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Apoio: Angela Maria dos Santos IDENTIDADE E CULTURA AFRO-BRASILEIRA 8 RELAÇÕES RACIAIS E EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE BRASILEIRA

Cultura afrobrasileira 2

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Apoio:

Angela Maria dos Santos

IDENTIDADE E CULTURA AFRO-BRASILEIRA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO

8RELAÇÕES RACIAIS E EDUCAÇÃO

NA SOCIEDADE BRASILEIRA

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S237i

Santos, Ângela Maria dos.

Identidade e Cultura Afro-Brasileira./Ângela Maria dos Santos. Cuiabá: EdUFMT, 2011.

ISBN 978-85-8018-077-0

Volume/Módulo 8 (Relações Raciais e Educa-ção na Sociedade Brasileira)

1. Cultura Afro-brasileira. 2. Música Brasileira.

3. Intelectuais Afro-brasileiros. I. Título.

CDU 316.482.5

Ministério da EducaçãoUniversidade Federal de Mato Grosso

Reitora Maria Lúcia Cavalli NederVice-Reitor Francisco José Dutra SoutoPró-Reitora Administrativa Valéria Calmon CerisaraPró-Reitora de Planejamento Elisabeth Aparecida Furtado de MendonçaPró-Reitora de Ensino de Graduação Myrian Thereza de Moura SerraPró-Reitora de Ensino de Pós-Graduação Leny Caselli AnzaiPró-Reitor de Pesquisa Adnauer Tarquínio DaltroPró-Reitor de Vivência Acadêmica e Social Luís Fabrício Cirillo de CarvalhoSecretaria de Tecnologias da Informação e daComunicação aplicadas à Educação Alexandre Martins dos Anjos

Coordenação da Universidade Aberta do Brasil (UAB) na UFMT Carlos RinaldiEditora da Universidade Marinaldo Divino Ribeiro (Presidente)Conselho Editorial:Maria Lúcia R. Müller - UFMTDarci Secchi - UFMTCandida Soares da Costa - UFMTPio Penna Filho - UNBMoema de Poli Teixeira - ENCE/IBGERevisãoMaristela Abadia GuimarãesCapa, Projeto Gráfico e editoração:Candida Bitencourt Haesbaert

© NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE RELAÇÕES RACIAIS E EDUCAÇÃO (NEPRE)

Instituto de Educação, sala 62, Av. Fernando Corrêa da Costa s/n, CoxipóCuiabá/MT – cep 78060-900 – Fone: (65) 3615-8447

Apoio:

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Sumário

Cultura afro-brasileira

Introdução ................................................................................... 5

1. As contribuições negras para a música brasileira ...................... 8

Pe José Maurício Nunes Garcia ...................................................... 9

Pixinguinha ............................................................................. 10

2. Os intelectuais afro-brasileiros ............................................... 11

Manuel Raimundo Querino......................................................... 11

Luiz Gama ............................................................................... 13

Juliano Moreira ......................................................................... 14

André Rebouças ....................................................................... 21

Theodoro Sampaio .................................................................... 22

Antonieta de Barros .................................................................. 24

Milton Santos ........................................................................... 25

Carolina Maria de Jesus .............................................................. 27

Verena Leite de Brito ................................................................. 29

Maria Dimpina Lobo Duarte ........................................................ 31

3. A arte afro-brasileira .............................................................. 32

Nominata sobre alguns artistas e intelectuais negros .................... 37

Referências bibliográficas .......................................................... 53

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Introdução

Na etapa anterior, recuperamos as contribuições africanas no pro-cesso de formação da cultura afro--brasileira. Essa contribuição, como vimos, deu-se nas mais variadas áreas, tais como técnica, artística, religiosa, culinária e também por uma concepção de mundo diferente da ocidental. Os africanos que para aqui foram trazidos nos legaram um rico patrimônio imaterial, que são as formas de expressão, os saberes, os modos de fazer, as celebrações, as festas e danças populares, as lendas, as músicas, os costumes e outras tra-dições que embasaram a formação da cultura afro-brasileira

O patrimônio imaterial não pode ser tocado a não ser quando mani-festado materialmente por meio das festas, dos rituais, das imagens etc. A cultura é parte de nossa existência e, ainda que não tenhamos consciên-cia, certos hábitos ou costumes têm sua origem no continente africano e, muitas vezes, são sentidos com o coração.

Para saber maisPatrimônio cultural imaterial, o que é?“A Unesco define como Patrimô-nio Cultural Imaterial “as práticas, representações, expressões, conhe-cimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associa-dos - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. O Patrimônio Imaterial é transmitido de geração em geração e constantemente recriado pelas comunidades e grupos em fun-ção de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, ge-rando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo assim para promover o respeito à diversida-de cultural e à criatividade humana” (IPHAN. http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id= 10852&retorno= paginaIphan)Para saber mais você também pode acessar os seguintes sites:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Patrim%C3%B4nio_cultural_imaterialhttp://www.overmundo.com.br/overblog/

jongo-patrimonio-imaterial

Cultura afro-brasileira

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Dessa maneira, ficamos sabendo que diversos foram os grupos afri-canos traficados para o Brasil. Estes negociaram entre si e com outros grupos sociais e criaram aqui uma cultura afro-brasileira, cujos elemen-tos culturais fazem parte da formação nacional e estão presentes em nosso jeito de ser brasileiro. Por isso, é im-portante que conheçamos o conceito de patrimônio imaterial, pois, por meio desse conhecimento, podemos reconhecer a contribuição afro--brasileira em seus aspectos intangí-veis, como são, por exemplo, nosso bom humor, nossa capacidade de nos solidarizarmos, nosso “jeitinho” ao enfrentarmos situações difíceis e tantos outros sentimentos, modos de ser e fazer presentes em nós.

Como afirmou o historiador Joel Rufino dos Santos:

Gilberto Freire escreveu em algum lugar que o brasileiro é negro nas suas expressões sinceras. Para demarcar o patrimônio afro-brasileiro, bastaria,

portanto, excluir o que em nós é pose ou imitação. (...) Não se é negro só quando se ri, se ama, se xinga, se fala com Deus – nas expressões sinceras – mas em qualquer situação desde que não se possa ser senão brasilei-ro. Brasileiros no exterior costumam confessar que só então descobriram não ser brancos (1997, p. 5).

Esse mesmo autor afirmava que a grande contribuição do negro à cul-tura brasileira ou era folclorizada ou era reduzida ao passado, à história “o negro deu o vatapá, o índio trouxe o gosto pelas lendas, - sempre as for-mas verbais pretéritas” (SANTOS, 1988, prefácio).

A proposta neste módulo é apre-sentar algumas das contribuições dos intelectuais negros brasileiros, em especial as do campo científico. Não são todas, pois não caberiam no espaço do módulo. Ao final do texto, trazemos uma nominata que apresenta a contribuição de artistas e intelectuais negros para a história do Brasil retirada do livro A mão afro--brasileira – significado da contribui-ção artística e histórica, organizado por Emanoel Araujo, que breve-mente será enviado às bibliotecas de todos os polos, onde estão sendo realizados o curso de especializa-ção “Relações raciais na sociedade brasileira”. É um livro importante porque faz um levantamento sobre a contribuição negra na construção da sociedade nacional. Por meio dessa publicação, os professores poderão ter um contato mais extenso com a

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extraordinária produção artística e intelectual do negro brasileiro.

As abordagens até aqui e as que se seguem sobre a importância das contribuições negras para a cultura brasileira buscam desconstruir estig-mas e ideias equivocadas construídas em torno da elaboração cultural do negro. As contribuições negras devem ser compreendidas como elementos civilizatórios dada à inser-ção dos valores e de conhecimentos introduzidos e elaborados no Brasil para a formação nacional. E, por serem de cunho civilizatório, essas contribuições ultrapassam a dimen-são cultural e marcam uma identi-dade, o que resulta em um produto aprimorado, produzido a partir das diferentes relações, do qual as cul-turas negras brasileiras representam o núcleo pesado (SANTOS, 1997).

Ao dizer civilização, queremos signi-ficar encontro prolongado de culturas distintas gerando produtos novos e sofisticados - como foi o caso, por exemplo, do Egito faraônico, do Re-nascimento ou Revolução America-na; e, ao dizer culturas, nomeamos os campos-de-força em que se conden-sam as representações e os sentidos (SANTOS, 1997, p. 8).

O fato de hoje sabermos pouco sobre os negros brasileiros e suas produções na história do país de-corre da política de branqueamento que produziu uma negação e silen-ciamento sobre o negro, sua história

e suas elaborações culturais. Isso desdobrou numa forte perda das ca-racterísticas culturais negras, a ponto de personagens negros importantes na nossa história terem tido suas imagens branqueadas.

Segundo Guimarães (2011), a ideia de embranquecimento passa pelo processo de aculturação. Em nosso país, dentro das ciências sociais essa ideia teve vários sentidos. Um primeiro referiu-se ao resultado de uma política de imigração europeia que tinha por objetivo substituir as populações africanas na década anterior e pós-abolição.

Concomitantemente, outra ver-tente, embasada em teorias eugenis-tas e racistas, do final do século XIX e começo do século XX, apostou na ideia de mestiçagem biológica e na taxa maior mortalidade da raça negra, deduzidas por variados fa-tores. Nessa perspectiva, existia um

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prognóstico de que a absorção das características fenotípicas negras se daria em pouco mais de um século.

A última vertente de uso da teoria do “embranquecimento” emba-sou no discurso antropológico de maior vigor na década de 1950, que investiu na perda de características culturais por parte dos negros, como as formas africanas de se vestir, falar e de gesticular; nas práticas de lazer e expressões religiosas, como as capoeiras, os maculelês, as conga-das, os candomblés e outros. Esses elementos estariam inevitavelmente fadados a desaparecer ou a serem folclorizados, Tratava-se de uma prática que colaborava com as ideias ainda existentes de minimizar e de inferiorizar a produção e os elemen-tos africanos e afro-brasileiros na cultura do país.

Moura (2010) em seus estudos sobre personalidades importantes na nossa história, observa que elas tiveram suas origens negras escamo-teadas, omitidas e fortemente nega-das por seus descendentes ou por uma historiografia, algo facilmente explicável, num país onde o bran-queamento é ideologia de cooptação.

Sabe-se que os afro-brasileiros conseguiram, mesmo com os danos das ideias racistas, protagonizar a construção de uma cultura brasi-leira nas mais variadas áreas. Esse é o maior legado dos negros para a nossa sociedade, pois quase tudo que gostamos de comer, de fazer em nossa prática de lazer, na forma

como nos relacionamos, como ve-mos as coisas e produzimos conhe-cimento, tudo isso possui uma forte elaboração negra.

Portanto, trazer presente esses personagens, ainda que não seja pos-sível abordar todos e todas é, como apresentado por Araujo (2004, p. 247), por ocasião da exposição Ne-gras Memórias – memórias de negros:

O que queremos, ao resgatar negras memórias de nossa história e essas outras tantas memórias de negros que esta exposição nos traz? Que-remos resgatar entre os negros uma certa auto-estima e uma imagem que nos sirva de padrão de orgulho por nossos heróis, que pretendemos nos sejam devolvidos em carne e osso, em sangue e espírito, como pesso-as reais que puderam até alçar-se à condição de mito, mas não mais co-mo lendas perdidas numa nebulosa história. Precisamos ter orgulho dos feitos de nossos homens e mulheres que, a despeito do estigma herdado da escravidão, marcaram seu lugar na nossa história, como cientistas, enge-nheiros, poetas, escritores, doutores, escultores, pintores, historiadores.

1. As contribuições negras para a música brasileira

Embora neste módulo esteja cita-do somente dois grandes nomes de compositores afro-brasileiros, deve--se observar que na música brasileira também a herança negra se fará pre-

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sente de forma inequívoca, seja na inserção de instrumentos musicais, seja no refinamento de elaboração das letras ou no ritmo empregado aos diversos estilos produzidos no Brasil. Araújo demonstra que é mui-to antiga essa participação na música criada e tocada no Brasil.

Curt Lange, historiador e musicólogo, nos fala do orgulho que experimenta-vam negros e mulatos de Ouro Preto quando eram chamados pelas ordens religiosas brancas para tocar em suas cerimônias e celebrações festivas: eles eram os únicos da cidade! É essencial que se reconheça essa contribuição negra à nossa música, que foi o laço que permeou nossa civilização desde o lundu até a bossa nova, desde a mú-sica colonial sagrada ou profana até a criação da música popular brasileira, do registro pioneiro do Pelo Telefone até Pixinguinha e aqueles Batutas que deram forma e ritmo à música popular do Brasil, conferindo-lhe a cara negra do samba (ARAUJO 2004, p. 249).

Pe José Maurício Nunes GarciaA personagem histórica de Padre

José Maurício Nunes Garcia é um dos nomes que se apresenta para costurarmos a nossa história através da memória negra no Brasil.

Negro mestiço, filho de escra-va - Vitória Maria da Cruz - com um português - Apolinário Nunes Garcia - nasceu no Rio de Janeiro em 1767. Órfão ainda na infância, foi cuidado por uma tia materna.

Devido sua inclinação para a música, foi conduzido para os estudos nessa área e, por ser autoditada, logo se destacou nos estudos. Além disso, estudou Latim, Teologia e Filosofia, o que, em 1792 o habilitou para ser ordenado padre.

Ainda adolescente, começa a compor e passou a viver de seu reco-nhecido talento como professor de música e também tocava em festas particulares, além de cantar nas mis-sas, tornou-se, assim, um importante músico no período colonial, chegou a ser o Mestre da Capela Real, nome-ado por D. João VI que, ao chegar ao Brasil, reconhece e se encanta com a produção musical e com o talento de orador de José Maurício.

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Em sua produção musical registra--se grande número de obras orques-trais. Mesmo não tendo saído do Brasil, foi o precursor da música eru-dita no país. Tal foi sua genialidade que sua obra chegou a ser conhecida na Europa. Dom João VI, quando de seu retorno a Portugal, convidou o músico para ir com a sua família, convite que fora negado por ele.

Assim, o Pe. José Maurício Nunes Garcia é inscrito na história do país como o primeiro importante nome da música brasileira de estilo clássico.

Pixinguinha

Outro importante nome, mais re-cente na história da música popular brasileira, é o de Alfredo da Rocha Viana Filho. Nasceu em 1897, no Rio de Janeiro, local onde desen-volveu seu veio artístico musical, tornando-se compositor, flautista, saxofonista, arranjador, maestro e instrumentista. Desenvolveu no Brasil o gênero musical Choro, mais conhecido como Chorinho, tido como baluarte da música brasileira.

A origem do Choro se dá no Brasil Império, na conformação da música popular urbana brasileira, em que for-mas musicais e danças europeias eram vigentes, como valsas e polcas, as quais estavam sofrendo influências locais. O legado de Pixinguinha foi aperfeiçoar a elaboração do estilo musical por meio da inserção do ritmo de matriz africa-na aos elementos europeus presentes na música consumida no país.

Saiba mais“[...] no desempenho das obriga-ções de mestre de capela, dirigia a escola de música de Santa Cruz, an-teriormente fundada pelos jesuítas, donde depois se formou o moderno conservatório brasileiro. Compunha também diversas obras sacras para se executarem na catedral.As obras deste compositor citadas como as principais, são: uma sinfonia fúnebre, executada nas suas exéquias; uma missa de requiem; uma missa solene; Te-Deum e matinas que com-pusera para a festa de Santa Cecília; outra missa, escrita para a festa da degolação de S. João Baptista; os 12 Divertimentos já mencionados, e uma abertura, Tempestade, escrita para um elogio dramático que se represen-tou no teatro de S. João. O número das suas composições é calculado em mais de duzentas.[...]”(Dicionário Histórico de Portugal Corográfico.Vol. III, p. 692-693. Trad.: Manuel Amaral. Edição elec-trónica: 2000-2010. http://www.arqnet.pt/dicionario/garciajosemauricio.html. Acesso em: 27 fev. 2011).

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Segundo Peters (2006, p. 144), foi a partir da década de 1910 que o termo choro passou a designar um gênero musical. Essa consolidação se deu graças a Pixinguinha que misturou elementos afro-brasileiros e sua ex-periência como músico a esse estilo. Foi naquele período que Pixinguinha começou a compor seus primeiros choros e criou um grupo musical com seu nome e anos mais tarde, denominaram-se de Os oito batutas.

Muitas das composições de Pixin-guinha se tornaram célebres como: Carinhoso, Yaô, Os oito batutas, Rosa, Samba fúnebre, Página de dor, Vou vivendo.

A importância de Pixinguinha para a música brasileira é incontestá-vel. Hoje, no Rio de Janeiro, o “Dia do Chorinho” foi instituído na data de aniversário do músico, 23 de abril, em reconhecimento a sua contribui-ção para a música brasileira e para o chorinho carioca.

2. Os intelectuais afro-brasileiros

Aqui, continuamos apresentan-do mais nomes importantes para a memória afro-brasileira. Não se pode deixar de mencionar que na longa tradição do pensamento social brasileiro negro estão envolvidas denúncias das variadas formas de preconceitos e discriminação contra os negros, como, também, através das suas atividades culturais. No pensar e produzir conhecimentos na socieda-de brasileira propôs-se mudanças de ideias, estéticas e comportamentos.

Manuel Raimundo Querino

Esse ilustre intelectual é um expo-ente nas discussões e escritos sobre a cultura negra no Brasil. Nasceu em 1851, na Bahia. Órfão, foi criado por uma família que investiu na sua for-mação, quando se deparou com seu talento nato para as artes. Dessa for-ma, estudou artes plásticas e ampliou seu extenso currículo tornando-se arquiteto, atividade desenvolvida a partir de suas atividades artísticas e como professor de desenho.

Paralela a sua atividade profissional, militava na área sindical e, em 1874,

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cria a Liga Operária da Bahia. A sua intensa militância pelos direitos e or-ganização de trabalhadores, leva-o a ser nomeado a vereador e depois ser reeleito pelo Partido Operário.

Para Guimarães (2011, p. 8), mes-mo com o processo de branquea-mento, os negros buscaram formas de integração à sociedade brasileira. A abordagem sobre a cultura afri-cana começou com os pensadores negros brasileiros e nesse grupo se insere Manoel Querino. Esses pen-sadores negros foram os primeiros a utilizar o termo etnização, ou seja, a valorizar a identidade/cultura negra. Eles eram leigos e antropólogos autodidatas, normalmente denomi-nados de folcloristas ou jornalistas, ao invés de intelectuais. Isso por causa das dificuldades que enfren-taram para negociar a inserção e o reconhecimento como intelectuais num espaço de establishment branco.

De grande desenvoltura intelec-tual, Manoel Querino insere-se no Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, onde regularmente escrevia seus pensamentos sobre a cultura negra e/ou africana no jornal A Pro-víncia. Segundo Guimarães (2011, p. 8), esse era o lugar que os pensado-res negros podiam falar com autori-dade, pois os institutos históricos e os congressos afro-brasileiros eram os seus espaços de consagração.

Só recentemente é recuperada a memória sobre a profundidade das contribuições de Querino e a sua im-portância como pensador negro. Foi

ele precursor em matéria de falar e es-crever sobre a cultura afro-brasileira.

No livro O colono preto (1918), Ma-nuel Raimundo Querino dá mostras de sua grande capacidade intelectual. Rompendo com a historiografia tradicional do período, cria a tese do negro e de sua cultura como fator da civilização brasileira. Assim, utiliza--se de vários argumentos e autores renomados para provar sua ideia: ele trata o africano como “colonizador” e não simplesmente como elemento passivo ou como mão de obra escra-va, mas sim como criador e promotor de cultura (GUIMARÃES, 2011).

Manuel Querino morreu em 1923, deixando, através de seus livros e outros escritos, um legado sobre a cultura africana no Brasil e as pro-duções de cunho civilizatórios dos africanos e de seus descendentes.

Para conhecer mais sobre as ideias deste autor, acesse sua obra

O colono preto como fator de civilização através do site

http://www.afroasia.ufba.br/ pdf/afroasia_n13_p143.pdf

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Luiz Gama Luiz Gonzaga Pinto da Gama,

nascido livre na Bahia, no ano de 1830, filho da africana liberta Luiza Mahin, uma militante na Revolta dos Malês e tendo como pai um português. Já na infância, sem sua mãe presente devido ao seu envol-vimento com a luta abolicionista, viu-se escravizado ao ser vendido pelo seu pai para saldar dívidas.

Nessa condição, viveu no Rio de Janeiro, permanecendo depois em São Paulo. Autoditada, aprendeu a ler na adolescência somente acom-panhando os filhos dos senhores de escravos, momento em que teve contato, ainda que indiretamente, com o mundo das letras. Mesmo passando por várias situações ad-versas, torna-se advogado rábula e consegue reverter sua condição de escravo, comprovando que havia nascido livre e, portanto, não pode-ria ser vendido e escravizado.

Começa a trabalhar como advo-gado pela defesa dos negros e se torna um ferrenho abolicionista. Como poeta, publicou livros, dentre eles, Trovas burlescas de Getulino, com vários poemas que denunciavam os maus tratos contra negros, condena-va a escravidão, a igreja católica e a politica nacional. Morreu em 1882, sem ter visto a abolição acontecer. Seu enterro foi um acontecimento que parou a cidade de São Paulo e foi seguido por um cortejo com grande presença da população negra e de brancos abolicionistas.

A seguir, estão biografias desta-cadas porque retiradas de fontes diversas com o intuito de contribuir com informações sobre as persona-lidades negras importantes na for-mação cultural brasileira, conforme objetivo deste módulo.

Primeira edição do livro: Trovas burlescas de Getulino

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Juliano Moreira

O Professor Juliano Moreira, nasceu a seis de janeiro de 1872 na Freguesia da Sé, hoje o centro antigo da cidade do Salvador, na Bahia. Seu pai, o português Manoel do Carmo Moreira Junior era inspetor de iluminação pública. Seu trabalho era verificar se os trabalhadores acendiam os lampiões de ferro pelas ruas e calçadas da cidade. Galdina Jo-aquim do Amaral, sua mãe trabalhava como doméstica na casa do Barão de Itapuã, Adriano Gordilho, renomado médico baiano. São escassos em seus limitados biógrafos os dados relativos à sua infância e meninice.Desde o seu nascimento foi criado e conviveu sempre com a família do Barão de Itapuã, que se tornou seu padrinho. Fez seus estudos iniciais no Colégio Pedro II e depois se transferiu para o Liceu Provincial na cidade do Salvador na Bahia. Em 1886 manifestando extra-

ordinária precocidade se matriculava na Faculdade de Medicina da Bahia, berço do ensino médico no Brasil. Ain-da cursando o quinto ano, em 1890, foi interno da Clínica Dermatológica e Sifi-liográfica. Conclui seu curso e logo após sua formatura (1891), apresenta a tese “Sífilis Maligna Precoce” tornando-se depois referência mundial no campo da sifiligrafia. Passa a clinicar, num curto espaço de tempo junto a Santa da Casa da Misericórdia sendo médico-adjunto do Hospital Santa Isabel. Após realizar concurso, em 15 de setem-bro de 1894, é nomeado preparador de anatomia médico-cirurgica, Mas neste período, sem remuneração, torna-se assistente da cátedra de Clínica Psiqui-átrica e de Doenças Nervosas iniciando--se a partir daí o seu aprendizado sobre as doenças mentais. Esta fase em todos os intervalos de suas atividades diárias aprimorava seus conhecimentos de outros idiomas tornando-se um domi-nador na comunicação oral e escrita do francês, inglês, italiano e o alemão. Sem-pre conhecido desde estudante como trabalhador metódico, adepto das ações em equipe, sempre querendo saber de tudo, com detalhes, comentando e dis-cutindo. Seu destaque no meio acadê-mico, na província baiana, o faz liderar a mobilização de professores e colegas fazendo surgir a Sociedade de Medicina e Cirurgia e, a de Medicina Legal.Em meados de 1895 descreve o botão endêmico, afirmando sua existência no Brasil. Como bolsista e limitados recur-sos financeiros em curta viagem a Euro-pa frequenta cursos de doenças mentais dos professores Hitzig, Jolly, Flechsig, Kraf-Ebing. Os de clínicas médicas de Leyden e Nothnagel; os de anatomia patológica de Virchow e participa de

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reuniões e assiste palestras de Raymond, Dejerine, Gille de la tourette, Brissaud, Garnier, Maurice Fournier, Magnan na França. Consegue tempo para visitar os manicômios e clinicas psiquiátrica pelos paises onde passava. Neste mesmo ano é o primeiro cientista a descrever a Hidroa Vaciniforme, publicado posteriormente no Britsh Journal of Dermatology. Na clínica do professor Pacheco Mendes, em Salvador, realiza o primeiro exame mi-croscópico no Brasil dos casos de Mice-toma, assim como os casos de Goundum.Desde 1886, com a persistência do médico João Carlos Teixeira Brandão, as Faculdades de Medicina da Bahia e Rio de Janeiro criam o concurso para professor da 12ª seção que compreendia as doenças nervosas e mental sendo seu primeiro catedrático Augusto Freire Maia Bittencourt que logo depois veio a falecer deixando a cadeira sem titular durante alguns anos. Atualizado com o ensino prático e teórico da disciplina inscreve-se no concurso para preenchi-mento da vaga deixada por Maia Bitten-court. Ao final de abril de 1896, mesmo enfrentando uma banca examinadora em sua maioria de declarados escra-vocratas, pode concluir sob calorosos aplausos a apresentação de sua tese oral “Disquinesias Arsenicais”. Logo após na leitura escrita desenvolveu o texto sobre “Meopatias Progressivas”. Todas as provas foram acompanhadas com a presença maciça dos estudantes e ou-tras pessoas que lotaram o salão nobre da faculdade durante a prova prática, de didática e finalmente a defesa de tese.A presença atuante justificava-se, pois temiam que houvesse algum ato que impossibilitasse o jovem médico Juliano Moreira vencer aquele concurso. Afinal, a escola tinha fama de racista, a banca

era conhecida como escravocrata. Fa-zia poucos anos atrás que a Lei Áurea tinha sido assinada e a primeira Carta do Brasil republicano promulgada em 14 de fevereiro de 1891.Transcorria o final da manhã de nove de maio e no Terreiro de Jesus fervilhava desde cedo à frente dos portões da Fa-culdade de Medicina um enorme grupo de estudantes de medicina. Aquele dia estava marcado para finalmente ser divulgado o resultado do concurso para professor. Aberto os portões, os futuros médicos viram afixados no mural o resultado do exame, em que o jovem Juliano tinha recebido quinze notas máximas; era dele a vaga existente. Nem mesmo os escravocratas puderam deixar de reconhecer os seus méritos.Com apenas vinte e três anos ele supera-va concorrentes poderosos e se tornava o mais novo professor da Faculdade de Medicina da Bahia. A comemoração do mérito sobre o preconceito fez naquele dia o Pelourinho viver momentos de intensa alegria e comemorações.Semanas depois em dezesseis de junho é nomeado Professor. Em seu discurso de posse dizia: “Há quem se arrecei de que a pigmentação seja nuvem capaz de marear o brilho dessa faculdade. Subir sem outro borgão que não seja a abnegação ao trabalho, eis o que há de mais escabroso. Tentei subir assim, e se méritos tenho em minha vida este é um (...) Só o vício, a subserviência e a igno-rância tisnam a pasta humana quando a ela se misturam“. Tempos, ainda às vezes presentes.O Mestre Juliano na sociedade daqueles dias era profundamente minoritário com suas ideias. Havia uma dominante consensualidade que a degeneração do brasileiro era atribuída à mestiçagem de

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seu povo. Ideias evolucionistas naquele século afirmavam que a raça negra e os fatores climáticos dos trópicos eram os verdadeiros causadores das doenças, incluindo-se as doenças mentais. A psi-quiatria estabelecia uma direta relação entre as doenças mentais e a raça. Juliano afirmava que deviam deixar os ridículos preconceitos de cores e castas e realizar um “trabalho de higienização mental dos povos”. Os verdadeiros inimigos das degenerações nervosas seriam a ignorân-cia, o alcoolismo, a sífilis, as verminoses, as condições sanitárias e educacionais.Seus conflitos teóricos com o colega na Escola de Medicina da Bahia, médico le-gista, Nina Rodrigues foram marcantes. Nina Rodrigues contribuiu profunda-mente para o entendimento da miscige-nação da sociedade brasileira. Mas man-teve-se amarrado as ideias evolucionistas dominante. Era ele o propagador das ideias dominantes nos meios científicos nacionais e internacionais. A mistura de raças era prejudicial a formação de um país. Considerava a negritude um traço de inferioridade e que a mestiçagem seria a principal causa da loucura.Desde a conclusão de seu curso Juliano Moreira busca provar que a questão racial não determinava as doenças. Sempre mostrando e defendendo seus pensamentos de forma cortês e educada utilizava a ciência para defender as mi-norias excluídas. A sua origem mestiça jamais lhe deu a sensação de inferiorida-de, nem de reações paranóicas.

[...]Mantinha frequência diária nas depen-dências do Asylo São João de Deus onde realizava aulas práticas e até o anoitecer em uma das salas do Solar da Boa Vista ou nas várias enfermarias existentes discutindo sobre questões médicas com

colegas e alunos e sempre colaborando com as revistas nacionais e estrangeiras especializadas. Viaja pelas províncias do norte proferindo palestras e clinicando. Em 1900 participa do Congresso Médico Internacional em Paris. Ano seguinte, mesmo ausente, é eleito Presidente de Honra do IV Congresso Internacional de Assistência aos Alienados em Berlim. Representa a medicina brasileira no Congresso Médico de Lisboa.Ao final de 1902, precisamente, em 10 de novembro, licencia-se na Faculdade e viaja para ao Rio de Janeiro para partici-par do ato de embalsamento do cadáver do Professor Manuel Vitorino, médico baiano renomado e Vice Presidente da República (1894-1898) de quem sempre se declarou um admirador e discípulo.

[...]Em 25 de março de 1903 Juliano Morei-ra, pouco depois de comemorar seus trinta anos de idade, toma posse no cargo de Diretor do Hospital Nacional de Alienados na capital federal. Muda a história da Saúde Mental no Brasil.O decênio inicial daquele século sinali-za um acelerado processo de moderni-zação do Estado nacional. Ações de sa-neamento e urbanização e, intervenções na saúde pública foram marcantes. O projeto de desenvolvimento da psiquia-tria nacional insere-se neste momento criando o clima para que Juliano Mo-reira ocupasse seu espaço de liderança.Desiste da sala destinada à direção do hospital no segundo andar do majestoso prédio. Faz de uma simples sala, no tér-reo, seu gabinete que ficava à esquerda da entrada principal do prédio, sempre de portas abertas, o que lhe conferia o seu acesso. Sentado a grande mesa, atendia a todos que o procuravam. Sem agenda ou hora marcada. Com paciência

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e seu tranquilo sorriso sentavam-se ao seu lado os colegas médicos, pacientes, amigos, alunos, jornalistas e políticos.

[...]Até então a psiquiatria brasileira se man-tivera subsidiária exclusiva da escola francesa, apenas copiando, sem conside-rar as diversidades culturais existentes. Com Juliano Moreira, a Psiquiatria se ampliou, universalizando-se, e procu-rando ganhar uma forma nacional.Determinado e com tenacidade vai bus-cando recursos do governo. Mobiliza muitos profissionais capacitados. Co-meça a promover reformas materiais e éticas. Retira as grades das janelas das enfermarias e abole os coletes e cami-sas de força. Recupera e constrói pavi-lhões. Cria o Pavilhão Seabra um amplo prédio com equipamentos trazidos da Europa para fazer funcionar oficinas de ferreiro, bombeiro, mecânica elétrica, carpintaria, marcenaria, tipografia e encardenação, sapataria, colchoaria, vassouraria e pintura. Atividades que contribuíam para recuperação dos assistidos e alguma renda particular. O grande salão no pavimento superior passa a ter diariamente alguém dedi-lhando o piano levando as sonatas e sinfonias invadirem os corredores e chegarem aos ouvidos dos pacientes. Torna o hospital um grande centro cultural reunindo professores, cientis-tas e trabalhadores. Implanta oficinas artísticas antecipando-se as terapias ocupacionais desenvolvidas depois pela magnífica psiquiatra alagoana Nise da Silveira. À vontade e a deter-minação com seu trabalho o faz mudar--se do bairro de São Cristóvão para ir morar numa casa dentro do hospital.Após desencadear as ações de trans-formação interna toma a iniciativa

de enviar ao Ministro J.J. Seabra uma exposição de motivos solicitando as ne-cessárias reformas não somente dentro da Instituição, mas que se estendia a assistência aos alienados no país. Em 22 de dezembro de 1903 com o Decreto nº. 1132 o Presidente Rodrigues Alves sanciona a resolução do Congresso Nacional e aprova a Lei Federal da As-sistência a Alienados. Logo depois em 1º de fevereiro de 1904 é decretado o Re-gulamento da Assistência a Alienados no Distrito Federal.

[...]Em 1907 na cidade de Milão no Con-gresso de Assistência a Alienados é eleito Presidente Honorário e indicado pela maioria dos congressistas para ser o orador na sessão de encerramento. Passa a fazer parte do Instituto Inter-nacional para o Estudo da Etiologia e Profilaxia das Doenças Mentais.Segue logo depois para Amsterdã onde participa de outro Congresso Interna-cional. Mesmo ausente ao Congresso Neuropsiquiátrico de Viena (1908) é lembrado para compor o Comitê organi-zador do futuro Congresso. Representa no ano seguinte o Brasil no Comitê Inter-nacional contra a Epilepsia naquela cida-de. Logo depois na Inglaterra participa da Assembléia Geral da Royal-Medical Psychological Association de Londres, presidida por Bevar Lewis onde foi eleito um dos quinze membros corresponden-tes no mundo. Segue logo depois para Budapeste e como membro organizador, realiza o Congresso Internacional de Medicina para tratar da influência da arteriosclerose na produção de doenças nervosas e mentais. Em Amsterdã torna--se membro do Comitê Internacional de redação da Folia Neurológica, órgão para estudos de biologia do sistema nervoso

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com textos publicados na Alemanha.A Revista Psychiatrische, Neurolo-gische Wochenschrift (nº. 27 de 03 de outubro de 1910) publica a galeria dos proeminentes psiquiatras em todo o mundo. Das Américas. Somente Juliano Moreira. O seu relacionamento parti-cular com Rivadávia Correia, nomeado Ministro do Interior e Justiça pelo Mal. Hermes da Fonseca favorece a realiza-ção do projeto de criação da Colônia de Mulheres em Engenho de Dentro, bairro suburbano no Rio de Janeiro.Mobiliza junto com Austregésilo, Gus-tavo Riedel, Mário Pinheiro, Ernani Lopes e outros médicos a criação dos Arquivos Brasileiros de Medicina que anos depois passou a se denominar de Arquivos Brasileiros de Neuriatria e Psi-quiatria, órgão da sociedade Brasileira de Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal. Até 1911 é um período onde realiza uma série de viagens à Europa dando-lhe a oportunidade de frequentar diversos cursos de especialização em doenças mentais junto a renomados cientistas – Emil Kraepelin, Mangnan, Kraffit-Ebing, Flechsing entre outros.Mas, ao lado destas viagens de estudos já é obrigado a procurar com frequências especialistas e clínicas para consultas so-bre sua doença. Acentuando-se as crises obtém uma nova licença e viaja para a Europa em busca de melhor tratamento e posteriormente interna-se num sana-tório na cidade do Cairo onde conhece Augusta Peick, enfermeira alemã, de Hamburgo, com quem se casa. Desde 1913 passa a representar o Brasil no Co-mitê Internacional da Liga Internacional contra a Epilepsia. Naquele período foi realizado o Congresso Jubilar da Société de Médecine Mentale da Bélgica, em que foi aclamado juntamente com Du-

pré, Lepine (franceses) e Mott (inglês) membros honorários daquela Sociedade.Em 1918 foi designado como membro organizador do Congresso Internacional de Medicina, realizado em Budapeste para tratar da questão das doenças mentais e nervosas produzidas pela ar-teriosclerose. Participou da conferência Internacional para o estudo da Lepra na Noruega, recebendo do sábio leprólogo Hansen a incumbência de tratar da ques-tão das doenças mentais nos leprosos, sendo posteriormente publicado seus estudos no Zeitschrift fur Psychiatrie na Alemanha. Mobiliza apoio governa-mental e implanta, em 1921, o primeiro Manicômio Judiciário no continente americano.Já em 1922 foi eleito membro correspondente da Liga de Higiene Mental de Paris e do Comitê Interna-cional de Redação da folia neurológica, importante órgão de Amsterdã para estudos de biologia do sistema nervoso.O Prof.Juliano Moreira presidiu os Congressos Brasileiros de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal de 1906 a 1922. Foi Presidente de Honra da Academia Brasileira de Ciências e da Academia Nacional de Medicina. Junto ao Ministério da Justiça foi membro do Conselho Penitenciário do Distrito Federal; do Conselho Nacional de Me-nores e do Conselho dos Patrimônios. Membro na direção do Conselho do Monte Médico que era uma associação previdenciária que reunia médicos, farmacêuticos e dentistas na capital federal. Reconhecido pelo seu caráter, aliado ao fruto de seu incansável tra-balho e espírito associativista foi eleito membro de diversas organizações, tais como: -Antropologische Gesellschaft de Munich; -Société de Médicine de Paris; -Société de Pathologie Exotique; -Soci-

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éte Clinique de France; -Medico-Legal Society de Nova York; -Sociedade de Neurologia de Buenos Aires; -Socie-dade de Psychiatria de Buenos Aires; -Société Clinique de Medicine Menta-le; -Société Medico-Psychologique de Paris; -Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; -Academia de Letras da Bahia; -Instituto Brasileiro de Ciências; -Liga de Defesa Nacional; -Liga de Hi-giene Mental; -American Academic of Political and Social Science.Pela sua condição étnica, por sua nacio-nalidade, por sua formação médica, ini-ciada na Bahia e continuada nos grandes centros europeus, teve sempre grande interesse pelos aspectos culturais da psi-quiatria, chamada na época de patologia comparada e atualmente de transcultural. Interessado e assíduo nos espetáculos das companhias líricas apreciavam os filmes de desenhos e era frequentador dos espetáculos teatrais e circense sen-do conhecido como grande admirador do famoso palhaço Benjamin Oliveira. Combatia o uso dos termos pejorativos de “maluco” e “doido”. Repetia sempre que as maiorias dos doentes mentais estavam fora dos hospitais e sanatórios especializados. “-Ai fora”. (Passos, 1975).Mantendo sua postura de combate aos preconceitos e discriminação torna-se um defensor combativo da imigração sino-japonesa que para muitos naqueles primeiros decênios do século conside-ravam um verdadeiro “perigo amarelo”. Sua posição rapidamente é reconhecida. Universidades japonesas o convidam para visitar o país e a pronunciar conferências. Em julho de 1928 em companhia de sua esposa Augusta Moreira começa uma longa viagem visitando Tóquio, Kioto, Sendai, Hokaído, Osaka, Funoko. Em solenidade no anfiteatro do Diário Nishi-

-Nishi recebe a insígnia da “Ordem do Tesouro Sagrado“ entregue pelo Impera-dor do Japão e destinada aos “consagra-dos da ciência mundial”. Encerrando sua longa permanência naquele país segue para a Europa, onde se torna membro honorário da Sociedade de Neurologia e Psiquiatria de Berlim, da Sociedade Médica de Munich e da Cruz Vermelha Alemã. Em Hamburgo é eleito membro da Sociedade de Neurologia e Psiquiatria onde lhe é conferido pela Universidade local a Medalha de Ouro, a mais alta honraria prestada a professor estrangeiro.Após cinco meses ausente, volta ao tra-balho na direção do hospital que em sua ausência foi dirigido por Domingos Nio-bey. Preside, em 1929, no Rio de Janeiro, a Conferência Internacional de Psiquiatria.

[...]O novo governo chega como resultado de um golpe de Estado que criava a ex-pectativa de modernização do país e da administração pública.Novembro de 1930 o novo presidente – Getúlio Vargas – dissolve o Congresso Nacional, as câmaras e as assembléias estaduais. Nomeia interventores nos estados, mantém seus compromissos com a as oligarquias dissidentes. Em oito de dezembro de 1930 é destituído da direção do hospital e aposentado.

[...]Após descer as escadas do palácio de seus sonhos – o Hospital Nacional de Alienados – foi morar num hotel em Santa Teresa. Mantinha suas visitas a alguns de seus pacientes particulares no Sanatório Botafogo ou as sessões da Sociedade Brasileira de Neurologia, Psiquiatria e Medicina. A sessão de 19 de outubro de 1931 foi à última sessão a que compareceu. Retornou em 17 de

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novembro de 1932 para assistir a sessão solene de comemoração da Sociedade que fundara ainda jovem.Recolhendo-se a sua vida interior sem motivação para estudar e ler. Enfim, o tuberculoso crônico poupava-se ao má-ximo para sobreviver, sob a vigilância germânica de Dona Augusta sua inse-parável companheira. Viaja para Belo Horizonte em busca de melhoramentos para o seu estado de saúde. A doença foi avançando, Miguel Couto, seu médico, decide encaminhá-lo para a Serra de Petrópolis. Hospeda-se na residência de Hermelindo Lopes Rodrigues um dos seus maiores discípulos.No dia 2 de maio de 1933 precisamente às cinco horas e quarenta minutos dei-xava o nosso convívio num sanatório em Correias no interior do Rio de Janeiro. Ao lado de Dona Augusta Moreira assis-tiu ao seu último alento os seus colegas e discípulos Lopes Rodrigues e Gustavo Riedel. [...] No dia quatro às dez horas em grande cortejo atravessa as ruas de Botafogo em direção ao cemitério São João Batista. Naquela manhã cinzenta de maio, quem passasse próximo ao cemitério não saberia que se extinguira um grande espírito. Um homem que dedicara toda sua vida ao seu país, aos seus semelhantes e aos excluídos, espe-cialmente aos doentes mentais. Deixava muito mais do que uma lembrança. Construíra uma obra imorredoura.“O Brasil (...) não pode avaliar o que perde com o desaparecimento, ontem do sábio Juliano Moreira. Grande entre os maiores psiquiatras do país, com um renome e uma fama, que ultrapassaram as fronteiras brasileiras para fulgurar nos centros científicos mais adiantados do mundo. Juliano Moreira devotou à ciên-cia toda a sua vida e toda a sua dedicação

(...) mais tarde, teremos então ideia de quanto perdemos com a sua morte”. (Jornal do Brasil. 3 de maio de 1933).Juliano Moreira não foi nacionalista, nem teve freguesia intelectual. Ouviu os sons de todos os sinos. Aqui, Silva Lima tropicalista. Ali, Nina Rodrigues, médi-co legista. Estendeu as mãos a Teixeira Brandão e a Franco da Rocha. Propagou Kraepelin, sem esquecer Pierre Marie, nem Toulouse, Clouston e Morselli. Leu a todos, aprendeu de todos. A todos consagrou, com a citação, a aplicação e a correção. Essa universalidade de espí-rito dispôs à razão para a tolerância do conhecimento, como a benignidade do coração pára a tolerância das relações sociais. Disciplinava pelo exemplo. Dis-tinguia-se sem afetação e sem humilhar o seu semelhante. Não considerava a vaidade defeito, mas a manifestação de um desvio mental, em proveito de aspi-rações frustradas (Passos, 1975). Grande homem de ação e de ciência dispensa louvor dos adjetivos. Basta-lhe a escola que criou e manteve os discípulos que suscitou e promoveu. Médico da razão doente foi mestre da razão sadia, grande mestre da razão, o grande Juliano Mo-reira. (Piccinini, 2005).Um Brasileiro que teve tudo para ser mais um anônimo excluído. Nordestino, pobre, tuberculoso. Todas as condições desfavoráveis no percurso de sua vida. Mas com determinação, tenacidade, in-teligência, carisma e fundamentalmente ético, transformou sua história. O Mestre baiano Juliano Moreira. O magnífico sonhador da cura da alienação mental. Um mito nacional. Um Sábio Brasileiro.

(Acessado em: http://www.geledes.org.br/medicina/julianomoreira21/07/2009.html. As informações sobre essa personagem foram retiradas desse site e transcritas

tal qual publicadas)

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André Rebouças

André Pinto Rebouças nasceu em plena Sabinada, a insurreição baiana contra o governo regencial. Seu pai era Antônio Pereira Rebouças, um mulato autodi-data que obteve o direito de advogar, representou a Bahia na Câmara dos Deputados em diversas legislaturas e foi conselheiro do Império. Sua mãe, Carolina Pinto Rebouças, era filha do comerciante André Pinto da Silveira.

[...]Em 1857 foram promovidos ao cargo de segundo tenente do Corpo de En-genheiros e complementaram seus estudos na Escola de Aplicação da Praia Vermelha. André bacharelou-se em Ci-ências Físicas e Matemáticas em 1859 e obteve o grau de engenheiro militar no ano seguinte.Os dois irmãos foram pela primeira vez à Europa, em viagem de estudos, entre fevereiro de 1861 e novembro de 1862.

Na volta, partiram como comissionados do Estado brasileiro para trabalhar na vistoria e no aperfeiçoamento de portos e fortificações litorâneas.Na guerra do Paraguai, André serviu como engenheiro militar, nela perma-necendo entre maio de 1865 e julho de 1886, quando retornou ao Rio de Janei-ro, por motivos de saúde. Passou então a desenvolver projetos com seu irmão Antônio, na tentativa de estruturação de companhias privadas com a captação de recursos junto a particulares e a bancos, visando a modernização do país.As obras que André realizou como engenheiro estavam ligadas ao abas-tecimento de água na cidade do Rio de Janeiro, às docas dom Pedro 2o e à construção das docas da Alfândega (onde permaneceu de 1866 até a sua demissão, em 1871).Paralelamente, André dava aulas, pro-curava apoio financeiro para Carlos Gomes retornar à Itália, debatia com ministros e políticos por diversas leis. Foi secretário do Instituto Politécnico e redator geral de sua revista. Atuou como membro do Clube de Engenharia e muitas vezes foi designado para receber estrangeiros, por falar inglês e francês.Participou da Associação Brasileira de Aclimação e defendeu a adaptação de produtos agrícolas não produzidos no Brasil, e o melhor preparo e acondi-cionamento dos produzidos aqui, para concorrerem no mercado internacional. Foi responsável ainda pela seção de Máquinas e Aparelhos na Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional.Na década de 1880, André Rebouças se engajou na campanha abolicionista

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e ajudou a criar a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, ao lado de Joa-quim Nabuco, José do Patrocínio e ou-tros. Participou também da Confedera-ção Abolicionista e redigiu os estatutos da Associação Central Emancipadora. Participou da Sociedade Central de Imigração, juntamente com o Visconde de Taunay.Entre setembro de 1882 e fevereiro de 1883, Rebouças permaneceu na Europa, retornando ao Brasil para dar continui-dade à campanha. Mas o movimento

militar de 15 de novembro de 1889 levou André Rebouças a embarcar, juntamen-te com a família imperial, com destino à Europa.Por dois anos, ele permaneceu exilado em Lisboa, como correspondente do “The Times” de Londres. Transferiu--se, então, para Cannes, na França, até a morte de D. Pedro 2o. (...)(As informações sobre essa personagem foram retiradas desse site e transcritas tal qual publicadas. Acessado em:

http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u684.jhtm. ).

Theodoro Sampaio

Teodoro Sampaio nasceu em 1855 na cidade de Santo Amaro, Bahia. Era filho de uma escrava do engenho Canabrava e, supostamente, do sacerdote Manoel Fernandes Sampaio, que o alforriou no batismo. Há quem registre, no entanto, que seu pai era o senhor de engenho Fran-

cisco Antônio da Costa Pinto. O próprio Teodoro, porém, jamais revelou publica-mente a verdadeira identidade de seu pai.Aos dois anos de idade foi entregue a uma senhora da sociedade, D. Inês Le-opoldina, que o criou até os nove anos. Aos 10, foi levado para o Rio de Janeiro pelo padre (Manoel?) e internado no colégio São Salvador, onde mais tarde se tornou professor de Matemática, Filosofia, História, Geografia e Latim. Logo depois de formado na Escola Politécnica, em 1877, voltou à Bahia e negociou a alforria de sua mãe e de seus dois irmãos, que ainda eram escravos.Um dos maiores engenheiros do país, além de geógrafo e historiador, Teodo-ro foi o primeiro a mapear a região da Chapada Diamantina. Suas anotações ajudaram Euclides da Cunha a escrever Os Sertões. Foi também um dos homens públicos de maior importância nos de-bates e projetos urbanísticos do país, no final do século XIX e início do XX. Hoje, municípios em São Paulo e na Bahia carregam seu nome, além de escolas,

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túnel, ruas e travessas de cinco bairros da cidade de Salvador e ruas de cidades como Feira de Santana, Curitiba, Londri-na, Rio de Janeiro e Santos, entre outras.Em 1879, foi criada a Comissão Hidráuli-ca do Império, para melhorar os portos e a navegação dos grandes rios do interior brasileiro. Teodoro Sampaio fez parte da equipe, como engenheiro de 2ª Classe, mas seu nome não apareceu no Diário Oficial junto dos demais integrantes, por ser o único negro. Somente após interfe-rência do Senador Viriato de Medeiros é que ele foi incluído no Diário. Em 1881, foi nomeado engenheiro de 1ª Classe.Na Comissão, participou de uma ex-pedição pelo Rio São Francisco e suas anotações serviram de base para seus livros O Rio São Francisco e A Chapada Diamantina, de 1905. Em 1883 integrou a Comissão de Melhoramentos do Rio São Francisco, como 1º Engenheiro--Ajudante. Lá colaborou nas obras de barragem e desobstrução dos trechos encachoeirados do rio.Em 1886, Teodoro integrou a Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo,

como 1º Engenheiro e Chefe de To-pografia. No governo de Prudente de Morais (1890), assumiu a chefia dos Serviços de Água e Esgoto da cidade de São Paulo. A partir da década de 1890, Teodoro ganhou reconhecimen-to intelectual cada vez maior, devido, entre outros fatores, à sua participação na comissão que organizou a Escola Politécnica de São Paulo.Em 1901, lançou o livro O Tupy na Geografia Nacional, obra reconhecida como referên-cia fundamental no estudo do Tupy e de sua influência na formação cultural do país. E em 1904, mudou-se para Salvador, onde se dedicou à execução do Serviço de Água e Esgoto da cidade, entre outras obras. Em 1913, foi eleito orador oficial e membro da comissão de publicação da Revista do Instituto Histórico Geográfico da Bahia, na qual teve uma grande produção. De 1922 até 1936, foi Presidente do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia e, em 1927, foi eleito Deputado Federal.A vida profissional de Teodoro Sampaio pode ser dividida em duas grandes fa-ses. A primeira foi desenvolvida sobre-tudo em São Paulo, entre 1873 e 1903, e a segunda se deu principalmente em Sal-vador, de 1905 a 1935. Nos últimos anos de sua vida, dedicou-se ao livro História da Fundação da Cidade da Bahia, obra publi-cada postumamente em 1949. Teodoro morreu antes de completar o último capítulo, em 15 de outubro de 1937, no Rio de Janeiro, onde residia.

(As informações sobre essa personagem foram retiradas desse site e transcritas tal qual publicadas.

Acessado em: http://www.futura.org.br/acorcultura/main.asp?View={EC5CAD8E-DA92-4DAA-A22

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Esta é a primeira edição do livro O Tupi na Geographia Nacional, de Teodoro Sampaio, publicada em 1901.

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Antonieta de Barros

Nasceu em 11 de julho de 1901, em Flo-rianópolis (SC). Era filha de Catarina e Rodolfo de Barros. Órfã de pai, foi criada pela mãe. Depois dos estudos primários, ingressou na Escola Normal Catarinense.Antonieta teve que romper muitas barreiras para conquistar espaço que, em seu tempo, eram inusitados para as mulheres, e mais ainda para uma mulher negra. Nos anos 20, deu início às atividades de jornalista, criando e dirigindo em Florianópolis o jornal A Semana, mantido até 1927. Três anos depois, passou a dirigir o periódico Vida Ilhoa, na mesma cidade.

Como educadora, fundou, logo após ter se diplomado no magistério, o Curso Antonieta de Barros, que dirigiu até a sua morte. Lecionou, ainda, em Floria-nópolis, no Colégio Coração de Jesus, na Escola Normal Catarinense e no Colégio Dias Velho, do qual foi diretora no período de 1937 a 1945.Na década de 30, manteve intercâmbio coma Federação Brasileira pelo Pro-gresso Feminino (FBPF) como revela a correspondência entre ela e Bertha Lutz, hoje preservada no Arquivo Nacional.Na primeira eleição em que as mulhe-res brasileiras puderam votar e serem votadas, filiou-se ao Partido Liberal Catarinense e elegeu-se deputada esta-dual (1934-37). Tornou-se, desse modo, a primeira mulher negra a assumir um mandato popular no Brasil. Foi tam-bém a primeira mulher a participar do Legislativo Estadual de Santa Catarina. Depois da redemocratização do país com a queda do Estado Novo, concor-reu a deputada estadual nas eleições de 1945, obtendo a primeira suplência pela legenda do Partido Social Democrático (PSD). Assumiu a vaga na Assembléia Legislativa em 1947 e cumpriu seu man-dato até 1951.Usando o pseudônimo literário de Ma-ria da Ilha, escreveu o livro Farrapos de Ideias. Faleceu em Florianópolis no dia 28 de março de 1952.(As informações sobre essa personagem foram retiradas desse site e transcritas tal qual publicadas. Acessado em: http://www.tvbrasil.org.br/consciencianegra/txt_bio_

antonieta-barros.asp)

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Milton Santos

[...]Discutir a obra de um intelectual com as qualidades de Milton Santos exige um esforço coletivo e abrangente. Coletivo dado à diversidade de disciplinas que fazem uso de suas ideias. Abrangente graças aos diversos aspectos que ela abordou, durante uma carreira que al-cançou mais de 50 anos.

[...]Nascido em Brotas de Macaúbas, no interior da Bahia, em 03 de maio de 1926, esse brasileiro ganho o mundo por razões alheias a sua vontade. Porém, soube manter seus olhos nos arranjos sociais contemporâneos para construir

uma teoria original que serve à interpre-tação do mundo que parte da geografia, do território, envolvendo os habitantes dos lugares.Embora tivesse concluído o curso de Di-reito em 1948, Milton Santos ministrava aulas de Geografia no ensino médio na Bahia. Daí seu interesse pela disciplina que o lançou ao mundo das ideias e da reflexão política.Em 1958 obteve seu título de doutor em Geografia, na Universidade de Stras-bourg (França), passando a ensinar na Universidade Católica de Salvador e, de-pois, na Universidade Federal da Bahia, na década de 1960. Sua habilidade com as palavras e seu texto vigoroso rendeu--lhe a participação em jornais, como A Tarde, em Salvador na década de 1960 e, na de 1990, na Folha de S.Paulo, em São Paulo.Homem de ação política aceitou o convite para participar de governos no início da década de 1960 que culminou com sua prisão em 1964, por ocasião do golpe de estado implementado pelos militares ao Brasil. Foram 03 meses difíceis. Ao sair da prisão carregava consigo uma decisão: era preciso partir. O geógrafo ganhava o mundo.O começo de sua carreira internacional forçada ocorreu na França, onde traba-lhou em diversas universidades, como as de Toulouse (1964-1967), de Bourde-aux (1967-19680) e de Paris (1968-1971). Durante esses anos realizou estudos sobre a geografia urbana dos países pobres e produziu vários livros como Dix essais sur les villes des pays-sous--dévelopés (1970), Lês Villes du Tiers Monde (1971) e L’espace partagé (1975),

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traduzido como O espaço dividido: os dois circuitos da economia urbana, em 1978. Este último marca a expressão de uma de suas ideias originais: a existên-cia de dois circuitos da economia. O primeiro constituído pelas empresas, pelos bancos e firmas de seguros, ao qual chamava de rico. O segundo ex-pressado pela economia informal, por meio do comércio ambulante e dos demais circuitos pobres da economia.Da França partiu para vários países, vivendo de maneira itinerante e como professor convidado. Atuou em centros universitários, da América do Norte (Canadá, University of Toronto -1972-1973); Estados Unidos (Cambridge, Massachusetts Institute of Technology – 1971-1972, e Nova York, Columbia University– 1976-1977), da América Latina (Peru, Universidad Politécnica de Lima – 1973; Venezuela, Universidad Central de Caracas – 1975-1976) e da África (Tanzânia, University of Dar-es--Salaam – 1974-1976).Seu retorno ao Brasil decorreu de um acontecimento especial ao geógrafo baiano: a gravidez de sua segunda esposa, Marie Hélene Santos. Milton queria que seu segundo filho, Rafael dos Santos, nascesse baiano, como seu primogênito, o economista Milton Santos Filho, que faleceu poucos anos antes que o pai.Em 1978 estava de volta à vida uni-versitária brasileira. Mas trazia na bagagem uma obra que marcou, so-bretudo os geógrafos marxistas do país: “Por uma Geografia Nova”, que foi traduzida para vários idiomas em diversos países. Neste trabalho, Mil-ton Santos preconiza uma geogra-

fia voltada para as questões sociais.Entre 1978 e 1982 trabalhou como pro-fessor visitante na Faculdade de Arqui-tetura da Universidade de São Paulo – USP. Atuou também como professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro –UFRJ, onde permaneceu até 1983.Em 1983 ingressa em uma nova insti-tuição de ensino e pesquisa: O Depar-tamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, onde organizou congressos, ministrou aulas na graduação e na pós--graduação, pesquisou, produziu livros e formou alunos.A produção intensa desenvolvida no Departamento de Geografia da USP re-sultou na indicação para receber o prê-mio Vautrin Lud, que é considerado o Prêmio Nobel no âmbito da Geografia. Em 1994 Milton Santos foi o primeiro intelectual de um país pobre e o primei-ro que não tinha o inglês como língua pátria, agraciado com tal distinção.O prêmio internacional promoveu um redescobrimento de Milton Santos no Brasil. Passou a ser requisitado por órgãos de imprensa para entrevistas e depoimentos. Mas mantinha seu senso crítico a isso, afirmando que “um intelec-tual não pode falar todos os dias. É pre-ciso tempo para amadurecer as ideias“.Depois de 1994 sua vida foi marcada pelo reconhecimento de sua produção como geógrafo e intelectual crítico. Recebeu entre outras premiações, o de Mérito Tecnológico (Sindicato de En-genheiros do Estado de São Paulo, em 1995), Personalidade do Ano (Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento do rio de Janeiro, em 1997), 11ª. Medalha

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Chico Mendes de Resistência (Grupo Tortura Nunca Mais, em 1999), O Bra-sileiro do Século (Isto é, 1999), Multicul-tural 2000 Estadão (O estado de S.Paulo, em 2000). Fora do país, recebeu, entre outros prêmios, a Medalha de Mérito (Universidad de La Habana – Cuba, em 1994) e o prêmio UNESCO, catego-ria Ciência (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, em 2000).Ampliou também sua série de honrarias universitárias como os títulos de Doutor Honoris Causa em Universidades como a Université de Toulouse (1980), Univer-sidad de Buenos Aires (1992), Univer-sidad Complutense de Madrid (1994),

Universidade de Barcelona (1996), entre tantas outras, incluindo mais de uma dezena no Brasil, onde ainda recebeu o título de Professor Emérito da Fa-culdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Pau-lo, em 1997.Após o diagnóstico de um câncer em 1994, ao contrário de esmorecer, intensi-ficou o seu trabalho de intelectual, para perplexidade dos que o acompanhavam de perto, até a data de seu falecimento em 24 de junho de 2001.

(As informações sobre essa personagem foram retiradas desse site e transcritas tal qual publicadas. Acessado

em: http://miltonsantos.wordpress.com/biografia-de-milton-santos/)

Sobre Carolina Maria de Jesus, Ve-rena Leite de Brito e Maria Dimpina Lobo Duarte, elaborei pesquisas e, a seguir, apresento as autoras, relevan-do suas importantes contribuições para a cultura afro-brasileira.

Carolina Maria de JesusO interesse despertado por Caro-

lina de Jesus está relacionado a sua história de vida e à consagração dos seus escritos, principalmente com o livro Quarto de Despejo (1960), tradu-zido em 13 idiomas. Outro aspecto importante é sua contribuição para explicar a realidade social em que vi-viam a população pobre e os negros.

Natural de Sacramento, Minas Gerais, onde nasceu em 1914 e onde viveu sua infância e adolescência. Migra com sua mãe para São Paulo e vai viver na favela Canindé, nas proximidades do Rio Tietê. Mãe de

três filhos, João José, Vera Eunice e José Carlos, vivencia um contexto de adversidade marcado pelo precon-ceito racial e social.

A trajetória de Carolina se con-funde com seus escritos, em que denunciava as dificuldades e a se-

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gregação racial representada pela periferia. Estudou até seus 08 anos - os primeiros anos da fase primária de alfabetização - depois passou a desenvolver por conta própria sua aprendizagem.

A alfabetização da população ne-gra foi um tema obsessivo na vida de Carolina. Para ela, os critérios de alfabetização formal cumpriam a função de mudar a vida das pessoas.

Para Meihy (2004, p. 47, grifos do autor):

O inventário da vida de Carolina até a chegada a São Paulo deixa entrever alguns aspectos fundamentais para o seu futuro. O primeiro livro lido foi Escrava Isaura e a Vida de Santa Tereza. O primeiro livro comprado foi Primavera, de Cassimiro de Abreu (...). A consciência de que sabia ler e, mais do que isso, do que podia escrever garantiu-lhe o ingresso em um novo mundo que comprometia a rigidez do destino dos negros não alfabetizados.

Carolina foi descoberta pelo re-pórter Audálio Dantas que, por oca-sião de um trabalho de reportagem sobre a favela de Canindé, tomou conhecimento deseus escritos, nos quais ela registrava os problemas da favela e as dificuldades que viven-ciava. Maravilhado com os escritos da autora, põe-se a auxiliá-la, orga-nizando e fazendo a apresentação de sua produção a um editor, que publicou seu primeiro livro.

Daí para ser conhecida no mundo foi rápido. Seus livros deram suporte a uma extensa leitura e análise sobre

a realidade nas favelas, até então pouco conhecida naquele período, e até hoje contribuem para pensar a realidade racial brasileira.

A autora concebeu sua vida como obra, registrando diariamente suas experiências com a miséria e discri-minação racial. Por meio de diários, expressava seu estilo e a narrativa nas suas obras: Quarto de despejo (1960); Casa de alvenaria (1961); Pro-vérbios (1963); Pedaços da fome (1963) e Diário de Bitita (1986-memória pós-tuma) eram marcados pela denúncia dos problemas sociais e raciais.

Sobre o livro Quarto de despejo, Meihy (2004) faz a seguinte obser-vação: “irrompeu como um cometa radiante riscando o céu tisnado de figuras populares como a escritora” (p.20, grifos do autor).

‘Quarto de Despejo’ inspirou diver-sas expressões artísticas como a letra do samba ‘Quarto de Despejo’ de B. Lobo; como o texto em debate no livro ‘Eu te arrespondo Carolina’ de Herculano Neves; como a adaptação teatral de Edy Lima; como o filme realizada pela Televisão Alemã, uti-lizando a própria Carolina de Jesus como protagonista do filme ‘Des-pertar de um sonho’ (ainda inédito no Brasil); e, finalmente, a adaptação para a série ‘Caso Verdade’ da Rede Globo de Televisão em 19831.

1 Trecho retirado do site:: http://esperanca-garcia.blogs-pot.com/2010/07/biografia-carolina-maria-de-jesus.html

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De empregada doméstica e cata-dora de papel à escritora, graças ao seu gosto pela leitura, Carolina em seus próprios escritos deixou trans-parecer seu apego e a importância que dava aos livros. Por ocasião de sua mudança para São Paulo: “encaixotava os meus livros, a única coisa que realmente eu venerava” (MEIHY, 2004, p. 47).

Pesquisas recentes busca organizar sua biografia para trazer ao presente a memória de Carolina. Dois textos assinados por ela, ainda que pouco, pode auxiliar nesse processo. Um de-les é intitulado de Minha vida e outro o Sócrates africano, referindo-se ao seu avô. Conjuntamente, esses textos in-formam um pouco sobre suas visões de mundo e de sua família.

Carolina morreu aos 62 anos, em 1977, deixando expostos em seus escritos a realidade de desigualdade social e racial inconteste, que ela sempre denunciou de forma inci-siva, causando desagrados à elite política da época, o que lhe custou um silenciamento até hoje sobre si e seus escritos.

Verena Leite de Brito Verena de Leite Brito desponta na

memória negra mato-grossense como mulher de grande liderança e pela sua contribuição na educação. Nasceu em Vila Bela da Santíssima Trindade, pri-meira capital de Mato Grosso, numa importante família local. Filha de Nilo Leite Ribeiro, que lhe deu o nome de uma flor de grande beleza que aflora na estação primaveril.

Em meio as poucas possibilidades e dificuldades de acesso a uma carrei-ra intelectual, Verena construiu uma trajetória marcada pela preocupação com a educação das crianças, com a saúde e os problemas sociais viven-ciado por todos na região onde viveu.

De forte compromisso religioso, vivenciou a Teologia da Libertação, na igreja católica. Era benzedeira e fazia parte da Irmandade de São Be-nedito, onde contribui para manter a tradição cultural negra, peculiar da cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade, devida a forte presença negra. Com rezadeira e benzedeira,

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gozava de grande prestigio e au-toridade na comunidade. “Verena assumiu a missão de coordenar, além da catequese das crianças, as práticas religiosas da comunidade: organizar a festa de São Benedito, do Divino e das Três Pessoas [...]. Confortava quem estava no fim da vida, dando-lhe extrema-unção”. (GONÇALVES, 2000, p. 56).

Com o mesmo afinco como pro-fessora, Verena assumiu a posição de rezadeira, desenvolvendo serviços comunitários. Amplia as atividades de rezadeira com a de mestre e zela-dora. O papel de zelador, comumen-te assumido pelos homens, era de hospedar o bispo e padres, ficavam responsáveis pelos casamentos e escrituração dos registros religiosos. Todas essas atividades passaram a ser desenvolvida por Verena, con-forme Gonçalves (2000).

Como possuía grande preocupa-ção social, buscava sempre colaborar com as pessoas mais necessitadas, aliou a sua prática social a função de enfermeira, assim, dedicava--se com competência ao exercício da profissão. Segundo Gonçalves (2000), nessa área Verena, realizava atividades de primeiros socorros, vacinação e aplicações de injeções, a partir dos devidos diagnósticos e prescrição médica. Como agente de saúde aliava os conhecimentos da medicina popular, respeitando os conhecimentos e cultura local.

Mas foi na educação seu maior legado. Desde muito cedo se preocu-

pou se com a instrução da população local. Sua dedicação em colaborar com a educação das crianças era tan-ta que chegou a transformar sua casa em sala de aula, para que as crianças sem acesso à formação escolar, por-que viviam na zona rural da região, pudessem estudar. Devido a sua formação e competência, no inicio dos anos de 1940, já lecionava numa escola local, em todos os períodos, chegando a ser diretora.

Possuidora de uma visão peda-gógica avançada, rompe com a ideia tradicional de educação, abolindo o uso de palmatória nas suas aulas e a separação entre meninos e meninas em sala de aula. Defendia a impor-tância da relação professor e aluno no processo educativo e a ampla partici-pação dos pais no acompanhamento da vida escolar dos filhos. Aliado a isso, investia na prática de ensino que tornasse o processo de aprendizagem mais prazerosa, incluía a música, o te-atro e o desenho como instrumentos no processo de aprendizagem.

Para sua época, Verena traduzia um novo pensamento pedagógico no que refere ao processo de apren-dizagem e ensino. Ela morreu em 1977 e faz parte da memória negra, especialmente a vilabelense, tida como uma importante mulher na história da educação local. Um ano depois da sua morte foi homenage-ada pela comunidade que registrou o nome do estabelecimento de ensino onde trabalhou como Escola Esta-dual Verena Leite de Brito.

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Maria Dimpina Lobo Duarte

A primeira funcionária pública do estado de Mato Grosso. Assim, Ma-ria Dimpina Lobo Duarte se insere na história mato-grossense. Nasceu em Cuiabá no ano de 1891. Rompe as barreiras machista, torna-se uma importante militante dos direitos da mulher e encabeça a luta em Mato Grosso pelo direito ao voto feminino.

Desde muito cedo, dedica-se aos estudos. Foi à primeira aluna a ingressar no Liceu Cuiabano, pois, até o seu ingresso, na Instituição só estudava homens. Formada em Ciências e Letras, ainda muito jovem ingressa no magistério, dedicando-se a essa profissão. Mais tarde fundou um Colégio Particular, o Colégio São Luiz.

Juntamente com um grupo de mulheres, em 1916, fundou o Grê-mio Literário Júlia Lopes, e a revista A violeta, e nela exerceu a função de

diretora e redatora. Essa Revista cir-culou no Estado por mais ou menos 40 anos.

Veja abaixo um trecho de um dos seus artigos, publicado na revista A violeta:

Já vão bem longe os tempos em que se cogitava de educar a mulher ape-nas para o lar. Instruída era aquela que completava o curso primário findo o qual, ou em o próprio lar ou fora dele, aprendia a confeccionar roupas, a fazer os serviços de copa, cozinha, enfim, todos os que dizem respeito ao interior da casa, cujo go-verno lhe era destinado ou por força de casamento, ou, se ficasse solteira, como administrado domestica em casa dos pais ou parentes com quem fosse obrigada a residir.Desapareceu completamente essa nora educativa e, de um momento para outro, viemos deparar com um outro sistema que forma a mulher moderna, a que concorre com o homem para os cargos públicos, a que enfrenta os concursos das repartições, a que, enfim, cursando escolas superiores, conquista altas colocações na sociedade, o que, no entanto, a prática já demonstrou, não dirime as funções que lhe são atinentes de esposa e mãe porque o coração dita leis às quais o cérebro se suborna (DIMPINA, Maria. “Educa-ção doméstica”. A violeta. 5 jan. e fev. de 1946, p. 327, 328).

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De um brilhantismo intelectual invejável, participa do concurso na-cional para trabalhar nos Correios e Telégrafos, passando em primeiro lugar. Da mesma forma, conseguiu o primeiro lugar num concurso lite-rário de âmbito nacional, promovido pelo Jornal do Comércio do Rio de Janeiro.

Após se casar com um militar, começa a acompanhar seu marido nas transferências de cidades. Fren-te a essa situação, depara-se com problemas em assegurar sua vaga no serviço público. Começa a en-campar mais uma luta, a de garantir que as mulheres de militares não perdessem seus concursos em de-corrência de terem de acompanhar os maridos militares transferidos. Para tanto, utiliza-se de seu poder de escrita e argumentação, solicita junto ao presidente Getúlio Vargas, que fosse assegurado os concursos públicos das mulheres nesses casos. Suas argumentações foram aceitas pelo então presidente da república e abriu, mais tarde, precedentes para regularização de situações se-melhantes em outras categorias de servidores públicos.

Assim, Maria Dimpina, se ins-creveu na história de Mato Grosso, através da luta pelos direitos femi-ninos. Morre em 1966 em Cuiabá. Atualmente, nessa mesma cidade, existe uma escola municipal, que leva o seu nome em homenagem e reconhecimento à importância da sua história tão pouco conhecida no Estado e no Brasil.

3. A arte afro-brasileiraTambém são muitas e de grande

valor as produções dos afro-brasi-leiros nas artes plásticas. Por falta de espaço, apresentaremos apenas algumas imagens das produções desses artistas. Essa amostra, ainda que mínima, possibilita pensarmos na qualidade das obras de arte elabo-rada pelos negros brasileiros.

Pode-se dizer que o valor do signi-ficado das contribuições dos negros nas artes do Brasil é a expressão de um sentimento profundo e a afir-mação de um povo, cuja obra que está exposta a julgamento de todos (ARAUJO,2010).

Raimundo da Costa e Silva. Nossa Senhora do Carmo. Seculo XVIII. Óleo sobre tela. Igreja da Ordem Terceira do

Carmo, Rio de Janeiro, RJ.

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Antonio Rafael Pinto Bandeira. Habitação na raiz da Serra da Estrela, 1897. Óleo sobre tela 28 x45,5 cm. Iphan, RJ.

Maria Auxiliadora da Silva. A colheita de cactos, 1978. Óleo sobre papelão, 57x68 cm. Coleção Particular.

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Estevão Roberto da Silva, Natureza morta, 1884. Óleo sobre tela. Coleção particular.

Otavio Araújo (São Paulo). A tentação de Santo Antonio,1987. Óleo sobre tela, 73x 54 cm. Coleção particular.

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Antonio Bandeira (Fortaleza,CE – Paris, França 1967) Arvores negras em bonina, 1951. Oleo sobre tela, 56 x 47 cm. Coleção particular.

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Gervane de Paula (Cuiabá MT, 1962) – Tela, Bichos, 1987. Acrilica s/tela. 150 x 150 cm. Coleção particular.

Yedamara (Salvador-BA, 1940) – Barcos. Óleo sobre tela. Coleção particular.

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Nominata sobre alguns artistas e intelectuais negros

Aqui, segue uma nominata encon-trada no livro A mão afro-brasileira, que traz referências importantes sobre in-telectuais e artistas negros brasileiros na formação cultural do país.

Observamos que no livro A mão afro-brasileira somente estão inclusas a relação de nomes das personali-dades negras que já morreram. Elas estão relacionadas em categorias como: arquitetura; engenharia; ci-ências sociais; cinema; diplomacia; educação; esporte; filologia; filoso-fia; folclore; fotografia; geografia; indústria; invenções; jornalismo; literatura; magistério; magistratura, procuradoria, promotoria e advo-cacia; militares; movimento de liber-tação; música; política; psiquiatria; religião e teatro.

Abaixo, segue parte da relação dessas categorias, bem como a dos nomes originalmente inclusos.Arquitetura ArquitetoRODRIGUES, António, FernandesMariana, MG, séc. XVIII –...2 gravador ativo em Lisboa

EngenhariaEngenheirosSAMPAIO, Teodoro Fernandes. - Bom Jardim, município de Santo Amaro, BA, 1855 – Rio de Janeiro, RJ, 1937, geógrafo, cartógrafo, urbanista, arquiteto, historiador,

2 desconhecidas as datas de nascimento e falecimento.Helio Oliveira (Salvador, 1929). Iaô. Xilogravura.

Coleção particular

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sociólogo, literato, tupinólogo e político. Um dos organizadores da Escola Politéc-nica de São Paulo.SILVA, Alfredo Índio do Brasil:...3 RS, 1853 – entre Santo Antonio e Manaus, AM, 1883, engenheiro da Comissão de Estudos da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.

Ciências SociaisSociólogoRAMOS. Alberto Guerreiro.: Santo Amaro da Purificação, BA, ? – Los Angeles, Es-tados Unidos, 1982, sociólogo e político brasileiro. Figura de grande relevo da ciência social no Brasil. Foi deputado federal pelo Rio de Janeiro e membro da delegação do Brasil junto à ONU. É autor de dez livros. Professor visitante da Universidade Federal de Santa Catarina, professor da Ebap (Es-cola Brasileira de Administração Pública) e da Fundação Getulio Vargas. Pronunciou conferências em Pequim, Belgrado e na academia de Ciências da extinta União So-viética. EM 1955, foi conferencista visitante da Universidade de Paris. Nos anos de 1972 e 1973 foi visiting fellow da Yale University e professor-visitante da Wesleyan Universi-ty. Deixou o país em 1966, radicando-se nos Estados Unidos, onde passou a ensinar na Universidade do Sul da Califórnia.

DiplomaciaALVES, Manuel.:Embaixador de D. João VI e D. Pedro I, tomou parte ativa na Sa-binada, em 1837. Cavalheiro da Ordem de Cristo. Recolhido às gáles do Arsenal da Marinha, ali morreu.CRUZ, Antonio Gonçalves, o Cabugá: Re-cife, PE, 1970 – Chuquisaca, Bolívia, 1833,

3 desconhecida a cidade de nascimento.

participou da Revolução de 1813. Após a Independência, foi nomeado cônsul-geral do Império do Brasil junto ao governo americano, para tratar do reconhecimento do novo Estado. Não chegou a tomar posse, pois nunca lhe veio às mãos a carta de nomeação. Encarregado de negócios e cônsul-geral na Bolívia em 1831.

EducaçãoABREU, Luciana de: Porto Alegre, RS, 1847 -...4, professora primária, conferencista e abolicionista. Seus biógrafos a consideram a primeira mulher a discursar em público defendendo os direitos de seu sexo.BARROS, Antonieta de: Florianópolis, SC, 1901 -1952, jornalista, escritora, primeira mulher eleita à Assembléia Legislativa de Santa Catarina (1935).

Esporte BoxeBARBOSA, JR., Romeu. Pugilista, despe-diu-se dos ringues em 1963.CapoeiraBIMBA, Mestre. Falecido em Salvador, BA.PASTINHA, Mestre. Falecido em Salva-dor, BA.

Futebol

JogadoresFAUSTO, o “Maravilha Negra”. Falecido em Palmira, MG, 1939.FRIEDENREICH, Artur, “El Tigre”. São Paulo, 1892 – Idem, 1969, também ator de cinema.GARRINCHA. Pau Grande, RJ, 1933 – Rio Janeiro, RJ, 1983, campeão Mundial.

4 desconhecida a cidade de falecimento.

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TécnicosGLORIA, Otto. Rio de Janeiro, RJ, 1919 – Idem, 1986

FilologiaMURICI, João da Veiga. Salvador, BA, 1806-1890, autor de compêndios de gra-mática, lecionou francês, latim, português, grego e filosofia. Compositor, flautista e violonista.NASCENTES, Antenor. Rio de Janeiro, RJ, 1886-1972, autor de vários compêndios de gramática, professor e advogado.

FilosofiaMENEZES, Tobias Barreto de. Campos do Rio Real, SE, 1839 – Recife, PE, 1889, poeta, fundador da Escola Condoreira, lente da Faculdade de Direito do Recife, dedicou-se à critica filosófica, religiosa, política e jurídica.

IndústriaREIS, João Manso Pereira dos...5 MG, 1750 – Angra dos Reis, RJ, 1820, de alcunha, “O QUÍMICO”. Sua indústria de porcelana funcionou na ilha do Governador, RJ, mas não foi adiante por falta de capitais e mão de obra especializada. Aperfeiçou-se em trabalhos de charão.

InvençõesLUCAS, Padre Dr. José Joaquim. Vigário do bairro de Inhaúma, Rio de Janeiro, na década de 1930, inventou máquina de escrever música.SOUSA, Julio César Ribeiro de. São José do Acará, PA, 1843 – Belém, PA, 1887, jorna-lista e poeta satírico. Inventou um aeróstato a que deu o nome de Balão Planado. Em

5 Desconhecida a cidade de nascimento.

1881 apresentou ao Instituto Politécnico do Brasil sua “Memória sobre a navegação aérea”. Em Paris, fez construir os aeróstatos Vitória, Santa Maria de Belém e Cruzeiro, com os quais realizou experimentos na capital francesa e no Rio de Janeiro.

JornalismoRio Grande do Sul.CASTRO, Apulcro de. Redator de O Cor-sário, assassinado no Rio de Janeiro, em 25 de outubro de 1883.MAGALHÃES NETO, José Vieira Cou-to de. São Paulo, SP, 1910-1937, poeta e orador.NASCIMENTO, Deocleciano. Fundou em São Paulo, em 1915, o jornal O Menelick, primeiro órgão da imprensa do país.ROCHA, Justiniano José da. Rio de Janeiro, RJ, 1812 – Idem, 1862, bacharel em Direito, deputado à Assembléia Nacional, professor do Colégio D. Pedro II e da Escola Central. Fundou sete jornais no Rio de Janeiro.ROSA, Francisco Otaviano de Almeida. Rio de Janeiro, RJ, 1825 – Idem, 1889, poeta, deputado, senador, enviado extraordinário e ministro plenipotenciário ao Rio da Prata, onde negociou o Tratado da Tríplice Alian-ça. Colaborou na redação da Lei Do Ventre Livre (1871). Diretor do Diário Oficial e de várias publicações. Cognominado “A Pena de Ouro” da imprensa brasileira.VEIGA, Evaristo Ferreira da. Rio de Janei-ro, RJ, 1799 -1837, livreiro, tradutor, poeta, membro do Instituto Histórico da França e da Arcádia Romana. Dirigiu o Jornal Flu-minense e foi o mais importante jornalista de sua época.

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LiteraturaCantadoresCEGO ADERALDO. Crato, CE, 1878 – Fortaleza, CE, 1967.ASSIS, Manuel Tomás de. Alagoas Nova, PB, 1899 -...6 Por mais de 55 anos imprimiu e vendeu seus folhetos de cordel.BARBOSA, Chica (Chica Barroso). Patos, PB, fins do séc. XIX -...7, PB, 1916.CALUETE, Francisco Romano. Teixeira, PB, 1840-1891.CATINGUEIRA, Inácio da. Catingueira, PB, 1845-1881, ex-escravo, célebre por seus desafios.QUEIMADAS, Fabião das. Santa Cruz, RN, 1848-1928, escravo que, com dinheiro que ganhava em cantorias, comprou sua alforria, a de sua mãe e a de uma sobrinha, com quem casou.RIO PRETO. Cangaceiro, terror da ribeira do Rio do Peixe, PB, no século passado.SANTO AMARO, Cuíca de. Salvador, BA,...8, faleceu em 1965. Intitulava-se “Po-eta Proletário”, “Repórter-poeta” e “Ele, o Tal”. Ator de cinema.

Conto, crônica, ensaio, romance e teatroALMEIDA, Joaquim Garcia Pires de. Rio de Janeiro, RJ, 1844-1873, dramaturgo e poeta.ANDRADE, Mário de. São Paulo, SP, 1893-1945, Crítico literário, musica e de artes, contista, romancista, folclorista, mu-sicólogo. Foi um dos chefes do Movimento Modernista. Fundou o Departamento de

6 desconhecida a data de falecimento.7 desconhecida a data de nascimento.8 desconhecida a data de nascimento.

Cultura da Prefeitura de São Paulo e foi um dos fundadores do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.ASSIS, Machado de. Rio de Janeiro, RJ, 1839 -1908. Romancista, poeta, cronista, jornalista, critico literário e teatral, dra-maturgo, tradutor, primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras.BARRETO, Lima. Rio de Janeiro, RJ, 1839 - 1922. Comediógrafo e um dos maiores romancistas de sua geração.CARNEIRO, Edson de Sousa. Salvador, BA, 1912 – Rio de Janeiro, RJ, 1972, ad-vogado, etnólogo, folclorista, autor de im-portantes estudos sobre as religiões negras.COLAÇO, Felipe Néri....9, PE, 1813 -..,10 Bacharel em Direito.DEIRÓ, Eunápio. Santo Amaro da Purifi-cação, BA, 1829 -1910, orador, jornalista, historiador, literato, deputado à Assembléia Provincial e Geral.FERRAZ, Geraldo. Campos Novos, SP, 1905 – São Paulo, SP, 1979, crítico de arte e romancista.FUSCO, Rosário. São Gonçalo, município de Rio Branco, MG, 1910 – Cataguases, MG, 1977, dramaturgo, romancista.GARCIA, Antonio José Nunes. Rio de Janeiro, RJ,...11 tipógrafo, dramaturgo, poeta e ourivesGÓES, Fernando...12 1915 – São Paulo, SP, 1979, ensaísta, organizou antologias do conto brasileiro.PATROCINIO FILHO, José do. Rio de Janeiro, RJ, 1885 – Paris, França, 1929, cro-

9 desconhecida a cidade de nascimento.10 desconhecida a data de falecimento.11 desconhecidas as datas de nascimento e falecimento.12 desconhecida a cidade de nascimento.

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nista, empresário teatral, escreveu revistas musicadas. Roteirista de cinema, um dos primeiros produtores de cinema do Brasil.PEREIRA, Nunes. São Luis, MA, 1893 – Rio de Janeiro, RJ, 1985, etnólogo e folcloristaREIS, Maria Firmina dos. São Luís, MA, 1825-1917, professora de primeiras letras. Seu romance Ursula passa por ser o primeiro livro abolicionista escrito por uma mulher entre nós.ROCHA, Lindolfo Jacinto. Grão Mogol, MG, 1862 – Salvador, BA, 1911, magistrado, jurista, poeta e romancista.SOUSA, Antonio Gonçalves Teixeira e. Cabo Frio, RJ, 1812 – Rio de Janeiro, 1861, poeta, dramaturgo. Publicou, em 1843, O Filho do pescador, considerado o primeiro romance brasileiro de certo valor literário.

Oratória parlamentar e sacraVIEIRA, Padre Antonio. Lisboa, Portugal, 1608 – Salvador, BA, 1697, celebrizou-se por seus sermões e foi ardente defensor da liberdade dos índios.VIEIRA. Cardoso...,13 PA. Rio de Janeiro, RJ, 1883, jornalista, filólogo.

PoesiaALVARENGA, Manuel Inácio da Silva. São João Del Rei, MG, 1749 – Rio de Janeiro, RJ, 1814, capitão-mor das Milícias dos Homens Pardos, advogado, professor régio de Retórica e Poética, músico (rabequista). Participou da Inconfidência Mineira.ALVES, Antonio de Castro. Fazenda Ca-beceiras, Curralinho, BA, 1847, - Salvador, BA, 1871, cognominado “O poeta da Abolição”. Foi o maior representante da

13 desconhecidas a cidade e data de nascimento.

Escola Condoreira e um dos maiores vultos do romantismo brasileiro.ALVES, Guilherme de Castro. Fazenda Cabeceiras, Curralinho, BA, 1852 -1877BARBOSA, Padre Domingos Caldas. Rio de Janeiro, RJ, c. 1739 – Lisboa, Portugal, 1800, o Lereno Selunitinio, dramaturgo, capelão da Casa de Suplicação de Lisboa, recebido na Arcádia Romana. Guitarrista e violinista, acompanhava-se em modinhas de sua autoria.BILAC, Olavo. Rio de Janeiro, RJ, 1865 -1918, jornalista, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, abolicionista, republicano, poeta parnasiano.CAMPOS, Astério Barbosa de. Amargosa, BA, 1880 -...14, poeta simbolista.CASTRO, Galdino de. Salvador, BA, 1882 -...15, poeta, simbolista, médico.COSTA, Cyro....16, 1879 -1937, historiador.CRESPO, Antonio Cândido Gonçalves. Rio de Janeiro, RJ, 1846 – Lisboa, Portugal, 1883, poeta parnasiano, viveu quase a vida toda em Portugal.DIAS, Antônio Gonçalves. Caxias, MA, 1823 -1864, poeta romântico, dramaturgo, jornalista, professor, formado em Direito, em Coimbra. Primeiro catedrático de histó-ria do Brasil no Colégio Dom Pedro II, na Corte. Morreu em um naufrágio.DIAS, Teófilo Odorico de Mesquita. Caxias, MA, 1857 – São Paulo, SP, 1889, advogado e jornalistaFONTES, Hermes. Buquim, SE, 1888 – Rio de Janeiro, RJ, 1930, jornalista e letrista.

14 desconhecida a data de falecimento15 desconhecida a data de falecimento.16 desconhecida a cidade de nascimento e falecimento.

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GAMA, José Basílio da. Vila de São José (atual Tiradentes), MG, 1741 – Lisboa, Portugal, 1795, cursou aulas de Direito em Coimbra e entrou aos 23 anos para a Arcádia Romana. Um dos fundadores da Academia Literária, no Brasil (1780).LIMA, Jorge de. União dos Palmares, AL, 1895 – Rio de Janeiro, RJ, 1953, médico, vereador, deputado estadual, professor da Universidade do Distrito Federal e da Universidade do Brasil.MANGABEIRA, Francisco Cavalcanti. Salvador, BA, 1879 – Gurupi, MA, 1904, médico.MEIRELES FILHO, Saturnino Soares de. Rio de Janeiro, RJ, 1878 – Idem, 1906, poeta simbolista.RABELO, Laurindo José da Silva. Rio de Janeiro, RJ, 1826 – Idem, 1864, médico militar, dramaturgo, poeta satírico e lírico.REGO, João de Deus, PA,...17 Publicou Pri-meiras Rimas, seu livro de estréia, em 1888.RICARDO, Cassiano: São José dos Cam-pos, SP, 1895 – São Paulo, SP, 1974, poeta modernista, ensaístaROSA, Laura: Caxias, MA,...18 MA. Foi a primeira mulher a entrar para a Academia Maranhense de Letras, na década de 1930.SALDANHA, José da Natividade:...19, PE, 1795, Colômbia, 1830, bacharel em Direito por Coimbra, professor de Humanidades em Bogotá, na Colômbia, condenado à morte por sua participação na Revolução de 1824. Fugiu para os Estados Unidos e de lá passou para a França, a Inglaterra, a Venezuela e a Colômbia.

17 desconhecidas a cidade,data de nascimento e falecimento.18 desconhecidas as datas de nascimento e falecimento.19 desconhecidas a cidade de nascimento e data de fale-

cimento.

SOUSA, Henrique Castriciano de. Macaí-ba, RN, 1874 – Natal, RN, 1947, primeiro presidente da Academia Rio-Grandense de Letras.SOUSA, João da Cruz e. Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis), SC, 1861 – Sítio, MG, 1898, poeta simbolista e jornalista engajou-se na campanha pela abolição.TITARA, Major Ladislau dos Santos. Capu-ame, BA, 1801 – Rio de Janeiro, RJ, 1861, participou das guerras de independência, na Bahia. Compositor.TRINDADE, Solano. Recife, PE, 1908 – Rio de Janeiro, RJ, 1974, folclorista, funda-dor do Teatro Popular Brasileiro. Em 1936 fundou a Frente Negra Pernambucana e o Cento de Cultura Afro-Brasileiro.

EditoresBRITO, Francisco de Paula. Rio de Janeiro, RJ, 1809 -1861, tipógrafo, editor, jornalista, tradutor, dramaturgo, litógrafo e poeta. Edi-tou cinco jornais, entre eles, O Homem de Cor (1833), título alterado mais tarde para O Mulato ou O Homem de Cor, primeiro jornal brasileiro dedicado à luta contra os preconceitos de raça.

MagistérioIdiomasA L A K I J A , P o r f í r i o M a x w e l l Assumpção:...20, Nigéria, – Salvador, BA. Professor de Inglês, na capital Baiana, nas primeiras décadas do século XX, e colabo-rador de Nina Rodrigues.CARMO, José Santana do.:...21, BA, – São Paulo, SP. Professor de japonês da Aliança Cultura Brasil- Japão, São Paulo.

20 desconhecidas a cidade e data de nascimento, data falecimento.

21 desconhecidas as datas de nascimento e falecimento.

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Ensino universitárioCARVALHO, Cônego Ribamar.: MA,...22, – São Luís, MA. Foi reitor da Universidade Federal do Maranhão.CRUZ, Alcides de Freitas: Porto Alegre, RS, 1878 -...23, Magistrado, deputado estadual, professor da Faculdade Livre de Direito de Porto Alegre.MENEZES, Francisco da Conceição: BA,...24 Salvador, BA, ?, Educador, profes-sor da Universidade Federal da BahiaMENEZES, Inácio de: BA....25 Salvador, BA, professor da Universidade Federal de São Carlos, SP.OLIVEIRA, Eduardo de Oliveira e....26, 1923 – São Paulo, SP, 1980, historiador, professor da Universidade Federal de São Carlos, SP.ROCHA, Albano da Franca. BA,...27, – Sal-vador, BA, engenheiro, professor da Escola de Engenharia da Bahia.

Magistratura, procuradoria, promotoria e advocacia

MagistraturaANTÍGONO, Leandro Paulo. Foi juiz de Direito no estado do Amazonas.BENJAMIM, Perilo de Assis, BA,...28, BA, de-sembargador do Tribunal de Justiça da BahiaFARIA, Júlio César de. Caetité, BA, 1873-

22 desconhecidas as cidades, datas de nascimento e faleci-mento.

23 desconhecida a data de falecimento.24 desconhecidas as datas de nascimento e falecimento.25 desconhecidas a cidade de nascimento, as datas de

nascimento e falecimento.26 desconhecida a cidade de nascimento.27 desconhecidas a cidade, a data de nascimento e faleci-

mento.28 desconhecidas a cidade, a data de nascimento e faleci-

mento.

São Paulo, SP,...29, desembargador, presi-dente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.LACERDA, Anselmo Pereira de. Foi Juiz de Direito no Estado do Amazonas.G O M E S , C l e ó b u l o C a r d o s o , BA,...30,desembargador do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia.LIMA, Herotides da Silva. São Paulo, SP,...31 desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São PauloSANTOS, José Cuba dos.: SP,...32, juiz de Direito em várias comarcas do Estado de São PauloSARAIVA, Canuto José. Areias, SP, 1854 – Rio de Janeiro, RJ, 1919, ministro do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e ministro do Supremo Tribunal Federal SENA, Jardelino, BA, 1865 -...33, RS, desem-bargador do Supremo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.PromotoriaAURÉLIO JÚNIOR. Porto Alegre, RS, 1874 -...34, promotor público, juiz de Di-reito, jornalista.MONTE, Valentim. Penedo, Al, 1865 -...35, promotor público, juiz de Direito em Porto Alegre. Advocacia.MORAIS, Antonio Evaristo de. Rio de Janeiro, RJ, 1871- 1939, professor, histo-riador, sociólogo e jornalista, presidente da Sociedade Brasileira de Criminologia.

29 desconhecida a data de falecimento.30 desconhecidas as datas de nascimento e falecimento.31 desconhecidas as datas de nascimento e falecimento.32 desconhecidas as data de nascimento e falecimento.33 desconhecidas a cidade de nascimento, a cidade e data

de falecimento.34 Desconhecida a data de falecimento.35 Desconhecida a data de falecimento.

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PRADO, Armando da Silva. São Paulo, SP...36 advogado no foro de São Paulo.REBOUÇAS, Conselheiro Antonio Pereira. Maragojipe, BA, 1787 – Rio de Janeiro, RJ, 1880, Advogado provisionado; conselheiro geral, na Província da Bahia, do Conselho do Imperador; historiador, jurista, memo-rialista; defendeu a extinção da escravidão.

MedicinaAQUINO, João Tomás de. Clinicou em São Paulo na década de 1940.CASTRO, Tito Lívio de. 1864-1890...37, escritor, vice-diretor do Asilo Nacional de Alienados, RJ.CONCEIÇÃO, Olga, BA...38, Salvador, BA.COUTINHO, José Lino.... 39BA, 1784 – Sal-vador, BA, 1836, formado em medicina por Coimbra. Fazia parte do Conselho do Impe-rador, médico honorário da Imperial Câma-ra. Professor da Faculdade de Medicina da Bahia. Escreveu sobre medicina e filosofia. Participou das guerras da independência na Bahia. Em Falmouth, Inglaterra, redigiu o manifesto de 1822. Foi ministro do Império, após abdicação de Dom Pedro I.DIAS, Soares. Vassouras, RJ, 1864 – Rio de Janeiro, RJ...40, médico homeopata, formado pela Escola Hahnemanniana do Rio de Janeiro.FONSECA, Luis Anselmo da. Santo Ama-ro da Purificação, BA...41, 1853 - 1929, lente de física médica da Faculdade de Medicina da Bahia. Autor de livros sobre medicina, historiador.

36 desconhecidas as data de nascimento e falecimento.37 desconhecidas as cidades de nascimento e falecimento.38 desconhecidas a cidade, a data de nascimento e faleci-

mento.39 desconhecida a cidade de nascimento.40 desconhecida a data de falecimento.41 desconhecidas a cidade de nascimento e falecimento.

JR., José Maurício Nunes. Rio de Janeiro, RJ, 1808 -...42, médico-cirurgião, estudou música com o pai, o padre José Maurício Nunes Garcia, e pintura com Debret. Publicou obras de medicina e Mauricianas, coleção de músicas.HOMEM, Barão de Torres – João Vicente Torres Homem. Rio de Janeiro, RJ, 1837- idem, 1887, médico da Imperial Câmara, professor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, autor de memórias e tratados.MEIRELES, Joaquim Cândido Soares de. Sabará, MG, 1797 – Rio de Janeiro, RJ, 1868, doutor em medicina pela Faculdade de Medicina de Paris (1827). Do Conselho do Imperador; médico do Imperial Câmara. Fundador da Imperial Academia de Medi-cina, no Rio de Janeiro, instalada em 24 de abril de 1831. Deputado Provincial. Fundou com Evaristo Ferreira da Veiga a Sociedade Defensora da Liberdade e da Independên-cia Nacional. Publicou pareceres, discursos e dissertações médicas.MEIRELES, Saturnino Soares de. Rio de Ja-neiro, RJ, 1828 - 1909, doutor pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Do Conselho do Imperador. Professor da cadeira de física da Escola de Marinha. Aderindo à medicina homeopática, fundou o primeiro Instituto Hahnemanniano do Brasil.MELO, Domingos Alves de....43,BA, 1851 – Salvador, BA, 1897, professor da Faculdade de Medicina da Bahia.MELO, José Alves de....44, BA, 1847 – Salva-dor, BA, 1901, lente de Física da Faculdade de Medicina da Bahia.

42 desconhecida a data de falecimento.43 desconhecida a cidade de nascimento.44 desconhecida a cidade de falecimento.

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MIRANDA, Ernesto Álvaro Pereira de. Santo Amaro da Purificação, BA, 1849 -...45, diretor em 1905, do Hospital de Porto Alegre, RS.MUTAMBA, Rufino José. BA -...46, médico do corpo de saúde do Exército, morreu durante a campanha do ParaguaiMOURA, Caetano Lopes de: BA...47, 1780 – Paris, França, 1860, diplomado em medicina por Coimbra. Cirurgião–mor da legião Portuguesa durante a invasão da península. Serviu a Armanda francesa e foi médico particular de Napoleão Bonaparte. Traduziu do alemão, inglês e francês obras sobre história, ciência e literatura.PEREIRA, Antonio Pacífico,..48,BA, 1846 - 1922, professor da Faculdade de Medicina da Bahia, onde iniciou o ensino de Histologia. Fundador da Gazeta Médica da Bahia.SILVA, Cons. Domingos Carlos da: Pro-fessor da Faculdade de Medicina da Bahia candidato a deputado geral por sua provín-cia em 1884.

Militares COELHO, Brigadeiro Jerônimo Francisco: Laguna, SC, 1806 – Nova Friburgo, RJ, 1860. Do conselho do Imperador e Guarda--Roupa da Casa Imperial. Brigadeiro do Exército. Deputado, ministro da Guerra, foi presidente da Província do Pará.DIAS, Henrique:...49, PE, final do séc. XVI ou início do séc. XVI ou início do séc. XVII, 1682, cognominado “Boca Negra”, foi cabo e governador dos crioulos, negros e mulatos

45 desconhecidas a data de falecimento.46 desconhecidas a cidade, data de nascimento e faleci-

mento.47 desconhecida a cidade de nascimento.48 desconhecida a cidade de nascimento.49 desconhecida a cidade de nascimento e falecimento.

do Brasil.Mestre de campo, destacou-se na Batalha de Barra Grande, em Porto Calvo, contra os holandeses (1637) e na de Gua-rarapes (1647).DIAS, Marcílio: Rio Grande, RS, 1838. Ma-rinheiro, distinguiu-se no assalto a Paiçandu, durante a Campanha Cisplatina (1864). Morreu na Batalha de Riachuelo, durante a Guerra do Paraguai, em 1865SILVA, Manuel Gonçalves da: Tenen-te – coronel da Legião dos Henriques, notabilizou-se na Guerra da Independência, na Bahia (1823). Governou sua província como presidente, após o assassinato do pre-sidente Felisberto Gomes Caldeira Brant.

Movimentos de libertaçãoQuilombosAMBRÓSIO: Chefia durante muitos anos o Quilombo de Ambrósio, situado na Comarca do Rio das Mortes, em Rio das Mortes, em Minas Gerais, e que controlava, em meados do século XVIII, os caminhos que levavam às capitanias de Goiás e do Mato Grosso.ARANHA, Felipa Maria: Líder feminina, chefiou no séc. XIX o Quilombo de Alco-baça, no ParáQUARITERÉ, Teresa do: Nascida talvez no Brasil, era originária de Angola.Controlou durante duas décadas, no século XVII, o Quilombo do Quariterê, nas proxi-midades da fronteira de Mato Grosso com a atual Bolívia.ZUMBI: Palmares, PB, 1655 – Serra dos Dois Irmãos, PE, 20/11/1695, líder da resistência negra, da qual se tornou símbolo. Mandou fortificar o alto da Serra da Barriga, na região onde se situava o Quilombo de Palmares, entre o rio São Francisco e o cabo

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de Santo Agostinho. Os palmarinos resisti-ram por todos os meios às tropas enviadas pelo governo de Pernambuco, até a noite de 5 para 6 de fevereiro de 1694. Zumbi escapou e messes depois em companhia de 20 companheiros, foi cercado e lutou até a morte.

Inconfidência Baiana – Revolta dos Búzios ou dos AlfaiatesNASCIMENTO, João de Deus do; SAN-TOS, Manuel Faustino dos Amorim; VIRGENS, Luís Gonzaga das. Os quatro foram executados na Praça da Piedade, em Salvador, em 1799.

Revolução do PedrosoPEDROSO, Capitão Pedro da Silva: Líder do levante de 1823, no Recife.

Confederação do EquadorCAVALCANTI, Major de Pretos Agosti-nho Bezerra: Condenado à morte no Recife quando chegou ao fim a Confederação do Equador (1824).MUNDURUCU, Major de Pardos Emi-liano: distingui-se no bloqueio de Barra Grande.

CabanagemDIAMANTE (João do Espírito Santo): Fuzilado por ordem do Presidente da Pro-víncia do Grão – Pará, Eduardo Argelim, por organizar guerrilhas antiescravistas.

Levante dos Malês AHUNA: Alufá, escravo nagô, um dos líderes muçulmanos envolvidos no levante, talvez fosse o almami da Bahia.AJAHI (Jorge da Cruz Barbosa): Liberto de origem nagô, fuzilado no Campo Pólvora, em Salvador, em 14/05/1835.

DANDARÁ: Alufá.DASSALU: Alufá.GONÇALO: Escravo fuzilado no Campo da Pólvora.MAHIN, Luísa:...50, Daomé ou Salvador, BA, 1812, presa no Rio de Janeiro, após sua participação no levante, e possivelmente deportada. Era mãe de Luís Gama.MANUEL CALAFATE: Alufá, liberto de origem ioruba.NICOBÉ SULE: Alufá.PEDRO: Escravo carregador de cadeira, fuzilado no Campo da Pólvora.SANIN: Alufá, escravo de origem nupe.

BalaiadaCHAGAS, D. Cosme Bento das: Intitulava--se “Tutor e Imperador das Liberdades Bem-Te-Vi”. À frente de 3 mil escravos, aderiu em 1839 à Balaiada, de que foi um dos líderes no Maranhão. Enforcado em 1840, em Tocanguira, ou em Itapicuru--Mirim, em 1842.FERREIRA, Manuel Francisco dos Anjos, de alcunha “O Balaio”: Líder da Balaiada no Maranhão, morreu em Caxias, MA, de ferimentos recebidos em combate.JUTAHY, Raimundo Gomes Vieira, de alcu-nha “O Cara Preta”: PI,...51, um dos líderes da Balaiada. Entregou-se em 1841. Exilado para São Paulo, faleceu a caminho.

SabinadaVIEIRA, Francisco Sabino Álvares da Rocha:...52, BA, 1796 - Cáceres, MT, 1846. Um dos líderes da Sabinada, jornalista,

50 desconhecidas as datas de nascimento e falecimento.51 desconhecidas a cidade, a data de nascimento e faleci-

mento.52 desconhecida a cidade de nascimento.

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médico, catedrático da Escola de Medici-na da Bahia. Distinguiu-se na Guerra da Independência, em 1823. Cirurgião militar nas guerras do Sul. Proclamada a República Bahiense, coube-lhe a Pasta dos Estrangei-ros. Faleceu no sítio da Jacobina, município de Cáceres, MT, onde se refugiara.Revolta do Quebra-Quilos CARMO, Manuel do: Um dos líderes da revolta que eclodiu na Paraíba em 1874, ao ser adotado, no Império, o sistema métrico decimal.VIEIRA, João, de alcunha “O Carga d´Água”. Um dos líderes da revolta.CanudosCONSELHEIRO, Antônio: Quixeramo-bim, CE, 1828 – Canudos, BA, 1897, foi morto, juntamente com aqueles que lhe eram fiéis, por ocasião do massacre orga-nizado pelas tropas do governo.Campanha AbolicionistaGAMA, Luís de, pseudônimo “Afro”:...53, BA, 1830 – São Paulo, SP, 1882. Nascido li-vre, foi vendido como escravo pelo próprio pai, seguindo para uma fazenda em Lorena, SP. Jornalista, advogado provisionado, ora-dor de fama conseguiu a libertação de mais de 500 escravos.MAGALHÃES, José de Seixas: Pertenceu à direção da Confederação Abolicionista, atuante no Rio de Janeiro.MENEZES, José Ferreira de: Rio de janei-ro, RJ, 1845-1881, promotor público, poeta, romancista, comediógrafo, notável orador. Diretor – proprietário da Gazeta da Tar-de, posteriormente adquirida por José do Patrocínio, e que se engajou na campanha abolicionista.

53 desconhecida a cidade de nascimento.

NASCIMENTO, Francisco, de alcunha – “O Dragão do Mar”: Jangadeiro cearense que, à frente de seus companheiros, impediu em 1884 o tráfico de escravos da Província do Ceará para o sul do país.PATROCÍNIO, José Carlos do: Campos, RJ, 1853 – Rio de Janeiro, RJ, 1905, cogno-minado “O Gigante Negro da Abolição”, farmacêutico, jornalista, orador, romancista, membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Fundou o jornal A cidade do Rio de Janeiro, morreu paupérrimo e cerca de 10 mil pessoas acompanharam seu enterro.

Revolta da ChibataCANDIDO, João, - o “Almirante Negro”: Encruzilhada, Distrito de Rio Pardo, RS, 1880 – Rio de Janeiro, RJ, 1969. Em 1910, a bordo do encouraçado Minas Gerais, li-derou a Revolta dos Marinheiros, no Rio de Janeiro, rebelando-se contra o emprego de castigos corporais. Foi preso e recolhido du-rante 18 meses nos calabouços da Marinha, embora tivesse suspendido as hostilidades sob promessa de obter anistia.

Música

ALMEIDA, Araci de: Rio de Janeiro, RJ, 1914 -1988, uma das grandes intérpretes e divulgadoras do repertório de Noel Rosa.BAIANO: Santo Amaro, BA, 1870 – Rio de Janeiro, RJ, 1944, um dos mais popula-res cantores do início do século. Gravou o primeiro disco brasileiro e participou de quatro filmes na década de 1910CHAGAS, Nilo: Barra di Piraí, RJ, 1917 – Rio de Janeiro, RJ, 1973, fez parte da dupla Preto e Branco e do tri de Ouro.DUTRA, Altemar: Aimorés, MG, 1940 – São Paulo, SP, 1987.

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JESUS, Clementina de: Valença, RJ, 1902 – Rio de Janeiro, RJ, 1987, representou o Brasil no Festival de Artes Negras, em Dacar, Senegal (1966).PANDEIRO, Jackson do: A lagoa Grande, PB, 1919 – Brasília, DF, 1982, compositor.SANTOS, Agostino dos: São Paulo, SP, 1932 – Paris, França, 1973.SILVA, Orlando: Rio de Janeiro, RJ, 1915 – Idem, 1978. Sua carreira artística durou mais de 50 anos.

Música eruditaCantores HOUSTON, Elsie: Rio de Janeiro, RJ, 1902 – Nova York, Estados Unidos, 1943, soprano, estudou no Rio de Janeiro e na Alemanha, Argentina e França. Estreou em Paris, em 1924, como camerista.LAPINHA, (Joaquina Maria da Conceição Lapa):...54– Rio Janeiro, RJ, em fins do séc. XVIII e inicio do séc. XIX apresentou-se em Portugal em 1794 e era também atriz dramática.OLIVEIRA, Zaira de: Rio Janeiro, RJ,...55, 1952, medalha de ouro do Instituto Na-cional de Música, a critica a considerava a “Marian Anderson do Brasil”. Devido ao preconceito racial, foi sempre preterida na escalação de ópera e deixou de ganhar o prêmio de viagem à Europa. Participou de coros em rádios, gravou discos de música popular e coordenou os orfeões escolares dirigidos por Villa-Lobos.CompositoresARAÚJO, Damião Barbosa de: Itaparica, BA, 1778 – Salvador, BA, 1856, regente,

54 desconhecidas as datas de nascimento e falecimento.55 desconhecida a data de nascimento.

professor, mestre de banda, violinista da Capela Imperial.BRAGA, Francisco: Rio de Janeiro, RJ, 1868 -1945, regente, professor do Instituto Nacional de Música e fundador e primei-ro presidente do Sindicato dos Músicos. Participou da criação da Escola Dramática Nacional. É presidente perpétuo da Socie-dade Pró-Musica (RJ, 1937).FREIRE, Floriano da Anunciação: Santana de Parnaíba, SP, 1778 -...56, mestre de capela.GARCIA, Padre José Mauricio Nunes: Rio de Janeiro, RJ, 1767 – Idem, 1830, mestre de capela da Sé, do Rio de Janeiro, cantor, instrumentista (cravo e viola), escreveu um tratado de contraponto e harmonia.GARROS, Máximo Pereira: Recife, PE, 1747 -...57, instrumentista, um dos funda-dores da Irmandade de Santa Cecília dos Músicos do Recife, ainda ativo em 1801.GOMES, Manuel José: Santana de Parana-íba, SP, 1792, - Campinas, SP, 1868, filho de escrava liberta, ensinava piano e tocava, canto, órgão e violino na Vila de São Carlos, atual Campinas. Pai dos compositores Carlos Gomes e José Pedro de Santana Gomes.LOBO, Jerônimo de Sousa: Violinista e organista, sua produção musical situa-se em fins do século XVIII. Reduzido à pobreza, vivia, em 1804, no Distrito de Vila Rica, atual, Ouro Preto.MENDANHA, José Joaquim de: Vila Rica, MG, 1801 – Porto Alegre, RS, 1885, cantor falsetista da Capela Imperial, mestre de ban-da, regente de orquestra. Transferiu-se pra o Rio Grande do Sul e, em 1856, fundou a Sociedade Musical Porto-Alegrense.

56 desconhecida a data de falecimento.57 desconhecida a data de falecimento.

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MESQUITA, Henrique Alves de: Rio de Janeiro, RJ, 1836–1906, medalha de Ouro no Conservadorismo de Música. Primeiro aluno a receber o prêmio de viagem à Europa aperfeiçoou-se no Conservatório de Paris. Trompetista, organista da Igreja de São Pedro (RJ), regente de orquestra de várias companhias teatrais.MESQUITA, José Joaquim Emerico Lobo de: Vila do Príncipe (atual Serro), MG, 1746 – Rio de Janeiro, RJ, 1805, organista, um dos mais conhecidos compositores do barroco mineiroMOÇURUNGA, Domingos da Rocha Viana: Salvador, BA, 1807–1852, um dos fundadores da Academia de Música (Sal-vador, 1830). Por ocasião da Sabinada, à qual aderiu, compôs o Hino da Revolução. Professor, autor de um compêndio de mú-sica publicado em 1834.NUNES, Francisco: Diamantina, MG, 1875 – Belo Horizonte, MG, 1934, professor catedrático vitalício de clarineta do Instituto Nacional de Musica. Regente de orquestra organizou e dirigiu o Conservatório Minei-ro de Música até morrer.OLIVEIRA, Capitão Manuel Dias de: Ti-radentes, MG, 1738-1813, organista, mestre de capela e notável copista.PINTO, Sargento-mor Luís Álvares: Recife, PE, 1719 -...58, um dos primeiros músicos brasileiros de formação européia, estudou em Lisboa. Mestre de Capela e notável copista.RAMOS, Manuel Julião da Silva: Vila Real de Nossa Senhora da Conceição de Saba-ruçu (atual Sabará), MG, 1763 -...59, ativo na região de Atibaia e Nazaré, SP, entre 1815 e 1824.

58 desconhecida a data de falecimento.59 desconhecida a data de falecimento.

ROCHA, Francisco Gomes da: Vila Rica, MG, 1746 –1808, regente, fagotista e tim-baleiro.SERRADOURADA, Basílio Martins Bra-ga: Vila Rica, MG, 1804 – Góias, GO, 1874.SERRADOURADA, Padre José Íria: Goiás, GO, 1831 – Idem, 1891.TOCANTINS, José do Patrocínio Mar-ques.: Goiás, GO, 1851 - ?, 1891, cantor, instrumentista, professor.TORRES, Miguel dos Anjos Santana:...60, BA, 1837 - 1902, mestre de banda, ofi-cleidista.TRINDADE, Amaro Pinto da: Santos, SP, 1836 – Idem, 1907, maestro.TRINDADE, Henrique Paulo da: Santos, SP, 1842 – Idem, 1907, maestro.TRINDADE, Jeremias Propheta da: San-tos, SP, meados do século XIX, maestroTRINDADE, Luís Arlindo da: Santos, SP, 1808 –1892, mestre de banda, regente de orquestra, professor de música.

PolíticaChefes de estado, presidente de província, governadores e ministrosALVES, Francisco de Paula Rodrigues: Guaratinguetá, SP, 1848 – Rio de Janeiro, RJ, 1918, magistrado, deputado provincial, presidente da província do estado de São Paulo, ministro da Fazenda, presidente da República (1903-1906). Eleito para o quadri-ênio 1918-1922, não chegou a tomar posse.COTIGIPE, Barão de – João Maurício Wanderley: São Francisco das Chagas da Barra do Rio Grande (atual Barra), BA, 1815 – Rio de Janeiro, RJ,1889, deputado, senador, conselheiro da Coroa, presidente

60 desconhecida a cidade de nascimento e falecimento.

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da província da Bahia, ministro da Fazenda, Marinha e Estrangeiros.INHOMIRIM, Visconde de – Francisco de Sales Torres Homem: Rio de Janeiro, RJ, 1812 – Paris França, 1876, médico, advogado, deputado, senador, conselheiro, Ministro da fazenda, presidente do Banco do Brasil, ministro Plenipotenciário na França. Colaborou em vários jornais, sob o pseudônimo de Timandro. Um dos maiores oradores e publicistas do Império.JEQUITINHONHA, Visconde de – Fran-cisco Gê Acaiaba de Montezuma: Salvador, BA, 1794 – Rio de Janeiro, RJ, 1870, bacha-rel em Leis (Coimbra), senador pela Bahia, ministro da justiça e dos Estrangeiros, conselheiros, um dos grandes defensores da abolição da escravatura.MANGABEIRA, Otávio: Salvador, BA, 1886 – Rio de Janeiro, RJ, 1960, deputado federal, ministro das Relações Exteriores, governador da Bahia, senador. Engenheiro, professor da Escola Politécnica da Bahia.MASCARENHAS, D. Manuel de Assis: Goiás Velho, GO, 1805 – Rio de Janeiro, RJ, 1867, filho de legitimado do Marquês de São João da Palma, foi bacharel em Leis (Coimbra), encarregado de Negócios em Berlim, desembargador da Relação do Rio de Janeiro e presidente das províncias do Rio Grande do Norte e de Sergipe, depu-tado e senador.PEÇANHA, Nilo: Campos, RJ, 1804 – Rio de Janeiro, RJ, 1924, senador, duas vezes presidente do estado do Rio de Janeiro, presidente da República (junho de 1909 a 15 de novembro de 1910), ministro das Re-lações Exteriores (governo Venceslau Brás).PEREIRA, Manuel Vitorino: Salvador, BA, 1853 – Rio de Janeiro, RJ, 1903, médico,

professor da Faculdade de Medicina da Bahia. Governador. Governador da Bahia, vice-presidente da Republica, presidente em exercício, no impedimento, por doença, do presidente Prudente de Morais (1894).RIBEIRO, Eduardo Gonçalves: São Luis, MA, 1862 -1900, governador do estado do AmazonasVASCONCELOS, Zacarias de Góis e: Va-lença, BA, 1815 – Rio de Janeiro, RJ, 1877, doutor em Direito, lente da Academia de Olinda, senador do Conselho do Impera-dor, ministro da Marinha, do Império, da Justiça e da Fazenda. Presidente das Pro-víncias de Sergipe, Piauí e Paraná.VEIGA, Bernardo Jacinto da: Rio de Ja-neiro, RJ, 1802 –1845, Jornalista, deputado provincial (MG), presidente da província de minas Gerais e diretor-geral dos CorreiosVIANA, Fernando de Melo: Sabará, MG, 1878 – Rio de Janeiro, RJ, 1954, magistrado, deputado estadual, advogado-geral do Esta-do, presidente da província de Minas Gerais.

ReligiãoCandomblé, tambor de mina e umbandaABEDÉ, Cipriano: Teve casa aberta no Rio de Janeiro, no final do século XIX e inicio do XX. Babalorixá de nação Ketu.ADÃO, Pai – Felipe Sabino Costa: Recife, PE,...61, 1936, completou seu aprendizado religioso na Nigéria. Pai de Santo do Sitio da Água Fria, em Recife.AKALÁ, Iyanassô: Oyó, Nigéria, uma das fundadoras do Terreiro Axé Airá Intilé, de Salvador, na década de 1830.ALABÁ, João: Babalorixá atuante no Rio de janeiro em fins do século XIX e inicio do XX.

61 desconhecida a data de nascimento.

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ANJOS, Runhó Valentina Maria dos: Salva-dor, BA, 1877 - 1975, zeladora do terreiro Zoogodô Bogum Malê Rundô, de nação gêge, em SalvadorBANDANGUAIME, Antonio José da Silva: Tata-de-inquice do Terreiro Manso Bandunquenque (Bate-Folhas) de SalvadorBONFIM, Martiniano Eliseu do: Salvador, BA, 1859 -1943, babalaô, residiu durante dez anos na Nigéria, onde se iniciou no culto de Ifá.DANADANA, Iyalussô: Oyó, Nigéria, uma das fundadoras do Terreiro Axé Airá Intilé na Barroquinha, em Salvador.ESPIRITO SANTO, Maria Bibiana do – A Mãe Senhora: Salvador, BA, 1900-1967, ialorixá do Terreiro Ilé Axé Opo Afonjá, em Salvador, desde 1941 até falecer.EUÁ, Cotinha de: Ialorixá da Casa de Oxumaré, no Rio Vermelho, em SalvadorFALEFÁ, Manuel: - Salvador, BA,...62,1987, zelador do Terreiro Poçu Beta, de nação gêge.GOMEIA, Joãozinho da – João Alves Torres Filho: Inambuque, BA, 1914 – São Paulo, SP, 1971, tatade-inquice de nação angola, alcançou grande prestigio em sua época.IEMANJÁ, Dudu de: Viana, MA, 1886 – São Luís, MA, 1988, mãe de santo da Casa de Nagô, em São Luís. Atuava também como parteira.IJEXÁ, Eduardo de: Falecido em Salvador, grande conhecedor das tradições de sai nação, a Ijexá.JESUS, Manuel Ciríaco e: Tata-inquice do Terreiro Tumba Junçara, no Alto do Cor-rupio, em Salvador.

62 desconhecida a data de nascimento.

JUBIABÁ, Severiano Manuel de Abreu: Pai de Santo de candomblé de caboclo, com terreiro na Areia da Cruz do Cosme, em Salvador.MALANDIANSAMBE, Maria Santana Corqueijo Sampaio: Mameto-de-inquice do Terreiro do Calabetã, um dos mais antigos da nação congo existentes na Bahia.MASSI, Tia – Maximiniana Maria da Con-ceição: Yalorixá do Engenho Velho da Casa Branca, em Salvador, da tradição centenária.NAZARÉ, Escolástica Maria da Conceição – Mãe Menininha do Gantois: Salvador, BA, 1892 –1986, assumiu o cargo de ialorixá do Gantois em 1922.NAZARÉ, Julia Maria da Conceição: Funda-dora do Terreiro Iya Omi Axé Yamasse, no Alto do Gantois, em Salvador (século XIX).NAZARÉ, Pulquéria Maria da Conceição: Segunda ialorixá do Gantois.PAIXÃO, Manuel Bernadino da: Tata-de--inquice do Candomblé do Bate-Folhas, no Beiru, em Salvador, de nação congoROSENDO, Artur: Maceió, AL,...63 – Reci-fe, PE, 1947, pai de santo da Nação xambáRAMOS, Nochê Andreza Maria de Sousa:: Caxias, MA, c. 1855 – São Luís, MA, 1954, zeladora da Casa das Minas, em São Luís, MA, desde 1914 até sua morteSANTA: Mãe de Santo, Rainha do Maracatu Elefante de Recife, PESILVA, Marcelina da – Obatossi: Salvador, BA,...64, Ialorixá do Ilê Iyanassô (Casa Branca do Engenho Velho), de Salvador, no século XX.

63 desconhecida a data de nascimento.64 desconhecida a data de nascimento.

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SOUSA, Procópio Xavier de – Ogunjobi: Falecido em Salvador, Ba, com mais de 90 anos, em 1958. Babalorixá de Ilê Ogunja.TUMBEUCI, Maria Nenén do: Mameto--de-inquice, até 1945, do mais antigo ter-reiro de angola da Bahia.XANGÔ, Aninha. Eugenia Ana dos Santos:...65, BA, 1869 – Salvador, BA, 1938, fundadora do Ilê Axé Opo Afonjá, de Sal-vador, instalado em 1910 em São Gonçalo do Retiro.ZOMADONU, Nochê Jesuína de: Daomé,...66, faleceu em São Luís, Ma, fun-dou a Casa das Minas em São Luís, MA, na década de 1830. É um dos mais antigos templos religiosos de que se tem registro no Brasil.

CatolicismoALVES, D. José Pereira: Bispo de Niterói, RJ, professor do Seminário de Olinda na primeira década do século XX.BRITO, D. Luís Raimundo da Silva: São Bento, MA, 1840 -...67, escritor e vice-reitor do Colégio Pedro IIOLIVEIRA, D. Helvécio Gomes de: An-chieta, ES, 1876 – Mariana, MG, 1961, bispo de Mariana, MG.PIMENTA, D. Silvério Gomes: Congonhas do Campo, MG, 1840 – Mariana, MG, 1920, bispo de Marina, camareiro do papa Leão XIII. Escritor, pertenceu a Academia Brasileira de LetraROCHA, Cônego Eutíquio Pereira da:...68, BA, 1820 – Belém, PA, 1880, presidiu o

65 desconhecida a cidade de nascimento.66 desconhecidas a cidade, a data de nascimento e faleci-

mento.67 desconhecidas as datas de nascimento e falecimento.68 desconhecida a cidade de nascimento.

Convento dos Carmelitas de Belém e foi cônego da catedral local. Teve intensa participação na questão religiosa. Escritor.PINTO, Cônego Emílio de Santana: Cô-nego Honorário da Sé Metropolitana de Salvador.SANTOS, Cônego Pedro Vieira dos: Vigá-rio da freguesia da cidade de Itaparica (sé-culo XIX). Cavalheiro da Ordem de Cristo.VERA CRUZ, Rosa Maria Egipciaca da: Costa da Mina, 1719, de nação courana...69, uma das fundadoras do Recolhimento de Nossa Senhora do Parto, no Rio de Janeiro, iniciou o livro a Sagrada teologia do amor de Deus Luz Brilhante das Almas Peregrinas.

Objetivamos trazer para o presen-te memórias de homens e mulheres negros brasileiros que, em suas trajetórias de vida, elaboraram arte, estética, música, literatura, enfim co-nhecimentos diversos e sentimentos para com o Brasil, país que ainda não conhece sua própria história. Esperamos ter contribuído para um início de reflexão sobre a cultura afro-brasileira.

Entendemos que a matriz de pen-samento negro, suas produções cultu-rais materiais e imateriais contribuem para o patrimônio cultural nacional e evidencia as diferentes formas de buscar a integração dos negros, bem como, os esforços de pensar a nação brasileira como plurirracial.

69 desconhecida a data de falecimento.

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