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FACULDADE CENECISTA DE NOVA PETRÓPOLIS – FACENP CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DIEGO ROBERTO GUTH MERCADO DE CAPITAIS: ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DAS MÉDIAS MÓVEIS DE CURTO PRAZO PARA DECISÃO DE INVESTIMENTOS. NOVA PETRÓPOLIS 2011

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FACULDADE CENECISTA DE NOVA PETRÓPOLIS – FACENP

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

DIEGO ROBERTO GUTH

MERCADO DE CAPITAIS: ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO

DAS MÉDIAS MÓVEIS DE CURTO PRAZO PARA

DECISÃO DE INVESTIMENTOS.

NOVA PETRÓPOLIS

2011

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DIEGO ROBERTO GUTH

MERCADO DE CAPITAIS: ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DAS MÉDIAS MÓVEIS DE CURTO

PRAZO PARA DECISÃO DE INVESTIMENTOS.

Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção de Bacharel em Administração pela FACENP – Faculdade Cenecista de Nova Petrópolis.

ORIENTADOR: Prof. MARCOS ALEXANDRE STRECK

NOVA PETRÓPOLIS

2011

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DIEGO ROBERTO GUTH

MERCADO DE CAPITAIS: ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DAS MÉDIAS MÓVEIS DE CURTO PRAZO PARA DECISÃO DE INVESTIMENTOS

Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção de Bacharel em Administração pela FACENP – Faculdade Cenecista de Nova Petrópolis.

Habilitação: Administração

Data da aprovação: ____/____/____

Banca Examinadora:

_____________________________________ Prof. Orientador Marcos Alexandre Streck

_____________________________________ Prof. Presidente da Banca

_____________________________________ Prof. Secretário da Banca

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais,

Iria e Inácio, por nunca terem medido esforços

para dar-nos a devida educação e à Ana Paula,

cada vez mais cúmplice da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao professor e amigo Marcos Alexandre Streck,

por seu esforço e dedicação na orientação deste trabalho.

Aos demais professores desta instituição,

por terem compartilhado, mais do que seus conhecimentos,

suas experiências que me formam como Administrador.

Aos colegas que viraram amigos e aos amigos que foram

colegas durante o convívio dentro e fora da Faculdade.

Agradeço também às corretoras e seus operadores

que, ao responderem o questionário deste trabalho,

contribuíram para que seu objetivo fosse alcançado.

Finalmente, agradeço à minha família pela formação do

meu caráter, à Ana Paula pela compreensão da minha ausência

durante a elaboração deste trabalho e a Deus por “ser um sortudo”.

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“Existe o risco que você não pode jamais correr,

e existe o risco que você não pode deixar de correr”

Peter Drucker

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RESUMO

O presente trabalho tem como tema o Mercado de Capitais Brasileiro. Possui o objetivo de disseminar o Mercado de Capitais, demonstrar sua importância como propulsor econômico e formador de poupança e abordar suas principais estratégias de investimentos. Neste estudo, examinou-se o mercado financeiro, sua estrutura normativa e operacional, as tradicionais formas de investimento da população brasileira e os custos operacionais provenientes do investimento em ações. Especificamente sobre o Mercado de Ações, há duas grandes escolas que o analisam: A Análise Fundamentalista e a Análise Técnica. Dentre elas, o trabalho abordou com maior ênfase a Análise Técnica, com profundo enfoque na utilização das médias móveis de curto prazo para decisão em investimentos, de forma a comparar sua rentabilidade com as tradicionais formas de investimento. Na elaboração do trabalho, realizou-se, inicialmente, uma pesquisa bibliográfica, a qual serviu de fundamentação teórica sobre o assunto. Cumprida esta etapa, foi conduzida a aplicação de um questionário junto a operadores do mercado acionário sobre o uso das médias móveis, gerando subsídios para o alcance do objetivo proposto. Ao fim, foi possível constatar a eficácia do uso das médias móveis exponenciais no curto prazo, principalmente em ativos com tendência definida. Palavras-chave: Ações. Análise Gráfica. Teoria de Dow. Médias Móveis. Investimentos.

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ABSTRACT

The present paper has as its theme the Brazilian Capital Market. It has the objective of spreading the Capital Markets, to demonstrate its importance as an economic engine and saving maker and to address their main investments strategies. In this study, we examined the financial market, its legislative and operational structure, the traditional forms of investment of the brazilian population and the operational costs from the investment in shares. More specifically, on the stock market, there are two great schools that analyze it: The Fundamentalist Analysis and the Technical Analysis. Between them, the work approached with greater emphasis on the Technical Analysis, with an in-depth focus on the use of short term mobile averages for decision on investment, in order to compare their profitability with the traditional forms of investment. In the preparation of the paper, it was initially made a bibliographic research, which served as theoretical foundation on the subject. Accomplished this stage, it was conducted the application of a questionnaire to the stock market operators on the use of moving averages, generating benefits for the scope of the proposed objective. At the end, it was possible to verify the effectiveness of the use of exponential moving averages over the short term, especially in assets with defined tendency.

Key Words: Actions. Graphical Analysis. Dow Theory.- Moving Average. Investments.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Número de investidores PF no Brasil .................................................................. 14

Tabela 2 - Participação de investidores no BM&F Bovespa S.A. ......................................... 15

Tabela 3 - Tributação de Imposto de Renda Aplicação CDB ............................................... 28

Tabela 4 - Incidência de IOF em CDB ................................................................................. 29

Tabela 5 - Rendimento da poupança de 2009 a 2011.......................................................... 30

Tabela 6 - Tabela de Corretagem Bovespa ......................................................................... 59

Tabela 7 - Custos de Emolumentos, Liquidação e Registro ................................................. 60

Tabela 8 - Taxas de Custódia .............................................................................................. 60

Tabela 9 – Rendimento através do uso das médias móveis ................................................ 68

Tabela 10 – Classificação das tendências dos ativos analisados ........................................ 70

Tabela 11 – Quantidade de operações e custos operacionais totais .................................... 71

Tabela 12 – Impacto dos custos operacionais sobre investimentos ..................................... 72

Tabela 13 - Rendimento da Ação x Médias Móveis Exponenciais ....................................... 73

Tabela 14 – Rentabilidade do uso das médias móveis comparada a investimentos

tradicionais .......................................................................................................................... 74

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LISTA DE QUADRO

Quadro 1 - Estrutura do Sistema Financeiro Nacional ......................................................... 20

Quadro 2 - Principais atribuições do Banco Central do Brasil .............................................. 22

Quadro 3 - Características dos Fundos de Investimentos .................................................... 30

Quadro 4 - Imposto de Renda no Mercado à vista de ações................................................ 61

Quadro 5 - Cálculo de Imposto de Renda sobre venda de ações no mercado à vista.......... 62

Quadro 6 – Ações utilizadas para análise e sua participação no Ibovespa .......................... 65

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Intermediação no mercado financeiro ................................................................... 19

Figura 2- Gráfico de linha .................................................................................................... 38

Figura 3 - Gráfico de barras ................................................................................................. 38

Figura 4 - Candlestick .......................................................................................................... 39

Figura 5 - Gráfico de candlestick ......................................................................................... 40

Figura 6 - Tendências da Teoria de Dow ............................................................................. 43

Figura 7 - Média Móvel Exponencial x Média Móvel Simples (Aritmética) ............................ 48

Figura 8 – Média Móvel Curto, Médio e Longo Prazo .......................................................... 48

Figura 9 – Cruzamento Média Móvel Exponencial x Preço .................................................. 49

Figura 10 – Cruzamento das Médias Móveis Exponenciais ................................................. 50

Figura 11 – MACD - Moving Average Convergence/Divergence .......................................... 52

Figura 12 - Histograma ........................................................................................................ 53

Figura 13 - OBV (On Balance Volume) ................................................................................ 54

Figura 14 - Bandas de Bollinger ........................................................................................... 55

Figura 15 - IFR (Índice de Força Relativa) ........................................................................... 56

Figura 16 - Estocástico ........................................................................................................ 58

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 14

1.1 Definição do Problema ............................. .................................................. 15

1.2 Objetivos ......................................... ............................................................ 16

1.2.1 Objetivo Geral ...................................................................................... 16

1.2.2 Objetivos Específicos ........................................................................... 16

1.3 Justificativa ..................................... ............................................................ 17

2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................ .................................................................. 18

2.1 Mercado Financeiro ............................ .............................................................. 18

2.1.1 Estrutura do Sistema Financeiro Nacional ............................................ 19

2.1.2 Conselho Monetário Nacional .............................................................. 20

2.1.3 Comissão de Valores Mobiliários (CVM) .............................................. 21

2.1.4 Banco Central (BACEN) ....................................................................... 22

2.1.5 Bolsa de Valores .................................................................................. 23

2.1.5.1 Histórico da Bolsa de Valores ................................................ 24

2.1.5.2 Bolsa de Valores no Brasil ..................................................... 24

2.1.5.3 Home Broker .......................................................................... 25

2.1.6 Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários ...................... 26

2.1.7 Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários .................. 26

2.1.8 Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia .................................. 27

2.2 Produtos de Investimento ...................... .......................................................... 27

2.2.1 – Certificado de Depósito Bancário (CDB) ........................................... 27

2.2.2 – Poupança .......................................................................................... 29

2.2.3 – Fundos de Investimentos .................................................................. 30

2.3 Ações ......................................... ....................................................................... 32

2.4 Análise Fundamentalista........................ .......................................................... 33

2.5 Análise Técnica ou Análise Gráfica ............ .................................................... 35

2.5.1 Princípios da Análise Gráfica ............................................................... 36

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2.5.2 Tipos de Gráficos ................................................................................. 37

2.5.2.1 Periodicidade do Gráfico ........................................................ 40

2.5.3 Teoria de Dow ...................................................................................... 41

2.5.3.1 Primeiro princípio: Das três tendências .................................. 42

2.5.3.2 Segundo Princípio: O volume confirma a tendência ............... 43

2.5.3.3 Terceiro Princípio: Tendências primárias possuem três fases 44

2.5.4 Análise Técnica Computadorizada ou Estatística ................................. 44

2.5.4.1 Médias Móveis ....................................................................... 46

2.5.4.2 – MACD (Moving Average Convergence/Divergence) ............ 51

2.5.4.3 – Histograma MACD .............................................................. 52

2.5.4.4 – OBV (On Balance Volume) ................................................. 53

2.5.4.5 – Bandas de Bollinger ............................................................ 54

2.5.4.6 – IFR (Índice de Força Relativa) ............................................ 56

2.5.4.7 – Estocástico ......................................................................... 57

2.6 Custos Operacionais ........................... ............................................................. 58

2.6.1 Taxa de Corretagem ............................................................................ 59

2.6.2 Emolumento ......................................................................................... 59

2.6.3 Taxa de Custódia ................................................................................. 60

2.7 Tributação .................................... ..................................................................... 61

3. METODOLOGIA .................................... .......................................................................... 63

3.1 Tipos de Pesquisa ............................. ............................................................... 63

3.2 Métodos de Pesquisa ........................... ............................................................ 63

4. ANÁLISE DOS DADOS............................... .................................................................... 67

4.1 Análise dos Questionários ..................... .......................................................... 67

4.2 Análise dos Gráficos .......................... .............................................................. 68

4.2.1 Análise do uso das médias móveis ...................................................... 68

4.2.2 Análise do uso de médias móveis considerando a tendência do ativo.. 69

4.2.3 Análise da quantidade de operações por ativo ..................................... 71

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4.2.4 Análise do uso das médias móveis comparada ao desempenho dos

ativos ............................................................................................................ 73

4.2.5 Comparação da rentabilidade obtida x investimentos tradicionais ........ 74

5. CONCLUSÕES.................................................................................................................. 76

BIBLIOGRAFIA ...................................... ............................................................................. 80

APÊNDICE A – Questionário para entrevistados ...... ...................................................... 83

ANEXO A – Gráficos de preços dos ativos entre set/0 9 a set/11 ................................... 84

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1. INTRODUÇÃO

Em uma perspectiva macro organizacional econômica, percebe-se que o Mercado de

Capitais exerce importante função, através da distribuição de recursos para a atividade

econômica. No Brasil, o Mercado de Ações1 tem tido acentuado crescimento, principalmente

na última década. Percebe-se na Tabela 1 que o número de investidores pessoa física no

mercado brasileiro cresceu vertiginosos 716%, de 2003 a 2010.

Ano Número de Investidores

2003 85.478

2004 116.914

2005 155.183

2006 219.634

2007 456.557

2008 536.483

2009 552.364

2010 610.915 Tabela 1 - Número de investidores PF no Brasil

Fonte: BM&F Bovespa S.A. (2011) Apesar do representativo crescimento, atualmente apenas 0,31%2 da população

brasileira investe em ações, enquanto que nos Estados Unidos, maior centro econômico

mundial, aproximadamente 60% da população escolhe este investimento para seus

recursos3. Paralelamente, no Brasil, a maior participação nos valores movimentados através

da BM&FBovespa S.A. advém de investidores estrangeiros, o que representa o potencial

interno do país para fortalecer o Mercado de Ações. A Tabela 2 traz dados sobre a

participação de cada tipo de investidor na Bolsa de Valores brasileira.

1 Uma ação representa a menor parcela do capital de uma empresa (sociedade anônima, sociedade por ações ou companhia) [...] o detentor de uma ação (acionista) não é um credor da empresa, e sim um de seus proprietários. [...] Ações, normalmente, não possuem prazo de resgate e podem ser negociadas em mercados organizados (Bolsas de Valores) (CAVALCANTE, MISUMI, RUDGE, 2005, p. 46). 2 0,31% representa a divisão da população brasileira, 190.732.694 pessoas (IBGE 2010) pelo número de investidores pessoa física do mesmo ano (610.915). 3 (CARDOSO, Letícia. Aplicar em Ações pode render bons lucros a longo prazo. Gazeta Online, Vitória, 05 jun 2009. Disponível em: http://investcapital.com.br/artigos.asp?cod=13. Acesso em 03 abr 2011.

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Tipo de investidor Participação

Estrangeiros 34,05%

Institucionais 33,47%

Pessoas físicas 22,38%

Instituições financeiras 8,53%

Empresas 1,53%

Outros 0,04% Tabela 2 - Participação de investidores no BM&F Bovespa S.A. Fonte: BM&F Bovespa S.A.

Explica este cenário a própria situação política, social e econômica do Brasil. Tendo

passado por conturbados momentos nos anos 90, tem, a partir de 2000, sustentado

crescimento, proporcionando maiores condições econômicas às famílias brasileiras. Agora,

com possibilidade de acúmulo de riqueza, aliado ao trabalho de educação financeira e

propagação de investimentos em renda variável estimulado pela Bovespa e corretoras

operantes no mercado, o horizonte torna-se ainda mais promissor.

Além da situação econômica da população, fatores como a maturidade do mercado

de renda variável através de legislação vigente e mecanismos de proteção que

proporcionem lisura nas operações são fundamentais, quesitos nos quais o Brasil encontra-

se bem conceituado.

Reconhecendo, portanto, o investimento em ações como catalisador econômico e

rentável forma de remuneração a poupadores, o presente trabalho destina-se a colaborar

com a disseminação do investimento no mercado à vista de ações, através de uma das

metodologias de Análise Técnica dos papéis, as médias móveis.

1.1 Definição do Problema

Os ativos que recebem os investimentos costumam ser escolhidos por seus

investidores por meio de duas análises: a análise fundamentalista e a análise técnica. A

primeira é, para Cavalcante, Misumi e Rudge (2005), uma metodologia de análise para

determinar o preço justo de uma ação, fundamentada na expectativa de resultados futuros.

Compõe-se de um modelo matemático que considera patrimônio, obrigações, lucro e taxa

de crescimento esperada para a empresa em análise. O preço atual, estando abaixo do

preço “justo”, indica a aquisição da ação.

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Por sua vez, a Análise Técnica “é o estudo da ação do mercado, primariamente por

meio do uso de gráficos, com o objetivo de prever as tendências futuras” (LEMOS,

CARDOSO, 2010, p. 32).

Os Grafistas, como são denominados os investidores amparados pela Análise

Técnica, argumentam que os gráficos, aliados aos históricos de preços e volumes,

representarão movimentos futuros, identificados através de indicadores técnicos.

Reconhecendo a importância da análise fundamentalista para investimento do

capital, por representar a situação econômica e financeira da empresa, neste trabalho opta-

se em abordar a Análise Técnica de ações com o enfoque na estratégia das médias móveis.

Neste sentido, objetivando testar a aplicabilidade e assertividade de uma das

estratégias mais antigas e difundidas da Análise Técnica, o presente trabalho propõe-se a

resolução do seguinte problema: Utilizando-se apenas das médias móveis de curto prazo, é

possível obter bons ganhos no mercado à vista de ações no Brasil?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar a assertividade e lucratividade da utilização da estratégia de médias móveis

de curto prazo para decisão de compra e venda no mercado à vista de ações brasileiro.

1.2.2 Objetivos Específicos

• Disseminar o Mercado de Ações e seu funcionamento;

• Elucidar a estrutura do mercado financeiro nacional;

• Aprofundar o conhecimento em Análise Técnica e Gráfica;

• Calcular os custos operacionais da estratégia;

• Comparar a estratégia com os produtos tradicionais de investimento em renda

fixa.

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1.3 Justificativa

Diz-se que a formação de poupança é item fundamental para o crescimento

econômico e social dos países, ao passo do PIB4 ser considerado, segundo Vasconcellos e

Garcia (2008), medida de bem-estar social.

Não apenas para as nações, poupar é ato benéfico a empresas e pessoas, por

representar fonte de investimento, qualidade de vida e muitas vezes complemento de renda,

propiciando um futuro financeiro tranqüilo, algo tão almejado.

Os investimentos em ações, por sua vez, representam inteligente forma de

remuneração de poupanças e historicamente comprova-se ser uma oportunidade

extremamente rentável. Conforme dados divulgados5, entre janeiro de 2003 a outubro de

2010 a valorização dos ativos negociados na Bolsa de Valores brasileira foi de 523%, em

apenas 8 anos. Mesmo ajustado pela inflação do período, o desempenho do Ibovespa foi de

308,46%, muito acima do rendimento real da caderneta de poupança para o período, que

ficou em 22,01%.

Porém, nos últimos 12 meses, o índice Ibovespa recuou 17,46%, comprovando que,

apesar de atraente o Mercado de Ações apresenta riscos, pois, conforme Pinheiro (2009),

quanto maior a possibilidade de rentabilidade de um ativo, maior tenderá a ser o seu risco.

Sendo assim, este trabalho, abordando o Mercado de Ações e difundindo um dos

seus métodos de análises mais antigo e usual, visa contribuir para a diminuição de riscos

para o investidor sem necessária perda de rentabilidade, demonstrando a atratividade do

Mercado de Ações e contribuindo, conseqüentemente, com o seu desenvolvimento.

Destina-se a investidores ou interessados em ingressar no mercado à vista de ações

do Brasil. Apesar do enfoco em Análise Gráfica, considera-se ser aproveitado também por

investidores que baseiam suas decisões no fundamento da empresa (análise

fundamentalista), indicando o “ponto de entrada” (compra da ação) e “ponto de saída”

(venda da ação).

4 O Produto Interno Bruto (PIB) é o somatório de todos os bens e serviços finais produzidos dentro do território nacional num dado período, valorizados a preço de mercado, sem levar em consideração se os fatores de produção são de propriedade de residentes ou não-residentes (VASCONCELLOS; GARCIA, 2002, p. 104). 5 (FILHO, Abdo. Bolsa campeã: Bovespa ganha 523% em apenas 8 anos. Gazeta Online, Vitória, 06 novembro de 2010.

Disponível em: http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2010/11/691472-bolsa+campea+bovespa+ganha+523+em+apenas+ oito+anos. Acessado em 31 de outubro de 2011.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo, através principalmente de pesquisas bibliográficas, serão

apresentados os assuntos pertinentes ao tema proposto e que possam subsidiar o alcance

dos objetivos do trabalho. Iniciar-se-á pela inserção do Mercado de Capitais no sistema

financeiro nacional, seu histórico no Brasil e no mundo, seus ativos movimentados

possuindo com enfoque maior a movimentação de ações no mercado à vista.

Após elucidar os investimentos em ações, a abordagem trará o conhecimento das

estratégias de investimento em ações: análise fundamentalista e análise técnica. Estando a

estratégia de investimentos, através das médias móveis, inserida na análise técnica, será

para tal estendida maior pesquisa.

Finalmente, as abordagens aqui propostas deverão ser suficientes para subsidiar as

análises que responderão ao objetivo do trabalho, propiciando ainda as considerações

finais.

2.1 Mercado Financeiro

De acordo com Pinheiro (2009), em uma economia, existem diversos tipos de

mercados, que podem ser agrupados em mercados de produtos, onde operam bens

manufaturados ou serviços e mercado de fatores, correspondente aos fatores de produção,

no qual se inclui o mercado financeiro.

Podemos definir os mercados financeiros como o mecanismo ou ambiente através do qual se produz um intercâmbio de ativos financeiros e se determinam seus preços. São mercados nos quais os recursos financeiros são transferidos desde unidades superavitárias, isto é, que tem um excesso de fundos, até aquelas deficitárias, ou seja, que tem necessidade de fundos (PINHEIRO, 2009, p. 92).

O autor prossegue:

Os agentes superavitários que desejam aplicar suas poupanças para maximizar ganhos recorrem ao mercado financeiro, investindo suas economias em títulos para receber ganho ao final de determinado período. Essa oferta de recursos pelos superavitários irá financiar as necessidades dos deficitários, que buscam o mercado financeiro para obter crédito para complementar sua renda. Com isso, podemos afirmar que o mercado financeiro transfere as poupanças dos agentes superavitários para os deficitários de uma economia. (PINHEIRO, 2009, p. 92).

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19

A Figura 1 expressa tal negociação, onde poupadores transferem seus recursos a

tomadores, mediante remuneração:

Mercado Financeiro

Agentes Superavitários

Agentes

Deficitários

Figura 1 - Intermediação no mercado financeiro Fonte: Adaptado de Pinheiro, 2009. Através destas movimentações de recursos entre os agentes, Fortuna (2008, p. 16)

faz importante consideração, dizendo que “o mercado financeiro pode ser considerado como

elemento dinâmico no processo de crescimento econômico, uma vez que permite a

elevação de taxas de poupança e investimento”.

2.1.1 Estrutura do Sistema Financeiro Nacional

As relações financeiras ocorrem através de regras que visam cercar poupadores e

tomadores de recursos de direitos e deveres, primando pela lisura das operações. Para

tanto, existem autarquias governamentais e instituições públicas e privadas que,

organizadas e interligadas em sistema, desenvolvem o perfeito funcionamento das relações.

Esta estrutura, denominada como Sistema Financeiro Nacional, define-se, para

Fortuna (2008), como um conjunto de instituições que se dedicam, de alguma forma, ao

trabalho de propiciar condições satisfatórias para a manutenção de um fluxo de recursos

entre poupadores e investidores.

Conforme Cavalcante, Misumi e Rudge (2005, p. 22), “o sistema financeiro nacional

é constituído por um subsistema normativo e por outro operativo”.

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O subsistema normativo regula e controla o subsistema operativo. Essa regulação e controle é exercida através de normas legais, expedidas pela autoridade monetária, ou pela oferta seletiva de crédito levada a efeito pelos agentes financeiros do governo. O subsistema operativo é constituído pelas instituições financeiras públicas ou privadas, que atuam no mercado financeiro (CAVALCANTE; MISUMI; RUDGE, 2005, p. 23).

Buscando exemplificar o funcionamento e a estrutura do sistema financeiro nacional

brasileiro, apresentamos o Quadro 1, dividindo as esferas em órgãos normativos, entidades

supervisoras e entidades operadoras. Dentre estes, serão abordados neste trabalho os que

mais diretamente estão envolvidos com investimentos no Mercado de Ações.

Orgãos normativos Entidades supervisoras Operadores

Conselho Monetário Nacional - CMN

Banco Central do Brasil - Bacen

Instituições financeiras

captadoras de depósitos à vista

Demais instituições financeiras Outros intermediários

financeiros e administradores de

recursos de terceiros

Bancos de Câmbio

Comissão de Valores Mobiliários - CVM

Bolsas de mercadorias e futuros

Bolsas de valores

Conselho Nacional de Seguros

Privados - CNSP

Superintendência de Seguros Privados - Susep

Resseguradores

Sociedades seguradoras

Sociedades de capitalização

Conselho Nacional de Previdência Complementar -

CNPC

Superintendência Nacional de Previdência Complementar - PREVIC

Entidades fechadas de previdência complementar

Fundos de pensão

Quadro 1 - Estrutura do Sistema Financeiro Nacional Fonte: Banco Central do Brasil

2.1.2 Conselho Monetário Nacional

O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão deliberativo máximo do Sistema Financeiro Nacional. Ao CMN compete: estabelecer as diretrizes gerais das políticas monetária, cambial e creditícia; regular as condições de constituição, funcionamento e fiscalização das instituições financeiras e disciplinar os instrumentos de política monetária e cambial (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2011).

Pinheiro (2009, p. 59) enfatiza as atribuições do CMN, dizendo que: “Conselho

Monetário Nacional é o órgão deliberativo máximo do sistema financeiro do país. Ele tem a

finalidade de formular a política da moeda e do crédito, de acordo com a Lei n° 4.595, de 31-

12-1964, objetivando o progresso econômico e social do país.”

Fortuna (2008) vai além, citando:

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Como órgão normativo, por excelência, não lhe cabem funções executivas, sendo o responsável pela fixação das diretrizes políticas, monetária, creditícia e cambial do País. Pelo envolvimento destas políticas no cenário econômico nacional, o CMN acaba se transformando num conselho de política econômica (FORTUNA, 2008, p. 19).

Atualmente, o Conselho Monetário Nacional é composto pelo Ministro da Fazenda

(Presidente do Conselho) em conjunto com o Ministro do Planejamento, Orçamento e

Gestão, além do Presidente do Banco Central (Fortuna, 2008).

2.1.3 Comissão de Valores Mobiliários (CVM)

A Comissão de Valores Mobiliários constitui órgão integrante do subsistema normativo do mercado de valores mobiliários. É uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda [...] com a responsabilidade de disciplinar, fiscalizar e promover a expansão, o desenvolvimento e o funcionamento eficiente do mercado de valores mobiliários, sob orientação do Conselho Monetário Nacional (PINHEIRO, 2009, p. 60).

Segundo Fortuna (2008), foi criada em 1976, pela Lei 6.385, suprindo a falta de uma

entidade que absorvesse a regulação e a fiscalização do Mercado de Capitais,

especialmente no que se referia às sociedades de capital aberto.

Importante destacar que a CVM caracteriza-se em um órgão autônomo, de caráter

fiscalizador e disciplinador, conforme editado pela Medida Provisória 8, de 31/10/2001 que

segue:

Entidade autárquica em regime especial, vinculada ao Ministério da Fazenda, com personalidade jurídica e patrimônio próprios, dotada de autoridade administrativa independente, ausência de subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes, e autonomia financeira e orçamentária (FORTUNA, 2008, p. 24).

Portanto, a Comissão de Valores Mobiliários, através da sua estrutura, contribui para

o fomento do mercado de renda variável, trazendo aos investidores segurança operacional e

defesa em casos de práticas ilegítimas, ao mesmo tempo em que fornece às empresas de

capital aberto possibilidade de negociar suas ações e títulos com transparência e

legitimidade.

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2.1.4 Banco Central (BACEN)

O Banco Central, entidade autárquica vinculada ao Ministério da Fazenda, é um órgão executivo. Cabe-lhe cumprir e fazer cumprir as disposições que lhe são atribuídas pela legislação em vigor e pelas normas emanadas do CMN (CAVALCENTE; MISUMI; RUDGE, 2005. p. 26).

Para Pinheiro (2009, p. 62), “pode ser considerado um órgão intermediário entre o

CMN e as demais instituições financeiras do país, cuja finalidade é executar e fiscalizar o

cumprimento de todas as normas criadas pelo Conselho Monetário Nacional”. O autor

continua dizendo que “é por meio do Bacen6 que o Estado intervém diretamente no sistema

financeiro e, indiretamente, na economia”.

Fortuna (2008), além de reiterar que o Banco Central é o órgão executivo central do

sistema financeiro, traz as suas atribuições, dentre as quais citamos no Quadro 2, que

segue:

Principais atribuições do Banco Central do Brasil:

Emitir papel-moeda e moeda metálica nas condições e limites autorizados pelo CMN;

Executar os serviços do meio circulante;

Realizar operações de redesconto e empréstimos às instituições financeiras, por ação econômica do Governo ou como socorro a problemas de liquidez;

Regular os serviços de compensação de cheques e outros papéis;

Efetuar operações de compra e venda de Títulos Públicos Federais;

Exercer o controle de crédito sob todas as formas;

Exercer a fiscalização das instituições financeiras, punindo-as quando necessário;

Autorizar o funcionamento, estabelecendo a dinâmica operacional, de todas as instituições financeiras;

Determinar a taxa de juros de referência para as operações de um dia - a taxa Selic.

Quadro 2 - Principais atribuições do Banco Central do Brasil Adaptado de Fortuna (2008, p. 20).

Por estas e outras atribuições, Fortuna (2008) simplifica a atuação do Banco Central,

o considerando o banco dos bancos, gestor do sistema financeiro nacional, executor da

política monetária, banco emissor, banqueiro do governo e centralizador do fluxo cambial.

6 Sigla para Banco Central

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2.1.5 Bolsa de Valores

Integrante do sistema de operações do Sistema Financeiro Nacional, as Bolsas de

Valores possuem como objetivo “manter local adequado ao encontro de seus membros e à

realização, entre eles, de transações de compra e venda de títulos e valores mobiliários, em

mercado livre e aberto” (CAVALCANTE; MISUMI; RUDGE, 2005, p. 32).

Os autores prosseguem:

Além dessas funções básicas, as bolsas de valores propiciam liquidez às aplicações, fornecendo, concomitantemente, um preço de referência para os ativos ali negociados, por intermédio de um mercado contínuo, representado por seus pregões diários (CAVALCENTE; MISUMI; RUDGE, 2005, p. 32)

Para Pinheiro (2009, p. 72) “As bolsas de valores são associações civis, sem fins

lucrativos”. Entretanto, Fortuna (2008) apresenta-se mais completo, divergindo de tal

afirmação:

Em sua constituição, as bolsas de valores não eram instituições financeiras, mas associações civis sem fins lucrativos, constituídas pelas corretoras de valores para fornecer a infra-estrutura do Mercado de Ações. As resoluções 2.690, de 28/01/2000, e 2.709, de 30/03/2000, ambas do BC, disciplinaram a nova constituição [...]. Por estas novas regras, as bolsas poderiam deixar de ser entidades sem fins lucrativos e se transformarem em sociedade anônima caso quisessem. Não somente as corretoras poderiam ser sócias, mas, também, qualquer pessoa física ou jurídica. Esse processo, conhecido como desmutualização, resulta na abertura de capital das bolsas de valores, permitindo que suas ações também sejam nelas negociadas (FORTUNA, 2008, p. 581).

Atualmente, no Brasil, negociam-se em bolsa essencialmente ações, sendo que a

única Bolsa de Valores em operação é a Bolsa de Valores de São Paulo – Bovespa,

desmutualizada e com ações negociadas em pregão (FORTUNA, 2008).

Ainda sobre a Bolsa de Valores, “a tecnologia da informática já permite que sejam

realizados pregões totalmente automatizados, sem interferência de operadores, e são esses

tipos de pregão que predominam” (FORTUNA, 2008, p. 584).

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2.1.5.1 Histórico da Bolsa de Valores

“A origem das bolsas de valores é bastante remota. Alguns escritores a localizam

nos enporium dos gregos, outros nos collegium mercatorum dos romanos, ou nos funduks

(bazares) dos palestinos” (CAVALCANTE; MISUMI; RUEGE, 2005, p. 76).

Pinheiro (2009) prossegue dizendo que, apesar de não haver uma definição histórica

clara sobre o surgimento das bolsas, sabe-se que surgiram com atribuições que não

vinculavam especificamente a valores mobiliários.

Durante toda a idade média e até o século XVII, as funções das bolsas se resumiam à compra e venda de moedas, letras de câmbio e metais preciosos. Os negócios, então, eram limitados pelas dificuldades de comunicação, escassez de capitais e ausência de crédito (PINHEIRO, 2009, p. 240).

Pinheiro (2009, p. 240) faz referência a importantes datas cronológicas: “A primeira

bolsa de caráter internacional foi criada em Amberes em 1531, posteriormente foram criadas

as de Londres (1554), Paris (1724) e New York (1792)”.

A partir do século XIX, as bolsas restringiram sua atuação aos mercados de capitais (títulos e valores mobiliários) e, à medida que surgiam os mercados de títulos representativos de mercadorias (commodities), foram criados locais específicos para sua negociação (bolsas de mercadorias) (PINHEIRO, 2009, p. 241).

2.1.5.2 Bolsa de Valores no Brasil

Sucintamente, buscaremos elucidar a organização histórica da Bolsa de Valores

Brasileira, a qual está, segundo Cavalcante, Misumi e Rudge (2005), intrinsecamente ligado

ao desenvolvimento da estrutura financeira do país.

Conforme Cavalcante, Misumi e Rudge (2005), a figura do corretor surgiu no Brasil

no período colonial, ocorrendo a regulamentação da atividade em 1845, através do Decreto

n° 417.

A rua Direita, hoje rua 1° de Março, no Rio de Janei ro, era o seu ponto de encontro. Ali ficavam a Alfândega e o Paço Imperial, enclaves político e econômico do maior porto exportador do país. A reunião espontânea promoveu um sistema de liquidação mais eficiente, para onde convergiam compradores e vendedores, agindo em nome de comerciantes e produtores dos mais diversos pontos do Brasil e da Europa (CAVALCENTE; MISUMI; RUDGE, 2005, p. 77)

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Ainda para Cavalcente, Misumi e Rudge (2005), no ano de 1877 aconteceu no Rio

de Janeiro, a regulamentação do pregão, sendo considerado marco inicial do funcionamento

da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, pioneira no país.

Já no ano de 1890 nasce a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

Fundada em 23 de agosto de 1890 como entidade oficial corporativa, vinculada às secretarias de finanças do governo estadual e composta por corretores nomeados pelo poder público, a Bovespa só assumiu a característica institucional com as reformas do sistema financeiro nacional e do Mercado de Capitais implementadas em 1965-1966 (PINHEIRO, 2009, p. 276)`

Consta, em Pinheiro (2009), o histórico de nove bolsas de valores no Brasil,

distribuídas por diversas regiões do país, entretanto, em 1991 iniciou-se um processo de

consolidação das bolsas no Brasil, culminando em 2008 com a fusão da Bovespa com a

BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros).

No dia 4 de julho de 2008 [...] foi anunciada a fusão entre a Bovespa Holding S.A. e a BM&F S.A.. A soma do valor de mercado das duas bolsas resultou na terceira maior bolsa mundial em valor de mercado em preços de maio de 2008, atrás apenas da alemã (Deutsche Börse) e da americana (Chicago Mercantil Exchange) (PINHEIRO, 2009, p. 302).

Ainda para o autor, “foram necessárias várias etapas entre meados de 2006 e final

de 2007 para a criação da BM&F Bovespa. O primeiro passo antes da integração foi a

desmutualização das bolsas, seguida da abertura de capital via ofertas iniciais” (PINHEIRO,

2009, p. 303).

Segundo site da BM&F Bovespa (2011), suas principais atividades, além da

negociação de ações, derivativos, títulos de renda fixa, moedas e commodities, incluem

divulgação de informações pertinentes ao mercado, atuação como depositária central dos

ativos negociados em seus ambientes, gerenciamento de riscos para operações realizadas

por seus sistemas e desenvolvimento do Mercado de Capitais brasileiro.

2.1.5.3 Home Broker

Conforme Fortuna (2008), graças às facilidades criadas pela Internet, ao final de

1999 possibilitou-se no Brasil a utilização do Home Broker para as negociações na Bolsa de

Valores. Home Broker nada mais é do que a possibilidade do investidor efetuar seus

movimentos eletronicamente, via Internet, através dos sites das corretoras de valores, um

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serviço bastante similar ao já difundido Internet Banking, disponibilizado pelos bancos

comerciais.

Para garantir a qualidade do sistema de negociação de ações via Home Broker, a Bovespa estabeleceu parâmetros mínimos para os sistemas das corretoras estarem no ar. O objetivo é garantir que os investidores consigam realmente comprar e vender suas ações pelo Home Broker a qualquer momento, sem perder boas oportunidades. Dessa forma, a Circular 82, de 05/06, da Bovespa determinou que o sistema de negociação on-line das corretoras fique disponível aos clientes no mínimo 95% do tempo dos pregões por mês (FORTUNA, 2008, p. 587).

2.1.6 Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários

De acordo com Pinheiro (2009), as sociedades corretoras são instituições

responsáveis pela intermediação entre investidores e as bolsas de valores:

São instituições típicas do mercado acionário, operando com compra, venda e distribuição de títulos e valores mobiliários (inclusive ouro) por conta de terceiros. [...] Sua constituição depende de autorização do Bacen e o exercício de sua atividade depende de autorização da CVM. Sua principal função é a de promover a aproximação entre compradores e vendedores de ações, dando a esses negociabilidade adequada, por meio de leilões realizados em bolsas de valores (PINHEIRO, 2009, p. 75).

Fortuna (2008) detalha as atividades das Sociedades Corretoras de Títulos e Valores

Mobiliários, as quais citamos:

• Operam nos recintos das bolsas de valores e de mercadorias;

• Efetuam lançamentos públicos de ações;

• Administram carteiras e custodiam valores mobiliários;

• Instituem, organizam e administram fundos de investimentos.

2.1.7 Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários

“As sociedades distribuidoras são firmas constituídas como sociedades anônimas ou

sociedades por quotas de responsabilidade limitada, cuja autorização para funcionamento é

dada pelo Banco Central do Brasil” (CAVALCANTE; MISUMI; RUDGE, 2005, p. 33).

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As sociedades distribuidoras prestam alguns serviços comuns às corretoras, porém, suas atividades tem uma faixa operacional mais restrita, já que não tem acesso as bolsas de valores e de mercadorias. Por isso, para fazer negócios na Bolsa de Valores, utilizam a corretora como sua intermediária (PINHEIRO, 2009, p. 76).

Segundo o Banco Central do Brasil (2011), suas principais atividades são a oferta e

distribuição de títulos e valores mobiliários no mercado, instituição, organização e

administração de fundos e clubes de investimentos.

2.1.8 Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia

Para Pinheiro (2009, p. 76) “A CBLC é responsável pela compensação e liquidação

de operações feitas nos mercados à vista, a termo e de opções da Bovespa”.

Cavalcante, Misumi e Rudge (2005, p. 36) complementam citando que a CBLC “é o

depositário central do Mercado de Ações no Brasil.”

Entende-se, portanto, que a CBLC processa as operações efetuadas através da

Bolsa de Valores, além de guardar de forma automatizada os títulos e valores mobiliários.

2.2 Produtos de Investimento

O presente trabalho, ao identificar a lucratividade do investimento em ações

utilizando-se do método de médias móveis, deverá compará-lo ao rendimento de outras

modalidades de investimento. Sendo assim, este capítulo aborda, de forma breve, os

principais investimentos ofertados no mercado brasileiro.

2.2.1 – Certificado de Depósito Bancário (CDB)

Segundo Fortuna (2008), o Certificado de Depósito Bancário (CDB) é um dos mais

antigos e utilizados títulos de captação de recursos, junto às pessoas físicas e jurídicas

pelos bancos.

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O CDB é um título de crédito escritural [..] e sua emissão gera a obrigação das instituições emissoras pagar ao aplicador, ao final do prazo contratado, a remuneração prevista, - que será sempre superior ao valor aplicado. Os recursos captados pelas instituições através desse instrumento são normalmente repassados aos clientes na forma de empréstimos (FORTURA, 2008, p. 175).

Ainda para Fortuna (2008), o CDB pode ter remuneração pré ou pós-fixada. Na

primeira, o investidor sabe exatamente o valor que terá no vencimento da operação e na

segunda o investimento será remunerado por um índice, sendo que o mais utilizado é o

CDI7.

Portanto, para o investidor, o risco deste investimento é o de crédito, visto que no

CDB o cliente empresta seu dinheiro ao banco (recebendo juros) que o emprestará a outros

clientes. Caso a inadimplência do banco seja alta de forma a causar sua insolvência, o

investidor terá comprometido os seus investimentos. Para proteger o investidor, os

investimentos em CDB contam com a segurança do Fundo Garantidor de Crédito.

Fundo Garantidor de Crédito é uma entidade privada, sem fins lucrativos, que administra um mecanismo de proteção aos correntistas, poupadores e investidores, que permite recuperar os depósitos ou créditos mantidos em instituição financeira, em caso de falência ou de sua liquidação. São as instituições financeiras que contribuem com uma porcentagem dos depósitos para a manutenção do FGC. O valor máximo garantido pelo FGC é de R$ 70.000,00 por depositante ou aplicador e por conglomerado financeiro, independente do valor total e da distribuição em diferentes formas de depósito e aplicação (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2011).

No CDB, sobre os rendimentos há tributação de Imposto de Renda, com alíquota

regressiva conforme prazo da aplicação, conforme Tabela 3.

Tempo de Permanência Alíquotas Regressivas

Até 180 dias 22,50%

De 181 a 360 dias 20%

De 361 a 720 dias 17,50%

Acima de 720 dias 15% Tabela 3 - Tributação de Imposto de Renda Aplicação CDB

Fonte: Adaptado do Banco do Brasil Adicionalmente, para saques realizados em até 30 dias da data da aplicação em

CDB, há cobrança de IOF (Imposto sobre operação financeira), conforme decreto nr. 7.487,

de 25/05/2011. Apresentamos na Tabela 4 a cobrança de IOF sobre as aplicações em CDB.

7 CDI quer dizer Certificado de Depósito Interbancário, mecanismo destinado a possibilitar a troca de numerário entre instituições financeiras, superavitárias e deficitárias. O juro cobrado nestas operações serve de referencia do custo do dinheiro e de remuneração aos investidores pelos bancos (BM&F Bovespa, 2011).

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Nr. Dias % incidência IOF Nr. Dias % incidência IOF

1 96% 16 46%

2 93% 17 43%

3 90% 18 40%

4 86% 19 36%

5 83% 20 33%

6 80% 21 30%

7 76% 22 26%

8 73% 23 23%

9 70% 24 20%

10 66% 25 16%

11 63% 26 13%

12 60% 27 10%

13 56% 28 6%

14 53% 29 3%

15 50% 30 0% Tabela 4 - Incidência de IOF em CDB

Fonte: Adaptado do Banco do Brasil

2.2.2 – Poupança

A poupança é o investimento mais popular e tradicional do país devido, principalmente, a sua simplicidade de aplicação e resgate. É uma aplicação segura e suas regras de funcionamento são estipuladas pelo Banco Central, por isso existe uma padronização de taxas e de funcionamento em todas as instituições financeiras (Banco do Brasil, 2011).

Para Fortuna (2008, p. 314), “é a aplicação mais simples e tradicional, sendo uma

das poucas, senão a única, em que se podem aplicar pequenas somas e ter liquidez”.

Os valores depositados em poupança são remunerados com base na Taxa Referencial (TR8), acrescida de juros de 0,50% ao mês. Os valores depositados e mantidos em depósito por prazo inferior a um mês não recebem nenhuma remuneração. A TR utilizada é aquela do dia do depósito (Banco Central do Brasil, 2011).

Ainda segundo Fortuna (2008), a remuneração é mensal para pessoas físicas e

jurídicas sem fins lucrativos, sem incidência de imposto de renda. Para pessoas jurídicas

8 A TR serve como referência para o juro praticado no mercado financeiro. Inicialmente foi criada para ser uma taxa básica dos juros praticada no mês. Atualmente, a TR é utilizada no cálculo do rendimento de vários investimentos, caderneta de poupança, empréstimos do SFH, pagamentos a prazo e seguros em geral (Banco do Brasil, 2011).

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com fins lucrativos, a remuneração é trimestral, havendo cobrança de imposto de renda

sobre os rendimentos conforme legislação específica.

Bem como o CDB, segundo Fortuna (2008) as aplicações em poupança contam com

garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), em até R$ 70.000,00 por depositante e por

conglomerado financeiro.

A Tabela 5 mostra o rendimento das aplicações efetuadas em poupança, de 2009 a

2011, em percentual.

RENDIMENTO DA POUPANÇA EM %

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ 2011 0,641 0,572 0,553 0,622 0,537 0,658 0,612 0,624 0,709 0,601

ACUMULADO 0,641 1,217 1,776 2,409 2,959 3,636 4,271 4,921 5,664 6,299 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

2010 0,554 0,5 0,5 0,58 0,5 0,551 0,559 0,616 0,591 0,571 0,547 0,534 ACUMULADO 0,554 1,056 1,562 2,15 2,661 3,227 3,804 4,443 5,061 5,661 6,239 6,806 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

2009 0,716 0,685 0,545 0,645 0,546 0,545 0,566 0,606 0,52 0,5 0,5 0,5

ACUMULADO 0,716 1,406 1,959 2,616 3,176 3,738 4,325 4,957 5,503 6,03 6,56 7,093 Tabela 5 - Rendimento da poupança de 2009 a 2011 Fonte: Banco Central do Brasil

2.2.3 – Fundos de Investimentos

“Fundos de investimentos são condomínios constituídos com o objetivo de promover

a aplicação coletiva dos recursos dos seus participantes. São regidos por um regulamento e

tem na assembléia geral seu principal fórum de decisões” (CVM, 2011).

Sendo assim, os fundos possuem as características apresentadas no Quadro 3:

CARACTERÍSTICAS DOS FUNDOS DE INVESTIMENTOS

Condomínio Os fundos são constituídos na forma de condomínio no qual todos os cotistas têm direitos e deveres idênticos. Aplica-se o conceito de equidade, ou seja, tratamento igual para todos os cotistas de um mesmo fundo, independente do valor investido.

Propriedade dos Ativos

Todos os ativos financeiros que compõem a carteira de investimento do Fundo pertencem ao Fundo e, portanto, aos cotistas do fundo. Lucros e perdas são distribuídos igualmente entre os cotistas na valorização (ou desvalorização) da cota.

Cota A cota corresponde a fração ideal do patrimônio do fundo. Quando o investidor aplica seu dinheiro no fundo está comprando cotas.

Regulação As cotas dos Fundos de Investimentos são valores mobiliários sendo, portanto, regulados e fiscalizados pela CVM - Comissão de Valores Mobiliários.

Quadro 3 - Características dos Fundos de Investimentos Fonte: BANKRISK – Certificação Profissional ANBID CPA 10

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Como visto, este condomínio de recursos é administrado por alguma instituição

financeira, a qual cobra uma taxa por esta prestação de serviço. Segundo Fortuna (2008),

essa cobrança é chamada de Taxa de Administração, sendo um percentual diário sobre o

patrimônio do fundo.

Os fundos de investimentos possuem ainda classificação quanto aos ativos

financeiros nos quais os recursos são aplicados. Conforme a CVM – Comissão de Valores

Mobiliários (2011), os fundos de investimento são classificados em:

• Fundo de Curto Prazo

• Fundo Referenciado

• Fundo de Renda Fixa

• Fundo de Ações

• Fundo Cambial

• Fundo de Dívida Externa

• Fundo Multimercado.

Assim, como em outros investimentos, sobre os rendimentos em fundos de

investimento, há incidência de imposto de renda, conforme Quadro 4:

INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA SOBRE FUNDOS DE INVESTIMENTO

Fundo de Curto Prazo (carteira prazo igual ou inferior a 365 dias)

Fundo de Longo Prazo (carteira prazo superior a 365 dias)

Prazo de Permanência Alíquota Prazo de Permanência Alíquota

até 180 dias 22,50% até 180 dias 22,50%

acima de 180 dias 20,0% de 181 a 360 dias 20,0%

de 361 a 720 dias 17,50%

acima de 720 dias 15,0% Quadro 4 - Imposto de Renda em Fundos de Investimentos Fonte: Adaptado de Fortuna (2008) Exceção se faz sobre os rendimentos obtidos nas aplicações em fundos classificados

como investimento em ações, que, conforme Fortuna (2008), possuem a seguinte incidência

de imposto de renda, independente do prazo de permanência:

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• Rendimentos produzidos até 31/12/2001 = alíquota de 10%

• Rendimentos produzidos a partir de 01/01/2002 = alíquota de 15%.

2.3 Ações

“Uma ação representa a menor parcela do capital social de uma empresa (sociedade

anônima, sociedade por ações ou companhia)” (CAVALCANTE; MISUMI; E RUDGE, 2005,

p. 46).

Pinheiro (2009, p. 198) reitera que “As ações são títulos de propriedade de uma parte

do capital social da empresa que as emitiu” e complementa “Quem tem ações, portanto,

pode-se considerar sócio da empresa emissora”.

Ações normalmente não possuem prazo de resgate e podem ser negociadas em mercados organizados (Bolsas de Valores). Por serem objetos de negociação diária, os preços das ações podem aumentar ou diminuir, de acordo com o maior ou menor interesse dos investidores (CAVALCANTE; MISUMI; RUDGE, 2005, p. 46).

Como vimos, a empresa lançando suas ações no mercado, está abrindo-a para

novos sócios, que deverão, entre outros direitos e obrigações, ganhar parte de seus lucros.

Correia descreve, de forma prática, a motivação das empresas em vender suas ações (parte

do direito sobre a empresa) ao mercado:

As empresas precisam de dinheiro para financiar suas compras, ampliar instalações, negócios, etc. Para não pegar dinheiro emprestado dos bancos, onde os juros são altos, as empresas emitem ações para captar dinheiro sem o pagamento de juros. Para compensar, pagam aos acionistas a participação nos lucros (dividendos). Esta é uma forma de conseguirem o dinheiro a baixo custo (CORREIA, 2008, p. 28).

Cavalcante (2009) trata dos direitos que revestem o investidor em ações, dentre eles:

direito na participação dos lucros, direito de fiscalização, à informação e de retirada, dentre

outros.

Na Bolsa de Valores há negociação de dois tipos de ações: as ordinárias e as

preferenciais. Abe (2009, p. 21) caracteriza as ações ordinárias e preferenciais, dizendo que

“as ordinárias dão direito a voto em assembléias9, e as preferenciais têm preferência no

9 “A Assembléia Geral é a reunião que os acionistas têm, ordinariamente, uma vez ao ano, e extraordinariamente em determinadas circunstâncias, para tomar decisões principalmente relativas à empresa, e entre elas aprovar os exercícios concluídos, nomeamentos, etc” (PINHEIRO, 2009, p. 201).

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recebimento de lucros distribuídos. Estes podem vir na forma de dividendos, juros sobre

capital próprio ou bonificação em ações”.

Outra diferenciação feita entre ações ordinárias e preferenciais é citada por Correia

(2008). O autor lembra que a Lei das Sociedades Anônimas determina que, em caso de

venda da empresa, o detentor de ações ordinárias tem o direito de receber no mínimo 80%

do valor pago para o controlador, o que não é devido ao investidor optante das ações

preferenciais.

Cita, ainda, que “se a empresa não pagar dividendos por três anos consecutivos, as

PNs10 adquirem direito a voto” (CORREIA, 2008, p. 29).

Percebe-se, desta forma, que a escolha pelo tipo da ação a ser negociada (ordinária

ou preferencial) dependerá do objetivo do investidor. Caso tenha pretensão de participação

no controle acionário, deverá optar pela ordinária, que lhe garante a participação nas

decisões da empresa conforme sua quantidade de ações, ao passo que objetivando tão

somente lucros, tenderá a movimentar ações preferenciais.

A negociação de ações, assim como de outros ativos, dar-se-á no mercado primário

ou secundário, conforme exposto, entre outros autores, por Fortuna:

O Mercado de Ações pode ser dividido em dois segmentos: o mercado primário , quando as ações de uma empresa são emitidas diretamente ao através de uma oferta pública [...] e o mercado secundário , no qual as ações já emitidas são comercializadas através da Bolsa de Valores (FORTUNA, 2008, p. 581).

Sendo assim, é no mercado primário que ocorre a capitalização da empresa emitente

das ações (empresa vende suas ações e recebe o capital dos investidores), ao passo que

no mercado secundário, a troca de papéis e recursos abrange apenas investidores entre si,

sem envolvimento da empresa negociada (MATSURA, 2007).

2.4 Análise Fundamentalista

O investidor, optando em participar do mercado acionário por meio da compra e

venda de ações, o fará através de análises de mercado e estratégias operacionais,

objetivando identificar oportunidades de compra e de venda. Para tanto deverá utilizar-se da

Análise Fundamentalista ou da Análise Gráfica, podendo ainda utilizar ambas. Abaixo trata-

se da Análise Fundamentalista.

10 PN é como também são chamadas as ações preferenciais. As ordinárias são conhecidas no mercado como ON (PINHEIRO, 2009).

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As origens da análise fundamentalista remontam ao final do século XIX e princípio do século XX. As grandes corretoras de bolsa tinham seus departamentos de analise compostos por profissionais de áreas exatas (estatísticos e matemáticos) que compravam empresas do mercado através de alguns dados financeiros disponíveis. Em 1929 durante um curso ministrado por Benjamim Graham na Universidade de Columbia em Nova York [...] surge a chamada Análise Fundamentalista, que revolucionou a analise de investimentos em ações e segue tendo uma grande importância nos dias atuais (PINHEIRO, 2009, p. 378).

Conforme Cavalcante, Misumi e Rudge (2005), a Análise Fundamentalista

caracteriza-se em determinar o preço justo de uma ação. Acrescenta-se a definição de

Pinheiro (2009, p. 379), “é o estudo de toda a informação disponível no mercado sobre

determinada empresa, com a finalidade de obter seu verdadeiro valor, e formular uma

recomendação sobre sua compra ou venda”.

Debastiani (2008) cita que o investidor amparado pela análise fundamentalista utiliza-

se do balanço financeiro da empresa em busca de indícios que possam assegurar (ou pelo

menos supor) ao investidor que aquela é uma empresa sólida. O autor segue:

Esta Escola sempre se concentra em investimentos de longo prazo, pois a periodicidade de publicação dos balanços (trimestralmente, no mínimo) não permite que se possa tirar qualquer conclusão de curto prazo, pois as técnicas de análise comparam os dados mais recentes com trimestres de anos anteriores (DEBASTIANI, 2008, p. 15).

Lemos e Cardoso agregam outros fatores de análise, além do balanço financeiro:

Ela utiliza, primariamente, modelos matemáticos que usam uma variedade de fatores, tais como: taxa de juros, balanços contábeis, risco-país, projeções macro e microeconômicas para determinar fluxo de caixa futuro e trazê-lo de volta ao valor presente a fim de projetar o preço-alvo de determinada ação. (LEMOS E CARDOSO, 2010, p. 30).

O preço alvo tratado por Lemos e Cardoso é referido por Cavalcante, Misumi e

Rudge (2005) como preço justo. Os autores dizem, portanto, que se a cotação está acima

do preço justo, não deve ser opção de investimento, estando abaixo torna-se opção de

investimento.

Entretanto, a análise fundamentalista encontra críticas por considerar apenas

questões da empresa e seus mercados, sem levar em consideração sua movimentação de

mercado. Conforme Lemos e Cardoso (2010, p. 30) “são as expectativas das pessoas para

o futuro que fazem os preços subirem e não os modelos ou as notícias”. Em outro momento

os autores citam que “a maior parte da atividade gerada nas negociações se deve à

resposta a fatores emocionais, estes totalmente fora dos parâmetros de um modelo ou

mesmo racionais” (LEMOS; CARDOSO, 2010, p. 31).

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Debastiani (2008, p. 16) entende “que as oscilações de preços estão ligadas ao

‘humor’ do mercado em relação à ação, e não à empresa, embora esse ‘humor’ possa ser

motivado por questões de natureza econômica, financeira ou administrativa”. Sua crítica à

adesão única da análise fundamentalista para decisão em investimentos se baseia na

constatação de diferentes cotações para ações ordinárias e preferenciais, mesmo que da

mesma empresa, o que confirma, para o autor, que os preços são definidos pelo mercado,

já que o “fundamento” da empresa seria o mesmo, tanto para as ações ordinárias quanto

para as preferenciais.

Por sua vez, Abe (2009), cita o investidor Warren Buffett11 como caso de sucesso em

investimentos utilizando a análise fundamentalista. Segundo o autor, a fortuna de Buffett

edificou-se através de diversos métodos da análise fundamentalista, entretanto complexos e

muitas vezes exaustivos. Sua estratégia atual consiste, basicamente, em avaliar empresas

por sua administração, fundamentos contábeis e capacidade de geração de lucros futuros,

comprando o ativo caso considere o preço atual do ativo abaixo das suas análises.

2.5 Análise Técnica ou Análise Gráfica

Os primórdios da analise gráfica encontram-se por volta de 1700, quando algumas famílias japonesas começaram a formular o preço do que hoje denominamos “Contratos Futuros de Arroz”. Essas famílias passaram a acompanhar o comportamento do preço do arroz e formular tendências. Esse método é conhecido mundialmente como Candlesticks (PINHEIRO, 2009, p. 456).

“Podemos conceituar a Análise Técnica como um estudo dos movimentos passados

dos preços e dos volumes de negociação de ativos financeiros, com o objetivo de fazer

previsões sobre comportamento futuro dos preços” (PINHEIRO, 2009, p. 456).

Chamamos de Análise Técnica ao conjunto de métodos e ferramentas que busca, por meio da observação do comportamento passado do mercado, identificar tendências para o futuro. Assim, munido desses indicadores de probabilidade, o investidor pode planejar seus negócios, estimando quais papéis tendem à valorização ou à desvalorização, comprando uns e vendendo outros (DEBASTIANI, 2008, p. 26).

Tais definições seguem amparadas por Lemos e Cardoso (2010, p. 32): “Análise

Técnica é o estudo da ação do mercado, primariamente por meio de uso de gráficos, com o

objetivo de prever as tendências futuras de preços”.

11 Investidor Americano, com fortuna avaliada em 58 bilhões de dólares (segundo a revista Forbes, em outubro de 2008). Disponível em http://veja.abril.com.br/quem/buffett-gates.shtml

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Debastiani (2008, p. 16) é prático ao comparar a Análise Técnica com a

fundamentalista, vista anteriormente, dizendo que “a Escola Técnica concentra seu foco

exclusivamente no mercado, desconsiderando a situação financeira da empresa, seus

balanços e indicadores de performance”. O Autor segue: “A Escola Técnica acredita na

repetitividade do comportamento humano e no poder da ciência estatística como forma de

determinar, com base no comportamento passado, as perspectivas para o mercado futuro”

(DEBASTIANI, 2008, p. 16).

2.5.1 Princípios da Análise Gráfica

Existe concordância entre os autores que existe três princípios que fundamentam a

Análise Técnica. Estes são, para Lemos e Cardoso (2010), premissas fundamentais sobre

as quais a Análise Técnica está sustentada. Matsura (2007, p. 2) complementa: “É preciso

entender e acreditar na validade desses princípios, para haver coerência na interpretação

técnica dos gráficos”.

O primeiro rege que o preço desconta tudo, conforme definição abaixo:

Qualquer fator (fundamentalista, econômico, psicológico ou político) que possa influir no preço de um valor já se encontra refletido em seu preço. Por esse motivo, a análise do gráfico desse valor será tudo o que necessitamos para predizer a tendência de seu preço, sem importar a razão que a provoca (PINHEIRO, 2009, p. 456).

O segundo princípio, que defende que os preços movem-se em tendências, possui

citação em Matsura (2009, p. 3), dizendo que “o comportamento de investidores gera

tendências consistentes; o mercado não é aleatório e mostra situações de grande

previsibilidade”. Pinheiro (2009, p. 456) reforça, ao citar que “o conceito de tendências é de

grande importância, pois o propósito da analise técnica é identificar em que direção se

movem os preços para tentar assumir posições no começo da tendência.”

A terceira premissa novamente fundamenta-se no comportamento emocional e

psicológico dos investidores. Para Matsura (2009, p.4) “O mercado é movido por pessoas,

ou melhor, por uma massa de pessoas, cujo comportamento segue a lógica emocional da

perda e do ganho, do medo e da ganância”. O autor segue:

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O comportamento da massa acompanha determinados padrões que se repetem ao longo do tempo. A repetição destes padrões, registradas no gráfico, aumenta a previsibilidade do mercado. A analise técnica existe porque a história sempre se repete , com pequenas diferenças, mas com padrões gráficos recorrentes (MATSURA, 2007, p. 4).

2.5.2 Tipos de Gráficos

É importante, antes de pesquisarmos sobre as teorias e ferramentas da Análise

Gráfica, decifrar sua base de trabalho: o gráfico.

Para Pinheiro (2009), o gráfico constitui um dos pilares da Análise Técnica, havendo

analistas que se baseiam exclusivamente no seu uso para fazer suas recomendações, os

quais são chamados de grafistas.

É consenso, entre os autores, que as representações gráficas mais utilizadas são os

gráficos de linha, barra e candlesticks. Os gráficos se aplicam em qualquer período de

tempo, podendo trazer cotações de minutos, horas, dias, semanas, meses, ano, etc.

Debastiani (2008) apresenta a formatação do gráfico, independente da sua

representação (linha, barra ou candlesticks):

A linha do tempo corre sempre na horizontal e é representada em uma escala de pregões que fica abaixo do gráfico. Desta forma, o pregão mais recente está sempre localizado na borda direita do gráfico, enquanto o mais antigo, na borda esquerda. A escala de preços é representada na vertical, do lado esquerdo do gráfico, evoluindo para cima, de forma que o menor preço fique na borda inferior do gráfico e o maior preço, na borda superior (DEBASTIANI, 2008, p. 31).

Para Abe (2009, p. 28) “a representação mais simples que o investidor poderá

encontrar é o gráfico de linhas. Seu traçado é desenhado unindo-se pontos que

representam os preços de fechamento de cada dia”. Sendo assim, o gráfico de linhas,

representado na Figura 2, apresenta apenas uma informação, o preço de fechamento, ou o

valor no qual a ação encerrou o dia. Para Correia (2008, p. 72) “a principal desvantagem do

gráfico de linha é que nos dá apenas a informação sobre o fechamento do mercado, sem

trazer nenhuma informação sobre a movimentação do preço durante o pregão”.

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Figura 2 - Gráfico de linha Fonte: Dinheirama Já o gráfico de barras é, para Abe (2009, p. 29), “uma representação mais completa

dos preços. Uma única barra informa detalhes como preço de abertura, preço de

fechamento, preço máximo e preço mínimo do dia”.

Nele, cada dia corresponde a um traço vertical, onde “o traço da esquerda da barra

vertical representa o preço de abertura, enquanto o traço da direita representa o preço de

fechamento. Os extremos da barra mostram os preços máximos e mínimos atingidos”.

(LEMOS; CARDOSO, 2010, p. 59). A Figura 3 exemplifica as barras em um gráfico:

Figura 3 - Gráfico de barras Fonte: Dinheirama

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Os gráficos de velas ou candlesticks possuem as mesmas informações das barras:

preço de abertura, de fechamento, máxima e mínima do dia. Entretanto, os candlesticks são

considerados representações mais aprimoradas.

Segundo Abe (2009), o candlestick foi criado no Japão por volta do século XVIII para

ser usado como ferramenta na análise do mercado de arroz, sendo trazido ao ocidente por

Steve Nilson, operador do Mercado de Ações de Nova Iorque, no início da década de 1980.

“O gráfico candlestick é formado por um corpo e por sombras superiores e

inferiores. [...] O corpo representa os preços de Abertura e Fechamento, enquanto as

sombras, os preços Máximo e Mínimo” (Matsura, 2007, p. 6).

A expressão de gráfico de velas, pela qual o candlestick também é conhecido,

advém da sua representação, similar à vela, conforme mostra a Figura 4. Quando o corpo

da vela está “vazado” a ação subiu, enquanto que corpo preenchido representa baixa.

Figura 4 - Candlestick Fonte: Dinheirama

“A ocidentalização desta técnica criou algumas variações na coloração dos candles,

e hoje se pode encontrá-los representados em outras cores, normalmente o vermelho para

os dias de baixa e o azul ou o verde para os de alta” (DEBASTIANI, 2008, P. 32).

O gráfico de candlestick, ilustrado na Figura 5, tem sido o preferido dos analistas por

permitir uma melhor visualização dos movimentos de altas e baixas (cores positivas e

negativas) além de possuir todas as informações de preços (abertura, fechamento, máximo

e mínimo do dia). Para Correia (2008), o uso de candlestick facilita a leitura do gráfico, sem

perda de informações.

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Figura 5 - Gráfico de candlestick Fonte: Dinheirama

2.5.2.1 Periodicidade do Gráfico

Para os investimentos no Mercado de Ações baseados na Análise Gráfica, tanto

empírica quanto estatística, é fundamental que o investidor alie o horizonte de tempo das

suas operações (curto, médio ou longo prazo) a periodicidade do gráfico analisado.

Correia (2008, p. 74) diz que “periodicidade de um gráfico significa o período de

tempo que levou para formar um único candle ou barra. [...]. Os gráficos referentes a dias

mais comuns são: diário, semanal, mensal e anual”.

Além dos gráficos diários, temos também os gráficos intraday que mostram o que acontece durante uma sessão. Em um gráfico intraday, o intervalo utilizado corresponde, normalmente, a alguns minutos. Os mais comuns são os de 1, 5, 15, 30 e 60 minutos (CORREIA, 2008, p. 74).

Citamos Matsura (2007, p. 8), o qual diz que “a Análise Técnica é válida para

gráficos de diferentes períodos, atendendo a estratégias de curto, médio e longo prazos”.

Sobre as estratégias, para Lemos e Cardoso (2010), é sabido que cada pessoa

procura seguir um determinado estilo de investimentos, pois, enquanto alguns buscam os

pequenos movimentos com poucos ganhos repetitivamente, há investidores preocupados

com as tendências primárias, que, sabidamente, movem-se mais lentamente. Neste caso, o

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primeiro utilizará períodos gráficos de um dia, ou ainda o intraday12, ao passo que o

segundo tenderá a acompanhar o mercado a cada semana ou mês.

Este entendimento é compartilhado entre outros autores, caracterizando-se em um

entendimento em comum, a citar:

Um operador que deseja operar no longo prazo, provavelmente não ficará acompanhando os preços dos ativos todos os dias. Ele provavelmente irá trabalhar com um intervalo temporal maior, traçando gráficos semanais, assim seu período de corte e coleta de preços será de uma semana. Um investidor que prefira acompanhar mais de perto o mercado para operar no curto e médio prazos, dará preferência à utilização de um período diário, ou seja, seu período de corte e coleta de preços será de um dia (DEBASTIANI, 2008, p. 28).

2.5.3 Teoria de Dow

A Teoria Dow, anunciada por Charles H. Dow em uma série de artigos publicados no The Wall Street Journal entre 1900 e 1902, tinha como objetivo a identificação das tendências do mercado. Dow nunca escreveu um livro sobre sua teoria, ele simplesmente divulgava suas idéias nos editoriais do jornal onde trabalhava. Foi somente após a sua morte, em 1902, que se recopiaram e publicaram seus editoriais e se começou a mencioná-los como a Teoria Dow. Ela é considerada a mais antiga das explicações teóricas sobre a existência de grandes tendências no Mercado de Capitais (PINHEIRO, 2009, p. 457).

Lemos e Cardoso (2010) consideram que a Teoria Dow é a base de todo o estudo da

Análise Técnica, a qual considera apenas a variação de preços das ações. A metodologia

adotada por Charles Dow foi a utilização de médias de preços em gráficos do mercado norte

americano.

Constata-se, novamente, que a Análise Técnica está fundamentada nos movimentos

de preços, que interpretados geram tendências de movimento. Para o investidor, tais

tendências representam valorização ou desvalorização de seus ativos, por serem

negociados a preços de mercado.

Diversos autores consideram alguns princípios que regem a Teoria Dow. Apresenta-

se os que constam em todas as literaturas consultadas.

12 Conforme Abe (200) o gráfico intraday, também conhecido como real-time, permite acompanhar o desempenho do pregão durante o dia. Neste caso, o intervalo corresponde a minutos, onde os mais comuns são 1, 5, 15, 30 e 60.

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2.5.3.1 Primeiro princípio: Das três tendências

Algumas pessoas pensam que o mercado move-se de forma completamente aleatória, sem a menor possibilidade de previsibilidade, uma verdadeira teoria do caos. Se isso fosse verdade, dependeríamos apenas da sorte para tomar nossas decisões e, com certeza, jamais teríamos investidores bilionários como Warren Buffett e George Soros (CORREIA, 2008, p. 66).

Debastiani (2009) diz que, apesar dos movimentos dos preços cursarem trajetórias

em “ziguezague”, quando olhamos o gráfico em um período maior que alguns dias, nota-se

um sentido primário, embora os preços pareçam cambaleantes dentro do curso. Esta

direção refere à tendência do ativo, e sua identificação é fundamental para a Análise

Gráfica.

O início da Teoria de Dow se dá na afirmação de que o mercado possui três

tendências. A tendência primária é a principal e mais importante, sendo para Matsura (2007,

p. 9) “um movimento longo que pode ser de alta ou de baixa e leva a uma grande

valorização ou desvalorização dos ativos. As tendências primárias duram aproximadamente

de um a dois anos”.

A tendência secundária “interrompe, temporariamente, a tendência primaria dos

preços, mas não altera, em absoluto, a sua trajetória principal. Geralmente a tendência

secundária dura entre três semanas e três meses” (LEMOS; CARDOSO, 2010, p. 46). A

tendência secundária pode corrigir até dois terços da tendência primária, da qual ela faz

parte (MATSURA, 2007).

Por fim, há a tendência terciária, “que pode ser definida como pequenas oscilações

de preços ou mesmo uma pausa, reforçando ou contrariando o movimento principal”

(LEMOS; CARDOSO, 2010, p. 46). Este movimento é de curta duração, normalmente de

algumas semanas e, para Lemos e Cardoso (2010, p. 46) “é a única das três tendências que

pode ser “manipulada” por grupos de forte poder financeiro”.

Existe uma comparação clássica, que vem desde os primórdios da Teoria de Dow: entre os movimentos do mar e os do Mercado de Ações. As marés, as ondas e as marolas podem ser comparadas, respectivamente, com as tendências primárias, secundárias e terciárias. [...] Um conjunto de ondas não é um fator determinante para que haja uma mudança no sentido da maré. Da mesma forma, as marolas também não são capazes de mudas uma onda (LEMOS; CARDOSO, 2010, p. 46).

Exemplifica-se na Figura 6 as tendências referidas pelos autores, absorvidas da

Teoria de Dow. O gráfico refere-se a movimentação do IBOVESPA, em que cada

candlestick representa um mês, de 2002 a 2011. Nota-se que apesar da correção no

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movimento ocorrido na tendência secundária, manteve-se o direcionamento da tendência

primária. A terciária mostrou o menor dos movimentos e o mais acentuado.

Figura 6 - Tendências da Teoria de Dow Fonte: Money Trader

2.5.3.2 Segundo Princípio: O volume confirma a tendência

Entre outros autores, é notado em Lemos e Cardoso (2010) que o Mercado de Ações

é negociado em forma de pregão, ou seja, compradores e vendedores efetuam suas ofertas.

Adicionalmente, para Pinheiro (2009), o que rege o mercado é a oferta e a demanda, pois,

em havendo mais compradores que vendedores o preço tende a subir, ao passo que

havendo mais vendedores que compradores, o preço tende a cair. Esta movimentação entre

compradores e vendedores é conhecida como volume financeiro.

Para Lemos e Cardoso (2010), a Teoria Dow defende que, em uma tendência de

alta, quando os preços estão subindo, o volume negociado deve aumentar, contraindo

quando os preços caem, ou seja, quando o mercado sobe, mais pessoas querem entrar e,

quando o mercado cai, poucos investidores querem sair. Existindo poucos vendedores, os

compradores sustentam a tendência de alta. Em uma tendência de baixa, ocorre o contrário.

Pinheiro (2009, p. 461) complementa que “se o volume cair quando aumentarem os

preços, então a tendência de alta está perdendo forças”.

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2.5.3.3 Terceiro Princípio: Tendências primárias possuem três fases

Em tendências de alta, existem os períodos de acumulação, alta sensível e euforia.

Na acumulação “a maioria tem opinião contrária e apenas uma pequena minoria

começa a se posicionar. São investidores que possuem alguma informação privilegiada,

que, portanto, justifica essa posição contrária” (MATSURA, 2007, p. 10).

A segunda fase caracteriza-se pela entrada dos analistas de mercado, quando os preços começam a subir rapidamente e surgem informações sobre o bom desempenho nas bolsas de valores. Nessa fase intermediária, ou de “alta sensível”, começa a aumentar o nível de ordens de compra, levando a uma elevação dos preços das ações e do volume de negócios (PINHEIRO, 2009, p. 459).

Pinheiro (2009, p. 459) também define a terceira fase, da euforia: “Na terceira fase, o

público leigo começa a entrar no mercado, motivado pelas expectativas de “Grandes Lucros”

que estão acontecendo nas bolsas, noticiadas pelos jornais”. Com tal movimento de

entrada, os preços sobem de forma acentuada.

A euforia ocorre até que os profissionais comecem a vender suas ações, entendendo

que o lucro obtido fora suficiente. Neste ponto, pode iniciar-se uma tendência de baixa,

também caracterizada por três fases: distribuição, pânico e baixa lenta.

Na fase inicial, ou “fase de distribuição”, o mercado começa a dar sinais de fraqueza, geralmente com recuos pequenos e com um aumento do volume de negociação. Na fase intermediária, há uma “baixa violenta”. Essa é a fase mais crítica porque todos os investidores começam a desfazer-se de suas posições, provocando uma queda praticamente vertical às cotações. Na fase final, ou de “baixa desacelerada”, os preços voltam a estabilizar-se e o mercado fica menos volátil (PINHEIRO, 2009, p. 460).

2.5.4 Análise Técnica Computadorizada ou Estatística

Um investidor sem computador é como alguém que viaja a pé ou de bicicleta. Suas pernas ficam fortes e aprecia a paisagem com detalhes, mas seu avanço é lento. Quando você viaja a negócios e quer chegar rápido ao destino, o meio de transporte é o avião, helicóptero ou carro, dependendo das circunstâncias (ELDER, 2004, p. 123).

Além das formas de análises gráficas consideradas como técnicas por receberem

análise e interpretação do investidor através de suportes e resistências, figuras e traçados,

entre outros, existem as consideradas computadorizadas, operacionalizadas através de

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softwares13. Ainda para Elder (2004, p. 124) “O computador é poderosa ferramenta para o

processamento de mais informações”.

A crescente utilização do computador estimulou o desenvolvimento de uma serie de outros gráficos, formulados a partir de diversas combinações de preço e volume. Esses gráficos procuram captar padrões resultantes do valor médio de um período de preços, refletindo o comportamento médio de preços relativos, como o fechamento em relação ao máximo ou o fechamento em relação ao volume. São padrões difíceis de visualizar, para quem observa apenas o gráfico de preço (MATSURA, 2007, p. 67).

Pinheiro (2009, p. 480) complementa dizendo que “para desenvolvimento da Análise

Técnica, além dos gráficos, são utilizados também os indicadores técnicos, que procuram

trabalhar de forma mais determinísticas os movimentos de mercado”.

Debastiani (2008) lembra que os modelos estatísticos de análise avançaram

consideravelmente nas últimas duas décadas, apoiando-se na crescente tecnologia,

agregando grande contribuição ao estudo de comportamento dos mercados.

A análise computadorizada é considerada uma área de comum entendimento entre

os investidores, ou seja, seus resultados são os mesmos se informados os mesmos dados,

ao passo que, na análise clássica, pode haver diferentes interpretações quanto ao

posicionamento e identificação de figuras e reversões.

Dentre as ferramentas da Análise Técnica computadorizada, conhecidas como

indicadores, há os indicadores de tendências e os indicadores osciladores, sobre os quais

buscamos definições:

Os indicadores rastreadores de tendência ajudam a identificá-la por meio da construção de médias moveis – curvas com comportamento mais uniforme – que ajudam a identificar melhor uma tendência. Por outro lado, em mercados sem tendência, quando o preço oscila dentro de uma faixa de negociação, os indicadores osciladores ajudam a identificar os níveis de suporte e resistência (MATSURA, 2007, p. 67)

Elder (2004, p. 128) confirma que “os rastreadores de tendências funcionam melhor

quando os mercados estão em alta ou em baixa, mas oferecem sinais precários e perigosos,

quando os mercados estão na horizontal”.

O uso dos indicadores é fortemente sugerido pelos escritores. Elder (2004, p. 128),

por exemplo, diz que “os indicadores são mais objetivos do que os padrões gráficos”.

Entretanto, dada sua variabilidade, não há consenso em quais ou quantos

indicadores o investidor deve utilizar. Para Abe (2009, p. 126) “podemos utilizá-los como

ferramentas auxiliares ou simplesmente operar seus sinais de compra e venda isolados ou

combinados”. Já para Lemos e Cardoso (2010, p. 185) “são utilizados como uma segunda

13 Também chamado programa de computador ou programa (NORTON, 1996, p. 595).

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medida dos movimentos dos preços atuais e adicionam informação à análise de ativos”.

Entende-se que a definição da sua utilização, única ou condicionante, deve considerar,

novamente, o perfil do investidor, incluindo aversão ao risco, tempo para operações e

necessidade de liquidez dos recursos.

Abaixo serão abordados os principais indicadores, tanto rastreadores quanto

osciladores, ganhando ênfase o indicador de Médias Móveis, proposto para este trabalho.

2.5.4.1 Médias Móveis

“A média móvel é um dos mais antigos e difundidos indicadores da Análise Técnica

(ou gráfica). Foi desenvolvida para tentar prever futuras tendências” (LEMOS; CARDOSO,

2010, p. 186). “Graças a sua simplicidade de construção e à objetividade de seus

resultados, a média móvel de preço de ações tornou-se um dos mais objetivos e versáteis

indicadores de tendência” (PINHEIRO, 2009, p. 480).

Para a construção da média móvel, escolhe-se determinado período de tempo e calcula-se a média dos preços dos dias para preços de fechamento. Essa média é chamada de móvel porque será sempre a média do último período acompanhado, ou seja, a cada novo dia de negociação subtrai-se da média o primeiro dia e soma-se o novo dia (PINHEIRO, 2009, p. 480).

Portanto, caso o investidor queira uma média de 20 dias, será calculado o preço

médio de fechamento de hoje (dia 20) ao primeiro. Amanhã, ter-se-á um novo dado, que

sucederá os demais, excluindo-se o primeiro e mantendo 20 registros.

Quanto aos dados, o padrão mais utilizado pelos operadores é o preço de

fechamento.

As MMs são indicadores que fazem parte da família dos rastreadores de tendências, ou seja, indicam a tendência do mercado. Sua indicação se dá por sua inclinação. Uma inclinação ascendente da MM é indicação de tendência de alta, e uma inclinação descendente indica tendência de baixa, enquanto uma inclinação horizontal, com os preços flutuando acima e abaixo da média, é indicação de tendência lateral (ABE, 2009, p. 127).

Entende-se que o investidor que escolher a média móvel como indicador para suas

decisões de investimentos, dificilmente comprará o papel ao menor preço ou irá vendê-lo na

maior cotação, uma vez que as médias acompanham as tendências, ou seja, a tendência é

iniciada e ganhando força será identificada pela média móvel. A vantagem se dá no fato da

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tendência, neste caso, já estar ganhando força tendendo a ser mais forte. Lemos e Cardoso

(2009, p. 189) afirmam dizendo que “a media móvel não antecipa o mercado, simplesmente

o acompanha, nunca reagindo. Na prática, portanto, ela somente mostrará que uma

tendência começou após o fato ter ocorrido”.

Temos no Quadro 5 os tipos de médias mais utilizados e a sua metodologia:

Média Móvel Simples

Equivalente a uma média aritmética, portanto, pode ser calculada da mesma forma. Ou seja, somam-se as cotações de determinado período e divide-se por esse número de períodos para obtenção do numero representativo desses períodos. A crítica que se faz a essa média é que ela não faz distinção entre os dias, tratando-os da mesma forma.

Média Móvel Ponderada

Nessa média, cada uma das cotações é ponderada por sua vez. Por exemplo, se considerarmos um período de dez pregões, o primeiro será multiplicado por um, o segundo por dois, e assim sucessivamente até o último, que será multiplicado por dez.

Média Móvel Exponencial

Essa média reúne as vantagens das médias simples e ponderada em seu cálculo mais complexo. Prioriza as cotações mais recentes em relação às mais antigas, possibilitando com isso maior diferenciação no tratamento das cotações.

Quadro 5 - Tipos de médias móveis Fonte: Adaptado de Pinheiro, 2009. Entende-se que o cálculo das médias móveis simples (aritméticas) e ponderadas são

de fácil compreensão. Igualmente, não será decodificado o cálculo da média móvel

exponencial, dado o fato de que atualmente vários softwares, além de plataformas em sites

gratuitos da Internet, possibilitem o cálculo da média em cliques do computador, propiciando

sua instantânea visualização para o período e gráfico selecionado.

Lemos e Cardoso (2009) compactuam da mesma crítica à média móvel simples,

também conhecida como aritmética, na qual o preço atual possui o mesmo peso do último

pregão, o mais recente, dentro do período analisado. Tal crítica não é conferida nas médias

móveis ponderada e exponencial.

Na Figura 7, a qual serve como exemplo, percebe-se que a média móvel ponderada

“caminha” mais perto dos preços do que a média móvel simples, uma vez que os últimos

preços possuem maior peso para o indicador. “Se por um lado, a média ponderada tem a

vantagem de representar bem o caminho feito pelos preços, por outro, tem a desvantagem

de apresentar muitos sinais falsos” (LEMOS; CARDOSO, 2010, p. 193). Para o exemplo,

foram utilizadas médias contendo 20 períodos (dias).

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Figura 7 - Média Móvel Exponencial x Média Móvel Simples (Aritmética) Fonte: XP HOMEBROKER

Outra consideração é a de que quanto menor o período para composição das médias

móveis, mais ela deverá se aproximar dos preços, sendo assim, o número de dias deve

traduzir as tendências primárias, secundárias e terciárias descobertas por Charles Dow. “A

tendência primária pode ser visualizada a partir de uma média móvel de 200 dias; a

secundária por uma de 80 dias e a terciária por uma de 20 dias” (Abe, 2009, p. 128). A

Figura 8 procura exemplificar em um gráfico a representação das médias, onde se nota a

proximidade entre os preços e a média de 20 dias, ao passo que a média de 200 dias

representa a tendência de longo prazo.

Figura 8 – Média Móvel Curto, Médio e Longo Prazo Fonte: XP HOMEBROKER

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Nota-se, portanto, que a definição do período a ser considerado para as médias

móveis, dependem, outra vez, do perfil e da estratégia de investimento de cada operador.

“Quanto mais longa for a tendência que se está tentando captar, mais longa deve ser a

média móvel. Precisa-se de uma vara de pescar maior para se pegar os peixes maiores”

ELDER, 2004, p. 133).

A aplicação da média se dá através do seu cruzamento com os preços ou então com

outras médias de período maior ou menor. No cruzamento da média no preço, “compre

quando o preço cruzar a média de baixo para cima; venda quando o preço cruzar a média

de cima para baixo” (MATSURA, 2007, p. 71).

Lemos e Cardoso (2010, p. 205) reforçam: “quando o preço de fechamento cruzar a

média móvel de baixo para cima, é gerado um sinal de compra; enquanto, quando o preço

de fechamento cruzar a média móvel de cima para baixo, é gerado sinal de venda”,

agregando que “para aumentar o grau de certeza, é possível aguardar que a média móvel

também vire para o lado que a tendência estiver apontado”.

Pode-se ser visualizados na Figura 9, quatro pontos de compra e três pontos de

venda, através do cruzamento da média móvel, neste caso exponencial de 20 períodos,

sobre os preços.

Figura 9 – Cruzamento Média Móvel Exponencial x Preço Fonte: XP HOMEBROKER

É notável, neste exemplo, que o cruzamento da média sobre os preços pode gerar

bons ganhos, entretanto, percebe-se nos primeiros movimentos, que sua utilização pode ser

irregular, gerando “falsos” movimentos que podem representar prejuízos ou no mínimo

custos operacionais.

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“Uma forma de contornar esse problema é incluir mais uma média móvel e utilizar a

regra de cruzamento entre as duas médias móveis, desprezando o gráfico do preço”

(MATSURA, 2007, p. 72).

Buscando melhorar tanto a lucratividade quanto a confiabilidade dos sinais de entrada na operação, alguns analistas técnicos adotam o uso de duas ou três médias móveis. O objetivo é reduzir a quantidade de falsos sinais que costumam ser produzidos com o uso de apenas uma média móvel no gráfico de preços (LEMOS; CARDOSO, 2010, p. 211).

O cruzamento de duas médias de diferentes períodos pode ser utilizado como uma

regra de compra ou de venda, similar ao cruzamento da média pelo preço, conforme

Matsura (2007).

Para Lemos e Cardoso (2010), a média mais longa deve ser utilizada para identificar

a entrada da tendência, enquanto que a mais curta serve para encontrar o tempo da

operação.

Para elucidar o cruzamento das médias é apresentada a Figura 10, na qual se utiliza

a mesma movimentação do exemplo anterior (Figura 9). Nota-se que a média exponencial 5

cruzou três vezes a média exponencial 20, gerando metade dos pontos de entrada ou saída

do que o cruzamento da média 20 x preço.

O exemplo junta-se ao exposto por Lemos e Cardoso (2010), onde o cruzamento das

médias leva mais tempo para dar o sinal se comparado ao cruzamento da média pelo preço,

entretanto traz sinais mais precisos e menos sinais falsos.

Figura 10 – Cruzamento das Médias Móveis Exponenciais Fonte: XP HOMEBROKER

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Ainda sobre o cruzamento das médias, “quanto maior a quantidade de períodos

utilizados, mais demorado será o tempo da sinalização, porém maior será a capacidade de

evitar falsos sinais” (LEMOS; CARDOSO, 2010, p. 212).

A utilização da análise computadorizada possibilita uma infinidade de configurações

e de resultados na utilização das médias, tanto quanto a tempo dos períodos, formas

(simples, ponderada, exponencial, entre outras) ou ainda quanto à quantidade (uma média,

duas médias, três médias ou mais). Entretanto, considerando que as análises que

culminarão nos objetivos do trabalho estejam expostas, não serão aprofundadas as demais

variações do uso das médias móveis.

2.5.4.2 – MACD (Moving Average Convergence/Divergence)

Para Debastiani (2008, p. 108) “O MACD é um dos mais interessantes rastreadores,

sendo o preferido por muitos analistas. A sigla [...] deriva do inglês Moving Average

Convergence and Divergence, que significa Convergência e Divergência de Médias Móveis”.

Quando as duas médias se movimentam de forma convergente , elas tendem a se cruzar, gerando os sinais de compra ou venda. Neste movimento de convergência, a diferença de valor entre as duas médias vai se reduzindo até que, no cruzamento, a diferença é zero. Após o cruzamento, caso os preços se movimentem em uma tendência definida, as duas médias apresentam um comportamento divergente , isto é, a diferença de valor entre as duas médias vai aumentando até que o movimento de tendência comece a perder força, quando então as médias móveis começam a convergir novamente (MATSURA 2007, p. 73).

Na Figura 11, abaixo do gráfico de candlestick, temos o exemplo da utilização do

MACD, exemplificando o exposto por Matsura. A linha verde pontilhada representa a linha

do eixo (0). A linha azul representa a linha do MACD que, quanto ultrapassar para cima a

linha de sinalização (pontilhada) indica compra, ao passo que ultrapassando para baixo,

indica venda.

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Figura 11 – MACD - Moving Average Convergence/Divergence Fonte: XP HOMEBROKER A invenção desta técnica é atribuida à Gerald Appel. “Após diversos experimentos

com períodos diferentes, Appel concluiu que a combinação das médias de 12 e 26 períodos

apresentou o melhor resultado” (MATSURA, 2007, p. 73).

Lemos e Cardoso (2010) consideram que o MACD tem bom desempenho em

gráficos semanais.

2.5.4.3 – Histograma MACD

Há uma outra forma de representação do MACD, que talvez seja mais eficaz; ela foi popularizada por Alexander Elder e se chama Histograma de MACD, que é o resultado da subtração da linha MACD pela linha de SINAL. [...]. Quando o MACD está acima da linha de SINAL, o histograma é positivo; quando está abaixo, o histograma é negativo (MATSURA, 2007, p. 76).

“O histograma de MACD é traçado sobre o mesmo esquema gráfico em que se

desenham as linhas MACD e Sinal, ou seja, uma área gráfica cujo centro é a reta-limite

zero, tendo uma área positiva acima e uma área negativa abaixo” (DEBASTIANI, 2008, p.

111).

Para Matsura (2007), o histograma positivo com tendência descendente significa

perda de força dos compradores, sugerindo desfazer-se das operações, ao passo que o

histograma negativo, com tendência ascendente significa que os vendedores estão

perdendo força, indicando compra.

Debastiani (2008), no entanto, considera que, além dos pontos de compra e venda, o

histograma gera um sinal antecipado das mudanças que estão ocorrendo no mercado,

através das reversões de movimentos que geram topos e fundos no próprio histograma.

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A Figura 12 procura exemplificar o exposto. Abaixo do gráfico de preços, percebe-se

os movimentos do histograma, oscilando abaixo e acima da linha-limite zero. Debastiani

(2008) considera que o histograma MACD não é ideal para defininição de operações e sim,

como alerta de alteração de tendências.

Figura 12 - Histograma Fonte: XP HOMEBROKER

2.5.4.4 – OBV (On Balance Volume)

“A análise do volume é muito importante na Análise Técnica. Por isso, ao longo dos

anos foram desenvolvidos alguns indicadores que ajudam o investidor nessa tarefa. O On

Balance Volume (OBV) é um deles, sendo talvez o mais utilizado” (ABE, 2009, p. 139).

Para Lemos e Cardoso (2010), o conceito deste indicador considera que o volume

precede o preço, sendo assim, o OBV é um indicador de volume.

O OBV é um indicador simples que adiciona ao volume do período quando o ativo fecha para cima e subtrai quanto o ativo fecha para baixo. Uma linha acumulada do total de adições e subtrações forma a linha do OBV. Essa linha pode ser comparada ao gráfico do ativo para procurar divergências ou confirmações (LEMOS; CARDOSO, 2010, p. 258).

“Para se obter uma linha de OBV confiável, deve-se calculá-lo durante uma parcela

considerável da linha do tempo. [...]. A partir dos dados dos últimos cinco ou seis meses já

podemos traçar uma linha confiável de OBV” (DEBASTIANI, 2008, p. 117).

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Ainda para Debastiani (2008), o que se deve observar no OBV é a inclinação de sua

linha no decorrer do tempo. Propõe-se a Figura 13 como exemplo da linha de OBV, situada

abaixo do gráfico de preços.

Figura 13 - OBV (On Balance Volume) Fonte: XP HOMEBROKER

Se esta linha estivar inclinada para cima, significa que o volume das negociações esta gerando cada vez mais pressão de compra [...]. Se esta linha tornar-se mais íngreme, significa que os grandes investidores intensificaram suas compras e que o papel está sendo adquirido com avidez no mercado (DEBASTIANI, 2008, p. 118).

O movimento inverso representa força de venda, com a inclinação representando as

mesmas intensidades do movimento ascendente (de compra).

Debastiani (2008) ressalta que a grande vantagem da utilização do OBV, por

considerar o volume negociado e não o preço, é a percepção dos movimentos de grandes

investidores, citados pelo autor de forma análoga, como tubarões do oceano, que

movimentam com força o mercado. Para ele, seguir os tubarões comprando o que eles

compram e, quando eles compram, é a melhor conduta para quem é “peixe-pequeno” nas

marés do mercado.

2.5.4.5 – Bandas de Bollinger

Em meados de 1985, o matemático Anthony Warren publicou [..] uma matéria sobre um novo indicador técnico, de sua autoria, ao qual chamou de Alpha-Beta. Esse indicador baseava-se em uma Média Móvel dos preços de fechamento do ativo e traçava um canal formado por duas bandas que corriam acima e abaixo dessa Média Móvel. A distância entre a Média Móvel e cada uma das bandas era calculada com base no desvio padrão da diferença entre o preço de fechamento e o valor da Média Móvel (DEBASTIANI, 2008, p. 164).

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Ainda, segundo Debastiani (2008), esse indicador apenas se popularizou depois de

algum tempo, quando John Bollinger, um renomado analista de mercado, começou a utilizá-

lo em suas análises.

Bollinger efetuou uma séria de testes utilizando o indicador para avaliar os preços das ações da bolsa de Nova York e constatou que, em média, 87% dos preços praticados durante o período analisado ficavam dentro da área gráfica existente entre as duas bandas. Estatisticamente, o método demonstrou ser um bom indicador de anormalidade nos preços, sempre que os mesmos pulassem para fora das bandas (DEBASTIANI, 2008, p. 164).

Com base nos estudos de Bollinger, Lemos e Cardoso (2010) apregoam que o

método é caracterizado por uma média de 20 períodos. “A partir dessa média móvel são

adicionadas duas bandas, uma superior e outra inferior que se situam, respectivamente, em

2 desvios-padrão da média móvel base” (LEMOS; CARDOSO, 2010, p. 224).

Apresenta-se a Figura 14 para exemplificar o indicador, tendo a média móvel de 20

períodos no centro e ambas as bandas, uma acima e a outra abaixo da média.

Figura 14 - Bandas de Bollinger Fonte: XP HOMEBROKER Segundo Abe (2009, p. 148), “quando os preços passam a fechar fora da banda

superior ou inferior, fique atento para a formação de um candle de reversão. Ele pode

indicar uma correção”. Na figura 13, temos dois pontos (destacados) onde se nota este

movimento.

Ainda sobre as Bandas de Bollinger, vários autores, entre eles Lemos e Cardoso

(2010), citam que este método é considerado como indicador de volatilidade, isto quer dizer

que quanto mais volátil estiver o mercado, mais as bandas estarão abertas e quanto menos

volátil o mercado estiver, mais próximas as bandas estarão.

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Por fim, segundo Abe (2008), mesmo que o padrão para a utilização das bandas seja

uma média de 20 períodos, é possível alterar esse parâmetro de acordo com as

preferências do investidor.

2.5.4.6 – IFR (Índice de Força Relativa)

Segundo Abe (2008, p. 151) “O Índice de Força Relativa talvez seja o indicador mais

usado entre os analistas gráficos depois das médias móveis. Ele mede a força dos

compradores e vendedores monitorando as variações nos preços de fechamento”.

Matsura (2007) classifica o IFR como oscilador, tendo sido desenvolvido por Welles

Wilder, tendo como característica monitorar a força de compradores e vendedores, através

da medição dos preços de fechamento.

O movimento oscilatório do IFR ajuda a identificar zonas de sobrecompra e sobrevenda. Conforme os preços vão subindo, o IFR se apoxima do nível de 100 (seu limite superior). Conforme os preços vão caindo, o IFR se aproxima do nível de 0 (seu limite inferior). Inicialmente, foi considerado que se o IFR atingir o nível de 70, os preços estariam sobrecomprados, e se o IFR atingir o nível de 30, os preços estariam sobrevendidos (ABE, 2008, p. 151).

Como nos demais métodos estudados, apresenta-se a Figura 15 como exemplo à

utilização desta estratégia. Abaixo do gráfico de preços, temos o IFR, constando como linha

superior a de 70 pontos, central de 50 pontos e inferior de 30 pontos.

Figura 15 - IFR (Índice de Força Relativa) FONTE: XP HOMEBROKER

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Autores, entre eles Correia (2008), citam que a regra de 70% e 30% não deve ser

utilizada para taxar todos os ativos como sobrecomprados ou sobrevendidos. Estes índices,

segundo o autor, funcionam, quando o mercado está em tendência lateral. Para mercados

em tendência de alta, por exemplo, é indicado adaptar estes índices ao comportamento

mais recente dos preços.

Já para Debastiani (2008), o mercado estará sobrecomprado acima da escala de 80,

ficando passível de uma reversão, de alta para baixa e sobrevendido em 20 pontos,

indicando reversão de tendência, desta vez de baixa para alta.

Adicionalmente, o IFR pode ser utilizado através do seu movimento divergente se

comparado ao movimento dos preços. “A divergência entre o gráfico de preço e o IFR

sinaliza a oportunidade de compra ou de venda; ela mostra que a tendência está perdendo

força, aumentando a probabilidade de reversão ou final de tendência” (MATSURA, 2007, p.

82).

2.5.4.7 – Estocástico

“O Estocástico é um oscilador desenvolvido por George Lane no início da década de

1950, sendo muito utilizado por investidores com perfil de curto prazo ou que operam com

derivativos, como opções de compra” (DEBASTIANI, 2008, p. 131).

Segundo Matsura (2007, p. 85), “esse estudo observou que, enquanto os preços

sobem, o fechamento tende a se aproximar da máxima do dia. Já na tendência de baixa, o

preço de fechamento tende a se aproximar da mínima do dia”.

Correia (2008) cita que o estocástico é composto por duas linhas: %K e %D, sendo

que teremos um sinal de compra quando a linha %K cortar de baixo para cima a linha %D

na zona de sobrevenda. O sinal de compra ocorre de forma análoga, entretanto na zona de

sobrecompra.

Na Figura 16 temos o exemplo do uso do estocástico, apresentado, assim como nos

demais métodos, abaixo do gráfico de preços. Nota-se que os preços subiram, quando a

linha %D (pontilhada) foi cruzada pela %K de baixo para cima nas zonas de sobrevenda e

caíram quando a linha %D foi cruzada pela %K de cima para baixo.

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Figura 16 - Estocástico Fonte: XP HOMEBROKER

Assim como o IFR, o estocástico trabalha entre 0 a 100, sendo que autores como

Lemos e Cardoso (2010) indicam compra abaixo de 30 e venda acima de 70. Já para

Correia (2008) e Abe (2009) estes índices encontram-se em 20 e 80, respectivamente, os

quais foram utilizados para o exemplo apresentado.

Para Correia (2008, p. 207) “esta ferramenta é bem interessante, por ser altamente

sensível e gerar entradas relativamente seguras”. Matsura (2007) considera ainda que, bem

como o IFR, merece atenção os movimentos divergentes dos preços no gráfico comparado

ao estocástico.

Este indicador, bem como os demais abordados neste trabalho, pode ser facilmente

visualizado junto aos gráficos de preços em softwares disponíveis na Internet, bem como

plataformas de Homebroker.

2.6 Custos Operacionais

Como visto, o processo de compra e venda de ações dá-se através de corretoras,

distribuidoras, bancos e outros agentes que, por se envolverem direta ou indiretamente no

processo, cobram pela prestação de seus serviços. Portanto, abaixo se discorre sobre os

custos em operações de compra e venda de ações no mercado á vista brasileiro.

Segundo Pinheiro (2009), sobre as operações realizadas no mercado secundário

incidem os seguintes custos:

• Taxa de Corretagem

• Taxa de Serviço

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• Emolumentos

• Taxa de Custódia

2.6.1 Taxa de Corretagem

Corretagem é a taxa que sua corretora cobra para realizar operações na Bovespa para você. A corretagem será cobrada por ordem executada e não por ordem enviada, ou seja, se você manda uma ordem de compra para a Bovespa, a corretagem só será cobrada caso alguém lhe venda a ação, o mesmo valendo para ordens de venda (CORREIA, 2008, p. 52).

Brum (2008) refere que algumas corretoras optam pela cobrança de taxa fixa, outras

pela cobrança de taxas variáveis (percentual sobre a negociação) e ainda há a modalidade

de cobrança de taxa variável mais taxa fixa. Mesmo que a taxa de corretagem possa ser

negociada livremente entre corretora e cliente, há uma tabela de corretagem sugerida pela

BM&FBovespa, apresentada na Tabela 6, que segue:

Tabela 6 - Tabela de Corretagem Bovespa Fonte: BM&FBovespa S.A., 2011. Hoje, existem 56 corretoras autorizadas a operar segundo site da BM&FBovespa. A

escolha por parte do investidor deverá levar em consideração a necessidade dos serviços

prestados por cada corretora, bem como os custos cobrados sobre suas negociações.

2.6.2 Emolumento

Emolumento, segundo Correia (2008, p. 53), “são taxas cobradas pela Bovespa e

pela CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia) por meio de taxa fixa para cada

tipo de operação ou produto”.

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Encontram-se no site da BM&FBovespa os valores praticados na cobrança de

emolumentos, liquidação e registro de operações, conforme Tabela 7, que segue:

Tabela 7 - Custos de Emolumentos, Liquidação e Registro Fonte: BM&FBovespa S.A., 2011.

2.6.3 Taxa de Custódia

Taxa de custódia, segundo Correia (2008, p. 53), “é uma taxa cobrada pela CBLC

para poder guardar suas ações. Seria o equivalente a um aluguel que a pessoa paga

enquanto estiver habitando na casa”.

Encontra-se, novamente, no site da BM&F Bovespa a tabela de cobrança de taxa de

custódia, apresentada na Tabela 8 a seguir:

Tabela 8 - Taxas de Custódia Fonte: BM&F Bovespa S. A., 2011.

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2.7 Tributação

Segundo Correia (2008, p. 54) “diferente das outras formas de investimento, em que

o imposto é debitado direto da fonte e você não precisa preocupar-se em fazer a

declaração, o imposto de renda das ações precisa ser declarado pelo trader14”.

Brum (2008) cita que o investidor apenas deverá recolher imposto de renda sobre

seus rendimentos se suas vendas ultrapassarem o valor de R$ 20.000,00 dentro do período

de um mês, ou seja, abaixo deste valor, seus rendimentos estarão isentos de imposto de

renda. “Mas atenção: mesmo com a isenção, todas as operações realizadas em bolsas de

valores [...] sujeitam-se ao Imposto de Renda na fonte, à alíquota de 0,005%”.

No site da BM&F Bovespa encontramos, de forma completa, a tributação para as

operações em Bolsa de Valores no mercado à vista, realizados por pessoa física. De forma

a exemplificar a sua cobrança, bem como base de cálculo e demais características,

apresenta-se o Quadro 4:

Imposto de Renda - Mercado à Vista

Fato Gerador Auferir ganho líquido na venda de ações

Base de Cálculo

Resultado positivo entre o valor de alienação do ativo e o seu custo de aquisição, calculado pela média ponderada dos custos unitários auferidos nas operações realizadas em cada mês, admitindo-se, ainda, a dedução dos custos e despesas incorridos, necessários à realização das operações.

Isenções Ficam isentos do imposto de renda os ganhos líquidos auferidos por pessoa física, quando o total das alienações de ações no mercado à vista de bolsas de valores no mês não excederem R$ 20.000,00, exceto (i) em operações de day trade.

Alíquota 15%

Recolhimento Apurado em períodos mensais e pago até o último dia útil do mês subseqüente ao da apuração. (código DARF 6015)

Responsável pelo Recolhimento O investidor (contribuinte).

Compensação de Perdas

Para fins de apuração e pagamento do imposto mensal sobre os ganhos líquidos, as perdas incorridas poderão ser compensadas com os ganhos auferidos, no próprio mês ou nos meses subseqüentes, em outras operações realizadas nos mercados a vista, de opções, futuro e a termo, exceto no caso de perdas em operações de day trade, que somente serão compensadas com ganhos auferidos em operações da mesma espécie.

Quadro 4 - Imposto de Renda no Mercado à vista de ações Fonte: Adaptado da BM&F Bovespa Sobre o exposto, no Quadro 5 demonstra-se um exemplo do cálculo de imposto de

renda, nas operações do mercado à vista de ações brasileiro. Segue:

14 Trader, segundo (Abe, 2009), é o nome utilizado para os investidores no Mercado de Ações. Esta nomenclatura normalmente é utilizada para investidores que operam diariamente e no curto prazo.

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Imposto de Renda - Mercado à Vista

Como calcular o IR

1.1 - Compra 10.000 ações da empresa ABC ao custo unitário de R$ 3,00, montando em R$ 30.000,00, mais despesas necessárias incorridas na operação de compra R$150,00 = Custo de aquisição R$ 30.150,00. 1.2 - Venda 10.000 ações da empresa ABC pelo valor unitário de 3,50, montando em R$ 35.000,00, menos despesas necessárias incorridas na venda R$ 175,00. Valor líquido da venda = R$ 34.825,00. 1.3 – Cálculo do imposto Ganho líquido apurado (base de cálculo do imposto: R$ 34.825,00 (-) R$ 30.150,00) = R$ 4.675,00. Alíquota aplicável 15%. Imposto apurado = R$ 701,25. 1.4 - Recolhimento do imposto O imposto é apurado em bases mensais (resultado de todos os ganhos e perdas no mês nas operações nos mercados à vista, de opções, futuro e a termo) e deverá ser recolhido, pelo próprio investidor, até o último dia útil do mês subseqüente ao da venda das ações.

Quadro 5 - Cálculo de Imposto de Renda sobre venda de ações no mercado à vista Fonte: Adaptado da BM&F Bovespa

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3. METODOLOGIA

Conforme Acevedo e Nohara (2009, p.45), “é na seção do método que se explica à

comunidade científica como o trabalho foi empreendido, permitindo assim que seja replicado

ou avaliado.” Deste modo, neste capítulo apresenta-se a metodologia, ou seja, os passos

que, seguidos de forma ordenada, produziram o presente trabalho.

3.1 Tipos de Pesquisa

Ainda por Acevedo e Nohara (2009, p. 46), “a ciência visa explicar e representar a

realidade. Para isso, ela deve descrever os fenômenos dessa realidade, classificá-los e

finalmente explicá-los.”

O presente trabalho propondo-se a analisar os investimentos em ações no mercado

brasileiro através da estratégia das médias móveis caracteriza-se em pesquisa aplicada, a

qual possui finalidade de aplicação, utilizando-se da pesquisa exploratória e descritiva para

o alcance dos seus objetivos. Enquanto que para Gil (2007), a pesquisa exploratória tem

como objetivo tornar o problema mais explícito, gerando o aprimoramento de idéias, é na

pesquisa descritiva que, para o mesmo autor, pode-se descobrir a existência de

associações entre as variáveis, como, por exemplo, o aumento do preço de determinada

ação visto sua “força compradora” identificada pelas médias móveis.

3.2 Métodos de Pesquisa

Entende-se como método de pesquisa o delineamento dos procedimentos técnicos

utilizados para a elaboração do trabalho.

Como o delineamento expressa em linhas gerais o desenvolvimento da pesquisa, com ênfase nos procedimentos técnicos de coleta e analise de dados, torna-se possível, na prática, classificar as pesquisas segundo o seu delineamento (GIL, 2007, p. 43).

Sendo assim, o trabalho foi conduzido através de pesquisa bibliográfica,

“desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e

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artigos científicos” (GIL, 2007, p. 44), recebendo também contribuições de pesquisas

documentais na forma de tabelas estatísticas e relatórios, composto de “materiais que não

recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo

com os objetivos da pesquisa (GIL, 2007, p.45)”.

Sobre a bibliografia, optou-se em referências tradicionais para a definição do

funcionamento do sistema financeiro nacional e seu organograma, bem como se obteve

definições dos próprios órgãos em seus sites na Internet. Adentrando no estudo da Análise

Técnica, para seus conceitos, características e estratégias, entre elas as médias móveis, foi

buscado referências utilizadas em outros trabalhos de conclusão sobre o assunto Mercado

de Capitais, bem como indicações de operadores de mercado e fonte de cursos ministrados

por Corretoras de Valores.

Acevedo e Nohara (2009) ressaltam que uma investigação científica pode utilizar

mais de uma abordagem de pesquisa. Sendo assim, com o objetivo de obter a percepção da

utilização das médias móveis por profissionais do Mercado de Ações, houve a aplicação de

um questionário com perguntas abertas, junto a operadores de corretoras de valores. O

questionário iniciou buscando a percepção de cada profissional sobre o uso da Análise

Técnica para decisão de investimentos e, em um segundo momento, o uso das médias

móveis.

Para tal levantamento, escolheram-se 7 corretoras de valores, sediadas no Estado

do Rio Grande do Sul ou com escritórios de representação neste estado, sendo que 6

localizam-se na Capital, Porto Alegre, e uma em Caxias do Sul. A escolha por corretoras

localizadas no Rio Grande do Sul deu-se pela possibilidade de efetuar visitas ás corretoras

por parte deste autor, possibilitando a aplicação do questionário face a face. Sendo assim,

no dia 28 de setembro de 2011 este autor buscou visitar as 7 corretoras e, por conseguinte,

os operadores de mercados, obtendo o seguinte retorno:

• 3 corretoras receberam este autor em suas sedes, sendo que o questionário foi

aplicado face a face junto ao operador. Estas foram: Geral Investimentos, Solidus

S.A. e XP Investimentos.

• 2 corretoras (Pilla Corretora e Corretora Tov) não aceitaram a visita para aplicação

do questionário, mas indicaram email para envio, o qual foi respondido pelo

operador.

• 2 corretoras não aceitaram a visita para aplicação do questionário presencialmente,

tão pouco responderam o questionário enviado por email. Sendo assim, não se

obteve a opinião das corretoras: Diferencial Corretora e Geração Futuro.

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No Apêndice A deste trabalho, apresenta-se o questionário elaborado, que foi

aplicado presencialmente e respondido por email em dois casos.

Finda a pesquisa, buscou-se aplicar a estratégia das médias móveis em ativos

negociados na Bolsa de Valores brasileira, com vistas a identificar sua rentabilidade,

podendo julgar, através de comparações, sua efetividade.

Como periodicidade, escolheu-se, por interesse deste autor, o teste em períodos de

curto prazo, alcançando o objetivo proposto para o trabalho. Neste sentido, utilizaram-se,

nos estudos, as médias de 9 e 21 períodos, indicadas em 2 questionários respondidos por

operadores e na maior parte da bibliografia pesquisada que compõem o referencial

bibliográfico deste trabalho.

Ainda sobre a análise realizada, foram escolhidos 11 ativos: o mais negociado dentro

de cada setor de atuação das empresas que compõem o índice Ibovespa15, conforme

Quadro 6, que segue:

Setor Código Ação (nome no

pregão) Tipo

Part. Em % no Ibovespa

Setor Ação

Consumo - Alimentos Processados BRFS3 BRF FOODS ON 3,89% 1,50%

Consumo – Bebidas AMBV4 AMBEV PN 1,39% 1,39%

Consumo – Comércio LAME4 LOJAS AMERICANAS PN 2,62% 1,11%

Construção PDGR3 PDG REALT ON 8,67% 2,33

Energia Elétrica CMIG4 CEMIG PN 5,22% 0,93%

Financeiro – Bancos ITUB4 ITAÚ PN 14,35% 4,88%

Financeiro e Outros BVMF3 BM&FBOVESPA ON 5,77% 3,61%

Mineração VALE5 VALE DO RIO DOCE PN 13,01% 9,12%

Siderurgia GGBR4 GERDAU PN 8,46% 3,19%

Petróleo e Gás PETR4 PETROBRAS PN 18,99% 9,46%

Telecomunicação VIVT4 TELEF BRASIL PN 2,33% 1,00% Quadro 6 – Ações utilizadas para análise e sua participação no Ibovespa Adaptado da BM&FBOVESPA, em 20/10/2011. Quanto ao tipo das médias móveis (simples, exponencial e ponderada), optou-se

pelo teste das médias simples e exponenciais. Para Correia (2008), a média móvel

exponencial pode ser vista como uma evolução sobre a média móvel ponderada, pois para o

autor a média móvel exponencial, além de atribuir maior importância aos preços mais

recentes, tendo, desde modo, as características da média ponderada, concede um peso

progressivamente decrescente aos preços passados e não somente aos que compõem a

média móvel. Por este fato e por não termos obtido indicação de seu uso junto aos 15 “O Índice Ibovespa é o mais importante indicador do desempenho médio das cotações do Mercado de Ações brasileiro. Sua relevância advém do fato do Ibovespa retratar o comportamento dos principais papéis negociados na BM&FBOVESPA e também de sua tradição, pois o índice manteve a integridade de sua série histórica e não sofreu modificações metodológicas desde sua implementação em 1968” (BM&FBOVESPA, 2011).

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operadores entrevistados, tampouco na bibliografia pesquisada, a média móvel ponderada

não foi contemplada nas análises efetuadas. Portanto, em cada ativo foram realizadas três

análises:

• Médias móveis simples de 9 e 21 períodos;

• Médias móveis exponenciais de 9 e 21 períodos;

• Média móvel exponencial de 9 períodos e simples de 21 períodos.

Por fim, os testes foram efetuados, sobre cada ativo, em um período de 24 meses

passados, compreendendo as datas de 01/09/2009 a 30/09/2011. Entende-se como

satisfatório o período de 24 meses para avaliação da estratégia proposta, pelo fato da

mesma ser considerada de curto prazo e ocorrer por diversas vezes dentro do período

definido, gerando dados suficientes para as considerações sobre o seu uso.

Como valor de aplicação considerou-se uma posição inicial de R$ 10.000,00 em

cada ativo.

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4. ANÁLISE DOS DADOS

O objetivo deste capítulo é averiguar, na prática, o uso das médias móveis para

decisão de investimentos em ações. Inicialmente, buscou-se uma análise sobre os

questionários respondidos pelos operadores de mercado e, em seguida, o uso das médias

móveis nos ativos selecionados.

4.1 Análise dos Questionários

Como visto, dentre 7 operadores procurados, 5 responderam o questionário

proposto. Em sua leitura, perceberam-se pontos a serem considerados:

• Três operadores baseiam suas decisões através da Análise Técnica/gráfica, ao

passo que dois consideram a análise fundamentalista.

• Dos entrevistados, três consideram o uso das médias móveis para decisão em

investimentos importante ou muito importante.

• Apenas dois operadores acreditam em ganhos acima dos investimentos tradicionais

(poupança, CDB, fundos de renda fixa) usando, apenas, a estratégia das médias

móveis no Mercado de Ações, um destes observando que, para tanto, o mercado

deve estar em tendência de alta.

• Quanto à média a ser utilizada, três operadores sugeriram o uso da média

exponencial; dois deles observando a periodicidade do uso, que deve ser no curto

prazo. Apenas um operador indicou o uso da média simples, ao passo que o quinto

considera primeiramente o ativo para definir o tipo da média a ser utilizada.

• Quatro operadores consideram ou consideram muito que o uso das médias móveis

em ações consideradas de primeira linha surta efeito superior se comparado aos

demais papéis.

• Quanto à volatilidade sobre os ativos, três operadores consideram ou consideram

muito que papéis mais voláteis gerem melhores oportunidades. Para o restante, a

volatilidade não aumenta nem diminui a efetividade do uso desta estratégia.

• Por fim, dos três operadores que consideram principalmente ou unicamente a

Análise Gráfica para suas indicações, dois sugerem o uso da média de 9 períodos

exponencial aliada a média de 21 períodos simples.

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4.2 Análise dos Gráficos

Aqui, encontram-se os dados obtidos através da análise dos gráficos das empresas

selecionadas, dentro da periodicidade anteriormente definida. Lembra-se que todas as

análises tiveram por base as médias de 9 e 21 períodos, consideradas como de curto prazo,

alterando, apenas, o tipo da média utilizada (simples e/ou exponencial).

4.2.1 Análise do uso das médias móveis

Inicialmente, comparou-se a rentabilidade obtida em cada uma das estratégias:

média móvel simples de 9 e 21 períodos, média móvel exponencial de 9 e 21 períodos e

média móvel exponencial de 9 cruzada com média móvel simples de 21 períodos. Os

resultados obtidos podem ser visualizados na Tabela 9, que segue:

EMPRESA RENDIMENTO

MÉDIAS SIMPLES RENDIMENTO MÉDIAS

EXPONENCIAIS RENDIMENTO MÉDIA

EXPONENCIAL X SIMPLES

Ambev 46,56% 59,42% 39,66%

Brasil Foods 15,35% 16,64% 13,03%

BM&F Bovespa -7,68% -0,8% -15,13%

Cemig -13,15% 3,85% 0,92%

Gerdau -19,99% 15,59% -20,34%

Itaú -27,45% -6,68% -23,97%

Lojas Americanas 56,26% 51,06% 24,37%

PDG Realty -26,52% -14,86% -27,76%

Petrobrás -34,35% -2,34% -27,23%

Vale do Rio Doce 1,23% 17,2% 4,58%

Telefônica Brasil 16,53% 23,26% 5,32%

Média da carteira 0,62% 14,76% -2,41% Tabela 9 – Rendimento através do uso das médias móveis Fonte: Elaborado pelo autor.

Através destes dados, observou-se que o uso das médias móveis exponenciais

obteve os melhores resultados, quando não a maior rentabilidade, representou a menor

perda. Tal fato foi constatado em 10 dos 11 ativos analisados, representando 90,90%. Em

alguns ativos a diferença de performance foi bastante significativa, como no caso da

Gerdau, Petrobrás e Vale do Rio Doce.

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Por outro lado, apesar de ser a estratégia indicada por dois operadores pesquisados

e ser sugerida com freqüência na literatura, o uso da média exponencial em cruzamento à

média simples obteve o pior desempenho, das três metodologias utilizadas. Em nenhum

ativo esta estratégia mostrou-se superior as demais, de forma contrária, obteve o pior

desempenho em 7 ativos, do total de 21, representando 63,63%.

Já as médias móveis simples demonstraram, de forma geral, resultados superiores a

utilização da média exponencial cruzada com a média simples, ficando, entretanto,

consideravelmente abaixo da estratégia das médias exponenciais. Em apenas 1 ativo seu

uso demonstrou melhor desempenho comparado aos demais, ao passo que em 4 ativos, do

total de 21, obteve o pior desempenho.

Sendo assim, com base nos dados analisados, a considerar ativos, periodicidade da

análise (set/09 a set/11) e periodicidade das médias (9 e 21 períodos), houve a conclusão

de que o uso das médias móveis exponenciais obteve melhores resultados, bem acima das

outras duas estratégias analisadas.

4.2.2 Análise do uso de médias móveis considerando a tendência do ativo

Na literatura vemos que um ponto de comum acordo é a indicação do uso das

médias móveis apenas em ativos com tendência definida. Para Correia (2008, p. 185) “a

média é um seguidor de tendência, por isso só deveremos utilizá-la em mercados em que

haja uma tendência definida, seja de alta, seja de baixa”. Ainda para o autor, quando o

mercado estiver indeciso tal estratégia não é indicada, por gerar vários “sinais falsos” que

acarretam em custos operacionais e desvalorização do capital investido.

Sendo assim, buscou-se analisar tal entendimento nos ativos selecionados. No

Anexo 1 constam os gráficos de cada ativo, compreendendo o período de setembro de 2009

a setembro de 2011, no qual podemos identificar se os mesmos estavam com alguma

tendência definida, de alta ou de baixa, ou se predominaram os movimentos de acumulação,

onde não há tendência definida. De forma a resumir a análise da tendência nos gráficos em

comparação a rentabilidade, temos a Tabela 10, que segue:

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EMPRESA RENDIMENTO MÉDIAS

EXPONENCIAIS TENDÊNCIA

Ambev 59,42% Alta

Lojas Americanas 51,06% Alta

Telefônica Brasil 23,26% Alta

Vale do Rio Doce 17,20% Alta

Brasil Foods 16,64% Alta

Gerdau 15,59% Baixa

Cemig 3,85% Alta

BM&F Bovespa -0,80% Neutra

Petrobrás -2,34% Baixa

Itaú -6,68% Neutra

PDG Realty -14,86% Neutra Tabela 10 – Classificação das tendências dos ativos analisados Fonte: Elaborado pelo autor. Visualizando o gráfico dos ativos da Ambev e Lojas Americanas, nos quais se

observou o melhor desempenho dentre a carteira sugerida, pode-se identificar tendências

bem definidas, confirmando o entendimento dos autores pesquisados. Atenção se dá à

Gerdau que, mesmo em tendência de baixa e tendo desvalorizado no período considerado,

teria rendido ao investidor pouco mais de 15% em 2 anos, percentual bem superior ao

desempenho do papel. Tal constatação está amparada no fato do mercado efetuar, dentro

de uma tendência principal (tendência primária), movimentos de correção (tendência

secundária). Foi exatamente nestes movimentos corretivos (neste exemplo movimentos de

alta) que a rentabilidade foi obtida.

Outros ativos, como Cemig e Brasil Foods, apresentaram tendência, entretanto com

menor intensidade, onde se constatam, nos gráficos anexos, fortes períodos de

acumulação, com oscilações dentro de uma faixa de preços, gerando resultados aquém dos

ativos com tendência absolutamente definida.

Já os ativos de tendência neutra, sem predominante força de compra ou venda em

um horizonte de longo prazo, apresentaram os piores resultados, comprovando a literatura

pesquisada. Conclui-se, com base nos ativos pesquisados e periodicidade previamente

definida, que em ações sem tendência definida a estratégia de médias móveis não deve

representar ganhos satisfatórios, devendo o investidor optar por outros papéis até que estes

se posicionem em tendência de alta ou baixa dentro do mercado.

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4.2.3 Análise da quantidade de operações por ativo

Como visto, o investidor incorre em custos operacionais para movimentação na

Bolsa de Valores, a citar: taxa de corretagem, taxa de custódia e emolumentos.

Costumeiramente, o uso da Análise Gráfica gera mais operações do que a estratégia

da análise fundamentalista, sendo que o uso das médias móveis não foge à regra. Sendo

assim, buscou-se analisar o impacto dos custos operacionais, gerados no período

analisado, sobre os quais consideramos:

• Taxa de Corretagem: Após pesquisa dos preços de corretagem praticados pelas

corretoras, definiu-se o valor praticado pela InvestBolsa/Corretora Spinelli, de R$

16,9016 (corretagem fixa);

• Taxa de Custódia: Não foi considerada, visto a corretora escolhida não efetuar a

cobrança desta taxa17;

• Emolumentos: Calculados conforme tabela vigente18.

Na Tabela 11, apresenta-se o número de operações geradas em cada ativo e em

cada uma das estratégias testadas, além dos custos totais.

EMPRESA QTD OPERAÇÕES MÉDIA SIMPLES X

EXPONENCIAL VALOR

QTD OPERAÇÕES

MÉDIAS SIMPLES

VALOR

QTD OPERAÇÕES

MÉDIAS EXPONENCIAIS

VALOR

PDG Realty 34 R$ 711,11 30 R$ 629,25 24 R$516,97

Cemig 32 R$ 668,85 32 R$ 657,49 30 R$630,69

Itaú 30 R$ 620,61 28 R$ 581,33 24 R$502,75

Petrobrás 28 R$ 585,03 26 R$ 541,91 22 R$471,37

Telefônica Brasil 26 R$ 551,35 30 R$ 634,15 16 R$349,83

Lojas Americanas 26 R$ 564,19 26 R$ 570,67 22 R$491,93

Gerdau 26 R$ 553,65 26 R$ 557,29 20 R$445,49

BM&F Bovespa 26 R$ 546,67 24 R$ 509,73 20 R$428,95

Vale do Rio Doce 22 R$ 472,37 22 R$ 472,53 16 R$352,99

Brasil Foods 22 R$ 475,79 26 R$ 559,01 22 R$469,45

Ambev 20 R$ 436,11 20 R$ 436,65 16 R$359,81

MÉDIA 27 R$ 562,34 26 R$ 559,09 21 R$ 456,38

Tabela 11 – Quantidade de operações e custos operacionais totais Fonte: Elaborado pelo autor.

16 Valores acessados através do site https://www.investbolsa.com.br/, em 14 de setembro de 2011. 17 Conforme Tabela 8 deste trabalho, a taxa de custódia é cobrada pela BM&F Bovespa do intermediário, que pode ou não repassar a cobrança ao investidor. 18 Ver Tabela 7 deste trabalho.

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Novamente, aqui, pode-se concluir que o uso das médias móveis exponenciais foi o

mais assertivo, dentro dos ativos e da periodicidade considerados, pois obteve as melhores

rentabilidades, em grande parte das ações, com a menor quantidade de operações e

conseqüentemente menor custo operacional.

Considera-se, ainda, grande o impacto dos custos operacionais que, na análise,

chegou a 7,11% do valor investido inicialmente, tomando, por exemplo, o ativo PDG Realt

(uso de médias móveis simples x exponencial) e de 6,30% no caso da Cemig (uso das

médias exponenciais).

Sendo assim, é importante a busca, por parte do investidor, de uma corretora que

pratique preços justos para as suas operações, condizentes com os serviços necessários

por cada investidor. Normalmente, as corretoras possuem preços mais baixos para

operadores que efetuam suas operações diretamente pelo Home Broker, sem utilizar os

serviços da mesa de operações, representando menor custo operacional e

conseqüentemente maior rentabilidade para o investidor.

Igualmente, não se apresenta indicado o uso das médias móveis, caso o investidor

possua poucos recursos, visto, exatamente, os custos sobre as suas operações. Tal

conclusão se dá pela análise da Tabela 12, na qual foi calculado o impacto dos custos de

operações sobre variados valores. Para o cálculo, consideramos como custos operacionais

a média obtida na análise sobre as médias móveis exponenciais, apresentada na tabela 11.

Valor Investido Custos Médios % De Custos sobre Investimento

R$ 3.000,00 R$ 456,38 15,21%

R$ 5.000,00 R$ 456,38 9,13%

R$ 7.000,00 R$ 456,38 6,52%

R$ 10.000,00 R$ 456,38 4,56%

R$ 15.000,00 R$ 456,38 3,04%

R$ 20.000,00 R$ 456,38 2,28%

R$ 50.000,00 R$ 456,38 0,91%

R$ 100.000,00 R$ 456,38 0,46% Tabela 12 – Impacto dos custos operacionais sobre investimentos Fonte: Elaborado pelo autor. Importante ressaltar que para investimentos no Mercado de Ações não há valor

mínimo e, sim, para determinadas estratégias, como o uso de médias móveis. Portanto, a

indicação é a de que o investidor poupe seus recursos por meio de fundos ou clubes de

ações, por exemplo, até possuir quantia maior que equilibre seus custos operacionais e

possibilidades de ganhos para o uso das médias móveis, caso seja do seu interesse.

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4.2.4 Análise do uso das médias móveis comparada ao desempenho dos ativos

Importante considerar também o desempenho do uso das médias móveis em

comparação ao desempenho total dos próprios ativos durante o período analisado. Essa

análise pode traduzir, de forma prática, a efetividade da estratégia. A Tabela 13 apresenta

os dados:

EMPRESA RENDIMENTO DA AÇÃO

NO PERÍODO RENDIMENTO MÉDIAS MÓVEIS EXPONENCIAIS

Ambev 66,05% 59,42%

Brasil Foods 55,12% 16,64%

Telefônica Brasil 40,51% 23,26%

Lojas Americanas 30,99% 51,06%

Cemig 27,21% 3,85%

Vale do Rio Doce -1,03% 17,20%

PDG Realty -8,53% -14,86%

Itaú -9,76% -6,68%

BM&F Bovespa -20,38% -0,80%

Petrobrás -37,57% -2,34%

Gerdau -39,03% 15,59%

MÉDIA 9,42% 14,76%

Tabela 13 - Rendimento da Ação x Médias Móveis Exponenciais Fonte: Elaborado pelo autor

Através destes dados, observa-se que, de forma geral (média dos dados) o uso das

médias móveis apresentou desempenho superior aos próprios ativos, no entanto, tal

desempenho foi obtido não pelos maiores ganhos, e sim por proteger o valor investido das

perdas acentuadas que alguns ativos apresentaram.

Deste modo pode-se considerar que as médias móveis, por gerar a entrada no ativo

após a definição da sua tendência, pode não representar o maior ganho. Porém, através do

seu uso, o investidor não deve incorrer em grandes perdas, o que é temido por grande parte

dos poupadores que investem ou possuem o interesse em investir no Mercado de Ações,

por, no início do percurso de baixa do ativo, haver o cruzamento das médias e

conseqüentemente liquidação da operação, a qual só deverá ser retomada em novo

cruzamento das médias, desta vez representando tendência de alta.

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4.2.5 Comparação da rentabilidade obtida x investimentos tradicionais

Buscando alcançar o objetivo proposto para o presente trabalho, faz-se a

comparação da rentabilidade obtida nos ativos selecionados frente à performance dos

investimentos considerados tradicionais, nos quais, costumeiramente, a população brasileira

deposita suas reservas.

Para a comparação, utilizamos a estratégia mais assertiva (uso das médias

exponenciais) frente à rentabilidade observada pela poupança e o desempenho obtido pelo

CDI, no mesmo período, de setembro de 2009 a setembro de 2011. Adicionalmente, para

comparar a estratégia pelo índice balizador do Mercado de Ações e usado como

benchmark19 para avaliação de carteiras, incluiu-se o desempenho do Ibovespa para o

mesmo período. A Tabela 14 apresenta os desempenhos:

EMPRESA RENTABILIDADE

MÉDIAS EXPONENCIAIS RENTABILIDADE

POUPANÇA RENTABILIDADE

CDI *** RENTABILIDADE

IBOVESPA

Ambev 59,42% 14,57% 20,37% -7,38%

Lojas Americanas 51,06% 14,57% 20,37% -7,38%

Telefônica Brasil 23,26% 14,57% 20,37% -7,38%

Vale do Rio Doce 17,20% 14,57% 20,37% -7,38%

Brasil Foods 16,64% 14,57% 20,37% -7,38%

Gerdau 15,59% 14,57% 20,37% -7,38%

Cemig 3,85% 14,57% 20,37% -7,38%

BM&F Bovespa -0,80% 14,57% 20,37% -7,38%

Petrobrás -2,34% 14,57% 20,37% -7,38%

Itaú -6,68% 14,57% 20,37% -7,38%

PDG Realty -14,86% 14,57% 20,37% -7,38%

Média da carteira

14,76% 14,57% 20,37% -7,38%

*** Rendimento considerou 90% do CDI. Tabela 14 – Rentabilidade do uso das médias móveis comparada a investimentos tradicionais Fonte: Elaborado pelo autor Nota-se que, em grande parte dos ativos, durante o período analisado, a

performance do uso das médias móveis foi inferior ao rendimento obtido nas aplicações de

poupança e balizadas pelo CDI (CDB e Fundos DI), conhecidas como aplicações de renda

fixa. Entretanto, para o mercado de renda variável, deve ser considerado que o período da

análise, que foi de setembro de 2009 a setembro de 2011, mostrou-se conturbado para o

19 Trata-se de referência ou parâmetro para análise de retorno de investimentos. Fonte: BANKRISK – Certificação Profissional ANBID CPA 10

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mercado financeiro. Após obter ganhos decorridos do período “pós-crise” em 2009,

experimentou instabilidade em 2010, voltando a exercer perdas em 2011, novamente sob

efeito de abalo econômico vindo, desta vez, de países europeus.

Neste sentido, podemos observar que a estratégia das médias móveis mostrou-se

superior em 90,90% dos ativos, em comparação ao Ibovespa o que, no entendimento deste

autor, demonstra eficácia da estratégia.

Portanto, após as análises propostas neste trabalho, há importante conclusões a

serem notadas, considerando os ativos analisados dentro da periodicidade definida. Pelas

análises, percebeu-se de forma clara que a estratégia das médias móveis exponenciais foi

mais eficaz, em comparação às médias simples e ao cruzamento da média exponencial de 9

períodos com a simples de 21 períodos, contradizendo a estratégia de operações de

corretores pesquisados. Adicionalmente, foi demonstrada maior assertividade da estratégia

em ativos com tendência definida, podendo valer-se da conclusão de que quanto mais forte

e longa for a tendência do ativo, mais rentável deve ser a estratégia.

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5. CONCLUSÕES

Neste trabalho, pode ser visto que o Mercado de Ações, além do seu papel como

agente econômico na capitalização das empresas, possibilitando seu crescimento e, por

conseguinte, o aumento de competitividade do país, mostra-se uma excelente forma de

investimento pela sua rentabilidade passada, atual maturidade do mercado e segurança

operacional. Entretanto, porque apenas 0,31% da população brasileira o escolhe para

remunerar suas poupanças?

Possivelmente, a resposta a esta pergunta esteja no forte pensamento popular de

que o Mercado de Ações é um “jogo”, um “cassino”, crença alimentada pela falta de

conhecimento do mercado e do seu funcionamento, cenário que tem sido mudado através

da estabilidade econômica nacional, visibilidade do mercado acionário brasileiro,

fortalecimento das empresas de capital aberto e ações de educação e fomento do mercado

promovidas, entre outros agentes, pela própria BM&F Bovespa.

Outra explicação a ser considerada, é a atraente rentabilidade proporcionada no

Brasil a investimentos de renda fixa, a citar poupança, CDB bancário e fundos DI, em

comparação às economias mais desenvolvidas. Nestes países, a taxa de juros costuma

andar entre 1% a 3% ao ano, patamares insignificantes contra a taxa brasileira,

historicamente em dois dígitos. Há o entendimento que tais investimentos, no Brasil,

remuneram muito bem seus investidores, principalmente pelo baixo risco, comparado a

outros ativos, como as ações.

Neste contexto, o presente trabalho buscou colaborar com a disseminação do

Mercado de Ações brasileiro. Com o objetivo de possuir linguagem clara sobre sua

organização e estratégias, procurou estudar e testar a estratégia das médias móveis a qual,

no entendimento deste autor, pode ser considerada como uma estratégia para iniciantes no

mercado, vista sua facilidade de entendimento e operacionalização sem, entretanto,

prejudicar a rentabilidade almejada ou ainda expor o investidor a grandes desvalorizações.

Em suma, houve a intenção de analisar se, usando apenas tal estratégia, acessível e de

simples entendimento para grande parte dos investidores, a rentabilidade seria satisfatória.

Para conclusão, considera-se que, sim, o uso das médias móveis exponenciais de 9

e de 21 períodos deve representar rentabilidade acima dos tradicionais investimentos de

renda fixa no longo prazo, principalmente se o ativo possuir tendência definida. Outrossim,

através do seu uso, o investidor não deverá incorrer em grandes perdas, uma vez que ao

iniciar um período de baixa do ativo, há o cruzamento das médias móveis, momento no qual

o investidor se desfaz das suas posições, protegendo seu capital no aguardo de nova

entrada.

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Além da sua facilidade operacional, a estratégia não demanda horas de estudo sobre

balanços ou gráficos, sendo necessária, apenas, a visualização diária da média para

verificar se houve ou não cruzamento. Após deter maior conhecimento sobre o Mercado de

Ações, é indicado que o investidor agregue mais análises para suas decisões de

investimentos, otimizando seus recursos. Neste sentido, sugere-se optar por estratégias que

possam medir as demais variáveis do mercado além do preço (que é medido pelas médias

móveis) como a estratégia OBV (On Balance Volume) que considera o volume das

operações, as Bandas de Bollinger utilizada para medir a volatilidade do mercado e o IFR

(Índice de Força Relativa) que considera a força dos compradores x vendedores, todos

estes aspectos fundamentais para o mercado.

Apesar das conclusões obtidas neste estudo, as mesmas não podem ser tomadas

como verdades absolutas, no sentido da mesma estratégia representar sempre o mesmo

resultado, pois é notável que o Mercado de Ações não possui total racionalidade, o que, de

certa forma, acaba tornando-o desafiador ao investidor.

Deve ser considerado que o que move o mercado, para cima ou para baixo é, em

síntese, o sentimento de milhares de investidores, grandes ou pequenos: emoções como

medo, temor, ganância e expectativas. Não existe “fórmula mágica” para ganhar dinheiro na

bolsa, e sim técnicas, como o caso das médias móveis, que ajudam a melhorar as decisões

de investimentos e, conseqüentemente, proporcionar melhores resultados ao investidor.

Importante considerar ainda que o presente trabalho buscou analisar uma estratégia

de investimento (médias móveis) dentro da Análise Técnica, porém, o Mercado de Ações

possibilita uma infinidade de estratégias, a começar pelo estudo da empresa (Análise

Fundamentalista) ou do gráfico (Análise Técnica). Considera-se que não existe regra

absoluta sobre as formas de se investir no Mercado de Ações e sim, algumas indicações

visto o horizonte de tempo que os recursos poderão permanecer investidos, montante a ser

aplicado, conhecimento sobre o mercado e disponibilidade para acompanhá-lo, perfil do

investidor e ainda algumas de suas crenças. Como exemplo maior das possibilidades do

mercado, podemos citar dois investidores de absoluto sucesso no mercado acionário,

Warren Buffett e George Soros, considerando que o primeiro compra ações de empresas a

preços baixos, preferindo mantê-las para sempre por considerar o negócio da empresa e

não a sua cotação no pregão, ao passo que Soros opta em fazer apostas extremamente

rápidas e com grande alavancagem, demonstrando perfil arrojado. Com estratégias

extremamente diferentes, ambos fizeram fortunas bilionárias no Mercado de Capitais.

Ainda sobre o investimento em ações, em referência ao mercado brasileiro, constata-

se que, apesar do grande crescimento no número de investidores, parte destes está

abandonando o investimento em ações e retornando à segurança da renda fixa. Este fato

deve-se à ilusão de “grandes e fáceis ganhos” no Mercado de Ações. A verdade é que

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houve no Brasil, entre 2005 a 2007, uma euforia no mercado, com grande valorização de

boa parte dos ativos, o que não representa a normalidade, momento no qual um bom

número de investidores ingressou no mercado em busca de ganhos imediatos, sofrendo

com perdas por não haver o conhecimento suficiente ou por operar com base em indicações

e sugestões sem a devida análise da operação.

Portanto, não de deve acreditar em fáceis e imediatos ganhos no Mercado de Ações,

mesmo que tal fato possa ocorrer. A normalidade do mercado é representar ganhos

bastante atrativos, considerando o momento macroeconômico nacional e mundial, desde

que haja conhecimento do mercado e, principalmente, estratégia operacional. Para alguns

autores, este pensamento é o que diferencia “amadores” no Mercado de Ações de

investidores, pois, quanto mais o preço sobe mais pessoas com pouca informação entram

no mercado, momento em que os mais experientes desfazem-se das suas posições

considerando que o mercado já está em seu topo, havendo como tendência sua queda, o

que costuma acontecer. Assim sendo, o investimento em ações requer certos cuidados, por

tratar-se de um investimento arriscado se comparado a outros considerados de renda fixa e

é exatamente por seu risco que o investidor pode obter ganhos superiores aos demais.

Em referência os objetivos deste trabalho, considera-se que os alvos propostos

foram atingidos na sua totalidade, algum deles sanados no referencial teórico e outros,

incluso o objetivo geral, na análise dos dados. Sobre este, há a conclusão de que o uso das

médias móveis representa uma estratégia bastante assertiva, visto seus resultados gerados,

principalmente em comparação com o desempenho dos próprios ativos e com o índice

Ibovespa, balizador do Mercado de Ações. Para que seu uso tenha desempenho acima dos

tradicionais investidos em renda fixa é indicado que o investimento se faça em ativos com

tendência definida, evitando movimentos vistos como “sinais falsos” das médias móveis,

gerando custo operacional e, possivelmente, desvalorização do capital investido.

De forma pessoal para este autor, o presente trabalhou agregou profundo

conhecimento sobre o Mercado de Capitais e seu funcionamento, mas, principalmente sobre

as estratégias de investimentos baseadas na Análise Técnica. Além da enriquecedora

pesquisa bibliográfica, a elaboração deste estudo propiciou a visita a sedes de corretoras de

valores e a entrevista com operadores do mercado acionário, o que, além de contribuir para

o alcance do objetivo proposto, resultou em grande experiência para este autor através da

vivência da dinâmica do mercado. As conclusões aqui obtidas certamente serão utilizadas

nas futuras decisões de investimentos.

Como limitações do presente estudo e sugestões para futuras pesquisas na área

proposta, há a indicação do teste de outras periodicidades de médias móveis de curto prazo,

além das médias de 9 e 21 períodos utilizadas, o que pode demonstrar maior ou menor

efetividade da estratégia. Além disto, a inclusão de estratégias, em combinação às médias

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móveis, poderia gerar, da mesma forma, resultados diferentes, comprovando ou não a

indicação de estratégias conjugadas para decisão de investimentos. Por fim, a considerar a

instabilidade do mercado financeiro mundial e, por conseguinte, o Mercado de Ações, a

extensão do período da pesquisa para além dos 24 meses utilizados pode apresentar

melhor desempenho do uso das médias móveis, gerando comparação mais legítima com os

investimentos em renda fixa.

Em conclusão final, o Mercado de Ações apresenta enormes oportunidades, tão

grande quanto seus riscos. Pela dinâmica do mercado não há nenhuma estratégia infalível,

tampouco uma que possa ser considera a mais assertiva. Neste cenário, a constante busca

pelo conhecimento do mercado e suas estratégias de operações, além da disciplina e

controle de fatores psicológicos pessoais são fatores imprescindíveis para que o investidor

possa ter sucesso em suas operações, construindo seu patrimônio junto com a valorização

das empresas, contribuindo assim para o fortalecimento do mercado acionário e

desenvolvimento do país.

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APÊNDICE A – Questionário para entrevistados

FACULDADE CENECISTA DE NOVA PETRÓPOLIS – FACENP ACADÊMICO: DIEGO ROBERTO GUTH CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS Sr(a). Operador(a)!

Este breve questionário abordará o investimento em renda variável (ações) através da Análise Técnica, precisamente as médias móveis. Visa amparar meu trabalho de conclusão de curso, o qual analisará o investimento em ações na Bolsa de Valores brasileira utilizando-se das médias móveis para decisão nos investimentos.

Sua percepção terá grande valia para a elaboração do trabalho, motivo pelo qual agradeço sua participação. Seguem questões:

1. Atualmente, a Análise Técnica possui um conjunto de métodos e ferramentas de análise, alavancados pelas análises computadorizadas. Para você, deste conjunto, qual a importância da utilização das médias móveis para análise de investimentos?

2. Sugere-se a utilização de métodos conjugados na Análise Gráfica (aprox. 3 ferramentas). Entretanto, acreditas que o uso único das médias móveis pode apresentar ganhos satisfatórios ao investidor, comparado aos investimentos em renda fixa (poupança, CDB, títulos públicos) e considerando os custos operacionais de “alarmes falsos” das médias móveis? Por quê?

3. Encontra-se na literatura três diferentes metodologias de médias móveis: simples, ponderada e exponencial. Em sua opinião, qual o tipo mais indicado? Por quê?

4. A utilização das médias móveis em papéis de primeira linha (blue chips) surte efeito superior se comparado aos demais papéis: ( ) Considero Pouco ( ) Considero ( ) Considero Muito

5. Quanto mais volátil for o comportamento do papel ou do segmento, a utilização das médias móveis tende a ser mais assertiva: ( ) Considero Pouco ( ) Considero ( ) Considero Muito

6. Em suas indicações, utilizas as médias móveis? ( ) Considero Pouco ( ) Considero ( ) Considero Muito

7. Qual a periodicidade das médias móveis utilizadas?

8. Quais outras estratégias costumas utilizar para suas análises? Tempo de operador/consultor: Certificações na área(Sim ou não):

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ANEXO A – Gráficos de preços dos ativos entre set/09 a set/11

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Gráfico Ambev (AMBV4)

Fonte: XP Homebroker

Gráfico Lojas Americanas (LAME4)

Fonte: XP Homebroker

Gráfico BMF&Bovespa (BVMF3)

Fonte: XP Homebroker

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Gráfico Brasil Foods (BRFS3)

Fonte: XP Homebroker

Gráfico Cemig (CMIG4)

Fonte: XP Homebroker

Gráfico Gerdau (GGBR4)

Fonte: XP Homebroker

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Gráfico Itau (ITUB4)

Fonte: XP Homebroker

Gráfico PDG Realt (PDGR3)

Fonte: XP Homebroker

Gráfico Petrobrás (PETR4)

Fonte: XP Homebroker

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Gráfico Telef Brasil (VIVT4)

Fonte: XP Homebroker

Gráfico Vale do Rio Doce (VALE5)

Fonte: XP Homebroker