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MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA Cap ALEXANDRE GALO LOPES COMPORTAMENTO MECÂNICO DA FRATURA DE MATERIAL COMPÓSITO EMPREGADO NA AVIAÇÃO Rio de Janeiro 2012

MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

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MINISTÉRIO DA DEFESAEXÉRCITO BRASILEIRO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIAINSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA

Cap ALEXANDRE GALO LOPES

COMPORTAMENTO MECÂNICO DA FRATURA DE MATERIAL COMPÓSITO EMPREGADO NA AVIAÇÃO

Rio de Janeiro2012

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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

Cap ALEXANDRE GALO LOPES

COMPORTAMENTO MECÂNICO DA FRATURA DE MATERIAL COMPÓSITO EMPREGADO NA AVIAÇÃO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia Mecânica do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia Mecânica.

Orientador: Prof. Arnaldo Ferreira – Ph D

Rio de Janeiro

2012

1

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c2012

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha

Rio de Janeiro – RJ CEP: 22290-270

Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá incluí-lo

em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar qualquer forma de

arquivamento.

É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre

bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que esteja

ou venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações, desde que

sem finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica completa.

Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e do

orientador.

2

621.092 Lopes, Alexandre GaloL864c Comportamento Mecânico da Fratura do Material Compósito

Empregado na Aviação / Alexandre Galo Lopes. - Rio de Janeiro: I Instituto Militar de Engenharia, 2012.

151 p. : il.

Dissertação (mestrado). - Instituto Militar de Engenharia. - Rio de Janeiro, 2012

1. Engenharia mecânica - dissertação. 2. Compósitos. 3.Aviação.

I. Lopes, Alexandre G. II. Título. III Instituto Militar de Engenharia.

CDD 621.092

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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

Cap ALEXANDRE GALO LOPES

COMPORTAMENTO MECÂNICO DA FRATURA DE MATERIAL COMPÓSITO EMPREGADO NA AVIAÇÃO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia Mecânica do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia Mecânica.

Orientador: Prof. Arnaldo Ferreira – Ph. D.

Aprovada em 23 de janeiro de 2012 pela seguinte Banca Examinadora:

_______________________________________________________________

Prof. Arnaldo Ferreira – Ph.D. do IME - Presidente

_______________________________________________________________

Prof. Fernando Ribeiro da Silva – D. Sc. do CEFET/RJ

_______________________________________________________________

Prof. Ricardo Pondé Weber – D. C. Do IME

_______________________________________________________________

Prof. Marco Antônio Santos Pinheiro – Ph.D do IPRJ/UERJ

Rio de Janeiro

2012

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Aos companheiros que alçaram o mais alto dos voos, no cumprimento do dever.

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AGRADECIMENTOS

Ao longo dos últimos dois anos, muitas pessoas de uma maneira direta ou indireta

dedicaram parte do seu precioso tempo para prestar o apoio necessário à consecução

dos objetivos voltados à presente dissertação. Desde a atenção familiar até o suporte

técnico e logístico, todas essas pessoas foram partícipes do processo de construção do

conhecimento adquirido, conjunto de informações essas que não apenas serão parte

constituinte das minhas habilidades acadêmicas e profissionais, mas também

contribuirão com uma parcela no desenvolvimento científico e tecnológico do Exército

Brasileiro.

• A Laureci Galo Lopes, mãe, e a Cristiane Brutti da Silva, esposa, pelo apoio e

compreensão no decurso desta dura jornada, durante a qual foram sacrificadas

preciosas horas de convivência familiar;

• A Marcos Paulo Cavaliere de Medeiros – Cap QEM, da Seção de Engenharia Nuclear

do Instituto Militar de Engenharia, a Luis Felipe Garcia Fernandes – TC QMB, ex-diretor

do Parque Regional de Manutenção da 3ª Região Militar e a Wlasmir Cavalcanti de

Santana – Maj QEM, da Assessoria/1 do Departamento de Ciência e Tecnologia, que

contribuíram para a minha designação para realizar o Curso de Mestrado em

Engenharia Mecânica;

• Ao Prof. Arnaldo Ferreira – Cel (R/1), PhD, orientador acadêmico, ao Prof. Ricardo

Pondé Weber – DC, ao Prof. João Carlos Miguez Suarez – Cel (R/1), DC, ao Prof.

Claudio Rios Maria, DC, ao Prof. Carlos Nelson Elias – Cel (R/1), DC, ao Prof. André

Louzada Moreira – TC QEM, DC, todos da Seção de Engenharia Mecânica e de

Materiais, do Instituto Militar de Engenharia, pela ajuda, estímulo, ensinamentos,

interesse e sugestões presentes em várias ocasiões desta pesquisa;

• Ao Centro Tecnológico do Exército, em especial a André Luis de Vasconcelos Cardoso

– Maj QEM, DC, a Leonardo Bruno de Sá – Cap QEM, a Ivan Ignácio de Almeida, Eng,

a Victor de Miranda Santos, Tec Mec, a Francisco dos Santos, Aux Mec, pelo apoio e

orientações durante a realização dos ensaios mecânicos;

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Page 7: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

• Aos demais professores e técnicos do programa de Mestrado em Engenharia

Mecânica, em especial a Joel Fonseca dos Santos e a Leonardo Francisco da Cruz,

pelo auxílio nos trabalhos do Laboratório de Microscopia Eletrônica e no Laboratório de

Ensaios Mecânicos, respectivamente;

• À Diretoria de Material de Aviação do Exército, em especial a Eliezer Mello de Souza –

Maj QEM, a Daniel Guilherme da Silva Júnior – Cap QEM e a Luis Fabiano Damy – Cap

QEM, pelas informações técnicas e pelo auxílio prestado para a obtenção da pá

destinada a esta pesquisa;

• Ao Batalhão de Manutenção e Suprimento de Aviação do Exército, em particular a

Rodrigo do Valle Macêdo – Cap Com, a Cicero Adriano do Nascimento – Cap QMB, a

Emmanuel Araujo Machado – Cap QEM, a João Uirá de Azevedo Júnior – 2° Sgt Av,

Eng, a Wagner Bonifácio de Oliveira – 3º Sgt QE, pelo fornecimento de informações

técnicas e pelo apoio prestado durante todo o tempo de trabalho;

• Ao Centro de Instrução Pára-quedista General Penha Brasil – Curso de Precursor

Pára-quedista, pelo apoio prestado durante o transporte da pá da Guarnição de Taubaté

para o IME, apoio este fundamental para a realização do trabalho;

• A Wander Ney Oliveira Bastos Gonçalves – Cap QEM, do Arsenal de Guerra do Rio,

pela ajuda prestada na confecção dos suportes para a realização dos ensaios

mecânicos;

• A Luis Carlos Largura Júnior – Eng, MC, do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento

Leopoldo Américo Miguez de Mello, da PETROBRAS, pelas sugestões, apoio, estímulo

e amizade durante todo o desenvolvimento do trabalho;

• A Marcelo Fonseca dos Santos – Eng, MC, do Centro de Pesquisas e

Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello, da PETROBRAS, pela troca de

informações e pelas sugestões para realização dos ensaios mecânicos de fratura;

• A Janaina Dallas Caroline Bárbara Di Kássia Fonseca da Silva, a Hugo Leonardo de

Aquino Keide, a Rodrigo Vieira Landim, do Instituto Nacional de Tecnologia pelo

interesse, ajuda e incentivo dispensados, permitindo a utilização das dependências e

equipamentos, que muito enriqueceram este trabalho;

• A Mirabel Cerqueira Rezende, DC, a Michelle Leali Costa, DC, ambas do Centro

Tecnológico de Aeronáutica, a Leandro Pereira Costa – Eng, MC, da Universidade

Federal do Rio Grande do Sul, pelas muitas sugestões, conselhos e troca de

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Page 8: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

informações durante a realização desta Dissertação;

• Ao Centro de Instrução de Aviação do Exército, pelo fornecimento de material de

pesquisa, fundamental para a compreensão dos mecanismos do conjunto pá e rotor

principal;

• A Fabio Bicalho Cano – TC QEM, chefe da Seção de Engenharia Química, do Instituto

Militar de Engenharia, pelo apoio prestado na execução de ensaios térmicos e pela

disponibilização do espectrômetro para a caracterização do material em estudo;

• A Marco Aurélio Silva Amorim – ST Topo, da Seção de Engenharia Cartográfica, do

Instituto Militar de Engenharia, pelo apoio prestado na Guarnição de Taubaté e nas

instalações do IME, no que se refere às medições do componente analisado;

• A todos que embora não citados aqui, mas de uma maneira direta ou indireta

contribuíram para atingir os objetivos traçados neste trabalho, os meus sinceros

agradecimentos.

BRASIL, Acima de Tudo!

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Page 9: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

“A intuição, não testada e não comprovada, é uma

garantia insuficiente da verdade”.

(Bertrand Russel)

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Page 10: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES..........................................................................................12

LISTA DE TABELAS...................................................................................................18

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS................................................................20

LISTA DE SIGLAS......................................................................................................23

1 INTRODUÇÃO..............................................................................................26

1.1 Importância do Estudo..................................................................................26

1.2 Objetivos........................................................................................................28

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..........................................................................30

2.1 Conceitos Básicos sobre Compósitos...........................................................31

2.2 Conceitos Fundamentais sobre Compósitos Poliméricos.............................35

2.3 Compósitos Poliméricos de Matriz Epoxídica................................................37

2.4 Comportamento Mecânico.............................................................................39

2.5 Mecânica da Fratura......................................................................................48

2.5.1 Fratura no Nível Atômico...............................................................................48

2.5.2 Balanço de Energia de Griffith.......................................................................50

2.5.3 Equação de Griffith Modificada......................................................................51

2.5.4 Taxa de Liberação de Energia.......................................................................52

2.5.5 Fator de Intensidade de Tensões..................................................................52

2.5.6 Relação Entre K e G......................................................................................56

2.5.7 Relação Entre EPT e EPD.............................................................................56

2.5.8 Trabalho Essencial de Fratura (EWF)...........................................................58

2.5.9 Fadiga.............................................................................................................60

2.6 Mecânica da Fratura de Material Compósito de Matriz Epoxídica................62

3 MATERIAL E MÉTODOS..............................................................................64

3.1 Material...........................................................................................................64

3.2 Métodos..........................................................................................................65

3.2.1 Caracterização Físico-química.......................................................................65

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Page 11: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

3.2.1.1 Verificação da Fusibilidade............................................................................66

3.2.1.2 Identificação da Resina Epoxídica por Solubilização....................................66

3.2.1.3 Determinação da Dureza...............................................................................67

3.2.1.4 Determinação da Densidade Relativa...........................................................67

3.2.1.5 Inflamabilidade...............................................................................................69

3.2.1.6 Análise Termogravimétrica (TGA).................................................................69

3.2.1.7 Espectroscopia Infravermelha por Transformada de Fourier (FTIR)............69

3.2.1.8 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV).................................................70

3.2.2 Ensaios Mecânicos........................................................................................71

3.2.2.1 Ensaio de Tração...........................................................................................71

3.2.2.2 Ensaio de Resistência à Fratura....................................................................72

3.2.2.3 Ensaio de Fadiga...........................................................................................75

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................79

4.1 Rotina Computacional para Laminados com Fibras Unidirecionais..............79

4.2 Caracterização Físico-química.......................................................................81

4.2.1 Verificação da Fusibilidade............................................................................81

4.2.2 Identificação da Resina Epoxídica (ER) por Solubilização..........................83

4.2.3 Determinação da Dureza...............................................................................85

4.2.4 Determinação da Densidade Relativa...........................................................86

4.2.5 Inflamabilidade..............................................................................................88

4.2.6 Outros Ensaios Químicos..............................................................................88

4.2.7 Análise Termogravimétrica............................................................................89

4.2.8 Espectroscopia Infravermelha por Transformada de Fourier (FTIR)............92

4.2.9 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)...............................................102

4.3 Ensaios Mecânicos......................................................................................105

4.3.1 Ensaio de Tração.........................................................................................105

4.3.2 Ensaio de Resistência à Fratura..................................................................108

4.3.3 Ensaio de Fadiga.........................................................................................109

5 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL...............................................................114

6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES.................................................................126

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Page 12: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

6.1 Conclusões...................................................................................................126

6.2 Sugestões....................................................................................................128

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................130

8 APÊNDICES................................................................................................134

8.1 APÊNDICE I: Rotina em Scilab...................................................................135

8.2 APÊNDICE II: Comparação de Dados........................................................141

8.3 APÊNDICE III: Desenho do acoplamento...................................................146

8.4 APÊNDICE IV: Pontos teóricos do perfil ONERA OA209...........................147

8.5 APÊNDICE V: Pontos tomados com a pá na horizontal.............................150

8.6 APÊNDICE VI: Pontos tomados com a pá acoplada à aeronave...............151

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Page 13: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIG. 1.1 Propagação de descontinuidade no extradorso da pá.................................27

FIG. 1.2 Deflexão das pás do HA-1 Esquilo...............................................................27

FIG. 1.3 Fluxograma da dissertação...........................................................................29

FIG. 2.1 Classificação de compósitos (Callister, 2008)..............................................32

FIG. 2.2 Interfase e interface em materiais compósitos (Rezende et al, 2011).........33

FIG. 2.3 Tensões internas entre as camadas de compósitos de fibras contínuas

(Rezende et al, 2011)..................................................................................................34

FIG. 2.4 Padrões bidimensionais típicos de tecidos (Tong et al, 2002).....................34

FIG. 2.5 Estrutura das cadeias de Kevlar (Callister, 2008)........................................37

FIG. 2.6 Estrutura química de uma resina epóxi (Epóxi – Wikipedia)........................38

FIG. 2.7 Material com fibra frágil e matriz dúctil (Callister, 2008)...............................40

FIG. 2.8: Sistema de coordenadas globais em relação ao sistema de coordenadas

locais............................................................................................................................42

FIG. 2.9 Locais das camadas em uma estrutura laminada (Kaw, 2006)...................45

FIG. 2.10 Fluxograma de projeto................................................................................47

FIG. 2.11 Distância interatômica (Anderson, 1994)....................................................49

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Page 14: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

FIG. 2.12 Energia potencial e força como funções da distância de separação

atômica (Anderson, 1994)...........................................................................................49

FIG. 2.13 Trinca passante numa placa submetida a uma tensão trativa remota

(Anderson, 1994).........................................................................................................51

FIG. 2.14 Coordenadas na ponta da trinca (Anderson, 1994)...................................53

FIG. 2.15 Modos de carregamento e falha (Anderson, 1994)....................................53

FIG. 2.16 Efeito da concentração de tensões sobre a largura da placa (Anderson,

1994)............................................................................................................................55

FIG. 2.17 Comparação entre as correções devidas à largura finita para um CP tipo

CCT (Center Cracked Tension) (Anderson, 1994).....................................................55

FIG. 2.18 Estado triaxial de tensões próximo à ponta da trinca (Anderson, 1994). . .57

FIG. 2.19 Efeito da espessura na resistência à fratura de um CP submetido ao Modo

I (Anderson, 1994).......................................................................................................57

FIG. 2.20 Esquema básico do método EWF e as restrições geométricas para o CP

tipo DENT (Peres, 2009).............................................................................................59

FIG. 2.21 Aumento no comprimento da trinca "a" a partir do comprimento inicial "ai",

em função do número de ciclos para 3 intervalos de tensão (Shigley et al, 2005)....60

FIG. 2.22 Comportamento típico de crescimento de trinca em metais (Anderson,

1994)............................................................................................................................61

FIG. 3.1 Epoxietano (Óxido de Etileno - Wikipedia)...................................................70

FIG. 3.2 Corpo de prova instrumentado.....................................................................72

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Page 15: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

FIG. 3.3 CP pronto para o ensaio (vista frontal).........................................................73

FIG. 3.4 CP pronto para o ensaio (vista lateral).........................................................73

FIG. 3.5 Máquina de ensaios universal eletromecânica Instron................................74

FIG. 3.6 Acoplamento para o CP................................................................................74

FIG. 3.7 CP tipo ESE(T)..............................................................................................75

FIG. 3.8 Esquema do CP tipo ESE(T) (ASTM E647).................................................76

FIG. 4.1 Camadas 1 (Esq) e 2 (Dir) mais internas à pá, nessa ordem......................82

FIG. 4.2 Camadas 3 (Esq) e 4 (Dir) mais externas....................................................82

FIG. 4.3 Amostra antes do ataque químico................................................................85

FIG. 4.4 Amostra após o ataque químico...................................................................85

FIG. 4.5 TGA do material em estudo..........................................................................90

FIG. 4.6 TGA de uma amostra de epóxi (Stern e Dierdoff, 2005)..............................90

FIG. 4.7 FTIR da matriz...............................................................................................93

FIG. 4.8 Comparação entre espectros de análise FTIR (NIST).................................95

FIG. 4.9 FTIR oxirano (NIST)......................................................................................96

FIG. 4.10 FTIR 2-propanol (NIST)..............................................................................97

FIG. 4.11 FTIR etil-éter (NIST)....................................................................................98

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Page 16: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

FIG. 4.12 p-metil-anisol (NIST)...................................................................................99

FIG. 4.13 FTIR p-metil-anisol (NIST)..........................................................................99

FIG. 4.14 Análise dos picos (NIST)..........................................................................100

FIG. 4.15 Diagrama de ocorrência de picos para diversos materiais (Silverstein et al,

2005)..........................................................................................................................101

FIG. 4.16 Micrografia MEV de uma fibra..................................................................102

FIG. 4.17 Micrografia MEV de um feixe de fibras (vista superior)............................103

FIG. 4.18 Micrografia MEV da seção de um feixe de fibras.....................................103

FIG. 4.19 Micrografia MEV detalhando uma região do feixe de fibras....................104

FIG. 4.20 Área tomada como referência, em razão da nitidez da micrografia, para

estimar-se a densidade planar de fibras...................................................................104

FIG. 4.21 Resultados dos ensaios de tração............................................................105

FIG. 4.22 Codificação para modos típicos de falha (ASTM D3039)........................106

FIG. 4.23 CP após o ensaio......................................................................................107

FIG. 4.24 CP de 4 camadas, com falha no furo de acoplamento............................109

FIG. 4.25 CP tipo SENT acoplado por garras..........................................................110

FIG. 4.26 Utilização da iluminação indireta para a visualização da trinca...............111

FIG. 4.27 CP falhado após ensaio de fadiga............................................................112

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Page 17: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

FIG. 5.1 Configuração geométrica da pá (THM)......................................................114

FIG. 5.2 Representação tridimensional da pá..........................................................115

FIG. 5.3 Perfil ONERA 209 (Airfoil Investigation Database).....................................115

FIG. 5.4 Região de elevada rigidez...........................................................................117

FIG. 5.5 Secção da pá contendo o perfil aerodinâmico...........................................117

FIG. 5.6 Materiais que compõem a pá (THM - HELIBRAS, 2003)...........................118

FIG. 5.7 Esboço do perfil real, obtido a partir de uma seção aerodinâmica............118

FIG. 5.8 Execução das medições da pá, na horizontal............................................119

FIG. 5.9 Acoplamento da pá na aeronave para medição dos pontos de interesse 119

FIG. 5.10 Carga distribuída sobre o CG...................................................................120

FIG. 5.11 Malha do modelo.......................................................................................121

FIG. 5.12 Comparação ilustrativa entre o modelo computacional e o componente

real.............................................................................................................................121

FIG. 5.13 Deslocamentos devidos ao peso-próprio.................................................122

FIG. 5.14 Campo de deformações na direção longitudinal......................................122

FIG. 5.15 Intensidade de deformações longitudinais na região da trinca................123

FIG. 5.16 Dimensões da cauda da pá (HELIBRAS, 2010)......................................123

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Page 18: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

FIG. 8.1 Resultados de deformações globais obtidos por Kaw (1997) e Ramsaroop e

Kanny (2010).............................................................................................................141

FIG. 8.2 Resultados de tensões globais obtidos por Kaw (1997) e Ramsaroop e

Kanny (2010).............................................................................................................142

FIG. 8.3 Resultados de deformações locais obtidos por Kaw (1997) e Ramsaroop e

Kanny (2010).............................................................................................................143

FIG. 8.4 Resultados de tensões locais obtidos por Kaw (1997) e Ramsaroop e

Kanny (2010).............................................................................................................144

FIG. 8.5 Razão de carga (SR) obtida por Ramsaroop e Kanny (2010)...................145

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Page 19: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

LISTA DE TABELAS

TAB. 1 Seleção dos materiais conforme a natureza das solicitações.......................31

TAB. 2 Campos de tensão, deformação e deslocamento para materiais isotrópicos

lineares elásticos.........................................................................................................54

TAB. 3 Dimensões dos CP tipo ESE(T)......................................................................76

TAB. 4 Dados para o cálculo de estruturas laminadas grafite-epóxi.........................80

TAB. 5 Valores comparativos para a região central da camada 2, apresentados por

duas rotinas computacionais.......................................................................................80

TAB. 6 Tabela de análise de fusibilidade...................................................................81

TAB. 7 Tabela de análise de solubilidade..................................................................84

TAB. 8 Valores obtidos no ensaio de dureza Shore D...............................................86

TAB. 9 Dados do CP...................................................................................................86

TAB. 10 Dados da fase dispersa................................................................................87

TAB. 11 Propriedades dos constituintes do material compósito................................88

TAB. 12 TGA de várias amostras de epóxi................................................................91

TAB. 13 TGA da amostra em estudo..........................................................................91

TAB. 14 Tabela de comparação de números de onda (cm-1)....................................94

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Page 20: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

TAB. 15 Valores comuns de números de onda (cm -1) em compostos semelhantes à

matriz...........................................................................................................................95

TAB. 16 Valores dos números de onda (cm-1) em análise de FTIR do oxirano.........97

TAB. 17 Valores dos números de onda (cm-1) em análise de FTIR do 2-propanol. . .97

TAB. 18 Valores dos números de onda (cm-1) em análise de FTIR do etil-éter.........98

TAB. 19 Valores dos números de onda (cm -1) em análise de FTIR do p-metil-

anisol........................................................................................................................ 99

TAB. 20 Códigos para os CP ensaiados..................................................................107

TAB. 21 Valores de K translaminar...........................................................................108

TAB. 22 Ajuste de curvas para o perfil teórico ONERA 209....................................116

TAB. 23 Dados de entrada........................................................................................125

TAB. 24 Resultados de deformações globais obtidos pelo programa Laminados

2-D.............................................................................................................................141

TAB. 25 Resultados de tensões globais obtidos pelo programa Laminados 2-D....142

TAB. 26 Resultados de deformações locais obtidos pelo programa Laminados

2-D...........................................................................................................................143

TAB. 27 Resultados de tensões locais obtidos pelo programa Laminados 2-D......144

TAB. 28 Razão de carga (SR) calculada pelo programa Laminados 2-D................145

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Page 21: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

ABREVIATURAS

a - Comprimento da trinca (índices: 0-inicial, f-final, c-crítico)A - Área de seção transversalA, B, D - Componentes da matriz de rigidezAr - Massa de uma camada de reforço por unidade de área

b -Fator de forma relacionado com a dimensão da zona plástica normal

à linha da trincaB - EspessuraBR - Polibutadieno C, m - Coeficientes de ParisCG - Centro de gravidadeCnxn - Matriz de rigidez (n linhas e n colunas)CP - Corpo de provaDGEBA - Diglicidil éter do bisfenol-A

E - Módulo de elasticidade (índice: cl-compósito na direção longitudinal); na seção 2.5.2, indica a energia total do sistema

EPD - Estado plano de deformaçõesEPDM - Borracha de etileno-propileno-dienoEPT - Estado plano de tensõesER - Resina epoxídicaEWF - Trabalho Essencial de Fratura (Essential Work of Fracture)f - Fração volumétricaFc - Carga total suportada pelo compósitoFf - Carga suportada pelas fibrasFm - Carga suportada pela matriz

Fn - Força centrífuga (índices: n-componente normal, t-componente tangencial)

FTIR - Espectroscopia Infravermelha por Transformada de Fourierg - Aceleração da gravidade

G, μ - Módulo de cisalhamento; na seção 2.5.4, indica a taxa de liberação de energia

GFRP - Compósitos poliméricos reforçados por fibras de vidro

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Page 22: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

h - HorasHDPE - Polietileno de alta densidade

hk -Distância do topo da camada de um laminado até a sua base, na k-

ésima camadaHn - Parâmetros de Tsai-WuIIR - Borracha de Isobutileno Isopreno IR - Borracha de poliisopreno IR - InfravermelhoK - Fatores de concentração de tensãoKic - Fator de intensidade de tensões crítico, no modo I de falhaKTL - Fator de intensidade de tensões translaminarLDPE - Polietileno de baixa densidadeM - Massa (índices: I-CP, m-matriz)M - MomentoMEF - Método dos elementos finitosMEV - Microscopia Eletrônica de VarreduraMFEP - Mecânica da fratura elasto-plásticaMFLE - Mecânica da fratura linear-elásticaN - Número de ciclosN - ForçaN2 - Nitrogênio molecularNR - Borracha naturalPEEK - Poli-éter-éter-cetonaPEI - PolieterimidaPIB - Poliisobutileno PMC - Compósitos com matriz poliméricaPP - Polipropileno PPS - Sulfeto de polifenilenor - RaioRnxn - Matriz de ReuterSnxn - Matriz de flexibilidadeSR - Razão de cargaTGA - Análise termogravimétricaTnxn - Matriz de transformação (c-cosθ, s-sinθ)

21

Page 23: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

un - DeslocamentoV - Fração volumétricaw - Peso específicoW - Largura da placaWe - Trabalho essencial de fratura

Wf - Percentual em massa da fase de reforço

Wp - Trabalho plástico não essencial

Ws - Trabalho destinado a criar novas superfíciesx0 - Distância atômicaY - Fator de forma

SÍMBOLOS

αD - Ângulo de incidência do disco do rotor principalγp - Trabalho plástico por unidade de área de superfície criadaγs - Módulo de elasticidade, da energia de superfície por unidade de áreaε - Deformaçãoε0 - Deformação linearκ - Curvaturaν - Coeficiente de PoissonΠ - Energia potencialρ - Densidade (índices: r-reforço, m-matriz)

σ - Tensão (índices: c-compósito, m-matriz, f-fibra, C-compressão, T-tração, c-coesiva, este na Seção 2.5.1)

τ - Tensão de cisalhamento (ult-última)ω - Velocidade angularξ, η - Parâmetros das equações de Halpin-Tsai

22

Page 24: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

LISTA DE SIGLAS

AIST National Institute of Advanced Industrial Science and Technology

ASTM American Society for Testing and Materials Btl Mnt Sup Av Ex Batalhão de Manutenção e Suprimento de Aviação do ExércitoCAD Computer aided designCFD Computational fluid dynamicsDCT Departamento de Ciência e TecnologiaDENT Double Edge Notched TensionESE(T) Carregamento excêntrico – entalhe em apenas um bordoESIS European Structural Integrity SocietyHA-1 Helicóptero de ataqueIME Instituto Militar de EngenhariaINT Instituto Nacional de TecnologiaIUPAC International Union of Pure and Applied Chemistry NACA National Advisory Committee for AeronauticsNIST National Institute of Standards and Technology ONERA Office National d’Etudes et Recherches Aérospatiales P&D Pesquisa e desenvolvimentoSE/4 Seção de Engenharia Mecânica e de MateriaisSE/5 Seção de Engenharia QuímicaSE/6 Seção de Engenharia CartográficaSENT Single edge notched tensionTC4 Technical Committee 4THM Technical helicopter manual

23

Page 25: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

RESUMO

Este trabalho investigou o comportamento mecânico da fratura de um material compósito empregado na aviação de asa rotativa, sob o ponto de vista das características de fabricação e das propriedades mecânicas, oferecendo um ponto de partida para estudos mais aprofundados, que permitam melhor compreensão do fenômeno da fratura em materiais compósitos.

O mecanismo pelo qual este fenômeno ocorre ainda não é bem compreendido, visto que este material é submetido a ciclos complexos de carregamento, podendo envolver tanto falhas estruturais, supostamente associadas à fadiga, como o desenvolvimento de trincas em carregamento estático, quando as pás são defletidas pelo sistema de ancoragem.

Em uma fase inicial o enfoque foi a caracterização físico-química do material, de modo a associar as propriedades obtidas a um determinado material compósito.

Em seguida as propriedades mecânicas de tração e de resistência à fratura foram estimadas, possibilitando a aplicação em modelos computacionais do componente em estudo.

Por fim é apresentada a simulação computacional de uma pá de rotor principal, submetida a carregamento estático, de modo a obter a distribuição de tensões na região da trinca, em condições que simulem as situações reais.

Os resultados obtidos permitem identificar o material como um compósito laminado de matriz epoxídica reforçada por fibras de vidro. O tamanho crítico da trinca sob solicitação estática é de cerca de 75 mm, abaixo dos valores preconizados em Manuais de Manutenção e observados em condições reais, indicando que outros aspectos tecnológicos estão envolvidos no mecanismo de resistência à fratura e que devem ser alvo de investigação específica.

24

Page 26: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

ABSTRACT

This study investigated the behavior of fracture mechanics of a composite material used in rotary wing aviation, from the point of view of manufacturing characteristics and of mechanical properties, providing a starting point for further study, allowing a better understanding of the fracture phenomenon of composite materials.

The mechanism by which this phenomenon occurs is not well understood, because this material is subjected to complex loading cycles, which may involve both structural flaws, presumably associated with fatigue, as the development of cracks in static loading, when the main rotor blades are deflected by mooring system.

In an initial phase, the focus was on the physico-chemical characterization of the material in order to associate the properties obtained for a particular composite material. Then the tensile mechanical properties and fracture toughness were estimated, allowing the application of computational models of the component under study.

Finally, the computer simulation is presented of a main rotor blade, subjected to static loading, in order to obtain the stress distribution in the region of the crack under conditions that simulate the real situations.

The results obtained allow us to identify the material as a epoxy matrix composite laminate, reinforced with glass fibers. The critical size of cracks under static charging is about 75 mm, below recommended values in the Maintenance Manuals and observed under real conditions, indicating that other technological aspects are involved in the mechanism of fracture toughness to and should be targeted specific research.

25

Page 27: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

1 INTRODUÇÃO

O conceito de materiais compósitos não é novo e tem sua origem na própria

natureza, como é o caso da madeira, que constitui um compósito vegetal. A

manufatura dos compósitos baseia-se em uma ideia simples de combinar e colocar

em serviço dois ou mais materiais macroconstituintes distintos que, geralmente,

diferem em composição química e/ou física, com o objetivo de obter propriedades

específicas, diferentes daquelas que cada constituinte apresenta separadamente,

tendo uma interface reconhecível entre os componentes (Matthews e Rawlings,

1999). Cada um dos constituintes mantém suas propriedades físicas e químicas,

embora o material resultante dessa combinação apresente propriedades diferentes

daquelas observadas nos constituintes individuais.

As indústrias aeronáutica e aeroespacial são as grandes impulsionadoras do

desenvolvimento desses materiais, pois necessitam de componentes com baixa

densidade e que atendam aos requisitos de elevada resistência mecânica em

serviço. Assim, esse setor da indústria nucleou o surgimento dos compósitos de

plásticos reforçados com fibras de alta resistência, também denominados

compósitos estruturais (Rezende et al, 2011).

1.1 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

A Aviação do Exército Brasileiro tem se deparado com problemas,

supostamente associados à fadiga em materiais compósitos, nas pás do rotor

principal dos seus helicópteros modelo HA-1 Esquilo e HA-1 Fennec. A FIG. 1.1

mostra a avaria na pá em estágio avançado.

Tal ocorrência ainda não está perfeitamente compreendida, pois o aspecto

mecânico – por se tratar de uma peça submetida a ciclos complexos de

carregamento – pode envolver tanto falhas estruturais ligadas à fadiga, quanto pode

26

1

Page 28: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

envolver a propagação da trinca em carregamento estático, quando as pás são

submetidas à deflexão pela ação do seu peso próprio ou pelo sistema de

ancoragem na condição de estacionamento, conforme ilustra a FIG. 1.2.

FIG. 1.1: Propagação de descontinuidade no extradorso da

27

FIG. 1.2: Deflexão das pás do HA-1 Esquilo

Trinca

Page 29: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

A presente Dissertação de Mestrado atende à linha de pesquisa

determinada pelo Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), divulgada no

Quadro dos Temas dos Cursos de Pós-graduação no IME-2010, intitulada "Avanço

de trincas e controle de danos em estruturas aeronáuticas. Análise de falhas

estruturais causadas por fadiga", buscando associar o tema genérico a um aspecto

particular de interesse da Força Terrestre.

O estudo destina-se à investigação da mecânica da fratura em material

compósito empregado em componentes de aviação, com a finalidade de coletar e

de fornecer aos órgãos de Ciência e Tecnologia do Exército Brasileiro informações

acerca do comportamento mecânico de um compósito laminado, cuja malha de fibra

de vidro reforça uma possível matriz epoxídica.

Nesse contexto, a pesquisa acadêmica tem como motivação o levantamento

de parâmetros de resistência à fratura em compósito estrutural utilizado em pás de

aeronaves de dotação da Aviação do Exército. Tais pás têm apresentado dano

recorrente e prematuro, o que demanda estudos aprofundados de engenharia no

campo dos projetos mecânicos para compreender a causa da falha, subsidiar a

apuração de responsabilidades e possibilitar posteriores estudos de tolerância ao

dano.

1.2 OBJETIVOS

Citam-se abaixo os objetivos a serem atingidos nesta dissertação:

• caracterizar o material de estudo a partir de análises físico-químicas;

• executar ensaios de tensão versus deformação e de resistência à

fratura (KTL) no material que apresenta descontinuidades;

• desenvolver um modelo computacional do comportamento mecânico

de uma pá sob condições estáticas.

Para atingir os objetivos propostos, foi realizada uma revisão bibliográfica,

inicialmente sobre os conceitos básicos relativos aos materiais compósitos, detendo-

se mais especificamente nos compósitos poliméricos e posteriormente nos

conceitos do comportamento mecânico e de mecânica da fratura.

28

Page 30: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

Em seguida, o material de interesse presente na pá do rotor principal da

aeronave foi caracterizado a partir de análises físico-químicas e submetido a

ensaios mecânicos.

O capítulo 3 descreve o material e os métodos empregados. Esta

caracterização foi de fundamental importância visto que os componentes deste

material eram desconhecidos e não foram fornecidos pelo fabricante.

Propriedades mecânicas foram estimadas a partir de ensaios de tensão

versus deformação e de resistência à fratura (KTL).

Finalmente, um modelo computacional foi desenvolvido para analisar as

tensões devidas a carregamentos estáticos, na região de interesse, cujo objetivo é o

de prever o tamanho crítico de trinca.

Para melhor visualização dos objetivos apresentados, a FIG. 1.3 organizará

o trabalho segundo um fluxograma das atividades desenvolvidas ao longo da fase

de investigação.

FIG. 1.3: Fluxograma da dissertação

29

Page 31: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Os materiais compósitos poliméricos destacam-se devido à sua maior

resistência específica quando comparados aos materiais convencionais. Além disso,

apresentam elevada resistência à corrosão e à fadiga, expansão térmica controlada,

moldagem de peças em formatos complexos e orientação das fibras em direções

desejadas. Devido ao baixo peso dos compósitos poliméricos, as suas relações

resistência-peso e módulo-peso são notadamente superiores às dos materiais

metálicos.

Rezende et al (2011) apresentam a TAB. 1 relacionando as propriedades

dos materiais de emprego aeronáutico, de acordo com estudo publicado por

Matthews e Rawlings (1999).

Segundo as informações disponibilizadas na TAB. 1, é possível observar

que uma matriz epoxídica reforçada por fibras de vidro se adéqua bem às

exigências de uma pá do rotor principal do helicóptero. Isto porque além de atender

aos requisitos de inflamabilidade e de trabalho a baixa temperatura, também possui

baixa rigidez, necessária às deflexões impostas pela dinâmica da pá em voo.

30

2

Page 32: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

TAB. 1: Seleção dos materiais conforme a natureza das solicitações

Solicitações Escolha dos Materiais Área de Utilização

Temperatura Natureza do polímero

T<150°C: resina epóxi150°C<T<220°C: resina bismaleída 220°C<T<300°C: polímeros poliimídicos

Rigidez

Natureza do reforço

Rigidez baixa: vidroRigidez média: aramidaRigidez alta: carbono

Esforços

Baixa e média solicitação: vidro Alta solicitação: carbono (alto custo) Alta resistência ao impacto: aramida

Inflamabilidade Natureza do polímero e da fibra

Resina epóxi: atende aos requisitos de inflamabilidade Resina fenólica: atende aos requisitos de inflamabilidade, emissão de calor e de fumaçaFibras de vidro e de carbono: atendem aos requisitos de contenção de chamaFibra de aramida: não atendem aos requisitos de contenção de chama

Rezende et al, 2011

2.1 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE COMPÓSITOS

Callister (2008), observando que muitos compósitos são constituídos por

apenas duas fases, define a fase contínua como sendo a matriz do compósito,

enquanto a fase envolvida pela matriz é denominada “fase dispersa”. A FIG 2.1

ilustrará um esquema de classificação para grande variedade de materiais

compósitos.

31

Page 33: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

FIG. 2.1: Classificação de compósitos (Callister, 2008)

Dentre os diversos tipos de configurações, especial atenção será dada aos

compósitos reforçados por fibras, devido à natureza do material que será estudado

na presente dissertação.

Uma das principais características dos projetos que envolvem esse tipo de

configuração é aquela que tem como objetivo a alta resistência mecânica e/ou

rigidez em relação ao peso, como é o caso das exigências da indústria aeroespacial.

As expressões “resistência específica” e “módulo específico” referem-se

respectivamente às razões entre o limite de resistência à tração (ou o módulo de

elasticidade, no último caso) e o peso específico.

O comprimento da fibra colabora especialmente com a resistência mecânica

do material, uma vez que às fibras mais longas é transmitido um grau maior da

carga a qual a matriz é submetida.

Um componente também relevante para a resistência mecânica é a

interface entre a matriz e o reforço. Rezende et al (2011) definem interface como

sendo a superfície limite entre a fibra e a matriz, por meio da qual ocorre a

descontinuidade de alguns parâmetros. Difere de “interfase” por ser esta uma região

de espessura finita, que se inicia na interface e se prolonga para dentro da matriz. A

interfase, ilustrada pela FIG. 2.2, apresenta gradientes nas suas propriedades

físicas, que influenciam significativamente o desempenho do compósito final. Uma

técnica modificadora da região de interface consiste em aplicar uma película da

matriz polimérica na superfície do reforço antes da sua impregnação com a matriz

propriamente dita. Esta operação é conhecida como recobrimento (sizing).

32

Page 34: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

Além da natureza dos mecanismos de adesão físico e químico, a adesão

mecânica – quando a matriz se ancora mecanicamente no reforço – é devidamente

considerada. A rugosidade da fibra e a molhabilidade do reforço exercem influência

importante nas propriedades da interface. Ademais, Rezende et al (2011) ressaltam

que enquanto tratamentos térmicos e oxidativos contribuem para melhorar a

interligação mecânica e aumentar a densidade das interações físicas, a absorção da

umidade na estrutura do compósito afeta direta e negativamente a resistência da

interface.

Outro aspecto importante sobre a configuração mecânica dos compósitos é

a sua estrutura em forma de laminados. Suas lâminas bidimensionais possuem uma

direção preferencial de alta resistência. Rezende et al (2011) afirmam que os

principais fatores referentes ao material e à preparação do laminado, que

influenciam na tolerância ao dano afetando a delaminação da borda livre, são a

tenacidade da matriz polimérica, a resistência da interface fibra-resina, a orientação

das fibras, a sequência de empilhamento das camadas e a espessura do laminado.

A FIG. 2.3 ilustra o comportamento mecânico de uma placa laminada submetida a

tensões cisalhantes. Nessa figura observa-se que as lâminas de um material

laminado submetido a tensões trativas são submetidas a diferentes deformações,

uma vez que a orientação das fibras em relação à direção de carregamento

determina a rigidez naquela direção. As diferentes deformações, neste caso,

33

FIG. 2.2: Interfase e interface em materiais compósitos (Rezende et al, 2011)

Page 35: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

submetem o material à delaminação.

As fibras podem ser dispostas em tecidos unidirecionalmente ou

bidirecionalmente, dependendo das propriedades mecânicas de interesse. Dentre

os vários tipos de trançado, Tong et al (2002) afirmam que os tecidos podem se

apresentar tipicamente sob 3 padrões bidimensionais: tecido plano, sarja e cetim,

conforme ilustrado na FIG. 2.4, apesar de muitas outras configurações serem

utilizadas com as mais diversas finalidades. Tais padrões apresentam diferentes

propriedades mecânicas, tendo modelos micromecânicos distintos (Tong et al,

2002).

Fibras diferentes também podem compor um tecido com propriedades

combinadas, o que dá origem aos compósitos híbridos.

Quanto à fase matriz, Callister (2008) apresenta o seguintes exemplos:

34

FIG. 2.3: Tensões internas entre as camadas de compósitos de fibras contínuas (Rezende et al, 2011)

FIG. 2.4: Padrões bidimensionais típicos de tecidos (Tong et al, 2002)

Page 36: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

matriz polimérica, metálica, cerâmica, carbono-carbono. O primeiro exemplo será

discutido a partir da Seção 2.2, uma vez que é de particular interesse à dissertação.

2.2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE COMPÓSITOS POLIMÉRICOS

Os compósitos com matriz polimérica (PMC) consistem em uma resina

polimérica sendo a matriz, com fibras na função de reforço (Callister, 2008). Define-

se resina como sendo um plástico reforçado com alto peso molecular.

Geralmente, a matriz determina a máxima temperatura de serviço, uma vez

que suas propriedades térmicas apresentam valores muito mais baixos que aqueles

observados na fase de reforço.

A fase matriz de origem polimérica é empregada, dentre outros fatores, por

apresentar relativa ductilidade em relação à fase metálica ou à fase cerâmica,

quando essa propriedade é desejada. Apresenta como função básica a capacidade

de unir as fibras umas às outras, além de distribuir as tensões aplicadas

externamente ao reforço. Além disso, serve para proteger as fibras individuais

contra os danos superficiais em decorrência da abrasão mecânica e contra as

reações químicas com o ambiente. Também impede que trincas frágeis sejam

transmitidas de uma fibra para outra, prevenindo falhas catastróficas no caso de

rompimento de um certo grupo de fibras.

Resinas tais quais poliésteres e ésteres vinílicos são resinas poliméricas

mais amplamente utilizadas e que apresentam baixo custo. Resinas epoxídicas –

usualmente empregadas na indústria aeroespacial – são mais caras, contudo

apresentam maior resistência à umidade e melhores propriedades mecânicas se

comparadas com as resinas poliésteres e vinílicas (Callister, 2008). Resinas

poliimídicas são empregadas em aplicações cujas temperaturas superiores de

utilização em regime contínuo aproxima-se de 230°C. Para temperaturas mais altas,

utilizam-se as resinas termoplásticas, tais como a poli-éter-éter-cetona (PEEK), o

sulfeto de polifenileno (PPS) e a polieterimida (PEI).

Os compósitos poliméricos reforçados por fibras de vidro (GFRP)

apresentam fibras cujo diâmetro varia normalmente entre 3 e 20 μm de vidro

35

Page 37: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

estirado (conhecido por Vidro-E). As propriedades do vidro, tais como fácil

estiramento, disponibilidade comercial, relativa resistência e inércia química, fazem

com que este material seja muito apreciado do ponto de vista comercial e de

engenharia. Todavia, embora possuam resistências elevadas, os GFRP não

apresentam elevada rigidez e suas temperaturas de serviço são relativamente

baixas se comparadas com materiais metálicos, da ordem de 300°C, para

compósitos aperfeiçoados quimicamente com sílica fundida de alta pureza, segundo

Callister (2008).

Os compósitos poliméricos reforçados com fibras de carbono (CFRP) têm

por característica um reforço de alto desempenho pelos seguintes motivos (Callister,

2008):

• a resistência específica e o módulo específico das fibras de carbono

apresentam os maiores valores dentre todas as fibras de reforço atuais, mantendo

valores elevados mesmo a altas temperaturas;

• a estabilidade das fibras de carbono na temperatura ambiente

mantem-se ainda que sob efeito de umidade ou sob a presença de grande

variedade de solventes, ácidos e bases;

• a grande diversidade de características físicas e mecânicas das fibras,

aliada à sua capacidade de modificações pela engenharia, permite que o compósito

que as emprega incorpore uma ampla gama de propriedades devidamente

ajustadas ao uso;

• os processos de fabricação tornaram-se relativamente baratos,

favorecendo a relação custo-benefício.

As fibras de carbono são classificadas conforme seu módulo de tração em 4

classes: módulo padrão, intermediário, alto e ultra-alto. Suas fibras possuem

diâmetro variando entre 4 e 10 μm e geralmente são revestidas com epóxi para

proteção e para melhoramento da adesão à matriz polimérica.

No início da década de 70 as fibras poliamidas aromáticas (Chawla, 1998),

genericamente conhecidas por aramidas, foram introduzidas, apresentando alta

resistência e alto módulo, cujas relações resistência-peso são superiores às dos

metais. Comercialmente, as mais comuns são as diversas variedades das fibras

marcas KevlarTM e NomexTM. Sua resistência deve-se às moléculas rígidas, que

durante a síntese se alinham na direção do eixo das fibras, conforme ilustrado pela

36

Page 38: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

FIG. 2.5. Embora possuam alto módulo e limite de resistência à tração na direção

longitudinal, sua resistência à compressão é relativamente baixa.

As aramidas são conhecidas por sua tenacidade, resistência ao impacto, à

fluência e à fadiga. Ademais, a despeito de serem termoplásticos, são resistentes à

combustão e estáveis até temperaturas relativamente elevadas, em comparação

com os demais materiais compósitos, mantendo altas propriedades mecânicas

numa faixa entre -200 e 200°C. Todavia, sua susceptibilidade à ação de ácidos e

bases fortes mostra-se um fator restritivo a certos empregos. Os materiais da matriz,

geralmente, são os epóxis e os poliésteres.

Outros materiais fibrosos, como o boro, o carbeto de silício e o óxido de

alumínio também são usados, todavia com menor frequência. No caso das fibras de

boro, sua utilização tem sido verificada em componentes de aeronaves militares e

em pás de rotores de helicópteros, enquanto as fibras de carbeto de silício e de

óxido de alumínio são utilizadas em blindagens militares e nas extremidades de

foguetes.

2.3 COMPÓSITOS POLIMÉRICOS DE MATRIZ EPOXÍDICA

Rezende et al (2011) ressaltam que os polímeros termorrígidos são muito

utilizados em compósitos estruturais de emprego aeronáutico, devido à sua

resistência a solventes e às maiores temperaturas de serviço. As resinas epoxídicas,

as fenólicas, as bismaleimidas e as poliimidas destacam-se quanto ao uso nessa

37

FIG. 2.5: Estrutura das cadeias de fibras marca KevlarTM (Callister, 2008)

Page 39: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

área de engenharia.

Atestam também que as resinas epoxídicas possuem boas propriedades

mecânicas, resistência química, baixa absorção de umidade, baixa porcentagem de

contração e fácil processamento. Estas são caracterizadas pela presença de grupos

epóxi (anel oxirano) e uma das mais utilizadas é baseada no diglicidil éter do

bisfenol-A (DGEBA), ilustrada na FIG. 2.6.

Graças às resinas epóxi conterem monômeros difuncionais e polifuncionais,

ou pré-polímeros, é possível sua reação com grande variedade de agentes de cura,

que a partir de diferentes combinações de processamentos, resultam em sistemas

de resinas termorrígidas de elevado desempenho. Para aumentar o desempenho de

algumas propriedades mecânicas, as resinas epóxi usadas na indústria aeroespacial

têm sido modificadas com vistas à sua tenacificação, através de alterações em

cadeia termorrígida com termoplásticos e elastômeros.

Podem ser citadas como vantagens dos sistemas epóxi suas excelentes

propriedades quando combinadas às fibras, o seu bom comportamento térmico, sua

boa estabilidade dimensional, a baixa contração na cura, sua excelente aderência

aos materiais metálicos, sua boa resistência à abrasão, seu bom isolamento

elétrico, sua excelente resistência química a solventes orgânicos e a bases, além da

propriedade de autoextinção da chama.

Todavia, tais sistemas podem possuir um tempo de cura relativamente alto,

sua temperatura de operação pode ser limitada para algumas aplicações, sua

resistência química aos ácidos sulfúrico e nítrico, a cetonas e a solventes clorados é

baixa, e do ponto de vista da fabricação, desvantagens podem ser observadas

quanto à necessidade de boa preparação de moldes e ao uso de um bom

desmoldante.

38

FIG. 2.6: Estrutura química de uma resina epóxi (Epóxi – Wikipedia)

Page 40: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

2.4 COMPORTAMENTO MECÂNICO

A presente Seção abordará os aspectos clássicos do comportamento

mecânico dos compósitos com fibras contínuas e alinhadas. Embora o material

compósito possa apresentar comportamento altamente anisotrópico, como é o caso

daqueles que possuem fibras unidirecionais, suas propriedades podem ser tratadas

sob um ponto de vista global – em que a combinação de propriedades individuais

das fibras e da matriz é obtida por modelos matemáticos – ou local (preservam-se

as propriedades individuais dos constituintes), a depender do interesse do estudo.

O comportamento tensão versus deformação longitudinal em tração será

ilustrado pela FIG. 2.7. Observa-se na FIG. 2.7 (a) o comportamento mecânico da

fibra e da matriz isoladamente, enquanto na FIG. 2.7 (b) é ilustrado o

comportamento global do material compósito.

No estágio I, linear elástico para ambos os constituintes, o compósito se

deforma linearmente em uma região intermediária entre os valores dos

componentes. Ao entrar no estágio II, a matriz começa a apresentar escoamento,

enquanto as fibras, de resistência muito maior, continuam seu comportamento

elástico. Nesta região, a proporção de carga suportada pelas fibras aumenta.

O compósito falha quando suas fibras falham, embora a falha não

necessariamente seja catastrófica. Isso porque as fibras não falham todas

simultaneamente e a matriz mantém-se íntegra por mais algum tempo, contendo as

partes das fibras que ainda não falharam. Logo, são ainda capazes de suportar

algum carregamento, contudo menor, até a falha total do compósito.

Mandell e Meier (1975), ao ensaiarem material compósito para estudo de

fadiga, observaram que a falha em camadas orientadas a 90° com a direção de

carregamento ocorre pela propagação da trinca entre as fibras, não contribuindo

substancialmente para a resistência à fratura.

39

Page 41: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

FIG. 2.7: Material com fibra frágil e matriz dúctil (Callister, 2008)

Para o cálculo do módulo de elasticidade do compósito, parte-se das

seguintes hipóteses:

• as fibras estão alinhadas com a direção do carregamento;

• a ligação interfacial é perfeita, impondo uma condição de

isodeformação.

Seja Fc a carga total suportada pelo compósito, Fm a carga suportada pela

matriz e Ff a carga suportada pelas fibras, implica que:F c=Fm+F f (2.1)

Assumindo-se que F=σA, tem-se:σ cAc=σ m Am+σ f A f (2.2)

σc=σm

Am

Ac+σ f

A f

Ac(2.2a)

As frações de área da EQ. 2.2a são equivalentes às frações volumétricas

(V) correspondentes se os comprimentos do compósito e das fases presentes forem

iguais. Assim, tem-se:σ c=σ mV m+σ f V f (2.3)

Da hipótese do estado de isodeformação, implica:εc=εm=ε f (2.4)

σc

εc=σ m

εmV m+

σ f

ε fV f (2.5)

40

Page 42: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

Sendo σ=Eε e considerando as deformações do compósito, das fibras e da

matriz como todas elásticas, o módulo de elasticidade do compósito na direção

longitudinal (Ecl) fica:E cl=E mV m+E f V f (2.6)

Como Vm+Vf=1:E cl=E m(1−V f )+E f V f (2.7)

No carregamento em direção transversal às fibras, tem-se a condição de

isotensão:σ c=σm=σ f=σ (2.8)

A deformação do compósito como um todo fica:εc=εmV m+ε f V f (2.9)

σc

Ect=

σEm

V m+σE f

V f (2.10)

Sendo Ect o módulo de elasticidade na direção transversal, obtém-se:

1E ct

=V m

Em+V f

E f(2.11)

Donde resulta:

E ct=Em E f

V m E f+V f E m=

Em E f

(1−V f )E f+V f E m(2.12)

Chawla (1998) apresenta as equações de Halpin-Tsai (EQ. 2.12a e 2.12b),

na qual é inserido um termo empírico (ξ) como uma medida relativa ao reforço. Esta

medida depende de condições de contorno (configuração geométrica da fibra,

distribuição das fibras e condições de carregamento), cuja finalidade é ajustar os

dados experimentais. A propriedade “p” é a forma genérica de representar, por

exemplo, os módulos E11, E22, G12 ou G23 do compósito, e “pm” e “pf” são os

equivalentes a “p” com relação à matriz e à fibra, respectivamente.

ppm

=1+ξηV f

1−ηV f(2.12a)

η=p f / pm−1p f / pm+ξ

(2.12b)

Estudado o comportamento mecânico de uma camada de material

compósito com fibras contínuas unidirecionais, a próxima aplicação será o estudo do

comportamento mecânico de um laminado com diversas camadas.

41

Page 43: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

Kaw (2006) discorre em sua publicação acerca dos procedimentos

matemáticos para o estudo de compósitos laminados, sob o ponto de vista

macromecânico. Inicialmente, o sistema é orientado segundo coordenadas locais e

globais, de acordo com a FIG. 2.8.

Um sistema linear isotrópico tridimensional, apresenta a seguinte equação

constitutiva para a relação tensão-deformação, segundo a lei de Hooke:

[εx

εy

εz

γ yz

γzx

γxy

]=[1E

−νE

−νE

0 0 0

−νE

1E

−νE

0 0 0

−νE

−νE

1E

0 0 0

0 0 0 1G

0 0

0 0 0 0 1G

0

0 0 0 0 0 1G

][σ x

σ y

σ z

τ yz

τ zx

τxy

] (2.13)

G=E

2(1+ν)(2.14)

Para um material genérico, de comportamento linear, a equação em

coordenadas locais fica:

42

FIG. 2.8: Sistema de coordenadas globais em relação ao sistema de coordenadas locais

Page 44: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

[σ1

σ2

σ3

τ23

τ31

τ12

]=[C11 C12 C13 C14 C15 C16

C21 C22 C23 C 24 C25 C26

C31 C32 C33 C34 C35 C36

C41 C42 C43 C 44 C45 C46

C51 C52 C53 C54 C55 C56

C61 C62 C63 C64 C65 C66

][ε1

ε2

ε3

γ23

γ31

γ12

] (2.14)

A matriz C6X6 é chamada matriz de rigidez. Sua recíproca S6X6 é chamada

matriz de flexibilidade.

Materiais compósitos com fibras unidirecionais, cujo volume de controle

assume a forma de um paralelepípedo, apresentam um comportamento ortotrópico.

Neste caso, a matriz de rigidez fica:

[C ]=[C11 C12 C13 0 0 0C21 C22 C23 0 0 0C31 C32 C33 0 0 00 0 0 C44 0 00 0 0 0 C55 00 0 0 0 0 C66

] (2.15)

Consequentemente, a matriz de flexibilidade fica:

[S ]=[S11 S12 S 13 0 0 0S 21 S 22 S 23 0 0 0S31 S32 S 33 0 0 00 0 0 S 44 0 00 0 0 0 S 55 00 0 0 0 0 S66

] (2.16)

A teoria clássica da laminação analisa o comportamento do laminado

considerando-o submetido ao estado plano de tensões (EPT). Segundo tal hipótese,

as componentes de tensões normais e cisalhantes só estão presentes no plano do

laminado. Importante ressaltar que as hipóteses do EPT aplicam-se apenas a

placas de dimensões infinitas, pois na região da borda, a uma distância de

aproximadamente 2 vezes a espessura do laminado, existe um estado triaxial de

tensões, chamado por Rezende et al (2011) de tensões interlaminares, que se

manifesta na borda livre podendo causar a delaminação das camadas ou imprimir

trincas na matriz. Para tal análise, são empregados métodos de potenciais de

43

Page 45: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

tensões, de diferenças finitas e de elementos finitos, que fogem ao escopo da

presente dissertação.

Assumindo-se o EPT, podem ser suprimidas as linhas e colunas de índices

3, 4 e 5 das matrizes C e S, constantes nas EQ. 2.15 e 2.16. A relação simplificada

fica:

[σ1

σ2

τ12]=[C11 C12 0

C21 C22 00 0 C66

][ ε1

ε2

γ12] (2.17)

Analogamente, para o sistema global, obtemos a seguinte relação:

[σ x

σ y

τxy]=[C̄11 C̄12 C̄16

C̄ 21 C̄22 C̄26

C̄61 C̄62 C̄66][ εx

εy

γxy] (2.18)

Os elementos da matriz C, da EQ. 2.17, são dependentes das constantes do

material e podem ser calculados pelas expressões da EQ. 2.19:

C11=E1

1−ν12ν21;C12=

ν12E 2

1−ν12ν21; C22=

E2

1−ν12ν21; C66=G12 (2.19)

A matriz de rigidez reduzida transformada pode ser calculada pela EQ. 2.20.

[C̄ ]=[T ]−1[C ][R] [T ][R]−1 (2.20)

Onde:

T=[ c2 s2 2scs2 c2 −2sc

−sc sc c2−s2] ; R=[1 0 00 1 00 0 2] ; c=cosθ ; s=sin θ (2.21)

Reuter (1971) apresenta a matriz “R” como sendo responsável por eliminar

denominadores dos vetores deformação, nos quais os termos cisalhantes aparecem

divididos por 2.

Então, as transformações são apresentadas conforme a EQ. 2.22.

[σ x

σ y

τxy]=[T ][σ1

σ2

τ12] ; [ ε1

ε2

γ12]=[R] [T ][R]−1[ εxε y

γxy] (2.22)

As equações relativas ao estudo dos laminados, apresentadas até este

ponto, são relativas ao cálculo de tensões e deformações para uma única camada.

A introdução de mais de uma camada implica numa relação de acoplamento entre

44

Page 46: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

os carregamentos (forças e momentos distribuídos) e suas deformações lineares e

curvaturas associadas. A EQ. 2.23 traz essa relação:

[ NM ]=[A BB D][ε0

κ ] (2.23)

As EQ. 2.24, 2.25 e 2.26 relacionam os valores A, B e D com os valores da

matriz de rigidez reduzida transformada.

Aij=∑k=1

n

[(C̄ ij)]k(hk−hk−1) ; i=1,2 ,3 ; j=1,2 ,3 (2.24)

Bij=12∑k=1

n

[(C̄ ij)]k(h2k−h2

k−1) ; i=1,2,3 ; j=1,2 ,3 (2.25)

Dij=13∑k=1

n

[(C̄ ij)]k (h3k−h3

k−1) ; i=1,2 ,3 ; j=1,2 ,3 (2.26)

Sendo “n” o número de camadas do laminado, “hk” é a distância do topo até

a base da k-ésima camada, contada a partir do plano médio do compósito. A FIG.

2.9 ilustrará tais definições.

Sendo assim, o vetor de coordenadas globais para deformações no plano é

calculado pela EQ. 2.27. Esta equação não contempla efeitos higrotérmicos ou

piezoelétricos.

[ εxε y

γxy]=[ ε

0x

ε0y

γ0xy]+z[ κx

κ y

κxy] (2.27)

Levantando-se os valores para as tensões locais, um critério de falha deverá

45

FIG. 2.9: Locais das camadas em uma estrutura laminada (Kaw, 2006)

Page 47: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

ser aplicado para observar-se a resistência do compósito perante o carregamento

de projeto. Um desses critérios, o de Tsai-Wu, encontra-se descrito em Kaw (2006)

e considera que a lâmina falha quando a condição da EQ. 2.28 é satisfeita:

H 1σ1+H 2σ2+H 6 τ12+H11σ2

1+H 22σ2

2+H 66 τ2

12+2H12σ2

1σ2

2<1 (2.28)

Os parâmetros do critério de falha da Tsai-Wu estão descritos nas EQ. 2.29

a 2.35.

H 1=1

(σT1)ult

−1

(σC1)ult

(2.29)

H 2=1

(σT2)ult

−1

(σC2)ult

(2.30)

H 6=0 (2.31)

H 11=1

(σT1)ult (σ

C1)ult

(2.32)

H 22=1

(σT2)ult(σ

C2)ult

(2.33)

H 66=1

(τ12)2ult

(2.34 )

H 12=−12 √ 1

(σT1)ult (σ

C1)ult (σ

T2)ult (σ

C2)ult

(2.35)

O termo H12 do critério aqui apresentado é obtido do critério Mises-Hencky,

segundo Kaw (2006). Outros critérios empíricos poderiam ser adotados, como o de

Tsai-Hill e Hoffman, por exemplo.

Utiliza-se como parâmetro de avaliação a razão de carga (SR), que

conforme apresentada pela EQ. 2.36, indica a relação entre a carga admissível e a

carga aplicada.

SR= carga admissívelcarga aplicada

(2.36)

Da EQ. 2.36, observa-se que valores de SR<1 indicam falha do compósito,

SR>1 indicam materiais superdimensionados e SR=1 oferece o valor do

carregamento de falha.

O critério de Tsai-Wu modificado com o uso de SR fica:

(H 1σ1+H 2σ2+H 6 τ12)SR+(H 11σ2

1+H 22σ2

2+H 66 τ2

12+2H12σ2

1σ2

2)SR2<1 (2.37)

46

Page 48: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

Ramsaroop e Kanny (2010) apresentam um método de análise de

compósitos laminados através do uso do software Matlab. O Apêndice I a esta

dissertação apresentará um código computacional em software Scilab, seguindo o

mesmo método proposto por Ramsaroop e Kanny (2010), e cujos resultados serão

discutidos na Seção 4, Pág. 79. O fluxograma representado pela FIG. 2.10, proposto

por Ramsaroop e Kanny (2010), apresenta uma rotina para análise de compósitos

laminados com fibras unidirecionais, de maneira a auxiliar o projeto com o uso do

código constante no Apêndice I.

47

FIG. 2.10: Fluxograma de projeto

Page 49: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

2.5 MECÂNICA DA FRATURA

O projeto mecânico convencional baseia-se na prevenção de falhas por

colapso plástico, no qual o carregamento ultrapassa o limite de escoamento do

material. Todavia, componentes mecânicos falham sem que tenham sido

carregados até o seu limite de projeto, devido à propagação de trincas. Em metais,

as trincas podem ser observadas, por exemplo, nas regiões que apresentem

diferentes taxas de solidificação, nos locais atacados por hidrogênio (soldas), nos

materiais submetidos à fadiga ou à corrosão sob tensão. Tecnicamente, é correto

afirmar que todos os materiais apresentam potencial para nucleação de trincas

desde sua fabricação, haja vista as imperfeições nos seus arranjos microestruturais

que são agravados pelas condições ambientais e de serviço.

A fim de facilitar o estudo da mecânica da fratura, esta área de

conhecimento foi dividida em duas sub-áreas: a mecânica da fratura linear-elástica

(MFLE) e a mecânica da fratura elasto-plástica (MFEP).

Anderson (1994) expõe em sua obra que os conceitos de mecânica da

fratura vêm sendo aplicados desde a década de 60, em materiais que obedecem à

lei de Hooke. Entretanto, também ressalta que desde 1948 estudos são conduzidos

propondo a modelagem de correções para a plasticidade em pequenas escalas em

estruturas com comportamento global linear elástico. A presente dissertação tratará

dos aspectos relativos à MFLE, uma vez que o compósito a ser estudado apresenta

comportamento global linear elástico, com fratura frágil. Callister (2008) explica que

uma característica da fratura frágil é a sua ocorrência sem qualquer deformação

apreciável, associada a uma rápida propagação da trinca em uma direção

aproximadamente perpendicular à direção de aplicação da tensão de tração.

O estudo é feito baseando-se na energia liberada durante a abertura da

trinca e nos fatores de concentração de tensão (K). Inglis (1913) e Griffith (1920)

deram início a estes conceitos, parametrizando-os matematicamente.

2.5.1 FRATURA NO NÍVEL ATÔMICO

A fratura ocorre quando são aplicados tensão e trabalho no material,

capazes de romperem as suas ligações atômicas. A força da ligação atômica está

48

Page 50: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

associada à atração existente entre os núcleos, conforme poderá ser observado nas

FIG. 2.11 e 2.12.

FIG. 2.11: Distância interatômica (Anderson, 1994)

FIG. 2.12: Energia potencial e força como funções da distância de separação atômica (Anderson, 1994)

Observa-se na FIG. 2.12 que o estado de equilíbrio entre as forças trativa e

49

Page 51: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

compressiva ocorre quando a energia potencial é mínima. Para que ocorra a ruptura

da ligação atômica, a força aplicada deve superar o valor da força coesiva.

Anderson (1994) cita que para pequenos deslocamentos, a relação de força e de

deslocamentos é linear.

A EQ. 2.38 explicita a tensão coesiva (σc) em função do módulo de

elasticidade, da energia de superfície por unidade de área (γs) e da distância

atômica (x0).

σ c=√ E γs

x0(2.38)

2.5.2 BALANÇO DE ENERGIA DE GRIFFITH

Griffith (1920), com referência à primeira lei da Termodinâmica, aplica esse

conceito à Mecânica da Fratura. Propõe que por ocasião da formação da trinca, há

uma rápida destruição das ligações trativas que agem na superfície fraturada,

liberando energia. No instante seguinte, uma energia potencial devida à deformação

retoma seus valores originais. Todavia, não sendo este um estado de equilíbrio,

aplica-se o Teorema da Mínima Energia Potencial, pelo qual a energia potencial

reduz-se até atingir uma condição de equilíbrio.

Considerando-se uma placa submetida a uma tensão constante, contendo

uma trinca de comprimento 2a<<w (sendo “w” a largura da placa, conforme FIG.

2.13) e na qual o EPT seja dominante, a Teoria de Griffith sugere que o balanço de

energia para um incremento na área fraturada (dA) pode ser dado pela EQ. 2.39.

50

Page 52: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

dEdA

=d ΠdA

+dW s

dA=0 (2.39)

Sendo “E” a energia total do sistema, “Π” a energia potencial (dada pela

energia interna de deformação e pelas forças externas) e “W s” o trabalho destinado

a criar novas superfícies, Griffith (1920) chegou à seguinte expressão, dada pela

EQ. 2.40:

σ f=√ 2 E γs

πa(2.40)

2.5.3 EQUAÇÃO DE GRIFFITH MODIFICADA

Uma vez que a EQ. 2.40 é válida apenas para sólidos frágeis ideais (vidros,

por exemplo), seus resultados são subestimados se obtidos para materiais dúcteis.

Irwin (1948) e Orowan (1948) modificaram a equação de Griffith e obtiveram

uma expressão que se adéqua aos materiais com falha plástica. Tal expressão está

51

FIG. 2.13: Trinca passante numa placa submetida a uma tensão trativa remota (Anderson, 1994)

w

Page 53: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

indicada na EQ. 2.41:

σ f=√ 2 E (γs+γ p)πa

(2.41)

“γp” é o trabalho plástico por unidade de área de superfície criada e é

tipicamente muito maior que “γs”. Ressalte-se aqui a diferença entre “área de fratura”

e “área superficial”: enquanto a primeira refere-se à área projetada da trinca (na FIG.

2.13 A=2aB), a segunda diz respeito à superfície da trinca como um todo, ou seja,

“2A”.

2.5.4 TAXA DE LIBERAÇÃO DE ENERGIA

Irwin (1956) propôs que a taxa de liberação de energia “G”, conforme

apresentado na EQ. 2.42, é a medida de energia disponível para um incremento de

extensão da trinca.

G=−d ΠdA

(2.42)

Para uma placa de grandes dimensões (FIG. 2.13) com relação ao

comprimento da trinca (2a) , frágil e submetida ao EPT, o valor de “G” toma o valor

da EQ. 2.43:

G=πσ2aE

(2.43)

2.5.5 FATOR DE INTENSIDADE DE TENSÕES

Anderson (1994) observa que cada modo de carregamento produz uma

singularidade na ponta de uma trinca elíptica, proporcional a uma constante “k”, a

um fator “fij” (dependente do modo de carregamento) e a um fator inversamente

proporcional à raiz quadrada do raio da ponta da trinca, (1/r)0,5. A FIG. 2.14 ilustra

um elemento infinitesimal próximo à ponta da trinca.

52

Page 54: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

Por conveniência matemática, o fator “k” é substituído por “K”, denominado

fator de intensidade de tensões, de acordo com a EQ. 2.44.

K=k √2π (2.44)

O fator de intensidade de tensões é uma função dos modos de falha

ilustrados na FIG. 2.15 e o campo de tensão para um material isotrópico linear

elástico é dado pela EQ. 2.45.

limr→0

σ(α)ij=

K (α)

√2π rf (α)

ij(θ) ∀ α=I , II , II (2.45)

Um modo misto de carregamento pode ser calculado pela superposição dos

modos I, II e/ou III, a depender do problema em questão. A EQ. 2.46 apresenta tal

solução.

σ totalij=σ I

ij+σ IIij+σ III

ij (2.46)

A TAB. 2 apresenta os campos de tensão, deformação e deslocamento para

53

FIG. 2.14: Coordenadas na ponta da trinca (Anderson, 1994)

FIG. 2.15: Modos de carregamento e falha (Anderson, 1994)

Page 55: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

cada modo de carregamento, em função das coordenadas polares do ponto de

interesse.

TAB. 2: Campos de tensão, deformação e deslocamento para materiais isotrópicos lineares elásticos

Modo I Modo II Modo III

σxxK I

√2πrcos(θ2 )[1−sin( θ2) sin( 3θ

2 )] −K II

√2πrsin(θ2 )[2+cos(θ2 )cos( 3θ

2 )] 0

σyyK I

√2πrcos(θ2 )[1+sin( θ2) sin( 3θ

2 )] K II

√2πrsin(θ2 )cos(θ2 )cos( 3θ

2 ) 0

σzz0 - EPT 0 - EPT 0

ν(σxx+σyy) - EPD ν(σxx+σyy) - EPD 0

τxyK I

√2πrcos(θ2 )sin(θ2 )cos( 3θ

2 ) K II

√2πrcos(θ2)[1−sin(θ2 )sin( 3θ

2 )] 0

τxz 0 0 −K III

√2πrsin(θ2 )

τyz 0 0K III

√2πrcos(θ2)

uxK I

2μ √ r2π

cos(θ2 )[κ−1+2sin2(θ2 )] K II

2μ √ r2π

sin(θ2)[κ+1+2cos2(θ2 )] 0

uyK I

2μ √ r2π

cos(θ2 )[κ+1−2cos2(θ2 )] −K II

2μ √ r2π

cos(θ2 )[ κ−1−2sin2(θ2)] 0

uz 0 0K III

√2πrsin(θ2 )

ν Coeficiente de Poissonμ Módulo de cisalhamento

EPD κ=3-4νEPT κ=(3-ν)/(1+ν)

Anderson (1994), ao discorrer sobre os efeitos das dimensões da placa

sobre a concentração de tensões, ilustrado na FIG. 2.16, afirma que as linhas de

força fazem surgir uma componente na direção “x”, perpendicular à direção de

aplicação das tensões trativas, que causa influência na intensificação das tensões

na ponta da trinca.

54

Page 56: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

Diversas expressões foram sugeridas e ratificadas em análises por

elementos finitos. Tais expressões levam em consideração a relação entre o

comprimento da trinca e a largura da placa (a/W), pois ao se aproximar da unidade,

esta relação impõe a KI um comportamento assintótico, como poderá ser observado

na FIG. 2.17. A EQ. 2.47 apresentará uma dessas soluções, que varia conforme a

configuração geométrica de cada corpo de prova analisado.

55

FIG. 2.16: Efeito da concentração de tensões sobre a largura da placa (Anderson, 1994)

FIG. 2.17: Comparação entre as correções devidas à largura finita para um CP tipo CCT (Center Cracked Tension) (Anderson, 1994)

Page 57: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

K I=σ√π a[ 2Wπa

tg( πa2W)]12 (2.47)

Genericamente, tais funções são representadas conforme a EQ. 2.48:

K (I , II , III )=Y σ √πa (2.48)

2.5.6 RELAÇÃO ENTRE K E G

Enquanto o fator “K” caracteriza um material quanto ao comportamento

mecânico de uma fratura existente, segundo suas tensões, deformações e

deslocamentos nas proximidades da ponta da trinca, o parâmetro “G” quantifica a

mudança líquida de energia potencial que acompanha um incremento na extensão

da trinca. Este descreve o comportamento global do material, enquanto aquele é um

parâmetro local. Para materiais lineares elásticos, “K” e “G” estão relacionados.

A EQ. 2.49 indica tal relação, no caso de metais.

G=(K I )

2

E ' { E '=E⇒ EPT

E '= E1−ν2 ⇒ EPD (2.49)

Gomes Filho et al. (2011) apresentam a relação da EQ. 2.50, para o caso

dos materiais compósitos laminados ortotrópicos:

E '= √2 E1 E2

√√ E1

E2−ν12+

E1

2G12

(2.50)

2.5.7 RELAÇÃO ENTRE EPT E EPD

A maioria das soluções da mecânica da fratura, afirma Anderson (1994),

reduz o problema a um caso bidimensional. Isto implica em ao menos uma das

tensões/deformações principais ser nula. Todavia, as situações reais são

tridimensionais e há certos limites a serem observados para que as aproximações

56

Page 58: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

possam ter validade.

A FIG. 2.18 ilustra o estado triaxial de tensões quando r<<B.

Para adotar o parâmetro “K” como um critério de falha, e portanto avaliar

seu valor crítico “KIc”, é necessário que a zona plástica seja pequena se comparada

com a espessura do CP. Se a zona plástica é muito grande, o valor de “K Ic” é

influenciado, conforme ilustrado pelo esquema da FIG. 2.19.

Valores adotados para o estudo dos metais indicam que o valor do raio

plástico do material deve ser da ordem de 1/50 das dimensões do CP para que o

valor de KIc seja independente do tamanho. Ou seja, é importante que o material

57

FIG. 2.18: Estado triaxial de tensões próximo à ponta da trinca (Anderson, 1994)

FIG. 2.19: Efeito da espessura na resistência à fratura de um CP submetido ao Modo I (Anderson, 1994)

Page 59: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

esteja em EPD. Todavia, relações superiores às observadas experimentalmente não

necessariamente invalidam o valor de KIc, e valores obtidos em laboratório para K ic

de materiais em EPT são aplicáveis a estruturas feitas do mesmo material, nas

mesmas condições (Anderson, 1994).

2.5.8 TRABALHO ESSENCIAL DE FRATURA (EWF)

O princípio do método EWF baseia-se na proposição de que a energia

relacionada à fratura de um material elasto-plástico pode ser dividida em dois

componentes: o trabalho essencial de fratura e uma parte não-essencial. A primeira

parte se desenvolve em uma região em torno da ponta da trinca, denominada região

final (end-region) e é específica do processo de fratura, admitindo-se portanto que

seja uma propriedade do material. O restante da energia total de fratura, controlado

pelo comprimento do segmento não fraturado (ligamento) do CP e dependente da

configuração geométrica, é relacionado a uma deformação plástica e difusa que

ocorre em uma região externa (outer-region) à ponta da trinca. Esta região envolve a

anterior e é necessária para acomodar as largas deformações que ocorrem naquela.

O método consiste em calcular a energia a partir da área sob a curva de

carga versus deslocamento obtida por vários ensaios de CP com diferentes

comprimentos de ligamento, até que todo o ligamento tenha apresentado

escoamento. As informações obtidas deverão ser plotadas em gráfico de trabalho

de fratura total específico versus comprimento do ligamento, a fim de se obter o

trabalho específico de fratura, por regressão linear, conforme ilustrado na FIG. 2.20.

58

Page 60: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

É possível dividir a energia total de fratura em uma parte que é consumida

ao longo da linha de fratura e outra que é consumida em determinado volume de

material que circunda a trinca. Para metais e plásticos, Clutton (2001) observa que o

volume da região externa é proporcional ao quadrado do comprimento do ligamento.

Dessa forma, a energia total absorvida no processo de fratura, W f, pode ser dada

pela EQ. 2.51:

W f=∫ f Δ x=W e l t+βW p l2t (2.51)

Os parâmetros são assim definidos:

• We – trabalho essencial de fratura, dissipado na zona de processo de

fratura;

• β - fator de forma relacionado com a dimensão da zona plástica normal

à linha da trinca;

• Wp – trabalho plástico não essencial, dissipado por unidade de volume

do material.

Em uma fase inicial, o objetivo da investigação concentrou-se em levantar o

parâmetro de energia denominado Trabalho Essencial de Fratura (do inglês,

Essential Work of Fracture – EWF) da camada de material compósito que tem

59

FIG. 2.20: Esquema básico do método EWF e as restrições geométricas para o CP tipo DENT (Peres, 2009)

Page 61: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

apresentado falha prematura, conforme apresentado em Clutton (2001). Todavia, de

uma análise experimental preliminar acerca do comportamento mecânico (tensão

versus deformação) do material de interesse, observou-se que o material apresenta

deformação linear elástica até a ruptura frágil. Por esse motivo, não ficou

evidenciado comportamento na região plástica que justificasse a análise do trabalho

não essencial de fratura, que é a energia correspondente à dissipação pelo trabalho

plástico realizado pelo material quando carregado até a ruptura.

2.5.9 FADIGA

Na década de 1960, Paris et al (1961) demonstraram que a fadiga é um

importante fator a ser considerado na mecânica da fratura e seu comportamento é

característico de um material.

Um comportamento característico do crescimento da trinca é apresentado

pela FIG. 2.21, na qual (Δσ)3>(Δσ)2>(Δσ)1:

A similaridade entre materiais submetidos a fadiga deve-se tanto a um

parâmetro de carregamento quanto a um fator de intensidade de tensões. Se a zona

plástica é suficientemente pequena para estar contida na zona de singularidade

elástica, então as condições na ponta da trinca são unicamente definidas pelo valor

de “K” e a taxa de crescimento da trinca é caracterizada por “Kmin” e “Kmax”. Logo, a

relação da EQ. 2.52 é observada:

60

FIG. 2.21: Aumento no comprimento da trinca "a" a partir do comprimento inicial "ai", em função do número de ciclos para

3 intervalos de tensão (Shigley et al, 2005)

Page 62: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

dadN

= f 1(ΔK , R) { ΔK=K max−K min

R=K min

Kmax=σmin

σmax

N−Número deciclos

(2.52)

Muitas equações empíricas (f1) têm sido propostas para modelar o

comportamento em fadiga de um material. A partir delas, é possível estimar o

número de ciclos necessários para propagar uma trinca de um comprimento inicial

“a0” até um comprimento final “af”. A EQ. 2.53 integra a EQ. 2.52, para explicitar o

valor de “N” procurado.

N=∫a0

a f daf 1(ΔK , R)

(2.53)

A FIG. 2.22 ilustra o comportamento típico do crescimento de uma trinca em

metais. A curva sigmoidal contém 3 regiões distintas, dentre as quais a região II é

linear, mas com valores de ΔK desviando da linearidade em valores altos e baixos

da relação (regiões I e III).

Shigley et al (2005) explicam que a região I (threshold) corresponde ao início

de uma ou mais microtrincas causadas por deformação plástica cíclica; a região II

compreende a progressão de micro a macrotrincas; e a região III corresponde ao

ciclo de cargas final, quando o material remanescente não pode suportar as cargas,

resultando numa falha rápida e repentina. A região I apresenta o valor limiar de ΔK I,

abaixo do qual uma trinca não cresce.

Classificam também a fadiga de acordo com o número de ciclos: se

61

FIG. 2.22: Comportamento típico de crescimento de trinca em metais (Anderson, 1994)

Page 63: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

1<N<103 ciclos, denomina-se fadiga de baixo ciclo; se N>103 ciclos, ocorre a fadiga

de alto ciclo.

Paris e Erdogan (1960) apresentaram em seu trabalho uma relação para o

crescimento da trinca na região II. Tal relação é apresentada pela EQ. 2.54 como

uma descrição do comportamento do material no gráfico log-log característico.dadN

=CΔK m (2.54)

A integração da EQ. 2.53, nos moldes apresentados pela EQ. 2.54, permite

o cálculo do número de ciclos para que a trinca cresça de um comprimento inicial

“a0” até um comprimento final “af”. Esta expressão, aplicada a uma chapa com uma

trinca vazante com fator de forma Y=1, é apresentada pela EQ. 2.55:

N f=a f

−m2 +1

−a i

−m2 +1

[−m2+1]C (Δ σ)mπ

m2

(2.55)

2.6 MECÂNICA DA FRATURA DE MATERIAL COMPÓSITO DE MATRIZ

EPOXÍDICA

A natureza dos materiais compósitos difere muito daquela observada nos

materiais metálicos, por muitos motivos. Como principais aspectos podem ser

observados aqueles relativos à microestrutura nos dois casos, em que geralmente o

material metálico pode ser tratado como um material homogêneo, enquanto o

material compósito é analisado em fases, podendo conter camadas com cada uma

delas apresentando um alto grau de anisotropia.

Some-se a isto os casos em que os materiais possuem como fase matriz um

polímero, como é o caso do epóxi. A degradação deste material devido a altas

temperaturas ou a outros fatores associados a atmosferas agressivas requer

especial atenção. Weber (2010), em sua tese de doutorado, defende que a

degradação de polímeros deve-se a diversos fatores, a saber: radiação luminosa,

calor, oxidação pelo ar, hidrólise, ação de produtos químicos, ação de micro-

organismos (enzimas), ação antrópica e de outros animais, ação mecânica e

62

Page 64: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

radiações ionizantes. Tais fatores podem implicar em mudanças no peso molecular

e na composição química do polímero, acarretando alteração na aparência e nas

propriedades mecânicas (Gijsman, 2008), degradando-o.

Importante observar a diminuição de valores das propriedades mecânicas

nos casos em que possam ocorrer a delaminação entre as camadas ou a decoesão

entre a matriz e a fibra. A diferença nos módulos de elasticidade dos materiais

constituintes pode contribuir para que ocorra a separação entre as interfaces,

quando o material compósito é submetido a grandes deformações.

Todos esses fatores impõem criteriosa análise quando for realizada a

bateria de ensaios durante a investigação do comportamento do compósito. A

princípio, o material deverá ser analisado nas condições de operação do

componente do qual foi extraído, para que os dados sejam realísticos e permitam

inferências capazes de oferecer respostas técnicas imediatas.

A presente dissertação considera que, uma vez observada a trinca passante

no material investigado, a análise será feita sobre o comportamento mecânico do

ponto de vista macroestrutural, no qual as respostas serão obtidas sob um enfoque

global, guardadas as devidas similaridades entre as condições de ensaio e a

disposição do material no componente de origem.

63

Page 65: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 MATERIAL

O material compósito analisado foi retirado de uma pá do rotor principal da

aeronave HA-1 Esquilo. Esta caracterização se tornou de grande importância

porque seus componentes eram desconhecidos e não foram fornecidos pelo

fabricante. É importante destacar que os materiais compósitos de alto desempenho

são permanentemente aperfeiçoados pela indústria aeronáutica, demandando

elevado nível de pesquisa e desenvolvimento, o que mantém o produto cercado de

sigilo, por questões de proteção de mercado (Rezende et al, 2011). Este fato resulta

em grande custo por parte dos pesquisadores, o que implica em manutenção de

segredo acerca das práticas e do conhecimento adquirido no processo de

desenvolvimento tecnológico.

Para a realização das análises mecânicas, foi necessário previamente

caracterizar o material amostrado por meio de análises físico-químicas e em

observações microscópicas, conforme será discutido nesta Seção.

Além de aparelhagem e vidraria comuns aos laboratórios de pesquisa,

foram empregados os seguintes equipamentos:

• Microscópio eletrônico de varredura marca JEOL, modelo JSM 5800LV (1);

• Analisador térmico marca Shimadzu, série TA-50, controlado por

computador (2);

• Paquímetro digital marca Mitutoyo, modelo IP67;

• Balança digital marca Gehaka, modelo AG200, precisão de 0,1 mg (1);

• Espectrômetro no infravermelho marca Perkin-Elmer, modelo Spectrum

100, com acessório de amostras modelo ATR Universal (2);

• Máquina de ensaios mecânicos universal marca EMIC, modelo DL

64

3

Page 66: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

10000, controlada por computador (1);

• Durômetro Time modelo shore hardness tester TH 210 (1);

• Estação total marca Topcon, série CTS-3000 (3);

• Sistema de aquisição de dados HBM, modelo Spider 8 (1);

• Máquina de ensaios mecânicos universal marca Instron, modelo

Electropuls E3000 (4);

• Strain-gage marca Kyowa, modelo KFRP-5-350-C1-9;

• Estereoscópio marca Zeiss, modelo Stemi 2000-C (1);

• Helicóptero HA-1 Esquilo (5).

(1) Seção de Engenharia Mecânica e de Materiais – SE/4, IME;

(2) Seção de Engenharia Química – SE/5, IME;

(3) Seção de Engenharia Cartográfica – SE/6, IME;

(4) Instituto Nacional de Tecnologia, INT;

(5) Batalhão de Manutenção e Suprimento de Aviação do Exército, Btl Mnt Sup Av

Ex.

3.2 MÉTODOS

3.2.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA

O manual de reparo das pás do rotor principal CT 62.10.10.786 (HELIBRAS,

2010) indica as fibras de vidro como material de reparo, dispensando maiores

análises quanto à sua composição química. Entretanto, os aspectos relativos ao seu

diâmetro e à organização nos feixes do tecido serão levantados oportunamente

nesta caracterização.

Para a caracterização da matriz epoxídica, Mano e Mendes (2000) propõem

que o polímero seja submetido a uma tentativa de solubilização em diversos

solventes, a fim de se verificar se pertence ao grupo dos polímeros termorrígidos

químicos não-borrachosos (Grupo XVI), subgrupo dos alquil-aromáticos – resina

epoxídica (ER). Para tal, foram realizadas análises químicas orientadas segundo

procedimentos indicados na referida literatura, a fim de se coletarem as evidências

65

Page 67: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

iniciais necessárias à identificação do epóxi na matriz. Estas análises constituem

uma fase inicial da investigação, com o objetivo de reunir indícios para outras

análises mais profundas, sobre a natureza da matriz, em conformidade com os

relatos fornecidos por ocasião da coleta de dados em pesquisa de campo, na

Organização Militar responsável pela manutenção das aeronaves (Btl Mnt Sup Av

Ex).

3.2.1.1 VERIFICAÇÃO DA FUSIBILIDADE

Mano e Mendes (2000) recomendam em sua obra que o polímero cuja

natureza se deseja analisar seja submetido a uma adição de calor, a fim de que seu

comportamento o distinga como sendo um termoplástico ou termorrígido. O

procedimento a ser seguido encontra-se no Painel 75 da publicação, conforme

ensaio 3B.

Para tal, uma amostra do material foi cortada por meio de uma guilhotina

para chapas metálicas e submetida à carbonização em um tubo de ensaio.

Com o apoio da Seção de Engenharia Química (SE/5), foi utilizado um de

seus laboratórios para que o tubo de ensaio fosse aquecido com o auxílio de um

bico de Bunsen.

3.2.1.2 IDENTIFICAÇÃO DA RESINA EPOXÍDICA POR SOLUBILIZAÇÃO

O método consiste em preparar 8 amostras em tubos de ensaio, contendo

cada um de 2 a 5 ml dos seguintes solventes: acetato de etila, acetona, água,

benzeno, clorofórmio, metanol, tetra-hidrofurano e heptano. Na sequência, mantém-

se a mistura por 10 minutos a frio, observando o comportamento. Em caso de não

ocorrer a dissolução do polímero, aguardar por 12 horas. Persistindo a situação,

aquecer a mistura e observar os resultados.

Os procedimentos acima foram seguidos, exceto pelo aquecimento do tetra-

66

Page 68: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

hidrofurano, por questões de segurança.

3.2.1.3 DETERMINAÇÃO DA DUREZA

Também recomendado pelos autores do ensaio anterior, o procedimento

consiste em obter uma dureza da superfície com valor maior que 30 Shore-D, de

maneira a confirmar que o material da matriz trata-se de um plástico e não de uma

borracha.

3.2.1.4 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE RELATIVA

Outro método recomendado consiste em mergulhar a amostra em um

béquer com água. Uma vez que a amostra afunde, a densidade (ρ) assume valor

maior que 1, relativamente à massa específica da água.

Uma amostra do compósito foi mergulhada em água, afundando. Em razão

da pequena espessura da fase matriz, é inviável recolher uma amostra contendo

somente o polímero, sem que esta contenha também resíduos de fibra.

Como será discutido, é esperado um valor em torno de 33% em massa

relativo à fase matriz. Canevarolo (2004) informa que a fibra de vidro “tipo E” possui

ρ=2,54 g/cm3 e por análise térmica foi possível calcular as massas das fases do

compósito. Para se chegar à massa específica da matriz (ρM) seria necessário

conhecer ou o volume da matriz ocupado na amostra, ou a fração volumétrica (Vf)

do reforço. Rezende et al (2011) sugerem o processo de digestão ácida,

normatizado pela ASTM D3171, de modo a ser aplicada a EQ. 3.1.

mM

mF=ρMρF (1−V f

V f ) (3.1)

A norma D3171-09 recomenda o cálculo da densidade do CP em g/cm 3,

conforme a EQ. 3.2.

67

Page 69: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

ρc=M i

1000Ah(3.2)

Onde “Mi” é a massa do CP, em g; “A” é a área do CP, em m2; “h” é a

espessura do CP, em mm. Especial atenção deve ser dada à presença de vazios,

que encontram-se presentes nos materiais compósitos. Rezende et al (2011), em

sua discussão sobre o conteúdo crítico de vazios em compósitos poliméricos,

relatam que os vazios são originados pela formação de bolhas devido à saída de

voláteis durante a cura do sistema de resina polimérica termorrígida, pelo uso de

resina com viscosidade elevada – associado ao fato das fibras não serem molhadas

homogeneamente – pela entrada de ar no sistema do laminado, dentre outras

causas. Considerando-se que o material em estudo é de alto desempenho para

utilização em estruturas aeronáuticas e que o material foi retirado de um

componente acabado, espera-se que a fração volumétrica de vazios neste caso seja

desprezível. Portanto, será empregado o método II (baseado na medida da

espessura do laminado) da norma de referência para o cálculo do percentual em

massa e volumétrico da fase matriz, que considera o volume de vazios igual a zero.

Após ser submetido a secagem em estufa, o CP foi medido com paquímetro

digital marca Mitutoyo, modelo IP67, nas condições normais de temperatura, de

umidade e de pressão.

Para o cálculo do percentual em massa da fase reforço foi utilizada a EQ.

3.3:

W f=Ar N 0,1ρc h

(3.3)

Onde “Wf” é o percentual em massa; “Ar” é a massa de uma camada de

reforço por unidade de área, em g/m2; “N” é o número de camadas; e “ρc” e “h” são

a densidade e a espessura do CP.

O cálculo do percentual em volume da fase reforço é dado pela EQ. 3.4.

V f =Ar N 0,1ρr h

(3.4)

“ρr” é a massa específica da fase reforço, em g/cm3.

Da EQ. 3.1, resulta a EQ. 3.5, que possibilita calcular a massa específica da

matriz, “ρm”.

68

Page 70: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

ρm=M mρrV f

M r (1−V f )(3.5)

3.2.1.5 INFLAMABILIDADE

Considerando-se que os polímeros orgânicos são inflamáveis, esta não é

uma propriedade esperada de um compósito que seja utilizado em uma pá de

helicópteros.

O material foi submetido à chama de um bico de Bunsen, até o

aparecimento de uma chama no corpo de prova.

3.2.1.6 ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA (TGA)

Uma amostra com 11,88 mg do compósito foi submetida ao forno do

analisador termogravimétrico Shimadzu, TGA-50, sob atmosfera de N2 (20 ml/min).

O aquecimento foi de 10°C/min, de 22,7°C até 800°C, para garantir que toda a fase

matriz tenha sido degradada, restando apenas a fase dispersa (fibra de vidro), cujo

ponto de fusão ocorre a temperaturas superiores a 1000°C.

3.2.1.7 ESPECTROSCOPIA INFRAVERMELHA POR TRANSFORMADA DE

FOURIER (FTIR)

O objetivo dessa análise é fornecer informações que auxiliem na

identificação da resina epoxídica como parte do composto a ser caracterizado, a

qual espera-se ser encontrada.

Através de um processo de raspagem, foi obtida uma quantidade suficiente

de material da matriz para análise em equipamento analisador de FTIR Perkin

69

Page 71: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

Elmer, Spectrum 100, com acessório de amostras modelo ATR Universal.

Conforme observado na FIG. 3.1, a resina epoxídica é caracterizada pela

presença de grupamento oxirano (nomenclatura conforme a IUPAC: epoxietano, de

acordo com a FIG. 3.1) nas extremidades da cadeia e pela presença de anéis

aromáticos e um grupamento hidroxila no interior do mero. Portanto, numa análise

de FTIR, é esperado que em certos casos estruturas semelhantes apresentem

números de onda se não coincidentes, ao menos próximos, caso o material em

estudo possua tais estruturas em sua composição química.

Silverstein et al (2005), afirmam que a frequência do comprimento de onda

da luz incidente absorvida depende da massa relativa dos átomos, das forças entre

as ligações atômicas e da geometria dos átomos. Ressaltam também que certas

vibrações fundamentais não aparecem no espectro infravermelho (IR) devido à

ausência de mudança no dipolo molecular.

3.2.1.8 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)

As micrografias por MEV tiveram por objetivo verificar as dimensões das

fibras, conhecendo-se o seu diâmetro, bem como estimar a densidade de fibras por

feixe em cada região do tecido. Assim, a determinação da quantidade de fios por

feixe será um dado relevante para a caracterização do material a ser ensaiado.

As amostras foram submetidas preliminarmente a uma fina camada de

carbono, a fim de permitir a passagem de corrente elétrica sobre a superfície não

condutora dos corpos de prova. Então, foram observadas no microscópio eletrônico

de varredura.

70

FIG. 3.1: Epoxietano (Óxido de Etileno - Wikipedia)

Page 72: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

3.2.2 ENSAIOS MECÂNICOS

3.2.2.1 ENSAIO DE TRAÇÃO

Com o objetivo de verificar a tensão de ruptura do material, seu coeficiente

de Poisson e seu modo de falha, corpos de prova com dimensões recomendadas

pela norma ASTM D3039 foram submetidos ao carregamento axial na máquina de

ensaios marca EMIC, anteriormente citada. A taxa de carregamento foi de 2

mm/min. O CP foi retirado do componente com o uso de uma serra de disco,

segundo dimensões muito maiores que as medidas finais, com o objetivo de

prevenir possíveis influências nas bordas devidas ao aquecimento. Após um corte

adicional com o uso de uma guilhotina para chapas de aço, o acabamento do

contorno foi feito progressivamente pelo uso de politriz com lixas finas (finalização

com lixa número 600), com arrefecimento a água, a fim de evitar o aquecimento das

bordas e consequente alteração nas propriedades locais do material.

O coeficiente de Poisson foi obtido pela instrumentação do CP com um

strain-gage marca Kyowa, modelo KFRP-5-350-C1-9, com resistência elétrica de

349,4 ± 0,6 Ω. Os dados foram coletados e processados pelo analisador HBM,

modelo Spider 8, que forneceu a quantidade de deformação transversal em função

do tempo decorrido durante o ensaio.

A FIG. 3.2 ilustra o CP instrumentado, com a conexão ajustada para o

acoplamento no analisador.

71

Page 73: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

FIG. 3.2: Corpo de prova instrumentado

Foram analisados 3 CP com as seguintes dimensões: comprimento de 250

mm, largura de 25 mm. A espessura de dois CP foi de 0,65 mm, tendo estes apenas

duas camadas de tecido de fibras, orientadas a 0/90°, enquanto um outro CP

apresentou espessura de 1,2 mm, com 4 camadas de fibras, conforme discutido na

Seção 4.3.1, Pág. 105.

O objetivo de tais ensaios, com CP de dimensões distintas, foi avaliar

qualitativamente suas propriedades mecânicas, de maneira a serem estimados

valores para aplicação em ensaios de mecânica da fratura.

3.2.2.2 ENSAIO DE RESISTÊNCIA À FRATURA

A norma ASTM E1922-04 sistematiza os ensaios para a obtenção do fator K

em materiais compósitos, definido como parâmetro de resistência à fratura

translaminar (KTL).

Para tanto, foram preparados 3 CP do tipo “carregamento excêntrico –

entalhe em apenas um bordo” ESE(T) com comprimento de 60 mm, largura de 15

mm e espessura de 0,6 mm, contendo 2 camadas de tecido de reforço, semelhante

ao apresentado na FIG. 3.7. Os furos possuem diâmetro de 3 mm. As FIG. 3.3 e 3.4

ilustram uma amostra, pronta para o ensaio.

72

CONEXÃO

STRAIN GAGE

CORPO DE PROVA

Page 74: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

FIG. 3.3: CP pronto para o ensaio (vista frontal)

FIG. 3.4: CP pronto para o ensaio (vista lateral)

O entalhe foi feito com lâmina de espessura 0,3 mm, iniciando-se no centro

do bordo lateral até atingir 50% da largura do CP.

As dimensões finais foram alcançadas por processo de polimento

arrefecido, nos mesmos moldes dos CP para ensaio de tração.

Para o acoplamento do CP no sistema de fixação da máquina de ensaios de

tração, conforme FIG. 3.5, foram fabricadas peças ilustradas pela FIG. 3.6 e com as

73

CPACOPLAMENTOSACOPLAMENTOS

Page 75: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

dimensões apresentadas no Apêndice III (Pag. 126).

FIG. 3.5: Máquina de ensaios universal eletromecânica Instron

FIG. 3.6: Acoplamento para o CP

A velocidade de carregamento foi ajustada para a falha entre 30 e 100 s,

assumindo um valor de 125 N/min.

Em virtude de se saber previamente pelo ensaio de CP não normatizado

que a fratura ocorreria em modo frágil, com alta taxa de propagação, o comprimento

da trinca no momento de pico de tensão foi considerado igual ao valor inicial na

74

Lupa

Page 76: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

pré-trinca, ou seja, 50% da largura.

A norma de referência oferece a seguinte expressão para o cálculo de KTL,

apresentada pela EQ. 3.6:

K=[ PBW 1 /2 ]α1 /2 [1.4+α][3.97−10.88α+26.25α2−38.9α3+30.15α4−9.27α5]

[1−α]3 /2(3.6)

α=aW

O fator de intensidade de tensões “K” aplicado é obtido em [MPa m 1/2], a

carga aplicada deve ser computada em [MN] e as dimensões do CP em [m].

3.2.2.3 ENSAIO DE FADIGA

As normas ASTM E647-08 e ISO 12108:2002(E) regulam o ensaio de

fadiga. Para tal, 4 CP tipo ESE(T) (FIG. 3.7) foram submetidos aos ensaios de

fadiga na máquina de ensaios universal eletromecânica Instron.

O planejamento do ensaio foi feito de acordo com os valores obtidos pelo

ensaio de tração, considerando-se inicialmente um valor de Kmax equivalente a 50%

da carga de ruptura. O valor de Kmin estabelecido foi de 10% do valor de Kmax,

definindo-se assim uma razão de 0,1.

Para fins de ajuste da máquina de ensaios, foram produzidos 5 CP da

região com 4 camadas de reforço e foram preparados 4 CP da região com 2

camadas de reforço, devido à similaridade com as características apresentadas na

região da trinca, para o ensaio propriamente dito.

As dimensões foram aquelas preconizadas pela norma, em função da

75

FIG. 3.7: CP tipo ESE(T)

Escala

Pré-trinca

Page 77: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

espessura “B”, de acordo com a FIG. 3.8.

A escolha deste tipo de CP, em detrimento de outras configurações, deveu-

se à pequena espessura da camada de revestimento, de maneira que fosse

atendida a relação recomendada pela norma. Tal relação encontra-se descrita na

EQ. 3.7.W20

≤B≤W4

(3.7)

As dimensões foram definidas de acordo com a TAB. 3.

TAB. 3: Dimensões dos CP tipo ESE(T)

Número de camadas B (mm) W (mm) Comprimento (mm)

2 0,6 12 44,44 1 20 74

O carregamento nominal máximo previsto inicialmente foi de 2415,5 N para

o CP de 4 camadas e de 869,58 N para o CP de 2 camadas. Tal definição foi devida

à tensão de ruptura obtida pelos ensaios de tração.

Cada ensaio recebeu uma sequência de ações denominada pelo fabricante

da máquina de ensaios como “método”. O método padrão consistiu em iniciar um

76

FIG. 3.8: Esquema do CP tipo ESE(T) (ASTM E647)

Page 78: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

carregamento a partir de 0N (descontando-se, neste caso, as cargas devidas ao

peso do acoplamento e outras cargas que surgiram durante o ajuste inicial)

linearmente até o valor de uma carga média entre o valor máximo para o CP e o

mínimo correspondente (10% do valor máximo). Este carregamento inicial foi

aplicado em 10 segundos, dando início a um segundo passo, cujo formato senoidal

foi ajustado informando-se o valor da “amplitude” desejada. Essa amplitude

corresponde à diferença entre o valor máximo e o valor médio, por definição do

fabricante do equipamento.

As pré-trincas foram feitas pela penetração de uma lâmina de 0,3 mm de

espessura, visando não haver perda de massa e possuir a ponta com um raio de

curvatura pequeno (Peres, 2009). Então, foi feito um entalhe por deslizamento da

lâmina até a profundidade de 2 mm e posteriormente foram dados pequenos

pressionamentos (tapping on) da mesma forma que são feitas as trincas em CP

poliméricos.

Uma vez que não foi possível instrumentar o CP com um extensômetro de

lâminas, tipo “clip-gage”, para se avaliar a evolução da abertura da trinca de acordo

com o número de ciclos, optou-se por fazer o acompanhamento por inspeção visual,

com a utilização de uma lupa especial com iluminação, conforme pode-se observar

na FIG. 3.5. Os CP foram submetidos à marcação de referências equidistantes de

0,5 mm na região do caminho esperado de propagação da trinca, para que se

pudesse registrar a relação entre o número de ciclos e o comprimento da trinca,

para um determinado valor de “ΔK”. A marcação (FIG. 3.7) foi feita utilizando-se

uma régua com calibração semelhante e uma lapiseira com ponta de grafite de 0,3

mm, afiada. A escolha desse método de marcação em contrapartida a uma

impressão mecânica de espaçamentos, tal qual se faz em CP metálicos, deveu-se à

natureza da matriz e das dimensões do CP, o que poderia introduzir defeitos e

implicar em erros no ensaio.

A partir da obtenção desses dados, seria possível estabelecer uma curva

“da/dN versus log ΔK”.

A frequência escolhida para a ciclagem, inicialmente, foi de 6,5 Hz, em

conformidade com a velocidade angular do rotor principal da aeronave em voo (390+4−5 RPM). Embora a frequência de ciclagem seja um fator de aumento da

77

Page 79: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

temperatura na ponta da trinca, influenciando nos resultados, a frequência

empregada está em conformidade com os ensaios realizados por Mandell e Meier

(1975), em material com propriedades semelhantes, os quais foram executados a 5

Hz.

78

Page 80: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A presente Seção tem por objetivo apresentar e discutir os resultados

obtidos neste trabalho.

4.1 ROTINA COMPUTACIONAL PARA LAMINADOS COM FIBRAS

UNIDIRECIONAIS

A seção 2.4 apresentou os fundamentos matemáticos para o cálculo e

projeto de placas laminadas, com fibras unidirecionais, multicamadas, submetidas a

determinados carregamentos em termos de forças e de momentos.

Uma rotina computacional foi implementada em software Scilab, buscando a

automatização dos procedimentos analíticos discutidos por Kaw (2006). Os

resultados apresentaram-se condizentes com os constantes na literatura de

referência, apresentando uma leve discrepância atribuída a critérios de

aproximação. Os valores calculados por Kaw (2006) e por Ramsaroop e Kanny

(2010) são restritos a duas ou quatro casas decimais em determinadas passagens

intermediárias. A rotina em Scilab não restringiu o número de casas decimais,

usando tantas quantas são disponíveis nas possibilidades do software. Os dados de

entrada são apresentados na TAB. 4.

79

4

Page 81: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

TAB. 4: Dados para o cálculo de estruturas laminadas grafite-epóxi

Propriedades do Material Limites do Material Forças

Momentos

E1

(GPa)E2

(GPa)G12

(GPa) ν12(σ1

T)ult

(MPa)(σ2

T)ult

(MPa)(σ1

C)ult

(MPa)(σ2

C)ult

(MPa)

(τ12)ult

(MPa)

N (N/m)

M (Nm/m)

181 10,3 7,17 0,28 1500 1500 40 246 68

1000 01000 0

0 0Espessura de cada camada (mm) 5Número de camadas 3Ângulo das fibras 0° 30° -45°

Kaw (2006)

De um modo simplificado e ilustrativo, têm-se os seguintes resultados

representativos da região central da camada 2, conforme apresentados na TAB. 5.

Os resultados completos por camada e por posição encontram-se no

Apêndice II, que apresenta os valores de saída da rotina computacional proposta,

em comparação com aqueles exibidos por Kaw (2006) e Ramsaroop e Kanny

(2010).

Observa-se que os valores estão todos muito próximos, o que permite

validar a rotina computacional apresentada.

TAB. 5: Valores comparativos para a região central da camada 2, apresentados por duas rotinas computacionais

Propriedade Kaw (2006) e Ramsaroop e Kanny (2010) Programa Laminados 2-D

Deformação Global na direção 1 (10-6 m/m) 0,3123 0,2727

Tensão Global na direção 1 (104 Pa) 10,630 10,634

Deformação Local na direção 1 (10-6 m/m) 0,7781 0,7136

Tensão Local na direção 1 (104 Pa) 15,02 14,91

Razão de Carga 1,1399 1,1322

80

Page 82: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

4.2 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA

4.2.1 VERIFICAÇÃO DA FUSIBILIDADE

Da análise dos dados da TAB. 6, há indícios de que o polímero seja

orgânico e termorrígido, segundo preconizado por Mano e Mendes (2000) em seu

manual de procedimentos para identificação de polímeros.

TAB. 6: Tabela de análise de fusibilidade

Evidência S N ObservaçõesFormação de vapores? X

Incolor? X Indicação de despolimerização (redução a um monômero ou a um polímero de menor peso molecular)

Volumoso? XColoraçãoAmarelada a acastanhada?

Não observado. Sua observação indicaria provável decomposição oxidativa da amostra

Forma de condensaçãoFormação de Gotículas? X Indicação de monômero despolimerizado

Solidificação de cristais na parede do tubo?

X

Odor? XVariação da cor do resíduo até a fase final

X Permaneceu com cor negra, indicando a presença de material orgânico

Crepitação? X

Pouca, possivelmente devido à deformação das fibras de vidro e não devido ao polímero; em se tratando de certeza de crepitação da fase matriz, indicaria resíduos de peróxido, geralmente empregado nos agentes de cura

Fundiu? XRestaram cinzas? X

Partindo-se da hipótese em que o polímero da fase matriz seja um epóxi

termorrígido, outros ensaios previstos na literatura de referência serão executados a

81

Page 83: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

fim de confirmar a natureza do material.

Após a análise de fusibilidade, foi possível observar no resíduo a distribuição

das malhas da fase dispersa, conforme as FIG. 4.1 e 4.2, o que permite verificar a

orientação das camadas do material de reforço.

FIG. 4.1: Camadas 1 (Esq) e 2 (Dir) mais internas à pá, nessa ordem

FIG. 4.2: Camadas 3 (Esq) e 4 (Dir) mais externas

Observa-se que as camadas mais internas (FIG. 4.1) possuem orientação a

-45/45°, enquanto as mais externas (FIG 4.2) estão em orientação a 0/90° na

amostra, em forma de sarja. A orientação das camadas mais externas alinha-se

82

Page 84: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

com a direção de propagação da trinca. É importante ressaltar que as malhas

alinhadas a 90° estão superpostas de maneira espelhada, e que foi observado que

a trinca ocorre no extradorso da pá, em uma região apresentando somente duas

camadas a 0/90°.

A FIG. 4.2 apresenta uma medição aproximada do feixe de fibras (bundles)

da malha a 90°, que se apresenta ligeiramente mais estreito que o da malha a 45°.

4.2.2 IDENTIFICAÇÃO DA RESINA EPOXÍDICA (ER) POR SOLUBILIZAÇÃO

Não foi possível observar dissolução do material em análise nos solventes

sugeridos por Mano e Mendes (2000), e este é um indicativo de se tratar de ER.

As amostras de compósito foram pesadas e os dados são apresentados na

TAB. 7. Observa-se que na falta de benzeno, optou-se por tolueno, por apresentar

menor toxicidade. Em geral, por similaridade das estruturas moleculares entre o

benzeno, o tolueno e o xileno, os compostos solúveis em um deles também são

solúveis nos demais. Por razões óbvias, o polímero não poderia se dissolver na

água e por isso não foi testado com este solvente.

Foram acrescentados ao método outros dois componentes, não previstos na

literatura: o xileno (mistura das três variedades: orto, meta e para) e o ácido

sulfúrico.

O aumento de massa do material sem a formação de solução viscosa

evidenciou duas possíveis ocorrências: permanência de solvente nas interfaces do

compósito (entre as camadas ou entre a fase matriz e a fase dispersa) ou, mais

provavelmente, a reticulação do material. Neste caso, e em concordância com a

literatura de referência, observa-se que o polímero é insolúvel nos solventes que

tenham apresentado inchamento, tratando-se de um polímero termorrígido químico.

83

Page 85: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

TAB. 7: Tabela de análise de solubilidade

Solvente Massa inicial (g) Massa final (g) ObservaçõesAcetato de etila 0,263 0,271 Aumento de massaAcetona 0,182 0,182 Sem alteraçãoÁgua - - Não testadoTolueno 0,186 0,186 Sem alteraçãoClorofórmio 0,297 0,313 Aumento de massaMetanol 0,218 0,218 Sem alteraçãoTetra-hidrofurano 0,218 0,223 Aumento de massaHeptano 0,176 0,176 Sem alteraçãoXileno - - Não pesadoÁcido sulfúrico 0,226 - Não pesado ao final

A amostra submetida ao xileno não foi pesada pois buscou-se apenas testar

o solvente, como uma alternativa ao tolueno. Caso apresentasse evidências de

solubilização, o método seria executado com os devidos rigores normativos. Não

tendo apresentado dissolução da matriz, este solvente foi logo descartado.

Similarmente à solubilização com o xileno, que não encontrava-se presente

nos procedimentos de Mano e Mendes (2000), o ácido sulfúrico também não estava

previsto no rol de substâncias a serem testadas. A partir do ataque com o ácido

sulfúrico esperava-se que a amostra tivesse sua matriz degradada quimicamente, o

que de fato ocorreu. Por esse motivo, dispensou-se a pesagem, em virtude de

esperar-se da análise um resultado qualitativo.

Quanto ao ataque por ácido sulfúrico, de imediato foi possível observar a

formação de solução em cor alaranjada, podendo indicar presença de anel

aromático, tal qual ocorre na resina epoxídica. Amostra similar à da FIG. 4.3 foi

exposta por 3 dias em um béquer no interior da capela do Laboratório de Análises

Térmicas e, ao final, ficou com a aparência ilustrada pela micrografia em

estereoscópio da FIG. 4.4.

84

Page 86: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

FIG. 4.3: Amostra antes do ataque químico

FIG. 4.4: Amostra após o ataque químico

4.2.3 DETERMINAÇÃO DA DUREZA

Após submeter uma amostra a um ensaio de dureza segundo a escala

Shore D no laboratório de ensaios mecânicos, verificou-se que a média de 5

medições apresentou valor de 92,5 unidades na citada escala. A boa prática de

85

Page 87: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

metrologia recomenda que os 3 primeiros valores sejam descartados, pois

correspondem à acomodação da ponta do equipamento. A TAB. 8 apresenta os

resultados obtidos.

TAB. 8: Valores obtidos no ensaio de dureza Shore D

Medição Valor Shore D1 92,12 92,13 89,04 92,35 92,16 93,17 92,38 92,7

Média 92,5Desvio Padrão 0,4

Conclui-se que o polímero é plástico, e não borrachoso, como já era

esperado para uma matriz epoxídica.

4.2.4 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE RELATIVA

Foram obtidos os seguintes valores, constantes da TAB. 9:

TAB. 9: Dados do CP

Medição Largura (mm) Altura (mm) Espessura (mm) Massa (g) Densidade

(g/cm3)1 13,58 51,05 1,04

1,31-2 13,45 51,15 1,09

3 13,28 51,08 1,09Média 13,43 51,09 1,07 1,78

O CP foi submetido então à volatilização da sua fase matriz em um bico de

Bunsen, até que tenha restado exclusivamente a fase de reforço. Após isso, as

malhas orientadas a 90° e a 45° foram submetidas a medição e pesagem, tendo

86

Page 88: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

sido obtidos os resultados constantes da TAB. 10:

TAB. 10: Dados da fase dispersa

Medição Largura (mm) Altura (mm) Espessura (mm)

Massa (g) de uma camada

Massa específica (ρr)

(g/cm3)

Malha com fibras a 90° 1 13,58 51,05 0,44

0,22 0,762 13,45 51,15 0,413 13,28 51,08 0,41

Média 13,43 51,09 0,42Malha com fibras a 45°

Medição Largura (mm) Altura (mm) Espessura (mm)

Massa (g) de uma camada

Massa específica (ρr)

(g/cm3)

1 13,58 51,05 0,41

0,22 0,802 13,45 51,15 0,40

3 13,28 51,08 0,38Média 13,43 51,09 0,40

Observa-se que os valores de massa específica presentes na TAB. 10

correspondem aos cálculos realizados de acordo com os dados obtidos. Isto ocorre

porque a espessura das camadas foi medida a partir de amostras de fibras

bidirecionais, o que causa superposição de feixes e, portanto, não condiz

geometricamente com a espessura real de uma malha da qual se deseja obter

propriedades físicas. Face ao exposto, o valor de massa específica utilizado será o

constante da literatura.

De acordo com os dados de Canevarolo (2004) sobre a massa específica da

fibra de vidro “tipo E” (ρr=2,54 g/cm3) , aplicando-se os dados da TAB. 10 na EQ.

3.4, conclui-se que Ar=320,63 g/m2 e que Vf=47,19%. Todavia, o valor de Vf é um

valor teórico e ideal, para compósitos isentos de descontinuidades (vazios e poros).

Ensaios baseados no método I (digestão ácida) da norma de referência são

recomendáveis para a obtenção do volume médio de vazios, o que causará uma

pequena diferença nos valores obtidos.

A volatilização completa da massa da fase matriz resultou em resíduo de 4

camadas de fase reforço, com massas iguais. A diferença mássica permite calcular

a massa da fase matriz, como sendo Mm=0,43g.

87

Page 89: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

Assumindo-se que o volume de vazios seja nulo e calculado o valor de V f,

decorre que Vm=52,81% é o percentual volumétrico da fase matriz e, aplicando-se

tais valores na EQ. 3.3, calcula-se que o percentual em massa da fase reforço é

W f=67,34%.

A TAB. 11 resume os valores calculados para uma amostra com 4 camadas,

desprezando o volume de vazios.

TAB. 11: Propriedades dos constituintes do material compósito

M(g) ρ(g/cm3) W(%) V(%)Matriz 0,43 1,11 32,66 52,81

Reforço 0,88 2,54 67,34 47,19

Dos cálculos, aplicados à EQ. 3.5 resulta que ρm=1,11 g/cm3.

De posse dessa informação e garantindo que ρm>1, é possível concluir que

o polímero não é um poli-hidrocarboneto de cadeia alifática (ρ<1). Como exemplos

de polímeros com ρ<1 podem ser citados: HDPE, LDPE, PP, PIB, EPDM, NR, IR,

IIR, BR.

4.2.5 INFLAMABILIDADE

A análise da inflamabilidade do material, quando submetido ao contato

direto de uma chama no bico de Bunsen, revelou que a chama é autoextinguível.

Em se tratando de matriz orgânica, é possível que o fabricante tenha adicionado

compostos à base de cloro ou de boro a fim de atribuir propriedade retardante de

chama ao material.

4.2.6 OUTROS ENSAIOS QUÍMICOS

Face ao objetivo da caracterização, que teve como principal meta garantir

que o material é composto por uma matriz epoxídica, outros ensaios recomendados

por Mano e Mendes (2000) não atenderiam às necessidades e foram

desconsiderados.

88

Page 90: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

Foram omitidos:

• Identificação do nitrogênio (ensaio 6);

• Identificação do fenol (C6H5OH) sem substituinte em posição orto (o-)

ou para (p-)(ensaio 17B).

Contudo, a adição de calor permitiu fazer observações citadas em outros

dois ensaios, também desprezados:

• Pirólise (ensaio 3A) – não foi observada a agressão ao tubo de ensaio

por ocasião do ensaio de fusibilidade, o que demonstra que não houve formação de

ácido fluorídrico. Consequentemente, não há indícios de haver na matriz um

polímero fluorado;

• Identificação sem cal do polímero estirênico (ensaio 24A) – a

dissolução em H2SO4 da fase matriz (e não do produto da pirólise, como recomenda

a referida literatura) apresentou uma coloração alaranjada. Isso pode indicar a

presença de anel aromático, desde que a cadeia carbônica tenha pelo menos 2

átomos de carbono. Embora a observação careça de maior rigor experimental,

oferece indícios de concordância com a estrutura molecular do epóxi, que apresenta

tais características, conforme pode ser observado na FIG. 2.6.

Os resultados obtidos até o momento indicam que o composto possui uma

matriz epoxídica reforçada com fibras de vidro, podendo ainda ter adições de outros

compostos como, por exemplo, agentes retardantes de chama ou compostos para

sua tenacificação.

4.2.7 ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA

Observa-se no início do experimento apresentado pela FIG. 4.5 uma leve

perda de massa, que pode ser atribuída tanto à degradação de elementos de alta

volatilidade utilizados no processo de fabricação, quanto à desumidificação da

amostra. O início da primeira degradação dá-se em torno de 350° C e a segunda

degradação ocorreu em torno de 450°C, até atingir 600°C.

O primeiro estágio de degradação apresentou uma perda de 20,9% de

massa, enquanto o segundo apresentou 12,7%. A perda de massa da fase matriz

89

Page 91: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

totalizou 33,6%, restando resíduos de fase dispersa.

FIG. 4.5: TGA do material em estudo

A FIG. 4.6, apresentada por Stern e Dierdoff (2005), mostra um termograma

obtido a partir de uma série de amostras de epóxi analisadas.

FIG. 4.6: TGA de uma amostra de epóxi (Stern e Dierdoff, 2005)

Stern e Dierdoff (2005) apresentam uma análise estatística das informações

consideradas fundamentais ao realizar-se uma sequência de TGA. Tais informações

90

Perda de massa inicial

C(final da 2ª degradação)

B(2ª degradação)

A(1ª degradação)

Δ=33,6%

Page 92: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

são disponibilizadas na TAB. 12.

TAB. 12: TGA de várias amostras de epóxi

Perda de massa (%) entre 30°C e

300°C

Perda de massa (%) de 300°C até a primeira inflexão

Temperatura (°C) da primeira inflexão

Média 1,852 61,40 470,8Desvio Padrão 0,352 1,59 7,66

Stern e Dierdoff (2005)

Observa-se que a análise termogravimétrica do compósito alvo do presente

estudo foi realizada com uma amostra contendo as fases matriz e reforço.

Consequentemente, para concluir-se algo sobre o percentual de variação mássica

em comparação com a literatura de referência, é necessário descontar a massa da

fase reforço que permaneceu após a total degradação da fase matriz.

A massa de resíduo que não sofreu degradação na faixa de temperatura

determinada foi de 7,80 mg, conforme indicam os valores reais obtidos na medição

e fornecidos pela base de dados do equipamento. A TAB. 13 apresenta os demais

valores obtidos.

TAB. 13: TGA da amostra em estudo

Massa de epóxi (mg)

Perda de massa (%) entre 30°C e

300°C

Perda de massa (%) de 300°C até a primeira inflexão

Temperatura (°C) da primeira inflexão

4,09 7,6 63,08 450

A comparação dos dados obtidos permite inferir que a amostra submetida à

TGA, constituinte da fase matriz do compósito investigado, assemelha-se muito a

uma resina epoxídica, embora podendo ter constituição razoavelmente distinta da

resina estudada por Stern e Dierdoff (2005). Ressalta-se que embora a fração

mássica de matriz obtida pelo ensaio tenha se aproximado bastante da apresentada

por Canevarolo (2004) e daquela verificada na determinação de densidade relativa,

a amostra foi composta por fragmentos irregulares do material que se deseja

caracterizar, o que não permite garantir por este método que a proporção entre as

fases seja representativa do compósito. Partes dos fragmentos não continham todas

as camadas do compósito, o que implica na presença de frações das fases diferente

das proporções reais.

91

Page 93: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

4.2.8 ESPECTROSCOPIA INFRAVERMELHA POR TRANSFORMADA DE

FOURIER (FTIR)

O resultado da análise indicou o espectro de transmitância da FIG. 4.7.

De posse do espectrograma apresentado na FIG. 4.7 serão feitas a seguir

considerações que darão suporte ao método de análise dos dados obtidos.

Para fins de comparação, os picos mais bem definidos constantes no

espectrograma foram comparados com estruturas de compostos mais simples

disponíveis na base de dados do National Institute of Advanced Industrial Science

and Technology (AIST). Tal procedimento é recomendado por Silverstein et al

(2005), ao sugerirem que o tratamento de moléculas complexas deve ser feito por

uma interpretação empírica do espectro IR, através de comparação de espectros e

estudos de moléculas mais simples. Foram admitidos números de onda com

diferenças de ± 15 cm-1 dos valores encontrados na matriz. A amostragem de

compostos será apresentada na TAB. 14.

Observa-se que em determinadas colunas há grande quantidade de dados

com números de onda próximos ou idênticos ao verificado na análise do material.

Isso pode indicar que o composto provavelmente possui parte da estrutura com

arranjo semelhante ao evidenciado por tais dados. Em se tratando da observação

das linhas, há compostos que apresentam maior coincidência de regiões de pico

que outros, o que oferece indícios de que o composto em análise deverá possuir

maior similaridade com tais compostos.

92

Page 94: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

FIG. 4.7: FTIR da matriz

Foram destacados os valores próximos aos números de onda da matriz,

desde que sua recorrência tenha superado os 50% em cada busca. Dos dados em

destaque, foi possível realizar uma breve análise estatística, levantando-se a média

e o desvio padrão. Os valores das colunas 2925 e 1455 foram tratados segundo as

três buscas como um todo, uma vez que são observados nas três grandes regiões

da tabela (compostos contendo o segmento oxirano, o anel aromático e o

grupamento hidroxila). Os demais valores serão tratados dentro das buscas

específicas. A TAB. 15 apresentará os resultados, com valores arredondados para o

inteiro mais próximo.

93

Page 95: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

TAB. 14: Tabela de comparação de números de onda (cm-1)

Componente Números de Onda Matriz 3359 2925 2162 1734 1606 1580 1508 1455 1232 1180 1009 966 827 737

Busca por epóxi2-metiloxirano 2929 1166 1022 961 831

2-etiloxirano 2923 1458 1246 1020 955 832

2,3-epoxibutano 2930 2175 1719 1452 994 961 812 730

2,2-dimetiloxirano 2915 1493 1450 831

2,3-epoxi-1-propanol 2926 1454 955 830

1,2:3,4-diepoxibutano 2917 1597 1444 1243 967 839

2,3-epoxipropil metil éter 2930 1453 1012 963

1,2-epoxihexano 2934 1730 1460 1247 955 836 730

3-beta-acetoxi-14,15-beta-epoxi-5-beta,14-beta-bufa-20,22-dienolida

2937 1732 1449 1232 1185 833

5,6-alfa-epoxi-5alfa-cholestan-3-beta-il acetato

2930 1733 1467 1240 1180 973 732

Busca por benzeno Benzeno 1176

Tolueno 1606 1179 729

Estireno 1601 1576 1449 1182

Etilbenzeno 2934 1744 1606 1496 1454 965

Anisol 2925 1601 1588 1454 1182

Isopropenilbenzeno 2922 1602 1444 1003

Ciclopropilbenzeno 1605 1582 1455 1220 1183 965

Cumeno 2927 1606 1452

Fenetol 2932 1602 1586 1173

(Alil-oxi)benzeno 2916 1587 1456 1228 1173 1004 831

Busca por hidroxila (alcoóis)Metanol 3347 1450

Etanol 2925 1455

Alil álcool 2925 1453 1233 1181

Propanol 2936 1456 1235 1017 969

2-propanol 3345 2933 1467

2-pentanol 3346 2933 1460 1231 832 743

3-hexanol 3356 2933 1456 1224 1001 742

Alfa-metilbenzil álcool 3364 2928 1601 1451 1178 1010

1-p-tolil etanol 3356 2926 1514 1451 1181 1010 817 729

2-fenil-1-propanol 3357 2952 1603 1453 1230 1193 1014 976

94

Page 96: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

TAB. 15: Valores comuns de números de onda (cm-1) em compostos semelhantes à matriz

Números de Onda Matriz 3359 2925 2162 1734 1606 1580 1508 1455 1232 1180 1009 966 827 737

Média 3353 2929 1604 1454 1178 961 831Desvio padrão 7 8 2 5 4 6 8Maior desvio da média 11 23 3 13 5 12 19

Pelo princípio físico que é empregado nas análises de FTIR, é possível

inferir que estruturas químicas semelhantes, com grupos funcionais em posições

parecidas, com ramificações aproximadamente iguais ou com cadeias abertas ou

fechadas sendo tratadas geometricamente como parâmetros de similaridade,

apresentem modos de vibração também semelhantes. Consequentemente, regiões

de picos semelhantes serão indicadas no espectrograma, conforme se poderá

observar na FIG. 4.8, pelos espectrogramas de FTIR dos compostos metano, etano,

propano e butano. Tal análise foi obtida da base de dados do National Institute of

Standards and Technology (NIST).

FIG. 4.8: Comparação entre espectros de análise FTIR (NIST)

95

Page 97: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

Por analogia, espera-se que estruturas que apresentem configurações

geométricas mais complexas, embora resultem em espectrogramas mais

complexos, também revelem padrões semelhantes devido aos modos vibracionais

de suas partes constituintes. Tomando-se essa hipótese como verdadeira a partir do

conhecimento de estruturas moleculares mais simples, as quais especula-se

estarem presentes em uma estrutura mais complexa e desconhecida, será

apresentada uma análise com a qual pretende-se concluir que tais estruturas

simples realmente contribuem para o composto que se deseja caracterizar como

resina epoxídica, apesar de se esperar alguns pequenos deslocamentos da faixa do

número de onda, bem como da sua intensidade de absorbância.

A FIG. 4.9 ilustra uma análise FTIR sobre o oxirano, característico das

resinas epoxídicas.

FIG. 4.9: FTIR oxirano (NIST)

A análise evidencia picos bem definidos, dentro de determinadas faixas,

segundo a TAB. 16.

96

Page 98: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

TAB. 16: Valores dos números de onda (cm-1) em análise de FTIR do oxirano

Números de OndaPico 3096 3065 3034 3008 2928 1270 1142 867

Valor máximo da faixa 3149 1337 1195 960Valor mínimo da faixa 2865 1200 1098 748

Observa-se que dos 14 picos destacados na análise da matriz, 2 deles

(2925 e 827) encontram-se presentes nas regiões citadas do oxirano. Isso equivale

a 14,3% dos picos encontrados na análise da matriz.

Por similaridade de estrutura química, buscou-se o espectrograma FTIR do

2-propanol, conforme dados observados na FIG. 4.10 e na TAB. 17.

FIG. 4.10: FTIR 2-propanol (NIST)

TAB. 17: Valores dos números de onda (cm-1) em análise de FTIR do 2-propanol

Números de OndaPico 3655 2977 2888 1474 1380 1248 1151 1067 956 810

Valor máximo da faixa 3710 3040 2919 1530 1430 1300 1204 1106 1013 876Valor mínimo da faixa 3600 2919 2570 1430 1300 1204 1106 1013 876 770

97

Page 99: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

Similarmente à análise anterior, 3 picos (1455, 966 e 827) da matriz

encontram-se na faixa dos picos do 2-propanol. Excluindo-se o pico com 827 cm -1, já

computado e melhor definido anteriormente, obtêm-se outros 14,3% dos picos da

matriz presentes na estrutura do 2-propanol.

O espectro do etil-éter será apresentado na FIG. 4.11 e será feita uma

análise semelhante às anteriores, com o auxílio da TAB. 18.

FIG. 4.11: FTIR etil-éter (NIST)

TAB. 18: Valores dos números de onda (cm-1) em análise de FTIR do etil-éter

Números de OndaPico 2980 2858 1976 1451 1393 1299 1130 1072 930 841

Valor máximo da faixa 3049 2920 2025 1580 1419 1322 1237 1099 974 894Valor mínimo da faixa 2920 2648 1950 1419 1322 1237 1099 974 894 761

Neste caso, apenas o pico correspondente a 1455 cm -1 do composto da

matriz se adequou relativamente bem ao espectrograma do etil-éter. Mas tal pico já

encontra-se computado em análises anteriores.

Por fim, será procedida a análise de um composto à base de benzeno. Será

98

Page 100: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

apresentada na FIG. 4.12 a estrutura molecular do p-metil-anisol, com respectivo

espectrograma na FIG. 4.13 e dados apresentados na TAB. 19.

FIG. 4.13: FTIR p-metil-anisol (NIST)

TAB. 19: Valores dos números de onda (cm-1) em análise de FTIR do p-metil-anisol

Números de OndaPico 2997 2936 2809 1615 1593 1515 1465 1294 1240 1178 1111 1040 813 747

Valor máximo da faixa 3301 2975 2837 1709 1604 1565 1487 1360 1272 1200 1134 1084 901 769

Valor mínimo da faixa 2975 2837 2754 1604 1565 1487 1360 1272 1200 1134 1084 901 769 730

Os valores apresentados na TAB. 19 permitem admitir que os picos de

números de onda da matriz 2925, 1508, 1455, 1232 e 1180 cm -1 podem ser devidos

a uma estrutura química com características semelhantes ao p-metil-anisol. Uma

99

FIG. 4.12: p-metil-anisol (NIST)

Page 101: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

vez que os valores 2925 e 1455 cm-1 também se encontram em outras estruturas

químicas anteriormente analisadas, pode-se concluir que pelo menos 3 picos de

números de onda podem ser devidos exclusivamente ao composto p-metil-anisol.

Neste caso, a estrutura química do referido composto contribui com 21,4% dos picos

dos números de onda encontrados no composto desconhecido.

Um total de 50% dos picos dos números de onda encontrados no polímero

que compõe a matriz são observados nas faixas de números de onda das estruturas

químicas estudadas. A TAB. 14, contendo vários outros compostos químicos,

também oferece indícios de que as estruturas oxirano, anel benzênico e grupamento

hidroxila participam da composição do material da matriz.

Uma comparação dos valores observados na FIG. 4.14 com tabelas

apresentadas por Silverstein et al (2005) (FIG. 4.15) poderão reforçar os indícios já

avaliados.

FIG. 4.14: Análise dos picos (NIST)

100

Page 102: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

FIG. 4.15: Diagrama de ocorrência de picos para diversos materiais (Silverstein et al, 2005)

A FIG. 4.15 apresenta as faixas de números de onda onde há ocorrência de

picos para diversos compostos químicos.

Embora não seja possível definir com precisão suficiente a estrutura química

do material em análise, é possível afirmar com razoável grau de certeza que o

polímero apresentando as características constantes na FIG. 4.14 possui as

estruturas mencionadas, tratando-se portanto de uma matriz derivada de uma resina

epoxídica, em plena conformidade com as análises anteriormente realizadas.

101

Page 103: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

4.2.9 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)

A FIG. 4.16 mostra uma micrografia de uma fibra, pela qual poderá ser

estimado o seu diâmetro.

Segundo tal micrografia, é possível estimar que uma fibra do material sob

análise possui diâmetro em torno de 9 μm.

Outras micrografias foram feitas a partir de uma amostra seccionada,

conforme poderá ser visto nas FIG. 4.17, 4.18 e 4.19. A partir das imagens, será

possível estimar a densidade de fibras no interior dos feixes (número de fibras por

área da seção reta de um feixe). De posse dessas informações, sabendo-se as

dimensões de um feixe, tornar-se-á viável estimar a quantidade média de fios por

feixe, uma informação tecnológica considerada importante para estudos

relacionados à resistência mecânica da fase dispersa.

FIG. 4.16: Micrografia MEV de uma fibra

A FIG. 4.17 foi obtida por um microscópio eletrônico de varredura, modelo

JSM-5800, com aumento de 45 vezes, sobre uma porção do material medindo 2,93

mm de largura (referente à base da imagem). A largura do feixe de fibras foi

estimada em 1,28 mm.

102

Page 104: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

FIG. 4.17: Micrografia MEV de um feixe de fibras (vista superior)

FIG. 4.18: Micrografia MEV da seção de um feixe de fibras

Pelo mesmo processo de medição, em que uma secção do material foi

aumentada 95 vezes, com largura da base da imagem de 1,39 mm, foi possível

estimar a espessura do feixe de fibras em 0,1 mm.

103

Page 105: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

FIG. 4.19: Micrografia MEV detalhando uma região do feixe de fibras

A análise das FIG. 4.19 e 4.20 revela uma quantidade aproximada de 56

fibras numa área projetada de 5,16 x 10-9 m2, avaliada a partir de uma imagem de

MEV com ampliação de 500 vezes e com 264 μm de comprimento da base (FIG.

4.20). Isso indica que a densidade planar de fibras em um feixe é estimada em 10,8

x 109 fibras/m2.

FIG. 4.20: Área tomada como referência, em razão da nitidez da micrografia, para estimar-se a densidade planar de fibras

104

Page 106: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

4.3 ENSAIOS MECÂNICOS

4.3.1 ENSAIO DE TRAÇÃO

Embora tenham sido preparados 3 CP para o ensaio de tração, um CP extra

foi ensaiado previamente para fins de ajuste do equipamento. Na FIG. 4.21, podem

ser observados os 4 ensaios, na ordem de execução.

FIG. 4.21: Resultados dos ensaios de tração

Devido ao pequeno número de ensaios realizados, os resultados não podem

ser considerados como uma propriedade do material. Entretanto, os valores obtidos

podem fornecer uma representação qualitativa do material.

Dos 3 ensaios seguindo as orientações da norma de referência, apenas o

primeiro ensaio (em amarelo) foi válido para fins de análise da tensão máxima,

devido ao seu modo de falha. Neste caso, a tensão de ruptura observada foi

σult=241,56 MPa. A deformação transversal medida no momento da ruptura foi de

909,12 μm/m (compressiva), enquanto a deformação longitudinal foi de 0,026 m/m

(trativa). Portanto, o coeficiente de Poisson encontrado foi ν=0,035. O baixo valor

para o coeficiente de Poisson pode estar associado à verificação das deformações

por um extensômetro posicionado apenas na direção transversal ao carregamento,

ocasionando a verificação de deformações fora das direções principais. Para a

105

Page 107: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

confirmação das direções principais, será necessária a repetição das medições com

o uso de extensômetros multi-axiais, tipo roseta.

A observação gráfica permite verificar que os CP com o mesmo número de

camadas de tecido de reforço (CP2 e CP3) apresentaram igual inclinação, sendo

maiores que a observada no CP4, contendo 4 camadas de fibras. Permite-se

verificar então que o módulo de elasticidade longitudinal do material com 2 camadas

foi de E=9,29 GPa.

A norma de referência apresenta codificação para classificar os modos

típicos de falha em ensaios de tração. A FIG. 4.22 ilustrará tais modos.

FIG. 4.22: Codificação para modos típicos de falha (ASTM D3039)

Observa-se na FIG. 4.23 a falha dos 3 CP normatizados, sendo

classificados segundo a TAB. 20.

106

Page 108: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

TAB. 20: Códigos para os CP ensaiados

CP Código1 LGM2 LAT3 LAT

Em virtude das impressões devidas ao recartilhado, na região do

agarramento, terem sido pouco profundas e semelhantes nos 3 CP, observou-se

uma falha recorrente em dois ensaios submetidos às mesmas condições de

repetibilidade. Um dos fatores que podem ter contribuído para a concentração de

tensões na região do agarramento pode ser associado a possíveis desalinhamentos

das garras e até mesmo do tipo de acessório inadequado para os ensaios em

compósitos.

Não foi observado nenhum fator que pudesse ter ocasionado a falha do CP

número 1 exatamente sob a região de fixação do extensômetro, podendo este fato

ser atribuído ao acaso.

Os rompimentos prematuros inviabilizaram a coleta de mais dados relativos

107

FIG. 4.23: CP após o ensaio

Page 109: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

à tensão de ruptura, sendo necessária a execução de uma quantidade maior de

ensaios em materiais sem histórico de utilização para se garantir a confiabilidade

estatística dos resultados obtidos, visando à caracterização mecânica do material.

É importante ressaltar que o material ensaiado foi amostrado a partir de um

componente em serviço, com 3329,2 horas de voo, o que corresponderia a

aproximadamente 78*106 ciclos de carregamento dinâmico, além de diversos

carregamentos estáticos, quando a aeronave encontra-se em repouso.

Consequentemente, o seu histórico de utilização pode ter introduzido danos que

tenham alterado suas propriedades mecânicas. Portanto, os valores encontrados

podem diferir de valores obtidos a partir de ensaios de materiais sem uso,

demandando estudos mais aprofundados quanto à introdução da variável de dano

nas propriedades mecânicas.

4.3.2 ENSAIO DE RESISTÊNCIA À FRATURA

Em virtude da fratura ocorrer em modo frágil, o valor de comprimento da

trinca no momento de pico de tensão foi considerado igual ao valor inicial, ou seja,

50% da largura.

Os valores obtidos no ensaio serão apresentados na TAB. 21, com o

respectivos valores calculados de KTL, a partir da EQ. 3.6.

TAB. 21: Valores de K translaminar

Ensaio Carga Máxima (N) KTL (MPa m1/2)1 159 15,002 198 18,683 173 16,32

Média - 16,67Desvio Padrão - 1,86

Após o ensaio, foi possível observar que a direção de propagação da trinca

foi perpendicular à direção de aplicação da força, não havendo comportamento que

inviabilizasse os ensaios.

Aqui também se aplica tanto a questão já discutida acerca do histórico de

utilização do material quanto a do pequeno número de amostras ensaiadas, embora

108

Page 110: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

podendo representar qualitativamente o material em questão.

Importante ressaltar que o valor de KTL é considerado KIc, e portanto um

parâmetro característico do material, quando o CP ensaiado encontra-se no EPD. A

FIG. 2.19 ilustra esquematicamente o aumento no valor de K quanto mais as

dimensões do material se aproximam do EPT.

A norma de referência recomenda que a largura do CP deve estar entre 25

e 50 mm. A espessura recomendada é de aproximadamente 2 mm. Em virtude da

pequena espessura do material em estudo e da largura ter sido de 15 mm, o

material pode não ter apresentado requisitos de EPD.

Portanto, o valor calculado para KTL é crítico apenas para as condições

apresentadas e os valores obtidos não são característicos do material, expressando

propriedades exclusivas das amostras da região da qual foram retiradas.

4.3.3 ENSAIO DE FADIGA

O primeiro ensaio, com carregamento máximo de 50% (2415,5 N) da carga

de ruptura para um CP de 4 camadas apresentou falha prematura na região do furo

de acoplamento, conforme pode ser observado na FIG. 4.24.

Observou-se que o valor de carga para a região em que ocorreu a falha não

poderia superar 483,10 N, o que demandou um novo ensaio, com outro CP, a um

valor de 400 N. Este valor corresponde a 8,3% do carregamento nominal de ruptura.

Após uma ciclagem com este novo valor de carga até aproximadamente 140000

ciclos, não foi observada nenhuma evidência de propagação da trinca.

Em virtude do tipo de CP impor carregamentos muito baixos, com os quais

não se tinha conhecimento sobre se permitiriam ou não a propagação de trinca de

fadiga, optou-se por utilizar o método empregado na norma ISO 12108. Por este

109

FIG. 4.24: CP de 4 camadas, com falha no furo de acoplamento

Page 111: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

método, o CP é acoplado ao equipamento por meio de garras e não de pinos

passantes, o que permite a aplicação de carregamentos nominais muito superiores.

Neste caso, o CP é denominado SENT e possui dimensões normatizadas diferentes

daquelas definidas para o ESE(T). Uma imposição da norma é que a distância entre

as garras seja de 4 vezes a largura, para que sejam aplicados os equacionamentos

devidos ao fator de intensidade de tensões. A própria norma indica outras literaturas

que apresentam equações para valores diferentes de “4W”, caso sejam

necessárias.

A FIG. 4.25 ilustra o método de acoplamento por garras.

FIG. 4.25: CP tipo SENT acoplado por garras

Uma vez que a pressão de agarramento é regulada pneumaticamente, foi

necessário estabelecer um valor razoável de maneira a permitir o ensaio sem

escorregamentos e também não esmagar o CP. Para tal, o artifício empregado foi

comparar a impressão feita pelo recartilhado da garra com uma impressão obtida no

ensaio de tração considerado válido. Uma pressão de 2 bar foi considerada

suficiente para a execução dos ensaios.

Após o ajuste dos parâmetros de ensaios, iniciaram-se os ensaios com os

CP de 2 camadas de reforço.

110

Pré-trinca

Page 112: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

Para o primeiro ensaio, foi empregada uma carga máxima de 75% da carga

de ruptura (1304 N). O CP falhou no primeiro ciclo de carregamento, com 760 N.

A carga máxima foi definida em 25% da carga de ruptura (434,75 N) e o CP

foi ensaiado até aproximadamente 140000 ciclos sem apresentar visualmente

propagação da trinca. Elevou-se a carga para 35% da carga de ruptura (608,65 N) e

o mesmo CP rompeu com 75833 ciclos, embora não tenha sido possível observar a

evolução da trinca.

A observação foi feita com iluminação indireta, incidindo-se a luz por trás do

CP, como ilustra a FIG. 4.26.

Um novo ensaio foi realizado com a mesma carga, porém, ao serem feitos

81100 ciclos sem observação de propagação de trinca, aumentou-se a carga

máxima para 45% da carga de ruptura. A falha ocorreu 60 ciclos após, evidenciando

que o valor de carga máxima ideal para aquele CP é de 35%.

FIG. 4.26: Utilização da iluminação indireta para a visualização da trinca

Um último ensaio com carga máxima de 35% foi realizado. O método

empregado foi de alternância entre ciclos de 6,5 Hz por 30 min e 0,5 Hz por 5 min,

buscando-se observar alguma evidência de propagação controlada de trinca. Foi

possível observar uma mancha na direção 0° e 90°, na ponta da trinca, por volta dos

50000 ciclos. Em virtude do seu pequeno tamanho, não foi captada pela máquina

fotográfica. No lado oposto, sem remoção da tinta de revestimento, observaram-se 3

trincas se propagando, mas não foi possível definir se tais trincas estavam

111

Page 113: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

ocorrendo somente no revestimento ou se estavam presentes na matriz epoxídica.

Aos 160000 ciclos aproximadamente o material apresentou um rápido aparecimento

de vazios na região da linha de propagação da trinca (sem contudo ser possível ver

a trinca) e rompeu. A FIG. 4.27 mostra o estado do CP após a falha por fadiga.

FIG. 4.27: CP falhado após ensaio de fadiga

Não foi possível levantar os parâmetros de fadiga para o material com o

método empregado.

Todavia, o experimento permitiu a verificação das condições de ensaio de

fadiga em um CP com 2 camadas, como a pressão de agarramento, a norma a ser

empregada, o tipo de CP, a carga máxima de cada ciclo, o número aproximado de

ciclos até a falha e o método de acompanhamento do crescimento da trinca.

Ressalta-se a necessidade do uso de uma máquina de ensaios de tração, com

capacidade para executar ciclos de fadiga, com célula de carga com valores abaixo

de 5 kN. É desejável uma máquina eletromecânica, em virtude da maior precisão de

carga, devido à sua baixa oscilação sob uma condição de estabilidade.

Face à dificuldade de observação da trinca e ao material não ser condutor

de eletricidade (neste caso, não é possível medir o comprimento da trinca pelo

método da diferença de potencial elétrico), é importante que sejam combinados os

métodos da medição da abertura da pré-trinca com extensômetro (método da

compliance) e o método da inspeção visual, com o auxílio de um estereoscópio

acoplável ao equipamento de ensaios (microscópio de viagem). Uma possível

dificuldade de visualização da trinca com equipamentos de grande poder de

aumento deve-se ao seu posicionamento muito próximo às garras, o que poderá ser

impeditivo para a focalização da trinca.

Uma boa condição de iluminação também se faz necessária para a

visualização da propagação. O material laminado possui camadas intercaladas de

112

Page 114: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

matriz e de reforço, fato que não permitirá a passagem total da luz através da trinca,

pois uma camada de matriz pode ter falhado enquanto a camada de reforço na

mesma região se mantém íntegra, ou vice-versa. Portanto, uma fonte de luz intensa

e concentrada é fundamental para se fazer a devida observação da trinca.

113

Page 115: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

5 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL

Visando obter uma resposta estimada para os carregamentos envolvidos na

pá sob condições estáticas, foi estabelecido um modelo computacional para

posterior análise por MEF. Os dados serão apresentados inicialmente segundo um

carregamento estático do componente.

De posse do THM (HELIBRAS, 2003), foi possível coletar informações sobre

a configuração geométrica da pá, conforme pode ser observado no extrato

apresentado na FIG. 5.1.

FIG. 5.1: Configuração geométrica da pá (THM)

Em razão da dificuldade em se obter as propriedades mecânicas de cada material

com os quais o componente é construído, optou-se por estimar uma propriedade

global da pá, para a partir da sua resposta ao carregamento estático global, obter-se

a distribuição local de tensões na região da ponta da trinca.

Para tanto, foi feito em software de CAD Solidworks um modelo

tridimensional do perfil tipo ONERA OA209 seguindo um caminho convolutivo com

torção sobre um eixo longitudinal a 87,5 mm do bordo de ataque, como indicado

pela FIG. 5.2.

O THM (HELIBRAS, 2003) informa o peso da pá e no componente há a

marcação feita pelo fabricante da posição do centro de gravidade, que encontra-se

a 2430 mm da extremidade livre.

114

5

Page 116: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

O website Airfoil Investigation Database fornece os pontos que compõem o

perfil OA209, para uma corda de comprimento unitário. De posse desses dados,

multiplicados por 350, devido ao comprimento da corda do perfil real medir 350 mm,

obteve-se o perfil teórico da região aerodinâmica em estudo. Os dados são

apresentados na FIG. 5.3, cujos pontos encontram-se discriminados no Apêndice

IV. Tomando-se tais pontos em grupos distintos, foram ajustadas curvas para a

geração do perfil ideal. As curvas são apresentadas na TAB. 22, seguindo a ordem

em que os pares ordenados para uma corda de 350 mm são apresentados na

planilha.

FIG. 5.3: Perfil ONERA 209 (Airfoil Investigation Database)

115

FIG. 5.2: Representação tridimensional da pá

Page 117: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

TAB. 22: Ajuste de curvas para o perfil teórico ONERA 209

Trecho x (mm) y (mm) Equação R2

1350 0,88025

y=0,0044x2-3,0555x+525,88 0,9979328,5415 1,7171

2321,6969 2,61415

y=-3E-07x3-0,0002x2+0,0307x+19,465 185,55365 20,67065

376,9979 20,62655

y=20,43061-18,70034*0,94434x 0,991380 0

40 0 y=3,25403*exp(-x/1,90788)+1,08805*exp(-

x/0,09488)-4,34549 0,999663,423 -3,8192

55,4768 -4,4135

y=6E-06x4-0,0005x3+0,0182x2-0,3822x-2,791 129,09095 -7,05775

632,51325 -7,31185 Y=4,78456*exp(-x/51,49415)+4,78456*exp(-

x/51,49423)-12,27668 0,99729154,0067 -11,6974

7162,5624 -11,6792

y=0,0004x2-0,1096x-3,179 1321,6976 -1,94285

8328,5422 -1,37515

y = 2E-05x3-0,0255x2+9,3642x-1142 1350 -0,8778

Devido a desalinhamentos que ocorrem nas extremidades das curvas

obtidas, alguns recursos de alinhamento por tangência de retas e emprego de

curvas suaves foram utilizados nessas regiões. Tais recursos não seriam

necessários se o perfil fosse traçado interligando-se ponto a ponto, o que todavia

seria um trabalho que demandaria elevado esforço de inserção de dados no modelo

em CAD.

Foram feitas as seguintes considerações, para o estudo do carregamento

estático:

• A região da raiz e da transição possuem rigidez muito mais elevada

que a presente na região do perfil aerodinâmico (FIG. 5.4);

• A região do perfil aerodinâmico é engastada à região de transição com

a raiz como uma viga em balanço;

• Para fins de carregamento do peso-próprio, desconsiderou-se a torção

de projeto do perfil aerodinâmico, assumindo-se a linha contendo o CG como um

eixo paralelo ao eixo de torção;

• Na direção longitudinal, uma secção qualquer da região do perfil

116

Page 118: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

aerodinâmico possui a mesma composição das suas análogas, garantindo a mesma

distribuição de massa por unidade de comprimento ao longo dessa direção para a

obtenção de um valor médio;

• O enchimento de espuma de isocianato alquídico possui densidade

extremamente baixa, conferindo à região da cauda (FIG. 5.5) do perfil aerodinâmico

uma alta relação resistência-peso quando combinada com o revestimento feito pelo

compósito em estudo. Portanto, a região da cauda é considerada indeformável por

ação do seu peso-próprio;

• A região da cauda do perfil aerodinâmico deforma-se ao longo da

direção longitudinal da pá com a corda retilínea e perpendicular ao eixo de torção;

• O perfil aerodinâmico é modelado como um material de

comportamento elástico global, homogêneo e isotrópico.

A FIG. 5.6 indica os materiais que compõem as diversas regiões da pá.

117

FIG. 5.4: Região de elevada rigidez

Figura 5.5: Secção da pá contendo o perfil aerodinâmico

Page 119: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

Para a verificação da distribuição de massa na direção da corda, foram

utilizados dados coletados em campo, segundo o esboço ilustrado pela FIG. 5.7.

Segundo medições realizadas no material, observou-se que o CG de uma

secção de perfil aerodinâmico está posicionado a 272 mm do bordo de fuga, a uma

altura de 17 mm.

A referida secção, com 20 mm de largura, apresentou massa de 111,47 g, o

que confere ao perfil aerodinâmico uma carga distribuída vertical (peso-próprio) no

valor de 5,5735 g/mm, atuando sobre o “eixo” que contém o CG de cada secção

infinitesimal.

Para o estabelecimento do módulo de elasticidade global do componente,

118

FIG. 5.7: Esboço do perfil real, obtido a partir de uma seção aerodinâmica

FIG. 5.6: Materiais que compõem a pá (THM - HELIBRAS, 2003)

Page 120: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

foram levantados pontos na pá, em condições distintas, a saber:

• 11 pontos no bordo de fuga, com a pá na horizontal (FIG. 5.8);

• Os mesmos 11 pontos com a pá submetida à ação do seu peso

próprio, acoplada à aeronave (FIG. 5.9), simulando um carregamento de viga

engastada, conforme representação computacional apresentada na FIG. 5.10;

• Com a pá carregada em sua extremidade livre pelo sistema de

ancoragem, os mesmos pontos foram medidos, com o apoio de uma estação total.

Os pontos medidos encontram-se relatados nos apêndices 5 e 6.

119

FIG. 5.8: Execução das medições da pá, na horizontal

FIG. 5.9: Acoplamento da pá na aeronave para medição dos pontos de interesse

Page 121: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

Estabeleceu-se a diferença entre os valores da pá na horizontal e sob

flexão. O ponto de número 11 (mais próximo à extremidade livre) apresentou uma

variação de 605 mm.

A partir do modelo em CAD, a região de interesse foi exportada para o

software ANSYS 12.1 para que fosse estimado um valor relativo ao módulo de

elasticidade e ao coeficiente de Poisson. Um valor inicial de 207 GPa, com ν=0,3,

típico do aço, foi inserido para verificar o comportamento do material.

Complementarmente, buscou-se estabelecer uma malha mapeada com elementos

hexaédricos e tetraédricos de 10 mm, apresentando 218028 nós e 42510

elementos, como pode-se observar na FIG. 5.11.

Para a execução dos cálculos, foram empregadas as ferramentas virtual

topology e cálculo de grandes deflexões. A primeira refere-se à suavização das

regiões de transição entre as curvas ajustadas, como anteriormente explicado,

evitando com isso que arestas provenientes do modelo CAD pudessem influenciar

no processo de geração de malha. A segunda ferramenta permite que a cada

iteração o modelo tenha sua matriz de rigidez recalculada, por se tratar de cálculos

com não-linearidade geométrica.

120

FIG. 5.10: Carga distribuída sobre o CG

Page 122: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

Após serem feitas várias execuções do modelo, alterando-se o valor do

módulo de elasticidade, foi possível concluir que um valor de E=5,54 GPa adéqua o

modelo deformado com boa precisão comparado com a deflexão real. A FIG. 5.12

ilustrará tal comparação.

121

FIG. 5.11: Malha do modelo

FIG. 5.12: Comparação ilustrativa entre o modelo computacional e o componente real

Page 123: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

A FIG. 5.13 apresentará a representação computacional dos valores da

distribuição de deslocamentos na direção vertical do modelo.

Segundo o modelo sugerido, a análise resultou no campo de deformações

ao longo da superfície do extradorso, conforme a FIG. 5.14.

Observa-se que a trinca ocorre comumente a 470 mm do início do perfil

aerodinâmico, propagando-se do bordo de fuga para o bordo de ataque. A FIG. 5.15

destacará esta região a fim de poderem ser analisadas as deformações locais,

ocasionadas pela deflexão em estudo.

122

FIG. 5.13: Deslocamentos devidos ao peso-próprio

FIG. 5.14: Campo de deformações na direção longitudinal

Região da trinca

Page 124: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

Dos dados apresentados, é possível observar que há uma grande variação

nas deformações ao longo da linha onde se localiza a trinca, a partir do ponto onde

se localiza sua nucleação (próximo ao bordo de fuga).

Internamente, a pá real possui composição como ilustrada pela FIG. 5.6.

Assumir-se-á que uma trinca passante sobre o revestimento, com extensão

do bordo de fuga até a longarina em fibra de vidro indisponibiliza catastroficamente

o componente. Tal região possui comprimento de 165 mm (descontando-se a região

“E”), de acordo com a FIG. 5.16.

123

FIG. 5.15: Intensidade de deformações longitudinais na região da trinca

FIG. 5.16: Dimensões da cauda da pá (HELIBRAS, 2010)

Bordo de ataque

Bordo de fuga

Direção e sentido de propagação da trinca

Page 125: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

A análise a seguir estimará o comprimento crítico de uma trinca que se

propaga até 165 mm, a partir de um carregamento nominal monotônico conhecido.

Serão assumidas as seguintes hipóteses:

• Devido à alta resistência mecânica do revestimento em relação ao

enchimento, a falha ocorre se uma trinca simplesmente transpassar o revestimento,

sem necessariamente penetrar no enchimento;

• Os efeitos de aumento da resistência à fratura devidos à fixação

adesiva entre o revestimento e o enchimento serão desprezados;

• O modo I de abertura de trinca será predominante sobre os demais

modos;

• Não ocorrerá delaminação;

• O revestimento será considerado uma placa plana, sem efeitos de

curvatura;

• Esta placa será submetida a condições de carregamento semelhantes

a um CP tipo SENT.

O Manual de Manutenção (HELIBRAS, 2010) considera aceitável, porém

com necessidade de manutenção, uma trinca nesta região com comprimento

máximo de 100 mm. O valor aproximado de deformação obtido pela análise MEF na

ponta de uma trinca de 100 mm é de ε=1,5 x 10-3.

Dos dados obtidos no ensaio de tração do material de interesse, a

deformação citada corresponde a uma tensão nominal de σ=13,935 MPa.

Anderson (1994) apresenta a expressão (modificada) descrita nas EQ. 5.1 e

5.2 para o fator de forma “Y”, a ser aplicado na EQ. 2.48.

Y=√ Wπa

f ( aW ) (5.1)

f ( aW )=√2 tan πa

2W

cos πa2W

[0,752+2,02( aW )+0,37(1−sen π a

2W)3] (5.2)

A TAB. 23 apresentará os dados de entrada.

124

Page 126: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

TAB. 23: Dados de entrada

Kc (MPa m1/2) σc (MPa) W (m)16,67 13,935 0,165

Para tais valores e para o material da região estudada, o comprimento

crítico de trinca ac=75,13 mm. Este valor é menor do que o verificado normalmente

nas pás. Pode-se concluir que outros fatores influenciam no mecanismo de

resistência à fratura, como a fixação adesiva entre a camada de revestimento e a

espuma de enchimento. O carregamento distribuído exclusivamente sobre uma linha

ao longo da direção longitudinal (e não sobre toda a superfície do extradorso) pode

ter intensificado as deformações nas proximidades da região de sua aplicação, o

que pode ter contribuído para superestimar as tensões associadas à região de

interesse (ponta da trinca). Além disso, o critério adotado como limite para a

propagação da trinca (165 mm) pode ter sido excessivamente conservador,

requerendo maiores estudos quanto a condições mais realísticas de aceptabilidade

do comprimento de trinca na região de interesse. Portanto, o valor de a c deverá ser

melhor examinado.

125

Page 127: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

6.1 CONCLUSÕES

A análise apresentada neste trabalho, com base nos resultados

experimentais e no modelo computacional, aliados às informações presentes na

literatura, permite concluir que:

• A rotina computacional implementada no código Scilab (Apêndice I –

Pág. 135) apresentou resultados condizentes com os constantes na literatura. Esta

rotina permite realizar cálculos e projetos para placas laminadas, com fibras

unidirecionais, com múltiplas camadas, submetidas a carregamentos em termos de

forças e momentos;

• A caracterização físico-química permite afirmar que o material da pá do

rotor principal do helicóptero é um material compósito estrutural laminado de matriz

epoxídica reforçado com fibras de vidro;

• Os resultados do ensaio de dureza (Pág. 85) mostram um valor de

dureza na escala Shore D com média igual a 92,5 e desvio padrão 0,4, concluindo

que o polímero é plástico, como esperado para uma matriz epoxídica;

• O compósito apresenta uma densidade igual a 1,78 g/cm3, sendo que

a fase matriz apresentou um valor de percentual volumétrico de 52,81%, com um

percentual em massa de 32,66% e massa específica de 1,11 g/cm3. Os percentuais

volumétricos obtidos são valores teóricos relativos a um compósito ideal, no qual há

ausência de poros e de vazios. É recomendável a execução dos ensaios para a

determinação do percentual volumétrico dessas descontinuidades (ensaio de

digestão ácida e/ou de ultrassom) para melhor caracterização do material;

• Os valores obtidos de massa específica (0,76 g/cm3 para a malha com

fibras a 90° e 0,80 g/cm3 para a malha a 45°) divergem daqueles encontrados na

literatura (Pág. 87) para a fibra de vidro tipo “E”, provavelmente porque a espessura

das camadas foi obtida a partir das amostras de fibras bidirecionais, o que causa

126

6

Page 128: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

superposição dos feixes, não condizendo com a espessura real da fibra;

• Os resultados da Análise Termogravimétrica – TGA (Pág. 91) e da

Espectroscopia Infravermelha por Transformada de Fourier – FTIR (Pág. 100)

confirmam que o material constituinte da fase matriz é uma resina epoxídica,

embora não seja possível definir com exatidão a estrutura química do material em

análise;

• As amostras submetidas a Microscopia Eletrônica de Varredura –

MEV (Pág. 102) indicam que a largura do feixe de fibras é de 1,28 mm com uma

espessura de 0,1 mm. A densidade planar de fibras é estimada em 10,8 x 109

fibras/m2;

• Os ensaios mecânicos de tração (Pág. 105) indicam uma tensão de

ruptura igual a σult=241,6 MPa, um módulo de elasticidade E=9,29 GPa, com uma

deformação transversal igual a 909,1 μm/m e uma deformação longitudinal de 0,026

m/m, com um coeficiente de Poisson de ν=0,035, caracterizando uma fratura frágil

com pouca deformação longitudinal na ruptura;

• O valor médio de tenacidade a fratura para o material da região

estudada (Pág. 108) é de KC=16,67 MPa m1/2 com desvio padrão de 1,86;

• Os valores obtidos nos ensaios mecânicos foram realizados com

amostras retiradas de componente que já havia apresentado um histórico de

utilização, com falhas em serviço, razão pela qual estes valores devem ser utilizados

com o devido cuidado. Observa-se também a necessidade de execução de ensaios

em uma quantidade maior de amostras, retiradas de material novo, para garantir a

confiabilidade estatística dos dados;

• Os valores obtidos com as amostras em ensaio de fadiga (Pág. 109 a

113) foram inconclusivos, não permitindo a obtenção da taxa de propagação da

trinca. Não foi possível observar o crescimento da trinca com o equipamento

disponível. É necessário disponibilizar um equipamento adequado para realizar este

tipo de teste com materiais compósitos;

• O módulo de elasticidade global da pá foi estimado em E=5,54 GPa,

como resultado da deflexão por ação do peso próprio. Tal valor se adéqua bem a

um componente composto basicamente por materiais de mesma natureza

127

Page 129: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

(compósitos com fibra de vidro, como ilustrado na FIG. 5.6, presentes na longarina e

no revestimento) preenchido por um material que apresenta evidentemente menor

módulo de elasticidade (espuma de isocianato alquídico). Neste caso, a estrutura

apresentando tal combinação obrigatoriamente deveria apresentar um valor inferior

de módulo de elasticidade;

• Os resultados obtidos com a simulação computacional, utilizando um

modelo com carregamento estático, mostram que uma vez iniciada a falha, os

esforços originados pelo próprio peso são capazes de promover o crescimento da

trinca. Este fato será certamente agravado se houver um esforço adicional devido à

ancoragem das pás, uma vez que aumentam a deflexão e, consequentemente, a

tensão trativa no extradorso;

• O comprimento crítico de trinca para as dimensões estabelecidas como

limites falha catastrófica da pá foi de cerca de ac=75 mm. Este valor está abaixo

daquele normatizado e observado como máximo admissível. Isto implica que as

hipóteses relativas ao valor máximo que a trinca pode atingir causando a destruição

do componente e à ausência de influência do revestimento podem ter sido definidas

de maneira excessivamente conservadoras, necessitando serem revistas e

submetidas a novas análises.

6.2 SUGESTÕES

Visando a aprofundar o estudo realizado e a refinar os resultados obtidos,

as seguintes sugestões são apresentadas:

• Repetir os ensaios mecânicos com material coletado de componentes

sem uso, visando caracterizar o material sob o enfoque das suas propriedades

mecânicas;

• Analisar o comportamento em fadiga utilizando equipamento de ensaio

adequado e com emprego de extensômetro de lâminas, tipo clip-gage, com o

objetivo de medir o crescimento da trinca;

• Verificar a degradação sob a influência da temperatura, da umidade e

da incidência de raios solares sobre a propriedades mecânicas do material

compósito;

128

Page 130: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

• Realizar um estudo para estabelecer um critério de falha realístico para

o comprimento crítico da trinca;

• Analisar a influência do histórico de carregamento (dano) sobre o

comportamento mecânico do material compósito;

• Comparar as análises físico-químicas realizadas para a caracterização

do epóxi com as de outros materiais poliméricos de emprego na aviação, verificando

possíveis semelhanças entre materiais diferentes;

• Estabelecer uma simulação computacional para um modelo estático,

considerando a carga distribuída sobre toda a superfície do extradorso, a fim de que

efeitos torcionais por ação do peso-próprio sejam verificados;

• Estabelecer uma simulação computacional para um modelo de

carregamento dinâmico, conjugando dados existentes na literatura com os dados de

um modelo estocástico.

129

Page 131: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

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133

Page 135: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

8 APÊNDICES

134

8

Page 136: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

8.1 APÊNDICE I: ROTINA EM SCILAB

//Programa Laminados 2-D//Limpeza de variáveisclear;clearglobal();clc;h=input("Informe a espessura do composito, em mm ");h=h*(1e-3)k=input("Informe o numero de camadas ");//Todas as camadas tem a mesma espessura//Computa numero de camadas de mesma espessura acima do plano medio//Numero par de camadaskmp=k/2m=modulo(k,2)if m==0 then t=h/k for i=1:kmp //Elemento superior da pilha eh o primeiro elemento do vetor //Valores relativos ao topo da camada //Posicoes acima do plano medio apresentam valores negativos hvaux1(i)=-(h/2-(i-1)*t) hvaux2(i)=-hvaux1(i) end //Invertendo a posicao dos elementos do vetor auxiliar 2 for j=1:(kmp/2) l=kmp-j+1 auxj=hvaux2(j) hvaux2(j)=hvaux2(l) hvaux2(l)=auxj end //Vetor com todas as posições dos topos das camadas hv=[hvaux1 hvaux2]else //Numero impar de camadas kmp=k/2 //Espessura da camada dividida pelo plano médio t=h/k for i=1:kmp //Elemento superior da pilha eh o primeiro elemento do vetor //Valores relativos ao topo da camada //Posicoes acima do plano medio apresentam valores negativos hvaux1(i)=-(h/2-(i-1)*t) hvaux2(i)=-hvaux1(i) end //Invertendo a posicao dos elementos do vetor auxiliar 2 for j=1:(kmp/2) l=kmp-j+1

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Page 137: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

auxj=hvaux2(j) hvaux2(j)=hvaux2(l) hvaux2(l)=auxj end //Vetor com todas as posições dos topos das camadas hv=[hvaux1 -t/2 t/2 hvaux2]end//Propriedades mecanicas das camadasprintf('Propriedades mecanicas das camadas \n')R=[1 0 0;0 1 0;0 0 2];ig=input('As camadas tem propriedades mecanicas iguais? (1) para SIM, (0) para NAO' )select igcase 0 then MT=zeros(3,3,1) MQb=zeros(3,3,1) for j=1:k printf('Esta e a camada %f',j) theta=input('Informe o angulo entre os sistemas global e local, em graus ') E1=input("Informe o valor de E na direcao 1, em GPa ") E1=E1*1e9 E2=input("Informe o valor de E na direcao 2, em GPa ") E2=E2*1e9 ST1=input("Informe o valor de Tensao Ultima de Tracao na direcao 1, em MPa ") ST1=ST1*1e6 ST2=input("Informe o valor de Tensao Ultima de Tracao na direcao 2, em MPa ") ST2=ST2*1e6 SC1=input("Informe o valor de Tensao Ultima de Compressao na direcao 1, em MPa ") SC1=SC1*1e6 SC2=input("Informe o valor de Tensao Ultima de Compressao na direcao 2, em MPa ") SC2=SC2*1e6 SS=input("Informe o valor de Tensao Ultima de Cisalhamento, em MPa ") SS=SS*1e6 G12=input("Informe o valor do Modulo de Cisalhamento no plano 1-2, em GPa ") G12=G12*1e9 v12=input("Informe o valor do Coef Poisson no plano 1-2 ") vv=input("v12=v21? (1) para SIM, (0) para NAO ") select vv case 1 then v21=v12 case 0 then v21=input("Informe o valor do Coef Poisson no plano 2-1 ") else break end Aux1=(1-v12*v21)

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Q11=E1/Aux1 Q22=E2/Aux1 Q12=Q22*v12 Q66=G12 Q=[Q11 Q12 0;Q12 Q22 0; 0 0 Q66] Aux2=cosd(theta))^2 Aux3=sind(theta))^2 Aux4=((sind(theta))*(cosd(theta)) T=[Aux2 Aux3 2*Aux4;Aux3 Aux2 -2*Aux4;-Aux4 Aux4 Aux2-Aux3] //Matriz de T em camadas MT(:,:,j)=T Qb=inv(T)*Q*R*T*inv(R) //Matriz de propriedades P(j,:)=[theta E1 E2 ST1 ST2 SC1 SC2 SS G12 v12 v21] //Matriz de Qb em camadas MQb(:,:,j)=Qbendcase 1 then E1=input("Informe o valor de E na direcao 1, em GPa ") E1=E1*1e9 E2=input("Informe o valor de E na direcao 2, em GPa ") E2=E2*1e9 ST1=input("Informe o valor de Tensao Ultima de Tracao na direcao 1, em MPa ") ST1=ST1*1e6 ST2=input("Informe o valor de Tensao Ultima de Tracao na direcao 2, em MPa ") ST2=ST2*1e6 SC1=input("Informe o valor de Tensao Ultima de Compressao na direcao 1, em MPa ") SC1=SC1*1e6 SC2=input("Informe o valor de Tensao Ultima de Compressao na direcao 2, em MPa ") SC2=SC2*1e6 SS=input("Informe o valor de Tensao Ultima de Cisalhamento, em MPa ") SS=SS*1e6 G12=input("Informe o valor do Modulo de Cisalhamento no plano 1-2, em GPa ") G12=G12*1e9 v12=input("Informe o valor do Coef Poisson no plano 1-2 ") vv=input("v12=v21? (1) para SIM, (0) para NAO ") select vv case 1 then v21=v12 case 0 then v21=input("Informe o valor do Coef Poisson no plano 2-1 ") else break end Aux1=(1-v12*v21) Q11=E1/Aux1

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Q22=E2/Aux1 Q12=Q22*v12 Q66=G12 Q=[Q11 Q12 0;Q12 Q22 0; 0 0 Q66] MT=zeros(3,3,1) MQb=zeros(3,3,1) for j=1:k printf('Esta e a camada %f',j) theta=input('Informe o angulo entre os sistemas global e local, em graus ') Aux2=(cosd(theta))^2 Aux3=(sind(theta))^2 Aux4=(sind(theta))*(cosd(theta)) T=[Aux2 Aux3 2*Aux4;Aux3 Aux2 -2*Aux4;-Aux4 Aux4 Aux2-Aux3] //Matriz de T em camadas MT(:,:,j)=T Qb=inv(T)*Q*R*T*inv(R) //Matriz de propriedades P(j,:)=[theta E1 E2 ST1 ST2 SC1 SC2 SS G12 v12 v21] //Matriz de Qb em camadas MQb(:,:,j)=Qb endelse breakend//Calculo de A, B e DA=zeros(3,3)B=AD=Afor l=1:k A=A+MQb(:,:,l)*(hv(l+1)-hv(l)) B=B+MQb(:,:,l)*((hv(l+1))^2-(hv(l))^2) D=D+MQb(:,:,l)*((hv(l+1))^3-(hv(l))^3)endB=(1/2)*BD=(1/3)*DNx=input("Entre com o valor da forca Nx, em N/m ")Ny=input("Entre com o valor da forca Ny, em N/m ")Nxy=input("Entre com o valor da forca Nxy, em N/m ")Mx=input("Entre com o valor do momento Mx, em N*m/m ")My=input("Entre com o valor do momento My, em N*m/m ")Mxy=input("Entre com o valor do momento Mxy, em N*m/m ")N=[Nx;Ny;Nxy]M=[Mx;My;Mxy]//Invertendo a equacao constitutiva para calcular as deformacoes e curvaturas no plano medioek=inv([A B;B D])*[N;M]//Posicao z do topo, meio e base de cada camadaz=zeros(1,3)

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for i=1:k z(i,:)=[hv(i) (hv(i)+hv(i+1))/2 hv(i+1)]end//Calculando as deformacoes por camadas, no sistema globalepsg=zeros(3,3,1)for i=1:k for j=1:3 epsg(j,:,i)=(ek(1:3)+z(i,j)*ek(4:6))' endend//Calculando as deformacoes para cada camada, no sistema localepsl=zeros(3,3,1)for i=1:k for j=1:3 epsl(j,:,i)=R*MT(:,:,i)*inv(R)*epsg(j,:,i)' endend//Calculando as tensoes por camadas, no sistema localsigl=zeros(3,3,1)for i=1:k for j=1:3 sigl(j,:,i)=[Q11 Q12 0;Q12 Q22 0;0 0 Q66]*epsl(j,:,i)' endend//Calculando as tensões por camadas, no sistema globalfor i=1:k for j=1:3 sigg(j,:,i)=inv(MT(:,:,i))*sigl(j,:,i)' endend//Criterio de falha de Tsai-Wu para as tensões locaisH1=inv(ST1)-inv(SC1)H2=inv(ST2)-inv(SC2)H6=0H11=inv(ST1*SC1)H22=inv(ST2*SC2)H66=inv(SS^2)H12=-(1/2)*sqrt(inv(ST1*SC1*ST2*SC2))//Linhas da matriz TW sao os valores de SR para as regiões superiores, medianas e inferiores, de cada camadaTW=zeros(3,3,1)MSR=zeros(1,3)for i=1:k for j=1:3 Aux11=H1*sigl(j,1,i)+H2*sigl(j,2,i)+H6*sigl(j,3,i) Aux12=H11*sigl(j,1,i)^2+H22*sigl(j,2,i)^2+H66*sigl(j,3,i)^2+2*H12*sigl(j,1,i)*sigl(j,2,i) Aux13=poly([-1 Aux11 Aux12],'SR','coeff')

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Aux14=roots(Aux13)/1000 MSR(i,j)=Aux14(1); endend

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Page 142: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

8.2 APÊNDICE II: COMPARAÇÃO DE DADOS

FIG. 8.1: Resultados de deformações globais obtidos por Kaw (1997) e Ramsaroop e Kanny (2010)

TAB. 24: Resultados de deformações globais obtidos pelo programa Laminados 2-DDeformações Globais (10-6 m/m)

Camada Posição εx εy γxy

1Superior 0.0889857 5.5326349 - 3.6837576Média 0.1502314 4.7850653 - 2.6971109Inferior 0.2114771 4.0374957 - 1.7104643

2Superior 0.2114771 4.0374957 - 1.7104643Média 0.2727229 3.2899261 - 0.7238176Inferior 0.3339686 2.5423565 0.2628291

3Superior 0.3339686 2.5423565 0.2628291Média 0.3952143 1.7947869 1.2494758Inferior 0.45646 1.0472173 2.2361225

141

Page 143: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

FIG. 8.2: Resultados de tensões globais obtidos por Kaw (1997) e Ramsaroop e Kanny (2010)

TAB. 25: Resultados de tensões globais obtidos pelo programa Laminados 2-D

Tensões Globais (104 Pa)Camada Posição σx σy τxy

1Superior 3.4790072 6.2112385 - 2.6412542Média 4.4479182 5.3949045 - 1.9338285Inferior 5.4168293 4.5785705 - 1.2264029

2Superior 6.7662461 7.2271914 3.1258643Média 10.633982 7.6800082 5.7862444Inferior 14.501717 8.1328251 8.4466244

3Superior 12.575839 15.742667 - 11.996134Média 4.9181002 6.9250873 - 3.8524158Inferior - 2.7396383 - 1.8924924 4.2913021

142

Page 144: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

TAB. 26: Resultados de deformações locais obtidos pelo programa Laminados 2-D

Deformações Locais (10-6 m/m)Camada Posição ε1 ε2 γ12

1Superior 0.0889857 5.5326349 - 3.6837576Média 0.1502314 4.7850653 - 2.6971109Inferior 0.2114771 4.0374957 - 1.7104643

2Superior 0.4273290 3.8216438 2.4581971Média 0.7136014 2.8490475 2.2510658Inferior 0.9998739 1.8764512 2.0439346

3Superior 1.306748 1.5695771 - 2.2083879Média 0.4702627 1.7197385 - 1.3995726Inferior - 0.3662226 1.8698999 - 0.5907573

143

FIG. 8.3: Resultados de deformações locais obtidos por Kaw (1997) e Ramsaroop e Kanny (2010)

Page 145: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

TAB. 27: Resultados de tensões locais obtidos pelo programa Laminados 2-D

Tensões Locais (104 Pa)Camada Posição σ1 σ2 τ12

1Superior 3.4790072 6.2112385 - 2.6412542Média 4.4479182 5.3949045 - 1.9338285Inferior 5.4168293 4.5785705 - 1.2264029

2Superior 9.5885604 4.4048772 1.7625273Média 14.906523 3.407467 1.6140142Inferior 20.224485 2.4100568 1.4655011

3Superior 26.155387 2.163119 - 1.5834141Média 9.7740096 2.0691779 - 1.0034935Inferior - 6.6073674 1.9752368 - 0.4235730

144

FIG. 8.4: Resultados de tensões locais obtidos por Kaw (1997) e Ramsaroop e Kanny (2010)

Page 146: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

TAB. 28: Razão de carga (SR) calculada pelo programa Laminados 2-D

Posicionamento na camadaÂngulo da camada Superior Média Inferior

0° 0.6151229 0.7196737 0.863992630° 0.8819268 1.1321697 1.5494638-45° 1.6453688 1.8611584 1.9297937

145

FIG. 8.5: Razão de carga (SR) obtida por Ramsaroop e Kanny (2010)

Page 147: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

8.3 APÊNDICE III: DESENHO DO ACOPLAMENTO

146

Page 148: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

8.4 APÊNDICE IV: PONTOS TEÓRICOS DO PERFIL ONERA OA209

Corda unitária Corda 350 mm

1 0,002515 350 0,88025

0,977804 0,001981 342,2314 0,69335

0,951108 0,003581 332,8878 1,25335

0,93869 0,004906 328,5415 1,7171

0,919134 0,007469 321,6969 2,61415

0,899577 0,010363 314,85195 3,62705

0,88002 0,013359 308,007 4,67565

0,870242 0,01484 304,5847 5,194

0,850685 0,017712 297,73975 6,1992

0,831129 0,020444 290,89515 7,1554

0,806683 0,023675 282,33905 8,28625

0,782238 0,026731 273,7833 9,35585

0,757792 0,029638 265,2272 10,3733

0,733347 0,032409 256,67145 11,34315

0,708901 0,035044 248,11535 12,2654

0,684455 0,037536 239,55925 13,1376

0,660009 0,039882 231,00315 13,9587

0,635564 0,042079 222,4474 14,72765

0,611118 0,04413 213,8913 15,4455

0,586673 0,046039 205,33555 16,11365

0,562228 0,047807 196,7798 16,73245

0,537782 0,049435 188,2237 17,30225

0,513337 0,05092 179,66795 17,822

0,488892 0,052254 171,1122 18,2889

0,464446 0,053431 162,5561 18,70085

0,440001 0,054454 154,00035 19,0589

0,415556 0,055334 145,4446 19,3669

0,39111 0,056099 136,8885 19,63465

0,366665 0,056785 128,33275 19,87475

0,34222 0,057418 119,777 20,0963

0,317775 0,058003 111,22125 20,30105

0,293329 0,058513 102,66515 20,47955

0,268884 0,05889 94,1094 20,6115

0,244439 0,059059 85,55365 20,67065

0,219994 0,058933 76,9979 20,62655

0,195549 0,058414 68,44215 20,4449

0,171105 0,057387 59,88675 20,08545

0,146659 0,055714 51,33065 19,4999

147

Page 149: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

0,122215 0,053221 42,77525 18,62735

0,092881 0,048797 32,50835 17,07895

0,083104 0,046874 29,0864 16,4059

0,073326 0,044669 25,6641 15,63415

0,063549 0,042132 22,24215 14,7462

0,053771 0,039195 18,81985 13,71825

0,044972 0,036138 15,7402 12,6483

0,039105 0,033839 13,68675 11,84365

0,035195 0,032173 12,31825 11,26055

0,029328 0,029445 10,2648 10,30575

0,022484 0,025845 7,8694 9,04575

0,015641 0,021618 5,47435 7,5663

0,009775 0,017155 3,42125 6,00425

0,007037 0,014584 2,46295 5,1044

0,004887 0,012159 1,71045 4,25565

0,001759 0,007224 0,61565 2,5284

0,000781 0,004747 0,27335 1,66145

0,000292 0,002855 0,1022 0,99925

0 0 0 0

0 0 0 0

0,000293 -0,002597 0,10255 -0,90895

0,000783 -0,004076 0,27405 -1,4266

0,001761 -0,005787 0,61635 -2,02545

0,004891 -0,00862 1,71185 -3,017

0,007042 -0,009794 2,4647 -3,4279

0,00978 -0,010912 3,423 -3,8192

0,015648 -0,01261 5,4768 -4,4135

0,022492 -0,014008 7,8722 -4,9028

0,029337 -0,015091 10,26795 -5,28185

0,035204 -0,015868 12,3214 -5,5538

0,039115 -0,016331 13,69025 -5,71585

0,044982 -0,01696 15,7437 -5,936

0,053782 -0,017799 18,8237 -6,22965

0,063561 -0,018638 22,24635 -6,5233

0,073339 -0,019419 25,66865 -6,79665

0,083117 -0,020165 29,09095 -7,05775

0,092895 -0,020891 32,51325 -7,31185

0,12223 -0,022991 42,7805 -8,04685

0,146675 -0,024669 51,33625 -8,63415

0,171121 -0,026259 59,89235 -9,19065

0,195567 -0,027717 68,44845 -9,70095

148

Page 150: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

0,220012 -0,029 77,0042 -10,15

0,244457 -0,030072 85,55995 -10,5252

0,268902 -0,030924 94,1157 -10,8234

0,293347 -0,031579 102,67145 -11,05265

0,317792 -0,032083 111,2272 -11,22905

0,342237 -0,03249 119,78295 -11,3715

0,366683 -0,032836 128,33905 -11,4926

0,391128 -0,033124 136,8948 -11,5934

0,415574 -0,03333 145,4509 -11,6655

0,440019 -0,033421 154,00665 -11,69735

0,464464 -0,033369 162,5624 -11,67915

0,488909 -0,03316 171,11815 -11,606

0,513354 -0,032793 179,6739 -11,47755

0,537798 -0,032274 188,2293 -11,2959

0,562243 -0,031613 196,78505 -11,06455

0,586688 -0,030813 205,3408 -10,78455

0,611133 -0,029876 213,89655 -10,4566

0,635578 -0,028795 222,4523 -10,07825

0,660023 -0,027568 231,00805 -9,6488

0,684467 -0,026193 239,56345 -9,16755

0,708913 -0,024673 248,11955 -8,63555

0,733358 -0,023013 256,6753 -8,05455

0,757802 -0,021218 265,2307 -7,4263

0,782247 -0,01928 273,78645 -6,748

0,806691 -0,017182 282,34185 -6,0137

0,831136 -0,014896 290,8976 -5,2136

0,850692 -0,012915 297,7422 -4,52025

0,870247 -0,010804 304,58645 -3,7814

0,880025 -0,009715 308,00875 -3,40025

0,899581 -0,007547 314,85335 -2,64145

0,919136 -0,005551 321,6976 -1,94285

0,938692 -0,003929 328,5422 -1,37515

0,95111 -0,003181 332,8885 -1,11335

0,977804 -0,00243 342,2314 -0,8505

1 -0,002508 350 -0,8778

149

Page 151: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

8.5 APÊNDICE V: PONTOS TOMADOS COM A PÁ NA HORIZONTAL

Os pontos foram medidos tomando-se por base marcações feitas no

extradorso, na região do bordo de fuga.

150

Page 152: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

8.6 APÊNDICE VI: PONTOS TOMADOS COM A PÁ ACOPLADA À AERONAVE

Os pontos foram medidos tomando-se por base marcações feitas no

extradorso, na região do bordo de fuga. A pá encontrava-se acoplada à aeronave.

151