Upload
others
View
2
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
1
Arterite de Takayasu na Infância. Revisão daliteratura a propósito de 6 casos
Zelina Barbosa Mesquita, Silvana Sacchetti, Olberes Vitor Braga de Andrade,Taís Helena Mastrocinque, Eunice Mitiko Okuda, Wanda Bastos, JúlioToporovski
Departamento de Pediatria da Santa Casa de São Paulo. Setores deNefrologia e Reumatologia.Endereço para correspondência: Departamento de Pediatria da Santa Casade São PauloR. Dr. Cezário Motta Jr., 112 CEP:01277-900 Vila Buarque São PauloDr. Olberes Vitor Braga de AndradeR. Oscar Freire, 1961, apto. 33 Jardim AméricaCEP 05409-011 São Paulo SPTel/Fax: (011) 282-8441
e) Título resumido no topo da página
Arterite deTakayasu na Infância
f) Unitermos: Arterite de Takayasu, hipertensão em crianças, vasculite,revisão da literatura Unyterms: Takayasu’s arteritis, hypertension in children, vasculitis,literature review
g)Modalidade: Artigo original
Resumo
Analisaram-se, retrospectivamente, aspectos epidemiológicos, clínico-laboratoriais e terapêuticos em 6 crianças portadoras de Arterite de Takayasu (AT), alémde revisão da literatura. Todos os casos preenchiam os critérios do ACR. A idade daapresentação diagnóstica variou de 7 a 14 anos (x=10.3±2.8), sendo 4 pacientes do sexofeminino. O tempo de início da sintomatologia até o diagnóstico variou de 1 mês a 5 anos.Astenia, emagrecimento e hipertensão arterial estiveram presentes em todos ospacientes. Outras manifestações clínicas observadas foram cefaléia, dor abdominal,insuficiência cardíaca, alteração dos pulsos periféricos, sopro abdominal e criseconvulsiva. A classificação angiográfica de Ueno modificada, demonstrou 5 pacientesportadores do tipo III e 1 do tipo II. Corticoterapia foi utilizada em 4 pacientes com a
2
2
doença em atividade, observando-se remissão das manifestações sistêmicas. Terapiaantituberculosa foi utilizada em 5 pacientes com PPD fortemente reator (>15 mm).Controle da hipertensão arterial foi obtida com auxílio de terapêutica antihipertensiva.Angioplastia luminal foi realizada em 4 pacientes com bons resultados em 1 paciente, comremissão de insuficiência renal aguda associada a rim único. Óbito ocorreu em 1 criançadevido complicação de abdome agudo vascular. A investigação da AT deve ser realizadanos pacientes com hipertensão renovascular, particularmente quando associada amanifestações sistêmicas e/ou presença de sopro abdominal, alteração de pulsosperiféricos e manifestações cardiovasculares.
Abstract
Epidemiological, clinical and therapeutic aspects were analysed in six childrenwith Takayasu’s arteritis (TA). All the cases meet the criteria for the classification of TAestablished by the American College of Rheumatology. The disease onset ranged from 7to 14 years (X=10.3+2.8), with a male/female proportion of 2/4. All the cases presentedasthenia, weight loss and arterial hypertension. Other events included headache,abdominal pain, cardiac failure, absent pulses, abdominal bruits and seizure. The modifiedUeno angiography classification showed 5 patients with type III and one with type II.Corticosteroid therapy was administered to 4 patients with systemic activity with goodresults. Five children with positive Mantoux test (induration > 15 mm) receivedantituberculous treatment. Percutaneous transluminal angioplasty was performed in 4patients, with good results in 1 patient who attained complete remission of associatedrenal failure. Antihypertensive therapy was used in all patients. One child died with acutevascular abdome. TA must be suspected in patients with renovascular hypertension,mainly when associated with systemic manifestations and/or abdominal bruit, pulselessand cardiovascular manifestations.
I - Introdução
A Arterite de Takayasu (AT) é uma vasculite inflamatória e segmentar, de
evolução crônica que afeta os grandes vasos, particularmente a aorta e seus
ramos principais, resultando na formação de estenose e aneurismas. 1,2,3,4,5 Foi
descrita pela primeira vez em 1908 pelo oftalmologista japonês Migito Takayasu,
que verificou aneurismas e anastomoses arteriovenosas, características da
doença na retina. 1Trata-se de uma arterite, raramente reconhecida na infância 6
e de distribuição cosmopolita, embora os maiores relatos clínicos sejam oriundos
da Ásia 7 e América Central. 4,6 No nosso meio há poucos casos descritos de AT
na infância. 8 Questões relacionadas à sua etiopatogenia e associação com
tuberculose permanecem controversas.
3
3
A AT se caracteriza clinicamente pela ausência de pulsos periféricos,
embora no início manifestações sistêmicas inespecíficas, tais como febre,
cefaléia, anorexia, perda de peso, artrite, artralgia, entre outras, sejam
frequentes.
O objetivo deste relato é descrever a experiência clínica, aspectos
cirúrgicos e terapêuticos do serviço no acompanhamento de 6 crianças
portadoras desta enfermidade.
II - Material e Métodos
Estudo clínico retrospectivo de 6 crianças portadoras de arterite de
Takayasu acompanhadas no período de 1988 a 1994 no Depto. de Pediatria da
Santa Casa de São Paulo. Todas as crianças preenchiam os critérios de
classificação elaborados pelo Colégio Americano de Reumatologia (ACR) para a
classificação de AT 9 (Quadro I). Foram seguidos estes critérios, embora outras
modalidades de diagnóstico também sejam reconhecidas. 10 O diagnóstico de
AT foi estabelecido pelos dados clínicos e de arteriografia em todos os casos.
Entra Quadro I
Os seguintes dados foram analisados: Idade de início da sintomatologia,
sexo, manifestações iniciais e na época do diagnóstico, anormalidades
laboratoriais, eletrocardiograma, radiografia torácica, arteriografia, tomografia
computadorizada, tratamento e evolução. Os pacientes foram distribuídos
segundo a localização do comprometimento arterial, de acordo com a
classificação de Ueno e cols., modificada por Lupi e Sanchez-Torres 4,11 (Figura
1):
Tipo I - Envolvimento localizado do arco aórtico e seus ramos;
Tipo II - Envolvimento da aorta torácica descendente e abdominal, sem
envolvimento do arco aórtico;
Tipo III - Comprometimento simultâneo de estruturas do tipo I e II (ou
forma mista);
4
4
Tipo IV - Envolvimento de qualquer sítio estrutural dos tipos I ou II ou III,
associado ao comprometimento da artéria pulmonar.
Entra figura 1
III - Resultados
Das 6 crianças, 4 eram do sexo feminino (66%). As idades variaram entre
7 e 14 anos na época do diagnóstico (x=10.3+2.8, x+DP). Quanto à raça, 3 eram
negros, sendo os restantes brancos. O período entre o início dos sintomas
clínicos e o diagnóstico de AT, variou de 1 mês a 5 anos. Outros diagnósticos
foram especulados antes da suposição e confirmação de AT.
Conforme a classificação de Ueno e col., modificada por Sánchez-Torrez,11 baseada na topografia das lesões arteriais, constatamos 5 crianças do tipo III
(83%) e 1 (17%) do tipo II (Figuras 2 e 3).
Entra figuras 2 e 3
Alterações indicativas de doença sistêmica, tais como febre, mal-estar,
anorexia, emagrecimento, foram comuns no início da doença (Tabela I). A
principal manifestação cardiovascular foi hipertensão arterial (percentil acima de
95 para a idade, segundo Task Force, 1996), observada em todas as crianças.
Três (50%) crianças apresentaram insuficiência cardíaca, enquanto três (50%)
apresentaram epistaxe relacionada à hipertensão arterial sistêmica. As principais
manifestações clínicas dos 6 casos estão relatadas na tabela I.
Sintomatologia relacionada à insuficiência vascular foi observada em
todos os pacientes, representada por sopro arterial em topografia de aorta
abdominal em quatro (66%), redução de amplitude dos pulsos periféricos em
dois (33%), desigualdade na palpação simétrica dos pulsos (artéria braquial e
radial) em dois (33%) e ausência de pulso em pelo menos uma extremidade em
três (art. braquial, radial E e femurais).
Claudicação de uma extremidade com fadiga e desconforto dos músculos
dos membros superiores ou inferiores foi verificada em 1 criança. Cefaléia de
5
5
forte intensidade foi queixa comum, constituindo a manifestação neurológica
mais frequente. Outras manifestações foram representadas por episódios de
crises convulsivas e encefalopatia hipertensiva em 2 pacientes, observando-se
hemiplegia em um deles (Tabela I).
Retinopatia hipertensiva foi notada em 2 pacientes, porém as alterações
arteriovenosas na retina, características desta enfermidade, não foram
observadas.
Sintomas gastrointestinais, tais como dor abdominal e vômitos, foram
verificados em 50 e 33,3% das crianças respectivamente, provavelmente
relacionados ao comprometimento da artéria mesentérica e do tronco celíaco.
As manifestações articulares em três pacientes foram representadas por
artrite transitória de caráter não erosivo de grandes articulações. A associação
deste quadro com insuficiência cardíaca em uma criança levou ao diagnóstico
errôneo inicial de doença reumática.
Entra Tabela I
Os resultados dos exames laboratoriais são apresentados na tabela II.
Elevação de VHS foi observada em quatro crianças (66%) na época do
diagnóstico, durante a fase ativa da doença.
Prova de tuberculina positiva (considerando PPD fortemente reator
quando o tamanho do nódulo foi maior que 15 mm) e títulos elevados de
antiestreptolisina O foram as anormalidades laboratoriais mais frequentes,
observadas em 83,3 e 66,6% dos casos, respectivamente (Tabela 2).
Alterações eletrocardiográficas foram encontradas em todas as crianças,
basicamente hipertrofia de ventrículo esquerdo e alterações de repolarização
ventricular (Tabela 2).
Linfoadenopatias pulmonares e abdominais sugestivas de tuberculose
ganglionar foram observadas em dois pacientes (33%), sendo diagnosticados
através de radiografia simples e tomografia computadorizada.
Entra Tabela 2
Todos os pacientes foram submetidos a estudo angiográfico, cujos
resultados são representados esquematicamente na figura 2. A aorta abdominal
6
6
e seus ramos foram os segmentos arteriais mais envolvidos em nossa
casuística.
Após o diagnóstico, foi utilizada corticoterapia na forma de prednisona (1
a 2 mg/Kg/dia), para as quatro crianças com manifestações sistêmicas da
doença e VHS elevado. Essa dose diária inicial, foi dividida em 3 tomadas nas 4
primeiras semanas, seguida de dose única diária, com redução posterior
gradativa. Esta terapêutica levou à rápida melhora das manifestações sistêmicas
e redução do VHS, entretanto, em apenas uma criança houve retorno dos pulsos
braquiais e radiais que estavam ausentes.
Cinco pacientes com PPD fortemente positivo receberam, por um ano,
tratamento para tuberculose, consistindo de esquema tríplice (isoniazida,
rifampicina e pirazinamida.
Drogas antihipertensivas (propranolol, hidralazina, alfametildopa e
captopril) foram administradas inicialmente a todas as crianças, tornando-se
efetivas, posteriormente, e auxiliando no controle da hipertensão arterial.
Angioplastia com balão foi realizada em quatro crianças com objetivo de
controle da hipertensão arterial, devido à estenose da artéria renal secundária à
arterite. Em um paciente, portador de rim único e comprometimento da artéria
renal, o resultado da angioplastia foi muito bom, com normalização da pressão
arterial, não havendo mais necessidade de drogas hipotensoras, além de
regressão de insuficiência renal associada. Esta paciente necessitou de terapia
dialítica por insuficiência renal aguda com melhora significativa da função renal
após a angioplastia luminal, porém, após seguimento de 3 anos, sua creatinina
sérica era de 1,2 mg%. Nos demais pacientes, o resultado não foi tão
satisfatório, particularmente naqueles com comprometimento bilateral da artéria
renal, sendo necessária a manutenção do tratamento antihipertensivo.
Nefrectomia unilateral foi realizada, posteriormente, em dois pacientes
com diagnóstico de hipertensão renovascular refratária ao tratamento clínico. No
seguimento, registramos um óbito devido abdome agudo vascular (isquemia,
seguida de necrose de intestino delgado, apesar de reimplante de artéria
mesentérica superior, culminando em sepses).
IV - Discussão
A arterite de Takayasu, arterite de células gigantes, não é comumente
reconhecida na infância. 6 Existem relatos de várias partes do mundo
documentando o curso desta enfermidade na faixa pediátrica, sendo a maioria
7
7
deles de casos isolados. 3,4,6,12 É descrita com maior frequência em crianças e
adolescentes, particularmente adultos jovens da Ásia, África, América Central e
do Sul. 13 Mesmo alguns trabalhos americanos têm demonstrado maior
prevalência em descendentes asiáticos. 14 A incidência anual da doença em
comunidade americana foi de 2,6 casos por milhão de habitantes. 12 O sexo
feminino é predominantemente afetado, atingindo uma relação de até 8:1 na
vida adulta, enquanto na faixa pediátrica esta relação tende a reduzir-se em
torno de 2:1, 1 fato observado em nosso material.
Caracteristicamente, esta vasculite acomete a aorta e seus ramos
principais, apresentando lesões segmentares contíguas associadas a áreas
normais. 1 Estas lesões incluem estenose, oclusão, dilatação ou formações
aneurismáticas. Histopatologicamente, existe uma panarterite com envolvimento
difuso ou focal do tecido elástico e muscular da parede arterial, fibrose extensa
da camada média e destruição característica da lâmina elástica. Células
gigantes freqüentemente são visualizadas ao redor da área comprometida.
A etiologia é desconhecida. Fatores imunológicos e/ou genéticos parecem
estar implicados, observando-se maior risco em determinados grupos raciais, a
presença da doença em gêmeos monozigóticos e em indivíduos da mesma
família. 1,13,15,16,17 No presente estudo, dois irmãos de uma paciente faleceram
devido a AT, enquanto a mãe é portadora de dermatomiosite grave sob
tratamento.
A literatura japonesa apresenta vários relatos da associação de antígenos
HLA-Bw52, Dw12, DR2 e Dw1 em pacientes com AT, inclusive a maior
incidência de insuficiência aórtica e alterações da função do ventrículo esquerdo
em pacientes com Bw52. 18 A associação de HLA- Bw52 e B5 é descrita também
na Coréia e Índia, além do Japão. 19 Numano e col. em 1978, no seu estudo de
gêmeos monozigóticos com AT, encontrou o haplotipo HLA-11Bw40 no pai e
nos gêmeos, mas não nos outros irmãos. 17 Foi verificada associação negativa
entre HLA-DR1 e AT, o que poderia sugerir que a presença de HLA-DR1 seria
um fator de proteção contra o desenvolvimento da doença. 16 A literatura
americana no estudo de pacientes caucasianos com AT não tem documentado
associação com antígenos HLA, a não ser o relato de um pequeno número de
pacientes com HLA-DR4. 18 Makino sugere outros fatores na patogênese que
não o HLA. 20
Associação de AT e tuberculose é descrita por vários autores. 4,5,6,21,22
Entretanto, nem todos observaram essa relação. 12 Teste de tuberculina
8
8
fortemente positivo está presente de maneira significativa em séries de
pacientes portadores da arterite em comparação com a população normal. 4,5
Shimuzu e Sano chamaram a atenção para esta associação e o possível papel
da tuberculose na etiopatogenia da AT, após a observação de granulomas de
células gigantes em amostras de tecido aórtico, similares aos granulomas da
tuberculose. 22 Reações intradérmicas para outras micobactérias também são
mais prevalentes nestes pacientes. 23 Experimentalmente, a inoculação de
Micobacterium tuberculosis em parede de carótida de coelhos acompanha-se de
achados histológicos similares à arterite de Takayasu. 24
Apesar das controvérsias, é interessante notar que a maioria dos casos
desta arterite foram observadas em países onde a tuberculose ainda é
relativamente freqüente. 13 Entre as nossas crianças, o PPD foi fortemente
positivo em 83% dos casos, na época do diagnóstico. História familiar de
tuberculose foi verificada em duas dessas crianças: uma, cuja mãe apresentava
pericardite tuberculosa, e outra, cujo tio estava sob tratamento para tuberculose
pulmonar e a mãe já havia sido tratada pela mesma enfermidade.
Linfoadenomegalia foi observada em 2 crianças, sugerindo fortemente
associação com micobacteriose.
A associação de AT com outras enfermidades, sugere a participação de
uma alteração imunológica na etiopatogênese da doença. Desta forma, arterite
de Takayasu foi descrita associada à artrite reumatóide, doença de Crohn, lúpus
eritematoso sistêmico, tiroidite, colite ulcerativa, espondilite anquilosante, entre
outras. 25,26,27,28,29,30,31,32 Interessante notar que AT afeta principalmente a mulher
jovem, sendo que existem trabalhos relacionando a possível influência dos
hormônios sexuais femininos no desenvolvimento desta doença. 18
Vários autores dividem o curso clínico da AT em fases aguda e crônica.
Na fase aguda estão presentes sinais e sintomas de processo inflamatório
sistêmico enquanto na fase crônica, observamos sintomatologia de oclusão
vascular com aparecimento de hipertensão e alterações dos pulsos periféricos, o
que direciona para o diagnóstico correto. 6,16,21,32 Entretanto, vários trabalhos
baseados em estudos histológicos de amostras obtidas cirurgicamente têm
demonstrado que pacientes com doença presumivelmente inativa (ausência de
sintomas clínicos e VHS normal) podem ter inflamação vascular, enquanto a
presença de sintomas isquêmicos crônicos nem sempre exclui processo
inflamatório vascular em atividade. 18
9
9
Os sinais e sintomas de processo inflamatório da fase aguda são
representados por febre, emagrecimento, anorexia, mal-estar, sudorese noturna,
tosse, mialgia, artralgia/artrite, exantema, dor abdominal, vômitos e anemia,
dentre outros. 1,6,25,14,33,34 Estas manifestações iniciais podem durar alguns
meses ou até anos, mimetizando outras condições clínicas e levando a erros
diagnósticos. 1,25 Entre nós, manifestações sistêmicas ocorreram em todas as
crianças no início da doença, sendo que uma criança foi diagnosticada e tratada
como portadoras de doença reumática, enquanto as outras apresentavam o
diagnóstico sindrômico inicial de hipertensão renovascular.
O envolvimento da artéria renal na AT é uma causa importante de
hipertensão renovascular na infância. 5 Na grande maioria dos casos, a
constatação da hipertensão arterial de característica renovascular é o passo
inicial para a hipótese diagnóstica, associada a alterações dos pulsos,
comprometimento cardíaco, manifestações sistêmicas e associação com
processo específico. Enquanto estudos clínicos e patológicos têm demonstrado
que comprometimento do arco aórtico é freqüente em adultos, na infância a
aorta torácica e abdominal apresentam sinais mais evidentes de
comprometimento. 35 A literatura também registra que em adultos e crianças,
variações geográficas também são observadas, sendo a aorta torácica mais
afetada em japoneses, quando comparados com pacientes coreanos e indianos.19 Embora apenas um dos nossos pacientes se enquadre na classificação
arteriográfica tipo II (Ueno modificada), todos os pacientes apresentaram,
invariavelmente, acometimento de artérias renais, com conseqüente hipertensão
arterial (Figura 2). Na literatura, hipertensão arterial está presente em 42 a 100%
dos casos. 5,10,11,12 Em países de terceiro mundo, o tipo III é a variedade
predominante, denotando comprometimento da aorta torácica e, principalmente,
abdominal, o que foi o caso em nossa casuística. 35 Manifestações renais
também podem incluir síndrome nefrítica, síndrome nefrótica, amiloidose renal,
hematúria, proteinúria e redução do ritmo de filtração glomerular. 33,36,37,38,39
Sopro abdominal esteve presente em 66% dos nossos casos, achado clínico
prevalente em alguns levantamentos da literatura. 14
Tumoração abdominal palpável, denotando a presença de aneurisma,
raramente constitui quadro clínico inicial desta vasculite. 13
O comprometimento cardíaco é comum na AT. 12 Sobrecarga de
ventrículo esquerdo esteve presente em todos os casos, enquanto insuficiência
10
10
cardíaca foi observada em metade, provavelmente secundária à hipertensão
arterial, comprometimento das coronárias e do miocárdio.
A manifestação neurológica mais comum na AT é a cefaléia, embora
hemiplegia, convulsões e episódios sincopais possam ser observados. 6,12
Apresentamos um caso que evoluiu com hemiplegia temporária, provavelmente
associada à hipertensão severa. Paraplegia intermitente, apesar de incomum,
também é descrita. 40 No nosso estudo, 83% dos pacientes apresentavam
cefaléia secundária à hipertensão arterial, porém uma criança permanece com
cefaléia intermitente, mesmo após a normalização da pressão arterial.
O envolvimento da artéria pulmonar (Tipo IV) ocorre entre 25 a 50% dos
casos relatados na literatura, podendo ter curso assintomático 11 ou evoluir com
insuficiência respiratória severa e hemorragia pulmonar. 41 Não caracterizamos
tal modalidade em nossa casuística.
O aumento da velocidade de hemossedimentação constitui, para muitos
autores, indicador de doença ativa e sua normalização, um parâmetro de
resposta ao tratamento. 16,21,42 Entretanto, nem todos os estudos concordam que
este seja um teste seguro para medida da atividade, observando a
reprodutibilidade e utilidade de outros parâmetros laboratoriais, tais como
endotelina-1, fator de vonWillebrand, fator VIII, entre outros. 1, 42 Na época do
diagnóstico, cinco crianças apresentavam VHS elevado, refletindo a atividade da
vasculite.
O estudo angiográfico, além de fundamental para confirmação
diagnóstica, avalia o envolvimento vascular potencialmente extenso desta
vasculite, o que pode ser subestimado somente com os dados clínicos. 44 A
angiografia de subtração digital tem sido bastante utilizada, sendo considerada
método de eleição de investigação pela adequação de visualização e segurança
da técnica, apesar das limitações no diagnóstico de irregularidade da aorta
descendente. 44,45 A tomografia computadorizada tem utilidade na
complementação diagnóstica, na avaliação de espessamento de parede aórtica,
presença de aneurismas e linfoadenopatias. A ressonância magnética ainda
apresenta grande limitação como técnica de triagem diagnóstica, entretanto
pode ser útil na caracterização dos aneurismas. 1,42,46
O estudo radioisotópico com 99mTc-DTPA associado ao teste do captopril,
além da avaliação da função renal, pode nos dar indícios da presença de
hipertensão renovascular e qual rim encontra-se envolvido. 47 Após a
administração do inibidor de enzima de conversão, o renograma demonstra
11
11
piora da fase vascular do rim em questão, devido à redução do fluxo sangüíneo
renal, mantido pela ativação do sistema renina-angiotensina (Figura 4).
Entra figura 4
O tratamento com corticosteróides tem sido indicado para os doentes com
AT. Os resultados desta terapêutica são controversos e alguns relatos têm
demonstrado efetividade, inclusive com retorno dos pulsos, 12,16,48 enquanto
outros não referem melhora da lesão vascular. 4,6 Apesar destas controvérsias,
os corticosteróides continuam sendo indicados no tratamento da AT e quando
usados em doses altas na fase inicial suprimem as manifestações inflamatórias
e auxiliam na reversão da estenose arterial. Em nossa casuística, a
corticoterapia melhorou rapidamente as manifestações sistêmicas dos
pacientes, entretanto, em apenas um, houve retorno dos pulsos nos membros
superiores.
Em pacientes com má resposta à corticoterapia, outras drogas como
ciclofosfamida, metrotrexato e ciclosporina vêm sendo usadas. 1,49,50,51,52 A
utilização de modalidades alternativas promissoras, tais como anti-CD4 e fator
de necrose tumoral, encontra-se em fase inicial experimental para aplicação
nesta vasculite. 18
O manuseio clínico da hipertensão arterial grave geralmente necessita de
terapêutica múltipla, enquanto se aguarda o momento de intervenção cirúrgica,
quando indicada. Tem-se mostrado de utilidade a nifedipina, os beta-
bloqueadores, preferencialmente seletivos, alfa-metildopa e os inibidores de
enzima de conversão (IEC). Eventualmente, diuréticos podem ser necessários
naqueles pacientes com insuficiência cardíaca congestiva. Devemos ter critério
quando da utilização de IEC, monitorizando a função renal, especialmente na
presença de estenose bilateral da artéria renal. A terapêutica antihipertensiva,
associada à angioplastia e imunossupressão levou ao controle da hipertensão
arterial em todos os pacientes.
Angioplastia cutânea transluminal (ACT) constitui um método seguro e útil
para o tratamento das lesões estenosadas da aorta, restaurando o fluxo renal
vascular e facilitando o controle da hipertensão. 14,18,53,54,55,56 Constitui uma
alternativa primária à cirurgia, recanalizando as lesões estenosadas em
12
12
topografia das artérias braquiocefálicas e renais. 54 O reaparecimento da
estenose é uma complicação que pode ocorrer dentro de 1 a 2 anos, embora
não seja freqüente. 18,53,54,55 No estudo, o resultado do tratamento com ACT foi
muito bom em um paciente, enquanto nos outros o resultado não foi satisfatório.
Naqueles pacientes, em que repetidas ACT não resultarem satisfatórias, a
cirurgia por bypass deverá ser considerada. 18 Outros procedimentos cirúrgicos,
além do bypass, incluem reconstrução arterial, aneurismectomia e outros
procedimentos, eventualmente combinados. 57,58 O transplante renal
heterotópico ou autotransplante também é uma alternativa naqueles casos com
estenose da artéria renal, necessitando de resultados a longo prazo para
maiores conclusões. 59
O tratamento cirúrgico da AT tem se mostrado efetivo em casos
selecionados. Entretanto, só deverá ser realizado quando a doença estiver sem
atividade. 18,44 A abordagem cirúrgica tem sua indicação, principalmente na
presença de sintomas isquêmicos graves e aneurismas. Em nosso meio, o
tratamento cirúrgico realizado em 14 pacientes demonstrou morbimortalidade de
21%. 60 Resultados a longo prazo sugerem efeito benéfico naqueles pacientes
submetidos à reconstrução arterial, quando comparados com a história natural
da vasculite. 57,61
Arterite de Takayasu na infância, constitui enfermidade grave, apesar do
tratamento, podendo se tornar crônica com períodos de exacerbação. 1, 21 As
principais causas de óbito são insuficiências cardíaca 31,62 e renal, acidentes
vasculares cerebrais e ruptura de aneurismas. 6,19,62 Em nossa casuística,
tivemos apenas um óbito, devido a abdome agudo vascular, apesar da
realização de reimplante de artéria mesentérica superior em um quadro inicial de
necrose de intestino delgado. As outras crianças continuam em
acompanhamento ambulatorial, necessitando de anti-hipertensivos, exceto uma
paciente que após ACT não necessitou de controle medicamentoso da
hipertensão arterial.
Atualmente, a sobrevida no período de 5 anos de diagnóstico é estimada
em 94%, considerando o tratamento médico, cirúrgico 1 e dependendo,
naturalmente, do quadro clínico, comprometimento cardíaco, severidade, tempo
da hipertensão arterial e topografia das lesões. 62
13
13
Referências
1. Cassidy and Petty. Vasculitis. In Textbook of Pediatric Rheumatology. 3a ed,
Philadelphia, W.B. Saunders Company, 1995, 365-422
2. Duggan J, Halpin D, Jagoe WS, Shanik GD, Moore J. Diagnosis,
complications and treatment of Takayasu’s arteritis. Irish Med J. 1989; 82
(4):166-7
3. Lupi-Herrera E, Contreras R, Vela JE, Torres GS, Horwitz S. Arteritis
inespecifica en la niñez. Observaciones clinicas y anatomopatologicas. Arch Inst
Cardiol Mex. 1972; 42: 477-91
4. Lupi-Herrera E, Sánchez-Torres G, Marcushamer J, Mispireta J, Horwitz S,
Vela JE. Takayasu's Arteritis, Clinical study of 107 cases. Am Heart J. 1977; 93:
94-103
5. Wiggelinkhuizen J, Cremin BJ. Takayasu Arteritis and Renovascular
Hypertension in Childhood. Pediatrics. 1978; 62: 209-217
6. Morales E, Pineda C, Martínez-Lavin M. Takayasu's Arteritis in children. J
Rheumatol. 1991; 18:1081-4
7. Hong CY, Yun YS, Choi JY, Sul JH, Lee KS, Cha SH, Hong YM, Lee H, Hong
YJ, Sohn KC. Takayasu’s arteritis in Korean children: clinical report of seventy
cases. Heart Vessels Suppl. 1992; 71: 91-6
8. Len C, Goldenberg J, Feldman D, Hilário MO, Faiwichow G, Fonseca RP,
Oliveira EM. Arterite de Takayasu na infância. Rev Paul Pediatr. 1993; 11(1):
167-8
9. Arend WP, Michel BA, Bloch DA, Hunder GG, Calabrse LH, Edworthy SM,
FaucI AS, Leavitt RY, Lie JT, Lightfoot RW, Masi AR, McShane DJ, Mills JA,
Stevens MB, Wallace SL, Zvaifler NJ. The American College of Rheumatology
1990 criteria for the classification of Takayasu Arteritis. Arthritis Rheum. 1990;
33(8): 1129-1134
14
14
10. Ishikawa K. Diagnostic approach and proposed criteria for the clinical
diagnosis of Takayasu’s arteriopathy. J Am Col Cardiol. 1988; 12: 964-72
11. Lupi-Herrera E, Sánchez-Torres G, Horwitz, S, Gutierrez FE. Pulmonary
artery involvement in Takayasu's arteritis. Chest. 1975; 67: 69-74
12. Hall S, Barr W, Lie JT, Stanson AW, Kazmier FJ, Hunder GG. Takayasu
Arteritis. A study of 32 North American patients. Medicine. 1985; 64(2): 89-99
13. Gronemeyer PS, Mello DE. Takayasu's disease with aneurism of right
common iliac artery and iliocaval fistula in a young infant: case report and review
of the literature. Pediatrics. 1982; 69(5): 626-31
14. Kerr G, Hallahan CW, Giordano J, Leavitt RY, Fauci AS, Rottem M, Hoffman
GS. Takayasu Arteritis. Ann Intern Med. 1994; 120: 919-929
15. Ikeda M. Immunologic studies on Takayasu's arteritis. Jpn Circ J. 1966; 30
87-89
16. Khraishi MM, Gladman DD, Dagenais P, Fam AG, Keystone E. HLA Antigens
in North American patients with Takayasu’s arteritis. Arthritis Rheum. 1992;
35(5): 573-75
17. Numano F, Isohisa I, Kishi U, Arita M, Hidenori M. Takayasu's disease in twin
sisters. Circulation. 1978; 58(1): 173-77
18. Kerr G. Takayasu’s arteritis. Curr Opin Rheum. 1994; 6: 32-38
19. Yajima M, Numano F, Park YB, Sagar S. Comparative studies of patients
with Takayasu’s arteritis in Japan, Korea and India - Comparison of clinical
manifestations, angiography and HLA-B antigen. Jpn Circ J. 1994; 58: 9-14
20. Makino N, Senda Y, YamaguchI Y. Takayasu’s disease in two brothers.
Analysis of HLA types. Br Heart J, 1981; 46: 446-8
15
15
21. Pantell RH, Goodman BW. Takayasu's Arteritis: the relationship with
tuberculosis. Pediatrics. 1981; 67(1): 84-88
22. Shimuzu K, Sano K. Pulseless disease. Clin Surg. 1948; 3: 377
23. Lupi-Herrera E, Sánchez-Torres G, Castillo PU. Reactividad cutanea al PPD
a los antigenos de mycobacterias atipicas (Kansasii, avium y fortuitum) en
pacientes con arteritis inespecifica. Inst. Cardiol Mex. 1972; 42: 717
24. Sen PK, Kinare SG, Kelkar MD. Nonspecific stenosing arteritis of the aorta
and its branches. A study of a possible etiology. Mount Sinai J Med. 1972; 39:
221
25. Ansell BM, Brywa Ters EGL, Doniack I. The aortic lesion of ankylosing
spondylitis. Br Heart J. 1958; 20: 507
26. Hayes MM, Gwata T, Gelfand M. Takayasu's disease in association with
probable Still's syndrome in a nine year old African male. Afr J Med. 1978; 24:
144-148
27. Ishikawa H, Dondo Y, Yusa Y, Ejiri Y, Sato Y, Miyata M, Obara K, Nishimaki
T, Kasukawa R, Saito A, Suzuki T. An autopsy case of ulcerative colitis
associated with Takayasu’s disease with a review of 13 Japanese cases.
Gastroenterol Jpn. 1993; 28: 110-7
28. Lessof MH, Glynn LE. The pulseless syndrome. Lancet. 1959; 1:799-801
29. Owyang C, Miller LF, Lie JT. Takayasu's arteritis in Crohn's disease.
Gastroenterology. 1979; 76:825-28
30. Rossor E. Takayasu's arteritis as a differential diagnosis of systemic juvenile
chronic arthritis. Arch Dis Child. 1979; 54: 798-800
31. Strachan RW. The natural history of Takayasu’s arteriopathy. Q J Med. 1964;
33: 59
16
16
32. Saxe PA, Altman RD. Takayasu's Arteritis syndrome associated with
systemic lupus erythematosus. Semin Arthritis Rheum. 1992; 21(5): 295-305
33. Roberti I, Reisman L, Churg J. Vasculitis in childhood. Pediatr Nephrol. 1993;
7: 479-489
34. Sise MJ, Counihan CM, Shackford SR, Rowley WR. The clinical spectrum of
Takayasu’s arteritis. Surgery. 1988; 104: 905-10
35. Ivarsson SA, Bergqvist D, Lundstrom NR, Maly E, Nilsson KO, Wattsgard C.
Takayasu’s aortitis with renovascular hypertension. Acta Paediatr, 1992; 81:
1044-8
36. Ates K, Erturk S, Diker E, Karatan O, Duman N, Sak SD, Erbay B, Ertug AE.
Renal amyloidosis complicating Takayasu’s arteritis: a case report. Nephron.
1996; 73(1): 111-2
37. Hellman DB, Hardy K, Lindefield S. Takayasu’s arteritis associated with
crescentic glomerulonephritis. Arthritis Rheum, 1987; 30: 451-454
38. Yoshimura M, Kida H, Saito Y, Yokoyama H, Tomosugi, N, Abe T, Hattori N.
Peculiar glomerular lesions in Takayasu’s arteritis. Clin Nephrol. 1985; 24: 120-
127
39. Rath B, Gupta S, Tyagi S, Mathur RP, Talukdar B. Pulseless disease with
renal amiloidosis. Pediatr Nephrol. 1996, 10(1): 129-30
40. Lupi-Herrera E, Sánchez-TorreS, G. Arteritis inespecifica y paraplejia
intermitente. Arch Inst Cardiol Mex. 1972; 42: 131-7
41. Koyabu S, Isaka N, Yada T, Konishi T, Nakano T. Severe respiratory failure
caused by recurrent pulmonary hemorrhage in Takayasu’s arteritis. Chest. 1993;
104: 1905-6
42. Bengtsson BA, Anderson R. Giant Cell and Takayasu's Arteritis. Curr Opin
Rheumatol. 1991; 3(1): 15-22
17
17
43. Akazawa H, Ikeda U, Kuroda T, Shimada K. Plasma endothelin-1 levels in
Takayasu’s arteritis. Cardiology. 1996; 87(4): 303-5
44. Hall S, Buchbinder R. Takayasu’s Arteritis. Rheum Dis Clin N ª 1990; 16:
411-21
45. Matsunaga N, Hayashi K, Aikawa H, Uetani M, Iwao M, Matsuoka Y, Hombo
A, Fukushima T, Maeda H. Digital subtraction angiography in Takayasu’ arteritis.
Acta Radiol. 1987; 28: 247-52
46. Miller D, Reinig JW, Volkman DJ. Vascular imaging with MRI: inadequacy in
Takayasu’s arteritis compared with angiography. AJR. 1986; 146: 949-54
47. Balingit AG, Anderson JH. Clinical application of captopril renal scintigraphy
in Takayasu’s arteritis. Clin Nucl Med. 1993; 18(9): 742-5
48. Fraga A, Mintz G, Valle L, Flores I. Takayasu’s Arteritis: Frequency of
sistemic manifestations (Study of 22 patients) and favorable response to
maintenance steroid therapy with adrenocorticosteroids (22 patients). Arthritis
Rheum, 1972; 15: 617-24
49. Hoffman GS, Leavitt RY, Kerr GS, Rottem M, Sneller MC, Fauci AS.
Treatment of glucocorticoid resistant of relapsing Takayasu’s arteritis with
methotrexate. Arthritis Rheum. 1994; 37: 578-82
50. Mevorach D, Leibowitz G, Brezis M, Raz E. Induction of remission in a
patient with Takayasu’s arteritis by low dose pulses of methotrexate. Ann Rheum
Dis, 1991; 51: 904-905
51. Peres GC, Sanchez AJ, Gonzalez HJ, Maravi PE. The long-term treatment of
Takayasu’s disease with cyclosporin. Rev Clin Esp. 1992; 190(9): 470-1
52. Shelhamer JH, Volkman DJ, Parrillo JE, Lawley TJ, Johnston MR, Fauci AS.
Takayasu's arteritis and its therapy. Ann Intern Med 1985; 103: 121-126
18
18
53. Lee HY, Rao S. Percutaneous transluminal coronary angioplasty in
Takayasu’s arteritis. Am Heart J. 1996, 132(5): 1084-6
54. Rao S, Mandalam KR, Rao VR, Gupta AK, Joseph S, Unni MN,
Subramanyan DM, Neelakandhan KS. Takayasu’s Arteritis: Initial and long-term
follow-up in 16 patients after percutaneous transluminal angioplasty of the
descending thoracic and abdominal aorta. Radiology. 1993; 189: 173-9
55. Sharma S, Thatai D, Saxena A, Kothari SS, Guleria S, Rajani M.
Renovascular hypertension resulting from nonespecific aortoarteritis in children:
midterm results of percutaneous transluminal renal angioplasty and predictors of
restenosis. Am J Roeng. 1996; 167(5): 157-62
56. Tyagi S, Kaul UA, Nair M, Sethi KK, Arora R, Khalilullah M. Balloon
angioplasty of the aorta in Takayasu’s arteritis: initial and long-term results. Am
Heart J. 1992; 124: 876-82
57. Takagi S, Atsuhiko, Tada, Y, Sato O, Myata T. Surgical treatment for
Takayasu’s arteritis. J Cardiovasc Surg. 1989; 30: 553-8
58. Ueno A, Awane Y, Wakabayachi A, Shimuzu K. Succesfully operated
obliterative brachiocephalic arteritis (Takayasu) associated with elongated
coarctation. Jpn Heart J. 1967; 8: 538-42
59. Beale PG, Meyers KEC, Thomson PD. Management of renal hypertension in
children with Takayasu’s Arteritis using renal autografting or allograft
transplantation in elected circumstances and total lymphoid irradiation. J Pediatr
Surg. 1992; 27: 836-39
60. Caffaro RA, Castelli VJ, Fonseca C, Silveira DR, Carvalho L. Tratamento
cirúrgico para a Arterite de Takayasu. Rev Col Bras Cirurgia. (no prelo)
61. Robbs JV, Carrim ATOA, Kadwa AM. Arterial reconstruction for non-specific
arteritis (Takayasu’s disease): medium to long term results. Eur J Vasc Surg.
1994; 8: 401-7
19
19
62. Subramanyan R, Joy J, Balakrishnan KG. Natural history of aortoarteritis
(Takayasu's disease). Circulation. 1989; 80: 429
Artigo recebido em 25 de setembro de 1997 e aceito para publicação em 4 de
junho de 1998.
20
20
Quadro I. Critérios diagnósticos para a classificação da Arterite deTakayasu 9*
Critério Definição
1. Idade no início da doença ≤40 anos Desenvolvimento de sintomas ou
achados relacionados à arterite de
Takayasu em idade ≤40 anos de idade
2. Claudicação das extremidades Desenvolvimento ou intensificação de
fadiga ou desconforto na musculatura
de uma ou mais extremidade durante a
movimentação, especialmente dos
membros superiores
3. Diminuição do pulso arterial braquial Redução da amplitude de pulsação de
uma ou ambas artérias braquiais
4. Diferença de pressão arterial >10
mmHg
Diferença de mais de 10 mmHg na
mensuração da pressão sistólica entre
os braços
5. Sopro em artéria subclávia ou aorta Sopro audível ou auscultado sobre
uma ou ambas artérias subclávias ou
aorta abdominal
6. Anormalidade no arteriograma Estreitamento arteriográfico ou oclusão
de aorta, ramos primários, grandes
artérias nas extremidades superiores
ou inferiores, excluindo arteriosclerose,
displasia fibromuscular ou causas
similares; alterações usualmente focais
ou segmentares
• Estabelece-se a possibilidade diagnóstica de Arterite de Takayasu na
presença de pelo menos 3 dos 6 critérios. A presença de 5 desses critérios,
omitindo claudicação das extremidades, demonstra sensibilidade de 92,1% e
especificidade de 97% (Arend e col., 1990). 9
21
21
• Figura 1 - Classificação angiográfica da arterite de Takayasu, segundo
Ueno modificada por Sánchez-Torres 4, 11
Tipo I - Envolvimento localizado do arco aórtico e seus ramos;
Tipo II - Envolvimento da aorta torácica descendente e abdominal, sem
envolvimento do arco aórtico;
Tipo III - Comprometimento simultâneo de estruturas do tipo I e II (ou forma
mista);
Tipo IV - Envolvimento de qualquer sítio estrutural dos tipos I ou II ou III,
associado ao comprometimento da artéria pulmonar.
22
22
Tabela I. Manifestações clínicas observadas em 6 crianças portadorasde arterite de Takayasu.
Pacientes
Manifestações clínicas JVR RBS SG EA NPL JAS Total(%)
Astenia + + + + + + 6 (100)Emagrecimento + + + + + + 6 (100)Febre + - - - + + 3 (50)Cefaléia + + + + + - 5 (83)Vômitos - - + - + - 2 (33)Epistaxe + + - - - + 3 (50)Claudicação + - - - - - 1 (16)Artrite + - + - + - 3 (50)Dor abdominal + - - + + - 3 (50)Poliúria-polidipsia + - - - - - 1 (16)Convulsão - + + - - - 3 (33)Hemiplegia - - - + - - 1 (16)Hipertensão arterial + + + + + + 6 (100)Emergência hipertensiva - + - + - - 2 (33)Insuficiência cardíaca + + - - - + 3 (50)Sopro abdominal + + - + + - 4 (66)Alteração dos pulsos + - - + + - 3 (50)
(+) = manifestação presente; (-) = manifestação ausente
23
23
Tabela II. Dados laboratoriais de 6 crianças portadoras de Arterite de
Takayasu
Pacientes
JVR RBS SG EA NPL JAS
VHS (mm/min) 45 8 90 16 33 30
ASLO (U Todd) 480 - 40 320 320 160
Creatinina (mg%) 0.5 0.9 10.4 0.9 0.9 0.6
Uréia (mg%) 29 45 90 36 28 28
PPD (mm) 22 16 25 0 18 22
Eletrocardiograma/Ecocardiograma SVE
ARV
HVE
SVE
ARV
SVE
ARV
SVE
ARV
SVE
ARV
SVE
ARV
MD
Fundoscopia RL normal normal normal normal RL
Radiografia de tórax cardiomegalia cardiomegalia cardiomegali
a
cardiomegali
a
cardiomegalia
LAG
cardiomegalia
LAG
VHS=velocidade de hemossedimentação: ASLO= antiestreptolisina O: SVE=sobrecarga ventricular
esquerda; ARV=alteração de repolarização ventricular; HVE=hipertrofia ventricular esquerda;
MDl=miocardiopatia dilatada; RL= retinopatia leve; LAG= Linfoadenomegalia
24
24
Figura 2 . Esquema das alterações angiográficas em 6 crianças portadoras
de arterite de Takayasu
Tipo III Tipo II Tipo III Tipo III Tipo III Tipo III
Art. subclávia E
Aorta abdominal
Artéria renal D
Artéria renal E
Artéria renal D
Artéria renal E
Art. subclávia E
Art. mesentérica
superior
Artéria renal D
Artéria renal E
Art. subclávia D e E
Artéria mesentérica
superior
Tronco celíaco
Artéria renal E
Artéria subclávia
D e E
Art. mesentérica
superior
Aorta abdominal
Artéria renal D e
E
Art. subclávia
D
Artéria renal D
Aneurismas
em aorta
torácica
* Classificação arteriográfica de Ueno, modificada por Sánchez-Torres
(Chest, 67:69-74, 1975)
25
25
Figura 3. Exemplo de alterações em arteriografias e angiografias
subdigitais de vários pacientes portadores de arterite de Takayasu
Em A e B, presença de aneurismas e alterações de calibre da aorta abdominal e
torácica. Em C, presença de estenose em artéria renal esquerda (rim único) e
alteração de calibre de aorta abdominal. Em D, afilamento importante de aorta
abdominal.
26
26
27
27
Figura 4. Renograma com DTPA-Tc99 basal (A) e após captopril (B) em
criança portadora de Arterite de Takayasu e estenose de artéria renal
direita. Observe a piora da função renal do rim direito após captopril.
(Serviço de Medicina Nuclear do Instituto Arnaldo Vieira de Carvalho)