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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO

DECEx - DFA - DEPA

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DO EXÉRCITO E COLÉGIO MILITAR DE

SALVADOR

1º Ten Al ALEXANDRE COUTO TSIOMIS

LEVANTAMENTO DO EFETIVO REAL DE CÃES DO EXÉRCITO BRASILEIRO E

COMPARAÇÃO COM OS DADOS DISPONÍVEIS PELA SEÇÃO DE REMONTA E

VETERINÁRIA DA DIRETORIA DE ABASTECIMENTO DO COMANDO

LOGÍSTICO DO EXÉRCITO BRASILEIRO

Salvador

2010

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TCC

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2010

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1º Ten Al ALEXANDRE COUTO TSIOMIS

LEVANTAMENTO DO EFETIVO REAL DE CÃES DO EXÉRCITO BRASILEIRO E

COMPARAÇÃO COM OS DADOS DISPONÍVEIS PELA SEÇÃO DE REMONTA E

VETERINÁRIA DA DIRETORIA DE ABASTECIMENTO DO COMANDO

LOGÍSTICO DO EXÉRCITO BRASILEIRO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

à Comissão de Avaliação de Trabalhos

Científicos da Divisão de Ensino da Escola

de Administração do Exército, como

exigência parcial para a obtenção do título de

Especialista em Aplicações Complementares

às Ciências Militares.

Orientador: Capitão QCO José Maria

Ferreira Júnior

Salvador

2010

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1º Ten Al ALEXANDRE COUTO TSIOMIS

LEVANTAMENTO DO EFETIVO REAL DE CÃES DO EXÉRCITO BRASILEIRO E

COMPARAÇÃO COM OS DADOS DISPONÍVEIS PELA SEÇÃO DE REMONTA E

VETERINÁRIA DA DIRETORIA DE ABASTECIMENTO DO COMANDO

LOGÍSTICO DO EXÉRCITO BRASILEIRO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

à Comissão de Avaliação de Trabalhos

Científicos da Divisão de Ensino da Escola

de Administração do Exército, como

exigência parcial para a obtenção do título de

Especialista em Aplicações Complementares

às Ciências Militares.

Aprovado em: ______ / ________________ /2010

_____________________________________________________

XXXXXXXXXXXXXXXX – PATENTE – Presidente

Escola de Administração do Exército

_________________________________________________

XXXXXXXXXXXXXXXX – PATENTE – 1º Membro

Escola de Administração do Exército

______________________________________________________

XXXXXXXXXXXXXXXX – PATENTE – 2º Membro

Escola de Administração do Exército

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Dedico este trabalho ao grande amor da

minha vida, minha esposa Ana Paula

Falci Daibert, pelo carinho e amor

dispensados, fazendo com que apesar da

distância entre nós ser grande, fosse

possível senti-la próxima.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos meus companheiros pelo suporte oferecido durante o curso, que

fizeram com que os desafios apresentados fossem mais facilmente ultrapassados.

Agradeço aos meus instrutores pela dedicação e paciência na transmissão de

conhecimentos que muito contribuíram para minha formação como militar.

Agradeço a minha família pelo apoio e confiança em mim depositados durante toda

minha vida.

Meus agradecimentos ao Exército Brasileiro, pela oportunidade de realização desta

pesquisa.

Agradeço a minha esposa simplesmente por ela existir e me fazer um homem feliz.

Agradeço, sobretudo a Deus pois, sem ele, nada seria possível.

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RESUMO

O uso de cães como instrumento auxiliar das forças armadas é muito antigo. Sua utilização

atualmente compreende seu uso em situações de combate, segurança de tropas, vigilância de

instalações e localização de explosivos e entorpecentes, além de outros tipos de emprego

menos usuais. Para o Exército Brasileiro em 2005, através da publicação das Normas para o

Controle de Caninos na Força Terrestre (NORCCAN), ficou definido que o cão militar seria

utilizado para o cumprimento das seguintes funções: guarda pessoal, guarda de instalações,

farejo de substâncias entorpecentes, farejo de explosivos, controle de distúrbios civis e

patrulhamento. Para gerenciar este efetivo tão importante no auxílio da defesa da soberania da

pátria, se faz necessário um bom controle e conhecimento do número total de animais

existentes na força e sua distribuição nas Organizações Militares (OM), permitindo uma

melhor alocação de recursos (alimentos, vacinas, medicamentos etc.), além do

estabelecimento de estratégias para substituição de animais de idade avançada ou inválidos,

sem o comprometimento da qualidade dos serviços prestados por estes cães, reciclagem dos

animais e adestradores através de programas de educação continuada e a geração de dados

estatísticos que poderiam identificar falhas no manejo destes animais, podendo verificar a

necessidade da implantação de medidas corretivas. Através da aplicação de questionários

enviados às OM que possuem efetivo canino, levantando a população existente em cada uma

delas, além de outras relevantes informações de cada um desses animais, confrontando com os

dados disponibilizados pela Seção de Remonta e Veterinária (SRV), procurou-se verificar a

confiabilidade dos dados disponíveis para o Exército Brasileiro (EB). O questionário avaliou

também a distribuição etária, racial e de utilização destes animais na Força Terrestre. Com

base nos resultados constatou-se que os dados disponíveis na SRV não condizem com o

efetivo real dos cães existentes nas OM, que o número de cães julgados necessários pelos

militares responsáveis pelos canis se aproximava mais do efetivo real do que do número de

cães homologados pela SRV. Foi possível também constatar que a maior parte do efetivo

canino do EB é jovem. A distribuição racial é também marcante, sendo a raça Pastor Belga

Malinois a mais prevalente. A distribuição racial também diferiu bastante ao compararmos

unidades operacionais e não operacionais. Conclui-se que existe a necessidade da realização

de estudos posteriores a fim de se conhecer melhor dados do efetivo canino do EB,

permitindo assim uma gestão mais eficiente.

Palavras-chave: Cães de Guerra. Exército. Levantamento.

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ABSTRACT

The use of dogs as an auxiliary instrument in the army have a long history starting in ancient

times. Nowadays, they are used in several combat situations, providing safety to the troops,

surveillance of facilities, to locate explosives and narcotics, and other less common types of

employment. Their uses in Brasilian Army is regulated by the Normas para o Controle de

Caninos na Força Terrestre (NORCCAN), that determines that the military dog would be used

as: personal guard, facilities guard, narcotics tracking, explosives tracking, control of civil

disturbances and patrolling. In order to effectively manage these animals in the Force, it´s

fundamental to know the total number of animals kept in the army and its distribution in

Military Organizations (MO), allowing better allocation of resources (food, vaccines, drugs

etc..) and the establishment of strategies for replacement of animals incapacitated for service,

without compromising the quality of services provided by these dogs, and the generation

statistical data that could improve the handling by sugesting corrective measures. Through

the application of questionnaires sent to MO that have dogs, canine population information

was asseyed, determining the number of dogs, it´s age, main uses and racial distribution. This

data was compared with the data provided by Seção de Remonta e Veterinária (SRV), in order

to verify the reliability of data available by the Brazilian Army. It was found that the data

available in the SRV differs to the real number of existing dogs. The number of dogs tought to

be necessary by the military kennels responsible was closer to the real number of existing

dogs than the number of dogs enlisted by SRV. The number of young military dogs in the

Force is bigger than the number of older dogs, who are more experience, showing that dogs

are been retired from work at early ages. The Belgian Shepherd Malinois is the most prevalent

breed. The racial distribution was quite different when comparing non-operational and

operational units. It was found that further study is imperative in order to know better the

brazilian military dogs population, allowing a more efficient management of this resource.

Key-words: Military Dogs. Brazilian Army.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Cão de combate do exército americano em treinamento contra guerrilha urbana.

............................................................................................................................................. 17

Figura 2 – Cão em treinamento de farejamento e identificação de minas

terrestres.............................................................................................................................. 17

Figura 3 – Cão militar inspecionando malas em aeroporto em busca de drogas e/ou outras

substâncias perigosas .......................................................................................................... 20

Figura 4 – Cão do exército Americano procurando por explosivo e armas em escombros

durante operação em Bagdá, Iraque ................................................................................... 20

Figura 5 – Prisioneiro sendo ameaçado por um soldado Americano e um cão de

guerra................................................................................................................................... 21

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Gráfico demonstrando a distribuição do efetivo canino pelos Comandos Militares

de Áreas. CMO – Comando Militar do Oeste; CMSE – Comando Militar do Sudeste; CMA –

Comando Militar da Amzônia; CMNE – Comando Militar do Nordeste; CMP – Comando

Militar do Planalto; CMS – Comando Militar do Sul; CML – Comando Militar do

Leste.....................................................................................................................................

.... 23

Gráfico 2 – Gráfico demonstrando a relação existente entre OM com o quadro de cães

completos e incompletos.......................................................................................................... 24

Gráfico 3 – Representação da distribuição dos cães nos Comandos Militares de Áreas segundo

sua situação.............................................................................................................................. 25

Gráfico 4 – Representação da distribuição dos cães na 1° Região Militar (RM) do Comando

Militar do Leste (CML) segundo sua situação. SRV – Seção de Remonta

Veterinária................................................................................................................................ 26

Gráfico 5 – Representação da distribuição dos cães na 2° Região Militar (RM) do Comando

Militar do Sudeste (CMSE) segundo sua situação. SRV – Seção de Remonta

Veterinária................................................................................................................................ 26

Gráfico 6 – Representação da distribuição dos cães na 3° Região Militar (RM) do Comando

Militar do Sul (CMS) segundo sua situação. SRV – Seção de Remonta

Veterinária................................................................................................................................ 27

Gráfico 7 – Representação da distribuição dos cães na 5° Região Militar (RM) do Comando

Militar do Sul (CMS) segundo sua situação. SRV – Seção de Remonta

Veterinária................................................................................................................................ 27

Gráfico 8 – Representação da distribuição dos cães na 6° Região Militar (RM) do Comando

Militar do Nordeste (CMNE) segundo sua situação. SRV – Seção de Remonta

Veterinária................................................................................................................................ 28

Gráfico 9 – Representação da distribuição dos cães na 7° Região Militar (RM) do Comando

Militar do Nordeste (CMNE) segundo sua situação. SRV – Seção de Remonta

Veterinária................................................................................................................................ 28

Gráfico 10 – Representação da distribuição dos cães na 8° Região Militar (RM) do Comando

Militar da Amazônia (CMA) segundo sua situação. SRV – Seção de Remonta

Veterinária................................................................................................................................ 29

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Gráfico 11 – Representação da distribuição dos cães na 9° Região Militar (RM) do Comando

Militar do Oeste (CMO) segundo sua situação. SRV – Seção de Remonta

Veterinária................................................................................................................................ 29

Gráfico 12 – Representação da distribuição dos cães na 11° Região Militar (RM) do Comando

Militar do Planalto (CMP) segundo sua situação. SRV – Seção de Remonta

Veterinária................................................................................................................................ 30

Gráfico 13 – Representação da distribuição dos cães na 12° Região Militar (RM) do Comando

Militar da Amazônia (CMA) segundo sua situação. SRV – Seção de Remonta

Veterinária................................................................................................................................ 30

Gráfico 14 – Representação da distribuição dos cães da Força Terrestre no território

brasileiro. SRV – Seção de Remonta Veterinária ................................................................... 31

Gráfico 15 – Representação da distribuição etária dos cães de guerra do Exército

Brasileiro.................................................................................................................................. 33

Gráfico 16 – Representação da distribuição percentual de aptidão do efetivo canino no

território brasileiro. EB – Exército Brasileiro ......................................................................... 34

Gráfico 17 – Representação da distribuição percentual de aptidão do efetivo canino em

unidades da Polícia do Exército .............................................................................................. 35

Gráfico 18 – Representação da distribuição percentual de aptidão do efetivo canino em

unidades logísticas .................................................................................................................. 35

Gráfico 19 – Representação da distribuição percentual das raças do efetivo canino no

território brasileiro .................................................................................................................. 36

Gráfico 20 – Representação da distribuição percentual das raças do efetivo canino em

unidades da Polícia do o.......................................................................................................... 37

Gráfico 21 – Representação da distribuição percentual das raças do efetivo canino em

unidades logísticas do o........................................................................................................... 37

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 11

2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................... 14

2.1 HISTÓRICO DO EMPREGO DE CÃES DE GUERRA .................................... 14

2.1.1 Cães anti-tanque ...................................................................................... 16

2.1.2 Cães de combate ...................................................................................... 16

2.1.3 Detecção e farejamento de minas terrestres ......................................... 17

2.1.4 Batedores .................................................................................................. 18

2.1.5 Sentinelas .................................................................................................. 18

2.1.6 Garantia da lei e da ordem ..................................................................... 19

2.1.7 Detecção de drogas e armamento ........................................................... 19

2.1.8 Intimidação .............................................................................................. 20

2.2 ORGANIZAÇÃO DO EFETIVO CANINO NO EXÉRCITO BRASILEIRO 21

3. REFERENCIAL METODOLÓGICO................................................................... 22

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ................................................. 23

4.1 ANÁLISE DO QUANTITATIVO DO EFETIVO CANINO NAS REGIÕES

MILITARES E EM TODO O BRASIL........................................................................ 25

4.2 ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO ETÁRIA DO EFETIVO DE CÃES DE GUERRA NO

BRASIL ........................................................................................................................ 32

4.3 ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DAS FUNÇÕES EXECUTADAS PELOS DE CÃES

DE GUERRA DO EXÉRCITO .................................................................................... 33

4.4 ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DAS RAÇAS DOS CÃES DE GUERRA DO

EXÉRCITO ................................................................................................................... 35

5. CONCLUSÃO .......................................................................................................... 38

REFERÊNCIAS........................................................................................................... 40

APÊNDICE ................................................................................................................. 43

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1 INTRODUÇÃO

O uso de cães nas Forças Armadas é muito antigo, existindo relatos que datam de

antes de Cristo. As funções dos cães militares, desde então, variaram muito e hoje em dia

estes são utilizados em diversas missões (NEWTON, 2008). Alguns empregos mais comuns,

atualmente, incluem seu uso em situações de combate, segurança de tropas e vigilância de

instalações. Além destes usos, os “cães de guerra” (cães militares) podem ser utilizados para

identificar/localizar explosivos e entorpecentes através do faro, assumindo grande importância

no combate ao terrorismo e tráfico de drogas e armas (TOFOLI, 2006). Outros usos inusitados

podem ser destacados. O Serviço Aéreo Especial (Special Air Service), força especial do

exército britânico, tem utilizado cães em missões de espionagem no Iraque e Afeganistão,

após serem lançados de pára-quedas junto com as tropas, objetivando encontrar esconderijos

inimigos e revelando emboscadas através do uso de pequenas câmeras de vídeo presas às suas

cabeças (PARANÁ-ONLINE, 2008).

Conforme estabelecido pelo Comando Logístico do Exército Brasileiro em 2005,

através da publicação das Normas para o Controle de Caninos na Força Terrestre

(NORCCAN), ficou definido que o cão militar seria utilizado para o cumprimento das

seguintes funções: guarda pessoal, guarda de instalações, farejo de substâncias entorpecentes,

farejo de explosivos, controle de distúrbios civis e patrulhamento (BRASIL, 2005).

Como todos os seres vivos, os cães de guerra envelhecem, podem ficar doentes e

morrem, ocasionando afastamento temporário ou definitivo do serviço (MOORE et al, 2001).

Além do envelhecimento, outras causas comuns de descarga destes animais incluem doenças

em virtude de escolha genética inadequada e/ou manejo incorreto (tratamento, treinamento e

uso). A retirada destes animais da atividade representa a perda de um importante elemento de

serviço, dos recursos utilizados para a obtenção destes animais, valores despendidos em seu

treinamento e tratamento, além da perda de cães mais experientes, que executam seu trabalho

com maior confiabilidade (EVANS et al, 2007).

O conhecimento do número real do efetivo canino pode tornar possível o levantamento

de diversas informações, por exemplo, dos motivos de descarga dos cães de guerra do

Exército Brasileiro (EB), viabilizando a adoção de planos corretivos a fim de prolongar a

utilização desses cães ou estratégias de substituição dos animais existentes por raças mais

longevas, prolongando seu tempo de serviço. O reconhecimento de raças mais aptas a

determinados serviços e mais longevas também poderia tornar possível o estabelecimento de

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um programa de criação de animais cada vez mais adaptados às mais diversas funções em

unidades militares com diferentes perfis, tais como depósitos de suprimentos ou unidades de

polícia do exército (EVANS et al, 2007).

Entretanto, a eficácia do estabelecimento de medidas estratégicas desta magnitude

dependeria totalmente da confiabilidade das informações que os órgãos militares possuem.

Segundo Chiavenato (2000), administrar bem recursos pessoais e materiais só é possível

através da realização de um trabalho eficiente e eficaz. Para que isso ocorra são necessárias

várias ações, conhecidas como os quatro pilares da administração: o planejamento, a

organização, a direção e o controle de recursos. Portanto, para que o efetivo canino do

Exército Brasileiro seja bem administrado, é preciso conhecer a quantidade de cães presentes

nas organizações militares, além de outras informações intimamente relacionadas a estes

animais, tais como idade, raça, tipo de emprego entre outras. Uma das formas mais comuns de

levantamento do efetivo de populações é a realização de censos que podem incluir em suas

pesquisas informações qualitativas e quantitativas do objeto de estudo (BRASIL, 2005b).

O principal objetivo deste trabalho é determinar o número real de cães presentes nas

Organizações Militares relacionadas na Seção de Remonta e Veterinária (SRV) como

possuidoras de cães, através da aplicação de um questionário, comparando os números

obtidos em aditamentos do Comando Logístico do Exército Brasileiro, permitindo assim um

melhor gerenciamento destes animais pela Força Terrestre Brasileira.

A partir da aplicação deste questionário, informações como perfil racial, idade dos

cães e principais usos de cada um deles podem ser obtidos, constituindo os objetivos

secundários do presente estudo:

Levantar a distribuição dos efetivos por Comandos Militares de Área;

Analisar a distribuição etária do efetivo canino;

Verificar a distribuição racial do efetivo canino;

Relacionar os principais usos do efetivo canino na Força Terrestre.

Com relação à organização capitular, esta pesquisa encontra-se estruturada em seis

capítulos, já incluindo a Introdução como primeiro capítulo.

No capítulo 2, é apresentado o Referencial Teórico, discorrendo sobre a importância

da utilização dos cães pelas Forças Armadas através dos tempos e suas principais utilizações

atualmente.

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No capítulo 3, apresentamos o Referencial Metodológico, esclarecendo o tipo de

pesquisa, as hipóteses de estudo, os procedimentos adotados para obtenção dos dados e os

objetivos geral e específicos do trabalho.

No capítulo 4, os resultados obtidos são apresentados na forma de gráficos, permitindo

a análise dos dados obtidos com o intuito de conhecer melhor o panorama do controle do

efetivo canino no Exército Brasileiro pela sua seção administrativa competente, a Seção de

Remonta e Veterinária (SRV) do Comando Logístico (COLOG).

Para finalizarmos, após a análise dos dados, no capítulo 5 apresenta-se a conclusão da

pesquisa, relacionando os objetivos propostos à análise realizada dos dados.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Os cães de guerra sempre tiveram grande importância nas Forças Armadas. Por muitas

vezes, eles contribuíram para proteger e poupar a vida de combatentes de exércitos

(NEWTON, 2008).

2.1 HISTÓRICO DO EMPREGO DE CÃES DE GUERRA

Estudiosos estimam que o cão começou a ser domesticado aproximadamente a 15.000

anos atrás. Com o desenvolvimento dos conhecimentos da genética, o homem começou a

selecionar os cruzamentos dos cães, criando grupos com diferentes aptidões. Através desse

processo, foram desenvolvidas centenas de diferentes raças de cães, tornando esta a espécie

que apresenta a maior variação comportamental e morfológica no mundo (SPADY;

OSTRANDER, 2007).

Supõe-se que a aproximação do cão e homem desenvolveu-se de uma relação de

simbiose entre estes. Os cães contribuíam para a sanitização dos povoamentos, consumindo

restos de alimento, auxiliavam na caça utilizando seu faro apurado, além de funcionarem

como vigias, alertando o homem da presença de predadores ou estranhos. Em contrapartida,

os cães utilizavam-se das habilidades de caça do homem de forma a obter alimento de forma

mais fácil e com maior regularidade (TACON; PARDOE, 2002).

Segundo matéria publicada pelo The New York Times em 1915, o uso dos cães com

finalidade militar é muito antigo (Quadro 1). Existem relatos de sua utilização pelos egípcios,

gregos, persas, bretões e romanos.

Os cães molossos de Epyrus, dos quais descende a raça Mastim Napolitano, foram

criados pelos romanos especialmente para a batalha. Concomitantemente, os bretões

selecionaram sua própria raça de cães de guerra (atual Mastiff) que venceram seus rivais

canídeos romanos graças à sua ponderosa mordida. Após o domínio da Bretanha pelos

romanos, estes exportaram exemplares desta raça para Roma e a disseminaram para o restante

do mundo conhecido da época. Era rotineiro o uso de coleiras protetoras com espinhos e

armaduras para seus corpos. Os romanos possuíam destacamentos militares de ataque

compostos, quase que exclusivamente, por cães.

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16

ANO RELATO DE USO

628 AC Os Lidianos utilizaram um pelotão específico de cães de guerra

525 AC Os Persas utilizaram enormes cães contra os lanceiros e arqueiros

egípcios

490 AC Gregos utilizaram cães de guerra na Batalha de Maratona

385 AC Os cães impediram a chegada de reforços durante o cerco à

Matineia

101 AC Grandes cães comandados por mulheres ajudaram na defesa de

sua caravana na Batalha de Ver

1525 Henrique VIII enviou 400 Mastiff para auxílio à Espanha

1580 Elizabete I envia 800 cães de combate para lutar durante a

rebelião de Desmond

1799 Napoleão incorporou um grande número de cães de guerra em

suas tropas

1914 O exército Belga utilizou grandes cães para puxar pequenos carros

com metralhadoras pesadas através dos campos de batalha

1914-1918 Cães são utilizados para entregar mensagens vitais

1941-1945 Os Soviéticos utilizaram cães com bombas acopladas para destruir

tanques alemães invasores

1943-1945 Os marines dos EUA utilizaram cães para auxiliar na retomada de

ilhas do pacífico das tropas japonesas

1966-1973 Foram utilizados, pelos EUA, na guerra do Vietnã,

aproximadamente 5.000 cães, por estimativa, salvando mais de

10.000 vidas americanas

1979-1988 Os soviéticos utilizaram cães para rastreamento e identificação das

forças inimigas no Afeganistão

Quadro 1 – Histórico do uso dos cães com finalidades militares

Fonte: Newton, 2008.

Pode-se, ainda, citar outros exemplos do emprego dessa espécie em guerras em

combate corpo a corpo, como pelo exército de Átila, o Huno, pelos espanhóis na subjugação

dos povos nativos americanos ou pelos irlandeses na defesa de sua nação contra a invasão

pelos cavaleiros Normandos (NEWTON, 2008).

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17

Como citado anteriormente, durante a história os cães vem desempenhando diversas

funções no auxílio do homem em atividades militares, tais como mensageiros, vigias,

batedores, mascotes entre outras funções (NEWTON, 2008).

Podemos destacar algumas de suas utilizações durante os tempos: cães anti-tanque,

cães de combate, detecção e farejamento de minas terrestres, batedores, sentinelas, garantia de

lei e da ordem, detecção de drogas e armas, intimidação, entre outras menos usuais.

2.1.1 Cães antitanque

Durante a Segunda Guerra Mundial, a União Soviética treinou cães anti tanques. Estes

cães eram treinados para encontrar comida embaixo dos tanques. Eles eram submetidos a

períodos de fome até o início das batalhas, durante as quais eles eram liberados para procurar

seu alimento, equipados com mochilas contendo explosivos. O mecanismo de detonação era

acionado quando os cães entravam embaixo dos veículos blindados dos inimigos, fazendo

com que um fusível posicionado em suas costas se quebrasse, destruindo ou desabilitando o

tanque. A grande desvantagem deste uso era a morte do cão, que necessitaria ser reposto.

Relatos indicam que estes cães eram extremamente efetivos na eliminação de tanques

inimigos, tendo em algumas batalhas destruído 11 veículos alemães. Eles eram considerados

tão perigosos que os soldados alemães receberam ordens para atirar e eliminar qualquer cão a

vista. O projeto foi abandonado porque os cães não eram capazes de distinguir os tanques

amigos e eram facilmente afugentados, apesar da fome (K-9 HISTORY, 2010).

2.1.2 Cães de combate

Na antiguidade, cães de grande porte eram equipados com armaduras e enviados para

o combate para atacar diretamente o inimigo. Esta estratégia foi muito utilizada na

antiguidade por muitos povos, como os gregos e romanos, porém foi praticamente

abandonada com o desenvolvimento das armas modernas, que rapidamente são capazes de

eliminar um grande número de cães de guerra. Entretanto, em algumas incursões em lugares

pequenos ou fechados como abrigos, cavernas e domicílios, os cães ainda podem ser

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empregados, utilizando inclusive coletes a prova de balas como observado na Figura 1 (K-9

HISTORY, 2010).

Figura 1: Cão de combate do exército americano em treinamento contra guerrilha urbana.

Disponível em < http://en.wikipedia.org/wiki/Military_dog> Acesso em 10 abril 2010.

2.1.3 Detecção e Farejamento de Minas Terrestres

Muitos cães são treinados para localizar minas terrestres (Figura 2). Esta tarefa é

extremamente cansativa para os animais e as sessões de trabalhos devem ser curtas,

aproximadamente 30 minutos. Esses também podem ser utilizados nas buscas por fugitivos,

devido a sua grande habilidade em seguir um gradiente olfativo (SMITH, 2001).

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Figura 2: Cão em treinamento de farejamento e identificação de minas terrestres.

Disponível em <http://maic.jmu.edu/journal/5.1/Features/Stacy_DogCo/stacy.htm> Acesso em 10 abril 2010.

2.1.4 Batedores

Alguns cães são treinados para, silenciosamente, localizar armadilhas e inimigos

escondidos, tais como snipers. O faro e a audição dos cães são extremamente eficientes,

fazendo com que estes detectem os perigos mais facilmente que os humanos. Esses cães

foram amplamente utilizados na Segunda Guerra Mundial e Vietnan, detectando emboscadas,

armadilhas, inimigos ocultos na vegetação e sob a água (RUBENSTEIN, 1969).

2.1.5 Sentinelas

Um dos primeiros usos militares do cão foi como sentinela, defendendo instalações ou

outras áreas de interesses durante o dia e, principalmente, à noite. Sua função é latir a fim de

alertar os guardas da presença de estranhos. Na história militar, foi demonstrado que a

utilização de cães sentinelas permite a detecção e rápida mobilização contra os inimigos.

Inimigos capturados quando interrogados quanto à presença de cães sentinelas relatam medo e

respeito aos cães. É bastante comum o uso de cães sentinelas em bases militares em todo o

mundo (WALLER, 2007).

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Embora o cão de guerra contemporâneo possua grande importância desempenhando

diversas funções nas Forças Armadas, assim como seu antecessores na antiguidade, suas

funções, hoje em dia, raramente são desempenhadas na linha de contato em conflitos.

Tradicionalmente, a raça mais empregada militarmente tem sido o Pastor Alemão,

porém outras raças de menor porte ou olfato mais apurado têm sido utilizadas em missões

específicas, tais como o Pastor Belga Malinois (MOTT, 2003). O Exército Brasileiro

emprega, além destas raças, o Rottweiler, Dobermann e Labrador (BRASIL, 2005). Todos os

cães de guerra, após treinamento, são conduzidos por um indivíduo único chamado treinador,

condutor ou handler (manipulador na língua inglesa). Embora um handler não permaneça

com um mesmo cão durante toda sua carreira, estes permanecem juntos por pelo menos um

ano, mas, em alguns casos, este período pode se prolongar bastante (MILES, 2010).

2.1.6 Garantia da Lei e da Ordem

Os cães exercem importante função no auxílio da manutenção da lei e da ordem pelo

exército, em especial pela Polícia do Exército (PE). Suas funções compreendem desde

perseguição de suspeitos, guarda, defesa do condutor e até mesmo intimidação e auxílio no

controle de distúrbios públicos (MOTT, 2003).

2.1.7 Detecção de Drogas e Armamento

Os cães militares podem ser treinados para identificar praticamente qualquer tipo de

substância psicoativa ilícita (Figura 3), mesmo que apresente apenas traços destas drogas ou

até mesmo quando esta se encontra selada em recipientes. Esses animais geralmente são

utilizados em aeroportos, portos e postos fronteiriços (DO VALLE, 2009).

Os cães militares também podem ser treinados para identificar explosivos (Figura 4),

sendo extremamente úteis em postos fronteiriços, patrulhas em instalações, estradas de

instalações militares ou governamentais. Esses cães podem atingir uma taxa de sucesso de

mais de 98% na identificação de bombas (MOTT, 2003).

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Figura 3: Cão militar inspecionando malas em aeroporto em busca de drogas e/ou outras substâncias perigosas.

Disponível em <http://en.wikipedia.org/wiki/Military_dog> Acesso em 10 abril 2010.

Figura 4: Cão do exército Americano procurando por explosivo e armas em escombros durante operação em

Bagdá, Iraque.

Disponível em <http://en.wikipedia.org/wiki/Military_dog> Acesso em 10 abril 2010.

2.1.8 Intimidação

O uso de cães com a finalidade de intimidar o inimigo (Figura 5) é bastante

controverso. Defensores deste tipo de uso reforçam que a intimidação causada nos

prisioneiros pode contribuir na extração de informações em interrogatórios, gerando

informações de contra-inteligência importantes, significando ganhos estratégicos e até mesmo

economia de vidas das tropas amigas (WHITE, 2010).

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Figura 5: Prisioneiro sendo ameaçado por um soldado Americano e um cão de guerra.

Disponível em <http://en.wikipedia.org/wiki/Military_dog> Acesso em 10 abril 2010.

2.2 ORGANIZAÇÃO DO EFETIVO CANINO NO EXÉRCITO BRASILEIRO

O Exército Brasileiro classifica os cães presentes em suas fileiras de acordo com as

Normas para o Controle de Caninos na Força Terrestre (NORCCAN) em três categorias: Cães

homologados (ou carregados), aguardando homologação e não homologados. Dessas

categorias, a Seção de Remonta e Veterinária (SRV) apenas mantêm controle do número das

duas primeiras (BRASIL, 2005).

O Exército Brasileiro definiu na NORCCAN as atividades onde os cães de guerra

podem ser empregados, entre elas guarda pessoal e instalações, farejo de substâncias

entorpecentes e explosivos, operações de garantia da lei e da ordem (GLO) e patrulhamento.

Este documento estabelece também todas as raças permitidas, como é realizada a

identificação destes animais, do controle reprodutivo, além de normatizar o registro destes na

SRV, através da sua inclusão em carga, exclusão de carga e homologação.

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3 REFERENCIAL METODOLÓGICO

Para o desenvolvimento do trabalho, foi realizada uma pesquisa aplicada, com

características descritivas documentais e levantamento de dados. Esta foi baseada em dados

(boletins internos e aditamentos) obtidos na Seção de Remonta e Veterinária (SRV),

vinculada à Diretoria de Abastecimento do comando Logístico do Exército Brasileiro, em

consulta a regulamentos e normas que envolvam as Forças Armadas, sobretudo no que está

relacionado ao uso do efetivo canino na Força Terrestre.

Um questionário (Apêndice A) aplicado via correspondência eletrônica aos militares

responsáveis pelas seções de cães de guerra de cada uma das organizações militares (OM) que

possuam cães de guerra foi utilizado, constando de informações tais como o número real de

cães presentes em cada uma delas, distribuição racial, idade e tipos de emprego destes

animais, visando-se obter um panorama atual da situação do efetivo de cães de guerra na força

terrestre e sugerir medidas que favoreçam a otimização de sua utilização, buscando

operacionalidade e eficácia em seu uso.

A análise dos dados foi classificada como qualitativa, pois se trata de uma comparação

dos dados existentes na SRV e os obtidos pelos questionários. Segundo Alves-Mazzotti e

Gewandsnajder (2002), as pesquisas qualitativas podem utilizar vários procedimentos e

instrumentos de coleta de dados. Apesar da obtenção de dados numéricos, optou-se por este

tipo de abordagem descritiva ao invés de análise estatística quantitativa devido ao curto tempo

disponível e por esta ser mais simples. A análise estatística destes dados pode ser o foco de

estudos posteriores.

Os resultados apresentados no capítulo a seguir são preliminares, uma vez que parte

das OM contactadas ainda não retornaram os questionários preenchidos e ainda se faz

necessário o contato com algumas unidades.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir dos procedimentos descritos no tópico anterior, foram obtidos os resultados

expostos a seguir.

O EB possuía, em Dezembro de 2009, segundo o aditamento n°25 da Diretoria de

Abastecimento, ao boletim interno n° 241 do Comando Logístico, um efetivo canino

totalizando 223 cães distribuídos pelos Comandos Militares, como demonstrado no Gráfico 1.

Gráfico 1: Distribuição do efetivo canino pelos Comandos Militares de Áreas. CMO – Comando Militar do

Oeste; CMSE – Comando Militar do Sudeste; CMA – Comando Militar da Amzônia; CMNE – Comando Militar

do Nordeste; CMP – Comando Militar do Planalto; CMS – Comando Militar do Sul; CML – Comando Militar

do Leste.

Fonte: BRASIL, 2010.

Este efetivo de caninos poderia ser ainda maior considerando que estão previstas 297

vagas para cães distribuídos pelas Organizações Militares (OM) brasileiras, configurando

assim existência de 74 claros. Como pode ser observado no Gráfico 2, apenas 31% das OM

onde é prevista a utilização de cães se encontram com o plantel completo, corroborando para

a constatação de uma subestimação do emprego destes animais na força terrestre por parte de

seus comandantes.

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Gráfico 2: Gráfico demonstrando a relação existente entre OM com o quadro de cães completos e incompletos.

Fonte: BRASIL, 2010.

Os cães que pertencem ao EB podem se enquadrar em duas categorias, homologados e

aguardando homologação. Os cães homologados são aqueles que já foram incluídos em carga

na OM em que estão através da publicação em Aditamento de Suprimento ao Boletim Interno

do Comando Logístico, conforme previsto pelo NORCANN (BRASIL, 2005). Os não

homologados são aqueles cuja documentação ainda está em análise para verificar a

necessidade destes animais nas OM a que se destinam e apurar vícios documentais. O

NORCANN define ainda que os cães podem ser incorporados às OM por transferência de

outra OM, por aquisição por compra, por aceitação por doação, por nascimento nos Centros

de Reprodução de Caninos (CRC) e por distribuição do CRC. A distribuição do efetivo de

cães pelos Comandos Militares de Áreas, segundo esta classificação, está demonstrada no

Gráfico 3.

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Gráfico 3: Distribuição dos cães nos Comandos Militares de Áreas segundo sua situação.

Fonte: BRASIL, 2010.

Através da análise do questionário do Anexo A, foi possível fazer um levantamento

qualitativo comparando o número real de cães existentes no Exército Brasileiro (EB), perfil de

idade destes animais, perfil racial e principais usos deste efetivo.

4.1 ANÁLISE DO QUANTITATIVO DO EFETIVO CANINO NAS REGIÕES

MILITARES E EM TODO O BRASIL

Nos gráficos abaixo (Gráficos 4, 5, 6, 7, 8, 9 , 10, 11, 12 e 13), obtidos através da

tabulação dos dados obtidos nos relatórios enviados aos militares responsáveis pelas Seções

de Cães de Guerra (SCG) das Organizações Militares (OM) com cães previstos em carga,

pode-se observar uma distribuição semelhante dos caninos nas diversas Regiões Militares

(RM) brasileiras, estabelecendo-se, desta forma, uma média padrão para o território nacional

(Gráfico 14).

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Gráfico 4: Distribuição dos cães na 1° Região Militar (RM) do Comando Militar do Leste (CML) segundo sua

situação. SRV – Seção de Remonta Veterinária

Gráfico 5: Distribuição dos cães na 2° Região Militar (RM) do Comando Militar do Sudeste (CMSE) segundo

sua situação. SRV – Seção de Remonta Veterinária

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Gráfico 6: Distribuição dos cães na 3° Região Militar (RM) do Comando Militar do Sul (CMS) segundo sua

situação. SRV – Seção de Remonta Veterinária

Gráfico 7: Distribuição dos cães na 5° Região Militar (RM) do Comando Militar do Sul (CMS) segundo sua

situação. SRV – Seção de Remonta Veterinária

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Gráfico 8: Distribuição dos cães na 6° Região Militar (RM) do Comando Militar do Nordeste (CMNE) segundo

sua situação. SRV – Seção de Remonta Veterinária

Gráfico 9: Distribuição dos cães na 7° Região Militar (RM) do Comando Militar do Nordeste (CMNE) segundo

sua situação. SRV – Seção de Remonta Veterinária

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Gráfico 10: Distribuição dos cães na 8° Região Militar (RM) do Comando Militar da Amazônia (CMA) segundo

sua situação. SRV – Seção de Remonta Veterinária

Gráfico 11: Distribuição dos cães na 9° Região Militar (RM) do Comando Militar do Oeste (CMO) segundo sua

situação. SRV – Seção de Remonta Veterinária

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Gráfico 12: Distribuição dos cães na 11° Região Militar (RM) do Comando Militar do Planalto (CMP) segundo

sua situação. SRV – Seção de Remonta Veterinária

Gráfico 13: Distribuição dos cães na 12° Região Militar (RM) do Comando Militar da Amazônia (CMA)

segundo sua situação. SRV – Seção de Remonta Veterinária

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Gráfico 14: Distribuição dos cães da Força Terrestre no território brasileiro. SRV – Seção de Remonta

Veterinária

Considerando o Gráfico 14, comparando-o aos gráficos referentes à distribuição do

efetivo canino nas regiões militares, podemos observar uma distribuição bastante semelhante.

Diversas considerações podem ser extrapoladas a partir da análise dos valores absolutos

descritos.

A primeira e talvez mais importante consideração pode ser obtida na comparação do

efetivo real (214) e do efetivo de cães existentes cadastrados pela Seção de Remonta e

Veterinária (115), demonstrando que o número de animais existentes na Força Terrestre é

aproximadamente 186% maior do que o reconhecido pelo Exército. Segundo Chiavenato

(2000), baseado nos pilares básicos da administração, só é possível administrar bem quando

se tem completo conhecimento sobre os recursos geridos. Sem controle, rumos indesejados

não são corrigidos, os objetivos fundamentais ficam colocados em segundo plano, há

desperdício e inadequação no uso de recursos. Além disso, no caso da ocorrência de acidentes

envolvendo estes animais, torna-se impossível justificá-los, uma vez que estes animais não

deveriam sequer estar presentes nas fileiras do exército.

A comparação entre o número de cães devidamente registrados e o número de cães

previstos também permite a extrapolação de algumas idéias. A inclusão de cães em carga

exige manobras administrativas que demandam a aprovação de diversos escalões na linha de

comando, tais como comandante de unidade, comandante da respectiva região militar e,

finalmente, diretor da Diretoria de Abastecimento. A morosidade e burocracia envolvida neste

processo de carregamento talvez explique porque apenas 73,7% das vagas previstas para cães

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de guerra estejam oficialmente ocupadas, mesmo com a existência de um número real de

animais bastante superior aos valores previstos.

Outra questão é o número de cães que os militares responsáveis pelas Seções de Cães

de Guerra julgam necessário para cumprir com eficiência máxima suas missões. Este número

supera o número de vagas previstas em aproximadamente 156%. Essa demanda é justificada

pela necessidade de serviço, necessidade de folgas nas escalas de serviço destes animais, além

de uma margem de segurança para o caso de afastamentos inesperados (dispensas).

A diferença entre o número real existente e o número de animais previstos difere um

pouco menos, na ordem de 113%, sugerindo que as organizações militares tentam adequar o

seu efetivo de acordo com suas necessidades.

Avaliando-se pontualmente algumas OM de mesmo valor (ex. companhia com

companhia, batalhão com batalhão), notou-se também diferenças nas demandas de efetivo

canino, justificadas muitas vezes pelas diferenças na localização (áreas mais críticas sob ponto

de vista de segurança), dimensões (área a ser monitorada) e quantidade de missões internas ou

externas a serem cumpridas.

A partir desta última observação, percebe-se a necessidade da realização de um estudo

mais aprofundado sobre a viabilidade de se estabelecer a lotação de cães das organizações

militares de forma individualizada, com a finalidade de suprir as demandas particulares de

cada uma delas, e não determiná-la como é feito atualmente, de acordo com o valor da

unidade.

4.2 ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO ETÁRIA DO EFETIVO DE CÃES DE GUERRA NO

BRASIL

A partir da observação dos questionários retornados, foi possível verificar a

distribuição etária dos cães de guerra do EB (Gráfico 15). Nota-se um maior número de

animais bastante jovens, de 1 e 2 anos, fase esta quando os cães estão sendo preparados para o

serviço, e com idade de 4 a 6 anos, idade quando os cães estão maduros e em seu ápice de

utilização, aliando experiência e aptidão física. Observa-se um número pequeno de cães a

partir de 7 anos de idade, fato que pode significar descarga prematura destes animais.

Em estudos de Evans et al (2007), avaliando a idade de descarga dos cães do exército

norte americano, foi descrita uma idade média de 10 anos, e em alguns casos havia animais de

até 14 anos em atividade. O pequeno número de animais com idades superiores a 9 anos

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sugere que os cães do EB estão sendo descartados precocemente. Para melhor interpretação

deste gráfico, seriam necessários estudos mais aprofundados, analisando os documentos que

descrevem as causas de descarga dos cães no EB, procurando estabelecer as causas mais

freqüentes e verificando a possibilidade de se implantar medidas para aumentar a longevidade

deste efetivo em serviço.

Gráfico 15: Distribuição etária dos cães de guerra do Exército Brasileiro.

4.3 ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DAS FUNÇÕES EXECUTADAS PELOS DE CÃES

DE GUERRA DO EXÉRCITO

Outra informação obtida da análise dos questionários foi o levantamento das funções

executadas pelos cães de guerra nas OM, dentre as estabelecidas pela NORCCAN. Durante a

interpretação deste quesito, é importante frisar que a maior parte dos animais do EB está apta

para a execução de mais de uma função. O Gráfico 16 demonstra a distribuição percentual de

aptidão do efetivo canino no território brasileiro.

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Gráfico 16: Distribuição percentual de aptidão do efetivo canino do EB no território brasileiro.

Ao tabular estes dados foi percebida uma grande diferença na distribuição destas

aptidões nos animais de tropas operacionais e unidades logísticas da Força. Para destacar esta

discrepância, foram confeccionados dois gráficos (Gráficos 17 e 18), mostrando que a

distribuição de funções no plantel das unidades mais operacionais possuidoras de cães, as da

Polícia do Exército (PE) ocorre de forma mais homogênea, enquanto que em unidades

logísticas, a função da maioria dos animais é concentrada na guarda de pessoal e instalações.

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Gráfico 17: Distribuição percentual de aptidão do efetivo canino em unidades da Polícia do Exército.

Gráfico 18: Distribuição percentual de aptidão do efetivo canino em unidades logísticas

4.4 ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DAS RAÇAS DOS CÃES DE GUERRA DO

EXÉRCITO

Outro tópico abordado foi a distribuição racial destes animais. Em um panorama

nacional, as raças mais prevalentes na força foram o Pastor Belga Malinois e o Rottweiller,

correspondendo cada uma delas a aproximadamente um terço de todos os cães. O Pastor

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alemão é a terceira raça em expressão, correspondendo a 21% do plantel, conforme observado

na Gráfico 19.

Gráfico 19: Distribuição percentual das raças do efetivo canino no território brasileiro.

Mais uma vez foi percebida uma grande diferença ao se comparar a distribuição racial

em unidades operacionais e logísticas, conforme observado nos Gráficos 20 e 21. O número

de cães da raça Pastor Belga Malinois é maior em unidades operacionais, provavelmente

devido a sua maior adestrabilidade e aptidão para a execução de mais de uma função. Em

unidades logísticas, onde a principal atividade executada é a guarda, conforme observado no

Gráfico 21, a presença da raça Rottweiller é marcante. Este fato pode ser justificado pela

grande capacidade desta raça em executar esta função com eficiência, associada à grande

intimidação que estes cães causam, inibindo a ação de meliantes.

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Gráfico 20: Distribuição percentual das raças do efetivo canino em unidades da Polícia do Exército Brasileiro.

Gráfico 21: Distribuição percentual das raças do efetivo canino em unidades logísticas do Exército Brasileiro.

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5 CONCLUSÕES

Com base na análise dos dados obtidos, foi possível chegar às seguintes conclusões:

O real número de animais presentes nas Organizações Militares (OM) difere dos dados

disponibilizados pela Seção de Remonta e Veterinária (SRV) do Comando Logístico

(COLOG), sendo em torno de 186% maior do que o reconhecido pelo Exército

Brasileiro.

Apenas 73,7% das vagas previstas para cães de guerra estão oficialmente ocupadas

(homologadas), mesmo com a existência de um número real de animais superior ao

quadro de cães previstos.

O número de cães que os militares responsáveis pelas Seções de Cães de Guerra

(SCG) julgam necessário em suas OM supera o número de vagas previstas em

aproximadamente 156%.

O número de cães que os militares responsáveis pelas Seções de Cães de Guerra

(SCG) julgam necessário em suas OM são aproximados do número real de cães nas

OM , sendo apenas 13% maior.

É necessário avaliar individualmente a necessidade de cada OM, a fim de se reduzir

discrepâncias entre o número de cães previstos e o número real de caninos.

A maior parte dos cães da Força são bastante jovens, de 1 e 2 anos, idade quando estes

estão sendo preparados para o serviço, e com idade de 4 a 6 anos, quando os cães estão

maduros e em seu ápice de utilização, aliando experiência e aptidão física.

O pequeno número de cães com idade superior a 9 anos sugere que os cães de guerra

da Força Terrestre estão sendo descartados precocemente.

As raças mais prevalentes na força foram o Pastor Belga Malinois e o Rottweiller,

correspondendo cada uma delas a aproximadamente um terço de todos os cães. O

Pastor alemão é a terceira raça em expressão, correspondendo a 21% do plantel.

O número de cães da raça Pastor Belga Malinois, em unidades operacionais, é maior,

provavelmente devido à sua maior adestrabilidade e aptidão para a execução de mais

de uma função.

O número de cães da raça Rottweiller em unidades logísticas é maior, onde a principal

atividade executada é a guarda, função esta executada com muita eficiência por esta

raça.

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A distribuição das funções executadas pelos cães de guerra em unidades operacionais,

tais como as da Polícia do Exército é bastante uniforme, demonstrando uma maior

versatilidade do efetivo canino destas OM.

A principal função executada pelos cães de guerra em unidades logísticas é a guarda

de pessoal e instalações (73%), demonstrando uma maior especialização do efetivo

destas OM .

Não existe literatura sobre os dados referentes ao efetivo canino do Exército

Brasileiro. São necessárias pesquisas a respeito da importância deste efetivo, de como

ele pode ser empregado, dos custos operacionais da manutenção de Seções de Cães de

Guerra e, finalmente, dos benefícios da sua utilização em defesa da vida dos militares.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A – Modelo de questionário enviado aos militares responsáveis pelas Seções

de Cães de Guerra das respectivas Organizações Militares

NOME da OM:

N° de Cães presentes na OM:

N° de Cães julgados necessários:

Raça: Pastor Alemão = 1 ; Malinois = 2 ; Rottweiller = 3 ; Dobberman = 4 ;

Labrador = 5 ; American Starfordshire = 6 ; Outros = 7

Utilização: Guarda ou defesa pessoal = 1 ; Faro = 2 ; GLO = 3 ; Outros = 4 NOME RAÇA

IDADE UTILIZAÇÃO

OBS. Caso a raça ou tipo de utilização não esteja relacionado, favor especificá-la.


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