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nestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaedição marco LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas jornal O luthieria Gianfranco Lorenzzini Fiorini revela o prazer da arte de fabricar e conservar instrumentos eruditos Página 11 Pessoas com diabetes e hipertensão agora podem retirar, de graça, 12 tipos de medicamentos nas farmácias populares Página 13 Iniciativa da PM em parceria com comerciante da comunidade, instala ponto de apoio para garantir mais segurança aos moradores Página 3 Abril • 2011 Ano 39 • Edição 280 RENATA FONSECA MARIA CLARA MANCILHA RENATA FONSECA Após a derrota como candadidato a vice-governador de Minas, na chapa encabeçada por Hélio Costa, o ex-mi- nistro Patrus Ananias voltou a minis- trar aulas na PUC Minas, em período que considera de balanço e de reflexão sobre sua trajetória política. Página 16 Patrus Ananias volta ‘mais leve’ às salas de aula CONTRASTE CARACTERIZA ESCOLAS ESTADUAIS Em visita a seis escolas da rede estadual de ensino, localizadas em bairros da Região Noroeste, com o obje- tivo de diagnosticar a situ- ação, o MARCO constatou realidades diferentes. Em algumas, problemas de infra- estrutura chegam a compro- meter atividades curriculares. Em outras, iniciativas traba- lhadas com a participação da comunidade, viabilizam o atendimento de qualidade aos alunos e seus familiares. Páginas 8 e 9 RENATA FONSECA RICARDO MALLACO nestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaedição Aeromodelismo conquista novos adeptos Conjunto Califórnia II precisa de reformas Grupo de aproximadamente 150 pessoas se reúne para a prática de uma atividade peculiar em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte: aprender a cons- truir e pilotar miniaturas de aviões e helicópteros. Página 15 Descontentes com a infra-estru- tura do Conjunto Califórnia II, na Região Noroeste, moradores rein- vidicaram melhorias por meio de abaixo-assinados, mas ainda não foram atendidos pelas autoridades municipais. Página 7 ANDERSON ROCHA RENATA FONSECA

Jornal Marco

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Edição 280 - Abril 2011

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O luthieria GianfrancoLorenzzini Fiorini revelao prazer da arte de fabricar e conservarinstrumentos eruditosPágina 11

Pessoas com diabetes ehipertensão agora podemretirar, de graça, 12tipos de medicamentosnas farmácias popularesPágina 13

Iniciativa da PM emparceria com comercianteda comunidade, instalaponto de apoio paragarantir mais segurançaaos moradores Página 3

Abril • 2011Ano 39 • Edição 280

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Após a derrota como candadidato avice-governador de Minas, na chapaencabeçada por Hélio Costa, o ex-mi-nistro Patrus Ananias voltou a minis-trar aulas na PUC Minas, em períodoque considera de balanço e de reflexãosobre sua trajetória política. Página 16

Patrus Ananias

volta ‘mais leve’

às salas de aula

CONTRASTE CARACTERIZAESCOLAS ESTADUAIS

Em visita a seis escolas darede estadual de ensino,localizadas em bairros daRegião Noroeste, com o obje-tivo de diagnosticar a situ-ação, o MARCO constatourealidades diferentes. Emalgumas, problemas de infra-estrutura chegam a compro-meter atividades curriculares.Em outras, iniciativas traba-lhadas com a participação dacomunidade, viabilizam oatendimento de qualidadeaos alunos e seus familiares.Páginas 8 e 9

RENATA FONSECA

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Aeromodelismo conquista novos adeptos

Conjunto Califórnia II precisa de reformas

Grupo de aproximadamente 150pessoas se reúne para a prática deuma atividade peculiar em NovaLima, na Região Metropolitana deBelo Horizonte: aprender a cons-truir e pilotar miniaturas de aviõese helicópteros. Página 15

Descontentes com a infra-estru-tura do Conjunto Califórnia II, naRegião Noroeste, moradores rein-vidicaram melhorias por meio deabaixo-assinados, mas ainda nãoforam atendidos pelas autoridadesmunicipais. Página 7

ANDERSON ROCHA

RENATA FONSECA

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2 ComunidadeAbril • 2011jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

jornal marcoJornal Laboratório da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas www.pucminas.br . e-mail: [email protected]

Rua Dom José Gaspar, 500 . CEP 30.535-610 Bairro Coração Eucarístico Belo Horizonte Minas Gerais Tel: (31) 3319-4920

Sucursal PucMinas São Gabriel: Rua Walter Ianni, 255 CEP 31.980-110 Bairro São Gabriel Belo Horizonte MG Tel: (31) 3439-5286

Diretora da Faculdade de Comunicação e Artes: Profª. Glória Gomide Chefe de Departamento: Profª. Maria Libia Araújo BarbosaCoordenador do Curso de Jornalismo: Prof. José Francisco BragaCoordenadora do Curso de Comunicação / São Gabriel: Prof. Jair Rangel

Editor: Prof. Fernando Lacerda Subeditor: Profa. Maria Libia Araújo Barbosa Editor Gráfico: Prof. José Maria de Morais

Monitores de Jornalismo: Carlos Eduardo Alvim, Cínthia Ramalho, Keneth Borges,Laura de Las Casas, Pedro Vasconcelos, Samara Nogueira e Tamara FontesMonitores de Fotografia: Renata Fonseca e Maria Clara MancilhaMonitora de Diagramação: Lila Gaudêncio

Fotolito e Impressão: Fumarc . Tiragem: 12.000 exemplares

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SAMARA NOGUEIRA, 4º PERÍODO

Um relato aprofundado das condições de escolasestaduais existentes em bairros da Região Noroeste deBelo Horizonte. Este é o objetivo da reportagem espe-cial sobre educação, que ocupa as páginas centraisdesta edição do MARCO, que, dessa forma, mantém asua proposta de dissecar temas de interesse dosleitores. Nas edições anteriores, trânsito e transportepúblico foram abordados em matérias que não preten-dem esgotar os assuntos, mas ajudar na reflexão ebusca de soluções.

Neste número, durante duas semanas, a equipe doMARCO se propôs a conhecer de perto a realidadeenfrentada por alunos, pais, professores e funcionáriosde seis escolas localizadas na Região Noroeste de BeloHorizonte: Cândida Cabral, Desembargador MarioGonçalves Matos, Leon Renault, Pedro Dutra, PadreEustáquio e Assis da Chagas.

Recursos como observação dos repórteres, associados aentrevistas com pais, alunos, professores, diretores, fun-cionários e autoridades responsáveis, permitiram traçarum panorama dessas instituições de ensino, cujos con-trastes são evidentes.

Enquanto algumas dessas escolas apresentam proble-mas estruturais, que afetam o rendimento dos estu-dantes, em outras, a participação mais próxima dacomunidade faz a diferença e resulta em estabeleci-mentos bem organizados.

Em nenhum momento a reportagem do MARCO searvora em ‘dona da verdade’. Afinal, aprendemos naprática, que entre as muitas missões do Jornalismo nãoestá a de fazer julgamentos. A proposta é conhecer emostrar as diferentes realidades de escolas públicas,ajudando em uma reflexão fundamental para o apri-moramento da qualidade do ensino oferecido.

Não é apenas no Especial sobre educação, que asvocações comunitária e social do MARCO se fazempresentes nesta edição. Dificuldades enfrentadas pormoradores do Conjunto Califórnia II, em função deproblemas na infra-estrutura, também são mostradospelo jornal.

Se apontamos problemas, é nosso dever tambémmostrar soluções. Nesse sentido, melhorias nas áreasde saúde e segurança pública recebem destaque.Desde 14 de fevereiro último, o Governo federal passoua fornecer gratuitamente boa parte dos medicamentosutilizados no tratamento de hipertensão e diabetes.

No âmbito da segurança, a criação de um ponto de apoioda Polícia Militar de Minas Gerais, instalado em um postode combustível no Coração Eucarístico é um bom exemp-lo de que a parceria entre população e autoridades podeajudar a reduzir a sensação de insegurança, cada vez maisgeral nos grandes centros urbanos.

Ao longo das 16 páginas deste número, nossos leitoresencontrarão histórias diversas. Na entrevista da contra-capa, por exemplo, o ex-prefeito de Belo Horizonte eex-ministro Patrus Ananias, que voltou à carreira deprofessor, revela os motivos de sua opção e fala domomento de transição que está vivendo.

Há espaço ainda para a história da Luthiaria, nobre eraro ofício de se construir e reparar instrumentos decorda. E não devemos esquecer que esta é apenas aprimeira edição de 2011.

MARCO ajuda arefletir sobre ensino na Região Noroeste

editorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialEDITORIAL

expedienteexpedienteexpedienteexpedienteexpedienteexpedienteEXPEDIENTE

ERRAMOS

ANAPURUS EM ALERTA

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BRUNA CARMONA,REBECA PENIDO,4º PERÍODO

O caminho que a auxiliaradministrativa Sandra Apa-recida de Paula percorre, emuma quarta-feira, para chegarao Centro Cultural PadreEustáquio passa por dentro deuma das poucas feiras cobertasexistentes em Belo Horizonte,que em um dia como o que elavisita, costuma estar cheia degente. O menor número depessoas reunidas ali denunciaque a feira já terminou háalgum tempo e que a conversaagora não é a discussão depreços ou qualidade dos produ-tos. Mesmo que a conversapermaneça, o tom é outro.Afinal, já passam de 19h e ou-tras pessoas começam a se aco-modar nas cadeiras.

O projeto do qual Sandraparticipa pela primeira vez é o"Trocando Ideias", que foiimplantado no Centro Cultu-ral no mesmo ano da cons-trução do espaço, em 2008.Como a auxiliar administrati-

va nunca participou da ativi-dade, sua visita é cheia deexpectativas. "A gente estábuscando mais conhecimento,mais cultura, mais convivên-cia entre o grupo", justifica.

O tema do dia é Convivênciana Diversidade, e Sandrademonstra animação por partici-

par como debatedora, já que cos-tuma frequentar como ouvinteas palestras no Serviço Nacionalde Aprendizagem Comercial(Senac) e no Serviço Social doTransporte (Sest). "A gente andamuito isolado, então essa é umamaneira de interagir com outraspessoas", explica.

Orgulhoso do projeto, o

diretor do Centro Cultural,Hélio Vidal explica que o"Trocando ideias" é a con-tinuidade de projeto já exis-tente no caderno das ativi-dades dos centros culturaisde BH, denominado "Cul-tura e Cidadania", "Optamospor utilizar um nome de fácilentendimento e melhor asso-ciação ao conceito do proje-to, a fim de despertar aatenção e interesse dosusuários", diz.

Assim como Sandra, aauxiliar de enfermagemaposentada Maria Alves va-loriza o debate "Acho esseprojeto muito válido e muitointeressante, porque abreoportunidades de você ouviroutras pessoas, expor suasideias", afirma. Ela conta quea conversa é importante e

que algumas vezes, sente-se avontade para falar com ogrupo sobre assuntos pessoais."Nesse momento, na roda ali,você se abre”, observa.

O Centro Cultural PadreEustáquio fica à rua Jacutinga,821, na antiga Feira Coberta.Iinformações pelo telefone:3277-8394.

Trocando ideias na Comunidade

Grupo se reúne no Centro Cultural Padre Eustáquio para trocar ideias

RENATA FONSECA

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ANA JÚLIA GOULART, GABRIEL PAZINI,PEDRO HENRIQUE MAGALHÃES,THAMILIS ANDRADE,1º PERÍODO

Os moradores da RuaAnapurus, no Bairro SãoGabriel enfrentam proble-mas frequentes por causa dechuvas, que a deixam alaga-da. Segundo o aposentadoEvandro Miguel de Assis, 57anos, um dos grandes pro-blemas quando chove, é sairda rua. "Sempre que chove arua fica alagada, e fica difícilde atravessar", afirma.

José Gonçalves de Caeté,55 anos, dono de umaempresa de Contabilidade,trabalha na rua há 16 anos,e revela outros problemascausados pela chuva."A en-xurrada traz muito lixo aquipara a rua, porque não temrede pluvial, o que é pri-mordial no bairro", afirma."A loja de móveis aqui jásofreu prejuízo, chegou aestragar alguns móveis",acrescenta Gonçalves, quemorou no bairro entre 1970e 2006. Segundo ele, oproblema já existia quandoera morador.

Moradora da região há 18anos, Maria CristinaFerreira, 57, é proprietáriada loja Varinhas de Condão,que trabalha com decoraçãopara festas infantis, e tam-bém foi vítima das chuvas."Já tive um problema em2009, por causa de umentupimento. Entrou umesgoto danado aqui dentroda loja. Perdemos bastantecoisa, mas arcamos comtudo, porque não tinha oque ser feito. A Prefeituraveio aqui depois e desen-tupiu, mas cada um ficoucom seu prejuízo", conta.

Ela confirma a inexistên-cia de rede pluvial. “Quandochove, vira um mar. Éperigoso. Descem cadeiras

de plástico, todo o tipo delixo, afinal, vem lixo desde oinício da rua. Aqui no finalda rua, quando chega noposto, vira uma coisa aqui-lo”, afirma. Para MariaCristina, qualquer chuvaacarreta problemas para osmoradores e comerciantes."Qualquer chuva é problemapara todo mundo no bairro.Dia de chuva é impressio-nante o que acontece aqui”.

Antônio Nonato da Cruz,58 anos, que mora na ruaAnapurus há 42 anos e temuma loja há 25, é outro queconfirma o problema. "A ruafica toda alagada, vem águae lixo desde lá de cima. Osmotoristas muitas vezesficam ilhados no posto,quem desce do ônibus,desce na água, não temjeito, molha todo", afirma.Antônio Nonato já tomouprovidência em relação ao

problema. "Fiz um abaixoassinado em 2005 e outroem 2007”, diz. “Desde2004 tento alguma coisa eaté hoje nada. Falaram quejá saiu a verba para a obraaqui, mas nunca queaparece", acrescenta.

A proprietária do postode combustível, Vera LúciaFreitas Ferreira, 56 anos,moradora do bairro há 41,conta que já entrou água noseu escritório. “A água vem,e como não tem meio-fio,ela entra direto aqui. Todavez que tem alguma chuvaisso acontece, sempre. Nóstemos que tirar água daquide dentro, porque a águavem, e traz tudo que aacompanha”, relata. Elaobserva que sempre ouvefalar que providências serãotomadas pela Prefeitura.“Sempre dizem que a obravai começar em julho ou no

mês tal, mas nunca é feitonada”, enfatiza.

Ex-presidente da Asso-ciação de Moradores do SãoGabriel presidente doConselho São Vicente dePaula, Joaquim Gabriel dePaula, 68 anos, revela que aobra para implantação darede pluvial foi obtida noOrçamento Participativo de2008. “Não sei porquerazão, mas até hoje não fi-zeram nada. Essa reivindi-cação é antiga, já fazemoshá 20 anos. E eles têm quefazer essa obra, ganhamosno Orçamento Participativo,é um direito nosso", ressalta.Ele cobra mais atitude dosvereadores e da Prefeitura, econfirmou a existência dosproblemas mencionados pormoradores e comerciantes.

O gerente do OrçamentoParticipativo da RegionalNordeste da Prefeitura deBelo Horizonte, RonaldoManassés, confirmou quea obra para rede pluvial narua Anapurus ganhou a

votação no OrçamentoParticipativo em 2008.Segundo ele, o prefeitoMárcio Lacerda liberou asobras que ganharam no OPem 2007 e 2008 apenas esteano. Por isso, de acordo comManassés, as obras aindanão foram iniciadas. O ge-rente revelou ainda aimplantação da rede pluvialna Rua Anapurus está pre-vista para começar em2012, e teve seu anteprojetoaprovado internamente em25 de março deste ano. Eledisse ainda que o anteproje-to foi apresentado aos mem-bros da Comissão deAcompanhamento eFiscalização da Execução doOrçamento Participativo(Comforça), no final demarço, em reunião que con-tou também com a partici-pação de representantes dacomunidade do São Gabriel.

Em dias de chuva, a atenção de quem mora no Bairro São Gabriel

redobra. Sem rede pluvial, a Rua Anapurus sofre com constantes

alagamentos, que causam problemas para quem reside no local

Quando chove, a Rua Anapurus enfrenta alagamentos por falta da rede pluvial

O Bairro São Gabriel está localizado na Região Nordeste de Belo Horizonte e não na Noroeste, como foi informado peloMARCO, na primeira página da sua edição 279. Na página 15 da mesma edição, na matéria “Rádio em Escola Municipalmuda a rotina de alunos”, ao contrário do que foi informado, o Projeto Comunica Escola não é uma iniciativa do GovernoFederal. Ele é realizado pela Oficina de Imagens em parceria com Unicef, British Telecom, Secretaria Municipal de Educaçãoe o Programa Escola Integrada.

RENATA FONSECA

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3ComunidadeAbril • 2011 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

PONTO DE APOIO DA PM NO COREUEm parceria com posto de

gasolina, Polícia Militar cria

ponto de apoio no Coração

Eucarístico para facilitar o

trabalho e a ação dos militares,

ajudar no policiamento da

região e garantir à comunidade

mais segurança e tranquilidade

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GABRIELA GARCIA,LUISA BORGES,THIAGO BONNA,YASMIN TOFANELLO, 1º PERÍODO

A sensação de insegurançasentida no Bairro Coração Euca-rístico, na Região Noroeste deBelo Horizonte, têm levadocomerciantes e moradores aprocurarem novas alternativasque possibilitem a mudançanesse quadro. O ponto de apoioda Polícia Militar, criado emparceria com o posto de gasolinalocalizado à Rua Dom JoãoAntônio dos Santos, é uma dastentativas para amenizar o pro-blema de violência no bairro. Deacordo com a tenente DéboraSantos Perpétuo, assessora decomunicação do Comando dePoliciamento da Capital, os pon-tos de apoio são unidadesdescentralizadas dos batalhõesque servem para os militares fa-zerem uma ocorrência, umatendimento comunitário e tam-bém o policiamento. "O objetivodestes pontos é melhorar a segu-rança na região onde são instala-dos", afirma.

Segundo ela, esses pontossurgem a partir de parcerias fir-madas com comerciantes e asso-ciações de moradores de bairros,que fornecem um pequenoespaço onde é instalado umcomputador com acesso a inter-

net, que é mantida pelo parceiroda Polícia Militar. Estes pontosfacilitam também no registro dasocorrências que antes eram feitasnos computadores dos quartéis ee agora são feitas nos computa-dores dos pontos de apoio. "Opolicial não ocupa o tempo todo.Não tem um policial fixo, mas ospoliciais em rodízio vão passan-do nos pontos de apoio vãodando essa assistência e vãofazendo o policiamento nas ime-diações para a prevenção crimi-nal", explica.

Os benefícios dos pontos deapoio contemplam tanto acomunidade onde eles estãoinstalados, quanto o trabalho daPolícia Militar, que tem o seu sis-tema interno de registro de ocor-rências menos sobrecarregado."Ele beneficia a comunidade namedida em a freqência de polici-

ais passa a ser maior. E para apolícia ele traz um apoio, namedida em que oferece um localpara o policial registrar suasocorrências e não precisar fazerum deslocamento muito grande,o que gera também economia decombustível", conta a assessora.

A instalação do ponto deapoio no Coração Eucarísticovai facilitar os trabalhos depatrulhamento e a atividade daPolícia Militar na área do bairro."É importante porque a comu-nidade vai ter uma viatura muitomais tempo patrulhando, dife-rente de ficar uma parada nafrente da delegacia, o que vaigerar mais segurança paratodos", afirma a CapitãoDoroteia Maria Soares Paiva, da9ª Companhia de Polícia Militarque faz a segurança do BairroCoração Eucarístico e de outros

bairros da Região Noroeste. Deacordo com ela, estes pontoscomeçaram a ser instaladosdesde 2007. Na região da 9ªCompanhia, três pontos deapoio auxiliam o trabalho dosmilitares.

Essa parceria tem agradado osfuncionários do posto, e princi-palmente o gerente AyrtonLuciano, responsável pela pro-posta à polícia. "É bom para eles(polícia) e para nós. Eu pedi parainstalar justamente para preveniros assaltos. E eles estão aquidiariamente. Se eu precisar, oatendimento é mais rápido", dizo gerente. O posto está em fun-cionamento há aproximada-mente um ano e já sofreu diver-sos assaltos, inclusive a mãoarmada. Entretanto, desde ainstalação do ponto de apoioesse problema não se repetiu.

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ELZIMAR DIAS,HUMBERTO RESENDE,MICHELE MARIE,1º PERÍODO

Um ano se passou desde que aPrefeitura decidiu implantar, noBairro São Gabriel, RegiãoNordeste da capital, o novo termi-nal rodoviário de Belo Horizonte eo Centro de Atividades Comer-ciais e Serviços, declarando deutilidade pública para fins dedesapropriação os imóveis situa-dos em um terreno de 20 mil m²,destinado a abrigar o empreendi-mento, que será construído pormeio de Parceria Público Privada(PPP). Até agora, porém, apenasum edital foi lançado, em 10 denovembro do ano passado, masnenhuma empresa se interessoupelo projeto, frustrando os planosdo governo municipal de começaras obras no último mês de janeiro.A PBH, por intermédio de umcomunicado no site oficial daBHTrans, confirma o lançamentode nova concorrência públicapara abril. No meio disso, encon-tram-se as cerca de 270 famíliasmoradoras do local, que tiveramapenas seu cadastramento realiza-do, aguardando novidades sobreos novos destinos de locação.

Vários habitantes do localreclamam da falta de informaçõespor parte da PBH. Carlos RobertoPaulino e Joaquim Teodoro GomesFilho, que trabalham na Rua Jacuí,um dos locais a ser desapropriado,

dizem que até então as reuniões arespeito das desapropriações nãochegaram ao ponto crucial: va-lores. "As casas já foram até medi-das, mas os moradores ainda nãosabem qual será o valor da in-denização", declarou Paulino. "Averdade é que ninguém sabe denada", acrescenta Joaquim Filho.Segundo eles, a incerteza é geralentre os moradores. "Parece quealgumas famílias poderão optarpor receber apartamentos aqui naregião para deixar o local", dizFrancisco Jonas, outro moradorque terá a residência desapropria-da. "Mas há também quem prefirareceber a indenização em di-nheiro", pondera.

Maurício do Nascimento Ro-drigues, líder comunitário há 29anos do Bairro São Gabriel, dizque a PBH vem negligenciandoinformações. O fato de ainda nãose saber o valor da indenização é oponto mais preocupante. "Preci-samos que a prefeitura dê umaposição quanto a valores.Dinheiro tem, mas a prefeituraestá mais preocupada com osempreendimentos anexos ao ter-minal, como hipermercado ehotel, do que com a rodoviária emsi e com os próprios moradoresafetados", observa. "Se a gente temuma perspectiva financeira, para agente comprar uma casa, já ficamais tranquilo, mas não falamnada. É uma covardia", acrescenta.

O líder comunitário dizque vem tentando conduzir as

conversas com o governo munici-pal da forma mais pacífica possí-vel. "Nós não demos trabalho ne-nhum à Prefeitura, estamos fazen-do a coisa mais democrática pos-sível, até porque, com tantasinformações desencontradas,vamos fazer o quê? Além do mais,não queremos confusão.Queremos apenas que as coisas seresolvam. Agora, se for preciso sermais radical para garantir nossosdireitos, vamos ser sim. Se preci-sar protestar, vamos protestar, poisnão se pode tratar as pessoas damaneira como vêm tratando agente", enfatiza.

Além desse problema sobre adesapropriação, há ainda o temorsobre o futuro: para onde serãodeslocados os moradores? A PBHafirma que vai construir aparta-mentos para todos, e que vai in-denizar aqueles que não quiseremessas moradias, mas não informa apossível localização das mesmas."Querem nos tirar daqui, pagaraluguel enquanto se constroem osapartamentos e depois levar-nospara lá. Mas temos medo porquefizeram algo parecido no Vila Vivae demoraram muito a entregar osapartamentos prometidos",comenta o líder comunitário. "Ofato de todos terem uma vidaconstruída nesse lugar, alguns comtrabalho ou escola próximos, alémda proximidade com o metrô,linha verde e Anel Rodoviário,também não pode ser esquecido.Logo, esses apartamentos pre-

cisam ter certa proximidade com oSão Gabriel para que os impactosnas nossas vidas sejam minimiza-dos. Se a prioridade deles é o ter-minal, a nossa é a moradia", apon-ta Maurício Rodrigues, quemostra o clima de insegurançaquanto ao futuro.

A Prefeitura precisa repassar asinformações para a população,para que assim eles possam pro-gramar suas vidas daqui parafrente", afirma.

Procurada, a Prefeitura de BeloHorizonte informou que emfunção do lançamento do editalem abril e, consequentemente, fir-mando-se a Parceria PúblicoPrivada (PPP), as obras devemcomeçar no fim do ano. A Urbel,órgão responsável pelas desapro-priações, afirmou que após a lici-tação as famílias serão novamenteconsultadas e só depois será esti-pulada uma data para a retiradados moradores.

Além dos funcionários desteestabelecimento, outros comer-ciantes da área também ficaramsatisfeitos com essa novidade. Éo caso de Eduardo Fontoura, quetrabalha em um lava jato ao ladodo posto. Segundo ele, com apresença frequente dos policiais,usuários de drogas que ficavamnas proximidades acabaram seafastando.

Contudo, para outras pessoasa iniciativa não surtiu efeito. "Oponto ficou muito escondido eninguém tem visão de nada. Nãofez diferença nenhuma", afirmaFernanda Soares, funcionária deuma lanchonete. Já os moradoresafirmam ser necessário umamaior divulgação, informando afinalidade e o funcionamentodeste ponto de apoio.

Comerciantes e moradoresesperam, com a presença doponto de apoio da Policia Militar,uma melhora na segurança, umadiminuição dos altos índices decriminalidade e uma maior tran-quilidade para transitar nas ruasdo Bairro Coração Eucarístico.

Segundo a tenente Débora, emtodos os bairros existem a possi-bilidade de se abrir um ponto deapoio da Polícia Militar. "O inte-resse pode partir tanto do comer-ciante ou da comunidade, dasassociações, manifestando paraas companhias da área, que tem acondição de propor, de fazer esseponto de apoio. O ideal é que ocomerciante entre em contatocom a companhia que faz o poli-ciamento do bairro. Ele podeprocurar pessoalmente ou tele-fonar", diz.

A 9ª Companhia de Políciaestá localizada à Avenida DomPedro II, 2180, no Bairro CarlosPrates e o telefone de contatopara outras informações é 3411-3575.

O ponto de apoio no Coreu funciona como uma unidade descentralizada da Polícia Militar garantindo mais segurança para a comunidade

RENATA FONSECA

Obras da Nova Rodoviária de BH estão atrasadas

As obras da Nova Rodoviária estão em atraso. Até agora a prefeitura só divulgou um edital

LETÍCIA GLOOR

Page 4: Jornal Marco

4 ComunidadeAbril • 2011jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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MAYARA FOLCO, 6º PERÍODO

A praça São Vicente dePaula, localizada naRegião Noroeste de BeloHorizonte, é uma impor-tante via de acesso ao cen-tro da capital. Desde2008, os moradores e fre-quentadores de seuentorno aguardam o iníciodas obras para a melhoriado trânsito. Segundo oDepartamento Nacionalde Infra-Estrutura eTransporte (DNIT), aintervenção faz parte doconjunto de obras de revi-talização do Anel Rodo-viário e poderá começar aser executada em setem-bro.

A pracinha São Vicente,como é conhecida, concen-tra o tráfego das avenidasAbílio Machado e Ivaí, daRua Pára de Minas e dasmarginais do AnelRodoviário. Transitam

pelo local noventa milveículos e cinco mil ônibusdiariamente, de acordocom dados da Prefeiturade Belo Horizonte. A obrapara desafogar o trânsitona região foi vencedora doOrçamento ParticipativoDigital (OP) em 2008, eaté hoje não foi iniciada.Segundo dados do OP, aobra propõe a continuaçãodas pistas marginais doAnel Rodoviário com aconstrução de dois novosviadutos sobre a Rua Paráde Minas e a implantaçãode duas novas trincheirasque facilitarão todos osretornos diminuindo onúmero de veículos na viaslocais.

Bernardo Morais, asses-sor de comunicação doDepartamento Nacionalde Infraestrutura deTransporte (DNIT) infor-mou que a obra da PraçaSão Vicente de Paula éuma importante etapa doprocesso de revitalização

do Anel Rodoviário.Segundo ele, as obras doanel terão início provavel-mente em setembro desteano. "Existe uma força porparte de alguns políticospara que a obra da praçaseja a primeira a começar,mas isso depende de acor-dos feitos em Brasília e daevolução das licitações",explica.

TRÂNSITO Para o frentistaEdgard Felipe, 19 anos,que utiliza as vias noentorno da praça parachegar ao trabalho demoto, o trânsito conges-tionado favorece asinfrações. "Tem que costu-rar mesmo, quando não dápra passar subo no meiofio. Tenho que chegar aotrabalho às sete horas emesmo assim semprechego atrasado", reclama.

Rita Augusta, 65 anos,moradora da região, dizque o grande número deveículos na praça dificulta

a chegada ao trabalho."Sou manicure e atendo adomicílio, passo pela pra-cinha todos os dias emuitas vezes chego atrasa-da. Perco mais tempo notrânsito do que trabalhan-do", conclui.

Já para o vendedorambulante Giuseppe Paulada Silva, 38 anos, alentidão tem suas vanta-gens. "Vendo no sinal, pramim quanto mais carrosmelhor. Tem hora que afila de carros chega até aoanel", comemora.

Wagner Souza, comer-ciante de 42 anos, afirmaque intervenções sãonecessárias na região. "Otrânsito aqui é muitoruim, atrapalha osmoradores. A obra temque ser feita com urgência,parece que o número decarros só aumenta todosos dias. Quando a obrasair do papel vai ser umagrande alegria", afirma.

Obra na Praça São Vicente não sai do papel

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GABRIELA CAMARGOS,LUÍS SALGADO,LUIZ PEREIRA,MARCELA NOALI,1º PERÍODO

O ponto de encontroentre as Ruas Humaitá eOliveiras, localizado naVila São Vicente, divisaentre os bairros PadreEustáquio e CoraçãoEucarístico na RegiãoNoroeste de BeloHorizonte, tornou-se, háalguns anos, um grandedepósito de lixo. No local,além de lixo orgânico, épossível encontrar sofásvelhos, monitores de com-putador e uma quanti-dade considerável depneus que durante a ocor-rência de chuvas acumu-lam água e geram umambiente favorável para aproliferação de insetoscausadores de doenças.

O carroceiro CarlosAlberto Quinto, 50 anos,morador do bairro desdeque nasceu, alega quegrande parte do lixo édepositado pelos própriosmoradores. "É uma ver-gonha para o bairro, prin-cipalmente porque próxi-mo à Vila têm 'bota-foras'para despejar o lixo, comono começo da AvenidaSilva Lobo e na entradada Avenida Delta", afirmao morador.

O problema tambématinge a dona de casaDulce Barbosa dosSantos, 60 anos. Amoradora sente-se inco-modada com a presençado entulho. "O mau cheiroé insuportável e eu tenhomuito medo de ficardoente. Alguns parentesmeus que também moramaqui já tiveram dengue eacho que é por causa desselixo todo", disse Dulce.

Durante a apuraçãoforam flagrados fun-cionários de uma empresade peças automotivas

POLÊMICA EM LOTE DA VILA SÃO VICENTE

Engarrafamentos são constantes nas ruas próximas à Praça São Vicente

RENATA FONSECA

despejando restos demateriais plásticos emetálicos no local, o quecausou indignação e revol-ta em um morador daregião.

A empresa flagradainformou, por intermédiode sua gerência, que essetipo de procedimento nãocondiz com a política dafirma e prometeu queprovidências seriamtomadas para evitar arepetição da atitude.

Outra constatação foi aexistência de um depósitode alimentos localizado aolado do "lixão". O respon-sável pelo estabelecimentocomercial evitou falarsobre o caso e apenasinformou que a empresa játentou, por vezes, solu-cionar o problema.

A área insalubre e féti-da é de responsabilidadeda Prefeitura de BeloHorizonte, que segundoalguns moradores da Vila,já tomou iniciativas comoa disponibilização decaçambas para a colocaçãodo lixo, o que não solucio-nou o problema.

Procurada pela equipedo MARCO, aSuperintendência deLimpeza Urbana (SLU),por intermédio da suaassessoria de comuni-cação, informou que háuma máquina que realizaquinzenalmente a limpezada área correspondente acada uma das regionais.De acordo com a SLU, alimpeza da Vila SãoVicente depende mais daconscientização das pes-soas do que da ação daPrefeitura de BeloHorizonte, uma vez quehá limitação no númerode equipamentos paraatender a diversos pedidosem áreas diferentes dacapital mineira.

No dia primeiro de março, a Equipe do MARCO registrou uma grande quantidade de lixo jogado no lote abandonado da Vila São Vicente

Após nove dias, em 10 de março, a Equipe do Jornal MARCO voltou ao mesmo local e constatou que o terreno da Vila São Vicente estava totalmente limpo.

FOTOS: RENATA FONSECA

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PRAÇA DA FEDERAÇÃO REQUER CUIDADOSn

JULIANA BARBOSA,OLÍVIA PILAR,RAISSA YELENA,3º PERÍODO

Por três anos, a Praça daFederação, localizada noBairro Coração Euca-rístico, Região Noroestede Belo Horizonte, estevesob adoção do proprie-tário do restaurante AGranel, MarceloGonzalez. Em 2010, aPrefeitura de BH retomouos cuidados da praça e,desde então, o local vemsendo alvo de reclamaçõesdos moradores e comer-ciantes da região.

O aposentado Onofreda Silva, 83 anos, émorador do bairro há maisde 40 anos e reclama dascondições em que a praçase encontra. "A praça foifeita para crianças eidosos, não para essabaderna. À noite, o baru-lho e a quantidade de pes-soas estranhas inco-modam", diz.

Além do lixo espalhadopelo chão e pelos canteiros,há algumas lixeiras em péssi-mo estado de conservação ebancos escurecidos por faltade limpeza. Tudo isso com-promete o aspecto estéticodo local. "A praça é boa parase sentar e conversar, masprecisa de mais cuidados. Elaficaria mais bonita se agrama fosse trocada e amanutenção fosse cons-tante", aponta DeiseAndrade, 41 anos, fun-cionário da papelaria Opção.

A apenas dois quar-teirões de distância docampus da PUC Minas, olugar serve de passagemprincipalmente para osuniversitários. Segundo omorador Joaquim deOliveira, 74 anos, os

próprios estudantes con-tribuem para o estado dedegradação da praça. "Afaculdade tem culpa. Osalunos não respeitam aspassarelas de entrada esaída da praça e passampor cima dos canteiros",diz.

A PUC Minas, por meioda sua Secretaria deComunicação, informaque a universidade tentouadotar a Praça da Fe-deração em 2010, porém,ela já estava em processode adoção por outraempresa. Questionadasobre algum projeto deconservação para a praça,a informação é que oúnico projeto desenvolvi-do pela PUC Minas, nestaárea, é a manutenção docanteiro central da aveni-da 13 de Maio.

Em 2007, MarceloGonzalez investiu R$ 50mil na reforma da praça.Somados a esse gasto, eleainda desembolsou maisR$1200 por mês para asua manutenção. "Nessestrês anos, ganhei doisprêmios como melhorpraça adotada de BeloHorizonte", afirma. "Noano passado, por motivospolíticos, perdi a adoção.Acho que eu já fiz muitomais do que deveria fazer.Agora a praça é respon-sabilidade da Prefeituraque, infelizmente, é umavergonha", desabafa.

De acordo com DenisieLosque, auxiliar adminis-trativa da Gerência deJardins e Áreas Verdes daPrefeitura, as praças deBelo Horizonte estão semmanutenção por conta deum processo de licitaçãoque ainda está sendofechado. "Como o proces-so ainda não foi fechado,

ainda não fizemos a avali-ação das praças, mas assimque entrar o contrato, nósvamos começar a resolver",ressalta. Ainda segundo aauxiliar administrativa,para pedir a avaliação dapraça os moradores devemligar para o número 156 eabrir o pedido de manu-tenção de praças. "Assimque o pedido chega, osengenheiros vão ao localpara fazer a avaliação.Todas as praças de BH sãovistoriadas pela prefeitura,mas geralmente são ospróprios moradores quefazem o pedido demanutenção. Já é hábito",afirma.

Para Jomar de Albu-querque, funcionário dalocadora Cristal, a praçamelhorou muito após areforma. "Antes não tinhacanteiros, as árvores erammal cuidadas e haviapoucos bancos. Depois dareforma, a praça ficoumuito bonita, mas nãodurou. Quando há algumtipo de evento na PUC oureunião nos bares, aquienche de gente que não édo bairro e que não teminteresse em zelar pelopatrimônio", diz.

Marcelo Gonzalez con-ta que, como não há maisninguém disposto aassumir a nova adoção dapraça, funcionários daPrefeitura vão ao local trêsvezes por semana, mas oserviço de manutençãomuitas vezes deixa a dese-jar. "Quando nós éramosos adotantes, fazíamoslimpezas diárias. É difícilachar uma pessoa quequeira se responsabilizarpela praça, como nós fize-mos, porque é preciso tertempo e dinheiro", explica.

Os moradores do Bairro Coração Eucaristico e frequentadores da Praça da Federação,

reclamam da falta de limpeza e manutenção do local. Segundo eles, a praça necessita

de algum projeto de conservação para voltar a ser um ambiente agradável do bairro

Torcedores colocaram fogo em uma lixeira no dia de transmissão de um clássico na Praça da Federação

A falta de capina e limpeza em algumas ruas do Coreu e Dom Cabral dificultam a passagem dos pedestres

RENATA FONSECA

RENATA FONSECA

Excesso de mato nas ruas atrapalha os pedestresn

POLIANY DA MOTA, GIOVANNA DE PAULA,1º PERÍODO

A não atuação daLimpeza Urbana, em algu-mas ruas da RegiãoNoroeste de Belo Hori-zonte, tem causado trans-tornos aos moradores. Asreclamações são emrelação à falta de limpezadas calçadas, há grandequantidade de lixo jogadoem becos e a necessidadede capina nas ruas e lotesdesabitados.

O problema é maior naRua Guajará, no bairroDom Cabral, e nas ruasMonte Líbano, PadreNóbrega e Avenida Res-saca, do Bairro CoraçãoEucarístico. Segundo osmoradores, a quantidadede mato é tão grande quedificulta o trânsito depedestres nas ruas e pas-seios, principalmente du-rante a noite.

A falta de manutençãonessas áreas atrai visi-tantes indesejáveis, comomosquitos, escorpiões eratos. "Eu sinceramente

não tenho condições deretirar os matos da calça-da. E isto só é possívelquando a limpeza urbanavem até aqui, como naúltima semana", comentouMaria de Fátima OliveiraHorta, moradora da RuaMonte Líbano. Maria deFátima é aposentada e selocomove com o auxílio deuma cadeira de rodas.

Na Avenida Ressaca, oproblema maior é a demo-ra na limpeza das ruas,como informou a dona decasa Maria do Carmo."Tem apenas seis mesesque eu moro aqui, e aprimeira capina só foi rea-lizada na última semana",conta. Em relação a esseassunto, um morador daRua Guajará, que preferiunão se identificar, disseque o processo de capinaaqui é anual. "Antiga-mente o processo era me-lhor, os responsáveis pelalimpeza vinham com umtrator capinando os doislados da rua. Não sei seem virtude da política oupor outros motivos, a situ-ação mudou", afirma.

Já na Rua Padre Nóbrega

a moradora Úrsula Penidodisse que a prefeitura semprelimpa as ruas, mas o matocresce rapidamente.Entretanto, outra moradora,que igualmente não infor-mou o nome, revelou que épreciso ligar vários dias paraconseguir a capina. “Eu moropróximo ao beco, e o proble-ma é aqui. Só limparam poresses dias", diz.

A Prefeitura de BeloHorizonte, por meio daGerência Regional deVarrição e Serviços, infor-mou que estava sem con-trato desde novembro doano passado e que a ordemde serviços para o cumpri-mento dos contratos decapina foi assinada no dia4 de fevereiro. A expectati-va é que as demandassejam atendidas dentro deuma planilha de exe-cuções, no prazo de até 15dias úteis. Além disso, aGerência reforça que ape-sar da prioridade ser dadaaos corredores centrais daRegional, as ruas referidasestão na programação deexecução dos serviçossolicitados.

Uma praça com lixojogado no chão, garrafasquebradas, flores arran-cadas dos jardins, bancos elixeiras danificados. Eraesse o cenário que o bal-conista Wesley Gomes dosSantos costumava verquando chegava para tra-balhar na padaria CoraçãoEucarístico, localizada emfrente a Praça daFederação, na manhãseguinte aos dias de jogosentre Atlético e Cruzeiro.O balconista conta que asbrigas entre as torcidasrivais eram frequentes ecolaboravam para o estadode depredação em que apraça se encontrava.

"Quando tinha jogo, davamuita briga entre torcidas.De manhã a praça costu-ma estar suja. Por causa dojogo, o pessoal sempredeixava a praça suja, ape-sar de ter lixeiras, elesnunca jogavam no lixo,jogavam na rua. Até poucotempo, eles colocaramfogo em uma lixeira, aí eladerreteu, isso em dia dejogo", lembra.

Além dos danos causa-dos à praça, os restau-rantes Tacos Bar eLombinho, que transmiti-am os jogos, também eramprejudicados. Por causa daconfusão, muitos clientessaiam sem pagar ou danifi-

cavam os estabelecimen-tos, como conta o gerentedo Tacos Bar, CláudioAntônio Bernardino.

Hoje, quando Wesleychega para trabalhar namanhã seguinte aos jogos,encontra um cenário umpouco diferente. A praçacontinua suja, porémjardins, bancos e lixeirasnão são mais depredados.Isso acontece, porque osdois restaurantes, emcomum acordo, pararamde transmitir clássicos. "Agente resolveu fazer issopara evitar as brigas e osprejuízos que elascausam", afirma CláudioBernardino.

Clássico é proibido na praça

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6 ComunidadeAbril • 2011jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

PERIGO EM FRENTE À PUC SÃO GABRIELn

JEFFERSON DE PAULA, KAREN XAVIER, MARA DAMASCENO,1º PERÍODO

A falta de faixa depedestre ou de semáforo,em frente ao acesso princi-pal do campus da PucMinas São Gabriel preocu-pa alunos, professores efuncionários da institui-ção, localizada à RuaWalter Ianni, 225, ao ladodo anel rodoviário, próxi-mo ao Km 23,5. O movi-mento de veículos é inten-so, aumentado pelo fatode sete linhas de ônibusincluírem essa via em seuitinerário. O suplementarS81 tem seu ponto finallocalizado ali, em frente aoXerox São Gabriel, queatende à unidade fre-quentemente.

O elevado movimentodo Bar e RestauranteItaobim, que não temcapacidade suficiente paraabrigar todos os clientesque lá frequentam, tam-bém causa diversostranstornos, pois osclientes são obrigados apermanecer em pé do ladode fora, impedindo o livrefluxo de carros, ônibus,motos e até mesmo de ou-tros pedestres.

Moacir Inácio Pereira,proprietário do bar, adi-anta que o movimento doestabelecimento real-mente atrapalha o fluxo,porém, ele já tomou ati-tudes para tentar melhoraro trânsito em frente aoestabelecimento. "Conver-sei com um vereador que éamigo meu para conseguirum abaixo-assinado, e

além disso, entrei em con-tato direto com aPrefeitura e BHtrans paraconseguir alguns quebra-molas, porém é difícilporque hoje a prefeitura sósabe arrecadar dinheiro. Onosso interesse é ajudarnão só o freguês, mas tam-bém o pedestre que pegaônibus ali no ponto," afir-ma Pereira.

A proximidade com oAnel Rodoviário, caracteri-zado pelo elevado índicede acidentes, que o tor-

nam uma perigosa via,exige cuidado redobradopor parte dos motoristasque passam por ali ao sairda unidade e por parte dosalunos que a usam a pas-sarela mais próxima paraatravessar a rua.

Caio Vitor Soares, a-luno do curso deComunicação Integradada PUC Minas, já presen-ciou um acidente. "Umagarota atravessava emmeio aos carros, indo parao 'BIM' (como é conhecido

o Bar Itaobim), quando foisurpreendida por umapancada na perna, causadapor um dos veículos. Omaterial escolar dela foi aochão, ela recolheu e con-tinuou o trajeto. Ele acre-dita que o pedestre é obri-gado a fazer certas mano-bras, pois a saída foi proje-tada apenas para carros. "Asolução acaba sendo atra-vessar em meio aos carros,já que o ponto dos ônibusque atende a área fica dooutro lado da rua", afirma

o estudante.Segundo Gilmar Ferrei-

ra Alves, vendedor ambu-lante que há vários anostrabalha em frente à PUCMinas São Gabriel, aci-dentes se tornaramcomuns diante de seusolhos no dia a dia.Segundo ele, a segurançados pedestres está cadavez mais comprometida, apartir de fatos como a másinalização, falta de faixade pedestres e precária ilu-minação da passarela.

IDEIAS Caio acredita que,em relação à grande movi-mentação do bar, a soluçãoseria a delimitação doespaço em frente ao bar."Às vezes não se tem nemlugar para os veículos pas-sarem, maximizando orisco de acidentes", diz.

Moacir Pereira, dono doItaobim, acredita que coma sinalização e instalaçãode quebra-molas opedestre poderia ser bene-ficiado. "Por exemplo, oaluno que chega atrasado,quer chegar rápido à aula.Com medo de perder achamada, acaba sendoimprudente", diz Moacir.

O Cabo Valdeci Lima da24° Companhia da PolíciaMilitar concorda que,além da sinalização, éimportante a conscientiza-ção dos alunos em relaçãoa forma de se trafegar naregião. "O Bar do Bimajuda na concentração dealunos em parte da rua",afirma o oficial.

Temístocles PrezottiRodrigues, analista deTransporte e Trânsito daBHTrans, informou que aPUC São Gabriel está emprocesso de licenciamento,em que deverá apresentarum projeto de adequaçãoviária para o entorno doestabelecimento. "Parale-lamente a isto, a PBH irádesenvolver, através deempresa contratada, proje-to para a Nova Rodoviáriade Belo Horizonte nasproximidades da estaçãoSão Gabriel. Este projetotambém irá alterar a circu-lação no entorno daregião", afirma Rodrigues.

Além de acidentes causados pela falta de sinalização na rua onde está localizada a unidade do São Gabriel, o elevado

movimento de automóveis e ônibus gerado no Anel Rodoviário também é um fator que ameaça a segurança de pedestres

Acidentes causados por falta de faixas de pedestre e semáforos, má iluminação da passarela e constantes assaltos no ponto de ônibus preocupam pedestres

MARIA CLARA MANCILHA

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JACQUELINE DANIELLA, PAULA GRAZIELE,2º PERÍODO

Os moradores dosBairros ConjuntoFelicidade/Tupi têm sofri-do grandes transtornoscom relação ao transportepúblico aos domingos eferiados. Uma vez que aBHTrans retirou a linha1505R, que fazia o iti-nerário bairro/centro, pas-sando pela área hospitalar,substituindo-a por umalinha suplementar que vaiaté a Estação São Gabriel,causando revolta aosusuários da linha aosdomingos. Como alterna-tiva, o usuário tem comoopção outra linha deônibus ou fazer integraçãopelo metrô pagando umaúnica tarifa.

A Paróquia SãoFrancisco Xavier, no BairroTupi, fez um abaixo-assi-nado entregue à BHTranssolicitando a reativação dalinha 1505R aos domin-gos. Não houve respostaainda à reivindicação feita.Segundo o morador dobairro José RobertoSantos, o abaixo-assinadonão teve relevância, sendoque, para a BHTrans é

mais cômodo permanecernesta forma por umaquestão de economia,onde os usuários dedomingo pagaram umaúnica tarifa, já que asegunda é de graça.

O líder comunitário emembro da Comissão deTransportes e Trânsito,Isautino de Castro, infor-mou que toda primeiraterça-feira do mês é rea-lizada uma reunião naRegional Norte, junta-mente com a BHTranspara colocar as dificul-

dades dos moradores sobrequestões de transporte etrânsito, porém a BHTransse mostra irredutível emrelação à questão da voltado 1505R circular aosdomingos.

De acordo com aBHTrans, por meio de suaassessoria de comuni-cação, em janeiro de 2009foi implantada a Rede deDomingo, que foi areestruturação do trans-porte coletivo de BeloHorizonte onde as linhascom baixa demanda aos

domingos e feriados seri-am extintas ou fundidas aoutras linhas com deman-da maior e integradas auma estação de integração.

A linha 1505R por apre-sentar poucas viagens aosdomingos, com baixademanda, foi transforma-da em uma linha alimenta-dora da Estação SãoGabriel, linha 732 –Conjunto Felicidade/Estação São Gabriel. Acontinuidade do serviço éfeita na própria estaçãocom a integração na linha

81 que atende a área hos-pitalar. Com relação aoretorno da linha, infor-mamos que não é a dire-triz de transporte daBHTrans e PBH, pois arede de domingo junta-mente com a integraçãotarifaria atende a demandaexistente e, portanto nãoexiste a possibilidade deretorno da linha 1505Rvoltar a operar aos domin-gos e feriados.

Além da ausência detransporte aos domingos,os moradores do bairro

reclamam da superlotaçãodos bairros. Em resposta aBHTrans afirma que ocaso das linhas andaremmuito cheias, a Gerênciade Ação Regional Norte eNordeste (GARNE) infor-ma que desde janeiro de2010 realiza fiscalizaçõesperiódicas nas linhas dasRegionais Norte eNordeste no que se refereà superlotação, já comple-tando vários ciclos de fis-calização cobrindo todasas linhas das regionais,inclusive as linhas 1505 e1505R.

Durante as fiscalizações desuperlotação, os agentes uti-lizam os referenciais de car-regamento visual e procedi-mentos operacionais defi-nidos pela Gerência dePlanejamento e ControleOperacional (Geplo). Todasas linhas fora do padrão sãoautuadas. As linhas emquestão já receberam autuaçõespor este motivo e conforme ocontrato de prestação de serviçocabe a concessionaria a melho-ria do serviço. A Garne, dentrodo seu campo de atuação man-tém a fiscalização do transportecoletivo neste ano de 2011visando eliminar os proble-mas de superlotação das li-nhas do transporte coletivo.

Falta de ônibus gera transtornos para população

A falta de ônibus, principalmente aos domingos e feriados, é motivo de reinvidicação para os moradores do Bairro Tupi, na Região Nordeste de BH

RENATA FONSECA

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7ComunidadeAbril • 2011 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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CARLOS EDUARDO ALVIM,CÍNTHIA RAMALHO,4º E 5º PERÍODOS

Durante três vezes na semana,pela manhã, a agente comu-nitária de súde Maria Célia daSilva, 55 anos, sai de casa paracaminhar na pista de Cooper doConjunto Califórnia II, naRegião Noroeste de BeloHorizonte, e enfrenta algunsproblemas. Ao longo do percursopela pista, que contorna a RuaPatrício Barbosa, a principal doconjunto, a agente de saúde sedepara com vários obstáculos,como buracos causados pelo usoindevido da pista por carros deauto- escolas, animais, como ca-valos soltos no meio do cami-nho, além de carros e caminhõesestacionados no local destinadoà prática de exercícios físicos.

Assim como Maria Célia,vários moradores do ConjuntoCalifórnia também reclamamdos transtornos causados pelomau uso da pista. A comercianteEdina Maria Rodrigues de Assis,52 anos, que realiza suas cami-nhadas todos os dias pelamanhã, se diz incomodada coma situ- ação da pista que estápéssima para a prática da cami-nhada. "A pista está precisandode uma reforma, melhorar maisas faixas, tem gente que nãorespeita, para carro na faixa, aívocê tem que ficar saindo e indopara a rua porque os carros estãoparados, tem também o pessoalda auto escola que fica tendoaula, tudo na pista", conta.

Já para as amigas Maria dasGraças Fontes, 55 anos, eConceição Costa Lacerda, 45,que caminham juntas há mais de10 anos, o maior problemaencontrado na pista doConjunto Califórnia é a falta derespeito dos motoristas emrelação à sinalização do local."Eu só acho inconveniente umtrecho que tem uma placa depare, mas quem tem que pararsomos nós porque os motoristasnão param. Eles não obedecem àsinalização", reclama Maria dasGraças.

Além dos problemas na pistade corrida, a falta de quebra-molas na principal rua do bairrotambém é motivo de recla-

mações. Os moradores alegamque por ser um bairro pequeno,muito parecido com um con-domínio fechado, as criançassempre brincam na rua, porém, aalta velocidade com que osmotoristas dirigem os carros jácausou muitos acidentes, quevão de batidas ao atropelamentode uma criança que brincava nolocal. "O pessoal não respeita.Eles andam em alta velocidade echegam a fazer pega, o pessoalmorre de medo", conta MariaCélia.

A secretária da Associação dosMoradores do ConjuntoCalifórnia II, Denísia AparecidaSantos, afirma que o pedidopara a implantação dos quebra-molas foi enviado para aPrefeitura junto com o pedido desinalização da rua. Segundo ela,as placas foram colocadas e aPrefeitura havia autorizado asobras para a instalação dos que-bra-molas por toda a rua, mas aBHTrans ainda não realizounada.

De acordo com o presidenteda Associação dos Moradores doConjunto Califórnia II, JoséSoares Maia, o pedido para arevitalização da pista de cooper eo pedido de instalação de que-bra-molas à Rua Patrício Barbosa

é uma luta antiga da associação.Recentemente, a comunidadeenviou um abaixo assinado com600 assinaturas para os órgãosresponsáveis e até agora nãoobteve retorno. "É uma reivindi-cação antiga que o povo faz,mas, infelizmente, a Prefeitura ea BHTrans não se sensibilizarampara fazer o quebra-mola aqui. Éuma preocupação antiga dagente", conta.

Maia disse ainda que aosfinais de semana a situação noConjunto Califórnia II fica umpouco mais perigosa, já que nosdomingos à tarde, jovens dis-putam racha na principal rua. "Agente reclama, mas as autori-dades não tomam conhecimen-to", diz. Segundo ele, forampedidos à BHTrans três quebra-molas para serem instalados narua: um em frente a sede daassociação, outro na altura donúmero 600 e outro nas proxi-midades da quadra do conjunto.O presidente acredita que ainstalação desses redutores develocidade dará mais segurançapara as pessoas que transitampela comunidade e principal-mente peara as crianças quebrincam na rua.

O Conjunto Califórnia II écomposto por duas ruas. Além

da Patrício Barbosa, a LeopoldoBian também faz parte do bair-ro. De acordo com a moradoraMaria das Graças Fontes, asegunda rua já possui quebra-molas, mas o problema maior émesmo na Rua Patrício Barbosa,pois é lá que se observa o maiornúmero de acidentes por causada alta velocidade de algunsveículos. Como medida para ainstalação dos quebra molas, osmoradores do ConjuntoCalifórnia II encaminharam umabaixo-assinado para a BHTrans.Edina Maria Rodrigues, queassinou o documento, consideraa implantação dos quebra-molasde fundamental importânciapara a segurança dos pedestres."O bom do quebra-mola seriadiminuir a velocidade dos carrosque passam aqui. Tem hora queeles abusam. Seria bom colocarpara evitar acidentes", avalia.

Problemas com as linhas queatendem a comunidade tambémsão constantes no ConjuntoCalifórnia II. Os moradores con-tam com apenas uma linha,4501, para levá-los até o centrode Belo Horizonte. Além disso,os constantes atrasos dos ônibustambém incomodam as pessoasque utilizam o transporte. Alinha circular 41 também atende

n

PEDRO VASCONCELOS,4º PERÍODO

Em maio de 2009 o jornalMARCO em sua edição 266 divul-gou que o Banco do Brasil abririauma agência na Avenida Dom JoséGaspar no Bairro Coração Eu-carístico. Naquela ocasião a assesso-ra de imprensa do banco MiriamSarsur informou que a obra aindanão tinha prazo de entrega.Passados quase dois anos, osmoradores da região ainda sofremcom transtornos de mobilidade,além das enormes filas que se for-mam nas Casas Lotéricas.

Paulo Augusto Santos, 67 anos, émorador do Bairro Dom Cabral há30 e ressalta a necessidade de umaagência do Banco do Brasil nestaregião. " Aqui precisa muito. Temmuita gente que passa aqui todos osdias. É estudante, é morador, étudo", diz. Paulo conta que quandonecessita de serviços bancáriosrecorre à agências centrais ou àagência de outros bairros vizinhos".

Para mim é muito cansativo. Maspelo menos eu tenho tempo. Eu ficopensando que é mais difícil paraaquele povo que tem a vida maiscorrida" aponta.

O estudante de engenharia elétri-ca Guilherme Mendes estuda demanhã e faz estágio à tarde. Para eleuma agência próxima à faculdadefacilitaria a sua vida" Ás vezes écomplicado ter que picar o dia pararesolver problema em banco, se essaagência aí for abrir mesmo, vai ficarbom pra mim", diz. Guilherme alegaque já tinha notado a presença deuma estrutura praticamente prontado Banco. "Já tem um semestre queeu passo por aqui e vejo a agênciaaí não sei por que não inauguralogo", aponta.

O Banco do Brasil, por meio desua assessoria de comunicação, in-formou que a agência está emprocesso de instalação. As obras sócomeçaram em setembro do anopassado, devido a algumas burocra-cias que tiveram que ser resolvidascom o Banco Central. A assessoriaalegou ainda que não há um prazo

para a entrega da obra. Entretanto Jorge Igino, emprega-

do da empresa terceirizada respon-sável pela construção da agência,conta que a parte física da agênciaestá praticamente pronta. " A partefísica já está bem adiantada. O queestá faltando mesmo é a instalaçãodos caixas eletrônicos", diz. Ooperário conta que a equipe tem tra-balhado dia e noite para finalizar aobra. "A gente está correndo com aobra, eu venho aqui todo final desemana, mas agora só falta algunsdetalhes", diz.

Esta versão foi confirmada porum dos responsáveis pela obra,Claudemir José da Silva. O en-genheiro conta que a obra estáesperando a instalação de equipa-mentos de segurança e caixas ele-trônicos vindos do Banco Central, eé otimista em relação à data deinauguração. "Bom pelo o que agente tem feito aqui, eu acho que nomáximo até começo de maio obanco já deve estar inaugurado, masnão posso dar certeza de nada", diz.

PROBLEMAS NO CONJUNTO CALIFÓRNIA IIFalta de quebra-molas, pista de cooper em má conservação e linhas de ônibus que atrasam são transtornos

enfrentados pelos moradores do conjunto, que aguardam providências solicitadas por meio de abaixo-assinados

Maria Célia da Silva caminha três vezes por semana na pista do Conjunto Califórnia II e enfrenta vários obstáculos durante o percurso

Falta instalar equipamentos de segurança e caixas eletônicos para que a obra seja inaugurada

Agência do Banco do Brasil ainda não está pronta

RENATA FONSECA

PEDRO VASCONCELOS

a comunidade do bairro e tam-bém é alvo das reclamaçõesenvolvendo o atraso dos veícu-los. A estudante de pedagogiaDaiane Fontes Chaves conta quepara conseguir chegar a algunscompromissos, ela sai de casacom duas horas de antecedênciae mesmo assim, ainda costumaatrasar. "A linha dos ônibus,tanto do 45 quanto do 41, é pés-sima. Às vezes a gente tem algumcompromisso, então tem que saircom das horas de antecedência,isso quando eles passam", afir-ma.

A agente comunitária MariaCélia da Silva diz que já perdeucompromissos por causa dosatrasos dos ônibus. "Perdi umaconsulta que eu tinha marcadohá três meses. O ônibus demo-rou e por conta do atraso, amédica não pôde me atender",diz.

O motorista da linha circular41, Carlos Alves da Silva, explicaque os constantes atrasos doônibus se devem ao trânsitocaótico de Belo Horizonte. "Oatraso é relativo. Depende dotrânsito que a gente pega emBH", afirma. Segundo ele, osônibus passam a cada 25 minu-tos nos pontos e o itinerário ésempre cumprido.

A Superintendência deDesenvolvimento da Capital(Sudecap), por meio de suagerência de Comunicação eMobilização Social, enviou notainformando que não há nenhu-ma obra prevista para o local eque a manutenção, como reparosno asfalto e buracos, é de respon-sabilidade da Regional Noroeste.

A Assessoria de Comunicaçãoe Marketing da BHTransesclarece, por meio de nota, queantes de se implantar redutoresde velocidade é preciso verificarcaracterísticas técnicas da via,entre elas a aclividade oudeclividade, que não pode sersuperior a cinco graus. De acor-do com a assessoria, osmoradores devem formalizar umpedido na central de atendimen-to da Prefeitura pelo telefone156 ou no portal da BHTrans,www.bhtrans.pbh.gov.br

Em relação às linhas de ônibusque atendem a comunidade, aassessoria da BHTrans informaque fará uma fiscalização paradiagnosticar possíveis proble-mas.

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8jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas jornalmarcolaboratório do

PANORAMA DAS ESCOLAS ESTADUAIS DA REGIÃO NOROESTE DA CAPITAL

Na Escola Estadual De-sembargador Mário Gonçal-ves Matos, no Bairro MinasBrasil, a auxiliar de serviçosgerais, Genoveva de FreitasBernardes, aguarda o sobri-nho que vai sair da aula, noturno da tarde. Os filhos deGenoveva também estu-daram na escola e ela esperapor uma vaga para outrasobrinha, que aos 6 anosnunca frequentou escola e éalfabetizada pela tia em casa.Ela conta que a escola sempreofereceu ensino de qualidadee que à época em que os filhosestudavam lá os problemascom infra-estrutura erammenores. Olhando o prédioem que a escola funciona,Genoveva diz que a pinturaestá desgastada e destaca opouco espaço da quadra ondeos alunos têm aulas de edu-cação física. Porém, para ela,esse não é um problema que aimpeça de matricular asobrinha. "Ainda não con-seguimos a vaga porque elanão fez os dois anos de jardimque o governo exige. A mãenão tinha condições de pagaro jardim de infância, então,agora, vai ter que esperar ouentão, completar oito anospara entrar", explica.

A estudante Stefany Va-léria também espera o horáriode encerramento das aulas.Ela cursa o 6° ano na escolaMário Matos e, como saiumais cedo para ir ao dentista,aguarda a amiga que aindaestá na escola. Diferente dasobrinha de Genoveva, que sóconhece a fachada do prédio,

Stefany convive de perto comtodos os problemas. "Faltaventilador na minha sala queé muito abafada, o quadro éruim e o vidro está quebrado.Temos carteiras direitinho eos professores são bons, masminha sala tem 35 alunos efica muito apertado", avalia.Reclamações como a deStefany não são novidadespara uma professora daEscola Estadual MárioMatos, que não quis se iden-tificar. Ela afirma que muitosalunos a questionam sobre osmotivos pelosquais a escolaestá feia epedem novasreformas. Aprofessora a-inda explicaque com aspéssimas con-dições, comosalas com goteiras e quadrosdanificados pela umidade, aaprendizagem é prejudicada eos alunos não se sentem moti-vados a comparecerem àsaulas. Mesmo com esses prob-lemas, a perspectiva da profes-sora quanto à educação narede estadual é boa, já queexiste investimento do governoem relação a projetos pedagógi-cos e material didático.

Os problemas na estruturada escola se devem, emgrande parte, por se tratar deum prédio antigo que passoupor poucas reformas, segundoa atual diretora, Maria dasGraças Fonseca Figueiredo. "A

escola possui 51 anos e nuncapassou por uma reformageral. A antiga diretora ficoudez anos no cargo e o máximoque ela conseguiu foi umareforma do banheiro e do te-lhado", conta.

De acordo com Maria dasGraças, conseguir que umareforma para a escola sejaaprovada é uma tarefa difícil,principalmente por não setratar de uma instituição clas-sificada como "de risco", jáque ela atende apenas alunosentre o 1° e o 9° ano do ensi-no fundamental e se localizano Bairro Minas Brasil, con-siderado região tranquila. "Sefosse uma escola que estivesseem um lugar perigoso, jáestaria toda reformada, todabacana, porque eu já trabalheiem escolas assim antes de vir

para cá. En-tão, realmen-te nós esta-mos sendodeixados delado", avalia.A opiniãotambém écompartilha-da pela ex-

diretora Dulcimar Nas-cimento. "Eles investemmuito em escolas grandes e aspequenas vão ficando. Agente sempre trabalha com obásico. Se precisar de dinheiropara alguma coisa, tem quefazer campanha, porque oEstado não manda assim deimediato", explica.

Os problemas de infra-estrutura, além de incomodaralunos e funcionários, tam-bém afeta o desenvolvimentode projetos pedagógicos den-tro da escola. O pouco espaçoimpossibilita a realização deprogramas como o projeto"Escola Integrada", pois aescola não conta com salas de

informática e salas ociosaspara a realização de ativi-dades extra-classe.

De acordo com CláudiaMárcia Pereira, supervisorada divisão da equipe pedagó-gica da SuperintendênciaRegional de Ensino daMetropolitana B, as escolasque participam de programascriados pela Secretaria deEducação, como, por exem-plo, o "Escola Viva, Co-munidade Ativa", recebemuma verba destinada aodesenvolvimento desses pro-jetos. As instituições, como aEscola Mário Matos, que nãoparticipam de nenhum pro-grama da secretaria, tambémrecebem uma verba que, deacordo com a supervisora,pode ser utilizada para os pro-jetos pedagógicos desenvolvi-dos pela própria instituição.

A escola sofre ainda com apresença de ratos. Um ter-reno baldio na parte de trás eas canaletas abertas no pátio,além de representarem perigopara as crianças, são as princi-pais fontes de passagem ereprodução dos roedores.Maria das Graças afirma quejá fez um pedido de dedetiza-ção na Zoonose e que, segun-do Sandra Luzia, encarregadade zoonose do PadreEustáquio, já foi notificado.De acordo com Sandra, aescola teria que fazer o mane-jo ambiental, que é a primeiraetapa para a erradicação dosroedores, sendo assim, teriaque retirar as carteiras velhasque estão jogadas no pátio,arrumar as canaletas e o ter-reno baldio. "Não posso usarveneno por causa das cri-anças. Isso pode prejudicar asaúde delas", alerta.

É em um espaço pequenoque a Escola EstadualPedro Dutra, no BairroPadre Eustáquio, recebediariamente 118 alunos darede infantil, que cursamdo 1° ao 5° ano. No totalsão cinco salas onde ocor-rem as aulas de ensino re-gular. Em uma pequenaquadra acontecem as ativi-dades físicas dos alunos, jáque a instituição de ensinooferece horário integralcomplementado por aulasde teatro e esportes. "Onosso principal problemaé o tamanho da institui-ção", afirma a diretoraMaria da Glória Santos,que trabalha no cargo háum ano e meio e tentamelhorar a situaçãolutando pela ampliaçãoda escola.

Maria da Glória contaque, no ano passado, ainstituição tinha direito adois profissionais paratrabalhar com a super-visão. Esse ano houve umcorte e o número reduziupara a metade, tendo ape-nas uma pessoa nessafunção. "A supervisoraatende aos dois turnos,passando por um sistemade rodízio. Esse é um dosnossos problemas atuais.Ela precisa trabalharsegunda quarta e sexta demanhã e terça e quinta detarde", conta.

Como se trata de umainstituição que ofereceensino com horário inte-gral, os alunos precisam dealimentação dobrada. Paraatender às necessidadesalimentares, a escola contacom a verba enviada pelogoverno, que é dividida

em duas partes, uma desti-nada ao lanche e outrapara o almoço das cri-anças. Apesar de o di-nheiro não ser muito,Maria da Glória afirmaque é o suficiente."Montamos um cardápiobem feito e contamos coma nossa horta, que man-tém essa parte de horta-liças", afirma.

A questão das vagaspara alunos novatos não éum problema recorrente,apesar da diretora afirmarque esse a-no houve u-ma dificul-dade maiorde incluirtodos osalunos doprimeiro a-no nas ma-t r i c u l a s .“Como é o inicio da vidaescolar da criança é o anoque temos mais demandaspara poucas vagas”, diz.

Bastante satisfeitas como ensino, as mães elogiama organização e a quali-dade dos professores. É ocaso de Patrícia Vieira,mãe de Paulo Henrique,aluno do 3° ano do ensinofundamental. "Pelo que euvejo lá em casa o resultadoé ótimo. Eu não tenhonada a reclamar, meu filhoestá feliz aqui, porque eletem a atenção das profes-soras, tem uma educação

séria", afirma. Já EreniceCarreiro, mãe de Bruno,aluno do 3° ano do ensinofundamental, elogia a ali-mentação da escola quesegundo ela é "sempremuito boa".

De acordo com NilsonSilva Azevedo, coordenadorda rede física da Super-intendência de EducaçãoRegional Metropolitana B,a equipe de vistoria da redefísica das escolas é compos-ta por três engenheiros, umauxiliar administrat i v o e

u m coor-d e n a d o r.Ele explicaque as vis-torias rea-lizadas paraavaliar a si-tuação dosespaços físi-cos dasescolas são

realizadas anualmente.Feitas as visitas, são criadasplanilhas com informaçõessobre a situação das estru-turas e que são postadas emuma base de dados informa-tizada no Sistema deControle de AtendimentoEscolar. Essas planilhas sãoenviadas ao Órgão Central,ligado a Secretaria deEducação e responsável porliberar a verba para as refor-mas necessárias. Ao passarpelo órgão central é emitidoum termo de compromisso,que é entregue às diretoraspara que elas iniciem oprocesso de licitação públi-

ca, pelo menor preço, comparticipação de pelo menostrês empresas.

Ainda de acordo comNilson, a prioridade parao Governo do Estado epara a Secretária deEducação em 2011 é oreparo e a recuperação dasredes físicas das escolas.Obras que segundo ele, jáestão acontecendo.

A superintendente daRegional Metropolitana B,Maria de Lourdes Facyafirma que a Secretaria deEducação sempre esteveaberta para atender asolicitação das escolas ereforça a importância dosdiretores serem tambémbons gestores. Ela diz queo maior problema en-frentado pela equipe dasuperintendência é comempresas que se candi-datam a licitação e ga-nham, porém não cum-prem com os contratos,muitas vezes abandonan-do as obras ou fazendoserviços com pouca quali-dade. "A superintendênciavai atrás dessas empresasque abandonam as obras,faz marcação firme, pedeprestação de contas, vê asituação em que as obrasestão, mas muitas vezestem que mandar os casospara serem resolvidos nojudiciário, o que demoraainda mais o processo dereforma das escolas. Masas escolas também devembuscar parcerias, desen-volver projetos comempresas, correr atrás",ressalta.

Escola Mário Matosnunca teve reforma

Pedro Dutra não temespaço para exercícios

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CARLOS EDUARDO ALVIM,CÍNTHIA RAMALHO,LAURA DE LAS CASAS,LILA GAUDÊNCIO,PEDRO VASCONCELOS,SAMARA NOGUEIRA,4º, 5º E 7º PERÍODOS

As escolas da rede estadual de ensino da Região Noroeste de Belo Horizonte se contrastam. Enquanto em algumas a presença de

ratos, goteiras, falta de espaço, má conservação da rede elétrica e janelas quebradas prejudicam o desenvolvimento escolar dos

alunos, em outras, o espaço, mesmo que pequeno, é bem conservado, limpo e organizado. A equipe do Jornal MARCO visitou seis

instituições de ensino, localizadas nos bairros Coração Eucarístico, P

identificou os principais pontos que permeiam as escolas estaduais ali existentes.

[ ]“A ESCOLA POSSUI51 ANOS E NUNCA

PASSOU POR REFORMAGERAL”, (DIRETORA

MARIA DAS GRAÇAS)

[ ]“O NOSSO PRINCIPALPROBLEMA É O

TAMANHO DA INSTI-TUIÇÃO”, (DIRETORA

MARIA DA GLÓRIA)

O pouco espaço dificulta a prática de esportes na Escola Estadual Mário Matos

O prédio da Escola Padre Eustáquio encontra-se em bom estado de conservação

SAMARA NOGUEIRA

RENATA FONSECA

Page 9: Jornal Marco

Especial Educação 9Abril • 2011docursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas jornalmarcolaboratório

AIS DA REGIÃO NOROESTE DA CAPITAL

Localizada no Bairro Game-leira, a Escola EstadualProfessor Leon Renault pos-sui infra-estrutura queatende às necessidades nãosó de alunos e de edu-cadores, mas da comu-nidade em geral. As salasem bom estado, as duaspiscinas, o ginásio e oamplo espaço físico foramrestaurados no final do anopassado.

A diretora AntôniaMeire Batista Santos, noentanto, ressalva que nemsempre foi assim. Apesarde ser considerada umaescola modelo, ela afirmaque durante duas décadasde serviços prestados àinstituição, essa foi a únicagrande reforma da insti-tuição. "Durante esses 20anos a escola ficou umtempo largada, mas depois(do ano passado) retomoua excelência", lembra.

Ainda segundo a direto-ra, o processo de requeri-mento da reforma não foicomplicado e aconteceu nagestão da antiga diretoraMaria de Lourdes Facy."Nós reformamos todas assalas e as salas do primárioque agora possuem ba-nheiro feminino e masculi-no. Então foi uma reformamuito grande na escola,

que veio beneficiar toda acomunidade escolar", diz.

Hoje Maria de Lourdesé superintendente de edu-cação da Regional deEnsino da MetropolitanaB e afirma que o maiorproblema enfrentado pelasescolas, muitas vezes, é ode administração. Para ela,muitos diretores nãosabem direcionar as verbasque são enviadas para asinstituições. "Cada gestor éde um jeito. A escola existepor causa do aluno. Elaexiste para servir aosalunos, os professores etambém a comunidade.Muitos diretores confun-dem o que é ser um diretoradministrativo com o queé ser um diretor pedagógi-co", observa.

De acordo com AndréaJuanes de Azevedo, vice-diretora do Leon Renault,normalmente os proble-mas são debatidos emreuniões periódicas docolegiado com os pais. Aquestão do ginásio, porexemplo, que foi reforma-do porque o piso estavainclinado, permitindo acú-mulo de água da chuva,foi colocada em pauta,junto à questão das salasdo primário que, precárias,não atendiam às neces-

sidades das crianças. "Foiunânime o pedido dereforma das salas e doginásio", salienta Andréa.

Antônia afirma que aboa infra-estrutura temfeito a demanda por vagasaumentar consideravel-mente "A gente não temcomo atender, a gente tem46 alunos dentro das salas.Todos os pais da regiãoquerem que o seu filhoestude aqui. Por quesabem que aqui tem pes-soas com-prometidascom a edu-cação", diz.

A estu-dante do 9ªano, MariaLuiza Fran-ça, está naLeon Re-nault desdeo ano passado e ressalta aestrutura da escola. "Euestudava em escola parti-cular, quando meu pai con-seguiu vaga eu mudei paracá. Aqui não deve nadapara as outras escolas, nãotenho nem uma recla-mação sobre os profes-sores e sobre nada", diz.

ORGANIZAÇÃO Uma fa-chada simples na RuaCesário Alvim, número927, no Bairro PadreEustáquio, indica que ali,naquele prédio de trêsandares e muros altos, fun-ciona a Escola Estadual

Padre Eustáquio. A organi-zação e a limpeza da escolaé perceptível logo que seentra nela, através de pare-des bem pintadas e ban-heiros e pátios adequados elimpos. Além disso,quadros de avisos queinformam a refeição dasemana, reuniões com paise outros assuntos de inte-resse escolar e administrati-vo também estão espa-lhados pelas paredes. "Aescola é muito procurada

pelos pais,hoje nóstemos umalista dee s p e r a " ,a f i r m aM a r i aEleonora,diretora dainstituiçãoque atende

alunos do 1° ao 5° ano. Apesar da escola ter

obtido alto índice educa-cional em provas realizadaspela Secretaria deEducação, alguns paisacreditam que o ensinoainda poderia melhorar."Meu filho estuda na esco-la há 3 anos e eu acho quedeveria melhorar mais oensino. Ser mais pesado,porque eles tem condiçõespara isso”, diz LuísManoel, 41 anos. “Asreuniões aqui são ótimas, arelação com os pais é muitopróxima”, aprova.

A Escola EstadualCândida Cabral, que fun-ciona em um prédio alugadona Rua Frei Luiz de Souza,no Bairro Alto dos Pinheiros,atende, aproximadamente, a700 alunos, do 6° ao 9° anodo Ensino Fundamental e do1° ao 3° ano do EnsinoMédio, além da Educaçãopara Jovens e Adultos (EJA).Há dois anos, ocorreu umareforma na fachada e no te-lhado, mas o que se vê é umprédio danificado compichações na área externa eoutros problemas, como arede elétrica que estáexposta.

O prédio se divide emdois blocos. Os corredores eas escadas estreitos dificul-tam a passagem e a movi-mentação de alunos, profes-sores e funcionários, o quepara a especialista em edu-cação. Carla Corrêa, é umambiente impróprio para ofuncionamento de um esta-belecimento de ensino. Paraela, o maior problemaenfrentado pelos profes-sores e alunos é o espaçoinadequado. "Isso aqui (oprédio) não tem caracterís-ticas de uma escola. Sãodois prédios que você nãotem visão de um para ooutro, é muito fechada.Acontece alguma coisa emum, até que você conseguechegar lá, a coisa já foi",explica.

A supervisora da divisãode equipe pedagógica daRegional de Ensino daMetropolitana B, CláudiaMárcia Pereira, explica que,por se tratar de um prédioque não pertence aoGoverno do Estado, a rea-lização de grandes obrasacaba sendo dificultada. Po-rém, ela afirma que peque-nas reformas e manutenção

das instalações são feitasregularmente.

Apesar dos problemas nainfra-estrutura, os alunos daescola Cândida Cabralpodem contar com espaçospara desenvolvimento deatividades extra-classe,como por exemplo, bibliote-ca, laboratório de informáti-ca e sala multimeios.

A escola funciona emtempo integral para alunosdo ensino fundamental, queestudam pela manhã edesenvolvem outras ativi-dades, que não fazem partedo currículo escolar, naparte da tarde. De acordocom Carla, a falta de moni-tores voluntários paraacompanhar esses alunosdificulta o desenvolvimentodas atividades. "Faltammonitores para esse projeto.Tem que ser voluntário,para eles trabalharem como pessoal da Escola Integral.Existe verba para colocar oprojeto em funcionamento,só não tem para manter osmonitores, isso dificultaarrumar pessoas para tra-balhar", diz.

Para a especialista daescola, os principais proble-mas da educação não estãorelacionados à falta deincentivo e verbas por partedo Governo de MinasGerais. Segundo ela, oinvestimento é alto e ofe-rece condições para umaboa aprendizagem. O prin-cipal problema está nasfamílias. "A família hoje édesestruturada. Não adi-anta investir em educaçãose não tiver um projeto parao resgate dessas famílias",afirma.

Quando a equipe de re-portagem chegou à EscolaEstadual Assis das Chagas,localizada no Bairro DomCabral, a diretora Rita deCássia Lima Penalva daSilva estava ao telefone comos engenheiros que visi-tariam o local no diaseguinte para avaliar o esta-do da pintura do prédio.Junto com as paredes, adiretora iria mostrar tam-bém os tacos que estãosoltos em algumas salas, osp rob l emashidráulicos ea pequenacapacidadedo refeitóriodo colégio.Para a dire-tora, queatende cri-anças queestudam da fase In-trodutória até o 5º ano(antiga 1ª a 4ª série), aSecretaria de Educação sem-pre esteve muito aberta a a-tender os projetos pedagógi-cos propostos. Ela conta quena Bienal do Livro de BeloHorizonte, que ocorreu emmaio de 2010, foi liberadoum ônibus para que osalunos das escolas da RedeEstadual de Ensino de BeloHorizonte pudessem visitara feira e verbas para que asescolas pudessem adquirirlivros para suas bibliotecas.

Diferentemente das ou-tras escolas da RegiãoNoroeste, a Escola EstadualAssis das Chagas vemsofrendo queda no númerode alunos. De acordo comRita de Cássia, que está há

dez anos à frente da direção,essa tendência tem sidopercebida desde 2005. Paraela, o planejamento familiarcontribuiu para essaredução. "A questão dafamília começou a mudar.Aquela mulher que tinhatrês, quatro, cinco, seis fi-lhos, hoje tem um ou dois",diz. Outro fator é o fato dea escola se localizar em umaregião onde se encontramvárias outras instituições deensino. "Nós não temos

problemas defalta de esco-la, agora oque falta éaluno. Agente brigapor causa dea l u n o ” ,conta. Elaacredita que

os grandes problemas naeducação estão ligados tam-bém a formação do profes-sor. "O professor está muitomal preparado, não sabe tra-balhar, não sabe dar aula,não sabe se os meninos têmalguma dificuldade, nãosabe como ele vai sanaraquela dificuldade”, avalia.

A última vez que a escolarecebeu uma pintura emsuas paredes foi há seisanos. Como a diretora daEscola Estadual MárioMatos, Rita de Cássiaacredita que o fato da insti-tuição estar situada em umacomunidade tranquila e portrabalhar com um públicoque não apresenta alto risco,dificulta a liberação de ver-bas para as reforma do pré-dio.

Assis das Chagasespera por reformas

Cândida Cabral temproblema com prédio

Leon Renault e PadreEustáquio são valorizadas

Belo Horizonte se contrastam. Enquanto em algumas a presença de

ca e janelas quebradas prejudicam o desenvolvimento escolar dos

servado, limpo e organizado. A equipe do Jornal MARCO visitou seis

ico, Padre Eustáquio, Minas Brasil, Alto dos Pinheiros e Gameleira e

uais ali existentes.

[ ]“AGORA O QUEFALTA É ALUNO”

(DIRETORA RITA DE

CÁSSIA)

[ ]“NOSSO DIFERENCIAL ÉA PREOCUPAÇÃO DEQUERER SEMPRE OMELHOR PARA OS

ALUNOS” (ANTÔNIA MEIRE)

A pia com defeito sinaliza que o prédio da Escola Cândida Cabral tem problemas

A Assis das Chagas enfrenta queda no número de alunos do ensino básico

CARLOS EDUARDO ALVIM

RENATA FONSECA

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10 CampusAbril • 2011jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

PROJETO AJUDA NAINCLUSÃO DE ALUNOS

Há 10 anos, o Bolsa Dignidade da PUC Minas em Contagem oferece aulas complementares que possibilitam

maior aprendizado e formação profissional para os estudantes de escolas municipais, de abrigos e bolsistas

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CARLOS AUGUSTO AMARAL, 6º PERÍODO

O nome pode até ser parecidocom os conhecidos programassociais do governo, mas o proje-to Bolsa Dignidade da PUCMinas em Contagem é uma ideiapioneira e bem-sucedida.Completando 10 anos noprimeiro semestre de 2011, é omais antigo dos nove projetos deextensão em atividade naunidade contagense. O Bolsa,como é intimamente chamadopor estagiários, alunos e orienta-dores, surgiu como uma maneirade suprir a insuficiência deaprendizado escolar de alunosbolsistas que chegaram naunidade naquele ano.

O objetivo era complementaro ensino em português ematemática, para fortalecer eproporcionar mais inclusão naacademia para os novos alunos.Depois, em um convênio realiza-do com a Secretaria Municipalde Educação, as aulas foram rea-lizadas com crianças e adoles-centes das escolas municipais deContagem. Em 2010, o projetocontou ainda com outra expan-são: a inclusão de alunos prove-nientes de abrigos da cidade daregião metropolitana.

Desde 2001, muita coisamudou, mas permaneceu princi-palmente a integração dos cursose alunos no campus para a rea-lização do projeto. "Temos esta-giários de vários cursos e cadaum contribui no projeto comaquilo que sabe de melhor.Alunos do Direito ensinam sobreos direitos das crianças, os decontabilidade ensinammatemática e por aí vai", explicaa professora Mary Ramos, ex-coordenadora do projeto e umagrande entusiasta da ideia.

Para a atual coordenadora doprojeto, a professora DéboraMaria David da Luz, o Bolsafornece uma importante trocaentre todos que participam dele."Os alunos ganham umamudança no aprendizado, novasdescobertas e à academia pos-sibilita formação profissionalpara os alunos, além de umagrande interação nos projetos de

pesquisa e monografia", salientaDébora.

Interno do Abrigo Bem Viver,localizado nas proximidades dauniversidade, o adolescente L.H. M. B., 13 anos, fala com lou-vor da oportunidade no campus:"Aprendi dobradura, artes e ajogar bola direito. Quero queneste ano mais gente daqui doabrigo participe e quero apren-der informática lá também", dizbem empolgado o adolescentede. Para os alunos, descobrir ocampus e sentir-se pertencente aele já é um grande resultado."Eles contam que estudam naPUC. Falam isso com todo oorgulho", afirma a professoraMary Ramos.

Outra característica bem suce-dida do projeto é o forte apelopara a cultura como fonte deeducação para os alunos. Alémdo ensino das matérias escolares,o projeto ensina artes plásticas,dobradura e música para osalunos. Da parceria com oProjeto Fred, foram realizadasvárias oficinas de artes e o Bolsaconta também com parceriasjunto à Orquestra Sinfônica deMinas Gerais e com a FundaçãoClovis Salgado, que leva osalunos em espetáculos eexposições no Palácio das Artes."É uma coisa maravilhosa ver osalunos interagindo com a arte etambém tendo acesso à lugaresnovos e até então desconhecidospor eles", conta a professoraMary Ramos.

Para 2011, o objetivo é con-tinuar o projeto, alcançandonovos equipamentos sociais.Como confirma a atual coorde-nadora do Bolsa Dignidade, pro-fessora Débora David da Luz, aintenção é ir além. "Queremosconfirmar a parceria com os abri-gos e também atingir novasmetas como os Centros deReferência em Assistência Social(CRAS) e os Centros deReferência Especializados deAssistência Social (CREAS)",diz.

TRANSFORMADOR "Nãotem preço o que o BolsaDignidade cumpriu na minhavida", diz Rafaela Neves, atual-

mente aluna do curso de ServiçoSocial da PUC em Contagem."Era tudo novo para a gentenaquela época, a maneira comoo projeto acontecia dava invejaem quem não participava", diz.

De beneficiária de uma das

primeiras turmas do BolsaDignidade, quando tinha apenas12 anos, Rafaela voltou ao proje-to anos depois como estagiária:"Foi muito importante para mimdevolver aos novos alunos tudoque eu havia aprendido no

Bolsa." A aluna, que atualmentetrabalha para projetos sociais daPrefeitura de Contagem, contaque teve sua opção pela carreirade Serviço Social influenciadapelas passagens na extensão daunidade.

Quando tinha 12 anos, Rafaela Neves foi beneficiada pelo Bolsa Dignidade. Hoje, além de cursar Serviço Social, ela é estagiária do projeto

O Complexo Esportivo da PUC recebeu a visita da comissão da CBF/FIFA e pode ser um dos centros de treinamento do Mundial de 2014

RENATA FONSECA

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FELIPE AUGUSTO,JÉSSICA FONSECA,2º PERÍODO

O Complexo Esportivo PUCMinas concorre com mais oitolocais para ser um dos lugares queservirá de base para treinamento,em Belo Horizonte, durante aCopa do Mundo de Futebol em2014. Segundo a coordenadorado Complexo Esportivo, MárciaCampos Ferreira, existe a pos-sibilidade, já que a comissãoavaliadora da CBF/ FIFA esteveno local para avaliá-lo.

"Sendo a Puc Minas uma uni-versidade e também pelo fato deter bons relacionamentos comdiversos órgãos públicos, creioque facilitou o contato e o con-vite", observa Márcia. "Mas tudodepende do resultado da avali-ação que só será divulgada até ofinal deste ano", ressalta.

Para Márcia, esse evento teráuma grande importância não sópara a instituição como tambémpara os acadêmicos de EducaçãoFísica. "A importância esportivaserá o legado, o evento nos pro-porcionará bons legados", diz.Ainda não existem projetos demelhorias para o complexo."Estamos aguardando o resulta-

do da comissão avaliadora e apartir da resposta, vamos avaliaras melhorias desejadas", conta.

Esse novo fato foi divulgadopara a comissão acadêmica deEducação Física da Puc Minas,ainda que sem ampla divulgação.O aluno José Carlos Pereira dePaula, estudante de EducaçãoFísica, e o aluno do oitavo perío-do Felipe Nunes ainda nãoestavam cientes do projeto emandamento e apresentaramopiniões divergentes. Felipedemonstrou bastante preocu-pação, pois, segundo o aluno háo temor de que esse evento atra-palhe o rendimento dos alunos,sendo que o complexo é utiliza-do como laboratório de estudos,onde eles colocam em práticatoda a teoria aprendida.

Já José afirma que isso só vaiacrescentar, será uma evoluçãono curso e para os alunos, desdeque os treinos possam ser aber-tos para os acadêmicos. Porém,Felipe considera bem vindo osinvestimentos estruturais de ini-ciativa privada. E José afirmaque independente de onde vemo recurso, a melhoria será bemvinda, pois há muito que melho-rar no Complexo Esportivo, porexemplo, a iluminação do campoe aquecimento da piscina.

Complexo Esportivo da PUC pode receber Copa MARIA CLARA MANCILHA

Page 11: Jornal Marco

11CulturaAbril • 2011 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

Mineiro realiza trabalho de restauração e construção de instrumentos musicais em seu ateliê e ganha espaço em exposições de luthieria nos Estados Unidos. O ofício é totalmente arte-

sal, no qual somente as mãos do luthier e os intrumentos de ofício tocam na madeira realizando um trabalho minucioso e delicado. A atividade foi passada de avô para neto

A ARTE DE CUIDAR DE INSTRUMENTOSn

FILIPE SATHLER, 2º PERÍODO

Gianfranco LorenzziniFiorini, de 45 anos e 28 deprofissão, é descendentedireto de uma família demarceneiros italianos, masse dedicou a arte daluthieria, que consiste daconstrução e reparo deinstrumentos musicais decorda. Por sua oficina quefica no Bairro Lagoinhaque é de seu avô, comquem aprendeu a marce-naria – passam os maisdiversos instrumentos,como violões, violinos,violoncelos, violas, guitar-ras e contrabaixos elétri-cos, violas caipiras e atémesmo bandolins, osquais restaura e reparadiariamente.

Porém, como o Brasilnão possui uma cultura deapreciação e conservaçãode instrumentos antigos,os reparos são muito maiscomuns que as restau-rações, que são a reno-vação tão completa quan-to possível de instrumen-tos antigos. Se o mercadode compra e reparos deinstrumentos eruditos éconsiderado pequeno noBrasil, ele é muitas vezesmenor ao se olharsomente para MinasGerais. Mas, quandoquestionado sobre o que omotiva a trabalhar em ummercado tão difícil,Gianfranco respondeucom uma simplicidadeencantadora."

É uma questão degostar mesmo. Eu adorofazer isso. Acho quenascemos sendo algumacoisa e, a partir daí, vocêse desenvolve", afirma. Elediz ainda que embora a

demanda por seus serviçosseja pequena se compara-da à demanda de nívelindustrial, nunca faltaserviço em seu ateliê,como gosta de chamar suaoficina. Isso porque o tra-balho do luthier é total-mente artesanal, dosmenores consertos à cons-trução completa de uminstrumento, a qual podedemorar mais de trêsmeses. Tudo é feito cuida-dosamente, com um ca-rinho pelo trabalho rara-mente visto, em umprocesso onde só o quetoca a madeira são osinstrumentos do ofício eas mãos do próprio luthier.

Por ser um mestre sem

aprendiz, Gianfranco tra-balha em todas as etapasda criação. Anos atrás,chegou a cortar asmadeiras que utiliza,tendo algumas delas atéhoje em seu ateliê. Aoobservar seu trabalho épossível entender comoGianfranco chegou a umpatamar que muitos deseus colegas de profissãoalmejam, patamar este quelhe permitiu optar por nãoconstruir mais instrumen-tos sob encomenda, massomente aqueles que dese-ja criar, os quais ofertaposteriormente para quemse interesse por eles.

Hoje em dia ele se dedi-ca principalmente a cons-

trução de contrabaixosacústicos, com os quaisexperimenta novas ma-deiras e sempre buscaaperfeiçoar sua técnicapara criar instrumentoscom uma aparência mar-avilhosa e um timbreigualmente excepcional. Oluthier vê sua escolhaprofissional como umdesafio e algo que deman-da grande dedicação, e osresultados dessa dedicaçãose mostram no reconheci-mento que seu trabalho jáatingiu. Seus clientes va-riam de músicos de altorenome no cenárionacional e membros deorquestras profissionais amúsicos amadores que

tocam os mais variadosestilos musicais. Gian-franco afirma que o merca-do mudou muito desdeque começou na profissão,devido ao advento dosinstrumentos baratosprovenientes da China, debaixa qualidade e compreços igualmente baixos eque atualmente sua únicapretensão é poder conti-nuar a trabalhar comoluthier, construindoinstrumentos em seuateliê.

Alguns de seus contra-baixos acústicos foramexpostos em festivais deluthieria nos EstadosUnidos e em um destesuma grande empresa

norte-americana selecio-nou os quatro melhoresinstrumentos do festival,dentre os quais um era umcontrabaixo de Gian-franco, que está agora nosEstados Unidos com aempresa esperando porum comprador, tendo sidoorçado por um preçomuito superior ao que elemesmo esperava. Isso sóconfirma o que os clientesde Gianfranco sabiam hátempos: que os instrumen-tos criados por ele são tãobons quanto alguns dosmelhores do mundo e que,provavelmente, o ateliê naLagoinha continuará aber-to por tantos anos quantoGianfranco desejar.

Gianfranco Lorenzenni Fiorini, trabalha em seu ateliê, constroi com cuidado um dos instrumentos musicais de madeira para um de seus clientes. Ele é o único luthier de Belo Horizonte

Quem passa pelo Centro de BH pode participar de sessões gratuitas de cinema através do projeto Cinema de Bolso

RENATA FONSECA

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ADA MALUF,ANA CAROLINA NASCIMENTO,RAQUEL ANDRETTO,2º PERÍODO

O Centro de CulturaBelo Horizonte, localizadoà Rua da Bahia, nº 1149,começou em fevereiro oprojeto Cinema de Bolso,com uma exibição gratuitade curtas metragensnacionais. Quem passa alipela área central tem achance de uma vez porsemana, todas as quartas-feiras, assistir a curtasmetragens nacionaisexibidos durante o horáriodo almoço. A cada mês osfilmes terão uma temáticadiferente, a primeira foiCidade, e no mês demarço, os filmes serãosobre Poemas, em come-moração ao dia 14 demarço: Dia Nacional daPoesia.

De acordo com a coor-denadora do Centro deCultura, Vanessa Viegas,47 anos, a expectativadesse projeto é reunir o

público variado do centrode cultura em um únicoespaço e com temáticascapazes de despertar inte-resse e conhecimento,fazer com que as pessoasexerçam a simples ativi-dade de estarem diante deum filme. "Além de sereconhecer, as pessoas pos-sam conhecer algumacoisa, manter uma inter-face com o que for exibido,além de divulgar artistasbrasileiros e quebrar a roti-na da semana'', ressalta.

O casal Raquel deCampos Paes, 27 anos, eBernardo Staring, 25,ficaram sabendo do proje-to através do guia de inter-net Guia da EntradaFranca, e pretendem voltarmais vezes e trazer ami-gos. "O projeto é muitobom, dá pra assistir aosfilmes e voltar para o tra-balho", diz Raquel.

No dia 23 de fevereiroocorreu a exibição de umdocumentário sobre oUakti, grupo musical, que

por meio de materiaiscomo tubos de PVC,vidros e cabaças, conseguecriar seus instrumentos ereproduzir os sons danatureza.

A índia Durupã, 24anos, que saiu de sua tribona Amazônia há poucomais de um ano, elogiou ofilme, pois, através deleconseguiu ouvir sons dafloresta que não ouviadesde a sua chegada à BeloHorizonte. Ela elogiou otrabalho desenvolvidopelo centro cultural,porque através dele, todasemana ela consegueaprender um pouco maissobre a cultura do nossopaís.

Com o seu segundo mêsde projeto, a expectativada coordenação é que amédia de público sejanotavelmente crescentepara que assim mais pes-soas tenham acesso a maisuma forma gratuita dearte e consequentemente,de diversão.

Sessão de cinema na hora do almoço em BHCAIO BARROSO

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12 Cultura • ComportamentoAbril • 2011jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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SARA ALBERTI,2º PERÍODO

O palhaço em geral éaquele que faz um ques-tionamento, trazendo atona situações dasociedade e do cotidiano.Em Minas Gerais, aCompanhia de PalhaçosCircunstância define bemesta expressão artística.Ela é formada por seisintegrantes e foca umespetáculo mais direciona-do a arte de rua. As apre-sentações em projetos e deforma autônoma, viajandopor diferentes regiões deMinas, como Ouro Preto eMariana, e pelo resto doBrasil.

Para chegar na estabili-dade que hoje estão, pas-saram por vários períodosde formação e aindaenfrentam momentos desuperação. Muitas apre-sentações são finalizadascom a passagem de chapéupara arrecadar dinheiro eacabam por criar umarenda significativa, maspara isso, é necessário quese estabeleça uma ligaçãocom o público, sem a qualo rendimento não seria tãoexpressivo. Muitas vezesessa renda sustenta as via-gens, aluguel, transporte,alimentação e os recursosnecessários para a con-tinuidade do trabalho.

Para aperfeiçoar einserir nas apresentações alinguagem característicado palhaço é necessáriomuito estudo das técnicase prática. Assim como emqualquer outra profissão, aexperiência é essencialpara um bom rendimento,que tem como resultado apermissão do público paraque se consiga as risadas.Para que isso ocorra, é fun-damental a interação entrequem apresenta e quemassiste. As pessoas têm quepermitir as brincadeiraspara que então, elas pos-sam se envolver com oespetáculo. Aquele que"sofre" a brincadeira, o faz

divertindo não só aos ou-tros, mas a si mesmo.

Para que isso sejaalcançado, também énecessário sensibilidade,seguindo os quatro passosde um bom espetáculo. Noprimeiro momento o pal-haço se apresenta, nosegundo convida as pes-soas a entrar no seumundo e, se elasaceitarem, no terceiromomento estabelece umcontato com um universodiferente. No quartopasso, elas são levadas devolta para o mundo real,mas com uma visão dife-rente, causando reflexões.

Mariana Carvalho SoaresAndrade, 21, integrantedo grupo Circunstância,define o palhaço como"agente transformador darealidade".

Hoje a companhia teminvestido na segundaedição do ProjetoQuaquaraquaquá, quereúne mais de 100 profis-sionais da área, fazendouma ocupação cultural emduas praças de BeloHorizonte e uma deMariana. O projeto procu-ra patrocínio e já ganhou oPrêmio Funarte ArtesCênicas na Rua - edição2010, sendo seus

espetáculos abertos a qual-quer faixa etária.

Cada um tem um pa-lhaço personalizado, comcaracterísticas diferentes,tendo eles semelhanças ounão. "Seu palhaço é vocêcom uma lupa", afirmaDiogo Dias de AraújoPorto, 31 anos, fundadordo grupo Circunstância.Esse é o perfil daquelesque geralmente apresen-tam com um formato maisteatral. As oficinas são suaformação, com aulasdaqueles que tem maisprática, juntamente com ocompartilhamento de

experiências e aprendiza-dos entre as turmas, umavez que não existe univer-sidade com intuito de for-mar profissionais nessaocupação.

Evandro HenringerLeitão, 34 anos, partici-pante da companhia,destaca a percepção dopalhaço desvinculado docirco pelo caráter maishereditário, onde seaprende o ofício com ospais, podendo acontecerdo personagem seguir omesmo papel por geraçõese pela diferença de lin-guagem. Diogo relata tam-

bém que o palhaço traba-lha com as dificuldades,com a superação, apren-dendo a treinar e tomarproveito do erro, onde adificuldade passa a seruma forma de se superar."A gente está em formaçãoo tempo todo, e o maiormestre é o público", conta.Sendo esta uma arte bemreceptiva e popular, paraaqueles que se apresentamem praças, arenas, lonas,festas ou em intervençõesde locais públicos comsuas diferentes linguagens,o reconhecimento é a va-lorização do trabalho.

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DAVIDSON FERREIRA,RAISSA PEDROSA,2º PERÍODO

Está cada vez mais fácilfazer compras. Hoje, ter umcomputador com acesso ainternet e vontade de con-sumir são os requisitos bási-cos para ter em mãos, comtotal comodidade, os produ-tos que tanto se almeja. Demaneira simples e rápida, ossites de compras, verdadeiraslojas virtuais, disponibilizamdiversos produtos dos maisvariados tipos a preços maisbaixos do que o conven-cional. Em alguns cliques, osclientes fazem suas comprase recebem os produtos emcasa, geralmente viaCorreios. No Brasil, o uso docomércio eletrônico crescenuma escala de 1500% aoano. A segurança em relaçãoa esse tipo de compra é, noentanto, uma preocupação.

A assistente financeiraCamilla Maria Salles deAndrade, 23 anos, moradorade Contagem, usa a internetpara fazer compras há doisanos, e recentemente passou

por transtornos ao adquirirum livro. O site escolhido porCamilla promovia um leilãode livros. Ela arrematou oexemplar que tanto queria eprosseguiu com as etapasnormais da compra.Escolheu a forma de paga-mento do produto, incluindofrete, e confirmou todo oprocesso no site da livraria.Boleto pago, a empresa fir-mou compromisso de entre-gar o produto em 14 dias, oque não aconteceu."Arrematei dia 8 de setembrode 2010, paguei no dia 10 edepois de um mês ainda nãohavia recebido o livro", conta.A empresa pediu desculpas ea reembolsou. "O valor dacompra era insignificante,mas, se participei do leilão, aintenção era a de receber oproduto".

O estudante Paulo EmilioGomes, 19 anos, morador deBetim, também é um adeptode compras pelo mercado vir-tual. A exemplo de Camila,ele também teve problemasao utilizar um site de com-pras. "Havia um vendedoranunciando uma ediçãoespecial de um CD da banda

que gosto, com a descriçãodo produto, contatos e tudomais. Conversei com o anun-ciante pela internet e ele meconfirmava sobre a boa pro-cedência do produto, dizen-do que estava lacrado e eraimportado", explica. "Senticonfiança nele, afinal, nãome apresentou nenhumaameaça. Fiz um depósito novalor de R$ 75 em sua contae me deu três dias para aentrega", diz. Paulo foi vítimade um crime virtual. "Osuposto vendedor sumiu dainternet e retirou o seu anún-cio do site de compras. O CDdesapareceu. Entrei em con-tato com a central do site etentaram localizar pelobanco de dados as infor-mações do vendedor, masnão conseguiram nada.Pediram-me desculpas pelotranstorno e fiquei sem meudinheiro", conta Paulo.

A advogada especialistaem direitos do consumidorMariana Pereira Braga, obser-va que devem ser tomadasprecauções antes de se fazercompras pela internet. "Émais confiável adquirir pro-dutos em lojas virtuais previa-

mente conhecidas ou indi-cadas por terceiros comcredibilidade. Pesquisarsobre a idoneidade da lojaem órgãos de defesa do con-sumidor, buscar referências eter cautela são essenciais",destaca.

Mariana explica ainda queas empresas possuem umapolítica de privacidade, e osconsumidores devem ficaratentos quanto a isso. "Prefiraempresas que aceitemplataformas de pagamentogarantido via Internet oucartão de crédito de bandeirasrenomadas”, afirma. Segundoela, essas lojas já foram previ-amente avaliadas pelasadministradoras dos cartões.Outra dica é procurar nãofazer pagamentos via boletosou depósitos bancários.

A especialista ensina a veri-ficar se o site de compra ofe-rece segurança. "Os consumi-dores devem verificar se a lojapossui conexão de segurançanas páginas em que são infor-mados dados pessoais docliente como nome, endereço,documentos, número docartão de crédito, – geralmenteessas páginas são iniciadas por

'https:// – e o cadeado ativado,ícone amarelo em uma dasextremidades da página. É pre-ciso clicar no cadeado e obser-var se a informação do certifi-cado corresponde ao endereçona barra de navegação docomputador", orienta.

De acordo com a advoga-da, diante do descumprimen-to contratual pelo fornece-dor, o consumidor deve bus-car a reparação da lesão, casohaja efetuado o pagamentopelo produto. "Se houveracordo, seja no ressarcimentode valores pagos ou entregaposterior do produto, dá-sequitação ao contrato, que seresolve. Todavia, se não hou-ver a possibilidade de acordo,o consumidor deverá recorrerà via judicial para fazer valero seu direito, mais precisa-mente aos órgãos de proteçãoe defesa do consumidor,como Procon, JuizadoEspecial de Relações deConsumo ou JuizadoEspecial Cível", explicaMariana Braga.

BENEFÍCIOS O corretor deseguros Guilherme Rezendede Oliveira, 23 anos,

morador do Bairro SantaEfigênia, obteve sucesso emcompras pelo meio virtual.Ele conseguiu 83% dedesconto no curso "Aprendaa investir na bolsa de val-ores". Com 12 horas deduração, o curso que normal-mente custa R$ 350 saiu aapenas R$ 59. "Vi o nome daempresa em um anúncio emum site de compras coletivase logo liguei. Perguntei se aempresa costuma fazer estetipo de anúncio e se a ofertaera verdadeira", conta.

O rapaz que o atendeuconfirmou a veracidade doanúncio e informou os pas-sos seguintes. "Ele me disseque, assim que terminasse oprazo e a compra fosse efeti-vada, seria gerado um códigopara impressão e marcaçãodo horário das aulas docurso", lembra. A compra foifeita por meio de cartão decrédito, no próprio site decompras. "Nunca tinha com-prado assim antes. Foi muitovantajoso para mim",ressalta.

ARTE DOS PALHAÇOS SE RENOVARENATA FONSECA

As ruas de cidades mineiras recebem a Companhia de Palhaços Circunstância, que fazem seus espetáculos para todas as faixas etárias e procuram maior

interação com o público. As apresentações artísticas envolvem situações do cotidiano, como superar as dificuldades e aprender com os erros através do riso

Palhaços da Companhia Circunstância pagam viagens, aluguel, transporte e outros recursos necessários para o trabalho através de uma renda vinda da passagem de chapéu após as apresentações

Compra online requer cautela por parte do internauta

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13SaúdeAbril • 2011 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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DÉBORA DE ALMEIDA, MICHELLE DE OLIVEIRA,1º PERÍODO

A decisão tomada peloGoverno Federal e quecomeçou a vigorar no dia14 de fevereiro garante,gratuitamente, o forneci-mento de boa parte dosmedicamentos utilizadospara tratamento dehipertensão e diabetes,começa a mudar a rotinade portadores das duasenfermidades em BeloHorizonte.

"Tomo vários remédios eestes remédios eu pego noposto, quando não encon-tro, eu tenho que comprar.No entanto, neste mêscom essa iniciativa do go-verno encontrei quasetodos os meus medicamen-tos. Apenas um vou terque esperar chegar noposto, pois nem todosestão a nossa disposiçãonas farmácias", contaCeleste Cassimiro Rocha,que é hipertensa e diabéti-ca.

Apesar de satisfeita coma possibilidade aberta denão ter de comprar osmedicamentos essenciaisao seu tratamento, Celesteadmite ter receio de queessa situação possa não serpermanente. "Não confiomuito. Pouco tempo atrás

começaram a nos dar estesremédios e pelo que fiqueisabendo, parou por causada eleição. Tomara quedesta vez continue",ressalta.

A pensionista LeonorRosa Lima, que também édiabética e hipertensa,chega a tomar cinco tiposde remédios. Segundo ela,seu gasto mensal é deaproximadamente R$ 350a R$ 400. "Desejo que con-tinue e chegue a todos,pois eu me aperto, masdou meu jeito e compro osremédios dos quais neces-sito, e aqueles que não temcondições?", indaga.

Para adquirir os medica-mentos que constam nalista divulgada peloMinistério da Sáude bastaapresentar em qualquerfarmácia popular ou nasdrogarias credenciadaspelo Governo Federal,receita médica dentro doprazo de 120 dias de vali-dade, CPF e documentocom foto. Os remédios têmduração de um mês, ouseja, todo início de mês, osusuários deverão voltar àsfarmácias. O benefícioindepende da renda dapessoa, o que significa quequalquer um pode usufruirdesse direito.

Segundo a farmacêuticaSuellen Santos Pegnolato,

da farmácia popular loca-lizada em Venda Nova,esta iniciativa do governoveio para atender a grandedemanda de remédios notratamento de hipertensãoe diabetes. "Além dessesremédios gratuitos, todosos demais encontrados nafarmácia popular são apreço de custo, sendoestes, medicamentos di-rigidos às pessoas que nãoconseguem arcar com ospreços", afirma.

A Secretaria Municipalde Saúde (SMSA) de BeloHorizonte estima que5,9% da população dacapital mineira seja dia-bética e que existem, hoje,em Belo Horizonte, cercade 400 mil hipertensos.

De acordo com a farma-cêutica Daniela Alvares,não são todos os remédiosque passaram a ser gra-tuitos, mas apenas os queservem para o tratamentodestas duas doenças, nãosendo necessário o uso deoutros. "Estes são os prin-cipais", afirma. Danielaque é funcionária de umafarmácia credenciada peloGoverno. "Nas farmáciascredenciadas há remédiosde preço final e há remé-dios de preço de custo,para saber quais são, bastaentrar em contato comestas farmácias", informa.

MEDICAMENTOSSÃO FORNECIDOSPELO GOVERNO

Governo Federal e Prefeitura de Belo Horizonte disponibilizam gratuitamente os principais

medicamentos para pessoas que sofrem de hipertensão e diabetes. Para conseguir o

benefício é preciso apresentar a receita médica junto ao CPF nas drogarias credenciadas

ou farmácias populares. A distribuição dos remédios independe da renda do paciente

MARIA CLARA MANCILHA

A ONG é um espaço de discussão e troca de experiência entre gestantes

Pessoas com hipertensão e diabetes podem retirar gratuitamente seus remédios nas farmácias populares

LILA GAUDÊNCIO

ONG Bem Nascer oferece auxílio a mulheres grávidasn

ERICKA SANNY,2º PERÍODO

Sábado pela manhã noCentro de EducaçãoAmbiental (CEAM) noParque das Mangabeiras, oque se vê é um grupo demulheres, alguns homens,crianças e muitos bebês,este é o cenário de quempassa por ali das 9h30 às13h, lá encontra-se osintegrantes da ONG BemNascer, mulheres contan-do seus relatos emociona-dos do seu parto e pós-parto, pais tirando dúvidasem relação a gravidez, e osprofissionais, como CleiseSoares, presidente daONG, dando dicas sobre oparto natural.

A ONG Bem Nascer foicriada com a intenção delevar informações e trocade experiências as ges-tantes, profissionais efamiliares. As reuniõesacontecem quinzenal-mente no Parque dasMangabeiras e no ParqueMunicipal. A roda é

democrática, onde todospodem relatar as suasexperiências. A ONG a-colhe casais cujas mulheresestão grávidas, com o obje-tivo de apoiar emocional-mente e dar orientaçõespráticas sobre a gestação,parto e nascimento. Deacordo com Daphne PaivaBergo, vice-presidente daONG e doula, as reuniões"Abre um espaço de tran-qüilidade no meio da con-fusão em que vivemos",afirma. Nas rodas osprofissionais também ofe-recem indicações de livrose sites para tranquilizar asgrávidas.

A iniciativa de criar aONG partiu da presidenteCleise Soares. "Surgiu emmim uma preocupação emtirar dúvidas das gestantese multiplicar as infor-mações sobre o parto natu-ral e normal", explicaCleise. A ONG, que ini-ciou-se em 2001 e foi ofi-cializada em 2003, fun-ciona também como meiode fornecer informaçõespara estudantes e acadêmi-

cos que vão à roda ouquando a ONG promovepalestras nas faculdades eescolas.

A intenção da ONG éabrir um espaço onde hajauma troca de experiência,para que a mulher, na horado parto, possa fazer aescolha certa, baseada nasua vontade. Um caso departo natural foi o daMarkelly Ortlieb, mãe deAntonio, de 5 meses, quepor meio da feira do bebêe gestante conheceu aONG e começou a partici-par das reuniões, e com oque ela ouviu e aprendeutomou a decisão derealizar o parto natural.Para ela, a Ong ajudoumuito e o melhor de tudo"Meu bebê veio maiscalmo, mais seguro e comos sinais vitais todos óti-mos", diz MarkellyOrtlieb.

Os depoimentos dasmães que participam dareunião dão uma força amais para que as gestantesbusquem o parto natural,mas há relatos de cesáreas

também, como a deRenata Pereira da RochaAraujo, mãe da Beatriz, deum ano, e Gabriela, de 12anos, que realizou os doistipos de parto: cesárea eparto natural. "Se meuprimeiro parto tivesse sidonatural não tinha demora-do 11 anos para engravi-dar novamente, depoisque conheci a ONG ecomecei a participar quedecidi que queria ter a Biade parto natural", afirma.Segundo a presidenteCleise Soares, o trabalhoda ONG é exatamente ode abrir novos caminhospara as gestantes.

A ONG está participan-do de um projeto daempresa Natura que sechama "Projeto Acolher"no qual a ONG BemNascer foi uma das institu-ições pré-finalistas paraconcorrer a um prêmio emdinheiro, além de outrosbenefícios.O objetivo doprojeto é acolher iniciati-vas de ações sociais.

RENATA FONSECA

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14 CidadaniaAbril • 2011jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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LORENA OTERO,7º PERÍODO

Um carro transportan-do um fogão volta deSabará para Contagem,ambas cidades da RegiãoMetropolitana de BeloHorizonte, no começo datarde de uma quarta-feira.A motorista não viu quan-do o cavalo apareceurepentinamente em umadas curvas do Bairro BelaVista. Após capotar trêsvezes, o veículo foi paradopor uma árvore. Enquantoaguardava por socorro ecom surpreendente dis-posição, ela comentou:"Parece que não vou aoCentro hoje". A motoristaé a professora aposentadaAmélia Vieira, de 73 anos,que não guarda deste aci-dente nenhuma cicatriz enenhum susto.

Amélia é uma das doismil pessoas assistidas peloCentro de Referência aoIdoso – Espaço Bem Viver,em Contagem. Ela, que éassídua frequentadora daunidade do Bairro CentralPark, declara só não com-parecer às aulas quandoeventos inesperados acon-tecem, como foi o caso doacidente em que seenvolveu. Em sua opinião,ter uma ocupação é o quetorna a cabeça sadia."Cumpro minhas obri-gações em casa e venhoaqui por prazer", comple-menta.

Em atividade desde1989, o Espaço Bem Vivertem duas unidades emContagem, nos bairrosCentral Park (sede) eNova Contagem. Consi-derado pela Prefeituracomo uma ferramenta daSecretaria de Desenvol-vimento Social, o projetointegra a rede de ProteçãoSocial Básica, que éresponsável por iniciativascomo o Projovem e oServiço de Proteção eAtendimento Integral àFamília.

Mantido através deincentivos da InstituiçãoEspírita Lar de Marcos eda Prefeitura Municipal, oEspaço promove feiras deartesanato e festivais cul-turais para complementar

a renda. "Nós batalhamosmuito para não ficar paraescanteio. A gente nãoalivia para a Prefeitura efazemos questão de ser-mos lembrados", afirma amonitora de artesanatoElizabete Guedes Diniz,57 anos, vinculada ao cen-tro há 12. "O espaço físicoé patrimônio da Prefeiturae parte da nossa equipe écomposta por funcionáriospúblicos municipais. Osoutros são contratados epagos pelo município",explica a coordenadora doEspaço do Bairro CentralPark, Ana Cristina daSilva.

A assistente deElizabete, Magali MendesGuerra, 48 anos, acreditaque o apoio da iniciativaprivada seria de significati-va contribuição para odesenvolvimento do tra-balho realizado. "É comose, às vezes, estivéssemosesquecidos", desabafa.

Dados publicados peloInstituto de PesquisaEconômica Aplicada(IPEA) sobre as caracterís-ticas das Instituições deLonga Permanência paraIdosos (ILPI), que popu-larmente são conhecidoscomo asilos, na RegiãoSudeste, em 2010, apon-tam que Minas Gerais estáse tornando gradativa-mente um estado emprocesso de envelhecimen-to. "Dentro desse quadro,uma das alternativas con-hecidas são as ILPIs, tantopúblicas quanto privadas",declara Márcio Poch-mann, presidente do Ipea.Projetos como o EspaçoBem Viver se apresentamcomo outras alternativas,uma vez que não exigemtantos trâmites burocráti-cos quanto as ILPIs. "Sóque para a gente crescer, oapoio da comunidade(pessoas e empresas) éfundamental", afirma acoordenadora AnaCristina.

Os interessados em par-ticipar das atividades exer-cidas no Centro deReferência ao Idoso –-Espaço Bem Viver devemter mais de 55 anos eresidir no município deContagem. Para fazer amatrícula é necessário

comparecer a uma dasunidades do centro por-tando carteira de identi-dade, duas fotos 3X4, ecomprovante de endereçoatual. Não há lista deespera. Os cursos ofereci-dos são os de computação,alfabetização, dança desalão, oficina de artes,ginástica, violeiros, coral efisioterapia. Às quartas-feiras, o forró é aberto aopúblico de outros municí-pios. Basta apresentar acarteira de identidadecomprovando a idade.

REFÚGIO Para muitosalunos que freqüentam oCentro de Referência aoIdoso – Espaço bem Viver,as aulas ensinam muitomais que artes ou com-

putação. "Há 20 anos,perdi minha filha de 22anos em um acidente decarro. Foi nessa época queencontrei o Espaço BemVive que me ajudou muitona recuperação. Gosteitanto daqui que, quandomeus outros filhos secasaram, eu voltei e nãosaí mais", conta a dona decasa Claudemar Isabel, de67 anos.

Também em busca deconforto, Carlita deSouza, 67, está no Espaçohá 6 dias. Havia frequen-tado as aulas de alfabetiza-ção, mas problemas pes-soais a afastaram dos cur-sos. Viúva há poucotempo, Carlita se orgulhadas recém descobertashabilidades em artesanato

e enfeita com entusiasmoa bandeira para a festa decarnaval do Espaço."Minhas experiências aquisão uma troca", expõe.

Os trabalhos desen-volvidos são gratificantestambém, para os fun-cionários. A monitora deartes, Elizabete GuedesDiniz, gosta de explorar oprocesso criativo em suasaulas. "Não fico presa acronogramas ou esque-mas. Aqui somos livres",justifica.

A estudante da EscolaTécnica de Cabeleireiro deContagem, Simone Car-valho de 25 anos, contaque o convívio com as pes-soas do Espaço a incen-tivou a querer estudarenfermagem. "Quando dis-

seram que precisavam devoluntários para ir aoEspaço Bem Viver, eu fui aprimeira a levantar a mão.Gosto de cuidar de pes-soas e adoro às vezes quevenho aqui. Espelho-meneles", afirma.

Maria Geralda, de 77anos, gosta do forró, dearrumar o cabelo, e deginástica. Viúva há dezanos, frequenta o Espaçohá nove. Entre sorrisos ebrincadeiras, explica quegosta tanto dos amigosquanto das aulas. "Aquime distraio, me divirto.Tudo aqui é muito bom,mas o que falta mesmo éuma piscina", ressalta.

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JACQUELINE DANIELLA,PAULA GRAZIELE

2° PERÍODO

Desde que o CentroCultural Padre Eustáquiofoi criado, em dezembrode 2008, o espaço viroucenário para os encontrosdos Senhores e Senhorasdo Tempo. O grupo, queno início reunia muitosidosos, hoje, é compostoapenas por oito pessoas.Essa redução no númerode integrantes não foimotivo para que os encon-tros acabassem, pelo con-trário, os participantes semantém firmes e apostamno grupo como um espaçode ensino e aprendizagempor meio da música, poe-sia e teatro.

Entre os oito idosos queparticipam das reuniões e

movimentam o grupo, estáa aposentada AuritaBarbosa dos Santos, 82anos, moradora do BairroPindorama, Região Noro-este de Belo Horizonte,que frequenta os encon-tros dos Senhores eSenhoras do Tempo desde2009. Foi durante asreuniões no CentroCultural que a aposenta-da pode mostrar seu ta-lento para compor letrasde músicas, escrever poe-sias e cantar. Por meio doincentivo que recebeudos outros participantes,escreveu seu primeirolivro, " C a n t o eE n c o n t r o (Música ePoesia)", e gravou o CD"Aurita Barbosa, minhasmemórias".

Jovem. É assim queEfigênia D'Assunção Soa-

res Coelho, 76 anos, sesente quando participados encontros. Aposen-tada, ela é conhecidacomo "A Senhora Biju" e jáparticipou de várias apre-sentações teatrais noCentro Cultural e em ou-tros espaços que buscamvalorizar a cultura em BeloHorizonte. Biju acreditaque o projeto Senhores eSenhoras do Tempo é umagrande oportunidade paraensinar e aprender com asoutras pessoas.

Mesmo com as dificul-dades e com o pequenonúmero de participantes,todas as quintas-feiras og r u p o S e n h o r e s eSenhoras do Tempo sereúne no Centro CulturalPadre Eustáquio para com-partilhar as histórias e res-gatar a memória da região.

Projeto busca resgatar histórias da Região Noroeste

Nas reuniões do Centro Cultural, Aurita Barbosa teve inspiração para escrever um livro e compor canções para seu CD

LETÍCIA GLOOR

No espaço Bem Viver, em Contagem, as mulheres participam de aulas de costura como forma de interação e de lazer

LORENA OTTERO

ESPAÇO BEM VIVER LEVADISTRAÇÃO AOS IDOSOSHá 22 anos o projeto é incentivado pela Prefeitura de Contagem e trabalha com aulas de artes, alfabetização,

computação, dança e fisioterapia. Para complementar a renda, o programa oferece feiras artesanais e festivais culturais

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15Esporte Abril • 2011 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

LIBERDADE SEM TIRAR OS PÉS DO CHÃO

Associação Mineira de Aeromodelismo incentiva o gosto pela prática de voô com miniaturas de avião e helicóptero. O clube proporciona aos mais de 150 alunos todo um treinamento que

permite a participação no processo inteiro: a construção do avião, os recursos para decolagem e a execução e suepração de manobras quando o aeromotor já estiver estabilizado no ar

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ANDERSON ROCHA,7º PERÍODO

Foi por acaso que o motoristaCarlos Antônio de Paula, 53anos, começou a praticar aero-modelismo. "Estava passandoperto do clube e vi uns aviões noar. Entrei, conheci, me apaixoneie agora não consigo sair", conta,aos risos. O clube que Carlos serefere é a Associação Mineira deAeromodelismo, um dos trêsespaços especializados em voocom miniaturas de avião ehelicópteros em Belo Horizonte.A entidade, localizada narodovia BR 040, saída para o Riode Janeiro, em Nova Lima, naRegião Metropolitana de BeloHorizonte, reúne por mês cercade 150 pilotos – entre apren-dizes e veteranos – para utilizar apista de voo. Para lá, os prati-cantes vão em busca de momen-tos, os quais todos se referiramcom um sorriso no rosto: liber-dade sem tirar os pés do chão.

O aprendiz Carlos de Paulatem ido à associação há 15 dias.No pouco tempo, já pilotou opróprio avião, comprado logoque conheceu o clube. Doprimeiro voo, a lembrança daagradável emoção. "O coraçãoquase saiu pela boca", conta. Asensação, porém, é acompanha-da de um profissional. "A gentevem achando que é só chegar evoar. E não é. Tem todo umtreinamento, uma instrução",explica.

De maneira semelhante aoprocesso de obtenção de umacarteira de habilitação para diri-gir um automóvel, a pilotagemde um avião em miniatura tam-bém necessita de estudo, treino eprática. Já nas primeiras aulas, oaluno pilota o modelo treinadore aprende as regras de segurança.Vem a prova e, na torcida, aaprovação. A partir dali, a teoriavira prática, a prática se tornapaixão: e a paixão se transformaem vício.

Um vício saudável, afirma oengenheiro mecânico JohnsonTatton. Dos 47 anos de idade,26 tiveram o aeromodelismocomo hobby. O início do contatoveio no Centro Federal deEducação Tecnológica (Cefet-MG), na juventude. "O trabalhofinal da escola técnica era a cons-trução de um motor para aero-modelo. A partir daquela época,fiquei empolgado e não pareimais", recorda. Hoje em dia, oprincipal prazer continua omesmo: curtir o processo."Primeiro, construir o avião,respeitando as noções de enge-

nharia. Depois, ver se ele vairealmente voar", conta. Logo emseguida, o prazer é focado naexecução e superação demanobras e na capacidade deconseguir sempre consertar opróprio equipamento, caso sejanecessário. "Esta sensação viciade forma muito boa. È umafamília de amigos que se encon-tra aqui todo domingo demanhã, sempre disponíveis a teajudar", salienta.

E o aeromodelismo estámesmo registrado na história dafamília do engenheiro. Assimque se casou, o salário inicial doprimeiro emprego não foi para oeletrodoméstico ou para o móvelda casa. "Comprei um rádio-con-trole para aviões, que tenho atéhoje. Falei para a minha esposa:a geladeira a gente compradepois", relembra. E não parapor aí.

Na prática aeromodelista,encontrar filhos que seguem ospassos – e os voos – dos pais écomum. O filho de Johnson,John Tatton, 15 anos, é umexemplo. Para ele, a melhor dassensações é poder voar em altavelocidade. "O avião, em um voorasante, pode chegar até a 110km por hora. É emocionante",diz. O estudante do ensinomédio pratica futebol e vôlei.Mas, não se engane. Perguntadosobre qual das atividades tem

preferência, a resposta vemquase tão rápida quanto a veloci-dade de um avião:"Aeromodelismo", diz. "Eu soumais quieto, tranquilo. O avião émais adequado e divertido",acrescenta.

PROFISSIONAL OU MINIATURA?

O engenheiro Wellington deCarvalho Alpoim, 57 anos,pilota aviões de miniatura, masjá quis ser piloto de aeronavesgrandes e profissionais. "Meu paiera instrutor de pilotagem deaviões profissionais. Eu semprequis ser como ele, mas minhamãe nunca deixou, por medo deacidente", conta. Sem possibili-dade de voar, o aeromodelismosurgiu como alternativa aos seteanos de idade. "Era um modelobem simples, mas era muitolegal", relembra. Hoje em dia, eleinveste o tempo livre napilotagem e no acompanhamen-to da literatura de voos.Questionado sobre a possibili-dade de ser piloto profissionalhoje, ele responde negativa-mente. "A idade não permite. Oreflexo e a visão não são mais osmesmos", explica.

Nem todos, porém, vêem oaeromodelismo como compen-sação ou alternativa à pilotagemprofissional. César Rodrigues, 55anos, por exemplo, nunca quiscomandar um avião de verdade.

"A sensação boa é estar no chão,pilotando algo mais pesado queo ar, de forma remota", explica."Nestes 25 anos de vôo, o prazermesmo sempre foi observarcomo o aeromodelo se comportacom o vento e como ele toca napista. É uma emoção", comple-menta.

E, claro, fazer manobras radi-cais. O piloto e instrutor KarlSicherl, 27 anos, explica que épossível fazer no aeromodelo 12ou 13 acrobacias iguais às feitasem aeronaves. O looping, naqual o aeromodelo decola e gira,verticalmente, em 360º, é umdos mais utilizados. Além dele, oroll, no qual o avião gira emtorno do próprio eixo, e o dorso,em que o modelo voa de cabeçapra baixo, são os mais procura-dos pelos praticantes.

MULHERES PILOTOS A estu-dante do ensino médio BrunaSeabra Guimarães, 17 anos,ficou sabendo do hobby dentrode casa, por intermédio do pai.Ela pilota há mais de dois anos etem dois aviões em casa, só dela.Ambos funcionam por controle-remoto, mas têm tamanhos e ali-mentação de combustível dife-rentes. O maior, de 50 cilin-dradas, é mais potente e chega aassustar a piloto. "Fico insegura,nervosa. Faço voos rápidos comeles, assumo", conta. Com o

menor, ela arrisca manobras e sesente tranquila. "Faço o loopinge outras manobras. É tão bom.Dá até falta de ar", ressalta.

A técnica de enfermagemLidiane Graciela Silva, 29 anos,ainda não pilota. Mas vemacompanhando o namorado,piloto, desde o início do namoro,há três meses. "Gosto de vir aqui,no clube. Vou aprendendo umpouquinho, ele me mostra umapeça, me ensina alguma coisa.Quem sabe daqui a pouco eunão estou aprendendo a voartambém?", brinca. Mas ela con-corda: mulher no clube tempouco. "É muito difícil de ver.Uma vez ou outra tem umaesposa acompanhando", conta.Para o namorado, o consultor devendas Washington Brandão, 40anos, a companhia é agradável."É um passeio. A gente conversa,faz planos e ela me vê pilotar",conta. "É uma válvula de escapeestar aqui", acrescenta.

Instrutor e dono de loja deaeromodelos, Karl Sicherl, credi-ta a pequena participação femi-nina ao fato de as mulheres, emuma maioria, não se sentiram àvontade em um ambiente volta-do para o público masculino. "Efalta divulgação para eles",opina.

John Tatton, de apenas 15 anos, conheceu o aeromodelismo através de seu pai, Johnson, tornando-se mais um apaixonado pela prática esportiva

ANDERSON ROCHA

O primeiro passo é procuraralgum estabelecimento combons profissionais para a indi-cação de um modelo de avião,explica o instrutor e dono de lojade aeromodelos Karl Sicherl. "Oaeromodelo iniciante é conheci-do como treinador", explica. Emseguida, a pessoa deve ir atrás dealgum clube de voo para receberaulas teóricas e práticas de aero-modelismo, com um instrutorcapacitado. As aulas devem serfeitas neste local. Em BeloHorizonte existem três associa-

ções. "Com quatro ou cincoaulas, a pessoa já vai poder fazero teste para tirar a carteira devoo", explica o instrutor.

As aulas são importantes paraevitar acidentes, que são raros,mas que podem levar à morte dealguma pessoa", explica Karl."Uma pessoa pode pilotar emum campo de futebol ou mesmoem um sítio, mas não é adequa-do. O ideal é se filiar a um clubede voo e fazer tudo com segu-rança", adverte.

A prática de aeromodelismo

no Brasil ainda é pouco conheci-da. Dados da ConfederaçãoBrasileira de Aeromodelismoestimam em 70 mil o número depraticantes da atividade, quenão é considerada esporte, mashobby. "Em outros países, o aero-modelismo é um esporte regula-mentado, como na Argentina eChile", explica Johnson Tatton.Isto, porém, não impede osdiversos campeonatos regionaise nacionais que reúnem milharesde aeromodelistas por todo oBrasil.

Piloto há 25 anos, o instrutorde voo César Rodrigues explicaque, em todo o mundo, o aero-modelismo movimenta milhõesde dólares, devido ao desenvolvi-mento de peças, design emotores para aviões em miniatu-ra. No Brasil, o aumento daprática veio com a liberação dasimportações, na década de 80."Nesta época, com uma certapopularização, nós passamos aconseguir materiais com preçosmenores", explica o engenheiro epiloto Johnson Tatton.

Um dos motivos para a poucadifusão pode ser justamente oeconômico. Para ser um aero-modelista, a pessoa precisadesembolsar cerca de R$ 3 milde início, entre equipamentos efiliação a alguma associação devôo. O valor é alto, mas já foimaior. "Hoje não é tão caro, poistemos a indústria nacionaldesenvolvendo peças para osmotores e equipamentos", expli-ca o instrutor César Rodrigues.

O primeiro passo para a prática de aeromodelismo

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Patrus AnaniasEntrevistaPROFESSOR

RICARDO MALLACO

n

LAURA DE LAS CASAS,

SULYEN DANTAS,

4º E 2º PERÍODOS

Nascido em Bocaiúva, no Norte de Minas,Patrus Ananias de Sousa, 59 anos, quedurante sete anos foi ministro deDesenvolvimento Social e Combate à Fome,voltou à academia. Sem ocupar cargo público,ele retornou às salas de aula do curso deDireito da PUC Minas e vive, em sua própriadefinição, por uma fase de reflexão. “Eu querorefletir sobre o trabalho que fizemos noMinistério, ajudando a apontar caminhos paraque a conquista que tivemos não se perca”, re-vela Patrus, em entrevista ao MARCO. “Etambém quero refletir um pouco sobre a expe-riência do que foi 2010 aqui em MinasGerais”, acrescenta o candidato derrotado avice-governador, na chapa encabeçada pelo ex-ministro das Comunicações, Hélio Costa.Formado em Direito pela Universidade Federalde Minas Gerais, Patrus é professor da PUCMinas desde 1979. Nessa época, participou dafundação do PT, em âmbito nacional. Iniciousua carreira pública em 1988, quando foi eleitovereador de Belo Horizonte e cinco anos depois,prefeito da capital mineira, tendo sua adminis-tração premiada pela Organização das NaçõesUnidas como modelo de gestão pública. Em2002, foi eleito deputado federal pelo mesmopartido. Ele admite não ter recebido convitespara cargos, mas revela ter deixado evidenteque esta não era sua prioridade e volta àUniversidade não apenas para lecionar, mastambém com o objetivo de finalizar sua tese dedoutorado em Filosofia do Direito. "Agoravolto mais leve, mas também mais experiente,um pouco mais enternecido diante da juven-tude", declara. TEMPO DE REFLEXÃO E ENSINO

n Como explica o momento em que estávivendo, no qual se afasta da vida política eretorna a Academia?Entre os motivos que me levaram a fazer essaopção de voltar às salas de aula, de retomaras minhas atividades profissionais, está certa-mente o desejo de fazer um balanço do quefoi a experiência no Ministério doDesenvolvimento Social e Combate a Fome.Ministério que nós implantamos, uma exper-iência muito positiva e gratificante. Nós fize-mos realmente uma revolução, conseguimosmontar uma equipe extraordinária que nãoultrapassou 1400 funcionários e que atendiaa mais de 70 milhões de pessoas pobres emtodos os municípios do Brasil. E com orça-mento de R$ 40 bilhões. E o êxito doMinistério tem o reconhecimento nacional einternacional. Então eu quero refletir sobreesse trabalho que nós fizemos nesseMinistério, ajudando a apontar caminhos,para que a conquista que nós tivemos não seperca, que a gente continue avançando emtodos os sentidos, principalmente em relaçãoa questões sociais. E também quero refletirum pouco sobre a experiência do que foi2010 aqui em Minas Gerais. A vinda paraBelo Horizonte ficou como uma experiênciaque eu tenho que trabalhar agora com otempo, que precisa ser decantada. E depois oprocesso da candidatura a vice-governadorcom Hélio Costa que foi meu companheirono Governo Lula, que foi Ministro dasComunicações, e é claro que a gente tinhaexpectativas de ganhar, nas pesquisas nossogoverno tinha o maior peso político. Nóstivemos o maior empenho, mas agora esta-mos num processo de reflexão desse processoque eu quero que seja melhor decantado inte-riormente e também do ponto de vista dosacontecimentos, para que eu também possafazer uma avaliação tanto do ponto de vistapessoal quanto do ponto de vista objetivo,social, histórico e coletivo.

n A volta à sala de aula foi um processonatural?Sim. Eu vivi esse mesmo processo quandoeu saí da Prefeitura de Belo Horizonte em1997. Eu retornei aqui na FaculdadeMineira de Direito da PontifíciaUniversidade Católica de Minas Gerais,onde tive exemplos muito gratificantes paramim. Em 1979, comecei como professor;este mandato de ‘97 acabou em 2002. Ésabido que, além de voltar à Universidade,eu voltei também aos bancos escolares. Foiuma experiência muito rica pra mim. Fizum curso de especialização, pós-graduação,lato senso, com professores daqui. Fiz omestrado, aqui na nossa universidade, nanossa faculdade, em Direito Processual etambém em ação integrada da PUC com aUniversidade de Madrid eu fiz os créditosde Doutorado na área de Filosofia. Estouvoltando à PUC para fazer a tese deDoutorado que é um desafio que eu tenhoaté hoje, Filosofia do Direito, Política,Jurídica, que é um desafio. Gosto muito dedar aula, me dá muito prazer, não sei semeus alunos gostam da minha aula, por issovoltei, e é um desafio de aprendizado tam-bém, por isso eu quero voltar a estudar, lerde uma forma mais sistemática. É muitoimportante o convívio com os alunos, comas perguntas, com as dúvidas, com a inquie-

tação que é tão própria da juventude. Vocêtem que buscar respostas para as perguntasconcretas das aulas, mas também em umclima que estimula muito o conhecimento,o estudo, a leitura. Então, o importante emminha vida é que eu sempre tive contatoentre a militância política, ações políticas etambém com a dimensão ética, social, com-promisso de mandato. A minha militânciapolítica começou na minha adolescência.Aos 14 anos de idade eu fui eleito presi-dente do diretório estudantil da minhaterra, [Bocaiúva], nunca mais parei. Então,estou muito motivado em voltar a atividadeacadêmica pelo prazer da sala de aula e tam-bém pelo desejo de dar uma oxigenada, umaatualizada nas minhas leituras, eu pensoque a habilidade jurídica, a militância políti-ca existem para a gente não ficar muitopreso ao ativismo, ao voluntarismo. Naatividade política foi um período muitointenso que eu tive no Ministério deixapouco tempo para o estudo mais sistemati-zado. Eu penso que é importante estes doisanos vivendo estas duas dimensões do fazer,da prática concreta com tempo também dereflexão para fazer melhor e também prarecuperar o que já fizemos.

n Notou alguma diferença grande nos alunosdaquela época em que você deu aula para osde agora?Olha, não vou fazer comparações. Em umdado momento tinham as políticas próprias,inclusive da gente. A gente também tem umolhar, mas é claro que eu volto agora com umacumulo muito grande. Além do acumuloacadêmico que tive, do mestrado, que tiveque apresentar dissertação, de ter feito ascadeiras de disciplinas no doutorado, a viven-cia que tive no Ministério foi muito rica tam-bém. E me acrescentou muito a Prefeitura deBelo Horizonte. Agora volto mais leve, mastambém mais experiente, um pouco maisenternecido diante da juventude. Volto com aexperiência nova que é a experiência de seravô, com um olhar sobre a vida, um olharintrospectivo para o futuro, com os compro-missos para as gerações futuras. Agora euestou muito bem impressionado com os meusalunos. O nível de interesse está me deixandomuito estimulado em aprofundar meus estu-dos, minhas leituras, escrever. E tem alunoscom uma licenciatura, que estão fazendo oujá fizeram outros cursos, e que estão fazendoDireito agora e espero estar à altura da expec-tativa dos alunos.

n Qual a expectativa em relação àEducação hoje? Como tem sido a busca pelaEducação, pelo curso Superior? Nós temos hoje na Universidade umajuventude muito inquieta, ávida de conhe-cimento, de saber, conquistando hori-zontes. Juventude inquieta do ponto devista ético, com valores, conteúdos no sen-tido maior do Direito. Quaremos discutir oDireito vinculado à Filosofia, à Política;Política tem uma dimensão mais ampla,mais alargada. Política é um instrumentode construção do bem comum com justiçasocial, da promoção do desenvolvimentono sentido mais amplo da palavra, e nóschamamos na tradução cristã da encíclicainspirada, na tradução do Papa Paulo VIsobre o desenvolvimento dos povos, de

desenvolvimento integral e implantado,impecável com toda dimensão política,social, ambiental, cultural, mas tambémalimentamos os valores da dimensão ética.É claro que infelizmente, a parcela da po-pulação não tem acesso à oportunidade, àeducação que são os mais pobres, não têmacesso à educação infantil de qualidadecomo têm os nossos filhos, os nossosnetos. A escola pública no Brasil, sobretu-do em Minas está ruim, precisando de umensino de melhor qualidade e incluir efeti-vamente os menos favorecidos, eu pensoque isso é um grande desafio que nósenfrentamos hoje no Brasil que é garantiros direitos e oportunidades iguais paratodos, além de outros direitos básicos,como alimentação, acesso à água, cuidadoscom a saúde, saneamento básico se unema uma educação de qualidade, para que ascrianças e os jovens pobres tenham as mes-mas oportunidades que estão tendo as cri-anças mais abastadas ou de classe média.

n Com maioria do Congresso, o senhoracredita que o governo Dilma fará a reformapolítica?A sociedade brasileira deve se mobilizar umpouco. Nós aprendemos que os direitos nãocaem do céu e nem brotam da terra. Eles sãoconquistados na expansão das consciências,através dos movimentos sociais, nas lutasdemocráticas, no movimento estudantil, nosmovimentos de jovens, de mulheres.Devemos nos mobilizar, erradicar a fomedefinitivamente, a prostituição, a pobreza,mas avançar. O combate frontal à corrupção,ao desperdício. Devemos agilizar o poderjudiciário, a Polícia Federal e o MinistérioPúblico vem tendo uma ação muito enérgi-ca, mas a resposta do judiciário é ruim,lenta, criando um clima de impunidade,descrença na sociedade. Que pode, a médioprazo comprometer as instituiçõesdemocráticas do país. Deve-se combater ouso e o abuso do poder econômico. Aseleições no Brasil são caríssimas, isso eliminacandidatos que tem maiores escrúpulos,maiores cuidados na relação com as fontesfinanciadoras e coloca os ricos, osempresários que são as fontes financiadoras,com muito poder. Temos que discutir, a va-lorização do voto, o exercício da cidadania, émuito importante estimular a participaçãodas pessoas, a reforma jurídica, daí impor-tante resgatarmos o orçamento participati-vo, não só no plano Municipal, mas esta-dual, nacional, e participem no dia a dia,participem das leis de diretrizes orçamen-tárias, nas discussões especificas setoriais eregionais, buscando uma maior integraçãodessas políticas. Penso que o governo sermaioria é um dado importante, mas o maisimportante é a mobilização e a pressãodemocrática da sociedade.

n Como um dos fundadores do PT o sen-hor vê o partido dividido?Sempre foi um partido em tensão, nãodividido. Mas em tensão, em conflito, éum partido de debate, e isso é muito bom.Um partido plural, um partido democráti-co. Não queremos que o partido perca ca-racterísticas básicas que deram origem aoPT, que constitui o nosso espelho, a nossamarca registrada. Nós temos compromis-

sos com a democracia na sociedade. O queeu acho importante é que o partido nãoperca alguns compromissos básicos quederam origem ao PT, a nossa marca re-gistrada. Queremos ampliar e aprofundar ocompromisso democrático através dademocracia representativa. Temos tambémo compromisso da democracia interna,ouvir nossas bases na periferia, interior,estabelecer interlocução com nossos par-ceiros históricos, movimentos sociais,movimentos sindicais, movimentos cultu-rais, ambientais, da juventude, trabalhobonito que jovens fazem hoje na periferia,expressões culturais, empresários compro-metidos com o bem comum, comprometi-dos com o bem social e ambiental, atravésda música e de outras expressões culturais,ouvir, dialogar, buscar canais com osempresários. É fundamental que o PT pre-serve seus compromissos éticos,transparência, prestação de contas. Estámais do que na hora. Transparência doorçamento participativo interno, dos seusrecursos internos. Considero que o saldodo PT é muito positivo.

n Passado o período de reflexão, o senhorpretende retornar à vida política?Não obrigatoriamente. No momento, atéonde a vista alcança, quero continuarexercendo sim com muita intensidade aminha militância política-social. Estoucom a agenda aberta, aceitando convitesdo meu partido, do partido dos traba-lhadores, da base, não quero ocupar ne-nhum cargo no PT, mas continuo militantedo PT, é claro que na linha democráticarespeito os outros partidos, outros partidosse quiserem minha contribuição e mechamarem para discutir questões de con-teúdo, democracia, políticas sociais,questões de orçamentos e planejamentoparticipativo estou a disposição. Continuocom a minha militância política social,mas quero também agora dedicar umpouco aos estudos. Quero dedicar maistambém a minha família. A militância, àsvezes, compromete a vida família. Querodar aos meus netos o tempo que eu não deiaos meus filhos.

n O senhor disse que não quer ocuparcargo, mas algum cargo lhe foi oferecido?Não. Não cochilei. Deixei claro tambémque essa não era minha prioridade.

n O senhor consultou sua família, princi-palmente sua mãe antes de se candidatar. Osenhor se arrepende? Não. Não me arrependo. Vivi e aprendimuito. Bem com diz nosso grande poetaFernando Pessoa. "Tudo vale a pena se aalma não é pequena", afirma. Tenho expe-riência, aprendi excessivamente também.Só assim a gente incorpora o que viveu. Foiuma opção consciente. Estabeleci relaçõesde amizade, a própria relação que estabele-ci com o candidato Hélio Costa foi umarelação de respeito. Uma relação construti-va. Tive a oportunidade de dar o teste-munho dos meus valores, das minhas con-vicções, abrir novas amizades e incorporeimais uma experiência.

[ ]NA VIDA NEM SEMPRE A

GENTE GANHA. O QUE A

GENTE PODE FAZER É TIRAR

PROVEITO DAS EXPERIÊNCIAS

E DAS DERROTAS.