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Mês das Missões, da Padroeira e outros Santos SANTA EDWIGES JORNAL www.santuariosantaedwiges.com.br - Padres e Irmãos Oblatos de São José - Arquidiocese de São Paulo - Publicação Mensal * Ano XX * Nº 240 * Outubro de 2010 Santo do Mês Entrevista Festa da Padroeira Notícias +30 MIL SAIBA MAIS SOBRE O NOSSO SANTUÁRIO NESTA EDIÇÃO Pág. 13 12 de Outubro – Dia de Nossa Senhora Aparecida Vocações do Santuário Luta contra o Extermínio da juventude Palavra do Pároco Comunidade Especial Cantinho da Criança Santa Edwiges, rogai por nós Pág. 11 Pág. 09 Pág. 08 Pág. 15 FIÉIS SERÃO AGUARDADOS PARA O MÊS OUTUBRO Pág. 06 Por vocação entende-se aquele chamado que todo cristão re- cebe de Deus e à medida que caminha em comunidade... A iniciação cristã acontece através dos sacramentos e da instrução da fé, que chamamos de Catequese.

Jornal Outubro

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Outubro de 2010 www.santuariosantaedwiges.com.br Jornal Santa Edwiges 1

Mês das Missões, da Padroeira e outros Santos

SANTA EDWIGESJORNAL

www.santuariosantaedwiges.com.br - Padres e Irmãos Oblatos de São José - Arquidiocese de São Paulo - Publicação Mensal * Ano XX * Nº 240 * Outubro de 2010

Santo do Mês Entrevista

Festa da Padroeira

Notícias

+30MIL

SAIBA MAIS SOBRE O NOSSO SANTUÁRIO NESTA EDIÇÃO

Pág. 13

12 de Outubro – Dia de Nossa Senhora Aparecida

Vocações do Santuário Luta contra o Extermínio da juventude

Palavra do Pároco Comunidade Especial

Cantinho da Criança Santa Edwiges, rogai por nós

Pág. 11 Pág. 09

Pág. 08 Pág. 15

FIÉIS SERÃO AGUARDADOS PARA O MÊS OUTUBRO

Pág. 06

Por vocação entende-se aquele chamado que todo cristão re-cebe de Deus e à medida que caminha em comunidade...

A iniciação cristã acontece através dos sacramentos e da instrução da fé, que chamamos de Catequese.

2 Jornal Santa Edwiges www.santuariosantaedwiges.com.br Outubro de 2010

Editorial Dia das Crianças

Paróquia Santuário Santa EdwigesArquidiocese de São PauloRegião Episcopal IpirangaCongregação dos Oblatos de São JoséProvíncia Nossa Senhora do RocioPároco: Pe. Paulo Siebeneichler, OSJ

ExpEdiEntE

Responsável e Editora: Juliana Sales Colaboração:Pe. Mauro Negro, OSJ Diagramador: Victor Hugo de SouzaEquipe: Aparecida Y. Bonater; Eliana Tamara Carneiro; Guiomar Cor-reia do Nascimento; João A. Dias; José A. de Melo Neto; Martinho V. de Souza; Marcelo R. Ocanha e Pe. Alexandre A dos Anjos Filho.

Site: www.santuariosantaedwiges.com.br E-mail: [email protected] Conclusão desta edição: 20/09/2010 Impressão: Folha de Londrina. Tiragem: 10.000 exemplare.Distribuição gratuita

Estrada das Lágrimas, 910 cep. 04232-000 São Paulo SP / Tel. (11) 2274.2853 e 2274.8646 Fax. (011) 2215.6111

Juliana [email protected]

este mês de ou-tubro vamos ce-lebrar o dia de

Santa Edwiges, padro-eira dos pobres e en-dividados, modelo de vida cristã e das rela-ções políticas. Em perí-odo de eleições, volte-mos os nossos olhares para esta mulher san-ta, que tanto ajudou os necessitados, doentes, órfãos, viúvas e todo o povo de Deus.

Nesta edição, você encontrará um artigo sobre nossa padroei-ra, o relato de sua vida a partir da oração de sua ladainha. Temos também um artigo para falar do significado de nossa paróquia ser um “Santuário”.

Ser Santuário, como você descobrirá, é pelo fato de nossa paróquia receber uma grande quantidade de romei-ros e fiéis que pedem graças e bênçãos, de maneira especial no nosso caso, por in-tercessão de Santa Edwiges. Acompanhe os artigos dedicados a todos que nos visitam e compartilham nossa vida em comunidade. E também as mensa-gens deixadas pelo nosso Pároco-Reitor,

Teólogo Albert Nolan em sua obra “Jesus Hoje”, fala que o fato

de Jesus ter colocado dian-te dos apóstolos como mo-delo para ser imitado, uma criança, foi algo tremenda-mente surpreendente.

Ele aponta que uma criança na época de Jesus era um “ninguém” sem va-lor algum pessoal, quanto mais social. A criança pelo fato de não possuir maturi-dade era um ser meio insig-nificante para a mentalida-de da época.

Enquanto os discípulos es-tavam preo-cupados com quem seria o maior, Jesus os motiva a buscar ser o menor. A partir desta ótica, seguir Je-sus, é querer ser “nin-guém “ numa atitude de humildade extrema.

Ser humilde é reconhe-cer a sua própria condição de pessoa. É despir-se das imagens superiores pelas quais o ego nos sugere.

Numa certa ocasião, pensando os discípulos que Jesus estaria muito ocupa-do com os adultos e não te-ria tempo para as crianças, sendo assim, tentaram logo afastar os pequenos intru-sos. Inesperadamente Jesus dá uma bronca nos seus apóstolos e chama as crian-ças para o seu lado, alegan-do que “delas é o Reino dos céus” (Mc 10, 14-16)

As crianças nos dão exemplo de confiança em seu relacionamento com os pais. É muito lindo ver as crianças nas ruas segurando a mão do pai ou da mãe, dormindo

no colo, sendo amamenta-das. Parece até que nestes momentos elas deixam de ser elas mesmas para se tornarem uma só coisa com seu pai ou sua mãe.

Ter espírito de criança, conforme sugere o próprio Jesus não significa ser frágil, imaturo, mas

confiar. Quem con-

f i a , enfrenta o medo, anima aos outros, não pára diante dos obstáculos.

Outra característica da criança é o “encantar-se”. Por estar em período de descobertas, a criança se encanta se surpreende com tudo ao seu redor. Se alegra por pouca coisa e ri com a maior facilidade.

É engraçado como à medida em que nos torna-mos adultos e “amadure-cemos” as idéias, as coisas começam a tornar-se rotina para nós. Se moramos no interior, não paramos para admirar a lua, o nascer do

sol, afinal são coisas nor-mais, se estamos na cidade esquecemo-nos de nos en-cantar com as coisas belas produzidas pelo homem, como os altos edifícios, as praças, as construções, até mesmo não percebemos a quantidade de pessoas ao nosso lado e seus univer-sos pessoais.

Tudo se torna rotina. En-quanto a criança se maravilha com tudo! Nós temos muito que aprender com elas.

“Segundo o físico Eins-tein, ao deixarmos de encantarmo-nos já esta-mos morrendo”. Jesus se maravilha com os lírios do campo, as aves do céu, o mistério das sementes antes que germinam no

silêncio da terra. O universo todo

tem sentido para nós quando enca-

rado como mis-tério.

Outro as-pecto analisado da

criança é a sua capa-cidade de fingir situações para brincar. É o tal do “Faz de conta”. Elas brincam de gente grande com seus negócios e preocupações. É uma das coisas que per-demos logo, deixamos de lado o bom humor e nos tornamos sérios.

Abandonar-se em Deus, confiar nele, nos traz se-gurança tão grande que apesar de todas as dificul-dades que possam existir seremos capazes de rir e vivermos despreocupados como as crianças.

É preciso ter claro que manter o espírito de criança não é o mesmo que infantili-dade. Ter espírito de criança

SER COMO CRIANÇAPe. Paulo e pelo Supe-rior Geral da Congre-gação dos Oblatos de São José, Pe. Miguel Pis-copo, Pároco e primeiro Reitor do Santuário nos anos de 1994 a 2000.

Ainda este mês, te-mos diversas celebra-ções, como o Dia de Nossa Senhora Apare-cida, padroeira do Bra-sil e o Dia das Crian-ças. Recordar como é ser criança, nos faz refletir a importância de termos este espí-rito de confiança, en-trega e encantamento, muitas vezes ausente na vida adulta.

Por fim, temos nos-sas páginas fixas, que sempre nos trazem informações e forma-ções, da Igreja, do Evangelho e de nossa vida em sociedade.

Dedico este editorial a todos que irão traba-lhar em nossa quermes-se, que irão celebrar e promover as santas missas e todos aqueles que estarão aqui neste Santuário durante todos os festejos.

Que possamos jun-tos, rezar, festejar e partilhar muitos mo-mentos agraciados por Deus com a interces-são de Santa Edwiges.

Com Carinho

oNFestejar

Frei Marcelo Ocanha, [email protected]

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Mensagem Especial

novamente Festa de Santa Edwiges e é nosso dever celebrar com alegria, confian-ça e com gratidão. Mas que seja uma ale-gria verdadeira: aquela que no dia seguinte

não deixa o sentimento de vazio. E a nossa con-fiança deve ser fundamentada: Jesus é o nosso salvador e faz de tudo para nos ter com ele. Assim a nossa gratidão será mais verdadeira: quero dar um pouco de mim a Deus, que faz tudo por nós.

Ao longo de nossas vidas recebemos tantas graças por intercessão de Santa Edwiges e leva-remos o resto dos nossos anos, para agradecer tudo o que ela obteve para nós. Mas para que a nossa celebração seja ainda mais agradável à nossa querida santa padroeira, precisamos ter um pensamento para a conversão de vida: este ano, nesta festa de Santa Edwiges, estou mais perto de Jesus do que no ano passado? Se for verdade, que a semelhança com os santos nos aproxima de Jesus, Nosso Senhor, então devo me perguntar também, em que e quanto estou mais parecido com Santa Edwiges?

Em primeiro lugar, Edwiges foi uma mulher de profunda fé: cultivou a vida de oração, de louvor a Deus e de obediência aos seus man-damentos. Devo me perguntar: Como vai a mi-nha vida religiosa? Será que não tenho deixado Deus em segundo lugar?Tenho participado da minha paróquia?

Foi também uma pessoa de família: espo-sa numa relação difícil com o marido, Edwiges conseguiu para ele a graça da conversão do co-

Com Santa Edwiges caminhar sempre nos caminhos do Senhor

ração. Mãe e educadora, dedicou-se aos filhos transmitindo-lhes a verdade da fé e a vivência do Evangelho. Que valor eu dou à minha família? Quanto eu quero bem à minha esposa ou esposo, aos meus filhos e parentes? Sei fazer sacrifícios para que eles sejam felizes? Dou a eles um tes-temunho de fé?

Como pessoa nobre, a duquesa Edwiges foi uma pessoa muito ativa no campo social: ela en-tendeu que a caridade exigia ver Jesus nos po-bres e necessitados e dar a eles não só uma es-mola, mas resgatá-los em sua dignidade de filhos de Deus, amados pelo Pai e mais importantes do que as suas dívidas, a sua pobreza, o seu de-semprego, as suas situações que parecem becos sem saída! E nós, somos sensíveis ao sofrimento do próximo ou penso que os outros é que devem me ajudar? Sei partilhar os meus bens, por pou-cos que sejam, ou tenho medo de sair perdendo? Quero sempre levar vantagem em tudo?

Santa Edwiges será sempre a nossa proteto-ra, velará sempre por cada um de nós, sempre nos ajudará a encontrar uma solução para os nossos momentos de apuro. Ela que nos ama de verdade e nos quer ver felizes, não nos quer aju-dar somente a estar contentes nesta vida, antes, quer que um dia estejamos no céu junto com ela, com Nossa Senhora, com São José e bem perto de Jesus. Por isso indica para nós um caminho: o amor vivido concretamente. Assim como o amor de Deus por nós não é uma questão somente de sentimento, mas Deus nos cria, nos perdoa, nos

abençoa e nos concede graças. Assim também nós, no amor ao próximo, devemos ser concre-tos, isto é: saber perdoar, ajudar, visitar, aconse-lhar, ouvir, instruir, catequizar, favorecer, etc. E isso não só com as pessoas, mas também as ins-tituições: minha paróquia, o santuário, as obras sociais e assistências, etc. Em resumo, devemos fazer como Santa Edwiges fez.

Fico com muita saudade pensando aos dias belos que vivemos no Santuário de Santa Edwi-ges, aos muitos amigos e devotos conhecidos, aos muitos colaboradores com os quais trabalhei na construção do reino, levo-os no meu coração, com a esperança de poder um dia voltar ao Bra-sil. A todos os devotos da Santinha, desejo uma boa celebração da sua festa e que a cada ano possamos marcar passos no caminho do Senhor. A cada ano eu possa pensar: estou mais perto de Jesus porque estou imitando Santa Edwiges.

É 51ª Festa de Santa EdwigesQuermesseDias 09 e 10, 16 e 17, 23 e 24 de Outubro

Dia de 16 de OutubroMissas às 7h, 9h, 11h, 13h, 15h, 18h e 19h30

Novena7 a 15 de outubro

Procissão24 de outubro às 14h

Pe. Miguel em sua posse como pároco do Santuário em 1994

Pe. Miguel Piscopo, Superior Geral da Congregação dos Oblatos de São José

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Encíclica do Papa Bento 16Caritas in veritate: A verdade na caridade

Nesta edição continuamos a transcrever o quinto capítulo da Encíclica do Santo Padre.A colaboração da Família Humana

61. Uma solidariedade mais ampla a nível interna-cional exprime-se, antes de mais nada, continuando a promover, mesmo em con-dições de crise econômica, maior acesso à educação, já que esta é condição essencial para a eficácia da própria cooperação in-ternacional. Com o termo “educação”, não se preten-de referir apenas à instru-ção escolar ou à formação para o trabalho — ambas, causas importantes de de-senvolvimento — mas à formação completa da pes-soa. A este propósito, de-ve-se sublinhar um aspecto do problema: para educar, é preciso saber quem é a pessoa humana, conhecer a sua natureza. A progres-siva difusão de uma visão relativista desta coloca sérios problemas à educa-ção, sobretudo à educação moral, prejudicando a sua extensão a nível universal. Cedendo a tal relativismo, ficam todos mais pobres, com consequências negati-vas também sobre a eficá-cia da ajuda às populações mais carecidas, que não têm necessidade apenas de meios econômicos ou técnicos, mas também de métodos e meios pedagógi-cos que ajudem as pessoas a chegar à sua plena reali-zação humana.

Um exemplo da relevân-cia deste problema temo-lo no fenômeno do turismo internacional, que pode constituir notável fator de desenvolvimento econômi-co e de crescimento cul-tural, mas pode também transformar-se em ocasião de exploração e degrada-ção moral. A situação atual oferece singulares opor-tunidades para que os as-pectos econômicos do de-senvolvimento, ou seja, os fluxos de dinheiro e o nas-cimento em sede local de significativas experiências empresariais, cheguem a combinar-se com os as-pectos culturais, sendo o educativo o primeiro deles. Há casos onde isso ocorre, mas em muitos outros o tu-rismo internacional é fenô-meno deseducativo tanto para o turista como para as populações locais. Com

frequência, estas são con-frontadas com comporta-mentos imorais ou mesmo perversos, como no caso do chamado turismo sexu-al, em que são sacrificados muitos seres humanos, mesmo de tenra idade. É doloroso constatar que isto acontece frequentemente com o aval dos governos locais, com o silêncio dos governos donde provêm os turistas e com a cumpli-cidade de muitos agentes do setor. Mesmo quando não se chega tão longe, o turismo internacional não raramente é vivido de modo consumista e hedo-nista, como evasão e com modalidades de organiza-ção típicas dos países de proveniência, e assim não se favorece um verdadeiro encontro entre pessoas e culturas. Por isso, é preci-so pensar num turismo di-verso, capaz de promover verdadeiro conhecimento recíproco, sem tirar espaço ao repouso e ao são diver-timento: um turismo deste gênero deve ser incremen-tado, graças também a uma ligação mais estreita com as experiências de cooperação internacional e de empresariado para o desenvolvimento.

62. Outro aspecto mere-cedor de atenção, ao tratar do desenvolvimento huma-no integral, é o fenômeno das migrações. É um fenô-meno impressionante pela quantidade de pessoas en-volvidas, pelas problemá-ticas sociais, econômicas, políticas, culturais e reli-giosas que levanta, pelos desafios dramáticos que coloca às comunidades nacional e internacional. Pode-se dizer que esta-mos perante um fenômeno social de natureza epocal, que requer uma forte e cla-rividente política de coo-peração internacional para ser convenientemente en-frentado. Esta política deve ser desenvolvida a partir de uma estreita colabora-ção entre os países donde partem os emigrantes e os países de chegada; há de ser acompanhada por ade-quadas normativas interna-cionais capazes de harmo-nizar os diversos sistemas

legislativos, na perspectiva de salvaguardar as exigên-cias e os direitos das pes-soas e das famílias emigra-das e, ao mesmo tempo, os das sociedades de chegada dos próprios emigrantes. Nenhum país se pode con-siderar capaz de enfrentar, sozinho, os problemas mi-gratórios do nosso tempo. Todos somos testemunhas da carga de sofrimentos, contrariedades e aspira-ções que acompanham os fluxos migratórios. Como já se sabe, o fenômeno é de gestão complicada; to-davia é certo que os traba-lhadores estrangeiros, não obstante as dificuldades relacionadas com a sua integração, prestam com o seu trabalho um contributo significativo para o desen-volvimento econômico do país de acolhimento e tam-bém do país de origem com as remessas monetárias. Obviamente, tais trabalha-dores não podem ser con-siderados como simples mercadoria ou mera força de trabalho; por isso, não devem ser tratados como qualquer outro fator de produção. Todo o imigran-te é uma pessoa humana e, enquanto tal, possui direitos fundamentais ina-lienáveis que devem ser respeitados por todos em qualquer situação.

63. Ao considerar os problemas do desenvolvi-mento, não se pode dei-xar de pôr em evidência o nexo direto entre pobreza e desemprego. Em mui-tos casos, os pobres são o resultado da violação da dignidade do trabalho humano, seja porque as suas possibilidades são limitadas (desemprego, subemprego), seja porque são desvalorizados “os direitos que dele brotam, especialmente o direito ao justo salário, à segurança da pessoa do trabalhador e da sua família”. Por isso, já no dia 1 de Maio de 2000, o meu predecessor João Paulo 2º, de venerada me-mória, lançou um apelo, por ocasião do Jubileu dos Trabalhadores, para “uma coligação mundial em favor do trabalho decente”; enco-rajando a estratégia da Or-

ganização Internacional do Trabalho. Conferia, assim, uma forte valência moral a este objetivo, enquanto aspiração das famílias em todos os países do mundo. Qual é o significado da pa-lavra “decência” aplicada ao trabalho? Significa um trabalho que, em cada so-ciedade, seja a expressão da dignidade essencial de todo o homem e mulher: um trabalho escolhido li-vremente, que associe efi-cazmente os trabalhado-res, homens e mulheres, ao desenvolvimento da sua comunidade; um trabalho que, deste modo, permita aos trabalhadores serem respeitados sem qualquer discriminação; um trabalho que consista satisfazer as necessidades das famílias e dar a escolaridade aos fi-lhos, sem que estes sejam constrangidos a trabalhar; um trabalho que permita aos trabalhadores organi-zarem-se livremente e fa-zerem ouvir a sua voz; um trabalho que deixe espaço suficiente para reencontrar as próprias raízes a nível pessoal familiar e espiritual; um trabalho que assegure aos trabalhadores aposenta-dos uma condição decorosa.

64. Ao refletir sobre este tema do trabalho, é oportu-na uma chamada de aten-ção também para a urgente necessidade de as organi-zações sindicais dos traba-lhadores – desde sempre encorajadas e apoiadas pela Igreja — se abrirem às novas perspectivas que surgem no âmbito laboral. Superando as limitações próprias dos sindicatos de categoria, as organizações sindicais são chamadas a responsabilizar-se pelos novos problemas das nos-sas sociedades: refiro-me, por exemplo, ao conjunto

de questões que os pe-ritos de ciências sociais identificam no conflito en-tre pessoa-trabalhadora e pessoa-consumidora. Sem ter necessariamente de abraçar a tese duma efe-tiva passagem da centrali-dade do trabalhador para a do consumidor, parece em todo o caso que também este seja um terreno para experiências sindicais ino-vadoras. O contexto global em que se realiza o traba-lho requer igualmente que as organizações sindicais nacionais, fechadas preva-lentemente na defesa dos interesses dos próprios ins-critos, volvam o olhar tam-bém para os não inscritos, particularmente para os trabalhadores dos países em vias de desenvolvimen-to, onde frequentemen-te os direitos sociais são violados. A defesa destes trabalhadores, promovida com oportunas iniciativas também nos países de origem, permitirá às orga-nizações sindicais porem em evidência as autênticas razões éticas e culturais que lhes consentiram, em contextos sociais e labo-rais diferentes, ser um fator decisivo para o desenvol-vimento. Continua sempre válido o ensinamento da Igreja que propõe a distin-ção de papéis e funções entre sindicato e política. Esta distinção possibilita-rá às organizações sindi-cais individualizarem na sociedade civil o âmbito mais ajustado para a sua ação necessária de defesa e promoção do mundo do trabalho, sobretudo a favor dos trabalhadores explora-dos e não representados, cuja amarga condição re-sulta frequentemente ig-norada pelo olhar distraído da sociedade.

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Jubileu de 50 anosJubileu dos romeiros e peregrinos

No Santuário Santa Edwiges encontramo-nos para escutar a Palavra de Deus, celebrar com decoro, fé e piedade a Eucaristia; ao sair, cientes de nosso discipulado e missão, devemos servir aos irmãos.

Assim fez Santa Edwiges, nossa padroeira, exemplo de vida cristã.

hegamos, no mês de outubro, a outro ponto ápice de nossa comemoração jubi-lar paroquial: é o mês de nossa padroei-

ra, Santa Edwiges, comemorado como solenida-de no dia 16. Queremos ressaltar nestas linhas, e celebrar com todos os que nos acompanham o jubileu dos romeiros e peregrinos.

O Santuário Santa Edwiges foi elevado no dia 28 de abril de 1997, sendo que no dia 6 de de-zembro o nosso templo foi solenemente dedicado como casa de Deus e lugar de paz. Ora, para que uma paróquia seja elevada ao grau de santuário é preciso que nela se pratique uma devoção cons-tante, que leve os seus fieis, romeiros e peregri-nos a uma forte experiência de Deus, através das celebrações dos sacramentos, principalmente os da eucaristia e da reconciliação ou confissão.

Desde as origens de nossa comunidade paro-quial – 21 de abril de 1960 – é que podemos cons-tatar a intensa participação de muitas pessoas, que por intercessão de Santa Edwiges, nas suas mais sensíveis necessidades, pela caminhada ou peregrinação se dirigiam até a “tenda do encon-tro”#, para ser agraciados “com os meios de sal-vação mais abundantes, escutar com diligência a palavra de Deus, ser incentivados adequadamen-te a vida litúrgica, principalmente com a Eucaristia e a celebração da penitência, e cultivar as formas aprovadas de piedade popular”.#

Ao celebrarmos o nosso jubileu com a in-tenção pelos romeiros e peregrinos, devotos de Santa Edwiges, rainha da polônia, padroeira dos pobres e endividados, notabilizamos a nossa existência como santuário, “lugar por excelên-cia da manifestação da vida cristã e espaço de evangelização”, como ressaltou o Papa Bento 16 na Mensagem para o 2º Congresso Mundial de

Pastoral de Peregrinações e Santuários, evento ocorrido em Santiago de Compostela (Espanha) de 27 a 30 de Setembro de 2010, promovido pelo Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes.

A romaria ou peregrinação é feita com o propó-sito do devoto ou fiel em encontrar-se com Deus; pela intercessão do santo ou da santa que “apa-drinha” aquele espaço, os caminhantes encon-tram-se com Jesus Cristo através da celebração da eucaristia, bem como na celebração do sacra-mento da reconciliação, ou seja, a confissão que o romeiro ou peregrino faz de seus pecados co-metidos, diante do sacerdote e que arrependido, quer obter o perdão de Deus. Por meio de práticas penitenciais (jejum, oração e caridade) é que o fiel ao “fazer a sua promessa”, tende a “pagá-la” se dirigindo até o santuário para lá agradecer os in-dultos divinos de que foi benemérito.

Hoje num mundo atrelado ao aspecto da co-municação, o santuário quer ser a “antena perma-nente da Boa Nova” para que os fieis se liguem de modo constante ao que ali lhes é anunciado: Jesus Cristo morto e ressuscitado na história dos homens e mulheres, na vida da comunidade ecle-sial, através da intercessão dos santos e santas, no nosso caso, de Santa Edwiges.

As romarias e peregrinações ao Santuário Santa Edwiges são bem antigas, datadas de um passado que atestam “a memória, a presença e a profecia do Deus vivo”, título homônimo do do-cumento do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes sobre a existência dos santuários, que diz o seguinte: “Em relação ao passado único e definitivo do evento salvífico, o santuário oferece-se como memória da nossa ori-gem junto do Senhor do céu e da terra; em relação

Martinho [email protected]

C ao presente da comunidade dos remidos, reunida no tempo que está entre o primeiro e o último Ad-vento do Senhor, delineia-se como sinal da divina Presença, lugar da aliança, onde sempre de novo se exprime e se regenera a comunidade da alian-ça; em relação à futura realização da promessa de Deus, àquele “ainda não” que é o objeto da maior esperança, o santuário apresenta-se como profecia do amanhã de Deus no hoje do mundo”.

A você leitor, romeiro e peregrino que todos os anos se dirige até o Santuário Santa Edwiges, expressamos a nossa gratidão tão querida a este espaço de evangelização, pois vocês são a meta primeira do nosso serviço pastoral e de discipula-do em Jesus Cristo. Sabemos que diferentemente de muitos andarilhos do mundo afora, que de cer-to não tem uma destinação certa de seus passos, vocês sim têm um ponto de chegada a partir da intenção em se dirigir até o santuário: o encontro com Deus por meio de Jesus Cristo, na interces-são de Santa Edwiges, na qual todas as interro-gações acerca de suas vivências e experiências encontram a resposta certa.

A Paróquia-Santuário Santa Edwiges nestes seus 50 anos de existência pastoral e de cami-nhada de Igreja no Brasil quer ser sempre um es-paço de celebração da Eucaristia, de anúncio da Palavra de Deus, para como lugar sagrado por ex-celência, comportar não só a devoção, mas a ex-periência de fé sincera em Jesus Cristo, caminho, verdade e vida de todos os romeiros e peregrinos que chegam até casa de Deus e lugar de paz que é o nosso santuário.

Deo gratias!

6 Jornal Santa Edwiges www.santuariosantaedwiges.com.br Outubro de 2010

Palavra do Pároco São José

Pe. Paulo Siebeneichler - [email protected]

Mês das Missões, da Padroeira e outros Santos

Caros Devotos e Devotas de Santa Edwiges, caros leito-res de nosso Jornal, queridos amigos de perto e de longe, somos muito agradecidos a vo-cês, e estamos alegres e exul-tantes de celebrar a Santa dos pobres e endividados, a Mãe dos humildes e simples, a in-tercessora da paz na família e amiga dos que precisam de so-corro, enfim, uma exemplar se-guidora de Jesus Cristo, nossa padroeira, Santa Edwiges.

Do mês das missões es-tamos em comunhão com a Igreja, somos incumbidos de fazer um gesto de partilha, com a coleta do dia 24 de outubro (domingo das missões), que é destinada para ajudar os locais onde a evangelização padece de recursos. Este gesto nasceu em 1922, quando o Papa Pio XI, convidando toda a Igreja a ajudar os espaços missioná-rios. Neste dia, ele interrompeu a homilia, tomou seu próprio solidéu e passou em meio ao silêncio formado nos presen-tes, arrecadando ofertas para ajudar os locais missionários do mundo. De lá para cá, se faz no mês de outubro este convite em prol da evangelização, so-bretudo dos locais mais caren-tes da catolicidade no mundo.

Celebramos a nossa Pa-droeira! É para mim muito reconfortante dizer isto aqui. Estou com uma enorme feli-cidade pela beleza da dedi-cação de cada um dos meus paroquianos e dos devotos. Sou muito feliz pelos colabora-dores, pelos apoiadores, pelos que fazem serviços voluntá-rios. É uma graça sem fim ce-lebrar esta data.

Ao ver e viver este espírito, me sinto cada vez mais abraça-do, protegido, amparado pela força que brota da fé destes irmãos e irmãs, que se unem para fazer e realizar as festas. E sei, que cada vez mais tenho a intercessão dos Santos e de Santa Edwiges.

A 51ª Festa de Santa Edwi-ges nos dá a possibilidade de um novo olhar para a nossa Santa. O que destaco, é a grande proximidade e a vivên-cia da palavra de Deus. Amar

a Deus se traduz no amor aos irmãos simples, pobres e ne-cessitados e é o que nos apon-ta a nossa Padroeira. Convido a todos que façam também o seu gesto de partilha, como uma continuidade da ação de Deus que se faz por meio de cada um de nós, aos que ainda hoje necessitam.

No mês de outubro cele-bramos grandes Santos da tradição cristã, celebramos no inicio do mês Santa Terezinha do Menino Jesus, ela que não tendo saído de seu convento é proclamada a padroeira das missões, por ter dedicado a sua vida de oração e sacrifício pela causa missionária. No dia 04 de outubro, Francisco, que de Assis ecoou para o mundo um grande grito de amor, com o grande canto das Criaturas, além de padroeiro da ecologia, nos convoca ao amor aos ir-mãos. Celebramos o seguidor da Franciscanidade, Benedito, que na simplicidade de sua vida marcou a vida cristã. Ce-lebramos Maria sobre o Titulo do Rosário, e de Aparecida, patrona do Brasil, a mãe des-ta Pátria Amada. Celebramos ainda Teresa de Ávila, Lucas o Evangelista e no fim do mês ainda Frei Galvão e São Judas, dentre outros. Que todos pos-sam nos chamar, a exemplo de Edwiges, a seguir o Cristo mais de perto e verdadeiramente.

Todo este contexto nos chama a sermos uma Igreja viva. Que na vida, sejamos se-guidores autênticos e verdadei-ros reprodutores da vida de Je-sus, sendo dignos e tornando sempre mais forte o nome e a atitude de Cristãos no mundo, gerando uma nova sociedade.

Que a missão nos desafie e os santos nos mostrem que, a cada tempo devemos ser criativos, que é possível dar ao mundo a presença do Evange-lho. Esta é a nossa atividade, este é o nosso desafio, este é o nosso dever, devemos nos colocar a caminho para realizar a nossa missão.

Sejamos de Cristo!

Quando pensamos no contato constante do carpinteiro José com o “perfume de Cristo, odor de vida e que dá vida “ (cf. 2Cor 2, 15-16),

logo podemos pensar: Como não ficar im-pregnado de bálsamo divino?

Sob os raios constantes do “Sol de justi-ça” (cf. Ml 3, 20), como não se tornar arden-te e luminoso? Quando dois seres se amam muito, tomam o jeito um do outro, e por ve-zes até se tornam parecidos fisicamente.

Como Jesus, José também crescia “em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens” (cf. Lc 2, 52) e refletia “como num espelho a glória do Senhor”, transfor-mando-se na imagem de Jesus, “sempre mais resplandecente pela ação do Espírito do Senhor” (cf. 2Cor 3, 18).

Neste embalo, cresciam juntos José e Maria, a imaculada, solícita e sorridente, sempre a seu lado. Como a graça devia operar maravilhas constantes nesses dois seres privilegiados!

Como Jesus, cada um podia dizer: “Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e cumprir sua obra” (Jo 4, 34).

Crescer, para José e Maria, era dimi-nuir, apagar-se diante do tudo e do todo, que era Jesus. O casal foi precursor de João Batista, o precursor de Cristo, dizen-do melhor, vivendo o “importa que ele cres-ça e que eu diminua” (Jo 3, 30).

Hoje, fala-se tanto em crescer, no senti-do espiritual, porém pouco se fala em dimi-nuir, condição primeira de crescimento nas coisas de Deus.

Não podemos imaginar toda a harmonia que reinava na casa de Nazaré. Os dias se passavam numa atmosfera de santidade, desde o alvorecer com o cantar dos pássa-ros, até bem além do recolher das mesmas avezinhas, que cantavam, em alegre alga-zarra, o seu boa-noite ao Criador.

Eles, certamente, ainda ficavam con-versando, orando, saboreando o tempo que lhes era dado, dando glórias a Deus por obra desta criação imensa.

Houve sofrimento, é certo, na vida de José, já o sabemos, afinal, é a condição de todo ser mortal. Sofreu, sobretudo, no cora-ção. Se percorrermos com atenção os acon-tecimentos da infância de Jesus, vamos en-contrar muitos espinhos entre as rosas.

Participou ainda do sofrimento que pre-via para a sua amada Maria. A dor de quem amamos, por vezes, é maior do que a nos-sa própria dor. Sofreu porque conhecia as profecias acerca de Jesus e deve ter sofrido porque previa a próxima separação.

Passados alguns anos após a ida com o Menino à Jerusalém, José, embora não fosse ainda idoso, começou a pressentir que brevemente iria juntar-se aos seus antepas-sados. Jesus já era homem, teria os seus dezoito ou vinte anos, quem o sabe ao certo?

Convinha que José partisse, pois sua missão já estava cumprida. Jesus, forte e enérgico, podia bem substituí-lo junto de Maria. Quantas vezes o filho ca-rinhoso teria tirado a serra ou o martelo das mãos de José: “Chega pai, agora trabalho eu!” Sim, convinha que ele partisse.

Talvez, a presença de um pai terreno podia atrapa-lhar a missão de Jesus, o Filho de Deu. Imaginemos que quando ao falar do Pai, todos iriam pensar em José. Isso se tornaria mais confuso ainda!

Jesus já era homem e havia uma reverência maior, se possível, no amor de José e de Maria por aquele filho singular. Não sabiam, mas seus corações sabiam tudo o que se escondia de grandeza infinita naquele jovem de mãos calejadas, de músculos enrijecidos no trabalho.

Um dia ele dirá: “Aquele que me viu, viu também o Pai” (Jo 14, 9b). A presença de Deus era verdadeira-mente palpável naquele lar. E José podia testemunhar com João, o evangelista das coisas transcendentes: “O que era desde o principio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos olhos, o que temos contemplado e as nossas mãos tem apalpado no to-cante ao Verbo da vida, - porque a vida se manifestou – e o que vimos e ouvimos, nos anunciamos, para que também vós tenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo” (1Jo 1, 1-3).

Sobre a casa do carpinteiro, pairava algo de prenún-cio e de expectativa. Nazaré, a verdejante cidade das flores, era na primavera, um ramalhete florido. A família santa teria passeado mais frequentemente, como que a despedir-se de dias felizes que não voltariam.

José teria começado a sentir-se muito cansado. Jesus dava-lhe o braço, e ele se lembrava de quan-do andava com seu menino ao colo, ou o levava pela mão, descendo as ruas tortuosas da aldeia. Maria, a doce Virgem, os acompanhava, retendo as lágrimas e procurando falar de coisas alegres.

Todos os frutos excelentes de uma vida de inteira doação eles saboreavam juntos.

Na sua humildade profunda e sincera, José devia antecipar o que Jesus diria mais tarde: “E se o servo tiver feito tudo o que lhe ordenara, porventura fica-lhe o senhor devendo alguma obrigação? Assim também vós, depois de terdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: “Somos servos como quaisquer outros: fizemos o que devíamos fazer” (Lc 17, 9-10)

Atribuía a Deus, e só a ele, o bem que fizera grato pelo chamamento que lhe fora feito. Tinha que reconhe-cer com Paulo naquela simplicidade que foi sempre a sua, que pela graça de Deus sou o que sou, e a graça que ele me deu não tem sido inútil (cf. 1Cor 15, 10).

Nessa simplicidade prepara-se para deixar o cená-rio de Nazaré. Levava saudade de seu menino e de Maria. E se uma mágoa pesava no seu coração, era a de não poder estar ao lado da esposa nas horas ne-gras que previa, não poder ser transpassado com a mesma espada que a transpassaria a ela.

Vira derramadas as primeiras gotas do sangue re-dentor, na circuncisão de Jesus. Não veria as últimas, jorradas na cruz. Mas seu Sim fora para a vida e para a morte.

(Autor desconhecido)

O ENTARDECER DE SÃO JOSÉ

Outubro de 2010 www.santuariosantaedwiges.com.br Jornal Santa Edwiges 7

Matheus Castaldi

BatismoBatismo em 26 de Setembro de 2010

Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo (Mateus 28-19)

Camila Santos Rianna Macedo

Davy CastaldiSérgio Castaldi Giovanna Oliveira

Guilherme NascimentoKauany Marques Diogo Ferreira

Júlia LacerdaRhyab Marques Gustavo Castaldi

8 Jornal Santa Edwiges www.santuariosantaedwiges.com.br Outubro de 2010

Comunidade

Frei Marcelo Ocanha, OSJ

iniciação cristã acontece através dos sacramentos e

da instrução da fé, que cha-mamos de Catequese. O Catecismo da Igreja Católica afirma que tal iniciação é um processo e comporta ele-mentos essenciais: o anún-cio da Palavra, o acolhimen-to do Evangelho acarretando uma conversão, a profissão de fé, o Batismo, a efusão do Espírito Santo e o acesso à Comunhão Eucarística.

É dever dos pais a educa-ção dos filhos em seus vários aspectos, o que também in-clui a educação na fé.

Existe na Igreja a pastoral catequética que a exemplo de Jesus, o grande mes-tre, transmite às crianças as verdades da fé, os ensi-namentos bíblicos e o valor dos sacramentos de um jei-to próprio conforme a etapa biológica das crianças e pré-adolescentes.

O Cantinho da Crian-ça funciona em nossa co-munidade como uma pré-catequese. Neste Cantinho a criança tem espaço para oração, brincadeiras e muita partilha de fé, do jeito próprio da criança.

O grupinho reúne as crianças que vem com seus pais para a participação da Santa Missa, às 11h aos domingos. Mesmo fora da missa, as crianças ouvem o evangelho do dia e até pre-

param homenagens e men-sagens para os pais e toda a comunidade em algumas ocasiões.

Quem coordena este gru-po é a Márcia de Fátima Tei-xeira há mais de seis anos, e declara sentir-se muito grati-ficada com esta atividade.

A idéia surgiu junto com uma colega (Vanessa) que na época participava do gru-po de jovens, observando o barulho e choro de muitas crianças na missa, resolve-ram então criar este espaço. Dessa forma, enquanto os pais participam da ceia euca-rística, elas são preparadas e motivadas à participação efetiva na comunidade.

Poderíamos pensar: “não seria melhor se elas estives-sem com suas famílias na missa?” Está correto pensar assim, mas por outro lado, no Cantinho, a própria Már-cia garante, que além de ler e explicar o evangelho do dia e das orações que são realizadas, ela tem testemu-nhado algo importante, isto é, pais que antes vinham só para trazer as crianças, pois elas insistiam em vir, acabam participando da missa e isso tem trazido algumas pessoas para a Igreja.

A Márcia comenta que ao participar do cantinho da Criança recebe-se uma se-mentinha do evangelho.

Cantinho da CriançaSer criança é acreditar que tudo é possível.

É ser inesquecivelmente feliz com muito pouco

É se tornar gigante diante de gigantescos pequenos obstáculos

Ser criança é fazer amigos antes mesmo de saber o nome deles.

É conseguir perdoar muito mais fácil do que brigar.

Ser criança é ter o dia mais feliz da vida, todos os dias.

Ser criança é o que a gente nunca deveria deixar de ser.

(Gilberto dos Reis)

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Outubro de 2010 www.santuariosantaedwiges.com.br Jornal Santa Edwiges 9

Notícias,

Via Sacra

o dia 19 de setembro os jovens e adolescente de nosso Santuário comemoraram o seu dia, o Dia do Jovem Josefino. Por conta desta data, estes

mesmo jovens e adolescentes resolveram se manifestar contra a violência e o extermínio de jovens. A forma en-contrada para esta manifestação foi fazer uma caminhada, que começou na árvore das lágrimas (lembrando os jovens que antigamente saiam para a guerra e se despediam de seus parentes nesta árvore) e chegando até a Igreja. Neste percusso, foram cantando, rezando e refletindo sobre essa realidade de violência e extermínio, na qual o jovem está mergulhado. Esse momento foi coroado com a Santa Missa, momento de celebrar a vida de tantos jovens que lutam por direitos da juventude. Após a celebraçãos os jovens e adoles-centes se reuniram no Salão São Marello para um momento de diversão. Estiveram reunidos todos os grupos da paróquia (Cojose, Ajunai, Crisma e Aliança Eterna) e também os jovens das nossas paróquias Oblatas, localizadas na Vila Sabrina e Vila Medeiros.Gritemos todos juntos:

Juventude caminha contra a violência!

CHEGA DE VIOLÊNCIA E EXTERMÍNIO DE JOVENS!

No dia 25 de setembro aconteceu uma divertida gin-cana bíblica envolvendo as crianças de nossa catequese e catequistas. Durante toda a manhã, a galera se propôs a concluir provas que exigiam conhecimento bíblico e ra-pidez para ganhar pontos e levar o seu respectivo grupo à vitória do jogo. No final um grande lanche e uma cami-nhada de volta, pois a gincana aconteceu nas dependên-cias do colégio Ataliba, em São João Clímaco, mas isso não foi obstáculo para essa turma animada e cheia de energia. Foi realmente um dia bem diferente e com todos ao final pedindo bis!

Gincana bíblica

Foi celebrado no Santuário, dia 18 de setembro às 19h, o casamento comunitário. A cerimônia foi presi-dida pelo Pároco Reitor do Santuário, Pe. Paulo Sie-beneichler e co-celebrada pelo responsável da Casa Religiosa, Pe. Mauro Negro e o Vigário Paroquial, Pe. Alexandre Alves.

A Pastoral da Família foi responsável pela motiva-ção e organização deste dia, junto com as secretarias paroquiais, Augusta e Eliana, que cuidaram das inscri-ções e dos trâmites necessários.

Foi uma data inesquecível para os casais, que confirmaram seu matrimônio perante Deus e a Igreja, e celebraram seu amor junto à comunidade Santa Edwiges.

Por “Via Sacra” entende-se um exercício de piedade segundo o qual os fiéis percorrem mentalmente com Cristo o caminho que levou o Senhor ao julgamento de Pilatos até o monte Calvário; compreende quinze estações ou etapas, cada uma das quais apresenta uma cena da Pai-xão a ser meditada pelo discípulo de Cristo.

No dia 15 de setembro, o Santuário colocou em suas paredes os quadros da Via Sacra. Atendendo asssim, uma tradição das igrejas cristãs católicas e o desejo dos fieis e paroquianos que aqui passam para rezar e meditar.

Catequese No SantuárioMatrimônio

Casamento

N

10 Jornal Santa Edwiges www.santuariosantaedwiges.com.br Outubro de 2010

Formação

o mês de junho, a Igreja comemora a Solenida-de da Natividade de São João Batista, o profeta que foi, em sua essência, o fiel arauto do reino

de Deus, e no mês de agosto é celebrado o seu martí-rio. João Batista é, excepcionalmente, o único santo a quem a Igreja dedica duas de suas festas: o nascimento e o martírio. Esse fato singular já é suficiente para desper-tar nossa atenção acerca desse homem de Deus, o qual anunciava um reino iminente, renovando a promessa fei-ta por Deus aos patriarcas do Antigo Testamento.

João Batista foi pregador, profeta, precursor, judeu do século 1 dC. De uma família sacerdotal, seu pai, Zacarias, era sacerdote e sua mãe Isabel da descendência de Aa-rão (Lc1,5). É extremamente relevante crermos que João Batista não é um personagem inventado. Ele existiu real-mente. A história de sua vida e missão se encontra, pois, nas páginas dos Evangelhos.

Caros leitores, olhem com atenção os Evangelhos para melhor conhecer sobre este grande homem na história de Israel e sobretudo na história dos homens e mulheres dos nossos dias que têm por São João Batista uma forte e profunda devoção!

Segundo o Evangelho de Lucas a concepção de João Batista (cf. Lc 1,5-25) é “miraculosa”. Sua mãe foi Isabel, mulher que, como Sara (esposa de Abraão) não podia dar à luz pois era estéril. A esterilidade era motivo de humilhação pública (cf. Gn 30, 23), e até mesmo um castigo (cf. Lc 20,20ss). Para essas mulheres estéreis as-sim discriminadas, o único consolo era o Senhor Deus. É assim que o anúncio do nascimento de João Batista, pela importância que sua missão iria representar no contexto do projeto de Deus, assemelhou-se ao anúncio de Isaac, filho de Abraão e Sara, como o encontramos em Genesis 18, 9-14. João Batista é um personagem que se insere na história da salvação e nela introduz Jesus.

“Seu nome é João!” Por que lhe deram o nome de João? Eis aqui a importância do seu nome: leia com aten-ção (Lc 1,59-63). O que está realmente por detrás deste nome que inclusive não é um nome comum na família de Zacarias e nem na família de Isabel? Sabemos que João significa Deus é favorável! Com o desenrolar da sua mis-são, seguindo os relatos evangélicos, iremos perceber que é em João que está o favor de Deus para com seu povo, no anuncio do Reino de Deus e na preparação do caminho para Jesus Cristo.

João Batista, como um dos grandes personagens bíblicos, foi anunciado a seu pai Zacarias por um anjo. Zacarias estava de pé, à direita do altar do incenso, quan-do o anjo do Senhor lhe falou (cf. Lc 1,13-17). E ainda no ventre de sua mãe estremeceu de alegria, sentindo a pre-sença do Cristo, do Salvador da humanidade, dentro de sua Mãe, Maria. Movida pelo Espírito Santo Isabel, sua mãe, profetizou, reconhecendo em Maria que a vista, o mistério da generosa encarnação de Deus (cf. Lc 1,39-45).

Ao atingir a maturidade, João se encaminha para o deserto e nesse ambiente, prepara-se, por meio da ora-ção e da penitência, para cumprir à missão que Deus lhe havia confiado. Mediante uma vida extremamente coe-rente, ele não cessava jamais de chamar os homens à conversão, advertindo: “Arrependei-vos e convertei-vos, pois o Reino de Deus está próximo” (Mt 3,2).

Também com as palavras: “No meio de vós, está al-guém que não conheceis...”! (Jo 1, 26), João Batista inau-gura a nova profecia, a do tempo da Igreja, que não con-siste em anunciar uma salvação futura ou distante, mas em revelar a presença escondida de Cristo no mundo. Ar-rancando o véu dos olhos das pessoas, sacudindo a in-diferença, e se possível repetindo como o profeta Isaías: “Eis que farei uma coisa nova, ele já vem desapontando: não a percebeis?” (Is 43, 19).

Os evangelhos o apresentam como o precursor de Jesus, a quem batizou (cf. Mt 3,1ss; Mc 1,1-8; Lc 1,76-77; Jo 1,23-27). João Batista é acima de tudo o profeta que se destacou entre todos os outros profetas da Bíblia — isto é, como todos os profetas, ele anunciou o Reino, mas coube a ele anunciar a iminência do Reino. Como todos, ele foi profeta do Altíssimo (Lc 1,76). Ele é chamado por Jesus de “mais do que um profeta” (cf. Mt 11, 9).

Segundo o Evangelho de São João, João Batista, começa sua vida pública dando testemunho do Messias (Jo 1,32ss), e a sua primeira recomendação é que fossem aplainados os caminhos por onde havia de passar o Filho de Deus, de quem viria à libertação do povo (cf. Lc 3, 3-6).

Sua mensagem está caracterizada por uma série de exortações motivadas e justificadas pela ideia da chega-da do Reino de Deus. Ele exorta a todos sem exceção, desde os fariseus até o povo comum, para um arrepen-dimento e ao mesmo tempo para uma mudança de com-portamento diante das exigências do novo Reino que está próximo (Mt 3,2-10).

Interessante perceber que João Batista além de profe-ta e precursor, foi também um formador de comunidades, isto é, comunidades que estivessem prontas para quan-do viesse a plenitude do Reino — Isto se dá através dos seus discípulos, André e João, os quais eram membros da comunidade de João Batista e que passaram depois, a formar parte da comunidade de Jesus (cf. Jo 1, 35-40).

João Batista ocupa um lugar especial na História da Salvação. Ele é sem dúvida o profeta do reino iminente e a testemunha do reino presente. Ele deu testemunho do Reino principalmente no momento do batismo de Jesus (Jo 1,31-34) e em geral através de sua própria vida. Ele é o paradigma de todos os profetas da Bíblia. Por meio dele se cumpriu à profecia de Isaías: (Mc 1,2-3). E Jesus o elo-giou com palavras de reconhecimento pela grandeza de seu coração e fidelidade à missão. Confira os elogios de Jesus a João Batista em Mc 11,30; Mt 11,9. 11-15; Lc 7,28.

Para nós hoje honrar São João Batista, é principal-mente, imitar as suas virtudes que mais o caracterizaram como, por exemplo: a coragem (cf. Mt 3,7-10; Mc 6,17-20) o zelo pelo Reino (cf. 1,4-5); o forte sentido de renúncia levando uma vida simples (cf. Mc 1,6; Mt3, 4-4); alegria diante do crescimento do Salvador (cf. Jo 3, 29-30); o inte-resse profundo pelas obras de Cristo (cf. Mt 11,2-6).

João Batista sem dúvida, não foi apenas um pro-feta de Deus. Foi um grande comunicador das coisas divinas! Ele foi também um homem voltado para o povo. Viveu com integridade sua vocação profética, pois sabia que devia “preparar o caminho do Senhor, aplainar as suas veredas”. Era profundamente agra-ciado pela graça de Deus e desde sempre sua mão estava com Ele (cf. Lc 1, 66b). Foi um grande homem

de Deus que não se deixou levar pelos erros ou pe-las imperfeições daqueles que os ouviam.

Basta perceber, quando diante de Herodes, to-dos se deixavam influenciar pelos respeitos hu-manos; ele, sem hesitar, denunciava: “Herodes, não te é lícito ficar com Herodíades, mulher de teu irmão”. (Mc 6,18) E, diante da incoerência dos fa-riseus e dos saduceus, ele interrogava: “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está por vir?” (Mt 3, 7).

Eis, portanto, o motivo que o levou à morte: (cf. Mc 6, 24-28). Com o sangue de João Batista, Jesus, fez nascer um povo novo. “O sangue dos mártires é semente de novos cristãos” (Tertuliano).

Finalizo com as palavras de encorajamento do Vaticano II: O autêntico culto dos santos não consis-te tanto na multiplicidade dos atos exteriores, como principalmente na intensidade do nosso amor prático, que nos leva a procurarmos, para maior bem nosso e da Igreja, na vida deles o exemplo, na sua intimidade a união, e na sua intercessão o auxilio (LG. 51).

Que São João Batista interceda por nós e nos aju-de a darmos continuidade à missão de preparar todos os dias o CAMINHO do Senhor, Aquele que nos ama acima de tudo (cf. 3, 17), e nos convida à missão de sermos testemunhas aqui e agora da sua Ressurrei-ção. “E o que devemos fazer?” (cf. Lc 3,11-13). Em breve veremos outro grande homem que também co-laborou com a realização do plano salvífico de Deus.

João Batista o homem de Deus na história da humanidade

N

Ir. Rosineide Lima do Nascimento

Outubro de 2010 www.santuariosantaedwiges.com.br Jornal Santa Edwiges 11

Entrevista

or vocação entende-se aquele chamado que todo cris-tão recebe de Deus e à medida que caminha em comu-nidade vai respondendo com a própria vida, a partir do ministério assumido e do apostolado que exerce.

O texto base do ano Vocacional de 2003, em seu numero 67 fala da: “necessidade de caminharmos juntos expressando a comunhão e co-responsabilidade no diferentes serviços e mi-nistérios. Este apelo, no sentido de encarar a vocação como chamado para a comunhão e participação não pode ser dei-xado de lado”.

Esta comunidade sempre foi lugar privilegiado para a des-coberta (discernimento) de vocação e exercício da mesma. Para Ivan, que iniciou sua caminhada no grupo de jovens e hoje é Secretário da Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo:

“Viver em comunidade é viver em uma família maior, com todas as alegrias e tristezas que uma família tem, é viver com e nas diferenças, viver com e como irmãos, é aprender, ensi-nar, perdoar e ser perdoado, corrigir ser corrigido, crescer junto, cada qual conforme sua individualidade.

Viver é estar na comunidade, sempre, mesmo às vezes fisicamente distante, mas espiritualmente sempre perto, pois é nessa comunidade que sempre me senti mais perto de Jesus, dos irmãos, de mim mesmo.

É ter sentido na vida, assim aprendi e descobri. Minha co-munidade paroquial Santa Edwiges, significa para mim, a mi-nha mãe e meu pai espiritual. Foi e é nela que me sinto sempre em casa, fico a vontade, tranqüilo, compromissado e em Paz. Viver em comunidade é Viver em CASA.

A vocação do leigo se descobre em CASA(Comunidade), e é na casa que colocamos caridade, amor, respeito, compro-misso com os demais para que a casa sempre cresça”.

Para a Dona Benícia, mãe do Pe. Benelson, a comuni-dade Santa Edwiges é lugar da boa acolhida:

“Eu sempre acompanhei os filhos na catequese e outros cursos e pastorais que eles vinham participar aqui. Sempre pude presenciar muitas coisas bonitas e importantes para mim. A comunidade em geral, as pessoas, os padres e os freis sempre foram muito acolhedores. Quando meu filho co-meçou a participar do grupo de jovens, de certa forma, eu também participava, pois os jovens não saiam em casa. Fa-zia comida para eles e me sentia feliz com isso. Eram tempos muito bons, cheguei até acompanhá-los nos festivais de mu-sica em Apucarana”.

Dona Benícia hoje faz parte da equipe de animação vo-cacional (SAV), cuja missão é animar e estimular vocações na comunidade.

O Pe. Bennelson conta-nos um pouco desta caminhada: “Eu comecei a participar com oito anos, ingressando na

Catequese da 1º Eucaristia. Ao término da catequese partici-pei do grupo de perseverança com as Irmãs Franciscas An-gelinas. Nesse meio tempo fui descobrindo outros grupos na Igreja, como o grupo de canto com a Professora Nicola, o gru-po de Coroinhas com o Pe. Hilton. Aos quinze anos ingressei na catequese do crisma sobre a orientação dos catequistas Alexandre e Simone e durante esse período conheci o grupo Cojose que foi muito importante para o meu desenvolvimento humano e cristão. No grupo de jovens tive boas amizades e grandes oportunidades de aprendizagem de liderança e de experiência de vida. A experiência de grupo foi tão gratificante e plena que levou-me a discernir minha vocação para vida religiosa sacerdotal.

O que mais me atraia no Santuário Santa Edwiges era a vi-vacidade da nossa comunidade com os retiros, a organização, as motivações feita pelo pároco Pe Miguel, pelos freis e pela liderança da comunidade. O trabalho social também era algo que me chamava atenção. A comunidade buscava atender os

mais necessitados do nosso bairro”.Para o Provincial dos Oblatos de São José Pe. An-

tonio Neto: “A vocação é um dom de Deus. Ele chama e é o sujeito,

enquanto o homem que responde ao chamado é o objeto da vocação. Quando Deus chama, é para uma missão em vista do Reino.

Se alguém pensar que nunca ouviu a voz de Deus e por isso não pode responder, podemos esclarecer que Deus cha-ma, mas através de mediações.

As mediações são como que intermediários de Deus, são elos nesta comunicação de vida entre Deus e o vocacionado. Podemos observar que na maioria das vezes, na Bíblia, Deus não chama diretamente, mas serve-se de mediações”.

Segundo o nosso Provincial, dois exemplos de mediação seriam as pessoas e a história. As muitas pessoas que aqui sentiram nestes 50 anos um chamado especial testemunham a grande força e o estímulo que receberam da Paróquia-Santu-ário Santa Edwiges em toda a sua dinâmica e vida.

São 50 anos de vida paroquial sem contar os anos em que já existia a comunidade Santa Edwiges que se reunia na fa-mosa “Igrejinha da Bica” conforme nos recorda nossa amiga Madema (92 anos):

“Em 1948 me mudei para cá, pois morava no Ipiranga. E lá vinha a pé para participar aqui. A capela Santa Edwiges na épo-ca era conhecida como a igrejinha da Bica, devido à fonte que tinha do lado da igreja. Eu fazia questão de convidar as pesso-as para participarem da Igrejinha que continuava a crescer... “

O Documento de Aparecida (V CELAM) é incisivo nos termos Discípulo Missionário. Em sua mensagem final lemos que: “Diante dos desafios que nos propõe esta nova época na que estamos imersos, renovamos a nossa fé, proclamando com alegria a todos os homens e mulheres do nosso conti-nente: Somos amados e remidos em Jesus, Filho de Deus, o Ressuscitado vivo no meio de nós; por Ele podemos ser livres do pecado, de toda escravidão e viver em justiça e fraternida-de. Jesus é o caminho que nos permite descobrir a verdade e alcançar a plena realização de nossa vida!” (p. 267-268)

Sendo Jesus este caminho que conduz para a plena realização da vida, as novas gerações na comunidade Santa Edwiges, tem encontrado no modelo de Jesus Cris-to muitas razões para a sua missão:

“Liderar um grupo de adolescentes cristão é uma grande missão, o caminho é cheio de pedras e dificulda-des. Mas quando vejo o sorriso deles acabo me motivan-do e consigo superar a tudo para levar adiante os meus ideais.” (Cláudio Hugo, 17 anos).

Élder e Maria Carolina (Carol) é um casal jovem, cuja história e vocação ao matrimonio também está ligada à Igreja Santa Edwiges. Para eles, ser Igreja é viver pelo ou-tro:

“Algo que já tentamos fazer foi ficar um tempo sem ajudar na igreja. Mas só tentamos, não conseguimos! Sentimos-nos impulsionados a ajudar a igreja onde ela precisa. Doamos-nos de todo coração e de toda alma. Faz parte da nossa vida ajudar outras pessoas a viver o céu aqui na terra! A lutar para que o reino de Deus aconteça, não importa onde nem pra quem. Des-de que a vontade de Deus se realize, estamos felizes! Não há nada que possa preencher o mais coração de alguém do que ajudar outras pessoas a seguir os conselhos de Cristo”.

E o que tem a dizer as gerações mais jovens que a par-tir dos 6 anos já atuam na comunidade como, por exemplo, na pastoral dos coroinhas?

“Sou coroinha, participo da Infância Missionária e estou na catequese. Minha alegria é poder participar. Acho muito impor-tante porque a partir daí começo a fazer coisas bonitas na mi-nha vida. A partir da Igreja a gente começa a gostar das coisas de Deus. Estando aqui nos tornamos boas pessoas.

Meus pais se casaram nesta Igreja, eu e minha irmã fomos batizadas também aqui e no mesmo dia. No grupo de coroi-nhas realizamos muitas atividades legais, aprendi com eles a repartir as coisas”. (Beatriz Ramos, 9 anos)

Gerações diferentes, escolhas e orientações vocacio-nais diversas, serviços e ministérios, encontram nestes 50 anos uma casa comum que sempre soube respeitar e valorizar os dons infundidos por Deus para que chegásse-mos hoje aqui nesta grande celebração.

“Por mais que pareça difícil a caminhada é preciso nunca desanimar, pois Deus e Santa Edwiges caminham de mãos dadas conosco e nos dão força e coragem para chegar ao fi-nal, acredite! Nós nos sentimos felizes de fazer esta longa ca-minhada, ladeados de amigos, companheiros, que trabalharam com carinho e esmero para o bem de toda esta Igreja! Jovens e paroquianos: tenham força, coragem, lutem para dar conti-nuidade! Recebemos de Deus muitas graças, mas a maior é a de participar desta comunidade por todos estes anos, pelos amigos e irmãos em Cristo, e tudo que conseguimos ajudar acontecer. Obrigado meu Deus!” (casal Décio e Oracília)

Frei Marcelo Ocanha, [email protected]

PA vocação do Santuário

12 Jornal Santa Edwiges www.santuariosantaedwiges.com.br Outubro de 2010

Ao chegarmos ao San-tuário Santa Edwiges, nos deparamos no rol de entrada do lado

esquerdo superior, com uma placa com os seguintes dizeres: “Os Oblatos de São José e a comunidade do Santuário Santa Edwiges agradecem a S. Ema. Revma. Dom Paulo Evaristo, Card. Arns, OFM. Por ter eleva-do esta Igreja a Santuário no dia 28 de Abril de 1997, agradecem também a S. Exa. Revma. Dom Antônio Celso Queiroz, por ter consagrado este Santuário aos 06 de Dezembro de 1998.” Com tal fato o sonho de ter-se um Santuário em uma localidade menos favorecida da região sul de São Paulo, torna-se realidade mediante as autoridades compe-tentes da época.

Isso só foi possível com o aumento da veneração popular a Santa Edwiges bem como o grande fluxo de pessoas que ocorriam à pequena Igreja situa-da na Estrada das Lágrimas aos dias 16 de cada mês.

Mas com certeza para qual-quer brasileiro falar em Santuário logo lhe vem à mente o mais fa-moso deles e também o que tem uma expressão notável no meio de todos os católicos do Brasil, o Santuário de Aparecida.

O Santuário da padroeira do Brasil é o maior e mais visitado Santuário do mundo de culto a Maria. O Santuário recebe visitas de romeiros de todo o Mundo, o motivo são os vários milagres con-cedidos por Maria a seus devotos naquele lugar. Entre eles está o que deu origem a primeira igreja do local: o encontro da imagem da Santa de cor Morena, que está disposta no interior do Santuário.

Porém, grande parte da po-pulação mal sabe como é que uma Igreja torna-se Santuário e quais são os procedimentos ne-cessários para se alcançar tão grande reconhecimento.

Sabemos que por mais “Primitivo” que seja um grupo humano, seja em seu contexto civil, trabalhista, ou até mesmo constitucional, sempre existirão regras para nortear as relações

sociais entre si. A Igreja Católica de Rito Latino não é diferente disto, possui para o seu segui-mento na fé algo que chamasse “Direito Canônico”, podemos assim dizer que o Direito Ca-nônico é aquele que organiza a vida da Igreja Católica.

Portanto, na religião católica, segundo o Código de Direito Ca-nônico é considerado um Santu-ário a Igreja frequentada por fiéis vindos de outras regiões atraí-dos por algo que existe especi-ficamente naquele Templo, no nosso caso aqui mais especifico a veneração a Santa Edwiges, intitulada como padroeira dos pobres e endividados.

Nos santuários, oferece-se aos fiéis meios de salvação mais abun-dantes, anunciando com diligência a palavra de Deus, incentivando adequadamente a vida litúrgica, principalmente com a Eucaristia e a celebração da penitência, e culti-vando as formas aprovadas de pie-dade popular, convém ainda dizer que alguns Santuários possuem os seus estatutos próprios.

Foram às junções de todas estas normas prescritas pelo Di-reto Canônico e a devoção popu-lar que a cada dia 16 do mês leva milhares de romeiros até o Santu-ário Santa Edwiges. Estes romei-ros trazem consigo suas súplicas para alcançar suas graças por intermédio de Santa Edwiges e também agradecer, aqueles que já foram agraciados.

No dia 16 de outubro, ao adentrarmos ao Santuário, lembremos de todos os que já passaram por aqui, de tantos momentos partilhados, dos ro-meiros que vieram de longe, dos fiéis que se aglomeraram em frente ao altar de Santa Edwiges para rezar, de grandes atos de fé que testemunhamos. É preciso continuar a propagar este mode-lo de vida cristã de nossa padro-eira. E que a cada ano, não dei-xemos de visitar este Santuário de Santa Edwiges, que é casa de Deus e lugar de paz.

Casa de Deus e lugar de Paz

Santuário Campanha em prol do terreno do Santurário

634JÁ SOMOS

Obrigado a você que faz parte desta história retire seu carnê na secretaria paroquial Colaboradores

Miguel Caludino FerreiraHamilton Balvino de MacedoIrene Pocius ToroloEdilberto e Erineide MouroHermes R. Pereira SencionClarindo de Souza RussoJoaquim José de S. NetoAna Dalva Pereira CorreiaAlexandre Sabatine RodaFamília Cestari NoronhaLuzia Villela de AndradeRenato RuizRaida e Sandra Ferreira de SenaEdison VicentainerVanilde Fernandes e FamíliaFátima E.S. MoraesRoberto MartiniHélio Martins de AguiarSuraia Zonta BittarFrancisco F. de Freitas e FamíliaDrusila Fernanda Gomes MilaniIsmael F. de Matos e FamíliaFátima e filhos: Fernanda, Tadeu e TiagoFamília Marquezine e Apostolado daOraçãoArmazem do SaborMargarida de Faria RodriguesDjanane Ângelo AlvesWaldyr Villanova PangardiMaria Aparecida BonessoFátima Monteiro AriolaMarcelo Barbosa de Oliveira e FamíliaMário Estanislau CorreaFlávia Regina RodriguesAlcino Rodrigues de SouzaMaria Barbosa Ciqueira e FamíliaSerize e Edson França VincenziTomas e AntôniaMª Aparecida e Carlos LiberatiZulma de Souza DiasLuiz Carlos MontorsiMárcia Regina Sierra de SenePastoral da AcolhidaFrancisca Paulino SilveiraRosa BonveevesMª Carmo e Mônica RibeiroOscalia CalmonMauro César do CarmoNorma IzarCícero AlvesSônia Varga O. B. Gomes e FamíliaAntônio Cristóvão de AlmeidaPaulo Vicente MartinsMaria Augusta Cristovam e FamíliaJoão Ramiro Fusco

Creche São Vicente PallottiFrancisco Araújo LimaJoão Mario e Maria HelenaNeisa de Azevedo AlvesJoão Ricardo Silva de OliveiraDomingos MalzoniAdemar AshicarSônia Maria CesariEstevam PanazzoSelma PanazzoMauro Antônio Vilela e FamíliaAna MariaMª José V. Silva e FamíliaAna Rosa de CarvalhoDomingos Sávio Alves de FariaAntônio Alves de FreitasPedro dos SantosJosé Alves PereiraZilda da Silva AlvesEdinauva J. Sousa e FamíliaCláudio BreviatoNilza Maria Rodrigues ColMaria do Céu da Silva BentoJosé Luiz Brado e FamíliaAvilmar SouzaAlaíde Lucinda de AlmeidaNivaldo Mendes FreireBenedito Abreu de SouzaLodovico FavaAndréia e filhos: Raphael, Gabriel eLeonardoAnderson Félix Ferreira e famíliaTomas e AntôniaApostolado da OraçãoLurdes Aparecida e Pedrina MontovaniFábio Souza Ramos e FamíliaFamília André BarrosAlexandre Xavier de OliveiraManoel Joaquim GranadeiroFamílias: Coviello, Caputo e OliveiraSylvia Cristina Augusta e FamíliaMariliza e Walter Alberto BrickFernando Gomes MartinsSalvador Carvalho de AraújoFamília MoryamaDélcio PesseJosé Augusto Ferreira da Mota e FamíliaJoão Carlos CremaFausto Ferreira de FreitasMaria de Lourdes da ConceiçãoCleiciane Alexandre BezerraAntônia Alexandre de SousaMarcos Ferreira de SenaSilvaldo José Pereira e Família

Já quitaram seu carnê

Frei Leonardo de M. R. Montel, [email protected]

Outubro de 2010 www.santuariosantaedwiges.com.br Jornal Santa Edwiges 13

Santo do Mês

Nossa Senhora em suas manifestações, geralmente adota a fisionomia do povo do país ou do lugar onde ela se manifesta.

No México, deixou sua imagem impressa no manto do índio Juan Diego e ao contemplar sua imagem é interessante observar os traços indígenas de seu rosto. Em Lourdes, na França, a Virgem Imaculada Conceição dirigiu-se a Bernadete no dialeto falado naquela região dos Pirineus.

Em Aparecida, Maria se deixa encontrar nas águas do rio Paraíba do Sul por três pescadores, em 1717, período em que no Brasil Colônia vigo-rava o regime de escravidão. Ao apanharem em suas redes uma imagem partida – corpo e cabe-ça – enegrecida por causa da água do rio e das velas acesas em sua honra, os três homens viram no acontecimento uma ajuda especial para a pesca abundante, após várias tentativas em vão.

Entre os muitos milagres atribuídos à inter-cessão de Nossa Senhora Aparecida, é muito co-nhecido o do escravo liberto das correntes que o prendiam enquanto, de joelhos, invocava a Virgem Maria.

Mais tarde, alguns pregadores interpretaram esse prodígio como uma manifestação da solida-riedade da Virgem Maria, em especial, com seus filhos feridos em sua dignidade humana e um sinal de sua ajuda na luta pela defesa de sua libertação.

Aquela imagem pequenina despojada de tudo, foi aos poucos se tornando objeto de especial ve-neração do povo brasileiro. Os devotos logo a co-briram com um manto da cor do céu brasileiro e a cingiram com uma coroa, reconhecendo-a como rainha – a servidora do povo junto de Deus.

Em 1904, no dia 08 de setembro, o Papa Pio 10, traduzindo o sentimento do povo e atendendo ao pedido de Dom Joaquim Arcoverde, feito em nome do episcopado brasileiro, autorizou, como

era usual na Igreja para imagens e quadros insig-nes, a coroação solene da imagem de Nossa Se-nhora Aparecida.

No dia 17 de julho de 1930, o Papa Pio 11, aten-dendo ao pedido dos Bispos brasileiros, assinou o Decreto de Proclamação de Nossa Senhora Apa-recida como Padroeira do Brasil.

Em 1931, no dia 16 de julho, na então Capital do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, o Presiden-te da República, o senhor Getúlio Vargas, acom-panhado de todo o seu Ministério, autoridades diplomáticas, civis, militares e eclesiásticas e de uma grande multidão de fiéis, comemoraram sole-nemente Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil.

Maria é venerada e amada pelo povo brasileiro, de norte a sul, de leste a oeste e invocada com os mais variados títulos, sendo o título de Nossa Senhora Aparecida – que o povo lhe deu esponta-neamente – o mais querido e invocado com mais carinho.

Outros países do mundo – e até mesmo Con-tinentes – tem seu padroeiro. A Igreja proclamou Santa Joana D’Arc, padroeira de França; São Tia-go, padroeiro da Espanha. O Papa Pio 10 declarou Nossa Senhora de Guadalupe “Celestial Padroeira da América Latina”. Paulo 6º proclamou São Ben-to padroeiro da Europa e João Paulo 2º acrescen-tou São Cirilo e Metódio, Santa Brígida da Suécia, Santa Catarina de Sena e Santa Edith Stein.

Porque o Brasil, o país mais católico da atuali-dade não tem direito de ter sua padroeira?

Nossa Senhora Aparecida tem sido, para mui-tos de nosso povo, inspiração de um estilo de vida solidária, fraterna, de atenção e acolhida ao outro, especialmente, aos mais pobres. Sua presença e devoção têm sido um elo de união e de integração entre todas as etnias, e nunca de divisão.

Se formos resumir a vida de Maria, veremos que nela mais se destacam a pobreza, a interiori-dade e o sofrimento, assim como em seu Filho. Em Aparecida, ela também se mostra pequena e mo-desta, sob todos os aspectos. Sua imagem, além de ser confeccionada em material de pouco valor, como é a terracota, estava quebrada.

Esta imagem nos inspira a contemplar a pobre-za total de Maria. Entretanto, Maria é para nós mui-to mais Mãe do que Rainha, como nos diz Santa Teresa de Lisieux. Ela está próxima de cada um de nós, sofre com cada filho e lhe dedica toda a de-licadeza e os cuidados que a Mãe, normalmente, desvela a seus filhos. É na Mãe Aparecida que o nosso povo brasileiro procura inspiração, exemplo e auxílio para seguir o Evangelho mais de perto, na vida de cada dia, a cada momento de nossa profis-são continuada de fé.

Pe. Sérgio José de Sousa, OSJPároco – Paróquia Nossa Senhora AparecidaTrês Barras do Paraná - Paraná

NOSSA SENHORA APARECIDAPADROEIRA DO BRASIL

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circu-lam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega. Finos clarins que não ouvimos devem soar por den-tro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores. Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Peque-nas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende. Oh! Primaveras distantes, depois do branco e de-serto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procu-ram pelo céu o primeiro raio de sol. Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz. Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação. Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, indepen-dentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou. Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escute-mos estas vozes que andam nas árvores, cami-nhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufór-bia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor. Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.

Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 366.

Primavera

14 Jornal Santa Edwiges www.santuariosantaedwiges.com.br Outubro de 2010

A Igreja deve cumprir a sua missão se-guindo os passos de Jesus e adotando

suas atitudes. Mt 9,35-36)

, ,

São José Marello Mensagem especial

utubro é, para a Igreja Católica em todo o mundo, o período no qual são intensificadas as iniciativas de infor-

mação, formação, animação e cooperação em favor das Missões. O objetivo é promover e despertar a consciência e a vida missionária cristã. É neste sentido que durante as ativida-des desenvolvidas pela Igreja procura-se des-pertar em todos os cristãos o ardor missionário proposto nos Evangelhos.

A vida missionária é o centro do batismo, quando todos são chamados, através da vi-vência batismal, a tornarem-se discípulos e missionários de Jesus Cristo. O documento de Aparecida afirma que a Missão da Igreja é evangelizar:

“A igreja deve cumprir a sua missão se-guindo os passos de Jesus e adotando suas atitudes (cf. Mt 9, 35-36). Ele, sendo Senhor, se fez servidor e obediente até a morte e morte de cruz (cf. Fl 2, 8); sendo rico, esco-lheu ser pobre por nós (cf. Cor 8,9) , ensi-nando-nos o caminho de nossa vocação de discípulos e missionários” (Aparecida, p. 25)

E é neste sentido de uma Igreja evange-lizadora que durante o mês de outubro, mês missionário, somos também convidados ao cultivo da espiritualidade missionária, que todos nós cristãos devemos ter, e também estarmos abertos ao Espírito Santo que gera em nós o desejo de imitar a Jesus Cristo.

Ainda somos convidados durante este

Outubro missionário

mês a refletir sobre o espírito de renúncia, que devemos fazer por amor à Deus e ao Evangelho de Jesus Cristo; e isto tudo indica a prática da caridade, marca do homem mis-sionário que se inspira na própria caridade de Jesus Cristo e que se traduz no amor a Igreja: “Cristo amou a Igreja e se entregou por ela” (Ef 5,25), assim os fiéis assumem com sua vivência a vocação cristã; ser san-tos, esta busca de santidade será testemu-nha para os outros.

Outubro não é somente o tempo de lem-brar os que evangelizam fora, ou as ações promovidas pela Igreja para a evangelização. É também o momento de refletir sobre a nos-sa caminhada de discípulos e missionários de Jesus Cristo em nossas comunidades. É o período de revigorar o nosso íntimo para o testemunho de Cristo e assumi-lo na plenitu-de do significado da palavra Cristão.

Frei Marcilio H. Pinto, OSJ

São José Marello, em suas cartas, já nos dizia que o barulho não faz bem e o bem não faz barulho.

Vemos hoje, em nossa sociedade pós moderna, a dificuldade existente em fazer silêncio. Neste artigo, queremos mostrar o valor do silêncio para uma vida sadia, física e espiritualmente, a partir da espiritualidade de São José Marello.

São muitas as vozes que falam em nós, mas a que nos deve guiar é a voz do próprio Deus. Assim, Marello já dizia que Deus nos fala diretamente ao coração, sem o barulho das palavras: “eis que eu a vou seduzir, levando-a à solidão, onde lhe falarei ao co-ração” ( Os 2,16).

Deus manifesta-se pelo gosto do ermo, do silêncio do deser-to. Jesus não se acha senão no deserto: “sua voz não ressoa nos lugares públicos” (Imitação de Cristo cap.I); “em silêncio, abando-na-te ao Senhor, põe tua esperança nele” (Sl 36,7).

Ora, quando Jesus estava no monte, ele orava ao Pai para lhe dar forças e perseverança em seus desafios, já encontrados, e aos que ainda iria enfrentar. No evangelho (Jo 6,17ss), lemos que: “Era já escuro e Jesus não se tinha reunido a eles”. Jesus retorna do monte, desafiando a lei da gravidade, caminha sobre as águas. Então, seus discípulos ficam estupefatos a ponto de não o reconhecer. (Jo 6,17ss).

Em Mateus 14,13, o evangelista apresenta-nos Jesus indo orar; vemos, mais uma vez, Jesus retirando-se para um lugar de-serto. Também Marcos 6,46 diz o que ele foi fazer: “e despedido que foi o povo, retirou-se ao monte para orar”.

Não obstante, há dias em que o nosso coração e a nossa alma estão mais silenciosos e introspectivos, a ponto de as pes-soas perguntarem-nos se está acontecendo alguma coisa ou se estamos tristes e, muitas vezes, ficamos sem saber o que res-ponder, pois são momentos peculiares em que sentimos a ne-cessidade de viver a contemplação.

“Vê, pois que a luz que está em ti não veja treva. Se, pois, todo o teu corpo estiver na luz sem mistura de trevas, ele seria in-teiramente iluminado, como sob a brilhante luz de uma lâmpada” (Luc 11,35-36). Marello dizia que há momentos em que precisa-mos silenciar os nossos lábios e o nosso interior, valorizando-os para escutarmos de Deus o que é essencial e edificante para a nossa vida. Vemos que Elias, no monte Horeb, procurou o Se-nhor e este não estava no ruído do vento, nem na tempestade, mais na brisa suave e quase silenciosa (Cf1Reis 19,8 -14).

É no silenciar-se e na quietude que acontecem as grandes descobertas. “Em silêncio, abandona-te ao Senhor” (Sl 36,7); “Falai Senhor porque vosso servo escuta”(Sam 3, 10), porque “só tu tens palavras de vida eterna”(Jo 6,68). Assim, a saber, Marello ensinava através do seu testemunho de vida, para que as pessoas encontrassem o verdadeiro sentido de saber falar e saber calar.

Pelos escritos, podemos perceber que Marello vivera este princípio bíblico, sem dúvida, muito precioso nas suas relações, inclusive em nossa relação com o Senhor, procurando ouvi-lo mais: “E quando orares entra em teu quarto, fecha a porta e ora ao Pai em segredo, e teu Pai, que vê nos lugares mais ocultos, recompensar-te-á” (Mt 6,6).

Portanto, um exercício que devemos fazer constantemente, até chegarmos ao equilíbrio, é poder silenciar na hora certa; por isso, peçamos a intercessão de São José Marello que nos ensine a alcançar essa graça, assim como ele viveu e experimentou no dia a dia, do silenciar, cheio de esperança e confiança.

O silêncio deve ser criativo e não ausência de algo, ou até mesmo um silêncio agressor. Façamos hoje, em pleno século 21, a experiência de silenciar o coração, de ouvir mais e falar me-nos. Isto nos ajuda para que o nosso interior seja purificado de todos os ruídos e, ao mesmo tempo, que tenhamos uma palavra acertada para cada momento e, assim, vivenciarmos o auge da experiência em Jesus, por meio do silenciar-se.

Peçamos a Jesus a graça de silenciarmos como São José Marello fez, para que possamos escutar a voz de Deus Pai.

O

O valor do silêncio

Frei João Andrade Dias, OSJ

Outubro de 2010 www.santuariosantaedwiges.com.br Jornal Santa Edwiges 15

Especial

anta Edwiges, exemplo de vida cristã; Com apenas 5 anos de idade, Edwiges foi colocada no mosteiro das Beneditinas em Kitzingen, na Silésia, hoje Polônia. Onde

se destacava pela sua maturidade da mente e co-ração. A pedagogia do mosteiro foi baseada nas instruções de São Jerônimo. Ali ficou por 7 anos, onde aprendeu profundamente sobre a Sagrada Escritura, as obras dos padres da Igreja e biogra-fia dos santos. Além dos conhecimentos práticos para o convívio social.

Santa Edwiges, modelo de esposa cristã; Edwiges, com mais ou menos 12 anos, precisou sair do mosteiro para casar-se, não por sua von-tade, mas por questões políticas de sua família. Apesar disto, tratou seu matrimônio com muita seriedade, pois considerava o sacramento uma dádiva de Deus e vivia nele do modo mais santo possível.

Santa Edwiges, mãe e mestra piedosa de vossa prole; Santa Edwiges, protetora da fa-mília cristã; Foi uma esposa dedicada, educou seus filhos em um ambiente de temor a Deus. E após o nascimento do sétimo filho, conseguiu o consentimento para viver em castidade com seu marido, o Duque Henrique. Apesar de todo amor dedicado à família, seus filhos partiram muito cedo, só chegaram à idade adulta Henrique II e Gertrudes. Mas em 1241, Henrique II morre em

Santa Edwiges, Rogai por nós

uma trágica batalha. Edwiges não ficou desespe-rada com este acontecimento, Santa Edwiges, devotada a Deus na morte de vosso filho; ela dirigiu-se à Ele em oração: Agradeço a Ti, Senhor, de ter sido tão bom para mim e ter-me dado o filho o qual como tal sempre me amou, respeitou e nunca me deu motivo de tristeza de maneira alguma. Embora me alegrasse muito de vê-lo vivo, tenho maior alegria que com ele compartilho, porque pela heróica morte ele uniu-se ao Salvador. Humildemente recomendo a Ti a sua alma.” Santa Edwiges, forte na tristeza e opressão.

Anteriormente a estes acontecimentos, em 1201, o Duque Henrique assume o poder da Silé-sia. E Edwiges, apesar de não ter direito a gover-nar o país, exercia sua influência sobre o marido. Um dos pedidos de Edwiges ao marido, foi a fun-dação da Abadia em Trzebnica, onde posterior-mente, Gertrudes torna-se a abadessa.

Santa Edwiges, libertadora dos prisionei-ros; Na construção do convento, Edwiges solicita à Henrique, que os sentenciados de morte, não sofressem a execução, mas que trabalhassem nas obras, como resgate dos seus crimes cometidos.

Outras das muitas inspirações de nossa pa-droeira, Santa Edwiges, serva dos doentes e leprosos; foi a construção do Hospital Espírito Santo, em Wroclaw, sendo de responsabilidade dos padres beneditinos a administração do local. Depois fundou o Hospital para Mulheres leprosas (Hansenianas). Além destas muitas atividades, Santa Edwiges, modelo de coração confiante; participava ativamente da vida política do país.

Santa Edwiges, mãe dos pobres; Santa Edwiges, irmã dos humildes e simples; Tinha seu dia dedicado ao trabalho, obras de caridade e orações. Cuidava pessoalmente dos pobres, distribuía esmolas e ainda mantinha em sua cor-te treze doentes aleijados recolhidos durante as viagens da Duquesa pelo país. Também não es-quecia das viúvas e dos órfãos. Santa Edwiges, auxiliadora das viúvas e órfãos.

Outro ato muito comum de Edwiges era o auxi-lio dado os prisioneiros, Santa Edwiges, auxilio dos endividados; Santa Edwiges, libertadora dos prisioneiros. Ela sempre fornecia alimentos, roupas e ajudava-os com suas dívidas. Em geral, sempre conseguia interceder pelos encarcerados e condenados, dando a liberdade ou pelo menos a diminuição de sua pena.

A vida espiritual de Edwiges era intensa. Sem-pre estudava a Palavra de Deus, lia aos seus familiares e até mantinha o hábito da leitura de fragmentos dos Livros dos Santos durante as re-feições. Ela também encontrava na natureza uma forma de meditação, reconhecia a beleza das criações e criaturas de Deus. Santa Edwiges, di-ligente leitora da Sagrada Escritura.

Santa Edwiges, abençoada por Cristo na cruz; As freiras do Convento de Trzebnica tinham curiosidade sobre o comportamento de Edwiges durante suas orações. Certa noite, elas escon- Juliana Sales

A Ladainha, do grego litaneia, quer dizer oração pública. Quando repetimos diversas vezes esta breve oração e súplica, estamos invocando, trazendo para perto de nós a lembrança de alguém, pedindo sua intercessão.

A partir da Ladainha de Santa Edwiges, vamos conhecer um pouco de sua história de vida e fé

S

deram-se na igreja, onde a Duquesa costumava rezar a noite inteira e a observaram-na. Edwiges rezava de joelhos em um altar dedicado à Virgem Maria e ali encontrava-se também a imagem do Redentor de braços abertos. Neste dia, Edwiges fazia suas orações como de costume, quando o Crucificado separou o braço direito da cruz e es-tendeu a mãe para frente. Abençoou Edwiges e pode se ouvir: “A tua prece fora ouvida e recebe-rás o que pedistes”. Santa Edwiges, fiel discí-pula do Crucificado.

Santa Edwiges, transbordante de amor pela Santa Missa; A Duquesa não contentava-se a assistir a somente uma missa, todas os sacer-dotes que visitavam a Corte, tinham de celebrar a Santa Missa para ela. Além disto, Edwiges ti-nha muita devoção pelos Santos e amor à Virgem Santíssima. Ela sempre carregava consigo uma estatuazinha da Virgem, a qual não largou, nem na hora da morte. Santa Edwiges, particular serva da Mãe de Deus; e após cada missa, ela passava diante dos altares, um por um, para re-zar. Costume que herdou dos beneditinos. Santa Edwiges, cheia de gratidão com Deus.

A exemplo dos santos, Edwiges levava uma vida muito rigorosa, de penitência. Fazia muitos jejuns e abstinências, por amor ao próximo. San-ta Edwiges, penitente estrênua.

Após a morte de seu marido, Henrique I, Edwi-ges fixou sua morada no convento de Trzebnica, ela não tornou-se freira, apesar de seguir com ri-gor a vida monacal. Caso professasse, perderia seus bens, e devido o auxílio que dava aos po-bres e doentes, ela permanecia com sua posição. Santa Edwiges, pobre de espírito no meio do fausto esplendor.

No dia 14 de outubro de 1243 Edwiges muito adoentada morre. Seu sepultamento acontece no dia 16 de outubro na Igreja Conventual de Trzeb-nica. Santa Edwiges, agraciada com uma san-ta morte.

Após sua morte seu túmulo foi visitado por muito pobres e doentes. Os romeiros comenta-vam da bondade de Edwiges e recebimento de graças por sua intercessão. Santa Edwiges, glorificada com inúmeros milagres. Sua cano-nização ocorreu em 8 de maio de 1253. Santa Edwiges, glória da Santa Igreja.

Neste mês de outubro, voltemos os nossos olhares para este grande exemplo de vida, fé e santidade. Assim como Santa Edwiges, possa-mos nós, ajudar os mais necessitados e bus-carmos o crescimento de nossa espiritualidade. Santa Edwiges, proclamada no número dos eleitos, Rogai por nós.

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+Estrada das Lágrimas, 910

16 Jornal Santa Edwiges www.santuariosantaedwiges.com.br Outubro de 2010

Apoiadores da 51ª Festa de Santa Edwiges