os nomes, isto é, que simplesmente indicam as pessoas, as coisas ou os animais, e que, por isso, fazem as vezes dos nomes substantivos ou adjectivos, chamam-se pronomes.

PRONOMES PESSOAIS

As palavras eu, tu, ele, nós, vós, eles e elas substituem nomes de pessoas e por isso chamam-se pronomes pessoais. No português distinguem-se três pessoas: a primeira é a que fala: eu escrevo; a segunda, a pessoa a quem se fala: tu escreves; a terceira, a pessoa de quem se fala: ele e ela escrevem. Como a forma em que um pronome designa uma só pessoa se chama forma do singular, e a forma em que o pronome designa mais de uma pessoa se chama forma do plural, dizemos que as três pessoas gramaticais são do singular e do plural. Assim:

SINGULARPLURAL

          

1.ª pessoa: eu.2.ª pessoa: tu.3.ª pessoa: ele ou ela.1.ª pessoa: nós.2.ª pessoa: vós.3.ª pessoa: eles ou elas.

As formas dos pronomes pessoais são as seguintes:

1.ª pessoa2.ª pessoa3.ª pessoa

     

  

singular - eu, me, mim, migoplural - nós, nos, noscosingular - tu, te, ti, tigoplural - vós, vos, voscosingular - ele ou ela: o, a, lo, la, lheplural - ele ou ela: os, as, los, las, lhes

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Se, si e sigo são também formas do pronome da 3.ª pessoa do singular ou do plural:

João banha-se no rio.

O dinheiro que o rapaz ganha é para si.

João pensou lá consigo que eram horas de dormir.

Estas formas, se, si e sigo chamam-se pronomes pessoais reflexos quando indicam que a acção recai sobre quem a pratica. Os pronomes me, te, nos e vos também são chamados reflexos, quando a acção recai sobre quem a pratica:

Eu sento-me nesta cadeira.

Levanta-te, menino.

Preparemo-nos para sair.

Arranjai-vos depressa.

 

PRONOMES POSSESSIVOS

As palavras que indicam que uma pessoa, uma coisa ou um animal pertencem à primeira, à segunda ou à terceira pessoa gramatical chamam-se pronomes possessivos:

Já chegou o meu pai.

Vai buscar o meu livro.

O meu gato é bonito.

O teu irmão saiu.

O teu fato está sujo.

O teu cão ladrou.

Maria escreveu ao seu pai.

Não encontrou o seu anel.

Ela vendeu a sua vaca.

As formas dos pronomes possessivos são as seguintes:

 UM POSSUIDOR VÁRIOS POSSUIDORES

Um objecto possuído

Vários objectos possuídos

Um objecto possuído

Vários objectos possuídos

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1.ª pessoa

meuminha

meusminhas

nossonossa

nossosnossas

2.ª pessoa

teutua

teustuas

vossovossa

vossosvossas

3.ª pessoa

seusua

seussuas

seusua

seussuas

Os pronomes possessivos, quando se ligam a substantivos, exercem a função de adjectivos:

O ouro é belo pelo seu brilho.

O meu cão bulhou com o teu.

PRONOMES DEMONSTRATIVOS

As palavras que servem para mostrar ou designar as pessoas, as coisas ou os animais chamam-se pronomes demonstrativos:

Este homem viu esse carneiro tosquiado e aquele que ainda tem a lã.

Isto é uma libélula.

Isso não presta, mas aquilo é bom.

Têm a mesma idade.

Não queira estes pêssegos: escolha os outros.

As formas do pronome demonstrativo são as seguintes:

SINGULAR PLURAL  Masculino Feminino Masculino Feminino Invariável

esteesse

aquelemesmooutro

otanto

tal 

estaessa

aquelamesmaoutra

atanta

tal 

estesesses

aquelesmesmosoutros

ostantos

tais 

estasessas

aquelasmesmasoutras

astantas

tais 

isto

issoaquilo

  

Há mais alguns pronomes demonstrativos, formados pela combinação dos pronomes este, esse e aquele com o pronome outro: estoutro, essoutro, essoutra, aqueloutro, essoutros, estoutros. Os pronomes demonstrativos, quando se ligam a substantivos, exercem a função de adjectivos:

Este canteiro é mais florido do que aquele.

Esta casa é mais soalheira que essoutra.

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PRONOMES RELATIVOS

As palavras que se referem, ou são relativas, a um nome ou pronome mencionado antecedentemente chamam-se pronomes relativos:

O campo que se vê daqui é de meu pai, mas é meu tio quem o cultiva.

O nosso terreno, cujo húmus é muito abundante, produz muito.

O rapaz que te apresentei, e do qual te tenho falado, é um artista.

Tudo quanto tenho nesta gaveta foi comprado por mim.

A palavra a que o pronome relativo se refere chama-se antecedente.

São as seguintes as formas dos pronomes relativos:

VARIÁVEIS(em género e número)

 

VARIÁVEIS(em número)

 

VARIÁVEIS(em número)

 INVARIÁVEIS

cujocujacujoscujas

 

quantoquantaquantosquantas

 

qual 

quais  

que 

quem  

PRONOMES INTERROGATIVOS

Os pronomes que servem para interrogar ou perguntar chamam-se, por isso, pronomes interrogativos:

Que bicho é esse?

Quem o agarrou?

Quantos pessegueiros há no teu quintal?

São as seguintes as formas do pronome interrogativo:

VARIÁVEIS INVARIÁVEISquantoquantaquantosquantas

qualquais

 

que 

quem  

PRONOMES INDEFINIDOS

As palavras que indicam as pessoas, as coisas ou os animais de modo vago e indefinido chamam-se pronomes indefinidos:

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Alguém bateu à porta, mas ninguém da casa ouviu, porque todos tinham saído.

Só um dos vizinhos ouviu, e perguntou se queria entregar alguma coisa.

A pessoa que batera respondeu que ia visitar os donos da casa, mas que não tinha nada para entregar.

O carpinteiro não pode vir fazer o trabalho; falem a outrem, para que venha executá-lo em outro dia.

São as seguintes as formas do pronome indefinido:

SINGULAR PLURAL  Masculino Feminino Masculino Feminino Invariável

muitopoucotantotodoum

nenhumalgumcertooutro

qualquer 

muitapoucatantatodauma

nenhumaalgumacertaoutra

qualquer 

muitospoucostantostodosuns

nenhunsalgunscertosoutros

quaisquerambos

 

muitaspoucastantastodasumas

nenhumasalgumascertasoutras

quaisquerambas

 

alguémcadatudo

ninguém 

nada 

qual 

outrem 

Algumas expressões ou locuções têm o valor de pronomes indefinidos, e por isso chamam-se locuções pronominais indefinidas:

Ex.: seja quem for; fosse quem fosse; seja qual for; fosse qual fosse; quem quer que seja; quem quer que fosse; o quer que seja.

9)Artigos:

Os pronomes demonstrativos o, a, os e as, quando estão colocados antes dos substantivos e mostram que nos referimos a determinada pessoa, determinada coisa ou determinado animal, tomam o nome de artigos definidos:

O António e a Maria estão na sala.

O banco tem a perna quebrada.

Os bois e as ovelhas andam a pastar.

Os pronomes indefinidos um, uma, uns e umas, quando estão colocados antes de substantivos e mostram que nos referimos a uma pessoa, a uma coisa ou a um animal indeterminado, tomam o nome de artigos indefinidos:

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Ex.: um rapazinho; uma linda pedra preciosa; uns pequenitos que brincavam, uns bois que pastavam, e umas perdizes que levantaram voo.

10)Verbo:

As palavras com que afirmamos a existência, uma acção, um estado ou uma qualidade que atribuímos a uma pessoa, a uma coisa ou a um animal chamam-se verbos:

O moinho está na encosta.

O lenço estava na gaveta.

A mulher encheu a vasilha.

O vento move as velas do moinho.

O rapazinho está atento.

A aldeia é bonita.

O vidro é frágil e quebradiço.

A pessoa, coisa ou animal a que se atribui a existência, uma acção ou uma qualidade, chama-se sujeito. E as palavras ligadas pelo verbo para se afirmar a existência, a acção, o estado ou a qualidade atribuída ao sujeito formam a oração gramatical ou proposição.

O sujeito deve ser um substantivo, um pronome, ou outra qualquer palavra ou frase que tenha o valor de um substantivo:

O carpinteiro aplaina a madeira.

Nós fomos passear.

O brincar sem ficar cansado faz bem às crianças.

O saber não ocupa lugar.

Mas é uma conjunção adversativa.

Aquilo que afirmamos do sujeito, ou que atribuímos ao sujeito, chama-se predicado:

João trabalha.

O rei D. Fernando governou durante dezasseis anos.

O leão é carnívoro.

Ela gosta de fruta madura.

Por vezes, os verbos ser, estar, parecer, continuar, permanecer, ficar,

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aparecer, vir, ir e viver não constituem, por si sós, o predicado. Precisam dum substantivo, adjectivo ou expressão equivalente, que lhes complete a significação. Esse substantivo, adjectivo ou expressão equivalente chama-se predicativo do sujeito, e o verbo que não tem sentido definido e preciso para constituir por si só o predicado chama-se verbo de ligação:

João é carpinteiro.

Minha mãe está contente.

Fernando parece receoso.

Maria continua doente.

António permanece deitado.

O trabalho fica perfeito.

A roda do carro apareceu partida.

As crianças vinham satisfeitas.

Os rapazes iam alegres.

O ancião ainda vive feliz.

Nas orações dadas para exemplo, as palavras carpinteiro, contente, receoso, doente, deitado, perfeito, partida, satisfeitas, alegres e feliz são nome predicativo do sujeito. O predicado é, pois, ou formado por um verbo de sentido definido e preciso (eu leio; tu colheste rosas e cravos; a cabra estragou a videira, etc.), ou por um verbo de sentido indefinido, ou insuficientemente definido, e um nome predicativo (eu sou teimoso; o rato e o coelho são animais roedores, etc.).

Também têm nome predicativo as formas da voz passiva ou as reflexas dos verbos aclamar, chamar, considerar, fazer, julgar, eleger, ter, tornar, e outros:

O mestre de Avis foi aclamado «Defensor do Reino».

D. João V foi chamado «o Magnânimo».

Considero-me feliz.

José era malcriado, mas fez-se um rapazinho delicado.

Foi julgado inimputável pelo juiz.

O médico foi eleito presidente da Direcção.

Manuel é tido por sabichão.

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O teu trabalho é reputado perfeito.

Nas proposições de resposta não é preciso que se encontre o predicado:

Compraste o lápis? Não ( — não comprei o lápis).

Encontraste meu irmão? Sim ( — sim, encontrei teu irmão).

Em muitos provérbios que constituem proposições também o predicado é expresso por simples nomes, omitindo-se o verbo, como se vê do exemplo seguinte:

Cada terra seu uso, cada roca seu fuso, isto é: cada terra (tem) seu uso, cada roca (tem) seu fuso.

Os elementos principais da oração gramatical são o sujeito e o predicado.

11) Tempo dos verbos:

Quando as formas do verbo exprimem a actualidade do que se afirma, o tempo é o presente, isto é, o que passa:

Eu leio.

Tu estudas.

Ele come.

Quando exprimem que já está completamente realizado o que se afirma, o tempo é perfeito ou pretérito, isto é, passado:

Eu estudei.

 Ele comprou um livro.

Ela passeou.

Quando as formas do verbo exprimem factos que hão-de realizar-se no tempo que há-de vir, o tempo é futuro.

O presente, o perfeito e o futuro têm o nome de tempos principais ou primários.

Quando o verbo exprime um tempo em que a acção não estava terminada ou acabada num momento dado, o tempo chama-se imperfeito:

Eu acabava o meu trabalho quando tu passaste.

Quando o verbo exprime um tempo em que a acção já está acabada no momento em que se deu um facto, também já passado quando se fala, esse tempo chama-se mais-que-perfeito:

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Eu já lera (ou tinha lido) o livro, quando bateste à porta.

Quando o verbo exprime o tempo em que uma acção não se realizou, mas se realizaria se uma certa condição se tivesse dado, esse tempo chama-se condicional:

Eu sairia, se não chovesse.

Tu virias, se eu te chamasse.

Além dos tempos principais ou primários, há mais outros três tempos chamados secundários ou históricos, e que são, como se viu, o imperfeito, o mais-que-perfeito e o condicional.

12) Complementos:

A palavra ou oração que serve para determinar uma expressão chama-se determinante ou complemento:

A laranjeira dá um saboroso fruto.

O Frederico pediu ao Rui que lhe emprestasse um livro.

O determinante, palavra ou expressão que representa a pessoa, coisa ou animal sobre que recai a acção do verbo transitivo chama-se complemento directo:

Pedro cumprimentou João.

O cavalo puxa a carroça.

O pessegueiro dá pêssegos.

Quebrei o vidro.

Pesquei uma truta.

Comprei um galo.

Na 1.ª oração, João é o complemento directo; na 2.ª é — carroça; na 3.ª — pêssegos; na 4.ª — vidro; na 5.ª — truta; na 6.ª — galo. Geralmente, o complemento directo não é precedido de preposição; mas há casos em que o pode ser:

Amai a vossos pais.

O homem puxou do cacete e deu uma paulada no outro.

A lembrança do mal praticado apoquenta aos bons.

Os bons amigos ajudam-se uns aos outros.

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O complemento indirecto determina a pessoa ou coisa sobre a qual vai recair indirectamente a acção significada pelo verbo. Esta determinação é feita por meio da preposição a:

Ofereci um ramo à Inês.

Dei o recado ao António.

Só as formas pronominais me, te, se, nos, vos, lhe e lhes servem de complemento indirecto sem preposição:

Ele deu-me um livro.

Dou-te uma caneta.

Entrego-vos a chave.

Trazei-nos as cadeiras.

O complemento indirecto, quando ocorre no princípio da frase, pode repetir-se sob as formas de pronome pessoal lhe, lhes:

Àqueles marotos não lhes dês nada, pois nada merecem.

13) Agente da passiva:

O determinante que exprime o agente ou executor da acção sofrida pelo sujeito da oração chama-se complemento de agente da passiva ou simplesmente agente da passiva. É indicado pelas preposições por, per ou de, e corresponde ao agente da activa, a que se dá o nome de sujeito:

O Brasil foi descoberto por Pedro Álvares Cabral.

O quintal foi cavado pelo pai da Ana.

João é amado de todos.

João é querido das irmãs.

14) Predicativo do complemento directo:

Alguns verbos transitivos, além do complemento directo, pedem um determinante que faz parte do predicado e qualifica o complemento directo. Este determinante chama-se predicativo do complemento directo:

O povo aclamou o mestre de Avis Defensor do Reino.

Acho este azeite detestável.

Considero o Manuel cuidadoso.16

Os sócios elegeram o Pereira presidente da Assembleia Geral.

Todos julgam o preso responsável pelo crime.

15) Complementos circunstanciais:

O determinante do verbo ou a expressão que indica qualquer circunstância chama-se complemento circunstancial. Conforme a circunstância que exprime, assim se denomina:

a) de lugar: João está na varanda;

b) de tempo: levantei-me às seis horas;

c) de matéria: tenho um anel de ouro;

d) de companhia: José foi à feira com o pai;

e) de instrumento: desliguei a aparelhagem com o comando;

f) de modo: cortei um ramo com cautela (ou cautelosamente);

g) de fim: levantei-me cedo para estudar;

h) de preço: vendemos o carro por 5000 euros; comprámos os morangos a dois euros;

i) de causa: não chegas à ramada por seres baixo; o miúdo tremeu de susto;

j) de distância: essa terra fica a dois quilómetros daqui; Oeiras fica perto de Lisboa.

16) Modos dos verbos:

As diferentes maneiras de fazer uma afirmação chamam-se modos gramaticais.

Quando o modo de afirmação feita pelo verbo indica a acção praticada como certa e real, diz-se que o verbo está no modo indicativo:

Ex.: Compro fruta; comprei fruta; comprarei fruta; comprava fruta, quando passaste; comprara (ou tinha comprado) fruta na praça, quando a Maria chegou; compraria fruta, se visse a fruteira passar.

Quando o modo de afirmação feita pelo verbo designa a simples possibilidade de se praticar a acção, ou exprime um desejo, a vontade de fazer alguma coisa, diz-se que o verbo está no modo conjuntivo:

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Ex.: É preciso que compres fruta; seria conveniente que comprasses fruta para o jantar; deixe-me comprar fruta.

Quando o modo de afirmação feita pelo verbo indica que essa afirmação equivale a uma ordem ou a um pedido, diz-se que o verbo está no modo imperativo:

Ex.: Compra fruta; comprai fruta.

17) Advérbios:

Há certas palavras que servem para modificar a significação dos verbos, dos adjectivos e de outros advérbios. Essas palavras chamam-se, em gramática, advérbios:

O João veio aqui.

A Maria chegou hoje de Lisboa.

A mobília ficou disposta perfeitamente.

O fato é muito bem feito.

Este queijo está muito bolorento.

Os advérbios, segundo a sua significação, dividem-se em:

1.º advérbios de tempo:

Ontem fomos tarde à praia, hoje iremos cedo à praia, amanhã voltaremos à praia.

— João, vem já! — Agora não posso. A minha mãe não me deixa sair antes de jantar. — Quando vens? Logo também cá está o Raimundo e outro amigo, que nunca veio a minha casa. O Fernando vem sempre. — Vou depois de jantar e ainda aí os encontro. — Vem, que então vamos divertirmo-nos muito. 

Se continuas a correr como ora corres, jamais ganharás uma competição.

2.º advérbios de lugar:

Vem para aqui, porque aí está muito sol; ou vamos para ali, que há mais sombra. E se fôssemos para além? Abaixo do socalco, para aquém do castanheiro, é um sítio muito agradável. Vamos então para lá.

O João está fora do alpendre, e o Rogério está dentro. Acima do meu quarto estão as águas-furtadas. Diante da casa há um jardim e atrás fica uma horta. Onde está o poço, está também o tanque, e não muito longe está uma lago com peixes. Perto andam sempre as pombas cujo pombal fica defronte.

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— O Tomás foi a algures? — Está cá: não foi a nenhures.

3.º advérbios de quantidade:

Este poço é muito fundo. Esta poça é pouco funda, mas o charco ainda é menos. O mar, em alguns pontos, é assaz profundo.

O carro andou bastante. Gosto bastante de uvas e não gosto nada de maçãs.

Tanto vale o milho do saco como o da arca.

Julguei que não tivéssemos tão grande quantidade de castanhas.

Esta lata tem quase o mesmo azeite que aquela.

Apenas temos este chá: é preciso comprar mais. (Nesta frase, a palavra mais não é advérbio de quantidade. Emprega-se em vez de chá, e tem por isso o valor de pronome indefinido.)

Aprecio mais o chá do que o café.

Quão alta é aquela serra!

4.º advérbios de modo:

Vê como eu disponho os objectos do toucador. Amanhã vais dispô-los assim.

Esse lenço está bem lavado, mas este está mal, e aquele também.

Vai devagar, olha que assim podes cair.

Este caminho está melhor calcetado, aliás não viríamos por ele, porque um piso mal arranjado dificilmente se suporta.

Cheguei apressadamente, porque é tarde.

Podem construir-se inúmeros advérbios com a terminação –mente. Basta juntar essa terminação a um adjectivo: 

Ex.: feliz — felizmente; português — portuguesmente; duro ou dura — duramente; teimoso ou teimosa — teimosamente; rico ou rica — ricamente.

Quando se empregam sucessivamente dois ou mais advérbios terminados em –mente, só no último é que a terminação aparece:

João apresentou-se pobre, triste e humildemente, por causa do que tinha acontecido.

5.º advérbios de afirmação:

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Perguntas-me se gostei do livro que me emprestaste. Sim, gostei.

— Acompanhas-me? — Seguramente!

Efectivamente, encontrei o meu primo e dei-lhe o teu recado.

— Cumpriste a tua palavra? — Certamente!

6.º advérbios de negação:

Não quero.

— Não vais com ele? — Nunca! — E voltas lá? — Jamais!

7.º advérbios de dúvida:

Talvez vá hoje a casa do Rodrigo. Se acaso vier o Gilberto, vamos passear os dois.

Este azeite é quiçá melhor que o de ontem.

8.º advérbios de demonstração ou designação:

Eis a encomenda que esperávamos.

Querias cravos bonitos: ei-los.

Note as seguintes frases em que aparecem conjuntos de palavras ou expressões com o valor de advérbios:

Neste momento, meu pai deve estar a chegar a Lisboa, onde foi de propósito para esperar o meu tio, que veio à pressa do Brasil, a conselho dos médicos. Em breve estarão os dois no Porto, e portanto depressa os abraçaremos.

O meu irmão foi, às escondidas, mexer no candeeiro. De castigo, teve de se deitar às escuras.

O sumo da laranja azeda é porventura mais desagradável que o do limão.

As expressões que têm o valor de advérbios chamam-se locuções adverbiais.

18) Preposição:

As partículas ou palavras inflexivas que estabelecem a relação entre duas palavras ou entre duas partes de uma oração chamam-se preposições:

O Manuel já chegou a Lisboa.

O António está em Coimbra e dali vai voltar para a sua terra.

Não se pode trabalhar sem utensílios próprios.

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Andou por caminhos de terra batida.

Em amanhecendo, iremos à pesca.

As preposições são simples quando constam de um só vocábulo:

a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, per, por, sem, sob, sobre, trás.

São compostas, ou locuções prepositivas, quando constam de um grupo de palavras a que se atribui o valor de uma preposição:

Ex.: abaixo de, acima de, perto de, longe de, aquém de, a respeito de, quanto a.

Empregam-se como preposições algumas palavras de origem nominal ou verbal:

Ex.: conforme, consoante, durante, excepto, mediante, Segundo

18) Preposição:

As partículas ou palavras inflexivas que estabelecem a relação entre duas palavras ou entre duas partes de uma oração chamam-se preposições:

O Manuel já chegou a Lisboa.

O António está em Coimbra e dali vai voltar para a sua terra.

Não se pode trabalhar sem utensílios próprios.

Andou por caminhos de terra batida.

Em amanhecendo, iremos à pesca.

As preposições são simples quando constam de um só vocábulo:

a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, per, por, sem, sob, sobre, trás.

São compostas, ou locuções prepositivas, quando constam de um grupo de palavras a que se atribui o valor de uma preposição:

Ex.: abaixo de, acima de, perto de, longe de, aquém de, a respeito de, quanto a.

Empregam-se como preposições algumas palavras de origem nominal ou verbal:

Ex.: conforme, consoante, durante, excepto, mediante, segundo.

19) Preposição:

Vejamos o período seguinte:21

Nuno Gonçalves, que foi alcaide do Castelo de Faria, teve de revelar coragem, quando os castelhanos o levaram até junto das muralhas desse castelo, que ele mandou defender pelo filho.

A primeira oração é subordinante: Nuno Gonçalves teve de revelar coragem. As outras são subordinadas: — que foi alcaide do Castelo de Faria; — quando os castelhanos o levaram até junto desse castelo; — que ele mandou defender por seu filho.

Conforme a palavra por que a subordinação é indicada, assim se classificam as orações subordinadas.Vejamos os períodos seguintes:

Depois da saída de um dos directores da empresa, o subdirector foi quem mais se distinguiu.

Dá-me a caneta que te emprestei.

Parece-nos sempre bonita a terra onde nascemos.

Nos exemplos anteriores, a primeira subordinação é indicada pelo pronome relativo quem, a segunda pelo pronome relativo que, e a terceira pelo advérbio relativo onde. As proposições ou orações subordinadas: — quem mais se distinguiu..., — que te emprestei, e — onde nascemos, chamam-se, por isso, orações ou proposições relativas.

Nos exemplos seguintes, a primeira e a segunda subordinação são indicadas pelo pronome interrogativo quem. A terceira pelo pronome interrogativo qual. A quarta pelo advérbio interrogativo como. As quatro proposições ou orações subordinadas: — quem é aquele menino; — quem é este menino; — qual é o meu chapéu; — como eu pude obter esta planta, chamam-se, por isso, proposições ou orações interrogativas indirectas (as duas primeiras) e directas (as duas últimas): 

Diz-me quem é aquele senhor.

Não sei quem é este senhor.

Podes dizer-me qual é o meu chapéu?

Tu sabes como eu consegui montar este móvel?

Nos exemplos seguintes, a primeira subordinação é indicada pela forma do infinito do verbo estar; a segunda por uma forma do infinito pessoal do verbo fazer; a terceira por igual forma do verbo ter. As três proposições ou orações subordinadas: — por estar a mãe doente; — para fazerem a comida; — por terem feito uma travessura, chamam-se, por isso, orações ou proposições infinitivas:

O Joãozinho não foi à escola, por estar a mãe doente.

Para fazerem a comida, as cozinheiras ligam primeiro o fogão.

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O pai castigou os filhos, por se terem portado mal.

Vejamos as seguintes orações:

É preciso que faças o exercício.

O marquês de Pombal, que foi ministro de D. José, expulsou os Jesuítas.

Estimo quem é diligente.

Diz-me se resolveste o problema.

Quero comprar um carro a quem mo vender por pouco dinheiro.

Nestes exemplos, há orações que exercem a função de substantivos, tanto assim que uma faz as vezes de sujeito (que faças o exercício), outra de predicativo e de aposto (que foi ministro de D. José), duas de complemento directo (quem é diligente e se resolveste o problema), e, finalmente, outra, de complemento indirecto (a quem mo vender por pouco dinheiro).

As proposições ou orações que exercem as funções de substantivos chamam-se substantivas. Quando servem de sujeito chamam-se subjectivas:

É necessário que partas.

Quando servem de complemento chamam-se completivas:

O teu irmão diz que não te esqueças de levar o livro.

Nos exemplos seguintes, a segunda oração (que têm perfume) pode ser substituída pelo adjectivo perfumadas, e a quarta (em que nasci) pode ser substituída pelo adjectivo natal. Essas proposições exercem, portanto, as funções de adjectivos, e chamam-se por isso adjectivas:

As flores que têm perfume são mais apreciadas.

Gosto muito da terra em que nasci (ou onde nasci).

Nos exemplos seguintes, as proposições subordinadas — se logo estiveres em casa, — porque tenho de acabar..., — quando partimos ou ao partirmos, — equivalem a complementos circunstanciais. Chamam-se, por isso, proposições adverbiais ou adverbiais ou circunstanciais:

Se logo estiveres em casa, virei beber café contigo.

Não posso sair, porque tenho de acabar um trabalho.

Chovia quando partimos (ou ao partirmos).

Nas frases a seguir indicam-se exemplos de proposições adverbiais ou circunstanciais que se classificam conforme as circunstâncias que exprimem.

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a) CONDICIONAIS: — O José não teria conseguido o emprego, se não fosse a sua inteligência e empe. Se amanhã estiver calor, fico a trabalhar em casa;

b) CAUSAIS: — O Nuno conseguiu ter boa nota no exame porque estudou bastante nos dias anteriores. O Pedro comprou novos móveis por querer mudar a decoração da sala;

c) FINAIS: — Revolvo a terra do jardim, para que as plantas se desenvolvam. As crianças devem brincar moderadamente ao ar livre para se desenvolverem;

d) CONCESSIVAS: — Embora o dia esteja lindo, não posso sair hoje. Apesar de ser mais novo, o Quim corre mais que o Nuno. Se bem que goste de beldroegas, aprecio muito mais a alface;

e) CONSECUTIVAS: — Chove tanto, que não me atrevo a sair. A Arminda gosta tanto de flores, que passa o tempo no jardim. O ar da montanha é de tal modo saudável, que todos deviam respirá-lo, pelo menos durante algum tempo;

f) TEMPORAIS: — Quando acabaram as guerras entre os Mouros e os cristãos portugueses, ficaram por em Portugal bastantes mouros. Depois que dei a prenda à Carlota, não a tornei a ver. Esperei pelo João até que adormeci;

g) COMPARATIVAS: — Conforme os alunos se portam, assim o professor os avalia. As plantas, como já lhes disse, prestam-nos muitos serviços: dão-nos alimentos, madeira, sombras, purificam o ar, absorvem a humidade dos pântanos, etc.

Vejamos os períodos seguintes:

O maior dos rios que correm em Portugal Continental é o Tejo; imediatamente abaixo deste, na escala do comprimento, é o Guadiana; logo depois o Douro; e o quarto dos maiores rios é o Minho.

Na escala das altitudes, a primeira das serras de Portugal Continental é a da Estrela, em segundo lugar vem a do Larouco, ocupa o terceiro lugar a do Gerês; abaixo desta ficam, por sua ordem, a do Marão, a de Soajo, a de Montesinho, etc.

Cada uma das orações que constituem estes dois períodos ou orações compostas é coordenada, como já sabemos.

Nas frases a seguir, indicam-se exemplos de orações coordenadas, que se classificam conforme as palavras que as ligam ou coordenam. Essas palavras são, geralmente, conjunções coordenativas:

a) COPULATIVAS: Manuel não leu hoje nem escreveu. Manuel levantou-se e saiu logo para a caça;

b) ADVERSATIVAS: Dou-te este canivete, mas recomendo-te que não o percas.

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Aprecio muito a serra, contudo, agrada-me mais o mar;

c) DISJUNTIVAS: Empresta-me o teu livro de Geografia ou o de História. Fico contente, quer me tragas um, quer o outro;

d) CONCLUSIVAS: Estragaste a bicicleta, portanto não andas. Esqueceu o guarda-chuva, por conseguinte, molhou-se;

e) CORRELATIVAS: Qual é o trabalho tal será o proveito. Tanto será o lucro da cultura quanto tiver sido o cuidado. (Assim chamadas por se empregarem na coordenação palavras correlativas, isto é, palavras que estabelecem relação mútua, semelhança no sentido de duas ou mais proposições. Exemplos: tal... qual; tanto... quanto; quer... quer; seja... seja; ora... ora.)

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