Author
nguyenminh
View
215
Download
1
Embed Size (px)
ESTUDOS DA COMPETITIVIDADE DO TURISMO BRASILEIRO
TECNOLOGIA DA INFORMAO APLICADA AO TURISMO
PRESIDENTE DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASILLuiz Incio Lula da Silva
MINISTRO DO TURISMOWalfrido dos Mares Guia
SECRETRIO EXECUTIVOMrcio Favilla Lucca de Paula
SECRETRIA NACIONAL DE PROGRAMAS DE DESENVOLVIMENTO DO TURISMOMaria Luisa Campos Machado Leal
SECRETRIO NACIONAL DE POLTICAS DE TURISMOAirton Nogueira Pereira Junior
DEPARTAMENTO DE RELAES INTERNACIONAISPedro Gabriel Wendler
COORDENAO-GERAL DE RELAES MULTILATERAISFernanda Maciel Mamar Arago Carneiro
COORDENAO-GERAL DE RELAES SUL-AMERICANASPatric Krahl
GESTO TCNICAAdriane Correia de SouzaCamila de Moraes TiussuClarice Mosele
CENTRO DE GESTO E ESTUDOS ESTRATGICOSLucia Carvalho Pinto de MeloPresidentaLlio Fellows FilhoChefe da Assessoria Tcnica
COORDENADORES RESPONSVEISLuciano CoutinhoFernando SartiUniversidade de Campinas - NEIT/UNICAMP
APRESENTAO Nos ltimos quatro anos, o turismo brasileiro vem respondendo aos desafios representados pelas metas do Plano Nacional do Turismo. Governo Federal, empresrios, terceiro setor, estados e municpios trabalharam juntos para colocar em prtica uma nova poltica para o turismo. Pela primeira vez na histria, o turismo tornou-se prioridade de Governo, com resultados positivos para a economia e o desenvolvimento social do Pas. O Ministrio do Turismo contabiliza muitas vitrias conquistadas: a ampliao da oferta de roteiros tursticos de qualidade; aumento dos desembarques nacionais; incremento no nmero de estrangeiros visitando o Pas; aumento dos investimentos diretos; elevao na entrada de divisas e gerao de renda e empregos para os brasileiros. No entanto, algumas reflexes se impem sobre o futuro do turismo brasileiro. Um mundo cada vez mais dinmico e competitivo e as transformaes da economia mundial trazem novas e desafiadoras exigncias para todos, sem exceo. Dentre elas, a de que necessrio assegurar os interesses nacionais e um desenvolvimento sustentado e sustentvel. Como fazer isso em longo prazo? E mais: qual o padro de concorrncia vigente no mercado internacional; qual estratgia o turismo brasileiro deve assumir para competir; qual o melhor modelo de desenvolvimento para o turismo no Pas; quais as oportunidades esto colocadas para as empresas brasileiras e, ao mesmo tempo, que ameaas existem para elas nesse mercado? Finalmente, o desafio maior: como promover uma insero ativa e competitiva do turismo brasileiro na economia mundial? Buscando analisar esse cenrio e encontrar respostas aos desafios que ele coloca, o Ministrio do Turismo realizou um trabalho junto com o Centro de Gesto e Estudos Estratgicos (CGEE), que resultou neste rico material. Os Estudos de Competitividade e Estratgia Comercial renem o trabalho de grandes especialistas de vrios centros de pesquisa do Brasil. Os Estudos foram idealizados com o objetivo de incentivar o debate sobre os rumos do turismo brasileiro, considerando seus principais aspectos e segmentos. O Brasil aqui comparado com casos internacionais de sucesso para fazer face aos desafios que se pem: as novas tecnologias, as alianas estratgicas, fuses, aquisies e o processo de concentrao, o fortalecimento e a internacionalizao de nossas empresas, a sustentabilidade ambiental e a preservao das culturas locais. O Ministrio do Turismo convida todos os agentes do setor a uma ampla discusso para a construo coletiva e democrtica de um futuro Programa de Competitividade Para o Turismo Brasileiro. As bases para este futuro sustentado esto aqui, nestes Estudos de Competitividade e Estratgia Comercial para o Turismo.
Walfrido dos Mares Guia
Ministro do Turismo
NOTA: O presente documento propriedade do Governo Federal e disponibilizado gratuitamente para avaliao dos profissionais do turismo brasileiro. Seu objetivo ampliar o debate nacional sobre o futuro do setor, assim como de fomentar a pesquisa nesse campo do conhecimento, consistindo numa verso preliminar, que dever sofrer alteraes ao longo do primeiro semestre de 2007, incorporando sugestes e crticas a partir de debates com agentes selecionados do turismo brasileiro. Seu contedo no representa a posio oficial do Ministrio do Turismo, sendo de inteira responsabilidade de seus autores.
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
2
1. Caractersticas Gerais Dos Efeitos Das TIC, Especialmente
Da Internet, Na Indstria De Turismo.
1.1 Histrico
Um marco de referncia para a utilizao da informtica relacionada ao
turismo pode ser adotado como sendo 1960, quando a American Airlines,
juntamente com a IBM, iniciou o desenvolvimento do uso intensivo do
computador num sistema de reserva de passagens areas em computador (CRS-
Computer Reservation Systems). o sistema conhecido pelo nome de SABRE
(Semi-Automatic Business Research Environment).
Nos anos seguintes, outros avanos no uso da informtica no setor foram
desenvolvidos: gesto de receitas, poltica de preos, programao de vos,
controle de carga, operaes de vo e programao de equipe de vo.
Durante a dcada de 70, os CRS eram usados apenas para o tratamento
da informao para as companhias a que pertenciam, sendo que vrias
companhias areas passaram a desenvolver seus prprios sistemas de
informao.
Em 1976 o sistema SABRE foi instalado pela primeira vez numa agncia
de viagens iniciando o processo de automao nas agncias.
Assim, agncias de viagem passaram a ter acesso aos CRS das
companhias areas, pois estas perceberam que automatizando o processo de
reservas de passagens nas agncias de turismo elas no s ficariam mais
eficientes como, na prtica, se transformariam numa extenso da fora de
vendas das companhias areas. So esses sistemas originais que evoluram para
os sistemas de distribuio global que constituem o esqueleto dos sistemas de
distribuio atual via Internet.
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
3
CRS fundamentalmente uma base de dados dinmica que permite, s
companhias areas que dela se utilizam, gerenciar em tempo real sua situao
quanto a pedidos, reservas, disponibilidades, etc., e tornar acessvel essas
informaes aos seus parceiros distribuidores (agncias de viagem e operadores
de tour). Como o sistema opera em tempo real o grau de flexibilidade bastante
elevado.
Os CRS evoluram para os GDS (Global Distribution System)
possibilitando no apenas uma cobertura global mas tambm incluindo em sua
base de dados informaes sobre outros servios tursticos tais como
acomodaes em hotis, aluguel de carros, emisso de bilhetes de nibus e
trens, informaes sobre programas de entretenimento, emisso de entradas
para shows,etc...
Atualmente h quatro grandes GDS: Amadeus, Galileo, Sabre e
Worldspan. Alm desses, h vrios sistemas de menor porte, ou regionais, tais
como o Sita (Sahara), Infini (Japo), Axess (Japo), Tapas (Coria), Fantasia
(Pacfico Sul), Abacus (sia e Pacfico).
Tabela 1 Principais GDS GDS FUNDADORES USURIOS RECEITA AMADEUS Air France, Iberia, Lufthansa e SAS 75.000 agncias de
viagem e 11.000 pontos de venda de companhias areas
EU$ 1,9 bilhes(2003)
GALILEO Aer Lingus, Air Canada, Alitalia, Austrian Airlines, British Airways, KLM Royal Dutch Airlines, Olympic Airlines, Swissair, TAP Air Portugal, United Airlines e US Airways
43.500agncias de viagem
SABRE American Airlines 53.000 agncias de viagem
US$ 2,5 bilhes (2005)
WORLSPAN Delta Air Lines, Northwest Airlines e Trans World Airlines
US $ 950 milhes (2005)
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
4
A evoluo do uso das TIC na indstria de turismo pode ser descrita de
forma compacta como a seguir:
- processamento de dados (dcada de 60), cujo objetivo era aumentar a
eficincia operacional via automao de determinados processos
administrativos;
- sistemas de gesto de informaes (dcada de 70), visando dar suporte
mais efetivo s atividades de gesto, especialmente controle de inventrio e
contabilidade;
- sistemas de informaes estratgicas (dcada de 80), buscando dar
suporte forma de planejar e gerenciar os negcios atravs do uso de redes de
informao integradas. Essa etapa foi em grande parte suportada pelo
desenvolvimento dos computadores pessoais;
- redes de informao (a partir da dcada de 90): Intranet, Extranet e
especialmente Internet.
Atualmente, o mercado turstico tratado globalmente onde a demanda
representada pelas agncias de turismo e o pblico consumidor e se relaciona
com a oferta, representada por hotis, companhias areas, locadoras de carros,
etc...
1.2 Funes dos GDS
Dentre outras possibilidades os GDS permitem acesso a:
-informao
-reservas
-banco de dados sobre clientes e fornecedores
-emisso de bilhetes
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
5
-reservas de servios adicionais de hotis, aluguel de carros e de barcos, etc.
-agendas
-planos de embarque
-conexo com redes de fornecedores
-bilhete eletrnico
Na dcada de 90 presenciou-se a expanso da Internet, o que passou a
permitir que as empresas fornecedoras de servios tursticos estabelecessem
contacto direto com os consumidores.
A ampliao do uso da Internet associada aos GDS possibilitou que os
fornecedores de produtos tursticos se conectassem com os seus distribuidores,
que se converteram por sua vez nos seus principais usurios.
A ampla adoo das tecnologias da informao pela indstria de turismo
est transformando o papel desempenhado por vrios agentes nessa indstria,
tais como os agentes de viagem, operadores de tour, organizadores de
conferncia, etc...
Por um lado, os sistemas de informao permitem o acesso a um enorme
e detalhado conjunto de informaes sobre disponibilidade e preos dos
produtos, contribuindo para um incremento nas vendas e lucros. Por outro
lado, a Internet, facilitando a comunicao direta entre produtores e
consumidores, pe em questo a funo de vrios agentes intermedirios.
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
6
1.3 As mudanas com a Internet
De forma simplificada, indica-se a seguir o canal de distribuio via GDS.
Ilustrao 1 CANAL TRADICIONAL DE DISTRIBUIO ATRAVS DO SDG
COMPANHIAS AREAS HOTIS ALUGUEL DE CARRO GDS AGNCIAS DE VIAGEM CONSUMIDOR
O GDS tradicional inclui trs participantes fundamentais:
1- o fornecedor (companhia area, hotel ou aluguel de carro) oferece o
seu produto para reserva
2- o GDS - permite o acesso informao do fornecedor do servio
turstico; processa a reserva e distribui a informao
3- agncia de viagens - que faz a gesto da transao da viagem em nome
da sua base de clientes
Por suas prprias caractersticas os GDS eram operados por grandes
organizaes e a barreira para entrada muito elevada.
A situao se alterou com a introduo da Internet, pois as barreiras para
entrada passaram a ser menores o que passou a permitir a criao de um canal
de informaes direto entre os fornecedores e os turistas.
A dcada de 90, de forte expanso no uso da Internet serviu,
inicialmente, para o uso da Internet para propaganda, divulgao e obteno de
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
7
informaes. Rapidamente, outros servios foram criados para atender aos
fornecedores e turistas. Indica-se a seguir de forma simplificada o canal de
distribuio via Internet.
Ilustrao 2 CANAL DE DISTRIBUIO ATRAVS DA INTERNET
COMPANHIAS AREAS HOTIS ALUGUEL DE CARRO INTERNET CONSUMIDOR
1- os fornecedores desenvolvem os seus prprios web-sites
2- podem dispensar os GDS
3- estabelecem ligaes de venda direta com os consumidores
Duas so as implicaes bsicas dessa mudana nos canais de
distribuio:
1 - fora a agncia de viagem a redefinir seu modelo de negcios;
2 - faz com que os fornecedores de GDS passem a criar interfaces na
Web, atravs das suas bases de dados, dando origem a grandes operadores
na Net.
Alm disso, a Internet criou a possibilidade do aparecimento de vrias
agncias de viagem eletrnicas ou virtuais tais como: Expedia e Travelocity,
dentre outras. Essas agncias virtuais oferecem ao turista a possibilidade de
pesquisar, planejar e fazer todas as reservas que desejarem a partir de um
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
8
terminal de computador, permitindo a emisso de passagens areas, reservas
em hotis, aluguel de carros, escolha de cruzeiros, etc... com todos os parceiros
associados a tais agncias virtuais.
Como deixa claro a WTO a rea que est sofrendo os maiores impactos
dessas novas tecnologias a de destinao dos turistas. Os que fizerem uso
dessas novas tcnicas de forma apropriada certamente tero um significativo
ganho de competitividade. De outra parte, os que no se adaptarem aos novos
tempos propiciados pelas TIC estaro com uma desvantagem praticamente
irrecupervel.
O ganho de competitividade advm do fato de que o acesso direto ao
consumidor final estar muito mais rpido e barato. Como decorrncia,
destinos remotos, operadores especializados e produtores individuais em
qualquer pas ou localizao passam a dispor de oportunidades equivalentes.
Se souberem utilizar adequadamente essas novas TIC, passam a ter acesso a
clientes potenciais, oferecer informaes sobre seus produtos e servios,
diferentemente da situao em que os procedimentos e canais de distribuio
tradicionais estavam fora de seu alcance por escassez de recursos.
1.4 Internet, Intranet e Extranet
Com o desenvolvimento das TIC vrias opes so possveis
INTERNET: rede mundial de informao ligada por computadores
EXTRANET: rede de colaborao que usa tecnologia Internet para
facilitar a comunicao entre fornecedores, clientes ou outros negcios que
partilhem objetivos comuns.
INTRANET: estrutura empresarial ou organizacional interna que usa a
tecnologia Internet para permitir aos seus empregados contactarem-se entre si e
partilharem informao com facilidade
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
9
INTERNET EXTRANET INTRANET
TIPO DE ACESSO ABERTO CONTROLADO PRIVADO USADO POR PBLICO PARCEIROS DE
NEGCIOS MEMBROS DA
ORGANIZAO TIPO DE
INFORMAO GERAL PARTILHA SELETIVA PROPRIETRIO
1.5 Alternativas aos GDS
Os maiores custos de uma empresa area so pela ordem: combustvel,
salrios, aeronaves e distribuio1. As reclamaes contra as elevadas taxas
cobradas pelas empresas de GDS, atravs das quais a distribuio feita, tem
aumentado sistematicamente. Os valores cobrados so da ordem de US $12 por
bilhete de ida e volta emitido, independentemente do valor do bilhete.
Alm disso, algumas companhias, especialmente as econmicas,
passaram a vender seus bilhetes atravs de sites prprios na Internet para
minimizar os custos de distribuio.
vista dos elevados preos cobrados pelas empresas de GDS, as
companhias areas comeam a buscar novas alternativas seu uso. Por exemplo,
a Star Alliance, que rene importantes companhias areas, afirmou
recentemente que as empresas de GDS se constituram em um oligoplio,
mantendo preos artificialmente elevados2. Como decorrncia, recentemente
assinou contrato com duas empresas que se apresentam como potenciais
alternativas aos GDS tradicionais3. Essas empresas so a G2 SwitchWorks e a
ITA Software.
1 David Cush, vice presidente da American Airlines, US$ 500 milhes por ano no caso da American Airlines so os gastos com GDS - Business Week 01/12/2005
2 www. Finanzas.com 10/06/2005
3 O irnico nessa situao que vrias das empresas que constituem a Air Alliance so parcialmente proprietrias da maior das empresas de GDS sendo que a American Airlines foi, juntamente com a IBM uma das criadoras do GDS SABRE..
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
10
Consideremos algumas dessas novas empresas e o que passam a oferecer
como alternativa aos GDS tradicionais.
1- ITA Software. Esta empresa desenvolveu uma aplicao que busca na
Internet preos de passagens areas e identifica para o mesmo roteiro os
menores preos, at inferiores aos que so estabelecidos pelas prprias
companhias areas que usam os GDS tradicionais. Recentemente desenvolveu
um software que alm de buscar os menores preos faz a reserva e emite
eletronicamente os bilhetes cobrando uma taxa muito inferior s cobradas pelos
GDS. Tambm inicia o esquema de reservas em hotis.
2- G2 Switchworks desenvolveu um sistema de reservas e gesto voltado
para vendedores e intermedirios de vendas de passagens areas cobrando
taxas da ordem de 10% das cobradas pelos GDS tradicionais. Sete das maiores
companhias areas nos USA j adotaram este sistema como alternativa
complementar de distribuio aos GDS. Convm observar que a G2 usa
software desenvolvido pela ITA.
3- Farelogix. Apresenta soluo similar da ITA, permitindo acesso a
mltiplas fontes de contedo: reservas, aluguel de carros, cruzeiros, etc...
Todas as empresas acima tem suas bases nos USA mas, h tambm algumas
empresas europias como: Contec, Anite and Hitchhiker.
A concluso que se deve adotar a de que essa rea de GDS est num
processo de importantes alteraes que devem ser observadas muito de perto
para que se possa identificar como ela ir se configurar num futuro prximo.
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
11
2 Impactos Da Utilizao De Tecnologias De Informao
Aplicadas Ao Turismo Sobre os Usurios e Sobre a Cadeia
Produtiva.
2.1 Impactos Gerais
Inicialmente preciso considerar dois aspectos:
- quais so os agentes na cadeia de turismo;
- como o uso de tecnologias de informao afeta cada um desses agentes.
Os GDS tm como acionistas companhias areas cujo objetivo principal
vender assentos. Os fornecedores de produtos e servios tursticos no so
acionistas das empresas de GDS. Assim, a estruturao da indstria de turismo
em funo das prioridades das companhias de transporte areo certamente no
atende completamente ao potencial turstico de um pas.
De outra parte, a ampliao do uso das TIC induziram:
- uma integrao horizontal em que grandes operadoras adquiriram ou
fizeram parceria com empresas mdias ou pequenas que se viram foradas a
essa integrao para no serem colocadas fora dos negcios;
- uma integrao vertical atravs de aquisio ou parcerias estratgicas,
normalmente realizadas via as proprietrias de GDS;
- a globalizao da indstria de turismo com operadoras expandindo
suas atividades para mais paises quer estabelecendo suas subsidirias, quer
adquirindo ou se associando a empresas locais.
A conseqncia foi a emergncia de dois grandes tipos de operadoras:
um pequeno nmero de grandes operadoras globais e um grande nmero de
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
12
pequenas empresas operando em nichos de mercado ou buscando mercados
especializados. As empresas de mdio porte, ou no especializadas, acabaram
tendo dificuldades cada vez maiores em qualquer rea que operassem:
companhias areas, hotis, agncias de viagem ou operadores de tour.
Para compreender os impactos da utilizao da informtica,
especialmente da Internet, nas atividades relacionadas ao turismo vamos
identificar, de forma compacta, a estrutura da indstria de turismo antes do uso
intensivo da Internet e aps.
Ilustrao 3 INDSTRIA DE TURISMO ANTES DO USO DA INTERNET
TURISTA
Agncias de Viagem Organizaes nacionais
Organizaes regionais
Operadores
Organizaes locais GDS/CRS
Transporte Acomodaes Aluguel de Locomoo
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
13
Ilustrao 4 INDSTRIA DE TURISMO APS O USO DA INTERNET
TURISTA
AGNCIAS DE VIAGEM Organizaes nacionais
Uma importante caracterstica do setor de turismo a de que os
vendedores (por exemplo, o agente de viagem) no estabelecem um mark-up
sobre os preos. Eles recebem uma comisso ou percentagem do preo de venda
do fornecedor do servio. A figura seguinte indica a estrutura de distribuio
da receita. Como se pode observar, para uma passagem com preo final de US$
300 a companhia area ficar com US$ 260,00 caso pague as comisses da
agncia de viagens, do sistema de reservas e do carto de crdito ou com US$
293,40 caso o processamento seja feito diretamente entre ela e o cliente, via
Internet.
Fica claro assim, a razo das companhias areas investirem em sistemas
que lhes possibilite um acesso direto aos clientes via Internet.
Organizaes regionais
Organizaes locais
INTERNET OPERADORES DE
TURISMO
GDS/CRS
ACOMODAES TRANSPORTE ALUGUEL DE LOCOMOO
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
14
Ilustrao 5 Custos de Distribuio
Fonte: J.P. Morgan e-Travel Report 1999 in State of the art in tourism - Gratzer, M ; Winiwarter, W. ; Werthner, H.
Vrios setores da indstria de turismo so extremamente concentrados
(companhias areas, cadeias de hotis, operadores de tour, aluguel de carros)
e atuam de forma global. Porm, as pequenas e mdias empresas constituem a
maior parte da indstria de turismo.
Levantamento realizado na dcada de 90 indicou que, na comunidade
europia, mais de 95% das empresas nas reas de hospedagem, recreao e
alimentao eram pequenas ou mdias empresas (1 a 9 empregados) sendo que
15% com uma nica pessoa (Werthner et al 1997). Alm disso, 85% dos
fornecedores das acomodaes na comunidade europia no estavam listadas
nos CRS/GDS que serviam aos agentes de viagem no mundo todo.
Evidentemente todo esse contingente que no tinha condies de usar os
sistemas CRS/GDS passou, com a Internet, a dispor de um canal de
comunicaes diretamente com os clientes.
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
15
2.2 Mercado online de turismo na Europa
Tabela 2 Tendncias de e-vendas no mercado de turismo na Europa 4
Europa Mercado Mercado Vendas Internet Vendas Internet Vendas Internet
Ano (bilhes E) Aumento % (bilhes E) % do mercado aumento %
1998 218 0.2 0.1% N.D. 1999 231 5,96% 0.8 0.3% 256% 2000 247 6,93% 2.5 1.0% 213% 2001 244 -1,21% 4.9 2.0% 97% 2002 242 -0,82% 8.6 3.6% 75% 2003 237 -2,07% 13.2 5.6% 53% 2004 240 1,27% 18.9 7.9% 43% 2005 244 1,67% 25.2 10.3% 34% 2006 (e) 249 2,05% 31.5 12.6% 25%
(Fonte: Trends in European Distribution of Travel and Tourism Services Carl H. Marcussen, Centre for Regional and Tourism Research)
Como se pode observar a participao de e-vendas no mercado ainda
relativamente pequena, porm, seu crescimento tem sido muito maior que o do
mercado como um todo.
A ilustrao seguinte indica a participao dos vrios tipos de servios
no mercado eletrnico na Europa. Passagens areas tiveram a maior
participao com 56% do total, seguido de reservas em hotis 16%, pacotes de
turismo 16%, passagem de trem 10%, aluguel de carros 2%.
4 No esto includas nos dados: e-vendas para no residentes na Europa, certos tipos de e-vendas como entradas para eventos, concertos, vendas telefnicas de servios pesquisados
na Internet, reservas por e-mail no confirmadas imediatamente, e-vendas de websites voltados
exclusivamente para agentes de viagem e operadores de tour.
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
16
Ilustrao 6 Mercado europeu online
Nas passagens areas o servio dominante o de companhias com
passagens de baixo preo, como pode ser visto na ilustrao 7.
Ilustrao 7 Companhias areas econmicas
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
17
De outra parte, o uso do mercado eletrnico no distribudo
uniformemente pela Europa. Como pode ser observado na ilustrao 8, em
2005, a maior participao no mercado eletrnico se deu no Reino Unido com
35% , em valor. O segundo pas a usar mais o mercado eletrnico em turismo
foi a Alemanha com 20% do mercado e a Frana com 14% do mercado.
Ilustrao 8 Tendncias do mercado europeu de turismo online
2.3 Um exemplo especfico: Espanha
H uma organizao na Espanha5 que faz acompanhamento de uso da
Internet, consultas e compras em sites espanhis desde 1996. Os dados referem-
5 Asociacion para la Investigacion de Medios de Comunicacion
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
18
se, portanto, s consultas feitas por residentes ou no na Espanha. A seguir
apresentam-se alguns desses dados tabelados e em grfico, obtidos em
levantamento publicado em fevereiro de 2006.
Tabela 3 Compras motivadas pela Web na Espanha durante 2005 DURING THE PAST YEAR, DID YOU MAKE A DECISION TO PURCHASE PRODUCTS OR
SERVICES THAT WAS GUIDED, MOTIVATED OR INFORMED BY WEB CONTENT? BASE 57.310 100,00% YES 41.431 72,29%NO 15.498 27,04%- 381 0,66%PRODUCT OR SERVICE FOR WICH THE PURCHASE DECISION WAS MOTIVATED BY WEB CONTENT IN THE
PAST YEAR BASE 178.902 100,00%computers/components/peripherals 19.780 11,06%tickets(plane,train,ship,bus,...) 18.743 10,48%accomodation(hotel,rural inn...) 16.513 9,23% electronics,eletronic devices 16.170 9,04%entertainment/leisure/shows 14.474 8,09%book/magazines 13.643 7,63%telephony/telephone services 10.800 6,04%software 9.914 5,54%music 9.647 5,39%videos/movies/dvds 8.473 4,74%holiday packages 7.057 3,94%clothing 5.712 3,19%financial products and services 5.605 3,13%internet services/domain reservation 4.915 2,75%car rental 4.761 2,66%food/household materials/cosmetics 4.602 2,57%cars, motorbikes, accessories 4.025 2,25%flowers and flower delivery 2.254 1,26%other 1.814 1,01% turismo(tickets,accomodation,holiday packages) 42.313 23,65%
Fonte: Asociacion para la Investigacion de Medios de Comunicacion
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
19
Ilustrao 9
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
comp
uters/
comp
onen
ts/pe
riphe
rals
ticke
ts(pla
ne,tra
in,sh
ip,bu
s,...)
acco
moda
tion(h
otel,ru
ral in
n...)
electr
onics
,eletr
onic
devic
es
enter
tainm
ent/le
isure/
show
s
book
/mag
azine
s
telep
hony
/telep
hone
servi
ces
softw
aremu
sic
video
s/mov
ies/dv
ds
holid
ay pa
ckag
es
clothi
ng
finan
cial p
roduc
ts an
d serv
ices
intern
et se
rvice
s/dom
ain re
serva
tion
car re
ntal
food/h
ouse
hold
mater
ials/c
osme
tics
cars,
moto
rbike
s, ac
cess
ories
flowe
rs an
d flow
er de
livery
other
turism
o(tick
ets,ac
como
datio
n,holi
day p
acka
ges)
Observe-se que a base de respostas bastante elevada (57.310) e que a
base de compras efetuadas tambm representativa (178.902).
O item com o maior nmero de aquisies motivadas por consulta a
Internet o de computadores, componentes e perifricos, seguido da compra de
passagens.
Se somarmos os itens claramente associados ao turismo (passagens,
acomodaes e pacotes de frias), obtm-se o maior ndice de compras
efetuadas com 42.313 correspondendo a 23,65% do total (veja-se ilustrao 9).
A mesma pesquisa trs outros dados interessantes como se indica a seguir, para compras
efetivamente realizadas via Internet. As bases de referncia tanto para compras (53.647) como para
itens comprados (98.237) tambm so bastante representativas.
Observe-se que dois teros dos participantes na pesquisa fizeram
compras na Internet pelo menos uma vez.
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
20
No que respeita aos produtos efetivamente comprados, passagens foi o item com maior
ndice. Novamente somando-se os itens referentes ao turismo obtm-se um percentual de cerca
de 25% das compras efetuadas. Embora no possa ser necessariamente associado ao turismo, se
acrescentarmos o item entretenimento, o percentual sobe para quase 35% das compras.
Essa pesquisa um indicador que mostra com clareza a importncia da
Internet na indstria do turismo.
Tabela 4 Compras online em sites espanhis.
HAVE YOU PURCHASED ANYTHING IN THE LAST YEAR? BASE 53.647 100,00% YES, ONCE 7.411 13,81% YES, 2-3 TIMES 12.819 23,90% YES, 4-6 TIMES 6.330 11,80% YES 7-10 TIMES 2.845 5,30% OVER 10 TIMES 4.793 8,93% NO 17.498 32,62% N/A 1.951 3,64%
Tabela 5 Produtos comprados em sites espanhis
WHAT PRODUCT OR SERVICE DID YOU BY? BASE 98.237 100,00%Tickets (plane, train, ship, bus,...) 13.043 13,28%computers/components/peripherals 9.979 10,16%entertainment/leisure/shows 9.531 9,70%accomodation(hotel,rural inn...) 8.781 8,94%book/magazines 7.987 8,13%electronics,eletronic devices 6.912 7,04%software 6.063 6,17%music 4.864 4,95%videos/movies/dvds 4.532 4,61%telephony/telephone services 3.915 3,99%food/household materials/cosmetics 3.659 3,72%clothing 3.214 3,27%internet services/domain reservation 3.096 3,15%holiday packages 2.926 2,98%financial products and services 2.827 2,88%car rental 2.554 2,60%flowers and flower delivery 1.689 1,72%other 2.665 2,71%Turismo (tickets, accommodation , holiday packages) 24.750 25,19%
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
21
Ilustrao 10
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
ticke
ts(pla
ne,tra
in,sh
ip,bu
s,...)
comp
uters/
comp
onen
ts/pe
riphe
rals
enter
tainm
ent/le
isure/
show
s
acco
moda
tion(h
otel,ru
ral in
n...)
book
/mag
azine
s
electr
onics
,eletr
onic
devic
es
softw
aremu
sic
video
s/mov
ies/dv
ds
telep
hony
/telep
hone
servi
ces
food/h
ouse
hold
mater
ials/c
osme
tics
clothi
ng
intern
et se
rvice
s/dom
ain re
serva
tion
holid
ay pa
ckag
es
finan
cial p
roduc
ts an
d serv
ices
car r
ental
flowe
rs an
d flow
er de
livery oth
er
total
turism
o (tic
kets,
acco
moda
tion,h
olida
y pac
kage
)
2.4 Mercado online de turismo nos USA
Passando situao nos EUA tem-se o seguinte:
Ilustrao 11 TTrreennddss iinn oovveerraallll oonnlliinnee ttrraavveell mmaarrkkeett ssiizzee iinn tthhee UUSS,, 22000000--22000044
1320,2
26,5
39,4
52,8
05
10152025303540455055
Bill
ion
US$
p.a
.
2000 2001 2002 2003 2004
Source: JupiterResearch, quoted by ClickZ Stats in November 2004.
Como se pode observar, o mercado americano em 2004 foi de US$ 52,8
bilhes, sendo que no mesmo ano, o mercado europeu foi de $ 25,2 bilhes.
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
22
Ou seja, o mercado americano aproximadamente o dobro do mercado
europeu.
As projees sugerem que o mercado americano online em 2009 ser de
aproximadamente US$ 90 bilhes, representando, ento, cerca de 33% do
mercado total sendo que em 2004 representavam 23% do total.
Ilustrao 12 Receita de vendas online nos USA
5462
70 7784 91
0
20
40
60
80
100
2004 2005 2006 2007 2008 2009
US online travel booking revenues 2003-2009 (in billion $)
Source: JupiterResearch, quoted by ClickZ Stats in November 2004.
2.5 Impactos sobre a cadeia produtiva
A cadeia da indstria de turismo composta de um grande nmero de
atividades diferentes:
-informao e vendas via agentes de viagem, operadores de tour,
folhetos, mdia, Internet, organizaes nacionais, regionais e locais;
- servios de assistncia financeira e de seguros;
- acesso e transporte consistindo de aeroportos, alfndega e imigrao,
linhas areas, transporte terrestre/aqutico, aluguel de carros, nibus, etc...
inclusive servios de suporte/manuteno ao transporte;
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
23
-orientao geral: sinalizao, informao, quiosques, guias, mapas
tursticos, etc.
- servios de alimentao;
- servios de hospedagem: hotis, pousadas, acampamentos, etc...
-atraes e atividades: pontos de visitao, shoppings, entretenimento,
parques naturais, eventos culturais, locais histricos, esportes, recreaes
variadas etc...
-servios: guias de turismo, assistncia mdica, centros de convenes,
aluguel de equipamentos, etc...
-servios ps-venda tais como informaes de realimentao, resultados
da experincia, freqncia de retorno, etc...
A ampla adoo das TIC na indstria do turismo est transformando o
papel desempenhado por cada um dos vrios agentes na cadeia: agncias de
viagem, operadores de tour, organizadores de conferncias, prestadores dos
mais diversos servios (passagens, acomodaes, orientao, etc...).
De uma parte, sistemas de TIC colocam disposio dos consumidores
informaes detalhadas e atualizadas sobre: disponibilidade dos servios,
preos, informaes gerais e especficas que podem contribuir para o aumento
das vendas e dos lucros. De outra parte, as TIC, especialmente a Internet,
permitem de forma eficiente e rpida a comunicao direta entre os
consumidores e produtores, colocando em questo a funo de intermedirios.
Dessa forma, vrios pontos podem ser destacados: (Werhtner 1999)6
6 ICT and the Changing Landscape of Global Tourism Distribution Hannes Werthner and Stefan Klein Copyright & 1999 Electronic Markets Volume 9 (4): 256262. www.electronicmarkets.org
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
24
- os turistas no s so acessveis diretamente por mais agentes na cadeia
como, de sua parte, passam a atuar de forma mais ativa;
- os agentes de viagem passam a enfrentar uma diminuio do seu poder
de venda e tm que buscar formas inovadoras de ao atravs de atuao como
consultores ou oferecendo produtos mais complexos;
- pacotes fixos e pr-determinados passam a enfrentar a competio de
programao flexvel e personalizada pelo turista;
- GDS passam a ter vinculaes com sites importantes de turismo bem
como passam a realizar vendas diretas ao consumidor final;
- fornecedores finais incrementam suas alianas e passam a oferecer
vendas online aumentando a competio via preos. No caso de companhias
areas passam a emitir bilhete eletrnico e check-in automtico;
- sites de viagem na Internet criam novas ferramentas inteligentes
personalizadas, facilitando o acesso a informao aos turistas;
- organizaes de gesto de destinos (DMO- destination management
organizations) passam a desenvolver modelos de cooperao realizando uma
nova funo como consolidadores ou agregadores.
As implicaes dessas alteraes so basicamente as seguintes:
Desintermediao como decorrncia do aumento da competio, as
empresas de transporte areo criaram seus sites na Internet visando uma
estratgia de vendas diretas. Com esse movimento grande parte do mecanismo
da intermediao tradicional realizado por agncias de viagem deixa de existir.
Novos intermedirios mais ameaador ainda para os agentes de
viagem o aparecimento e disseminao de servidores na Internet que realizam
as reservas online. Atuam como se fossem um agente virtual de viagens,
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
25
operando junto a companhias areas, hotis, aluguel de carros, pacotes de
frias, etc... Exemplos desses servidores so de empresas tradicionais do setor
como a Sabre com o Travelocity ou de novos atores como a Microsoft com o
Expedia.
Infomedirios Alm das vendas diretas (desintermediao) e agentes
virtuais de viagem, outras alternativas comearam a aparecer. A operao de
leiles reversos em que o turista especifica seu plano de viagem e via Internet
portais buscam o melhor preo ( ex: www.travelbids.com). Outras solues
inovadoras so aquelas em que o turista especifica suas preferncias, inclusive
preo, e o portal anuncia essa demanda permitindo que o prestador de servio,
companhias areas por exemplo, decidam se atendem ou no aquela demanda
(ex. www.priceline.com). Observe-se que esses infomedirios posicionam-se de
forma a gerar benefcios tanto para o demandante como para o ofertante.
Reduzem os custos de comunicao e coordenao para ambos os lados; geram
aumento de volume de vendas para os ofertantes; criam escala para demandas
homogneas permitindo que os clientes obtenham descontos associados ao
volume.
De uma forma geral as oportunidades e ameaas para os vrios agentes
no turismo foram mapeadas 7
7 Riscos e ameaas identificados em anlise realizada em; Challenges of the Internet for the SME hotel sector in Austria - Markus Gratzer / Werner Winiwarter
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
26
Ilustrao 13 Oportunidades e ameaas
Como se pode observar as maiores ameaas esto presentes para os
agentes de viagem, seguidos dos operadores de tour. As maiores
oportunidades esto ao lado das companhias areas e das empresas de
tecnologia que passaram a atuar tambm no turismo.
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
27
2.6 As oportunidades para os paises em desenvolvimento8
A UNCTAD tem realizado anlises buscando identificar os impactos das
TIC no turismo e suas implicaes para os paises em desenvolvimento. Em
reunio realizada em Genebra durante fevereiro de 2005 alguns pontos foram
destacados:
- turismo um setor intensivo em informao, portanto tem muito a se
beneficiar das TIC. A distribuio de informaes e produtos tursticos via
Internet a rea em que as inovaes tecnolgicas tem tido o maior impacto nas
empresas associadas ao turismo.
- as TIC podem ser ferramentas efetivas para o desenvolvimento e
incremento do mercado de turismo nos paises em desenvolvimento. O
encorajamento das prticas de comrcio eletrnico com uso das TIC facilitam a
organizao dos agentes da indstria de turismo e podem estimular a
cooperao entre os vrios agentes.
- a maior parte dos negcios de marketing ou distribuio, em tempo real
ou no, efetuada por supridores de servios de TIC sediados em paises
desenvolvidos. Portanto, no refletem, necessariamente, os interesses ou criao
de riquezas ou polticas dos paises destino. As TIC representam a mais
importante ferramenta para amenizar esse desequilbrio possibilitando aos
paises se encarregarem da promoo prpria de seu turismo, gerarem mais
receitas locais e permanecerem competitivos via a promoo permanente e
atualizada de ofertas em tempo real.
8 O texto deste tpico segue fundamentalmente as recomendaes da UNCTAD em seu
position paper: ICT AND TOURISM FOR DEVELOPMENT Trade and Development Board
Commission on Enterprise, Business Facilitation and Development Geneva, 30 Novenber- 2
December 2005
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
28
- embora, nos anos recentes, um nmero crescente de DMO9 (Destination
Management Organizations) nos paises em desenvolvimento tenham sido
criadas, via uma presena em tempo real na Internet, apenas uma pequena
parte deles tem sido capazes de oferecer um portal com um elenco completo de
servios na forma de um DMS (Destination Management System) incluindo
reservas e facilitao de transaes.
O diagnstico acima decorre de um programa lanado em conferncia
ministerial realizada em junho de 2004 em So Paulo, denominado e-tourism
initiative. O objetivo imediato da iniciativa o de incrementar a
competitividade da indstria de turismo nos paises em desenvolvimento e
menos desenvolvidos, atravs do uso de ferramentas de TIC. A iniciativa
estruturada com base em uma ferramenta de software, um gerador de web-
site, que representada por uma plataforma que objetiva identificar,
padronizar, coordenar e propor ofertas tursticas que atendam a demanda
internacional. Tambm parte da iniciativa um mtodo para coletar as
informaes relevantes, padroniz-las e dissemin-las na Internet. Parte do
processo envolve parcerias que incluem tanto o setor pblico como o setor
privado.10
9 A WTO define DMO como organizaes responsveis pela gesto e/ou marketing de destinos, que de uma forma geral se enquadram numa das seguintes categorias; Organizaes ou autoridades nacionais responsveis pela gesto e /ou marketing do turismo a nvel nacional; Organizaes municipais, regionais ou estaduais responsveis pela gesto e /ou marketing do turismo em regies geogrficas especficas e delimitadas; Organizaes locais responsveis pela gesto e /ou marketing de uma regio com interesses comuns (cluster). 10 Mais informaes e detalhes podem ser encontrados no site: http//etourism.unctad.org
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
29
2.7 Evoluo tecnolgica
Com base na evoluo das TIC, tanto aplicaes B2B como B2C passam a
ser cada vez mais disponveis suportando tanto as relaes entre empresas
como entre empresas e consumidores. Neste cenrio, as TIC devem:
- suportar formatos heterogneos de dados e funes bem como bases de
dados distribudas caractersticas de cada uma das entidades envolvidas;
- ser abertas para aceitar extenses funcionais;
- de um lado permitir a autonomia dos participantes mas, ao mesmo
tempo, permitir a cooperao entre eles;
- permitir a integrao de servios fixos e mveis;
As atividades de pesquisa e desenvolvimento das aplicaes das TIC ao
turismo tm evoludo visando os seguintes pontos:
- extrao da informao. Os portais de informaes tursticas ainda so
fortemente apoiados em informaes no estruturadas, assim um problema
importante no desenvolvimento dos sistemas distribudos o de transformar
informaes formatadas para uso humano em formatos de dados estruturados;
- integrao da informao. Desenvolvimento de tcnicas que permitam
ao usurio recuperar informaes que se originem em diferentes fontes de
dados em tempo real;
- redes semnticas. O conceito de que as informaes na rede sejam
definidas e vinculadas de forma que possam ser usadas pelos sistemas para
automao, integrao e reutilizao por vrias aplicaes.
Embora no seja objetivo desta nota analisar aspectos tcnicos associados
tecnologia da informao, passamos a seguir a tecer algumas consideraes
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
30
sobre redes semnticas apenas com o objetivo de delinear o que pode vir a
ocorrer no futuro.11
Os sistemas de informao atuais podem em princpio ser classificados
em dois grupos. Um deles com informaes bem estruturadas com elevados
custos de manuteno, propriedade principalmente de alguns fornecedores de
pacotes tursticos. Normalmente esses fornecedores oferecem acesso fcil a seus
sistemas via a Internet. Porm os vrios fornecedores esto isolados entre si e
seus sistemas no se comunicam.
Alternativamente, h a Internet pura e simples como um todo com um
enorme conjunto de pequenos elementos de informao que precisam, em geral
com enorme dispndio de tempo, ser buscados e articulados pelo usurio para
conseguir obter o conjunto de informaes que lhe interessam.
A idia bsica da rede semntica a de conectar semanticamente blocos
isolados de informao permitindo ao usurio diminuir o esforo necessrio
para encontrar e interpretar o contedo das diferentes fontes de informao.
Para ilustrar a mudana que as redes semnticas podero oferecer
consideremos um exemplo.
Imagine que se v fazer o registro online para uma conferncia.
Normalmente o prprio site da conferncia informa datas, locais e algumas
vezes informaes sobre o aeroporto e hotis mais prximos. Com a rede
presente o usurio ter que reservar vo, hotel e outras providncias
associadas, atravs de acessos especficos para cada caso. Com a rede semntica
o interessado poder apenas informar: pretendo ir para a conferncia tal. O
software de suporte da rede semntica se encarregar de identificar um ou mais
11 Applying Semantic Web Technologies for Tourism Information Systems Alexander Maedche and Steffen Staabb University of Karlsruhe
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
31
pacotes completos e apresentar ao interessado. Escolhido o pacote, a rede se
encarregar de realizar todas as tarefas que atualmente teriam que ser
realizadas pelo usurio: reserva de hotel marcao de passagem, emisso de
bilhete eletrnico, etc...
2.8 O projeto europeu Harmonize
Turismo uma indstria intensiva em informao. Uma das razes para
uma elevada troca de informaes entre os vrios agentes a natureza do
produto do turismo. Se comparado a outros produtos comercializados online o
produto do turismo imaterial, heterogneo e no durvel. Uma viagem
envolve vrios elementos: transporte, acomodaes, seguro, servios
financeiros, servios de guia, excurses, etc... Dada a heterogeneidade do
produto os agentes de viagem ou uma pessoa que esteja planejando uma
viagem precisa acessar vrias fontes diferentes de informao.
Alm disso, o produto imaterial no sentido de que o turista no pode
tocar ou ver o produto antes da viagem realizada. Como decorrncia,
informao confivel sobre todos os elementos que compem o produto
extremamente importante. O produto tambm no pode ser armazenado. Se
um quarto de hotel ou um assento num avio ficarem vazios isso significa
perda de receita. Por essa razo a distribuio e a gesto de disponibilidades
um fator chave de sucesso nessa indstria.
A cadeia de valor do negcio extremamente longa. Alm disso, a infra-
estrutura de informao e comunicaes usada na indstria muito
diversificada implicando numa heterogeneidade de dados e enorme dificuldade
de inter-operabilidade entre as vrias fontes de informao.
Todas essas caractersticas da indstria do turismo implicam no seguinte:
a) para o turista:
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
32
- fica impossvel obter toda a informao desejada em um nico portal;
- reservar um pacote de servios praticamente impossvel.
b) para os agentes na indstria:
- inter-operabilidade e transferncia de dados entre os vrios
participantes muito difcil de implementar;
- manter e atualizar informaes para as vrias fontes extremamente
dispendioso;
- fazer o marketing e manter atualizado as informaes de distribuio
de servios de turismo na Internet alm de complicado no
confivel.
Dessa forma, a possibilidade de se estabelecer mecanismos de aumentar
essa inter-operabilidade possibilitaria enormes condies de aumento do
mercado, especialmente para as pequenas e mdias empresas.
Visando equacionar esses problemas, no mbito da comunidade
europia iniciou-se um projeto chamado Harmonize. Vrias tecnologias
computacionais so usadas na criao de uma plataforma para troca de
informaes em que os participantes no precisem alterar a estrutura de dados
de seus prprios sistemas. Tal soluo poder ser extremamente til
especialmente para as pequenas e mdias empresas que no disponham de
recursos suficientes para adaptao a novos padres que possam vir a ser
estabelecidos.
Para operacionalizar essa idia foi criado um consrcio aberto aos vrios
participantes no mercado com os seguintes objetivos:
- definir padres de inter-operabilidade que permitam a entrada de
novos participantes ou parceiros, apoiada em um conjunto mnimo de regras;
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
33
- identificar um conjunto mnimo de conceitos no domnio do
turismo como ponto de partida no desenvolvimento de um esquema de
referncia compartilhado;
- desenvolver uma ferramenta de reconciliao que permita aos
parceiros manter seus conceitos e formato de dados prprio e simultaneamente
interagir e efetuar comunicaes com inter-operabilidade.
Vrios pases, mesmo fora da comunidade europia j esto participando
do consrcio.
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
34
3- Difuso das Tecnologias de Informao Aplicadas ao
Turismo no Brasil.
3.1 Estatsticas de uso da Internet no Brasil
Inicialmente vejamos as estatsticas de uso da Internet.
A Tabela 6 mostra que o Brasil ocupa, em termos mundiais, o dcimo
lugar em quantidade de usurios de Internet (25.900.000). Porm, quando
comparado com sua populao, o uso de Internet (14,1%) ainda baixo vista
de outros paises do mundo. Mesmo quando se considera apenas a Amrica
Latina, como se pode observar na Tabela 7, o Brasil ocupa o oitavo lugar em
termos percentuais com respeito populao, abaixo de Argentina, Chile, Costa
Rica, Mxico, Peru, Porto Rico e Uruguai.
Da se conclui que embora em nmeros absolutos a quantidade de
usurios de Internet no Brasil seja expressivo, ainda h muito o que se avanar
em termos percentuais com respeito populao.
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
35
Tabela 6 Usurios de Internet no mundo
TOP 20 COUNTRIES WITH HIGHEST NUMBER OF INTERNET USERS
# Country or Region Internet Users, Latest Data Population ( 2006 Est. )
Internet Penetration
Source and Dateof Latest Data
% Usersof World
1 United States 205,326,680 299,093,237 68.6 % Nielsen//NR Jan/06 20.1 % 2 China 111,000,000 1,306,724,067 8.5 % CNNIC Dec/05 10.9 %
3 Japan 86,300,000 128,389,000 67.2 % eTForecasts Dec/05 8.4 %
4 India 50,600,000 1,112,225,812 4.5 % C.I.Almanac Mar/05 5.0 % 5 Germany 48,721,997 82,515,988 59.0 % Nielsen//NR Jan/06 4.8 % 6 United Kingdom 37,800,000 60,139,274 62.9 % ITU Oct/05 3.7 % 7 Korea (South) 33,900,000 50,633,265 67.0 % eTForecast Dec/05 3.3 % 8 Italy 28,870,000 59,115,261 48.8 % ITU Sept./05 2.8 % 9 France 26,214,173 61,004,840 43.0 % Nielsen//NR Jan/06 2.6 % 10 Brazil 25,900,000 184,284,898 14.1 % eTForcasts Dec/05 2.5 % 11 Russia 23,700,000 143,682,757 16.5 % eTForcasts Dec/05 2.3 % 12 Canada 21,900,000 32,251,238 67.9 % eTForcasts Dec/05 2.2 % 13 Indonesia 18,000,000 221,900,701 8.1 % eTForcasts Dec/05 1.8 % 14 Spain 17,142,198 44,351,186 38.7 % Nielsen//NR Jan/06 1.7 % 15 Mexico 16,995,400 105,149,952 16.2 % AMIPCI Nov/05 1.7 % 16 Australia 14,189,557 20,750,052 68.4 % Nielsen//NR Jan/06 1.4 % 17 Taiwan 13,800,000 22,896,488 60.3 % C.I.Almanac Mar/05 1.4 %
18 Netherlands 10,806,328 16,386,216 65.9 % Nielsen//NR June/04 1.1 %
19 Poland 10,600,000 38,115,814 27.8 % C.I.Almanac Mar./05 1.0 %
20 Turkey 10,220,000 74,709,412 13.7 % ITU Sept./05 1.0 % TOP 20 Countries 811,986,333 4,064,319,458 20.0 % IWS - Mar.31/06 79.4 % Rest of the World 210,876,974 2,435,377,602 8.7 % IWS - Mar.31/06 20.6 % Total World - Users 1,022,863,307 6,499,697,060 15.7 % IWS - Dec.31/05 100.0 %
NOTES: (1) World Internet User Statistics were updated as of March 31, 2006. (2) Data for users in individual countries and regions may be found by clicking each country name. (3) Population numbers are based on data contained in the world-gazetteer page. (4) The most recent user information comes from data published by Nielsen//NetRatings, ITU, and other trustworthy research sources. (6) Data from this site may be cited, giving due credit and establishing an active link back to InternetWorldStats.com. (6) For definitions and navigation help, see the Site Surfing Guide. Copyright 2001-2006, Miniwatts Marketing Group. All rights re erved. s
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
36
Tabela 7 Usurios de Internet na Amrica Latina
Internet Usage in Latin America
LATIN AMERICAN REGION
Population ( Est. 2006 )
Internet Users,Latest Data
% Population ( Penetration )
% Usersin Latam.
Use Growth( 2000-2005 )
Argentina 37,912,201 10,000,000 26.4 % 18.3 % 300.0 %Bolivia 9,281,712 350,000 3.8 % 0.6 % 191.7 %Brazil 184,284,898 25,900,000 14.1 % 47.3 % 418.0 %Chile 15,666,967 5,600,000 35.7 % 10.2 % 218.7 %Colombia 46,620,056 3,585,688 7.7 % 6.6 % 308.4 %Costa Rica 4,402,251 1,000,000 22.7 % 5.0 % 300.0 %Cuba 11,326,354 150,000 1.3 % 3.5 % 150.0 %Dominican Republic 9,119,149 800,000 8.8 % 18.6 % 1,354.5 %Ecuador 12,090,804 624,600 5.2 % 1.1 % 247.0 %El Salvador 6,569,953 587,500 8.9 % 2.9 % 1,368.8 %Guatemala 12,714,458 756,000 5.9 % 3.8 % 1,063.1 %Honduras 6,697,351 223,000 3.3 % 1.1 % 457.5 %Mexico 105,149,952 16,995,400 16.2 % 84.9 % 526.6 %Nicaragua 5,591,948 125,000 2.2 % 0.6 % 150.0 %Panama 3,123,055 300,000 9.6 % 1.5 % 566.7 %Paraguay 5,630,385 150,000 2.7 % 0.3 % 650.0 %Peru 28,476,344 4,570,000 16.0 % 8.4 % 82.8 %Puerto Rico 3,966,468 1,000,000 25.2 % 23.3 % 400.0 %Uruguay 3,261,570 680,000 20.8 % 1.2 % 83.8 %Venezuela 25,307,565 3,040,000 12.0 % 5.6 % 220.0 %TOTAL 370,118,282 54,713,288 14.8 % 100.0 % 282.8 %NOTES: (1) Latin America Internet Usage and Population Statistics were updated for December 31, 2005. (2) CLICK on each country name to see detailed data for individual countries and regions. (3) Population numbers are based on data contained in gazetteer.de. (4) The most recent usage comes mainly from data published by Nielsen//NetRatings , ITU , and other trustworthy sources. (5) Data on this site may be cited, giving due credit and establishing an active link back to Internet World Stats . (6) For definitions and help, see the site surfing guide. Copyright 2006, Miniwatts Marketing Group. All rights reserved.
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
37
3.2 O uso da Internet no turismo no Brasil
Passamos a verificar como os turistas buscam informaes para decidir
para onde viajar. A ilustrao 14 d uma indicao disso.12
Observe-se que no caso do Brasil, 50% dos turistas buscam informaes
sobre o Brasil atravs de recomendao pessoal, sendo que 36% buscam na
Internet. Apenas o Mxico apresenta um ndice de busca via Internet menor do
que o do Brasil sendo que grande parte dos outros paises apresentam ndices de
busca de informao via Internet acima de 50%.
Como o ndice de busca de informaes por recomendao pessoal est
razoavelmente prximo dos paises com maior ndice nessa fonte e o de busca
via Internet est muito abaixo do ndice de vrios outros paises, conclui-se que
ou o Brasil no tem usado adequadamente a Internet ou as informaes sobre o
Brasil no esto sendo adequadamente apresentadas via Internet.
De outra parte, recente iniciativa do Ministrio de Turismo de inserir
chamada sobre o Brasil em ferramentas de busca na Internet apresentou
resultados extremamente positivos. Ser preciso analisar no futuro se essa
busca transformou-se em resultados prticos. 13
12 Observe-se que os percentuais para cada pas somam mais de 100%, pois as respostas so de
mltipla escolha. Para cada pais so definidas amostras de 1000 pessoas. A margem de erro est
entre 3% e 5% 13 Segundo informao do Ministrio do Turismo, a ao proporcionou a visita de
165.846 internautas de 14 pases mundo afora ao Portal Brasileiro do Turismo, destinado promoo turstica internacional do Pas, ao longo dos 31 dias de maio. Este fluxo extra possibilitou a quebra do recorde de visitantes ao Portal em um nico ms: foram 390.385 visitantes. Este total mais que o dobro da mdia usual mensal de audincia at o inicio da campanha (cerca de 174 mil pessoas / ms) .
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
38
Ilustrao 14 FONTE DE INFORMAO PARA DECIDIR ONDE IR EM 2005
30% 69% 23% 11%6% 12%
33% 61% 35% 22% 22% 8%
36% 64% 19% 7%5% 8%
39% 65% 22% 24% 14% 5%
42% 47% 20% 26% 23% 4%43% 60% 14% 23% 11% 7%
44% 62% 26% 9%7% 10%
47% 31% 26% 25% 8% 6%49% 50% 25% 19% 17% 11%49% 57% 25% 33% 26% 1%
50% 63% 29% 39% 21% 13%
50% 36% 13% 29% 13% 7%51% 65% 50% 44% 35% 11%52% 53% 33% 26% 12% 7%54% 58% 12% 22% 16% 16%54% 55% 8% 20% 21% 15%
59% 51% 27% 32% 31% 1%59% 37% 24% 32% 13% 7%
0% 50% 100% 150% 200% 250% 300%
Coria
Itlia
Frana
UK
Polnia
Holanda
Espanha
Mxico
Canad
Alemanha
Austrlia
Brasil
China
Japo
USA
Dinamarca
ndia
Rssia
recomendao pessoal busca na WEB agncia de viagem TV jornais
Fonte: Global Market Insite (GMI) Survey of 18,000 consumers globally, June 2005.
Se considerarmos a penetrao de Internet em vrios paises ( Tabela 6) e
a ilustrao 14 acima, pode-se construir um grfico que indica a percentagem da
populao que busca informaes sobre turismo na Internet. Isso est
representado na ilustrao 15 a seguir.
Como se pode observar o Brasil um dos paises em que a populao
menos usa a Internet para busca de informao sobre turismo. Apenas ndia e
Mxico usam menos que o Brasil. Alm disso, o incremento de uso de Internet
no Brasil foi um dos menores, durante 2005, como pode ser visto na ilustrao
15. De outra parte a televiso uma fonte de informao razoavelmente
importante. Como os dados se referem a pesquisa realizada com uma amostra
de cada pais, as seguintes concluses so pertinentes.
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
39
Para promover o Brasil no exterior deve-se usar a Internet (veja-se a
experincia com a Google) e para promover o turismo internamente a televiso
no deve ser desconsiderada. Alm disso, pode-se observar que para a maioria
dos paises, a recomendao pessoal importante. Isso sugere que um
acompanhamento e coleta de opinio ps-viagens deva ser realizado para
avaliar as impresses, pontos positivos e negativos.
Ilustrao 15 Percentagem da populao que usa
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00 50,00 Coria
Austrlia UK
Holanda Japo
USA Canad
Alemanha Itlia
Frana Espanha
Polonia Rssia China Brasil
Mxico ndia
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
40
Ilustrao 16 Uso de Internet para turismo durante 2005
USO DE INTERNET PARA TURISMO NOS LTIMOS 12 MESES
Coria China
UK Holanda Austrlia
Alemanha ndia
Espanha Itlia
Japo USA
Frana Dinamarca
Polonia Canad
Brasil Mxico Rssia TOTAL
0 20 40 60 80 100 aumentou permaneceu o mesmo
diminuiu
Fonte: Global Market Insite (GMI) Survey of 18,000 consumers globally, June 2005.
Confirmando as concluses anteriores, observa-se na ilustrao 16 que o
Brasil um dos paises que menos agenda viagens online. No entanto, para os
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
41
que usam a Internet, os servios tursticos so considerados muito bons ou
satisfatrios por expressiva maioria, similar ao servio dos melhores paises,
como pode ser observado na ilustrao 17.
Ilustrao 157 Percentagem de viagens com uso de Internet
Que porcentagem de suas viagens agendada online?
Fonte: Global Market Insite (GMI) Survey of 18,000 consumers globally, June 2005.
0% 20% 40% 60% 80% 100%
UK EUA
Australia Dinamarca
Holanda Coria
Alemanha Espanha
Frana Canad
Itlia Japo
India Polnia
Brasil Mxico
China Rssia
Total
100% 75 - 100 % 50 - 75 % Menos de 50 % Menos de 25 %
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
42
Ilustrao 168 Avaliao sobre servios de turismo via Internet
0% 20% 40% 60% 80% 100%
UK
Australia
EUA
Dinamarca
Alemanha
India
Canad
Holanda
Brasil
Mxico
Frana
Espanha
Itlia
Coria
Rssia
China
Qual sua avaliao sobre os servios tursticos online?
Muito boa
Satisfatria
Regular
Insatisfatria
Fonte: Global Market Insite (GMI) Survey of 18,000 consumers globally, June 2005
3.3 A difuso do uso da Internet na cadeia produtiva do turismo no
Brasil
A avaliao dos impactos das tecnologias de informao na cadeia
depende do impacto em cada elemento dessa cadeia.
O sistema de produo de turismo composto por quatro agentes
principais:
Produtores: linhas areas, hotis, provedores e servios locais.
Distribuidores: operadoras, agentes receptores e agentes de viagem.
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
43
Facilitadores: servios financeiros.
Consumidor: passageiros, turistas.
No que segue, agncias de viagem, linhas areas e hotis sero
considerados.
3.3.1 Agncias de Viagem
De todos esses agentes, apenas os agentes de viagem foram objeto de um
levantamento feito pela ABAV - Associao Brasileira de Agentes de Viagens h
alguns anos atrs (1999), quanto ao uso da informtica em suas atividades. Os
resultados so apresentados nas tabelas seguintes.
Tabela 8 Sistema informatizado de Reservas Areas
Quais sistemas %Amadeus 59.0
Galileu 21.5Sabre 19.7Outros 8.7Iris 2.5Total 100.0
Fonte: ABAV - Base: 1.500 respostas vlidas das agncias cadastradas pela ABAV
Tabela 9 Software de Gerenciamento
Possui sistema informatizado % Sim 44.1
No 33.4 Sem Resposta 22.6 Desenvolvem seu prprio software 18.5 Fonte: ABAV Base: 4.672 respostas vlidas das agncias cadastradas pela ABAV
Tabela 10 Acesso a Internet
H quanto tempo possui %No Possui 71.4
1 ano ou menos 17.52 anos ou menos 8.53 anos ou menos 2.34 anos ou menos 0.35 anos ou menos 0.1Total 100.0
Fonte: ABAV - Base: 4.672 respostas vlidas das agncias cadastradas pela ABAV
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
44
Tabela 11 E-commerce
Comercializa na Internet % No 49.9 Sim 17.9 Sem Resposta 32.3 Total 100.0
Fonte: ABAV - Base: 4.672 respostas vlidas das agncias cadastradas pela ABAV
Os dados das tabelas acima sugerem que, pelo menos na poca em que
foi feito o levantamento pela ABAV, a difuso do uso das tecnologias de
informao nas agncias de viagem, especialmente o uso da Internet, era ainda
pouco intenso.
Um novo levantamento est sendo providenciado pelo Ministrio do
Turismo, junto ABAV e to logo seus resultados sejam conhecidos sero
incorporados nesta anlise.
3.3.2 Empresas Areas14
As primeiras operaes de comrcio online via Internet iniciaram-se nos
meados da dcada de 90.15
O comrcio online de turismo teve incio com o aparecimento de portais
como Expedia e Travelocity.16
14 Considerando a situao atual no ser feita nenhuma considerao sobre a VARIG
15 Em 1994 a Pizza Hut foi a primeira empresa a oferecer produtos via Web e o primeiro
banco online iniciou operaes. Em 1995 apareceu a Amazon.com. A Dell e a Cisco comearam
a operar comercialmente de forma agressiva via web.
16 A Expedia e a Travelocity iniciaram operaes em 1996.
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
45
Nessa poca, os sites de Internet de empresas areas eram usados
basicamente para apresentar informaes sobre a empresa. As primeiras vendas
online de passagens areas apareceram durante 1998.17
GOL
A primeira empresa area brasileira a adotar o modelo baixo custo,
baixas tarifas foi a GOL que adotou desde sua concepo (2001) o modelo de
negcios que, entre outra coisas, favorecia, com descontos, a compra de bilhetes
via Internet.
Durante o ano de 2005 a GOL comercializou o equivalente a R$ 2,6
bilhes via Internet. Esse valor corresponde a 81% das passagens vendidas. Os
dados seguintes do uma idia da evoluo das vendas pela Internet : no
primeiro ms de operao foram vendidos 14% do total da companhia, em 2002
saltaram para 39%; 59% em 2003; 76% em 2004; e, em 2005, atingiram 81%. A
previso da empresa que alcanar 86% das vendas em 2006. A totalidade de
seus bilhetes emitida eletronicamente.
Durante o ltimo trimestre de 2005 aproximadamente 1,5 milhes de
visitantes consultaram o site da GOL, aumento de cerca de 50% em relao ao
mesmo perodo de 2004. Segundo o vice-presidente de marketing e servios da
GOL: A utilizao da plataforma de e-commerce essencial para que a GOL
continue a operar no conceito de baixo custo, baixas tarifas. Por isso, vamos
continuar a estimular o uso da Internet como uma ferramenta vantajosa de
compra de passagens areas. 18 Tambm informa que cerca de 2% da receita
lquida destinada tecnologia da informao.
17 Como exemplo, a Easyjet foi das primeiras a oferecer compras de passagens via web em abril de 1998. No ano seguinte j havia atingido a marca de 1 milho de passagens vendidas
online. Em 2000 j havia atingido 3 milhes de passagens vendidas online. Em 2003 a
primeira empresa area a permitir aos usurios ver e alterar online suas reservas.
18 Press release da Gol em 13/03/2006
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
46
Ao se consultar o site da Gol (www.voegol.com.br), alm da compra de
passagens pode-se observar vrios dos servios oferecidos com base nas TIC.
Dentre outros, chek-in, alteraes, compra de passagens e check-in via celular,
reserva de hotis, aluguel de carros, etc...
A opo por vendas de passagens via Internet foi adotada pela GOL,
dentro de sua estratgia de negcios, desde o incio de suas operaes em
janeiro de 2001. Isso, alm de lhe permitir evitar o custo de uso de GDS,
tradicional na poca s outras empresas de transporte areo no Brasil, tambm
implicou na reduo de custos de emisso de bilhetes pela via manual e as
despesas de treinamento de pessoal para emisso dos bilhetes. De acordo com o
vice-presidente de planejamento e TI da GOL, "O custo para a emisso de uma
passagem utilizando o GDS quatro vezes maior do que o da reserva pela
Internet.
A empresa tambm optou por terceirizar vrias de suas atividades: a
monitorao, gerenciamento e administrao dos ambientes web, sistema de
manuteno de aeronave e e-mail, ERP (Enterprise Resource Planning), a gesto
de impresso, da rede de telecomunicaes e o desenvolvimento de sistemas.
Alm de possibilitar a compra do bilhete diretamente pelo consumidor,
via Internet, a GOL tambm implantou soluo que permite aos agentes de
viagem, atravs de interface direta com seus sistemas, distribuir passagens da
GOL sem os custos de GDS.
Definitivamente pode-se afirmar que a GOL conseguiu fazer muito bom
uso das facilidades das TIC e transformou-se num claro exemplo de que o uso
das TIC, especialmente da Internet pode ser extremamente vantajoso, desde que
integrado na estratgia geral da empresa.
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
47
TAM
A TAM, visando a diminuio de custos passou a adotar, para venda de
passagens, soluo prpria via seu portal e-TAM, lanado em 2003. Apenas as
reservas feitas a partir de outros paises usa os GDS.
Como ficou claro na Conferncia em Dublin em 200619, a estratgia de
distribuio de muitas empresas de transporte areo : controle de custos,
minimizar taxas de GDS e vendas diretas via Internet.
Apesar dos menores custos com uso da Internet, para se ter uma idia, ainda atualmente,
apenas 10% das cerca de 450 companhias areas clientes da Sabre possuem bilhete eletrnico. A
TAM, que hoje emite a totalidade das passagens por "e-ticket", investiu US$ 6 milhes no produto.
3.3.3 Hospedagem
As TIC podem gerar impactos nos hotis em trs formas distintas:
- aumentando a eficincia e diminuindo custos nas operaes
internas com sistemas de emitir contas, contabilidade, recursos humanos,
gesto de disponibilidades;
- no marketing e distribuio via GDS, internet, reservas online;
- gesto dos apartamentos e conforto geral dos hspedes.
Em estudo20 realizado nos EUA buscou-se averiguar como a adoo das TIC
estava sendo priorizada em hotis. Neste sentido, duas questes foram analisadas.
19 New Airline Distribution Strategies panel at the UATP-Airline Business: Airline Distribution 2006 Conference, Dublin.
20 Siguaw, Judy A., Cathy A. Enz, and Karthik Namasivayam
Adoption of Information Technology in U.S. Hotels: Strategically Driven Objectives
Journal of Travel Research, Vol. 39, November, 192-201
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
48
Primeira quais prioridades estratgicas eram consideradas mais crticas
na seleo da tecnologia da informao (servios aos clientes, incremento da
receita ou produtividade dos funcionrios).
Segunda se a tecnologia de informao utilizada variava em funo do
particular segmento da hotelaria (tamanho, afiliado ou no a uma marca, tipo
de produto - sutes, acomodaes econmicas, etc...).
Os resultados dessa pesquisa sugeriram que a indstria americana de
hospedagem focaliza suas prioridades na escolha de tecnologia de informao
visando incrementar a produtividade dos funcionrios e aumento das receitas
no dando prioridade a tecnologias que visem aumentar os servios aos
hspedes. Alm disso, constatou-se que o particular segmento considerado:
tamanho / complexidade, independente ou pertencente a uma rede,
influenciava o tipo de tecnologia adotada e seu uso mais intensivo ou no.
Nesse sentido, as principais concluses foram as seguintes:
- os segmentos econmicos de hospedagem investem menos em
cada uma das prioridades estratgicas consideradas;
- hotis de maior porte que exploram, por exemplo, o mercado de
convenes usam extensivamente as TIC;
- h um limite no tamanho / complexidade da operao, alm do
qual no h necessidade de investimentos adicionais em TIC;
- hotis independentes ou pertencentes a uma cadeia apresentam
posturas distintas com respeito ao uso de TIC no que se refere ao aumento de
produtividade e receita mas no diferem quanto a estratgias quanto ao servio
a clientes;
- o uso de TIC quanto a servios a clientes sub - utilizado na
indstria de hospedagem americana;
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
49
- o padro de adoo das TIC tem como trajetria, inicialmente se
voltar ao aumento de produtividade depois aumento da receita e finalmente a
servios aos hspedes.
Aqueles que obtiveram sucesso na implementao das TIC adotaram o
seguinte procedimento: 1) obter suporte da alta gesto, 2) envolver o pessoal de
marketing e operacional nas decises, 3) providenciar treinamento adequado, 4)
selecionar um sistema de informaes suficientemente flexvel para ser
modificado, ajustado e incrementado em funo das necessidades visando
maximizar o retorno ao investimento.
Com o avano das redes hoteleiras internacionais no Brasil, seus padres
de uso das TIC foram implantados no pas e isso implicou em que as redes
nacionais passassem a adotar solues equivalentes. 21
O grande problema com respeito ao uso das TIC o dos pequenos hotis
e hospedagens independentes, como fica claro em pesquisa realizada com apoio
da Embratur em que alguns estudos de caso so apresentados. 22
Segundo essa pesquisa de acordo com o relato de um dos apresentadores
e proprietrio de uma pousada, sua tentativa de se utilizar da Internet para
divulgao acabou por no ter sucesso. Segundo ele as causas principais foram
a falta de apoio tcnico ou uma iniciativa da secretaria de turismo local ou uma
associao comercial forte e articulada para apoi-lo em seu intento.
Como deixa claro a pesquisa, aps ver naufragar o site em que
inicialmente hospedou sua agncia virtual, ele ficou como que desabrigado
no ciberespao. A cidade no tem um site de promoo que permita a incluso
21 Fontes Lima R.P. O avano das redes hoteleiras internacionais no Brasil : 1994-2002 Amazonas E. , Lilian Goldner L. Raio-X da Hotelaria Brasileira - Volume 2". 22 Bogado C. , Teles A A Tecnologia da Informao na indstria do turismo: fatos, perspectivas e uma viso brasileira In Observatrio de Inovao do Turismo Area Temtica: Tecnologia da Informao
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
50
de seu hotel, no h linhas de crdito para esse tipo de empreitada ou um
escritrio de fomento ao turismo capaz de apoi-lo na confeco e implantao
de seu projeto.
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
51
4 Avaliao dos Efeitos da Utilizao das Tecnologias de
Informao Aplicadas ao Turismo no Potencial Competitivo
da Cadeia de Turismo no Brasil.
4.1 Introduo
O primeiro ponto a se considerar, apesar de toda a importncia das TIC
no turismo, o de que preciso analisar de um ngulo em que se considere a
competitividade da indstria do turismo como um todo.
Nesse sentido, importante verificar como o turismo no Brasil visto
pelos turistas estrangeiros. Vamos usar como referncia, avaliao feita por
conceituado guia mundial. 23
Em nenhum dos anos de 2001 a 2005 o Brasil esteve colocado entre os 10
primeiros destinos admirados pelos turistas. Em 2003 em 12 lugar e em 2005
em 18 lugar. S para efeito de comparao, note-se que Nova Zelndia,
Austrlia, ndia tem sistematicamente estado entre os dez destinos preferidos.
importante que se busque analisar as razes da preferncia por paises com
caractersticas, de certo modo, similares as do Brasil.
23 Cntraveller http://www.cntraveller.com/ReadersAwards/2005/
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
52
4.2 Monitor de competitividade da World Travel and Tourism Council
(WTTC)
Vrios aspectos precisam ser considerados para que se possa avaliar a
competitividade e neste sentido o WTTC criou o Monitor de Competitividade
para medir a competitividade da indstria do turismo. So considerados: preo,
desenvolvimento da infra-estrutura, qualidade do meio ambiente, avano
tecnolgico, recursos humanos, nvel de abertura, desenvolvimento social e
aspectos humanos. Cada tema constitudo de um conjunto de variveis
escolhidas para representar a preocupao dominante sobre o respectivo tema.
Os dados publicados mais recentes so de 2004 e cobrem mais de 200 paises. No
que se refere a esta nota tcnica iremos considerar apenas o aspecto referente
tecnologia.
O tema tecnologia no monitor da WTTC busca avaliar o avano
tecnolgico, para cada pais, representado pela disponibilidade de
equipamentos e servios tecnolgicos modernos e indicados por: uso da
Internet, linhas telefnicas, telefones mveis e exportao de produtos de alta
tecnologia.
O ndice de Internet dado pela relao de computadores com endereo
de protocolo ativo por 10.000 pessoas. O ndice de linhas telefnicas mede o
nmero de linhas telefnicas por 1000 pessoas. O ndice de telefonia mvel
mede o nmero de telefones celulares por 1000 pessoas. Finalmente o ndice de
exportaes de alta tecnologia d a percentagem de exportaes contendo
produtos de alta tecnologia tais como avies, computadores, produtos
farmacuticos instrumentos cientficos, equipamentos eltricos.
Na metodologia desenvolvida cada uma das variveis de cada tema
normalizada atravs da relao seguinte:
Valor Normalizado = (valor do pas valor mnimo)/(valor mximo
valor mnimo)
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
53
Em seguida o ndice agregado de cata tema obtido atravs da seguinte
frmula:
Y = (1/n) Xi
Onde n o nmero total das i variveis que compem o tema e Xi o
valor normalizado da varivel, obtido pelo critrio de normalizao indicado
anteriormente.
No caso do Brasil o ndice tecnolgico est indicado a seguir e o pas
situa-se na sexagsima posio para os dados de 2004.
ndice tecnolgico Internet Telefones Celulares Exportao
Brasil 31,81 10,96 25,51 19,21 40,66
Portanto, considerando-se este critrio, no possvel dizer que o pas
esteja entre os mais competitivos.
4.3 Possveis ganhos de competitividade
Por outro lado, convm verificar alguns outros aspectos.
A utilizao das TIC, especialmente da Internet, pode criar ganhos de
competitividade ao integrar tecnologicamente as agencias de viagem e os
distribuidores e fornecedores de produtos tursticos atravs de vrios aspectos:
Custo: possvel obter vantagens em custo, por oferecer um servio
inovador e cada vez mais gil e seguro.
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
54
Qualidade: A melhor qualidade se evidencia atravs da eliminao de
desperdcio e de um sistema capaz de atender com mais sensibilidade s
necessidades dos clientes. Alm disso, possibilita um maior controle da malha
de distribuio pelo fornecedor, criando um relacionamento mais ordenado e
seguro no mercado de turismo.
Tempo: Diminuio do tempo de resposta para fornecedores,
distribuidores e clientes advindo da automatizao do processo de venda.
Flexibilidade: integrando distribuidores e fornecedores, possvel
aumentar a flexibilidade na implantao / oferta de novos servios, podendo
este fator se tornar um diferencial de grande valor em relao ao produto
oferecido pela concorrncia.
4.4 Uso de Internet
Um outro ponto de vista que poderia ser considerado passa a ser
analisado a seguir.
A partir da Ilustrao 14 foi construda a Ilustrao 19 que indica quanto
a Internet usada no Brasil para busca de informaes, visando decidir local de
destino por parte dos turistas.
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
55
Ilustrao 19 Busca de informaes na WEB para decidir onde ir
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
Coria
China
UK
Frana
Austrlia
Espanha
Itlia
Holanda
USA
Alemanha
Dinamarca
Japo
ndia
Canad
Polnia
Rssia
Brasil
Mxico
Busca na WEB
Como pode ser observado, para os paises pesquisados, o turista
brasileiro um dos que menos usa a Internet para busca de informaes.
Alm disso, a ilustrao 16 indica que o Brasil foi um dos paises em que o
uso de Internet para turismo menos aumentou durante o ano de 2004, bem
como um dos paises que apresenta um dos menores percentuais de compras
de passagens via Internet.
Como a avaliao sobre os servios de Internet no Brasil bastante boa
como pode ser observado na Ilustrao 18, no h como deixar de concluir que
o baixo uso de Internet em turismo, quando comparado a outros paises,
especfico do setor e no dos servios de Internet. Isso sugere que uma pesquisa
voltada para a avaliao desse comportamento deveria ser considerada.
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
56
No caso da Espanha, analisado no captulo 2.3, nota-se que o item
turismo corresponde ao de maior percentual de compras via Internet com mais
de 23% do total.
Quando se observam alguns levantamentos de uso de Internet realizado
por empresa brasileira, percebe-se que, comparado especificamente com a
Espanha o item turismo sequer aparece entre os mais vendidos como pode ser
observado na tabela 12. De outra parte, levantamentos realizados pela mesma
empresa no Brasil tambm indicam que as vendas online tm crescido de forma
expressiva como indicam a ilustrao 20 e a tabela 13. De qualquer forma, a
concluso a de que ainda h um grande espao a se percorrer pelo setor de
turismo.
Isso tambm sugere que a indstria de turismo no Brasil tem que evoluir
bastante para adquirir competitividade no que respeita ao uso das TIC.
Tabela 12 Participao da venda por Produtos no comrcio eletrnico
Produto 2003 2004 2005 CDs e DVDs 32% 26% 21% Livros e Revistas 26% 24% 18% Eletrnicos 9% Sade e Beleza 3,3% 7,2% 8% Informtica 4,7% 6,0% 7% Outros 37% Fonte: Levantamento mensal realizado pela empresa e-Bit www.ebitempresa.com.br /
Compilao: www.e-commerce.org.br
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
57
Ilustrao 20 Faturamento do e-vendas
Fonte: Levantamento mensal realizado pela empresa e-Bit www.ebitempresa.com.br /
Compilao: www.e-commerce.org.br
Tabela 13 Evoluo vendas online
ANO FATURAMENTO Variao 2006(previso) R$ 3.900 milhes 56%
2005 R$ 2.500 milhes 43% 2004 R$ 1.750 milhes 48% 2003 R$ 1.180 milhes 39% 2002 R$ 850 milhes 55% 2001 R$ 549 milhes -
Fonte: Levantamento mensal realizado pela empresa e-Bit www.ebitempresa.com.br /
Compilao: www.e-commerce.org.br
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
58
5 Sntese e Propostas
As grandes empresas: companhias areas, hotis, operadoras e mesmo
algumas agncias de viagem j fazem uso amplo de tecnologias online. Os
pequenos negcios na cadeia de turismo j tentam incrementar o uso dessas
tecnologias mas no so to sofisticados como as grandes empresas e nem
sempre so conectados a outros negcios na cadeia do turismo.
H um amplo entendimento de que mesmo as pequenas empresas
precisam ter sites na rede, mas um site isoladamente no resolve, preciso ter
conexes cooperativas com intermedirios adequados para ser um fator crtico
de sucesso.
Como deixa claro a WTO, a introduo do processamento de dados e
automao de escritrios bem como os GDS foram importantes para a indstria
do turismo, mas a fase que estamos vivenciando, de uso extensivo da Internet,
certamente ser mais decisiva para a mudana da indstria do turismo. A
liberdade e flexibilidade adquiridas pelo consumidor atravs do acesso direto e
individual aos servios de turismo est alterando completamente a estrutura da
indstria.
Novos tipos de empreendimentos esto surgindo como as agncias
virtuais de viagem, empresas mais tradicionais esto sofrendo mudanas
importantes se especializando ou formando alianas.
Mas, certamente, a rea que est sofrendo os maiores impactos dessas
novas tecnologias a de destinao dos turistas. Aqueles que fizerem uso
dessas novas tcnicas de forma apropriada certamente tero um significativo
ganho de competitividade. De outra parte os que no se adaptarem aos novos
tempos propiciados pelas TIC estaro com uma desvantagem praticamente
irrecupervel.
Nota Tcnica Parcial: Tecnologia da Informao Aplicada ao Turismo
59
O ganho de competitividade advm do fato de que o acesso direto ao
consumidor final estar muito mais rpido e barato. Como decorrncia,
destinos remotos, operadores especializados e produtores individuais em
qualquer pas ou localizao passam a dispor de oportunidades equivalentes.
Se souberem utilizar adequadamente essas novas TIC, passam a ter acesso a
clientes potenciais, oferecer informaes sobre seus produtos e servios,
diferentemente da situao em que os procedimentos e canais de distribuio
tradicionais estavam fora de seu alcance por escassez de recursos.
Muitos paises mostram-se preocupados com o processo de inovao no
turismo sendo que alguns esto desenvolvendo instrumentos especficos de
poltica para o setor.
Por exemplo, a Sua desenvolveu um programa de inovao chamado
Innotour. Este programa oferece assistncia inicial para a implementao de
inovaes especialmente para as pequenas empresas, suporte para o
compartilhamento de inovaes entre empresas, suporte para treinamento,
educao e para pesquisa e desenvolvimento especficos. Seu objetivo
fundamental o de criar um ambiente competitivo que conduza inovao.
O governo australiano elab