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NOVOS RUMOS: O PÓS-GUERRA

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Shirlene Vila Arruda - Bibliotecária)

INSTITUTO ARTE NA ESCOLA

Novos rumos: o pós-guerra / Instituto Arte na Escola ; autoria de Olga Egas ; coordenação de Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque. – São Paulo : Instituto Arte na Escola, 2010.

(DVDteca Arte na Escola – Material educativo para professor-propositor ; 155)

Foco: CT-B-25/2010 Conexões TransdisciplinaresContém: 1 DVD ; Biografias; Glossário ; BibliografiaISBN 978-85-7762-038-8

1. Artes - Estudo e ensino 2. Artes - Brasil 3. Política 4. Sociologia 5. Arte e cultura de massa 6. História do Brasil 7. Arte e história I. Egas, Olga II. Martins, Mirian Celeste III. Picosque, Gisa IV. Título V. Série

CDD-700.7

NOVOS RUMOS: O PÓS-GUERRACopyright: Instituto Arte na Escola

Autor deste material: Olga Egas

Assessoria em História: Claudio Moreno Domingues

Revisão de textos: Nelson Luis Barbosa

Padronização bibliográfica: Shirlene Vila Arruda

Diagramação e arte final: Jorge Monge

Autorização de imagens: Cesar Millan de Brito

Fotolito, impressão e acabamento: Indusplan Express

Tiragem: 200 exemplares

Créditos

MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLAOrganização: Instituto Arte na Escola

Coordenação: Mirian Celeste Martins Gisa Picosque

Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação

MAPA RIZOMÁTICO

Copyright: Instituto Arte na Escola

Concepção: Mirian Celeste Martins Gisa Picosque

Concepção gráfica: Bia Fioretti

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DVDNOVOS RUMOS: O PÓS-GUERRA

Ficha TécnicaGênero: Documentário.

Palavras-chave: Artes visuais; música; teatro; cinema; litera-tura; museu; Museu de Arte de São Paulo (Masp); Bienal de São Paulo; arte concreta; ruptura do suporte; história do Brasil; política; sociologia.

Foco: Conexões Transdisciplinares

Tema: Panorama histórico, político e sociocultural brasileiro após a Segunda Guerra Mundial.

Personalidades abordadas: Abraham Palatnik, Assis Chateau-briand, Cacilda Becker, Camargo Guarnieri, Francisco Matarazzo Sobrinho, Getulio Vargas, Lygia Clark, Mazzaropi, Waldemar Cordeiro, entre outros.

Indicação: A partir do 8º ano do Ensino Fundamental.

Nº da categoria: CT-B-25

Direção: Mirella Martinelli.

Realização/Produção: Instituto Itaú Cultural, São Paulo.

Ano de produção: 1991.

Duração: 20’.

Coleção/Série: Panorama histórico brasileiro.

SinopseDocumentário que recria o espírito do mundo após a Segunda Guerra Mundial. Dois grandes e antagônicos blocos se for-mam: o norte-americano e o soviético. No Brasil, empresários se esforçam para transformar um país rural em uma nação urbana. A modernização econômica e o alinhamento do Brasil aos Estados Unidos durante a “bipolarização mundial” foram alavancados com o surgimento da televisão. No campo das

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artes, há acontecimentos fundamentais no cenário cultural, tais como: a fundação do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e a criação da Bienal de São Paulo.

Trama inventivaPonto de contato, conexão, enlaçado em Os olhos da Arte com um outro território provocando novas zonas de contágio e reflexão. Abertura para atravessar e ultrapassar saberes: olhar transdisciplinar. A arte se põe a dialogar, a fazer contato, a contaminar temáticas, fatos e conteúdos. Nessa intersecção, arte e outros saberes se alimentam mutuamente, ora se com-plementando, ora se tensionando, ora acrescentando, uns aos outros, novas significações. A arte, ao abordar e abraçar, com imagens visionárias, questões tão diversas como a ecologia, a política, a ciência, a tecnologia, a geometria, a mídia, o incons-ciente coletivo, a sexualidade, as relações sociais, a ética, entre tantas outras, permite que na cartografia proposta se desloque o documentário para o território das Conexões Transdisciplinares. Que sejam estas então: livres, inúmeras e arriscadas.

O passeio da câmeraFragmentos de imagens em preto-e-branco revelam a destruição das cidades durante a Segunda Guerra Mundial. Instaura-se a oposição EUA (capitalismo) e URSS (comunismo), em que eco-nomia, política e ideologia se confrontam na chamada guerra fria, com desdobramentos no cotidiano e na percepção de mundo.

Na década de 1950, o Brasil vive um período de crescente influ-ência norte-americana na formação de novos hábitos de consumo e na vida cultural. A atuação empresarial da burguesia dominante tem reflexos na vida política e cultural do país, procurando renovar a arte brasileira e inserindo-a no panorama internacional.

O documentário apresenta em bloco único o depoimento do ator Paulo Autran sobre o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC); trechos de filmes produzidos pelas Companhias Cinematográ-ficas Vera Cruz e Atlântida; a literatura de Clarice Lispector,

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Guimarães Rosa e João Cabral de Melo Neto; as cantoras da Rádio Nacional e o baião de Luiz Gonzaga; a composição inova-dora de Hans-Joachim Koellreutter; a chegada da televisão, das campanhas publicitárias e do futebol como lazer das massas. Nas artes plásticas, a chamada “arte concreta” avança com os grupos Frente e Ruptura que constituem o caleidoscópio cultural desse período; a fundação do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e a criação da Bienal de São Paulo marcam a ampliação dos horizontes da arte brasileira, rompendo o círculo fechado em que se desenrolavam as atividades artísticas no Brasil. Nesses tempos, há diferentes formas e cores em um país que busca definir sua identidade entre o rural e o urbano, entre o nacional e o universal.

Sugerimos, neste material, abrir conexões com o foco em Me-diação Cultural para pesquisar os espaços sociais do saber arte e a formação de público. Outras questões apresentadas no documentário nos impulsionam para proposições pedagógicas ligadas ao território Linguagens Artísticas – poéticas visuais, música, teatro e cinema; Materialidade – ruptura do suporte; Saberes Estéticos e Culturais – arte concreta e as relações entre arte e sociedade; Conexões Transdisciplinares – com a história do Brasil, mídia, televisão e a sociedade de consumo.

Os olhos da ArteAs imagens do documentário nos fazem perceber a lenta implantação da modernidade no Brasil, que também foi se for-mando com a criação de museus e a realização de exposições temporárias que transformaram e dinamizaram o circuito de arte daquela época.

Após a Segunda Guerra Mundial, na cidade de São Paulo surgem novos empreendimentos culturais sustentados por um novo mecenato: a indústria e as organizações da imprensa. O espírito empresarial norte-americano, que envolvia o cenário moderno, imigrou para o mundo e englobou também a cena artística brasileira. Dois empresários paulistas começaram,

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Luiz Sacilotto - Concreção, 1958 alumínio pintado, 25 x 25 x 18 cm Foto: autor desconhecido

assim, a descobrir os caminhos do nosso incipiente mecenato moderno: de um lado, Assis Chateaubriand, empresário e mag-nata ligado às comunicações, entre as décadas de 1930 e 1950, que se embrenhou pelos trâmites do mundo das artes; de outro, Francisco Matarazzo Sobrinho, ou Ciccillo Matarazzo, casado com Yolanda Penteado, industrial de ascendência italiana, so-brinho do conde Francisco Matarazzo italiano que construiu um dos maiores complexos industriais do Brasil. Chateaubriand e Ciccillo acrescentaram aos seus dotes empresariais uma atitude de mecenato que os fez entrar para a história das artes deste país. Ambos apareceram como um novo tipo de empresário que buscava se projetar no mundo econômico por meio dos empreendimentos culturais de cunho internacional.

É nesse contexto de fortalecimento institucional e de atuação desse novo mecenato cultural que, em 1948, Ciccillo Matarazzo e Franco Zampari fundaram o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e, no ano seguinte, a Companhia Cinematográfica Vera Cruz.

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A criação do TBC e da Vera Cruz não foi um fenômeno isola-do. Pelo contrário, inscreveram-se em outras iniciativas que procuravam fazer de São Paulo um polo cultural nacional, contribuindo para transformar essa capital, no final dos anos 1940, num importante centro de produção de cultura. Em 1947, Assis Chateaubriand (Chatô) havia inaugurado o Masp e destacava-se como empresário da cultura que acenava para algo novo: o empreendimento cultural como uma forma de luta por hegemonia e status social. Ciccillo também fundou “seu” museu, o Museu de Arte Moderna (MAM), no ano seguinte. Em 1951, como extensão das atividades do MAM, Ciccillo criou o seu mais poderoso empreendimento: a Bienal de São Paulo, pautada pela Bienal de Veneza, porém adequada às condições nacionais.

A primeira Bienal foi nomeada de I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo, ligada institucionalmente ao MAM, realizada em 1951, em um pavilhão especial no belvedere do Parque Trianon, onde atualmente se encontra o edifício do Masp. As 2ª e a 3ª Bienais ocorreram no Pavilhão das Nações, atual prédio do Museu Afro-Brasil no Parque Ibirapuera.

Hoje, a Bienal acontece em 25.000 m2 projetados por Oscar Niemeyer. Seu prédio, feito de concreto armado, aço e vidro, é considerado ícone cosmopolita da arquitetura moderna e produto da influência industrial de São Paulo. Sugere um agrupamento es-pacial dos suportes. O amplo pavimento térreo, com um pé direito de mais de sete metros e visão geral para o Parque Ibirapuera, é ideal para exposição de esculturas e obras tridimensionais de grande porte. O 1° andar apresenta, de um lado, luz favorável à exposição de pinturas, e outro, ambiente escuro favorável a videoinstalações. É importante destacar também a contribuição da rampa em espiral que corta os três pavimentos.

O papel da Bienal de São Paulo sempre foi de se colocar à dianteira dos acontecimentos na área das artes visuais, de apon-tar tendências, de criar espaço para a manifestação de novas propostas, para a crítica, para o diálogo internacional, para a polêmica e, mesmo, para manifestação de rupturas. Ao contrário

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do museu, a função da Bienal não é conservar o passado, mas sintonizar o presente e até mesmo sondar o futuro. A arte em estado experimental tem sido a matéria-prima das bienais.

A criação dos Museus de Arte e da Bienal de São Paulo ofe-receu novos rumos à arte brasileira, projetando-a internacio-nalmente. Ao mesmo tempo, ofereceu a visibilidade da arte no espaço público, convocando novas posturas do espectador ante a obra durante a visitação.

Museus, bienais, centros culturais, cinemas, teatros, enfim, são espaços sociais do saber arte, espaços provocadores da experi-ência estética. Espaços pertencentes ao território da Mediação Cultural e que aproxima o público da arte.

Não terá sido por isso que na Bienal, em sua primeira edição, compareceram 45 mil espectadores pagantes? Estávamos no ano de 1951, o que mostra a necessidade e a abrangência da arte como fenômeno cultural.

O passeio dos olhos do professorConvidamos você a ser leitor do documentário antes do plane-jamento de sua utilização. Na primeira vez, procure assistir ao vídeo de uma maneira descompromissada. Deixe-se envolver pelo clima de mudanças do pós-guerra e suas próprias impres-sões sobre o cotidiano daquela época. Pode ser interessante assisti-lo uma segunda vez, fazendo anotações livres, usando palavras, formas e cores, marcando o início de um diário de bordo, instrumento para o seu pensar pedagógico durante o processo de trabalho junto aos alunos. Sugerimos uma pauta do olhar para apoiar/provocar sua percepção:

Quais sensações o documentário provoca em você?

Para você, o documentário apresenta conhecimentos novos?

O que o documentário mostra em relação ao processo de transformação cultural, especialmente em relação às lingua-

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gens artísticas? É possível perceber um percurso? Coerente ou marcado por rupturas?

Que surpresas e estranhamentos o documentário apresenta para seus alunos? O que gostariam de ver?

Para você, qual o foco de seu trabalho em sala de ala que pode ser desencadeado pelo documentário?

Reveja suas anotações e as possibilidades desveladas. Elabore uma pauta dos olhos dos seus alunos sobre o documentário. Quais são as questões instigantes que poderiam ampliar os olhares dos alunos?

Percursos com desafios estéticos

O passeio dos olhos dos alunos As cenas iniciais do documentário apresentam a destruição e

o desolamento do pós-guerra no cotidiano das cidades. Pes-quise imagens recentes e notícias do cotidiano de igual teor e apresente-as para seus alunos, provocando a discussão sobre a guerra e a reconstituição/remodelação dos espaços urbanos, o antes e o depois; se quiser inclua e/ou recorde informações e detalhes sobre o processo de remodelação urbana da antiga capital do Brasil – a cidade do Rio de Janeiro, após a República de 1889 –, ou a reconstrução de Berlim, logo após a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais. É um bom momento para conversar sobre a construção do ima-ginário coletivo relativo à guerra, a vencedores e vencidos; a importância da preservação da memória do confronto por intermédio de museus e monumentos e também em relação às oportunidades culturais que se descortinam. Você pode sugerir que os alunos assistam a Flags of our fathers, no Brasil foi lançado como A conquista da honra, um filme norte-americano de 2006, dirigido por Clint Eastwood, que discute sobre a ideia de construção intencional da memória e os

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efeitos da guerra nos soldados veteranos. Após a conversa, proponha a exibição do documentário. Quais conexões os alunos fazem entre a conversa antes do documentário e ao que assistiram?

O documentário se encerra com a canção Chega de saudade, composta em 1958 por Tom Jobim e Vinícius de Moraes, na voz de Elizeth Cardoso, acompanhada ao violão por João Gilberto. Quatro meses depois, o violonista lança seu disco Chega de saudade, revolucionando a música popular brasileira com uma interpretação vocal intimista e uma nova batida de violão, inaugurando a Bossa Nova.

Vai minha tristeza / E diz a ela que sem ela não pode ser

Diz-lhe numa prece / Que ela regresse / Porque eu não posso mais sofrer

Chega de saudade / A realidade é que sem ela / Não há paz não há beleza

É só tristeza e a melancolia / Que não sai de mim / Não sai de mim / Não sai

Mas, se ela voltar / Se ela voltar que coisa linda! / Que coisa louca!

Pois há menos peixinhos a nadar no mar / Do que os beijinhos / Que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços, os abraços / Hão de ser milhões de abraços

Apertado assim, colado assim, calado assim, / Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim

Que é pra acabar com esse negócio / De você viver sem mim

Não quero mais esse negócio / De você longe de mim

Vamos deixar esse negócio / De você viver sem mim

Depois de apresentar a letra da canção Chega de saudade (Tom Jobim, Vinícius de Moraes), questione seus alunos sobre como as linguagens artísticas podem refletir os anseios e aspirações de uma época? As músicas de época podem ser tomadas como fonte de registro histórico? O que eles sabem sobre os anos 1950 no Brasil? O que gostariam de pesquisar sobre essa década? Em seguida, proponha a exibição do documentário. O que surpreende os alunos?

Como era a cidade nas décadas de 1940 e 1950? Será que nós temos a real dimensão do que era a cidade de São

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Paulo no período em que surge o Masp, assim como outros importantes museus? E a sua cidade, como era nessa época? Quais os tipos de transporte? Como as pessoas se vestiam? Como se divertiam? O que estava acontecendo no cenário da política e da economia? E em termos culturais? Como era a arquitetura? Você pode propor que cada aluno desenvolva uma pesquisa junto aos familiares e amigos idosos, é uma boa hora para valorizar o conhecimento e as experiências deles recolhendo fotos antigas e relatos de meados do século XX, para o levantamento da história da cidade de São Paulo ou de sua cidade. Na sala de aula, a partir dos documentos e imagens encontrados pelos alunos, converse sobre as diferenças que percebem em relação à cidade nos tempos atuais. O que causa estranhamento ou atração nos alunos? Em seguida, exiba o documentário. Que curiosidades são aguçadas pela exibição?

Desvelando a poética pessoal É importante estimular o aluno a ampliar a sua percepção e imaginação e descobrir sua poética pessoal. A ideia não é rea-lizar um único trabalho, mas a criação de uma série que possa depois ser apreciada e discutida sob a perspectiva pessoal de cada aluno e depois dos alunos em conjunto.

Como um pesquisador, sensível e curioso, seu aluno pode criar uma série de trabalhos para apresentar os “novos rumos” do século XXI. Desenhos de observação, colagens, fotografias, vídeos ou mesmo montagens, utilizando PowerPoint, podem registrar o mundo em que vivem. O “novo em diálogo e a busca da preservação do antigo”, das nossas memórias e da nossa própria história em diferentes detalhes do cotidiano: hábitos de consumo, de lazer e entretenimento. Para isso, você pode oferecer a oportunidade de rever o documentário buscando um olhar mais atento à sua produção.

Uma pesquisa sobre aspectos concretos da cor e da forma, percebendo as relações entre elas, pode animar muito os alunos.

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música

dodecafonismo, música popular

teatro

cinema

política cultural

espaços sociais do saber

qual FOCO?

qual CONTEÚDO?

o que PESQUISAR?

Zarpando

SaberesEstéticos eCulturais

história da arte

ConexõesTransdisciplinares

arte e ciênciashumanas

suportes

procedimentos

Materialidade

pesquisa de outros meios e suportes,ruptura de suporte

procedimentos técnicosinventivos, subversão de usos

Linguagens Artísticas

ato de expor

formação de público MediaçãoCultural

relação espectador e obra

contato com o público; desenho museográfico

museu; MASP - Museu de Arte de São Paulo; Bienal de São Paulo; Companhia Cinematográfica Vera Cruz; Teatro Brasileiro de Comédia

arte concreta; arte cinética;arte engajada; arte popular

projetos de modernização, criação de instituições

meiostradicionais

artesvisuais

pintura, escultura, xilogravura, serigrafia

literatura

linguagensconvergentes

arquitetura,figurino

cinema brasileiro, chanchada, caipira

mídia/televisão; história do Brasil; política; sociologia; industrialização; sociedade de consumo; Guerra Fria

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Pode-se fazer essa pesquisa por meio de recorte e colagem, de-senho, pintura e escultura, em diferentes suportes e dimensões. O registro dos critérios de escolha, das dificuldades e soluções encontradas poderá desvelar os interesses dos alunos e suas preferências estéticas.

Cada proposta pode funcionar como uma pesquisa pessoal em paralelo ao projeto desenvolvido na aula. O acompanhamento do professor e a socialização para o grupo ampliam a leitura e a compreensão do mundo e da cultura.

Ampliando o olhar A primeira exposição do MAM/SP, denominada “Do figu-

rativismo ao abstracionismo”, iniciou um intenso e profícuo debate sobre a arte brasileira desde a Semana de 22: a oposição entre a estética figurativa e a estética abstrata. Apresentar aos alunos obras de artistas figurativos e de artistas totalmente abstratos é um modo de ampliação do olhar sobre as particularidades de cada uma dessas formas de expressão. Quais artistas você selecionaria para mostrar? Que sutilezas a arte abstrata suscita no observador, que muitas vezes escapam à racionalidade figurativa?

Pesquise junto com o professor de História algumas curio-sidades de São Paulo na década de fundação do Masp. Pesquise quais invenções surgiram nesse período, quais delas ainda permanecem, como foram transformadas e qual a sua relevância para a história. Essa pode ser uma pesquisa bastante prazerosa por lidar com a curiosidade e também com um conhecimento mais amplo sobre cos-tumes da vida cotidiana.

Na DVDteca Arte na Escola, há dois documentários que podem contribuir para saber mais sobre os museus Masp e MAM. São eles: MAM: museu vivo e Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand: a aventura do olhar. Há, ainda o documentário No tempo da II Guerra para situar os alunos no contexto anterior a Novos rumos: o pós-guerra.

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Conhecendo pela pesquisa O projeto e o processo de fundação dos museus Masp e

MAM têm também um componente externo: a conjuntura social, política e econômica do pós-guerra, a crise na Europa e o início da afirmação dos Estados Unidos na liderança mundial. Nesse momento, o Brasil vive uma euforia desenvolvimentista que resulta na construção de Brasília. Na atuação desses “bastidores”, Nelson Rockefeller, como presidente do Mu-seu de Arte Moderna de Nova York (Museum of Modern Art - MoMA), vem ao Brasil, em 1946, para participar das discussões iniciais da fundação dos museus de arte moderna de São Paulo e do Rio de Janeiro. De Rockefeller (MoMA) veio o mecenato e do Guggenheim Museum, a experiência. O que os alunos podem descobrir sobre esses dois museus: MoMA e Guggenheim?

Quais as diferenças entre a arte moderna e a chamada arte contemporânea? Este pode ser um outro tema de pesquisa, abrindo espaços também para que conheçam outros artistas e museus.

Masp, cartão-postal da cidade de São Paulo. Museu consa-grado internacionalmente pelo seu acervo com mais de cinco mil obras: pinturas, esculturas, gravuras, fotos, vestuário, tapeçarias, peças arqueológicas, cerâmicas e até uma série de objetos kitsch. Masp, cuja arquitetura revolucionária o torna um dos prédios modernos mais celebrados do país. O museu flutua sobre colunas, com um vão livre de 70 metros de extensão e oito metros de altura, para preservar a vista que alcança o Viaduto do Chá antes da construção de edifí-cios. O mais importante museu paulista apresenta hoje suas quatro colunas de sustentação, pintadas em vermelho-vivo, como previa a concepção original de Lina Bo Bardi; contu-do, décadas após sua fundação (1947), elas permaneciam nuas expondo a cor natural do concreto armado. Questione os estudantes sobre quais seriam as razões de o projeto original só muito recentemente ter sido realizado? Que

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circunstâncias históricas respondem essa questão? Masp é o museu paulista fundado pelo amor à arte de seus três protagonistas: Assis Chateaubriand, Pietro Maria Bardi e Lina Bo Bardi. Quem foram esses personagens históricos da cena artística brasileira?

A Companhia Cinematográfica Vera Cruz, fundada em São Ber-nardo do Campo, congregou profissionais de todas as partes (Inglaterra, Itália, Argentina), capitais domésticos (Banco do Estado de São Paulo) e o melhor da inteligência teatral (Adolfo Celi, Luciano Salce, Fabio Carpi) e cinematográfica (Alberto Cavalcanti, Lima Barreto), com a intenção de produzir um “ci-nema sério”, de “nível internacional”. Quais temas os filmes da Vera Cruz apresentavam? Em tempos de modernidade, por que o personagem Jeca Tatu, interpretado por Mazzaropi, fez tanto sucesso? O que os alunos podem descobrir sobre as chanchadas da Atlântida Cinematográfica?

Pensar em museus, formação de público, história e patrimônio é pensar também no papel da educação. Muitas instituições culturais (possivelmente a maioria delas) oferecem ao público um serviço educativo de atendimento dos grupos às suas exposições, por vezes ampliando-se para outros projetos educativos, como cursos, palestras, workshops. Geralmente esse serviço possui uma determinada abordagem teórica. O que os alunos podem descobrir sobre o serviço educativo dos museus ou centros culturais de sua cidade?

Amarrações de sentidos: portfólioDar sentido ao que se estudou é bastante importante para que o aluno se aproprie de suas descobertas. É importante, também, perceber e valorizar o percurso trilhado, entre a pesquisa, o fazer artístico, a apreciação, o pensar e discutir arte. A construção de um portfólio pode se tornar uma interessante provocação para olhar, refletir e evidenciar as buscas, indagações e as marcas da pesquisa. Para tal sugerimos um portfólio, montado como um livro de artista, registrando de modo estético e textual os estudos desenvolvidos

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no projeto a partir do documentário e as novas questões que se abrem para a continuidade do aprender arte. Cada aluno produzirá o seu, escolhendo o material e o formato do livro.

Valorizando a processualidadeOnde houve transformações? O que os alunos perceberam que conheceram?

A discussão a partir dos livros de artista desenvolvidos pode levar à reflexão sobre todo o processo. Incentive a fala dos alunos sobre o que mais gostaram e o que menos gostaram, o que foi mais importante e o que faltou. É momento também de você refletir como professor-propositor, olhando seu diário de bordo que, de certo modo, é seu livro de artista. A escuta das respostas dos alunos, junto com seu diário de bordo, permite reflexões sobre o seu próprio aprendizado. Como este projeto contribuiu para a ampliação dos seus saberes sobre arte e seus alunos? Quais novos achados pedagógicos foram despertados por essa experiência?

Personalidades abordadasAbraham Palatnik (Natal/RN,1928) – Aos quatro anos viaja com a família para Israel, realizando seus estudos e especializando-se em mecânica, física e motores de explosão. Acostumado a desenhar desde menino, frequenta, simultaneamente, por um período de quatro anos, um ateliê livre de arte, no qual aprende desenho com modelo vivo, pintura e estética. Em 1948, retorna ao país e instala-se no Rio de Janeiro. Convive com os artistas Ivan Serpa, Renina Katz e Almir Mavignier. Frequenta a casa do crítico de arte Mário Pedrosa e conhece o trabalho da doutora Nise da Silveira, no Hospital Psiquiátrico do Engenho de Dentro. O contato com os artistas e as discussões conceituais com Mário Pedrosa fazem Palatnik romper com os critérios convencionais de composição, abandonar o pincel e o figurativo e partir para relações mais livres entre forma e cor. Por volta de 1949, inicia estudos no campo da luz e do movimento, que resultam no Aparelho cinecromático, exposto em 1951, na 1ª Bienal de São Paulo. O trabalho recebe menção honrosa do júri internacional. Três anos depois, Palatnik integra o Grupo Frente, ao lado de Ivan Serpa, Ferreira Gullar, Mário Pedrosa, Franz Weissmann, Lygia Clark e outros. A partir de 1964, desenvolve os Objetos cinéticos, um desdobramento dos cinecromáticos. As obras expõem o mecanismo interno de funcionamento e suprimem a projeção

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de luz. O rigor matemático é uma constante no trabalho do artista, atuando como importante recurso de ordenação do espaço. Palatnik é internacionalmente considerado um dos pioneiros da arte cinética.

Amácio Mazzaropi (São Paulo/SP, 1912-1981) – Ator, cineasta, roteirista e diretor. Bom aluno, é reconhecido por sua facilidade em decorar poesias e declamá-las. Desde jovem frequenta o mundo circense, contando anedotas e causos em troca de pequenas gratificações. Segundo o próprio Mazzaropi, o artista vai para o interior “criar meu próprio tipo: caboclão bastante natural (na roupa, no andar, na fala). Um simples caboclo entre os milhões que vivem no interior brasileiro”. Atua também na Rádio Tupi e na televisão.

Assis Chateaubriand (Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, Umbuzeiro/PB, 1892 - São Paulo/SP, 1968) – Jornalista, empreendedor, mecenas e político brasileiro. Chateaubriand não nasce em berço de ouro, fica rico ao buscar outra coisa. O dinheiro é, para ele, um instrumento, não um fim. Sua paixão é o poder, um poder imenso, acima das instituições, maior que o dos políticos ou dos banqueiros. Sabe chantagear os ricos, mas não tem a vaidade do dinheiro. Sem ser colecionador, cria o mais importante museu de arte da América Latina, o Masp. O projeto surge em 1945, quando Chatô está construindo o edifício dos Diários Associados, na Avenida 7 de Abril, no centro de São Paulo. Ali, ele reserva o primeiro andar para aquilo que imagina como uma galeria que pudesse abrigar o que houvesse de mais representativo das artes europeia e brasileira. Fernando Morais, que escreve uma biografia sobre Chatô, conta que a Time tratou Chateaubriand de Robin Hood: “O homem que rouba Cézanne dos ricos para dar aos pobres...”. Um de seus mais importantes empreendimentos na área da comunicação é a fundação da TV Tupi, a primeira televisão brasileira, em 1950.

Cacilda Becker (Pirassununga/SP, 1921 - São Paulo/SP, 1969) – Atriz. Protagonista de vários espetáculos do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), fundadora da companhia que leva o seu nome, interpreta personagens antagônicos, da farsa à tragédia, do clássico ao moderno, é considerada, por alguns teóricos, a maior atriz do teatro brasileiro.

Camargo Guarnieri (Tietê/SP, 1907 - São Paulo/SP, 1993) – Maestro e com-positor. Em 1923 a família muda-se para São Paulo e Guarnieri estuda piano, composição e direção de orquestra. Começa a escrever música regularmente após a Semana de Arte Moderna. Contratado em 1937 pelo Departamento de Cultura da Cidade de São Paulo. Estuda em Paris até 1930, e retorna ao Brasil em 1939 em decorrência da Segunda Guerra Mundial. Guarnieri inicia-se já envolvido na música brasileira, com uma produção de mais de setecentas peças. Criador do Coral Paulistano, idealizador do Festival de Campos do Jordão, diretor da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e regente titular da Orquestra Sinfônica da USP. Rege importantes orquestras estrangeiras e é agraciado com inúmeros prêmios e condecorações.

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Candido Portinari (Brodósqui/SP,1903 - Rio de Janeiro/RJ,1962) – Pintor, gravador, ilustrador e professor. Inicia seus estudos em 1918, no Rio de Janeiro, no Liceu de Artes e Ofícios e na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), cursando desenho figurativo e pintura. Em 1929, viaja para a Europa com o prêmio de viagem ao exterior, e percorre vários países. Com a pintura Café, torna-se o primeiro modernista brasileiro premiado no exterior. Leciona pintura mural e de cavalete no Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal (UDF). Em 1941, pinta os painéis para a Biblioteca do Congresso em Washington D.C. com temas da história do Brasil, Descobrimento, Desbravamento da mata, Catequese e Descoberta do ouro. Em 1956, com a inauguração dos painéis Guerra e Paz na sede da ONU, em Nova York, recebe o prêmio Guggenheim. Ilustra vários livros.

Clarice Lispector (Ucrânia, 1920 - Rio de Janeiro/RJ, 1977) – Romancista, contista, cronista, autora de literatura infantil e jornalista. Perseguida, a família de origem judaica muda-se para o Brasil, em 1921, radicando-se primeiro em Maceió e depois no Recife, onde a escritora faz os estudos primários, transferindo-se para o Rio de Janeiro três anos depois. Clarice vê seu primeiro conto publicado em 1936, no jornal literário Dom Casmurro. Em 1940, ingressa no curso de Direito da Faculdade Nacional do Rio de Janeiro, e, ao mesmo tempo, trabalha como redatora na Agência Nacio-nal e depois no jornal A Noite. Casa-se com o diplomata Maury Gurgel Valente e passa longos anos fora do Brasil. Sua estreia editorial acontece em 1944, com o lançamento do romance Perto do coração selvagem. A primeira coleção de contos da autora, Alguns contos, publicada em 1952, tem como característica a representação intimista do universo feminino, marca de toda sua prosa.

Francisco Matarazzo Sobrinho (São Paulo/SP, 1898-1977) – Industrial, mecenas. Ciccillo, como era chamado, vive na Europa dos 10 aos 20 anos para completar os estudos de engenharia. Retorna ao país para comandar parte do conglomerado de indústrias metalúrgicas da família. Na década de 1940, estreita relações com intelectuais de projeção da Universidade de São Paulo (USP), interessando-se pelas artes e alimenta seu plano de criar em São Paulo um museu dedicado à produção artística moderna. Por intermédio do industrial norte-americano Nelson Rockefeller obtém um acordo de cooperação com o Museu de Arte Moderna de Nova York (Museum of Modern Art - MoMA). Assume então a liderança do projeto de criação do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP). Com o amigo de infância e engenheiro Franco Zampari, cria em 1948 o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), e em 1949 a Companhia Cinematográfica Vera Cruz. O mecenas é o idealizador e principal responsável pela realização da Bienal Internacional de São Paulo.

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GlossárioArte moderna – O termo arte moderna engloba as vanguardas europeias do início do século XX – dentre as quais: cubismo, construtivismo, surrealismo, dadaísmo, suprematismo, neoplasticismo e futurismo – do mesmo modo que acompanha o deslocamento do eixo da produção artística de Paris para Nova York, após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). No Brasil, a arte moderna – ou modernista – tem como marco simbólico a produção realizada sob a égide da Semana de Arte Moderna de 1922. Já existe na crítica de arte brasileira uma considerável produção que discute a pertinência da Semana de Arte Moderna de 1922 como divisor de águas. Fonte: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de artes visuais. Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br/enciclopedia>. Acesso em: jan. 2010.

Experiência estética – Uma experiência estética envolve as vivências e as transformações sensíveis e cognitivas que um sujeito elabora a partir des-sas vivências. Fonte: MEIRA, Marly. Filosofia da criação: reflexões sobre o sentido do sensível. Porto Alegre: Mediação, 2003.

Exposição – É um espaço social de contato com um determinado saber. René Vinçon propõe a idéia de “ativação” para compreender a exposição de arte como a apresentação de obras que põe em atividade uma experiência, ao mesmo tempo, estética e social. A exposição é, para esse autor, um campo para a vivência do efeito estético e para a aproximação de um conhecimento sensível da realidade. A exposição pode ser entendida, ainda, como um processo de comunicação, uma mediação. Fonte: GONÇALVES, Lisbeth Rebollo. Entre cenografias: o museu e a exposição de arte no século XX. São Paulo: Edusp, 2004. p. 30.

Grupo Ruptura – Tratava-se de um grupo formado inicialmente por Waldemar Cordeiro, Lothar Charoux, Geraldo de Barros, Luiz Sacilotto, Kazmer Féjer, Anatol Wladyslaw e Leopold Haar, que desde a década anterior realizavam experiências com a abstração, abandonando a representação da realidade em suas obras. A ideia era organizar um projeto de reforma para a cultura brasileira, pois a arte representativa não respondia às novas questões do mundo industrial. Era necessária uma nova forma de arte, que pensasse e agisse diretamente na sociedade contemporânea. Para discutir os novos caminhos da arte, da arquitetura e do design (termo este que era novidade no Brasil) os artistas se reuniam regularmente. Fonte: ARTE dos Séculos XX/XXI - visitando o MAC na web. Disponível em: <http://www.mac.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/modulo3/ruptura/ruptura.html>. Acesso em: jan. 2010.

Mediação – “mediar é estar entre. [...] Ultrapassando a idéia de mediação como ponte, compreendê-la como um estar entre implica em uma ação fundamentada e que se aperfeiçoa na consciente percepção da atuação do mediador que está entre muitos: as obras e as conexões com as outras obras apresentadas, o museu ou a instituição cultural, o artista, o curador,

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o museógrafo, o desenho museográfico da exposição e os textos de pa-rede que acolhem ou afastam, a mídia e o mercado de arte que valorizam certas obras e descartam outras, o historiador e o crítico que a interpretam e a contextualizam, os materiais educativos e os mediadores (monitores ou professores) que privilegiam obras em suas curadorias educativas, a qualidade das reproduções fotográficas que mostramos (xerox, transparências, slides ou apresentações em Power Point) com qualidade, dimensões e informações diversas, o patrimônio cultural de nossa comunidade, a expectativa da escola e dos demais professores, além de todos os que estão conosco como fruidores, assim como nós mediadores, também repletos de outros dentro de nós, como vozes internas que fazem parte de nosso repertório pessoal e cultural.” Fonte: GRUPO de Pesquisa - Mediação Arte/Cultura/Público. Revista Mediação: Provocações Estéticas, São Paulo, v.1, d.1, p. 55, out. 2005. p. 55.

Museus – Podem ser históricos ou não, mas têm como função guardar e preservar acervos de obras de arte, de objetos, de documentos. Os museus podem desenvolver trabalho educativo (material, monitoria, oficinas). O museu preserva e constrói identidades de períodos históricos e pessoas. Fonte: BUCHMANN, Luciano. Entendendo museus: preparando a visita de crianças a museus. Curitiba: Due Design, 2000.

Bibliografia ALAMBERT, Francisco. As bienais de São Paulo: da era do museu à era dos curadores (1951-2001). São Paulo: Boitempo, 2004.

ALMEIDA, Claudio Aguiar. Cultura e sociedade no Brasil: 1940-1968. São Paulo: Atual, 1996.

ALMEIDA, Paulo Mendes de. De Anita ao museu. São Paulo: Perspectiva, 1976.

BERCITO, Sonia de Deus Rodrigues. Nos tempos de Getulio Vargas: da Revolução de 30 ao fim do Estado Novo. São Paulo: Atual, 1990.

BERTOLLI FILHO, Claudio. De Getulio a Juscelino: 1945-1961. São Paulo: Ática, 2000.

BUENO, Maria Lúcia. Artes plásticas no século XX: modernidade e globali-zação. Campinas: Ed. da Unicamp, 1999.

CASTILLO, Sonia Salcedo Del. Cenário da arquitetura da arte: montagens e espaços de exposição. São Paulo: Martins, 2008.

GONÇALVES, Lisbeth Rebollo. Arte brasileira no século XX. São Paulo: ABCA: Imprensa Oficial do Estado, 2007.

LOURENÇO, Maria Cecília França. Museus acolhem moderno. São Paulo: Edusp, 1999.

TOLEDO, Roberto Pompeu de. A capital da solidão. Rio de Janeiro: Ob-jetiva, 2003

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Webgrafiaos sites a seguir foram acessados em jan. 2010.

ABRAHAM Palatnik. Enciclopédia Itaú Cultural de artes visuais. Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br/enciclopedia>.

ARTE concreta. Enciclopédia Itaú Cultural de artes visuais. Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br/enciclopedia>.

O BRASIL de JK - Arte. Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/artigos/Sociedade/Arte>.

CINEMA. Mnemocine - memória e imagem. Disponível em: <http://www.mnemocine.com.br/tecnica.asp?id_secao=2&id_sub=2>.

GERALDO de Barros. Disponível em: <http://www.mac.usp.br/mac/tem-plates/projetos/seculoxx/modulo3/ruptura/barros/bio.html>.

HISTÓRIA. Textos sobre história do Brasil. Historianet, a nossa história. Disponível em: <http://www.historianet.com.br>.

HISTÓRIA do Brasil. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/pais/historia>.

MUSEU de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp. Disponível em: <http://www.masp.art.br/masp2010/sobre_masp_historico.php>.

MUSEU Mazzaropi. Disponível em: <http://www.museumazzaropi.com.br>.

FilmografiaALELUIA, Gretchen. Dir. Sylvio Back. S.L.: Embrafilme: Sylvio Back Produ-ções Cinematográficas, 1976. 1 DVD (118 min.).

A trajetória de uma família alemã, da sua fuga do nazismo em 1937, pas-sando pela conturbada adaptação à vida no Sul do Brasil, até a década de 1970.

A CONQUISTA da honra. Dir. Clint Eastwood. S.l.: DreamWorks SKG: War-ner Bros. Pictures: Amblin Entertainment: Malpaso Productions: Truenorth Productions, 2006. 1 DVD (132 min.).

Narra sobre a ideia de construção intencional da memória e os efeitos da guerra nos soldados veteranos.

FOR ALL: o trampolim da vitória. Dir. Buza Ferraz, Luiz Carlos Lacerda. Rio de Janeiro: BigDeni Filmes: Skylight Cinema Foto Art; S.l.: Columbia TriStar Filmes do Brasil, 1997. 1 DVD (95 min.).

Narra as transformações ocorridas na sociedade brasileira, durante a ocupação norte-americana na base militar de Natal/RN, durante e após a Segunda Guerra Mundial.

UM SÓ coração. Dir. Carlos Manga. S.l.: Som Livre, 2004. 6 DVDs (1320 min.). Minissérie da Rede Globo de Televisão.

Narra a história e o desenvolvimento de São Paulo, entre 1922 e 1954. A Se-mana de Arte Moderna, as Revoluções de 1924 e 1932 e a Era Vargas.

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Mapa potencial

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