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ANTONIO MOREIRA MENDES FILHO Influência do teste de esforço no refluxo gastroesofágico em portadores de doença do refluxo gastroesofágico Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências. Programa de Gastroenterologia Clínica Orientador: Dr. Décio Chinzon SÃO PAULO 2011

Influência do teste de esforço no refluxo ... · ANTONIO MOREIRA MENDES FILHO Influência do teste de esforço no refluxo gastroesofágico em portadores de doença do refluxo gastroesofágico

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ANTONIO MOREIRA MENDES FILHO

Influência do teste de esforço no refluxo gastroesofágico em

portadores de doença do refluxo gastroesofágico

Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências.

Programa de Gastroenterologia Clínica Orientador: Dr. Décio Chinzon

SÃO PAULO 2011

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Preparada pela Biblioteca da

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

reprodução autorizada pelo autor

Mendes Filho, Antonio Moreira

Influência do teste de esforço no refluxo gastroesofágico em portadores de doença

do refluxo gastroesofágico / Antonio Moreira Mendes Filho. -- São Paulo, 2011.

Dissertação(mestrado)--Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Programa de Gastroenterologia Clínica.

Orientador: Décio Chinzon.

Descritores: 1.Refluxo gastroesofágico 2.Teste de esforço 3.Exercício

4.Motilidade gastrointestinal

USP/FM/DBD-039/11

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DEDICATÓRIA A meus pais, Antonio Moreira Mendes e Maria Laetitiae Pedrosa M. Mendes,

por terem sempre incentivado a minha formação e aperfeiçoamento

profissional, esta vitória é também de vocês.

A minha esposa, Sildineya Pires Martins Moreira, e meus filhos Antonio

Moreira Neto e Maria Eduarda, pelo apoio incansável durante estes três

anos e ainda por terem suportado às vezes períodos de longa ausência em

razão de minhas freqüentes viagens a São Paulo.

A todos os familiares e amigos que me apoiaram nesta jornada.

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AGRADECIMENTOS

Ao Dr. Décio Chinzon, pelo apoio, amizade nos primeiros anos e, sobretudo,

pelo acolhimento incondicional e orientação no último ano da pós-

graduação. Nenhuma palavra é suficiente para expressar-lhe minha

gratidão.

Ao Dr. Jaime Nathan Eisig, pela amizade e por ter-me aberto as portas da

pós-graduação.

Ao Prof. Dr. Joaquim Prado P. Moraes Filho e ao Dr. Tomás Navarro

Rodrigues, pelas valiosas orientações nos anos iniciais da pós-graduação.

Agradeço pela oportunidade de ter acompanhado o serviço de motilidade

esofágica da gastroenterologia clínica, possibilitando-me aprimorar

conhecimentos nessa área fascinante.

Ao Dr. Ary Nasi, por quem tenho grande admiração e respeito. Referência

nacional em motilidade esofágica, foi com quem tive o prazer de ter iniciado

os meus conhecimentos em manometria e pH-metria esofágicas. Agradeço

por ter colocado o seu serviço (¨LIFE¨) a minha disposição e por nunca ter se

negado a revisar meu trabalho e a tirar dúvidas a respeito de alguns laudos.

Ao Dr. Cláudio Lyoiti Hashimoto, por ter apoiado este projeto desde o início e

dado suporte à realização das endoscopias no seu serviço.

Ao Dr. Eduardo Guimarães Horneaux Moura, o primeiro a me incentivar a

realizar a pós-graduação.

Ao Dr. Ricardo Corrêa Barbutti, pelas importantes sugestões na aula de

qualificação.

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Aos Drs. Carlos Oliveira e Alfredo José da Fonseca, pela realização dos

testes de esforço e orientação em alguns princípios de ergometria.

Aos colegas de pós-graduação (hoje já mestres): Ricardo Tedeschi, Karine

dal Paz, Claúdia Cristina de Sá. A amizade e orientações de vocês foram

importantes em muitas etapas desta jornada.

À Sra. Marlene Alves Pereira Silveira e Srta. Simone Aparecida Bacarim,

pelo apoio logístico na realização dos testes ergométricos, muitas vezes

¨encaixando ¨ pacientes quando a agenda não permitia.

À Sra. Fabiana Renata Soares Bispo, pela colaboração e esclarecimentos

fundamentais na realização deste trabalho

Ao serviço de biblioteca e documentação da FMUSP, em especial à Sra.

Valéria de Vilhena Lombardi e Sra. Márcia Maria Arruda Silva, pela ajuda na

recuperação de diversos artigos e pelas orientações na confecção final da

dissertação.

À Sra. Rosemeire Micheletti, pelo apoio no agendamento das consultas.

Aos colegas e amigos José Tupinambá Sousa Vasconcelos e Conceicão de

Maria Sá e Rêgo Vasconcelos, pelo incentivo durante a pós graduação.

Agradeço especialmente a todos os pacientes que participaram desta

pesquisa, sem os quais ela não seria possível.

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NORMATIZAÇÃO ADOTADA

Esta dissertação está de acordo com as seguintes normas, em vigor

no momento desta publicação:

___ Referências: Adaptado de International Committee of Medical

Journals Editors ( Vancouver )

__Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Serviço de

Biblioteca e Documentação. Guia de apresentação de dissertações, teses e

monografias, elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Julia de A.

L. Freddi, Maria F. Crestana, Marinalva de Souza Aragão, Suely Campos

Cardoso, Valéria Vilhena. 2ª ed. São Paulo: Serviço de Biblioteca e

Documentação; 2005.

__ Abreviatura dos títulos dos periódicos de acordo com List of

Journals Indexed in Index Medicus.

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SUMÁRIO

Lista de Abreviaturas, símbolos e siglas

Lista de Tabelas

Resumo

Summary

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................1

1.1 Drge.................................................................................................................1

1.2 Drge e exercício físico....................................................................................2

2. OBJETIVOS............................................................................................................5

3. MÉTODOS..............................................................................................................6

3.1 Critérios de inclusão........................................................................................8

3.2 Critérios de exclusão.......................................................................................9

3.3 Estatística.....................................................................................................10

3.4 Ética.................................................................................................................10

3.5 Materiais..........................................................................................................11

3.5.1 Endoscopia digestiva alta..................................................................11

3.5.2 Manometria esofágica........................................................................12

3.5.3 pHmetria esofágica............................................................................14

3.5.4 Teste de esforço................................................................................16

4. RESULTADOS......................................................................................................18

4.1. Caracterização da amostra..........................................................................18

4.2. Influência da eficácia do teste ergométrico em determinar episódios de

refluxo gastroesofágico durante o mesmo..................................................19

4.3. Avaliação da correlação entre episódios de refluxo e intensidade

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alcançada, avaliada pelo consumo máximo de oxigênio............................19

4.4. Comparação da porcentagem de tempo em refluxo ácido no

teste de esforço e nas atividades habituais...............................................20

4.5. Avaliação das queixas clínicas sugestivas de refluxo

gastroesofágico no teste de esforço e nas atividades habituais.................21

4.6. Avaliação da influência do tônus do esfíncter inferior do esôfago..............22

4.7. Avaliação da influência do peso corporal na presença de episódios

de refluxo gastroesofágico durante o teste de esforço..............................23

5. DISCUSSÃO.........................................................................................................24

5.1. Aspectos gerais em relação ao tema........................................................24

5.2. Discussão dos resultados obtidos..............................................................27

5.3. Considerações finais...................................................................................32

6. CONCLUSÕES.....................................................................................................33

7. ANEXOS...............................................................................................................34

7.1. Anexo A.......................................................................................................34

7.2. Anexo B.......................................................................................................35

7.3. Anexo C.......................................................................................................36

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................37

Apêndices

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LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E SIGLAS

AH atividades habituais

DRGE doença do refluxo gastroesofágico

FC frequência cardíaca

FCM frequência cardíaca máxima

IBPs inibidores da bomba de prótons

EIE esfíncter inferior do esôfago

EED espasmo esofagiano difuso

EQN esôfago em quebra nozes

IMC índice de massa corporal

JEG junção esôfago gástrica

OMS Organização Mundial de Saúde

PRM pressão respiratória média

PEM pressão expiratória máxima

RGE refluxo gastroesofágico

RTEEI relaxamentos transitórios do esfíncter esofagiano inferior

TE teste de esforço

TRA tempo de refluxo ácido

VO2 max consumo máximo de oxigênio

% porcentagem.

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LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Distribuição por sexo nos respectivos grupos..............................18

Tabela 2 - Correlação da eficácia do teste ergométrico em predispor

episódios de refluxo gastroesofágico em comparação aos que não

atingiram .......................................................................................................19

Tabela 3 - Correlação entre o consumo máximo de oxigênio no teste

ergométrico e a presença de episódios de refluxo gastroesofágico............20

Tabela 4 - Tempo de refluxo ácido no teste ergométrico e nas atividades

habituais .......................................................................................................21

Tabela 5 - Número de sintomas referidos no teste ergométrico e nas

atividades habituais.......................................................................................21

Tabela 6 - Influência do tônus do esfíncter inferior do esôfago e a

presença de episódios de refluxo durante o teste ergométrico....................22

Tabela 7- Influência do índice de massa corporal na presença de

episódios de refluxo no teste ergométrico.....................................................23

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RESUMO Mendes Filho AM. Influência do teste de esforço no refluxo gastroesofágico

em portadores de doença do refluxo gastroesofágico. São Paulo: Faculdade

de Medicina, Universidade de São Paulo, 2010.

A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), apresenta significativa

variedade de sintomas e sinais esofagianos ou extra-esofagianas. Entre

suas complicações, embora pouco freqüentes, estão o esôfago de Barrett e

o adenocarcinoma, sendo, portanto, fundamental reconhecer os fatores

implicados na etiologia e agravamento da DRGE.

Nos últimos anos, tem sido dada maior importância à influência da atividade

física na DRGE. Investigações recentes, embora com resultados

conflitantes, em sua maioria, apontam para a exacerbação do refluxo

gastroesofágico (RGE) durante o exercício físico. OBJETIVOS: Avaliar a

influência da atividade física na DRGE, por meio do teste ergométrico de

esforço (TE), em pacientes portadores de doença erosiva, bem como a

relevância do tônus do esfíncter inferior do esôfago (EIE) e do índice de

massa corporal (IMC), comparando com um grupo de pacientes portadores

da forma não erosiva da doença. MÉTODOS: Foram avaliados

prospectivamente 29 pacientes portadores de DRGE erosiva e, como grupo

controle, 10 pacientes com a doença não erosiva. Todos foram submetidos à

avaliação clínica, realização de endoscopia digestiva alta, manometria e pH-

metria esofágica. Também realizaram TE precedendo a retirada da sonda de

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pH-metria. As seguintes variáveis foram avaliadas: eficácia do TE, consumo

máximo de oxigênio (VO2max), tempo de refluxo ácido (TRA) e sintomas de

RGE durante o TE, influência do tônus do EIE e do IMC na ocorrência de

RGE no TE.

RESULTADOS: A VO2max demonstrou correlação significativa somente no

grupo de pacientes com esofagite erosiva quando esta foi maior ou igual a

70% (p=0,032) durante a realização do TE. As demais variáveis analisadas

não demonstraram influência significativa entre a ocorrência de RGE e

atividade física (p>0,05). CONCLUSÕES: 1) Atividade física de alta

intensidade pode predispor a ocorrência de episódios de refluxo

gastroesofágico em portadores de DRGE erosiva; 2) Atividade física de

baixa intensidade ou de curta duração não exercem influencia,

independentemente do IMC; 3) O tônus do EIE não exerce influência na

ocorrência de episódios de RGE durante realização de TE .

.

Descritores: 1. Refluxo gastroesofágico 2. Teste de esforço 3. Exercício

4. Motilidade gastrointestinal.

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SUMMARY

Mendes Filho, A.M. Influence of ergometric stress test in gastroesophageal

reflux in patients with gastroesophageal reflux disease. São Paulo: School of

Medicine, University of São Paulo, 2010.

Gastroesophageal Reflux Disease (GERD) is a worldwide prevalent condition

that exhibits a large variety of signs and symptoms of esophageal or extra-

esophageal nature and can be related to the adenocarcinoma of the

esophagus. Therefore, it’s of crucial importance to recognize the etiologic

and aggravating factors of GERD.

In the last few years, greater importance has been given to the influence of

physical exercises on GERD. Some recent investigations, though showing

conflicting results, point to an exacerbation of gastroesophageal reflux during

physical exercises. Objectives: To evaluate the influence that physical

activities can have on GERD patients presenting with erosive and non

erosive disease by means of an ergometric stress test and evaluate the

influence of the lower esophageal sphincter tonus and body mass index

(BMI) during this situation. METHODS: Twenty-nine GERD patients with

erosive disease (group I) and 10 patients with non-erosive disease (group II)

were prospectively evaluated. All the subjects were submitted to clinical

evaluation, followed by upper digestive endoscopy, manometry and 24h

esophageal pH monitoring. A stress test was performed 1 hour before

removing the esophageal pH probe. During the ergometric stress test, the

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following variables were analyzed: test efficacy, maximum oxygen uptake

(VO2 max), duration of acid reflux and gastroesophaeal reflux symptoms and

the influence of the lower esophageal sphincter tonus and influence of body

mass index (BMI) in the occurrence of GER during these physical stress.

RESULTS: VO2 max showed significant correlation when it was 70% or

higher only in the group of erosive disease, evaluating the patients with or

without acid reflux during the stress test (p = 0,032). The other variables

considered didn’t show significant correlations between gastroesophageal

reflux and physical activity (p > 0,05). CONCLUSIONS: 1) Highly intensive

physical activity can predispose the occurrence of gastroesophageal reflux

episodes in GERD patients with erosive disease. 2) Light or short sessions of

physical activity have no influence on reflux, regardless of BMI. 3) The tonus

of the lower esophageal sphincter does not influence the occurrence of

episodes of GER during exercise testing.

.

Keywords: 1. Gastroesophageal reflux. 2. Exercise test. 3. Exercise

4. Gastrointestinal motility.

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1

1. INTRODUÇÃO

1.1. Doença do Refluxo Gastroesofágico

A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) foi definida pelo

consenso brasileiro como uma afecção crônica decorrente do fluxo

retrógrado de parte do conteúdo gastroduodenal para o esôfago ou órgãos

adjacentes a ele, acarretando um espectro variável de sintomas e/ou sinais

esofagianos e/ou extraesofagianos, associados ou não a lesões teciduais (1).

Recentemente, o consenso de Montreal a definiu como condição

desenvolvida quando o refluxo do conteúdo gástrico causa sintomas

incômodos e complicações (2), sendo este o conceito mais utilizado

universalmente no momento.

A DRGE tem grande importância médico-social pela elevada e

crescente incidência e por determinar sintomas de intensidade variável, que

se manifestam por tempo prolongado, condicionando significativa diminuição

na qualidade de vida dos indivíduos acometidos(3,4). Tem prevalência

estimada em 20% na população adulta dos EUA e taxas similares na Europa

(5). No Brasil, estudo populacional realizado apontou uma prevalência em

torno de 12% da população(6).

As manifestações clínicas consideradas típicas da DRGE são pirose e

regurgitação(7), embora outros sintomas também possam ser decorrentes do

refluxo, como dor torácica não coronariana (DTNC), globus faríngeo, além

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2

de manifestações extraesofágicas respiratórias (como tosse e asma

brônquica) e otorrinolaringológicas, caracterizadas por disfonia e pigarro. (8)

Algumas situações podem predispor o refluxo gastroesofágico (RGE),

como o aumento da secreção ácida, retardo do esvaziamento gástrico,

indução de relaxamentos transitórios do esfíncter inferior do esôfago (EIE),

aumento do gradiente de pressão entre o estômago e o esôfago ou

diminuição da depuração esofágica (8).

Existe uma noção geral por parte dos médicos de que a obesidade

exerce um papel importante no desenvolvimento dessa afecção (9,10), sendo

a maioria dos pacientes orientados a perder peso. Supõe-se que a

consequente elevação da pressão abdominal decorrente da obesidade seria

responsável pelo aumento da exposição ácida esofágica e por defeitos

(encurtamentos, hipotonia) do EEI ( 9 ) . Outros autores advogam que, com o

aumento do índice de massa corporal (IMC), ocorreria aumento na

frequência dos relaxamentos transitórios (ou espontâneos) inapropriados do

esfíncter esofagiano inferior (RTEEI) ( 9,10 )

1.2. DRGE e exercício físico

A prática da atividade física ganhou popularidade nos últimos anos,

obtendo adeptos principalmente entre indivíduos saudáveis que querem

evitar o sedentarismo e suas consequências. Diversos estudos (11,12,13,14) já

demonstraram que, dependendo da intensidade realizada, sintomas

relacionados principalmente ao trato digestivo superior (pirose, regurgitação,

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3

eructação, DTNC ) podem ocorrer em até 58% dos praticantes de certas

modalidades esportivas (11). Quando tais sintomas ocorrem no momento do

exercício, tendem a ser confundidos com sintomas coronarianos,

aumentando a procura desnecessária por especialistas e os gastos em

serviços públicos (11).

Estudo avaliando pacientes portadores de DRGE e distúrbios de

motilidade primários do esôfago, como o “esôfago em quebra nozes” (EQN)

e o espasmo esofagiano difuso (EED), antes e após atividade física,

demonstrou que a dor torácica relacionada ao esforço não se correlacionou

com dismotilidade esofágica (15 ).

A forma como o exercício físico influencia a ocorrência do RGE

permanece, contudo, pouco conhecida. Três são os possíveis mecanismos:

1. Distúrbios motores gastroesofágicos decorrentes de redução do fluxo

sanguíneo mesentérico (13,14); 2. alterações endócrino-metabólicas(16) e 3.

aumento de pressão abdominal própria de algumas atividades físicas (11)

Outras possíveis etiologias têm sido avaliadas, como alteração na

junção esôfago-gástrica (JEG) e no tônus do EIE (hipotonia). Pandolfino et

al. demonstraram importante papel na integridade da JEG, não interessando

a tonicidade do esfíncter nos episódios de refluxo durante atividade física (17).

A maioria dos estudos realizados sobre o tema foram feitos em

atletas e indivíduos sadios assintomáticos, sendo escassas as avaliações

recentes da influência do exercício físico em portadores de DRGE (18). A

literatura nacional sobre o tema é restrita. Lira et al., em artigo de revisão,

afirmam que exercícios aeróbicos de alto impacto provocam sintomas

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4

gastrointestinais em 20% a 50% da população.(19) Devido à grande

prevalência dessa afecção em nosso meio (6 ) e à necessidade de um estilo

de vida saudável, que inclui atividades físicas regulares, são necessários

mais estudos sobre essa correlação.

A nossa hipótese é de que, em pacientes com DRGE, sintomas e

episódios de RGE induzidos pelo exercício são mais frequentes e

sintomáticos, quando comparados aos que ocorrem durante suas atividades

habituais (AH).

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5

2. OBJETIVOS

O objetivo primário foi avaliar a influência da atividade física, por meio

do teste de esforço (TE), na ocorrência do RGE em pacientes com DRGE,

comparando a forma erosiva e não erosiva da doença.

Como objetivo secundário, buscou-se avaliar a influência do tônus do

EIE e do IMC, na ocorrência dos mesmos.

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6

3. MÉTODOS

Em estudo prospectivo controlado, foram avaliados 29 pacientes

adultos com diagnóstico endoscópico de DRGE erosiva, procedentes dos

ambulatórios de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). O grupo controle foi

constituído por 10 pacientes provenientes do Ambulatório de

Gastroenterologia Clínica da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), com

sintomas típicos (pirose mais de três vezes na semana), o que permitiu

inferir o diagnóstico de DRGE baseado nos critérios diagnósticos do

consenso de Montreal (2) e também pelas diretrizes recentemente publicadas

pelo Grupo Brasileiro de Consenso em DRGE (20) .

Os pacientes foram pesados e classificados para determinação do

IMC, conforme a classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS) (9),

a saber: indivíduos normais ou hígidos - aqueles com IMC entre 19 a 24,9

kg/m2; portadores de sobrepeso - os que tinham IMC entre 25 a 30 kg/m2;

considerados obesos - os que possuíam IMC > 30 kg/m2. Em nosso estudo,

tivemos apenas portadores de obesidade em grau I (30 kg/m2 < IMC < 35 35

kg/m2).

A ocorrência de RGE foi avaliada através da realização de pH-metria,

comparando a ocorrência desse fenômeno durante as atividades cotidianas

dos pacientes (excluindo-se o período do sono) e durante a realização do

TE.

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7

O estudo foi realizado dentro do período de três dias após a inclusão

na pesquisa, sendo os pacientes submetidos aos procedimentos na

sequência descrita a seguir:

Dia zero

• Entrevista com o paciente, procedendo-se à leitura e à assinatura do

termo de consentimento livre e esclarecido.

1ºdia:

• Realização de endoscopia digestiva alta.

2º dia:

• Realização de manometria esofágica.

• Colocação da sonda de pH-metria com permanência, por 24 horas.

3º dia:

• Realização do teste de esforço (com o aparelho de pH-metria),

iniciado, em média, uma hora após o desjejum.

• Repouso por uma hora, em posição sentada.

• Retirada do aparelho de pH-metria e análise dos dados.

Observações:

Foram suspensos, com dez dias de antecedência, medicamentos com

ação sobre a motilidade e/ou secreção gastrointestinal, como procinéticos,

bloqueadores dos canais de cálcio, antiespasmódicos, bloqueadores dos

receptores H2 da histamina, bloqueadores da bomba protônica (IBPs). Os

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8

pacientes foram orientados a utilizar antiácidos (hidróxido de alumínio) se

apresentassem sintomas dispépticos e/ou típicos de DRGE, sendo esse

medicamento fornecido no dia de inclusão do estudo (dia zero).

3.1. Critérios de inclusão

Pacientes ambulatoriais de ambos os sexos:

a. Idade entre 18 e 60 anos;

b. Presença de diagnóstico clínico de DRGE;

c. Endoscopia normal e sintomas típicos no grupo controle;

d. Presença de alterações endoscópicas compatíveis com DRGE

erosiva (graus A, B, C e D da classificação de Los Angeles) (21) no

grupo comparativo ;

e. Concordância voluntária em participar do estudo, devendo assinar o

termo de consentimento livre e esclarecido.

Foram consideradas manifestações clínicas da DRGE:

• Sintomas Típicos:

I. Pirose: sensação de queimação retroesternal entre a linha média

do apêndice xifóide e o manúbrio;

II. Regurgitação ácida: o retorno de pequenas quantidades de

conteúdo gástrico ou esofágico para a faringe, implicando em relaxamento

do cricofaríngeo. Diferenciada do vômito, a regurgitação apresenta pequeno

volume, ocorrência predominantemente súbita, não ser precedida de

náusea, esforço ou sintomas autonômicos e exige pequena contração

muscular abdominal e torácica.

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9

• Sintomas atípicos/extra-esofágicos:

Sintomas cardiorrespiratórios: tosse, broncoespasmo, dor torácica não

cardíaca.

Sintomas gastrointestinais: dor epigástrica, eructações, globus histericus

(faringeus).

3.2. Critérios de exclusão

a. Pacientes hospitalizados;

b. Mulheres grávidas ou lactantes;

c. Pacientes com co-morbidades, como doença pulmonar obstrutiva

crônica, cardiopatia, hepatopatia;

d. Pacientes com dois ou mais fatores de risco conhecidos para

insuficiência coronariana, como hipertensão arterial sistêmica,

diabetes mellitus, dislipidemia, história prévia de insuficiência

coronariana;

e. Pacientes com diagnóstico ou história prévia de arritmias cardíacas;

f. Abuso de drogas ou álcool ou qualquer condição associada com uma

pobre adesão ao protocolo;

g. Impedimento legal ou mental;

h. Pacientes que foram submetidos a cirurgias de esôfago e/ou trato

gastrointestinal, exceto apendicectomia e colecistectomia;

i. Pacientes com divertículo esofágico ou estenose esofágica;

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10

j. Pacientes com diagnóstico de distúrbios motores esofágicos, como

EED, EQN, acalasia;

k. Pacientes com hérnia hiatal maior que 3 cm;

l. Pacientes que se recusaram a participar voluntariamente.

3.3. Análise Estatística

Para comparar as variáveis categóricas por grupo, foi utilizado o teste

exato de Fisher; excetuando-se a análise da ocorrência de sintomas no

repouso e no TE, na qual utilizou-se o teste não paramétrico de Wilcoxom.

Para a análise dos 2 grupos em conjunto da influência do IMC, foi utilizado o

teste da razão de verossimilhança. Em todas as análises foi adotado o nível

de significância de 5 % (p < 0,05).

3.4. Ética

O estudo foi realizado de acordo com os princípios da Declaração de

Helsinque. O protocolo foi aprovado pela comissão ético-científica do

Departamento de Gastroenterologia e da comissão de análise de projetos de

pesquisa do Hospital das Clínicas da FMUSP (Cappesq), com o parecer

favorável nº 0615/07.

Após o estudo, os pacientes continuaram sendo acompanhados nos

ambulatórios do departamento de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas

da FMUSP e da UESPI.

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11

3.5. Materiais

3.5.1. Endoscopia digestiva alta

Os exames foram realizados no Serviço de Endoscopia da Disciplina

de Gastroenterologia do Hospital da Clínicas da FMUSP , sempre pelo

mesmo examinador, segundo os procedimentos habituais do serviço. Foram

utilizados vídeos endoscópios Olympus das séries GIF-V, GIF-V2, GIF-130;

processadora CV-140, com fonte CLV-180.

O paciente apresentava-se em jejum de pelo menos 8 horas, sendo

realizada anestesia tópica da faringe com xilocaína spray (até 120 mg) e

oferecida dimeticona via oral na dose de até 50mg. A sedação venosa era

realizada com as seguintes medicações (conforme o biótipo e idade do

paciente): midazolan (até 5 mg), fentanila (até 50 mg), propofol (até 100 mg).

O grupo controle realizou o procedimento no Serviço de endoscopia da

UESPI. Foram utilizados vídeos endoscópios Olympus semelhantes ao

grupo principal, sendo que, em relação à sedação venosa, foi utilizada uma

combinação de meperidina (30 mg) e diazepam (10mg).

Os seguintes aspectos foram observados no exame endoscópico:

ESÔFAGO: motilidade, distensibilidade e o aspecto da mucosa, sinais de

esofagite, presença ou ausência de hérnia de hiato e exclusão de outras

enfermidades eventualmente presentes. Definiu-se hérnia de hiato como a

protrusão do estômago de mais de 2cm através do hiato esofágico com

alargamento do cárdia à retrovisão.

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12

ESTÔMAGO: avaliação dos aspectos morfológicos gerais, a distensibilidade

e peristaltismo.

DUODENO: a preservação anatômica, distensibilidade, peristaltismo e

aspecto da mucosa.

Para o diagnóstico de esofagite foi utilizada a classificação a de Los

Angeles (21).

3.5.2. Exame Manométrico Esofágico

Os exames manométricos foram realizados nos Laboratórios de

Motilidade dos Serviços de Cirurgia do Aparelho Digestivo e de

Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da FMUSP. No grupo controle, os

exames foram realizados no Laboratório de Motilidade da UESPI. Após

período mínimo de oito horas de jejum, os pacientes eram encaminhados ao

local, sendo aplicada, na narina pela qual o paciente referia que respirava

melhor, lidocaína gel a 2%. A seguir, era introduzida, pela mesma narina, a

sonda de manometria, que é um tubo flexível de polivinil de 4,5 mm de

diâmetro, composto por oito cateteres, perfundido com água destilada por

sistema de infusão pneumohidráulica constante, ao fluxo de 0,6

ml/min/canal. Após a introdução da sonda de manometria no estômago, o

paciente deitava-se (decúbito dorsal horizontal) e as extremidades externas

dos oito cateteres que compõem a sonda eram conectadas a transdutores

externos de pressão, que transformam as oscilações pressóricas em sinais

elétricos. Cada um deles (voltagem) era enviado ao polígrafo (Medtronic-

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13

Synetics ou Alacer), que recebia, amplificava e registrava os sinais

provenientes de cada transdutor.

Para a obtenção do registro pressórico do esôfago, foi empregado o

método estacionário de retirada intermitente do cateter, tracionando-se o

mesmo no sentido cranial, centímetro a centímetro.

O estudo manométrico do esfíncter inferior esofágico (EIE) objetivou:

a. Localizar o esfíncter inferior do esôfago para permitir o

posicionamento correto do eletrodo de pH;

b. Medir a amplitude média de pelo menos quatro ondas pressóricas

antecedendo o ponto de inversão de pressão. Quando isso não foi

possível, foram utilizadas outras que permitiram melhor quantificação

nos quatro canais posicionados no esfíncter inferior do esôfago,

concomitantemente. Como referência era considerada a pressão

intragástrica zero.

c. Afastar o diagnóstico de distúrbios motores esofágicos em voluntários

de ambos os grupos, como EED, EQN e acalasia.

No presente trabalho, consideramos como valores normais para o

tônus do EIE os seguintes: pressão respiratória média (PRM) de 24,4 (+

10,1) mmhg, descritos por Richter (22), e pressão expiratória máxima (PEM)

de 10 a 35 mmhg, proposta por estudo de Lemme et al. (apud Brandalise)

( 23) O EIE foi considerado hipotônico quando a PRM foi menor que 14 mmhg

e a PEM menor que 10 mm simultaneamente. Nos casos (apenas dois) em

que houve discrepâncias nas variáveis, valorizamos a PRM, como sugerido

por Brandalise et al. (23 )

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14

3.5.3. pH-metria esofágica de 24 horas

Os exames foram realizados em regime ambulatorial, nos

Laboratórios de Motilidade de Cirurgia do Aparelho Digestivo e

Gastroenterologia Clínica do Departamento de Gastroenterologia do Hospital

das Clínicas da FMUSP. No grupo controle, os exames foram realizados no

Laboratório de Motilidade da UESPI, sendo utilizados equipamentos digitais

portáteis de monitorização de pH (Medtronic-Synetics ou Alacer), cateteres

de pH-metria (Medtronic-Synetics ou Alacer) e soluções de calibração.

Os cateteres de pH-metria utilizados são compostos por dois braços:

um, que é introduzido no interior do esôfago, contendo dois eletrodos de

antimônio, sensíveis a oscilações de pH, e um braço externo, que contém

um eletrodo de referência, o qual é afixado ao tórax do paciente. O braço do

eletrodo que é introduzido no esôfago tem 2,1mm de calibre.

Os eletrodos foram sistematicamente calibrados, antes de cada

exame, em temperatura ambiente, in vitro, em solução padrão com pH 7 e

pH 1. Após a calibração, o cateter era introduzido, pela mesma narina

utilizada na manometria, até que os sensores de pH alcançassem o interior

da câmara gástrica, identificada pela queda de pH abaixo de 4. O sensor

proximal de pH era posicionado em seu local convencional (5cm acima da

borda do esfíncter esofágico inferior) e o sensor distal a 15cm, 18cm ou 20

cm do primeiro (dependendo da localização do esfíncter esofágico superior).

Depois de retirado, o equipamento era conectado a computador pessoal,

com programa específico para a leitura de pH-metria esofágica (Medtronic –

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Synetics ou Alacer), sendo inseridas as informações no diário e, finalmente,

analisados os gráficos e os valores numéricos.

Através do estudo pHmétrico foram avaliados:

1. Número de episódios de refluxo com duração maior que 5 minutos;

2. Duração, em minutos, do episódio mais longo de refluxo;

3. Tempo total, em minutos, de pH menor que 4;

4. Número total de episódios de refluxo;

5. Porcentagem do tempo em que houve refluxo em relação ao tempo

total de monitorização (porcentagem do tempo total de refluxo) e nos

períodos em posição ortostática e supina;

6. Registro da presença de sintomas típicos e/ou atípicos de DRGE por

parte dos pacientes durante todo o período de permanência do

aparelho de pHmetria, inclusive durante a realização do teste de

esforço.

Para a análise dos dados no período em que o paciente exerceu suas

AH, excluímos os períodos em supino e durante a realização do TE

(considerados artefatos). Para analisar apenas durante o TE, todos os

demais períodos foram considerados artefatos .

Foram considerados normais os valores descritos por DeMeester et

al. (24), quais sejam:

No canal posicionado a 5 cm do EIE:

1. Porcentagem do tempo total de refluxo até 4,5% do tempo de

monitorização;

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2. Porcentagem do tempo em posição ortostática até 8,5% do tempo de

monitorização;

3. Porcentagem do tempo de refluxo em posição supina até 3,5% do

tempo de monitorização;

4. Número de episódios de refluxo < 50;

5. Número de episódios de refluxo de duração prolongada < 3min;

6. Duração do episódio de refluxo mais longo: 12 minutos;

7. Índice de DeMeester < 14,7.

No canal superior: ausência de refluxo.

Nos casos em que foi verificado RGE durante o TE, realizou-se uma análise

proporcional da porcentagem (%) do tempo em refluxo ácido (TRA), e

comparou-se com esta porcentagem nas AH. Avaliou-se ainda, nas duas

situações, a frequência de queixas clínicas.

3.5.4 Teste de Esforço

Foi realizado no serviço de eletrocardiografia da Clínica Médica do

Hospital das Clínicas da FMUSP, segundo os procedimentos habituais do

setor. No grupo controle, o teste foi realizado no ambulatório de cardiologia

da UESPI por médicos cardiologistas com experiência no método, em

ambiente próprio para realização deste exame, de acordo com as

recomendações da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e Conselho

Nacional de Ergometria (25, 26).

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17

Nesse procedimento foram avaliadas informações eletrocardiográficas

e clínicas: registros eletrocardiográficos, através das derivações

modificadas; aferição da pressão arterial, frequências cardíacas máxima e

submáxima, equivalente metabólico máximo, consumo máximo de oxigênio

(VO2 max) e questionamento do comportamento clínico, com avaliação da

condição hemodinâmica.

Foi utilizada esteira rolante com velocidade e inclinações variáveis,

sendo realizado o protocolo de Heck modificado (27). O procedimento foi

realizado uma hora após desjejum matinal, sendo finalizado quando todos os

estágios fossem realizados (total de oito); e interrompido quando a

frequência cardíaca (FC) atingiu a máxima predeterminada, ou a pedido do

paciente.

Foram utilizados equipamentos das marcas Esaote modelo

Archimedes (Itália) e ErgoPC13 (Micromed Biotecnologia Ltda). A esteira

rolante era do tipo Imbramed KT 10200 (Brasil).

Para o cálculo da VO2 max a ser atingida , foram utilizadas fórmulas

padronizadas e descritas pelo consenso nacional de ergometria, quais sejam:

VO2 = 1,11(60-0,55 x idade) para os homens e 1,11(48-0,37x idade) para as

mulheres. (25 )

Para o cálculo da frequência cardíaca máxima (FCM) pré-

determinada, utilizamos a fórmula de Karvonen (28), subtraindo de 220 a

idade do paciente. Como submáxima foi considerada 85 % deste valor. O

teste foi considerado eficaz quando o paciente atingiu pelo menos a FC

submáxima. (25)

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18

4. RESULTADOS

Foram incluídos inicialmente, no grupo comparativo (doença erosiva),

35 pacientes, no entanto, por desistência ou critérios de exclusão, o número

final foi de 29. (*)

4.1. Caracterização da amostra

Em relação à idade, no grupo com esofagite erosiva, doravante

denominado grupo I, a média foi de 38,9, variando entre 20 a 57 anos. O

grupo controle, doravante denominado grupo II, foi constituído por pacientes

com sintomas típicos de DRGE, mas sem erosão, ao exame endoscópico, a

média etária foi de 33,8, variando de 23 a 44 anos.

A distribuição por sexo nos dois grupos é demonstrada na tabela 1.

Tabela 1- Distribuição por sexo nos respectivos grupos

Sexo Grupo I Grupo II Total (%) Total (%)

Feminino Masculino

18 (62,1) 11 (37,9)

5 (50) 5 (50)

Total 29 (100) 10 (100)

* O Anexo A demonstra as causas da exclusão de seis pacientes (p. 34 )

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19

4.2 Influência da eficácia do TE em determinar episódios de RGE durante o mesmo

Avaliamos se a eficácia do TE determinaria episódios de RGE em

comparação com aqueles que não a atingiram.

Tabela 2 - Correlação do teste ergométrico eficaz em predispor episódios de refluxo gastroesofágico em comparação ao teste considerado não eficaz

Refluxo Eficaz Ineficaz p 1 Grupo I Ausente Presente

14 6 8 1

0,382

Grupo II Ausente Presente

8 1 1 0

1,000

¹ Teste exato de Fisher

De acordo com a tabela 2 a eficácia do TE não influencia na

ocorrência de RGE nos 2 grupos analisados (p>0,05 ).

4.3 Avaliação da correlação entre episódios de refluxo e intensidade física alcançada, avaliada pelo consumo máximo de oxigênio

A influência da intensidade física em produzir episódio de RGE no TE,

obtida através da medida indireta da VO2 max, foi avaliada em cada grupo,

conforme observado na tabela 3.

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20

Tabela 3 - Correlação entre o consumo máximo de oxigênio no teste ergométrico e a presença de episódios de refluxo gastroesofágico

Episódio de Refluxo VO2 ≥ 70% VO2 <70% p 1 Grupo I Ausente Presente

4 16 6 3

0,032*

Grupo II Ausente Presente

5 4 1 0

1,000

¹ Teste exato de Fisher

No grupo I, houve influência da intensidade da atividade física na

ocorrência de RGE apenas naqueles pacientes que atingiram uma VO2 maior

ou igual a 70% da predeterminada. Estes apresentaram ao menos um

episódio de RGE no TE, comparado com os que não atingiram no mesmo

grupo (p=0,032). Essa correlação não foi observada quando analisamos o

grupo II (p>0,05).

4.4 Comparação da porcentagem do tempo de refluxo ácido no teste ergométrico e nas atividades habituais

Avaliamos se, no período em que o paciente realizou o TE, houve um

aumento proporcional da porcentagem do TRA em comparação ao mesmo

nas atividades habituais realizadas no dia, conforme demonstrado na tabela

4, a seguir.

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21

Tabela 4 - Tempo de refluxo ácido no teste ergométrico e atividades habituais

% TRA no TE superior em relação TRA nas AH. Não Sim

p 1

Grupo I Grupo II

22 7 10 0

0,158

¹ Teste exato de Fisher

Conforme a tabela 4, verificamos que, no grupo I, a maioria dos

pacientes apresentaram uma % do TRA maior nas AH; no grupo II observou-

se o mesmo comportamento, não sendo verificada diferença estatisticamente

significativa ( p > 0,05 ).

4.5 Avaliação das queixas clínicas sugestivas de refluxo gastroesofágico durante o teste de esforço e nas atividades habituais

Avaliamos se, durante o período do TE, o paciente referia sintomas de

RGE (*) e comparamos com o número de queixas relatadas nas AH.

Tabela 5 - Número de sintomas referidos no teste ergométrico e nas atividades habituais

Número de sintomas nas atividades habituais (NSAH) X Número de sintomas no TE ( NSTE )

Grupos

NSAH<NSTE NSAH=NSTE NSAH>NSTE Total p1 Grupo I Grupo II

3 10 16 0 4 6

29 10

0,026

¹ Teste não paramétrico de Wilcoxon

* Ver os sintomas referidos nos anexos B e C( páginas 35 e 36 ).

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22

A tabela 5 demonstra que os pacientes de ambos os grupos

apresentaram uma frequência de queixas clínicas sugestivas de RGE maior

nas AH quando comparado ao período de realização do TE, sendo esta

diferença estatisticamente significativa. (p=0,026 .).

4.6 Avaliação da influência do tônus do esfíncter inferior do esôfago

A influência do tônus do EIE nos episódios de RGE no TE foi avaliada

nos dois grupos , como está demonstrado na tabela 6.

Tabela 6 - Avaliação da influência do tônus do esfíncter inferior do esôfago e a presença de episódios de refluxo gastroesofágico durante o teste ergométrico

Tônus do E.I.E

Refluxo Hipotonia Normal p 1 Grupo I Ausente Presente

6 14 6 13

0,106

Grupo II Ausente Presente

1 8 1 0

0, 200

¹ Teste exato de Fisher

Não houve correlação significativa entre a presença de hipotonia do

EIE e a presença de episódios de RGE durante o TE nos dois grupos

avaliados (p>0,05).

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23

4.7. Avaliação da influência do índice de massa corporal na presença de

episódios de refluxo gastroesofágico no teste de esforço

A influência do IMC em determinar episódios de RGE nos dois grupos

em conjunto durante TE foi avaliada e está demonstrada na tabela 7.

Tabela 7- Presença de refluxo ao teste ergométrico, comparando-se indivíduos de peso normal e aqueles com sobrepeso e/ou obesidade

Refluxo Total p 1 Sem refluxo Refluxo ao esforço

Peso corporal

8 (88,9%) 1 ( 11,1% ) 9(100%) Hígidos 0,3994

Sobrepeso/ Obeso 20 (66,7%) 10 (33,3%)

30(100%)

Total 28 (71,8%) 11 (28,2%)

39(100%)

¹Teste da razão de verossimilhança

Os pacientes com excesso de peso ( sobrepeso e obesidade ) não

apresentaram mais episódios de refluxo ao TE quando comparados com os

pacientes com o peso dentro da escala de normalidade ( p >0,05 ). Todos os

pacientes com obesidade estavam na classificação de obesidade leve (grau

I) da OMS. (9)

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5. DISCUSSÃO

5.1. Aspectos gerais em relação ao tema

A DRGE é considerada uma das afecções digestivas de maior

prevalência nos países ocidentais, atingindo em torno de 20% da população

adulta na Europa (5). Em nosso meio, um grande estudo populacional

demonstrou uma prevalência em torno de 12% (6). Dentre a sua variada

sintomatologia, os sintomas considerados típicos são a pirose e a

regurgitação. Outros sintomas como a dor torácica podem ocorrer não sendo

raro pacientes confundirem essa sintomatologia com dores de origem

coronariana, o que os leva a procurar consultórios de cardiologistas. Os

principais mecanismos fisiopatológicos envolvidos na gênese da DRGE

estão relacionados ao comportamento do EIE, sendo a hipotonia do EIE e,

na maior parte dos casos (65% a 80 %), a ocorrência de RTEEI os

principais.(29,30) .

Nos últimos anos, alguns estudos demonstraram que a atividade física

pode provocar sintomas de RGE (11,12,13,14). Se por um lado parece estar

essa correlação bem documentada quando realizada em níveis extenuantes

(31), existem controvérsias em relação ao tema quando se trata de atividades

do cotidiano, como uma simples caminhada. Avidan et al., em um ensaio

randomizado, concluíram que uma caminhada leve acelera o esvaziamento

gástrico e diminui o tempo de exposição do esôfago ao ácido em

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refluidores(32). Outro aspecto ainda controverso é a forma como o exercício

propiciaria a ocorrência dos episódios de refluxo. Três mecanismos

principais parecem estar implicados:

• A redução do fluxo sanguíneo intestinal, decorrente de vasoconstricção

do leito vascular esplâncnico pela ação de catecolaminas sobre

receptores alfa-adrenérgicos no local (33). Soffer et al. observaram uma

redução da velocidade, amplitude e duração das ondas peristálticas no

corpo esofágico, em exercício físico intenso (13,14). Tais alterações

também foram verificadas em estudo realizado por van Nieuwenhoven

et al (34). Estes autores postulam que essas dismotilidades esofagianas

seriam consequentes da isquemia local.

• Alterações em hormônios gastrointestinais. O exercício poderia

aumentar as concentrações plasmáticas de uma variedade de

peptídeos regulatórios que alterariam a secreção ácida e a motilidade

digestiva, como a gastrina, motilina, glucagon, polipeptídeo intestinal

vaso ativo (35, 36, 37). Esses achados não foram confirmados por outros

autores (13, 14) .

• Fatores mecânicos. O aumento da pressão abdominal em algumas

atividades físicas (como o halterofilismo) e o próprio impacto

proporcionado pelas longas atividades aeróbicas (como a maratona)

poderia exacerbar a DRGE. Clark et al.(12), inclusive, sugerem

atividades com menos agitação corporal, como o ciclismo..

Em nosso trabalho, optamos por avaliar pacientes já sabidamente

portadores de DGRE erosiva (confirmada pela endoscopia) e que não se

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exercitavam regularmente, pela ausência de estudos prévios com esse

grupo. A simulação da prática física foi através do TE em esteira, pois era o

método disponível em nosso ambulatório, podendo ser empregado com

facilidade nessa população, cujo perfil era variado.

Buscamos analisar as seguintes variáveis:

• Se a eficácia do TE influenciaria na ocorrência de episódios de RGE.

• Se o nível atingido de VO2 max influenciaria na ocorrência de

episódios de refluxo do TE.

• Se, durante o período do TE, o indivíduo teria episódios de RGE ou

um percentual de TRA maior em comparação às AH (excluindo-se os

períodos na posição supina).

• Se, no período do TE, haveria mais queixas clínicas sugestivas de

RGE, em comparação às AH.

• Se a hipotonia do EIE teria influência na ocorrência de RGE durante

o TE.

• Se o sobrepeso ou obesidade leve teria influência na ocorrência de

RGE durante o TE, em comparação aos indivíduos de peso normal

(eutróficos).

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27

5.2 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS

Por ser um estudo original, não encontramos, na revisão da literatura,

nenhum outro trabalho que correlacionasse RGE com o TE, desse modo,

não tivemos como comparar nossos resultados com os de outros autores em

relação à influência da eficácia do teste.

Em nosso estudo, a grande maioria dos pacientes, tanto do grupo I

(75,86 %) como do grupo II (90 %), realizaram um TE considerado eficaz,

não sendo encontrada correlação estatística entre essa variável e a

ocorrência de episódios de RGE (p >0,05). A VO2 max é considerada a

medida fisiológica mais importante da capacidade funcional

cardiorrespiratória (25). Além da sua medida direta, feita através de análises

de gases expirados (realizada apenas em centros de treinamento), pode

também ser aferida de forma indireta, por fórmulas matemáticas

padronizadas (25). Optamos por utilizar uma que leva em consideração a

idade do paciente, devido à grande variação da faixa etária de nossa

amostra.

Neste estudo, observou-se correlação significativa entre a presença

de episódios de RGE e TE no grupo I, quando a VO2 atingida foi de pelo

menos 70% da predeterminada ( p=0,032 ), fato que não foi observado no

grupo II ( p=0,01 ). Tal achado (do grupo I) é compatível com o relatado por

Soffer et al., os quais demonstraram que, quanto maior o nível de atividade

física, maior a percentagem do tempo em refluxo e o número de episódios

do mesmo (13,14). A importância da intensidade da atividade física foi também

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demonstrada no estudo de Kraus et al., que verificaram um aumento total do

tempo em refluxo durante 1 hora de corrida em relação ao mesmo período

em repouso, sendo o esforço físico realizado com a FC sempre próxima da

máxima (85% da FC max.) em indivíduos condicionados.(38)

Neste estudo comparamos, proporcionalmente, o tempo em que o pH

foi menor do que 4 durante o TE com aquele observado durante suas AH

anteriormente à realização do procedimento. Excluímos da análise o período

em que o indivíduo esteve em posição supina, por entendermos que

nenhuma atividade estava sendo realizada e também como tentativa de

uniformizar a análise, retirando a influência da referida posição, pois 5 dos 9

(55,55 %) pacientes que tiveram RGE durante o TE eram refluidores supino

ou combinado. Apenas 7 dos 29 pacientes do grupo I (24,13 %) e nenhum

do grupo II tiveram a percentagem de TRA proporcionalmente aumentada

(p>0,05) por ocasião do esforço físico. Acreditamos que pode ter

influenciado favoravelmente um tempo em RGE proporcionalmente maior

nas AH o fato de o período de observação das variações do pH

intraesofágico ter sido bem mais longo nessa situação do que durante o do

TE realizado.

Avaliação da influência de atividades do cotidiano é tema de poucos

trabalhos da literatura. Józkow et al., em um estudo envolvendo um número

maior de pacientes (n=100) portadores de DRGE , compararam parâmetros

pH-métricos de RGE, sintomas da afecção, nível de atividade física diária

realizados durante uma semana com as mesmas variáveis e atividades

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29

realizadas durante 24 horas de realização de pH-metria, e concluíram que

as AH não estão associadas com alterações nos referidos parâmetros (18) .

No nosso estudo, os pacientes dos dois grupos apresentaram

sintomas de RGE em número maior nas AH em comparação ao período em

que realizaram o TE, sendo que, para essa análise, excluímos o período em

que o paciente esteve em posição supina. No grupo I, dos 29 pacientes,

apenas 3 (10,34 %) referiram mais queixas clínicas durante o TE, enquanto

no grupo II tal fato não foi verificado. Houve significância estatística

(p=0,026 ) ao inverso da hipótese a ser comprovada (número de sintomas

mais frequentes durante o TE ). Novamente o período bem mais longo da

monitorização nas AH pode ter exercido influência também nessa variável.

Poucos trabalhos referem à sintomatologia apresentada durante a

atividade física e não fazem comparação da frequência de sintomas entre os

dois períodos, não permitindo, assim, uma comparação com o nosso estudo.

Em relação à queixa clínica relatada durante o esforço físico, estudo

realizado por Kraus et al. (38) observou como queixa mais frequente

episódios de eructação. Em nosso estudo, o sintoma de RGE mais

freqüente durante o TE foi pirose no grupo I (relatado por 6 pacientes ). No

grupo II, apenas um paciente teve queixa clínica (referiu regurgitação) no

TE.

O tônus do EIE é considerado um dos principais responsáveis pela

barreira antirrefluxo. Alterações do mesmo, como hipotonia ou a presença

de RTEEI, definidos como episódios de refluxo que ocorrem na ausência do

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ato de deglutição ou necessidade de eructação, são os principais

responsáveis pela ocorrência do RGE (29, 30) .

No presente estudo, a hipotonia do EIE não exerceu influência na

ocorrência de RGE durante o TE nos dois grupos avaliados (p=0,106 e

p=0,200 nos grupos I e II, respectivamente). Tal achado é semelhante ao

referido por Pandolfino et al.(17 ), em estudo realizado por pH-metria sem

cateter (sistema BRAVO), que não encontrou influência do tônus do EIE no

RGE durante a atividade física, apesar de ter verificado influência da

morfologia da JEG. Ressaltamos que nesta avaliação, nos dois grupos

avaliados (grupo controle, grupo portador de DRGE), os pacientes tinham

uma pressão expiratória máxima (PEM) do EIE superior a 10mmhg, não

havendo, portanto, nenhum com hipotonia do EIE.

Outro estudo realizado em indivíduos condicionados e sem queixas

de RGE não demonstrou diferença estatística na pressão média de repouso

do EIE naqueles que tiveram ou não refluxo durante a atividade física (38).

Também nesse caso não havia portadores de hipotonia do EIE nos grupos

avaliados. No nosso estudo, 14 pacientes apresentaram hipotonia do EIE,

apresentando a maioria (76,92%) sobrepeso ou obesidade. Embora a

análise estatística não tenha demonstrado correlação, esse dado pode ter

exercido alguma influência nessa variável, devido à maior frequência de

defeitos do EIE e incidência maior de RTEEI nesse grupo (9 ,10 ).

Em nosso trabalho, o IMC não contribuiu para determinar episódios

de RGE durante o TE. Para essa variável, optamos por analisar o somatório

dos dois grupos, devido à grande desproporção entre indivíduos hígidos e

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indivíduos com sobrepeso ou obesidade nos dois grupos. Quando

analisados em conjunto, 33,3% dos pacientes com sobrepeso ou obesidade

leve apresentaram pelo menos um episódio de RGE ao TE, enquanto nos

indivíduos hígidos isso ocorreu com 11,1% dos pacientes. Naqueles que não

tiveram RGE ao TE , 66,7% tinham sobrepeso ou obesidade leve, e 88,9%

eram hígidos. A análise estatística, não demonstrou significância (p>0,05 ).

Na revisão de literatura a que procedemos, não encontramos trabalhos que

avaliassem o IMC como precursor de RGE durante atividade física. A grande

maioria dos estudos foi realizada em indivíduos condicionados e/ou atletas,

sendo, pois, impossível a comparação com o perfil da população aqui

incluída.

Apesar de não ser objetivo do nosso estudo, foi importante a

constatação de uma proporção semelhante de indivíduos com sobrepeso e

obesidade no grupo I - 22 dos 29 incluídos (72,41%), em comparação ao

grupo II - 6 dos 10 incluídos (60 %). Não obstante o pequeno N final (39

incluídos), nosso achado se opõe a alguns trabalhos importantes da

literatura. Biccas et al., em um grande estudo retrospectivo (N=369),

demonstraram uma prevalência maior de DRGE erosiva em indivíduos com

obesidade e sobrepeso (9). El – Serag et al., em uma revisão sistemática

com metanálise, também demonstraram influência do IMC como fator causal

de DGRE do tipo erosiva com um aumento da incidência de 1,5 a 2% ( 39 ) .

Entretanto, é importante ressaltar que, quando verificamos apenas a

proporção de obesos, a prevalência é de 37,93% no grupo I, não ocorrendo

no grupo II.

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32

5.3.Considerações finais

A nosso ver, a correlação entre atividade física e DRGE necessita de

mais investigações com grupos populacionais maiores. Nosso estudo sofreu

limitações, sobretudo, devido ao pouco tempo de esforço físico permitido

pelo TE em pessoas de uma faixa etária mais elevada e outras sedentárias.

Não obstante tal restrição, nosso trabalho confirma o que já foi apontado por

outros autores: o fato da relação entre atividade física e RGE ter intensidade

dependente. No futuro esperamos realizar novo estudo sobre o tema, com

uma população mais homogênea e com maior capacidade física.

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6. CONCLUSÕES

Nas condições do presente estudo, na amostra avaliada, pôde-se

concluir que:

• Exercício físico de maior intensidade, caracterizado pelo TE com

VO(2) ≥ a 70 % da predeterminada, predispõe a episódios de RGE em

portadores de DRGE, enquanto que intensidades menores não

influenciam;

• O tônus do EIE não exerce influência na ocorrência de RGE em

portadores de DRGE durante o exercício físico;

• Sobrepeso ou obesidade leve não influenciam na ocorrência de RGE

durante o exercício físico.

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7. ANEXOS

Anexo A. Motivo da exclusão de seis pacientes do grupo original.

N - “Esôfago em quebra nozes” na manometria (EQN) - Desistência do paciente - Volumosa hérnia hiatal (5 cm) - Interferência no exame de pH-metria

2 2 1 1

Total 6

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Anexo B. Sintomas apresentados pelos pacientes do grupo I nas atividades habituais e no teste ergométrico. Paciente Sintomas ( A H ) Sintomas (T E)

1 Sem sintomas Sem sintomas 2 Sem sintomas Sem sintomas 3 1 episódio de pirose __ 4 Sem sintomas 1 episódio de

pirose 5 39 episódios de azia, 5 episódios de

regurgitação 1 episódio de regurgitação

6 6 episódios de globus, 7 episódios de tosse, 1 episódio de regurgitação, 1 episódio de

DTNC

Sem sintomas

7 1 episódio de pirose Sem sintomas 8 2 episódios de azia, 1 episódio de pigarro Sem sintomas 9 Sem sintomas Sem sintomas

10 4 episódios de pigarros, 4 episódios de regurgitação

1 episódio de regurgitação

11 Sem sintomas Sem sintomas 12 5 episódios de pirose Sem sintomas 13 1 episódio de tosse Sem sintomas 14 Sem sintomas 1 episódio de

DTNC 15 Sem sintomas Sem sintomas 16 6 episódios de pirose 1 episódio de

pirose 17 15 episódios de eructações Sem sintomas 18 Sem sintomas 1 episódio de

pirose 19 9 episódios de pirose 1 episódio de

pirose 20 Sem sintomas Sem sintomas 21 Sem sintomas Sem sintomas 22 Sem sintomas Sem sintomas 23 Sem sintomas Sem sintomas 24 1 episódio de tosse, 1 episódio de pigarro Sem sintomas 25 1 episódio de pirose Sem sintomas 26 7 episódios de piroses, 5 episódios de

globus, 1 episódio de tosse 1 episódio de

pirose 27 4 episódios de piroses 1 episódio de

pirose 28 2 episódios de pirose Sem sintomas 29 Sem sintomas Sem sintomas

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Anexo C. Sintomas referidos pelos pacientes do grupo II nas atividades

habituais e no teste ergométrico .

Paciente Sintomas ( A H) Sintomas (T E ) 1 4 episódios de azia, 1 episódio de

pigarro 1 episódio de regurgitação

2 Sem sintomas Sem sintomas 3 1 episódio de pigarro Sem sintomas 4 Sem sintomas Sem sintomas 5 Sem sintomas Sem sintomas 6 Sem sintomas Sem sintomas 7 1 episódio de regurgitação Sem sintomas 8 1 episódio de pirose Sem sintomas 9 6 episódios de eructação Sem sintomas

10 Sem sintomas Sem sintomas

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APÊNDICES. Ficha clínica do paciente Dados Pessoais Nome .............................................................................................................. RgHC............................... Data:................................ Idade :................ Sexo ( ) M ( ) F Cor........................ Procedência remota:......................................... Estado............. Procedência atual........................................... Estado............. Endereço............................................................................................ Bairro..................................... Cidade.......................................... Estado......................................... CEP......................................... Telefones: ......................................................................... SINTOMAS E INTENSIDADE ( VISITA 1 ) Com que frequência apresentou os sintomas abaixo, nos últimos 30 dias: Não

apresentou 1 a 2 x na semana

3 a 5 x na semana

Diariamente

Pirose Regurgitação Plenitude Erutação Disfagia Globus Dor torácica Rouquidão Dispnéia Amargo na boca

Náuseas Vômitos

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EXAME FÍSICO Peso..................... Altura.................. IMC....................... PA...................... Pulso................. Estado Geral ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Cianose ( ) Palidez ( ) Emagrecimento Outras alterações em exame físico : ...................................................... ................................................................................................................... Inclusão : 1, Idade entre 18 e 60 anos em ambos os sexos ( ) Sim ( ) Não 2.Esofagite erosiva a endoscopia digestiva ( ) Sim ( ) Não 3. Sintomas clínicos de DRGE ( )Sim ( ) Não 4. Concordância voluntária em participar do protocolo ( ) Sim ( )Não Exclusão : 1. Comorbidades: DPOC, cardiopatia, hepatopatia ( ) Sim ( ) Não 2. Dois ou mais fatores de risco para doença coronariana (hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, dislipidemia, história prévia de insuficiência coronariana ) ...................( ) Sim ( )Não 3.Disturbios primários em motilidade esofágica ( Esôfago em quebra nozes, espasmo esofageano difuso, acalasia ) .........................................................................................( ) Sim ( ) Não 4. Hérnia hiatal maior que 3 cm ....................................( ) Sim ( )Não 5. Impedimento legal.....................................................( ) Sim ( ) Não 6. Recusa voluntária...................................................... ( ) Sim ( )Não ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA Data ..................... Normal ...............................................( ) Esofagite erosiva grau A ...................( ) Esofagite erosiva grau B ...................( ) Esofagite erosiva grau C....................( ) Esofagite erosiva grau D....................( ) Outros achados além de erosões esofágicas ( )Sim ( ) Não Quais ............................................................

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VISITA 2 MANOMETRIA ESOFÁGICA Data ..................................... ESFÍNCTER INFERIOR ESOFÁGICO : Localização......................................... Pressão respiratória média ( PRM ) ................... Pressão expiratória máxima ( PEM)................... Relaxamento: Completo ( ) Incompleto ( ) Ausente ( ) CORPO ESOFÁGICO Pressão média .............................................. Distúrbios de condução ou peristalse ( ) Sim ( ) Não Quais ( Se houver ).......................................................................... ESFÍNCTER SUPERIOR ESOFÁGICO Localização............................................ Pressão média............................................ Relaxamento : ( ) Completo ( ) Incompleto pHmetria : Sonda instalada com sucesso ( ) Sim ( ) Não

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VISITA 3 TESTE DE ESFORÇO Data .......................................... A critério do cardiologista ANÁLISE DA pHmetria Refluxo patológico confirmado ( ) Sim ( ) Não Refluxo gastroesofágico patológico ( ) Sim ( ) Não Refluxo patológico proximal ( ) Sim ( ) Não Número de episódios de refluxo................ Episódios de refluxos prolongados ( > que 5 min )........... Duração do episódio mais longo.................... % do tempo total com pH < que 4.................. % do tempo com pH < que 4 em posição ortostática.............. % do tempo com pH < que 4 em posição supina............ Índice de DeMeester.................... Número de episódios de refluxo proximal Predomínio do refluxo em posição: ( ) Ortostática ( ) Supina ( ) Combinado Aumento dos episódios de refluxo ao teste de esforço ( ) Sim ( ) Não