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Web-Revista SOCIODIALETO www.sociodialeto.com.br Núcleo de Pesquisa e Estudos Sociolinguísticos, Dialetológicos e Discursivos NUPESDD-UEMS Mestrado em Letras UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 Volume 6 Número 17 Novembro 2015 NUPESDD UEMS Web-Revista SOCIODIALETO Mestrado Letras UEMS/Campo Grande, v. 6, nº 17, nov. 2015 294 RAPAZ, EU NÃO FIZ NADA NÃO: ANÁLSE SOCIOLINGUÍSTICA DAS FORMAS DE TRATAMENTO NA FUNÇÃO DE VOCATIVO NA FALA DE ACUSADOS DE ATOS CRIMINOSOS Larissa Pedrosa Valente (UFC) 1 [email protected] Lorena da Silva Rodrigues (UFC) 2 [email protected] RESUMO: Com a terceira onda da Sociolinguística (ECKERT, 2005), os estudos sociolinguísticos passaram a focar-se não apenas em comunidades de fala, mas também em comunidades de práticas, isto é, indivíduos que compartilham valores e conhecimentos em comum e que interagem entre si para aperfeiçoarem e replicarem tais valores e conhecimentos. Dessa forma, esse trabalho observa as formas de tratamento usadas na posição de vocativo por jovens acusados de atos criminosos do Nordeste brasileiro. Para isso, foram analisadas entrevistas de programas policiais populares nessa região do país. Foram controlados os grupos extralinguísticos a faixa etária e a localização geográfica e, como grupo de natureza linguística, a posição do vocativo na oração e o tempo verbal da oração. A partir dos dados coletados e analisados, encontrou-se o amplo uso das formas rapaz, macho, cidadão, senhor, meu irmão, doido, homem e menino na fala dos indivíduos dessa comunidade de práticas. PALAVRAS-CHAVE: comunidade de práticas, formas de tratamento, vocativo. RESUMÉ: Depuis la troisième vague de la Sociolinguistique (ECKERT, 2005), les études sociolinguistiques se sont concentrés non seulement dans les communautés de parole, mais aussi les communautés de pratique, à savoir, des individus qui partagent des valeurs et des connaissances et qui interagissent entre eux pour améliorer et reproduire telles valeurs et connaissances. Ainsi, ce travail observe les modes de traitement utilisés dans la position du vocatif pour les jeunes accusés d'actes criminels au Nord-Est brésilien . Pour cela, des interviews de programmes policiers de cette région du pays ont été analysés. Des groupes extralinguistiques, la tranche d'âge et la localisation géographique et aussi des groupes linguistiques, la position du vocatif dans la phrase et les temps verbaux de la phrase, ont été contrôlés. D'après les données recueillies et analysées, on a trouvé un recours étendu des modes: rapaz, macho, cidadão, senhor, meu irmão, doido, homem et menino dans le parler des individus de cette communauté de pratique. MOTS-CLÉ: communauté de pratique, modes de traitement, vocatif. 1. Introdução A Sociolinguística é a subárea da Linguística que estuda as relações entre língua e sociedade, voltando os estudos da linguagem para os usos linguísticos dentro de uma comunidade de fala. Dessa forma, os eventos linguísticos são vistos como heterogêneos 1 Graduanda em Letras pela Universidade Federal do Ceará. 2 Doutoranda e mestre em Linguística pelo Programa de Pós-graduação em Linguística da Universidade Federal do Ceará.

RAPAZ, EU NÃO FIZ NADA NÃO: ANÁLSE … · RESUMO: Com a terceira onda da Sociolinguística (ECKERT, 2005), os estudos sociolinguísticos passaram a focar-se não apenas em comunidades

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NUPESDD – UEMS – Web-Revista SOCIODIALETO – Mestrado – Letras – UEMS/Campo Grande, v. 6, nº 17, nov. 2015 294

RAPAZ, EU NÃO FIZ NADA NÃO: ANÁLSE SOCIOLINGUÍSTICA

DAS FORMAS DE TRATAMENTO NA FUNÇÃO DE VOCATIVO

NA FALA DE ACUSADOS DE ATOS CRIMINOSOS

Larissa Pedrosa Valente (UFC)1

[email protected]

Lorena da Silva Rodrigues (UFC)2

[email protected]

RESUMO: Com a terceira onda da Sociolinguística (ECKERT, 2005), os estudos sociolinguísticos

passaram a focar-se não apenas em comunidades de fala, mas também em comunidades de práticas, isto é,

indivíduos que compartilham valores e conhecimentos em comum e que interagem entre si para

aperfeiçoarem e replicarem tais valores e conhecimentos. Dessa forma, esse trabalho observa as formas

de tratamento usadas na posição de vocativo por jovens acusados de atos criminosos do Nordeste

brasileiro. Para isso, foram analisadas entrevistas de programas policiais populares nessa região do país.

Foram controlados os grupos extralinguísticos a faixa etária e a localização geográfica e, como grupo de

natureza linguística, a posição do vocativo na oração e o tempo verbal da oração. A partir dos dados

coletados e analisados, encontrou-se o amplo uso das formas rapaz, macho, cidadão, senhor, meu irmão,

doido, homem e menino na fala dos indivíduos dessa comunidade de práticas.

PALAVRAS-CHAVE: comunidade de práticas, formas de tratamento, vocativo.

RESUMÉ: Depuis la troisième vague de la Sociolinguistique (ECKERT, 2005), les études

sociolinguistiques se sont concentrés non seulement dans les communautés de parole, mais aussi les

communautés de pratique, à savoir, des individus qui partagent des valeurs et des connaissances et qui

interagissent entre eux pour améliorer et reproduire telles valeurs et connaissances. Ainsi, ce travail

observe les modes de traitement utilisés dans la position du vocatif pour les jeunes accusés d'actes

criminels au Nord-Est brésilien . Pour cela, des interviews de programmes policiers de cette région du

pays ont été analysés. Des groupes extralinguistiques, la tranche d'âge et la localisation géographique et

aussi des groupes linguistiques, la position du vocatif dans la phrase et les temps verbaux de la phrase, ont

été contrôlés. D'après les données recueillies et analysées, on a trouvé un recours étendu des modes:

rapaz, macho, cidadão, senhor, meu irmão, doido, homem et menino dans le parler des individus de cette

communauté de pratique.

MOTS-CLÉ: communauté de pratique, modes de traitement, vocatif.

1. Introdução

A Sociolinguística é a subárea da Linguística que estuda as relações entre língua

e sociedade, voltando os estudos da linguagem para os usos linguísticos dentro de uma

comunidade de fala. Dessa forma, os eventos linguísticos são vistos como heterogêneos

1 Graduanda em Letras pela Universidade Federal do Ceará.

2 Doutoranda e mestre em Linguística pelo Programa de Pós-graduação em Linguística da Universidade

Federal do Ceará.

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e variáveis. Por exemplo, podemos perceber formas distintas de dizer uma mesma coisa

que se equivalem no nível do vocabulário, da sintaxe e da morfossintaxe, do subsistema

fonético-fonológico e do domínio pragmático-discursivo. Esse aparente caos linguístico

é, contudo, passível de sistematização, uma vez que essa variação é influenciada por

fatores da própria língua e por fatores sociais, ou seja, externos à língua.

Podem ser percebidas três tendências de pesquisas sociolinguísticas, as quais

vêm sendo chamadas, a partir de Eckert (2005), como as três ondas dos estudos

sociolinguísticos. A primeira onda foi iniciada com a pesquisa de Labov sobre a

estratificação do inglês na cidade de Nova York. Nesse modelo, busca-se estabelecer

uma correlação entre os padrões sistemáticos e regulares das variáveis linguísticas e

categorias sociais primárias (como sexo, idade, classe socioeconômica, grau de

escolaridade etc) da comunidade linguística que fazia uso delas, através de análises

quantitativas, partindo-se da premissa de que a variação linguística refletem o status

social de seus falantes.

Os estudos baseados na segunda onda sociolinguística também são de natureza

quantitativa, contudo são utilizadas categorias sociodemográficas mais abstratas.

Freitag, Martins e Tavares (2012, p. 921) explicam que, "nesse tipo de abordagem, nos

conceitos de comunidade de fala e de identidade de grupo." Como exemplo dessa

perspectiva, podemos citar a pesquisa de Labov sobre o inglês afroamericano, que

revelou o uso de traços vernaculares por adolescentes como idexadores do status entreo

grupo e as comunidades de prática.

As abordagens de primeira e segunda onda fazem um retrato estático da

estrutura linguística segundo Eckert (2012 apud FREITAG; MARTINS; TAVARES op.

cit.). Dessa forma, os estudos de terceira onda buscam incorporar a dinamicidade do

sistema linguístico, porém não de forma a negar a estrutura, mas de enfatizar a

importância dessa no condicionamento daprática, em paralelo à importância da prática

na produção e na reprodução da estrutura, a fim de captar mais detalhadamente a

dinâmica do valor social das variáveis. Assim, a abordagem da terceira onda dos

estudos sociolinguísticos incorpora os postulados das fases anteriores,porém o foco

deixa de ser a comunidade de fala e passa a ser a comunidade de prática.

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Dentro dessa perspectiva, esse trabalho segue a tendência de terceira onda e

propõe-se a analisar as formas nominais de tratamentos na função de vocativo

encontradas nas falas de acusados de atos criminosos em entrevistas de programas

policiais, nos estados do Ceará e Pernambuco, a partir das seguintes variantes:

senhor(a), rapaz, homem, meu irmão, cidadão, macho, doido e menino.

Guimarães (2014, p.27) fala sobre a precariedade de pesquisas desenvolvidas

no Brasil a respeito desse tema: "de modo geral, há poucos estudos que se referem à

forma de tratamento que não esteja ligada às formas pronominais no Brasil. O mesmo

não ocorre na Europa, visto que há muitas pesquisas lá que abordam o uso das formas

de tratamento nominais." (GUIMARÃES, 2014, p. 27). Nesse sentido, o presente estudo

busca contribuir para a sistematização da fala do vernáculo brasileiro, mais

precisamente dos estados Ceará e Pernambuco, analisando o que existe em comum ou

não e principalmente de que maneira o contexto social contribui para a escolha ou

descarte das variações linguísticas existentes na Língua Portuguesa.

2. Fundamentação Teórica

2.1. A terceira onda dos estudos sociolinguísticos: as comunidades de prática

As comunidades de práticas são um agrupamento de indivíduos que

compartilham valores e conhecimentos em comum e que interagem entre si para

aperfeiçoarem e replicarem tais valores e conhecimentos, sendo uma construção social

e, dessa forma, está sujeita às práticas diárias de indivíduos, que interagem entre si e

com outras comunidades. (FREITAG; MARTINS; TAVARES, 2012)

Moore (2010 apud FREITAG; MARTINS; TAVARES, op. cit.), em observação

etnográfica em uma escola de Ensino Médio de Londres, buscou mostrar a variação do

uso de were em contextos de primeira e terceira pessoa do singular. Para isso, a

pesquisador considerou dados de fala de 39 garotas, dividindo-as a partir das atividades

em que se engajavam, sua orientação em relação aos pares, seu estilo pessoal, sua

aparência e sua avaliação por si mesma e pelos membros do grupo, chegando a quatro

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comunidades de práticas, as populares, as townies, as geeks e as Eden Village.

Caracterizadas da seguinte forma:

As “populares” exibem uma atitude antiescola, têm um estilo

esportivo e feminino de se vestir e se engajam em atividades moderadamente

rebeldes, como beber e fumar. Moore (2010) destaca que, no meio do trabalho

de campo, as “townies” fundiram-se com as “populares”, quando estas

começaram a se engajar em atividades de certo risco, como envolvimento com

drogas e atividade sexual. Os amigos das “townies” são rapazes mais velhos,

com quem elas ocupam seu tempo na escola. As “geeks” exibem uma atitude

positiva em relação à escola, engajando-se em atividades como a banda da

escola, esportes etc. Por fim, as “Eden Village”, assim nomeadas em função de

residirem em bairro de status, também são orientadas para valores

institucionais da escola, e se vestem de acordo com o estilo teen da moda,

ocupando seu tempo com dança, compras e festas de pijama. (FREITAG;

MARTINS; TAVARES, op. cit. p. 924-925)

Ao analisar os dados considerando os fatores linguísticos e sociais, a pesquisa

trouxe evidências quantitativas que a comunidade de prática townies tende a usar a

forma não padrão (were); a comunidade de prática das populares se mostra neutra

quanto aos usos; a comunidade de prática geeks avaliam negativamente a forma não

padrão e a comunidade de prática Eden Village tem um padrão de uso da forma padrão

(was) muito próximo ao categórico. Moore mostra que a identidade não é apenas uma

entidade social, mas um fenômeno sociolinguístico, que é construído com valor

simbólico de características sociais e linguísticas.

No Brasil, podemos citar a pesquisa de Bentes (2010) na qual a pesquisadora

reflete sobre a fala definida como popular ao analisar falas do rapper Mano Brown em

diferentes contextos, público e privado. A autora observa que o artista manipula

recursos semióticos, em seu discurso, a fim de dar uma identidade de classe a sua

linguagem, legitimando o lugar enunciativo ocupado por ele. “Assim é que a natureza

popular de sua linguagem não pode ser reitificada ou essencializada, já que se forja na

vida, na prática, na experiência social”. (p.232-233)

É nesse sentido que nos propomos a investigar a fala de acusados de crimes, uma

vez que, no país, cresce o número de jovens infratores, ao mesmo tempo que também

aumenta o número de programas jornalísticos que dão destaque à cobertura desses

crimes. Nas entrevistas, podemos observar que os repórteres, muitas vezes, moldam sua

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fala para adequar-se à fala do entrevistado. Com vista nisso, na próxima seção

apresentaremos as noções de poder e solidariedade de Brown e Gilman para tratarmos

das formas de tratamento usadas pela comunidade de prática dos acusados de crime.

2.2. Formas de tratamento e suas relações com estruturas sociais

Segundo Brown e Gilman (1960 apud BIDERMAN, 1972), a sociedade é

polarizada entre duas formas: o poder e a solidariedade tais relações reflete-se na

linguagem na interação entre os falantes. Desse modo, é comum usarmos formas de

tratamento distintas de acordo com a pessoa com quem temos diferentes relações. Por

exemplo, ao fazermos uso dos pronomes senhor ou vossa excelência, observamos uma

relação de poder entre falante e ouvinte, sendo essa uma relação assimétrica entre quem

fala e aquele a quem ele dirige-se, que está em uma posição de maior prestígio social.

Porém, quando um casal de namorados se refere um ao outro por meu amor, temos uma

relação de solidariedade, na qual há simetria entre as pessoas envolvidas no discurso.

Guimarães (2014) faz um diálogo entre as relações de poder e solidariedade e a

Teoria da Polidez de Brown e Levison. Dessa forma, para a autora três fatores sociais

podem estabelecer o nível de polidez: a) o poder relativo do ouvinte sob o falante e

vice-versa; b) a distância social entre os dois e c) o grau de imposição do próprio ato

comunicativo. Dessa forma, é esperado que, em nossos dados, as formas de tratamento

utilizadas pelos acusados de atos criminosos mantenham uma relação de polidez com o

entrevistado, uma vez que eles estão no polo inferior na relação de poder, porém

havendo uma variação de assimetria dessas formas de acordo com o discurso adotado

pelo entrevistador.

3. Metodologia

A pesquisa aqui apresentada foi proposta como requisito parcial para obtenção

de média na disciplina Sociolinguística da graduação em Letras da Universidade federal

do Ceará. A proposta do trabalho era a análise das formas de tratamento uma

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comunidade de prática brasileira. Após escolhida a comunidade de prática jovens

acusados de atos criminosos, traçamos nosso de envelope de variação, a variável

formas de tratamento na posição de vocativo e, a partir da análise, chegamos às

seguintes variantes: rapaz, macho, cidadão, senhor, meu irmão, doido, homem e

menino.

Na proposta de pesquisa, deveria ser escolhido quatro fatores de

condicionamento, dois linguísticos e dois extralinguísticos. Os fatores analisados por

nós foram:

Faixa etária3:

adolescentes ( 18 anos)

adultos ( 18 anos)

Localização geográfica:

Ceará

Pernambuco

Posição na oração:

Início

Meio

Fim

Tempo verbal:

Presente do indicativo

Pretérito perfeito

Locução verbal (ir + verbo no infinitivo)

Elipse do verbo

A coleta de dados foi feita a partir da observação minuciosa de vídeos

publicados na internet, os quais pertenciam aos programas: Barra Pesada (CE), Cidade

3 Para diferenciarmos os informantes pela faixa etária, observamos o fato de que os menores de idade não

mostram o rosto diante as câmaras por questões legais asseguradas pelo Estatuto da Criança e do

Adolescente.

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190 (CE), Sem meias palavras (PE) e Bronca Pesada (PE)4. O foco da seleção dos

dados era a maneira como os acusados se referiam ao repórter ao relatar a ocorrência em

que este estava envolvido e motivo pelo qual foi preso. Se aproveitando de

circunstâncias como essas, "Labov sugere que se leve o falante a discorrer sobre

situações de perigo que vivenciou, pois é quando se obtém um estilo menos policiado

ou autoconsciente" (MACEDO, 2003, p. 61). Ou seja, o "paradoxo do observador" foi

respeitado devido à natureza do discurso em questão.

Outro fator que favoreceu a naturalidade do discurso foi a escolha de coleta de

dados em entrevistas prontas em que o objetivo primeiro do entrevistador não era

analisar as variações linguísticas. Como afirma Fernando Tarallo, quando propõe o

método de entrevista que visa neutralizar os efeitos negativos causados pela presença do

pesquisador:

os estudos de narrativas de experiência pessoal têm demonstrado que, ao

relatá-las, o informante está tão envolvido emocionalmente com o que relata

que presta o mínimo de atenção ao como. E é precisamente esta situação

natural de comunicação almejada pelo pesquisador-sociolinguista.

(TARALLO, 2005, p.22)

Seguindo a prescrição no que diz respeito à quantidade proporcional dos

informantes, escolhemos cinco informantes para cada célula, somando um total de vinte

entrevistas coletadas (cinco adolescentes cearenses, cinco adultos cearenses, cinco

adolescentes pernambucanos e cinco adultos pernambucanos).

4 Os dados foram selecionados da internet, uma vez que os dados dessa natureza não possuem direito

autoral, podendo serem analisados livremente. Os links dos programas analisados são:

https://www.youtube.com/watch?v=OaJi8Ayt80Y , https://www.youtube.com/watch?v=8XAcXBQSIck ,

https://www.youtube.com/watch?v=QiC-eOMT6hc,

https://www.youtube.com/watch?v=9BTe4Z1mwHU,

https://www.youtube.com/watch?v=PHD2vxQu7j8, https://www.youtube.com/watch?v=xI70Ehrd5H8,

https://www.youtube.com/watch?v=KV-zcaWmRxU,

https://www.youtube.com/watch?v=66uzSaUT_dM, http://mais.uol.com.br/view/8bak1uywu0n2/dois-

adolescentes-sao-apreendidos-por-trafico-de-drogas-na-iputinga-04024E1B3760E4815326? ,

https://www.youtube.com/watch?v=3V8MSKHwrFs, http://mais.uol.com.br/view/k77arz6psxw4/homem-

suspeito-de-tentativa-de-estupro-e-preso-em-caruaru-no-agreste-0402CC9C3468C8915326?types=V&,

http://mais.uol.com.br/view/k77arz6psxw4/homem-e-preso-com-mais-de-um-quilo-de-maconha-em-

caruaru-no-agreste-04020D98346CD8915326?types=V& ,

http://mais.uol.com.br/view/k77arz6psxw4/homem-e-preso-apos-tentar-companheira-com-golpes-de-

foice-em-caruaru-0402CD1B386AC8915326?types=A&,

http://tvjornal.ne10.uol.com.br/noticia/ultimas/2015/01/15/homem-e-preso-suspeito-de-fornecer-droga-a-

detentos-do-complexo-do-curado-17494.php, http://mais.uol.com.br/view/8bak1uywu0n2/traficante-e-

preso-com-mais-de-700-pedras-de-crack-no-ibura-04024D983066C4C14326?types=A&

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Em sequência, fizemos o levantamento estatístico das falas dos informantes

para que pudessem ser organizadas em tabelas e gráficos permitindo a análise

sistemática dos dados.

4. Análise dos dados

4.1.A faixa etária

Tabela 1 - faixa etária

RAPAZ MACHO CIDADÃO SENHOR

ADOLESCENTES 8/13 - 61% 3/6 - 50% 7/8 - 87,5% 4/15 - 27%

ADULTOS 5/13 - 39% 3/6 - 50% 1/8 - 12,5% 11/15 - 73%

Analisando a faixa etária como primeiro fator condicionante extralinguístico

podemos observar através da tabela 1, que os adolescentes fazem mais uso do vocativo

"cidadão" e os adultos preferem a forma "senhor". Contrariando a hipótese de que pela

diferença de idade entre repórter e entrevistado os adolescentes deveriam utilizar mais a

forma "senhor", o que constatamos foi o contrário, dos dez informantes adultos, cinco

utilizaram essa forma de tratamento. Foi exatamente o que o estudo de Guimarães

revelou quando feita a análise do nocaute entre a forma senhor x você na variável faixa

etária "os adultos (faixa II, com 11,7% e 0,616) e os mais velhos (faixa III, com 10,1% e

0,560) favorecem o uso do(a) senhor(a), diferentemente dos jovens (faixa I, com 5,8% e

0,309)" (GUIMARÃES, 2014, p.197). Vale ressaltar que na presente análise, essa forma

foi encontrada em respostas curtas como: "sim, senhor!" e "não, senhor!" e muitas

ocorrências dentro de uma mesma entrevista, o que pode transparecer o confronto direto

ou sentimento de vergonha do entrevistado em falar detalhes da ocorrência preferindo

ocultar informações. Outra explicação para a escolha do vocativo "senhor" é defendida

por Guimarães quando se trata de interlocução assimétrica, "em relações assimétricas, o

falante de menor escolaridade sente-se inferior ao outro e opta por uma forma para

indicar assimetria entre os interlocutores, como uma maneira de mostrar respeito."

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(GUIMARÃES, 2014, p.192). Ainda, segundo Guimarães, quando investigando os tipos

de fala que favorecem o uso da forma "senhor" argumenta que:

"O fator recordações também nos surpreendeu, pois não acreditávamos que

apresentasse um comportamento favorecedor da forma senhor(a). As

lembranças do passado distanciam o falante do seu presente, favorecendo esse

pronome. É importante notar que, nas repreensões, em que estão presentes as

relações de poder, também favorecem a forma de maior respeito, pois,

segundo Brown e Levinson (1987), quando o falante ameaça a face negativa

do ouvinte, utilizam-se alguns recursos de polidez, para atenuar a ameaça.

Tais recursos seriam aqueles que servem para afastar os interlocutores, como

o uso de pronomes, no nosso caso, o(a) senhor(a)." (GUIMARÃES, 2014,

p.195)

No caso dos adolescentes, a forma "rapaz" antecede uma explicação e as

formas "cidadão" e "macho" finalizam a explicação, o que demonstra a naturalidade

com que geralmente o adolescente trata a situação. Com exceção da forma "macho",

observamos que os outros dois vocativos são menos utilizados pelos adultos, sendo mais

recorrente na fala dos adolescentes.

Além do que está exposto, encontramos outras variações nas formas de

tratamento em casos isolados como: doido, menino, velho, doutor, irmão, meu filho e

bicho.

2.2.2 A localização geográfica

Tabela 2 - localização geográfica

RAPAZ MACHO SENHOR

CEARÁ 7/13 - 54% 5/6 - 83% 12/15 - 80%

PERNAMBUCO 6/13 - 46% 1/6 - 17% 3/15 - 20%

O segundo fator condicionante extralinguístico diz respeito à localização

geográfica, se os informantes residem no estado do Ceará ou de Pernambuco. Podemos

perceber, através da leitura da tabela 2, que no Ceará existe um equilíbrio entre as

formas "macho" e "senhor", respectivamente 83% e 80% dos dados coletados

pertenciam à comunidade cearense, e "rapaz" também é bastante recorrente. Já em

Pernambuco, o uso da forma "rapaz" se destaca entre as demais, apesar de os dados

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mostrarem que no Ceará o uso foi mais recorrente. Em seguida a forma "senhor" com

apenas uma ocorrência entre as seis coletadas e em último lugar a forma "macho",

contando apenas três ocorrências das quinze coletadas. A forma "macho" foi analisada

por Guimarães no vernáculo fortalezense a partir de diferentes níveis de escolaridade e

o que ela concluiu a partir dos dados foi que:

"Acreditávamos que essa forma fosse favorecida pelo menos

escolarizados, mas isso não se confirmou nos nossos dados, pois os

informantes com a menor escolaridade foram os únicos que inibiram a

realização do macho. Como os mais escolarizados são os que mais

utilizam essa forma de tratamento, podemos dizer que essa variante,

mesmo sendo usada quando há um alto grau de intimidade, não é

estigmatizada pelos nossos informantes."(GUIMARÃES, 2014, p.

205)

Não há ocorrências do vocativo "cidadão" nas falas dos pernambucanos, da

mesma forma não há ocorrências dos vocativos "doido", "meu irmão" e "homem" nas

falas dos cearenses.

2.2.3 A posição do vocativo na oração

Tabela 3 - posição na oração

INÍCIO MEIO FINAL

RAPAZ 6/13 0/13 7/13

MACHO 0/6 0/6 6/6

SENHOR 0/15 0/15 15

CIDADÃO 0/7 1/7 6/7

HOMEM 0/2 1/2 1/2

MEU IRMÃO 1/2 0/2 1/2

DOIDO 0/2 0/2 2/2

MENINO 0/1 0/1 1/1

TOTAL 7/48 2/48 39/48

Partindo para a análise dos fatores condicionantes linguísticos, por intermédio

da leitura da tabela 3, que representa a frequência da posição inicial, meio ou final do

vocativo na oração, verificamos que os vocativos se concentram mais na posição final.

Esta última é bastante utilizada pelos adultos, corresponde a quinze do total de trinta e

nove ocorrências encontradas nessa posição, número significativo para esse tipo de

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situação, o que sugere que a forma "sim, senhor!" e "não, senhor!" esteja cristalizada no

discurso envolvendo repórter/polícia entre grande parte desta comunidade linguística.

Em segundo lugar, encontramos o vocativo no início da oração. A hipótese

sugerida antes da coleta de dados era de que essa seria a posição mais recorrente, mas os

resultados mostraram que em apenas 15% dos casos essas formas se localizavam no

início da oração, por exemplo, "Rapaz, eu não sei dizer nada não! ou "Mermão, sair, sai

mais blindado ainda.". Destaca-se o fato de que o vocativo "rapaz" totalizou seis das

sete ocorrências encontradas nesta posição, o que nos permitiu afirmar acima, a partir da

análise da fala dos adolescentes, ser o vocativo que antecede uma explicação, como nos

exemplos, "Rapaz, eu comprei só um pouquinho!" e "Rapaz, apareceu, caiu do céu!"

Por último, encontramos apenas duas ocorrências no meio da oração: "Ah,

cidadão, eu comprei em Fortaleza!" e "A gente queria dinheiro só, homi, pra ir pra pegar

a passagem, pá ir pro ônibus que agente tava sem dinheiro."

2.2.4 O tempo verbal da oração

Tabela 4 - tempo verbal

PRESENTE DO

INDICATIVO

PRETÉRITO

PERFEITO

LOCUÇÃO

VERBAL (IR +

VERBO NO

INFINITIVO)

ELIPSE

DO

VERBO

RAPAZ 4/14 6/14 2/14 2/14

CIDADÃO 2/7 1/7 1/7 3/7

MACHO 3/6 0/6 0/6 3/6

SENHOR 5/15 2/15 0/15 8/15

MEU

IRMÃO

2/2 0/2 0/2 0/2

DOIDO 2/2 0/2 0/2 0/2

HOMEM 1/2 ½ 0/2 0/2

MENINO 1/1 0/1 0/1 0/1

TOTAL 20/49 10/49 3/49 16/49

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O segundo fator condicionante linguístico da pesquisa foi o tempo verbal. Nós

encontramos quatro tempos verbais: presente do indicativo, pretérito perfeito, elipse

verbal e locução verbal (ir + verbo no infinitivo).

O tempo verbal mais recorrente, como revela o a tabela 4, foi a formulação da

oração com o presente do indicativo e bem próximo a esse resultado encontramos a

elipse do verbo, circunstância em que o verbo não é exposto mas pode ser recuperado

pelo contexto, destaca-se a fórmula "sim, senhor!" e "não, senhor!", com o maior

número de ocorrências para esse caso.

Por fim, em menor número constatamos a presença do pretérito perfeito e

locução verbal, respectivamente, " Só foi pra gente se defender né, senhor!" e " Rapaz,

eu vou ver isso aí, sem ter provas!"

Considerações finais

Ao falar de formas de tratamento, os manuais de gramática focam-se apenas em

formas pronominais, com base nisso, este trabalho teve como objetivo mostrar a ampla

variedade de formas nominais utilizadas por uma determinada comunidade de prática.

Segundo Freitag, Martins e Tavares (2012), os estudos de terceira onda

incorporam a dinamicidade da estrutura, na qual podemos perceber o reflexo das

relações sociais assimétricas condicionando a escolha de uma ou outra forma. No nosso

corpus, foram encontradas as variantes rapaz, macho, cidadão, senhor, meu irmão,

doido, homem e menino, porém algumas delas só apareceram em contextos categóricos,

o que nos lança o desafio de aprofundarmos a investigação, pois acreditamos que se

debruçar na fala de determinado grupo é procura entendê-lo no todo de suas práticas

sociais e, dessa forma, combater o preconceito linguístico é lutar contra o preconceito

existente pela comunidade de prática que faz uso dessas estruturas linguísticas.

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ECKERT, P. Variation, convention, and social meaning. Paper presented at the

Annual Meeting of the Linguistic Society of America. Oakland, jan, 7, 2005.

FREITAG, R. M. K.; MARTINS, M. A.; TAVARES, M. A. Bancos de dados

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Humanidade, Universidade Estadual do Ceará. Fortaleza, 2014.

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(orgs.), Introdução à sociolinguística: o tratamento da variação. São Paulo: Contexto,

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TARALLO, F. A pesquisa sociolinguística. 7ª ed. São Paulo: Ática, 2005. (Série

Princípios)

Recebido Para Publicação em 30 de outubro de 2015.

Aprovado Para Publicação em 05 de fevereiro de 2015.