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I JORNADA DE DIDTICA - O ENSINO COMO FOCO
I FRUM DE PROFESSORES DE DIDTICA DO ESTADO DO PARAN
ISBN 978-85-7846-145-4
ANLISE E PERCEPO DA DISCALCULIA NO COTIDIANO ESCOLAR DE
PROFESSORES DE MATEMTICA DA REDE ESTADUAL DE DOIS
MUNCIPIOS DO PARAN, NOVA TEBAS E QUINTA DO SOL
Dolores Aparecida Dal Santos da Silva(1)
Elisangela Nakao (2)
Claudete Cargnin (3)
(1)(2) Acadmicas PROFOP/UTFPR - Universidade Tecnolgica Federal do Paran-
Campus Campo Mouro PR
(3) Orientadora - Universidade Tecnolgica Federal do Paran- Campus Campo Mouro
PR
Didtica e Prticas de Ensino na Educao Bsica
RESUMO: O presente trabalho almejou a realizao de uma abordagem a respeito da
discalculia, considerando o foco no cotidiano de trabalho de professores estaduais de
dois municpios do Paran: Nova Tebas e Quinta do Sol, partindo do objetivo de
diagnosticar o conhecimento, a relao dos envolvidos no espao escolar, levantar
relatos e experincias relativos ao tema, alm de relatar recursos e apoios adotados
em sala de aula para tentar amenizar esta problemtica. Para tanto, apoiou-se em um
embasamento terico pautado em uma pesquisa descritiva, atravs de reviso
sistemtica da literatura. Posteriormente, procedeu-se a coleta de dados referente ao
cotidiano do trabalho com a discalculia, por meio da realizao de entrevistas com
professores dos referidos muncipios. De posse dos resultados, constatou-se que
mesmo com particularidades oriundas de cada realidade pesquisada preciso basear-
se no apoio de equipe pedaggica multidisciplinar, focar em uma formao
continuada. Ademais, nem sempre professores e escolas encontram-se preparados,
logo, emergente aprofundar-se e investir nesta questo.
Palavras-Chave: Discalculia; Profisso-professor; Sala de recursos.
1 INTRODUO
Na disciplina de matemtica, a preocupao com aprendizagem no
pode ser considerada algo recente, pois, de acordo com pesquisas, trata-se de um
tema de longa data.
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Neste sentido, diante da realidade educacional, com a deteco de
diversos transtornos de aprendizagem, preciso admitir que as dificuldades em
relao aprendizagem desta disciplina aumentam de forma significativa e indesejada
nas escolas. Somando-se a isto, atualmente, a temtica vinculada com a dificuldade
no aprendizado em matemtica tem sido alvo de pesquisas, palestras, encontros, com
o intuito de desvendar as origens de tantos problemas no ensino, o que justifica a
necessidade de amplitude de pesquisas nesta rea. Prova disto que, em estudo
referente s dificuldades de aprendizagem, Lucion (2010, p. 05) caracteriza que:
os distrbios de aprendizagem causam prejuzo significativo em
reas especficas, tais como na leitura (dislexia), matemtica
(discalculia), escrita (disgrafia), entre outros casos. Porm o distrbio
especfico no compromete as demais reas do desenvolvimento.
Os distrbios aritmticos, conhecidos tambm como discalculia,
constituem-se na dificuldade especfica em realizar clculos e
operaes que exijam raciocnio lgico-matemtico.
Desta forma, conforme j mencionado, surgem e aumentam, de
forma indesejada nas escolas, as dificuldades de aprendizagem, que ganham forma
devido s particularidades de cada educando e do ambiente que o circunda. Em
especial, a discalculia aumenta e agrava os problemas de aprendizagem em
matemtica.
Desta maneira, diagnosticar os sintomas e as causas deste
transtorno imprescindvel, e o professor precisa estar atento a esta realidade.
Todavia, analisar e ponderar todos os fatores que envolvem a discalculia faz-se
necessrio para que possa ocorrer um atendimento, uma orientao e um
acompanhamento adequado, o que muitas vezes no ocorre. Este acompanhamento,
se possvel, deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, possibilitando que as
dificuldades individuais sejam respeitadas, minimizadas ou adaptadas (SILVA, 2010).
Em face do exposto, este trabalho buscou uma abordagem a respeito
da discalculia, um dos transtornos de aprendizagem mais conhecidos, considerando o
foco no cotidiano de trabalho de professores estaduais de dois municpios do Paran,
sendo estes: Nova Tebas e Quinta do Sol.
Partiu-se do objetivo de diagnosticar o conhecimento, a relao dos
envolvidos no espao escolar, levantar relatos e experincias relativos ao tema, alm
de relatar recursos e apoios adotados em sala de aula para tentar amenizar esta
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problemtica atentando-se para consolidao de um paralelo entre dois muncipios
bem como analise e percepo por parte de professores regulares e de sala de
recursos multifuncional.
Para tanto, em relao metodologia adotada no presente trabalho,
esta baseou-se, inicialmente, em uma pesquisa descritiva, por meio de reviso
sistemtica da literatura nos ltimos anos, referente a temtica discalculia e sua
relao com o cotidiano do professor de Matemtica. Logo, a pesquisa se desenvolveu
com base em material j elaborado, constitudo principalmente por pesquisa em
artigos cientficos, livros, teses e monografias. Posteriormente, procedeu-se a coleta
de dados referente ao cotidiano do trabalho com a discalculia por meio da realizao
de uma entrevista tendo como os sujeitos da pesquisa: professor de sala de recursos
de uma escola estadual de Nova Tebas PR e trs professores de matemtica de
turmas regulares em Quinta do Sol PR. Os respondentes foram caracterizados,
respectivamente, como professor 01, 02, 03 e 04, progressivamente.
Ambos muncipios apresentam realidade socioeconmica muito
prxima e tratam-se da rea de atuao dos envolvidos na construo da referida
pesquisa. Em tempo, importante destacar que outros professores do Municpio tanto
de Nova Tebas PR como de Quinta do Sol PR receberam o referido questionrio,
no entanto, no houve a devolutiva em tempo hbil, ou estes no se dispuseram a
responder, possivelmente em virtude de que desconheciam o tema pesquisado.
O trabalho foi desenvolvido durante os meses de junho e julho de
2012. A partir da obteno dos resultados, estes foram tabulados, interpretados e
descritos, baseando-se em transcries das entrevistas.
2 A DISCALCULIA NO COTIDIANO ESCOLAR
2.1 Caracterizao da discalculia
Ao tratar da discalulia torna-se necessrio caracterizar este termo
para que seja possvel compreender suas origens, complexidade e fatores envolvidos,
causas e sintomas. De acordo com Almeida (2006, p. 01):
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falar de dificuldade em Matemtica simples quando dizem que se
trata de uma disciplina complexa e que muitos no se identificam
com ela. Mas essas dificuldades podem ocorrer no pelo nvel de
complexidade ou pelo fato de no gostar, mas por fatores mentais,
psicolgicos e pedaggicos que envolvem uma srie de conceitos e
trabalhos que precisam ser desenvolvidos ao se tratar de
dificuldades em qualquer mbito, como tambm em Matemtica.
Com relao utilizao e adoo deste termo tem-se que:
o termo discalculia foi referido, primeiramente, por Kosc (1974) que
realizou um estudo pioneiro sobre esse transtorno relacionado s
habilidades matemticas. Para ele, a discalculia ou a discalculia de
desenvolvimento uma desordem estrutural nas habilidades
matemticas, tendo sua origem em desordens genticas ou
congnitas naquelas partes do crebro que so um substrato
anatmico-fisiolgico de maturao das habilidades matemticas
(BERNARDI; STOBAUS, 2011, p. 48).
Notoriamente, considerando os estudos, o transtorno da matemtica
apresenta caractersticas muito especficas, em que o educando no consegue
sistematizar as operaes aritmticas, influenciando, de forma grave, no rendimento
escolar e at mesmo nas atividades simplrias e cotidianas que envolvam habilidades
matemticas.
Em se tratando dos sintomas da discalculia, os mais caractersticos,
aparentemente, compreendem: dificuldade no desenvolvimento de clculos
matemticos, alm de problemas com distino entre direita e esquerda, podendo
apresentar habilidades viso-motoras afetadas. Ainda, verifica-se, comumente,
dificuldade de associar nmeros com quantidade e operaes de conservao, tendo
uma organizao do espao prejudicada, juntamente com acentuada dificuldade em
distinguir formas, tamanhos, quantidades e espessuras (LUCION, 2010).
Romagnolli (2008, p. 15-16) em trabalho intitulado Discalculia:
desafio da matemtica aprofunda-se em alguns sintomas potenciais da discalculia
que podem tornar mais acessveis tanto a investigao como o diagnstico:
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dificuldades frequentes com os nmeros, confundindo os sinais: +, -,
e x; Problemas para diferenciar o esquerdo e o direito
(lateralidade); Falta de senso de direo (norte, sul, leste, e oeste) e
pode tambm ter dificuldade com um compasso. A inabilidade de
dizer qual de dois nmeros o maior. Dificuldade com tabelas de
tempo, aritmtica mental, etc. Melhor nos assuntos que requerem a
lgica, do que nas frmulas de nvel elevado que requerem clculos
mais elaborados; Dificuldade com tempo conceitual e elaborao da
passagem do tempo; Dificuldade com tarefas dirias, como verificar
a mudana nos dias da semana e ler relgios analgicos; A
inabilidade de compreender o planejamento financeiro ou inclu-lo no
oramento estimando, por exemplo, o custo dos artigos em uma
cesta de compras; Dificuldade mental de estimar a medida de um
objeto ou de uma distncia (por exemplo, se algo est afastado 10
ou 20 metros); Inabilidade de apreender e recordar conceitos
matemticos, regras, frmulas, e seqncias matemticas;
Dificuldade de manter a contagem durante jogos; Dificuldade nas
atividades que requerem processamento de seqncias, tal como
etapas de dana ou leitura, escrita e coisas que sinalizem listas,
Pode ter o problema mesmo com uma calculadora devido s
dificuldades no processo da alimentao nas variveis. A
circunstncia pode conduzir, em casos extremos, a uma fobia da
matemtica e de quaisquer dispositivos matemticos, como as
relaes com os nmeros.
Portanto, como visto identificar os sintomas e levantar as causas da
discalculia pode auxiliar na tomada de medidas com vistas ao enfrentamento do
problema.
Com relao s causas da discalculia estas podem ser variadas.
Castello (2008) enumera as mais aceitas. So elas: neurolgica, a qual acontece
devido complexa disfuno e, possivelmente, est associada a leses do
supramarginal e os giros angulares, na unio dos lbulos temporal e parietal do crtex
cerebral; dficits na memria: de acordo com o autor, alguns indivduos com dficits de
memria podem apresentar a discalculia, no entanto, no possvel especific-la, uma
vez que os dficits de memria podem ter relao com demais distrbios de
aprendizagem; memria curta reduzida, neste caso, alguns indivduos que convivem
com distrbios na memria curta podem desenvolver a discalculia, em razo de que
no conseguem recordar os clculos a serem feitos; quociente de inteligncia (QI)
menor que 70. Todavia, indivduos com QI normal tambm podem apresentar
discalculia; desordem hereditria alm da combinao de dois ou mais fatores destes
apresentados.
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Entretanto, a discalculia no pode ser considerada uma doena, e
nem necessariamente, uma condio crnica. Para Silva (2010, p. 11) em geral
encontrada em combinao com o transtorno da leitura, transtorno da expresso
escrita, dos Transtornos de Dficit Hiperatividade e Ateno (TDHA). Assim, entender
os requisitos necessrios para o aprendizado de matemtica e as dificuldades
causadas pelas discalculia muito importante.
O fator social tambm precisa ser considerado no desenvolvimento
da discalculia. Neste sentido, o embasamento bibliogrfico pesquisado expe que os
fatores culturais, emocionais e sociais (principalmente no quesito famlia) so
considerados situaes preocupantes que podem contribuir para o agravamento de
dificuldades. Castello (2008, p. 24) lista aspectos relacionados com famlia: crianas
muito dependentes ou com problemas emocionais (pais alcolatras, exigentes) no
conseguem apresentar assimilar os novos contedos e tambm com a cultura com
um nvel scio econmico baixo, onde no h exigncias da famlia, no existe
perspectiva futura, podem ser fatores que dificultam a aprendizagem.(id.)
De fato, compreender a discalculia de fundamental importncia
para que seja possvel o desenvolvimento de intervenes pedaggicas no sentido de
superar esse dficit de aprendizado.
Dada importncia da temtica, estudos como este tem por
finalidade contribuir com os professores e profissionais da rea de educao, em
especial da educao matemtica, de modo que possam dar a devida ateno aos
alunos que apresentem tais caractersticas, tornando presumvel a identificao para
posterior interveno pedaggica, procurando pautar-se em estratgias de estudo que
permitam o sucesso tanto no ambiente escolar como na vida pessoal.
Dentre estas intervenes citam-se a busca por formao
continuada, atualizao por parte dos educadores, adoo e uso de novas
tecnologias em sala de aula, bem como jogos e brincadeiras.
Aprofundando-se, em matemtica, os jogos e brincadeiras so
estimulados pelos Parmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), os quais
caracterizam que estes:
[...] constituem uma forma interessante de propor problemas, pois
permitem que estes sejam apresentados de modo atrativo e
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favorecem a criatividade na elaborao de estratgias de resoluo
de problemas e busca de solues. Propiciam a simulao de
situaes-problema que exigem solues vivas e imediatas, o que
estimula o planejamento das aes [...] podem contribuir para um
trabalho de formao de atitudes enfrentar desafios, lanar-se
busca de solues, desenvolvimento da crtica, da intuio, da
criao de estratgias e da possibilidade de alter-las quando o
resultado no satisfatrio necessrias para aprendizagem da
Matemtica (BRASIL, 1998, p. 46-47).
Outro fator importante, as tecnologias digitais, tambm favorecem o
aprendizado, sendo: uso do computador, internet, vdeos, slides, CD, comunidades
virtuais, correio eletrnico, televiso, entre outras. Neste sentido, refora-se a ideia
que de as novas tecnologias podem se unir as novas formas de ensinar e de
aprender, permitindo maior dinamismo no processo de construo do conhecimento
(VIEIRA; HALU, 2007, p. 02). Lembrando que o professor precisa ser o mediador
desta incluso a fim de planejar e delimitar o uso destas como forma de filtro de
informaes.
Como visto, o trabalho do professor precisa mesclar mtodos,
alternativas, estratgias de ensino com um cuidado, uma ateno especial para esta
problemtica, descobrindo o processo de aprendizagem do portador de discalculia e
os instrumentos que favorecero seu aprendizado.
2.2 O trabalho do professor: uma anlise e percepo da discalculia neste
espao escolar
Com a realizao dos procedimentos metodolgicos descritos para
esta pesquisa, foi possvel contextualizar a discalculia e verificar a anlise e percepo
de professores entrevistados acerca do tema em dois Muncipios do Paran (Nova
Tebas e Quinta do Sol).
Diante disto, apresentam-se os resultados obtidos com as
contribuies dos sujeitos da pesquisa, sendo um professor de uma sala de recurso
multifuncional de Nova Tebas e trs professores regulares de matemtica de Quinta
do Sol.
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Para caracterizar os respondentes, estes foram enumerados
progressivamente, sendo tido como professor 01 - professor da sala de recursos de
Nova Tebas; professor 02, 03 e 04 professores regulares de matemtica de Quinta
do Sol, como descrito anteriormente. Salientando a justificativa de apenas um
respondente em Nova Tebas pela no devoluo dos questionrios em tempo hbil
dos demais ou possivelmente pelo desconhecimento do assunto.
Ao ser questionado sobre o conhecimento acerca da discalculia, o
professor 01 relatou j trabalhar com alunos com este distrbio em uma sala de
recursos multifuncional e a individualizou como um transtorno funcional especfico
caracterizado como dificuldade com nmeros, mas nada tem a ver com a inteligncia,
causada por uma m formao neurolgica.
Neste aspecto, evidencia-se a aproximao e conhecimento por
parte do professor com a discalculia, corroborando com o descrito por Bernardi e
Stoubaus (2011) que a apresentam como uma desordem gentica ou congnita.
Da mesma forma, os demais professores pesquisados caracterizam-
na como discalculia uma dificuldade bem acentuada em compreender e trabalhar
com clculos matemticos - professor 02; de uma forma resumida podemos dizer
que a discalculia a dificuldade em efetuar as operaes matemticas (adio,
subtrao, diviso e multiplicao professor 03 e professor 04: a discalculia um
distrbio que afeta a habilidade de clculo mental, compreenso conceitual da
nomenclatura matemtica e o desenvolvimento do racicionio lgico-matemtico. Fica
evidente o envolvimento e conhecimento dos entrevistados para tanto.
Em se tratando da questo relativa ao trabalho com casos de alunos
com este transtorno e buscando relatos de experincia, o respondente 01 considerou
que j teve alunos com discalculia evidenciando que a dificuldade em estabelecer a
relao algarismo-quantidade, na resoluo de operaes o bsico que se
apresenta. Ela acarreta problemas de comportamento ou alunos que ficam isolados ou
agressivos, ento um trabalho psicopedaggico que necessita ser feito. Procuramos
juntos materiais concretos, jogos que eles gostem para que o interesse deles seja
maior. O respondente 02 tambm descreveu um caso, de forma detalhada: tive uma
aluna com todas as caractersticas da discalculia, embora ela no tivesse laudo
mdico, mas trabalhvamos de forma diferenciada, tentando verificar algum
progresso. Mas isso foi h bastante tempo, no tnhamos muito conhecimento sobre o
assunto, a equipe pedaggica nos ajudava bastante, mas a aluna tinha pouca
concentrao e ateno nas aulas, no conseguia resolver operaes simples de
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adio e subtrao, muito menos situaes-problema. No sei se pela prpria
dificuldade, no trazia atividades prontas de casa, no gostava de trabalhar em grupo
e se relacionar bem com outras pessoas. No entanto, tinha uma letra legvel, mas o
professor de portugus relatava muita dificuldade tambm na interpretao de textos e
falta de ateno. Os sujeitos da pesquisa 03 e 04 relataram, respectivamente:
enquanto professor de matemtica, 70% dos alunos tem dificuldade com clculos,
porem precisa ser feito um trabalho mais apurado para diagnosticar se trata de uma
discalculia ou simplesmente uma preguia mental; temos um caso que achamos que
seja discalculia, nada comprovado. Mas a criana apresenta muita dificuldade em
matemtica.
Portanto, a discalculia comum de ser encontrada em sala de aula,
no entanto, muitas vezes, o prprio professor no consegue identific-la, surgindo,
desta maneira, muitas dvidas, pois na maioria das ocorrncias de discalculia no h
uma causa nica para tanto, podendo ter a influncia de diversos fatores, sejam eles
internos, externos ou at mesmo relacionados ao modo do ensino-aprendizagem da
matemtica.
Neste aspecto, Silva (2010, p. 22-23) evidencia que:
importante chegar a um diagnstico o mais rapidamente para iniciar
as intervenes adequadas. O diagnstico deve ser feito por uma
equipe multidisciplinar Neurologista, psicopedagogo, fonoaudilogo,
psiclogo para um encaminhamento correto. No devemos ignorar
que a participao da famlia e da escola fundamental no
reconhecimento dos sinais de dificuldade.
Assim, o autor mencionado acima e os profissionais pesquisados
esto de comum acordo com os procedimentos a serem tomados quando da suspeita
de transtorno de aprendizagem.
Quanto s principais dificuldades encontradas no ensino da
matemtica no cotidiano escolar de portadores de discalculia, foram apontadas as
seguintes pelo professor da sala de recursos de Nova Tebas: difcil pontuar algumas,
mas as principais que acompanho so dificuldades dos professores em ver uma
dificuldade grande com o que consideramos fcil e ainda ver este aluno adolescente
de 15, 16, 17 anos, alunos que no conseguem ler quantidades expressas por nmero
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discalculia lxica; alunos com dificuldades em nomear quantidades discalculia
verbal e mais comum que eu vejo nos alunos que trabalho a dificuldade na escrita de
smbolos matemticos discalculia grfica, que acarreta o problema na resoluo de
atividades e claro a discalculia ideagnstica, a dificuldade com o calculo mental.
Com a transcrio das dificuldades relatadas nota-se o conhecimento
do entrevistado em relao a temtica, pois, complementando, Silva (2010) apud
Garcia (1998, p. 43), expe que a discalculia pode se classificar em seis subtipos,
sendo possvel ocorrer combinaes diferentes e juntando-se a outros transtornos.
Logo, a discalculia classifica-se em: verbal, em que ocorre a dificuldade para dar
nomes as quantidades matemticas, os nmeros, os termos, os smbolos e as
relaes; practognstica, a qual configura-se na dificuldade com enumerao,
comparao e manipulao de objetos reais ou em imagens matemtica; lxica, que
traduz as dificuldades na leitura de smbolos matemticos; grfica, transtorno na
escrita de smbolos matemticos; ideognstica, relacionada com problemas de realizar
operaes mentais e na compreenso de conceitos matemticos; operacional, ligada
com as dificuldades na execuo de operaes e clculos numricos. O que foi bem
exposto pelo professor pesquisado.
Para os professores das salas regulares de matemtica de Quinta do
Sol as dificuldades concentram-se em falta de preparo dos professores para trabalhar
com alunos que apresentam esse problema; salas cheias, o que dificulta um
atendimento mais prximo e individualizado; acompanhamento do profissional para
sabermos onde estamos errando e analisar se esta havendo algum progresso, ou
seja, algum que nos auxilie, para que no venhamos para contribuir com a baixa
autoestima do nosso aluno. O professor 03 descreve o desinteresse em aprender
matemtica e o professor 04 recorda-se de: respeitar o tempo do aluno; no cobrar do
aluno aquilo que ele no tem condies de realizar; no corrigi-lo na frente do restante
da turma para no intimida-lo.
Logo, constata-se que as dificuldades variam de acordo com as
particularidades dos alunos e do ambiente educacional.
Avanando, ao ser indagado acerca de aspectos ligados formao
continuada (busca a partir de cursos, leituras, material didtico, participao em
grupos de estudos), o professor 01 descreveu o que tem feito: sim, isto elementar,
atualmente estou cursando uma ps de psicopedagogia para melhor nortear meu
trabalho com os casos que atendo. Cursos oferecidos pelo NRE tambm fazem parte
de um apoio importante. E mexendo e procurando ajuda na internet a gente troca
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experincia em sites especficos, retira atividades, jogos que ajudam na prtica da sala
de recursos multifuncional. O professor 02 citou conhecimento por leituras e
pesquisas, sem possuir curso especfico sobre o assunto. A resposta do professor 03
foi muito semelhante, o qual recordou que na formao continuada pouco ou quase
nada foi abordado sobre discalculia e o professor 04 baseia-se em pesquisas, leituras.
Neste aspecto salienta-se um ponto fraco na conjuntura das
dificuldades em matemtica e o foco no trabalho do professor, j que, pelo
pesquisado, no h oferta de subsdios para a bagagem do educador, o que
contribuiria de forma significativa para o enfrentamento do problema.
Buscando elucidar outros aspectos do cotidiano do trabalho de
professores frente a discalculia, considerando o uso de tecnologias na sala de aula
como meio de contribuio no desempenho dos alunos com essa dificuldade, o sujeito
da pesquisa 01 utiliza diversos meios: nossa sala padro, temos computador,
televiso, rdio, DVD. Estes equipamentos ajudam a aula a ficar diferente da sala
regular, as atividades ento propostas podem ate ser as mesmas, mas sem aquela
coisa: ficar em fila, cada um com seu caderno sem contato com os outros, a atividade
em conjunto e a troca de experincia, tiram o medo de mostrar o que no sabe, pode-
se falar abertamente, pois se percebe no ser o nico que no sabe e isso bom, pois
na sala regular por vergonha muitas vezes o aluno guarda suas dvidas. O sujeito 02
expe que hoje no tem esse aluno em sala, enquanto o sujeito 03 admite o uso de
tecnologias como o Paran Digital visando um estmulo para o ensino da matemtica e
o sujeito 04 afirmou que caso tivesse um aluno com tal distrbio buscaria diversos
recursos tecnolgicos para o auxilio na aprendizagem.
Neste sentido, a adoo das tecnologias de informao (TICs)
mostra-se uma opo vantajosa. Trata-se de um desafio da educao, incorporar
novas tecnologias de informao e comunicao, com a finalidade de incluir seus
alunos no mundo contemporneo, uma vez que o uso destas ferramentas desperta o
interesse, a criatividade, a curiosidade (VIEIRA; HALU, 2007).
E, conforme visto, os professores tem feito o uso deste importante
recurso educacional.
Quanto ao cotidiano de trabalho e o plano de aula visando o
atendimento das necessidades dos alunos com discalculia, narrou-se o plano
individual, feito especialmente para o aluno, nele esto propostas metodologias,
intervenes que atendam a dificuldade do aluno, ento conhecer o problema,
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conhecer o aluno, cruzar informaes e escolher atividades para o uso fazem parte do
cotidiano professor 01; no fizemos alterao no plano de aula, j que para isso
necessrio o laudo e o acompanhamento de um profissional, apenas adaptvamos as
atividades e avalivamos se teria havido algum progresso no decorrer dos bimestres-
professor 02; acredito que a equipe pedaggica com apoio de um psiclogo o que a
minha escola no possui precisa primeiramente conhecer o aluno que possui
discalculia, pois o professor de matemtica no muito bem visto pelos alunos em
sala de aula pelo grau de dificuldade e esforo mental que a disciplina exige -
professor 03 e professor 04 o atendimento do aluno com discalculia deve ser
organizado de forma natural para que o aluno no se sinta constrangido. O professor
deve adequar o plano de aula visando atender as necessidades dos alunos, para que
o mesmo sinta-se capaz ao desenvolver algumas atividades de acordo com seu ritmo
de aprendizagem.
Fica claro que entrelaar todos os segmentos do ambiente
educacional em prol do desenvolvimento do ensino e superao de dificuldades
consiste no planejamento adequado. Somando-se ao fato de aprofundar-se em cada
caso, buscando esmia-lo.
Com relao ao tipo de apoio recebido pela equipe pedaggica com
vistas ao cumprimento do currculo escolar destes alunos, o professor 01 exps o
seguinte: os alunos com quais trabalho, no tem adaptao curricular. Isto era
fundamental mas muito burocrtico. Ento com o apoio da equipe, eu converso com o
professor sobre as caractersticas individuais do aluno e sugiro uso de material
concreto, de calculadora e que todas as respostas positivas do aluno que evidenciem
seu aprendizado sejam valorizadas, que no espere para a avaliao para se avaliar,
mas isto seja feito paulatinamente. um apoio acadmico, mas tambm emocional
elogiar, parabenizar no apenas os acertos. O professor 02 destacou o trabalho da
equipe pedaggica na adaptao de atividades, avaliaes bimestrais e dvidas. O
professor 03 declarou no receber nenhum apoio por falta de profissional habilitado e
tempo para detalhamento e posterior diagnostico e por ltimo, o professor 04
evidenciou que caso seja comprovado o aluno passar a frequentar sala de apoio
contemplando diferentes metodologias visando seu aprendizado. Outra vez,
reforada a questo pertinente s peculiaridades de cada ambiente escolar, sejam por
fatores internos ou externos, bem como as distines dos alunos.
Encerrando a anlise das entrevistas, constatou-se que, em
sntese, buscar recursos para interveno, basear-se no apoio de equipe pedaggica
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multidisciplinar, focar em uma formao continuada podem ser aliados fundamentais
na construo do saber, especialmente quando deparado com transtornos como o
aqui exposto.
Todavia, nem sempre professores e escolas encontram-se
preparados para tanto devido s peculiaridades pontuais dos cenrios escolares, logo,
aprofundar-se e investir nesta questo relatada emergente e requer estudos
direcionados com vistas a garantir embasamento terico e prtico para os educadores.
3 CONSIDERAES FINAIS
A partir da pesquisa bibliogrfica a respeito da discalculia e da
tabulao dos resultados levantados foi possvel delinear um diagnstico sobre
conhecimento, a relao dos envolvidos no espao escolar, elencar relatos e
experincias relativos ao tema, alm de verificar os recursos e apoios usados em sala
de aula em dois muncipios do Paran, Nova Tebas e Quinta do Sol.
Constatou-se que os sujeitos da pesquisa so conhecedores da
discalculia, sendo um aspecto positivo para que seja possvel a busca de recursos
para interveno, tornando-se fundamental o apoio de uma equipe pedaggica
multidisciplinar, quando possvel. Listando-se as dificuldades, notou-se que cada
ambiente escolar e cada aluno em questo apresenta uma particularidade e o
professor precisa estar preparado para saber lidar com elas, todavia, dentre os
pesquisados no foi levantada uma formao continuada, o que pode ser traduzido
como um ponto a ser corrigido neste contexto. Alm disso, verificou-se a presena das
TICs como recurso adicional e vantajoso para o desempenho dos alunos com este
transtorno. Sobretudo, ressaltou-se a importncia da identificao, da comprovao da
discalculia para que seja possvel a execuo de um trabalho mais especfico, j que
este aspecto associa-se ao surgimento de dvidas no cotidiano do trabalho do
professor necessitando de apoio interdisciplinar.
Dada importncia do tema, o fomento a pesquisas e estudos
direcionados so fundamentais para alicerar o trabalho do professor e promover o
progresso do aluno.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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I JORNADA DE DIDTICA - O ENSINO COMO FOCO
I FRUM DE PROFESSORES DE DIDTICA DO ESTADO DO PARAN
ISBN 978-85-7846-145-4
ALMEIDA, C. S. Dificuldades de aprendizagem em Matemtica e a percepo dos
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julho 2012
175
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I FRUM DE PROFESSORES DE DIDTICA DO ESTADO DO PARAN
ISBN 978-85-7846-145-4
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I FRUM DE PROFESSORES DE DIDTICA DO ESTADO DO PARAN
ISBN 978-85-7846-145-4
ANEXO
PESQUISA SOBRE O TEMA DISCALCULIA NO COTIDIANO ESCOLAR
1- Voc j ouviu falar sobre discalculia? Comente sobre:
R=.............................................................................................................................................
.................................................................................................................................................
...................
2 - Voc j teve algum caso de aluno com discalculia? Se sim, relate um pouco de
sua experincia.
R=
.................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................
....................
3 - Quais as principais dificuldades encontradas no ensino de matemtica no cotidiano
escolar em relao ao aluno que possui discalculia?cite 3
R=.............................................................................................................................................
.................................................................................................................................................
...................
4 - Na questo da formao continuada, voc professor busca conhecimento a
respeito do assunto atravs de: Cursos, Leitura, Material didtico ou participa de
grupo de estudo? Relate um pouco sobre essas experincias.
R=.............................................................................................................................................
.................................................................................................................................................
...................
5 - Voc faz uso de tecnologias no desenvolvimento de suas aulas como meio de
contribuio no desempenho dos alunos com essa dificuldade?
R=.............................................................................................................................................
.................................................................................................................................................
...................
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I JORNADA DE DIDTICA - O ENSINO COMO FOCO
I FRUM DE PROFESSORES DE DIDTICA DO ESTADO DO PARAN
ISBN 978-85-7846-145-4
6 - Como voc associa o cotidiano no seu plano de aula se atentando s necessidades
dos alunos que tem discalculia?
R=.............................................................................................................................................
.................................................................................................................................................
...................
7 - Que tipo de apoio voc tem recebido da equipe pedaggica, para o cumprimento
do currculo escolar com esses alunos?
R=.............................................................................................................................................
.................................................................................................................................................
...................