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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(William Okubo, CRB-8/6331, SP, Brasil)

INSTITUTO ARTE NA ESCOLA

Jeanete Musatti / Instituto Arte na Escola ; autoria de Ana Maria Schultze ;

coordenação de Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque. – São Paulo : Insti-

tuto Arte na Escola, 2006.

(DVDteca Arte na Escola – Material educativo para professor-propositor ; 50)

Foco: PC-2/2006 Processo de Criação

Contém: 1 DVD ; Glossário ; Bibliografia

ISBN 85-98009-33-4

1. Artes - Estudo e ensino 2. Artes - Criação 3. Colagem 4. Musatti, Jeanete

I. Schultze, Ana Maria II. Martins, Mirian Celeste III. Picosque, Gisa IV.

Título V. Série

CDD-700.7

JEANETE MUSATTI

Copyright: Instituto Arte na Escola

Autor deste material: Ana Maria Schultze

Revisão de textos: Soletra Assessoria em Língua Portuguesa

Diagramação e arte final: Jorge Monge

Autorização de imagens: Ludmilla Picosque Baltazar

Fotolito, impressão e acabamento: Indusplan Express

Tiragem: 200 exemplares

Créditos

MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLA

Organização: Instituto Arte na Escola

Coordenação: Mirian Celeste Martins

Gisa Picosque

Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação

MAPA RIZOMÁTICO

Copyright: Instituto Arte na Escola

Concepção: Mirian Celeste Martins

Gisa Picosque

Concepção gráfica: Bia Fioretti

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DVDJEANETE MUSATTI

Ficha técnica

Gênero: Documentário a partir de depoimentos da artista.

Palavras-chave: Projeto poético; inventário; atitude crítica;escala; arte e vida; colagem; dimensão simbólica da matéria.

Foco: Processo de Criação.

Tema: O trabalho de Musatti, focalizando sua obra e processode criação.

Artistas abordados: Jeanete Musatti, Luiz Paulo Baravelli, ar-tistas viajantes, o arquiteto Frank Gehry e o filósofo Rudolf Steiner.

Indicação: 5ª a 8a série do Ensino Fundamental e Ensino Médio.

Direção: Paulo César Soares.

Realização/Produção: Sete Lux Vídeo.

Ano de produção: 2002.

Duração: 12’.

SinopseA artista paulistana é apresentada, juntamente com suas obras,pelo analista junguiano Roberto Gambini que, ao narrar sobreos processos de criação de Jeanete Musatti, nos introduz emum mundo de colagens, lembranças, memórias, relicários, microe macroescalas. Em seu ateliê, a artista fala sobre seus obje-tos-tintas, diários, suas gavetas repletas de guardados: pedras,botões, conchas, miniaturas, retalhos de tecidos, desenhos danatureza. Caixas de lembranças, museus particulares. Do de-senho, pintura e gravura da formação inicial, parte para ascolagens, que se configuram em verdadeiras colchas de reta-lhos, pequenas instalações cujas narrativas se dão pelos pró-prios materiais que as compõem.

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Trama inventivaPercurso criador. Olhar/sentir/pensar o que antes, simplesmen-te, não era. Cada novo olhar é um outro olhar, e assim vai se fa-zendo a obra. Existem vontades. Vontades de artista: projetos,esboços, estudos, protótipos. Vontades da matéria: resistir, pro-vocar, obedecer, dialogar com o artista. Existe um tempo: do de-vaneio, da vigília criativa, do fazer sem parar, de ficar em silêncioe distante, de viver o caos criador. Existe um espaço: o ateliê.Espaço para produzir, investigar, experimentar. Repouso e refle-xão. Espaço-referência. Existe sempre a busca incansável para oartista inventar a sua poética de tal forma que, enquanto a obra sefaz, se inventa o modo de fazer. Invenção que, na cartografia,convoca o andarilhar pelo território Processo de Criação.

O passeio da câmera

Miniaturas nos convocam a ver o mundo como pequenos se-res. A câmera nos aproxima da intimidade da trajetória poéticada artista, quando percorre suas obras, invade seu ateliê eperscruta seu processo de criação.

É a própria vida de Musatti que dá a trama do tecido de suaobra. Cada pedra, boneco, arame, botão, retalho, desenhoconcretiza-se na urdidura dos tecidos, mais grossa, outras ve-zes mais fina, porém de uma tessitura ímpar. Tear manual, queconstrói seu pano fio a fio, recheado de pontos pessoais.

É nessa fazenda de geodo1 que o analista junguiano RobertoGambini, juntamente com a própria artista, dá o tom do padrãode tal obra: matrizes de imagens e narrativas, tecidas com opróprio “DNA artístico” de Musatti.

Em suas inúmeras viagens, novelos sem fim são colecionados,diários de andanças da artista-tecelã se acumulam em seu ate-liê, em malas, caixas, e se materializam em obras, “as invisíveisconexões de que são feitas a mente e a vida em sociedade”.

De uma formação inicial em desenho, pintura e gravura, a tra-ma desse tecido se modifica com o uso de materiais diversos,

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que explora possibilidades expressivas de maneiras variadas.Suas séries de obras remetem aos lugares por onde peregri-nou, fornecendo as estampas de fazendas-instalações, fazen-das-colagens, tridimensionais, que vestem o olhar e nos provo-cam sobre o mundo. Cartelas de amostras dos locais por ondeandou. Processo de criação que envolve colagens, objetos,memórias, fragmentos de vida.

O documentário convida para proposições pedagógicas quepodem focalizar: Linguagens Artísticas – colagem, assemblage,objeto, fotografia; Forma-Conteúdo – a escala, composição,ambiência, as temáticas conectadas com a arte e a vida;Materialidade – a dimensão simbólica da matéria, os procedi-mentos técnicos inventivos e a subversão dos usos; Conexões

Transdisciplinares – as temáticas sociais, a geografia, a filoso-fia; além de Saberes Estéticos e Culturais – os códigos de re-presentação, a multiculturalidade o artista e a sociedade, en-tre outros aspectos.

Neste material, a escolha incide sobre o território de Processo

de Criação, focalizando o inventário de objetos coletados ecriados, as séries e a atitude crítica que revelam o projeto po-ético da artista.

Sobre Jeanete Musatti(São Paulo/SP, 1944)

A escala do meu trabalho é uma escala real, no momento em que

você se aproxima dele. O homem quando se pergunta é um ho-

mem muito pequeno diante da natureza que é tão grande, e que o

próprio homem anda destruindo o tempo inteiro.

Jeanete Musatti

A poética de Musatti reveste-se de coisas. Grandes, peque-nas, ínfimas, múltiplas, em um constante acumular sensorial eafetivo de objetos.

Após uma formação inicial que inclui desenho com YolandaMohalyi, pintura com Juan Ponç e gravura na Faap, freqüentaa Escola de Arte Brasil, fundada pelos artistas paulistas José

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Resende, Carlos Fajardo, Luiz Paulo Baravelli e FredericoNasser. Nesse espaço, a proposta é da experimentação diretanos ateliês, e é nas aulas de Baravelli que a artista inicia suasprimeiras colagens.

Parte para a Inglaterra, onde realiza estudos de filosofia sobreRudolf Steiner. Vive ali durante 7 anos e toma contato com aagricultura biodinâmica2 . Seu contato com a natureza e a terraé intenso, refletido em suas coleções de pedras, folhas, peda-ços de madeira, além de desenhos da natureza.

De volta ao Brasil e a São Paulo, lida com seus “diários histó-ricos”, registros de colheitas da vida, que são a base de seusfuturos trabalhos, memórias de 7 anos. É com essa colheita quecria suas quarenta caixas e organiza os diários nas composi-ções com objetos, lidando com esse imaginário. São diários-objetos, pequenos cubos ou cilindros que, liricamente, captama alma do mundo, no Brasil e no exterior.

Em seu projeto poético, micro-objetos revelam a dimensão

poética da matéria, como o fragmento de viga trazido pelo

mar, ou os pequeninos bonecos que remetem a crianças, con-

sideradas pela artista a “esperança da nova geração”. Ouainda, as pérolas japonesas que traduzem Afrodite, e a pedra deouro afegã, que denota um doloroso feminismo cruelmente re-primido. Objetos-cores da artista, que obsessivamente os cole-ciona, fragmentos amorosos de seus diários compõem seus pro-cessos de criação. Comenta Jacques Leenhardt3 :

Como metáforas, seus objetos atuam em dois planos ao mesmo tempo.

São duplos os registros icônicos, as matérias, os símbolos e os arranjos.

(...) Se bem que o encontro das imagens objetos produza essas tensões

de sentido a que a experiência estética convida nosso espírito, Jeanete

Musatti escolheu para seu trabalho novas regras do jogo, a fim de por à

prova nossa sagacidade e nossa faculdade poética. Na confrontação de

objetos incoerentes, nossa imaginação era chamada a preencher o es-

paço aberto pôr esse deslocamento, a desvelar as relações secretas que

os objetos separados mantêm entre si. Em seus quadros recentes,

Jeanete procede, ao contrário, a uma operação inesperada de velamento.

A pintura que ela propõe aqui não mostra o que representa, mas tam-

bém não o esconde verdadeiramente, já que conseguimos identificá-lo.

Em vez disso, ela dá indicações, faz o objeto nos mandar um sinal, cha-

ma-nos para limbos em que este fica parcialmente dissimulado.

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Assim, suas obras aguçam o olhar para ir além das superfícies.Suas construções, colagens, assemblages, mais do que umpatchwork4 , são forma de mediação entre duas realidades: aprimeira, seu mundo interno que se espelha nas colagens-obje-tos; a outra, aquele mundo cru em que vivemos. Escotilhas parauma alma5 sensível e sensibilizada, tanto pelas agruras do mun-do em que vive, quanto pelas imagens que impregnam seu ser:

Sua mais recente obra, Sem Título, cento e vinte caixas para guardar

pequenas preciosidades, é seu DNA artístico: cada gene seu é uma

matriz de imagens. Com protocélulas de retratos da alma, Jeanete

cria uma fala na sua horizontalidade de linha escrita, na qual pala-

vras, vírgulas, aspas e travessões são visões diretas do outro mundo,

do além-da-razão, que ela nos permite entrever através de mágicos

peeping - holes6 num muro caiado.

Seus trabalhos do início do século 21 caracterizam-se pelo micros-cópio invasor de seu DNA, pequenos furos pelos quais acessamose perscrutamos sua alma inquieta e observadora. Ao olhá-la, nosolhamos também nos DNAs de nossas próprias vidas.

Os olhos da artePor percursos desconhecidos tenho sido levada em meus trabalhos a

travar um confronto real com a vida; com pequenos fragmentos por

mim colecionados construo uma colcha de retalhos e atalhos.

Jeanete Musatti 7

Conter, guardar, reter, armazenar coisas. Inventário de objetosachados, escolhidos e acolhidos pela artista em suas andançaspelo mundo. Colcha de retalhos e atalhos. Gavetas de guardadosconsiderados como suas “tintas”. A coleta e a observação atentaao mundo. Olhos encantados com o acervo da Rua 25 de Março8 ,em São Paulo, onde se encontra de tudo – “aquilo já é um museu”.

Arte e vida são a temática maior de seu trabalho, registra-

da em suas criações – seus micromundos citam seu univer-

so particular, as referências que coleta e coleciona.

Extrapolando os limites da colagem, as construções com obje-tos tridimensionais pertencem aos domínios da escultura, dainstalação, das assemblages. Cada objeto, pedra ou graveto éum cartão-postal de suas viagens. Um romper de fronteiras,

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de lugares visita-dos, e da arte emrelação à estéticado cotidiano, noscolocando na di-minuta escalafrente ao mundo.

A forte coerênciaestética desvelaum projeto poéti-co. Para a estudi-osa de processosde criação, CeciliaAlmeida Salles9 :

Em toda a prática criadora há fios condutores relacionados à produção

de uma obra específica que, por sua vez, atam a obra daquele criador,

como um todo. São princípios envoltos pela aura da singularidade do

artista; estamos, portanto, no campo da unicidade de cada indivíduo. São

gostos e crenças que regem o seu modo de ação: um projeto pessoal,

singular e único. Esse projeto estético, de caráter individual, está loca-

lizado em um espaço e um tempo que inevitavelmente afetam o artista.

No projeto poético da artista, como uma bricoleur, os guarda-dos, resíduos e fragmentos se tornam registro, sua colheita, emarcam a vida no tempo e no espaço em que vive, tal qual osartistas viajantes do século 17, recolhendo imagens, costumes,a fauna e a flora de lugares diversos. Nesse sentido, o projetopoético está “ligado a princípios éticos de seu criador: seu pla-no de valores e sua forma de representar o mundo. Pode-sefalar de um projeto ético caminhando lado a lado com o grandepropósito estético do artista”.10 Mulheres do Afeganistão,holocausto, o dólar, a coca-cola, Afrodites e casas trazem umadimensão simbólica de seu imaginário, impulsionando a nossaprópria visão sobre o mundo.

Como ela, outros artistas trazem em seu projeto poético o in-ventário de suas vidas, de suas viagens, das histórias de outros.Rosângela Rennó, Marcos Coelho Benjamim, Zimmermann,Leonilson, também presentes na DVDteca Arte na Escola, são

Jeanete Musatti - Praças, 1988/1999 (detalhe)

Instalação com 7 caixas de acrílico e parafina, fios de cobre

plastificados e figuras de plástico 27 x 27 x 8 cm cada caixa

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alguns dos artistas contemporâneos brasileiros que traçam per-cursos calcados nas memórias, na vida vivida. A criação de elosentre a arte e o mundo, ultrapassa a releitura conceitual ou re-presentação pictórica, pois os objetos e as fotografias se inves-tem de um potencial expressivo por si próprios.

O ateliê de Musatti, ora museu, ora depósito de bagagens,acumula os fragmentos eregistros dos caminhospor onde trilha. Suas o-bras e seu gesto artístico,que surge de um impulsocatalogador, oferecemuma aproximação com ocineasta britânico PeterGreenaway. Em sua Ópe-ra-Prop11 100 objetos

para representar o mun-

do, Greenaway cria a suaprópria lista, inventa-riando um número limita-do de objetos (concretose abstratos) que, em suaopinião, poderiam simbo-lizar e descrever a mul-tiplicidade inumerável dasrealizações do homem eda natureza na Terra. Es-ses objetos, que vão desde o mais prosaico guarda-chuva, atéfiguras representativas do imaginário cultural do ocidente,como Adão e Eva, “o chapéu, o casaco e a pasta de Freud”,são recolhidos de temporalidades e culturas diversas. Depen-dendo do país onde a ópera é apresentada, a lista passa a in-corporar símbolos locais. Para a apresentação de tal lista, ocineasta converte o palco em uma espécie de sala de exposi-ção, onde alguns objetos são dispostos segundo a lógicacuratorial do diretor12 .

Jeanete Musatti - Stop run after unusual modern

style, 2002 - Instalação com 14 caixas de acrílico

com materiais diversos 4,2 x 1,7 cm cada caixa

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Poeira no sapato, milhagem somada, lembranças de lugares. Corespara suas colagens. Processos de criação e construção. Referên-cias pessoais construídas na relação com o outro, com o mundo epara o mundo, como a forma pela qual a artista se move e cria,pois o/a artista, segundo Merleau-Ponty13 “mantém as coisas emcírculo à volta de si; elas são um anexo ou um prolongamento delemesmo, estão incrustadas na sua carne, fazem parte da sua defi-nição plena, e o mundo é feito do próprio estofo do corpo”.

O passeio dos olhos do professorConvidamos você a ser um leitor do documentário, antes do pla-nejamento de sua utilização. É importante que você registre suasimpressões durante a exibição. Nossa sugestão é que suas ano-tações iniciem um diário de bordo, como um instrumento para oseu pensar pedagógico, durante todo o processo de trabalho juntoaos alunos. A seguir, uma pauta do olhar que pode ajudá-lo.

Ver o documentário desperta algo em você? Alguma lembrança?

Como as circunstâncias da vida de Musatti se apresentamem sua obra?

As obras de Musatti lhe fazem perguntas?

O que é possível perceber sobre o processo de criaçãoda artista?

Quais referências utilizadas pela artista em suas obras sãosignificativas para você? E para os seus alunos?

Sobre o documentário: como os alunos ouviriam a narrativa?Teriam alguma dificuldade em compreendê-la?

Qual a diferença em ver as obras na galeria, e a artista emseu ateliê?

O que você imagina que os alunos gostariam de ver nodocumentário? O que causaria atração ou estranhamento?

Para você, qual é o foco de trabalho em sala de aula que podeser desencadeado pelo documentário?

As suas anotações revelam o modo singular de sua percepção

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e análise. A partir delas e da escolha do foco de trabalho, quaisquestões você faria numa pauta do olhar para o passeio dosolhos dos seus alunos pelo documentário?

Percursos com desafios estéticosNo mapa, você pode visualizar as diferentes trilhas para o focoProcesso de Criação. Pelas brechas do documentário, consi-deramos esse um enfoque de relevância. Levando em conta asensibilidade, o interesse e a motivação que ele pode gerar,apresentamos alguns possíveis modos de percursos de traba-lho impulsionadores de projetos para o aprender-ensinar arte.

O passeio dos olhos dos alunosAlgumas possibilidades para o acesso de alunos ao universodo processo de criação:

Uma coleta pela casa e pela escola pode ser o ponto departida: folhas, retalhos de tecidos ou de adesivo vinílico (dotipo usado em banners), pedaços de arame e fios, objetosplásticos, botões, caixinhas de tamanhos variados, fragmen-tos de vidro e espelho, bonecas e móveis em miniaturas,bolinhas de gude, barbante, restos de lã coloridas etc. Oque essas coisas podem contar sobre elas? E sobre quemas recolheu? Depois de uma boa roda de conversa, exiba omomento que mostra a artista em seu ateliê. Ali, Musattitanto apresenta seus objetos-tintas como realiza seu pro-cesso de criação, com uma assemblage. Continue a con-versa com os alunos sobre as escolhas da artista, o seuambiente de trabalho e as experimentações próprias do fazerartístico. O que eles imaginam ser possível fazer com acolheita de objetos?

Com lápis e papel para rápidas anotações verbais e visuaise olhos atentos, você pode desafiar os alunos a buscaremnas imagens do documentário o que chama mais a atençãode cada um sobre a questão da escala. Não explique antes,para que o conceito possa ser buscado no próprio

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qual FOCO?

qual CONTEÚDO?

o que PESQUISAR?

Zarpan

procedimentos técnicos

poéticas da materialidade

suporte

natureza da matéria

pesquisa de outros meiose suportes, caixas

procedimentos técnicos inventivos,subversão de usos

matéria orgânica, matérias não convencionais,materiais tradicionais, matéria bruta

Materialidade

potencialidade, qualidade e singularidadeda matéria, dimensão simbólica da matéria

ConexõesTransdisciplinares

arte e ciênciashumanas

DNA, agricultura bio-dinâmica, meio ambiente

política, história, iconografia, ética, cidadania,filosofia, antroposofia, psicologia, geografia

arte e ciênciasda natureza

ndo

Forma - Conteúdo

elementos davisualidade

relações entre elementosda visualidade

forma, planos, espaço

escala, padrões seriais,composição, conjunto,ambiência, acúmulo

contemporânea: arte e vida,narrativa, universo feminino,política, memória, citação,subjetividade, diário pessoaltemática

SaberesEstéticos eCulturais

história da arte arte contemporânea, artistas viajantes

sistema simbólico signo, códigos de representação

artista e sociedade

práticas culturais

sociologia da arte

multiculturalidade,estética do cotidiano,cultura visual

Linguagens Artísticas

artesvisuais

meiosnovos

meiostradicionais

fotografia: instalação, assemblage,colagem, objeto, linguagem híbrida

desenho, gravura

Processo deCriação

ação criadora poética pessoal, intenção criativa, séries, apropriações,diálogo com a matéria, arte como experiência da vida, bricoleur

projeto poético

observação sensível, coleta sensorial, vigília criativa,pensamento visual, memória, repertório pessoal e cultural,imaginário simbólico, atitude crítica, leitura de mundo

ateliê, inventário, organização, coleções, referências de artistas,artista em criação e produção, organização, viagens de estudo

potências criadoras

ambiência de trabalho

produtor-artista-pesquisador

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documentário. Os desenhos e palavras anotadas, durantea exibição, podem ser discutidos primeiro em pequenos gru-pos, e depois serem socializadas para todos. Você desco-brirá o que os alunos sabem/perceberam sobre a questãoda escala. Isso pode gerar interesse para continuarpesquisando, como veremos adiante.

Os seus alunos já viajaram? O que terão trazido de suasviagens? Levante com eles o que trouxeram ou, se nuncaviajaram, o que trariam de lembrança dos lugares visitados.Às vezes, trazemos lembranças de simples passeios às pra-ças e aos parques da cidade. Conversar sobre esses guar-dados e lembranças pode prepará-los para ver o docu-mentário, juntamente com uma pauta para o olhar dos alu-nos, planejada por você.

Todas as sugestões aqui apresentadas podem gerar outras, coma intenção de convocar os alunos para assistirem aodocumentário, despertando novos fatos, idéias e sentidos paraa reflexão sobre processos de criação. Pode-se, ainda, pediraos alunos que lancem questões prévias que gostariam de verrespondidas pelo documentário.

Tudo isso faz sentido sempre que, após a exibição, uma conversaleve à socialização da apreciação do documentário, animada pelasações expressivas anteriores e pelas problematizações possíveis.

Desvelando a poética pessoalO desafio de viver um processo de criação, atento ao seu pró-prio pensar e fazer e, também, às suas escolhas, pode revelara poética pessoal de cada aluno. Para isso, duas possibilidadessão aqui indicadas e podem ser sugeridas ao aluno para queesse faça sua escolha. Cada proposta não se resume à realiza-ção de um único trabalho, mas compreende a criação de umasérie que possa, depois, ser apreciada e discutida sob a pers-pectiva da pesquisa pessoal de linguagem e dos processos decriação vivenciados.

DNA pessoal. A partir da obra de Jeanete Musatti, os alu-

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nos criaram as suas colagens ou assemblages, compostasde várias imagens e objetos relacionados à sua própria vida.A artista trabalhou com cento e vinte caixas. Cada alunopode pensar em seu projeto poético, planejando o númerode composições, sejam elas desenvolvidas em pequenascaixas ou em papéis.

Nas obras da artista, a escala entre as imagens problematizauma questão humana e os valores são trazidos à tona, so-mando uma dimensão simbólica. Os alunos podem criar com-posições com imagens e objetos, focalizando a questão sim-bólica da escala, tematizando a vida cotidiana, as relaçõessociais, o estudo, as questões políticas, o futuro etc.

Tomando como idéia os objetos de Peter Greenaway, quesimbolizam e descrevem as realizações do homem e da na-tureza na Terra, os alunos poderiam escolher o que gostari-am de simbolizar/descrever e escolher trinta objetos oumais. Representariam o grupo da classe, o momento políti-co, a vida dos jovens? Como mostrariam seus objetos?

Como Processo de Criação foi o território no qual o documentáriofoi alocado, sugerimos que os alunos sejam instigados a escreverum diário de bordo, onde possam registrar as idéias, os desvios derotas, as descobertas, os momentos de caos, para que todos es-ses aspectos sejam socializados e aprofundados.

O acompanhamento do percurso pessoal, alimentado com su-gestões e outras imagens, contribui para a ampliação de pos-sibilidades dos caminhos da poética de cada aluno e para queeles percebam os momentos de recuo, de avanço e de caos,presentes em todos os desafios de criação, seja em arte ou emqualquer outra área.

Ampliando o olharO microcosmo está presente na obra de Musatti e podeconvidá-los a espiar através de lentes de aumento, do mi-croscópio, ou ainda, macrofotografias14 , isto é, fotografiasque captam detalhes muito pequenos. O que podemos des-

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cobrir das sutilezas do mundo que nos cerca, dos pequenosdetalhes que compõem o mundo em que vivemos? Desenharessas imagens aumentadas pode aguçar ainda mais o olhar.

Outro artista que trabalha com acumulações frenéticas deobjetos, expressos em sua obra, é Farnese de Andrade. Aleitura mediada de obras suas pode levar os alunos a perce-berem como se dá o processo de criação de uma assemblage.

Vários artistas compõem suas obras com fotografias, comoa própria Jeanete Musatti e Farnese de Andrade, já citado,ou Rosângela Rennó e Hélio Oiticica, ambos presentes naDVDteca Arte na Escola. Fotos antigas, de família, de re-vistas ou encontradas em sebos, podem integrar composi-ções elaboradas pelos alunos. Esses e outros artistas am-pliam essas possibilidades.

São bastante sutis as diferenças entre a escultura, comoinvestigação espacial em um conjunto harmônico, e aassemblage, como justaposição de elementos, principalmen-te do cotidiano. Mesmo mantendo identidades próprias, emalgumas obras, a linha que separa as duas linguagens é tãotênue, que a composição passeia pelos dois campos. Seusalunos percebem tais diferenças? A observação de escultu-ras (em fotografias, livros, ou acervos da própria cidade), ea comparação com as obras de Musatti e dos outros artis-tas aqui sugeridos pode auxiliar nessa compreensão sobreas vinculações entre as linguagens.

Os alunos fazem coleções? Conhecem alguém que faça? Oque essas coleções podem contar? Como nossos alunospercebem que as coisas que acumulamos constituem-se emnossa vida, e que por tal motivo integram nosso fazer artís-tico? O trecho do documentário em que Musatti, em seuateliê, apresenta seus objetos-tintas, coletados ecolecionados, e que fazem parte de seu vocabulário poéti-co, pode ser exibido novamente. Uma pequena mostra podeser composta de peças trazidas pelos alunos, que criarão odesenho museográfico da exposição e os textos de apoioque desvelam as reflexões feitas sobre os objetos.

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Assemblages foram comuns no chamado novo realismo dadécada de 60 do século 20, mas subsistem na arte con-temporânea. O que os alunos podem conhecer pela pes-quisa sobre: Wesley Duke Lee, Nelson Leirner, RubensGerchman e, mais recentemente, Rochelle Costi e LedaCatunda entre outros?

Para conhecer pesquisandoDe que forma a vida cotidiana se impregna em nós? E na vidade nossos alunos? Convide-os a perceber sensivelmente avida, as pequenas coisas, os tons da terra a cada estação, asraízes de uma árvore, o silêncio de cada um, cada objeto queas ondas do mar trazem à praia. Os alunos podem colecionarregistros e referências das pequenas singelezas que se apre-sentam diariamente a nossos sentidos, guardando pequenaslembranças para criar o seu próprio DNA de imagens.

Em relação à estética do cotidiano, os alunos podem pes-quisar em suas próprias casas: pequenos santuários ouoratórios, com imagens e flores de papel ou plástico; um pre-sépio de Natal com peças de diferentes coleções ou tama-nhos; uma colcha de retalhos feita pela mãe ou pela avó; aestante da sala, enfeitada com lembrancinhas de casamen-to, nascimento, festa de aniversário de 15 anos... Os exem-plos podem ser vários. A idéia é que investiguem de queforma as coisas se acumulam em seu próprio meio, por meiode composições nas quais cada parte integra o todo, masmantêm um valor próprio, revelando as heranças culturais.

Há referências multiculturais presentes nas obras de Musatti,inclusive as do arquiteto Frank Gehry. Uma nova exibição dodocumentário pode apontar outras referências culturais, abrin-do novas possibilidades de pesquisa e produção dos alunos.

No poema abaixo, Pablo Neruda15 fala da natureza, compa-rando-a metaforicamente a uma pessoa, uma mulher. A tradu-ção poética desse poema em uma colagem ou assemblage,feita pelos alunos, pode levá-los a perceber como a arte é aexpressão sobre as coisas que nos cercam. Esse dire-

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cionamento do olhar, para a natureza, leva os alunos a refleti-rem sobre os problemas que afligem o meio ambiente, e deque forma isso afeta o futuro, seu e de seus descendentes?

A terra

A terra verde se entregou

a tudo o que é amarelo, ouro, colheitas,

torrões, folhas e grão,

quando, porém, o outono se levanta

com seu longo estandarte

és tu a quem eu vejo,

é para mim a tua cabeleira

a que reparte as espigas.

Eu vejo os monumentos

de antiga pedra rota,

porém se toco

a cicatriz de pedra

teu corpo me responde,

meus dedos reconhecem

de pronto, estremecidos,

tua quente doçura.

Passo por entre heróis

recém-condecorados

pela pólvora e a terra

A dimensão simbólica da escala utilizada por Musattipode gerar novas pesquisas. Que artistas utilizam esse re-curso? Como a publicidade faz uso dela?

Outrora, no segredo de seu ateliê, Rodin já se utilizara do recur-so de juntar imagens ou objetos autônomos. Isso ocorreu bemantes que a colagem surrealista quase o transformasse num mé-todo geral de pensamento. A pesquisa sobre Rodin e outrosartistas surrealistas pode abrir espaço para novos desafios.

Quem foram os artistas viajantes no Brasil? Esta questãopode trazer novos aspectos para ampliar a visão dos artis-tas e de repertórios culturais, sejam referências dos paísesde origem, sejam do Brasil, visto como exótico e diferente.

O que conhecem sobre processo de criação? Entrevistas comartistas, artesões, escritores, músicos podem ser muito in-trigantes. Procurar descobrir aspectos da criação de seusídolos pode ser uma boa idéia.

e detrás deles, muda,

com teus pequenos passos,

és ou não és?

Ontem, quando arrancaram

com raiz, para vê-lo,

a velha árvore anã,

te vi sair me olhando

de dentro das sedentas,

torturadas raízes.

E quando o sono vem

e me estende e me leva

a meu próprio silêncio,

há um grande vento branco

que derruba meu sono

e dele caem as folhas,

caem como punhais,

punhais que me dessangram.

Cada ferida tem

a forma de tua boca.

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material educativo para o professor-propositor

JEANETE MUSATTI

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Amarrações de sentidos: portfólioO momento de dar sentidos ao que se estudou é especial e podeser vivido a partir da retomada dos conteúdos e da reflexão sobreeles. Muito mais do que guardar os trabalhos realizados no fazer-artístico, o portfólio pode ser o suporte para esse pensar, apre-sentando desde as primeiras propostas com as quais foi sendodesenrolado o foco abordado.

Malas, sacolas, bolsas, mochilas... Muitas podem ser as for-mas de acolher nossos apetrechos de viagem. É a própriaMusatti quem nos sugere uma mala-caixa, para as muitasandanças que realizamos no cotidiano e na vida, acumulandolembranças. Lembranças do processo realizado, dos caminhostrilhados. Uma caixa que abrigue as composições, além deoutras referências que podem se constituir, no futuro, dedesencadeadores de memórias. Desafie seus alunos a esco-lherem caixas de tamanho médio ou grande, para guardaremsuas investigações de memória. Obras prontas, objetos de in-teresse, ilustrações, fotos, material gráfico ou de sucata quepossa ser usado em uma composição, tudo deve caber na caixaportfólio, que contribuirá para que cada aluno perceba seu pró-prio processo de criação.

Valorizando a processualidadeHouve transformações? O que os alunos percebem que conheceram?

A apresentação e discussão a partir do portfólio podem desen-cadear boas reflexões de avaliação sobre essas questões. Outromovimento de avaliação pode ocorrer com a proposta para queos alunos atuem como os entrevistadores de Musatti nodocumentário. Individualmente ou em pequenos grupos, orien-te-os a levantar questões sobre todo o processo vivido, bus-cando cercar o que conheceram, o que foi mais importante, oque levam desse projeto, o que ainda falta conhecer etc. Oconvite é para que entrevistem os alunos com quem tenhammenos contato, para que façam uma reportagem sobre o pro-jeto vivido. A socialização dessas reportagens na classe pode

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evidenciar as aprendizagens, o que ficou de mais importante, erevelar, também, as faltas e idéias para novos projetos.

É momento, também, de você refletir como professor-propositora partir do seu diário de bordo. O que você percebe que apren-deu com este projeto? Quais os novos achados para sua açãopedagógica foram descobertos nessa experiência? O projetogerminou novas idéias em você? Que documentário você po-deria escolher para continuar?

GlossárioAntroposofia – “A Antroposofia, do grego conhecimento do ser humano,introduzida no início do século 20 pelo austríaco Rudolf Steiner, pode sercaracterizada como um método de conhecimento da natureza do ser hu-mano e do universo, que amplia o conhecimento obtido pelo método cien-tífico convencional, bem como a sua aplicação em praticamente todas asáreas da vida humana”. Fonte: <www.sab.org.br/antrop/antrop.htm>.

Artistas viajantes – as primeiras imagens do Brasil foram criadas pelos ar-tistas-viajantes que contribuíram para “a representação e difusão da imagemdo país parte dos séculos 15 e 16, chegando ao século 19, que assiste à visitade muitos pintores que integraram expedições artísticas e científicas que per-correram o território brasileiro.” Dentre eles, podemos citar: Frans Post, AlbertEckhout, a Missão Artística Francesa, Expedição Langsdorff. Fonte: Enciclo-pédia Itaú Cultural de Artes Visuais <www.itaucultural.org.br>.

Assemblage – “consiste na aproximação de elementos descontínuos,provenientes de diversas origens e não de uma única peça como um mes-mo bloco de mármore, e que, portanto, têm distintas naturezas: um peda-ço de madeira é ligado a um pedaço de ferro ou um fragmento de pedra;e um pedaço de cano, objeto previamente manufaturado, pode entrar emcomposição com algum elemento que ainda é uma matéria prima, como aargila; e papel usado, terra, plástico e sangue do artista podem ser acres-centados, se for o caso”. Fonte: COELHO, Teixeira. A arte de ocupar o

mundo. Disponível em: <www.mac.usp.br/exposicoes/01/formas/teixeira.html>. Acesso em 05 abr. 2005.

Bricouler – a palavra francesa é empregada para aquele que faz bricolagem,isto é, aquele que recria a partir da junção de outros objetos. Para Perrenoud,o educador é um bricouleur que utiliza resíduos e fragmentos de aconteci-mentos, o que tem à mão, o que guarda em seu “estoque” como aquelasaparas de papel, aquelas imagens de velhas folhinhas, aqueles artigos dejornal que um dia lerá, e com eles cria novas situações de aprendizagem.Fonte: PERRENOUD, Philippe. Práticas pedagógicas, profissão docente e

formação: perspectivas sociológicas. Lisboa: Dom Quixote, 1993.

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material educativo para o professor-propositor

JEANETE MUSATTI

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Macrofotografia – ramo da fotografia que fotografa os pequenos objetose detalhes. Fonte: <www.macrofotografia.com.br/index.html>.

BibliografiaCASSIRER, Ernest. Ensaio sobre o homem: introdução a uma filosofia da

cultura humana. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

DERDYK, Edith. Linha de horizonte: por uma poética do ato criador. São Paulo:Escuta, 2001.

GOMBRICH, E. H. Arte e ilusão: um estudo da psicologia da representa-ção pictórica. São Paulo: Martins Fontes, 1986.

PAREYSON, Luigi. Os problemas da estética. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

RICHTER, Ivone Mendes. Interculturalidade e estética do cotidiano no en-

sino das artes visuais. Campinas: Mercado de Letras, 2003.

OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. Rio de Janeiro:Vozes, 1978.

SALLES, Cecilia Almeida. Gesto inacabado: processo de criação artísti-ca. São Paulo: Fapesp: Annablume, 1998.

Seleção de endereços de artistas e sobre arte na rede internet

Os sites abaixo foram acessados em 21 abr. 2005.

ARTISTAS VIAJANTES. Disponível em: Enciclopédia Itaú Cultural de ArtesVisuais <www.itaucultural.org.br/viajantes/default.html>.

GEHRY, Frank. Disponível em: <www.pritzkerprize.com/gehry/gehrypg.htm>.

GERCHMAN, Rubens. Disponível em <www.estacio.br/site/universidarte/rubens_gerchman.asp>. (veja a obra O rei do mau gosto,1996, que uti-liza acrílico, vidro bisoté e asas de borboleta sobre madeira.)

GREENAWAY, Peter. Disponível em: <www2.petrobras.com.br/patrocinios/memoria_cultural/artes_visuais/proj_peter.asp>.

MUSATTI, Jeanete. Disponível em: <www.museum.oas.org/virtual/artist_10.html>

____. Disponível em: <www.nararoesler.com.br/artistas_obras_p.asp?idartista=26>

CATUNDA, Leda. Disponível em: <www.mam.org.br> (Buscar no acervo on line)

RODIN, Auguste. Disponível em: <www.musee-rodin.fr/meudo-e.htm>.

Notas1 Geodo é uma pedra com uma cavidade repleta de cristais.2 A corrente biodinâmica da agricultura inicia-se com um ciclo de oito pa-

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lestras feitas na década de 20 do século 20 na Polônia, pelo filósofo RudolfSteiner, que formula nova filosofia para ser aplicada tanto na medicina quantona pedagogia e nas artes: a antroposofia, que pretende captar através daexperimentação fatos supra-sensoriais, ou elementos de natureza espiritu-al que transcendem a matéria física. Fonte: <www.planetaorganico.com.br/agribiodin.htm>. Acesso: 15 abr. 2005.3 Fragmento do texto disponível em: <www.nararoesler.com.br/artistas_txt_p.asp?idartista=26>. Acesso em 18 ago. 2005.4 Colcha de retalhos, trabalho manual que consiste na emenda de reta-lhos, formando-se um novo tecido de padrão diversificado.5 GAMBINI, Roberto. Escotilhas da alma. Texto sobre a artista e narração em off nodocumentário, 2002. Disponível em: <www.nararoesler.com.br/artistas_txt_p.asp?idartista=26>. Acesso: 19 abr. 2005.6 Peep-holes: furos para se espiar algo ou alguém, como em paredes, paraver alguém trocar de roupa, por exemplo.7 Jeanete Musatti ao Fotosite, acerca de sua exposição realizada na GaleriaNara Roesler, em São Paulo, em agosto de 2004. Fonte: <www.fotosite.com.br/noticias_interna.php?id=2845>. Acesso: 19 abr. 2005.8 A Rua 25 de Março, no centro da cidade de São Paulo é lugar de lojas ecamelôs onde se pode comprar de peças para bijuterias ou fantasias atébrinquedos e equipamentos eletrônicos.9 Cecilia Almeida SALLES, Gesto inacabado: processo de criação artísti-ca, p. 37.10 Ibid., p. 38.11 Ópera-Prop 100 objetos para representar o mundo foi encenada noCentro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro em agosto de 1998. Édefinido como “opera-prop”, porque prop, em inglês, é um termo do teatroque significa acessórios do contra-regra, adereços.12 Para saber mais, consulte: MACIEL, Maria Esther (org.). O cinema en-

ciclopédico de Peter Greenaway. São Paulo: Unimarco Editora, 2004.13 MERLEAU-PONTY, Maurice. O olho e o espírito e A dúvida de Cézanne.São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. 89. (Os pensadores). Nesses ensaios,o filósofo Merleau-Ponty discorre sobre o fenômeno, que é a forma comodirigimos nossa atenção para algo de forma intencional, cujo efeito é algonovo, o conhecimento adquirido do que é olhado, percebido através dossignos do mundo.14 Há na DVDteca Arte na Escola um documentário sobre Juarez Silva emacrofotografia.15 In: NERUDA, Pablo. Os versos do capitão. Tradução de Thiago de Mello.Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997.

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